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Avaliação de Riscos na Obra de Reabilitação do Solar de Arnoia. Ana Rita Costa Nascimento Dissertação para a obtenção de Grau de Mestre em Engenharia Civil Júri Presidente: Prof. Albano Luís Rebelo da Silva das Neves e Sousa Orientador: Prof. Pedro Manuel Gameiro Henriques Vogal: Prof. Nuno Gonçalo Cordeiro Marques de Almeida Outubro 2013

Avaliação de Riscos na Obra de Reabilitação do Solar de Arnoia

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Avaliação de Riscos na Obra de Reabilitação do Solar de

Arnoia.

Ana Rita Costa Nascimento

Dissertação para a obtenção de Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Júri

Presidente: Prof. Albano Luís Rebelo da Silva das Neves e Sousa

Orientador: Prof. Pedro Manuel Gameiro Henriques

Vogal: Prof. Nuno Gonçalo Cordeiro Marques de Almeida

Outubro 2013

I

Agradecimentos

Gostaria de expressar o meu agradecimento a empresa Júlio Lemos Ferreira Unipessoal, Lda por

me ter permitido desenvolver este trabalho.

Ao Professor Pedro Manuel Gameiro Henriques, por ter orientado este trabalho, pela sua

compreensão e disponibilidade total, o meu sincero obrigado.

Aos meus Pais pelo apoio incondicional, paciência, carinho, amizade e acima de tudo por nunca

terem-me deixado desistir mesmo nos momentos mais difíceis deste meu percurso académico no

Instituto Superior Técnico. Estou-vos eternamente agradecida.

A ti, Nelson agradeço-te todo o amor, compreensão e encorajamento demonstrado em todos os

momentos.

III

Resumo

Esta dissertação insere-se no âmbito da Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho (SHST) no

sector da Construção Civil, que apesar de ter registado uma grande abrandamento nos últimos anos

devido à crise económica que se instalou em Portugal, continua a ser o sector de actividade com o

maior índice de sinistralidade mortal no País. Têm-se, por isso como principal objectivo demonstrar a

importância da segurança, higiene e saúde do trabalho nos estaleiros assim como identificar

situações risco e consequentemente a elaboração de uma avaliação de riscos.

Neste contexto, faz-se um levantamento dos perigos existentes no estaleiro do caso de estudo-

recolha de informação sobre tarefas/actividades, trabalhadores, equipamentos, legislação e normas,

observação in loco – e respectiva quantificação dos riscos recorrendo-se ao método da matriz

simplificada para a elaboração de uma avaliação de riscos. Realizada a avaliação de riscos propõe-

se um conjunto de medidas preventivas/correctivas dos riscos identificados. Complementarmente,

efectuou-se um inquérito aos intervenientes no processo de construção do caso de estudo. O seu

objectivo principal foi o de aferir o seu comportamento segundo as regras de segurança e higiene do

trabalho

A metodologia de avaliação de riscos revela que existe necessidade de melhoria de algumas das

condições de trabalho, sendo a sensibilização dos trabalhadores para a correcta utilização dos

equipamentos de protecção individual (EPI’s) a peça chave.

Palavra- chave: Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho; Sector da Construção Civil; Perigo;

Risco; Avaliação de Risco

V

Abstract

The following dissertation is developed in the ambit of the Safety, Hygiene and Health Protection in

the Workplace (SHHPW) in the Civil Engineering sector. Despite its significant slowdown in the recent

years due to the poor economic conditions found in Portugal, construction is still the economic activity

with the largest incidence of fatal accidents. Therefore, one of the main purposes of this study is to

reaffirm the importance of safety, hygiene and health in the construction sites, as well as identify risk

situations and establish guidelines for risk assessment.

In this context, this investigation includes a survey of the potential hazards in the construction site

of the case-study presented, through the information collection on the tasks/activities, work force,

equipment, legislation and standards, as well as on-site observation, and the subsequent risk

assessment to quantify the risks, suing the simplified matrix method. Complementarily, a

questionnaire was proposed to different personnel involved in the construction process of the case

study. The latter aimed at evaluating their behaviour according to the safety and hygiene rules in the

work site.

The risk assessment methodology implemented in this study reveals that certain labour conditions

need to be improved and it is pivotal to raise awareness amongst the workers regarding the

appropriate use of individual protection gear (IPG’s).

Key words: Safety, Hygiene and Health in the Workplace; Civil Engineering, Hazard; Risk; Risk

Assessment

VII

Índice

Agradecimentos ........................................................................................................................................ I

Resumo .................................................................................................................................................. III

Abstract.................................................................................................................................................... V

Índice de Figuras ..................................................................................................................................... X

Índice de Gráficos ................................................................................................................................... XI

Índice de Tabelas .................................................................................................................................. XII

Lista de Siglas ...................................................................................................................................... XIII

1. Introdução ........................................................................................................................................ 1

1.1. Justificação .............................................................................................................................. 1

1.2. Objectivos ................................................................................................................................ 1

1.3. Metodologia de investigação ................................................................................................... 2

1.4. Organização da dissertação .................................................................................................... 3

2. Enquadramento Teórico da Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho ......................................... 5

2.1. A importância da Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho .................................................. 5

2.2. Organismos internacionais e nacionais promotores da Segurança, Higiene e Saúde do

Trabalho............................................................................................................................................... 6

2.2.1. O papel da Organização Mundial de Saúde (OMS) ........................................................ 6

2.2.2. O papel da Organização Internacional do Trabalho (OIT) .............................................. 6

2.2.3. A importância da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) ............................. 7

2.3. Princípios gerais da prevenção ............................................................................................... 8

2.4. Segurança do Trabalho e Riscos Associados ......................................................................... 8

2.4.1. Riscos Mecânicos ............................................................................................................ 9

2.4.2. Riscos Não Mecânicos .................................................................................................... 9

2.5. Higiene do Trabalho e Riscos Associados .............................................................................. 9

2.5.1. Agentes Biológicos ........................................................................................................ 10

2.5.2. Agentes Físicos ............................................................................................................. 10

2.5.2.1. Ruído ..................................................................................................................... 11

2.5.2.2. Vibrações ............................................................................................................... 12

2.5.2.3. Radiações .............................................................................................................. 14

2.5.2.4. Ambiente térmico ................................................................................................... 14

VIII

2.5.2.5. Iluminação ............................................................................................................. 15

2.5.3. Agentes Químicos ......................................................................................................... 15

2.6. Saúde no Trabalho ................................................................................................................ 16

2.7. Técnico de Segurança no Trabalho e as suas Funções ....................................................... 17

2.8. Serviços de Segurança Higiene e Saúde do Trabalho ......................................................... 19

2.8.1. Serviços internos ........................................................................................................... 19

2.8.2. Serviços externos .......................................................................................................... 20

2.8.3. Serviços comuns ........................................................................................................... 20

2.8.4. Trabalhador designado .................................................................................................. 20

2.9. Avaliação de Riscos .............................................................................................................. 21

2.9.1. Fases de Avaliação de Risco ........................................................................................ 22

2.9.1.1. Fase 1- Analise de Risco ....................................................................................... 23

2.9.1.2. Fase 2- Valoração do risco .................................................................................... 23

2.9.2. Etapas da análise de riscos ........................................................................................... 24

2.9.2.1. Identificação do perigo e possíveis consequências .............................................. 24

2.9.2.2. Identificação das pessoas expostas ...................................................................... 24

2.9.2.3. Estimativa do Risco ............................................................................................... 25

2.9.3. Métodos de Avaliação de Riscos .................................................................................. 25

2.9.3.1. Métodos qualitativos .............................................................................................. 25

2.9.3.2. Métodos quantitativos ............................................................................................ 26

2.9.3.3. Métodos semi-quantitativos ................................................................................... 26

2.10. Gestão do Risco ................................................................................................................ 27

2.11. Equipamentos de medição ................................................................................................ 28

2.12. Equipamentos de Protecção ............................................................................................. 29

2.12.1. Equipamentos de protecção colectiva ....................................................................... 29

2.12.2. Equipamentos de protecção individual ...................................................................... 31

3. Sector da Construção e a Segurança e Saúde do Trabalho ........................................................ 33

3.1. Caracterização do sector de construção ............................................................................... 33

3.1.1. Acidentes de Trabalho ................................................................................................... 34

3.2. Directiva Estaleiros e o Decreto-Lei nº 273/2003 .................................................................. 36

3.3. Implementação prática do Decreto-Lei 273/2003 ................................................................. 36

IX

3.3.1. Papel e domínios dos intervenientes ............................................................................ 36

3.3.1.1. Dono de obra ......................................................................................................... 36

3.3.1.2. Autor do Projecto ................................................................................................... 37

3.3.1.3. Entidade Executante.............................................................................................. 37

3.3.1.4. Coordenador de Segurança em Projecto (CSP) ................................................... 38

3.3.1.5. Coordenador de Segurança em Obra (CSO) ........................................................ 38

3.3.2. Instrumentos .................................................................................................................. 39

3.3.2.1. Comunicação Prévia (CP) ..................................................................................... 39

3.3.2.2. Plano de Segurança e Saúde (PSS) ..................................................................... 40

3.3.2.3. Ficha de Procedimento de Segurança (FPS) ........................................................ 40

3.3.2.4. Compilação Técnica (CT) ...................................................................................... 40

3.4. Sinalização obrigatória em estaleiro ..................................................................................... 42

4. Caso de Estudo ............................................................................................................................. 43

4.1. Caracterização da obra ......................................................................................................... 43

4.2. Recolha de Dados ................................................................................................................. 45

4.2.1. Metodologia de observação directa .............................................................................. 45

4.2.2. Metodologia da observação indirecta- Inquéritos .......................................................... 49

4.3. Identificação dos riscos observados ..................................................................................... 55

5. Avaliação de Riscos ...................................................................................................................... 57

6. Conclusões e Recomendações ..................................................................................................... 79

7. Bibliografia ..................................................................................................................................... 81

Enquadramento Legal ........................................................................................................................... 83

Glossário................................................................................................................................................ 89

Anexos ................................................................................................................................................... A1

Anexo I- Modelo de Ficha de Distribuição de EPI’s aos Trabalhadores ........................................... A3

Anexo II- Modelo de Comunicação Prévia ........................................................................................ A5

Anexo III- Inquérito ............................................................................................................................ A9

X

Índice de Figuras

Figura 1- Metodologia de investigação ................................................................................................... 2

Figura 2- Escala de decibel (dB). .......................................................................................................... 11

Figura 3- Frequências de ressonância do corpo humano ..................................................................... 13

Figura 4- Avaliação e controlo de riscos ............................................................................................... 21

Figura 5- Fases de um processo de avaliação de risco profissional (adaptada Roxo, 2013) .............. 23

Figura 6- Métodos de avaliação de risco (adaptado de Carvalho, 2007) ............................................. 27

Figura 7- Instrumentos, papel e domínios dos intervenientes (Adaptado Freitas, 2011) ..................... 41

Figura 8-Sinalização que se encontra na entrada do estaleiro da obra em estudo ............................. 42

Figura 9-Localização da empresa executante e da obra em estudo .................................................... 43

Figura 10- Planta de Implantação da obra ............................................................................................ 44

Figura 11-Alçado Nascente do Solar de Arnoia antes de ser intervencionado .................................... 44

Figura 12- Trabalhos de demolição do edifício contíguo ao edifício principal ...................................... 46

Figura 13-Trabalhos de desmantelamento da cobertura ...................................................................... 46

Figura 14-Trabalhos de colocação da cobertura .................................................................................. 47

Figura 15- Execução da laje superior da garagem ............................................................................... 47

Figura 16- Aplicação de reboco na fachada .......................................................................................... 48

Figura 17- Execução de muros ............................................................................................................. 48

Figura 18-Falta de utilização de equipamentos de protecção individual .............................................. 53

XI

Índice de Gráficos

Gráfico 1- Acidentes mortais no sector da construção (2000-2010) (Fonte: PORDATA) .................... 35

Gráfico 2- Escolaridade dos inquiridos .................................................................................................. 50

Gráfico 3- Profissões dos inquiridos ...................................................................................................... 50

Gráfico 4-Distribuição dos graus de risco avaliados ............................................................................. 76

XII

Índice de Tabelas

Tabela 1- Requisitos para obtenção do CAP. (Fonte: Freitas, 2011) ................................................... 18

Tabela 2- Equipamentos de medição .................................................................................................... 29

Tabela 3- Equipamentos de Protecção Colectiva ................................................................................. 30

Tabela 4- Equipamentos de protecção individual ................................................................................. 32

Tabela 5-Acidentes de trabalho totais por sector de actividade económica (Fonte: PORDATA)......... 34

Tabela 6-Acidentes mortais por actividade económica em Portugal (Fonte: PORDATA) .................... 34

Tabela 7- Acidentes de trabalho mortais, no sector da construção (2000-2010) (Fonte: PORDATA) . 35

Tabela 8-Exposição à vibração e ao ruído ............................................................................................ 51

Tabela 9-Condições Atmosféricas ........................................................................................................ 51

Tabela 10-Riscos a que os trabalhadores estão expostos ................................................................... 52

Tabela 11- Equipamentos de protecção individual ............................................................................... 52

Tabela 12- Dados da sinistralidade da obra de reabilitação do Solar de Arnoia e respectivos IF e IG 54

Tabela 13- Valores de referência dos índices de sinistralidade aferidos da normalidade segundo a

classificação da OIT .............................................................................................................................. 55

Tabela 14- Riscos por tarefa ................................................................................................................. 56

Tabela 15- Classificação do nível de probabilidade .............................................................................. 57

Tabela 16- Classificação do nível de gravidade ................................................................................... 57

Tabela 17- Classificação do nível de risco ............................................................................................ 58

Tabela 18- Classificação do nível de prioridade de acordo com o nível de risco ................................. 59

Tabela 19- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas Medidas Preventivas/Correctivas ................ 60

Tabela 20- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas Medidas Preventivas/Correctivas ................ 61

Tabela 21- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas Medidas Preventivas/Correctivas ................ 62

Tabela 22- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas Medidas Preventivas/Correctivas ................ 63

Tabela 23- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas ................. 64

Tabela 24- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas ................. 65

Tabela 25- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas ................. 66

Tabela 26- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas ................. 67

Tabela 27- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas ................. 68

Tabela 28- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas ................. 69

Tabela 29- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas ................. 70

Tabela 30- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas ................. 71

Tabela 31- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas ................. 72

Tabela 32- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas ................. 73

Tabela 33- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas ................. 74

Tabela 34- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas ................. 75

Tabela 35-Frequência dos níveis de risco ............................................................................................ 76

XIII

Lista de Siglas

ACT- Autoridade para as Condições do Trabalho

CAP- Certificado de Aptidão Profissional

CP- Comunicação Prévia

CSO- Coordenador de segurança em obra

CSP- Coordenador de segurança em projecto

CT- Compilação Técnica

EPC- Equipamento de Protecção Colectiva

EPI- Equipamento de Protecção Individual

EPC’s- Equipamentos de Protecção Colectiva

EPI’s- Equipamentos de Protecção Individual

IF- Índice de Frequência

IG- Índice de Gravidade

INCI- Instituto da Construção e Imobiliário

OIT- Organização Internacional do Trabalho

OMS- Organização Mundial de Saúde

PME’s- Pequenas e Médias Empresa

PSS- Plano de Segurança e Saúde

SHST- Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho

SST- Segurança e Saúde do Trabalho

TST- Técnico Segurança no Trabalho

TSST- Técnico Superior de Segurança no Trabalho

1

1. Introdução

1.1. Justificação

Até meados do século 20, as condições de trabalho nunca foram levadas em conta, sendo sim

importante a produtividade, mesmo que tal implicasse riscos de doença ou mesmo a morte dos

trabalhadores. Para tal contribuíam dois factores, uma mentalidade em que o valor da vida humana

era pouco mais que desprezível e uma total ausência por parte dos Estados de leis que protegessem

o trabalhador.

Apenas a partir da década de 50/60, surgem as primeiras tentativas sérias de integrar os

trabalhadores em actividades devidamente adequadas às suas capacidades.

Actualmente em Portugal existe um conjunto vasto de legislação na área da Segurança, Higiene e

Saúde no Trabalho. A sua aplicação deve ser entendida como o melhor meio de beneficiar

simultaneamente as Empresas e os Trabalhadores na salvaguarda dos aspectos relacionados com

as condições ambientais e de segurança de cada posto de trabalho.

Na actualidade, em que certificações de Sistemas de Garantia da Qualidade e Ambientais ganham

tanta importância, as medidas relativas à Segurança e Higiene do Trabalho tardam em ser

implementados pelo que o despertar de consciências é fundamental.

1.2. Objectivos

Com este trabalho pretende-se abordar a área da Segurança, Higiene e Saúde no sector da

construção. Perceber que o sector da construção revela um conjunto vasto de especificidades, e por

isso necessita de uma intervenção por parte da Segurança, Higiene e Saúde diferente da maioria dos

outros sectores de actividade

O objectivo principal desta dissertação é identificar os riscos existentes no caso de estudo, avaliá-

los e elaborar uma avaliação de riscos pelo método da matriz simplificada, compreendendo a

importância da avaliação de riscos por exemplo para a diminuição da sinistralidade ou para a

melhoraria dos comportamentos dos intervenientes nas obras. É, também intenção deste trabalho

aferir os comportamentos dos trabalhadores e dos responsáveis da empresa executante da obra em

estudo em relação as práticas de Segurança, Higiene em Estaleiro.

Por outro lado, apresentar um conjunto de medidas preventivas para diminuir os acidentes de

trabalho e doenças profissionais, contribuindo, assim, para melhoria contínua das práticas de

Segurança e Saúde nos estaleiros das Pequenas e Médias Empresas (PME’s) do sector da

construção civil.

2

1.3. Metodologia de investigação

A presente dissertação resulta de um trabalho de investigação realizado em parceria com a

empresa Júlio Lemos Ferreira Unipessoal, Lda..

A Figura 1 mostra as principais etapas desta investigação. O primeiro passo consistiu numa

pesquisa e consequente análise da bibliografia relevante para a elaboração do fundamento teórico,

no qual esta dissertação se baseia. Simultaneamente foi-se tomando conhecimento e acompanhando

as práticas de Segurança, Higiene e Saúde na obra em estudo.

Procedeu-se à recolha dos riscos existente na obra cooperante, através da observação e da

realização de um inquérito, e consequentemente tratamento estatístico e respectiva análise.

Por fim, desenvolveu-se uma avaliação de riscos com recurso ao método da matriz simplificada.

Figura 1- Metodologia de investigação

Levantamento das práticas e procedimentos em vigor na obra em

estudo

Recolha, tratamento estatístico e análise dos riscos relativo ao

caso em estudo

Pesquisa bibliográfica

Desenvolvimento de uma avaliação de riscos

3

1.4. Organização da dissertação

A organização desta dissertação reflecte a metodologia de investigação seguida, pelo que está

organizada em seis capítulos. Assim, a estrutura do trabalho é:

• Capítulo 1 – introdução, objectivos, metodologia de investigação e organização da dissertação;

• Capítulo 2 – análise da informação relevante, resultante da pesquisa bibliográfica efectuada,

com vista a estabelecer a base teórica desta dissertação;

• Capítulo 3 – caracterização do sector de actividade em que se insere esta dissertação (sector

construção) no que toca à segurança, higiene e saúde do trabalho

• Capítulo 4 – apresentação de um caso de estudo: descrição das tarefas, identificando os riscos

observados e análise e interpretação da informação recolhida através da realização de um inquérito.

• Capítulo 5 – realização de uma avaliação dos riscos a que os trabalhadores encontram-se

expostos apresentando as respectivas medidas de prevenção/correctivas.

• Capítulo 6 – avaliação do cumprimento dos objectivos propostos, apresentando as conclusões

da avaliação de risco elaborada ao caso de estudo

5

2. Enquadramento Teórico da Segurança, Higiene e

Saúde do Trabalho

2.1. A importância da Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho

A qualidade das condições de trabalho, nomeadamente no que diz respeito às condições de

Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, são uma parte fundamental na aferição da qualidade de

vida dos indivíduos numa sociedade.

É com base neste pressuposto que hoje em dia se fala cada vez mais na melhoria destas

condições. Esta temática tem registado na última década um importante desenvolvimento,

especialmente na produção de legislação e na criação de empresas de prestação de serviços nesta

área, facto a que não são alheias as imposições da Comunidade Europeia.

A Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho são fundamentais para uma empresa devido a um

número elevado de factores:

ajudam a demonstrar que uma empresa é socialmente responsável;

acrescentam valor à organização;

ajudam a maximizar a produtividade dos trabalhadores;

contribuem para que os trabalhadores estejam mais empenhados nas tarefas que

desempenham;

constroem uma força de trabalho mais competente e saudável;

reduzem os gastos e as distracções;

encorajam os trabalhadores a ficar mais tempo no activo.

No actual enquadramento legislativo e social a implementação de um Sistema de Gestão de

Segurança e Saúde do Trabalho não deve ser encarado como factor propiciador de um acréscimo de

custos, mas pelo contrário permitirá à empresa desenvolver a sua estratégia em condições

concorrenciais de competitividade, independentemente do tamanho, ramo de actividade ou

localização da empresa.

Portanto, as empresas que encaram a SHST como um investimento com retorno (e não como um

custo) verificam que, de tal atitude, decorre um conjunto vasto de benefícios:

1. aumento da produtividade e dos resultados;

2. melhoria da qualidade dos produtos ou serviços prestados;

3. redução de custos inerentes às paragens e perdas de produção ou defeitos;

4. diminuição do absentismo;

6

5. redução de custos com prémios de seguro e dias de trabalho perdidos e com sistemas de

saúde, relativamente a despesas não cobertas pelas seguradoras;

6. redução de custos de substituição dos trabalhadores acidentados ou em situação de

doença profissional, muitas vezes, substituídos por outros com um potencial de trabalho

substancialmente inferior;

7. não ocorrência de custos de formação dos novos trabalhadores;

8. aumento da disponibilidade da empresa para a inovação;

9. redução de custos administrativos e sociais (Freitas, 2011)

2.2. Organismos internacionais e nacionais promotores da

Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho

2.2.1. O papel da Organização Mundial de Saúde (OMS)

A Organização Mundial de Saúde é uma instituição especializada da Organização das Nações

Unidas (ONU). Surgiu após a Segunda Guerra Mundial no México, tendo sido fundada a 7 de Abril de

1948. A sua sede é em Genebra, Suíça sendo a sua directora-geral desde 2006, a chinesa Margaret

Chan.

A sua principal missão é desenvolver ao máximo a melhoria das condições de saúde de todo o ser

humano de qualquer parte do planeta. As acções da OMS prendem-se com o controlo de epidemias,

o emprego de medidas de quarentena, a estandardização de medicamentos, a regulamentação

sanitária, e o planeamento e a execução de campanhas de vacinação, rastreio e prevenção de

doenças, nomeadamente através da informação prestada às populações.

Desde a sua fundação a OMS, sempre associou parcelarmente a sua actividade à SST,

promovendo a protecção e promoção da segurança e saúde do trabalho, através do controlo dos

riscos no ambiente de trabalho e da promoção da saúde e da capacidade de trabalho dos

trabalhadores. (Freitas, 2011)

2.2.2. O papel da Organização Internacional do Trabalho (OIT)

A Organização Internacional do Trabalho tem origem com o fim da Primeira Guerra Mundial. A

OIT, da qual Portugal é membro fundador, é criada através de um diploma constitutivo do Tratado de

Versalhes (artigo XIII do tratado). Estes instrumentos normativos internacionais requerem que, em

todos os estados-membros da OIT, seja constituído um sistema de inspecção do trabalho para

assegurar o respeito da legislação tendo em vista a protecção das pessoas empregadas (ACT, 2012)

A OIT está sediada em Genebra, na Suíça, sendo a única agência das Nações Unidas onde os

membros participativos são representantes dos Governos, empregadores e trabalhadores.

7

É por isso muito relevante o papel da OIT como grande fórum mundial de representação tripartida

a que se associaram 183 países, os quais reúnem anualmente para produzir normas, convenções e

recomendações que, ao serem ratificados, obrigam os países membros no sentido de garantir a sua

exequibilidade. As recomendações, não sendo obrigatórias, são complementares às disposições das

convenções.

A OIT tem como objectivos específicos os seguintes:

a) promover os princípios fundamentais e direitos no trabalho através de um sistema de

supervisão e de aplicação de normas.

b) promover melhores oportunidades de emprego/renda para mulheres e homens em

condições de livre escolha, de não discriminação e de dignidade.

c) aumentar a abrangência e a eficácia da protecção social.

d) fortalecer o tripartismo e o diálogo social.

De forma sucinta, poderemos afirmar que a actividade da OIT passa pelo estabelecimento de

mecanismos que estimulem os estados-membros no sentido de instituir órgãos especializados,

capazes de assumir a formulação de normas e regulamentos relacionados com o trabalho, bem a sua

actualização e aperfeiçoamento contínuos.

2.2.3. A importância da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT)

A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) é um organismo nacional da administração

central, que tem como lema promover a melhoria das condições de trabalho.

A missão, as atribuições e as competências da ACT são desenvolvidas de acordo com o disposto

no Artº 2 do Decreto-Lei nº 47/2012, de 31 de Julho A ACT exerce actividade em todo o território

continental, e está sobra a tutela do Ministério da Economia e do Emprego.

Para a promoção da melhoria das condições de trabalho, a ACT desenvolve as seguintes acções:

controla o cumprimento das normas em matéria laboral no âmbito das relações laborais

privadas;

promove políticas de prevenção dos riscos profissionais em todos os sectores de

actividade públicos ou privados. Esta linha de actuação tem por base os Princípios Gerais

da Prevenção;

controla o cumprimento da legislação relativa à segurança e saúde no trabalho em todos

os sectores de actividade e nos serviços e organismos de administração pública central,

directa e indirecta.

8

Estas acções são desenvolvidas por uma rede de inspectores de trabalho sediados em 32

serviços regionais, de forma a garantir uma cobertura adequada de todos os locais de trabalho

sujeitos à sua jurisprudência.

2.3. Princípios gerais da prevenção

A prevenção dos riscos profissionais deve assentar numa correcta e permanente avaliação de

riscos e ser desenvolvida segundo princípios, políticas, normas e programas, que visem tomar as

medidas necessárias com base nos seguintes Princípios Gerias de Prevenção:

1. Evitar os riscos;

2. Avaliar os riscos que não possam ser evitados;

3. Combater os riscos na origem;

4. Adaptar o trabalho ao homem;

5. Ter em conta o estado da evolução técnica;

6. Substituir o que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso;

7. Planificar a prevenção com um sistema coerente;

8. Dar prioridade às medidas de protecção colectiva em relação às medidas de protecção

individual;

9. Assegurar a formação e informação dos trabalhadores.

2.4. Segurança do Trabalho e Riscos Associados

A Segurança do Trabalho ganhou maior relevância após a Revolução Industrial através do

movimento cívico Safety Movement, que tinha como objectivo a redução da taxa de acidentes de

trabalho mortais devido às más condições de trabalho existentes.

A Segurança do Trabalho propõe-se, assim, a combater os acidentes de trabalho, tendo como

principal objectivo eliminar as condições inseguras associadas aos componentes materiais do

trabalho, assim como educar os trabalhadores a utilizarem medidas preventivas. A prevenção é

certamente o melhor processo para reduzir ou eliminar as possibilidades de ocorrerem problemas de

segurança com o Trabalhador (EspiralSoft, 2012)

As máquinas e equipamentos de trabalho podem causar acidentes de trabalho que podem resultar

em incapacidades parciais ou permanentes. Além de seleccionar a máquina adequada para a tarefa

em questão, os operários que trabalham com máquinas, equipamentos de trabalho e ferramentas

devem ser instruídos, seguindo um determinado plano de formação adequado às necessidades.

Paralelamente à instrução na sua utilização, os trabalhadores devem ser informados acerca das

medidas de prevenção que lhes permitam trabalhar sem risco para a sua segurança. A

implementação de planos de manutenção preventiva e verificações periódicas são imprescindíveis à

garantia do bom funcionamento e manutenção das condições de segurança.

9

Quanto aos riscos associados a Segurança do Trabalho dividem-se em dois grupos: riscos

mecânicos e riscos não mecânicos.

2.4.1. Riscos Mecânicos

Os riscos mecânicos podem ocorrer por:

movimentos de rotação, translação, oscilação, isolamento ou uma combinação destes, que se

produzem nas máquinas. Dão lugar a esmagamentos, cortes, entalamento, abrasões, feridas

e golpes (ex: os dentes de serra circulares ou de fita também podem provocar cortes);

transporte mecânico de cargas;

contacto com materiais na fase de fabrico (ex: o perigo de arrastamento de uma peça de aço

ao ser trabalhada num torno);

projecção de elementos das máquinas (ex: a produzida pelo desprendimento de aparas,

projecções de soldaduras, chispas de rebarbagens, projecção da peça que está a ser

trabalhada num torno) (Luzia, 2013);

2.4.2. Riscos Não Mecânicos

Os riscos não mecânicos podem ser:

eléctricos (curto-circuitos, choques eléctricos, electricidade estáticas, etc);

explosões ou incêndios provocados pela máquina em si ou pelos gases, líquidos, pós ou

vapores produzidos ou utlizados pela máquina;

queda em altura

queda ao mesmo nível

problemas ergonómicos gerais (má postura, iluminação e sinalização deficiente).

2.5. Higiene do Trabalho e Riscos Associados

O conceito de Higiene do Trabalho é por diversas vezes, erradamente, associado a higiene

pessoal, ao saneamento dos locais de trabalho, a higiene pública ou colectiva. Na verdade, a Higiene

do Trabalho propõe-se a combater, dum ponto de vista não médico, as doenças profissionais,

identificando os agentes ambientais que podem afectar o ambiente do trabalho e o trabalhador,

visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais (condições inseguras de trabalho que podem

afectar a saúde, segurança e bem estar do trabalhador).

Os agentes ambientais agressivos que podem afectar a saúde dos trabalhadores são agentes

físicos, químicos e biológicos. Os contaminantes presentes no local de trabalho são responsáveis

pelo chamado “efeito prejudicial”, ou seja, as consequências que o organismo não pode recuperar,

rompendo-se o equilíbrio e desencadeando um conjunto de efeitos designados por doença.

10

Assim o objectivo final da Higiene do Trabalho é a eliminação, nos locais de trabalho de todos os

factores de risco ambientais

2.5.1. Agentes Biológicos

O Artº

3 do Decreto de Lei nº 84/97 de 16 de Abril define os agentes biológicos como

microorganismos, incluindo os geneticamente modificados, as culturas de células e os endoparasitas

humanos e outros susceptíveis de provocar infecções, alergias ou intoxicações. Os agentes

biológicos reconhecidamente infecciosos para o ser o humano são parte integrante do anexo da

portaria nº 1036/98 de 15 de Dezembro.

Os agentes biológicos que afectam o homem são distribuídos nas seguintes classes de risco:

1. classe de risco 1 (baixo risco individual e para a colectividade): inclui os agentes biológicos

conhecidos por não causarem doenças em pessoas ou animais adultos sadios (ex.:

Lactobacillus sp.)

2. classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade): inclui os

agentes biológicos que provocam infecções no homem, cujo potencial de propagação na

comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existem

medidas terapêuticas eficazes (ex.: Schistosoma mansoni).

3. classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade): inclui os

agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que

causam patologias, potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas de

tratamento e/ou de prevenção. Representam risco se disseminados na comunidade e no

meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa (ex: Bacillus anthracis).

4. classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): inclui os agentes biológicos

com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão desconhecida.

Até o momento não há nenhuma medida terapêutica eficaz contra infeções ocasionadas por

estes. Causam doenças humanas de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação

na comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente os vírus (ex.: Vírus

Ébola) (Luzia, 2013).

2.5.2. Agentes Físicos

Os agentes físicos são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os

trabalhadores, cuja determinada exposição pode causar doenças profissionais. Consideram-se todos

os riscos gerados pelos agentes que têm capacidade de modificar as características físicas do meio

ambiente (Luzia, 2013).

Consideram-se agentes físicos: o ruído, as vibrações, as radiações ionizantes e não ionizantes, o

ambiente térmico e a iluminação.

11

2.5.2.1. Ruído

O ruído está na origem de um incómodo significativo para o trabalhador, desencadeador de

trauma auditivo e alterações fisiológicas extra-auditivas. Do ponto de vista fisiológico, o ruído é um

fenómeno acústico que produz uma sensação auditiva desagradável ou incomodativa. Em termos

gerais é um som incomodativo, desconfortável e nocivo para o homem.

A intensidade das vibrações sonoras ou as variações que lhe estão associadas são denominadas

de pressão sonora e exprime-se em Pascal (N/mm2). O ouvido não responde linearmente aos

estímulos provocados pelo ruído, mas sim logaritmicamente. Como é mais confortável trabalhar em

escalas lineares, e uma vez que com a pressão sonora teríamos que trabalhar em escala

logarítmicas, foi encontrado a unidade que permite esta conversão, que se chama decibel (dB). O

decibel é o logaritmo da razão entre o valor médio e o valor de referência padronizado e corresponde

à mais pequena variação de pressão sonora que o ouvido humano normal pode distinguir nas

condições normais de audição. Ressalve-se que uma pequena diferença na escala de decibel (Figura

2) não significa também uma pequena diferença de energia sonora efectiva. Uma diferença de

apenas 3 dB significa o dobro ou metade da energia (Gama, 2012).

Figura 2- Escala de decibel (dB).

12

A exposição a níveis de ruído elevados ou duradouros pode provocar:

perdas temporárias: fadiga auditiva, perturbação na localização da fonte sonora, aumento

do tempo de reacção;

perdas definitivas; exposição intensa (efeito agudo) e /ou prolongada no tempo (efeito

cronico);

efeito fisiológicos extra-auditivos: perturbação na comunicação, diminuição do rendimento

no trabalho, falta de vigilância e atenção, perda da capacidade de concentração e cansaço

(Gama, 2012)

O risco a que os trabalhadores estão sujeitos depende de: tempo de exposição (quanto mais

longo, maior é o risco), tipo de ruído (contínuo, intermitente ou súbito), distância da fonte do ruído

(quanto menor, maior é o risco), sensibilidade individual (varia com a idade e de indivíduo para

indivíduo) e danos na audição (lesões já existentes no aparelho do indivíduo). Assim, na identificação

das situações de risco deve caracterizar-se o ruído, as fontes e condições de propagação, bem como

as medidas de protecção colectiva e individual adoptadas.

2.5.2.2. Vibrações

As vibrações definem-se como o movimento oscilatório de um corpo em torno do seu ponto de

equilíbrio. O número de vezes que este ciclo se repete, por segundo, designa-se por frequência e é

medido em Hertz (Hz).

No meio laboral, as vibrações constituem agentes físicos nocivos que afectam a saúde e

segurança dos trabalhadores e encontram-se presentes em quase todas as actividades,

nomeadamente em construção civil e obras públicas, indústrias extractivas, exploração florestal,

fundições e transportes.

Ao contrário de outros agentes aos quais o trabalhador está exposto de forma passiva (ex.: ruído),

no caso das vibrações existe sempre contacto entre o trabalhador (através das mãos, nádegas,

costas e pés) e o equipamento ou máquina que transmite a vibração. Esta energia vibratória é

absorvida pelo corpo, como consequência da atenuação promovida pelos tecidos e órgãos.

O corpo humano possui uma vibração natural. Se uma frequência externa coincide com a

frequência natural do sistema, ocorre a ressonância. A frequência de ressonância é a mais nociva

para o corpo humano, pois, quando o corpo entra em ressonância, amplifica a vibração que recebe.

13

Figura 3- Frequências de ressonância do corpo humano

Existem, fundamentalmente, dois tipos de vibrações:

as que se transmitem ao sistema mão-braço, durante o manuseamento de materiais em

vibração, ou de ferramentas e máquinas (ex.: martelos pneumáticos ou serras eléctricas);

as que se transmitem ao corpo inteiro, quando a superfície de suporte corporal está em

vibração (ex.: escavadoras ou empilhadoras). Não causam danos ao nível dos órgãos

perceptores, mas provocam desconforto e mau estar nos indivíduos durante a sua rotina

(EspiralSoft, 2012)

A exposição directa a vibrações pode ser extremamente grave, podendo danificar

permanentemente alguns órgãos do corpo humano. Existem múltiplas afecções desencadeadas

pelas vibrações, cujos efeitos dependem de:

tempo de exposição;

forma como a exposição se produz;

características físicas do meio;

modo de transmissão (a todo o corpo ou às mãos);

tipo de trabalho e tipo de postura (EspiralSoft, 2012)

As vibrações podem afectar o conforto, reduzir o rendimento do trabalho e causar desordens das

funções fisiológicas, dando lugar ao desenvolvimento de doenças quando a exposição é intensa.

14

2.5.2.3. Radiações

A radiação é por definição, a energia transmitida através do espaço sob a forma de ondas e

partículas. A intensidade da radiação depende do número de desintegrações assim como da energia

e do tipo de radiação emitida.

As radiações dividem-se em ionizantes e não ionizantes, consoante o resultado da sua intenção

com a matéria:

a) radiações ionizantes- incluem os raios alfa, beta, gama, raios X, neutrões e protões. Este

grupo de radiações tem a capacidade de produzir iões directa ou indirectamente.

b) radiações não ionizantes- caracterizam-se por não possuir energia suficientes para

ionizar os átomos ou moléculas com os quais interagem. Deste tipo de radiações fazem

partem as radiações ultravioletas (UV), visível, infravermelha (IV), laser, micro-ondas e

radiofrequências (EspiralSoft, 2012)

A intensidade da radiação depende do número de desintegrações assim como da energia e do

tipo de radiação emitida. O efeito das radiações depende da parte do corpo irradiada e do tipo de

radiações

2.5.2.4. Ambiente térmico

Frio ou calor em excesso, ou a brusca mudança de um ambiente quente para um ambiente frio ou

vice-versa, também são prejudiciais à saúde.

Nos ambientes onde há a necessidade do uso de fornos, maçaricos etc., ou pelo tipo de material

utilizado e características das construções (insuficiência de janelas, portas ou outras aberturas

necessárias a uma boa ventilação), toda essa combinação pode gerar alta temperatura prejudicial à

saúde do trabalhador.

A sensação de calor que sentimos é proveniente da temperatura resultante existente no local e do

esforço físico que fazemos para executar um trabalho.

A temperatura resultante é função dos seguintes factores:

humidade relativa do ar;

velocidade e temperatura do ar;

calor radiante (produzido por fontes de calor do ambiente, como fornos e maçaricos).

A unidade de medida da temperatura adoptada é o grau Celsius, abreviadamente ºC. De um modo

geral, a velocidade do ar tem de ser no Inverno inferior a 0,15 m/s, com temperaturas entre 20 e 24

ºC, e no Verão inferior a 0,25m/s, com temperaturas entre 23 e 26

oC. Enquanto a humidade relativa

do ar deve estar entre 55% a 65% (EspiralSoft, 2012)

15

Os ambientes térmicos podem ser classificados como :

quentes (fundições, cerâmicas, padarias);

frios (armazéns frigoríficos, actividades piscatórias);

neutros (escritórios).

Logicamente que as situações mais preocupantes ocorrem em ambientes térmicos frios e quentes,

ou sobretudo quando as duas possibilidades existem na mesma empresa ou no mesmo posto de

trabalho.

2.5.2.5. Iluminação

A iluminação contribui para um bom desempenho dos trabalhadores, quando esta é deficiente ou

desadequada ao local de trabalhador, pode causar problemas para a saúde de um trabalhador,

afectando também o seu rendimento e consequentes acidentes de trabalho. Considera-se que a

iluminação não é apropriada quando apresenta as seguintes características:

nível de iluminação desadequado ao local de trabalho (muito baixo ou muito alto);

encadeamento sucessivo e contínuo;

funcionamento deficiente da iluminação (lâmpadas que não mantém o fluxo luminoso

constante, reflectores ou difusores sujos, janelas sujas, etc.)

2.5.3. Agentes Químicos

Certas substâncias químicas são lançadas no ambiente de trabalho através de processos de

pulverização, fragmentação ou emanações gasosas. Essas substâncias podem apresentar-se nos

estados sólido, líquido e gasoso:

a) estado sólido- temos poeiras de origem animal, mineral e vegetal, como a poeira mineral

de sílica encontrada nas areias para moldes de fundição;

b) estado líquido- as substâncias apresentam-se sob a forma de solventes, tintas, vernizes

ou esmaltes;

c) estado gasoso- temos o GLP (gás liquefeito de petróleo), usado como combustível, ou

gases libertados nas queimas ou nos processos de transformação das matérias primas

(Gama, 2012)

Esses agentes químicos ficam em suspensão no ar e podem penetrar no organismo do

trabalhador por:

Via respiratória: essa é a principal porta de entrada dos agentes químicos, porque

respiramos continuadamente, e tudo o que está no ar acaba por passar nos pulmões.

16

Via digestiva: se o trabalhador comer ou beber algo com as mãos sujas, ou que ficaram

muito tempo expostas a produtos químicos, parte das substâncias químicas serão ingeridas

com o alimento, atingindo o estômago e podendo provocar sérios riscos à saúde.

Epiderme : essa via de penetração é a mais difícil, mas se o trabalhador estiver desprotegido

e tiver contacto com substâncias químicas, havendo deposição no corpo, serão absorvidas

pela pele.

Via ocular: alguns produtos químicos que permanecem no ar causam irritação nos olhos e

conjuntivite, o que mostra que a penetração dos agentes químicos pode ocorrer também pela

vista (Luzia, 2013).

As medidas ou avaliações dos agentes químicos em suspensão no ar são obtidas por meio de

aparelhos especiais que medem a concentração, ou seja, percentagem existente em relação ao ar

atmosférico. Os limites máximos de concentração de cada um dos produtos diferem de acordo com o

seu grau de perigo para a saúde

2.6. Saúde no Trabalho

A Saúde no Trabalho é a actividade que tem por finalidade fomentar e manter o nível mais

elevado de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as profissões, prevenir os

danos na sua saúde emergentes das condições do trabalhado, protegê-los contra os riscos para

segurança e saúde e colocar o trabalho em posto de trabalho compatível com as suas aptidões

psicológicas e fisiológicas.

À Saúde no Trabalho compete, assim, averiguar a vigilância adequada da saúde dos

trabalhadores em função dos riscos a que se encontram expostos no local de trabalho. Integra todos

os procedimentos de avaliação efectuados através de exames médico, controlo biológico, avaliação

radiológica, questionários ou entrevistas, análise de registo de saúde etc.

A vigilância médica deve abranger:

uma avaliação inicial da saúde dos trabalhadores, em momento anterior à entrada em

funções ou quando ocorrer a atribuição de novas tarefas com riscos de diferente conteúdo

(exames de admissão);

uma avaliação da saúde dos trabalhadores que retomem o trabalho após uma ausência

prolongada por motivos de saúde (exames ocasionais);

uma vigilância da saúde com períodos periódicos (exames periódicos).

Os profissionais que podem exercer funções nesta são:

os médicos- para além da licenciatura em medicina, têm de ser titulares de uma

especialidade de medicina do trabalho reconhecida pela Ordem dos Médicos. Podem,

17

ainda exercer medicina no trabalho os médicos a que foi reconhecida idoneidade para o

exercício de tais funções, nos termos legais;

enfermeiros- possuir uma licenciatura em enfermagem e uma especialização em saúde

pública.

Segundo a Lei 102/2009, de 10 de Setembro, o médico do trabalho deve garantir um número

mínimo de afectação de horas, de acordo com o tipo de estabelecimento e o número de

trabalhadores abrangidos:

em estabelecimento industrial ou estabelecimento de outra natureza com risco elevado

pelo menos uma hora por mês por cada grupo de 10 trabalhadores, ou fracção;

nos restantes estabelecimentos, pelo menos uma hora por mês por cada grupo de 20

trabalhadores, ou fracção.

2.7. Técnico de Segurança no Trabalho e as suas Funções

O Técnico de Segurança no Trabalho (TST) é o profissional que organiza, desenvolve, coordena e

controla (se for um técnico superior) as actividades de prevenção e de protecção contra os riscos

profissionais no contexto dos serviços de segurança e saúde do trabalho. (Santo, 2011)

O exercício da profissão que, face às especificidades, pressupõe o cumprimento de regras

deontológicas estritas, depende da obtenção do Certificado de Aptidão Profissional (CAP), que se

pode obter de 3 formas:

- formação: através da frequência com aproveitamento no curso de formação homologado, nos

termos da lei;

- equiparação: certificação para profissionais que evidenciem experiência relevante num

determinado período mínimo, no momento da entrada em vigor do regime jurídico de certificação;

- equivalência de título: certificação em função do reconhecimento de formação adquirida em país

estrangeiro, na sequência da aplicação das regras comunitárias ou de acordos estabelecidos

casuisticamente com outros países.

À certificação através da formação pode corresponder o nível 6 de qualificação, no caso de

técnico superior de segurança no trabalho (TSST), ou nível 4 de qualificação, no caso de técnico de

segurança no trabalho (TST). O estabelecimento destes princípios foi efectuado através da

publicação do Decreto-Lei 42/2012 de 28 de Agosto (estabelece as condições de acesso e de

exercício das profissões de técnico de segurança no trabalho e de técnico de segurança no trabalho).

Os requisitos para obtenção do CAP para exercício da profissão de TSST e de TST, encontram-se

resumidos na seguinte tabela

18

Técnico Superior de ST (Nível 6) Técnico de ST (Nível 4)

Licenciatura ou bacharelato e frequência com

aproveitamento do curso de formação de

TSST, homologado pelo ACT.

12º ano de escolaridade ou equivalente e

frequência com aproveitamento de curso de

formação de TST homologado certificado.

Licenciatura em curso de SHT reconhecido

pelo Ministério da Educação e homologado

pela entidade certificadora

9º ano e frequência com aproveitamento de

curso de TST homologado entidade

certificadora e inserido num sistema de

formação que confira, no final, equivalência

ao 12º ano de escolaridade.

Tabela 1- Requisitos para obtenção do CAP. (Fonte: Freitas, 2011)

O CAP é válido por 5 anos e a sua renovação depende de:

exercício da actividade pelo período mínimo de 2 anos;

actualização cientifica e técnica através de frequência de formação continua pelo período

mínimo de 30 horas;

cumprimento dos princípios deontológicos.

Para os profissionais que não hajam exercido durante, pelo menos, dois anos, deverão frequentar

acção de formação (considerada adequada pela entidade certificadora, ACT) com um mínimo de 100

horas para garantir a actualização de conhecimentos indispensável.

Acresce que a entidade certificadora poderá proceder a suspensão ou cessação do CAP se

ocorrer violação grave da deontologia ou desconformidade com os requisitos que estiveram na base

da sua atribuição.

Os Técnicos de Segurança (nível 4 e 6) têm um vasto conjunto de funções a que correspondem

actividades essenciais inerentes ao seu perfil profissional, definindo em articulação entre a entidade

certificadora (ACT) e o sistema nacional de certificação profissional. Neste âmbito, compete-lhe o

desenvolvimento das seguintes actividades:

colaborar na definição da política geral da empresa relativa à prevenção de riscos e

planear e implementar o correspondente sistema de gestão;

desenvolver processos de avaliação de riscos profissionais;

conceber, programar e desenvolver medidas de prevenção e de protecção;

coordenar tecnicamente as actividades de segurança e higiene no trabalho, assegurando

o enquadramento e a orientação técnica dos profissionais da área da segurança e higiene

no trabalho;

participar na organização do trabalho;

19

gerir o processo de utilização de recursos externos nas actividades de prevenção e de

protecção;

assegurar a organização da documentação necessária à gestão da prevenção na

empresa;

promover a informação e a formação dos trabalhadores e demais intervenientes nos locais

de trabalho;

promover a integração da prevenção nos sistemas de comunicação da empresa,

preparando e disponibilizando a necessária informação específica;

dinamizar processos de consulta e de participação dos trabalhadores;

desenvolver as relações da empresa com os organismos da Rede Nacional de Prevenção

de Riscos Profissionais. (Santo, 2011)

De acordo com o Decreto-Lei 102/2009 de 10 de Setembro a afectação dos técnicos às

actividades de segurança e higiene no trabalho, por empresa é estabelecida nos seguintes termos:

em estabelecimento industrial: até 50 trabalhadores, um técnico, e acima de 50, dois

técnicos, por cada 1500 trabalhadores abrangidos ou fracção, sendo pelo menos um deles

técnico superior;

nos restantes estabelecimento- até 50 trabalhadores, um técnico, e acima de 50

trabalhadores, dois técnicos por cada 3000 trabalhadores abrangidos ou fracção, sendo

pelo menos um deles técnico superior.

2.8. Serviços de Segurança Higiene e Saúde do Trabalho

Os serviços podem ser organizados a nível interno, externo, comum ou trabalhador designado de

acordo com os limites estabelecidos no Decreto-Lei nº 102/2009 de 10 de Setembro.

2.8.1. Serviços internos

Os serviços internos são criados pela empresa, abragendo exclusivamente os trabalhadores que

nela prestam serviço.

Trata-se de um departamento inserido na estrutura da empresa, a funcionar sob o enquadramento

hirerárquico, com uma ou ambas as valências, Segurança e Higiene e/ou Saúde no Trabalho, dotado

de meios consequentes com as a actividades a desenvolver. No primeiro caso, a actividade deverá

ser exercida por Técnicos de Segurança no Trabalho (TST) detentores de Certificado de Aptidão

Profissional (CAP). No segundo caso, e tal como já foi referido os médicos terão de ser titulares da

especialidade de medicina do trabalho.

Segundo o artigo nº 78, devem uniformizar serviços internos os estabelecimentos ou empresas

que:

20

a) tenham pelo menos 30 trabalhadores que desenvolvam actividades de risco elevado tal como:

construção, escavação, movimentação de terras, de túneis, com risco elevado de altura ou

soterramento, demolições e intervenção em ferrovias, construção naval, trabalho hiperbárico,

com exposição a agentes cancerígenos mutagénicos ou tóxicos para a reprodução, que

envolvam a utilização ou armazenagem de quantidades significativas de produtos químicos

perigosos, que envolvam o contacto com correntes eléctricas de média e alta tensão, o

fabrico, transporte e utilização de explosivos e pirotecnia, que impliquem a exposição de

agentes biológicos.

b) com mais de 400 trabalhadores no mesmo estabelecimento;

c) conjunto de estabelecimentos situados num raio de 50 km a partir do de maior dimensão, seja

qual a actividade desenvolvida

2.8.2. Serviços externos

São serviços contratados pela empresa a uma entidade externa, prestadora de serviços de

segurança e higiene no trabalho, os quais podem assumir várias modalidades, devendo conter os

requisitos determinados no nº1 do Artº 85 da Lei nº 102/2009, de 10 de Setembro.

2.8.3. Serviços comuns

O serviço comum é instituído por acordo entre várias empresas, a maioria das quais com

estabelecimentos localizados na proximidade uns dos outros (por exemplo: parques industriais), cuja

dimensão, não havendo riscos graves, poderia não justificar a constituição de estrutura própria.

O serviço comum, é pois, criado por uma pluralidade de empresas ou estabelecimentos para a

utilização comum dos trabalhadores que neles exercem funções (Artº 82 da Lei nº102/2009, de 10 de

Setembro)

2.8.4. Trabalhador designado

Esta solução organizacional, também designada por serviço interno simplificado, é válida apenas

para microempresas (até nove trabalhadores) e cuja actividade não seja de risco elevado. Depende

de autorização a conceder pela entidade gestora das condições de trabalho e da não verificação de

índices de incidência e gravidade superior à média do sector em dois anos consecutivos (EspiralSoft,

2011).

21

2.9. Avaliação de Riscos

A avaliação de riscos constitui a primeira abordagem de um problema de segurança, higiene e

saúde do trabalho, fazendo um levantamento de todos os factores do sistema de trabalho

Homem/Máquina/Ambiente que podem causar acidentes.

Em termos genéricos, a avaliação de riscos consiste, pois, na análise estruturada de todos os

aspectos inerentes ao trabalho, concretizada através da identificação dos factores de risco, estimação

e valoração dos riscos e indicação dos trabalhadores (ou terceiros) a eles expostos, definindo, em

cada caso, as medidas de prevenção ou protecção adequadas, visando, em primeira linha, a

eliminação do risco ou se tal não for viável, a redução das suas consequências (Freitas, 2011), tal

como é possível verificar no esquema apresentado na Figura 4.

Figura 4- Avaliação e controlo de riscos

A avaliação de riscos tem como principais objectivos quantificar a gravidade (ou seja, a

magnitude) que um risco pode ter na saúde e segurança dos trabalhadores, resultante das

circunstâncias em que o perigo ocorra e, assim, permitir que o empregador obtenha as informações

necessárias para que possa tomar uma decisão adequada no que toca ao tipo de medidas

preventivas a adoptar (Carneiro, 2011).

Sim

Identificação dos

perigos

Estimação do risco

Valoração do risco

Eliminação de perigos?

Controlo de risco

Análise do risco

Avaliação do risco

Risco controlado

Não

22

Associado à noção de Avaliação de Risco surgem dois conceitos, que importa diferenciar: o perigo

e o risco. De acordo com Lei nº102/2009, de 10 de Setembro

- perigo- é entendido como a propriedade intrínseca de uma instalação, actividade, equipamento,

um agente ou outro componente material do trabalho com potencial para provocar dano;

- risco- a probabilidade de concretização do dano em função das condições de utilização,

exposição ou interacção do componente material do trabalho que apresente perigo

Já a norma portuguesa NP 4397 define:

- perigo- fonte, situação, ou ato com potencial para o dano em termos de lesão ou afeção da

saúde, ou uma combinação destes;

- risco- combinação da probabilidade e ocorrência de um acontecimento ou de exposição(ões)

perigosos e da gravidade de lesões ou afecções da saúde que possam ser causadas pelo

acontecimento ou pela(s) exposição(ões).

Ainda segundo esta norma, a Avaliação de Risco pode ser encarada como uma ferramenta muito

útil à tomada de decisões, fazendo mesmo parte integral de qualquer sistema de gestão.

Em síntese, pensa-se que na prática a Avaliação de Risco deverá ser realizada periodicamente,

para que qualquer alteração, quer em termos de produto, quer em termos de processo, não

desencadeie novas situações de perigo, possibilitando, assim, um acompanhamento progressivo e

adequado dos mesmos.

2.9.1. Fases de Avaliação de Risco

Na opinião de Roxo (2003), a Avaliação de Risco deve compreender duas fases:

a análise de risco, que visa determinar a Magnitude do risco;

a valoração do risco, que visa avaliar o significado que o risco assume.

A Figura 5 esquematiza as duas fases da Avaliação de Risco.

23

Figura 5- Fases de um processo de avaliação de risco profissional (adaptada Roxo, 2013)

2.9.1.1. Fase 1- Analise de Risco

A análise de risco, também designada por avaliação de risco visa:

a caracterização dos riscos;

o seu modo de desenvolvimento;

a probabilidade de ocorrência;

a sua extensão;

e o potencial danoso.

Neste sentido, a concretização da Avaliação de Risco deve compreender 3 etapas, como se pode

visualizar na:

identificação do perigo e possíveis consequências;

identificação das pessoas expostos;

estimativa do risco.

2.9.1.2. Fase 2- Valoração do risco

A valoração do risco corresponde à fase final da Avaliação de Risco e visa comparar a magnitude

do risco com padrões de referência e estabelecer o grau de aceitabilidade do mesmo. Trata-se de um

processo de comparação entre o valor obtido na fase anterior (análise de risco) e um referencial de

risco aceitável (Roxo, 2003).

Nesta fase deve reunir-se informação que permita:

Valoração do

Risco Av

ali

ão

de

Ris

co

s

Análise de Risco

24

avaliar as medidas de controlo implementadas;

priorizar as necessidades de implementação de medidas de controlo;

definir as acções de prevenção/correcção a implementar.

Em suma, o resultado desta fase deve permitir a definição das acções de melhoria, que podem

assumir carácter de curto ou longo prazo.

2.9.2. Etapas da análise de riscos

2.9.2.1. Identificação do perigo e possíveis consequências

Na identificação do perigo pretende-se verificar que perigos estão presentes numa dada situação

de trabalho e suas possíveis consequências, em termos dos danos sofridos pelos trabalhadores

sujeitos à exposição desses mesmos perigos.

Nesta etapa, os perigos associados à realização da actividade de trabalho podem decorrer do

resultado de um ou da combinação dos seguintes componentes: substâncias, máquinas, processos,

organização do trabalho, ambiente, modos operatórios, pessoas ou circunstâncias, pelo que, para a

sua concretização deve começar-se por reunir o máximo de informação pertinente, nas mais variadas

fontes disponíveis: legislação, manuais de instruções das máquinas, fichas de dados de segurança

das substâncias ou preparações perigosas, processos e métodos de trabalho, dados estatísticos

relativos à ocorrência de acidentes, experiência dos trabalhadores, normas internacionais relevantes,

entre outros (Roxo, 2003).

Esta etapa é considerada como a mais crítica em todo o processo de uma avaliação de riscos, na

medida em que, um perigo não identificado é um perigo não avaliado e, consequentemente, não

controlado (Carvalho, 2007).

2.9.2.2. Identificação das pessoas expostas

A estimativa do risco (fase subsequente) prevê o conhecimento, objectivo ou subjectivo, da

Gravidade ou Severidade que um determinado dano pode assumir, bem como, da Probabilidade de

ocorrência do mesmo.

Esta probabilidade de ocorrência vai depender:

do tipo de pessoas expostas, ou seja, consoante o nível de formação, sensibilização,

experiência, susceptibilidade individual, etc., será diferente a probabilidade de sofrer um

determinado nível de dano;

da frequência da exposição

Quando a avaliação visa o Risco Social, a Gravidade ou Severidade vai depender do número de

pessoas que podem sofrer um determinado nível de dano.

25

De acordo com Carvalho, é importante considerar todas as pessoas que poderão estar expostas,

ou seja, não só os trabalhadores directamente afectos ao posto de trabalho em análise, mas também

todos os outros trabalhadores no espaço de trabalho. Importante ainda, é considerar também aqueles

que podem não estar sempre presentes.

2.9.2.3. Estimativa do Risco

Nesta fase, o objectivo consiste na quantificação da magnitude do risco, ou seja, da sua

criticidade.

Segundo Roxo, a magnitude do risco é função da Probabilidade de ocorrência de um determinado

dano e da Gravidade a ele associada, sendo representada pela equação (Eq.1):

Risco (R) = Probabilidade (P) x Gravidade (G) (Eq.1)

Na estimativa de cada uma das variáveis (P) e (G), devem ser tidas em consideração as medidas

de segurança já implementadas (ex. sistemas de detecção e combate a incêndio, protecção de

segurança num determinado equipamento, procedimentos de segurança associados à realização de

determinada tarefa, entre outros), uma vez que estas irão interferir na magnitude do risco.

2.9.3. Métodos de Avaliação de Riscos

Ao longo do tempo, foram sendo criados, desenvolvidos e aperfeiçoados inúmeros métodos com

capacidade para identificar os perigos existentes no local de trabalho e efectuar uma análise racional

das consequências dos riscos associados, bem como as possíveis reduções dos danos, mediante a

adopção de diferentes medidas de controlo.

Estes métodos podem ser integrados em diferentes categorias de acordo com as suas

características específicas, os objectivos para que foram desenvolvidos, os meios utilizados e os

factores que relacionam. A título de exemplo, em função da importância relativa de cada uma das

suas componentes de “identificação” e de “quantificação” do risco, é habitual distingui-los como

métodos qualitativos, métodos quantitativos e métodos semi-quantitativos. Passamos a uma breve

descrição de cada uma destas categorias.

2.9.3.1. Métodos qualitativos

Descrevem ou esquematizam, sem chegar a uma quantificação dos riscos, os pontos perigosos de

um posto de trabalho ou instalação, bem como as medidas de segurança disponíveis, sejam estas

preventivas ou correctivas. Identificam também quais os acontecimentos com capacidade e

probabilidade de gerarem situações de perigo, bem como desencadeiam medidas para garantir que

não ocorram. O nível de segurança é normalmente determinado em função da conformidade da

instalação, dos processos e dos procedimentos com as normas e regulamentos de segurança

aplicáveis. Como exemplo de métodos qualitativos temos as “listas de verificação”. Este método é,

26

portanto, apropriado para avaliar situações simples, cujos perigos possam ser facilmente identificados

pela observação e comparados com princípios de boas práticas, existentes para circunstâncias

idênticas.

2.9.3.2. Métodos quantitativos

As avaliações quantitativas envolvem a quantificação objectiva dos diferentes elementos do risco,

nomeadamente, da Probabilidade e da Gravidade das consequências.

São métodos que visam obter uma resposta numérica da magnitude do risco, pelo que, o cálculo

da Probabilidade faz recurso a técnicas sofisticadas de cálculo que integram dados sobre o

comportamento das variáveis em análise. Permitem determinar um padrão de regularidade na

Frequência de determinados eventos. A quantificação da Gravidade recorre a modelos matemáticos

de consequências, de forma a simular o campo de acção de um dado agente agressivo e o cálculo da

capacidade agressiva em cada um dos pontos desse campo de acção, estimando então os danos

esperados (Roxo, 2003).

Este tipo de métodos é particularmente útil nos casos de risco elevado ou de maior complexidade

(ex.: na indústria nuclear, na indústria química, etc..). Para a aplicação de método quantitativo existe

uma variedade de metodologias e técnicas especiais que devem ser utilizadas na etapa da

identificação dos perigos. A especificidade destas metodologias e técnicas recomenda que não

devem ser utilizadas de modo indiscriminado para qualquer situação. Na opinião de Gadd et al.

(2003) as diversas metodologias e técnicas disponíveis apresentam diferentes níveis de robustez e

fragilidade.

2.9.3.3. Métodos semi-quantitativos

Atribuem índices às situações de risco previamente identificadas e estabelecem planos de

actuação, em que o objectivo é a hierarquização do risco, a definição e implementação de um

conjunto de acções preventivas e correctivas para controlar o risco. Incluem-se neste tipo o Método

de William T. Fine e o Método da Matriz Simplificada de Avaliação de Riscos de Acidente. Atendendo

à fácil aplicação deste último método no sector da construção civil, foi o método utilizado no capítulo 5

deste trabalho.

Em seguida, na Figura 6 apresenta-se um esquema que pretende resumir o que foi exposto acima:

27

Figura 6- Métodos de avaliação de risco (adaptado de Carvalho, 2007)

2.10. Gestão do Risco

Designa-se por gestão do risco o processo conjunto de controlo do risco e de avaliação do risco. O

processo de gestão do risco permite a monitorização e acompanhamento dos riscos durante a fase

de operação da tarefa.

Este processo aplicado a uma tarefa vai permitir proteger os trabalhadores dos perigos que lhe

estão associados, possibilitando o controlo dos riscos e mantendo essas tarefas com níveis de risco

aceitáveis. (Roxo, 2003)

Identificado o perigo e quantificado o risco poder-se-á decidir da necessidade de implementar

novas medidas de segurança, de reduzir ou eliminar situações perigosas e, neste caso, quais as que

devem ser prioritariamente encaradas (Carneiro, 2011)

28

2.11. Equipamentos de medição

Uma avaliação de riscos completa passa pelo uso de equipamentos de medição aos diferentes

parâmetros.

Na Tabela 2 encontram-se exemplos de equipamentos de medição e respectivos parâmetros a

medir, assim como, a legislação aplicável.

Parâmetro a

medir Equipamentos de Medição

Unidade de

Medição Legislação

Ruído

Sonómetro

(medição de

postos de trabalho

fixos)

dB

Decreto-Lei

182/2006, 6 de

Setembro

Dosímetro

(medição de

postos de trabalho

móveis)

dB

Vibração Acelerómetro

m/s2

Decreto-Lei

46/2006, 24 de

Fevereiro

Iluminância Luxímetro

lux Norma ISSO

8995.2002

29

Parâmetro a medir Equipamentos de Medição Unidade de

Medição Legislação

Ambiente

térmico

Temperatura

do ar Termómetro

ºC ou ºF

ISO

7730:1994

Humidade do

ar

Psicrómetro

rotativo

%

Velocidade do

ar Anemómetro

m/s

Tabela 2- Equipamentos de medição

2.12. Equipamentos de Protecção

2.12.1. Equipamentos de protecção colectiva

O equipamento de protecção colectiva (EPC) é o conjunto dos meios a utilizar destinados a

proteger todos os grupos definidos como trabalhadores em estaleiro.

É obrigação do empregador, após identificados os perigos e valorados os riscos, de tentar eliminar

os perigos ou, caso não seja possível, reduzir o risco ou a probabilidade de ocorrerem acidentes ou

doenças profissionais decorrentes desse risco residual. Assim, os equipamentos de protecção

colectiva (EPC’s) surgem como uma tentativa de reduzir o risco e devem sempre ter prioridade sobre

o equipamento de protecção individual, uma vez que este apenas protege um trabalhador. Pelo

contrário os EPC’c protegem vários trabalhadores.

O sistema de protecção colectiva a empregar deve ser escolhido antes do início da obra. A

protecção colectiva eleita deve reunir um conjunto de características tais como:

deve ser forte e segura;

deve evitar a queda do trabalhador, em vez de limitar a mesma;

a protecção não deve causar sensação de vertigem ao trabalhador;

deve ser continua, protegendo os ângulos das fachadas e não deixando espaços por

cobrir;

deve proteger o trabalhador em qualquer fase do trabalho;

30

deve ser fácil de adaptar aos diferentes tipos de estruturas existentes, podendo assim ser

utilizada em diferentes obras;

a sua correcta instalação deve ser verificada por uma pessoa competente.

Na Tabela 3 apresentam-se exemplos de equipamentos de protecção colectiva utilizados em obra:

EPC’c Especificidades Objectivo

Guarda-corpos

São constituídos por diversos elementos montados no local, que no seu conjunto, devem garantir a estabilidade e resistência necessária e ter dimensões que assegurem o seu objectivo.

Impedir a queda em altura de pessoas e de pessoas. São utilizados na perifieria de lajes, coberturas, plataformas de trabalho, andaimes, aberturas em lajes, escadas e outros acessos.

Redes de segurança

Rede vertical com forca (anti e limitadora de quedas)

Rede horizontal (anti-quedas)

Rede horizontal inclinada (limitadora de quedas)

Constituídas por cordas fibro-sintéticas de poliamida ou polipropileno, ligadas por nós, formando um conjunto elástico de malhas quadradas, suportadas por corda perimetral, capazes de absorver uma certa quantidade de energia.

Impedir ou limitar a queda, quer de pessoas, quer de materiais.

Tabela 3- Equipamentos de Protecção Colectiva

31

2.12.2. Equipamentos de protecção individual

O Decreto- Lei nº 128/93, de Abril, define Equipamento de Protecção Individual (EPI) como:

“Qualquer dispositivo ou meio que se destine a ser envergado ou manejado por uma

pessoa com vista à sua protecção contra um ou mais riscos susceptíveis de ameaçar a sua

saúde bem como a sua segurança.”

É regra fundamental que os equipamentos de protecção individual só devem ser utilizados quando

os riscos não puderem ser evitados ou suficientemente limitados por meios técnicos de protecção

colectiva ou por medidas, métodos ou processos de organização de trabalho.

Os equipamentos de protecção individual devem, na medida do possível, ser reservados a uso

pessoal, embora a natureza do equipamento ou as circunstâncias locais possam determinar a sua

utilização sucessiva por vários trabalhadores e por fornecedores e visitantes do estaleiro, casos em

que devem ser tomadas medidas apropriadas para que tal utilização não cause qualquer problema de

saúde ou de higiene aos diferentes utilizadores (CICCOPN, 2005)

Todo o equipamento de protecção individual deve estar conforme com as normas aplicáveis à sua

concepção e fabrico em matéria de segurança e saúde, ser adequado aos riscos a prevenir e às

condições existentes no local de trabalho, atender às exigências ergonómicas e de saúde do

trabalhador e ser adequado ao seu utilizador.

Para a selecção adequada dos equipamentos de protecção individual (EPI’s) deve ter-se em

consideração:

os riscos prováveis a que o trabalhador está exposto;

a natureza do trabalho e demais condições envolventes da sua execução;

as partes do corpo que se pretende proteger;

as características pessoais do trabalhador que os vai utilizar.

É da inteira responsabilidade da entidade empregadora a distribuição do EPI. Por outro lado, cabe

aos trabalhadores a responsabilidade pela correcta utilização e conservação dos EPI’s de acordo

com as instruções prestadas pela entidade empregadora.

A distribuição dos EPI’s aos trabalhadores e a sua responsabilização pela sua boa utilização e

manutenção do estado de conservação destes equipamentos será registada no impresso

“Distribuição de Equipamentos de Protecção Individual” segundo modelo que consta no Anexo I. Este

documento será preenchido no acto de entrega dos EPI’s aos trabalhadores, sendo posteriormente

integrado no arquivo de obra, onde se encontra centralizada toda a documentação relativa aos

colaboradores.

32

Segundo a Portaria 988/93, de 6 de Outubro, os EPI podem dividir-se em termos da zona do corpo

a proteger, nomeadamente:

Parte do corpo a proteger EPI Agentes Agressores

Cabeça Capacete. Riscos associados a queda de

materiais e pancadas.

Ouvidos

Protectores

auriculares;

Auscultadores.

Ruído.

Olhos

Óculos de

protecção contra projécteis

Viseira de

protecção.

Partículas sólidas, líquidos

corrosivos e irritantes e

radiações.

Vias respiratórias

Máscaras

Dispositivos

filtrantes Poeiras, gases e vapores.

Mãos Luvas de protecção Mecânicos, químicos eléctricos,

térmicos e radiações.

Pés Botas

Queda de materiais,

esmagamento, perfuração ou

corte e escorregamento.

Tabela 4- Equipamentos de protecção individual

33

3. Sector da Construção e a Segurança e Saúde do

Trabalho

O sector da construção evidencia um conjunto vasto de especificidades que determinam a

necessidade de uma intervenção com contornos diferentes da generalidade dos sectores de

actividade, ainda que subordinada, na base, aos princípios gerais da prevenção (Freitas, 2011).

O número de acidentes graves mortais, em particular as quedas em altura, os soterramentos e os

esmagamentos, a extensão do processo produtivo, a diversidade de agentes com intervenção nos

processos, a génese multifactorial dos acidentes e doenças profissionais, a importância crucial das

fases de concepção e organização, o peso do sector na economia nacional, o volume de emprego, a

mobilização de trabalhadores imigrantes e o número elevado de empresas a operar são, entre outros,

factores que estiveram na origem da introdução de um modelo próprio de segurança do trabalho para

a construção civil e as obras públicas (Freitas, 2011).

Em consequência do transposto atrás tornou-se imperativo dedicar um capítulo desta dissertação

para apresentar quais as especificidades que este sector tem a mais daquelas que foram

apresentadas no capítulo anterior em relação a segurança e saúde do trabalho.

3.1. Caracterização do sector de construção

O sector da construção é um dos motores da economia portuguesa. O impacto do sector faz-se

sentir, quer a montante, nas empresas de materiais e de equipamentos de construção (por exemplo,

maquinaria diversa, cimento, aço, vidro, tintas, plástico, janelas, portas, cabos, aparelhos de

aquecimento e ventilação, etc.) e de serviços (de consultoria, arquitectura, engenharia, de

transportes, etc.), quer a jusante, nas empresas de equipamento (mobiliário, equipamento doméstico

e material de escritório, etc.) e de serviços (abastecimento de energia, manutenção e decoração,

seguros, serviços jurídicos, etc.). Segundo Baganha, esta actividade tem um importante impacto

sobre o emprego, ao ponto de se estimar que cada emprego directo criado gera 3 postos de trabalho

no conjunto da economia.

Contudo, acompanhando a tendência da economia portuguesa, o sector da construção registou

um grande abrandamento nos últimos anos registando-se uma perda de 42,1 mil indivíduos

empregados. Segundo o Instituto da Construção e Imobiliário (INCI) existiam no final de 2011, 61.248

agentes económicos habilitados (entre empresas detentoras de título de registo e de alvará) para o

exercício da actividade da construção, tendo havido uma diminuição de cerca de 2,5% em relação ao

ano transacto.

34

3.1.1. Acidentes de Trabalho

Em termos de sinistralidade, a construção civil é um dos sectores da economia portuguesa que

regista piores resultados (Tabela 5).

Anos

Acidentes mortais por actividade económica em Portugal

Total

Pri

mári

o

Secundário Terciário

Total

Ind

ústr

ias

extr

acti

va

s

Ind

ústr

ias

tran

sfo

rmad

ora

s

Co

nstr

ução

Total

Co

mérc

io p

or

gro

sso

e r

eta

lho

,

rep

ara

ção

de

veíc

ulo

s a

uto

veis

e m

oto

cic

los

Tra

nsp

ort

es e

arm

azen

ag

em

Alo

jam

en

to e

resta

ura

ção

2000 234192 8881 141418 2475 86183 51561 76850 32095 9416 8545

2001 244936 8416 152634 2948 92071 56401 81966 34067 9767 8125

2002 248097 9147 150518 2854 89560 57083 86728 36009 10395 9087

2003 237222 9263 140022 2449 82537 53978 85216 35171 10293 8689

2004 234109 9316 132930 2328 75795 53957 89884 35599 9646 10434

2005 228884 8105 129431 2029 74593 51538 89509 34310 9430 9896

2006 237392 8545 129589 1960 74698 51790 98101 36916 10665 11496

2007 237409 7221 127913 2100 77423 47322 102116 37754 10451 11882

2008 240018 6137 128622 2034 76184 47024 105074 37544 10794 11893

2009 217393 7670 107657 1407 58235 45118 100837 34867 10163 11902

2010 215632 7005 106377 1674 57327 44304 101917 33942 10323 12172 Tabela 5-Acidentes de trabalho totais por sector de actividade económica (Fonte: PORDATA)

No que toca a sinistralidade mortal o sector da construção é o mais negro quando comparado com

outros sectores de actividade (Tabela 6)

Anos

Acidentes mortais por actividade económica em Portugal

Total

Pri

mári

o

Secundário Terciário

Total

Ind

ústr

ias

extr

acti

va

s

Ind

ústr

ias

tran

sfo

rmad

ora

s

Co

nstr

ução

Total

Co

mérc

io p

or

gro

sso

e r

eta

lho

,

rep

ara

ção

de

veíc

ulo

s a

uto

veis

e m

oto

cic

los

Tra

nsp

ort

es e

arm

azen

ag

em

Alo

jam

en

to e

resta

ura

ção

2000 368 33 192 9 78 102 115 42 33 9

2001 365 33 215 16 59 139 116 32 32 6

2002 357 45 193 5 75 109 114 32 38 4

2003 312 25 174 8 52 113 108 38 34 4

2004 306 32 180 12 55 110 93 27 38 1

2005 300 28 174 6 56 111 95 24 32 2

2006 253 38 132 3 43 83 82 21 33 5

2007 276 22 157 4 49 103 97 36 29 2

2008 231 23 120 12 27 78 87 25 30 1

2009 217 19 120 8 29 76 77 20 23 1

2010 208 28 102 5 27 67 78 22 33 4 Tabela 6-Acidentes mortais por actividade económica em Portugal (Fonte: PORDATA)

35

Contudo, como podemos verificar na Tabela 7, entre 2008 e 2010 houve uma diminuição do

número de acidentes mortais no sector da construção, verificando-se assim, uma tendência

decrescente dos acidentes de trabalho em Portugal. Contudo, há que salientar que está diminuição

dá-se aquando do início da crise que se instalou no sector da construção, portanto há que ter uma

certa cautela sobre as conclusões e ter um certo espirito critico sobre os resultados. Não entendê-los

apenas como um melhoramento das condições de segurança e higiene do trabalho mas sim também

como um menor número de obras logo menor número postos de emprego e consequentemente

menor número de acidentes mortais

Anos Número de

Acidentes Mortais

2000 102

2001 139

2002 109

2003 113

2004 110

2005 111

2006 83

2007 103

2008 78

2009 76

2010 67

Tabela 7- Acidentes de trabalho mortais, no sector da construção (2000-2010) (Fonte: PORDATA)

Gráfico 1- Acidentes mortais no sector da construção (2000-2010) (Fonte: PORDATA)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

mero

de a

cid

en

tes m

ort

ais

Anos

Evolução dos acidentes mortais, no sector da construção (2000-2010)

36

A análise da sinistralidade efectuada pela Comissão Europeia permitiu constatar que os acidentes

mortais no sector têm a seguinte origem:

- 35% devido a erros de concepção (arquitectónica, de materiais e equipamentos);

- 28% por erros de organização (devido a execução de actividades incompatíveis);

- 37% em função de erros de execução no estaleiro (entre outros, as deficiências na organização

do trabalho e a falta de formação e informação) (Freitas, 2011).

3.2. Directiva Estaleiros e o Decreto-Lei nº 273/2003

A Directiva nº 92/57/CEE, também conhecida por Directiva de Estaleiros, é a primeira directiva

sectorial que define no seu enquadramento, novos princípios de actuação- prevenção de concepção-

transpondo para o acto de projectar a filosofia de prevenção integrada. Esta directiva foi transposta

para o direito interno português em 1995 (Decreto-Lei nº 155/95 de 1 Julho) que mais tarde é revista

dando origem ao Decreto-Lei nº 273/2003 de 29 de Outubro.

O Decreto-Lei nº 273/2003 estabelece as regras gerais de planeamento, organização e

coordenação para promover a segurança, higiene e saúde no trabalho em estaleiros e é aplicável à

generalidade das obras de construção e engenharia. Este diploma estabelece obrigações dos

diversos intervenientes no estaleiro: dono de obra, autor do projecto, coordenadores de segurança,

entidade executante, empregadores e trabalhadores independentes. A Portaria nº101/96, de 3 de

Abril, regulamenta as prescrições mínimas de segurança e de saúde nos locais e posto de trabalho

dos estaleiros temporários ou móveis (Pinto, 2012).

3.3. Implementação prática do Decreto-Lei 273/2003

3.3.1. Papel e domínios dos intervenientes

3.3.1.1. Dono de obra

Trata-se de uma pessoa singular ou colectiva por conta de quem a obra é realizada. Os donos de

obra estão sujeitos ao cumprimento das obrigações do Artº 17 do Decreto- Lei nº 273/2003. Compete

ao dono de obra as seguintes funções:

desenvolver o sistema de coordenação de segurança;

garantir a elaboração da comunicação prévia, do plano de segurança e saúde (PSS) e da

compilação técnica (CT);

nomear o coordenador de projecto em matéria de segurança e saúde (CSP) e do

coordenador da obra em matéria de segurança e saúde (CSO);

aprovar o desenvolvimento e as alterações do PSS;

não permitir a instalação do estaleiro sem a aprovação do PSS;

37

comunicar à ACT a abertura do estaleiro;

elaborar ou mandar elaborar a compilação técnica;

no caso de intervenção de duas ou mais entidades executantes assegurar a designação

da entidade que deverá tomar as medidas necessárias para que o acesso ao estaleiro

esteja reservado apenas a pessoas autorizadas,

garantir o cumprimento das regras de gestão e organização geral do estaleiro incluídas no

PSS.

3.3.1.2. Autor do Projecto

O autor do projecto, também conhecido como projectista, é a pessoa singular que elabora ou

participa na elaboração do projecto da obra.

O projectista desempenha um papel fundamental durante a fase de concepção, pois assegura a

implementação dos processos de segurança que deverão ser considerados durante a fase de

concepção para aqueles que irão construir, manter ou reparar a estrutura. Para tal necessita de ter

em conta os princípios gerais da prevenção.

Para além disso, sempre que solicitadas informações sobre aspectos relevantes dos riscos

associados à execução do projecto por parte dos restantes intervenientes (coordenador de segurança

em projecto e em obra, entidade executante e dono de obra) deve fornece-las.

3.3.1.3. Entidade Executante

A entidade executante é a pessoa singular ou colectiva que executa a totalidade ou parte da obra,

de acordo com o projecto aprovado. De seguida enumera-se as principais competências desta

entidade:

proceder à avaliação e controlo de riscos;

colaborar com o coordenador de segurança em obra e fazer cumprir as directivas deste

junto aos subempreiteiros e trabalhadores independentes;

dar a conhecer o PSS para a execução da obra e as alterações aos subempreiteiros e

trabalhadores independentes;

elaborar e divulgar as fichas de procedimento de segurança;

informar os seus trabalhadores acerca das obrigações em matéria de SST;

fornecer ao dono de obra as informações para a elaboração e actualização da

comunicação prévia;

fornecer ao autor do projecto, ao coordenador de segurança em projecto e em obra ou, na

falta destes, ao dono da obra, os elementos necessários para a compilação técnica.

38

3.3.1.4. Coordenador de Segurança em Projecto (CSP)

De acordo com Decreto-Lei 273/2003, o Coordenador de Segurança em Projecto (CSP) é uma

pessoa singular ou colectiva que executa, durante a elaboração do projecto, as tarefas de

coordenação em matéria de segurança e saúde. Poderá também participar na preparação do

processo de negociação da empreitada e de outros actos preparatórios da execução da obra na parte

respeitante à segurança e saúde no trabalho.

A nomeação do CSP é vinculativa quando:

o projecto for elaborado por mais de uma pessoa, desde que as opções arquitectónicas e

as escolhas técnicas evidenciem complexidade para a integração dos princípios gerais de

prevenção;

os trabalhos envolvam riscos especiais elencados na lei;

quando estiver prevista a intervenção na execução da obra de duas ou mais empresas.

(Freitas, 2011)

Compete ao CSP:

iniciar a organização da compilação técnica;

assegurar que os autores do projecto respeitem os princípios gerais da prevenção

aconselhar o dono da obra na preparação da negociação da empreitada com o intuito de

garantir a plena interacção na parte respeitante à SST;

elaborar o PSS em projecto ou proceder a sua validação caso tenha sido elaborado por

outra pessoa mandata pelo dono de obra;

informar o dono de obra das suas responsabilidades.

3.3.1.5. Coordenador de Segurança em Obra (CSO)

O coordenador de segurança em obra é a pessoa singular ou colectiva, que durante a obra, tem a

responsabilidade de desempenhar as tarefas de coordenação em matéria de segurança e saúde no

trabalho.

A presença do coordenador de segurança em obra é obrigatória sempre que na obra intervenham

duas ou mais empresas. Caso não seja necessária a sua nomeação (caso de em obra haver menos

de 2 empresas), os restantes intervenientes na obra mantém as suas obrigações gerais em matéria

de SST.

Assim, ao CSO compete favorecer a cooperação e a compatibilização de intervenção no estaleiro

dos diversos intervenientes visando assegurar o desenvolvimento da SST nos processos associados

á execução dos trabalhos de construção. (Freitas, 2011). Para além disto, as obrigações do CSO

compreendem nomeadamente:

39

apoiar o dono de obra na elaboração e na actualização da comunicação prévia;

verificar o cumprimento e as alterações ao PSS;

analisar a adequabilidade das fichas de procedimentos de segurança e propor alteações;

promover a informação a todos os intervenientes, acerca dos riscos;

registar todas as actividades de coordenação de segurança no livro de obra ou de acordo

com um sistema próprio de registos;

garantir acesso ao estaleiro, controlado pela entidade executante, seja reservado a

pessoas autorizadas;

informar o dono de obra sobre o resultado da avaliação de segurança e as suas

responsabilidades;

analisar as causas dos acidentes.

3.3.2. Instrumentos

3.3.2.1. Comunicação Prévia (CP)

A Comunicação Prévia (CP) é obrigatória sempre que a execução dos trabalhos seja superior a 30

dias úteis e sempre que operem simultaneamente mais de 20 pessoas em qualquer momento, ou

sempre que seja espectável em média mais de 500 pessoas-dia qualquer que seja o número de

trabalhadores e o prazo de execução previsto para obra. A responsabilidade da elaboração deste

documento é do dono de obra antes do início dos trabalhos (incluído os trabalhos de montagem do

estaleiro) e deverá ser remetida à ACT (antiga Inspecção Geral do Trabalho), sendo obrigatório

afixar-se uma cópia em local bem visível.

O conteúdo da Comunicação deve incluir:

o endereço completo do estaleiro;

a natureza e a utilização previstas para a obra;

o dono da obra, o autor ou autores do projecto e a entidade executante, bem como os

respectivos domicílios ou sedes

o fiscal ou fiscais da obra, o coordenador de segurança em projecto e o coordenador de

segurança em obra, bom como os respectivos domicílios;

o director técnico da empreitada e o representante da entidade executante, se for nomeado

para permanecer no estaleiro durante a execução da obra, bem como os respectivos

domicílios, no caso de empreitada pública;

o responsável pela direcção técnica da obra e o respectivo domicilio, no caso de obra

particular

as datas previstas de inicio e termo dos trabalhos no estaleiro;

a estimativa do número máximo de trabalhadores por conta de outrem e independentes que

estarão presentes em simultâneo no estaleiro, ou do somatório dos dias de trabalho prestado

por cada um dos trabalhadores;

40

a estimativa do número de empresas e de trabalhadores independentes a operar no estaleiro;

a identificação dos subempreiteiros já seleccionados (Alves Dias, 2009)

A Comunicação Prévia deve ser acompanhada de declaração do autor do projecto e do CSP

identificando a obra e de declarações da entidade executante, do CSO, do fiscal de obra, do director

técnico representante da entidade executante, do director da obra, identificando o estaleiro e as datas

para o inicio e fim das obras (Freitas, 2011).

No Anexo II apresenta-se um possível modelo de comunicação prévia.

3.3.2.2. Plano de Segurança e Saúde (PSS)

O Plano de Segurança e Saúde (PSS) é um documento que deve reunir todas as informações e

indicações em matéria de segurança e saúde que se mostrem necessárias para reduzir o risco de

ocorrência de acidentes de trabalho e de doenças profissionais nos estaleiros (fase de construção).

(Alves Dias, 2009). O PSS é, por isso, um instrumento de coordenação da segurança e saúde, da

responsabilidade do dono de obra, devendo ser assegurada através do coordenador SST, e é

obrigatório a sua existência sempre que exista projecto da obra, ou seja, obrigatória a comunicação

prévia.

Deve por isso, constar neste plano medidas de prevenção com o intuito de a minimizar o factor

risco e de protecção. Medidas essas que estão destinadas a atenuar os efeitos devidos aos

acidentes.

Preconiza-se assim uma estrutura do PSS constituída por um conjunto de elementos que se

poderão agrupar nas seguintes cinco partes principais:

1. Introdução;

2. Memória Descritiva;

3. Caracterização da Empreitada;

4. Acções para a prevenção de riscos;

5. Monitorização e acompanhamento (Alves Dias, 2009).

3.3.2.3. Ficha de Procedimento de Segurança (FPS)

De acordo com o Decreto-Lei 273/2003, sempre que não seja exigível o Plano de Segurança e

Saúde (PSS) mas os trabalhos a executar sejam de risco especiais, a entidade executante deverá

elaborar as fichas de procedimento de segurança.

3.3.2.4. Compilação Técnica (CT)

O dono de obra deve assegurar a elaboração de uma compilação técnica edificada (através do

coordenador de SST em projecto), que inclua os elementos úteis a atender na sua utilização, assim

41

como os trabalhos posteriores à sua conclusão, para assegurar a antecipação dos riscos para a

segurança e a saúde (utilização, manutenção, conservação e transformação) daqueles que nela

tenham que intervir (Freitas, 2011). Conclui-se, assim que a CT é um documento que contém toda a

“história” da obra.

A Compilação Técnica é documento que poderá ter a seguinte estrutura

1. Introdução;

2. Memória descritiva;

3. Caracterização da obra;

4. Acções para a prevenção de risco.

A Figura 7 pretende resumir sucintamente os instrumentos, assim como os papéis e domínios dos

intervenientes numa obra desde o projecto até a sua concepção:

Figura 7- Instrumentos, papel e domínios dos intervenientes (Adaptado Freitas, 2011)

Autor do

Projecto

Coordenador

de SST em

projecto

Dono de obra

CT

CP

Coordenador

de SST em

obra

PSS

Entidade executante

Empregador

Subempreiteiro

Trabalhador independente

Serviços

de SST

42

3.4. Sinalização obrigatória em estaleiro

No ambiente laboral dos estaleiros existem situações de perigo, advertências ou obrigações de

segurança e/ou higiene que é necessário «tornar visíveis» informando os circunstantes. Esta técnica

denomina-se sinalização de segurança (Pinto, 2012).

Deverão ser sinalizadas todas as situações perigosas (queda de objectos, por exemplo), com o

objectivo de alertar os trabalhadores e, eventualmente terceiros, da iminência de uma situação de

perigo e da consequente e urgente necessidade de actuar de forma determinada, sempre que não

possam ser evitados ou suficientemente limitados os riscos através da utilização de meios de

protecção colectiva ou medidas, métodos ou processos de organização do trabalho (Pinto, 2012).

Deverão ser igualmente sinalizadas, as vias e caminhos de circulação, os equipamentos de

protecção contra incêndios e os meios e equipamentos de salvamento e socorro e as zonas onde é

obrigatório o uso de EPI’s específicos.

No estaleiro da obra em estudo a sinalização encontra-se na entrada, num sítio bem visível.

Figura 8-Sinalização que se encontra na entrada do estaleiro da obra em estudo

43

4. Caso de Estudo

4.1. Caracterização da obra

O objecto deste estudo é a empreitada de “Reabilitação do Solar de Arnoia”, situada no concelho

de Celorico de Basto, distrito de Braga. A empresa executante desta empreitada é a Júlio Lemos

Ferreira, Unipessoal Lda.. Trata-se de uma pequena média empresa com sede também no concelho

de Celorico de Basto, distrito de Braga.

Figura 9-Localização da empresa executante e da obra em estudo

O Solar de Arnoia é um conjunto edificado inserido numa quinta de produção vinícola, constituída

por portão armoriado, capela, jardim, casa senhorial, casas de caseiros, arrecadações agrícolas,

alpendres, espigueiros e moinho de água. A casa senhorial é um edifício de dois pisos de estrutura

mista de alvenaria de pedra /madeira, com paredes resistentes em alvenaria de granito e estrutura

dos pavimentos e cobertura em madeira.

44

Figura 10- Planta de Implantação da obra

Com esta reabilitação o dono de obra pretendeu adaptar os espaços disponíveis da casa principal,

tornando-os habitáveis. No piso térreo optou por preservar a adega já existente, no primeiro piso

acomodar a parte habitacional propriamente dita (sala, quartos, cozinha e etc) e transformar o sótão

num espaço multifuncional. O programa inclui também a construção de uma garagem (cave) com

ligação interior ao edifício, a recuperação da capela, portal armoriado e fonte. Contíguo ao edifício

senhorial, demoliu-se uma construção, uma vez que se considerou que descaracterizava o seu

esplendor.

Figura 11-Alçado Nascente do Solar de Arnoia antes de ser intervencionado

De acordo com o exposto no capítulo 2, como na obra o número de trabalhadores é menor do que

30, a empresa executante recorreu a uma entidade externa para poder assegurar os serviços de

segurança, higiene e saúde do trabalho.

45

4.2. Recolha de Dados

A metodologia de recolha de dados adoptada é composta por duas técnicas de observação:

uma directa, baseada na observação;

e outra indirecta, com vista à extracção do conhecimento implícito através da realização

de um inquérito aos trabalhadores da obra em estudo.

4.2.1. Metodologia de observação directa

Sendo o objectivo principal deste caso de estudo a realização de uma avaliação de riscos

recorreu-se à observação directa para recolha dos riscos que ocorrem na obra mencionada

anteriormente. A observação recaiu sobre as seguintes actividades que ocorreram na reabilitação do

Solar de Arnoia:

trabalhos de demolição de um edifício contíguo ao edifício principal;

desmantelamento da cobertura;

colocação da nova cobertura;

betonagem da laje superior da garagem;

aplicação de reboco na fachada da casa senhorial;

execução de muros da propriedade.

De seguida proceder-se-á a uma pequena caracterização dos processos construtivos utilizados

nas tarefas observadas:

1. Demolições

As actividades tiveram início com os trabalhos de demolição do edifício contíguo ao edifício

principal. Para tal recorreu-se ao uso de uma retroescavadora tal como é possível verificar na Figura

12.

46

Figura 12- Trabalhos de demolição do edifício contíguo ao edifício principal

2. Desmantelamento da cobertura

De seguida teve início o desmantelamento da cobertura que consistiu em retirar todo o material

cerâmico (telhas), assim como toda a estrutura de madeira da cobertura. Para a remoção da estrutura

de madeira utilizou-se a motosserra, para poder reduzir os elementos da estrutura de madeira em

elementos mais pequenos. Após amarrados em molhos pequenos e com ajuda de uma grua os

elementos de madeira foram retirados do cimo da cobertura.

Figura 13-Trabalhos de desmantelamento da cobertura

3. Colocação da cobertura

Após a remoção e limpeza de todos os resíduos provenientes do desmantelamento da cobertura,

iniciou-se o processo de colocação da nova estrutura da cobertura em madeira. Foram utilizados

novos elementos de madeira de pinho laminado. Em seguida, com o objectivo de obter um bom

47

comportamento a nível térmico aplicou-se o isolamento térmico (painel sandwich), e logo depois uma

camada impermeabilizante (subtelha). Por último, colocaram-se as telhas de aba e canudo e

respectivos acessórios (beirais, telhas de cumieira e telhas de ventilação).

Nestas tarefas foram utilizados motosserra, rebarbadora e uma grua.

Figura 14-Trabalhos de colocação da cobertura

4. Betonagem da laje superior da garagem

Iniciou-se o processo de betonagem da laje superior da garagem (utilizou-se betão C30/37)

recorrendo a uma auto-bomba, e posteriormente fez-se a vibração do betão. Com o auxílio de uma

régua nivelou-se o betão.

Figura 15- Execução da laje superior da garagem

48

5. Aplicação de reboco na fachada exterior da casa senhorial

Primeiramente removeu-se todo o reboco já existente na fachada exterior da casa senhorial. De

seguida, retirou-se toda argamassa pré-existente nas juntas e recorrendo-se a um jacto de pressão

de água limpou-se todos os resíduos ainda existentes na fachada.

Após a secagem da fachada, aplicou-se cal hidráulica pré-fabricada nas juntas. Por último,

aplicou-se uma primeira camada de argamassa de encasque à base de cal hidráulica a qual se

sobrepôs uma rede de fibra e passadas 24 horas aplicou-se a camada final de reboco.

Figura 16- Aplicação de reboco na fachada

6. Execução de Muros da Propriedade

Inicialmente colocou-se duas faces de muro em granito colocando no seu interior uma argamassa

à base de cimento. De seguida, aplicou-se uma argamassa a base de cal hidráulica nas juntas.

Figura 17- Execução de muros

49

4.2.2. Metodologia da observação indirecta- Inquéritos

No âmbito da observação indirecta elaborou-se um inquérito com vista a conhecer qual a

percepção dos trabalhadores da empresa executante acerca das questões relacionadas com a

segurança, higiene e saúde assim como os seus respectivos comportamentos e a posição da

empresa alvo de estudo face a esta temática.

Os inquéritos tiveram como destinatários todos os trabalhadores que se encontravam em obra no

momento da realização dos mesmos. Foram inquiridos anonimamente 25 trabalhadores, tendo os

inquéritos sido preenchidos pelos mesmos. Considerou-se que os inquéritos deveriam ser realizados

anonimamente no intuito de obter o máximo de respostas credíveis. Durante o seu preenchimento

revelou-se uma escolha acertada, uma vez que os trabalhadores iam sempre revelando que não

queriam ser prejudicados pelas suas respostas.

Os inquéritos (Anexo III) são constituídos por uma:

caracterização do inquirido (sexo, idade, nacionalidade, escolaridade);

caracterização do seu local de trabalho (riscos expostos; utilização de equipamentos de

protecção

caracterização do comportamento da empresa.

A maioria das perguntas são fechadas, ou seja, o inquirido apenas tem que seleccionar a resposta

que mais se aproxime da sua opinião, de entre as opções dadas. Deste modo, pretendeu-se facilitar e

estimular o preenchimento do questionário e também aumentar a objectividade na análise das

respostas.

Análise e interpretação da informação recolhida

Recolhidos os dados, procede-se então à análise da informação obtida:

Caracterização da amostra de inquiridos

Constatou-se que todos os indivíduos inquiridos são do sexo masculino. Pensa-se que este facto

fica-se a dever a grande exigência física dos trabalhos executados e daí a ausência do sexo feminino.

As idades dos inquiridos está compreendida entre os 24 e os 58 anos e todos são de

nacionalidade portuguesa. A razão de se procurar saber a nacionalidade foi com o objectivo de

sabermos o grau de dependência desta variável relativamente às restantes em estudo, ou seja, se o

cumprimento das normas de higiene e segurança do trabalho e as causas, o número e o tipo de

acidentes de trabalho estão estritamente relacionados e/ou dependem do facto dos trabalhadores

terem nacionalidade portuguesa ou estrangeira. Contudo, como todos os indivíduos são de

nacionalidade portuguesa não podemos concluir nada do transposto atrás.

No que toca a escolaridade podemos verificar pelo Gráfico 2 que amostra é pouco escolarizada,

como é muito comum no sector da construção.

50

Gráfico 2- Escolaridade dos inquiridos

Relativamente às profissões dos trabalhadores podemos verificar pelo Gráfico 3 que estas são

variadas. É de notar um maior predomínio (mesmo que ligeiro) para a profissão de trolha (20%) e de

servente (16%).

Gráfico 3- Profissões dos inquiridos

0

2

4

6

8

10

12

Não sabeler nemescrever

1º ciclo doensinobásico

2º ciclo doensinobásico

3º ciclo doensinobásico

Ensinosecundário

Outra

mero

de t

rab

alh

ad

ore

s

Nível de Escolaridade

Escolaridade dos inquiridos

12% 8%

16%

12% 20% 4%

4%

8%

8%

4% 4%

Profissões dos inquiridos

Carpinteiro

Carpinteiro de cofragem

Servente

Pedreiro

Trolha

Canalizador

Electricista

Maquinista

Serralheiro

Armador de ferro

51

Caracterização do contexto de trabalho

O estudo da temática da higiene e segurança do trabalho implica que alguns aspectos ligados ao

contexto de trabalho ou ambiente de trabalho sejam estudados e que passam, necessariamente, pela

análise de três factores: as vibrações, o ruído, e as condições atmosféricas

Relativamente à vibração e ao ruído 52% dos inquiridos considerou que a sua exposição a estes

agentes é fraca. Contudo, existe uma percentagem relevante (36%) que considera que a sua

exposição é elevada. Da análise dos inquéritos percebeu-se que os indivíduos que fazem esta

classificação (elevada) são sobretudo os carpinteiros e trolhas. Isto poderá justificar-se com tipo de

equipamentos que este tipo de indivíduos necessita de utilizar para desenvolver as suas funções

Vibrações Ruído

Classificação Frequência % Classificação Frequência %

Muito elevada 3 12 Muito elevado 3 12

Elevada 9 36 Elevado 9 36

Fraca 13 52 Fraco 13 52

Inexistente 0 0 Inexistente 0 0

Total 25 100 Total 25 100

Tabela 8-Exposição à vibração e ao ruído

De uma maneira geral, as condições atmosféricas são caracterizadas pela maioria dos

trabalhadores da empresa (68%) como razoáveis. No entanto, é possível verificar através da Tabela

9, que há um número ainda considerável (6 trabalhadores) de trabalhadores que caracteriza as

condições atmosféricas de más, o que é perfeitamente explicável dadas as condições de calor, frio

chuva e etc. a que estão sujeitos

Condições Atmosféricas

Classificação Frequência %

Excelentes 0 0

Boas 2 8

Razoáveis 17 68

Más 6 24

Total 25 100

Tabela 9-Condições Atmosféricas

De entre todos os riscos, aquele que os trabalhadores consideram estarem mais expostos é o

calor/frio com cerca de 19 respostas, seguido da queda em altura e queda de objectos, ambos com

11 respostas. O ruído vem logo depois reunindo 10 respostas.

52

Riscos Frequência

de respostas

Vírus, Bactéria e Parasitas 2

Calor/Frio 19

Ruído 10

Vibrações 4

Radiações 1

Produtos Químicos 4

Queda em altura 11

Queda de objectos 11

Contactos eléctricos 3

Entalamento 7

Atropelamento 8

Choque contra objectos 4 Tabela 10-Riscos a que os trabalhadores estão expostos

Equipamentos de protecção

Quando questionados sobre a utilização de equipamentos de protecção colectiva e individual no

estaleiro 96% dos trabalhadores reconhece a sua utilização. Da Tabela 11 podemos concluir que os

equipamentos de protecção individual mais utilizados são o colete, as botas de biqueira de aço e as

luvas de protecção.

Equipamentos de Protecção Individual

Frequência de respostas

%

Colete 25 100

Botas de biqueira de aço

24 96

Luvas de Protecção 20 80

Capacete 11 44

Máscaras/dispositivos filtrantes

6 24

Vestuário adequado 6 24

Óculos de protecção (com ou sem viseira)

3 12

Auriculares 1 4

Nenhum 0 0

Tabela 11- Equipamentos de protecção individual

Em relação ao capacete, que é um dos equipamentos obrigatórios no estaleiro da obra em estudo,

só 44% dos inquiridos é que assume o seu uso.

De acordo com a Tabela 11, só 24% dos trabalhadores é que utiliza máscaras/dispositivos

filtrantes e apenas 12% admite uso de óculos de protecção. Estes dois últimos dados são

53

preocupantes já que podem afectar a saúde dos trabalhadores e provocam situações como as que

podemos verificar na Figura 18 que foram recolhidas na obra em estudo

Figura 18-Falta de utilização de equipamentos de protecção individual

É de notar que cerca de 72% admite que só utiliza os equipamentos de protecção individual pois é

norma na empresa, isto é, porque são obrigados a fazê-lo pelos responsáveis da segurança do

trabalho no estaleiro. Foi possível aferir em conversa com os trabalhadores que se não fosse

obrigatório raramente ou mesmo nunca usariam certos equipamentos de protecção individual como

por exemplo os capacetes ou máscaras de protecção. A razão mais apontada para a recusa na sua

utilização é o desconforto.

É, no entanto, curioso perceber que 100% dos inquiridos reconhece que se sente mais protegido

quando faz uso dos equipamentos de protecção.

Práticas de segurança, higiene e saúde da empresa executante

De acordo com as respostas obtidas 88% dos inquiridos considera que a empresa tem

preocupações com as regras de segurança, higiene e saúde do trabalho, e cerca de 80% considera

estas preocupações por parte da empresa serem importantes para a sua produtividade.

Sinistralidade

Da análise dos inquéritos verificou-se que, desde que a obra teve início ocorreram 71 acidentes

ligeiros. Até à data da realização do inquérito, só um dos inquiridos tinha sofrido mais do que um

acidente (sofreu dois acidentes).

A par dos dados recolhidos pelos inquéritos foi possível consultar os registos de sinistralidade da

obra em estudo. Ao consultar estes registos foi possível calcular alguns índices estatísticos que

possibilitam a definição de prioridades e permitem estabelecer comparações com padrões de

referência da OIT.

1 Por consulta dos registos de sinistralidade percebeu-se que 4 ocorreram no ano de 2012 (de Janeiro a

Dezembro) e 3 no ano corrente (de Janeiro a Julho)

54

Os índices calculados foram os seguintes:

índice de frequência (IF)- é o número de acidentes com baixa ocorridos num dado período

em cada milhão de horas-homem trabalhadas no mesmo período, permitindo monitorizar o

controlo da sinistralidade na empresa através da comparação com períodos de referência

anteriores;

( )

( )

índice de gravidade (IG)- é o número de dias de trabalho perdidos pelo conjunto de

trabalhadores acidentados num dado período em casa mil horas-homem nesse mesmo

período, traduzindo as consequências dos acidentes, considerando-se que cada acidente

mortal equivale a uma perda de 7500 dias de trabalho (penalização estatística).

( )

( )⁄

A Tabela 12 resume os dados recolhidos na empresa que permitem calcular os índices

anteriormente mencionados. Há que referir que o período de referência escolhido foram os anos de

2012 e 2013 entre os meses de Janeiro a Julho.

Anos Número de

Trabalhadores

Número de horas-

homens trabalhadas

Número de

acidentes ligeiros

Número de

acidentes mortais

Número de

acidentes com baixa

Número de dias úteis

perdidos

IF IG

2012 (Janeiro a

Julho) 25 25200 2 0 1 20 39,68 0,79

2013 (Janeiro a

Julho) 25 32800 3 0 1 2 30,49 0,06

Tabela 12- Dados da sinistralidade da obra de reabilitação do Solar de Arnoia e respectivos IF e IG

Da análise da Tabela 12 podemos verificar que o índice de frequência diminuiu ligeiramente de

2012 para 2013 para o mesmo período de referência. Mas a descida mais significativa é do índice de

gravidade. Isto acontece pois o número de dias úteis perdidos, devido ao acidente com baixa, são

bastante menos em 2013 (apenas 2)

Na Tabela 13 constam os valores de referência dos índices de sinistralidade (índice de frequência

e índice de gravidade) aferidores da normalidade, segundo classificação da Organização

Internacional do Trabalho (OIT)2.

2 De notar que estes valores são tidos como referência na maioria dos países europeus.

55

Classificação

segundo a OIT

Índice de Frequência Índice de Gravidade

Valores de referência Valores de referência

Muito Bom <20 <0,5

Bom 20 a 40 0,1 a 1

Média 40 a 60 1 e 2

Mau 60 a 100 >2

Tabela 13- Valores de referência dos índices de sinistralidade aferidos da normalidade segundo a classificação

da OIT

Ao compararmos os índices de sinistralidade da empresa com os parâmetros aferidores da

normalidade da OIT podemos considerar bons em ambos os anos.

4.3. Identificação dos riscos observados

Tarefas observadas Riscos

I. Trabalhos de demolição

de edifício

Exposição a condições não ionizantes

Exposição a temperaturas extremas

Exposição ao ruído

Exposição a vibrações

Exposição/Inalação de poeiras

Exposição a substâncias nocivas ou tóxicas

Atropelamento

Capotamento da máquina

II. Desmantelamento da

cobertura

Exposição a condições não ionizantes

Exposição a temperaturas extremas

Exposição ao ruído

Exposição a vibrações

Exposição/Inalação de poeiras

Queda de pessoas a nível diferente

Queda de objectos por desabamento

Queda de objectos em manipulação

Contactos eléctricos

Projecção de partículas

Sobre-esforços ou posturas inadequadas

Incêndios e Explosões

Entaladela ou esmagamento por ou entre objectos

Colapso da grua

III.Colocação de cobertura

Exposição a condições extremas

Exposição ao ruído

Exposição a vibrações

Exposição/Inalação de poeiras

Queda de pessoas a nível diferente

Queda de objectos por desabamento

Queda de objectos em manipulação

Contactos eléctricos

Projecção de partículas

56

Tarefas observadas Riscos

III.Colocação de cobertura

Sobre-esforços ou posturas inadequadas

Incêndios e Explosões

Entaladela ou esmagamento por ou entre objectos

Colapso da grua

IV. Betonagem da laje

superior da garagem

Exposição a condições não ionizantes

Exposição a temperaturas extremas

Exposição ao ruído

Exposição a vibrações

Exposição a substâncias nocivas ou tóxicas

Queda de pessoas a nível diferente

Sobre-esforços ou posturas inadequadas

Contactos eléctricos

Arrastamento

Atropelamento

V. Aplicação de reboco na

fachada da casa senhorial

Exposição a condições não ionizantes

Exposição a temperaturas extremas

Exposição a substâncias nocivas ou tóxicas

Queda de pessoas a nível diferente

Queda de objectos em manipulação

Sobre-esforços ou posturas inadequadas

VI. Execução de muros

Exposição a condições não ionizantes

Exposição a temperaturas extremas

Exposição a substâncias nocivas ou tóxicas

Sobre-esforços ou posturas inadequadas

Tabela 14- Riscos por tarefa

57

5. Avaliação de Riscos

No caso específico deste trabalho foi aplicado a metodologia simplificada de matrizes, visto que

esta metodologia permite, com poucos recursos, detectar muitas situações de risco profissional,

quantificar a magnitude dos riscos existentes e, em consequência, hierarquizar racionalmente a sua

correcção. Para isso:

inicia-se o processo com a detecção das deficiências existentes no objecto de estudo;

em seguida, procede-se à estimação da probabilidade de ocorrer um acidente e,

considerando a magnitude esperada das consequências, avalia-se o risco associado a

cada uma deficiências detectadas.

Este método baseia-se nos dois conceitos base de risco:

probabilidade de manifestação do risco, com três categorias: remota, provável e frequente

(Tabela 15).

gravidade das consequências causadas com três categorias: leve, moderada e grave (Tabela

16).

Nível de Probabilidade Critério

1 Remota O dano ocorre raramente

2 Provável O dano tem alguma probabilidade de ocorrer

3 Frequente O dano ocorre com grande probabilidade

Tabela 15- Classificação do nível de probabilidade

Nível de Gravidade Critério

1 Leve Lesões ligeiras que são tratadas com os meios no estaleiro

2 Moderada Provoca incapacidade temporária com duração entre 15 a 90 dias

3 Grave Provoca a morte ou a incapacidade permanente absoluta

Tabela 16- Classificação do nível de gravidade

58

A análise da magnitude do risco profissional é efectuada em função da probabilidade do risco

profissional e da gravidade esperada das lesões. Considera-se assim que a magnitude global é dada

pela seguinte fórmula:

NR= NP x NG

O resultado da aplicação da expressão do nível de risco apresenta-se na tabela seguinte:

NÍVEL DE RISCO

GRAVIDADE

Leve (1) Moderada (2) Grave (3)

PR

OB

AB

ILID

AD

E Remota (1) Aceitável (1) Baixo (2) Médio (3)

Provável (2) Baixo (2) Médio (4) Alto (6)

Frequente

(3) Médio (3) Alto (6) Intolerável (9)

Tabela 17- Classificação do nível de risco

O nível de intervenção consiste na hierarquização dos valores obtidos na tabela do nível de risco

(Tabela 17). Os níveis de prioridade obtidos constituem uma orientação para a determinação das

prioridades de intervenção para o programa de melhoria das condições de trabalho.

No programa de melhoria das condições de trabalho é imprescindível considera-se o valor

económico e o grau de influência da intervenção. Assim, para resultados similares, será mais

justificável uma solução que melhore as condições de trabalho de maior número de trabalhadores.

59

O nível de prioridade está dividido em quatro níveis que se apresentam na tabela seguinte:

Nível de Risco Nível de Prioridade

9 Intolerável

Situação crítica.

Intervenção imediata (máximo nas próximas 24 horas).

Paragem imediata.

Isolar o perigo até serem adoptadas medidas de controlo

permanentes.

6 Alto

Situação Urgente (máximo 2 a 3 dias)

Adoptar medidas de controlo enquanto a situação perigosa

não for eliminada ou reduzida.

3 a 4 Médio

Curto Prazo (no máximo 15 dias)

Programação de medidas de prevenção para a redução do

risco, a médio prazo.

2 Baixo

Médio Prazo (no máximo 1 mês)

Deve manter-se uma actividade periódica de controlo, para

confirmar a manutenção das condições.

1 Aceitável Não Prioritária - Risco Controlado.

Tabela 18- Classificação do nível de prioridade de acordo com o nível de risco

Nota- O prazo de intervenção/execução para as medidas preventivas/correctivas é de no máximo 1

mês e no minino de 24 horas, uma vez que as actividades analisadas não têm um prazo muito grande

de execução, logo as medidas preventivas/correctivas têm ser introduzidas rapidamente.

60

Tabela 19- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas Medidas Preventivas/Correctivas

Obra: Reabilitação do Solar de Arnoia

Empresa Executante da Obra: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda.

Tarefa Perigo Risco P G NR Medidas Preventivas/

Correctivas Prazo de Execução

I Demolição do

edifício Utilização de máquina

rectroescavadora

-Exposição a condições não ionizantes (radiações UV)

2 1 2

Limitar o tempo de exposição;

Impedir a laboração em condições que ultrapassam os valores de desconforto térmico;

A máquina deverá estar equipada com ar condicionado.

1 Mês -Exposição a temperaturas extremas

Temperaturas altas

Temperaturas baixas

-Exposição ao ruído 2 2 4

Limitar o número e o tempo de exposição dos trabalhadores;

Realização de pausas regulares;

Utilizar auriculares;

Formação/Informação dos riscos aos trabalhadores;

Máximo 15 dias

-Exposição a vibrações 3 2 6

Verificar a carga vibratória no momento da aquisição da máquina;

A máquina deve estar equipada com assento que não transmita vibrações ao corpo do manobrador;

Realização de pausas regulares.

Máximo 2 a 3 dias

61

Tabela 20- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas Medidas Preventivas/Correctivas

Obra: Reabilitação do Solar de Arnoia

Empresa Executante da Obra: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda.

Tarefa Perigo Risco P G NR Medidas

Preventivas/Correctivas Nível de

Prioridade

I Demolição do

edifício Utilização de máquina

rectroescavadora

- Exposição/Inalação de poeiras

1 2 2

Formação/informação sobre os riscos das substâncias químicas;

Vigilância médica periódica;

Utilização máscaras de protecção.

1 Mês

- Exposição a substâncias nocivas ou tóxicas

1 2 2

Formação/informação sobre os riscos das substâncias químicas;

Vigilância médica periódica;

Utilizar máscaras de protecção.

1 Mês

- Atropelamento 2 3 6

Criação de acessos separados da demolição para a passagem de peões;

Sinalização devidamente os obstáculos;

Formação, informação e sensibilização dos riscos associados à tarefa, ao trabalhador.

Máximo 2 a 3 dias

- Capotamento da máquina

2 3 6

Garantir o uso do cinto de segurança;

A cabina da máquina deve ser do tipo ROPS (sistema de protecção contra tombamento);

Formação, informação e sensibilização dos riscos associados à tarefa, como excesso de confiança, ao trabalhador.

Máximo 2 a 3 dias

62

Tabela 21- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas Medidas Preventivas/Correctivas

Obra: Reabilitação do Solar de Arnoia

Empresa Executante da Obra: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda.

Tarefa Perigo Risco P G NR Medidas

Preventivas/Correctivas Prazo de execução

II e III

Desmantelamento/Colocação da cobertura

Utilização de máquina de corte (rebarbadora) para a remoção/colocação das telhas

-Exposição a condições não ionizantes

3 1 3

Limitar o tempo de exposição

Impedir a laboração em condições que ultrapassam os valores de desconforto térmico.

Máximo 15 dias

-Exposição a temperaturas

extremas

Temperaturas altas

Temperaturas baixas

-Exposição ao ruído 3 2 6

Limitar o número e o tempo de exposição dos trabalhadores;

Trocar o equipamento por um que produza menos ruído;

Realização de pausas regulares.

Utilizar auriculares

Formação/Informação dos riscos aos trabalhadores.

Máximo 2 a 3 dias

-Exposição a vibrações 3 2 6

Usar luvas anti-vibração, apesar não de ser um meio de protecção suficiente para as vibrações transmitidas as mãos, mas podem reduzir a exposição à vibração;

Verificar a carga vibratória no momento da aquisição de máquinas

Formação/Informação dos riscos para a segurança e saúde derivados da exposição a vibrações mecânicas durante o trabalho.

Máximo 2 a 3 dias

63

Tabela 22- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas Medidas Preventivas/Correctivas

Obra: Reabilitação do Solar de Arnoia

Empresa Executante da Obra: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda.

Tarefa Perigo Risco P G NR Medidas

Preventivas/Correctivas Prazo de execução

II e III

Desmantelamento/Colocação da

cobertura

Utilização de máquina de corte (rebarbadora) para a remoção/colocação das telhas

-Exposição/Inalação de poeiras

3 2 6

Formação/informação sobre os riscos a que estão expostos;

Vigilância médica periódica;

Utilização máscaras de protecção;

Máximo 2 a 3 dias

-Queda de pessoas a nível diferente (queda em altura)

3 2 6

• Protecção dos vãos recorrendo a guarda corpos • Caso seja necessário os trabalhadores deverão usar cinto anti-queda ou arnês de segurança; • Prender sempre o cinto anti-queda a qualquer elemento fixo, que em caso de queda consiga suportar o peso do corpo.

Máximo 2 a 3 dias

-Queda de objectos por desabamento

3 2 6

• Os entulhos miúdos devem ser descidos em calhas; • As peças maiores devem ser amarradas em molhos antes de ser lingadas;

Evitar que estejam a ser executados trabalhos por baixo da cobertura.

Máximo 2 a 3 dias

-Queda de objectos em manipulação

Sobre-esforços ou posturas inadequadas

3 2 6

Alternância de tarefas;

Adaptação do tempo de trabalho;

Eliminar períodos prolongados de elevada carga física, ou de elevada frequência de movimentos repetitivos.

Máximo 2 a 3 dias

64

Tabela 23- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas

Obra: Reabilitação do Solar de Arnoia

Empresa Executante da Obra: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda.

Tarefa Perigo Risco P G NR Medidas

Preventivas/Correctivas Prazo de execução

II e III

Desmantelamento/Colocação da

cobertura

Utilização de máquina (motosserra) de corte para a remoção/colocação dos elementos de madeira

Exposição a condições não ionizantes

3 1 3

Limitar o tempo de exposição

Impedir a laboração em condições que ultrapassam os valores de desconforto térmico.

Máximo 15 dias Exposição a

temperaturas extremas

Temperaturas altas

Temperaturas baixas

Exposição ao ruído 3 2 6

Limitar o número e o tempo de exposição dos trabalhadores

Substituição do equipamento por outro que emita menos ruído;

Realização de pausas regulares;

Utilizar auriculares;

Formação/Informação dos riscos aos trabalhadores

Máximo 2 a 3 dias

Exposição a vibrações 3 2 6

Verificar a carga vibratória no momento da aquisição de máquinas;

Usar luvas anti-vibração, apesar não de ser um meio de protecção suficiente para as vibrações transmitidas as mãos, mas podem reduzir a exposição à vibração.

Máximo 2 a 3 dias

Exposição/Inalação de poeiras 2 2 4 Utilização máscaras de protecção.

Máximo 15 dias

65

Tabela 24- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas

Obra: Reabilitação do Solar de Arnoia

Empresa Executante da Obra: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda.

Tarefa Perigo Risco P G NR Medidas

Preventivas/Correctivas Prazo de execução

II e III

Desmantelamento/Colocação da

cobertura

Utilização de máquina (motosserra) de corte para a remoção/colocação dos elementos de madeira

Queda de pessoas a nível diferente

3 2 6

Protecção dos vãos recorrendo a guarda corpos

Caso seja necessário os trabalhadores deverão usar cinto anti-queda ou arnês de segurança.

Prender sempre o cinto anti-queda a qualquer elemento fixo, que em caso de queda consiga suportar o peso do corpo

Máximo 2 a 3 dias

Queda de objectos por desabamento

3 2 6

Os entulhos miúdos devem ser descidos em calhas;

As peças maiores devem ser amarradas em molhos antes de ser lingadas;

Evitar que estejam a ser executados trabalhos simultaneamente com os trabalhos de. remoção/colocação da cobertura

Máximo 2 a 3 dias

Queda de objectos em manipulação

Contactos eléctricos 1 3 3

Vigiar a conservação das instalações eléctricas;

Utilizar sistemas de corte automático com recurso a disjuntores diferenciais de alta sensibilidade;

Evitar utilizar equipamentos eléctricos em meio húmido;

Utilizar extensões com secção apropriada para o efeito.

Máximo 15 dias

66

Tabela 25- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas

Obra: Reabilitação do Solar de Arnoia

Empresa Executante da Obra: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda.

Tarefa Perigo Risco P G NR Medidas Preventivas Prazo de execução

II e III

Desmantelamento/Colocação da

cobertura

Utilização de máquina (motosserra) de corte para a remoção/colocação dos elementos de madeira

Projecção de partículas 2 2 4 Utilização de manguitos. Máximo 15

dias

Sobre-esforços ou posturas inadequadas

3 2 6

Alternância de tarefas;

Adaptação do tempo de trabalho;

Eliminar períodos prolongados frequência de movimentos repetitivos com a motossera.

Máximo 2 a 3 dias

Incêndios e Explosões 1 3 3

Se houver muito pó acumulado, deve efectuar-se uma limpeza humedecida da zona.

Máximo 15 dias

Utilização da grua para remoção/colocação dos elementos necessários a cobertura

Exposição a condições não ionizantes

2 1 2

Limitar o tempo de exposição

Impedir a laboração em condições que ultrapassam os valores de desconforto térmico;

A cabine da grua deverá estar equipada com ar condicionado.

1 Mês Exposição a temperaturas

extremas

Temperaturas altas

Temperaturas baixas

67

Tabela 26- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas

Obra: Reabilitação do Solar de Arnoia

Empresa Executante da Obra: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda.

Tarefa Perigo Risco P G NR Medidas Preventivas Prazo de execução

II e III

Desmantelamento/Colocação da

cobertura

Utilização da grua para remoção/colocação dos elementos necessários a cobertura

Queda de objectos em manipulação

2 3 6

• Os manobradores devem ter formação adequada; • O trabalho deve ser organizado de modo a evitar que as cargas suspensas passem por cima das instalações de apoio ou de trabalhadores que estejam a executar tarefas; • O manobrador não deve perder o contacto visual com a carga que está a movimentar, caso não seja possível deve ser auxiliado por outro trabalhador que seja conhecedor da sinalização gestual; • As cargas a serem transportadas pela grua devem estar bem amarradas garantido assim que não há a queda das mesmas;

A grua deverá estar equipada de um aviso sonoro em bom estado

Máximo 2 a 3 dias

68

Tabela 27- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas

Obra: Reabilitação do Solar de Arnoia

Empresa Executante da Obra: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda.

Tarefa Perigo Risco P G NR Medidas

Preventivas/Correctivas Prazo de execução

II e III

Desmantelamento/Colocação da

cobertura

Utilização da grua para remoção/colocação dos elementos necessários a cobertura

Entaladela ou esmagamento por ou entre objectos

2 2 4

A grua deverá estar equipada de um aviso sonoro em bom estado;

O manobrador não deve perder o contacto visual com a carga que está a movimentar, caso não seja possível deve ser auxiliado por outro trabalhador que seja conhecedor da sinalização gestual;

O trabalho deve ser organizado de modo a evitar que as cargas suspensas passem por cima das instalações de apoio ou de trabalhadores que estejam a executar tarefas.

Máximo 15 dias

Colapso da grua 1 3 3

Devem ser obtidas informações relativas ao terreno que permitam calcular com rigor as sapatas, tendo em conta as solicitações do conjunto composto pela base, grua e carga máxima;

A grua só deve ser utilizada após a empresa instaladora passar um certificado de conformidade;

Não movimentar cargas com peso superior àquele para o qual foram feitos os cálculos.

Antes do início da obra

Nota- Em relação a queda de pessoas a nível diferente nas tarefas II e III (queda em altura) não considerei um nível de risco intolerável (9), uma vez que se

tratar um edifício unifamiliar, tendo por isso, apenas r/c e 1ºandar, logo uma altura não muito considerável.

69

Tabela 28- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas

Obra: Reabilitação do Solar de Arnoia

Empresa Executante da Obra: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda.

Tarefa Perigo Risco P G NR Medidas

Preventivas/Correctivas Prazo de execução

IV Betonagem da laje

superior da garagem

Utilização da auto-bomba

- Exposição a condições não ionizantes

3 1 3

Limitar o tempo de exposição

Impedir a laboração em condições que ultrapassam os valores de desconforto térmico.

1 Mês - Exposição a temperaturas extremas

Temperaturas altas

Temperaturas baixas

Exposição ao ruído 1 3 3 • Utilização de auriculares. Máximo 15

dias

Exposição a substâncias nocivas ou tóxicas

3 2 6

• Utilização dos EPI's necessários, de modo a evitar o contacto com a pele, com os olhos e com as vias respiratórias, nomeadamente óculos protectores luvas apropriadas, fato de trabalho e mascara protectora; • Formação/Informação sobre o perigos da betonagem e cuidados a ter; • Fiscalização regular dos trabalhos de betonagem; • As zonas de trabalho devem ser convenientemente sinalizadas e delimitadas (Utilização de EPC’s);

Máximo 2 a 3 dias

70

Tabela 29- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas

Obra: Reabilitação do Solar de Arnoia

Empresa Executante da Obra: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda.

Tarefa Perigo Risco P G NR Medidas

Preventivas/Correctivas Prazo de execução

IV Betonagem da laje

superior da garagem

Utilização da auto-bomba

Queda de pessoas a nível diferente

3 2 6 Protecção da laje com guarda-corpos

Máximo 2 a 3 dias

Sobre-esforços ou posturas inadequadas

2 2 4

Alternância de tarefas;

Adaptação do tempo de trabalho;

Eliminar períodos elevada frequência de movimentos repetitivos.

Máximo 15 dias

Utilização do vibrador

- Exposição a condições não ionizantes

3 1 3

Limitar o tempo de exposição;

Impedir a laboração em condições que ultrapassam os valores de desconforto térmico.

Máximo 15 dias

- Exposição a temperaturas extremas

Temperaturas altas

Temperaturas baixas

Exposição a substâncias nocivas ou tóxicas

3 2 6

• Utilização dos EPI's necessários, de modo a evitar o contacto com a pele, com os olhos e com as vias respiratórias, nomeadamente óculos protectores luvas apropriadas, fato de trabalho e mascara protectora; • Formação/Informação sobre o perigos da betonagem e cuidados a ter; • Fiscalização regular dos trabalhos de betonagem; • As zonas de trabalho devem ser convenientemente sinalizadas e delimitadas (Utilização de EPC’s);

Máximo 2 a 3 dias

71

Tabela 30- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas

Obra: Reabilitação do Solar de Arnoia

Empresa Executante da Obra: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda.

Tarefa Perigo Risco P G NR Medidas

Preventivas/Correctivas Prazo de execução

IV Betonagem da laje superior da garagem

Utilização do vibrador

Exposição a vibrações 3 2 6

Verificar a carga vibratória no momento da aquisição de máquinas;

Usar luvas anti-vibração, apesar não de ser um meio de protecção suficiente para as vibrações transmitidas as mãos, mas podem reduzir a exposição à vibração.

Máximo 2 a 3 dias

Queda de pessoas a nível

diferente 3 2 6

Protecção da laje da garagem a toda a volta com guarda-corpos.

Máximo 2 a 3 dias

Contactos eléctricos 1 3 3

Vigiar a conservação das instalações eléctricas;

Utilizar sistemas de corte automático com recurso a disjuntores diferenciais de alta sensibilidade;

Utilizar extensões com secção apropriada para o efeito.

Máximo 15 dias

Sobre-esforços ou posturas inadequadas

2 2 4

Alternância de tarefas;

Adaptação do tempo de trabalho;

Eliminar períodos prolongados de elevada carga física, ou de elevada frequência de movimentos repetitivos

Máximo 15 dias

72

Tabela 31- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas

Obra: Reabilitação do Solar de Arnoia

Empresa Executante da Obra: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda.

Tarefa Perigo Risco P G NR Medidas

Preventivas/Correctivas Prazo de execução

IV Betonagem da laje superior da garagem

Movimentação do Camião da auto-bomba

Arrastamento

3 2 6

O motorista deve garantir a estabilização correcta do camião da auto-bomba;

Sempre que iniciada um movimento com o camião recorrer ao sinal sonoro assegurando que não existe nenhum trabalhador a fazer uso da auto-bomba..

Máximo 2 a 3 dias

Atropelamento

Nota- Em relação a queda de pessoas a nível diferente na tarefa IV (queda em altura) não considerei um nível de risco intolerável (9), uma vez que na

betonagem da laje superior da garagem altura a que os trabalhadores estão expostos é cerca de 3 metros

73

Tabela 32- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas

Obra: Reabilitação do Solar de Arnoia

Empresa Executante da Obra: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda.

Tarefa Perigo Risco P G NR Medidas Preventivas/Correctivas Prazo de execução

V Aplicação de reboco na fachada da casa senhorial

Utilização de Andaime

- Exposição a condições não ionizantes

3 1 3

Limitar o tempo de exposição

Impedir a laboração em condições que ultrapassam os valores de desconforto térmico.

Máximo 15 dias - Exposição a temperaturas extremas

Temperaturas altas

Temperaturas baixas

- Exposição a substâncias nocivas ou tóxicas

1 2 2

Formação/informação sobre os riscos das substâncias e preparações químicas;

Utilização de luvas apropriadas de modo a evitar o contacto da pele.com o reboco.

1 Mês

Queda de pessoas a nível diferente

3 2 6

A plataforma de trabalho do andaime deve possuir guarda-corpos;

Garantir que não existe um afastamento excessivo do andaime à fachada do edifício.

Máximo 2 a 3 dias

Queda de objectos por desabamento

3 2 6

Evitar que estejam a ser executados trabalhos simultaneamente com os trabalhos de remoção/colocação da cobertura.

Máximo 2 a 3 dias Queda de objectos em manipulação

Sobre-esforços ou posturas inadequadas

2 2 4

Alternância de tarefas;

Adaptação do tempo de trabalho;

Eliminar períodos de elevada frequência de movimentos repetitivos.

Máximo 15 dias

74

Tabela 33- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas

Obra: Reabilitação do Solar de Arnoia

Empresa Executante da Obra: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda.

Tarefa Perigo Risco P G NR Medidas

Preventivas/Correctivas Prazo de execução

V Aplicação de reboco na fachada da casa senhorial

Utilização de Andaime Queda do andaime 2 3 6

Utilização apenas de andaimes certificados

Uma pessoa componente que dirija a montagem

Os andaimes deverão assentar em pranchas metálicas, a fim de efectuar a degradação das cargas, que também poderá ser efectuada utilizando elementos em betão armado com resistência e estabilidade adequada. Para este efeito deve ser rigorosamente proibida a utilização de tijolos, blocos de cimento ou de outros elementos que possam fracturar.

Máximo 2 a 3 dias

Nota- Em relação a queda de pessoas a nível diferente (queda em altura) não considerei um nível de risco intolerável (9), uma vez que se tratar um edifício

unifamiliar, tendo por isso, apenas r/c e 1ºandar, logo uma altura não muito considerável.

75

Tabela 34- Matriz de Avaliação de Riscos e respectivas medidas preventivas/correctivas

Obra: Reabilitação do Solar de Arnoia

Empresa Executante da Obra: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda. Dono de Obra

Tarefa Perigo Risco P G NR Medidas Preventivas Prazo de execução

VI Execução de muros

Movimentação manual de pedra

- Exposição a condições não ionizantes

3 1 3

Limitar o tempo de exposição;

Impedir a laboração em condições que ultrapassam os valores de desconforto térmico.

Máximo 15 dias

- Exposição a temperaturas extremas

Temperaturas altas

Temperaturas baixas

- Exposição a substâncias nocivas ou tóxicas

1 2 2

Formação/informação sobre os riscos das substâncias e preparações químicas;

Utilização do EPI's necessário, de modo a evitar o contacto com a pele,, nomeadamente luvas apropriadas.

1 Mês

Sobre-esforços ou posturas inadequadas

2 2 4

Alternância de tarefas;

Adaptação do tempo de trabalho;

Eliminar períodos prolongados de elevada carga física, ou de elevada frequência de movimentos repetitivos

Máximo 15 dias

Apreciação da avaliação de riscos

Após a análise da avaliação de riscos podemos verificar que foram encontrados 49 riscos. A

Tabela 35 resume os riscos encontrados de acordo com os níveis de risco:

Nível de Risco

Aceitável 0

Baixo 6

Médio 19

Alto 24

Intolerável 0

Total 49

Tabela 35-Frequência dos níveis de risco

Assim a realização da avaliação de riscos demonstrou que 49% (Gráfico 4) dos riscos existentes

são de risco alto, prevendo-se deste modo que as medidas preventivas devem ser implementadas no

prazo máximo de 2 a 3 dias.

Gráfico 4-Distribuição dos graus de risco avaliados

Numa primeira análise, isto é sem fazer uma contextualização do sector em estudo e respectivas

tarefas analisadas, poderíamos considerar uma percentagem excessivamente elevada. É de notar

que um trabalhador da construção civil que necessita de executar tarefas em altura, como é o caso

desta obra, está exposto a um nível de risco muito superior que a de um trabalhador que por exemplo

trabalha num escritório. Por isso considera-se que este resultado até certo ponto era expectável.

Contudo, considera-se que se forem adoptadas todas as medidas preventivas/correctivas

apresentadas este resultado poderia baixar, principalmente no que se relaciona com os

equipamentos de protecção. A sensibilização dos trabalhadores, por parte dos responsáveis da

segurança em obra, é um ponto-chave.

12%

39%

49%

Distribuição dos Graus de Risco

Baixo

Médio

Alto

77

Do Gráfico 4 verificou-se que só se registaram mais dois tipos de grau de riscos: o grau de risco

médio com 39% e baixo com 12%.

Entende-se que o facto de não se ter registado um grau de risco aceitável tenha mais uma vez a

ver com o sector em estudo e com as tarefas analisadas.

Em relação ao grau de risco intolerável há que enfatizar não se ter registado, já que se trata do

nível de risco mais gravoso e que poderá provocar a morte. Este grau de risco não foi considerado

uma vez que, tal como já foi referido, a altura a que os trabalhos estavam a ser executados não era

excessiva, e as medidas já adoptadas (utilização de guarda-corpos) reduziam em muito este risco.

Em suma, das medidas preventivas/correctivas apresentadas na avaliação de riscos algumas já

foram implementadas pela empresa em estaleiro tais como: colocação de guarda-corpos, utilização

de equipamentos de protecção individual (sobretudo botas de biqueira de aço e colete), sinalização

em estaleiro e adopção de políticas de alternância de tarefas.

79

6. Conclusões e Recomendações

Ao longo deste trabalho procurámos demonstrar, através da revisão bibliográfica e do caso de

estudo a importância da Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho. É notória uma maior preocupação

sobre esta temática por parte das empresas que têm que encarar a SHST como um investimento com

retorno e não como uma obrigação, sobretudo no sector da construção civil, área em estudo neste

trabalho. Há, por isso, que haver uma maior sensibilização dos responsáveis deste sector sobre as

suas especificidades e diferenças em relação aos outros sectores para que de uma vez por todas

deixe de ser o sector com maior sinistralidade mortal em Portugal.

Com esta dissertação pôde-se concluir que a avaliação de riscos, é por isso, fundamental no

processo de eliminação do risco ou se tal não for viável, a redução das suas consequências. Apesar

da avaliação de riscos constituir uma obrigação legal, não existem regras fixas sob a forma como esta

deve ser realizada.

A realização da avaliação de riscos ao caso de estudo -Reabilitação do Solar de Arnoia-

demonstrou que 49% dos riscos são de grau alto, logo as medidas preventivas/correctivas devem ser

implementadas no prazo máximo de 2 a 3 dias. Este resultado está intimamente relacionado com o

facto de muitas das tarefas analisadas serem feitas em altura e com a utilização de ferramentas

mecânicas. Há, no entanto, que salientar que a empresa não apresenta nenhum nível de risco

intolerável (nível mais elevado de risco), facto que muito fica a dever-se a algumas medidas já

implementadas como por exemplo a introdução de guarda-corpos ou a obrigatoriedade por parte da

empresa executante da utilização de equipamentos de protecção individual. Os inquéritos realizados

aos trabalhadores revelam exactamente esta obrigatoriedade, uma vez que 72% dos inquiridos

assume que só os utiliza pois é obrigatório. Contudo, considera-se que deveria haver, por parte da

empresa executante, um maior empenho na sensibilização dos seus trabalhadores em relação a

utilização dos equipamentos de protecção individual. Assume-se, no entanto, que não é uma tarefa

fácil pois existe muita resistência por parte dos trabalhadores, que alegam muitas vezes o

desconforto como razão para a sua não utilização, mas terá que partir da empresa tentar demonstrar

os benefícios da utilização dos equipamentos de protecção individual e não apenas torná-los

obrigatórios.

Uma vez que o ruído e as vibrações são riscos a que os trabalhadores estão muito expostos,

devido a recorrente utilização de ferramentas mecânicas e de máquinas, recomenda-se, por isso, a

realização de medições com a utilização do dosímetro e acelerómetro, equipamentos de medição do

ruído e da vibração respectivamente, para que se possa ter a certeza que a exposição diária dos

funcionários não excede os valores legais.

Em suma, as medidas de melhoria das condições de segurança passam sobretudo pelos

seguintes domínios: utilização de equipamentos de protecção colectiva e individual, formação e

80

informação dos trabalhadores e substituição das máquinas que produzem mais ruído e vibrações por

aquelas que tenham menores índices de ruído e vibração.

Contudo, recomenda-se que a empresa que faça uma análise de eficácia das medidas

preventivas/correctivas já aplicadas de forma a verificar se houve redução do risco. Caso não tenha

sido reduzido o nível de risco será necessária realizar uma análise das causas dos riscos de forma a

serem implementadas novas medidas com maior probabilidade de sucesso. De notar que no sector

da construção isto deverá ser feito com grande regularidade, uma vez que as tarefas são

normalmente com uma duração limitada no tempo.

81

7. Bibliografia

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Mestrado; Universidade de Aveiro; Aveiro, 2011.

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ESPIRALSOFT; Manual do Módulo de Legislação, Regulamentos e Normas de Segurança, Higiene

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82

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http://www.engenhariacivil.com/(consultado a 3 de Julho de 2013)

http://www.act.gov.pt/(consultado em 24 de Setembro de 2013)

http://www.dgs.pt (consultado a 6 de Maio de 2013)

http://www.dre.pt (consultado a 6 de Maio de 2013)

http://www.pordata.pt/(consultado em 24 de Setembro de 2013)

83

Enquadramento Legal

Acidentes de Trabalho

Lei n.º 98/2009, de 4 de Setembro – Regulamenta o regime de reparação de acidentes de

trabalho e de doenças profissionais, incluindo a reabilitação e reintegração profissionais.

Agentes Biológicos

Decreto-Lei n.º 84/97, de 16 de Abril – Estabelece prescrições mínimas de protecção da

segurança e da saúde dos trabalhadores contra os riscos da exposição a agentes biológicos durante

o trabalho.

Portaria n.º 405/98, de 11 de Julho – Classificação dos agentes biológicos.

Portaria n.º 1036/98, de 15 de Dezembro – Alteração à Portaria n.º 405/98, de 11 de Julho, na

classificação dos agentes biológicos.

Agentes Químicos

Decreto-Lei n.º 24/2012, de 6 de Fevereiro de 2012 – legislação sobre a protecção dos

trabalhadores contra os riscos de exposição a agentes químicos decorre essencialmente da

transposição de directivas comunitárias e encontra -se dispersa por vários diplomas.

Ambiente Térmico

Decreto-Lei n.º 78/2006, de 4 de Abril – Aprovação do Sistema Nacional de Certificação

Energética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios, transpondo parcialmente para a ordem jurídica

nacional a Directiva n.º 2002/91/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de Dezembro,

relativa ao desempenho energético dos edifícios.

Classificação das Actividades Económicas

Regulamento (CE) n.º 1893/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de Dezembro

– Estabelece a nomenclatura estatística das actividades económicas NACE Revisão 2.

Decreto-Lei n.º 381/2007, de 14 de Novembro – Estabelece a Classificação Portuguesa de

Actividade Económicas, Revisão 3, que constitui o quadro comum de classificação de actividades

económicas a adoptar a nível nacional.

84

Equipamentos de Protecção Individual

Directiva 89/686/CEE do Conselho, de 21 de Dezembro – Relativa à aproximação das

legislações dos Estados-membros respeitantes aos equipamentos de protecção individual.

Decreto-Lei n.º 128/93, de 22 de Abril – Estabelece as exigências técnicas essenciais de

segurança a observar pelos equipamentos de protecção individual com vista a preservar a saúde e a

segurança dos seus utilizadores.

Decreto-Lei n.º 348/93, de 1 de Outubro – Transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva n.º

89/656/CEE, do Conselho, de 30 de Novembro, relativa às prescrições mínimas de segurança e de

saúde dos trabalhadores na utilização de equipamentos de protecção individual.

Portaria n.º 1131/93, de 4 de Novembro – Aprova as exigências essenciais relativas à saúde e

segurança aplicáveis aos equipamentos de protecção individual.

Decreto-Lei n.º 139/95, de 14 de Junho – Altera diversa legislação dos requisitos de segurança e

identificação a que devem obedecer o fabrico e comercialização de determinados produtos e

equipamentos.

Portaria n.º 109/96, de 10 de Abril – Alteração dos anexos I, II, IV e V da Portaria n.º 1131/93, de

4 de Novembro.

Lei n.º 105/2009, de 14 de Setembro – Regulamenta e altera o Código do Trabalho, aprovado

pela Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, e procede a primeira alteração da Lei n.º 4/2008, de 7 de

Fevereiro.

Equipamentos de Trabalho

Decreto-Lei n.º 50/2005, de 25 de Fevereiro – Transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva

n.º 89/655/CEE, do conselho, de 30 de Novembro, alterada pela Directiva n.º 95/63/CE, do Conselho,

de 5 de Dezembro, e pela Directiva n.º 2001/45/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de

Junho, relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde para a utilização pelos

trabalhadores de equipamentos de trabalho.

Estaleiros Temporários ou Móveis

Decreto 44821, de 11 de Agosto de 1958- aprova o Regulamento de Segurança do Trabalho na

Construção Civil.

Decreto 46427, de 10 de Julho de 1965- aprova o Regulamento das Instalações Sociais

Provisórias dos Estaleiros.

85

Decreto-Lei nº 113/93, de 10 de Abril- transpõe para o ordenamento jurídico interno a Directiva

do Concelho nº89/106/CEE, de 21 de Dezembro de 1988, relativa aos produtos de construção.

Portaria nº1115-C/94, de 15 de Dezembro- estabelece os requisitos a que deve obedecer o livro

de obra, a conservar no respectivo local.

Portaria nº101/96, de 3 de Abril- estabelece as prescrições mínimas de segurança e saúde nos

locais de trabalho dos estaleiros temporários e móveis.

Decreto-Lei nº273/2003, de 29 de Outubro- transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva do

Conselho nº92/57/CEE, de 24 de Junho de 1992, relativa às prescrições mínimas de segurança e

saúde a aplicar nos estaleiros temporários ou móveis.

Decreto-Lei nº4/2007, de 8 de Janeiro- altera o Decreto-Lei nº113/93, de 10 de Abril, relativo aos

produtos de construção

Lei do Trabalho

Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro – Aprova a revisão do Código do Trabalho.

Lei n.º 105/2009, de 14 de Setembro – Regulamenta e altera o Código do Trabalho, aprovado

pela Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, e procede a primeira alteração da Lei n.º 4/2008, de 7 de

Fevereiro.

Lei n.º 53/2011 de 14 de Outubro – Procede à segunda alteração ao Código do Trabalho,

aprovado em anexo à Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, estabelecendo um novo sistema de

compensação em diversas modalidades de cessação do contrato de trabalho, aplicável apenas aos

novos contractos de trabalho.

Lei n.º 23/2012, de 25 de Junho – Procede à alteração ao Código do Trabalho, aprovado pela Lei

n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, e alterado pelas Leis nos

105/2009, de 14 de Setembro, e 53/2011, de

14 de Outubro.

Lei n.º 47/2012, de 29 de Agosto – Procede à quarta alteração ao Código do Trabalho, aprovado

pela Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, por forma a adequá-lo à Lei n.º 85/2009, de 27 de agosto,

que estabelece o regime da escolaridade obrigatória para as crianças e jovens que se encontram em

idade escolar e consagra a universalidade da educação pré-escolar para as crianças a partir dos 5

anos de idade.

Medidas Preventivas

Directiva 89/391/CEE do Conselho, de 12 de Junho de 1989 – Adopção de medidas que se

destinam a promover a melhoria da segurança e saúde dos trabalhadores no local de trabalho.

86

Decreto-Lei n.º 441/91, de 14 de Novembro – Princípios que visam promover a segurança,

higiene e saúde no trabalho.

Decreto-Lei n.º 133/99, de 21 de Abril – Transpôs para o direito interno a Directiva do Conselho

n.º 89/391/CEE, de 12 de Junho, relativa à aplicação de medidas destinadas a promover a melhoria

da segurança e da saúde dos trabalhadores no trabalho.

Organização dos Serviços de Segurança e Saúde no Trabalho

Lei n.º 102/2009, de 10 de Setembro – Regime jurídico da promoção da segurança e saúde no

trabalho.

Portaria n.º 55/2010 de 21 de Janeiro – Regula o conteúdo e o prazo de apresentação da

informação sobre a actividade social da empresa, por parte do empregador, ao serviço com

competência inspectiva do ministério responsável pela área laboral.

Portaria n.º 255/2010, de 5 de Maio – Aprova o modelo do requerimento de autorização de

serviço comum, de serviço externo e de dispensa de serviço interno de segurança e saúde no

trabalho.

Segurança Higiene e Saúde do Trabalho

Decreto-Lei nº110/2000, 30 de Junho- Estabelece as condições de acesso e de exercício das

profissões de técnico superior de segurança e higiene do trabalho e técnico de segurança e higiene

do trabalho.

Decreto-Lei nº102/2009, 10 de Setembro- Estabelece o regime jurídico da promoção da

segurança e saúde no trabalho.

Lei n.º 42/2012, de 28 de Agosto – Estabelece os regimes de acesso e de exercício das

profissões de técnico superior de segurança no trabalho e de técnico de segurança no trabalho.

Sinalização de Segurança

Decreto-Lei n.º 141/95, de 14 de Junho – Estabelece as prescrições mínimas para a sinalização

de segurança e de saúde no trabalho.

Portaria n.º 1456-A/95, de 11 de Dezembro – Regulamenta as prescrições mínimas de

colocação e utilização de segurança e de saúde no trabalho.

87

Vibrações

Directiva 2002/44/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de Junho – Prescrições

mínimas de segurança e saúde respeitantes à exposição dos trabalhadores aos riscos devidos aos

agentes físicos (vibrações).

Decreto-Lei n.º 46/2006, de 24 de Fevereiro – Transpõe para a ordem jurídica nacional a

Directiva n.º 2002/44/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de Junho, relativa às

prescrições mínimas de protecção da saúde e segurança dos trabalhadores em caso de exposição

aos riscos devidos a vibrações.

89

Glossário

Acidente- Por acidente entende-se uma ocorrência inesperada, indesejada e grave que origina

danos pessoais, materiais, económicos e sociais.

Acidente Grave- Por acidente grave entende-se um acidente cujas consequências se traduzem

em danos pessoais, materiais, económicos e/ou sociais particularmente valorosos.

Acidente de Trabalho- Acontecimento anormal, brusco e imprevisto que se verifica no local e

tempo de trabalho e do qual resulta lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte

redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte. Considera-se também acidente de

trabalho, o ocorrido:

a) No trajecto de ida e de regresso para e do local de trabalho, nos termos em que vier a ser

definido em regulamentação posterior;

b) Na execução de serviços espontaneamente prestados e de que possa resultar proveito

económico para a entidade empregadora;

c) No local de trabalho, quando no exercício do direito de reunião ou de actividade de

representante dos trabalhadores, nos termos da lei;

d) No local de trabalho, quando em frequência de curso de formação profissional ou, fora do local

de trabalho, quando exista autorização expressa da entidade empregadora para tal frequência;

e) Em actividade de procura de emprego durante o crédito de horas para tal concedido por lei aos

trabalhadores com processo de cessação de contrato de trabalho em curso;

f) Fora do local ou do tempo de trabalho, quando verificado na execução de serviços determinados

pela entidade empregadora ou por esta consentidos.

Avaliação de Riscos- Processo de avaliar o risco para a saúde e segurança dos trabalhadores,

decorrente das circunstâncias em que o perigo ocorre no local de trabalho. Processo global de

estimativa da grandeza do risco e de decisão sobre a sua aceitabilidade (NP 4397).

Condição de Trabalho- Por condições de trabalho deve entender-se o conjunto de recursos

materiais, económicos, temporais, ambientais e humanos que condicionam a realização do trabalho.

Numa perspectiva sistémica, as condições de trabalho devem ser vistas como o resultado da

efectivação de todas as relações que condicionam o trabalhador, enquanto sistema em contacto com

outros sistemas, para realizar o trabalho, designadamente: interacções homem - equipamento de

trabalho; interacções homem - equipa de trabalho; interacções homem - empregador; interacções

90

homem - mundo exterior; interacções homem - ambiente de trabalho; interacções homem - local de

trabalho, etc.

Controlo de Riscos- Por controlo dos riscos entende-se o conjunto de disposições e medidas

adoptadas para minimizar a probabilidade de ocorrência de acontecimentos perigosos, através de

medidas preventivas, e, na impossibilidade de evitar que eles ocorram, garantir, dentro de

determinados parâmetros que as suas consequências sejam reduzidas pela adopção de medidas de

protecção adequadas

Doença Profissional- A doença profissional pressupõe a existência de danos (doenças e/ou

patologias) provocadas por uma exposição continuada e mais ou menos prolongada a um agente

causador da doença e/ou patologia presente ou relacionado com a realização do trabalho ou com a

permanência no local do trabalho. As doenças profissionais são objecto de legislação específica na

qual se definem todas as patologias susceptíveis de configurar uma doença profissional.

Incidente- Acontecimento súbito, ocasional e imprevisto com potencial para causar acidentes e

que pode determinar danos na propriedade, equipamentos, produtos e perdas de produção, sem

determinar lesões para a saúde. (Alguns autores incluem as lesões corporais que apenas necessitam

de primeiros socorros).

Perigo- Fonte ou situação com um potencial para o dano, em termos de lesões ou ferimentos para

o corpo humano ou danos para a saúde, para o património, para o ambiente do local de trabalho, ou

uma combinação destes (NP 4397). A propriedade ou a capacidade intrínseca de um componente do

trabalho (materiais, equipamentos, métodos e práticas de trabalho) potencialmente causadora de

danos (utilizo a forma verbal “Identificar”).

Prevenção- Considerando o risco como a combinação da probabilidade e da(s) consequência(s)

da ocorrência de um determinado acontecimento perigoso, deve entender-se a prevenção como a

adopção de medidas que minimizam a probabilidade de ocorrência do acontecimento perigoso. A

Prevenção consiste, então, na acção de evitar ou diminuir a manifestação dos riscos profissionais

através de um conjunto de disposições ou medidas a adoptar em todas as fases da actividade da

empresa.

Protecção- A protecção, em oposição à prevenção, visa reduzir, não a probabilidade de

ocorrência de acontecimento perigoso, mas sim a severidade das suas consequências, através da

adopção de medidas ou disposições consideradas adequadas ao fenómeno em causa.

Risco- Combinação da probabilidade e da(s) consequência(s) da ocorrência de um determinado

acontecimento perigoso. (utilizo a forma verbal “Avaliar”).

Saúde- Segundo a Organização Mundial de Saúde, Saúde é o completo bem-estar físico,

psicológico e social e não só a ausência de doença ou enfermidade.

91

Tempo de Trabalho- Por “tempo de trabalho” deverá considerar-se não só o período normal de

trabalho, mas, também, o tempo despendido antes e depois desse período em actos de preparação e

conclusão do trabalho, actos esses de alguma forma relacionados com a execução do trabalho, bem

como as pausas normais no trabalho e as interrupções forçosas que tenham lugar no

desenvolvimento do trabalho.

Trabalhador- O conceito de “trabalhador” em todos os domínios relacionados com a segurança e

saúde do trabalho conhece uma extensão substancialmente maior do que aquela que se verifica nas

noções clássicas do Direito do Trabalho, ultrapassando, nomeadamente, os limites estreitos da noção

de “trabalhador subordinado”. Com efeito, no âmbito do regime de prevenção (Lei 102/2009, de 10-

09), por “trabalhador” deverá entender-se a pessoa singular que, mediante retribuição, se obriga a

prestar serviço a um empregador, bem como o tirocinante, o estagiário, o aprendiz e todos aqueles

que estejam na dependência económica do empregador em razão de meios de trabalho e do

resultado da sua actividade, embora não titulares de uma relação jurídica de emprego. Este regime

abrange, também, o “trabalhador independente”.

Trabalho- Para o direito, o trabalho representa uma actividade que é prestada a outrem, através

de certos modelos contratuais. Estes modelos podem reconduzir-se a dois grandes tipos: trabalho

subordinado (ou por conta de outrem) e trabalho autónomo (ou por conta própria). Qualquer

actividade produtiva pode ser prestada num ou noutro regime (não é a natureza da actividade que

determina o modelo mas sim o modo com ela e executada).

Anexos

A3

Anexo I- Modelo de Ficha de Distribuição de EPI’s aos

Trabalhadores Fonte: Júlio Lemos Ferreira, Unipessoal Lda.

Distribuição de EPI aos trabalhadores

Pág: ___/___

Dono da obra: Sotratel, empresa de trabalho temporário lda.

Local da obra: Casa de Arnoia – Arnoia – Celorico de Basto

Empreiteiro: Júlio Lemos Ferreira unipessoal, lda.

Nome do trabalhador:_____________________________ N.º _______

Ref.º Designação do EPI Riscos (1) Recepção (2) Devolução (3)

Data: ___/__ Ass.:______

Data: ___/__ Ass.:______

Data: ___/__ Ass.:______

Data: ___/__ Ass.:______

Data: ___/__ Ass.:______

Data: ___/__ Ass.:______

Data: ___/__ Ass.:______

Data: ___/__ Ass.:______

Data: ___/__ Ass.:______

Data: ___/__ Ass.:______

Data: ___/__ Ass.:______

Data: ___/__ Ass.:______

(1) Indicar códigos de acordo com a tabela seguinte (2) Assinatura do trabalhador (3) Assinatura de quem recebe

RISCOS A PROTEGER

1 – Queda em altura 2 – Queda ao mesmo nível 3 – Queda de objectos 4 – Queda por escorregamento 5 – Objectos pontiagudos ou cortantes 6 – Esmagamento do pé 7 – Torção de pé 8 – Choque ao nível dos maléolos 9 – Choque ao nível do metatarso 10 – Choque ao nível da perna

11 – Pancada na cabeça 12 – Cortes 13 – Estilhaços 14 – Entalamentos 15 – Electrocussão 16 - ______________________________ 17 - _______________________________ 18 - _______________________________ 19 - _______________________________ 20 - _______________________________

DECLARAÇÃO

Declaro que recebi os equipamentos de Protecção Individual acima mencionados, comprometendo-me a utilizá-los correctamente de acordo com as instruções recebidas, a conservá-los e mantê-los em bom estado, e a participar todas as avarias ou deficiências que tenha conhecimento.

Data: ____/____/________Assinatura: ____________________________________________

A5

Anexo II- Modelo de Comunicação Prévia

A6

A7

A9

Anexo III- Inquérito

Inquérito nº __

1-Sexo:

Feminino Masculino

2-Idade 3- Nacionalidade

4-Grau de ensino (completo):

Não sabe ler nem escrever

3º ciclo do ensino básico (até 9ºano)

1º ciclo do ensino básico (até ao 4ºano)

Ensino secundário (até 12º ano)

2º ciclo do ensino básico (até ao 6ºano)

Outro Qual? ___________

5- Qual a sua profissão?

Carpinteiro

Servente

Pedreiro

Trolha

Canalizador

Electricista

Maquinista

Outra Qual? ___________

Com o presente inquérito pretende-se recolher informações relativamente às

condições de trabalho existentes, de acordo com as regras de Higiene e Segurança do

Trabalho

Este inquérito está inserido no âmbito académico e destina-se a fins científicos, daí a

total garantia de sigilo e anonimato das opiniões proferidas. Desde já agradeço muito a

sua participação.

A10

6- Horário de trabalho praticado:

Horário flexível

Horário rígido

Trabalhador por turnos

Horário contínuo

7- Quantas horas trabalha por dia?

Menos de 7 horas diárias

Entre 9 e 11 horas diárias

Entre 7 e 9 horas diárias

Mais de 11 horas diárias

8- Caracterize o seu local de trabalho relativamente aos seguintes aspectos:

Vibração Ruído Condições Atmosféricas

Muito elevada

Muito elevado

Excelentes

Elevada

Elevado

Boas

Fraca

Fraco

Razoáveis

Inexistente

Inexistente

Más

9- Procede com regularidade à elevação e movimentação manual de cargas pesadas (superior a 25

kg)?

Sim Não passe para questão nº 9.2

9.1- Se sim porquê? _________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________

9.2- Quando procede a movimentação manual de cargas tem cuidados especiais com as posturas

que adopta?

Sim Não

A11

10- Na execução dos trabalhos é informado sobre os riscos a que está exposto?

Sim Não

11 – No seu local de trabalho, a que tipo de riscos pensa estar mais sujeito?

Vírus, Bactérias e Parasitas

Calor/Frio

Ruído

Vibrações

Radiações

Produtos químicos

Queda em altura

Queda de objectos

Contactos eléctricos

Entalamento

Atropelamento

Choque contra objectos

12- São-lhe transmitidas informações sobre as medidas de prevenção que visam eliminar ou

minimizar a ocorrência de riscos?

Sim Não

13- A empresa utiliza Equipamentos de Protecção Colectiva (EPC’s) tais como: guarda-corpos, redes

de segurança, entre outros?

Sim Não

14- Os Equipamentos de Protecção Individual (EPI’s): capacete, luvas, botas, máscaras, entre outros,

foram concedidos pela empresa aquando da sua entrada na obra?

Sim Não

15- De entre os Equipamentos de Protecção Individual (EPI’s) mencionados, qual(ais) usa

diariamente:

A12

Capacetes de segurança

Auriculares/ auscultadores

Óculos de protecção (com ou sem viseira)

Máscaras/ dispositivos filtrantes

Botas de biqueira de aço

Colete

Luvas de protecção

Nenhum

Vestuário adequado

Outros Quais?______________

16- Faz uso dos Equipamentos de Protecção Individual (capecte, colete, luvas e etc) só porque é

norma na empresa?

Sim Não

17- Sente-se mais protegido quando usa equipamentos de protecção?

Sim Não

18- No uso de equipamentos de protecção a empresa dá prioridade aos Equipamentos de Protecção

Colectiva (EPC’s) em relação aos Equipamentos de Protecção Individual (EPI’s)?

Sim Não

19- Quando faz uso de um equipamento de protecção sabe contra que tipo de risco se está a

proteger?

Sim Não

20 – Já alguma vez sofreu algum acidente no local de trabalho?

Sim

Não passe para a questão 21

A13

20.1 – Se sim, quantos?

Apenas um

Dois

Três

Mais do que três

20.2 – Onde ocorreu o último acidente?

Máquina(s)

Oficina mecânica

Obra(s)

Oficina de serralharia

Armazém

Carpintaria

Veículo

Outro local Qual?_____________________

21- Na sua opinião acha que a empresa cumpre com as regras ao nível de segurança e higiene do

trabalho?

Sim Não

22- Do seu ponto de vista o cumprimento das regras e procedimentos de segurança e higiene são

benéficas para sua produtividade?

Sim Não

Muito Obrigada pela sua colaboração!