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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOCENTE
Ao pensar sobre avaliação não podemos falar em um modelo que seja perfeito, a
ponto de contemplar todas as especificidades de uma avaliação coerente, porém este não
deve ser um detalhe para que não se avalie. Tentar conhecer, discutir e analisar a
importância da avaliação, assim como alguns modelos de avaliações pode ser uma
estratégia eficaz para encontrar uma solução justa em relação a avaliação.
Há uma grande diversidade de modelos de avaliação espalhados por vários
segmentos de ensino em diferentes países. O modelo de avaliação é determinado segundo
a política e visão de cada lugar.
Em Lisboa no ano de 2007 houve uma conferência internacional cujo tema foi “Avaliação
de professores: visões e realidades” no qual foi discutido e princípios que são norteadores a
avaliação docente, sendo o primeiro principio de reconhecer o mérito de cada professor
através de mecanismos que possam analisar o desempenho por meio de provas de
ingresso, avaliação regular de desempenho, possibilidade de progressão. Isto fica mais
claro na Ata da Conferência Internacional com o seguinte trecho:
[...] o princípio organizador do ECD: o da necessidade de distinguir, a partir da avaliação de
desempenho, o trabalho concreto feito pelos professores e retirar todas as conseqüências
dessa distinção. (RODRIGUES, 2007, p. 8)
A pessoa incumbida de avaliar os professores precisa ter consciência da
responsabilidade diante da avaliação. Esta precisa analisar todo o processo e efetivamente
analisar toda a parte e não apenas o processo ou que está visível.
Este próximo princípio baseia-se na necessidade de criar um equilíbrio entre a dimensão
profissional, em que avaliação depende do respeito pela autonomia e o reconhecimento da
experiência, e a dimensão organizacional o qual requer a percepção da missão e os
objetivos da instituição de ensino. Na avaliação os fatores profissionais e também a questão
organizacional precisam ser levados em consideração para que a avaliação seja coerente.
Na Ata de conferência também há registrado três diferentes práticas de avaliação de
professores que ocorrem em países diferentes. Conhecê-las nos trará novos subsídios para
agregar novas experiências em relação à prática que vivenciamos sobre a avaliação.
Perspectiva Irlandesa:
Anne O’Gara (Marino Institute of Education, Irlanda) faz um apanhado em relação as
especificidades da avaliação na Irlanda e constata que a mesma visa: identificar boas
práticas nas escola, acompanhar a qualidade da educação oferecida pelas escolas, fornecer
a auto-avaliação e a formação dos educadores e avaliar o sistema educativo para que se
possa elevar a qualidade.
Na Irlanda há o que eles chamam de inspetores que são pessoas preparadas para
acompanhar o trabalho realizado pela equipe educativa e desta forma conquistar a
promoção da qualidade de ensino buscando melhoria tanto da prática educativa como
também da melhoria dos resultados de aprendizagem das crianças. Há também a
participação da comunidade escolar que ajuda avaliar o que precisa ser melhorado nas
escolas.
O Inspetor realiza visitas nas escolas e uma de suas funções é discutir, avaliar e
sugerir situações relacionadas ao, planejamento e registros das aulas; gestão e organização
das salas; ensino como um todo e currículo.
Na Ata da Conferência, Anne O’ Gara (2007, p. 55) relata que:
O consenso dos comentadores nacionais e dos empregadores multinacionais é o de
reconhecerem que a qualidade do sistema educativo tem sido um factor importante para o
impressionante progresso econômico da Irlanda na última década. É amplamente
reconhecido que a qualidade da aprendizagem da criança se apóia na qualidade dos
professores da escola. É sabido que na Irlanda beneficiamos do facto de o ensino ser
socialmente reconhecido e do facto de a profissão continuar a trair para as suas fileiras
pessoas talentosas e de elevada craveira.
A Irlanda é um país que tem investido muito na formação dos professores e
consequentemente esta ação acaba refletindo nos resultados obtidos com relação a
aprendizagem dos alunos.
Perspectiva Espanhola:
Nesta perspectiva Carmem Sánches Álveres (chefe do serviço de Inspeção educativa das
Astúrias, Espanha) Aborda questões relacionada ao desenvolvimento do processo de
avaliação dos professores na Espanha.
O sistema educativo da Espanha preocupa-se com a promoção da qualidade da
prática educativa e os resultados em relação a aprendizagem dos alunos. Os Objetivos da
avaliação são: reconhecer boas intervenções pedagógicas, manter a qualidade de ensino
nas escolas, desenvolver a auto-avaliação e a formação pessoal dos professores e
acompanhar tudo o que envolve os sistemas educativos.
Na avaliação realizada nas escolas o professor é avaliado não somente na prática
individual, mas também em seu envolvimento com toda a proposta escolar também coletiva.
Tanto os professores, como a comunidade escolar e a administração podem participar da
elaboração dos planos da avaliação, elegendo critérios que sejam pontuais e eficazes.
Os professores também podem requerer uma licença para realizar alguma formação,
seja um mestrado, doutorado, um trabalho de investigação ou até mesmo para aprender
uma língua. Os interessados passam por um processo de seleção bem acirrada.
Os diretores escolares também são avaliados no final do seu mandato para que seja
possível constatar se os mesmos irão permanecer ou não em seus cargos. Além de auto-
avaliações, a equipe de professores assim como a comunidade escolar também é
entrevistada para que possam se posicionar a respeito da prática dos diretores. São
realizadas várias outras etapas neste processo.
A Inspeção Educativa das Astúrias obteve a certificação de qualidade ISO9001:2000
pelo seu excelente desenvolvimento na supervisão dos trabalhos educativos.
Perspectiva Austríaca:
Günter Schmid (Escola Sir Karl Popper, Áustria) traz contribuições significativas em
relação a Avaliação de Professores na Áustria.
Na Áustria a avaliação dos professores era realizado pelo setor administrativo e
depois passou a ser uma prática do diretor da escola. O papel do diretor passou por
mudanças cruciais onde o mesmo deixou de ser uma “administrador” e passou a ser um
“gestor da qualidade”.
Para realizar a avaliação dos professores o diretor faz uso de um formulário
designado: “Relatório do Director sobre o desempenho do professor” que aborda quatro
etapas do trabalho docente: planejamento das aulas, prática docente e avaliação da
aprendizagem; ambiente da sala de aula originado pela prática docente; o envolvimento do
professor com a comunidade escolar; a disponibilidade do professor em assumir
compromissos que podem beneficiar a escola.
Para identificar se um professor é realmente eficiente requer também muita
competência do diretor e isto exige que o mesmo acompanhe e observe a sua prática
pedagógica.
De acordo com Günter Schmid, (2007, p. 69) diz que:
Um dos mais deploráveis defeitos do sistema educativo austríaco é o facto de a avaliação
oficial cessar a partir do momento em que não estejam previstas mais progressões na
carreira do professor. Não menos deplorável, todavia, é o facto de a todos os directores de
escola ter sido confiado um papel crucial na avaliação de professores e desenvolvimento da
escola...”
Sendo assim, quando o diretor apenas avalia a equipe docente e não recebe
também uma avaliação por parte do professor é como se fosse considerado apenas a visão
do diretor. Esta é uma crítica muito pertinente pois deixa de ser algo democrático por
considerar apenas uma visão fragmentado do processo ao invés de contemplar o todo.
Este estudo traz contribuições imprescindíveis em relação a avaliação dos
professores e também nos fornece ferramentas importantes para que possamos ter
condições de analisar, discutir e realizar mudanças em relação ao sistema de avaliação dos
professores. Sem dúvida nenhuma este é o caminho para que seja conquistado um
educação de qualidade.