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Avaliação Ambiental Estratégica – AAE Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore no Litoral Paulista AAE – FRENTE III Volume III São Paulo, 10 de setembro de 2010.

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Avaliação Ambiental Estratégica – AAE

Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore no Litoral Paulista

AAE – FRENTE III

Volume III

São Paulo, 10 de setembro de 2010.

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ARCADIS Tetraplan 1

Índice

3. Frente III: Cenários de Médio e Longo Prazo e Repercussões Antevistas ..................................................................................... 2

3.1. Cenários de Médio e Longo Prazo ..................................... 2

3.1.1. Enfoque Metodológico .................................................... 2

3.1.2. Perspectivas de Médio e Longo Prazo da Economia Brasileira ....................................................................................... 4

3.1.3. Tendências Antevistas para o Litoral Paulista – Cenários de Referência e Prospectivo ......................................................... 6

3.1.3.1. Cenário de Referência do Valor Adicionado ................... 6

3.1.3.2. Cenário Prospectivo do Valor Adicionado ....................... 7

3.1.3.3. Efeitos dos Investimentos Previstos no Valor Adicionado do Litoral Paulista ....................................................................... 10

3.1.3.4. Cenário de Referência da População ........................... 12

3.1.3.5. Cenário Prospectivo da População ............................... 13

3.1.3.6. Efeitos dos Investimentos Previstos na População do Litoral Paulista ............................................................................ 15

3.2. Repercussões Antevistas ................................................. 18

3.2.1. Perfil dos Investimentos do Objeto AAE ........................ 19

3.2.1.1. Status dos Investimentos .............................................. 19

3.2.1.2. Natureza dos Investimentos .......................................... 20

3.2.2. Caracterização das Repercussões Antevistas .............. 20

3.2.2.1. Na Dinâmica Econômica Regional ................................ 20

3.2.2.2. No Perfil Dominante da Economia Regional e Local com destaque ao Turismo e Pesca ..................................................... 27

3.2.2.3. Na Espacialidade do Processo de Ocupação – Uso do Solo 35

3.2.2.4. Nos Déficits Sociais – Demandas ícones ...................... 41

3.2.2.5. Na Pressão sobre Recursos Ambientais – Terrestres, Marinhos e Qualidade do Ar ........................................................ 50

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3. Frente III: Cenários de Médio e Longo Prazo e Repercussões Antevistas

A Frente III da aplicação da AAE à Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore (PINO) no Litoral Paulista compreende a análise prospectiva da região, como meio de sinalizar os contornos do futuro no médio e longo prazo com menor grau de incerteza, com destaque à visões quantitativas de variáveis econômicas, sociais e demográficas, para antever as principais repercussões na ambiência do Litoral, em variadas dimensões e, assim:

• auxiliar as decisões de natureza estratégica, tanto do setor público, como da iniciativa privada;

• agilizar ações do governo e orientações ao setor privado para a fase de mudanças que se inicia;

tendo como objetivo maior a inserção dos empreendimentos, projetos e intenções de investimento (Objeto AAE), por meio de processos sustentáveis e com qualidade ambiental.

Dado esse escopo, é utilizada a técnica de cenários (item 3.1), avaliando-se as circunstâncias que engendram o quadro econômico e demográfico atual, apresentando duas situações de longo prazo – até 2025:

• uma situação de referência no sentido de se observar a trajetória atrelada ao processo em curso, sem a concretização plena do conjunto de investimentos previstos, e;

• uma situação provável, que fornece de maneira antecipada os efeitos dos investimentos previstos em sua magnitude plena, supondo-se que a totalidade de empreendimentos, projetos e intenções de investimentos sejam implantados e entrem em operação.

Dada essa antevisão, os cenários são os balizadores para a avaliação das repercussões (item 3.2), fornecendo o ritmo e magnitude das transformações esperadas na dinâmica econômica, no mercado de trabalho e distribuição de renda, na acessibilidade regional aos mercados interno e externo associada à infraestrutura econômica (logísticas de transportes), em atividades turísticas e da pesca, no uso e ocupação do solo, na geração de demandas sociais (habitação, saneamento, saúde, educação), e na pressão sobre os recursos ambientais (qualidade do ar, recursos hídricos e ecossistemas terrestres e marinhos).

3.1. Cenários de Médio e Longo Prazo

3.1.1. Enfoque Metodológico

Limitações e potencialidades das técnicas de cenarização

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É conveniente, antes de tudo, esclarecer o conceito de cenário e o propósito da cenarização, bem como suas limitações, próprias de qualquer modelo analítico. Assim, a impossibilidade de se eliminar a incerteza, já que o futuro é uma prática de construção social, introduz graus de liberdade diversos nas cenarizações, ou seja, a inevitabilidade do arbítrio na conformação de situações.

O uso de técnicas de cenarização constitui grande desafio metodológico na formatação de situações futuras que se pretende rebater temporal e territorialmente numa perspectiva de médio e longo prazo.

O futuro é tratado num horizonte temporal de 15 anos, de 2010 a 2025, comportando pelo menos as próximas três administrações estaduais e municipais, sendo assim uma referência para o planejamento dessas esferas de governo.

Assim sendo, o cenário compõe-se de uma idéia-força (direção básica do sistema considerado); de variáveis (elementos centrais do desenho da realidade objetiva futura); e de cenas (estado ou situação do sistema em cada corte temporal do intervalo entre o momento atual e o ano horizonte de análise, no caso 2025).

Na AAE trabalha-se com o pressuposto de implantação plena, ou seja, a totalidade dos empreendimentos, projetos e intenção de investimentos, pois se trata de um exercício preditivo e visionário em que se avaliam possibilidades de expansão numa situação máxima. Isto é, trata-se da máxima pressão sobre a ambiência regional:

• parametrizando-se assim uma situação limite; e

• dispondo-se de intervalo para auxiliar as decisões estratégicas públicas e privadas.

Na metodologia adotada, parte-se do ritmo de evolução de médio e longo prazo do País, para assim embasar o conhecimento sobre a velocidade das transformações estruturais na dinâmica estadual e regional.

A visão de futuro construída para o Litoral Paulista está configurada considerando marcos temporais de destaque – 2015 (médio prazo), 2020 e 2025 (longo prazo), partindo-se do ano inicial, 2010 – e está acomodada territorialmente em quatro agregados de municípios:

� Litoral Norte: São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba;

� Baixada Santista Central: São Vicente, Cubatão, Santos, Guarujá e Bertioga;

� Baixada Santista Sul: Peruíbe, Itanhém, Mongaguá e Praia Grande; e

� Litoral Sul: Cananéia, Iguape e Ilha Comprida.

No contexto antevisto para o país, o conjunto de investimentos de natureza estruturante previsto para o Litoral Paulista tem potencial de ensejar um novo ciclo produtivo e de desenvolvimento regional, permitindo assim extrair o intervalo de variação dos principais indicadores econômico-demográficos – PIB e População.

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Dessa forma, foram elaborados dois exercícios de cenarização: denominados neste estudo de Cenário de Referência e Cenário Prospectivo.

O primeiro objetiva estabelecer uma trajetória das variáveis econômico-demográfica tendo como base seus comportamentos recentes. Assim, esse Cenário de Referência para o Produto1 e para a População foi desenvolvido para o Litoral de São Paulo e subáreas de interesse por meio da técnica da contribuição ao crescimento da parte no todo (shift-share), de modo a guardar consistência entre o Brasil, Estado de São Paulo, Litoral Paulista e conjunto de municípios das subáreas do Litoral.

Já o segundo procura captar os efeitos dos potenciais investimentos estruturantes sobre tais trajetórias. Na construção desse Cenário Prospectivo, utilizou-se a matriz insumo-produto2 para elaboração de estimativas do incremento do valor adicionado, e da população, a partir de informações que deram base a elaboração do Objeto AAE. Tratam-se assim, da incorporação dos incrementos estimados de valor adicionado e população às projeções geradas no Cenário de Referência.

A razão da eleição do valor adicionado como variável protagonista da cenarização do Litoral Paulista deve-se ao fato de melhor expressar as variações reais do crescimento econômico dos municípios envolvidos.

Como se sabe, o PIB a preços de mercado resulta da soma dos impostos com o valor adicionado, o que acaba acarretando, no nível territorial trabalhado, distorções comparativas atribuídas à arrecadação de tributos, pois a arrecadação é bem expressiva e heterogênea nos municípios do Litoral Paulista.

Com esse entendimento, inicia-se com as Perspectivas da Economia Brasileira, dando sequência com as Tendências Antevistas para o Litoral Paulista – Cenários de Referência e Prospectivo.

3.1.2. Perspectivas de Médio e Longo Prazo da Economia Brasileira

Cenário econômico brasileiro que deverá prevalecer no País durante o período

de implantação dos projetos de investimento associados aos setores petrolífero

e portuário no Litoral Paulista

Os dois ciclos de expansão na economia brasileira do pós-II Grande Guerra, entre os anos de 1950 e 1980, garantiram elevadas taxas anuais de crescimento para o PIB durante quase três décadas (1950-60: 7,4%, 1960-70: 6,2% e 1970-80: 8,6%) e, particularmente, para a indústria (1950-60: 9,1%; 1960-70: 6,9%; 1970-80: 9,0%). Assim, o PIB per capita do Brasil cresceu à taxa média anual de 4,6%, de 1950 a 1980, mesmo considerando que foi um período de taxas de crescimento demográfico muito altas (superiores a 3%, em muitos anos).

1 O termo produto refere-se tanto ao Produto Interno Bruto como ao Valor Adicionado. Na contabilidade nacional, de

modo simplificado, o Produto Interno Bruto resulta da soma do valor dos impostos ao valor adicionado.

2 Matriz de insumo-produto: Brasil: 2000/2005/IBGE, Coordenação de Contas Nacionais - Rio de Janeiro: IBGE, 2008.

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Entretanto, houve uma desaceleração do ritmo de crescimento da economia brasileira nas duas últimas décadas do século 20, com a taxa média do PIB ficando em 1,6% na década de 1980-90, e, em 2,6%, na década de 1990-2000, o que significa inexpressivas taxas em termos per capita de 1980 a 2000.

Tão importante quanto esta desaceleração, foi o caráter não-sustentado da modesta expansão desde o Plano Real, a qual se configurou como ciclotímica. Esta configuração se mantém nos seis primeiros anos do século 21, com o ritmo de crescimento oscilando entre taxas mais altas (4,0%, em 2000, e 5,2%, em 2004) e taxas muito baixas (1,5%, em 2001, e 0,5%, em 2003), com uma média de crescimento per capita em torno de 1% ao ano.

A partir de 2004, começou a se estruturar o terceiro ciclo de expansão pós-II Grande Guerra com a aceleração sustentada do crescimento do PIB e existem muitas razões para se esperar que se configurem novos ciclos de expansão da economia brasileira ao longo dos próximos 15 anos:

� O Brasil dispõe de uma base de recursos naturais, renováveis e não-renováveis, ampla e diversificada que lhe dá vantagens comparativas internacionais para um crescimento mais acelerado; na medida em que se amplia o grau de abertura da economia brasileira, a dinâmica da sua expansão dependerá crescentemente de suas exportações, entre as quais se destacam os valores absolutos e percentuais das exportações de cadeias produtivas onde recursos naturais renováveis e não-renováveis são um ponto crítico.

� O nível de desenvolvimento das instituições políticas e das organizações econômicas atingiu um patamar no Brasil que favorece a formação de ciclos de expansão no País, a partir de forças endógenas. Para ser um global trader, um país necessita dispor de fatores produtivos não-tradicionais, tais como: centros de pesquisa, ambiente cultural, recursos humanos bem formados e informados, instituições governamentais flexíveis, etc., uma vez que os ciclos de expansão contemporâneos são intensivos de informação e conhecimento, com os seus novos produtos, novos processos de produção e novas técnicas de gestão. Estes fatores se caracterizam por ser de natureza endógena, originados por decisões e elementos internos ao sistema e não apenas o resultado de forças naturais ou de forças que são impingidas ao país de “fora para dentro”.

� A mudança do papel do Estado na economia tem aberto melhores condições institucionais e oportunidades econômicas para a formação de novos ciclos de crescimento no Brasil, por meio de processos de privatização, de desregulamentação, de abertura econômica e de parcerias público-privadas. É preciso enfatizar, contudo, que o Brasil ainda deverá contar com o papel do Estado ao longo dos próximos anos, não apenas para garantir a oferta dos serviços públicos tradicionais, mas também para estimular e atrair novos investimentos e coordenar o processo de desenvolvimento sustentável, através de mecanismos de intervenção indireta e de planejamento indicativo, e dar maior rigor a operação de setores estratégicos (energia elétrica, telecomunicações, petróleo, recursos hídricos) para o crescimento econômico, a sustentabilidade ambiental e a equidade social.

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� Nos últimos vinte anos, ocorreram mudanças substanciais no padrão demográfico3 do Brasil que terão conseqüências gerais e profundas no seu processo de desenvolvimento econômico e social, e conseqüências específicas na dinâmica de mercados de diversos bens e serviços, que irão impactar a configuração de novos ciclos de expansão da economia brasileira.

� Nos novos ciclos de expansão da economia brasileira, caberá à iniciativa privada o papel mais relevante no processo de conceber e de implementar os projetos de investimento, tanto em setores diretamente produtivos quanto em setores de infraestrutura econômica. Esse é o caso dos investimentos em petróleo e gás e em infraestrutura portuária, com variadas logísticas de apoio, previstos para o Litoral Paulista.

No entanto, dadas as persistentes restrições e condicionalidades presentes no atual contexto da economia e da sociedade brasileira, assim como as indefinições prevalecentes sobre o futuro da atual crise financeira global, é aconselhável que, não se conte com a possibilidade de novos ciclos de expansão semelhantes aos ocorridos no período de 1950 a 1980, com suas taxas históricas de crescimento médio em torno de 7% ao ano.

Mais prudente é trabalhar para o Brasil com taxas médias de longo prazo em torno de 5,0% ao ano, como reconhecimento de que, no período de implementação no Litoral Paulista dos projetos de investimento ligados aos setores portuário e petrolífero, os limites dos possíveis hiatos no desenvolvimento científico e tecnológico, obstáculos fiscais aos investimentos, falta de instituições sólidas, gestão responsável da dívida pública, etc. serão mais restritivos do que durante os ciclos de expansão anteriores, principalmente quando se deseja preservar a conquista do fim do processo de inflação crônica no País e atuar dentro de rígidos parâmetros de responsabilidade fiscal.

3.1.3. Tendências Antevistas para o Litoral Paulista – Cenários de Referência e Prospectivo

Considerando-se o ritmo de crescimento nacional de longo prazo adotado para os exercícios de cenarização de 5%, prossegue-se à construção dos cenários de Referência e Prospectivo para as variáveis econômico-demográficas – Valor Adicionado e População.

3.1.3.1. Cenário de Referência do Valor Adicionado

Estimativa do Valor Adicionado sob o pressuposto da não concretização do

conjunto dos investimentos previstos do Objeto AAE

3 A taxa de natalidade caiu fortemente nos últimos vinte anos, a uma velocidade maior que a queda na taxa de

mortalidade, tendo como resultado uma população economicamente ativa que supera largamente a populção de

dependentes, composta por crianças e idosos (fenômeno este conhecido como “bônus demográfico).

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A construção do Cenário de Referência do Valor Adicionado é feita a partir de hipóteses de crescimento da economia brasileira e da ênfase sobre o peso histórico da estrutura regional, buscando projetar no médio e longo prazo a situação esperada do tamanho do valor adicionado dos municípios do Litoral Paulista ao longo do horizonte de análise sob o pressuposto da não concretização do conjunto dos investimentos previstos no Objeto AAE.

A taxa anual básica de longo prazo trabalhada na extrapolação das tendências para o crescimento do PIB-Brasil (2010/2025) foi de 5% ao ano, conforme exposto anteriormente. Para que se pudessem processar as informações segundo a variável valor adicionado, manteve-se como constante a relação entre esta e o PIB. Trabalhou-se com os PIBs e Valores Adicionados dos anos de 2002 e 2007, a preços de 2007 e, posteriormente, a preços de 2009.

Os efeitos da desagregação para o Litoral Paulista e subáreas foram captados via “shift-share” (contribuição da parte no crescimento do todo), com a incorporação de algumas especificidades (arbítrio em estabelecer a participação do Litoral Norte, em virtude da variação negativa do valor adicionado no período 2002/2007).

Sob essas hipóteses e pressupostos, conformou-se o Cenário de Referência do Valor Adicionado, cujos resultados são apresentados a seguir:

CENÁRIO DE REFERÊNCIA - ESTIMATIVAS DO VALOR ADICIONADO

Projeção Valor Adicionado 2010 - 2015 (Em 1.000 R$ - preços de 2009)

Litoral Paulista e Subáreas 2002 2007 2010 2015 2020 2025

Litoral Norte 5.209.240 4.749.866 4.883.733 5.283.738 5.794.256 6.445.821

Baixada Santista Central 20.042.762 23.180.846 24.625.012 28.940.299 34.447.821 41.476.969

Baixada Santista Sul 3.376.558 3.764.001 3.944.298 4.483.039 5.170.624 6.048.176

Litoral Sul 378.161 407.169 420.518 460.408 511.318 576.294

Total Litoral SP 29.006.721 32.101.883 33.873.562 39.167.484 45.924.019 54.547.260 Taxa Média Anual de Crescimento nos Períodos

Litoral Paulista e Subáreas 2002/2007 2007/2010 2010/2015 2015/2020 2020/2025 2010/2025

Litoral Norte -1,83% 0,93% 1,59% 1,86% 2,15% 1,87%

Baixada Santista Central 2,95% 2,03% 3,28% 3,55% 3,78% 3,54%

Baixada Santista Sul 2,20% 1,57% 2,59% 2,89% 3,18% 2,89%

Litoral Sul 1,49% 1,08% 1,83% 2,12% 2,42% 2,12%

Total Litoral SP 2,05% 1,81% 2,95% 3,23% 3,50% 3,23% Fonte: IBGE, 2010 Projeções: Arcadis Tetraplan

3.1.3.2. Cenário Prospectivo do Valor Adicionado

Estimativa do Valor Adicionado sob o pressuposto da concretização plena do

conjunto de investimentos previstos do Objeto AAE

O Cenário Prospectivo, construído de forma a prever os efeitos dos vultosos investimentos previstos para o Litoral Paulista, busca captar ordens de grandeza e ritmos de crescimento das alterações nas trajetórias do valor adicionado, explicitando

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o caráter transformador dos empreendimentos na estruturação econômica regional, embora ainda com concentração em alguns espaços preferenciais.

A informação básica para a elaboração das projeções do valor adicionado foi o conjunto de investimentos previstos do Objeto AAE, com informações referentes ao perfil dos investimentos, sua cronologia, porte, distribuição espacial e número de empregos diretos gerados. Esse conjunto de informações possibilitou a construção das curvas de maturação dos investimentos apresentadas no item 1.6, que motivaram esse exercício de cenarização.

Inicialmente, para a fase de implantação dos empreendimentos, são estimadas as alterações na distribuição espacial do valor adicionado decorrentes dos investimentos nos setores de "construção" e de "máquinas e equipamentos", conforme denominação do IBGE. Nessa análise, utilizando-se o método matricial de insumo-produto (IBGE, 2005), foram processadas as informações específicas para cada um desses setores. Pôde-se, com isso, se ter uma perspectiva da magnitude das transformações que deverão ocorrer durante a etapa de implantação do conjunto de projetos previstos do Objeto AAE.

Em seguida, considerando-se a fase de operação do conjunto de empreendimentos previstos no Objeto AAE, associada à criação e/ou expansão da capacidade produtiva, os impactos projetados para o valor adicionado foram delineados. Estes, diferentemente da fase de implantação, são de natureza permanente, o que deve dar sustentabilidade ao produto e à renda a ser gerada pela operação dos empreendimentos previstos.

A seguir, são explicitados detalhes dos procedimentos adotados na conformação desse Cenário Prospectivo e resultados das estimativas do valor adicionado projetadas:

1. O instrumental básico utilizado no mecanismo das projeções foi a matriz insumo-produto do IBGE (2005), por meio da qual foram identificadas as cadeias produtivas envolvidas e a importância de cada setor nesse conjunto. Assim, os efeitos diretos e indiretos dos investimentos foram captados via matriz de Leontief.

2. Assumiu-se a hipótese de os investimentos se distribuírem, grosso modo, na seguinte proporção: 40% para a atividade “construção” e 60% para a de “máquinas e equipamentos.”

3. Do total de 209 bilhões de reais em investimentos estimados, a seguinte distribuição é esperada:

• Cerca de 125 bilhões serão alocados em máquinas e equipamentos, cuja fabricação não será no Litoral Paulista, devendo haver inclusive importação;

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• Já para o setor de construção, foi adotada a hipótese de que a região deverá internalizar 50% do valor adicionado4, vazando os outros 50% para outras regiões;

• Portanto, o investimento que efetivamente será internalizado no Litoral Paulista está estimado em torno de 42 bilhões. As cadeias produtivas5 nas quais esses setores se inserem ajudam entender vazamentos de renda, não significando, contudo, que os valores internalizados não sejam expressivos.

4. Os efeitos no horizonte de análise são de duas ordens, coincidindo com as diferentes fases de implantação e operação. A primeira tem um caráter temporário, fazendo o produto e a renda flutuarem; a segunda é suposta de caráter permanente.

5. Com o incremento do valor adicionado assim projetado, e com a extrapolação de suas tendências ao longo do período horizonte de análise, pode-se estabelecer o diferencial de crescimento do Litoral Norte, Baixada Santista Central e Baixada Santista Sul6. Estabelece-se, assim, o significado dos investimentos previstos do Objeto AAE no crescimento regional por meio valor adicionado prospectivo.

CENÁRIO PROSPECTIVO - ESTIMATIVAS DO VALOR ADICIONADO

Projeção Valor Adicionado 2010 - 2015 (Em 1.000 R$ - preços de 2009)

Litoral Paulista e Subáreas 2010 2015 2020 2025

Litoral Norte 5.543.932 5.666.317 6.055.102 6.706.668

Baixada Santista Central 25.076.362 35.481.642 44.644.977 50.090.536

Baixada Santista Sul 3.944.298 4.519.453 5.199.585 6.059.823

Litoral Sul 420.518 460.408 511.318 576.294

Total Litoral SP 34.985.111 46.127.820 56.410.982 63.433.320 Taxa Média Anual de Crescimento nos Períodos

Litoral Paulista e Subáreas 2010/2015 2015/2020 2020/2025 2010/2025

Litoral Norte 0,44% 1,34% 2,07% 1,28%

Baixada Santista Central 7,19% 4,70% 2,33% 4,72%

Baixada Santista Sul 2,76% 2,84% 3,11% 2,90%

4 As justificativas para a hipótese de internalização de 50% do incremento do valor adicionado no setor de construção

pelo Litoral Paulista estão explicitadas na Base de Informações / Abordagem Metológica constituída no processo AAE,

disponível para a equipe gestora do Governo do Estado de São Paulo.

5 Os resultados para as cadeias produtivas dos setores de “construção” e de “máquinas e equipamentos” são

apresentados na Base de Informações / Abordagem Metológica constituída no processo AAE, disponível para a equipe

gestora do Governo do Estado de São Paulo.

6 Assume-se que o Litoral Sul não é afetado em termos do crescimento do valor adicionado pela implantação e

operação dos projetos previstos no Objeto AAE.

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Litoral Sul 1,83% 2,12% 2,42% 2,12%

Total Litoral SP 5,69% 4,11% 2,37% 4,05%

Projeções:Arcadis Tetraplan

3.1.3.3. Efeitos dos Investimentos Previstos no Valor Adicionado do Litoral Paulista

Efeitos da concretização plena do conjunto de investimentos previstos do

Objeto AAE na trajetória de crescimento do Valor Adicionado do Litoral Paulista

Dados os dois cenários, uma das formas de avaliar os efeitos sínteses da implantação e operação dos investimentos previstos do Objeto AAE no Litoral Paulista é confrontar as taxas de crescimento de médio e longo prazo do valor adicionado estimadas nestas duas situações.

Conforme exposto nos itens acima, no Cenário de Referência, para o qual o conjunto dos empreendimentos previstos do Objeto AAE não foram considerados e assumindo-se que a região irá acompanhar a trajetória de crescimento projetada para o Brasil, a taxa média de crescimento do valor adicionado no período entre 2010 e 2025 foi estimada em 3,23% ao ano.

Comparativamente, no Cenário Prospectivo, que parte de uma base maior em 2010, com um adicional de mais de R$ 1 bilhão no total do valor adicionado, pois incorpora em suas projeções os efeitos dos investimentos do Objeto AAE já em curso, a taxa de crescimento de longo prazo projetada é de 4,05% ao ano.

No entanto, a prática comum de comparação via taxas médias anuais de crescimento não permite, muitas vezes, perceber a magnitude das alterações. A tabela seguinte contribui para esse entendimento, proporcionando uma melhor percepção dos impactos esperados por período com a concretização plena do conjunto de investimentos do Objeto AAE:

CENÁRIO DE REFERÊNCIA X CENÁRIOS PROSPECTIVO Cenário de Referência: Incremento do Valor Adicionado nos Períodos

(Em 1.000 R$ - preços de 2009) Litoral Paulista e Subáreas 2010 - 2015 2015 - 2020 2020 - 2025

Litoral Norte 400.005 510.518 651.565

Baixada Santista Central 4.315.287 5.507.521 7.029.148

Baixada Santista Sul 538.741 687.585 877.552

Litoral Sul 39.890 50.910 64.976

Total Litoral SP 5.293.922 6.756.535 8.623.241 Cenário Prospectivo: Incremento Adicional do Valor Adicionado

sobre o Cenário de Referência nos Períodos (Em 1.000 R$ - preços de 2009)

Litoral Paulista e Subáreas 2010 - 2015 2015 - 2020 2020 - 2025

Litoral Norte 382.579 260.846 260.846

Baixada Santista Central 6.541.343 10.197.156 8.613.567

Baixada Santista Sul 36.414 28.961 11.647

Litoral Sul 0 0 0

Total Litoral SP 6.960.336 10.486.964 8.886.060 Cenário Prospectivo: Crescimento Percentual do Incremento

sobre o Cenário de Referência nos Períodos

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Litoral Paulista

ARCADIS Tetraplan 11

Litoral Paulista e Subáreas 2010/2015 2015/2020 2020/2025

Litoral Norte 95,64% 51,09% 40,03%

Baixada Santista Central 151,59% 185,15% 122,54%

Baixada Santista Sul 6,76% 4,21% 1,33%

Litoral Sul 0,00% 0,00% 0,00%

Total Litoral SP 131,48% 155,21% 103,05% Cenário Prospectivo: Taxa Média Anual de Crescimento

sobre o Cenário de Referência nos Períodos Litoral Paulista e Subáreas 2010*/2015** 2015*/2020** 2020*/2025**

Litoral Norte 3,02% 2,76% 2,97%

Baixada Santista Central 7,58% 9,06% 7,78%

Baixada Santista Sul 2,76% 3,01% 3,22%

Litoral Sul 1,83% 2,12% 2,42%

Total Litoral SP 6,37% 7,57% 6,67% Projeções: Arcadis Tetraplan * Cenário de Referência ** Cenário Prospectivo

Nota-se, por exemplo, que o incremento do valor adicionado no período de 2010 a 2015 para o total do Litoral Paulista no Cenário de Referência foi de R$5,29 bilhões (ou seja, o valor adicionado de 2015 menos o valor adicionado de 2010); com a implantação prevista de alguns dos empreendimentos nesse período, conforme a curva de maturação do Objeto AAE, tem-se um incremento adicional de R$6,96 bilhões do valor adicionado no Cenário Prospectivo.

Isso significa um aumento de 131% do incremento do valor adicionado gerado pelo impacto dos investimentos previstos nos primeiros cinco anos considerados. Analogamente, essa avaliação pode ser estendida aos demais períodos, sempre com um crescimento de mais de 100% na variação do incremento do valor adicionado.

Mais ainda, considerando-se a interação de ambos os efeitos na variação do agregado econômico, a taxa média de crescimento do valor adicionado para o total do Litoral de São Paulo em todos os períodos é de aproximadamente 7% ao ano.

O efeito do conjunto de investimentos previstos do Objeto AAE na trajetória e ritmo de crescimento do valor adicionado do Litoral Paulista e suas respectivas subáreas também pode ser apreendido pela observação dos gráficos que seguem:

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Litoral Paulista

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9

Cenário de Referência X Cenário Prospectivo: Projeções do Valor Adicionado

Subáreas do Litoral Paulista (2010 - 2025)

Litoral Sul (CR = CP)

Baixada Central (CR)

Baixada Central (CP)

Litoral Norte (CR)

Litoral Norte (CP)

Baixada Sul (CR)

Baixada Sul (CP)

Elaboração: Arcadis Tetraplan

3.1.3.4. Cenário de Referência da População

Estimativa de População sob o pressuposto da não concretização do conjunto

de investimentos previstos do Objeto AAE

Para o Cenário de Referência da população para o Litoral Paulista e suas subáreas de interesse, considerou-se as projeções de população para os municípios do Estado de São Paulo, anos 2015 e 2020, elaboradas pelo SEADE.

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Litoral Paulista

ARCADIS Tetraplan 13

Como as projeções do SEADE não alcançam o último ano do horizonte de análise, extrapolaram-se os resultados dos anos 2015 e 2020 para 2025, subsidiando sua elaboração por estudos paralelos.

CENÁRIO DE REFERÊNCIA - ESTIMATIVAS DE POPULAÇÃO

Projeção População Litoral Paulista 2010-2025

Litoral Paulista e Subáreas 1991 2000 2007 2010 2015 2020* 2025**

Litoral Norte 146.425 223.769 264.021 279.930 303.859 326.044 339.015

Baixada Santista Central 995.550 1.123.315 1.219.294 1.258.046 1.314.785 1.362.336 1.406.943

Baixada Santista Sul 219.430 350.597 423.882 451.640 492.862 529.486 550.677

Litoral Sul 37.911 46.330 51.152 53.072 55.805 58.124 60.089

Total Litoral SP 1.399.316 1.744.011 1.958.349 2.042.688 2.167.311 2.275.990 2.356.723

Taxa Média Anual de Crescimento nos Períodos

Litoral Paulista e Subáreas 1991/2000 1991/2007 2007/2010 2010/2015 2015/2020 2020/2025 2010/2025

Litoral Norte 4,83% 3,75% 1,97% 1,65% 1,42% 0,78% 1,28%

Baixada Santista Central 1,35% 1,28% 1,05% 0,89% 0,71% 0,65% 0,75%

Baixada Santista Sul 5,34% 4,20% 2,14% 1,76% 1,44% 0,79% 1,33%

Litoral Sul 2,25% 1,89% 1,24% 1,01% 0,82% 0,67% 0,83%

Total Litoral SP 2,48% 2,12% 1,42% 1,19% 0,98% 0,70% 0,96%

Incremento da População nos Períodos

Litoral Paulista e Subáreas 1991-2000 2000-2007 2007-2010 2010-2015 2015-2020 2020-2025 2010-2025

Litoral Norte 77.344 40.252 15.909 23.929 22.185 12.971 59.085

Baixada Santista Central 127.765 95.979 38.752 56.739 47.551 44.607 148.897

Baixada Santista Sul 131.167 73.285 27.758 41.222 36.624 21.191 99.037

Litoral Sul 8.419 4.822 1.920 2.733 2.319 1.965 7.017

Total Litoral SP 344.695 214.338 84.339 124.623 108.679 80.733 314.035 Fonte: IBGE, 2010 Projeções: *SEADE, 2015 e 2020; **Arcadis Tetraplan

3.1.3.5. Cenário Prospectivo da População

Estimativa de População sob o pressuposto da concretização plena do conjunto

de investimentos previstos do Objeto AAE

O procedimento básico para a projeção do Cenário Prospectivo foi o de estabelecer uma relação básica entre a criação de empregos diretos, população potencialmente associada, população residente e movimentos pendulares, relações essas moldadas, inclusive, por ajustes arbitrados7.

A partir das projeções do Objeto AAE, foi possível aferir o número de empregos diretos de cada projeto em termos territorial e temporal. Essa estimativa de empregos diretos durante as fases de construção e operação embasou a projeção prospectiva de população, considerando-se:

7 A metodologia e hipóteses adotadas estão explicitadas na Base de Informações / Abordagem Metológica constituída

no processo AAE, disponível para a equipe gestora do Governo do Estado de São Paulo

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Litoral Paulista

ARCADIS Tetraplan 14

• A ponderação da oferta de empregos diretos por um coeficiente que refletisse o número de pessoas atraídas por unidade de emprego criado;

• A incorporação da parcela da população induzida pela atratividade dos empreendimentos;

• O papel do movimento pendular do litoral com o planalto.

A seguir, são explicitados detalhes dos procedimentos adotados na conformação desse Cenário Prospectivo de população:

• A partir das estimativas de Emprego Direto do Objeto AAE, assumiu-se um coeficiente “População/Pessoal Ocupado” e projetou-se valores para a “população potencialmente associada”.

• A adoção da correlação entre empregos diretos e tamanho populacional, mais especificamente em termos da sua distribuição entre as subáreas envolvidas, desconsidera a força das condicionantes que estruturam a apropriação do crescimento populacional pelos diversos municípios do Litoral Paulista.

• Por essa razão, a distribuição dos incrementos de população projetados tomou como indicador básico o mesmo princípio adotado para o Cenário de Referência, ou seja, a contribuição com que cada subárea vem participando no computo total desse crescimento. Com isso, está se admitindo um intenso movimento pendular intrarregional entre a Baixada Santista Central e Baixada Santista Sul.

• A manutenção de certo nível de estabilidade ao longo de alguns períodos, tanto para a população residente quanto para a pendular (não se está considerando aqui a população flutuante associada ao turismo), justifica-se pelo fato de o tamanho da população não se ajustar automaticamente às variações do nível de emprego. Alcançado certo patamar, os ajustes demandam períodos longos de tempo.

• Ao estabelecer-se relações entre a criação de empregos diretos, população potencialmente associada, população residente e movimentos pendulares, moldadas por ajustes arbitrados, assumiu-se:

a) na fase construtiva, o pessoal ocupado nas obras deverá, em grande parte, ficar alojado em canteiro de obras e, após o término, ser alocado para outras obras;

b) em fases outras das obras que exijam uma certa especialização (eletricistas, encanadores, montadores de equipamentos, etc.), haverá muito provavelmente um intenso movimento pendular intrarregional;

c) na fase de exploração do petróleo e gás é extremamente significativo o número de pessoal embarcado, qualificado, em sua maior parte, com bom nível de renda e trabalhando em turnos próximos de 12 dias, o que sinaliza um movimento pendular entre o litoral e o planalto e/ou outras regiões.

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Litoral Paulista

ARCADIS Tetraplan 15

• Convém chamar a atenção para o fato de o emprego ser distribuído ao longo do horizonte de análise, fazendo com que o número de empregos gerados não seja igual ao número de pessoas ocupadas. A mesma pessoa ocupada em uma obra terminada pode ocupar o posto de trabalho em outra em construção, ou ficar desempregada.

• Não se considerou aqui o emprego indireto e induzido pelo efeito renda, cuja localização é difusa, em particular este último, podendo se concretizar em qualquer lugar do Brasil ou mesmo no exterior. Desse modo, para a fase de implantação, a ênfase ficou por conta do emprego direto gerado pelo setor de construção, cujo exercício se dá no sítio dos empreendimentos, diferentemente dos relacionados à fabricação de máquinas e equipamentos.

Sob esses pressupostos e hipóteses, os resultados do Cenário Prospectivo de População para o Litoral Paulista e suas respectivas subáreas são apresentados a seguir:

CENÁRIO PROSPECTIVO - ESTIMATIVAS DE POPULAÇÃO

Projeção População Litoral Paulista 2010-2025

Litoral Paulista e Subáreas 2010 2015 2020 2025

Litoral Norte 284.845 323.019 331.060 344.031

Baixada Santista Central 1.263.867 1.381.127 1.446.081 1.500.639

Baixada Santista Sul 454.813 529.026 575.137 601.752

Litoral Sul 53.072 55.805 58.124 60.089

Total Litoral SP 2.056.597 2.288.977 2.410.402 2.506.511

Taxa Média Anual de Crescimento nos Períodos

Litoral Paulista e Subáreas 2010/2015 2015/2020 2020/2025 2010/2025

Litoral Norte 2,55% 0,49% 0,77% 1,27%

Baixada Santista Central 1,79% 0,92% 0,74% 1,15%

Baixada Santista Sul 3,07% 1,69% 0,91% 1,88%

Litoral Sul 1,01% 0,82% 0,67% 0,83%

Total Litoral SP 2,16% 1,04% 0,79% 1,33%

Incremento da População nos Períodos

Litoral Paulista e Subáreas 2010-2015 2015-2020 2020-2025 2010-2025

Litoral Norte 38.174 8.041 12.971 59.186

Baixada Santista Central 117.260 64.954 54.558 236.772

Baixada Santista Sul 74.213 46.111 26.615 146.939

Litoral Sul 2.733 2.319 1.965 7.017

Total Litoral SP 232.380 121.425 96.109 449.914 Projeções: Arcadis Tetraplan

3.1.3.6. Efeitos dos Investimentos Previstos na População do Litoral Paulista

Efeitos da concretização plena do conjunto de investimentos previstos do

Objeto AAE na trajetória de crescimento da População do Litoral Paulista

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Litoral Paulista

ARCADIS Tetraplan 16

Projetados os incrementos populacionais via emprego direto associado ao conjunto de investimentos previstos do Objeto AAE e resgatando-se as projeções de população do Cenário de Referência, pode-se, mediante a agregação dos incrementos aos valores anteriormente projetados, estabelecer o tamanho da população nos períodos em análise e, com isso, avaliar, da mesma forma como se fez com o valor adicionado, os impactos do conjunto de investimentos previstos do Objeto AAE no crescimento da população do Litoral Paulista e suas subáreas.

Estimou-se no Cenário de Referência que a população total do Litoral Paulista chegaria a 2,3 milhões de pessoas em 2025 a uma taxa média de crescimento no período de 0,96% ao ano. Com o incremento estimado de população decorrente da concretização do conjunto de investimentos previstos do Objeto AAE, projetou-se no Cenário Prospectivo que a população do Litoral Paulista chegue a 2,5 milhões de pessoas em 2025.

Assim, conforme apresentado na tabela a seguir, a implantação dos empreendimentos previstos do Objeto AAE no Litoral de São Paulo acarretará um aumento de aproximadamente 150 mil pessoas sobre o Cenário de Referência para o total do Litoral de São Paulo entre 2010 e 2025. Isto significa um aumento de mais de 22% da população total do litoral em um período de 15 anos, a uma taxa média de crescimento anual de 1,37% ao ano.

No entanto, as repercussões sinérgicas e acumuladas do conjunto de investimentos previstos do Objeto AAE não se dá de forma homogênea por toda a região, tendo seu maior efeito relativo na Baixada Santista Sul, com uma taxa de crescimento da população projetada em 33% para o total do período, e efeito nulo no Litoral Sul, com taxas idênticas tanto para o Cenário de Referência quanto para o Cenário Prospectivo.

CENÁRIO DE REFERÊNCIA X CENÁRIOS PROSPECTIVO

Cenário Prospectivo: Incremento Adicional da População sobre o Cenário de Referência

Litoral Paulista e Subáreas 2010 2015 2020 2025

Litoral Norte 4.915 19.160 5.016 5.016

Baixada Santista Central 5.821 66.342 83.745 93.696

Baixada Santista Sul 3.173 36.164 45.651 51.075

Litoral Sul 0 0 0 0

Total Litoral SP 13.909 121.666 134.412 149.787 Cenário Prospectivo: Taxa Média Anual de Crescimento

sobre o Ano Base (2010) do Cenário de Referência nos Períodos

Litoral Paulista e Subáreas 2010*/2010** 2010*/2015** 2010*/2020** 2010*/2025**

Litoral Norte 1,76% 2,90% 1,69% 1,38%

Baixada Santista Central 0,46% 1,88% 1,40% 1,18%

Baixada Santista Sul 0,70% 3,21% 2,45% 1,93%

Litoral Sul 0,00% 1,01% 0,91% 0,83%

Total Litoral SP 0,68% 2,30% 1,67% 1,37% Cenário Prospectivo: Taxa de Crescimento

sobre o Ano Base (2010) do Cenário de Referência nos Períodos

Litoral Paulista e Subáreas 2010*/2010** 2010*/2015** 2010*/2020** 2010*/2025**

Litoral Norte 1,76% 15,39% 18,27% 22,90%

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Avaliação Ambiental Estratégica - AAE Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore

Litoral Paulista

ARCADIS Tetraplan 17

Baixada Santista Central 0,46% 9,78% 14,95% 19,28%

Baixada Santista Sul 0,70% 17,13% 27,34% 33,24%

Litoral Sul 0,00% 5,15% 9,52% 13,22%

Total Litoral SP 0,68% 12,06% 18,00% 22,71% Projeções: Arcadis Tetraplan * Cenário de Referência ** Cenário Prospectivo

As repercussões da concretização plena do conjunto de investimentos previstos do Objeto AAE na trajetória e ritmo de crescimento da população do Litoral Paulista e suas respectivas subáreas também pode ser entendido pela observação dos gráficos que seguem:

2000 2007 2010 2015 2020 2025

Total Litoral SP 1.744.0 1.958.3 2.042.6 2.167.3 2.275.9 2.356.7

Total Litoral SP (CP) 1.744.0 1.958.3 2.056.5 2.288.9 2.410.4 2.506.5

1.700.000

1.900.000

2.100.000

2.300.000

2.500.000

2.700.000

Po

pu

laça

õ

Cenário de Referência X Cenário ProspectivoProjeções de População

Total Litoral Paulista (2010-2025)

1.000.000

1.100.000

1.200.000

1.300.000

1.400.000

1.500.000

1.600.000

2000 2007 2010 2015 2020 2025

Po

pu

laçã

o

Cenário de Referência X Cenário ProspectivoProjeções de População

Baixada Central (2010-2025)

Baixada Central (CR)

Baixada Central (CP)

300.000

350.000

400.000

450.000

500.000

550.000

600.000

650.000

700.000

2000 2007 2010 2015 2020 2025

Po

pu

laçã

o

Cenário de Referência X Cenário ProspectivoProjeções de População Baixada Sul (2010-2025)

Baixada Sul (CR)

Baixada Sul (CP)

200.000

220.000

240.000

260.000

280.000

300.000

320.000

340.000

360.000

380.000

400.000

2000 2007 2010 2015 2020 2025

Po

pu

laçã

o

Cenário de Referência X Cenário ProspectivoProjeções de População Litoral Norte(2010-2025)

Litoral Norte (CR)

Litoral Norte (CP)

40.000

45.000

50.000

55.000

60.000

65.000

2000 2007 2010 2015 2020 2025

Po

pu

laçã

o

Cenário de Referência X Cenário ProspectivoProjeções de População

Litoral Sul(2010-2025)

Litoral Sul (CR=CP)

Page 19: Avaliação Ambiental Estratégica – AAE Dimensão …arquivos.ambiente.sp.gov.br/cpla/2011/11/cpla-aae-pino05.pdfLitoral Sul: Cananéia, Iguape e Ilha Comprida. No contexto antevisto

Avaliação Ambiental Estratégica - AAE Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore

Litoral Paulista

ARCADIS Tetraplan 18

0 500.000 1.000.000 1.500.000

LN (CR)

LN (CP)

BC (CR)

BC (CP)

BS (CR)

BS (CP)

LS (CR)

LS (CP)

LN (CR) LN (CP) BC (CR) BC (CP) BS (CR) BS (CP) LS (CR) LS (CP)

2010* 279.930 284.845 1.258.046 1.263.867 451.640 454.813 53.072 53.072

2015** 23.929 38.174 56.739 117.260 41.222 74.213 2.733 2.733

2020** 22.185 8.041 47.551 64.954 36.624 46.111 2.319 2.319

2025** 12.971 12.971 44.607 54.558 21.191 26.615 1.965 1.965

Cenário de Referência X Cenário ProspectivoProjeções do Incremento da População

Litoral Paulista (2010 - 2025)

Elaboração: Arcadis Tetraplan * Projeções de População ** Projeções do Incremento da População

3.2. Repercussões Antevistas Os investimentos em petróleo & gás e complexos portuários & logísticos, na intensidade prevista ao longo dos próximos 15 anos, muitos dos quais já iniciados, antecipam a clara percepção de um novo ciclo produtivo no Litoral Paulista, mudando o rumo dos acontecimentos e repercutindo no crescimento econômico e populacional.

A escala potencial da evolução da economia litorânea pode atingir magnitudes no campo da geração de PIB e/ou Valor Adicionado, da Renda e Emprego e de Impostos (não só dos royalties) que, certamente, implicam mudança de patamar na evolução destas variáveis ou uma ruptura de suas trajetórias anteriores.

Há assim novos processos em curso, com dimensões inéditas, que se estendem pela década de 2010, conforme a curva de maturação dos investimentos previstos do Objeto AAE, e que se propagam por outras dimensões da realidade litorânea em um movimento ascendente de repercussões.

Deve-se ter claro, contudo, que a antevisão das repercussões econômicas e socioambientais no curto, médio e longo prazo é um exercício que trabalha com os intervalos máximos de variações entre o Cenário de Referência e o Prospectivo ao longo do tempo, mas que, na verdade, estas alterações flutuarão entre esses limites. Ou seja, a idéia é mostrar as situações limites possíveis, supondo-se sua probabilidade de ocorrência, para assim desencadearem-se processos de

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planejamento estratégicos antecipados, no sentido de urgência, dadas as dimensões inéditas das transformações.

Busca-se, assim, embasar o conhecimento das repercussões que irão se propagar na região em sua manifestação máxima, de forma a mobilizar em tempo hábil as políticas públicas rumo a decisões estratégicas, como também orientações aos licenciamentos ambientais decorrentes, a partir de uma visão plena, eliminando-se enfoques isolados.

Dessa forma, as repercussões se refletem:

� na Dinâmica Econômica Regional – novo ciclo econômico, mercado de trabalho, logísticas e ganhos de acessibilidade, turismo e pesca;

� na Espacialidade do Processo de Ocupação – uso do solo;

� nos Déficits Sociais – demandas ícones de habitação, saneamento, saúde, educação;

� na Pressão sobre Recursos Ambientais – terrestres, marinhos e qualidade do ar.

Esse elenco de repercussões se acumula e se sinergiza no médio e longo prazo, consubstanciando e inovando processos socioambientais, cujo conhecimento auxilia decisões públicas e privadas e possibilita formular movimentos estratégicos a serem desencadeados na região para construir sua sustentabilidade.

Com esse entendimento, enfatiza-se o sentido de urgência para se propor alternativas de sustentação ambiental e, ao mesmo tempo, oferecer opções de desenvolvimento regional rumo às finalidades maiores da aplicação da AAE à Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore (PINO) no Litoral Paulista.

3.2.1. Perfil dos Investimentos do Objeto AAE

Na caracterização das Repercussões Antevistas, desenhando distintos processos de acomodação na realidade do Litoral Paulista até 2025, retoma-se o perfil dos investimentos previstos do Objeto AAE, explicitados na Frente I, considerando-se: i) a intensidade e o status dos investimentos; ii) seus determinantes em termos da natureza de investimento abrigado no Objeto AAE.

3.2.1.1. Status dos Investimentos A complexidade dos investimentos previstos do Objeto AAE em termos de estágios de implantação pode ser resumida em cinco status, que vão da intenção dos investimentos até projetos em operação. A tabela a seguir mostra essa identidade:

Núcleos e Drivers

Objeto AAE Status (%)

% Total de Investimento

Intenção Invest. Projeto Empreendi-

mento Obra Operação

NÚCLEO BASE 83,9 69 4 15 13 0

Driver 1: Petróleo, Gás & Offshore

75,1 75 1 12 12 0

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ARCADIS Tetraplan 20

Driver 2: Complexos Portuários 8,8 18 27 38 17 1

NÚCLEO ADERENTE 7,4 52 26 21 0 0

NÚCLEO COMPLEMENTAR

8,6 100 0 0 0 0

Driver 1: Petróleo, Gás & Offshore

7,5 100 0 0 0 0

Driver 2: Complexos Portuários

0,6 100 0 0 0 0

Aderente do Complementar

0,5 100 0 0 0 0

Elaboração: Arcadis Tetraplan

3.2.1.2. Natureza dos Investimentos O Objeto AAE, estruturado por núcleos e drivers, setorializa o conjunto dos investimentos que também pode ser evidenciado por meio da natureza de cada um deles, tornando-se funcional à análise das repercussões.

A tabela a seguir, agregando-se os investimentos que compõem os núcleos base e aderente, permite essa identificação sob nove naturezas distintas:

Natureza dos Investimentos

Objeto AAE

Status (%)

% Total de Investimento

Intenção Invest.

Projeto Empreendi-mento

Obra Operação

Apoio Logístico 3 80 18 3 0 0

Core Petróleo 79 77 0 12 11 0

Core Porto 8 2 32 46 20 1

Energia 1 100 0 0 0 0

Estaleiros e embarcações 3 89 0 11 0 0

Logística - Dutos 2 5 27 13 55 0

Logística terrestre 2 0 25 73 2 0

ZPE 0 0 0 100 0 0

Outros 2 17 83 0 0 0

Elaboração: Arcadis Tetraplan

3.2.2. Caracterização das Repercussões Antevistas Sob os pressupostos apresentados, e considerando-se a totalidade dos empreendimentos, projetos e intenções de investimentos do Objeto AAE, descrevem-se as repercussões econômicas, sociais e ambientais em sua manifestação máxima.

3.2.2.1. Na Dinâmica Econômica Regional

A) O novo Ciclo da Economia do Litoral Paulista e Renovação do seu Papel Exportador

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Um ciclo de expansão econômica se caracteriza, em geral, por um período relativamente longo (em torno de uma década) de crescimento ininterrupto, com elevadas taxas de expansão global e setorial da economia. É precedido de um conjunto de mudanças econômicas e institucionais que viabilizam, por meio de elevadas taxas de investimento, a eliminação de pontos de estrangulamento que constituem óbices à mobilização das potencialidades de desenvolvimento econômico e socioambiental.

A entrada dos investimentos em Petróleo & Gás e Complexos Portuários, com alocação total prevista de recursos até 2025 da ordem de R$ 209 bilhões, vem se manifestando desde 2007, já tendo realizado algo como 11% (obra e em operação) dos investimentos previstos e 16% já com projetos executivos e estudos ambientais, corporificados como empreendimentos.

Nessas condições, entende-se que as decisões de investimentos privados e públicos que foram tomadas e ainda serão nos setores de petróleo & gás e na expansão e modernização das atividades portuárias (Santos e São Sebastião), compõem o eixo central de um possível novo ciclo econômico, com os seguintes desdobramentos econômicos:

i. Comparação entre os Cenários de Referência e Prospectivo em ciclos quinquenais de médio e longo prazo com ritmo médio anual do crescimento do Valor Adicionado* do Litoral Paulista, conforme consta do gráfico a seguir:

2,95%

3,23%

3,50%

6,37%

7,57%

6,67%

* A taxa média anual de longo prazo de 4,27% (2010-2025) “amortece” os reais saltos quinquenais do

Valor Adicionado regional: 6,37% (2010-2015); 7,57% (2015-2020); 6,67% (2020-2025).

Projeções: Arcadis Tetraplan

Nesse ciclo, as atividades de petróleo & gás no Litoral Paulista decorrem do potencial expressivo das jazidas da bacia de Santos e as do Pré-sal e, portanto, fica evidenciado que sua exploração por parte principalmente da Petrobras e por outras empresas implicará a implantação em terra de um conjunto de atividades típicas desta indústria.

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Em relação à expansão e modernização dos portos da região, sua determinação maior provém do modelo de desenvolvimento (primário exportador baseado em grãos, carnes e minérios com um setor industrial e de serviços moderno e internacionalizado) com demanda crescente da importação de bens de capital, de bens de consumo sofisticados, de insumos e matérias primas; e, do lado das exportações, dos produtos primários citados e de vários segmentos industriais (automóveis, linha branca, etc.) competitivos em termos globais.

Somente no Porto de Santos, responsável por 26% da Balança Comercial, a movimentação contemplou a atracação de 5.730 navios e atingiu 83,2 milhões de toneladas em 2009 e deverá alcançar 181 milhões de toneladas em 2024, segundo estudo do BID/2009.

Mais ainda, com o alargamento do grau de abertura ao setor externo e a inserção crescente e diversificada do Brasil na economia mundial e, ainda, com a continuação do papel primaz da região Sudeste, mesmo com a participação de outros terminais privados especializados, o porto de Santos segue e ratifica sua trajetória como o mais importante da América Latina.

B) Mercado de Trabalho com Oferta Diferenciada e Ganhos na Distribuição de Renda

Esse ciclo, alimentado pela entrada de capitais físicos (produção de petróleo & gás e infraestrutura de logísticas), anima a economia, ocupa espaços funcionais, usa recursos naturais e também cria oportunidades de trabalho em seus segmentos produtivos, alterando o patamar do nível de emprego e do nível de qualificação e correspondente remuneração. Nesse processo, a renda pessoal e a das famílias tendem a se elevar, podendo alterar a distribuição de renda regional.

De fato, estima-se que os ganhos de longo prazo do Valor Adicionado per capita sejam da ordem de R$8.725 entre 2010 e 2025 (renda per capita projetada de R$25.307 em 2025 no Cenário Prospectivo contra R$16.582 em 2010), valor este que justificaria uma expectativa de melhora da distribuição de renda pessoal ou, alternativamente, uma melhoria no índice de Gini.

Prevê-se também que o incremento no nível de ocupação da economia regional resultará em uma expansão da demanda por trabalho decorrente do ciclo produtivo antevisto, cuja oferta local deverá ser capaz de absorver parcialmente, tendo em vista os níveis de qualificação requeridos, seja durante a fase de construção com previsão de 130 mil empregos diretos gerados, seja durante a fase de operação, com algo como 71 mil empregos diretos e 120 mil indiretos.

Não se pretende adentrar a uma tipologia dos profissionais exigidos, mas são todos aqueles vinculados aos processos de edificação e construção fabril mais especializada que serão intensamente requisitados, bem como os pertencentes à industria de petróleo & gás (altamente especializados) e à operação de terminais portuários (que também exige mão de obra treinada). Além disso, toda a gama de serviços associados aos setores petrolíferos e portuários também demanda profissionais de diversas formações e níveis de qualificação (comércio, finanças, gastronomia, transportes, turismo de negócios, entre outros).

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Neste sentido, haverá repercussões no mercado de trabalho, o qual será demandante durante vários anos por mão de obra de todos os níveis de qualificação e com destaque para aquela de média e alta, cujo atendimento implicará: i) a formação, qualificação e treinamento dos profissionais residentes; ii) a complementação pela migração; e iii) a movimentação pendular (trabalhadores de outras praças que permanecem um tempo e retornam ou que fazem trajetos intermunicipais diários com o planalto).

Esse fato já tem provocado o lançamento de novos cursos pelas universidades e faculdades existentes no litoral paulista, bem como por parte do ensino profissionalizante e “Sistema S” (SENAI, SESC, SESI e SEBRAE).

Ou seja, em certa medida o próprio mercado de educação e ensino já responde a essas demandas, ao que se adicionam as iniciativas do poder público para a formação de tais profissionais a partir dos residentes locais, priorizando deste modo tais populações.

Em decorrência, é certo que os rendimentos do trabalho serão também incrementados, de modo que o salário médio do trabalhador dos municípios (todas as categorias profissionais) apresentará ganhos nos próximos anos, constituindo-se no indicador de monitoramento mais adequado para o fenômeno.

E, além da renda do trabalho (salário), as demais formas de rendimento da atividade produtiva também terão aumentos significativos, como aquelas derivadas da prestação de serviço (profissionais liberais e outras), das atividades empresariais (micro e pequenos empresários), etc.

Também o turismo de negócio decorrente da animação da economia regional deverá expandir-se (tema explorado a seguir), buscando profissionais capacitados para dar conta de suas demandas de eventos, congressos, exigindo da rede hoteleira igualmente.

Estimativa de pessoal ocupado nas fases de construção e operação do conjunto de empreendimentos, projetos e intenções de investimentos

Convém chamar a atenção para o fato de o Emprego Direto associado à construção e operação dos empreendimentos previstos do Objeto AAE ser distribuído ao longo do horizonte de análise (2010-2025), fazendo com que o número de empregos gerados não seja igual ao número de pessoas ocupadas. A mesma pessoa ocupada em uma obra terminada pode ocupar o posto de trabalho em outra em construção, ficar desempregada ou ser absorvida em outra atividade.

Assim, a seguir são apresentadas as curvas estimadas do incremento de pessoal ocupado nas fases de implantação e operação dos empreendimentos previstos do Objeto AAE que embasaram as projeções de população no Cenário Prospectivo.

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Litoral Paulista

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0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

Incr

em

en

to P

O

PROJEÇÃO DO INCREMENTO DE PESSOAL OCUPADO FASE

CONSTRUÇÃO E FASE OPERAÇÃO NO LITORAL PAULISTA

Total Litoral SP (FO)

Total Litoral SP (FC)

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

Incr

em

en

to P

O

PROJEÇÃO DO INCREMENTO DE PESSOAL OCUPADOFASE CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO - BAIXADA CENTRAL

Baixada Central (FO)

Baixada Central (FC)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

Incr

em

en

to P

O

PROJEÇÃO DO INCREMENTO DE PESSOAL OCUPADOFASE CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO - BAIXADA SUL

Baixada Sul (FO)

Baixada Sul (FC)

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

9.000

Incr

em

en

to P

O

PROJEÇÃO DO INCREMENTO DE PESSOAL OCUPADOFASE CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO - LITORAL NORTE

Litoral Norte (FO)

Litoral Norte (FC)

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

Incr

em

en

to P

O

PROJEÇÃO DO INCREMENTO DE PESSOAL OCUPADO FASE CONSTRUÇÃO + FASE OPERAÇÃO

Litoral Norte (FC+FO)

Baixada Central (FC+FO)

Baixada Sul (FC+FO)

Total Litoral SP (FC+FO)

Elaboração: Arcadis Tetraplan

Observa-se que a partir de 2015, o término de muitas obras é determinante na queda do nível do emprego, não obstante o início de operação de alguns empreendimentos.

Em outros termos, considerando somente aspectos quantitativos, a operação de alguns empreendimentos não é suficiente para contrabalançar a supressão da oferta de emprego no setor de construção. Esse comportamento deve se prolongar até 2018, a partir do qual há uma clara inflexão da curva, passando a aumentar o nível de ocupação pela entrada em operação de novos empreendimentos, até a sua estabilização a partir de 2021 em nível inferior ao do momento de pico.

A absorção de alguma parcela do emprego indireto e induzido pode atenuar em alguma medida o desajuste sinalizado, mas dada a sua localização difusa, principalmente o induzido que pode se localizar em qualquer parte do Brasil, fica o registro mais como uma possibilidade de alguma apropriação.

Por outro lado, deve se considerar a continuidade espontânea do crescimento regional e dinamização do mercado de trabalho ensejados pelo novo ciclo produtivo antevisto.

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Demanda e oferta de mão de obra nas fases de construção e operação do conjunto de empreendimentos, projetos e intenções de investimentos

Estima-se para os primeiros cinco anos (2010-2015), etapa inicial de implantação do elenco de empreendimentos previstos, a geração de cerca de 50 mil postos de trabalho na construção (80% na Baixada Santista Central), o que implica a absorção, em larga escala, de operários qualificados de nível básico, tais como pedreiros, armadores, carpinteiros, montadores de andaime, instaladores de tubulação hidráulica, soldadores, operadores de máquinas de terraplanagem e escavadeiras, entre outros.

Assim, haverá a necessidade de realização de um grande programa de qualificação profissional, com cursos de curta duração, muito focado nas reais necessidades e, o que é mais difícil, no tempo certo, guardando sincronismo com as demandas, mas buscando formas de minimizar a necessidade de importação de mão de obra, aproveitando-se o contingente disponível nas cidades da região.

Para a fase operacional, que se caracteriza por um incremento na demanda de profissionais de nível técnico e superior, acompanhada de uma queda acentuada na demanda por operários de formação básica, com um horizonte que se estende até 2025, serão gerados no litoral mais de 50 mil postos de trabalho, mais especificamente em Santos e nas cidades vizinhas (Baixada Santista Central), que apresentam um quadro um pouco distinto de qualificação profissional, mas que igualmente demandará capacitação.

Considerando-se que existem cursos técnicos e cursos universitários em muitos campos da engenharia, da administração e de diversas outras especialidades na região, há oferta de ensino que prepare para as oportunidades e demandas que emergem da implantação dos empreendimentos, ao mesmo tempo em que se providencie a inserção de novos conteúdos nos cursos atuais.

Vale lembrar que é muito grande o contingente de profissionais dos mais diferentes setores formados e residentes no litoral que viajam diariamente entre a Baixada Santista e a Região Metropolitana de São Paulo, onde encontram emprego e renda. Bons projetos de capacitação e de especialização profissional, sintonizados com os investimentos em foco, podem fixar esses profissionais no Litoral Paulista.

Resposta às necessidades de capacitação profissional

A ausência de resposta às necessidades de capacitação profissional, no tempo adequado, mantendo sincronismo com o desenvolvimento do conjunto de empreendimentos, projetos e intenções de investimentos descritos no Objeto AAE, poderá desencadear dois tipos de processos: i) o aumento da população pendular, que já é significativa, sobretudo na região da Baixada Santista Central com o planalto; e ii) a migração de mão de obra, que poderá ou não acarretar migração de famílias inteiras, além da natural migração espontânea.

Diversas ações visando o preparo de mão de obra foram implementadas a partir da decisão de se ampliar a exploração e produção de petróleo na bacia de Santos. Uma das primeiras providências tomadas após a implantação da Petrobras-UNBS (Unidade

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de Negócios da Baixada Santista), foi a criação de um fórum regional presidido pelo gerente-geral da UNBS e composto por representantes das universidades, Associação Comercial de Santos, Prefeitura Municipal de Santos, escolas técnicas e entidades representativas da indústria, como a ABDIB e a FIESP. Dentre os primeiros projetos destaca-se um identificado como BS-04: Aproveitamento dos Recursos Humanos Locais e Regionais, Mão de Obra Especializada, Bens e Serviços.

A mobilização decorrente da criação desse fórum regional, somada a outras iniciativas das três esferas de governo, resultou na realização de um conjunto considerável de programas de capacitação, sobretudo no nível básico, incluindo eletricistas, pedreiros, soldadores, instrumentistas montadores, instrumentistas de sistema, caldeireiros e pintores industriais, entre outros. Dentre esses programas, destacam-se o PROMINP - Programa de Mobilização da Indústria de Petróleo e Gás - que já formou cerca de 3.000 trabalhadores na região, sendo 800 em Caraguatatuba e os demais distribuídos entre Santos e Cubatão e o PLANTEQ - Plano Territorial de Qualificação – encabeçado pela Prefeitura Municipal de Santos, que já formou cerca de 500 profissionais, incluindo Auxiliares de Logística e Plataformistas Offshore.

Identificam-se ainda as iniciativas do SINDUSCON (Sindicato Patronal da Construção Civil) que vem formando mão de obra para esse setor, além de ações dos sindicatos dos trabalhadores portuários e dos empregados da construção civil, este último tendo formado mais de 1.000 soldadores, como exemplo.

Esta série de iniciativas constitui um fator muito positivo, pois tende a neutralizar a "importação" de mão de obra para a região, mas como ponto crítico pode-se apontar a falta de alguns programas mais específicos.

C) Ganhos de Acessibilidade e de Produtividade Sistêmica Regional

Os investimentos do complexo Petróleo & Gás e seus desdobramentos provocariam forte aumento da movimentação de cargas e de pessoas, pressionando a oferta de logísticas podendo intensificar gargalos e missing links.

No entanto, a dimensão dos empreendimentos, projetos e intenções de investimentos previstos na diversidade de seus investimentos responde à necessidade logística- portuária e de adequações, expansões e ampliações de rodovias, ferrovias, sistema viário urbano e serviços de transporte coletivo. Estão previstos: um core portuário da ordem de R$15,8 bilhões, seu apoio logístico com investimentos da ordem de R$ 5,9 bilhões e uma logística terrestre para cargas e pessoas, que inclui também dutos, de cerca de R$ 7,1 bilhões, o que totaliza R$ 28,8 bilhões, significando 14% do total abrigado nos investimentos previstos do Objeto AAE.

O incremento da utilização de rodovias, ferrovias, sistema viário urbano e serviços de transporte coletivo implicará a necessidade de adequações, expansões e ampliações da infraestrutura e serviços correspondentes de forma a propiciar capacidade suficiente e nível de segurança e de serviço adequados ao nó logístico, bem como de instalações de apoio, principalmente terminais retroportuários, pátios de apoio de caminhões e pátios ferroviários.

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Por exemplo, com relação a transporte público de passageiros para a Baixada Santista Central, está planejado o Sistema Integrado Metropolitano - SIM, que é uma rede de transporte coletivo de média capacidade, operada com veículos leves sobre trilhos (VLT) e com uma moderna e renovada frota de ônibus, conforme apresentado na figura a seguir. A obra, a ser realizada na forma de Parceria Público-Privada (PPP), está em licitação pelo Governo do Estado com previsão de assinatura do contrato com a concessionária vencedora em novembro de 2010. As obras deverão ser iniciadas em 2011 e o funcionamento está previsto para 2012. Na ilustração a seguir apresenta-se esquematicamente o empreendimento.

Figura 3.2-1 Localização do Sistema Integrado Metropolitano

Fonte : AGEM – Agencia Metropolitana da Baixada Santista, 2010.

Por outro lado, a questão da mobilidade no Litoral Norte exigirá um planejamento rápido e integrado, pois existe tendência de ampliação da faixa urbanizada para a ocupação da população fixa esperada. Para a região, há previsão de duplicação da rodovia dos Tamoios e a construção do contorno de Caraguatatuba e São Sebastião, o que deverá desafogar o viário das cidades da circulação dos caminhões. Com essas obras, será possível estabelecer uma hierarquia viária para a região, no sentido de desenvolver um plano regional de transporte de passageiros.

Nessa perspectiva, no novo ciclo econômico pode-se antever a superação de pressões sobre o sistema de transportes. Assim, os investimentos articulados em logísticas cobrem boa parte do Litoral, quer com ligações intra-regionais, quer com o planalto, o que em síntese implicam redução de distancias friccionais, melhorando a acessibilidade média a diferentes pontos de destino, incluindo os portos.

Isso se reflete em diminuição dos custos de transporte e em ganhos de produtividade sistêmica, repercutindo inexoravelmente na competitividade de variadas cargas integrantes da Balança Comercial.

3.2.2.2. No Perfil Dominante da Economia Regional e Local com destaque ao Turismo e Pesca

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A) TURISMO: Fortalecimento e Recomposição do Perfil do Turismo

A alocação de investimentos petrolíferos e portuários e de logística combinado com o novo ciclo econômico, alastrando-se pela matriz produtiva e, ainda, o contingente de população residente atraída ao Litoral Paulista irão impor transformações na dinâmica do turismo regional. Ainda que haja oportunidades, mas também riscos para as atividades da cadeia turística, o processo de transformações antevisto evolui em direção ao seu fortalecimento e a recomposição de atrativos, como se resume na sequência.

Expansão da Demanda Turística Regional

O tipo de turismo predominante no litoral paulista é o balneário, associado às atividades de lazer e que utiliza como hospedagem principalmente as residências secundárias. São viagens que apresentam grande incidência de retornos ao mesmo destino e que se utilizam basicamente dos transportes rodoviários, sobretudo o automóvel próprio (76% das viagens).

Além disso, os destinos escolhidos para estas viagens são, em geral, localidades costeiras mais próximas do local de residência dos turistas. Ou seja, a fim de visitar praias com as características desejadas, os turistas tendem dar preferência às localidades de menores distâncias relativas.

Contudo, a atração de fluxos turísticos de negócios e de eventos será estimulada, respondendo às demandas de animação econômica. O crescimento econômico com novas cadeias produtivas, numa estrutura de oferta de equipamentos consolidada como a da Baixada Santista Central, por exemplo, contribui para ampliar a gama de oportunidades de viagens de negócios e de eventos do turista executivo, com destino principalmente aos municípios da Baixada Santista Central.

Com isso, o tradicional efeito de sazonalidade pode ser reduzido, gerando demanda com uma melhor distribuição temporal, garantido receita mais estável, com propensão marginal a consumir maior que o turista comum, e com efeitos multiplicadores nos segmentos de hotéis, restaurantes, agências, operadoras e transportes, entre outros, com destaque à oferta de Santos, Guarujá e, também, ao Litoral Norte (Caraguatatuba, Ubatuba e São Sebastião).

Além disso, esses municípios também deverão apresentar uma expansão no fluxo de turistas de visita a amigos e parentes, dado o aumento do número de habitantes na região.

Deve-se destacar, no entanto, uma restrição à expansão turística representada pelo crescimento da população residente, que acaba concorrendo com os turistas no uso dos bens e serviços disponíveis, principalmente com a atividade turística associada à segunda residência, restringindo sua expansão.

Possibilidade de potencial conflito

O crescimento populacional induzido pelos investimentos previstos apresenta potencial de conflito com o turismo.

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O crescimento populacional torna o ambiente ofertado aos turistas menos atrativo. Turistas balneários, em geral, esperam encontrar ambientes pouco ocupados ou ocupados por indivíduos que estejam com os propósitos de lazer ou, pelo menos, não envolvidos em atividades do cotidiano. O fenômeno turístico de lazer está essencialmente ligado ao afastamento do ambiente cotidiano, de forma que a presença marcante do cotidiano reduz a atratividade da localidade, como é o caso de Santos e São Vicente.

Mais ainda, o aumento da demanda por imóveis para residência aumenta o seu custo, de forma que o crescimento populacional pode ocasionar especulações imobiliárias, com os conseqüentes aumentos de preços até para imóveis de veraneio.

Cabe ressaltar que os possíveis conflitos entre crescimento populacional e turismo no litoral paulista devem ocorrer especialmente nas áreas de maior crescimento populacional previsto, como na Baixada Santista Central e nas cidades mais ao norte da Baixada Santista Sul.

No entanto, o desenvolvimento econômico das maiores cidades do litoral paulista, em especial de Santos e São Vicente, também apresenta potencial para a geração de turismo urbano, incluindo o turismo de negócios, de eventos e de visita a amigos e parentes, conforme mencionado no item anterior. Esse tipo de turismo tem como motivador as atividades características das grandes cidades, como Compras, Gastronomia, Eventos Culturais, Sociais e Esportivos, Diversão Noturna, etc. Com o crescimento populacional e econômico das cidades, a freqüência desse tipo de oportunidade deve crescer, ampliando a atratividade dessas cidades para o turismo urbano.

Ampliação da Infraestrutura Turística

Uma terceira via de efeitos decorrentes dos investimentos portuários e petrolíferos previstos sobre o turismo no Litoral Paulista se dá pelos investimentos diretamente relacionados à infraestrutura turística, tais como obras viárias e projetos de revitalização.

Os projetos viários incrementam a acessibilidade da região, facilitando o trânsito de turistas e, conseqüentemente, incentivando o turismo. O principal projeto nesse sentido é a duplicação da Rodovia dos Tamoios, principal via de acesso para o Litoral Norte Paulista e cenário de freqüentes congestionamentos nas férias, feriados e finais de semana. Também são bastante relevantes as obras dos contornos de Caraguatatuba e São Sebastião e a ponte ligando Santos ao Guarujá.

Cabe ressaltar também a importância de obras de revitalização, tais como a do Porto do Valongo. Essa obra contribui para o fortalecimento do turismo santista. A criação de centro comercial e cultural poderá ampliar a atratividade turística do destino, oferecendo também uma opção adicional de lazer aos moradores locais.

Além disso, a construção do terminal marítimo de passageiros deverá melhorar as condições para a atracação de navios de cruzeiros, favorecendo a ampliação do número de passageiros embarcados em Santos. Com isso, as atividades econômicas

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beneficiadas por esse tipo de fluxo, como o comércio local e os serviços de turismo receptivo, deverão sofrer um incremento.

B) PESCA: Alterações no cenário atual da pesca marinha em decorrência da pressão sobre ecossistemas marinhos e sobre atividades pesqueiras

Nos próximos anos, o cenário atual da pesca marinha do Estado de São Paulo deverá sofrer alterações devido ao aumento das atividades humanas nos ecossistemas costeiros, decorrentes da ampliação dos investimentos petrolíferos e portuários. Tais pressões acarretarão diminuição da quantidade e qualidade de pescado marinho paulista, bem como aumento da intensidade dos conflitos com economias locais da pesca, com populações de pescadores tradicionais e conflitos de uso dos recursos naturais (plataformas X pesca).

No limite do mar territorial paulista na bacia de Santos localizam-se grandes extensões das reservas petrolíferas do “Pré-sal”, além dos blocos exploratórios (setores AP2, AR3, AR4), oferecidos à licitação pública de exploração. Tais reservas localizam-se na Bacia de Santos com profundidades entre 50 e 400 metros, exceto no setor AR 3, que atinge águas mais rasas na região do Litoral Sul do Estado. Há casos de blocos localizados a uma distância inferior a 40 km em áreas onde se encontram Unidades de Conservação de proteção integral, sítios de nidificação de aves marinhas e refúgios insulares de espécies migratórias. A região é zona de pesca industrial, atividade que pode ser afetada pela dinâmica de escoamento de petróleo ou por possíveis derramamentos de óleo. O IBAMA apontou, ainda, possíveis conflitos com frotas pesqueiras e recomenda que seja evitada a alocação de blocos exploratórios nas proximidades da quebra da plataforma continental da Região Sul-sudeste do Brasil (Teixeira, 2008).

As principais repercussões da nova dinâmica antevista sobre a pesca resultam, em grande medida, do efeito cumulativo e sinérgico de atividades que passarão a ocorrer ou que se intensificarão, tais como de pesquisa sísmica, perfuração, transporte e refino, entre outras.

As experiências internacionais relatadas por Teixeira (2008) na aplicação de AAE para exploração de petróleo demonstram que a variável ambiental é tema estratégico para a viabilidade de novas fronteiras e que a tomada de decisão requer insumos técnicos e científicos sobre os potenciais efeitos ambientais adversos que se processam no curto, médio e longo prazo.

Gradual redução da área de pesca no Litoral Paulista

As áreas de pesca atualmente apresentam as seguintes restrições: (a) pesca de iscas vivas e de parelhas não são permitidas em profundidades inferiores à isóbata de 23,6m (Lei Estadual nº 10.019/98 e Decreto Estadual n° 49.215/04); (b) pesca em águas rasas (até 50m) restrita em quase metade do Litoral Paulista conforme planos de ação das APAs Marinhas estaduais, criadas em 20088.

8 No Litoral Norte a pesca é proibida no arquipélago de Alcatrazes, na área entre Guaecá e Baraqueçaba, ilhota de Itassussê, Prainha, Pedra 8 e todo o costão da ponta de Guaecá voltada para Barequeçaba

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A instalação de dutos para transporte de gás e óleo no Litoral Norte e na Baixada Santista Central deverá restringir a pesca nas águas rasas adjacentes às estruturas implantadas nos municípios de São Sebastião, Caraguatatuba e Santos. Atualmente, o IBAMA analisa 14 solicitações de Licença de Instalação de dutos (terrestres e marinhos) nos municípios de São Sebastião/Caraguatatuba e quatro solicitações da mesma natureza para o município de Santos9.

O Projeto Mexilhão, empreendimento de produção de gás na Bacia de Santos, inclui a instalação de uma base de tratamento gás nas imediações da Ilha Vitória, Ilha de Búzios e ilhotes adjacentes, a noroeste da Ilhabela, que constituem importantes territórios pesqueiros das comunidades tradicionais residentes nas ilhas do Litoral Norte.

As restrições de pesca em águas profundas na costa de São Paulo serão devidas às pesquisas sísmicas para prospecção, bem como para perfuração de poços de petróleo. Tais ações deverão ocorrer na região da Santista Central e no Litoral Norte. Para o município de Santos, o IBAMA analisa 17 processos de pedidos de licença de operação para obtenção de dados sísmicos, 16 pedidos de licença prévia e cinco solicitações de Licença de Instalação para perfuração de poços de petróleo7.

As pesquisas sísmicas ocorrem em curtos períodos de tempo e não contemplam estruturas físicas definitivas, mas requerem uma apropriação do espaço marítimo criando uma área de exclusão temporária em relação a qualquer outra atividade humana, sendo a pesca a atividade mais afetada (Vilardo, 2007). Além disto, são utilizados explosivos para a perfilagem sísmica, acarretando morte de grandes quantidades de peixes (Aleixo et al., 2007).

Na perfuração, a exclusão ocorre principalmente em um raio de 500 metros no entorno da plataforma de perfuração, conforme definido pela Norma de Autoridade Marítima NORMAM-08/DPC (Marinha do Brasil), que estabelece que “são proibidas a pesca e a navegação, com exceção para as embarcações de apoio às plataformas, em um círculo com 500 m (quinhentos metros) de raio, em torno das plataformas de exploração de petróleo” (Seção II - informação sobre o tráfego, item g. - Restrições à Navegação). Essa área de 500m de raio, no entorno da plataforma, ficou conhecida como zona de exclusão, ou zona de restrição à navegação.

(Área de Relevante Interesse Ecológico - ARIE de São Sebastião). A Estação Ecológica de Tupinambás (entre Ubatuba e São Sebastião) formada pelas ilhas Palmas e Ilhote, situada no arquipélago de Alcatrazes, também está protegida. O Zoneamento Ecológico Econômico para o Litoral Norte, definido pelo Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro, estabelece a proibição da pesca amadora nas áreas marinhas definidas como Z1 e Z2. Em Ilhabela, a Lei Estadual do Gerenciamento Costeiro também proibiu a pesca na Baía dos Castelhanos.

Ao sul, a pesca é proibida nas áreas de entorno (1.000m) das ilhas pertencentes à Estação Ecológica de Tupiniquins e da Área de Relevante Interesse Ecológico da Ilha Queimada Grande e Queimada Pequena. A Estação Ecológica dos Tupiniquins está localizada nos municípios de Peruíbe e Cananéia, com uma área total de 43 ha, e envolve as Ilhas de Peruíbe, Queimada Pequena e Ilhote, Cambriú e Castilho, além do Parcel Noite Escura.

9 Dados fornecidos pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo à Arcadis Tetraplan.

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Entretanto, seu efeito pode ser potencializado em regiões onde ocorrem pescarias que fazem uso de instrumentos de deriva. Nesses casos, é necessário dimensionar a real restrição a partir de aspectos relacionados à direção e intensidade das correntes marítimas e variações de maré.

A pesca artesanal sofre maiores conseqüências, devido ao fato de atuar com embarcações menores, em áreas mais restritas, com maior dificuldade em re-orientar suas ações para outras áreas, principalmente aquelas mais distantes da costa. Na pesca industrial os efeitos apresentam, em geral, menor magnitude, uma vez que as atividades se desenvolvem em águas mais profundas, utilizando grandes embarcações, o que lhe permite maior mobilidade e autonomia na busca de espécies-alvo em diferentes áreas de pesca.

Um segundo efeito sobre a pesca artesanal a ser considerado deve-se ao aumento do tráfego de embarcações na região. As pequenas embarcações pesqueiras não são equipadas com instrumentos de comunicação e navegação, o que aumenta riscos de colisão e danos a petrechos de pesca.

Concentração de peixes nas estruturas offshore

Plataformas de petróleo funcionam como recifes artificiais ou atratores de peixes (Bronz, 2005). Isto ocorre devido à existência de um substrato de fixação de algas e animais, que servem de alimento para pequenos cardumes, que, por sua vez, atraem os peixes grandes dando origem à criação de uma cadeia trófica. As sombras geradas pela plataforma, bem como o lançamento de dejetos no mar também favorecem a concentração de peixes. Esses “pesqueiros” são, então, utilizados por pescadores e empresas de pesca que circulam com seus diversos tipos de embarcações, de vários tamanhos e diferentes tipos de equipamento. No entanto, conforme descrito anteriormente, a pesca e a navegação são proibidas em um raio com 500 m em torno das plataformas de exploração de petróleo.

Os peixes aglomeram-se próximos às plataformas, migrando dos locais mais próximos da costa, diminuindo a produtividade pesqueira dos territórios marítimos adjacentes. Desse modo, os pescadores são obrigados a se deslocar a maiores distâncias no mar, realizando viagens com custos mais altos (combustível, alimentação, equipamento, gelo etc.), para pescar em áreas perigosas e proibidas (zona de exclusão), o que tem provocado conflitos na apropriação dos recursos naturais (Bronz, 2005).

Aumento de pressão da ocupação das áreas costeiras com conseqüente

descaracterização de comunidades tradicionais de pescadores

Os portos de Santos e São Sebastião apresentam situação crítica de degradação ambiental decorrente dos efeitos cumulativos e sinérgicos sobre o mesmo ambiente ao longo de décadas, da emissão de poluentes por terminais portuários e aglomerados urbanos e, especificamente no estuário, pelo parque industrial de Cubatão.

Apesar disso, a região ainda possui um mosaico de remanescentes da Mata Atlântica e de ecossistemas costeiros importantes para a conservação dos recursos pesqueiros,

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tais como manguezais e estuários, que representam também fonte de alimento e de trabalho para muitas famílias de pescadores tradicionais.

Contudo, com a ampliação de empreendimentos portuários, o vetor de expansão dessa atividade tem sido direcionado para as áreas de preservação permanente (APPs) existentes nessa região, e efeitos cumulativos e sinérgicos vem ocorrendo sobre o ambiente e sobre a qualidade de vida da população.

Considerando a dinâmica antevista e as repercussões na ocupação do solo, áreas costeiras podem ser alteradas pela indução de processos erosivos, de assoreamento e modificações na linha de costa, supressão de manguezais e de outros ecossistemas costeiros, dragagens e aterros, além do comprometimento do uso dos recursos ambientais em outras atividades (turismo, transporte local). O aumento de turbidez associados à essas atividades trarão conseqüências na cadeia alimentar marinha, afetando diretamente a pesca.

As atividades portuárias podem causar acidentes ambientais (derrames, incêndios, perdas de cargas). Gregório (2004), verificando acidentes químicos ocorridos no Estado de São Paulo, observa que, na Baixada Santista Central, os maiores problemas ambientais do estuário de Santos envolvem acidentes no rio Cubatão, no terminal de tancagem de líquidos de Alemoa e nos tanques de estocagem da ilha Barnabé. Dos 242 acidentes químicos ocorridos nas cidades da Baixada Santista Central, entre 1990 e 2000, sessenta por cento das ocorrências foram registradas em apenas duas cidades (Cubatão e Santos). Com os investimentos previstos, tais processos tendem a ser mais intensos sobre a pesca, aos pescadores e aos recursos pesqueiros.

Somam-se dragagens do canal do Porto de Santos que provocam a ressuspensão de substâncias tóxicas depositadas nos sedimentos do estuário, podendo comprometer a qualidade do pescado capturado.

As atividades relacionadas ao petróleo também poderão acarretar redução dos estoques pesqueiros. Na fase de pesquisa sísmica são utilizados explosivos para perfilagem sísmica, acarretando morte de grandes quantidades de peixes, diminuindo gradativamente a produtividade pesqueira da região (Aleixo et al., 2007).

A implantação de plataformas e respectivas ancoragens para extração do petróleo requerem a perfuração do solo oceânico, com a utilização de máquinas que geram resíduos, rejeitos e ruídos, alterando as condições da água e afugentando espécies de peixes residentes. A produtividade pesqueira local pode ser prejudicada pela alteração horizontal e/ou vertical de espécies-alvo, bem como pela cessação da alimentação do animal, que se recusaria a morder as iscas. Tais fenômenos podem também estar relacionados ao descarte de efluentes, descarte de cascalho, alteração na luminosidade e efeito-atrator da plataforma (VILARDO, 2007). As atividades de extração podem causar destruição de habitats, contribuindo também para redução na produtividade pesqueira da região.

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O transporte de petróleo por reservatórios oceânicos ou por oleodutos sobre a terra também poderão causar acidentes ambientais por derramamentos ou operações de descarga e manutenção dos equipamentos.

Os efeitos provocados por vazamento de óleo na costa paulista tem sido uma ameaça permanente à integridade dos ambientes litorâneos e marinhos. As populações são reduzidas devido ao efeito tóxico dos compostos (hidrocarbonetos) liberados, que aumentam as taxas de mortalidade e prejudicam a capacidade de deslocamento dos animais. Os efeitos crônicos dos derramamentos têm sido registrados como casos de doenças cancerosas e não cancerosas em peixes e moluscos (Silva et al., 2008).

Ressalta-se que, com o aumento da produção petrolífera, ocorrências de vazamentos e derrames acidentais de petróleo têm sido registradas, contribuindo para a poluição crônica em áreas adjacentes (GEO, 2002).

No processo de refino do petróleo (atualmente restrito a Cubatão) há liberação de grandes quantidades de óxidos de enxofre que provocam as chuvas ácidas, que também contribuem para o declínio da população de peixes e de outros organismos aquáticos, com reflexos nas atividades pesqueiras, econômicas e turísticas. A redução do pH também aumenta a solubilidade do alumínio e dos metais pesados, como o cádmio, zinco e mercúrio, sendo muitos deles extremamente tóxicos. Deste modo, podem ocorrer danos na saúde das pessoas que se alimentarem de peixes contendo elevadas concentrações de metais em sua carne.

Também alteram a qualidade ambiental da região, com intensidades variando de acordo com as medidas de mitigação adotadas: (i) disposição de sedimentos dragados; (ii) geração de resíduos sólidos nas embarcações (taifa), nas instalações portuárias e na operação e descarte de cargas; (iii) contaminações crônicas e eventuais pela drenagem de pátios, armazéns e conveses, lavagens de embarcações, perdas de óleo durante abastecimento e aplicação de tintas anti-incrustantes e outros produtos tóxicos; (iv) introdução de organismos nocivos ou patogênicos por meio das águas de lastro ou pelo transporte de cargas ou passageiros contaminados; (v) lançamento de efluentes líquidos e gasosos (incluindo odores); e (vi) lançamento de esgoto oriundo de instalações portuárias e embarcações.

Assim, devido à redução na disponibilidade de recursos pesqueiros, as comunidades tradicionais de pescadores que dependem dessa atividade para seu sustento tendem a ser descaracterizadas. Esta repercussão poderá extrapolar os limites das áreas diretamente afetadas pela instalação dos empreendimentos, influenciando toda a região.

Mudanças na pressão da pesca pelo aumento e posterior redução da oferta de

emprego e crescimento populacional

A partir dos dados apresentados nos gráficos de Projeção de Incremento de Pessoal Ocupado (item 3.1), são esperadas mudanças na pressão da pesca pela variação do contingente de pescadores atuantes nas regiões do Litoral Paulista. Entre 2010 e 2018 poderá haver uma migração de parte dos pescadores para outras atividades em especial, à construção civil, que demandará um acréscimo de mão de obra. Isto

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deverá ocorrer principalmente na Baixada Santista Central, onde há grande quantidade de pescadores (cerca de 10 mil), muitos dos quais não conseguem mais tirar o sustento da prática da pesca. Além disto, a Baixada Santista Central é a região do Litoral Paulista onde deverá haver maior oferta de empregos..

Para os anos de 2018 a 2022, com a queda de vagas da fase da construção e aumento da oferta de empregos para a fase de operação, é esperado um retorno de parte dos pescadores para a prática da pesca, aumentando assim a pressão aos recursos pesqueiros da região10, que se soma às pressões descritas anteriormente. Mesmo assim, parte do contingente de pescadores da Baixada Santista Central deverá ainda ser aproveitada para as vagas ofertadas na fase de operação, apesar do baixo nível de escolaridade que estes apresentam. Este mesmo processo deverá também ocorrer na Baixada Santista Sul, guardadas as devidas proporções do menor número de oferta de empregos que ocorrerá nesta região e a pequena distância com a Baixada Santista Central.

Para o Litoral Norte é esperada mudança na pressão de pesca apenas para o município de São Sebastião, onde deverá se concentrar o aumento da oferta de empregos e, em menor escala, em Caraguatatuba. Nesse último município e principalmente em Ubatuba, estas mudanças não serão tão significativas nas atividades pesqueiras, onde os pescadores profissionais deverão continuar atuando preferencialmente em embarcações e os pescadores artesanais explorando o comércio local de pescado dirigido ao atendimento dos turistas.

Por outro lado, o aumento populacional previsto intensificará a pressão ambiental pela ocupação de áreas não protegidas legalmente, menos valorizadas e mais vulneráveis, devido a desmatamento, despejo de esgoto e disposição inadequada de resíduos sólidos em áreas de mangues e estuários, comprometendo ainda mais os ambientes aquáticos e conseqüentemente a qualidade do pescado capturado. Também é esperado o aumento de consumo de pescado e, com isto,um aumento da exploração dos recursos pesqueiros da região.

3.2.2.3. Na Espacialidade do Processo de Ocupação – Uso do Solo

A) USO DO SOLO: Mudanças no padrão de ocupação com intensificação de adensamento na Baixada Santista Central e expansão da mancha urbana na Baixada Santista Sul e, em menor escala, no Litoral Norte, condicionada, em parte, pela fisiografia e acessibilidade

A repercussão da nova dinâmica antevista quanto aos aspectos de Uso e Ocupação do Solo será mais concentrada em dois setores específicos do Litoral Paulista: Baixada Santista Central e municípios de São Sebastião/Caraguatatuba, refletindo-se

10 Nota do Autor: No pontal do Paranapanema, no final de 1994, o governo estadual dispensou um grande contingente de operários terceirizados, sendo que a maior parte voltou para a pesca no reservatório de Rosana e no rio Paraná. Isto provocou um aumento da pressão da pesca e dos conflitos com os antigos pescadores. No Litoral Sul ocorreu um processo semelhante próximo à EE Jureia-Itatins, principalmente no rio Guaraú. A abertura de vagas de empregos direcionou vários pescadores para a construção civil. Com a diminuição das vagas, muitos voltaram à pesca e houve a necessidade de uma intermediação do IBAMA e IF/SP com a formulação de um acordo para a pesca no mangue do rio Guaraú, limite da estação com o bairro de Peruíbe.

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nos municípios da Baixada Santista e do Litoral Norte. No Litoral Sul não deverá haver repercussões diretas.

Aumento da Ocupação decorrente do novo ciclo econômico

� Baixada Santista

A região da Baixada Santista Central11, que já apresenta características diferenciadas no contexto litorâneo pela expressiva presença de instalações industriais e de serviço de grande porte, tem potencial para receber a maior parte dos empreendimentos por apresentar acesso marítimo. Este fato, além de alterações diretas no uso das terras e na paisagem atual, resultará em nova dinâmica decorrente, principalmente, do aumento populacional estimado.

Esta região corresponde aos municípios de Santos, Cubatão, Guarujá (Distrito de Vicente de Carvalho) e São Vicente. Nas zonas industriais e portuárias de Cubatão, Santos e Guarujá (principalmente em Vicente de Carvalho) está prevista a localização do maior número de empreendimentos, pela facilidade propiciada pelas infraestruturas e logísticas existentes.

Além das alterações nas condições atuais de ocupação do solo, o novo ciclo econômico antevisto deverá trazer repercussões no aumento da população residente (sendo que o risco de aumento irregular da ocupação foi considerado um dos fatores críticos quanto aos aspectos de uso e ocupação do solo, conforme item 2.2, Frente II).

De acordo com o Plano Diretor do Município de Santos, há uma área estimada de cerca de 20,6 km² que poderá vir a ser ocupada, totalmente ou em parte, pelos empreendimentos.

Em sua maioria, estes empreendimentos situam-se em zonas compatíveis aos Zoneamentos Municipais (ZIP, na legenda agrupada, vide Caderno de Mapas), observando-se, entretanto, empreendimentos situados em Zona de Proteção Ambiental, junto ao centro histórico de Santos, em zonas residenciais e de uso predominantemente turístico.

Há também situações de conflito com a proposta de Zoneamento Ecológico Econômico da SMA, pois há possibilidade de intervenções em locais delimitados nesta como Z.1T e Z.2T, como observado na Matriz de Áreas Potenciais, na Frente II

Na construção do Cenário Prospectivo (item 3.1) foi estimado o aumento da população para o horizonte de 2025 e seu diferencial em relação ao Cenário de Referência (tendência atual no cenário da não concretização plena dos empreendimentos previstos).

11 denominada de 1.a, no item 2.1.5l, que inclui os municípios de Santos, São Vicente, Cubatão, Vicente

de Carvalho, Guarujá.

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O incremento da ocupação foi avaliado a partir da geração de empregos associados aos investimentos petrolíferos e portuários, considerando a geração de empregos diretos em função das fases de implantação e operação dos diversos empreendimentos. Considera também variáveis de atração da população conforme o tipo de emprego: passível de ser absorvido pela população local; empregos que permitem uma população pendular (planalto/litoral) e população atraída.

Na Baixada Santista Central a população crescerá, no período de 2010 a 2015 (período estimado para a implantação da maior parte dos empreendimentos), numa taxa anual de 1,79%, contra os 0,89% estimados no Cenário de Referência.

Destaca-se que, no curto período de cinco anos (2010-2015), associado à implantação de grande parte dos investimentos previstos, estima-se, em 2015, um incremento de 40.000 novos postos de trabalho, sendo que, com o término das obras, haverá uma forte redução na oferta de emprego pela construção civil, que será apenas parcialmente absorvida por outros setores da economia regional, decorrentes da nova dinâmica econômica antevista.

No que diz respeito ao uso e ocupação do solo, coloca-se:

� A nova dinâmica de crescimento do Litoral Paulista poderá promover afluxo de população de baixa renda, atraída pela oportunidade de empregos, que poderá assentar em áreas menos valorizadas e/ou vulneráveis, ampliando os assentamentos de habitações subnormais, já numerosos na região. A localização destes deverá estar preferencialmente associada às proximidades dos empreendimentos, principalmente daqueles de maior porte (instalações portuárias e retro-portuárias), havendo risco de surgimento de vetores de expansão de ocupações irregulares na porção continental de Santos e Bertioga (SP-055), São Vicente e distrito de Vicente de Carvalho (Guarujá), espraiando-se para os municípios meridionais da Baixada Santista, principalmente Praia Grande.

� A simultaneidade estimada na implantação dos empreendimentos, faz prever uma dificuldade das administrações municipais em absorver e responder às novas demandas, principalmente no que diz respeito a equipamentos de serviços sociais e à habitação da população de baixa renda. Nestes municípios, a resolução do problema dos núcleos de habitações subnormais já existentes é complexa (principalmente em Cubatão, São Vicente e no Distrito de Vicente de Carvalho), e o incremento deste tipo de ocupação será de difícil controle, implicando, além da ausência de infraestruturas básicas, na probabilidade de ocorrer ocupação em áreas de risco, ambientalmente vulneráveis e/ou legalmente protegidas.

O acréscimo na demanda por moradias pela implantação e operação dos investimentos petrolíferos e portuários deverá ser em parte absorvida nas próprias áreas urbanas, pelo maior adensamento (verticalização); parte nas áreas previstas para expansão urbana em Santos e São Vicente; parte nos municípios conurbados, principalmente Praia Grande, cujo Zoneamento Municipal prevê ampla reserva de Zonas Especiais de Interesse Social – ZEISs e, progressivamente, nos municípios de Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe e Bertioga.

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Esta expansão urbana está associada às condições de acessibilidade e de transporte público. Se ampliado o traçado do Veículo Leve sobre Trilhos - VLT (planejado), e mesmo se melhorado o sistema de transporte intermunicipal, estas intervenções, melhorando as condições de acessibilidade e locomoção regional, deverá potencializar a expansão da ocupação por setores de média e baixa renda nos municípios meridionais da Baixada Santista.

Considerando a saturação da ocupação nas áreas insulares de Santos, São Vicente e Guarujá, no Cenário Prospectivo de 2015, este incremento da ocupação poderá ocasionar:

- Alteração nos padrões da ocupação pela substituição da segunda residência (ocupação turística) por residências permanentes, principalmente nas áreas urbanas de Santos, São Vicente, Guarujá e Praia Grande;

- Maior adensamento da ocupação pela verticalização em Santos, São Vicente, Guarujá, Praia Grande.

- Ocupação (com chances de saturação) das áreas delimitadas nos PDMs como de Expansão Urbana (Santos, São Vicente, Bertioga e Praia Grande);

- Expansão da ocupação (principalmente por população de menor renda) em áreas menos valorizadas, principalmente nos municípios da Baixada Sul: Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém. Conforme já sinalizado, o PDM de Praia Grande tem reserva de áreas destinadas a: adensamento populacional; melhoria dos padrões urbanos e das infraestruturas; implantação de Habitação de Interesse Social. No Plano Diretor de Santos, são definidas áreas de expansão urbana em sua porção continental (área bruta de cerca de 2.500 ha ao longo da SP-055). Estas áreas teriam capacidade de receber parcela significativa da população atraída pelos empreendimentos, com uma densidade de ocupação média/média alta. São, entretanto, áreas que conflitam com a proposta do ZEE, delimitadas nesta como Z2.

- Risco de formação de Núcleos de Habitações Subnormais, associados à proximidade de empreendimentos, principalmente quando de sua implantação, visto que a maioria (e os de maior porte) situa-se na área continental de Santos, em Vicente de Carvalho e em Cubatão, onde hoje já se encontra esse tipo de ocupação.. Há risco de ocorrerem ocupações irregulares principalmente ao longo da SP-055, que cruza/tangencia áreas de ambientes vulneráveis – manguezais, planícies costeiras, vertentes íngremes (serras do Morrão, do Quilombo, Morro Cabeça de Negro), áreas com inexistência e/ou precariedade de infraestruturas básicas e de equipamentos de atendimento social. O risco de ocorrência destas ocupações irregulares tem antecedentes na região, como a ocupação dos “Bairros Cota”, associada à implantação das rodovias Anchieta e Bandeirantes e a progressiva favelização de Cubatão.

� O incremento da ocupação urbana deverá também acarretar uma maior demanda por infraestruturas básicas (água, esgoto), de atendimento social (saúde, educação, cultura, lazer) e de infraestruturas viárias e de transporte.

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Considera-se que a melhoria na arrecadação municipal poderá, em parte, suprir estas demandas. Entretanto, a expansão da ocupação não será necessariamente proporcional ao aumento da arrecadação municipal, devendo penalizar alguns municípios (principalmente os da Baixada Santista Sul), onde poderão se conformar “bairros-dormitório” ocupados pelos trabalhadores (e famílias) que atuam nas atividades de baixa renda e mesmo em empregos informais.

� Litoral Norte

A sede municipal de São Sebastião, pela presença do porto e do terminal da Petrobrás, juntamente, e de áreas passíveis de expansão urbana em Caraguatatuba, corresponde ao segundo centro de intervenções previstas, com alteração da dinâmica atual.

Apesar da menor escala de intervenções em relação à área peri-urbana de Santos e Cubatão, esta região apresenta também fortes condicionantes frente à expansão da ocupação, condicionantes estes de ordem geotécnica, de acessibilidade, derivados da ausência de infraestruturas de apoio ao atendimento social. É uma das regiões mais valorizadas quanto aos aspectos de paisagem e ocupação turística do Litoral Paulista, incluindo, em sua área de influência, Ilhabela e Ubatuba.

Considerando os possíveis efeitos da implantação dos empreendimentos relacionados a investimentos petrolíferos e portuários na região, bem como das infraestruturas complementares de apoio (como a melhoria das ligações viárias), estima-se, nos municípios de São Sebastião e Caraguatatuba, cerca de 20 empreendimentos/ projetos e intenções de investimentos, que incluem: ampliação das instalações portuárias e retroportuárias, equipamentos de logística, melhoria do sistema de acessibilidade regional (incluindo a duplicação da rodovia dos Tamoios (SP-099), o contorno da área urbana de Caraguatatuba e o acesso à São Sebastião), intervenções estas que implicam obras geotécnicas de porte e interferências em áreas legalmente protegidas.

Grande parte destes empreendimentos situa-se em área de expansão urbana de Caraguatatuba definida no Plano Diretor Municipal, delimitada no ZEE do Litoral Norte como Z.3T, que admite apenas usos de preservação, usos agrícolas e usos antrópicos de baixa densidade.

No Cenário Prospectivo sobre o Cenário de Referência realizado, o aumento da população estimado para o ano 2015 é de 38.174 pessoas, com uma taxa média de crescimento anual de 2,55%, decrescendo nos anos subseqüentes.

Neste período de cinco anos é prevista a implantação da maior parte dos empreendimentos previstos, sendo estimado um incremento de quase 8.000 novos postos de trabalho na construção civil em 2014.

Na sede municipal de São Sebastião há poucas condições de expansão de áreas passíveis de ocupação e de receberem acréscimo de população a ser atraída.

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Na região, a área passível de receber ocupação mais intensiva situa-se a leste no município de Caraguatatuba, considerada, no Zoneamento Municipal, como de expansão urbana e onde é também prevista a instalação de empreendimentos industriais e de serviços. Como visto, a ocupação desta área implica divergência com o ZEE do Litoral Norte, embora a área apresente condições geotécnicas e ambientais adequadas à ocupação urbana.

No que diz respeito a São Sebastião, o sítio físico onde assenta o núcleo urbano inibe a expansão da ocupação, que será absorvida: i) pelo maior adensamento urbano; ii) pelas áreas de expansão previstas, disjuntas do centro urbano e iii) nas áreas de expansão urbana de Caraguatatuba. Neste município é prevista uma ZEIS, no limite com o município de São Sebastião. Poderá haver também expansão da ocupação e da demanda por equipamentos de serviços, em Ubatuba, apesar da distância e das limitações ambientais deste município.

O risco de formação de núcleos de habitações subnormais é grande, neste cenário prospectivo, agravado pelo problema de titularidade das terras, pela proximidade de unidades de conservação e pelos condicionantes geotécnicos da região. A ocorrência de nucleações sub-normais relaciona-se à franja urbana de São Sebastião (Morro do Outeiro e outras áreas de risco associadas às altas declividades das vertentes), à zona no limite entre os municípios de São Sebastião e Caraguatatuba, às proximidades dos empreendimentos planejados, em zonas ambientalmente protegidas.

� Litoral Sul

No Litoral Sul (Iguape, Cananéia, Ilha Comprida) não são previstas repercussões diretamente associadas aos investimentos previstos do Objeto AAE.

Alterações na Paisagem e nos Padrões da Ocupação Turística

� Baixada Santista

Os empreendimentos, projetos e intenções de investimentos previstos na Baixada Santista Central, de modo geral, não implicam ocupação de áreas potencialmente favoráveis ao uso de caráter turístico. Entretanto, considerando a nova dinâmica econômica e o aumento da população residente, estas atividades deverão se refletir no caráter da ocupação turística regional. Estes fatos podem refletir-se em:

- Novas áreas a serem ocupadas por empreendimentos turísticos (médio e alto padrão), com (i) apropriação de locais paisagisticamente privilegiados e conseqüente alteração da paisagem e dos ecossistemas; (ii) pressão sobre ocupações tradicionais (núcleos de pescadores) e sobre ecossistemas protegidos ou prioritários para preservação; e (iii) demanda por serviços de média e baixa remuneração (caseiros, empregados domésticos, segurança, entre outros). Esta expansão deverá ocorrer preferencialmente nos municípios da Baixada Santista Sul e em Bertioga, visto a saturação desta ocupação em Santos, São Vicente e Guarujá.

- Alteração nos padrões da ocupação turística, com ênfase à implantação de empreendimentos planejados e redução das segundas residências individuais.

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� Litoral Norte

A ocupação turística de alto padrão de alguns trechos praieiros deverá conviver com equipamentos industriais e de serviço. Entretanto, é previsível o crescimento da ocupação turística e de lazer, que poderá sofrer alterações qualitativas, principalmente no que diz respeito à melhoria dos equipamentos de serviços (hotéis, marinas,e outros equipamentos de serviço).

� Litoral Sul

A maior valorização das terras para usos turísticos na Baixada Santista e no Litoral Norte, trará um incremento na demanda por equipamentos de serviços turísticos nos três municípios, que necessitam de melhoria nas condições das infraestruturas e equipamentos de atendimento.

A vulnerabilidade ambiental da região, a expressiva presença de Unidades de Conservação e de núcleos de população tradicional deverão demandar cuidados especiais no acompanhamento deste crescimento.

Questões Fundiárias

� Baixada Santista

Embora com menor intensidade do que no Litoral Norte, deverá haver entraves nas questões fundiárias pois, principalmente nas áreas periféricas e rurais, é comum que os documentos de propriedade dos terrenos refiram-se apenas à posse, requerendo processos jurídicos para retificação das propriedade.

� Litoral Norte

Deverão se agravar os entraves relativos às questões fundiárias, já comuns na região, pela falta de documentos de propriedades dos terrenos, que requerem processos jurídicos demorados.

3.2.2.4. Nos Déficits Sociais – Demandas ícones

A) HABITAÇÃO: Nova demanda de unidades habitacionais com relfexos no mercado imobiliário e tendência à verticalização nos municípios, demandando reforço da infraestrutura e proteção de recursos naturais

As mudanças previstas frente a nova realidade de ocupação, como se viu, não se darão de forma uniforme no Litoral Paulista.

No Litoral Sul não se tem perspectivas de investimentos no setor produtivo capaz de alterar a realidade atual, sendo que o turismo de sol e praia e a pesca continuarão sendo os principais promotores da animação econômica local. Os reflexos por uma nova demanda de unidades habitacionais serão imperceptíveis comparados aos da Baixada Santista e aos do Litoral Norte.

As maiores fontes de pressão de demanda por imóveis residenciais para a atividade de veraneio continuarão sendo, no Litoral Norte, a produção de “loteamentos

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fechados” para atender a demanda turística de alta renda e, mais recentemente, a demanda de serviços ligados a petróleo e gás. Mas, a previsão de investimentos no desenvolvimento econômico, que são estruturantes para uma nova configuração do território, deverá intensificar a tendência atualmente observada.

Os municípios de Caraguatatuba e de São Sebastião sentirão as repercussões da implantação de unidades produtivas e em incrementos na logística de transportes. Os fluxos migratórios que ocorrerão como consequência desses fatos, por si só, já exigem uma nova abordagem no planejamento do uso e ocupação dos espaços, bem como o controle da contratação de mão de obra.

Conforme a projeção do incremento de pessoal ocupado no ano de 2015, este será em torno de 10.000 pessoas entre construção e operação. Visto que a demanda maior por postos de trabalho, nesta fase, será voltada à fase de construção dos empreendimentos, é possível concluir que parte desses trabalhadores terá perfil de baixa qualificação e portanto de baixa renda.

Considerando as projeções de aumento populacional esperado para a região no período de 2010 a 2015 (incremento de cerca de 38.000 pessoas), em decorrência da nova dinâmica econômica, o período citado poderá ser o mais crítico de pressão por oferta habitacional.

Se não houver a implementação de políticas econômicas, sociais e urbanas integradas, o processo de demanda por moradias poderá resultar em maior pressão para ocupação de áreas ambientalmente frágeis, com o adensamento de assentamentos irregulares, alguns, atualmente, sob processo de congelamento ou novas ocupações.

Novos instrumentos de controle, monitoramento e gestão do território devem ser colocados em prática, em paralelo com investimentos maciços em infraestrutura urbana, urbanização de favelas e regularização fundiária, assim como de produção de moradias para diversos níveis de renda.

Nesse sentido, ressalta-se a aplicação da Resolução SMA 68/2009, que define medidas para evitar o agravamento da pressão sobre áreas protegidas, voltadas a empreendimentos no litoral paulista, prevento a necessidade de soluções habitacionais decorrentes da atração de mão de obra, tanto na fase de instalação como de operação.

Por outro lado, a Baixada Santista Central, onde se intensificarão as atividades relacionadas ao porto/retroporto, indústria e serviços, abriga em grande parte a população de média e alta renda. Os dados de domicílios e população indicam uma tendência à verticalização nos municípios que sofrerão maior pressão de demanda por moradias com os investimentos já mencionados.

Assim, diante da demanda existente e a escassez de terrenos, Santos torna-se uma cidade cada vez mais proibitiva como opção residencial para os estratos de menor renda. Atualmente, conforme dirigentes de empresas imobiliárias da região, Santos responde por cerca de 50% ou mais do mercado imobiliário de classe média e alta,

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sendo esse mercado caracterizado por construções verticais cada vez mais sofisticadas.

De acordo com a projeção realizada, o incremento de pessoal ocupado no ano de 2015 será de aproximadamente 50.000 pessoas (fases de construção e operação). Estes postos dedem ser ocupados em grande parte por pessoas originárias da região.

Na Baixada Santista Sul, a partir de Praia Grande, os valores de imóveis encontrados ainda são relativamente menores do que em Santos e a infraestrutura, paulatinamente, vem sendo implantada nas áreas lindeiras ao mar. Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe começam a sentir uma mudança no perfil da oferta de imóveis de lazer, em parte por influência desse novo ciclo, podendo o mercado de habitação vir a se diferenciar em relação ao presente, ampliando uma população fixa de média e baixa renda.

Com a implantação da base operacional da Petrobrás, utilizando o aeroporto de Itanhaém, essa região tende a receber os efeitos dos investimentos petrolíferos e, ao mesmo tempo, uma nova população fixa. Porém, a curva da demanda por postos de trabalho será significativamente mais suave do que a da Baixada Santista Central, embora com continuidade entre 2018 a 2020.

Além da nova cadeia produtiva que estará se implantando nesse espaço, a Baixada Santista Sul vem assumindo o papel de área de expansão residencial da Baixada Santista Central, principalmente pela valorização crescente do preço da terra, pois a disputa com o uso associado às atividades econômicas porto/indústria/serviços vem sendo ampliada paulatinamente na Ilha de São Vicente.

Isto significa um crescimento populacional maior que o previsto, se for admitido que a atividade de petróleo e gás acabe por dinamizar diversos segmentos da estrutura produtiva, principalmente no que diz respeito aos serviços associados à mesma.

B) RECURSOS HÍDRICOS E SANEAMENTO AMBIENTAL: Maior pressão sobre os recursos hídricos e aumento dos volumes de efluentes e resíduos industriais e domésticos

Os serviços de saneamento ambiental (água, esgoto, drenagem urbana e resíduos sólidos), bem como os de abastecimento de água, deverão sofrer aumento das demandas, em decorrência do aporte de população. As repercussões deverão ser tanto maiores quanto maiores forem os aumentos populacionais e sua relação com os atuais déficits de atendimento. O Cenário Prospectivo apresenta a magnitude do incremento populacional esperado em função da concretização plena do conjunto de projetos e intenções de investimento, sinalizando que a população do litoral deve chegar a 2,5 milhões de habitantes em 2025.

Pressão sobre as redes de abastecimento de água, em função da atração populacional, expansão da ocupação e implantação de diversos empreendimentos demandantes de água

A questão do abastecimento de água nos municípios da Baixada Santista Central, que deverá receber o maior contingente populacional, pode se tornar crítica,

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principalmente nos municípios de Cubatão e Guarujá, que apresentam atualmente as menores taxas de cobertura de atendimento de abastecimento de água (cerca de 71 e 74%, respectivamente). Esses municípios já sofrem paralisações durante o período de férias, de dezembro a março, e deverão receber um afluxo importante de novos habitantes.

No entanto, deve-se considerar o Plano Diretor de Abastecimento de Água para a Região Metropolitana da Baixada Santista, desenvolvido pela Sabesp, que tem como horizonte de planejamento o ano de 2030. De acordo com este Plano, a ETA 3 Cubatão (sistema centro) será ampliada para 5,5 m3/s e será implantado novo sistema produtor do Guarujá (sistema norte).

O contingente esperado de novos habitantes é numericamente menor na Baixada Santista Sul que na Baixada Santista Central, e a situação atual de atendimento é melhor que na Baixada Santista Central. Entretanto, em relação aos recursos a serem investidos, deve-se considerar o fato de a expansão da rede ser mais difícil de ser executada na Baixada Santista Sul, em função das distâncias e da conformação linear da região, que se estende ao longo da costa por uma faixa estreita, ao passo que a Baixada Santista Central apresenta-se como uma área mais circular. Deve-se ressaltar, porém, que será implantada a ETA Mambu-Branco (sistema sul) para 1,6 m3/s numa primeira etapa e para 3,2 m3/s numa segunda fase, fato que minimiza a deficiência de produção de água.

No Litoral Norte a população a ser atendida em 2025 para que o serviço de abastecimento de água seja universalizado corresponderá a 29% da população atual, dos quais cerca de 7% corresponde à população não atendida e 22% à população adicional. A Sabesp está iniciando o planejamento do saneamento na área do Litoral Norte e o Plano Diretor de Saneamento está sendo desenvolvido. Outro estudo que foi licitado recentemente pela Secretaria de Saneamento e Energia (SSE) é o Plano Regional de Saneamento da UGRHI 03, que também compreende a elaboração dos Planos Municipais de Saneamento dos Municípios. Ambos os estudos deverão levar em conta as considerações a respeito da demanda de população adicional.

No Litoral Sul não se espera incremento populacional para 2025 adicional ao cenário tendencial. Deve-se lembrar também que a SSE vem desenvolvendo os Planos Municipais e o Plano Regional de Saneamento da UGRHI-11 com o objetivo de universalizar os serviços de saneamento básico.

O aumento/densificação da ocupação antrópica da região resultará na geração de maiores volumes de resíduos sólidos urbanos, podendo intensificar a alteração da qualidade ambiental regional, e demandando novas áreas para disposição de resíduos sólidos urbanos

Para se estimar o aumento de resíduos sólidos domésticos nas sub-áreas do Litoral Paulista, foram extrapolados os valores per capita obtidos do Inventário de Resíduos Sólidos (CETESB, 2008) para se estimar o valor da tonelagem adicional a ser disposta em 2025, conforme apresentado na tabela a seguir.

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Tabela 3.2-1 Estimativa da Geração de Resíduos Sólidos Domésticos – Ano 2025

Sub-área Incremento total da

População em 2025

Tonelagem adicional em 2025 (ton/dia)

% adicional

Litoral Norte 59.186 30.5 23.1

Baixada Santista

Central 236.772 143.2 19.7

Baixada Santista Sul 145.939 86.0 34.6

Litoral Sul 7.017 3.2 16.5

Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2010.

Os valores obtidos na tabela acima devem ser encarados apenas como orientadores, na medida em que os valores per capita variam de acordo com a região, suas características socioeconômicas, bem como com as ações voltadas à minimização da geração de resíduos sólidos. Assim, a hipótese de manutenção dos valores per capita, também é uma simplificação da complexidade da questão.

Os valores obtidos indicam que a geração de resíduos será mais intensa na Baixada Santista Central. Nesta sub-área, os municípios enviam seus resíduos para o aterro de Sítio da Neves, localizado no município de Santos. Na Baixada Santista Sul, os municípios de Peruíbe, Itanhaém e Mongaguá enviam seus resíduos a Mauá e o município de Praia Grande deposita-os em Santos.

Este aterro que, segundo o Diário Oficial de Santos, teve suas atividades iniciadas em 2002 com capacidade para 3 milhões de toneladas, recebeu em 2005, segundo informações dos SNIS, cerca de 410 mil toneladas.

Considerando-se que no início da operação o aterro recebeu valores menores que os de 2005, pode-se supor que a vida útil do aterro seja de aproximadamente 10 anos, ou seja, sua capacidade estará esgotada já em 2012. Assim, até essa data os municípios de Santos, Praia Grande, Cubatão, Guarujá e Bertioga necessitarão de novo local adequado para dispor seus resíduos.

A situação do Litoral Norte não é menos preocupante, já que todos os municípios depositam seus resíduos em Tremembé e Santa Inês. O agravante é o trajeto dos resíduos, em muitos casos superior a 60 km, tornando o transporte o principal componente dos custos de disposição. Além disso, as condições das vias de acesso são inadequadas ao tráfego de carretas de até 30 toneladas, no caso das carretas que recebem o lixo nas estações de transbordo.

No Litoral Sul a disposição de resíduos é inadequada em todos os municípios e não há até o momento informação de que o problema venha sendo equacionado.

Como contraponto desta situação, os Planos de Saneamento que vêm sendo elaborados para os municípios das UGRHIs 03, 07 e 11 poderão propor alternativas de locais de disposição, inclusive com a proposição de consórcios intermunicipais para sua solução.

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Aumento dos volumes de efluentes líquidos de origem doméstica e industrial no Litoral Paulista, podendo intensificar a contaminação do ambiente

Como conseqüência do aumento da extração de água para consumo industrial e humano, pode-se prever o aumento das cargas poluidoras de origem industrial, em especial na região da Baixada Santista Central, uma vez que ali já se concentra o parque industrial. Neste sentido deverão ser consideradas as características conjuntas dos empreendimentos de modo a evitar uma sinergia negativa entre os contaminantes que poderão ser lançados nos corpos d’água, que já têm sua qualidade alterada.

Em relação aos esgotos domésticos, o que se verifica é que o nível de coleta atual é bastante baixo em todo o Litoral Paulista, sendo que a população não atendida por rede de coleta é de 69% no Litoral Norte, 42% na Baixada Santista Central, 71% na Baixada Santista Sul e 53% no Litoral Sul, perfazendo um total de mais de 1 milhão de habitantes sem este serviço. Para que haja a universalização do serviço,considerando-se os atuais índices de habitantes e quilometragem de rede por ligação como valores de controle, obtém-se uma projeção de aumento de 130 mil novas ligações e 1200 km de rede na Baixada Santista Central e 140 mil ligações e 2.200 km de rede para a Baixada Santista Sul. Ao se considerar os valores divulgados no Programa Onda Limpa de 120 mil novas ligações e 1.200 km de rede até 2012, prevê-se que, ao longo do período de 2012 a 2025, será necessária a implantação de um novo programa de mesma magnitude para o atendimento das restantes 150 mil ligações e 2.200 km de rede.

A carga de origem doméstica remanescente atual corresponde a 195 mil pessoas para o Litoral Norte, 1,12 milhões na Baixada Santista Central, 400 mil na Baixada Santista Sul e 34 mil no Litoral Sul. Com o aumento populacional até 2025 esta carga corresponderá a cerca de 250 mil pessoas no Litoral Norte, 1,37 milhões na Baixada Santista Central, 550 mil na Baixada Santista Sul e 40 mil no Litoral Sul.

A carga de esgotos domésticos remanescente, lançada nos emissários corresponde a 730 mil pessoas na Baixada Santista Central e 240 mil na Baixada Santista Sul. Conforme números fornecidos pela Sabesp para o Programa Onda Limpa, na Baixada Santista prevê-se a instalação de mais duas estações de pré-condicionamento, uma vez que as áreas drenadas por emissários deverão continuar. Assim, deverá haver um aumento de carga poluidora de origem doméstica, lançada no oceano, da ordem de 22%, correspondente ao aumento populacional até 2025, caso não seja efetuado tratamento dos esgotos lançados.

Com o aumento da carga poluidora de origem doméstica, deverá ser considerada a alternativa de tratamentos mais avançados, de modo a não comprometer ainda mais os ecossistemas marinhos nos quais há descarga dos emissários submarinos, com especial ênfase para os emissários de Santos, Guarujá e São Sebastião. Cabe lembrar, como já foi apresentado anteriormente, que os esgotos encaminhados a esses emissários sofrem um processo de pré-condicionamento, que consiste apenas na remoção de sólidos grosseiros e cloração.

Em relação às conseqüências da maior utilização de recursos hídricos em bacias de pequena vazão, como é o caso do Litoral Norte, deve-se avaliar a compatibilidade das

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demandas dos empreendimentos em termos de seus lançamentos com essas descargas. Efluentes de estações de tratamento de esgotos domésticos e industriais conservam de 5 a 10% dos contaminantes originais e, uma vez que os rios do Litoral Norte apresentam vazões baixas para sua diluição, pode haver contaminação mesmo com o tratamento em nível secundário, caso o corpo d’água não seja escolhido criteriosamente.

O Litoral Sul, que não deverá receber acréscimo de população e para onde não se prevê empreendimentos, projetos ou investimentos, provavelmente continuará com as condições precárias existentes, que, contudo, podem ser minoradas caso sejam implementados os instrumentos de planejamento como o Plano de Saneamento Regional e os Planos de Saneamento Municipal, em fase de elaboração.

C) SAÚDE: Queda nos índices de qualidade de saúde da população, considerando a taxa de migração nos municípios do Litoral Paulista e a capacidade atual de atendimento e seus indicadores de saúde

Nas condições de atendimento à saúde atuais, considerando o aumento da população, espera-se repercussões negativas nos níveis de atendimento primário e secundário à saúde da população em todos os municípios, mas especialmente em Santos.

Este fato está associado à atração de população para o crescente mercado de trabalho, modificando a proporção entre faixas etárias, contrabalançando dessa forma o acentuado índice de envelhecimento da população, especialmente em Santos, e onerando, em decorrência disso, o sistema de atendimento materno-infantil. Pode-se esperar pressão na rede de atendimento, principalmente em Unidades Básicas de Saúde, e demanda por médicos generalistas e especialistas. Haverá também maior pressão por investimentos no Programa de saúde da Família (PSF), que pode contribuir de maneira significativa para a prevenção de agravos, por meio do acompanhamento direto e orientação da comunidade.

A análise de gastos em saúde aponta condições de atendimento à saúde da população nos municípios de Itanhaém, Guarujá, Praia Grande e São Vicente, no ano de 2007, inferiores aos do Estado de São Paulo, no que se refere à mortalidade materna e à mortalidade infantil, dois indicadores importantes de saúde pública. Por outro lado, espera-se afluxo de população em grande parte constituída por adultos jovens e de casais jovens, em idade reprodutiva, sobrecarregando o sistema de atendimento materno-infantil já existente.

Nesse sentido, haverá maior pressão por investimentos na ampliação da rede de atendimento básico, para atendimentos pré-natal e pós-natal e vacinação infantil. Também nesse caso deve ser destacada pressão em Unidades Básicas de Saúde, devido à demanda por ampliação do Programa de Saúde Familiar- PSF, de forma a ter capacidade operacional para orientar a população jovem feminina quanto aos aspectos de saúde em geral, mas especialmente com enfoque reprodutivo.

Ainda no que se refere ao atendimento de saúde, destaca-se que, entre os municípios do Litoral Paulista, Santos possui atualmente demanda suficiente para manter uma rede em nível secundário, diferentemente do que ocorre com a maioria dos demais municípios litorâneos. Esse fato pode ser observado quando se levanta o número de

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óbitos por Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - SIDA, por exemplo, superior à média dos demais municípios litorâneos, o que deve à rede de atendimento secundário estruturada desse município, capaz de suprir parte da própria demanda e atrair a população com essa enfermidade oriunda de outros municípios.

Note-se que o predomínio dos novos casos diagnosticados em 2009 foi entre adultos jovens (25 a 34 anos) e adultos (35 a 49 anos), correspondendo a faixa etária da população que pode ser esperada nas fases de construção e de operação dos empreendimentos. Assim, o aumento de população dessa faixa etária pode determinar aumento de pressão na rede de assistência à saúde, nível primário e secundário, demandando mais unidades de saúde e mais médicos especialistas e pessoal de apoio.

Com relação a casos autóctones de dengue, deve ser salientado que, além de uma suposta relação entre despesas municipais e sistemas de vigilância, especialmente epidemiológica e ambiental, fatores climáticos e deficiência na educação em saúde da população também devem ser levados em consideração. Além disso, cidades portuárias, assim como aeroportos, são importantes vias de entrada do mosquito, cujos ovos podem vir aderidos a diferentes tipos de recipientes e serem viáveis por até um ano após a deposição. Também são os locais onde, de modo geral, são introduzidos novos tipos ou cepas de vírus.

Por outro lado, muitas das casas hoje utilizadas como residências de veraneio podem se transformar em residências fixas em função da maior demanda por moradias, facilitando ação dos agentes de saúde a esses locais (que atualmente permanecem fechados grande parte do ano). Mas, deve ser destacado que somente será reduzido o problema desde que haja investimento no Sistema de Vigilância em Saúde Ambiental, especialmente nas vigilâncias epidemiológica e ambiental.

Os dados referentes ao coeficiente de médicos por 1000 habitantes nos anos de 2003, 2005, 2006 e 2007, e de leitos SUS, exceto no município de Santos apontam deficiências que poderão se agravar especialmente nos municípios de Bertioga, Peruíbe, Itanhaém, Praia Grande, na Baixada Santista Sul, e Caraguatatuba, São Sebastião, Ilhabela e Ubatuba, no Litoral Norte, onde existe uma taxa de imigração já bastante superior à média do Estado de São Paulo.

Na área da assistência são esperadas maiores demandas por Unidades Básicas de Saúde, por atendimentos de urgência e emergência e por leitos SUS, juntamente com a sobrecarga aos profissionais atuais. Como esperado para a assistência, a área de vigilância em saúde também deve sofrer efeitos em sua capacidade de atendimento à demanda. Esses aspectos são importantes, de modo geral, em todos os municípios do Litoral Paulista, mas podem ser feitas algumas discriminações. Nos municípios da Baixada Santista Central ocorrerá aumento mais evidente de demanda por atendimento à saúde em nível secundário. Na Baixada Santista Sul pode-se destacar incremento de demanda por atendimento à saúde em nível primário e no PSF. Nos municípios do Litoral Sul deve aumentar pressão por atendimento à saúde em nível primário e no PSF.

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Já no Litoral Norte, espera-se maior demanda por investimentos na rede de atendimento à saúde em nível secundário. Salienta-se que em todos os municípios as ações de Vigilância em Saúde Ambiental devem ser incrementadas e receber maiores investimentos na estruturação e aperfeiçoamento das vigilâncias e contratação e capacitação de técnicos e pessoal de apoio.

D) EDUCAÇÃO: Crescente demanda de mão de obra qualificada que poderá induzir a movimentação pendular e migratória

Como decorrência da concretização do conjunto de empreendimentos, projetos e intenções de investimentos previstos, haverá, como repercussão positiva, a geração de emprego e renda na região. Por outro lado, como repercussão negativa, pode-se antever que haverá, em maior ou menor grau, uma movimentação pendular, e até migratória - sobretudo dentro da própria faixa de cidades litorâneas - uma vez que existem projetos previstos para a região onde a oferta de mão de obra qualificada é escassa.

Necessidade de uma melhor sintonia entre os programas de educação profissional ofertados e as reais demandas esperadas no novo ciclo econômico

Apesar de se considerar como fator positivo o surgimento de vários cursos de graduação e pós-graduação no segmento de petróleo & gás e porto, bem como alguns cursos técnicos nesses mesmos segmentos e, principalmente, programas de capacitação de operários, constata-se que há necessidade de uma melhor sintonia entre os programas ofertados e as reais demandas esperadas dos projetos nos segmentos de Petróleo & Gás e Portuário.

Nesse sentido, procurou-se identificar possíveis déficits, confrontando as informações levantadas sobre a rede escolar de formação profissional instalada na região e a quantidade de empregos projetados que serão gerados para as fases de construção e operação. As análises foram segmentadas nos três níveis da Educação Profissional: Básico, Técnico e Superior.

� Nível Básico - capacitação de operários qualificados:

Não foram identificados programas que desenvolvam competências específicas para a atuação em grandes construções, onde formas para concreto são de aço e os cursos formam “carpinteiros de forma”, profissional inadequado para esse serviço; não foram identificados cursos para operação e manutenção de grandes compressores e geradores a diesel, largamente utilizados em canteiros de obras; há uma nítida carência na capacitação de operadores de escavadeiras, niveladoras e outras máquinas utilizadas em terraplanagem e demais atividades típicas de obras de grande porte.

� Nível Técnico:

Nota-se a carência de programas que capacitem esses profissionais para o exercício de funções de inspeção de soldagem; análise de corrosão e estanqueidade de tubulações; detecção de presença de gases tóxicos ou explosivos, eletricistas

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especializados em áreas classificadas como explosivas, só para citar algumas lacunas.

� Nível Superior:

Existem cursos de Logística e Gestão Portuária, tanto em nível técnico quanto em nível superior e respectivas extensões. Porém, também para o assunto "operações portuárias" se verifica um certo distanciamento entre o que está nos programas curriculares e as necessidades reais advindas da implantação da cadeia de petróleo & gás, que altera a dinâmica do porto, introduzindo movimentação de cargas e embarcações diferentes das atuais. Já se verifica a carência na formação no domínio dos riscos e da potencialidade, bem como da operação, de equipamentos portuários de grande porte e de alta tecnologia agregada, tais como portêineres e transtêineres, competências necessárias ao gestor que precisa coordenar e orientar as ações dos operadores.

Observa-se também a carência de simuladores dinâmicos, tipo standard ou réplica, como ferramenta educacional, recurso este de uso indispensável na formação de gestores e operadores nos portos europeus e mais ainda nas operações de guindastes de plataformas offshore e dos “supply boats”, equipamentos instalados em ambientes sujeitos às oscilações provocadas pelo movimento das ondas.

Quanto aos cursos superiores voltados para o campo de petróleo & gás, foram identificadas iniciativas positivas advindas, sobretudo, da cooperação empresa-universidade, como a implantação de um laboratório de geofísica na Unisantos e uma mini-refinaria na Unisanta. Contudo, pode-se apontar como ponto crítico, a ausência de maior especificidade quanto ao segmento “upstream”, ou seja, os aspectos práticos da extração dos hidrocarbonetos e seu pré-processamento nas plataformas de produção e, mais ainda, os detalhes técnicos das plataformas de perfuração. Para o maior conhecimento aplicado a estas últimas, cuja operação implica grandes riscos aos trabalhadores, ao equipamento e ao meio ambiente, seria conveniente, por exemplo, a implantação de uma “sonda-escola” de uso comum às escolas técnicas, faculdades e centros de pesquisa do litoral paulista.

Dada a magnitude dos programas de desenvolvimento e dos investimentos previstos para o litoral paulista e a necessidade de maior integração Escola-Empresa, pode-se apontar como déficit a ausência de um centro de pesquisa na região, voltado para os segmentos portuário e petrolífero.

3.2.2.5. Na Pressão sobre Recursos Ambientais – Terrestres, Marinhos e Qualidade do Ar

A) ECOSSISTEMAS TERRESTRES: Aumento na pressão sobre Unidades de Conservação, Áreas Protegidas e Ecossistemas Naturais, com tendência de maior fragmentação do gradiente ambiental entre a serra e o litoral

Um dos aspectos determinantes da redução de habitats e da fragmentação da paisagem, com perdas de diversidade biológica, no Litoral Paulista, refere-se à intensa e crescente ocupação da planície litorânea, cujos ecossistemas encontram-se pouco representados em Unidades de Conservação - UCs.

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Refere-se também à fragmentação da floresta ombrófila que reveste a Serra do Mar, devido à possível expansão de vias que fazem a transposição para o Planalto. Com base nesse cenário atual e previsto de ocupação e uso antrópico do Litoral Paulista, considerando a nova dinâmica esperada, notadamente na Baixada Santista Central, mas também no Litoral Norte, repercussões associadas aos investimentos previstos são antevistas nos ecossistemas remanescentes, conforme descrito a seguir.

Redução da integridade das UCs devido à ocupação em áreas peri-urbanas

limítrofes a áreas legalmente protegidas

A tendência à ocupação em áreas peri-urbanas, de modo geral limítrofes a áreas legalmente protegidas, será fator indutor de aumento de pressão nos limites de áreas protegidas, aumentando efeitos de borda, fragmentação dos ecossistemas, poluição dos corpos d’água, contribuindo significativamente para a redução da integridade das UCs. Ressalte-se que o espaço restrito entre faixa litorânea, onde se desenvolve a urbanização, e a Serra do Mar, reduz possibilidades de manutenção de extensas áreas de amortecimento, necessárias para minimizar efeitos de borda.

Além disso, destaca-se a presença, atualmente, de ocupações irregulares e habitações sub-normais limítrofes a UCs, como observado em Bertioga, São Sebastião e Cubatão, principalmente, bem como em seu interior, processo que tenderá a recrudescer, determinando conflitos de uso e alterações de trechos de áreas naturais legalmente protegidas. Pode-se esperar aceleração e expansão desses processos de favelização, geralmente localizados em áreas de preservação permanente, como mangues ou encostas em áreas de risco geotécnico, e que estão associados ao aumento populacional previsto na fase de construção, cuja mão de obra não será completamente absorvida nas etapas posteriores de operação.

Pressão sobre ambientes pouco representados em Unidades de Conservação

Valorização da terra e adensamento da ocupação, especialmente na Baixada Santista Central e Sul e, em menor escala, no Litoral Norte, contribuirão também, para aumentar a pressão sobre ambientes pouco representados em UCs pelo aumento da demanda por recursos ambientais (relacionados à construção de moradias, por exemplo), associada ao novo ciclo econômico, principalmente nas Baixadas Santistas Central e Sul.

A ocupação de áreas não protegidas legalmente recrudescerá pressões sobre os ecossistemas remanescentes, notadamente restingas, estas últimas pouco representadas em UCs. Ocupações irregulares/desordenadas no entorno de Unidades de Conservação intensificarão pressões sobre essas áreas protegidas e sobre Áreas de Preservação Permanente (APPs), especialmente nas Baixadas Santistas Central e Sul.

Ressalta-se, ainda, a tendência de aumento de pressão de ocupação na Área Prioritária identificada na Baixada Santista Sul (porção mais ao sul de Itanhaém, onde remanescente de vegetação pouco representada um UCs encontram-se presentes, conforme identificado no item 2.1, Cena Atual).

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Aumento de pressão de fragmentação de áreas contínuas legalmente protegidas

e do gradiente entre litoral e serra

Por outro lado, aumento de demanda por infraestruturas, principalmente de transporte, dada tanto pela demanda por maior acessibilidade ao Planalto quanto entre áreas urbanas, como observado no Litoral Norte (Caraguatatuba e São Sebastião), determinará maior pressão de fragmentação de áreas contínuas legalmente protegidas (Parque Estadual Serra do Mar). Em algumas situações ocorrerá isolamento de trechos periféricos da UC, processo de fragmentação que contribui para redução da integridade destas áreas destinadas à preservação da diversidade biológica e reduz possibilidades de migração e fluxo gênico das populações de flora e fauna.

Este processo contribui, também, para ampliar a fragmentação do gradiente entre litoral e serra, assim como intensificar a ocupação da planície litorânea. Em conjunto, esses eventos contribuirão para intensificação do processo de fragmentação, atualmente observado, do gradiente ambiental existente entre a serra e o litoral (gradiente leste - oeste), reduzindo ainda mais as áreas contínuas ou que apresentam conectividade entre litoral e serra.

Aumento de pressão sobre ambientes marinhos protegidos e não protegidos

Repercussões dos investimentos previstos ocorrerão, também, em UCs marinhas, promovendo aumento de pressão sobre ambientes marinhos protegidos e não protegidos.

A sinergia entre os processos de ocupação desordenada, expansão urbana, aumento da demanda por recursos naturais e infraestrutura, associada ao novo ciclo econômico, torna urgente e prioritário o planejamento e implementação de ações para prevenir, mitigar e compensar pressões nos ambientes naturais, especialmente aqueles que se encontram sob maior pressão e menor representatividade no sistema de áreas protegidas.

B) ECOSSISTEMAS MARINHOS: Alterações da qualidade das águas, perdas de espécies e de habitats marinhos, redução dos estoques pesqueiros e decorrentes problemas de saúde para a população

A dinâmica econômica antevista no Litoral Paulista apresenta grande potencial de alteração, que nos ecossistemas marinhos se traduzem em risco de perda da biodiversidade, contaminação de espécies pescadas, alterações fisiológicas dos organismos marinhos, diminuição dos estoques pesqueiros devido à degradação de regiões de reprodução e alterações na turbidez da água impedindo a produtividade primária, contaminação de água e sedimentos, alterando inclusive a balneabilidade das praias, entre outros.

Assim, no sentido de se promover uma política ambiental adequada, os ecossistemas marinhos devem ser considerados como receptores das atividades desenvolvidas tanto nas cidades litorâneas como de toda a bacia hidrográfica.

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Redução gradual da biodiversidade, contaminação de espécies pescadas, água

e sedimentos e alterações fisiológicas de organismos marinhos.

As atividades relacionadas à produção, extração e transporte de petróleo estarão concentradas nas regiões da Baixada Santista Central e Litoral Norte, regiões a serem mais afetadas, e onde a dinâmica decorrente do novo ciclo econômico deverá também ser mais intensa.

As atividades de pesquisas sísmicas, perfuração de poços, produção e transporte de gás e petróleo apresentam riscos à biota marinha, conforme já discutido. As ondas sísmicas utilizadas na prospecção das reservas petrolíferas podem interferir no sistema de ecolocação de mamíferos marinhos e serem letais para determinadas espécies de peixes.

O processo de exploração de petróleo marinho poderá, ainda, introduzir e promover a liberação de substâncias tóxicas que poderão ser incorporadas à biota, em um fenômeno de bioacumulação, ou serem passadas através das redes tróficas e apresentar concentrações elevadas nos organismos de topo de cadeia, em um processo de biomagnificação biológica. Essas substâncias tóxicas, uma vez incorporadas pela biota, podem promover alterações fisiológicas, bioquímicas, genéticas e comportamentais, que por sua vez alterarão o crescimento, a taxa de reprodução e a sobrevivência das espécies agindo diretamente na diminuição do número de espécies. A perturbação no sedimento causará danos diretos à fauna bentônica por soterramento e contaminação.

As plataformas de produção e os meios de transporte representam fontes constantes de derrames acidentais e operacionais, podendo causar contaminação da água, sedimentos e fauna marinha, conforme apresentado anteriormente.

A perfuração de poços promove aumento da turbidez da água, o soterramento do leito submarino e a contaminação química da água e sedimentos com conseqüências para a produtividade primária local, que depende da penetração da luz no ambiente aquático, e para as atividades de alimentação dos animais bentônicos, pois esses possuem pouca ou nenhuma atividade de locomoção.

Os manguezais, presentes em todo o Litoral Paulista, podem sofrer bastante com a poluição por petróleo, principalmente os localizados na Baixada Santista Central. Quando atingidos por derrames de óleo, os manguezais apresentam perda substancial de folhas, aumento no número de raízes aéreas, más formações de folhas e frutos. Poderão ocorrer também modificações de habitats devido à movimentação de sedimentos decorrente das dragagens para manutenção de canais de navegação.

Alterações dessa natureza, ocorrendo sucessivamente atuam de forma cumulativa e sinérgica, em um processo que pode resultar em perdas significativas de diversidade biológica.

Contaminação de água, sedimentos e organismos alterando a balneabilidade

das praias, degradação de região de reprodução e alimentação de organismos

marinhos, provenientes do crescimento populacional e econômico.

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Em uma previsão de 15 anos, com os investimentos previstos, os ecossistemas marinhos sofrerão alterações não só por pressões inerentes das instalações de extração e transporte de gás e petróleo, como também pelas pressões provenientes de crescimento populacional e econômico das regiões, com o aumento da geração de efluentes e resíduos domésticos e industriais, atividades de dragagens e estaleiros.

As previsões indicam um aumento de carga poluidora de origem doméstica, lançada no oceano, da ordem de 22%, correspondente ao aumento populacional até 2025. Esse aumento poderá provocar a liberação de nutrientes para a coluna d’água localmente, o que pode elevar a produtividade primária local, nem sempre com efeitos positivos para a biota, causando eutrofização das águas e alterando a balneabilidade das praias.

A implantação de emissários submarinos, principalmente na Baixada Santista Central também afeta o ambiente marinho, devido às perturbações físicas de soterramento e deslocamento de grandes quantidades de sedimento marinho durante a fase de construção, e às contaminações químicas provenientes da própria descarga, visto que, atualmente, há apenas um pré-tratamento da água que é descartada no oceano.

No Litoral Norte deve haver uma preocupação em relação ao tratamento dos esgotos domésticos e industriais uma vez que os rios do Litoral Norte apresentam vazões baixas para sua diluição e pode haver contaminação mesmo com o tratamento em nível secundário.

O Litoral Sul não deverá receber acréscimo de população ou empreendimentos industriais, contudo merece atenção por se tratar de importantes áreas de preservação (Complexo Cananéia- Iguape).

C) QUALIDADE DO AR: Alterações na qualidade do ar pelo aumento das emissões atmosféricas

A qualidade do ar na região tende a sofrer processo contínuo de alteração devido a emissões atmosféricas decorrentes da concretização dos empreendimentos, projetos e intenções de investimentos previstos, e da nova dinâmica econômica, principalmente no Litoral Norte e na Baixada Santista Central, devido à concentração de atividades portuárias, terminais de carga, estaleiros, entre outras.

Cabe salientar, contudo, que os empreendimentos Offshore, a serem instalados a aproximadamente 300 km da costa, no Litoral Norte e na Baixada Santista Central, caracterizam-se por emissões potenciais de material particulado (MP), óxidos de enxofre (SOx), óxidos de nitrogênio (NOx) e compostos orgânicos voláteis (VOC). Entretanto, a localização desses empreendimentos em alto mar aliada às boas condições de dispersão de poluentes atmosféricos, permite inferir que as contribuições dos poluentes nessas áreas sejam relativamente baixas.

Já os terminais de contêineres (Santos e Guarujá), aduanas (Cubatão e Praia Grande), oleodutos e gasodutos (Caraguatatuba, São Sebastião, Guarujá e Santos) são considerados empreendimentos de baixo impacto ambiental em termos de emissões atmosféricas.

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Concentração de atividades industriais no município de Caraguatatuba (Litoral

Norte) resultará em aumento de emissões atmosféricas (MP, SOx, NOx, VOC e

CO)

As alterações na qualidade do ar relacionadas ao conjunto de projetos e intenções de investimentos no município de Caraguatatuba serão decorrentes, principalmente, da emissão de poluentes atmosféricos dos empreendimentos industriais e de termelétrica a gás natural. As emissões de poluentes consistem basicamente de material particulado (MP), óxidos de enxofre (SOx), óxidos de nitrogênio (NOx) e compostos orgânicos voláteis (VOC) e monóxido de carbono (CO) em uma área considerada não saturada.

As experiências do órgão ambiental do Estado de São Paulo e das empresas de consultoria em termos de poluição atmosférica têm mostrado que os níveis de qualidade do ar para os poluentes em referência decorrentes de novos empreendimentos vêm atendendo os padrões primários de qualidade do ar da Resolução CONAMA nº 03/90, sendo que, em geral, os índices de qualidade do ar variam de “Boa” (concentração abaixo do valor do padrão anual) e “Regular” (concentração abaixo do padrão de qualidade do ar).

Devido à normatização e à fiscalização por parte do Estado, as empresas vêm investindo em melhores tecnologias para se adequar à legislação vigente, ainda que resultando em custos de implantação mais elevados para os empreendimentos.

Concentração de atividades portuárias, terminais de cargas líquidas e

sólidas/grãos e estaleiros nos municípios de São Sebastião, Guarujá, Cubatão e

Santos (Litoral Norte e Baixada Santista Central) que resultará em aumento de

emissões atmosféricas (MP e VOC)

Os terminais de sólidos/grãos e líquidos e estaleiros, bases de apoio e centro de serviços são empreendimentos, projetos e intenções de investimentos previstos para o Litoral Norte, município de São Sebastião, onde a qualidade do ar é considerada “não saturada”, e para a Baixada Santista Central (municípios de Guarujá, Cubatão e Santos) onde a qualidade do ar é considerada “saturada” por ozônio e por partículas inaláveis. As emissões de poluentes consistem basicamente de material particulado (MP) e compostos orgânicos voláteis (VOC).

A legislação ambiental vigente, que deverá ser atendida integralmente, determina, conforme as características das áreas, que:

- Áreas Não Saturadas: as fontes de emissões de poluentes atmosféricos deverão implantar sistemas de controle de poluição atmosférica baseado na “melhor tecnologia” conforme o artigo 41 do Decreto Estadual 8468/76 e/ou padrões de emissões da Resolução CONAMA 382/06.

- Áreas Saturadas: as fontes de emissões de poluentes atmosféricos estarão limitadas a emissões globais de NOx - 40 t/ano, VOC - 40 t/ano, MP – 100 t/ano, CO – 100 t/ano e SOx – 250 t/ano e deverão implantar sistemas de controle de poluição atmosférica baseado na “melhor tecnologia” conforme o artigo 41 do Decreto Estadual 8468/76 e/ou padrões de emissões da Resolução CONAMA 382/06.

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Considerando-se esse atendimento, os índices de qualidade do ar ficarão em níveis bom e regular, não havendo degradação significativa na qualidade do ar. Ressalta-se, novamente, que o investimento em melhorias tecnologias resultará em custos de implantação mais elevados para os empreendimentos.

Novas fontes de emissões de gases de efeito estufa

As principais novas fontes de emissões de gases de efeito estufa consistem nos empreendimentos, projetos e intenções de investimentos em Offshore, Atividades Industriais, Termelétrica a Gás Natural e Aterro Sanitário, assim como nos veículos utilizados nos sistemas de transporte aéreo, terrestre e naval.

Conforme estabelecido na Lei nº 13.798/2009, no Artigo 31, o Estado definirá medidas reais, mensuráveis e verificáveis para reduzir suas emissões antrópicas de gases de efeito estufa. O Artigo 32 da referida lei estabelece que “o Estado terá a meta de redução global de 20% das emissões de dióxido de carbono (CO2), relativas a 2005, em 2020.