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UNIVERSIDADE VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENDÃO E CULTURA- PROPPEC CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS - PMGPP AVALIAÇÃO DA GESTÃO DOS RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTES E APÓS A REESTRUTURAÇÃO DOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS FEDERAIS TEREZA CORSO BISCAIA ITAJAÍ (SC), 2013

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UNIVERSIDADE VALE DO ITAJAÍ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENDÃO E CULTURA-

PROPPEC

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE POLÍTICAS

PÚBLICAS - PMGPP

AVALIAÇÃO DA GESTÃO DOS RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS E

FINANCEIROS DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTES E APÓS A

REESTRUTURAÇÃO DOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS FEDERAIS

TEREZA CORSO BISCAIA

ITAJAÍ (SC), 2013

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UNIVERSIDADE VALE DO ITAJAÍ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENDÃO E CULTURA-

PROPPEC

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE POLÍTICAS

PÚBLICAS - PMGPP

AVALIAÇÃO DA GESTÃO DOS RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS E

FINANCEIROS DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTES E APÓS A

REESTRUTURAÇÃO DOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS FEDERAIS

TEREZA CORSO BISCAIA

Dissertação apresentada à Banca Examinadora no Mestrado Profissional em Gestão de Políticas Públicas da Universidade Vale do Itajaí- UNIVALI, sob a orientação Prof. Dr. Flávio Ramos, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Gestão de Políticas Públicas.

ITAJAÍ (SC), 2013

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Dedicatória

À Deus fiel companheiro de todas as horas,

Aquele que torna possível todas as coisas.

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Agradecimento

Agradeço primeiramente a DEUS por ter-me proporcionado a oportunidade de iniciar

este mestrado. Por conceder-me sabedoria e resiliência no enfrentamento e

superação das minhas limitações.

Aos meus pais, Aristide e Maria Tereza, pelo exemplo de vida e fé, pela educação

pautada em princípios e valores que julgaram ser essenciais na formação do ser

humano, e pelo estímulo e apoio durante esta jornada.

Aos meus amados filhos Gabriel e Larissa, cujo amor me fortalece e impulsiona a

buscar dias melhores, com escusas pelos períodos de ausência e pela pouca

atenção dispensada durante este período. Ao meu esposo Miguel pela partilha dos

desafios e conquistas no decorrer de nossa caminhada.

Ao orientador Prof. Dr. Flávio Ramos, pela clareza e segurança nas orientações

durante a revisão do projeto e o desenvolvimento do estudo.

Ao Prof. Eduardo Guerini pelas contribuições na banca de qualificação do projeto.

A todos os professores do mestrado que compartilharam seus conhecimentos e

pelas valiosas contribuições.

Aos diretores do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná pela

oportunidade de realização deste estudo.

À Vera Bandeira do Nascimento pelo incentivo em participar do processo seletivo do

programa de mestrado objeto desta dissertação. Às minhas colegas de trabalho

Leila Cristina Farias de Souza e Vera Areias pelo incentivo e compreensão durante

minhas ausências para assistir as aulas do mestrado.

Aos meus colegas de mestrado, pelo compartilhamento das experiências vividas

durante o curso.

E a todos que, de alguma forma, contribuíram e colaboraram para esta realização, o

meu mais sincero agradecimento.

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“ Se você pensa ou sonha que pode, comece.

Ousadia tem poder, genialidade e mágica.

Ouse fazer e o poder lhe será dado”.

Goethe

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RESUMO Diante da crise dos Hospitais Universitários Federais, foi instituído o Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais – REHUF destinado à reestruturação e à revitalização dos hospitais das universidades federais, integrados no sistema único de saúde e dispõe sobre o financiamento compartilhado dos HU´s entre as áreas da saúde e da educação entre outros. O aumento da produtividade, melhoria na qualidade dos atendimentos dos HUs, além da racionalização dos gastos e despesas, são reivindicações frequentes do governo e da sociedade. Ciente da dificuldade na gestão econômica e financeira dessas instituições e que as mesmas pendem para uma situação de desequilíbrio econômico, é que este estudo pretende analisar qual foi o impacto na gestão orçamentária e financeira de um Hospital Universitário no sul do país dos recursos disponibilizados pela Reestruturação dos Hospitais Universitário Federais. A pesquisa valeu-se da abordagem qualitativa e como estratégia utilizou-se o estudo de caso que teve a análise documental a principal fonte de evidências, tomando- se por base os valores constantes nos demonstrativos das contas públicas disponibilizadas pelo Sistema Integrado de Administração Financeira - SIAFI, relatórios gerenciais e de gestão do período compreendido neste estudo. A partir do levantamento das receitas e despesas executadas efetuou-se a consolidação dos dados e várias análises por meio de gráficos comparativos. Constatou-se que os recursos para custeio disponibilizados pelo REHUF foram exíguos tendo pouca representatividade sobre a totalidade do orçamento e que tiveram maior representatividade no exercício de 2011 no percentual de 32% e os recursos de capital em 2012 com um percentual de 81%. Concluiu-se através da análise da execução do orçamento que o subfinanciamento e os gastos com pessoal constituem-se o principal problema para a manutenção de sua sustentabilidade operacional, sendo necessário para sua consolidação aporte de recursos orçamentários, a busca de fontes alternativas de financiamento, equilíbrio financeiro, aperfeiçoamento da gestão e planejamento, equalização da oferta de serviços versus financiamento, a fim de permitir o pleno cumprimento da missão atribuída a essas instituições hospitalares, bem como, a efetividade das políticas públicas de saúde para os hospitais universitários. Palavras chave: Hospitais Universitários, Sistema Único de Saúde, REHUF, Execução Financeira e Orçamentária.

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ABSTRACT

The Restructuring of Federal University Hospitals Program – REHUF – was set up in light of the crisis affecting the Federal University Hospitals, with the aim of restructuring and revitalizing the federal university hospitals, integrated into the national health care system that provides for shared funding of University Hospitals between the areas of health and education, among other areas. Increased productivity, improved quality of care provided by the University Hospitals, and the rationalization of expenditures and expenses, are frequent claims of government and society. Aware of the difficulties in the economic and financial management of these institutions, and that they depend to a situation of economic imbalance, this study examines the impact of the resources provided by the REHUF on the budgetary and financial management of a university hospital in the south of Brazil. The research uses a quantitative approach, and a case study with document analysis as the main source of evidence, based on the amounts given in the consolidated public accounts provided by the Integrated Financial Management System - SIAFI, and management reports for the period included in this study. Based on the survey of income and expenditure, the data were consolidated and various analyses carried out using comparative graphs. It was found that the resources available to fund the REHUF were scarce, with little representation in the overall budget, and that they had greater representation in 2011, with a percentage of 32% and capital resources in 2012 with a percentage of 81%. It was concluded, through analysis of the execution of the budget, that underfunding and personnel expenses constitute the main problem for the maintenance of its operational sustainability, and it is necessary to consolidate their supply of budgetary resources, searching for alternative sources of funding, financial stability, improved management and planning, and equalization of service provision versus funding, and to enable full compliance with the social mission assigned to these hospitals, as well as the effectiveness of public health policies.

Keywords: University Hospitals, Health System, REHUF, Financial and Budget Execution

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Componentesdo Financiamento dos HU´s .................................................. 41

Quadro 2 - Legislação referente à atual política para os Hospitais Universitários e de

Ensino ..................................................................................................................................... 50

Quadro 3 - Princípios Norteadores da LRF ..................................................................... 54

Quadro 4 - Comparativo do Orçamento Tradicional com o Orçamento -Programa... 66

Quadro 5 - Princípios Orçamentários ............................................................................... 68

Quadro 6 - Classificação Funcional-programática ......................................................... 74

Quadro 7 - Categorias Econômicas e Grupos ................................................................ 75

Quadro 8 - Quadro sinótico da classificação econômica da receita ........................... 83

Quadro 9 - Variáveis da pesquisa ..................................................................................... 88

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Créditos orçamentários de custeio no período de 2008 – 2012 ................. 94

Tabela 2 - Percentual doscréditos orçamentários de custeio ........................................ 95

Tabela 3 - Créditos orçamentários de capital no período de 2008 a 2012 .................. 99

Tabela 4 - Percentual dos créditos orçamentários de capital ........................................ 99

Tabela 5 - Créditos orçamentários de custeio e capital no período de 2008-2012 .. 103

Tabela 6 - Evolução dos créditos orçamentários de custeio e capital........................ 103

Tabela 7 - Comparativo das despesas realizadas no período de 2008 a 2012 .........111

Tabela 8 - Percentual dos gastos por grupo de despesa ..............................................111

Tabela 9 - Evolução das despesas no período de 2008 a 2012 ................................. 115

Tabela 10 - Despesas de contratos no período de 2008 - 2012 ................................. 120

Tabela 11 - Evolução das despesas de contratos ......................................................... 120

Tabela 12 - Sustentabilidade operacional no período de 2008 a 2012 ...................... 123

Tabela 13 - Percentual deRepresentatividade das despesas sobre as receitas ...... 124

Tabela 14 - Evolução das receitas e despesas no período de 2008 a 2012............. 128

Tabela 15 - Representatividade dos recursos do REHUF ........................................... 129

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Planejamento na administração pública ......................................................... 57

Figura 2 - Instrumentos de planejamento ......................................................................... 62

Figura 3 - Ciclo Orçamentário ............................................................................................. 70

Figura 4- Recursos orçamentários de custeio - 2008 ..................................................... 96

Figura 5 -Recursos orçamentários de custeio - 2009 ..................................................... 97

Figura 6 -Recursos orçamentários de custeio– 2010 ..................................................... 97

Figura 7 -Recursos orçamentários de custeio - 2011 ..................................................... 97

Figura 8 - Recursos orçamentários de custeio – 2012 ................................................... 98

Figura 9 - Recursos orçamentários de custeio consolidados no período de 2008 -

2012 ........................................................................................................................................ 98

Figura 10 - Recursos orçamentários de capital - 2008 ................................................. 100

Figura 11 - Recursos orçamentários de capital - 2009 ................................................. 101

Figura 12 - Recursos orçamentários de capital- 2010 .................................................. 101

Figura 13 - Recursos orçamentários de capital - 2011 ................................................ 101

Figura 14 - Recursos orçamentários de capital - 2012 ................................................. 101

Figura 15 - Recursos orçamentários de capital consolidados no período de 2008 -

2012 ...................................................................................................................................... 102

Figura 16 - Evolução dos créditos orçamentários do SUS no período de 2008 - 2012

............................................................................................................................................... 104

Figura 17 - Evolução dos créditos orçamentários do tesouro no período de 2008 -

2012 ...................................................................................................................................... 105

Figura 18 - Evolução dos créditos orçamentários do REHUF no período de 2010 -

2012 ...................................................................................................................................... 105

Figura 19 - Evolução dos créditos orçamentários de recurso próprio no .................. 106

Figura 20 - Evolução dos créditos orçamentários referente aos repasses da UFPR

............................................................................................................................................... 107

Figura 21 - Evolução dos créditos orçamentários de convênio no período de 2008 –

2012 ...................................................................................................................................... 107

Figura 22 - Evolução dos créditos orçamentários de emendas no período de 2008 –

2012 ...................................................................................................................................... 108

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Figura 23- Despesas Realizadas - 2008 ......................................................................... 112

Figura 24- Despesas Realizadas - 2009 ......................................................................... 113

Figura 25- Despesas Realizadas- 2010 .......................................................................... 113

Figura 26 - Despesas Realizadas - 2011 ........................................................................ 114

Figura 27- Despesas Realizadas– 2012 ......................................................................... 114

Figura 28- Evolução das despesasrealizadas dematerial de consumo no ............... 116

Figura 29- Evolução das despesas realizadas de serviços de terceiros no ............. 116

Figura 30 - Evolução das despesas realizadas com Pessoal Funpar no período de

2008 – 2012 ......................................................................................................................... 117

Figura 31 - Evolução das despesas realizadas de contratos no período de 2008 –

2012 ...................................................................................................................................... 118

Figura 32- Evolução das despesas realizadas de equipamentos e material

permanente .......................................................................................................................... 119

Figura 33 - Evolução de contratos terceirizados............................................................ 121

Figura 34- Evolução de contratos de locação de máquinas equipamentos .............. 122

Figura 35 - Evolução de contratos de material de consumo ....................................... 122

Figura 36 - Evolução de outros contratos ....................................................................... 122

Figura 37- Representatividade das despesas em 2008 ............................................... 125

Figura 38 - Representatividade das despesas em 2009 .............................................. 126

Figura 39 - Representatividade das despesas em 2010 .............................................. 126

Figura 40- Representatividade das despesas em 2011 ............................................... 126

Figura 41 - Representatividade das despesas em 2012 .............................................. 127

Figura 42- Evolução das receitas e despesas no período de 2008 a 2012 .............. 128

Figura 43- Créditos orçamentários do REHUF no período de 2008 – 2012 ............. 130

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABRAHUE Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino

ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

BACEN Banco Central

CPMF Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira

EC Emenda Constitucional

FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador

FIDEPS Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e Pesquisa em

Saúde

HU´s Hospitais Universitários

ICMS Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias

IFES Instituição Federal de Ensino Superior

INTEGRASUS Incentivo de Integração ao SUS

IPTU Imposto Predial Territorial Urbano

LC Lei Constitucional

LDO Lei das Diretrizes Orçamentárias

LOA Lei Orçamentária Anual

MEC Ministério da Educação

OSS Orçamento da Seguridade Social

PIRM Programa Interministerial de Reforço e Manutenção dos Hus

PPA Plano Plurianual

REHUF Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais

SIAFI Sistema Integrado de Administração Financeira

SIMEC Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle

SIOPS Sistema de Informação sobre Orçamentos Públicos em Saúde

SUS Sistema Único de Saúde

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14

2. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA ........................................................................ 16

3. OBJETIVO......................................................................................................................... 19

3.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 19

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................... 19

4. JUSTIFICATIVA DA PESQUISA .................................................................................. 20

5. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 22

5.1 O SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL E AS POLÍTICAS NACIONAIS ................ 22

5.1.1 O Papel do Estado sobre a saúde no contexto das políticas

neoliberais ..................................................................................................................... 24

5.1.2 Sistema Único de Saúde – SUS ..................................................................... 25

5.1.3 Financiamento do Sistema Único de Saúde e seus entraves ............... 29

5.2. HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS NO BRASIL ........................................................ 36

5.3 FINANCIAMENTO E GESTÃO DOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS .............. 39

5.4 PROGRAMA NACIONAL DE REESTRUTURAÇÃO DOS HOSPITAIS

UNIVERSITÁRIOS FEDERAIS – REHUF ..................................................................... 44

5.5 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA OS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS E DE

ENSINO .............................................................................................................................. 46

5.6 CONTABILIDADE PÚBLICA ..................................................................................... 51

5.7 PLANEJAMENTO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............................................ 55

5.7.1 Plano Plurianual – PPA .................................................................................... 57

5.7.2 Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO ....................................................... 59

5.7.3 Lei Orçamentária Anual - LOA ....................................................................... 60

5.7.4 Orçamento Público ........................................................................................... 63

5.8. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS........................................................................... 67

5.9 O CICLO ORÇAMENTÁRIO BRASILEIRO ............................................................ 69

5.10 DESPESA PÚBLICA ................................................................................................ 71

5.10.1 Classificação das Despesas ........................................................................ 72

5.10.2 Estágios da Despesa ...................................................................................... 76

5.11 RECEITA PÚBLICA.................................................................................................. 78

5.11.1 Classificação das Receitas........................................................................... 79

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6. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................... 86

6.1 ESTRATÉGIAS DE PLANEJAMENTO DA PESQUISA ........................................ 86

6.2 VARIÁVEIS OPERACIONAIS DO ESTUDO .......................................................... 87

6.3 TÉCNICA E INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ....................................... 88

6.4 PLANO E PERÍODO DE ANÁLISE DOS DADOS .................................................. 89

7. O CONTEXTO DO ESTUDO.......................................................................................... 90

8. ANÁLISE DOS RESULTADOS ..................................................................................... 92

8.1 COMPOSIÇÃO E EVOLUÇÃO DA RECEITA ........................................................ 93

8.2. COMPOSIÇÃO E EVOLUÇÃO DAS DESPESAS .............................................. 109

8.3 SUSTENTABILIDADEOPERACIONAL................................................................. 123

8.4 REPRESENTATIVIDADE DOS RECURSOS DO REHUF ................................. 129

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 131

REFERÊNCIAS................................................................................................................... 133

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1. INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988 inaugurou um novo momento político-

institucional no Brasil e reconheceu a saúde como um direito social de cidadania e

dever do Estado (BRASIL, 2008). Desta forma, a saúde passou a ser um direito

público constitucionalmente tutelado. Ao poder público incumbe formular e

implementar políticas econômicas e sociais e que visem garantir aos cidadãos o

acesso igualitário e universal à assistência médico hospitalar. Neste sentido,

caberia um esforço social visando a mobilização dos recursos necessários para a

proteção, promoção, recuperação e reabilitação da saúde.

Embora não seja pertinente questionar a legitimidade desse direito é

importante registrar as dificuldades encontradas para a sua concretização,

lembrando que a manutenção das políticas públicas de saúde tem sido ameaçada

sempre que prevalece a lógica da economia de mercado.

Em que pese o mandamento Constitucional, o direito à saúde esbarra na

exiguidade dos recursos e na escolha de prioridades do gestor público. Associando-

se à escassez de recursos na área da saúde, Caleman, Moreira e Sanchez (1998)

afirmam que o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta dificuldades para o alcance

de seu funcionamento desejado devido às necessidades de maior financiamento e

problemas com sua eficiência administrativa.

No Brasil, a busca pelo controle e eficiência das ações do poder público é

reforçada com a aprovação da Lei Complementar 101 ou Lei de Responsabilidade

Fiscal (LRF), em maio de 2000, embasada no capítulo II, título VI da Constituição

Federal.

Esta Lei tornou-se a prerrogativa de conduta para os gestores públicos. Tem

como objetivo introduzir métodos que possibilitem ampliar o controle e a

transparência dos atos dos gestores, equilíbrio das contas públicas, monitoramento

dos índices orçamentários, a adequação das despesas às receitas auferidas, com

vistas à sustentabilidade operacional.

É premente a necessidade de controle, uma vez que o mesmo evita que as

instituições governamentais desperdicem os recursos que lhes são disponibilizados

e se endividem além do que seu lastro financeiro permite; além de verificar a

aplicabilidade dos recursos através do exame dos resultados alcançados, os

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processos e recursos empregados confrontando com as metas e os objetivos

previamente delineados à luz de critérios como eficiência, eficácia, efetividade e

economicidade (PIETRO, 2003; REIS, 2003; MEIRELLES, 2004).

Os direitos sociais garantidos pelo Estado são potencializados pelo

planejamento e gerenciamento públicos e o orçamento constitui-se como uma

imprescindível ferramenta de gestão dos recursos públicos na busca pelo bem-estar

social. É considerado um instrumento de planejamento e execução das Finanças

públicas e são elaborados diante da necessidade de encontrar soluções para os

problemas sociais (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2006; ROSA, 2011).

Com a utilização do orçamento como instrumento de gestão é possível

vivenciar a accountability, sendo este mais um mecanismo de reforço à prática da

cidadania, na responsabilização pelas ações do governo e no controle dos

processos de interesse coletivo, bem como a obrigação do gestor público de se

sujeitar à lei, e de forma transparente, prestar contas responsavelmente pelos seus

atos de gestão (SACRAMENTO, 2004).

Diante do exposto, percebe-se o orçamento como um dos elementos

estruturantes da gestão pública, sendo uma ferramenta gerencial que impacta e

possibilita avaliar o desempenho das organizações, proporcionando uma análise

acerca da condução das ações orçamentárias, além da qualidade da atuação do

gestor público.

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2. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

Os Hospitais Universitários (HU´s) vinculados às Instituições Federais de

Ensino Superior (IFES) do Ministério da Educação (MEC) são reconhecidos, no

Brasil, por desempenharem papel fundamental na prestação de serviços aos

usuários do sistema público de saúde, mais especificamente na atenção de médias

e altas complexidades, nos níveis de atenção hospitalar e ambulatorial

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999).

Duas políticas distintas orientam os HU’s: de saúde e educação, sustentados

pelos princípios e diretrizes norteadoras do SUS. Perfazem em todo território

nacional 46 hospitais e são mantidos essencialmente através de recursos públicos

oriundos do Ministério da Educação além dos originados do Ministério da Saúde,

através do Sistema Único de Saúde (SUS), seguindo suas próprias lógicas de

interesse: o Ministério da Educação utiliza-os como cenário para realização da

pesquisa científica e do ensino e o Ministério da Saúde objetiva o atendimento

assistencial à saúde da população (DANTAS, 2011).

Segundo a Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino

(ABRAHUE), no decorrer do tempo, diversas dificuldades vêm sendo enfrentadas

por essas instituições, dentre elas problemas nos modelos de gestão, escassez de

recursos humanos, financiamento da produção dos serviços e investimentos em

equipamentos e estrutura física, o que tem contribuído para a redução da qualidade

e resolubilidade da prestação dos serviços hospitalares (ABRAHUE, 2003).

O pleno cumprimento da missão social atribuída a essas instituições

hospitalares, frente à crescente demanda de pacientes tem sido desejável, pois a

incerteza quanto ao financiamento em função das descontínuas políticas públicas

que nem sempre primam pela saúde, além da rigidez burocrática nas práticas

operacionais, dificultam a gestão (VASCONCELOS, 2010).

Diante da crise (crônica) dos Hospitais Universitários Federais, o Decreto Nº

7.082, de 27 de janeiro de 2010, regulamentado pela Portaria Interministerial 883 de

05/07/2010, instituiu o Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais

Universitários Federais – REHUF destinado à reestruturação e à revitalização dos

hospitais das universidades federais, integrados no sistema único de saúde e dispõe

sobre o financiamento compartilhado dos HU´s entre as áreas da saúde e da

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educação, oferecendo condições materiais e institucionais para que possam

desempenhar plenamente suas funções em relação às dimensões de ensino,

pesquisa e extensão e de assistência à saúde (BRASIL, 2010).

As diretrizes do REHUF estabelecem um novo mecanismo de financiamento

que será progressivamente compartilhado entre MEC e MS até 2012. Tem como

objetivo a melhoria dos processos de gestão, adequação da estrutura física,

recuperação e modernização do quadro tecnológico, reestruturação do quadro de

recursos humanos e aprimoramento das atividades através de avaliação

permanente e incorporação de novas tecnologias.

Garantir a sustentabilidade dessas instituições permite a continuidade dos

serviços assistenciais prestados à população, bem como, a formação de recursos

humanos potencialmente qualificados. Machado e Kuchenbecker (2007) ressaltam a

necessidade de fortalecer a sustentabilidade organizacional, ou seja adequar as

receitas às despesas, sendo necessária a busca de fontes alternativas de

financiamento, indicadores de avaliação e gestão, compromisso com resultados

(accountability), transparência entre outros.

Os Hospitais Universitários são reconhecidos atualmente por

desempenharem papel imprescindível na prestação de serviços aos usuários do

Sistema Único de Saúde, com ênfase na atenção de médias e altas complexidades,

nos níveis de atenção hospitalar e ambulatorial (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999).

Os HU´s, por suas características específicas e papel desempenhado na rede

hierarquizada de atenção à saúde que é gerida pelo SUS, acabam recebendo

pacientes mais graves, para realização de tratamentos que demandam maior

atenção de profissionais especializados e tecnologias mais avançadas, elevando,

consequentemente, a quantidade de recursos consumidos (ABRAHUE, 2003).

Todavia não há garantia de financiamento dos custos envolvidos nos

processos de produção dos seus serviços, sejam eles assistenciais, de ensino,

pesquisa ou ainda os relacionados à extensão universitária (DANTAS, 2011).

Isto ocorre porque a cobrança pelos serviços prestados não é feita com base

no valor do custo dos procedimentos realizados. O SUS remunera esses serviços

segundo os valores fixados em tabelas que são editadas pela Secretaria de Atenção

à Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Segundo a ABRAHUE (2003, p. 1) “a

tabela de remuneração por procedimento do SUS, que vem sendo objeto de

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reavaliação sistemática pelo Ministério da Saúde, sabidamente não permite a

cobertura integral dos custos”.

Os HU´s são obrigados a escolher entre reduzir ou encerrar atividades

operacionais ao longo do tempo, uma vez que apresentam dificuldades de manter

um equilíbrio entre receitas e despesas indispensáveis para o desempenho de

qualquer instituição (DANTAS, 2011).

Ciente da dificuldade na gestão econômica – financeira dessas instituições e

que as mesmas pendem para uma situação de desequilíbrio econômico, é que este

estudo pretende analisar a execução orçamentária e financeira do HCUFPR.

Nessa perspectiva, considerando as políticas públicas de saúde, a

problematização referente à temática é analisar:

Qual foi o impacto na gestão orçamentária e financeira do Hospital de

Clínicas da Universidade Federal do Paraná dos recursos disponibilizados pela

Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais?

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3. OBJETIVO

Com o propósito de auxiliar na obtenção de respostas à problemática

apresentada optou-se neste estudo pelo desmembramento dos objetivos desta

pesquisa em geral e específicos.

3.1 OBJETIVO GERAL

Esta pesquisa tem como objetivo geral demonstrar qual foi o impacto na

gestão orçamentária e financeira do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do

Paraná dos recursos disponibilizados pela Reestruturação dos Hospitais

Universitário Federais no período de 2008 a 2012.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

· Verificar a composição e evolução dos recursos disponibilizados ao

HCUFPR no período de 2008 a 2012;

· Identificar os valores das despesas empenhadas no HCUFPR no período

de 2008 a 2012;

· Comparar os indicadores de receitas e despesas do HCUFPR no

período de 2008 a 2012;

· Comparar qual foi a representatividade dos recursos disponibilizados

pelo REHUF com o orçamento total do HCUFPR no período de 2008 a

2012.

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4. JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

Pesquisa promovida pelo instituto Datafolha, no ano de 2011, confirmou a

saúde como a principal preocupação dos brasileiros, apontada por 31% dos

entrevistados como o principal problema do país em inquérito não estimulado

(DATAFOLHA, 2012).

Por meio do Índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde (IDSUS),

indicador síntese que faz uma aferição contextualizada do desempenho do SUS

quanto ao acesso e à efetividade da Atenção Básica, da Atenção Ambulatorial e

Hospitalar e das Urgências e Emergências, tendo como foco o usuário do SUS

residente em cada município brasileiro, é possível avaliar o desempenho dos

serviços públicos de assistência à saúde (PORTAL DA SAÚDE, 2012).

No ano de 2011, Ministério da Saúde avaliou a saúde pública brasileira com

uma nota 5,4, com base em uma escala de 0 a 10, revelando que somente 1,9% da

população do país vivem nos 347 municípios cujos serviços obtiveram notas acima

de 7,0, sendo a avaliação considerada aceitável pelo órgão (NALON, 2012).

A crescente preocupação da população brasileira com a deficiência dos

serviços públicos de assistência à saúde, bem como, o seu desempenho

insatisfatório, podem ser explicados segundo Caleman, Moreira e Sanchez (1998)

quando afirmam que o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta dificuldades para o

alcance de seu funcionamento desejado devido às necessidades de maior

financiamento e problemas com sua eficiência administrativa.

Hospitais Universitários exercem um papel fundamental na rede brasileira de

assistência à saúde da população usuária do Sistema Único de Saúde, por serem

reconhecidos como centros de referência na realização de procedimentos de média

e alta complexidade e na formação de profissionais da área da assistência à saúde

(ABRAHUE, 2003, EBSERH, 2013).

Os HU enfrentam o desafio de prover atenção à saúde de uma crescente

população idosa e arcar com os custos dela derivados equalizando a relação entre

oferta de serviços e acesso versus financiamento adequado. Compete ainda aos

gestores prestar contas ao governo e à sociedade sobre a utilização dos recursos

públicos (DANIELS, 1982). Bonancim e Araujo (2010) afirmam ainda, que os

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avanços tecnológicos e a escassez de recursos financeiros disponibilizados pelo

Estado resultam numa crescente demanda da gestão profissional.

Entender a forma como estes hospitais são financiados implica em garantir

igualdade de oportunidades para permitir a continuidade dos serviços prestados

tanto na assistência à saúde da população, quanto na formação de recursos

humanos potencialmente qualificados, especialmente na área da saúde (DANTAS,

2011).

Tendo em vista o aporte de recursos recebidos através do Programa de

Reestruturação dos Hospitais Universitários, a presente pesquisa tem a intenção de

investigar qual foi o impacto do programa para a instituição, através da análise da

execução do orçamento.

Analisar a gestão orçamentária de um Hospital Universitário Federal é

necessário para garantir a materialização dos objetivos propostos nos princípios

básicos da governança pública (relações éticas; conformidade; transparência; e

prestação responsável de contas), assim como, desenvolver mecanismos para o

alcance de uma gestão sustentável.

Destacando-se a relevância e complexidade do tema abordado, esta pesquisa

justifica-se tendo em vista a importância do orçamento como mecanismo de

execução das finanças públicas além de lastro financiador dos programas

governamentais.

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5. REFERENCIAL TEÓRICO

A estrutura teórica que consolida este trabalho pode ser delineada em quatro

pilares: um voltado às políticas Nacionais de Saúde com enfoque voltado aos

Hospitais Universitários e seu financiamento, bem como, suas políticas

interministeriais; o outro com uma abordagem sobre a dinâmica orçamentária

brasileira cuja função principal é subsidiar informações para o acompanhamento e

controle da execução orçamentária e financeira.

5.1 O SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL E AS POLÍTICAS NACIONAIS

As políticas públicas norteiam as ações da administração pública e podem ser

definidas como respostas do Estado frente às demandas que emergem da

sociedade. Consolidam-se através do conjunto de diretrizes, normas e

procedimentos para as relações entre poder público e sociedade, entre Estado e

atores sociais. O processo de elaboração e implantação das políticas públicas,

principalmente, em seus resultados, representa a execução do poder político,

envolvendo a distribuição e redistribuição de poder, os processos de decisão e seus

conflitos, bem como a divisão dos custos e benefícios sociais (TEIXEIRA, 2002).

Adicionalmente, dois elementos fundamentais norteiam uma política pública: a

intencionalidade pública e a resposta a um problema público; em outras palavras, o

argumento para estabelecer uma política pública é o tratamento ou a resolução de

um problema entendido como coletivamente relevante. Nesta perspectiva, as

políticas públicas são provenientes das demandas originadas no interior do sistema

político e procuram atender reivindicações de vários setores da sociedade ou de

alguns grupos específicos, quando o atendimento das necessidades requer a ação

do Estado. Desta forma, para que haja políticas públicas, é necessário a existência

de um problema reconhecido, que sejam tomadas decisões com respeito às ações a

serem seguidas, que as decisões sejam executadas além de avaliá-las para o

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reconhecimento dos resultados que estão sendo obtidos (SECCHI, 2010;

MONTEIRO, 2006).

Política Pública, na visão de Souza (2003, p.25), seria “o campo do

conhecimento que busca, ao mesmo tempo, ‘colocar o governo em ação’ e/ou

analisar essa ação, e quando necessário, propor mudanças no rumo dessas ações”.

Uma política pública exprime a articulação entre os atores do Estado e da

sociedade civil, envolvidos nas negociações, que derivam na formulação de

diretrizes para dar resolução a uma determinada demanda (SECCHI, 2010). A

construção das políticas públicas é um campo de disputa na relação entre a

sociedade civil e o Estado, onde a elaboração das políticas públicas, suas ações e a

participação social são os elementos que estão em jogo (GUIMARÃES, 2007).

A política pública é vista como um ciclo deliberativo constituído de vários

estágios sendo um processo dinâmico e de aprendizado. O ciclo da política pública

constitui-se conforme os seguintes estágios: definição da agenda, identificação de

alternativas, avaliação das opções, seleção das opções, implementação e avaliação

(SOUZA, 2003).

Na concepção de Rua (2009), o acompanhamento, o monitoramento, a

avaliação e o controle das políticas são procedimentos significativos para que as

mesmas ganhem efetividade, resultando não somente na interferência da realidade,

mas na transformação de problemas em situações solucionadas.

No aspecto da ação social, as políticas públicas de saúde são a resposta que

o Estado apresenta frente uma necessidade manifestada pela sociedade, propondo

ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto a nível coletivo quanto

individual.

As políticas de saúde no Brasil passaram por diversas transformações ao

longo da história, contudo neste estudo será abordado o período a partir da década

de 80, com o advento do Sistema Único de Saúde.

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5.1.1 O Papel do Estado sobre a saúde no contexto das políticas neoliberais

A Constituição Federal de 1988 inaugurou um novo momento político-

institucional no Brasil e reconheceu a saúde como um direito social de cidadania de

acordo com o artigo 196 da lei nº8080/90: “A saúde é direito de todos e dever do

Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do

risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e

serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (Brasil, 1998). Em

contrapartida, de acordo com a política neoliberal, foram introduzidos mecanismos

que comprometem a continuidade do processo de construção de uma seguridade

social ampla e baseada nos direitos de cidadania através da substituição do aparato

estatal de assistência à pobreza por organizações não governamentais – ONGs,

privatização de bens e serviços públicos, entre outros processos (Soares, 2001).

Ao se utilizar o mecanismo de terceirização dos serviços públicos para

empresas privadas ou ONGs, uma vez que o governo julgava necessário o caráter

competitivo na área social, estes passaram a serem considerados mercadorias.

Desta forma o caráter de direito social é perdido, pois os serviços ficaram

disponíveis àqueles que tiverem recursos financeiros ou outros equivalentes para

adquiri-los. Transfigura-se a noção de direitos sociais para a noção de um mercado

de políticas sociais (SILVA, 2003). Essa parceria institucional conferiria às

denominadas organizações sociais uma suposta modalidade que transitório entre o

privado e o estatal, constituindo a esfera do público não-estatal (BRESSER

PEREIRA, 1998).

O paradigma das Organizações Sociais, sejam elas privadas ou ONGs,

surgiu como proposição de reforma do Estado no governo de Fernando Henrique

Cardoso, cuja necessidade institucional e política foi apresentada como efeito da

globalização. Esse modelo compromete o caráter universalista das políticas sociais

dos campos da saúde e da educação. Os direitos sociais, na verdade, foram

individualizados e intensifica-se a mercantilização dos serviços, transferindo para o

mercado a realização dessas necessidades. Ao compactuar de tal paradigma, o

cidadão deixa de compartilhar direitos iguais e universais, enquanto isso, a

disponibilidade financeira determina o direito de ter acesso aos serviços públicos

(SILVA, 2003; FALEIROS, 2004).

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Desta forma, ao tempo em que, no Brasil, criavam-se mecanismos político-

democráticos de regulação da dinâmica capitalista, no âmbito político e econômico

mundial tais dispositivos perdiam vigência e tendiam a serem substituídos, com a

legitimação oferecida pela ideologia neoliberal pela desregulação, flexibilização e

privatização, considerados elementos inerente à globalização operada sob o

comando do capital (CARINHATO, 2008).

5.1.2 Sistema Único de Saúde – SUS

O Brasil é um país de proporções continentais e o Sistema Único de Saúde

consolida-se como um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo,

buscando a garantia da assistência integral e gratuita para a população brasileira na

sua totalidade.

Considerado uma das maiores conquistas sociais contempladas na

Constituição Federal de 1988, seus princípios conduzem para a democratização nas

ações dos serviços de saúde, que deixam de ser restritos e passam a ser universais,

bem como, deixam de ser centralizados e passam a ser orientados pela

descentralização (BRASIL, 1988).

Segundo Paulus Junior e Cordoni Junior (2006, p. 17):

A Constituição de 1988 deu nova forma à saúde no Brasil, estabelecendo -a como direito universal. [...] dever constitucional de todas as esferas de governo sendo que antes era apenas da União e relativa ao trabalhador segurado. O conceito de saúde foi ampliado e vinculado às políticas sociais e econômicas. A assistência é concebida de forma integral (preventiva e curativa). Definiu-se a gestão participativa como importante inovação, assim como comando e fundos financeiros únicos para cada esfera de governo (PAULUS JUNIOR E CORDONI JUNIOR, 2006, p. 17).

A Saúde esta assegurada na Constituição da Republica Federativa Brasileira,

no capítulo da seguridade social seção II nos artigos 196 e 198.

Art.196 - A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 2008, p.131).

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Art.198 - As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II- atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo

dos serviços assistenciais;

III - participação da comunidade (BRASIL,2008, p.144).

Embora o SUS tenha sido definido pela Constituição de 1988, ele somente foi

regulamentado através da Lei Orgânica de Saúde nº 8.080/90 estabelecendo como

princípio básico a universalidade do atendimento, com o objetivo de proporcionar à

população acesso aos serviços de integralidade, gratuidade, equidade e

resolutividade e pela lei 8.142/90, que regula as transferências intergovernamentais

de recursos financeiros na área da saúde (BRASIL, 1990).

Barata, Bittar, Mendes (2010) afirmam que a grande ampliação na cobertura

do sistema público de saúde e ao adotar a universalidade, integralidade e a

equidade da atenção à saúde como princípios do Sistema Único de Saúde e

determinar a saúde como um direito social, representou um ganho incontestável nos

últimos 22 anos e colocou o Brasil desde 1998 em consonância com as tendências

existentes nos países mais avançados.

As Leis Orgânicas de Saúde nº8080/90 e 8142/90 foram instituídas

para dar cumprimento à determinação constitucional de disciplinar legalmente a

proteção e a defesa da saúde.

Conforme o artigo 4º da Lei Orgânica da Saúde nº 8080

O SUS é constituído pelo conjunto de todas as ações e serviços de saúde prestados por órgãos ou instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público. Cabe à iniciativa privada participar desse sistema de forma complementar (BRASIL, 1990).

O SUS é fruto de uma reforma setorial contemporânea e em construção, tem

seus princípios doutrinários inspirados na democratização da sociedade e, apesar

de suas diretrizes representarem um ideário a ser alcançado, há estudos que

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demonstram avanços já alcançados (GIL, 2006). Almeida (1996) apresenta que, em

relação à descentralização das políticas na área social, o SUS é considerado um

sucesso enquanto reforma setorial.

SUS constituiu, seguramente, a mais bem sucedida reforma da área social empreendida sob o novo regime democrático. Ainda que a implantação do novo sistema esteja longe de se completar, e muitos sejam seus impasses, no estágio atual já significa uma transformação profunda do sistema público de sa úde ALMEIDA,1996, p.20).

Todavia, GIL (2006, p.11) afirma que:

[...] desde sua implantação, o SUS vem enfrentando além das consequências advindas da não implementação do que foi aprovado na Constituição Federal de 1988, em especial no que se refere à garantia dos mecanismos de financiamento do sistema, os problemas decorrentes da crise financeira provocada pelo crescimento dos custos setoriais e dos mecanismos mundiais de ajuste fiscal que vêm afetando duramente as políticas sociais, principalmente nos países periféricos.

La Forgia e Couttolenc (2009) acrescentam ainda que o sistema de saúde

enfrenta limitações na qualidade da atenção, na incorporação de novas tecnologias,

na gestão de seus recursos financeiros e na distribuição equitativa dos serviços.

Caleman, Moreira e Sanchez (1998) acrescentam que o Sistema Único de

Saúde (SUS) enfrenta dificuldades para o alcance do funcionamento ideal em

função da necessidade de maior financiamento e problemas com sua eficiência

administrativa.

Com relação à organização dos serviços de saúde, os hospitais são o centro

do sistema de saúde no Brasil. Neles concentram-se grande parte dos recursos

financeiros, materiais, humanos e tecnológicos disponíveis e indispensáveis para a

prestação de serviços mais resolutivos de saúde. A maior parte da capacidade de

financiamento do sistema é canalizada para os hospitais que atendem grande parte

dos problemas de saúde que a rede básica não consegue solucionar (CARVALHO,

2008; LA FORGIA; COUTTOLENC, 2009; KAISER FAMILY FUNDATION, 2006).

O Ministério da Saúde editou em 2004 o documento Reforma do Sistema da

Atenção Hospitalar Brasileira, onde expressa os problemas fundamentais da rede na

atualidade: inadequação dos mecanismos de pagamento e de auditoria, insuficiência

relativa e má distribuição territorial dos leitos, controle e avaliação do uso dos

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recursos; deficiência na implementação da política de regionalização e

hierarquização dos serviços; gestão inoperante da rede e das próprias unidades

hospitalares públicas e privadas; controle satisfatório sobre a produção de serviços

hospitalares em quantidade e qualidade que oportunize a análise de adequação às

necessidades e satisfação dos usuários (BRASIL, 2004a).

No decorrer do tempo diversas políticas relacionadas à assistência hospitalar

foram criadas e alteradas, tais como a política de hospitais de pequeno porte,

política para os hospitais universitários e de ensino, política para os hospitais

filantrópicos e a política de assistência psiquiátrica. Essas políticas ressaltam a

questão do financiamento e dos mecanismos de pagamento.

A forma de pagamento dos serviços é um nó crítico nos sistemas de saúde do

mundo, em particular pela influência que desempenham sobre o comportamento

técnico-profissional, a informação e o modelo de atenção e gestão da saúde,

interferindo sobremaneira na qualidade, nos custos e na eficiência dos serviços

(MENDES, 1996).

Historicamente o SUS utiliza do ponto de vista das diretrizes e princípios do

sistema uma forma de remuneração bastante discutível. Trata-se do pagamento

pelos serviços realizados, com variação de critérios (público e privado) e utilização

de tabelas de procedimentos ( laboratoriais, hospitalares, ambulatoriais). Essa forma

de remuneração foi utilizada até 1997 (BRASIL, 1997).

Através das Agendas Básicas de Saúde de 1997 e 1998 evidencia-se a

preocupação do Conselho Nacional de Saúde (CNS) na mudança do modelo de

atenção e gestão da saúde e os critérios de remuneração das unidades prestadoras

de serviços ao SUS. A reformulação da forma de repasse de recursos aos gestores

loco-regionais e aos prestadores de serviços é destacado por Mendes (1996) e

Campos (2007) como uma estratégia significativa para assegurar a consolidação do

SUS e o prosseguimento da reforma sanitária brasileira. Segundo Trevisan (2007, p.

247) “[...] o subsistema de pagamento por produção permanece à espera de atitudes

gerenciais renovadoras”.

La Forgia e Couttolenc (2009) confirmam quando reforçam que os sistemas

de informação e pagamento do SUS (Sistema de Informação Hospitalar – SIH e

Sistema de Informação Ambulatorial – SIA) apresentam inconsistências, duplicidade,

distorções, informações falhas, bem como auditorias com foco legalista. Afirmam

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ainda que tais deficiências precisam ser superadas com o intuito de estimular a

racionalização dos recursos, pois o modelo vigente incentiva o aumento da oferta e

produção de procedimentos lucrativos.

5.1.3 Financiamento do Sistema Único de Saúde e seus entraves

Desde a sua criação um dos principais problemas enfrentados pelo Sistema

Único de Saúde refere-se à natureza instável do seu processo de financiamento.

A questão da saúde, no Brasil, particularmente no que diz respeito ao

financiamento de suas ações e serviços, tem sido objeto de atenção e preocupação

permanente dos gestores e de todos os envolvidos diretamente com a construção do

sistema de saúde. Seja pela relevância social da questão em si mesma, seja pela

participação, cada vez maior, não somente no setor econômico como um todo, mas

em particular nas contas públicas e nos orçamentos das famílias.

Garantir os preceitos constitucionais de acesso universal à saúde e

atendimento integral diante de um cenário de restrições orçamentárias e financeiras

e alocar recursos de forma equânime num país de tantas disparidades sociais e

regionais têm sido o grande desafio para os gestores.

Segundo informações do CONASS (2007), no Brasil a saúde tem se mantido

nos últimos anos como:

• 1° problema mais importante enfrentado no cotidiano pela população (2 4,2%), seguido pelo desemprego (22,8%), situação financeira (15,9%), violência (14%); • 2° item de gasto federal (depois de previdência), excluídos os encargos da dívida; • 3° item do gasto agregado das três esferas de governo (depois de previdência e educação); • equivalente a 7,5% do PIB, incluindo gasto público e privado; a participação privada corresponde a mais de 4% do PIB. (CONASS, 2007, P.12)

Pesquisa promovida pelo instituto Datafolha no ano de 2011, confirmou a

saúde como a principal preocupação dos brasileiros, apontada por 31% dos

entrevistados como o principal problema do país em inquérito não estimulado

(DATAFOLHA, 2012).

Seguramente, mediante boas práticas de gestão, muitos dos problemas que

afligem os usuários do SUS poderiam ser equacionados. Contudo, é no

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subfinanciamento que se encontra a fragilidade do sistema público de saúde. Isto

não só porque o Brasil não gasta o mínimo necessário, mas pela inexorável

propensão de crescimento das necessidades de recursos devido crescimento e

envelhecimento da população Daniels (1982), além da velocidade com que novas

tecnologias são incorporadas ao arsenal terapêutico e de diagnose .

De acordo com o Manifesto do Cebes, Abrasco, Abres, Rede Unida e

Ampasa, por ocasião do 8º Simpósio sobre Política Nacional de Saúde, o

subfinanciamento do SUS tem dupla implicação.

Primeira por impossibilitar os gestores municipais e estaduais de organizarem a oferta de serviços com qualidade (...), o que os compele a sub-remunerar os profissionais e os estabelecimentos prestadores de serviços, a não investir em melhores edificações e equipagem de unidades de saúde e a atrasar com frequência o pagamento de prestadores e fornecedores, pondo em risco a viabilidade da gestão”. A outra, por significar “intensa repressão de demanda, insuportável congestionamento nos pronto-socorros e consultórios de especialidades, impossibilidade da atenção básica (...) “a ser a porta de entrada preferencial com alta resolutividade, e a permanência do predomínio de intervenções tardias: doenças preveníveis não prevenidas, doenças agravadas não atendidas precocemente e mortes evitáveis não evitadas”. (CEBES; ABRASCO; ABRES; REDE UNIDA; AMPASA, 2006).

Desde a instituição do SUS a insuficiência e a indefinição de recursos

ganharam primazia nos debates sobre o financiamento, pois condiciona muitas

vezes à eficiência esperada do sistema. Para Mendes (2005) o financiamento da

saúde, ao longo de todos os anos posteriores à Constituição, tem sido conduzido por

dois determinantes: a preocupação dada à Previdência no interior do orçamento da

seguridade social e a política fiscal contracionista implementada pelo governo

federal no campo social, decorrente de sua meta de reduzir despesas.

No que concerne à relação entre SUS e orçamento da Seguridade Social,

verifica-se uma tensão constante pela disputa de recursos ao longo de todos esses

anos.

De acordo com o art. 194 da Constituição Federal de 1988, a Saúde integra,

juntamente com a Previdência e a Assistência Social, a Seguridade Social. No art.

195 estabelece a estrutura do financiamento da saúde:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

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a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar (BRASIL, 1988).

A Constituição de 1988 trouxe um novo conceito de seguridade social. A

universalização foi adotada como critério de acesso e o financiamento do SUS

passou a compor o Orçamento da Seguridade Social (OSS). Porém, o conceito de

seguridade social foi sendo deturpado pelos governos que se seguiram após a

promulgação da CF através da utilização indevida dos recursos do OSS em fins

alheios aos da seguridade social e da especialização das fontes para a previdência

social em detrimento das outras áreas da seguridade social. Somando-se a isso

contribuíram, ainda, o aumento das taxas de desemprego; a diminuição da

arrecadação de contribuições de empregados e empregadores; e o aumento

crescente das despesas com benefícios. Governos convictos de ideais neoliberais e

crises econômicas retiraram paulatinamente recursos da saúde no período pós-

constituição (UGÁ; MARQUES, 2005).

A criação do OSS parecia ter como desdobramento natural, atribuir à

seguridade social o recolhimento de todas as contribuições sociais e não apenas a

proveniente da taxação sobre folha de salário como já ocorria na previdência. Essa

pretensão, que aumentaria, em escala sem precedentes, a autonomia da

Seguridade Social não prosperou (CONASS, 2005, p.22).

Para compensar essa escassez de recursos, que culminou na instabilidade do

financiamento das políticas de saúde públicas, foram adotadas medidas

emergenciais, tais como empréstimos junto ao Fundo do Amparo ao Trabalhador -

FAT, obtidos no início dos anos 90, e a criação da Contribuição Provisória sobre

Movimentação Financeira (CPMF) em 1997. Tais medidas são exemplos da

instabilidade e da insuficiência de recursos que caracterizam o financiamento do

setor, inviabilizando os preceitos da norma constitucional (CONASS, 2005).

Os recursos da CPMF serviram para recompor o desfinanciamento do setor

saúde dentro da Seguridade Social, de forma que “o SUS conseguiu enfrentar, com

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sucesso, a hegemonia do pensamento neoliberal, no que diz respeito à

reestruturação de sistemas de saúde de cunho privatizante”(UGÁ; MARQUES, 2005,

p. 200). Entretanto, em janeiro de 2008, essa contribuição foi extinta e o MS retornou

à condição de disputa por verbas como o fazia anteriormente a 1997.

Cabe salientar ainda, que apesar da introdução de nova contribuição

específica, no caso a CPMF, para solucionar o problema do financiamento setorial,

Ugá; Santos (2006) advertem que este problema encontra suas raízes fora do setor

de saúde e externamente ao OSS, uma vez que as recorrentes necessidades de

financiamento enfrentadas pelas áreas que integram a Seguridade Social se deram,

basicamente porque: (i) os recursos que ingressam no OSS não o fazem com a

devida regularidade; (ii) não entram no OSS a totalidade dos recursos que lhe

pertencem; e finalmente, (iii) são pagos com recursos do OSS gastos que não

correspondem às atividades específicas da seguridade social.

A legislação que se seguiu à CF demarcou momentos significativos para o

financiamento da saúde. Dentre elas destaca-se a NOB 96 que reduziu as

modalidades de gestão e concedeu mais autonomia aos estados e municípios.

Criou-se o incentivo para a Estratégia Saúde da Família e o PAB percapita e que

contribuíram para a expansão da atenção básica no Brasil (UGÁ et al, 2003).

Ao lado das medidas emergenciais para socorrer a saúde, surgiram também

propostas de soluções mais duradouras como é o caso da Emenda Constitucional

n.º 29, de setembro de 2000, que alterou a Constituição Federal de 1988, com o

objetivo de assegurar os recursos necessários para o atendimento da saúde pública.

Tal emenda representou uma importante conquista da sociedade para a

construção do SUS. O novo texto estabeleceu a efetiva coparticipação da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios no financiamento das ações e serviços

públicos de saúde, além de regulamentar à progressividade do IPTU, de reforçar o

papel do controle e fiscalização dos Conselhos de Saúde e de prever sanções para

o caso de descumprimento dos limites mínimos de aplicação em saúde. A Emenda

definiu percentuais mínimos das receitas das três esferas de governo a serem

aplicados em ações e serviços públicos de saúde (BRASIL, 2000). Isso resulta no

aumento e maior estabilidade dos recursos destinados à área da saúde em todo o

País, além de uma progressiva descentralização do financiamento do SUS.

A EC nº 29 no art. 77 do ADCT determina que:

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Até o exercício financeiro de 2004, os recursos mínimos aplicadosnas ações e serviços públicos de saúde serão equivalentes: I - no caso da União: a) no ano 2000, o montante empenhado em ações e serviços públicos de saúde no exercício financeiro de 1999 acrescido de, no mínimo, cinco por cento; b) do ano 2001 ao ano 2004, o valor apurado no ano anterior, corrigido pela variação nominal do Produto Interno Bruto - PIB; II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, doze por cento do produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; e III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, quinze por cento do produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.” (BRASIL, 2000).

Ao analisarem a aplicação dessa emenda pelos estados, através do Sistema

de Informação sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS) e Marques (2006)

observaram que a mesma não se efetivou no ano de 2001 e que dos 27 estados da

União, apenas 10 cumpriram a emenda. Ressalvando-se que foram incluídas, nessa

determinação despesas consideradas como alheias à saúde como empresas de

saneamento, habitação urbana, recursos hídricos, despesas com inativos, merenda

escolar, alimentação de presos e hospitais de clientela fechada. No entanto para os

municípios, o cumprimento da EC 29 foi quase total.

Observa-se que o processo de descentralização tributária verificado a partir

da emenda Constitucional não só ampliou a competência tributária de estados e

municípios como elevou o nível das transferências de tributos federais às esferas

subnacionais principalmente os municípios, em detrimento da União.

Em meados da década de 1970, mais de 68% da receita tributária disponível

ficava com a União. Cabiam aos estados e municípios, respectivamente, 23,3% e

8,6%. Em 1993, ao fim da implementação gradual da reforma, esses percentuais

ficaram em 57,8 % (União), 26,4% (estados) e 15,8% (municípios). Em outras

palavras, enquanto a participação relativa da União caiu 10%, estados e municípios

tiveram um incremento da ordem de 13,3% e 83,7 %, respectivamente, na receita

disponível (ARAÚJO, 2006).

Apesar da importância da EC29, a sua implementação tem gerado diferentes

interpretações do que são despesas com ações e serviços públicos de saúde, além

de não esclarecer qual era a origem dos recursos, em relação à seguridade social,

foi omissa, o que possibilitou a disputa por seus recursos entre as áreas

componentes do orçamento da seguridade social (BRASIL, 2000).

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Contudo a EC 29 previu a edição de lei complementar para rever os

percentuais de vinculação dos recursos destinados às ações e serviços de saúde

por parte dos entes federados, determinar os critérios de rateio, a fiscalização e o

controle desses recursos (§3º do art. 198 da CF). Porém, na ausência da referida lei

complementar, a CF determinou que fossem mantidas as regras transitórias vigentes

até 2004 (§4º do art. 77 do ADCT7).

Somente em janeiro de 2012 foi sancionada a Lei Complementar nº 141 que

regulamentou sobredita emenda constitucional nº29. A nova lei buscou fixar regras,

diretrizes e condições para identificar as despesas que devam ser consideradas

como “ações e serviços públicos de saúde” para fins de apuração do mínimo

constitucional (TOLEDO JR, 2012).

Quase todo o conteúdo da Lei Complementar já vinha sendo aplicado e

obedecido pelas esferas gestoras do SUS, uma vez que foram implementados

através de decretos, portarias do Ministério da Saúde e resoluções do próprio

Conselho Nacional de Saúde. Contudo, agora é uma lei que normatiza quanto deve

ser aplicado em saúde pelas três esferas de governo, assim como define as ações e

serviços para fins de cômputo no piso constitucional da saúde, levando em conta o

próprio Art. 200, da CF que já trata desta questão, e a Lei Complementar apenas

especificou. A ausência de uma norma legal vinha fazendo com que, de forma

questionável, muitos gestores fossem demandados pelo judiciário pela aplicação dos

recursos do SUS, inclusive com condenações (SILVA; SILVA, 2013).

A referida LC reiterou os percentuais mínimos da emenda 29, ou seja, sobre a

receita proveniente de impostos, Estados e Municípios continuam utilizando,

respectivamente, 12% e15% em ações e serviços de saúde. De igual modo, a União

prossegue empregando o valor do ano anterior acrescido de, no mínimo, o

percentual correspondente à variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB)

ocorrida no ano anterior ao da lei orçamentária anual (TOLEDO JR, 2012).

É importante ressaltar que a LC não estabelece tetos para determinar o

quanto a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios devem aplicar em

saúde, estabelece somente pisos mínimos. Tanto que as constituições estaduais e

as respectivas Leis Orgânicas Municipais podem estabelecer pisos diferentes, desde

que seja garantido o mínimo estabelecido no Capítulo III, da LC 141. Sendo assim,

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para a União ficou estabelecido valor mínimo; para os demais entes, percentuais

mínimos(SILVA; SILVA, 2013).

Os autores acima advertem que juristas e sanitaristas defendem a

inconstitucionalidade da Lei Complementar, posto que, ao estabelecer valor mínimo

para a União, contrariou o disposto nos §§ 2º e 3º do art 198 da CF, com redação

dada pela EC 29, visto que ambos dispositivos tratam de percentuais a serem

aplicados anualmente em ações e serviços de saúde pela União, pelos Estados,

pelo Distrito Federal e pelos municípios. Assim, como a LC 141 estabeleceu nova

forma de cálculo para a União, há os que defendem a inconstitucionalidade do art.

5º, que deverá, entretanto, ser arguida, não cabendo declaração de ofício por quem

quer que seja.

A regulamentação da Emenda Constitucional 29 será de fundamental

importância para orientar os respectivos Tribunais de Contas no processo de

fiscalização do seu cumprimento, entretanto, não há como deixar de ressaltar o

retrocesso com a não aprovação de percentual mínimo para delimitar os gastos da

União com ações e serviços públicos de saúde, sem entrar no mérito de quanto

seria o ideal, se dez ou mais pontos percentuais (SILVA; SILVA, 2013).

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5.2. HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS NO BRASIL

Vinculados às Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) do Ministério

da Educação (MEC) os HUs foram criados para complementar a formação de

profissionais de saúde de nível universitário. As funções de ensino e pesquisa

sempre foram imprescindíveis a essas instituições. São reconhecidos atualmente

por desempenharem papel imprescindível na prestação de serviços aos usuários do

Sistema Único de Saúde, com ênfase na atenção de médias e altas complexidades,

nos níveis de atenção hospitalar e ambulatorial.

Um hospital universitário é entendido primeiramente como um centro de

atenção médica de alta complexidade, uma vez que: (i) desempenha um importante

papel no atendimento médico de alta complexidade; (ii) apresenta grande

envolvimento em atividades de ensino e pesquisa relacionada ao tipo de

atendimento médico dispensado; (iii) dispõe de alta concentração de recursos

físicos, humanos e financeiros em saúde; (iv) politicamente desempenha uma papel

importante na comunidade em que está inserido, dada sua escala,

dimensionamento, orçamento e custos (MEDICI, 2001).

A designação de Hospitais Universitários (HUs) não se restringe apenas a

instituições de ensino público federal, uma vez que conjugam à sua atividade o

trinômio indissociável do ensino, da pesquisa e da extensão, e a interface dessas,

com a ação de assistência, tornando-os mais dispendiosos. A grandeza de sua

missão e a complexidade de sua atividade, aliada à exiguidade de recursos para sua

manutenção, imprime nessas instituições a necessidade de uma gestão estratégica

que garanta sua sustentabilidade (MEDICE, 2001).

De acordo com Chioro (2004) os hospitais universitários e de ensino,

municipais, estaduais e federais, disponibilizam o equivalente a 10,3% dos leitos

ofertados, chegando a mais de 39 mil leitos para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Responsáveis por mais de 12% das internações hospitalares e por cerca de 4,8 mil

leitos de UTI da rede pública de saúde, sendo 25,6% do total. Respondem ainda por

37,56% dos procedimentos de alta complexidade realizados no país, o que acarreta

custos elevados de operação.

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As particularidades dos HUs fazem com que seus custos sejam altamente

elevados quando comparados a hospitais não universitários de alta tecnologia, tendo

em vista as atividades docente-assistenciais e serviços básicos de saúde, quando

sua estrutura é constituída para oferecer atividades de alta tecnologia. O atual

sistema de reembolso, teoricamente, não admite ineficiência exigindo dos HUs um

alto grau de eficácia e eficiência na gestão dos escassos recursos. (JARLIER;

CHARVET-PROTAT, 2000).

A Lei Orgânica da Saúde nº 8.080 no artigo 45 prevê a “parceria” entre o SUS

e os hospitais universitários.

Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de ensino integram -se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante convênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesquisa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que estejam vinculados (BRASIL, 1990a).

Caldas (2008, p. 32) relata que “[...] o ensino a pesquisa e a atenção à saúde

são extremamente interdependentes. Um sistema de saúde não pode existir sem o

suprimento de profissionais treinados ou do conhecimento gerado por meio da

pesquisa”. Da mesma forma que o ensino e a pesquisa necessitam das instalações

do SUS como cenário para as práticas de ensino e como fonte de material clínico.

Os HUs representam componentes estratégicos para a organização e estruturação

do SUS, afetando diretamente a qualidade dos profissionais formados e

indiretamente o sistema de saúde como um todo (MCKEE; HEALY, 2002). No

entanto somente a partir da década de 1990 é que todos os serviços prestados

passaram a ser remunerados pelo SUS(MCKEE; HEALY, 2002).

No Brasil, os HUs foram assim denominados através da Portaria SNES/MS nº

15/91, que estabeleceu exclusivamente para eles, o Fator de Incentivo ao

Desenvolvimento do Ensino e Pesquisa Universitária em Saúde (FIDEPS),

objetivando integrar os hospitais universitários ao SUS, com o intuito de fortalecer e

estimular as atividades acadêmicas e de pesquisa para o SUS. Contudo, em virtude

da dificuldade financeira dos HUs o FIDEPS foi incorporado ao custeio dos hospitais

não alcançando o objetivo para o qual foi constituído. (BRASIL, 2004b).

Até 2004 os Hus federais foram custeados de forma compartilhada pelo MEC,

responsável apenas pelo financiamento da folha de pagamento do pessoal

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disponibilizado pelas IFES para desempenho de suas atividades nos HU´s, e pelo

Ministério da Saúde, cujos recursos, são repassados mediante a prestação de

serviços acrescidos do FIDEPS, porém esta forma de financiamento é insuficiente

para a manutenção das necessidades dos hospitais (DALLORA E FORSTER, 2008).

O SUS, portanto, torna-se para a grande maioria, fonte exclusiva de financiamento

dos serviços prestados. Fernando Haddad (BRASIL, 2007) complementa que o

modelo de gestão e financiamento dos HUs estão escassos, devendo contar com a

maior participação do SUS.

O hospital universitário passa a ter na implementação do SUS conforme

Martins (2011), um papel fundamental determinado por três eixos: constitucional,

para assegurar os princípios do SUS; organizacional através da utilização racional

dos recursos; pedagógico e interativo através do estafe de profissionais; com o

objetivo de resguardar os princípios da prática racional e a interdisciplinaridade, sem

ferir os princípios éticos e garantir as ações de ensino, pesquisa e extensão, tendo

como direção, as políticas públicas de Estado.

A reorientação dos HU´s para além do ensino, da pesquisa e da extensão,

além de ser um referencial em tecnologia de ponta, assume, também, mais uma

relevante atribuição que é contribuir com a construção do Sistema Único de Saúde.

Os HU’s no exercício de sua missão social colaboram para a qualificação da oferta

de serviços do SUS além do aperfeiçoamento do próprio funcionamento do sistema

(MACHADO; KUCHENBECKER, 2007).

Em relação aos HUs Medici (2001) afirma o seguinte:

“Como último aspecto institucional relevante, vale a pena destacar que os hospitais universitários são fonte de prestígio e poder da classe médica e estão sujeitos ao forte controle dos grêmios de profissionais de saúde, os quais podem manipular sua gestão, em muitos casos como aparelhos sindicais; seja pelo lado da classe dos “professores universitários”, seja pela própria classe médica. Isto os transforma em instituições de difícil manejo e controle local, fazendo com que sejam vulneráveis ao velho dilema de apropriação privada do espaço público por grupos de interesse, sem o controle social que muitas vezes poderia ser exercido através da regulação pública ou do mercado”.(MÉDICI, 2001, p.155).

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5.3 FINANCIAMENTO E GESTÃO DOS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS

Os hospitais universitários foram inseridos no SUS através da Lei Orgânica da

Saúde – Lei 8080 de setembro de 1990, que dotou as instituições de recursos

orçamentários conforme a produtividade, vinculada aos registros de atendimentos

transformando contas hospitalares por meio de reembolso dessas despesas,

tornando essas instituições dependentes de seu faturamento. (BRASIL, 1990).

Contudo, o financiamento de todos os custos envolvidos nos processos de

produção dos serviços prestados pelos HUs não são garantidos, sejam eles

assistenciais, de ensino ou de pesquisa em virtude das tabelas de reembolso

encontrar-se defasadas.

Apesar de cumprir seu papel regulamentar, a atuação desses hospitais vem

sendo executada com um grau de precariedade muito grande. No decorrer do

tempo, diversas dificuldades vêm sendo enfrentadas por esses hospitais, dentre

elas, problemas nos modelos de gestão, falta de recursos humanos, financiamento

da produção dos serviços e investimentos em equipamentos e estrutura física

(ABRAHUE, 2003).

O elevado custo dos serviços de saúde provocou significativas modificações

na forma como esses serviços são prestados e na viabilidade de algumas

organizações (ANTHONY e GOVINDARAJAN, 2002). Isto ocorre porque o SUS

remunera os serviços prestados segundo os valores fixados em tabelas e não pelo

custo dos procedimentos (BITTAR, 2002). Conforme ABRAHUE (2003, p.1) “[... a

tabela de remuneração por procedimento do SUS, que vem sendo objeto de

reavaliação sistemática pelo Ministério da Saúde, sabidamente não permite a

cobertura integral dos custos]”.

Os valores constantes nas tabelas de financiamento do SUS encontram-se

defasados, sendo, portanto incapazes de cobrir os custos dos procedimentos

realizados. Somando-se a isto, o SUS limita as quantidades de procedimentos

prestados pelos hospitais estabelecendo tetos financeiros, desta forma o hospital

não tem garantia do recebimento de todos os procedimentos realizados em sua

produção de serviços ambulatorial e hospitalar, o que compromete a

sustentabilidade da Instituição (BITTAR, 2002).

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Os hospitais de ensino encontram-se debilitados por serem mais

dispendiosos, uma vez que incorporam atividades de ensino, pesquisa e extensão

além de ser um referencial em tecnologia de ponta, o que eleva consideravelmente

os custos, quando a exigência do governo e da sociedade pela racionalização das

despesas e dos gastos é cada vez maior (MEDICI, 2001, SILVA et al, 2003).

Assim, os HUs enfrentam grande crise financeira em função das dificuldades

de financiamento de suas atividades, sendo as receitas insuficientes para manter

sua sustentabilidade pendendo a uma situação de desequilíbrio econômico. Tal

situação os obriga a escolher entre encerrar ou reduzir as atividades operacionais ao

longo do tempo (DANTAS, 2011).

É nesse cenário de restrição financeira e queda no desempenho dos HUs que

foi criado o Programa de Reestruturação dos Hospitais de Ensino do Ministério da

Educação no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS, através das portarias

interministeriais (MEC e MS) nº 1006/2004 e 1702/2004, diante da necessidade de

reorientar a política para hospitais de ensino. Esta portaria estabelece o termo de

referência para contratualização dos hospitais de ensino com o gestor municipal do

SUS e objetiva instrumentalizar a implementação do processo de reestruturação da

política nacional da atenção hospitalar, novo modelo de financiamento e o

acompanhamento, avaliação da atuação do ensino, pesquisa, assistência e gestão.

A portaria interministerial no item V – Recursos Financeiros, do termo de

referência, estabelece o novo modelo de financiamento e alocação de recursos por

meio de orçamentação mista do custeio do hospital (BRASIL, 2004c). A partir desta

portaria o representante do hospital de ensino e o gestor do SUS estabelecem pelo

Plano Operativo Anual (POA) as metas quantitativas e qualitativas do processo de

atenção à saúde, gestão, ensino e pesquisa. Tais metas devem ser acompanhadas

pelo Conselho Gestor da Instituição e pela Comissão de Acompanhamento de

Contrato do governo federal.

Sendo assim, A contratualização constitui-se na ferramenta de compromisso entre hospitais e secretarias em relação às diretrizes colocadas no Programa de Reestruturação dos Hospitais de Ensino nos campos da assistência, da gestão, do ensino, da pesquisa e da avaliação tecnológica em saúde (LIMA, 2009, p.35).

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A remuneração pelos serviços deixa de ser feita exclusivamente por

procedimentos com base em tabelas e valores fixados e passa para um modelo de

orçamentação mista, condicionada ao desempenho do hospital, sendo os recursos

alocados de acordo com componentes fixos e variáveis conforme quadro abaixo:

Componentes

Descrição

* Valor Fixo

Mensal

· Produção de serviços de Média Complexidade; · FIDEPS – Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do

Ensino e Pesquisa; · INTEGRASUS – Incentivo de Integração ao SUS; · Outros incentivos (existentes ou que venham a ser

criados pelo Ministério da Saúde); · Incentivo à Contratualização (Ministério da Saúde); · Recursos financeiros repassados ao estabelecimento

de saúde pelas demais esferas de governo.

Valor variável

· Conforme cumprimento das metas estabelecidas

(Deverá ser estabelecido o percentual de, no mínimo 10%*, do valor de custeio fixo como fator de incentivo ao cumprimento de metas de qualificação das ações e atividades de atenção à saúde, ensino e pesquisa).

Produção de Serviços

· Produção de serviços de alta complexidade e os

estratégicos (FAEC).

Quadro 1 – Componentes do Financiamento dos HU´s Nota: * Percentual revisto anualmente ou por ocasião da renovação da contratualização. Fonte: Elaborado pelo autor com base na Portaria 1702/GM (BRASIL, 2004)

Conforme demonstrado, o financiamento passa a ser orçado de forma mista,

apresentando para os componentes fixos valores pré-fixados e para os pós-fixados

componentes variáveis. O financiamento pelo SUS da produção dos serviços

ambulatoriais e hospitalares integra o cálculo do financiamento tanto para

componente fixo da orçamentação, quanto no variável.

A primeira estratégia para integrar os HUs ao SUS foi a criação,

exclusivamente para eles, do FIDEPS – Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do

Ensino e da Pesquisa Universitária em Saúde instituído através da portaria

SNES/MS nº 15/91, com o intuito de fortalecer e estimular as atividades acadêmicas

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e de pesquisa para o SUS. Contudo, em virtude da dificuldade financeira dos HUs o

FIDEPS muitas vezes foi incorporado ao custeio dos hospitais não alcançando o

objetivo para o qual foi constituído (BRASIL, 2004b).

A gestão das ações e programas desenvolvidos por esses hospitais vem

sendo executada com um grau de precariedade muito grande. Os HUs vêm

enfrentando muitos desafios ao longo do tempo, tais como: falta de recursos

humanos, problemas nos modelos de gestão, financiamento da produção dos

serviços e investimentos em equipamentos e estrutura física (ABRAHUE, 2003).

O MS é responsável pelo financiamento da prestação de serviço de média e

alta complexidades e procedimentos estratégicos baseados na tabela SUS.

Atualmente o MEC é responsável pelo financiamento da folha de pagamento

dos servidores disponibilizado pelas IFES para desempenho de suas atividades nos

HU´s. Contudo o total disponibilizado não é suficiente para a manutenção das

atividades dessas instituições, sendo necessária a contratação de pessoal através

de outros vínculos de trabalho (fundações de apoio, cooperativas, terceirizadas)

sendo utilizado para pagamento de pessoal recurso provenientes da assistência.

Segundo Drago (2011) os HUs apresentam quadro de funcionários

insuficientes, fechamento de leitos e serviços, sucateamento, contratação de

pessoal via fundação de apoio (terceirizados, cooperativas) além da subutilização da

capacidade instalada para alta complexidade. O MEC aponta que os HUs federais

acumulam um déficit total de 30 milhões/ano (diferença entre o produzido e o pago)

proveniente dos valores defasados da tabela SUS, conduzindo a uma dívida

acumulada de 425 milhões de reais (CISLAGHI, 2010).

Com o intuito de dar continuidade às ações que regulamentam a

reestruturação dos hospitais universitários o Ministério da Saúde por meio do

Decreto Nº 7.082, de 27 de janeiro de 2010, instituiu o Programa Nacional de

Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais – REHUF destinado à

reestruturação e à revitalização dos hospitais das universidades federais, integrados

no Sistema Único de Saúde – SUS para garantir a cobertura das despesas correntes

e, progressivamente, investimentos para infraestrutura (BRASIL, 2010).

Através do financiamento deste programa, a expectativa é que para os

próximos anos os hospitais sejam dotados de condições estruturais e institucionais

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para que possam exercer plenamente suas funções em relação às dimensões de

ensino, pesquisa e extensão e de assistência à saúde (DANTAS, 2011).

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5.4 PROGRAMA NACIONAL DE REESTRUTURAÇÃO DOS HOSPITAIS

UNIVERSITÁRIOS FEDERAIS – REHUF

Visando a continuidade de ações que regulamentam a reestruturação dos

HUs, foi elaborado o Decreto Nº 7.082, de 27 de janeiro de 2010, regulamentado

pela Portaria Interministerial 883 de 05/07/2010 que instituiu o Programa Nacional de

Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais – REHUF destinado à

reestruturação e à revitalização dos hospitais das universidades federais, integrados

no sistema único de saúde e dispõe sobre o financiamento compartilhado dos HU´s

entre as áreas da saúde e da educação (BRASIL, 2010c).

O programa tem por objetivo reestruturar e revitalizar os hospitais

universitários federais integrados ao Sistema Único de Saúde oferecendo condições

materiais e institucionais para que possam desempenhar plenamente suas funções

em relação às dimensões de ensino, pesquisa e extensão e de assistência à saúde.

O Decreto estabelece o papel e as funções pertinentes aos Ministérios

envolvidos (MEC, MS, MPOG) e aponta as diretrizes sobre as quais o REHUF está

assentado, a saber:

· Instituição de mecanismos adequados ao financiamento, progressivamente e

igualmente compartilhados entre os Ministérios da Educação e da Saúde até

2012;

· Reestruturação do quadro de recursos humanos;

· Melhorias no processo de gestão;

· Recuperação do parque tecnológico;

· Adequação da estrutura física;

· Incorporação de novas tecnologias no tocante à ensino, pesquisa e

assistência; e

· Aprimoramento das atividades e avaliação permanente das mesmas.

Observa-se no Decreto o destaque com relação ao financiamento, que

estabelece a divisão igualitária entre o MS e MEC nas despesas dos HUs, onde a

Saúde e Educação necessitam de uma programação orçamentária a fim de cumprir

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os termos do Decreto. Percebe-se nesta partilha a intencionalidade do MS em

ampliar suas receitas e do MEC de reduzir sua participação no orçamento dos HUs.

Infere-se nas entrelinhas a intenção de esquiva de responsabilidades financeiras

e/ou despesas dos HUs (DRAGO, 2011).

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5.5 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA OS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS E DE

ENSINO

Os HUs subordinados às Universidades e financiados 100% pelo MEC foram

criados com o intuito de desenvolver o ensino, a pesquisa e a extensão através da

assistência à população não contribuinte. Contudo, a partir da década de 1990 todos

os serviços prestados por essas instituições passaram a ser remunerados pelo SUS

sendo que o financiamento foi dividido entre o MS e o MEC.

Foram assim denominados pela Portaria SMES/MS nº 15/91, que estabeleceu

somente para essas instituições o fator de incentivo ao desenvolvimento do ensino e

da pesquisa universitária em saúde (FIDEPS), objetivando a integração dos HUs ao

SUS com o intuito de fortalecer e estimular as atividades acadêmicas e de pesquisa

para o SUS (BRASIL, 2004b). A Portaria 1.480/99 estabeleceu um montante de

recursos mensais destinados ao pagamento do FIDEPS. Os repasses dos recursos

estavam condicionados ao cumprimento de um contrato de metas. Essas medidas

tinham como objetivo:

Ampliar a cooperação dos HUS com o sistema de saúde e institucionalizar a formação e a pesquisa aí realizadas. No entanto, o Fideps não serviu para estimular ou fortalecer as atividades de ensino e pesquisa nos hospitais. (BRASIL,2004, p. 98).

Os HUs são instituições importantes na organização e estruturação do SUS,

tanto no aspecto da formação e qualificação profissional, como na pesquisa e

desenvolvimento de tecnologias, além da prestação de serviços de referência em

saúde. Na década de 90 houve a crescente participação dessas instituições na

assistência à saúde, em especial no que tange às internações hospitalares.

Contudo, a partir dos primeiros anos de 2000 houve a redução de sua participação

nos serviços prestados pelo SUS, em virtude da crise financeira, que permeia até

hoje.

O debate sobre a natureza das crises, que afetavam os HUs segundo Caldas

(2008), foi retomado em 2003 reconhecendo que a crise dessas instituições não

apontava apenas pela dificuldade de financiamento, mas o caráter estrutural

organizativo e/ou de gestão eram também relevantes. Para avaliar a situação

desses hospitais e reorientar a política para o setor, foi criada a portaria

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interministerial MS-MEC-MCT-MPOG nº 562 em 12/05/03 para elaborar medidas de

enfrentamento dos problemas (BRASIL, 2003). A comissão foi reinstituída em janeiro

de 2010 (BRASIL, 2010a).

Foram apresentadas propostas de mudança visando reorientar e reformular a

política para os hospitais de ensino no MEC, resultando no Programa de

Reestruturação do HUE. Em 2004 foram publicadas portarias interministeriais

(MS/MEC) nº 1000, 1005, 1006 e 1702 que objetivavam modificação na forma de

certificação e financiamento dos hospitais de ensino (BRASIL, 2004b).

O primeiro instrumento considerado o marco legislativo da atual política para

o conjunto de HE foi a Portaria Interministerial MEC-MS nº 1000/04 que estabeleceu

os requisitos para um hospital ser considerado de ensino. O artigo 1º da referida

portaria determina que podem certificar-se como hospital de ensino as instituições

que servirem de campo para a prática de atividades curriculares na área da saúde,

sejam Hospitais Gerais ou Especializados, de propriedade de Instituição de Ensino

Superior público ou privada, ou ainda hospitais formalmente conveniados com

Instituições de Ensino Superior (BRASIL,2004b). A partir de então, para que um

hospital faça jus à denominação de HE é imprescindível ser previamente certificado

pelo MEC-MS. Os documentos necessários para o cumprimento da portaria

supracitada foi estabelecido pela Portaria Interministerial MEC-MS nº 1005/04.

As Portarias nº 1000 e 1005/04 foram revogadas pela Portaria Interministerial

MEC-MS nº 2400/04 incluindo mecanismos de gerenciamento das atividades de

ensino e pesquisa e estabelece quais e a forma de funcionamento das comissões

hospitalares. Acrescentou ainda a necessidade da unidade hospitalar estar inscrita

no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) (BRASIL, 2007).

Dando continuidade à legislação norteadora da política para os Hospitais

Universitários e de Ensino, foram publicados os Programas de Reestruturação dos

Hospitais de Ensino; sendo que a Portarias nº 1006/04 abrange os hospitais de

ensino do Ministério da Educação no Sistema Único de Saúde e a Portaria nº

1702/04 os hospitais de ensino públicos e privados no âmbito do SUS.

Os HUs vinculados às IFES são acompanhados pelos Ministérios da

Educação e da Saúde, já os demais recebem o acompanhamento somente do

Ministério da Saúde. As portarias acima mencionadas estabelecem um termo de

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referência, que determina as diretrizes gerais, para a contratualização entre

Hospitais de Ensino e os gestores do SUS.

O termo de referência estabelece a formalização da contratualização que é o

processo pelo qual o representante legal do hospital de ensino e o gestor local do

SUS estabelecem metas físicas (quantidade de procedimentos) e de qualidade

(melhoria dos serviços) no processo de atenção à saúde, de ensino e pesquisa e de

gestão hospitalar, que deverão ser atestadas e acompanhadas pelo conselho gestor

da instituição ou pela comissão permanente de acompanhamento de contratos com

foco na gestão qualificada do recurso a ser transferido (BRASIL, 2004b, 2004c,

2004d).

Complementando a legislação da atual política para os HUE foram publicadas

as portarias GM/MS nº 1082/05 que extingue o Fideps e as portarias GM/MS nº 35 e

1631/06 que prorrogam o prazo de extinção do Fideps.

No quadro a seguir serão apresentadas as atuais políticas para os Hospitais

Universitários e de Ensino.

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ATO NORMATIVO Nº

DATA

ESPECIFICAÇÃO

Portaria Interministerial

MS-MOG-MEC-MCT Nº 562

12/05/2003

Institui a Comissão Interministerial com o objetivo de avaliar e diagnosticar a atual situação dos Hospitais Universitários e de Ensino no Brasil visando reorientar e/ou formular a política nacional para o setor.

Portaria Interministerial MEC-MS Nº 1.000

15/04/2004

Define os requisitos para a certificação dos Hospitais de Ensino.

Portaria Interministerial MEC-MS Nº 1.005

27/05/2004

Define os documentos para a verificação do cumprimento dos requisitos obrigatórios relacionados aos Incisos I a XVII do artigo 6º da Portaria Interministerial MEC-MS nº 1.000.

Portaria GM/MS Nº 1.006

27/05/2004

Cria o Programa de Reestruturação dos Hospitais de Ensino do Ministério da Educação no Sistema Único de Saúde.

Portaria GM/MS Nº 1702

17/08/2004

Cria o Programa de Reestruturação dos Hospitais de Ensino no âmbito do Sistema Único de Saúde.

Portaria GM/MS

Nº 1.082

4/07/2005

Extingue o Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e a Pesquisa Universitária em Saúde – FIDEPS.

Portaria GM/MS Nº 35

06/01/2006

Prorroga o prazo de extinção do Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e a Pesquisa Universitária em Saúde – FIDEPS

Portaria GM/MS

Nº 1.631

20/07/06

Prorroga o prazo de extinção do Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e a Pesquisa Universitária em Saúde – FIDEPS

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Portaria Interministerial MEC-MS Nº 2.400

2/10/2005

Estabelece os requisitos para a certificação de unidades hospitalares como Hospitais de Ensino. Revoga as Portarias Interministeriais MEC-MS nº 1.000/04 e nº 1.005/04.

Decreto 7.082

27/01/2010

Institui o Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais – REHUF e dispõe sobre o financiamento compartilhado dos hospitais universitários federais entre as áreas da educação e da saúde e disciplina o regime de pactuação global com esses hospitais.

Quadro 2 - Legislação referente à atual política para os Hospitais Universitários e de Ensino Fonte: Bittar e Magalhães (2007), Brasil (2004b).

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5.6 CONTABILIDADE PÚBLICA

O processo de planejamento, execução e prestação de contas do orçamento

público, que compreende a estimativa das receitas e fixação e classificação das

despesas, que no âmbito da administração pública, conta com o auxílio da

contabilidade que firma-se como importante instrumento de evidenciação dos atos

previstos no orçamento, dada a importância das informações por ela geradas.

A Contabilidade Pública mantém relações com a Ciência das Finanças de

maneira significativa e tem por objetivo estudar a atividade financeira do Estado, a

qual representa a busca dos meios para o custeio dos serviços públicos e

investimentos, através da despesa, receita, orçamento e crédito públicos.

Indispensável ferramenta para que haja legítimo controle da execução orçamentária

e financeira, no sentido de prestar as informações que representem autenticamente

a realidade econômico-financeira e patrimonial do conjunto dos órgãos e entidades

públicas (ANGÉLICO, 1995; OLIVEIRA, 2007).

Tem como objetivo produzir com oportunidade e fidedignidade aos seus

usuários interno e externo, informação estruturada de natureza econômica,

financeira e complementarmente, física, de produtividade e social, para que os

mesmos possam tomar decisões e realizar julgamentos seguros (ANDRADE, 2006;

IUDÍCIBUS E MARION, 2002).

No Brasil, a Lei 4.320 de 17 de março de 1964 estatui normas gerais para a

elaboração e o controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados e dos

Municípios e do Distrito Federal. A referida lei trata a contabilidade pública como um

instrumento capaz de permitir o acompanhamento da execução orçamentária, a

situação patrimonial, o levantamento de seus balanços (financeiro, orçamentário,

patrimonial), bem como a análise e interpretação dos resultados econômicos e

financeiros. Constata-se assim a preocupação com relação à evidenciação dos

resultados obtidos pela Administração Pública por meio dos demonstrativos

contábeis (BRASIL, 1964).

A Contabilidade Pública é um segmento da Contabilidade aplicada à área

pública, devendo obedecer às normas gerais estabelecidas pela Lei 4.320/64.

Lopes de Sá (2005) afirma que:

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Contabilidade Pública é a contabilidade aplicada às entidades públicas. As normas a serem seguidas para a escrituração das entidades acham-se estabelecidas por leis especiais e formam objeto de cuidado dos técnicos no assunto. (...) A finalidade da Contabilidade Pública é a de estabelecer regras para que os atos administrativos da gestão financeira e patrimonial das entidades públicas se realizem em perfe ita ordem e sejam registradas sistematicamente, de modo a mostrar, em épocas prefixadas, os respectivos resultados (LOPES DE SÁ 2005, p. 97).

O art. 83 da Lei supracitada prescreve que a função da contabilidade pública

é prover a evidenciação das informações relativas ao controle do patrimônio público.

Art. 83. ”A contabilidade evidenciará perante a Fazenda Pública, a situação de todos quantos, de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens a ela pertencentes ou confiados” (BRASIL, 1964).

Na área governamental, a contabilidade evidencia as circunstâncias de todos

aqueles que arrecadam receitas, efetuam despesas, administram ou guardam bens

públicos. Oportuniza o acompanhamento da execução orçamentária, financeira e

patrimonial das entidades públicas, por meio dos registros efetuados nos sistemas

Orçamentário, Financeiro, Patrimonial e de Compensação (KOHAMA; 2003).

A Contabilidade Pública utiliza-se do Sistema Integrado de Administração

Financeira – SIAFI, como ferramenta de controle contábil, mas que representa,

também, pela heterogeneidade de subsistemas, módulos e transações, um sistema

integrado de informações gerenciais e de controle orçamentário e financeiro. Castro

e Lima (2003) afirmam que este tem por objetivo promover a modernização e a

integração dos Sistemas de Programação Financeira, de Execução Orçamentária e

de Contabilidade em seus Órgãos e Entidades Públicas.

O SIAFI é um sistema informatizado que processa e controla a execução

orçamentária, financeira, patrimonial e contábil de todos os órgãos do governo

federal. Tem como objetivo fornecer aos órgãos mecanismos ágeis para o controle

diário das atividades, de forma segura e tempestiva, integrando e compatibilizando

as informações dos diversos órgãos, com o intuito de obter a transparência dos

gastos públicos (PIRES, 2002).

De acordo com Albuquerque (2006)

O Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal – SIAFI é o sistema de teleinformática que processa a execução orçamentária, financeira e contábil, dos órgãos e entidades da administração federal. Foi implantado em 1987 e

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constitui, desde então, o mais importante instrumento de acompanhamento e controle da execução orçamentária, financeira e contábil do Governo Federal. (ALBUQUERQUE, 2006, p.325).

A informação fornecida pela contabilidade pública adquire maior

expressividade quando analisada sob a ótica da transparência. Por meio de um de

seus princípios, o da evidenciação, a contabilidade assume a responsabilidade de

prestar informações à sociedade dispostas de forma clara e objetiva, passíveis de

serem compreendidas e utilizadas pela mesma.

A transparência da gestão pública está intimamente ligada à definição de

accountability, termo que no Brasil tem sido associado com a obrigação da

prestação de contas responsável pelo gestor dos recursos públicos. Tornar a gestão

pública transparente e as informações mais acessíveis passa essencialmente por

um novo modelo de accountability (ARAÚJO, 2004).

É digno de referência o posicionamento de Lima (2003) quando afirma que a

accountability esta inserida em um contexto mais amplo, cujo maior objetivo é

garantir a soberania popular, e se estrutura, basicamente, através das eleições que

representa o controle vertical da população sobre os governantes.

Atualmente no Brasil, os debates em torno da transparência da gestão pública

se reportam à Lei Complementar n.º 101/2000, conhecida como Lei de

Responsabilidade Fiscal (LRF) embasada no capítulo II, título VI da Constituição

Federal. Esta lei apresenta como exigência de transparência da gestão fiscal a

ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público, dos

instrumentos de planejamento orçamentário, das prestações de contas e respectivos

pareceres e outros relatórios concernentes à gestão fiscal (BRASIL, 2000).

O primeiro artigo da referida Lei traz os postulados designados para a

responsabilidade na gestão fiscal, sendo: (i) garantia de equilíbrio nas contas

públicas; (ii) prevenção de riscos e correção de desvios que afetem o equilíbrio das

contas públicas; (iii) ação planejada e transparente. Possui ainda princípios

norteadores e fundamentos, conforme abaixo apresentado (NASCIMENTO e

DEBUS, 2002).

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Princípios Fundamentos

Não gastar mais do que arrecadar Permitir o planejamento fiscal

consistente Não se endividar mais do que a

capacidade de pagar Tornar a gestão fiscal transparente

Escolher corretamente os gastos prioritários

Criar instrumentos eficazes e democráticos de controle social

Combater o desperdício Responsabilizar e punir o mau gestor

Quadro 3 - Princípios Norteadores da LRF Fonte: Kalife (2004)

Os principais aspectos da administração pública fortalecidos pela LRF são: (i)

Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária

Anual (LOA); (ii) responsabilidade, representado pelo dever do gestor público em

prestar contas de seus atos; (iii) controle, representado pela atualização contínua

dos Tribunais de Contas; (iv) transparência, representada pelos instrumentos de

transparência da gestão de planos, orçamentos, prestação de contas, relatório de

gestão fiscal, dentre outros (MELLO, 2006).

A LRF tornou-se a prerrogativa de conduta para os gestores públicos.

Considerando que a inobservância dos seus preceitos pode acarretar em punições

aos gestores públicos, o planejamento e a transparência tornaram-se eixos da

administração pública, conduzindo os gestores públicos ao estudo e à implantação

de ferramentas de Controle Gerencial agregando ao controle orçamentário já

existente. A LRF constituindo-se o principal instrumento regulador das contas

públicas, no Brasil, espera-se que a sua correta aplicação fortaleça o processo de

accountability no país (SACRAMENTO, 2004).

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5.7 PLANEJAMENTO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O planejamento na visão de Pereira (2003) é um processo dinâmico de

racionalização coordenada das opções, permitindo prever e avaliar cursos de ação

alternativos e futuros, com vista na tomada de decisões mais adequadas e racionais.

Pode ser conceituado com um processo desenvolvido para o alcance de uma

situação desejada de um modo mais efetivo e eficiente, com a melhor concentração

de recursos e esforços (OLIVEIRA, 1987).

A utilização do planejamento como instrumento para direcionar a ação para

um determinado resultado em face de uma série de situações dependentes ou não,

em uma conjuntura de escassez de qualquer tipo de recursos, é abordada de forma

clara por Rezende e Castor (2006, p.6).

A ideia do planejamento como forma de melhorar a qualidade das decisões está solidamente ancorada no conceito da racionalidade na alocação dos recursos, já que estes são limitados e as necessidades e aspirações dos indivíduos virtualmente ilimitadas, é preciso estabelecer preferências e prioridades para distribuir os meios de satisfazê-las de maneira efetiva e organizar sua aplicação de modo a extrair o maior benefício deles (REZENDE E CASTOR, 2006, p.6).

O planejamento para Silva (1993) é considerado uma função básica do

processo administrativo, onde a organização estabelece seus objetivos e metas

temporárias, delibera e aloca os recursos aos planos e programas operacionais e de

investimento. Segundo o mesmo autor, ao enumerar as características que devem

ser obedecidas pelo planejamento, ressalta que o mesmo:

· é anterior à realização do empreendimento; · requer a definição clara dos objetivos para a ação; · exige quantificação e valoração ( orçamento ); · requer base técnica (método); · exige um trabalho integrado (SILVA, 1993).

Conferindo um enfoque governamental, Pereira (2006) aduz o planejamento

como sendo uma forma de alocar de maneira racional e eficiente os escassos

recursos do Estado. Segundo ele

[...] para a produção de qualquer tipo de bem ou serviço, quanto menos recursos forem alocados, maior será a capacidade de investimento do Estado, prece ito válido

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também para qualquer empresa. Quando se estuda a questão do processo de produção de bens e serviços públicos pleiteados pela sociedade, necessita o Estado, antecipadamente, decidir os tipos, a quantidade e a qualidade de bens ou serviços que irá produzir. Assim, os responsáveis pelo processo de planejamento, que a utilização desses recursos escassos deverá efetuada de maneira mais racional e eficiente possível. O planejamento é utilizado para que isso ocorra adequadamente (PEREIRA, 2006, p.227/228).

O planejamento é uma forma de a sociedade, através de seus representantes

e instituições confrontar suas potencialidades e limitações, coordenando seus

recursos e esforços para elaborar utilizando as estruturas do Estado e por indução à

iniciativa privada, as ações indispensáveis para atingir os objetivos nacionais e das

metas governamentais (PISCITELLI, TIMBÓ E ROSA, 1999).

O orçamento brasileiro é parte integrante de um sistema orçamentário,

estabelecido na art. 165 da Constituição Federal de 1988 como forma de

planejamento governamental, e consubstancia-se nos seguintes instrumentos

básicos: Plano Plurianual – PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e Lei

Orçamentária Anual – LOA (BRASIL, 1988). Esses instrumentos inovadores criados

pela Constituição foi uma forma de garantir a valorização do planejamento. Dois

elementos são comuns na tríade: a iniciativa é do poder Executivo e possuem

natureza de lei.

Matias e Campello (2000) argumenta que em relação ao horizonte temporal o

planejamento possui três níveis de abrangência:

· Estratégico: compreende o planejamento de longo prazo, onde são

avaliados as grandes tendências, a missão, as diretrizes e os objetivos

a serem seguidos pela organização para um horizonte de 10 anos ou

mais;

· Tático: constitui o planejamento de médio prazo, onde apresentam as

tendências secundárias, os objetivos e políticas das unidades

administrativas e as ações corretivas para um horizonte de 5 anos;

· Operacional: consiste num planejamento de curto prazo, em que são

definidas as ações a serem implementadas e que culminarão com a

execução dos objetivos.

Na busca do delineamento de uma proposta de orçamento como estratégia

de planejamento e controle na administração pública, Kohama (1998) salienta que é

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necessário, atendendo ao mandamento constitucional, conhecer três instrumentos:

Plano Plurianual – PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e Lei Orçamentária

Anual – LOA.

Fonte: Adaptado de Silva (2001)

5.7.1 Plano Plurianual – PPA

Conforme consta na Constituição Federal no art. 165, o PPA é o instrumento

de planejamento estratégico orientado para um período de temporal de quatro anos,

que o governo federal estabelece, de forma regionalizada, tendo por conteúdo as

diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública Federal para as despesas de

capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração

continuada. (BRASIL, 1988)

Giacomoni (2005) acrescenta que a Constituição Federal ao tornar

obrigatória a elaboração do PPA abrangendo as despesas de capital e demais

PPA

LDO

POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS DE

GOVERNO

INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO

PLANO DE AÇÃO

LOA

Figura 1 - Planejamento na administração pública

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programas de duração continuada, veio fortalecer a concepção que associa

planejamento e orçamento como elos de um mesmo sistema. Ela esclarece a

importância do planejamento ao registrar, de forma expressa, a sua obrigatoriedade:

Art. 74. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. (grifo acrescido pelo autor) (GIACOMONI, 2005).

O PPA foi concebido para viabilizar o planejamento das ações

governamentais para um período temporal de quatro anos, sendo que o primeiro

corresponde ao segundo ano do mandato do chefe do poder Executivo e o último

ano compreende o primeiro exercício financeiro do mandato seguinte. Será

encaminhado até 31 agosto do primeiro ano do mandato do executivo para a análise

do Legislativo. O PPA é a referência a partir da qual devem ser elaborados a Lei de

Diretrizes Orçamentárias - LOA e a Lei Orçamentária Anual - LOA. As ações e

programas de governo devem estar em consonância com as metas e prioridades

estabelecidas pelo PPA, sob pena de crime de responsabilidade (BEZERRA, 1999).

Na esfera pública o PPA é a formalização do plano estratégico, por meio do

qual se procura associar o presente e o futuro da organização ordenando as ações

do governo de maneira que leve ao alcance dos objetivos e metas estabelecidos

para um período de quatro anos com relação aos governos estaduais e municipais e

cinco anos para a esfera federal, o que caracteriza como um planejamento de médio

prazo (KOHAMA, 2003).

De acordo com o art. 2 do Decreto nº 2.829/98 todas as previsões constantes

no PPA estão distribuídas por funções, subfunções e programas. Cada um dos

programas deve conter informações sobre o objetivo, órgão responsável, valor

global, prazo de conclusão, fonte de financiamento, indicador que quantifique a

situação que o programa tenha por fim modificar, metas correspondentes aos bens e

serviços necessários para atingir o objetivo, ações não integrantes do Orçamento

Geral da União necessárias à consecução do objetivo, regionalização das metas por

Estado (BRASIL, 1998).

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O advento da Lei Complementar 101, conhecida com Lei de

Responsabilidade Fiscal, trouxe um novo enfoque à gestão de recursos públicos,

demandando maior aperfeiçoamento técnico na elaboração e execução do

orçamento público com ênfase no planejamento.

Assentir o maior detalhamento das ações e prover uma ampla e variada gama

de informações sobre as ações previstas, proporcionam maior transparência

informacional e aumentam as possibilidades para controle das ações

governamentais.

5.7.2 Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO

A Lei de Diretrizes Orçamentárias constitui-se num dos instrumentos do

sistema de planejamento operacional na Administração Pública, que a partir dos

programas e das determinações do PPA, define para o exercício financeiro

subsequente, as metas e prioridades da Administração Pública. Tem a finalidade de

nortear a elaboração dos orçamentos anuais de forma a adequá-los às diretrizes,

metas e objetivos da administração pública determinadas no PPA (KOHAMA, 2003).

A LDO é a norma que norteia a elaboração da Lei Orçamentária – LOA na

medida em que dispõe, para cada exercício, metas e prioridades da Administração

Pública incluindo despesas de capital para o exercício financeiro subsequente,

orienta a elaboração de LOA, dispõe sobre alterações na legislação tributária e

estabelece a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

Entendem-se como metas os resultados que se pretendem obter com a

realização de cada programa de governo, sendo assim devem ser mensuráveis

física e financeiramente. Desta forma, cada ação governamental corresponderá a

um produto que quantificado, originará uma meta a ser incluída na Lei de Diretrizes

Orçamentárias.

Com relação à fixação de metas orçamentárias Araújo (2007) argumenta que

as mesmas podem ter outra função, sendo uma das tentativas mais frequentes no

sentido de deter a expansão demasiada dos déficits governamentais. O

estabelecimento de metas orçamentárias pode se dar apenas com a comunicação

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de um plano de execução para a política fiscal ou a introdução de alguma restrição

formal, como uma lei, impondo assim limite palpável para a execução do orçamento

público.

A Lei de Responsabilidade Fiscal atribuiu à LDO a responsabilidade de tratar

de outras matérias, tais como: o equilíbrio entre receitas e despesas, critérios e

formas de limitação de empenho, visando o cumprimento de metas físicas e o

resultado primário e nominal, gastos com pessoal, limites de dívidas sobre o uso de

reserva de contingência, avaliação dos passivos contingentes e outros riscos que

possam afetar o equilíbrio das contas públicas, e a inclusão de anexos de metas

fiscais e riscos fiscais (ANDRADE, 2007).

Pode-se considerar que a LDO além de estabelecer normas para a integração

do planejamento com o orçamento, tem como objetivo fundamental o de permitir

uma discussão maior a respeito das principais prioridades orçamentárias, cuja

atribuição é apontada como estratégica para o desenvolvimento nacional.

5.7.3 Lei Orçamentária Anual - LOA

A Lei Orçamentária Anual também denominada “Lei de Orçamento” ou “Lei

dos Meios”, ou mais comumente de “Orçamento” é um instrumento previsto na

Constituição Federal que tem por objetivo viabilizar a concretização das situações

previstas no PPA, e obviamente, transformá-las em realidade, obedecendo a Lei de

Diretrizes Orçamentárias. Estabelece discriminadamente, em termos monetários a

previsão das receitas e despesas públicas para o ano seguinte ao de sua

elaboração, demonstrando a política econômico-financeira e o programa de trabalho

do governo, obedecido os princípios da unidade, universalidade e anualidade

(PIRES, 2002).

A lei orçamentária anual é o instrumento utilizado para a decorrente

materialização do conjunto de ações e objetivos que foram planejados visando o

melhor atendimento e bem estar da coletividade (KOHAMA, 2003).

A LOA compreenderá conforme determina o art. 165 da Constituição Federal:

(i) o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundo, órgãos e

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entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e

mantidas pelo poder público; (ii) o orçamento de investimento das empresas em que

a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a

voto; (iii) o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e

órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e

fundações instituídos e mantidos pelo poder público (BRASIL, 1998).

Se durante o exercício financeiro houver necessidade de realização de

despesas acima do limite previsto na LOA, Silva (2004) esclarece que é submetido

ao Congresso Nacional projeto de Lei de crédito adicional pelo Poder Executivo.

Contudo, crises econômicas podem conduzir o Poder Executivo a editar Decretos

com limites financeiros de gastos abaixo dos limites aprovados pelo Congresso

Nacional. São os chamados Decretos de Contingenciamento em que são

autorizadas despesas no limite das receitas arrecadadas.

No que diz respeito ao conteúdo da proposta orçamentária a ser elaborada

pelo Poder Executivo, torna-se necessário frisar dois procedimentos distintos, ou

seja, a previsão da receita e a fixação da despesa, lembrando que a principal

disputa em torno dos gastos públicos ocorre na elaboração da LOA.

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Art. 165 – Leis de iniciativa do Poder Executivo:

I – Plano Plurianual

II – Leis de Diretrizes Orçamentárias

III – Lei Orçamentária

Figura 2 - Instrumentos de planejamento Fonte: Adapatado de Giacomoni (2000)

Orçamento Anual I- Orçamento fiscal referente aos poderes da União;

II- Orçamento de investimento de empresas em que a União detenha a maioria do capital social com direito a voto;

III- Orçamento da seguridade social.

Lei das Diretrizes Orçamentárias I- Definindo as metas e prioridades da administração pública Federal, detalhadas as despesas de capital para o exercício

Financeiro subsequente; II- Alteração na legislação tributária;

III- Política de aplicações das agências oficiais de fomento.

Lei do Plano Plurianual Estabelecendo diretrizes, objetivos e metas da

Administração pública federal para os investimentos

e outras despesas dele decorrentes., bem como, sua regionalização.

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5.7.4 Orçamento Público

A atividade financeira do Estado se consolida por meio de ações que buscam

a obtenção de receitas públicas para atender as despesas, com vistas à consecução

de objetivos políticos e econômicos, consubstanciados no orçamento anual. O

orçamento, historicamente, sempre representou importante instrumento na gestão

de recursos públicos, é por meio dele que o governo executa sua política,

viabilizando toda e qualquer ação governamental. O processo de execução

orçamentária e financeira nas instituições públicas inicia-se através do orçamento e

tem por objetivo atingir as metas estabelecidas em seus programas e ações

governamentais (ROSA, 2011).

Considerado por Abrucio e Loureiro (2004) como o principal documento de

políticas públicas. Afirmam ainda que é através dele que o Estado estabelece

prioridades, delibera como serão gastos os recursos arrecadados da sociedade e a

forma de distribuí-los entre os mais variados grupos sociais. Representa um

instrumento disciplinador das contas públicas desempenhando o papel de

conciliador entre despesas e receitas.

O orçamento, tanto no processo de elaboração da lei, como na sua execução,

é um dos elementos estruturantes da gestão pública. Pelo orçamento podemos

identificar as prioridades de um governo, sua capacidade de resposta às demandas

sociais, como também sua capacidade de implementar as políticas públicas. O

orçamento expressa as diretrizes do plano anual do governo em cada política

pública (SANTOS, 2001). Através dele é possível acompanhar a situação econômica

do Estado evidenciando seus gastos, com o objetivo de controlar os recursos que a

sociedade deve contribuir para a manutenção dos serviços públicos. Felgueiras

(2007, p.29) o define como a materialização da ação planejada do Estado na

manutenção de suas atividades e na execução de seus projetos.

O orçamento deixou de ser apenas um mecanismo de controle do poder

político para tornar-se uma ferramenta de planejamento, garantindo o gerenciamento

anual das origens e aplicações de recursos e avaliando a eficácia do Estado

(ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2006).

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À medida que evoluíram as técnicas de planejamento e de intervenção do

Estado na economia, novas funções foram incorporadas ao orçamento. Com isso,

distintas espécies de orçamento foram experimentadas. Em virtude da evolução de

suas funções Giacomoni (2000) divide a história de sua evolução conceitual em

duas etapas: o orçamento tradicional e o orçamento moderno.

O orçamento tradicional é um instrumento disciplinador das contas públicas e

adota classificações somente para instrumentalizar o controle das despesas,

desempenha o papel de conciliador entre receitas e despesas, independente dos

aspectos econômicos e sociais. Constitui-se num documento de previsão e

autorização de receitas e de fixação de despesas, classificadas conforme a

categoria de gasto e distribuídas entre os vários órgãos da administração pública,

para o período de um ano. Na sua elaboração dotava-se um órgão com orçamento

suficiente para o pagamento de pessoal e para a compra de insumos e material

permanente para o exercício financeiro. Os órgãos eram dotados de acordo com o

que gastavam no exercício anterior e não em função do que se pretendia realizar

(GIACOMONI, 2000).

Por sua vez, o orçamento moderno constitui-se de um ideal gerencial. Para

Pires (2002) este instrumento busca a aplicação dos recursos públicos com o intuito

de produzir ao menor custo possível, e desenvolver sua função de regulador da

economia, tendo em vista o papel do Estado em satisfazer as necessidades

econômicas e sociais da população.

Consoante Machado Jr. e Reis (2002/2003, p.11),

“O orçamento, entretanto, evoluiu para aliar-se ao planejamento, surgindo o orçamento-programa como especialização devendo na prática, operar como elo entre os sistemas de planejamento e finanças. Com isto torna-se possível a operacionalização dos planos, porque os monetariza, isto é, coloca-os em função dos recursos financeiros disponíveis, permitindo que o planejador tenha os pés no chão, em face das disponibilidades dos recursos financeiros ” (MACHADO JR. e REIS, 2002/2003, p.11).

Atualmente destacam-se dois tipos de orçamento: orçamento a base zero ou

por estratégia e o orçamento-programa. O primeiro é um instrumento de controle

estratégico e gerencial onde todos os projetos e atividades devem ser detalhados e

justificados pelos gestores segundo a ordem de importância, cuja característica é a

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avaliação dos resultados alcançados. Tem como particularidade a análise, revisão e

avaliação de todos os gastos e a inexistência de direitos adquiridos sobre verbas em

exercícios anteriores (PIRES, 2002).

Já o modelo de orçamento-programa é uma ferramenta difundida pela ONU, a

partir da década de 50, e sua concepção básica foi retirada da experiência federal

americana. A adoção legal do orçamento-programa no Brasil ocorreu por meio da

Lei nº 4.320 em 17 de março de 1964. Caracteriza-se por ser um instrumento que

faz o elo entre o planejamento e as funções de execução, acompanhamento,

avaliação e controle (PIRES, 2002) além da elaboração orçamentária ser realizada

em função daquilo que se pretende realizar no futuro (CARVALHO,2008).

Conforme enfatiza PIRES (2002)

O orçamento-programa é um plano de trabalho no qual são detalhados os programas e despesas que se pretende realizar durante o exercício, evidenciando a política econômica do governo. Nele são demonstrados os propósitos, objetivos e metas para as quais a administração solicita os recursos necessários, identificando os custos dos programas propostos para alcançar tais objetivos e os dados quantitativos que medem as realizações e o trabalho realizado dentro de cada programa (PIRES, 2002, p.73).

O primeiro aspecto a ser considerado na adoção do orçamento-programa é a

definição clara dos objetivos governamentais, a partir dos quais são estabelecidas

metas mais específicas para determinado setor ou região, originando programas e

projetos. Outro aspecto a ser considerado é a compatibilidade entre os objetivos,

uma vez que os riscos de conflito não acontecem somente em objetivos gerais. A

incompatibilidade pode ocorrer entre os objetivos individuais dos programas, no

contexto do próprio orçamento. Os problemas emergem em função da multiplicidade

de instituições formuladoras de programas e nas dificuldades de gerenciamento dos

escalões superiores (GIACOMONI, 2000).

Uma vez estabelecido os objetivos governamentais definem-se os Programas

e as Atividades. Programa pode ser assim definido como:

[...] um instrumento de organização da atuação governamental. Articula um

conjunto de ações que concorrem para um objetivo comum, preestabelecido, mesurado por indicadores estabelecidos no PPA – Plano Plurianual, para solucionar um problema ou atender a uma necessidade ou demanda da sociedade. (ALBUQUERQUE Et at, 2006, p.224).

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Na concepção do orçamento-programa, o outro elemento essencial de sua

estrutura é a Atividade definida como:

[...]instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto necessário à manutenção da ação do governo. (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2006, p.154).

Outro componente fundamental do orçamento-programa é a mensuração

das operações de governo. É

Orçamento - Programa

Coloca em destaque os elementos administrativos. Ex.: pessoal, material de consumo, instalações. Assim, não se preocupa com os objetivos e metas da administração.

Coloca em destaque as metas, os objetivos que a Administração pretende alcançar. Ex.: quilômetros deestradas a construir, número de crianças a alfabetizar.

Coloca em destaque somente o controle político-legal das despesas.

Coloca em destaque o controle das realizações em termos físicos e financeiros, permitindo, também, o controle político-legal.

Não realiza a ligação entre o sistema de planejamento e sistema de finanças.

Realiza a ligação entre o sistema de planejamento e o sistema de finanças, porque enfatiza os programas que a administração pretende realizar em determinado exercício financeiro.

Não há consciência de missão a cumprir.

Enfatiza a consciência de missão a cumprir.

Quadro 4 - Comparativo do Orçamento Tradicional com o Orçamento-Programa Fonte: Adaptação de REIS (1979).

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5.8. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS

Conforme as doutrinas do Direito Constitucional e do Direito Financeiro, os

princípios orçamentários constituem linhas norteadoras de ação a serem observadas

na elaboração da proposta orçamentária (ROSA, 2011).

Originalmente o orçamento surgiu atuar como instrumento de controle

parlamentar das atividades financeiras do governo, e para a real eficácia desse

controle, faz-se necessário a vinculação do orçamento a regras ou princípios

orçamentários que orientem a sua elaboração e execução (ALBUQUERQUE;

MEDEIROS; FEIJÓ, 2002).

É indispensável que o orçamento obedeça a determinados princípios, a fim de

que o orçamento seja a expressão fiel do programa de governo; para que seja um

instrumento de administração do governo e ainda reflita as aspirações da sociedade

(KOHAMA, 2003).

Alguns princípios orçamentários são objeto de tratamento específico na

legislação, como é o caso do artigo 2 da Lei Complementar 4.320/64, que dispõe:

A lei de Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa, de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecido os princípios de universalidade, unidade e anualidade (BRASIL, 1964).

Com o objetivo de assegurar o cumprimento dos fins a que se propõe o

orçamento, Silva (2004) salienta que os princípios básicos podem ser resumidos em

dois aspectos: gerais e específicos, conforme segue:

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Anualidade Unidade Substanciais Universalidade Equilíbrio

Princípios Princípios Orçamentários Gerais Exclusividade

Orçamentários (de receita e de despesa) Especificação Publicidade Formais Clareza Uniformidade Precedência

Princípios Orçamentários Não afetação da receita específicos ( só das receitas) Legalidade da tributação

Quadro 5 - Princípios Orçamentários Fonte: Silva (2004, p.45)

Silva (2004) destaca os princípios utilizados no processo orçamentário:

Princípio da Anualidade: também denominado princípio da periodicidade, as previsões de receita e despesa devem referir-se, sempre, a um período limitado de tempo. A aplicação desse princípio estabelece que o orçamento deve ter vigência limitada a um período anual. O período de vigência do orçamento é denominado exercício financeiro. Princípio da Unidade: o orçamento deve ser uno. Este princípio estabelece que todas a receitas e despesas devem estar contidas numa só lei orçamentária. Princípio da Universalidade: estabelece que todas as receitas e despesas devem constar na LOA conforme artigo 165 da Constituição Federal. Princípio da Exclusividade: o orçamento deve conter apenas matéria orçamentária e não assuntos estranhos à previsão de receitas e fixação de despesas. Princípio da Especificação: este princípio é de vital importância para a gestão pública embora possua um aspecto formal do orçamento. Tem como objetivo direcionar o orçamento para que as metas delineadas sejam cumpridas. Refere -se à classificação e designação dos itens que devem constar no orçamento, discriminando as receitas e despesas. Princípio do Equilíbrio: entende-se por este princípio que em cada exercício financeiro o montante da despesa não deve ultrapassar a receita prevista para o período. Princípio da Publicidade: este princípio esta contido no artigo 37 da CF e aplica-se aos atos da administração em geral, a publicidade dos atos relativos à condução da coisa pública. Princípio da Clareza: deve-se priorizar o interesse dos usuários das informações das finanças públicas. O orçamento deve ser claro e compreensível para qualquer indivíduo. Princípio da Uniformidade: através deste princípio verifica-se que o orçamento deve conservar uma estrutura uniforme por meio dos distintos exercícios. Os dados orçamentários devem ter homogeneidade nos vários exercícios a fim de permitir uma comparação ao longo do tempo. Princípio da Precedência: este princípio resulta do fato de que a autorização prévia das despesas constituí, além de uma faculdade, um ato obrigatório para o Poder Legislativo, que não pode deixar de aprovar a LOA, pois caso isto ocorresse, haveria a paralização do serviço público ou, então, pagamentos ilegais de despesa. Princípio da Não-afetação da Receita: postula o recolhimento de todos os recursos a uma caixa única do Tesouro. Entretanto este princípio aplica-se para as receitas provenientes de imposto, não sendo o caso dos demais tributos e de outros tipos de receitas. Princípio da Legalidade da Tributação: é o princípio que diz respeito às limitações que o Estado possui quanto ao seu poder de tributar (SILVA, 2004).

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5.9 O CICLO ORÇAMENTÁRIO BRASILEIRO

O ciclo orçamentário é também conhecido como processo orçamentário. O

papel do orçamento no setor público Brasileiro foi regulamentado por diversas leis,

passadas e atuais, sendo que o processo orçamentário esteve em constante

evolução até atingir os princípios constitucionais atuais. A Constituição Federal de

1988 foi a mais inovadora e a que contemplou os diversos avanços conquistados

pela sociedade, especialmente a democratização do planejamento e do orçamento

(CARVALHO, 2008).

Compreende o processo ininterrupto pelo qual os gastos para projetos e

programas são apresentados, aprovados e, finalmente, executados, contendo quatro

etapas distintas, inerentes ao processo de alocação dos créditos orçamentários:

formulação e apresentação pelo Executivo, autorização do Legislativo, execução,

controle e auditoria (FILLELINI, 1994).

Silva (2011) por sua vez, afirma que:

O ciclo orçamentário corresponde ao período em que se processam as atividades peculiares do processo orçamentário, definindo-se como uma série de etapas que se repetem em períodos prefixados, segundo os quais os orçamentos são preparados, votados, executados, os resultados avaliados e as contas finalmente aprovadas. Não se confunde com o exercício financeiro, pois este corresponde a uma das fases do ciclo, ou seja, à execução do orçamento, tendo em vista que a fase de preparação da proposta orçamentária e sua elaboração legislativa precedem o exercício financeiro, e a fase de avaliação e prestação de contas ultrapassa -o.

(SILVA, 2011, p.225).

O ciclo orçamentário vai além do interstício definido para a consecução do

exercício financeiro. Neste sentido, o exercício financeiro corresponde ao ano civil,

que representa o intervalo de tempo que vai de primeiro de janeiro a trinta e um de

dezembro, conforme determina o art. 34 da lei nº 3.320/64. É neste período que

ocorre a execução orçamentária e financeira das instituições públicas.

O período que compreende o ciclo orçamentário é maior tendo em vista o

tempo que absorve para a sua consecução, uma vez que abrange todas as fases do

processo orçamentário:

· Elaboração da proposta pelo executivo;

· Discussão, votação e aprovação pelo legislativo;

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· Execução e monitoramento das receitas e despesas;

· Controle e avaliação da gestão e dos resultados auferidos pelas

instituições governamentais.

Elaboração da Discussão, votação

Proposta e aprovação da

Orçamentária LeiOrçamentária

Controle e avaliação Execução

da execução Orçamentária

orçamentária Figura 3 - Ciclo Orçamentário Fonte: Giacomoni (2009, p. 207)

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5.10 DESPESA PÚBLICA

Constituem despesas públicas todos os dispêndios efetuados pelo Estado

para desempenhar as funções básicas, a ele atribuídas, no atendimento dos

interesses da comunidade, tanto na implantação da infraestrutura do

desenvolvimento socioeconômico, quanto na manutenção de serviços que

beneficiem diretamente a população e, também, aqueles para saldar os

compromissos da dívida pública ou ainda a restituição ou pagamento de

importâncias recebidas a título de cauções, depósitos, consignações, etc (KOHAMA,

2003; PERES, 1997, MEIRELLES, 1981).

Pelos conceitos apresentados, percebe-se a existência de uma estreita

ligação entre as despesas e receitas, e esta deve ser preservada, e acima de tudo

perseguida pelos gestores a fim de manter o equilíbrio de sua gestão.

As despesas públicas classificam-se em despesas orçamentária e extra

orçamentária. Essa são despesas que independem de autorização legislativa, que

se constitui em saídas do passivo financeiro proveniente de receitas extra

orçamentárias, correspondendo à restituição ou entrega de valores recebidos, como

cauções, depósitos, consignações e outros (KOHAMA, 2003).

Nesta mesma perspectiva, Lemes (1991) afirma que:

são despesas extra orçamentárias os pagamentos que não dependem de autorização legislativa, por não estarem vinculados ao orçamento propriamente dito, são saídas do passivo, compensatórias de entradas no ativo provenientes de receitas também extra orçamentária do tipo devolução de cauções, fianças, restituições, salários não reclamados e outros (LEMES, 1991, P.81).

Despesas orçamentárias são aquelas que derivam da lei orçamentária ou dos

créditos adicionais e não podem efetivar-se sem crédito orçamentário

correspondente (ANGÉLICO, 1995; SILVA, 2011).

São empregadas na concretização das ações governamentais previstas para

determinado exercício financeiro, ou seja, é por intermédio dessas despesas que a

administração pública realiza os serviços públicos, mantém unidades

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administrativas, honra os compromissos contratuais, conserva o patrimônio público e

faz novos investimentos.

5.10.1 Classificação das Despesas

A classificação orçamentária da despesa possui classificações próprias e

permitem visualizar a despesa sob diferentes enfoques ou abordagens, conforme o

ângulo que se pretende analisar. A classificação da despesa observa quatro

critérios: classificação institucional, classificação funcional, classificação

programática, classificação por natureza da despesa.

A classificação institucional representa a mais antiga das classificações da

despesa orçamentária. A principal finalidade é evidenciar as unidades

administrativas responsáveis pela execução da despesa, isto é, os órgãos que

gastam os recursos em conformidade com a programação orçamentária visando

fixar responsabilidades e os consequentes controles e avaliações (GIACOMONI,

2000).

Esta classificação parte da divisão dos três poderes públicos: Legislativo,

Executivo e Judiciário. Cada um dos poderes é dividido em três tipos de instituições:

os órgãos, subdivididos em unidades orçamentárias que, por sua vez, são

subdivididas em unidades administrativas. Ressalte-se que as unidades

administrativas não constam da codificação dessa classificação ( ALBUQUERQUE,

MEDEIROS E FEIJÓ,2006, p. 217).

Assim segundo os mesmos autores, podemos dizer que:

Órgão: É o nível institucional que, a título de subordinação ou supervisão, agrega determinadas unidades orçamentárias e unidades administrativas. Ex: Ministério da Educação, Ministério da Saúde, Presidência da República. Unidades Orçamentárias: São os agrupamentos de serviços subordinados ao mesmo órgão a que são consignadas dotações orçamentárias próprias. Ex: Agência Nacional de Comunicação, Universidades Federais. Unidades Administrativas: É o nível institucional que, por não possuir autonomia orçamentária, necessita de uma unidade orçamentária para a obtenção de recursos (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2006, p. 217).

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A classificação funcional tem por finalidade delimitar a despesa, sendo

composta por um rol de funções e subfunções pré-fixadas, agregando os gastos

públicos por área de ação governamental nas três esferas. É uma classificação

normativa dada pela Portaria nº 42/99 do Ministério do Estado do Orçamento e

Gestão, e tem como escopo principal a consolidação nacional dos gastos do setor

público. As funções representam o maior nível de agregação das despesas públicas

que competem ao setor público. As subfunções devem ser entendidas como uma

partição da função, visando agregar determinado subconjunto de despesa do setor

público (ANDRADE, 2007).

Toda a ação do governo esta estruturada em programas orientados para a

concretização dos objetivos estratégicos estabelecido no PPA, para o período de

quatro anos (SILVA, 2011), o autor esclarece ainda que:

Programa é o instrumento de organização da atuação governamental que articula um conjunto de ações que concorrem para a concretização de um objetivo comum preestabelecido, mensurado por indicadores instituídos no plano, visando à solução de um problema ou ao atendimento de determinada necessidade ou demanda da sociedade( SILVA ,2011, p.255-256).

Entre as estruturas do PPA com o Orçamento há convergência, assim, o

programa é o módulo comum integrador entre o plano e o orçamento. O plano

termina no programa e o orçamento começa exatamente nesse mesmo programa, o

que determina uma integração desses instrumentos desde a origem

(ALBUQUERQUE, MEDEIROS E FEIJÓ, 2006; SILVA, 2011).

Os programas criados, no PPA, possuem ações que devem ser

desenvolvidas para atingir seus objetivos. Essas ações são executadas no

orçamento público por meio das atividades, projetos ou operações especiais. Sua

execução leva ao cumprimento dos objetivos das ações, que contribuem para atingir

os objetivos dos programas, que tem por finalidade suprir determinada necessidade

ou demanda da sociedade e por consequência melhorar a realidade diagnosticada

(SILVA, 2011).

De acordo com o art.2 da Portaria 42/99 observa-se os seguintes conceitos:

Projeto é um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de

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operações limitadas no tempo, da quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação do governo. Atividade é um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto ou serviço necessário à manutenção da ação de Governo. Operações especiais correspondem a despesas que não contribuem para a manutenção, expansão ou aperfeiçoamento das ações de governo, das quais não resulta um produto, e não gera contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços. (SILVA, 2011, p. 256).

São cinco as categorias da classificação funcional-programática: função,

programa, subprograma, projeto e atividade. Cada função é desdobrada em

programas, que se subdividem em subprogramas e estes em projetos e atividades.

Os programas ao evidenciar os objetivos a serem atingidos com a execução do

orçamento, representa a categoria mais importante. As funções são constituídas

pela divisão das áreas de atuação do governo. Os subprogramas por sua vez são

partes dos programas, eles representam objetivos parciais buscados pelo governo.

Já os projetos e as atividades são os instrumentos que viabilizam operacionalmente

a consecução dos objetivos dos programas (GIACOMONI, 2000).

A Secretaria Municipal de Educação ficará assim representada na

classificação funcional-programática, conforme quadro abaixo:

Desdobramento Interpretação Código

Função Educação 12

Subfunção Ensino fundamental 361

Programa Reformas e melhoria de imóveis 57

Atividade Manutenção e revitalização das 2081

unidades da rede de ensino Quadro 6 - Classificação Funcional-programática Fonte: Silva (2011)

A classificação da despesa orçamentária segundo a natureza está assim

organizada: categorias econômicas, grupo de despesa, modalidade de aplicação e

elementos de despesa.

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A classificação econômica da despesa orçamentária é constituída por duas

categorias segundo a Lei 4320/64: Despesas Correntes e de Capital.

Conforme Kohama (2003) despesas correntes são gastos de natureza

operacional, realizada pela administração pública, para a manutenção e o

funcionamento de seus órgãos, e as despesas de capital consiste nos gastos

realizados pela administração pública, com o propósito de criar novos bens de

capital ou mesmo de adquirir bens de capital já em uso que constituirão

incorporações ao patrimônio público.

Os grupos de despesas servem para evidenciar as despesas mais

importantes: pessoal e encargos sociais, juros e encargos da dívida, outras

despesas correntes, investimentos, inversões financeiras e amortização da dívida.

Integram um conjunto onde partes são típicas subcategorias econômicas

(investimentos e inversão financeira) e outra parte são elementos responsáveis por

parcelas importantes da despesa.

Categorias Econômicas Grupos

1. Pessoal e encargos sociais

3. Despesas correntes 2. Juros e encargos da dívida

3. Outras despesas correntes

4. Investimentos

4. Despesas de capital 5. Inversões financeiras

6. Amortização da dívida Quadro 7 - Categorias Econômicas e Grupos Fonte: Giacomoni (2000, p.109)

A modalidade de Aplicação destina-se a indicar se os recursos são aplicados

diretamente por órgãos ou entidades no âmbito da mesma esfera de Governo ou por

outro ente da Federação e suas entidades correspondentes, e tem como objetivo

permitir a eliminação de dupla contagem dos recursos transferidos ou

descentralizado (GIACOMONI, 2000).

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Os elementos de despesas têm como finalidade identificar os objetos de

gasto, ou seja, os bens ou serviços adquiridos, independentemente das suas

finalidades, tais como: vencimentos e vantagens fixas, material de consumo,

serviços de terceiros, instalações, equipamentos, juros, diárias, auxílios e outros de

que a administração pública se serve para a consecução de seus fins. Sua finalidade

precípua é de oportunizar o controle dos gastos, tanto pela unidade orçamentária ou

órgão de contabilidade, como pelos órgãos de controle interno e externo (SILVA,

2011).

5.10.2 Estágios da Despesa

A execução da despesa se realiza mediante o cumprimento de três estágios:

empenho, liquidação e pagamento.

Conforme o art. 58 da Lei 4320/64 “o empenho de despesa é o ato emanado

de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente

ou de implemento de condição”. Além disso, o caput do art. 59 da lei mencionada,

assinala que deve ser observado que o valor empenhado não poderá exceder o

limite de crédito concedido na dotação orçamentária própria. Isto quer dizer que

poderão ser feitos tantos empenhos quantos forem necessários, desde que o

somatório deles não ultrapasse o montante da dotação.

Ele representa o principal instrumento da administração pública para

acompanhar e controlar a execução de seus orçamentos. Corresponde ao ato

procedente de autoridade competente, que determina a dedução do valor da

despesa a ser realizada da dotação consignada no Orçamento, para atender essa

despesa. Consiste numa reserva que se faz, ou garantia que se dá ao fornecedor ou

prestador de serviços, baseada na autorização e dedução da dotação respectiva, de

que o serviço contratado ou o bem fornecido será pago (MACHADO JR. e REIS,

2002/2003, ROSA, 2011).

Conforme o art. 60 da Lei 4320/64 é vedada a realização de despesa sem

prévio empenho, ou seja, o empenho deve anteceder a data da aquisição do bem ou

da prestação do serviço. Tal disposição faz com que só possam ser realizadas

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despesas que tenham amparo e enquadramento orçamentário em consonância com

o art. 167 da Constituição Federal, que veta o início de programas ou projetos não

incluídos na lei orçamentária anual e a realização de despesas ou a assunção de

obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais (ROSA,

2011).

Os empenhos são classificados em três tipos ou modalidades conforme Rosa

(2011):

· Empenho Ordinário: quando o valor da despesa é fixo e previamente

determinado e cujo pagamento se dá de uma só vez;

· Empenho Estimativo: utilizado quando não se pode determinar

previamente o montante exato da despesa, tais como: serviços de

fornecimento de água, energia elétrica, telefone e outros;

· Empenho Global: aplica-se para despesas contratuais ou outras de

valor determinado, sujeitas a parcelamento, assim como contratos de

prestação de serviços e realização de obras.

A liquidação da despesa, de acordo com o disposto no art.63 da Lei 4320/64

“... consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base títulos e

documentos comprobatórios do respectivo crédito”. BRASIL (1964).

É o reconhecimento do implemento de condição, ou seja, a verificação do

cumprimento da obrigação pelo credor, a fim de comprovar o direito por ele

adquirido ao respectivo crédito, nesse estágio, são efetuadas as verificações e

avaliações quanto ao cumprimento, por parte do contratante, nas condições

previamente estipuladas (na licitação, no contrato, no empenho, etc (ROSA, 2011;

GIACOMONI, 2000).

O pagamento corresponde ao último estágio da despesa orçamentária.

Segundo o art.62 combinado com o art.64 da Lei 4320/64, o pagamento da despesa

somente será efetuado após sua regular liquidação, quando a autoridade

ordenadora competente, mediante despacho, determina que a despesa seja paga

BRASIL (1964).

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5.11 RECEITA PÚBLICA

O Estado para fazer face às suas necessidades, dispõe de recursos ou

rendas que lhe são entregues através da contribuição da coletividade. Afirmam que

o conjunto de recursos que o Estado aufere de todas as suas fontes produtivas

constitui a receita pública e com ela o Estado vai enfrentar todo o ônus de

manutenção da sua organização, com a segurança de sua soberania, com o custeio

de seus serviços, com as iniciativas de fomento e desenvolvimento econômico e

social e com seu próprio patrimônio (SILVA, 2004; ANDRADE, 1981).

Percebe-se então que a receita pública configura-se como a base da gestão

financeira do Estado e que deve ser estruturada no sentido de captar o máximo de

recursos financeiros, para o alcance de seus objetivos, visando a satisfação das

necessidades públicas.

Kohama (2003) conceitua receita pública como:

“[...] todo e qualquer recolhimento feito aos cofres públicos, quer seja efetivado através de numerário ou outros bens representativos de valores – que o Governo tem o direito de arrecadar em virtude de leis, contratos ou quaisquer outros títulos de que derivem direitos a favor do Estado, quer seja oriundo de alguma finalidade específica, cuja arrecadação lhe pertença ou caso figure como depositário dos valores que lhe pertencerem.” (KOHAMA, 2004, p.82).

As receitas públicas no seu sentido mais amplo referem-se a todas as

quantias recebidas pelos cofres públicos, desdobrando-se em dois grupos: receitas

orçamentárias e receitas extra orçamentárias. Essa se refere aos recursos de

terceiros que transitam pelos cofres públicos, não pertence aos entes públicos. Já as

receitas orçamentárias são aquelas que integram o orçamento público, que de fato

pertencem à entidade pública e se classificam economicamente em Receitas

Correntes e de Capital (ANGÉLICO, 1995).

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5.11.1 Classificação das Receitas

A classificação orçamentária de receita, assim como a despesa, possui

classificações próprias. Dentre elas destacam-se:

· classificação por categorias econômicas ( natureza da receita);

· classificação por fonte de recursos;

A receita orçamentária deverá obedecer à discriminação constante no artigo

11 da Lei 4.320/64 onde estabelece que o sistema classificatório da receita seja feito

de acordo com a categoria econômica. Na classificação econômica a receita se

divide em: Receitas Correntes e Receitas de Capital.

No que diz respeito às receitas correntes, o parágrafo 1º, art. 11 da referida lei

estabelece que:

São Receitas Correntes as receitas tributárias, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.

No que concerne às receitas de capital, o parágrafo 2º do referido artigo dispõe:

São Receitas de Capital as receitas provenientes da realização de recursos financeiros de constituição de dívidas; da conversão em espécie de seus bens e direitos; pelos recursos recebidos de outras pessoas de direito público e privados destinados a atender despesas classificáveis em despesas de capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente.

A finalidade desse critério é identificar a origem dos recursos segundo o fato

gerador, evidenciando quais recursos serão destinados a atender às despesas

correntes, bem como os recursos destinados a atender às despesas de capital e,

ainda, o superávit do orçamento corrente (ROSA, 2011).

A classificação segundo fontes de recursos serve para indicar como são

financiadas as despesas orçamentárias. Entende-se por fonte de recurso a origem

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ou procedência dos recursos que devem ser aplicados em uma determinada

finalidade. No sentido de individualizar os recursos é indispensável à classificação

com vistas a evidenciar sua aplicação conforme a determinação legal (ROSA, 2011).

Esse mecanismo, denominado fonte de recursos ou destinação de recursos

segundo a autora mencionada acima, constitui o elo do processo orçamentário-

financeiro, desde a previsão da receita até a execução da despesa (empenho,

liquidação e pagamento).

Os principais grupos de fontes de Receitas Correntes são os seguintes:

1100.00.00 Receita tributária:

Decorrem da capacidade do ente público instituir e arrecadar tributos de sua

competência, ou seja, provenientes de impostos, taxas e contribuições de

melhoria.

1200.00.00 Receita de contribuições:

São as provenientes de contribuições sociais e contribuições econômicas.

1300.00.00 Receita patrimonial:

São as receitas resultantes da exploração do patrimônio de propriedade do ente

público decorrente de bens mobiliários ou imobiliários, advindo de participação

societária ou superávits apurados nas operações de bens patrimoniais.

1400.00.00 Receita agropecuária:

Decorrem das atividades ou exploração econômica de atividades agropecuárias

envolvendo a produção vegetal e animal e seus derivados, bem como atividades

de beneficiamento ou transformação desses produtos.

1500.00.00 Receita industrial:

São as resultantes de atividades industriais, tais como: indústria extrativa mineral,

de transformação e de serviços industriais de utilidade pública.

1600.00.00 Receita de serviços:

São as provenientes da prestação de serviços pela entidade públicas tais como:

taxas de serviços de transporte, comerciais, financeiros, de comunicações, de

saúde e outros serviços.

1700.00.00 Transferências correntes:

Resultante de recursos recebidos de outros entes públicos ou privados destinadas

a atender as despesas correntes.

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1900.00.00 Outras receitas correntes

Envolvem a arrecadação de receitas não classificadas nas fontes anteriores,

como: multas, indenização, juros de mora, dívida ativa e receitas diversas.

As Receitas de Capital se classificam nas seguintes fontes:

2100.00.00 Operações de crédito:

São as resultantes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição

de dívidas.

2200.00.00 Alienação de bens:

São as receitas provenientes da venda de bens móveis e imóveis pertencentes ao

ente público, após, o atendimento da legislação pertinente.

2300.00.00 Amortização de empréstimos:

São os ingressos provenientes do recebimento de valores anteriormente

concedidos.

2400.00.00 Transferências de capital:

São os recursos recebidos de outros entes públicos ou privados, destinados a

atender a despesas classificáveis em despesas de capital.

2500.00.00 Outras receitas de capital:

Constituem uma classificação genérica destinada a receber receitas de capital

não especificada em Lei.

A Receita Orçamentária é classificada em categorias econômicas: Receita

Corrente e de Capital. Obedecem a uma discriminação sequencial de níveis na

seguinte ordem: cada categoria econômica desdobra-se em fontes de receitas e

estas em subfontes ou espécie que, por sua vez, são analisadas em rubricas,

alíneas e subalíneas e podem chegar a item e subitens (KOHAMA, 2003).

As categorias econômicas Receitas Correntes e de Capital são

representadas no primeiro nível pelos dígitos 1 e 2. O segundo nível objetiva

identificar a origem ou fonte das receitas. A espécie representada pelo terceiro

nível de classificação e vincula-se a origem, permitem qualificar com maior

detalhe o fato gerador dos ingressos das receitas. Já a rubrica constitui o

detalhamento das espécies de receita, constante do quarto nível, procura detalhar

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de forma mais específica as espécies de receitas. A alínea, localizada no quinto

nível objetiva a qualificação da rubrica, apresenta o nome da receita propriamente

dito. O sexto e último nível denominado subalínea é onde serão contabilizados os

valores, pela entrada dos recursos (ROSA, 2011).

A classificação por fontes é um mecanismo programático oriundo da

necessidade prática de agrupar valores de distintas naturezas a exemplo das

previsões disponíveis para livre programação, sem destinação pré-especificada

(AMADO, 1994).

A classificação segundo as fontes de recursos é representada por quatro

grandes grupos:

· Recursos do Tesouro -

· Recursos de Outras Fontes – onde são consignados os recursos de

incentivos fiscais, as operações de crédito realizadas pelas demais

instituições, os recursos diretamente arrecadados pelas instituições

da administração pública indireta ou fundacional;

· Recursos do Tesouro – Exercícios anteriores;

· Recursos de Outras Fontes – Exercícios anteriores.

Independente do ente governamental (União, Estado, Distrito Federal e

Municípios) o Tesouro é responsável pela arrecadação e guarda da maior parte das

receitas tributárias, de taxas e contribuições, de multas, de operações de crédito

realizadas diretamente pelo tesouro; recursos diretamente arrecadados pela

administração pública direta. Ele provê os recursos para a manutenção dos Poderes

Legislativo, Executivo e Judiciário, para o funcionamento dos serviços públicos e

execução e programas e projetos (GIACOMONI, 2000).

Os recursos provenientes de Outras Fontes são as receitas das entidades da

administração pública indireta, que são as autarquias, empresas públicas, fundações

públicas e os fundos que integram o orçamento, mesmo dependentes de

transferências de recurso do Tesouro, possuem receitas próprias, as quais devem

aparecer identificadas na lei orçamentária (GIACOMONI, 2000).

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Especificação Código

Orçamentário Identificação Categoria Econômica 1.0.0.0.00.00 Receita Corrente

Origem 1.1.0.0.00.00 Receita Tributária

Espécie 1.1.1.0.00.00 Impostos

Rubrica 1.1.1.2.00.00 Imposto sobre o Patrimônio e a Renda

Alínea 1.1.1.0.02.00 Imposto sobre a Propriedade Predial e territorial urbana

Subalínea 1.1.1.0.02.01 Imposto Predial Urbano

Categoria Econômica 2.0.0.0.00.00 Receita de Capital

Origem 2.4.0.0.00.00 Transferência de Capital

Espécie 2.4.7.0.00.00 Transferência de Convênios

Rubrica 2.4.7.1.00.00 Transferência de Convênios da União e de suas entidades

Alínea 2.4.7.1.02.00 Transferência de Convênios da União e de suas entidades

destinadas a Programa de Educação

Subalínea 2.4.7.1.02.01 Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE Quadro 8 - Quadro sinótico da classificação econômica da receita Fonte: Silva, (2011, p.232)

5.11.2 Estágios da Receita

A multiplicidade das receitas orçamentárias – tributos, contribuições, rendas

patrimoniais e de serviços, operações de crédito – de variada natureza jurídica,

impedem que elas cumpram estágios de execução formalmente padronizados, como

ocorre com a despesa. Contudo, considerando que a maior parte da receita

orçamentária é proveniente de cobrança de tributos e contribuições, cujo

disciplinamento é feito através de legislação específica, frequentemente, admite-se,

neste âmbito, a existência de três estágios: lançamento, arrecadação e recolhimento

(GIACOMONI, 2000).

É por meio do lançamento que a autoridade constitui o crédito tributário,

entendido como o procedimento administrativo que verifica a ocorrência do fato

gerador da obrigação correspondente, determina a matéria tributável, calcula o

montante do tributo devido, identifica o sujeito passivo e propõe, se for o caso, a

aplicação de penalidade cabível (ROSA, 2011).

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De acordo com o art. 53 da lei 4320/64, o lançamento é definido da seguinte

forma:

[...] é o ato da repartição competente, que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta (BRASIL, 1964)

São três as modalidades de lançamento: por homologação, declaração e de

ofício. Por homologação é realizado pelo sujeito passivo que antecipa o pagamento

sem prévio exame de autoridade administrativa, por exemplo: ICMS. O lançamento

por declaração ocorre quando o sujeito passivo presta à autoridade administrativa

informações indispensáveis à efetivação do lançamento, por exemplo: Declaração

de imposto de renda. O lançamento de ofício é efetuado pela administração sem

participação do contribuinte, por exemplo: IPTU (GIACOMONI, 2000).

A arrecadação corresponde o segundo estágio a ser percorrido pela receita lançada.

É o momento em que os contribuintes ou devedores pagam os recursos devidos ao

Tesouro aos agentes arrecadadores ou bancos autorizados.

A arrecadação poderá ser feita de forma direta e indireta. A direta é quando

realizada por repartição administrativa do Estado – coletorias, recebedorias,

tesourarias ou por agência bancária credenciada. A arrecadação indireta ocorre

quando entidades depositárias – empregadores e bancos retêm valores dos

contribuintes, providenciando posteriormente o recolhimento. (GIACOMONI, 2000).

O terceiro e último estágio da execução da receita caracteriza-se pela entrega

do produto da arrecadação efetuado pelos agentes arrecadadores diretamente ao

Tesouro Nacional, responsável pela administração e programação financeira

(ROSA, 2011). Além disso, deve ser observado, conforme determina a lei 4320/64, o

princípio da unidade de tesouraria, para vedar o fragmento dos recursos em caixas

especiais, isto é, toda a receita arrecadada deve ser recolhida, integralmente, para

uma conta bancária geral em nome do Tesouro Público. Consagrando a “caixa

única”, a norma geral brasileira visa racionalizar a gestão financeira, viabilizando,

particularmente, a execução da programação dos desembolsos e a obtenção de

ganhos operacionais (BRASIL, 1964).

Os órgãos fazendários têm por praxe aprovarem um calendário fiscal, que

estabelece os prazos de recolhimentos dos diversos tributos e contribuições a serem

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observados pelos contribuintes. O calendário permite organizar o fluxo das receitas

públicas, assim como a programação dos desembolsos, além de sua evidente

utilidade para o contribuinte (GIACOMONI, 2000).

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6. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Pesquisa científica é “[...] o conjunto de procedimentos sistemáticos,

baseados no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para os

problemas propostos mediante métodos científicos” (ANDRADE, 2007, p.111). Para

ilustrar o método de pesquisa a ser utilizado, serão detalhados os seguintes itens: (i)

estratégias de planejamento de pesquisa; (ii) variáveis Operacionais do estudo; (iii)

técnicas e instrumento de coleta de dados; (iv) população e amostragem.

6.1 ESTRATÉGIAS DE PLANEJAMENTO DA PESQUISA

A metodologia estuda os procedimentos de investigação do conhecimento

científico objetivando descobrir o pensamento verdadeiro a partir de determinado

problema; analisar e desenvolver observações, criticá-los e interpretá-los a partir das

relações de causa e efeito é como uma reunião de técnicas ou procedimentos que

são usados na busca de conhecer sobre algum assunto (OLIVEIRA, 2002,

ANDRADE, 2009).

Outro aspecto da metodologia é o método, sendo considerado o caminho

para se chegar a um fim, permite alcançar conhecimentos válidos e verdadeiros, ou

seja, procedimentos sistemáticos que buscam um objetivo e que evidenciam a

verdade sobre determinado tipo de conhecimento (LAKATOS et al, 1991).

Com relação à abordagem do problema de pesquisa será quantitativa,

considerando a mais conveniente para atingir os objetivos propostos no presente

estudo. O método quantitativo se utiliza da quantificação tanto nas modalidades de

coleta de informações quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas

(RICHARDSON, 2008).

Quanto ao objetivo do estudo a presente investigação enquadra-se como uma

pesquisa descritivo-explicativa. O objetivo primordial da pesquisa descritiva é a

descrição das características de determinada população ou fenômeno ou

estabelecimento de relações entre variáveis (GIL, 1999). Já a pesquisa refere-se à

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pesquisa que procura responder sobre causas de acontecimentos, fatos e

fenômenos, procurando estabelecer relações entre as variáveis (SAMPIERI,

COLLADO e LUCIO, 2006).

Com referência às estratégias de pesquisa, a presente investigação tem os

seguintes enquadramentos:

· Pesquisa documental: consiste na pesquisa baseada em materiais que

ainda não receberam nenhum tratamento analítico, tais como jornais,

gravações, filmes, dentre outros (MARTINS, THEÓFHILO, 2007;

GIL,1999);

· Estudo de caso: trata-se de uma investigação empírica que investiga

um determinado fenômeno dentro de seu contexto real onde as

fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente evidentes

(YIN, 2001). Convém salientar ainda, que nesta estratégia de pesquisa o

pesquisador não tem controle sobre as variáveis e os eventos,

buscando apreender a totalidade de uma situação descrevendo,

compreendendo e interpretando a complexidade de um caso real

(MARTINS; THEÓFHILO, 2009);

· Pesquisa-diagnóstico: é considerada uma modalidade que tem por

objetivo a exploração de um determinado ambiente para diagnosticar

possíveis problemas, suscitando o processo de mudança

organizacional ao apresentar soluções exeqüíveis (MARTINS,

THEÓFHILO, 2007).

6.2 VARIÁVEIS OPERACIONAIS DO ESTUDO

As variáveis podem ser definidas como características mensuráveis de um

fenômeno, que podem apresentar diferentes valores ou ser agrupadas em categoria

(RICHARDSON, 1999). O autor esclarece ainda que as variáveis apresentam duas

características fundamentais: (i) são aspectos observáveis de um fenômeno; (ii)

devem apresentar variações ou diferenças em relação ao mesmo ou a outros

fenômenos.

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As variáveis utilizadas no presente estudo serão receitas e despesas

conforme demonstrado abaixo:

Variáveis

Receita

Recursos do SUS - receitas geradas pelo faturamento;

Recursos do REHUF- receitas repassadas para a

Reestruturação dos HUs;

Recursos do Tesouro- receitas repassadas pelo Governo

Federal;

Recurso Próprio - receitas geradas pelo Hospital;

Convênios – receitas advindas de convênios firmados com

o hospital;

Repasses UFPR – Receitas provenientes da UFPR

Emendas – repasses do Governo Federal por ocasião de

emendas parlamentares.

Despesas

Custeio

Investimento

Quadro 9 - Variáveis da pesquisa Elaborado pela autora

6.3 TÉCNICA E INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Para atingir os objetivos propostos e responder o questionamento da

pesquisa faz-se necessário a leitura de bibliografias especializadas acerca do tema

abordado, assim como a utilização de documentos extraídos do Sistema de

Administração Financeira – SIAFI a exemplo de balancetes, balanços e relatórios

gerenciais.

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6.4 PLANO E PERÍODO DE ANÁLISE DOS DADOS

A abordagem quanto às técnicas de coleta de dados busca-se a essência de

um texto nos detalhes das informações, dados e evidências disponíveis; (MARTINS

E THEÓPHILO, 2007).

A análise dos dados obtidos com o estudo de caso será conduzida a partir

dos dados e fatos contidos nos documentos extraídos do Sistema de Administração

Financeira – SIAFI, nos sistemas informatizados de faturamento no SIAFI gerencial

e nos relatórios gerenciais do HCUFPR, no período de 2008 a 2012. Para tornar

viável a comparação das informações, optou-se pela atualização dos valores para

julho de 2013 com base no Índice Geral de Preços do Mercado, tornando-se os

dados homogêneos e comparáveis para todos os anos.

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7. O CONTEXTO DO ESTUDO

O presente estudo foi realizado no Hospital de Clínicas da Universidade

Federal do Paraná, localizado na cidade de Curitiba, no estado do Paraná. O

HC/UFPR foi Inaugurado no dia 5 de agosto de 1961, é considerado o terceiro

hospital universitário do país e o único hospital público federal no Estado do Paraná;

possui 63 mil m² de área construída onde circulam aproximadamente 11 mil pessoas

por dia. (HC/UFPR, 2013b).

O HC/UFPR é um órgão suplementar da Universidade Federal do Paraná e

devidamente certificado como hospital de ensino, conforme determina as portarias

estabelecidas pelo MEC. Consolida-se como parte importante da assistência à

saúde pública, caracterizado na rede de saúde do estado como hospital de grande

porte (Grau III). A instituição realiza atendendimento de pacientes de quase todos

os Estados do Brasil e até do exterior. Como um hospital cujo atendimento é feito

100% SUS, dentro da ótica de regulação de leitos e de especialidades, o HC/UFPR

é referência na atenção ambulatorial e hospitalar de média e alta complexidade. É o

maior prestador de serviços ao SUS no Paraná e dispõe de 510 leitos, 261

consultórios e 59 especialidades da área de saúde, atende uma média/mês de

quase 61 mil pacientes, com 1464 internações e 837 cirurgias (HC/UFPR, 2013b).

Aliado a essa intensa atividade assistencial, destaca-se pela abundante

produção científica, que o qualifica, no cenário nacional e internacional, como uma

instituição de excelência.

Destaca-se pelo pioneirismo nas seguintes áreas (REVISTA DO HOSPITAL,

2011):

· 1º do Brasil a criar o Diagnóstico de Doenças Neuromusculares (1972);

· 1º Hospital da América Latina a realizar Transplante de Medula Óssea

(1979). Trinta anos depois, é referência mundial com a realização de

quase 2000 transplantes;

· 1º do Paraná a realizar transplante de fígado intervivos em adultos

(1991);

· 2º do Brasil a realizar duplo intervivos de fígado e rim e um dos cincos

casos citado na literatura mundial (1991);

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· 1º centro de referência credenciado pelo Ministério da Saúde para

tratamento do Hipotireoidismo Congênito e Fenilcetonúria de crianças,

detectados pelo “Teste do Pezinho” (1996);

· 1º Centro da América Latina a possuir um Ambulatório de atendimento

exclusivo à Síndrome e Down. Referência Nacional desde 1977;

· 1º do Brasil a possuir um Banco de Ossos e Tecidos Músculo-

Esqueléticos cadastrados pelo Ministério da Saúde (1998).

O HC/UFPR é espaço de graduação para os cursos integrados à saúde. As

atividades de ensino, extensão e pesquisa consolidam-se rotineiramente por meio

de estágios supervisionados, atividades de extensão junto à comunidade assistida e

pesquisa articulada com a assistência hospitalar. Neste contexto, além das

atividades de graduação, o HC/UFPR oferece 306 vagas para programas de

residência médica em 36 especialidades e 76 vagas para residência multiprofissional

na área da saúde. Abriga inclusive programas de mestrado e doutorado (HC/UFPR,

2013a).

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92

8. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo apresenta simultaneamente a consolidação dos dados coletados

e sua análise, visando encontrar respostas para o alcance dos objetivos gerais e

específicos.

Apresenta uma Análise Horizontal e Vertical da composição e evolução da

receita e da despesa para detectar os percentuais alocados durante o período de

2008 a 2012.

Análise horizontal é a maneira de evidenciar as variações ocorridas nos

demonstrativos comparando-se com períodos definidos previamente com o objetivo

de verificar a evolução (ANDRADE, 2006).

A Análise Vertical é a análise estrutural do orçamento ou de execução em

relação à variação de porcentagem de cada conta, ou grupo de contas, no montante

total discriminado no orçamento ou na execução do mesmo (ANDRADE, 2006). Por

meio da análise vertical será possível verificar a participação de cada fonte de

recurso e cada item de despesa em seus valores corrigidos com relação ao total da

receita e despesa durante o período de proposto no estudo.

A análise vertical e análise horizontal prestam-se fundamentalmente ao

estudo de tendências, representam uma das técnicas mais simples de aplicação e,

ao mesmo tempo, mais importante sob o aspecto da qualidade das informações

geradas para a avaliação do desempenho empresarial (MATARAZZO, 2003, ASSAF

NETO, 2007).

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93

8.1 COMPOSIÇÃO E EVOLUÇÃO DA RECEITA

Atualmente os Hospitais Universitários são financiados obrigatoriamente pelo

setor público, tendo a responsabilidade financeira dividida entre o MEC e o MS.

O orçamento consolidado do HC está dividido em dotação direta e

transferências governamentais. A dotação direta compreende os créditos

pertencentes à instituição, provenientes das fontes do Tesouro e de recursos

próprios e as transferências governamentais referem-se aos créditos oriundos de

outras unidades governamentais e executados pelo hospital.

As receitas do Tesouro provêm da LOA e financiam as despesas obrigatórias

que correspondem aos dispêndios de pessoal e de encargos sociais, além das

despesas de custeio e capital para a manutenção e funcionamento dos HUs.

Salienta-se que este recurso tem contribuído sobremaneira para a manutenção das

atividades da instituição, amenizando assim as limitações impostas pela escassez

dos recursos (SUS) oriundos da prestação de serviços. Os recursos provenientes

das emendas parlamentares são igualmente originários das fontes do tesouro e

geralmente são liberados recursos de capital.

Os recursos do REHUF também derivam das fontes do Tesouro, porém serão

identificados separadamente a fim de evidenciar qual foi a representatividade no

contexto das receitas totais. Com relação aos repasses da Universidade Federal do

Paraná são recursos que a UFPR eventualmente coloca a disposição do hospital

para fazer frente às despesas de custeio; também são recursos originários do

Tesouro, porém será dissociado da fonte tesouro a fim de identificar qual foi o

comprometimento da UFPR na manutenção das atividades de ensino, pesquisa e

assistência do hospital.

Para efeito deste estudo não serão considerados os recursos para o

financiamento de pessoal e encargos sociais e benefícios assistenciais por tratar-se

de recursos que não alteram a sustentabilidade da instituição, uma vez que as

receitas que suprem as despesas obrigatórias são garantidas na integralidade pelo

Estado.

Receita própria também denominada recursos próprios é a composição de

receitas hospitalares provenientes da cobrança de exames realizados para outras

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instituições hospitalares além dos ingressos repassados pelo Fundo Municipal de

Saúde referente aos procedimentos de hemoterapia e receitas administrativas

compostas pela arrecadação do restaurante, estacionamento, doações, projetos de

pesquisa, etc. Cabe salientar aqui, que os créditos orçamentários provenientes de

recursos próprios liberados para o exercício são autorizados na LOA conforme a

arrecadação do ano anterior e somente são liberados para empenho na medida em

que a instituição arrecada no exercício. Caso haja mais arrecadação do que o

crédito orçamentário liberado, é necessário solicitar junto a Secretaria de Orçamento

e Federal crédito suplementar.

Dentre as fontes financiadoras da instituição e a mais representativa de todas

são as transferências governamentais, que correspondem às dotações de outras

instituições federais executados pelo hospital para a efetivação de sua atividade fim.

São formalizados através de convênios e projetos e no caso da receita SUS

mediante a contratualização junto ao MS. Os recursos provenientes do MS são

resultantes da produtividade, vinculada aos registros de atendimentos,

transformando contas hospitalares por meio de reembolso dessas despesas.

Diante do contexto, a tabela abaixo demonstra a composição dos créditos

orçamentários disponibilizados para custeio ao HC, por fontes consolidadas de

recursos no período de 2008 a 2012, corrigidos até julho de 2013, com base no

IGPM.

Tabela 1 - Créditos orçamentários de custeio no período de 2008 – 2012

CRÉDITOS

ORÇAMENTÁRIOS 2008 2009 2010 2011 2012

SUS 84.097.936,98 93.851.449,04 99.527.674,33 89.506.175,56 78.331.985,11

Tesouro 9.631.548,85 14.917.319,83 10.478.069,73 260.637,18 570.458,77

REHUF 0,00 0,00 8.011.352,18 44.495.161,45 16.645.902,43

Recurso Próprio 3.636.860,82 4.123.962,91 4.479.287,60 2.665.983,52 1.537.978,35

Repasse UFPR 1.049.790,81 364.514,25 883.646,54 667.383,20 1.645.286,58

Convênio 1.837.460,15 1.548.096,01 0,00 231.438,26 987.664,76

TOTAL 100.253.597,61 114.805.342,04 123.380.030,38 137.826.779,17 99.719.276,00

ANO

Fonte: Siafi

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95

A tabela a seguir apresenta a análise vertical dos créditos orçamentários de

custeio no período de 2008 a 2012.

Tabela 2 - Percentual dos créditos orçamentários de custeio CRÉDITOS

ORÇAMENTÁRIOS 2008 2009 2010 2011 2012

SUS 83% 82% 80% 65% 78%

Tesouro 10% 13% 9% 0,3% 1%

REHUF 0% 0% 7% 32% 16%

Recurso Próprio 4% 4% 3% 2% 2%

Repasse UFPR 1% 0,3% 1% 0,5% 2%

Convênio 2% 0,7% 0% 0,2% 1%

ANO

Fonte: Elaborado pela autora

A tabela 2 evidencia a representatividade dos recursos de custeio em relação

ao total dos créditos disponibilizados.

Através da análise vertical verifica-se que o Hospital possui como fonte de

receita principal os recursos provenientes do SUS, ou seja, de seu faturamento, que

significa em 2008 o equivalente a 83% do montante de R$100.253.597,61. A

representatividade desses recursos aumentou em 2009 para 82%, porém decresceu

nos exercícios posteriores para 80% em 2010, 65% em 2011 e no ultimo ano do

estudo representou 78%no montante de R$ 78.331.985,11. Observa-se que entre o

período de 2008 a 2012 houve uma queda acentuada dos recursos provenientes do

SUS no total de R$5.765.951,87 apresentando uma variação negativa de -7%.

Entre os exercícios de 2008 e 2010 a segunda maior contribuição para a

manutenção do hospital nos percentuais de 10%, 13% e 9% respectivamente

provém dos recursos do Tesouro onde a disponibilização Programa Interministerial

de Reforço à Manutenção dos HUs - PIRM, para financiamento complementar das

atividades assistenciais e acadêmicas, além de crédito suplementar disponibilizado

pela SOF. A partir de 2011 a disponibilização destes recursos caem drasticamente

sendo que os valores não foram expressivos para análise.

Observa-se que a partir de 2010 houve a disponibilização dos recursos do

REHUF e representou a terceira maior receita do período e correspondem a 7% do

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total da receita, seguido pelos recursos próprios que representaram 4% da receita

total.

O total de crédito orçamentário disponibilizado em 2011 foi de

R$137.826.779,17 sendo que os recursos do REHUF representaram a segunda

maior receita do período, correspondendo a 32% do total da receita no montante de

R$ 44.495.161,45, no entanto em 2012 os créditos caem para R$ 16.645.902,43,

porém, ainda representam a segunda maior receita do exercício.

Com relação a receita de recursos próprios houve sucessivos decréscimos e

elevações durante o período estudado, contudo, representam a terceira maior

receita, com exceção do exercício de 2010 que passou para quarta posição em

virtude dos recursos disponibilizados pelo REHUF.

Os recursos disponibilizados por meio de convênios representam um

percentual muito pequeno sobre o montante das receitas, sendo 2% em 2008 e

0,7% em 2009, em 2010 não houve disponibilização de recursos. A partir de 2011

houve créditos orçamentários no percentual de 0,2% do total da receita e em 2012

apresentou um acréscimo de 1% sobre R$ 99.719.276,00, ou seja, R$ 987.664,76.

Os repasses provenientes da UFPR foram de 1% em 2008 e em 2012 no

montante de R$ 1.645.286,58 que representou 2% do total das receitas, nos demais

períodos apresentou valores inexpressivos para análise com percentuais abaixo de

1%.

Figura 4- Recursos orçamentários de custeio - 2008

Fonte: SIAFI

SUS Tesouro Rec. Próprio RepasseUFPr

Convênio

83%

10% 4% 1% 2%

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97

Figura 5 -Recursos orçamentários de custeio - 2009 Fonte: SIAFI

Figura 6 -Recursos orçamentários de custeio– 2010 Fonte: SIAFI

Figura 7 -Recursos orçamentários de custeio - 2011 Fonte: SIAFI

SUS Tesouro REHUF Rec.Próprio

RepasseUFPr

Convênio

82%

13%

0,0% 4% 0,3% 0,7%

SUS Tesouro REHUF Rec.Próprio

RepasseUFPr

Convênio

80%

9% 7% 4% 1% 0%

SUS Tesouro REHUF Rec.Próprio

RepasseUFPr

Convênio

65%

0,3%

32%

2% 0,5% 0,2%

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98

Figura 8 - Recursos orçamentários de custeio – 2012 Fonte: Siafi

O gráfico abaixo apresenta o consolidado de todas as receitas por ano

durante o período estudado e observa-se que os recursos provenientes do SUS

representam a principal fonte de financiamento das atividades hospitalares com uma

variação anual de 83% a 78%,sendo que a representatividade das demais receitas

variaram de 0% a 13% com exceção dos recursos do REHUF disponibilizados em

2011 e 2012 com variações percentuais em torno de 32% a 16% respectivamente.

Figura 9 - Recursos orçamentários de custeio consolidados no período de 2008 - 2012 Fonte: SIAFI

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

2008 2009 2010 2011 2012

SUS Tesouro REHUF Rec. Próprio Repasse UFPr Convênio

SUS Tesouro REHUF Rec.Próprio

RepasseUFPr

Convênio

78%

1%

16%

2% 2% 1%

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99

Através da análise dos recursos recebidos permite-se concluir que a

instituição é praticamente mantida com os recursos provenientes do faturamento

sendo mantida também com escassos recursos da fonte tesouro. Observou-se

durante o período que os recursos procedentes do tesouro foram substituídos pelo

REHUF. As demais fontes de financiamento no contexto total foram pouco

representativas.

A tabela abaixo demonstra a composição dos créditos orçamentários

disponibilizados para capital ao HC, por fontes consolidadas de recursos no período

de 2008 a 2012.

Tabela 3 - Créditos orçamentários de capital no período de 2008 a 2012

REHUF 0,00 0,00 0,00 3.484.613,42 15.186.205,82

Tesouro 796.665,39 5.652.338,70 1.998.634,73 10.330.753,20 101.508,61

Recurso Próprio 683.248,61 631.556,35 1.147.598,50 1.722.851,75 3.338.051,60

Emendas 1.401.419,75 1.417.844,01 0,00 1.672.511,62 102.709,28

TOTAL 2.881.333,75 7.701.739,06 3.146.233,23 17.210.729,99 18.728.475,31 Fonte: Siafi

A tabela a seguir apresenta a análise vertical dos créditos orçamentários de

capital no período de 2008 a 2012.

Tabela 4 - Percentual dos créditos orçamentários de capital CRÉDITOS

ORÇAMENTÁRIOS 2008 2009 2010 2011 2012

REHUF 0% 0% 0% 20% 81%

Tesouro 28% 74% 64% 60% 0,5%

Recurso Próprio 24% 8% 36% 10% 18%

Emendas 49% 18% 0% 10% 0,5%

ANO

Fonte: elaborado pela autora

A tabela 4 evidencia a representatividade dos recursos de capital em relação

ao total dos créditos orçamentários disponibilizados.

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100

Verificou-se através da análise vertical que dos créditos recebidos em 2008

no montante de R$ 2.881.333,75as emendas parlamentares representaram um

percentual de 48%, correspondendo à principal fonte de financiamento de capital da

instituição no período, perfazendo um total de R$ 1.401.419,75. Em 2009 houve uma

variação negativa na participação desses recursos em relação ao total da receita de

– 31%, em virtude da redução nos créditos disponibilizados passando para 19% do

total da receita.

Os créditos provenientes dos recursos do tesouro e recursos próprios

praticamente se equivalem em 2008 representando 28% e 24% respectivamente.

Contudo, os recursos do tesouro apresentaram uma expressiva majoração nos três

anos seguintes, representando assim a principal fonte de receita de capital.

A representatividade dos recursos disponibilizados pelo REHUF em 2011 foi

de 20% do total da receita no exercício, em 2012 a disponibilização dos créditos

orçamentários apresentaram uma majoração significativa no percentual de 81% no

montante de R$ 15.186.205,82, ou seja, ocorreu um aumento na representatividade

desses recursos no percentual de 61%. Sendo assim, o REHUF passou a ser a

principal fonte de financiamento de capital nos anos de 2011 e 2012.

As receitas provenientes de recursos próprios foram significativas no período

estudado apresentando oscilações de representatividade em torno de 8% a 36%.

Figura 10 - Recursos orçamentários de capital - 2008 Fonte: SIAFI

TESOURO RECURSOPRÓPRIO

EMENDA

28% 24%

48%

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101

Figura 11 - Recursos orçamentários de capital - 2009 Fonte: SIAFI

Figura 12 - Recursos orçamentários de capital - 2010 Fonte: SIAFI

Figura 13 - Recursos orçamentários de capital - 2011

Fonte: SIAFI

Figura 14 - Recursos orçamentários de capital - 2012

Fonte: SIAFI

TESOURO RECURSOPRÓPRIO

64% 36%

REHUF TESOURO RECURSOPRÓPRIO

EMENDA

20%

60%

10% 10%

REHUF TESOURO RECURSOPRÓPRIO

EMENDA

81%

0,5% 18% 0,5%

TESOURO RECURSOPRÓPRIO

EMENDA

74%

8% 19%

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102

O gráfico abaixo evidencia o consolidado de todas as receitas de capital por

ano. Observa-se que os ingressos sofreram oscilações apresentando discrepantes

acréscimos e decréscimos. Os ingressos através das fontes do tesouro foram

expressivos nos anos de 2010 e 2011com variação percentual de 64% a 50% e

2012 praticamente não houve ingressos de créditos orçamentários. A partir de 2011

houve disponibilização dos recursos do REHUF e representaram somente 20% do

total das receitas, porém em 2012 houve uma majoração dos recursos no percentual

de 81%. A liberação de emendas parlamentares apresentaram decréscimos a partir

de 2009 até 2012 variando percentualmente em torno de 49% em 2008 a 1% em

2012. Os recursos próprios provenientes das arrecadações apresentaram oscilações

significativas com variações percentuais de 8% a 36% nos períodos de 2008 a 2012.

Figura 15 - Recursos orçamentários de capital consolidados no período de 2008 - 2012 Fonte: SIAFI

Observamos que durante os dois primeiros anos do período em análise as

emendas parlamentares foram de significativa importância para a instituição uma

vez que proporcionou a renovação e a aquisição de materiais médico hospitalares.

Os recursos provenientes do tesouro são fonte expressiva de financiamento de

capital, contudo esses recursos foram sendo gradativamente sendo substituídos

pelos recursos do REHUF.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

2008 2009 2010 2011 2012

REHUF TESOURO RECURSO PRÓPRIO EMENDA

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103

A tabela abaixo demonstra a composição dos créditos orçamentários

disponibilizados para custeio e capital ao HC, por fontes consolidadas de recursos

no período de 2008 a 2012.

Tabela 5 - Créditos orçamentários de custeio e capital no período de 2008-2012

CRÉDITOS

ORÇAMENTÁRIOS 2008 2009 2010 2011 2012

SUS 84.097.936,98 93.851.449,04 99.527.674,33 89.506.175,56 78.331.985,11

Tesouro 10.428.214,24 16.760.394,95 12.476.704,46 8.859.908,58 681.767,72

REHUF 0,00 0,00 8.011.352,18 47.979.774,87 31.832.108,25

Recurso Próprio 4.433.349,34 4.755.519,26 5.626.886,10 4.388.835,27 4.876.029,95

Repasse UFPR 1.049.790,81 364.514,25 883.646,54 667.383,20 1.645.286,58

Convênio 1.837.460,15 1.548.096,01 0,00 231.438,26 987.664,76

Emendas 1.401.419,75 1.417.844,01 0,00 3.430.159,30 102.709,28

TOTAL 103.248.171,27 118.697.817,52 126.526.263,61 155.063.675,04 118.457.551,65

ANO

Fonte: Siafi

A tabela a seguir apresenta a evolução das receitas de custeio e capital no

período de 2008 a 2012.

Tabela 6 - Evolução dos créditos orçamentários de custeio e capital CRÉDITOS

ORÇAMENTÁRIOS 2008 2009 2010 2011 2012

SUS 100% 12% 18% 6% -7%

Tesouro 100% 61% 20% -15% -93%

REHUF 100% 0% 0% 449% 297%

Recurso Próprio 100% 7% 27% -1% 10%

Repasse UFPR 100% -65% -16% -36% 57%

Convênio 100% -16% -100% -87% -46%

Emendas 100% 1% -100% 145% -93%

ANO

Fonte: elaborado pela autora

Baseado na tabela 6 foi feito uma análise separadamente de cada crédito

orçamentário disponibilizado com o respectivo gráfico da evolução dos recursos,

para um melhor entendimento e visualização, tendo como base o exercício de 2008.

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104

A evolução dos ingressos referente aos recursos do SUS conforme análise da

figura16, demonstra que esses sofreram oscilações apresentando variações

percentuais reais em torno de 18% a -7% em relação ao exercício de 2008. Os

exercícios de 2009 e 2010 apresentaram uma majoração de 12% e 18%

respectivamente em relação ao ano de 2008. Nos períodos seguintes se evidencia

sucessivos decréscimos na liberação dos recursos, particularmente no exercício de

2012 com percentual de -7%, representando uma queda R$ 5.765.951,87.

Figura 16 - Evolução dos créditos orçamentários do SUS no período de 2008 - 2012 Fonte: SIAFI

12%

18%

6%

-7%

2009

2010

2011

2012

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105

A análise dos recursos provenientes da fonte do tesouro, conforme

demonstrado na figura 17, aponta que o quadriênio apresentou variações

percentuais reais em torno de -93% a 61% relação ao exercício de 2008. No período

de 2009 os ingressos apresentaram um aumento real de 61%. De 2010a 2012

houve sucessivas quedas dos créditos orçamentários disponibilizados sendo o

período de 2012 o mais crítico, apresentando um percentual de -93%. Observa-se

que recursos do tesouro foram gradativamente sendo substituídos pela entrada dos

recursos do REHUF.

Figura 17 - Evolução dos créditos orçamentários do tesouro no período de 2008 - 2012 Fonte: SIAFI

A análise da figura 18 revela que a disponibilização dos créditos

orçamentários do REHUF ocorreu a partir de 2010 e os ingressos sofreram

discrepantes oscilações nos períodos de 2011 e 2012 em relação ao exercício de

2010. O ano de 2011 foi o período em que mais houve ingressos de recursos do

REHUF apresentando uma evolução em relação ao exercício anterior de 449%,

sendo representado por 93% de custeio e 7% de capital; em 2012 os ingressos

diminuem drasticamente, passando a 297% em relação ao exercício de 2010, sendo

48% de capital e 52% de custeio.

Figura 18 - Evolução dos créditos orçamentários do REHUF no período de 2010 - 2012 Fonte: SIAFI

61%

20%

-15%

-93%

2009

2010

2011

2012

449%

297%

2011

2012

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106

Quanto à variação dos recursos próprios demonstrado na figura 19,

observam-se sucessivas e discrepantes oscilações durante o período estudado, com

variações percentuais reais em torno de 27% a -1% em virtude da disponibilização

dos recursos na LOA.O período de 2011apresentouíndice de crescimento negativo

com percentual de -1% em virtude dos atrasos (3 meses) nos repasses referente

aos procedimentos de hemoterapia, contudo em 2012 houve uma majoração em

torno de 10% em função dos depósitos retroativos efetuados pela Secretaria

Municipal de Saúde, e a consequente disponibilização orçamentária.

Figura 19 - Evolução dos créditos orçamentários de recurso próprio no

período de 2008 – 2012 Fonte: SIAFI

A análise da figura 20 demonstra que os ingressos referentes aos repasses

da UFPR para o HC apresentaram oscilações significativas com variações

percentuais em torno de -65% a 57% em relação ao exercício de 2008. Observa-se

que a UFPR praticamente não disponibiliza recursos ao HC, embora seja um órgão

suplementar da universidade. De 2009 a 2011 os recursos repassados ao HC

apresentaram oscilações negativas, já no exercício de 2012 houve um aporte de

recursos em virtude do repasse de R$ 1.000.000,00 destinado para o pagamento de

salários dos funcionários da FUNPAR uma vez que o HC não dispunha de recursos

suficiente que representou 57% .

7%

27%

-1%

10%

2009

2010

2011

2012

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107

Figura 20 - Evolução dos créditos orçamentários referente aos repasses da UFPR período de 2008 - 2012 Fonte: SIAFI

Os ingressos referentes aos recursos de convênio em 2008 conforme

demonstra a figura 21foram provenientes do convênio firmado com a Secretaria

Municipal de Saúde- SESA. O exercício de 2009érepresentado somente com valor

residual do mencionado convênio, havendo, portanto, um decréscimo de -16% em

relação a 2008. Em 2010 não houve disponibilização de recursos e 2011 apresenta

uma variação percentual de negativa em relação a 2008 de -87% em virtude da

liberação parcial do convênio firmado com SESA e em 2012 apesar da liberação do

saldo remanescente ainda apresentou um percentual negativo de -46% em relação

ao exercício de 2008.

Figura 21 - Evolução dos créditos orçamentários de convênio no período de 2008 – 2012

Fonte : SIAFI

-65%

-16%

-36%

57%

2009

2010

2011

2012

-16%

-100%

-87%

-46%

2009

2010

2011

2012

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108

A figura 22 apresenta os créditos orçamentários liberados por emendas

parlamentares onde se evidencia significativas oscilações com variações

percentuais em torno de 145% a -100%. No exercício de 2010 não houve liberação

de recursos, já em 2011 ocorreu a liberação R$ 1.300.00,00 caindo

vertiginosamente em 2012 para R$100.000,00.

Figura 22 - Evolução dos créditos orçamentários de emendas no período de 2008 – 2012 Fonte: SIAFI

1%

-100%

145%

-93%

2009

2010

2011

2012

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109

8.2. COMPOSIÇÃO E EVOLUÇÃO DAS DESPESAS

Conforme dito anteriormente, constituem despesas públicas todos os

dispêndios efetuados pelo Estado para desempenhar as funções básicas, a ele

atribuídas, ou seja, a utilização das disponibilidades para as aquisições de bens e

serviços para a sua manutenção.

No Brasil, cabe ao Poder Executivo a fixação e alocação das despesas no

Orçamento Público Federal, bem como a definição das metas e prioridades para o

alcance dos resultados. Ao Poder Legislativo cabe a apreciação e autorização

destas despesas. Neste contexto compete aos dois poderes as decisões

distributivas dos dispêndios que viabilizam as políticas governamentais, salientando-

se que a priorização de uma determinada ação necessariamente implica no agravo

de outras, visto que os recursos são escassos.

Neste contexto, são definidos os créditos para subsidiar os gastos sociais e,

dentre esses, os destinados à saúde, nesse caso o Hospital de Clínicas da

Universidade Federal do Paraná.

A execução da despesa se realiza mediante o cumprimento de três estágios:

empenho, liquidação e pagamento. Contudo este estudo considerou como

orçamento executado somente os créditos empenhados no final de cada exercício,

uma vez que expressivos créditos recebidos chegam ao término de cada ano,

impossibilitando a liquidação e pagamento das expensas em função da exiguidade

do tempo.

O grupo de despesa pessoal, encargos sociais e benefícios assistenciais não

serão evidenciados neste estudo por tratar-se de recursos que não alteram a

sustentabilidade da instituição, uma vez que as receitas que suprem as despesas

obrigatórias são garantidas na integralidade pelo Estado.

Para um melhor entendimento será feita para cada ano uma análise dos

grupos de despesas que possuem maior representatividade no orçamento da

instituição, sendo assim discriminadas: Despesas Correntes e Despesas de Capital.

O grupo outras despesas correntes – material de consumo referem-se às

aquisições de insumos para o funcionamento e manutenção do hospital, a rubrica

serviços de terceiros referem-se aos serviços realizados por pessoa física ou

jurídica. É composta por dispêndios que são fundamentais para o funcionamento da

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110

instituição, como: água, energia, telefone, manutenção de bens móveis e imóveis,

dentre outros. As despesas com a FUNPAR também são alocadas nesta rubrica,

porém será evidenciado separadamente tendo em vista sua representatividade no

montante da despesa; referem-se aos pagamentos efetuados pela prestação de

serviços dos funcionários da FUNPAR à disposição no hospital de Clínicas.

Contratações por tempo determinado, neste estudo denominado somente

contratos são despesas representadas pelos termos assinados entre o hospital e o

prestador de serviços quando tratar-se de obras e instalações, com o fornecedor

quando se referir a fornecimento de bens, com terceiros locadores quando tratar-se

de contrato de locação de bens móveis e imóveis, contratos de serviços pela

necessidade de manutenção predial e de equipamentos, além de contratos com

empresas terceirizadas para suprir a deficiência de mão de obra na instituição.

Diárias e passagens referem-se às despesas com cobertura de alimentação,

pousada, locomoção e passagens dos servidores públicos.

O grupo despesas de capital – equipamentos e obras e instalações

identifica as alocações de créditos cujo gasto eleva o ativo permanente da

instituição.

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111

A tabela 07 demonstra a composição das despesas no período de 2008 a

2012, corrigidas com base no IGPM até julho de 2013.

Tabela 7 - Comparativo das despesas realizadas no período de 2008 a 2012

2008 2009 2010 2011 2012

DESPESAS CORRENTES 98.425.737,31 109.885.940,32 120.973.781,06 122.999.341,33 104.655.287,46

Material de Consumo 39.300.466,54 37.411.021,93 42.458.037,70 38.630.351,74 20.341.965,86

Serviços de Terceiros 2.054.862,57 1.341.274,42 1.574.135,79 2.738.127,46 2.198.480,25

Pessoal Funpar 34.252.243,09 43.992.452,14 43.792.378,76 44.509.014,79 43.721.102,22

Contratos 22.800.511,70 27.059.261,51 33.040.680,09 37.058.084,76 41.344.841,13

Diárias e Passagens 17.653,41 81.930,32 108.548,72 63.762,58 48.277,40

DESPESAS DE CAPITAL 2.589.120,09 7.887.757,44 2.973.233,90 9.433.907,33 14.321.533,01

Obras / Reformas 0,00 254.378,72 0,00 5.209,23 0,00

Equip. e Mat.Permanente 2.589.120,09 7.633.378,72 2.973.233,90 9.428.698,10 14.321.533,01

TOTAL 101.014.857,40 117.773.697,76 123.947.014,96 132.433.248,66 118.976.820,47

ANODESPESAS

Fonte: Siafi

A tabela a seguir apresenta a análise vertical das despesas realizadas no

período de 2008 a 2012.

Tabela 8 - Percentual dos gastos por grupo de despesa

DESPESAS 2008 2009 2010 2011 2012

DESPESAS CORRENTES 97% 93% 98% 93% 88%

Material de Consumo 39% 32% 34% 29% 17%

Serviços de Terceiros 2% 1% 1% 2% 2%

Pessoal Funpar 34% 37% 35% 34% 37%

Contratos 23% 23% 27% 28% 35%

Diárias e Passagens 0,02% 0,1% 0,1% 0,05% 0,04%

DESPESAS DE CAPITAL 3% 7% 2% 7% 12%

Obras / Reformas 0,0% 0,2% 0,0% 0,004% 0,0%

Equip.e Mataterial Permanente 3% 6% 2% 7% 12%

ANO

Fonte: elaborado pela autora

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112

No exercício de 2008 a dotação executada foi de R$ 101.014.857,40. O grupo

de despesa mais significativo foi o de material de consumo representando 39% no

montante de R$ 39.300.466,54, sendo que deste valor R$ 6.984.894,00 foram para

a aquisição do Glivec, medicamento destinado aos pacientes do transplante de

medula óssea. As despesas provenientes do pagamento dos funcionários da

FUNPAR representaram um percentual de 34% perfazendo um total de R$

34.252.243,09. As despesas com contratos somaram-se R$ 22.800.511,70

representando 23%, serviços de terceiros 2% no total de R$ 2.054.862,57, as

despesas com diárias foi de apenas R$ 17.653,41. No grupo de despesa

equipamentos e material permanente foi gasto R$2.589.120,09 representando 3%

da despesa total.

Figura 23- Despesas Realizadas - 2008

Fonte: SIAFI

As despesas no exercício de 2009 somaram R$117.773.697,76. A despesa

mais relevante no período esta representada pelos gastos com pessoal FUNPAR no

percentual de 37% no montante de R$ 43.992.452,14. As despesas com aquisição

de material de consumo foram R$ 37.411.021,93, ou seja, 32%, deste total R$

7.035.102,00 foram para aquisição do Glivec. Os gastos com contratos

representaram o percentual de 23% perfazendo um total de R$ 27.059.261,51. Os

gastos com aquisição de equipamentos e material permanente foi de R$

7.633.378,72 cujo percentual foi de 6%, serviços de terceiros apresentou o

39%

2%

34%

23%

0,02% 3%

Material deConsumo

Serviços deTerceiros

PessoalFunpar

Contratos Diárias ePassagens

Equip. e Mat.Permanente

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113

percentual de 1%, obras e reformas tiveram um percentual de 0,2% no montante de

R$ 254.378,72 já as despesas com diárias e passagens foram insignificantes no

período.

Figura 24 - Despesas Realizadas - 2009

Fonte: SIAFI

No exercício de 2010 a execução da despesa totalizou R$ 123.947.014,96. Os

gastos com material de consumo foram os mais expressivos com o percentual de

34%no total de R$ 42.458.037,70, as despesas com pessoal da FUNPAR

representando 35% do total das despesas no montante de R$ 43.792.378,76. Os

contratos somaram R$ 33.040.680,09 no percentual de 27% e os gastos com

aquisição de equipamentos e material permanente foi de R$2.973.233,90 no

percentual de 2%, serviços de terceiros apresentou o percentual de 1% no total de

R$1.574.135,79, já as diárias e passagens somente 0,1% ou seja, R$ 108.548,72.

Figura 25- Despesas Realizadas - 2010

Fonte: SIAFI

32%

1%

37%

23%

0,1% 0,2%

6%

Material deConsumo

Serviços deTerceiros

PessoalFunpar

Contratos Diárias ePassagens

Obras /Reformas

Equip. e Mat.Permanente

34%

1%

35%

27%

0,1% 2%

Material deConsumo

Serviços deTerceiros

PessoalFunpar

Contratos Diárias ePassagens

Equip. e Mat.Permanente

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114

A despesa total em 2011 foi de R$132.433.248,66.Os gastos com a FUNPAR

foram de R$ 44.509.014,79 no percentual de 34%, material de consumo representou

o percentual de 29% no total de R$ 38.630.351,74. 28% da despesa total foi o gasto

com contratos no total de R$37.058.084,76, as despesas com serviços de terceiros

foi de apenas 2% no montante de R$ 2.738.127,46. Os gastos com aquisição de

equipamentos e material permanente foi de R$ 9.428.698,10 o que equivale ao

percentual de 7%, as despesas com diárias e passagens foi de R$ 63.762,58 e com

obras /reformas foram insignificantes no período.

Figura 26 - Despesas Realizadas - 2011

Fonte: SIAFI

As despesas em 2012 totalizaram R$ 118.976.820,47, sendo que 35% refere-

se às despesas com contratos no total de R$ 41.344.841,13, 37% representa os

gastos com pessoal da FUNPAR no total de R$ 43.721.102,22, os gastos com

aquisição de material de consumo representou o percentual de 17% totalizando de

R$ 20.341.965,86, os gastos com equipamentos e material permanente foi de R$

14.321.533,01, o percentual de 2% é representado pelo serviços de terceiros no

total de R$ 2.198.480,25 o valor das diárias foi de R$ 48.277,40 no percentual de

0,04% das despesas totais.

Figura 27- Despesas Realizadas– 2012 Fonte: SIAFI

29%

2%

34%

28%

0,05% 0,004%

7%

Material deConsumo

Serviços deTerceiros

PessoalFunpar

Contratos Diárias ePassagens

Obras /Reformas

Equip. e Mat.Permanente

17%

2%

37% 35%

0,04%

12%

Material deConsumo

Serviços deTerceiros

Pessoal Funpar Contratos Diárias ePassagens

Equip. e Mat.Permanente

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115

Considerando que os gastos da instituição somente perderão se efetuados

conforme o orçamento disponibilizado, evidencia-se que no quadriênio a instituição

canalizou os recursos de custeio para pagamento das despesas fixas com FUNPAR

e com terceirizados, adequando portanto os gastos com material de consumo e

serviços à disponibilidade orçamentária restante.

A tabela a seguir demonstra a evolução das despesas utilizando-se a análise

horizontal. Cada grupo de despesa foi abordado separadamente com o intuito de

analisar qual a representatividade de cada variável na sustentabilidade da

instituição, além disso, foi elaborado gráficos para melhor visualização da evolução

das despesas.

Tabela 9 - Evolução das despesas no período de 2008 a 2012

DESPESAS 2008 2009 2010 2011 2012

DESPESAS CORRENTES 100% 12% 23% 25% 6%

Material de Consumo 100% -5% 8% -2% -48%

Serviços de Terceiros 100% -35% -23% 33% 7%

Pessoal Funpar 100% 28% 28% 30% 28%

Contratos 100% 19% 45% 63% 81%

Diárias e Passagens 100% 364% 515% 261% 173%

DESPESAS DE CAPITAL 100% 205% 15% 264% 453%

Equip.e Mat. Permanente 100% 195% 15% 264% 453%

ANO

Fonte: elaborado pela autora

A análise da figura 28 revela que no quadriênio as despesas com material de

consumo apresentaram significativas oscilações com variações percentuais reais em

torno de -48% a 8%. No exercício de 2009 houve uma queda nos gastos no

percentual de -5% em relação ao exercício de 2008, em 2010 as aquisições

apresentaram uma elevação de 8% justificada pelos ingressos de recursos do

REHUF. Os períodos posteriores apresentaram índices de crescimento negativo,

variando de -2% em 2011 e -48% em 2012. O elevado percentual negativo em 2012

foi proveniente da redução da liberação dos créditos orçamentários para custeio que

apresentou uma variação negativa entre os períodos de 2011 e 2012 no percentual

de -28%.

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116

Figura 28- Evolução das despesas realizadas de material de consumo no período de 2008 - 2012

Fonte : SIAFI

Os gastos com serviços de terceiros apresentado na figura 29 aponta que no

quadriênio este grupo de despesa apresentou sucessivas e discrepantes oscilações

com variações percentuais em torno de -35% a 33%. O período de 2009 em relação

a 2008 apresentou uma queda de -35% seguido de -23% em 2010. No exercício de

2011 evidencia-se um crescimento de 33%, porém no período seguinte houve um

decréscimo nos gastos no percentual de 7%. Percebe-se ao longo do período

estudado que este item de despesa não apresenta relevância de gastos quando

comparados com a despesa total conforme demonstrado na tabela 9.

Figura 29- Evolução das despesas realizadas de serviços de terceiros no período de 2008 - 2012 Fonte : SIAFI

-5%

8%

-2%

-48%

2009

2010

2011

2012

-35%

-23%

33%

7%

2009

2010

2011

2012

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117

A análise da figura 30 aponta que as despesas com a FUNPAR representam

um dos maiores gastos da instituição. Apresentou um comportamento homogêneo

no período analisado, com exceção do exercício de 2011, o que denota a ausência

de novas contratações. No exercício de 2011 que ocorreu uma pequena elevação

de 2% no percentual em virtude da autorização de . transposição de cargos de

alguns funcionários

Figura 30 - Evolução das despesas realizadas com Pessoal Funpar no período de 2008 – 2012 Fonte : SIAFI

28%

28%

30%

28%

2009

2010

2011

2012

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118

Os contratos assim como as despesas com pessoal da FUNPAR representam

um gasto expressivo sobre o montante das despesas. Na figura 31 podemos

verificar que as despesas apresentaram um comportamento gradual e crescente no

período estudado e oscilaram em torno de 19% a 81%. O crescimento apresentado

decorre principalmente pela adesão de novos contratos de terceirizados e de

locação de equipamentos. As despesas de contratos tiveram um incremento de 81%

em relação ao exercício de 2008, que representou uma elevação nos gastos de R$

R$ 18.544.329,43.

Figura 31 - Evolução das despesas realizadas de contratos no período de 2008 – 2012 Fonte : SIAFI

19%

45%

63%

81%

2009

2010

2011

2012

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119

Na figura 32 foi observado que as despesas com equipamentos e material

permanente mostra uma similaridade no comportamento das despesas de contrato,

ou seja, apresentou um crescimento acentuado no quadriênio, com exceção do

exercício de 2010 pela indisponibilidade de orçamento em recursos de capital.

Os gastos em 2009 apresentaram uma variação positiva de 195%, ou seja,

houve um incremento patrimonial de R$ 5.044.258,63. No exercício seguinte as

despesas caem vertiginosamente para o percentual de 15%, contudo, em 2011 e

2012 em virtude da disponibilização dos recursos do REHUF houve um incremento

de 264% e 453%, representando um acréscimo patrimonial de R$ 6.839.578,01 e R$

11.732.412,92 respectivamente.

Figura 32- Evolução das despesas realizadas de equipamentos

e material permanente no período de 2008 – 2012 Fonte: SIAFI

195%

15%

264%

453%

2009

2010

2011

2012

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120

A tabela a seguir demonstra a composição das despesas de contratos por tipo

de contrato.

Tabela 10 - Despesas de contratos no período de 2008 - 2012 TIPO DE

CONTRATO 2008 2009 2010 2011 2012

Terceirizados 13.025.024,59 15.503.415,38 17.624.637,90 19.156.105,88 23.052.225,95

Locação Equipamentos 3.489.340,64 5.034.895,56 5.599.589,70 6.202.067,71 6.677.303,80

Material Consumo 3.118.996,84 2.361.670,09 4.231.221,72 5.009.154,74 3.060.307,16

Outros Contratos 3.167.149,64 4.169.280,48 5.585.230,51 6.691.085,99 8.555.004,23

TOTAL 22.800.511,71 27.069.261,51 33.040.679,83 37.058.414,32 41.344.841,14

ANO

Fonte: SIAFI

A tabela abaixo apresenta a evolução das despesas de contratos tendo como

base para os percentuais o ano de 2008.

Tabela 11- Evolução das despesas de contratos

TIPO DE

CONTRATO 2008 2009 2010 2011 2012

Terceirizados 100% 19% 35% 47% 77%

Locação de Equipamentos 100% 44% 60% 78% 91%

Material Consumo 100% -24% 36% 61% -2%

Outros Contratos 100% 32% 76% 111% 170%

ANO

Fonte: elaborado pela autora

A tabela11 evidencia que as despesas com terceirizados apresentou uma

variação gradual e crescente durante o período analisado. O acréscimo decorre das

contratações de pessoal por empresas terceirizadas em virtude da extinção pelo

MEC de alguns cargos tais como: copeiro, cozinheiro, auxiliar de Limpeza, operador

de máquina de lavanderia, recepcionista, motorista, vigilante, porteiro entre outros,

além da impossibilidade de novas contratações através da FUNPAR. Durante o

quadriênio representou o maior gasto da categoria sendo que em 2012 apresentou

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121

um incremento de 77% que representa em quatro anos um acréscimo de R$

10.027.201,36.

Até exercício de 2011 a segunda maior despesa de contratos era

representada pela locação de equipamentos e destinava-se ao aluguel de máquinas

e equipamentos, bem como, o fornecimento dos materiais, para realização de

exames de laboratório. Esses contratos são imprescindíveis diante da

impossibilidade de aquisição desses equipamentos. No exercício de 2012 essas

despesas apresentaram uma elevação, representando 16% dos gastos totais de

contratos e um aumento de 91% em relação ao exercício de 2008.

Os gastos com material de consumo apresentaram oscilações expressivas no

período analisado variando em torno de -24% a 61%. Os períodos de 2010 e 2011

foram os que apresentaram majorações nos percentuais de 36% e 61%

respectivamente, em virtude das liberações orçamentárias de custeio pelo REHUF.

Outros contratos englobam todos os demais contratos não previstos nas

categorias acima mencionadas. No período analisado observam-se sucessivos

aumentos, porém os mais representativos foram 2011 e 2012 que apresentaram um

incremento de 111% e 170%, ou seja, R$ 3.523.936,35 e R$ 5.387.854,59

respectivamente. Os acréscimos apresentados podem ser explicados pela

disponibilização dos recursos do REHUF para capital, bem como os recursos do

tesouro liberado em 2010.

Figura 33 - Evolução de contratos terceirizados

Fonte: SIAFI

2009 2010 2011 2012

19%

35% 47%

77%

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122

Figura 34- Evolução de contratos de locação de máquinas equipamentos

Fonte: SIAFI

Figura 35 - Evolução de contratos de material de consumo

Fonte: SIAFI

Figura 36 - Evolução de outros contratos

Fonte: SIAFI

2009 2010 2011 2012

44%

60%

78%

91%

-24%

36%

61%

-2% 2009 2010 2011 2012

2009 2010 2011 2012

32%

76%

111%

170%

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123

8.3 SUSTENTABILIDADEOPERACIONAL

A sustentabilidade operacional é determinada por uma taxa que representa a

relação entre o valor total das receitas sobre as despesas de custeio. Representa a

capacidade financeira para a cobertura das despesas.

A interpretação deste indicador demonstra uma situação de equilíbrio quando

o resultado for igual a 100. Apresentando uma taxa acima de 100, significa que as

receitas são superiores às despesas. Quando o resultado for abaixo de 100, significa

que as receitas são insuficientes para cobrir as despesas no mesmo período.

Portanto, o hospital terá um melhor desempenho quanto maior for a taxa.

A tabela abaixo demonstra a composição das despesas de custeio por grupos

de despesas e o total das receitas financeiras recebidasno período de 2008 a 2012.

Foi desmembrado da categoria contratos os terceirizados em virtude da

representatividade dessa despesa sobre o montante da receita.

Tabela 12- Sustentabilidade operacional no período de 2008 a 2012

GRUPOS DE

DESPESA 2008 2009 2010 2011 2012

Pessoal Funpar 34.252.243,09 43.992.452,14 43.792.378,76 44.509.014,79 43.721.102,22

Terceirizados 13.025.024,59 15.503.415,38 17.624.637,90 19.156.105,88 23.052.225,95

Material de Consumo 39.300.466,54 37.411.021,93 42.458.037,70 38.630.351,74 20.341.965,86

Outros Serviços 2.072.515,98 1.423.204,74 1.682.684,51 2.801.890,04 2.245.757,65

Contratos 9.775.487,12 11.565.846,13 15.416.041,93 17.902.308,44 18.292.615,19

TOTAL DESPESAS 98.425.737,32 109.895.940,32 120.973.780,80 122.999.670,89 107.654.666,87

TOTAL RECEITAS 108.709.111,78 109.574.424,69 124.224.350,16 119.887.274,29 100.157.505,92

Sustentabilidade 110% 100% 103% 97% 93%

ANO

Fonte: elaborado pela autora

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124

A tabela 13 demonstra uma relação percentual de todos os grupos de

despesas em relação ao total das receitas de custeio no período de 2008 a 2012.

Tabela 13-Percentual de Representatividade das despesas sobre as receitas

GRUPOS DE

DESPESA 2008 2009 2010 2011 2012

Funpar 32% 40% 35% 37% 44%

Terceirizados 12% 14% 14% 16% 23%

Material de Consumo 36% 34% 34% 32% 20%

Outros Serviços 2% 1% 1% 2% 2%

Contratos 9% 11% 12% 15% 18%

ANO

Fonte: elaborado pela autora

Analisando a representatividade de cada grupo de despesa podemos

constatar que em todos os anos do período de estudo as despesas com pessoal

seja ela através da FUNPAR ou terceirizações apresentaram variações graduais e

crescentes, e representaram a maior categoria de gasto, comprometendo

sobremaneira os recursos que deveriam ser destinados para a manutenção da

instituição. Entre os exercícios de 2008 e 2012 as despesas com a FUNPAR

apresentaram predominância sobre os demais grupos de despesa e uma variação

positiva de 28% representada monetariamente por R$ 9.468.859,13. Em 2012 essa

despesa fixa representou 37% dos gastos totais conforme demonstrado na tabela 8

e compromete 44% das receitas, ou seja, R$ 43.721.102,22. As despesas com

terceirizações constitui um gasto significativo igualmente, correspondeu a 19% do

total das despesas e 56% das despesas de contratos em 2012. A variação

apresentada entre os exercícios de 2008 e 2012 foi de R$ 10.027.201,36 no

percentual de 10%. Em 2012 foram destinados R$ 23.052.225,95 para pagamento

dos terceirizado que representa 23% do total da receita. As despesas com FUNPAR

e terceirizações representaram juntas o montante de R$ 66.773.328,17 por ano,

para uma receita de R$ 99.719.276,00, ou seja, 67%.

As despesas com material de consumo apresentaram discrepantes oscilações

durante o período analisado. Verifica-se que a partir da disponibilização dos

recursos de custeio pelo REHUF e atribuível a este, houve um crescimento de 8%

em relação a 2008, consequentemente, elevando os estoques no montante de

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R$3.157.571,16. A aquisição de material que abrange materiais médicos, de

consumo e medicamentos, por representar uma despesa variável, esta sujeita a toda

e qualquer contenção de gastos devido ao desequilíbrio financeiro enfrentado pelo

hospital. Nota-se uma variação negativa de -48% de 2008 para 2012 que em termos

monetários representa R$ 18.156.265,32. O desabastecimento do estoque reflete

diretamente na produção, reduzindo o faturamento e consequentemente a receita,

uma vez que o hospital somente recebe do SUS pelos procedimentos realizados.

A representatividade do grupo de despesa outros serviços apresentou uma

similaridade no comportamento durante o quadriênio variando em média 2%. No

exercício de 2012 comprometeu R$ 2.245.757,65 do total da receita. Analisando a

participação dos contratos sobre total das receitas, observou-se um crescimento

gradual, sendo o mais representativo no exercício de 2012 no montante de

18.292.615,19 que representa o percentual de 18%. A variação média no quadriênio

foi em torno de R$ 32.260.675,84 que representa um percentual de 20%.

No presente estudo foi constatado durante o período analisado que a

sustentabilidade apresentou percentuais significativos de oscilações. Verifica-se que

os três primeiros anos apresentaram uma situação equilibrada, ou seja, as receitas

foram suficientes para cobrir as despesas, porém os exercícios de 2011 e 2012

apresentaram queda no percentual de 3% e 7% respectivamente.

Os gráficos a seguir demonstram os percentuais anuais de participação de

cada grupo de despesa sobre o total da receita.

Figura 37- Representatividade das despesas em 2008 Fonte: elaborado pela autora

Funpar Terceirizados Material deConsumo

Serviços deTerceiros

contratos

32%

12%

36%

2%

9%

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Figura 38 - Representatividade das despesas em 2009Fonte: elaborado pela autora

Figura 39 - Representatividade das despesas em 2010 Fonte: elaborado pela autora

Figura 40- Representatividade das despesas em 2011 Fonte: elaborado pela autora

Funpar Terceirizados Material deConsumo

Serviços deTerceiros

contratos

40%

14%

34%

1%

11%

Funpar Terceirizados Material deConsumo

Serviços deTerceiros

contratos

35%

14%

34%

1%

12%

Funpar Terceirizados Material deConsumo

Serviços deTerceiros

contratos

37%

16%

32%

2%

15%

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127

Figura 41 - Representatividade das despesas em 2012 Fonte: elaborado pela autora

Analisando a sustentabilidade percebe-se uma sincronia entres as receitas e

despesas durante os três primeiros anos do período em evidência onde

apresentaram índices pouco acima de 100, garantindo a cobertura financeira para as

despesas correntes. Porém, nos exercícios seguintes, houve uma drástica redução

nos índices culminando numa situação deficitária, ou seja, as receitas foram

insuficientes para suprir as despesas implicando em atrasos e inadimplência dos

fornecedores.

A existência do déficit financeiro é decorrente dos atrasos nos pagamentos

pelo SUS dos serviços prestados, além dos reajustes insuficientes dos valores

contratuais e da tabela de procedimentos, uma vez que têm sido utilizadas bases

históricas muitas vezes incompatíveis com a realidade atual (BRASIL, 2007b). O

SUS remunera os serviços prestados segundo os valores fixados em tabelas e não

pelo custo dos procedimentos (BITTAR, 2002).

Os valores constantes nas tabelas de financiamento do SUS encontram-se

defasados, sendo, portanto incapazes de cobrir os custos dos procedimentos

realizados (BITTAR, 2002). Somando-se a isto, o SUS limita as quantidades de

procedimentos prestados pelos hospitais estabelecendo tetos financeiros, desta

forma o hospital não tem garantia do recebimento de todos os procedimentos

realizados em sua produção de serviços ambulatorial e hospitalar, o que

compromete a sustentabilidade da Instituição.

Funpar Terceirizados Material deConsumo

Serviços deTerceiros

contratos

44%

23% 20%

2%

18%

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Os reajustes insuficientes dos contratos aliado a defasagem no pagamento

referente os serviços prestados gera o desequilíbrio econômico e financeiro

comprometendo o pleno cumprimento da missão social atribuída a essas instituições

hospitalares.

Porém, faz-se necessário analisar a variação de receitas e despesas durante

o período em evidência.

Tabela 14 -Evolução das receitas e despesas no período de 2008 a 2012

ANO

DISCRIMINAÇÃO 2009 2010 2011 2012

Receitas 0,3% 14% 10% -8%

Despesas 12% 23% 25% 9% Fonte: elaborado pela autora

O gráfico abaixo apresenta os percentuais de variação das receitas e

despesas, demonstrando uma sincronia entre as mesmas. Observa-se que a

evolução das despesas foi superior a receitas, nota-se que as receitas variaram

0,3% de 2008 para 2009 enquanto as despesas subiram 12%. Em 2011 as

despesas apresentaram uma majoração no percentual de 23% enquanto que as

receitas sofreram um decréscimo de 10% em relação a 2008. A situação torna-se

mais crítica em 2012 onde as receitas apresentam uma variação negativa em

relação a 2008 de -8%. O planejamento de receitas e despesas foi assíncrono,

provocando a descapitalização do hospital durante o período estudado.

Figura 42- Evolução das receitas e despesas no período de 2008 a 2012 Fonte: elaborado pela autora

0,3%

14%

10%

-8%

12%

23% 25%

9%

2009 2010 2011 2012

receita despesa

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129

8.4 REPRESENTATIVIDADE DOS RECURSOS DO REHUF

A tabela a seguir visa demonstrar através da análise vertical a participação

relativa dos créditos orçamentários recebidos pelo REHUF com relação ao total das

demais receitas.

Tabela 15 - Representatividade dos recursos do REHUF

2010 AV 2011 AV 2012 AV

OUTRAS RECEITAS 118.514.911,43 94% 107.083.900,17 69% 86.625.443,40 73%

CAPITAL 0,00 0% 3.484.613,42 2% 15.186.205,82 13%

CUSTEIO 8.011.352,18 6% 44.495.161,45 29% 16.645.902,43 14%

TOTAL 126.526.263,61 155.063.675,04 118.457.551,65

RECEITASANO

Fonte: Siafi

Analisando as disponibilizações orçamentárias do REHUF verificou-se que no

exercício de 2010 houve ingresso somente de recursos para custeio cuja

representatividade foi de 6% do total dos créditos orçamentários liberados. Em 2011,

no entanto, houve repasses para capital e custeio, este representando 29% da

receita total, consequentemente uma variação positiva de 23% em relação ao ano

anterior e os ingressos de capital apresentaram uma representatividade de 2% sobre

as receitas totais e 100% em relação ao ano de 2010. Do total dos ingressos de

2012 no valor de R$ 31.832.108,25, 12,8% foi recursos de capital apresentando uma

variação positiva em relação ao ano anterior de 11%, com relação aos repasses de

custeio houve um decréscimo de R$ 27.849.259,02, determinando, portanto uma

variação negativa de 15% em relação ao ano anterior.

Observa-se claramente que os ingressos de custeio liberados pelo REHUF

contribuíram, sobremaneira, para a aquisição de materiais de consumo conforme

demonstrado na tabela 9, cujo ápice ocorreu no exercício de 2010. Contudo a

redução destes recursos em 2012 provocou uma variação percentual negativa de -

52% em relação a 2010, ou seja, R$ 22.116.071,84 comprometendo de forma

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significativa o abastecimento do estoque. Cabe lembrar que o desabastecimento

compromete desenvolvimento das atividades hospitalares reduzindo os

atendimentos médicos implicando na queda do faturamento e consequentemente

redução das receitas.

Figura 43 - Créditos orçamentários do REHUF no período de 2008 – 2012 Fonte : SIAFI

94%

69% 73%

0% 2%

13% 6%

29%

14%

2010 2011 2012

OUTRAS RECEITAS CAPITAL CUSTEIO

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131

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O orçamento é um dos elementos estruturantes da gestão pública e

representa um importante instrumento na gestão dos recursos públicos. É por meio

dele que o governo executa sua política, viabilizando toda e qualquer ação

governamental.

Considerado uma ferramenta gerencial que possibilita avaliar o desempenho

das organizações, proporcionando uma análise acerca da condução das ações

orçamentárias, além da qualidade da atuação do gestor público.

Este estudo teve por objetivo analisar qual foi o impacto na gestão

orçamentária e financeira do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do

Paraná dos recursos disponibilizados pela Reestruturação dos Hospitais

Universitários Federais no período compreendido entre 2008 a 2012.

Para o alcance desse o objetivo foram apurados os créditos orçamentários e

as despesas executadas, tomando-se por base os valores constantes nos

demonstrativos das contas públicas disponibilizados pelo SIAFI.

Ao analisar os dados apresentados, observou-se que a maior

representatividade dos ingressos de custeio provenientes do REHUF foi o exercício

de 2011 no percentual de 32% e os recursos de capital em 2012 com um percentual

de 81%, quando comparados à totalidade dos créditos orçamentários

disponibilizado. Verificou-se através da análise da execução do orçamento que a

falta de recursos financeiros, gastos com pessoal e contratos constituem-se o

principal problema para a manutenção de sua sustentabilidade.

Identificou-se que no último período de estudo as despesas com pessoal

FUNPAR representaram 37% dos gastos totais, comprometendo 44% da receita e

as despesas com terceirizações representaram 19% dos gastos e comprometem

23% das receitas, restando somente 33% para manutenção de suas atividades.

Percebe-se que o hospital esta recebendo menos recursos para atender o

aumento da demanda dos usuários, pois utiliza os recursos provenientes do SUS

para pagamento de pessoal quando deveria ser utilizado para a melhoria dos

serviços prestados atendendo assim sua missão.

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132

Constatou-se também, que o hospital sendo um órgão suplementar da UFPR

praticamente não recebe suporte financeiro e orçamentário para manutenção de

suas atividades.

A crise financeira é provocada pelo crescimento dos custos setoriais aliada à

defasagem da tabela de remuneração do SUS, além do descompasso de

aproximadamente 3 a 4 meses no pagamento referente os serviços prestados,

gerando com frequência atrasos no pagamento de prestadores de serviços e

fornecedores, pondo em risco a viabilidade da gestão e o predomínio do

desequilíbrio econômico e financeiro.

O hospital enfrenta o grande desafio de consolidar a sua sustentabilidade

organizacional, sendo imprescindível, para tanto, a implantação de mecanismos

para saneamento financeiro, aporte de recursos orçamentários, equalização da

oferta de serviços versus financiamento e aperfeiçoamento da gestão e

planejamento, a fim de permitir o pleno cumprimento da sua missão, bem como, a

universalização e a efetividade das políticas públicas de saúde.

A presente pesquisa possibilitou compreender o orçamento como um

importante instrumento de gerenciamento e controle das atividades organizacionais,

porém, há que se estabelecer outros instrumentos gerenciais, não limitando o

orçamento ao controle de despesas e receitas.

Por fim, sugere-se como estudos complementares a esta pesquisa, de forma

a expandir os resultados deste trabalho, o estudo de indicadores e metas que

proporcionem a avaliação do desempenho das instituições, bem como associar os

resultados alcançados ao planejamento estratégico da organização com o

orçamento disponibilizado.

Tão importante quanto o estudo de indicadores é a pesquisa acerca da

viabilidade de futuros contratos. Em um cenário de restrição orçamentária, onde

35% das despesas correspondem a contratos, essa iniciativa é de fundamental

importância no sentido de desenvolver uma estrutura balanceada entre os meios

disponíveis e o planejamento além de melhorar a qualidade do gasto.

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REFERÊNCIAS

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