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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO BRUNO VILACHÃ DE MATTOS JÉSSICA CARVALHO LIMA LUSTOSA AVALIAÇÃO DE GARANTIA DE ESCOAMENTO EM SISTEMAS SUBSEA TO SHORE NITERÓI, RJ JULHO/2017

AVALIAÇÃO DE GARANTIA DE ESCOAMENTO EM SISTEMAS … › riuff › bitstream › 1 › 4095 › 1 › BRUNO V...RESUMO Este projeto desenvolve um estudo sobre os desafios da Garantia

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

    ESCOLA DE ENGENHARIA

    CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

    BRUNO VILACHÃ DE MATTOS JÉSSICA CARVALHO LIMA LUSTOSA

    AVALIAÇÃO DE GARANTIA DE ESCOAMENTO EM SISTEMAS

    SUBSEA TO SHORE

    NITERÓI, RJ

    JULHO/2017

  • BRUNO VILACHÃ DE MATTOS JÉSSICA CARVALHO LIMA LUSTOSA

    AVALIAÇÃO DE GARANTIA DE ESCOAMENTO EM SISTEMAS

    SUBSEA TO SHORE

    Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Petróleo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro de Petróleo.

    Orientadores: Juliana Souza Baioco Lizandro de Sousa Santos

    NITERÓI, RJ

    JULHO/2017

  • BRUNO VILACHÃ DE MATTOS JÉSSICA CARVALHO LIMA LUSTOSA

    AVALIAÇÃO DE GARANTIA DE ESCOAMENTO EM SISTEMAS

    SUBSEA TO SHORE

    Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Petróleo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro de Petróleo.

    Aprovado em 14 de julho de 2017.

    BANCA EXAMINADORA

    __________________________________________

    Profª Drª Juliana Souza Baioco – UFF (Orientadora)

    __________________________________________

    Profº Drº Lizandro de Sousa Santos – UFF (Co-orientador)

    __________________________________________

    Profº Drº João Felipe Mitre de Araujo - UFF

    __________________________________________

    Profº Drº João Crisósthomo Queiroz Neto - UFF

    NITERÓI, RJ

    2017

  • Dedicamos este projeto à Deus por estar sempre à frente de nossas vidas, dando sustento físico e emocional para que este projeto pudesse acontecer.

  • RESUMO

    Este projeto desenvolve um estudo sobre os desafios da Garantia de

    Escoamento nas linhas de produção de petróleo de um sistema subsea to shore.

    O processo do escoamento acontece ao longo de uma grande extensão de dutos

    submarinos, em condições extremas de altas pressões e baixas temperaturas

    de águas profundas. Tais fatores podem ocasionar o surgimento de diversos

    problemas, podendo-se destacar a formação de hidratos, que acarreta na

    obstrução de parte do escoamento ou até mesmo na interrupção total da

    produção do poço. Assim, foram realizados alguns estudos de caso para um dos

    campos mais importantes que utilizam o sistema subsea to shore no mundo, o

    Campo Ormen Lange, onde realizou-se testes no software UniSim em busca de

    gerar soluções para a diminuição na formação dos hidratos através da injeção

    de inibidores.

    Palavras-chave: subsea to shore, garantia de escoamento, dutos submarinos,

    condições extremas, hidratos.

  • ABSTRACT

    This project develops a study on flow assurance in the oil production lines of a

    subsea to shore system. The flow process takes place along a large stretch of

    submarine pipelines, under extreme conditions of high pressures and low deep

    water temperatures. Such factors brings some problems, as the formation of

    hydrates wich causes total or parcial interruption of the flow and can stops the

    operation of the well. Therefore, some case studies were performed at one of the

    most important fields in the world that uses the subsea to shore system, the

    Ormen Lange. Tests were carried out in UniSim software to generate solutions

    for the reduction in the formation of hydrates through the injection of inhibitors.

    Keywords: subsea to shore, flow assurance, submarine pipelines, extreme

    conditions, hydrates.

  • SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................9

    2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................................11

    2.1 Tipos de unidades de produção ....................................................................... 11

    2.2 Subsea to shore ................................................................................................ 12

    2.2.1 Subsea to shore no Brasil e no Mundo ...............................................................12

    2.2.2 Campo Ormen Lange ..........................................................................................13

    2.3 Componentes do Sistema submarino .............................................................. 15

    2.3.1 Cabeça de poço ..................................................................................................15

    2.3.2 Árvore de Natal Molhada ...................................................................................16

    2.3.3 Manifold .............................................................................................................16

    2.3.4 Dutos submarinos ...............................................................................................17

    2.3.5 Umbilicais ...........................................................................................................19

    2.4 Tipo de desenvolvimento submarino .............................................................. 19

    2.4.1 Tie-back ..............................................................................................................19

    2.4.2 Stand-alone ........................................................................................................20

    2.5 Garantia de Escoamento .................................................................................. 21

    3 HIDRATO.............................................................................................................................23

    3.1 Garantia de Escoamento .................................................................................. 23

    3.2 O que é Hidrato ................................................................................................ 24

    3.3 Formação do hidrato ....................................................................................... 24

    3.4 Tipos de Inibidores ........................................................................................... 27

    3.4.1 Termodinâmico ..................................................................................................27

    3.4.2 Cinético ...............................................................................................................29

    3.4.3 Antiaglomerante .................................................................................................30

    4 SUBSEA TO SHORE ..............................................................................................................31

    4.1 Ormen Lange .................................................................................................... 31

    4.1.1 Desafios do sistema ............................................................................................34

    5 METODOLOGIA...................................................................................................................40

    5.1 ESTUDO DE CASO ............................................................................................. 40

    5.1.1 Testes para escoamento adiabático ...................................................................42

    5.1.2 Testes para escoamento com troca de calor ......................................................43

    5.1.3 Comparação .......................................................................................................47

    5.1.4 Envelope de Hidratos..........................................................................................48

    5.1.5 Perfil do sistema de escoamento com o envelope de Hidrato ...........................53

  • 6 CONCLUSÃO .......................................................................................................................54

    6.1 Sumário ............................................................................................................ 54

    6.2 Discussões de resultados ................................................................................. 54

    6.3 Trabalhos futuros ............................................................................................. 55

    7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................................56

  • 9

    1 INTRODUÇÃO

    Por conta das consecutivas crises que atingiram o mercado de petróleo,

    as empresas se viram obrigadas a investir em tecnologias que reduzissem os

    custos e impactos socioambientais, porém sem perder a eficiência e a qualidade

    da produção.

    Os custos de implantação e manutenção das plataformas offshore estão

    entre os mais altos das empresas de exploração de petróleo. Uma solução

    alternativa às plataformas offshore que tem chamado atenção mundialmente

    é o sistema subsea to shore, que dispensa o uso de plataformas sofisticadas,

    transferindo para o fundo do mar, alguns equipamentos que precisariam ser

    instalados em uma plataforma. Assim, as tubulações, bombas, medidores e

    sistemas de extração ligam o sistema à costa, enquanto os profissionais

    controlam todo o processo diretamente da terra. Além de tornar o processo

    mais simplificado, o sistema também traz redução nos investimentos e custos

    operacionais, o que torna ainda mais interessante esta técnica.

    Porém, embora os pontos positivos sejam bastante atrativos, devido ao

    sistema subsea to shore ser algo relativamente novo, este ainda enfrenta muitos

    desafios quanto à tecnologia dos equipamentos submarinos e a garantia de

    escoamento de petróleo por dezenas e até centenas de quilômetros de dutos

    submarinos.

    Dentre os problemas que costumam ocorrer no escoamento, está a

    formação de hidrato nas linhas de produção de petróleo. As condições de sua

    formação podem variar e dependem de alguns fatores, como temperatura e

    pressão, associadas a condições extremas do mar a grandes profundidades.

    Assim, é necessário que seja feita a avaliação dos riscos de formação de

    hidratos e a proposição de estratégias para reduzi-los, a fim de evitar a obstrução

    das linhas.

    O objetivo deste projeto é explicar como é dada a formação dos hidratos,

    apresentar os tipos de inibidores e a formulação para a quantidade de inibidor a

    ser injetado, com a proposta de soluções que possam prevenir e remediar a

    formação e deposição deste nos dutos. Para isto, serão realizadas algumas

    simulações de estudo de caso no software UniSim, usando como base dados

  • 10

    aproximados de um dos campos mais importantes de sistema subsea to shore

    no mundo, o Campo de Ormen Lange.

  • 11

    2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

    2.1 Tipos de unidades de produção

    As plataformas de petróleo são conceituadas como onshore, quando

    estão localizadas na terra, e offshore, quando estão no mar. No segundo caso,

    uma plataforma offshore é uma grande estrutura utilizada para abrigar os

    trabalhadores e as máquinas necessárias para a produção de óleo.

    Diversos fatores são levados em conta para a escolha do tipo de

    plataforma que será utilizado. Alguns dos principais pontos, são: finalidade que

    se destina, profundidade da lâmina d'água em que irá atuar, condições

    ambientais, profundidade do reservatório, localização do campo e custo.

    Depois de analisar tais pontos, procura-se a plataforma mais adequada,

    e estas podem ser divididas de algumas formas: de acordo com o tipo de fixação

    no solo (plataformas fixas e plataformas flutuantes) e em função da árvore de

    natal (árvore de natal molhada e árvore de natal seca).

    As plataformas fixas estão apoiadas no leito marinho e são utilizadas nos

    campos localizados em lâminas d’água rasas. Estas são construídas para

    receber todos os equipamentos de perfuração, estocagem de materiais,

    alojamento e todas as instalações necessárias. Não possuem capacidade de

    estocagem de petróleo, tendo este que ser enviado para a terra através

    de oleodutos/gasodutos. Existem alguns tipos de plataformas fixas: Jaqueta e

    Torre-Complacente, por exemplo.

    As plataformas flutuantes são utilizadas para águas profundas, e

    normalmente são divididas em dois grupos: flutuantes com completação

    molhada, que tem como exemplo as plataformas semi-submersível, os Sistemas

    Flutuantes de Produção (FPS) e navio sonda; e flutuantes com completação

    seca, que podem ser plataformas do tipo Pernas atirantadas (TLP) e Spar Buoy,

    por exemplo.

    https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Perfura%C3%A7%C3%A3o&action=edit&redlink=1https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93leodutohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Gasoduto

  • 12

    2.2 Subsea to shore

    A produção de petróleo e gás natural em alto mar é quase sempre

    associada a uma plataforma. O sistema subsea to shore é um conceito que

    realiza a produção dos hidrocarbonetos no fundo do mar, com a transferência

    dos volumes produzidos diretamente para a costa, sem o uso de uma plataforma.

    Este processo é realizado através de um arranjo submarino instalado no leito

    marinho, enquanto todo o controle é feito diretamente da terra.

    O uso deste sistema evita a instalação de uma unidade de produção, com

    redução nos investimentos e custos operacionais associados. Assim, seria viável

    a produção de campos que antes não eram atrativos do ponto de vista

    econômico. Outra característica importante é a redução de trabalhadores no

    mar, o que gera mais segurança. Também se tem como ponto positivo os

    aspectos ambientais, pois este gera um menor impacto na natureza.

    É válido acrescentar que apesar deste conceito apresentar uma boa

    alternativa para as plataformas offshore, ainda existem muitos desafios para a

    aplicação. A grande dificuldade na garantia de escoamento da fase de produção

    é um destes desafios, principalmente para escoamento multifásico.

    Outras características complexas estão relacionadas à proteção

    anticorrosiva, injeção química, produção de água, fornecimento de energia

    elétrica e separação de óleo e água em águas profundas.

    2.2.1 Subsea to shore no Brasil e no Mundo

    Ao levar equipamentos para o fundo do mar, possibilita-se o aumento da

    produção e a redução dos custos. No Brasil, a Petrobras tem investido em

    tecnologias submarinas para modificar este sistema que hoje estão todos

    reunidos numa plataforma de produção.

    No Brasil não há nenhum campo cujo desenvolvimento submarino seja do

    tipo tie-back para facilidade onshore. Existem apenas longos tie-backs

    associados a plataformas, como no Campo de Barracuda em que o tie-back tem

    extensão de 14 km e conecta o poço a um FPSO. Este conceito avança com

    destaque para campos de gás, em que a baixa densidade, a alta pressão do

  • 13

    reservatório e a baixa produção de água tornam mais simples a sua

    implementação. (Porto, 2013)

    Existem alguns exemplos importantes do sistema subsea to shore no

    mundo, como o Campo Ormen Lange. A seguir será descrito um pouco sobre

    este campo que será utilizado ao longo deste projeto.

    2.2.2 Campo Ormen Lange

    Ormen Lange é um campo de gás localizado no Mar do Norte, na

    Noruega. Ele foi descoberto em 1997 e está em operação desde 2007. As

    reservas de gás natural cobrem uma área de 350 km² e situam-se em uma lâmina

    d’água que varia de 850 metros a 1.100 metros. As reservas de gás recuperáveis

    são estimadas em aproximadamente 300 bilhões de m³. O campo produz cerca

    de 70 milhões de m³ por dia de gás natural (PORTO, 2013).

    O desenvolvimento do campo compreende um sistema submarino subsea

    to shore em que a produção é enviada a uma planta onshore em Nyhamna,

    através de linhas multifásicas. Após processado, o gás seco é enviado para

    Easington, Inglaterra, através de um gasoduto de 1200 km (BISPO, 2016). A

    Figura 2.1 ilustra este sistema submarino.

    Figura 2.1: Campo Ormen Lange.

    Fonte: Bispo, 2016.

  • 14

    O reservatório de Ormen Lange possui grande extensão e é segmentado,

    o que dificulta sua drenagem. Em função disso e devido às limitações de

    extensão de poços desviados, o desenvolvimento do campo foi dividido em

    fases, cuja evolução é planejada de forma a manter níveis elevados da produção

    com o tempo.

    O desenvolvimento inicial consiste de dois templates de produção (A e B)

    e cada um deles se conecta a dois pipelines multifásicos de 30’’ e 120 km de

    extensão e a um umbilical. Ainda há um umbilical extra que interconecta os

    templates, oferecendo alimentação hidráulica extra (BISPO, 2016). A Figura 2.2

    ilustra o arranjo inicial.

    Figura 2.2: Arranjo inicial do campo Ormen Lange

    Fonte: Bispo, 2016.

    Para manter bons níveis de produtividade, está planejada uma alteração

    no sistema produtivo, que será implementada a depender da experiência de

    produção da fase inicial. Essa alteração inclui dois templates adicionais (C e D),

    também conectados aos gasodutos de exportação, o que totalizaria 24 poços em

    operação no campo (BISPO, 2016). Tal cenário é mostrado na Figura 2.3.

  • 15

    Figura 2.3: Desenvolvimento futuro do Campo Ormen Lange.

    Fonte: Bispo, 2016.

    2.3 Componentes do Sistema submarino

    O sistema submarino é composto por equipamentos de alta confiabilidade

    para garantir a segurança operacional. Um sistema convencional é composto por

    uma árvore de natal molhada, cabeça de poço, manifold, linhas de escoamento

    e umbilicais. Em alguns casos especiais o sistema também contém outros

    equipamentos, como separador e bombas.

    No sistema subsea to shore, os equipamentos submarinos são muito

    importantes para o funcionamento e viabilidade deste conceito. Assim, será

    descrito a seguir os principais equipamentos.

    2.3.1 Cabeça de poço

    A cabeça de poço (wellhead) é formada por equipamentos que permitem

    a ancoragem e a vedação das colunas de revestimento na superfície. São eles:

    cabeça de revestimento, carretel de revestimento e cabeça de produção.

    Este equipamento é posicionado abaixo da árvore de natal molhada. As

    suas principais funções são: sustentar o peso que o revestimento faz e preencher

  • 16

    o espaço entre eles, dar sustentação e vedação para o BOP ou para a árvore de

    natal e guiar a descida e instalação de equipamentos na cabeça de poço.

    2.3.2 Árvore de Natal Molhada

    Árvore de Natal Molhada (ANM) é um conjunto de válvulas que atua no

    controle do escoamento de fluidos no poço. Essas válvulas podem ser operadas

    por um sistema hidráulico, eletro-hidráulico ou elétrico. Além desses sistemas,

    ANM pode ser acionada por ROV (PORTO, 2013).

    As principais funções são: monitorar alguns parâmetros do poço, como

    pressão anular, temperatura e produção de areia; interromper com segurança a

    produção ou injeção de fluido; permitir a intervenção nos poços quando

    necessário, como por exemplo, em operações de limpeza, estimulação e

    manutenção. A ANM pode ser dividida em dois tipos: ANM convencional e ANM

    horizontal.

    2.3.3 Manifold

    O Manifold, ilustrado na Figura 2.4, é uma rede de tubulações com

    válvulas de bloqueio e de controle de escoamento (chokes) e subsistemas de

    monitoramento, controle e interconexão com a facilidade de produção.

    A principal função de um Manifold é juntar a produção oriunda de vários

    poços (Manifold de produção) ou distribuir água e gás para os poços (Manifold

    de injeção), apesar de também existir a possibilidade das funções de injeção e

    produção serem desempenhadas simultaneamente (BISPO, 2016).

    É válido destacar que a utilização de Manifolds pode reduzir o

    comprimento total de linhas submarinas (Flowlines e Umbilicais) e do número de

    risers. Tais linhas possuem um elevado custo, por isso, com esta diminuição,

    pode-se tornar mais vantajoso economicamente o desenvolvimento de um

    campo.

  • 17

    Os Manifolds direcionam o fluxo, controlam a vazão dos fluidos que

    entram e saem do Manifold, coletam e transmitem dados de pressão,

    temperatura e vazão. Existem 4 tipos de Manifolds: de produção, injeção de

    água, gás lift e misto.

    Figura 2.4: Manifold

    Fonte: Dourado, 2016.

    2.3.4 Dutos submarinos

    Os Dutos submarinos possibilitam o escoamento da produção até a

    plataforma/costa ou fluidos da plataforma/costa para a injeção no

    reservatório/poço. São utilizados três tipos: risers, flowlines e pipelines. Estes

    estão ilustrados na Figura 2.5.

  • 18

    Figura 2.5: Dutos submarinos.

    Fonte: Bispo, 2016.

    a) Riser

    Conecta equipamentos submarinos à plataforma com a finalidade de

    escoar os fluidos produzidos até a UEP (riser de produção) ou os fluidos de

    injeção até os poços (riser de injeção). Pode ser empregado na coleta de água

    para posterior injeção no reservatório (BISPO, 2016).

    b) Flowline

    Conectam equipamentos submarinos (ANM, Manifold, Bombas, etc). É

    um trecho assentado sobre o solo marinho, por isso praticamente não sofrem

    cargas cíclicas. Estes correspondem a parte estática da estrutura.

    c) Pipeline

    Estrutura estática que sofre carregamentos semelhantes ao flowline. É

    utilizado na exportação de óleo e/ou gás, por vezes com frações de água.

  • 19

    2.3.5 Umbilicais

    Os umbilicais fazem parte do sistema de controle do sistema submarino,

    e este desempenha um papel muito importante no sistema. Correspondem a um

    conjunto de cabos transmissores de sinais e de potência (elétrica, hidráulica) e

    mangueiras que transportam fluidos para injeção química nos poços.

    A transmissão de potência hidráulica e/ou elétrica para componentes

    submarinos tem a finalidade de operar equipamentos, válvulas, receber e

    transmitir dados entre a superfície e o fundo do mar (comandos e dados de

    sensores) (BISPO, 2016).

    2.4 Tipo de desenvolvimento submarino

    Existem dois tipos de desenvolvimento submarino para novos campos

    descobertos: tie-back, que não necessita de infraestrutura na superfície e stand-

    alone, que demanda investimentos em novas estruturas flutuantes. A seguir são

    destacadas as principais definições de cada um dos dois tipos.

    2.4.1 Tie-back

    O desenvolvimento submarino só fazia sentido para grandes

    reservatórios, devido aos altos CAPEX (capital expenditure) e OPEX (operational

    expenditure) e à dificuldade de se justificar o retorno versus o risco. Sendo assim,

    a maioria dos pequenos campos marginais de óleo eram ignorados. Contudo,

    após o surgimento do modelo submarino tie-back, tornou-se possível o

    desenvolvimento desses campos de marginais de forma efetiva e econômica.

    Tanto o investimento inicial quanto o de operação serão consideravelmente

    menores, se comparados a implantação de uma nova plataforma, pois esse

    modelo utiliza a infraestrutura de uma plataforma já existente (BAI, 2012). A

    Figura 2.6 representa a aplicação do modelo tie-back no desenvolvimento de um

    novo campo descoberto.

  • 20

    Figura 2.6: Desenvolvimento de um campo novo através do modelo tie-back.

    Fonte: Bispo, 2016.

    Os avanços em garantia de escoamento e transporte multifásico permitem

    o uso de tie-backs em distâncias muito maiores, contudo, algumas limitações

    ainda existem, tais como (BAI, 2012):

    A pressão de reservatório deve ser suficiente para prover uma taxa de

    produção alta o bastante durante um longo período para fazer o

    desenvolvimento ser comercialmente viável. Poços de gás oferecem

    mais oportunidades para longos tie-backs do que poços de óleo.

    Estudos de hidráulica devem ser feitos a fim de otimizar o

    dimensionamento das linhas.

    Por causa da longa distância percorrida, pode ser difícil conservar o

    calor dos fluidos de produção e eles podem se aproximar da

    temperatura de fundo do mar. Além disso, a formação de hidratos e

    deposição de parafinas e asfaltenos nas linhas é outro desafio que a

    garantia de escoamento precisa superar para essa longa distância.

    2.4.2 Stand-alone

    Este modelo de desenvolvimento submarino necessita da implantação de

    uma plataforma, contudo, os custos para a instalação de uma nova infraestrutura

    em águas profundas são extremamente altos. Uma alternativa mais viável para

    se iniciar é através da utilização de estruturas já existentes, tais como

    plataformas, dutos e poços (BAI, 2012).

  • 21

    A grande vantagem desse modelo é a versatilidade quanto aos campos

    de produção, pois permite a conexão de diversos campos ao sistema de

    produção simultaneamente, além de ser mais flexível para conexão de futuros

    poços satélites. A Figura 2.7 representa a aplicação do modelo stand-alone no

    desenvolvimento de um novo campo descoberto.

    Figura 2.7: Desenvolvimento de um campo novo através do modelo stand-

    alone.

    Fonte: Bispo, 2016.

    2.5 Garantia de Escoamento

    A produção de petróleo está diretamente associada ao transporte de

    fluidos multifásicos. Contudo, quando os hidrocarbonetos, em forma de óleo e/ou

    gás, juntamente com a água, escoam ao mesmo tempo dentro de uma

    tubulação, alguns problemas podem surgir, tais como: formação de hidratos,

    deposição de asfaltenos, incrustações, deposição de parafinas, emulsões,

    corrosão, etc. Estes problemas, quando combinados à quedas de pressão e

    temperatura podem causar a redução da vazão de escoamento ou até mesmo o

    bloqueio completo da linha.

    O termo Garantia de Escoamento é usado para representar o conjunto de

    técnicas e mecanismos que visam garantir que todo o fluido explorado no

    reservatório escoe até as unidades de produção. Tem como objetivo prever,

    medir e mitigar todos os riscos e problemas de escoamento associados com a

    produção destes fluidos.

  • 22

    A aplicação deste conhecimento pode representar ganhos financeiros

    significativos, devido à redução do número de paradas para intervenções na

    linha. É fundamental que o engenheiro projete as linhas e sistemas de produção

    submarinas de forma a garantir a segurança e a viabilidade econômica do

    escoamento dos fluidos em produção.

    No sistema subsea to shore, a garantia de escoamento se torna um

    desafio ainda maior. Por se tratarem de tie-backs de longas distâncias e águas

    profundas, o escoamento do petróleo produzido torna-se um dos principais

    gargalos tecnológicos para este modelo de produção. As soluções para os

    problemas de sólidos em sistemas submarinos são diferentes quando o fluido

    escoado é gás ou óleo (BAI, 2012).

    Dentre os principais problemas causados em longas linhas de

    escoamento de fluidos, pode-se destacar a formação de hidratos, devido ao fato

    da tubulação ficar um longo trecho exposta às baixas temperaturas de águas

    profundas (-1ºC). A Figura 2.8 mostra um plugue de hidrato sendo removido de

    uma tubulação.

    Figura 2.8: Plugue de hidrato sendo removido para a plataforma P-34.

    Fonte: Vaz, Ponce e Santos,

  • 23

    3 HIDRATO

    3.1 Garantia de Escoamento

    Para projetar as tubulações a fim de fazer o petróleo escoar não deve ser

    levado em conta apenas a diferença de pressões, mas os aspectos operacionais

    também são fundamentais para viabilizar a produção do campo. Estes aspectos

    operacionais estão relacionados com a garantia de escoamento. Segundo

    Andreolli (2016), o termo “garantia de escoamento” (GARESC ou Flow

    Assurence) tem o significado de garantir o fluxo de forma permanente pelas

    tubulações com eficiência operacional. Os seus aspectos devem ser observados

    tanto na fase de projeto quanto na fase produtiva dos poços, caso contrário,

    podem ocorrer perdas consideráveis de produção e de recursos, podendo

    inviabilizar a produção no poço.

    As atividades que abrangem a garantia de escoamento são a previsão,

    prevenção, mitigação e remoção de depósitos orgânicos, como hidratos e

    parafinas, inorgânicos, como as incrustações, além de outros fenômenos, como

    corrosão, emulsões, escoamento de óleos muito viscosos e golfadas severas

    (ANDREOLLI, 2016). Esses são fenômenos que dificultam ou impedem o

    escoamento dos fluidos na tubulação.

    Um fator que influencia diretamente no tipo de problema de garantia de

    escoamento que pode ocorrer em determinada tubulação é o tipo de óleo

    associado àquele sistema. Por exemplo, as formações de asfaltenos e parafinas

    são mais comuns de ocorrer em sistemas nos quais está escoando óleos mais

    leves. Contudo, mesmo que haja semelhanças no tipo de óleo e em suas

    composições, eles podem variar quanto à complexidade da cadeia de

    hidrocarbonetos, além das impurezas que interferem diretamente no seu

    comportamento físico-químico. Sendo assim, ainda que entre óleos com ºAPI

    similares, são esperados comportamentos diferentes de garantia de

    escoamento. É necessária uma análise laboratorial dos fenômenos a partir de

    amostras representativas para que se possa avaliar os principais problemas que

    podem ocorrer para propor soluções técnica e economicamente viáveis.

    (ANDREOLLI, 2016).

  • 24

    3.2 O que é Hidrato

    Um dos principais problemas da indústria do petróleo, especialmente em

    sistemas submarinos de produção, são os hidratos. A formação destes acarreta

    na obstrução de parte do escoamento ou até mesmo na interrupção total da

    produção do poço.

    Os hidratos são compostos cristalinos formados por água e gás natural e,

    para isso, se faz necessária a presença de água e gás no sistema para que estes

    se formem. Eles podem ocorrer em sistemas de gás condensado, óleo vivo e

    gás, desde que as condições sejam de baixas temperaturas e altas pressões. As

    moléculas de gás ficam enclausuradas dentro das moléculas de água formando

    cristais que se assemelham ao gelo. Outras semelhanças com o gelo são a

    aderência na parede da tubulação, o visual, a resistência mecânica à

    compressão e a densidade. Já as principais diferenças entre eles são a

    solubilidade de gases (hidrato é muito alta e gelo quase nula) e a condutividade

    térmica (gelo quatro vezes maior) (ANDREOLLI, 2016).

    No cenário de exploração em águas profundas, a formação de cristais de

    hidratos é potencializada, pois as pressões encontradas são altas e as

    temperaturas atingidas são baixas (≈-1ºC). Estes cristais formados são os

    responsáveis por obstruir as tubulações. Uma vez que ocorre a obstrução total

    da linha, só é possível desobstruí-la a partir da dissociação parcial ou total do

    hidrato. Pelo fato da dissociação do hidrato ser um processo endotérmico, ou

    seja, ocorre pelo ganho de calor, as temperaturas baixas tornam ainda mais

    difíceis a remoção dos bloqueios.

    3.3 Formação do hidrato

    Como dito anteriormente, a formação de hidratos se dá pela combinação

    de quatro fatores em conjunto, que são: alta pressão, baixa temperatura,

    presença de água e presença de gás. Para que não ocorra a formação de

    hidrato, é necessário retirar pelo menos uma dessas quatro condições. O

    escoamento de petróleo em águas profundas tem grande potencial para

    formação de hidratos justamente por possuir um cenário no qual essas quatro

  • 25

    condições estão presentes simultaneamente. O que é feito, nesses casos, é a

    avaliação dos riscos de formação de hidratos e a proposição de estratégias para

    reduzi-los, a fim de evitar a obstrução das linhas.

    Para realizar a avaliação dos riscos de formação de hidratos, é utilizado,

    entre outras formas, a curva de dissociação de hidratos e as características

    termodinâmicas do escoamento. A curva, exemplificada pelo Gráfico 3.1,

    representa a relação entre a pressão (P) e a temperatura (T), em que, para cada

    temperatura, existe uma pressão correspondente de formação dos cristais de

    hidratos. Ela pode ser obtida facilmente através de simuladores termodinâmicos

    apropriados. Esta curva pode variar de acordo com a composição do gás.

    (ANDREOLLI, 2016).

    Gráfico 3.1 – Curvas de formação de hidratos para gases com diferentes

    densidades

    Fonte: Adaptado de NOTZ et al, 1996.

  • 26

    A região de formação de hidratos, também conhecida como “envelope de

    hidrato”, se encontra acima, ou à esquerda, da curva. Sendo assim, caso as

    condições termodinâmicas do escoamento em análise estejam enquadradas

    nesta região, é esperado que ocorra a formação de hidratos ao longo da

    produção. O oposto aconteceria se estas condições se localizassem fora do

    envelope de hidrato, ou seja, abaixo, ou à direita, da curva. Desta forma não

    haveria a formação de hidratos.

    Uma das soluções para diminuir a possibilidade de formação dos hidratos

    é deslocar o envelope de hidrato para a esquerda tornando-o

    termodinamicamente estável apenas em condições mais severas. Desta forma,

    a região de formação de hidrato seria menor, o que diminuiria o risco de

    aparecimento dos mesmos. Outras soluções seriam retardar o aparecimento dos

    primeiros cristais, reduzir a perda de calor durante o escoamento e, por fim,

    retirar parte da água do óleo.

    Um conceito essencial a ser levado em conta na análise de formação de

    hidratos é o de sub-resfriamento. Segundo Andreolli (2016), “o conceito de sub-

    resfriamento (∆Tsub) representa o diferencial de temperatura dentro do envelope

    de hidratos em que se encontra o fluido para uma determinada pressão, ou seja,

    o sistema está em risco de formação de hidrato e o ∆Tsub informa quantos graus

    o ponto de operação está dentro do envelope”. Dessa forma, é definido:

    ∆Tsub = Tequilíbrio – Toperação

    onde: Tequilíbrio é a temperatura localizada sobre a curva de formação de hidrato

    e Toperação é a temperatura na qual o sistema está operando dentro do envelope

    de hidrato.

    O ∆Tsub representa o papel de um catalisador, ou seja, quanto maior ele

    for, mais rápido tende a ser a formação dos cristais de hidrato. Por exemplo, um

    sistema contendo água e gás, dentro do envelope de hidrato com ∆Tsub=10ºC

    formará hidratos mais rapidamente do que um outro sistema com as mesmas

    características, porém com um ∆Tsub=5ºC. O Gráfico 3.2 apresenta o sub-

    resfriamento (∆Tsub), onde Top é a temperatura de operação e Teq é a temperatura

    de equilíbrio.

  • 27

    Gráfico 3.2 – Gráfico mostrando o ∆T de sub-resfriamento

    Fonte: Andreolli, 2016

    Além do sub-resfriamento, cinética da formação de hidratos é um fator

    essencial e que não deve ser desprezado. Mesmo que o sistema esteja

    operando dentro do envelope de hidrato, este fenômeno não é instantâneo,

    fazendo-se necessário um tempo, chamado de “tempo de indução” (T ind), para

    que os primeiros cristais sejam detectados. Essa cinética depende, dentre outros

    fatores, do nível de turbulência do escoamento e da presença de impurezas.

    3.4 Tipos de Inibidores

    O uso de inibidores é um dos principais meios de prevenção da formação

    de hidratos nas linhas de produção. Eles têm o propósito de retardar ou até

    mesmo evitar a formação dos cristais. Os inibidores são divididos em:

    termodinâmico, cinético e antiaglomerantes.

    3.4.1 Termodinâmico

    Os inibidores termodinâmicos são substâncias solúveis em água que

    possuem a capacidade de mudar as condições termodinâmicas de formação de

    hidratos através da redução da quantidade de água livre na mistura. Esses

    inibidores tornam essas condições mais severas, deslocando o envelope de

  • 28

    hidrato para a esquerda. O potencial de inibição é proporcional à concentração

    do inibidor que está sendo injetado, como pode ser observado pelo Gráfico 3.3.

    Gráfico 3.3 – Exemplo da ação de um inibidor termodinâmico no envelope de

    hidratos

    Fonte: Adaptado de Rossi, Gasparetto, 1991 apud Carvalho, 2010, p.15.

    Os principais tipos de inibidores termodinâmicos são: álcoois, glicóis e

    sais inorgânicos. Os álcoois também são conhecidos como inibidores voláteis,

    devido ao baixo ponto de ebulição que possuem. Por conta da sua alta

    volatilidade, parte deles é perdido para a corrente de vapor, o que acaba

    tornando o seu uso caro e não permitindo o seu reaproveitamento. Entre eles, o

    metanol (no exterior) e o etanol (no Brasil) são os mais utilizados (ANDREOLLI,

    2016).

    Os glicóis, diferentemente dos álcoois, possuem alto ponto de ebulição,

    praticamente não ocorrendo perdas para a corrente de vapor e, por isso, podem

    ser recuperados no processo de regeneração. Entre eles, o mais utilizado é o

    Mono-Etileno-Glicol (MEG), que tem densidade aproximadamente 11% maior

    que a da água e viscosidade maior que a do metanol e etanol (PEAVY, CAYIAS,

    1994 apud CARVALHO, 2010, p.18). Apesar de ter um custo elevado, quando

  • 29

    comparado aos álcoois, são os mais indicados para as injeções contínuas devido

    ao seu reaproveitamento.

    Por fim, os inibidores de base salina são NaCl, KCl, CaCl2, entre outros.

    Algumas características importantes desses inibidores são que eles também

    atuam como adensantes, não são inflamáveis e nem agridem o meio ambiente.

    Porém, eles só podem ser utilizados até o limite de concentração em que há

    saturação do mesmo na solução aquosa, além de acelerarem processos de

    corrosão em equipamentos.

    3.4.2 Cinético

    Segundo Andreolli (2016), os inibidores cinéticos são poliamidas

    (polímeros de médio peso molecular) que, quando adicionados à mistura

    aquosa, promovem o aumento do tempo de indução e a diminuição da taxa de

    formação dos cristais de hidrato sem que haja um deslocamento das pressões e

    temperaturas de equilíbrio. A rigor, não se trata de inibição, mas de retardamento

    do processo de nucleação, o que pode mitigar bastante os problemas com

    hidratos. Ainda que o hidrato seja formado, a sua aderência é consideravelmente

    reduzida, o que facilita seu arraste pelo escoamento.

    As principais vantagens do uso de inibidores cinéticos são:

    A necessidade de baixa dosagem para causar efeitos;

    Custos mais baixos;

    Menores volumes quando comparados aos inibidores

    termodinâmicos.

    Já suas principais desvantagens são:

    Não funciona para ∆Tsub > 10 ºC;

    É eficiente apenas para ∆Tsub ≤ 5 ºC;

    A sua inibição é por tempo determinado, não inibindo em paradas

    longas;

    É sensível à presença de impurezas, inclusive aos próprios cristais

    de hidratos formados.

  • 30

    3.4.3 Antiaglomerante

    Os inibidores antiaglomerantes são surfactantes (tensoativos) que tem o

    papel de formar uma emulsão estável da água, deixando-a em pequenas

    partículas. Os surfactantes englobam as partículas de água, impedindo que elas

    se aglomerem, mantendo-as dispersas. Nesta situação, as partículas de água

    podem até formar cristais de hidrato, porém com dimensões muito menores, o

    que permitiria o carreamento dos cristais pelo escoamento sem que houvesse

    aglomeração, além de não acarretar num aumento significativo da viscosidade

    (ANDREOLLI, 2016).

    As principais vantagens do uso dos inibidores antiaglomerantes são:

    Custo bem inferior aos inibidores cinéticos;

    Quanto maior a concentração, maior o poder de atuação;

    Não dependem do ∆Tsub. Um subresfriamento grande até ajuda,

    convertendo o gás e a água em microcristais, o que dificulta a

    aglomeração.

    Já as principais desvantagens do uso desses inibidores são:

    É necessária uma fase forte de óleo no sistema, não sendo

    aplicável para escoamentos de gás e gás-condensado;

    Limitação para altos BSW (Basic Sediments and Water), que é a

    porcentagem de água e sedimentos em relação ao volume total do

    fluido produzido.

  • 31

    4 SUBSEA TO SHORE

    A produção em águas profundas se depara com alguns problemas à

    medida em que aumenta o potencial de exploração. As instalações na superfície

    que promovem a separação e o tratamento do petróleo e gás extraído são caras

    e requerem grande controle durante toda a vida útil da operação. Na produção

    offshore, este é um dos grandes fatores de maior preocupação, pois a

    possibilidade dos custos é muito ampla e está ligada a tudo que está envolvido

    na implantação, construção, operação diária, transbordo, curso de manutenção,

    segurança dos trabalhadores e impacto ambiental.

    Outro fator é a dificuldade de exploração de poços marginais, com menor,

    mas significativa possibilidade de prospecção, porém com baixo custo benefício

    levando-se em conta uma estrutura dedicada. A principal proposta encontrada

    nos sistemas submarinos é a mitigação desses problemas recorrentes em

    grandes distâncias e águas profundas.

    Neste capítulo e no decorrer deste trabalho daremos ênfase a um grande

    e significativo campo que utiliza a tecnologia subsea to shore, o campo de Ormen

    Lange.

    4.1 Ormen Lange

    Segundo Eklund e Paulsen (2007), o campo de Ormen Lange, descoberto

    pela Norsk Hydro em 1997, está localizado no Mar da Noruega, a cerca de 120

    km da costa noroeste da Noruega. Considerado como o maior projeto individual

    de óleo e gás já conduzido no território norueguês, o campo de gás de Ormen

    Lange apresenta grande parte do que há de mais moderno em tecnologia subsea

    no mundo, onde nenhum equipamento pode ser visto da superfície.

    O campo se encontra dentro de uma área de deslizamento pré-histórico,

    o Slide Storegga, sendo o fundo do mar extremamente irregular, com condições

    do solo variando de argila muito rígida com pedregulhos à argila macia. As

    condições para o desenvolvimento foram extremamente desafiadoras, pois foi

    preciso enfrentar também todas as condições adversas do mar da Noruega, tais

  • 32

    como temperaturas abaixo de zero, condições extremas de ondas e baixíssimas

    temperaturas no leito marinho.

    Seu primeiro plano de desenvolvimento foi levado às autoridades

    norueguesas em 2003 e sua operação teve início em dezembro de 2007.

    Durante as pesquisas, descobriu-se que o campo pode chegar a cobrir 20% dos

    requisitos de gás no Reino Unido para os próximos 40 anos (EKLUND e

    PAULSEN, 2007).

    Ainda segundo Eklund e Paulsen (2007), o reservatório está localizado a

    3000 metros abaixo da superfície do mar e tem uma extensão de

    aproximadamente 400 quilômetros. As reservas recuperáveis são estimadas em

    aproximadamente 400 bilhões de metros cúbicos de gás seco e 30 milhões de

    metros cúbicos de condensado. O campo é projetado para uma produção de gás

    de até 70 milhões de metros cúbicos por dia.

    Tendo em vista que o projeto foi dividido em 3 subprojetos, o Ormen

    Lange Offshore, o Onshore e o projeto Langeled, este trabalho irá tratar do que

    se diz respeito ao projeto Offshore, trazendo as principais questões do

    desenvolvimento, bem como o conceito e as dificuldades encontradas.

    A estrutura do campo, ilustrado na Figura 4.1, é composta por uma ligação

    submarina (tieback) para uma instalação de terra na costa oeste da Noruega.

    Um total de seis dutos foram colocados entre a usina de processamento onshore

    e o campo de Ormen Lange, dois grandes dutos para levar o gás para terra e

    quatro menores para garantia de fluxo e controle submarino. Um novo pipeline

    de exportação também será colocado a partir da planta onshore para exportação

    para o mercado no Reino Unido.

  • 33

    Figura 4.1: Estrutura Offshore de Ormen Lange

    Fonte: Aarvik, Olsen, Vannes, Havre e Krogh, 2007.

    A fase inicial do desenvolvimento do campo submarino inclui dois

    templates (A e B), ilustrado na Figura 4.2, com 8 slots cada um, e localizados a

    cerca de 4 quilômetros de distância. Ambos os templates estão conectados aos

    dois pipelines, que possuem medidas de 30 polegadas. O template A está

    conectado à linha de fluxo através de carretéis rígidos de 16 polegadas. O

    template B é conectado a uma estrutura de terminação de extremidade de

    pipeline (PLET) através de carretéis rígidos, amarrados de volta às linhas de

    fluxo.

    O gás de Ormen Lange será produzido a partir de 16 poços submarinos.

    Os fluidos dos poços serão transportados para um terminal onshore através dos

    dois pipelines. Todos os poços serão injetados continuamente com MEG através

    de duas linhas de injeção de 6 polegadas a partir do terminal de terra. O

    desenvolvimento futuro pode envolver dois templates de produção de 6 slots

    adicionais, aumentando o número de poços para 24.

  • 34

    Figura 4.2: Layout do campo

    Fonte: Wilhelmsen, Meisingset, Moxnes e Knagenhjelm, 2005.

    4.1.1 Desafios do sistema

    Segundo Holden, Paulsen e Marthinsen (2006), há cerca de 8100 anos

    atrás, um dos maiores deslizamentos de terra já visto ocorreu em Storegga, em

    que uma área do tamanho da Islândia deslizou para o mar da Noruega. O campo

    de Ormen Lange está exatamente no meio da depressão deixada para trás pela

    corrediça de Storegga.

  • 35

    A Hydro, operadora do projeto, realizou uma extensa pesquisa para

    verificar se existe risco de um novo deslizamento. A conclusão chegada foi que

    as condições que causaram o deslize naquela época não estão presentes hoje.

    O campo, que está a uma grande profundidade, fez com que essa extensa

    lâmina d’água formasse o fundo do mar montanhoso que se pode observar. Os

    picos observados são de 30 a 60 metros, como pode-se analisar na Figura 4.3.

    Sob essas condições, os dutos de fluxo do poço terão que passar sobre essa

    área de deslizamento através desta paisagem extremamente complexa.

    Diante deste cenário desafiador, questões sobre a intervenção no fundo

    marinho, instalação das tubulações e a prevenção de hidratação tem sido

    questões-chave no desenvolvimento de Ormen Lange.

    Figura 4.3: Fundo do mar irregular

    Fonte: Holden, Paulsen e Marthinsen, 2006.

    4.1.1.1 Intervenção no fundo marinho

    O trabalho de intervenção no fundo do mar ao longo das rotas dos dutos

    é necessário para garantir uma integridade estrutural da planta durante a vida

  • 36

    útil do projeto. Em geral, isso é relevante para áreas onde: (HOLDEN, PAULSEN

    e MARTHINSEN, 2006)

    a) A capacidade estática na tubulação é excedida. Se a intervenção será

    necessária antes ou após a instalação do pipeline depende de quais

    condições são críticas;

    b) Para a estabilidade durante a instalação, é necessário um suporte

    adicional nas seções curvas;

    c) A estabilidade na parte inferior durante o funcionamento é insuficiente;

    d) A proteção da tubulação é necessária devido a cargas de arrasto ou

    zonas de ancoragem;

    e) Os dutos são expostos a cargas de alta pressão e altas temperaturas.

    A Figura 4.4 mostra algumas das situações que podem ocorrer e que

    precisam das intervenções no fundo marinho:

    Figura 4.4: Situações para intervenções

    Fonte: Holden, Paulsen e Marthinsen, 2006.

  • 37

    4.1.1.2 Instalação de tubulações

    A viabilidade da instalação de tubulações em águas profundas,

    envolvendo cenários muito irregulares do fundo do mar, tem sido uma das

    principais questões. Ao longo da projeção da planta, foi realizado um trabalho

    para ter certeza de que o desenvolvimento das estruturas nesta área não gera

    uma ameaça para a estabilidade dos restantes depósitos de solos.

    Depois de muitas pesquisas e testes, concluiu-se que os dutos deveriam

    ser colocados em curvas com tolerâncias muito apertadas para limitar o trabalho

    de intervenção do fundo do mar a um nível aceitável. À medida que a

    profundidade da água aumenta, a tensão superior aumenta devido ao aumento

    do comprimento do tubo suspenso. A forma de contrariar este efeito é aumentar

    o ângulo de topo de colocação em relação ao plano horizontal, conforme pode-

    se observar no Gráfico 4.1. O mínimo teórico é encontrado por um ângulo

    superior de 90 graus.

    O processo de escolha do ângulo superior ótimo consiste em maximizar

    o ângulo superior, mantendo o momento de flexão de inclinação dentro de limites

    aceitáveis em todas as condições. As faixas típicas dos ângulos superiores para

    a colocação de tubos em águas profundas (>500 m) são de 70 a 85 graus.

    (WILHELMSEN, MEISINGSET, MOXNES E KNAGENHJELM, 2005)

    Gráfico 4.1: Top tension X Top angle

    Fonte: Wilhelmsen, Meisingset, Moxnes e Knagenhjelm, 2005.

  • 38

    4.1.1.3 Prevenção de hidratação

    A prevenção da formação de hidratos é um dos principais desafios

    técnicos para o sistema submarino de Ormen Lange. Devido à baixa temperatura

    do fundo do mar (-1 ºC) podem formar-se hidratos e gelo, a menos que o fluido

    do poço seja suficientemente inibido, o que na prática raramente pode acontecer.

    Os experimentos mostraram que o fluido do campo de Ormen Lange que

    não sofreu a ação de inibidores tem um elevado potencial para a formação de

    hidrato no modo de fluxo contínuo. Além disso, os hidratos têm uma elevada

    tendência a depositar-se nas paredes do tubo. (WILSON, OVERAA E HOLM,

    2004)

    A estratégia de prevenção de hidratação no campo estudado é minimizar

    o risco de operação. O sistema de injeção de MEG, por exemplo, foi feito com a

    perspectiva de minimizar o risco e as consequências de uma falha de prevenção

    de hidratação e, consequentemente, o risco de formação e a necessidade de

    ações corretivas.

    Os requisitos da injeção de MEG, através de tubulações de 6 polegadas

    da costa, para cada poço, serão determinados individualmente com base nas

    previsões de produção de água cada poço, onde um fator de segurança será

    utilizado para garantir uma injeção adequada. Cada um dos templates é

    controlado diretamente da costa através de umbilicais separados. Além disso,

    uma linha de interconexão MEG e um umbilical entre os dois templates permitem

    segurança caso haja falha na linha MEG ou no umbilical. Os umbilicais são

    ligados diretamente aos templates, enquanto as linhas MEG são conectadas por

    meio de carretéis rígidos e um PLET.

    Pode-se exemplificar alguns requisitos definidos para a operação do

    sistema de distribuição MEG submarino numa perspectiva de garantia de fluxo,

    como: (WILSON, OVERAA E HOLM, 2004)

    a) Sistema equipado com dois pontos de injeção MEG;

    b) A pressão no sistema de distribuição MEG deve estar a uma margem

    suficiente acima da pressão máxima de fechamento da cabeça de

    poço para evitar o refluxo do fluido no sistema MEG;

  • 39

    c) Cada poço possui um sistema de distribuição que assegure MEG

    suficiente injetado em cada poço individual;

    d) A unidade de dosagem será, na medida do possível, concebida para

    minimizar o risco de acumulação de partículas.

    Entretanto, ainda que tomadas as devidas precauções para a não

    formação de hidratos, pode acontecer um mau funcionamento no processo,

    resultando na sua formação em algum lugar do sistema de produção. As

    indicações nos pipelines de que algo está errado serão aumento da queda de

    pressão e flutuações de pressão. A queda de pressão nas diferentes partes do

    sistema de produção é monitorada por um sistema de monitoramento de pipeline

    em tempo real. Qualquer condição anormal de pressão e fluxo será detectada

    por um módulo de detecção de hidrato implementado no sistema de

    monitoramento de dutos.

    A ação de mitigação será aumentar a taxa de injeção de MEG na parte

    relevante do sistema e, se possível, aumentar a taxa de produção para aumentar

    a temperatura de fluxo.

  • 40

    5 METODOLOGIA

    Neste estudo será analisado o comportamento da curva de envelope de

    hidrato de acordo com a variação da quantidade de inibidor de hidrato adicionada

    num sistema de produção subsea to shore. Além disso, será avaliada a formação

    ou não de hidrato na linha de produção. Para as simulações, o software utilizado

    será o Unisim Design R390.1.

    As simulações serão feitas utilizando o inibidor termodinâmico TEG

    (Trietilenoglicol) e serão estimados diferentes percentuais de composição entre

    0 e 60%. Serão feitas análises para uma tubulação com escoamento adiabático

    e para mais dois cenários com troca de calor do fluido escoado com a água do

    mar.

    5.1 ESTUDO DE CASO

    A proposta do estudo é utilizar dados aproximados aos do campo de

    Ormen Lange para composição, condições termodinâmicas e características da

    tubulação.

    Os dados de entrada seguem nas Tabelas 5.1, 5.2 e 5.3:

    Tabela 5.1: Composição do fluido de produção

    Componente Percentual

    Metano 77,71

    Etano 7,94

    Propano 6,75

    n-Butano 2,60

    i-Butano 1,21

    n-Pentano 1,28

    n-Hexano 0,42

    n-Heptano 0,41

    CO2 1,07

    Nitrogênio 0,61

    Fonte: Almeida, 2015.

  • 41

    Tabela 5.2: Condições de operação

    Dados Valor

    Pressão de entrada da linha de produção 255 bar

    Temperatura de entrada da linha de produção 90ºC

    Vazão de entrada da linha de produção 35 MSm3/d

    Pressão da linha de injeção 255 bar

    Temperatura da linha de injeção 25ºC

    Vazão da linha de injeção 100 Sm3/d

    Temperatura do fundo do mar -1ºC

    Fonte: Wilson, Overaa, Holm, 2004.

    Tabela 5.3: Características da tubulação

    Dados Valor

    Comprimento 120 km

    Diâmetro externo 30”

    Espessura 35,5 mm

    Material Aço ao carbono 65

    Rugosidade 0,00004572

    Condutividade 50 W/m-C

    Fonte: Wilson, Overaa, Holm, 2004.

    Foi realizado um esquema no software que descreve o escoamento da

    produção para efeito dos cálculos, como mostra a Figura 5.1, contendo:

    Duas linhas de entrada, onde na primeira acontece o fluxo de produção

    e na outra, a injeção do inibidor.

    Um misturador que recebe as duas linhas de entrada;

    Um duto que simula os 120 Km de extensão;

    Uma linha de saída por onde o escoamento chega ao fim.

  • 42

    Figura 5.1: Esquema do escoamento da produção

    Fonte: Extraído do programa Unisim.

    5.1.1 Testes para escoamento adiabático

    Para realizar essas simulações, será considerado que não há perda de

    calor do fluido, que está sendo produzido, para o mar.

    Os Gráficos 5.1 e 5.2 mostram, respectivamente, as curvas de queda de

    pressão e temperatura ao longo da tubulação.

    Gráfico 5.1: Curva da queda de pressão ao longo da tubulação para

    escoamento adiabático.

    Fonte: Produzido pelos autores.

    210.0

    215.0

    220.0

    225.0

    230.0

    235.0

    240.0

    245.0

    250.0

    255.0

    260.0

    0

    48

    00

    96

    00

    14

    400

    19

    200

    24

    000

    28

    800

    33

    600

    38

    400

    43

    200

    48

    000

    52

    800

    57

    600

    62

    400

    67

    200

    72

    000

    76

    800

    81

    600

    86

    400

    91

    200

    96

    000

    10

    080

    0

    10

    560

    0

    11

    040

    0

    11

    520

    0

    12

    000

    0

    Pre

    ssão

    (b

    ar)

    Comprimento da tubulação (m)

    Pressão x Comprimento da tubulação

  • 43

    Gráfico 5.2: Curva da queda de temperatura ao longo da tubulação para

    escoamento adiabático.

    Fonte: Produzido pelos autores.

    A Tabela 5.4 apresenta o resumo dos resultados para o caso de

    escoamento adiabático.

    Tabela 5.4: Resumo dos resultados para escoamento adiabático

    Inicial Final

    Pressão (bar) 255,0 215,2

    Temperatura (ºC) 90,0 85,6

    Fonte: Produzido pelos autores.

    5.1.2 Testes para escoamento com troca de calor

    Para realizar essas simulações, será considerado que há perda de calor

    do fluido, que está sendo produzido, para o mar. Serão avaliados dois casos com

    valores de HL (Heat Loss) arbitrados no próprio software.

    0.0

    10.0

    20.0

    30.0

    40.0

    50.0

    60.0

    70.0

    80.0

    90.0

    0

    48

    00

    96

    00

    14

    400

    19

    200

    24

    000

    28

    800

    33

    600

    38

    400

    43

    200

    48

    000

    52

    800

    57

    600

    62

    400

    67

    200

    72

    000

    76

    800

    81

    600

    86

    400

    91

    200

    96

    000

    10

    080

    0

    10

    560

    0

    11

    040

    0

    11

    520

    0

    12

    000

    0

    Tem

    per

    atu

    ra (

    ºC)

    Título do Eixo

    Temperatura x Comprimento da tubulação

  • 44

    5.1.2.1 1º valor de HL

    O primeiro valor de HL a ser avaliado é de 1x108 KJ/h.

    Os Gráficos 5.3 e 5.4 mostram, respectivamente, as curvas de queda de

    pressão e temperatura ao longo da tubulação.

    Gráfico 5.3: Curva da queda de pressão ao longo da tubulação para

    escoamento com 1º valor de HL.

    Fonte: Produzido pelos autores.

    210.0

    215.0

    220.0

    225.0

    230.0

    235.0

    240.0

    245.0

    250.0

    255.0

    260.0

    0

    48

    00

    96

    00

    14

    400

    19

    200

    24

    000

    28

    800

    33

    600

    38

    400

    43

    200

    48

    000

    52

    800

    57

    600

    62

    400

    67

    200

    72

    000

    76

    800

    81

    600

    86

    400

    91

    200

    96

    000

    10

    080

    0

    10

    560

    0

    11

    040

    0

    11

    520

    0

    12

    000

    0

    Pre

    ssão

    (b

    ar)

    Comprimento da tubulação (m)

    Pressão x Comprimento da tubulação

  • 45

    Gráfico 5.4: Curva da queda de temperatura ao longo da tubulação para

    escoamento com 1º valor de HL.

    Fonte: Produzido pelos autores.

    A Tabela 5.5 apresenta o resumo dos resultados para o caso com o 1º

    valor de HL.

    Tabela 5.5: Resumo dos resultados para escoamento com 1º valor de

    HL

    Inicial Final

    Pressão (bar) 255,0 217,4

    Temperatura (ºC) 90,0 63,8

    Fonte: Produzido pelos autores.

    5.1.2.2 2º valor de HL

    O segundo valor de HL a ser avaliado é de 3,5x108 KJ/h.

    Os Gráficos 5.5 e 5.6 mostram, respectivamente, as curvas de queda de

    pressão e temperatura ao longo da tubulação.

    0.0

    10.0

    20.0

    30.0

    40.0

    50.0

    60.0

    70.0

    80.0

    90.0

    0

    48

    00

    96

    00

    14

    400

    19

    200

    24

    000

    28

    800

    33

    600

    38

    400

    43

    200

    48

    000

    52

    800

    57

    600

    62

    400

    67

    200

    72

    000

    76

    800

    81

    600

    86

    400

    91

    200

    96

    000

    10

    080

    0

    10

    560

    0

    11

    040

    0

    11

    520

    0

    12

    000

    0

    Tem

    per

    atu

    ra (

    ºC)

    Comprimento da tubulação (m)

    Temperatura x Comprimento da tubulação

  • 46

    Gráfico 5.5: Curva da queda de pressão ao longo da tubulação para

    escoamento com 2º valor de HL.

    Fonte: Produzido pelos autores.

    Gráfico 5.6: Curva da queda de temperatura ao longo da tubulação para

    escoamento com 2º valor de HL.

    Fonte: Produzido pelos autores.

    210.0

    215.0

    220.0

    225.0

    230.0

    235.0

    240.0

    245.0

    250.0

    255.0

    260.0

    0

    48

    00

    96

    00

    14

    400

    19

    200

    24

    000

    28

    800

    33

    600

    38

    400

    43

    200

    48

    000

    52

    800

    57

    600

    62

    400

    67

    200

    72

    000

    76

    800

    81

    600

    86

    400

    91

    200

    96

    000

    10

    080

    0

    10

    560

    0

    11

    040

    0

    11

    520

    0

    12

    000

    0

    Pre

    ssão

    (b

    ar)

    Comprimento da tubulação (m)

    Pressão x Comprimento da tubulação

    0.0

    10.0

    20.0

    30.0

    40.0

    50.0

    60.0

    70.0

    80.0

    90.0

    0

    48

    00

    96

    00

    14

    400

    19

    200

    24

    000

    28

    800

    33

    600

    38

    400

    43

    200

    48

    000

    52

    800

    57

    600

    62

    400

    67

    200

    72

    000

    76

    800

    81

    600

    86

    400

    91

    200

    96

    000

    10

    080

    0

    10

    560

    0

    11

    040

    0

    11

    520

    0

    12

    000

    0

    Tem

    per

    atu

    ra (

    ºC)

    Comprimento da tubulação (m)

    Temperatura x Comprimento da tubulação

  • 47

    A Tabela 5.6 apresenta o resumo dos resultados para o caso com o 2º

    valor de HL.

    Tabela 5.6: Resumo dos resultados para escoamento com 2º valor de HL

    Inicial Final

    Pressão (bar) 255,0 222,4

    Temperatura (ºC) 90,0 11,1

    Fonte: Produzido pelos autores.

    5.1.3 Comparação

    Os gráficos 5.7 e 5.8 apresentam a comparação entre as curvas de

    pressão e temperatura dos três casos discutidos. Através deles é possível

    observar uma queda brusca na temperatura devido ao aumento do HL. Também

    é possível observar que a pressão não sofre alterações significativas.

    Gráfico 5.7: Comparação entre as curvas de queda de pressão ao longo

    da tubulação

    Fonte: Produzido pelos autores.

    100.0

    120.0

    140.0

    160.0

    180.0

    200.0

    220.0

    240.0

    260.0

    0

    48

    00

    96

    00

    14

    400

    19

    200

    24

    000

    28

    800

    33

    600

    38

    400

    43

    200

    48

    000

    52

    800

    57

    600

    62

    400

    67

    200

    72

    000

    76

    800

    81

    600

    86

    400

    91

    200

    96

    000

    10

    080

    0

    10

    560

    0

    11

    040

    0

    11

    520

    0

    12

    000

    0

    Pre

    ssão

    (b

    ar)

    Comprimento da tubulação (m)

    Pressão x Comprimento da tubulação

    Adiabático 1º HL 2º HL

  • 48

    Gráfico 5.8: Comparação entre as curvas de queda de temperatura ao

    longo da tubulação.

    Fonte: Produzido pelos autores.

    5.1.4 Envelope de Hidratos

    Os Gráficos 5.9, 5.10, 5.11, 5.12, 5.13, 5.14 e 5.15 mostram a curva de

    envelope de hidrato sem inibidor, com 10% de TEG, 20% de TEG, 30% de TEG,

    40% de TEG, 50% de TEG e 60% de TEG, respectivamente.

    Pode-se observar através da análise e comparação dos gráficos que a

    medida que se injeta mais inibidor, a curva de hidrato vai se deslocando para a

    esquerda, o que significa uma redução do risco de formação de hidrato.

    0.0

    10.0

    20.0

    30.0

    40.0

    50.0

    60.0

    70.0

    80.0

    90.0

    100.0

    0

    48

    00

    96

    00

    14

    400

    19

    200

    24

    000

    28

    800

    33

    600

    38

    400

    43

    200

    48

    000

    52

    800

    57

    600

    62

    400

    67

    200

    72

    000

    76

    800

    81

    600

    86

    400

    91

    200

    96

    000

    10

    080

    0

    10

    560

    0

    11

    040

    0

    11

    520

    0

    12

    000

    0

    Tem

    per

    atu

    ra (

    ºC)

    Comprimento da tubulação (m)

    Temperatura x Comprimento da tubulação

    Adiabático 1º HL 2º HL

  • 49

    5.1.4.1 Sem inibidor

    Gráfico 5.9: Curva de envelope de hidrato sem inibidor

    Fonte: Extraído do programa Unisim.

    5.1.4.2 Com 10% de TEG

    Gráfico 5.10: Curva de envelope de hidrato com 10% de TEG.

    Fonte: Extraído do programa Unisim.

  • 50

    5.1.4.3 Com 20% de TEG

    Gráfico 5.11: Curva de envelope de hidrato com 20% de TEG.

    Fonte: Extraído do programa Unisim.

    5.1.4.4 Com 30% de TEG

    Gráfico 5.12: Curva de envelope de hidrato com 30% de TEG.

    Fonte: Extraído do programa Unisim.

  • 51

    5.1.4.5 Com 40% de TEG

    Gráfico 5.13: Curva de envelope de hidrato com 40% de TEG.

    Fonte: Extraído do programa Unisim.

    5.1.4.6 Com 50% de TEG

    Gráfico 5.14: Curva de envelope de hidrato com 50% de TEG.

    Fonte: Extraído do programa Unisim.

  • 52

    5.1.4.7 Com 60% de TEG

    Gráfico 5.15: Curva de envelope de hidrato com 60% de TEG.

    Fonte: Extraído do programa Unisim.

    A Tabela 5.7 mostra a variação do ponto em que a curva de dissociação

    de hidratos intercepta o ponto de orvalho do envelope de fases conforme a

    progressão da injeção do inibidor.

    Tabela 5.7: Variação da temperatura de intercessão entre a curva de

    dissociação e o envelope de fases

    TEG Temperatura

    0% 22,8ºC

    10% 15,8ºC

    20% 9,5ºC

    30% 5,1ºC

    40% 1,6ºC

    50% -0,8ºC

    60% -3,4ºC

    Fonte: Produzido pelos autores.

  • 53

    5.1.5 Perfil do sistema de escoamento com o envelope de Hidrato

    Após a elaboração dos estudos do perfil de escoamento e do envelope de

    fases, é possível analisar a possibilidade de formação de hidratos para os

    escoamentos adiabático, com 1º valor de HL e com o 2º valor de HL. O Gráfico

    5.16 apresenta o cruzamento destes perfis de escoamento com o envelope de

    hidrato sem a ação de inibidores.

    Gráfico 5.16: Perfis de escoamento com envelope de hidrato.

    Fonte: Produzido pelos autores.

    A discussão dos resultados, bem como as possíveis soluções serão

    apresentadas no tópico a seguir.

  • 54

    6 CONCLUSÃO

    6.1 Sumário

    No projeto desenvolvido foi realizado um estudo sobre o sistema subsea to

    shore do Campo de Ormen Lange, traçando alguns possíveis cenários para a

    inibição de hidrato nas linhas de produção durante o escoamento do petróleo.

    Foram simulados estudos no UniSim, mostrando a viabilidade do

    escoamento da produção com a injeção de inibidor, garantindo assim, o

    deslocamento da curva de hidratos. Também pode-se observar, em alguns

    casos, as limitações e problemas que poderiam acontecer neste processo.

    Apresentou-se os resultados, demonstrando uma estratégia de produção mais

    eficiente para o campo de Ormen Lange.

    6.2 Discussões de resultados

    Como previsto na literatura e confirmado pelos gráficos gerados a partir

    das simulações, com a injeção do inibidor, o envelope de hidrato se deslocou

    para a esquerda, tornando menos críticas as condições de formação de hidrato.

    Este deslocamento é proporcional a quantidade de inibidor que é injetado na

    linha. Quanto maior a quantidade injetada, maior será esse deslocamento.

    Analisando os perfis de queda de pressão e temperatura do escoamento

    ao longo da tubulação para os cenários simulados, é possível identificar uma

    queda mínima de temperatura quando não há troca de calor e um aumento

    significativo na queda da temperatura conforme o HL aumenta. Isso se dá,

    principalmente, pelo fato da água do mar se encontrar numa temperatura muito

    abaixo da do fluido de produção. Já a pressão, em todos estes cenários, sofre

    pouca alteração, por se tratar de um escoamento horizontal, onde a parcela de

    perda de carga por elevação é desprezível.

    Com as informações obtidas através das simulações é possível identificar

    que não haverá formação de hidratos na linha de produção para o caso do

    escoamento adiabático e nem para o caso do escoamento com o 1º valor de HL.

    Já para o escoamento com o 2º valor de HL, verifica-se que existe a possibilidade

  • 55

    de formação de hidratos, pois devido à alta queda de temperatura, o ponto de

    operação ao longo da linha de produção poderá passar a operar dentro do

    envelope de hidratos.

    Como a temperatura mínima atingida pelo escoamento com o 2º valor de

    HL é de 11,1ºC, uma solução para este caso poderia ser injetar, pelo menos, de

    20 à 30% de TEG na linha para que aconteça o deslocamento do envelope de

    hidrato. Outra possível solução seria utilizar um revestimento que reduzisse o HL

    o suficiente para que o ponto de operação se desloque para fora do envelope de

    hidrato.

    6.3 Trabalhos futuros

    Como possíveis trabalhos futuros, pode-se apontar:

    Implementação do estudo em outros softwares, como o Pipesim,

    associado ao UniSim, para efeito de enriquecimento dos resultados e

    comparação;

    Avaliar o sistema subsea to shore para diferentes campos, com

    variáveis diferentes, como por exemplo, revestimento de tubulações,

    composição do fluido e vazão de injeção;

    O estudo das propriedades e do comportamento de escoamento é

    essencial no dimensionamento e previsão do comportamento da

    produção de petróleo, conectando a teoria com os dados reais do

    campo.

  • 56

    7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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