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 PATRÍCIA BHERING FIALHO AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DE MÓVEIS PARA SUBSIDIAR A DEFINIÇÃO DE CRITÉRIOS DE CONFORMIDADE PARA O PÓLO MOVELEIRO DE UBÁ - MG Tese apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós- Graduação em Ciência Florestal, para obtenção do título de Magister Scientiae. VIÇOSA MINAS GERAIS – BRASIL 2005

Avaliação Ergonômica de Móveis Para Subsidiar a Definição de Conformidade Para o Pólo Moveleiro de Ubá - MG

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  • PATRCIA BHERING FIALHO

    AVALIAO ERGONMICA DE MVEIS PARA SUBSIDIAR A

    DEFINIO DE CRITRIOS DE CONFORMIDADE PARA O

    PLO MOVELEIRO DE UB - MG

    Tese apresentada Universidade Federal de Viosa, como parte das exigncias do Programa de Ps-Graduao em Cincia Florestal, para obteno do ttulo de Magister Scientiae.

    VIOSA MINAS GERAIS BRASIL

    2005

  • i

    PATRCIA BHERING FIALHO

    AVALIAO ERGONMICA DE MVEIS PARA SUBSIDIAR A

    DEFINIO DE CRITRIOS DE CONFORMIDADE PARA O

    PLO MOVELEIRO DE UB - MG

    Tese apresentada Universidade Federal de Viosa, como parte das exigncias do Programa de Ps-Graduao em Cincia Florestal, para obteno do ttulo de Magister Scientiae.

    Aprovada: 29 de julho de 2005. Prof. Luciano Jos Minette Prof. Jos de Castro Silva (Conselheiro) (Conselheiro) Prof. Larcio Antnio G. Jacovine Prof. Elaine Cavalcante Gomes

    Prof. Amaury Paulo de Souza (Orientador)

  • ii

    Dedico este trabalho ao meu pai Ivo, pelo

    seu amor, dedicao e fora. Exemplo de

    alegria e de perseverana em minha vida.

  • iii

    AGRADECIMENTOS

    Ao professor Amaury Paulo de Souza, pela orientao, apoio e amizade.

    Ao professor Luciano Jos Minette, pelo auxlio, incentivo e orientao.

    Ao professor Jos de Castro Silva, pela amizade e prestabilidade.

    A Universidade Federal de Viosa, pelos excelentes anos de estudos

    desde o COLUNI, e por ser um exemplo de entidade pblica de qualidade.

    Ao Departamento de Engenharia Florestal, pela oportunidade de

    realizao do mestrado.

    CAPES, pelo suporte financeiro.

    Ao INTERSIND e s fbricas que participaram deste trabalho, pela

    colaborao na coleta de dados.

    Aos professores do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, pela

    amizade, apoio e aprendizado.

    professora Elaine Cavalcanti, pelo incentivo na realizao do curso de

    design de mveis e, com isso, me fez despertar para uma nova rea de

    interesse relacionada ao setor moveleiro.

    estagiria Ana Paula, pela ajuda e amizade.

    A todos os funcionrios e proprietrios das lojas de mveis de Viosa,

    que me atenderam com presteza na coleta de dados.

    s eternas amigas, Renata, Fernanda, Karla, Narayana, Juliana, Milene,

    Taciane, Leidi, Renata Mirtes, Paula, Roberta, rika, Fernandinha e Valria,

    pela grande amizade e companheirismo.

    Aos grandes amigos, Frederico, Mrio, Will e Alex.

  • iv

    Aos colegas da Ps-graduao, Fernanda, Marcelo, Mara e Rose, pela

    amizade e agradvel convivncia.

    Aos amigos da Arquitetura, pela torcida e grande amizade.

    Ao meu pai, pela dedicao, incentivo e por me acompanhar vrias

    vezes nas minhas medies em Ub e Viosa.

    minha irm, Simone, pelo seu carinho e dedicao.

    A minha me que, mesmo no estando aqui fisicamente, sinto sempre

    que est comigo, dentro do meu corao.

    A todos os meus familiares, pela torcida e carinho, em especial tia

    Regina e tia Elaine, por sempre lembrarem de mim em suas oraes.

    A DEUS...

    A todos, MUITO OBRIGADA !!!!

  • v

    BIOGRAFIA

    Patrcia Bhering Fialho, filha de Ivo Gomes Fialho e Divina Terezinha

    Bhering Fialho, nasceu em Viosa, Minas Gerais, em 08 de outubro de 1977.

    Em maro de 1998, ingressou no curso de Arquitetura e Urbanismo da

    Universidade Federal de Viosa (UFV), Minas Gerais, graduando-se em maro

    de 2003.

    Em agosto de 2003, iniciou o curso de mestrado em Cincia Florestal, na

    Universidade Federal de Viosa, rea de concentrao em Colheita, Transporte

    e Ergonomia Florestal, submetendo-se defesa de tese em 29 de julho de

    2005.

  • vi

    CONTEDO

    LISTA DE FIGURAS ............................................................................................VIII

    LISTA DE QUADROS ..........................................................................................XIII

    RESUMO...............................................................................................................XV

    ABSTRACT .........................................................................................................XVII

    1. INTRODUO .................................................................................................... 1

    1.1.Problema e importncia..................................................................................... 1

    1.2. Objetivos........................................................................................................... 3

    2. REVISO DE LITERATURA............................................................................... 4

    2.1. O setor moveleiro nacional ............................................................................... 4

    2.2. Ergonomia e sua origem................................................................................... 5

    2.3. Ergonomia do produto ...................................................................................... 7

    2.4. Avaliao da conformidade .............................................................................. 9

    2.5. Princpios ergonmicos utilizados na avaliao da conformidade de mveis. 11

    2.5.1. Antropometria .............................................................................................. 11

    2.5.2. Posturas ...................................................................................................... 13

    2.5.3. Usabilidade.................................................................................................. 15

    2.5.4. Princpios subjetivos .................................................................................... 16

    2.5.5. Aspectos de segurana ............................................................................... 16

    3. MATERIAL E MTODOS.................................................................................. 17

    3.1.Caracterizao do local de estudo................................................................... 17

    3.2. Coleta de dados e amostragem...................................................................... 18

    3.3.Principais tipos de mveis fabricados pelas empresas moveleiras localizadas

    em Ub e regio .................................................................................................... 19

    Pgina

  • vii

    3.3. Estado da arte da conformidade ergonmica na fabricao de mveis

    residenciais de madeira e derivados ..................................................................... 20

    3.4. Definio de critrios de conformidade ergonmica....................................... 20

    3.4.1. Dimenses e demais caractersticas dos mveis ........................................ 22

    3.4.2. Determinao das foras envolvidas ........................................................... 32

    3.4.3. Usabilidade.................................................................................................. 32

    3.4.5. Aspectos de segurana ............................................................................... 32

    3.4.6. Manual de montagem de utilizao e de conservao................................ 32

    4. RESULTADOS E DISCUSSO ........................................................................ 33

    4.1.Principais tipos de mveis fabricados pelas empresas moveleiras localizadas

    em Ub e regio .................................................................................................... 33

    4.2.Levantamento do estado da arte da conformidade ergonmica na fabricao

    de mveis residenciais de madeira e derivados .................................................... 33

    4.2.1. Diferenciao dos produtos ......................................................................... 33

    4.3. Definio de critrios de conformidade ergonmica....................................... 35

    4.3.1.Critrios adotados pelas fbricas na determinao de dimenses e

    caractersticas dos mveis .................................................................................... 35

    4.3.2. Avaliao dos sofs..................................................................................... 37

    4.3.3. Avaliao das camas................................................................................... 54

    4.3.4. Avaliao dos guarda-roupas ...................................................................... 67

    4.3.5. Avaliao das cadeiras................................................................................ 92

    4.3.6. Avaliao das mesas de jantar.................................................................. 103

    5. CONCLUSES ............................................................................................... 110

    6. RECOMENDAES ...................................................................................... 113

    7. REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................... 115

    ANEXO 1 RELAO DE EMPRESAS E MVEIS AVALIADOS...................... 119

    ANEXO 2 AVALIAO DE SOFS.................................................................. 122

    ANEXO 3 AVALIAO DE CAMAS ................................................................. 124

    ANEXO 4 AVALIAO DE GUARDA ROUPAS............................................ 126

    ANEXO 5 AVALIAO DE CADEIRAS............................................................ 129

    ANEXO 6 AVALIAO DE MESAS DE JANTAR............................................. 131

    ANEXO 7 MANUAL DE MONTAGEM PARA CAMAS...................................... 133

    ANEXO 8 MANUAL DE MONTAGEM PARA GUARDA-ROUPAS................... 134

    ANEXO 10 MANUAL DE MONTAGEM PARA MESAS DE JANTAR ............... 135

  • viii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Localizao geogrfica dos municpios que fazem parte do plo

    moveleiro de Ub - MG ................................................................. 18

    Figura 2 Dimenses avaliadas em sofs....................................................... 28

    Figura 3 Dimenses avaliadas em camas..................................................... 29

    Figura 4 Dimenses avaliadas em guarda-roupas........................................ 30

    Figura 5 Dimenses avaliadas em cadeiras e mesas de jantar .................... 31

    Figura 6 Produtos semelhantes oriundos de fbricas diferentes................... 35

    Figura 7 Valores das larguras externas dos sofs de dois lugares ............... 37

    Figura 8 Valores das larguras externas dos sofs de trs lugares................ 38

    Figura 9 Valores das profundidades externas dos sofs............................... 38

    Figura 10 Comparao entre os valores das alturas dos assentos e as

    recomendaes encontradas. ....................................................... 40

    Figura 11 Comparao entre os valores das larguras internas dos assentos

    de dois lugares e as recomendaes encontradas e o valor

    referente ao dado antropomtrico do INT (1995) .......................... 42

    Figura 12 Comparao entre os valores das larguras internas dos assentos

    de trs lugares e as recomendaes encontradas e o valor

    referente ao dado antropomtrico do INT (1995) .......................... 43

    Figura 13 Comparao entre os valores das profundidades dos assentos e a

    recomendao da NBR 15164/2004, os valores referentes aos

    Pgina

  • ix

    dados antropomtricos do INT (1995) e de PANERO e ZELNIK

    (2002) ............................................................................................ 44

    Figura 14 Comparao entre os valores das alturas dos encostos e a

    recomendao da NBR 15164/2004 ............................................. 45

    Figura 15 Comparao entre os valores das larguras dos encostos dos sofs

    de dois lugares e o valor referente ao dado antropomtrico do INT

    (1995). ........................................................................................... 46

    Figura 16 Comparao entre os valores das larguras dos encostos dos sofs

    de trs lugares e o valor referente ao dado antropomtrico do INT

    (1995). ........................................................................................... 47

    Figura 17 Comparao entre as inclinaes dos encostos em relao aos

    assentos e as recomendaes encontradas. ................................ 48

    Figura 18 Valores das profundidades dos encostos...................................... 48

    Figura 19 Comparao entre os valores das alturas dos apoios para os

    braos e as recomendaes de PANERO e ZELNIK (2002)......... 49

    Figura 20 Comparao entre os valores das larguras dos apoios para os

    braos e as recomendaes de PANERO e ZELNIK (2002)......... 50

    Figura 21 Comparao entre os valores dos comprimentos dos apoios para

    os braos e o valor referente ao dado antropomtrico do INT (1995)

    ...................................................................................................... 50

    Figura 22 Valores das larguras externas das camas de solteiro ................... 54

    Figura 23 Valores das larguras externas das camas de casal ...................... 55

    Figura 24 Valores dos comprimentos externos das camas........................... 55

    Figura 25 Comparao entre os valores das larguras internas das camas de

    solteiro e a recomendao da ABIMVEL (2003)......................... 56

    Figura 26 Comparao entre os valores das larguras internas das camas de

    casal e a recomendao da ABIMVEL (2003) ............................ 57

    Figura 27 Comparaes entre os valores dos comprimentos internos das

    camas e a recomendao da ABIMVEL (2003) e o valor referente

    ao dado antropomtrico de INT (1995).......................................... 57

    Figura 28 Valores das alturas das cabeceiras .............................................. 58

    Figura 29 Valores das larguras das cabeceiras das camas de solteiro ao piso

    ...................................................................................................... 58

    Figura 30 Valores das larguras das cabeceiras das camas de casal............ 59

    Figura 31 Valores dos ngulos das inclinaes das cabeceiras ................... 59

  • x

    Figura 32 Comparao entre os valores das alturas das barras laterais das

    camas e a recomendao da ABIMVEL (2003).......................... 60

    Figura 33 Comparao entre os valores das espessuras das barras laterais

    das camas e a recomendao da ABIMVEL (2003) ................... 61

    Figura 34 Valores dos comprimentos das barras laterais ............................. 61

    Figura 35 Comparao entre os valores das alturas das barras laterais das

    camas ao piso e a recomendao de PANERO e ZELNIK (2002) 62

    Figura 36 Valores das larguras das ripas dos estrados ................................ 63

    Figura 37 Comparao entre os valores das alturas das faces superiores dos

    estrados ao piso e a recomendao da ABIMVEL (2002) .......... 64

    Figura 38 Valores das alturas externas dos guarda-roupas.......................... 68

    Figura 39 Valores das profundidades externas dos guarda-roupas.............. 69

    Figura 40 Comparao entre os valores das profundidades internas dos

    guarda-roupas e as recomendaes da ABIMVEL (2003) e de

    PANERO e ZELNIK (2002)............................................................ 70

    Figura 41 Valores das alturas das portas dos guarda-roupas....................... 71

    Figura 42 Valores das larguras das portas dos guarda-roupas..................... 71

    Figura 43 Valores das espessuras das portas dos guarda-roupas ............... 72

    Figura 44 Comparao entre os valores das alturas teis de gavetas externas

    e recomendao de PANERO e ZELNIK (2002). .......................... 72

    Figura 45 Valores das larguras teis das gavetas externas.......................... 73

    Figura 46 Comparao entre os valores das profundidades das gavetas

    externas e a recomendao da ABIMVEL (2003)....................... 73

    Figura 47 Comparao entre os valores das alturas das gavetas internas e a

    recomendao de PANERO e ZELNIK (2002).............................. 74

    Figura 48 Valores das larguras teis das gavetas internas........................... 75

    Figura 49 Comparao entre os valores das profundidades das gavetas

    internas e a recomendao da ABIMVEL (2003)........................ 75

    Figura 50 Comparao entre os valores das alturas internas dos puxadores

    em forma de ala e o valor referente ao dado antropomtrico do

    INT (1995) ..................................................................................... 77

    Figura 51 Comparao entre os valores dos vos livres dos puxadores em

    forma de ala e o valor referente ao dado antropomtrico do INT

    (1995) ............................................................................................ 77

  • xi

    Figura 52 Valores das alturas dos centros dos puxadores das portas ao piso

    ...................................................................................................... 78

    Figura 53 Puxador da porta com altura superior ao alcance de uma pessoa

    considerada de menor proporo corporal. ................................... 78

    Figura 54 Configurao do puxador que dificulta a apreenso da mo .... 79

    Figura 55 Comparao entre os valores dos comprimentos internos dos

    puxadores em forma de ala das gavetas externas e o valor

    relacionado com o dado antropomtrico do INT (1995). ............... 80

    Figura 56 Comparao entre os valores dos vos livres entre puxadores em

    forma de ala e o valor relacionado ao dado antropomtrico do INT

    (1995) ............................................................................................ 81

    Figura 57 Valores das alturas dos centros dos puxadores das gavetas

    externas ao piso ............................................................................ 81

    Figura 58 Valores das alturas dos centros dos puxadores das gavetas

    internas ao piso ............................................................................. 82

    Figura 59 Elevada altura do puxador da gaveta ao piso ............................... 83

    Figura 60 Altura da gaveta muito baixa em relao ao piso.......................... 83

    Figura 61 Valores das alturas dos rodaps................................................... 84

    Figura 62 Comparao entre os valores das alturas das ltimas prateleiras ao

    piso e as recomendaes de PANERO e ZELNIK (2002)............. 85

    Figura 63 Comparao entre os valores dos vos livres dos cabideiros e as

    recomendaes da ABIMVEL (2003) ......................................... 86

    Figura 64 Comparao entre os valores das alturas dos cabideiros ao piso e

    as recomendaes de PANERO e ZELNIK (2002) ....................... 87

    Figura 65 Comparao entre os valores das alturas dos vos livres para

    calceiros e a recomendao da ABIMVEL (2003) ...................... 88

    Figura 66 Comparao entre os valores das alturas dos assentos e os

    valores referentes ao dado antropomtrico do INT (1995) e as

    recomendaes de PANERO e ZELNIK (2002) e GOMES (2003) 93

    Figura 67 Comparao entre os valores das profundidades dos assentos e os

    valores referentes aos dados antropomtricos do INT (1995) e as

    recomendaes de PANERO e ZELNIK (2002) ............................ 95

    Figura 68 Comparao entre os valores das larguras dos assentos e os

    valores referentes aos dados antropomtricos do INT (1995) e as

    recomendaes de PANERO e ZELNIK (2002). ........................... 96

  • xii

    Figura 69 Comparao entre os valores das alturas dos encostos ao piso e

    as recomendaes de PANERO e ZELNIK (2002) ....................... 97

    Figura 70 Comparaes entre os valores das larguras dos encostos e valores

    referentes aos dados antropomtricos do INT (1995) ................... 98

    Figura 71 Comparaes entre os valores das inclinaes dos encostos em

    relao aos assentos e as recomendaes de PANERO e ZELNIK

    (2002) e GOMES (2003) ............................................................... 99

    Figura 72 Valores das larguras dos ps das cadeiras analisadas .............. 100

    Figura 73 Valores dos comprimentos dos ps das cadeiras analisadas..... 100

    Figura 74 Comparao entre os valores das alturas das mesas e as

    recomendaes de autores ......................................................... 104

    Figura 75 Valores das larguras das mesas de quatro lugares .................... 105

    Figura 76 Comparao entre os valores das larguras das mesas de seis

    lugares e recomendaes de PANERO e ZELNIK (2002) .......... 105

    Figura 77 Comparao entre os valores das profundidades das mesas de

    seis lugares e a recomendao mnima de PANERO e ZELNIK

    (2002) .......................................................................................... 106

    Figura 78 Comparao entre os valores dos espaos livres entre os assentos

    das cadeiras e os fundos das mesas e a recomendao de

    PANERO e ZELNIK (2002).......................................................... 109

  • xiii

    LISTA DE QUADROS

    QUADRO 1 Principais itens de avaliao ergonmica de mveis residenciais

    de madeira ............................................................................... 20

    QUADRO 2 Variveis antropomtricas utilizadas no trabalho ...................... 22

    QUADRO 3 Nmero de amostras avaliadas em sofs.................................. 24

    QUADRO 4 Nmero de amostras avaliadas em camas................................ 25

    QUADRO 5 Nmero de amostras avaliadas em guarda - roupas................. 25

    QUADRO 6 Nmero de amostras avaliadas em cadeiras............................. 27

    QUADRO 7 Nmero de amostras avaliadas em mesas de jantar................. 27

    QUADRO 8 Vantagens relacionadas a aquisio de mveis fabricados no

    plo moveleiro de Ub - MG .................................................... 34

    QUADRO 9 Desvantagens apresentadas na aquisio de mveis fabricados

    no plo moveleiro de Ub MG............................................... 34

    QUADRO 10 Critrios de elaborao de projetos de mveis utilizados pelos

    projetistas entrevistados .......................................................... 36

    QUADRO 11 Valores das alturas dos assentos com base em dados

    antropomtricos e recomendaes de autores e entidades..... 39

    QUADRO 12 Valores das larguras dos assentos dos sofs com base em

    dados antropomtricos e recomendaes de autores e

    entidades.................................................................................. 41

    QUADRO 13 Valores das profundidades dos assentos dos sofs com base

    nos dados antropomtricos e recomendaes de autores....... 43

    QUADRO 14 Materiais utilizados na fabricao de ps de sofs ................. 51

    Pgina

  • xiv

    QUADRO 15 Cores encontradas nos revestimentos de sofs...................... 52

    QUADRO 17 Tipo de cores encontradas nas camas analisadas.................. 65

    QUADRO 18 Porcentagem das portas avaliadas.......................................... 67

    QUADRO 19 Variao da quantidade das gavetas externas por guarda-

    roupas ...................................................................................... 67

    QUADRO 20 Variao da quantidade das gavetas internas por guarda-

    roupas ...................................................................................... 68

    QUADRO 21 Variaes das larguras externas dos guarda-roupas .............. 69

    QUADRO 22 Tipo de puxadores encontrados nos guarda-roupas ............... 76

    QUADRO 23 Material dos puxadores das portas.......................................... 76

    QUADRO 24 Porcentagens de tipos de puxadores das gavetas externas ... 79

    QUADRO 25 Porcentagens dos materiais dos puxadores das gavetas

    externas ................................................................................... 79

    QUADRO 26 Porcentagens de tipos de puxadores das gavetas internas .... 82

    QUADRO 27 Tipo de cores de revestimentos externos dos guarda-roupas . 89

    QUADRO 28 Foras mximas e mnimas para abrir e fechar portas, gavetas

    e calceiros................................................................................ 91

    QUADRO 29 Valores da altura do assento das cadeiras com base no dado

    antropomtrico do INT (2003) e recomendaes de autores... 92

    QUADRO 30 Valores da profundidade do assento das cadeiras com base em

    dados antropomtricos e recomendao de autores ............... 94

    QUADRO 31 Larguras dos assentos com base em dados antropomtricos e

    as recomendao de autores................................................... 95

    QUADRO 32 Recomendaes de NEUFERT (1998) para dimenses de

    mesas de jantar...................................................................... 103

    QUADRO 33 Recomendao de PANERO e ZELNIK (2002) para a

    largura mnima de uma mesa de seis lugares........................ 105

    QUADRO 34 Recomendao de PANERO e ZELNIK (2002) para o

    comprimento mnimo de uma mesa de seis lugares .............. 106

  • xv

    RESUMO

    FIALHO, Patrcia Bhering, M.S., Universidade Federal de Viosa, julho de 2005. Avaliao ergonmica de mveis para subsidiar a definio de critrios de conformidade para o plo moveleiro de Ub, MG. Orientador: Amaury Paulo de Souza. Conselheiros: Luciano Jos Minette e Jos de Castro Silva

    Este trabalho teve como objetivo geral realizar uma avaliao ergonmica de

    mveis residenciais para subsidiar a definio de critrios de conformidade

    para o plo moveleiro de Ub MG. O material utilizado foi proveniente de 50

    indstrias de mveis, associadas ao INTERSIND. Ao todo, foram avaliados 107

    mveis montados, sendo 31 guarda-roupas, 21 camas, 15 cadeiras, 14 mesas

    de jantar e 26 estofados. Os critrios de conformidade ergonmica foram

    avaliados para cada linha de mvel fabricado, de acordo com os princpios

    ergonmicos de antropometria e com base em aspectos de segurana para o

    usurio. Foram realizadas entrevistas com proprietrios de lojas que

    comercializam mveis provenientes das fbricas associadas ao INTERSIND,

    com o objetivo de destacar as vantagens e desvantagens dos mveis

    adquiridos. Foi realizada, ainda, uma pesquisa com responsveis por projetos

    de mveis, com o objetivo de identificar os critrios adotados por eles na

    determinao das dimenses do mobilirio que projetam. Os principais

    resultados deste trabalho mostraram que a cama o principal tipo de mvel

    fabricado, com predominncia dos padres mogno e marfim; o aglomerado

    seguido do MDF, so os materiais mais utilizados na fabricao dos mveis no

    plo moveleiro de Ub. O uso de tecidos claros em revestimentos de sofs e

  • xvi

    cadeiras tambm se mostrou predominante. Os sofs analisados apresentaram

    conformidade com as recomendaes da NBR 15164/2004, quanto altura de

    encosto, largura e a profundidade til de assento; no entanto, quanto altura

    do assento, todos os sofs estavam em no conformidade com esta norma,

    uma vez que apresentaram valores superiores mxima recomendada.

    Embora a maioria das camas no atendesse recomendao da ABIMVEL

    (2003), quanto altura da face superior do estrado ao piso, de uma maneira

    geral apresentaram conformidade com as recomendaes desta entidade,

    quanto s dimenses internas e espessura das barras laterais. A maior parte

    dos guarda-roupas analisados no atendeu s recomendaes da ABIMVEL

    (2003), quanto profundidade interna, vos livres adequados para o cabideiro

    e o calceiro e quanto s dimenses internas das gavetas. Todos os assentos

    das cadeiras apresentaram alturas superiores s mximas recomendadas e

    aos valores relacionados com dados antropomtricos, podendo ocasionar

    desperdcio de matria prima e problemas de ordem ergonmica nos usurios.

    A maioria das mesas analisadas, tambm, apresentou alturas superiores s

    recomendadas. Os resultados demonstraram que, de uma maneira geral, os

    aspectos ergonmicos, como conforto, adaptao antropomtrica,

    funcionalidade e segurana, no esto sendo priorizados em projetos de

    mobilirio fabricados no plo moveleiro de Ub e regio.

  • xvii

    ABSTRACT

    FIALHO, Patrcia Bhering, M.S., Universidade Federal de Viosa, july, 2005. Ergonomic evaluation of furniture to subsidize the definition of conformity criteria for the furniture industry of Ub, MG. Adviser: Amaury Paulo de Souza. Committee Members: Luciano Jos Minette e Jos de Castro Silva

    In general, the acquisition of a furniture is made mainly in function of the visual

    appearance and of the durability of the product. However, a furniture that

    seems aesthetic pleasant, can present inadequacies to its function, that

    happens for not being projected in agreement with the due ergonomic patterns.

    To the furniture present ergonomic quality, should have norms that regulate its

    minimum characteristics, seeking to adapt the product to the users needs. And

    to evaluate if this product is in agreement with the established norms, an

    evaluation of the conformity is accomplished, seeking to the best quality of

    furniture and consequently it turns them more competitive in the market. This

    work had a general objective to accomplish an ergonomic evaluation of

    residential furniture to subsidize the definition of conformity criteria for the

    furniture industry of Ub-MG. For that has been used some material originated

    from 50 industries of furniture associated to INTERSIND. To the whole work

    were appraised 107 mounted furnitures, being 31 wardrobes, 21 beds, 15

    chairs, 14 dining tables and 26 sofas. The criteria of ergonomic conformity were

    appraised for each line of manufactured furniture, according to the ergonomic

    anthropometrical principles and based on aspects of safety for the user. Were

    also made interviews with owners of stores that sell furniture of the factories

    associated to INTERSIND with the objective of take the advantages and

  • xviii

    disadvantages that the furniture presents. It was still accomplished by research

    with people responsible to projects furniture with the objective of identify the

    criteria adopted by them in the determination of the dimensions of the furniture

    that they project. The main results of this work pointed out that the bed is the

    main furniture manufactured by the associated of INTERSIND. The pattern

    mahogany and ivory prevail in this furniture industry. The agglomerate followed

    by MDF is the material more used in the furnitures production in the furniture

    industry of Ub. The use of woven clear to cover sofas and chairs was also

    shown predominant. The analyzed sofas were presented in conformity with the

    recommendations of NBR 15164/2004 in relation to the prop height, the width

    and the useful depth of seat. However, in relation to the seats height, all the

    sofas were not in conformity with this norm, once they presented superior

    values to the maxim recommended. Although most of the beds didn't assist to

    the recommendation of ABIMVEL (2003) in relation to the height of the

    superior face of the bed frame to the floor, in a general way they were in

    conformity with the recommendations of this entity in relation to the internal

    dimensions and thickness of the lateral bars. Most of the analyzed wardrobes

    didn't assist the recommendations of ABIMVEL (2003) in relation to the depth

    interns, empty spaces free from the place to put shirts, pants and as the internal

    dimensions of drawers. All the seats of the chairs presented superior heights to

    the maxims recommended by authors and the ones related with

    anthropometrical values that had been given, could cause matter waste and

    problems of ergonomic order in the users. Most of the tables analyzed also

    presented superior heights to the recommended by authors. In this way the

    results demonstrated that in general, ergonomic aspects, as comfort,

    anthropometric adaptation, functionality and safety are not being prioritized in

    furniture projects manufactured in the furniture industry of Ub and area.

  • 1

    1. INTRODUO

    1.1. Problema e importncia

    Os homens sempre buscaram solues que minimizassem seu esforo e

    melhorassem a sua comodidade. Dessa forma, criaram instrumentos e mveis,

    visando atender as suas necessidades e facilitar suas vidas.

    Em geral, a aquisio de um mvel feita, principalmente, em funo da

    aparncia visual e da durabilidade do produto; o conforto, a segurana e a

    sade passam despercebidos, na maioria das situaes. Um mvel que, no

    momento da compra, se apresenta esteticamente agradvel e aparentemente

    confortvel, pode apresentar inadequaes a sua funo com o uso

    prolongado; isso por no ter sido projetado de acordo com os devidos padres

    ergonmicos, respeitando s caractersticas fsicas do ser humano.

    Comumente, os princpios ergonmicos so mais aplicados ao mobilirio

    de escritrio; porm, igualmente, torna-se necessria a sua aplicao ao

    mobilirio domstico que utilizado por diferentes pessoas, com idades,

    tamanhos e comportamentos distintos.

    Os estudos ergonmicos aplicados em projetos de mveis residenciais

    contribuem para a sade e o bem estar do usurio, propiciando uma melhora

    na sua qualidade de vida.

    A qualidade ergonmica de um mvel ou outro produto qualquer pode ser

    adquirida atravs da avaliao ergonmica. Esta avaliao envolve aspectos

    de segurana e de conforto do produto, tais como: facilidade de uso, manuseio,

    adaptaes antropomtricas, compatibilidade de movimentos, bem como a

    disponibilizao de informaes claras e a usabilidade.

  • 2

    O mobilirio fabricado nos plos moveleiros bastante variado; cada

    empresa fabrica uma linha especifica de mveis, dentre eles, salas de jantar,

    guarda-roupas, armrios, cmodas, camas, criados, estofados, estantes,

    racks, mveis tubulares, cozinhas de ao, dentre outros. Dentro dessas linhas,

    os critrios ergonmicos de fabricao do mobilirio devem atender no

    somente s caractersticas antropomtricas e biomecnicas dos usurios, mas,

    tambm, ao seu uso funcional, sendo adequados funo para a qual o mvel

    foi fabricado e, em alguns casos, devem prever questes, como a possibilidade

    do uso no funcional.

    No Brasil, existem poucas normas tcnicas e publicaes relacionadas ao

    mobilirio residencial. A Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT,

    rgo responsvel pela normalizao tcnica no Pas, possui normas de

    avaliao da conformidade com critrios ergonmicos para mveis de escritrio

    e mveis escolares. Recentemente, esta mesma entidade publicou a NBR

    15164/2004 para sofs; no entanto, esta norma enfatiza mais ensaios fsicos e

    mecnicos do que a rea ergonmica. Existem, ainda, recomendaes

    emitidas pela Associao Brasileira das Indstrias de Mobilirio ABIMVEL,

    no sentido de garantir alguns parmetros referentes ao tamanho das peas que

    compem o mobilirio domstico; essas recomendaes, no entanto, no so

    suficientes na rea ergonmica.

    Dessa forma, a carncia de normas direcionadas ao mobilirio residencial

    refora a importncia do desenvolvimento de projetos com a finalidade de

    propor critrios de avaliao da conformidade, contribuindo para o

    desenvolvimento do setor moveleiro e para a melhoria do mobilirio fabricado.

    Com isso, agregar-se-ia mais um item de valor ao produto: a qualidade

    ergonmica que dentro dos seus princpios bsicos, como a segurana, o

    bem-estar e a satisfao do ser humano, demonstra solues prticas para o

    desenvolvimento de mveis que sejam ergonomicamente adaptados a seus

    usurios e adequados a sua utilizao diria.

    Segundo a ABIMVEL (2003), o estabelecimento de normas tcnicas

    fundamental para o desenvolvimento da indstria moveleira, na medida em que

    permite:

    a) restringir a concorrncia predatria exercida pelos produtores de

    mveis de baixa qualidade, que atuam no setor informal da economia;

  • 3

    b) obrigar os fornecedores a seguir estas normas, o que facilita o processo

    de terceirizao da produo;

    c) estimular as exportaes, em particular para os pases desenvolvidos,

    onde os produtos esto sujeitos a normas tcnicas (as referncias para criao

    das normas brasileiras so as prprias normas internacionais);

    d) restringir as importaes de produtos de baixa qualidade que no

    seguem qualquer tipo de norma tcnica, particularmente, os produzidos no

    leste asitico atualmente;

    e) dificultar a exportao de madeira bruta, exportando apenas produtos

    de maior valor adicionado, no caso, os mveis (uma estratgia que visa reter

    uma importante fonte de competitividade).

    A avaliao da conformidade beneficia o consumidor, gerando melhor

    qualidade de vida, sade e conforto; e, ainda, estabelece com o consumidor

    uma relao de confiana, mostrando que o produto adquirido est de acordo

    com critrios ergonmicos.

    A avaliao da conformidade pode ser utilizada em benefcio das

    indstrias de mveis de Ub e regio, pois alm de agregar qualidade aos

    produtos, torna-os mais competitivos no mercado.

    1.2. Objetivos

    Este trabalho teve como objetivo geral realizar uma avaliao

    ergonmica de mveis residenciais para subsidiar a definio de critrios de

    conformidade para o plo moveleiro de Ub MG, visando, assim, a melhoria

    da qualidade ergonmica dos mveis residenciais, envolvendo aspectos de

    segurana, conforto e usabilidade, bem como o aumento da competitividade

    dos produtos oriundos do plo moveleiro de Ub e regio.

    Os objetivos especficos:

    a) Identificar os principais tipos de mveis fabricados pelas empresas

    moveleiras, associadas ao INTERSIND.

    b) Fazer o levantamento do estado e arte da conformidade ergonmica na

    fabricao de mveis residenciais de madeira e derivados.

    c) Definir e avaliar critrios para verificao da conformidade ergonmica

    de mveis residenciais de madeira e derivados.

  • 4

    2. REVISO DE LITERATURA

    2.1. O setor moveleiro nacional

    A indstria brasileira de mveis representada pelas empresas que se

    localizam, em sua maioria, na regio centro-sul do pas, constituindo em alguns

    estados, plos moveleiros, a exemplo de Bento Gonalves, no Rio Grande do

    Sul; So Bento do Sul, em Santa Catarina; Arapongas, no Paran; Mirassol,

    Votuporanga e So Paulo, em So Paulo; Linhares, no Esprito Santo; e Ub,

    em Minas Gerais (LIMA, 1998).

    Segundo o IBGE (2003), a indstria de mveis pode ser classificada a

    partir das matrias-primas predominantes. As categorias bsicas so os

    mveis de madeira, que constituem o principal segmento, com 91% dos

    estabelecimentos, 83% do pessoal ocupado e 72% do valor da produo; em

    seguida, vm os mveis de metal, com 4% dos estabelecimentos, 9% do

    pessoal ocupado e 12% do valor da produo (em conjunto, estes dois

    segmentos renem 95% dos estabelecimentos industriais, 92% do pessoal

    ocupado e 84% do valor da produo); o restante diz respeito aos mveis

    confeccionados em plstico e artefatos do mobilirio, reunindo colchoaria e

    persianas.

    Os mveis de madeira, que detm expressiva parcela do valor total da

    produo do setor, so segmentados em dois tipos: retilneos, que so lisos,

    com desenho simples, de linhas retas e cuja matria-prima principal constitui-

    se de aglomerados, MDF e painis de compensados; e torneados, que renem

    mais detalhes de acabamento, misturando formas retas e curvilneas e cuja

    principal matria-prima a madeira macia nativa ou de reflorestamento

  • 5

    podendo, tambm, incluir painis de MDF (medium-density fiberboard),

    passveis de serem usinados (GORINI, 1998).

    No Brasil, o setor moveleiro caracteriza-se pela baixa especializao e

    alta verticalizao, onde a terceirizao representa pequena parcela da

    produo, nos pases mais desenvolvidos, ocorre ao contrrio, onde o aumento

    da horizontalizao da produo, ou seja, a presena de muitos produtores

    especializados, na produo de itens para a indstria de mveis, colabora para

    a flexibilizao da produo, para a diminuio das indstrias e para o aumento

    da eficincia da cadeia produtiva (SEBRAE, 2005).

    Quanto ao faturamento, a indstria nacional de mveis, de acordo com

    dados da ABIMVEL (2003), totalizou US$ 10,3 bilhes em 2002, dos quais

    60% eram referentes participao de mveis residenciais, 25% de mveis

    para escritrio e 15% de mveis institucionais, do tipo escolares, mdico-

    hospitalares, restaurantes, hotis e similares. Neste mesmo ano, o setor

    exportou US$ 536 milhes, dentro de um mercado mundial que movimenta

    US$ 51 bilhes por ano apenas em exportaes. Os maiores compradores dos

    mveis brasileiros eram os Estados Unidos (26%), Frana (16%), Argentina

    (13%), Alemanha (10%) e Reino Unido (9%) (REVISTA DA MADEIRA, 2003).

    Em 2003, o Brasil era o dcimo maior produtor mundial de mveis,

    porm ocupava a vigsima quarta colocao em exportaes, onde o setor

    exportou US$ 661.556 milhes. Em 2004, este nmero subiu para US$

    940.574 milhes, o que representou um aumento de 42%. Nos primeiros quatro

    meses de 2005, as exportaes do setor atingiram US$ 312.376 milhes. Com

    o aumento nas exportaes, nos ltimos anos, a indstria desenvolveu muito a

    sua capacidade de produo e melhorou significativamente a qualidade dos

    seus produtos. Os principais estados exportadores de mveis no Brasil so

    Santa Catarina (46% do total), Rio Grande do Sul (26,3%), Paran (8,8%), So

    Paulo (8,1%), Bahia (6,2%) e Minas Gerais (1,15%) (APEX, 2005).

    2.2. Ergonomia e sua origem

    A ergonomia tem sido definida, de uma maneira geral, por vrios autores,

    como sendo a adaptao do trabalho ao homem; uma palavra originada dos

    termos gregos ergo (trabalho) e nomos (regras), que significa: regras para se

    organizar o trabalho (COUTO, 1995).

  • 6

    Segundo IIDA (1990), a ergonomia constitui-se numa tcnica recente,

    apesar de comear a ser pensada no incio do sculo passado. A cincia

    ergonmica surgiu em 12 de julho de 1949. Neste dia, reuniu-se pela primeira

    vez, na Inglaterra, um grupo de cientistas e pesquisadores interessados em

    discutir e formalizar a existncia desse novo ramo de aplicao interdisciplinar

    da cincia. Na segunda reunio desse mesmo grupo, ocorrida em 16 de

    fevereiro de 1950, foi proposto o neologismo ergonomia.

    Chapanis (1994) citado por MORAES e MONTALVO (1998), definiu

    ergonomia como sendo um corpo de conhecimentos sobre as habilidades

    humanas, limitaes humanas e outras caractersticas humanas que so

    relevantes para o design. O projeto ergonmico o emprego do conhecimento

    ergonmico ao design de ferramentas, mquinas, sistemas, tarefas, trabalhos e

    ambientes para o uso humano seguro, efetivo e confortvel.

    A ergonomia fundamenta-se em conhecimentos de outras reas

    cientficas, como a antropometria, biomecnica, fisiologia, psicologia,

    toxicologia, engenharia mecnica, desenho industrial, eletrnica, informtica e

    gerncia industrial. Ela selecionou e integrou os conhecimentos relevantes

    dessas reas, desenvolvendo mtodos e tcnicas especficas para aplicar tais

    conhecimentos na melhoria do trabalho e das condies de vida humana (DUL

    e WEERDMEESTER, 1994).

    Conforme COUTO (1995), "onde houver gente, ali deveria haver uma

    base slida de ergonomia, a fim de que a interao do ser humano com os

    objetos e ambientes fosse a mais confortvel e adequada possvel".

    SANTOS (2003), tambm, trabalha o assunto, afirmando que a

    ergonomia pode ser aplicada nos mais diversos setores da atividade produtiva.

    Em princpio, sua maior aplicao se deu na agricultura, minerao e,

    sobretudo, na indstria. Mais recentemente, a ergonomia tem sido aplicada no

    emergente setor de servios e, tambm, na vida cotidiana das pessoas, nas

    atividades domsticas e de lazer, com os seguintes objetivos:

    a) Ergonomia na indstria: melhoria das interfaces dos sistemas ser

    humano/tarefa; melhoria das condies ambientais de trabalho; melhoria das

    condies organizacionais de trabalho.

    b) Ergonomia na agricultura e na minerao: melhoria do projeto de

    mquinas agrcolas e de minerao; melhoria das tarefas de colheita,

  • 7

    transporte e armazenagem; estudos sobre os efeitos dos agrotxicos.

    c) Ergonomia no setor de servios: melhoria do projeto de sistemas de

    informao (ergonomia da informtica); melhoria do projeto de sistemas

    complexos de controle (salas de controle); desenvolvimento de sistemas

    inteligentes de apoio deciso; estudos diversos sobre hospitais, bancos,

    supermercados.

    d) Ergonomia na vida diria: considerao de recomendaes

    ergonmicas na concepo de objetos e equipamentos eletrodomsticos de

    uso cotidiano.

    A ergonomia, segundo WISNER (1994), classificada em ergonomia de

    concepo e ergonomia de correo. A ergonomia de concepo a aplicao

    de normas e especificaes ergonmicas em projetos de ferramentas e postos

    de trabalho, antes de sua implantao. A ergonomia de correo aplicada

    em situaes reais, j existentes.

    Segundo Laville (1977), citado por VIERA (1997), a ergonomia de

    correo procura melhorar as condies de trabalho existentes e ,

    freqentemente, parcial e de eficcia limitada. A ergonomia de concepo, ao

    contrrio, tende a introduzir os conhecimentos sobre o homem desde o projeto

    do posto de trabalho, do instrumento, da mquina ou dos sistemas de

    produo.

    2.3. Ergonomia do produto

    Segundo IIDA (1990), do ponto de vista ergonmico, os produtos no

    so considerados como objetos em si, mas como meios para que o homem

    possa executar determinadas funes.

    At o mais simples produto pode representar um grande problema se no

    for bem projetado. Antigamente no existia esta dificuldade, pois as pessoas

    limitavam-se a criar objetos que se ajustavam a elas. Atualmente, os projetistas

    de produtos, na maioria das vezes, esto muito distantes dos utilizadores finais,

    tornando importante a utilizao da ergonomia e do design voltado para o

    consumidor (COUTO, 1995).

    IIDA (1990), ainda, afirma que, para que os produtos funcionem bem em

    suas interaes com os seus usurios, devem ter qualidade esttica, qualidade

    ergonmica e qualidade tcnica. A qualidade esttica responsvel pela

  • 8

    aparncia agradvel do produto, seja atravs do uso de cores, formas, texturas

    etc. A qualidade ergonmica inclui a facilidade de manuseio, adaptao

    antropomtrica, fornecimento claro de informaes e demais itens de conforto e

    segurana. A qualidade tcnica a parte que faz funcionar o produto, do ponto

    de vista eltrico, mecnico ou qumico. O uso inadequado e produtos mal

    projetados podem causar srios problemas sade do consumidor;

    preferencialmente, essas condies deveriam ser pensadas na fase inicial de

    cada projeto, diminuindo, assim, os problemas futuros na hora do uso.

    De acordo com Dillon (1985) citado por IIDA, (1990) o uso funcional

    aquele para o qual o mvel foi destinado, ou seja, cadeira para sentar, mesa

    para escrever e, assim, por diante. O uso no funcional aquele considerado

    anormal dos mveis, como usar a cadeira pra subir, no lugar de escada; cama

    que usada pelas crianas como brinquedo de pular.

    E para apresentar funcionalidade, o mvel necessita, antes de tudo, ser

    prtico. A reduo dos espaos domsticos fez com que a funcionalidade,

    tambm, sofresse uma evoluo, acompanhando as necessidades atuais.

    Surgiu, ento, o conceito da multifuncionalidade, no qual o mvel atende, de

    maneira adequada, no somente sua funo principal, como a outras

    secundrias, tambm importantes. o aparecimento, por exemplo, dos sofs-

    camas, dos estofados com mesinhas acopladas, das camas com grandes

    gavetas embutidas e de outras inovaes to presentes no design atual

    (PRESTES 2003).

    IIDA (1990), ainda, afirma que, aps a construo de um mvel, este

    deve ser submetido a testes como:

    - Testes de estrutura: serve para determinar a resistncia do mvel a

    vrios tipos de solicitaes estticas e dinmicas.

    - Testes ergonmicos: so realizados com o produto j acabado,

    utilizando pessoas na verificao das interaes dos mesmos com o mobilirio.

    Este teste pode ser dividido em trs partes: dimensionamento, onde as

    dimenses das moblias teriam de ser compatveis s dimenses

    antropomtricas de seus usurios; testes funcionais, onde se faz uma anlise

    da moblia em condies de uso, e testes no-funcionais, onde so observadas

    as utilidades no funcionais do mvel.

  • 9

    2.4. Avaliao da conformidade

    Com a reduo das barreiras alfandegrias e o crescimento da

    competitividade comercial, a proteo dos mercados est sendo feita atravs

    de estabelecimento de regulamentos tcnicos, que exigem procedimentos de

    avaliao da conformidade (FELIX, 2005).

    Apesar de ser crescente a importncia da avaliao da conformidade,

    observa-se que, ainda, grande o desconhecimento do seu significado pelo

    cidado e, at mesmo, no ambiente empresarial (INMETRO, 2002).

    Segundo a ABNT ISO/IEC, citado pelo INMETRO (2005), a avaliao

    da conformidade um exame sistemtico do grau de conformidade por parte

    de um produto, processo ou servio, a requisitos especificados. Dessa forma,

    a avaliao da conformidade busca atingir dois objetivos fundamentais: em

    primeiro lugar, deve atender a preocupaes sociais, estabelecendo com o

    consumidor, uma relao de confiana de que o produto, processo ou servio

    est em conformidade com requisitos especificados, que esto ligados

    qualidade e segurana; por outro lado, no pode tornar-se um nus para a

    produo, isto , no deve envolver recursos maiores do que aqueles que a

    sociedade est disposta a investir. Com isso, a avaliao da conformidade

    duplamente bem sucedida na medida em que proporciona confiana ao

    consumidor, ao mesmo tempo em que requer a menor quantidade possvel de

    recursos para atender s necessidades do cliente.

    Quanto sua obrigatoriedade legal, pode ser de duas formas: de forma

    compulsria ou de forma voluntria. Ela compulsria quando o rgo

    regulador entende que o produto, processo ou servio pode oferecer riscos

    segurana do consumidor ou ao meio ambiente ou, ainda, em alguns casos,

    quando o desempenho do produto pode trazer prejuzos econmicos

    sociedade, se for inadequado. A avaliao da conformidade voluntria

    quando parte da deciso do fornecedor. Ela agrega valor ao produto,

    representando uma importante vantagem competitiva em relao aos

    concorrentes. Esse procedimento usado por fabricantes ou importadores,

    como meio de informar e atrair o consumidor (INMETRO, 2002).

    A avaliao da conformidade, dependendo de quem a realiza, pode,

    tambm, ser de primeira, segunda ou terceira parte. A primeira parte quando

    a avaliao feita pelo fabricante ou pelo fornecedor; a segunda feita pelo

  • 10

    comprador e a terceira feita por uma instituio que seja acreditada e que

    tenha independncia em relao ao fornecedor e ao cliente (INMETRO, 2005).

    No Brasil, o organismo credenciador oficial o INMETRO e os

    programas de avaliao adotados obedecem s prticas internacionais, com

    base em requisitos da ISO (International Organization for Standardization),

    entidade normalizadora internacional. O INMETRO uma autarquia federal,

    vinculada ao Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior,

    sendo o rgo Executivo do SINMETRO e atua como Secretaria Executiva do

    Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial -

    CONMETRO (INMETRO, 2002). De acordo com o INMETRO (2005), existem

    cinco modalidades de avaliao da conformidade. So elas: a Certificao, a

    Declarao do Fornecedor, a Inspeo, a Etiquetagem e os Ensaios.

    A Certificao um procedimento pelo qual uma instituio acreditada

    no INMETRO d garantia escrita de que um produto, processo ou servio est

    em conformidade com os requisitos especificados. Ela pode ser de produtos,

    sistemas, processos e de pessoal (FELIX, 2005). A Declarao do Fornecedor,

    por sua vez, um procedimento pelo qual um fornecedor d garantia escrita

    que um produto, processo ou servio est em conformidade com os requisitos

    especificados. A Inspeo definida pela observao e julgamento,

    acompanhados por medies, ensaios ou uso de calibres. A Etiquetagem tem

    objetivo informativo de indicar o desempenho do produto, de acordo com os

    critrios estabelecidos. Os Ensaios consistem em operaes tcnicas que

    determinam uma ou mais caractersticas de determinado produto, processo ou

    servio, de acordo com um procedimento especificado (CNI, 2005).

    O INMETRO (2002) reafirma que as principais vantagens da

    conformidade de um produto, processo, ou servio so:

    a) Propiciar a concorrncia justa: a avaliao da conformidade possibilita

    a concorrncia justa, na medida em que indica, claramente, que os mveis

    fabricados atendem a requisitos ergonmicos especificados.

    b) Estimular a melhoria da qualidade: a avaliao da conformidade induz

    busca contnua da melhoria da qualidade, onde as empresas se orientam

    para assegurar a qualidade dos seus produtos, beneficiando-se com a melhoria

    da produtividade e aumento da competitividade;

    c) Informar e proteger o consumidor: a avaliao da conformidade um

  • 11

    indicativo para os consumidores de que o produto atende a requisitos

    ergonmicos, fator importante para o aperfeioamento de suas decises de

    compra, uso e descarte dos produtos.

    d) Facilitar o comrcio exterior, possibilitando o incremento das

    exportaes: Em relao s trocas comerciais, no mbito dos blocos

    econmicos e das relaes bilaterais, particularmente importante a avaliao

    da conformidade. cada vez mais usual a utilizao de programas de

    avaliao da conformidade compulsrios para a comercializao de produtos,

    que se relacionam com a sade, a segurana e o meio ambiente.

    e) Proteger o mercado interno: da mesma forma que facilitam as

    exportaes, os programas de avaliao da conformidade dificultam a entrada

    de produtos, processos ou servios que no atendem aos requisitos mnimos

    de segurana e desempenho que, colocados no mercado, prejudicariam a idia

    da concorrncia justa, quando colocados no mercado.

    f) Agregar valor s marcas: a avaliao da conformidade, no campo

    voluntrio, vem, cada vez mais, sendo usada por fabricantes para distinguir

    seus produtos, em relao ao mercado, atraindo os consumidores e

    alcanando maiores fatias do mercado.

    2.5. Princpios ergonmicos utilizados na avaliao da conformidade de

    mveis

    2.5.1. Antropometria

    Segundo GRANDJEAN (1998), a antropometria um conjunto de

    estudos que relacionam as dimenses fsicas do ser humano com sua

    habilidade e desempenho ao ocupar um espao em que realiza vrias

    atividades, utilizando-se de equipamentos e mobilirios adequados para o

    desenvolvimento das mesmas.

    De acordo com IIDA (1990), na ergonomia so encontrados trs tipos de

    dimenses antropomtricas, classificadas em antropometria esttica, dinmica

    e funcional.

    - Antropometria esttica: est relacionada com a medida das dimenses

    fsicas do corpo humano, parado ou com poucos movimentos. aplicada,

    principalmente, nos projetos de assentos e equipamentos individuais, como

    capacetes, mscaras, botas, ferramentas manuais e outros.

  • 12

    - Antropometria dinmica: mede os alcances dos movimentos de cada

    parte do corpo, mantendo-se o resto do corpo esttico.

    - Antropometria funcional: so as medidas antropomtricas associadas

    execuo de tarefas especficas. Envolve, por exemplo, o movimento dos

    ombros, a rotao do tronco, a inclinao das costas e o tipo de funo que

    ser exercida pelas mos.

    NEUFERT (1998), salienta que "todos os que pretendem dominar a

    construo devem adquirir a noo de escala e propores do que ser

    projetado: mveis, salas, edifcios etc.; e s se obtm uma idia mais correta

    da escala de qualquer coisa quando se v, junto dela, um homem ou uma

    imagem que represente suas dimenses". O autor enfatiza, ainda, a todos os

    que projetam, que conheam a razo por que se adotam certas medidas que

    parecem ser escolhidas ao acaso, devendo conhecer as relaes entre os

    membros de um homem normal e qual o espao de que necessita para se

    deslocar ou para descansar em vrias posies.

    As medidas antropomtricas so dados de base, essenciais para a

    concepo ergonmica de produtos industriais, sejam estes bens de capital ou

    de consumo (INT, 1998). Para se aplicar corretamente os dados, importante

    avaliar os fatores que influenciam os dados antropomtricos: raa, etnia, dieta,

    sade, atividade fsica, postura, posio do corpo, vesturio etc.

    O Brasil possui uma grande diversidade de tipos fsicos, resultado da

    miscigenao de diversas etnias, alm de diferenas das condies de nutrio

    e sade, que se observa na populao brasileira. Os dados devem estar

    disponveis em relevantes aspectos da populao inteira, incluindo os idosos e

    pessoas com incapacidades. Estes aspectos incluem os fisiolgicos (por

    exemplo, movimento dos membros, fora, viso) e os psicolgicos (por

    exemplo, cognitivos, tempos de reao, memria) (IIDA, 1990).

    Visando facilitar a utilizao dos dados antropomtricos, estes so

    divididos em formas de percentis. Para fins de estudo a populao dividida

    em 100 categorias percentuais da maior para a menor relao a algum tipo de

    medida corporal, denominada de percentis (PANERO e ZELNIK, 2002). Como

    exemplo, o percentil 95 da altura popliteal, da populao de mulheres, dado

    como 42 cm; isto significa que somente 5% desta populao tm altura

    popliteal maior que 42 cm.

  • 13

    PANERO e ZELNIK (2002) citam que Damon, Stoudt e Mcfarland (1966)

    sustentam que so dez as dimenses mais importantes para descrever um

    grupo para objetivos de ergonomia, arquitetura e design de interiores, nessa

    ordem: altura, peso, altura quando sentado, comprimento ndegas-joelho e

    ndegas sulco poplteo, largura entre os cotovelos, largura entre os quadris,

    em posio sentada; altura do sulco poplteo, dos joelhos e espao livre para

    as coxas.

    As variveis antropomtricas devem permitir ao projetista desenvolver

    equipamentos e ambientes de trabalho que tenham como objetivo a satisfao

    do usurio. IIDA (1990) sugere que as medidas antropomtricas, vindas de

    tabelas, deveriam ser usadas apenas para um dimensionamento preliminar do

    projeto, at a construo de um modelo ou maquete; depois o produto dever

    ser testado com a populao representativa de usurios efetivos, fazendo os

    ajustes necessrios, aps tal procedimento.

    2.5.2. Posturas

    A postura, organizao dos seguimentos corporais no espao se

    expressa na imobilizao das partes do esqueleto, em posies determinadas,

    solidrias umas com as outras, e que conferem ao corpo uma atitude de

    conjunto. Essa atitude indica o modo pelo qual o organismo enfrenta os

    estmulos do mundo exterior e se prepara para reagir (GONTIJO et al., 1995).

    Diversos msculos, ligamentos e articulaes do corpo, so acionados

    para se obter uma postura, no ser humano. A fora necessria para o corpo

    adotar uma postura ou fornecer um movimento fornecida pelo msculo,

    enquanto os ligamentos desempenham uma funo auxiliar e as articulaes

    permitem o deslocamento de partes do corpo, em relao s outras (DUL e

    WEERDMEESTER, 1994).

    As posturas podem ser classificadas como ereta ou relaxada. Na

    postura ereta, a coluna fica na vertical e o tronco sustentado pelos msculos

    dorsais, facilitando a movimentao dos braos e a visualizao da frente.

    Como os msculos dorsais trabalham estaticamente, esta postura pode ser

    fatigante, principalmente se a cabea estiver muito inclinada para a frente. Por

    sua vez, na postura relaxada, o dorso assume postura ligeiramente curva para

    a frente ou pra trs. Esta postura menos fatigante, uma vez que exige menos

  • 14

    dos msculos dorsais. Se houver apoio do dorso sobre o encosto da cadeira,

    esta exigncia ser, ainda, menor (IIDA, 1990).

    As posturas no-naturais do corpo e as condies inadequadas para

    sentar podem provocar um desgaste maior dos discos intervertebrais. Por

    motivos, ainda, hoje, desconhecidos, os discos intervertebrais podem

    degenerar e perder sua rigidez. A postura de p, por longos perodos, sempre

    combatida em ergonomia, que tende a preferir postura sentada: apesar do

    efeito na coluna, a postura sentada mais favorvel para as pernas, para o

    corpo em geral, para a circulao sangunea, alm de reduzir o consumo de

    energia (GRANDJEAN, 1998). Sendo melhor, no entanto, do que a postura de

    p, a postura sentada no deve ser mantida por longos perodos de tempo. As

    alternncias posturais aliviam as presses sobre os discos vertebrais e as

    tenses dos msculos dorsais de sustentao, reduzindo, assim, a fadiga

    (IIDA, 1990).

    PANERO e ZELNIK (2002) apontam que apesar da sua presena

    constante e longa histria, em termos de projeto, o assento ainda um dos

    mais pobres elementos de ambientes internos. Uma das maiores dificuldades

    que o sentar-se freqentemente visto como atividade esttica, enquanto que,

    na realidade, ela dinmica. Uma longa permanncia na mesma posio, sem

    modificaes de postura, pode dificultar a circulao sangunea e causar dores

    no local afetado; dessa forma, o assento deve permitir que o usurio modifique

    sua posio para minimizar o desconforto. Assim, essencial que se utilizem

    dados antropomtricos adequados para obter medidas e espaos livres

    necessrios para movimentao do usurio.

    Para DUL e WEERDMEESTER (1995), a altura adequada do assento

    aquela em que a coxa est bem apoiada no assento, sem esmagamento de

    sua parte inferior (em contato com as bordas do assento) e os ps se apiam

    no piso; a postura com os ps em balano muito fatigante. Para PANERO e

    ZELNIK (2002), se a altura do assento for muito baixa, os ps podem perder

    estabilidade pelo fato de as pernas terem de ficar estendidas frente. Uma

    pessoa mais alta, no entanto, sentir-se- mais confortvel, usando uma cadeira

    com assento baixo do que uma pessoa baixa, usando uma cadeira com

    assento muito alto.

    Em alguns casos, o mobilirio de um determinado ambiente pode forar

  • 15

    o indivduo a adotar posturas inadequadas; para COUTO (1996) alm da fadiga

    muscular imediata, h numerosos efeitos, a longo prazo, como sobrecarga h

    imposta ao aparelho respiratrio, formao de edemas, varizes e problemas

    nas articulaes, particularmente, na coluna vertebral.

    Os transtornos na coluna se constituem numa das maiores causas de

    afastamento prolongado do trabalho e de sofrimento humano. As lombalgias

    (dor na regio lombar) e dorsalgias (dor na regio dorsal), na maioria das

    vezes, decorrem das ms posturas ou de sobrecargas sobre a coluna vertebral.

    Sua incidncia alta, a ponto de se poder dizer que, de cada 100 pessoas, 50

    a 70% iro apresentar lombalgia, em alguma fase de suas vidas (COUTO,

    1996).

    2.5.3. Usabilidade

    O termo usabilidade enunciado pela norma ISO DIS 9241-11 (1998)

    como "a capacidade de um produto ser usado por usurios especficos para

    atingir objetivos especficos com eficcia, eficincia e satisfao, em um

    contexto especfico de uso", tal como enuncia (DIAS, 2000).

    A usabilidade tem um sentido restrito, que enfoca a facilidade no uso.

    Assim Pheasant (1997) citado por NICHOLL e BOUERI (2001b), identifica a

    usabilidade como um dos critrios da ergonomia. Muitos dos mtodos usados

    na avaliao de usabilidade so variaes de tcnicas da ergonomia. Outros

    so derivados de tcnicas de pesquisa de mercado ou de psicologia.

    O critrio da usabilidade tem como requisito a adaptao das

    caractersticas do produto s capacidades fsicas, perceptuais e cognitivas dos

    usurios, ou seja, a possibilidade ofertada atravs de um produto para

    assegurar seu melhor uso possvel, adequando-se ao usurio. Os produtos

    considerados de boa usabilidade oferecem benefcios, como: facilidade de

    utilizao, tamanho e formato adequados de empunhadura de dispositivos para

    abrir e fechar portas e gavetas, tornando-se prticos e de fcil manuseio.

    Quando um mvel apresenta problemas de usabilidade, dificilmente o

    usurio se adaptar a ele, dessa forma, o produto perder sua funo devido

    ao desconforto durante a sua utilizao (NICHOLL e BOUERI, 2001b).

    De acordo com DIAS (2000), a satisfao, o conforto e a aceitabilidade

    dos produtos podem ser medidos por meio de mtodos subjetivos e/ou

  • 16

    objetivos. As medidas objetivas de satisfao podem ser vistas com base na

    observao do comportamento do usurio (postura e movimento corporal) ou

    no monitoramento de suas respostas fisiolgicas. As medidas subjetivas, por

    sua vez, so produzidas pela quantificao das reaes, atitudes e opinies

    expressas subjetivamente pelos usurios.

    2.5.4. Princpios subjetivos

    Alguns aspectos relacionados ao mobilirio, como o conforto, so de

    carter subjetivo. O conforto, no entanto, em parte, em parte, pode ser

    determinado de acordo com princpios ergonmicos. Independente da

    subjetividade, alguns aspectos devem ser considerados para que o mobilirio

    possa oferecer conforto ao usurio:

    - Facilidade para mudar de posio durante o uso do mvel, o que pode

    ser considerado um critrio de conforto para alguns usurios.

    - Superfcies do mvel (vidros, pedras, superfcies envernizadas)

    causando brilho ou reflexos que possam causar desconforto visual.

    - Material de revestimento de estofados, que ofeream conforto durante

    perodos de vero e inferno (couro, plsticos, tecidos e outros).

    2.5.5. Aspectos de segurana

    A fabricao de um mvel deve englobar no s a esttica e a

    funcionalidade, mas, tambm, os aspectos que podero por em risco a

    integridade fsica e a sade do consumidor final.

    Os riscos de acidentes provocados pela no conformidade ergonmica,

    associados ao uso funcional ou no funcional do mobilirio, devem ser

    considerados nos critrios de avaliao. A presena de quinas vivas, arestas

    e bordas cortantes podem causar pequenos acidentes aos usurios, como

    cortes e hematomas ao tocar ou esbarrar. Os acidentes, ao se levantar ou

    sentar-se, por exemplo, em cadeiras, sofs e camas, devido a inadequaes

    antropomtricas, tambm, devem ser considerados e evitados. Os mveis que

    possuem peas que possam se soltar com facilidade, como, puxadores de

    gavetas e portas, podem causar acidentes, principalmente com idosos e

    crianas. A estabilidade uma caracterstica indispensvel para se evitar

    danos fsicos aos usurios dos mveis.

  • 17

    3. MATERIAL E MTODOS

    3.1. Caracterizao do local de estudo

    O municpio de Ub localiza-se na regio sudeste do Estado de Minas

    Gerais, mais conhecida como Zona da Mata. A cidade abrange uma superfcie

    de 407,699 Km, com uma populao de 85.065 habitantes, onde 90,15%

    esto localizados na zona urbana e 9,85%, na zona rural (IBGE, 2000).

    Segundo IEL MG (2003), a origem das indstrias moveleiras de Ub foi

    devido ao fechamento de uma grande empresa, a Dolmani, em meados da

    dcada de 1970, que empregava aproximadamente 1200 pessoas. Com o

    desemprego, alguns antigos empregados, aproveitando o conhecimento

    adquirido na empresa, resolveram abrir negcios prprios.

    Atualmente, o plo moveleiro de Ub constitudo por cerca de 400 micro

    e pequenas empresas, mais de 100 fornecedores e mais de 40 lojistas,

    gerando em torno de sete mil empregos diretos, correspondendo a 74% dos

    postos de trabalho do municpio e 70% da arrecadao de impostos (SILVA,

    2005).

    Segundo o INTERSIND (2004), o plo moveleiro rene, alm de Ub,

    outros oito municpios: Guidoval, Piraba, Guiricema, Rio Pomba, Rodeiro, So

    Geraldo, Tocantins e Visconde do Rio Branco. A Figura 1 apresenta a

    localizao destes municpios no mapa de Minas Gerais.

  • 18

    Figura 1 Localizao geogrfica dos municpios que fazem parte do plo moveleiro

    de Ub - MG

    (Adaptado de http://www.guianet.com.br/mg/mapamg.htm)

    O Plo moveleiro de Ub e regio possui indstrias localizadas na malha

    urbana dos municpios, pois ainda no foi implantado o projeto, j existente, do

    seu distrito industrial. A produo do setor destina-se principalmente aos

    estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro (IEL MG, 2003).

    3.2. Coleta de dados e amostragem

    A coleta de dados para o desenvolvimento deste trabalho foi realizada

    em mveis de 50 indstrias, associadas ao Sindicato Intermunicipal das

    Ub

    Rodeiro

    Visconde do Rio Branco

    Rio Pomba

    Guidoval Tocantins

    So Geraldo

    Piraba

    Guiricema

  • 19

    Indstrias de Marcenaria de Ub - INTERSIND, localizadas em Ub, Tocantins,

    Guidoval, Rodeiro e Visconde do Rio Branco, no perodo de outubro de 2004 a

    fevereiro de 2005.

    Foram escolhidos para a pesquisa os mobilirios domsticos em que os

    usurios possuem maior interao no dia a dia. So eles: camas, guarda-

    roupas, sofs, cadeiras e mesas de jantar. Dentre esses tipos de mveis, foram

    analisados os modelos mais vendidos de cada indstria, visando, assim,

    abranger maior quantidade de caractersticas dos mveis disponveis no

    mercado. Ao todo foram avaliados 107 mveis montados, sendo 31 guarda-

    roupas, 21 camas, 15 cadeiras, 14 mesas de jantar e 26 sofs.

    Todas as visitas foram agendadas, com antecedncia, por telefone ou

    pessoalmente. As medies e observaes nos mveis escolhidos foram

    acompanhadas pelos proprietrios das fbricas e das lojas ou por funcionrio

    devidamente autorizado.

    A relao dos mveis avaliados e das empresas visitadas est

    apresentada no Anexo 1.

    Neste trabalho, foram aplicados questionrios a seis gerentes e quatro

    proprietrios de lojas que comercializam mobilirios provenientes das fbricas

    associadas ao INTERSIND, com o objetivo de destacar a qualidade e

    problemas dos mveis adquiridos.

    Tambm foi realizada uma pesquisa com cinco proprietrios e cinco

    funcionrios responsveis por projetos de mveis, com o objetivo de identificar

    os critrios adotados por eles na determinao das dimenses do mobilirio.

    3.3. Principais tipos de mveis fabricados pelas empresas moveleiras

    localizadas em Ub e regio

    Segundo IEL MG (2003) as empresas do setor moveleiro de Ub e

    regio apresentam diversificao em sua linha de produtos. Entre os mveis

    fabricados destacam-se as linhas de camas, guarda-roupas, cmodas e

    criados. Alm desses, destacam-se salas-de-jantar e sofs.

    Para identificar os tipos de mveis fabricados, foi realizado um

    levantamento atravs de bancos de dados do INTERSIND.

  • 20

    3.3. Estado da arte da conformidade ergonmica na fabricao de mveis

    residenciais de madeira e derivados

    Atualmente, h uma forte tendncia no mercado moveleiro quanto

    inovao e qualidade dos produtos. As novas opes em materiais e a

    necessidade crescente de adequao do produto s caractersticas de cada

    consumidor esto fazendo surgir inmeras opes em mveis, que variam na

    cor, forma, uso de materiais, desenho e funcionalidade. Neste sentido, foram

    realizadas observaes e comparaes entre os mveis escolhidos, visando o

    estado da arte de mveis produzidos no plo moveleiro de Ub e regio.

    3.4. Definio de critrios de conformidade ergonmica

    Os critrios de conformidade ergonmica foram definidos para cada linha

    de mvel fabricado, de acordo com os princpios ergonmicos de antropometria

    e os aspectos de segurana para o usurio. Os critrios foram identificados,

    inclusive, durante o processo de levantamento de dados, conforme o Quadro 1.

    QUADRO 1 Principais itens de avaliao ergonmica de mveis residenciais de

    madeira.

    MVEL

    CRITRIOS ERGONMICOS

    Material de estrutura. Material que compe os sofs (madeira, tecido, couro etc.). Dimenses internas e externas das partes que compem os sofs (comprimento, largura, altura). Inclinao entre o assento e o encosto. Caractersticas do estofamento (mola, espuma). Nmero de lugares. Caractersticas do revestimento (cor, material, brilho etc.). Caractersticas dos ps (material, dimetro, altura). Estabilidade. Presena de quinas e bordas retas.

    SOFS

    Disponibilidade e facilidade de entendimento do manual de montagem Material que compe as camas (madeira macia, derivado de madeira etc.).

    CAMAS

    Dimenses das partes que compem as camas (comprimento, largura, altura).

    (continua...)

  • 21

    Nmero de lugares. Caractersticas do revestimento (cor, material etc.). Caractersticas das ripas dos estrados. (Espessura, largura, altura at o piso, espaamento) Estabilidade. Presena de quinas e bordas retas.

    Disponibilidade e facilidade de entendimento do manual de montagem. Material que compe os guarda-roupas (madeira, vidro, metal, plstico etc.). Dimenses internas e externas dos guarda-roupas (comprimento, largura, altura). Dimenses das partes que compem os guarda-roupas (comprimento, largura, altura). Caractersticas do revestimento (cor, material etc.). Nmero de portas e de gavetas externas e internas. Caractersticas do espao interno do guarda-roupa. Formato, tamanho e demais caractersticas dos puxadores das portas. Altura mxima das prateleiras superiores. Foras para abrir e fechar as portas, gavetas e calceiros. Estabilidade. Presena de quinas e bordas retas.

    GUARDA ROUPAS

    Disponibilidade e facilidade de entendimento do manual de montagem. Material que compe as cadeiras (madeira, tecido, plstico etc.). Dimenses das partes que compem as cadeiras (comprimento, largura, altura). Caractersticas do revestimento (cor, material etc.). Caractersticas do estofamento. Inclinao entre o assento e o encosto. Presena de espao livre entre assento-encosto. Presena de apoio para o antebrao. Tipo de borda anterior do assento: arredondada ou no. Estabilidade. Presena de quinas e bordas retas.

    CADEIRAS

    Disponibilidade e facilidade de entendimento do manual de montagem. Material que compe as mesas (madeira, vidro, pedra). Dimenses (comprimento, largura, altura). Formato da mesa (redonda, quadrada, retangular). Caractersticas do revestimento (cor, material etc.). Nmero de lugares. Estabilidade. Presena de quinas e bordas retas.

    MESAS

    Disponibilidade e facilidade de entendimento do manual de montagem.

  • 22

    3.4.1. Dimenses e demais caractersticas dos mveis

    As dimenses dos mveis foram obtidas por meio de medies diretas

    dos mveis, utilizando instrumentos como gonimetro, trenas graduadas e fitas

    mtricas.

    Os dados obtidos na coleta foram confrontados com as recomendaes

    do Selo de Garantia do Programa de Qualidade do Mvel Brasileiro da

    ABIMVEL (2003), com a Norma Brasileira NBR 15164/2004 para mveis

    estofados Sofs, alm das recomendaes de PANERO e ZELNIK (2002),

    GOMES (2003), NICHOLL e BOUERI (2001a) e dados antropomtricos do INT

    (1995).

    Para efeito de comparao, as dimenses dos mveis atenderam s

    principais variveis antropomtricas, tais como:

    - Mesas: largura corporal mxima.

    - Guarda-roupas: alcances mnimos e mximos; dimetro de

    empunhadura e espao para mos dos puxadores de portas e gavetas;

    - Cadeiras e sofs: altura fossa popltea; largura do quadril, profundidade

    ndega poplteal para pessoa sentada; largura do trax;

    - Camas: estatura, largura do trax ombro a ombro etc.

    O Quadro 2 apresenta as variveis antropomtricas utilizadas no presente

    trabalho.

    QUADRO 2 Variveis antropomtricas utilizadas no trabalho

    Medidas antropomtricas Descrio Figura

    Altura popliteal Distncia vertical da curva interna do joelho (poplteo) ao solo.

    Profundidade ndega

    - popliteal, sujeito

    sentado

    Distncia pstero-anterior do plano mais posterior das ndegas (zonale glutae) curva interna do joelho (poplteo).

    (continua...)

  • 23

    Largura do quadril,

    sujeito sentado

    Distncia horizontal entre as superfcies mais laterais do corpo, ao nvel dos trocanteres maiores (entre a zonale glutae laterale direita e a zonale glutae laterale esquerda), estando o sujeito sentado.

    Altura do cotovelo

    assento

    Distncia vertical da ponta do cotovelo (olekranion inferius) ao assento, estando o antebrao flexionado, formando um ngulo de 90 graus com o brao.

    Alcance dos braos,

    sentado

    Distncia pstero-anterior do plano de referncia extremidade pulpar do dedo mdio (daktylion III), estando os antebraos flexionados formando um ngulo de 90 graus com os braos.

    Largura de cotovelo a

    cotovelo, sujeito

    sentado

    Distncia horizontal entre os pontos mais laterais dos cotovelos (entre o carpi radialis longus direito e o carpiradialis longus esquerdo), estando os antebraos flexionados, formando um ngulo de 90 graus com os braos.

    Largura do trax entre

    as axilas, sujeito

    sentado

    Distncia horizontal entre as axilas (entre o axillare direito e o axillare esquerdo).

    Alcance vertical de

    apreenso Distncia vertical da capacidade de apreenso da mo ao solo.

    Estatura Distncia vertical do vrtice (vertex) ao solo.

    (continua...)

  • 24

    Largura da mo, no

    metacarpo

    Distncia entre os pontos mais laterais da mo, nos metacarpos dos dedos indicador e mnimo (entre o metacarpale radii e o metacarpale ulnae).

    Espessura da mo

    Distncia entre os pontos mais proeminentes do metacarpo III, nas superfcies dorsal e palmar da mo (entre o metacarpale III dorsalis e o metacarpale III palmaris).

    Inclinao de conforto

    do tronco ngulo de inclinao do tronco para trs

    Fonte: Adaptado do (INT, 1995).

    As caractersticas fsicas do mvel foram avaliadas atravs de

    formulrios especficos (Anexos, 2, 3, 4, 5 e 6). Foram coletados dados

    relacionados ao dimensionamento, material e revestimento. Para cada tipo de

    mobilirio foram avaliados itens especficos. A quantidade de mveis

    analisados para cada item encontra-se nos Quadros 3, 4, 5, 6 e 7. As

    dimenses avaliadas nos mveis esto representadas nas Figuras 2,3,4 e 5.

    QUADRO 3 Nmero de amostras avaliadas em sofs

    sofs

    Caractersticas Aspectos especficos Lugares Quantidade

    avaliada 2 lugares 6 Largura 3 lugares 15

    Dimenses Externas

    Profundidade 19 2 lugares 7 Largura 3 lugares 15 Assento

    profundidade 23 2 lugares 7 Largura 3 lugares 15

    Altura 25 Encosto

    Profundidade 19 Largura 22 Altura 20 Apoio do brao Profundidade 22 Largura 5

    Dimenses e demais

    caractersticas

    P Altura 23

    (continua...)

  • 25

    Profundidade 5 Dimetro 18

    Material 23 Inclinao entre o assento e o encosto

    26

    Madeira interna 26 Estofamento 26

    Revestimento 26 QUADRO 4 Nmero de amostras avaliadas em camas

    Camas

    Caractersticas Aspectos especficos Lugares Quantidade

    avaliada 1 lugar 6 Largura 2 lugares 13

    Dimenses Externas

    Profundidade 16 1 lugar 5 Largura 2 lugares 12

    Dimenses internas

    Profundidade 20 Espessura 15 Altura 19 Altura at o piso

    18 Barra lateral

    Profundidade 21 1 lugar 6 Largura 2 lugares 15

    Altura 20 Inclinao 21

    Cabeceira

    Espessura 13 Largura 18 Altura 14 P Profundidade 18 N. de Ripas 16 Largura 17 Espessura 11 Espaamento entre as ripas

    15 Ripas do estrado

    Altura at o piso

    18

    Material 21

    Dimenses e demais

    caractersticas

    Revestimento 21

    QUADRO 5 Nmero de amostras avaliadas em guarda - roupas

    Guarda - roupas

    Caractersticas Aspectos especficos Lugares Quantidade

    avaliada 3 Portas 4

    Dimenses Externas

    Largura 4portas 9

    (continua...)

  • 26

    5 Portas 4 6 portas 13

    Profundidade 31

    Altura 31 Largura 112 Altura 112

    Gavetas internas

    Profundidade 112 Largura 91 Altura 91

    Gavetas externas

    Profundidade 91 Largura 30 Altura 30 Altura at o piso 30

    Portas

    Espessura 31 Altura interna 20 Altura at o piso 26 Distncia at a porta

    19

    Material 31

    Puxadores das portas

    Espessura 20 Comprimento 48 Altura at o piso 66 Puxadores das Gavetas

    externas Distncia at a gaveta

    38

    Dimenses do apoio no piso Altura

    23

    ltima prateleira Altura at o piso 28 Dimenses Internas Profundidade

    24

    Largura 27 Altura 24 Altura at o piso 24 Espessura 18 Dimetro 6 Distncia at a prateleira acima

    28

    Cabideiros

    Distncia at a prateleira abaixo

    37

    Largura 24 Profundidade 24 Dimetro 17 N. de traves 25 Distncia at a prateleira acima

    27

    Distncia at a prateleira abaixo

    28

    Calceiro

    Distncia at a prateleira traves

    26

    Portas 31 Laterais 31 Material Fundos 31

    Dimenses e demais

    caractersticas

    Revestimento 31

  • 27

    QUADRO 6 Nmero de amostras avaliadas em cadeiras

    Cadeiras

    Caractersticas Aspectos especficos Quantidade avaliada Largura 10 Altura at o piso 15

    Dimenses do assento

    profundidade 14 Largura 15 Altura 15

    Dimenses do encosto

    Espessura 8 Largura 13 Altura 13 Profundidade 14

    Dimenses do p

    Material 15 Inclinaes de assento /encosto 10

    Material 14

    Estofamento 15

    Revestimento do encosto 15

    Dimenses e demais

    caractersticas

    Revestimento do assento 15

    QUADRO 7 Nmero de amostras avaliadas em mesas de jantar

    Mesa de jantar

    Caractersticas Aspectos especficos Lugares Quantidade

    avaliada 4 lugares 4 Largura 6 lugares 9

    Altura at o piso 15 4 lugares 4

    Dimenses da mesa

    Comprimento 6 lugares 9

    Dimenses do Tampo Espessura

    14

    Mesa e cadeira

    Distncia entre assento da cadeira e o tampo da mesa

    14

    Largura 14 Altura 14 Dimenses do P Profundidade 13

    Material 14 Material de complemento

    14

    Dimenses e

    demais caractersticas

    Revestimento 14

  • 28

    Figura 2 Dimenses avaliadas em sofs

  • 29

    Figura 3 Dimenses avaliadas em camas

  • 30

    Figura 4 Dimenses avaliadas em guarda-roupas

  • 31

    Figura 5 Dimenses avaliadas em cadeiras e mesas de jantar

  • 32

    3.4.2. Determinao das foras envolvidas

    Para a realizao da determinao dos esforos musculares e da anlise

    biomecnica, os dados foram levantados por meio de medies diretas das

    foras envolvidas na utilizao dos mveis, com o uso de uma clula de carga

    da marca Kratos, modelo IDDK, com capacidade de at 1.000 N. Na

    determinao das foras envolvidas foram coletados dados em guarda-roupas,

    onde foram avaliadas as foras de abrir e fechar portas, gavetas e calceiros

    mveis.

    3.4.3. Usabilidade

    Para determinao dos esforos musculares, os dados foram

    levantados por meio de medies diretas das foras envolvidas no uso dirio

    dos mveis, tais como, abrir e fechar portas e gavetas. As foras foram

    avaliadas por meio de uma clula de carga da marca Kratos, modelo IDDK,

    com capacidade de at 1.000 N.

    3.4.5. Aspectos de segurana Os aspectos de segurana do mvel foram avaliados com base em

    caractersticas como:

    - Presena de arestas cortantes e quinas salientes, que possam

    provocar cortes e hematomas, respectivamente;

    - Material de revestimento, criando reflexos e ofuscamentos;

    - Estabilidade do mvel.

    3.4.6. Manual de montagem de utilizao e de conservao

    Das cinqenta indstrias pesquisadas, somente dez disponibilizaram os

    manuais de montagem de seus mveis para anlise. Nesta etapa de avaliao

    foram considerados aspectos de conformidade ergonmica, relacionada

    montagem do mvel, onde foram avaliadas a disponibilidade de manual para

    montagem e explicao de passos de montagem.

    Foi, tambm, avaliada a qualidade das informaes contidas no manual,

    ou seja, a qualidade da informao impressa, a relao e especificao de

    parafusos e de peas de madeira e recomendaes sobre limpeza e

    conservao do produto.

  • 33

    4. RESULTADOS E DISCUSSO 4.1. Principais tipos de mveis fabricados pelas empresas moveleiras

    localizadas em Ub e regio

    Entre as 99 indstrias associadas atualmente ao INTERSIND verificou-

    se que 24,6% delas fabricam camas, 19,1% fabricam guarda-roupas, 18,1%

    fabricam sofs