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Avaliação do risco de degradação daqualidade da água em baciashidrográficas agrícolas em situação decheia
Maria da Conceição GonçalvesInstituto Nacional de Investigação Agrária e Veteri nária, I.P.Ex Estação Agronómica Nacional (Solos)Av. da República, Quinta do Marquês, 2784-505 OeirasEmail: [email protected]
Estudo realizado no âmbito dos projetos SOE1/P2/F146 AGUA FLASH e PTDC/AGR-AAM/098100/2008 EUTROPHOS
Introdução
As cheias são fenómenos naturaisresponsáveis pelo transporte de sedimentose nutrientes para as linhas de águaOriginam picos de poluição que podemdurar de poucas horas a alguns dias epodem conduzir à eutrofização dos rios ereservatórios e à contaminação da águapotável
No caso do sudoeste Europeu, devido áscaracterísticas do clima, dos solos e do usoda terra, as cheias têm um contributo muitoimportante para a remoção de sedimentos,pesticidas, fósforo e azoto do solo,originando uma consequente degradaçãodo solo e da água
• O fósforo que é um fator limitante para aprodução primária é transferido dos solosagrícolas ligado às partículas do solo,através do escorrimento superficial e daerosão do solo
• O azoto também muito importante naprodução autotrófica, nomeadamente naforma de nitratos, é fundamentalmentetransportado nas águas de drenagem.
• Devido ao caracter esporádico das cheias, os
picos de poluição podem escapar aos sistemas de
monitorização clássicos, baseados em
amostragens sazonais ou mesmo mensais
• Também a monitorização não fornece informação
da fonte dos sedimentos ou nutrientes
• A histerese verificada na relação concentração-
descarga pode ser analisada para obter aquela
informação
Histerese
• Sentido horário – O pico deconcentração chega antes do picoda cheia• Entradas rápidas do elemento norio - locais próximos
• Sentido anti-horário – O pico deconcentração chega depois do picoda cheia• Transferência para o rio mais lentae difusa - de locais mais afastados
• A histerese para uma dada descarga é caracterizada pordiferenças na concentração de um elemento no ramo ascendentee descendente do hidrograma• As relações entre a variação da concentração-descarga pode mresultar em trajetórias no sentido horário ou no sentido anti-horário
Objectivos
• Estudar a evolução da qualidade da águadurante eventos de cheias, ocorridos emcondições hidrológicas e estações do anodiferentes
• Interpretar a histerese para determinar aorigem dos sedimentos, nutrientes epesticidas
Locais de estudo
Bacia hidrográfica do Enxoé a montante do reservatório (60 km2)
Água
Outros usos da terra
Povoação
Pastagens permanentes
Culturas anuais (17%)
Olival (18.3 %)
Montado (17.6 %)
Land use:
Rio Enxoé com 9 kmAltitude média 200 m
Others
Luvisols
Cambisols
Fluvisols
Soils:
Vertisols
Calcisols
Outros
Luvissolos (47%)
Cambissolos (28%)
Fluvissolos
Soilos:
Vertissolos (4%)
Calcissolos (13%)
Solos da bacia hidrográfica do Enxoé
)
O rio Enxoé no fim da Primavera (rio temporário)
O rio Enxoé após as primeiras chuvas
O rio Enxoé após uma cheia
Local do estudo
Monitorizações na bacia do Enxoé
0
5
10
15
20
25
30
24-9-10 22-10-10 19-11-10 17-12-10 14-1-11 11-2-11 11-3-11 8-4-11 6-5-11
Time (d)
Dis
char
ge (
m3 s
-1)
0
5
10
15
20
25
30
35
Pre
cip
itat
ion
(m
m)
Discharge Sampling Precipitation
Oct. 10
Feb. 11
Mar. 11
Apr. 11
Oct. 10
Precipitação (mm) e descarga (m3 s-1) no rio Enxoé entre Outubro 2010 e Junho 2011.
0
5
10
15
20
25
30
24-09-10 22-10-10 19-11-10 17-12-10 14-01-11 11-02-11 11-03-11 08-04-11 06-05-11
Time (d)
Dis
char
ge (
m3 s
-1)
0
250
500
750
1000
1250
1500
SS
C (
mg
L-1
) T
urbi
dity
(N
TU
)
Discharge SSC Turbidity
Descarga, concentração de sólidos suspensos (SSC) e turbidezmonitorizados entre Outubro 2010 e Junho 2011
0
5
10
15
20
25
30
24-09-10 22-10-10 19-11-10 17-12-10 14-01-11 11-02-11 11-03-11 08-04-11 06-05-11
Time (d)
Dis
char
ge (
m3 s
-1)
NO
3- (mg
L-1
)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
TP
, SR
P, P
P (
mg
L-1
)
Discharge NO3- TP SRP PP
Descarga, concentações de nitratos (NO3-), de fósforo total (TP),
particulado (PP) e solúvel reactivo (SRP) observadas entre Outubro2010 e Junho 2011.
HISTERESE
1st Fall flood (October 2010)
0
300
600
900
1200
0 1 2 3 4
SSC
co
nce
ntr
atio
n (
mg
L-1)
1st Fall flood (October 2010)
0
20
40
60
80
0 1 2 3 4
NO
3-co
nce
ntr
atio
n (
mg
L-1)
Late Winter flood (March 2011)
0
300
600
900
1200
0 5 10 15 20
Exemplos de curvas de histerese obtidas
Late Winter flood (March 2011)
0
3
6
9
12
15
0 3 6 9 12 15Q (m3 s-1)Q (m3 s-1)
O padrão da histerese alterou-se ao longodo ano:
• SSC, TP e PP - trajectória horária nascheias do Outono até meio do Inverno eanti-horária no fim do Inverno e Primavera
• SRP apresentou trajectórias mistasdependendo da cheia e de práticas defertilização locais
• NO3- trajectória anti-horária
• O comportamento dos elementosparticulados foi diferente dos elementossolúveis
• Os particulados chegaram muitorapidamente ao rio, tendo sido arrastadosessencialmente de locais próximos
• Os solúveis chegaram mais lentamente aorio, por difusão lenta, a partir de locais amontante
Carta de risco potencial de erosão do solo obtida com o modelo PESERA
Modelo conceptual para a fonte de transporte dos sedimentos e nutrientes na bacia hidrográfica do rio Enxoé
.
Estação do ano
Elementos particulados(SSC, TP, PP)
Elementos solúveis(SRP, NO3
-)
Fonte Transferência Fonte Transferência
Outono a meio do Inverno
Margens e leito do rioCampos de cultivo
Escoamento superficial
Campos de cultivo
EscoamentosuperficialEscoamentosub-superficial
Fim do Inverno à Primavera
Campos de cultivo
Escoamento superficial
Campos de cultivo
Escoamento superficial(SRP)Escoamento sub-superficial(NO3
-)
.
Conclusões
• Os valores máximos para todos os elementos
foram sempre observados durante as cheias
• As cheias de Outono foram as que apresentaram
valores mais elevados, devido à erosão provocada
por chuvas intensas e operações de lavoura
• Os valores de TP encontrados no rio foram
sempre superiores ao limite para classificação das
águas de superfície como eutróficas (>0.035 mg L-1 )
• Encontrou-se um valor de NO3- superior ao limite
estabelecido para o consumo humano (<25 mg L-1)
Os agricultores da bacia hidrográfica do Enxoé estãoconscientes dos problemas da eutrofização acentuada doreservatório mas acreditam que o seu nível trófico é umaconsequência da sua morfologia (pequena profundidade)associada à matéria orgânica que foi lá deixada durante aconstrução e não uma consequência dos nutrientestransportados pelo rio.
No entanto, como resultado deste estudo, verificou-se queuma medida prática para atenuar a eutrofização noreservatório do Enxoé seria a da proteção das margens do riodo pastoreio, com a consequente prevenção da suadegradação e redução de depósitos de sedimentos no leito dorio