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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE NUTRIÇÃO
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE
INDIVÍDUOS SUBMETIDOS À CIRURGIA
BARIÁTRICA
LUCIANA SAMPAIO CUNHA DA SILVA
Cuiabá-MT, 29 de março de 2016
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE NUTRIÇÃO
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE
INDIVÍDUOS SUBMETIDOS À CIRURGIA
BARIÁTRICA
LUCIANA SAMPAIO CUNHA DA SILVA
Trabalho de Graduação apresentado ao Curso de
Nutrição da Universidade Federal de Mato
Grosso como parte dos requisitos exigidos para
obtenção do título de Bacharel em Nutrição, sob
orientação do (a) professor (a) MSc. Silvia
Regina de Lima Reis.
Cuiabá-MT, 29 de março de 2016
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE NUTRIÇÃO
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE INDIVÍDUOS
SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA
LUCIANA SAMPAIO CUNHA DA SILVA
Orientador:
Prof. MSc. Silvia Regina de Lima Reis
MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA
Julgado em: 18/04/2016
3
4
DEDICATÓRIA
À Deus, por ter me permitido chegar até aqui.
À minha família pela fé e confiança depositada.
Aos meus amigos pelo apoio incondicional.
Aos professores pelo simples fato de estarem dispostos a ensinar.
Enfim, a todos que de alguma forma tornaram este caminho mais fácil de ser
percorrido.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente, a Deus pela oportunidade e privilégio dado em compartilhar
tamanha experiência e, ao frequentar este curso, perceber e atentar para a relevância de temas
que não faziam parte, em profundidade, da minha vida.
À minha família, em especial aos meus pais Zoé e Herodias e irmãos Danielle e
Roberto, pela paciência em tolerar a minha ausência e serem ponto de equilíbrio nos
momentos de dificuldade.
Aоs meus amigos, pеlаs alegrias, tristezas е dificuldades compartilhas. Cоm vocês, аs
pausas entre υm parágrafo е outro dе produção melhora tudo о qυе tenho produzido nа vida.
A minha orientadora Prof. MSc. Silvia pela simpatia e presteza no auxílio às
atividades e discussões, pela oportunidade e incentivo de participação em publicações e
eventos e sem a qual este trabalho de graduação não teria a mesma qualidade.
A todos os professores pelo carinho, dedicação e entusiasmo demonstrado ao longo do
curso. Aos colegas de curso pela prontidão na troca de informações e materiais.
E por fim, a equipe do Instituto de Obesidade e Cirurgia, em especial a nutricionista
Isabela Prado, por toda receptividade, atenção e dedicação na condução desta pesquisa.
6
“Desistir... eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me
levei realmente a sério; é que tem mais chão nos meus
olhos do que o cansaço nas minhas pernas, mais
esperança nos meus passos, do que tristeza nos meus
ombros, mais estrada no meu coração do que medo na
minha cabeça.”
(Cora Coralina)
7
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 09
2. OBJETIVOS................................................................................................................. 13
2.1 OBJETIVO GERAL.................................................................................................... 13
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................................... 13
3. MATERIAL E MÉTODO........................................................................................... 14
3.1 DESENHO DO ESTUDO........................................................................................... 14
3.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO..................................................................................... 14
3.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO.................................................................................... 14
3.4 COLETA DE DADOS................................................................................................. 14
3.5 AVALIAÇÃO DA PERDA DE PESO........................................................................ 15
3.6 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA............................................................. 16
3.7 ANÁLISES ESTATÍSTICAS...................................................................................... 16
4. RESULTADOS............................................................................................................ 17
5. DISCUSSÃO................................................................................................................. 22
6. CONCLUSÃO.............................................................................................................. 27
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................
APÊNDICES E ANEXOS...............................................................................................
28
33
8
RESUMO A cirurgia bariátrica tem se mostrado uma técnica de grande auxílio na condução clínica de alguns casos de
obesidade. O procedimento cirúrgico resulta em perda de peso significativa e duradoura, melhorando as
comorbidades, prevenindo complicações prejudiciais a qualidade de vida e aumentando a longevidade.
Sendo assim, este trabalho teve por objetivo avaliar a qualidade de vida de pacientes submetidos à cirurgia
bariátrica após 1 ano de intervenção cirúrgica. Estudo transversal, desenvolvido entre os meses de abril a
junho de 2015 em uma clínica particular da cidade de Cuiabá-MT. Participaram do estudo, adultos de
ambos os sexos, que foram submetidos ao bypass gástrico em Y-de-Roux. A qualidade de vida foi avaliada 1
ano após a intervenção cirúrgica, por meio do protocolo Bariatric Analysis and Reporting Outcome System
(BAROS), validado e reconhecido internacionalmente. Entre os 41 avaliados, 78,05% eram do sexo
feminino, e 21,95% do sexo masculino, com idade média de 41,6±8,8 e 35,6±10,1 anos, respectivamente.
No período pré e pós-operatório, os pacientes apresentaram IMC médio de 41,2±6,8 kg/m² e 27,1±4,9
kg/m², respectivamente. O percentual de perda do excesso de peso médio foi 74,9%. De acordo com a
classificação do protocolo BAROS, apenas 4,9% dos pacientes tiveram a qualidade de vida classificada
como boa, 48,8% muito boa e 46,3% excelente, sendo que nenhum paciente teve a qualidade de vida
classificada como insuficiente ou aceitável. Conclui-se, que o tratamento cirúrgico trouxe benefício efetivo
aos pacientes, uma vez que estes obtiveram uma melhora da qualidade de vida como consequência da perda
de peso.
PALAVRAS-CHAVE: cirurgia bariátrica; qualidade de vida; obesidade; perda de peso.
9
ABSTRACT Bariatric surgery has been shown to be a great aid technique in the clinical management of some cases of
obesity. The surgical procedure results in loss of significant and lasting weight, improving comorbidities,
preventing complications detrimental to quality of life and increasing longevity. Thus, this study aimed to
evaluate the quality of life of patients undergoing bariatric surgery after 1 year of surgery. cross-sectional study,
carried out between the months of April to June 2015 in Cuiabá-MT. Participants were adults of both sexes, who
underwent Y gastric bypass Roux-en. The quality of life was assessed 1 year after surgery, through the Bariatric
Analysis and Reporting Outcome System Protocol (BAROS), validated and recognized internationally. Among
the 41 evaluated, 78.05% were female and 21.95% male, mean age 41.6 ± 8.8 and 35.6 ± 10.1 years,
respectively. In the pre and postoperative period, patients had a mean BMI of 41.2 ± 6.8 kg / m² and 27.1 ± 4.9
kg / m², respectively. The average excess weight loss percentage was 74.9%. According to the classification of
BAROS protocol, only 4.9% of patients had quality of life classified as good, 48.8% and 46.3% very good
excellent, and no patient had classified as poor quality of life or acceptable. It follows that the effective surgical
treatment brought benefits to patients, since they obtained an improved quality of life as a result of weight loss.
KEYWORDS: bariatric surgery; quality of life; obesity; weight loss.
10
1. INTRODUÇÃO
A obesidade pode ser definida, simplificadamente, como doença caracterizada pelo
acúmulo excessivo de gordura corporal, sendo consequência do balanço energético positivo e
que acarreta repercussões à saúde, com perda importante na qualidade e no tempo de vida1.
Atualmente o excesso de peso atinge 52,5% da população adulta do Brasil. No ano de
2006, essa taxa era de 43%, ou seja, representa um crescimento de 23% nesse período. A
cidade de Cuiabá (21,5%) aparece com a segunda maior frequência observada de obesidade,
perdendo apenas para Campo Grande (21,8%). No que se refere ao sexo, os homens
apresentam maior percentual de excesso de peso (56,5%), embora não exista uma diferença
significativa entre os dois sexos do índice de obesidade2.
Tendo em vista que, a obesidade é uma doença multifatorial que vem atingindo
proporções epidêmicas no Brasil, o aumento da frequência observada confere-lhe grande
relevância como problema de saúde pública, principalmente devido a redução da qualidade de
vida do indivíduo e associação com comorbidades3.
O paciente obeso é classificado de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC)4.
Quando comparados aos indivíduos com peso normal (IMC 18,5 -24,9 kg/m²), aqueles com
sobrepeso (IMC 25-29,9 kg/m²) possuem maiores riscos de desenvolver diabetes mellitus,
dislipidemia e hipertensão arterial. Além disso, a taxa de mortalidade é 12 vezes maior em
indivíduos obesos mórbidos do que em pessoas com peso normal com idade entre 24 e 40
anos5.
A cirurgia bariátrica tem se mostrado uma técnica de grande auxílio na condução
clínica de alguns casos de obesidade. A indicação desta intervenção vem crescendo nos dias
atuais e baseia-se numa análise abrangente de múltiplos aspectos do paciente. A finalidade do
tratamento cirúrgico consiste em melhorar a qualidade e o tempo de vida do obeso, e assim,
resolver os problemas de ordem física e psicossocial que o excesso de peso acarreta6.
Intimamente relacionada ao bem-estar pessoal, a qualidade de vida abrange aspectos
como estado de saúde, lazer, satisfação pessoal, hábitos e estilo de vida7.
Desta forma, fica evidente que esse procedimento cirúrgico tem potencial para
apresentar um progresso positivo na qualidade de vida, pois facilita a locomoção corporal,
diminui os prejuízos psicossociais e de auto-estima prejudicada, além de evitar doenças
crônicas e metabólicas8.
No Brasil, o Ministério da Saúde (2013)9 e o Conselho Federal de Medicina (2010)
10
estabeleceram os seguintes critérios para o tratamento cirúrgico da obesidade mórbida:
11
obesidade mórbida estável há pelo menos cinco anos; tratamento clínico prévio com
acompanhamento regular e duração mínima de dois anos, sendo este considerado não eficaz;
IMC maior ou igual a 40 Kg/m² ou IMC entre 35 e 39,9 Kg/m² com co-morbidades
desencadeadas ou agravadas pela obesidade e que ameacem a vida; idade entre 18 e 65 anos;
compreensão por parte do paciente e da família de todos os riscos e consequências do
tratamento cirúrgico e pós-cirúrgico e suporte familiar constante.
As diferentes técnicas em cirurgia bariátrica podem ser realizadas por laparotomia ou
por videolaparoscopia, e são divididas em cirurgias restritivas, disabsortivas e mistas, sendo
as restritivas e mistas as mais realizadas. As cirurgias restritivas são aquelas onde o único
órgão modificado é o estômago e que visam provocar a redução do espaço para o alimento
dentro da cavidade gástrica, assim, com uma pequena quantidade de alimento o paciente terá
a sensação de saciedade. As mais comuns são: gastroplastia vertical com bandagem, balão
intragástrico e bandagem gástrica ajustável por vídeo11,12
.
Nas cirurgias mistas, além do estômago, o intestino do paciente também sofre
intervenção cirúrgica, sendo reduzida sua área absortiva. Neste grupo, além do fator restritivo
que provoca a sensação de saciedade com uma pequena quantidade de alimento, também
existe o fator disabsortivo, onde ocorre uma redução da área de absorção de nutrientes no
intestino delgado. As técnicas mistas mais conhecidas são: derivação biliopancreática com
gastrectomia distal (Scopinaro) e bypass gástrico em Y-de-Roux (Fobi-Capella), sendo o
segundo o principal tipo realizado atualmente11
.
O procedimento cirúrgico resulta em perda de peso significativa e duradoura,
prevenindo complicações prejudiciais a qualidade de vida, aumentando a longevidade e
melhorando comorbidades, tais como diabetes mellitus e hipertensão13
. Ainda não está
completamente elucidada a correlação existente entre cirurgia bariátrica e melhora de diabetes
mellitus14,15,16,17
.
Forcina et al (2008)18
supõem que a relação da melhoria do diabetes mellitus com a
cirurgia bariátrica deve-se à melhor tolerância à glicose, ocasionada pela redução de peso
devido a menor ingestão alimentar e consequentemente calórica.
No entanto, Zeve e Tomáz (2011)14
levantaram a hipótese de que a alteração
anatômica e funcional provocadas pela operação são os fatores que mais colaboram para a
resolução ou melhorias relacionadas ao diabetes mellitus, pois é observado que os diabéticos
apresentam melhora do quadro clínico muitas vezes antes de se observar grande perda de
peso.
12
Outro benefício da cirúrgica bariátrica é o controle dos níveis pressóricos. Os
principais mecanismos relacionados a redução ou melhora da pressão arterial são: redução da
hiperinsulinemia e da resistência insulínica, redução da hiperativação simpática como
resultado da redução dos níveis de leptina e redução da hipertensão intra-abdominal crônica,
característica da obesidade mórbida19
.
Apesar de todos os benefícios listados, uma das principais alterações que colocam em
risco o sucesso do procedimento cirúrgico são as deficiências de micronutrientes. A
prevenção das deficiências de vitaminas e minerais exige que o acompanhamento dos
pacientes seja realizado durante um longo período de tempo, levando em consideração a
importância desses micronutrientes para o organismo, além dos sinais e sintomas de sua
deficiência20
.
A reposição e a incorporação de micronutrientes ao corpo a partir da alimentação é a
maneira mais adequada de se manter os estoques corporais em níveis desejáveis. No entanto,
em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica alguns fatores justificam a suplementação
nutricional, tais como a restrição da capacidade gástrica, exclusão de parte do estômago e do
intestino do transito alimentar e intolerância a alguns alimentos21
. Portanto, a utilização de
uma dosagem diária adequada de polivitamínico/mineral é uma forma de garantir o aporte
nutricional adequado de micronutrientes para o bom funcionamento dos processos que ajudam
na regulação de peso corporal e, não comprometam o sucesso do tratamento22
.
O acompanhamento nutricional é imprescindível nas fases pré e pós-operatório, pois o
nutricionista é essencial na realização de avaliação e educação nutricional, correção de
possíveis desvios de comportamento alimentar e fornecimento de cuidados necessários ao
paciente em longo prazo, minimizando assim o risco de complicações23
.
Grandes mudanças ocorrem na vida do obeso após a cirurgia, portanto, é fundamental
avaliar a qualidade de vida de pacientes obesos submetidos a cirurgia bariátrica, após 1 ano de
intervenção cirúrgica, tendo em vista que o sucesso da cirurgia está intimamente relacionado
com mudanças de hábitos alimentares e estilo de vida.
É de suma importância que o profissional nutricionista consiga reconhecer a
transformação na vida do paciente e de que maneira isso reflete em sua alimentação, para
então, traçar uma estratégia que garanta a eficiência do tratamento da obesidade. Diante disso,
este estudo tem relevância acadêmica e social, pois possui o intuito de demonstrar as
mudanças pertinentes a qualidade de vida do paciente após a intervenção cirúrgica.
13
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a qualidade de vida de indivíduos submetidos a cirurgia bariátrica, após 1 ano
de intervenção cirúrgica em uma clínica em Cuiabá/MT.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Comparar o peso e IMC pré e pós-cirúrgico.
Calcular percentual de perda de peso e percentual de perda de excesso de peso.
Identificar as comorbidades pré e pós-cirúrgicas.
Identificar os medicamentos utilizados antes e após a intervenção cirúrgica.
Verificar o consumo de suplemento nutricional.
14
3. MATERIAL E MÉTODOS
Para a realização da pesquisa, o projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso, sob o parecer de número
41803715.0.0000.5541.
3.1 DESENHO DO ESTUDO
Estudo transversal, desenvolvido entre os meses de abril a junho de 2015, em uma
clínica de tratamento para obesidade do Município de Cuiabá (MT).
3.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Fizeram parte do estudo, adultos de ambos os sexos, lúcidos e orientados em tempo e
espaço, que foram submetidos ao bypass gástrico em Y-de-Roux, após 1 ano de intervenção
cirúrgica. Todos os pacientes participantes da pesquisa aceitaram e assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
3.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Foram excluídos pacientes que não aceitaram participar da pesquisa e não assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e que apresentaram distúrbios psiquiátricos, ou
deficiência físico-motora.
3.4 COLETA DE DADOS
Para a coleta de dados, a pesquisadora responsável entrou em contato com os pacientes
da clínica de tratamento para obesidade por meio de telefone e realizou agendamento prévio,
sendo que ficou a critério dos participantes se os dados seriam coletados no o próprio
domicílio do paciente ou na clínica de tratamento da obesidade.
Antes da coleta de dados os pacientes foram adequadamente informados sobre o
objetivo da pesquisa, seus benefícios e o destino de seus dados, permitindo que o mesmo
pudesse esclarecer quaisquer dúvidas ao longo da aplicação do questionário. Após concordar
com os termos da pesquisa e assinar o TCLE (APÊNDICE 1) os dados foram coletados.
O questionário foi respondido em apenas um encontro, sendo a “Parte I”, composta
pelas perguntas referentes a sexo, idade, peso, estatura, complicações após a intervenção
cirúrgica, comorbidades, medicamentos e suplemento preenchida pela pesquisadora
responsável, e a “Parte II”, contendo o protocolo “BAROS” (Bariatric Analysis and
15
Reporting Outcome System) assinalada pelo próprio participante da pesquisa. Os dados
referentes a comorbidades pré e pós-cirúrgicas, as medidas antropométricas anteriores à
cirurgia, e os resultados de exames de glicemia, colesterol total, triglicerídeos, LDL, HDL,
VLDL e pressão arterial foram obtidas do prontuário do paciente na clínica. No entanto, o
histórico de resultados de exames da maior parte dos pacientes não foi preenchido
adequadamente no prontuário, e por esse motivo, os dados do questionário dados foram
desconsiderados neste estudo.
O peso corporal atual foi verificado com o indivíduo descalço, vestindo roupas leves,
utilizando-se balança digital portátil da marca OMRON, modelo HN-289 com capacidade
máxima de 150 kg e precisão de 0,1 kg.
3.5 AVALIAÇÃO DA PERDA DE PESO
Para classificar o estado nutricional dos pacientes bariátricos, foi utilizado os critérios
da Organização Mundial da Saúde24
, os quais são estabelecidos a partir do valor do IMC
(kg/m²). O IMC é obtido por meio da divisão da massa (em quilogramas) do indivíduo pelo
quadrado de sua altura (em metros). A OMS (1997)24
define com pontos de corte para baixo
peso quando este valor é menor de 18,5 kg/m²; peso ideal entre 18,5 kg/m² e 24,90 kg/m²;
excesso de peso entre 25 kg/m² a 29,90 kg/m²; obesidade entre 30 kg/m² e 34,9 kg/m²;
obesidade severa entre 35 kg/m² e 39,9 kg/m²; e obesidade mórbida, maior do que 40 kg/m².
A perda de peso foi avaliada por meio das diferenças dos pesos e IMC no pré e pós-
operatório, bem como o percentual de perda do excesso de peso (%PEP) no pós-operatório. O
percentual de perda de excesso de peso (%PEP) foi expresso pela seguinte equação: %PEP =
[(peso usual – peso atual) / (peso usual – peso ideal) x 100. O peso ideal foi definido tendo
como padrão um IMC médio comum, sendo este de 22,5 kg/m² para homens e de 21,5 kg/m²
para mulheres25
.
As diferenças dos pesos foram utilizadas para quantificar o percentual da perda de
peso (%PP), o qual foi obtido por meio da seguinte fórmula: %PP = [(peso usual – peso atual)
/ peso usual] x 10025
.
Além dessas variáveis, também foram coletados dados por meio de entrevista,
utilizando formulário (APÊNDICE II) para verificar a adesão ao suplemento dietético,
medicamentos utilizados, história de ganho de peso, por meio de prontuário médico foram
verificados peso e estatura pré-cirúrgicos.
3.6 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA
16
A qualidade de vida foi avaliada por meio do Protocolo de BAROS (APÊNDICE II),
que é um questionário analítico validado, que qualifica as seguintes variáveis: melhora de
comorbidades, percentual de perda de excesso de peso, qualidade de vida e eventuais
complicações da cirurgia, por meio de 5 fatores: atividade física, auto-estima, condições de
trabalho, atividade sexual e vida social. O questionário será auto-aplicável, conforme
metodologia validada por Oria e Moorehead (1997)26
.
Foi considerada comorbidade resolvida, aquela que anterior a intervenção cirúrgica
apresentava diagnóstico e um ano após e sem o auxílio de medicação, deixou de apresentar
sinais e sintomas. Considerou-se como comorbidade melhorada, aquela que anterior a
intervenção cirúrgica apresentava diagnóstico e um ano após e sem o auxílio de medicação,
teve sinais e sintomas menos frequentes e/ou de menor intensidade.
Ao final da aplicação do questionário, cada paciente teve uma pontuação e recebeu
uma classificação de acordo com as seguintes classificações: “Insuficiente” (≤ 1); “Aceitável”
(1,25 – 3,0) ; “Bom” (3,25 – 5.0); “Muito bom” (5,25 -7,0) e “Excelente” (7,25 -9,0) de
acordo com a presença pré-operatória de comorbidades. Foram avaliadas as seguintes
comorbidades: diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial sistólica (HAS) e dislipidemias
(ANEXO 1).
3.7 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Os resultados foram expressos em média ± desvio-padrão, frequência absoluta e
relativa. Utilizou-se o teste de teste de Kolmogorov – Smirnov para verificar a normalidade da
distribuição dos dados. A homogeneidade foi avaliada por meio do teste de Levene e quando
necessário os dados foram transformados por logaritmo neperiano. O teste t de Student foi
utilizado para avaliar diferenças entre os gêneros. Para todas as análises estatísticas utilizou-
se o software Statistical Package for the Social Sciences (v.17.0; SPSS Inc, Chicago, IL). O
nível de significância adotado foi de p
17
4. RESULTADOS
A amostra foi composta por 41 pacientes, dos quais 78,05% (n=32) eram do sexo
feminino e 21,95% (n=9) do sexo masculino. A média de idade encontrada foi de 41,6 ± 8,8 anos
entre as mulheres e 35,6 ± 10,1 anos entre os homens anos, sem diferença significante entre os sexos.
Os parâmetros antropométricos nos períodos pré e pós operatório para o IMC e os
percentuais de perda de peso (%PP) e perda de excesso de peso (%PEP) após 1 ano de
intervenção cirúrgica, estão apresentados na tabela 1. No pré-operatório, as mulheres
apresentaram IMC significativamente menor que os homens, sendo 39,9±4,6 kg/m² e
45,6±11,1kg/m² (p,0,05 – *Indica diferença significativa entre os gêneros.
Na Tabela 2, observam-se as comorbidades associadas a obesidade apresentadas pelos
pacientes no período pré e pós cirúrgico. Entre as mulheres, verificou-se que a comorbidade
mais frequente no período pré-cirúrgico foi diabetes mellitus, presente em cerca de 46,9% da
amostra feminina. Em seguida aparecem hipertensão, dislipidemia e osteoartrite presente em
43,7%, 31,2% e 21,9% das mulheres, respectivamente. Doenças cardiovasculares e apneia do
sono foram as comorbidades menos frequentes nas mulheres.
18
Nos indivíduos do sexo masculino, a doença mais frequente no período pré-cirúrgico
foi hipertensão (55,6%) seguida pela dislipidemia (44,4%), diabetes mellitus (33,3%),
osteoartrite (33,3%), doença cardiovascular (11,1%) e apneia do sono (11,1%). De modo
geral, hipertensão e diabetes mellitus foram as doenças mais presentes em ambos gêneros no
período pré-cirúrgico.
No período pós-cirúrgico, houve redução na presença de comorbidades. Entre as
mulheres, verificou-se que a comorbidade mais frequente no período pós-cirúrgico foi
hipertensão arterial, presente em cerca de 18,75% da população feminina estudada. Em
seguida aparecem diabetes mellitus e osteoartrite presente em 6,25% e 3,12% das mulheres,
respectivamente. Doenças cardiovasculares, dislipidemia e apneia do sono foram as
comorbidades extintas em todas as mulheres após um ano de intervenção cirúrgica.
Na amostra masculina, a comorbidade mais frequente no período pós-cirúrgico foi
diabetes mellitus (22,2%) seguida por hipertensão (11,1%). As demais comorbidades foram
extintas na população masculina após um ano de intervenção cirúrgica.
Tabela 2. Distribuição percentual dos pacientes de uma clínica de obesidade submetidos a
cirurgia bariátrica pela técnica Bypass , segundo a presença de comorbidades. Cuiabá-MT,
2016.
Comorbidade Período pré-cirúrgico Período pós-cirúrgico
Feminino
n (%)
Masculino
n (%)
Feminino
n (%)
Masculino
n (%)
Diabetes 15 (46,9) 3 (33,3) 2 (6,25) 2 (22,2)
Hipertensão 14 (43,7) 5 (55,6) 6 (18,7) 1 (11,1)
Osteoartrite 7 (21,9) 3 (33,3) 1 (3,12) 0
Apnéia do sono 2 (6,2) 1 (11,1) 0 0
Dislipidemia 10 (31,2) 4 (44,4) 0 0
Outras DCV* 2 (6,2) 1 (11,1) 0 0
*Outras Doença cardiovasculares (aterosclerose, insuficiência cardíaca).
No que se refere a utilização de medicamentos para o controle de diabetes mellitus e
hipertensão arterial nos períodos pré e pós-operatório, a Figura 1 evidencia que ocorreu uma
redução na utilização destes um ano após a intervenção cirúrgica. O percentual de utilização
de medicamentos para controle de diabetes mellitus passou de 21,9% para 9,8%, ou seja,
19
registrando uma redução de 12,1%. Essa redução foi ainda maior para medicamentos
destinados ao controle de hipertensão: 22%.
Figura 1. Distribuição percentual de pacientes segundo a utilização de medicamento para
controle de hipertensão e diabetes mellitus nos períodos pré e pós-cirúrgico. Cuiabá, 2016.
Na Tabela 3 pode-se observar a utilização de suplementos nutricionais após a
intervenção cirúrgica, de acordo com o sexo. Entre as mulheres, o suplemento vitamínico-
mineral é o mais consumido (75%), seguido pelo de cálcio (62,5%), vitamina B12 (56,2%),
vitamina D (53,1%), proteico (21,8%), sulfato ferroso (15,6%) e vitaminas A e E (6,2%).
Cerca de 44,4% da população masculina entrevistada não faz uso de nenhum tipo de
suplemento nutricional. O suplemento mais comumente utilizado pelos homens é o módulo
proteico (33,3%), seguido pelos suplementos vitamínico-mineral (22,2%), cálcio (22,2%) e
vitamina B12 (11,1%). Nenhum dos entrevistados do gênero masculino relatou fazer uso de
sulfato ferroso e de vitamina D.
Através da análise dos dados é possível notar que o consumo de suplementos pelas
mulheres é mais frequente. Apenas os suplementos proteico e de vitamina A é mais
consumido pelos homens do que pelas mulheres. De modo geral, o suplemento nutricional
mais consumido em toda amostra foi o vitamínico- mineral e o menos utilizado foi o de
vitamina E.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Diabetes mellitus Hipertensão
Controle de comorbidades
Pré cirurgico
Pós cirurgico
20
Tabela 3. Distribuição percentual dos pacientes de uma clínica de obesidade após uma de
cirurgia bariátrica, segundo sexo e suplementação nutricional. Cuiabá-MT, 2016.
Suplemento
nutricional
Feminino Masculino Total
n % n % n %
Proteico 7 21,8 3 33,3 10 24,4
Complexo
vitamínico-mineral
24 75,0 2 22,2 26 63,4
Vitamina D 17 53,1 0 0 17 41,5
Vitamina B12 18 56,2 1 11,1 19 46,3
Sulfato Ferroso 5 15,6 0 0 5 12,2
Cálcio 20 62,5 2 22,2 22 53,7
Vitamina E 2 6,2 0 0 2 4,9
Vitamina A 2 6,2 1 11,1 3 7,3
Nenhum 4 12,5 4 44,4 8 19,5
A avaliação da qualidade de vida por meio do protocolo BAROS identificou que
apenas 4,9% dos pacientes tiveram a qualidade de vida classificada como boa, 48,8% muito
boa e 46,3% excelente, nenhum paciente teve a qualidade de vida classificada como
insuficiente ou aceitável.
A maior parte do sexo masculino foi classificado com a qualidade de vida atual
excelente (55,6%) em relação ao tempo anterior a cirurgia e entre as mulheres, a maior parte
foi classificada com qualidade de vida atual muito boa (50%) em relação ao tempo anterior da
cirurgia.
21
Tabela 4. Distribuição percentual da classificação da qualidade de vida de pacientes
submetidos a cirurgia bariátrica pela técnica Bypass em um clínica de obesidade na cidade de
Cuiabá de acordo com o protocolo BAROS. Cuiabá-MT, 2016.
Classificação Feminino Masculino Total
n % n % N %
Ruim 0 0 0 0 0 0
Aceitável 0 0 0 0 0 0
Bom 2 6,25 0 0 2 4,9
Muito Bom 16 50 4 44,4 20 48,8
Excelente 14 43,75 5 55,6 19 46,3
Total 32 100 9 100 41 100
22
5. DISCUSSÃO
A média de idade encontrada foi semelhante aos achados de Costa et al. (2009)27
e
Buchwald et al. (2004)28
, evidenciando desta forma uma população de adultos relativamente
jovens necessitando de um procedimento tão complexo para o tratamento da obesidade.
No presente estudo, as mulheres foram as que mais realizaram intervenção cirúrgica
para tratamento da obesidade. Estes resultados são semelhantes aos encontrados por Silva-
Neto et al. (2014)29
e Guedes et al. (2009)30
, onde foi identificada maior prevalência de
realização de cirurgia bariátrica pelas mulheres. Além disso, foi possível observar por meio do
IMC pré-operatório que as mulheres buscam a cirurgia bariátrica como resolução de sua
condição clínica com graus menores de obesidade do que os homens, assim como os achados
de Farinholt et al. (2013)31
.
O excesso de peso corporal e a obesidade são condições que sempre acompanharam a
história humanidade, existindo períodos de valorização destas condições, quando o excesso de
peso estava associado a beleza e saúde, e outros de extrema desvalorização e cobranças.
Atualmente, de todas as situações rejeitadas pela cultura ocidental, o sobrepeso por se tratar
de uma condição visível a todas as pessoas e ter o poder de afetar a relações sociais, torna-se
uma condição com capacidade de abalar diretamente o psicológico do indivíduo32
.
A sociedade de maneira geral pode ser identificada como importante fonte de normas
sociais de magreza, em especial entre as mulheres, no sentido em que ela perpetua o
estereótipo da associação entre magreza e atitudes positivas, como senso de controle, sucesso
e atratividade33
. Oliveira et al. (2014)34
afirmam que o estereótipo de beleza feminina está
atribuído a um padrão dado pela realidade social, sendo a identidade da mulher diretamente
relacionada ao corpo magro.
Sendo assim, essa procura maior pela cirurgia bariátrica predominantemente pelas
mulheres pode ser justificada pelos padrões de beleza impostos pela sociedade atual, o qual
prioriza mulheres magras. Desta forma, fica evidente que as mulheres valorizam muito mais a
própria vaidade e a saúde, buscando assim reparações cirúrgicas para ficarem de acordo com
os padrões de beleza da sociedade.
A derivação gastrojejunal em Y-de-Roux promove a longo prazo perdas de 35% a 40%
do peso inicial, sendo estas consideradas um dos principais parâmetros para definir o sucesso
da cirurgia bariátrica, uma vez que, após o emagrecimento, ocorre comprovada melhora nas
condições clínicas do indivíduo35,36
.
23
A má absorção de nutrientes é umas das explicações para a perda de peso alcançada
com o uso de técnicas disabsortivas como a Bypass gástrico em Y-de-Roux, sendo que
aproximadamente 72% de lipídios e 25% de proteína deixam de ser absorvidas.
Consequentemente, nutrientes que dependem dos lipídios para serem absorvidos, como as
vitaminas lipossolúveis e o zinco, estão mais suscetíveis a prejuízos na absorção nesse tipo de
intervenção cirúrgica20
.
Vitaminas e minerais são fatores e cofatores essenciais em muitos processos biológicos
que regulam o peso corporal direta ou indiretamente. Entre os benefícios desses
micronutrientes no controle da perda de peso, estão inclusos: regulação do apetite, da fome,
da absorção de nutrientes, da taxa metabólica, do metabolismo de lipídios e carboidratos, das
funções das glândulas tireoide e suprarrenais, do armazenamento de energia, da homeostase
da glicose, de atividades neurais, entre outros. Desta forma, o aporte adequado de
micronutrientes é importante não só para a manutenção da saúde, mas também para obter o
máximo sucesso na manutenção e na perda de peso a longo prazo20
. Ou seja, deficiências de
micronutrientes são as principais alterações que colocam em risco o sucesso dos
procedimentos cirúrgico21
. A suplementação nutricional a longo prazo, embora muito
enfatizada como importante conduta terapêutica, ainda representa uma dificuldade para o
sucesso do tratamento cirúrgico da obesidade37
.
Portanto, a utilização de uma dosagem diária adequada de suplemento nutricional é uma
forma de garantir o aporte nutricional adequado de micronutrientes e proteínas para o bom
funcionamento dos processos que ajudam na regulação de peso corporal22
.
A utilização de suplementos pelas mulheres foi expressivamente maior do que pelo
público masculino, o qual teve um baixo percentual da frequência de utilização de
suplementos nutricionais. Desta forma, evidencia mais ainda a maior preocupação da mulher
com o cuidado, principalmente quando se trata da obtenção de sucesso nos resultados da
cirurgia.
A Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e da Síndrome Metabólica
(ABESO, 2009)38
considera um tratamento cirúrgico bem sucedido se houver perda de no
mínimo, 50% do peso excedente no momento da operação e se o indivíduo apresentar IMC
fora da classificação de obesidade grau III após 18 meses da intervenção cirúrgica. Desta
forma, mesmo não atingindo ainda o período de 18 meses após a intervenção cirúrgica, tanto
os homens quanto as mulheres da amostra estudada, segundo os critérios estabelecidos,
obtiveram sucesso no resultado final.
24
Quanto ao %PP, os valores encontrados neste estudo corroboram com os achados de
Soares e Falcão (2007)39
e Bonazzi, et al. (2007)40
, nos quais foram relatados no primeiro ano
pós-operatório cerca de 30 a 40% de perda do total de peso corporal. Em outro estudo
realizado com setenta pacientes, de ambos os sexos, foi observado redução significativa no
IMC e consequentemente deixaram de ser classificados obesos e passaram a ser classificados
como sobrepeso. Outros índices também foram avaliados para verificar o sucesso da cirurgia,
dentre os quais estão inclusos valores de %PP e %PEP. Nesse aspecto, os autores concluíram
que a cirurgia foi efetiva na promoção da perda ponderal de peso e pôde ser considerada de
sucesso29
, assim como os resultados encontrados em nosso estudo.
Os resultados da literatura evidenciam a indicação da cirurgia bariátrica não só para
perda de peso, mas também efeitos benéficos no metabolismo, diminuição da hipertensão
arterial e controle de diabetes mellitus tipo 241,42,43
.
Silva-Neto et al. (2014)29
acompanharam a evolução clínica dos componentes da
síndrome metabólica (diabetes mellitus tipo II, dislipidemias e hipertensão arterial sistólica)
em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. Esses pesquisadores verificaram que os
pacientes apresentaram redução significativa dos marcadores da síndrome após a realização
da cirurgia bariátrica.
Não há dúvidas de que a obesidade desencadeia a síndrome metabólica em muitos
indivíduos e que o emagrecimento é fundamental para seu controle (Silva-Neto et al., 2014)29
.
Os resultados obtidos neste estudo não contrariam os benefícios da cirurgia, tampouco a
eficácia em relação ao tratamento da síndrome metabólica.
Stoll et al. (2013)17
realizaram um estudo sobre o efeito do bypass gástrico na glicemia
e o uso de medicação antidiabética em pacientes obesos portadores de diabetes. Nesse estudo,
foi verificado a melhora do diabetes, sendo que após um ano de intervenção cirúrgica, apenas
16,3% dos pacientes necessitaram continuar com medicação para o controle de diabetes
mellitus. Além disso, todos os pacientes deixaram de usar insulina. Achados semelhantes
foram observados em nosso estudo.
Ainda não está completamente elucidado o mecanismo que explique associação entre
cirurgia bariátrica e cura do diabetes mellitus15,16,17
.
Forcina et al (2008)18
, relacionam a melhoria do diabetes mellitus devido á redução de
peso provocada pela menor ingestão alimentar, que por sua vez ocasiona melhor tolerância à
glicose pelo organismo.Acredita-se que a relação com a perda de peso deve-se à diminuição
do tecido adiposo, acarretando redução da produção e atuação de várias substâncias
produzidas pelos adipócitos, e entre elas estão: angiotensinogênio, inibidor do ativador de
25
plasminogênio (PAI-1), interleucina 6 (IL-6), resistina, adiponectina, leptina, fator de necrose
tumoral alpha (TNF-α) entre outras18
.
Zeve e Tomáz (2011)14
defendem a ideia de que o controle da glicemia acontece
devido principalmente a alterações anatômicas do sistema digestório. Segundo Martins e
Souza (2007)44
o procedimento cirúrgico realizado inclui o desvio do duodeno e parte do
jejuno. Peptídeos são liberados nesta parte do trato digestório com função de regulação das
células beta pancreáticas, produtoras de insulina, nos estados fisiológicos e no diabetes
mellitus. Mudanças induzidas pela operação podem explicar o efeito positivo na regulação da
glicemia, sendo que essa normalização acontece em fase precoce do período pós-operatório,
antes mesmo que haja perda de peso significativa para explicar tal melhora44
.
Além da redução do uso de medicamentos para o controle glicêmico, os pacientes
também reduziram significativamente a utilização de anti-hipertensivos. Nesse sentido, estão
relacionados ao controle da pressão arterial os mecanismos que envolvem a secreção de
insulina e a resistência de sua ação, redução dos níveis de leptina e consequente redução da
hiperativação do sistema nervoso simpático, além da hipertensão intra-abdominal crônica
reduzida19
.
Além de melhorar as doenças metabólicas a cirurgia bariátrica contribui também para a
abreviação de problemas osteoarticulares. Melo e São-Pedro (2012)45
encontraram que
indivíduos obesos submetidos à cirurgia bariátrica apresentaram acentuada redução tanto na
frequência quanto na intensidade das dores musculoesqueléticas localizadas em ordem no
quadril, tornozelo e pé e joelho. Esses achados assemelham-se com os encontrados em nosso
estudo.
Sabe-se que a redução de peso ponderal e reversão de patologias, influenciam
significativamente a qualidade de vida dos indivíduos cirurgiados, os resultados acima citados
mostraram que os pacientes julgaram possuir uma melhor qualidade de vida após a cirurgia
bariatrica. Esses resultados corroboram com os achados de Moraes et al. (2014)13
e de Barros
et al. (2015)46
.
Esse benefício está associado com a redução da agressividade e depressão, melhora da
autoestima, sentimentos, satisfação pessoal, capacidade de realizar atividades, conforto,
mobilidade, envolvimento social, funcionamento sexual e interesse pelo trabalho47,48,49
.
Esse ganho em diferentes aspectos do cotidiano do obeso são fundamentais para o
reconhecimento dos fatores considerados importantes na qualidade de vida e são fontes de
informações para que se possa identificar os motivos que levam o obeso a buscar esse tipo de
26
tratamento. Além disso, permite identificar os resultados esperados e posteriormente, avaliar a
eficácia do tratamento sob o ponto de vista do paciente51
.
As mudanças físicas consequentes da cirurgia tendem a aumentar a qualidade de vida e
motivar o indivíduo a se comprometer com a manutenção do sucesso do tratamento a longo
prazo. É importante ressaltar que, a cirurgia bariátrica é um procedimento que afeta
diretamente o comportamento alimentar, e desta forma, cabendo ao profissional de saúde
investigar os fatores ameaçadores dos resultados almejados52
.
Após a cirurgia, os pacientes passam por um processo de aprendizagem de novos
hábitos, principalmente no que se refere aos hábitos alimentares. Os indivíduos devem
aprender a adequar o tipo e a quantidade de alimentos que o novo estômago tolera e a
interpretar os sinais de satisfação do organismo53
.
Além disso, no pós-operatório, e fundamental avaliar as preferências alimentares e
tolerância, a adesão a dieta e a mastigação. Deve-se enfatizar a importância da ingestão
adequada de proteínas após a intervenção cirúrgica, considerando as possíveis deficiências de
nutrientes e as alterações pós-cirúrgicas na composição corporal em consequência da perda de
peso54
.
Cruz e Morimoto (2004)55
afirmam que o acompanhamento nutricional adequado está
diretamente relacionado ao sucesso do tratamento, pois visa evitar complicações nutricionais
e prejuízos na perda de peso, reforçando também a necessidade de atenção constante quanto a
reeducação alimentar a longo prazo. Sendo assim, fica evidente que para garantir um
resultado duradouro e efetivo, o acompanhamento no pós-operatório pela equipe
multiprofissional é de fundamental importância para que haja a monitorização da evolução da
perda ponderal, da melhora das comorbidades, da adesão à atividade física e alimentação
saudável, além do diagnóstico precoce e tratamento de complicações que possam vir a ocorrer
nesse período.
27
6. CONCLUSÃO
O tratamento cirúrgico da obesidade trouxe benefício efetivo aos pacientes, uma vez
que estes obtiveram perda ponderal importante, e consequentemente melhora da qualidade
de vida. Além deste benefício, foi possível concluir que a cirurgia bariátrica tem potencial
para controlar e até resolver algumas comorbidades associadas ao excesso de peso e,
consequentemente, promover benefícios de ordem fisiológica, psicológica e econômica,
relacionados a redução da utilização de medicamentos.
28
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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33
APÊNDICES E ANEXOS
34
APÊNDICE 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Estimado Srº (ª),
Estamos realizando um trabalho científico para elaboração de uma pesquisa de
conclusão de Curso da Faculdade de Nutrição (FANUT) da Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT), intitulado “Qualidade de vida de indivíduos submetidos a cirurgia
bariátrica” e gostaríamos de contar com sua participação.
A pesquisa será realizada apenas com indivíduos submetidos a cirurgia bariátrica para
o tratamento da obesidade. O objetivo geral desta pesquisa é verificar as mudanças
provocadas pela cirurgia na qualidade de vida desses pacientes. Para a avaliação da qualidade
de vida será aplicado um questionário, que é composto por itens que avaliam: auto-estima,
disposição para realizar atividades físicas, envolvimento social, disposição para trabalhar e
libido. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa*¹, localizado na
Avenida Fernando Corrêa da Costa n° 2367, Cuiabá-MT, telefone (65) 3615-8254.
Serão coletadas informações clínicas dos períodos pré e pós-operatórios como exames
laboratoriais.
Este estudo é necessário porque irá propiciar um conhecimento melhor acerca da
qualidade de vida do paciente bariátrico no período pós-operatório, bem como as limitações
encontradas pelo paciente, contribuindo para melhorar a abordagem dos profissionais da
saúde frente ao crescente número de cirurgias bariátricas, como opção para o tratamento da
obesidade mórbida. Sua participação nesse estudo não envolve riscos a você, uma vez que não
serão feitas intervenções ou procedimentos invasivos. Você pode se sentir constrangido de
responder a algumas questões, tendo liberdade de omitir as respostas.
Sua participação é voluntária, portanto, você não receberá nenhum valor em dinheiro
por participar da pesquisa. Se estiver de acordo em participar, garantimos que será preservado
seu anonimato e se tiver alguma dúvida em relação ao estudo ou não quiser mais fazer parte
do mesmo poderá desistir sem qualquer prejuízo a você. Para isso coloco-me a disposição, à
qualquer momento, por meio dos telefones: (65) 9206-1519 (Luciana) e (65) 8126-6695
(Sílvia).
Eu ______________________________________________________, portador (a)
do RG: __________________________________ fui esclarecido (a) sobre a pesquisa
“Qualidade de vida de pacientes indivíduos submetidos a cirurgia bariátrica” e concordo que
*1 Certificação de Apresentação para Apreciação Ética n° 41803715.0.0000.5541
35
estes dados sejam utilizados na realização da mesma. Entendi os benefícios desse estudo, e sei
que posso desistir a qualquer momento sem qualquer prejuízo ou ônus para mim, e que meu
anonimato será preservado.
Data: ____ / ____ / ____
________________________________________
Assinatura do Participante
________________________________ ____________________________________
Luciana Sampaio Cunha da Silva Prof ª MSc. Silvia Regina Lima Reis
Pesquisadora Orientadora
36
APÊNDICE II
Parte I
ANAMNESE
Data: ___/____/____
Nome: ________________________________________________________________
Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
Idade: _____ anos Estatura: _______ metros
Peso antes da cirurgia: _____ kg Peso atual: ____ kg
Peso máximo atingido e idade: _____ kg com _____ anos
Peso mínimo atingido e idade: _____ kg com _____ anos
Houve(ram) complicação(ões) após a intervenção cirúrgica? ( )Sim ( ) Não
Qual(is)? __________________________________________________________
Quais doenças tinha antes da cirurgia?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Quais doenças tem atualmente?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Medicamentos:
Antes da cirugia:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
37
Após a cirurgia (1 ano após):
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Suplemento nutricional: ( ) Sim ( ) Não Qual(ais)?____________________
Frequência: ____________
Exames laboratoriais
Antes da cirurgia Após a cirurgia
Glicemia (mg/dl)
Colesterol Total (mg/dl)
Triglicerídeos (mg/dl)
LDL (mg/dl)
HDL (mg/dl)
VLDL (mg/dl)
Pressão Arterial
38
Parte II
PROTOCOLO BAROS
Questionário de qualidade de vida
Auto-estima e níveis de atividade
Por favor, marque para mostrar como a sua vida tem mudado com a perda de peso.
1. Comparado com o tempo anterior ao meu tratamento para perda de peso, me sinto
__________________________.
2. Eu estou disposto a participar de atividades físicas __________________________.
3. Estou disposto a me envolver socialmente __________________________.
Muito pior
Pior
O mesmo
Melhor
Muito melhor
Muito Pouco
Pouco
O mesmo
Mais
Muito mais
Muito pouco
Pouco
O mesmo Mais
Muito mais
39
4. Estou disposto a trabalhar __________________________.
5. Estou interessado em sexo __________________________.
Melodie K. Moorebead, Ph. D., Bariatric Sugery Clinical Psychologist, 1201 E. Broward Blvd, Ft. Lauderdale, FL. 33301. Norman Samuels
M.D., Surgeon.
Elizabeth Ardelt, Ph. D., Institute für Psychologic, Universitat Salzburg. Emanuel Helt, M. D. Surgeon.
MOOREHEAD- ARDELT QUALITY OF LIFE QUESTIONAIRE SELF ESTEEM AND ACTIVITY LEVELS
Copyright 1997 M.R. MOOREHEAD, Ph.D. (954) 524-5244
Muito pouco
Pouco
O mesmo
Mais
Muito mais
Muito pouco
Pouco
O mesmo
Mais
Muito mais
40
ANEXO 1
BAROS
Bariatric Analysis and Reporting Outcome System
PERDA DE PESO
%DO EXCESSO
(pontos)
CONDIÇÕES
CLÍNICAS
(pontos)
QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA
Ganho de peso
(-1)
Agravada
(-1)
1- AUTO-ESTIMA
-1.0 -0,5 0 +0,5 +1,0
0-24
(0)
Inalterado
(0)
2- FÍSICA
-0,5 -0,25 0 +0,25 +0,5
25-49
(1)
Melhorada
(1)
3- SOCIAL
-0,5 -0,25 0 +0,25 +0,5
50-74
(2)
Uma das maiores co-
afecções resolvidas e
outras melhoradas
(2)
4- TRABALHO
-0,5 -0,25 0 +0,25 +0,5
75-100
(3)
Todas as maiores co-
afecções resolvidas e
outras melhoradas
(3)
5- SEXUAL
-0,5 -0,25 0 +0,25 +0,5
Subtotal:______ Subtotal:______ Subtotal:______
41
COMPLICAÇÕES PONTUAÇÃO TOTAL
Menores: deduzir 0,2 pontos
Maiores: deduzir 1 ponto
REOPERAÇÃO:
Deduzir 1 ponto
Com comorbidade Sem comorbidade
INSUFICIENTE 1 PONTO OU < 0 OU <
ACEITÁVEL >1 A 3 PONTOS 0 A 1,5 PONTOS
BOM >3 A 5 PONTOS 1,5 A 3 PONTOS
MUITO BOM >5 A 7 PONTOS 3 A 4,5 PONTOS
EXCELENTE >7 A 9 PONTOS 4,5 A 5 PONTOS