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EDUCAÇÃO NO BRASIL Como deixar de ser o país campeão na reprovação dos alunos? Pág.3 E MAIS ________________________________________________________________ ENTREVISTA com os alunos Beatriz Dantas de 17 anos e a Pedagoga Maria Dolores A D Santana . R$ 5,00

AVALIAÇÃO E REPETÊNCIA: UMA RELAÇÃO DELICADA

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Pesquisa feita acerca dos problemas relacionados a forma de avaliação e o nível de reprovção nas escolas brasieliras.

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EDUCAÇÃO NO BRASIL

Como deixar de ser o país campeão na reprovação dos alunos?

Pág.3

E MAIS ________________________________________________________________ ENTREVISTA com os alunos Beatriz Dantas de 17 anos e a Pedagoga Maria Dolores A D Santana .

R$ 5,00

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Os professores são

fundamentais para

melhorar a EDUCAÇÃO. _____________________

É PRECISO QUE TODOS APOIEM E VALORIZEM SEU TRABALHO.

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AVALIAÇÃO E REPETÊNCIA: UMA RELAÇÃO DELICADA

A avaliação é uma prática comum ao ser humano. O

tempo todo nós avaliamos pessoas, situações,

comportamentos. Julgamos tudo e todos que nos rodeiam,

a partir de nossos valores e opiniões pré-concebidas.

Porém, o local onde a avaliação tem ainda mais

importância é a escola. Afinal, o sucesso ou fracasso

escolar é medido pelo resultado das avaliações feitas

Periodicamente pelos estudantes. O desempenho do aluno

é mensurado pelo resultado das avaliações internas,

enquanto o desempenho da escola como um todo é obtido a

partir de avaliações externas, como por exemplo, a Prova

Brasil.

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E esse desempenho não tem sido satisfatório: o Brasil

ainda é o país que mais reprova no mundo. Mesmo com a

adoção de políticas de progressão automática e de

medidas para minimizar a repetência, ela ainda existe e

preocupa. Reprova-se o aluno, mas não se modificam os

processos adotados pela escola. Só o aluno é culpado

pela sua reprovação? Por que ela acontece?

Para tentar responder a esses questionamentos,

é necessário refletir sobre a avaliação e o que significa o

fracasso escolar.

A avaliação é um tema em constante discussão pelos

educadores. Atualmente, autores como Dória (2010),

Hoffman (1999) e Perrenoud (1999), dentre outros, têm

contribuído para o avanço da compreensão do

processo avaliativo na sua totalidade. Eles propõem

aos professores alguns desafios:

De uma prática avaliativa para além da sala de aula,

com vista à emancipação dos estudantes para uma

sociedade centrada no ser humano, alcançando a

objetividade social nas práticas avaliativas em nossas

escolas;

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Uma avaliação que possibilite romper com os mecanismos

impostos pela sociedade de consumo ao processo de

ensino-aprendizagem para além das perspectivas da sala

de aula, buscando uma formação irrigada em valores que

promovam efetivamente a emancipação do sujeito histórico

- para que ele contribua com a transformação da própria

sociedade, visando à construção de uma nova ordem social

livre da alienação, do consumismo desenfreado, do

egoísmo, da competição mercantil desumanizadora que os

vitimaram;

Provocar na comunidade acadêmica condições para que a

avaliação educacional possa definitivamente romper com a

visão unilateral do processo e possibilite a construção de

uma cultura escolar do diálogo e que sepulte a neutralidade

política e promova uma revolução do sistema em favor do

estudante e do professor como sujeitos que constroem as

relações dentro e fora da sala de aula

Não se pode pensar em uma avaliação fragmentada e

descontextualizada se queremos mudar a realidade das

nossas escolas públicas e da própria sociedade. A

avaliação tem se comportado como instrumento meramente

seletivo quando deveria ter caráter emancipador, reflexivo

e de tomada de decisões com vistas à qualidade do ensino

e à democratização do conhecimento.

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De tal forma, o que de fato fica como certo é que o ato de

avaliar consiste em construir um diálogo permanente entre

professor-estudante-conhecimento-vida, sem romantismo e

alienação, mas com respeito a todos os sujeitos envolvidos

no processo de ensino-aprendizagem. “O processo de

avaliação tem que ter o cuidado com a pessoa humana”

(DÓRIA, 2010) para que possamos revolucionar a educação

brasileira.

Tendo isso em vista, podemos fazer as seguintes

indagações: por que avaliamos? Para quem avaliamos?

Quem avaliamos?

Logo, é preciso ter clareza dos objetivos que

pretendemos alcançar quando estamos avaliando. A

avaliação deve ser contínua (processual), pois, ao avaliar o

processo de aprendizagem, frequentemente, o professor

pode diagnosticar aspectos que precisam ser melhorados,

podendo, assim, intervir na sua própria prática ou nos

fatores que estão interferindo nos resultados. Além disso, a

avaliação deve ser bem planejada e articulada com os

objetivos propostos no processo de ensino aprendizagem,

ou seja, deve ser coerente com os resultados que

pretendemos alcançar. Deve, também, contemplar o aluno e

o processo de aprendizagem na sua integralidade, ou seja,

considerar na avaliação não apenas os aspectos cognitivos,

mas também os afetivos e os psicomotores. Portanto, a

concepção de avaliação deve estar vinculada ao grande

objetivo da educação que é a formação de pessoas

autônomas, críticas e conscientes.

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A avaliação, desse modo, deve estar a serviço das

aprendizagens que favorecem essa formação.

Mas quando e como avaliar? A avaliação é um dos

elementos do processo de ensino aprendizagem. Ela deve

ser dinâmica, participativa, sistemática e objetiva. Deve ser

entendida como um processo que está antes, no decorrer e

depois do fazer pedagógico. As estratégias utilizadas para

avaliar a aprendizagem dos alunos devem ser variadas e

aplicadas em vários momentos no processo educativo. Com

a avaliação, as respostas vão sendo obtidas no decorrer do

processo de ensino aprendizagem, as quais devem ser

confrontadas com os objetivos que foram propostos no

planejamento, constatando deficiências e avanços.

Nas tendências pedagógicas críticas, progressistas e

transformadoras, a educação está voltada para o

desenvolvimento da consciência crítica e para a

emancipação dos sujeitos envolvidos. A relação

professor/aluno assume uma forma democrática, dialogada,

de troca e reciprocidade. Nesta concepção a avaliação é

reflexiva, investigativa, contínua, participativa e negociada

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A avaliação é o elemento integrador entre a

aprendizagem e o ensino: se não há aprendizagem

esperada, certamente o ensino não cumpriu sua

finalidade. O processo avaliativo nessa perspectiva se

destina a acompanhar, entender e favorecer o contínuo

avanço do aluno.

Com base em todas essas afirmações, como

explicar os grandes índices de reprovação no sistema de

ensino brasileiro? Segundo dados do Relatório de

Monitoramento da Educação para Todos, lançado em

2010 pela Organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a taxa de

reprovação no Ensino Fundamental é de 18,7, o que

significa que um de cada cinco alunos precisa voltar à

estaca zero no ano seguinte. No restante do mundo, a

média é de 2,9% de reprovação. As comparações podem

ser feitas a partir do gráfico abaixo:

Fonte: UNESCO * Índice de reprovação na 8ª série no Brasil Ilustração: Mariana Coan. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/repetencia-erro-se-repete-cada-ano-567983.shtml. Acesso em: 28 jun. 2015.

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Em 1991, o físico Sérgio Costa Ribeiro publicou um artigo

chamado “A pedagogia da repetência”. O estudioso havia

abandonado a física em 1974 para se dedicar à pesquisa

sobre o sistema educacional brasileiro. Apesar de não se

tratar de um texto recente, ele ainda é referência quando

se fala a respeito de repetência e evasão escolar. Cabe

destacar que ele polemiza essas questões, ao questionar

não só o modelo educacional do país, mas também a

competência do professor:

As análises antropológicas até hoje

realizadas mostram claramente na cultura

do sistema a imputação do fracasso

escolar, ora aos próprios alunos, ora a seus

pais, ora ao sistema sociopolítico,

raramente aos professores, sua formação

ou à organização escolar. Parece que a

prática da repetência está contida na

pedagogia do sistema como um todo. É

como se fizesse parte integral da

pedagogia, aceita por todos os agentes do

processo de forma natural. A persistência

desta prática e da proporção desta taxa nos

induz a pensar numa verdadeira

metodologia pedagógica que subsiste no

sistema, apesar de todos os esforços no

sentido de universalizar a educação básica

no Brasil (RIBEIRO, 1991).

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O professor da UFMG Miguel Arroyo chama a repetência e o

fracasso escolar de “fantasmas” e “pesadelos”. Ele também

aprofunda o debate acerca dos culpados por estes

pesadelos: O fracasso escolar é uma expressão do fracasso

social, dos complexos processos de reprodução

da lógica e da política de exclusão que perpassa

todas as instituições sociais e políticas, o Estado,

os clubes, os hospitais, as fábricas, as igrejas, as

escolas... Política de exclusão que não é

exclusiva dos longos momentos autoritários, mas

está incrustada nas instituições, inclusive

naquelas que trazem em seu sentido e função a

democratização de direitos como a saúde, a

educação. Entretanto, desescolarizar o fracasso

não significa inocentar a escola nem seus

gestores e mestres, nem seus currículos, grades

e processos de aprovação/reprovação. É

focalizar a escola enquanto instituição, enquanto

materialização de uma lógica seletiva e

excludente que é constitutiva do sistema seriado,

dos currículos gradeados e disciplinares.

Inspira-nos a ideia de que, enquanto não

radicalizemos nossa análise nessa direção e

enquanto não redefinamos a ossatura rígida e

seletiva de nosso sistema escolar (um dos mais

rígidos e seletivos do mundo), não estaremos

encarando de frente o problema do fracasso nem

do sucesso. 10

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Os tão repetidos termos correção do

fluxo, eliminação da distância

idade/série, aceleração da

aprendizagem, combate ao fracasso

escolar são inapropriados, porque

naturalizam problemas que são

estruturais, encobrem realidades de

outra natureza que ciências como a

Política, a História, a Sociologia

trataram sempre como exclusão,

seletividade, marginalização,

negação de direitos. Realidades não

situadas no campo de bem-querer,

das campanhas, dos combates, mas

na dura realidade estruturante, de

longa duração: as lógicas, os

imaginários e as estruturas sociais,

entre elas as escolas. (ARROYO,

2000, p.34).

É de Soares (2006) uma importante afirmação: “A

reprovação é a resposta que a escola dá à sua

incapacidade de ensinar e de efetuar as mudanças

necessárias para se constituir como espaço de

aprendizagem e de formação humana”.

Por isso, o debate acerca dos métodos

avaliativos utilizados pela escola e como isso

interfere na repetência é de grande importância.

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Maria Dolores A D Santana Pedagoga/ Supervisora na Escola Municipal do Bairro Shopping Park/Uberlândia-MG

A maioria destes alunos retorna à escola devido à necessidade da escolarização formal, por necessidades pessoais, pelas exigências do mundo do trabalho ou ainda menores de idade encaminhados pela promotoria pública para cumprir medidas socioeducativas. Suas histórias de vida são marcadas pela evasão e/ou repetência escolar. Há um grande grupo destes alunos que trabalham e estudam ou são responsáveis pela organização da casa e cuidados da família e dispõe de pouco tempo para dedicar aos estudos. São alunos que faltam

muito às aulas.

Revista: Qual a caracterização dos alunos? Mª Dolores: O perfil dos alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos) na Escola Municipal do Bairro Shopping Park vai além da questão da faixa etária, mas compreende um público de adolescentes, jovens, adultos e idosos de diferentes regiões do país, com diferentes interesses com relação à escola. São sujeitos com com diferentes experiências de vida e que em algum momento afastaram-se da escola devido a fatores sociais, econômicos, políticos e/ou culturais.

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Mª Dolores: Neste contexto, o processo de avaliação da aprendizagem deve ser o mais diversificado possível, levando em consideração o pouco ou nenhum tempo que a maioria desse público tem para realizar pesquisas e trabalhos. Os processos de avaliação mais comuns são: provas, testes e atividades e trabalhos em sala. Apesar de tradicionais, ainda são os mais utilizados e eficazes para o público da EJA.

Revista:Como os alunos são avaliados?

REVISTA: Quais as dificuldades apresentadas? Mª Dolores : Os fatores negativos que interferem neste processo é o fato de se tratar de um curso semestral e a grande rotatividade de alunos, que dificultam o conhecimento das individualidades dos alunos pelos corpo docente. REVISTA: Quais as implicações da reprovação na vida desses alunos?

Mª Dolores: Diante do fracasso nas avaliações, a maioria dos alunos sente-se desmotivada e desistem/abandonam os estudos. Posteriormente retornam à escola por exigência do mercado de trabalho, mas poucos concluem os estudos.

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Beatriz Dantas 17 anos 3º ano do Ensino médio E.E Américo Renê Gianetti

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REVISTA: O QUÊ VOCÊ ACHA DO SIMULADO COMO AVALIAÇÃO?

Beatriz: Por mais que a avaliação nos moldes do ENEM preparem, parcialmente, os estudantes para a prova real, prejudicam o desempenho do aluno (em relação as suas respectivas notas), já q a nota desta avaliação vale para todas as matérias e nem sempre o resultado da avaliação fica acima de 60%.

REVISTA: O VOCÊ ACHA QUE DEVERIA MUDAR NA FORMA DE AVALIAR OS QUE ALUNOS NAS ESCOLAS?

Beatriz: De todas as maneiras possíveis trabalhos, provas , projetos...

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ISAURA ALVES DANTAS

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