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1 AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DOS SOLOS EM ÁREAS PRESERVADAS E DEGRADADAS AS MARGENS DO CÓRREGO MACHADO NO MUNICIPIO DE PALMAS-TO 1 Fabrício de Oliveira Ramos 2 Iracélia Coêlho de Sousa 3 Leila da Costa Barros 4 Vanessa Ferreira de Sousa Graduandos do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental da Faculdade Católica do Tocantins. 1. [email protected] 2. [email protected] 3 [email protected] [email protected] RESUMO As Áreas de Preservação Permanente (APPs) são espaços especialmente protegidos, tratados como instrumento legal da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Com a difusão da cidade de Palmas e o uso e ocupação do solo de forma expansiva, foi inevitável a pressão antrópica sobre as margens dos cursos d’água. O objetivo deste trabalho foi comparar a fertilidade do solo em uma área de preservação permanente com cobertura vegetal preservada e outra degradada. A área estudada se localiza às margens da Microbacia do Córrego Machado, os ambientes avaliados foram constituídos por duas áreas, sendo uma com vegetação natural (APP) preservada e outra área com vegetação retirada (APP) degradada. As coletas dos solos foram feitas nas áreas distintas em forma de ziguezague usando o trado holandês, georreferênciadas, acondicionadas e levadas para análise em laboratório. As análises seguiram a metodologia descrita no Manual de Analises Químicas para a Avaliação da Fertilidade do solo (EMBRAPA, 1998). Foram analisados os valores de pH, potássio, fósforo, matéria orgânica, textura, cálcio,magnésio e alumínio. Os resultados obtidos foram aferidos e submetidos a análises estatísticas descritivas visando obter a amplitude de variação média para cada um dos parâmetros físico-químico avaliados. PALAVRAS-CHAVE: Fertilidade, Área de preservação permanente, Degradação do Solo.

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AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DOS SOLOS EM ÁREAS

PRESERVADAS E DEGRADADAS AS MARGENS DO CÓRREGO

MACHADO NO MUNICIPIO DE PALMAS-TO

1Fabrício de Oliveira Ramos

2Iracélia Coêlho de Sousa 3Leila da Costa Barros

4Vanessa Ferreira de Sousa

Graduandos do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental da Faculdade Católica do Tocantins. 1. [email protected] 2. [email protected] 3 [email protected] [email protected]

RESUMO

As Áreas de Preservação Permanente (APPs) são espaços especialmente protegidos, tratados como instrumento legal da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Com a difusão da cidade de Palmas e o uso e ocupação do solo de forma expansiva, foi inevitável a pressão antrópica sobre as margens dos cursos d’água. O objetivo deste trabalho foi comparar a fertilidade do solo em uma área de preservação permanente com cobertura vegetal preservada e outra degradada. A área estudada se localiza às margens da Microbacia do Córrego Machado, os ambientes avaliados foram constituídos por duas áreas, sendo uma com vegetação natural (APP) preservada e outra área com vegetação retirada (APP) degradada. As coletas dos solos foram feitas nas áreas distintas em forma de ziguezague usando o trado holandês, georreferênciadas, acondicionadas e levadas para análise em laboratório. As análises seguiram a metodologia descrita no Manual de Analises Químicas para a Avaliação da Fertilidade do solo (EMBRAPA, 1998). Foram analisados os valores de pH, potássio, fósforo, matéria orgânica, textura, cálcio,magnésio e alumínio. Os resultados obtidos foram aferidos e submetidos a análises estatísticas descritivas visando obter a amplitude de variação média para cada um dos parâmetros físico-químico avaliados.

PALAVRAS-CHAVE: Fertilidade, Área de preservação permanente, Degradação do Solo.

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ASSESSMENT OF SOIL FERTILITY IN AREAS DEGRADED AND PRESERVED

THE MARGINS OF THE STREAM MACHADO

ABSTRACT

The Permanent Preservation Areas (APPs) are specially protected areas, treated as a legal instrument of the National Environment (AMPP). With the spread of the city of Palmas and the use and occupation of land so expansive, it was inevitable anthropic pressure on the margins of watercourses. The objective of this study was to compare the fertility of the soil in an area of permanent preservation of preserved vegetation and other degraded. The study area is located on the banks of the Creek Watershed Machado, the environments evaluated consisted of two sites, one with natural vegetation (APP) preserved and other vegetation removal area with (APP) degraded. The soil samples were taken in different areas in the form of zigzag using the Dutch auger, georeferenced, packed and taken for laboratory analysis. The analysis followed the methodology described in the Manual of Chemical Analysis for Evaluation of Soil Fertility (EMBRAPA, 1998). Values were analyzed for pH, potassium, phosphorus, organic matter, texture, calcium, magnesium and aluminum. The results were measured and subjected to descriptive statistical analysis in order to obtain the magnitude of change for each of the physical-chemical parameters evaluated.

KEYWORDS: Fertility, Area of Permanent Preservation, Soil degradation.

1. INTRODUÇÃO

Com o crescimento demográfico desordenado da cidade de Palmas, a pressão

antrópica sobre as áreas de preservação são inevitáveis, essa pressão representa o uso e

ocupação do solo de forma inadequada com construções de moradias e o manejo de produção

agrícola. A falta de fiscalização associada à rápida ocupação dessas áreas geram impactos aos

ecossistemas como degradação em nascentes e margens de rios, as quais devem ser

preservadas, extrapolando assim o âmbito legal.

O código Florestal que instituiu as áreas de preservação permanentes (APPs), já conta

com 44 anos de sua promulgação e a população ainda o desconhece. Consta nos termos dos

Artigos 2º e 3º do Código Florestal (Lei Federal 4.771, de 15 de Setembro de 1965), coberta

ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a

paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger

o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

Dentre os fatores de degradação antrópica, a supressão da vegetação em áreas de

preservação permanente se torna uma das principais problemáticas ambientais em centros

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urbanos. Com solo despido de cobertura vegetal implica à diversas consequências ambientais,

tais como a lixiviação por ação das águas pluviais e fluviais, gerando o carreamento de

sólidos, erosão e o assoreamento do corpo d’água.

Desta forma, afetando diretamente a quantidade e a qualidade dos recursos hídricos e a

sua escassez, sendo considerada como fator empobrecedor do solo por diminuir a matéria

orgânica e prejundicando a macro e micro fauna.

A vegetação em torno dos corpos d’água atua como um filtro natural, garantindo a

estabilização das margens, controlando a erosão e atenuando o carreamento de sedimentos,

nutrientes, produtos químicos do solo e a manutenção da vazão, preservando assim a

qualidade físico-química e biológica da água.

E nesse contexto, que o uso e controle dos recursos naturais devem depender

efetivamente de instrumentos fundamentais de gestão.

Ressaltando a problemática exposta, o presente trabalho vem denotar o comparativo da

fertilidade do solo em uma área de preservação permanente com cobertura vegetal preservada

e outra degradada situada na microbacia do córrego Machado localizado no município de

Palmas - TO.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A definição legal das áreas de preservação permanente é dada pelo Código Florestal

Brasileiro (Lei nº 4.771 de 1965), definindo-as como áreas de grande importância

socioambiental e que têm dentre suas funções a preservação da biodiversidade e garantir bem-

estar aos seres humanos. De acordo com o Código Florestal, área de preservação permanente

é aquela “[...] coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os

recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de

fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas” (BRASIL,

2005).

Os solos do bioma cerrado foram descrito por Lopes e Cox (1977), Sanches et al.

(1982) e Ritchey et al. (1982) como sendo altamente ácidos contendo pequenas quantidades

de nutrientes essencias para desenvolvimento das plantas. Essas descrições se adaptam

principalmente aos lotossolos, que cobre metade da área total do cerrado (REATTO E

MARTINS, 2005)

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De acordo com o mapa do solo disponibilizado pela Secretária de Planejamento e

Meio Ambiente do Tocantins ( SEPLAN, 2007) o solo do estado distiguir oito classes, Solo

Concressionário, Latossolo, Areias Quartzosas, Plintossolos, Podzólicos, Solos Litólicos,

Solos Hidromórficos, Cambissolos, sendo do que o solo concressionário se encontra em maior

parte do estado.

Barros (2007) realizou o mapeamento dos solos da região e identificou as seguintes

classes de solos da microbacia do Córrego Machado; Cambissolo Háplico, distrófico

psamínico (CXdq); Plintossolo Pétrico Distrófico, concrecionário (FFdc); Neossolo Flúvido

Distrófico, endoácrico, oxídico (RUdb), Latossolo Amarelo Distrófico, psamítico (LAdq);

Neossolo Litólico psamítico (RLq); Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico, endoácrico

(LVAdw), Latossolo Vermelho Distrófico, ácrico, oxídico (LVd),ressaltando que a maior

parte da bacia e coberta por Latossolo Amarelo Distrófico.

Além dessas características desfavoráveis do solo do cerrado, o uso intensivo da terra

para a produção vegetal e animal tem causado degradação da estrutura do solo. A degradação

da estrutura afeta negativamente o desenvolvimento vegetal e predispõe o solo a erosão

hídrica (STONE & GUIMARÃES, 2005).

O solo mantido em estado natural sob vegetação nativa, preservar as características

físicas adequadas ao desenvolvimento normal das plantas condições em que o volume de solo

explorado pelas raízes é relativamente grande (ANDREOLA et al. 2000) e (BERTOL et al.

2004).

Para Magalhães e Ferreira (2000) apud Barros (2007) um dos grandes desafios do

homem para a conservação ambiental é concentrar esforços e recursos para a preservação e

recuperação de áreas naturais consideradas estratégicas, das quais vários ecossistemas são

dependentes.

Dentre essas, destacam-se as Áreas de Preservação Permanentes, que têm papel vital

dentro de uma bacia hidrográfica, por serem responsáveis pela manutenção, preservação e

conservação dos ecossistemas ali existentes, (BARROS. 2007). Principalmente no que diz

respeito à qualidade do solo.

A matéria orgânica é resultado da decomposição de restos de animais e vegetais

conforma em húmus, por processo de mineralização libera nutrientes minerais, sendo assim

liberando grande quantidade de CO2. Em condições de temperatura elevada e boa aeração, a

matéria orgânica original (folhas etc.) se mineraliza relativamente depressa, liberando

rapidamente nutrientes para as plantas. Quando em climas mais secos e/ou frios, a taxa de

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mineralização é menos e a humificação é maior fazendo com que haja um maior acumulo de

húmus. (LEPSCH. 2002).

A matéria orgânica desempenha, também, papel importante na ciclagem de nutrientes,

no tamponamento do solo contra alterações bruscas de pH, na construção, na manutenção da

estrutura e na adsorção e armazenamento de água. (VARGAS & HUNGRIA,1997).

3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Localização geográfica da área A área de estudo compreende a Microbacia do Córrego Machado que possui uma

área de 1.421,35 ha, representando 2,99% da Sub-Bacia do Taquaruçu Grande, sendo que sua

extensão se distribui entre os Aurenys I, II, III e IV, e desemboca no ribeirão taquaruçu

grande município de Palmas –TO (Figura 1).

Figura 1. Carta imagem da área de estudo, imagem SPOT, resolução 15 metros. Fonte: Autores.

Segundo classificação de Koppen, a região apresenta clima C2wA'a' - clima úmido

subúmido com pequena deficiência hídrica, no inverno, evapotranspiração potencial média

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anual de 1.500 mm, distribuindo-se no verão em torno de 420 mm ao longo dos três meses

consecutivos com temperatura mais elevada, apresentando temperatura e precipitação média

anual de 27,5º C e 1600 mm respectivamente, e umidade relativa média de 80 %

(INMET, 2009).

Os ambientes avaliados foram constituídos por, (I) área com vegetação natural (APP

Preservada) e (II) área com vegetação retirada (APP degradada).

3.2 Coletas das amostras

A coleta das amostras de solo foram realizadas em ziguezague, figuras 3 e 4, com o

auxilio de um trado holandês (material inoxidável), na profundidade de 0-20 cm. Os pontos

foram distanciados entre 4 a 6 m, sendo retiradas dez amostras deformadas simples em cada

subárea, sendo as mesmas colocadas em um balde de coleta para homogeneização, formando

uma amostra composta por área, no total foram coletados 20 amostras simples nas em ambas

as áreas. As amostras coletadas de solo descritas acima foram georreferenciadas com auxílio

de técnicas de localização por sistema de posicionamento global (GPS).

Figura 3. Coleta de amostras em zigue zague

a área degradada. Fonte: Autores

Figura 2: Localização da Àrea de preservação permanente preservada e

degradada. Fonte: Google Earth (2009)

Figura 4. Coletas de amostras em zigue

zague na área degradada. Fonte: Autores

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Todas as amostras deformadas compostas foram identificadas, acondicionadas em

sacos plásticos e caixa de isopor e levadas para o Laboratório de Solos da Faculdade Católica

do Tocantins (FACTO), onde foram determinadas as características físico-químicos descritos

a seguir.

3.3 Avaliação das características físico- químicos do solo A metodologia utilizada para a realização das análises químicas e física foram as

descritas no Manual de Analise Químicas para a Avaliação da Fertilidade do solo

(EMBRAPA, 1998).

Os dados obtidos foram aferidos e submetidos a análises estatísticas descritivas

visando obter a amplitude de variação média para cada um dos parâmetros físico-químico

avaliados, exposto através de gráficos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados obtidos de pH do solo da área prerservada e degradada apresentaram valores

relativamente ácidos, variando entre 5.1 e 5.0 respectivamente, (figura 5). Jakelaitis et al.

(2008) também encontraram resultados semelhantes de pH tanto sobre mata natural quanto

em área degradada. De acordo com Lopes & Cox (1977) os solos de cerrado são naturalmente

ácidos, e essa descrição se adapta principalmente aos lotossolos, que cobre metade da área

total do cerrado.

Valores de pH em água

5,1 5,0

0,01,02,03,04,05,06,07,08,09,0

10,011,012,013,014,0

APP - Preservada APP - Degradada

pH

-0 á

6,0

(áci

do

) 7

,0(n

eu

tro

) 7

,0 á

14

(alc

alin

o)

Figura 5: valores de pH nas área estudadas

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O potássio pode apresentar como mineral primário que não são disponíveis para as

plantas e mineral secundários, que após passar por processo de intemperismo se torna

assimilável pelas plantas. As principais fontes do elemento são os minerais, feldspato

potássios e mica. (LUCHESE et al. 2002). Os solos de cerrado normalmente apresentam

baixos teores de potássio. O processo de acidificação apresenta como característica as perdas

de cálcio, magnésio e potássio.

Teores de Potássio

100,3

43,0

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

Potássio

mg

.dm

³

APP- Preservada

APP- Degradada

Figura 6: Teores de potássio nas áreas estudadas

Os teores de potássio encontrado no solo da área preservada e degradada mostraram

concentrações diferentes, os níveis de K variaram entre 43,0 à 100,3 respectivamente, como

pode ser observado na Figura 6.

Na área preservada a concentração do potássio encontra dentro do ideal, isso pode ser

atribuido a disponibilidade e absorção pelas plantas, evidenciando um equilibrio nutricional

solo-planta da área. Cirilo (2009) em estudos de potássio na área de preservação pemanente

encontrou resultados semelhantes.

Na área degradada, os teores de potássio encontram-se relativamente altos, tal fato,

pode ser atribuido a recentes queimadas na área mais alta, resultando na disponilidade de

cinzas, que contém principalmente potássio. A precipitação e a declividade do terreno

queimado também podem ter contribuido para a lixiviação das cinzas, depositando na área

mais baixa, onde encontra o estudo em questão.

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Outra hipótese levantada, sugere o aumento do potássio devido ao deposito de esterco

bovino no local degradado, com a aceleração da decomposição ativa devido à condição

favorável de precipitação, incoporando os nutrientes para o horizonte superficial, sendo que a

área é utilizada pacialmente como pastagem. Cabe ressaltar que, devido a área não apresentar

vegetação para absorver esse nutriente poderá ocorrer uma biocumulação do potássio.

A concentração de potássio na área degradada pode ter relação com o materiais

sedimentares, pois de acordo com Bortoluzzi (2005) nos solos sedimentares ricos em

feldspatos potássicos e em micas estes minerais constituem-se numa importante reserva de

potássio não trocável.

Teores de Fósforo

0,9

0,4

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

APP- Preservada APP- Degradada

mg

.dm

³

Fósforo

Figura 7: Teores de fósforo nas áreas estudadas

Dentre os macronutrientes essenciais para as plantas, o fósforo tem sua relevância

relacionada principalmente no crescimento das plantas, pelo fato de ser nutriente limitante

para o seu crescimento. A origem desse elemento se disponibiliza em duas fontes: rocha mãe,

decomposição dos materiais vegetais e animais mortos, através dos ataques dos

microorganismos existentes, sendo a ultima o principal processo de incorporação do potássio

no solo. (VARGAS & HUNGRIA, 1997).

Na Figura 7, os resultados analíticos de fósforo evidenciaram na área preservada e

degradada uma variância entre 0,9 a 0,4 mg.dm3 respectivamente. A área preservada indicou

concentração de fósforo superior ao encontrado na degradada, tal resultado mostra uma

relação direta com a cobertura vegetal e matéria orgânica, mesmo sofrendo decomposição dos

microorganismos, contribuindo para a incorporação do fósforo no solo.

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Na área degradada, que apresenta solo em processo de recuperação por braquiária com

pontos de solo exposto, o nível de fósforo diagnosticado foi de 0,4 mg.dm3.

O nível de fósforo na área preservada e degradada é considerado baixo, sendo um fator

limitante para o crescimento das plantas, Lopes & Cox (1977) definiu padrões do solo do

cerrado, em que o fósforo se encontra na média de 0-10 µg.ml, é considerado como baixo.

Cirilo (2009) considera ideal concentrações de fósforo entre 10 a 20 mg.dm³. Os baixos níveis

desse elemento disponível nas áreas em estudo revelam em relação a esse nutriente a

característica natural do latossolo.

Matéria Orgânica

23,8

20,9

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

APP - Preservada APP - Degradada

g.k

g-1

Matéria

Orgânica

Figura 8: Teores de matéria orgânica nas áreas estudadas

A matéria orgânica no solo é constituída por restos de animais e vegetais, que se

encontra em constante processo de decomposição por microorganismos, entres eles encontra

as bactérias, os fungos e os actinomicetos. A matéria orgânica desempenha função importante

para a qualidade e fertilidade do solo, entre eles destacam: reciclagem de nutriente, no

tamponamento do solo contra mudanças bruscas de pH, na construção/manutenção dos

atributos físico-químico e biológico e na adsorção e armazenamento de água no solo

(VARGAS, 1997).

De acordo com a figura 8, os teores da matéria orgânica nas áreas selecionadas

apresentaram uma pequena variação, sendo encontrada maior concentração na área

preservada, com 23,8 g.kg-1 e menor com 20,9 g.kg-1 na degradada.

Na área degradada à concentração de matéria orgânica pode estar relacionada a pontos

de solo exposto, possivelmente lixiviados durante a estação chuvosa. Os teores de matéria

orgânica em áreas degradadas geralmente são baixos, devido principalmente a falta de

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cobertura vegetal. No entanto, na área em estudo os teores foram relativamente acima do

ideal, 10 g.kg -1 (CIRILO, 2009), essa constatação está ligada com a dinâmica de regeneração

e o deposito de material orgânico proveniente de bovinocultura existente no local.

Textura

51,4 52,0

15,511,5

33,136,5

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

APP - Preservada APP - Degradada

Po

rce

nta

gem

(%

)

Areia

Silte

Argila

Figura 9: Teores de textura nas áreas estudadas A textura do solo refere-se à proporção relativa em que se encontram, em determinada

massa de solo, com diferentes tamanhos de partículas. Referem-se, especificamente, as

proporções das partículas ou frações de areia, silte e argila na terra fina seca ao ar (TFSA),

sendo a textura é uma das características mais estáveis do solo.

A área preservada e degradada possuem textura arenosa, com teores de areia entre

51,4 e 52,0 %, enquanto o silte variou de 15,5 a 11,5% a argila teve uma faixa entre 33,1 a

36,5%. A alta percentagem de areia na área degradada faz com que o solo no local torne-se

pobre em nutrientes, pois o excesso de areia facilita o carreamento de minerais e

caracterizando um solo arenoso.

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Cálcio, Magnésio e Alumínio

1,81,9

1,01,1

0,6

0,3

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

APP - Preservada APP - Degradada

cmo

lc.d

Ca2+

Mg2+

Al3+

Figura 10: Teores de cálcio, magnésio e alumínio nas áreas estudadas

Para os teores de Cálcio e Magnésio observou-se que as quantidades obtidas

encontram-se baixa, uma vez que possui quantidade considerável de alumínio no solo,

elemento este tóxico para as plantas, podendo ser sanado com aplicação de calcário, uma vez

que os teores de cálcio encontram-se próximo aos ideais 2,0 cmolc.dm3, a área degradada esta

com um teor de alumino menor devido já ter sido cultivada anteriormente e a área preservada

possui um teor mais elevado devido à presença de matéria orgânica mais elevada.

5. CONCLUSÕES

O valor de pH não sofreu variação entre as área de proteção permanente preservada e

degradada, sendo que o pH está de acordo com solos do cerrado.

O teor de potássio encontrado na área preservada é menor do que o encontrado na

degradada, entretanto, o teor elevado de potássio na área degradada foi pressuposto por

influências externas e internas, em que na degradada o teor está como ideal.

O teor de fósforo diagnosticado nas áreas em questão foram baixos, ressaltando que na

preservada teve a maior concentração desse elemento, indicando a pobreza desse solo em

relação a esse nutriente.

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O teor de matéria orgânica em ambas as áreas, não indicou uma variância

significativa, isso provavelmente tem uma relação na dinâmica entre os meios abióticos e

bióticos em cada área em estudo.

A textura do solo nas áreas em estudo, e classificado em franco argiloso - arenoso,

devido à maior fração e constituído por área.

Os teores de cálcio e magnésio tiveram concentrações maiores na área degradada, isso

se deve as características bióticas e abióticas modificadas pelo homem. Na área preservada o

alumínio teve maior concentração devido à grande disponibilidade de matéria orgânica.

Diante do exposto, foi constatado que a ação do homem nas áreas de preservação

permanente modificam diretamente a fertilidade do solo, sendo que os resultados analíticos

mostraram baixa fertilidade na área preservada. Nesse sentido, é de fundamental importância

a elaboração e execução de metodologias que assegure a qualidade e fertilidade do solo nas

áreas de APP’s.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDREOLA, F.; COSTA, L. M.; OLSZEVSKI, N.; JUCKSCH, I. A cobertura vegetal de inverno e a adubação orgânica e, ou, mineral influenciando a sucessão feijão/milho. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.24, n.4, p.867-874, 2000. BRASIL. Lei nº 4.471 de 15 de Setembro de 1965. institui o novo código florestal. Diário oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, 15 de setembro de 1965. BARROS, E. K. K. Mapeamento de Áreas de Preservação Permanente (APP) e identificação do conflito de uso da terra na bacia do Ribeirão Taquarussu Grande, Palmas – TO. Monografia – TCC. Curso de Engenharia Ambiental. Universidade Federal do Tocantins. 69 pg. 2007. BERTOL, I.; ALBUQUERQUE, J. A.; LEITE, D.; AMARAL, A. J.; ZOLDAN JÚNIOR, W. A. Propriedades físicas do solo sob preparo convencional e semeadura direta em rotação e sucessão de culturas comparadas às do campo nativo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.28, n.1, p.155-163, 2004.

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