50
Ewaldo Rodrigues AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE DEISCÊNCIAS E FENESTRAÇÕES EM CADÁVERES HUMANOS 2010

AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE DEISCÊNCIAS E …livros01.livrosgratis.com.br/cp155517.pdf · profundidade de sondagem e recessões gengivais dos pré-molares, caninos e incisivos

  • Upload
    others

  • View
    5

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Ewaldo Rodrigues

AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE DEISCÊNCIAS E FENESTRAÇÕES EM

CADÁVERES HUMANOS

2010

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ODONTOLOGIA

Rua Ibituruna 108, Tijuca Cep: 20271-020 Rio de Janeiro

Brasil

Tel: +55 21 2574-8871 Fax: +55 21 3234-3024

Arquivo digital de teses e dissertações

http://www.uva.br/cursos/mestrados

UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

Ewaldo Rodrigues

AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE DEISCÊNCIAS E

FENESTRAÇÕES EM CADÁVERES HUMANOS

RIO DE JANEIRO 2010

Ewaldo Rodrigues

AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE DEISCÊNCIAS E

FENESTRAÇÕES EM CADÁVERES HUMANOS

Dissertação apresentada ao curso de pós-graduação em Odontologia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito parcial para a obtenção do grau de mestre. Área de concentração: Periodontia.

Orientador: Prof. Sérgio Kahn Co-Orientador: Prof. Walter Augusto Soares Machado

RIO DE JANEIRO

2010

EWALDO RODRIGUES

AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE DEISCÊNCIAS E FENESTRAÇÕES EM CADÁVERES HUMANOS

Dissertação apresentada ao curso de pós-graduação em Odontologia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito parcial para a obtenção do grau de mestre. Área de concentração: Periodontia.

14 de Maio de 2010

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________ Prof. Dr. Sérgio Kahn

Universidade Veiga de Almeida – UVA

__________________________________________________________ Prof. Dr. Carlos Marcelo da Silva Figueiredo

Universidade Veiga de Almeida – UVA

__________________________________________________________ Prof. Dr. Casimiro Abreu Possante de Almeida Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

SUMÁRIO

RESUMO ABSTRACT 1. INTRODUÇÃO, P. 07 2. REVISÃO DE LITERATURA, P. 12 2.1 MORFOTIPO PERIODONTAL, P. 12 2.2 DEFEITOS ÓSSEOS – DEISCÊNCIAS E FENESTRAÇÕES, P. 16 3. OBJETIVOS, P. 22 4. HIPÓTESES, P. 23 5. MATERIAIS E MÉTODOS, P. 24 5.1 POPULAÇÃO ESTUDADA, P. 24 5.2 PARÂMETROS CLÍNICOS, P. 24 6. RESULTADOS, P. 26 7. DISCUSSÃO, P. 31 8. CONCLUSÕES, P. 34 REFERÊNCIAS, P. 35 ANEXOS, P. 38

Aos professores Sérgio Kahn e Walter Augusto Soares Machado por sua

orientação e empenho na orientação deste trabalho. A Andréia Cristina Breda,

Elizabeth Ângela Monteiro, Marcelo de Almeida Torres e Marcos Paulo Salles

Machado por seu apoio no Instituto Médico Legal. À Leisandra, Ayrton e Fernando e

Ewaldo por todo seu carinho e dedicação em todos os momentos. Ao meu pai por

toda dedicação e a todos os que me apoiaram nesta jornada presto meu

agradecimento.

RESUMO

A cirurgia plástica periodontal possui atualmente uma grande necessidade de

previsibilidade em seus procedimentos. O conhecimento da anatomia do periodonto,

bem como variações da mesma se mostra necessário para a execução destes

procedimentos. Neste sentido, o diagnóstico de defeitos ósseos periodontais como

deiscências e fenestrações é extremamente importante no planejamento de

procedimentos cirúrgicos periodontais estéticos e funcionais. O objetivo deste

trabalho é verificar a prevalência de deiscências e fenestrações em cadáveres

humanos.

Palavras-chaves: periodontia; deiscência; fenestração.

ABSTRACT

The periodontal plastic surgery has nowadays a large necessity of predictability into

its procedures. The knowledge about the periodontal anatomy, as well as its

variations is necessary for the execution of these procedures. In this sense, the

diagnosis of the periodontal bone defects like dehiscences and fenestrations is

extremely important in the planning of esthetic and functional periodontal surgical

procedures. The objective of this work is to verify the prevalence of dehiscences and

fenestrations in human cadavers, as well as the distance between the marginal bone

crest and the cementum-enamel junction.

Key-words: periodontology; dehiscence; fenestration.

7

1 – INTRODUÇÃO

O periodonto é caracterizado pelos tecidos imediatamente em volta dos

dentes, que mantêm e suportam estes dentes em posição. É composto pela gengiva,

cemento radicular, ligamento periodontal e osso alveolar. Do ponto de vista

anatomofuncional, o periodonto pode ser dividido em dois tipos: periodonto de

proteção e periodonto de inserção. A gengiva, por desempenhar o papel de proteção

do órgão dentário, forma o periodonto de proteção. Já o cemento, o ligamento

periodontal e o osso alveolar executam o papel da sustentação do órgão dentário,

compondo, portanto, o periodonto de inserção (CARRANZA, 1996).

Entretanto, para fins de avaliação do comportamento do periodonto quando

submetido à injúria física, química ou bacteriana, ou ainda durante manipulação

cirúrgica, a composição dos tecidos periodontais é avaliada por outro aspecto. A

largura da faixa de gengiva, assim como a espessura gengival juntamente com a

espessura óssea são os parâmetros observados. Baseado nestes três parâmetros

classifica-se o morfotipo periodontal (MAYNARD e WILSON, 1979; KAO e

PASQUINELLI, 2002).

Diversos autores (MAYNARD e WILSON, 1979; MÜLLER e EGER, 1997;

MÜLLER et al., 2000; KAO e PASQUINELLI, 2002) descreveram classificações

distintas de morfotipos periodontais propondo um agrupamento entre a largura da

faixa de gengiva, espessura gengival e espessura óssea.

8

Diferentes morfotipos periodontais apresentarão comportamentos distintos

quando submetidos à injúria e/ou manipulação cirúrgica (KAO e PASQUINELLI,

2002). Periodontos finos, em pacientes que apresentam periodontite, normalmente

apresentam recessões gengivais, já periodontos mais espessos tendem a

apresentar fibrose, edema e bolsa periodontal (KAO e PASQUINELLI, 2002). A

manipulação cirúrgica de tecidos muito finos é descrita como mais difícil (CAMPOS,

2005). Cirurgias periodontais visando recobrimento radicular em tecidos mais finos

parecem apresentar menor previsibilidade (HARRIS, 1997; BALDI, 1999).

Conforme pode ser observado, apesar dos diferentes critérios para

classificação dos morfotipos periodontais, sempre os grupos que apresentam largura

ampla da faixa de gengiva também apresentam gengiva espessa e osso espesso.

Da mesma maneira, os grupos que apresentam largura reduzida da faixa de gengiva

também apresentam espessura gengiva fina e osso fino. As deiscências e

fenestrações são mais comuns em pacientes com morfotipo periodontal fino (KAO e

PASQUINELLI, 2002).

Fenestração pode ser definida como uma lesão onde a lâmina vestibular ou

lingual do osso alveolar está ausente, expondo uma parte da raiz sem, contudo,

afetar o tecido ósseo marginal. Quando esse tecido também está ausente

encontramos uma deiscência (SARDENBERG et al., 2004).

9

Figura 1 – Exemplo de deiscência envolvendo o elemento 32.

Figura 2 – Exemplo de fenestrações envolvendo os elementos 32 e 42 e deiscência

envolvendo o elemento 41.

Fenestrações e deiscências são dois defeitos ósseos alveolares freqüentes

em grande parte da população (ABDELMALEK e BISSADA, 1973; RUPPRECHT et

al., 2001). Essas lesões podem apresentar-se como obstáculos durante a realização

de procedimentos cirúrgicos, especialmente em Periodontia, nas cirurgias

10

mucogengivais (ABDELMALEK e BISSADA, 1973; CARRANZA et al., 1996;

LARATO, 1970; LOST, 1984; RUPPRECHT et al., 2001).

O conhecimento da incidência, prevalência e distribuição dessas lesões é

fundamental para os profissionais durante o planejamento e execução das cirurgias

mucogengivais (SARDENBERG et al., 2004).

Os fatores etiológicos associados às fenestrações e deiscências ainda não

estão totalmente esclarecidos e alguns deles têm sido discutidos na literatura como

tamanho e posição dos elementos dentários (ABDELMALEK e BISSADA, 1973;

CARRANZA et al., 1996; EDEL, 1981; LARATO, 1970; RUPPRECHT et al., 2001),

espessura óssea alveolar (BORGHETTI e MONNET-CORTI, 2002; CARRANZA et

al., 1996; EDEL, 1981; LARATO, 1970), dentes que sofreram movimentação

ortodôntica (RUPPRECHT et al., 2001), idade do paciente, lesões periodontais e

endodônticas (DAVIES, 1974; RUPPRECHT et al., 2001), trauma oclusal (EDEL,

1981; RUPPRECHT et al., 2001), inserção de freios e bridas e anomalias de

desenvolvimento (ABDELMALEK e BISSADA, 1973; RUPPRECHT et al., 2001).

Davies et al. (1974) foram os primeiros a definir deiscência em termos

numéricos, sendo a mesma classificada como um defeito onde a crista óssea

alveolar está, no mínimo, 4mm apical em relação à crista óssea interproximal. Já

Lindhe (1997) descreveu deiscência como um defeito ósseo onde há ausência de

cobertura óssea na porção coronária das raízes e fenestração quando há algum

osso presente na porção mais coronária. Segundo o próprio autor, o aparecimento

de ambas as lesões é mais comum nos dentes anteriores que nos posteriores e,

geralmente, ocorrem onde um elemento dentário foi removido do arco.

Os elementos dentários mal posicionados (vestibularizados ou girados) e

outras situações anatômicas, tais como inserções altas de freios e vestíbulos rasos,

11

quando associados às lesões de fenestrações e deiscências, podem desencadear

recessões gengivais (RUFENACHT, 1998).

Clinicamente, a descoberta de uma lesão de fenestração ou deiscência

durante um procedimento cirúrgico pode resultar em um obstáculo para o

tratamento, em especial nas cirurgias mucogengivais, no caso da Periodontia

(ABDELMALEK e BISSADA, 1973; LARATO, 1970; RUPPRECHT et al., 2001,

SARDENBERG et al., 2004). A movimentação ortodôntica de dentes com raízes

proeminentes e osso alveolar de pequena espessura também merece cuidados

especiais para prevenir o surgimento desses defeitos (RUPPRECHT et al., 2001).

12

2 - REVISÃO DE LITERATURA

Diversos autores (MAYNARD e WILSON, 1979; MÜLLER e EGER, 1997;

MÜLLER et al., 2000; KAO e PASQUINELLI, 2002) descreveram classificações

distintas de morfotipos periodontais propondo um agrupamento entre a largura da

faixa de gengiva, espessura gengival e espessura óssea.

2.1 MORFOTIPO PERIODONTAL

Maynard e Wilson, em 1979, propuseram a mais conhecida classificação

sobre a morfologia dos tecidos periodontais. Quatro tipos de periodonto foram

descritos. O periodonto tipo I apresentava espessura do tecido queratinizado e do

processo alveolar normal ou “ideal”, e largura do tecido queratinizado de 3 a 5 mm,

aproximadamente. A palpação revelava um periodonto espesso. O periodonto tipo II

apresentava espessura do tecido queratinizado reduzida e do processo alveolar

normal, e largura do tecido queratinizado menor que 2 mm. A palpação revelava um

osso subjacente de espessura razoável. O periodonto tipo III apresentava espessura

do tecido queratinizado normal e do processo alveolar reduzida, e largura do tecido

queratinizado de 3 a 5 mm aproximadamente. As raízes dentárias poderiam ser

palpadas. O periodonto tipo IV apresentava espessura do tecido queratinizado e do

processo alveolar reduzida, e largura do tecido queratinizado menor que 2 mm.

Segundo os autores o periodonto ideal, de tipo I, tudo poderia sofrer, o periodonto

13

tipo II poderia conservar-se, o tipo III poderia sofrer com movimentos ortodônticos de

vestibularização, e o tipo IV seria de risco para problemas mucogengivais.

Olsson et al. (1993) estudaram a relação entre a forma da coroa dentária dos

dentes anteriores superiores e as características morfológicas da gengiva. Cento e

oito pacientes caucasianos entre 16 e 19 anos de idade participaram do estudo.

Foram observados a forma da coroa, a espessura gengival, a largura da faixa de

gengiva, a curvatura cervical da gengiva, o comprimento das papilas, e a

profundidade de sondagem. A espessura gengival foi medida no ponto equivalente

ao fundo do sulco gengival com uma agulha de 0,4 mm de diâmetro associada a um

cursor endodôntico e posteriormente mensurada em um microscópio ótico com

magnificação de 25x. Analisando os achados constatou-se que os pacientes que

apresentavam dentes mais quadrados possuíam larga faixa de gengiva, papilas mais

curtas, curvatura gengival cervical menos acentuada e maior profundidade de

sondagem. Os pacientes que apresentavam dentes mais alongados possuíam

estreita faixa de gengiva, papilas mais alongadas, curvatura gengival cervical mais

acentuada e menor profundidade de sondagem. Não houve diferença estatística

significante em relação à espessura gengival nos dois grupos, porém clinicamente a

espessura gengival tendia a ser maior no grupo com faixa de gengiva mais larga.

Müller e Eger, em 1997, avaliaram o fenótipo gengival de 42 pacientes do

sexo masculino com idade entre 20 e 25 anos. Foram avaliadas as faixas de

gengiva, espessura gengival, relação entre largura e altura das coroas dentárias,

profundidade de sondagem e recessões gengivais dos pré-molares, caninos e

incisivos inferiores e superiores. A espessura da gengiva pôde ser avaliada com o

uso de um ultra-som que tinha uma margem de mensuração de 0,1mm.

Considerando a relação entre faixa de gengiva, espessura gengival e relação entre

14

largura e altura dos dentes superiores anteriores, três grupos de características

distintas foram estabelecidos. O grupo A, representado por 28 indivíduos,

apresentava espessura gengival média de 0,81mm, 1,12mm e 1,13mm nos 13/23,

12/22 e 11/21, respectivamente; faixa de gengiva média de 3,73mm, 4,59mm e

4,18mm nos 13/23, 12/22 e 11/21 respectivamente; e as coroas apresentavam um

formato alongado. O grupo B, representado por 9 pacientes, apresentava espessura

gengival média de 1,24mm, 1,31mm e 1,79mm nos 13/23, 12/22 e 11/21

respectivamente; faixa de gengiva média de 6,09mm, 6,41mm e 6,22mm nos 13/23,

12/22 e 11/21 respectivamente; e as coroas apresentavam um formato quadrado. O

grupo C, representado por 5 pacientes, apresentava espessura gengival média de

0,75mm, 1,03mm e 1,23mm nos 13/23, 12/22 e 11/21 respectivamente; faixa de

gengiva média de 3,47mm, 3,04mm e 2,75mm nos 13/23, 12/22 e 11/21

respectivamente; e as coroas apresentavam um formato quadrado.

Müller et al. (2000) realizou novo estudo sobre fenótipo gengival em uma

população mais heterogênea que a examinada anteriormente. Foram avaliados 40

indivíduos, 21 mulheres e 19 homens entre 19 e 30 anos de idade. Foram avaliadas

a faixa de gengiva de todos os dentes, espessura gengival em todos os dentes pela

vestibular e pela lingual, relação entre largura e altura das coroas dentárias dos pré-

molares, caninos e incisivos superiores, profundidade de sondagem e recessões

gengivais de todos os dentes. A espessura da gengiva pôde ser avaliada com o uso

do mesmo ultra-som que tinha margem de mensuração de 0,1mm. Considerando a

relação entre faixa de gengiva, espessura gengival e relação entre largura e altura

dos dentes superiores anteriores três grupos de características distintas foram

estabelecidos. O grupo A1, representado por 14 indivíduos, apresentava espessura

gengival média de 0,63mm, 0,71mm e 0,81mm nos 13/23, 12/22 e 11/21

15

respectivamente; faixa de gengiva média de 3,36mm, 3,68mm e 3,35mm nos 13/23,

12/22 e 11/21 respectivamente; e as coroas apresentavam um formato alongado. O

grupo A2, representado por 15 pacientes, apresentava espessura gengival média de

0,67mm, 0,74mm e 0,96mm nos 13/23, 12/22 e 11/21 respectivamente; faixa de

gengiva média de 4,27mm, 5,13mm e 4,67mm nos 13/23, 12/22 e 11/21

respectivamente; e as coroas apresentavam um formato alongado. O grupo B,

representado por 11 pacientes, apresentava espessura gengival média de 0,81mm,

1,20mm e 1,29 nos 13/23, 12/22 e 11/21 respectivamente; faixa de gengiva média

de 5,09mm, 6,59mm e 5,27mm nos 13/23, 12/22 e 11/21 respectivamente; e as

coroas apresentavam um formato quadrado. O autor concluiu ainda que a espessura

da mucosa mastigatória do palato acompanhava o fenótipo da gengiva inserida, isto

é, pacientes que apresentavam espessura gengival mais fina também apresentavam

espessura da mucosa palatina fina e pacientes que apresentavam espessura

gengival mais grossa também apresentavam espessura da mucosa palatina grossa.

Kao e Pasquinelli (2002) relataram dois tipos básicos de tecido gengival:

tecido gengival fino e tecido gengival espesso. As características do tecido gengival

fino eram: tecido mole e osso de arquitetura festonada; tecido mole friável e

delicado; faixa de gengiva estreita; e osso subjacente fino caracterizado por

fenestração e deiscência. As características do tecido gengival espesso eram: tecido

mole e osso de arquitetura plana; tecido mole fibroso e denso; faixa larga de

gengiva; e osso subjacente espesso resistente ao traumatismo mecânico. Os

autores levantaram a hipótese de um mesmo paciente poder apresentar, em

diferentes áreas da boca, tipos distintos de tecido gengival.

Campos (2005) relatou que em pacientes com periodonto fino é mais comum

haver danos teciduais durante procedimentos cirúrgicos que resultariam em uma pior

16

cicatrização com conseqüente dano ao resultado estético final. Durante os

procedimentos cirúrgicos poderia haver: remoção de fragmentos de periósteo

durante a divisão do retalho; perfuração do retalho com afastador ou bisturi;

dilaceração do retalho pela agulha e pelo fio durante a execução dos nós cirúrgicos.

Katranji et al. (2007) estudaram a espessura das corticais ósseas vestibulares

e linguais em 28 cadáveres. As áreas de observação foram divididas em 3: área de

molares, pré-molares e dentes anteriores. Era realizado um retalho de espessura

total e os dentes eram extraídos cuidadosamente com fórceps e alavancas. As

corticais ósseas eram medidas com um paquímetro digital. Na maxila as médias da

espessura da cortical vestibular foram de 2,23, 1,62 e 1,59 nas regiões de molares,

pré-molares e dentes anteriores respectivamente. Na mandíbula as médias da

espessura da cortical vestibular foram de 1,98, 1,20 e 0,99 nas regiões de molares,

pré-molares e dentes anteriores respectivamente. Na maxila as médias da

espessura da cortical lingual foram de 2,35, 2,0 e 1,95 nas regiões de molares, pré-

molares e dentes anteriores respectivamente. Na mandíbula as médias da

espessura da cortical lingual foram de 2,51, 1,92 e 1,24 nas regiões de molares, pré-

molares e dentes anteriores respectivamente. Foi evidente que, nas regiões de pré-

molares e dentes anteriores, a média da espessura das corticais ósseas eram

superiores na maxila que na mandíbula, entretanto este achado não foi evidente na

região de molares.

2.2 DEFEITOS ÓSSEOS – DEISCÊNCIAS E FENESTRAÇÕES

Davies et al. (1974) foram os primeiros a definir deiscência em termos

numéricos, sendo a mesma classificada como um defeito onde a crista óssea

alveolar está no mínimo 4mm apical em relação à crista óssea interproximal. Eles

17

estudaram a prevalência e a distribuição de fenestrações e deiscências

especificamente na população britânica. Os crânios foram separados em três grupos

por idade 15-19 anos/ 30-44 anos/ acima de 45 anos. A incidência das lesões

encontradas foi de 6,8% (deiscências), 9,9% (fenestrações), totalizando 16,7% no

primeiro grupo. No segundo grupo, foi de 5,5% (deiscências), 8,9% (fenestrações),

totalizando 14,4% e, no último, 3,6% (deiscências), 6,3% (fenestrações), totalizando

9,9%. A incidência total das lesões encontradas nesse trabalho foi de 13,81%. Os

caninos inferiores foram os elementos mais afetados pelas lesões de deiscências e

os primeiros molares e incisivos laterais superiores e caninos inferiores pelas lesões

de fenestração. Observaram também menor incidência das lesões com o aumento

da idade. Além disso, perceberam que mais da metade dos crânios estudados

possuía defeitos múltiplos.

Larato (1970) examinou 3.416 dentes em 108 crânios de índios mexicanos

com o objetivo de relacionar o aparecimento das lesões de fenestração e deiscência

com o desgaste oclusal excessivo e a posição dos dentes na arcada. Foi constatado

que 7,5% dos elementos dentários possuíam fenestração ou deiscência. Em um

exame somente no dentes anteriores, 12,5% dos superiores e 14,3% dos inferiores

possuíam algum tipo de lesão. Portanto, a freqüência de lesões de fenestração e

deiscência é maior em dentes anteriores, porém não foi encontrada relação entre o

aparecimento das lesões de fenestração e deiscência com desgaste oclusal

excessivo.

Abdelmalek e Bissada (1973) estudaram a incidência e distribuição dessas

lesões em crânios egípcios. Um total de 61 maxilares superiores e 93 mandíbulas

foram selecionados aleatoriamente. Foram encontradas 31 maxilas (50,81%) e 43

mandíbulas (46,23%) apresentando fenestração e/ou deiscência. Analisando as

18

lesões separadamente, foram encontradas 26 maxilas (42,62%) e 23 mandíbulas

(24,73%) apenas com fenestrações e 5 maxilas (8,19%) e 20 mandíbulas (21,5%)

somente com deiscências. Analisando os defeitos por elemento dentário, os autores

encontraram 54 dentes superiores (6,15%) e 84 inferiores (6,46%) com uma das

lesões. Eles apresentaram ainda que 6,3% dos elementos dentários estudados

possuíam uma das lesões. O primeiro molar superior apresentou a maior incidência

de lesões (7,8%) e o terceiro molar inferior, a menor (0,7%). As fenestrações foram

mais presentes do que as deiscências tanto na maxila quanto na mandíbula.

Edel (1981) fez uma análise de crânios beduínos do século XX em 87

arcadas. Das 50 mandíbulas e 37 maxilas selecionadas, foram examinados 430

dentes superiores e 560 inferiores, totalizando 990 elementos dentários, sendo que

14,5% desses apresentaram uma das lesões. Nos dentes superiores ocorreram

17,7% de fenestração e 2,1% de deiscência, enquanto na mandíbula a ocorrência foi

de 5,4% de fenestração e 5,5% de deiscência. Comparando os dentes anteriores e

posteriores da mandíbula com os dentes anteriores e posteriores da maxila, chegou-

se aos seguintes números: na mandíbula, 10,5% dos dentes anteriores e 3,1% dos

dentes posteriores apresentavam fenestração enquanto 8,7% dos anteriores e 4,1%

dos posteriores, deiscência; na maxila, 10,2% dos dentes anteriores e 20,4% dos

posteriores apresentavam fenestração enquanto 0,85% dos dentes anteriores e

2,6% dos posteriores possuíam deiscência. Os primeiros molares superiores foram

os dentes mais afetados por lesões de fenestração, enquanto as deiscências

apareceram com mais freqüência nos caninos inferiores.

Rupprecht et al. (2001) realizaram um estudo com objetivo de analisar a

prevalência e distribuição de fenestrações e deiscências e relacioná-las ao desgaste

oclusal excessivo, posição dos dentes no arco e espessura do osso alveolar.

19

Analisaram 146 crânios americanos – com um total de 3.315 dentes. Os crânios

selecionados possuíam, no mínimo, cinco dentes em casa arcada, com média de

22,7 elementos dentários por crânio, e com idade variando entre 17 e 87 anos. As

deiscências foram encontradas em 40, 4% dos crânios, sendo o canino inferior o

dente mais afetado por estas lesões (12,9%). As fenestrações ocorreram em 61,6%

dos crânios, sendo o primeiro molar superior o elemento dentário mais afetado

(37%). Fenestrações e deiscências foram observadas em 13% dos dentes

examinados sendo que 4,1% (135) dos dentes apresentaram deiscências, enquanto

que 9% (298) apresentaram fenestrações. A prevalência total dessas lesões foi

similar na maxila e na mandíbula, porém, as deiscências ocorreram com maior

freqüência na mandíbula (67%), principalmente nas regiões de caninos e pré-

molares, e as fenestrações ocorreram com maior freqüência na maxila (58%),

principalmente nos primeiros molares. Foi encontrada uma relação positiva entre a

presença dessas lesões e a pequena espessura do osso alveolar e negativa com o

desgaste oclusal excessivo.

Borghetti e Monnet-Corti (2002) afirmaram que as lesões de fenestração e

deiscência aparecem com mais freqüência em regiões onde a forma e a posição dos

elementos dentários têm por conseqüência pouca espessura das corticais ósseas.

Jorgić-srdjak et al. (1998) realizaram um estudo para determinar a incidência

e distribuição de deiscências e fenestrações no rebordo alveolar em 78 maxilas e 85

mandíbulas, totalizando 2038 dentes de uma população da região Noroeste da

Croácia. Os resultados obtidos demonstraram um número total de 696 (34,15%)

deiscências, sendo 260 (26,67%) maxilares e 436 (41,02%) mandibulares. Com

relação às fenestrações, foi encontrado um total de 190 (9,32%), sendo 90 (9,23%)

maxilares e 100 (9,41%) mandibulares. A distribuição das fenestrações mostrou que

20

os caninos e primeiros molares maxilares e os caninos e incisivos laterais

mandibulares foram os elementos onde estes defeitos estiveram mais presentes.

Com isto, os autores afirmaram que em sendo difícil prever-se com precisão a

localização das deiscências e fenestrações durante as cirurgias mucogengivais, o

conhecimento dos elementos mais comumente afetados por tais condições torna-se

extremamente útil.

Nimigean et al. (2009) desenvolveram uma pesquisa com o objetivo de

determinar a prevalência e distribuição de fenestrações e deiscências em 3646

dentes de 138 arcadas de indivíduos com idades entre 21 e 54 anos de uma

população branca do Sudeste Europeu. Outro aspecto avaliado foi a presença de

facetas de desgaste, que poderiam indicar a presença de possíveis forças oclusais

excessivas. Quando os elementos dentários apresentavam deiscências ou

fenestrações, os mesmos eram então avaliados por meio de tomografias

computadorizadas para que fosse traçado o plano o plano oclusal. Os resultados

obtidos deram conta que 124 arcadas (89,85%) apresentaram defeitos alveolares.

As fenestrações estavam presentes em 69,56% das arcadas, enquanto as

deiscências foram observadas em 53,62% das arcadas. O número total de dentes

afetados totalizou 467 (12,80%). Os casos de fenestrações foram encontrados

exclusivamente na face vestibular das arcadas. Quanto às deiscências, apenas dois

casos de primeiros molares maxilares apresentaram deiscências na face palatina.

Quanto à distribuição entre a maxila e mandíbula, os defeitos ocorreram em ambos

os ossos, mas sua distribuição foi diferente em cada um deles. As fenestrações

foram mais prevalentes na maxila (74,67%), enquanto as deiscências foram

encontradas com mais freqüência na mandíbula (71,61%). Os dentes afetados com

maior freqüência pela fenestração foram os primeiros molares maxilares (42,62%),

21

seguidos pelos primeiros molares mandibulares (16,02%) e primeiros molares

maxilares (14,42%); os dentes mais afetados pelas deiscências foram os caninos

mandibulares (40,64%), os primeiros pré-molares mandibulares (18,06%) e caninos

maxilares (17,41%). Quanto às facetas de desgaste, os resultados demonstraram

que apenas três arcadas apresentaram dentes afetados pelos defeitos, que estavam

relacionadas ao desgaste. Um decréscimo da inclinação buco-lingual foi notado em

todos os dentes afetados tanto por deiscências quanto por fenestrações. Para os

autores, sítios de alto-risco, como o primeiro molar maxilar, o primeiro molar

mandibular, o canino e primeiro pré-molar mandibulares, devem ser cuidadosamente

avaliados em procedimentos cirúrgicos orais.

22

3 – OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é verificar a prevalência de deiscências e

fenestrações em cadáveres para que isto possa auxiliar o profissional na prevenção,

diagnóstico e tratamento destas lesões.

23

4 – HIPÓTESES

H0 – Existe alta prevalência de defeitos ósseos, deiscências e fenestrações

na região anterior dos ossos maxilares e mandibulares.

H1 – Não existe alta prevalência de defeitos ósseos, deiscências e

fenestrações na região anterior dos ossos maxilares e mandibulares.

24

5 - MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 POPULAÇÃO ESTUDADA

Vinte cadáveres humanos, cujo óbito se deu em um tempo inferior a 48h, com

idade entre 20 e 40 anos, a despeito do sexo, foram incluídos neste estudo.

Os cadáveres foram selecionados no Instituto Médico Legal (IML) da cidade

do Rio de Janeiro sob autorização concedida pela direção do órgão (Anexo A) e

aprovação do comitê de ética em pesquisa (Anexo B).

Os cadáveres que constituíram a amostra se enquadravam dentro do grupo

considerado como de corpos não-reclamados, consoante critérios próprios do

instituto.

5.2 PARÂMETROS CLÍNICOS

As avaliações foram realizadas por meio de uma ficha (Anexo C). Os

elementos observados foram os caninos, incisivos laterais e centrais superiores e

inferiores dos espécimes, totalizando 240 elementos dentários, sendo então 120

maxilares e 120 mandibulares. Foi avaliada a presença ou ausência de deiscências

e fenestrações nestes elementos dentários.

Para possibilitar a visualização destes defeitos, foi realizado um retalho de

espessura total, que se estendeu entre os pré-molares, tanto superiores como

25

inferiores. Para a avaliação de presença ou ausência de deiscências e fenestrações,

foi realizado o exame clínico e confecção de fotografias com câmera digital°. Para

detecção de deiscências e fenestrações, 2 examinadores previamente calibrados

realizaram o exame. Na hipótese de divergência entre estes 2 examinadores, um

terceiro profissional, mais experiente, avaliou o caso buscando esclarecer a questão.

Após a conclusão das mensurações, bem como dos exames clínicos e

fotográficos, os retalhos foram reposicionados e fixados com substancia adesiva

específica, cedida pelo próprio IML.

Lista de Material Câmera Digital Sonda Periodontal UNC P-15 Cabo de Bisturi Lâmina 15c

26

6 – RESULTADOS

Na população estudada, 17 (85%) espécimes pertenciam ao sexo masculino

e 3 (15%) ao sexo feminino (gráfico 1). Quanto à faixa etária, a média foi de 25,6

anos, com idade máxima de 38 anos e mínima de 18 anos. Quanto a cor, 15 (75%)

espécimes possuíam cor negra e 5 (25%) possuíam cor branca (gráfico 2).

Gráfico 1 – Distribuição dos espécimes segundo o sexo.

27

Gráfico 2 – Distribuição dos espécimes segundo a cor.

A avaliação da presença de deiscências nos sítios maxilares demonstrou a

presença da mesma em 6 (5%) elementos dentários, pertencentes a 5 espécimes

(25%). Os elementos dentários envolvidos nos casos foram 11 (2 ocorrências), 21 (2

ocorrências), 13 (1 ocorrência) e 23 (1 ocorrência).

Gráfico 3 – Distribuição dos espécimes segundo a presença de deiscência maxilar

Os dentes mandibulares que apresentaram deiscências totalizaram 5 (4,16%)

pertencentes a 4 (20%) espécimes. Estes casos envolveram os elementos 31 (2

ocorrências), 41 (2 ocorrências) e 33 (1 ocorrência).

28

Gráfico 4 – Distribuição dos espécimes segundo a presença de deiscência

mandibular

Em toda a amostra estudada foi observada a presença de apenas uma

fenestração em um sítio de um incisivo lateral superior em um espécime que não

apresentou deiscências.

Gráfico 5 - Distribuição dos espécimes segundo a presença de fenestração maxilar

29

Gráfico 6 - Distribuição dos espécimes segundo a presença de fenestração

mandibular

Ao todo 8 (40%) espécimes apresentaram algum tipo de defeito. A análise

dentária constatou que 12 (5%) elementos dentários apresentaram algum tipo de

defeito.

Gráfico 7 – Prevalência geral dos defeitos entre os espécimes

30

Gráfico 8 – Prevalência geral dos defeitos entre os elementos dentários

31

7 – DISCUSSÃO

Atualmente, a cirurgia plástica periodontal está em um momento em que

existe grande busca por procedimentos mais seguros e previsíveis. Um dos

obstáculos a estes aspectos é a realização de procedimentos cirúrgicos em

periodontos finos (HARRIS, 1997; BALDI, 1999; CAMPOS, 2005). Desta forma,

conhecer a anatomia das estruturas periodontais e as características de suas

variações se faz primordial para o sucesso da terapia cirúrgica. Vários autores como

Abdelmalek e Bisada (1973), Carranza et al. (1996) e Larato (1970) chamam a

atenção para o fato de que as deiscências e fenestrações ósseas podem se

constituir defeitos ósseos que podem prejudicar procedimentos cirúrgicos

periodontais.

A distribuição destes defeitos tem sido avaliada em vários estudos. Alguns

estudos observaram maior presença de deiscências mandibulares, podendo ser

citados Abdelmalek e Bissada (1973) com 21,5% das mandíbulas e 8,19% das

maxilas apresentando este defeito, Edel (1981) com 5,5% das mandíbulas e 2,1%

das maxilas e Jorgić-Srdjak et al. (1998), que evidenciaram a presença de

deiscências em 41,02% das mandíbulas contra 26,67% das maxilas. Um relato

semelhante foi o de Nimigean et al. (2009), que apresentou a presença de 71,61%

das deiscências no osso mandibular. No presente estudo, não houve diferença

significativa na distribuição de deiscências entre a maxila e a mandíbula.

32

Em relação às fenestrações, os estudos evidenciam sua maior presença no

osso maxilar. Dentre estes relatos estão Abdelmalek e Bissada (1973) onde a

presença de fenestração maxilar foi observada em 42,62% dos espécimes avaliados

contra 24,73% das mandíbulas, Edel (1981) com 17,7% das maxilas apresentando a

condição contra 5,4% das mandíbulas. Estes resultados condizem com o de

Nimigean et al. (2009), onde 74,67% das fenestrações encontravam-se no osso

maxilar. Entretando, estas taxas não foram reproduzidas no estudo de Jorgić-Srdjak

et al. (1998), onde 9,23% das maxilas e 9,41% das mandíbulas apresentaram

fenestrações. A presença de fenestração no presente estudo foi limitada a apenas

um caso de fenestração maxilar.

Quando a presença destes defeitos é avaliada em termos dentários, pode-se

perceber que também ocorrem variações em alguns estudos. Larato (1970)

observou a presença destes defeitos em 7,5% dos elementos dentários avaliados.

Abdelmalek e Bissada obtiveram um resultado semelhante quando 6,3% dos

elementos dentários apresentaram algum tipo de defeito. Com um índice acima dos

citados anteriormente, é possível citar os estudos de Edel (1981), que obteve um

índice de 14,5%, Rupprecht et al. (2001), com 13% e Nimigean com 12,8%. No

presente estudo ficou evidenciada uma menor presença dos defeitos nos elementos

dentários avaliados, sendo esta da ordem de 5%.

Diversos estudos (NIMIGEAN et al., 2009; RUPPRECHT et al., 2001;

JORGIĆ-SRDJAK et al., 1998; EDEL, 1981) demonstraram que o primeiro molar

superior foi o elemento dentário mais afetado pelas fenestrações e que o canino

inferior foi o que apresentou maior presença de deiscências. No presente estudo

foram avaliados apenas elementos anteriores e os resultados demonstraram que os

33

incisivos centrais superiores e inferiores foram os elementos mais afetados pelas

deiscências e foi observada apenas uma fenestração em um incisivo lateral superior.

Para Lindhe (1997), estes dois defeitos são mais comuns em dentes

anteriores e sua ocorrência está relacionada a remoção de algum elemento dentário.

Larato (1970) também demonstrou este fato em seu estudo. Diante destes relatos

pode ser discutido o relato de Katranji et al. (2007), no qual foi demonstrada uma

maior espessura óssea na região maxilar de pré-molares a anteriores, o que não foi

demonstrado na região posterior. Este último relato, aliado às evidências anteriores

poderia sugerir que a presença de uma cortical óssea espessa pode ser um fator

determinante para a ausência destas lesões, o que foi encontrado por Rupprecht et

al. (2001).

Apesar destas evidências, é relatada dificuldade em se prever a localização e

distribuição das deiscências e fenestrações ósseas (JORGIĆ-SRDJAK et al., 1998) e

isto pode estar aliado ao fato de que o mesmo paciente poder apresentar diferentes

tipos de tecido gengival, o que poderia ser utilizado como indicativo da possibilidade

de existência destes defeitos.

A diferença encontrada entre os resultados dos vários estudos apresentados

pode ser explicada pela utilização de diferentes metodologias. Enquanto vários

trabalhos utilizaram crânios secos para diagnosticar deiscências e fenestrações, este

estudo utilizou cadáveres humanos com um tempo inferior à 48 horas de

falecimento.

34

8 – CONCLUSÕES

Dentro dos limites deste estudo, pode-se concluir que:

Os dentes mais afetados pelas deiscências e fenestrações foram os incisivos

centrais e os caninos;

Ocorreu uma predisposição dos defeitos para o sexo masculino, mas deve ser

levada em conta a grande presença de espécimes deste sexo no estudo;

A prevalência de deiscências ou fenestrações obtida neste estudo deu conta

de que 40% dos espécimes e 5% dos elementos dentários apresentaram

alguma das duas lesões avaliadas, sendo as deiscências em maior número;

Mais estudos são necessários para confirmação destes resultados.

35

REFERÊNCIAS

1- ABDELMALEK, R.G., BISSADA, N. Incidence and distribution of alveolar bony

dehiscence and fenestration in dry human Egyptian jaws. J Periodontol, v.

44, n. 9, p. 586-588, 1973.

2- BALDI, C. et al. Coronally advanced flap procedure for root coverage. Is flap

thickness a relevant predictor to achieve root coverage? A 19-case series. J

Periodontol, v. 70, p. 1077-1084, 1999.

3- BORGHETTI, A., MONNET-CORTI, V. Cirurgia Plástica Periodontal.

Artmed, 2002.

4- CAMPOS, G. V. Manejo dos tecidos moles visando a estética do sorriso. In:

FRANCISCHONE, C. E. Osseointegração e o tratamento multidisciplinar.

São Paulo: Quintessence, 2005. p. 55-93.

5- CARRANZA Jr., F. A. et al. Clinical Periodontology. 8ª ed. Philadelphia:

Saunders, 1996.

6- DAVIES, R. M. et al. Alveolar defects in human skulls. J Clin Periodontol, v.

1, n. 2, p. 107-111, 1974.

7- EDEL, A. Alveolar bone fenestrations and dehiscences in dry Bedouin jaws. J

Clin Periodontol, v. 8, n. 6, p. 491-499, 1981.

36

8- HARRIS, R. J. A comparative study of root coverage obtained with guided

tissue regeneration utilizing a bioabsorbable membrane versus the connective

tissue with partial-thickness double pedicle graft. J Periodontol, v. 68, p. 779-

790, 1997.

9- JORGIĆ-SRDJAK, K. et al. Incidence and distribution of dehiscences and

fenestrations on human skulls. Coll Antropol., v. 22 Suppl:111-116, Dec.

1998.

10- KAO, R. T.; PASQUINELLI, K. Thick vs. thin gingival tissue: a key

determinant in tissue response to disease and restorative treatment. CDA

Journal, v. 30, p. 521-526, 2002.

11- KATRANJI, A.; MISCH, K.; WANG, H-L. Cortical bone thickness in dentate

and edentulous human cadavers. J Periodontol, v. 78, p. 874-878, 2007.

12- LARATO, D. C. Alveolar plate fenestrations and dehiscences of the human

skull. Oral Surg. Oral Med., Oral Pathol., v. 29, n. 6, p. 816-819, 1970.

13- LINDHE, Jan. Tratado de Periodontologia Clínica. 3ª ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 1997.

14- LOST, C. Depth of alveolar bone dehiscences in relation to gingival

recessions. J Clin Periodontol, v. 11, n. 9, p. 583-589, 1984.

15- MAYNARD, J. G.; WILSON, R. D. Physiologic dimensions of the periodontum

significant to the restorative dentist. J Periodontol, v.50, p. 170-174, 1979.

16- MÜLLER, H. P., EGER, T. Gingival phenotypes in young male adults. J Clin

Periodontol, v. 24, p. 65–71, 1997.

17- MÜLLER, H. P. et al. Masticatory mucosa in subjects with different

periodontal phenotypes. J Clin Periodontol, v. 27, p. 621-626, 2000.

37

18- NIMIGEAN, V. R. et al. Alveolar bone dehiscences and fenestrations: an

anatomical study and review. Rom J Morphol Embryol., v. 50, n. 3, p.391-

397, 2009.

19- OLSSON, M.; LINDHE, J.; MARINELLO, C. P. On the relationship between

crown form and clinical features of the gingiva in adolescents. J Clin

Periodontol, v. 20, p. 570-577, 1993.

20- RUFENACHT, C. R. Fundamentos de Estética. São Paulo: Quintessence,

1998.

21- RUPPRECHT, R. D. et al. Prevalence of dehiscences and fenestrations in

modern american skulls. J Periodontol, v. 72, n. 6, p. 722-729, 2001.

22- SARDENBERG, E. M. S.; KAHN, S.; GUSMÃO, M. S.; MACHADO, W. A. S.;

ALVES JR., J. Estudo dos defeitos ósseos alveolares em periodontia:

deiscências e fenestrações. Rev. Bras. Odontol., v. 60, n. 6, p. 406-408,

2004.

38

ANEXOS

Anexo A – Autorização do Instituto Médico Legal

39

40

41

Anexo B – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

42

43

44

Anexo C – Ficha de avaliação

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo