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GRAVEL ISSN 1678-5975 Agosto - 2015 V. 13 nº 1 1-14 Porto Alegre Avaliação do Processo de Ocupação Irregular na Zona Costeira: Caso da Invasão Maria Terezinha”, Município de Jaguaruna/SC Cristiano, S.C. 1 ; Martins, E.M. 1 ; Gruber, N.L.S. 2,3 & Barboza, E.G. 1,2 1 Programa de Pós-Graduação em Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS, 2 Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica (CECO/ IGEO/UFRGS), 3 Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. E-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]. Recebido em 11 de maio de 2015; aceito em 22 de agosto de 2015. RESUMO Desde a década de 1970, ocorre um processo ilegal de ocupação em áreas de preservação e de riscos ao longo da região costeira do município de Jaguaruna/SC. Dessa irregularidade resultaram em: (i) diversos processos judiciais e reclamações devido a ocupação ilegal e a venda de “lotes” ilegais, e (ii) embargo promovido por ação do Ministério Público Federal (MPF) a partir do ano de 2011, com objetivo de suspender as atividades irregulares e, assim, proteger o meio ambiente. Dessa forma, para auxiliar nos esforços e encontrar soluções dos problemas, este estudo trata da evolução de uma ocupação ilegal junto ao Balneário do Camacho, litoral norte do município de Jaguaruna, contribuindo para a compressão de como o processo se desenvolveu. A partir da análise de imagens de satélites e visitas em campo, observou- se que a “Invasão Maria Terezinha” iniciou no início do ano 2000, e expandiu-se consideravelmente ao longo dos anos (mesmo após o embargo do MPF de 2011) em uma área úmida (banhado) que está localizada junto a um importante sítio arqueológico e um campo de dunas ativas. Conclui-se que a expansão urbana inadequada é impulsionada pela pressão do mercado imobiliário (segunda residência para o turismo de verão) e má gestão pelos órgãos públicos competentes (planejamento e monitoramento). ABSTRACT Since the 70’s, there is a continuous process of illegal occupation in environmental preservation areas and/or risk areas along Jaguaruna’s coast in Santa Catarina, resulting in: (i) several lawsuits and complaints for illegal occupation and property trading, and (ii) in the institution of an embargo by the Federal Public Prosecutors (2011) in order to stop theses irregular processes and to protect the environment. To assist the efforts to find solutions for the problems involving this concerns, in this study we report the evolution of an illegal occupation in Camacho beach littoral north of the Jaguaruna (as a contribution to the understanding of how this process took place. From satellite images and field visits, it was observed that the “settlement Maria Terezinha" started in the early 2000’s and expand considerably in the next years (even after the embargo) over a wetland, which is located near an important archaeological site and next to an active dune field. We conclude that the inadequate urban expansion is driven by real estate market pressure (second residence for summer tourism) and poor city management by the public agencies (planning and monitoring). Palavras chave: Gerenciamento Costeiro Integrado, moradias irregulares, impactos ambientais.

Avaliação do Processo de Ocupação Irregular na Zona ... · ecossistêmico. Por outro lado, com o aumento da intensidade dos impactos ambientais (quali- ... paradigma atual de

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GRAVEL ISSN 1678-5975 Agosto - 2015 V. 13 – nº 1 1-14 Porto Alegre

Avaliação do Processo de Ocupação Irregular na Zona Costeira: Caso da

“Invasão Maria Terezinha”, Município de Jaguaruna/SC

Cristiano, S.C.1; Martins, E.M.1; Gruber, N.L.S.2,3 & Barboza, E.G.1,2

1 Programa de Pós-Graduação em Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, 2 Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica (CECO/ IGEO/UFRGS), 3 Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. E-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected].

Recebido em 11 de maio de 2015; aceito em 22 de agosto de 2015.

RESUMO

Desde a década de 1970, ocorre um processo ilegal de ocupação em áreas de

preservação e de riscos ao longo da região costeira do município de Jaguaruna/SC.

Dessa irregularidade resultaram em: (i) diversos processos judiciais e reclamações

devido a ocupação ilegal e a venda de “lotes” ilegais, e (ii) embargo promovido por

ação do Ministério Público Federal (MPF) a partir do ano de 2011, com objetivo de

suspender as atividades irregulares e, assim, proteger o meio ambiente. Dessa forma,

para auxiliar nos esforços e encontrar soluções dos problemas, este estudo trata da

evolução de uma ocupação ilegal junto ao Balneário do Camacho, litoral norte do

município de Jaguaruna, contribuindo para a compressão de como o processo se

desenvolveu. A partir da análise de imagens de satélites e visitas em campo, observou-

se que a “Invasão Maria Terezinha” iniciou no início do ano 2000, e expandiu-se

consideravelmente ao longo dos anos (mesmo após o embargo do MPF de 2011) em

uma área úmida (banhado) que está localizada junto a um importante sítio

arqueológico e um campo de dunas ativas. Conclui-se que a expansão urbana

inadequada é impulsionada pela pressão do mercado imobiliário (segunda residência

para o turismo de verão) e má gestão pelos órgãos públicos competentes (planejamento

e monitoramento).

ABSTRACT

Since the 70’s, there is a continuous process of illegal occupation in

environmental preservation areas and/or risk areas along Jaguaruna’s coast in Santa

Catarina, resulting in: (i) several lawsuits and complaints for illegal occupation and

property trading, and (ii) in the institution of an embargo by the Federal Public

Prosecutors (2011) in order to stop theses irregular processes and to protect the

environment. To assist the efforts to find solutions for the problems involving this

concerns, in this study we report the evolution of an illegal occupation in Camacho

beach – littoral north of the Jaguaruna (as a contribution to the understanding of how

this process took place. From satellite images and field visits, it was observed that the

“settlement Maria Terezinha" started in the early 2000’s and expand considerably in

the next years (even after the embargo) over a wetland, which is located near an

important archaeological site and next to an active dune field. We conclude that the

inadequate urban expansion is driven by real estate market pressure (second residence

for summer tourism) and poor city management by the public agencies (planning and

monitoring).

Palavras chave: Gerenciamento Costeiro Integrado, moradias irregulares, impactos ambientais.

Avaliação do Processo de Ocupação Irregular na Zona Costeira: Caso do “Loteamento Maria Terezinha”, Município de Jaguaruna/SC

GRAVEL

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INTRODUÇÃO

Na modernidade, objetivos terapêuticos e a

busca pelo turismo de sol e mar (doravante

denominado veranismo) são os principais

atrativos das áreas litorâneas, motivados pelas

belezas cênicas singulares e por valores abstratos

(como o sentido de “pertencer/apropriar-se do

lugar” e/ou “entrar em contato com a natureza”).

Comumente essa condição é promovida e

estimulada como a principal fonte de recursos

econômicos de um território político-

administrativo (normalmente, municípios).

Entretanto, a falta de planejamento e a gestão

deficiente põem em risco a sustentabilidade da

ocupação humana. Essa situação, motivada, em

grande parte, pela ocupação sazonal da faixa

litorânea, se agrava nos períodos de intensa

ocupação (verão), pois os conflitos entre os

interesses antrópicos e a infraestrutura urbana, e

os valores e os serviços intrínsecos e

ecossistêmicos da natureza se acentuam (Portz,

2012).

Nesse contexto, a falta de planejamento

territorial se configura como um do fator

preponderante para a expansão de assentamentos

e/ou de construções irregulares, o uso e a

ocupação desregulada e inapropriada do solo, a

desfiguração paisagística e o desequilíbrio

ecossistêmico. Por outro lado, com o aumento da

intensidade dos impactos ambientais (quali-

quantitativos) e do rigor no cumprimento da

legislação de proteção ambiental (ainda

insuficiente), a falta de planejamento também

causa o redirecionamento de recursos públicos do

planejamento (prevenção) para o controle e

fiscalização socioambiental (remediação), o que

repercute como demanda por mais investimento

público (o que tem se tornado uma tarefa cada vez

mais difícil e complexa, principalmente para

municípios com limitado potencial e capacidade

orçamentária).

Esse cenário pode ser observado na zona

costeira de Santa Catarina, cujas transformações

na configuração ambiental costeira acentuaram-

se a partir da década de 1970, quando os

processos urbanizatórios começaram a se

expandir na zona costeira por um longo período

de tempo. Essa tendência, ainda que menos

acentuada, se mantém até meados da década de

2010, com o agravante de descaso com as

prerrogativas legislativas de

preservação/conservação ambiental tanto dos

empreendimentos imobiliários, com capacidade

cada vez mais rápida de transformar e

reconfigurar o ambiente costeiro (Reis, 2010),

como dos gestores públicos.

Em 2011, o Ministério Público Federal (MPF)

recomendou que os municípios abrangidos pela

Área de Preservação Ambiental (APA) da Baleia

Franca não permitissem intervenções em Áreas

de Preservação Permanente (APP). Essa medida,

apesar de extrema, foi necessária, pois a falta de

planejamento urbano e o desrespeito às

legislações de proteção ambiental colocam em

risco a própria população, a gestão municipal e a

sustentabilidade ambiental. Como o município de

Jaguaruna estava despreparado (técnica e

financeiramente) para, efetivamente,

implementar as alterações necessárias e fiscalizar

a execução judicial na jurisdição do município, o

embargo gerou insegurança social, econômica e

ambiental para a população e para os gestores

públicos municipais. Sem perspectivas otimistas

em curto prazo, a ocupação irregular de áreas

protegidas e da periferia das zonas urbanizadas

por “grilagem” e/ou “invasões” continuou, e

culminou com a degradação da paisagem

costeira, que é o substrato de um dos “motores

econômicos” do município (o veranismo). Essa

situação deflagra dois problemas recorrentes

tanto nas estratégias de Gestão Costeira

Integrada, como na tomada de decisão e de ação

no âmbito político, administrativo e/ou jurídico:

o caráter “de cima para baixo” das decisões e a

falta de comunicação efetiva entre os diferentes

órgãos e instituições públicas.

No que diz respeito às mudanças que o

município deve realizar para que o embargo seja

sustado, nesse ínterim o município criou o

Instituto Municipal de Meio Ambiente (IMAJ),

órgão ambiental responsável pelo licenciamento

ambiental, controle e fiscalização no município;

elaborou o Plano Diretor Municipal, com o

diagnóstico municipal, o planejamento e o

zoneamento urbano; e está no processo de

elaboração e implementação dos Planos

Ambiental e Sanitário do Município. Não

obstante, além da necessidade que todas as

propostas estejam consoantes com uma série

normativas, diretrizes e planos estaduais e

federais, subjaz a necessidade de uma troca do

paradigma atual de desenvolvimento municipal,

ou seja, um rearranjo institucional e

administrativo. O que ainda parece estar distante

de acontecer.

Cristiano et al.

GRAVEL

3

Como aponta Gruber et al. (2003), o

reconhecimento das características fisiográficas

da região costeira e marinha é fundamental para

o planejamento adequado da zona costeira;

conhecimento que pode subsidiar propostas que

visem a mudança do paradigma da “remediação”

pela “prevenção”. A partir disso, da compreensão

das potencialidades e das fragilidades ambientais,

da evolução da ocupação e dos conflitos da ação

antrópica em ambientes naturais, este trabalho

traz uma visão analítica do espaço (Santos, 2004),

especificamente, de um padrão-tipo de ocupação

irregular durante o pré e pós-embargo imposto

pelo MPF, a saber: o “Loteamento Maria

Terezinha”, localizado em APP e área de risco

(Balneário Camacho, Jaguaruna/Santa Catarina).

O objetivo do presente trabalho é avaliar se

medidas jurídicas como a supracitada são efetivas

para proteger o meio ambiente e inibir

ilegalidades. Ademais, na tentativa de comprovar

se avaliações básicas do espaço geográfico e do

meio ambiente podem ser executadas por

profissionais/técnicos de órgãos públicos com

limitada disponibilidade e capacidade de

investimento tecnológico, todas as atividades

foram executadas mediante o emprego de

tecnologias acessíveis e gratuitas, e avalições in

situ.

Todas as informações e análises que

compõem este trabalho serão encaminhadas

como contribuição ao projeto em execução

intitulado “Diagnóstico e Plano de Manejo das

Dunas Frontais de Jaguaruna”, que tem por

objetivo apresentar uma proposta de cenários de

gestão baseada na dinâmica sedimentar e costeira

para subsidiar o MPF na tomada de decisão para

a elaboração dos Termos de Ajustes de Condutas

sobre as futuras ações referentes ao embargo em

andamento no município. Esse Projeto é

coordenado e executado pela equipe do

Laboratório de Gerenciamento Costeiro/Centro

de Estudos em Geologia Costeira e Oceânica do

Instituto de Geociências da Universidade Federal

do Rio Grande do Sul

(LABGERCO/CECO/IGEO/UFRGS), com o

apoio da Universidade Federal de Santa Catarina

(UFSC), em parceria com a Associação de

Balneários de Jaguaruna (ABJ) e com supervisão

do Instituto do Meio Ambiente de Jaguaruna

(IMAJ); além do amplo diálogo e

comprometimento com as diretrizes do MPF

(sede de Tubarão/SC), dos gestores da APA da

Baleia Franca e da equipe técnica da Fundação do

Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina

(FATMA) e da Secretaria de Estado de

Desenvolvimento Sustentável de Santa Catarina.

ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo é a “Invasão Maria

Terezinha”, considerada informalmente como

“loteamento”, localizado no Balneário Camacho

em Jaguaruna, no Setor Centro-Sul do litoral

catarinense (SPG/SC, 2010), o qual se destaca

por sua diversidade ambiental e sua importância

cultural (Fig. 1).

A zona costeira no entorno da área de estudo

é constituída de duas unidades geológicas

principais: o Embasamento Cristalino e a Planície

Costeira (Caruso Jr., 1995). O Embasamento

Cristalino é constituído por rochas graníticas de

idade Pré-Cambriana (Caruso Jr., 1995). Horn

Filho et al. (2014) definiram dois principais

sistemas geológicos sedimentares para Planície

Costeira de Santa Catarina: continental e

transicional. O sistema deposicional continental

associado a deposição dos sedimentos

continentais ao longo do Quaternário, formando

feições de rampas e leques e planícies aluviais. O

sistema deposicional litorâneo ou transicional

resulta nos depósitos formados por sedimentos

arenosos que representam os depósitos

marinho/praial e o eólico, os quais estão

diretamente relacionados aos processos da

dinâmica costeira. Esses processos resultaram em

complexos sistemas do tipo laguna-barreira.

A Planície Costeira, localizada entre o

Embasamento e a Plataforma Continental

Atlântica, e é caracterizada como um complexo

sistema de depósitos Cenozoicos. Na porção

interna da Planície Costeira ocorrem leques

aluviais, e na porção mais externa, depósitos do

tipo Laguna-Barreira, formado pelas oscilações

do nível relativo do mar no Quaternário. Região

relacionável aos sistemas descritos por Villwock

(1984) para o litoral do Rio Grande do Sul –

sistema Laguna-Barreira III formado durante o

último período interglacial no Pleistoceno (120

ka AP), e sistema Laguna-Barreira IV formado no

Holoceno. As planícies costeiras nesta parte da

América do Sul representam períodos de oferta

abundante de sedimentos combinado com a lenta

queda do nível do mar, de aproximadamente 2,5

m desde 5,7 ka AP (Angulo et al., 2006).

Avaliação do Processo de Ocupação Irregular na Zona Costeira: Caso do “Loteamento Maria Terezinha”, Município de Jaguaruna/SC

GRAVEL

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Figura 1. Localização do Loteamento Maria Terezinha no Balneário Camacho (área circunscrita pelo polígono em

vermelho), Município de Jaguaruna, Santa Catarina, Brasil. Ao oeste do polígono, o sambaqui Garopaba

do Sul. Fonte das imagens: ESRI (2015).

O modelo paleogeográfico da área de estudo

foi sintetizado por Vieira et al. (2009) em cinco

estágios evolutivos: regressão do Pleistoceno

inferior; transgressão do Pleistoceno superior;

regressão após o máximo do Pleistoceno

superior; transgressão do Holoceno; e regressão

do Holoceno. Ainda, Fornari (2010) e Fornari et

al. (2012) caracterizaram a sucessão sedimentar

holocênica da região baseado no preenchimento

de uma paleobaía, formada pelas atuais lagunas

do Camacho, Garopaba do Sul e Santa Marta.

Porém, Martins et al. (2014) e Barboza et al.

(2014) propõem um outro modelo evolutivo para

a área de estudo. Essa nova proposta elaborada a

partir de dados de Sensoriamento Remoto e

Geofísica caracteriza o comportamento da

barreira costeira holocênica, em escala de

décadas e milênios com um comportamento

transgressivo, ou seja, os sistemas estão

retrogradando.

A barreira costeira, onde se situa a área de

estudo, é composta por um mosaico de ambientes

atuais, com ocorrência de: campo de dunas,

planície de deflação, lagoas, banhados e alagados

temporários, além dos ambientes antrópicos

como a ocupação urbana moderna e o Sambaqui

Garopaba do Sul (Fig. 2) (Cristiano, 2014).

Martinho (2004) afirma que atualmente o sistema

de dunas transversas de Jaguaruna está reduzido

entre o canal artificial da Lagoa do Camacho e o

Balneário Dunas do Sul. Há alto influxo

sedimentar eólico da região ao sul do cabo de

Santa Marta, o que não permite a formação e

fixação de dunas frontais, mas, sim, de grandes

dunas transversas, que migram paralelamente à

linha de costa, em direção aproximadamente

longitudinal ao vento principal (Martinho, 2004)

e com vetor resultante no sentido do oceano

(Martins et al. (2014).

O campo de dunas que se estende em frente

da ocupação Maria Terezinha é composto

principalmente por dunas barcanas (Fig. 3A) e

cadeias barcanóides, intercaladas por planícies de

interdunas (Fig. 3B) (Cristiano, 2014),

classificadas como transversas por Martinho

(2004) e Fornari (2010). Dunas de sombra e

nebkhas podem ser formadas nas planícies de

interdunas, bem como, áreas alagadas, geradas

por processos de sobrelavagem do pós-praia

(Cristiano, 2014).

Cristiano et al.

GRAVEL

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Figura 2. Campo de dunas ao Sul da ocupação Maria Terezinha; ao fundo, à direita, o Sambaqui Garopaba do Sul.

Figura 3. Sistemas de dunas costeiras da área de estudo: A) Duna barcana migrando no sentido NE – SW; B)

Ambientes de interdunas: nebkas, alagado de sobrelavagem e planície. Fonte: Cristiano (2014)

MÉTODO DE ANÁLISE

A proposta metodológica adotada pode ser

dividida em cinco etapas:

i) Seleção de um padrão-tipo de ocupação

irregular: o Loteamento Maria Terezinha foi

selecionado como objeto de estudo, além de

representar adequadamente o processo de

ocupação irregular que ocorre na região desde os

anos 2000, por ser facilmente identificável nas

imagens de alta resolução disponíveis e pelo

conhecimento prévio de que todas as residências

do loteamento são irregulares, pois a ocupação

irregular também ocorre atomizada no interior

e/ou e na periferia de loteamentos legalizados,

mas a corroboração da irregularidade do

assentamento pelos ocupantes da residência é

difícil pelo constrangimento individual e pela

aflição social em relação à legislação penal e

ambiental vigentes.

ii) Revisão bibliográfica e mapeamento da

evolução da ocupação humana na Invasão Maria

Terezinha: o mapeamento da evolução da

ocupação foi realizado entre os anos de 2003 e

2014 através de imagens de alta resolução

disponíveis no software Google Earth Pro®

(GOOGLE Inc., 2015). O pequeno deslocamento

Avaliação do Processo de Ocupação Irregular na Zona Costeira: Caso do “Loteamento Maria Terezinha”, Município de Jaguaruna/SC

GRAVEL

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que existe entre as imagens não inviabiliza a

proposta, pois a precisão e acurácia não são o

objetivo principal do trabalho, mas a

identificação e localização da ocorrência de

infraestruturas residenciais.

iii) Campanhas de reconhecimento e/ou

aferição in loco da evolução da ocupação humana

no loteamento e mapeamento de conflitos: a

Invasão Maria Terezinha foi monitorada entre

2012 e 2015 com, ao menos, uma campanha por

ano. Nessas oportunidades, foram observados o

padrão de ocupação, a infraestrutura urbana, os

equipamentos urbanos e a qualidade das

residências. No que refere o mapeamento de

conflitos, foram considerados conflitos aquelas

práticas e/ou atividades e/ou condições de uso e

ocupação do solo, e organização territorial que

põem em risco a manutenção dos elementos, da

dinâmica e dos processos ambientais e, inclusive,

a ocupação e manutenção das atividades

antrópicas; e que estão em discordância com a

legislação e normativas vigentes e/ou com os

instrumentos e planos de gestão;

iv) Participação em encontros referentes ao

gerenciamento costeiro de Santa Catarina: como

forma de obter maiores informações e auxiliar na

gestão costeira do Estado, participou-se de

reuniões e audiências para discussão dos

andamentos do Plano de Manejo de Dunas de

Jaguaruna, como representantes da UFRGS.

Foram oito reuniões requeridas pelo MPF e uma

Assembleia Pública, onde estavam presentes

representantes órgãos como: FATMA (Fundação

do Meio Ambiente de Santa Catarina), IMAJ

(Instituto do Meio Ambiente de Jaguaruna), APA

da Baleia Franca, ABJ, Câmara de Vereadores de

Jaguaruna, Câmara dos Deputados, entre outros.

v) Voos com VANT (veículo Aéreo Não

Tripulado) para verificação da condição de

aumento da ocupação irregular.

vi) Análise em escritório: na última etapa

do trabalho, todas as informações levantadas

foram cruzadas, avaliadas e geoprocessadas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Pode-se perceber uma sucessão de causas e

efeitos, tanto sobre o ambiente natural, quanto

sobre o comportamento da ocupação objeto de

estudo. A seguir são discutidos e expostos os

resultados sobre o processo de ocupação, os

conflitos no Loteamento Maria Terezinha e a

efetividade do embargo.

Processo de Ocupação

O loteamento que originou o “Maria

Terezinha” foi criado na década de 1970, na área

hoje conhecida como Balneário Camacho, com o

parcelamento de APP’s e áreas da União.

Contudo, não houve a implantação de

infraestrutura urbana, apenas a implantação

parcial do loteamento, provavelmente dificultado

pela dinâmica costeira e características naturais

(áreas ambientalmente frágeis, compostas por

banhados, campos de dunas móveis e sambaquis).

Alguns dos lotes do referido loteamento foram

comercializados legalmente, outros, no entanto,

foram comercializados ou novamente

comercializados ilegalmente, o que deu origem,

de fato, ao “Maria Terezinha”.

A ocupação se dá nas adjacências da Rua da

Plataforma, ao lado de um dos maiores sambaquis

do mundo: o Garopaba do Sul. Ao fim da Rua da

Plataforma, junto à praia, encontram-se ruínas de

uma plataforma de pesca inacabada (Fig. 4A).

Para a manutenção do acesso de veículos à praia,

pela Rua da Plataforma - com caráter de apoio a

pesca e veículos oficiais de salvamento e

fiscalização - há o aterramento do sistema eólico

com saibro; no entanto, o acesso é irrestrito, pois

não existe nenhum controle (Fig. 4B). Por esse

acesso também ocorre o escoamento de marés de

tempestade, que colocam em risco as residências

próximas, tanto pela percolação de água

impedindo o escoamento, quanto pelo abalo de

estruturas pela força e corrosão das águas salinas.

Este trecho de orla é classificado por Cristiano

(2014) como em processo de degradação, com

vulnerabilidade do sistema de dunas sobre o

limiar de resiliência.

Em denúncia do MPF à 1ª Vara Federal de

Tubarão, consta que três pessoas firmavam, entre

2007 e 2014, diversos contratos fraudulentos de

compra e venda de terrenos em um loteamento

falso - o supracitado, “Maria Terezinha”. O

loteamento não existe perante o Poder Público,

além de situar-se dentro da APA da Baleia Franca

e em APP, o que impossibilita a instalação legal

de energia elétrica. Os denunciados nunca

tiveram o domínio legal da área e convenciam os

compradores da regularidade do local, o que

constitui crime contra a Administração Pública

conforme o artigo 50 da Lei nº 6.766/79, além de

serem responsáveis por incentivar a ocupação

desordenada do solo, com danos a APP’s e a APA

federal.

Cristiano et al.

GRAVEL

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Figura 4. Setor praial junto a área de estudo: A) Ruínas da construção e uma plataforma de pesca marítima; B)

Final da Rua da Plataforma nas proximidades das ruínas da plataforma, com aterramento de saibro

sobre o sistema eólico.

Ainda, segundo a denúncia, existem mais de

70 casas no local com instalações clandestinas de

energia elétrica. Conforme comunicação oral do

Exmo. Promotor de Justiça Federal Daniel

Ricken, em 2015 existiam em 93 casas ligadas a

sete unidades consumidoras de energia, fato

preocupante pelo risco de morte (perigo de

incêndios devido a curto circuito), pois muitas

dessas ligações clandestinas são enterradas em

uma área alagadiça, o que potencializa o risco à

vida humana por eletrocussão. Como forma de

não colocar mais vidas em risco, o MPF decidiu

pela ligação de energia em algumas residências

onde foram comprovadas, junto à Assistência

Social municipal, a residência fixa e a

necessidade da ligação de luz elétrica (Fig. 6D).

Na Figura 5 é ilustrada a evolução

ocupacional do Loteamento Maria Terezinha, a

partir da comparação de imagens históricas

disponíveis no Google Earth Pro®, entre os anos

de 2003 e 2014, onde contabilizaram-se as

ocupações por ano (Fig. 5A) e, para uma melhor

ilustração da problemática, elaborou-se uma

composição com as imagens (Fig. 5B).

Somavam-se apenas três residências em 2003,

triplicando até 2009, com 39 casas, chegando a

62 em 2013 e 76 ocupações em 2014. Conforme

supracitado, em 2011 o Ministério Público

Federal recomendou que os municípios inseridos

APA da Baleia Franca não autorizassem

intervenções em APP’s. Contudo, as imagens

evidenciam a contínua ocupação irregular das

APP’s devido à fiscalização insuficiente.

Diversos fatores podem ter promovido a

ocupação e o uso do solo de forma desordenada

no Balneário Camacho, mas é fato que o desejo

de ter uma propriedade na praia, aliado à um

preço cômodo em um loteamento já ocupado em

área ilegal e a fiscalização pública deficitária, cria

uma conjuntura que motiva a ocupação da

“Invasão Maria Terezinha”. Quando os “lotes”

são “adquiridos” (na maioria das vezes para fins

de segunda residência) as condições de “proteção

versus risco” legal causa “receio” nos

compradores dos lotes, os quais preferem

construções baratas e rápidas de implementar

(muitas vezes trazidas em caminhões, como

mostra a Fig. 6A), para posteriormente melhorar

a infraestrutura (Fig. 6C). Na Figura 6B pode ser

observado o baixo padrão arquitetônico do

assentamento e que todas as residências se

encontram fechadas, destacando-se a finalidade

de uso ocasional. Salienta-se que as construções

A

B

Avaliação do Processo de Ocupação Irregular na Zona Costeira: Caso do “Loteamento Maria Terezinha”, Município de Jaguaruna/SC

GRAVEL

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Figura 5. Evolução da ocupação irregular do “Loteamento Maria Terezinha” por sensoriamento remoto, com

imagens históricas disponíveis no Google Earth Pro®, entre os anos de 2003 e 2014: A) mapeamento

das ocupações; B) composição de imagens históricas, para ilustração do processo de ocupação. Fonte

das imagens: Google Inc. (2015).

A

B

Cristiano et al.

GRAVEL

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apresentam condições de saneamento básico

precárias e ligações clandestinas de energia

elétrica, o que coloca em risco a vida e a

qualidade de vida de todas as pessoas que ocupam

o local; além de infringirem a lei. Na Figura 6D

consta a mensagem colocada no interior dos lotes

ocupados com a mensagem “Área de Preservação

Permanente. Proibidas novas construções.”. Foi

observado indiretamente, assim como foi

relatado pelos técnicos responsáveis pela

fiscalização ambiental do município, o aumento

das atividades de construção civil, reformas e

alocação de residências em finais de semanas e à

noite.

Figura 6. Processos de ocupação antrópica na “Invasão Maria Terezinha”: A) Transporte de casa de madeira em

caminhão (facilita a ocupação de áreas irregulares); B) Baixo padrão arquitetônico, mas rápida

“territorialização” do lote; C) Edificações com padrão de construção mais aprimorado (e típico de

segunda residência); D) Placa de advertência no interior dos terrenos do loteamento com informes

legais.

Ao longo dos trabalhos de campo também foi

registrada a expansão da ocupação irregular do

Maria Terezinha por intermédio de fotos: no

primeiro trabalho de campo, em novembro de

2012, a ocupação era mais densa nas

proximidades da Rua da Plataforma (Fig. 7A); em

novembro de 2013, observa-se um avanço de

casas mais próximas ao sambaqui (Fig. 7B); em

setembro de 2014, há o adensamento desta

ocupação (Fig. 7C).

CONFLITOS IDENTIFICADOS

Os principais conflitos observados foram:

ocupação de áreas impróprias (APP’s e de risco);

uso inadequado da geodiversidade local; ausência

de controle de veículos motorizados; e, alteração

da dinâmica costeira.

Ocupação de áreas impróprias e uso

inapropriado da geodiversidade local

As figuras 5 e 8 evidenciam que o

assentamento em questão se aloca sobre APP’s e

áreas de risco de inundação; com o agravante pela

ocorrência de ligações de energia elétrica

clandestinas subterrâneas.

O Sambaqui Garopaba do Sul (Fig. 2), com

idade entre 3.640-2.748 AP cal. (Kneip, 2004)

(mais antigo que o Coliseu de Roma) se configura

como um importante objeto geográfico da

paisagem jaguarunense e um ícone da

geodiversidade local (um geossítio em potencial).

Não obstante, as suas dimensões (22 m altura,

outrora 50 m antes de sua mineração para

diversos fins – 6,2 ha superficiais) e a ausência de

regulamentação e controle do poder público local

resultam na sua degradação por veículos offroad

(principalmente, motos).

A

B

C

D

Avaliação do Processo de Ocupação Irregular na Zona Costeira: Caso do “Loteamento Maria Terezinha”, Município de Jaguaruna/SC

GRAVEL

10

Figura 7. Acompanhamento fotográfico da evolução da ocupação irregular da “Invasão Maria Terezinha”,

Balneário Camacho – SC, com a análise de fotos capturadas de cima do Sambaqui Garopaba do Sul

entre os anos de 2012 e 2014, com identificação de uma casa em vermelho como ponto de referência.

Ausência de controle de veículos motorizados

Existe na região a cultura de veículos offroad,

que tem como pista de rolagem importantes sítios

arqueológicos do litoral, além das dunas e praias.

O impacto desta atividade não foi mensurado,

mas os rastros podem ser vistos em grande

densidade nos diferentes ambientes ao longo do

mosaico natural presente no balneário Camacho,

assim como o ruído dos motores, que podem

perturbar a fauna.

Alteração da dinâmica costeira

Nos estudos realizados para a elaboração do

“Diagnóstico do Plano de Manejo das Dunas

Frontais de Jaguaruna” foi observado em dados

obtidos por Georradar (GPR, acrônimo em inglês

para Radar de Penetração no Solo), que a barreira

holocênica do Balneário Camacho possui

comportamento retrogradacional, recobrindo

parte das lagoas Garopaba do Sul e Camacho

(Barboza et al., 2014; Martins et al., 2014), o que

Cristiano et al.

GRAVEL

11

caracteriza uma linha de costa transgressiva

(erosão). Ademais, estes estudos também

identificam que a migração das dunas é em

direção ao mar. Tais características aliadas à

manutenção artificial do canal da Lagoa do

Camacho e ao manejo inadequado da dragagem

(discrepante em relação à dinâmica sedimentar,

pois não reinserem o material dragado ao

sistema), que alteram as condições naturais da

dinâmica sedimentar da região, põem em risco a

perenidade dos objetos geográficos que

caracterizam a paisagem local e, também e

consequentemente, a geodiversidade local.

Figura 8. Ocupações inapropriadas da “Invasão Mara Terezinha”: A) Vista aérea obtida a partir de voo do

VANT, no círculo tracejado em vermelho, obseva-se a ocupação sobre a área de APP (banhados),

bem como sua localização junto ao campo de dunas e a área do sambaqui, sobre o qual está localizada

a tomada da foto; B) detalhe da ocupação de casa sobre área com alagamento; B) ocupação de áreas

protegidas, note-se as cercas delimitando os “lotes” a uma distância inferior a 200 m do sambaqui (ao

fundo) (existe uma lei municipal que estipula um perímetro de proteção de 200 m no entorno dos

sambaquis).

EFETIVIDADE DO EMBARGO

As dificuldades do gerenciamento costeiro no

Brasil resultam da sua organização político-

administrativa territorial, com abundância de

instituições, processos, normas e controles, como

bem aponta Scherer et al. (2009). Na gestão

costeira, onde a sobreposição de

responsabilidades e competências é intensa; onde

a dinâmica ambiental é complexa, constante e

recente (não estabilizada); e, onde os gestores e

técnicos devem ter conhecimento especializado

Avaliação do Processo de Ocupação Irregular na Zona Costeira: Caso do “Loteamento Maria Terezinha”, Município de Jaguaruna/SC

GRAVEL

12

(mas não específico) e capacidade de análise

holística, a aplicação do devido “rito processual

legal” torna-se no “devido processo legal

infinito”, onde as decisões, muitas vezes, se

definem pela relação entre insistência e

desistência, conforme discutido em reunião com

o MPF e outras entidades.

A Figura 9 mostra a evolução da ocupação no

Loteamento Maria Terezinha em números, onde

é possível observar um crescimento acentuado no

número de infraestruturas, principalmente entre

2009 e 2010, mas como esse processo acorreu

sobre APP’s e área de risco, no ano seguinte foi

instituído o embargo.

Figura 9. Evolução da ocupação humana no

Loteamento Maria Terezinha entre 2003

e 2014.

Após o embargo, o número de novas casas

construídas decresceu anualmente. Não obstante,

a continuidade da medida jurídica sem

perspectiva de resolução, boa ou ruim (baixa

efetividade), tem causado, principalmente a partir

de 2014, um sentimento de descrédito na

população. O que tem se configurado no início da

relação “insistência – desistência”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O caso discutido neste trabalho é um grande

candidato a entrar no “devido processo legal

infinito” caso as ações de gestão costeira pela

esfera municipal não culminem com subsídios

norteadores aos Termos de Ajuste de Conduta

(TAC) que visem solucionar e/ou minimizar: os

problemas e os passivos ambientais e antrópicos;

e os conflitos entre os interesses antrópicos e

valores intrínsecos e ecossistêmicos da natureza

(diretrizes do MPF). As ações judiciais de per si,

nos moldes apresentados neste trabalho, se

desacompanhados do interesse público municipal

e estadual, tem caráter instantâneo e de curto

prazo, e sua efetividade tende a perder crédito

com o passar do tempo; principalmente se a

população afetada não conseguir antever no

futuro quaisquer perspectivas de resolução, sejam

boas ou ruins.

Baseando-se nos dados levantados neste

estudo, verifica-se que devem ser buscados

outros meios de desenvolvimento, mais

sustentáveis e compatíveis com as características

locais. As alternativas que o município construiu

e propôs até o momento da elaboração deste

trabalho tem colaborado para a mudança no

paradigma do desenvolvimento municipal. No

entanto, ainda está em um estágio inicial, pois a

“lógica social e econômica” que envolve a

ocupação por/para a “segunda residência” ainda é

o principal foco econômico local. Ademais,

constatou-se que a relação entre a cultura

econômica do veraneio em um ambiente que atrai

naturalmente a ocupação humana e as motivações

derivadas de ações ilegais pela falta de controle e

fiscalização prejudicam tanto a sustentabilidade

da relação homem – natureza, como a

administração púbica. Portanto, a mudança de

paradigma configura-se como positiva para os

âmbitos sociais (indivíduo), ambientais

(contexto) e público (coletividade).

Com as campanhas a campo e a utilização de

softwares comuns e de fácil acesso, foi possível

realizar análises ambientais e espaciais básicas

que contribuem para o planejamento e a gestão

urbana. Cabe frisar que a carência de

equipamentos e condições de trabalho,

dificuldade comumente relatada por técnicos e

por gestores públicos, é uma condição que

dificulta a tomada de decisões de forma célere e

precisa. No entanto, pela estratégia proposta neste

trabalho, foi possível observar que técnicos e

gestores podem realizar avaliações básicas e

valiosas sobre o território apenas ao aplicar o

conhecimento profissional com a utilização de

alternativas de baixo custo. Dessa forma,

recomenda-se:

• Valorizar a natureza local e fomentar o

desenvolvimento sustentável do ecoturismo e de

setores econômicos associados. A criação de uma

Cristiano et al.

GRAVEL

13

Unidade de Conservação é uma solução que traz

benefícios diretos e indiretos para a comunidade

local;

• Promover a melhoria na infraestrutura

urbana e sua adequação ao meio ambiente para

atender as demandas turísticas e de

sustentabilidade;

• Incentivar a geração de renda de

maneira harmônica e compatível com o meio

ambiente, como a geração de energia eólica; e,

• Estimular a pró-atividade e fomentar a

capacitação dos servidores e gestores públicos,

pois análises ambientais e espaciais básicas que

auxiliam o planejamento e a gestão pública

podem ser realizadas com baixo custo.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à CAPES, pelas bolsas de

estudos de Pós-Graduação que permitiram a

elaboração do presente trabalho, aos colegas e

professores do PPGGEO e

CECO/IGEO/UFRGS, e pela coordenação do

Projeto “Diagnóstico e Plano de Manejo das

Dunas Frontais de Jaguaruna”

(LABGERCO/CECO/IGEO/UFRGS) pelo apoio.

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