MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ODONTOLOGIA
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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
Ewaldo Rodrigues
AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE DEISCÊNCIAS E
FENESTRAÇÕES EM CADÁVERES HUMANOS
RIO DE JANEIRO 2010
Ewaldo Rodrigues
AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE DEISCÊNCIAS E
FENESTRAÇÕES EM CADÁVERES HUMANOS
Dissertação apresentada ao curso de pós-graduação em Odontologia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito parcial para a obtenção do grau de mestre. Área de concentração: Periodontia.
Orientador: Prof. Sérgio Kahn Co-Orientador: Prof. Walter Augusto Soares Machado
RIO DE JANEIRO
2010
EWALDO RODRIGUES
AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE DEISCÊNCIAS E FENESTRAÇÕES EM CADÁVERES HUMANOS
Dissertação apresentada ao curso de pós-graduação em Odontologia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito parcial para a obtenção do grau de mestre. Área de concentração: Periodontia.
14 de Maio de 2010
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________ Prof. Dr. Sérgio Kahn
Universidade Veiga de Almeida – UVA
__________________________________________________________ Prof. Dr. Carlos Marcelo da Silva Figueiredo
Universidade Veiga de Almeida – UVA
__________________________________________________________ Prof. Dr. Casimiro Abreu Possante de Almeida Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
SUMÁRIO
RESUMO ABSTRACT 1. INTRODUÇÃO, P. 07 2. REVISÃO DE LITERATURA, P. 12 2.1 MORFOTIPO PERIODONTAL, P. 12 2.2 DEFEITOS ÓSSEOS – DEISCÊNCIAS E FENESTRAÇÕES, P. 16 3. OBJETIVOS, P. 22 4. HIPÓTESES, P. 23 5. MATERIAIS E MÉTODOS, P. 24 5.1 POPULAÇÃO ESTUDADA, P. 24 5.2 PARÂMETROS CLÍNICOS, P. 24 6. RESULTADOS, P. 26 7. DISCUSSÃO, P. 31 8. CONCLUSÕES, P. 34 REFERÊNCIAS, P. 35 ANEXOS, P. 38
Aos professores Sérgio Kahn e Walter Augusto Soares Machado por sua
orientação e empenho na orientação deste trabalho. A Andréia Cristina Breda,
Elizabeth Ângela Monteiro, Marcelo de Almeida Torres e Marcos Paulo Salles
Machado por seu apoio no Instituto Médico Legal. À Leisandra, Ayrton e Fernando e
Ewaldo por todo seu carinho e dedicação em todos os momentos. Ao meu pai por
toda dedicação e a todos os que me apoiaram nesta jornada presto meu
agradecimento.
RESUMO
A cirurgia plástica periodontal possui atualmente uma grande necessidade de
previsibilidade em seus procedimentos. O conhecimento da anatomia do periodonto,
bem como variações da mesma se mostra necessário para a execução destes
procedimentos. Neste sentido, o diagnóstico de defeitos ósseos periodontais como
deiscências e fenestrações é extremamente importante no planejamento de
procedimentos cirúrgicos periodontais estéticos e funcionais. O objetivo deste
trabalho é verificar a prevalência de deiscências e fenestrações em cadáveres
humanos.
Palavras-chaves: periodontia; deiscência; fenestração.
ABSTRACT
The periodontal plastic surgery has nowadays a large necessity of predictability into
its procedures. The knowledge about the periodontal anatomy, as well as its
variations is necessary for the execution of these procedures. In this sense, the
diagnosis of the periodontal bone defects like dehiscences and fenestrations is
extremely important in the planning of esthetic and functional periodontal surgical
procedures. The objective of this work is to verify the prevalence of dehiscences and
fenestrations in human cadavers, as well as the distance between the marginal bone
crest and the cementum-enamel junction.
Key-words: periodontology; dehiscence; fenestration.
7
1 – INTRODUÇÃO
O periodonto é caracterizado pelos tecidos imediatamente em volta dos
dentes, que mantêm e suportam estes dentes em posição. É composto pela gengiva,
cemento radicular, ligamento periodontal e osso alveolar. Do ponto de vista
anatomofuncional, o periodonto pode ser dividido em dois tipos: periodonto de
proteção e periodonto de inserção. A gengiva, por desempenhar o papel de proteção
do órgão dentário, forma o periodonto de proteção. Já o cemento, o ligamento
periodontal e o osso alveolar executam o papel da sustentação do órgão dentário,
compondo, portanto, o periodonto de inserção (CARRANZA, 1996).
Entretanto, para fins de avaliação do comportamento do periodonto quando
submetido à injúria física, química ou bacteriana, ou ainda durante manipulação
cirúrgica, a composição dos tecidos periodontais é avaliada por outro aspecto. A
largura da faixa de gengiva, assim como a espessura gengival juntamente com a
espessura óssea são os parâmetros observados. Baseado nestes três parâmetros
classifica-se o morfotipo periodontal (MAYNARD e WILSON, 1979; KAO e
PASQUINELLI, 2002).
Diversos autores (MAYNARD e WILSON, 1979; MÜLLER e EGER, 1997;
MÜLLER et al., 2000; KAO e PASQUINELLI, 2002) descreveram classificações
distintas de morfotipos periodontais propondo um agrupamento entre a largura da
faixa de gengiva, espessura gengival e espessura óssea.
8
Diferentes morfotipos periodontais apresentarão comportamentos distintos
quando submetidos à injúria e/ou manipulação cirúrgica (KAO e PASQUINELLI,
2002). Periodontos finos, em pacientes que apresentam periodontite, normalmente
apresentam recessões gengivais, já periodontos mais espessos tendem a
apresentar fibrose, edema e bolsa periodontal (KAO e PASQUINELLI, 2002). A
manipulação cirúrgica de tecidos muito finos é descrita como mais difícil (CAMPOS,
2005). Cirurgias periodontais visando recobrimento radicular em tecidos mais finos
parecem apresentar menor previsibilidade (HARRIS, 1997; BALDI, 1999).
Conforme pode ser observado, apesar dos diferentes critérios para
classificação dos morfotipos periodontais, sempre os grupos que apresentam largura
ampla da faixa de gengiva também apresentam gengiva espessa e osso espesso.
Da mesma maneira, os grupos que apresentam largura reduzida da faixa de gengiva
também apresentam espessura gengiva fina e osso fino. As deiscências e
fenestrações são mais comuns em pacientes com morfotipo periodontal fino (KAO e
PASQUINELLI, 2002).
Fenestração pode ser definida como uma lesão onde a lâmina vestibular ou
lingual do osso alveolar está ausente, expondo uma parte da raiz sem, contudo,
afetar o tecido ósseo marginal. Quando esse tecido também está ausente
encontramos uma deiscência (SARDENBERG et al., 2004).
9
Figura 1 – Exemplo de deiscência envolvendo o elemento 32.
Figura 2 – Exemplo de fenestrações envolvendo os elementos 32 e 42 e deiscência
envolvendo o elemento 41.
Fenestrações e deiscências são dois defeitos ósseos alveolares freqüentes
em grande parte da população (ABDELMALEK e BISSADA, 1973; RUPPRECHT et
al., 2001). Essas lesões podem apresentar-se como obstáculos durante a realização
de procedimentos cirúrgicos, especialmente em Periodontia, nas cirurgias
10
mucogengivais (ABDELMALEK e BISSADA, 1973; CARRANZA et al., 1996;
LARATO, 1970; LOST, 1984; RUPPRECHT et al., 2001).
O conhecimento da incidência, prevalência e distribuição dessas lesões é
fundamental para os profissionais durante o planejamento e execução das cirurgias
mucogengivais (SARDENBERG et al., 2004).
Os fatores etiológicos associados às fenestrações e deiscências ainda não
estão totalmente esclarecidos e alguns deles têm sido discutidos na literatura como
tamanho e posição dos elementos dentários (ABDELMALEK e BISSADA, 1973;
CARRANZA et al., 1996; EDEL, 1981; LARATO, 1970; RUPPRECHT et al., 2001),
espessura óssea alveolar (BORGHETTI e MONNET-CORTI, 2002; CARRANZA et
al., 1996; EDEL, 1981; LARATO, 1970), dentes que sofreram movimentação
ortodôntica (RUPPRECHT et al., 2001), idade do paciente, lesões periodontais e
endodônticas (DAVIES, 1974; RUPPRECHT et al., 2001), trauma oclusal (EDEL,
1981; RUPPRECHT et al., 2001), inserção de freios e bridas e anomalias de
desenvolvimento (ABDELMALEK e BISSADA, 1973; RUPPRECHT et al., 2001).
Davies et al. (1974) foram os primeiros a definir deiscência em termos
numéricos, sendo a mesma classificada como um defeito onde a crista óssea
alveolar está, no mínimo, 4mm apical em relação à crista óssea interproximal. Já
Lindhe (1997) descreveu deiscência como um defeito ósseo onde há ausência de
cobertura óssea na porção coronária das raízes e fenestração quando há algum
osso presente na porção mais coronária. Segundo o próprio autor, o aparecimento
de ambas as lesões é mais comum nos dentes anteriores que nos posteriores e,
geralmente, ocorrem onde um elemento dentário foi removido do arco.
Os elementos dentários mal posicionados (vestibularizados ou girados) e
outras situações anatômicas, tais como inserções altas de freios e vestíbulos rasos,
11
quando associados às lesões de fenestrações e deiscências, podem desencadear
recessões gengivais (RUFENACHT, 1998).
Clinicamente, a descoberta de uma lesão de fenestração ou deiscência
durante um procedimento cirúrgico pode resultar em um obstáculo para o
tratamento, em especial nas cirurgias mucogengivais, no caso da Periodontia
(ABDELMALEK e BISSADA, 1973; LARATO, 1970; RUPPRECHT et al., 2001,
SARDENBERG et al., 2004). A movimentação ortodôntica de dentes com raízes
proeminentes e osso alveolar de pequena espessura também merece cuidados
especiais para prevenir o surgimento desses defeitos (RUPPRECHT et al., 2001).
12
2 - REVISÃO DE LITERATURA
Diversos autores (MAYNARD e WILSON, 1979; MÜLLER e EGER, 1997;
MÜLLER et al., 2000; KAO e PASQUINELLI, 2002) descreveram classificações
distintas de morfotipos periodontais propondo um agrupamento entre a largura da
faixa de gengiva, espessura gengival e espessura óssea.
2.1 MORFOTIPO PERIODONTAL
Maynard e Wilson, em 1979, propuseram a mais conhecida classificação
sobre a morfologia dos tecidos periodontais. Quatro tipos de periodonto foram
descritos. O periodonto tipo I apresentava espessura do tecido queratinizado e do
processo alveolar normal ou “ideal”, e largura do tecido queratinizado de 3 a 5 mm,
aproximadamente. A palpação revelava um periodonto espesso. O periodonto tipo II
apresentava espessura do tecido queratinizado reduzida e do processo alveolar
normal, e largura do tecido queratinizado menor que 2 mm. A palpação revelava um
osso subjacente de espessura razoável. O periodonto tipo III apresentava espessura
do tecido queratinizado normal e do processo alveolar reduzida, e largura do tecido
queratinizado de 3 a 5 mm aproximadamente. As raízes dentárias poderiam ser
palpadas. O periodonto tipo IV apresentava espessura do tecido queratinizado e do
processo alveolar reduzida, e largura do tecido queratinizado menor que 2 mm.
Segundo os autores o periodonto ideal, de tipo I, tudo poderia sofrer, o periodonto
13
tipo II poderia conservar-se, o tipo III poderia sofrer com movimentos ortodônticos de
vestibularização, e o tipo IV seria de risco para problemas mucogengivais.
Olsson et al. (1993) estudaram a relação entre a forma da coroa dentária dos
dentes anteriores superiores e as características morfológicas da gengiva. Cento e
oito pacientes caucasianos entre 16 e 19 anos de idade participaram do estudo.
Foram observados a forma da coroa, a espessura gengival, a largura da faixa de
gengiva, a curvatura cervical da gengiva, o comprimento das papilas, e a
profundidade de sondagem. A espessura gengival foi medida no ponto equivalente
ao fundo do sulco gengival com uma agulha de 0,4 mm de diâmetro associada a um
cursor endodôntico e posteriormente mensurada em um microscópio ótico com
magnificação de 25x. Analisando os achados constatou-se que os pacientes que
apresentavam dentes mais quadrados possuíam larga faixa de gengiva, papilas mais
curtas, curvatura gengival cervical menos acentuada e maior profundidade de
sondagem. Os pacientes que apresentavam dentes mais alongados possuíam
estreita faixa de gengiva, papilas mais alongadas, curvatura gengival cervical mais
acentuada e menor profundidade de sondagem. Não houve diferença estatística
significante em relação à espessura gengival nos dois grupos, porém clinicamente a
espessura gengival tendia a ser maior no grupo com faixa de gengiva mais larga.
Müller e Eger, em 1997, avaliaram o fenótipo gengival de 42 pacientes do
sexo masculino com idade entre 20 e 25 anos. Foram avaliadas as faixas de
gengiva, espessura gengival, relação entre largura e altura das coroas dentárias,
profundidade de sondagem e recessões gengivais dos pré-molares, caninos e
incisivos inferiores e superiores. A espessura da gengiva pôde ser avaliada com o
uso de um ultra-som que tinha uma margem de mensuração de 0,1mm.
Considerando a relação entre faixa de gengiva, espessura gengival e relação entre
14
largura e altura dos dentes superiores anteriores, três grupos de características
distintas foram estabelecidos. O grupo A, representado por 28 indivíduos,
apresentava espessura gengival média de 0,81mm, 1,12mm e 1,13mm nos 13/23,
12/22 e 11/21, respectivamente; faixa de gengiva média de 3,73mm, 4,59mm e
4,18mm nos 13/23, 12/22 e 11/21 respectivamente; e as coroas apresentavam um
formato alongado. O grupo B, representado por 9 pacientes, apresentava espessura
gengival média de 1,24mm, 1,31mm e 1,79mm nos 13/23, 12/22 e 11/21
respectivamente; faixa de gengiva média de 6,09mm, 6,41mm e 6,22mm nos 13/23,
12/22 e 11/21 respectivamente; e as coroas apresentavam um formato quadrado. O
grupo C, representado por 5 pacientes, apresentava espessura gengival média de
0,75mm, 1,03mm e 1,23mm nos 13/23, 12/22 e 11/21 respectivamente; faixa de
gengiva média de 3,47mm, 3,04mm e 2,75mm nos 13/23, 12/22 e 11/21
respectivamente; e as coroas apresentavam um formato quadrado.
Müller et al. (2000) realizou novo estudo sobre fenótipo gengival em uma
população mais heterogênea que a examinada anteriormente. Foram avaliados 40
indivíduos, 21 mulheres e 19 homens entre 19 e 30 anos de idade. Foram avaliadas
a faixa de gengiva de todos os dentes, espessura gengival em todos os dentes pela
vestibular e pela lingual, relação entre largura e altura das coroas dentárias dos pré-
molares, caninos e incisivos superiores, profundidade de sondagem e recessões
gengivais de todos os dentes. A espessura da gengiva pôde ser avaliada com o uso
do mesmo ultra-som que tinha margem de mensuração de 0,1mm. Considerando a
relação entre faixa de gengiva, espessura gengival e relação entre largura e altura
dos dentes superiores anteriores três grupos de características distintas foram
estabelecidos. O grupo A1, representado por 14 indivíduos, apresentava espessura
gengival média de 0,63mm, 0,71mm e 0,81mm nos 13/23, 12/22 e 11/21
15
respectivamente; faixa de gengiva média de 3,36mm, 3,68mm e 3,35mm nos 13/23,
12/22 e 11/21 respectivamente; e as coroas apresentavam um formato alongado. O
grupo A2, representado por 15 pacientes, apresentava espessura gengival média de
0,67mm, 0,74mm e 0,96mm nos 13/23, 12/22 e 11/21 respectivamente; faixa de
gengiva média de 4,27mm, 5,13mm e 4,67mm nos 13/23, 12/22 e 11/21
respectivamente; e as coroas apresentavam um formato alongado. O grupo B,
representado por 11 pacientes, apresentava espessura gengival média de 0,81mm,
1,20mm e 1,29 nos 13/23, 12/22 e 11/21 respectivamente; faixa de gengiva média
de 5,09mm, 6,59mm e 5,27mm nos 13/23, 12/22 e 11/21 respectivamente; e as
coroas apresentavam um formato quadrado. O autor concluiu ainda que a espessura
da mucosa mastigatória do palato acompanhava o fenótipo da gengiva inserida, isto
é, pacientes que apresentavam espessura gengival mais fina também apresentavam
espessura da mucosa palatina fina e pacientes que apresentavam espessura
gengival mais grossa também apresentavam espessura da mucosa palatina grossa.
Kao e Pasquinelli (2002) relataram dois tipos básicos de tecido gengival:
tecido gengival fino e tecido gengival espesso. As características do tecido gengival
fino eram: tecido mole e osso de arquitetura festonada; tecido mole friável e
delicado; faixa de gengiva estreita; e osso subjacente fino caracterizado por
fenestração e deiscência. As características do tecido gengival espesso eram: tecido
mole e osso de arquitetura plana; tecido mole fibroso e denso; faixa larga de
gengiva; e osso subjacente espesso resistente ao traumatismo mecânico. Os
autores levantaram a hipótese de um mesmo paciente poder apresentar, em
diferentes áreas da boca, tipos distintos de tecido gengival.
Campos (2005) relatou que em pacientes com periodonto fino é mais comum
haver danos teciduais durante procedimentos cirúrgicos que resultariam em uma pior
16
cicatrização com conseqüente dano ao resultado estético final. Durante os
procedimentos cirúrgicos poderia haver: remoção de fragmentos de periósteo
durante a divisão do retalho; perfuração do retalho com afastador ou bisturi;
dilaceração do retalho pela agulha e pelo fio durante a execução dos nós cirúrgicos.
Katranji et al. (2007) estudaram a espessura das corticais ósseas vestibulares
e linguais em 28 cadáveres. As áreas de observação foram divididas em 3: área de
molares, pré-molares e dentes anteriores. Era realizado um retalho de espessura
total e os dentes eram extraídos cuidadosamente com fórceps e alavancas. As
corticais ósseas eram medidas com um paquímetro digital. Na maxila as médias da
espessura da cortical vestibular foram de 2,23, 1,62 e 1,59 nas regiões de molares,
pré-molares e dentes anteriores respectivamente. Na mandíbula as médias da
espessura da cortical vestibular foram de 1,98, 1,20 e 0,99 nas regiões de molares,
pré-molares e dentes anteriores respectivamente. Na maxila as médias da
espessura da cortical lingual foram de 2,35, 2,0 e 1,95 nas regiões de molares, pré-
molares e dentes anteriores respectivamente. Na mandíbula as médias da
espessura da cortical lingual foram de 2,51, 1,92 e 1,24 nas regiões de molares, pré-
molares e dentes anteriores respectivamente. Foi evidente que, nas regiões de pré-
molares e dentes anteriores, a média da espessura das corticais ósseas eram
superiores na maxila que na mandíbula, entretanto este achado não foi evidente na
região de molares.
2.2 DEFEITOS ÓSSEOS – DEISCÊNCIAS E FENESTRAÇÕES
Davies et al. (1974) foram os primeiros a definir deiscência em termos
numéricos, sendo a mesma classificada como um defeito onde a crista óssea
alveolar está no mínimo 4mm apical em relação à crista óssea interproximal. Eles
17
estudaram a prevalência e a distribuição de fenestrações e deiscências
especificamente na população britânica. Os crânios foram separados em três grupos
por idade 15-19 anos/ 30-44 anos/ acima de 45 anos. A incidência das lesões
encontradas foi de 6,8% (deiscências), 9,9% (fenestrações), totalizando 16,7% no
primeiro grupo. No segundo grupo, foi de 5,5% (deiscências), 8,9% (fenestrações),
totalizando 14,4% e, no último, 3,6% (deiscências), 6,3% (fenestrações), totalizando
9,9%. A incidência total das lesões encontradas nesse trabalho foi de 13,81%. Os
caninos inferiores foram os elementos mais afetados pelas lesões de deiscências e
os primeiros molares e incisivos laterais superiores e caninos inferiores pelas lesões
de fenestração. Observaram também menor incidência das lesões com o aumento
da idade. Além disso, perceberam que mais da metade dos crânios estudados
possuía defeitos múltiplos.
Larato (1970) examinou 3.416 dentes em 108 crânios de índios mexicanos
com o objetivo de relacionar o aparecimento das lesões de fenestração e deiscência
com o desgaste oclusal excessivo e a posição dos dentes na arcada. Foi constatado
que 7,5% dos elementos dentários possuíam fenestração ou deiscência. Em um
exame somente no dentes anteriores, 12,5% dos superiores e 14,3% dos inferiores
possuíam algum tipo de lesão. Portanto, a freqüência de lesões de fenestração e
deiscência é maior em dentes anteriores, porém não foi encontrada relação entre o
aparecimento das lesões de fenestração e deiscência com desgaste oclusal
excessivo.
Abdelmalek e Bissada (1973) estudaram a incidência e distribuição dessas
lesões em crânios egípcios. Um total de 61 maxilares superiores e 93 mandíbulas
foram selecionados aleatoriamente. Foram encontradas 31 maxilas (50,81%) e 43
mandíbulas (46,23%) apresentando fenestração e/ou deiscência. Analisando as
18
lesões separadamente, foram encontradas 26 maxilas (42,62%) e 23 mandíbulas
(24,73%) apenas com fenestrações e 5 maxilas (8,19%) e 20 mandíbulas (21,5%)
somente com deiscências. Analisando os defeitos por elemento dentário, os autores
encontraram 54 dentes superiores (6,15%) e 84 inferiores (6,46%) com uma das
lesões. Eles apresentaram ainda que 6,3% dos elementos dentários estudados
possuíam uma das lesões. O primeiro molar superior apresentou a maior incidência
de lesões (7,8%) e o terceiro molar inferior, a menor (0,7%). As fenestrações foram
mais presentes do que as deiscências tanto na maxila quanto na mandíbula.
Edel (1981) fez uma análise de crânios beduínos do século XX em 87
arcadas. Das 50 mandíbulas e 37 maxilas selecionadas, foram examinados 430
dentes superiores e 560 inferiores, totalizando 990 elementos dentários, sendo que
14,5% desses apresentaram uma das lesões. Nos dentes superiores ocorreram
17,7% de fenestração e 2,1% de deiscência, enquanto na mandíbula a ocorrência foi
de 5,4% de fenestração e 5,5% de deiscência. Comparando os dentes anteriores e
posteriores da mandíbula com os dentes anteriores e posteriores da maxila, chegou-
se aos seguintes números: na mandíbula, 10,5% dos dentes anteriores e 3,1% dos
dentes posteriores apresentavam fenestração enquanto 8,7% dos anteriores e 4,1%
dos posteriores, deiscência; na maxila, 10,2% dos dentes anteriores e 20,4% dos
posteriores apresentavam fenestração enquanto 0,85% dos dentes anteriores e
2,6% dos posteriores possuíam deiscência. Os primeiros molares superiores foram
os dentes mais afetados por lesões de fenestração, enquanto as deiscências
apareceram com mais freqüência nos caninos inferiores.
Rupprecht et al. (2001) realizaram um estudo com objetivo de analisar a
prevalência e distribuição de fenestrações e deiscências e relacioná-las ao desgaste
oclusal excessivo, posição dos dentes no arco e espessura do osso alveolar.
19
Analisaram 146 crânios americanos – com um total de 3.315 dentes. Os crânios
selecionados possuíam, no mínimo, cinco dentes em casa arcada, com média de
22,7 elementos dentários por crânio, e com idade variando entre 17 e 87 anos. As
deiscências foram encontradas em 40, 4% dos crânios, sendo o canino inferior o
dente mais afetado por estas lesões (12,9%). As fenestrações ocorreram em 61,6%
dos crânios, sendo o primeiro molar superior o elemento dentário mais afetado
(37%). Fenestrações e deiscências foram observadas em 13% dos dentes
examinados sendo que 4,1% (135) dos dentes apresentaram deiscências, enquanto
que 9% (298) apresentaram fenestrações. A prevalência total dessas lesões foi
similar na maxila e na mandíbula, porém, as deiscências ocorreram com maior
freqüência na mandíbula (67%), principalmente nas regiões de caninos e pré-
molares, e as fenestrações ocorreram com maior freqüência na maxila (58%),
principalmente nos primeiros molares. Foi encontrada uma relação positiva entre a
presença dessas lesões e a pequena espessura do osso alveolar e negativa com o
desgaste oclusal excessivo.
Borghetti e Monnet-Corti (2002) afirmaram que as lesões de fenestração e
deiscência aparecem com mais freqüência em regiões onde a forma e a posição dos
elementos dentários têm por conseqüência pouca espessura das corticais ósseas.
Jorgić-srdjak et al. (1998) realizaram um estudo para determinar a incidência
e distribuição de deiscências e fenestrações no rebordo alveolar em 78 maxilas e 85
mandíbulas, totalizando 2038 dentes de uma população da região Noroeste da
Croácia. Os resultados obtidos demonstraram um número total de 696 (34,15%)
deiscências, sendo 260 (26,67%) maxilares e 436 (41,02%) mandibulares. Com
relação às fenestrações, foi encontrado um total de 190 (9,32%), sendo 90 (9,23%)
maxilares e 100 (9,41%) mandibulares. A distribuição das fenestrações mostrou que
20
os caninos e primeiros molares maxilares e os caninos e incisivos laterais
mandibulares foram os elementos onde estes defeitos estiveram mais presentes.
Com isto, os autores afirmaram que em sendo difícil prever-se com precisão a
localização das deiscências e fenestrações durante as cirurgias mucogengivais, o
conhecimento dos elementos mais comumente afetados por tais condições torna-se
extremamente útil.
Nimigean et al. (2009) desenvolveram uma pesquisa com o objetivo de
determinar a prevalência e distribuição de fenestrações e deiscências em 3646
dentes de 138 arcadas de indivíduos com idades entre 21 e 54 anos de uma
população branca do Sudeste Europeu. Outro aspecto avaliado foi a presença de
facetas de desgaste, que poderiam indicar a presença de possíveis forças oclusais
excessivas. Quando os elementos dentários apresentavam deiscências ou
fenestrações, os mesmos eram então avaliados por meio de tomografias
computadorizadas para que fosse traçado o plano o plano oclusal. Os resultados
obtidos deram conta que 124 arcadas (89,85%) apresentaram defeitos alveolares.
As fenestrações estavam presentes em 69,56% das arcadas, enquanto as
deiscências foram observadas em 53,62% das arcadas. O número total de dentes
afetados totalizou 467 (12,80%). Os casos de fenestrações foram encontrados
exclusivamente na face vestibular das arcadas. Quanto às deiscências, apenas dois
casos de primeiros molares maxilares apresentaram deiscências na face palatina.
Quanto à distribuição entre a maxila e mandíbula, os defeitos ocorreram em ambos
os ossos, mas sua distribuição foi diferente em cada um deles. As fenestrações
foram mais prevalentes na maxila (74,67%), enquanto as deiscências foram
encontradas com mais freqüência na mandíbula (71,61%). Os dentes afetados com
maior freqüência pela fenestração foram os primeiros molares maxilares (42,62%),
21
seguidos pelos primeiros molares mandibulares (16,02%) e primeiros molares
maxilares (14,42%); os dentes mais afetados pelas deiscências foram os caninos
mandibulares (40,64%), os primeiros pré-molares mandibulares (18,06%) e caninos
maxilares (17,41%). Quanto às facetas de desgaste, os resultados demonstraram
que apenas três arcadas apresentaram dentes afetados pelos defeitos, que estavam
relacionadas ao desgaste. Um decréscimo da inclinação buco-lingual foi notado em
todos os dentes afetados tanto por deiscências quanto por fenestrações. Para os
autores, sítios de alto-risco, como o primeiro molar maxilar, o primeiro molar
mandibular, o canino e primeiro pré-molar mandibulares, devem ser cuidadosamente
avaliados em procedimentos cirúrgicos orais.
22
3 – OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é verificar a prevalência de deiscências e
fenestrações em cadáveres para que isto possa auxiliar o profissional na prevenção,
diagnóstico e tratamento destas lesões.
23
4 – HIPÓTESES
H0 – Existe alta prevalência de defeitos ósseos, deiscências e fenestrações
na região anterior dos ossos maxilares e mandibulares.
H1 – Não existe alta prevalência de defeitos ósseos, deiscências e
fenestrações na região anterior dos ossos maxilares e mandibulares.
24
5 - MATERIAIS E MÉTODOS
5.1 POPULAÇÃO ESTUDADA
Vinte cadáveres humanos, cujo óbito se deu em um tempo inferior a 48h, com
idade entre 20 e 40 anos, a despeito do sexo, foram incluídos neste estudo.
Os cadáveres foram selecionados no Instituto Médico Legal (IML) da cidade
do Rio de Janeiro sob autorização concedida pela direção do órgão (Anexo A) e
aprovação do comitê de ética em pesquisa (Anexo B).
Os cadáveres que constituíram a amostra se enquadravam dentro do grupo
considerado como de corpos não-reclamados, consoante critérios próprios do
instituto.
5.2 PARÂMETROS CLÍNICOS
As avaliações foram realizadas por meio de uma ficha (Anexo C). Os
elementos observados foram os caninos, incisivos laterais e centrais superiores e
inferiores dos espécimes, totalizando 240 elementos dentários, sendo então 120
maxilares e 120 mandibulares. Foi avaliada a presença ou ausência de deiscências
e fenestrações nestes elementos dentários.
Para possibilitar a visualização destes defeitos, foi realizado um retalho de
espessura total, que se estendeu entre os pré-molares, tanto superiores como
25
inferiores. Para a avaliação de presença ou ausência de deiscências e fenestrações,
foi realizado o exame clínico e confecção de fotografias com câmera digital°. Para
detecção de deiscências e fenestrações, 2 examinadores previamente calibrados
realizaram o exame. Na hipótese de divergência entre estes 2 examinadores, um
terceiro profissional, mais experiente, avaliou o caso buscando esclarecer a questão.
Após a conclusão das mensurações, bem como dos exames clínicos e
fotográficos, os retalhos foram reposicionados e fixados com substancia adesiva
específica, cedida pelo próprio IML.
Lista de Material Câmera Digital Sonda Periodontal UNC P-15 Cabo de Bisturi Lâmina 15c
26
6 – RESULTADOS
Na população estudada, 17 (85%) espécimes pertenciam ao sexo masculino
e 3 (15%) ao sexo feminino (gráfico 1). Quanto à faixa etária, a média foi de 25,6
anos, com idade máxima de 38 anos e mínima de 18 anos. Quanto a cor, 15 (75%)
espécimes possuíam cor negra e 5 (25%) possuíam cor branca (gráfico 2).
Gráfico 1 – Distribuição dos espécimes segundo o sexo.
27
Gráfico 2 – Distribuição dos espécimes segundo a cor.
A avaliação da presença de deiscências nos sítios maxilares demonstrou a
presença da mesma em 6 (5%) elementos dentários, pertencentes a 5 espécimes
(25%). Os elementos dentários envolvidos nos casos foram 11 (2 ocorrências), 21 (2
ocorrências), 13 (1 ocorrência) e 23 (1 ocorrência).
Gráfico 3 – Distribuição dos espécimes segundo a presença de deiscência maxilar
Os dentes mandibulares que apresentaram deiscências totalizaram 5 (4,16%)
pertencentes a 4 (20%) espécimes. Estes casos envolveram os elementos 31 (2
ocorrências), 41 (2 ocorrências) e 33 (1 ocorrência).
28
Gráfico 4 – Distribuição dos espécimes segundo a presença de deiscência
mandibular
Em toda a amostra estudada foi observada a presença de apenas uma
fenestração em um sítio de um incisivo lateral superior em um espécime que não
apresentou deiscências.
Gráfico 5 - Distribuição dos espécimes segundo a presença de fenestração maxilar
29
Gráfico 6 - Distribuição dos espécimes segundo a presença de fenestração
mandibular
Ao todo 8 (40%) espécimes apresentaram algum tipo de defeito. A análise
dentária constatou que 12 (5%) elementos dentários apresentaram algum tipo de
defeito.
Gráfico 7 – Prevalência geral dos defeitos entre os espécimes
31
7 – DISCUSSÃO
Atualmente, a cirurgia plástica periodontal está em um momento em que
existe grande busca por procedimentos mais seguros e previsíveis. Um dos
obstáculos a estes aspectos é a realização de procedimentos cirúrgicos em
periodontos finos (HARRIS, 1997; BALDI, 1999; CAMPOS, 2005). Desta forma,
conhecer a anatomia das estruturas periodontais e as características de suas
variações se faz primordial para o sucesso da terapia cirúrgica. Vários autores como
Abdelmalek e Bisada (1973), Carranza et al. (1996) e Larato (1970) chamam a
atenção para o fato de que as deiscências e fenestrações ósseas podem se
constituir defeitos ósseos que podem prejudicar procedimentos cirúrgicos
periodontais.
A distribuição destes defeitos tem sido avaliada em vários estudos. Alguns
estudos observaram maior presença de deiscências mandibulares, podendo ser
citados Abdelmalek e Bissada (1973) com 21,5% das mandíbulas e 8,19% das
maxilas apresentando este defeito, Edel (1981) com 5,5% das mandíbulas e 2,1%
das maxilas e Jorgić-Srdjak et al. (1998), que evidenciaram a presença de
deiscências em 41,02% das mandíbulas contra 26,67% das maxilas. Um relato
semelhante foi o de Nimigean et al. (2009), que apresentou a presença de 71,61%
das deiscências no osso mandibular. No presente estudo, não houve diferença
significativa na distribuição de deiscências entre a maxila e a mandíbula.
32
Em relação às fenestrações, os estudos evidenciam sua maior presença no
osso maxilar. Dentre estes relatos estão Abdelmalek e Bissada (1973) onde a
presença de fenestração maxilar foi observada em 42,62% dos espécimes avaliados
contra 24,73% das mandíbulas, Edel (1981) com 17,7% das maxilas apresentando a
condição contra 5,4% das mandíbulas. Estes resultados condizem com o de
Nimigean et al. (2009), onde 74,67% das fenestrações encontravam-se no osso
maxilar. Entretando, estas taxas não foram reproduzidas no estudo de Jorgić-Srdjak
et al. (1998), onde 9,23% das maxilas e 9,41% das mandíbulas apresentaram
fenestrações. A presença de fenestração no presente estudo foi limitada a apenas
um caso de fenestração maxilar.
Quando a presença destes defeitos é avaliada em termos dentários, pode-se
perceber que também ocorrem variações em alguns estudos. Larato (1970)
observou a presença destes defeitos em 7,5% dos elementos dentários avaliados.
Abdelmalek e Bissada obtiveram um resultado semelhante quando 6,3% dos
elementos dentários apresentaram algum tipo de defeito. Com um índice acima dos
citados anteriormente, é possível citar os estudos de Edel (1981), que obteve um
índice de 14,5%, Rupprecht et al. (2001), com 13% e Nimigean com 12,8%. No
presente estudo ficou evidenciada uma menor presença dos defeitos nos elementos
dentários avaliados, sendo esta da ordem de 5%.
Diversos estudos (NIMIGEAN et al., 2009; RUPPRECHT et al., 2001;
JORGIĆ-SRDJAK et al., 1998; EDEL, 1981) demonstraram que o primeiro molar
superior foi o elemento dentário mais afetado pelas fenestrações e que o canino
inferior foi o que apresentou maior presença de deiscências. No presente estudo
foram avaliados apenas elementos anteriores e os resultados demonstraram que os
33
incisivos centrais superiores e inferiores foram os elementos mais afetados pelas
deiscências e foi observada apenas uma fenestração em um incisivo lateral superior.
Para Lindhe (1997), estes dois defeitos são mais comuns em dentes
anteriores e sua ocorrência está relacionada a remoção de algum elemento dentário.
Larato (1970) também demonstrou este fato em seu estudo. Diante destes relatos
pode ser discutido o relato de Katranji et al. (2007), no qual foi demonstrada uma
maior espessura óssea na região maxilar de pré-molares a anteriores, o que não foi
demonstrado na região posterior. Este último relato, aliado às evidências anteriores
poderia sugerir que a presença de uma cortical óssea espessa pode ser um fator
determinante para a ausência destas lesões, o que foi encontrado por Rupprecht et
al. (2001).
Apesar destas evidências, é relatada dificuldade em se prever a localização e
distribuição das deiscências e fenestrações ósseas (JORGIĆ-SRDJAK et al., 1998) e
isto pode estar aliado ao fato de que o mesmo paciente poder apresentar diferentes
tipos de tecido gengival, o que poderia ser utilizado como indicativo da possibilidade
de existência destes defeitos.
A diferença encontrada entre os resultados dos vários estudos apresentados
pode ser explicada pela utilização de diferentes metodologias. Enquanto vários
trabalhos utilizaram crânios secos para diagnosticar deiscências e fenestrações, este
estudo utilizou cadáveres humanos com um tempo inferior à 48 horas de
falecimento.
34
8 – CONCLUSÕES
Dentro dos limites deste estudo, pode-se concluir que:
Os dentes mais afetados pelas deiscências e fenestrações foram os incisivos
centrais e os caninos;
Ocorreu uma predisposição dos defeitos para o sexo masculino, mas deve ser
levada em conta a grande presença de espécimes deste sexo no estudo;
A prevalência de deiscências ou fenestrações obtida neste estudo deu conta
de que 40% dos espécimes e 5% dos elementos dentários apresentaram
alguma das duas lesões avaliadas, sendo as deiscências em maior número;
Mais estudos são necessários para confirmação destes resultados.
35
REFERÊNCIAS
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thickness a relevant predictor to achieve root coverage? A 19-case series. J
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Clin Periodontol, v. 8, n. 6, p. 491-499, 1981.
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Periodontol, v. 20, p. 570-577, 1993.
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22- SARDENBERG, E. M. S.; KAHN, S.; GUSMÃO, M. S.; MACHADO, W. A. S.;
ALVES JR., J. Estudo dos defeitos ósseos alveolares em periodontia:
deiscências e fenestrações. Rev. Bras. Odontol., v. 60, n. 6, p. 406-408,
2004.
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