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1 Avaliação do grau de dificuldade em trilhas ecoturísticas no Parque Estadual da Pedra Branca – RJ Luis Frederico de Melo Papini 1 Nadja Maria Castilho da Costa 2 Vivian Castilho da Costa 3 Departamento de Geografia / Grupo de Estudos Ambientais Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro – RJ – Brasil E-mail: [email protected] Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma metodologia de suporte ao manejo de trilhas, bem como auxiliar o caminhante de trilha com informações úteis sobre o grau de dificuldade, para o seu melhor aproveitamento. Esta metodologia foi aplicada em 4 trilhas ecoturísticas no Parque Estadual da Pedra Branca - RJ, a segunda mais importante unidade de conservação da cidade do Rio de Janeiro. A metodologia para definição do grau de dificuldade leva em conta características físico-ambientais da trilha, tais como: declividade, erodibilidade do solo, áreas de drenagem e erosões, bem como a característica física do caminhante (peso). Todas essas informações foram baseadas no trabalho desenvolvido por Hugo, M.L.(1999) em seu artigo intitulado “Energy equivalent as a measure of the difficult rating of hiking trails”. Para o tratamento da base de dados, bem como o seu processamento, cruzamento das informações e análise sobre as características físico-ambientais (base topográfica - IPP - 1999) foi usado o software de geoprocessamento Arcview 3.2. Através do módulo 3D Analyst (Create TIN) do Arcview foi confeccionado um mapa de declividade que, juntamente com as 1 Graduando em Geografia pela UERJ e bolsista IC/FAPERJ. 2 Orientadora, Coordenadora do Grupo de Estudos Ambientais (GEA/UERJ) e Professora Adjunta do Deptº de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 3 Co-orientadora, Professora Visitante do Deptº de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Avaliação do grau de dificuldade em trilhas ecoturísticas no Parque Estadual da Pedra Branca – RJ

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Avaliação do grau de dificuldade em trilhas ecoturísticas no Parque

Estadual da Pedra Branca – RJ

Luis Frederico de Melo Papini1

Nadja Maria Castilho da Costa2

Vivian Castilho da Costa3

Departamento de Geografia / Grupo de Estudos Ambientais

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro – RJ – Brasil

E-mail: [email protected]

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma metodologia de

suporte ao manejo de trilhas, bem como auxiliar o caminhante de trilha com

informações úteis sobre o grau de dificuldade, para o seu melhor aproveitamento.

Esta metodologia foi aplicada em 4 trilhas ecoturísticas no Parque Estadual da

Pedra Branca - RJ, a segunda mais importante unidade de conservação da cidade

do Rio de Janeiro. A metodologia para definição do grau de dificuldade leva em

conta características físico-ambientais da trilha, tais como: declividade,

erodibilidade do solo, áreas de drenagem e erosões, bem como a característica

física do caminhante (peso).

Todas essas informações foram baseadas no trabalho desenvolvido por Hugo,

M.L.(1999) em seu artigo intitulado “Energy equivalent as a measure of the

difficult rating of hiking trails”. Para o tratamento da base de dados, bem como o

seu processamento, cruzamento das informações e análise sobre as características

físico-ambientais (base topográfica - IPP - 1999) foi usado o software de

geoprocessamento Arcview 3.2. Através do módulo 3D Analyst (Create TIN) do

Arcview foi confeccionado um mapa de declividade que, juntamente com as

1 Graduando em Geografia pela UERJ e bolsista IC/FAPERJ. 2 Orientadora, Coordenadora do Grupo de Estudos Ambientais (GEA/UERJ) e Professora Adjunta do Deptº de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 3 Co-orientadora, Professora Visitante do Deptº de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

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informações da duração de percurso de cada trilha e com informações coletadas

em campo (identificação dos obstáculos, comprimento e duração de percurso),

serviu para calcular o gasto calórico perdido durante a caminhada. Com este

método a trilha não será analisada de modo subjetivo o que ocorre em

metodologias nacionais e internacionais, mas sim através de parâmetros objetivos

e científicos. A partir desta análise poderemos relacionar o grau de dificuldade de

uma trilha, através do seu equivalente gasto energético expresso em Joules ou

calorias, gerando um parâmetro de fácil comparação. As trilhas pesquisadas

foram: Trilha do Camorim, Sacarrão, das Praias e Sacarrão, com o seu grau de

dificuldade, respectivamente: grau moderado (1166 kcal), grau fácil a moderado

(958 kcal), grau fácil (589 kcal) e grau muito fácil (274 kcal).

1. Introdução e Objetivos

O Brasil é o maior país da América Latina, cobrindo quase a metade

(47,3%) da América do Sul. Por sua vez, o Oceano Atlântico estende-se por toda

costa leste do País, oferecendo 7.367 km de orla marítima. Isso representa, um

grande potencial de seu litoral a ser voltado para a indústria do turismo. Pela

grandeza e vastidão do território brasileiro é que podemos perceber o altíssimo

potencial ecoturístico que ainda pode ser explorado por todo país. Porém, segundo

a OMT (Organização Mundial de Turismo), o Brasil ocupa a 42ª posição no ranking

de países de destino dessa modalidade de turismo no mundo.

Com grandes áreas naturais, o Brasil vêm cada vez mais investindo recursos

na criação de atividades vinculadas ao ecoturismo, turismo de aventura, turismo

desportivo e educação ambiental, pois as trilhas são veículos condutores dessas

atividades, apesar de serem ainda realizadas de forma ineficiente. Dentre

horizontes e possibilidades que se abrem constantemente para o ecoturismo no

Brasil, destacamos aqui a vertente do “consumo ativo da natureza” (COSTA,

2004). Neste contexto, pautado na busca de clientelas específicas e vinculado às

práticas de esportes de aventura, as Unidades de Conservação emergem com

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essas novas modalidades de incursões na natureza. Sua abrangência e efeitos são

ainda pouco conhecidos, devido ao desenvolvimento recente e à territorialidade

instável das atividades.

No contexto das atividades ecoturísticas, relacionadas aos esportes de

aventura, os atrativos que oferecem ao visitante maior experiência e vivência da

natureza são as trilhas, que exigem uma infra-estrutura de manejo apropriada à

demanda de seus usuários, principalmente quando em áreas naturais (COSTA,

2006).

Assim podemos observar em sua própria definição, que a trilha é um:

“Caminho existente ou estabelecido, com diferentes formas, comprimentos e

larguras, que possui o objetivo de aproximar o visitante ao ambiente natural, ou

conduzi-lo a um atrativo específico, possibilitando seu entretenimento ou

educação, através de sinalizações ou de recursos interpretativos” (SALVATI, 2000).

A implementação do turismo sustentável, particularmente do turismo

ecológico ou ecoturismo, deve estar em sintonia com a capacidade de suporte dos

recursos naturais e infra-estrutura física existente, sendo legitimada pela ampla

participação das comunidades locais, principalmente aquelas próximas às Unidades

de Conservação. Essas populações devem ser contempladas com atividades de

interpretação e educação ambiental, para servir de suporte ao conhecimento e

difusão da importância de se conservar a flora e a fauna.

Na cidade do Rio de janeiro, a população tem utilizado, cada vez mais, as

áreas preservadas para o lazer, o turismo ecológico e a prática de esportes de

aventura, e é no centro geográfico do município que se encontra uma das áreas de

maior potencial: o Maciço da Pedra Branca, possuidor da maior floresta urbana do

mundo e de uma significativa área de Mata Atlântica a ser protegida pelo Parque

Estadual da Pedra Branca - PEPB (COSTA, op. cit).

Segundo dados do relatório de normatização e certificação sobre o turismo

de aventura do Ministério do Turismo (2005), a caminhada ou hiking, é a principal

atividade de aventura realizada, e é responsável por 21,4% na freqüência da

atividade mais praticada, dentre várias outras modalidades de turismo de

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aventura. Outra constatação do estudo é sobre a atividade de aventura praticada

em parques nacionais e estaduais: a caminhada de um dia é responsável, em

média, por 23% dentre todas as demais modalidades. A caminhada tem enorme

importância na prática do ecoturismo, por ser a principal modalidade praticada e a

de maior potencial de crescimento. Nesse sentido, o presente trabalho acadêmico

pretende contribuir para a melhoria das informações desta atividade de aventura

para o caminhante das trilhas.

Entretanto, as formas para medir o nível ou grau de dificuldade de uma

trilha / caminhada - principalmente quando esta é voltada à atividade física

(turismo desportivo ou de aventura) - atualmente, são subjetivas na maioria das

metodologias nacionais e internacionais. Nestas, consideram-se como parâmetros:

o tempo estimado de percurso, a declividade da travessia, à distância do trajeto e

a altitude. Dentre as metodologias os níveis ou graus utilizados seguem uma

escala de 1 a 5 ou de 1 a 10, para mensurar os tipos de dificuldades, ou seja, do

mais fácil ao mais difícil.

Para um caminhante iniciante ou leigo, esta escala não lhe traduz muito

significado, o que torna a trilha menos interessante para este. Já um caminhante

experiente, ou seja, que participa de uma atividade de aventura relacionada ao

(ecoturismo), e que tenha algum conhecimento sobre a mesma, quanto maior

informação, mais fácil o caminhante responderá positivamente à atividade.

O caminhante, inicialmente necessita de informações sobre o local para

decidir se poderá aventurar-se na trilha. Informações sobre as condições do meio

ambiente e o grau de dificuldade da trilha são importantes, tais como:

comprimento da trilha, duração da caminhada, condições de conservação,

atratividades encontradas, entre outras.

A falta de informação geralmente leva a uma expectativa positiva que pode

tornar-se negativa, por exemplo, se a trilha for demasiadamente extenuante para

um caminhante despreparado e que não está acostumado a grandes esforços

físicos. A caminhada poderá gerar um impacto ruim, criando uma imagem

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desagradável frustrando expectativas e, assim, se tornar prejudicial para a

indústria turística.

Além da dificuldade da travessia alguns pontos onde seja necessário um

maior esforço físico, obviamente as condições físicas variam de caminhante para

caminhante. Um caminhante com excelente vigor físico e praticante de exercícios

físicos regularmente, provavelmente irá discordar do grau de dificuldade de uma

trilha, achando-a extremamente fácil, ao contrário de um indivíduo sedentário, que

nunca pratica exercícios físicos.

A avaliação do grau de dificuldade da trilha é complexa, pois deverá

abranger diversas variáveis que se somam de forma independente, tais como:

altitude média do local, condições climáticas, comprimento da trilha, massa

corpórea do caminhante, velocidade de percurso e diferenças de alturas

topográficas e também outras variáveis intangíveis, (vigor do caminhante,

obstáculos nas trilhas e até mesmo a condição emocional do caminhante). Porém,

essas variáveis são subjetivas, e, portanto difíceis de serem incorporadas numa

equação matemática.

Logo, como podemos obter um parâmetro único e objetivo para tal

mensuração?

Esta resposta pode vir da aplicação de um modelo único de mensuração

para todos e quaisquer tipos físicos de caminhante, que é o seu gasto energético

ou calórico. Tal modelo propõe determinar quanto gasto calórico/energético que

uma trilha pode proporcionar a um caminhante. Assim, esse terá condições de

avaliar se a trilha é ou não adequada ao seu condicionamento, não frustrando as

suas expectativas sobre a mesma.

2. Recorte Espacial da Área em Estudo

O local da presente investigação foi o Parque Estadual da Pedra Branca que

está localizado no centro geográfico do município do Rio de Janeiro,

compreendendo todas as encostas do Maciço da Pedra Branca localizadas acima da

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cota altimétrica de 100 metros. Estende-se por cerca de 12.500 hectares (125

km2), de área e está cercado por vários bairros da Zona Oeste. No interior do

Parque está situado o ponto culminante do município do Rio de Janeiro — o Pico

da Pedra Branca, com 1.024 metros de altitude, e possui diversas trilhas e

caminhos, sendo as de maior importância e visitação as trilhas do Rio Grande,

Sacarrão, Camorim, Pico da Pedra Branca e das Praias Desertas (Figura 1).

Figura 1

3.1 As Trilhas Analisadas

3.1.1 Trilha do Rio Grande

A trilha do Rio Grande se inicia na sede do Parque (Estrada do Pau da

Fome), próxima ao bairro da Taquara, entre as coordenadas UTM 660000-665000

e 7460000-7465000. Esta trilha possui forma semi-circular, como uma "ferradura",

ou seja, seu ponto de entrada (início) é diferente do ponto de saída (chegada ou

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final). O tempo estimado para caminhada é de cerca de 30 minutos (total do

percurso), possuindo subidas e descidas leves (sem muita inclinação no eixo da

trilha), sendo destinada a qualquer faixa etária. Por este motivo, é a mais usada

para atividades de lazer e educação ambiental, com visitas agendadas,

principalmente por escolas.

3.1.2 Trilha do Camorim

A trilha do Camorim tem seu início, próximo à sub-sede do Parque (Estrada

do Camorim), entre os bairros de Jacarepaguá e Barra da Tijuca, nas coordenadas

UTM 660000-665000 e 7455000-7460000. A Trilha do Camorim é a que apresenta

maior potencial, de toda a vertente leste/sul do maciço da Pedra Branca, para o

desenvolvimento de atividades voltadas para o ecoturismo, recebendo o maior

número de visitantes de todo o PEPB. É a preferida, pelo visitante devido ao

grande apelo visual de seu maior atrativo no fim da trilha: o açude do Camorim. O

tempo estimado para a realização do trajeto é de 1 hora e 20 minutos, de ida e

cerca de 1 hora, de volta. Sua forma é linear (reta), ou seja, os caminhantes se

cruzam em ambas às direções, apresentando trechos fortemente inclinados, o que

favorece um maior esforço físico por parte dos caminhantes.

Possui 3 (três) principais atrativos ecoturísticos: o conjunto arquitetônico do início

do século XX da captação de água da CEDAE, a cachoeira Véu da Noiva e o açude

do Camorim, este último, representando seu principal atrativo. A cachoeira Véu da

Noiva, que possui acesso a partir de uma curta variante de ligação com a trilha

principal, representa uma beleza cênica pelas suas quedas de água (COSTA,

2004).

3.1.3 Trilha do Sacarrão

A trilha do Sacarrão se inicia na Estrada do Sacarrão, próxima ao bairro de

Jacarepaguá, entre as coordenadas UTM 657000-659000 e 7460300-7460500.

Esta trilha também possui forma linear. O tempo estimado para caminhada é de

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cerca de 50 minutos (total do percurso), possuindo subidas e descidas leves (sem

muita inclinação no eixo da trilha). Atualmente, (Julho/2006) está em fase de

término, a construção de uma sub-sede no local, o que irá favorecer um maior

controle de acesso dos visitantes e dos caminhantes dessa trilha.

3.1.4 Trilhas das Praias Desertas

A trilha da Praia do Perigoso se inicia no bairro de Guaratiba, próxima a

praia da Barra de Guaratiba, entre as coordenadas UTM 646000-648000 e

7447200-7447800, no extremo sul do PEPB. Esta trilha margeia o costão da Pedra

de Guaratiba de frente ao mar, até chegar ao acesso da praia do Meio. São praias

pouco freqüentadas, em sua maioria, por moradores da região. O tempo estimado

para caminhada é de cerca de 50 minutos (total do percurso), possuindo subidas e

descidas de média a leve inclinação (no eixo da trilha), possuindo poucos trechos

com forte inclinação (no trecho final, na subida/descida para a praia).

4. Materiais e Métodos

4.1 Novas Metodologias: O Modelo da Energia Equivalente

A metodologia da energia equivalente foi desenvolvida pelo Professor Leon

Hugo na Universidade de Pretória em 1999, África do Sul, que juntamente com o

apoio de especialistas em atividades físicas, puderam monitorar o consumo

calórico de uma pessoa através do seu batimento cardíaco e do seu ritmo da

respiração. Assim, pode ser determinado um modelo que correspondesse a um

indivíduo em uma trilha, com vários graus de declividade do terreno.

Desta forma, o modelo da energia equivalente nos permite uma avaliação

científica com base na energia gasta por um indivíduo que caminha numa trilha. A

energia consumida é expressa em quilocalorias (kcal), que permite ao usuário uma

comparação fácil, a partir da relação com os exercícios físicos, à semelhança dos

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que normalmente são realizados nas academias de ginástica e até nas embalagens

de alimentos que descrevem o potencial calórico.

Com este modelo, o caminhante terá como resposta um grau de dificuldade

relacionado diretamente com o seu desgaste físico na trilha. Com isso, qualquer

gestor de uma Unidade de Conservação poderá informar ao visitante, a partir

desta metodologia, o grau de dificuldade que ele irá encontrar ao escolher

determinada trilha.

O princípio fundamental no qual se baseia este estudo é no simples fato de

que todas as atividades humanas consumam de energia. Portanto, quanto mais

difícil for à trilha, maior será o gasto de energia necessária para a sua caminhada.

O desafio está em mensurar o grau de dificuldade da trilha, através da previsão do

somatório de energia requerida para a travessia.

O corpo humano requer alimento e oxigênio para produzir energia.

Portanto, tanto o tempo de respiração do caminhante quanto o tempo de

transporte de oxigênio pelo corpo (freqüência cardíaca) pode ser usado como

indicação da taxa de energia que o corpo necessita.

Para podermos compreender a equação científica que governa a energia

equivalente será necessário relembrar conceitos de física, tais como a definição de

trabalho, que é o produto do módulo da componente da força na direção do

deslocamento, pelo módulo do deslocamento, ou seja, a força multiplicada pela

distância percorrida.

Já a potência é a razão entre a quantidade de energia pelo tempo

decorrido, que pode ser representada pela força multiplicada pela velocidade de

deslocamento. A potência pode ser considerada como a taxa de trabalho

consumida/gasta no tempo.

A partir da equação do trabalho e da potência (taxa de trabalho), vemos:

τ = F.d (1)

e P = F.v (2)

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τ : Trabalho

P : Potência (taxa de trabalho)

F : Força

d : Distância

v : Velocidade

Através das fórmulas (1) e (2), derivando e considerando o deslocamento

em um plano inclinado, velocidade e a energia usada, temos:

P = m.g.(Cv.v.sen ϕ + Ch .v.cos ϕ + Cm) (3)

Sendo

P : Potência (taxa da energia utilizada)

m : Massa

g : Aceleração da gravidade (9,8 m/s2)

v : Velocidade

ϕ : Ângulo

As constantes Cv, Ch e Cm foram determinadas experimentalmente pela fórmula (3)

aplicada a um caminhante específico.4

No gráfico 1, podemos perceber a curva parabólica da função relacionando

potência P e o ângulo ϕ (Gradiente).

4 (Daehne & Hugo, 1995)

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Trabalho x Gradiente

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

-30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Gradiente ( º )

Trab

alho

(J/s

)

Gráfico 1: Relação entre Potência x Gradiente

Um mesmo caminhante foi testado e monitorado, caminhando em uma trilha com

diferentes ângulos de declividade, numa velocidade constante. Tendo a sua

freqüência cardíaca e o consumo de oxigênio monitorado, pôde ser calculado tais

constantes através da modelagem por métodos numéricos da fórmula (3)

(DAEHNE & HUGO, 1995). Com isso, foi obtida a fórmula com uma boa precisão

de dados muito boa para trilhas ascendentes, já para trilhas descendentes a

precisão não foi a mesma.

Para o cálculo da energia equivalente, primeiramente será necessário o

valor do comprimento total da trilha, após isso, a trilha será subdividida em

segmentos, a partir das curvas de nível do mapa digital, o que resultará em um

mapa topográfico. A cada trecho entre as curvas de nível será calculado o ângulo

de inclinação do terreno (declividade). Considerando o intervalo entre as curvas de

nível de 5m (h=5) do mapa, utilizado no presente estudo, o valor do ângulo

poderá ser descrito como:

ϕ = sen-1 h/l ou ϕ = sen-1 5/l

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Sendo

h : Altura [m]

l : Comprimento [m]

Com isso, para cada trecho teremos o ângulo ϕ, e conseqüentemente a

taxa de trabalho (P) e a taxa de energia (E). A função proposta cientificamente

através de uma parábola com dados experimentais é:

P = m.g.v.[7,8.(tg ϕ)2 + 1.35(tg ϕ) + 0.45] + 0.95.m (4)

Considerando,

E = P.t e t = l / v

Logo,

E = m.g.l.[7,8.(tg (sen-1 h/l)2 + 1.35(tg (sen-1 h/l)) + 0.45] +0.95.m.l/v (5)

Sendo

E : Energia [kJ]

m : Massa [kg]

v : Velocidade [m/s]

l : Comprimento do trecho [m]

g : Aceleração da gravidade [9,8 m/s2]

h : Altura ou desnível [m]

t : Tempo [s]

4.2 Características do modelo

O princípio deste modelo não está baseado somente no indivíduo e na sua

energia gasta, mas sim também nas características da trilha. Desta forma, a trilha

pode ser graduada e nivelada com base em dados experimentais feitos

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estatisticamente com grupos de pessoas, ou seja, o modelo procura fornecer o

grau de dificuldade em quilocalorias para a trilha, o que não quer dizer que um

caminhante irá gastar essa mesma quantidade. Uma pessoa de excelente vigor

físico pode gastar menos energia do que uma pessoa sedentária, porém ambos

irão concordar que, proporcionalmente, uma determinada trilha será mais

exaustiva do que outra.

A modelagem matemática para a energia equivalente é independente da

variação da velocidade do caminhante. Logo, se o caminhante completa a trilha

em uma hora e depois descansa o resto do dia, ou o mesmo pára várias vezes ao

longo da trilha, isto não terá nenhuma influência no resultado final da energia

gasta. Portanto, para efeito de cálculo é usada a velocidade constante de 3 km/h.

4.2.1 Avaliação do Vigor Físico

Para caminhantes que não estão seguros de suas capacidades físicas é

possível por meio do modelo, testar seu condicionamento em uma academia de

ginástica/musculação ou através de um teste ergométrico, para determinar se

estão em forma o bastante para caminhar uma trilha. Logo, os caminhantes

podem preparar-se previamente quanto ao desgaste físico (energia total gasta)

para completar uma trilha, através da prática de exercícios físicos, conforme

mencionado acima. Um programa de exercícios físicos pode ser designado para

desenvolver em qualquer caminhante a habilidade de estimar o desgaste físico

causado pela travessia, com isso o caminhante terá antecipadamente a noção da

dificuldade da trilha, através de exercícios aeróbicos, esteira e demais

equipamentos de ginástica. Desta maneira, propiciará uma avaliação prévia para

as pessoas que estejam inseguras de seu próprio potencial, e também para

pessoas que tenham problemas cardíacos.

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4.2.2 Manejo e planejamento de trilhas

O modelo pode ser usado para as Unidades de Conservação que desejem

um planejamento de novas trilhas, ou mesmo para melhorar as já existentes. Com

isso podem-se definir trilhas com diferentes graus de dificuldade, propiciando uma

ampla gama de usuários, desde turista-leigo até profissionais da atividade de

aventura. Até mesmo subdividir em faixas etárias os usuários, como por exemplo:

crianças, jovens, adultos e idosos. Para a execução de tal planejamento é

necessária a análise do mapa do local da trilha.

4.2.3 Efeito da Temperatura

Como é sabido, uma pessoa se cansa mais quanto mais estiver quente o

ambiente em comparação em um dia mais ameno. De maneira simplificada, o

efeito de altas temperaturas pode, de certa maneira, aumentar o consumo de

água. Quanto maior o trabalho/ exercício, maior será o consumo de água.

Grosseiramente falando, são necessários 0,5 litro de água para repor 4500 kJ

gastos no inverno e o dobro (9000 kJ) no verão. A temperatura é uma variável que

poderá ser acrescentada no futuro modelo da energia equivalente, essa nova

variável exigirá um estudo mais aprofundado, não contemplado no presente

trabalho.

4.2.4 Condições da superfície da trilha

No caso de trilhas que tenham obstáculos tais como: rochas, sulcos e

trechos erodidos, estes podem aumentar substancialmente o somatório da energia

equivalente. Obviamente, as trilhas que são planejadas e monitoradas e bem

construídas não apresentam grandes trechos com obstáculos. Entretanto, em

condições onde exista terra fofa ou areia, há um incremento na energia

consumida, pois o caminhante terá mais esforço. Para suplantar essas dificuldades,

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em ambientes semelhantes a desertos ou praias o incremento pode chegar a

180% da energia consumida, comparativamente a terrenos de solo firme.

4.2.5 Precisão do mapa

Para uma maior precisão da implementação do modelo da energia

equivalente, quanto menor (mais detalhada) a escala do mapa, mais preciso será o

cálculo da declividade, e, por conseguinte, o cálculo da energia equivalente. Para

um cálculo mais acurado é necessário, no mínimo, um mapa na escala de 1:

50.000 e com um intervalo de 25m entre as curvas de nível. No presente estudo a

escala dos mapas foi de 1: 10.000, com curvas de nível de 5m de equidistância.

4.2.6 Definição de níveis ou graus de dificuldade

O modelo da Energia Equivalente pode ser usado para relacionar o valor em

quilojoules (KJ) de uma trilha. Podemos também comparar um caminhante que,

em uma trilha plana de 5 km de comprimento, a acharia “Muito Fácil”. Já para um

percurso de 10 km, o mesmo levaria um esforço maior, mas em todo o caso

acharia a tarefa “Fácil”, considerando é claro, indivíduos que já praticam esta

atividade. Uma pessoa despreparada poderia não concordar. Contudo, podemos

afirmar que nesta trilha de 5 km em um terreno plano, a mesma consumiria 2500

KJ ou 604 kcal (tabelas 1 e 2), o que seria muito fácil.

Para podermos comparar a dificuldade da trilha e o seu equivalente gasto

calórico, primeiramente iremos avaliar um caminhante que percorre uma trilha

totalmente plana (ϕ = 0).

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Tabela 1: Grau de Dificuldade x Energia Equivalente (trilha plana)

Grau Trilha horizontal (plana) Duração (3 km/h) Energia Gasta (kJ) Categoria 1 < 5 km 1,7 h < 2500 Muito Fácil 2 5 - 10 km 1,7 - 3,3 h 2500 -5000 Fácil 3 10 - 15 km 3,3 - 5 h 5000 - 7500 Médio 4 15 - 20 km 5 - 6,7 h 7500 - 10000 Moderado 5 20 - 25 km 6,7 - 8,3 h 10000 - 12500 Difícil 6 25 - 30 km 8,3 - 10 h 12500 - 15000 Muito Difícil 7 > 30 km > 10 h > 15000 Extremamente difícil

Elaborado por HUGO (1999).

A partir das informações da tabela 1 podemos traduzir o gasto energético

em uma trilha de superfície plana e o seu equivalente energético. Desta forma, é

possível definir os graus de dificuldade como: fácil, moderado e difícil.

Relacionando esses níveis mencionados acima foi possível confeccionar a tabela 2,

que relacionará o gasto energético com o grau de dificuldade, para leigos que não

saibam avaliar o grau de dificuldade a partir do consumo em kJ ou em kcal. Estes

poderão visualizar os níveis fácil, moderado e difícil, com uma maior facilidade de

interpretação.

Tabela 2: Grau de Dificuldade x Energia Equivalente

Categoria Descrição kJ kcal 1 Muito fácil < 1550 < 375 2 Fácil 1550 - 3100 375 - 750 3 Fácil a moderado 3100 - 4650 750 - 1125 4 Moderado 4650 - 6200 1125 - 1500 5 Moderado a difícil 6200 - 7750 1500 - 1875 6 Difícil 7750 - 9300 1875 - 2250 7 Difícil a muito difícil 9300 - 10800 2250 - 2625 8 Muito difícil a extremo 10800 - 12400 2625 - 3000 9 Extremamente difícil 12400 - 14000 3000 - 3375 10 Acima dos limites aceitáveis > 14000 > 3375

Elaborado por HUGO (1999).

Para a análise de trilhas longas que demandem mais de um dia de

caminhada, o dimensionamento do modelo da energia equivalente deve

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contemplar a análise por dia (seções da trilha de cada dia). Por exemplo, caso a

caminhada dure dois dias, primeiro será feita à análise do primeiro dia, e depois a

do segundo dia. Se na primeira parte da trilha, a mesma consumir 15.200 kJ

(extremamente difícil) e a segunda parte 9.000 kJ (difícil) o caminhante poderá se

preparar físico e emocionalmente para a primeira parte, que será mais difícil.

4.3 Uso do Geoprocessamento

A aplicação de ferramentas de geoprocessamento neste estudo foi vital na

elaboração dos mapas de declividade e na análise das bases cartográficas

utilizadas, bem como na demarcação do trajeto das trilhas.

No presente estudo, foram utilizadas as bases cartográficas do IPP (Instituto

Pereira Passos da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro) em arquivos digitais de

1999. Estas bases foram editadas no software Arcview GIS 3.2 e alguns dados

foram coletados a fim de complementar a base, a partir de trabalhos de campo.

Foram selecionadas as principais feições lineares a serem consideradas: trilhas

principais, acessos (rodovias e estradas) e curvas de nível de 5m, (COSTA, 2005 e

2006), em arquivos Shapefile.

Através do módulo 3D Analyst (Create TIN) do Arcview 3.2, foi obtido o

mapa de declividade, para as quatros trilhas trabalhadas, com as seguintes classes

em percentual: 0-2, 2-7, 7-14, 14-45, 45-100. A figura 2 exemplifica o mapa de

declividade, com destaque para a área atravessada pela trilha do Camorim. Essas

classes puderam auxiliar em um maior detalhamento do cálculo da modelagem da

energia equivalente, confirmando os valores de declividade encontrados entre as

curvas de nível.

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Figura 2: Mapa de Declividade e Trilhas: Em destaque (cor verde), trilha do Camorim (PEPB).

5. Resultados Alcançados

A seguir são apresentadas às tabelas resumidas das trilhas analisadas

(tabelas 3, 4, 5 e 6), com as variáveis utilizadas no cálculo da energia gasta

durante a travessia da trilha. Foram adotados alguns valores de constantes: a

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velocidade de caminhada foi de 3 km/h, a massa corpórea de um caminhante foi

de 90 kg e a aceleração da gravidade para a determinação do peso do caminhante

foi de 9,8 m/s2. Nas tabelas acima citadas encontram-se: a inclinação média de

cada trilha, o tempo médio de caminhada, a distância total da trilha e o trabalho

médio, ou seja, a taxa de energia média gasta no deslocamento na trilha. A análise

foi realizada separadamente na ida e no retorno da trilha, portanto a soma dos

dois trechos determina o gasto energético. Vale ressaltar que diferentes indivíduos

terão distintas condições de gasto calórico, pois o mesmo varia de acordo com o

condicionamento físico do individuo.

Tabela 3: Cálculo da Energia Calórica da Trilha do Camorim

Trilha do Camorim - PEPB Comprimento da Trilha 3300 m Massa 90 kg Largura da trilha 1,5 m Velocidade 0,833333333 m/s (3 km/h) Altitude inicial 100 m Aceleração 9,8 m/s2 Altitude final 425 m Inclinação média 13,25 º Altitude máxima 430 m Tempo Médio 1,09 horas IDA

Distância Total (m) Trabalho Médio (J/s) Tempo (s) Energia Gasta (kJ) Energia Gasta (kcal) 3270,63 1125,73 3924,76 2771,69 687,10

RETORNO

Distância Total (m) Trabalho Médio (J/s) Tempo (s) Energia Gasta (kJ) Energia Gasta (kcal) 3270,63 710,27 3924,76 1930,80 478,65

TOTAL

Energia Gasta (kJ) Energia Gasta (kcal) 4702,49 1165,75

Elaborado por PAPINI (2006).

Como podemos perceber a trilha do Camorim leva o usuário a ter um gasto

calórico de 4702,5 kJ ou 1165,75 kcal. Com base nos valores apresentados na

trilha, neste caso, a mesma passa a ser considerada como um usuário, ou seja um

referencial absoluto do grau de dificuldade em termos energéticos, apresentado

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um valor “constante” de gasto calórico, que a partir da tabela 3, define-se como

Moderado.

Tabela 4: Cálculo da Energia Calórica da Trilha do Rio Grande

Elaborado por PAPINI (2006).

Como podemos perceber a trilha do Rio Grande leva o usuário a ter um

gasto calórico de 1105,19 kJ ou 273,98 kcal, que a partir da tabela 4, define-se

como Muito Fácil.

Tabela 5: Cálculo da Energia Calórica da Trilha das Praias

Trilha das Praias - PEPB Comprimento da Trilha 1700 m Massa 90 kg Largura da trilha 1,5 m Velocidade 0,833333333 m/s (3 km/h) Altitude inicial 60 m Aceleração 9,8 m/s2 Altitude final 0 m Inclinação média -1,64 º Altitude máxima 95 m Tempo Médio 0,56 horas

Trilha do Rio Grande - PEPB Comprimento da Trilha 950 m Massa 90 kg Largura da trilha 1,5 m Velocidade 0,833333333 m/s (3 km/h) Altitude inicial 125 m Aceleração 9,8 m/s2 Altitude final 115 m Inclinação média -2,83 º Altitude máxima 155 m Tempo Médio 0,31 horas IDA

Distância Total (m) Trabalho Médio (J/s) Tempo (s) Energia Gasta (kJ) Energia Gasta (kcal) 944,18 548,78 1133,02 528,30 130,97

RETORNO

Distância Total (m) Trabalho Médio (J/s) Tempo (s) Energia Gasta (kJ) Energia Gasta (kcal) 944,18 648,10 1133,02 576,89 143,01

TOTAL

Energia Gasta (kJ) Energia Gasta (kcal) 1105,19 273,98

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IDA Distância Total (m) Trabalho Médio (J/s) Tempo (s) Energia Gasta (kJ) Energia Gasta (kcal)

1697,43 581,29 2036,92 1097,00 271,95 RETORNO

Distância Total (m) Trabalho Médio (J/s) Tempo (s) Energia Gasta (kJ) Energia Gasta (kcal) 1697,43 660,91 2036,92 1279,56 317,20

TOTAL

Energia Gasta (kJ) Energia Gasta (kcal) 2376,55 589,15

Elaborado por PAPINI (2006).

A trilha das Praias leva o usuário a ter um gasto calórico de 2376,55 kJ ou

589,15 kcal, que a partir da tabela 5, define-se como Fácil.

Tabela 6: Cálculo da Energia Calórica da Trilha do Sacarrão

Trilha do Sacarrão – PEPB Comprimento da Trilha 2050 M Massa 90 kg Largura da trilha 1,5 M Velocidade 0,833333333 m/s (3 km/h) Altitude inicial 265 M Aceleração 9,8 m/s2 Altitude final 425 M Inclinação média 11,56 º Altitude máxima 505 M Tempo Médio 0,67 horas

IDA

Distância Total (m) Trabalho Médio (J/s) Tempo (s) Energia Gasta (kJ) Energia Gasta (kcal) 2047,51 1662,06 2457,01 2137,48 529,88

RETORNO

Distância Total (m) Trabalho Médio (J/s) Tempo (s) Energia Gasta (kJ) Energia Gasta (kcal) 2047,51 1205,72 2457,01 1725,64 427,79

TOTAL

Energia Gasta (kJ) Energia Gasta (kcal) 3863,13 957,67

Elaborado por PAPINI (2006).

A trilha do Sacarrão leva o usuário a ter um gasto calórico de 3863,13 kJ ou

957,67 kcal, que a partir da tabela 6, define-se como Fácil a Moderado.

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Na tabela 7, podemos verificar o grau de dificuldade e a perda calórica

comparativa entre as quatro trilhas analisadas do Parque Estadual da Pedra

Branca.

Tabela 7: Grau de Dificuldade das Trilhas Analisadas

Trilha Descrição kJ kcal Camorim Moderado 4702,49 1165,75 Sacarrão Fácil a Moderado 3863,13 957,67

Rio Grande Muito Fácil 1105,19 273,98 Praias Fácil 2376,55 589,15

Elaborado por PAPINI (2006).

6. Considerações Finais

Ao longo do desenvolvimento do estudo e da aplicação de um modelo de

avaliação do grau de dificuldade, a proposta aqui apresentada possibilita auxiliar o

usuário de trilhas, bem como o gestor da Unidade de Conservação (PEPB) na

melhoria das informações disponíveis para as práticas e atividades físicas

(caminhada) relacionadas ao ecoturismo dos seus visitantes. Cabe ressaltar a

importância da incorporação do uso de ferramentas de geoprocessamento

(Sistema de Informação Geográfica – SIG), que proporcionou maior precisão e

agilidade na aplicação do modelo proposto.

O intuito deste trabalho foi disseminar esta metodologia e expandíla para

novas frentes de práticas do ecoturismo. Pois agências e poeradoras poderão

utilizar este recurso de forma simples e prática.

Futuramente, serão analisadas outras trilhas do Parque Estadual da Pedra

Branca, juntamente com novas variáveis físico-ambientais que irão complementar

o modelo original proposto e proporcionar avaliações cada vez mais detalhadas dos

níveis (grau) de dificuldades em trilhas.

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7. Bibliografia Citada

MINISTÉRIO DO TURISMO, Relatório de Normatização e Certificação de atividades de aventura.

Brasília, pp.14-16, 2005 – www.turismo.gov.br

COSTA, V. C. da et al. Potencial para o turismo ecológico das trilhas do Rio Grande e Camorim –

Parque Estadual da Pedra Branca, pp. 1-10, 2004 (PEPB-RJ).

COSTA, N. M. C. da. Análise do Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB), com base em

Geoprocessamento: Uma Contribuição ao seu Plano de Manejo. Tese de Doutorado. Programa de

Pós-Graduação em Geografia (PPGG) da UFRJ, Instituto de Geociências, pp. 140-160, 2002.

COSTA, V. C. da et al. O Desafio do Ecoturismo em Unidades de Conservação. GEOUERJ, Revista

do Departamento de Geografia, vol. 8, pp. 55-66, Rio de Janeiro, UERJ, 2000.

HUGO, M.L. (1998). Energy equivalent as a measure of difficulty rating of hiking trails. University of

Pretoria, pp. 1-17, 1999.

HUGO, M.L. (1999). A Comprehensive Approach Towards the Planning, Grading, and auditing of

hiking trails as Ecotourism Products. University of Pretoria, pp. 1-15, 1999.

AGUIAR, C.R; DAL POZ, W.R.; SILVA, M.R.O.; FURLANETTI, T.L.R.; MENOSSI, R.C.; DECANINI,

M.M.S.; CAMARGO, P.O., pp. 1-5, (2002). Mapeamento das trilhas ecoturísticas e integração de

dados geográficos do Parque Estadual da Ilha Anchieta.