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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO GESTÃO EM SISTEMAS DE SAÚDE AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FÍSICA DAS UNIDADES DE INTERNAÇÃO DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE UM HOSPITAL PÚBLICO DE GRANDE PORTE DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: PROPOSTAS PARA O GERENCIAMENTO DE RISCO DE QUEDAS MARIA APARECIDA JESUS MENEZES SÃO PAULO 2015

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FÍSICA DAS …

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Page 1: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FÍSICA DAS …

UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRACcedilAtildeO

GESTAtildeO EM SISTEMAS DE SAUacuteDE

AVALIACcedilAtildeO DA INFLUEcircNCIA DA ESTRUTURA FIacuteSICA DAS UNIDADES DE

INTERNACcedilAtildeO DE CLIacuteNICA MEacuteDICA E CIRUacuteRGICA DE UM HOSPITAL

PUacuteBLICO DE GRANDE PORTE DO MUNICIacutePIO DE SAtildeO PAULO PROPOSTAS

PARA O GERENCIAMENTO DE RISCO DE QUEDAS

MARIA APARECIDA JESUS MENEZES

SAtildeO PAULO

2015

Prof Eduardo Storopoli

Reitor da Universidade Nove de Julho

Prof Dr Ceacutesar Augusto Biancolino

Diretor do Mestrado Profissional em Administraccedilatildeo ndash Gestatildeo em Sistemas de Sauacutede

Maria Aparecida Jesus Menezes

AVALIACcedilAtildeO DA INFLUEcircNCIA DA ESTRUTURA FIacuteSICA DAS UNIDADES DE

INTERNACcedilAtildeO DE CLIacuteNICA MEacuteDICA E CIRUacuteRGICA DE UM HOSPITAL

PUacuteBLICO DE GRANDE PORTE DO MUNICIacutePIO DE SAtildeO PAULO PROPOSTAS

PARA O GERENCIAMENTO DE RISCO DE QUEDAS

EVALUATION ABOUT INFLUENCE OF PHYSICAL STRUCTURE OF INPATIENT

UNITS OF A LARGE PUBLIC HOSPITAL SIZE OF THE MUNICIPALITY OF SAtildeO

PAULO PROPOSALS FOR FALL RISK MANAGEMENT

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de

Mestrado Profissional em Administraccedilatildeo

Gestatildeo em Sistemas de Sauacutede da Universidade

Nove de Julho ndash UNINOVE como requisito

para obtenccedilatildeo do grau de Mestre em

Administraccedilatildeo

Orientadora

Profordf Drordf Chennyfer Dobbins Paes da Rosa

SAtildeO PAULO

2015

MARIA APARECIDA JESUS MENEZES

AVALIACcedilAtildeO DA INFLUEcircNCIA DA ESTRUTURA FIacuteSICA DAS UNIDADES DE

INTERNACcedilAtildeO DE CLIacuteNICA MEacuteDICA E CIRUacuteRGICA DE UM HOSPITAL

PUacuteBLICO DE GRANDE PORTE DO MUNICIacutePIO DE SAtildeO PAULO PROPOSTAS

PARA O GERENCIAMENTO DE RISCO DE QUEDAS

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de

Mestrado Profissional em Administraccedilatildeo

Gestatildeo em Sistemas de Sauacutede da

Universidade Nove de Julho ndash

UNINOVE como requisito para obtenccedilatildeo

do TIacuteTULO DE Mestre em

Administraccedilatildeo pela banca Examinadora

formada por

Satildeo Paulo 24 fevereiro de 2015

_________________________________________________

Presidente Profordf Drordf Chennyfer Dobbins Paes da Rosa

__________________________________________________

Membro

__________________________________________________

Membro

DEDICATOacuteRIA

A minha matildee Almerinda pelo incentivo natildeo me

deixando desistir

Aos meus familiares pelo apoio ao longo desta

jornada

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por me permitir empreender este desafio e onde busquei determinaccedilatildeo para

finalizaacute-lo

A todos os meus familiares pelo estiacutemulo para a busca de novas oportunidades de

conhecimento e progressatildeo pessoal e profissional

A minha orientadora Professora Dra Chennyfer Dobbins Paes da Rosa como condutora e

facilitadora no desenvolvimento deste estudo pelo apoio e incentivo em tantos momentos

tumultuosos de empecilhos cansaccedilo e atribulaccedilotildees

A todos os professores por nos conduzirem neste universo de novos saberes e em especial a

Professora Simone Aquino pelas palavras de apoio no prosseguimento deste projeto

Aos alunos da turma de 2013 pelo companheirismo pelos momentos de descontraccedilatildeo pelas

experiecircncias trazidas Agradecimentos especiais agraves amigas e companheiras de trabalho

Edzangela Flaacutevia Natasha Walquiria Liacutegia e Elizangela

A gerecircncia de Enfermagem pela indulgecircncia no cumprimento de tantas tarefas

RESUMO

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os perigos

do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos portanto o objetivo

desta dissertaccedilatildeo eacute avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e

ciruacutergica de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia

na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando as medidas de seguranccedila

existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas Trata-se de um estudo descritivoexploratoacuterio

tipo estudo de caso A teacutecnica de coleta de dados utilizada foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes e

das plantas das unidades Foram selecionadas seis unidades de internaccedilatildeo onde as quedas

foram mais frequentes no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 As noficaccedilotildees de 205 quedas

ocorridas neste periacuteodo foram analisadas para caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo Dos resultados a

idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 57 anos e natildeo houve diferenccedila entre

homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a ocorrecircncia foi de 14 dias

Houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo noturno (50) 43

ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando 67 das ocorrecircncias Das seis unidades

avaliadas 100 atendem os quesitos dimensotildees miacutenimas por quartoleito banheiro exclusivo

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistemas de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas

em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado agrave

ocorrecircncia de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados) Em 67 das

unidades natildeo havia camas com grades em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os leitos e

escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Conclui-se que a

estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas

desde que outros fatores ambientais sejam considerados Os instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo

devem ser compostos apenas com informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as

organizaccedilotildees hospitalares utilizam os espaccedilos disponiacuteveis Os descritivos e especificaccedilotildees

teacutecnicas de equipamentos e mobiliaacuterios devem ser atualizados e os serviccedilos de sauacutede devem

garantir o adequado funcionamento dos dispositivos e disponibilidade aos usuaacuterios

Palavras-chave gestatildeo de risco incidentes queda

ABSTRACT

We were understand the relationship between falls and environmental hazards is necessary to

identify the hazards of the environment that may influence the occurrence of these events The

aim of this work is to identify risks associated with the physical structure in patient units of

medical and surgical clinics of a public hospital in the city of Satildeo Paulo To evaluate the

influence in the fall of hospitalized patients identifying existing security measures providing

support for the design and construction phases of actions aimed at improving the management

of the risk of falling This is a descriptive study exploratory case study The technique of

data collection used was a survey through scripts characteristic being listed spaces for the

accommodation of patients and plant units We were selected 06 units in the period January-

June 2014The notifications was 205 falls during this period The results the average age of

individuals fall victims was 57 years and there was no difference between men and women

The mean time from admission until the occurrence was 14 days A predominance of falls

among men (59) and at night (50) 43 occurred in the fourth and 24 in the bathroom

totaling 67 of occurrences The 6 units assessed 100 meet the requirements that are

minimum dimensions per room bed exclusive bathroom for each room grab bars near the

toilet nurse call system and dry conditions in all rooms at the time of observation Grab bars

in the box in all bathrooms wake lighting in all rooms fluorescent general lighting in all

rooms and nursing signaling items are served in most units (84) The criteria light switch

accessible and furniture with trundle and locks in all rooms are not seen in 100 of the units

which may be related to the occurrence of falls at night (50 of reported incidents) In 67

of the units had not caged beds in all beds beds with locks on all beds electric beds on all

beds and stair steps in this 2 all beds and rubber tip It follows that the physical structure can

be evaluated as influential in determining the occurrence of falls from other environmental

factors are considered The scales should not be composed only with information about

dimensions but assess how hospital organizations use available space The descriptives and

technical specifications for equipment and furnishings should be updated and health services

should ensure the proper performance of devices and availability to users

Keywords risk management incidents fall

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 3

11 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO 3

12 PROBLEMA DE PESQUISA 7

13 QUESTAtildeO DE PESQUISA 10

14 OBJETIVOS 11

141Geral 11

142 Especiacuteficos 11

15 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA 11

16 ESTRUTURA DO TRABALHO 12

2REFERENCIAL TEOacuteRICO 13

21 GESTAtildeO DE RISCOS CORPORATIVOS 13

22 ANAacuteLISE DE RISCOS 15

23 QUEDAS 18

24 MATRIZ DE RISCO 21

25 FERRAMENTA DE ANAacuteLISE DO MODO E EFEITO DA FALHA (FMEA) 22

26 LEGISLACcedilAtildeO RELACIONADA Agrave VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA 24

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA 28

31 DELINEAMENTO DA PESQUISA 29

32 LOCAL DO ESTUDO 31

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS 31

34 PROCEDIMENTOS E ANAacuteLISE DE DADOS 34

35 ASPECTOS EacuteTICOS DA PESQUISA 34

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 36

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA 46

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES 48

61 LIMITACcedilOtildeES DA PESQUISA 50

REFEREcircNCIAS 51

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA 56

ANEXO 1 57

ANEXO 2 59

1

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

AHRQ Agency for Healthcare Research and Quality

CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de Pesquisa

COSO Committee of Sponsoring Organizations

CRM Clinical Risk Management

EA Eventos Adversos

EAS Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede

ERM Enterprise Risk Management

FERMA Federation of European Risk Management Associations

FMEA Failure Modes and Effects Analysis

GM Gabinete do Ministro

HFMEA Healthcare Failure Modes and Effects Analysis

IS Sinalizaccedilatildeo de Enfermagem

ISO International Organization for Standardization

JCAHO Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations

MS Ministeacuterio da Sauacutede

NAPSA National Patient Safety Agency

NBR Normas Brasileiras

NCPS National Center for Patient Safety

NHS National Health Service

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

RC Responsabilidade Civil

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RNAO Registered Nurses Association of Ontario

RPN Risk Prority Number (Nuacutemero de Prioridade de Risco)

SIH Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VHA Veretans Health Administrtion

VISA Vigilacircncia Sanitaacuteria

2

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos 22

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA 24

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA 24

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS 26

Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000) 28

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa 29

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo 33

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de 42

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

42

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box 43

Figura 13 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio dispostas proacuteximas nas laterais 45

Figura 14 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar 47

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um Hospital

Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil 8

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no

periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 37

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde

predominaram os eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 39

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades

visitadas 2014 Satildeo Paulo Brasil 40

3

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Contextualizaccedilatildeo

O homem como indiviacuteduo ou como parte de organizaccedilotildees sempre esteve agrave procura de

formas de identificar os riscos que ameaccedilam sua existecircncia Nas sociedades primitivas de

cultura agraacuteria a produccedilatildeo atendia apenas suas necessidades imediatas logo a perda de uma

colheita significava desastre certo Organizadas como economias industriais sociedades e

indiviacuteduos seguem tentando compreender e antecipar os riscos que os ameaccedilam procurando

preservar seus bens valiosos (McCaffrey amp Hagg-Rckert 2009)

Risco eacute definido como o efeito da incerteza nos objetivos da organizaccedilatildeo sendo o

efeito um desvio em relaccedilatildeo ao esperado seja ele positivo ou negativo A incerteza eacute ldquoo

estado mesmo que parcial da deficiecircncia das informaccedilotildees relacionadas a um evento sua

compreensatildeo conhecimento sua consequecircncia e a probabilidade de ocorrecircncia associadardquo

(ABNT 2009)

A gestatildeo de risco eacute uma forma de reconhecer que os eventos podem levar a danos e

prevecirc a avaliaccedilatildeo e anaacutelise dos riscos de forma a minimizar sua ocorrecircncia e consequecircncias

Considerar um risco toleraacutevel natildeo significa aceita-lo mas conviver com ele confiando que

estaacute devidamente controlado Nenhuma pessoa deve ser exposta a risco grave a menos que

concorde em aceitaacute-lo (National Health Service - NHS 2008)

A gestatildeo de risco prevecirc a realizaccedilatildeo de ldquoatividades coordenadas para dirigir e controlar

uma organizaccedilatildeo no que se refere ao risco (ABNT 2009)

O Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission COSO

2007 (Comitecirc de Organizaccedilotildees Patrocinadoras do Comeacutercio) eacute uma iniciativa conjunta de

cinco organizaccedilotildees do setor privado e eacute dedicado a fornecer lideranccedila de pensamento atraveacutes

do desenvolvimento de quadros e orientaccedilatildeo sobre gerenciamento de riscos corporativos

controles internos e de dissuasatildeo de fraude As organizaccedilotildees reconhecem e direcionam seus

esforccedilos para a necessidade de se desenvolver uma estrateacutegia capaz de identificar avaliar e

administrar os riscos Nesta perspectiva o gerenciamento de riscos corporativos eacute definido

como um processo conduzido pela organizaccedilatildeo envolvendo o conselho administrativo

diretoria e demais empregados com o objetivo de estabelecer estrateacutegias para identificar

eventos em potencial que podem afetaacute-la administrando os riscos e possibilitando o alcance

de seus objetivos O evento eacute um incidente ou uma ocorrecircncia de causa interna ou externa

4

que pode afetar a realizaccedilatildeo dos objetivos da organizaccedilatildeo O risco eacute a possibilidade de um

evento ocorrer e afetar negativamente a realizaccedilatildeo destes objetivos

A administraccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo natildeo pode prever quando e como ocorreraacute um

evento e o impacto que causaraacute entretanto deve ser capaz de avaliar os riscos de sua

ocorrecircncia Os eventos podem estar relacionados a infraestrutura (disponibilidade de bens

acesso ao capital complexidade) a pessoal (capacidade dos empregados sauacutede e seguranccedila

atividades fraudulentas) a processos (capacidade desenho execuccedilatildeo) ou agrave tecnologia

(integridade de dados disponibilidade de dados e sistemas desenvolvimento alocaccedilatildeo

manutenccedilatildeo) (COSO 2007)

Apoacutes a avaliaccedilatildeo dos riscos pertinentes agraves atividades desenvolvidas eacute necessaacuterio

determinar como a organizaccedilatildeo responderaacute ao risco avaliando seu efeito e impacto custos e

benefiacutecios mantendo-se dentro da toleracircncia estabelecida As respostas da organizaccedilatildeo aos

riscos podem ser de evitaacute-los decidindo descontinuar as atividades que geram riscos A

posiccedilatildeo da organizaccedilatildeo pode ser de reduzir a probabilidade e impacto dos riscos ou ainda de

compartilhamento de uma parte do risco com a aquisiccedilatildeo de produtos de seguro a realizaccedilatildeo

de transaccedilotildees de heading ou a terceirizaccedilatildeo de uma atividade A resposta da organizaccedilatildeo pode

ser aceitaccedilatildeo do risco natildeo adotando nenhuma medida para afetar o grau de impacto dos riscos

(COSO 2007)

O ponto central de uma boa gestatildeo de riscos eacute a identificaccedilatildeo e tratamento dos

mesmos Todos os riscos inerentes agraves atividades da organizaccedilatildeo devem ser metodicamente

avaliados Os riscos podem ter origem em fatores internos e externos riscos financeiros

(creacutedito taxas de juros diferenccedilas cambiais fluxo de caixa e liquidez sistemas de controle

financeiros e sistemas de informaccedilatildeo) riscos estrateacutegicos (concorrecircncia alteraccedilotildees no

consumo alteraccedilotildees da atividade de procura investigaccedilatildeo amp desenvolvimento e capital

intelectual) riscos operacionais (recrutamento cadeia de abastecimento regulamentaccedilotildees

cultura composiccedilatildeo da gestatildeo do topo da organizaccedilatildeo) e perigos (acesso puacuteblico

empregados propriedade bens e serviccedilos contratos eventos naturais fornecedores meio

ambiente (Federation of European Risk Management Associations [FERMA] 2002)

Como os eventos satildeo inesperados as organizaccedilotildees devem implementar accedilotildees para a

reduccedilatildeo do risco gerindo ou controlando qualquer dano futuro ou probabilidade de dano

associado a um incidente Estas accedilotildees abrangem a detecccedilatildeo de fatores atenuantes do dano ou

accedilotildees de melhoria e podem ser proativas ou reativas Accedilotildees proativas podem ser teacutecnicas

como a anaacutelise de modos e efeitos de falha e anaacutelise de probabilidades de risco As ldquoaccedilotildees

5

reativas satildeo as desenvolvidas em resposta a conhecimentos adquiridos apoacutes a ocorrecircncia de

incidentes (por exemplo anaacutelise das causas)rdquo (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede [OMS] 2009)

O termo ldquocultura de seguranccedilardquo apareceu pela primeira vez apoacutes o acidente nuclear de

Chernobyl em 1988 e foi disseminado a vaacuterias induacutestrias com o intuito de melhorar a

seguranccedila e a confiabilidade das organizaccedilotildees Entretanto a extrapolaccedilatildeo para a sauacutede eacute

recente e ainda natildeo haacute consenso nos estudos sobre a forma como a seguranccedila do paciente

deve ser construiacuteda O primeiro passo para as organizaccedilotildees de sauacutede melhorarem a cultura de

seguranccedila eacute definir claramente o conceito fazendo diagnoacutestico do status atual em sua

empresa identificando pontos fortes e fracos para melhores informaccedilotildees e estrateacutegias de accedilatildeo

(Halligan amp Zecevic 2011)

Os hospitais como organizaccedilotildees de alto risco tecircm uma permanente preocupaccedilatildeo em

gerenciar o inesperado A medicina moderna tornou o atendimento cada vez mais complexo

resultando em maiores oportunidades para melhoria dos cuidados mas aumentando o risco de

eventos adversos e danos ao paciente (Briner Kessler amp Manser 2010)

O Processo de Gestatildeo de Risco incorporou-se ao setor da sauacutede nos Estados Unidos haacute

cerca de 30 anos com o objetivo de proteger as organizaccedilotildees de sauacutede contra as perdas

inicialmente atraveacutes da ldquocontrataccedilatildeo de seguros de responsabilidade civil para cobrir

consequecircncias econocircmicas das accedilotildees e processos por maacute praacuteticardquo movidas contra

profissionais eou hospitais Entretanto atualmente a Gestatildeo de risco tornou-se um programa

que visa agrave construccedilatildeo de normas preventivas corretivas e contingentes identificando

mapeando e monitorando os riscos ldquocom foco no processo de trabalho e na contiacutenua reduccedilatildeo

dos danos e perdasrdquo (Feldman 2009a p27 28)

Como os riscos associados agrave assistecircncia natildeo podem ser completamente eliminados o

conceito de Gestatildeo de Risco Cliacutenico (Clinical Risk Management - CRM) surgiu como uma

forma de direcionar os recursos hospitalares para melhorar a seguranccedila do paciente A Gestatildeo

de Risco Cliacutenico refere-se a uma forma especiacutefica de gestatildeo de risco com foco em processos

cliacutenicos direta e indiretamente relacionados ao paciente Compreende todas as estruturas

processos instrumentos e atividades que permitam aos profissionais identificar analisar

controlar e gerenciar os riscos ao fornecer tratamento cliacutenico e assistecircncia ao paciente Os

hospitais realizam uma variedade de atividades para promover a seguranccedila do paciente mas

natildeo o fazem de forma sistemaacutetica como gerenciamento de risco cliacutenico com o objetivo de

alcanccedilar a melhora dos serviccedilos e dos atendimentos meacutedicos (Briner Kessler amp Manser

2010)

6

As falhas satildeo a maior ameaccedila agrave seguranccedila dos pacientes pois os profissionais

automatizam comportamentos e os erros acontecem no meio de accedilotildees que jaacute realizamos

milhares de vezes o que eacute ignorado pelos sistemas de sauacutede e seus responsaacuteveis Criar uma

cultura de seguranccedila do paciente exige praacutetica alicerccedilada em evidecircncias cientiacuteficas sobre o

que funciona ou natildeo comunicaccedilatildeo dos resultados das mudanccedilas efetuadas a todos os

envolvidos e reavaliaccedilatildeo permanente do conjunto (Carneiro 2010)

Embora a gestatildeo de risco considere os riscos sob as perspectivas positivas (quando as

consequecircncias dos eventos constituem oportunidades para se obter vantagens) ou negativas

(quando constituem ameaccedilas ao sucesso) em se tratando de sauacutede e seguranccedila do paciente ldquoeacute

quase um dado adquirido que as consequecircncias satildeo apenas negativasrdquo devendo os esforccedilos

serem concentrados na prevenccedilatildeo ou diminuiccedilatildeo do dano (FERMA 2002 p3)

Nos Estados Unidos o programa da ldquoAgency for Healthcare Research and Qualityrdquo ndash

AHRQ ndash (Agecircncia de Pesquisa de Qualidade em Sauacutede) conduz e apoia a investigaccedilatildeo para a

construccedilatildeo de conhecimentos sobre seguranccedila do paciente e melhoria da qualidade

incentivando o investimento no aumento das capacitaccedilotildees de profissionais de sauacutede

divulgando os benefiacutecios de novos procedimentos mas os alertando dos riscos inerentes a eles

(Feldman 2009a)

Um estudo exploratoacuterio com pacientes internados em dois hospitais puacuteblicos de ensino

do Estado do Rio de Janeiro analisou uma amostra aleatoacuteria de 622 prontuaacuterios no ano de

2003 verificando que 583 pacientes natildeo sofreram Eventos Adversos (EA) (937) contra 39

(63) que sofreram Dos EA ocorridos 641 foram considerados evitaacuteveis quando

analisados por meacutedico revisor Os pacientes com EA apresentaram tempo meacutedio de

permanecircncia no hospital de 283 dias superior ao observado nos pacientes sem EA Os EA

implicaram no gasto de R$ 121236330 o que representou 27 do valor total de reembolso

recebido pelo total de internaccedilotildees realizadas em 2003 (Porto Martins Mendes amp Travassos

2010)

Quedas satildeo eventos comuns em ambiente hospitalar que tecircm como consequecircncia

lesotildees aumento do tempo de internaccedilatildeo aleacutem da questatildeo de responsabilidade legal

A Responsabilidade Civil (RC) ldquoimplica em reparar indenizar ou ressarcir pelo dano

causado a algueacutemrdquo e se decorrente do exerciacutecio profissional estende-se a qualquer

trabalhador envolvido na atividade ou prestaccedilatildeo de serviccedilos Portanto eacute necessaacuteria a

identificaccedilatildeo de falhas de cada processo de cuja execuccedilatildeo possam advir ldquodano estrago

7

detrimento ou prejuiacutezo ao paciente famiacutelia usuaacuterio profissional ou comunidaderdquo (Feldman

2010 a p 135)

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor 1990 em seu artigo 14 paraacutegrafo 1ordm determina

que

ldquoO serviccedilo eacute defeituoso quando natildeo fornece a seguranccedila que o consumidor

dele pode esperar levando-se em consideraccedilatildeo as circunstacircncias relevantes

entre as quais o modo de seu fornecimento o resultado e os riscos que

razoavelmente dele se esperam a eacutepoca em que foi fornecidordquo

12 Problema de Pesquisa

Um evento adverso eacute qualquer evento ou circunstacircncia involuntaacuteria que conduz a dano

ou sofrimento Incidente eacute um tipo especiacutefico de evento adverso eacute imprevisto ou inesperado e

pode prejudicar um ou mais pacientes que recebam cuidados de sauacutede (National Patient

Safety Agency [NPSA] 2008)

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede na Estrutura Conceitual da Classificaccedilatildeo

Internacional para a Seguranccedila do Paciente (ldquoThe Conceptual Framework for International

Classification for Patient Safetyrdquo) 2009 define a seguranccedila do paciente como a ldquoreduccedilatildeo do

risco de danos desnecessaacuterios relacionados aos cuidados de sauacutede para um miacutenimo

aceitaacutevelrdquo sendo aceitaacutevel o que diz respeito ao consenso diante dos recursos atualmente

disponiacuteveis do estado da arte do conhecimento do contexto em que a prestaccedilatildeo de cuidados

acontece e do custo benefiacutecio face a natildeo implementaccedilatildeo de um tratamento (OMS 2009 p

21)

Um estudo incluindo internaccedilotildees de adultos em cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas no Brasil

em 2007 utilizando como fonte de informaccedilatildeo o Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares (SIH)

mostrou frequecircncia de 36 potenciais resultados adversos por 1000 internaccedilotildees alertando esta

alta frequecircncia para a necessidade de se implementar estrateacutegias para monitorar tais

ocorrecircncias e identificar as melhorias necessaacuterias para garantir a seguranccedila do paciente em

ambiente hospitalar (Dias Martins amp Navarro 2012)

Feldman (2009b p 118) define risco assistencial como aquele que ldquoeacute proveniente das

situaccedilotildees que envolvem a dinacircmica dos cuidados durante a internaccedilatildeo ou periacuteodo de

permanecircncia do cliente no hospitalrdquo

As quedas de pacientes permanecem entre os eventos adversos mais relatados em

instituiccedilotildees de cuidados agudos resultando em morbidade mortalidade e medo de sofrer uma

nova queda Satildeo exemplos de situaccedilotildees notificadas no ambiente hospitalar relacionadas a

quedas

8

ldquoacidente com queda do paciente ao se apoiar na mesa de suporte para

alimentaccedilatildeo causando ferimento no braccedilo direito na altura do cotovelo

Queda no corredor do hospital em uma rampa com pouca inclinaccedilatildeo devido

ao piso estar molhado pela chuva Causou fratura no cotovelo esquerdo

levando o usuaacuterio agrave cirurgia A paciente caiu da poltrona individual ao se

esticar para pegar o telefone que estava sobre a mesa A queda causou

ferimento no joelho com hematomardquo (Feldman 2009b p129)

A Tabela 1 mostra os resultados de estudo realizado por Carneiro et al 2010 em um

periacuteodo de quatro anos em Goiacircnia

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um

Hospital Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil

Eventos Adversos N

Retirada de sondas drenos e cateteres 162 6136

Quedas 49 1856

Processos aleacutergicos 14 530

Evasatildeo 14 530

Uacutelcera por pressatildeo 13 492

Erros de Medicaccedilatildeo 7 265

Procedimentos meacutedicos 3 114

Hemoderivados 1 038

Queimaduras 1 038

Total 264 1000

Fonte Adaptado de Carneiro Bezerra Camargo e Silva Paranaguaacute amp Branquinho 2010

Morse em 1997 identificou trecircs classificaccedilotildees para as quedas de pacientes acidentais

(paciente tropeccedila ou escorrega em decorrecircncia de algum perigo ambiental como por exemplo

piso molhado) antecedentes fisioloacutegicos (quedas em pessoas consideradas com risco de cair)

quedas fisiologicamente inesperadas (quedas atribuiacutedas a fatores fisioloacutegicos que natildeo podem

ser previstas antes que ocorram) (Hendrich Bender amp Nyhuis 2003)

Decesaro amp Padilha (2002) conduziram um estudo em que coletaram dados em 12

Unidades de Terapia Intensiva (UTI) sendo 9 gerais e 3 especializadas de 8 instituiccedilotildees dos

municiacutepios de Londrina e Maringaacute A populaccedilatildeo foi constituiacuteda de 91 profissionais de

enfermagem que relataram um ou mais incidentes relativos a queda de pacientes durante a

internaccedilatildeo na UTI Os autores identificaram que 367 das situaccedilotildees estudadas natildeo

trouxeram nenhuma consequecircncia identificaacutevel para o paciente entretanto em 633

9

resultaram em uma ou mais consequecircncias imediatas para o paciente O maior percentual

estava relacionado a traumas teciduais resultando em contusotildees hematomas fraturas lesotildees

tissulares com e sem necessidade de sutura edema e sangramentos

Em um estudo conduzido entre janeiro de 1999 e dezembro de 2003 em um hospital

puacuteblico de ensino em Zurique Suiacuteccedila a taxa global de queda foi de 89 quedas por 1000

pacientes dia (Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006)

Outros estudos realizados com dados coletados de 826 boletins de notificaccedilatildeo de

eventos adversos em um hospital universitaacuterio terciaacuterio mostraram 80 registros relacionados a

quedas (107) no periacuteodo estudado de 30 meses implicando em 26 quedas por mecircs As

quedas do leito foram as mais frequentes (55) predominando nas enfermarias de

Neurologia (227) cliacutenica meacutedica (204) e moleacutestias infecciosas e parasitaacuterias (182)

As quedas da proacutepria altura corresponderam a 388 e ocorreram em maior nuacutemero na cliacutenica

meacutedica (387) e cirurgia gastroenteroloacutegica (129) As quedas de cadeiras foram as menos

frequentes (62) No periacuteodo noturno as quedas ocorreram com maior frequecircncia (637)

nos primeiros cinco dias de admissatildeo (617) e entre os indiviacuteduos do sexo masculino

(575) (Paiva Paiva Berti amp Campana 2010)

Utilizando uma ferramenta avaliativa para analisar uma Instituiccedilatildeo de Longa

Permanecircncia de Idosos do Rio Grande do Sul foi conduzido um estudo com o intuito de

identificar acertos e dificuldades da realidade encontrada envolvendo os eventos relacionados

a quedas Verificou-se que os pisos internos e externos natildeo possuiacuteam revestimentos

antiderrapantes e as escadas natildeo apresentavam sinalizaccedilatildeo Os dormitoacuterios eram coletivos e os

banheiros situavam-se no corredor e eram escuros tornando difiacutecil o acesso noturno Os

banheiros natildeo permitiam a entrada de cadeiras de rodas e natildeo possuiacuteam em sua totalidade

barras de seguranccedila junto ao vaso sanitaacuterio o vatildeo livre na parte inferior das portas tinha

medida inferior a 20 cm e os pisos apresentavam desniacuteveis Observou-se aglomeraccedilatildeo de

objetos decorativos tapetes sofaacutes que obstruiacuteam a livre circulaccedilatildeo do idoso podendo se

tornar risco para quedas (Feliciani Santos amp Valcarenghi 2011)

Conduzido em um hospital universitaacuterio de Goiacircnia que faz parte da Rede Hospitais

Sentinelas um estudo documental retrospectivo em uma cliacutenica ciruacutergica utilizou dados

referentes a eventos adversos registrados no livro de anotaccedilotildees de enfermagem entre janeiro

de 2005 e dezembro de 2009 mostrou que as quedas representaram 1856 (49 quedas) do

total de eventos 7551 das quedas ocorreram do leito 124 da proacutepria altura 1020 no

banheiro e 204 da maca (Carneiro et al 2011)

10

Saraiva (2008 apud Almeida Abreu amp Mendes 2010 p 165) destaca que fatores

extriacutensecos de quedas ldquorelacionados com fatores ambientais reuacutenem uma seacuterie de

caracteriacutesticas inadequadas dos espaccedilos mobiliaacuterio e iluminaccedilatildeo existecircncia de obstaacuteculos no

meio envolvente ausecircncia ou inadequaccedilatildeo de ajudas teacutecnicas vestuaacuterio inadequado entre

outrosrdquo

Embora nem todas as quedas estejam associadas a fatores ambientais natildeo haacute como

desvinculaacute-los desses eventos devendo-se buscar na legislaccedilatildeo relacionada os subsiacutedios

necessaacuterios para a respectiva anaacutelise

ldquoAs principais normas norteadoras das edificaccedilotildees dos Estabelecimentos de Assistecircncia agrave Sauacutede no Brasil satildeo do Ministeacuterio da Sauacutede atraveacutes da RDC nordm 50 de

21 de fevereiro de 2002 aleacutem de algumas normas que devem ser aprovadas junto a

Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (Anvisa) e agrave ABNTrdquo (Associaccedilatildeo Brasileira

de Normas Teacutecnicas) (Sistema Referecircncia Acadecircmica 2010 p 1)

13 Questatildeo de Pesquisa

Considerando que a gestatildeo de riscos em uma organizaccedilatildeo prevecirc que as atividades

sejam coordenadas em um processo de busca reconhecimento e descriccedilatildeo de riscos a

identificaccedilatildeo das fontes de risco eventos suas causas e consequecircncias natildeo pode preterir

qualquer aspecto relacionado

As atividades de prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede apresentam inuacutemeros riscos inerentes

ao proacuteprio desempenho de procedimentos e dos diferentes locais onde tais serviccedilos satildeo

oferecidos incluindo instalaccedilotildees mobiliaacuterios e equipamentos

Levando-se em conta as recomendaccedilotildees feitas pela legislaccedilatildeo e literatura relacionadas

este trabalho tem como objetivo identificar se a atual situaccedilatildeo das unidades de internaccedilatildeo de

cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo

Paulo pode influenciar na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando os

riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica as medidas de seguranccedila existentes para

fornecer subsiacutedios para as fases de projeto e construccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave melhoria da

gestatildeo do risco de queda nas unidades estudadas

Desta forma a questatildeo de pesquisa deste estudo eacute como a estrutura fiacutesica das

unidades de internaccedilatildeo de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande

porte do municiacutepio de Satildeo Paulo pode influenciar a ocorrecircncia de quedas de pacientes

internados

11

14 Objetivos

141Geral

Avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica de um

hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

142 Especiacuteficos

Identificar os riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica a que fica exposta a

populaccedilatildeo internada nas cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas

Identificar as medidas de seguranccedila existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas

Propor um instrumento para apoio a anaacutelise da estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo hospitalar com foco no gerenciamento do risco de queda

15 Justificativa para Estudo do Tema

Os estudos realizados sobre quedas em sua maioria caracterizam a populaccedilatildeo

envolvida neste evento quanto agrave idade sexo medicamentos utilizados local de ocorrecircncia Haacute

uma lacuna na literatura na identificaccedilatildeo dos fatores ambientais e equipamentosmobiliaacuterios

relacionados agrave queda no ambiente hospitalar Esta carecircncia pode ser devida a jaacute estabelecida

correlaccedilatildeo de outros fatores de risco bem definidos em populaccedilotildees especiacuteficas Entretanto

considerando que qualquer indiviacuteduo estaacute sujeito a este evento mesmo sem associaccedilatildeo a tais

fatores pode ser valoroso identificar se haacute riscos ambientais relacionados sobre os quais se

pode intervir

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os

perigos do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos Uma revisatildeo

de estudos realizados sobre quedas e ambiente fiacutesico concluiu que as quedas satildeo resultado da

interaccedilatildeo do estado do indiviacuteduo com o ambiente fiacutesico mas consideram razoaacutevel concluir

que mudanccedilas no meio ambiente oferecem abordagem promissora para a prevenccedilatildeo de

quedas especialmente quando associadas a outras intervenccedilotildees como programas de

exerciacutecios e educacionais (Feldman amp Chaudhury 2008)

12

Os dados referentes aos perigos ambientais que podem estar associados a

probabilidades de quedas satildeo insuficientes no que se refere a pacientes idosos hospitalizados

Entretanto em casas de repouso as quedas atribuiacutedas a fatores ambientais satildeo de 273 nesta

populaccedilatildeo (Registered Nurses Association of Ontaacuterio - RNAO 2005)

Na instituiccedilatildeo onde foi realizada a pesquisa as notificaccedilotildees de quedas de janeiro a

junho de 2014 somaram 205 eventos mostrando uma predominacircncia de ocorrecircncias em aacutereas

envolvendo a unidade reservada agrave internaccedilatildeo do paciente (quarto e banheiro) A

predominacircncia de tais quedas nestes locais levou agrave investigaccedilatildeo da influecircncia ambiental sobre

estes eventos

Estudos mostram uma maior frequecircncia de quedas entre indiviacuteduos idosos como o

estudo retrospectivo realizado em um hospital da grande Lisboa entre junho de 2008 e

dezembro de 2010 a anaacutelise de 214 de episoacutedios de quedas notificados (190 doentes) os

resultados demonstraram que os doentes com notificaccedilatildeo de incidente de queda tinham em

meacutedia 75 anos e apenas 6 dos indiviacuteduos tinham idade le 49 anos (Costa-Dias Oliveira

Moreira Santos Martins amp Arauacutejo 2013)

Segundo Saraiva et al (2008 apud Almeida Abreu ampMendes 2010 p 168) ldquoo risco

de queda aumenta linearmente como o nuacutemero de fatores de riscordquo o que sugere que se os

fatores de risco forem eliminados a probabilidade de ocorrecircncia de quedas pode diminuir

Como nem todos os fatores de risco podem ser eliminados por serem intriacutensecos ao

paciente medidas proativas de prevenccedilatildeo voltadas aos fatores extriacutensecos como o ambiente

podem significar uma valorosa estrateacutegia

Este estudo trouxe subsiacutedios para que se proponham medidas de seguranccedila associadas

agrave estrutura fiacutesica por excelecircncia visando a prevenccedilatildeo de queda em pacientes internados

16 Estrutura do Trabalho

Quanto agrave forma esta dissertaccedilatildeo estaacute estruturada em cinco capiacutetulos

O capiacutetulo um traz a contextualizaccedilatildeo com os pressupostos da aacuterea de conhecimento

relacionados ao gerenciamento de risco evento adverso e seu impacto na assistecircncia prestada

pelos serviccedilos de sauacutede a problematizaccedilatildeo mostra a inquietaccedilatildeo quanto aos fatores de risco

ambientais para ocorrecircncia de queda de pacientes no periacuteodo de internaccedilatildeo hospitalar Satildeo

estabelecidos a questatildeo de pesquisa objetivos geral e especiacuteficos a justificativa para o

desenvolvimento do estudo e a estrutura da dissertaccedilatildeo

13

No capiacutetulo dois o autor apresenta a Revisatildeo Bibliograacutefica com as bases teoacutericas e

evidecircncias existentes concebendo os polos gestatildeo de risco corporativo anaacutelise de risco

matriz de risco e legislaccedilatildeo relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

O capiacutetulo trecircs detalha os procedimentos metodoloacutegicos utilizados durante a pesquisa

com ecircnfase para o desenvolvimento do projeto de pesquisa

O quarto capiacutetulo apresenta os resultados obtidos e uma discussatildeo sob a oacuteptica da

literatura pertinente

O capiacutetulo cinco expressa as conclusotildees da pesquisa embasadas pela teoria correlata e

as recomendaccedilotildees

2REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Gestatildeo de Riscos Corporativos

O gerenciamento de riscos corporativos (Enterprise Risk Management ndash ERM) eacute o

gerenciamento de riscos dentro da organizaccedilatildeo O processo de gerenciamento de riscos deve

estar integrado agrave gestatildeo da organizaccedilatildeo identificando os riscos significativos aos seus

14

negoacutecios A estrutura do gerenciamento de riscos compreende os componentes e a

organizaccedilatildeo do gerenciamento de riscos dentro de uma empresa (MacLeod MacDonald

Ybarra Sorlie Foster amp Stokka 2013)

O gerenciamento de risco corporativo compreende um processo contiacutenuo conduzido

pelos profissionais em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo que inclui a identificaccedilatildeo de todos os

riscos que a estaacute exposta a organizaccedilatildeo indicando eventos que podem afetaacute-la aleacutem daqueles

que podem ser gerenciados propiciando garantia razoaacutevel agrave administraccedilatildeo e deve estar

orientado para a realizaccedilatildeo dos objetivos propostos Os objetivos satildeo classificados em quatro

categorias estrateacutegicos relacionados agraves metas gerais alinhadas agrave missatildeo da organizaccedilatildeo de

operaccedilotildees que diz respeito agrave utilizaccedilatildeo eficaz e eficiente dos recursos comunicaccedilatildeo referente

agrave confiabilidade de relatoacuterios e conformidade alusivos ao cumprimento de leis e

regulamentos aplicaacuteveis (COSO 2007)

O gerenciamento de risco corporativo considera o ambiente interno ou seja como a

organizaccedilatildeo identifica os riscos a forma de abordagem dos seus colaboradores seu apetite a

riscos e a filosofia do gerenciamento de risco Os objetivos fixados devem propiciar suporte e

estar alinhados com a missatildeo da organizaccedilatildeo e serem compatiacuteveis com seu apetite a riscos Eacute

necessaacuterio identificar os eventos que podem influenciar o alcance dos objetivos estabelecidos

Os riscos devem ser avaliados e analisados considerando a probabilidade e impacto

direcionando a forma como deveraacute ser abordado qual seraacute a resposta ao risco desenvolvendo

uma seacuterie de medidas para alinhar os riscos com a toleracircncia e com o apetite a risco As

atividades de controle estabelecem procedimentos e poliacuteticas que garantam que as atividades

de respostas aos riscos sejam executadas de forma eficaz Informaccedilotildees e a comunicaccedilatildeo eficaz

devem permear todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo com conteuacutedo apropriado informaccedilotildees

oportunas atuais exatas e de faacutecil acesso O monitoramento deve garantir a manutenccedilatildeo da

integridade do gerenciamento de risco e que as modificaccedilotildees necessaacuterias seratildeo implementadas

(COSO 2007)

Uma organizaccedilatildeo para melhorar sua abordagem em relaccedilatildeo ao gerenciamento de

risco deve partir de uma anaacutelise de seu processo e sistema atuais quanto agrave abordagem de

todos os componentes avaliando as atividades desenvolvidas pois a ausecircncia de qualquer

deles implica que o gerenciamento de risco eacute ineficaz O monitoramento contiacutenuo do processo

de gerenciamento de risco corporativo deve ser incorporado agraves atividades operacionais

normais e recorrentes da empresa com avaliaccedilotildees perioacutedicas e classificaccedilatildeo de riscos

permitindo que os problemas sejam identificados mais rapidamente (MacLeod et al 2013)

15

Entretanto o gerenciamento de riscos corporativos natildeo assegura que a organizaccedilatildeo

natildeo fracassaraacute no alcance de seus objetivos pois o risco estaacute relacionado ao futuro que eacute

incerto alguns eventos estatildeo aleacutem do controle da administraccedilatildeo e nenhum processo nunca

executaraacute exatamente o que foi previsto A eficaacutecia do gerenciamento de risco sofre

limitaccedilotildees da fraqueza humana pois as decisotildees devem ser tomadas utilizando julgamento

humano tendo como base as informaccedilotildees disponiacuteveis e sofrendo as pressotildees de conduzir um

negoacutecio da falta de adequado entendimento das instruccedilotildees pelos empregados o que pode

levar a erros de julgamento das mudanccedilas no sistema que forem introduzidas antes que o

pessoal tenha sido treinado adequadamente do esquecimento ou execuccedilatildeo incorreta de tarefas

por empregados temporaacuterios pode haver indiviacuteduos que atuem para impedir que o processo

de gestatildeo de riscos corporativos identifiquem as alteraccedilotildees existentes da limitaccedilatildeo de

recursos e a proacutepria direccedilatildeo da organizaccedilatildeo que pode neutralizar poliacuteticas ou procedimentos

recomendados com fins ilegiacutetimos (COSO 2007)

22 Anaacutelise de Riscos

A gestatildeo de riscos eacute um processo contiacutenuo que as organizaccedilotildees utilizam para analisar

metodicamente os riscos inerentes agraves suas atividades processo que deve estar incorporado agrave

cultura organizacional com responsabilidades atribuiacutedas em todos os niacuteveis constando das

descriccedilotildees das funccedilotildees Os ldquoproprietaacuteriosrdquo do processo de gestatildeo de riscos devem ser os

atores internos da organizaccedilatildeo (FERMA) 2002)

Realizar avaliaccedilatildeo de risco consiste em medir a consequecircncia definida aqui como o

resultado ou potencial resultado de um evento Para avaliar a gravidade dos incidentes pode

ser utilizado um sistema de pontuaccedilatildeo Para avaliar as consequecircncias algumas questotildees

devem ser resolvidas tais como A organizaccedilatildeo tem uma definiccedilatildeo clara do que constitui uma

pequena lesatildeo Que medidas satildeo utilizados para determinar o impacto psicoloacutegico sobre os

indiviacuteduos O que eacute definido como um evento adverso e quantos indiviacuteduos podem ser

afetados (National Patient Safety Agency [NPSA] 2008)

Identificar os riscos tem como objetivo identificar as incertezas a que estatildeo expostas as

organizaccedilotildees descrevendo-os de forma estruturada considerando a probabilidade e a

consequecircncia de cada um dos riscos definidos identificando os riscos chave e estabelecer as

prioridades na anaacutelise dos mesmos A descriccedilatildeo dos riscos prevecirc a designaccedilatildeo acircmbito do

risco a natureza do risco intervenientes quantificaccedilatildeo dos riscos toleracircncia para o risco

tratamento e mecanismo de controle do risco possiacuteveis accedilotildees de melhoria e desenvolvimento

16

de estrateacutegias e poliacuteticas O impacto das consequecircncias dos riscos e a sua probabilidade de

ocorrecircncia satildeo fatores importantes da avaliaccedilatildeo Brainstorming questionaacuterios anaacutelises

comparativas de setor anaacutelise de cenaacuterios investigaccedilatildeo de incidentes auditorias e inspeccedilotildees

satildeo algumas teacutecnicas propostas para a identificaccedilatildeo de riscos (FERMA 2002)

O tratamento de riscos consiste em selecionar e implementar medidas para modificar

um risco e deve no miacutenimo ldquoproporcionar um funcionamento eficaz e eficiente da

organizaccedilatildeo garantir controles internos eficazes e cumprir leis e regulamentaccedilotildees (FERMA

2002)

O niacutevel responsaacutevel pela administraccedilatildeo deve conhecer os riscos mais importantes que

a organizaccedilatildeo enfrenta os possiacuteveis efeitos em seu desempenho garantir a sensibilizaccedilatildeo aos

riscos em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo dispor de formas de gerir uma crise ter certeza de

que o processo de gestatildeo de riscos eacute eficaz As unidades de negoacutecio devem conhecer os riscos

relacionados agraves suas aacutereas de atuaccedilatildeo impactos que podem produzir em outros setores e das

consequecircncias destes setores sobre elas dispor de desempenho que lhes permitam monitorizar

as atividades identificar as intervenccedilotildees necessaacuterias Cada indiviacuteduo deve compreender seu

niacutevel de responsabilizaccedilatildeo compreender a forma como pode contribuir para a melhoria

contiacutenua da gestatildeo de riscos comunicar os riscos novos ou falhas constatadas nas medidas de

controle implementadas (FERMA 2002)

Perdas e custos relacionados agrave sauacutede seguranccedila e incidentes ambientais podem natildeo ser

seguraacuteveis pois englobam danos morais aos usuaacuterios e agrave reputaccedilatildeo da organizaccedilatildeo (FERMA

2002)

Quando os pacientes procuram os serviccedilos de sauacutede esperam receber benefiacutecios

embora jaacute tenham consciecircncia de que erros podem acontecer na prestaccedilatildeo de cuidados que

natildeo intencionais e na maioria das vezes tem origem nas falhas dos proacuteprios processos A

responsabilidade dos profissionais ligados direta ou indiretamente agrave prestaccedilatildeo de cuidados eacute

tentar reduzir os erros pois embora sejam sensiacuteveis aos erros que atingem a si proacuteprios ou aos

seus familiares muitas vezes ficam alheios aos erros decorrentes da sua praacutetica diaacuteria (Lage

2010)

Segundo a Portaria MSGM nordm 5292013 a cultura de seguranccedila abrange os

profissionais e gestores envolvidos no cuidado que ldquoassumem a responsabilidade por sua

seguranccedila dos seus colegas pacientes e familiares priorizando a seguranccedila agraves metas

financeiras e operacionais encorajando a identificaccedilatildeo notificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos problemas

17

relacionados agrave seguranccedila promovendo o aprendizado organizacionalrdquo (Ministeacuterio da Sauacutede

[MS] 2013)

O Ministeacuterio da Sauacutede define gestatildeo de risco como a aplicaccedilatildeo sistecircmica e contiacutenua

de iniciativas procedimentos condutas e recursos na avaliaccedilatildeo e controle de riscos e eventos

adversos que afetam a seguranccedila a sauacutede humana a integridade profissional o meio

ambiente e a imagem institucionalrdquo (MS 2013)

Por sua vez o Gerenciamento de Risco consiste na aplicaccedilatildeo de um conjunto de

medidas para prever identificar e minimizar a ocorrecircncia de eventos inesperados e

indesejaacuteveis que podem causar dano fiacutesico ou psicoloacutegico aos pacientes (Lima amp Dutra

2010 p 87)O risco cliacutenico natildeo eacute decorrente apenas da atuaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede

mas estaacute associado agrave ausecircncia de poliacuteticas e praacuteticas de seguranccedila do paciente seguranccedila das

instalaccedilotildees ou atendimento aos processos de trabalho (Lima amp Dutra 2010)

O Protocolo de Londres eacute uma versatildeo revisada e atualizada do ldquoProtocolo para

Investigaccedilatildeo e Anaacutelise de Incidentes Cliacutenicosrdquo e tem como proposta assegurar uma

investigaccedilatildeo e anaacutelise abrangentes e planejadas de um incidente indo aleacutem da procura de

culpados O termo anaacutelise de causa raiz tem origem na induacutestria sendo que um grupo de

ferramentas satildeo utilizadas para identificar as causas baacutesicas na investigaccedilatildeo e anaacutelise de

incidentes Entretanto o cenaacuterio que surge desta investigaccedilatildeo eacute muito mais complexo onde

haacute uma cadeia de eventos e fatores que contribuem para sua ocorrecircncia Eacute necessaacuterio

identificar quais fatores contribuem de forma mais impactante na ocorrecircncia dos eventos Na

aviaccedilatildeo induacutestrias de petroacuteleo e nucleares investigaccedilatildeo de incidentes satildeo procedimentos bem

estabelecidos (Taylor-Adams amp Vincent 2004)

No modelo organizacional de acidentes de James Reason as decisotildees falhas nos altos

escalotildees da organizaccedilatildeo permeiam os departamentos criando condiccedilotildees favoraacuteveis para atos

inseguros e acidentes Devem ser criadas barreiras e defesas contra perigos e para mitigar as

consequecircncias de falhas humanas e de equipamentos Tais barreiras podem ser fiacutesicas (muros

vedaccedilatildeo) naturais (distacircncia) accedilotildees humanas (meacutetodos de checagem) e controles

administrativos (treinamento) O passo inicial eacute identificar falhas no processo organizacional

atos inseguros ou omissotildees cometidas por pessoas cujas accedilotildees podem ter consequecircncias

adversas imediatas Este modelo extrapolado para cuidados de sauacutede identifica fatores que

influenciam a praacutetica cliacutenica e estatildeo relacionados ao paciente (complexidade e severidade de

suas condiccedilotildees liacutengua e comunicaccedilatildeo fatores sociais) fatores tecnoloacutegicos e tarefas

(disponibilidade e uso de protocolos apoio na tomada de decisatildeo tarefas projetadas e clareza

18

da estrutura) fatores relacionados a pessoas (conhecimento e ferramentas competecircncia sauacutede

fiacutesica e mental) equipe (comunicaccedilatildeo verbal e escrita supervisatildeo e procura de ajuda) e

ambiente de trabalho (carga de trabalho e turnos disponibilidade e manutenccedilatildeo de

equipamentos suporte administrativo) fatores organizacionais e gerenciais (recursos

financeiros estrutura organizacional cultura de seguranccedila e prioridades) e fatores

institucionais (contexto regulatoacuterio e econocircmico contatos com organizaccedilotildees externas)

(Taylor-Adams amp Vincent 2004)

23 Quedas

No Protocolo de Prevenccedilatildeo de Quedas integrante do Programa Nacional de Seguranccedila

do Paciente do Ministeacuterio da Sauacutede a definiccedilatildeo de queda considerada foi ldquodeslocamento natildeo

intencional do corpo para um niacutevel inferior agrave posiccedilatildeo inicial provocado por circunstacircncias

multifatoriais resultando ou natildeo em danordquo (MS 2013)

Rutledge et al (1998 apud Kalischi amp Tschannen 2012 p 6) definem queda como

um evento em que os pacientes satildeo encontrados no chatildeo por funcionaacuterios ou visitantes evento

observado ou natildeo ou o rebaixamento natildeo planejado do paciente ao niacutevel do chatildeo

As quedas segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede satildeo categorizadas como

incidentes que ocorrem com os doentes classificadas pelo tipo (tropeccedilar escorregar desmaio

perda de equiliacutebrio) e podem envolver berccedilo cama cadeira maca banheiro equipamento

terapecircutico escadas ou degraus enquanto transportado ou apoiado por outro indiviacuteduo OMS

2009)

Estima-se que um terccedilo das pessoas com mais de 65 anos e metade das pessoas com

idade acima de 80 anos sofrem pelo menos uma queda por ano sendo que nos hospitais

australianos 38 dos eventos com pacientes envolvem queda (The Joanna Briggs Institute

1998)

Vaacuterias ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco de queda foram desenvolvidas e validadas

Hendrich I e II Johns Hopkins Innes Morse STRATIFY Downton Tinetti and Schimidt

Entretanto natildeo haacute consenso sobre qual destes eacute o melhor instrumento na prediccedilatildeo de quedas

Aleacutem disso ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco por si soacute natildeo previnem quedas (Degelau

Bungum Flavin Harper Leys Londquist amp Webb 2012)

A traduccedilatildeo e a adaptaccedilatildeo transcultural para a liacutengua portuguesa do Brasil da Morse

Fall Scale (Escala de Queda de Morse) mostraram resultados satisfatoacuterios quanto agrave clareza

dos itens da escala traduzida a concordacircncia entre os avaliadoresjuiacutezes na aplicaccedilatildeo da

19

escala atingiu classificaccedilatildeo quase perfeita na maioria dos itens e a variabilidade intra-

avaliadoresjuiacutezes foi categorizada como excelente Nesta escala satildeo avaliados os seguintes

itens histoacuterico de quedas diagnoacutestico secundaacuterio auxiacutelio na deambulaccedilatildeo terapia

endovenosadispositivo endovenoso salinizado ou heparinizado marcha e estado mental

Cada um destes criteacuterios recebe escores que variam de 0 a 30 pontos A somatoacuteria destes

pontos indica o niacutevel de risco baixo risco (0 a 24) meacutedio risco (25 a 44) e alto risco (ge 45)

(Urbanetto Creutzberg Franz Ojeda Gustavo Bittencourt amp Farina 2013)

Um estudo transversal com amostra total de 137 idosos em atendimento na Cliacutenica-

Escola de Fisioterapia da Universidade de Itauacutenam que responderam a um questionaacuterio

estruturado relataram como fatores e comportamentos de riscos extriacutensecos de queda o uso de

calccedilados inadequados escadas sem corrimatildeo uso de tapetes no chatildeo obstaacuteculos entre o

quarto e banheiro objetos espalhados pelo chatildeo e iluminaccedilatildeo deficiente sendo que a

iluminaccedilatildeo foi a uacutenica variaacutevel estatisticamente significativa (Lopes Carvalho Mouratildeo

Dias Mitre amp Moraisorais 2010)

Ao entrevistar 39 pacientes idosos atendidos em dois serviccedilos de pronto atendimento

do Rio Grande do Sul entre dezembro de 2019 a abril de 2010 com diagnoacutestico de queda um

estudo verificou fatores relacionados ao ambiente de moradia sendo que 949 dos idosos

tinham moacuteveis pontiagudos em casa 897 das residecircncias tinham degraus 692 referiram

ter tapetes soltos em casa 513 afirmaram que suas residecircncias possuiacuteam pisos

escorregadios e 308 tinham escadas (Ramos Santos Barlem amp Pelzer 2011)

Em Portugal entre os anos de 2007 a 2009 em um hospital universitaacuterio foi observado

que a maior parte das quedas ocorreu no quarto onde existiam mais obstaacuteculos como mesas de

cabeceira cadeira cadeira de rodas limitando a mobilidade dos pacientes Os autores

identificaram diminuiccedilatildeo ao longo dos anos o que foi atribuiacutedo agrave revisatildeo do sistema de

travagem das camas cadeira de rodas suportes de soros com rodas aboliccedilatildeo do uso de cera

no piso e substituiccedilatildeo por cera antiderrapante aquisiccedilatildeo de grades para todas as camas

colocaccedilatildeo de barras de apoio no banheiros mais especificamente proacuteximo ao vaso sanitaacuterio e

chuveiro colocaccedilatildeo de degraus duplos para os pacientes subirem para as camas e pedido de

aquisiccedilatildeo de camas eleacutetricas articuladas na cabeceira e nos peacutes com grade de proteccedilatildeo e que

permitam ajuste da altura em relaccedilatildeo ao chatildeo (Abreu Mendes Monteiro amp Santos 2012)

Em 80 quedas ocorridas em um periacuteodo de doze meses em um hospital privado

acreditado pela Joint Commission International no que diz respeito agraves condiccedilotildees ambientais

no momento da queda as mais frequentes foram presenccedila de obstaacuteculos (5) ou falta de

20

apoio (5) Em 512 dos casos houve algum tipo de consequecircncia sendo as mais frequentes

as escoriaccedilotildees (163) e os hematomas (113) Apoacutes a implantaccedilatildeo de accedilotildees assistenciais

de prevenccedilatildeo como a identificaccedilatildeo de risco ocorreu a queda do iacutendice (Correa Marques

Martinez Laurino Leatildeo amp Chimentatildeo 2012)

As camas com baixa altura foram recentemente associadas agrave reduccedilatildeo de quedas Um

sistema de sauacutede informou que a associaccedilatildeo de caracteriacutesticas de cama relacionadas agrave altura

do chatildeo superfiacutecie de redistribuiccedilatildeo de pressatildeo e sistema interno de alarme reduziu em 9 a

taxa de quedas em cinco meses (Degelau et al 2012)

Em instituiccedilotildees de longa permanecircncia as quedas da cama satildeo comuns entre os

internos com disfunccedilatildeo das extremidades distuacuterbios cognitivos ou que fazem uso de

medicaccedilotildees que prejudicam sua capacidade de levantar-se e mover-se de forma independente

Outros fatores contribuem para o aumento da ocorrecircncia desses eventos como altura da cama

colchotildees altos e macios camas com rodiacutezios ambientes estranhos camas com altura e largura

diferentes ao que estatildeo acostumados Tais consideraccedilotildees reforccedilam a necessidade ao se

selecionar este mobiliaacuterio de se adequar o tipo de cama agraves caracteriacutesticas da populaccedilatildeo

atendida como uma das medidas eficazes no controle de fatores de risco extriacutensecos (Fragala

Perry amp Fragala 2012)

Um estudo canadense se propocircs a avaliar se havia diferenccedila na taxa de lesotildees

relacionadas com quedas entre o piso existente e o piso de intervenccedilatildeo suas propriedades

antiderrapantes e de absorccedilatildeo do impacto Houve uma influecircncia significativa do piso na

absorccedilatildeo da energia no impacto do piso com o quadril e parte posterior da cabeccedila em

simulaccedilotildees fornecendo insights sobre as diferenccedilas na capacidade de atenuaccedilatildeo do impacto

dos diferentes tipos de piso sobre estas estruturas corpoacutereas (Glinka Karakolis Callaghan amp

Laing 2013)

Haacute intervenccedilotildees que devem ser estendidas a todos os pacientes independente do risco

de queda familiarizar o paciente com o ambiente ensinar o paciente a usar o sistema de

chamada e mantecirc-lo sempre ao alcance de sua matildeo manter proacuteximos seus pertences pessoais

ter corrimatildeos no banheiro do paciente quarto e corredor manter as camas em posiccedilatildeo baixa e

com rodas travadas garantir o uso pelo paciente de calccedilado bem ajustado e com solado

antiderrapante utilizar luz noturna ou iluminaccedilatildeo suplementar manter piso limpo e seco e

limpar prontamente todos os derramamentos manter as aacutereas de atendimento ao paciente

organizadas (Degelau et al 2012)

21

Equipes deveriam circular com frequecircncia pelo ambiente para confirmar que

corredores e aacutereas do paciente estejam bem iluminadas organizadas e livres de vazamentos

corrimatildeos sejam seguros mesas e cadeiras resistentes Pessoal da biotecnologia deve

inspecionar dispositivo auxiliar regularmente A equipe de enfermagem deve confirmar que

os quartos dos pacientes sejam criados de forma que minimize o risco de quedas Toda a

equipe deve se certificar de que situaccedilotildees de risco sejam tratadas imediatamente (Degelau et

al 2012)

Portanto conhecer os fatoresperigos contribuintes de um incidente pode trazer

informaccedilotildees sobre accedilotildees que podem ser empreendidas para reduzir o risco de ocorrecircncia

(OMS 2011)

24 Matriz de Risco

Marshall (2002) Crouhy Galai amp Mark (2004 apud Paulo Fernandes Rodrigues amp

Eidt 2007) ressalta que a matriz de risco viabiliza a mensuraccedilatildeo qualitativa de riscos sendo

o ldquoniacutevel de risco definido pela composiccedilatildeo das variaacuteveis frequecircncia (probabilidade) e

severidade (impacto financeiro) associadas aos eventos de perda (fatores de risco) inerentes

ao processo avaliadordquo (De Paulo Fernandes Rodrigues amp Eidt 2007 p 50)

A matriz de risco eacute uma ferramenta utilizada para anaacutelise de riscos de processos de

vaacuterias naturezas considerando sua gravidade ou consequecircncias e a probabilidade (frequecircncia

ou probabilidade) Uma matriz de risco deve ser simples de usar deve fornecer dados

consistentes mesmo quando utilizada por profissionais de diferentes funccedilotildees e deve se adaptar

a necessidades especiacuteficas Deve ser utilizada com parcimocircnia para avaliaccedilatildeo de risco

estrateacutegico e de processo na tomada de decisotildees de gestatildeo

A Figura 1 traz a proposiccedilatildeo de pontuaccedilotildees das consequecircncias de riscos com as orientaccedilotildees e exemplos

adicionais relacionados a riscos com impacto na seguranccedila dos pacientes (NSH 2008)

22

Domiacutenios Despreziacutevel Menor Moderado Maior Catastroacutefico

Impacto sobre a seguranccedila

do paciente (fiacutesico

psicoloacutegico dano)

Lesatildeo miacutenima

requerendo

nenhumaintervenccedilatildeo

miacutenima ou

tratamento

Pequena lesatildeo ou

doenccedila exigindo menor

intervenccedilatildeo Aumento

do tempo de internaccedilatildeo

por 1-3 dias

Lesatildeo moderado

requerendo intervenccedilatildeo

profissional Aumento do

tempo de internaccedilatildeo por

4-15 dias Um evento

com impacto sobre um

pequeno nuacutemero de

pacientes

Ferimento grave levando a

incapacidade a longo

prazoAumento do tempo

de internaccedilatildeo por gt 15

dias

Incidente levando agrave morte Vaacuterias lesotildees

com efeitos permanentes ou irreversiacuteveis

sobre a sauacutede Um evento com impacto

sobre um grande nuacutemero de pacientes

Exemplos adicionais

Medicaccedilatildeo incorreta

dispensada mas natildeo

administrada

Incidentes resultando

numa

contusatildeoAtraso no

transporte de rotina

para o paciente

Medicamento errado ou

dosagem administrada

errada sem efeitos

adversos Uacutelcera por

pressatildeo estaacutegio I

Medicamento errado ou

dosagem administrado

com potencial efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IIIII

Queda resultando em

ferimentos como uma

entorse

Medicamento errado ou

dosagem errada

administrada com efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IV queda

resultando em ferimentos

como luxaccedilatildeo fratura

golpe na cabeccedila A perda

de um membro

Morte inesperada O suiciacutedio de um

paciente Homiciacutedios cometidos por

pacientes com doenccedila mentalRemoccedilatildeo

de parte errada do corpo levando agrave morte

ou incapacidade permanente Incidente

levando a paralisia

1 2 3 4 5

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos

Fonte Adaptada de National Safety Agency 2008

25 Ferramenta de Anaacutelise do modo e efeito da falha (FMEA)

A Failure Modes and Effects Analysis (FMEA) eacute uma ferramenta de abordagem

proativa utilizada para anaacutelise criacutetica prospectiva e contiacutenua de projetos e processos

propiciando a identificaccedilatildeo de riscos problemas ou potenciais falhas antes da ocorrecircncia de

um erro Desenvolvida na deacutecada de 1960 pela induacutestria aeroespacial foi reconhecida pela

Joint Commission on Accredittion oh Healthcare Organizations (JCAHO) como uma

ferramenta de qualidade relevante para as organizaccedilotildees de sauacutede (Silva Teixeira amp Cassiani

2009)

O Veterans Health Administration (VHA) o maior sistema de sauacutede integrado dos

Estados Unidos com 150 centros meacutedicos e cerca de 1400 ambulatoacuterios comunitaacuterios

adaptou a FMEA para utilizar em suas instituiccedilotildees com a denominaccedilatildeo de Healthcare Failure

Mode Effects and Analysis (HFMEA) (Silva Teixeira amp Cassiani 2009)

A maioria dos sistemas de notificaccedilatildeo de eventos relacionados agrave seguranccedila do paciente

se concentra na anaacutelise dos eventos adversos apoacutes a ocorrecircncia de uma lesatildeo HFMEA

oferece aos usuaacuterios ferramentas analiacuteticas que podem permitir a identificaccedilatildeo proativa-

mente de vulnerabilidades e corrigi-las antes que as falhas ocorram (Stalhandske De Rosier

Wilson amp Murphy 2009)

HFMEA agiliza as etapas da anaacutelise de risco encontradas na FMEA tradicional

combinando as etapas de detecccedilatildeo e a criticidade da FMEA tradicional com um algoritmo

apresentado como uma aacutervore de decisatildeo

Substitui o caacutelculo do nuacutemero de prioridade de risco (RPN) por uma pontuaccedilatildeo de

risco que eacute lida diretamente na Matriz de Escores de Hazard desenvolvida pela NCPS

(National Center for Patient Safety) para este propoacutesito

23

O objetivo da anaacutelise de riscos eacute desenvolver uma lista de riscos que se controlados de

forma eficaz possam prevenir uma doenccedila ou lesatildeo Eacute utilizado um processo com cinco

passos para avaliar aspectos especiacuteficos

No passo 1 eacute feita a definiccedilatildeo do processo a ser estudado no passo 2 eacute organizada uma

equipe multidisciplinar com especialistas no assunto e um conselheiro no passo 3 deve ser

desenvolvido um diagrama cronoloacutegico com a identificaccedilatildeo de cada etapa do processo no

passo 4 satildeo listados todos os possiacuteveis modos de falha de cada etapa determinando a

probabilidade e gravidade do modo de falha (Matriz de Escores de Perigo ndash Matriz de

Tolerabilidade) e utilizar a aacutervore de decisatildeo

O propoacutesito eacute determinar se o modo de falha justifica a implementaccedilatildeo de

medidasbarreiras que eliminem ou reduzam substancialmente a probabilidade de que um

evento perigoso ocorra

No passo 5 satildeo determinadas as causas de modo de falha (definido como ldquodiferentes

maneiras que um processo ou sub-processo pode deixar de fornecer o resultado esperadordquo)

que se quer ldquoeliminarrdquo ldquocontrolarrdquo ou ldquoaceitarrdquo (Veterans Health Administration National

Center for Patient Safety2009)

Segundo a HFMEA a severidade de um evento abrange as consequecircncias para o

paciente visitantesacompanhantes colaborador equipamentoinstalaccedilatildeo e fogo

Todo gestor deve verificar a realidade do evento classificaacute-los identificando as fontes

de perigo e propondo o gerenciamento de risco

Os eventos satildeo classificados como menores moderados importantes ou catastroacuteficos

(Figura 2)

Evento catastroacutefico (4) Evento importante (3)

Resultado para o paciente morte ou perda permanente da funccedilatildeo

(sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual) suiciacutedio estupro

reaccedilatildeo transfusional hemoliacutetica cirurgiaprocedimento no paciente

errado ou em parte errada do corpo sequestro infantil ou entrega de

crianccedila agrave famiacutelia errada Visitante morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais

Colaborador morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais colaboradores

Equipamentosinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $250000

Fogo qualquer fogo maior que uma chama inicial

Resultado para o paciente diminuiccedilatildeo permanente da funccedilatildeo

corporal (sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual)

desfiguraccedilatildeo intervenccedilatildeo ciruacutergica requerida aumento do

tempo de permanecircncia do paciente por 3 ou mais pacientes

aumento do niacutevel de assistecircncia para 3 ou mais pacientes Visitante hospitalizaccedilatildeo de 1 ou 2 visitantes

Colaborador hospitalizaccedilatildeo 123 ou mais colaboradores

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $100000

Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

24

Evento moderado (2) Evento menor (1)

Resultado para o paciente aumento da permanecircncia ou aumento no

niacutevel de assistecircncia para 1 ou 2 pacientes

Resultado para o paciente nenhum prejuiacutezo ou aumento da

permanecircncia injuacuteria ou aumento no niacutevel de assistecircncia

Visitante avaliaccedilatildeo e treinamento para 1 ou 2 (natildeo-hospitalizaccedilatildeo) Visitante avaliaccedilatildeo e nenhum tratamento requerido ou doenccedila

Colaborador despesas meacutedicas danos ou doenccedila para 1 ou 2 Colaborador tratamento de primeiros socorros sem dano ou

doenccedila

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano entre $10000 e $100000 Equipamentoinstalaccedilatildeo dano menor que $10000 ou perda de

utilidade sem resultado adverso ao paciente (exemplo gaacutes

natural eletricidade aacutegua comunicaccedilotildees transportes calorar

condicionado

Fogo incipiente ou menor Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA

Fonte Adaptado do (Veterans Health Administration National Center for Patient Safety)

Ainda segundo a HFMEA os eventos satildeo classificados segundo a probabilidade de

ocorrerem como mostra a Figura 3

Frequente (4) Provaacutevel de ocorrer imediatamente ou dentro de um curto

periacuteodo (pode ocorrer vaacuterias vezes em um ano)

Ocasional (3) Provavelmente ocorreraacute (pode ocorrer vaacuterias vezes em 1 ou 2 anos)

Incomum (2)

Possiacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 5 anos)

Remota (1) Improvaacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 30

anos)

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA

Fonte Adaptado do Veterans Health Administration National Center for Patient Safety

26 Legislaccedilatildeo Relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

A Portaria nordm 1884 GM de 11 de novembro de 1994 considerando a necessidade das

Secretarias Estaduais e Municipais contarem com um instrumento de avaliaccedilatildeo de projetos

fiacutesicos adequado agraves novas tecnologias na aacuterea da sauacutede resolve ldquoaprovar as normas que com

estas baixam destinadas ao exame e aprovaccedilatildeo dos Projetos Fiacutesicos de Estabelecimentos

Assistenciais de Sauacutederdquo compreendendo ldquoas construccedilotildees novas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute

existentesrdquo e ldquoinobservacircncia das normas aprovadas por esta Portaria constitui infraccedilatildeo agrave

legislaccedilatildeo sanitaacuteria federal conforme dispotildee o artigo 10 inciso II da Lei nordm 6437 de 20 de

agosto de 1977rdquo (Ministeacuterio da Sauacutede [MS] 1994)

25

Em seu capiacutetulo 2 a Portaria nordm 188494 referente agrave organizaccedilatildeo fiacutesico-funcional

Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede (EAS) lista as atividades que satildeo geradoras ou que

caracterizam os ambientes sendo a unidade de internaccedilatildeo o local de ldquoprestaccedilatildeo de

atendimento de assistecircncia agrave sauacutede em regime de internaccedilatildeo- atendimento a pacientes que

necessitam de assistecircncia direta programada por periacuteodo superior a 24 horas (pacientes

internos)rdquo (MS1994)

A Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada (RDC) nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002 dispotildee

sobre o Regulamento teacutecnico para planejamento programaccedilatildeo elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de

projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede e compreende as construccedilotildees novas

de estabelecimentos assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de

estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes e os anteriormente natildeo destinados a estabelecimentos de

sauacutede (RDC nordm 50 2002)

A Figura 4 exibe as disposiccedilotildees da RDC nordm 50 acerca das unidades e ambientes

hospitalares destinados a internaccedilatildeo de pacientes

UnidadeAmbiente Dimensotildees

Internaccedilatildeo Geral

lactente crianccedila adolescente

e adulto

Quantificaccedilatildeo (miacutenima) Dimensatildeo (miacutenima)

Posto de enfermagemPrescriccedilatildeo

Meacutedica

1 posto a cada 30 leitos 60 msup2

Sala de serviccedilos 1 sala para cada posto de

enfermagem 57 msup2

26

Sala de exames e curativos

1 para cada 30 leitos (quando

existir enfermaria que natildeo

tenha subdivisatildeo fiacutesica dos

leitos

75 msup2

Aacuterea para Prescriccedilatildeo Meacutedica

20 msup2

Aacuterea de cuidados e

higienizaccedilatildeo do lactente

1 pcada 12 berccedilos ou fraccedilatildeo 40 msup2

Enfermaria de lactente

Quarto de crianccedila Quarto de adolescente

15 dos leitos do

estabelecimento

Deve haver no miacutenimo 1 quarto para servir de isolamento a

cada 30 leitos ou fraccedilatildeo

45 msup2 por leito = lactente

90 msup2 = quarto de 1 leito

50 msup2 por leito = crianccedila Nordm maacuteximo de crianccedilas ateacute 2 anos por

enfermaria = 12

Quarto de adolescente 100 msup2 = quarto de 1 leito ou 140 msup2 com

dimensatildeo miacutenima de 30m no caso do uso para

ldquoPPP 70 msup2 por leito = quarto de 2 leitos

60 msup2 por leito = enfermaria de 3 a 6 leitos

Nordm maacuteximo de leitos por enfermaria = 6

Distacircncia entre leitos paralelos = 1m

Distacircncia entre leito e paredes

Cabeceira= inexistente

Peacute do leito = 12 m

Lateral = 05 m

Enfermaria de adolescente

Quarto de adulto

a cada 30 leitos deve existir no

miacutenimo 1 quarto para situaccedilotildees

que requeiram isolamento

Enfermaria adulto

Aacuterea de

recreaccedilatildeolazerrefeitoacuterio

1 para cada unidade de

pediatria psiquiatria e crocircnicos

12 msup2 por paciente em condiccedilotildees de exercer

atividades recreativaslazer

Aacuterea ou antecacircmara de acesso

ao quarto de isolamento

18 msup2

Sala de aula 08 msup2 por aluno

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS

Fonte Adaptado da Resoluccedilatildeo RDC nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002

Em relaccedilatildeo agrave internaccedilatildeo de pacientes adultos e pediaacutetricos cada quarto ou enfermaria

de internaccedilatildeo deve ser provido de banheiro exclusivo aleacutem de um lavatoacuteriopia para uso da

equipe de assistecircncia em uma aacuterea anterior a entrada do quartoenfermaria ou mesmo no

interior desses fora do banheiro Um lavatoacuteriopia externo ao quarto ou enfermaria pode

servir a no maacuteximo 4 (quatro) quartos ou 2 (duas) enfermarias (RDC nordm 50 2002)

A RDC nordm 50 dispotildee sobre iluminaccedilatildeo dos ambientes hospitalares definindo que nos

quartos das enfermarias de unidade de internaccedilatildeo geral devem ser de quatro tipos iluminaccedilatildeo

geral em posiccedilatildeo que natildeo incomode o paciente deitado iluminaccedilatildeo de cabeceira na parede

(arandela) para leitura iluminaccedilatildeo de exame no leito com lacircmpada fluorescente que tambeacutem

pode ser obtida atraveacutes de aparelho ligado agrave tomada junto ao leito e sinalizaccedilatildeo de

enfermagem (IS) que eacute um de sistema de sinalizaccedilatildeo luminosa imediata entre o paciente

interno e o funcionaacuterio assistencial (meacutedico e enfermeira) O sistema interliga cada leito

sanitaacuterio e banheiro das diversas unidades e ambientes em que estaacute presente o paciente

27

interno com o respectivo posto de enfermagem que lhe daacute cobertura assistencial quarto

enfermaria e banheiro da unidade de internaccedilatildeo geral quarto aacutereas coletivas de pediatria e

banheiro da unidade de internaccedilatildeo intensiva A identificaccedilatildeo deve se dar em cada leito e porta

dos ambientes voltados para a circulaccedilatildeo (RDC nordm 50 2002)

Nos ambientes onde satildeo prestados os cuidados de sauacutede a iluminaccedilatildeo pode trazer

estiacutemulos positivos agrave recuperaccedilatildeo dos pacientes mas quando excessiva ou mal localizada

pode ser prejudicial A importacircncia da iluminaccedilatildeo tambeacutem estaacute relacionada agrave adequaccedilatildeo

visual dos profissionais para realizaccedilatildeo de procedimentos eou observaccedilatildeo dos pacientes De

modo geral os aspectos quantitativos satildeo mais valorizados que os qualitativos sendo esta

priorizaccedilatildeo notada nas legislaccedilotildees nacionais e estrangeiras Entre as normas nacionais

apresentando os requisitos miacutenimos a serem atendidos a Norma Brasileira (NBR) 541392

textos normativos da ABNT recomenda os valores de iluminacircncias e a Portaria nordm 188494 do

Ministeacuterio da Sauacutede sugere ldquoalguns criteacuterios qualitativos para projetos de iluminaccedilatildeo artificial

dos espaccedilos de internaccedilatildeordquo (Peccin 2002 p 15)

A preocupaccedilatildeo com a iluminaccedilatildeo nos ambientes hospitalares tem se focado mais na

questatildeo econocircmica envolvendo a racionalizaccedilatildeo da energia empregada e na reduccedilatildeo dos

custos de operaccedilatildeo do sistema Mesmo em relaccedilatildeo aos pacientes as discussotildees convergem

para questotildees de conforto ambiental luz de cabeceira para leitura iluminaccedilatildeo de vigiacutelia para

permitir o acesso da equipe de enfermagem agrave noite sem acionar a luz de teto Outra questatildeo eacute

a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas que ldquopermitam boa reproduccedilatildeo de cores permitindo a identificaccedilatildeo

de alteraccedilotildees orgacircnicasrdquo como por exemplo a coloraccedilatildeo da pele As questotildees de seguranccedila

satildeo tratadas em relaccedilatildeo agrave iluminaccedilatildeo de emergecircncia (NBR 1353495 e NBR 1089899) e

iluminacircncias meacutedias miacutenimas para atividades hospitalares considerando a dificuldade da

tarefa visual a idade do usuaacuterio poreacutem as legislaccedilotildees divergem entre os paiacuteses (Peccin

2002)

A ISO (International Organization for Standardization) 31000 de 2009 eacute a nova

referecircncia mundial para a Gestatildeo de Riscos fornecendo orientaccedilotildees para a estrutura de

gerenciamento de riscos aplicaacutevel a organizaccedilotildees de qualquer tamanho traz um modelo

conceitual que pode ser usado para a anaacutelise dos arranjos organizacionais que incluem planos

relacionamentos prestaccedilatildeo de contas recursos processos e atividades A Figura 5 traz a

proposto de um modelo conceitual para ser utilizado na anaacutelise desses arranjos (MacLeod et

al 2013)

28

Mandato e

comprometimento

Estrutura para gerenciar

riscos

Monitoramento e anaacutelise criacutetica da

estrutura

Melhoria contiacutenua da

estrutura

Implementaccedilatildeo da gestatildeo

de riscos

Fonte wwwiiabrasilorgbr Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000)

29

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA

Segundo Martins amp Theoacutephilo 2009 p 37 ldquoO objetivo da metodologia eacute o

aperfeiccediloamento dos procedimentos e criteacuterios utilizados na pesquisardquo Jaacute ldquomeacutetodo eacute o

caminho para se chegar a um determinado fim ou objetivordquo

Na Figura 6 estatildeo compiladas as atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborada pelo Auto

31 Delineamento da Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa empiacuterica O Empirismo eacute uma abordagem metodoloacutegica que

ldquoconsidera que o fato existe independentemente de qualquer atribuiccedilatildeo de valor ou

posicionamento teoacuterico e possui um conteuacutedo evidente livre de pressupostos subjetivosrdquo

(Martins amp Theoacutephilo 2009 p 39)

Eacute um estudo descritivoexploratoacuterio que coleta ldquodescriccedilotildees detalhadas de variaacuteveis

existentes e usam dados para justificar e avaliar condiccedilotildees e praacuteticas correntes ou fazer planos

mais inteligentes para melhorar as praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (LoBiondo-Wood amp Haber

2001 p 111)

Os autores afirmam que este tipo de desenho eacute uacutetil na busca ldquode informaccedilotildees precisas

sobre as caracteriacutesticas dos sujeitos de pesquisa grupos instituiccedilotildees ou situaccedilotildees ou sobre a

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborado pela autora

30

frequecircncia de um fenocircmeno particularmente quando se sabe pouco sobre o fenocircmenordquo

(LoBiondo-Wood amp Haber 2001 p 111)

O delineamento da pesquisa termo que tem sido substituiacutedo por estrateacutegias de

pesquisa refere-se agraves ldquodiferentes maneiras de abordar e analisar dados empiacutericos no contexto

das Ciecircncias Sociais Aplicadasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 53)

A estrateacutegia utilizada nesta pesquisa foi o estudo de caso

ldquotrata de uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa fenocircmenos dentro de seu

contexto real (pesquisa naturaliacutestica) onde o pesquisador natildeo tem controle

sobre eventos ou variaacuteveis buscando aprender a totalidade de uma situaccedilatildeo e

criativamente descrever compreender e interpretar a complexidade de um

caso concretordquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p62)

O estudo de caso eacute o tipo de estrateacutegia de pesquisa que bem se adequa a situaccedilotildees em

que a forma da questatildeo de pesquisa relaciona-se a questotildees explanatoacuterias onde natildeo se exige

controle sobre eventos comportamentais e que focaliza eventos contemporacircneos Os estudos

de caso podem incluir as e mesmo ser limitados agraves evidecircncias quantitativas (Yin 2001 pp

24-25)

O estudo de caso deve permitir ao investigador construir descriccedilotildees interpretaccedilotildees e

explicaccedilotildees originais que conduzam a conclusotildees e recomendaccedilotildees mostrando que foram

coletadas e avaliadas evidecircncias relevantes (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 63)

A escolha do estudo de caso como estrateacutegia de pesquisa deveu-se ao fato de ser pouco

conhecida a influecircncia dos fatores ambientais na ocorrecircncia de quedas no meio hospitalar

questatildeo jaacute mais explorada em domiciacutelio e instituiccedilotildees de longa permanecircncia e abrangendo

mais especificamente a populaccedilatildeo de idosos sendo o fenocircmeno pesquisado no seu contexto

real

Trata-se de estudo retrospectivo pois os indiviacuteduos satildeo seguidos do efeito para a

causa No estudo longitudinal retrospectivo se conhece o efeito e se busca a causa (Bordalo

2006)

Segundo Szklo (2002 p16)

ldquoQuando o investigador tem interesse em identificar fatores de risco (fatores

etioloacutegicos) o desenho mais eficiente em ambiente hospitalar eacute o estudo de

casos e controles tambeacutem conhecido como estudo retrospectivo Podem-se

conduzir estudos de casos e controles em um ou mais hospitais bem como

incluir pacientes hospitalizados ou ambulatoriais Comparado com estudos de

coorte este tipo de estudo eacute relativamente barato geralmente de menor duraccedilatildeo e exige uma amostra menorrdquo

31

Foi utilizada a teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa

As ldquoavaliaccedilotildees qualitativas contribuem com a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos e

as anaacutelises quantitativas datildeo uma ordem de grandeza do risco vinculado ao fenocircmenordquo (Lima

2012 p72)

Na teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa os dados satildeo descritivos compreendendo a

descriccedilatildeo de pessoas de acontecimentos e reaccedilotildees e mesmo a transcriccedilatildeo de relatos A

preocupaccedilatildeo central natildeo satildeo as mediccedilotildees mas sim as descriccedilotildees e interpretaccedilotildees dos fatos

(Martins amp Theoacutephilo 2009)

Martins amp Theoacutephilo (2009) enfatizam que o estudo de caso pede avaliaccedilatildeo

qualitativa uma vez que tem como objetivo a anaacutelise de uma unidade social que eacute analisada

profunda e intensamente

32 Local do Estudo

O estudo foi realizado em um hospital puacuteblico de porte extra universitaacuterio localizado

no municiacutepio de Satildeo Paulo e faz parte de um complexo hospitalar que ocupa uma aacuterea total de

352 mil metros quadrados com cerca de 2200 leitos Tem como oacutergatildeo responsaacutevel a

Secretaria de Estado da Sauacutede

O hospital escolhido conta com 843 leitos e atende predominantemente pacientes do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mas estende seu atendimento a pacientes conveniados

Oferece atendimento meacutedico-hospitalar ambulatorial por imagem e som serviccedilos

psicossocial e terapecircutico Abrange especialidades de cliacutenica meacutedica ciruacutergica e

traumatologia sendo referecircncia em transplante de fiacutegado adulto pacircncreas rim coacuternea pele e

medula oacutessea As enfermarias apresentaram no ano de 2013 taxa de ocupaccedilatildeo de 779

33 Procedimentos de Coleta dos Dados

Em se tratando de estudo de caso as atividades de coleta de dados devem ser

realizadas pelo pesquisador-autor que ldquoteraacute mais condiccedilotildees de continuamente estar pensando

e agindo na busca de relaccedilotildees entre a questatildeo de pesquisa que deseja responder as

proposiccedilotildees (teoria preliminar) que carecem de demonstraccedilotildees e a coleta dos dados e

evidecircnciasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p65)

Yin pondera que as evidecircncias para um estudo de caso podem vir de seis fontes

distintas documentos registros em arquivo entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo

participante e artefatos fiacutesicos As informaccedilotildees documentais satildeo relevantes a todos os toacutepicos

32

do estudo de caso Tais documentos podem ser correspondecircncias agendas e minutas de

reuniotildees relatoacuterios de eventos em geral O seu uso mais importante eacute ldquocorroborar e valorizar

as evidecircncias oriundas de outras fontesrdquo (Yin 2001 p 111)

Segundo Yin (2001) p 121) ldquo o uso de vaacuterias fontes de evidecircncias nos estudos de

caso permite que o pesquisador dedique-se a uma ampla diversidade de questotildees histoacutericas

comportamentais e de atitudesrdquo

Assim ldquoqualquer descoberta ou conclusatildeo em um estudo de caso provavelmente seraacute

muito mais convincente e acurada se se basear em vaacuterias fontes distintas de informaccedilatildeo

obedecendo a um estilo corroborativo de pesquisardquo (Yin 2001 p 121)

A pesquisa de campo eacute segundo Lakatos amp Marconi 1991 utilizada para a busca de

informaccedilotildees ou conhecimentos na procura de resposta para um problema atraveacutes da

observaccedilatildeo dos fenocircmenos como ocorrem espontaneamente coletando dados e registrando

variaacuteveis que possam estar relacionadas e posteriormente analisaacute-los

Nogueira (1968) como citado em Lakatos amp Marconi (1991 p 211) define formulaacuterio

como sendo ldquouma lista formal um cataacutelogo ou um inventaacuterio destinado agrave coleta de dadosrdquo O

preenchimento eacute feito pelo proacuteprio pesquisador atraveacutes de observaccedilatildeo ou interrogatoacuterio

Segundo Mello amp Turrioni (2007 p51)

ldquoA observaccedilatildeo eacute uma taacutetica de coleta de dados para conseguir informaccedilotildees e

utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados aspectos da realidade Natildeo

consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou fenocircmenos que se desejam estudar Desempenha papel importante nos

processos observacionais no contexto da descoberta e obriga o investigador a

um contato mais direto com a realidaderdquo

A observaccedilatildeo cientiacutefica ldquoeacute planejada sistematicamente eacute registrada metodicamente e

estaacute relacionada a proposiccedilotildees mais gerais em vez de ser apresentada como uma seacuterie de

curiosidades interessantes estaacute sujeita a verificaccedilotildees e controles sobre a validade e

seguranccedilardquo (Mello amp Turrioni 2007 p 51)

Na observaccedilatildeo estruturada ou sistemaacutetica ldquoo observador sabe o que procura e o que

carece de importacircncia em determinada situaccedilatildeo deve ser objetivo reconhecer possiacuteveis erros

e eliminar sua influecircncia sobre o que vecirc ou recolhe (Mello amp Turrioni 2007 p51)

A figura 7 mostra os pontos fortes e limitaccedilotildees do uso da observaccedilatildeo como taacutetica para

coleta de dados

33

Pontos fortes Limitaccedilotildees

Possibilita meios diretos e satisfatoacuterios para

estudar uma ampla variedade de fenocircmenos

O observado tende a criar impressotildees favoraacuteveis ou

desfavoraacuteveis no observador

Exige menos do pesquisador do que as outras

teacutecnicas

A ocorrecircncia espontacircnea natildeo pode ser prevista o que

impede muitas vezes o observador de presenciar o

fato

Permite a coleta de dados sobre um conjunto de

atitudes comportamentais tiacutepicas

Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do

pesquisador

Depende menos da introspecccedilatildeo ou da reflexatildeo A duraccedilatildeo dos acontecimentos eacute variaacutevel pode ser

raacutepida ou demorada e os fatos podem ocorrer

simultaneamente nos dois casos torna-se difiacutecil a

coleta de dados

Permite a evidecircncia de dados natildeo constantes do

roteiro de entrevistas ou de questionaacuterios

Vaacuterios aspectos da vida cotidiana particular podem

natildeo ser acessiacuteveis ao pesquisador

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo

Fonte Mello amp Turrioni 2007

Para este estudo foi realizado o levantamento a partir das notificaccedilotildees de incidentes

relacionados agraves quedas no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 para caracterizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo O grupo de elementos escolhido para compor a amostra foi feito intencionalmente

de acordo com criteacuterios estabelecidos

Foram selecionadas 6 unidades de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica que ocuparam as

primeiras seis posiccedilotildees na frequecircncia de ocorrecircncia de quedas segundo os dados coletados a

partir das notificaccedilotildees de incidentes Estes leitos satildeo destinados a internaccedilatildeo de indiviacuteduos

adultos de ambos os sexos com ambientes de acomodaccedilatildeo de diferentes dimensotildees para 1 2

4 ou 6 leitos O criteacuterio de exclusatildeo foi a realizaccedilatildeo de reforma preacutevia planejada e conduzida

sob a supervisatildeo do setor de Arquitetura e Engenharia Hospitalar da instituiccedilatildeo

A teacutecnica da coleta de dados utilizada nesta pesquisa foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes

nas unidades e das plantas das unidades

O formulaacuterio utilizado foi elaborado pela autora com base nas legislaccedilotildees e fatores

ambientais citados na literatura que podem estar relacionados a queda visando a adequaccedilatildeo

do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a perspectiva de avaliaccedilatildeo de riscos e

melhoria da seguranccedila Este formulaacuterio serviu como roteiro para a visita de campo

direcionando a inspeccedilatildeo dos itens relacionados a dimensotildees dos diferentes tipos de quartos

instalaccedilotildees dispositivos de seguranccedila e mobiliaacuterio no momento da observaccedilatildeo (APEcircNDICE

34

A) Os ambientes do quartos e banheiros foram fotografados para visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo

espacial do mobiliaacuterio As medidas dos quartos foram analisadas a partir das plantas

fornecidas pelo setor de engenharia e arquitetura

O periacuteodo de coleta foi de 1 a 30 de novembro de 2014

34 Procedimentos e Anaacutelise de Dados

Foi desenvolvido um banco de dados que permitiu a revisatildeo de evidecircncias com o

intuito de aumentar a confiabilidade do estudo O resultado das observaccedilotildees e das notificaccedilotildees

de incidentes pesquisados foram armazenados para que os dados possam ser prontamente

recuperaacuteveis para inspeccedilatildeo ou nova leitura Manter um encadeamento de evidecircncias tambeacutem

aumenta a confiabilidade das informaccedilotildees de um estudo de caso o que ldquoconsiste em permitir

que um observador externo - o leitor do estudo de caso por exemplo - possa perceber que

qualquer evidecircncia proveniente de questotildees iniciais da pesquisa leve agraves conclusotildees finais do

estudo de casordquo (Yin 2001 p127)

Yin (2001 p127) discorre que

ldquo a anaacutelise de dados consiste em examinar categorizar classificar em

tabelas ou do contraacuterio recombinar as evidecircncias tendo em vista proposiccedilotildees

iniciais de um estudordquo

Martins amp Theoacutephilo (2009 p69) relatam que ldquo natildeo haacute um roteiro para se analisar

os resultados de um estudo desta naturezacada caso eacute um casordquo

As proposiccedilotildees teoacutericas que

ldquo refletem o conjunto de questotildees da pesquisa as revisotildees feitas na

literatura sobre o assunto e as novas interpretaccedilotildees que possam surgirrdquo

constituem uma boa estrateacutegia a ser seguida na anaacutelise de dados permitindo a

produccedilatildeo de ldquoconclusotildees analiacuteticas irrefutaacuteveis e eliminar interpretaccedilotildees

alternativasrdquo (Yin 2001 p 129)

Os resultados foram analisados com base comparativa na literatura salientando as

evidecircncias relevantes que devem ser todas as encontradas Em relaccedilatildeo agrave aacuterea fiacutesica deveratildeo

ser considerados os itens que estatildeo ou natildeo em conformidade com a legislaccedilatildeo vigente

35 Aspectos Eacuteticos da Pesquisa

O projeto foi submetido agrave aprovaccedilatildeo da Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de

Pesquisa (CAPPESQ) da instituiccedilatildeo com parecer de aprovaccedilatildeo nordm 940006 de 27 de janeiro de

2015

Como o estudo natildeo envolveu nenhum tipo de abordagem a pacientes ou profissionais

natildeo se aplica a exigecircncia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) exigido

35

em toda pesquisa em que estejam envolvidos indiviacuteduos grupos ou seus representantes legais

que devem manifestar a sua anuecircncia em participar da pesquisa (Resoluccedilatildeo Nordm 466 2012)

36

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para se apurar o contexto de um incidente as informaccedilotildees devem abranger quatro classes

as caracteriacutesticas dos doentes as caracteriacutesticas do incidente os fatoresperigos contribuintes

e as consequecircncias organizacionais decorrentes da ocorrecircncia Entre as caracteriacutesticas dos

doentes estatildeo os dados demograacuteficos as relacionadas ao incidente satildeo aquelas que informam

as circunstacircncias em que o incidente ocorreu (como onde e quando) os fatores contribuintes

satildeo as circunstacircncias accedilotildees ou influecircncias que podem ter contribuiacutedo para a origem

desenvolvimento ou aumento do risco de um incidente e por fim as consequecircncias

organizacionais dizem do impacto do incidente sobre a organizaccedilatildeo tais como aumento da

utilizaccedilatildeo de recursos para prestar cuidados adicionais ao doente repercussotildees negativas

veiculadas pela comunicaccedilatildeo social consequecircncias legais devidas a resultados cliacutenicos ou

terapecircuticos negativos para o doente (OMS 2011)

Foram avaliadas notificaccedilotildees de 922 incidentes ocorridos de janeiro a junho de 2014 dos

quais 205 foram quedas (2223)

Com base nestes conceitos foi feita anaacutelise estatiacutestica descritiva na distribuiccedilatildeo de

frequecircncia dos dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo referido conforme

apresentado na Tabela 2

Os dados da pesquisa apontaram que em 205 quedas ocorridas entre janeiro e junho

de 2014 a idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 5663 anos sendo que natildeo

houve diferenccedila entre homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a

ocorrecircncia da queda foi de 14 dias Ao contraacuterio de outros estudos a idade meacutedia eacute inferior a

60 anos bem como o tempo meacutedio de ocorrecircncia que foi maior Como visto no estudo

realizado por Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006 com pacientes

hospitalizados a idade meacutedia foi de 673 anos e o tempo meacutedio de internaccedilatildeo ateacute a ocorrecircncia

foi de 119 dias Outras pesquisas trazem a prevalecircncia de quedas na faixa etaacuteria de 60 anos

ou mais (Costa Monteiro Memesath amp Almeida 2011 Paiva et al 2010 Correa et al 2012

Abreu et al 2012 e Inoue Matsuda Melo Murassaki amp Hayakawa 2011)

Nesta pesquisa houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo

noturno (50) Em relaccedilatildeo agrave prevalecircncia no sexo masculino este resultado vai ao encontro

dos apresentados por Paiva et al 2010 Costa et al 2011 Carneiro et al 2011e Inoue et al

2011) O turno noturno tambeacutem foi mais frequente nas pesquisas de Paiva et al 2010 (637)

e de Correa et al 2012 (413)

37

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo de janeiro

a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

N = 205

Caracteriacutesticas Meacutedia n

idade (meacutedia) 5663

dias de internaccedilatildeo (meacutedia) 1402

Sexo

Feminino

83 41

Masculino

122 59

Turno

Manhatilde

54 26

Tarde

42 21

Noturno

103 50

natildeo informado

6 3

Local

Banheiro

50 24

Quarto

89 43

corredor

13 6

saguatildeo do PS

6 3

SECSEM do PS

3 1

locais de exame

7 4

outros

8 5

natildeo informado

29 14

Altura

cadeiracadeira de rodaspoltrona

20 10

camaleitomaca

48 23

mesa ciruacutergicaexame

2 1

proacutepria altura

108 53

outros

1 05

natildeo presenciado

1 05

natildeo informado

25 12

Dano

Sim

61 30

Natildeo

122 59

natildeo informado 22 11

Fonte Resultados da pesquisa

Quanto ao local da queda 43 ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando

67 de ocorrecircncias no ambiente destinado agrave acomodaccedilatildeo do paciente durante a internaccedilatildeo O

quarto tambeacutem foi o local mais frequente de quedas nos estudos de Correa et al 2011 e

Abreu et al 2012 o que poderia ser explicado pelo fato de ser onde os pacientes permanecem

mais tempo

38

Em 53 dos incidentes a queda ocorreu da proacutepria altura 23 da cama leito ou

maca 12 dos casos a altura natildeo foi informada 10 da cadeira poltrona cadeira de rodas

1 da mesa ciruacutergicaexames e em 2 a queda natildeo foi presenciada ou outros

Das 205 quedas notificadas 122 (59) natildeo resultaram em danos constatados ou

referidos pelo paciente Em 62 eventos (30 ) ocorreu algum tipo de dano e em 21 casos

(11) esta informaccedilatildeo natildeo constava das notificaccedilotildees Entre os danos as mais frequentes

foram escoriaccedilotildees (43) seguida de ferimentos corto contusoslesotildees (21) sendo que em

dois casos foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de sutura Em 36 dos casos as lesotildees foram reunidas

em um grupo denominado ldquooutrosrdquo variando de dor referida pelo paciente agrave perda de

consciecircncia em duas ocorrecircncias fratura oacutessea em um caso hematoma subgaleal e deiscecircncia

de ferida operatoacuteria em outras duas situaccedilotildees

Em 164 ocorrecircncias (79) natildeo foram solicitados exames complementares ou natildeo foi

registrada na ficha de notificaccedilatildeo poreacutem em 42 (21) eles foram necessaacuterios Os mais

frequentes foram as tomografias computadorizadas (n= 24 57) solicitaccedilatildeo de RX foram 10

(24) e em dois casos foram necessaacuterios RX e tomografia computadorizada (5) e outros

tipos de exames somaram 6 casos (14)

As seis unidades de internaccedilatildeo onde ocorreu maior frequecircncia de quedas foram

Cliacutenica Meacutedica (10) Retaguarda do Pronto Socorro (8) Transplante Renal (7)

Nefrologia (6) Moleacutestia Infecciosas e Cirurgia Vascular (5 cada uma) A maior

porcentagem de quedas ocorreu nas aacutereas de Pronto Socorro (saguatildeo salas de emergecircncia

observaccedilatildeo e cuidados intensivos) somando 21 poreacutem natildeo constitui foacuterum deste estudo

que se restringiu agraves unidades de internaccedilatildeo Os restantes 38 ficaram distribuiacutedos em outras

18 unidades

A Tabela 3 traz a distribuiccedilatildeo dos locais de ocorrecircncia onde as quedas foram mais

frequentes considerando quarto e banheiro que somam os maiores valores

39

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde predominaram os

eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

Unidade local Quarto Banheiro Outros

Cliacutenica Meacutedica 30 55 15

Retaguarda do PS 18 52 30

Cirurgia Vascular 70 0 30

Unidade de

Transplante Renal44 21 25

Nefrologia 36 27 27

Moleacutestias

Infecciosas60 10 30

Fonte Resultados da Pesquisa

Observa-se que a frequecircncia de quedas foi significativamente maior no quarto nas

unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias Infecciosas onde haacute maior nuacutemero de pacientes

restritos ao leito seja pelas alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora na primeira e pela gravidade na

segunda

Considerando que a ocorrecircncia de quedas foi de 205 casos em seis meses podemos

considerar este evento como frequente de gravidade moderada (30 resultaram em dano aos

pacientes) e de alta detecccedilatildeo

A Tabela 4 apresenta a distribuiccedilatildeo das unidades visitadas e o atendimento aos

quesitos do formulaacuterio utilizado para registro dos dados levantados com base nas

recomendaccedilotildees de adequaccedilatildeo do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a

perspectiva da seguranccedila e avaliaccedilatildeo de riscos

Na unidade de Cliacutenica Meacutedica onde ocorreu o maior nuacutemero de quedas (10 de

todas as quedas notificadas) entre as aacutereas selecionadas dos 17 quesitos diretamente

relacionados a quedas do roteiro de inspeccedilatildeo elaborado (excluindo-se os itens referentes agraves

pias) natildeo foram atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em todos

os quartos mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os quartos e iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos A unidade de Retaguarda do Pronto Socorro (8 das quedas) teve os

seguintes quesitos natildeo atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em

todos os quartos iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e mobiliaacuterios com rodiacutezios e

travas em todos os quartos Por sua vez as unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias

Infecciosas onde ocorram 5 das quedas em cada uma delas tiveram 9 e 8 quesitos natildeo

atendidos respectivamente As unidades de Nefrologia (6 das quedas) e Transplante Renal

(7 das quedas) tambeacutem tiveram 9 itens natildeo atendidos Estes resultados alertam para

intervenccedilatildeo nestas aacutereas pois estatildeo em risco de novas e mais frequentes ocorrecircncias

40

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades visitadas

2014 Satildeo Paulo Brasil

Embora os sistemas de chamada de enfermagem estivessem presentes em todas as

unidades em todas elas havia vaacuterios dispositivos que natildeo funcionavam Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

UnidadeMoleacutestias

Infecciosas

Retaguarda

do Pronto

Socorro

Cliacutenica

MeacutedicaNefrologia

Transplant

e Renal

Cirurgia

Vascular

Quesito atende natildeo atende

Dimensotildees miacutenimas por

quartoleitoatende atende atende atende atende atende 100

Banheiro exclusivo para

cada quartoatende atende atende atende atende atende 100

Barras de apoio no box em

todos os banheirosatende atende atende atende natildeo atende atende 83 17

Barras de apoio proacuteximas ao

vaso sanitaacuterioatende atende atende atende atende atende 100

Pia agrave entrada do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Pia dentro do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Sistema de chamada de

enfermagematende atende atende atende atende atende 100

Interruptor de luz acessiacutevel natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso em perfeitas condiccedilotildees

em todos os quartosatende natildeo atende natildeo atende atende atende natildeo atende 50 50

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em

todos os leitos atende natildeo atende atende

presente mas

faltam

lacircmpadas

natildeo atende natildeo atende 33 67

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente mas

natildeo funcionanatildeo atende

presente

mas natildeo

funciona

84 16

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os

quartos

atende atende atende natildeo atende atende atende 84 16

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem atende atende atende atende atende natildeo atende 84 16

Camas com grades em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas comtravas em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas eleacutetricas em todos os

leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Escada de 2 degraus

presente em todos os leitos

e com ponteira de borracha

natildeo atendenatildeo se

aplica

natildeo se

aplicanatildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Mobilaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartosnatildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

atende atende atende atende atende atende 100

41

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia estivesse presente em todas

elas natildeo funcionava

Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os

quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado a ocorrecircncia

de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados)

Os itens seguintes natildeo satildeo atendidos na maioria das unidades (67 cada) camas com

grades em todos os leitos camas com travas em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os

leitos e escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Os

quesitos alertam quanto ao fato de que 23 de todas as quedas notificadas ocorreram da cama

ou leito camas hospitalares altas sem ajuste de altura pois natildeo satildeo eleacutetricas sem travas e

sem escadas para auxiliar a saiacuteda do leito

A RDC nordm 50 (p44 ANEXO 1) recomenda que os quartos tenham dimensotildees miacutenimas

por leito (6 msup2) distacircncia entre os leitos (1 m) distacircncia entre peacute do leito e parede (12 m) e

entre leitos (05 m) Embora estabeleccedila que na pediatria e na geriatria devam ser previstos

espaccedilos para poltrona de acompanhante ao lado do leito e para berccedilo ao lado da cama da matildee

no caso de alojamento conjunto considera que as metragens quadradas permaneccedilam as

mesmas citadas na tabela

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (Vigilacircncia Sanitaacuteria) investiga se os

dormitoacuterios obedecem aos padrotildees estabelecidos pela legislaccedilatildeo vigente se haacute distacircncia

miacutenima entre dois leitos que permita a faacutecil circulaccedilatildeo sendo as respostas para estas questotildees

sim ou natildeo natildeo especificando dimensotildees

Considerando as recomendaccedilotildees da RDC nordm 50 as unidades estudadas atendem os

requisitos de dimensotildees miacutenimas para os quartos de 2 4 e 6 leitos Entretanto a referida RDC

natildeo considera o espaccedilo para a colocaccedilatildeo de outros mobiliaacuterios necessaacuterios ao atendimento e

conforto do paciente como mesa de cabeceira mesa de refeiccedilatildeo e poltrona para

posicionamento de pacientes Ao se dispor todos estes itens mesmo o ambiente atendendo as

recomendaccedilotildees de dimensotildees miacutenimas o espaccedilo torna-se reduzido dificultando a circulaccedilatildeo

de pacientes e profissionais sem esbarrarem nos mobiliaacuterios o que pode prejudicar seu

equiliacutebrio e propiciar a ocorrecircncia de quedas

As Figuras 8 e 9 trazem imagens da distribuiccedilatildeo tiacutepica dos mobiliaacuterios nos ambientes

de internaccedilatildeo das unidades estudadas que literalmente se acumulam deixando reduzido

espaccedilo para circulaccedilatildeo e natildeo atendendo agrave recomendaccedilatildeo de distacircncia entre o leito e a parede

42

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de

cabeceira e suporte de soro contiacuteguos

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

Quanto agraves instalaccedilotildees sanitaacuterias questionam se estatildeo no mesmo pavimento das

enfermarias e se haacute um chuveiro para cada seis leitos O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospital

Geral da Coordenaccedilatildeo de Fiscalizaccedilatildeo Sanitaacuteria do Estado do Rio de Janeiro quanto a

banheiro para pacientes fala de um para cada quarto ou enfermaria que deve ter acesso direto

a um banheiro podendo este servir no maacuteximo a 2 enfermarias Nem um dos dois roteiros de

vistoria acata a RDC nordm 50 (2002) que prevecirc banheiro para pacientes em cada quarto ou

enfermaria Novamente natildeo se estabelece dimensotildees

43

Para as unidades estudadas todos os quartos contam com banheiro privativo

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (ANEXO 2) indaga se os chuveiros estatildeo

instalados em box com dimensotildees internas compatiacuteveis com banho em posiccedilatildeo assentada e

dotados de aacutegua quente

Tais requisitos natildeo parecem suficientes pois como se observa na Figura 10 abaixo a

cadeira higiecircnica eacute robusta e ocupa praticamente todo o espaccedilo do box impossibilitando a

permanecircncia do profissional acompanhando ou executando a higienizaccedilatildeo do paciente Aleacutem

disso natildeo haacute cinto de seguranccedila que impeccedila o arremesso do tronco para frente

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box

As Figuras 11 e 12 exibem os mobiliaacuterios habituais disponibilizados para o

atendimento dos pacientes A mesa de refeiccedilatildeo tem apenas dois rodiacutezios e sem trava A mesa

de cabeceira embora com peacutes fixos eacute de metal e com cantos pontiagudos que ao se chocarem

com o corpo do paciente podem provocar ferimentos

44

A figura 13 mostra a presenccedila das barras de apoio proacuteximas dispostas nas laterais do

vaso sanitaacuterio permitindo o alcance do paciente caso seja necessaacuterio

Durante o transcorrer do estudo uma medida de melhoria implementada foi a

substituiccedilatildeo de todas as camas por eleacutetricas em duas das unidades aumentando para de 33

para 50 as aacutereas que atendem este quesito

Quatro outras unidades do hospital jaacute passaram por reformas planejadas pela

arquitetura hospitalar com adequaccedilatildeo do nuacutemero de leitos ao espaccedilo disponiacutevel piso

iluminaccedilatildeo sistema de chamada de emergecircncia e de enfermagem barras de apoio e assentos

fixos nos banheiros

Para as aacutereas estudadas apenas uma delas jaacute possui projeto para reforma

Figura 11 Mesa de refeiccedilatildeo Figura 12 Mesa de cabeceira

45

Figura 11 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio

dispostas proacuteximas nas laterais

46

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA

Este estudo teve como principal objetivo avaliar a estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo de um hospital puacuteblico buscando analisar se as mesmas cumpriam a legislaccedilatildeo

vigente visto que na literatura como pode-se observar durante esta dissertaccedilatildeo existem alguns

pontos essenciais para garantir a seguranccedila do paciente no que se refere ao risco de queda

Pode-se entender que a gestatildeo do risco de queda de pacientes internados dentre vaacuterios

fatores deve existir a preocupaccedilatildeo com a estrutura fiacutesica do ambiente hospitalar

A principal contribuiccedilatildeo praacutetica deste estudo foi apresentar essa relaccedilatildeo do risco de queda

pela estrutura fiacutesica hospitalar das unidades de internaccedilatildeo estudadas e propondo a inclusatildeo

nos protocolos de gestatildeo de queda dos pacientes internados dos hospitais o item de anaacutelise de

estrutura fiacutesica

Para fidelizar essa proposta criamos um instrumento de apoio para todos os hospitais

sejam puacuteblicos ou privados utilizarem facilitando a identificaccedilatildeo de possiacuteveis natildeo

conformidades neste quesito arquitetura hospitalar

Deixa-se aqui uma sugestatildeo embasada na literatura cientiacutefica e legislaccedilatildeo vigente dos

itens relacionados a estrutura fiacutesica que devem ser avaliados como fatores de risco de queda

(Figura 14)

Esta proposta busca nortear os gestores quanto agraves necessidades de incluir a gestatildeo do

risco de queda no planejamento de construccedilotildees e reformas de edificaccedilotildees destinadas a

prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no acircmbito hospitalar

Os profissionais de arquitetura e engenharia hospitalar devem ter conhecimento dos

mobiliaacuterios pretendidos para acomodaccedilatildeo e atendimento do paciente considerando suas

proporccedilotildees em relaccedilatildeo aos ambientes e o espaccedilo ocupado por cada peccedila computado no

caacutelculo das dimensotildees dos quartos por leito

Eacute necessaacuteria a constataccedilatildeo da presenccedila e funcionalidade de dispositivos de seguranccedila

como as grades travas e regulaccedilatildeo de altura das camas ou escadas que propiciem a saiacuteda

segura do leito

A iluminaccedilatildeo deveraacute ser avaliada quanto agrave presenccedila tipo funcionamento e

efetividade Dispositivos como interruptores de acionamento de iluminaccedilatildeo e sistemas de

chamada devem estar instalados de modo a propiciar o alcance do usuaacuterio

Outra questatildeo a ser considerada eacute a circulaccedilatildeo segura no ambiente de internaccedilatildeo

garantida pela integridade do piso e se eacute mantido seco ausecircncia de obstaacuteculos como cabos e

extensotildees nos quais o paciente possa tropeccedilar e perder o equiliacutebrio

47

Figura 12 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar

Itens para inspeccedilatildeo Recomendaccedilatildeo

dimensotildees miacutenimas por leitomobiliaacuterio 800 msup2

distacircncia entre leitos 100 m

distacircncia entrte a lateral do leito e parede 050 m

distacircncia entre o peacute do leito e parede 120 m

espaccedilo aproximado reservado para cama hospitalar 220 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de cabeceira 125 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de refeiccedilatildeo 032 msup2

espaccedilo aproximado reservado para poltrona 180 msup2

iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e funcionando

banheiro exclusivo para cada quarto

dimensotildees miacutenimas do box do banheiro 100 msup2

Barras de apoio no box em todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas a todos os vasos sanitaacuterios em todos os banheiros

Sistema de chamada de Enfermagem para cada leito e funcionando

Interruptor de luz acessiacutevel para cada leito e ao alcance do paciente

Piso em perfeitas condiccedilotildees em todos os quartos integridade do material que o constitui

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e funcionando com

acionador ao alcance do paciente

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos e funcionando

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem

acima das portas de cada quarto com sinal

luminoso e sonoro

Cama com grades em todos os leitos

Camas com travas nas rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas ou com ajuste de altura em todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em todos os leitos

Piso seco continuamente Fonte Autor

48

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES

O objetivo geral deste estudo foi avaliar a estrutura fiacutesica das unidades de internaccedilatildeo

de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital de grande porte e a sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

A RDC nordm 50 traz como recomendaccedilatildeo de dimensotildees miacutenimas para quarto de dois

leitos 7 msup2leito e 6msup2leito para quartos de 3 a 6 leitos Nas unidades estudadas predominam

os quartos de 24 e 6 leitos A distacircncia miacutenima entre leitos deve ser de 1m da lateral da cama

e parede 050m e entre o peacute do leito e parede 12m Em relaccedilatildeo agraves dimensotildees miacutenimas dos

quartos proporcional ao nuacutemero de leitos 100 das unidades estatildeo em conformidade com a

legislaccedilatildeo

Outros fatores relacionados agrave seguranccedila e prevenccedilatildeo de quedas satildeo os sistemas de

iluminaccedilatildeo que aleacutem de presentes devem funcionar e os valores de iluminacircncia serem

adequados para os diferentes objetivos conforme Norma Brasileira (NBR) 541392 Os

sistemas de chamada de enfermagem devem ter ser dispositivos iacutentegros e ao alcance do

paciente

A escolha do tipo de piso deve considerar a relaccedilatildeo do dano causado pela queda com

relaccedilatildeo agrave absorccedilatildeo do impacto poreacutem natildeo eacute item previsto pela legislaccedilatildeo vigente A

manutenccedilatildeo do piso seco eacute medida recomendada

A presenccedila de grades travas e altura das camas mostram-se como fatores de impacto

na reduccedilatildeo destes incidentes evidenciados em publicaccedilotildees especiacuteficas

Quanto ao objetivo especiacutefico da pesquisa identificaccedilatildeo das medidas de seguranccedila

existentes para prevenccedilatildeo de quedas concluiu-se que embora as dimensotildees estejam em

conformidade com as recomendaccedilotildees ao considerarmos os mobiliaacuterios que habitualmente

compotildeem a unidade do paciente temos a cama com dimensotildees aproximadas de 225 m de

comprimento e 100 de largura a mesa de cabeceira em meacutedia com 050 m de largura por

050m de comprimento mesa de refeiccedilatildeo com base de 040m de largura X 080m de

comprimento poltrona reclinaacutevel medindo 077m de largura por 165m de profundidade total

aberta A disposiccedilatildeo ambiental destes objetos ocupa aproximadamente 5 27 msup2 de aacuterea

restando somente 073m da aacuterea total do quarto disponiacutevel para circulaccedilatildeo do profissional que

presta cuidados aos pacientes De modo geral os quartos da instituiccedilatildeo possuem aacuterea em

torno de 14msup2 para dois leitos O comprimento da cama (225 m) acrescido da largura da

mesa de refeiccedilatildeo (040m situada aos peacutes da cama) somando 265 m eacute disposto na largura do

quarto (333m) restando 068 m do peacute do leito ateacute a parede (recomendado eacute de 120m) e

49

passagem No sentido do comprimento do quarto soma-se as larguras da cama (100 m) da

mesa de cabeceira (050 m) da poltrona (077 m) e a distacircncia da lateral do leito ateacute a parede

(050 m) distacircncia entre os leitos de 100 m resultando em 377 m do total de 418 m Se

outros itens forem necessaacuterios como escada de dois degraus quando natildeo haacute cama eleacutetrica

suporte de soro e cadeira para visitante haacute maior restriccedilatildeo de espaccedilo disponiacutevel propiciando

choques do usuaacuterio e profissionais contra suas estruturas

Outros quesitos em conformidade em 100 das unidades foram banheiros exclusivos

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistema de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo

O banheiro privativo possui dimensotildees em torno de 375 msup2 e a aacuterea destinada ao box

027 msup2 contudo cadeira higiecircnica ocupa cerca 025msup2 natildeo restando espaccedilo para que o

colaborador permaneccedila ao lado do paciente

Barras de apoio no box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os

quartos iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo

itens atendidos na maioria das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia

estivesse presente em todas elas natildeo funcionava em nenhum quarto A sinalizaccedilatildeo de

enfermagem funcionava em todos os quartos mas requer o pronto atendimento agraves chamadas

Em contrapartida os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades Ao sair do leito com as

luzes apagadas por natildeo conseguir acessar o interruptor o paciente fica sujeito aos obstaacuteculos

ocultos pela escuridatildeo Na vigecircncia de instabilidade da marcha eou alteraccedilotildees de equiliacutebrio o

apoio em moacuteveis com rodiacutezio e sem travas podem propiciar a concretizaccedilatildeo da queda

As camas eram de acionamento mecacircnico em quatro das seis unidades

impossibilitando o ajuste de altura e o apoio dos peacutes do paciente no chatildeo ao sair do leito As

escadas de dois degraus quando disponiacuteveis natildeo possuem barras laterais para apoio e natildeo

apresentam ponteiras de borracha proporcionando situaccedilatildeo de instabilidade A falta de cama

com grades em todos os leitos submete o paciente ao risco de queda do leito em inadvertidas

situaccedilotildees de rolamento sobre o colchatildeo durante o sono e em camas de altura muito superior a

que estatildeo habituados em seus domiciacutelios

Accedilotildees implementadas como a substituiccedilatildeo de camas mecacircnicas por eleacutetricas que

permitem o ajuste de altura providenciam uma soluccedilatildeo para a saiacuteda segura do paciente do

leito

50

A composiccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo deve ser considerada apenas

informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as organizaccedilotildees hospitalares utilizam os

espaccedilos disponiacuteveis A robustez de peccedilas de mobiliaacuterio compromete a circulaccedilatildeo o que pode

ser determinante especialmente em situaccedilotildees de atendimento de emergecircncia Tais

consideraccedilotildees apontam a necessidade de descritivos e especificaccedilotildees teacutecnicas que atendam

estas exigecircncias

Os resultados obtidos sugerem que a estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de

influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas desde que outros fatores ambientais

sejam considerados respondendo a questatildeo de pesquisa

Pesquisas adicionais satildeo necessaacuterias para que as recomendaccedilotildees sejam validadas em

organizaccedilotildees de sauacutede e populaccedilatildeo de caracteriacutesticas semelhantes permitindo aos gestores

intervenccedilotildees relacionadas agrave estrutura fiacutesica e ambiente que sejam eficazes na prevenccedilatildeo de

quedas

61 Limitaccedilotildees da Pesquisa

A abordagem qualitativa utilizando dados subjetivos podem levar a diversidade e

imprecisatildeo aleacutem da questatildeo da incerteza da exatidatildeo dos dados registrados nas notificaccedilotildees

dos eventos adversos (Valle 2013)

O observador pode ter criado impressotildees favoraacuteveis ou desfavoraacuteveis sobre o objeto

estudado (Mello amp Turrioni 2007)

O excesso de confianccedila do pesquisador e a certeza com relaccedilatildeo aos dados podem levar

agrave falta de observaccedilatildeo de aspectos diferentes sob enfoques diferentes aleacutem do seu

envolvimento com a situaccedilatildeo pesquisada Considera-se ainda como limitaccedilatildeo o fato do

estudo se ater a apenas um hospital e a escolha de amostra de conveniecircncia

Constituiu limitaccedilatildeo assumida desconsiderar para fins de anaacutelise neste estudo outros

fatores de risco de queda associados a uso de medicamentos alteraccedilotildees de mobilidade e

marcha uso de dispositivos e estado mental

51

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APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA

Unidades

Recomendaccedilatildeo A B C D E F G H I J

Dimensotildees quarto 1 leito

Dimensotildees quarto 2 leitos

Dimensotildees quarto 3 leitos

Dimensotildees quarto 4 leitos

Dimensotildees quarto 5 leitos

Dimensotildees quarto 6 leitos

Banheiro exclusivo para

cada quarto

Barras de apoio no box em

todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas

a todos os vasos sanitaacuterios

Pia agrave entrada do quarto

Pia dentro do quarto

Sistema de chamada de

Enfermagem

Interruptor de luz

acessiacutevel

Piso em perfeitas

condiccedilotildees em todos os

quartos

Iluminaccedilatildeo de cabeceira

em todos os leitos

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

Sinalizaccedilatildeo de

enfermagem

Cama com grades em

todos os leitos

Camas com travas nas

rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas em todos

os leitos

Escada de 2 degraus

presente e com borracha

nas extremidades em

todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em

todos os quartos

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

57

ANEXO 1

58

59

ANEXO 2

Page 2: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FÍSICA DAS …

Prof Eduardo Storopoli

Reitor da Universidade Nove de Julho

Prof Dr Ceacutesar Augusto Biancolino

Diretor do Mestrado Profissional em Administraccedilatildeo ndash Gestatildeo em Sistemas de Sauacutede

Maria Aparecida Jesus Menezes

AVALIACcedilAtildeO DA INFLUEcircNCIA DA ESTRUTURA FIacuteSICA DAS UNIDADES DE

INTERNACcedilAtildeO DE CLIacuteNICA MEacuteDICA E CIRUacuteRGICA DE UM HOSPITAL

PUacuteBLICO DE GRANDE PORTE DO MUNICIacutePIO DE SAtildeO PAULO PROPOSTAS

PARA O GERENCIAMENTO DE RISCO DE QUEDAS

EVALUATION ABOUT INFLUENCE OF PHYSICAL STRUCTURE OF INPATIENT

UNITS OF A LARGE PUBLIC HOSPITAL SIZE OF THE MUNICIPALITY OF SAtildeO

PAULO PROPOSALS FOR FALL RISK MANAGEMENT

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de

Mestrado Profissional em Administraccedilatildeo

Gestatildeo em Sistemas de Sauacutede da Universidade

Nove de Julho ndash UNINOVE como requisito

para obtenccedilatildeo do grau de Mestre em

Administraccedilatildeo

Orientadora

Profordf Drordf Chennyfer Dobbins Paes da Rosa

SAtildeO PAULO

2015

MARIA APARECIDA JESUS MENEZES

AVALIACcedilAtildeO DA INFLUEcircNCIA DA ESTRUTURA FIacuteSICA DAS UNIDADES DE

INTERNACcedilAtildeO DE CLIacuteNICA MEacuteDICA E CIRUacuteRGICA DE UM HOSPITAL

PUacuteBLICO DE GRANDE PORTE DO MUNICIacutePIO DE SAtildeO PAULO PROPOSTAS

PARA O GERENCIAMENTO DE RISCO DE QUEDAS

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de

Mestrado Profissional em Administraccedilatildeo

Gestatildeo em Sistemas de Sauacutede da

Universidade Nove de Julho ndash

UNINOVE como requisito para obtenccedilatildeo

do TIacuteTULO DE Mestre em

Administraccedilatildeo pela banca Examinadora

formada por

Satildeo Paulo 24 fevereiro de 2015

_________________________________________________

Presidente Profordf Drordf Chennyfer Dobbins Paes da Rosa

__________________________________________________

Membro

__________________________________________________

Membro

DEDICATOacuteRIA

A minha matildee Almerinda pelo incentivo natildeo me

deixando desistir

Aos meus familiares pelo apoio ao longo desta

jornada

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por me permitir empreender este desafio e onde busquei determinaccedilatildeo para

finalizaacute-lo

A todos os meus familiares pelo estiacutemulo para a busca de novas oportunidades de

conhecimento e progressatildeo pessoal e profissional

A minha orientadora Professora Dra Chennyfer Dobbins Paes da Rosa como condutora e

facilitadora no desenvolvimento deste estudo pelo apoio e incentivo em tantos momentos

tumultuosos de empecilhos cansaccedilo e atribulaccedilotildees

A todos os professores por nos conduzirem neste universo de novos saberes e em especial a

Professora Simone Aquino pelas palavras de apoio no prosseguimento deste projeto

Aos alunos da turma de 2013 pelo companheirismo pelos momentos de descontraccedilatildeo pelas

experiecircncias trazidas Agradecimentos especiais agraves amigas e companheiras de trabalho

Edzangela Flaacutevia Natasha Walquiria Liacutegia e Elizangela

A gerecircncia de Enfermagem pela indulgecircncia no cumprimento de tantas tarefas

RESUMO

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os perigos

do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos portanto o objetivo

desta dissertaccedilatildeo eacute avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e

ciruacutergica de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia

na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando as medidas de seguranccedila

existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas Trata-se de um estudo descritivoexploratoacuterio

tipo estudo de caso A teacutecnica de coleta de dados utilizada foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes e

das plantas das unidades Foram selecionadas seis unidades de internaccedilatildeo onde as quedas

foram mais frequentes no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 As noficaccedilotildees de 205 quedas

ocorridas neste periacuteodo foram analisadas para caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo Dos resultados a

idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 57 anos e natildeo houve diferenccedila entre

homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a ocorrecircncia foi de 14 dias

Houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo noturno (50) 43

ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando 67 das ocorrecircncias Das seis unidades

avaliadas 100 atendem os quesitos dimensotildees miacutenimas por quartoleito banheiro exclusivo

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistemas de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas

em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado agrave

ocorrecircncia de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados) Em 67 das

unidades natildeo havia camas com grades em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os leitos e

escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Conclui-se que a

estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas

desde que outros fatores ambientais sejam considerados Os instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo

devem ser compostos apenas com informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as

organizaccedilotildees hospitalares utilizam os espaccedilos disponiacuteveis Os descritivos e especificaccedilotildees

teacutecnicas de equipamentos e mobiliaacuterios devem ser atualizados e os serviccedilos de sauacutede devem

garantir o adequado funcionamento dos dispositivos e disponibilidade aos usuaacuterios

Palavras-chave gestatildeo de risco incidentes queda

ABSTRACT

We were understand the relationship between falls and environmental hazards is necessary to

identify the hazards of the environment that may influence the occurrence of these events The

aim of this work is to identify risks associated with the physical structure in patient units of

medical and surgical clinics of a public hospital in the city of Satildeo Paulo To evaluate the

influence in the fall of hospitalized patients identifying existing security measures providing

support for the design and construction phases of actions aimed at improving the management

of the risk of falling This is a descriptive study exploratory case study The technique of

data collection used was a survey through scripts characteristic being listed spaces for the

accommodation of patients and plant units We were selected 06 units in the period January-

June 2014The notifications was 205 falls during this period The results the average age of

individuals fall victims was 57 years and there was no difference between men and women

The mean time from admission until the occurrence was 14 days A predominance of falls

among men (59) and at night (50) 43 occurred in the fourth and 24 in the bathroom

totaling 67 of occurrences The 6 units assessed 100 meet the requirements that are

minimum dimensions per room bed exclusive bathroom for each room grab bars near the

toilet nurse call system and dry conditions in all rooms at the time of observation Grab bars

in the box in all bathrooms wake lighting in all rooms fluorescent general lighting in all

rooms and nursing signaling items are served in most units (84) The criteria light switch

accessible and furniture with trundle and locks in all rooms are not seen in 100 of the units

which may be related to the occurrence of falls at night (50 of reported incidents) In 67

of the units had not caged beds in all beds beds with locks on all beds electric beds on all

beds and stair steps in this 2 all beds and rubber tip It follows that the physical structure can

be evaluated as influential in determining the occurrence of falls from other environmental

factors are considered The scales should not be composed only with information about

dimensions but assess how hospital organizations use available space The descriptives and

technical specifications for equipment and furnishings should be updated and health services

should ensure the proper performance of devices and availability to users

Keywords risk management incidents fall

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 3

11 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO 3

12 PROBLEMA DE PESQUISA 7

13 QUESTAtildeO DE PESQUISA 10

14 OBJETIVOS 11

141Geral 11

142 Especiacuteficos 11

15 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA 11

16 ESTRUTURA DO TRABALHO 12

2REFERENCIAL TEOacuteRICO 13

21 GESTAtildeO DE RISCOS CORPORATIVOS 13

22 ANAacuteLISE DE RISCOS 15

23 QUEDAS 18

24 MATRIZ DE RISCO 21

25 FERRAMENTA DE ANAacuteLISE DO MODO E EFEITO DA FALHA (FMEA) 22

26 LEGISLACcedilAtildeO RELACIONADA Agrave VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA 24

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA 28

31 DELINEAMENTO DA PESQUISA 29

32 LOCAL DO ESTUDO 31

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS 31

34 PROCEDIMENTOS E ANAacuteLISE DE DADOS 34

35 ASPECTOS EacuteTICOS DA PESQUISA 34

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 36

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA 46

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES 48

61 LIMITACcedilOtildeES DA PESQUISA 50

REFEREcircNCIAS 51

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA 56

ANEXO 1 57

ANEXO 2 59

1

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

AHRQ Agency for Healthcare Research and Quality

CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de Pesquisa

COSO Committee of Sponsoring Organizations

CRM Clinical Risk Management

EA Eventos Adversos

EAS Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede

ERM Enterprise Risk Management

FERMA Federation of European Risk Management Associations

FMEA Failure Modes and Effects Analysis

GM Gabinete do Ministro

HFMEA Healthcare Failure Modes and Effects Analysis

IS Sinalizaccedilatildeo de Enfermagem

ISO International Organization for Standardization

JCAHO Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations

MS Ministeacuterio da Sauacutede

NAPSA National Patient Safety Agency

NBR Normas Brasileiras

NCPS National Center for Patient Safety

NHS National Health Service

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

RC Responsabilidade Civil

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RNAO Registered Nurses Association of Ontario

RPN Risk Prority Number (Nuacutemero de Prioridade de Risco)

SIH Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VHA Veretans Health Administrtion

VISA Vigilacircncia Sanitaacuteria

2

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos 22

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA 24

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA 24

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS 26

Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000) 28

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa 29

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo 33

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de 42

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

42

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box 43

Figura 13 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio dispostas proacuteximas nas laterais 45

Figura 14 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar 47

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um Hospital

Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil 8

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no

periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 37

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde

predominaram os eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 39

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades

visitadas 2014 Satildeo Paulo Brasil 40

3

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Contextualizaccedilatildeo

O homem como indiviacuteduo ou como parte de organizaccedilotildees sempre esteve agrave procura de

formas de identificar os riscos que ameaccedilam sua existecircncia Nas sociedades primitivas de

cultura agraacuteria a produccedilatildeo atendia apenas suas necessidades imediatas logo a perda de uma

colheita significava desastre certo Organizadas como economias industriais sociedades e

indiviacuteduos seguem tentando compreender e antecipar os riscos que os ameaccedilam procurando

preservar seus bens valiosos (McCaffrey amp Hagg-Rckert 2009)

Risco eacute definido como o efeito da incerteza nos objetivos da organizaccedilatildeo sendo o

efeito um desvio em relaccedilatildeo ao esperado seja ele positivo ou negativo A incerteza eacute ldquoo

estado mesmo que parcial da deficiecircncia das informaccedilotildees relacionadas a um evento sua

compreensatildeo conhecimento sua consequecircncia e a probabilidade de ocorrecircncia associadardquo

(ABNT 2009)

A gestatildeo de risco eacute uma forma de reconhecer que os eventos podem levar a danos e

prevecirc a avaliaccedilatildeo e anaacutelise dos riscos de forma a minimizar sua ocorrecircncia e consequecircncias

Considerar um risco toleraacutevel natildeo significa aceita-lo mas conviver com ele confiando que

estaacute devidamente controlado Nenhuma pessoa deve ser exposta a risco grave a menos que

concorde em aceitaacute-lo (National Health Service - NHS 2008)

A gestatildeo de risco prevecirc a realizaccedilatildeo de ldquoatividades coordenadas para dirigir e controlar

uma organizaccedilatildeo no que se refere ao risco (ABNT 2009)

O Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission COSO

2007 (Comitecirc de Organizaccedilotildees Patrocinadoras do Comeacutercio) eacute uma iniciativa conjunta de

cinco organizaccedilotildees do setor privado e eacute dedicado a fornecer lideranccedila de pensamento atraveacutes

do desenvolvimento de quadros e orientaccedilatildeo sobre gerenciamento de riscos corporativos

controles internos e de dissuasatildeo de fraude As organizaccedilotildees reconhecem e direcionam seus

esforccedilos para a necessidade de se desenvolver uma estrateacutegia capaz de identificar avaliar e

administrar os riscos Nesta perspectiva o gerenciamento de riscos corporativos eacute definido

como um processo conduzido pela organizaccedilatildeo envolvendo o conselho administrativo

diretoria e demais empregados com o objetivo de estabelecer estrateacutegias para identificar

eventos em potencial que podem afetaacute-la administrando os riscos e possibilitando o alcance

de seus objetivos O evento eacute um incidente ou uma ocorrecircncia de causa interna ou externa

4

que pode afetar a realizaccedilatildeo dos objetivos da organizaccedilatildeo O risco eacute a possibilidade de um

evento ocorrer e afetar negativamente a realizaccedilatildeo destes objetivos

A administraccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo natildeo pode prever quando e como ocorreraacute um

evento e o impacto que causaraacute entretanto deve ser capaz de avaliar os riscos de sua

ocorrecircncia Os eventos podem estar relacionados a infraestrutura (disponibilidade de bens

acesso ao capital complexidade) a pessoal (capacidade dos empregados sauacutede e seguranccedila

atividades fraudulentas) a processos (capacidade desenho execuccedilatildeo) ou agrave tecnologia

(integridade de dados disponibilidade de dados e sistemas desenvolvimento alocaccedilatildeo

manutenccedilatildeo) (COSO 2007)

Apoacutes a avaliaccedilatildeo dos riscos pertinentes agraves atividades desenvolvidas eacute necessaacuterio

determinar como a organizaccedilatildeo responderaacute ao risco avaliando seu efeito e impacto custos e

benefiacutecios mantendo-se dentro da toleracircncia estabelecida As respostas da organizaccedilatildeo aos

riscos podem ser de evitaacute-los decidindo descontinuar as atividades que geram riscos A

posiccedilatildeo da organizaccedilatildeo pode ser de reduzir a probabilidade e impacto dos riscos ou ainda de

compartilhamento de uma parte do risco com a aquisiccedilatildeo de produtos de seguro a realizaccedilatildeo

de transaccedilotildees de heading ou a terceirizaccedilatildeo de uma atividade A resposta da organizaccedilatildeo pode

ser aceitaccedilatildeo do risco natildeo adotando nenhuma medida para afetar o grau de impacto dos riscos

(COSO 2007)

O ponto central de uma boa gestatildeo de riscos eacute a identificaccedilatildeo e tratamento dos

mesmos Todos os riscos inerentes agraves atividades da organizaccedilatildeo devem ser metodicamente

avaliados Os riscos podem ter origem em fatores internos e externos riscos financeiros

(creacutedito taxas de juros diferenccedilas cambiais fluxo de caixa e liquidez sistemas de controle

financeiros e sistemas de informaccedilatildeo) riscos estrateacutegicos (concorrecircncia alteraccedilotildees no

consumo alteraccedilotildees da atividade de procura investigaccedilatildeo amp desenvolvimento e capital

intelectual) riscos operacionais (recrutamento cadeia de abastecimento regulamentaccedilotildees

cultura composiccedilatildeo da gestatildeo do topo da organizaccedilatildeo) e perigos (acesso puacuteblico

empregados propriedade bens e serviccedilos contratos eventos naturais fornecedores meio

ambiente (Federation of European Risk Management Associations [FERMA] 2002)

Como os eventos satildeo inesperados as organizaccedilotildees devem implementar accedilotildees para a

reduccedilatildeo do risco gerindo ou controlando qualquer dano futuro ou probabilidade de dano

associado a um incidente Estas accedilotildees abrangem a detecccedilatildeo de fatores atenuantes do dano ou

accedilotildees de melhoria e podem ser proativas ou reativas Accedilotildees proativas podem ser teacutecnicas

como a anaacutelise de modos e efeitos de falha e anaacutelise de probabilidades de risco As ldquoaccedilotildees

5

reativas satildeo as desenvolvidas em resposta a conhecimentos adquiridos apoacutes a ocorrecircncia de

incidentes (por exemplo anaacutelise das causas)rdquo (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede [OMS] 2009)

O termo ldquocultura de seguranccedilardquo apareceu pela primeira vez apoacutes o acidente nuclear de

Chernobyl em 1988 e foi disseminado a vaacuterias induacutestrias com o intuito de melhorar a

seguranccedila e a confiabilidade das organizaccedilotildees Entretanto a extrapolaccedilatildeo para a sauacutede eacute

recente e ainda natildeo haacute consenso nos estudos sobre a forma como a seguranccedila do paciente

deve ser construiacuteda O primeiro passo para as organizaccedilotildees de sauacutede melhorarem a cultura de

seguranccedila eacute definir claramente o conceito fazendo diagnoacutestico do status atual em sua

empresa identificando pontos fortes e fracos para melhores informaccedilotildees e estrateacutegias de accedilatildeo

(Halligan amp Zecevic 2011)

Os hospitais como organizaccedilotildees de alto risco tecircm uma permanente preocupaccedilatildeo em

gerenciar o inesperado A medicina moderna tornou o atendimento cada vez mais complexo

resultando em maiores oportunidades para melhoria dos cuidados mas aumentando o risco de

eventos adversos e danos ao paciente (Briner Kessler amp Manser 2010)

O Processo de Gestatildeo de Risco incorporou-se ao setor da sauacutede nos Estados Unidos haacute

cerca de 30 anos com o objetivo de proteger as organizaccedilotildees de sauacutede contra as perdas

inicialmente atraveacutes da ldquocontrataccedilatildeo de seguros de responsabilidade civil para cobrir

consequecircncias econocircmicas das accedilotildees e processos por maacute praacuteticardquo movidas contra

profissionais eou hospitais Entretanto atualmente a Gestatildeo de risco tornou-se um programa

que visa agrave construccedilatildeo de normas preventivas corretivas e contingentes identificando

mapeando e monitorando os riscos ldquocom foco no processo de trabalho e na contiacutenua reduccedilatildeo

dos danos e perdasrdquo (Feldman 2009a p27 28)

Como os riscos associados agrave assistecircncia natildeo podem ser completamente eliminados o

conceito de Gestatildeo de Risco Cliacutenico (Clinical Risk Management - CRM) surgiu como uma

forma de direcionar os recursos hospitalares para melhorar a seguranccedila do paciente A Gestatildeo

de Risco Cliacutenico refere-se a uma forma especiacutefica de gestatildeo de risco com foco em processos

cliacutenicos direta e indiretamente relacionados ao paciente Compreende todas as estruturas

processos instrumentos e atividades que permitam aos profissionais identificar analisar

controlar e gerenciar os riscos ao fornecer tratamento cliacutenico e assistecircncia ao paciente Os

hospitais realizam uma variedade de atividades para promover a seguranccedila do paciente mas

natildeo o fazem de forma sistemaacutetica como gerenciamento de risco cliacutenico com o objetivo de

alcanccedilar a melhora dos serviccedilos e dos atendimentos meacutedicos (Briner Kessler amp Manser

2010)

6

As falhas satildeo a maior ameaccedila agrave seguranccedila dos pacientes pois os profissionais

automatizam comportamentos e os erros acontecem no meio de accedilotildees que jaacute realizamos

milhares de vezes o que eacute ignorado pelos sistemas de sauacutede e seus responsaacuteveis Criar uma

cultura de seguranccedila do paciente exige praacutetica alicerccedilada em evidecircncias cientiacuteficas sobre o

que funciona ou natildeo comunicaccedilatildeo dos resultados das mudanccedilas efetuadas a todos os

envolvidos e reavaliaccedilatildeo permanente do conjunto (Carneiro 2010)

Embora a gestatildeo de risco considere os riscos sob as perspectivas positivas (quando as

consequecircncias dos eventos constituem oportunidades para se obter vantagens) ou negativas

(quando constituem ameaccedilas ao sucesso) em se tratando de sauacutede e seguranccedila do paciente ldquoeacute

quase um dado adquirido que as consequecircncias satildeo apenas negativasrdquo devendo os esforccedilos

serem concentrados na prevenccedilatildeo ou diminuiccedilatildeo do dano (FERMA 2002 p3)

Nos Estados Unidos o programa da ldquoAgency for Healthcare Research and Qualityrdquo ndash

AHRQ ndash (Agecircncia de Pesquisa de Qualidade em Sauacutede) conduz e apoia a investigaccedilatildeo para a

construccedilatildeo de conhecimentos sobre seguranccedila do paciente e melhoria da qualidade

incentivando o investimento no aumento das capacitaccedilotildees de profissionais de sauacutede

divulgando os benefiacutecios de novos procedimentos mas os alertando dos riscos inerentes a eles

(Feldman 2009a)

Um estudo exploratoacuterio com pacientes internados em dois hospitais puacuteblicos de ensino

do Estado do Rio de Janeiro analisou uma amostra aleatoacuteria de 622 prontuaacuterios no ano de

2003 verificando que 583 pacientes natildeo sofreram Eventos Adversos (EA) (937) contra 39

(63) que sofreram Dos EA ocorridos 641 foram considerados evitaacuteveis quando

analisados por meacutedico revisor Os pacientes com EA apresentaram tempo meacutedio de

permanecircncia no hospital de 283 dias superior ao observado nos pacientes sem EA Os EA

implicaram no gasto de R$ 121236330 o que representou 27 do valor total de reembolso

recebido pelo total de internaccedilotildees realizadas em 2003 (Porto Martins Mendes amp Travassos

2010)

Quedas satildeo eventos comuns em ambiente hospitalar que tecircm como consequecircncia

lesotildees aumento do tempo de internaccedilatildeo aleacutem da questatildeo de responsabilidade legal

A Responsabilidade Civil (RC) ldquoimplica em reparar indenizar ou ressarcir pelo dano

causado a algueacutemrdquo e se decorrente do exerciacutecio profissional estende-se a qualquer

trabalhador envolvido na atividade ou prestaccedilatildeo de serviccedilos Portanto eacute necessaacuteria a

identificaccedilatildeo de falhas de cada processo de cuja execuccedilatildeo possam advir ldquodano estrago

7

detrimento ou prejuiacutezo ao paciente famiacutelia usuaacuterio profissional ou comunidaderdquo (Feldman

2010 a p 135)

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor 1990 em seu artigo 14 paraacutegrafo 1ordm determina

que

ldquoO serviccedilo eacute defeituoso quando natildeo fornece a seguranccedila que o consumidor

dele pode esperar levando-se em consideraccedilatildeo as circunstacircncias relevantes

entre as quais o modo de seu fornecimento o resultado e os riscos que

razoavelmente dele se esperam a eacutepoca em que foi fornecidordquo

12 Problema de Pesquisa

Um evento adverso eacute qualquer evento ou circunstacircncia involuntaacuteria que conduz a dano

ou sofrimento Incidente eacute um tipo especiacutefico de evento adverso eacute imprevisto ou inesperado e

pode prejudicar um ou mais pacientes que recebam cuidados de sauacutede (National Patient

Safety Agency [NPSA] 2008)

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede na Estrutura Conceitual da Classificaccedilatildeo

Internacional para a Seguranccedila do Paciente (ldquoThe Conceptual Framework for International

Classification for Patient Safetyrdquo) 2009 define a seguranccedila do paciente como a ldquoreduccedilatildeo do

risco de danos desnecessaacuterios relacionados aos cuidados de sauacutede para um miacutenimo

aceitaacutevelrdquo sendo aceitaacutevel o que diz respeito ao consenso diante dos recursos atualmente

disponiacuteveis do estado da arte do conhecimento do contexto em que a prestaccedilatildeo de cuidados

acontece e do custo benefiacutecio face a natildeo implementaccedilatildeo de um tratamento (OMS 2009 p

21)

Um estudo incluindo internaccedilotildees de adultos em cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas no Brasil

em 2007 utilizando como fonte de informaccedilatildeo o Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares (SIH)

mostrou frequecircncia de 36 potenciais resultados adversos por 1000 internaccedilotildees alertando esta

alta frequecircncia para a necessidade de se implementar estrateacutegias para monitorar tais

ocorrecircncias e identificar as melhorias necessaacuterias para garantir a seguranccedila do paciente em

ambiente hospitalar (Dias Martins amp Navarro 2012)

Feldman (2009b p 118) define risco assistencial como aquele que ldquoeacute proveniente das

situaccedilotildees que envolvem a dinacircmica dos cuidados durante a internaccedilatildeo ou periacuteodo de

permanecircncia do cliente no hospitalrdquo

As quedas de pacientes permanecem entre os eventos adversos mais relatados em

instituiccedilotildees de cuidados agudos resultando em morbidade mortalidade e medo de sofrer uma

nova queda Satildeo exemplos de situaccedilotildees notificadas no ambiente hospitalar relacionadas a

quedas

8

ldquoacidente com queda do paciente ao se apoiar na mesa de suporte para

alimentaccedilatildeo causando ferimento no braccedilo direito na altura do cotovelo

Queda no corredor do hospital em uma rampa com pouca inclinaccedilatildeo devido

ao piso estar molhado pela chuva Causou fratura no cotovelo esquerdo

levando o usuaacuterio agrave cirurgia A paciente caiu da poltrona individual ao se

esticar para pegar o telefone que estava sobre a mesa A queda causou

ferimento no joelho com hematomardquo (Feldman 2009b p129)

A Tabela 1 mostra os resultados de estudo realizado por Carneiro et al 2010 em um

periacuteodo de quatro anos em Goiacircnia

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um

Hospital Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil

Eventos Adversos N

Retirada de sondas drenos e cateteres 162 6136

Quedas 49 1856

Processos aleacutergicos 14 530

Evasatildeo 14 530

Uacutelcera por pressatildeo 13 492

Erros de Medicaccedilatildeo 7 265

Procedimentos meacutedicos 3 114

Hemoderivados 1 038

Queimaduras 1 038

Total 264 1000

Fonte Adaptado de Carneiro Bezerra Camargo e Silva Paranaguaacute amp Branquinho 2010

Morse em 1997 identificou trecircs classificaccedilotildees para as quedas de pacientes acidentais

(paciente tropeccedila ou escorrega em decorrecircncia de algum perigo ambiental como por exemplo

piso molhado) antecedentes fisioloacutegicos (quedas em pessoas consideradas com risco de cair)

quedas fisiologicamente inesperadas (quedas atribuiacutedas a fatores fisioloacutegicos que natildeo podem

ser previstas antes que ocorram) (Hendrich Bender amp Nyhuis 2003)

Decesaro amp Padilha (2002) conduziram um estudo em que coletaram dados em 12

Unidades de Terapia Intensiva (UTI) sendo 9 gerais e 3 especializadas de 8 instituiccedilotildees dos

municiacutepios de Londrina e Maringaacute A populaccedilatildeo foi constituiacuteda de 91 profissionais de

enfermagem que relataram um ou mais incidentes relativos a queda de pacientes durante a

internaccedilatildeo na UTI Os autores identificaram que 367 das situaccedilotildees estudadas natildeo

trouxeram nenhuma consequecircncia identificaacutevel para o paciente entretanto em 633

9

resultaram em uma ou mais consequecircncias imediatas para o paciente O maior percentual

estava relacionado a traumas teciduais resultando em contusotildees hematomas fraturas lesotildees

tissulares com e sem necessidade de sutura edema e sangramentos

Em um estudo conduzido entre janeiro de 1999 e dezembro de 2003 em um hospital

puacuteblico de ensino em Zurique Suiacuteccedila a taxa global de queda foi de 89 quedas por 1000

pacientes dia (Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006)

Outros estudos realizados com dados coletados de 826 boletins de notificaccedilatildeo de

eventos adversos em um hospital universitaacuterio terciaacuterio mostraram 80 registros relacionados a

quedas (107) no periacuteodo estudado de 30 meses implicando em 26 quedas por mecircs As

quedas do leito foram as mais frequentes (55) predominando nas enfermarias de

Neurologia (227) cliacutenica meacutedica (204) e moleacutestias infecciosas e parasitaacuterias (182)

As quedas da proacutepria altura corresponderam a 388 e ocorreram em maior nuacutemero na cliacutenica

meacutedica (387) e cirurgia gastroenteroloacutegica (129) As quedas de cadeiras foram as menos

frequentes (62) No periacuteodo noturno as quedas ocorreram com maior frequecircncia (637)

nos primeiros cinco dias de admissatildeo (617) e entre os indiviacuteduos do sexo masculino

(575) (Paiva Paiva Berti amp Campana 2010)

Utilizando uma ferramenta avaliativa para analisar uma Instituiccedilatildeo de Longa

Permanecircncia de Idosos do Rio Grande do Sul foi conduzido um estudo com o intuito de

identificar acertos e dificuldades da realidade encontrada envolvendo os eventos relacionados

a quedas Verificou-se que os pisos internos e externos natildeo possuiacuteam revestimentos

antiderrapantes e as escadas natildeo apresentavam sinalizaccedilatildeo Os dormitoacuterios eram coletivos e os

banheiros situavam-se no corredor e eram escuros tornando difiacutecil o acesso noturno Os

banheiros natildeo permitiam a entrada de cadeiras de rodas e natildeo possuiacuteam em sua totalidade

barras de seguranccedila junto ao vaso sanitaacuterio o vatildeo livre na parte inferior das portas tinha

medida inferior a 20 cm e os pisos apresentavam desniacuteveis Observou-se aglomeraccedilatildeo de

objetos decorativos tapetes sofaacutes que obstruiacuteam a livre circulaccedilatildeo do idoso podendo se

tornar risco para quedas (Feliciani Santos amp Valcarenghi 2011)

Conduzido em um hospital universitaacuterio de Goiacircnia que faz parte da Rede Hospitais

Sentinelas um estudo documental retrospectivo em uma cliacutenica ciruacutergica utilizou dados

referentes a eventos adversos registrados no livro de anotaccedilotildees de enfermagem entre janeiro

de 2005 e dezembro de 2009 mostrou que as quedas representaram 1856 (49 quedas) do

total de eventos 7551 das quedas ocorreram do leito 124 da proacutepria altura 1020 no

banheiro e 204 da maca (Carneiro et al 2011)

10

Saraiva (2008 apud Almeida Abreu amp Mendes 2010 p 165) destaca que fatores

extriacutensecos de quedas ldquorelacionados com fatores ambientais reuacutenem uma seacuterie de

caracteriacutesticas inadequadas dos espaccedilos mobiliaacuterio e iluminaccedilatildeo existecircncia de obstaacuteculos no

meio envolvente ausecircncia ou inadequaccedilatildeo de ajudas teacutecnicas vestuaacuterio inadequado entre

outrosrdquo

Embora nem todas as quedas estejam associadas a fatores ambientais natildeo haacute como

desvinculaacute-los desses eventos devendo-se buscar na legislaccedilatildeo relacionada os subsiacutedios

necessaacuterios para a respectiva anaacutelise

ldquoAs principais normas norteadoras das edificaccedilotildees dos Estabelecimentos de Assistecircncia agrave Sauacutede no Brasil satildeo do Ministeacuterio da Sauacutede atraveacutes da RDC nordm 50 de

21 de fevereiro de 2002 aleacutem de algumas normas que devem ser aprovadas junto a

Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (Anvisa) e agrave ABNTrdquo (Associaccedilatildeo Brasileira

de Normas Teacutecnicas) (Sistema Referecircncia Acadecircmica 2010 p 1)

13 Questatildeo de Pesquisa

Considerando que a gestatildeo de riscos em uma organizaccedilatildeo prevecirc que as atividades

sejam coordenadas em um processo de busca reconhecimento e descriccedilatildeo de riscos a

identificaccedilatildeo das fontes de risco eventos suas causas e consequecircncias natildeo pode preterir

qualquer aspecto relacionado

As atividades de prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede apresentam inuacutemeros riscos inerentes

ao proacuteprio desempenho de procedimentos e dos diferentes locais onde tais serviccedilos satildeo

oferecidos incluindo instalaccedilotildees mobiliaacuterios e equipamentos

Levando-se em conta as recomendaccedilotildees feitas pela legislaccedilatildeo e literatura relacionadas

este trabalho tem como objetivo identificar se a atual situaccedilatildeo das unidades de internaccedilatildeo de

cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo

Paulo pode influenciar na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando os

riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica as medidas de seguranccedila existentes para

fornecer subsiacutedios para as fases de projeto e construccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave melhoria da

gestatildeo do risco de queda nas unidades estudadas

Desta forma a questatildeo de pesquisa deste estudo eacute como a estrutura fiacutesica das

unidades de internaccedilatildeo de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande

porte do municiacutepio de Satildeo Paulo pode influenciar a ocorrecircncia de quedas de pacientes

internados

11

14 Objetivos

141Geral

Avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica de um

hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

142 Especiacuteficos

Identificar os riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica a que fica exposta a

populaccedilatildeo internada nas cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas

Identificar as medidas de seguranccedila existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas

Propor um instrumento para apoio a anaacutelise da estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo hospitalar com foco no gerenciamento do risco de queda

15 Justificativa para Estudo do Tema

Os estudos realizados sobre quedas em sua maioria caracterizam a populaccedilatildeo

envolvida neste evento quanto agrave idade sexo medicamentos utilizados local de ocorrecircncia Haacute

uma lacuna na literatura na identificaccedilatildeo dos fatores ambientais e equipamentosmobiliaacuterios

relacionados agrave queda no ambiente hospitalar Esta carecircncia pode ser devida a jaacute estabelecida

correlaccedilatildeo de outros fatores de risco bem definidos em populaccedilotildees especiacuteficas Entretanto

considerando que qualquer indiviacuteduo estaacute sujeito a este evento mesmo sem associaccedilatildeo a tais

fatores pode ser valoroso identificar se haacute riscos ambientais relacionados sobre os quais se

pode intervir

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os

perigos do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos Uma revisatildeo

de estudos realizados sobre quedas e ambiente fiacutesico concluiu que as quedas satildeo resultado da

interaccedilatildeo do estado do indiviacuteduo com o ambiente fiacutesico mas consideram razoaacutevel concluir

que mudanccedilas no meio ambiente oferecem abordagem promissora para a prevenccedilatildeo de

quedas especialmente quando associadas a outras intervenccedilotildees como programas de

exerciacutecios e educacionais (Feldman amp Chaudhury 2008)

12

Os dados referentes aos perigos ambientais que podem estar associados a

probabilidades de quedas satildeo insuficientes no que se refere a pacientes idosos hospitalizados

Entretanto em casas de repouso as quedas atribuiacutedas a fatores ambientais satildeo de 273 nesta

populaccedilatildeo (Registered Nurses Association of Ontaacuterio - RNAO 2005)

Na instituiccedilatildeo onde foi realizada a pesquisa as notificaccedilotildees de quedas de janeiro a

junho de 2014 somaram 205 eventos mostrando uma predominacircncia de ocorrecircncias em aacutereas

envolvendo a unidade reservada agrave internaccedilatildeo do paciente (quarto e banheiro) A

predominacircncia de tais quedas nestes locais levou agrave investigaccedilatildeo da influecircncia ambiental sobre

estes eventos

Estudos mostram uma maior frequecircncia de quedas entre indiviacuteduos idosos como o

estudo retrospectivo realizado em um hospital da grande Lisboa entre junho de 2008 e

dezembro de 2010 a anaacutelise de 214 de episoacutedios de quedas notificados (190 doentes) os

resultados demonstraram que os doentes com notificaccedilatildeo de incidente de queda tinham em

meacutedia 75 anos e apenas 6 dos indiviacuteduos tinham idade le 49 anos (Costa-Dias Oliveira

Moreira Santos Martins amp Arauacutejo 2013)

Segundo Saraiva et al (2008 apud Almeida Abreu ampMendes 2010 p 168) ldquoo risco

de queda aumenta linearmente como o nuacutemero de fatores de riscordquo o que sugere que se os

fatores de risco forem eliminados a probabilidade de ocorrecircncia de quedas pode diminuir

Como nem todos os fatores de risco podem ser eliminados por serem intriacutensecos ao

paciente medidas proativas de prevenccedilatildeo voltadas aos fatores extriacutensecos como o ambiente

podem significar uma valorosa estrateacutegia

Este estudo trouxe subsiacutedios para que se proponham medidas de seguranccedila associadas

agrave estrutura fiacutesica por excelecircncia visando a prevenccedilatildeo de queda em pacientes internados

16 Estrutura do Trabalho

Quanto agrave forma esta dissertaccedilatildeo estaacute estruturada em cinco capiacutetulos

O capiacutetulo um traz a contextualizaccedilatildeo com os pressupostos da aacuterea de conhecimento

relacionados ao gerenciamento de risco evento adverso e seu impacto na assistecircncia prestada

pelos serviccedilos de sauacutede a problematizaccedilatildeo mostra a inquietaccedilatildeo quanto aos fatores de risco

ambientais para ocorrecircncia de queda de pacientes no periacuteodo de internaccedilatildeo hospitalar Satildeo

estabelecidos a questatildeo de pesquisa objetivos geral e especiacuteficos a justificativa para o

desenvolvimento do estudo e a estrutura da dissertaccedilatildeo

13

No capiacutetulo dois o autor apresenta a Revisatildeo Bibliograacutefica com as bases teoacutericas e

evidecircncias existentes concebendo os polos gestatildeo de risco corporativo anaacutelise de risco

matriz de risco e legislaccedilatildeo relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

O capiacutetulo trecircs detalha os procedimentos metodoloacutegicos utilizados durante a pesquisa

com ecircnfase para o desenvolvimento do projeto de pesquisa

O quarto capiacutetulo apresenta os resultados obtidos e uma discussatildeo sob a oacuteptica da

literatura pertinente

O capiacutetulo cinco expressa as conclusotildees da pesquisa embasadas pela teoria correlata e

as recomendaccedilotildees

2REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Gestatildeo de Riscos Corporativos

O gerenciamento de riscos corporativos (Enterprise Risk Management ndash ERM) eacute o

gerenciamento de riscos dentro da organizaccedilatildeo O processo de gerenciamento de riscos deve

estar integrado agrave gestatildeo da organizaccedilatildeo identificando os riscos significativos aos seus

14

negoacutecios A estrutura do gerenciamento de riscos compreende os componentes e a

organizaccedilatildeo do gerenciamento de riscos dentro de uma empresa (MacLeod MacDonald

Ybarra Sorlie Foster amp Stokka 2013)

O gerenciamento de risco corporativo compreende um processo contiacutenuo conduzido

pelos profissionais em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo que inclui a identificaccedilatildeo de todos os

riscos que a estaacute exposta a organizaccedilatildeo indicando eventos que podem afetaacute-la aleacutem daqueles

que podem ser gerenciados propiciando garantia razoaacutevel agrave administraccedilatildeo e deve estar

orientado para a realizaccedilatildeo dos objetivos propostos Os objetivos satildeo classificados em quatro

categorias estrateacutegicos relacionados agraves metas gerais alinhadas agrave missatildeo da organizaccedilatildeo de

operaccedilotildees que diz respeito agrave utilizaccedilatildeo eficaz e eficiente dos recursos comunicaccedilatildeo referente

agrave confiabilidade de relatoacuterios e conformidade alusivos ao cumprimento de leis e

regulamentos aplicaacuteveis (COSO 2007)

O gerenciamento de risco corporativo considera o ambiente interno ou seja como a

organizaccedilatildeo identifica os riscos a forma de abordagem dos seus colaboradores seu apetite a

riscos e a filosofia do gerenciamento de risco Os objetivos fixados devem propiciar suporte e

estar alinhados com a missatildeo da organizaccedilatildeo e serem compatiacuteveis com seu apetite a riscos Eacute

necessaacuterio identificar os eventos que podem influenciar o alcance dos objetivos estabelecidos

Os riscos devem ser avaliados e analisados considerando a probabilidade e impacto

direcionando a forma como deveraacute ser abordado qual seraacute a resposta ao risco desenvolvendo

uma seacuterie de medidas para alinhar os riscos com a toleracircncia e com o apetite a risco As

atividades de controle estabelecem procedimentos e poliacuteticas que garantam que as atividades

de respostas aos riscos sejam executadas de forma eficaz Informaccedilotildees e a comunicaccedilatildeo eficaz

devem permear todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo com conteuacutedo apropriado informaccedilotildees

oportunas atuais exatas e de faacutecil acesso O monitoramento deve garantir a manutenccedilatildeo da

integridade do gerenciamento de risco e que as modificaccedilotildees necessaacuterias seratildeo implementadas

(COSO 2007)

Uma organizaccedilatildeo para melhorar sua abordagem em relaccedilatildeo ao gerenciamento de

risco deve partir de uma anaacutelise de seu processo e sistema atuais quanto agrave abordagem de

todos os componentes avaliando as atividades desenvolvidas pois a ausecircncia de qualquer

deles implica que o gerenciamento de risco eacute ineficaz O monitoramento contiacutenuo do processo

de gerenciamento de risco corporativo deve ser incorporado agraves atividades operacionais

normais e recorrentes da empresa com avaliaccedilotildees perioacutedicas e classificaccedilatildeo de riscos

permitindo que os problemas sejam identificados mais rapidamente (MacLeod et al 2013)

15

Entretanto o gerenciamento de riscos corporativos natildeo assegura que a organizaccedilatildeo

natildeo fracassaraacute no alcance de seus objetivos pois o risco estaacute relacionado ao futuro que eacute

incerto alguns eventos estatildeo aleacutem do controle da administraccedilatildeo e nenhum processo nunca

executaraacute exatamente o que foi previsto A eficaacutecia do gerenciamento de risco sofre

limitaccedilotildees da fraqueza humana pois as decisotildees devem ser tomadas utilizando julgamento

humano tendo como base as informaccedilotildees disponiacuteveis e sofrendo as pressotildees de conduzir um

negoacutecio da falta de adequado entendimento das instruccedilotildees pelos empregados o que pode

levar a erros de julgamento das mudanccedilas no sistema que forem introduzidas antes que o

pessoal tenha sido treinado adequadamente do esquecimento ou execuccedilatildeo incorreta de tarefas

por empregados temporaacuterios pode haver indiviacuteduos que atuem para impedir que o processo

de gestatildeo de riscos corporativos identifiquem as alteraccedilotildees existentes da limitaccedilatildeo de

recursos e a proacutepria direccedilatildeo da organizaccedilatildeo que pode neutralizar poliacuteticas ou procedimentos

recomendados com fins ilegiacutetimos (COSO 2007)

22 Anaacutelise de Riscos

A gestatildeo de riscos eacute um processo contiacutenuo que as organizaccedilotildees utilizam para analisar

metodicamente os riscos inerentes agraves suas atividades processo que deve estar incorporado agrave

cultura organizacional com responsabilidades atribuiacutedas em todos os niacuteveis constando das

descriccedilotildees das funccedilotildees Os ldquoproprietaacuteriosrdquo do processo de gestatildeo de riscos devem ser os

atores internos da organizaccedilatildeo (FERMA) 2002)

Realizar avaliaccedilatildeo de risco consiste em medir a consequecircncia definida aqui como o

resultado ou potencial resultado de um evento Para avaliar a gravidade dos incidentes pode

ser utilizado um sistema de pontuaccedilatildeo Para avaliar as consequecircncias algumas questotildees

devem ser resolvidas tais como A organizaccedilatildeo tem uma definiccedilatildeo clara do que constitui uma

pequena lesatildeo Que medidas satildeo utilizados para determinar o impacto psicoloacutegico sobre os

indiviacuteduos O que eacute definido como um evento adverso e quantos indiviacuteduos podem ser

afetados (National Patient Safety Agency [NPSA] 2008)

Identificar os riscos tem como objetivo identificar as incertezas a que estatildeo expostas as

organizaccedilotildees descrevendo-os de forma estruturada considerando a probabilidade e a

consequecircncia de cada um dos riscos definidos identificando os riscos chave e estabelecer as

prioridades na anaacutelise dos mesmos A descriccedilatildeo dos riscos prevecirc a designaccedilatildeo acircmbito do

risco a natureza do risco intervenientes quantificaccedilatildeo dos riscos toleracircncia para o risco

tratamento e mecanismo de controle do risco possiacuteveis accedilotildees de melhoria e desenvolvimento

16

de estrateacutegias e poliacuteticas O impacto das consequecircncias dos riscos e a sua probabilidade de

ocorrecircncia satildeo fatores importantes da avaliaccedilatildeo Brainstorming questionaacuterios anaacutelises

comparativas de setor anaacutelise de cenaacuterios investigaccedilatildeo de incidentes auditorias e inspeccedilotildees

satildeo algumas teacutecnicas propostas para a identificaccedilatildeo de riscos (FERMA 2002)

O tratamento de riscos consiste em selecionar e implementar medidas para modificar

um risco e deve no miacutenimo ldquoproporcionar um funcionamento eficaz e eficiente da

organizaccedilatildeo garantir controles internos eficazes e cumprir leis e regulamentaccedilotildees (FERMA

2002)

O niacutevel responsaacutevel pela administraccedilatildeo deve conhecer os riscos mais importantes que

a organizaccedilatildeo enfrenta os possiacuteveis efeitos em seu desempenho garantir a sensibilizaccedilatildeo aos

riscos em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo dispor de formas de gerir uma crise ter certeza de

que o processo de gestatildeo de riscos eacute eficaz As unidades de negoacutecio devem conhecer os riscos

relacionados agraves suas aacutereas de atuaccedilatildeo impactos que podem produzir em outros setores e das

consequecircncias destes setores sobre elas dispor de desempenho que lhes permitam monitorizar

as atividades identificar as intervenccedilotildees necessaacuterias Cada indiviacuteduo deve compreender seu

niacutevel de responsabilizaccedilatildeo compreender a forma como pode contribuir para a melhoria

contiacutenua da gestatildeo de riscos comunicar os riscos novos ou falhas constatadas nas medidas de

controle implementadas (FERMA 2002)

Perdas e custos relacionados agrave sauacutede seguranccedila e incidentes ambientais podem natildeo ser

seguraacuteveis pois englobam danos morais aos usuaacuterios e agrave reputaccedilatildeo da organizaccedilatildeo (FERMA

2002)

Quando os pacientes procuram os serviccedilos de sauacutede esperam receber benefiacutecios

embora jaacute tenham consciecircncia de que erros podem acontecer na prestaccedilatildeo de cuidados que

natildeo intencionais e na maioria das vezes tem origem nas falhas dos proacuteprios processos A

responsabilidade dos profissionais ligados direta ou indiretamente agrave prestaccedilatildeo de cuidados eacute

tentar reduzir os erros pois embora sejam sensiacuteveis aos erros que atingem a si proacuteprios ou aos

seus familiares muitas vezes ficam alheios aos erros decorrentes da sua praacutetica diaacuteria (Lage

2010)

Segundo a Portaria MSGM nordm 5292013 a cultura de seguranccedila abrange os

profissionais e gestores envolvidos no cuidado que ldquoassumem a responsabilidade por sua

seguranccedila dos seus colegas pacientes e familiares priorizando a seguranccedila agraves metas

financeiras e operacionais encorajando a identificaccedilatildeo notificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos problemas

17

relacionados agrave seguranccedila promovendo o aprendizado organizacionalrdquo (Ministeacuterio da Sauacutede

[MS] 2013)

O Ministeacuterio da Sauacutede define gestatildeo de risco como a aplicaccedilatildeo sistecircmica e contiacutenua

de iniciativas procedimentos condutas e recursos na avaliaccedilatildeo e controle de riscos e eventos

adversos que afetam a seguranccedila a sauacutede humana a integridade profissional o meio

ambiente e a imagem institucionalrdquo (MS 2013)

Por sua vez o Gerenciamento de Risco consiste na aplicaccedilatildeo de um conjunto de

medidas para prever identificar e minimizar a ocorrecircncia de eventos inesperados e

indesejaacuteveis que podem causar dano fiacutesico ou psicoloacutegico aos pacientes (Lima amp Dutra

2010 p 87)O risco cliacutenico natildeo eacute decorrente apenas da atuaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede

mas estaacute associado agrave ausecircncia de poliacuteticas e praacuteticas de seguranccedila do paciente seguranccedila das

instalaccedilotildees ou atendimento aos processos de trabalho (Lima amp Dutra 2010)

O Protocolo de Londres eacute uma versatildeo revisada e atualizada do ldquoProtocolo para

Investigaccedilatildeo e Anaacutelise de Incidentes Cliacutenicosrdquo e tem como proposta assegurar uma

investigaccedilatildeo e anaacutelise abrangentes e planejadas de um incidente indo aleacutem da procura de

culpados O termo anaacutelise de causa raiz tem origem na induacutestria sendo que um grupo de

ferramentas satildeo utilizadas para identificar as causas baacutesicas na investigaccedilatildeo e anaacutelise de

incidentes Entretanto o cenaacuterio que surge desta investigaccedilatildeo eacute muito mais complexo onde

haacute uma cadeia de eventos e fatores que contribuem para sua ocorrecircncia Eacute necessaacuterio

identificar quais fatores contribuem de forma mais impactante na ocorrecircncia dos eventos Na

aviaccedilatildeo induacutestrias de petroacuteleo e nucleares investigaccedilatildeo de incidentes satildeo procedimentos bem

estabelecidos (Taylor-Adams amp Vincent 2004)

No modelo organizacional de acidentes de James Reason as decisotildees falhas nos altos

escalotildees da organizaccedilatildeo permeiam os departamentos criando condiccedilotildees favoraacuteveis para atos

inseguros e acidentes Devem ser criadas barreiras e defesas contra perigos e para mitigar as

consequecircncias de falhas humanas e de equipamentos Tais barreiras podem ser fiacutesicas (muros

vedaccedilatildeo) naturais (distacircncia) accedilotildees humanas (meacutetodos de checagem) e controles

administrativos (treinamento) O passo inicial eacute identificar falhas no processo organizacional

atos inseguros ou omissotildees cometidas por pessoas cujas accedilotildees podem ter consequecircncias

adversas imediatas Este modelo extrapolado para cuidados de sauacutede identifica fatores que

influenciam a praacutetica cliacutenica e estatildeo relacionados ao paciente (complexidade e severidade de

suas condiccedilotildees liacutengua e comunicaccedilatildeo fatores sociais) fatores tecnoloacutegicos e tarefas

(disponibilidade e uso de protocolos apoio na tomada de decisatildeo tarefas projetadas e clareza

18

da estrutura) fatores relacionados a pessoas (conhecimento e ferramentas competecircncia sauacutede

fiacutesica e mental) equipe (comunicaccedilatildeo verbal e escrita supervisatildeo e procura de ajuda) e

ambiente de trabalho (carga de trabalho e turnos disponibilidade e manutenccedilatildeo de

equipamentos suporte administrativo) fatores organizacionais e gerenciais (recursos

financeiros estrutura organizacional cultura de seguranccedila e prioridades) e fatores

institucionais (contexto regulatoacuterio e econocircmico contatos com organizaccedilotildees externas)

(Taylor-Adams amp Vincent 2004)

23 Quedas

No Protocolo de Prevenccedilatildeo de Quedas integrante do Programa Nacional de Seguranccedila

do Paciente do Ministeacuterio da Sauacutede a definiccedilatildeo de queda considerada foi ldquodeslocamento natildeo

intencional do corpo para um niacutevel inferior agrave posiccedilatildeo inicial provocado por circunstacircncias

multifatoriais resultando ou natildeo em danordquo (MS 2013)

Rutledge et al (1998 apud Kalischi amp Tschannen 2012 p 6) definem queda como

um evento em que os pacientes satildeo encontrados no chatildeo por funcionaacuterios ou visitantes evento

observado ou natildeo ou o rebaixamento natildeo planejado do paciente ao niacutevel do chatildeo

As quedas segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede satildeo categorizadas como

incidentes que ocorrem com os doentes classificadas pelo tipo (tropeccedilar escorregar desmaio

perda de equiliacutebrio) e podem envolver berccedilo cama cadeira maca banheiro equipamento

terapecircutico escadas ou degraus enquanto transportado ou apoiado por outro indiviacuteduo OMS

2009)

Estima-se que um terccedilo das pessoas com mais de 65 anos e metade das pessoas com

idade acima de 80 anos sofrem pelo menos uma queda por ano sendo que nos hospitais

australianos 38 dos eventos com pacientes envolvem queda (The Joanna Briggs Institute

1998)

Vaacuterias ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco de queda foram desenvolvidas e validadas

Hendrich I e II Johns Hopkins Innes Morse STRATIFY Downton Tinetti and Schimidt

Entretanto natildeo haacute consenso sobre qual destes eacute o melhor instrumento na prediccedilatildeo de quedas

Aleacutem disso ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco por si soacute natildeo previnem quedas (Degelau

Bungum Flavin Harper Leys Londquist amp Webb 2012)

A traduccedilatildeo e a adaptaccedilatildeo transcultural para a liacutengua portuguesa do Brasil da Morse

Fall Scale (Escala de Queda de Morse) mostraram resultados satisfatoacuterios quanto agrave clareza

dos itens da escala traduzida a concordacircncia entre os avaliadoresjuiacutezes na aplicaccedilatildeo da

19

escala atingiu classificaccedilatildeo quase perfeita na maioria dos itens e a variabilidade intra-

avaliadoresjuiacutezes foi categorizada como excelente Nesta escala satildeo avaliados os seguintes

itens histoacuterico de quedas diagnoacutestico secundaacuterio auxiacutelio na deambulaccedilatildeo terapia

endovenosadispositivo endovenoso salinizado ou heparinizado marcha e estado mental

Cada um destes criteacuterios recebe escores que variam de 0 a 30 pontos A somatoacuteria destes

pontos indica o niacutevel de risco baixo risco (0 a 24) meacutedio risco (25 a 44) e alto risco (ge 45)

(Urbanetto Creutzberg Franz Ojeda Gustavo Bittencourt amp Farina 2013)

Um estudo transversal com amostra total de 137 idosos em atendimento na Cliacutenica-

Escola de Fisioterapia da Universidade de Itauacutenam que responderam a um questionaacuterio

estruturado relataram como fatores e comportamentos de riscos extriacutensecos de queda o uso de

calccedilados inadequados escadas sem corrimatildeo uso de tapetes no chatildeo obstaacuteculos entre o

quarto e banheiro objetos espalhados pelo chatildeo e iluminaccedilatildeo deficiente sendo que a

iluminaccedilatildeo foi a uacutenica variaacutevel estatisticamente significativa (Lopes Carvalho Mouratildeo

Dias Mitre amp Moraisorais 2010)

Ao entrevistar 39 pacientes idosos atendidos em dois serviccedilos de pronto atendimento

do Rio Grande do Sul entre dezembro de 2019 a abril de 2010 com diagnoacutestico de queda um

estudo verificou fatores relacionados ao ambiente de moradia sendo que 949 dos idosos

tinham moacuteveis pontiagudos em casa 897 das residecircncias tinham degraus 692 referiram

ter tapetes soltos em casa 513 afirmaram que suas residecircncias possuiacuteam pisos

escorregadios e 308 tinham escadas (Ramos Santos Barlem amp Pelzer 2011)

Em Portugal entre os anos de 2007 a 2009 em um hospital universitaacuterio foi observado

que a maior parte das quedas ocorreu no quarto onde existiam mais obstaacuteculos como mesas de

cabeceira cadeira cadeira de rodas limitando a mobilidade dos pacientes Os autores

identificaram diminuiccedilatildeo ao longo dos anos o que foi atribuiacutedo agrave revisatildeo do sistema de

travagem das camas cadeira de rodas suportes de soros com rodas aboliccedilatildeo do uso de cera

no piso e substituiccedilatildeo por cera antiderrapante aquisiccedilatildeo de grades para todas as camas

colocaccedilatildeo de barras de apoio no banheiros mais especificamente proacuteximo ao vaso sanitaacuterio e

chuveiro colocaccedilatildeo de degraus duplos para os pacientes subirem para as camas e pedido de

aquisiccedilatildeo de camas eleacutetricas articuladas na cabeceira e nos peacutes com grade de proteccedilatildeo e que

permitam ajuste da altura em relaccedilatildeo ao chatildeo (Abreu Mendes Monteiro amp Santos 2012)

Em 80 quedas ocorridas em um periacuteodo de doze meses em um hospital privado

acreditado pela Joint Commission International no que diz respeito agraves condiccedilotildees ambientais

no momento da queda as mais frequentes foram presenccedila de obstaacuteculos (5) ou falta de

20

apoio (5) Em 512 dos casos houve algum tipo de consequecircncia sendo as mais frequentes

as escoriaccedilotildees (163) e os hematomas (113) Apoacutes a implantaccedilatildeo de accedilotildees assistenciais

de prevenccedilatildeo como a identificaccedilatildeo de risco ocorreu a queda do iacutendice (Correa Marques

Martinez Laurino Leatildeo amp Chimentatildeo 2012)

As camas com baixa altura foram recentemente associadas agrave reduccedilatildeo de quedas Um

sistema de sauacutede informou que a associaccedilatildeo de caracteriacutesticas de cama relacionadas agrave altura

do chatildeo superfiacutecie de redistribuiccedilatildeo de pressatildeo e sistema interno de alarme reduziu em 9 a

taxa de quedas em cinco meses (Degelau et al 2012)

Em instituiccedilotildees de longa permanecircncia as quedas da cama satildeo comuns entre os

internos com disfunccedilatildeo das extremidades distuacuterbios cognitivos ou que fazem uso de

medicaccedilotildees que prejudicam sua capacidade de levantar-se e mover-se de forma independente

Outros fatores contribuem para o aumento da ocorrecircncia desses eventos como altura da cama

colchotildees altos e macios camas com rodiacutezios ambientes estranhos camas com altura e largura

diferentes ao que estatildeo acostumados Tais consideraccedilotildees reforccedilam a necessidade ao se

selecionar este mobiliaacuterio de se adequar o tipo de cama agraves caracteriacutesticas da populaccedilatildeo

atendida como uma das medidas eficazes no controle de fatores de risco extriacutensecos (Fragala

Perry amp Fragala 2012)

Um estudo canadense se propocircs a avaliar se havia diferenccedila na taxa de lesotildees

relacionadas com quedas entre o piso existente e o piso de intervenccedilatildeo suas propriedades

antiderrapantes e de absorccedilatildeo do impacto Houve uma influecircncia significativa do piso na

absorccedilatildeo da energia no impacto do piso com o quadril e parte posterior da cabeccedila em

simulaccedilotildees fornecendo insights sobre as diferenccedilas na capacidade de atenuaccedilatildeo do impacto

dos diferentes tipos de piso sobre estas estruturas corpoacutereas (Glinka Karakolis Callaghan amp

Laing 2013)

Haacute intervenccedilotildees que devem ser estendidas a todos os pacientes independente do risco

de queda familiarizar o paciente com o ambiente ensinar o paciente a usar o sistema de

chamada e mantecirc-lo sempre ao alcance de sua matildeo manter proacuteximos seus pertences pessoais

ter corrimatildeos no banheiro do paciente quarto e corredor manter as camas em posiccedilatildeo baixa e

com rodas travadas garantir o uso pelo paciente de calccedilado bem ajustado e com solado

antiderrapante utilizar luz noturna ou iluminaccedilatildeo suplementar manter piso limpo e seco e

limpar prontamente todos os derramamentos manter as aacutereas de atendimento ao paciente

organizadas (Degelau et al 2012)

21

Equipes deveriam circular com frequecircncia pelo ambiente para confirmar que

corredores e aacutereas do paciente estejam bem iluminadas organizadas e livres de vazamentos

corrimatildeos sejam seguros mesas e cadeiras resistentes Pessoal da biotecnologia deve

inspecionar dispositivo auxiliar regularmente A equipe de enfermagem deve confirmar que

os quartos dos pacientes sejam criados de forma que minimize o risco de quedas Toda a

equipe deve se certificar de que situaccedilotildees de risco sejam tratadas imediatamente (Degelau et

al 2012)

Portanto conhecer os fatoresperigos contribuintes de um incidente pode trazer

informaccedilotildees sobre accedilotildees que podem ser empreendidas para reduzir o risco de ocorrecircncia

(OMS 2011)

24 Matriz de Risco

Marshall (2002) Crouhy Galai amp Mark (2004 apud Paulo Fernandes Rodrigues amp

Eidt 2007) ressalta que a matriz de risco viabiliza a mensuraccedilatildeo qualitativa de riscos sendo

o ldquoniacutevel de risco definido pela composiccedilatildeo das variaacuteveis frequecircncia (probabilidade) e

severidade (impacto financeiro) associadas aos eventos de perda (fatores de risco) inerentes

ao processo avaliadordquo (De Paulo Fernandes Rodrigues amp Eidt 2007 p 50)

A matriz de risco eacute uma ferramenta utilizada para anaacutelise de riscos de processos de

vaacuterias naturezas considerando sua gravidade ou consequecircncias e a probabilidade (frequecircncia

ou probabilidade) Uma matriz de risco deve ser simples de usar deve fornecer dados

consistentes mesmo quando utilizada por profissionais de diferentes funccedilotildees e deve se adaptar

a necessidades especiacuteficas Deve ser utilizada com parcimocircnia para avaliaccedilatildeo de risco

estrateacutegico e de processo na tomada de decisotildees de gestatildeo

A Figura 1 traz a proposiccedilatildeo de pontuaccedilotildees das consequecircncias de riscos com as orientaccedilotildees e exemplos

adicionais relacionados a riscos com impacto na seguranccedila dos pacientes (NSH 2008)

22

Domiacutenios Despreziacutevel Menor Moderado Maior Catastroacutefico

Impacto sobre a seguranccedila

do paciente (fiacutesico

psicoloacutegico dano)

Lesatildeo miacutenima

requerendo

nenhumaintervenccedilatildeo

miacutenima ou

tratamento

Pequena lesatildeo ou

doenccedila exigindo menor

intervenccedilatildeo Aumento

do tempo de internaccedilatildeo

por 1-3 dias

Lesatildeo moderado

requerendo intervenccedilatildeo

profissional Aumento do

tempo de internaccedilatildeo por

4-15 dias Um evento

com impacto sobre um

pequeno nuacutemero de

pacientes

Ferimento grave levando a

incapacidade a longo

prazoAumento do tempo

de internaccedilatildeo por gt 15

dias

Incidente levando agrave morte Vaacuterias lesotildees

com efeitos permanentes ou irreversiacuteveis

sobre a sauacutede Um evento com impacto

sobre um grande nuacutemero de pacientes

Exemplos adicionais

Medicaccedilatildeo incorreta

dispensada mas natildeo

administrada

Incidentes resultando

numa

contusatildeoAtraso no

transporte de rotina

para o paciente

Medicamento errado ou

dosagem administrada

errada sem efeitos

adversos Uacutelcera por

pressatildeo estaacutegio I

Medicamento errado ou

dosagem administrado

com potencial efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IIIII

Queda resultando em

ferimentos como uma

entorse

Medicamento errado ou

dosagem errada

administrada com efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IV queda

resultando em ferimentos

como luxaccedilatildeo fratura

golpe na cabeccedila A perda

de um membro

Morte inesperada O suiciacutedio de um

paciente Homiciacutedios cometidos por

pacientes com doenccedila mentalRemoccedilatildeo

de parte errada do corpo levando agrave morte

ou incapacidade permanente Incidente

levando a paralisia

1 2 3 4 5

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos

Fonte Adaptada de National Safety Agency 2008

25 Ferramenta de Anaacutelise do modo e efeito da falha (FMEA)

A Failure Modes and Effects Analysis (FMEA) eacute uma ferramenta de abordagem

proativa utilizada para anaacutelise criacutetica prospectiva e contiacutenua de projetos e processos

propiciando a identificaccedilatildeo de riscos problemas ou potenciais falhas antes da ocorrecircncia de

um erro Desenvolvida na deacutecada de 1960 pela induacutestria aeroespacial foi reconhecida pela

Joint Commission on Accredittion oh Healthcare Organizations (JCAHO) como uma

ferramenta de qualidade relevante para as organizaccedilotildees de sauacutede (Silva Teixeira amp Cassiani

2009)

O Veterans Health Administration (VHA) o maior sistema de sauacutede integrado dos

Estados Unidos com 150 centros meacutedicos e cerca de 1400 ambulatoacuterios comunitaacuterios

adaptou a FMEA para utilizar em suas instituiccedilotildees com a denominaccedilatildeo de Healthcare Failure

Mode Effects and Analysis (HFMEA) (Silva Teixeira amp Cassiani 2009)

A maioria dos sistemas de notificaccedilatildeo de eventos relacionados agrave seguranccedila do paciente

se concentra na anaacutelise dos eventos adversos apoacutes a ocorrecircncia de uma lesatildeo HFMEA

oferece aos usuaacuterios ferramentas analiacuteticas que podem permitir a identificaccedilatildeo proativa-

mente de vulnerabilidades e corrigi-las antes que as falhas ocorram (Stalhandske De Rosier

Wilson amp Murphy 2009)

HFMEA agiliza as etapas da anaacutelise de risco encontradas na FMEA tradicional

combinando as etapas de detecccedilatildeo e a criticidade da FMEA tradicional com um algoritmo

apresentado como uma aacutervore de decisatildeo

Substitui o caacutelculo do nuacutemero de prioridade de risco (RPN) por uma pontuaccedilatildeo de

risco que eacute lida diretamente na Matriz de Escores de Hazard desenvolvida pela NCPS

(National Center for Patient Safety) para este propoacutesito

23

O objetivo da anaacutelise de riscos eacute desenvolver uma lista de riscos que se controlados de

forma eficaz possam prevenir uma doenccedila ou lesatildeo Eacute utilizado um processo com cinco

passos para avaliar aspectos especiacuteficos

No passo 1 eacute feita a definiccedilatildeo do processo a ser estudado no passo 2 eacute organizada uma

equipe multidisciplinar com especialistas no assunto e um conselheiro no passo 3 deve ser

desenvolvido um diagrama cronoloacutegico com a identificaccedilatildeo de cada etapa do processo no

passo 4 satildeo listados todos os possiacuteveis modos de falha de cada etapa determinando a

probabilidade e gravidade do modo de falha (Matriz de Escores de Perigo ndash Matriz de

Tolerabilidade) e utilizar a aacutervore de decisatildeo

O propoacutesito eacute determinar se o modo de falha justifica a implementaccedilatildeo de

medidasbarreiras que eliminem ou reduzam substancialmente a probabilidade de que um

evento perigoso ocorra

No passo 5 satildeo determinadas as causas de modo de falha (definido como ldquodiferentes

maneiras que um processo ou sub-processo pode deixar de fornecer o resultado esperadordquo)

que se quer ldquoeliminarrdquo ldquocontrolarrdquo ou ldquoaceitarrdquo (Veterans Health Administration National

Center for Patient Safety2009)

Segundo a HFMEA a severidade de um evento abrange as consequecircncias para o

paciente visitantesacompanhantes colaborador equipamentoinstalaccedilatildeo e fogo

Todo gestor deve verificar a realidade do evento classificaacute-los identificando as fontes

de perigo e propondo o gerenciamento de risco

Os eventos satildeo classificados como menores moderados importantes ou catastroacuteficos

(Figura 2)

Evento catastroacutefico (4) Evento importante (3)

Resultado para o paciente morte ou perda permanente da funccedilatildeo

(sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual) suiciacutedio estupro

reaccedilatildeo transfusional hemoliacutetica cirurgiaprocedimento no paciente

errado ou em parte errada do corpo sequestro infantil ou entrega de

crianccedila agrave famiacutelia errada Visitante morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais

Colaborador morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais colaboradores

Equipamentosinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $250000

Fogo qualquer fogo maior que uma chama inicial

Resultado para o paciente diminuiccedilatildeo permanente da funccedilatildeo

corporal (sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual)

desfiguraccedilatildeo intervenccedilatildeo ciruacutergica requerida aumento do

tempo de permanecircncia do paciente por 3 ou mais pacientes

aumento do niacutevel de assistecircncia para 3 ou mais pacientes Visitante hospitalizaccedilatildeo de 1 ou 2 visitantes

Colaborador hospitalizaccedilatildeo 123 ou mais colaboradores

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $100000

Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

24

Evento moderado (2) Evento menor (1)

Resultado para o paciente aumento da permanecircncia ou aumento no

niacutevel de assistecircncia para 1 ou 2 pacientes

Resultado para o paciente nenhum prejuiacutezo ou aumento da

permanecircncia injuacuteria ou aumento no niacutevel de assistecircncia

Visitante avaliaccedilatildeo e treinamento para 1 ou 2 (natildeo-hospitalizaccedilatildeo) Visitante avaliaccedilatildeo e nenhum tratamento requerido ou doenccedila

Colaborador despesas meacutedicas danos ou doenccedila para 1 ou 2 Colaborador tratamento de primeiros socorros sem dano ou

doenccedila

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano entre $10000 e $100000 Equipamentoinstalaccedilatildeo dano menor que $10000 ou perda de

utilidade sem resultado adverso ao paciente (exemplo gaacutes

natural eletricidade aacutegua comunicaccedilotildees transportes calorar

condicionado

Fogo incipiente ou menor Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA

Fonte Adaptado do (Veterans Health Administration National Center for Patient Safety)

Ainda segundo a HFMEA os eventos satildeo classificados segundo a probabilidade de

ocorrerem como mostra a Figura 3

Frequente (4) Provaacutevel de ocorrer imediatamente ou dentro de um curto

periacuteodo (pode ocorrer vaacuterias vezes em um ano)

Ocasional (3) Provavelmente ocorreraacute (pode ocorrer vaacuterias vezes em 1 ou 2 anos)

Incomum (2)

Possiacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 5 anos)

Remota (1) Improvaacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 30

anos)

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA

Fonte Adaptado do Veterans Health Administration National Center for Patient Safety

26 Legislaccedilatildeo Relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

A Portaria nordm 1884 GM de 11 de novembro de 1994 considerando a necessidade das

Secretarias Estaduais e Municipais contarem com um instrumento de avaliaccedilatildeo de projetos

fiacutesicos adequado agraves novas tecnologias na aacuterea da sauacutede resolve ldquoaprovar as normas que com

estas baixam destinadas ao exame e aprovaccedilatildeo dos Projetos Fiacutesicos de Estabelecimentos

Assistenciais de Sauacutederdquo compreendendo ldquoas construccedilotildees novas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute

existentesrdquo e ldquoinobservacircncia das normas aprovadas por esta Portaria constitui infraccedilatildeo agrave

legislaccedilatildeo sanitaacuteria federal conforme dispotildee o artigo 10 inciso II da Lei nordm 6437 de 20 de

agosto de 1977rdquo (Ministeacuterio da Sauacutede [MS] 1994)

25

Em seu capiacutetulo 2 a Portaria nordm 188494 referente agrave organizaccedilatildeo fiacutesico-funcional

Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede (EAS) lista as atividades que satildeo geradoras ou que

caracterizam os ambientes sendo a unidade de internaccedilatildeo o local de ldquoprestaccedilatildeo de

atendimento de assistecircncia agrave sauacutede em regime de internaccedilatildeo- atendimento a pacientes que

necessitam de assistecircncia direta programada por periacuteodo superior a 24 horas (pacientes

internos)rdquo (MS1994)

A Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada (RDC) nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002 dispotildee

sobre o Regulamento teacutecnico para planejamento programaccedilatildeo elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de

projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede e compreende as construccedilotildees novas

de estabelecimentos assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de

estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes e os anteriormente natildeo destinados a estabelecimentos de

sauacutede (RDC nordm 50 2002)

A Figura 4 exibe as disposiccedilotildees da RDC nordm 50 acerca das unidades e ambientes

hospitalares destinados a internaccedilatildeo de pacientes

UnidadeAmbiente Dimensotildees

Internaccedilatildeo Geral

lactente crianccedila adolescente

e adulto

Quantificaccedilatildeo (miacutenima) Dimensatildeo (miacutenima)

Posto de enfermagemPrescriccedilatildeo

Meacutedica

1 posto a cada 30 leitos 60 msup2

Sala de serviccedilos 1 sala para cada posto de

enfermagem 57 msup2

26

Sala de exames e curativos

1 para cada 30 leitos (quando

existir enfermaria que natildeo

tenha subdivisatildeo fiacutesica dos

leitos

75 msup2

Aacuterea para Prescriccedilatildeo Meacutedica

20 msup2

Aacuterea de cuidados e

higienizaccedilatildeo do lactente

1 pcada 12 berccedilos ou fraccedilatildeo 40 msup2

Enfermaria de lactente

Quarto de crianccedila Quarto de adolescente

15 dos leitos do

estabelecimento

Deve haver no miacutenimo 1 quarto para servir de isolamento a

cada 30 leitos ou fraccedilatildeo

45 msup2 por leito = lactente

90 msup2 = quarto de 1 leito

50 msup2 por leito = crianccedila Nordm maacuteximo de crianccedilas ateacute 2 anos por

enfermaria = 12

Quarto de adolescente 100 msup2 = quarto de 1 leito ou 140 msup2 com

dimensatildeo miacutenima de 30m no caso do uso para

ldquoPPP 70 msup2 por leito = quarto de 2 leitos

60 msup2 por leito = enfermaria de 3 a 6 leitos

Nordm maacuteximo de leitos por enfermaria = 6

Distacircncia entre leitos paralelos = 1m

Distacircncia entre leito e paredes

Cabeceira= inexistente

Peacute do leito = 12 m

Lateral = 05 m

Enfermaria de adolescente

Quarto de adulto

a cada 30 leitos deve existir no

miacutenimo 1 quarto para situaccedilotildees

que requeiram isolamento

Enfermaria adulto

Aacuterea de

recreaccedilatildeolazerrefeitoacuterio

1 para cada unidade de

pediatria psiquiatria e crocircnicos

12 msup2 por paciente em condiccedilotildees de exercer

atividades recreativaslazer

Aacuterea ou antecacircmara de acesso

ao quarto de isolamento

18 msup2

Sala de aula 08 msup2 por aluno

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS

Fonte Adaptado da Resoluccedilatildeo RDC nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002

Em relaccedilatildeo agrave internaccedilatildeo de pacientes adultos e pediaacutetricos cada quarto ou enfermaria

de internaccedilatildeo deve ser provido de banheiro exclusivo aleacutem de um lavatoacuteriopia para uso da

equipe de assistecircncia em uma aacuterea anterior a entrada do quartoenfermaria ou mesmo no

interior desses fora do banheiro Um lavatoacuteriopia externo ao quarto ou enfermaria pode

servir a no maacuteximo 4 (quatro) quartos ou 2 (duas) enfermarias (RDC nordm 50 2002)

A RDC nordm 50 dispotildee sobre iluminaccedilatildeo dos ambientes hospitalares definindo que nos

quartos das enfermarias de unidade de internaccedilatildeo geral devem ser de quatro tipos iluminaccedilatildeo

geral em posiccedilatildeo que natildeo incomode o paciente deitado iluminaccedilatildeo de cabeceira na parede

(arandela) para leitura iluminaccedilatildeo de exame no leito com lacircmpada fluorescente que tambeacutem

pode ser obtida atraveacutes de aparelho ligado agrave tomada junto ao leito e sinalizaccedilatildeo de

enfermagem (IS) que eacute um de sistema de sinalizaccedilatildeo luminosa imediata entre o paciente

interno e o funcionaacuterio assistencial (meacutedico e enfermeira) O sistema interliga cada leito

sanitaacuterio e banheiro das diversas unidades e ambientes em que estaacute presente o paciente

27

interno com o respectivo posto de enfermagem que lhe daacute cobertura assistencial quarto

enfermaria e banheiro da unidade de internaccedilatildeo geral quarto aacutereas coletivas de pediatria e

banheiro da unidade de internaccedilatildeo intensiva A identificaccedilatildeo deve se dar em cada leito e porta

dos ambientes voltados para a circulaccedilatildeo (RDC nordm 50 2002)

Nos ambientes onde satildeo prestados os cuidados de sauacutede a iluminaccedilatildeo pode trazer

estiacutemulos positivos agrave recuperaccedilatildeo dos pacientes mas quando excessiva ou mal localizada

pode ser prejudicial A importacircncia da iluminaccedilatildeo tambeacutem estaacute relacionada agrave adequaccedilatildeo

visual dos profissionais para realizaccedilatildeo de procedimentos eou observaccedilatildeo dos pacientes De

modo geral os aspectos quantitativos satildeo mais valorizados que os qualitativos sendo esta

priorizaccedilatildeo notada nas legislaccedilotildees nacionais e estrangeiras Entre as normas nacionais

apresentando os requisitos miacutenimos a serem atendidos a Norma Brasileira (NBR) 541392

textos normativos da ABNT recomenda os valores de iluminacircncias e a Portaria nordm 188494 do

Ministeacuterio da Sauacutede sugere ldquoalguns criteacuterios qualitativos para projetos de iluminaccedilatildeo artificial

dos espaccedilos de internaccedilatildeordquo (Peccin 2002 p 15)

A preocupaccedilatildeo com a iluminaccedilatildeo nos ambientes hospitalares tem se focado mais na

questatildeo econocircmica envolvendo a racionalizaccedilatildeo da energia empregada e na reduccedilatildeo dos

custos de operaccedilatildeo do sistema Mesmo em relaccedilatildeo aos pacientes as discussotildees convergem

para questotildees de conforto ambiental luz de cabeceira para leitura iluminaccedilatildeo de vigiacutelia para

permitir o acesso da equipe de enfermagem agrave noite sem acionar a luz de teto Outra questatildeo eacute

a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas que ldquopermitam boa reproduccedilatildeo de cores permitindo a identificaccedilatildeo

de alteraccedilotildees orgacircnicasrdquo como por exemplo a coloraccedilatildeo da pele As questotildees de seguranccedila

satildeo tratadas em relaccedilatildeo agrave iluminaccedilatildeo de emergecircncia (NBR 1353495 e NBR 1089899) e

iluminacircncias meacutedias miacutenimas para atividades hospitalares considerando a dificuldade da

tarefa visual a idade do usuaacuterio poreacutem as legislaccedilotildees divergem entre os paiacuteses (Peccin

2002)

A ISO (International Organization for Standardization) 31000 de 2009 eacute a nova

referecircncia mundial para a Gestatildeo de Riscos fornecendo orientaccedilotildees para a estrutura de

gerenciamento de riscos aplicaacutevel a organizaccedilotildees de qualquer tamanho traz um modelo

conceitual que pode ser usado para a anaacutelise dos arranjos organizacionais que incluem planos

relacionamentos prestaccedilatildeo de contas recursos processos e atividades A Figura 5 traz a

proposto de um modelo conceitual para ser utilizado na anaacutelise desses arranjos (MacLeod et

al 2013)

28

Mandato e

comprometimento

Estrutura para gerenciar

riscos

Monitoramento e anaacutelise criacutetica da

estrutura

Melhoria contiacutenua da

estrutura

Implementaccedilatildeo da gestatildeo

de riscos

Fonte wwwiiabrasilorgbr Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000)

29

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA

Segundo Martins amp Theoacutephilo 2009 p 37 ldquoO objetivo da metodologia eacute o

aperfeiccediloamento dos procedimentos e criteacuterios utilizados na pesquisardquo Jaacute ldquomeacutetodo eacute o

caminho para se chegar a um determinado fim ou objetivordquo

Na Figura 6 estatildeo compiladas as atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborada pelo Auto

31 Delineamento da Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa empiacuterica O Empirismo eacute uma abordagem metodoloacutegica que

ldquoconsidera que o fato existe independentemente de qualquer atribuiccedilatildeo de valor ou

posicionamento teoacuterico e possui um conteuacutedo evidente livre de pressupostos subjetivosrdquo

(Martins amp Theoacutephilo 2009 p 39)

Eacute um estudo descritivoexploratoacuterio que coleta ldquodescriccedilotildees detalhadas de variaacuteveis

existentes e usam dados para justificar e avaliar condiccedilotildees e praacuteticas correntes ou fazer planos

mais inteligentes para melhorar as praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (LoBiondo-Wood amp Haber

2001 p 111)

Os autores afirmam que este tipo de desenho eacute uacutetil na busca ldquode informaccedilotildees precisas

sobre as caracteriacutesticas dos sujeitos de pesquisa grupos instituiccedilotildees ou situaccedilotildees ou sobre a

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborado pela autora

30

frequecircncia de um fenocircmeno particularmente quando se sabe pouco sobre o fenocircmenordquo

(LoBiondo-Wood amp Haber 2001 p 111)

O delineamento da pesquisa termo que tem sido substituiacutedo por estrateacutegias de

pesquisa refere-se agraves ldquodiferentes maneiras de abordar e analisar dados empiacutericos no contexto

das Ciecircncias Sociais Aplicadasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 53)

A estrateacutegia utilizada nesta pesquisa foi o estudo de caso

ldquotrata de uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa fenocircmenos dentro de seu

contexto real (pesquisa naturaliacutestica) onde o pesquisador natildeo tem controle

sobre eventos ou variaacuteveis buscando aprender a totalidade de uma situaccedilatildeo e

criativamente descrever compreender e interpretar a complexidade de um

caso concretordquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p62)

O estudo de caso eacute o tipo de estrateacutegia de pesquisa que bem se adequa a situaccedilotildees em

que a forma da questatildeo de pesquisa relaciona-se a questotildees explanatoacuterias onde natildeo se exige

controle sobre eventos comportamentais e que focaliza eventos contemporacircneos Os estudos

de caso podem incluir as e mesmo ser limitados agraves evidecircncias quantitativas (Yin 2001 pp

24-25)

O estudo de caso deve permitir ao investigador construir descriccedilotildees interpretaccedilotildees e

explicaccedilotildees originais que conduzam a conclusotildees e recomendaccedilotildees mostrando que foram

coletadas e avaliadas evidecircncias relevantes (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 63)

A escolha do estudo de caso como estrateacutegia de pesquisa deveu-se ao fato de ser pouco

conhecida a influecircncia dos fatores ambientais na ocorrecircncia de quedas no meio hospitalar

questatildeo jaacute mais explorada em domiciacutelio e instituiccedilotildees de longa permanecircncia e abrangendo

mais especificamente a populaccedilatildeo de idosos sendo o fenocircmeno pesquisado no seu contexto

real

Trata-se de estudo retrospectivo pois os indiviacuteduos satildeo seguidos do efeito para a

causa No estudo longitudinal retrospectivo se conhece o efeito e se busca a causa (Bordalo

2006)

Segundo Szklo (2002 p16)

ldquoQuando o investigador tem interesse em identificar fatores de risco (fatores

etioloacutegicos) o desenho mais eficiente em ambiente hospitalar eacute o estudo de

casos e controles tambeacutem conhecido como estudo retrospectivo Podem-se

conduzir estudos de casos e controles em um ou mais hospitais bem como

incluir pacientes hospitalizados ou ambulatoriais Comparado com estudos de

coorte este tipo de estudo eacute relativamente barato geralmente de menor duraccedilatildeo e exige uma amostra menorrdquo

31

Foi utilizada a teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa

As ldquoavaliaccedilotildees qualitativas contribuem com a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos e

as anaacutelises quantitativas datildeo uma ordem de grandeza do risco vinculado ao fenocircmenordquo (Lima

2012 p72)

Na teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa os dados satildeo descritivos compreendendo a

descriccedilatildeo de pessoas de acontecimentos e reaccedilotildees e mesmo a transcriccedilatildeo de relatos A

preocupaccedilatildeo central natildeo satildeo as mediccedilotildees mas sim as descriccedilotildees e interpretaccedilotildees dos fatos

(Martins amp Theoacutephilo 2009)

Martins amp Theoacutephilo (2009) enfatizam que o estudo de caso pede avaliaccedilatildeo

qualitativa uma vez que tem como objetivo a anaacutelise de uma unidade social que eacute analisada

profunda e intensamente

32 Local do Estudo

O estudo foi realizado em um hospital puacuteblico de porte extra universitaacuterio localizado

no municiacutepio de Satildeo Paulo e faz parte de um complexo hospitalar que ocupa uma aacuterea total de

352 mil metros quadrados com cerca de 2200 leitos Tem como oacutergatildeo responsaacutevel a

Secretaria de Estado da Sauacutede

O hospital escolhido conta com 843 leitos e atende predominantemente pacientes do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mas estende seu atendimento a pacientes conveniados

Oferece atendimento meacutedico-hospitalar ambulatorial por imagem e som serviccedilos

psicossocial e terapecircutico Abrange especialidades de cliacutenica meacutedica ciruacutergica e

traumatologia sendo referecircncia em transplante de fiacutegado adulto pacircncreas rim coacuternea pele e

medula oacutessea As enfermarias apresentaram no ano de 2013 taxa de ocupaccedilatildeo de 779

33 Procedimentos de Coleta dos Dados

Em se tratando de estudo de caso as atividades de coleta de dados devem ser

realizadas pelo pesquisador-autor que ldquoteraacute mais condiccedilotildees de continuamente estar pensando

e agindo na busca de relaccedilotildees entre a questatildeo de pesquisa que deseja responder as

proposiccedilotildees (teoria preliminar) que carecem de demonstraccedilotildees e a coleta dos dados e

evidecircnciasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p65)

Yin pondera que as evidecircncias para um estudo de caso podem vir de seis fontes

distintas documentos registros em arquivo entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo

participante e artefatos fiacutesicos As informaccedilotildees documentais satildeo relevantes a todos os toacutepicos

32

do estudo de caso Tais documentos podem ser correspondecircncias agendas e minutas de

reuniotildees relatoacuterios de eventos em geral O seu uso mais importante eacute ldquocorroborar e valorizar

as evidecircncias oriundas de outras fontesrdquo (Yin 2001 p 111)

Segundo Yin (2001) p 121) ldquo o uso de vaacuterias fontes de evidecircncias nos estudos de

caso permite que o pesquisador dedique-se a uma ampla diversidade de questotildees histoacutericas

comportamentais e de atitudesrdquo

Assim ldquoqualquer descoberta ou conclusatildeo em um estudo de caso provavelmente seraacute

muito mais convincente e acurada se se basear em vaacuterias fontes distintas de informaccedilatildeo

obedecendo a um estilo corroborativo de pesquisardquo (Yin 2001 p 121)

A pesquisa de campo eacute segundo Lakatos amp Marconi 1991 utilizada para a busca de

informaccedilotildees ou conhecimentos na procura de resposta para um problema atraveacutes da

observaccedilatildeo dos fenocircmenos como ocorrem espontaneamente coletando dados e registrando

variaacuteveis que possam estar relacionadas e posteriormente analisaacute-los

Nogueira (1968) como citado em Lakatos amp Marconi (1991 p 211) define formulaacuterio

como sendo ldquouma lista formal um cataacutelogo ou um inventaacuterio destinado agrave coleta de dadosrdquo O

preenchimento eacute feito pelo proacuteprio pesquisador atraveacutes de observaccedilatildeo ou interrogatoacuterio

Segundo Mello amp Turrioni (2007 p51)

ldquoA observaccedilatildeo eacute uma taacutetica de coleta de dados para conseguir informaccedilotildees e

utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados aspectos da realidade Natildeo

consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou fenocircmenos que se desejam estudar Desempenha papel importante nos

processos observacionais no contexto da descoberta e obriga o investigador a

um contato mais direto com a realidaderdquo

A observaccedilatildeo cientiacutefica ldquoeacute planejada sistematicamente eacute registrada metodicamente e

estaacute relacionada a proposiccedilotildees mais gerais em vez de ser apresentada como uma seacuterie de

curiosidades interessantes estaacute sujeita a verificaccedilotildees e controles sobre a validade e

seguranccedilardquo (Mello amp Turrioni 2007 p 51)

Na observaccedilatildeo estruturada ou sistemaacutetica ldquoo observador sabe o que procura e o que

carece de importacircncia em determinada situaccedilatildeo deve ser objetivo reconhecer possiacuteveis erros

e eliminar sua influecircncia sobre o que vecirc ou recolhe (Mello amp Turrioni 2007 p51)

A figura 7 mostra os pontos fortes e limitaccedilotildees do uso da observaccedilatildeo como taacutetica para

coleta de dados

33

Pontos fortes Limitaccedilotildees

Possibilita meios diretos e satisfatoacuterios para

estudar uma ampla variedade de fenocircmenos

O observado tende a criar impressotildees favoraacuteveis ou

desfavoraacuteveis no observador

Exige menos do pesquisador do que as outras

teacutecnicas

A ocorrecircncia espontacircnea natildeo pode ser prevista o que

impede muitas vezes o observador de presenciar o

fato

Permite a coleta de dados sobre um conjunto de

atitudes comportamentais tiacutepicas

Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do

pesquisador

Depende menos da introspecccedilatildeo ou da reflexatildeo A duraccedilatildeo dos acontecimentos eacute variaacutevel pode ser

raacutepida ou demorada e os fatos podem ocorrer

simultaneamente nos dois casos torna-se difiacutecil a

coleta de dados

Permite a evidecircncia de dados natildeo constantes do

roteiro de entrevistas ou de questionaacuterios

Vaacuterios aspectos da vida cotidiana particular podem

natildeo ser acessiacuteveis ao pesquisador

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo

Fonte Mello amp Turrioni 2007

Para este estudo foi realizado o levantamento a partir das notificaccedilotildees de incidentes

relacionados agraves quedas no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 para caracterizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo O grupo de elementos escolhido para compor a amostra foi feito intencionalmente

de acordo com criteacuterios estabelecidos

Foram selecionadas 6 unidades de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica que ocuparam as

primeiras seis posiccedilotildees na frequecircncia de ocorrecircncia de quedas segundo os dados coletados a

partir das notificaccedilotildees de incidentes Estes leitos satildeo destinados a internaccedilatildeo de indiviacuteduos

adultos de ambos os sexos com ambientes de acomodaccedilatildeo de diferentes dimensotildees para 1 2

4 ou 6 leitos O criteacuterio de exclusatildeo foi a realizaccedilatildeo de reforma preacutevia planejada e conduzida

sob a supervisatildeo do setor de Arquitetura e Engenharia Hospitalar da instituiccedilatildeo

A teacutecnica da coleta de dados utilizada nesta pesquisa foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes

nas unidades e das plantas das unidades

O formulaacuterio utilizado foi elaborado pela autora com base nas legislaccedilotildees e fatores

ambientais citados na literatura que podem estar relacionados a queda visando a adequaccedilatildeo

do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a perspectiva de avaliaccedilatildeo de riscos e

melhoria da seguranccedila Este formulaacuterio serviu como roteiro para a visita de campo

direcionando a inspeccedilatildeo dos itens relacionados a dimensotildees dos diferentes tipos de quartos

instalaccedilotildees dispositivos de seguranccedila e mobiliaacuterio no momento da observaccedilatildeo (APEcircNDICE

34

A) Os ambientes do quartos e banheiros foram fotografados para visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo

espacial do mobiliaacuterio As medidas dos quartos foram analisadas a partir das plantas

fornecidas pelo setor de engenharia e arquitetura

O periacuteodo de coleta foi de 1 a 30 de novembro de 2014

34 Procedimentos e Anaacutelise de Dados

Foi desenvolvido um banco de dados que permitiu a revisatildeo de evidecircncias com o

intuito de aumentar a confiabilidade do estudo O resultado das observaccedilotildees e das notificaccedilotildees

de incidentes pesquisados foram armazenados para que os dados possam ser prontamente

recuperaacuteveis para inspeccedilatildeo ou nova leitura Manter um encadeamento de evidecircncias tambeacutem

aumenta a confiabilidade das informaccedilotildees de um estudo de caso o que ldquoconsiste em permitir

que um observador externo - o leitor do estudo de caso por exemplo - possa perceber que

qualquer evidecircncia proveniente de questotildees iniciais da pesquisa leve agraves conclusotildees finais do

estudo de casordquo (Yin 2001 p127)

Yin (2001 p127) discorre que

ldquo a anaacutelise de dados consiste em examinar categorizar classificar em

tabelas ou do contraacuterio recombinar as evidecircncias tendo em vista proposiccedilotildees

iniciais de um estudordquo

Martins amp Theoacutephilo (2009 p69) relatam que ldquo natildeo haacute um roteiro para se analisar

os resultados de um estudo desta naturezacada caso eacute um casordquo

As proposiccedilotildees teoacutericas que

ldquo refletem o conjunto de questotildees da pesquisa as revisotildees feitas na

literatura sobre o assunto e as novas interpretaccedilotildees que possam surgirrdquo

constituem uma boa estrateacutegia a ser seguida na anaacutelise de dados permitindo a

produccedilatildeo de ldquoconclusotildees analiacuteticas irrefutaacuteveis e eliminar interpretaccedilotildees

alternativasrdquo (Yin 2001 p 129)

Os resultados foram analisados com base comparativa na literatura salientando as

evidecircncias relevantes que devem ser todas as encontradas Em relaccedilatildeo agrave aacuterea fiacutesica deveratildeo

ser considerados os itens que estatildeo ou natildeo em conformidade com a legislaccedilatildeo vigente

35 Aspectos Eacuteticos da Pesquisa

O projeto foi submetido agrave aprovaccedilatildeo da Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de

Pesquisa (CAPPESQ) da instituiccedilatildeo com parecer de aprovaccedilatildeo nordm 940006 de 27 de janeiro de

2015

Como o estudo natildeo envolveu nenhum tipo de abordagem a pacientes ou profissionais

natildeo se aplica a exigecircncia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) exigido

35

em toda pesquisa em que estejam envolvidos indiviacuteduos grupos ou seus representantes legais

que devem manifestar a sua anuecircncia em participar da pesquisa (Resoluccedilatildeo Nordm 466 2012)

36

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para se apurar o contexto de um incidente as informaccedilotildees devem abranger quatro classes

as caracteriacutesticas dos doentes as caracteriacutesticas do incidente os fatoresperigos contribuintes

e as consequecircncias organizacionais decorrentes da ocorrecircncia Entre as caracteriacutesticas dos

doentes estatildeo os dados demograacuteficos as relacionadas ao incidente satildeo aquelas que informam

as circunstacircncias em que o incidente ocorreu (como onde e quando) os fatores contribuintes

satildeo as circunstacircncias accedilotildees ou influecircncias que podem ter contribuiacutedo para a origem

desenvolvimento ou aumento do risco de um incidente e por fim as consequecircncias

organizacionais dizem do impacto do incidente sobre a organizaccedilatildeo tais como aumento da

utilizaccedilatildeo de recursos para prestar cuidados adicionais ao doente repercussotildees negativas

veiculadas pela comunicaccedilatildeo social consequecircncias legais devidas a resultados cliacutenicos ou

terapecircuticos negativos para o doente (OMS 2011)

Foram avaliadas notificaccedilotildees de 922 incidentes ocorridos de janeiro a junho de 2014 dos

quais 205 foram quedas (2223)

Com base nestes conceitos foi feita anaacutelise estatiacutestica descritiva na distribuiccedilatildeo de

frequecircncia dos dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo referido conforme

apresentado na Tabela 2

Os dados da pesquisa apontaram que em 205 quedas ocorridas entre janeiro e junho

de 2014 a idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 5663 anos sendo que natildeo

houve diferenccedila entre homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a

ocorrecircncia da queda foi de 14 dias Ao contraacuterio de outros estudos a idade meacutedia eacute inferior a

60 anos bem como o tempo meacutedio de ocorrecircncia que foi maior Como visto no estudo

realizado por Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006 com pacientes

hospitalizados a idade meacutedia foi de 673 anos e o tempo meacutedio de internaccedilatildeo ateacute a ocorrecircncia

foi de 119 dias Outras pesquisas trazem a prevalecircncia de quedas na faixa etaacuteria de 60 anos

ou mais (Costa Monteiro Memesath amp Almeida 2011 Paiva et al 2010 Correa et al 2012

Abreu et al 2012 e Inoue Matsuda Melo Murassaki amp Hayakawa 2011)

Nesta pesquisa houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo

noturno (50) Em relaccedilatildeo agrave prevalecircncia no sexo masculino este resultado vai ao encontro

dos apresentados por Paiva et al 2010 Costa et al 2011 Carneiro et al 2011e Inoue et al

2011) O turno noturno tambeacutem foi mais frequente nas pesquisas de Paiva et al 2010 (637)

e de Correa et al 2012 (413)

37

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo de janeiro

a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

N = 205

Caracteriacutesticas Meacutedia n

idade (meacutedia) 5663

dias de internaccedilatildeo (meacutedia) 1402

Sexo

Feminino

83 41

Masculino

122 59

Turno

Manhatilde

54 26

Tarde

42 21

Noturno

103 50

natildeo informado

6 3

Local

Banheiro

50 24

Quarto

89 43

corredor

13 6

saguatildeo do PS

6 3

SECSEM do PS

3 1

locais de exame

7 4

outros

8 5

natildeo informado

29 14

Altura

cadeiracadeira de rodaspoltrona

20 10

camaleitomaca

48 23

mesa ciruacutergicaexame

2 1

proacutepria altura

108 53

outros

1 05

natildeo presenciado

1 05

natildeo informado

25 12

Dano

Sim

61 30

Natildeo

122 59

natildeo informado 22 11

Fonte Resultados da pesquisa

Quanto ao local da queda 43 ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando

67 de ocorrecircncias no ambiente destinado agrave acomodaccedilatildeo do paciente durante a internaccedilatildeo O

quarto tambeacutem foi o local mais frequente de quedas nos estudos de Correa et al 2011 e

Abreu et al 2012 o que poderia ser explicado pelo fato de ser onde os pacientes permanecem

mais tempo

38

Em 53 dos incidentes a queda ocorreu da proacutepria altura 23 da cama leito ou

maca 12 dos casos a altura natildeo foi informada 10 da cadeira poltrona cadeira de rodas

1 da mesa ciruacutergicaexames e em 2 a queda natildeo foi presenciada ou outros

Das 205 quedas notificadas 122 (59) natildeo resultaram em danos constatados ou

referidos pelo paciente Em 62 eventos (30 ) ocorreu algum tipo de dano e em 21 casos

(11) esta informaccedilatildeo natildeo constava das notificaccedilotildees Entre os danos as mais frequentes

foram escoriaccedilotildees (43) seguida de ferimentos corto contusoslesotildees (21) sendo que em

dois casos foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de sutura Em 36 dos casos as lesotildees foram reunidas

em um grupo denominado ldquooutrosrdquo variando de dor referida pelo paciente agrave perda de

consciecircncia em duas ocorrecircncias fratura oacutessea em um caso hematoma subgaleal e deiscecircncia

de ferida operatoacuteria em outras duas situaccedilotildees

Em 164 ocorrecircncias (79) natildeo foram solicitados exames complementares ou natildeo foi

registrada na ficha de notificaccedilatildeo poreacutem em 42 (21) eles foram necessaacuterios Os mais

frequentes foram as tomografias computadorizadas (n= 24 57) solicitaccedilatildeo de RX foram 10

(24) e em dois casos foram necessaacuterios RX e tomografia computadorizada (5) e outros

tipos de exames somaram 6 casos (14)

As seis unidades de internaccedilatildeo onde ocorreu maior frequecircncia de quedas foram

Cliacutenica Meacutedica (10) Retaguarda do Pronto Socorro (8) Transplante Renal (7)

Nefrologia (6) Moleacutestia Infecciosas e Cirurgia Vascular (5 cada uma) A maior

porcentagem de quedas ocorreu nas aacutereas de Pronto Socorro (saguatildeo salas de emergecircncia

observaccedilatildeo e cuidados intensivos) somando 21 poreacutem natildeo constitui foacuterum deste estudo

que se restringiu agraves unidades de internaccedilatildeo Os restantes 38 ficaram distribuiacutedos em outras

18 unidades

A Tabela 3 traz a distribuiccedilatildeo dos locais de ocorrecircncia onde as quedas foram mais

frequentes considerando quarto e banheiro que somam os maiores valores

39

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde predominaram os

eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

Unidade local Quarto Banheiro Outros

Cliacutenica Meacutedica 30 55 15

Retaguarda do PS 18 52 30

Cirurgia Vascular 70 0 30

Unidade de

Transplante Renal44 21 25

Nefrologia 36 27 27

Moleacutestias

Infecciosas60 10 30

Fonte Resultados da Pesquisa

Observa-se que a frequecircncia de quedas foi significativamente maior no quarto nas

unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias Infecciosas onde haacute maior nuacutemero de pacientes

restritos ao leito seja pelas alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora na primeira e pela gravidade na

segunda

Considerando que a ocorrecircncia de quedas foi de 205 casos em seis meses podemos

considerar este evento como frequente de gravidade moderada (30 resultaram em dano aos

pacientes) e de alta detecccedilatildeo

A Tabela 4 apresenta a distribuiccedilatildeo das unidades visitadas e o atendimento aos

quesitos do formulaacuterio utilizado para registro dos dados levantados com base nas

recomendaccedilotildees de adequaccedilatildeo do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a

perspectiva da seguranccedila e avaliaccedilatildeo de riscos

Na unidade de Cliacutenica Meacutedica onde ocorreu o maior nuacutemero de quedas (10 de

todas as quedas notificadas) entre as aacutereas selecionadas dos 17 quesitos diretamente

relacionados a quedas do roteiro de inspeccedilatildeo elaborado (excluindo-se os itens referentes agraves

pias) natildeo foram atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em todos

os quartos mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os quartos e iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos A unidade de Retaguarda do Pronto Socorro (8 das quedas) teve os

seguintes quesitos natildeo atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em

todos os quartos iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e mobiliaacuterios com rodiacutezios e

travas em todos os quartos Por sua vez as unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias

Infecciosas onde ocorram 5 das quedas em cada uma delas tiveram 9 e 8 quesitos natildeo

atendidos respectivamente As unidades de Nefrologia (6 das quedas) e Transplante Renal

(7 das quedas) tambeacutem tiveram 9 itens natildeo atendidos Estes resultados alertam para

intervenccedilatildeo nestas aacutereas pois estatildeo em risco de novas e mais frequentes ocorrecircncias

40

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades visitadas

2014 Satildeo Paulo Brasil

Embora os sistemas de chamada de enfermagem estivessem presentes em todas as

unidades em todas elas havia vaacuterios dispositivos que natildeo funcionavam Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

UnidadeMoleacutestias

Infecciosas

Retaguarda

do Pronto

Socorro

Cliacutenica

MeacutedicaNefrologia

Transplant

e Renal

Cirurgia

Vascular

Quesito atende natildeo atende

Dimensotildees miacutenimas por

quartoleitoatende atende atende atende atende atende 100

Banheiro exclusivo para

cada quartoatende atende atende atende atende atende 100

Barras de apoio no box em

todos os banheirosatende atende atende atende natildeo atende atende 83 17

Barras de apoio proacuteximas ao

vaso sanitaacuterioatende atende atende atende atende atende 100

Pia agrave entrada do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Pia dentro do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Sistema de chamada de

enfermagematende atende atende atende atende atende 100

Interruptor de luz acessiacutevel natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso em perfeitas condiccedilotildees

em todos os quartosatende natildeo atende natildeo atende atende atende natildeo atende 50 50

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em

todos os leitos atende natildeo atende atende

presente mas

faltam

lacircmpadas

natildeo atende natildeo atende 33 67

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente mas

natildeo funcionanatildeo atende

presente

mas natildeo

funciona

84 16

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os

quartos

atende atende atende natildeo atende atende atende 84 16

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem atende atende atende atende atende natildeo atende 84 16

Camas com grades em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas comtravas em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas eleacutetricas em todos os

leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Escada de 2 degraus

presente em todos os leitos

e com ponteira de borracha

natildeo atendenatildeo se

aplica

natildeo se

aplicanatildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Mobilaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartosnatildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

atende atende atende atende atende atende 100

41

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia estivesse presente em todas

elas natildeo funcionava

Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os

quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado a ocorrecircncia

de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados)

Os itens seguintes natildeo satildeo atendidos na maioria das unidades (67 cada) camas com

grades em todos os leitos camas com travas em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os

leitos e escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Os

quesitos alertam quanto ao fato de que 23 de todas as quedas notificadas ocorreram da cama

ou leito camas hospitalares altas sem ajuste de altura pois natildeo satildeo eleacutetricas sem travas e

sem escadas para auxiliar a saiacuteda do leito

A RDC nordm 50 (p44 ANEXO 1) recomenda que os quartos tenham dimensotildees miacutenimas

por leito (6 msup2) distacircncia entre os leitos (1 m) distacircncia entre peacute do leito e parede (12 m) e

entre leitos (05 m) Embora estabeleccedila que na pediatria e na geriatria devam ser previstos

espaccedilos para poltrona de acompanhante ao lado do leito e para berccedilo ao lado da cama da matildee

no caso de alojamento conjunto considera que as metragens quadradas permaneccedilam as

mesmas citadas na tabela

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (Vigilacircncia Sanitaacuteria) investiga se os

dormitoacuterios obedecem aos padrotildees estabelecidos pela legislaccedilatildeo vigente se haacute distacircncia

miacutenima entre dois leitos que permita a faacutecil circulaccedilatildeo sendo as respostas para estas questotildees

sim ou natildeo natildeo especificando dimensotildees

Considerando as recomendaccedilotildees da RDC nordm 50 as unidades estudadas atendem os

requisitos de dimensotildees miacutenimas para os quartos de 2 4 e 6 leitos Entretanto a referida RDC

natildeo considera o espaccedilo para a colocaccedilatildeo de outros mobiliaacuterios necessaacuterios ao atendimento e

conforto do paciente como mesa de cabeceira mesa de refeiccedilatildeo e poltrona para

posicionamento de pacientes Ao se dispor todos estes itens mesmo o ambiente atendendo as

recomendaccedilotildees de dimensotildees miacutenimas o espaccedilo torna-se reduzido dificultando a circulaccedilatildeo

de pacientes e profissionais sem esbarrarem nos mobiliaacuterios o que pode prejudicar seu

equiliacutebrio e propiciar a ocorrecircncia de quedas

As Figuras 8 e 9 trazem imagens da distribuiccedilatildeo tiacutepica dos mobiliaacuterios nos ambientes

de internaccedilatildeo das unidades estudadas que literalmente se acumulam deixando reduzido

espaccedilo para circulaccedilatildeo e natildeo atendendo agrave recomendaccedilatildeo de distacircncia entre o leito e a parede

42

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de

cabeceira e suporte de soro contiacuteguos

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

Quanto agraves instalaccedilotildees sanitaacuterias questionam se estatildeo no mesmo pavimento das

enfermarias e se haacute um chuveiro para cada seis leitos O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospital

Geral da Coordenaccedilatildeo de Fiscalizaccedilatildeo Sanitaacuteria do Estado do Rio de Janeiro quanto a

banheiro para pacientes fala de um para cada quarto ou enfermaria que deve ter acesso direto

a um banheiro podendo este servir no maacuteximo a 2 enfermarias Nem um dos dois roteiros de

vistoria acata a RDC nordm 50 (2002) que prevecirc banheiro para pacientes em cada quarto ou

enfermaria Novamente natildeo se estabelece dimensotildees

43

Para as unidades estudadas todos os quartos contam com banheiro privativo

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (ANEXO 2) indaga se os chuveiros estatildeo

instalados em box com dimensotildees internas compatiacuteveis com banho em posiccedilatildeo assentada e

dotados de aacutegua quente

Tais requisitos natildeo parecem suficientes pois como se observa na Figura 10 abaixo a

cadeira higiecircnica eacute robusta e ocupa praticamente todo o espaccedilo do box impossibilitando a

permanecircncia do profissional acompanhando ou executando a higienizaccedilatildeo do paciente Aleacutem

disso natildeo haacute cinto de seguranccedila que impeccedila o arremesso do tronco para frente

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box

As Figuras 11 e 12 exibem os mobiliaacuterios habituais disponibilizados para o

atendimento dos pacientes A mesa de refeiccedilatildeo tem apenas dois rodiacutezios e sem trava A mesa

de cabeceira embora com peacutes fixos eacute de metal e com cantos pontiagudos que ao se chocarem

com o corpo do paciente podem provocar ferimentos

44

A figura 13 mostra a presenccedila das barras de apoio proacuteximas dispostas nas laterais do

vaso sanitaacuterio permitindo o alcance do paciente caso seja necessaacuterio

Durante o transcorrer do estudo uma medida de melhoria implementada foi a

substituiccedilatildeo de todas as camas por eleacutetricas em duas das unidades aumentando para de 33

para 50 as aacutereas que atendem este quesito

Quatro outras unidades do hospital jaacute passaram por reformas planejadas pela

arquitetura hospitalar com adequaccedilatildeo do nuacutemero de leitos ao espaccedilo disponiacutevel piso

iluminaccedilatildeo sistema de chamada de emergecircncia e de enfermagem barras de apoio e assentos

fixos nos banheiros

Para as aacutereas estudadas apenas uma delas jaacute possui projeto para reforma

Figura 11 Mesa de refeiccedilatildeo Figura 12 Mesa de cabeceira

45

Figura 11 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio

dispostas proacuteximas nas laterais

46

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA

Este estudo teve como principal objetivo avaliar a estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo de um hospital puacuteblico buscando analisar se as mesmas cumpriam a legislaccedilatildeo

vigente visto que na literatura como pode-se observar durante esta dissertaccedilatildeo existem alguns

pontos essenciais para garantir a seguranccedila do paciente no que se refere ao risco de queda

Pode-se entender que a gestatildeo do risco de queda de pacientes internados dentre vaacuterios

fatores deve existir a preocupaccedilatildeo com a estrutura fiacutesica do ambiente hospitalar

A principal contribuiccedilatildeo praacutetica deste estudo foi apresentar essa relaccedilatildeo do risco de queda

pela estrutura fiacutesica hospitalar das unidades de internaccedilatildeo estudadas e propondo a inclusatildeo

nos protocolos de gestatildeo de queda dos pacientes internados dos hospitais o item de anaacutelise de

estrutura fiacutesica

Para fidelizar essa proposta criamos um instrumento de apoio para todos os hospitais

sejam puacuteblicos ou privados utilizarem facilitando a identificaccedilatildeo de possiacuteveis natildeo

conformidades neste quesito arquitetura hospitalar

Deixa-se aqui uma sugestatildeo embasada na literatura cientiacutefica e legislaccedilatildeo vigente dos

itens relacionados a estrutura fiacutesica que devem ser avaliados como fatores de risco de queda

(Figura 14)

Esta proposta busca nortear os gestores quanto agraves necessidades de incluir a gestatildeo do

risco de queda no planejamento de construccedilotildees e reformas de edificaccedilotildees destinadas a

prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no acircmbito hospitalar

Os profissionais de arquitetura e engenharia hospitalar devem ter conhecimento dos

mobiliaacuterios pretendidos para acomodaccedilatildeo e atendimento do paciente considerando suas

proporccedilotildees em relaccedilatildeo aos ambientes e o espaccedilo ocupado por cada peccedila computado no

caacutelculo das dimensotildees dos quartos por leito

Eacute necessaacuteria a constataccedilatildeo da presenccedila e funcionalidade de dispositivos de seguranccedila

como as grades travas e regulaccedilatildeo de altura das camas ou escadas que propiciem a saiacuteda

segura do leito

A iluminaccedilatildeo deveraacute ser avaliada quanto agrave presenccedila tipo funcionamento e

efetividade Dispositivos como interruptores de acionamento de iluminaccedilatildeo e sistemas de

chamada devem estar instalados de modo a propiciar o alcance do usuaacuterio

Outra questatildeo a ser considerada eacute a circulaccedilatildeo segura no ambiente de internaccedilatildeo

garantida pela integridade do piso e se eacute mantido seco ausecircncia de obstaacuteculos como cabos e

extensotildees nos quais o paciente possa tropeccedilar e perder o equiliacutebrio

47

Figura 12 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar

Itens para inspeccedilatildeo Recomendaccedilatildeo

dimensotildees miacutenimas por leitomobiliaacuterio 800 msup2

distacircncia entre leitos 100 m

distacircncia entrte a lateral do leito e parede 050 m

distacircncia entre o peacute do leito e parede 120 m

espaccedilo aproximado reservado para cama hospitalar 220 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de cabeceira 125 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de refeiccedilatildeo 032 msup2

espaccedilo aproximado reservado para poltrona 180 msup2

iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e funcionando

banheiro exclusivo para cada quarto

dimensotildees miacutenimas do box do banheiro 100 msup2

Barras de apoio no box em todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas a todos os vasos sanitaacuterios em todos os banheiros

Sistema de chamada de Enfermagem para cada leito e funcionando

Interruptor de luz acessiacutevel para cada leito e ao alcance do paciente

Piso em perfeitas condiccedilotildees em todos os quartos integridade do material que o constitui

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e funcionando com

acionador ao alcance do paciente

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos e funcionando

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem

acima das portas de cada quarto com sinal

luminoso e sonoro

Cama com grades em todos os leitos

Camas com travas nas rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas ou com ajuste de altura em todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em todos os leitos

Piso seco continuamente Fonte Autor

48

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES

O objetivo geral deste estudo foi avaliar a estrutura fiacutesica das unidades de internaccedilatildeo

de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital de grande porte e a sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

A RDC nordm 50 traz como recomendaccedilatildeo de dimensotildees miacutenimas para quarto de dois

leitos 7 msup2leito e 6msup2leito para quartos de 3 a 6 leitos Nas unidades estudadas predominam

os quartos de 24 e 6 leitos A distacircncia miacutenima entre leitos deve ser de 1m da lateral da cama

e parede 050m e entre o peacute do leito e parede 12m Em relaccedilatildeo agraves dimensotildees miacutenimas dos

quartos proporcional ao nuacutemero de leitos 100 das unidades estatildeo em conformidade com a

legislaccedilatildeo

Outros fatores relacionados agrave seguranccedila e prevenccedilatildeo de quedas satildeo os sistemas de

iluminaccedilatildeo que aleacutem de presentes devem funcionar e os valores de iluminacircncia serem

adequados para os diferentes objetivos conforme Norma Brasileira (NBR) 541392 Os

sistemas de chamada de enfermagem devem ter ser dispositivos iacutentegros e ao alcance do

paciente

A escolha do tipo de piso deve considerar a relaccedilatildeo do dano causado pela queda com

relaccedilatildeo agrave absorccedilatildeo do impacto poreacutem natildeo eacute item previsto pela legislaccedilatildeo vigente A

manutenccedilatildeo do piso seco eacute medida recomendada

A presenccedila de grades travas e altura das camas mostram-se como fatores de impacto

na reduccedilatildeo destes incidentes evidenciados em publicaccedilotildees especiacuteficas

Quanto ao objetivo especiacutefico da pesquisa identificaccedilatildeo das medidas de seguranccedila

existentes para prevenccedilatildeo de quedas concluiu-se que embora as dimensotildees estejam em

conformidade com as recomendaccedilotildees ao considerarmos os mobiliaacuterios que habitualmente

compotildeem a unidade do paciente temos a cama com dimensotildees aproximadas de 225 m de

comprimento e 100 de largura a mesa de cabeceira em meacutedia com 050 m de largura por

050m de comprimento mesa de refeiccedilatildeo com base de 040m de largura X 080m de

comprimento poltrona reclinaacutevel medindo 077m de largura por 165m de profundidade total

aberta A disposiccedilatildeo ambiental destes objetos ocupa aproximadamente 5 27 msup2 de aacuterea

restando somente 073m da aacuterea total do quarto disponiacutevel para circulaccedilatildeo do profissional que

presta cuidados aos pacientes De modo geral os quartos da instituiccedilatildeo possuem aacuterea em

torno de 14msup2 para dois leitos O comprimento da cama (225 m) acrescido da largura da

mesa de refeiccedilatildeo (040m situada aos peacutes da cama) somando 265 m eacute disposto na largura do

quarto (333m) restando 068 m do peacute do leito ateacute a parede (recomendado eacute de 120m) e

49

passagem No sentido do comprimento do quarto soma-se as larguras da cama (100 m) da

mesa de cabeceira (050 m) da poltrona (077 m) e a distacircncia da lateral do leito ateacute a parede

(050 m) distacircncia entre os leitos de 100 m resultando em 377 m do total de 418 m Se

outros itens forem necessaacuterios como escada de dois degraus quando natildeo haacute cama eleacutetrica

suporte de soro e cadeira para visitante haacute maior restriccedilatildeo de espaccedilo disponiacutevel propiciando

choques do usuaacuterio e profissionais contra suas estruturas

Outros quesitos em conformidade em 100 das unidades foram banheiros exclusivos

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistema de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo

O banheiro privativo possui dimensotildees em torno de 375 msup2 e a aacuterea destinada ao box

027 msup2 contudo cadeira higiecircnica ocupa cerca 025msup2 natildeo restando espaccedilo para que o

colaborador permaneccedila ao lado do paciente

Barras de apoio no box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os

quartos iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo

itens atendidos na maioria das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia

estivesse presente em todas elas natildeo funcionava em nenhum quarto A sinalizaccedilatildeo de

enfermagem funcionava em todos os quartos mas requer o pronto atendimento agraves chamadas

Em contrapartida os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades Ao sair do leito com as

luzes apagadas por natildeo conseguir acessar o interruptor o paciente fica sujeito aos obstaacuteculos

ocultos pela escuridatildeo Na vigecircncia de instabilidade da marcha eou alteraccedilotildees de equiliacutebrio o

apoio em moacuteveis com rodiacutezio e sem travas podem propiciar a concretizaccedilatildeo da queda

As camas eram de acionamento mecacircnico em quatro das seis unidades

impossibilitando o ajuste de altura e o apoio dos peacutes do paciente no chatildeo ao sair do leito As

escadas de dois degraus quando disponiacuteveis natildeo possuem barras laterais para apoio e natildeo

apresentam ponteiras de borracha proporcionando situaccedilatildeo de instabilidade A falta de cama

com grades em todos os leitos submete o paciente ao risco de queda do leito em inadvertidas

situaccedilotildees de rolamento sobre o colchatildeo durante o sono e em camas de altura muito superior a

que estatildeo habituados em seus domiciacutelios

Accedilotildees implementadas como a substituiccedilatildeo de camas mecacircnicas por eleacutetricas que

permitem o ajuste de altura providenciam uma soluccedilatildeo para a saiacuteda segura do paciente do

leito

50

A composiccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo deve ser considerada apenas

informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as organizaccedilotildees hospitalares utilizam os

espaccedilos disponiacuteveis A robustez de peccedilas de mobiliaacuterio compromete a circulaccedilatildeo o que pode

ser determinante especialmente em situaccedilotildees de atendimento de emergecircncia Tais

consideraccedilotildees apontam a necessidade de descritivos e especificaccedilotildees teacutecnicas que atendam

estas exigecircncias

Os resultados obtidos sugerem que a estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de

influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas desde que outros fatores ambientais

sejam considerados respondendo a questatildeo de pesquisa

Pesquisas adicionais satildeo necessaacuterias para que as recomendaccedilotildees sejam validadas em

organizaccedilotildees de sauacutede e populaccedilatildeo de caracteriacutesticas semelhantes permitindo aos gestores

intervenccedilotildees relacionadas agrave estrutura fiacutesica e ambiente que sejam eficazes na prevenccedilatildeo de

quedas

61 Limitaccedilotildees da Pesquisa

A abordagem qualitativa utilizando dados subjetivos podem levar a diversidade e

imprecisatildeo aleacutem da questatildeo da incerteza da exatidatildeo dos dados registrados nas notificaccedilotildees

dos eventos adversos (Valle 2013)

O observador pode ter criado impressotildees favoraacuteveis ou desfavoraacuteveis sobre o objeto

estudado (Mello amp Turrioni 2007)

O excesso de confianccedila do pesquisador e a certeza com relaccedilatildeo aos dados podem levar

agrave falta de observaccedilatildeo de aspectos diferentes sob enfoques diferentes aleacutem do seu

envolvimento com a situaccedilatildeo pesquisada Considera-se ainda como limitaccedilatildeo o fato do

estudo se ater a apenas um hospital e a escolha de amostra de conveniecircncia

Constituiu limitaccedilatildeo assumida desconsiderar para fins de anaacutelise neste estudo outros

fatores de risco de queda associados a uso de medicamentos alteraccedilotildees de mobilidade e

marcha uso de dispositivos e estado mental

51

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APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA

Unidades

Recomendaccedilatildeo A B C D E F G H I J

Dimensotildees quarto 1 leito

Dimensotildees quarto 2 leitos

Dimensotildees quarto 3 leitos

Dimensotildees quarto 4 leitos

Dimensotildees quarto 5 leitos

Dimensotildees quarto 6 leitos

Banheiro exclusivo para

cada quarto

Barras de apoio no box em

todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas

a todos os vasos sanitaacuterios

Pia agrave entrada do quarto

Pia dentro do quarto

Sistema de chamada de

Enfermagem

Interruptor de luz

acessiacutevel

Piso em perfeitas

condiccedilotildees em todos os

quartos

Iluminaccedilatildeo de cabeceira

em todos os leitos

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

Sinalizaccedilatildeo de

enfermagem

Cama com grades em

todos os leitos

Camas com travas nas

rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas em todos

os leitos

Escada de 2 degraus

presente e com borracha

nas extremidades em

todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em

todos os quartos

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

57

ANEXO 1

58

59

ANEXO 2

Page 3: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FÍSICA DAS …

Maria Aparecida Jesus Menezes

AVALIACcedilAtildeO DA INFLUEcircNCIA DA ESTRUTURA FIacuteSICA DAS UNIDADES DE

INTERNACcedilAtildeO DE CLIacuteNICA MEacuteDICA E CIRUacuteRGICA DE UM HOSPITAL

PUacuteBLICO DE GRANDE PORTE DO MUNICIacutePIO DE SAtildeO PAULO PROPOSTAS

PARA O GERENCIAMENTO DE RISCO DE QUEDAS

EVALUATION ABOUT INFLUENCE OF PHYSICAL STRUCTURE OF INPATIENT

UNITS OF A LARGE PUBLIC HOSPITAL SIZE OF THE MUNICIPALITY OF SAtildeO

PAULO PROPOSALS FOR FALL RISK MANAGEMENT

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de

Mestrado Profissional em Administraccedilatildeo

Gestatildeo em Sistemas de Sauacutede da Universidade

Nove de Julho ndash UNINOVE como requisito

para obtenccedilatildeo do grau de Mestre em

Administraccedilatildeo

Orientadora

Profordf Drordf Chennyfer Dobbins Paes da Rosa

SAtildeO PAULO

2015

MARIA APARECIDA JESUS MENEZES

AVALIACcedilAtildeO DA INFLUEcircNCIA DA ESTRUTURA FIacuteSICA DAS UNIDADES DE

INTERNACcedilAtildeO DE CLIacuteNICA MEacuteDICA E CIRUacuteRGICA DE UM HOSPITAL

PUacuteBLICO DE GRANDE PORTE DO MUNICIacutePIO DE SAtildeO PAULO PROPOSTAS

PARA O GERENCIAMENTO DE RISCO DE QUEDAS

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de

Mestrado Profissional em Administraccedilatildeo

Gestatildeo em Sistemas de Sauacutede da

Universidade Nove de Julho ndash

UNINOVE como requisito para obtenccedilatildeo

do TIacuteTULO DE Mestre em

Administraccedilatildeo pela banca Examinadora

formada por

Satildeo Paulo 24 fevereiro de 2015

_________________________________________________

Presidente Profordf Drordf Chennyfer Dobbins Paes da Rosa

__________________________________________________

Membro

__________________________________________________

Membro

DEDICATOacuteRIA

A minha matildee Almerinda pelo incentivo natildeo me

deixando desistir

Aos meus familiares pelo apoio ao longo desta

jornada

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por me permitir empreender este desafio e onde busquei determinaccedilatildeo para

finalizaacute-lo

A todos os meus familiares pelo estiacutemulo para a busca de novas oportunidades de

conhecimento e progressatildeo pessoal e profissional

A minha orientadora Professora Dra Chennyfer Dobbins Paes da Rosa como condutora e

facilitadora no desenvolvimento deste estudo pelo apoio e incentivo em tantos momentos

tumultuosos de empecilhos cansaccedilo e atribulaccedilotildees

A todos os professores por nos conduzirem neste universo de novos saberes e em especial a

Professora Simone Aquino pelas palavras de apoio no prosseguimento deste projeto

Aos alunos da turma de 2013 pelo companheirismo pelos momentos de descontraccedilatildeo pelas

experiecircncias trazidas Agradecimentos especiais agraves amigas e companheiras de trabalho

Edzangela Flaacutevia Natasha Walquiria Liacutegia e Elizangela

A gerecircncia de Enfermagem pela indulgecircncia no cumprimento de tantas tarefas

RESUMO

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os perigos

do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos portanto o objetivo

desta dissertaccedilatildeo eacute avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e

ciruacutergica de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia

na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando as medidas de seguranccedila

existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas Trata-se de um estudo descritivoexploratoacuterio

tipo estudo de caso A teacutecnica de coleta de dados utilizada foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes e

das plantas das unidades Foram selecionadas seis unidades de internaccedilatildeo onde as quedas

foram mais frequentes no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 As noficaccedilotildees de 205 quedas

ocorridas neste periacuteodo foram analisadas para caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo Dos resultados a

idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 57 anos e natildeo houve diferenccedila entre

homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a ocorrecircncia foi de 14 dias

Houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo noturno (50) 43

ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando 67 das ocorrecircncias Das seis unidades

avaliadas 100 atendem os quesitos dimensotildees miacutenimas por quartoleito banheiro exclusivo

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistemas de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas

em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado agrave

ocorrecircncia de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados) Em 67 das

unidades natildeo havia camas com grades em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os leitos e

escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Conclui-se que a

estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas

desde que outros fatores ambientais sejam considerados Os instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo

devem ser compostos apenas com informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as

organizaccedilotildees hospitalares utilizam os espaccedilos disponiacuteveis Os descritivos e especificaccedilotildees

teacutecnicas de equipamentos e mobiliaacuterios devem ser atualizados e os serviccedilos de sauacutede devem

garantir o adequado funcionamento dos dispositivos e disponibilidade aos usuaacuterios

Palavras-chave gestatildeo de risco incidentes queda

ABSTRACT

We were understand the relationship between falls and environmental hazards is necessary to

identify the hazards of the environment that may influence the occurrence of these events The

aim of this work is to identify risks associated with the physical structure in patient units of

medical and surgical clinics of a public hospital in the city of Satildeo Paulo To evaluate the

influence in the fall of hospitalized patients identifying existing security measures providing

support for the design and construction phases of actions aimed at improving the management

of the risk of falling This is a descriptive study exploratory case study The technique of

data collection used was a survey through scripts characteristic being listed spaces for the

accommodation of patients and plant units We were selected 06 units in the period January-

June 2014The notifications was 205 falls during this period The results the average age of

individuals fall victims was 57 years and there was no difference between men and women

The mean time from admission until the occurrence was 14 days A predominance of falls

among men (59) and at night (50) 43 occurred in the fourth and 24 in the bathroom

totaling 67 of occurrences The 6 units assessed 100 meet the requirements that are

minimum dimensions per room bed exclusive bathroom for each room grab bars near the

toilet nurse call system and dry conditions in all rooms at the time of observation Grab bars

in the box in all bathrooms wake lighting in all rooms fluorescent general lighting in all

rooms and nursing signaling items are served in most units (84) The criteria light switch

accessible and furniture with trundle and locks in all rooms are not seen in 100 of the units

which may be related to the occurrence of falls at night (50 of reported incidents) In 67

of the units had not caged beds in all beds beds with locks on all beds electric beds on all

beds and stair steps in this 2 all beds and rubber tip It follows that the physical structure can

be evaluated as influential in determining the occurrence of falls from other environmental

factors are considered The scales should not be composed only with information about

dimensions but assess how hospital organizations use available space The descriptives and

technical specifications for equipment and furnishings should be updated and health services

should ensure the proper performance of devices and availability to users

Keywords risk management incidents fall

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 3

11 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO 3

12 PROBLEMA DE PESQUISA 7

13 QUESTAtildeO DE PESQUISA 10

14 OBJETIVOS 11

141Geral 11

142 Especiacuteficos 11

15 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA 11

16 ESTRUTURA DO TRABALHO 12

2REFERENCIAL TEOacuteRICO 13

21 GESTAtildeO DE RISCOS CORPORATIVOS 13

22 ANAacuteLISE DE RISCOS 15

23 QUEDAS 18

24 MATRIZ DE RISCO 21

25 FERRAMENTA DE ANAacuteLISE DO MODO E EFEITO DA FALHA (FMEA) 22

26 LEGISLACcedilAtildeO RELACIONADA Agrave VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA 24

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA 28

31 DELINEAMENTO DA PESQUISA 29

32 LOCAL DO ESTUDO 31

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS 31

34 PROCEDIMENTOS E ANAacuteLISE DE DADOS 34

35 ASPECTOS EacuteTICOS DA PESQUISA 34

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 36

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA 46

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES 48

61 LIMITACcedilOtildeES DA PESQUISA 50

REFEREcircNCIAS 51

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA 56

ANEXO 1 57

ANEXO 2 59

1

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

AHRQ Agency for Healthcare Research and Quality

CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de Pesquisa

COSO Committee of Sponsoring Organizations

CRM Clinical Risk Management

EA Eventos Adversos

EAS Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede

ERM Enterprise Risk Management

FERMA Federation of European Risk Management Associations

FMEA Failure Modes and Effects Analysis

GM Gabinete do Ministro

HFMEA Healthcare Failure Modes and Effects Analysis

IS Sinalizaccedilatildeo de Enfermagem

ISO International Organization for Standardization

JCAHO Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations

MS Ministeacuterio da Sauacutede

NAPSA National Patient Safety Agency

NBR Normas Brasileiras

NCPS National Center for Patient Safety

NHS National Health Service

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

RC Responsabilidade Civil

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RNAO Registered Nurses Association of Ontario

RPN Risk Prority Number (Nuacutemero de Prioridade de Risco)

SIH Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VHA Veretans Health Administrtion

VISA Vigilacircncia Sanitaacuteria

2

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos 22

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA 24

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA 24

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS 26

Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000) 28

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa 29

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo 33

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de 42

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

42

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box 43

Figura 13 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio dispostas proacuteximas nas laterais 45

Figura 14 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar 47

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um Hospital

Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil 8

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no

periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 37

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde

predominaram os eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 39

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades

visitadas 2014 Satildeo Paulo Brasil 40

3

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Contextualizaccedilatildeo

O homem como indiviacuteduo ou como parte de organizaccedilotildees sempre esteve agrave procura de

formas de identificar os riscos que ameaccedilam sua existecircncia Nas sociedades primitivas de

cultura agraacuteria a produccedilatildeo atendia apenas suas necessidades imediatas logo a perda de uma

colheita significava desastre certo Organizadas como economias industriais sociedades e

indiviacuteduos seguem tentando compreender e antecipar os riscos que os ameaccedilam procurando

preservar seus bens valiosos (McCaffrey amp Hagg-Rckert 2009)

Risco eacute definido como o efeito da incerteza nos objetivos da organizaccedilatildeo sendo o

efeito um desvio em relaccedilatildeo ao esperado seja ele positivo ou negativo A incerteza eacute ldquoo

estado mesmo que parcial da deficiecircncia das informaccedilotildees relacionadas a um evento sua

compreensatildeo conhecimento sua consequecircncia e a probabilidade de ocorrecircncia associadardquo

(ABNT 2009)

A gestatildeo de risco eacute uma forma de reconhecer que os eventos podem levar a danos e

prevecirc a avaliaccedilatildeo e anaacutelise dos riscos de forma a minimizar sua ocorrecircncia e consequecircncias

Considerar um risco toleraacutevel natildeo significa aceita-lo mas conviver com ele confiando que

estaacute devidamente controlado Nenhuma pessoa deve ser exposta a risco grave a menos que

concorde em aceitaacute-lo (National Health Service - NHS 2008)

A gestatildeo de risco prevecirc a realizaccedilatildeo de ldquoatividades coordenadas para dirigir e controlar

uma organizaccedilatildeo no que se refere ao risco (ABNT 2009)

O Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission COSO

2007 (Comitecirc de Organizaccedilotildees Patrocinadoras do Comeacutercio) eacute uma iniciativa conjunta de

cinco organizaccedilotildees do setor privado e eacute dedicado a fornecer lideranccedila de pensamento atraveacutes

do desenvolvimento de quadros e orientaccedilatildeo sobre gerenciamento de riscos corporativos

controles internos e de dissuasatildeo de fraude As organizaccedilotildees reconhecem e direcionam seus

esforccedilos para a necessidade de se desenvolver uma estrateacutegia capaz de identificar avaliar e

administrar os riscos Nesta perspectiva o gerenciamento de riscos corporativos eacute definido

como um processo conduzido pela organizaccedilatildeo envolvendo o conselho administrativo

diretoria e demais empregados com o objetivo de estabelecer estrateacutegias para identificar

eventos em potencial que podem afetaacute-la administrando os riscos e possibilitando o alcance

de seus objetivos O evento eacute um incidente ou uma ocorrecircncia de causa interna ou externa

4

que pode afetar a realizaccedilatildeo dos objetivos da organizaccedilatildeo O risco eacute a possibilidade de um

evento ocorrer e afetar negativamente a realizaccedilatildeo destes objetivos

A administraccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo natildeo pode prever quando e como ocorreraacute um

evento e o impacto que causaraacute entretanto deve ser capaz de avaliar os riscos de sua

ocorrecircncia Os eventos podem estar relacionados a infraestrutura (disponibilidade de bens

acesso ao capital complexidade) a pessoal (capacidade dos empregados sauacutede e seguranccedila

atividades fraudulentas) a processos (capacidade desenho execuccedilatildeo) ou agrave tecnologia

(integridade de dados disponibilidade de dados e sistemas desenvolvimento alocaccedilatildeo

manutenccedilatildeo) (COSO 2007)

Apoacutes a avaliaccedilatildeo dos riscos pertinentes agraves atividades desenvolvidas eacute necessaacuterio

determinar como a organizaccedilatildeo responderaacute ao risco avaliando seu efeito e impacto custos e

benefiacutecios mantendo-se dentro da toleracircncia estabelecida As respostas da organizaccedilatildeo aos

riscos podem ser de evitaacute-los decidindo descontinuar as atividades que geram riscos A

posiccedilatildeo da organizaccedilatildeo pode ser de reduzir a probabilidade e impacto dos riscos ou ainda de

compartilhamento de uma parte do risco com a aquisiccedilatildeo de produtos de seguro a realizaccedilatildeo

de transaccedilotildees de heading ou a terceirizaccedilatildeo de uma atividade A resposta da organizaccedilatildeo pode

ser aceitaccedilatildeo do risco natildeo adotando nenhuma medida para afetar o grau de impacto dos riscos

(COSO 2007)

O ponto central de uma boa gestatildeo de riscos eacute a identificaccedilatildeo e tratamento dos

mesmos Todos os riscos inerentes agraves atividades da organizaccedilatildeo devem ser metodicamente

avaliados Os riscos podem ter origem em fatores internos e externos riscos financeiros

(creacutedito taxas de juros diferenccedilas cambiais fluxo de caixa e liquidez sistemas de controle

financeiros e sistemas de informaccedilatildeo) riscos estrateacutegicos (concorrecircncia alteraccedilotildees no

consumo alteraccedilotildees da atividade de procura investigaccedilatildeo amp desenvolvimento e capital

intelectual) riscos operacionais (recrutamento cadeia de abastecimento regulamentaccedilotildees

cultura composiccedilatildeo da gestatildeo do topo da organizaccedilatildeo) e perigos (acesso puacuteblico

empregados propriedade bens e serviccedilos contratos eventos naturais fornecedores meio

ambiente (Federation of European Risk Management Associations [FERMA] 2002)

Como os eventos satildeo inesperados as organizaccedilotildees devem implementar accedilotildees para a

reduccedilatildeo do risco gerindo ou controlando qualquer dano futuro ou probabilidade de dano

associado a um incidente Estas accedilotildees abrangem a detecccedilatildeo de fatores atenuantes do dano ou

accedilotildees de melhoria e podem ser proativas ou reativas Accedilotildees proativas podem ser teacutecnicas

como a anaacutelise de modos e efeitos de falha e anaacutelise de probabilidades de risco As ldquoaccedilotildees

5

reativas satildeo as desenvolvidas em resposta a conhecimentos adquiridos apoacutes a ocorrecircncia de

incidentes (por exemplo anaacutelise das causas)rdquo (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede [OMS] 2009)

O termo ldquocultura de seguranccedilardquo apareceu pela primeira vez apoacutes o acidente nuclear de

Chernobyl em 1988 e foi disseminado a vaacuterias induacutestrias com o intuito de melhorar a

seguranccedila e a confiabilidade das organizaccedilotildees Entretanto a extrapolaccedilatildeo para a sauacutede eacute

recente e ainda natildeo haacute consenso nos estudos sobre a forma como a seguranccedila do paciente

deve ser construiacuteda O primeiro passo para as organizaccedilotildees de sauacutede melhorarem a cultura de

seguranccedila eacute definir claramente o conceito fazendo diagnoacutestico do status atual em sua

empresa identificando pontos fortes e fracos para melhores informaccedilotildees e estrateacutegias de accedilatildeo

(Halligan amp Zecevic 2011)

Os hospitais como organizaccedilotildees de alto risco tecircm uma permanente preocupaccedilatildeo em

gerenciar o inesperado A medicina moderna tornou o atendimento cada vez mais complexo

resultando em maiores oportunidades para melhoria dos cuidados mas aumentando o risco de

eventos adversos e danos ao paciente (Briner Kessler amp Manser 2010)

O Processo de Gestatildeo de Risco incorporou-se ao setor da sauacutede nos Estados Unidos haacute

cerca de 30 anos com o objetivo de proteger as organizaccedilotildees de sauacutede contra as perdas

inicialmente atraveacutes da ldquocontrataccedilatildeo de seguros de responsabilidade civil para cobrir

consequecircncias econocircmicas das accedilotildees e processos por maacute praacuteticardquo movidas contra

profissionais eou hospitais Entretanto atualmente a Gestatildeo de risco tornou-se um programa

que visa agrave construccedilatildeo de normas preventivas corretivas e contingentes identificando

mapeando e monitorando os riscos ldquocom foco no processo de trabalho e na contiacutenua reduccedilatildeo

dos danos e perdasrdquo (Feldman 2009a p27 28)

Como os riscos associados agrave assistecircncia natildeo podem ser completamente eliminados o

conceito de Gestatildeo de Risco Cliacutenico (Clinical Risk Management - CRM) surgiu como uma

forma de direcionar os recursos hospitalares para melhorar a seguranccedila do paciente A Gestatildeo

de Risco Cliacutenico refere-se a uma forma especiacutefica de gestatildeo de risco com foco em processos

cliacutenicos direta e indiretamente relacionados ao paciente Compreende todas as estruturas

processos instrumentos e atividades que permitam aos profissionais identificar analisar

controlar e gerenciar os riscos ao fornecer tratamento cliacutenico e assistecircncia ao paciente Os

hospitais realizam uma variedade de atividades para promover a seguranccedila do paciente mas

natildeo o fazem de forma sistemaacutetica como gerenciamento de risco cliacutenico com o objetivo de

alcanccedilar a melhora dos serviccedilos e dos atendimentos meacutedicos (Briner Kessler amp Manser

2010)

6

As falhas satildeo a maior ameaccedila agrave seguranccedila dos pacientes pois os profissionais

automatizam comportamentos e os erros acontecem no meio de accedilotildees que jaacute realizamos

milhares de vezes o que eacute ignorado pelos sistemas de sauacutede e seus responsaacuteveis Criar uma

cultura de seguranccedila do paciente exige praacutetica alicerccedilada em evidecircncias cientiacuteficas sobre o

que funciona ou natildeo comunicaccedilatildeo dos resultados das mudanccedilas efetuadas a todos os

envolvidos e reavaliaccedilatildeo permanente do conjunto (Carneiro 2010)

Embora a gestatildeo de risco considere os riscos sob as perspectivas positivas (quando as

consequecircncias dos eventos constituem oportunidades para se obter vantagens) ou negativas

(quando constituem ameaccedilas ao sucesso) em se tratando de sauacutede e seguranccedila do paciente ldquoeacute

quase um dado adquirido que as consequecircncias satildeo apenas negativasrdquo devendo os esforccedilos

serem concentrados na prevenccedilatildeo ou diminuiccedilatildeo do dano (FERMA 2002 p3)

Nos Estados Unidos o programa da ldquoAgency for Healthcare Research and Qualityrdquo ndash

AHRQ ndash (Agecircncia de Pesquisa de Qualidade em Sauacutede) conduz e apoia a investigaccedilatildeo para a

construccedilatildeo de conhecimentos sobre seguranccedila do paciente e melhoria da qualidade

incentivando o investimento no aumento das capacitaccedilotildees de profissionais de sauacutede

divulgando os benefiacutecios de novos procedimentos mas os alertando dos riscos inerentes a eles

(Feldman 2009a)

Um estudo exploratoacuterio com pacientes internados em dois hospitais puacuteblicos de ensino

do Estado do Rio de Janeiro analisou uma amostra aleatoacuteria de 622 prontuaacuterios no ano de

2003 verificando que 583 pacientes natildeo sofreram Eventos Adversos (EA) (937) contra 39

(63) que sofreram Dos EA ocorridos 641 foram considerados evitaacuteveis quando

analisados por meacutedico revisor Os pacientes com EA apresentaram tempo meacutedio de

permanecircncia no hospital de 283 dias superior ao observado nos pacientes sem EA Os EA

implicaram no gasto de R$ 121236330 o que representou 27 do valor total de reembolso

recebido pelo total de internaccedilotildees realizadas em 2003 (Porto Martins Mendes amp Travassos

2010)

Quedas satildeo eventos comuns em ambiente hospitalar que tecircm como consequecircncia

lesotildees aumento do tempo de internaccedilatildeo aleacutem da questatildeo de responsabilidade legal

A Responsabilidade Civil (RC) ldquoimplica em reparar indenizar ou ressarcir pelo dano

causado a algueacutemrdquo e se decorrente do exerciacutecio profissional estende-se a qualquer

trabalhador envolvido na atividade ou prestaccedilatildeo de serviccedilos Portanto eacute necessaacuteria a

identificaccedilatildeo de falhas de cada processo de cuja execuccedilatildeo possam advir ldquodano estrago

7

detrimento ou prejuiacutezo ao paciente famiacutelia usuaacuterio profissional ou comunidaderdquo (Feldman

2010 a p 135)

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor 1990 em seu artigo 14 paraacutegrafo 1ordm determina

que

ldquoO serviccedilo eacute defeituoso quando natildeo fornece a seguranccedila que o consumidor

dele pode esperar levando-se em consideraccedilatildeo as circunstacircncias relevantes

entre as quais o modo de seu fornecimento o resultado e os riscos que

razoavelmente dele se esperam a eacutepoca em que foi fornecidordquo

12 Problema de Pesquisa

Um evento adverso eacute qualquer evento ou circunstacircncia involuntaacuteria que conduz a dano

ou sofrimento Incidente eacute um tipo especiacutefico de evento adverso eacute imprevisto ou inesperado e

pode prejudicar um ou mais pacientes que recebam cuidados de sauacutede (National Patient

Safety Agency [NPSA] 2008)

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede na Estrutura Conceitual da Classificaccedilatildeo

Internacional para a Seguranccedila do Paciente (ldquoThe Conceptual Framework for International

Classification for Patient Safetyrdquo) 2009 define a seguranccedila do paciente como a ldquoreduccedilatildeo do

risco de danos desnecessaacuterios relacionados aos cuidados de sauacutede para um miacutenimo

aceitaacutevelrdquo sendo aceitaacutevel o que diz respeito ao consenso diante dos recursos atualmente

disponiacuteveis do estado da arte do conhecimento do contexto em que a prestaccedilatildeo de cuidados

acontece e do custo benefiacutecio face a natildeo implementaccedilatildeo de um tratamento (OMS 2009 p

21)

Um estudo incluindo internaccedilotildees de adultos em cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas no Brasil

em 2007 utilizando como fonte de informaccedilatildeo o Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares (SIH)

mostrou frequecircncia de 36 potenciais resultados adversos por 1000 internaccedilotildees alertando esta

alta frequecircncia para a necessidade de se implementar estrateacutegias para monitorar tais

ocorrecircncias e identificar as melhorias necessaacuterias para garantir a seguranccedila do paciente em

ambiente hospitalar (Dias Martins amp Navarro 2012)

Feldman (2009b p 118) define risco assistencial como aquele que ldquoeacute proveniente das

situaccedilotildees que envolvem a dinacircmica dos cuidados durante a internaccedilatildeo ou periacuteodo de

permanecircncia do cliente no hospitalrdquo

As quedas de pacientes permanecem entre os eventos adversos mais relatados em

instituiccedilotildees de cuidados agudos resultando em morbidade mortalidade e medo de sofrer uma

nova queda Satildeo exemplos de situaccedilotildees notificadas no ambiente hospitalar relacionadas a

quedas

8

ldquoacidente com queda do paciente ao se apoiar na mesa de suporte para

alimentaccedilatildeo causando ferimento no braccedilo direito na altura do cotovelo

Queda no corredor do hospital em uma rampa com pouca inclinaccedilatildeo devido

ao piso estar molhado pela chuva Causou fratura no cotovelo esquerdo

levando o usuaacuterio agrave cirurgia A paciente caiu da poltrona individual ao se

esticar para pegar o telefone que estava sobre a mesa A queda causou

ferimento no joelho com hematomardquo (Feldman 2009b p129)

A Tabela 1 mostra os resultados de estudo realizado por Carneiro et al 2010 em um

periacuteodo de quatro anos em Goiacircnia

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um

Hospital Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil

Eventos Adversos N

Retirada de sondas drenos e cateteres 162 6136

Quedas 49 1856

Processos aleacutergicos 14 530

Evasatildeo 14 530

Uacutelcera por pressatildeo 13 492

Erros de Medicaccedilatildeo 7 265

Procedimentos meacutedicos 3 114

Hemoderivados 1 038

Queimaduras 1 038

Total 264 1000

Fonte Adaptado de Carneiro Bezerra Camargo e Silva Paranaguaacute amp Branquinho 2010

Morse em 1997 identificou trecircs classificaccedilotildees para as quedas de pacientes acidentais

(paciente tropeccedila ou escorrega em decorrecircncia de algum perigo ambiental como por exemplo

piso molhado) antecedentes fisioloacutegicos (quedas em pessoas consideradas com risco de cair)

quedas fisiologicamente inesperadas (quedas atribuiacutedas a fatores fisioloacutegicos que natildeo podem

ser previstas antes que ocorram) (Hendrich Bender amp Nyhuis 2003)

Decesaro amp Padilha (2002) conduziram um estudo em que coletaram dados em 12

Unidades de Terapia Intensiva (UTI) sendo 9 gerais e 3 especializadas de 8 instituiccedilotildees dos

municiacutepios de Londrina e Maringaacute A populaccedilatildeo foi constituiacuteda de 91 profissionais de

enfermagem que relataram um ou mais incidentes relativos a queda de pacientes durante a

internaccedilatildeo na UTI Os autores identificaram que 367 das situaccedilotildees estudadas natildeo

trouxeram nenhuma consequecircncia identificaacutevel para o paciente entretanto em 633

9

resultaram em uma ou mais consequecircncias imediatas para o paciente O maior percentual

estava relacionado a traumas teciduais resultando em contusotildees hematomas fraturas lesotildees

tissulares com e sem necessidade de sutura edema e sangramentos

Em um estudo conduzido entre janeiro de 1999 e dezembro de 2003 em um hospital

puacuteblico de ensino em Zurique Suiacuteccedila a taxa global de queda foi de 89 quedas por 1000

pacientes dia (Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006)

Outros estudos realizados com dados coletados de 826 boletins de notificaccedilatildeo de

eventos adversos em um hospital universitaacuterio terciaacuterio mostraram 80 registros relacionados a

quedas (107) no periacuteodo estudado de 30 meses implicando em 26 quedas por mecircs As

quedas do leito foram as mais frequentes (55) predominando nas enfermarias de

Neurologia (227) cliacutenica meacutedica (204) e moleacutestias infecciosas e parasitaacuterias (182)

As quedas da proacutepria altura corresponderam a 388 e ocorreram em maior nuacutemero na cliacutenica

meacutedica (387) e cirurgia gastroenteroloacutegica (129) As quedas de cadeiras foram as menos

frequentes (62) No periacuteodo noturno as quedas ocorreram com maior frequecircncia (637)

nos primeiros cinco dias de admissatildeo (617) e entre os indiviacuteduos do sexo masculino

(575) (Paiva Paiva Berti amp Campana 2010)

Utilizando uma ferramenta avaliativa para analisar uma Instituiccedilatildeo de Longa

Permanecircncia de Idosos do Rio Grande do Sul foi conduzido um estudo com o intuito de

identificar acertos e dificuldades da realidade encontrada envolvendo os eventos relacionados

a quedas Verificou-se que os pisos internos e externos natildeo possuiacuteam revestimentos

antiderrapantes e as escadas natildeo apresentavam sinalizaccedilatildeo Os dormitoacuterios eram coletivos e os

banheiros situavam-se no corredor e eram escuros tornando difiacutecil o acesso noturno Os

banheiros natildeo permitiam a entrada de cadeiras de rodas e natildeo possuiacuteam em sua totalidade

barras de seguranccedila junto ao vaso sanitaacuterio o vatildeo livre na parte inferior das portas tinha

medida inferior a 20 cm e os pisos apresentavam desniacuteveis Observou-se aglomeraccedilatildeo de

objetos decorativos tapetes sofaacutes que obstruiacuteam a livre circulaccedilatildeo do idoso podendo se

tornar risco para quedas (Feliciani Santos amp Valcarenghi 2011)

Conduzido em um hospital universitaacuterio de Goiacircnia que faz parte da Rede Hospitais

Sentinelas um estudo documental retrospectivo em uma cliacutenica ciruacutergica utilizou dados

referentes a eventos adversos registrados no livro de anotaccedilotildees de enfermagem entre janeiro

de 2005 e dezembro de 2009 mostrou que as quedas representaram 1856 (49 quedas) do

total de eventos 7551 das quedas ocorreram do leito 124 da proacutepria altura 1020 no

banheiro e 204 da maca (Carneiro et al 2011)

10

Saraiva (2008 apud Almeida Abreu amp Mendes 2010 p 165) destaca que fatores

extriacutensecos de quedas ldquorelacionados com fatores ambientais reuacutenem uma seacuterie de

caracteriacutesticas inadequadas dos espaccedilos mobiliaacuterio e iluminaccedilatildeo existecircncia de obstaacuteculos no

meio envolvente ausecircncia ou inadequaccedilatildeo de ajudas teacutecnicas vestuaacuterio inadequado entre

outrosrdquo

Embora nem todas as quedas estejam associadas a fatores ambientais natildeo haacute como

desvinculaacute-los desses eventos devendo-se buscar na legislaccedilatildeo relacionada os subsiacutedios

necessaacuterios para a respectiva anaacutelise

ldquoAs principais normas norteadoras das edificaccedilotildees dos Estabelecimentos de Assistecircncia agrave Sauacutede no Brasil satildeo do Ministeacuterio da Sauacutede atraveacutes da RDC nordm 50 de

21 de fevereiro de 2002 aleacutem de algumas normas que devem ser aprovadas junto a

Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (Anvisa) e agrave ABNTrdquo (Associaccedilatildeo Brasileira

de Normas Teacutecnicas) (Sistema Referecircncia Acadecircmica 2010 p 1)

13 Questatildeo de Pesquisa

Considerando que a gestatildeo de riscos em uma organizaccedilatildeo prevecirc que as atividades

sejam coordenadas em um processo de busca reconhecimento e descriccedilatildeo de riscos a

identificaccedilatildeo das fontes de risco eventos suas causas e consequecircncias natildeo pode preterir

qualquer aspecto relacionado

As atividades de prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede apresentam inuacutemeros riscos inerentes

ao proacuteprio desempenho de procedimentos e dos diferentes locais onde tais serviccedilos satildeo

oferecidos incluindo instalaccedilotildees mobiliaacuterios e equipamentos

Levando-se em conta as recomendaccedilotildees feitas pela legislaccedilatildeo e literatura relacionadas

este trabalho tem como objetivo identificar se a atual situaccedilatildeo das unidades de internaccedilatildeo de

cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo

Paulo pode influenciar na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando os

riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica as medidas de seguranccedila existentes para

fornecer subsiacutedios para as fases de projeto e construccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave melhoria da

gestatildeo do risco de queda nas unidades estudadas

Desta forma a questatildeo de pesquisa deste estudo eacute como a estrutura fiacutesica das

unidades de internaccedilatildeo de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande

porte do municiacutepio de Satildeo Paulo pode influenciar a ocorrecircncia de quedas de pacientes

internados

11

14 Objetivos

141Geral

Avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica de um

hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

142 Especiacuteficos

Identificar os riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica a que fica exposta a

populaccedilatildeo internada nas cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas

Identificar as medidas de seguranccedila existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas

Propor um instrumento para apoio a anaacutelise da estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo hospitalar com foco no gerenciamento do risco de queda

15 Justificativa para Estudo do Tema

Os estudos realizados sobre quedas em sua maioria caracterizam a populaccedilatildeo

envolvida neste evento quanto agrave idade sexo medicamentos utilizados local de ocorrecircncia Haacute

uma lacuna na literatura na identificaccedilatildeo dos fatores ambientais e equipamentosmobiliaacuterios

relacionados agrave queda no ambiente hospitalar Esta carecircncia pode ser devida a jaacute estabelecida

correlaccedilatildeo de outros fatores de risco bem definidos em populaccedilotildees especiacuteficas Entretanto

considerando que qualquer indiviacuteduo estaacute sujeito a este evento mesmo sem associaccedilatildeo a tais

fatores pode ser valoroso identificar se haacute riscos ambientais relacionados sobre os quais se

pode intervir

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os

perigos do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos Uma revisatildeo

de estudos realizados sobre quedas e ambiente fiacutesico concluiu que as quedas satildeo resultado da

interaccedilatildeo do estado do indiviacuteduo com o ambiente fiacutesico mas consideram razoaacutevel concluir

que mudanccedilas no meio ambiente oferecem abordagem promissora para a prevenccedilatildeo de

quedas especialmente quando associadas a outras intervenccedilotildees como programas de

exerciacutecios e educacionais (Feldman amp Chaudhury 2008)

12

Os dados referentes aos perigos ambientais que podem estar associados a

probabilidades de quedas satildeo insuficientes no que se refere a pacientes idosos hospitalizados

Entretanto em casas de repouso as quedas atribuiacutedas a fatores ambientais satildeo de 273 nesta

populaccedilatildeo (Registered Nurses Association of Ontaacuterio - RNAO 2005)

Na instituiccedilatildeo onde foi realizada a pesquisa as notificaccedilotildees de quedas de janeiro a

junho de 2014 somaram 205 eventos mostrando uma predominacircncia de ocorrecircncias em aacutereas

envolvendo a unidade reservada agrave internaccedilatildeo do paciente (quarto e banheiro) A

predominacircncia de tais quedas nestes locais levou agrave investigaccedilatildeo da influecircncia ambiental sobre

estes eventos

Estudos mostram uma maior frequecircncia de quedas entre indiviacuteduos idosos como o

estudo retrospectivo realizado em um hospital da grande Lisboa entre junho de 2008 e

dezembro de 2010 a anaacutelise de 214 de episoacutedios de quedas notificados (190 doentes) os

resultados demonstraram que os doentes com notificaccedilatildeo de incidente de queda tinham em

meacutedia 75 anos e apenas 6 dos indiviacuteduos tinham idade le 49 anos (Costa-Dias Oliveira

Moreira Santos Martins amp Arauacutejo 2013)

Segundo Saraiva et al (2008 apud Almeida Abreu ampMendes 2010 p 168) ldquoo risco

de queda aumenta linearmente como o nuacutemero de fatores de riscordquo o que sugere que se os

fatores de risco forem eliminados a probabilidade de ocorrecircncia de quedas pode diminuir

Como nem todos os fatores de risco podem ser eliminados por serem intriacutensecos ao

paciente medidas proativas de prevenccedilatildeo voltadas aos fatores extriacutensecos como o ambiente

podem significar uma valorosa estrateacutegia

Este estudo trouxe subsiacutedios para que se proponham medidas de seguranccedila associadas

agrave estrutura fiacutesica por excelecircncia visando a prevenccedilatildeo de queda em pacientes internados

16 Estrutura do Trabalho

Quanto agrave forma esta dissertaccedilatildeo estaacute estruturada em cinco capiacutetulos

O capiacutetulo um traz a contextualizaccedilatildeo com os pressupostos da aacuterea de conhecimento

relacionados ao gerenciamento de risco evento adverso e seu impacto na assistecircncia prestada

pelos serviccedilos de sauacutede a problematizaccedilatildeo mostra a inquietaccedilatildeo quanto aos fatores de risco

ambientais para ocorrecircncia de queda de pacientes no periacuteodo de internaccedilatildeo hospitalar Satildeo

estabelecidos a questatildeo de pesquisa objetivos geral e especiacuteficos a justificativa para o

desenvolvimento do estudo e a estrutura da dissertaccedilatildeo

13

No capiacutetulo dois o autor apresenta a Revisatildeo Bibliograacutefica com as bases teoacutericas e

evidecircncias existentes concebendo os polos gestatildeo de risco corporativo anaacutelise de risco

matriz de risco e legislaccedilatildeo relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

O capiacutetulo trecircs detalha os procedimentos metodoloacutegicos utilizados durante a pesquisa

com ecircnfase para o desenvolvimento do projeto de pesquisa

O quarto capiacutetulo apresenta os resultados obtidos e uma discussatildeo sob a oacuteptica da

literatura pertinente

O capiacutetulo cinco expressa as conclusotildees da pesquisa embasadas pela teoria correlata e

as recomendaccedilotildees

2REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Gestatildeo de Riscos Corporativos

O gerenciamento de riscos corporativos (Enterprise Risk Management ndash ERM) eacute o

gerenciamento de riscos dentro da organizaccedilatildeo O processo de gerenciamento de riscos deve

estar integrado agrave gestatildeo da organizaccedilatildeo identificando os riscos significativos aos seus

14

negoacutecios A estrutura do gerenciamento de riscos compreende os componentes e a

organizaccedilatildeo do gerenciamento de riscos dentro de uma empresa (MacLeod MacDonald

Ybarra Sorlie Foster amp Stokka 2013)

O gerenciamento de risco corporativo compreende um processo contiacutenuo conduzido

pelos profissionais em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo que inclui a identificaccedilatildeo de todos os

riscos que a estaacute exposta a organizaccedilatildeo indicando eventos que podem afetaacute-la aleacutem daqueles

que podem ser gerenciados propiciando garantia razoaacutevel agrave administraccedilatildeo e deve estar

orientado para a realizaccedilatildeo dos objetivos propostos Os objetivos satildeo classificados em quatro

categorias estrateacutegicos relacionados agraves metas gerais alinhadas agrave missatildeo da organizaccedilatildeo de

operaccedilotildees que diz respeito agrave utilizaccedilatildeo eficaz e eficiente dos recursos comunicaccedilatildeo referente

agrave confiabilidade de relatoacuterios e conformidade alusivos ao cumprimento de leis e

regulamentos aplicaacuteveis (COSO 2007)

O gerenciamento de risco corporativo considera o ambiente interno ou seja como a

organizaccedilatildeo identifica os riscos a forma de abordagem dos seus colaboradores seu apetite a

riscos e a filosofia do gerenciamento de risco Os objetivos fixados devem propiciar suporte e

estar alinhados com a missatildeo da organizaccedilatildeo e serem compatiacuteveis com seu apetite a riscos Eacute

necessaacuterio identificar os eventos que podem influenciar o alcance dos objetivos estabelecidos

Os riscos devem ser avaliados e analisados considerando a probabilidade e impacto

direcionando a forma como deveraacute ser abordado qual seraacute a resposta ao risco desenvolvendo

uma seacuterie de medidas para alinhar os riscos com a toleracircncia e com o apetite a risco As

atividades de controle estabelecem procedimentos e poliacuteticas que garantam que as atividades

de respostas aos riscos sejam executadas de forma eficaz Informaccedilotildees e a comunicaccedilatildeo eficaz

devem permear todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo com conteuacutedo apropriado informaccedilotildees

oportunas atuais exatas e de faacutecil acesso O monitoramento deve garantir a manutenccedilatildeo da

integridade do gerenciamento de risco e que as modificaccedilotildees necessaacuterias seratildeo implementadas

(COSO 2007)

Uma organizaccedilatildeo para melhorar sua abordagem em relaccedilatildeo ao gerenciamento de

risco deve partir de uma anaacutelise de seu processo e sistema atuais quanto agrave abordagem de

todos os componentes avaliando as atividades desenvolvidas pois a ausecircncia de qualquer

deles implica que o gerenciamento de risco eacute ineficaz O monitoramento contiacutenuo do processo

de gerenciamento de risco corporativo deve ser incorporado agraves atividades operacionais

normais e recorrentes da empresa com avaliaccedilotildees perioacutedicas e classificaccedilatildeo de riscos

permitindo que os problemas sejam identificados mais rapidamente (MacLeod et al 2013)

15

Entretanto o gerenciamento de riscos corporativos natildeo assegura que a organizaccedilatildeo

natildeo fracassaraacute no alcance de seus objetivos pois o risco estaacute relacionado ao futuro que eacute

incerto alguns eventos estatildeo aleacutem do controle da administraccedilatildeo e nenhum processo nunca

executaraacute exatamente o que foi previsto A eficaacutecia do gerenciamento de risco sofre

limitaccedilotildees da fraqueza humana pois as decisotildees devem ser tomadas utilizando julgamento

humano tendo como base as informaccedilotildees disponiacuteveis e sofrendo as pressotildees de conduzir um

negoacutecio da falta de adequado entendimento das instruccedilotildees pelos empregados o que pode

levar a erros de julgamento das mudanccedilas no sistema que forem introduzidas antes que o

pessoal tenha sido treinado adequadamente do esquecimento ou execuccedilatildeo incorreta de tarefas

por empregados temporaacuterios pode haver indiviacuteduos que atuem para impedir que o processo

de gestatildeo de riscos corporativos identifiquem as alteraccedilotildees existentes da limitaccedilatildeo de

recursos e a proacutepria direccedilatildeo da organizaccedilatildeo que pode neutralizar poliacuteticas ou procedimentos

recomendados com fins ilegiacutetimos (COSO 2007)

22 Anaacutelise de Riscos

A gestatildeo de riscos eacute um processo contiacutenuo que as organizaccedilotildees utilizam para analisar

metodicamente os riscos inerentes agraves suas atividades processo que deve estar incorporado agrave

cultura organizacional com responsabilidades atribuiacutedas em todos os niacuteveis constando das

descriccedilotildees das funccedilotildees Os ldquoproprietaacuteriosrdquo do processo de gestatildeo de riscos devem ser os

atores internos da organizaccedilatildeo (FERMA) 2002)

Realizar avaliaccedilatildeo de risco consiste em medir a consequecircncia definida aqui como o

resultado ou potencial resultado de um evento Para avaliar a gravidade dos incidentes pode

ser utilizado um sistema de pontuaccedilatildeo Para avaliar as consequecircncias algumas questotildees

devem ser resolvidas tais como A organizaccedilatildeo tem uma definiccedilatildeo clara do que constitui uma

pequena lesatildeo Que medidas satildeo utilizados para determinar o impacto psicoloacutegico sobre os

indiviacuteduos O que eacute definido como um evento adverso e quantos indiviacuteduos podem ser

afetados (National Patient Safety Agency [NPSA] 2008)

Identificar os riscos tem como objetivo identificar as incertezas a que estatildeo expostas as

organizaccedilotildees descrevendo-os de forma estruturada considerando a probabilidade e a

consequecircncia de cada um dos riscos definidos identificando os riscos chave e estabelecer as

prioridades na anaacutelise dos mesmos A descriccedilatildeo dos riscos prevecirc a designaccedilatildeo acircmbito do

risco a natureza do risco intervenientes quantificaccedilatildeo dos riscos toleracircncia para o risco

tratamento e mecanismo de controle do risco possiacuteveis accedilotildees de melhoria e desenvolvimento

16

de estrateacutegias e poliacuteticas O impacto das consequecircncias dos riscos e a sua probabilidade de

ocorrecircncia satildeo fatores importantes da avaliaccedilatildeo Brainstorming questionaacuterios anaacutelises

comparativas de setor anaacutelise de cenaacuterios investigaccedilatildeo de incidentes auditorias e inspeccedilotildees

satildeo algumas teacutecnicas propostas para a identificaccedilatildeo de riscos (FERMA 2002)

O tratamento de riscos consiste em selecionar e implementar medidas para modificar

um risco e deve no miacutenimo ldquoproporcionar um funcionamento eficaz e eficiente da

organizaccedilatildeo garantir controles internos eficazes e cumprir leis e regulamentaccedilotildees (FERMA

2002)

O niacutevel responsaacutevel pela administraccedilatildeo deve conhecer os riscos mais importantes que

a organizaccedilatildeo enfrenta os possiacuteveis efeitos em seu desempenho garantir a sensibilizaccedilatildeo aos

riscos em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo dispor de formas de gerir uma crise ter certeza de

que o processo de gestatildeo de riscos eacute eficaz As unidades de negoacutecio devem conhecer os riscos

relacionados agraves suas aacutereas de atuaccedilatildeo impactos que podem produzir em outros setores e das

consequecircncias destes setores sobre elas dispor de desempenho que lhes permitam monitorizar

as atividades identificar as intervenccedilotildees necessaacuterias Cada indiviacuteduo deve compreender seu

niacutevel de responsabilizaccedilatildeo compreender a forma como pode contribuir para a melhoria

contiacutenua da gestatildeo de riscos comunicar os riscos novos ou falhas constatadas nas medidas de

controle implementadas (FERMA 2002)

Perdas e custos relacionados agrave sauacutede seguranccedila e incidentes ambientais podem natildeo ser

seguraacuteveis pois englobam danos morais aos usuaacuterios e agrave reputaccedilatildeo da organizaccedilatildeo (FERMA

2002)

Quando os pacientes procuram os serviccedilos de sauacutede esperam receber benefiacutecios

embora jaacute tenham consciecircncia de que erros podem acontecer na prestaccedilatildeo de cuidados que

natildeo intencionais e na maioria das vezes tem origem nas falhas dos proacuteprios processos A

responsabilidade dos profissionais ligados direta ou indiretamente agrave prestaccedilatildeo de cuidados eacute

tentar reduzir os erros pois embora sejam sensiacuteveis aos erros que atingem a si proacuteprios ou aos

seus familiares muitas vezes ficam alheios aos erros decorrentes da sua praacutetica diaacuteria (Lage

2010)

Segundo a Portaria MSGM nordm 5292013 a cultura de seguranccedila abrange os

profissionais e gestores envolvidos no cuidado que ldquoassumem a responsabilidade por sua

seguranccedila dos seus colegas pacientes e familiares priorizando a seguranccedila agraves metas

financeiras e operacionais encorajando a identificaccedilatildeo notificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos problemas

17

relacionados agrave seguranccedila promovendo o aprendizado organizacionalrdquo (Ministeacuterio da Sauacutede

[MS] 2013)

O Ministeacuterio da Sauacutede define gestatildeo de risco como a aplicaccedilatildeo sistecircmica e contiacutenua

de iniciativas procedimentos condutas e recursos na avaliaccedilatildeo e controle de riscos e eventos

adversos que afetam a seguranccedila a sauacutede humana a integridade profissional o meio

ambiente e a imagem institucionalrdquo (MS 2013)

Por sua vez o Gerenciamento de Risco consiste na aplicaccedilatildeo de um conjunto de

medidas para prever identificar e minimizar a ocorrecircncia de eventos inesperados e

indesejaacuteveis que podem causar dano fiacutesico ou psicoloacutegico aos pacientes (Lima amp Dutra

2010 p 87)O risco cliacutenico natildeo eacute decorrente apenas da atuaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede

mas estaacute associado agrave ausecircncia de poliacuteticas e praacuteticas de seguranccedila do paciente seguranccedila das

instalaccedilotildees ou atendimento aos processos de trabalho (Lima amp Dutra 2010)

O Protocolo de Londres eacute uma versatildeo revisada e atualizada do ldquoProtocolo para

Investigaccedilatildeo e Anaacutelise de Incidentes Cliacutenicosrdquo e tem como proposta assegurar uma

investigaccedilatildeo e anaacutelise abrangentes e planejadas de um incidente indo aleacutem da procura de

culpados O termo anaacutelise de causa raiz tem origem na induacutestria sendo que um grupo de

ferramentas satildeo utilizadas para identificar as causas baacutesicas na investigaccedilatildeo e anaacutelise de

incidentes Entretanto o cenaacuterio que surge desta investigaccedilatildeo eacute muito mais complexo onde

haacute uma cadeia de eventos e fatores que contribuem para sua ocorrecircncia Eacute necessaacuterio

identificar quais fatores contribuem de forma mais impactante na ocorrecircncia dos eventos Na

aviaccedilatildeo induacutestrias de petroacuteleo e nucleares investigaccedilatildeo de incidentes satildeo procedimentos bem

estabelecidos (Taylor-Adams amp Vincent 2004)

No modelo organizacional de acidentes de James Reason as decisotildees falhas nos altos

escalotildees da organizaccedilatildeo permeiam os departamentos criando condiccedilotildees favoraacuteveis para atos

inseguros e acidentes Devem ser criadas barreiras e defesas contra perigos e para mitigar as

consequecircncias de falhas humanas e de equipamentos Tais barreiras podem ser fiacutesicas (muros

vedaccedilatildeo) naturais (distacircncia) accedilotildees humanas (meacutetodos de checagem) e controles

administrativos (treinamento) O passo inicial eacute identificar falhas no processo organizacional

atos inseguros ou omissotildees cometidas por pessoas cujas accedilotildees podem ter consequecircncias

adversas imediatas Este modelo extrapolado para cuidados de sauacutede identifica fatores que

influenciam a praacutetica cliacutenica e estatildeo relacionados ao paciente (complexidade e severidade de

suas condiccedilotildees liacutengua e comunicaccedilatildeo fatores sociais) fatores tecnoloacutegicos e tarefas

(disponibilidade e uso de protocolos apoio na tomada de decisatildeo tarefas projetadas e clareza

18

da estrutura) fatores relacionados a pessoas (conhecimento e ferramentas competecircncia sauacutede

fiacutesica e mental) equipe (comunicaccedilatildeo verbal e escrita supervisatildeo e procura de ajuda) e

ambiente de trabalho (carga de trabalho e turnos disponibilidade e manutenccedilatildeo de

equipamentos suporte administrativo) fatores organizacionais e gerenciais (recursos

financeiros estrutura organizacional cultura de seguranccedila e prioridades) e fatores

institucionais (contexto regulatoacuterio e econocircmico contatos com organizaccedilotildees externas)

(Taylor-Adams amp Vincent 2004)

23 Quedas

No Protocolo de Prevenccedilatildeo de Quedas integrante do Programa Nacional de Seguranccedila

do Paciente do Ministeacuterio da Sauacutede a definiccedilatildeo de queda considerada foi ldquodeslocamento natildeo

intencional do corpo para um niacutevel inferior agrave posiccedilatildeo inicial provocado por circunstacircncias

multifatoriais resultando ou natildeo em danordquo (MS 2013)

Rutledge et al (1998 apud Kalischi amp Tschannen 2012 p 6) definem queda como

um evento em que os pacientes satildeo encontrados no chatildeo por funcionaacuterios ou visitantes evento

observado ou natildeo ou o rebaixamento natildeo planejado do paciente ao niacutevel do chatildeo

As quedas segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede satildeo categorizadas como

incidentes que ocorrem com os doentes classificadas pelo tipo (tropeccedilar escorregar desmaio

perda de equiliacutebrio) e podem envolver berccedilo cama cadeira maca banheiro equipamento

terapecircutico escadas ou degraus enquanto transportado ou apoiado por outro indiviacuteduo OMS

2009)

Estima-se que um terccedilo das pessoas com mais de 65 anos e metade das pessoas com

idade acima de 80 anos sofrem pelo menos uma queda por ano sendo que nos hospitais

australianos 38 dos eventos com pacientes envolvem queda (The Joanna Briggs Institute

1998)

Vaacuterias ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco de queda foram desenvolvidas e validadas

Hendrich I e II Johns Hopkins Innes Morse STRATIFY Downton Tinetti and Schimidt

Entretanto natildeo haacute consenso sobre qual destes eacute o melhor instrumento na prediccedilatildeo de quedas

Aleacutem disso ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco por si soacute natildeo previnem quedas (Degelau

Bungum Flavin Harper Leys Londquist amp Webb 2012)

A traduccedilatildeo e a adaptaccedilatildeo transcultural para a liacutengua portuguesa do Brasil da Morse

Fall Scale (Escala de Queda de Morse) mostraram resultados satisfatoacuterios quanto agrave clareza

dos itens da escala traduzida a concordacircncia entre os avaliadoresjuiacutezes na aplicaccedilatildeo da

19

escala atingiu classificaccedilatildeo quase perfeita na maioria dos itens e a variabilidade intra-

avaliadoresjuiacutezes foi categorizada como excelente Nesta escala satildeo avaliados os seguintes

itens histoacuterico de quedas diagnoacutestico secundaacuterio auxiacutelio na deambulaccedilatildeo terapia

endovenosadispositivo endovenoso salinizado ou heparinizado marcha e estado mental

Cada um destes criteacuterios recebe escores que variam de 0 a 30 pontos A somatoacuteria destes

pontos indica o niacutevel de risco baixo risco (0 a 24) meacutedio risco (25 a 44) e alto risco (ge 45)

(Urbanetto Creutzberg Franz Ojeda Gustavo Bittencourt amp Farina 2013)

Um estudo transversal com amostra total de 137 idosos em atendimento na Cliacutenica-

Escola de Fisioterapia da Universidade de Itauacutenam que responderam a um questionaacuterio

estruturado relataram como fatores e comportamentos de riscos extriacutensecos de queda o uso de

calccedilados inadequados escadas sem corrimatildeo uso de tapetes no chatildeo obstaacuteculos entre o

quarto e banheiro objetos espalhados pelo chatildeo e iluminaccedilatildeo deficiente sendo que a

iluminaccedilatildeo foi a uacutenica variaacutevel estatisticamente significativa (Lopes Carvalho Mouratildeo

Dias Mitre amp Moraisorais 2010)

Ao entrevistar 39 pacientes idosos atendidos em dois serviccedilos de pronto atendimento

do Rio Grande do Sul entre dezembro de 2019 a abril de 2010 com diagnoacutestico de queda um

estudo verificou fatores relacionados ao ambiente de moradia sendo que 949 dos idosos

tinham moacuteveis pontiagudos em casa 897 das residecircncias tinham degraus 692 referiram

ter tapetes soltos em casa 513 afirmaram que suas residecircncias possuiacuteam pisos

escorregadios e 308 tinham escadas (Ramos Santos Barlem amp Pelzer 2011)

Em Portugal entre os anos de 2007 a 2009 em um hospital universitaacuterio foi observado

que a maior parte das quedas ocorreu no quarto onde existiam mais obstaacuteculos como mesas de

cabeceira cadeira cadeira de rodas limitando a mobilidade dos pacientes Os autores

identificaram diminuiccedilatildeo ao longo dos anos o que foi atribuiacutedo agrave revisatildeo do sistema de

travagem das camas cadeira de rodas suportes de soros com rodas aboliccedilatildeo do uso de cera

no piso e substituiccedilatildeo por cera antiderrapante aquisiccedilatildeo de grades para todas as camas

colocaccedilatildeo de barras de apoio no banheiros mais especificamente proacuteximo ao vaso sanitaacuterio e

chuveiro colocaccedilatildeo de degraus duplos para os pacientes subirem para as camas e pedido de

aquisiccedilatildeo de camas eleacutetricas articuladas na cabeceira e nos peacutes com grade de proteccedilatildeo e que

permitam ajuste da altura em relaccedilatildeo ao chatildeo (Abreu Mendes Monteiro amp Santos 2012)

Em 80 quedas ocorridas em um periacuteodo de doze meses em um hospital privado

acreditado pela Joint Commission International no que diz respeito agraves condiccedilotildees ambientais

no momento da queda as mais frequentes foram presenccedila de obstaacuteculos (5) ou falta de

20

apoio (5) Em 512 dos casos houve algum tipo de consequecircncia sendo as mais frequentes

as escoriaccedilotildees (163) e os hematomas (113) Apoacutes a implantaccedilatildeo de accedilotildees assistenciais

de prevenccedilatildeo como a identificaccedilatildeo de risco ocorreu a queda do iacutendice (Correa Marques

Martinez Laurino Leatildeo amp Chimentatildeo 2012)

As camas com baixa altura foram recentemente associadas agrave reduccedilatildeo de quedas Um

sistema de sauacutede informou que a associaccedilatildeo de caracteriacutesticas de cama relacionadas agrave altura

do chatildeo superfiacutecie de redistribuiccedilatildeo de pressatildeo e sistema interno de alarme reduziu em 9 a

taxa de quedas em cinco meses (Degelau et al 2012)

Em instituiccedilotildees de longa permanecircncia as quedas da cama satildeo comuns entre os

internos com disfunccedilatildeo das extremidades distuacuterbios cognitivos ou que fazem uso de

medicaccedilotildees que prejudicam sua capacidade de levantar-se e mover-se de forma independente

Outros fatores contribuem para o aumento da ocorrecircncia desses eventos como altura da cama

colchotildees altos e macios camas com rodiacutezios ambientes estranhos camas com altura e largura

diferentes ao que estatildeo acostumados Tais consideraccedilotildees reforccedilam a necessidade ao se

selecionar este mobiliaacuterio de se adequar o tipo de cama agraves caracteriacutesticas da populaccedilatildeo

atendida como uma das medidas eficazes no controle de fatores de risco extriacutensecos (Fragala

Perry amp Fragala 2012)

Um estudo canadense se propocircs a avaliar se havia diferenccedila na taxa de lesotildees

relacionadas com quedas entre o piso existente e o piso de intervenccedilatildeo suas propriedades

antiderrapantes e de absorccedilatildeo do impacto Houve uma influecircncia significativa do piso na

absorccedilatildeo da energia no impacto do piso com o quadril e parte posterior da cabeccedila em

simulaccedilotildees fornecendo insights sobre as diferenccedilas na capacidade de atenuaccedilatildeo do impacto

dos diferentes tipos de piso sobre estas estruturas corpoacutereas (Glinka Karakolis Callaghan amp

Laing 2013)

Haacute intervenccedilotildees que devem ser estendidas a todos os pacientes independente do risco

de queda familiarizar o paciente com o ambiente ensinar o paciente a usar o sistema de

chamada e mantecirc-lo sempre ao alcance de sua matildeo manter proacuteximos seus pertences pessoais

ter corrimatildeos no banheiro do paciente quarto e corredor manter as camas em posiccedilatildeo baixa e

com rodas travadas garantir o uso pelo paciente de calccedilado bem ajustado e com solado

antiderrapante utilizar luz noturna ou iluminaccedilatildeo suplementar manter piso limpo e seco e

limpar prontamente todos os derramamentos manter as aacutereas de atendimento ao paciente

organizadas (Degelau et al 2012)

21

Equipes deveriam circular com frequecircncia pelo ambiente para confirmar que

corredores e aacutereas do paciente estejam bem iluminadas organizadas e livres de vazamentos

corrimatildeos sejam seguros mesas e cadeiras resistentes Pessoal da biotecnologia deve

inspecionar dispositivo auxiliar regularmente A equipe de enfermagem deve confirmar que

os quartos dos pacientes sejam criados de forma que minimize o risco de quedas Toda a

equipe deve se certificar de que situaccedilotildees de risco sejam tratadas imediatamente (Degelau et

al 2012)

Portanto conhecer os fatoresperigos contribuintes de um incidente pode trazer

informaccedilotildees sobre accedilotildees que podem ser empreendidas para reduzir o risco de ocorrecircncia

(OMS 2011)

24 Matriz de Risco

Marshall (2002) Crouhy Galai amp Mark (2004 apud Paulo Fernandes Rodrigues amp

Eidt 2007) ressalta que a matriz de risco viabiliza a mensuraccedilatildeo qualitativa de riscos sendo

o ldquoniacutevel de risco definido pela composiccedilatildeo das variaacuteveis frequecircncia (probabilidade) e

severidade (impacto financeiro) associadas aos eventos de perda (fatores de risco) inerentes

ao processo avaliadordquo (De Paulo Fernandes Rodrigues amp Eidt 2007 p 50)

A matriz de risco eacute uma ferramenta utilizada para anaacutelise de riscos de processos de

vaacuterias naturezas considerando sua gravidade ou consequecircncias e a probabilidade (frequecircncia

ou probabilidade) Uma matriz de risco deve ser simples de usar deve fornecer dados

consistentes mesmo quando utilizada por profissionais de diferentes funccedilotildees e deve se adaptar

a necessidades especiacuteficas Deve ser utilizada com parcimocircnia para avaliaccedilatildeo de risco

estrateacutegico e de processo na tomada de decisotildees de gestatildeo

A Figura 1 traz a proposiccedilatildeo de pontuaccedilotildees das consequecircncias de riscos com as orientaccedilotildees e exemplos

adicionais relacionados a riscos com impacto na seguranccedila dos pacientes (NSH 2008)

22

Domiacutenios Despreziacutevel Menor Moderado Maior Catastroacutefico

Impacto sobre a seguranccedila

do paciente (fiacutesico

psicoloacutegico dano)

Lesatildeo miacutenima

requerendo

nenhumaintervenccedilatildeo

miacutenima ou

tratamento

Pequena lesatildeo ou

doenccedila exigindo menor

intervenccedilatildeo Aumento

do tempo de internaccedilatildeo

por 1-3 dias

Lesatildeo moderado

requerendo intervenccedilatildeo

profissional Aumento do

tempo de internaccedilatildeo por

4-15 dias Um evento

com impacto sobre um

pequeno nuacutemero de

pacientes

Ferimento grave levando a

incapacidade a longo

prazoAumento do tempo

de internaccedilatildeo por gt 15

dias

Incidente levando agrave morte Vaacuterias lesotildees

com efeitos permanentes ou irreversiacuteveis

sobre a sauacutede Um evento com impacto

sobre um grande nuacutemero de pacientes

Exemplos adicionais

Medicaccedilatildeo incorreta

dispensada mas natildeo

administrada

Incidentes resultando

numa

contusatildeoAtraso no

transporte de rotina

para o paciente

Medicamento errado ou

dosagem administrada

errada sem efeitos

adversos Uacutelcera por

pressatildeo estaacutegio I

Medicamento errado ou

dosagem administrado

com potencial efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IIIII

Queda resultando em

ferimentos como uma

entorse

Medicamento errado ou

dosagem errada

administrada com efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IV queda

resultando em ferimentos

como luxaccedilatildeo fratura

golpe na cabeccedila A perda

de um membro

Morte inesperada O suiciacutedio de um

paciente Homiciacutedios cometidos por

pacientes com doenccedila mentalRemoccedilatildeo

de parte errada do corpo levando agrave morte

ou incapacidade permanente Incidente

levando a paralisia

1 2 3 4 5

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos

Fonte Adaptada de National Safety Agency 2008

25 Ferramenta de Anaacutelise do modo e efeito da falha (FMEA)

A Failure Modes and Effects Analysis (FMEA) eacute uma ferramenta de abordagem

proativa utilizada para anaacutelise criacutetica prospectiva e contiacutenua de projetos e processos

propiciando a identificaccedilatildeo de riscos problemas ou potenciais falhas antes da ocorrecircncia de

um erro Desenvolvida na deacutecada de 1960 pela induacutestria aeroespacial foi reconhecida pela

Joint Commission on Accredittion oh Healthcare Organizations (JCAHO) como uma

ferramenta de qualidade relevante para as organizaccedilotildees de sauacutede (Silva Teixeira amp Cassiani

2009)

O Veterans Health Administration (VHA) o maior sistema de sauacutede integrado dos

Estados Unidos com 150 centros meacutedicos e cerca de 1400 ambulatoacuterios comunitaacuterios

adaptou a FMEA para utilizar em suas instituiccedilotildees com a denominaccedilatildeo de Healthcare Failure

Mode Effects and Analysis (HFMEA) (Silva Teixeira amp Cassiani 2009)

A maioria dos sistemas de notificaccedilatildeo de eventos relacionados agrave seguranccedila do paciente

se concentra na anaacutelise dos eventos adversos apoacutes a ocorrecircncia de uma lesatildeo HFMEA

oferece aos usuaacuterios ferramentas analiacuteticas que podem permitir a identificaccedilatildeo proativa-

mente de vulnerabilidades e corrigi-las antes que as falhas ocorram (Stalhandske De Rosier

Wilson amp Murphy 2009)

HFMEA agiliza as etapas da anaacutelise de risco encontradas na FMEA tradicional

combinando as etapas de detecccedilatildeo e a criticidade da FMEA tradicional com um algoritmo

apresentado como uma aacutervore de decisatildeo

Substitui o caacutelculo do nuacutemero de prioridade de risco (RPN) por uma pontuaccedilatildeo de

risco que eacute lida diretamente na Matriz de Escores de Hazard desenvolvida pela NCPS

(National Center for Patient Safety) para este propoacutesito

23

O objetivo da anaacutelise de riscos eacute desenvolver uma lista de riscos que se controlados de

forma eficaz possam prevenir uma doenccedila ou lesatildeo Eacute utilizado um processo com cinco

passos para avaliar aspectos especiacuteficos

No passo 1 eacute feita a definiccedilatildeo do processo a ser estudado no passo 2 eacute organizada uma

equipe multidisciplinar com especialistas no assunto e um conselheiro no passo 3 deve ser

desenvolvido um diagrama cronoloacutegico com a identificaccedilatildeo de cada etapa do processo no

passo 4 satildeo listados todos os possiacuteveis modos de falha de cada etapa determinando a

probabilidade e gravidade do modo de falha (Matriz de Escores de Perigo ndash Matriz de

Tolerabilidade) e utilizar a aacutervore de decisatildeo

O propoacutesito eacute determinar se o modo de falha justifica a implementaccedilatildeo de

medidasbarreiras que eliminem ou reduzam substancialmente a probabilidade de que um

evento perigoso ocorra

No passo 5 satildeo determinadas as causas de modo de falha (definido como ldquodiferentes

maneiras que um processo ou sub-processo pode deixar de fornecer o resultado esperadordquo)

que se quer ldquoeliminarrdquo ldquocontrolarrdquo ou ldquoaceitarrdquo (Veterans Health Administration National

Center for Patient Safety2009)

Segundo a HFMEA a severidade de um evento abrange as consequecircncias para o

paciente visitantesacompanhantes colaborador equipamentoinstalaccedilatildeo e fogo

Todo gestor deve verificar a realidade do evento classificaacute-los identificando as fontes

de perigo e propondo o gerenciamento de risco

Os eventos satildeo classificados como menores moderados importantes ou catastroacuteficos

(Figura 2)

Evento catastroacutefico (4) Evento importante (3)

Resultado para o paciente morte ou perda permanente da funccedilatildeo

(sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual) suiciacutedio estupro

reaccedilatildeo transfusional hemoliacutetica cirurgiaprocedimento no paciente

errado ou em parte errada do corpo sequestro infantil ou entrega de

crianccedila agrave famiacutelia errada Visitante morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais

Colaborador morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais colaboradores

Equipamentosinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $250000

Fogo qualquer fogo maior que uma chama inicial

Resultado para o paciente diminuiccedilatildeo permanente da funccedilatildeo

corporal (sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual)

desfiguraccedilatildeo intervenccedilatildeo ciruacutergica requerida aumento do

tempo de permanecircncia do paciente por 3 ou mais pacientes

aumento do niacutevel de assistecircncia para 3 ou mais pacientes Visitante hospitalizaccedilatildeo de 1 ou 2 visitantes

Colaborador hospitalizaccedilatildeo 123 ou mais colaboradores

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $100000

Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

24

Evento moderado (2) Evento menor (1)

Resultado para o paciente aumento da permanecircncia ou aumento no

niacutevel de assistecircncia para 1 ou 2 pacientes

Resultado para o paciente nenhum prejuiacutezo ou aumento da

permanecircncia injuacuteria ou aumento no niacutevel de assistecircncia

Visitante avaliaccedilatildeo e treinamento para 1 ou 2 (natildeo-hospitalizaccedilatildeo) Visitante avaliaccedilatildeo e nenhum tratamento requerido ou doenccedila

Colaborador despesas meacutedicas danos ou doenccedila para 1 ou 2 Colaborador tratamento de primeiros socorros sem dano ou

doenccedila

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano entre $10000 e $100000 Equipamentoinstalaccedilatildeo dano menor que $10000 ou perda de

utilidade sem resultado adverso ao paciente (exemplo gaacutes

natural eletricidade aacutegua comunicaccedilotildees transportes calorar

condicionado

Fogo incipiente ou menor Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA

Fonte Adaptado do (Veterans Health Administration National Center for Patient Safety)

Ainda segundo a HFMEA os eventos satildeo classificados segundo a probabilidade de

ocorrerem como mostra a Figura 3

Frequente (4) Provaacutevel de ocorrer imediatamente ou dentro de um curto

periacuteodo (pode ocorrer vaacuterias vezes em um ano)

Ocasional (3) Provavelmente ocorreraacute (pode ocorrer vaacuterias vezes em 1 ou 2 anos)

Incomum (2)

Possiacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 5 anos)

Remota (1) Improvaacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 30

anos)

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA

Fonte Adaptado do Veterans Health Administration National Center for Patient Safety

26 Legislaccedilatildeo Relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

A Portaria nordm 1884 GM de 11 de novembro de 1994 considerando a necessidade das

Secretarias Estaduais e Municipais contarem com um instrumento de avaliaccedilatildeo de projetos

fiacutesicos adequado agraves novas tecnologias na aacuterea da sauacutede resolve ldquoaprovar as normas que com

estas baixam destinadas ao exame e aprovaccedilatildeo dos Projetos Fiacutesicos de Estabelecimentos

Assistenciais de Sauacutederdquo compreendendo ldquoas construccedilotildees novas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute

existentesrdquo e ldquoinobservacircncia das normas aprovadas por esta Portaria constitui infraccedilatildeo agrave

legislaccedilatildeo sanitaacuteria federal conforme dispotildee o artigo 10 inciso II da Lei nordm 6437 de 20 de

agosto de 1977rdquo (Ministeacuterio da Sauacutede [MS] 1994)

25

Em seu capiacutetulo 2 a Portaria nordm 188494 referente agrave organizaccedilatildeo fiacutesico-funcional

Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede (EAS) lista as atividades que satildeo geradoras ou que

caracterizam os ambientes sendo a unidade de internaccedilatildeo o local de ldquoprestaccedilatildeo de

atendimento de assistecircncia agrave sauacutede em regime de internaccedilatildeo- atendimento a pacientes que

necessitam de assistecircncia direta programada por periacuteodo superior a 24 horas (pacientes

internos)rdquo (MS1994)

A Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada (RDC) nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002 dispotildee

sobre o Regulamento teacutecnico para planejamento programaccedilatildeo elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de

projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede e compreende as construccedilotildees novas

de estabelecimentos assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de

estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes e os anteriormente natildeo destinados a estabelecimentos de

sauacutede (RDC nordm 50 2002)

A Figura 4 exibe as disposiccedilotildees da RDC nordm 50 acerca das unidades e ambientes

hospitalares destinados a internaccedilatildeo de pacientes

UnidadeAmbiente Dimensotildees

Internaccedilatildeo Geral

lactente crianccedila adolescente

e adulto

Quantificaccedilatildeo (miacutenima) Dimensatildeo (miacutenima)

Posto de enfermagemPrescriccedilatildeo

Meacutedica

1 posto a cada 30 leitos 60 msup2

Sala de serviccedilos 1 sala para cada posto de

enfermagem 57 msup2

26

Sala de exames e curativos

1 para cada 30 leitos (quando

existir enfermaria que natildeo

tenha subdivisatildeo fiacutesica dos

leitos

75 msup2

Aacuterea para Prescriccedilatildeo Meacutedica

20 msup2

Aacuterea de cuidados e

higienizaccedilatildeo do lactente

1 pcada 12 berccedilos ou fraccedilatildeo 40 msup2

Enfermaria de lactente

Quarto de crianccedila Quarto de adolescente

15 dos leitos do

estabelecimento

Deve haver no miacutenimo 1 quarto para servir de isolamento a

cada 30 leitos ou fraccedilatildeo

45 msup2 por leito = lactente

90 msup2 = quarto de 1 leito

50 msup2 por leito = crianccedila Nordm maacuteximo de crianccedilas ateacute 2 anos por

enfermaria = 12

Quarto de adolescente 100 msup2 = quarto de 1 leito ou 140 msup2 com

dimensatildeo miacutenima de 30m no caso do uso para

ldquoPPP 70 msup2 por leito = quarto de 2 leitos

60 msup2 por leito = enfermaria de 3 a 6 leitos

Nordm maacuteximo de leitos por enfermaria = 6

Distacircncia entre leitos paralelos = 1m

Distacircncia entre leito e paredes

Cabeceira= inexistente

Peacute do leito = 12 m

Lateral = 05 m

Enfermaria de adolescente

Quarto de adulto

a cada 30 leitos deve existir no

miacutenimo 1 quarto para situaccedilotildees

que requeiram isolamento

Enfermaria adulto

Aacuterea de

recreaccedilatildeolazerrefeitoacuterio

1 para cada unidade de

pediatria psiquiatria e crocircnicos

12 msup2 por paciente em condiccedilotildees de exercer

atividades recreativaslazer

Aacuterea ou antecacircmara de acesso

ao quarto de isolamento

18 msup2

Sala de aula 08 msup2 por aluno

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS

Fonte Adaptado da Resoluccedilatildeo RDC nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002

Em relaccedilatildeo agrave internaccedilatildeo de pacientes adultos e pediaacutetricos cada quarto ou enfermaria

de internaccedilatildeo deve ser provido de banheiro exclusivo aleacutem de um lavatoacuteriopia para uso da

equipe de assistecircncia em uma aacuterea anterior a entrada do quartoenfermaria ou mesmo no

interior desses fora do banheiro Um lavatoacuteriopia externo ao quarto ou enfermaria pode

servir a no maacuteximo 4 (quatro) quartos ou 2 (duas) enfermarias (RDC nordm 50 2002)

A RDC nordm 50 dispotildee sobre iluminaccedilatildeo dos ambientes hospitalares definindo que nos

quartos das enfermarias de unidade de internaccedilatildeo geral devem ser de quatro tipos iluminaccedilatildeo

geral em posiccedilatildeo que natildeo incomode o paciente deitado iluminaccedilatildeo de cabeceira na parede

(arandela) para leitura iluminaccedilatildeo de exame no leito com lacircmpada fluorescente que tambeacutem

pode ser obtida atraveacutes de aparelho ligado agrave tomada junto ao leito e sinalizaccedilatildeo de

enfermagem (IS) que eacute um de sistema de sinalizaccedilatildeo luminosa imediata entre o paciente

interno e o funcionaacuterio assistencial (meacutedico e enfermeira) O sistema interliga cada leito

sanitaacuterio e banheiro das diversas unidades e ambientes em que estaacute presente o paciente

27

interno com o respectivo posto de enfermagem que lhe daacute cobertura assistencial quarto

enfermaria e banheiro da unidade de internaccedilatildeo geral quarto aacutereas coletivas de pediatria e

banheiro da unidade de internaccedilatildeo intensiva A identificaccedilatildeo deve se dar em cada leito e porta

dos ambientes voltados para a circulaccedilatildeo (RDC nordm 50 2002)

Nos ambientes onde satildeo prestados os cuidados de sauacutede a iluminaccedilatildeo pode trazer

estiacutemulos positivos agrave recuperaccedilatildeo dos pacientes mas quando excessiva ou mal localizada

pode ser prejudicial A importacircncia da iluminaccedilatildeo tambeacutem estaacute relacionada agrave adequaccedilatildeo

visual dos profissionais para realizaccedilatildeo de procedimentos eou observaccedilatildeo dos pacientes De

modo geral os aspectos quantitativos satildeo mais valorizados que os qualitativos sendo esta

priorizaccedilatildeo notada nas legislaccedilotildees nacionais e estrangeiras Entre as normas nacionais

apresentando os requisitos miacutenimos a serem atendidos a Norma Brasileira (NBR) 541392

textos normativos da ABNT recomenda os valores de iluminacircncias e a Portaria nordm 188494 do

Ministeacuterio da Sauacutede sugere ldquoalguns criteacuterios qualitativos para projetos de iluminaccedilatildeo artificial

dos espaccedilos de internaccedilatildeordquo (Peccin 2002 p 15)

A preocupaccedilatildeo com a iluminaccedilatildeo nos ambientes hospitalares tem se focado mais na

questatildeo econocircmica envolvendo a racionalizaccedilatildeo da energia empregada e na reduccedilatildeo dos

custos de operaccedilatildeo do sistema Mesmo em relaccedilatildeo aos pacientes as discussotildees convergem

para questotildees de conforto ambiental luz de cabeceira para leitura iluminaccedilatildeo de vigiacutelia para

permitir o acesso da equipe de enfermagem agrave noite sem acionar a luz de teto Outra questatildeo eacute

a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas que ldquopermitam boa reproduccedilatildeo de cores permitindo a identificaccedilatildeo

de alteraccedilotildees orgacircnicasrdquo como por exemplo a coloraccedilatildeo da pele As questotildees de seguranccedila

satildeo tratadas em relaccedilatildeo agrave iluminaccedilatildeo de emergecircncia (NBR 1353495 e NBR 1089899) e

iluminacircncias meacutedias miacutenimas para atividades hospitalares considerando a dificuldade da

tarefa visual a idade do usuaacuterio poreacutem as legislaccedilotildees divergem entre os paiacuteses (Peccin

2002)

A ISO (International Organization for Standardization) 31000 de 2009 eacute a nova

referecircncia mundial para a Gestatildeo de Riscos fornecendo orientaccedilotildees para a estrutura de

gerenciamento de riscos aplicaacutevel a organizaccedilotildees de qualquer tamanho traz um modelo

conceitual que pode ser usado para a anaacutelise dos arranjos organizacionais que incluem planos

relacionamentos prestaccedilatildeo de contas recursos processos e atividades A Figura 5 traz a

proposto de um modelo conceitual para ser utilizado na anaacutelise desses arranjos (MacLeod et

al 2013)

28

Mandato e

comprometimento

Estrutura para gerenciar

riscos

Monitoramento e anaacutelise criacutetica da

estrutura

Melhoria contiacutenua da

estrutura

Implementaccedilatildeo da gestatildeo

de riscos

Fonte wwwiiabrasilorgbr Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000)

29

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA

Segundo Martins amp Theoacutephilo 2009 p 37 ldquoO objetivo da metodologia eacute o

aperfeiccediloamento dos procedimentos e criteacuterios utilizados na pesquisardquo Jaacute ldquomeacutetodo eacute o

caminho para se chegar a um determinado fim ou objetivordquo

Na Figura 6 estatildeo compiladas as atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborada pelo Auto

31 Delineamento da Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa empiacuterica O Empirismo eacute uma abordagem metodoloacutegica que

ldquoconsidera que o fato existe independentemente de qualquer atribuiccedilatildeo de valor ou

posicionamento teoacuterico e possui um conteuacutedo evidente livre de pressupostos subjetivosrdquo

(Martins amp Theoacutephilo 2009 p 39)

Eacute um estudo descritivoexploratoacuterio que coleta ldquodescriccedilotildees detalhadas de variaacuteveis

existentes e usam dados para justificar e avaliar condiccedilotildees e praacuteticas correntes ou fazer planos

mais inteligentes para melhorar as praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (LoBiondo-Wood amp Haber

2001 p 111)

Os autores afirmam que este tipo de desenho eacute uacutetil na busca ldquode informaccedilotildees precisas

sobre as caracteriacutesticas dos sujeitos de pesquisa grupos instituiccedilotildees ou situaccedilotildees ou sobre a

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborado pela autora

30

frequecircncia de um fenocircmeno particularmente quando se sabe pouco sobre o fenocircmenordquo

(LoBiondo-Wood amp Haber 2001 p 111)

O delineamento da pesquisa termo que tem sido substituiacutedo por estrateacutegias de

pesquisa refere-se agraves ldquodiferentes maneiras de abordar e analisar dados empiacutericos no contexto

das Ciecircncias Sociais Aplicadasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 53)

A estrateacutegia utilizada nesta pesquisa foi o estudo de caso

ldquotrata de uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa fenocircmenos dentro de seu

contexto real (pesquisa naturaliacutestica) onde o pesquisador natildeo tem controle

sobre eventos ou variaacuteveis buscando aprender a totalidade de uma situaccedilatildeo e

criativamente descrever compreender e interpretar a complexidade de um

caso concretordquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p62)

O estudo de caso eacute o tipo de estrateacutegia de pesquisa que bem se adequa a situaccedilotildees em

que a forma da questatildeo de pesquisa relaciona-se a questotildees explanatoacuterias onde natildeo se exige

controle sobre eventos comportamentais e que focaliza eventos contemporacircneos Os estudos

de caso podem incluir as e mesmo ser limitados agraves evidecircncias quantitativas (Yin 2001 pp

24-25)

O estudo de caso deve permitir ao investigador construir descriccedilotildees interpretaccedilotildees e

explicaccedilotildees originais que conduzam a conclusotildees e recomendaccedilotildees mostrando que foram

coletadas e avaliadas evidecircncias relevantes (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 63)

A escolha do estudo de caso como estrateacutegia de pesquisa deveu-se ao fato de ser pouco

conhecida a influecircncia dos fatores ambientais na ocorrecircncia de quedas no meio hospitalar

questatildeo jaacute mais explorada em domiciacutelio e instituiccedilotildees de longa permanecircncia e abrangendo

mais especificamente a populaccedilatildeo de idosos sendo o fenocircmeno pesquisado no seu contexto

real

Trata-se de estudo retrospectivo pois os indiviacuteduos satildeo seguidos do efeito para a

causa No estudo longitudinal retrospectivo se conhece o efeito e se busca a causa (Bordalo

2006)

Segundo Szklo (2002 p16)

ldquoQuando o investigador tem interesse em identificar fatores de risco (fatores

etioloacutegicos) o desenho mais eficiente em ambiente hospitalar eacute o estudo de

casos e controles tambeacutem conhecido como estudo retrospectivo Podem-se

conduzir estudos de casos e controles em um ou mais hospitais bem como

incluir pacientes hospitalizados ou ambulatoriais Comparado com estudos de

coorte este tipo de estudo eacute relativamente barato geralmente de menor duraccedilatildeo e exige uma amostra menorrdquo

31

Foi utilizada a teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa

As ldquoavaliaccedilotildees qualitativas contribuem com a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos e

as anaacutelises quantitativas datildeo uma ordem de grandeza do risco vinculado ao fenocircmenordquo (Lima

2012 p72)

Na teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa os dados satildeo descritivos compreendendo a

descriccedilatildeo de pessoas de acontecimentos e reaccedilotildees e mesmo a transcriccedilatildeo de relatos A

preocupaccedilatildeo central natildeo satildeo as mediccedilotildees mas sim as descriccedilotildees e interpretaccedilotildees dos fatos

(Martins amp Theoacutephilo 2009)

Martins amp Theoacutephilo (2009) enfatizam que o estudo de caso pede avaliaccedilatildeo

qualitativa uma vez que tem como objetivo a anaacutelise de uma unidade social que eacute analisada

profunda e intensamente

32 Local do Estudo

O estudo foi realizado em um hospital puacuteblico de porte extra universitaacuterio localizado

no municiacutepio de Satildeo Paulo e faz parte de um complexo hospitalar que ocupa uma aacuterea total de

352 mil metros quadrados com cerca de 2200 leitos Tem como oacutergatildeo responsaacutevel a

Secretaria de Estado da Sauacutede

O hospital escolhido conta com 843 leitos e atende predominantemente pacientes do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mas estende seu atendimento a pacientes conveniados

Oferece atendimento meacutedico-hospitalar ambulatorial por imagem e som serviccedilos

psicossocial e terapecircutico Abrange especialidades de cliacutenica meacutedica ciruacutergica e

traumatologia sendo referecircncia em transplante de fiacutegado adulto pacircncreas rim coacuternea pele e

medula oacutessea As enfermarias apresentaram no ano de 2013 taxa de ocupaccedilatildeo de 779

33 Procedimentos de Coleta dos Dados

Em se tratando de estudo de caso as atividades de coleta de dados devem ser

realizadas pelo pesquisador-autor que ldquoteraacute mais condiccedilotildees de continuamente estar pensando

e agindo na busca de relaccedilotildees entre a questatildeo de pesquisa que deseja responder as

proposiccedilotildees (teoria preliminar) que carecem de demonstraccedilotildees e a coleta dos dados e

evidecircnciasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p65)

Yin pondera que as evidecircncias para um estudo de caso podem vir de seis fontes

distintas documentos registros em arquivo entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo

participante e artefatos fiacutesicos As informaccedilotildees documentais satildeo relevantes a todos os toacutepicos

32

do estudo de caso Tais documentos podem ser correspondecircncias agendas e minutas de

reuniotildees relatoacuterios de eventos em geral O seu uso mais importante eacute ldquocorroborar e valorizar

as evidecircncias oriundas de outras fontesrdquo (Yin 2001 p 111)

Segundo Yin (2001) p 121) ldquo o uso de vaacuterias fontes de evidecircncias nos estudos de

caso permite que o pesquisador dedique-se a uma ampla diversidade de questotildees histoacutericas

comportamentais e de atitudesrdquo

Assim ldquoqualquer descoberta ou conclusatildeo em um estudo de caso provavelmente seraacute

muito mais convincente e acurada se se basear em vaacuterias fontes distintas de informaccedilatildeo

obedecendo a um estilo corroborativo de pesquisardquo (Yin 2001 p 121)

A pesquisa de campo eacute segundo Lakatos amp Marconi 1991 utilizada para a busca de

informaccedilotildees ou conhecimentos na procura de resposta para um problema atraveacutes da

observaccedilatildeo dos fenocircmenos como ocorrem espontaneamente coletando dados e registrando

variaacuteveis que possam estar relacionadas e posteriormente analisaacute-los

Nogueira (1968) como citado em Lakatos amp Marconi (1991 p 211) define formulaacuterio

como sendo ldquouma lista formal um cataacutelogo ou um inventaacuterio destinado agrave coleta de dadosrdquo O

preenchimento eacute feito pelo proacuteprio pesquisador atraveacutes de observaccedilatildeo ou interrogatoacuterio

Segundo Mello amp Turrioni (2007 p51)

ldquoA observaccedilatildeo eacute uma taacutetica de coleta de dados para conseguir informaccedilotildees e

utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados aspectos da realidade Natildeo

consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou fenocircmenos que se desejam estudar Desempenha papel importante nos

processos observacionais no contexto da descoberta e obriga o investigador a

um contato mais direto com a realidaderdquo

A observaccedilatildeo cientiacutefica ldquoeacute planejada sistematicamente eacute registrada metodicamente e

estaacute relacionada a proposiccedilotildees mais gerais em vez de ser apresentada como uma seacuterie de

curiosidades interessantes estaacute sujeita a verificaccedilotildees e controles sobre a validade e

seguranccedilardquo (Mello amp Turrioni 2007 p 51)

Na observaccedilatildeo estruturada ou sistemaacutetica ldquoo observador sabe o que procura e o que

carece de importacircncia em determinada situaccedilatildeo deve ser objetivo reconhecer possiacuteveis erros

e eliminar sua influecircncia sobre o que vecirc ou recolhe (Mello amp Turrioni 2007 p51)

A figura 7 mostra os pontos fortes e limitaccedilotildees do uso da observaccedilatildeo como taacutetica para

coleta de dados

33

Pontos fortes Limitaccedilotildees

Possibilita meios diretos e satisfatoacuterios para

estudar uma ampla variedade de fenocircmenos

O observado tende a criar impressotildees favoraacuteveis ou

desfavoraacuteveis no observador

Exige menos do pesquisador do que as outras

teacutecnicas

A ocorrecircncia espontacircnea natildeo pode ser prevista o que

impede muitas vezes o observador de presenciar o

fato

Permite a coleta de dados sobre um conjunto de

atitudes comportamentais tiacutepicas

Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do

pesquisador

Depende menos da introspecccedilatildeo ou da reflexatildeo A duraccedilatildeo dos acontecimentos eacute variaacutevel pode ser

raacutepida ou demorada e os fatos podem ocorrer

simultaneamente nos dois casos torna-se difiacutecil a

coleta de dados

Permite a evidecircncia de dados natildeo constantes do

roteiro de entrevistas ou de questionaacuterios

Vaacuterios aspectos da vida cotidiana particular podem

natildeo ser acessiacuteveis ao pesquisador

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo

Fonte Mello amp Turrioni 2007

Para este estudo foi realizado o levantamento a partir das notificaccedilotildees de incidentes

relacionados agraves quedas no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 para caracterizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo O grupo de elementos escolhido para compor a amostra foi feito intencionalmente

de acordo com criteacuterios estabelecidos

Foram selecionadas 6 unidades de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica que ocuparam as

primeiras seis posiccedilotildees na frequecircncia de ocorrecircncia de quedas segundo os dados coletados a

partir das notificaccedilotildees de incidentes Estes leitos satildeo destinados a internaccedilatildeo de indiviacuteduos

adultos de ambos os sexos com ambientes de acomodaccedilatildeo de diferentes dimensotildees para 1 2

4 ou 6 leitos O criteacuterio de exclusatildeo foi a realizaccedilatildeo de reforma preacutevia planejada e conduzida

sob a supervisatildeo do setor de Arquitetura e Engenharia Hospitalar da instituiccedilatildeo

A teacutecnica da coleta de dados utilizada nesta pesquisa foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes

nas unidades e das plantas das unidades

O formulaacuterio utilizado foi elaborado pela autora com base nas legislaccedilotildees e fatores

ambientais citados na literatura que podem estar relacionados a queda visando a adequaccedilatildeo

do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a perspectiva de avaliaccedilatildeo de riscos e

melhoria da seguranccedila Este formulaacuterio serviu como roteiro para a visita de campo

direcionando a inspeccedilatildeo dos itens relacionados a dimensotildees dos diferentes tipos de quartos

instalaccedilotildees dispositivos de seguranccedila e mobiliaacuterio no momento da observaccedilatildeo (APEcircNDICE

34

A) Os ambientes do quartos e banheiros foram fotografados para visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo

espacial do mobiliaacuterio As medidas dos quartos foram analisadas a partir das plantas

fornecidas pelo setor de engenharia e arquitetura

O periacuteodo de coleta foi de 1 a 30 de novembro de 2014

34 Procedimentos e Anaacutelise de Dados

Foi desenvolvido um banco de dados que permitiu a revisatildeo de evidecircncias com o

intuito de aumentar a confiabilidade do estudo O resultado das observaccedilotildees e das notificaccedilotildees

de incidentes pesquisados foram armazenados para que os dados possam ser prontamente

recuperaacuteveis para inspeccedilatildeo ou nova leitura Manter um encadeamento de evidecircncias tambeacutem

aumenta a confiabilidade das informaccedilotildees de um estudo de caso o que ldquoconsiste em permitir

que um observador externo - o leitor do estudo de caso por exemplo - possa perceber que

qualquer evidecircncia proveniente de questotildees iniciais da pesquisa leve agraves conclusotildees finais do

estudo de casordquo (Yin 2001 p127)

Yin (2001 p127) discorre que

ldquo a anaacutelise de dados consiste em examinar categorizar classificar em

tabelas ou do contraacuterio recombinar as evidecircncias tendo em vista proposiccedilotildees

iniciais de um estudordquo

Martins amp Theoacutephilo (2009 p69) relatam que ldquo natildeo haacute um roteiro para se analisar

os resultados de um estudo desta naturezacada caso eacute um casordquo

As proposiccedilotildees teoacutericas que

ldquo refletem o conjunto de questotildees da pesquisa as revisotildees feitas na

literatura sobre o assunto e as novas interpretaccedilotildees que possam surgirrdquo

constituem uma boa estrateacutegia a ser seguida na anaacutelise de dados permitindo a

produccedilatildeo de ldquoconclusotildees analiacuteticas irrefutaacuteveis e eliminar interpretaccedilotildees

alternativasrdquo (Yin 2001 p 129)

Os resultados foram analisados com base comparativa na literatura salientando as

evidecircncias relevantes que devem ser todas as encontradas Em relaccedilatildeo agrave aacuterea fiacutesica deveratildeo

ser considerados os itens que estatildeo ou natildeo em conformidade com a legislaccedilatildeo vigente

35 Aspectos Eacuteticos da Pesquisa

O projeto foi submetido agrave aprovaccedilatildeo da Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de

Pesquisa (CAPPESQ) da instituiccedilatildeo com parecer de aprovaccedilatildeo nordm 940006 de 27 de janeiro de

2015

Como o estudo natildeo envolveu nenhum tipo de abordagem a pacientes ou profissionais

natildeo se aplica a exigecircncia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) exigido

35

em toda pesquisa em que estejam envolvidos indiviacuteduos grupos ou seus representantes legais

que devem manifestar a sua anuecircncia em participar da pesquisa (Resoluccedilatildeo Nordm 466 2012)

36

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para se apurar o contexto de um incidente as informaccedilotildees devem abranger quatro classes

as caracteriacutesticas dos doentes as caracteriacutesticas do incidente os fatoresperigos contribuintes

e as consequecircncias organizacionais decorrentes da ocorrecircncia Entre as caracteriacutesticas dos

doentes estatildeo os dados demograacuteficos as relacionadas ao incidente satildeo aquelas que informam

as circunstacircncias em que o incidente ocorreu (como onde e quando) os fatores contribuintes

satildeo as circunstacircncias accedilotildees ou influecircncias que podem ter contribuiacutedo para a origem

desenvolvimento ou aumento do risco de um incidente e por fim as consequecircncias

organizacionais dizem do impacto do incidente sobre a organizaccedilatildeo tais como aumento da

utilizaccedilatildeo de recursos para prestar cuidados adicionais ao doente repercussotildees negativas

veiculadas pela comunicaccedilatildeo social consequecircncias legais devidas a resultados cliacutenicos ou

terapecircuticos negativos para o doente (OMS 2011)

Foram avaliadas notificaccedilotildees de 922 incidentes ocorridos de janeiro a junho de 2014 dos

quais 205 foram quedas (2223)

Com base nestes conceitos foi feita anaacutelise estatiacutestica descritiva na distribuiccedilatildeo de

frequecircncia dos dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo referido conforme

apresentado na Tabela 2

Os dados da pesquisa apontaram que em 205 quedas ocorridas entre janeiro e junho

de 2014 a idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 5663 anos sendo que natildeo

houve diferenccedila entre homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a

ocorrecircncia da queda foi de 14 dias Ao contraacuterio de outros estudos a idade meacutedia eacute inferior a

60 anos bem como o tempo meacutedio de ocorrecircncia que foi maior Como visto no estudo

realizado por Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006 com pacientes

hospitalizados a idade meacutedia foi de 673 anos e o tempo meacutedio de internaccedilatildeo ateacute a ocorrecircncia

foi de 119 dias Outras pesquisas trazem a prevalecircncia de quedas na faixa etaacuteria de 60 anos

ou mais (Costa Monteiro Memesath amp Almeida 2011 Paiva et al 2010 Correa et al 2012

Abreu et al 2012 e Inoue Matsuda Melo Murassaki amp Hayakawa 2011)

Nesta pesquisa houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo

noturno (50) Em relaccedilatildeo agrave prevalecircncia no sexo masculino este resultado vai ao encontro

dos apresentados por Paiva et al 2010 Costa et al 2011 Carneiro et al 2011e Inoue et al

2011) O turno noturno tambeacutem foi mais frequente nas pesquisas de Paiva et al 2010 (637)

e de Correa et al 2012 (413)

37

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo de janeiro

a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

N = 205

Caracteriacutesticas Meacutedia n

idade (meacutedia) 5663

dias de internaccedilatildeo (meacutedia) 1402

Sexo

Feminino

83 41

Masculino

122 59

Turno

Manhatilde

54 26

Tarde

42 21

Noturno

103 50

natildeo informado

6 3

Local

Banheiro

50 24

Quarto

89 43

corredor

13 6

saguatildeo do PS

6 3

SECSEM do PS

3 1

locais de exame

7 4

outros

8 5

natildeo informado

29 14

Altura

cadeiracadeira de rodaspoltrona

20 10

camaleitomaca

48 23

mesa ciruacutergicaexame

2 1

proacutepria altura

108 53

outros

1 05

natildeo presenciado

1 05

natildeo informado

25 12

Dano

Sim

61 30

Natildeo

122 59

natildeo informado 22 11

Fonte Resultados da pesquisa

Quanto ao local da queda 43 ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando

67 de ocorrecircncias no ambiente destinado agrave acomodaccedilatildeo do paciente durante a internaccedilatildeo O

quarto tambeacutem foi o local mais frequente de quedas nos estudos de Correa et al 2011 e

Abreu et al 2012 o que poderia ser explicado pelo fato de ser onde os pacientes permanecem

mais tempo

38

Em 53 dos incidentes a queda ocorreu da proacutepria altura 23 da cama leito ou

maca 12 dos casos a altura natildeo foi informada 10 da cadeira poltrona cadeira de rodas

1 da mesa ciruacutergicaexames e em 2 a queda natildeo foi presenciada ou outros

Das 205 quedas notificadas 122 (59) natildeo resultaram em danos constatados ou

referidos pelo paciente Em 62 eventos (30 ) ocorreu algum tipo de dano e em 21 casos

(11) esta informaccedilatildeo natildeo constava das notificaccedilotildees Entre os danos as mais frequentes

foram escoriaccedilotildees (43) seguida de ferimentos corto contusoslesotildees (21) sendo que em

dois casos foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de sutura Em 36 dos casos as lesotildees foram reunidas

em um grupo denominado ldquooutrosrdquo variando de dor referida pelo paciente agrave perda de

consciecircncia em duas ocorrecircncias fratura oacutessea em um caso hematoma subgaleal e deiscecircncia

de ferida operatoacuteria em outras duas situaccedilotildees

Em 164 ocorrecircncias (79) natildeo foram solicitados exames complementares ou natildeo foi

registrada na ficha de notificaccedilatildeo poreacutem em 42 (21) eles foram necessaacuterios Os mais

frequentes foram as tomografias computadorizadas (n= 24 57) solicitaccedilatildeo de RX foram 10

(24) e em dois casos foram necessaacuterios RX e tomografia computadorizada (5) e outros

tipos de exames somaram 6 casos (14)

As seis unidades de internaccedilatildeo onde ocorreu maior frequecircncia de quedas foram

Cliacutenica Meacutedica (10) Retaguarda do Pronto Socorro (8) Transplante Renal (7)

Nefrologia (6) Moleacutestia Infecciosas e Cirurgia Vascular (5 cada uma) A maior

porcentagem de quedas ocorreu nas aacutereas de Pronto Socorro (saguatildeo salas de emergecircncia

observaccedilatildeo e cuidados intensivos) somando 21 poreacutem natildeo constitui foacuterum deste estudo

que se restringiu agraves unidades de internaccedilatildeo Os restantes 38 ficaram distribuiacutedos em outras

18 unidades

A Tabela 3 traz a distribuiccedilatildeo dos locais de ocorrecircncia onde as quedas foram mais

frequentes considerando quarto e banheiro que somam os maiores valores

39

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde predominaram os

eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

Unidade local Quarto Banheiro Outros

Cliacutenica Meacutedica 30 55 15

Retaguarda do PS 18 52 30

Cirurgia Vascular 70 0 30

Unidade de

Transplante Renal44 21 25

Nefrologia 36 27 27

Moleacutestias

Infecciosas60 10 30

Fonte Resultados da Pesquisa

Observa-se que a frequecircncia de quedas foi significativamente maior no quarto nas

unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias Infecciosas onde haacute maior nuacutemero de pacientes

restritos ao leito seja pelas alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora na primeira e pela gravidade na

segunda

Considerando que a ocorrecircncia de quedas foi de 205 casos em seis meses podemos

considerar este evento como frequente de gravidade moderada (30 resultaram em dano aos

pacientes) e de alta detecccedilatildeo

A Tabela 4 apresenta a distribuiccedilatildeo das unidades visitadas e o atendimento aos

quesitos do formulaacuterio utilizado para registro dos dados levantados com base nas

recomendaccedilotildees de adequaccedilatildeo do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a

perspectiva da seguranccedila e avaliaccedilatildeo de riscos

Na unidade de Cliacutenica Meacutedica onde ocorreu o maior nuacutemero de quedas (10 de

todas as quedas notificadas) entre as aacutereas selecionadas dos 17 quesitos diretamente

relacionados a quedas do roteiro de inspeccedilatildeo elaborado (excluindo-se os itens referentes agraves

pias) natildeo foram atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em todos

os quartos mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os quartos e iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos A unidade de Retaguarda do Pronto Socorro (8 das quedas) teve os

seguintes quesitos natildeo atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em

todos os quartos iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e mobiliaacuterios com rodiacutezios e

travas em todos os quartos Por sua vez as unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias

Infecciosas onde ocorram 5 das quedas em cada uma delas tiveram 9 e 8 quesitos natildeo

atendidos respectivamente As unidades de Nefrologia (6 das quedas) e Transplante Renal

(7 das quedas) tambeacutem tiveram 9 itens natildeo atendidos Estes resultados alertam para

intervenccedilatildeo nestas aacutereas pois estatildeo em risco de novas e mais frequentes ocorrecircncias

40

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades visitadas

2014 Satildeo Paulo Brasil

Embora os sistemas de chamada de enfermagem estivessem presentes em todas as

unidades em todas elas havia vaacuterios dispositivos que natildeo funcionavam Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

UnidadeMoleacutestias

Infecciosas

Retaguarda

do Pronto

Socorro

Cliacutenica

MeacutedicaNefrologia

Transplant

e Renal

Cirurgia

Vascular

Quesito atende natildeo atende

Dimensotildees miacutenimas por

quartoleitoatende atende atende atende atende atende 100

Banheiro exclusivo para

cada quartoatende atende atende atende atende atende 100

Barras de apoio no box em

todos os banheirosatende atende atende atende natildeo atende atende 83 17

Barras de apoio proacuteximas ao

vaso sanitaacuterioatende atende atende atende atende atende 100

Pia agrave entrada do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Pia dentro do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Sistema de chamada de

enfermagematende atende atende atende atende atende 100

Interruptor de luz acessiacutevel natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso em perfeitas condiccedilotildees

em todos os quartosatende natildeo atende natildeo atende atende atende natildeo atende 50 50

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em

todos os leitos atende natildeo atende atende

presente mas

faltam

lacircmpadas

natildeo atende natildeo atende 33 67

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente mas

natildeo funcionanatildeo atende

presente

mas natildeo

funciona

84 16

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os

quartos

atende atende atende natildeo atende atende atende 84 16

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem atende atende atende atende atende natildeo atende 84 16

Camas com grades em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas comtravas em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas eleacutetricas em todos os

leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Escada de 2 degraus

presente em todos os leitos

e com ponteira de borracha

natildeo atendenatildeo se

aplica

natildeo se

aplicanatildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Mobilaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartosnatildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

atende atende atende atende atende atende 100

41

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia estivesse presente em todas

elas natildeo funcionava

Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os

quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado a ocorrecircncia

de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados)

Os itens seguintes natildeo satildeo atendidos na maioria das unidades (67 cada) camas com

grades em todos os leitos camas com travas em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os

leitos e escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Os

quesitos alertam quanto ao fato de que 23 de todas as quedas notificadas ocorreram da cama

ou leito camas hospitalares altas sem ajuste de altura pois natildeo satildeo eleacutetricas sem travas e

sem escadas para auxiliar a saiacuteda do leito

A RDC nordm 50 (p44 ANEXO 1) recomenda que os quartos tenham dimensotildees miacutenimas

por leito (6 msup2) distacircncia entre os leitos (1 m) distacircncia entre peacute do leito e parede (12 m) e

entre leitos (05 m) Embora estabeleccedila que na pediatria e na geriatria devam ser previstos

espaccedilos para poltrona de acompanhante ao lado do leito e para berccedilo ao lado da cama da matildee

no caso de alojamento conjunto considera que as metragens quadradas permaneccedilam as

mesmas citadas na tabela

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (Vigilacircncia Sanitaacuteria) investiga se os

dormitoacuterios obedecem aos padrotildees estabelecidos pela legislaccedilatildeo vigente se haacute distacircncia

miacutenima entre dois leitos que permita a faacutecil circulaccedilatildeo sendo as respostas para estas questotildees

sim ou natildeo natildeo especificando dimensotildees

Considerando as recomendaccedilotildees da RDC nordm 50 as unidades estudadas atendem os

requisitos de dimensotildees miacutenimas para os quartos de 2 4 e 6 leitos Entretanto a referida RDC

natildeo considera o espaccedilo para a colocaccedilatildeo de outros mobiliaacuterios necessaacuterios ao atendimento e

conforto do paciente como mesa de cabeceira mesa de refeiccedilatildeo e poltrona para

posicionamento de pacientes Ao se dispor todos estes itens mesmo o ambiente atendendo as

recomendaccedilotildees de dimensotildees miacutenimas o espaccedilo torna-se reduzido dificultando a circulaccedilatildeo

de pacientes e profissionais sem esbarrarem nos mobiliaacuterios o que pode prejudicar seu

equiliacutebrio e propiciar a ocorrecircncia de quedas

As Figuras 8 e 9 trazem imagens da distribuiccedilatildeo tiacutepica dos mobiliaacuterios nos ambientes

de internaccedilatildeo das unidades estudadas que literalmente se acumulam deixando reduzido

espaccedilo para circulaccedilatildeo e natildeo atendendo agrave recomendaccedilatildeo de distacircncia entre o leito e a parede

42

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de

cabeceira e suporte de soro contiacuteguos

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

Quanto agraves instalaccedilotildees sanitaacuterias questionam se estatildeo no mesmo pavimento das

enfermarias e se haacute um chuveiro para cada seis leitos O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospital

Geral da Coordenaccedilatildeo de Fiscalizaccedilatildeo Sanitaacuteria do Estado do Rio de Janeiro quanto a

banheiro para pacientes fala de um para cada quarto ou enfermaria que deve ter acesso direto

a um banheiro podendo este servir no maacuteximo a 2 enfermarias Nem um dos dois roteiros de

vistoria acata a RDC nordm 50 (2002) que prevecirc banheiro para pacientes em cada quarto ou

enfermaria Novamente natildeo se estabelece dimensotildees

43

Para as unidades estudadas todos os quartos contam com banheiro privativo

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (ANEXO 2) indaga se os chuveiros estatildeo

instalados em box com dimensotildees internas compatiacuteveis com banho em posiccedilatildeo assentada e

dotados de aacutegua quente

Tais requisitos natildeo parecem suficientes pois como se observa na Figura 10 abaixo a

cadeira higiecircnica eacute robusta e ocupa praticamente todo o espaccedilo do box impossibilitando a

permanecircncia do profissional acompanhando ou executando a higienizaccedilatildeo do paciente Aleacutem

disso natildeo haacute cinto de seguranccedila que impeccedila o arremesso do tronco para frente

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box

As Figuras 11 e 12 exibem os mobiliaacuterios habituais disponibilizados para o

atendimento dos pacientes A mesa de refeiccedilatildeo tem apenas dois rodiacutezios e sem trava A mesa

de cabeceira embora com peacutes fixos eacute de metal e com cantos pontiagudos que ao se chocarem

com o corpo do paciente podem provocar ferimentos

44

A figura 13 mostra a presenccedila das barras de apoio proacuteximas dispostas nas laterais do

vaso sanitaacuterio permitindo o alcance do paciente caso seja necessaacuterio

Durante o transcorrer do estudo uma medida de melhoria implementada foi a

substituiccedilatildeo de todas as camas por eleacutetricas em duas das unidades aumentando para de 33

para 50 as aacutereas que atendem este quesito

Quatro outras unidades do hospital jaacute passaram por reformas planejadas pela

arquitetura hospitalar com adequaccedilatildeo do nuacutemero de leitos ao espaccedilo disponiacutevel piso

iluminaccedilatildeo sistema de chamada de emergecircncia e de enfermagem barras de apoio e assentos

fixos nos banheiros

Para as aacutereas estudadas apenas uma delas jaacute possui projeto para reforma

Figura 11 Mesa de refeiccedilatildeo Figura 12 Mesa de cabeceira

45

Figura 11 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio

dispostas proacuteximas nas laterais

46

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA

Este estudo teve como principal objetivo avaliar a estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo de um hospital puacuteblico buscando analisar se as mesmas cumpriam a legislaccedilatildeo

vigente visto que na literatura como pode-se observar durante esta dissertaccedilatildeo existem alguns

pontos essenciais para garantir a seguranccedila do paciente no que se refere ao risco de queda

Pode-se entender que a gestatildeo do risco de queda de pacientes internados dentre vaacuterios

fatores deve existir a preocupaccedilatildeo com a estrutura fiacutesica do ambiente hospitalar

A principal contribuiccedilatildeo praacutetica deste estudo foi apresentar essa relaccedilatildeo do risco de queda

pela estrutura fiacutesica hospitalar das unidades de internaccedilatildeo estudadas e propondo a inclusatildeo

nos protocolos de gestatildeo de queda dos pacientes internados dos hospitais o item de anaacutelise de

estrutura fiacutesica

Para fidelizar essa proposta criamos um instrumento de apoio para todos os hospitais

sejam puacuteblicos ou privados utilizarem facilitando a identificaccedilatildeo de possiacuteveis natildeo

conformidades neste quesito arquitetura hospitalar

Deixa-se aqui uma sugestatildeo embasada na literatura cientiacutefica e legislaccedilatildeo vigente dos

itens relacionados a estrutura fiacutesica que devem ser avaliados como fatores de risco de queda

(Figura 14)

Esta proposta busca nortear os gestores quanto agraves necessidades de incluir a gestatildeo do

risco de queda no planejamento de construccedilotildees e reformas de edificaccedilotildees destinadas a

prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no acircmbito hospitalar

Os profissionais de arquitetura e engenharia hospitalar devem ter conhecimento dos

mobiliaacuterios pretendidos para acomodaccedilatildeo e atendimento do paciente considerando suas

proporccedilotildees em relaccedilatildeo aos ambientes e o espaccedilo ocupado por cada peccedila computado no

caacutelculo das dimensotildees dos quartos por leito

Eacute necessaacuteria a constataccedilatildeo da presenccedila e funcionalidade de dispositivos de seguranccedila

como as grades travas e regulaccedilatildeo de altura das camas ou escadas que propiciem a saiacuteda

segura do leito

A iluminaccedilatildeo deveraacute ser avaliada quanto agrave presenccedila tipo funcionamento e

efetividade Dispositivos como interruptores de acionamento de iluminaccedilatildeo e sistemas de

chamada devem estar instalados de modo a propiciar o alcance do usuaacuterio

Outra questatildeo a ser considerada eacute a circulaccedilatildeo segura no ambiente de internaccedilatildeo

garantida pela integridade do piso e se eacute mantido seco ausecircncia de obstaacuteculos como cabos e

extensotildees nos quais o paciente possa tropeccedilar e perder o equiliacutebrio

47

Figura 12 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar

Itens para inspeccedilatildeo Recomendaccedilatildeo

dimensotildees miacutenimas por leitomobiliaacuterio 800 msup2

distacircncia entre leitos 100 m

distacircncia entrte a lateral do leito e parede 050 m

distacircncia entre o peacute do leito e parede 120 m

espaccedilo aproximado reservado para cama hospitalar 220 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de cabeceira 125 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de refeiccedilatildeo 032 msup2

espaccedilo aproximado reservado para poltrona 180 msup2

iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e funcionando

banheiro exclusivo para cada quarto

dimensotildees miacutenimas do box do banheiro 100 msup2

Barras de apoio no box em todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas a todos os vasos sanitaacuterios em todos os banheiros

Sistema de chamada de Enfermagem para cada leito e funcionando

Interruptor de luz acessiacutevel para cada leito e ao alcance do paciente

Piso em perfeitas condiccedilotildees em todos os quartos integridade do material que o constitui

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e funcionando com

acionador ao alcance do paciente

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos e funcionando

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem

acima das portas de cada quarto com sinal

luminoso e sonoro

Cama com grades em todos os leitos

Camas com travas nas rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas ou com ajuste de altura em todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em todos os leitos

Piso seco continuamente Fonte Autor

48

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES

O objetivo geral deste estudo foi avaliar a estrutura fiacutesica das unidades de internaccedilatildeo

de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital de grande porte e a sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

A RDC nordm 50 traz como recomendaccedilatildeo de dimensotildees miacutenimas para quarto de dois

leitos 7 msup2leito e 6msup2leito para quartos de 3 a 6 leitos Nas unidades estudadas predominam

os quartos de 24 e 6 leitos A distacircncia miacutenima entre leitos deve ser de 1m da lateral da cama

e parede 050m e entre o peacute do leito e parede 12m Em relaccedilatildeo agraves dimensotildees miacutenimas dos

quartos proporcional ao nuacutemero de leitos 100 das unidades estatildeo em conformidade com a

legislaccedilatildeo

Outros fatores relacionados agrave seguranccedila e prevenccedilatildeo de quedas satildeo os sistemas de

iluminaccedilatildeo que aleacutem de presentes devem funcionar e os valores de iluminacircncia serem

adequados para os diferentes objetivos conforme Norma Brasileira (NBR) 541392 Os

sistemas de chamada de enfermagem devem ter ser dispositivos iacutentegros e ao alcance do

paciente

A escolha do tipo de piso deve considerar a relaccedilatildeo do dano causado pela queda com

relaccedilatildeo agrave absorccedilatildeo do impacto poreacutem natildeo eacute item previsto pela legislaccedilatildeo vigente A

manutenccedilatildeo do piso seco eacute medida recomendada

A presenccedila de grades travas e altura das camas mostram-se como fatores de impacto

na reduccedilatildeo destes incidentes evidenciados em publicaccedilotildees especiacuteficas

Quanto ao objetivo especiacutefico da pesquisa identificaccedilatildeo das medidas de seguranccedila

existentes para prevenccedilatildeo de quedas concluiu-se que embora as dimensotildees estejam em

conformidade com as recomendaccedilotildees ao considerarmos os mobiliaacuterios que habitualmente

compotildeem a unidade do paciente temos a cama com dimensotildees aproximadas de 225 m de

comprimento e 100 de largura a mesa de cabeceira em meacutedia com 050 m de largura por

050m de comprimento mesa de refeiccedilatildeo com base de 040m de largura X 080m de

comprimento poltrona reclinaacutevel medindo 077m de largura por 165m de profundidade total

aberta A disposiccedilatildeo ambiental destes objetos ocupa aproximadamente 5 27 msup2 de aacuterea

restando somente 073m da aacuterea total do quarto disponiacutevel para circulaccedilatildeo do profissional que

presta cuidados aos pacientes De modo geral os quartos da instituiccedilatildeo possuem aacuterea em

torno de 14msup2 para dois leitos O comprimento da cama (225 m) acrescido da largura da

mesa de refeiccedilatildeo (040m situada aos peacutes da cama) somando 265 m eacute disposto na largura do

quarto (333m) restando 068 m do peacute do leito ateacute a parede (recomendado eacute de 120m) e

49

passagem No sentido do comprimento do quarto soma-se as larguras da cama (100 m) da

mesa de cabeceira (050 m) da poltrona (077 m) e a distacircncia da lateral do leito ateacute a parede

(050 m) distacircncia entre os leitos de 100 m resultando em 377 m do total de 418 m Se

outros itens forem necessaacuterios como escada de dois degraus quando natildeo haacute cama eleacutetrica

suporte de soro e cadeira para visitante haacute maior restriccedilatildeo de espaccedilo disponiacutevel propiciando

choques do usuaacuterio e profissionais contra suas estruturas

Outros quesitos em conformidade em 100 das unidades foram banheiros exclusivos

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistema de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo

O banheiro privativo possui dimensotildees em torno de 375 msup2 e a aacuterea destinada ao box

027 msup2 contudo cadeira higiecircnica ocupa cerca 025msup2 natildeo restando espaccedilo para que o

colaborador permaneccedila ao lado do paciente

Barras de apoio no box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os

quartos iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo

itens atendidos na maioria das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia

estivesse presente em todas elas natildeo funcionava em nenhum quarto A sinalizaccedilatildeo de

enfermagem funcionava em todos os quartos mas requer o pronto atendimento agraves chamadas

Em contrapartida os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades Ao sair do leito com as

luzes apagadas por natildeo conseguir acessar o interruptor o paciente fica sujeito aos obstaacuteculos

ocultos pela escuridatildeo Na vigecircncia de instabilidade da marcha eou alteraccedilotildees de equiliacutebrio o

apoio em moacuteveis com rodiacutezio e sem travas podem propiciar a concretizaccedilatildeo da queda

As camas eram de acionamento mecacircnico em quatro das seis unidades

impossibilitando o ajuste de altura e o apoio dos peacutes do paciente no chatildeo ao sair do leito As

escadas de dois degraus quando disponiacuteveis natildeo possuem barras laterais para apoio e natildeo

apresentam ponteiras de borracha proporcionando situaccedilatildeo de instabilidade A falta de cama

com grades em todos os leitos submete o paciente ao risco de queda do leito em inadvertidas

situaccedilotildees de rolamento sobre o colchatildeo durante o sono e em camas de altura muito superior a

que estatildeo habituados em seus domiciacutelios

Accedilotildees implementadas como a substituiccedilatildeo de camas mecacircnicas por eleacutetricas que

permitem o ajuste de altura providenciam uma soluccedilatildeo para a saiacuteda segura do paciente do

leito

50

A composiccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo deve ser considerada apenas

informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as organizaccedilotildees hospitalares utilizam os

espaccedilos disponiacuteveis A robustez de peccedilas de mobiliaacuterio compromete a circulaccedilatildeo o que pode

ser determinante especialmente em situaccedilotildees de atendimento de emergecircncia Tais

consideraccedilotildees apontam a necessidade de descritivos e especificaccedilotildees teacutecnicas que atendam

estas exigecircncias

Os resultados obtidos sugerem que a estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de

influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas desde que outros fatores ambientais

sejam considerados respondendo a questatildeo de pesquisa

Pesquisas adicionais satildeo necessaacuterias para que as recomendaccedilotildees sejam validadas em

organizaccedilotildees de sauacutede e populaccedilatildeo de caracteriacutesticas semelhantes permitindo aos gestores

intervenccedilotildees relacionadas agrave estrutura fiacutesica e ambiente que sejam eficazes na prevenccedilatildeo de

quedas

61 Limitaccedilotildees da Pesquisa

A abordagem qualitativa utilizando dados subjetivos podem levar a diversidade e

imprecisatildeo aleacutem da questatildeo da incerteza da exatidatildeo dos dados registrados nas notificaccedilotildees

dos eventos adversos (Valle 2013)

O observador pode ter criado impressotildees favoraacuteveis ou desfavoraacuteveis sobre o objeto

estudado (Mello amp Turrioni 2007)

O excesso de confianccedila do pesquisador e a certeza com relaccedilatildeo aos dados podem levar

agrave falta de observaccedilatildeo de aspectos diferentes sob enfoques diferentes aleacutem do seu

envolvimento com a situaccedilatildeo pesquisada Considera-se ainda como limitaccedilatildeo o fato do

estudo se ater a apenas um hospital e a escolha de amostra de conveniecircncia

Constituiu limitaccedilatildeo assumida desconsiderar para fins de anaacutelise neste estudo outros

fatores de risco de queda associados a uso de medicamentos alteraccedilotildees de mobilidade e

marcha uso de dispositivos e estado mental

51

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56

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA

Unidades

Recomendaccedilatildeo A B C D E F G H I J

Dimensotildees quarto 1 leito

Dimensotildees quarto 2 leitos

Dimensotildees quarto 3 leitos

Dimensotildees quarto 4 leitos

Dimensotildees quarto 5 leitos

Dimensotildees quarto 6 leitos

Banheiro exclusivo para

cada quarto

Barras de apoio no box em

todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas

a todos os vasos sanitaacuterios

Pia agrave entrada do quarto

Pia dentro do quarto

Sistema de chamada de

Enfermagem

Interruptor de luz

acessiacutevel

Piso em perfeitas

condiccedilotildees em todos os

quartos

Iluminaccedilatildeo de cabeceira

em todos os leitos

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

Sinalizaccedilatildeo de

enfermagem

Cama com grades em

todos os leitos

Camas com travas nas

rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas em todos

os leitos

Escada de 2 degraus

presente e com borracha

nas extremidades em

todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em

todos os quartos

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

57

ANEXO 1

58

59

ANEXO 2

Page 4: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FÍSICA DAS …

MARIA APARECIDA JESUS MENEZES

AVALIACcedilAtildeO DA INFLUEcircNCIA DA ESTRUTURA FIacuteSICA DAS UNIDADES DE

INTERNACcedilAtildeO DE CLIacuteNICA MEacuteDICA E CIRUacuteRGICA DE UM HOSPITAL

PUacuteBLICO DE GRANDE PORTE DO MUNICIacutePIO DE SAtildeO PAULO PROPOSTAS

PARA O GERENCIAMENTO DE RISCO DE QUEDAS

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de

Mestrado Profissional em Administraccedilatildeo

Gestatildeo em Sistemas de Sauacutede da

Universidade Nove de Julho ndash

UNINOVE como requisito para obtenccedilatildeo

do TIacuteTULO DE Mestre em

Administraccedilatildeo pela banca Examinadora

formada por

Satildeo Paulo 24 fevereiro de 2015

_________________________________________________

Presidente Profordf Drordf Chennyfer Dobbins Paes da Rosa

__________________________________________________

Membro

__________________________________________________

Membro

DEDICATOacuteRIA

A minha matildee Almerinda pelo incentivo natildeo me

deixando desistir

Aos meus familiares pelo apoio ao longo desta

jornada

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por me permitir empreender este desafio e onde busquei determinaccedilatildeo para

finalizaacute-lo

A todos os meus familiares pelo estiacutemulo para a busca de novas oportunidades de

conhecimento e progressatildeo pessoal e profissional

A minha orientadora Professora Dra Chennyfer Dobbins Paes da Rosa como condutora e

facilitadora no desenvolvimento deste estudo pelo apoio e incentivo em tantos momentos

tumultuosos de empecilhos cansaccedilo e atribulaccedilotildees

A todos os professores por nos conduzirem neste universo de novos saberes e em especial a

Professora Simone Aquino pelas palavras de apoio no prosseguimento deste projeto

Aos alunos da turma de 2013 pelo companheirismo pelos momentos de descontraccedilatildeo pelas

experiecircncias trazidas Agradecimentos especiais agraves amigas e companheiras de trabalho

Edzangela Flaacutevia Natasha Walquiria Liacutegia e Elizangela

A gerecircncia de Enfermagem pela indulgecircncia no cumprimento de tantas tarefas

RESUMO

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os perigos

do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos portanto o objetivo

desta dissertaccedilatildeo eacute avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e

ciruacutergica de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia

na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando as medidas de seguranccedila

existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas Trata-se de um estudo descritivoexploratoacuterio

tipo estudo de caso A teacutecnica de coleta de dados utilizada foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes e

das plantas das unidades Foram selecionadas seis unidades de internaccedilatildeo onde as quedas

foram mais frequentes no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 As noficaccedilotildees de 205 quedas

ocorridas neste periacuteodo foram analisadas para caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo Dos resultados a

idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 57 anos e natildeo houve diferenccedila entre

homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a ocorrecircncia foi de 14 dias

Houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo noturno (50) 43

ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando 67 das ocorrecircncias Das seis unidades

avaliadas 100 atendem os quesitos dimensotildees miacutenimas por quartoleito banheiro exclusivo

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistemas de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas

em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado agrave

ocorrecircncia de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados) Em 67 das

unidades natildeo havia camas com grades em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os leitos e

escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Conclui-se que a

estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas

desde que outros fatores ambientais sejam considerados Os instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo

devem ser compostos apenas com informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as

organizaccedilotildees hospitalares utilizam os espaccedilos disponiacuteveis Os descritivos e especificaccedilotildees

teacutecnicas de equipamentos e mobiliaacuterios devem ser atualizados e os serviccedilos de sauacutede devem

garantir o adequado funcionamento dos dispositivos e disponibilidade aos usuaacuterios

Palavras-chave gestatildeo de risco incidentes queda

ABSTRACT

We were understand the relationship between falls and environmental hazards is necessary to

identify the hazards of the environment that may influence the occurrence of these events The

aim of this work is to identify risks associated with the physical structure in patient units of

medical and surgical clinics of a public hospital in the city of Satildeo Paulo To evaluate the

influence in the fall of hospitalized patients identifying existing security measures providing

support for the design and construction phases of actions aimed at improving the management

of the risk of falling This is a descriptive study exploratory case study The technique of

data collection used was a survey through scripts characteristic being listed spaces for the

accommodation of patients and plant units We were selected 06 units in the period January-

June 2014The notifications was 205 falls during this period The results the average age of

individuals fall victims was 57 years and there was no difference between men and women

The mean time from admission until the occurrence was 14 days A predominance of falls

among men (59) and at night (50) 43 occurred in the fourth and 24 in the bathroom

totaling 67 of occurrences The 6 units assessed 100 meet the requirements that are

minimum dimensions per room bed exclusive bathroom for each room grab bars near the

toilet nurse call system and dry conditions in all rooms at the time of observation Grab bars

in the box in all bathrooms wake lighting in all rooms fluorescent general lighting in all

rooms and nursing signaling items are served in most units (84) The criteria light switch

accessible and furniture with trundle and locks in all rooms are not seen in 100 of the units

which may be related to the occurrence of falls at night (50 of reported incidents) In 67

of the units had not caged beds in all beds beds with locks on all beds electric beds on all

beds and stair steps in this 2 all beds and rubber tip It follows that the physical structure can

be evaluated as influential in determining the occurrence of falls from other environmental

factors are considered The scales should not be composed only with information about

dimensions but assess how hospital organizations use available space The descriptives and

technical specifications for equipment and furnishings should be updated and health services

should ensure the proper performance of devices and availability to users

Keywords risk management incidents fall

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 3

11 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO 3

12 PROBLEMA DE PESQUISA 7

13 QUESTAtildeO DE PESQUISA 10

14 OBJETIVOS 11

141Geral 11

142 Especiacuteficos 11

15 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA 11

16 ESTRUTURA DO TRABALHO 12

2REFERENCIAL TEOacuteRICO 13

21 GESTAtildeO DE RISCOS CORPORATIVOS 13

22 ANAacuteLISE DE RISCOS 15

23 QUEDAS 18

24 MATRIZ DE RISCO 21

25 FERRAMENTA DE ANAacuteLISE DO MODO E EFEITO DA FALHA (FMEA) 22

26 LEGISLACcedilAtildeO RELACIONADA Agrave VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA 24

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA 28

31 DELINEAMENTO DA PESQUISA 29

32 LOCAL DO ESTUDO 31

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS 31

34 PROCEDIMENTOS E ANAacuteLISE DE DADOS 34

35 ASPECTOS EacuteTICOS DA PESQUISA 34

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 36

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA 46

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES 48

61 LIMITACcedilOtildeES DA PESQUISA 50

REFEREcircNCIAS 51

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA 56

ANEXO 1 57

ANEXO 2 59

1

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

AHRQ Agency for Healthcare Research and Quality

CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de Pesquisa

COSO Committee of Sponsoring Organizations

CRM Clinical Risk Management

EA Eventos Adversos

EAS Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede

ERM Enterprise Risk Management

FERMA Federation of European Risk Management Associations

FMEA Failure Modes and Effects Analysis

GM Gabinete do Ministro

HFMEA Healthcare Failure Modes and Effects Analysis

IS Sinalizaccedilatildeo de Enfermagem

ISO International Organization for Standardization

JCAHO Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations

MS Ministeacuterio da Sauacutede

NAPSA National Patient Safety Agency

NBR Normas Brasileiras

NCPS National Center for Patient Safety

NHS National Health Service

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

RC Responsabilidade Civil

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RNAO Registered Nurses Association of Ontario

RPN Risk Prority Number (Nuacutemero de Prioridade de Risco)

SIH Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VHA Veretans Health Administrtion

VISA Vigilacircncia Sanitaacuteria

2

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos 22

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA 24

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA 24

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS 26

Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000) 28

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa 29

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo 33

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de 42

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

42

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box 43

Figura 13 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio dispostas proacuteximas nas laterais 45

Figura 14 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar 47

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um Hospital

Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil 8

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no

periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 37

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde

predominaram os eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 39

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades

visitadas 2014 Satildeo Paulo Brasil 40

3

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Contextualizaccedilatildeo

O homem como indiviacuteduo ou como parte de organizaccedilotildees sempre esteve agrave procura de

formas de identificar os riscos que ameaccedilam sua existecircncia Nas sociedades primitivas de

cultura agraacuteria a produccedilatildeo atendia apenas suas necessidades imediatas logo a perda de uma

colheita significava desastre certo Organizadas como economias industriais sociedades e

indiviacuteduos seguem tentando compreender e antecipar os riscos que os ameaccedilam procurando

preservar seus bens valiosos (McCaffrey amp Hagg-Rckert 2009)

Risco eacute definido como o efeito da incerteza nos objetivos da organizaccedilatildeo sendo o

efeito um desvio em relaccedilatildeo ao esperado seja ele positivo ou negativo A incerteza eacute ldquoo

estado mesmo que parcial da deficiecircncia das informaccedilotildees relacionadas a um evento sua

compreensatildeo conhecimento sua consequecircncia e a probabilidade de ocorrecircncia associadardquo

(ABNT 2009)

A gestatildeo de risco eacute uma forma de reconhecer que os eventos podem levar a danos e

prevecirc a avaliaccedilatildeo e anaacutelise dos riscos de forma a minimizar sua ocorrecircncia e consequecircncias

Considerar um risco toleraacutevel natildeo significa aceita-lo mas conviver com ele confiando que

estaacute devidamente controlado Nenhuma pessoa deve ser exposta a risco grave a menos que

concorde em aceitaacute-lo (National Health Service - NHS 2008)

A gestatildeo de risco prevecirc a realizaccedilatildeo de ldquoatividades coordenadas para dirigir e controlar

uma organizaccedilatildeo no que se refere ao risco (ABNT 2009)

O Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission COSO

2007 (Comitecirc de Organizaccedilotildees Patrocinadoras do Comeacutercio) eacute uma iniciativa conjunta de

cinco organizaccedilotildees do setor privado e eacute dedicado a fornecer lideranccedila de pensamento atraveacutes

do desenvolvimento de quadros e orientaccedilatildeo sobre gerenciamento de riscos corporativos

controles internos e de dissuasatildeo de fraude As organizaccedilotildees reconhecem e direcionam seus

esforccedilos para a necessidade de se desenvolver uma estrateacutegia capaz de identificar avaliar e

administrar os riscos Nesta perspectiva o gerenciamento de riscos corporativos eacute definido

como um processo conduzido pela organizaccedilatildeo envolvendo o conselho administrativo

diretoria e demais empregados com o objetivo de estabelecer estrateacutegias para identificar

eventos em potencial que podem afetaacute-la administrando os riscos e possibilitando o alcance

de seus objetivos O evento eacute um incidente ou uma ocorrecircncia de causa interna ou externa

4

que pode afetar a realizaccedilatildeo dos objetivos da organizaccedilatildeo O risco eacute a possibilidade de um

evento ocorrer e afetar negativamente a realizaccedilatildeo destes objetivos

A administraccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo natildeo pode prever quando e como ocorreraacute um

evento e o impacto que causaraacute entretanto deve ser capaz de avaliar os riscos de sua

ocorrecircncia Os eventos podem estar relacionados a infraestrutura (disponibilidade de bens

acesso ao capital complexidade) a pessoal (capacidade dos empregados sauacutede e seguranccedila

atividades fraudulentas) a processos (capacidade desenho execuccedilatildeo) ou agrave tecnologia

(integridade de dados disponibilidade de dados e sistemas desenvolvimento alocaccedilatildeo

manutenccedilatildeo) (COSO 2007)

Apoacutes a avaliaccedilatildeo dos riscos pertinentes agraves atividades desenvolvidas eacute necessaacuterio

determinar como a organizaccedilatildeo responderaacute ao risco avaliando seu efeito e impacto custos e

benefiacutecios mantendo-se dentro da toleracircncia estabelecida As respostas da organizaccedilatildeo aos

riscos podem ser de evitaacute-los decidindo descontinuar as atividades que geram riscos A

posiccedilatildeo da organizaccedilatildeo pode ser de reduzir a probabilidade e impacto dos riscos ou ainda de

compartilhamento de uma parte do risco com a aquisiccedilatildeo de produtos de seguro a realizaccedilatildeo

de transaccedilotildees de heading ou a terceirizaccedilatildeo de uma atividade A resposta da organizaccedilatildeo pode

ser aceitaccedilatildeo do risco natildeo adotando nenhuma medida para afetar o grau de impacto dos riscos

(COSO 2007)

O ponto central de uma boa gestatildeo de riscos eacute a identificaccedilatildeo e tratamento dos

mesmos Todos os riscos inerentes agraves atividades da organizaccedilatildeo devem ser metodicamente

avaliados Os riscos podem ter origem em fatores internos e externos riscos financeiros

(creacutedito taxas de juros diferenccedilas cambiais fluxo de caixa e liquidez sistemas de controle

financeiros e sistemas de informaccedilatildeo) riscos estrateacutegicos (concorrecircncia alteraccedilotildees no

consumo alteraccedilotildees da atividade de procura investigaccedilatildeo amp desenvolvimento e capital

intelectual) riscos operacionais (recrutamento cadeia de abastecimento regulamentaccedilotildees

cultura composiccedilatildeo da gestatildeo do topo da organizaccedilatildeo) e perigos (acesso puacuteblico

empregados propriedade bens e serviccedilos contratos eventos naturais fornecedores meio

ambiente (Federation of European Risk Management Associations [FERMA] 2002)

Como os eventos satildeo inesperados as organizaccedilotildees devem implementar accedilotildees para a

reduccedilatildeo do risco gerindo ou controlando qualquer dano futuro ou probabilidade de dano

associado a um incidente Estas accedilotildees abrangem a detecccedilatildeo de fatores atenuantes do dano ou

accedilotildees de melhoria e podem ser proativas ou reativas Accedilotildees proativas podem ser teacutecnicas

como a anaacutelise de modos e efeitos de falha e anaacutelise de probabilidades de risco As ldquoaccedilotildees

5

reativas satildeo as desenvolvidas em resposta a conhecimentos adquiridos apoacutes a ocorrecircncia de

incidentes (por exemplo anaacutelise das causas)rdquo (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede [OMS] 2009)

O termo ldquocultura de seguranccedilardquo apareceu pela primeira vez apoacutes o acidente nuclear de

Chernobyl em 1988 e foi disseminado a vaacuterias induacutestrias com o intuito de melhorar a

seguranccedila e a confiabilidade das organizaccedilotildees Entretanto a extrapolaccedilatildeo para a sauacutede eacute

recente e ainda natildeo haacute consenso nos estudos sobre a forma como a seguranccedila do paciente

deve ser construiacuteda O primeiro passo para as organizaccedilotildees de sauacutede melhorarem a cultura de

seguranccedila eacute definir claramente o conceito fazendo diagnoacutestico do status atual em sua

empresa identificando pontos fortes e fracos para melhores informaccedilotildees e estrateacutegias de accedilatildeo

(Halligan amp Zecevic 2011)

Os hospitais como organizaccedilotildees de alto risco tecircm uma permanente preocupaccedilatildeo em

gerenciar o inesperado A medicina moderna tornou o atendimento cada vez mais complexo

resultando em maiores oportunidades para melhoria dos cuidados mas aumentando o risco de

eventos adversos e danos ao paciente (Briner Kessler amp Manser 2010)

O Processo de Gestatildeo de Risco incorporou-se ao setor da sauacutede nos Estados Unidos haacute

cerca de 30 anos com o objetivo de proteger as organizaccedilotildees de sauacutede contra as perdas

inicialmente atraveacutes da ldquocontrataccedilatildeo de seguros de responsabilidade civil para cobrir

consequecircncias econocircmicas das accedilotildees e processos por maacute praacuteticardquo movidas contra

profissionais eou hospitais Entretanto atualmente a Gestatildeo de risco tornou-se um programa

que visa agrave construccedilatildeo de normas preventivas corretivas e contingentes identificando

mapeando e monitorando os riscos ldquocom foco no processo de trabalho e na contiacutenua reduccedilatildeo

dos danos e perdasrdquo (Feldman 2009a p27 28)

Como os riscos associados agrave assistecircncia natildeo podem ser completamente eliminados o

conceito de Gestatildeo de Risco Cliacutenico (Clinical Risk Management - CRM) surgiu como uma

forma de direcionar os recursos hospitalares para melhorar a seguranccedila do paciente A Gestatildeo

de Risco Cliacutenico refere-se a uma forma especiacutefica de gestatildeo de risco com foco em processos

cliacutenicos direta e indiretamente relacionados ao paciente Compreende todas as estruturas

processos instrumentos e atividades que permitam aos profissionais identificar analisar

controlar e gerenciar os riscos ao fornecer tratamento cliacutenico e assistecircncia ao paciente Os

hospitais realizam uma variedade de atividades para promover a seguranccedila do paciente mas

natildeo o fazem de forma sistemaacutetica como gerenciamento de risco cliacutenico com o objetivo de

alcanccedilar a melhora dos serviccedilos e dos atendimentos meacutedicos (Briner Kessler amp Manser

2010)

6

As falhas satildeo a maior ameaccedila agrave seguranccedila dos pacientes pois os profissionais

automatizam comportamentos e os erros acontecem no meio de accedilotildees que jaacute realizamos

milhares de vezes o que eacute ignorado pelos sistemas de sauacutede e seus responsaacuteveis Criar uma

cultura de seguranccedila do paciente exige praacutetica alicerccedilada em evidecircncias cientiacuteficas sobre o

que funciona ou natildeo comunicaccedilatildeo dos resultados das mudanccedilas efetuadas a todos os

envolvidos e reavaliaccedilatildeo permanente do conjunto (Carneiro 2010)

Embora a gestatildeo de risco considere os riscos sob as perspectivas positivas (quando as

consequecircncias dos eventos constituem oportunidades para se obter vantagens) ou negativas

(quando constituem ameaccedilas ao sucesso) em se tratando de sauacutede e seguranccedila do paciente ldquoeacute

quase um dado adquirido que as consequecircncias satildeo apenas negativasrdquo devendo os esforccedilos

serem concentrados na prevenccedilatildeo ou diminuiccedilatildeo do dano (FERMA 2002 p3)

Nos Estados Unidos o programa da ldquoAgency for Healthcare Research and Qualityrdquo ndash

AHRQ ndash (Agecircncia de Pesquisa de Qualidade em Sauacutede) conduz e apoia a investigaccedilatildeo para a

construccedilatildeo de conhecimentos sobre seguranccedila do paciente e melhoria da qualidade

incentivando o investimento no aumento das capacitaccedilotildees de profissionais de sauacutede

divulgando os benefiacutecios de novos procedimentos mas os alertando dos riscos inerentes a eles

(Feldman 2009a)

Um estudo exploratoacuterio com pacientes internados em dois hospitais puacuteblicos de ensino

do Estado do Rio de Janeiro analisou uma amostra aleatoacuteria de 622 prontuaacuterios no ano de

2003 verificando que 583 pacientes natildeo sofreram Eventos Adversos (EA) (937) contra 39

(63) que sofreram Dos EA ocorridos 641 foram considerados evitaacuteveis quando

analisados por meacutedico revisor Os pacientes com EA apresentaram tempo meacutedio de

permanecircncia no hospital de 283 dias superior ao observado nos pacientes sem EA Os EA

implicaram no gasto de R$ 121236330 o que representou 27 do valor total de reembolso

recebido pelo total de internaccedilotildees realizadas em 2003 (Porto Martins Mendes amp Travassos

2010)

Quedas satildeo eventos comuns em ambiente hospitalar que tecircm como consequecircncia

lesotildees aumento do tempo de internaccedilatildeo aleacutem da questatildeo de responsabilidade legal

A Responsabilidade Civil (RC) ldquoimplica em reparar indenizar ou ressarcir pelo dano

causado a algueacutemrdquo e se decorrente do exerciacutecio profissional estende-se a qualquer

trabalhador envolvido na atividade ou prestaccedilatildeo de serviccedilos Portanto eacute necessaacuteria a

identificaccedilatildeo de falhas de cada processo de cuja execuccedilatildeo possam advir ldquodano estrago

7

detrimento ou prejuiacutezo ao paciente famiacutelia usuaacuterio profissional ou comunidaderdquo (Feldman

2010 a p 135)

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor 1990 em seu artigo 14 paraacutegrafo 1ordm determina

que

ldquoO serviccedilo eacute defeituoso quando natildeo fornece a seguranccedila que o consumidor

dele pode esperar levando-se em consideraccedilatildeo as circunstacircncias relevantes

entre as quais o modo de seu fornecimento o resultado e os riscos que

razoavelmente dele se esperam a eacutepoca em que foi fornecidordquo

12 Problema de Pesquisa

Um evento adverso eacute qualquer evento ou circunstacircncia involuntaacuteria que conduz a dano

ou sofrimento Incidente eacute um tipo especiacutefico de evento adverso eacute imprevisto ou inesperado e

pode prejudicar um ou mais pacientes que recebam cuidados de sauacutede (National Patient

Safety Agency [NPSA] 2008)

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede na Estrutura Conceitual da Classificaccedilatildeo

Internacional para a Seguranccedila do Paciente (ldquoThe Conceptual Framework for International

Classification for Patient Safetyrdquo) 2009 define a seguranccedila do paciente como a ldquoreduccedilatildeo do

risco de danos desnecessaacuterios relacionados aos cuidados de sauacutede para um miacutenimo

aceitaacutevelrdquo sendo aceitaacutevel o que diz respeito ao consenso diante dos recursos atualmente

disponiacuteveis do estado da arte do conhecimento do contexto em que a prestaccedilatildeo de cuidados

acontece e do custo benefiacutecio face a natildeo implementaccedilatildeo de um tratamento (OMS 2009 p

21)

Um estudo incluindo internaccedilotildees de adultos em cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas no Brasil

em 2007 utilizando como fonte de informaccedilatildeo o Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares (SIH)

mostrou frequecircncia de 36 potenciais resultados adversos por 1000 internaccedilotildees alertando esta

alta frequecircncia para a necessidade de se implementar estrateacutegias para monitorar tais

ocorrecircncias e identificar as melhorias necessaacuterias para garantir a seguranccedila do paciente em

ambiente hospitalar (Dias Martins amp Navarro 2012)

Feldman (2009b p 118) define risco assistencial como aquele que ldquoeacute proveniente das

situaccedilotildees que envolvem a dinacircmica dos cuidados durante a internaccedilatildeo ou periacuteodo de

permanecircncia do cliente no hospitalrdquo

As quedas de pacientes permanecem entre os eventos adversos mais relatados em

instituiccedilotildees de cuidados agudos resultando em morbidade mortalidade e medo de sofrer uma

nova queda Satildeo exemplos de situaccedilotildees notificadas no ambiente hospitalar relacionadas a

quedas

8

ldquoacidente com queda do paciente ao se apoiar na mesa de suporte para

alimentaccedilatildeo causando ferimento no braccedilo direito na altura do cotovelo

Queda no corredor do hospital em uma rampa com pouca inclinaccedilatildeo devido

ao piso estar molhado pela chuva Causou fratura no cotovelo esquerdo

levando o usuaacuterio agrave cirurgia A paciente caiu da poltrona individual ao se

esticar para pegar o telefone que estava sobre a mesa A queda causou

ferimento no joelho com hematomardquo (Feldman 2009b p129)

A Tabela 1 mostra os resultados de estudo realizado por Carneiro et al 2010 em um

periacuteodo de quatro anos em Goiacircnia

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um

Hospital Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil

Eventos Adversos N

Retirada de sondas drenos e cateteres 162 6136

Quedas 49 1856

Processos aleacutergicos 14 530

Evasatildeo 14 530

Uacutelcera por pressatildeo 13 492

Erros de Medicaccedilatildeo 7 265

Procedimentos meacutedicos 3 114

Hemoderivados 1 038

Queimaduras 1 038

Total 264 1000

Fonte Adaptado de Carneiro Bezerra Camargo e Silva Paranaguaacute amp Branquinho 2010

Morse em 1997 identificou trecircs classificaccedilotildees para as quedas de pacientes acidentais

(paciente tropeccedila ou escorrega em decorrecircncia de algum perigo ambiental como por exemplo

piso molhado) antecedentes fisioloacutegicos (quedas em pessoas consideradas com risco de cair)

quedas fisiologicamente inesperadas (quedas atribuiacutedas a fatores fisioloacutegicos que natildeo podem

ser previstas antes que ocorram) (Hendrich Bender amp Nyhuis 2003)

Decesaro amp Padilha (2002) conduziram um estudo em que coletaram dados em 12

Unidades de Terapia Intensiva (UTI) sendo 9 gerais e 3 especializadas de 8 instituiccedilotildees dos

municiacutepios de Londrina e Maringaacute A populaccedilatildeo foi constituiacuteda de 91 profissionais de

enfermagem que relataram um ou mais incidentes relativos a queda de pacientes durante a

internaccedilatildeo na UTI Os autores identificaram que 367 das situaccedilotildees estudadas natildeo

trouxeram nenhuma consequecircncia identificaacutevel para o paciente entretanto em 633

9

resultaram em uma ou mais consequecircncias imediatas para o paciente O maior percentual

estava relacionado a traumas teciduais resultando em contusotildees hematomas fraturas lesotildees

tissulares com e sem necessidade de sutura edema e sangramentos

Em um estudo conduzido entre janeiro de 1999 e dezembro de 2003 em um hospital

puacuteblico de ensino em Zurique Suiacuteccedila a taxa global de queda foi de 89 quedas por 1000

pacientes dia (Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006)

Outros estudos realizados com dados coletados de 826 boletins de notificaccedilatildeo de

eventos adversos em um hospital universitaacuterio terciaacuterio mostraram 80 registros relacionados a

quedas (107) no periacuteodo estudado de 30 meses implicando em 26 quedas por mecircs As

quedas do leito foram as mais frequentes (55) predominando nas enfermarias de

Neurologia (227) cliacutenica meacutedica (204) e moleacutestias infecciosas e parasitaacuterias (182)

As quedas da proacutepria altura corresponderam a 388 e ocorreram em maior nuacutemero na cliacutenica

meacutedica (387) e cirurgia gastroenteroloacutegica (129) As quedas de cadeiras foram as menos

frequentes (62) No periacuteodo noturno as quedas ocorreram com maior frequecircncia (637)

nos primeiros cinco dias de admissatildeo (617) e entre os indiviacuteduos do sexo masculino

(575) (Paiva Paiva Berti amp Campana 2010)

Utilizando uma ferramenta avaliativa para analisar uma Instituiccedilatildeo de Longa

Permanecircncia de Idosos do Rio Grande do Sul foi conduzido um estudo com o intuito de

identificar acertos e dificuldades da realidade encontrada envolvendo os eventos relacionados

a quedas Verificou-se que os pisos internos e externos natildeo possuiacuteam revestimentos

antiderrapantes e as escadas natildeo apresentavam sinalizaccedilatildeo Os dormitoacuterios eram coletivos e os

banheiros situavam-se no corredor e eram escuros tornando difiacutecil o acesso noturno Os

banheiros natildeo permitiam a entrada de cadeiras de rodas e natildeo possuiacuteam em sua totalidade

barras de seguranccedila junto ao vaso sanitaacuterio o vatildeo livre na parte inferior das portas tinha

medida inferior a 20 cm e os pisos apresentavam desniacuteveis Observou-se aglomeraccedilatildeo de

objetos decorativos tapetes sofaacutes que obstruiacuteam a livre circulaccedilatildeo do idoso podendo se

tornar risco para quedas (Feliciani Santos amp Valcarenghi 2011)

Conduzido em um hospital universitaacuterio de Goiacircnia que faz parte da Rede Hospitais

Sentinelas um estudo documental retrospectivo em uma cliacutenica ciruacutergica utilizou dados

referentes a eventos adversos registrados no livro de anotaccedilotildees de enfermagem entre janeiro

de 2005 e dezembro de 2009 mostrou que as quedas representaram 1856 (49 quedas) do

total de eventos 7551 das quedas ocorreram do leito 124 da proacutepria altura 1020 no

banheiro e 204 da maca (Carneiro et al 2011)

10

Saraiva (2008 apud Almeida Abreu amp Mendes 2010 p 165) destaca que fatores

extriacutensecos de quedas ldquorelacionados com fatores ambientais reuacutenem uma seacuterie de

caracteriacutesticas inadequadas dos espaccedilos mobiliaacuterio e iluminaccedilatildeo existecircncia de obstaacuteculos no

meio envolvente ausecircncia ou inadequaccedilatildeo de ajudas teacutecnicas vestuaacuterio inadequado entre

outrosrdquo

Embora nem todas as quedas estejam associadas a fatores ambientais natildeo haacute como

desvinculaacute-los desses eventos devendo-se buscar na legislaccedilatildeo relacionada os subsiacutedios

necessaacuterios para a respectiva anaacutelise

ldquoAs principais normas norteadoras das edificaccedilotildees dos Estabelecimentos de Assistecircncia agrave Sauacutede no Brasil satildeo do Ministeacuterio da Sauacutede atraveacutes da RDC nordm 50 de

21 de fevereiro de 2002 aleacutem de algumas normas que devem ser aprovadas junto a

Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (Anvisa) e agrave ABNTrdquo (Associaccedilatildeo Brasileira

de Normas Teacutecnicas) (Sistema Referecircncia Acadecircmica 2010 p 1)

13 Questatildeo de Pesquisa

Considerando que a gestatildeo de riscos em uma organizaccedilatildeo prevecirc que as atividades

sejam coordenadas em um processo de busca reconhecimento e descriccedilatildeo de riscos a

identificaccedilatildeo das fontes de risco eventos suas causas e consequecircncias natildeo pode preterir

qualquer aspecto relacionado

As atividades de prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede apresentam inuacutemeros riscos inerentes

ao proacuteprio desempenho de procedimentos e dos diferentes locais onde tais serviccedilos satildeo

oferecidos incluindo instalaccedilotildees mobiliaacuterios e equipamentos

Levando-se em conta as recomendaccedilotildees feitas pela legislaccedilatildeo e literatura relacionadas

este trabalho tem como objetivo identificar se a atual situaccedilatildeo das unidades de internaccedilatildeo de

cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo

Paulo pode influenciar na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando os

riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica as medidas de seguranccedila existentes para

fornecer subsiacutedios para as fases de projeto e construccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave melhoria da

gestatildeo do risco de queda nas unidades estudadas

Desta forma a questatildeo de pesquisa deste estudo eacute como a estrutura fiacutesica das

unidades de internaccedilatildeo de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande

porte do municiacutepio de Satildeo Paulo pode influenciar a ocorrecircncia de quedas de pacientes

internados

11

14 Objetivos

141Geral

Avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica de um

hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

142 Especiacuteficos

Identificar os riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica a que fica exposta a

populaccedilatildeo internada nas cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas

Identificar as medidas de seguranccedila existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas

Propor um instrumento para apoio a anaacutelise da estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo hospitalar com foco no gerenciamento do risco de queda

15 Justificativa para Estudo do Tema

Os estudos realizados sobre quedas em sua maioria caracterizam a populaccedilatildeo

envolvida neste evento quanto agrave idade sexo medicamentos utilizados local de ocorrecircncia Haacute

uma lacuna na literatura na identificaccedilatildeo dos fatores ambientais e equipamentosmobiliaacuterios

relacionados agrave queda no ambiente hospitalar Esta carecircncia pode ser devida a jaacute estabelecida

correlaccedilatildeo de outros fatores de risco bem definidos em populaccedilotildees especiacuteficas Entretanto

considerando que qualquer indiviacuteduo estaacute sujeito a este evento mesmo sem associaccedilatildeo a tais

fatores pode ser valoroso identificar se haacute riscos ambientais relacionados sobre os quais se

pode intervir

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os

perigos do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos Uma revisatildeo

de estudos realizados sobre quedas e ambiente fiacutesico concluiu que as quedas satildeo resultado da

interaccedilatildeo do estado do indiviacuteduo com o ambiente fiacutesico mas consideram razoaacutevel concluir

que mudanccedilas no meio ambiente oferecem abordagem promissora para a prevenccedilatildeo de

quedas especialmente quando associadas a outras intervenccedilotildees como programas de

exerciacutecios e educacionais (Feldman amp Chaudhury 2008)

12

Os dados referentes aos perigos ambientais que podem estar associados a

probabilidades de quedas satildeo insuficientes no que se refere a pacientes idosos hospitalizados

Entretanto em casas de repouso as quedas atribuiacutedas a fatores ambientais satildeo de 273 nesta

populaccedilatildeo (Registered Nurses Association of Ontaacuterio - RNAO 2005)

Na instituiccedilatildeo onde foi realizada a pesquisa as notificaccedilotildees de quedas de janeiro a

junho de 2014 somaram 205 eventos mostrando uma predominacircncia de ocorrecircncias em aacutereas

envolvendo a unidade reservada agrave internaccedilatildeo do paciente (quarto e banheiro) A

predominacircncia de tais quedas nestes locais levou agrave investigaccedilatildeo da influecircncia ambiental sobre

estes eventos

Estudos mostram uma maior frequecircncia de quedas entre indiviacuteduos idosos como o

estudo retrospectivo realizado em um hospital da grande Lisboa entre junho de 2008 e

dezembro de 2010 a anaacutelise de 214 de episoacutedios de quedas notificados (190 doentes) os

resultados demonstraram que os doentes com notificaccedilatildeo de incidente de queda tinham em

meacutedia 75 anos e apenas 6 dos indiviacuteduos tinham idade le 49 anos (Costa-Dias Oliveira

Moreira Santos Martins amp Arauacutejo 2013)

Segundo Saraiva et al (2008 apud Almeida Abreu ampMendes 2010 p 168) ldquoo risco

de queda aumenta linearmente como o nuacutemero de fatores de riscordquo o que sugere que se os

fatores de risco forem eliminados a probabilidade de ocorrecircncia de quedas pode diminuir

Como nem todos os fatores de risco podem ser eliminados por serem intriacutensecos ao

paciente medidas proativas de prevenccedilatildeo voltadas aos fatores extriacutensecos como o ambiente

podem significar uma valorosa estrateacutegia

Este estudo trouxe subsiacutedios para que se proponham medidas de seguranccedila associadas

agrave estrutura fiacutesica por excelecircncia visando a prevenccedilatildeo de queda em pacientes internados

16 Estrutura do Trabalho

Quanto agrave forma esta dissertaccedilatildeo estaacute estruturada em cinco capiacutetulos

O capiacutetulo um traz a contextualizaccedilatildeo com os pressupostos da aacuterea de conhecimento

relacionados ao gerenciamento de risco evento adverso e seu impacto na assistecircncia prestada

pelos serviccedilos de sauacutede a problematizaccedilatildeo mostra a inquietaccedilatildeo quanto aos fatores de risco

ambientais para ocorrecircncia de queda de pacientes no periacuteodo de internaccedilatildeo hospitalar Satildeo

estabelecidos a questatildeo de pesquisa objetivos geral e especiacuteficos a justificativa para o

desenvolvimento do estudo e a estrutura da dissertaccedilatildeo

13

No capiacutetulo dois o autor apresenta a Revisatildeo Bibliograacutefica com as bases teoacutericas e

evidecircncias existentes concebendo os polos gestatildeo de risco corporativo anaacutelise de risco

matriz de risco e legislaccedilatildeo relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

O capiacutetulo trecircs detalha os procedimentos metodoloacutegicos utilizados durante a pesquisa

com ecircnfase para o desenvolvimento do projeto de pesquisa

O quarto capiacutetulo apresenta os resultados obtidos e uma discussatildeo sob a oacuteptica da

literatura pertinente

O capiacutetulo cinco expressa as conclusotildees da pesquisa embasadas pela teoria correlata e

as recomendaccedilotildees

2REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Gestatildeo de Riscos Corporativos

O gerenciamento de riscos corporativos (Enterprise Risk Management ndash ERM) eacute o

gerenciamento de riscos dentro da organizaccedilatildeo O processo de gerenciamento de riscos deve

estar integrado agrave gestatildeo da organizaccedilatildeo identificando os riscos significativos aos seus

14

negoacutecios A estrutura do gerenciamento de riscos compreende os componentes e a

organizaccedilatildeo do gerenciamento de riscos dentro de uma empresa (MacLeod MacDonald

Ybarra Sorlie Foster amp Stokka 2013)

O gerenciamento de risco corporativo compreende um processo contiacutenuo conduzido

pelos profissionais em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo que inclui a identificaccedilatildeo de todos os

riscos que a estaacute exposta a organizaccedilatildeo indicando eventos que podem afetaacute-la aleacutem daqueles

que podem ser gerenciados propiciando garantia razoaacutevel agrave administraccedilatildeo e deve estar

orientado para a realizaccedilatildeo dos objetivos propostos Os objetivos satildeo classificados em quatro

categorias estrateacutegicos relacionados agraves metas gerais alinhadas agrave missatildeo da organizaccedilatildeo de

operaccedilotildees que diz respeito agrave utilizaccedilatildeo eficaz e eficiente dos recursos comunicaccedilatildeo referente

agrave confiabilidade de relatoacuterios e conformidade alusivos ao cumprimento de leis e

regulamentos aplicaacuteveis (COSO 2007)

O gerenciamento de risco corporativo considera o ambiente interno ou seja como a

organizaccedilatildeo identifica os riscos a forma de abordagem dos seus colaboradores seu apetite a

riscos e a filosofia do gerenciamento de risco Os objetivos fixados devem propiciar suporte e

estar alinhados com a missatildeo da organizaccedilatildeo e serem compatiacuteveis com seu apetite a riscos Eacute

necessaacuterio identificar os eventos que podem influenciar o alcance dos objetivos estabelecidos

Os riscos devem ser avaliados e analisados considerando a probabilidade e impacto

direcionando a forma como deveraacute ser abordado qual seraacute a resposta ao risco desenvolvendo

uma seacuterie de medidas para alinhar os riscos com a toleracircncia e com o apetite a risco As

atividades de controle estabelecem procedimentos e poliacuteticas que garantam que as atividades

de respostas aos riscos sejam executadas de forma eficaz Informaccedilotildees e a comunicaccedilatildeo eficaz

devem permear todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo com conteuacutedo apropriado informaccedilotildees

oportunas atuais exatas e de faacutecil acesso O monitoramento deve garantir a manutenccedilatildeo da

integridade do gerenciamento de risco e que as modificaccedilotildees necessaacuterias seratildeo implementadas

(COSO 2007)

Uma organizaccedilatildeo para melhorar sua abordagem em relaccedilatildeo ao gerenciamento de

risco deve partir de uma anaacutelise de seu processo e sistema atuais quanto agrave abordagem de

todos os componentes avaliando as atividades desenvolvidas pois a ausecircncia de qualquer

deles implica que o gerenciamento de risco eacute ineficaz O monitoramento contiacutenuo do processo

de gerenciamento de risco corporativo deve ser incorporado agraves atividades operacionais

normais e recorrentes da empresa com avaliaccedilotildees perioacutedicas e classificaccedilatildeo de riscos

permitindo que os problemas sejam identificados mais rapidamente (MacLeod et al 2013)

15

Entretanto o gerenciamento de riscos corporativos natildeo assegura que a organizaccedilatildeo

natildeo fracassaraacute no alcance de seus objetivos pois o risco estaacute relacionado ao futuro que eacute

incerto alguns eventos estatildeo aleacutem do controle da administraccedilatildeo e nenhum processo nunca

executaraacute exatamente o que foi previsto A eficaacutecia do gerenciamento de risco sofre

limitaccedilotildees da fraqueza humana pois as decisotildees devem ser tomadas utilizando julgamento

humano tendo como base as informaccedilotildees disponiacuteveis e sofrendo as pressotildees de conduzir um

negoacutecio da falta de adequado entendimento das instruccedilotildees pelos empregados o que pode

levar a erros de julgamento das mudanccedilas no sistema que forem introduzidas antes que o

pessoal tenha sido treinado adequadamente do esquecimento ou execuccedilatildeo incorreta de tarefas

por empregados temporaacuterios pode haver indiviacuteduos que atuem para impedir que o processo

de gestatildeo de riscos corporativos identifiquem as alteraccedilotildees existentes da limitaccedilatildeo de

recursos e a proacutepria direccedilatildeo da organizaccedilatildeo que pode neutralizar poliacuteticas ou procedimentos

recomendados com fins ilegiacutetimos (COSO 2007)

22 Anaacutelise de Riscos

A gestatildeo de riscos eacute um processo contiacutenuo que as organizaccedilotildees utilizam para analisar

metodicamente os riscos inerentes agraves suas atividades processo que deve estar incorporado agrave

cultura organizacional com responsabilidades atribuiacutedas em todos os niacuteveis constando das

descriccedilotildees das funccedilotildees Os ldquoproprietaacuteriosrdquo do processo de gestatildeo de riscos devem ser os

atores internos da organizaccedilatildeo (FERMA) 2002)

Realizar avaliaccedilatildeo de risco consiste em medir a consequecircncia definida aqui como o

resultado ou potencial resultado de um evento Para avaliar a gravidade dos incidentes pode

ser utilizado um sistema de pontuaccedilatildeo Para avaliar as consequecircncias algumas questotildees

devem ser resolvidas tais como A organizaccedilatildeo tem uma definiccedilatildeo clara do que constitui uma

pequena lesatildeo Que medidas satildeo utilizados para determinar o impacto psicoloacutegico sobre os

indiviacuteduos O que eacute definido como um evento adverso e quantos indiviacuteduos podem ser

afetados (National Patient Safety Agency [NPSA] 2008)

Identificar os riscos tem como objetivo identificar as incertezas a que estatildeo expostas as

organizaccedilotildees descrevendo-os de forma estruturada considerando a probabilidade e a

consequecircncia de cada um dos riscos definidos identificando os riscos chave e estabelecer as

prioridades na anaacutelise dos mesmos A descriccedilatildeo dos riscos prevecirc a designaccedilatildeo acircmbito do

risco a natureza do risco intervenientes quantificaccedilatildeo dos riscos toleracircncia para o risco

tratamento e mecanismo de controle do risco possiacuteveis accedilotildees de melhoria e desenvolvimento

16

de estrateacutegias e poliacuteticas O impacto das consequecircncias dos riscos e a sua probabilidade de

ocorrecircncia satildeo fatores importantes da avaliaccedilatildeo Brainstorming questionaacuterios anaacutelises

comparativas de setor anaacutelise de cenaacuterios investigaccedilatildeo de incidentes auditorias e inspeccedilotildees

satildeo algumas teacutecnicas propostas para a identificaccedilatildeo de riscos (FERMA 2002)

O tratamento de riscos consiste em selecionar e implementar medidas para modificar

um risco e deve no miacutenimo ldquoproporcionar um funcionamento eficaz e eficiente da

organizaccedilatildeo garantir controles internos eficazes e cumprir leis e regulamentaccedilotildees (FERMA

2002)

O niacutevel responsaacutevel pela administraccedilatildeo deve conhecer os riscos mais importantes que

a organizaccedilatildeo enfrenta os possiacuteveis efeitos em seu desempenho garantir a sensibilizaccedilatildeo aos

riscos em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo dispor de formas de gerir uma crise ter certeza de

que o processo de gestatildeo de riscos eacute eficaz As unidades de negoacutecio devem conhecer os riscos

relacionados agraves suas aacutereas de atuaccedilatildeo impactos que podem produzir em outros setores e das

consequecircncias destes setores sobre elas dispor de desempenho que lhes permitam monitorizar

as atividades identificar as intervenccedilotildees necessaacuterias Cada indiviacuteduo deve compreender seu

niacutevel de responsabilizaccedilatildeo compreender a forma como pode contribuir para a melhoria

contiacutenua da gestatildeo de riscos comunicar os riscos novos ou falhas constatadas nas medidas de

controle implementadas (FERMA 2002)

Perdas e custos relacionados agrave sauacutede seguranccedila e incidentes ambientais podem natildeo ser

seguraacuteveis pois englobam danos morais aos usuaacuterios e agrave reputaccedilatildeo da organizaccedilatildeo (FERMA

2002)

Quando os pacientes procuram os serviccedilos de sauacutede esperam receber benefiacutecios

embora jaacute tenham consciecircncia de que erros podem acontecer na prestaccedilatildeo de cuidados que

natildeo intencionais e na maioria das vezes tem origem nas falhas dos proacuteprios processos A

responsabilidade dos profissionais ligados direta ou indiretamente agrave prestaccedilatildeo de cuidados eacute

tentar reduzir os erros pois embora sejam sensiacuteveis aos erros que atingem a si proacuteprios ou aos

seus familiares muitas vezes ficam alheios aos erros decorrentes da sua praacutetica diaacuteria (Lage

2010)

Segundo a Portaria MSGM nordm 5292013 a cultura de seguranccedila abrange os

profissionais e gestores envolvidos no cuidado que ldquoassumem a responsabilidade por sua

seguranccedila dos seus colegas pacientes e familiares priorizando a seguranccedila agraves metas

financeiras e operacionais encorajando a identificaccedilatildeo notificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos problemas

17

relacionados agrave seguranccedila promovendo o aprendizado organizacionalrdquo (Ministeacuterio da Sauacutede

[MS] 2013)

O Ministeacuterio da Sauacutede define gestatildeo de risco como a aplicaccedilatildeo sistecircmica e contiacutenua

de iniciativas procedimentos condutas e recursos na avaliaccedilatildeo e controle de riscos e eventos

adversos que afetam a seguranccedila a sauacutede humana a integridade profissional o meio

ambiente e a imagem institucionalrdquo (MS 2013)

Por sua vez o Gerenciamento de Risco consiste na aplicaccedilatildeo de um conjunto de

medidas para prever identificar e minimizar a ocorrecircncia de eventos inesperados e

indesejaacuteveis que podem causar dano fiacutesico ou psicoloacutegico aos pacientes (Lima amp Dutra

2010 p 87)O risco cliacutenico natildeo eacute decorrente apenas da atuaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede

mas estaacute associado agrave ausecircncia de poliacuteticas e praacuteticas de seguranccedila do paciente seguranccedila das

instalaccedilotildees ou atendimento aos processos de trabalho (Lima amp Dutra 2010)

O Protocolo de Londres eacute uma versatildeo revisada e atualizada do ldquoProtocolo para

Investigaccedilatildeo e Anaacutelise de Incidentes Cliacutenicosrdquo e tem como proposta assegurar uma

investigaccedilatildeo e anaacutelise abrangentes e planejadas de um incidente indo aleacutem da procura de

culpados O termo anaacutelise de causa raiz tem origem na induacutestria sendo que um grupo de

ferramentas satildeo utilizadas para identificar as causas baacutesicas na investigaccedilatildeo e anaacutelise de

incidentes Entretanto o cenaacuterio que surge desta investigaccedilatildeo eacute muito mais complexo onde

haacute uma cadeia de eventos e fatores que contribuem para sua ocorrecircncia Eacute necessaacuterio

identificar quais fatores contribuem de forma mais impactante na ocorrecircncia dos eventos Na

aviaccedilatildeo induacutestrias de petroacuteleo e nucleares investigaccedilatildeo de incidentes satildeo procedimentos bem

estabelecidos (Taylor-Adams amp Vincent 2004)

No modelo organizacional de acidentes de James Reason as decisotildees falhas nos altos

escalotildees da organizaccedilatildeo permeiam os departamentos criando condiccedilotildees favoraacuteveis para atos

inseguros e acidentes Devem ser criadas barreiras e defesas contra perigos e para mitigar as

consequecircncias de falhas humanas e de equipamentos Tais barreiras podem ser fiacutesicas (muros

vedaccedilatildeo) naturais (distacircncia) accedilotildees humanas (meacutetodos de checagem) e controles

administrativos (treinamento) O passo inicial eacute identificar falhas no processo organizacional

atos inseguros ou omissotildees cometidas por pessoas cujas accedilotildees podem ter consequecircncias

adversas imediatas Este modelo extrapolado para cuidados de sauacutede identifica fatores que

influenciam a praacutetica cliacutenica e estatildeo relacionados ao paciente (complexidade e severidade de

suas condiccedilotildees liacutengua e comunicaccedilatildeo fatores sociais) fatores tecnoloacutegicos e tarefas

(disponibilidade e uso de protocolos apoio na tomada de decisatildeo tarefas projetadas e clareza

18

da estrutura) fatores relacionados a pessoas (conhecimento e ferramentas competecircncia sauacutede

fiacutesica e mental) equipe (comunicaccedilatildeo verbal e escrita supervisatildeo e procura de ajuda) e

ambiente de trabalho (carga de trabalho e turnos disponibilidade e manutenccedilatildeo de

equipamentos suporte administrativo) fatores organizacionais e gerenciais (recursos

financeiros estrutura organizacional cultura de seguranccedila e prioridades) e fatores

institucionais (contexto regulatoacuterio e econocircmico contatos com organizaccedilotildees externas)

(Taylor-Adams amp Vincent 2004)

23 Quedas

No Protocolo de Prevenccedilatildeo de Quedas integrante do Programa Nacional de Seguranccedila

do Paciente do Ministeacuterio da Sauacutede a definiccedilatildeo de queda considerada foi ldquodeslocamento natildeo

intencional do corpo para um niacutevel inferior agrave posiccedilatildeo inicial provocado por circunstacircncias

multifatoriais resultando ou natildeo em danordquo (MS 2013)

Rutledge et al (1998 apud Kalischi amp Tschannen 2012 p 6) definem queda como

um evento em que os pacientes satildeo encontrados no chatildeo por funcionaacuterios ou visitantes evento

observado ou natildeo ou o rebaixamento natildeo planejado do paciente ao niacutevel do chatildeo

As quedas segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede satildeo categorizadas como

incidentes que ocorrem com os doentes classificadas pelo tipo (tropeccedilar escorregar desmaio

perda de equiliacutebrio) e podem envolver berccedilo cama cadeira maca banheiro equipamento

terapecircutico escadas ou degraus enquanto transportado ou apoiado por outro indiviacuteduo OMS

2009)

Estima-se que um terccedilo das pessoas com mais de 65 anos e metade das pessoas com

idade acima de 80 anos sofrem pelo menos uma queda por ano sendo que nos hospitais

australianos 38 dos eventos com pacientes envolvem queda (The Joanna Briggs Institute

1998)

Vaacuterias ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco de queda foram desenvolvidas e validadas

Hendrich I e II Johns Hopkins Innes Morse STRATIFY Downton Tinetti and Schimidt

Entretanto natildeo haacute consenso sobre qual destes eacute o melhor instrumento na prediccedilatildeo de quedas

Aleacutem disso ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco por si soacute natildeo previnem quedas (Degelau

Bungum Flavin Harper Leys Londquist amp Webb 2012)

A traduccedilatildeo e a adaptaccedilatildeo transcultural para a liacutengua portuguesa do Brasil da Morse

Fall Scale (Escala de Queda de Morse) mostraram resultados satisfatoacuterios quanto agrave clareza

dos itens da escala traduzida a concordacircncia entre os avaliadoresjuiacutezes na aplicaccedilatildeo da

19

escala atingiu classificaccedilatildeo quase perfeita na maioria dos itens e a variabilidade intra-

avaliadoresjuiacutezes foi categorizada como excelente Nesta escala satildeo avaliados os seguintes

itens histoacuterico de quedas diagnoacutestico secundaacuterio auxiacutelio na deambulaccedilatildeo terapia

endovenosadispositivo endovenoso salinizado ou heparinizado marcha e estado mental

Cada um destes criteacuterios recebe escores que variam de 0 a 30 pontos A somatoacuteria destes

pontos indica o niacutevel de risco baixo risco (0 a 24) meacutedio risco (25 a 44) e alto risco (ge 45)

(Urbanetto Creutzberg Franz Ojeda Gustavo Bittencourt amp Farina 2013)

Um estudo transversal com amostra total de 137 idosos em atendimento na Cliacutenica-

Escola de Fisioterapia da Universidade de Itauacutenam que responderam a um questionaacuterio

estruturado relataram como fatores e comportamentos de riscos extriacutensecos de queda o uso de

calccedilados inadequados escadas sem corrimatildeo uso de tapetes no chatildeo obstaacuteculos entre o

quarto e banheiro objetos espalhados pelo chatildeo e iluminaccedilatildeo deficiente sendo que a

iluminaccedilatildeo foi a uacutenica variaacutevel estatisticamente significativa (Lopes Carvalho Mouratildeo

Dias Mitre amp Moraisorais 2010)

Ao entrevistar 39 pacientes idosos atendidos em dois serviccedilos de pronto atendimento

do Rio Grande do Sul entre dezembro de 2019 a abril de 2010 com diagnoacutestico de queda um

estudo verificou fatores relacionados ao ambiente de moradia sendo que 949 dos idosos

tinham moacuteveis pontiagudos em casa 897 das residecircncias tinham degraus 692 referiram

ter tapetes soltos em casa 513 afirmaram que suas residecircncias possuiacuteam pisos

escorregadios e 308 tinham escadas (Ramos Santos Barlem amp Pelzer 2011)

Em Portugal entre os anos de 2007 a 2009 em um hospital universitaacuterio foi observado

que a maior parte das quedas ocorreu no quarto onde existiam mais obstaacuteculos como mesas de

cabeceira cadeira cadeira de rodas limitando a mobilidade dos pacientes Os autores

identificaram diminuiccedilatildeo ao longo dos anos o que foi atribuiacutedo agrave revisatildeo do sistema de

travagem das camas cadeira de rodas suportes de soros com rodas aboliccedilatildeo do uso de cera

no piso e substituiccedilatildeo por cera antiderrapante aquisiccedilatildeo de grades para todas as camas

colocaccedilatildeo de barras de apoio no banheiros mais especificamente proacuteximo ao vaso sanitaacuterio e

chuveiro colocaccedilatildeo de degraus duplos para os pacientes subirem para as camas e pedido de

aquisiccedilatildeo de camas eleacutetricas articuladas na cabeceira e nos peacutes com grade de proteccedilatildeo e que

permitam ajuste da altura em relaccedilatildeo ao chatildeo (Abreu Mendes Monteiro amp Santos 2012)

Em 80 quedas ocorridas em um periacuteodo de doze meses em um hospital privado

acreditado pela Joint Commission International no que diz respeito agraves condiccedilotildees ambientais

no momento da queda as mais frequentes foram presenccedila de obstaacuteculos (5) ou falta de

20

apoio (5) Em 512 dos casos houve algum tipo de consequecircncia sendo as mais frequentes

as escoriaccedilotildees (163) e os hematomas (113) Apoacutes a implantaccedilatildeo de accedilotildees assistenciais

de prevenccedilatildeo como a identificaccedilatildeo de risco ocorreu a queda do iacutendice (Correa Marques

Martinez Laurino Leatildeo amp Chimentatildeo 2012)

As camas com baixa altura foram recentemente associadas agrave reduccedilatildeo de quedas Um

sistema de sauacutede informou que a associaccedilatildeo de caracteriacutesticas de cama relacionadas agrave altura

do chatildeo superfiacutecie de redistribuiccedilatildeo de pressatildeo e sistema interno de alarme reduziu em 9 a

taxa de quedas em cinco meses (Degelau et al 2012)

Em instituiccedilotildees de longa permanecircncia as quedas da cama satildeo comuns entre os

internos com disfunccedilatildeo das extremidades distuacuterbios cognitivos ou que fazem uso de

medicaccedilotildees que prejudicam sua capacidade de levantar-se e mover-se de forma independente

Outros fatores contribuem para o aumento da ocorrecircncia desses eventos como altura da cama

colchotildees altos e macios camas com rodiacutezios ambientes estranhos camas com altura e largura

diferentes ao que estatildeo acostumados Tais consideraccedilotildees reforccedilam a necessidade ao se

selecionar este mobiliaacuterio de se adequar o tipo de cama agraves caracteriacutesticas da populaccedilatildeo

atendida como uma das medidas eficazes no controle de fatores de risco extriacutensecos (Fragala

Perry amp Fragala 2012)

Um estudo canadense se propocircs a avaliar se havia diferenccedila na taxa de lesotildees

relacionadas com quedas entre o piso existente e o piso de intervenccedilatildeo suas propriedades

antiderrapantes e de absorccedilatildeo do impacto Houve uma influecircncia significativa do piso na

absorccedilatildeo da energia no impacto do piso com o quadril e parte posterior da cabeccedila em

simulaccedilotildees fornecendo insights sobre as diferenccedilas na capacidade de atenuaccedilatildeo do impacto

dos diferentes tipos de piso sobre estas estruturas corpoacutereas (Glinka Karakolis Callaghan amp

Laing 2013)

Haacute intervenccedilotildees que devem ser estendidas a todos os pacientes independente do risco

de queda familiarizar o paciente com o ambiente ensinar o paciente a usar o sistema de

chamada e mantecirc-lo sempre ao alcance de sua matildeo manter proacuteximos seus pertences pessoais

ter corrimatildeos no banheiro do paciente quarto e corredor manter as camas em posiccedilatildeo baixa e

com rodas travadas garantir o uso pelo paciente de calccedilado bem ajustado e com solado

antiderrapante utilizar luz noturna ou iluminaccedilatildeo suplementar manter piso limpo e seco e

limpar prontamente todos os derramamentos manter as aacutereas de atendimento ao paciente

organizadas (Degelau et al 2012)

21

Equipes deveriam circular com frequecircncia pelo ambiente para confirmar que

corredores e aacutereas do paciente estejam bem iluminadas organizadas e livres de vazamentos

corrimatildeos sejam seguros mesas e cadeiras resistentes Pessoal da biotecnologia deve

inspecionar dispositivo auxiliar regularmente A equipe de enfermagem deve confirmar que

os quartos dos pacientes sejam criados de forma que minimize o risco de quedas Toda a

equipe deve se certificar de que situaccedilotildees de risco sejam tratadas imediatamente (Degelau et

al 2012)

Portanto conhecer os fatoresperigos contribuintes de um incidente pode trazer

informaccedilotildees sobre accedilotildees que podem ser empreendidas para reduzir o risco de ocorrecircncia

(OMS 2011)

24 Matriz de Risco

Marshall (2002) Crouhy Galai amp Mark (2004 apud Paulo Fernandes Rodrigues amp

Eidt 2007) ressalta que a matriz de risco viabiliza a mensuraccedilatildeo qualitativa de riscos sendo

o ldquoniacutevel de risco definido pela composiccedilatildeo das variaacuteveis frequecircncia (probabilidade) e

severidade (impacto financeiro) associadas aos eventos de perda (fatores de risco) inerentes

ao processo avaliadordquo (De Paulo Fernandes Rodrigues amp Eidt 2007 p 50)

A matriz de risco eacute uma ferramenta utilizada para anaacutelise de riscos de processos de

vaacuterias naturezas considerando sua gravidade ou consequecircncias e a probabilidade (frequecircncia

ou probabilidade) Uma matriz de risco deve ser simples de usar deve fornecer dados

consistentes mesmo quando utilizada por profissionais de diferentes funccedilotildees e deve se adaptar

a necessidades especiacuteficas Deve ser utilizada com parcimocircnia para avaliaccedilatildeo de risco

estrateacutegico e de processo na tomada de decisotildees de gestatildeo

A Figura 1 traz a proposiccedilatildeo de pontuaccedilotildees das consequecircncias de riscos com as orientaccedilotildees e exemplos

adicionais relacionados a riscos com impacto na seguranccedila dos pacientes (NSH 2008)

22

Domiacutenios Despreziacutevel Menor Moderado Maior Catastroacutefico

Impacto sobre a seguranccedila

do paciente (fiacutesico

psicoloacutegico dano)

Lesatildeo miacutenima

requerendo

nenhumaintervenccedilatildeo

miacutenima ou

tratamento

Pequena lesatildeo ou

doenccedila exigindo menor

intervenccedilatildeo Aumento

do tempo de internaccedilatildeo

por 1-3 dias

Lesatildeo moderado

requerendo intervenccedilatildeo

profissional Aumento do

tempo de internaccedilatildeo por

4-15 dias Um evento

com impacto sobre um

pequeno nuacutemero de

pacientes

Ferimento grave levando a

incapacidade a longo

prazoAumento do tempo

de internaccedilatildeo por gt 15

dias

Incidente levando agrave morte Vaacuterias lesotildees

com efeitos permanentes ou irreversiacuteveis

sobre a sauacutede Um evento com impacto

sobre um grande nuacutemero de pacientes

Exemplos adicionais

Medicaccedilatildeo incorreta

dispensada mas natildeo

administrada

Incidentes resultando

numa

contusatildeoAtraso no

transporte de rotina

para o paciente

Medicamento errado ou

dosagem administrada

errada sem efeitos

adversos Uacutelcera por

pressatildeo estaacutegio I

Medicamento errado ou

dosagem administrado

com potencial efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IIIII

Queda resultando em

ferimentos como uma

entorse

Medicamento errado ou

dosagem errada

administrada com efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IV queda

resultando em ferimentos

como luxaccedilatildeo fratura

golpe na cabeccedila A perda

de um membro

Morte inesperada O suiciacutedio de um

paciente Homiciacutedios cometidos por

pacientes com doenccedila mentalRemoccedilatildeo

de parte errada do corpo levando agrave morte

ou incapacidade permanente Incidente

levando a paralisia

1 2 3 4 5

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos

Fonte Adaptada de National Safety Agency 2008

25 Ferramenta de Anaacutelise do modo e efeito da falha (FMEA)

A Failure Modes and Effects Analysis (FMEA) eacute uma ferramenta de abordagem

proativa utilizada para anaacutelise criacutetica prospectiva e contiacutenua de projetos e processos

propiciando a identificaccedilatildeo de riscos problemas ou potenciais falhas antes da ocorrecircncia de

um erro Desenvolvida na deacutecada de 1960 pela induacutestria aeroespacial foi reconhecida pela

Joint Commission on Accredittion oh Healthcare Organizations (JCAHO) como uma

ferramenta de qualidade relevante para as organizaccedilotildees de sauacutede (Silva Teixeira amp Cassiani

2009)

O Veterans Health Administration (VHA) o maior sistema de sauacutede integrado dos

Estados Unidos com 150 centros meacutedicos e cerca de 1400 ambulatoacuterios comunitaacuterios

adaptou a FMEA para utilizar em suas instituiccedilotildees com a denominaccedilatildeo de Healthcare Failure

Mode Effects and Analysis (HFMEA) (Silva Teixeira amp Cassiani 2009)

A maioria dos sistemas de notificaccedilatildeo de eventos relacionados agrave seguranccedila do paciente

se concentra na anaacutelise dos eventos adversos apoacutes a ocorrecircncia de uma lesatildeo HFMEA

oferece aos usuaacuterios ferramentas analiacuteticas que podem permitir a identificaccedilatildeo proativa-

mente de vulnerabilidades e corrigi-las antes que as falhas ocorram (Stalhandske De Rosier

Wilson amp Murphy 2009)

HFMEA agiliza as etapas da anaacutelise de risco encontradas na FMEA tradicional

combinando as etapas de detecccedilatildeo e a criticidade da FMEA tradicional com um algoritmo

apresentado como uma aacutervore de decisatildeo

Substitui o caacutelculo do nuacutemero de prioridade de risco (RPN) por uma pontuaccedilatildeo de

risco que eacute lida diretamente na Matriz de Escores de Hazard desenvolvida pela NCPS

(National Center for Patient Safety) para este propoacutesito

23

O objetivo da anaacutelise de riscos eacute desenvolver uma lista de riscos que se controlados de

forma eficaz possam prevenir uma doenccedila ou lesatildeo Eacute utilizado um processo com cinco

passos para avaliar aspectos especiacuteficos

No passo 1 eacute feita a definiccedilatildeo do processo a ser estudado no passo 2 eacute organizada uma

equipe multidisciplinar com especialistas no assunto e um conselheiro no passo 3 deve ser

desenvolvido um diagrama cronoloacutegico com a identificaccedilatildeo de cada etapa do processo no

passo 4 satildeo listados todos os possiacuteveis modos de falha de cada etapa determinando a

probabilidade e gravidade do modo de falha (Matriz de Escores de Perigo ndash Matriz de

Tolerabilidade) e utilizar a aacutervore de decisatildeo

O propoacutesito eacute determinar se o modo de falha justifica a implementaccedilatildeo de

medidasbarreiras que eliminem ou reduzam substancialmente a probabilidade de que um

evento perigoso ocorra

No passo 5 satildeo determinadas as causas de modo de falha (definido como ldquodiferentes

maneiras que um processo ou sub-processo pode deixar de fornecer o resultado esperadordquo)

que se quer ldquoeliminarrdquo ldquocontrolarrdquo ou ldquoaceitarrdquo (Veterans Health Administration National

Center for Patient Safety2009)

Segundo a HFMEA a severidade de um evento abrange as consequecircncias para o

paciente visitantesacompanhantes colaborador equipamentoinstalaccedilatildeo e fogo

Todo gestor deve verificar a realidade do evento classificaacute-los identificando as fontes

de perigo e propondo o gerenciamento de risco

Os eventos satildeo classificados como menores moderados importantes ou catastroacuteficos

(Figura 2)

Evento catastroacutefico (4) Evento importante (3)

Resultado para o paciente morte ou perda permanente da funccedilatildeo

(sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual) suiciacutedio estupro

reaccedilatildeo transfusional hemoliacutetica cirurgiaprocedimento no paciente

errado ou em parte errada do corpo sequestro infantil ou entrega de

crianccedila agrave famiacutelia errada Visitante morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais

Colaborador morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais colaboradores

Equipamentosinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $250000

Fogo qualquer fogo maior que uma chama inicial

Resultado para o paciente diminuiccedilatildeo permanente da funccedilatildeo

corporal (sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual)

desfiguraccedilatildeo intervenccedilatildeo ciruacutergica requerida aumento do

tempo de permanecircncia do paciente por 3 ou mais pacientes

aumento do niacutevel de assistecircncia para 3 ou mais pacientes Visitante hospitalizaccedilatildeo de 1 ou 2 visitantes

Colaborador hospitalizaccedilatildeo 123 ou mais colaboradores

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $100000

Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

24

Evento moderado (2) Evento menor (1)

Resultado para o paciente aumento da permanecircncia ou aumento no

niacutevel de assistecircncia para 1 ou 2 pacientes

Resultado para o paciente nenhum prejuiacutezo ou aumento da

permanecircncia injuacuteria ou aumento no niacutevel de assistecircncia

Visitante avaliaccedilatildeo e treinamento para 1 ou 2 (natildeo-hospitalizaccedilatildeo) Visitante avaliaccedilatildeo e nenhum tratamento requerido ou doenccedila

Colaborador despesas meacutedicas danos ou doenccedila para 1 ou 2 Colaborador tratamento de primeiros socorros sem dano ou

doenccedila

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano entre $10000 e $100000 Equipamentoinstalaccedilatildeo dano menor que $10000 ou perda de

utilidade sem resultado adverso ao paciente (exemplo gaacutes

natural eletricidade aacutegua comunicaccedilotildees transportes calorar

condicionado

Fogo incipiente ou menor Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA

Fonte Adaptado do (Veterans Health Administration National Center for Patient Safety)

Ainda segundo a HFMEA os eventos satildeo classificados segundo a probabilidade de

ocorrerem como mostra a Figura 3

Frequente (4) Provaacutevel de ocorrer imediatamente ou dentro de um curto

periacuteodo (pode ocorrer vaacuterias vezes em um ano)

Ocasional (3) Provavelmente ocorreraacute (pode ocorrer vaacuterias vezes em 1 ou 2 anos)

Incomum (2)

Possiacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 5 anos)

Remota (1) Improvaacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 30

anos)

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA

Fonte Adaptado do Veterans Health Administration National Center for Patient Safety

26 Legislaccedilatildeo Relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

A Portaria nordm 1884 GM de 11 de novembro de 1994 considerando a necessidade das

Secretarias Estaduais e Municipais contarem com um instrumento de avaliaccedilatildeo de projetos

fiacutesicos adequado agraves novas tecnologias na aacuterea da sauacutede resolve ldquoaprovar as normas que com

estas baixam destinadas ao exame e aprovaccedilatildeo dos Projetos Fiacutesicos de Estabelecimentos

Assistenciais de Sauacutederdquo compreendendo ldquoas construccedilotildees novas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute

existentesrdquo e ldquoinobservacircncia das normas aprovadas por esta Portaria constitui infraccedilatildeo agrave

legislaccedilatildeo sanitaacuteria federal conforme dispotildee o artigo 10 inciso II da Lei nordm 6437 de 20 de

agosto de 1977rdquo (Ministeacuterio da Sauacutede [MS] 1994)

25

Em seu capiacutetulo 2 a Portaria nordm 188494 referente agrave organizaccedilatildeo fiacutesico-funcional

Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede (EAS) lista as atividades que satildeo geradoras ou que

caracterizam os ambientes sendo a unidade de internaccedilatildeo o local de ldquoprestaccedilatildeo de

atendimento de assistecircncia agrave sauacutede em regime de internaccedilatildeo- atendimento a pacientes que

necessitam de assistecircncia direta programada por periacuteodo superior a 24 horas (pacientes

internos)rdquo (MS1994)

A Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada (RDC) nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002 dispotildee

sobre o Regulamento teacutecnico para planejamento programaccedilatildeo elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de

projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede e compreende as construccedilotildees novas

de estabelecimentos assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de

estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes e os anteriormente natildeo destinados a estabelecimentos de

sauacutede (RDC nordm 50 2002)

A Figura 4 exibe as disposiccedilotildees da RDC nordm 50 acerca das unidades e ambientes

hospitalares destinados a internaccedilatildeo de pacientes

UnidadeAmbiente Dimensotildees

Internaccedilatildeo Geral

lactente crianccedila adolescente

e adulto

Quantificaccedilatildeo (miacutenima) Dimensatildeo (miacutenima)

Posto de enfermagemPrescriccedilatildeo

Meacutedica

1 posto a cada 30 leitos 60 msup2

Sala de serviccedilos 1 sala para cada posto de

enfermagem 57 msup2

26

Sala de exames e curativos

1 para cada 30 leitos (quando

existir enfermaria que natildeo

tenha subdivisatildeo fiacutesica dos

leitos

75 msup2

Aacuterea para Prescriccedilatildeo Meacutedica

20 msup2

Aacuterea de cuidados e

higienizaccedilatildeo do lactente

1 pcada 12 berccedilos ou fraccedilatildeo 40 msup2

Enfermaria de lactente

Quarto de crianccedila Quarto de adolescente

15 dos leitos do

estabelecimento

Deve haver no miacutenimo 1 quarto para servir de isolamento a

cada 30 leitos ou fraccedilatildeo

45 msup2 por leito = lactente

90 msup2 = quarto de 1 leito

50 msup2 por leito = crianccedila Nordm maacuteximo de crianccedilas ateacute 2 anos por

enfermaria = 12

Quarto de adolescente 100 msup2 = quarto de 1 leito ou 140 msup2 com

dimensatildeo miacutenima de 30m no caso do uso para

ldquoPPP 70 msup2 por leito = quarto de 2 leitos

60 msup2 por leito = enfermaria de 3 a 6 leitos

Nordm maacuteximo de leitos por enfermaria = 6

Distacircncia entre leitos paralelos = 1m

Distacircncia entre leito e paredes

Cabeceira= inexistente

Peacute do leito = 12 m

Lateral = 05 m

Enfermaria de adolescente

Quarto de adulto

a cada 30 leitos deve existir no

miacutenimo 1 quarto para situaccedilotildees

que requeiram isolamento

Enfermaria adulto

Aacuterea de

recreaccedilatildeolazerrefeitoacuterio

1 para cada unidade de

pediatria psiquiatria e crocircnicos

12 msup2 por paciente em condiccedilotildees de exercer

atividades recreativaslazer

Aacuterea ou antecacircmara de acesso

ao quarto de isolamento

18 msup2

Sala de aula 08 msup2 por aluno

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS

Fonte Adaptado da Resoluccedilatildeo RDC nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002

Em relaccedilatildeo agrave internaccedilatildeo de pacientes adultos e pediaacutetricos cada quarto ou enfermaria

de internaccedilatildeo deve ser provido de banheiro exclusivo aleacutem de um lavatoacuteriopia para uso da

equipe de assistecircncia em uma aacuterea anterior a entrada do quartoenfermaria ou mesmo no

interior desses fora do banheiro Um lavatoacuteriopia externo ao quarto ou enfermaria pode

servir a no maacuteximo 4 (quatro) quartos ou 2 (duas) enfermarias (RDC nordm 50 2002)

A RDC nordm 50 dispotildee sobre iluminaccedilatildeo dos ambientes hospitalares definindo que nos

quartos das enfermarias de unidade de internaccedilatildeo geral devem ser de quatro tipos iluminaccedilatildeo

geral em posiccedilatildeo que natildeo incomode o paciente deitado iluminaccedilatildeo de cabeceira na parede

(arandela) para leitura iluminaccedilatildeo de exame no leito com lacircmpada fluorescente que tambeacutem

pode ser obtida atraveacutes de aparelho ligado agrave tomada junto ao leito e sinalizaccedilatildeo de

enfermagem (IS) que eacute um de sistema de sinalizaccedilatildeo luminosa imediata entre o paciente

interno e o funcionaacuterio assistencial (meacutedico e enfermeira) O sistema interliga cada leito

sanitaacuterio e banheiro das diversas unidades e ambientes em que estaacute presente o paciente

27

interno com o respectivo posto de enfermagem que lhe daacute cobertura assistencial quarto

enfermaria e banheiro da unidade de internaccedilatildeo geral quarto aacutereas coletivas de pediatria e

banheiro da unidade de internaccedilatildeo intensiva A identificaccedilatildeo deve se dar em cada leito e porta

dos ambientes voltados para a circulaccedilatildeo (RDC nordm 50 2002)

Nos ambientes onde satildeo prestados os cuidados de sauacutede a iluminaccedilatildeo pode trazer

estiacutemulos positivos agrave recuperaccedilatildeo dos pacientes mas quando excessiva ou mal localizada

pode ser prejudicial A importacircncia da iluminaccedilatildeo tambeacutem estaacute relacionada agrave adequaccedilatildeo

visual dos profissionais para realizaccedilatildeo de procedimentos eou observaccedilatildeo dos pacientes De

modo geral os aspectos quantitativos satildeo mais valorizados que os qualitativos sendo esta

priorizaccedilatildeo notada nas legislaccedilotildees nacionais e estrangeiras Entre as normas nacionais

apresentando os requisitos miacutenimos a serem atendidos a Norma Brasileira (NBR) 541392

textos normativos da ABNT recomenda os valores de iluminacircncias e a Portaria nordm 188494 do

Ministeacuterio da Sauacutede sugere ldquoalguns criteacuterios qualitativos para projetos de iluminaccedilatildeo artificial

dos espaccedilos de internaccedilatildeordquo (Peccin 2002 p 15)

A preocupaccedilatildeo com a iluminaccedilatildeo nos ambientes hospitalares tem se focado mais na

questatildeo econocircmica envolvendo a racionalizaccedilatildeo da energia empregada e na reduccedilatildeo dos

custos de operaccedilatildeo do sistema Mesmo em relaccedilatildeo aos pacientes as discussotildees convergem

para questotildees de conforto ambiental luz de cabeceira para leitura iluminaccedilatildeo de vigiacutelia para

permitir o acesso da equipe de enfermagem agrave noite sem acionar a luz de teto Outra questatildeo eacute

a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas que ldquopermitam boa reproduccedilatildeo de cores permitindo a identificaccedilatildeo

de alteraccedilotildees orgacircnicasrdquo como por exemplo a coloraccedilatildeo da pele As questotildees de seguranccedila

satildeo tratadas em relaccedilatildeo agrave iluminaccedilatildeo de emergecircncia (NBR 1353495 e NBR 1089899) e

iluminacircncias meacutedias miacutenimas para atividades hospitalares considerando a dificuldade da

tarefa visual a idade do usuaacuterio poreacutem as legislaccedilotildees divergem entre os paiacuteses (Peccin

2002)

A ISO (International Organization for Standardization) 31000 de 2009 eacute a nova

referecircncia mundial para a Gestatildeo de Riscos fornecendo orientaccedilotildees para a estrutura de

gerenciamento de riscos aplicaacutevel a organizaccedilotildees de qualquer tamanho traz um modelo

conceitual que pode ser usado para a anaacutelise dos arranjos organizacionais que incluem planos

relacionamentos prestaccedilatildeo de contas recursos processos e atividades A Figura 5 traz a

proposto de um modelo conceitual para ser utilizado na anaacutelise desses arranjos (MacLeod et

al 2013)

28

Mandato e

comprometimento

Estrutura para gerenciar

riscos

Monitoramento e anaacutelise criacutetica da

estrutura

Melhoria contiacutenua da

estrutura

Implementaccedilatildeo da gestatildeo

de riscos

Fonte wwwiiabrasilorgbr Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000)

29

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA

Segundo Martins amp Theoacutephilo 2009 p 37 ldquoO objetivo da metodologia eacute o

aperfeiccediloamento dos procedimentos e criteacuterios utilizados na pesquisardquo Jaacute ldquomeacutetodo eacute o

caminho para se chegar a um determinado fim ou objetivordquo

Na Figura 6 estatildeo compiladas as atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborada pelo Auto

31 Delineamento da Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa empiacuterica O Empirismo eacute uma abordagem metodoloacutegica que

ldquoconsidera que o fato existe independentemente de qualquer atribuiccedilatildeo de valor ou

posicionamento teoacuterico e possui um conteuacutedo evidente livre de pressupostos subjetivosrdquo

(Martins amp Theoacutephilo 2009 p 39)

Eacute um estudo descritivoexploratoacuterio que coleta ldquodescriccedilotildees detalhadas de variaacuteveis

existentes e usam dados para justificar e avaliar condiccedilotildees e praacuteticas correntes ou fazer planos

mais inteligentes para melhorar as praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (LoBiondo-Wood amp Haber

2001 p 111)

Os autores afirmam que este tipo de desenho eacute uacutetil na busca ldquode informaccedilotildees precisas

sobre as caracteriacutesticas dos sujeitos de pesquisa grupos instituiccedilotildees ou situaccedilotildees ou sobre a

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborado pela autora

30

frequecircncia de um fenocircmeno particularmente quando se sabe pouco sobre o fenocircmenordquo

(LoBiondo-Wood amp Haber 2001 p 111)

O delineamento da pesquisa termo que tem sido substituiacutedo por estrateacutegias de

pesquisa refere-se agraves ldquodiferentes maneiras de abordar e analisar dados empiacutericos no contexto

das Ciecircncias Sociais Aplicadasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 53)

A estrateacutegia utilizada nesta pesquisa foi o estudo de caso

ldquotrata de uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa fenocircmenos dentro de seu

contexto real (pesquisa naturaliacutestica) onde o pesquisador natildeo tem controle

sobre eventos ou variaacuteveis buscando aprender a totalidade de uma situaccedilatildeo e

criativamente descrever compreender e interpretar a complexidade de um

caso concretordquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p62)

O estudo de caso eacute o tipo de estrateacutegia de pesquisa que bem se adequa a situaccedilotildees em

que a forma da questatildeo de pesquisa relaciona-se a questotildees explanatoacuterias onde natildeo se exige

controle sobre eventos comportamentais e que focaliza eventos contemporacircneos Os estudos

de caso podem incluir as e mesmo ser limitados agraves evidecircncias quantitativas (Yin 2001 pp

24-25)

O estudo de caso deve permitir ao investigador construir descriccedilotildees interpretaccedilotildees e

explicaccedilotildees originais que conduzam a conclusotildees e recomendaccedilotildees mostrando que foram

coletadas e avaliadas evidecircncias relevantes (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 63)

A escolha do estudo de caso como estrateacutegia de pesquisa deveu-se ao fato de ser pouco

conhecida a influecircncia dos fatores ambientais na ocorrecircncia de quedas no meio hospitalar

questatildeo jaacute mais explorada em domiciacutelio e instituiccedilotildees de longa permanecircncia e abrangendo

mais especificamente a populaccedilatildeo de idosos sendo o fenocircmeno pesquisado no seu contexto

real

Trata-se de estudo retrospectivo pois os indiviacuteduos satildeo seguidos do efeito para a

causa No estudo longitudinal retrospectivo se conhece o efeito e se busca a causa (Bordalo

2006)

Segundo Szklo (2002 p16)

ldquoQuando o investigador tem interesse em identificar fatores de risco (fatores

etioloacutegicos) o desenho mais eficiente em ambiente hospitalar eacute o estudo de

casos e controles tambeacutem conhecido como estudo retrospectivo Podem-se

conduzir estudos de casos e controles em um ou mais hospitais bem como

incluir pacientes hospitalizados ou ambulatoriais Comparado com estudos de

coorte este tipo de estudo eacute relativamente barato geralmente de menor duraccedilatildeo e exige uma amostra menorrdquo

31

Foi utilizada a teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa

As ldquoavaliaccedilotildees qualitativas contribuem com a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos e

as anaacutelises quantitativas datildeo uma ordem de grandeza do risco vinculado ao fenocircmenordquo (Lima

2012 p72)

Na teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa os dados satildeo descritivos compreendendo a

descriccedilatildeo de pessoas de acontecimentos e reaccedilotildees e mesmo a transcriccedilatildeo de relatos A

preocupaccedilatildeo central natildeo satildeo as mediccedilotildees mas sim as descriccedilotildees e interpretaccedilotildees dos fatos

(Martins amp Theoacutephilo 2009)

Martins amp Theoacutephilo (2009) enfatizam que o estudo de caso pede avaliaccedilatildeo

qualitativa uma vez que tem como objetivo a anaacutelise de uma unidade social que eacute analisada

profunda e intensamente

32 Local do Estudo

O estudo foi realizado em um hospital puacuteblico de porte extra universitaacuterio localizado

no municiacutepio de Satildeo Paulo e faz parte de um complexo hospitalar que ocupa uma aacuterea total de

352 mil metros quadrados com cerca de 2200 leitos Tem como oacutergatildeo responsaacutevel a

Secretaria de Estado da Sauacutede

O hospital escolhido conta com 843 leitos e atende predominantemente pacientes do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mas estende seu atendimento a pacientes conveniados

Oferece atendimento meacutedico-hospitalar ambulatorial por imagem e som serviccedilos

psicossocial e terapecircutico Abrange especialidades de cliacutenica meacutedica ciruacutergica e

traumatologia sendo referecircncia em transplante de fiacutegado adulto pacircncreas rim coacuternea pele e

medula oacutessea As enfermarias apresentaram no ano de 2013 taxa de ocupaccedilatildeo de 779

33 Procedimentos de Coleta dos Dados

Em se tratando de estudo de caso as atividades de coleta de dados devem ser

realizadas pelo pesquisador-autor que ldquoteraacute mais condiccedilotildees de continuamente estar pensando

e agindo na busca de relaccedilotildees entre a questatildeo de pesquisa que deseja responder as

proposiccedilotildees (teoria preliminar) que carecem de demonstraccedilotildees e a coleta dos dados e

evidecircnciasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p65)

Yin pondera que as evidecircncias para um estudo de caso podem vir de seis fontes

distintas documentos registros em arquivo entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo

participante e artefatos fiacutesicos As informaccedilotildees documentais satildeo relevantes a todos os toacutepicos

32

do estudo de caso Tais documentos podem ser correspondecircncias agendas e minutas de

reuniotildees relatoacuterios de eventos em geral O seu uso mais importante eacute ldquocorroborar e valorizar

as evidecircncias oriundas de outras fontesrdquo (Yin 2001 p 111)

Segundo Yin (2001) p 121) ldquo o uso de vaacuterias fontes de evidecircncias nos estudos de

caso permite que o pesquisador dedique-se a uma ampla diversidade de questotildees histoacutericas

comportamentais e de atitudesrdquo

Assim ldquoqualquer descoberta ou conclusatildeo em um estudo de caso provavelmente seraacute

muito mais convincente e acurada se se basear em vaacuterias fontes distintas de informaccedilatildeo

obedecendo a um estilo corroborativo de pesquisardquo (Yin 2001 p 121)

A pesquisa de campo eacute segundo Lakatos amp Marconi 1991 utilizada para a busca de

informaccedilotildees ou conhecimentos na procura de resposta para um problema atraveacutes da

observaccedilatildeo dos fenocircmenos como ocorrem espontaneamente coletando dados e registrando

variaacuteveis que possam estar relacionadas e posteriormente analisaacute-los

Nogueira (1968) como citado em Lakatos amp Marconi (1991 p 211) define formulaacuterio

como sendo ldquouma lista formal um cataacutelogo ou um inventaacuterio destinado agrave coleta de dadosrdquo O

preenchimento eacute feito pelo proacuteprio pesquisador atraveacutes de observaccedilatildeo ou interrogatoacuterio

Segundo Mello amp Turrioni (2007 p51)

ldquoA observaccedilatildeo eacute uma taacutetica de coleta de dados para conseguir informaccedilotildees e

utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados aspectos da realidade Natildeo

consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou fenocircmenos que se desejam estudar Desempenha papel importante nos

processos observacionais no contexto da descoberta e obriga o investigador a

um contato mais direto com a realidaderdquo

A observaccedilatildeo cientiacutefica ldquoeacute planejada sistematicamente eacute registrada metodicamente e

estaacute relacionada a proposiccedilotildees mais gerais em vez de ser apresentada como uma seacuterie de

curiosidades interessantes estaacute sujeita a verificaccedilotildees e controles sobre a validade e

seguranccedilardquo (Mello amp Turrioni 2007 p 51)

Na observaccedilatildeo estruturada ou sistemaacutetica ldquoo observador sabe o que procura e o que

carece de importacircncia em determinada situaccedilatildeo deve ser objetivo reconhecer possiacuteveis erros

e eliminar sua influecircncia sobre o que vecirc ou recolhe (Mello amp Turrioni 2007 p51)

A figura 7 mostra os pontos fortes e limitaccedilotildees do uso da observaccedilatildeo como taacutetica para

coleta de dados

33

Pontos fortes Limitaccedilotildees

Possibilita meios diretos e satisfatoacuterios para

estudar uma ampla variedade de fenocircmenos

O observado tende a criar impressotildees favoraacuteveis ou

desfavoraacuteveis no observador

Exige menos do pesquisador do que as outras

teacutecnicas

A ocorrecircncia espontacircnea natildeo pode ser prevista o que

impede muitas vezes o observador de presenciar o

fato

Permite a coleta de dados sobre um conjunto de

atitudes comportamentais tiacutepicas

Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do

pesquisador

Depende menos da introspecccedilatildeo ou da reflexatildeo A duraccedilatildeo dos acontecimentos eacute variaacutevel pode ser

raacutepida ou demorada e os fatos podem ocorrer

simultaneamente nos dois casos torna-se difiacutecil a

coleta de dados

Permite a evidecircncia de dados natildeo constantes do

roteiro de entrevistas ou de questionaacuterios

Vaacuterios aspectos da vida cotidiana particular podem

natildeo ser acessiacuteveis ao pesquisador

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo

Fonte Mello amp Turrioni 2007

Para este estudo foi realizado o levantamento a partir das notificaccedilotildees de incidentes

relacionados agraves quedas no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 para caracterizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo O grupo de elementos escolhido para compor a amostra foi feito intencionalmente

de acordo com criteacuterios estabelecidos

Foram selecionadas 6 unidades de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica que ocuparam as

primeiras seis posiccedilotildees na frequecircncia de ocorrecircncia de quedas segundo os dados coletados a

partir das notificaccedilotildees de incidentes Estes leitos satildeo destinados a internaccedilatildeo de indiviacuteduos

adultos de ambos os sexos com ambientes de acomodaccedilatildeo de diferentes dimensotildees para 1 2

4 ou 6 leitos O criteacuterio de exclusatildeo foi a realizaccedilatildeo de reforma preacutevia planejada e conduzida

sob a supervisatildeo do setor de Arquitetura e Engenharia Hospitalar da instituiccedilatildeo

A teacutecnica da coleta de dados utilizada nesta pesquisa foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes

nas unidades e das plantas das unidades

O formulaacuterio utilizado foi elaborado pela autora com base nas legislaccedilotildees e fatores

ambientais citados na literatura que podem estar relacionados a queda visando a adequaccedilatildeo

do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a perspectiva de avaliaccedilatildeo de riscos e

melhoria da seguranccedila Este formulaacuterio serviu como roteiro para a visita de campo

direcionando a inspeccedilatildeo dos itens relacionados a dimensotildees dos diferentes tipos de quartos

instalaccedilotildees dispositivos de seguranccedila e mobiliaacuterio no momento da observaccedilatildeo (APEcircNDICE

34

A) Os ambientes do quartos e banheiros foram fotografados para visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo

espacial do mobiliaacuterio As medidas dos quartos foram analisadas a partir das plantas

fornecidas pelo setor de engenharia e arquitetura

O periacuteodo de coleta foi de 1 a 30 de novembro de 2014

34 Procedimentos e Anaacutelise de Dados

Foi desenvolvido um banco de dados que permitiu a revisatildeo de evidecircncias com o

intuito de aumentar a confiabilidade do estudo O resultado das observaccedilotildees e das notificaccedilotildees

de incidentes pesquisados foram armazenados para que os dados possam ser prontamente

recuperaacuteveis para inspeccedilatildeo ou nova leitura Manter um encadeamento de evidecircncias tambeacutem

aumenta a confiabilidade das informaccedilotildees de um estudo de caso o que ldquoconsiste em permitir

que um observador externo - o leitor do estudo de caso por exemplo - possa perceber que

qualquer evidecircncia proveniente de questotildees iniciais da pesquisa leve agraves conclusotildees finais do

estudo de casordquo (Yin 2001 p127)

Yin (2001 p127) discorre que

ldquo a anaacutelise de dados consiste em examinar categorizar classificar em

tabelas ou do contraacuterio recombinar as evidecircncias tendo em vista proposiccedilotildees

iniciais de um estudordquo

Martins amp Theoacutephilo (2009 p69) relatam que ldquo natildeo haacute um roteiro para se analisar

os resultados de um estudo desta naturezacada caso eacute um casordquo

As proposiccedilotildees teoacutericas que

ldquo refletem o conjunto de questotildees da pesquisa as revisotildees feitas na

literatura sobre o assunto e as novas interpretaccedilotildees que possam surgirrdquo

constituem uma boa estrateacutegia a ser seguida na anaacutelise de dados permitindo a

produccedilatildeo de ldquoconclusotildees analiacuteticas irrefutaacuteveis e eliminar interpretaccedilotildees

alternativasrdquo (Yin 2001 p 129)

Os resultados foram analisados com base comparativa na literatura salientando as

evidecircncias relevantes que devem ser todas as encontradas Em relaccedilatildeo agrave aacuterea fiacutesica deveratildeo

ser considerados os itens que estatildeo ou natildeo em conformidade com a legislaccedilatildeo vigente

35 Aspectos Eacuteticos da Pesquisa

O projeto foi submetido agrave aprovaccedilatildeo da Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de

Pesquisa (CAPPESQ) da instituiccedilatildeo com parecer de aprovaccedilatildeo nordm 940006 de 27 de janeiro de

2015

Como o estudo natildeo envolveu nenhum tipo de abordagem a pacientes ou profissionais

natildeo se aplica a exigecircncia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) exigido

35

em toda pesquisa em que estejam envolvidos indiviacuteduos grupos ou seus representantes legais

que devem manifestar a sua anuecircncia em participar da pesquisa (Resoluccedilatildeo Nordm 466 2012)

36

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para se apurar o contexto de um incidente as informaccedilotildees devem abranger quatro classes

as caracteriacutesticas dos doentes as caracteriacutesticas do incidente os fatoresperigos contribuintes

e as consequecircncias organizacionais decorrentes da ocorrecircncia Entre as caracteriacutesticas dos

doentes estatildeo os dados demograacuteficos as relacionadas ao incidente satildeo aquelas que informam

as circunstacircncias em que o incidente ocorreu (como onde e quando) os fatores contribuintes

satildeo as circunstacircncias accedilotildees ou influecircncias que podem ter contribuiacutedo para a origem

desenvolvimento ou aumento do risco de um incidente e por fim as consequecircncias

organizacionais dizem do impacto do incidente sobre a organizaccedilatildeo tais como aumento da

utilizaccedilatildeo de recursos para prestar cuidados adicionais ao doente repercussotildees negativas

veiculadas pela comunicaccedilatildeo social consequecircncias legais devidas a resultados cliacutenicos ou

terapecircuticos negativos para o doente (OMS 2011)

Foram avaliadas notificaccedilotildees de 922 incidentes ocorridos de janeiro a junho de 2014 dos

quais 205 foram quedas (2223)

Com base nestes conceitos foi feita anaacutelise estatiacutestica descritiva na distribuiccedilatildeo de

frequecircncia dos dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo referido conforme

apresentado na Tabela 2

Os dados da pesquisa apontaram que em 205 quedas ocorridas entre janeiro e junho

de 2014 a idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 5663 anos sendo que natildeo

houve diferenccedila entre homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a

ocorrecircncia da queda foi de 14 dias Ao contraacuterio de outros estudos a idade meacutedia eacute inferior a

60 anos bem como o tempo meacutedio de ocorrecircncia que foi maior Como visto no estudo

realizado por Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006 com pacientes

hospitalizados a idade meacutedia foi de 673 anos e o tempo meacutedio de internaccedilatildeo ateacute a ocorrecircncia

foi de 119 dias Outras pesquisas trazem a prevalecircncia de quedas na faixa etaacuteria de 60 anos

ou mais (Costa Monteiro Memesath amp Almeida 2011 Paiva et al 2010 Correa et al 2012

Abreu et al 2012 e Inoue Matsuda Melo Murassaki amp Hayakawa 2011)

Nesta pesquisa houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo

noturno (50) Em relaccedilatildeo agrave prevalecircncia no sexo masculino este resultado vai ao encontro

dos apresentados por Paiva et al 2010 Costa et al 2011 Carneiro et al 2011e Inoue et al

2011) O turno noturno tambeacutem foi mais frequente nas pesquisas de Paiva et al 2010 (637)

e de Correa et al 2012 (413)

37

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo de janeiro

a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

N = 205

Caracteriacutesticas Meacutedia n

idade (meacutedia) 5663

dias de internaccedilatildeo (meacutedia) 1402

Sexo

Feminino

83 41

Masculino

122 59

Turno

Manhatilde

54 26

Tarde

42 21

Noturno

103 50

natildeo informado

6 3

Local

Banheiro

50 24

Quarto

89 43

corredor

13 6

saguatildeo do PS

6 3

SECSEM do PS

3 1

locais de exame

7 4

outros

8 5

natildeo informado

29 14

Altura

cadeiracadeira de rodaspoltrona

20 10

camaleitomaca

48 23

mesa ciruacutergicaexame

2 1

proacutepria altura

108 53

outros

1 05

natildeo presenciado

1 05

natildeo informado

25 12

Dano

Sim

61 30

Natildeo

122 59

natildeo informado 22 11

Fonte Resultados da pesquisa

Quanto ao local da queda 43 ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando

67 de ocorrecircncias no ambiente destinado agrave acomodaccedilatildeo do paciente durante a internaccedilatildeo O

quarto tambeacutem foi o local mais frequente de quedas nos estudos de Correa et al 2011 e

Abreu et al 2012 o que poderia ser explicado pelo fato de ser onde os pacientes permanecem

mais tempo

38

Em 53 dos incidentes a queda ocorreu da proacutepria altura 23 da cama leito ou

maca 12 dos casos a altura natildeo foi informada 10 da cadeira poltrona cadeira de rodas

1 da mesa ciruacutergicaexames e em 2 a queda natildeo foi presenciada ou outros

Das 205 quedas notificadas 122 (59) natildeo resultaram em danos constatados ou

referidos pelo paciente Em 62 eventos (30 ) ocorreu algum tipo de dano e em 21 casos

(11) esta informaccedilatildeo natildeo constava das notificaccedilotildees Entre os danos as mais frequentes

foram escoriaccedilotildees (43) seguida de ferimentos corto contusoslesotildees (21) sendo que em

dois casos foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de sutura Em 36 dos casos as lesotildees foram reunidas

em um grupo denominado ldquooutrosrdquo variando de dor referida pelo paciente agrave perda de

consciecircncia em duas ocorrecircncias fratura oacutessea em um caso hematoma subgaleal e deiscecircncia

de ferida operatoacuteria em outras duas situaccedilotildees

Em 164 ocorrecircncias (79) natildeo foram solicitados exames complementares ou natildeo foi

registrada na ficha de notificaccedilatildeo poreacutem em 42 (21) eles foram necessaacuterios Os mais

frequentes foram as tomografias computadorizadas (n= 24 57) solicitaccedilatildeo de RX foram 10

(24) e em dois casos foram necessaacuterios RX e tomografia computadorizada (5) e outros

tipos de exames somaram 6 casos (14)

As seis unidades de internaccedilatildeo onde ocorreu maior frequecircncia de quedas foram

Cliacutenica Meacutedica (10) Retaguarda do Pronto Socorro (8) Transplante Renal (7)

Nefrologia (6) Moleacutestia Infecciosas e Cirurgia Vascular (5 cada uma) A maior

porcentagem de quedas ocorreu nas aacutereas de Pronto Socorro (saguatildeo salas de emergecircncia

observaccedilatildeo e cuidados intensivos) somando 21 poreacutem natildeo constitui foacuterum deste estudo

que se restringiu agraves unidades de internaccedilatildeo Os restantes 38 ficaram distribuiacutedos em outras

18 unidades

A Tabela 3 traz a distribuiccedilatildeo dos locais de ocorrecircncia onde as quedas foram mais

frequentes considerando quarto e banheiro que somam os maiores valores

39

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde predominaram os

eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

Unidade local Quarto Banheiro Outros

Cliacutenica Meacutedica 30 55 15

Retaguarda do PS 18 52 30

Cirurgia Vascular 70 0 30

Unidade de

Transplante Renal44 21 25

Nefrologia 36 27 27

Moleacutestias

Infecciosas60 10 30

Fonte Resultados da Pesquisa

Observa-se que a frequecircncia de quedas foi significativamente maior no quarto nas

unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias Infecciosas onde haacute maior nuacutemero de pacientes

restritos ao leito seja pelas alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora na primeira e pela gravidade na

segunda

Considerando que a ocorrecircncia de quedas foi de 205 casos em seis meses podemos

considerar este evento como frequente de gravidade moderada (30 resultaram em dano aos

pacientes) e de alta detecccedilatildeo

A Tabela 4 apresenta a distribuiccedilatildeo das unidades visitadas e o atendimento aos

quesitos do formulaacuterio utilizado para registro dos dados levantados com base nas

recomendaccedilotildees de adequaccedilatildeo do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a

perspectiva da seguranccedila e avaliaccedilatildeo de riscos

Na unidade de Cliacutenica Meacutedica onde ocorreu o maior nuacutemero de quedas (10 de

todas as quedas notificadas) entre as aacutereas selecionadas dos 17 quesitos diretamente

relacionados a quedas do roteiro de inspeccedilatildeo elaborado (excluindo-se os itens referentes agraves

pias) natildeo foram atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em todos

os quartos mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os quartos e iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos A unidade de Retaguarda do Pronto Socorro (8 das quedas) teve os

seguintes quesitos natildeo atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em

todos os quartos iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e mobiliaacuterios com rodiacutezios e

travas em todos os quartos Por sua vez as unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias

Infecciosas onde ocorram 5 das quedas em cada uma delas tiveram 9 e 8 quesitos natildeo

atendidos respectivamente As unidades de Nefrologia (6 das quedas) e Transplante Renal

(7 das quedas) tambeacutem tiveram 9 itens natildeo atendidos Estes resultados alertam para

intervenccedilatildeo nestas aacutereas pois estatildeo em risco de novas e mais frequentes ocorrecircncias

40

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades visitadas

2014 Satildeo Paulo Brasil

Embora os sistemas de chamada de enfermagem estivessem presentes em todas as

unidades em todas elas havia vaacuterios dispositivos que natildeo funcionavam Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

UnidadeMoleacutestias

Infecciosas

Retaguarda

do Pronto

Socorro

Cliacutenica

MeacutedicaNefrologia

Transplant

e Renal

Cirurgia

Vascular

Quesito atende natildeo atende

Dimensotildees miacutenimas por

quartoleitoatende atende atende atende atende atende 100

Banheiro exclusivo para

cada quartoatende atende atende atende atende atende 100

Barras de apoio no box em

todos os banheirosatende atende atende atende natildeo atende atende 83 17

Barras de apoio proacuteximas ao

vaso sanitaacuterioatende atende atende atende atende atende 100

Pia agrave entrada do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Pia dentro do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Sistema de chamada de

enfermagematende atende atende atende atende atende 100

Interruptor de luz acessiacutevel natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso em perfeitas condiccedilotildees

em todos os quartosatende natildeo atende natildeo atende atende atende natildeo atende 50 50

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em

todos os leitos atende natildeo atende atende

presente mas

faltam

lacircmpadas

natildeo atende natildeo atende 33 67

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente mas

natildeo funcionanatildeo atende

presente

mas natildeo

funciona

84 16

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os

quartos

atende atende atende natildeo atende atende atende 84 16

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem atende atende atende atende atende natildeo atende 84 16

Camas com grades em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas comtravas em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas eleacutetricas em todos os

leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Escada de 2 degraus

presente em todos os leitos

e com ponteira de borracha

natildeo atendenatildeo se

aplica

natildeo se

aplicanatildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Mobilaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartosnatildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

atende atende atende atende atende atende 100

41

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia estivesse presente em todas

elas natildeo funcionava

Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os

quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado a ocorrecircncia

de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados)

Os itens seguintes natildeo satildeo atendidos na maioria das unidades (67 cada) camas com

grades em todos os leitos camas com travas em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os

leitos e escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Os

quesitos alertam quanto ao fato de que 23 de todas as quedas notificadas ocorreram da cama

ou leito camas hospitalares altas sem ajuste de altura pois natildeo satildeo eleacutetricas sem travas e

sem escadas para auxiliar a saiacuteda do leito

A RDC nordm 50 (p44 ANEXO 1) recomenda que os quartos tenham dimensotildees miacutenimas

por leito (6 msup2) distacircncia entre os leitos (1 m) distacircncia entre peacute do leito e parede (12 m) e

entre leitos (05 m) Embora estabeleccedila que na pediatria e na geriatria devam ser previstos

espaccedilos para poltrona de acompanhante ao lado do leito e para berccedilo ao lado da cama da matildee

no caso de alojamento conjunto considera que as metragens quadradas permaneccedilam as

mesmas citadas na tabela

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (Vigilacircncia Sanitaacuteria) investiga se os

dormitoacuterios obedecem aos padrotildees estabelecidos pela legislaccedilatildeo vigente se haacute distacircncia

miacutenima entre dois leitos que permita a faacutecil circulaccedilatildeo sendo as respostas para estas questotildees

sim ou natildeo natildeo especificando dimensotildees

Considerando as recomendaccedilotildees da RDC nordm 50 as unidades estudadas atendem os

requisitos de dimensotildees miacutenimas para os quartos de 2 4 e 6 leitos Entretanto a referida RDC

natildeo considera o espaccedilo para a colocaccedilatildeo de outros mobiliaacuterios necessaacuterios ao atendimento e

conforto do paciente como mesa de cabeceira mesa de refeiccedilatildeo e poltrona para

posicionamento de pacientes Ao se dispor todos estes itens mesmo o ambiente atendendo as

recomendaccedilotildees de dimensotildees miacutenimas o espaccedilo torna-se reduzido dificultando a circulaccedilatildeo

de pacientes e profissionais sem esbarrarem nos mobiliaacuterios o que pode prejudicar seu

equiliacutebrio e propiciar a ocorrecircncia de quedas

As Figuras 8 e 9 trazem imagens da distribuiccedilatildeo tiacutepica dos mobiliaacuterios nos ambientes

de internaccedilatildeo das unidades estudadas que literalmente se acumulam deixando reduzido

espaccedilo para circulaccedilatildeo e natildeo atendendo agrave recomendaccedilatildeo de distacircncia entre o leito e a parede

42

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de

cabeceira e suporte de soro contiacuteguos

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

Quanto agraves instalaccedilotildees sanitaacuterias questionam se estatildeo no mesmo pavimento das

enfermarias e se haacute um chuveiro para cada seis leitos O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospital

Geral da Coordenaccedilatildeo de Fiscalizaccedilatildeo Sanitaacuteria do Estado do Rio de Janeiro quanto a

banheiro para pacientes fala de um para cada quarto ou enfermaria que deve ter acesso direto

a um banheiro podendo este servir no maacuteximo a 2 enfermarias Nem um dos dois roteiros de

vistoria acata a RDC nordm 50 (2002) que prevecirc banheiro para pacientes em cada quarto ou

enfermaria Novamente natildeo se estabelece dimensotildees

43

Para as unidades estudadas todos os quartos contam com banheiro privativo

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (ANEXO 2) indaga se os chuveiros estatildeo

instalados em box com dimensotildees internas compatiacuteveis com banho em posiccedilatildeo assentada e

dotados de aacutegua quente

Tais requisitos natildeo parecem suficientes pois como se observa na Figura 10 abaixo a

cadeira higiecircnica eacute robusta e ocupa praticamente todo o espaccedilo do box impossibilitando a

permanecircncia do profissional acompanhando ou executando a higienizaccedilatildeo do paciente Aleacutem

disso natildeo haacute cinto de seguranccedila que impeccedila o arremesso do tronco para frente

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box

As Figuras 11 e 12 exibem os mobiliaacuterios habituais disponibilizados para o

atendimento dos pacientes A mesa de refeiccedilatildeo tem apenas dois rodiacutezios e sem trava A mesa

de cabeceira embora com peacutes fixos eacute de metal e com cantos pontiagudos que ao se chocarem

com o corpo do paciente podem provocar ferimentos

44

A figura 13 mostra a presenccedila das barras de apoio proacuteximas dispostas nas laterais do

vaso sanitaacuterio permitindo o alcance do paciente caso seja necessaacuterio

Durante o transcorrer do estudo uma medida de melhoria implementada foi a

substituiccedilatildeo de todas as camas por eleacutetricas em duas das unidades aumentando para de 33

para 50 as aacutereas que atendem este quesito

Quatro outras unidades do hospital jaacute passaram por reformas planejadas pela

arquitetura hospitalar com adequaccedilatildeo do nuacutemero de leitos ao espaccedilo disponiacutevel piso

iluminaccedilatildeo sistema de chamada de emergecircncia e de enfermagem barras de apoio e assentos

fixos nos banheiros

Para as aacutereas estudadas apenas uma delas jaacute possui projeto para reforma

Figura 11 Mesa de refeiccedilatildeo Figura 12 Mesa de cabeceira

45

Figura 11 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio

dispostas proacuteximas nas laterais

46

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA

Este estudo teve como principal objetivo avaliar a estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo de um hospital puacuteblico buscando analisar se as mesmas cumpriam a legislaccedilatildeo

vigente visto que na literatura como pode-se observar durante esta dissertaccedilatildeo existem alguns

pontos essenciais para garantir a seguranccedila do paciente no que se refere ao risco de queda

Pode-se entender que a gestatildeo do risco de queda de pacientes internados dentre vaacuterios

fatores deve existir a preocupaccedilatildeo com a estrutura fiacutesica do ambiente hospitalar

A principal contribuiccedilatildeo praacutetica deste estudo foi apresentar essa relaccedilatildeo do risco de queda

pela estrutura fiacutesica hospitalar das unidades de internaccedilatildeo estudadas e propondo a inclusatildeo

nos protocolos de gestatildeo de queda dos pacientes internados dos hospitais o item de anaacutelise de

estrutura fiacutesica

Para fidelizar essa proposta criamos um instrumento de apoio para todos os hospitais

sejam puacuteblicos ou privados utilizarem facilitando a identificaccedilatildeo de possiacuteveis natildeo

conformidades neste quesito arquitetura hospitalar

Deixa-se aqui uma sugestatildeo embasada na literatura cientiacutefica e legislaccedilatildeo vigente dos

itens relacionados a estrutura fiacutesica que devem ser avaliados como fatores de risco de queda

(Figura 14)

Esta proposta busca nortear os gestores quanto agraves necessidades de incluir a gestatildeo do

risco de queda no planejamento de construccedilotildees e reformas de edificaccedilotildees destinadas a

prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no acircmbito hospitalar

Os profissionais de arquitetura e engenharia hospitalar devem ter conhecimento dos

mobiliaacuterios pretendidos para acomodaccedilatildeo e atendimento do paciente considerando suas

proporccedilotildees em relaccedilatildeo aos ambientes e o espaccedilo ocupado por cada peccedila computado no

caacutelculo das dimensotildees dos quartos por leito

Eacute necessaacuteria a constataccedilatildeo da presenccedila e funcionalidade de dispositivos de seguranccedila

como as grades travas e regulaccedilatildeo de altura das camas ou escadas que propiciem a saiacuteda

segura do leito

A iluminaccedilatildeo deveraacute ser avaliada quanto agrave presenccedila tipo funcionamento e

efetividade Dispositivos como interruptores de acionamento de iluminaccedilatildeo e sistemas de

chamada devem estar instalados de modo a propiciar o alcance do usuaacuterio

Outra questatildeo a ser considerada eacute a circulaccedilatildeo segura no ambiente de internaccedilatildeo

garantida pela integridade do piso e se eacute mantido seco ausecircncia de obstaacuteculos como cabos e

extensotildees nos quais o paciente possa tropeccedilar e perder o equiliacutebrio

47

Figura 12 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar

Itens para inspeccedilatildeo Recomendaccedilatildeo

dimensotildees miacutenimas por leitomobiliaacuterio 800 msup2

distacircncia entre leitos 100 m

distacircncia entrte a lateral do leito e parede 050 m

distacircncia entre o peacute do leito e parede 120 m

espaccedilo aproximado reservado para cama hospitalar 220 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de cabeceira 125 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de refeiccedilatildeo 032 msup2

espaccedilo aproximado reservado para poltrona 180 msup2

iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e funcionando

banheiro exclusivo para cada quarto

dimensotildees miacutenimas do box do banheiro 100 msup2

Barras de apoio no box em todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas a todos os vasos sanitaacuterios em todos os banheiros

Sistema de chamada de Enfermagem para cada leito e funcionando

Interruptor de luz acessiacutevel para cada leito e ao alcance do paciente

Piso em perfeitas condiccedilotildees em todos os quartos integridade do material que o constitui

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e funcionando com

acionador ao alcance do paciente

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos e funcionando

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem

acima das portas de cada quarto com sinal

luminoso e sonoro

Cama com grades em todos os leitos

Camas com travas nas rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas ou com ajuste de altura em todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em todos os leitos

Piso seco continuamente Fonte Autor

48

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES

O objetivo geral deste estudo foi avaliar a estrutura fiacutesica das unidades de internaccedilatildeo

de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital de grande porte e a sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

A RDC nordm 50 traz como recomendaccedilatildeo de dimensotildees miacutenimas para quarto de dois

leitos 7 msup2leito e 6msup2leito para quartos de 3 a 6 leitos Nas unidades estudadas predominam

os quartos de 24 e 6 leitos A distacircncia miacutenima entre leitos deve ser de 1m da lateral da cama

e parede 050m e entre o peacute do leito e parede 12m Em relaccedilatildeo agraves dimensotildees miacutenimas dos

quartos proporcional ao nuacutemero de leitos 100 das unidades estatildeo em conformidade com a

legislaccedilatildeo

Outros fatores relacionados agrave seguranccedila e prevenccedilatildeo de quedas satildeo os sistemas de

iluminaccedilatildeo que aleacutem de presentes devem funcionar e os valores de iluminacircncia serem

adequados para os diferentes objetivos conforme Norma Brasileira (NBR) 541392 Os

sistemas de chamada de enfermagem devem ter ser dispositivos iacutentegros e ao alcance do

paciente

A escolha do tipo de piso deve considerar a relaccedilatildeo do dano causado pela queda com

relaccedilatildeo agrave absorccedilatildeo do impacto poreacutem natildeo eacute item previsto pela legislaccedilatildeo vigente A

manutenccedilatildeo do piso seco eacute medida recomendada

A presenccedila de grades travas e altura das camas mostram-se como fatores de impacto

na reduccedilatildeo destes incidentes evidenciados em publicaccedilotildees especiacuteficas

Quanto ao objetivo especiacutefico da pesquisa identificaccedilatildeo das medidas de seguranccedila

existentes para prevenccedilatildeo de quedas concluiu-se que embora as dimensotildees estejam em

conformidade com as recomendaccedilotildees ao considerarmos os mobiliaacuterios que habitualmente

compotildeem a unidade do paciente temos a cama com dimensotildees aproximadas de 225 m de

comprimento e 100 de largura a mesa de cabeceira em meacutedia com 050 m de largura por

050m de comprimento mesa de refeiccedilatildeo com base de 040m de largura X 080m de

comprimento poltrona reclinaacutevel medindo 077m de largura por 165m de profundidade total

aberta A disposiccedilatildeo ambiental destes objetos ocupa aproximadamente 5 27 msup2 de aacuterea

restando somente 073m da aacuterea total do quarto disponiacutevel para circulaccedilatildeo do profissional que

presta cuidados aos pacientes De modo geral os quartos da instituiccedilatildeo possuem aacuterea em

torno de 14msup2 para dois leitos O comprimento da cama (225 m) acrescido da largura da

mesa de refeiccedilatildeo (040m situada aos peacutes da cama) somando 265 m eacute disposto na largura do

quarto (333m) restando 068 m do peacute do leito ateacute a parede (recomendado eacute de 120m) e

49

passagem No sentido do comprimento do quarto soma-se as larguras da cama (100 m) da

mesa de cabeceira (050 m) da poltrona (077 m) e a distacircncia da lateral do leito ateacute a parede

(050 m) distacircncia entre os leitos de 100 m resultando em 377 m do total de 418 m Se

outros itens forem necessaacuterios como escada de dois degraus quando natildeo haacute cama eleacutetrica

suporte de soro e cadeira para visitante haacute maior restriccedilatildeo de espaccedilo disponiacutevel propiciando

choques do usuaacuterio e profissionais contra suas estruturas

Outros quesitos em conformidade em 100 das unidades foram banheiros exclusivos

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistema de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo

O banheiro privativo possui dimensotildees em torno de 375 msup2 e a aacuterea destinada ao box

027 msup2 contudo cadeira higiecircnica ocupa cerca 025msup2 natildeo restando espaccedilo para que o

colaborador permaneccedila ao lado do paciente

Barras de apoio no box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os

quartos iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo

itens atendidos na maioria das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia

estivesse presente em todas elas natildeo funcionava em nenhum quarto A sinalizaccedilatildeo de

enfermagem funcionava em todos os quartos mas requer o pronto atendimento agraves chamadas

Em contrapartida os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades Ao sair do leito com as

luzes apagadas por natildeo conseguir acessar o interruptor o paciente fica sujeito aos obstaacuteculos

ocultos pela escuridatildeo Na vigecircncia de instabilidade da marcha eou alteraccedilotildees de equiliacutebrio o

apoio em moacuteveis com rodiacutezio e sem travas podem propiciar a concretizaccedilatildeo da queda

As camas eram de acionamento mecacircnico em quatro das seis unidades

impossibilitando o ajuste de altura e o apoio dos peacutes do paciente no chatildeo ao sair do leito As

escadas de dois degraus quando disponiacuteveis natildeo possuem barras laterais para apoio e natildeo

apresentam ponteiras de borracha proporcionando situaccedilatildeo de instabilidade A falta de cama

com grades em todos os leitos submete o paciente ao risco de queda do leito em inadvertidas

situaccedilotildees de rolamento sobre o colchatildeo durante o sono e em camas de altura muito superior a

que estatildeo habituados em seus domiciacutelios

Accedilotildees implementadas como a substituiccedilatildeo de camas mecacircnicas por eleacutetricas que

permitem o ajuste de altura providenciam uma soluccedilatildeo para a saiacuteda segura do paciente do

leito

50

A composiccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo deve ser considerada apenas

informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as organizaccedilotildees hospitalares utilizam os

espaccedilos disponiacuteveis A robustez de peccedilas de mobiliaacuterio compromete a circulaccedilatildeo o que pode

ser determinante especialmente em situaccedilotildees de atendimento de emergecircncia Tais

consideraccedilotildees apontam a necessidade de descritivos e especificaccedilotildees teacutecnicas que atendam

estas exigecircncias

Os resultados obtidos sugerem que a estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de

influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas desde que outros fatores ambientais

sejam considerados respondendo a questatildeo de pesquisa

Pesquisas adicionais satildeo necessaacuterias para que as recomendaccedilotildees sejam validadas em

organizaccedilotildees de sauacutede e populaccedilatildeo de caracteriacutesticas semelhantes permitindo aos gestores

intervenccedilotildees relacionadas agrave estrutura fiacutesica e ambiente que sejam eficazes na prevenccedilatildeo de

quedas

61 Limitaccedilotildees da Pesquisa

A abordagem qualitativa utilizando dados subjetivos podem levar a diversidade e

imprecisatildeo aleacutem da questatildeo da incerteza da exatidatildeo dos dados registrados nas notificaccedilotildees

dos eventos adversos (Valle 2013)

O observador pode ter criado impressotildees favoraacuteveis ou desfavoraacuteveis sobre o objeto

estudado (Mello amp Turrioni 2007)

O excesso de confianccedila do pesquisador e a certeza com relaccedilatildeo aos dados podem levar

agrave falta de observaccedilatildeo de aspectos diferentes sob enfoques diferentes aleacutem do seu

envolvimento com a situaccedilatildeo pesquisada Considera-se ainda como limitaccedilatildeo o fato do

estudo se ater a apenas um hospital e a escolha de amostra de conveniecircncia

Constituiu limitaccedilatildeo assumida desconsiderar para fins de anaacutelise neste estudo outros

fatores de risco de queda associados a uso de medicamentos alteraccedilotildees de mobilidade e

marcha uso de dispositivos e estado mental

51

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56

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA

Unidades

Recomendaccedilatildeo A B C D E F G H I J

Dimensotildees quarto 1 leito

Dimensotildees quarto 2 leitos

Dimensotildees quarto 3 leitos

Dimensotildees quarto 4 leitos

Dimensotildees quarto 5 leitos

Dimensotildees quarto 6 leitos

Banheiro exclusivo para

cada quarto

Barras de apoio no box em

todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas

a todos os vasos sanitaacuterios

Pia agrave entrada do quarto

Pia dentro do quarto

Sistema de chamada de

Enfermagem

Interruptor de luz

acessiacutevel

Piso em perfeitas

condiccedilotildees em todos os

quartos

Iluminaccedilatildeo de cabeceira

em todos os leitos

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

Sinalizaccedilatildeo de

enfermagem

Cama com grades em

todos os leitos

Camas com travas nas

rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas em todos

os leitos

Escada de 2 degraus

presente e com borracha

nas extremidades em

todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em

todos os quartos

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

57

ANEXO 1

58

59

ANEXO 2

Page 5: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FÍSICA DAS …

DEDICATOacuteRIA

A minha matildee Almerinda pelo incentivo natildeo me

deixando desistir

Aos meus familiares pelo apoio ao longo desta

jornada

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por me permitir empreender este desafio e onde busquei determinaccedilatildeo para

finalizaacute-lo

A todos os meus familiares pelo estiacutemulo para a busca de novas oportunidades de

conhecimento e progressatildeo pessoal e profissional

A minha orientadora Professora Dra Chennyfer Dobbins Paes da Rosa como condutora e

facilitadora no desenvolvimento deste estudo pelo apoio e incentivo em tantos momentos

tumultuosos de empecilhos cansaccedilo e atribulaccedilotildees

A todos os professores por nos conduzirem neste universo de novos saberes e em especial a

Professora Simone Aquino pelas palavras de apoio no prosseguimento deste projeto

Aos alunos da turma de 2013 pelo companheirismo pelos momentos de descontraccedilatildeo pelas

experiecircncias trazidas Agradecimentos especiais agraves amigas e companheiras de trabalho

Edzangela Flaacutevia Natasha Walquiria Liacutegia e Elizangela

A gerecircncia de Enfermagem pela indulgecircncia no cumprimento de tantas tarefas

RESUMO

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os perigos

do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos portanto o objetivo

desta dissertaccedilatildeo eacute avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e

ciruacutergica de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia

na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando as medidas de seguranccedila

existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas Trata-se de um estudo descritivoexploratoacuterio

tipo estudo de caso A teacutecnica de coleta de dados utilizada foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes e

das plantas das unidades Foram selecionadas seis unidades de internaccedilatildeo onde as quedas

foram mais frequentes no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 As noficaccedilotildees de 205 quedas

ocorridas neste periacuteodo foram analisadas para caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo Dos resultados a

idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 57 anos e natildeo houve diferenccedila entre

homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a ocorrecircncia foi de 14 dias

Houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo noturno (50) 43

ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando 67 das ocorrecircncias Das seis unidades

avaliadas 100 atendem os quesitos dimensotildees miacutenimas por quartoleito banheiro exclusivo

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistemas de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas

em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado agrave

ocorrecircncia de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados) Em 67 das

unidades natildeo havia camas com grades em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os leitos e

escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Conclui-se que a

estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas

desde que outros fatores ambientais sejam considerados Os instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo

devem ser compostos apenas com informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as

organizaccedilotildees hospitalares utilizam os espaccedilos disponiacuteveis Os descritivos e especificaccedilotildees

teacutecnicas de equipamentos e mobiliaacuterios devem ser atualizados e os serviccedilos de sauacutede devem

garantir o adequado funcionamento dos dispositivos e disponibilidade aos usuaacuterios

Palavras-chave gestatildeo de risco incidentes queda

ABSTRACT

We were understand the relationship between falls and environmental hazards is necessary to

identify the hazards of the environment that may influence the occurrence of these events The

aim of this work is to identify risks associated with the physical structure in patient units of

medical and surgical clinics of a public hospital in the city of Satildeo Paulo To evaluate the

influence in the fall of hospitalized patients identifying existing security measures providing

support for the design and construction phases of actions aimed at improving the management

of the risk of falling This is a descriptive study exploratory case study The technique of

data collection used was a survey through scripts characteristic being listed spaces for the

accommodation of patients and plant units We were selected 06 units in the period January-

June 2014The notifications was 205 falls during this period The results the average age of

individuals fall victims was 57 years and there was no difference between men and women

The mean time from admission until the occurrence was 14 days A predominance of falls

among men (59) and at night (50) 43 occurred in the fourth and 24 in the bathroom

totaling 67 of occurrences The 6 units assessed 100 meet the requirements that are

minimum dimensions per room bed exclusive bathroom for each room grab bars near the

toilet nurse call system and dry conditions in all rooms at the time of observation Grab bars

in the box in all bathrooms wake lighting in all rooms fluorescent general lighting in all

rooms and nursing signaling items are served in most units (84) The criteria light switch

accessible and furniture with trundle and locks in all rooms are not seen in 100 of the units

which may be related to the occurrence of falls at night (50 of reported incidents) In 67

of the units had not caged beds in all beds beds with locks on all beds electric beds on all

beds and stair steps in this 2 all beds and rubber tip It follows that the physical structure can

be evaluated as influential in determining the occurrence of falls from other environmental

factors are considered The scales should not be composed only with information about

dimensions but assess how hospital organizations use available space The descriptives and

technical specifications for equipment and furnishings should be updated and health services

should ensure the proper performance of devices and availability to users

Keywords risk management incidents fall

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 3

11 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO 3

12 PROBLEMA DE PESQUISA 7

13 QUESTAtildeO DE PESQUISA 10

14 OBJETIVOS 11

141Geral 11

142 Especiacuteficos 11

15 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA 11

16 ESTRUTURA DO TRABALHO 12

2REFERENCIAL TEOacuteRICO 13

21 GESTAtildeO DE RISCOS CORPORATIVOS 13

22 ANAacuteLISE DE RISCOS 15

23 QUEDAS 18

24 MATRIZ DE RISCO 21

25 FERRAMENTA DE ANAacuteLISE DO MODO E EFEITO DA FALHA (FMEA) 22

26 LEGISLACcedilAtildeO RELACIONADA Agrave VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA 24

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA 28

31 DELINEAMENTO DA PESQUISA 29

32 LOCAL DO ESTUDO 31

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS 31

34 PROCEDIMENTOS E ANAacuteLISE DE DADOS 34

35 ASPECTOS EacuteTICOS DA PESQUISA 34

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 36

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA 46

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES 48

61 LIMITACcedilOtildeES DA PESQUISA 50

REFEREcircNCIAS 51

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA 56

ANEXO 1 57

ANEXO 2 59

1

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

AHRQ Agency for Healthcare Research and Quality

CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de Pesquisa

COSO Committee of Sponsoring Organizations

CRM Clinical Risk Management

EA Eventos Adversos

EAS Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede

ERM Enterprise Risk Management

FERMA Federation of European Risk Management Associations

FMEA Failure Modes and Effects Analysis

GM Gabinete do Ministro

HFMEA Healthcare Failure Modes and Effects Analysis

IS Sinalizaccedilatildeo de Enfermagem

ISO International Organization for Standardization

JCAHO Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations

MS Ministeacuterio da Sauacutede

NAPSA National Patient Safety Agency

NBR Normas Brasileiras

NCPS National Center for Patient Safety

NHS National Health Service

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

RC Responsabilidade Civil

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RNAO Registered Nurses Association of Ontario

RPN Risk Prority Number (Nuacutemero de Prioridade de Risco)

SIH Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VHA Veretans Health Administrtion

VISA Vigilacircncia Sanitaacuteria

2

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos 22

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA 24

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA 24

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS 26

Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000) 28

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa 29

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo 33

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de 42

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

42

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box 43

Figura 13 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio dispostas proacuteximas nas laterais 45

Figura 14 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar 47

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um Hospital

Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil 8

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no

periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 37

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde

predominaram os eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 39

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades

visitadas 2014 Satildeo Paulo Brasil 40

3

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Contextualizaccedilatildeo

O homem como indiviacuteduo ou como parte de organizaccedilotildees sempre esteve agrave procura de

formas de identificar os riscos que ameaccedilam sua existecircncia Nas sociedades primitivas de

cultura agraacuteria a produccedilatildeo atendia apenas suas necessidades imediatas logo a perda de uma

colheita significava desastre certo Organizadas como economias industriais sociedades e

indiviacuteduos seguem tentando compreender e antecipar os riscos que os ameaccedilam procurando

preservar seus bens valiosos (McCaffrey amp Hagg-Rckert 2009)

Risco eacute definido como o efeito da incerteza nos objetivos da organizaccedilatildeo sendo o

efeito um desvio em relaccedilatildeo ao esperado seja ele positivo ou negativo A incerteza eacute ldquoo

estado mesmo que parcial da deficiecircncia das informaccedilotildees relacionadas a um evento sua

compreensatildeo conhecimento sua consequecircncia e a probabilidade de ocorrecircncia associadardquo

(ABNT 2009)

A gestatildeo de risco eacute uma forma de reconhecer que os eventos podem levar a danos e

prevecirc a avaliaccedilatildeo e anaacutelise dos riscos de forma a minimizar sua ocorrecircncia e consequecircncias

Considerar um risco toleraacutevel natildeo significa aceita-lo mas conviver com ele confiando que

estaacute devidamente controlado Nenhuma pessoa deve ser exposta a risco grave a menos que

concorde em aceitaacute-lo (National Health Service - NHS 2008)

A gestatildeo de risco prevecirc a realizaccedilatildeo de ldquoatividades coordenadas para dirigir e controlar

uma organizaccedilatildeo no que se refere ao risco (ABNT 2009)

O Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission COSO

2007 (Comitecirc de Organizaccedilotildees Patrocinadoras do Comeacutercio) eacute uma iniciativa conjunta de

cinco organizaccedilotildees do setor privado e eacute dedicado a fornecer lideranccedila de pensamento atraveacutes

do desenvolvimento de quadros e orientaccedilatildeo sobre gerenciamento de riscos corporativos

controles internos e de dissuasatildeo de fraude As organizaccedilotildees reconhecem e direcionam seus

esforccedilos para a necessidade de se desenvolver uma estrateacutegia capaz de identificar avaliar e

administrar os riscos Nesta perspectiva o gerenciamento de riscos corporativos eacute definido

como um processo conduzido pela organizaccedilatildeo envolvendo o conselho administrativo

diretoria e demais empregados com o objetivo de estabelecer estrateacutegias para identificar

eventos em potencial que podem afetaacute-la administrando os riscos e possibilitando o alcance

de seus objetivos O evento eacute um incidente ou uma ocorrecircncia de causa interna ou externa

4

que pode afetar a realizaccedilatildeo dos objetivos da organizaccedilatildeo O risco eacute a possibilidade de um

evento ocorrer e afetar negativamente a realizaccedilatildeo destes objetivos

A administraccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo natildeo pode prever quando e como ocorreraacute um

evento e o impacto que causaraacute entretanto deve ser capaz de avaliar os riscos de sua

ocorrecircncia Os eventos podem estar relacionados a infraestrutura (disponibilidade de bens

acesso ao capital complexidade) a pessoal (capacidade dos empregados sauacutede e seguranccedila

atividades fraudulentas) a processos (capacidade desenho execuccedilatildeo) ou agrave tecnologia

(integridade de dados disponibilidade de dados e sistemas desenvolvimento alocaccedilatildeo

manutenccedilatildeo) (COSO 2007)

Apoacutes a avaliaccedilatildeo dos riscos pertinentes agraves atividades desenvolvidas eacute necessaacuterio

determinar como a organizaccedilatildeo responderaacute ao risco avaliando seu efeito e impacto custos e

benefiacutecios mantendo-se dentro da toleracircncia estabelecida As respostas da organizaccedilatildeo aos

riscos podem ser de evitaacute-los decidindo descontinuar as atividades que geram riscos A

posiccedilatildeo da organizaccedilatildeo pode ser de reduzir a probabilidade e impacto dos riscos ou ainda de

compartilhamento de uma parte do risco com a aquisiccedilatildeo de produtos de seguro a realizaccedilatildeo

de transaccedilotildees de heading ou a terceirizaccedilatildeo de uma atividade A resposta da organizaccedilatildeo pode

ser aceitaccedilatildeo do risco natildeo adotando nenhuma medida para afetar o grau de impacto dos riscos

(COSO 2007)

O ponto central de uma boa gestatildeo de riscos eacute a identificaccedilatildeo e tratamento dos

mesmos Todos os riscos inerentes agraves atividades da organizaccedilatildeo devem ser metodicamente

avaliados Os riscos podem ter origem em fatores internos e externos riscos financeiros

(creacutedito taxas de juros diferenccedilas cambiais fluxo de caixa e liquidez sistemas de controle

financeiros e sistemas de informaccedilatildeo) riscos estrateacutegicos (concorrecircncia alteraccedilotildees no

consumo alteraccedilotildees da atividade de procura investigaccedilatildeo amp desenvolvimento e capital

intelectual) riscos operacionais (recrutamento cadeia de abastecimento regulamentaccedilotildees

cultura composiccedilatildeo da gestatildeo do topo da organizaccedilatildeo) e perigos (acesso puacuteblico

empregados propriedade bens e serviccedilos contratos eventos naturais fornecedores meio

ambiente (Federation of European Risk Management Associations [FERMA] 2002)

Como os eventos satildeo inesperados as organizaccedilotildees devem implementar accedilotildees para a

reduccedilatildeo do risco gerindo ou controlando qualquer dano futuro ou probabilidade de dano

associado a um incidente Estas accedilotildees abrangem a detecccedilatildeo de fatores atenuantes do dano ou

accedilotildees de melhoria e podem ser proativas ou reativas Accedilotildees proativas podem ser teacutecnicas

como a anaacutelise de modos e efeitos de falha e anaacutelise de probabilidades de risco As ldquoaccedilotildees

5

reativas satildeo as desenvolvidas em resposta a conhecimentos adquiridos apoacutes a ocorrecircncia de

incidentes (por exemplo anaacutelise das causas)rdquo (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede [OMS] 2009)

O termo ldquocultura de seguranccedilardquo apareceu pela primeira vez apoacutes o acidente nuclear de

Chernobyl em 1988 e foi disseminado a vaacuterias induacutestrias com o intuito de melhorar a

seguranccedila e a confiabilidade das organizaccedilotildees Entretanto a extrapolaccedilatildeo para a sauacutede eacute

recente e ainda natildeo haacute consenso nos estudos sobre a forma como a seguranccedila do paciente

deve ser construiacuteda O primeiro passo para as organizaccedilotildees de sauacutede melhorarem a cultura de

seguranccedila eacute definir claramente o conceito fazendo diagnoacutestico do status atual em sua

empresa identificando pontos fortes e fracos para melhores informaccedilotildees e estrateacutegias de accedilatildeo

(Halligan amp Zecevic 2011)

Os hospitais como organizaccedilotildees de alto risco tecircm uma permanente preocupaccedilatildeo em

gerenciar o inesperado A medicina moderna tornou o atendimento cada vez mais complexo

resultando em maiores oportunidades para melhoria dos cuidados mas aumentando o risco de

eventos adversos e danos ao paciente (Briner Kessler amp Manser 2010)

O Processo de Gestatildeo de Risco incorporou-se ao setor da sauacutede nos Estados Unidos haacute

cerca de 30 anos com o objetivo de proteger as organizaccedilotildees de sauacutede contra as perdas

inicialmente atraveacutes da ldquocontrataccedilatildeo de seguros de responsabilidade civil para cobrir

consequecircncias econocircmicas das accedilotildees e processos por maacute praacuteticardquo movidas contra

profissionais eou hospitais Entretanto atualmente a Gestatildeo de risco tornou-se um programa

que visa agrave construccedilatildeo de normas preventivas corretivas e contingentes identificando

mapeando e monitorando os riscos ldquocom foco no processo de trabalho e na contiacutenua reduccedilatildeo

dos danos e perdasrdquo (Feldman 2009a p27 28)

Como os riscos associados agrave assistecircncia natildeo podem ser completamente eliminados o

conceito de Gestatildeo de Risco Cliacutenico (Clinical Risk Management - CRM) surgiu como uma

forma de direcionar os recursos hospitalares para melhorar a seguranccedila do paciente A Gestatildeo

de Risco Cliacutenico refere-se a uma forma especiacutefica de gestatildeo de risco com foco em processos

cliacutenicos direta e indiretamente relacionados ao paciente Compreende todas as estruturas

processos instrumentos e atividades que permitam aos profissionais identificar analisar

controlar e gerenciar os riscos ao fornecer tratamento cliacutenico e assistecircncia ao paciente Os

hospitais realizam uma variedade de atividades para promover a seguranccedila do paciente mas

natildeo o fazem de forma sistemaacutetica como gerenciamento de risco cliacutenico com o objetivo de

alcanccedilar a melhora dos serviccedilos e dos atendimentos meacutedicos (Briner Kessler amp Manser

2010)

6

As falhas satildeo a maior ameaccedila agrave seguranccedila dos pacientes pois os profissionais

automatizam comportamentos e os erros acontecem no meio de accedilotildees que jaacute realizamos

milhares de vezes o que eacute ignorado pelos sistemas de sauacutede e seus responsaacuteveis Criar uma

cultura de seguranccedila do paciente exige praacutetica alicerccedilada em evidecircncias cientiacuteficas sobre o

que funciona ou natildeo comunicaccedilatildeo dos resultados das mudanccedilas efetuadas a todos os

envolvidos e reavaliaccedilatildeo permanente do conjunto (Carneiro 2010)

Embora a gestatildeo de risco considere os riscos sob as perspectivas positivas (quando as

consequecircncias dos eventos constituem oportunidades para se obter vantagens) ou negativas

(quando constituem ameaccedilas ao sucesso) em se tratando de sauacutede e seguranccedila do paciente ldquoeacute

quase um dado adquirido que as consequecircncias satildeo apenas negativasrdquo devendo os esforccedilos

serem concentrados na prevenccedilatildeo ou diminuiccedilatildeo do dano (FERMA 2002 p3)

Nos Estados Unidos o programa da ldquoAgency for Healthcare Research and Qualityrdquo ndash

AHRQ ndash (Agecircncia de Pesquisa de Qualidade em Sauacutede) conduz e apoia a investigaccedilatildeo para a

construccedilatildeo de conhecimentos sobre seguranccedila do paciente e melhoria da qualidade

incentivando o investimento no aumento das capacitaccedilotildees de profissionais de sauacutede

divulgando os benefiacutecios de novos procedimentos mas os alertando dos riscos inerentes a eles

(Feldman 2009a)

Um estudo exploratoacuterio com pacientes internados em dois hospitais puacuteblicos de ensino

do Estado do Rio de Janeiro analisou uma amostra aleatoacuteria de 622 prontuaacuterios no ano de

2003 verificando que 583 pacientes natildeo sofreram Eventos Adversos (EA) (937) contra 39

(63) que sofreram Dos EA ocorridos 641 foram considerados evitaacuteveis quando

analisados por meacutedico revisor Os pacientes com EA apresentaram tempo meacutedio de

permanecircncia no hospital de 283 dias superior ao observado nos pacientes sem EA Os EA

implicaram no gasto de R$ 121236330 o que representou 27 do valor total de reembolso

recebido pelo total de internaccedilotildees realizadas em 2003 (Porto Martins Mendes amp Travassos

2010)

Quedas satildeo eventos comuns em ambiente hospitalar que tecircm como consequecircncia

lesotildees aumento do tempo de internaccedilatildeo aleacutem da questatildeo de responsabilidade legal

A Responsabilidade Civil (RC) ldquoimplica em reparar indenizar ou ressarcir pelo dano

causado a algueacutemrdquo e se decorrente do exerciacutecio profissional estende-se a qualquer

trabalhador envolvido na atividade ou prestaccedilatildeo de serviccedilos Portanto eacute necessaacuteria a

identificaccedilatildeo de falhas de cada processo de cuja execuccedilatildeo possam advir ldquodano estrago

7

detrimento ou prejuiacutezo ao paciente famiacutelia usuaacuterio profissional ou comunidaderdquo (Feldman

2010 a p 135)

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor 1990 em seu artigo 14 paraacutegrafo 1ordm determina

que

ldquoO serviccedilo eacute defeituoso quando natildeo fornece a seguranccedila que o consumidor

dele pode esperar levando-se em consideraccedilatildeo as circunstacircncias relevantes

entre as quais o modo de seu fornecimento o resultado e os riscos que

razoavelmente dele se esperam a eacutepoca em que foi fornecidordquo

12 Problema de Pesquisa

Um evento adverso eacute qualquer evento ou circunstacircncia involuntaacuteria que conduz a dano

ou sofrimento Incidente eacute um tipo especiacutefico de evento adverso eacute imprevisto ou inesperado e

pode prejudicar um ou mais pacientes que recebam cuidados de sauacutede (National Patient

Safety Agency [NPSA] 2008)

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede na Estrutura Conceitual da Classificaccedilatildeo

Internacional para a Seguranccedila do Paciente (ldquoThe Conceptual Framework for International

Classification for Patient Safetyrdquo) 2009 define a seguranccedila do paciente como a ldquoreduccedilatildeo do

risco de danos desnecessaacuterios relacionados aos cuidados de sauacutede para um miacutenimo

aceitaacutevelrdquo sendo aceitaacutevel o que diz respeito ao consenso diante dos recursos atualmente

disponiacuteveis do estado da arte do conhecimento do contexto em que a prestaccedilatildeo de cuidados

acontece e do custo benefiacutecio face a natildeo implementaccedilatildeo de um tratamento (OMS 2009 p

21)

Um estudo incluindo internaccedilotildees de adultos em cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas no Brasil

em 2007 utilizando como fonte de informaccedilatildeo o Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares (SIH)

mostrou frequecircncia de 36 potenciais resultados adversos por 1000 internaccedilotildees alertando esta

alta frequecircncia para a necessidade de se implementar estrateacutegias para monitorar tais

ocorrecircncias e identificar as melhorias necessaacuterias para garantir a seguranccedila do paciente em

ambiente hospitalar (Dias Martins amp Navarro 2012)

Feldman (2009b p 118) define risco assistencial como aquele que ldquoeacute proveniente das

situaccedilotildees que envolvem a dinacircmica dos cuidados durante a internaccedilatildeo ou periacuteodo de

permanecircncia do cliente no hospitalrdquo

As quedas de pacientes permanecem entre os eventos adversos mais relatados em

instituiccedilotildees de cuidados agudos resultando em morbidade mortalidade e medo de sofrer uma

nova queda Satildeo exemplos de situaccedilotildees notificadas no ambiente hospitalar relacionadas a

quedas

8

ldquoacidente com queda do paciente ao se apoiar na mesa de suporte para

alimentaccedilatildeo causando ferimento no braccedilo direito na altura do cotovelo

Queda no corredor do hospital em uma rampa com pouca inclinaccedilatildeo devido

ao piso estar molhado pela chuva Causou fratura no cotovelo esquerdo

levando o usuaacuterio agrave cirurgia A paciente caiu da poltrona individual ao se

esticar para pegar o telefone que estava sobre a mesa A queda causou

ferimento no joelho com hematomardquo (Feldman 2009b p129)

A Tabela 1 mostra os resultados de estudo realizado por Carneiro et al 2010 em um

periacuteodo de quatro anos em Goiacircnia

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um

Hospital Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil

Eventos Adversos N

Retirada de sondas drenos e cateteres 162 6136

Quedas 49 1856

Processos aleacutergicos 14 530

Evasatildeo 14 530

Uacutelcera por pressatildeo 13 492

Erros de Medicaccedilatildeo 7 265

Procedimentos meacutedicos 3 114

Hemoderivados 1 038

Queimaduras 1 038

Total 264 1000

Fonte Adaptado de Carneiro Bezerra Camargo e Silva Paranaguaacute amp Branquinho 2010

Morse em 1997 identificou trecircs classificaccedilotildees para as quedas de pacientes acidentais

(paciente tropeccedila ou escorrega em decorrecircncia de algum perigo ambiental como por exemplo

piso molhado) antecedentes fisioloacutegicos (quedas em pessoas consideradas com risco de cair)

quedas fisiologicamente inesperadas (quedas atribuiacutedas a fatores fisioloacutegicos que natildeo podem

ser previstas antes que ocorram) (Hendrich Bender amp Nyhuis 2003)

Decesaro amp Padilha (2002) conduziram um estudo em que coletaram dados em 12

Unidades de Terapia Intensiva (UTI) sendo 9 gerais e 3 especializadas de 8 instituiccedilotildees dos

municiacutepios de Londrina e Maringaacute A populaccedilatildeo foi constituiacuteda de 91 profissionais de

enfermagem que relataram um ou mais incidentes relativos a queda de pacientes durante a

internaccedilatildeo na UTI Os autores identificaram que 367 das situaccedilotildees estudadas natildeo

trouxeram nenhuma consequecircncia identificaacutevel para o paciente entretanto em 633

9

resultaram em uma ou mais consequecircncias imediatas para o paciente O maior percentual

estava relacionado a traumas teciduais resultando em contusotildees hematomas fraturas lesotildees

tissulares com e sem necessidade de sutura edema e sangramentos

Em um estudo conduzido entre janeiro de 1999 e dezembro de 2003 em um hospital

puacuteblico de ensino em Zurique Suiacuteccedila a taxa global de queda foi de 89 quedas por 1000

pacientes dia (Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006)

Outros estudos realizados com dados coletados de 826 boletins de notificaccedilatildeo de

eventos adversos em um hospital universitaacuterio terciaacuterio mostraram 80 registros relacionados a

quedas (107) no periacuteodo estudado de 30 meses implicando em 26 quedas por mecircs As

quedas do leito foram as mais frequentes (55) predominando nas enfermarias de

Neurologia (227) cliacutenica meacutedica (204) e moleacutestias infecciosas e parasitaacuterias (182)

As quedas da proacutepria altura corresponderam a 388 e ocorreram em maior nuacutemero na cliacutenica

meacutedica (387) e cirurgia gastroenteroloacutegica (129) As quedas de cadeiras foram as menos

frequentes (62) No periacuteodo noturno as quedas ocorreram com maior frequecircncia (637)

nos primeiros cinco dias de admissatildeo (617) e entre os indiviacuteduos do sexo masculino

(575) (Paiva Paiva Berti amp Campana 2010)

Utilizando uma ferramenta avaliativa para analisar uma Instituiccedilatildeo de Longa

Permanecircncia de Idosos do Rio Grande do Sul foi conduzido um estudo com o intuito de

identificar acertos e dificuldades da realidade encontrada envolvendo os eventos relacionados

a quedas Verificou-se que os pisos internos e externos natildeo possuiacuteam revestimentos

antiderrapantes e as escadas natildeo apresentavam sinalizaccedilatildeo Os dormitoacuterios eram coletivos e os

banheiros situavam-se no corredor e eram escuros tornando difiacutecil o acesso noturno Os

banheiros natildeo permitiam a entrada de cadeiras de rodas e natildeo possuiacuteam em sua totalidade

barras de seguranccedila junto ao vaso sanitaacuterio o vatildeo livre na parte inferior das portas tinha

medida inferior a 20 cm e os pisos apresentavam desniacuteveis Observou-se aglomeraccedilatildeo de

objetos decorativos tapetes sofaacutes que obstruiacuteam a livre circulaccedilatildeo do idoso podendo se

tornar risco para quedas (Feliciani Santos amp Valcarenghi 2011)

Conduzido em um hospital universitaacuterio de Goiacircnia que faz parte da Rede Hospitais

Sentinelas um estudo documental retrospectivo em uma cliacutenica ciruacutergica utilizou dados

referentes a eventos adversos registrados no livro de anotaccedilotildees de enfermagem entre janeiro

de 2005 e dezembro de 2009 mostrou que as quedas representaram 1856 (49 quedas) do

total de eventos 7551 das quedas ocorreram do leito 124 da proacutepria altura 1020 no

banheiro e 204 da maca (Carneiro et al 2011)

10

Saraiva (2008 apud Almeida Abreu amp Mendes 2010 p 165) destaca que fatores

extriacutensecos de quedas ldquorelacionados com fatores ambientais reuacutenem uma seacuterie de

caracteriacutesticas inadequadas dos espaccedilos mobiliaacuterio e iluminaccedilatildeo existecircncia de obstaacuteculos no

meio envolvente ausecircncia ou inadequaccedilatildeo de ajudas teacutecnicas vestuaacuterio inadequado entre

outrosrdquo

Embora nem todas as quedas estejam associadas a fatores ambientais natildeo haacute como

desvinculaacute-los desses eventos devendo-se buscar na legislaccedilatildeo relacionada os subsiacutedios

necessaacuterios para a respectiva anaacutelise

ldquoAs principais normas norteadoras das edificaccedilotildees dos Estabelecimentos de Assistecircncia agrave Sauacutede no Brasil satildeo do Ministeacuterio da Sauacutede atraveacutes da RDC nordm 50 de

21 de fevereiro de 2002 aleacutem de algumas normas que devem ser aprovadas junto a

Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (Anvisa) e agrave ABNTrdquo (Associaccedilatildeo Brasileira

de Normas Teacutecnicas) (Sistema Referecircncia Acadecircmica 2010 p 1)

13 Questatildeo de Pesquisa

Considerando que a gestatildeo de riscos em uma organizaccedilatildeo prevecirc que as atividades

sejam coordenadas em um processo de busca reconhecimento e descriccedilatildeo de riscos a

identificaccedilatildeo das fontes de risco eventos suas causas e consequecircncias natildeo pode preterir

qualquer aspecto relacionado

As atividades de prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede apresentam inuacutemeros riscos inerentes

ao proacuteprio desempenho de procedimentos e dos diferentes locais onde tais serviccedilos satildeo

oferecidos incluindo instalaccedilotildees mobiliaacuterios e equipamentos

Levando-se em conta as recomendaccedilotildees feitas pela legislaccedilatildeo e literatura relacionadas

este trabalho tem como objetivo identificar se a atual situaccedilatildeo das unidades de internaccedilatildeo de

cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo

Paulo pode influenciar na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando os

riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica as medidas de seguranccedila existentes para

fornecer subsiacutedios para as fases de projeto e construccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave melhoria da

gestatildeo do risco de queda nas unidades estudadas

Desta forma a questatildeo de pesquisa deste estudo eacute como a estrutura fiacutesica das

unidades de internaccedilatildeo de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande

porte do municiacutepio de Satildeo Paulo pode influenciar a ocorrecircncia de quedas de pacientes

internados

11

14 Objetivos

141Geral

Avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica de um

hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

142 Especiacuteficos

Identificar os riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica a que fica exposta a

populaccedilatildeo internada nas cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas

Identificar as medidas de seguranccedila existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas

Propor um instrumento para apoio a anaacutelise da estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo hospitalar com foco no gerenciamento do risco de queda

15 Justificativa para Estudo do Tema

Os estudos realizados sobre quedas em sua maioria caracterizam a populaccedilatildeo

envolvida neste evento quanto agrave idade sexo medicamentos utilizados local de ocorrecircncia Haacute

uma lacuna na literatura na identificaccedilatildeo dos fatores ambientais e equipamentosmobiliaacuterios

relacionados agrave queda no ambiente hospitalar Esta carecircncia pode ser devida a jaacute estabelecida

correlaccedilatildeo de outros fatores de risco bem definidos em populaccedilotildees especiacuteficas Entretanto

considerando que qualquer indiviacuteduo estaacute sujeito a este evento mesmo sem associaccedilatildeo a tais

fatores pode ser valoroso identificar se haacute riscos ambientais relacionados sobre os quais se

pode intervir

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os

perigos do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos Uma revisatildeo

de estudos realizados sobre quedas e ambiente fiacutesico concluiu que as quedas satildeo resultado da

interaccedilatildeo do estado do indiviacuteduo com o ambiente fiacutesico mas consideram razoaacutevel concluir

que mudanccedilas no meio ambiente oferecem abordagem promissora para a prevenccedilatildeo de

quedas especialmente quando associadas a outras intervenccedilotildees como programas de

exerciacutecios e educacionais (Feldman amp Chaudhury 2008)

12

Os dados referentes aos perigos ambientais que podem estar associados a

probabilidades de quedas satildeo insuficientes no que se refere a pacientes idosos hospitalizados

Entretanto em casas de repouso as quedas atribuiacutedas a fatores ambientais satildeo de 273 nesta

populaccedilatildeo (Registered Nurses Association of Ontaacuterio - RNAO 2005)

Na instituiccedilatildeo onde foi realizada a pesquisa as notificaccedilotildees de quedas de janeiro a

junho de 2014 somaram 205 eventos mostrando uma predominacircncia de ocorrecircncias em aacutereas

envolvendo a unidade reservada agrave internaccedilatildeo do paciente (quarto e banheiro) A

predominacircncia de tais quedas nestes locais levou agrave investigaccedilatildeo da influecircncia ambiental sobre

estes eventos

Estudos mostram uma maior frequecircncia de quedas entre indiviacuteduos idosos como o

estudo retrospectivo realizado em um hospital da grande Lisboa entre junho de 2008 e

dezembro de 2010 a anaacutelise de 214 de episoacutedios de quedas notificados (190 doentes) os

resultados demonstraram que os doentes com notificaccedilatildeo de incidente de queda tinham em

meacutedia 75 anos e apenas 6 dos indiviacuteduos tinham idade le 49 anos (Costa-Dias Oliveira

Moreira Santos Martins amp Arauacutejo 2013)

Segundo Saraiva et al (2008 apud Almeida Abreu ampMendes 2010 p 168) ldquoo risco

de queda aumenta linearmente como o nuacutemero de fatores de riscordquo o que sugere que se os

fatores de risco forem eliminados a probabilidade de ocorrecircncia de quedas pode diminuir

Como nem todos os fatores de risco podem ser eliminados por serem intriacutensecos ao

paciente medidas proativas de prevenccedilatildeo voltadas aos fatores extriacutensecos como o ambiente

podem significar uma valorosa estrateacutegia

Este estudo trouxe subsiacutedios para que se proponham medidas de seguranccedila associadas

agrave estrutura fiacutesica por excelecircncia visando a prevenccedilatildeo de queda em pacientes internados

16 Estrutura do Trabalho

Quanto agrave forma esta dissertaccedilatildeo estaacute estruturada em cinco capiacutetulos

O capiacutetulo um traz a contextualizaccedilatildeo com os pressupostos da aacuterea de conhecimento

relacionados ao gerenciamento de risco evento adverso e seu impacto na assistecircncia prestada

pelos serviccedilos de sauacutede a problematizaccedilatildeo mostra a inquietaccedilatildeo quanto aos fatores de risco

ambientais para ocorrecircncia de queda de pacientes no periacuteodo de internaccedilatildeo hospitalar Satildeo

estabelecidos a questatildeo de pesquisa objetivos geral e especiacuteficos a justificativa para o

desenvolvimento do estudo e a estrutura da dissertaccedilatildeo

13

No capiacutetulo dois o autor apresenta a Revisatildeo Bibliograacutefica com as bases teoacutericas e

evidecircncias existentes concebendo os polos gestatildeo de risco corporativo anaacutelise de risco

matriz de risco e legislaccedilatildeo relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

O capiacutetulo trecircs detalha os procedimentos metodoloacutegicos utilizados durante a pesquisa

com ecircnfase para o desenvolvimento do projeto de pesquisa

O quarto capiacutetulo apresenta os resultados obtidos e uma discussatildeo sob a oacuteptica da

literatura pertinente

O capiacutetulo cinco expressa as conclusotildees da pesquisa embasadas pela teoria correlata e

as recomendaccedilotildees

2REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Gestatildeo de Riscos Corporativos

O gerenciamento de riscos corporativos (Enterprise Risk Management ndash ERM) eacute o

gerenciamento de riscos dentro da organizaccedilatildeo O processo de gerenciamento de riscos deve

estar integrado agrave gestatildeo da organizaccedilatildeo identificando os riscos significativos aos seus

14

negoacutecios A estrutura do gerenciamento de riscos compreende os componentes e a

organizaccedilatildeo do gerenciamento de riscos dentro de uma empresa (MacLeod MacDonald

Ybarra Sorlie Foster amp Stokka 2013)

O gerenciamento de risco corporativo compreende um processo contiacutenuo conduzido

pelos profissionais em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo que inclui a identificaccedilatildeo de todos os

riscos que a estaacute exposta a organizaccedilatildeo indicando eventos que podem afetaacute-la aleacutem daqueles

que podem ser gerenciados propiciando garantia razoaacutevel agrave administraccedilatildeo e deve estar

orientado para a realizaccedilatildeo dos objetivos propostos Os objetivos satildeo classificados em quatro

categorias estrateacutegicos relacionados agraves metas gerais alinhadas agrave missatildeo da organizaccedilatildeo de

operaccedilotildees que diz respeito agrave utilizaccedilatildeo eficaz e eficiente dos recursos comunicaccedilatildeo referente

agrave confiabilidade de relatoacuterios e conformidade alusivos ao cumprimento de leis e

regulamentos aplicaacuteveis (COSO 2007)

O gerenciamento de risco corporativo considera o ambiente interno ou seja como a

organizaccedilatildeo identifica os riscos a forma de abordagem dos seus colaboradores seu apetite a

riscos e a filosofia do gerenciamento de risco Os objetivos fixados devem propiciar suporte e

estar alinhados com a missatildeo da organizaccedilatildeo e serem compatiacuteveis com seu apetite a riscos Eacute

necessaacuterio identificar os eventos que podem influenciar o alcance dos objetivos estabelecidos

Os riscos devem ser avaliados e analisados considerando a probabilidade e impacto

direcionando a forma como deveraacute ser abordado qual seraacute a resposta ao risco desenvolvendo

uma seacuterie de medidas para alinhar os riscos com a toleracircncia e com o apetite a risco As

atividades de controle estabelecem procedimentos e poliacuteticas que garantam que as atividades

de respostas aos riscos sejam executadas de forma eficaz Informaccedilotildees e a comunicaccedilatildeo eficaz

devem permear todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo com conteuacutedo apropriado informaccedilotildees

oportunas atuais exatas e de faacutecil acesso O monitoramento deve garantir a manutenccedilatildeo da

integridade do gerenciamento de risco e que as modificaccedilotildees necessaacuterias seratildeo implementadas

(COSO 2007)

Uma organizaccedilatildeo para melhorar sua abordagem em relaccedilatildeo ao gerenciamento de

risco deve partir de uma anaacutelise de seu processo e sistema atuais quanto agrave abordagem de

todos os componentes avaliando as atividades desenvolvidas pois a ausecircncia de qualquer

deles implica que o gerenciamento de risco eacute ineficaz O monitoramento contiacutenuo do processo

de gerenciamento de risco corporativo deve ser incorporado agraves atividades operacionais

normais e recorrentes da empresa com avaliaccedilotildees perioacutedicas e classificaccedilatildeo de riscos

permitindo que os problemas sejam identificados mais rapidamente (MacLeod et al 2013)

15

Entretanto o gerenciamento de riscos corporativos natildeo assegura que a organizaccedilatildeo

natildeo fracassaraacute no alcance de seus objetivos pois o risco estaacute relacionado ao futuro que eacute

incerto alguns eventos estatildeo aleacutem do controle da administraccedilatildeo e nenhum processo nunca

executaraacute exatamente o que foi previsto A eficaacutecia do gerenciamento de risco sofre

limitaccedilotildees da fraqueza humana pois as decisotildees devem ser tomadas utilizando julgamento

humano tendo como base as informaccedilotildees disponiacuteveis e sofrendo as pressotildees de conduzir um

negoacutecio da falta de adequado entendimento das instruccedilotildees pelos empregados o que pode

levar a erros de julgamento das mudanccedilas no sistema que forem introduzidas antes que o

pessoal tenha sido treinado adequadamente do esquecimento ou execuccedilatildeo incorreta de tarefas

por empregados temporaacuterios pode haver indiviacuteduos que atuem para impedir que o processo

de gestatildeo de riscos corporativos identifiquem as alteraccedilotildees existentes da limitaccedilatildeo de

recursos e a proacutepria direccedilatildeo da organizaccedilatildeo que pode neutralizar poliacuteticas ou procedimentos

recomendados com fins ilegiacutetimos (COSO 2007)

22 Anaacutelise de Riscos

A gestatildeo de riscos eacute um processo contiacutenuo que as organizaccedilotildees utilizam para analisar

metodicamente os riscos inerentes agraves suas atividades processo que deve estar incorporado agrave

cultura organizacional com responsabilidades atribuiacutedas em todos os niacuteveis constando das

descriccedilotildees das funccedilotildees Os ldquoproprietaacuteriosrdquo do processo de gestatildeo de riscos devem ser os

atores internos da organizaccedilatildeo (FERMA) 2002)

Realizar avaliaccedilatildeo de risco consiste em medir a consequecircncia definida aqui como o

resultado ou potencial resultado de um evento Para avaliar a gravidade dos incidentes pode

ser utilizado um sistema de pontuaccedilatildeo Para avaliar as consequecircncias algumas questotildees

devem ser resolvidas tais como A organizaccedilatildeo tem uma definiccedilatildeo clara do que constitui uma

pequena lesatildeo Que medidas satildeo utilizados para determinar o impacto psicoloacutegico sobre os

indiviacuteduos O que eacute definido como um evento adverso e quantos indiviacuteduos podem ser

afetados (National Patient Safety Agency [NPSA] 2008)

Identificar os riscos tem como objetivo identificar as incertezas a que estatildeo expostas as

organizaccedilotildees descrevendo-os de forma estruturada considerando a probabilidade e a

consequecircncia de cada um dos riscos definidos identificando os riscos chave e estabelecer as

prioridades na anaacutelise dos mesmos A descriccedilatildeo dos riscos prevecirc a designaccedilatildeo acircmbito do

risco a natureza do risco intervenientes quantificaccedilatildeo dos riscos toleracircncia para o risco

tratamento e mecanismo de controle do risco possiacuteveis accedilotildees de melhoria e desenvolvimento

16

de estrateacutegias e poliacuteticas O impacto das consequecircncias dos riscos e a sua probabilidade de

ocorrecircncia satildeo fatores importantes da avaliaccedilatildeo Brainstorming questionaacuterios anaacutelises

comparativas de setor anaacutelise de cenaacuterios investigaccedilatildeo de incidentes auditorias e inspeccedilotildees

satildeo algumas teacutecnicas propostas para a identificaccedilatildeo de riscos (FERMA 2002)

O tratamento de riscos consiste em selecionar e implementar medidas para modificar

um risco e deve no miacutenimo ldquoproporcionar um funcionamento eficaz e eficiente da

organizaccedilatildeo garantir controles internos eficazes e cumprir leis e regulamentaccedilotildees (FERMA

2002)

O niacutevel responsaacutevel pela administraccedilatildeo deve conhecer os riscos mais importantes que

a organizaccedilatildeo enfrenta os possiacuteveis efeitos em seu desempenho garantir a sensibilizaccedilatildeo aos

riscos em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo dispor de formas de gerir uma crise ter certeza de

que o processo de gestatildeo de riscos eacute eficaz As unidades de negoacutecio devem conhecer os riscos

relacionados agraves suas aacutereas de atuaccedilatildeo impactos que podem produzir em outros setores e das

consequecircncias destes setores sobre elas dispor de desempenho que lhes permitam monitorizar

as atividades identificar as intervenccedilotildees necessaacuterias Cada indiviacuteduo deve compreender seu

niacutevel de responsabilizaccedilatildeo compreender a forma como pode contribuir para a melhoria

contiacutenua da gestatildeo de riscos comunicar os riscos novos ou falhas constatadas nas medidas de

controle implementadas (FERMA 2002)

Perdas e custos relacionados agrave sauacutede seguranccedila e incidentes ambientais podem natildeo ser

seguraacuteveis pois englobam danos morais aos usuaacuterios e agrave reputaccedilatildeo da organizaccedilatildeo (FERMA

2002)

Quando os pacientes procuram os serviccedilos de sauacutede esperam receber benefiacutecios

embora jaacute tenham consciecircncia de que erros podem acontecer na prestaccedilatildeo de cuidados que

natildeo intencionais e na maioria das vezes tem origem nas falhas dos proacuteprios processos A

responsabilidade dos profissionais ligados direta ou indiretamente agrave prestaccedilatildeo de cuidados eacute

tentar reduzir os erros pois embora sejam sensiacuteveis aos erros que atingem a si proacuteprios ou aos

seus familiares muitas vezes ficam alheios aos erros decorrentes da sua praacutetica diaacuteria (Lage

2010)

Segundo a Portaria MSGM nordm 5292013 a cultura de seguranccedila abrange os

profissionais e gestores envolvidos no cuidado que ldquoassumem a responsabilidade por sua

seguranccedila dos seus colegas pacientes e familiares priorizando a seguranccedila agraves metas

financeiras e operacionais encorajando a identificaccedilatildeo notificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos problemas

17

relacionados agrave seguranccedila promovendo o aprendizado organizacionalrdquo (Ministeacuterio da Sauacutede

[MS] 2013)

O Ministeacuterio da Sauacutede define gestatildeo de risco como a aplicaccedilatildeo sistecircmica e contiacutenua

de iniciativas procedimentos condutas e recursos na avaliaccedilatildeo e controle de riscos e eventos

adversos que afetam a seguranccedila a sauacutede humana a integridade profissional o meio

ambiente e a imagem institucionalrdquo (MS 2013)

Por sua vez o Gerenciamento de Risco consiste na aplicaccedilatildeo de um conjunto de

medidas para prever identificar e minimizar a ocorrecircncia de eventos inesperados e

indesejaacuteveis que podem causar dano fiacutesico ou psicoloacutegico aos pacientes (Lima amp Dutra

2010 p 87)O risco cliacutenico natildeo eacute decorrente apenas da atuaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede

mas estaacute associado agrave ausecircncia de poliacuteticas e praacuteticas de seguranccedila do paciente seguranccedila das

instalaccedilotildees ou atendimento aos processos de trabalho (Lima amp Dutra 2010)

O Protocolo de Londres eacute uma versatildeo revisada e atualizada do ldquoProtocolo para

Investigaccedilatildeo e Anaacutelise de Incidentes Cliacutenicosrdquo e tem como proposta assegurar uma

investigaccedilatildeo e anaacutelise abrangentes e planejadas de um incidente indo aleacutem da procura de

culpados O termo anaacutelise de causa raiz tem origem na induacutestria sendo que um grupo de

ferramentas satildeo utilizadas para identificar as causas baacutesicas na investigaccedilatildeo e anaacutelise de

incidentes Entretanto o cenaacuterio que surge desta investigaccedilatildeo eacute muito mais complexo onde

haacute uma cadeia de eventos e fatores que contribuem para sua ocorrecircncia Eacute necessaacuterio

identificar quais fatores contribuem de forma mais impactante na ocorrecircncia dos eventos Na

aviaccedilatildeo induacutestrias de petroacuteleo e nucleares investigaccedilatildeo de incidentes satildeo procedimentos bem

estabelecidos (Taylor-Adams amp Vincent 2004)

No modelo organizacional de acidentes de James Reason as decisotildees falhas nos altos

escalotildees da organizaccedilatildeo permeiam os departamentos criando condiccedilotildees favoraacuteveis para atos

inseguros e acidentes Devem ser criadas barreiras e defesas contra perigos e para mitigar as

consequecircncias de falhas humanas e de equipamentos Tais barreiras podem ser fiacutesicas (muros

vedaccedilatildeo) naturais (distacircncia) accedilotildees humanas (meacutetodos de checagem) e controles

administrativos (treinamento) O passo inicial eacute identificar falhas no processo organizacional

atos inseguros ou omissotildees cometidas por pessoas cujas accedilotildees podem ter consequecircncias

adversas imediatas Este modelo extrapolado para cuidados de sauacutede identifica fatores que

influenciam a praacutetica cliacutenica e estatildeo relacionados ao paciente (complexidade e severidade de

suas condiccedilotildees liacutengua e comunicaccedilatildeo fatores sociais) fatores tecnoloacutegicos e tarefas

(disponibilidade e uso de protocolos apoio na tomada de decisatildeo tarefas projetadas e clareza

18

da estrutura) fatores relacionados a pessoas (conhecimento e ferramentas competecircncia sauacutede

fiacutesica e mental) equipe (comunicaccedilatildeo verbal e escrita supervisatildeo e procura de ajuda) e

ambiente de trabalho (carga de trabalho e turnos disponibilidade e manutenccedilatildeo de

equipamentos suporte administrativo) fatores organizacionais e gerenciais (recursos

financeiros estrutura organizacional cultura de seguranccedila e prioridades) e fatores

institucionais (contexto regulatoacuterio e econocircmico contatos com organizaccedilotildees externas)

(Taylor-Adams amp Vincent 2004)

23 Quedas

No Protocolo de Prevenccedilatildeo de Quedas integrante do Programa Nacional de Seguranccedila

do Paciente do Ministeacuterio da Sauacutede a definiccedilatildeo de queda considerada foi ldquodeslocamento natildeo

intencional do corpo para um niacutevel inferior agrave posiccedilatildeo inicial provocado por circunstacircncias

multifatoriais resultando ou natildeo em danordquo (MS 2013)

Rutledge et al (1998 apud Kalischi amp Tschannen 2012 p 6) definem queda como

um evento em que os pacientes satildeo encontrados no chatildeo por funcionaacuterios ou visitantes evento

observado ou natildeo ou o rebaixamento natildeo planejado do paciente ao niacutevel do chatildeo

As quedas segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede satildeo categorizadas como

incidentes que ocorrem com os doentes classificadas pelo tipo (tropeccedilar escorregar desmaio

perda de equiliacutebrio) e podem envolver berccedilo cama cadeira maca banheiro equipamento

terapecircutico escadas ou degraus enquanto transportado ou apoiado por outro indiviacuteduo OMS

2009)

Estima-se que um terccedilo das pessoas com mais de 65 anos e metade das pessoas com

idade acima de 80 anos sofrem pelo menos uma queda por ano sendo que nos hospitais

australianos 38 dos eventos com pacientes envolvem queda (The Joanna Briggs Institute

1998)

Vaacuterias ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco de queda foram desenvolvidas e validadas

Hendrich I e II Johns Hopkins Innes Morse STRATIFY Downton Tinetti and Schimidt

Entretanto natildeo haacute consenso sobre qual destes eacute o melhor instrumento na prediccedilatildeo de quedas

Aleacutem disso ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco por si soacute natildeo previnem quedas (Degelau

Bungum Flavin Harper Leys Londquist amp Webb 2012)

A traduccedilatildeo e a adaptaccedilatildeo transcultural para a liacutengua portuguesa do Brasil da Morse

Fall Scale (Escala de Queda de Morse) mostraram resultados satisfatoacuterios quanto agrave clareza

dos itens da escala traduzida a concordacircncia entre os avaliadoresjuiacutezes na aplicaccedilatildeo da

19

escala atingiu classificaccedilatildeo quase perfeita na maioria dos itens e a variabilidade intra-

avaliadoresjuiacutezes foi categorizada como excelente Nesta escala satildeo avaliados os seguintes

itens histoacuterico de quedas diagnoacutestico secundaacuterio auxiacutelio na deambulaccedilatildeo terapia

endovenosadispositivo endovenoso salinizado ou heparinizado marcha e estado mental

Cada um destes criteacuterios recebe escores que variam de 0 a 30 pontos A somatoacuteria destes

pontos indica o niacutevel de risco baixo risco (0 a 24) meacutedio risco (25 a 44) e alto risco (ge 45)

(Urbanetto Creutzberg Franz Ojeda Gustavo Bittencourt amp Farina 2013)

Um estudo transversal com amostra total de 137 idosos em atendimento na Cliacutenica-

Escola de Fisioterapia da Universidade de Itauacutenam que responderam a um questionaacuterio

estruturado relataram como fatores e comportamentos de riscos extriacutensecos de queda o uso de

calccedilados inadequados escadas sem corrimatildeo uso de tapetes no chatildeo obstaacuteculos entre o

quarto e banheiro objetos espalhados pelo chatildeo e iluminaccedilatildeo deficiente sendo que a

iluminaccedilatildeo foi a uacutenica variaacutevel estatisticamente significativa (Lopes Carvalho Mouratildeo

Dias Mitre amp Moraisorais 2010)

Ao entrevistar 39 pacientes idosos atendidos em dois serviccedilos de pronto atendimento

do Rio Grande do Sul entre dezembro de 2019 a abril de 2010 com diagnoacutestico de queda um

estudo verificou fatores relacionados ao ambiente de moradia sendo que 949 dos idosos

tinham moacuteveis pontiagudos em casa 897 das residecircncias tinham degraus 692 referiram

ter tapetes soltos em casa 513 afirmaram que suas residecircncias possuiacuteam pisos

escorregadios e 308 tinham escadas (Ramos Santos Barlem amp Pelzer 2011)

Em Portugal entre os anos de 2007 a 2009 em um hospital universitaacuterio foi observado

que a maior parte das quedas ocorreu no quarto onde existiam mais obstaacuteculos como mesas de

cabeceira cadeira cadeira de rodas limitando a mobilidade dos pacientes Os autores

identificaram diminuiccedilatildeo ao longo dos anos o que foi atribuiacutedo agrave revisatildeo do sistema de

travagem das camas cadeira de rodas suportes de soros com rodas aboliccedilatildeo do uso de cera

no piso e substituiccedilatildeo por cera antiderrapante aquisiccedilatildeo de grades para todas as camas

colocaccedilatildeo de barras de apoio no banheiros mais especificamente proacuteximo ao vaso sanitaacuterio e

chuveiro colocaccedilatildeo de degraus duplos para os pacientes subirem para as camas e pedido de

aquisiccedilatildeo de camas eleacutetricas articuladas na cabeceira e nos peacutes com grade de proteccedilatildeo e que

permitam ajuste da altura em relaccedilatildeo ao chatildeo (Abreu Mendes Monteiro amp Santos 2012)

Em 80 quedas ocorridas em um periacuteodo de doze meses em um hospital privado

acreditado pela Joint Commission International no que diz respeito agraves condiccedilotildees ambientais

no momento da queda as mais frequentes foram presenccedila de obstaacuteculos (5) ou falta de

20

apoio (5) Em 512 dos casos houve algum tipo de consequecircncia sendo as mais frequentes

as escoriaccedilotildees (163) e os hematomas (113) Apoacutes a implantaccedilatildeo de accedilotildees assistenciais

de prevenccedilatildeo como a identificaccedilatildeo de risco ocorreu a queda do iacutendice (Correa Marques

Martinez Laurino Leatildeo amp Chimentatildeo 2012)

As camas com baixa altura foram recentemente associadas agrave reduccedilatildeo de quedas Um

sistema de sauacutede informou que a associaccedilatildeo de caracteriacutesticas de cama relacionadas agrave altura

do chatildeo superfiacutecie de redistribuiccedilatildeo de pressatildeo e sistema interno de alarme reduziu em 9 a

taxa de quedas em cinco meses (Degelau et al 2012)

Em instituiccedilotildees de longa permanecircncia as quedas da cama satildeo comuns entre os

internos com disfunccedilatildeo das extremidades distuacuterbios cognitivos ou que fazem uso de

medicaccedilotildees que prejudicam sua capacidade de levantar-se e mover-se de forma independente

Outros fatores contribuem para o aumento da ocorrecircncia desses eventos como altura da cama

colchotildees altos e macios camas com rodiacutezios ambientes estranhos camas com altura e largura

diferentes ao que estatildeo acostumados Tais consideraccedilotildees reforccedilam a necessidade ao se

selecionar este mobiliaacuterio de se adequar o tipo de cama agraves caracteriacutesticas da populaccedilatildeo

atendida como uma das medidas eficazes no controle de fatores de risco extriacutensecos (Fragala

Perry amp Fragala 2012)

Um estudo canadense se propocircs a avaliar se havia diferenccedila na taxa de lesotildees

relacionadas com quedas entre o piso existente e o piso de intervenccedilatildeo suas propriedades

antiderrapantes e de absorccedilatildeo do impacto Houve uma influecircncia significativa do piso na

absorccedilatildeo da energia no impacto do piso com o quadril e parte posterior da cabeccedila em

simulaccedilotildees fornecendo insights sobre as diferenccedilas na capacidade de atenuaccedilatildeo do impacto

dos diferentes tipos de piso sobre estas estruturas corpoacutereas (Glinka Karakolis Callaghan amp

Laing 2013)

Haacute intervenccedilotildees que devem ser estendidas a todos os pacientes independente do risco

de queda familiarizar o paciente com o ambiente ensinar o paciente a usar o sistema de

chamada e mantecirc-lo sempre ao alcance de sua matildeo manter proacuteximos seus pertences pessoais

ter corrimatildeos no banheiro do paciente quarto e corredor manter as camas em posiccedilatildeo baixa e

com rodas travadas garantir o uso pelo paciente de calccedilado bem ajustado e com solado

antiderrapante utilizar luz noturna ou iluminaccedilatildeo suplementar manter piso limpo e seco e

limpar prontamente todos os derramamentos manter as aacutereas de atendimento ao paciente

organizadas (Degelau et al 2012)

21

Equipes deveriam circular com frequecircncia pelo ambiente para confirmar que

corredores e aacutereas do paciente estejam bem iluminadas organizadas e livres de vazamentos

corrimatildeos sejam seguros mesas e cadeiras resistentes Pessoal da biotecnologia deve

inspecionar dispositivo auxiliar regularmente A equipe de enfermagem deve confirmar que

os quartos dos pacientes sejam criados de forma que minimize o risco de quedas Toda a

equipe deve se certificar de que situaccedilotildees de risco sejam tratadas imediatamente (Degelau et

al 2012)

Portanto conhecer os fatoresperigos contribuintes de um incidente pode trazer

informaccedilotildees sobre accedilotildees que podem ser empreendidas para reduzir o risco de ocorrecircncia

(OMS 2011)

24 Matriz de Risco

Marshall (2002) Crouhy Galai amp Mark (2004 apud Paulo Fernandes Rodrigues amp

Eidt 2007) ressalta que a matriz de risco viabiliza a mensuraccedilatildeo qualitativa de riscos sendo

o ldquoniacutevel de risco definido pela composiccedilatildeo das variaacuteveis frequecircncia (probabilidade) e

severidade (impacto financeiro) associadas aos eventos de perda (fatores de risco) inerentes

ao processo avaliadordquo (De Paulo Fernandes Rodrigues amp Eidt 2007 p 50)

A matriz de risco eacute uma ferramenta utilizada para anaacutelise de riscos de processos de

vaacuterias naturezas considerando sua gravidade ou consequecircncias e a probabilidade (frequecircncia

ou probabilidade) Uma matriz de risco deve ser simples de usar deve fornecer dados

consistentes mesmo quando utilizada por profissionais de diferentes funccedilotildees e deve se adaptar

a necessidades especiacuteficas Deve ser utilizada com parcimocircnia para avaliaccedilatildeo de risco

estrateacutegico e de processo na tomada de decisotildees de gestatildeo

A Figura 1 traz a proposiccedilatildeo de pontuaccedilotildees das consequecircncias de riscos com as orientaccedilotildees e exemplos

adicionais relacionados a riscos com impacto na seguranccedila dos pacientes (NSH 2008)

22

Domiacutenios Despreziacutevel Menor Moderado Maior Catastroacutefico

Impacto sobre a seguranccedila

do paciente (fiacutesico

psicoloacutegico dano)

Lesatildeo miacutenima

requerendo

nenhumaintervenccedilatildeo

miacutenima ou

tratamento

Pequena lesatildeo ou

doenccedila exigindo menor

intervenccedilatildeo Aumento

do tempo de internaccedilatildeo

por 1-3 dias

Lesatildeo moderado

requerendo intervenccedilatildeo

profissional Aumento do

tempo de internaccedilatildeo por

4-15 dias Um evento

com impacto sobre um

pequeno nuacutemero de

pacientes

Ferimento grave levando a

incapacidade a longo

prazoAumento do tempo

de internaccedilatildeo por gt 15

dias

Incidente levando agrave morte Vaacuterias lesotildees

com efeitos permanentes ou irreversiacuteveis

sobre a sauacutede Um evento com impacto

sobre um grande nuacutemero de pacientes

Exemplos adicionais

Medicaccedilatildeo incorreta

dispensada mas natildeo

administrada

Incidentes resultando

numa

contusatildeoAtraso no

transporte de rotina

para o paciente

Medicamento errado ou

dosagem administrada

errada sem efeitos

adversos Uacutelcera por

pressatildeo estaacutegio I

Medicamento errado ou

dosagem administrado

com potencial efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IIIII

Queda resultando em

ferimentos como uma

entorse

Medicamento errado ou

dosagem errada

administrada com efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IV queda

resultando em ferimentos

como luxaccedilatildeo fratura

golpe na cabeccedila A perda

de um membro

Morte inesperada O suiciacutedio de um

paciente Homiciacutedios cometidos por

pacientes com doenccedila mentalRemoccedilatildeo

de parte errada do corpo levando agrave morte

ou incapacidade permanente Incidente

levando a paralisia

1 2 3 4 5

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos

Fonte Adaptada de National Safety Agency 2008

25 Ferramenta de Anaacutelise do modo e efeito da falha (FMEA)

A Failure Modes and Effects Analysis (FMEA) eacute uma ferramenta de abordagem

proativa utilizada para anaacutelise criacutetica prospectiva e contiacutenua de projetos e processos

propiciando a identificaccedilatildeo de riscos problemas ou potenciais falhas antes da ocorrecircncia de

um erro Desenvolvida na deacutecada de 1960 pela induacutestria aeroespacial foi reconhecida pela

Joint Commission on Accredittion oh Healthcare Organizations (JCAHO) como uma

ferramenta de qualidade relevante para as organizaccedilotildees de sauacutede (Silva Teixeira amp Cassiani

2009)

O Veterans Health Administration (VHA) o maior sistema de sauacutede integrado dos

Estados Unidos com 150 centros meacutedicos e cerca de 1400 ambulatoacuterios comunitaacuterios

adaptou a FMEA para utilizar em suas instituiccedilotildees com a denominaccedilatildeo de Healthcare Failure

Mode Effects and Analysis (HFMEA) (Silva Teixeira amp Cassiani 2009)

A maioria dos sistemas de notificaccedilatildeo de eventos relacionados agrave seguranccedila do paciente

se concentra na anaacutelise dos eventos adversos apoacutes a ocorrecircncia de uma lesatildeo HFMEA

oferece aos usuaacuterios ferramentas analiacuteticas que podem permitir a identificaccedilatildeo proativa-

mente de vulnerabilidades e corrigi-las antes que as falhas ocorram (Stalhandske De Rosier

Wilson amp Murphy 2009)

HFMEA agiliza as etapas da anaacutelise de risco encontradas na FMEA tradicional

combinando as etapas de detecccedilatildeo e a criticidade da FMEA tradicional com um algoritmo

apresentado como uma aacutervore de decisatildeo

Substitui o caacutelculo do nuacutemero de prioridade de risco (RPN) por uma pontuaccedilatildeo de

risco que eacute lida diretamente na Matriz de Escores de Hazard desenvolvida pela NCPS

(National Center for Patient Safety) para este propoacutesito

23

O objetivo da anaacutelise de riscos eacute desenvolver uma lista de riscos que se controlados de

forma eficaz possam prevenir uma doenccedila ou lesatildeo Eacute utilizado um processo com cinco

passos para avaliar aspectos especiacuteficos

No passo 1 eacute feita a definiccedilatildeo do processo a ser estudado no passo 2 eacute organizada uma

equipe multidisciplinar com especialistas no assunto e um conselheiro no passo 3 deve ser

desenvolvido um diagrama cronoloacutegico com a identificaccedilatildeo de cada etapa do processo no

passo 4 satildeo listados todos os possiacuteveis modos de falha de cada etapa determinando a

probabilidade e gravidade do modo de falha (Matriz de Escores de Perigo ndash Matriz de

Tolerabilidade) e utilizar a aacutervore de decisatildeo

O propoacutesito eacute determinar se o modo de falha justifica a implementaccedilatildeo de

medidasbarreiras que eliminem ou reduzam substancialmente a probabilidade de que um

evento perigoso ocorra

No passo 5 satildeo determinadas as causas de modo de falha (definido como ldquodiferentes

maneiras que um processo ou sub-processo pode deixar de fornecer o resultado esperadordquo)

que se quer ldquoeliminarrdquo ldquocontrolarrdquo ou ldquoaceitarrdquo (Veterans Health Administration National

Center for Patient Safety2009)

Segundo a HFMEA a severidade de um evento abrange as consequecircncias para o

paciente visitantesacompanhantes colaborador equipamentoinstalaccedilatildeo e fogo

Todo gestor deve verificar a realidade do evento classificaacute-los identificando as fontes

de perigo e propondo o gerenciamento de risco

Os eventos satildeo classificados como menores moderados importantes ou catastroacuteficos

(Figura 2)

Evento catastroacutefico (4) Evento importante (3)

Resultado para o paciente morte ou perda permanente da funccedilatildeo

(sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual) suiciacutedio estupro

reaccedilatildeo transfusional hemoliacutetica cirurgiaprocedimento no paciente

errado ou em parte errada do corpo sequestro infantil ou entrega de

crianccedila agrave famiacutelia errada Visitante morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais

Colaborador morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais colaboradores

Equipamentosinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $250000

Fogo qualquer fogo maior que uma chama inicial

Resultado para o paciente diminuiccedilatildeo permanente da funccedilatildeo

corporal (sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual)

desfiguraccedilatildeo intervenccedilatildeo ciruacutergica requerida aumento do

tempo de permanecircncia do paciente por 3 ou mais pacientes

aumento do niacutevel de assistecircncia para 3 ou mais pacientes Visitante hospitalizaccedilatildeo de 1 ou 2 visitantes

Colaborador hospitalizaccedilatildeo 123 ou mais colaboradores

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $100000

Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

24

Evento moderado (2) Evento menor (1)

Resultado para o paciente aumento da permanecircncia ou aumento no

niacutevel de assistecircncia para 1 ou 2 pacientes

Resultado para o paciente nenhum prejuiacutezo ou aumento da

permanecircncia injuacuteria ou aumento no niacutevel de assistecircncia

Visitante avaliaccedilatildeo e treinamento para 1 ou 2 (natildeo-hospitalizaccedilatildeo) Visitante avaliaccedilatildeo e nenhum tratamento requerido ou doenccedila

Colaborador despesas meacutedicas danos ou doenccedila para 1 ou 2 Colaborador tratamento de primeiros socorros sem dano ou

doenccedila

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano entre $10000 e $100000 Equipamentoinstalaccedilatildeo dano menor que $10000 ou perda de

utilidade sem resultado adverso ao paciente (exemplo gaacutes

natural eletricidade aacutegua comunicaccedilotildees transportes calorar

condicionado

Fogo incipiente ou menor Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA

Fonte Adaptado do (Veterans Health Administration National Center for Patient Safety)

Ainda segundo a HFMEA os eventos satildeo classificados segundo a probabilidade de

ocorrerem como mostra a Figura 3

Frequente (4) Provaacutevel de ocorrer imediatamente ou dentro de um curto

periacuteodo (pode ocorrer vaacuterias vezes em um ano)

Ocasional (3) Provavelmente ocorreraacute (pode ocorrer vaacuterias vezes em 1 ou 2 anos)

Incomum (2)

Possiacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 5 anos)

Remota (1) Improvaacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 30

anos)

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA

Fonte Adaptado do Veterans Health Administration National Center for Patient Safety

26 Legislaccedilatildeo Relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

A Portaria nordm 1884 GM de 11 de novembro de 1994 considerando a necessidade das

Secretarias Estaduais e Municipais contarem com um instrumento de avaliaccedilatildeo de projetos

fiacutesicos adequado agraves novas tecnologias na aacuterea da sauacutede resolve ldquoaprovar as normas que com

estas baixam destinadas ao exame e aprovaccedilatildeo dos Projetos Fiacutesicos de Estabelecimentos

Assistenciais de Sauacutederdquo compreendendo ldquoas construccedilotildees novas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute

existentesrdquo e ldquoinobservacircncia das normas aprovadas por esta Portaria constitui infraccedilatildeo agrave

legislaccedilatildeo sanitaacuteria federal conforme dispotildee o artigo 10 inciso II da Lei nordm 6437 de 20 de

agosto de 1977rdquo (Ministeacuterio da Sauacutede [MS] 1994)

25

Em seu capiacutetulo 2 a Portaria nordm 188494 referente agrave organizaccedilatildeo fiacutesico-funcional

Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede (EAS) lista as atividades que satildeo geradoras ou que

caracterizam os ambientes sendo a unidade de internaccedilatildeo o local de ldquoprestaccedilatildeo de

atendimento de assistecircncia agrave sauacutede em regime de internaccedilatildeo- atendimento a pacientes que

necessitam de assistecircncia direta programada por periacuteodo superior a 24 horas (pacientes

internos)rdquo (MS1994)

A Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada (RDC) nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002 dispotildee

sobre o Regulamento teacutecnico para planejamento programaccedilatildeo elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de

projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede e compreende as construccedilotildees novas

de estabelecimentos assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de

estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes e os anteriormente natildeo destinados a estabelecimentos de

sauacutede (RDC nordm 50 2002)

A Figura 4 exibe as disposiccedilotildees da RDC nordm 50 acerca das unidades e ambientes

hospitalares destinados a internaccedilatildeo de pacientes

UnidadeAmbiente Dimensotildees

Internaccedilatildeo Geral

lactente crianccedila adolescente

e adulto

Quantificaccedilatildeo (miacutenima) Dimensatildeo (miacutenima)

Posto de enfermagemPrescriccedilatildeo

Meacutedica

1 posto a cada 30 leitos 60 msup2

Sala de serviccedilos 1 sala para cada posto de

enfermagem 57 msup2

26

Sala de exames e curativos

1 para cada 30 leitos (quando

existir enfermaria que natildeo

tenha subdivisatildeo fiacutesica dos

leitos

75 msup2

Aacuterea para Prescriccedilatildeo Meacutedica

20 msup2

Aacuterea de cuidados e

higienizaccedilatildeo do lactente

1 pcada 12 berccedilos ou fraccedilatildeo 40 msup2

Enfermaria de lactente

Quarto de crianccedila Quarto de adolescente

15 dos leitos do

estabelecimento

Deve haver no miacutenimo 1 quarto para servir de isolamento a

cada 30 leitos ou fraccedilatildeo

45 msup2 por leito = lactente

90 msup2 = quarto de 1 leito

50 msup2 por leito = crianccedila Nordm maacuteximo de crianccedilas ateacute 2 anos por

enfermaria = 12

Quarto de adolescente 100 msup2 = quarto de 1 leito ou 140 msup2 com

dimensatildeo miacutenima de 30m no caso do uso para

ldquoPPP 70 msup2 por leito = quarto de 2 leitos

60 msup2 por leito = enfermaria de 3 a 6 leitos

Nordm maacuteximo de leitos por enfermaria = 6

Distacircncia entre leitos paralelos = 1m

Distacircncia entre leito e paredes

Cabeceira= inexistente

Peacute do leito = 12 m

Lateral = 05 m

Enfermaria de adolescente

Quarto de adulto

a cada 30 leitos deve existir no

miacutenimo 1 quarto para situaccedilotildees

que requeiram isolamento

Enfermaria adulto

Aacuterea de

recreaccedilatildeolazerrefeitoacuterio

1 para cada unidade de

pediatria psiquiatria e crocircnicos

12 msup2 por paciente em condiccedilotildees de exercer

atividades recreativaslazer

Aacuterea ou antecacircmara de acesso

ao quarto de isolamento

18 msup2

Sala de aula 08 msup2 por aluno

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS

Fonte Adaptado da Resoluccedilatildeo RDC nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002

Em relaccedilatildeo agrave internaccedilatildeo de pacientes adultos e pediaacutetricos cada quarto ou enfermaria

de internaccedilatildeo deve ser provido de banheiro exclusivo aleacutem de um lavatoacuteriopia para uso da

equipe de assistecircncia em uma aacuterea anterior a entrada do quartoenfermaria ou mesmo no

interior desses fora do banheiro Um lavatoacuteriopia externo ao quarto ou enfermaria pode

servir a no maacuteximo 4 (quatro) quartos ou 2 (duas) enfermarias (RDC nordm 50 2002)

A RDC nordm 50 dispotildee sobre iluminaccedilatildeo dos ambientes hospitalares definindo que nos

quartos das enfermarias de unidade de internaccedilatildeo geral devem ser de quatro tipos iluminaccedilatildeo

geral em posiccedilatildeo que natildeo incomode o paciente deitado iluminaccedilatildeo de cabeceira na parede

(arandela) para leitura iluminaccedilatildeo de exame no leito com lacircmpada fluorescente que tambeacutem

pode ser obtida atraveacutes de aparelho ligado agrave tomada junto ao leito e sinalizaccedilatildeo de

enfermagem (IS) que eacute um de sistema de sinalizaccedilatildeo luminosa imediata entre o paciente

interno e o funcionaacuterio assistencial (meacutedico e enfermeira) O sistema interliga cada leito

sanitaacuterio e banheiro das diversas unidades e ambientes em que estaacute presente o paciente

27

interno com o respectivo posto de enfermagem que lhe daacute cobertura assistencial quarto

enfermaria e banheiro da unidade de internaccedilatildeo geral quarto aacutereas coletivas de pediatria e

banheiro da unidade de internaccedilatildeo intensiva A identificaccedilatildeo deve se dar em cada leito e porta

dos ambientes voltados para a circulaccedilatildeo (RDC nordm 50 2002)

Nos ambientes onde satildeo prestados os cuidados de sauacutede a iluminaccedilatildeo pode trazer

estiacutemulos positivos agrave recuperaccedilatildeo dos pacientes mas quando excessiva ou mal localizada

pode ser prejudicial A importacircncia da iluminaccedilatildeo tambeacutem estaacute relacionada agrave adequaccedilatildeo

visual dos profissionais para realizaccedilatildeo de procedimentos eou observaccedilatildeo dos pacientes De

modo geral os aspectos quantitativos satildeo mais valorizados que os qualitativos sendo esta

priorizaccedilatildeo notada nas legislaccedilotildees nacionais e estrangeiras Entre as normas nacionais

apresentando os requisitos miacutenimos a serem atendidos a Norma Brasileira (NBR) 541392

textos normativos da ABNT recomenda os valores de iluminacircncias e a Portaria nordm 188494 do

Ministeacuterio da Sauacutede sugere ldquoalguns criteacuterios qualitativos para projetos de iluminaccedilatildeo artificial

dos espaccedilos de internaccedilatildeordquo (Peccin 2002 p 15)

A preocupaccedilatildeo com a iluminaccedilatildeo nos ambientes hospitalares tem se focado mais na

questatildeo econocircmica envolvendo a racionalizaccedilatildeo da energia empregada e na reduccedilatildeo dos

custos de operaccedilatildeo do sistema Mesmo em relaccedilatildeo aos pacientes as discussotildees convergem

para questotildees de conforto ambiental luz de cabeceira para leitura iluminaccedilatildeo de vigiacutelia para

permitir o acesso da equipe de enfermagem agrave noite sem acionar a luz de teto Outra questatildeo eacute

a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas que ldquopermitam boa reproduccedilatildeo de cores permitindo a identificaccedilatildeo

de alteraccedilotildees orgacircnicasrdquo como por exemplo a coloraccedilatildeo da pele As questotildees de seguranccedila

satildeo tratadas em relaccedilatildeo agrave iluminaccedilatildeo de emergecircncia (NBR 1353495 e NBR 1089899) e

iluminacircncias meacutedias miacutenimas para atividades hospitalares considerando a dificuldade da

tarefa visual a idade do usuaacuterio poreacutem as legislaccedilotildees divergem entre os paiacuteses (Peccin

2002)

A ISO (International Organization for Standardization) 31000 de 2009 eacute a nova

referecircncia mundial para a Gestatildeo de Riscos fornecendo orientaccedilotildees para a estrutura de

gerenciamento de riscos aplicaacutevel a organizaccedilotildees de qualquer tamanho traz um modelo

conceitual que pode ser usado para a anaacutelise dos arranjos organizacionais que incluem planos

relacionamentos prestaccedilatildeo de contas recursos processos e atividades A Figura 5 traz a

proposto de um modelo conceitual para ser utilizado na anaacutelise desses arranjos (MacLeod et

al 2013)

28

Mandato e

comprometimento

Estrutura para gerenciar

riscos

Monitoramento e anaacutelise criacutetica da

estrutura

Melhoria contiacutenua da

estrutura

Implementaccedilatildeo da gestatildeo

de riscos

Fonte wwwiiabrasilorgbr Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000)

29

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA

Segundo Martins amp Theoacutephilo 2009 p 37 ldquoO objetivo da metodologia eacute o

aperfeiccediloamento dos procedimentos e criteacuterios utilizados na pesquisardquo Jaacute ldquomeacutetodo eacute o

caminho para se chegar a um determinado fim ou objetivordquo

Na Figura 6 estatildeo compiladas as atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborada pelo Auto

31 Delineamento da Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa empiacuterica O Empirismo eacute uma abordagem metodoloacutegica que

ldquoconsidera que o fato existe independentemente de qualquer atribuiccedilatildeo de valor ou

posicionamento teoacuterico e possui um conteuacutedo evidente livre de pressupostos subjetivosrdquo

(Martins amp Theoacutephilo 2009 p 39)

Eacute um estudo descritivoexploratoacuterio que coleta ldquodescriccedilotildees detalhadas de variaacuteveis

existentes e usam dados para justificar e avaliar condiccedilotildees e praacuteticas correntes ou fazer planos

mais inteligentes para melhorar as praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (LoBiondo-Wood amp Haber

2001 p 111)

Os autores afirmam que este tipo de desenho eacute uacutetil na busca ldquode informaccedilotildees precisas

sobre as caracteriacutesticas dos sujeitos de pesquisa grupos instituiccedilotildees ou situaccedilotildees ou sobre a

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborado pela autora

30

frequecircncia de um fenocircmeno particularmente quando se sabe pouco sobre o fenocircmenordquo

(LoBiondo-Wood amp Haber 2001 p 111)

O delineamento da pesquisa termo que tem sido substituiacutedo por estrateacutegias de

pesquisa refere-se agraves ldquodiferentes maneiras de abordar e analisar dados empiacutericos no contexto

das Ciecircncias Sociais Aplicadasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 53)

A estrateacutegia utilizada nesta pesquisa foi o estudo de caso

ldquotrata de uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa fenocircmenos dentro de seu

contexto real (pesquisa naturaliacutestica) onde o pesquisador natildeo tem controle

sobre eventos ou variaacuteveis buscando aprender a totalidade de uma situaccedilatildeo e

criativamente descrever compreender e interpretar a complexidade de um

caso concretordquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p62)

O estudo de caso eacute o tipo de estrateacutegia de pesquisa que bem se adequa a situaccedilotildees em

que a forma da questatildeo de pesquisa relaciona-se a questotildees explanatoacuterias onde natildeo se exige

controle sobre eventos comportamentais e que focaliza eventos contemporacircneos Os estudos

de caso podem incluir as e mesmo ser limitados agraves evidecircncias quantitativas (Yin 2001 pp

24-25)

O estudo de caso deve permitir ao investigador construir descriccedilotildees interpretaccedilotildees e

explicaccedilotildees originais que conduzam a conclusotildees e recomendaccedilotildees mostrando que foram

coletadas e avaliadas evidecircncias relevantes (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 63)

A escolha do estudo de caso como estrateacutegia de pesquisa deveu-se ao fato de ser pouco

conhecida a influecircncia dos fatores ambientais na ocorrecircncia de quedas no meio hospitalar

questatildeo jaacute mais explorada em domiciacutelio e instituiccedilotildees de longa permanecircncia e abrangendo

mais especificamente a populaccedilatildeo de idosos sendo o fenocircmeno pesquisado no seu contexto

real

Trata-se de estudo retrospectivo pois os indiviacuteduos satildeo seguidos do efeito para a

causa No estudo longitudinal retrospectivo se conhece o efeito e se busca a causa (Bordalo

2006)

Segundo Szklo (2002 p16)

ldquoQuando o investigador tem interesse em identificar fatores de risco (fatores

etioloacutegicos) o desenho mais eficiente em ambiente hospitalar eacute o estudo de

casos e controles tambeacutem conhecido como estudo retrospectivo Podem-se

conduzir estudos de casos e controles em um ou mais hospitais bem como

incluir pacientes hospitalizados ou ambulatoriais Comparado com estudos de

coorte este tipo de estudo eacute relativamente barato geralmente de menor duraccedilatildeo e exige uma amostra menorrdquo

31

Foi utilizada a teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa

As ldquoavaliaccedilotildees qualitativas contribuem com a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos e

as anaacutelises quantitativas datildeo uma ordem de grandeza do risco vinculado ao fenocircmenordquo (Lima

2012 p72)

Na teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa os dados satildeo descritivos compreendendo a

descriccedilatildeo de pessoas de acontecimentos e reaccedilotildees e mesmo a transcriccedilatildeo de relatos A

preocupaccedilatildeo central natildeo satildeo as mediccedilotildees mas sim as descriccedilotildees e interpretaccedilotildees dos fatos

(Martins amp Theoacutephilo 2009)

Martins amp Theoacutephilo (2009) enfatizam que o estudo de caso pede avaliaccedilatildeo

qualitativa uma vez que tem como objetivo a anaacutelise de uma unidade social que eacute analisada

profunda e intensamente

32 Local do Estudo

O estudo foi realizado em um hospital puacuteblico de porte extra universitaacuterio localizado

no municiacutepio de Satildeo Paulo e faz parte de um complexo hospitalar que ocupa uma aacuterea total de

352 mil metros quadrados com cerca de 2200 leitos Tem como oacutergatildeo responsaacutevel a

Secretaria de Estado da Sauacutede

O hospital escolhido conta com 843 leitos e atende predominantemente pacientes do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mas estende seu atendimento a pacientes conveniados

Oferece atendimento meacutedico-hospitalar ambulatorial por imagem e som serviccedilos

psicossocial e terapecircutico Abrange especialidades de cliacutenica meacutedica ciruacutergica e

traumatologia sendo referecircncia em transplante de fiacutegado adulto pacircncreas rim coacuternea pele e

medula oacutessea As enfermarias apresentaram no ano de 2013 taxa de ocupaccedilatildeo de 779

33 Procedimentos de Coleta dos Dados

Em se tratando de estudo de caso as atividades de coleta de dados devem ser

realizadas pelo pesquisador-autor que ldquoteraacute mais condiccedilotildees de continuamente estar pensando

e agindo na busca de relaccedilotildees entre a questatildeo de pesquisa que deseja responder as

proposiccedilotildees (teoria preliminar) que carecem de demonstraccedilotildees e a coleta dos dados e

evidecircnciasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p65)

Yin pondera que as evidecircncias para um estudo de caso podem vir de seis fontes

distintas documentos registros em arquivo entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo

participante e artefatos fiacutesicos As informaccedilotildees documentais satildeo relevantes a todos os toacutepicos

32

do estudo de caso Tais documentos podem ser correspondecircncias agendas e minutas de

reuniotildees relatoacuterios de eventos em geral O seu uso mais importante eacute ldquocorroborar e valorizar

as evidecircncias oriundas de outras fontesrdquo (Yin 2001 p 111)

Segundo Yin (2001) p 121) ldquo o uso de vaacuterias fontes de evidecircncias nos estudos de

caso permite que o pesquisador dedique-se a uma ampla diversidade de questotildees histoacutericas

comportamentais e de atitudesrdquo

Assim ldquoqualquer descoberta ou conclusatildeo em um estudo de caso provavelmente seraacute

muito mais convincente e acurada se se basear em vaacuterias fontes distintas de informaccedilatildeo

obedecendo a um estilo corroborativo de pesquisardquo (Yin 2001 p 121)

A pesquisa de campo eacute segundo Lakatos amp Marconi 1991 utilizada para a busca de

informaccedilotildees ou conhecimentos na procura de resposta para um problema atraveacutes da

observaccedilatildeo dos fenocircmenos como ocorrem espontaneamente coletando dados e registrando

variaacuteveis que possam estar relacionadas e posteriormente analisaacute-los

Nogueira (1968) como citado em Lakatos amp Marconi (1991 p 211) define formulaacuterio

como sendo ldquouma lista formal um cataacutelogo ou um inventaacuterio destinado agrave coleta de dadosrdquo O

preenchimento eacute feito pelo proacuteprio pesquisador atraveacutes de observaccedilatildeo ou interrogatoacuterio

Segundo Mello amp Turrioni (2007 p51)

ldquoA observaccedilatildeo eacute uma taacutetica de coleta de dados para conseguir informaccedilotildees e

utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados aspectos da realidade Natildeo

consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou fenocircmenos que se desejam estudar Desempenha papel importante nos

processos observacionais no contexto da descoberta e obriga o investigador a

um contato mais direto com a realidaderdquo

A observaccedilatildeo cientiacutefica ldquoeacute planejada sistematicamente eacute registrada metodicamente e

estaacute relacionada a proposiccedilotildees mais gerais em vez de ser apresentada como uma seacuterie de

curiosidades interessantes estaacute sujeita a verificaccedilotildees e controles sobre a validade e

seguranccedilardquo (Mello amp Turrioni 2007 p 51)

Na observaccedilatildeo estruturada ou sistemaacutetica ldquoo observador sabe o que procura e o que

carece de importacircncia em determinada situaccedilatildeo deve ser objetivo reconhecer possiacuteveis erros

e eliminar sua influecircncia sobre o que vecirc ou recolhe (Mello amp Turrioni 2007 p51)

A figura 7 mostra os pontos fortes e limitaccedilotildees do uso da observaccedilatildeo como taacutetica para

coleta de dados

33

Pontos fortes Limitaccedilotildees

Possibilita meios diretos e satisfatoacuterios para

estudar uma ampla variedade de fenocircmenos

O observado tende a criar impressotildees favoraacuteveis ou

desfavoraacuteveis no observador

Exige menos do pesquisador do que as outras

teacutecnicas

A ocorrecircncia espontacircnea natildeo pode ser prevista o que

impede muitas vezes o observador de presenciar o

fato

Permite a coleta de dados sobre um conjunto de

atitudes comportamentais tiacutepicas

Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do

pesquisador

Depende menos da introspecccedilatildeo ou da reflexatildeo A duraccedilatildeo dos acontecimentos eacute variaacutevel pode ser

raacutepida ou demorada e os fatos podem ocorrer

simultaneamente nos dois casos torna-se difiacutecil a

coleta de dados

Permite a evidecircncia de dados natildeo constantes do

roteiro de entrevistas ou de questionaacuterios

Vaacuterios aspectos da vida cotidiana particular podem

natildeo ser acessiacuteveis ao pesquisador

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo

Fonte Mello amp Turrioni 2007

Para este estudo foi realizado o levantamento a partir das notificaccedilotildees de incidentes

relacionados agraves quedas no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 para caracterizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo O grupo de elementos escolhido para compor a amostra foi feito intencionalmente

de acordo com criteacuterios estabelecidos

Foram selecionadas 6 unidades de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica que ocuparam as

primeiras seis posiccedilotildees na frequecircncia de ocorrecircncia de quedas segundo os dados coletados a

partir das notificaccedilotildees de incidentes Estes leitos satildeo destinados a internaccedilatildeo de indiviacuteduos

adultos de ambos os sexos com ambientes de acomodaccedilatildeo de diferentes dimensotildees para 1 2

4 ou 6 leitos O criteacuterio de exclusatildeo foi a realizaccedilatildeo de reforma preacutevia planejada e conduzida

sob a supervisatildeo do setor de Arquitetura e Engenharia Hospitalar da instituiccedilatildeo

A teacutecnica da coleta de dados utilizada nesta pesquisa foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes

nas unidades e das plantas das unidades

O formulaacuterio utilizado foi elaborado pela autora com base nas legislaccedilotildees e fatores

ambientais citados na literatura que podem estar relacionados a queda visando a adequaccedilatildeo

do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a perspectiva de avaliaccedilatildeo de riscos e

melhoria da seguranccedila Este formulaacuterio serviu como roteiro para a visita de campo

direcionando a inspeccedilatildeo dos itens relacionados a dimensotildees dos diferentes tipos de quartos

instalaccedilotildees dispositivos de seguranccedila e mobiliaacuterio no momento da observaccedilatildeo (APEcircNDICE

34

A) Os ambientes do quartos e banheiros foram fotografados para visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo

espacial do mobiliaacuterio As medidas dos quartos foram analisadas a partir das plantas

fornecidas pelo setor de engenharia e arquitetura

O periacuteodo de coleta foi de 1 a 30 de novembro de 2014

34 Procedimentos e Anaacutelise de Dados

Foi desenvolvido um banco de dados que permitiu a revisatildeo de evidecircncias com o

intuito de aumentar a confiabilidade do estudo O resultado das observaccedilotildees e das notificaccedilotildees

de incidentes pesquisados foram armazenados para que os dados possam ser prontamente

recuperaacuteveis para inspeccedilatildeo ou nova leitura Manter um encadeamento de evidecircncias tambeacutem

aumenta a confiabilidade das informaccedilotildees de um estudo de caso o que ldquoconsiste em permitir

que um observador externo - o leitor do estudo de caso por exemplo - possa perceber que

qualquer evidecircncia proveniente de questotildees iniciais da pesquisa leve agraves conclusotildees finais do

estudo de casordquo (Yin 2001 p127)

Yin (2001 p127) discorre que

ldquo a anaacutelise de dados consiste em examinar categorizar classificar em

tabelas ou do contraacuterio recombinar as evidecircncias tendo em vista proposiccedilotildees

iniciais de um estudordquo

Martins amp Theoacutephilo (2009 p69) relatam que ldquo natildeo haacute um roteiro para se analisar

os resultados de um estudo desta naturezacada caso eacute um casordquo

As proposiccedilotildees teoacutericas que

ldquo refletem o conjunto de questotildees da pesquisa as revisotildees feitas na

literatura sobre o assunto e as novas interpretaccedilotildees que possam surgirrdquo

constituem uma boa estrateacutegia a ser seguida na anaacutelise de dados permitindo a

produccedilatildeo de ldquoconclusotildees analiacuteticas irrefutaacuteveis e eliminar interpretaccedilotildees

alternativasrdquo (Yin 2001 p 129)

Os resultados foram analisados com base comparativa na literatura salientando as

evidecircncias relevantes que devem ser todas as encontradas Em relaccedilatildeo agrave aacuterea fiacutesica deveratildeo

ser considerados os itens que estatildeo ou natildeo em conformidade com a legislaccedilatildeo vigente

35 Aspectos Eacuteticos da Pesquisa

O projeto foi submetido agrave aprovaccedilatildeo da Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de

Pesquisa (CAPPESQ) da instituiccedilatildeo com parecer de aprovaccedilatildeo nordm 940006 de 27 de janeiro de

2015

Como o estudo natildeo envolveu nenhum tipo de abordagem a pacientes ou profissionais

natildeo se aplica a exigecircncia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) exigido

35

em toda pesquisa em que estejam envolvidos indiviacuteduos grupos ou seus representantes legais

que devem manifestar a sua anuecircncia em participar da pesquisa (Resoluccedilatildeo Nordm 466 2012)

36

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para se apurar o contexto de um incidente as informaccedilotildees devem abranger quatro classes

as caracteriacutesticas dos doentes as caracteriacutesticas do incidente os fatoresperigos contribuintes

e as consequecircncias organizacionais decorrentes da ocorrecircncia Entre as caracteriacutesticas dos

doentes estatildeo os dados demograacuteficos as relacionadas ao incidente satildeo aquelas que informam

as circunstacircncias em que o incidente ocorreu (como onde e quando) os fatores contribuintes

satildeo as circunstacircncias accedilotildees ou influecircncias que podem ter contribuiacutedo para a origem

desenvolvimento ou aumento do risco de um incidente e por fim as consequecircncias

organizacionais dizem do impacto do incidente sobre a organizaccedilatildeo tais como aumento da

utilizaccedilatildeo de recursos para prestar cuidados adicionais ao doente repercussotildees negativas

veiculadas pela comunicaccedilatildeo social consequecircncias legais devidas a resultados cliacutenicos ou

terapecircuticos negativos para o doente (OMS 2011)

Foram avaliadas notificaccedilotildees de 922 incidentes ocorridos de janeiro a junho de 2014 dos

quais 205 foram quedas (2223)

Com base nestes conceitos foi feita anaacutelise estatiacutestica descritiva na distribuiccedilatildeo de

frequecircncia dos dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo referido conforme

apresentado na Tabela 2

Os dados da pesquisa apontaram que em 205 quedas ocorridas entre janeiro e junho

de 2014 a idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 5663 anos sendo que natildeo

houve diferenccedila entre homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a

ocorrecircncia da queda foi de 14 dias Ao contraacuterio de outros estudos a idade meacutedia eacute inferior a

60 anos bem como o tempo meacutedio de ocorrecircncia que foi maior Como visto no estudo

realizado por Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006 com pacientes

hospitalizados a idade meacutedia foi de 673 anos e o tempo meacutedio de internaccedilatildeo ateacute a ocorrecircncia

foi de 119 dias Outras pesquisas trazem a prevalecircncia de quedas na faixa etaacuteria de 60 anos

ou mais (Costa Monteiro Memesath amp Almeida 2011 Paiva et al 2010 Correa et al 2012

Abreu et al 2012 e Inoue Matsuda Melo Murassaki amp Hayakawa 2011)

Nesta pesquisa houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo

noturno (50) Em relaccedilatildeo agrave prevalecircncia no sexo masculino este resultado vai ao encontro

dos apresentados por Paiva et al 2010 Costa et al 2011 Carneiro et al 2011e Inoue et al

2011) O turno noturno tambeacutem foi mais frequente nas pesquisas de Paiva et al 2010 (637)

e de Correa et al 2012 (413)

37

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo de janeiro

a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

N = 205

Caracteriacutesticas Meacutedia n

idade (meacutedia) 5663

dias de internaccedilatildeo (meacutedia) 1402

Sexo

Feminino

83 41

Masculino

122 59

Turno

Manhatilde

54 26

Tarde

42 21

Noturno

103 50

natildeo informado

6 3

Local

Banheiro

50 24

Quarto

89 43

corredor

13 6

saguatildeo do PS

6 3

SECSEM do PS

3 1

locais de exame

7 4

outros

8 5

natildeo informado

29 14

Altura

cadeiracadeira de rodaspoltrona

20 10

camaleitomaca

48 23

mesa ciruacutergicaexame

2 1

proacutepria altura

108 53

outros

1 05

natildeo presenciado

1 05

natildeo informado

25 12

Dano

Sim

61 30

Natildeo

122 59

natildeo informado 22 11

Fonte Resultados da pesquisa

Quanto ao local da queda 43 ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando

67 de ocorrecircncias no ambiente destinado agrave acomodaccedilatildeo do paciente durante a internaccedilatildeo O

quarto tambeacutem foi o local mais frequente de quedas nos estudos de Correa et al 2011 e

Abreu et al 2012 o que poderia ser explicado pelo fato de ser onde os pacientes permanecem

mais tempo

38

Em 53 dos incidentes a queda ocorreu da proacutepria altura 23 da cama leito ou

maca 12 dos casos a altura natildeo foi informada 10 da cadeira poltrona cadeira de rodas

1 da mesa ciruacutergicaexames e em 2 a queda natildeo foi presenciada ou outros

Das 205 quedas notificadas 122 (59) natildeo resultaram em danos constatados ou

referidos pelo paciente Em 62 eventos (30 ) ocorreu algum tipo de dano e em 21 casos

(11) esta informaccedilatildeo natildeo constava das notificaccedilotildees Entre os danos as mais frequentes

foram escoriaccedilotildees (43) seguida de ferimentos corto contusoslesotildees (21) sendo que em

dois casos foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de sutura Em 36 dos casos as lesotildees foram reunidas

em um grupo denominado ldquooutrosrdquo variando de dor referida pelo paciente agrave perda de

consciecircncia em duas ocorrecircncias fratura oacutessea em um caso hematoma subgaleal e deiscecircncia

de ferida operatoacuteria em outras duas situaccedilotildees

Em 164 ocorrecircncias (79) natildeo foram solicitados exames complementares ou natildeo foi

registrada na ficha de notificaccedilatildeo poreacutem em 42 (21) eles foram necessaacuterios Os mais

frequentes foram as tomografias computadorizadas (n= 24 57) solicitaccedilatildeo de RX foram 10

(24) e em dois casos foram necessaacuterios RX e tomografia computadorizada (5) e outros

tipos de exames somaram 6 casos (14)

As seis unidades de internaccedilatildeo onde ocorreu maior frequecircncia de quedas foram

Cliacutenica Meacutedica (10) Retaguarda do Pronto Socorro (8) Transplante Renal (7)

Nefrologia (6) Moleacutestia Infecciosas e Cirurgia Vascular (5 cada uma) A maior

porcentagem de quedas ocorreu nas aacutereas de Pronto Socorro (saguatildeo salas de emergecircncia

observaccedilatildeo e cuidados intensivos) somando 21 poreacutem natildeo constitui foacuterum deste estudo

que se restringiu agraves unidades de internaccedilatildeo Os restantes 38 ficaram distribuiacutedos em outras

18 unidades

A Tabela 3 traz a distribuiccedilatildeo dos locais de ocorrecircncia onde as quedas foram mais

frequentes considerando quarto e banheiro que somam os maiores valores

39

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde predominaram os

eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

Unidade local Quarto Banheiro Outros

Cliacutenica Meacutedica 30 55 15

Retaguarda do PS 18 52 30

Cirurgia Vascular 70 0 30

Unidade de

Transplante Renal44 21 25

Nefrologia 36 27 27

Moleacutestias

Infecciosas60 10 30

Fonte Resultados da Pesquisa

Observa-se que a frequecircncia de quedas foi significativamente maior no quarto nas

unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias Infecciosas onde haacute maior nuacutemero de pacientes

restritos ao leito seja pelas alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora na primeira e pela gravidade na

segunda

Considerando que a ocorrecircncia de quedas foi de 205 casos em seis meses podemos

considerar este evento como frequente de gravidade moderada (30 resultaram em dano aos

pacientes) e de alta detecccedilatildeo

A Tabela 4 apresenta a distribuiccedilatildeo das unidades visitadas e o atendimento aos

quesitos do formulaacuterio utilizado para registro dos dados levantados com base nas

recomendaccedilotildees de adequaccedilatildeo do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a

perspectiva da seguranccedila e avaliaccedilatildeo de riscos

Na unidade de Cliacutenica Meacutedica onde ocorreu o maior nuacutemero de quedas (10 de

todas as quedas notificadas) entre as aacutereas selecionadas dos 17 quesitos diretamente

relacionados a quedas do roteiro de inspeccedilatildeo elaborado (excluindo-se os itens referentes agraves

pias) natildeo foram atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em todos

os quartos mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os quartos e iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos A unidade de Retaguarda do Pronto Socorro (8 das quedas) teve os

seguintes quesitos natildeo atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em

todos os quartos iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e mobiliaacuterios com rodiacutezios e

travas em todos os quartos Por sua vez as unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias

Infecciosas onde ocorram 5 das quedas em cada uma delas tiveram 9 e 8 quesitos natildeo

atendidos respectivamente As unidades de Nefrologia (6 das quedas) e Transplante Renal

(7 das quedas) tambeacutem tiveram 9 itens natildeo atendidos Estes resultados alertam para

intervenccedilatildeo nestas aacutereas pois estatildeo em risco de novas e mais frequentes ocorrecircncias

40

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades visitadas

2014 Satildeo Paulo Brasil

Embora os sistemas de chamada de enfermagem estivessem presentes em todas as

unidades em todas elas havia vaacuterios dispositivos que natildeo funcionavam Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

UnidadeMoleacutestias

Infecciosas

Retaguarda

do Pronto

Socorro

Cliacutenica

MeacutedicaNefrologia

Transplant

e Renal

Cirurgia

Vascular

Quesito atende natildeo atende

Dimensotildees miacutenimas por

quartoleitoatende atende atende atende atende atende 100

Banheiro exclusivo para

cada quartoatende atende atende atende atende atende 100

Barras de apoio no box em

todos os banheirosatende atende atende atende natildeo atende atende 83 17

Barras de apoio proacuteximas ao

vaso sanitaacuterioatende atende atende atende atende atende 100

Pia agrave entrada do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Pia dentro do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Sistema de chamada de

enfermagematende atende atende atende atende atende 100

Interruptor de luz acessiacutevel natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso em perfeitas condiccedilotildees

em todos os quartosatende natildeo atende natildeo atende atende atende natildeo atende 50 50

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em

todos os leitos atende natildeo atende atende

presente mas

faltam

lacircmpadas

natildeo atende natildeo atende 33 67

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente mas

natildeo funcionanatildeo atende

presente

mas natildeo

funciona

84 16

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os

quartos

atende atende atende natildeo atende atende atende 84 16

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem atende atende atende atende atende natildeo atende 84 16

Camas com grades em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas comtravas em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas eleacutetricas em todos os

leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Escada de 2 degraus

presente em todos os leitos

e com ponteira de borracha

natildeo atendenatildeo se

aplica

natildeo se

aplicanatildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Mobilaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartosnatildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

atende atende atende atende atende atende 100

41

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia estivesse presente em todas

elas natildeo funcionava

Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os

quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado a ocorrecircncia

de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados)

Os itens seguintes natildeo satildeo atendidos na maioria das unidades (67 cada) camas com

grades em todos os leitos camas com travas em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os

leitos e escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Os

quesitos alertam quanto ao fato de que 23 de todas as quedas notificadas ocorreram da cama

ou leito camas hospitalares altas sem ajuste de altura pois natildeo satildeo eleacutetricas sem travas e

sem escadas para auxiliar a saiacuteda do leito

A RDC nordm 50 (p44 ANEXO 1) recomenda que os quartos tenham dimensotildees miacutenimas

por leito (6 msup2) distacircncia entre os leitos (1 m) distacircncia entre peacute do leito e parede (12 m) e

entre leitos (05 m) Embora estabeleccedila que na pediatria e na geriatria devam ser previstos

espaccedilos para poltrona de acompanhante ao lado do leito e para berccedilo ao lado da cama da matildee

no caso de alojamento conjunto considera que as metragens quadradas permaneccedilam as

mesmas citadas na tabela

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (Vigilacircncia Sanitaacuteria) investiga se os

dormitoacuterios obedecem aos padrotildees estabelecidos pela legislaccedilatildeo vigente se haacute distacircncia

miacutenima entre dois leitos que permita a faacutecil circulaccedilatildeo sendo as respostas para estas questotildees

sim ou natildeo natildeo especificando dimensotildees

Considerando as recomendaccedilotildees da RDC nordm 50 as unidades estudadas atendem os

requisitos de dimensotildees miacutenimas para os quartos de 2 4 e 6 leitos Entretanto a referida RDC

natildeo considera o espaccedilo para a colocaccedilatildeo de outros mobiliaacuterios necessaacuterios ao atendimento e

conforto do paciente como mesa de cabeceira mesa de refeiccedilatildeo e poltrona para

posicionamento de pacientes Ao se dispor todos estes itens mesmo o ambiente atendendo as

recomendaccedilotildees de dimensotildees miacutenimas o espaccedilo torna-se reduzido dificultando a circulaccedilatildeo

de pacientes e profissionais sem esbarrarem nos mobiliaacuterios o que pode prejudicar seu

equiliacutebrio e propiciar a ocorrecircncia de quedas

As Figuras 8 e 9 trazem imagens da distribuiccedilatildeo tiacutepica dos mobiliaacuterios nos ambientes

de internaccedilatildeo das unidades estudadas que literalmente se acumulam deixando reduzido

espaccedilo para circulaccedilatildeo e natildeo atendendo agrave recomendaccedilatildeo de distacircncia entre o leito e a parede

42

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de

cabeceira e suporte de soro contiacuteguos

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

Quanto agraves instalaccedilotildees sanitaacuterias questionam se estatildeo no mesmo pavimento das

enfermarias e se haacute um chuveiro para cada seis leitos O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospital

Geral da Coordenaccedilatildeo de Fiscalizaccedilatildeo Sanitaacuteria do Estado do Rio de Janeiro quanto a

banheiro para pacientes fala de um para cada quarto ou enfermaria que deve ter acesso direto

a um banheiro podendo este servir no maacuteximo a 2 enfermarias Nem um dos dois roteiros de

vistoria acata a RDC nordm 50 (2002) que prevecirc banheiro para pacientes em cada quarto ou

enfermaria Novamente natildeo se estabelece dimensotildees

43

Para as unidades estudadas todos os quartos contam com banheiro privativo

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (ANEXO 2) indaga se os chuveiros estatildeo

instalados em box com dimensotildees internas compatiacuteveis com banho em posiccedilatildeo assentada e

dotados de aacutegua quente

Tais requisitos natildeo parecem suficientes pois como se observa na Figura 10 abaixo a

cadeira higiecircnica eacute robusta e ocupa praticamente todo o espaccedilo do box impossibilitando a

permanecircncia do profissional acompanhando ou executando a higienizaccedilatildeo do paciente Aleacutem

disso natildeo haacute cinto de seguranccedila que impeccedila o arremesso do tronco para frente

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box

As Figuras 11 e 12 exibem os mobiliaacuterios habituais disponibilizados para o

atendimento dos pacientes A mesa de refeiccedilatildeo tem apenas dois rodiacutezios e sem trava A mesa

de cabeceira embora com peacutes fixos eacute de metal e com cantos pontiagudos que ao se chocarem

com o corpo do paciente podem provocar ferimentos

44

A figura 13 mostra a presenccedila das barras de apoio proacuteximas dispostas nas laterais do

vaso sanitaacuterio permitindo o alcance do paciente caso seja necessaacuterio

Durante o transcorrer do estudo uma medida de melhoria implementada foi a

substituiccedilatildeo de todas as camas por eleacutetricas em duas das unidades aumentando para de 33

para 50 as aacutereas que atendem este quesito

Quatro outras unidades do hospital jaacute passaram por reformas planejadas pela

arquitetura hospitalar com adequaccedilatildeo do nuacutemero de leitos ao espaccedilo disponiacutevel piso

iluminaccedilatildeo sistema de chamada de emergecircncia e de enfermagem barras de apoio e assentos

fixos nos banheiros

Para as aacutereas estudadas apenas uma delas jaacute possui projeto para reforma

Figura 11 Mesa de refeiccedilatildeo Figura 12 Mesa de cabeceira

45

Figura 11 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio

dispostas proacuteximas nas laterais

46

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA

Este estudo teve como principal objetivo avaliar a estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo de um hospital puacuteblico buscando analisar se as mesmas cumpriam a legislaccedilatildeo

vigente visto que na literatura como pode-se observar durante esta dissertaccedilatildeo existem alguns

pontos essenciais para garantir a seguranccedila do paciente no que se refere ao risco de queda

Pode-se entender que a gestatildeo do risco de queda de pacientes internados dentre vaacuterios

fatores deve existir a preocupaccedilatildeo com a estrutura fiacutesica do ambiente hospitalar

A principal contribuiccedilatildeo praacutetica deste estudo foi apresentar essa relaccedilatildeo do risco de queda

pela estrutura fiacutesica hospitalar das unidades de internaccedilatildeo estudadas e propondo a inclusatildeo

nos protocolos de gestatildeo de queda dos pacientes internados dos hospitais o item de anaacutelise de

estrutura fiacutesica

Para fidelizar essa proposta criamos um instrumento de apoio para todos os hospitais

sejam puacuteblicos ou privados utilizarem facilitando a identificaccedilatildeo de possiacuteveis natildeo

conformidades neste quesito arquitetura hospitalar

Deixa-se aqui uma sugestatildeo embasada na literatura cientiacutefica e legislaccedilatildeo vigente dos

itens relacionados a estrutura fiacutesica que devem ser avaliados como fatores de risco de queda

(Figura 14)

Esta proposta busca nortear os gestores quanto agraves necessidades de incluir a gestatildeo do

risco de queda no planejamento de construccedilotildees e reformas de edificaccedilotildees destinadas a

prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no acircmbito hospitalar

Os profissionais de arquitetura e engenharia hospitalar devem ter conhecimento dos

mobiliaacuterios pretendidos para acomodaccedilatildeo e atendimento do paciente considerando suas

proporccedilotildees em relaccedilatildeo aos ambientes e o espaccedilo ocupado por cada peccedila computado no

caacutelculo das dimensotildees dos quartos por leito

Eacute necessaacuteria a constataccedilatildeo da presenccedila e funcionalidade de dispositivos de seguranccedila

como as grades travas e regulaccedilatildeo de altura das camas ou escadas que propiciem a saiacuteda

segura do leito

A iluminaccedilatildeo deveraacute ser avaliada quanto agrave presenccedila tipo funcionamento e

efetividade Dispositivos como interruptores de acionamento de iluminaccedilatildeo e sistemas de

chamada devem estar instalados de modo a propiciar o alcance do usuaacuterio

Outra questatildeo a ser considerada eacute a circulaccedilatildeo segura no ambiente de internaccedilatildeo

garantida pela integridade do piso e se eacute mantido seco ausecircncia de obstaacuteculos como cabos e

extensotildees nos quais o paciente possa tropeccedilar e perder o equiliacutebrio

47

Figura 12 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar

Itens para inspeccedilatildeo Recomendaccedilatildeo

dimensotildees miacutenimas por leitomobiliaacuterio 800 msup2

distacircncia entre leitos 100 m

distacircncia entrte a lateral do leito e parede 050 m

distacircncia entre o peacute do leito e parede 120 m

espaccedilo aproximado reservado para cama hospitalar 220 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de cabeceira 125 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de refeiccedilatildeo 032 msup2

espaccedilo aproximado reservado para poltrona 180 msup2

iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e funcionando

banheiro exclusivo para cada quarto

dimensotildees miacutenimas do box do banheiro 100 msup2

Barras de apoio no box em todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas a todos os vasos sanitaacuterios em todos os banheiros

Sistema de chamada de Enfermagem para cada leito e funcionando

Interruptor de luz acessiacutevel para cada leito e ao alcance do paciente

Piso em perfeitas condiccedilotildees em todos os quartos integridade do material que o constitui

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e funcionando com

acionador ao alcance do paciente

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos e funcionando

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem

acima das portas de cada quarto com sinal

luminoso e sonoro

Cama com grades em todos os leitos

Camas com travas nas rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas ou com ajuste de altura em todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em todos os leitos

Piso seco continuamente Fonte Autor

48

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES

O objetivo geral deste estudo foi avaliar a estrutura fiacutesica das unidades de internaccedilatildeo

de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital de grande porte e a sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

A RDC nordm 50 traz como recomendaccedilatildeo de dimensotildees miacutenimas para quarto de dois

leitos 7 msup2leito e 6msup2leito para quartos de 3 a 6 leitos Nas unidades estudadas predominam

os quartos de 24 e 6 leitos A distacircncia miacutenima entre leitos deve ser de 1m da lateral da cama

e parede 050m e entre o peacute do leito e parede 12m Em relaccedilatildeo agraves dimensotildees miacutenimas dos

quartos proporcional ao nuacutemero de leitos 100 das unidades estatildeo em conformidade com a

legislaccedilatildeo

Outros fatores relacionados agrave seguranccedila e prevenccedilatildeo de quedas satildeo os sistemas de

iluminaccedilatildeo que aleacutem de presentes devem funcionar e os valores de iluminacircncia serem

adequados para os diferentes objetivos conforme Norma Brasileira (NBR) 541392 Os

sistemas de chamada de enfermagem devem ter ser dispositivos iacutentegros e ao alcance do

paciente

A escolha do tipo de piso deve considerar a relaccedilatildeo do dano causado pela queda com

relaccedilatildeo agrave absorccedilatildeo do impacto poreacutem natildeo eacute item previsto pela legislaccedilatildeo vigente A

manutenccedilatildeo do piso seco eacute medida recomendada

A presenccedila de grades travas e altura das camas mostram-se como fatores de impacto

na reduccedilatildeo destes incidentes evidenciados em publicaccedilotildees especiacuteficas

Quanto ao objetivo especiacutefico da pesquisa identificaccedilatildeo das medidas de seguranccedila

existentes para prevenccedilatildeo de quedas concluiu-se que embora as dimensotildees estejam em

conformidade com as recomendaccedilotildees ao considerarmos os mobiliaacuterios que habitualmente

compotildeem a unidade do paciente temos a cama com dimensotildees aproximadas de 225 m de

comprimento e 100 de largura a mesa de cabeceira em meacutedia com 050 m de largura por

050m de comprimento mesa de refeiccedilatildeo com base de 040m de largura X 080m de

comprimento poltrona reclinaacutevel medindo 077m de largura por 165m de profundidade total

aberta A disposiccedilatildeo ambiental destes objetos ocupa aproximadamente 5 27 msup2 de aacuterea

restando somente 073m da aacuterea total do quarto disponiacutevel para circulaccedilatildeo do profissional que

presta cuidados aos pacientes De modo geral os quartos da instituiccedilatildeo possuem aacuterea em

torno de 14msup2 para dois leitos O comprimento da cama (225 m) acrescido da largura da

mesa de refeiccedilatildeo (040m situada aos peacutes da cama) somando 265 m eacute disposto na largura do

quarto (333m) restando 068 m do peacute do leito ateacute a parede (recomendado eacute de 120m) e

49

passagem No sentido do comprimento do quarto soma-se as larguras da cama (100 m) da

mesa de cabeceira (050 m) da poltrona (077 m) e a distacircncia da lateral do leito ateacute a parede

(050 m) distacircncia entre os leitos de 100 m resultando em 377 m do total de 418 m Se

outros itens forem necessaacuterios como escada de dois degraus quando natildeo haacute cama eleacutetrica

suporte de soro e cadeira para visitante haacute maior restriccedilatildeo de espaccedilo disponiacutevel propiciando

choques do usuaacuterio e profissionais contra suas estruturas

Outros quesitos em conformidade em 100 das unidades foram banheiros exclusivos

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistema de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo

O banheiro privativo possui dimensotildees em torno de 375 msup2 e a aacuterea destinada ao box

027 msup2 contudo cadeira higiecircnica ocupa cerca 025msup2 natildeo restando espaccedilo para que o

colaborador permaneccedila ao lado do paciente

Barras de apoio no box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os

quartos iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo

itens atendidos na maioria das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia

estivesse presente em todas elas natildeo funcionava em nenhum quarto A sinalizaccedilatildeo de

enfermagem funcionava em todos os quartos mas requer o pronto atendimento agraves chamadas

Em contrapartida os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades Ao sair do leito com as

luzes apagadas por natildeo conseguir acessar o interruptor o paciente fica sujeito aos obstaacuteculos

ocultos pela escuridatildeo Na vigecircncia de instabilidade da marcha eou alteraccedilotildees de equiliacutebrio o

apoio em moacuteveis com rodiacutezio e sem travas podem propiciar a concretizaccedilatildeo da queda

As camas eram de acionamento mecacircnico em quatro das seis unidades

impossibilitando o ajuste de altura e o apoio dos peacutes do paciente no chatildeo ao sair do leito As

escadas de dois degraus quando disponiacuteveis natildeo possuem barras laterais para apoio e natildeo

apresentam ponteiras de borracha proporcionando situaccedilatildeo de instabilidade A falta de cama

com grades em todos os leitos submete o paciente ao risco de queda do leito em inadvertidas

situaccedilotildees de rolamento sobre o colchatildeo durante o sono e em camas de altura muito superior a

que estatildeo habituados em seus domiciacutelios

Accedilotildees implementadas como a substituiccedilatildeo de camas mecacircnicas por eleacutetricas que

permitem o ajuste de altura providenciam uma soluccedilatildeo para a saiacuteda segura do paciente do

leito

50

A composiccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo deve ser considerada apenas

informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as organizaccedilotildees hospitalares utilizam os

espaccedilos disponiacuteveis A robustez de peccedilas de mobiliaacuterio compromete a circulaccedilatildeo o que pode

ser determinante especialmente em situaccedilotildees de atendimento de emergecircncia Tais

consideraccedilotildees apontam a necessidade de descritivos e especificaccedilotildees teacutecnicas que atendam

estas exigecircncias

Os resultados obtidos sugerem que a estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de

influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas desde que outros fatores ambientais

sejam considerados respondendo a questatildeo de pesquisa

Pesquisas adicionais satildeo necessaacuterias para que as recomendaccedilotildees sejam validadas em

organizaccedilotildees de sauacutede e populaccedilatildeo de caracteriacutesticas semelhantes permitindo aos gestores

intervenccedilotildees relacionadas agrave estrutura fiacutesica e ambiente que sejam eficazes na prevenccedilatildeo de

quedas

61 Limitaccedilotildees da Pesquisa

A abordagem qualitativa utilizando dados subjetivos podem levar a diversidade e

imprecisatildeo aleacutem da questatildeo da incerteza da exatidatildeo dos dados registrados nas notificaccedilotildees

dos eventos adversos (Valle 2013)

O observador pode ter criado impressotildees favoraacuteveis ou desfavoraacuteveis sobre o objeto

estudado (Mello amp Turrioni 2007)

O excesso de confianccedila do pesquisador e a certeza com relaccedilatildeo aos dados podem levar

agrave falta de observaccedilatildeo de aspectos diferentes sob enfoques diferentes aleacutem do seu

envolvimento com a situaccedilatildeo pesquisada Considera-se ainda como limitaccedilatildeo o fato do

estudo se ater a apenas um hospital e a escolha de amostra de conveniecircncia

Constituiu limitaccedilatildeo assumida desconsiderar para fins de anaacutelise neste estudo outros

fatores de risco de queda associados a uso de medicamentos alteraccedilotildees de mobilidade e

marcha uso de dispositivos e estado mental

51

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56

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA

Unidades

Recomendaccedilatildeo A B C D E F G H I J

Dimensotildees quarto 1 leito

Dimensotildees quarto 2 leitos

Dimensotildees quarto 3 leitos

Dimensotildees quarto 4 leitos

Dimensotildees quarto 5 leitos

Dimensotildees quarto 6 leitos

Banheiro exclusivo para

cada quarto

Barras de apoio no box em

todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas

a todos os vasos sanitaacuterios

Pia agrave entrada do quarto

Pia dentro do quarto

Sistema de chamada de

Enfermagem

Interruptor de luz

acessiacutevel

Piso em perfeitas

condiccedilotildees em todos os

quartos

Iluminaccedilatildeo de cabeceira

em todos os leitos

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

Sinalizaccedilatildeo de

enfermagem

Cama com grades em

todos os leitos

Camas com travas nas

rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas em todos

os leitos

Escada de 2 degraus

presente e com borracha

nas extremidades em

todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em

todos os quartos

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

57

ANEXO 1

58

59

ANEXO 2

Page 6: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FÍSICA DAS …

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo a Deus por me permitir empreender este desafio e onde busquei determinaccedilatildeo para

finalizaacute-lo

A todos os meus familiares pelo estiacutemulo para a busca de novas oportunidades de

conhecimento e progressatildeo pessoal e profissional

A minha orientadora Professora Dra Chennyfer Dobbins Paes da Rosa como condutora e

facilitadora no desenvolvimento deste estudo pelo apoio e incentivo em tantos momentos

tumultuosos de empecilhos cansaccedilo e atribulaccedilotildees

A todos os professores por nos conduzirem neste universo de novos saberes e em especial a

Professora Simone Aquino pelas palavras de apoio no prosseguimento deste projeto

Aos alunos da turma de 2013 pelo companheirismo pelos momentos de descontraccedilatildeo pelas

experiecircncias trazidas Agradecimentos especiais agraves amigas e companheiras de trabalho

Edzangela Flaacutevia Natasha Walquiria Liacutegia e Elizangela

A gerecircncia de Enfermagem pela indulgecircncia no cumprimento de tantas tarefas

RESUMO

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os perigos

do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos portanto o objetivo

desta dissertaccedilatildeo eacute avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e

ciruacutergica de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia

na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando as medidas de seguranccedila

existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas Trata-se de um estudo descritivoexploratoacuterio

tipo estudo de caso A teacutecnica de coleta de dados utilizada foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes e

das plantas das unidades Foram selecionadas seis unidades de internaccedilatildeo onde as quedas

foram mais frequentes no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 As noficaccedilotildees de 205 quedas

ocorridas neste periacuteodo foram analisadas para caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo Dos resultados a

idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 57 anos e natildeo houve diferenccedila entre

homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a ocorrecircncia foi de 14 dias

Houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo noturno (50) 43

ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando 67 das ocorrecircncias Das seis unidades

avaliadas 100 atendem os quesitos dimensotildees miacutenimas por quartoleito banheiro exclusivo

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistemas de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas

em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado agrave

ocorrecircncia de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados) Em 67 das

unidades natildeo havia camas com grades em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os leitos e

escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Conclui-se que a

estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas

desde que outros fatores ambientais sejam considerados Os instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo

devem ser compostos apenas com informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as

organizaccedilotildees hospitalares utilizam os espaccedilos disponiacuteveis Os descritivos e especificaccedilotildees

teacutecnicas de equipamentos e mobiliaacuterios devem ser atualizados e os serviccedilos de sauacutede devem

garantir o adequado funcionamento dos dispositivos e disponibilidade aos usuaacuterios

Palavras-chave gestatildeo de risco incidentes queda

ABSTRACT

We were understand the relationship between falls and environmental hazards is necessary to

identify the hazards of the environment that may influence the occurrence of these events The

aim of this work is to identify risks associated with the physical structure in patient units of

medical and surgical clinics of a public hospital in the city of Satildeo Paulo To evaluate the

influence in the fall of hospitalized patients identifying existing security measures providing

support for the design and construction phases of actions aimed at improving the management

of the risk of falling This is a descriptive study exploratory case study The technique of

data collection used was a survey through scripts characteristic being listed spaces for the

accommodation of patients and plant units We were selected 06 units in the period January-

June 2014The notifications was 205 falls during this period The results the average age of

individuals fall victims was 57 years and there was no difference between men and women

The mean time from admission until the occurrence was 14 days A predominance of falls

among men (59) and at night (50) 43 occurred in the fourth and 24 in the bathroom

totaling 67 of occurrences The 6 units assessed 100 meet the requirements that are

minimum dimensions per room bed exclusive bathroom for each room grab bars near the

toilet nurse call system and dry conditions in all rooms at the time of observation Grab bars

in the box in all bathrooms wake lighting in all rooms fluorescent general lighting in all

rooms and nursing signaling items are served in most units (84) The criteria light switch

accessible and furniture with trundle and locks in all rooms are not seen in 100 of the units

which may be related to the occurrence of falls at night (50 of reported incidents) In 67

of the units had not caged beds in all beds beds with locks on all beds electric beds on all

beds and stair steps in this 2 all beds and rubber tip It follows that the physical structure can

be evaluated as influential in determining the occurrence of falls from other environmental

factors are considered The scales should not be composed only with information about

dimensions but assess how hospital organizations use available space The descriptives and

technical specifications for equipment and furnishings should be updated and health services

should ensure the proper performance of devices and availability to users

Keywords risk management incidents fall

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 3

11 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO 3

12 PROBLEMA DE PESQUISA 7

13 QUESTAtildeO DE PESQUISA 10

14 OBJETIVOS 11

141Geral 11

142 Especiacuteficos 11

15 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA 11

16 ESTRUTURA DO TRABALHO 12

2REFERENCIAL TEOacuteRICO 13

21 GESTAtildeO DE RISCOS CORPORATIVOS 13

22 ANAacuteLISE DE RISCOS 15

23 QUEDAS 18

24 MATRIZ DE RISCO 21

25 FERRAMENTA DE ANAacuteLISE DO MODO E EFEITO DA FALHA (FMEA) 22

26 LEGISLACcedilAtildeO RELACIONADA Agrave VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA 24

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA 28

31 DELINEAMENTO DA PESQUISA 29

32 LOCAL DO ESTUDO 31

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS 31

34 PROCEDIMENTOS E ANAacuteLISE DE DADOS 34

35 ASPECTOS EacuteTICOS DA PESQUISA 34

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 36

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA 46

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES 48

61 LIMITACcedilOtildeES DA PESQUISA 50

REFEREcircNCIAS 51

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA 56

ANEXO 1 57

ANEXO 2 59

1

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

AHRQ Agency for Healthcare Research and Quality

CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de Pesquisa

COSO Committee of Sponsoring Organizations

CRM Clinical Risk Management

EA Eventos Adversos

EAS Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede

ERM Enterprise Risk Management

FERMA Federation of European Risk Management Associations

FMEA Failure Modes and Effects Analysis

GM Gabinete do Ministro

HFMEA Healthcare Failure Modes and Effects Analysis

IS Sinalizaccedilatildeo de Enfermagem

ISO International Organization for Standardization

JCAHO Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations

MS Ministeacuterio da Sauacutede

NAPSA National Patient Safety Agency

NBR Normas Brasileiras

NCPS National Center for Patient Safety

NHS National Health Service

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

RC Responsabilidade Civil

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RNAO Registered Nurses Association of Ontario

RPN Risk Prority Number (Nuacutemero de Prioridade de Risco)

SIH Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VHA Veretans Health Administrtion

VISA Vigilacircncia Sanitaacuteria

2

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos 22

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA 24

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA 24

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS 26

Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000) 28

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa 29

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo 33

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de 42

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

42

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box 43

Figura 13 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio dispostas proacuteximas nas laterais 45

Figura 14 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar 47

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um Hospital

Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil 8

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no

periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 37

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde

predominaram os eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 39

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades

visitadas 2014 Satildeo Paulo Brasil 40

3

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Contextualizaccedilatildeo

O homem como indiviacuteduo ou como parte de organizaccedilotildees sempre esteve agrave procura de

formas de identificar os riscos que ameaccedilam sua existecircncia Nas sociedades primitivas de

cultura agraacuteria a produccedilatildeo atendia apenas suas necessidades imediatas logo a perda de uma

colheita significava desastre certo Organizadas como economias industriais sociedades e

indiviacuteduos seguem tentando compreender e antecipar os riscos que os ameaccedilam procurando

preservar seus bens valiosos (McCaffrey amp Hagg-Rckert 2009)

Risco eacute definido como o efeito da incerteza nos objetivos da organizaccedilatildeo sendo o

efeito um desvio em relaccedilatildeo ao esperado seja ele positivo ou negativo A incerteza eacute ldquoo

estado mesmo que parcial da deficiecircncia das informaccedilotildees relacionadas a um evento sua

compreensatildeo conhecimento sua consequecircncia e a probabilidade de ocorrecircncia associadardquo

(ABNT 2009)

A gestatildeo de risco eacute uma forma de reconhecer que os eventos podem levar a danos e

prevecirc a avaliaccedilatildeo e anaacutelise dos riscos de forma a minimizar sua ocorrecircncia e consequecircncias

Considerar um risco toleraacutevel natildeo significa aceita-lo mas conviver com ele confiando que

estaacute devidamente controlado Nenhuma pessoa deve ser exposta a risco grave a menos que

concorde em aceitaacute-lo (National Health Service - NHS 2008)

A gestatildeo de risco prevecirc a realizaccedilatildeo de ldquoatividades coordenadas para dirigir e controlar

uma organizaccedilatildeo no que se refere ao risco (ABNT 2009)

O Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission COSO

2007 (Comitecirc de Organizaccedilotildees Patrocinadoras do Comeacutercio) eacute uma iniciativa conjunta de

cinco organizaccedilotildees do setor privado e eacute dedicado a fornecer lideranccedila de pensamento atraveacutes

do desenvolvimento de quadros e orientaccedilatildeo sobre gerenciamento de riscos corporativos

controles internos e de dissuasatildeo de fraude As organizaccedilotildees reconhecem e direcionam seus

esforccedilos para a necessidade de se desenvolver uma estrateacutegia capaz de identificar avaliar e

administrar os riscos Nesta perspectiva o gerenciamento de riscos corporativos eacute definido

como um processo conduzido pela organizaccedilatildeo envolvendo o conselho administrativo

diretoria e demais empregados com o objetivo de estabelecer estrateacutegias para identificar

eventos em potencial que podem afetaacute-la administrando os riscos e possibilitando o alcance

de seus objetivos O evento eacute um incidente ou uma ocorrecircncia de causa interna ou externa

4

que pode afetar a realizaccedilatildeo dos objetivos da organizaccedilatildeo O risco eacute a possibilidade de um

evento ocorrer e afetar negativamente a realizaccedilatildeo destes objetivos

A administraccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo natildeo pode prever quando e como ocorreraacute um

evento e o impacto que causaraacute entretanto deve ser capaz de avaliar os riscos de sua

ocorrecircncia Os eventos podem estar relacionados a infraestrutura (disponibilidade de bens

acesso ao capital complexidade) a pessoal (capacidade dos empregados sauacutede e seguranccedila

atividades fraudulentas) a processos (capacidade desenho execuccedilatildeo) ou agrave tecnologia

(integridade de dados disponibilidade de dados e sistemas desenvolvimento alocaccedilatildeo

manutenccedilatildeo) (COSO 2007)

Apoacutes a avaliaccedilatildeo dos riscos pertinentes agraves atividades desenvolvidas eacute necessaacuterio

determinar como a organizaccedilatildeo responderaacute ao risco avaliando seu efeito e impacto custos e

benefiacutecios mantendo-se dentro da toleracircncia estabelecida As respostas da organizaccedilatildeo aos

riscos podem ser de evitaacute-los decidindo descontinuar as atividades que geram riscos A

posiccedilatildeo da organizaccedilatildeo pode ser de reduzir a probabilidade e impacto dos riscos ou ainda de

compartilhamento de uma parte do risco com a aquisiccedilatildeo de produtos de seguro a realizaccedilatildeo

de transaccedilotildees de heading ou a terceirizaccedilatildeo de uma atividade A resposta da organizaccedilatildeo pode

ser aceitaccedilatildeo do risco natildeo adotando nenhuma medida para afetar o grau de impacto dos riscos

(COSO 2007)

O ponto central de uma boa gestatildeo de riscos eacute a identificaccedilatildeo e tratamento dos

mesmos Todos os riscos inerentes agraves atividades da organizaccedilatildeo devem ser metodicamente

avaliados Os riscos podem ter origem em fatores internos e externos riscos financeiros

(creacutedito taxas de juros diferenccedilas cambiais fluxo de caixa e liquidez sistemas de controle

financeiros e sistemas de informaccedilatildeo) riscos estrateacutegicos (concorrecircncia alteraccedilotildees no

consumo alteraccedilotildees da atividade de procura investigaccedilatildeo amp desenvolvimento e capital

intelectual) riscos operacionais (recrutamento cadeia de abastecimento regulamentaccedilotildees

cultura composiccedilatildeo da gestatildeo do topo da organizaccedilatildeo) e perigos (acesso puacuteblico

empregados propriedade bens e serviccedilos contratos eventos naturais fornecedores meio

ambiente (Federation of European Risk Management Associations [FERMA] 2002)

Como os eventos satildeo inesperados as organizaccedilotildees devem implementar accedilotildees para a

reduccedilatildeo do risco gerindo ou controlando qualquer dano futuro ou probabilidade de dano

associado a um incidente Estas accedilotildees abrangem a detecccedilatildeo de fatores atenuantes do dano ou

accedilotildees de melhoria e podem ser proativas ou reativas Accedilotildees proativas podem ser teacutecnicas

como a anaacutelise de modos e efeitos de falha e anaacutelise de probabilidades de risco As ldquoaccedilotildees

5

reativas satildeo as desenvolvidas em resposta a conhecimentos adquiridos apoacutes a ocorrecircncia de

incidentes (por exemplo anaacutelise das causas)rdquo (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede [OMS] 2009)

O termo ldquocultura de seguranccedilardquo apareceu pela primeira vez apoacutes o acidente nuclear de

Chernobyl em 1988 e foi disseminado a vaacuterias induacutestrias com o intuito de melhorar a

seguranccedila e a confiabilidade das organizaccedilotildees Entretanto a extrapolaccedilatildeo para a sauacutede eacute

recente e ainda natildeo haacute consenso nos estudos sobre a forma como a seguranccedila do paciente

deve ser construiacuteda O primeiro passo para as organizaccedilotildees de sauacutede melhorarem a cultura de

seguranccedila eacute definir claramente o conceito fazendo diagnoacutestico do status atual em sua

empresa identificando pontos fortes e fracos para melhores informaccedilotildees e estrateacutegias de accedilatildeo

(Halligan amp Zecevic 2011)

Os hospitais como organizaccedilotildees de alto risco tecircm uma permanente preocupaccedilatildeo em

gerenciar o inesperado A medicina moderna tornou o atendimento cada vez mais complexo

resultando em maiores oportunidades para melhoria dos cuidados mas aumentando o risco de

eventos adversos e danos ao paciente (Briner Kessler amp Manser 2010)

O Processo de Gestatildeo de Risco incorporou-se ao setor da sauacutede nos Estados Unidos haacute

cerca de 30 anos com o objetivo de proteger as organizaccedilotildees de sauacutede contra as perdas

inicialmente atraveacutes da ldquocontrataccedilatildeo de seguros de responsabilidade civil para cobrir

consequecircncias econocircmicas das accedilotildees e processos por maacute praacuteticardquo movidas contra

profissionais eou hospitais Entretanto atualmente a Gestatildeo de risco tornou-se um programa

que visa agrave construccedilatildeo de normas preventivas corretivas e contingentes identificando

mapeando e monitorando os riscos ldquocom foco no processo de trabalho e na contiacutenua reduccedilatildeo

dos danos e perdasrdquo (Feldman 2009a p27 28)

Como os riscos associados agrave assistecircncia natildeo podem ser completamente eliminados o

conceito de Gestatildeo de Risco Cliacutenico (Clinical Risk Management - CRM) surgiu como uma

forma de direcionar os recursos hospitalares para melhorar a seguranccedila do paciente A Gestatildeo

de Risco Cliacutenico refere-se a uma forma especiacutefica de gestatildeo de risco com foco em processos

cliacutenicos direta e indiretamente relacionados ao paciente Compreende todas as estruturas

processos instrumentos e atividades que permitam aos profissionais identificar analisar

controlar e gerenciar os riscos ao fornecer tratamento cliacutenico e assistecircncia ao paciente Os

hospitais realizam uma variedade de atividades para promover a seguranccedila do paciente mas

natildeo o fazem de forma sistemaacutetica como gerenciamento de risco cliacutenico com o objetivo de

alcanccedilar a melhora dos serviccedilos e dos atendimentos meacutedicos (Briner Kessler amp Manser

2010)

6

As falhas satildeo a maior ameaccedila agrave seguranccedila dos pacientes pois os profissionais

automatizam comportamentos e os erros acontecem no meio de accedilotildees que jaacute realizamos

milhares de vezes o que eacute ignorado pelos sistemas de sauacutede e seus responsaacuteveis Criar uma

cultura de seguranccedila do paciente exige praacutetica alicerccedilada em evidecircncias cientiacuteficas sobre o

que funciona ou natildeo comunicaccedilatildeo dos resultados das mudanccedilas efetuadas a todos os

envolvidos e reavaliaccedilatildeo permanente do conjunto (Carneiro 2010)

Embora a gestatildeo de risco considere os riscos sob as perspectivas positivas (quando as

consequecircncias dos eventos constituem oportunidades para se obter vantagens) ou negativas

(quando constituem ameaccedilas ao sucesso) em se tratando de sauacutede e seguranccedila do paciente ldquoeacute

quase um dado adquirido que as consequecircncias satildeo apenas negativasrdquo devendo os esforccedilos

serem concentrados na prevenccedilatildeo ou diminuiccedilatildeo do dano (FERMA 2002 p3)

Nos Estados Unidos o programa da ldquoAgency for Healthcare Research and Qualityrdquo ndash

AHRQ ndash (Agecircncia de Pesquisa de Qualidade em Sauacutede) conduz e apoia a investigaccedilatildeo para a

construccedilatildeo de conhecimentos sobre seguranccedila do paciente e melhoria da qualidade

incentivando o investimento no aumento das capacitaccedilotildees de profissionais de sauacutede

divulgando os benefiacutecios de novos procedimentos mas os alertando dos riscos inerentes a eles

(Feldman 2009a)

Um estudo exploratoacuterio com pacientes internados em dois hospitais puacuteblicos de ensino

do Estado do Rio de Janeiro analisou uma amostra aleatoacuteria de 622 prontuaacuterios no ano de

2003 verificando que 583 pacientes natildeo sofreram Eventos Adversos (EA) (937) contra 39

(63) que sofreram Dos EA ocorridos 641 foram considerados evitaacuteveis quando

analisados por meacutedico revisor Os pacientes com EA apresentaram tempo meacutedio de

permanecircncia no hospital de 283 dias superior ao observado nos pacientes sem EA Os EA

implicaram no gasto de R$ 121236330 o que representou 27 do valor total de reembolso

recebido pelo total de internaccedilotildees realizadas em 2003 (Porto Martins Mendes amp Travassos

2010)

Quedas satildeo eventos comuns em ambiente hospitalar que tecircm como consequecircncia

lesotildees aumento do tempo de internaccedilatildeo aleacutem da questatildeo de responsabilidade legal

A Responsabilidade Civil (RC) ldquoimplica em reparar indenizar ou ressarcir pelo dano

causado a algueacutemrdquo e se decorrente do exerciacutecio profissional estende-se a qualquer

trabalhador envolvido na atividade ou prestaccedilatildeo de serviccedilos Portanto eacute necessaacuteria a

identificaccedilatildeo de falhas de cada processo de cuja execuccedilatildeo possam advir ldquodano estrago

7

detrimento ou prejuiacutezo ao paciente famiacutelia usuaacuterio profissional ou comunidaderdquo (Feldman

2010 a p 135)

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor 1990 em seu artigo 14 paraacutegrafo 1ordm determina

que

ldquoO serviccedilo eacute defeituoso quando natildeo fornece a seguranccedila que o consumidor

dele pode esperar levando-se em consideraccedilatildeo as circunstacircncias relevantes

entre as quais o modo de seu fornecimento o resultado e os riscos que

razoavelmente dele se esperam a eacutepoca em que foi fornecidordquo

12 Problema de Pesquisa

Um evento adverso eacute qualquer evento ou circunstacircncia involuntaacuteria que conduz a dano

ou sofrimento Incidente eacute um tipo especiacutefico de evento adverso eacute imprevisto ou inesperado e

pode prejudicar um ou mais pacientes que recebam cuidados de sauacutede (National Patient

Safety Agency [NPSA] 2008)

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede na Estrutura Conceitual da Classificaccedilatildeo

Internacional para a Seguranccedila do Paciente (ldquoThe Conceptual Framework for International

Classification for Patient Safetyrdquo) 2009 define a seguranccedila do paciente como a ldquoreduccedilatildeo do

risco de danos desnecessaacuterios relacionados aos cuidados de sauacutede para um miacutenimo

aceitaacutevelrdquo sendo aceitaacutevel o que diz respeito ao consenso diante dos recursos atualmente

disponiacuteveis do estado da arte do conhecimento do contexto em que a prestaccedilatildeo de cuidados

acontece e do custo benefiacutecio face a natildeo implementaccedilatildeo de um tratamento (OMS 2009 p

21)

Um estudo incluindo internaccedilotildees de adultos em cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas no Brasil

em 2007 utilizando como fonte de informaccedilatildeo o Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares (SIH)

mostrou frequecircncia de 36 potenciais resultados adversos por 1000 internaccedilotildees alertando esta

alta frequecircncia para a necessidade de se implementar estrateacutegias para monitorar tais

ocorrecircncias e identificar as melhorias necessaacuterias para garantir a seguranccedila do paciente em

ambiente hospitalar (Dias Martins amp Navarro 2012)

Feldman (2009b p 118) define risco assistencial como aquele que ldquoeacute proveniente das

situaccedilotildees que envolvem a dinacircmica dos cuidados durante a internaccedilatildeo ou periacuteodo de

permanecircncia do cliente no hospitalrdquo

As quedas de pacientes permanecem entre os eventos adversos mais relatados em

instituiccedilotildees de cuidados agudos resultando em morbidade mortalidade e medo de sofrer uma

nova queda Satildeo exemplos de situaccedilotildees notificadas no ambiente hospitalar relacionadas a

quedas

8

ldquoacidente com queda do paciente ao se apoiar na mesa de suporte para

alimentaccedilatildeo causando ferimento no braccedilo direito na altura do cotovelo

Queda no corredor do hospital em uma rampa com pouca inclinaccedilatildeo devido

ao piso estar molhado pela chuva Causou fratura no cotovelo esquerdo

levando o usuaacuterio agrave cirurgia A paciente caiu da poltrona individual ao se

esticar para pegar o telefone que estava sobre a mesa A queda causou

ferimento no joelho com hematomardquo (Feldman 2009b p129)

A Tabela 1 mostra os resultados de estudo realizado por Carneiro et al 2010 em um

periacuteodo de quatro anos em Goiacircnia

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um

Hospital Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil

Eventos Adversos N

Retirada de sondas drenos e cateteres 162 6136

Quedas 49 1856

Processos aleacutergicos 14 530

Evasatildeo 14 530

Uacutelcera por pressatildeo 13 492

Erros de Medicaccedilatildeo 7 265

Procedimentos meacutedicos 3 114

Hemoderivados 1 038

Queimaduras 1 038

Total 264 1000

Fonte Adaptado de Carneiro Bezerra Camargo e Silva Paranaguaacute amp Branquinho 2010

Morse em 1997 identificou trecircs classificaccedilotildees para as quedas de pacientes acidentais

(paciente tropeccedila ou escorrega em decorrecircncia de algum perigo ambiental como por exemplo

piso molhado) antecedentes fisioloacutegicos (quedas em pessoas consideradas com risco de cair)

quedas fisiologicamente inesperadas (quedas atribuiacutedas a fatores fisioloacutegicos que natildeo podem

ser previstas antes que ocorram) (Hendrich Bender amp Nyhuis 2003)

Decesaro amp Padilha (2002) conduziram um estudo em que coletaram dados em 12

Unidades de Terapia Intensiva (UTI) sendo 9 gerais e 3 especializadas de 8 instituiccedilotildees dos

municiacutepios de Londrina e Maringaacute A populaccedilatildeo foi constituiacuteda de 91 profissionais de

enfermagem que relataram um ou mais incidentes relativos a queda de pacientes durante a

internaccedilatildeo na UTI Os autores identificaram que 367 das situaccedilotildees estudadas natildeo

trouxeram nenhuma consequecircncia identificaacutevel para o paciente entretanto em 633

9

resultaram em uma ou mais consequecircncias imediatas para o paciente O maior percentual

estava relacionado a traumas teciduais resultando em contusotildees hematomas fraturas lesotildees

tissulares com e sem necessidade de sutura edema e sangramentos

Em um estudo conduzido entre janeiro de 1999 e dezembro de 2003 em um hospital

puacuteblico de ensino em Zurique Suiacuteccedila a taxa global de queda foi de 89 quedas por 1000

pacientes dia (Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006)

Outros estudos realizados com dados coletados de 826 boletins de notificaccedilatildeo de

eventos adversos em um hospital universitaacuterio terciaacuterio mostraram 80 registros relacionados a

quedas (107) no periacuteodo estudado de 30 meses implicando em 26 quedas por mecircs As

quedas do leito foram as mais frequentes (55) predominando nas enfermarias de

Neurologia (227) cliacutenica meacutedica (204) e moleacutestias infecciosas e parasitaacuterias (182)

As quedas da proacutepria altura corresponderam a 388 e ocorreram em maior nuacutemero na cliacutenica

meacutedica (387) e cirurgia gastroenteroloacutegica (129) As quedas de cadeiras foram as menos

frequentes (62) No periacuteodo noturno as quedas ocorreram com maior frequecircncia (637)

nos primeiros cinco dias de admissatildeo (617) e entre os indiviacuteduos do sexo masculino

(575) (Paiva Paiva Berti amp Campana 2010)

Utilizando uma ferramenta avaliativa para analisar uma Instituiccedilatildeo de Longa

Permanecircncia de Idosos do Rio Grande do Sul foi conduzido um estudo com o intuito de

identificar acertos e dificuldades da realidade encontrada envolvendo os eventos relacionados

a quedas Verificou-se que os pisos internos e externos natildeo possuiacuteam revestimentos

antiderrapantes e as escadas natildeo apresentavam sinalizaccedilatildeo Os dormitoacuterios eram coletivos e os

banheiros situavam-se no corredor e eram escuros tornando difiacutecil o acesso noturno Os

banheiros natildeo permitiam a entrada de cadeiras de rodas e natildeo possuiacuteam em sua totalidade

barras de seguranccedila junto ao vaso sanitaacuterio o vatildeo livre na parte inferior das portas tinha

medida inferior a 20 cm e os pisos apresentavam desniacuteveis Observou-se aglomeraccedilatildeo de

objetos decorativos tapetes sofaacutes que obstruiacuteam a livre circulaccedilatildeo do idoso podendo se

tornar risco para quedas (Feliciani Santos amp Valcarenghi 2011)

Conduzido em um hospital universitaacuterio de Goiacircnia que faz parte da Rede Hospitais

Sentinelas um estudo documental retrospectivo em uma cliacutenica ciruacutergica utilizou dados

referentes a eventos adversos registrados no livro de anotaccedilotildees de enfermagem entre janeiro

de 2005 e dezembro de 2009 mostrou que as quedas representaram 1856 (49 quedas) do

total de eventos 7551 das quedas ocorreram do leito 124 da proacutepria altura 1020 no

banheiro e 204 da maca (Carneiro et al 2011)

10

Saraiva (2008 apud Almeida Abreu amp Mendes 2010 p 165) destaca que fatores

extriacutensecos de quedas ldquorelacionados com fatores ambientais reuacutenem uma seacuterie de

caracteriacutesticas inadequadas dos espaccedilos mobiliaacuterio e iluminaccedilatildeo existecircncia de obstaacuteculos no

meio envolvente ausecircncia ou inadequaccedilatildeo de ajudas teacutecnicas vestuaacuterio inadequado entre

outrosrdquo

Embora nem todas as quedas estejam associadas a fatores ambientais natildeo haacute como

desvinculaacute-los desses eventos devendo-se buscar na legislaccedilatildeo relacionada os subsiacutedios

necessaacuterios para a respectiva anaacutelise

ldquoAs principais normas norteadoras das edificaccedilotildees dos Estabelecimentos de Assistecircncia agrave Sauacutede no Brasil satildeo do Ministeacuterio da Sauacutede atraveacutes da RDC nordm 50 de

21 de fevereiro de 2002 aleacutem de algumas normas que devem ser aprovadas junto a

Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (Anvisa) e agrave ABNTrdquo (Associaccedilatildeo Brasileira

de Normas Teacutecnicas) (Sistema Referecircncia Acadecircmica 2010 p 1)

13 Questatildeo de Pesquisa

Considerando que a gestatildeo de riscos em uma organizaccedilatildeo prevecirc que as atividades

sejam coordenadas em um processo de busca reconhecimento e descriccedilatildeo de riscos a

identificaccedilatildeo das fontes de risco eventos suas causas e consequecircncias natildeo pode preterir

qualquer aspecto relacionado

As atividades de prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede apresentam inuacutemeros riscos inerentes

ao proacuteprio desempenho de procedimentos e dos diferentes locais onde tais serviccedilos satildeo

oferecidos incluindo instalaccedilotildees mobiliaacuterios e equipamentos

Levando-se em conta as recomendaccedilotildees feitas pela legislaccedilatildeo e literatura relacionadas

este trabalho tem como objetivo identificar se a atual situaccedilatildeo das unidades de internaccedilatildeo de

cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo

Paulo pode influenciar na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando os

riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica as medidas de seguranccedila existentes para

fornecer subsiacutedios para as fases de projeto e construccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave melhoria da

gestatildeo do risco de queda nas unidades estudadas

Desta forma a questatildeo de pesquisa deste estudo eacute como a estrutura fiacutesica das

unidades de internaccedilatildeo de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande

porte do municiacutepio de Satildeo Paulo pode influenciar a ocorrecircncia de quedas de pacientes

internados

11

14 Objetivos

141Geral

Avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica de um

hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

142 Especiacuteficos

Identificar os riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica a que fica exposta a

populaccedilatildeo internada nas cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas

Identificar as medidas de seguranccedila existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas

Propor um instrumento para apoio a anaacutelise da estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo hospitalar com foco no gerenciamento do risco de queda

15 Justificativa para Estudo do Tema

Os estudos realizados sobre quedas em sua maioria caracterizam a populaccedilatildeo

envolvida neste evento quanto agrave idade sexo medicamentos utilizados local de ocorrecircncia Haacute

uma lacuna na literatura na identificaccedilatildeo dos fatores ambientais e equipamentosmobiliaacuterios

relacionados agrave queda no ambiente hospitalar Esta carecircncia pode ser devida a jaacute estabelecida

correlaccedilatildeo de outros fatores de risco bem definidos em populaccedilotildees especiacuteficas Entretanto

considerando que qualquer indiviacuteduo estaacute sujeito a este evento mesmo sem associaccedilatildeo a tais

fatores pode ser valoroso identificar se haacute riscos ambientais relacionados sobre os quais se

pode intervir

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os

perigos do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos Uma revisatildeo

de estudos realizados sobre quedas e ambiente fiacutesico concluiu que as quedas satildeo resultado da

interaccedilatildeo do estado do indiviacuteduo com o ambiente fiacutesico mas consideram razoaacutevel concluir

que mudanccedilas no meio ambiente oferecem abordagem promissora para a prevenccedilatildeo de

quedas especialmente quando associadas a outras intervenccedilotildees como programas de

exerciacutecios e educacionais (Feldman amp Chaudhury 2008)

12

Os dados referentes aos perigos ambientais que podem estar associados a

probabilidades de quedas satildeo insuficientes no que se refere a pacientes idosos hospitalizados

Entretanto em casas de repouso as quedas atribuiacutedas a fatores ambientais satildeo de 273 nesta

populaccedilatildeo (Registered Nurses Association of Ontaacuterio - RNAO 2005)

Na instituiccedilatildeo onde foi realizada a pesquisa as notificaccedilotildees de quedas de janeiro a

junho de 2014 somaram 205 eventos mostrando uma predominacircncia de ocorrecircncias em aacutereas

envolvendo a unidade reservada agrave internaccedilatildeo do paciente (quarto e banheiro) A

predominacircncia de tais quedas nestes locais levou agrave investigaccedilatildeo da influecircncia ambiental sobre

estes eventos

Estudos mostram uma maior frequecircncia de quedas entre indiviacuteduos idosos como o

estudo retrospectivo realizado em um hospital da grande Lisboa entre junho de 2008 e

dezembro de 2010 a anaacutelise de 214 de episoacutedios de quedas notificados (190 doentes) os

resultados demonstraram que os doentes com notificaccedilatildeo de incidente de queda tinham em

meacutedia 75 anos e apenas 6 dos indiviacuteduos tinham idade le 49 anos (Costa-Dias Oliveira

Moreira Santos Martins amp Arauacutejo 2013)

Segundo Saraiva et al (2008 apud Almeida Abreu ampMendes 2010 p 168) ldquoo risco

de queda aumenta linearmente como o nuacutemero de fatores de riscordquo o que sugere que se os

fatores de risco forem eliminados a probabilidade de ocorrecircncia de quedas pode diminuir

Como nem todos os fatores de risco podem ser eliminados por serem intriacutensecos ao

paciente medidas proativas de prevenccedilatildeo voltadas aos fatores extriacutensecos como o ambiente

podem significar uma valorosa estrateacutegia

Este estudo trouxe subsiacutedios para que se proponham medidas de seguranccedila associadas

agrave estrutura fiacutesica por excelecircncia visando a prevenccedilatildeo de queda em pacientes internados

16 Estrutura do Trabalho

Quanto agrave forma esta dissertaccedilatildeo estaacute estruturada em cinco capiacutetulos

O capiacutetulo um traz a contextualizaccedilatildeo com os pressupostos da aacuterea de conhecimento

relacionados ao gerenciamento de risco evento adverso e seu impacto na assistecircncia prestada

pelos serviccedilos de sauacutede a problematizaccedilatildeo mostra a inquietaccedilatildeo quanto aos fatores de risco

ambientais para ocorrecircncia de queda de pacientes no periacuteodo de internaccedilatildeo hospitalar Satildeo

estabelecidos a questatildeo de pesquisa objetivos geral e especiacuteficos a justificativa para o

desenvolvimento do estudo e a estrutura da dissertaccedilatildeo

13

No capiacutetulo dois o autor apresenta a Revisatildeo Bibliograacutefica com as bases teoacutericas e

evidecircncias existentes concebendo os polos gestatildeo de risco corporativo anaacutelise de risco

matriz de risco e legislaccedilatildeo relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

O capiacutetulo trecircs detalha os procedimentos metodoloacutegicos utilizados durante a pesquisa

com ecircnfase para o desenvolvimento do projeto de pesquisa

O quarto capiacutetulo apresenta os resultados obtidos e uma discussatildeo sob a oacuteptica da

literatura pertinente

O capiacutetulo cinco expressa as conclusotildees da pesquisa embasadas pela teoria correlata e

as recomendaccedilotildees

2REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Gestatildeo de Riscos Corporativos

O gerenciamento de riscos corporativos (Enterprise Risk Management ndash ERM) eacute o

gerenciamento de riscos dentro da organizaccedilatildeo O processo de gerenciamento de riscos deve

estar integrado agrave gestatildeo da organizaccedilatildeo identificando os riscos significativos aos seus

14

negoacutecios A estrutura do gerenciamento de riscos compreende os componentes e a

organizaccedilatildeo do gerenciamento de riscos dentro de uma empresa (MacLeod MacDonald

Ybarra Sorlie Foster amp Stokka 2013)

O gerenciamento de risco corporativo compreende um processo contiacutenuo conduzido

pelos profissionais em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo que inclui a identificaccedilatildeo de todos os

riscos que a estaacute exposta a organizaccedilatildeo indicando eventos que podem afetaacute-la aleacutem daqueles

que podem ser gerenciados propiciando garantia razoaacutevel agrave administraccedilatildeo e deve estar

orientado para a realizaccedilatildeo dos objetivos propostos Os objetivos satildeo classificados em quatro

categorias estrateacutegicos relacionados agraves metas gerais alinhadas agrave missatildeo da organizaccedilatildeo de

operaccedilotildees que diz respeito agrave utilizaccedilatildeo eficaz e eficiente dos recursos comunicaccedilatildeo referente

agrave confiabilidade de relatoacuterios e conformidade alusivos ao cumprimento de leis e

regulamentos aplicaacuteveis (COSO 2007)

O gerenciamento de risco corporativo considera o ambiente interno ou seja como a

organizaccedilatildeo identifica os riscos a forma de abordagem dos seus colaboradores seu apetite a

riscos e a filosofia do gerenciamento de risco Os objetivos fixados devem propiciar suporte e

estar alinhados com a missatildeo da organizaccedilatildeo e serem compatiacuteveis com seu apetite a riscos Eacute

necessaacuterio identificar os eventos que podem influenciar o alcance dos objetivos estabelecidos

Os riscos devem ser avaliados e analisados considerando a probabilidade e impacto

direcionando a forma como deveraacute ser abordado qual seraacute a resposta ao risco desenvolvendo

uma seacuterie de medidas para alinhar os riscos com a toleracircncia e com o apetite a risco As

atividades de controle estabelecem procedimentos e poliacuteticas que garantam que as atividades

de respostas aos riscos sejam executadas de forma eficaz Informaccedilotildees e a comunicaccedilatildeo eficaz

devem permear todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo com conteuacutedo apropriado informaccedilotildees

oportunas atuais exatas e de faacutecil acesso O monitoramento deve garantir a manutenccedilatildeo da

integridade do gerenciamento de risco e que as modificaccedilotildees necessaacuterias seratildeo implementadas

(COSO 2007)

Uma organizaccedilatildeo para melhorar sua abordagem em relaccedilatildeo ao gerenciamento de

risco deve partir de uma anaacutelise de seu processo e sistema atuais quanto agrave abordagem de

todos os componentes avaliando as atividades desenvolvidas pois a ausecircncia de qualquer

deles implica que o gerenciamento de risco eacute ineficaz O monitoramento contiacutenuo do processo

de gerenciamento de risco corporativo deve ser incorporado agraves atividades operacionais

normais e recorrentes da empresa com avaliaccedilotildees perioacutedicas e classificaccedilatildeo de riscos

permitindo que os problemas sejam identificados mais rapidamente (MacLeod et al 2013)

15

Entretanto o gerenciamento de riscos corporativos natildeo assegura que a organizaccedilatildeo

natildeo fracassaraacute no alcance de seus objetivos pois o risco estaacute relacionado ao futuro que eacute

incerto alguns eventos estatildeo aleacutem do controle da administraccedilatildeo e nenhum processo nunca

executaraacute exatamente o que foi previsto A eficaacutecia do gerenciamento de risco sofre

limitaccedilotildees da fraqueza humana pois as decisotildees devem ser tomadas utilizando julgamento

humano tendo como base as informaccedilotildees disponiacuteveis e sofrendo as pressotildees de conduzir um

negoacutecio da falta de adequado entendimento das instruccedilotildees pelos empregados o que pode

levar a erros de julgamento das mudanccedilas no sistema que forem introduzidas antes que o

pessoal tenha sido treinado adequadamente do esquecimento ou execuccedilatildeo incorreta de tarefas

por empregados temporaacuterios pode haver indiviacuteduos que atuem para impedir que o processo

de gestatildeo de riscos corporativos identifiquem as alteraccedilotildees existentes da limitaccedilatildeo de

recursos e a proacutepria direccedilatildeo da organizaccedilatildeo que pode neutralizar poliacuteticas ou procedimentos

recomendados com fins ilegiacutetimos (COSO 2007)

22 Anaacutelise de Riscos

A gestatildeo de riscos eacute um processo contiacutenuo que as organizaccedilotildees utilizam para analisar

metodicamente os riscos inerentes agraves suas atividades processo que deve estar incorporado agrave

cultura organizacional com responsabilidades atribuiacutedas em todos os niacuteveis constando das

descriccedilotildees das funccedilotildees Os ldquoproprietaacuteriosrdquo do processo de gestatildeo de riscos devem ser os

atores internos da organizaccedilatildeo (FERMA) 2002)

Realizar avaliaccedilatildeo de risco consiste em medir a consequecircncia definida aqui como o

resultado ou potencial resultado de um evento Para avaliar a gravidade dos incidentes pode

ser utilizado um sistema de pontuaccedilatildeo Para avaliar as consequecircncias algumas questotildees

devem ser resolvidas tais como A organizaccedilatildeo tem uma definiccedilatildeo clara do que constitui uma

pequena lesatildeo Que medidas satildeo utilizados para determinar o impacto psicoloacutegico sobre os

indiviacuteduos O que eacute definido como um evento adverso e quantos indiviacuteduos podem ser

afetados (National Patient Safety Agency [NPSA] 2008)

Identificar os riscos tem como objetivo identificar as incertezas a que estatildeo expostas as

organizaccedilotildees descrevendo-os de forma estruturada considerando a probabilidade e a

consequecircncia de cada um dos riscos definidos identificando os riscos chave e estabelecer as

prioridades na anaacutelise dos mesmos A descriccedilatildeo dos riscos prevecirc a designaccedilatildeo acircmbito do

risco a natureza do risco intervenientes quantificaccedilatildeo dos riscos toleracircncia para o risco

tratamento e mecanismo de controle do risco possiacuteveis accedilotildees de melhoria e desenvolvimento

16

de estrateacutegias e poliacuteticas O impacto das consequecircncias dos riscos e a sua probabilidade de

ocorrecircncia satildeo fatores importantes da avaliaccedilatildeo Brainstorming questionaacuterios anaacutelises

comparativas de setor anaacutelise de cenaacuterios investigaccedilatildeo de incidentes auditorias e inspeccedilotildees

satildeo algumas teacutecnicas propostas para a identificaccedilatildeo de riscos (FERMA 2002)

O tratamento de riscos consiste em selecionar e implementar medidas para modificar

um risco e deve no miacutenimo ldquoproporcionar um funcionamento eficaz e eficiente da

organizaccedilatildeo garantir controles internos eficazes e cumprir leis e regulamentaccedilotildees (FERMA

2002)

O niacutevel responsaacutevel pela administraccedilatildeo deve conhecer os riscos mais importantes que

a organizaccedilatildeo enfrenta os possiacuteveis efeitos em seu desempenho garantir a sensibilizaccedilatildeo aos

riscos em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo dispor de formas de gerir uma crise ter certeza de

que o processo de gestatildeo de riscos eacute eficaz As unidades de negoacutecio devem conhecer os riscos

relacionados agraves suas aacutereas de atuaccedilatildeo impactos que podem produzir em outros setores e das

consequecircncias destes setores sobre elas dispor de desempenho que lhes permitam monitorizar

as atividades identificar as intervenccedilotildees necessaacuterias Cada indiviacuteduo deve compreender seu

niacutevel de responsabilizaccedilatildeo compreender a forma como pode contribuir para a melhoria

contiacutenua da gestatildeo de riscos comunicar os riscos novos ou falhas constatadas nas medidas de

controle implementadas (FERMA 2002)

Perdas e custos relacionados agrave sauacutede seguranccedila e incidentes ambientais podem natildeo ser

seguraacuteveis pois englobam danos morais aos usuaacuterios e agrave reputaccedilatildeo da organizaccedilatildeo (FERMA

2002)

Quando os pacientes procuram os serviccedilos de sauacutede esperam receber benefiacutecios

embora jaacute tenham consciecircncia de que erros podem acontecer na prestaccedilatildeo de cuidados que

natildeo intencionais e na maioria das vezes tem origem nas falhas dos proacuteprios processos A

responsabilidade dos profissionais ligados direta ou indiretamente agrave prestaccedilatildeo de cuidados eacute

tentar reduzir os erros pois embora sejam sensiacuteveis aos erros que atingem a si proacuteprios ou aos

seus familiares muitas vezes ficam alheios aos erros decorrentes da sua praacutetica diaacuteria (Lage

2010)

Segundo a Portaria MSGM nordm 5292013 a cultura de seguranccedila abrange os

profissionais e gestores envolvidos no cuidado que ldquoassumem a responsabilidade por sua

seguranccedila dos seus colegas pacientes e familiares priorizando a seguranccedila agraves metas

financeiras e operacionais encorajando a identificaccedilatildeo notificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos problemas

17

relacionados agrave seguranccedila promovendo o aprendizado organizacionalrdquo (Ministeacuterio da Sauacutede

[MS] 2013)

O Ministeacuterio da Sauacutede define gestatildeo de risco como a aplicaccedilatildeo sistecircmica e contiacutenua

de iniciativas procedimentos condutas e recursos na avaliaccedilatildeo e controle de riscos e eventos

adversos que afetam a seguranccedila a sauacutede humana a integridade profissional o meio

ambiente e a imagem institucionalrdquo (MS 2013)

Por sua vez o Gerenciamento de Risco consiste na aplicaccedilatildeo de um conjunto de

medidas para prever identificar e minimizar a ocorrecircncia de eventos inesperados e

indesejaacuteveis que podem causar dano fiacutesico ou psicoloacutegico aos pacientes (Lima amp Dutra

2010 p 87)O risco cliacutenico natildeo eacute decorrente apenas da atuaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede

mas estaacute associado agrave ausecircncia de poliacuteticas e praacuteticas de seguranccedila do paciente seguranccedila das

instalaccedilotildees ou atendimento aos processos de trabalho (Lima amp Dutra 2010)

O Protocolo de Londres eacute uma versatildeo revisada e atualizada do ldquoProtocolo para

Investigaccedilatildeo e Anaacutelise de Incidentes Cliacutenicosrdquo e tem como proposta assegurar uma

investigaccedilatildeo e anaacutelise abrangentes e planejadas de um incidente indo aleacutem da procura de

culpados O termo anaacutelise de causa raiz tem origem na induacutestria sendo que um grupo de

ferramentas satildeo utilizadas para identificar as causas baacutesicas na investigaccedilatildeo e anaacutelise de

incidentes Entretanto o cenaacuterio que surge desta investigaccedilatildeo eacute muito mais complexo onde

haacute uma cadeia de eventos e fatores que contribuem para sua ocorrecircncia Eacute necessaacuterio

identificar quais fatores contribuem de forma mais impactante na ocorrecircncia dos eventos Na

aviaccedilatildeo induacutestrias de petroacuteleo e nucleares investigaccedilatildeo de incidentes satildeo procedimentos bem

estabelecidos (Taylor-Adams amp Vincent 2004)

No modelo organizacional de acidentes de James Reason as decisotildees falhas nos altos

escalotildees da organizaccedilatildeo permeiam os departamentos criando condiccedilotildees favoraacuteveis para atos

inseguros e acidentes Devem ser criadas barreiras e defesas contra perigos e para mitigar as

consequecircncias de falhas humanas e de equipamentos Tais barreiras podem ser fiacutesicas (muros

vedaccedilatildeo) naturais (distacircncia) accedilotildees humanas (meacutetodos de checagem) e controles

administrativos (treinamento) O passo inicial eacute identificar falhas no processo organizacional

atos inseguros ou omissotildees cometidas por pessoas cujas accedilotildees podem ter consequecircncias

adversas imediatas Este modelo extrapolado para cuidados de sauacutede identifica fatores que

influenciam a praacutetica cliacutenica e estatildeo relacionados ao paciente (complexidade e severidade de

suas condiccedilotildees liacutengua e comunicaccedilatildeo fatores sociais) fatores tecnoloacutegicos e tarefas

(disponibilidade e uso de protocolos apoio na tomada de decisatildeo tarefas projetadas e clareza

18

da estrutura) fatores relacionados a pessoas (conhecimento e ferramentas competecircncia sauacutede

fiacutesica e mental) equipe (comunicaccedilatildeo verbal e escrita supervisatildeo e procura de ajuda) e

ambiente de trabalho (carga de trabalho e turnos disponibilidade e manutenccedilatildeo de

equipamentos suporte administrativo) fatores organizacionais e gerenciais (recursos

financeiros estrutura organizacional cultura de seguranccedila e prioridades) e fatores

institucionais (contexto regulatoacuterio e econocircmico contatos com organizaccedilotildees externas)

(Taylor-Adams amp Vincent 2004)

23 Quedas

No Protocolo de Prevenccedilatildeo de Quedas integrante do Programa Nacional de Seguranccedila

do Paciente do Ministeacuterio da Sauacutede a definiccedilatildeo de queda considerada foi ldquodeslocamento natildeo

intencional do corpo para um niacutevel inferior agrave posiccedilatildeo inicial provocado por circunstacircncias

multifatoriais resultando ou natildeo em danordquo (MS 2013)

Rutledge et al (1998 apud Kalischi amp Tschannen 2012 p 6) definem queda como

um evento em que os pacientes satildeo encontrados no chatildeo por funcionaacuterios ou visitantes evento

observado ou natildeo ou o rebaixamento natildeo planejado do paciente ao niacutevel do chatildeo

As quedas segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede satildeo categorizadas como

incidentes que ocorrem com os doentes classificadas pelo tipo (tropeccedilar escorregar desmaio

perda de equiliacutebrio) e podem envolver berccedilo cama cadeira maca banheiro equipamento

terapecircutico escadas ou degraus enquanto transportado ou apoiado por outro indiviacuteduo OMS

2009)

Estima-se que um terccedilo das pessoas com mais de 65 anos e metade das pessoas com

idade acima de 80 anos sofrem pelo menos uma queda por ano sendo que nos hospitais

australianos 38 dos eventos com pacientes envolvem queda (The Joanna Briggs Institute

1998)

Vaacuterias ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco de queda foram desenvolvidas e validadas

Hendrich I e II Johns Hopkins Innes Morse STRATIFY Downton Tinetti and Schimidt

Entretanto natildeo haacute consenso sobre qual destes eacute o melhor instrumento na prediccedilatildeo de quedas

Aleacutem disso ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco por si soacute natildeo previnem quedas (Degelau

Bungum Flavin Harper Leys Londquist amp Webb 2012)

A traduccedilatildeo e a adaptaccedilatildeo transcultural para a liacutengua portuguesa do Brasil da Morse

Fall Scale (Escala de Queda de Morse) mostraram resultados satisfatoacuterios quanto agrave clareza

dos itens da escala traduzida a concordacircncia entre os avaliadoresjuiacutezes na aplicaccedilatildeo da

19

escala atingiu classificaccedilatildeo quase perfeita na maioria dos itens e a variabilidade intra-

avaliadoresjuiacutezes foi categorizada como excelente Nesta escala satildeo avaliados os seguintes

itens histoacuterico de quedas diagnoacutestico secundaacuterio auxiacutelio na deambulaccedilatildeo terapia

endovenosadispositivo endovenoso salinizado ou heparinizado marcha e estado mental

Cada um destes criteacuterios recebe escores que variam de 0 a 30 pontos A somatoacuteria destes

pontos indica o niacutevel de risco baixo risco (0 a 24) meacutedio risco (25 a 44) e alto risco (ge 45)

(Urbanetto Creutzberg Franz Ojeda Gustavo Bittencourt amp Farina 2013)

Um estudo transversal com amostra total de 137 idosos em atendimento na Cliacutenica-

Escola de Fisioterapia da Universidade de Itauacutenam que responderam a um questionaacuterio

estruturado relataram como fatores e comportamentos de riscos extriacutensecos de queda o uso de

calccedilados inadequados escadas sem corrimatildeo uso de tapetes no chatildeo obstaacuteculos entre o

quarto e banheiro objetos espalhados pelo chatildeo e iluminaccedilatildeo deficiente sendo que a

iluminaccedilatildeo foi a uacutenica variaacutevel estatisticamente significativa (Lopes Carvalho Mouratildeo

Dias Mitre amp Moraisorais 2010)

Ao entrevistar 39 pacientes idosos atendidos em dois serviccedilos de pronto atendimento

do Rio Grande do Sul entre dezembro de 2019 a abril de 2010 com diagnoacutestico de queda um

estudo verificou fatores relacionados ao ambiente de moradia sendo que 949 dos idosos

tinham moacuteveis pontiagudos em casa 897 das residecircncias tinham degraus 692 referiram

ter tapetes soltos em casa 513 afirmaram que suas residecircncias possuiacuteam pisos

escorregadios e 308 tinham escadas (Ramos Santos Barlem amp Pelzer 2011)

Em Portugal entre os anos de 2007 a 2009 em um hospital universitaacuterio foi observado

que a maior parte das quedas ocorreu no quarto onde existiam mais obstaacuteculos como mesas de

cabeceira cadeira cadeira de rodas limitando a mobilidade dos pacientes Os autores

identificaram diminuiccedilatildeo ao longo dos anos o que foi atribuiacutedo agrave revisatildeo do sistema de

travagem das camas cadeira de rodas suportes de soros com rodas aboliccedilatildeo do uso de cera

no piso e substituiccedilatildeo por cera antiderrapante aquisiccedilatildeo de grades para todas as camas

colocaccedilatildeo de barras de apoio no banheiros mais especificamente proacuteximo ao vaso sanitaacuterio e

chuveiro colocaccedilatildeo de degraus duplos para os pacientes subirem para as camas e pedido de

aquisiccedilatildeo de camas eleacutetricas articuladas na cabeceira e nos peacutes com grade de proteccedilatildeo e que

permitam ajuste da altura em relaccedilatildeo ao chatildeo (Abreu Mendes Monteiro amp Santos 2012)

Em 80 quedas ocorridas em um periacuteodo de doze meses em um hospital privado

acreditado pela Joint Commission International no que diz respeito agraves condiccedilotildees ambientais

no momento da queda as mais frequentes foram presenccedila de obstaacuteculos (5) ou falta de

20

apoio (5) Em 512 dos casos houve algum tipo de consequecircncia sendo as mais frequentes

as escoriaccedilotildees (163) e os hematomas (113) Apoacutes a implantaccedilatildeo de accedilotildees assistenciais

de prevenccedilatildeo como a identificaccedilatildeo de risco ocorreu a queda do iacutendice (Correa Marques

Martinez Laurino Leatildeo amp Chimentatildeo 2012)

As camas com baixa altura foram recentemente associadas agrave reduccedilatildeo de quedas Um

sistema de sauacutede informou que a associaccedilatildeo de caracteriacutesticas de cama relacionadas agrave altura

do chatildeo superfiacutecie de redistribuiccedilatildeo de pressatildeo e sistema interno de alarme reduziu em 9 a

taxa de quedas em cinco meses (Degelau et al 2012)

Em instituiccedilotildees de longa permanecircncia as quedas da cama satildeo comuns entre os

internos com disfunccedilatildeo das extremidades distuacuterbios cognitivos ou que fazem uso de

medicaccedilotildees que prejudicam sua capacidade de levantar-se e mover-se de forma independente

Outros fatores contribuem para o aumento da ocorrecircncia desses eventos como altura da cama

colchotildees altos e macios camas com rodiacutezios ambientes estranhos camas com altura e largura

diferentes ao que estatildeo acostumados Tais consideraccedilotildees reforccedilam a necessidade ao se

selecionar este mobiliaacuterio de se adequar o tipo de cama agraves caracteriacutesticas da populaccedilatildeo

atendida como uma das medidas eficazes no controle de fatores de risco extriacutensecos (Fragala

Perry amp Fragala 2012)

Um estudo canadense se propocircs a avaliar se havia diferenccedila na taxa de lesotildees

relacionadas com quedas entre o piso existente e o piso de intervenccedilatildeo suas propriedades

antiderrapantes e de absorccedilatildeo do impacto Houve uma influecircncia significativa do piso na

absorccedilatildeo da energia no impacto do piso com o quadril e parte posterior da cabeccedila em

simulaccedilotildees fornecendo insights sobre as diferenccedilas na capacidade de atenuaccedilatildeo do impacto

dos diferentes tipos de piso sobre estas estruturas corpoacutereas (Glinka Karakolis Callaghan amp

Laing 2013)

Haacute intervenccedilotildees que devem ser estendidas a todos os pacientes independente do risco

de queda familiarizar o paciente com o ambiente ensinar o paciente a usar o sistema de

chamada e mantecirc-lo sempre ao alcance de sua matildeo manter proacuteximos seus pertences pessoais

ter corrimatildeos no banheiro do paciente quarto e corredor manter as camas em posiccedilatildeo baixa e

com rodas travadas garantir o uso pelo paciente de calccedilado bem ajustado e com solado

antiderrapante utilizar luz noturna ou iluminaccedilatildeo suplementar manter piso limpo e seco e

limpar prontamente todos os derramamentos manter as aacutereas de atendimento ao paciente

organizadas (Degelau et al 2012)

21

Equipes deveriam circular com frequecircncia pelo ambiente para confirmar que

corredores e aacutereas do paciente estejam bem iluminadas organizadas e livres de vazamentos

corrimatildeos sejam seguros mesas e cadeiras resistentes Pessoal da biotecnologia deve

inspecionar dispositivo auxiliar regularmente A equipe de enfermagem deve confirmar que

os quartos dos pacientes sejam criados de forma que minimize o risco de quedas Toda a

equipe deve se certificar de que situaccedilotildees de risco sejam tratadas imediatamente (Degelau et

al 2012)

Portanto conhecer os fatoresperigos contribuintes de um incidente pode trazer

informaccedilotildees sobre accedilotildees que podem ser empreendidas para reduzir o risco de ocorrecircncia

(OMS 2011)

24 Matriz de Risco

Marshall (2002) Crouhy Galai amp Mark (2004 apud Paulo Fernandes Rodrigues amp

Eidt 2007) ressalta que a matriz de risco viabiliza a mensuraccedilatildeo qualitativa de riscos sendo

o ldquoniacutevel de risco definido pela composiccedilatildeo das variaacuteveis frequecircncia (probabilidade) e

severidade (impacto financeiro) associadas aos eventos de perda (fatores de risco) inerentes

ao processo avaliadordquo (De Paulo Fernandes Rodrigues amp Eidt 2007 p 50)

A matriz de risco eacute uma ferramenta utilizada para anaacutelise de riscos de processos de

vaacuterias naturezas considerando sua gravidade ou consequecircncias e a probabilidade (frequecircncia

ou probabilidade) Uma matriz de risco deve ser simples de usar deve fornecer dados

consistentes mesmo quando utilizada por profissionais de diferentes funccedilotildees e deve se adaptar

a necessidades especiacuteficas Deve ser utilizada com parcimocircnia para avaliaccedilatildeo de risco

estrateacutegico e de processo na tomada de decisotildees de gestatildeo

A Figura 1 traz a proposiccedilatildeo de pontuaccedilotildees das consequecircncias de riscos com as orientaccedilotildees e exemplos

adicionais relacionados a riscos com impacto na seguranccedila dos pacientes (NSH 2008)

22

Domiacutenios Despreziacutevel Menor Moderado Maior Catastroacutefico

Impacto sobre a seguranccedila

do paciente (fiacutesico

psicoloacutegico dano)

Lesatildeo miacutenima

requerendo

nenhumaintervenccedilatildeo

miacutenima ou

tratamento

Pequena lesatildeo ou

doenccedila exigindo menor

intervenccedilatildeo Aumento

do tempo de internaccedilatildeo

por 1-3 dias

Lesatildeo moderado

requerendo intervenccedilatildeo

profissional Aumento do

tempo de internaccedilatildeo por

4-15 dias Um evento

com impacto sobre um

pequeno nuacutemero de

pacientes

Ferimento grave levando a

incapacidade a longo

prazoAumento do tempo

de internaccedilatildeo por gt 15

dias

Incidente levando agrave morte Vaacuterias lesotildees

com efeitos permanentes ou irreversiacuteveis

sobre a sauacutede Um evento com impacto

sobre um grande nuacutemero de pacientes

Exemplos adicionais

Medicaccedilatildeo incorreta

dispensada mas natildeo

administrada

Incidentes resultando

numa

contusatildeoAtraso no

transporte de rotina

para o paciente

Medicamento errado ou

dosagem administrada

errada sem efeitos

adversos Uacutelcera por

pressatildeo estaacutegio I

Medicamento errado ou

dosagem administrado

com potencial efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IIIII

Queda resultando em

ferimentos como uma

entorse

Medicamento errado ou

dosagem errada

administrada com efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IV queda

resultando em ferimentos

como luxaccedilatildeo fratura

golpe na cabeccedila A perda

de um membro

Morte inesperada O suiciacutedio de um

paciente Homiciacutedios cometidos por

pacientes com doenccedila mentalRemoccedilatildeo

de parte errada do corpo levando agrave morte

ou incapacidade permanente Incidente

levando a paralisia

1 2 3 4 5

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos

Fonte Adaptada de National Safety Agency 2008

25 Ferramenta de Anaacutelise do modo e efeito da falha (FMEA)

A Failure Modes and Effects Analysis (FMEA) eacute uma ferramenta de abordagem

proativa utilizada para anaacutelise criacutetica prospectiva e contiacutenua de projetos e processos

propiciando a identificaccedilatildeo de riscos problemas ou potenciais falhas antes da ocorrecircncia de

um erro Desenvolvida na deacutecada de 1960 pela induacutestria aeroespacial foi reconhecida pela

Joint Commission on Accredittion oh Healthcare Organizations (JCAHO) como uma

ferramenta de qualidade relevante para as organizaccedilotildees de sauacutede (Silva Teixeira amp Cassiani

2009)

O Veterans Health Administration (VHA) o maior sistema de sauacutede integrado dos

Estados Unidos com 150 centros meacutedicos e cerca de 1400 ambulatoacuterios comunitaacuterios

adaptou a FMEA para utilizar em suas instituiccedilotildees com a denominaccedilatildeo de Healthcare Failure

Mode Effects and Analysis (HFMEA) (Silva Teixeira amp Cassiani 2009)

A maioria dos sistemas de notificaccedilatildeo de eventos relacionados agrave seguranccedila do paciente

se concentra na anaacutelise dos eventos adversos apoacutes a ocorrecircncia de uma lesatildeo HFMEA

oferece aos usuaacuterios ferramentas analiacuteticas que podem permitir a identificaccedilatildeo proativa-

mente de vulnerabilidades e corrigi-las antes que as falhas ocorram (Stalhandske De Rosier

Wilson amp Murphy 2009)

HFMEA agiliza as etapas da anaacutelise de risco encontradas na FMEA tradicional

combinando as etapas de detecccedilatildeo e a criticidade da FMEA tradicional com um algoritmo

apresentado como uma aacutervore de decisatildeo

Substitui o caacutelculo do nuacutemero de prioridade de risco (RPN) por uma pontuaccedilatildeo de

risco que eacute lida diretamente na Matriz de Escores de Hazard desenvolvida pela NCPS

(National Center for Patient Safety) para este propoacutesito

23

O objetivo da anaacutelise de riscos eacute desenvolver uma lista de riscos que se controlados de

forma eficaz possam prevenir uma doenccedila ou lesatildeo Eacute utilizado um processo com cinco

passos para avaliar aspectos especiacuteficos

No passo 1 eacute feita a definiccedilatildeo do processo a ser estudado no passo 2 eacute organizada uma

equipe multidisciplinar com especialistas no assunto e um conselheiro no passo 3 deve ser

desenvolvido um diagrama cronoloacutegico com a identificaccedilatildeo de cada etapa do processo no

passo 4 satildeo listados todos os possiacuteveis modos de falha de cada etapa determinando a

probabilidade e gravidade do modo de falha (Matriz de Escores de Perigo ndash Matriz de

Tolerabilidade) e utilizar a aacutervore de decisatildeo

O propoacutesito eacute determinar se o modo de falha justifica a implementaccedilatildeo de

medidasbarreiras que eliminem ou reduzam substancialmente a probabilidade de que um

evento perigoso ocorra

No passo 5 satildeo determinadas as causas de modo de falha (definido como ldquodiferentes

maneiras que um processo ou sub-processo pode deixar de fornecer o resultado esperadordquo)

que se quer ldquoeliminarrdquo ldquocontrolarrdquo ou ldquoaceitarrdquo (Veterans Health Administration National

Center for Patient Safety2009)

Segundo a HFMEA a severidade de um evento abrange as consequecircncias para o

paciente visitantesacompanhantes colaborador equipamentoinstalaccedilatildeo e fogo

Todo gestor deve verificar a realidade do evento classificaacute-los identificando as fontes

de perigo e propondo o gerenciamento de risco

Os eventos satildeo classificados como menores moderados importantes ou catastroacuteficos

(Figura 2)

Evento catastroacutefico (4) Evento importante (3)

Resultado para o paciente morte ou perda permanente da funccedilatildeo

(sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual) suiciacutedio estupro

reaccedilatildeo transfusional hemoliacutetica cirurgiaprocedimento no paciente

errado ou em parte errada do corpo sequestro infantil ou entrega de

crianccedila agrave famiacutelia errada Visitante morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais

Colaborador morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais colaboradores

Equipamentosinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $250000

Fogo qualquer fogo maior que uma chama inicial

Resultado para o paciente diminuiccedilatildeo permanente da funccedilatildeo

corporal (sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual)

desfiguraccedilatildeo intervenccedilatildeo ciruacutergica requerida aumento do

tempo de permanecircncia do paciente por 3 ou mais pacientes

aumento do niacutevel de assistecircncia para 3 ou mais pacientes Visitante hospitalizaccedilatildeo de 1 ou 2 visitantes

Colaborador hospitalizaccedilatildeo 123 ou mais colaboradores

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $100000

Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

24

Evento moderado (2) Evento menor (1)

Resultado para o paciente aumento da permanecircncia ou aumento no

niacutevel de assistecircncia para 1 ou 2 pacientes

Resultado para o paciente nenhum prejuiacutezo ou aumento da

permanecircncia injuacuteria ou aumento no niacutevel de assistecircncia

Visitante avaliaccedilatildeo e treinamento para 1 ou 2 (natildeo-hospitalizaccedilatildeo) Visitante avaliaccedilatildeo e nenhum tratamento requerido ou doenccedila

Colaborador despesas meacutedicas danos ou doenccedila para 1 ou 2 Colaborador tratamento de primeiros socorros sem dano ou

doenccedila

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano entre $10000 e $100000 Equipamentoinstalaccedilatildeo dano menor que $10000 ou perda de

utilidade sem resultado adverso ao paciente (exemplo gaacutes

natural eletricidade aacutegua comunicaccedilotildees transportes calorar

condicionado

Fogo incipiente ou menor Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA

Fonte Adaptado do (Veterans Health Administration National Center for Patient Safety)

Ainda segundo a HFMEA os eventos satildeo classificados segundo a probabilidade de

ocorrerem como mostra a Figura 3

Frequente (4) Provaacutevel de ocorrer imediatamente ou dentro de um curto

periacuteodo (pode ocorrer vaacuterias vezes em um ano)

Ocasional (3) Provavelmente ocorreraacute (pode ocorrer vaacuterias vezes em 1 ou 2 anos)

Incomum (2)

Possiacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 5 anos)

Remota (1) Improvaacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 30

anos)

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA

Fonte Adaptado do Veterans Health Administration National Center for Patient Safety

26 Legislaccedilatildeo Relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

A Portaria nordm 1884 GM de 11 de novembro de 1994 considerando a necessidade das

Secretarias Estaduais e Municipais contarem com um instrumento de avaliaccedilatildeo de projetos

fiacutesicos adequado agraves novas tecnologias na aacuterea da sauacutede resolve ldquoaprovar as normas que com

estas baixam destinadas ao exame e aprovaccedilatildeo dos Projetos Fiacutesicos de Estabelecimentos

Assistenciais de Sauacutederdquo compreendendo ldquoas construccedilotildees novas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute

existentesrdquo e ldquoinobservacircncia das normas aprovadas por esta Portaria constitui infraccedilatildeo agrave

legislaccedilatildeo sanitaacuteria federal conforme dispotildee o artigo 10 inciso II da Lei nordm 6437 de 20 de

agosto de 1977rdquo (Ministeacuterio da Sauacutede [MS] 1994)

25

Em seu capiacutetulo 2 a Portaria nordm 188494 referente agrave organizaccedilatildeo fiacutesico-funcional

Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede (EAS) lista as atividades que satildeo geradoras ou que

caracterizam os ambientes sendo a unidade de internaccedilatildeo o local de ldquoprestaccedilatildeo de

atendimento de assistecircncia agrave sauacutede em regime de internaccedilatildeo- atendimento a pacientes que

necessitam de assistecircncia direta programada por periacuteodo superior a 24 horas (pacientes

internos)rdquo (MS1994)

A Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada (RDC) nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002 dispotildee

sobre o Regulamento teacutecnico para planejamento programaccedilatildeo elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de

projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede e compreende as construccedilotildees novas

de estabelecimentos assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de

estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes e os anteriormente natildeo destinados a estabelecimentos de

sauacutede (RDC nordm 50 2002)

A Figura 4 exibe as disposiccedilotildees da RDC nordm 50 acerca das unidades e ambientes

hospitalares destinados a internaccedilatildeo de pacientes

UnidadeAmbiente Dimensotildees

Internaccedilatildeo Geral

lactente crianccedila adolescente

e adulto

Quantificaccedilatildeo (miacutenima) Dimensatildeo (miacutenima)

Posto de enfermagemPrescriccedilatildeo

Meacutedica

1 posto a cada 30 leitos 60 msup2

Sala de serviccedilos 1 sala para cada posto de

enfermagem 57 msup2

26

Sala de exames e curativos

1 para cada 30 leitos (quando

existir enfermaria que natildeo

tenha subdivisatildeo fiacutesica dos

leitos

75 msup2

Aacuterea para Prescriccedilatildeo Meacutedica

20 msup2

Aacuterea de cuidados e

higienizaccedilatildeo do lactente

1 pcada 12 berccedilos ou fraccedilatildeo 40 msup2

Enfermaria de lactente

Quarto de crianccedila Quarto de adolescente

15 dos leitos do

estabelecimento

Deve haver no miacutenimo 1 quarto para servir de isolamento a

cada 30 leitos ou fraccedilatildeo

45 msup2 por leito = lactente

90 msup2 = quarto de 1 leito

50 msup2 por leito = crianccedila Nordm maacuteximo de crianccedilas ateacute 2 anos por

enfermaria = 12

Quarto de adolescente 100 msup2 = quarto de 1 leito ou 140 msup2 com

dimensatildeo miacutenima de 30m no caso do uso para

ldquoPPP 70 msup2 por leito = quarto de 2 leitos

60 msup2 por leito = enfermaria de 3 a 6 leitos

Nordm maacuteximo de leitos por enfermaria = 6

Distacircncia entre leitos paralelos = 1m

Distacircncia entre leito e paredes

Cabeceira= inexistente

Peacute do leito = 12 m

Lateral = 05 m

Enfermaria de adolescente

Quarto de adulto

a cada 30 leitos deve existir no

miacutenimo 1 quarto para situaccedilotildees

que requeiram isolamento

Enfermaria adulto

Aacuterea de

recreaccedilatildeolazerrefeitoacuterio

1 para cada unidade de

pediatria psiquiatria e crocircnicos

12 msup2 por paciente em condiccedilotildees de exercer

atividades recreativaslazer

Aacuterea ou antecacircmara de acesso

ao quarto de isolamento

18 msup2

Sala de aula 08 msup2 por aluno

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS

Fonte Adaptado da Resoluccedilatildeo RDC nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002

Em relaccedilatildeo agrave internaccedilatildeo de pacientes adultos e pediaacutetricos cada quarto ou enfermaria

de internaccedilatildeo deve ser provido de banheiro exclusivo aleacutem de um lavatoacuteriopia para uso da

equipe de assistecircncia em uma aacuterea anterior a entrada do quartoenfermaria ou mesmo no

interior desses fora do banheiro Um lavatoacuteriopia externo ao quarto ou enfermaria pode

servir a no maacuteximo 4 (quatro) quartos ou 2 (duas) enfermarias (RDC nordm 50 2002)

A RDC nordm 50 dispotildee sobre iluminaccedilatildeo dos ambientes hospitalares definindo que nos

quartos das enfermarias de unidade de internaccedilatildeo geral devem ser de quatro tipos iluminaccedilatildeo

geral em posiccedilatildeo que natildeo incomode o paciente deitado iluminaccedilatildeo de cabeceira na parede

(arandela) para leitura iluminaccedilatildeo de exame no leito com lacircmpada fluorescente que tambeacutem

pode ser obtida atraveacutes de aparelho ligado agrave tomada junto ao leito e sinalizaccedilatildeo de

enfermagem (IS) que eacute um de sistema de sinalizaccedilatildeo luminosa imediata entre o paciente

interno e o funcionaacuterio assistencial (meacutedico e enfermeira) O sistema interliga cada leito

sanitaacuterio e banheiro das diversas unidades e ambientes em que estaacute presente o paciente

27

interno com o respectivo posto de enfermagem que lhe daacute cobertura assistencial quarto

enfermaria e banheiro da unidade de internaccedilatildeo geral quarto aacutereas coletivas de pediatria e

banheiro da unidade de internaccedilatildeo intensiva A identificaccedilatildeo deve se dar em cada leito e porta

dos ambientes voltados para a circulaccedilatildeo (RDC nordm 50 2002)

Nos ambientes onde satildeo prestados os cuidados de sauacutede a iluminaccedilatildeo pode trazer

estiacutemulos positivos agrave recuperaccedilatildeo dos pacientes mas quando excessiva ou mal localizada

pode ser prejudicial A importacircncia da iluminaccedilatildeo tambeacutem estaacute relacionada agrave adequaccedilatildeo

visual dos profissionais para realizaccedilatildeo de procedimentos eou observaccedilatildeo dos pacientes De

modo geral os aspectos quantitativos satildeo mais valorizados que os qualitativos sendo esta

priorizaccedilatildeo notada nas legislaccedilotildees nacionais e estrangeiras Entre as normas nacionais

apresentando os requisitos miacutenimos a serem atendidos a Norma Brasileira (NBR) 541392

textos normativos da ABNT recomenda os valores de iluminacircncias e a Portaria nordm 188494 do

Ministeacuterio da Sauacutede sugere ldquoalguns criteacuterios qualitativos para projetos de iluminaccedilatildeo artificial

dos espaccedilos de internaccedilatildeordquo (Peccin 2002 p 15)

A preocupaccedilatildeo com a iluminaccedilatildeo nos ambientes hospitalares tem se focado mais na

questatildeo econocircmica envolvendo a racionalizaccedilatildeo da energia empregada e na reduccedilatildeo dos

custos de operaccedilatildeo do sistema Mesmo em relaccedilatildeo aos pacientes as discussotildees convergem

para questotildees de conforto ambiental luz de cabeceira para leitura iluminaccedilatildeo de vigiacutelia para

permitir o acesso da equipe de enfermagem agrave noite sem acionar a luz de teto Outra questatildeo eacute

a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas que ldquopermitam boa reproduccedilatildeo de cores permitindo a identificaccedilatildeo

de alteraccedilotildees orgacircnicasrdquo como por exemplo a coloraccedilatildeo da pele As questotildees de seguranccedila

satildeo tratadas em relaccedilatildeo agrave iluminaccedilatildeo de emergecircncia (NBR 1353495 e NBR 1089899) e

iluminacircncias meacutedias miacutenimas para atividades hospitalares considerando a dificuldade da

tarefa visual a idade do usuaacuterio poreacutem as legislaccedilotildees divergem entre os paiacuteses (Peccin

2002)

A ISO (International Organization for Standardization) 31000 de 2009 eacute a nova

referecircncia mundial para a Gestatildeo de Riscos fornecendo orientaccedilotildees para a estrutura de

gerenciamento de riscos aplicaacutevel a organizaccedilotildees de qualquer tamanho traz um modelo

conceitual que pode ser usado para a anaacutelise dos arranjos organizacionais que incluem planos

relacionamentos prestaccedilatildeo de contas recursos processos e atividades A Figura 5 traz a

proposto de um modelo conceitual para ser utilizado na anaacutelise desses arranjos (MacLeod et

al 2013)

28

Mandato e

comprometimento

Estrutura para gerenciar

riscos

Monitoramento e anaacutelise criacutetica da

estrutura

Melhoria contiacutenua da

estrutura

Implementaccedilatildeo da gestatildeo

de riscos

Fonte wwwiiabrasilorgbr Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000)

29

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA

Segundo Martins amp Theoacutephilo 2009 p 37 ldquoO objetivo da metodologia eacute o

aperfeiccediloamento dos procedimentos e criteacuterios utilizados na pesquisardquo Jaacute ldquomeacutetodo eacute o

caminho para se chegar a um determinado fim ou objetivordquo

Na Figura 6 estatildeo compiladas as atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborada pelo Auto

31 Delineamento da Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa empiacuterica O Empirismo eacute uma abordagem metodoloacutegica que

ldquoconsidera que o fato existe independentemente de qualquer atribuiccedilatildeo de valor ou

posicionamento teoacuterico e possui um conteuacutedo evidente livre de pressupostos subjetivosrdquo

(Martins amp Theoacutephilo 2009 p 39)

Eacute um estudo descritivoexploratoacuterio que coleta ldquodescriccedilotildees detalhadas de variaacuteveis

existentes e usam dados para justificar e avaliar condiccedilotildees e praacuteticas correntes ou fazer planos

mais inteligentes para melhorar as praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (LoBiondo-Wood amp Haber

2001 p 111)

Os autores afirmam que este tipo de desenho eacute uacutetil na busca ldquode informaccedilotildees precisas

sobre as caracteriacutesticas dos sujeitos de pesquisa grupos instituiccedilotildees ou situaccedilotildees ou sobre a

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborado pela autora

30

frequecircncia de um fenocircmeno particularmente quando se sabe pouco sobre o fenocircmenordquo

(LoBiondo-Wood amp Haber 2001 p 111)

O delineamento da pesquisa termo que tem sido substituiacutedo por estrateacutegias de

pesquisa refere-se agraves ldquodiferentes maneiras de abordar e analisar dados empiacutericos no contexto

das Ciecircncias Sociais Aplicadasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 53)

A estrateacutegia utilizada nesta pesquisa foi o estudo de caso

ldquotrata de uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa fenocircmenos dentro de seu

contexto real (pesquisa naturaliacutestica) onde o pesquisador natildeo tem controle

sobre eventos ou variaacuteveis buscando aprender a totalidade de uma situaccedilatildeo e

criativamente descrever compreender e interpretar a complexidade de um

caso concretordquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p62)

O estudo de caso eacute o tipo de estrateacutegia de pesquisa que bem se adequa a situaccedilotildees em

que a forma da questatildeo de pesquisa relaciona-se a questotildees explanatoacuterias onde natildeo se exige

controle sobre eventos comportamentais e que focaliza eventos contemporacircneos Os estudos

de caso podem incluir as e mesmo ser limitados agraves evidecircncias quantitativas (Yin 2001 pp

24-25)

O estudo de caso deve permitir ao investigador construir descriccedilotildees interpretaccedilotildees e

explicaccedilotildees originais que conduzam a conclusotildees e recomendaccedilotildees mostrando que foram

coletadas e avaliadas evidecircncias relevantes (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 63)

A escolha do estudo de caso como estrateacutegia de pesquisa deveu-se ao fato de ser pouco

conhecida a influecircncia dos fatores ambientais na ocorrecircncia de quedas no meio hospitalar

questatildeo jaacute mais explorada em domiciacutelio e instituiccedilotildees de longa permanecircncia e abrangendo

mais especificamente a populaccedilatildeo de idosos sendo o fenocircmeno pesquisado no seu contexto

real

Trata-se de estudo retrospectivo pois os indiviacuteduos satildeo seguidos do efeito para a

causa No estudo longitudinal retrospectivo se conhece o efeito e se busca a causa (Bordalo

2006)

Segundo Szklo (2002 p16)

ldquoQuando o investigador tem interesse em identificar fatores de risco (fatores

etioloacutegicos) o desenho mais eficiente em ambiente hospitalar eacute o estudo de

casos e controles tambeacutem conhecido como estudo retrospectivo Podem-se

conduzir estudos de casos e controles em um ou mais hospitais bem como

incluir pacientes hospitalizados ou ambulatoriais Comparado com estudos de

coorte este tipo de estudo eacute relativamente barato geralmente de menor duraccedilatildeo e exige uma amostra menorrdquo

31

Foi utilizada a teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa

As ldquoavaliaccedilotildees qualitativas contribuem com a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos e

as anaacutelises quantitativas datildeo uma ordem de grandeza do risco vinculado ao fenocircmenordquo (Lima

2012 p72)

Na teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa os dados satildeo descritivos compreendendo a

descriccedilatildeo de pessoas de acontecimentos e reaccedilotildees e mesmo a transcriccedilatildeo de relatos A

preocupaccedilatildeo central natildeo satildeo as mediccedilotildees mas sim as descriccedilotildees e interpretaccedilotildees dos fatos

(Martins amp Theoacutephilo 2009)

Martins amp Theoacutephilo (2009) enfatizam que o estudo de caso pede avaliaccedilatildeo

qualitativa uma vez que tem como objetivo a anaacutelise de uma unidade social que eacute analisada

profunda e intensamente

32 Local do Estudo

O estudo foi realizado em um hospital puacuteblico de porte extra universitaacuterio localizado

no municiacutepio de Satildeo Paulo e faz parte de um complexo hospitalar que ocupa uma aacuterea total de

352 mil metros quadrados com cerca de 2200 leitos Tem como oacutergatildeo responsaacutevel a

Secretaria de Estado da Sauacutede

O hospital escolhido conta com 843 leitos e atende predominantemente pacientes do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mas estende seu atendimento a pacientes conveniados

Oferece atendimento meacutedico-hospitalar ambulatorial por imagem e som serviccedilos

psicossocial e terapecircutico Abrange especialidades de cliacutenica meacutedica ciruacutergica e

traumatologia sendo referecircncia em transplante de fiacutegado adulto pacircncreas rim coacuternea pele e

medula oacutessea As enfermarias apresentaram no ano de 2013 taxa de ocupaccedilatildeo de 779

33 Procedimentos de Coleta dos Dados

Em se tratando de estudo de caso as atividades de coleta de dados devem ser

realizadas pelo pesquisador-autor que ldquoteraacute mais condiccedilotildees de continuamente estar pensando

e agindo na busca de relaccedilotildees entre a questatildeo de pesquisa que deseja responder as

proposiccedilotildees (teoria preliminar) que carecem de demonstraccedilotildees e a coleta dos dados e

evidecircnciasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p65)

Yin pondera que as evidecircncias para um estudo de caso podem vir de seis fontes

distintas documentos registros em arquivo entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo

participante e artefatos fiacutesicos As informaccedilotildees documentais satildeo relevantes a todos os toacutepicos

32

do estudo de caso Tais documentos podem ser correspondecircncias agendas e minutas de

reuniotildees relatoacuterios de eventos em geral O seu uso mais importante eacute ldquocorroborar e valorizar

as evidecircncias oriundas de outras fontesrdquo (Yin 2001 p 111)

Segundo Yin (2001) p 121) ldquo o uso de vaacuterias fontes de evidecircncias nos estudos de

caso permite que o pesquisador dedique-se a uma ampla diversidade de questotildees histoacutericas

comportamentais e de atitudesrdquo

Assim ldquoqualquer descoberta ou conclusatildeo em um estudo de caso provavelmente seraacute

muito mais convincente e acurada se se basear em vaacuterias fontes distintas de informaccedilatildeo

obedecendo a um estilo corroborativo de pesquisardquo (Yin 2001 p 121)

A pesquisa de campo eacute segundo Lakatos amp Marconi 1991 utilizada para a busca de

informaccedilotildees ou conhecimentos na procura de resposta para um problema atraveacutes da

observaccedilatildeo dos fenocircmenos como ocorrem espontaneamente coletando dados e registrando

variaacuteveis que possam estar relacionadas e posteriormente analisaacute-los

Nogueira (1968) como citado em Lakatos amp Marconi (1991 p 211) define formulaacuterio

como sendo ldquouma lista formal um cataacutelogo ou um inventaacuterio destinado agrave coleta de dadosrdquo O

preenchimento eacute feito pelo proacuteprio pesquisador atraveacutes de observaccedilatildeo ou interrogatoacuterio

Segundo Mello amp Turrioni (2007 p51)

ldquoA observaccedilatildeo eacute uma taacutetica de coleta de dados para conseguir informaccedilotildees e

utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados aspectos da realidade Natildeo

consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou fenocircmenos que se desejam estudar Desempenha papel importante nos

processos observacionais no contexto da descoberta e obriga o investigador a

um contato mais direto com a realidaderdquo

A observaccedilatildeo cientiacutefica ldquoeacute planejada sistematicamente eacute registrada metodicamente e

estaacute relacionada a proposiccedilotildees mais gerais em vez de ser apresentada como uma seacuterie de

curiosidades interessantes estaacute sujeita a verificaccedilotildees e controles sobre a validade e

seguranccedilardquo (Mello amp Turrioni 2007 p 51)

Na observaccedilatildeo estruturada ou sistemaacutetica ldquoo observador sabe o que procura e o que

carece de importacircncia em determinada situaccedilatildeo deve ser objetivo reconhecer possiacuteveis erros

e eliminar sua influecircncia sobre o que vecirc ou recolhe (Mello amp Turrioni 2007 p51)

A figura 7 mostra os pontos fortes e limitaccedilotildees do uso da observaccedilatildeo como taacutetica para

coleta de dados

33

Pontos fortes Limitaccedilotildees

Possibilita meios diretos e satisfatoacuterios para

estudar uma ampla variedade de fenocircmenos

O observado tende a criar impressotildees favoraacuteveis ou

desfavoraacuteveis no observador

Exige menos do pesquisador do que as outras

teacutecnicas

A ocorrecircncia espontacircnea natildeo pode ser prevista o que

impede muitas vezes o observador de presenciar o

fato

Permite a coleta de dados sobre um conjunto de

atitudes comportamentais tiacutepicas

Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do

pesquisador

Depende menos da introspecccedilatildeo ou da reflexatildeo A duraccedilatildeo dos acontecimentos eacute variaacutevel pode ser

raacutepida ou demorada e os fatos podem ocorrer

simultaneamente nos dois casos torna-se difiacutecil a

coleta de dados

Permite a evidecircncia de dados natildeo constantes do

roteiro de entrevistas ou de questionaacuterios

Vaacuterios aspectos da vida cotidiana particular podem

natildeo ser acessiacuteveis ao pesquisador

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo

Fonte Mello amp Turrioni 2007

Para este estudo foi realizado o levantamento a partir das notificaccedilotildees de incidentes

relacionados agraves quedas no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 para caracterizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo O grupo de elementos escolhido para compor a amostra foi feito intencionalmente

de acordo com criteacuterios estabelecidos

Foram selecionadas 6 unidades de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica que ocuparam as

primeiras seis posiccedilotildees na frequecircncia de ocorrecircncia de quedas segundo os dados coletados a

partir das notificaccedilotildees de incidentes Estes leitos satildeo destinados a internaccedilatildeo de indiviacuteduos

adultos de ambos os sexos com ambientes de acomodaccedilatildeo de diferentes dimensotildees para 1 2

4 ou 6 leitos O criteacuterio de exclusatildeo foi a realizaccedilatildeo de reforma preacutevia planejada e conduzida

sob a supervisatildeo do setor de Arquitetura e Engenharia Hospitalar da instituiccedilatildeo

A teacutecnica da coleta de dados utilizada nesta pesquisa foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes

nas unidades e das plantas das unidades

O formulaacuterio utilizado foi elaborado pela autora com base nas legislaccedilotildees e fatores

ambientais citados na literatura que podem estar relacionados a queda visando a adequaccedilatildeo

do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a perspectiva de avaliaccedilatildeo de riscos e

melhoria da seguranccedila Este formulaacuterio serviu como roteiro para a visita de campo

direcionando a inspeccedilatildeo dos itens relacionados a dimensotildees dos diferentes tipos de quartos

instalaccedilotildees dispositivos de seguranccedila e mobiliaacuterio no momento da observaccedilatildeo (APEcircNDICE

34

A) Os ambientes do quartos e banheiros foram fotografados para visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo

espacial do mobiliaacuterio As medidas dos quartos foram analisadas a partir das plantas

fornecidas pelo setor de engenharia e arquitetura

O periacuteodo de coleta foi de 1 a 30 de novembro de 2014

34 Procedimentos e Anaacutelise de Dados

Foi desenvolvido um banco de dados que permitiu a revisatildeo de evidecircncias com o

intuito de aumentar a confiabilidade do estudo O resultado das observaccedilotildees e das notificaccedilotildees

de incidentes pesquisados foram armazenados para que os dados possam ser prontamente

recuperaacuteveis para inspeccedilatildeo ou nova leitura Manter um encadeamento de evidecircncias tambeacutem

aumenta a confiabilidade das informaccedilotildees de um estudo de caso o que ldquoconsiste em permitir

que um observador externo - o leitor do estudo de caso por exemplo - possa perceber que

qualquer evidecircncia proveniente de questotildees iniciais da pesquisa leve agraves conclusotildees finais do

estudo de casordquo (Yin 2001 p127)

Yin (2001 p127) discorre que

ldquo a anaacutelise de dados consiste em examinar categorizar classificar em

tabelas ou do contraacuterio recombinar as evidecircncias tendo em vista proposiccedilotildees

iniciais de um estudordquo

Martins amp Theoacutephilo (2009 p69) relatam que ldquo natildeo haacute um roteiro para se analisar

os resultados de um estudo desta naturezacada caso eacute um casordquo

As proposiccedilotildees teoacutericas que

ldquo refletem o conjunto de questotildees da pesquisa as revisotildees feitas na

literatura sobre o assunto e as novas interpretaccedilotildees que possam surgirrdquo

constituem uma boa estrateacutegia a ser seguida na anaacutelise de dados permitindo a

produccedilatildeo de ldquoconclusotildees analiacuteticas irrefutaacuteveis e eliminar interpretaccedilotildees

alternativasrdquo (Yin 2001 p 129)

Os resultados foram analisados com base comparativa na literatura salientando as

evidecircncias relevantes que devem ser todas as encontradas Em relaccedilatildeo agrave aacuterea fiacutesica deveratildeo

ser considerados os itens que estatildeo ou natildeo em conformidade com a legislaccedilatildeo vigente

35 Aspectos Eacuteticos da Pesquisa

O projeto foi submetido agrave aprovaccedilatildeo da Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de

Pesquisa (CAPPESQ) da instituiccedilatildeo com parecer de aprovaccedilatildeo nordm 940006 de 27 de janeiro de

2015

Como o estudo natildeo envolveu nenhum tipo de abordagem a pacientes ou profissionais

natildeo se aplica a exigecircncia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) exigido

35

em toda pesquisa em que estejam envolvidos indiviacuteduos grupos ou seus representantes legais

que devem manifestar a sua anuecircncia em participar da pesquisa (Resoluccedilatildeo Nordm 466 2012)

36

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para se apurar o contexto de um incidente as informaccedilotildees devem abranger quatro classes

as caracteriacutesticas dos doentes as caracteriacutesticas do incidente os fatoresperigos contribuintes

e as consequecircncias organizacionais decorrentes da ocorrecircncia Entre as caracteriacutesticas dos

doentes estatildeo os dados demograacuteficos as relacionadas ao incidente satildeo aquelas que informam

as circunstacircncias em que o incidente ocorreu (como onde e quando) os fatores contribuintes

satildeo as circunstacircncias accedilotildees ou influecircncias que podem ter contribuiacutedo para a origem

desenvolvimento ou aumento do risco de um incidente e por fim as consequecircncias

organizacionais dizem do impacto do incidente sobre a organizaccedilatildeo tais como aumento da

utilizaccedilatildeo de recursos para prestar cuidados adicionais ao doente repercussotildees negativas

veiculadas pela comunicaccedilatildeo social consequecircncias legais devidas a resultados cliacutenicos ou

terapecircuticos negativos para o doente (OMS 2011)

Foram avaliadas notificaccedilotildees de 922 incidentes ocorridos de janeiro a junho de 2014 dos

quais 205 foram quedas (2223)

Com base nestes conceitos foi feita anaacutelise estatiacutestica descritiva na distribuiccedilatildeo de

frequecircncia dos dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo referido conforme

apresentado na Tabela 2

Os dados da pesquisa apontaram que em 205 quedas ocorridas entre janeiro e junho

de 2014 a idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 5663 anos sendo que natildeo

houve diferenccedila entre homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a

ocorrecircncia da queda foi de 14 dias Ao contraacuterio de outros estudos a idade meacutedia eacute inferior a

60 anos bem como o tempo meacutedio de ocorrecircncia que foi maior Como visto no estudo

realizado por Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006 com pacientes

hospitalizados a idade meacutedia foi de 673 anos e o tempo meacutedio de internaccedilatildeo ateacute a ocorrecircncia

foi de 119 dias Outras pesquisas trazem a prevalecircncia de quedas na faixa etaacuteria de 60 anos

ou mais (Costa Monteiro Memesath amp Almeida 2011 Paiva et al 2010 Correa et al 2012

Abreu et al 2012 e Inoue Matsuda Melo Murassaki amp Hayakawa 2011)

Nesta pesquisa houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo

noturno (50) Em relaccedilatildeo agrave prevalecircncia no sexo masculino este resultado vai ao encontro

dos apresentados por Paiva et al 2010 Costa et al 2011 Carneiro et al 2011e Inoue et al

2011) O turno noturno tambeacutem foi mais frequente nas pesquisas de Paiva et al 2010 (637)

e de Correa et al 2012 (413)

37

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo de janeiro

a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

N = 205

Caracteriacutesticas Meacutedia n

idade (meacutedia) 5663

dias de internaccedilatildeo (meacutedia) 1402

Sexo

Feminino

83 41

Masculino

122 59

Turno

Manhatilde

54 26

Tarde

42 21

Noturno

103 50

natildeo informado

6 3

Local

Banheiro

50 24

Quarto

89 43

corredor

13 6

saguatildeo do PS

6 3

SECSEM do PS

3 1

locais de exame

7 4

outros

8 5

natildeo informado

29 14

Altura

cadeiracadeira de rodaspoltrona

20 10

camaleitomaca

48 23

mesa ciruacutergicaexame

2 1

proacutepria altura

108 53

outros

1 05

natildeo presenciado

1 05

natildeo informado

25 12

Dano

Sim

61 30

Natildeo

122 59

natildeo informado 22 11

Fonte Resultados da pesquisa

Quanto ao local da queda 43 ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando

67 de ocorrecircncias no ambiente destinado agrave acomodaccedilatildeo do paciente durante a internaccedilatildeo O

quarto tambeacutem foi o local mais frequente de quedas nos estudos de Correa et al 2011 e

Abreu et al 2012 o que poderia ser explicado pelo fato de ser onde os pacientes permanecem

mais tempo

38

Em 53 dos incidentes a queda ocorreu da proacutepria altura 23 da cama leito ou

maca 12 dos casos a altura natildeo foi informada 10 da cadeira poltrona cadeira de rodas

1 da mesa ciruacutergicaexames e em 2 a queda natildeo foi presenciada ou outros

Das 205 quedas notificadas 122 (59) natildeo resultaram em danos constatados ou

referidos pelo paciente Em 62 eventos (30 ) ocorreu algum tipo de dano e em 21 casos

(11) esta informaccedilatildeo natildeo constava das notificaccedilotildees Entre os danos as mais frequentes

foram escoriaccedilotildees (43) seguida de ferimentos corto contusoslesotildees (21) sendo que em

dois casos foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de sutura Em 36 dos casos as lesotildees foram reunidas

em um grupo denominado ldquooutrosrdquo variando de dor referida pelo paciente agrave perda de

consciecircncia em duas ocorrecircncias fratura oacutessea em um caso hematoma subgaleal e deiscecircncia

de ferida operatoacuteria em outras duas situaccedilotildees

Em 164 ocorrecircncias (79) natildeo foram solicitados exames complementares ou natildeo foi

registrada na ficha de notificaccedilatildeo poreacutem em 42 (21) eles foram necessaacuterios Os mais

frequentes foram as tomografias computadorizadas (n= 24 57) solicitaccedilatildeo de RX foram 10

(24) e em dois casos foram necessaacuterios RX e tomografia computadorizada (5) e outros

tipos de exames somaram 6 casos (14)

As seis unidades de internaccedilatildeo onde ocorreu maior frequecircncia de quedas foram

Cliacutenica Meacutedica (10) Retaguarda do Pronto Socorro (8) Transplante Renal (7)

Nefrologia (6) Moleacutestia Infecciosas e Cirurgia Vascular (5 cada uma) A maior

porcentagem de quedas ocorreu nas aacutereas de Pronto Socorro (saguatildeo salas de emergecircncia

observaccedilatildeo e cuidados intensivos) somando 21 poreacutem natildeo constitui foacuterum deste estudo

que se restringiu agraves unidades de internaccedilatildeo Os restantes 38 ficaram distribuiacutedos em outras

18 unidades

A Tabela 3 traz a distribuiccedilatildeo dos locais de ocorrecircncia onde as quedas foram mais

frequentes considerando quarto e banheiro que somam os maiores valores

39

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde predominaram os

eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

Unidade local Quarto Banheiro Outros

Cliacutenica Meacutedica 30 55 15

Retaguarda do PS 18 52 30

Cirurgia Vascular 70 0 30

Unidade de

Transplante Renal44 21 25

Nefrologia 36 27 27

Moleacutestias

Infecciosas60 10 30

Fonte Resultados da Pesquisa

Observa-se que a frequecircncia de quedas foi significativamente maior no quarto nas

unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias Infecciosas onde haacute maior nuacutemero de pacientes

restritos ao leito seja pelas alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora na primeira e pela gravidade na

segunda

Considerando que a ocorrecircncia de quedas foi de 205 casos em seis meses podemos

considerar este evento como frequente de gravidade moderada (30 resultaram em dano aos

pacientes) e de alta detecccedilatildeo

A Tabela 4 apresenta a distribuiccedilatildeo das unidades visitadas e o atendimento aos

quesitos do formulaacuterio utilizado para registro dos dados levantados com base nas

recomendaccedilotildees de adequaccedilatildeo do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a

perspectiva da seguranccedila e avaliaccedilatildeo de riscos

Na unidade de Cliacutenica Meacutedica onde ocorreu o maior nuacutemero de quedas (10 de

todas as quedas notificadas) entre as aacutereas selecionadas dos 17 quesitos diretamente

relacionados a quedas do roteiro de inspeccedilatildeo elaborado (excluindo-se os itens referentes agraves

pias) natildeo foram atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em todos

os quartos mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os quartos e iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos A unidade de Retaguarda do Pronto Socorro (8 das quedas) teve os

seguintes quesitos natildeo atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em

todos os quartos iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e mobiliaacuterios com rodiacutezios e

travas em todos os quartos Por sua vez as unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias

Infecciosas onde ocorram 5 das quedas em cada uma delas tiveram 9 e 8 quesitos natildeo

atendidos respectivamente As unidades de Nefrologia (6 das quedas) e Transplante Renal

(7 das quedas) tambeacutem tiveram 9 itens natildeo atendidos Estes resultados alertam para

intervenccedilatildeo nestas aacutereas pois estatildeo em risco de novas e mais frequentes ocorrecircncias

40

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades visitadas

2014 Satildeo Paulo Brasil

Embora os sistemas de chamada de enfermagem estivessem presentes em todas as

unidades em todas elas havia vaacuterios dispositivos que natildeo funcionavam Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

UnidadeMoleacutestias

Infecciosas

Retaguarda

do Pronto

Socorro

Cliacutenica

MeacutedicaNefrologia

Transplant

e Renal

Cirurgia

Vascular

Quesito atende natildeo atende

Dimensotildees miacutenimas por

quartoleitoatende atende atende atende atende atende 100

Banheiro exclusivo para

cada quartoatende atende atende atende atende atende 100

Barras de apoio no box em

todos os banheirosatende atende atende atende natildeo atende atende 83 17

Barras de apoio proacuteximas ao

vaso sanitaacuterioatende atende atende atende atende atende 100

Pia agrave entrada do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Pia dentro do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Sistema de chamada de

enfermagematende atende atende atende atende atende 100

Interruptor de luz acessiacutevel natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso em perfeitas condiccedilotildees

em todos os quartosatende natildeo atende natildeo atende atende atende natildeo atende 50 50

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em

todos os leitos atende natildeo atende atende

presente mas

faltam

lacircmpadas

natildeo atende natildeo atende 33 67

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente mas

natildeo funcionanatildeo atende

presente

mas natildeo

funciona

84 16

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os

quartos

atende atende atende natildeo atende atende atende 84 16

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem atende atende atende atende atende natildeo atende 84 16

Camas com grades em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas comtravas em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas eleacutetricas em todos os

leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Escada de 2 degraus

presente em todos os leitos

e com ponteira de borracha

natildeo atendenatildeo se

aplica

natildeo se

aplicanatildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Mobilaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartosnatildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

atende atende atende atende atende atende 100

41

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia estivesse presente em todas

elas natildeo funcionava

Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os

quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado a ocorrecircncia

de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados)

Os itens seguintes natildeo satildeo atendidos na maioria das unidades (67 cada) camas com

grades em todos os leitos camas com travas em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os

leitos e escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Os

quesitos alertam quanto ao fato de que 23 de todas as quedas notificadas ocorreram da cama

ou leito camas hospitalares altas sem ajuste de altura pois natildeo satildeo eleacutetricas sem travas e

sem escadas para auxiliar a saiacuteda do leito

A RDC nordm 50 (p44 ANEXO 1) recomenda que os quartos tenham dimensotildees miacutenimas

por leito (6 msup2) distacircncia entre os leitos (1 m) distacircncia entre peacute do leito e parede (12 m) e

entre leitos (05 m) Embora estabeleccedila que na pediatria e na geriatria devam ser previstos

espaccedilos para poltrona de acompanhante ao lado do leito e para berccedilo ao lado da cama da matildee

no caso de alojamento conjunto considera que as metragens quadradas permaneccedilam as

mesmas citadas na tabela

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (Vigilacircncia Sanitaacuteria) investiga se os

dormitoacuterios obedecem aos padrotildees estabelecidos pela legislaccedilatildeo vigente se haacute distacircncia

miacutenima entre dois leitos que permita a faacutecil circulaccedilatildeo sendo as respostas para estas questotildees

sim ou natildeo natildeo especificando dimensotildees

Considerando as recomendaccedilotildees da RDC nordm 50 as unidades estudadas atendem os

requisitos de dimensotildees miacutenimas para os quartos de 2 4 e 6 leitos Entretanto a referida RDC

natildeo considera o espaccedilo para a colocaccedilatildeo de outros mobiliaacuterios necessaacuterios ao atendimento e

conforto do paciente como mesa de cabeceira mesa de refeiccedilatildeo e poltrona para

posicionamento de pacientes Ao se dispor todos estes itens mesmo o ambiente atendendo as

recomendaccedilotildees de dimensotildees miacutenimas o espaccedilo torna-se reduzido dificultando a circulaccedilatildeo

de pacientes e profissionais sem esbarrarem nos mobiliaacuterios o que pode prejudicar seu

equiliacutebrio e propiciar a ocorrecircncia de quedas

As Figuras 8 e 9 trazem imagens da distribuiccedilatildeo tiacutepica dos mobiliaacuterios nos ambientes

de internaccedilatildeo das unidades estudadas que literalmente se acumulam deixando reduzido

espaccedilo para circulaccedilatildeo e natildeo atendendo agrave recomendaccedilatildeo de distacircncia entre o leito e a parede

42

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de

cabeceira e suporte de soro contiacuteguos

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

Quanto agraves instalaccedilotildees sanitaacuterias questionam se estatildeo no mesmo pavimento das

enfermarias e se haacute um chuveiro para cada seis leitos O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospital

Geral da Coordenaccedilatildeo de Fiscalizaccedilatildeo Sanitaacuteria do Estado do Rio de Janeiro quanto a

banheiro para pacientes fala de um para cada quarto ou enfermaria que deve ter acesso direto

a um banheiro podendo este servir no maacuteximo a 2 enfermarias Nem um dos dois roteiros de

vistoria acata a RDC nordm 50 (2002) que prevecirc banheiro para pacientes em cada quarto ou

enfermaria Novamente natildeo se estabelece dimensotildees

43

Para as unidades estudadas todos os quartos contam com banheiro privativo

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (ANEXO 2) indaga se os chuveiros estatildeo

instalados em box com dimensotildees internas compatiacuteveis com banho em posiccedilatildeo assentada e

dotados de aacutegua quente

Tais requisitos natildeo parecem suficientes pois como se observa na Figura 10 abaixo a

cadeira higiecircnica eacute robusta e ocupa praticamente todo o espaccedilo do box impossibilitando a

permanecircncia do profissional acompanhando ou executando a higienizaccedilatildeo do paciente Aleacutem

disso natildeo haacute cinto de seguranccedila que impeccedila o arremesso do tronco para frente

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box

As Figuras 11 e 12 exibem os mobiliaacuterios habituais disponibilizados para o

atendimento dos pacientes A mesa de refeiccedilatildeo tem apenas dois rodiacutezios e sem trava A mesa

de cabeceira embora com peacutes fixos eacute de metal e com cantos pontiagudos que ao se chocarem

com o corpo do paciente podem provocar ferimentos

44

A figura 13 mostra a presenccedila das barras de apoio proacuteximas dispostas nas laterais do

vaso sanitaacuterio permitindo o alcance do paciente caso seja necessaacuterio

Durante o transcorrer do estudo uma medida de melhoria implementada foi a

substituiccedilatildeo de todas as camas por eleacutetricas em duas das unidades aumentando para de 33

para 50 as aacutereas que atendem este quesito

Quatro outras unidades do hospital jaacute passaram por reformas planejadas pela

arquitetura hospitalar com adequaccedilatildeo do nuacutemero de leitos ao espaccedilo disponiacutevel piso

iluminaccedilatildeo sistema de chamada de emergecircncia e de enfermagem barras de apoio e assentos

fixos nos banheiros

Para as aacutereas estudadas apenas uma delas jaacute possui projeto para reforma

Figura 11 Mesa de refeiccedilatildeo Figura 12 Mesa de cabeceira

45

Figura 11 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio

dispostas proacuteximas nas laterais

46

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA

Este estudo teve como principal objetivo avaliar a estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo de um hospital puacuteblico buscando analisar se as mesmas cumpriam a legislaccedilatildeo

vigente visto que na literatura como pode-se observar durante esta dissertaccedilatildeo existem alguns

pontos essenciais para garantir a seguranccedila do paciente no que se refere ao risco de queda

Pode-se entender que a gestatildeo do risco de queda de pacientes internados dentre vaacuterios

fatores deve existir a preocupaccedilatildeo com a estrutura fiacutesica do ambiente hospitalar

A principal contribuiccedilatildeo praacutetica deste estudo foi apresentar essa relaccedilatildeo do risco de queda

pela estrutura fiacutesica hospitalar das unidades de internaccedilatildeo estudadas e propondo a inclusatildeo

nos protocolos de gestatildeo de queda dos pacientes internados dos hospitais o item de anaacutelise de

estrutura fiacutesica

Para fidelizar essa proposta criamos um instrumento de apoio para todos os hospitais

sejam puacuteblicos ou privados utilizarem facilitando a identificaccedilatildeo de possiacuteveis natildeo

conformidades neste quesito arquitetura hospitalar

Deixa-se aqui uma sugestatildeo embasada na literatura cientiacutefica e legislaccedilatildeo vigente dos

itens relacionados a estrutura fiacutesica que devem ser avaliados como fatores de risco de queda

(Figura 14)

Esta proposta busca nortear os gestores quanto agraves necessidades de incluir a gestatildeo do

risco de queda no planejamento de construccedilotildees e reformas de edificaccedilotildees destinadas a

prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no acircmbito hospitalar

Os profissionais de arquitetura e engenharia hospitalar devem ter conhecimento dos

mobiliaacuterios pretendidos para acomodaccedilatildeo e atendimento do paciente considerando suas

proporccedilotildees em relaccedilatildeo aos ambientes e o espaccedilo ocupado por cada peccedila computado no

caacutelculo das dimensotildees dos quartos por leito

Eacute necessaacuteria a constataccedilatildeo da presenccedila e funcionalidade de dispositivos de seguranccedila

como as grades travas e regulaccedilatildeo de altura das camas ou escadas que propiciem a saiacuteda

segura do leito

A iluminaccedilatildeo deveraacute ser avaliada quanto agrave presenccedila tipo funcionamento e

efetividade Dispositivos como interruptores de acionamento de iluminaccedilatildeo e sistemas de

chamada devem estar instalados de modo a propiciar o alcance do usuaacuterio

Outra questatildeo a ser considerada eacute a circulaccedilatildeo segura no ambiente de internaccedilatildeo

garantida pela integridade do piso e se eacute mantido seco ausecircncia de obstaacuteculos como cabos e

extensotildees nos quais o paciente possa tropeccedilar e perder o equiliacutebrio

47

Figura 12 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar

Itens para inspeccedilatildeo Recomendaccedilatildeo

dimensotildees miacutenimas por leitomobiliaacuterio 800 msup2

distacircncia entre leitos 100 m

distacircncia entrte a lateral do leito e parede 050 m

distacircncia entre o peacute do leito e parede 120 m

espaccedilo aproximado reservado para cama hospitalar 220 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de cabeceira 125 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de refeiccedilatildeo 032 msup2

espaccedilo aproximado reservado para poltrona 180 msup2

iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e funcionando

banheiro exclusivo para cada quarto

dimensotildees miacutenimas do box do banheiro 100 msup2

Barras de apoio no box em todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas a todos os vasos sanitaacuterios em todos os banheiros

Sistema de chamada de Enfermagem para cada leito e funcionando

Interruptor de luz acessiacutevel para cada leito e ao alcance do paciente

Piso em perfeitas condiccedilotildees em todos os quartos integridade do material que o constitui

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e funcionando com

acionador ao alcance do paciente

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos e funcionando

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem

acima das portas de cada quarto com sinal

luminoso e sonoro

Cama com grades em todos os leitos

Camas com travas nas rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas ou com ajuste de altura em todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em todos os leitos

Piso seco continuamente Fonte Autor

48

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES

O objetivo geral deste estudo foi avaliar a estrutura fiacutesica das unidades de internaccedilatildeo

de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital de grande porte e a sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

A RDC nordm 50 traz como recomendaccedilatildeo de dimensotildees miacutenimas para quarto de dois

leitos 7 msup2leito e 6msup2leito para quartos de 3 a 6 leitos Nas unidades estudadas predominam

os quartos de 24 e 6 leitos A distacircncia miacutenima entre leitos deve ser de 1m da lateral da cama

e parede 050m e entre o peacute do leito e parede 12m Em relaccedilatildeo agraves dimensotildees miacutenimas dos

quartos proporcional ao nuacutemero de leitos 100 das unidades estatildeo em conformidade com a

legislaccedilatildeo

Outros fatores relacionados agrave seguranccedila e prevenccedilatildeo de quedas satildeo os sistemas de

iluminaccedilatildeo que aleacutem de presentes devem funcionar e os valores de iluminacircncia serem

adequados para os diferentes objetivos conforme Norma Brasileira (NBR) 541392 Os

sistemas de chamada de enfermagem devem ter ser dispositivos iacutentegros e ao alcance do

paciente

A escolha do tipo de piso deve considerar a relaccedilatildeo do dano causado pela queda com

relaccedilatildeo agrave absorccedilatildeo do impacto poreacutem natildeo eacute item previsto pela legislaccedilatildeo vigente A

manutenccedilatildeo do piso seco eacute medida recomendada

A presenccedila de grades travas e altura das camas mostram-se como fatores de impacto

na reduccedilatildeo destes incidentes evidenciados em publicaccedilotildees especiacuteficas

Quanto ao objetivo especiacutefico da pesquisa identificaccedilatildeo das medidas de seguranccedila

existentes para prevenccedilatildeo de quedas concluiu-se que embora as dimensotildees estejam em

conformidade com as recomendaccedilotildees ao considerarmos os mobiliaacuterios que habitualmente

compotildeem a unidade do paciente temos a cama com dimensotildees aproximadas de 225 m de

comprimento e 100 de largura a mesa de cabeceira em meacutedia com 050 m de largura por

050m de comprimento mesa de refeiccedilatildeo com base de 040m de largura X 080m de

comprimento poltrona reclinaacutevel medindo 077m de largura por 165m de profundidade total

aberta A disposiccedilatildeo ambiental destes objetos ocupa aproximadamente 5 27 msup2 de aacuterea

restando somente 073m da aacuterea total do quarto disponiacutevel para circulaccedilatildeo do profissional que

presta cuidados aos pacientes De modo geral os quartos da instituiccedilatildeo possuem aacuterea em

torno de 14msup2 para dois leitos O comprimento da cama (225 m) acrescido da largura da

mesa de refeiccedilatildeo (040m situada aos peacutes da cama) somando 265 m eacute disposto na largura do

quarto (333m) restando 068 m do peacute do leito ateacute a parede (recomendado eacute de 120m) e

49

passagem No sentido do comprimento do quarto soma-se as larguras da cama (100 m) da

mesa de cabeceira (050 m) da poltrona (077 m) e a distacircncia da lateral do leito ateacute a parede

(050 m) distacircncia entre os leitos de 100 m resultando em 377 m do total de 418 m Se

outros itens forem necessaacuterios como escada de dois degraus quando natildeo haacute cama eleacutetrica

suporte de soro e cadeira para visitante haacute maior restriccedilatildeo de espaccedilo disponiacutevel propiciando

choques do usuaacuterio e profissionais contra suas estruturas

Outros quesitos em conformidade em 100 das unidades foram banheiros exclusivos

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistema de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo

O banheiro privativo possui dimensotildees em torno de 375 msup2 e a aacuterea destinada ao box

027 msup2 contudo cadeira higiecircnica ocupa cerca 025msup2 natildeo restando espaccedilo para que o

colaborador permaneccedila ao lado do paciente

Barras de apoio no box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os

quartos iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo

itens atendidos na maioria das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia

estivesse presente em todas elas natildeo funcionava em nenhum quarto A sinalizaccedilatildeo de

enfermagem funcionava em todos os quartos mas requer o pronto atendimento agraves chamadas

Em contrapartida os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades Ao sair do leito com as

luzes apagadas por natildeo conseguir acessar o interruptor o paciente fica sujeito aos obstaacuteculos

ocultos pela escuridatildeo Na vigecircncia de instabilidade da marcha eou alteraccedilotildees de equiliacutebrio o

apoio em moacuteveis com rodiacutezio e sem travas podem propiciar a concretizaccedilatildeo da queda

As camas eram de acionamento mecacircnico em quatro das seis unidades

impossibilitando o ajuste de altura e o apoio dos peacutes do paciente no chatildeo ao sair do leito As

escadas de dois degraus quando disponiacuteveis natildeo possuem barras laterais para apoio e natildeo

apresentam ponteiras de borracha proporcionando situaccedilatildeo de instabilidade A falta de cama

com grades em todos os leitos submete o paciente ao risco de queda do leito em inadvertidas

situaccedilotildees de rolamento sobre o colchatildeo durante o sono e em camas de altura muito superior a

que estatildeo habituados em seus domiciacutelios

Accedilotildees implementadas como a substituiccedilatildeo de camas mecacircnicas por eleacutetricas que

permitem o ajuste de altura providenciam uma soluccedilatildeo para a saiacuteda segura do paciente do

leito

50

A composiccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo deve ser considerada apenas

informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as organizaccedilotildees hospitalares utilizam os

espaccedilos disponiacuteveis A robustez de peccedilas de mobiliaacuterio compromete a circulaccedilatildeo o que pode

ser determinante especialmente em situaccedilotildees de atendimento de emergecircncia Tais

consideraccedilotildees apontam a necessidade de descritivos e especificaccedilotildees teacutecnicas que atendam

estas exigecircncias

Os resultados obtidos sugerem que a estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de

influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas desde que outros fatores ambientais

sejam considerados respondendo a questatildeo de pesquisa

Pesquisas adicionais satildeo necessaacuterias para que as recomendaccedilotildees sejam validadas em

organizaccedilotildees de sauacutede e populaccedilatildeo de caracteriacutesticas semelhantes permitindo aos gestores

intervenccedilotildees relacionadas agrave estrutura fiacutesica e ambiente que sejam eficazes na prevenccedilatildeo de

quedas

61 Limitaccedilotildees da Pesquisa

A abordagem qualitativa utilizando dados subjetivos podem levar a diversidade e

imprecisatildeo aleacutem da questatildeo da incerteza da exatidatildeo dos dados registrados nas notificaccedilotildees

dos eventos adversos (Valle 2013)

O observador pode ter criado impressotildees favoraacuteveis ou desfavoraacuteveis sobre o objeto

estudado (Mello amp Turrioni 2007)

O excesso de confianccedila do pesquisador e a certeza com relaccedilatildeo aos dados podem levar

agrave falta de observaccedilatildeo de aspectos diferentes sob enfoques diferentes aleacutem do seu

envolvimento com a situaccedilatildeo pesquisada Considera-se ainda como limitaccedilatildeo o fato do

estudo se ater a apenas um hospital e a escolha de amostra de conveniecircncia

Constituiu limitaccedilatildeo assumida desconsiderar para fins de anaacutelise neste estudo outros

fatores de risco de queda associados a uso de medicamentos alteraccedilotildees de mobilidade e

marcha uso de dispositivos e estado mental

51

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APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA

Unidades

Recomendaccedilatildeo A B C D E F G H I J

Dimensotildees quarto 1 leito

Dimensotildees quarto 2 leitos

Dimensotildees quarto 3 leitos

Dimensotildees quarto 4 leitos

Dimensotildees quarto 5 leitos

Dimensotildees quarto 6 leitos

Banheiro exclusivo para

cada quarto

Barras de apoio no box em

todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas

a todos os vasos sanitaacuterios

Pia agrave entrada do quarto

Pia dentro do quarto

Sistema de chamada de

Enfermagem

Interruptor de luz

acessiacutevel

Piso em perfeitas

condiccedilotildees em todos os

quartos

Iluminaccedilatildeo de cabeceira

em todos os leitos

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

Sinalizaccedilatildeo de

enfermagem

Cama com grades em

todos os leitos

Camas com travas nas

rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas em todos

os leitos

Escada de 2 degraus

presente e com borracha

nas extremidades em

todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em

todos os quartos

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

57

ANEXO 1

58

59

ANEXO 2

Page 7: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FÍSICA DAS …

RESUMO

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os perigos

do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos portanto o objetivo

desta dissertaccedilatildeo eacute avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e

ciruacutergica de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia

na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando as medidas de seguranccedila

existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas Trata-se de um estudo descritivoexploratoacuterio

tipo estudo de caso A teacutecnica de coleta de dados utilizada foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes e

das plantas das unidades Foram selecionadas seis unidades de internaccedilatildeo onde as quedas

foram mais frequentes no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 As noficaccedilotildees de 205 quedas

ocorridas neste periacuteodo foram analisadas para caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo Dos resultados a

idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 57 anos e natildeo houve diferenccedila entre

homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a ocorrecircncia foi de 14 dias

Houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo noturno (50) 43

ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando 67 das ocorrecircncias Das seis unidades

avaliadas 100 atendem os quesitos dimensotildees miacutenimas por quartoleito banheiro exclusivo

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistemas de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas

em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado agrave

ocorrecircncia de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados) Em 67 das

unidades natildeo havia camas com grades em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os leitos e

escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Conclui-se que a

estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas

desde que outros fatores ambientais sejam considerados Os instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo

devem ser compostos apenas com informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as

organizaccedilotildees hospitalares utilizam os espaccedilos disponiacuteveis Os descritivos e especificaccedilotildees

teacutecnicas de equipamentos e mobiliaacuterios devem ser atualizados e os serviccedilos de sauacutede devem

garantir o adequado funcionamento dos dispositivos e disponibilidade aos usuaacuterios

Palavras-chave gestatildeo de risco incidentes queda

ABSTRACT

We were understand the relationship between falls and environmental hazards is necessary to

identify the hazards of the environment that may influence the occurrence of these events The

aim of this work is to identify risks associated with the physical structure in patient units of

medical and surgical clinics of a public hospital in the city of Satildeo Paulo To evaluate the

influence in the fall of hospitalized patients identifying existing security measures providing

support for the design and construction phases of actions aimed at improving the management

of the risk of falling This is a descriptive study exploratory case study The technique of

data collection used was a survey through scripts characteristic being listed spaces for the

accommodation of patients and plant units We were selected 06 units in the period January-

June 2014The notifications was 205 falls during this period The results the average age of

individuals fall victims was 57 years and there was no difference between men and women

The mean time from admission until the occurrence was 14 days A predominance of falls

among men (59) and at night (50) 43 occurred in the fourth and 24 in the bathroom

totaling 67 of occurrences The 6 units assessed 100 meet the requirements that are

minimum dimensions per room bed exclusive bathroom for each room grab bars near the

toilet nurse call system and dry conditions in all rooms at the time of observation Grab bars

in the box in all bathrooms wake lighting in all rooms fluorescent general lighting in all

rooms and nursing signaling items are served in most units (84) The criteria light switch

accessible and furniture with trundle and locks in all rooms are not seen in 100 of the units

which may be related to the occurrence of falls at night (50 of reported incidents) In 67

of the units had not caged beds in all beds beds with locks on all beds electric beds on all

beds and stair steps in this 2 all beds and rubber tip It follows that the physical structure can

be evaluated as influential in determining the occurrence of falls from other environmental

factors are considered The scales should not be composed only with information about

dimensions but assess how hospital organizations use available space The descriptives and

technical specifications for equipment and furnishings should be updated and health services

should ensure the proper performance of devices and availability to users

Keywords risk management incidents fall

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 3

11 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO 3

12 PROBLEMA DE PESQUISA 7

13 QUESTAtildeO DE PESQUISA 10

14 OBJETIVOS 11

141Geral 11

142 Especiacuteficos 11

15 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA 11

16 ESTRUTURA DO TRABALHO 12

2REFERENCIAL TEOacuteRICO 13

21 GESTAtildeO DE RISCOS CORPORATIVOS 13

22 ANAacuteLISE DE RISCOS 15

23 QUEDAS 18

24 MATRIZ DE RISCO 21

25 FERRAMENTA DE ANAacuteLISE DO MODO E EFEITO DA FALHA (FMEA) 22

26 LEGISLACcedilAtildeO RELACIONADA Agrave VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA 24

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA 28

31 DELINEAMENTO DA PESQUISA 29

32 LOCAL DO ESTUDO 31

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS 31

34 PROCEDIMENTOS E ANAacuteLISE DE DADOS 34

35 ASPECTOS EacuteTICOS DA PESQUISA 34

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 36

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA 46

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES 48

61 LIMITACcedilOtildeES DA PESQUISA 50

REFEREcircNCIAS 51

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA 56

ANEXO 1 57

ANEXO 2 59

1

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

AHRQ Agency for Healthcare Research and Quality

CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de Pesquisa

COSO Committee of Sponsoring Organizations

CRM Clinical Risk Management

EA Eventos Adversos

EAS Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede

ERM Enterprise Risk Management

FERMA Federation of European Risk Management Associations

FMEA Failure Modes and Effects Analysis

GM Gabinete do Ministro

HFMEA Healthcare Failure Modes and Effects Analysis

IS Sinalizaccedilatildeo de Enfermagem

ISO International Organization for Standardization

JCAHO Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations

MS Ministeacuterio da Sauacutede

NAPSA National Patient Safety Agency

NBR Normas Brasileiras

NCPS National Center for Patient Safety

NHS National Health Service

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

RC Responsabilidade Civil

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RNAO Registered Nurses Association of Ontario

RPN Risk Prority Number (Nuacutemero de Prioridade de Risco)

SIH Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VHA Veretans Health Administrtion

VISA Vigilacircncia Sanitaacuteria

2

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos 22

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA 24

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA 24

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS 26

Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000) 28

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa 29

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo 33

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de 42

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

42

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box 43

Figura 13 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio dispostas proacuteximas nas laterais 45

Figura 14 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar 47

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um Hospital

Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil 8

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no

periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 37

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde

predominaram os eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 39

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades

visitadas 2014 Satildeo Paulo Brasil 40

3

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Contextualizaccedilatildeo

O homem como indiviacuteduo ou como parte de organizaccedilotildees sempre esteve agrave procura de

formas de identificar os riscos que ameaccedilam sua existecircncia Nas sociedades primitivas de

cultura agraacuteria a produccedilatildeo atendia apenas suas necessidades imediatas logo a perda de uma

colheita significava desastre certo Organizadas como economias industriais sociedades e

indiviacuteduos seguem tentando compreender e antecipar os riscos que os ameaccedilam procurando

preservar seus bens valiosos (McCaffrey amp Hagg-Rckert 2009)

Risco eacute definido como o efeito da incerteza nos objetivos da organizaccedilatildeo sendo o

efeito um desvio em relaccedilatildeo ao esperado seja ele positivo ou negativo A incerteza eacute ldquoo

estado mesmo que parcial da deficiecircncia das informaccedilotildees relacionadas a um evento sua

compreensatildeo conhecimento sua consequecircncia e a probabilidade de ocorrecircncia associadardquo

(ABNT 2009)

A gestatildeo de risco eacute uma forma de reconhecer que os eventos podem levar a danos e

prevecirc a avaliaccedilatildeo e anaacutelise dos riscos de forma a minimizar sua ocorrecircncia e consequecircncias

Considerar um risco toleraacutevel natildeo significa aceita-lo mas conviver com ele confiando que

estaacute devidamente controlado Nenhuma pessoa deve ser exposta a risco grave a menos que

concorde em aceitaacute-lo (National Health Service - NHS 2008)

A gestatildeo de risco prevecirc a realizaccedilatildeo de ldquoatividades coordenadas para dirigir e controlar

uma organizaccedilatildeo no que se refere ao risco (ABNT 2009)

O Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission COSO

2007 (Comitecirc de Organizaccedilotildees Patrocinadoras do Comeacutercio) eacute uma iniciativa conjunta de

cinco organizaccedilotildees do setor privado e eacute dedicado a fornecer lideranccedila de pensamento atraveacutes

do desenvolvimento de quadros e orientaccedilatildeo sobre gerenciamento de riscos corporativos

controles internos e de dissuasatildeo de fraude As organizaccedilotildees reconhecem e direcionam seus

esforccedilos para a necessidade de se desenvolver uma estrateacutegia capaz de identificar avaliar e

administrar os riscos Nesta perspectiva o gerenciamento de riscos corporativos eacute definido

como um processo conduzido pela organizaccedilatildeo envolvendo o conselho administrativo

diretoria e demais empregados com o objetivo de estabelecer estrateacutegias para identificar

eventos em potencial que podem afetaacute-la administrando os riscos e possibilitando o alcance

de seus objetivos O evento eacute um incidente ou uma ocorrecircncia de causa interna ou externa

4

que pode afetar a realizaccedilatildeo dos objetivos da organizaccedilatildeo O risco eacute a possibilidade de um

evento ocorrer e afetar negativamente a realizaccedilatildeo destes objetivos

A administraccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo natildeo pode prever quando e como ocorreraacute um

evento e o impacto que causaraacute entretanto deve ser capaz de avaliar os riscos de sua

ocorrecircncia Os eventos podem estar relacionados a infraestrutura (disponibilidade de bens

acesso ao capital complexidade) a pessoal (capacidade dos empregados sauacutede e seguranccedila

atividades fraudulentas) a processos (capacidade desenho execuccedilatildeo) ou agrave tecnologia

(integridade de dados disponibilidade de dados e sistemas desenvolvimento alocaccedilatildeo

manutenccedilatildeo) (COSO 2007)

Apoacutes a avaliaccedilatildeo dos riscos pertinentes agraves atividades desenvolvidas eacute necessaacuterio

determinar como a organizaccedilatildeo responderaacute ao risco avaliando seu efeito e impacto custos e

benefiacutecios mantendo-se dentro da toleracircncia estabelecida As respostas da organizaccedilatildeo aos

riscos podem ser de evitaacute-los decidindo descontinuar as atividades que geram riscos A

posiccedilatildeo da organizaccedilatildeo pode ser de reduzir a probabilidade e impacto dos riscos ou ainda de

compartilhamento de uma parte do risco com a aquisiccedilatildeo de produtos de seguro a realizaccedilatildeo

de transaccedilotildees de heading ou a terceirizaccedilatildeo de uma atividade A resposta da organizaccedilatildeo pode

ser aceitaccedilatildeo do risco natildeo adotando nenhuma medida para afetar o grau de impacto dos riscos

(COSO 2007)

O ponto central de uma boa gestatildeo de riscos eacute a identificaccedilatildeo e tratamento dos

mesmos Todos os riscos inerentes agraves atividades da organizaccedilatildeo devem ser metodicamente

avaliados Os riscos podem ter origem em fatores internos e externos riscos financeiros

(creacutedito taxas de juros diferenccedilas cambiais fluxo de caixa e liquidez sistemas de controle

financeiros e sistemas de informaccedilatildeo) riscos estrateacutegicos (concorrecircncia alteraccedilotildees no

consumo alteraccedilotildees da atividade de procura investigaccedilatildeo amp desenvolvimento e capital

intelectual) riscos operacionais (recrutamento cadeia de abastecimento regulamentaccedilotildees

cultura composiccedilatildeo da gestatildeo do topo da organizaccedilatildeo) e perigos (acesso puacuteblico

empregados propriedade bens e serviccedilos contratos eventos naturais fornecedores meio

ambiente (Federation of European Risk Management Associations [FERMA] 2002)

Como os eventos satildeo inesperados as organizaccedilotildees devem implementar accedilotildees para a

reduccedilatildeo do risco gerindo ou controlando qualquer dano futuro ou probabilidade de dano

associado a um incidente Estas accedilotildees abrangem a detecccedilatildeo de fatores atenuantes do dano ou

accedilotildees de melhoria e podem ser proativas ou reativas Accedilotildees proativas podem ser teacutecnicas

como a anaacutelise de modos e efeitos de falha e anaacutelise de probabilidades de risco As ldquoaccedilotildees

5

reativas satildeo as desenvolvidas em resposta a conhecimentos adquiridos apoacutes a ocorrecircncia de

incidentes (por exemplo anaacutelise das causas)rdquo (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede [OMS] 2009)

O termo ldquocultura de seguranccedilardquo apareceu pela primeira vez apoacutes o acidente nuclear de

Chernobyl em 1988 e foi disseminado a vaacuterias induacutestrias com o intuito de melhorar a

seguranccedila e a confiabilidade das organizaccedilotildees Entretanto a extrapolaccedilatildeo para a sauacutede eacute

recente e ainda natildeo haacute consenso nos estudos sobre a forma como a seguranccedila do paciente

deve ser construiacuteda O primeiro passo para as organizaccedilotildees de sauacutede melhorarem a cultura de

seguranccedila eacute definir claramente o conceito fazendo diagnoacutestico do status atual em sua

empresa identificando pontos fortes e fracos para melhores informaccedilotildees e estrateacutegias de accedilatildeo

(Halligan amp Zecevic 2011)

Os hospitais como organizaccedilotildees de alto risco tecircm uma permanente preocupaccedilatildeo em

gerenciar o inesperado A medicina moderna tornou o atendimento cada vez mais complexo

resultando em maiores oportunidades para melhoria dos cuidados mas aumentando o risco de

eventos adversos e danos ao paciente (Briner Kessler amp Manser 2010)

O Processo de Gestatildeo de Risco incorporou-se ao setor da sauacutede nos Estados Unidos haacute

cerca de 30 anos com o objetivo de proteger as organizaccedilotildees de sauacutede contra as perdas

inicialmente atraveacutes da ldquocontrataccedilatildeo de seguros de responsabilidade civil para cobrir

consequecircncias econocircmicas das accedilotildees e processos por maacute praacuteticardquo movidas contra

profissionais eou hospitais Entretanto atualmente a Gestatildeo de risco tornou-se um programa

que visa agrave construccedilatildeo de normas preventivas corretivas e contingentes identificando

mapeando e monitorando os riscos ldquocom foco no processo de trabalho e na contiacutenua reduccedilatildeo

dos danos e perdasrdquo (Feldman 2009a p27 28)

Como os riscos associados agrave assistecircncia natildeo podem ser completamente eliminados o

conceito de Gestatildeo de Risco Cliacutenico (Clinical Risk Management - CRM) surgiu como uma

forma de direcionar os recursos hospitalares para melhorar a seguranccedila do paciente A Gestatildeo

de Risco Cliacutenico refere-se a uma forma especiacutefica de gestatildeo de risco com foco em processos

cliacutenicos direta e indiretamente relacionados ao paciente Compreende todas as estruturas

processos instrumentos e atividades que permitam aos profissionais identificar analisar

controlar e gerenciar os riscos ao fornecer tratamento cliacutenico e assistecircncia ao paciente Os

hospitais realizam uma variedade de atividades para promover a seguranccedila do paciente mas

natildeo o fazem de forma sistemaacutetica como gerenciamento de risco cliacutenico com o objetivo de

alcanccedilar a melhora dos serviccedilos e dos atendimentos meacutedicos (Briner Kessler amp Manser

2010)

6

As falhas satildeo a maior ameaccedila agrave seguranccedila dos pacientes pois os profissionais

automatizam comportamentos e os erros acontecem no meio de accedilotildees que jaacute realizamos

milhares de vezes o que eacute ignorado pelos sistemas de sauacutede e seus responsaacuteveis Criar uma

cultura de seguranccedila do paciente exige praacutetica alicerccedilada em evidecircncias cientiacuteficas sobre o

que funciona ou natildeo comunicaccedilatildeo dos resultados das mudanccedilas efetuadas a todos os

envolvidos e reavaliaccedilatildeo permanente do conjunto (Carneiro 2010)

Embora a gestatildeo de risco considere os riscos sob as perspectivas positivas (quando as

consequecircncias dos eventos constituem oportunidades para se obter vantagens) ou negativas

(quando constituem ameaccedilas ao sucesso) em se tratando de sauacutede e seguranccedila do paciente ldquoeacute

quase um dado adquirido que as consequecircncias satildeo apenas negativasrdquo devendo os esforccedilos

serem concentrados na prevenccedilatildeo ou diminuiccedilatildeo do dano (FERMA 2002 p3)

Nos Estados Unidos o programa da ldquoAgency for Healthcare Research and Qualityrdquo ndash

AHRQ ndash (Agecircncia de Pesquisa de Qualidade em Sauacutede) conduz e apoia a investigaccedilatildeo para a

construccedilatildeo de conhecimentos sobre seguranccedila do paciente e melhoria da qualidade

incentivando o investimento no aumento das capacitaccedilotildees de profissionais de sauacutede

divulgando os benefiacutecios de novos procedimentos mas os alertando dos riscos inerentes a eles

(Feldman 2009a)

Um estudo exploratoacuterio com pacientes internados em dois hospitais puacuteblicos de ensino

do Estado do Rio de Janeiro analisou uma amostra aleatoacuteria de 622 prontuaacuterios no ano de

2003 verificando que 583 pacientes natildeo sofreram Eventos Adversos (EA) (937) contra 39

(63) que sofreram Dos EA ocorridos 641 foram considerados evitaacuteveis quando

analisados por meacutedico revisor Os pacientes com EA apresentaram tempo meacutedio de

permanecircncia no hospital de 283 dias superior ao observado nos pacientes sem EA Os EA

implicaram no gasto de R$ 121236330 o que representou 27 do valor total de reembolso

recebido pelo total de internaccedilotildees realizadas em 2003 (Porto Martins Mendes amp Travassos

2010)

Quedas satildeo eventos comuns em ambiente hospitalar que tecircm como consequecircncia

lesotildees aumento do tempo de internaccedilatildeo aleacutem da questatildeo de responsabilidade legal

A Responsabilidade Civil (RC) ldquoimplica em reparar indenizar ou ressarcir pelo dano

causado a algueacutemrdquo e se decorrente do exerciacutecio profissional estende-se a qualquer

trabalhador envolvido na atividade ou prestaccedilatildeo de serviccedilos Portanto eacute necessaacuteria a

identificaccedilatildeo de falhas de cada processo de cuja execuccedilatildeo possam advir ldquodano estrago

7

detrimento ou prejuiacutezo ao paciente famiacutelia usuaacuterio profissional ou comunidaderdquo (Feldman

2010 a p 135)

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor 1990 em seu artigo 14 paraacutegrafo 1ordm determina

que

ldquoO serviccedilo eacute defeituoso quando natildeo fornece a seguranccedila que o consumidor

dele pode esperar levando-se em consideraccedilatildeo as circunstacircncias relevantes

entre as quais o modo de seu fornecimento o resultado e os riscos que

razoavelmente dele se esperam a eacutepoca em que foi fornecidordquo

12 Problema de Pesquisa

Um evento adverso eacute qualquer evento ou circunstacircncia involuntaacuteria que conduz a dano

ou sofrimento Incidente eacute um tipo especiacutefico de evento adverso eacute imprevisto ou inesperado e

pode prejudicar um ou mais pacientes que recebam cuidados de sauacutede (National Patient

Safety Agency [NPSA] 2008)

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede na Estrutura Conceitual da Classificaccedilatildeo

Internacional para a Seguranccedila do Paciente (ldquoThe Conceptual Framework for International

Classification for Patient Safetyrdquo) 2009 define a seguranccedila do paciente como a ldquoreduccedilatildeo do

risco de danos desnecessaacuterios relacionados aos cuidados de sauacutede para um miacutenimo

aceitaacutevelrdquo sendo aceitaacutevel o que diz respeito ao consenso diante dos recursos atualmente

disponiacuteveis do estado da arte do conhecimento do contexto em que a prestaccedilatildeo de cuidados

acontece e do custo benefiacutecio face a natildeo implementaccedilatildeo de um tratamento (OMS 2009 p

21)

Um estudo incluindo internaccedilotildees de adultos em cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas no Brasil

em 2007 utilizando como fonte de informaccedilatildeo o Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares (SIH)

mostrou frequecircncia de 36 potenciais resultados adversos por 1000 internaccedilotildees alertando esta

alta frequecircncia para a necessidade de se implementar estrateacutegias para monitorar tais

ocorrecircncias e identificar as melhorias necessaacuterias para garantir a seguranccedila do paciente em

ambiente hospitalar (Dias Martins amp Navarro 2012)

Feldman (2009b p 118) define risco assistencial como aquele que ldquoeacute proveniente das

situaccedilotildees que envolvem a dinacircmica dos cuidados durante a internaccedilatildeo ou periacuteodo de

permanecircncia do cliente no hospitalrdquo

As quedas de pacientes permanecem entre os eventos adversos mais relatados em

instituiccedilotildees de cuidados agudos resultando em morbidade mortalidade e medo de sofrer uma

nova queda Satildeo exemplos de situaccedilotildees notificadas no ambiente hospitalar relacionadas a

quedas

8

ldquoacidente com queda do paciente ao se apoiar na mesa de suporte para

alimentaccedilatildeo causando ferimento no braccedilo direito na altura do cotovelo

Queda no corredor do hospital em uma rampa com pouca inclinaccedilatildeo devido

ao piso estar molhado pela chuva Causou fratura no cotovelo esquerdo

levando o usuaacuterio agrave cirurgia A paciente caiu da poltrona individual ao se

esticar para pegar o telefone que estava sobre a mesa A queda causou

ferimento no joelho com hematomardquo (Feldman 2009b p129)

A Tabela 1 mostra os resultados de estudo realizado por Carneiro et al 2010 em um

periacuteodo de quatro anos em Goiacircnia

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um

Hospital Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil

Eventos Adversos N

Retirada de sondas drenos e cateteres 162 6136

Quedas 49 1856

Processos aleacutergicos 14 530

Evasatildeo 14 530

Uacutelcera por pressatildeo 13 492

Erros de Medicaccedilatildeo 7 265

Procedimentos meacutedicos 3 114

Hemoderivados 1 038

Queimaduras 1 038

Total 264 1000

Fonte Adaptado de Carneiro Bezerra Camargo e Silva Paranaguaacute amp Branquinho 2010

Morse em 1997 identificou trecircs classificaccedilotildees para as quedas de pacientes acidentais

(paciente tropeccedila ou escorrega em decorrecircncia de algum perigo ambiental como por exemplo

piso molhado) antecedentes fisioloacutegicos (quedas em pessoas consideradas com risco de cair)

quedas fisiologicamente inesperadas (quedas atribuiacutedas a fatores fisioloacutegicos que natildeo podem

ser previstas antes que ocorram) (Hendrich Bender amp Nyhuis 2003)

Decesaro amp Padilha (2002) conduziram um estudo em que coletaram dados em 12

Unidades de Terapia Intensiva (UTI) sendo 9 gerais e 3 especializadas de 8 instituiccedilotildees dos

municiacutepios de Londrina e Maringaacute A populaccedilatildeo foi constituiacuteda de 91 profissionais de

enfermagem que relataram um ou mais incidentes relativos a queda de pacientes durante a

internaccedilatildeo na UTI Os autores identificaram que 367 das situaccedilotildees estudadas natildeo

trouxeram nenhuma consequecircncia identificaacutevel para o paciente entretanto em 633

9

resultaram em uma ou mais consequecircncias imediatas para o paciente O maior percentual

estava relacionado a traumas teciduais resultando em contusotildees hematomas fraturas lesotildees

tissulares com e sem necessidade de sutura edema e sangramentos

Em um estudo conduzido entre janeiro de 1999 e dezembro de 2003 em um hospital

puacuteblico de ensino em Zurique Suiacuteccedila a taxa global de queda foi de 89 quedas por 1000

pacientes dia (Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006)

Outros estudos realizados com dados coletados de 826 boletins de notificaccedilatildeo de

eventos adversos em um hospital universitaacuterio terciaacuterio mostraram 80 registros relacionados a

quedas (107) no periacuteodo estudado de 30 meses implicando em 26 quedas por mecircs As

quedas do leito foram as mais frequentes (55) predominando nas enfermarias de

Neurologia (227) cliacutenica meacutedica (204) e moleacutestias infecciosas e parasitaacuterias (182)

As quedas da proacutepria altura corresponderam a 388 e ocorreram em maior nuacutemero na cliacutenica

meacutedica (387) e cirurgia gastroenteroloacutegica (129) As quedas de cadeiras foram as menos

frequentes (62) No periacuteodo noturno as quedas ocorreram com maior frequecircncia (637)

nos primeiros cinco dias de admissatildeo (617) e entre os indiviacuteduos do sexo masculino

(575) (Paiva Paiva Berti amp Campana 2010)

Utilizando uma ferramenta avaliativa para analisar uma Instituiccedilatildeo de Longa

Permanecircncia de Idosos do Rio Grande do Sul foi conduzido um estudo com o intuito de

identificar acertos e dificuldades da realidade encontrada envolvendo os eventos relacionados

a quedas Verificou-se que os pisos internos e externos natildeo possuiacuteam revestimentos

antiderrapantes e as escadas natildeo apresentavam sinalizaccedilatildeo Os dormitoacuterios eram coletivos e os

banheiros situavam-se no corredor e eram escuros tornando difiacutecil o acesso noturno Os

banheiros natildeo permitiam a entrada de cadeiras de rodas e natildeo possuiacuteam em sua totalidade

barras de seguranccedila junto ao vaso sanitaacuterio o vatildeo livre na parte inferior das portas tinha

medida inferior a 20 cm e os pisos apresentavam desniacuteveis Observou-se aglomeraccedilatildeo de

objetos decorativos tapetes sofaacutes que obstruiacuteam a livre circulaccedilatildeo do idoso podendo se

tornar risco para quedas (Feliciani Santos amp Valcarenghi 2011)

Conduzido em um hospital universitaacuterio de Goiacircnia que faz parte da Rede Hospitais

Sentinelas um estudo documental retrospectivo em uma cliacutenica ciruacutergica utilizou dados

referentes a eventos adversos registrados no livro de anotaccedilotildees de enfermagem entre janeiro

de 2005 e dezembro de 2009 mostrou que as quedas representaram 1856 (49 quedas) do

total de eventos 7551 das quedas ocorreram do leito 124 da proacutepria altura 1020 no

banheiro e 204 da maca (Carneiro et al 2011)

10

Saraiva (2008 apud Almeida Abreu amp Mendes 2010 p 165) destaca que fatores

extriacutensecos de quedas ldquorelacionados com fatores ambientais reuacutenem uma seacuterie de

caracteriacutesticas inadequadas dos espaccedilos mobiliaacuterio e iluminaccedilatildeo existecircncia de obstaacuteculos no

meio envolvente ausecircncia ou inadequaccedilatildeo de ajudas teacutecnicas vestuaacuterio inadequado entre

outrosrdquo

Embora nem todas as quedas estejam associadas a fatores ambientais natildeo haacute como

desvinculaacute-los desses eventos devendo-se buscar na legislaccedilatildeo relacionada os subsiacutedios

necessaacuterios para a respectiva anaacutelise

ldquoAs principais normas norteadoras das edificaccedilotildees dos Estabelecimentos de Assistecircncia agrave Sauacutede no Brasil satildeo do Ministeacuterio da Sauacutede atraveacutes da RDC nordm 50 de

21 de fevereiro de 2002 aleacutem de algumas normas que devem ser aprovadas junto a

Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (Anvisa) e agrave ABNTrdquo (Associaccedilatildeo Brasileira

de Normas Teacutecnicas) (Sistema Referecircncia Acadecircmica 2010 p 1)

13 Questatildeo de Pesquisa

Considerando que a gestatildeo de riscos em uma organizaccedilatildeo prevecirc que as atividades

sejam coordenadas em um processo de busca reconhecimento e descriccedilatildeo de riscos a

identificaccedilatildeo das fontes de risco eventos suas causas e consequecircncias natildeo pode preterir

qualquer aspecto relacionado

As atividades de prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede apresentam inuacutemeros riscos inerentes

ao proacuteprio desempenho de procedimentos e dos diferentes locais onde tais serviccedilos satildeo

oferecidos incluindo instalaccedilotildees mobiliaacuterios e equipamentos

Levando-se em conta as recomendaccedilotildees feitas pela legislaccedilatildeo e literatura relacionadas

este trabalho tem como objetivo identificar se a atual situaccedilatildeo das unidades de internaccedilatildeo de

cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo

Paulo pode influenciar na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando os

riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica as medidas de seguranccedila existentes para

fornecer subsiacutedios para as fases de projeto e construccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave melhoria da

gestatildeo do risco de queda nas unidades estudadas

Desta forma a questatildeo de pesquisa deste estudo eacute como a estrutura fiacutesica das

unidades de internaccedilatildeo de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande

porte do municiacutepio de Satildeo Paulo pode influenciar a ocorrecircncia de quedas de pacientes

internados

11

14 Objetivos

141Geral

Avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica de um

hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

142 Especiacuteficos

Identificar os riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica a que fica exposta a

populaccedilatildeo internada nas cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas

Identificar as medidas de seguranccedila existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas

Propor um instrumento para apoio a anaacutelise da estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo hospitalar com foco no gerenciamento do risco de queda

15 Justificativa para Estudo do Tema

Os estudos realizados sobre quedas em sua maioria caracterizam a populaccedilatildeo

envolvida neste evento quanto agrave idade sexo medicamentos utilizados local de ocorrecircncia Haacute

uma lacuna na literatura na identificaccedilatildeo dos fatores ambientais e equipamentosmobiliaacuterios

relacionados agrave queda no ambiente hospitalar Esta carecircncia pode ser devida a jaacute estabelecida

correlaccedilatildeo de outros fatores de risco bem definidos em populaccedilotildees especiacuteficas Entretanto

considerando que qualquer indiviacuteduo estaacute sujeito a este evento mesmo sem associaccedilatildeo a tais

fatores pode ser valoroso identificar se haacute riscos ambientais relacionados sobre os quais se

pode intervir

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os

perigos do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos Uma revisatildeo

de estudos realizados sobre quedas e ambiente fiacutesico concluiu que as quedas satildeo resultado da

interaccedilatildeo do estado do indiviacuteduo com o ambiente fiacutesico mas consideram razoaacutevel concluir

que mudanccedilas no meio ambiente oferecem abordagem promissora para a prevenccedilatildeo de

quedas especialmente quando associadas a outras intervenccedilotildees como programas de

exerciacutecios e educacionais (Feldman amp Chaudhury 2008)

12

Os dados referentes aos perigos ambientais que podem estar associados a

probabilidades de quedas satildeo insuficientes no que se refere a pacientes idosos hospitalizados

Entretanto em casas de repouso as quedas atribuiacutedas a fatores ambientais satildeo de 273 nesta

populaccedilatildeo (Registered Nurses Association of Ontaacuterio - RNAO 2005)

Na instituiccedilatildeo onde foi realizada a pesquisa as notificaccedilotildees de quedas de janeiro a

junho de 2014 somaram 205 eventos mostrando uma predominacircncia de ocorrecircncias em aacutereas

envolvendo a unidade reservada agrave internaccedilatildeo do paciente (quarto e banheiro) A

predominacircncia de tais quedas nestes locais levou agrave investigaccedilatildeo da influecircncia ambiental sobre

estes eventos

Estudos mostram uma maior frequecircncia de quedas entre indiviacuteduos idosos como o

estudo retrospectivo realizado em um hospital da grande Lisboa entre junho de 2008 e

dezembro de 2010 a anaacutelise de 214 de episoacutedios de quedas notificados (190 doentes) os

resultados demonstraram que os doentes com notificaccedilatildeo de incidente de queda tinham em

meacutedia 75 anos e apenas 6 dos indiviacuteduos tinham idade le 49 anos (Costa-Dias Oliveira

Moreira Santos Martins amp Arauacutejo 2013)

Segundo Saraiva et al (2008 apud Almeida Abreu ampMendes 2010 p 168) ldquoo risco

de queda aumenta linearmente como o nuacutemero de fatores de riscordquo o que sugere que se os

fatores de risco forem eliminados a probabilidade de ocorrecircncia de quedas pode diminuir

Como nem todos os fatores de risco podem ser eliminados por serem intriacutensecos ao

paciente medidas proativas de prevenccedilatildeo voltadas aos fatores extriacutensecos como o ambiente

podem significar uma valorosa estrateacutegia

Este estudo trouxe subsiacutedios para que se proponham medidas de seguranccedila associadas

agrave estrutura fiacutesica por excelecircncia visando a prevenccedilatildeo de queda em pacientes internados

16 Estrutura do Trabalho

Quanto agrave forma esta dissertaccedilatildeo estaacute estruturada em cinco capiacutetulos

O capiacutetulo um traz a contextualizaccedilatildeo com os pressupostos da aacuterea de conhecimento

relacionados ao gerenciamento de risco evento adverso e seu impacto na assistecircncia prestada

pelos serviccedilos de sauacutede a problematizaccedilatildeo mostra a inquietaccedilatildeo quanto aos fatores de risco

ambientais para ocorrecircncia de queda de pacientes no periacuteodo de internaccedilatildeo hospitalar Satildeo

estabelecidos a questatildeo de pesquisa objetivos geral e especiacuteficos a justificativa para o

desenvolvimento do estudo e a estrutura da dissertaccedilatildeo

13

No capiacutetulo dois o autor apresenta a Revisatildeo Bibliograacutefica com as bases teoacutericas e

evidecircncias existentes concebendo os polos gestatildeo de risco corporativo anaacutelise de risco

matriz de risco e legislaccedilatildeo relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

O capiacutetulo trecircs detalha os procedimentos metodoloacutegicos utilizados durante a pesquisa

com ecircnfase para o desenvolvimento do projeto de pesquisa

O quarto capiacutetulo apresenta os resultados obtidos e uma discussatildeo sob a oacuteptica da

literatura pertinente

O capiacutetulo cinco expressa as conclusotildees da pesquisa embasadas pela teoria correlata e

as recomendaccedilotildees

2REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Gestatildeo de Riscos Corporativos

O gerenciamento de riscos corporativos (Enterprise Risk Management ndash ERM) eacute o

gerenciamento de riscos dentro da organizaccedilatildeo O processo de gerenciamento de riscos deve

estar integrado agrave gestatildeo da organizaccedilatildeo identificando os riscos significativos aos seus

14

negoacutecios A estrutura do gerenciamento de riscos compreende os componentes e a

organizaccedilatildeo do gerenciamento de riscos dentro de uma empresa (MacLeod MacDonald

Ybarra Sorlie Foster amp Stokka 2013)

O gerenciamento de risco corporativo compreende um processo contiacutenuo conduzido

pelos profissionais em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo que inclui a identificaccedilatildeo de todos os

riscos que a estaacute exposta a organizaccedilatildeo indicando eventos que podem afetaacute-la aleacutem daqueles

que podem ser gerenciados propiciando garantia razoaacutevel agrave administraccedilatildeo e deve estar

orientado para a realizaccedilatildeo dos objetivos propostos Os objetivos satildeo classificados em quatro

categorias estrateacutegicos relacionados agraves metas gerais alinhadas agrave missatildeo da organizaccedilatildeo de

operaccedilotildees que diz respeito agrave utilizaccedilatildeo eficaz e eficiente dos recursos comunicaccedilatildeo referente

agrave confiabilidade de relatoacuterios e conformidade alusivos ao cumprimento de leis e

regulamentos aplicaacuteveis (COSO 2007)

O gerenciamento de risco corporativo considera o ambiente interno ou seja como a

organizaccedilatildeo identifica os riscos a forma de abordagem dos seus colaboradores seu apetite a

riscos e a filosofia do gerenciamento de risco Os objetivos fixados devem propiciar suporte e

estar alinhados com a missatildeo da organizaccedilatildeo e serem compatiacuteveis com seu apetite a riscos Eacute

necessaacuterio identificar os eventos que podem influenciar o alcance dos objetivos estabelecidos

Os riscos devem ser avaliados e analisados considerando a probabilidade e impacto

direcionando a forma como deveraacute ser abordado qual seraacute a resposta ao risco desenvolvendo

uma seacuterie de medidas para alinhar os riscos com a toleracircncia e com o apetite a risco As

atividades de controle estabelecem procedimentos e poliacuteticas que garantam que as atividades

de respostas aos riscos sejam executadas de forma eficaz Informaccedilotildees e a comunicaccedilatildeo eficaz

devem permear todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo com conteuacutedo apropriado informaccedilotildees

oportunas atuais exatas e de faacutecil acesso O monitoramento deve garantir a manutenccedilatildeo da

integridade do gerenciamento de risco e que as modificaccedilotildees necessaacuterias seratildeo implementadas

(COSO 2007)

Uma organizaccedilatildeo para melhorar sua abordagem em relaccedilatildeo ao gerenciamento de

risco deve partir de uma anaacutelise de seu processo e sistema atuais quanto agrave abordagem de

todos os componentes avaliando as atividades desenvolvidas pois a ausecircncia de qualquer

deles implica que o gerenciamento de risco eacute ineficaz O monitoramento contiacutenuo do processo

de gerenciamento de risco corporativo deve ser incorporado agraves atividades operacionais

normais e recorrentes da empresa com avaliaccedilotildees perioacutedicas e classificaccedilatildeo de riscos

permitindo que os problemas sejam identificados mais rapidamente (MacLeod et al 2013)

15

Entretanto o gerenciamento de riscos corporativos natildeo assegura que a organizaccedilatildeo

natildeo fracassaraacute no alcance de seus objetivos pois o risco estaacute relacionado ao futuro que eacute

incerto alguns eventos estatildeo aleacutem do controle da administraccedilatildeo e nenhum processo nunca

executaraacute exatamente o que foi previsto A eficaacutecia do gerenciamento de risco sofre

limitaccedilotildees da fraqueza humana pois as decisotildees devem ser tomadas utilizando julgamento

humano tendo como base as informaccedilotildees disponiacuteveis e sofrendo as pressotildees de conduzir um

negoacutecio da falta de adequado entendimento das instruccedilotildees pelos empregados o que pode

levar a erros de julgamento das mudanccedilas no sistema que forem introduzidas antes que o

pessoal tenha sido treinado adequadamente do esquecimento ou execuccedilatildeo incorreta de tarefas

por empregados temporaacuterios pode haver indiviacuteduos que atuem para impedir que o processo

de gestatildeo de riscos corporativos identifiquem as alteraccedilotildees existentes da limitaccedilatildeo de

recursos e a proacutepria direccedilatildeo da organizaccedilatildeo que pode neutralizar poliacuteticas ou procedimentos

recomendados com fins ilegiacutetimos (COSO 2007)

22 Anaacutelise de Riscos

A gestatildeo de riscos eacute um processo contiacutenuo que as organizaccedilotildees utilizam para analisar

metodicamente os riscos inerentes agraves suas atividades processo que deve estar incorporado agrave

cultura organizacional com responsabilidades atribuiacutedas em todos os niacuteveis constando das

descriccedilotildees das funccedilotildees Os ldquoproprietaacuteriosrdquo do processo de gestatildeo de riscos devem ser os

atores internos da organizaccedilatildeo (FERMA) 2002)

Realizar avaliaccedilatildeo de risco consiste em medir a consequecircncia definida aqui como o

resultado ou potencial resultado de um evento Para avaliar a gravidade dos incidentes pode

ser utilizado um sistema de pontuaccedilatildeo Para avaliar as consequecircncias algumas questotildees

devem ser resolvidas tais como A organizaccedilatildeo tem uma definiccedilatildeo clara do que constitui uma

pequena lesatildeo Que medidas satildeo utilizados para determinar o impacto psicoloacutegico sobre os

indiviacuteduos O que eacute definido como um evento adverso e quantos indiviacuteduos podem ser

afetados (National Patient Safety Agency [NPSA] 2008)

Identificar os riscos tem como objetivo identificar as incertezas a que estatildeo expostas as

organizaccedilotildees descrevendo-os de forma estruturada considerando a probabilidade e a

consequecircncia de cada um dos riscos definidos identificando os riscos chave e estabelecer as

prioridades na anaacutelise dos mesmos A descriccedilatildeo dos riscos prevecirc a designaccedilatildeo acircmbito do

risco a natureza do risco intervenientes quantificaccedilatildeo dos riscos toleracircncia para o risco

tratamento e mecanismo de controle do risco possiacuteveis accedilotildees de melhoria e desenvolvimento

16

de estrateacutegias e poliacuteticas O impacto das consequecircncias dos riscos e a sua probabilidade de

ocorrecircncia satildeo fatores importantes da avaliaccedilatildeo Brainstorming questionaacuterios anaacutelises

comparativas de setor anaacutelise de cenaacuterios investigaccedilatildeo de incidentes auditorias e inspeccedilotildees

satildeo algumas teacutecnicas propostas para a identificaccedilatildeo de riscos (FERMA 2002)

O tratamento de riscos consiste em selecionar e implementar medidas para modificar

um risco e deve no miacutenimo ldquoproporcionar um funcionamento eficaz e eficiente da

organizaccedilatildeo garantir controles internos eficazes e cumprir leis e regulamentaccedilotildees (FERMA

2002)

O niacutevel responsaacutevel pela administraccedilatildeo deve conhecer os riscos mais importantes que

a organizaccedilatildeo enfrenta os possiacuteveis efeitos em seu desempenho garantir a sensibilizaccedilatildeo aos

riscos em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo dispor de formas de gerir uma crise ter certeza de

que o processo de gestatildeo de riscos eacute eficaz As unidades de negoacutecio devem conhecer os riscos

relacionados agraves suas aacutereas de atuaccedilatildeo impactos que podem produzir em outros setores e das

consequecircncias destes setores sobre elas dispor de desempenho que lhes permitam monitorizar

as atividades identificar as intervenccedilotildees necessaacuterias Cada indiviacuteduo deve compreender seu

niacutevel de responsabilizaccedilatildeo compreender a forma como pode contribuir para a melhoria

contiacutenua da gestatildeo de riscos comunicar os riscos novos ou falhas constatadas nas medidas de

controle implementadas (FERMA 2002)

Perdas e custos relacionados agrave sauacutede seguranccedila e incidentes ambientais podem natildeo ser

seguraacuteveis pois englobam danos morais aos usuaacuterios e agrave reputaccedilatildeo da organizaccedilatildeo (FERMA

2002)

Quando os pacientes procuram os serviccedilos de sauacutede esperam receber benefiacutecios

embora jaacute tenham consciecircncia de que erros podem acontecer na prestaccedilatildeo de cuidados que

natildeo intencionais e na maioria das vezes tem origem nas falhas dos proacuteprios processos A

responsabilidade dos profissionais ligados direta ou indiretamente agrave prestaccedilatildeo de cuidados eacute

tentar reduzir os erros pois embora sejam sensiacuteveis aos erros que atingem a si proacuteprios ou aos

seus familiares muitas vezes ficam alheios aos erros decorrentes da sua praacutetica diaacuteria (Lage

2010)

Segundo a Portaria MSGM nordm 5292013 a cultura de seguranccedila abrange os

profissionais e gestores envolvidos no cuidado que ldquoassumem a responsabilidade por sua

seguranccedila dos seus colegas pacientes e familiares priorizando a seguranccedila agraves metas

financeiras e operacionais encorajando a identificaccedilatildeo notificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos problemas

17

relacionados agrave seguranccedila promovendo o aprendizado organizacionalrdquo (Ministeacuterio da Sauacutede

[MS] 2013)

O Ministeacuterio da Sauacutede define gestatildeo de risco como a aplicaccedilatildeo sistecircmica e contiacutenua

de iniciativas procedimentos condutas e recursos na avaliaccedilatildeo e controle de riscos e eventos

adversos que afetam a seguranccedila a sauacutede humana a integridade profissional o meio

ambiente e a imagem institucionalrdquo (MS 2013)

Por sua vez o Gerenciamento de Risco consiste na aplicaccedilatildeo de um conjunto de

medidas para prever identificar e minimizar a ocorrecircncia de eventos inesperados e

indesejaacuteveis que podem causar dano fiacutesico ou psicoloacutegico aos pacientes (Lima amp Dutra

2010 p 87)O risco cliacutenico natildeo eacute decorrente apenas da atuaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede

mas estaacute associado agrave ausecircncia de poliacuteticas e praacuteticas de seguranccedila do paciente seguranccedila das

instalaccedilotildees ou atendimento aos processos de trabalho (Lima amp Dutra 2010)

O Protocolo de Londres eacute uma versatildeo revisada e atualizada do ldquoProtocolo para

Investigaccedilatildeo e Anaacutelise de Incidentes Cliacutenicosrdquo e tem como proposta assegurar uma

investigaccedilatildeo e anaacutelise abrangentes e planejadas de um incidente indo aleacutem da procura de

culpados O termo anaacutelise de causa raiz tem origem na induacutestria sendo que um grupo de

ferramentas satildeo utilizadas para identificar as causas baacutesicas na investigaccedilatildeo e anaacutelise de

incidentes Entretanto o cenaacuterio que surge desta investigaccedilatildeo eacute muito mais complexo onde

haacute uma cadeia de eventos e fatores que contribuem para sua ocorrecircncia Eacute necessaacuterio

identificar quais fatores contribuem de forma mais impactante na ocorrecircncia dos eventos Na

aviaccedilatildeo induacutestrias de petroacuteleo e nucleares investigaccedilatildeo de incidentes satildeo procedimentos bem

estabelecidos (Taylor-Adams amp Vincent 2004)

No modelo organizacional de acidentes de James Reason as decisotildees falhas nos altos

escalotildees da organizaccedilatildeo permeiam os departamentos criando condiccedilotildees favoraacuteveis para atos

inseguros e acidentes Devem ser criadas barreiras e defesas contra perigos e para mitigar as

consequecircncias de falhas humanas e de equipamentos Tais barreiras podem ser fiacutesicas (muros

vedaccedilatildeo) naturais (distacircncia) accedilotildees humanas (meacutetodos de checagem) e controles

administrativos (treinamento) O passo inicial eacute identificar falhas no processo organizacional

atos inseguros ou omissotildees cometidas por pessoas cujas accedilotildees podem ter consequecircncias

adversas imediatas Este modelo extrapolado para cuidados de sauacutede identifica fatores que

influenciam a praacutetica cliacutenica e estatildeo relacionados ao paciente (complexidade e severidade de

suas condiccedilotildees liacutengua e comunicaccedilatildeo fatores sociais) fatores tecnoloacutegicos e tarefas

(disponibilidade e uso de protocolos apoio na tomada de decisatildeo tarefas projetadas e clareza

18

da estrutura) fatores relacionados a pessoas (conhecimento e ferramentas competecircncia sauacutede

fiacutesica e mental) equipe (comunicaccedilatildeo verbal e escrita supervisatildeo e procura de ajuda) e

ambiente de trabalho (carga de trabalho e turnos disponibilidade e manutenccedilatildeo de

equipamentos suporte administrativo) fatores organizacionais e gerenciais (recursos

financeiros estrutura organizacional cultura de seguranccedila e prioridades) e fatores

institucionais (contexto regulatoacuterio e econocircmico contatos com organizaccedilotildees externas)

(Taylor-Adams amp Vincent 2004)

23 Quedas

No Protocolo de Prevenccedilatildeo de Quedas integrante do Programa Nacional de Seguranccedila

do Paciente do Ministeacuterio da Sauacutede a definiccedilatildeo de queda considerada foi ldquodeslocamento natildeo

intencional do corpo para um niacutevel inferior agrave posiccedilatildeo inicial provocado por circunstacircncias

multifatoriais resultando ou natildeo em danordquo (MS 2013)

Rutledge et al (1998 apud Kalischi amp Tschannen 2012 p 6) definem queda como

um evento em que os pacientes satildeo encontrados no chatildeo por funcionaacuterios ou visitantes evento

observado ou natildeo ou o rebaixamento natildeo planejado do paciente ao niacutevel do chatildeo

As quedas segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede satildeo categorizadas como

incidentes que ocorrem com os doentes classificadas pelo tipo (tropeccedilar escorregar desmaio

perda de equiliacutebrio) e podem envolver berccedilo cama cadeira maca banheiro equipamento

terapecircutico escadas ou degraus enquanto transportado ou apoiado por outro indiviacuteduo OMS

2009)

Estima-se que um terccedilo das pessoas com mais de 65 anos e metade das pessoas com

idade acima de 80 anos sofrem pelo menos uma queda por ano sendo que nos hospitais

australianos 38 dos eventos com pacientes envolvem queda (The Joanna Briggs Institute

1998)

Vaacuterias ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco de queda foram desenvolvidas e validadas

Hendrich I e II Johns Hopkins Innes Morse STRATIFY Downton Tinetti and Schimidt

Entretanto natildeo haacute consenso sobre qual destes eacute o melhor instrumento na prediccedilatildeo de quedas

Aleacutem disso ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco por si soacute natildeo previnem quedas (Degelau

Bungum Flavin Harper Leys Londquist amp Webb 2012)

A traduccedilatildeo e a adaptaccedilatildeo transcultural para a liacutengua portuguesa do Brasil da Morse

Fall Scale (Escala de Queda de Morse) mostraram resultados satisfatoacuterios quanto agrave clareza

dos itens da escala traduzida a concordacircncia entre os avaliadoresjuiacutezes na aplicaccedilatildeo da

19

escala atingiu classificaccedilatildeo quase perfeita na maioria dos itens e a variabilidade intra-

avaliadoresjuiacutezes foi categorizada como excelente Nesta escala satildeo avaliados os seguintes

itens histoacuterico de quedas diagnoacutestico secundaacuterio auxiacutelio na deambulaccedilatildeo terapia

endovenosadispositivo endovenoso salinizado ou heparinizado marcha e estado mental

Cada um destes criteacuterios recebe escores que variam de 0 a 30 pontos A somatoacuteria destes

pontos indica o niacutevel de risco baixo risco (0 a 24) meacutedio risco (25 a 44) e alto risco (ge 45)

(Urbanetto Creutzberg Franz Ojeda Gustavo Bittencourt amp Farina 2013)

Um estudo transversal com amostra total de 137 idosos em atendimento na Cliacutenica-

Escola de Fisioterapia da Universidade de Itauacutenam que responderam a um questionaacuterio

estruturado relataram como fatores e comportamentos de riscos extriacutensecos de queda o uso de

calccedilados inadequados escadas sem corrimatildeo uso de tapetes no chatildeo obstaacuteculos entre o

quarto e banheiro objetos espalhados pelo chatildeo e iluminaccedilatildeo deficiente sendo que a

iluminaccedilatildeo foi a uacutenica variaacutevel estatisticamente significativa (Lopes Carvalho Mouratildeo

Dias Mitre amp Moraisorais 2010)

Ao entrevistar 39 pacientes idosos atendidos em dois serviccedilos de pronto atendimento

do Rio Grande do Sul entre dezembro de 2019 a abril de 2010 com diagnoacutestico de queda um

estudo verificou fatores relacionados ao ambiente de moradia sendo que 949 dos idosos

tinham moacuteveis pontiagudos em casa 897 das residecircncias tinham degraus 692 referiram

ter tapetes soltos em casa 513 afirmaram que suas residecircncias possuiacuteam pisos

escorregadios e 308 tinham escadas (Ramos Santos Barlem amp Pelzer 2011)

Em Portugal entre os anos de 2007 a 2009 em um hospital universitaacuterio foi observado

que a maior parte das quedas ocorreu no quarto onde existiam mais obstaacuteculos como mesas de

cabeceira cadeira cadeira de rodas limitando a mobilidade dos pacientes Os autores

identificaram diminuiccedilatildeo ao longo dos anos o que foi atribuiacutedo agrave revisatildeo do sistema de

travagem das camas cadeira de rodas suportes de soros com rodas aboliccedilatildeo do uso de cera

no piso e substituiccedilatildeo por cera antiderrapante aquisiccedilatildeo de grades para todas as camas

colocaccedilatildeo de barras de apoio no banheiros mais especificamente proacuteximo ao vaso sanitaacuterio e

chuveiro colocaccedilatildeo de degraus duplos para os pacientes subirem para as camas e pedido de

aquisiccedilatildeo de camas eleacutetricas articuladas na cabeceira e nos peacutes com grade de proteccedilatildeo e que

permitam ajuste da altura em relaccedilatildeo ao chatildeo (Abreu Mendes Monteiro amp Santos 2012)

Em 80 quedas ocorridas em um periacuteodo de doze meses em um hospital privado

acreditado pela Joint Commission International no que diz respeito agraves condiccedilotildees ambientais

no momento da queda as mais frequentes foram presenccedila de obstaacuteculos (5) ou falta de

20

apoio (5) Em 512 dos casos houve algum tipo de consequecircncia sendo as mais frequentes

as escoriaccedilotildees (163) e os hematomas (113) Apoacutes a implantaccedilatildeo de accedilotildees assistenciais

de prevenccedilatildeo como a identificaccedilatildeo de risco ocorreu a queda do iacutendice (Correa Marques

Martinez Laurino Leatildeo amp Chimentatildeo 2012)

As camas com baixa altura foram recentemente associadas agrave reduccedilatildeo de quedas Um

sistema de sauacutede informou que a associaccedilatildeo de caracteriacutesticas de cama relacionadas agrave altura

do chatildeo superfiacutecie de redistribuiccedilatildeo de pressatildeo e sistema interno de alarme reduziu em 9 a

taxa de quedas em cinco meses (Degelau et al 2012)

Em instituiccedilotildees de longa permanecircncia as quedas da cama satildeo comuns entre os

internos com disfunccedilatildeo das extremidades distuacuterbios cognitivos ou que fazem uso de

medicaccedilotildees que prejudicam sua capacidade de levantar-se e mover-se de forma independente

Outros fatores contribuem para o aumento da ocorrecircncia desses eventos como altura da cama

colchotildees altos e macios camas com rodiacutezios ambientes estranhos camas com altura e largura

diferentes ao que estatildeo acostumados Tais consideraccedilotildees reforccedilam a necessidade ao se

selecionar este mobiliaacuterio de se adequar o tipo de cama agraves caracteriacutesticas da populaccedilatildeo

atendida como uma das medidas eficazes no controle de fatores de risco extriacutensecos (Fragala

Perry amp Fragala 2012)

Um estudo canadense se propocircs a avaliar se havia diferenccedila na taxa de lesotildees

relacionadas com quedas entre o piso existente e o piso de intervenccedilatildeo suas propriedades

antiderrapantes e de absorccedilatildeo do impacto Houve uma influecircncia significativa do piso na

absorccedilatildeo da energia no impacto do piso com o quadril e parte posterior da cabeccedila em

simulaccedilotildees fornecendo insights sobre as diferenccedilas na capacidade de atenuaccedilatildeo do impacto

dos diferentes tipos de piso sobre estas estruturas corpoacutereas (Glinka Karakolis Callaghan amp

Laing 2013)

Haacute intervenccedilotildees que devem ser estendidas a todos os pacientes independente do risco

de queda familiarizar o paciente com o ambiente ensinar o paciente a usar o sistema de

chamada e mantecirc-lo sempre ao alcance de sua matildeo manter proacuteximos seus pertences pessoais

ter corrimatildeos no banheiro do paciente quarto e corredor manter as camas em posiccedilatildeo baixa e

com rodas travadas garantir o uso pelo paciente de calccedilado bem ajustado e com solado

antiderrapante utilizar luz noturna ou iluminaccedilatildeo suplementar manter piso limpo e seco e

limpar prontamente todos os derramamentos manter as aacutereas de atendimento ao paciente

organizadas (Degelau et al 2012)

21

Equipes deveriam circular com frequecircncia pelo ambiente para confirmar que

corredores e aacutereas do paciente estejam bem iluminadas organizadas e livres de vazamentos

corrimatildeos sejam seguros mesas e cadeiras resistentes Pessoal da biotecnologia deve

inspecionar dispositivo auxiliar regularmente A equipe de enfermagem deve confirmar que

os quartos dos pacientes sejam criados de forma que minimize o risco de quedas Toda a

equipe deve se certificar de que situaccedilotildees de risco sejam tratadas imediatamente (Degelau et

al 2012)

Portanto conhecer os fatoresperigos contribuintes de um incidente pode trazer

informaccedilotildees sobre accedilotildees que podem ser empreendidas para reduzir o risco de ocorrecircncia

(OMS 2011)

24 Matriz de Risco

Marshall (2002) Crouhy Galai amp Mark (2004 apud Paulo Fernandes Rodrigues amp

Eidt 2007) ressalta que a matriz de risco viabiliza a mensuraccedilatildeo qualitativa de riscos sendo

o ldquoniacutevel de risco definido pela composiccedilatildeo das variaacuteveis frequecircncia (probabilidade) e

severidade (impacto financeiro) associadas aos eventos de perda (fatores de risco) inerentes

ao processo avaliadordquo (De Paulo Fernandes Rodrigues amp Eidt 2007 p 50)

A matriz de risco eacute uma ferramenta utilizada para anaacutelise de riscos de processos de

vaacuterias naturezas considerando sua gravidade ou consequecircncias e a probabilidade (frequecircncia

ou probabilidade) Uma matriz de risco deve ser simples de usar deve fornecer dados

consistentes mesmo quando utilizada por profissionais de diferentes funccedilotildees e deve se adaptar

a necessidades especiacuteficas Deve ser utilizada com parcimocircnia para avaliaccedilatildeo de risco

estrateacutegico e de processo na tomada de decisotildees de gestatildeo

A Figura 1 traz a proposiccedilatildeo de pontuaccedilotildees das consequecircncias de riscos com as orientaccedilotildees e exemplos

adicionais relacionados a riscos com impacto na seguranccedila dos pacientes (NSH 2008)

22

Domiacutenios Despreziacutevel Menor Moderado Maior Catastroacutefico

Impacto sobre a seguranccedila

do paciente (fiacutesico

psicoloacutegico dano)

Lesatildeo miacutenima

requerendo

nenhumaintervenccedilatildeo

miacutenima ou

tratamento

Pequena lesatildeo ou

doenccedila exigindo menor

intervenccedilatildeo Aumento

do tempo de internaccedilatildeo

por 1-3 dias

Lesatildeo moderado

requerendo intervenccedilatildeo

profissional Aumento do

tempo de internaccedilatildeo por

4-15 dias Um evento

com impacto sobre um

pequeno nuacutemero de

pacientes

Ferimento grave levando a

incapacidade a longo

prazoAumento do tempo

de internaccedilatildeo por gt 15

dias

Incidente levando agrave morte Vaacuterias lesotildees

com efeitos permanentes ou irreversiacuteveis

sobre a sauacutede Um evento com impacto

sobre um grande nuacutemero de pacientes

Exemplos adicionais

Medicaccedilatildeo incorreta

dispensada mas natildeo

administrada

Incidentes resultando

numa

contusatildeoAtraso no

transporte de rotina

para o paciente

Medicamento errado ou

dosagem administrada

errada sem efeitos

adversos Uacutelcera por

pressatildeo estaacutegio I

Medicamento errado ou

dosagem administrado

com potencial efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IIIII

Queda resultando em

ferimentos como uma

entorse

Medicamento errado ou

dosagem errada

administrada com efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IV queda

resultando em ferimentos

como luxaccedilatildeo fratura

golpe na cabeccedila A perda

de um membro

Morte inesperada O suiciacutedio de um

paciente Homiciacutedios cometidos por

pacientes com doenccedila mentalRemoccedilatildeo

de parte errada do corpo levando agrave morte

ou incapacidade permanente Incidente

levando a paralisia

1 2 3 4 5

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos

Fonte Adaptada de National Safety Agency 2008

25 Ferramenta de Anaacutelise do modo e efeito da falha (FMEA)

A Failure Modes and Effects Analysis (FMEA) eacute uma ferramenta de abordagem

proativa utilizada para anaacutelise criacutetica prospectiva e contiacutenua de projetos e processos

propiciando a identificaccedilatildeo de riscos problemas ou potenciais falhas antes da ocorrecircncia de

um erro Desenvolvida na deacutecada de 1960 pela induacutestria aeroespacial foi reconhecida pela

Joint Commission on Accredittion oh Healthcare Organizations (JCAHO) como uma

ferramenta de qualidade relevante para as organizaccedilotildees de sauacutede (Silva Teixeira amp Cassiani

2009)

O Veterans Health Administration (VHA) o maior sistema de sauacutede integrado dos

Estados Unidos com 150 centros meacutedicos e cerca de 1400 ambulatoacuterios comunitaacuterios

adaptou a FMEA para utilizar em suas instituiccedilotildees com a denominaccedilatildeo de Healthcare Failure

Mode Effects and Analysis (HFMEA) (Silva Teixeira amp Cassiani 2009)

A maioria dos sistemas de notificaccedilatildeo de eventos relacionados agrave seguranccedila do paciente

se concentra na anaacutelise dos eventos adversos apoacutes a ocorrecircncia de uma lesatildeo HFMEA

oferece aos usuaacuterios ferramentas analiacuteticas que podem permitir a identificaccedilatildeo proativa-

mente de vulnerabilidades e corrigi-las antes que as falhas ocorram (Stalhandske De Rosier

Wilson amp Murphy 2009)

HFMEA agiliza as etapas da anaacutelise de risco encontradas na FMEA tradicional

combinando as etapas de detecccedilatildeo e a criticidade da FMEA tradicional com um algoritmo

apresentado como uma aacutervore de decisatildeo

Substitui o caacutelculo do nuacutemero de prioridade de risco (RPN) por uma pontuaccedilatildeo de

risco que eacute lida diretamente na Matriz de Escores de Hazard desenvolvida pela NCPS

(National Center for Patient Safety) para este propoacutesito

23

O objetivo da anaacutelise de riscos eacute desenvolver uma lista de riscos que se controlados de

forma eficaz possam prevenir uma doenccedila ou lesatildeo Eacute utilizado um processo com cinco

passos para avaliar aspectos especiacuteficos

No passo 1 eacute feita a definiccedilatildeo do processo a ser estudado no passo 2 eacute organizada uma

equipe multidisciplinar com especialistas no assunto e um conselheiro no passo 3 deve ser

desenvolvido um diagrama cronoloacutegico com a identificaccedilatildeo de cada etapa do processo no

passo 4 satildeo listados todos os possiacuteveis modos de falha de cada etapa determinando a

probabilidade e gravidade do modo de falha (Matriz de Escores de Perigo ndash Matriz de

Tolerabilidade) e utilizar a aacutervore de decisatildeo

O propoacutesito eacute determinar se o modo de falha justifica a implementaccedilatildeo de

medidasbarreiras que eliminem ou reduzam substancialmente a probabilidade de que um

evento perigoso ocorra

No passo 5 satildeo determinadas as causas de modo de falha (definido como ldquodiferentes

maneiras que um processo ou sub-processo pode deixar de fornecer o resultado esperadordquo)

que se quer ldquoeliminarrdquo ldquocontrolarrdquo ou ldquoaceitarrdquo (Veterans Health Administration National

Center for Patient Safety2009)

Segundo a HFMEA a severidade de um evento abrange as consequecircncias para o

paciente visitantesacompanhantes colaborador equipamentoinstalaccedilatildeo e fogo

Todo gestor deve verificar a realidade do evento classificaacute-los identificando as fontes

de perigo e propondo o gerenciamento de risco

Os eventos satildeo classificados como menores moderados importantes ou catastroacuteficos

(Figura 2)

Evento catastroacutefico (4) Evento importante (3)

Resultado para o paciente morte ou perda permanente da funccedilatildeo

(sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual) suiciacutedio estupro

reaccedilatildeo transfusional hemoliacutetica cirurgiaprocedimento no paciente

errado ou em parte errada do corpo sequestro infantil ou entrega de

crianccedila agrave famiacutelia errada Visitante morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais

Colaborador morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais colaboradores

Equipamentosinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $250000

Fogo qualquer fogo maior que uma chama inicial

Resultado para o paciente diminuiccedilatildeo permanente da funccedilatildeo

corporal (sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual)

desfiguraccedilatildeo intervenccedilatildeo ciruacutergica requerida aumento do

tempo de permanecircncia do paciente por 3 ou mais pacientes

aumento do niacutevel de assistecircncia para 3 ou mais pacientes Visitante hospitalizaccedilatildeo de 1 ou 2 visitantes

Colaborador hospitalizaccedilatildeo 123 ou mais colaboradores

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $100000

Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

24

Evento moderado (2) Evento menor (1)

Resultado para o paciente aumento da permanecircncia ou aumento no

niacutevel de assistecircncia para 1 ou 2 pacientes

Resultado para o paciente nenhum prejuiacutezo ou aumento da

permanecircncia injuacuteria ou aumento no niacutevel de assistecircncia

Visitante avaliaccedilatildeo e treinamento para 1 ou 2 (natildeo-hospitalizaccedilatildeo) Visitante avaliaccedilatildeo e nenhum tratamento requerido ou doenccedila

Colaborador despesas meacutedicas danos ou doenccedila para 1 ou 2 Colaborador tratamento de primeiros socorros sem dano ou

doenccedila

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano entre $10000 e $100000 Equipamentoinstalaccedilatildeo dano menor que $10000 ou perda de

utilidade sem resultado adverso ao paciente (exemplo gaacutes

natural eletricidade aacutegua comunicaccedilotildees transportes calorar

condicionado

Fogo incipiente ou menor Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA

Fonte Adaptado do (Veterans Health Administration National Center for Patient Safety)

Ainda segundo a HFMEA os eventos satildeo classificados segundo a probabilidade de

ocorrerem como mostra a Figura 3

Frequente (4) Provaacutevel de ocorrer imediatamente ou dentro de um curto

periacuteodo (pode ocorrer vaacuterias vezes em um ano)

Ocasional (3) Provavelmente ocorreraacute (pode ocorrer vaacuterias vezes em 1 ou 2 anos)

Incomum (2)

Possiacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 5 anos)

Remota (1) Improvaacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 30

anos)

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA

Fonte Adaptado do Veterans Health Administration National Center for Patient Safety

26 Legislaccedilatildeo Relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

A Portaria nordm 1884 GM de 11 de novembro de 1994 considerando a necessidade das

Secretarias Estaduais e Municipais contarem com um instrumento de avaliaccedilatildeo de projetos

fiacutesicos adequado agraves novas tecnologias na aacuterea da sauacutede resolve ldquoaprovar as normas que com

estas baixam destinadas ao exame e aprovaccedilatildeo dos Projetos Fiacutesicos de Estabelecimentos

Assistenciais de Sauacutederdquo compreendendo ldquoas construccedilotildees novas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute

existentesrdquo e ldquoinobservacircncia das normas aprovadas por esta Portaria constitui infraccedilatildeo agrave

legislaccedilatildeo sanitaacuteria federal conforme dispotildee o artigo 10 inciso II da Lei nordm 6437 de 20 de

agosto de 1977rdquo (Ministeacuterio da Sauacutede [MS] 1994)

25

Em seu capiacutetulo 2 a Portaria nordm 188494 referente agrave organizaccedilatildeo fiacutesico-funcional

Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede (EAS) lista as atividades que satildeo geradoras ou que

caracterizam os ambientes sendo a unidade de internaccedilatildeo o local de ldquoprestaccedilatildeo de

atendimento de assistecircncia agrave sauacutede em regime de internaccedilatildeo- atendimento a pacientes que

necessitam de assistecircncia direta programada por periacuteodo superior a 24 horas (pacientes

internos)rdquo (MS1994)

A Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada (RDC) nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002 dispotildee

sobre o Regulamento teacutecnico para planejamento programaccedilatildeo elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de

projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede e compreende as construccedilotildees novas

de estabelecimentos assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de

estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes e os anteriormente natildeo destinados a estabelecimentos de

sauacutede (RDC nordm 50 2002)

A Figura 4 exibe as disposiccedilotildees da RDC nordm 50 acerca das unidades e ambientes

hospitalares destinados a internaccedilatildeo de pacientes

UnidadeAmbiente Dimensotildees

Internaccedilatildeo Geral

lactente crianccedila adolescente

e adulto

Quantificaccedilatildeo (miacutenima) Dimensatildeo (miacutenima)

Posto de enfermagemPrescriccedilatildeo

Meacutedica

1 posto a cada 30 leitos 60 msup2

Sala de serviccedilos 1 sala para cada posto de

enfermagem 57 msup2

26

Sala de exames e curativos

1 para cada 30 leitos (quando

existir enfermaria que natildeo

tenha subdivisatildeo fiacutesica dos

leitos

75 msup2

Aacuterea para Prescriccedilatildeo Meacutedica

20 msup2

Aacuterea de cuidados e

higienizaccedilatildeo do lactente

1 pcada 12 berccedilos ou fraccedilatildeo 40 msup2

Enfermaria de lactente

Quarto de crianccedila Quarto de adolescente

15 dos leitos do

estabelecimento

Deve haver no miacutenimo 1 quarto para servir de isolamento a

cada 30 leitos ou fraccedilatildeo

45 msup2 por leito = lactente

90 msup2 = quarto de 1 leito

50 msup2 por leito = crianccedila Nordm maacuteximo de crianccedilas ateacute 2 anos por

enfermaria = 12

Quarto de adolescente 100 msup2 = quarto de 1 leito ou 140 msup2 com

dimensatildeo miacutenima de 30m no caso do uso para

ldquoPPP 70 msup2 por leito = quarto de 2 leitos

60 msup2 por leito = enfermaria de 3 a 6 leitos

Nordm maacuteximo de leitos por enfermaria = 6

Distacircncia entre leitos paralelos = 1m

Distacircncia entre leito e paredes

Cabeceira= inexistente

Peacute do leito = 12 m

Lateral = 05 m

Enfermaria de adolescente

Quarto de adulto

a cada 30 leitos deve existir no

miacutenimo 1 quarto para situaccedilotildees

que requeiram isolamento

Enfermaria adulto

Aacuterea de

recreaccedilatildeolazerrefeitoacuterio

1 para cada unidade de

pediatria psiquiatria e crocircnicos

12 msup2 por paciente em condiccedilotildees de exercer

atividades recreativaslazer

Aacuterea ou antecacircmara de acesso

ao quarto de isolamento

18 msup2

Sala de aula 08 msup2 por aluno

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS

Fonte Adaptado da Resoluccedilatildeo RDC nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002

Em relaccedilatildeo agrave internaccedilatildeo de pacientes adultos e pediaacutetricos cada quarto ou enfermaria

de internaccedilatildeo deve ser provido de banheiro exclusivo aleacutem de um lavatoacuteriopia para uso da

equipe de assistecircncia em uma aacuterea anterior a entrada do quartoenfermaria ou mesmo no

interior desses fora do banheiro Um lavatoacuteriopia externo ao quarto ou enfermaria pode

servir a no maacuteximo 4 (quatro) quartos ou 2 (duas) enfermarias (RDC nordm 50 2002)

A RDC nordm 50 dispotildee sobre iluminaccedilatildeo dos ambientes hospitalares definindo que nos

quartos das enfermarias de unidade de internaccedilatildeo geral devem ser de quatro tipos iluminaccedilatildeo

geral em posiccedilatildeo que natildeo incomode o paciente deitado iluminaccedilatildeo de cabeceira na parede

(arandela) para leitura iluminaccedilatildeo de exame no leito com lacircmpada fluorescente que tambeacutem

pode ser obtida atraveacutes de aparelho ligado agrave tomada junto ao leito e sinalizaccedilatildeo de

enfermagem (IS) que eacute um de sistema de sinalizaccedilatildeo luminosa imediata entre o paciente

interno e o funcionaacuterio assistencial (meacutedico e enfermeira) O sistema interliga cada leito

sanitaacuterio e banheiro das diversas unidades e ambientes em que estaacute presente o paciente

27

interno com o respectivo posto de enfermagem que lhe daacute cobertura assistencial quarto

enfermaria e banheiro da unidade de internaccedilatildeo geral quarto aacutereas coletivas de pediatria e

banheiro da unidade de internaccedilatildeo intensiva A identificaccedilatildeo deve se dar em cada leito e porta

dos ambientes voltados para a circulaccedilatildeo (RDC nordm 50 2002)

Nos ambientes onde satildeo prestados os cuidados de sauacutede a iluminaccedilatildeo pode trazer

estiacutemulos positivos agrave recuperaccedilatildeo dos pacientes mas quando excessiva ou mal localizada

pode ser prejudicial A importacircncia da iluminaccedilatildeo tambeacutem estaacute relacionada agrave adequaccedilatildeo

visual dos profissionais para realizaccedilatildeo de procedimentos eou observaccedilatildeo dos pacientes De

modo geral os aspectos quantitativos satildeo mais valorizados que os qualitativos sendo esta

priorizaccedilatildeo notada nas legislaccedilotildees nacionais e estrangeiras Entre as normas nacionais

apresentando os requisitos miacutenimos a serem atendidos a Norma Brasileira (NBR) 541392

textos normativos da ABNT recomenda os valores de iluminacircncias e a Portaria nordm 188494 do

Ministeacuterio da Sauacutede sugere ldquoalguns criteacuterios qualitativos para projetos de iluminaccedilatildeo artificial

dos espaccedilos de internaccedilatildeordquo (Peccin 2002 p 15)

A preocupaccedilatildeo com a iluminaccedilatildeo nos ambientes hospitalares tem se focado mais na

questatildeo econocircmica envolvendo a racionalizaccedilatildeo da energia empregada e na reduccedilatildeo dos

custos de operaccedilatildeo do sistema Mesmo em relaccedilatildeo aos pacientes as discussotildees convergem

para questotildees de conforto ambiental luz de cabeceira para leitura iluminaccedilatildeo de vigiacutelia para

permitir o acesso da equipe de enfermagem agrave noite sem acionar a luz de teto Outra questatildeo eacute

a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas que ldquopermitam boa reproduccedilatildeo de cores permitindo a identificaccedilatildeo

de alteraccedilotildees orgacircnicasrdquo como por exemplo a coloraccedilatildeo da pele As questotildees de seguranccedila

satildeo tratadas em relaccedilatildeo agrave iluminaccedilatildeo de emergecircncia (NBR 1353495 e NBR 1089899) e

iluminacircncias meacutedias miacutenimas para atividades hospitalares considerando a dificuldade da

tarefa visual a idade do usuaacuterio poreacutem as legislaccedilotildees divergem entre os paiacuteses (Peccin

2002)

A ISO (International Organization for Standardization) 31000 de 2009 eacute a nova

referecircncia mundial para a Gestatildeo de Riscos fornecendo orientaccedilotildees para a estrutura de

gerenciamento de riscos aplicaacutevel a organizaccedilotildees de qualquer tamanho traz um modelo

conceitual que pode ser usado para a anaacutelise dos arranjos organizacionais que incluem planos

relacionamentos prestaccedilatildeo de contas recursos processos e atividades A Figura 5 traz a

proposto de um modelo conceitual para ser utilizado na anaacutelise desses arranjos (MacLeod et

al 2013)

28

Mandato e

comprometimento

Estrutura para gerenciar

riscos

Monitoramento e anaacutelise criacutetica da

estrutura

Melhoria contiacutenua da

estrutura

Implementaccedilatildeo da gestatildeo

de riscos

Fonte wwwiiabrasilorgbr Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000)

29

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA

Segundo Martins amp Theoacutephilo 2009 p 37 ldquoO objetivo da metodologia eacute o

aperfeiccediloamento dos procedimentos e criteacuterios utilizados na pesquisardquo Jaacute ldquomeacutetodo eacute o

caminho para se chegar a um determinado fim ou objetivordquo

Na Figura 6 estatildeo compiladas as atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborada pelo Auto

31 Delineamento da Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa empiacuterica O Empirismo eacute uma abordagem metodoloacutegica que

ldquoconsidera que o fato existe independentemente de qualquer atribuiccedilatildeo de valor ou

posicionamento teoacuterico e possui um conteuacutedo evidente livre de pressupostos subjetivosrdquo

(Martins amp Theoacutephilo 2009 p 39)

Eacute um estudo descritivoexploratoacuterio que coleta ldquodescriccedilotildees detalhadas de variaacuteveis

existentes e usam dados para justificar e avaliar condiccedilotildees e praacuteticas correntes ou fazer planos

mais inteligentes para melhorar as praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (LoBiondo-Wood amp Haber

2001 p 111)

Os autores afirmam que este tipo de desenho eacute uacutetil na busca ldquode informaccedilotildees precisas

sobre as caracteriacutesticas dos sujeitos de pesquisa grupos instituiccedilotildees ou situaccedilotildees ou sobre a

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborado pela autora

30

frequecircncia de um fenocircmeno particularmente quando se sabe pouco sobre o fenocircmenordquo

(LoBiondo-Wood amp Haber 2001 p 111)

O delineamento da pesquisa termo que tem sido substituiacutedo por estrateacutegias de

pesquisa refere-se agraves ldquodiferentes maneiras de abordar e analisar dados empiacutericos no contexto

das Ciecircncias Sociais Aplicadasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 53)

A estrateacutegia utilizada nesta pesquisa foi o estudo de caso

ldquotrata de uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa fenocircmenos dentro de seu

contexto real (pesquisa naturaliacutestica) onde o pesquisador natildeo tem controle

sobre eventos ou variaacuteveis buscando aprender a totalidade de uma situaccedilatildeo e

criativamente descrever compreender e interpretar a complexidade de um

caso concretordquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p62)

O estudo de caso eacute o tipo de estrateacutegia de pesquisa que bem se adequa a situaccedilotildees em

que a forma da questatildeo de pesquisa relaciona-se a questotildees explanatoacuterias onde natildeo se exige

controle sobre eventos comportamentais e que focaliza eventos contemporacircneos Os estudos

de caso podem incluir as e mesmo ser limitados agraves evidecircncias quantitativas (Yin 2001 pp

24-25)

O estudo de caso deve permitir ao investigador construir descriccedilotildees interpretaccedilotildees e

explicaccedilotildees originais que conduzam a conclusotildees e recomendaccedilotildees mostrando que foram

coletadas e avaliadas evidecircncias relevantes (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 63)

A escolha do estudo de caso como estrateacutegia de pesquisa deveu-se ao fato de ser pouco

conhecida a influecircncia dos fatores ambientais na ocorrecircncia de quedas no meio hospitalar

questatildeo jaacute mais explorada em domiciacutelio e instituiccedilotildees de longa permanecircncia e abrangendo

mais especificamente a populaccedilatildeo de idosos sendo o fenocircmeno pesquisado no seu contexto

real

Trata-se de estudo retrospectivo pois os indiviacuteduos satildeo seguidos do efeito para a

causa No estudo longitudinal retrospectivo se conhece o efeito e se busca a causa (Bordalo

2006)

Segundo Szklo (2002 p16)

ldquoQuando o investigador tem interesse em identificar fatores de risco (fatores

etioloacutegicos) o desenho mais eficiente em ambiente hospitalar eacute o estudo de

casos e controles tambeacutem conhecido como estudo retrospectivo Podem-se

conduzir estudos de casos e controles em um ou mais hospitais bem como

incluir pacientes hospitalizados ou ambulatoriais Comparado com estudos de

coorte este tipo de estudo eacute relativamente barato geralmente de menor duraccedilatildeo e exige uma amostra menorrdquo

31

Foi utilizada a teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa

As ldquoavaliaccedilotildees qualitativas contribuem com a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos e

as anaacutelises quantitativas datildeo uma ordem de grandeza do risco vinculado ao fenocircmenordquo (Lima

2012 p72)

Na teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa os dados satildeo descritivos compreendendo a

descriccedilatildeo de pessoas de acontecimentos e reaccedilotildees e mesmo a transcriccedilatildeo de relatos A

preocupaccedilatildeo central natildeo satildeo as mediccedilotildees mas sim as descriccedilotildees e interpretaccedilotildees dos fatos

(Martins amp Theoacutephilo 2009)

Martins amp Theoacutephilo (2009) enfatizam que o estudo de caso pede avaliaccedilatildeo

qualitativa uma vez que tem como objetivo a anaacutelise de uma unidade social que eacute analisada

profunda e intensamente

32 Local do Estudo

O estudo foi realizado em um hospital puacuteblico de porte extra universitaacuterio localizado

no municiacutepio de Satildeo Paulo e faz parte de um complexo hospitalar que ocupa uma aacuterea total de

352 mil metros quadrados com cerca de 2200 leitos Tem como oacutergatildeo responsaacutevel a

Secretaria de Estado da Sauacutede

O hospital escolhido conta com 843 leitos e atende predominantemente pacientes do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mas estende seu atendimento a pacientes conveniados

Oferece atendimento meacutedico-hospitalar ambulatorial por imagem e som serviccedilos

psicossocial e terapecircutico Abrange especialidades de cliacutenica meacutedica ciruacutergica e

traumatologia sendo referecircncia em transplante de fiacutegado adulto pacircncreas rim coacuternea pele e

medula oacutessea As enfermarias apresentaram no ano de 2013 taxa de ocupaccedilatildeo de 779

33 Procedimentos de Coleta dos Dados

Em se tratando de estudo de caso as atividades de coleta de dados devem ser

realizadas pelo pesquisador-autor que ldquoteraacute mais condiccedilotildees de continuamente estar pensando

e agindo na busca de relaccedilotildees entre a questatildeo de pesquisa que deseja responder as

proposiccedilotildees (teoria preliminar) que carecem de demonstraccedilotildees e a coleta dos dados e

evidecircnciasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p65)

Yin pondera que as evidecircncias para um estudo de caso podem vir de seis fontes

distintas documentos registros em arquivo entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo

participante e artefatos fiacutesicos As informaccedilotildees documentais satildeo relevantes a todos os toacutepicos

32

do estudo de caso Tais documentos podem ser correspondecircncias agendas e minutas de

reuniotildees relatoacuterios de eventos em geral O seu uso mais importante eacute ldquocorroborar e valorizar

as evidecircncias oriundas de outras fontesrdquo (Yin 2001 p 111)

Segundo Yin (2001) p 121) ldquo o uso de vaacuterias fontes de evidecircncias nos estudos de

caso permite que o pesquisador dedique-se a uma ampla diversidade de questotildees histoacutericas

comportamentais e de atitudesrdquo

Assim ldquoqualquer descoberta ou conclusatildeo em um estudo de caso provavelmente seraacute

muito mais convincente e acurada se se basear em vaacuterias fontes distintas de informaccedilatildeo

obedecendo a um estilo corroborativo de pesquisardquo (Yin 2001 p 121)

A pesquisa de campo eacute segundo Lakatos amp Marconi 1991 utilizada para a busca de

informaccedilotildees ou conhecimentos na procura de resposta para um problema atraveacutes da

observaccedilatildeo dos fenocircmenos como ocorrem espontaneamente coletando dados e registrando

variaacuteveis que possam estar relacionadas e posteriormente analisaacute-los

Nogueira (1968) como citado em Lakatos amp Marconi (1991 p 211) define formulaacuterio

como sendo ldquouma lista formal um cataacutelogo ou um inventaacuterio destinado agrave coleta de dadosrdquo O

preenchimento eacute feito pelo proacuteprio pesquisador atraveacutes de observaccedilatildeo ou interrogatoacuterio

Segundo Mello amp Turrioni (2007 p51)

ldquoA observaccedilatildeo eacute uma taacutetica de coleta de dados para conseguir informaccedilotildees e

utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados aspectos da realidade Natildeo

consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou fenocircmenos que se desejam estudar Desempenha papel importante nos

processos observacionais no contexto da descoberta e obriga o investigador a

um contato mais direto com a realidaderdquo

A observaccedilatildeo cientiacutefica ldquoeacute planejada sistematicamente eacute registrada metodicamente e

estaacute relacionada a proposiccedilotildees mais gerais em vez de ser apresentada como uma seacuterie de

curiosidades interessantes estaacute sujeita a verificaccedilotildees e controles sobre a validade e

seguranccedilardquo (Mello amp Turrioni 2007 p 51)

Na observaccedilatildeo estruturada ou sistemaacutetica ldquoo observador sabe o que procura e o que

carece de importacircncia em determinada situaccedilatildeo deve ser objetivo reconhecer possiacuteveis erros

e eliminar sua influecircncia sobre o que vecirc ou recolhe (Mello amp Turrioni 2007 p51)

A figura 7 mostra os pontos fortes e limitaccedilotildees do uso da observaccedilatildeo como taacutetica para

coleta de dados

33

Pontos fortes Limitaccedilotildees

Possibilita meios diretos e satisfatoacuterios para

estudar uma ampla variedade de fenocircmenos

O observado tende a criar impressotildees favoraacuteveis ou

desfavoraacuteveis no observador

Exige menos do pesquisador do que as outras

teacutecnicas

A ocorrecircncia espontacircnea natildeo pode ser prevista o que

impede muitas vezes o observador de presenciar o

fato

Permite a coleta de dados sobre um conjunto de

atitudes comportamentais tiacutepicas

Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do

pesquisador

Depende menos da introspecccedilatildeo ou da reflexatildeo A duraccedilatildeo dos acontecimentos eacute variaacutevel pode ser

raacutepida ou demorada e os fatos podem ocorrer

simultaneamente nos dois casos torna-se difiacutecil a

coleta de dados

Permite a evidecircncia de dados natildeo constantes do

roteiro de entrevistas ou de questionaacuterios

Vaacuterios aspectos da vida cotidiana particular podem

natildeo ser acessiacuteveis ao pesquisador

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo

Fonte Mello amp Turrioni 2007

Para este estudo foi realizado o levantamento a partir das notificaccedilotildees de incidentes

relacionados agraves quedas no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 para caracterizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo O grupo de elementos escolhido para compor a amostra foi feito intencionalmente

de acordo com criteacuterios estabelecidos

Foram selecionadas 6 unidades de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica que ocuparam as

primeiras seis posiccedilotildees na frequecircncia de ocorrecircncia de quedas segundo os dados coletados a

partir das notificaccedilotildees de incidentes Estes leitos satildeo destinados a internaccedilatildeo de indiviacuteduos

adultos de ambos os sexos com ambientes de acomodaccedilatildeo de diferentes dimensotildees para 1 2

4 ou 6 leitos O criteacuterio de exclusatildeo foi a realizaccedilatildeo de reforma preacutevia planejada e conduzida

sob a supervisatildeo do setor de Arquitetura e Engenharia Hospitalar da instituiccedilatildeo

A teacutecnica da coleta de dados utilizada nesta pesquisa foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes

nas unidades e das plantas das unidades

O formulaacuterio utilizado foi elaborado pela autora com base nas legislaccedilotildees e fatores

ambientais citados na literatura que podem estar relacionados a queda visando a adequaccedilatildeo

do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a perspectiva de avaliaccedilatildeo de riscos e

melhoria da seguranccedila Este formulaacuterio serviu como roteiro para a visita de campo

direcionando a inspeccedilatildeo dos itens relacionados a dimensotildees dos diferentes tipos de quartos

instalaccedilotildees dispositivos de seguranccedila e mobiliaacuterio no momento da observaccedilatildeo (APEcircNDICE

34

A) Os ambientes do quartos e banheiros foram fotografados para visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo

espacial do mobiliaacuterio As medidas dos quartos foram analisadas a partir das plantas

fornecidas pelo setor de engenharia e arquitetura

O periacuteodo de coleta foi de 1 a 30 de novembro de 2014

34 Procedimentos e Anaacutelise de Dados

Foi desenvolvido um banco de dados que permitiu a revisatildeo de evidecircncias com o

intuito de aumentar a confiabilidade do estudo O resultado das observaccedilotildees e das notificaccedilotildees

de incidentes pesquisados foram armazenados para que os dados possam ser prontamente

recuperaacuteveis para inspeccedilatildeo ou nova leitura Manter um encadeamento de evidecircncias tambeacutem

aumenta a confiabilidade das informaccedilotildees de um estudo de caso o que ldquoconsiste em permitir

que um observador externo - o leitor do estudo de caso por exemplo - possa perceber que

qualquer evidecircncia proveniente de questotildees iniciais da pesquisa leve agraves conclusotildees finais do

estudo de casordquo (Yin 2001 p127)

Yin (2001 p127) discorre que

ldquo a anaacutelise de dados consiste em examinar categorizar classificar em

tabelas ou do contraacuterio recombinar as evidecircncias tendo em vista proposiccedilotildees

iniciais de um estudordquo

Martins amp Theoacutephilo (2009 p69) relatam que ldquo natildeo haacute um roteiro para se analisar

os resultados de um estudo desta naturezacada caso eacute um casordquo

As proposiccedilotildees teoacutericas que

ldquo refletem o conjunto de questotildees da pesquisa as revisotildees feitas na

literatura sobre o assunto e as novas interpretaccedilotildees que possam surgirrdquo

constituem uma boa estrateacutegia a ser seguida na anaacutelise de dados permitindo a

produccedilatildeo de ldquoconclusotildees analiacuteticas irrefutaacuteveis e eliminar interpretaccedilotildees

alternativasrdquo (Yin 2001 p 129)

Os resultados foram analisados com base comparativa na literatura salientando as

evidecircncias relevantes que devem ser todas as encontradas Em relaccedilatildeo agrave aacuterea fiacutesica deveratildeo

ser considerados os itens que estatildeo ou natildeo em conformidade com a legislaccedilatildeo vigente

35 Aspectos Eacuteticos da Pesquisa

O projeto foi submetido agrave aprovaccedilatildeo da Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de

Pesquisa (CAPPESQ) da instituiccedilatildeo com parecer de aprovaccedilatildeo nordm 940006 de 27 de janeiro de

2015

Como o estudo natildeo envolveu nenhum tipo de abordagem a pacientes ou profissionais

natildeo se aplica a exigecircncia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) exigido

35

em toda pesquisa em que estejam envolvidos indiviacuteduos grupos ou seus representantes legais

que devem manifestar a sua anuecircncia em participar da pesquisa (Resoluccedilatildeo Nordm 466 2012)

36

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para se apurar o contexto de um incidente as informaccedilotildees devem abranger quatro classes

as caracteriacutesticas dos doentes as caracteriacutesticas do incidente os fatoresperigos contribuintes

e as consequecircncias organizacionais decorrentes da ocorrecircncia Entre as caracteriacutesticas dos

doentes estatildeo os dados demograacuteficos as relacionadas ao incidente satildeo aquelas que informam

as circunstacircncias em que o incidente ocorreu (como onde e quando) os fatores contribuintes

satildeo as circunstacircncias accedilotildees ou influecircncias que podem ter contribuiacutedo para a origem

desenvolvimento ou aumento do risco de um incidente e por fim as consequecircncias

organizacionais dizem do impacto do incidente sobre a organizaccedilatildeo tais como aumento da

utilizaccedilatildeo de recursos para prestar cuidados adicionais ao doente repercussotildees negativas

veiculadas pela comunicaccedilatildeo social consequecircncias legais devidas a resultados cliacutenicos ou

terapecircuticos negativos para o doente (OMS 2011)

Foram avaliadas notificaccedilotildees de 922 incidentes ocorridos de janeiro a junho de 2014 dos

quais 205 foram quedas (2223)

Com base nestes conceitos foi feita anaacutelise estatiacutestica descritiva na distribuiccedilatildeo de

frequecircncia dos dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo referido conforme

apresentado na Tabela 2

Os dados da pesquisa apontaram que em 205 quedas ocorridas entre janeiro e junho

de 2014 a idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 5663 anos sendo que natildeo

houve diferenccedila entre homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a

ocorrecircncia da queda foi de 14 dias Ao contraacuterio de outros estudos a idade meacutedia eacute inferior a

60 anos bem como o tempo meacutedio de ocorrecircncia que foi maior Como visto no estudo

realizado por Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006 com pacientes

hospitalizados a idade meacutedia foi de 673 anos e o tempo meacutedio de internaccedilatildeo ateacute a ocorrecircncia

foi de 119 dias Outras pesquisas trazem a prevalecircncia de quedas na faixa etaacuteria de 60 anos

ou mais (Costa Monteiro Memesath amp Almeida 2011 Paiva et al 2010 Correa et al 2012

Abreu et al 2012 e Inoue Matsuda Melo Murassaki amp Hayakawa 2011)

Nesta pesquisa houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo

noturno (50) Em relaccedilatildeo agrave prevalecircncia no sexo masculino este resultado vai ao encontro

dos apresentados por Paiva et al 2010 Costa et al 2011 Carneiro et al 2011e Inoue et al

2011) O turno noturno tambeacutem foi mais frequente nas pesquisas de Paiva et al 2010 (637)

e de Correa et al 2012 (413)

37

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo de janeiro

a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

N = 205

Caracteriacutesticas Meacutedia n

idade (meacutedia) 5663

dias de internaccedilatildeo (meacutedia) 1402

Sexo

Feminino

83 41

Masculino

122 59

Turno

Manhatilde

54 26

Tarde

42 21

Noturno

103 50

natildeo informado

6 3

Local

Banheiro

50 24

Quarto

89 43

corredor

13 6

saguatildeo do PS

6 3

SECSEM do PS

3 1

locais de exame

7 4

outros

8 5

natildeo informado

29 14

Altura

cadeiracadeira de rodaspoltrona

20 10

camaleitomaca

48 23

mesa ciruacutergicaexame

2 1

proacutepria altura

108 53

outros

1 05

natildeo presenciado

1 05

natildeo informado

25 12

Dano

Sim

61 30

Natildeo

122 59

natildeo informado 22 11

Fonte Resultados da pesquisa

Quanto ao local da queda 43 ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando

67 de ocorrecircncias no ambiente destinado agrave acomodaccedilatildeo do paciente durante a internaccedilatildeo O

quarto tambeacutem foi o local mais frequente de quedas nos estudos de Correa et al 2011 e

Abreu et al 2012 o que poderia ser explicado pelo fato de ser onde os pacientes permanecem

mais tempo

38

Em 53 dos incidentes a queda ocorreu da proacutepria altura 23 da cama leito ou

maca 12 dos casos a altura natildeo foi informada 10 da cadeira poltrona cadeira de rodas

1 da mesa ciruacutergicaexames e em 2 a queda natildeo foi presenciada ou outros

Das 205 quedas notificadas 122 (59) natildeo resultaram em danos constatados ou

referidos pelo paciente Em 62 eventos (30 ) ocorreu algum tipo de dano e em 21 casos

(11) esta informaccedilatildeo natildeo constava das notificaccedilotildees Entre os danos as mais frequentes

foram escoriaccedilotildees (43) seguida de ferimentos corto contusoslesotildees (21) sendo que em

dois casos foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de sutura Em 36 dos casos as lesotildees foram reunidas

em um grupo denominado ldquooutrosrdquo variando de dor referida pelo paciente agrave perda de

consciecircncia em duas ocorrecircncias fratura oacutessea em um caso hematoma subgaleal e deiscecircncia

de ferida operatoacuteria em outras duas situaccedilotildees

Em 164 ocorrecircncias (79) natildeo foram solicitados exames complementares ou natildeo foi

registrada na ficha de notificaccedilatildeo poreacutem em 42 (21) eles foram necessaacuterios Os mais

frequentes foram as tomografias computadorizadas (n= 24 57) solicitaccedilatildeo de RX foram 10

(24) e em dois casos foram necessaacuterios RX e tomografia computadorizada (5) e outros

tipos de exames somaram 6 casos (14)

As seis unidades de internaccedilatildeo onde ocorreu maior frequecircncia de quedas foram

Cliacutenica Meacutedica (10) Retaguarda do Pronto Socorro (8) Transplante Renal (7)

Nefrologia (6) Moleacutestia Infecciosas e Cirurgia Vascular (5 cada uma) A maior

porcentagem de quedas ocorreu nas aacutereas de Pronto Socorro (saguatildeo salas de emergecircncia

observaccedilatildeo e cuidados intensivos) somando 21 poreacutem natildeo constitui foacuterum deste estudo

que se restringiu agraves unidades de internaccedilatildeo Os restantes 38 ficaram distribuiacutedos em outras

18 unidades

A Tabela 3 traz a distribuiccedilatildeo dos locais de ocorrecircncia onde as quedas foram mais

frequentes considerando quarto e banheiro que somam os maiores valores

39

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde predominaram os

eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

Unidade local Quarto Banheiro Outros

Cliacutenica Meacutedica 30 55 15

Retaguarda do PS 18 52 30

Cirurgia Vascular 70 0 30

Unidade de

Transplante Renal44 21 25

Nefrologia 36 27 27

Moleacutestias

Infecciosas60 10 30

Fonte Resultados da Pesquisa

Observa-se que a frequecircncia de quedas foi significativamente maior no quarto nas

unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias Infecciosas onde haacute maior nuacutemero de pacientes

restritos ao leito seja pelas alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora na primeira e pela gravidade na

segunda

Considerando que a ocorrecircncia de quedas foi de 205 casos em seis meses podemos

considerar este evento como frequente de gravidade moderada (30 resultaram em dano aos

pacientes) e de alta detecccedilatildeo

A Tabela 4 apresenta a distribuiccedilatildeo das unidades visitadas e o atendimento aos

quesitos do formulaacuterio utilizado para registro dos dados levantados com base nas

recomendaccedilotildees de adequaccedilatildeo do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a

perspectiva da seguranccedila e avaliaccedilatildeo de riscos

Na unidade de Cliacutenica Meacutedica onde ocorreu o maior nuacutemero de quedas (10 de

todas as quedas notificadas) entre as aacutereas selecionadas dos 17 quesitos diretamente

relacionados a quedas do roteiro de inspeccedilatildeo elaborado (excluindo-se os itens referentes agraves

pias) natildeo foram atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em todos

os quartos mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os quartos e iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos A unidade de Retaguarda do Pronto Socorro (8 das quedas) teve os

seguintes quesitos natildeo atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em

todos os quartos iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e mobiliaacuterios com rodiacutezios e

travas em todos os quartos Por sua vez as unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias

Infecciosas onde ocorram 5 das quedas em cada uma delas tiveram 9 e 8 quesitos natildeo

atendidos respectivamente As unidades de Nefrologia (6 das quedas) e Transplante Renal

(7 das quedas) tambeacutem tiveram 9 itens natildeo atendidos Estes resultados alertam para

intervenccedilatildeo nestas aacutereas pois estatildeo em risco de novas e mais frequentes ocorrecircncias

40

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades visitadas

2014 Satildeo Paulo Brasil

Embora os sistemas de chamada de enfermagem estivessem presentes em todas as

unidades em todas elas havia vaacuterios dispositivos que natildeo funcionavam Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

UnidadeMoleacutestias

Infecciosas

Retaguarda

do Pronto

Socorro

Cliacutenica

MeacutedicaNefrologia

Transplant

e Renal

Cirurgia

Vascular

Quesito atende natildeo atende

Dimensotildees miacutenimas por

quartoleitoatende atende atende atende atende atende 100

Banheiro exclusivo para

cada quartoatende atende atende atende atende atende 100

Barras de apoio no box em

todos os banheirosatende atende atende atende natildeo atende atende 83 17

Barras de apoio proacuteximas ao

vaso sanitaacuterioatende atende atende atende atende atende 100

Pia agrave entrada do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Pia dentro do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Sistema de chamada de

enfermagematende atende atende atende atende atende 100

Interruptor de luz acessiacutevel natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso em perfeitas condiccedilotildees

em todos os quartosatende natildeo atende natildeo atende atende atende natildeo atende 50 50

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em

todos os leitos atende natildeo atende atende

presente mas

faltam

lacircmpadas

natildeo atende natildeo atende 33 67

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente mas

natildeo funcionanatildeo atende

presente

mas natildeo

funciona

84 16

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os

quartos

atende atende atende natildeo atende atende atende 84 16

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem atende atende atende atende atende natildeo atende 84 16

Camas com grades em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas comtravas em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas eleacutetricas em todos os

leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Escada de 2 degraus

presente em todos os leitos

e com ponteira de borracha

natildeo atendenatildeo se

aplica

natildeo se

aplicanatildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Mobilaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartosnatildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

atende atende atende atende atende atende 100

41

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia estivesse presente em todas

elas natildeo funcionava

Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os

quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado a ocorrecircncia

de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados)

Os itens seguintes natildeo satildeo atendidos na maioria das unidades (67 cada) camas com

grades em todos os leitos camas com travas em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os

leitos e escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Os

quesitos alertam quanto ao fato de que 23 de todas as quedas notificadas ocorreram da cama

ou leito camas hospitalares altas sem ajuste de altura pois natildeo satildeo eleacutetricas sem travas e

sem escadas para auxiliar a saiacuteda do leito

A RDC nordm 50 (p44 ANEXO 1) recomenda que os quartos tenham dimensotildees miacutenimas

por leito (6 msup2) distacircncia entre os leitos (1 m) distacircncia entre peacute do leito e parede (12 m) e

entre leitos (05 m) Embora estabeleccedila que na pediatria e na geriatria devam ser previstos

espaccedilos para poltrona de acompanhante ao lado do leito e para berccedilo ao lado da cama da matildee

no caso de alojamento conjunto considera que as metragens quadradas permaneccedilam as

mesmas citadas na tabela

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (Vigilacircncia Sanitaacuteria) investiga se os

dormitoacuterios obedecem aos padrotildees estabelecidos pela legislaccedilatildeo vigente se haacute distacircncia

miacutenima entre dois leitos que permita a faacutecil circulaccedilatildeo sendo as respostas para estas questotildees

sim ou natildeo natildeo especificando dimensotildees

Considerando as recomendaccedilotildees da RDC nordm 50 as unidades estudadas atendem os

requisitos de dimensotildees miacutenimas para os quartos de 2 4 e 6 leitos Entretanto a referida RDC

natildeo considera o espaccedilo para a colocaccedilatildeo de outros mobiliaacuterios necessaacuterios ao atendimento e

conforto do paciente como mesa de cabeceira mesa de refeiccedilatildeo e poltrona para

posicionamento de pacientes Ao se dispor todos estes itens mesmo o ambiente atendendo as

recomendaccedilotildees de dimensotildees miacutenimas o espaccedilo torna-se reduzido dificultando a circulaccedilatildeo

de pacientes e profissionais sem esbarrarem nos mobiliaacuterios o que pode prejudicar seu

equiliacutebrio e propiciar a ocorrecircncia de quedas

As Figuras 8 e 9 trazem imagens da distribuiccedilatildeo tiacutepica dos mobiliaacuterios nos ambientes

de internaccedilatildeo das unidades estudadas que literalmente se acumulam deixando reduzido

espaccedilo para circulaccedilatildeo e natildeo atendendo agrave recomendaccedilatildeo de distacircncia entre o leito e a parede

42

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de

cabeceira e suporte de soro contiacuteguos

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

Quanto agraves instalaccedilotildees sanitaacuterias questionam se estatildeo no mesmo pavimento das

enfermarias e se haacute um chuveiro para cada seis leitos O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospital

Geral da Coordenaccedilatildeo de Fiscalizaccedilatildeo Sanitaacuteria do Estado do Rio de Janeiro quanto a

banheiro para pacientes fala de um para cada quarto ou enfermaria que deve ter acesso direto

a um banheiro podendo este servir no maacuteximo a 2 enfermarias Nem um dos dois roteiros de

vistoria acata a RDC nordm 50 (2002) que prevecirc banheiro para pacientes em cada quarto ou

enfermaria Novamente natildeo se estabelece dimensotildees

43

Para as unidades estudadas todos os quartos contam com banheiro privativo

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (ANEXO 2) indaga se os chuveiros estatildeo

instalados em box com dimensotildees internas compatiacuteveis com banho em posiccedilatildeo assentada e

dotados de aacutegua quente

Tais requisitos natildeo parecem suficientes pois como se observa na Figura 10 abaixo a

cadeira higiecircnica eacute robusta e ocupa praticamente todo o espaccedilo do box impossibilitando a

permanecircncia do profissional acompanhando ou executando a higienizaccedilatildeo do paciente Aleacutem

disso natildeo haacute cinto de seguranccedila que impeccedila o arremesso do tronco para frente

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box

As Figuras 11 e 12 exibem os mobiliaacuterios habituais disponibilizados para o

atendimento dos pacientes A mesa de refeiccedilatildeo tem apenas dois rodiacutezios e sem trava A mesa

de cabeceira embora com peacutes fixos eacute de metal e com cantos pontiagudos que ao se chocarem

com o corpo do paciente podem provocar ferimentos

44

A figura 13 mostra a presenccedila das barras de apoio proacuteximas dispostas nas laterais do

vaso sanitaacuterio permitindo o alcance do paciente caso seja necessaacuterio

Durante o transcorrer do estudo uma medida de melhoria implementada foi a

substituiccedilatildeo de todas as camas por eleacutetricas em duas das unidades aumentando para de 33

para 50 as aacutereas que atendem este quesito

Quatro outras unidades do hospital jaacute passaram por reformas planejadas pela

arquitetura hospitalar com adequaccedilatildeo do nuacutemero de leitos ao espaccedilo disponiacutevel piso

iluminaccedilatildeo sistema de chamada de emergecircncia e de enfermagem barras de apoio e assentos

fixos nos banheiros

Para as aacutereas estudadas apenas uma delas jaacute possui projeto para reforma

Figura 11 Mesa de refeiccedilatildeo Figura 12 Mesa de cabeceira

45

Figura 11 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio

dispostas proacuteximas nas laterais

46

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA

Este estudo teve como principal objetivo avaliar a estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo de um hospital puacuteblico buscando analisar se as mesmas cumpriam a legislaccedilatildeo

vigente visto que na literatura como pode-se observar durante esta dissertaccedilatildeo existem alguns

pontos essenciais para garantir a seguranccedila do paciente no que se refere ao risco de queda

Pode-se entender que a gestatildeo do risco de queda de pacientes internados dentre vaacuterios

fatores deve existir a preocupaccedilatildeo com a estrutura fiacutesica do ambiente hospitalar

A principal contribuiccedilatildeo praacutetica deste estudo foi apresentar essa relaccedilatildeo do risco de queda

pela estrutura fiacutesica hospitalar das unidades de internaccedilatildeo estudadas e propondo a inclusatildeo

nos protocolos de gestatildeo de queda dos pacientes internados dos hospitais o item de anaacutelise de

estrutura fiacutesica

Para fidelizar essa proposta criamos um instrumento de apoio para todos os hospitais

sejam puacuteblicos ou privados utilizarem facilitando a identificaccedilatildeo de possiacuteveis natildeo

conformidades neste quesito arquitetura hospitalar

Deixa-se aqui uma sugestatildeo embasada na literatura cientiacutefica e legislaccedilatildeo vigente dos

itens relacionados a estrutura fiacutesica que devem ser avaliados como fatores de risco de queda

(Figura 14)

Esta proposta busca nortear os gestores quanto agraves necessidades de incluir a gestatildeo do

risco de queda no planejamento de construccedilotildees e reformas de edificaccedilotildees destinadas a

prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no acircmbito hospitalar

Os profissionais de arquitetura e engenharia hospitalar devem ter conhecimento dos

mobiliaacuterios pretendidos para acomodaccedilatildeo e atendimento do paciente considerando suas

proporccedilotildees em relaccedilatildeo aos ambientes e o espaccedilo ocupado por cada peccedila computado no

caacutelculo das dimensotildees dos quartos por leito

Eacute necessaacuteria a constataccedilatildeo da presenccedila e funcionalidade de dispositivos de seguranccedila

como as grades travas e regulaccedilatildeo de altura das camas ou escadas que propiciem a saiacuteda

segura do leito

A iluminaccedilatildeo deveraacute ser avaliada quanto agrave presenccedila tipo funcionamento e

efetividade Dispositivos como interruptores de acionamento de iluminaccedilatildeo e sistemas de

chamada devem estar instalados de modo a propiciar o alcance do usuaacuterio

Outra questatildeo a ser considerada eacute a circulaccedilatildeo segura no ambiente de internaccedilatildeo

garantida pela integridade do piso e se eacute mantido seco ausecircncia de obstaacuteculos como cabos e

extensotildees nos quais o paciente possa tropeccedilar e perder o equiliacutebrio

47

Figura 12 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar

Itens para inspeccedilatildeo Recomendaccedilatildeo

dimensotildees miacutenimas por leitomobiliaacuterio 800 msup2

distacircncia entre leitos 100 m

distacircncia entrte a lateral do leito e parede 050 m

distacircncia entre o peacute do leito e parede 120 m

espaccedilo aproximado reservado para cama hospitalar 220 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de cabeceira 125 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de refeiccedilatildeo 032 msup2

espaccedilo aproximado reservado para poltrona 180 msup2

iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e funcionando

banheiro exclusivo para cada quarto

dimensotildees miacutenimas do box do banheiro 100 msup2

Barras de apoio no box em todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas a todos os vasos sanitaacuterios em todos os banheiros

Sistema de chamada de Enfermagem para cada leito e funcionando

Interruptor de luz acessiacutevel para cada leito e ao alcance do paciente

Piso em perfeitas condiccedilotildees em todos os quartos integridade do material que o constitui

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e funcionando com

acionador ao alcance do paciente

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos e funcionando

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem

acima das portas de cada quarto com sinal

luminoso e sonoro

Cama com grades em todos os leitos

Camas com travas nas rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas ou com ajuste de altura em todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em todos os leitos

Piso seco continuamente Fonte Autor

48

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES

O objetivo geral deste estudo foi avaliar a estrutura fiacutesica das unidades de internaccedilatildeo

de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital de grande porte e a sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

A RDC nordm 50 traz como recomendaccedilatildeo de dimensotildees miacutenimas para quarto de dois

leitos 7 msup2leito e 6msup2leito para quartos de 3 a 6 leitos Nas unidades estudadas predominam

os quartos de 24 e 6 leitos A distacircncia miacutenima entre leitos deve ser de 1m da lateral da cama

e parede 050m e entre o peacute do leito e parede 12m Em relaccedilatildeo agraves dimensotildees miacutenimas dos

quartos proporcional ao nuacutemero de leitos 100 das unidades estatildeo em conformidade com a

legislaccedilatildeo

Outros fatores relacionados agrave seguranccedila e prevenccedilatildeo de quedas satildeo os sistemas de

iluminaccedilatildeo que aleacutem de presentes devem funcionar e os valores de iluminacircncia serem

adequados para os diferentes objetivos conforme Norma Brasileira (NBR) 541392 Os

sistemas de chamada de enfermagem devem ter ser dispositivos iacutentegros e ao alcance do

paciente

A escolha do tipo de piso deve considerar a relaccedilatildeo do dano causado pela queda com

relaccedilatildeo agrave absorccedilatildeo do impacto poreacutem natildeo eacute item previsto pela legislaccedilatildeo vigente A

manutenccedilatildeo do piso seco eacute medida recomendada

A presenccedila de grades travas e altura das camas mostram-se como fatores de impacto

na reduccedilatildeo destes incidentes evidenciados em publicaccedilotildees especiacuteficas

Quanto ao objetivo especiacutefico da pesquisa identificaccedilatildeo das medidas de seguranccedila

existentes para prevenccedilatildeo de quedas concluiu-se que embora as dimensotildees estejam em

conformidade com as recomendaccedilotildees ao considerarmos os mobiliaacuterios que habitualmente

compotildeem a unidade do paciente temos a cama com dimensotildees aproximadas de 225 m de

comprimento e 100 de largura a mesa de cabeceira em meacutedia com 050 m de largura por

050m de comprimento mesa de refeiccedilatildeo com base de 040m de largura X 080m de

comprimento poltrona reclinaacutevel medindo 077m de largura por 165m de profundidade total

aberta A disposiccedilatildeo ambiental destes objetos ocupa aproximadamente 5 27 msup2 de aacuterea

restando somente 073m da aacuterea total do quarto disponiacutevel para circulaccedilatildeo do profissional que

presta cuidados aos pacientes De modo geral os quartos da instituiccedilatildeo possuem aacuterea em

torno de 14msup2 para dois leitos O comprimento da cama (225 m) acrescido da largura da

mesa de refeiccedilatildeo (040m situada aos peacutes da cama) somando 265 m eacute disposto na largura do

quarto (333m) restando 068 m do peacute do leito ateacute a parede (recomendado eacute de 120m) e

49

passagem No sentido do comprimento do quarto soma-se as larguras da cama (100 m) da

mesa de cabeceira (050 m) da poltrona (077 m) e a distacircncia da lateral do leito ateacute a parede

(050 m) distacircncia entre os leitos de 100 m resultando em 377 m do total de 418 m Se

outros itens forem necessaacuterios como escada de dois degraus quando natildeo haacute cama eleacutetrica

suporte de soro e cadeira para visitante haacute maior restriccedilatildeo de espaccedilo disponiacutevel propiciando

choques do usuaacuterio e profissionais contra suas estruturas

Outros quesitos em conformidade em 100 das unidades foram banheiros exclusivos

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistema de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo

O banheiro privativo possui dimensotildees em torno de 375 msup2 e a aacuterea destinada ao box

027 msup2 contudo cadeira higiecircnica ocupa cerca 025msup2 natildeo restando espaccedilo para que o

colaborador permaneccedila ao lado do paciente

Barras de apoio no box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os

quartos iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo

itens atendidos na maioria das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia

estivesse presente em todas elas natildeo funcionava em nenhum quarto A sinalizaccedilatildeo de

enfermagem funcionava em todos os quartos mas requer o pronto atendimento agraves chamadas

Em contrapartida os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades Ao sair do leito com as

luzes apagadas por natildeo conseguir acessar o interruptor o paciente fica sujeito aos obstaacuteculos

ocultos pela escuridatildeo Na vigecircncia de instabilidade da marcha eou alteraccedilotildees de equiliacutebrio o

apoio em moacuteveis com rodiacutezio e sem travas podem propiciar a concretizaccedilatildeo da queda

As camas eram de acionamento mecacircnico em quatro das seis unidades

impossibilitando o ajuste de altura e o apoio dos peacutes do paciente no chatildeo ao sair do leito As

escadas de dois degraus quando disponiacuteveis natildeo possuem barras laterais para apoio e natildeo

apresentam ponteiras de borracha proporcionando situaccedilatildeo de instabilidade A falta de cama

com grades em todos os leitos submete o paciente ao risco de queda do leito em inadvertidas

situaccedilotildees de rolamento sobre o colchatildeo durante o sono e em camas de altura muito superior a

que estatildeo habituados em seus domiciacutelios

Accedilotildees implementadas como a substituiccedilatildeo de camas mecacircnicas por eleacutetricas que

permitem o ajuste de altura providenciam uma soluccedilatildeo para a saiacuteda segura do paciente do

leito

50

A composiccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo deve ser considerada apenas

informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as organizaccedilotildees hospitalares utilizam os

espaccedilos disponiacuteveis A robustez de peccedilas de mobiliaacuterio compromete a circulaccedilatildeo o que pode

ser determinante especialmente em situaccedilotildees de atendimento de emergecircncia Tais

consideraccedilotildees apontam a necessidade de descritivos e especificaccedilotildees teacutecnicas que atendam

estas exigecircncias

Os resultados obtidos sugerem que a estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de

influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas desde que outros fatores ambientais

sejam considerados respondendo a questatildeo de pesquisa

Pesquisas adicionais satildeo necessaacuterias para que as recomendaccedilotildees sejam validadas em

organizaccedilotildees de sauacutede e populaccedilatildeo de caracteriacutesticas semelhantes permitindo aos gestores

intervenccedilotildees relacionadas agrave estrutura fiacutesica e ambiente que sejam eficazes na prevenccedilatildeo de

quedas

61 Limitaccedilotildees da Pesquisa

A abordagem qualitativa utilizando dados subjetivos podem levar a diversidade e

imprecisatildeo aleacutem da questatildeo da incerteza da exatidatildeo dos dados registrados nas notificaccedilotildees

dos eventos adversos (Valle 2013)

O observador pode ter criado impressotildees favoraacuteveis ou desfavoraacuteveis sobre o objeto

estudado (Mello amp Turrioni 2007)

O excesso de confianccedila do pesquisador e a certeza com relaccedilatildeo aos dados podem levar

agrave falta de observaccedilatildeo de aspectos diferentes sob enfoques diferentes aleacutem do seu

envolvimento com a situaccedilatildeo pesquisada Considera-se ainda como limitaccedilatildeo o fato do

estudo se ater a apenas um hospital e a escolha de amostra de conveniecircncia

Constituiu limitaccedilatildeo assumida desconsiderar para fins de anaacutelise neste estudo outros

fatores de risco de queda associados a uso de medicamentos alteraccedilotildees de mobilidade e

marcha uso de dispositivos e estado mental

51

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56

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA

Unidades

Recomendaccedilatildeo A B C D E F G H I J

Dimensotildees quarto 1 leito

Dimensotildees quarto 2 leitos

Dimensotildees quarto 3 leitos

Dimensotildees quarto 4 leitos

Dimensotildees quarto 5 leitos

Dimensotildees quarto 6 leitos

Banheiro exclusivo para

cada quarto

Barras de apoio no box em

todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas

a todos os vasos sanitaacuterios

Pia agrave entrada do quarto

Pia dentro do quarto

Sistema de chamada de

Enfermagem

Interruptor de luz

acessiacutevel

Piso em perfeitas

condiccedilotildees em todos os

quartos

Iluminaccedilatildeo de cabeceira

em todos os leitos

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

Sinalizaccedilatildeo de

enfermagem

Cama com grades em

todos os leitos

Camas com travas nas

rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas em todos

os leitos

Escada de 2 degraus

presente e com borracha

nas extremidades em

todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em

todos os quartos

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

57

ANEXO 1

58

59

ANEXO 2

Page 8: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FÍSICA DAS …

ABSTRACT

We were understand the relationship between falls and environmental hazards is necessary to

identify the hazards of the environment that may influence the occurrence of these events The

aim of this work is to identify risks associated with the physical structure in patient units of

medical and surgical clinics of a public hospital in the city of Satildeo Paulo To evaluate the

influence in the fall of hospitalized patients identifying existing security measures providing

support for the design and construction phases of actions aimed at improving the management

of the risk of falling This is a descriptive study exploratory case study The technique of

data collection used was a survey through scripts characteristic being listed spaces for the

accommodation of patients and plant units We were selected 06 units in the period January-

June 2014The notifications was 205 falls during this period The results the average age of

individuals fall victims was 57 years and there was no difference between men and women

The mean time from admission until the occurrence was 14 days A predominance of falls

among men (59) and at night (50) 43 occurred in the fourth and 24 in the bathroom

totaling 67 of occurrences The 6 units assessed 100 meet the requirements that are

minimum dimensions per room bed exclusive bathroom for each room grab bars near the

toilet nurse call system and dry conditions in all rooms at the time of observation Grab bars

in the box in all bathrooms wake lighting in all rooms fluorescent general lighting in all

rooms and nursing signaling items are served in most units (84) The criteria light switch

accessible and furniture with trundle and locks in all rooms are not seen in 100 of the units

which may be related to the occurrence of falls at night (50 of reported incidents) In 67

of the units had not caged beds in all beds beds with locks on all beds electric beds on all

beds and stair steps in this 2 all beds and rubber tip It follows that the physical structure can

be evaluated as influential in determining the occurrence of falls from other environmental

factors are considered The scales should not be composed only with information about

dimensions but assess how hospital organizations use available space The descriptives and

technical specifications for equipment and furnishings should be updated and health services

should ensure the proper performance of devices and availability to users

Keywords risk management incidents fall

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 3

11 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO 3

12 PROBLEMA DE PESQUISA 7

13 QUESTAtildeO DE PESQUISA 10

14 OBJETIVOS 11

141Geral 11

142 Especiacuteficos 11

15 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA 11

16 ESTRUTURA DO TRABALHO 12

2REFERENCIAL TEOacuteRICO 13

21 GESTAtildeO DE RISCOS CORPORATIVOS 13

22 ANAacuteLISE DE RISCOS 15

23 QUEDAS 18

24 MATRIZ DE RISCO 21

25 FERRAMENTA DE ANAacuteLISE DO MODO E EFEITO DA FALHA (FMEA) 22

26 LEGISLACcedilAtildeO RELACIONADA Agrave VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA 24

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA 28

31 DELINEAMENTO DA PESQUISA 29

32 LOCAL DO ESTUDO 31

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS 31

34 PROCEDIMENTOS E ANAacuteLISE DE DADOS 34

35 ASPECTOS EacuteTICOS DA PESQUISA 34

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 36

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA 46

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES 48

61 LIMITACcedilOtildeES DA PESQUISA 50

REFEREcircNCIAS 51

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA 56

ANEXO 1 57

ANEXO 2 59

1

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

AHRQ Agency for Healthcare Research and Quality

CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de Pesquisa

COSO Committee of Sponsoring Organizations

CRM Clinical Risk Management

EA Eventos Adversos

EAS Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede

ERM Enterprise Risk Management

FERMA Federation of European Risk Management Associations

FMEA Failure Modes and Effects Analysis

GM Gabinete do Ministro

HFMEA Healthcare Failure Modes and Effects Analysis

IS Sinalizaccedilatildeo de Enfermagem

ISO International Organization for Standardization

JCAHO Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations

MS Ministeacuterio da Sauacutede

NAPSA National Patient Safety Agency

NBR Normas Brasileiras

NCPS National Center for Patient Safety

NHS National Health Service

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

RC Responsabilidade Civil

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RNAO Registered Nurses Association of Ontario

RPN Risk Prority Number (Nuacutemero de Prioridade de Risco)

SIH Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VHA Veretans Health Administrtion

VISA Vigilacircncia Sanitaacuteria

2

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos 22

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA 24

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA 24

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS 26

Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000) 28

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa 29

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo 33

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de 42

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

42

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box 43

Figura 13 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio dispostas proacuteximas nas laterais 45

Figura 14 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar 47

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um Hospital

Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil 8

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no

periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 37

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde

predominaram os eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 39

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades

visitadas 2014 Satildeo Paulo Brasil 40

3

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Contextualizaccedilatildeo

O homem como indiviacuteduo ou como parte de organizaccedilotildees sempre esteve agrave procura de

formas de identificar os riscos que ameaccedilam sua existecircncia Nas sociedades primitivas de

cultura agraacuteria a produccedilatildeo atendia apenas suas necessidades imediatas logo a perda de uma

colheita significava desastre certo Organizadas como economias industriais sociedades e

indiviacuteduos seguem tentando compreender e antecipar os riscos que os ameaccedilam procurando

preservar seus bens valiosos (McCaffrey amp Hagg-Rckert 2009)

Risco eacute definido como o efeito da incerteza nos objetivos da organizaccedilatildeo sendo o

efeito um desvio em relaccedilatildeo ao esperado seja ele positivo ou negativo A incerteza eacute ldquoo

estado mesmo que parcial da deficiecircncia das informaccedilotildees relacionadas a um evento sua

compreensatildeo conhecimento sua consequecircncia e a probabilidade de ocorrecircncia associadardquo

(ABNT 2009)

A gestatildeo de risco eacute uma forma de reconhecer que os eventos podem levar a danos e

prevecirc a avaliaccedilatildeo e anaacutelise dos riscos de forma a minimizar sua ocorrecircncia e consequecircncias

Considerar um risco toleraacutevel natildeo significa aceita-lo mas conviver com ele confiando que

estaacute devidamente controlado Nenhuma pessoa deve ser exposta a risco grave a menos que

concorde em aceitaacute-lo (National Health Service - NHS 2008)

A gestatildeo de risco prevecirc a realizaccedilatildeo de ldquoatividades coordenadas para dirigir e controlar

uma organizaccedilatildeo no que se refere ao risco (ABNT 2009)

O Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission COSO

2007 (Comitecirc de Organizaccedilotildees Patrocinadoras do Comeacutercio) eacute uma iniciativa conjunta de

cinco organizaccedilotildees do setor privado e eacute dedicado a fornecer lideranccedila de pensamento atraveacutes

do desenvolvimento de quadros e orientaccedilatildeo sobre gerenciamento de riscos corporativos

controles internos e de dissuasatildeo de fraude As organizaccedilotildees reconhecem e direcionam seus

esforccedilos para a necessidade de se desenvolver uma estrateacutegia capaz de identificar avaliar e

administrar os riscos Nesta perspectiva o gerenciamento de riscos corporativos eacute definido

como um processo conduzido pela organizaccedilatildeo envolvendo o conselho administrativo

diretoria e demais empregados com o objetivo de estabelecer estrateacutegias para identificar

eventos em potencial que podem afetaacute-la administrando os riscos e possibilitando o alcance

de seus objetivos O evento eacute um incidente ou uma ocorrecircncia de causa interna ou externa

4

que pode afetar a realizaccedilatildeo dos objetivos da organizaccedilatildeo O risco eacute a possibilidade de um

evento ocorrer e afetar negativamente a realizaccedilatildeo destes objetivos

A administraccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo natildeo pode prever quando e como ocorreraacute um

evento e o impacto que causaraacute entretanto deve ser capaz de avaliar os riscos de sua

ocorrecircncia Os eventos podem estar relacionados a infraestrutura (disponibilidade de bens

acesso ao capital complexidade) a pessoal (capacidade dos empregados sauacutede e seguranccedila

atividades fraudulentas) a processos (capacidade desenho execuccedilatildeo) ou agrave tecnologia

(integridade de dados disponibilidade de dados e sistemas desenvolvimento alocaccedilatildeo

manutenccedilatildeo) (COSO 2007)

Apoacutes a avaliaccedilatildeo dos riscos pertinentes agraves atividades desenvolvidas eacute necessaacuterio

determinar como a organizaccedilatildeo responderaacute ao risco avaliando seu efeito e impacto custos e

benefiacutecios mantendo-se dentro da toleracircncia estabelecida As respostas da organizaccedilatildeo aos

riscos podem ser de evitaacute-los decidindo descontinuar as atividades que geram riscos A

posiccedilatildeo da organizaccedilatildeo pode ser de reduzir a probabilidade e impacto dos riscos ou ainda de

compartilhamento de uma parte do risco com a aquisiccedilatildeo de produtos de seguro a realizaccedilatildeo

de transaccedilotildees de heading ou a terceirizaccedilatildeo de uma atividade A resposta da organizaccedilatildeo pode

ser aceitaccedilatildeo do risco natildeo adotando nenhuma medida para afetar o grau de impacto dos riscos

(COSO 2007)

O ponto central de uma boa gestatildeo de riscos eacute a identificaccedilatildeo e tratamento dos

mesmos Todos os riscos inerentes agraves atividades da organizaccedilatildeo devem ser metodicamente

avaliados Os riscos podem ter origem em fatores internos e externos riscos financeiros

(creacutedito taxas de juros diferenccedilas cambiais fluxo de caixa e liquidez sistemas de controle

financeiros e sistemas de informaccedilatildeo) riscos estrateacutegicos (concorrecircncia alteraccedilotildees no

consumo alteraccedilotildees da atividade de procura investigaccedilatildeo amp desenvolvimento e capital

intelectual) riscos operacionais (recrutamento cadeia de abastecimento regulamentaccedilotildees

cultura composiccedilatildeo da gestatildeo do topo da organizaccedilatildeo) e perigos (acesso puacuteblico

empregados propriedade bens e serviccedilos contratos eventos naturais fornecedores meio

ambiente (Federation of European Risk Management Associations [FERMA] 2002)

Como os eventos satildeo inesperados as organizaccedilotildees devem implementar accedilotildees para a

reduccedilatildeo do risco gerindo ou controlando qualquer dano futuro ou probabilidade de dano

associado a um incidente Estas accedilotildees abrangem a detecccedilatildeo de fatores atenuantes do dano ou

accedilotildees de melhoria e podem ser proativas ou reativas Accedilotildees proativas podem ser teacutecnicas

como a anaacutelise de modos e efeitos de falha e anaacutelise de probabilidades de risco As ldquoaccedilotildees

5

reativas satildeo as desenvolvidas em resposta a conhecimentos adquiridos apoacutes a ocorrecircncia de

incidentes (por exemplo anaacutelise das causas)rdquo (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede [OMS] 2009)

O termo ldquocultura de seguranccedilardquo apareceu pela primeira vez apoacutes o acidente nuclear de

Chernobyl em 1988 e foi disseminado a vaacuterias induacutestrias com o intuito de melhorar a

seguranccedila e a confiabilidade das organizaccedilotildees Entretanto a extrapolaccedilatildeo para a sauacutede eacute

recente e ainda natildeo haacute consenso nos estudos sobre a forma como a seguranccedila do paciente

deve ser construiacuteda O primeiro passo para as organizaccedilotildees de sauacutede melhorarem a cultura de

seguranccedila eacute definir claramente o conceito fazendo diagnoacutestico do status atual em sua

empresa identificando pontos fortes e fracos para melhores informaccedilotildees e estrateacutegias de accedilatildeo

(Halligan amp Zecevic 2011)

Os hospitais como organizaccedilotildees de alto risco tecircm uma permanente preocupaccedilatildeo em

gerenciar o inesperado A medicina moderna tornou o atendimento cada vez mais complexo

resultando em maiores oportunidades para melhoria dos cuidados mas aumentando o risco de

eventos adversos e danos ao paciente (Briner Kessler amp Manser 2010)

O Processo de Gestatildeo de Risco incorporou-se ao setor da sauacutede nos Estados Unidos haacute

cerca de 30 anos com o objetivo de proteger as organizaccedilotildees de sauacutede contra as perdas

inicialmente atraveacutes da ldquocontrataccedilatildeo de seguros de responsabilidade civil para cobrir

consequecircncias econocircmicas das accedilotildees e processos por maacute praacuteticardquo movidas contra

profissionais eou hospitais Entretanto atualmente a Gestatildeo de risco tornou-se um programa

que visa agrave construccedilatildeo de normas preventivas corretivas e contingentes identificando

mapeando e monitorando os riscos ldquocom foco no processo de trabalho e na contiacutenua reduccedilatildeo

dos danos e perdasrdquo (Feldman 2009a p27 28)

Como os riscos associados agrave assistecircncia natildeo podem ser completamente eliminados o

conceito de Gestatildeo de Risco Cliacutenico (Clinical Risk Management - CRM) surgiu como uma

forma de direcionar os recursos hospitalares para melhorar a seguranccedila do paciente A Gestatildeo

de Risco Cliacutenico refere-se a uma forma especiacutefica de gestatildeo de risco com foco em processos

cliacutenicos direta e indiretamente relacionados ao paciente Compreende todas as estruturas

processos instrumentos e atividades que permitam aos profissionais identificar analisar

controlar e gerenciar os riscos ao fornecer tratamento cliacutenico e assistecircncia ao paciente Os

hospitais realizam uma variedade de atividades para promover a seguranccedila do paciente mas

natildeo o fazem de forma sistemaacutetica como gerenciamento de risco cliacutenico com o objetivo de

alcanccedilar a melhora dos serviccedilos e dos atendimentos meacutedicos (Briner Kessler amp Manser

2010)

6

As falhas satildeo a maior ameaccedila agrave seguranccedila dos pacientes pois os profissionais

automatizam comportamentos e os erros acontecem no meio de accedilotildees que jaacute realizamos

milhares de vezes o que eacute ignorado pelos sistemas de sauacutede e seus responsaacuteveis Criar uma

cultura de seguranccedila do paciente exige praacutetica alicerccedilada em evidecircncias cientiacuteficas sobre o

que funciona ou natildeo comunicaccedilatildeo dos resultados das mudanccedilas efetuadas a todos os

envolvidos e reavaliaccedilatildeo permanente do conjunto (Carneiro 2010)

Embora a gestatildeo de risco considere os riscos sob as perspectivas positivas (quando as

consequecircncias dos eventos constituem oportunidades para se obter vantagens) ou negativas

(quando constituem ameaccedilas ao sucesso) em se tratando de sauacutede e seguranccedila do paciente ldquoeacute

quase um dado adquirido que as consequecircncias satildeo apenas negativasrdquo devendo os esforccedilos

serem concentrados na prevenccedilatildeo ou diminuiccedilatildeo do dano (FERMA 2002 p3)

Nos Estados Unidos o programa da ldquoAgency for Healthcare Research and Qualityrdquo ndash

AHRQ ndash (Agecircncia de Pesquisa de Qualidade em Sauacutede) conduz e apoia a investigaccedilatildeo para a

construccedilatildeo de conhecimentos sobre seguranccedila do paciente e melhoria da qualidade

incentivando o investimento no aumento das capacitaccedilotildees de profissionais de sauacutede

divulgando os benefiacutecios de novos procedimentos mas os alertando dos riscos inerentes a eles

(Feldman 2009a)

Um estudo exploratoacuterio com pacientes internados em dois hospitais puacuteblicos de ensino

do Estado do Rio de Janeiro analisou uma amostra aleatoacuteria de 622 prontuaacuterios no ano de

2003 verificando que 583 pacientes natildeo sofreram Eventos Adversos (EA) (937) contra 39

(63) que sofreram Dos EA ocorridos 641 foram considerados evitaacuteveis quando

analisados por meacutedico revisor Os pacientes com EA apresentaram tempo meacutedio de

permanecircncia no hospital de 283 dias superior ao observado nos pacientes sem EA Os EA

implicaram no gasto de R$ 121236330 o que representou 27 do valor total de reembolso

recebido pelo total de internaccedilotildees realizadas em 2003 (Porto Martins Mendes amp Travassos

2010)

Quedas satildeo eventos comuns em ambiente hospitalar que tecircm como consequecircncia

lesotildees aumento do tempo de internaccedilatildeo aleacutem da questatildeo de responsabilidade legal

A Responsabilidade Civil (RC) ldquoimplica em reparar indenizar ou ressarcir pelo dano

causado a algueacutemrdquo e se decorrente do exerciacutecio profissional estende-se a qualquer

trabalhador envolvido na atividade ou prestaccedilatildeo de serviccedilos Portanto eacute necessaacuteria a

identificaccedilatildeo de falhas de cada processo de cuja execuccedilatildeo possam advir ldquodano estrago

7

detrimento ou prejuiacutezo ao paciente famiacutelia usuaacuterio profissional ou comunidaderdquo (Feldman

2010 a p 135)

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor 1990 em seu artigo 14 paraacutegrafo 1ordm determina

que

ldquoO serviccedilo eacute defeituoso quando natildeo fornece a seguranccedila que o consumidor

dele pode esperar levando-se em consideraccedilatildeo as circunstacircncias relevantes

entre as quais o modo de seu fornecimento o resultado e os riscos que

razoavelmente dele se esperam a eacutepoca em que foi fornecidordquo

12 Problema de Pesquisa

Um evento adverso eacute qualquer evento ou circunstacircncia involuntaacuteria que conduz a dano

ou sofrimento Incidente eacute um tipo especiacutefico de evento adverso eacute imprevisto ou inesperado e

pode prejudicar um ou mais pacientes que recebam cuidados de sauacutede (National Patient

Safety Agency [NPSA] 2008)

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede na Estrutura Conceitual da Classificaccedilatildeo

Internacional para a Seguranccedila do Paciente (ldquoThe Conceptual Framework for International

Classification for Patient Safetyrdquo) 2009 define a seguranccedila do paciente como a ldquoreduccedilatildeo do

risco de danos desnecessaacuterios relacionados aos cuidados de sauacutede para um miacutenimo

aceitaacutevelrdquo sendo aceitaacutevel o que diz respeito ao consenso diante dos recursos atualmente

disponiacuteveis do estado da arte do conhecimento do contexto em que a prestaccedilatildeo de cuidados

acontece e do custo benefiacutecio face a natildeo implementaccedilatildeo de um tratamento (OMS 2009 p

21)

Um estudo incluindo internaccedilotildees de adultos em cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas no Brasil

em 2007 utilizando como fonte de informaccedilatildeo o Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares (SIH)

mostrou frequecircncia de 36 potenciais resultados adversos por 1000 internaccedilotildees alertando esta

alta frequecircncia para a necessidade de se implementar estrateacutegias para monitorar tais

ocorrecircncias e identificar as melhorias necessaacuterias para garantir a seguranccedila do paciente em

ambiente hospitalar (Dias Martins amp Navarro 2012)

Feldman (2009b p 118) define risco assistencial como aquele que ldquoeacute proveniente das

situaccedilotildees que envolvem a dinacircmica dos cuidados durante a internaccedilatildeo ou periacuteodo de

permanecircncia do cliente no hospitalrdquo

As quedas de pacientes permanecem entre os eventos adversos mais relatados em

instituiccedilotildees de cuidados agudos resultando em morbidade mortalidade e medo de sofrer uma

nova queda Satildeo exemplos de situaccedilotildees notificadas no ambiente hospitalar relacionadas a

quedas

8

ldquoacidente com queda do paciente ao se apoiar na mesa de suporte para

alimentaccedilatildeo causando ferimento no braccedilo direito na altura do cotovelo

Queda no corredor do hospital em uma rampa com pouca inclinaccedilatildeo devido

ao piso estar molhado pela chuva Causou fratura no cotovelo esquerdo

levando o usuaacuterio agrave cirurgia A paciente caiu da poltrona individual ao se

esticar para pegar o telefone que estava sobre a mesa A queda causou

ferimento no joelho com hematomardquo (Feldman 2009b p129)

A Tabela 1 mostra os resultados de estudo realizado por Carneiro et al 2010 em um

periacuteodo de quatro anos em Goiacircnia

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um

Hospital Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil

Eventos Adversos N

Retirada de sondas drenos e cateteres 162 6136

Quedas 49 1856

Processos aleacutergicos 14 530

Evasatildeo 14 530

Uacutelcera por pressatildeo 13 492

Erros de Medicaccedilatildeo 7 265

Procedimentos meacutedicos 3 114

Hemoderivados 1 038

Queimaduras 1 038

Total 264 1000

Fonte Adaptado de Carneiro Bezerra Camargo e Silva Paranaguaacute amp Branquinho 2010

Morse em 1997 identificou trecircs classificaccedilotildees para as quedas de pacientes acidentais

(paciente tropeccedila ou escorrega em decorrecircncia de algum perigo ambiental como por exemplo

piso molhado) antecedentes fisioloacutegicos (quedas em pessoas consideradas com risco de cair)

quedas fisiologicamente inesperadas (quedas atribuiacutedas a fatores fisioloacutegicos que natildeo podem

ser previstas antes que ocorram) (Hendrich Bender amp Nyhuis 2003)

Decesaro amp Padilha (2002) conduziram um estudo em que coletaram dados em 12

Unidades de Terapia Intensiva (UTI) sendo 9 gerais e 3 especializadas de 8 instituiccedilotildees dos

municiacutepios de Londrina e Maringaacute A populaccedilatildeo foi constituiacuteda de 91 profissionais de

enfermagem que relataram um ou mais incidentes relativos a queda de pacientes durante a

internaccedilatildeo na UTI Os autores identificaram que 367 das situaccedilotildees estudadas natildeo

trouxeram nenhuma consequecircncia identificaacutevel para o paciente entretanto em 633

9

resultaram em uma ou mais consequecircncias imediatas para o paciente O maior percentual

estava relacionado a traumas teciduais resultando em contusotildees hematomas fraturas lesotildees

tissulares com e sem necessidade de sutura edema e sangramentos

Em um estudo conduzido entre janeiro de 1999 e dezembro de 2003 em um hospital

puacuteblico de ensino em Zurique Suiacuteccedila a taxa global de queda foi de 89 quedas por 1000

pacientes dia (Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006)

Outros estudos realizados com dados coletados de 826 boletins de notificaccedilatildeo de

eventos adversos em um hospital universitaacuterio terciaacuterio mostraram 80 registros relacionados a

quedas (107) no periacuteodo estudado de 30 meses implicando em 26 quedas por mecircs As

quedas do leito foram as mais frequentes (55) predominando nas enfermarias de

Neurologia (227) cliacutenica meacutedica (204) e moleacutestias infecciosas e parasitaacuterias (182)

As quedas da proacutepria altura corresponderam a 388 e ocorreram em maior nuacutemero na cliacutenica

meacutedica (387) e cirurgia gastroenteroloacutegica (129) As quedas de cadeiras foram as menos

frequentes (62) No periacuteodo noturno as quedas ocorreram com maior frequecircncia (637)

nos primeiros cinco dias de admissatildeo (617) e entre os indiviacuteduos do sexo masculino

(575) (Paiva Paiva Berti amp Campana 2010)

Utilizando uma ferramenta avaliativa para analisar uma Instituiccedilatildeo de Longa

Permanecircncia de Idosos do Rio Grande do Sul foi conduzido um estudo com o intuito de

identificar acertos e dificuldades da realidade encontrada envolvendo os eventos relacionados

a quedas Verificou-se que os pisos internos e externos natildeo possuiacuteam revestimentos

antiderrapantes e as escadas natildeo apresentavam sinalizaccedilatildeo Os dormitoacuterios eram coletivos e os

banheiros situavam-se no corredor e eram escuros tornando difiacutecil o acesso noturno Os

banheiros natildeo permitiam a entrada de cadeiras de rodas e natildeo possuiacuteam em sua totalidade

barras de seguranccedila junto ao vaso sanitaacuterio o vatildeo livre na parte inferior das portas tinha

medida inferior a 20 cm e os pisos apresentavam desniacuteveis Observou-se aglomeraccedilatildeo de

objetos decorativos tapetes sofaacutes que obstruiacuteam a livre circulaccedilatildeo do idoso podendo se

tornar risco para quedas (Feliciani Santos amp Valcarenghi 2011)

Conduzido em um hospital universitaacuterio de Goiacircnia que faz parte da Rede Hospitais

Sentinelas um estudo documental retrospectivo em uma cliacutenica ciruacutergica utilizou dados

referentes a eventos adversos registrados no livro de anotaccedilotildees de enfermagem entre janeiro

de 2005 e dezembro de 2009 mostrou que as quedas representaram 1856 (49 quedas) do

total de eventos 7551 das quedas ocorreram do leito 124 da proacutepria altura 1020 no

banheiro e 204 da maca (Carneiro et al 2011)

10

Saraiva (2008 apud Almeida Abreu amp Mendes 2010 p 165) destaca que fatores

extriacutensecos de quedas ldquorelacionados com fatores ambientais reuacutenem uma seacuterie de

caracteriacutesticas inadequadas dos espaccedilos mobiliaacuterio e iluminaccedilatildeo existecircncia de obstaacuteculos no

meio envolvente ausecircncia ou inadequaccedilatildeo de ajudas teacutecnicas vestuaacuterio inadequado entre

outrosrdquo

Embora nem todas as quedas estejam associadas a fatores ambientais natildeo haacute como

desvinculaacute-los desses eventos devendo-se buscar na legislaccedilatildeo relacionada os subsiacutedios

necessaacuterios para a respectiva anaacutelise

ldquoAs principais normas norteadoras das edificaccedilotildees dos Estabelecimentos de Assistecircncia agrave Sauacutede no Brasil satildeo do Ministeacuterio da Sauacutede atraveacutes da RDC nordm 50 de

21 de fevereiro de 2002 aleacutem de algumas normas que devem ser aprovadas junto a

Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (Anvisa) e agrave ABNTrdquo (Associaccedilatildeo Brasileira

de Normas Teacutecnicas) (Sistema Referecircncia Acadecircmica 2010 p 1)

13 Questatildeo de Pesquisa

Considerando que a gestatildeo de riscos em uma organizaccedilatildeo prevecirc que as atividades

sejam coordenadas em um processo de busca reconhecimento e descriccedilatildeo de riscos a

identificaccedilatildeo das fontes de risco eventos suas causas e consequecircncias natildeo pode preterir

qualquer aspecto relacionado

As atividades de prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede apresentam inuacutemeros riscos inerentes

ao proacuteprio desempenho de procedimentos e dos diferentes locais onde tais serviccedilos satildeo

oferecidos incluindo instalaccedilotildees mobiliaacuterios e equipamentos

Levando-se em conta as recomendaccedilotildees feitas pela legislaccedilatildeo e literatura relacionadas

este trabalho tem como objetivo identificar se a atual situaccedilatildeo das unidades de internaccedilatildeo de

cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo

Paulo pode influenciar na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando os

riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica as medidas de seguranccedila existentes para

fornecer subsiacutedios para as fases de projeto e construccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave melhoria da

gestatildeo do risco de queda nas unidades estudadas

Desta forma a questatildeo de pesquisa deste estudo eacute como a estrutura fiacutesica das

unidades de internaccedilatildeo de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande

porte do municiacutepio de Satildeo Paulo pode influenciar a ocorrecircncia de quedas de pacientes

internados

11

14 Objetivos

141Geral

Avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica de um

hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

142 Especiacuteficos

Identificar os riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica a que fica exposta a

populaccedilatildeo internada nas cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas

Identificar as medidas de seguranccedila existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas

Propor um instrumento para apoio a anaacutelise da estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo hospitalar com foco no gerenciamento do risco de queda

15 Justificativa para Estudo do Tema

Os estudos realizados sobre quedas em sua maioria caracterizam a populaccedilatildeo

envolvida neste evento quanto agrave idade sexo medicamentos utilizados local de ocorrecircncia Haacute

uma lacuna na literatura na identificaccedilatildeo dos fatores ambientais e equipamentosmobiliaacuterios

relacionados agrave queda no ambiente hospitalar Esta carecircncia pode ser devida a jaacute estabelecida

correlaccedilatildeo de outros fatores de risco bem definidos em populaccedilotildees especiacuteficas Entretanto

considerando que qualquer indiviacuteduo estaacute sujeito a este evento mesmo sem associaccedilatildeo a tais

fatores pode ser valoroso identificar se haacute riscos ambientais relacionados sobre os quais se

pode intervir

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os

perigos do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos Uma revisatildeo

de estudos realizados sobre quedas e ambiente fiacutesico concluiu que as quedas satildeo resultado da

interaccedilatildeo do estado do indiviacuteduo com o ambiente fiacutesico mas consideram razoaacutevel concluir

que mudanccedilas no meio ambiente oferecem abordagem promissora para a prevenccedilatildeo de

quedas especialmente quando associadas a outras intervenccedilotildees como programas de

exerciacutecios e educacionais (Feldman amp Chaudhury 2008)

12

Os dados referentes aos perigos ambientais que podem estar associados a

probabilidades de quedas satildeo insuficientes no que se refere a pacientes idosos hospitalizados

Entretanto em casas de repouso as quedas atribuiacutedas a fatores ambientais satildeo de 273 nesta

populaccedilatildeo (Registered Nurses Association of Ontaacuterio - RNAO 2005)

Na instituiccedilatildeo onde foi realizada a pesquisa as notificaccedilotildees de quedas de janeiro a

junho de 2014 somaram 205 eventos mostrando uma predominacircncia de ocorrecircncias em aacutereas

envolvendo a unidade reservada agrave internaccedilatildeo do paciente (quarto e banheiro) A

predominacircncia de tais quedas nestes locais levou agrave investigaccedilatildeo da influecircncia ambiental sobre

estes eventos

Estudos mostram uma maior frequecircncia de quedas entre indiviacuteduos idosos como o

estudo retrospectivo realizado em um hospital da grande Lisboa entre junho de 2008 e

dezembro de 2010 a anaacutelise de 214 de episoacutedios de quedas notificados (190 doentes) os

resultados demonstraram que os doentes com notificaccedilatildeo de incidente de queda tinham em

meacutedia 75 anos e apenas 6 dos indiviacuteduos tinham idade le 49 anos (Costa-Dias Oliveira

Moreira Santos Martins amp Arauacutejo 2013)

Segundo Saraiva et al (2008 apud Almeida Abreu ampMendes 2010 p 168) ldquoo risco

de queda aumenta linearmente como o nuacutemero de fatores de riscordquo o que sugere que se os

fatores de risco forem eliminados a probabilidade de ocorrecircncia de quedas pode diminuir

Como nem todos os fatores de risco podem ser eliminados por serem intriacutensecos ao

paciente medidas proativas de prevenccedilatildeo voltadas aos fatores extriacutensecos como o ambiente

podem significar uma valorosa estrateacutegia

Este estudo trouxe subsiacutedios para que se proponham medidas de seguranccedila associadas

agrave estrutura fiacutesica por excelecircncia visando a prevenccedilatildeo de queda em pacientes internados

16 Estrutura do Trabalho

Quanto agrave forma esta dissertaccedilatildeo estaacute estruturada em cinco capiacutetulos

O capiacutetulo um traz a contextualizaccedilatildeo com os pressupostos da aacuterea de conhecimento

relacionados ao gerenciamento de risco evento adverso e seu impacto na assistecircncia prestada

pelos serviccedilos de sauacutede a problematizaccedilatildeo mostra a inquietaccedilatildeo quanto aos fatores de risco

ambientais para ocorrecircncia de queda de pacientes no periacuteodo de internaccedilatildeo hospitalar Satildeo

estabelecidos a questatildeo de pesquisa objetivos geral e especiacuteficos a justificativa para o

desenvolvimento do estudo e a estrutura da dissertaccedilatildeo

13

No capiacutetulo dois o autor apresenta a Revisatildeo Bibliograacutefica com as bases teoacutericas e

evidecircncias existentes concebendo os polos gestatildeo de risco corporativo anaacutelise de risco

matriz de risco e legislaccedilatildeo relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

O capiacutetulo trecircs detalha os procedimentos metodoloacutegicos utilizados durante a pesquisa

com ecircnfase para o desenvolvimento do projeto de pesquisa

O quarto capiacutetulo apresenta os resultados obtidos e uma discussatildeo sob a oacuteptica da

literatura pertinente

O capiacutetulo cinco expressa as conclusotildees da pesquisa embasadas pela teoria correlata e

as recomendaccedilotildees

2REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Gestatildeo de Riscos Corporativos

O gerenciamento de riscos corporativos (Enterprise Risk Management ndash ERM) eacute o

gerenciamento de riscos dentro da organizaccedilatildeo O processo de gerenciamento de riscos deve

estar integrado agrave gestatildeo da organizaccedilatildeo identificando os riscos significativos aos seus

14

negoacutecios A estrutura do gerenciamento de riscos compreende os componentes e a

organizaccedilatildeo do gerenciamento de riscos dentro de uma empresa (MacLeod MacDonald

Ybarra Sorlie Foster amp Stokka 2013)

O gerenciamento de risco corporativo compreende um processo contiacutenuo conduzido

pelos profissionais em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo que inclui a identificaccedilatildeo de todos os

riscos que a estaacute exposta a organizaccedilatildeo indicando eventos que podem afetaacute-la aleacutem daqueles

que podem ser gerenciados propiciando garantia razoaacutevel agrave administraccedilatildeo e deve estar

orientado para a realizaccedilatildeo dos objetivos propostos Os objetivos satildeo classificados em quatro

categorias estrateacutegicos relacionados agraves metas gerais alinhadas agrave missatildeo da organizaccedilatildeo de

operaccedilotildees que diz respeito agrave utilizaccedilatildeo eficaz e eficiente dos recursos comunicaccedilatildeo referente

agrave confiabilidade de relatoacuterios e conformidade alusivos ao cumprimento de leis e

regulamentos aplicaacuteveis (COSO 2007)

O gerenciamento de risco corporativo considera o ambiente interno ou seja como a

organizaccedilatildeo identifica os riscos a forma de abordagem dos seus colaboradores seu apetite a

riscos e a filosofia do gerenciamento de risco Os objetivos fixados devem propiciar suporte e

estar alinhados com a missatildeo da organizaccedilatildeo e serem compatiacuteveis com seu apetite a riscos Eacute

necessaacuterio identificar os eventos que podem influenciar o alcance dos objetivos estabelecidos

Os riscos devem ser avaliados e analisados considerando a probabilidade e impacto

direcionando a forma como deveraacute ser abordado qual seraacute a resposta ao risco desenvolvendo

uma seacuterie de medidas para alinhar os riscos com a toleracircncia e com o apetite a risco As

atividades de controle estabelecem procedimentos e poliacuteticas que garantam que as atividades

de respostas aos riscos sejam executadas de forma eficaz Informaccedilotildees e a comunicaccedilatildeo eficaz

devem permear todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo com conteuacutedo apropriado informaccedilotildees

oportunas atuais exatas e de faacutecil acesso O monitoramento deve garantir a manutenccedilatildeo da

integridade do gerenciamento de risco e que as modificaccedilotildees necessaacuterias seratildeo implementadas

(COSO 2007)

Uma organizaccedilatildeo para melhorar sua abordagem em relaccedilatildeo ao gerenciamento de

risco deve partir de uma anaacutelise de seu processo e sistema atuais quanto agrave abordagem de

todos os componentes avaliando as atividades desenvolvidas pois a ausecircncia de qualquer

deles implica que o gerenciamento de risco eacute ineficaz O monitoramento contiacutenuo do processo

de gerenciamento de risco corporativo deve ser incorporado agraves atividades operacionais

normais e recorrentes da empresa com avaliaccedilotildees perioacutedicas e classificaccedilatildeo de riscos

permitindo que os problemas sejam identificados mais rapidamente (MacLeod et al 2013)

15

Entretanto o gerenciamento de riscos corporativos natildeo assegura que a organizaccedilatildeo

natildeo fracassaraacute no alcance de seus objetivos pois o risco estaacute relacionado ao futuro que eacute

incerto alguns eventos estatildeo aleacutem do controle da administraccedilatildeo e nenhum processo nunca

executaraacute exatamente o que foi previsto A eficaacutecia do gerenciamento de risco sofre

limitaccedilotildees da fraqueza humana pois as decisotildees devem ser tomadas utilizando julgamento

humano tendo como base as informaccedilotildees disponiacuteveis e sofrendo as pressotildees de conduzir um

negoacutecio da falta de adequado entendimento das instruccedilotildees pelos empregados o que pode

levar a erros de julgamento das mudanccedilas no sistema que forem introduzidas antes que o

pessoal tenha sido treinado adequadamente do esquecimento ou execuccedilatildeo incorreta de tarefas

por empregados temporaacuterios pode haver indiviacuteduos que atuem para impedir que o processo

de gestatildeo de riscos corporativos identifiquem as alteraccedilotildees existentes da limitaccedilatildeo de

recursos e a proacutepria direccedilatildeo da organizaccedilatildeo que pode neutralizar poliacuteticas ou procedimentos

recomendados com fins ilegiacutetimos (COSO 2007)

22 Anaacutelise de Riscos

A gestatildeo de riscos eacute um processo contiacutenuo que as organizaccedilotildees utilizam para analisar

metodicamente os riscos inerentes agraves suas atividades processo que deve estar incorporado agrave

cultura organizacional com responsabilidades atribuiacutedas em todos os niacuteveis constando das

descriccedilotildees das funccedilotildees Os ldquoproprietaacuteriosrdquo do processo de gestatildeo de riscos devem ser os

atores internos da organizaccedilatildeo (FERMA) 2002)

Realizar avaliaccedilatildeo de risco consiste em medir a consequecircncia definida aqui como o

resultado ou potencial resultado de um evento Para avaliar a gravidade dos incidentes pode

ser utilizado um sistema de pontuaccedilatildeo Para avaliar as consequecircncias algumas questotildees

devem ser resolvidas tais como A organizaccedilatildeo tem uma definiccedilatildeo clara do que constitui uma

pequena lesatildeo Que medidas satildeo utilizados para determinar o impacto psicoloacutegico sobre os

indiviacuteduos O que eacute definido como um evento adverso e quantos indiviacuteduos podem ser

afetados (National Patient Safety Agency [NPSA] 2008)

Identificar os riscos tem como objetivo identificar as incertezas a que estatildeo expostas as

organizaccedilotildees descrevendo-os de forma estruturada considerando a probabilidade e a

consequecircncia de cada um dos riscos definidos identificando os riscos chave e estabelecer as

prioridades na anaacutelise dos mesmos A descriccedilatildeo dos riscos prevecirc a designaccedilatildeo acircmbito do

risco a natureza do risco intervenientes quantificaccedilatildeo dos riscos toleracircncia para o risco

tratamento e mecanismo de controle do risco possiacuteveis accedilotildees de melhoria e desenvolvimento

16

de estrateacutegias e poliacuteticas O impacto das consequecircncias dos riscos e a sua probabilidade de

ocorrecircncia satildeo fatores importantes da avaliaccedilatildeo Brainstorming questionaacuterios anaacutelises

comparativas de setor anaacutelise de cenaacuterios investigaccedilatildeo de incidentes auditorias e inspeccedilotildees

satildeo algumas teacutecnicas propostas para a identificaccedilatildeo de riscos (FERMA 2002)

O tratamento de riscos consiste em selecionar e implementar medidas para modificar

um risco e deve no miacutenimo ldquoproporcionar um funcionamento eficaz e eficiente da

organizaccedilatildeo garantir controles internos eficazes e cumprir leis e regulamentaccedilotildees (FERMA

2002)

O niacutevel responsaacutevel pela administraccedilatildeo deve conhecer os riscos mais importantes que

a organizaccedilatildeo enfrenta os possiacuteveis efeitos em seu desempenho garantir a sensibilizaccedilatildeo aos

riscos em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo dispor de formas de gerir uma crise ter certeza de

que o processo de gestatildeo de riscos eacute eficaz As unidades de negoacutecio devem conhecer os riscos

relacionados agraves suas aacutereas de atuaccedilatildeo impactos que podem produzir em outros setores e das

consequecircncias destes setores sobre elas dispor de desempenho que lhes permitam monitorizar

as atividades identificar as intervenccedilotildees necessaacuterias Cada indiviacuteduo deve compreender seu

niacutevel de responsabilizaccedilatildeo compreender a forma como pode contribuir para a melhoria

contiacutenua da gestatildeo de riscos comunicar os riscos novos ou falhas constatadas nas medidas de

controle implementadas (FERMA 2002)

Perdas e custos relacionados agrave sauacutede seguranccedila e incidentes ambientais podem natildeo ser

seguraacuteveis pois englobam danos morais aos usuaacuterios e agrave reputaccedilatildeo da organizaccedilatildeo (FERMA

2002)

Quando os pacientes procuram os serviccedilos de sauacutede esperam receber benefiacutecios

embora jaacute tenham consciecircncia de que erros podem acontecer na prestaccedilatildeo de cuidados que

natildeo intencionais e na maioria das vezes tem origem nas falhas dos proacuteprios processos A

responsabilidade dos profissionais ligados direta ou indiretamente agrave prestaccedilatildeo de cuidados eacute

tentar reduzir os erros pois embora sejam sensiacuteveis aos erros que atingem a si proacuteprios ou aos

seus familiares muitas vezes ficam alheios aos erros decorrentes da sua praacutetica diaacuteria (Lage

2010)

Segundo a Portaria MSGM nordm 5292013 a cultura de seguranccedila abrange os

profissionais e gestores envolvidos no cuidado que ldquoassumem a responsabilidade por sua

seguranccedila dos seus colegas pacientes e familiares priorizando a seguranccedila agraves metas

financeiras e operacionais encorajando a identificaccedilatildeo notificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos problemas

17

relacionados agrave seguranccedila promovendo o aprendizado organizacionalrdquo (Ministeacuterio da Sauacutede

[MS] 2013)

O Ministeacuterio da Sauacutede define gestatildeo de risco como a aplicaccedilatildeo sistecircmica e contiacutenua

de iniciativas procedimentos condutas e recursos na avaliaccedilatildeo e controle de riscos e eventos

adversos que afetam a seguranccedila a sauacutede humana a integridade profissional o meio

ambiente e a imagem institucionalrdquo (MS 2013)

Por sua vez o Gerenciamento de Risco consiste na aplicaccedilatildeo de um conjunto de

medidas para prever identificar e minimizar a ocorrecircncia de eventos inesperados e

indesejaacuteveis que podem causar dano fiacutesico ou psicoloacutegico aos pacientes (Lima amp Dutra

2010 p 87)O risco cliacutenico natildeo eacute decorrente apenas da atuaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede

mas estaacute associado agrave ausecircncia de poliacuteticas e praacuteticas de seguranccedila do paciente seguranccedila das

instalaccedilotildees ou atendimento aos processos de trabalho (Lima amp Dutra 2010)

O Protocolo de Londres eacute uma versatildeo revisada e atualizada do ldquoProtocolo para

Investigaccedilatildeo e Anaacutelise de Incidentes Cliacutenicosrdquo e tem como proposta assegurar uma

investigaccedilatildeo e anaacutelise abrangentes e planejadas de um incidente indo aleacutem da procura de

culpados O termo anaacutelise de causa raiz tem origem na induacutestria sendo que um grupo de

ferramentas satildeo utilizadas para identificar as causas baacutesicas na investigaccedilatildeo e anaacutelise de

incidentes Entretanto o cenaacuterio que surge desta investigaccedilatildeo eacute muito mais complexo onde

haacute uma cadeia de eventos e fatores que contribuem para sua ocorrecircncia Eacute necessaacuterio

identificar quais fatores contribuem de forma mais impactante na ocorrecircncia dos eventos Na

aviaccedilatildeo induacutestrias de petroacuteleo e nucleares investigaccedilatildeo de incidentes satildeo procedimentos bem

estabelecidos (Taylor-Adams amp Vincent 2004)

No modelo organizacional de acidentes de James Reason as decisotildees falhas nos altos

escalotildees da organizaccedilatildeo permeiam os departamentos criando condiccedilotildees favoraacuteveis para atos

inseguros e acidentes Devem ser criadas barreiras e defesas contra perigos e para mitigar as

consequecircncias de falhas humanas e de equipamentos Tais barreiras podem ser fiacutesicas (muros

vedaccedilatildeo) naturais (distacircncia) accedilotildees humanas (meacutetodos de checagem) e controles

administrativos (treinamento) O passo inicial eacute identificar falhas no processo organizacional

atos inseguros ou omissotildees cometidas por pessoas cujas accedilotildees podem ter consequecircncias

adversas imediatas Este modelo extrapolado para cuidados de sauacutede identifica fatores que

influenciam a praacutetica cliacutenica e estatildeo relacionados ao paciente (complexidade e severidade de

suas condiccedilotildees liacutengua e comunicaccedilatildeo fatores sociais) fatores tecnoloacutegicos e tarefas

(disponibilidade e uso de protocolos apoio na tomada de decisatildeo tarefas projetadas e clareza

18

da estrutura) fatores relacionados a pessoas (conhecimento e ferramentas competecircncia sauacutede

fiacutesica e mental) equipe (comunicaccedilatildeo verbal e escrita supervisatildeo e procura de ajuda) e

ambiente de trabalho (carga de trabalho e turnos disponibilidade e manutenccedilatildeo de

equipamentos suporte administrativo) fatores organizacionais e gerenciais (recursos

financeiros estrutura organizacional cultura de seguranccedila e prioridades) e fatores

institucionais (contexto regulatoacuterio e econocircmico contatos com organizaccedilotildees externas)

(Taylor-Adams amp Vincent 2004)

23 Quedas

No Protocolo de Prevenccedilatildeo de Quedas integrante do Programa Nacional de Seguranccedila

do Paciente do Ministeacuterio da Sauacutede a definiccedilatildeo de queda considerada foi ldquodeslocamento natildeo

intencional do corpo para um niacutevel inferior agrave posiccedilatildeo inicial provocado por circunstacircncias

multifatoriais resultando ou natildeo em danordquo (MS 2013)

Rutledge et al (1998 apud Kalischi amp Tschannen 2012 p 6) definem queda como

um evento em que os pacientes satildeo encontrados no chatildeo por funcionaacuterios ou visitantes evento

observado ou natildeo ou o rebaixamento natildeo planejado do paciente ao niacutevel do chatildeo

As quedas segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede satildeo categorizadas como

incidentes que ocorrem com os doentes classificadas pelo tipo (tropeccedilar escorregar desmaio

perda de equiliacutebrio) e podem envolver berccedilo cama cadeira maca banheiro equipamento

terapecircutico escadas ou degraus enquanto transportado ou apoiado por outro indiviacuteduo OMS

2009)

Estima-se que um terccedilo das pessoas com mais de 65 anos e metade das pessoas com

idade acima de 80 anos sofrem pelo menos uma queda por ano sendo que nos hospitais

australianos 38 dos eventos com pacientes envolvem queda (The Joanna Briggs Institute

1998)

Vaacuterias ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco de queda foram desenvolvidas e validadas

Hendrich I e II Johns Hopkins Innes Morse STRATIFY Downton Tinetti and Schimidt

Entretanto natildeo haacute consenso sobre qual destes eacute o melhor instrumento na prediccedilatildeo de quedas

Aleacutem disso ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco por si soacute natildeo previnem quedas (Degelau

Bungum Flavin Harper Leys Londquist amp Webb 2012)

A traduccedilatildeo e a adaptaccedilatildeo transcultural para a liacutengua portuguesa do Brasil da Morse

Fall Scale (Escala de Queda de Morse) mostraram resultados satisfatoacuterios quanto agrave clareza

dos itens da escala traduzida a concordacircncia entre os avaliadoresjuiacutezes na aplicaccedilatildeo da

19

escala atingiu classificaccedilatildeo quase perfeita na maioria dos itens e a variabilidade intra-

avaliadoresjuiacutezes foi categorizada como excelente Nesta escala satildeo avaliados os seguintes

itens histoacuterico de quedas diagnoacutestico secundaacuterio auxiacutelio na deambulaccedilatildeo terapia

endovenosadispositivo endovenoso salinizado ou heparinizado marcha e estado mental

Cada um destes criteacuterios recebe escores que variam de 0 a 30 pontos A somatoacuteria destes

pontos indica o niacutevel de risco baixo risco (0 a 24) meacutedio risco (25 a 44) e alto risco (ge 45)

(Urbanetto Creutzberg Franz Ojeda Gustavo Bittencourt amp Farina 2013)

Um estudo transversal com amostra total de 137 idosos em atendimento na Cliacutenica-

Escola de Fisioterapia da Universidade de Itauacutenam que responderam a um questionaacuterio

estruturado relataram como fatores e comportamentos de riscos extriacutensecos de queda o uso de

calccedilados inadequados escadas sem corrimatildeo uso de tapetes no chatildeo obstaacuteculos entre o

quarto e banheiro objetos espalhados pelo chatildeo e iluminaccedilatildeo deficiente sendo que a

iluminaccedilatildeo foi a uacutenica variaacutevel estatisticamente significativa (Lopes Carvalho Mouratildeo

Dias Mitre amp Moraisorais 2010)

Ao entrevistar 39 pacientes idosos atendidos em dois serviccedilos de pronto atendimento

do Rio Grande do Sul entre dezembro de 2019 a abril de 2010 com diagnoacutestico de queda um

estudo verificou fatores relacionados ao ambiente de moradia sendo que 949 dos idosos

tinham moacuteveis pontiagudos em casa 897 das residecircncias tinham degraus 692 referiram

ter tapetes soltos em casa 513 afirmaram que suas residecircncias possuiacuteam pisos

escorregadios e 308 tinham escadas (Ramos Santos Barlem amp Pelzer 2011)

Em Portugal entre os anos de 2007 a 2009 em um hospital universitaacuterio foi observado

que a maior parte das quedas ocorreu no quarto onde existiam mais obstaacuteculos como mesas de

cabeceira cadeira cadeira de rodas limitando a mobilidade dos pacientes Os autores

identificaram diminuiccedilatildeo ao longo dos anos o que foi atribuiacutedo agrave revisatildeo do sistema de

travagem das camas cadeira de rodas suportes de soros com rodas aboliccedilatildeo do uso de cera

no piso e substituiccedilatildeo por cera antiderrapante aquisiccedilatildeo de grades para todas as camas

colocaccedilatildeo de barras de apoio no banheiros mais especificamente proacuteximo ao vaso sanitaacuterio e

chuveiro colocaccedilatildeo de degraus duplos para os pacientes subirem para as camas e pedido de

aquisiccedilatildeo de camas eleacutetricas articuladas na cabeceira e nos peacutes com grade de proteccedilatildeo e que

permitam ajuste da altura em relaccedilatildeo ao chatildeo (Abreu Mendes Monteiro amp Santos 2012)

Em 80 quedas ocorridas em um periacuteodo de doze meses em um hospital privado

acreditado pela Joint Commission International no que diz respeito agraves condiccedilotildees ambientais

no momento da queda as mais frequentes foram presenccedila de obstaacuteculos (5) ou falta de

20

apoio (5) Em 512 dos casos houve algum tipo de consequecircncia sendo as mais frequentes

as escoriaccedilotildees (163) e os hematomas (113) Apoacutes a implantaccedilatildeo de accedilotildees assistenciais

de prevenccedilatildeo como a identificaccedilatildeo de risco ocorreu a queda do iacutendice (Correa Marques

Martinez Laurino Leatildeo amp Chimentatildeo 2012)

As camas com baixa altura foram recentemente associadas agrave reduccedilatildeo de quedas Um

sistema de sauacutede informou que a associaccedilatildeo de caracteriacutesticas de cama relacionadas agrave altura

do chatildeo superfiacutecie de redistribuiccedilatildeo de pressatildeo e sistema interno de alarme reduziu em 9 a

taxa de quedas em cinco meses (Degelau et al 2012)

Em instituiccedilotildees de longa permanecircncia as quedas da cama satildeo comuns entre os

internos com disfunccedilatildeo das extremidades distuacuterbios cognitivos ou que fazem uso de

medicaccedilotildees que prejudicam sua capacidade de levantar-se e mover-se de forma independente

Outros fatores contribuem para o aumento da ocorrecircncia desses eventos como altura da cama

colchotildees altos e macios camas com rodiacutezios ambientes estranhos camas com altura e largura

diferentes ao que estatildeo acostumados Tais consideraccedilotildees reforccedilam a necessidade ao se

selecionar este mobiliaacuterio de se adequar o tipo de cama agraves caracteriacutesticas da populaccedilatildeo

atendida como uma das medidas eficazes no controle de fatores de risco extriacutensecos (Fragala

Perry amp Fragala 2012)

Um estudo canadense se propocircs a avaliar se havia diferenccedila na taxa de lesotildees

relacionadas com quedas entre o piso existente e o piso de intervenccedilatildeo suas propriedades

antiderrapantes e de absorccedilatildeo do impacto Houve uma influecircncia significativa do piso na

absorccedilatildeo da energia no impacto do piso com o quadril e parte posterior da cabeccedila em

simulaccedilotildees fornecendo insights sobre as diferenccedilas na capacidade de atenuaccedilatildeo do impacto

dos diferentes tipos de piso sobre estas estruturas corpoacutereas (Glinka Karakolis Callaghan amp

Laing 2013)

Haacute intervenccedilotildees que devem ser estendidas a todos os pacientes independente do risco

de queda familiarizar o paciente com o ambiente ensinar o paciente a usar o sistema de

chamada e mantecirc-lo sempre ao alcance de sua matildeo manter proacuteximos seus pertences pessoais

ter corrimatildeos no banheiro do paciente quarto e corredor manter as camas em posiccedilatildeo baixa e

com rodas travadas garantir o uso pelo paciente de calccedilado bem ajustado e com solado

antiderrapante utilizar luz noturna ou iluminaccedilatildeo suplementar manter piso limpo e seco e

limpar prontamente todos os derramamentos manter as aacutereas de atendimento ao paciente

organizadas (Degelau et al 2012)

21

Equipes deveriam circular com frequecircncia pelo ambiente para confirmar que

corredores e aacutereas do paciente estejam bem iluminadas organizadas e livres de vazamentos

corrimatildeos sejam seguros mesas e cadeiras resistentes Pessoal da biotecnologia deve

inspecionar dispositivo auxiliar regularmente A equipe de enfermagem deve confirmar que

os quartos dos pacientes sejam criados de forma que minimize o risco de quedas Toda a

equipe deve se certificar de que situaccedilotildees de risco sejam tratadas imediatamente (Degelau et

al 2012)

Portanto conhecer os fatoresperigos contribuintes de um incidente pode trazer

informaccedilotildees sobre accedilotildees que podem ser empreendidas para reduzir o risco de ocorrecircncia

(OMS 2011)

24 Matriz de Risco

Marshall (2002) Crouhy Galai amp Mark (2004 apud Paulo Fernandes Rodrigues amp

Eidt 2007) ressalta que a matriz de risco viabiliza a mensuraccedilatildeo qualitativa de riscos sendo

o ldquoniacutevel de risco definido pela composiccedilatildeo das variaacuteveis frequecircncia (probabilidade) e

severidade (impacto financeiro) associadas aos eventos de perda (fatores de risco) inerentes

ao processo avaliadordquo (De Paulo Fernandes Rodrigues amp Eidt 2007 p 50)

A matriz de risco eacute uma ferramenta utilizada para anaacutelise de riscos de processos de

vaacuterias naturezas considerando sua gravidade ou consequecircncias e a probabilidade (frequecircncia

ou probabilidade) Uma matriz de risco deve ser simples de usar deve fornecer dados

consistentes mesmo quando utilizada por profissionais de diferentes funccedilotildees e deve se adaptar

a necessidades especiacuteficas Deve ser utilizada com parcimocircnia para avaliaccedilatildeo de risco

estrateacutegico e de processo na tomada de decisotildees de gestatildeo

A Figura 1 traz a proposiccedilatildeo de pontuaccedilotildees das consequecircncias de riscos com as orientaccedilotildees e exemplos

adicionais relacionados a riscos com impacto na seguranccedila dos pacientes (NSH 2008)

22

Domiacutenios Despreziacutevel Menor Moderado Maior Catastroacutefico

Impacto sobre a seguranccedila

do paciente (fiacutesico

psicoloacutegico dano)

Lesatildeo miacutenima

requerendo

nenhumaintervenccedilatildeo

miacutenima ou

tratamento

Pequena lesatildeo ou

doenccedila exigindo menor

intervenccedilatildeo Aumento

do tempo de internaccedilatildeo

por 1-3 dias

Lesatildeo moderado

requerendo intervenccedilatildeo

profissional Aumento do

tempo de internaccedilatildeo por

4-15 dias Um evento

com impacto sobre um

pequeno nuacutemero de

pacientes

Ferimento grave levando a

incapacidade a longo

prazoAumento do tempo

de internaccedilatildeo por gt 15

dias

Incidente levando agrave morte Vaacuterias lesotildees

com efeitos permanentes ou irreversiacuteveis

sobre a sauacutede Um evento com impacto

sobre um grande nuacutemero de pacientes

Exemplos adicionais

Medicaccedilatildeo incorreta

dispensada mas natildeo

administrada

Incidentes resultando

numa

contusatildeoAtraso no

transporte de rotina

para o paciente

Medicamento errado ou

dosagem administrada

errada sem efeitos

adversos Uacutelcera por

pressatildeo estaacutegio I

Medicamento errado ou

dosagem administrado

com potencial efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IIIII

Queda resultando em

ferimentos como uma

entorse

Medicamento errado ou

dosagem errada

administrada com efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IV queda

resultando em ferimentos

como luxaccedilatildeo fratura

golpe na cabeccedila A perda

de um membro

Morte inesperada O suiciacutedio de um

paciente Homiciacutedios cometidos por

pacientes com doenccedila mentalRemoccedilatildeo

de parte errada do corpo levando agrave morte

ou incapacidade permanente Incidente

levando a paralisia

1 2 3 4 5

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos

Fonte Adaptada de National Safety Agency 2008

25 Ferramenta de Anaacutelise do modo e efeito da falha (FMEA)

A Failure Modes and Effects Analysis (FMEA) eacute uma ferramenta de abordagem

proativa utilizada para anaacutelise criacutetica prospectiva e contiacutenua de projetos e processos

propiciando a identificaccedilatildeo de riscos problemas ou potenciais falhas antes da ocorrecircncia de

um erro Desenvolvida na deacutecada de 1960 pela induacutestria aeroespacial foi reconhecida pela

Joint Commission on Accredittion oh Healthcare Organizations (JCAHO) como uma

ferramenta de qualidade relevante para as organizaccedilotildees de sauacutede (Silva Teixeira amp Cassiani

2009)

O Veterans Health Administration (VHA) o maior sistema de sauacutede integrado dos

Estados Unidos com 150 centros meacutedicos e cerca de 1400 ambulatoacuterios comunitaacuterios

adaptou a FMEA para utilizar em suas instituiccedilotildees com a denominaccedilatildeo de Healthcare Failure

Mode Effects and Analysis (HFMEA) (Silva Teixeira amp Cassiani 2009)

A maioria dos sistemas de notificaccedilatildeo de eventos relacionados agrave seguranccedila do paciente

se concentra na anaacutelise dos eventos adversos apoacutes a ocorrecircncia de uma lesatildeo HFMEA

oferece aos usuaacuterios ferramentas analiacuteticas que podem permitir a identificaccedilatildeo proativa-

mente de vulnerabilidades e corrigi-las antes que as falhas ocorram (Stalhandske De Rosier

Wilson amp Murphy 2009)

HFMEA agiliza as etapas da anaacutelise de risco encontradas na FMEA tradicional

combinando as etapas de detecccedilatildeo e a criticidade da FMEA tradicional com um algoritmo

apresentado como uma aacutervore de decisatildeo

Substitui o caacutelculo do nuacutemero de prioridade de risco (RPN) por uma pontuaccedilatildeo de

risco que eacute lida diretamente na Matriz de Escores de Hazard desenvolvida pela NCPS

(National Center for Patient Safety) para este propoacutesito

23

O objetivo da anaacutelise de riscos eacute desenvolver uma lista de riscos que se controlados de

forma eficaz possam prevenir uma doenccedila ou lesatildeo Eacute utilizado um processo com cinco

passos para avaliar aspectos especiacuteficos

No passo 1 eacute feita a definiccedilatildeo do processo a ser estudado no passo 2 eacute organizada uma

equipe multidisciplinar com especialistas no assunto e um conselheiro no passo 3 deve ser

desenvolvido um diagrama cronoloacutegico com a identificaccedilatildeo de cada etapa do processo no

passo 4 satildeo listados todos os possiacuteveis modos de falha de cada etapa determinando a

probabilidade e gravidade do modo de falha (Matriz de Escores de Perigo ndash Matriz de

Tolerabilidade) e utilizar a aacutervore de decisatildeo

O propoacutesito eacute determinar se o modo de falha justifica a implementaccedilatildeo de

medidasbarreiras que eliminem ou reduzam substancialmente a probabilidade de que um

evento perigoso ocorra

No passo 5 satildeo determinadas as causas de modo de falha (definido como ldquodiferentes

maneiras que um processo ou sub-processo pode deixar de fornecer o resultado esperadordquo)

que se quer ldquoeliminarrdquo ldquocontrolarrdquo ou ldquoaceitarrdquo (Veterans Health Administration National

Center for Patient Safety2009)

Segundo a HFMEA a severidade de um evento abrange as consequecircncias para o

paciente visitantesacompanhantes colaborador equipamentoinstalaccedilatildeo e fogo

Todo gestor deve verificar a realidade do evento classificaacute-los identificando as fontes

de perigo e propondo o gerenciamento de risco

Os eventos satildeo classificados como menores moderados importantes ou catastroacuteficos

(Figura 2)

Evento catastroacutefico (4) Evento importante (3)

Resultado para o paciente morte ou perda permanente da funccedilatildeo

(sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual) suiciacutedio estupro

reaccedilatildeo transfusional hemoliacutetica cirurgiaprocedimento no paciente

errado ou em parte errada do corpo sequestro infantil ou entrega de

crianccedila agrave famiacutelia errada Visitante morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais

Colaborador morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais colaboradores

Equipamentosinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $250000

Fogo qualquer fogo maior que uma chama inicial

Resultado para o paciente diminuiccedilatildeo permanente da funccedilatildeo

corporal (sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual)

desfiguraccedilatildeo intervenccedilatildeo ciruacutergica requerida aumento do

tempo de permanecircncia do paciente por 3 ou mais pacientes

aumento do niacutevel de assistecircncia para 3 ou mais pacientes Visitante hospitalizaccedilatildeo de 1 ou 2 visitantes

Colaborador hospitalizaccedilatildeo 123 ou mais colaboradores

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $100000

Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

24

Evento moderado (2) Evento menor (1)

Resultado para o paciente aumento da permanecircncia ou aumento no

niacutevel de assistecircncia para 1 ou 2 pacientes

Resultado para o paciente nenhum prejuiacutezo ou aumento da

permanecircncia injuacuteria ou aumento no niacutevel de assistecircncia

Visitante avaliaccedilatildeo e treinamento para 1 ou 2 (natildeo-hospitalizaccedilatildeo) Visitante avaliaccedilatildeo e nenhum tratamento requerido ou doenccedila

Colaborador despesas meacutedicas danos ou doenccedila para 1 ou 2 Colaborador tratamento de primeiros socorros sem dano ou

doenccedila

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano entre $10000 e $100000 Equipamentoinstalaccedilatildeo dano menor que $10000 ou perda de

utilidade sem resultado adverso ao paciente (exemplo gaacutes

natural eletricidade aacutegua comunicaccedilotildees transportes calorar

condicionado

Fogo incipiente ou menor Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA

Fonte Adaptado do (Veterans Health Administration National Center for Patient Safety)

Ainda segundo a HFMEA os eventos satildeo classificados segundo a probabilidade de

ocorrerem como mostra a Figura 3

Frequente (4) Provaacutevel de ocorrer imediatamente ou dentro de um curto

periacuteodo (pode ocorrer vaacuterias vezes em um ano)

Ocasional (3) Provavelmente ocorreraacute (pode ocorrer vaacuterias vezes em 1 ou 2 anos)

Incomum (2)

Possiacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 5 anos)

Remota (1) Improvaacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 30

anos)

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA

Fonte Adaptado do Veterans Health Administration National Center for Patient Safety

26 Legislaccedilatildeo Relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

A Portaria nordm 1884 GM de 11 de novembro de 1994 considerando a necessidade das

Secretarias Estaduais e Municipais contarem com um instrumento de avaliaccedilatildeo de projetos

fiacutesicos adequado agraves novas tecnologias na aacuterea da sauacutede resolve ldquoaprovar as normas que com

estas baixam destinadas ao exame e aprovaccedilatildeo dos Projetos Fiacutesicos de Estabelecimentos

Assistenciais de Sauacutederdquo compreendendo ldquoas construccedilotildees novas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute

existentesrdquo e ldquoinobservacircncia das normas aprovadas por esta Portaria constitui infraccedilatildeo agrave

legislaccedilatildeo sanitaacuteria federal conforme dispotildee o artigo 10 inciso II da Lei nordm 6437 de 20 de

agosto de 1977rdquo (Ministeacuterio da Sauacutede [MS] 1994)

25

Em seu capiacutetulo 2 a Portaria nordm 188494 referente agrave organizaccedilatildeo fiacutesico-funcional

Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede (EAS) lista as atividades que satildeo geradoras ou que

caracterizam os ambientes sendo a unidade de internaccedilatildeo o local de ldquoprestaccedilatildeo de

atendimento de assistecircncia agrave sauacutede em regime de internaccedilatildeo- atendimento a pacientes que

necessitam de assistecircncia direta programada por periacuteodo superior a 24 horas (pacientes

internos)rdquo (MS1994)

A Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada (RDC) nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002 dispotildee

sobre o Regulamento teacutecnico para planejamento programaccedilatildeo elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de

projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede e compreende as construccedilotildees novas

de estabelecimentos assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de

estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes e os anteriormente natildeo destinados a estabelecimentos de

sauacutede (RDC nordm 50 2002)

A Figura 4 exibe as disposiccedilotildees da RDC nordm 50 acerca das unidades e ambientes

hospitalares destinados a internaccedilatildeo de pacientes

UnidadeAmbiente Dimensotildees

Internaccedilatildeo Geral

lactente crianccedila adolescente

e adulto

Quantificaccedilatildeo (miacutenima) Dimensatildeo (miacutenima)

Posto de enfermagemPrescriccedilatildeo

Meacutedica

1 posto a cada 30 leitos 60 msup2

Sala de serviccedilos 1 sala para cada posto de

enfermagem 57 msup2

26

Sala de exames e curativos

1 para cada 30 leitos (quando

existir enfermaria que natildeo

tenha subdivisatildeo fiacutesica dos

leitos

75 msup2

Aacuterea para Prescriccedilatildeo Meacutedica

20 msup2

Aacuterea de cuidados e

higienizaccedilatildeo do lactente

1 pcada 12 berccedilos ou fraccedilatildeo 40 msup2

Enfermaria de lactente

Quarto de crianccedila Quarto de adolescente

15 dos leitos do

estabelecimento

Deve haver no miacutenimo 1 quarto para servir de isolamento a

cada 30 leitos ou fraccedilatildeo

45 msup2 por leito = lactente

90 msup2 = quarto de 1 leito

50 msup2 por leito = crianccedila Nordm maacuteximo de crianccedilas ateacute 2 anos por

enfermaria = 12

Quarto de adolescente 100 msup2 = quarto de 1 leito ou 140 msup2 com

dimensatildeo miacutenima de 30m no caso do uso para

ldquoPPP 70 msup2 por leito = quarto de 2 leitos

60 msup2 por leito = enfermaria de 3 a 6 leitos

Nordm maacuteximo de leitos por enfermaria = 6

Distacircncia entre leitos paralelos = 1m

Distacircncia entre leito e paredes

Cabeceira= inexistente

Peacute do leito = 12 m

Lateral = 05 m

Enfermaria de adolescente

Quarto de adulto

a cada 30 leitos deve existir no

miacutenimo 1 quarto para situaccedilotildees

que requeiram isolamento

Enfermaria adulto

Aacuterea de

recreaccedilatildeolazerrefeitoacuterio

1 para cada unidade de

pediatria psiquiatria e crocircnicos

12 msup2 por paciente em condiccedilotildees de exercer

atividades recreativaslazer

Aacuterea ou antecacircmara de acesso

ao quarto de isolamento

18 msup2

Sala de aula 08 msup2 por aluno

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS

Fonte Adaptado da Resoluccedilatildeo RDC nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002

Em relaccedilatildeo agrave internaccedilatildeo de pacientes adultos e pediaacutetricos cada quarto ou enfermaria

de internaccedilatildeo deve ser provido de banheiro exclusivo aleacutem de um lavatoacuteriopia para uso da

equipe de assistecircncia em uma aacuterea anterior a entrada do quartoenfermaria ou mesmo no

interior desses fora do banheiro Um lavatoacuteriopia externo ao quarto ou enfermaria pode

servir a no maacuteximo 4 (quatro) quartos ou 2 (duas) enfermarias (RDC nordm 50 2002)

A RDC nordm 50 dispotildee sobre iluminaccedilatildeo dos ambientes hospitalares definindo que nos

quartos das enfermarias de unidade de internaccedilatildeo geral devem ser de quatro tipos iluminaccedilatildeo

geral em posiccedilatildeo que natildeo incomode o paciente deitado iluminaccedilatildeo de cabeceira na parede

(arandela) para leitura iluminaccedilatildeo de exame no leito com lacircmpada fluorescente que tambeacutem

pode ser obtida atraveacutes de aparelho ligado agrave tomada junto ao leito e sinalizaccedilatildeo de

enfermagem (IS) que eacute um de sistema de sinalizaccedilatildeo luminosa imediata entre o paciente

interno e o funcionaacuterio assistencial (meacutedico e enfermeira) O sistema interliga cada leito

sanitaacuterio e banheiro das diversas unidades e ambientes em que estaacute presente o paciente

27

interno com o respectivo posto de enfermagem que lhe daacute cobertura assistencial quarto

enfermaria e banheiro da unidade de internaccedilatildeo geral quarto aacutereas coletivas de pediatria e

banheiro da unidade de internaccedilatildeo intensiva A identificaccedilatildeo deve se dar em cada leito e porta

dos ambientes voltados para a circulaccedilatildeo (RDC nordm 50 2002)

Nos ambientes onde satildeo prestados os cuidados de sauacutede a iluminaccedilatildeo pode trazer

estiacutemulos positivos agrave recuperaccedilatildeo dos pacientes mas quando excessiva ou mal localizada

pode ser prejudicial A importacircncia da iluminaccedilatildeo tambeacutem estaacute relacionada agrave adequaccedilatildeo

visual dos profissionais para realizaccedilatildeo de procedimentos eou observaccedilatildeo dos pacientes De

modo geral os aspectos quantitativos satildeo mais valorizados que os qualitativos sendo esta

priorizaccedilatildeo notada nas legislaccedilotildees nacionais e estrangeiras Entre as normas nacionais

apresentando os requisitos miacutenimos a serem atendidos a Norma Brasileira (NBR) 541392

textos normativos da ABNT recomenda os valores de iluminacircncias e a Portaria nordm 188494 do

Ministeacuterio da Sauacutede sugere ldquoalguns criteacuterios qualitativos para projetos de iluminaccedilatildeo artificial

dos espaccedilos de internaccedilatildeordquo (Peccin 2002 p 15)

A preocupaccedilatildeo com a iluminaccedilatildeo nos ambientes hospitalares tem se focado mais na

questatildeo econocircmica envolvendo a racionalizaccedilatildeo da energia empregada e na reduccedilatildeo dos

custos de operaccedilatildeo do sistema Mesmo em relaccedilatildeo aos pacientes as discussotildees convergem

para questotildees de conforto ambiental luz de cabeceira para leitura iluminaccedilatildeo de vigiacutelia para

permitir o acesso da equipe de enfermagem agrave noite sem acionar a luz de teto Outra questatildeo eacute

a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas que ldquopermitam boa reproduccedilatildeo de cores permitindo a identificaccedilatildeo

de alteraccedilotildees orgacircnicasrdquo como por exemplo a coloraccedilatildeo da pele As questotildees de seguranccedila

satildeo tratadas em relaccedilatildeo agrave iluminaccedilatildeo de emergecircncia (NBR 1353495 e NBR 1089899) e

iluminacircncias meacutedias miacutenimas para atividades hospitalares considerando a dificuldade da

tarefa visual a idade do usuaacuterio poreacutem as legislaccedilotildees divergem entre os paiacuteses (Peccin

2002)

A ISO (International Organization for Standardization) 31000 de 2009 eacute a nova

referecircncia mundial para a Gestatildeo de Riscos fornecendo orientaccedilotildees para a estrutura de

gerenciamento de riscos aplicaacutevel a organizaccedilotildees de qualquer tamanho traz um modelo

conceitual que pode ser usado para a anaacutelise dos arranjos organizacionais que incluem planos

relacionamentos prestaccedilatildeo de contas recursos processos e atividades A Figura 5 traz a

proposto de um modelo conceitual para ser utilizado na anaacutelise desses arranjos (MacLeod et

al 2013)

28

Mandato e

comprometimento

Estrutura para gerenciar

riscos

Monitoramento e anaacutelise criacutetica da

estrutura

Melhoria contiacutenua da

estrutura

Implementaccedilatildeo da gestatildeo

de riscos

Fonte wwwiiabrasilorgbr Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000)

29

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA

Segundo Martins amp Theoacutephilo 2009 p 37 ldquoO objetivo da metodologia eacute o

aperfeiccediloamento dos procedimentos e criteacuterios utilizados na pesquisardquo Jaacute ldquomeacutetodo eacute o

caminho para se chegar a um determinado fim ou objetivordquo

Na Figura 6 estatildeo compiladas as atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborada pelo Auto

31 Delineamento da Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa empiacuterica O Empirismo eacute uma abordagem metodoloacutegica que

ldquoconsidera que o fato existe independentemente de qualquer atribuiccedilatildeo de valor ou

posicionamento teoacuterico e possui um conteuacutedo evidente livre de pressupostos subjetivosrdquo

(Martins amp Theoacutephilo 2009 p 39)

Eacute um estudo descritivoexploratoacuterio que coleta ldquodescriccedilotildees detalhadas de variaacuteveis

existentes e usam dados para justificar e avaliar condiccedilotildees e praacuteticas correntes ou fazer planos

mais inteligentes para melhorar as praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (LoBiondo-Wood amp Haber

2001 p 111)

Os autores afirmam que este tipo de desenho eacute uacutetil na busca ldquode informaccedilotildees precisas

sobre as caracteriacutesticas dos sujeitos de pesquisa grupos instituiccedilotildees ou situaccedilotildees ou sobre a

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborado pela autora

30

frequecircncia de um fenocircmeno particularmente quando se sabe pouco sobre o fenocircmenordquo

(LoBiondo-Wood amp Haber 2001 p 111)

O delineamento da pesquisa termo que tem sido substituiacutedo por estrateacutegias de

pesquisa refere-se agraves ldquodiferentes maneiras de abordar e analisar dados empiacutericos no contexto

das Ciecircncias Sociais Aplicadasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 53)

A estrateacutegia utilizada nesta pesquisa foi o estudo de caso

ldquotrata de uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa fenocircmenos dentro de seu

contexto real (pesquisa naturaliacutestica) onde o pesquisador natildeo tem controle

sobre eventos ou variaacuteveis buscando aprender a totalidade de uma situaccedilatildeo e

criativamente descrever compreender e interpretar a complexidade de um

caso concretordquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p62)

O estudo de caso eacute o tipo de estrateacutegia de pesquisa que bem se adequa a situaccedilotildees em

que a forma da questatildeo de pesquisa relaciona-se a questotildees explanatoacuterias onde natildeo se exige

controle sobre eventos comportamentais e que focaliza eventos contemporacircneos Os estudos

de caso podem incluir as e mesmo ser limitados agraves evidecircncias quantitativas (Yin 2001 pp

24-25)

O estudo de caso deve permitir ao investigador construir descriccedilotildees interpretaccedilotildees e

explicaccedilotildees originais que conduzam a conclusotildees e recomendaccedilotildees mostrando que foram

coletadas e avaliadas evidecircncias relevantes (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 63)

A escolha do estudo de caso como estrateacutegia de pesquisa deveu-se ao fato de ser pouco

conhecida a influecircncia dos fatores ambientais na ocorrecircncia de quedas no meio hospitalar

questatildeo jaacute mais explorada em domiciacutelio e instituiccedilotildees de longa permanecircncia e abrangendo

mais especificamente a populaccedilatildeo de idosos sendo o fenocircmeno pesquisado no seu contexto

real

Trata-se de estudo retrospectivo pois os indiviacuteduos satildeo seguidos do efeito para a

causa No estudo longitudinal retrospectivo se conhece o efeito e se busca a causa (Bordalo

2006)

Segundo Szklo (2002 p16)

ldquoQuando o investigador tem interesse em identificar fatores de risco (fatores

etioloacutegicos) o desenho mais eficiente em ambiente hospitalar eacute o estudo de

casos e controles tambeacutem conhecido como estudo retrospectivo Podem-se

conduzir estudos de casos e controles em um ou mais hospitais bem como

incluir pacientes hospitalizados ou ambulatoriais Comparado com estudos de

coorte este tipo de estudo eacute relativamente barato geralmente de menor duraccedilatildeo e exige uma amostra menorrdquo

31

Foi utilizada a teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa

As ldquoavaliaccedilotildees qualitativas contribuem com a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos e

as anaacutelises quantitativas datildeo uma ordem de grandeza do risco vinculado ao fenocircmenordquo (Lima

2012 p72)

Na teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa os dados satildeo descritivos compreendendo a

descriccedilatildeo de pessoas de acontecimentos e reaccedilotildees e mesmo a transcriccedilatildeo de relatos A

preocupaccedilatildeo central natildeo satildeo as mediccedilotildees mas sim as descriccedilotildees e interpretaccedilotildees dos fatos

(Martins amp Theoacutephilo 2009)

Martins amp Theoacutephilo (2009) enfatizam que o estudo de caso pede avaliaccedilatildeo

qualitativa uma vez que tem como objetivo a anaacutelise de uma unidade social que eacute analisada

profunda e intensamente

32 Local do Estudo

O estudo foi realizado em um hospital puacuteblico de porte extra universitaacuterio localizado

no municiacutepio de Satildeo Paulo e faz parte de um complexo hospitalar que ocupa uma aacuterea total de

352 mil metros quadrados com cerca de 2200 leitos Tem como oacutergatildeo responsaacutevel a

Secretaria de Estado da Sauacutede

O hospital escolhido conta com 843 leitos e atende predominantemente pacientes do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mas estende seu atendimento a pacientes conveniados

Oferece atendimento meacutedico-hospitalar ambulatorial por imagem e som serviccedilos

psicossocial e terapecircutico Abrange especialidades de cliacutenica meacutedica ciruacutergica e

traumatologia sendo referecircncia em transplante de fiacutegado adulto pacircncreas rim coacuternea pele e

medula oacutessea As enfermarias apresentaram no ano de 2013 taxa de ocupaccedilatildeo de 779

33 Procedimentos de Coleta dos Dados

Em se tratando de estudo de caso as atividades de coleta de dados devem ser

realizadas pelo pesquisador-autor que ldquoteraacute mais condiccedilotildees de continuamente estar pensando

e agindo na busca de relaccedilotildees entre a questatildeo de pesquisa que deseja responder as

proposiccedilotildees (teoria preliminar) que carecem de demonstraccedilotildees e a coleta dos dados e

evidecircnciasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p65)

Yin pondera que as evidecircncias para um estudo de caso podem vir de seis fontes

distintas documentos registros em arquivo entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo

participante e artefatos fiacutesicos As informaccedilotildees documentais satildeo relevantes a todos os toacutepicos

32

do estudo de caso Tais documentos podem ser correspondecircncias agendas e minutas de

reuniotildees relatoacuterios de eventos em geral O seu uso mais importante eacute ldquocorroborar e valorizar

as evidecircncias oriundas de outras fontesrdquo (Yin 2001 p 111)

Segundo Yin (2001) p 121) ldquo o uso de vaacuterias fontes de evidecircncias nos estudos de

caso permite que o pesquisador dedique-se a uma ampla diversidade de questotildees histoacutericas

comportamentais e de atitudesrdquo

Assim ldquoqualquer descoberta ou conclusatildeo em um estudo de caso provavelmente seraacute

muito mais convincente e acurada se se basear em vaacuterias fontes distintas de informaccedilatildeo

obedecendo a um estilo corroborativo de pesquisardquo (Yin 2001 p 121)

A pesquisa de campo eacute segundo Lakatos amp Marconi 1991 utilizada para a busca de

informaccedilotildees ou conhecimentos na procura de resposta para um problema atraveacutes da

observaccedilatildeo dos fenocircmenos como ocorrem espontaneamente coletando dados e registrando

variaacuteveis que possam estar relacionadas e posteriormente analisaacute-los

Nogueira (1968) como citado em Lakatos amp Marconi (1991 p 211) define formulaacuterio

como sendo ldquouma lista formal um cataacutelogo ou um inventaacuterio destinado agrave coleta de dadosrdquo O

preenchimento eacute feito pelo proacuteprio pesquisador atraveacutes de observaccedilatildeo ou interrogatoacuterio

Segundo Mello amp Turrioni (2007 p51)

ldquoA observaccedilatildeo eacute uma taacutetica de coleta de dados para conseguir informaccedilotildees e

utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados aspectos da realidade Natildeo

consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou fenocircmenos que se desejam estudar Desempenha papel importante nos

processos observacionais no contexto da descoberta e obriga o investigador a

um contato mais direto com a realidaderdquo

A observaccedilatildeo cientiacutefica ldquoeacute planejada sistematicamente eacute registrada metodicamente e

estaacute relacionada a proposiccedilotildees mais gerais em vez de ser apresentada como uma seacuterie de

curiosidades interessantes estaacute sujeita a verificaccedilotildees e controles sobre a validade e

seguranccedilardquo (Mello amp Turrioni 2007 p 51)

Na observaccedilatildeo estruturada ou sistemaacutetica ldquoo observador sabe o que procura e o que

carece de importacircncia em determinada situaccedilatildeo deve ser objetivo reconhecer possiacuteveis erros

e eliminar sua influecircncia sobre o que vecirc ou recolhe (Mello amp Turrioni 2007 p51)

A figura 7 mostra os pontos fortes e limitaccedilotildees do uso da observaccedilatildeo como taacutetica para

coleta de dados

33

Pontos fortes Limitaccedilotildees

Possibilita meios diretos e satisfatoacuterios para

estudar uma ampla variedade de fenocircmenos

O observado tende a criar impressotildees favoraacuteveis ou

desfavoraacuteveis no observador

Exige menos do pesquisador do que as outras

teacutecnicas

A ocorrecircncia espontacircnea natildeo pode ser prevista o que

impede muitas vezes o observador de presenciar o

fato

Permite a coleta de dados sobre um conjunto de

atitudes comportamentais tiacutepicas

Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do

pesquisador

Depende menos da introspecccedilatildeo ou da reflexatildeo A duraccedilatildeo dos acontecimentos eacute variaacutevel pode ser

raacutepida ou demorada e os fatos podem ocorrer

simultaneamente nos dois casos torna-se difiacutecil a

coleta de dados

Permite a evidecircncia de dados natildeo constantes do

roteiro de entrevistas ou de questionaacuterios

Vaacuterios aspectos da vida cotidiana particular podem

natildeo ser acessiacuteveis ao pesquisador

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo

Fonte Mello amp Turrioni 2007

Para este estudo foi realizado o levantamento a partir das notificaccedilotildees de incidentes

relacionados agraves quedas no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 para caracterizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo O grupo de elementos escolhido para compor a amostra foi feito intencionalmente

de acordo com criteacuterios estabelecidos

Foram selecionadas 6 unidades de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica que ocuparam as

primeiras seis posiccedilotildees na frequecircncia de ocorrecircncia de quedas segundo os dados coletados a

partir das notificaccedilotildees de incidentes Estes leitos satildeo destinados a internaccedilatildeo de indiviacuteduos

adultos de ambos os sexos com ambientes de acomodaccedilatildeo de diferentes dimensotildees para 1 2

4 ou 6 leitos O criteacuterio de exclusatildeo foi a realizaccedilatildeo de reforma preacutevia planejada e conduzida

sob a supervisatildeo do setor de Arquitetura e Engenharia Hospitalar da instituiccedilatildeo

A teacutecnica da coleta de dados utilizada nesta pesquisa foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes

nas unidades e das plantas das unidades

O formulaacuterio utilizado foi elaborado pela autora com base nas legislaccedilotildees e fatores

ambientais citados na literatura que podem estar relacionados a queda visando a adequaccedilatildeo

do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a perspectiva de avaliaccedilatildeo de riscos e

melhoria da seguranccedila Este formulaacuterio serviu como roteiro para a visita de campo

direcionando a inspeccedilatildeo dos itens relacionados a dimensotildees dos diferentes tipos de quartos

instalaccedilotildees dispositivos de seguranccedila e mobiliaacuterio no momento da observaccedilatildeo (APEcircNDICE

34

A) Os ambientes do quartos e banheiros foram fotografados para visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo

espacial do mobiliaacuterio As medidas dos quartos foram analisadas a partir das plantas

fornecidas pelo setor de engenharia e arquitetura

O periacuteodo de coleta foi de 1 a 30 de novembro de 2014

34 Procedimentos e Anaacutelise de Dados

Foi desenvolvido um banco de dados que permitiu a revisatildeo de evidecircncias com o

intuito de aumentar a confiabilidade do estudo O resultado das observaccedilotildees e das notificaccedilotildees

de incidentes pesquisados foram armazenados para que os dados possam ser prontamente

recuperaacuteveis para inspeccedilatildeo ou nova leitura Manter um encadeamento de evidecircncias tambeacutem

aumenta a confiabilidade das informaccedilotildees de um estudo de caso o que ldquoconsiste em permitir

que um observador externo - o leitor do estudo de caso por exemplo - possa perceber que

qualquer evidecircncia proveniente de questotildees iniciais da pesquisa leve agraves conclusotildees finais do

estudo de casordquo (Yin 2001 p127)

Yin (2001 p127) discorre que

ldquo a anaacutelise de dados consiste em examinar categorizar classificar em

tabelas ou do contraacuterio recombinar as evidecircncias tendo em vista proposiccedilotildees

iniciais de um estudordquo

Martins amp Theoacutephilo (2009 p69) relatam que ldquo natildeo haacute um roteiro para se analisar

os resultados de um estudo desta naturezacada caso eacute um casordquo

As proposiccedilotildees teoacutericas que

ldquo refletem o conjunto de questotildees da pesquisa as revisotildees feitas na

literatura sobre o assunto e as novas interpretaccedilotildees que possam surgirrdquo

constituem uma boa estrateacutegia a ser seguida na anaacutelise de dados permitindo a

produccedilatildeo de ldquoconclusotildees analiacuteticas irrefutaacuteveis e eliminar interpretaccedilotildees

alternativasrdquo (Yin 2001 p 129)

Os resultados foram analisados com base comparativa na literatura salientando as

evidecircncias relevantes que devem ser todas as encontradas Em relaccedilatildeo agrave aacuterea fiacutesica deveratildeo

ser considerados os itens que estatildeo ou natildeo em conformidade com a legislaccedilatildeo vigente

35 Aspectos Eacuteticos da Pesquisa

O projeto foi submetido agrave aprovaccedilatildeo da Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de

Pesquisa (CAPPESQ) da instituiccedilatildeo com parecer de aprovaccedilatildeo nordm 940006 de 27 de janeiro de

2015

Como o estudo natildeo envolveu nenhum tipo de abordagem a pacientes ou profissionais

natildeo se aplica a exigecircncia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) exigido

35

em toda pesquisa em que estejam envolvidos indiviacuteduos grupos ou seus representantes legais

que devem manifestar a sua anuecircncia em participar da pesquisa (Resoluccedilatildeo Nordm 466 2012)

36

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para se apurar o contexto de um incidente as informaccedilotildees devem abranger quatro classes

as caracteriacutesticas dos doentes as caracteriacutesticas do incidente os fatoresperigos contribuintes

e as consequecircncias organizacionais decorrentes da ocorrecircncia Entre as caracteriacutesticas dos

doentes estatildeo os dados demograacuteficos as relacionadas ao incidente satildeo aquelas que informam

as circunstacircncias em que o incidente ocorreu (como onde e quando) os fatores contribuintes

satildeo as circunstacircncias accedilotildees ou influecircncias que podem ter contribuiacutedo para a origem

desenvolvimento ou aumento do risco de um incidente e por fim as consequecircncias

organizacionais dizem do impacto do incidente sobre a organizaccedilatildeo tais como aumento da

utilizaccedilatildeo de recursos para prestar cuidados adicionais ao doente repercussotildees negativas

veiculadas pela comunicaccedilatildeo social consequecircncias legais devidas a resultados cliacutenicos ou

terapecircuticos negativos para o doente (OMS 2011)

Foram avaliadas notificaccedilotildees de 922 incidentes ocorridos de janeiro a junho de 2014 dos

quais 205 foram quedas (2223)

Com base nestes conceitos foi feita anaacutelise estatiacutestica descritiva na distribuiccedilatildeo de

frequecircncia dos dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo referido conforme

apresentado na Tabela 2

Os dados da pesquisa apontaram que em 205 quedas ocorridas entre janeiro e junho

de 2014 a idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 5663 anos sendo que natildeo

houve diferenccedila entre homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a

ocorrecircncia da queda foi de 14 dias Ao contraacuterio de outros estudos a idade meacutedia eacute inferior a

60 anos bem como o tempo meacutedio de ocorrecircncia que foi maior Como visto no estudo

realizado por Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006 com pacientes

hospitalizados a idade meacutedia foi de 673 anos e o tempo meacutedio de internaccedilatildeo ateacute a ocorrecircncia

foi de 119 dias Outras pesquisas trazem a prevalecircncia de quedas na faixa etaacuteria de 60 anos

ou mais (Costa Monteiro Memesath amp Almeida 2011 Paiva et al 2010 Correa et al 2012

Abreu et al 2012 e Inoue Matsuda Melo Murassaki amp Hayakawa 2011)

Nesta pesquisa houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo

noturno (50) Em relaccedilatildeo agrave prevalecircncia no sexo masculino este resultado vai ao encontro

dos apresentados por Paiva et al 2010 Costa et al 2011 Carneiro et al 2011e Inoue et al

2011) O turno noturno tambeacutem foi mais frequente nas pesquisas de Paiva et al 2010 (637)

e de Correa et al 2012 (413)

37

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo de janeiro

a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

N = 205

Caracteriacutesticas Meacutedia n

idade (meacutedia) 5663

dias de internaccedilatildeo (meacutedia) 1402

Sexo

Feminino

83 41

Masculino

122 59

Turno

Manhatilde

54 26

Tarde

42 21

Noturno

103 50

natildeo informado

6 3

Local

Banheiro

50 24

Quarto

89 43

corredor

13 6

saguatildeo do PS

6 3

SECSEM do PS

3 1

locais de exame

7 4

outros

8 5

natildeo informado

29 14

Altura

cadeiracadeira de rodaspoltrona

20 10

camaleitomaca

48 23

mesa ciruacutergicaexame

2 1

proacutepria altura

108 53

outros

1 05

natildeo presenciado

1 05

natildeo informado

25 12

Dano

Sim

61 30

Natildeo

122 59

natildeo informado 22 11

Fonte Resultados da pesquisa

Quanto ao local da queda 43 ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando

67 de ocorrecircncias no ambiente destinado agrave acomodaccedilatildeo do paciente durante a internaccedilatildeo O

quarto tambeacutem foi o local mais frequente de quedas nos estudos de Correa et al 2011 e

Abreu et al 2012 o que poderia ser explicado pelo fato de ser onde os pacientes permanecem

mais tempo

38

Em 53 dos incidentes a queda ocorreu da proacutepria altura 23 da cama leito ou

maca 12 dos casos a altura natildeo foi informada 10 da cadeira poltrona cadeira de rodas

1 da mesa ciruacutergicaexames e em 2 a queda natildeo foi presenciada ou outros

Das 205 quedas notificadas 122 (59) natildeo resultaram em danos constatados ou

referidos pelo paciente Em 62 eventos (30 ) ocorreu algum tipo de dano e em 21 casos

(11) esta informaccedilatildeo natildeo constava das notificaccedilotildees Entre os danos as mais frequentes

foram escoriaccedilotildees (43) seguida de ferimentos corto contusoslesotildees (21) sendo que em

dois casos foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de sutura Em 36 dos casos as lesotildees foram reunidas

em um grupo denominado ldquooutrosrdquo variando de dor referida pelo paciente agrave perda de

consciecircncia em duas ocorrecircncias fratura oacutessea em um caso hematoma subgaleal e deiscecircncia

de ferida operatoacuteria em outras duas situaccedilotildees

Em 164 ocorrecircncias (79) natildeo foram solicitados exames complementares ou natildeo foi

registrada na ficha de notificaccedilatildeo poreacutem em 42 (21) eles foram necessaacuterios Os mais

frequentes foram as tomografias computadorizadas (n= 24 57) solicitaccedilatildeo de RX foram 10

(24) e em dois casos foram necessaacuterios RX e tomografia computadorizada (5) e outros

tipos de exames somaram 6 casos (14)

As seis unidades de internaccedilatildeo onde ocorreu maior frequecircncia de quedas foram

Cliacutenica Meacutedica (10) Retaguarda do Pronto Socorro (8) Transplante Renal (7)

Nefrologia (6) Moleacutestia Infecciosas e Cirurgia Vascular (5 cada uma) A maior

porcentagem de quedas ocorreu nas aacutereas de Pronto Socorro (saguatildeo salas de emergecircncia

observaccedilatildeo e cuidados intensivos) somando 21 poreacutem natildeo constitui foacuterum deste estudo

que se restringiu agraves unidades de internaccedilatildeo Os restantes 38 ficaram distribuiacutedos em outras

18 unidades

A Tabela 3 traz a distribuiccedilatildeo dos locais de ocorrecircncia onde as quedas foram mais

frequentes considerando quarto e banheiro que somam os maiores valores

39

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde predominaram os

eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

Unidade local Quarto Banheiro Outros

Cliacutenica Meacutedica 30 55 15

Retaguarda do PS 18 52 30

Cirurgia Vascular 70 0 30

Unidade de

Transplante Renal44 21 25

Nefrologia 36 27 27

Moleacutestias

Infecciosas60 10 30

Fonte Resultados da Pesquisa

Observa-se que a frequecircncia de quedas foi significativamente maior no quarto nas

unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias Infecciosas onde haacute maior nuacutemero de pacientes

restritos ao leito seja pelas alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora na primeira e pela gravidade na

segunda

Considerando que a ocorrecircncia de quedas foi de 205 casos em seis meses podemos

considerar este evento como frequente de gravidade moderada (30 resultaram em dano aos

pacientes) e de alta detecccedilatildeo

A Tabela 4 apresenta a distribuiccedilatildeo das unidades visitadas e o atendimento aos

quesitos do formulaacuterio utilizado para registro dos dados levantados com base nas

recomendaccedilotildees de adequaccedilatildeo do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a

perspectiva da seguranccedila e avaliaccedilatildeo de riscos

Na unidade de Cliacutenica Meacutedica onde ocorreu o maior nuacutemero de quedas (10 de

todas as quedas notificadas) entre as aacutereas selecionadas dos 17 quesitos diretamente

relacionados a quedas do roteiro de inspeccedilatildeo elaborado (excluindo-se os itens referentes agraves

pias) natildeo foram atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em todos

os quartos mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os quartos e iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos A unidade de Retaguarda do Pronto Socorro (8 das quedas) teve os

seguintes quesitos natildeo atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em

todos os quartos iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e mobiliaacuterios com rodiacutezios e

travas em todos os quartos Por sua vez as unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias

Infecciosas onde ocorram 5 das quedas em cada uma delas tiveram 9 e 8 quesitos natildeo

atendidos respectivamente As unidades de Nefrologia (6 das quedas) e Transplante Renal

(7 das quedas) tambeacutem tiveram 9 itens natildeo atendidos Estes resultados alertam para

intervenccedilatildeo nestas aacutereas pois estatildeo em risco de novas e mais frequentes ocorrecircncias

40

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades visitadas

2014 Satildeo Paulo Brasil

Embora os sistemas de chamada de enfermagem estivessem presentes em todas as

unidades em todas elas havia vaacuterios dispositivos que natildeo funcionavam Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

UnidadeMoleacutestias

Infecciosas

Retaguarda

do Pronto

Socorro

Cliacutenica

MeacutedicaNefrologia

Transplant

e Renal

Cirurgia

Vascular

Quesito atende natildeo atende

Dimensotildees miacutenimas por

quartoleitoatende atende atende atende atende atende 100

Banheiro exclusivo para

cada quartoatende atende atende atende atende atende 100

Barras de apoio no box em

todos os banheirosatende atende atende atende natildeo atende atende 83 17

Barras de apoio proacuteximas ao

vaso sanitaacuterioatende atende atende atende atende atende 100

Pia agrave entrada do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Pia dentro do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Sistema de chamada de

enfermagematende atende atende atende atende atende 100

Interruptor de luz acessiacutevel natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso em perfeitas condiccedilotildees

em todos os quartosatende natildeo atende natildeo atende atende atende natildeo atende 50 50

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em

todos os leitos atende natildeo atende atende

presente mas

faltam

lacircmpadas

natildeo atende natildeo atende 33 67

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente mas

natildeo funcionanatildeo atende

presente

mas natildeo

funciona

84 16

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os

quartos

atende atende atende natildeo atende atende atende 84 16

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem atende atende atende atende atende natildeo atende 84 16

Camas com grades em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas comtravas em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas eleacutetricas em todos os

leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Escada de 2 degraus

presente em todos os leitos

e com ponteira de borracha

natildeo atendenatildeo se

aplica

natildeo se

aplicanatildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Mobilaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartosnatildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

atende atende atende atende atende atende 100

41

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia estivesse presente em todas

elas natildeo funcionava

Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os

quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado a ocorrecircncia

de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados)

Os itens seguintes natildeo satildeo atendidos na maioria das unidades (67 cada) camas com

grades em todos os leitos camas com travas em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os

leitos e escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Os

quesitos alertam quanto ao fato de que 23 de todas as quedas notificadas ocorreram da cama

ou leito camas hospitalares altas sem ajuste de altura pois natildeo satildeo eleacutetricas sem travas e

sem escadas para auxiliar a saiacuteda do leito

A RDC nordm 50 (p44 ANEXO 1) recomenda que os quartos tenham dimensotildees miacutenimas

por leito (6 msup2) distacircncia entre os leitos (1 m) distacircncia entre peacute do leito e parede (12 m) e

entre leitos (05 m) Embora estabeleccedila que na pediatria e na geriatria devam ser previstos

espaccedilos para poltrona de acompanhante ao lado do leito e para berccedilo ao lado da cama da matildee

no caso de alojamento conjunto considera que as metragens quadradas permaneccedilam as

mesmas citadas na tabela

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (Vigilacircncia Sanitaacuteria) investiga se os

dormitoacuterios obedecem aos padrotildees estabelecidos pela legislaccedilatildeo vigente se haacute distacircncia

miacutenima entre dois leitos que permita a faacutecil circulaccedilatildeo sendo as respostas para estas questotildees

sim ou natildeo natildeo especificando dimensotildees

Considerando as recomendaccedilotildees da RDC nordm 50 as unidades estudadas atendem os

requisitos de dimensotildees miacutenimas para os quartos de 2 4 e 6 leitos Entretanto a referida RDC

natildeo considera o espaccedilo para a colocaccedilatildeo de outros mobiliaacuterios necessaacuterios ao atendimento e

conforto do paciente como mesa de cabeceira mesa de refeiccedilatildeo e poltrona para

posicionamento de pacientes Ao se dispor todos estes itens mesmo o ambiente atendendo as

recomendaccedilotildees de dimensotildees miacutenimas o espaccedilo torna-se reduzido dificultando a circulaccedilatildeo

de pacientes e profissionais sem esbarrarem nos mobiliaacuterios o que pode prejudicar seu

equiliacutebrio e propiciar a ocorrecircncia de quedas

As Figuras 8 e 9 trazem imagens da distribuiccedilatildeo tiacutepica dos mobiliaacuterios nos ambientes

de internaccedilatildeo das unidades estudadas que literalmente se acumulam deixando reduzido

espaccedilo para circulaccedilatildeo e natildeo atendendo agrave recomendaccedilatildeo de distacircncia entre o leito e a parede

42

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de

cabeceira e suporte de soro contiacuteguos

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

Quanto agraves instalaccedilotildees sanitaacuterias questionam se estatildeo no mesmo pavimento das

enfermarias e se haacute um chuveiro para cada seis leitos O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospital

Geral da Coordenaccedilatildeo de Fiscalizaccedilatildeo Sanitaacuteria do Estado do Rio de Janeiro quanto a

banheiro para pacientes fala de um para cada quarto ou enfermaria que deve ter acesso direto

a um banheiro podendo este servir no maacuteximo a 2 enfermarias Nem um dos dois roteiros de

vistoria acata a RDC nordm 50 (2002) que prevecirc banheiro para pacientes em cada quarto ou

enfermaria Novamente natildeo se estabelece dimensotildees

43

Para as unidades estudadas todos os quartos contam com banheiro privativo

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (ANEXO 2) indaga se os chuveiros estatildeo

instalados em box com dimensotildees internas compatiacuteveis com banho em posiccedilatildeo assentada e

dotados de aacutegua quente

Tais requisitos natildeo parecem suficientes pois como se observa na Figura 10 abaixo a

cadeira higiecircnica eacute robusta e ocupa praticamente todo o espaccedilo do box impossibilitando a

permanecircncia do profissional acompanhando ou executando a higienizaccedilatildeo do paciente Aleacutem

disso natildeo haacute cinto de seguranccedila que impeccedila o arremesso do tronco para frente

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box

As Figuras 11 e 12 exibem os mobiliaacuterios habituais disponibilizados para o

atendimento dos pacientes A mesa de refeiccedilatildeo tem apenas dois rodiacutezios e sem trava A mesa

de cabeceira embora com peacutes fixos eacute de metal e com cantos pontiagudos que ao se chocarem

com o corpo do paciente podem provocar ferimentos

44

A figura 13 mostra a presenccedila das barras de apoio proacuteximas dispostas nas laterais do

vaso sanitaacuterio permitindo o alcance do paciente caso seja necessaacuterio

Durante o transcorrer do estudo uma medida de melhoria implementada foi a

substituiccedilatildeo de todas as camas por eleacutetricas em duas das unidades aumentando para de 33

para 50 as aacutereas que atendem este quesito

Quatro outras unidades do hospital jaacute passaram por reformas planejadas pela

arquitetura hospitalar com adequaccedilatildeo do nuacutemero de leitos ao espaccedilo disponiacutevel piso

iluminaccedilatildeo sistema de chamada de emergecircncia e de enfermagem barras de apoio e assentos

fixos nos banheiros

Para as aacutereas estudadas apenas uma delas jaacute possui projeto para reforma

Figura 11 Mesa de refeiccedilatildeo Figura 12 Mesa de cabeceira

45

Figura 11 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio

dispostas proacuteximas nas laterais

46

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA

Este estudo teve como principal objetivo avaliar a estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo de um hospital puacuteblico buscando analisar se as mesmas cumpriam a legislaccedilatildeo

vigente visto que na literatura como pode-se observar durante esta dissertaccedilatildeo existem alguns

pontos essenciais para garantir a seguranccedila do paciente no que se refere ao risco de queda

Pode-se entender que a gestatildeo do risco de queda de pacientes internados dentre vaacuterios

fatores deve existir a preocupaccedilatildeo com a estrutura fiacutesica do ambiente hospitalar

A principal contribuiccedilatildeo praacutetica deste estudo foi apresentar essa relaccedilatildeo do risco de queda

pela estrutura fiacutesica hospitalar das unidades de internaccedilatildeo estudadas e propondo a inclusatildeo

nos protocolos de gestatildeo de queda dos pacientes internados dos hospitais o item de anaacutelise de

estrutura fiacutesica

Para fidelizar essa proposta criamos um instrumento de apoio para todos os hospitais

sejam puacuteblicos ou privados utilizarem facilitando a identificaccedilatildeo de possiacuteveis natildeo

conformidades neste quesito arquitetura hospitalar

Deixa-se aqui uma sugestatildeo embasada na literatura cientiacutefica e legislaccedilatildeo vigente dos

itens relacionados a estrutura fiacutesica que devem ser avaliados como fatores de risco de queda

(Figura 14)

Esta proposta busca nortear os gestores quanto agraves necessidades de incluir a gestatildeo do

risco de queda no planejamento de construccedilotildees e reformas de edificaccedilotildees destinadas a

prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no acircmbito hospitalar

Os profissionais de arquitetura e engenharia hospitalar devem ter conhecimento dos

mobiliaacuterios pretendidos para acomodaccedilatildeo e atendimento do paciente considerando suas

proporccedilotildees em relaccedilatildeo aos ambientes e o espaccedilo ocupado por cada peccedila computado no

caacutelculo das dimensotildees dos quartos por leito

Eacute necessaacuteria a constataccedilatildeo da presenccedila e funcionalidade de dispositivos de seguranccedila

como as grades travas e regulaccedilatildeo de altura das camas ou escadas que propiciem a saiacuteda

segura do leito

A iluminaccedilatildeo deveraacute ser avaliada quanto agrave presenccedila tipo funcionamento e

efetividade Dispositivos como interruptores de acionamento de iluminaccedilatildeo e sistemas de

chamada devem estar instalados de modo a propiciar o alcance do usuaacuterio

Outra questatildeo a ser considerada eacute a circulaccedilatildeo segura no ambiente de internaccedilatildeo

garantida pela integridade do piso e se eacute mantido seco ausecircncia de obstaacuteculos como cabos e

extensotildees nos quais o paciente possa tropeccedilar e perder o equiliacutebrio

47

Figura 12 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar

Itens para inspeccedilatildeo Recomendaccedilatildeo

dimensotildees miacutenimas por leitomobiliaacuterio 800 msup2

distacircncia entre leitos 100 m

distacircncia entrte a lateral do leito e parede 050 m

distacircncia entre o peacute do leito e parede 120 m

espaccedilo aproximado reservado para cama hospitalar 220 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de cabeceira 125 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de refeiccedilatildeo 032 msup2

espaccedilo aproximado reservado para poltrona 180 msup2

iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e funcionando

banheiro exclusivo para cada quarto

dimensotildees miacutenimas do box do banheiro 100 msup2

Barras de apoio no box em todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas a todos os vasos sanitaacuterios em todos os banheiros

Sistema de chamada de Enfermagem para cada leito e funcionando

Interruptor de luz acessiacutevel para cada leito e ao alcance do paciente

Piso em perfeitas condiccedilotildees em todos os quartos integridade do material que o constitui

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e funcionando com

acionador ao alcance do paciente

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos e funcionando

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem

acima das portas de cada quarto com sinal

luminoso e sonoro

Cama com grades em todos os leitos

Camas com travas nas rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas ou com ajuste de altura em todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em todos os leitos

Piso seco continuamente Fonte Autor

48

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES

O objetivo geral deste estudo foi avaliar a estrutura fiacutesica das unidades de internaccedilatildeo

de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital de grande porte e a sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

A RDC nordm 50 traz como recomendaccedilatildeo de dimensotildees miacutenimas para quarto de dois

leitos 7 msup2leito e 6msup2leito para quartos de 3 a 6 leitos Nas unidades estudadas predominam

os quartos de 24 e 6 leitos A distacircncia miacutenima entre leitos deve ser de 1m da lateral da cama

e parede 050m e entre o peacute do leito e parede 12m Em relaccedilatildeo agraves dimensotildees miacutenimas dos

quartos proporcional ao nuacutemero de leitos 100 das unidades estatildeo em conformidade com a

legislaccedilatildeo

Outros fatores relacionados agrave seguranccedila e prevenccedilatildeo de quedas satildeo os sistemas de

iluminaccedilatildeo que aleacutem de presentes devem funcionar e os valores de iluminacircncia serem

adequados para os diferentes objetivos conforme Norma Brasileira (NBR) 541392 Os

sistemas de chamada de enfermagem devem ter ser dispositivos iacutentegros e ao alcance do

paciente

A escolha do tipo de piso deve considerar a relaccedilatildeo do dano causado pela queda com

relaccedilatildeo agrave absorccedilatildeo do impacto poreacutem natildeo eacute item previsto pela legislaccedilatildeo vigente A

manutenccedilatildeo do piso seco eacute medida recomendada

A presenccedila de grades travas e altura das camas mostram-se como fatores de impacto

na reduccedilatildeo destes incidentes evidenciados em publicaccedilotildees especiacuteficas

Quanto ao objetivo especiacutefico da pesquisa identificaccedilatildeo das medidas de seguranccedila

existentes para prevenccedilatildeo de quedas concluiu-se que embora as dimensotildees estejam em

conformidade com as recomendaccedilotildees ao considerarmos os mobiliaacuterios que habitualmente

compotildeem a unidade do paciente temos a cama com dimensotildees aproximadas de 225 m de

comprimento e 100 de largura a mesa de cabeceira em meacutedia com 050 m de largura por

050m de comprimento mesa de refeiccedilatildeo com base de 040m de largura X 080m de

comprimento poltrona reclinaacutevel medindo 077m de largura por 165m de profundidade total

aberta A disposiccedilatildeo ambiental destes objetos ocupa aproximadamente 5 27 msup2 de aacuterea

restando somente 073m da aacuterea total do quarto disponiacutevel para circulaccedilatildeo do profissional que

presta cuidados aos pacientes De modo geral os quartos da instituiccedilatildeo possuem aacuterea em

torno de 14msup2 para dois leitos O comprimento da cama (225 m) acrescido da largura da

mesa de refeiccedilatildeo (040m situada aos peacutes da cama) somando 265 m eacute disposto na largura do

quarto (333m) restando 068 m do peacute do leito ateacute a parede (recomendado eacute de 120m) e

49

passagem No sentido do comprimento do quarto soma-se as larguras da cama (100 m) da

mesa de cabeceira (050 m) da poltrona (077 m) e a distacircncia da lateral do leito ateacute a parede

(050 m) distacircncia entre os leitos de 100 m resultando em 377 m do total de 418 m Se

outros itens forem necessaacuterios como escada de dois degraus quando natildeo haacute cama eleacutetrica

suporte de soro e cadeira para visitante haacute maior restriccedilatildeo de espaccedilo disponiacutevel propiciando

choques do usuaacuterio e profissionais contra suas estruturas

Outros quesitos em conformidade em 100 das unidades foram banheiros exclusivos

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistema de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo

O banheiro privativo possui dimensotildees em torno de 375 msup2 e a aacuterea destinada ao box

027 msup2 contudo cadeira higiecircnica ocupa cerca 025msup2 natildeo restando espaccedilo para que o

colaborador permaneccedila ao lado do paciente

Barras de apoio no box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os

quartos iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo

itens atendidos na maioria das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia

estivesse presente em todas elas natildeo funcionava em nenhum quarto A sinalizaccedilatildeo de

enfermagem funcionava em todos os quartos mas requer o pronto atendimento agraves chamadas

Em contrapartida os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades Ao sair do leito com as

luzes apagadas por natildeo conseguir acessar o interruptor o paciente fica sujeito aos obstaacuteculos

ocultos pela escuridatildeo Na vigecircncia de instabilidade da marcha eou alteraccedilotildees de equiliacutebrio o

apoio em moacuteveis com rodiacutezio e sem travas podem propiciar a concretizaccedilatildeo da queda

As camas eram de acionamento mecacircnico em quatro das seis unidades

impossibilitando o ajuste de altura e o apoio dos peacutes do paciente no chatildeo ao sair do leito As

escadas de dois degraus quando disponiacuteveis natildeo possuem barras laterais para apoio e natildeo

apresentam ponteiras de borracha proporcionando situaccedilatildeo de instabilidade A falta de cama

com grades em todos os leitos submete o paciente ao risco de queda do leito em inadvertidas

situaccedilotildees de rolamento sobre o colchatildeo durante o sono e em camas de altura muito superior a

que estatildeo habituados em seus domiciacutelios

Accedilotildees implementadas como a substituiccedilatildeo de camas mecacircnicas por eleacutetricas que

permitem o ajuste de altura providenciam uma soluccedilatildeo para a saiacuteda segura do paciente do

leito

50

A composiccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo deve ser considerada apenas

informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as organizaccedilotildees hospitalares utilizam os

espaccedilos disponiacuteveis A robustez de peccedilas de mobiliaacuterio compromete a circulaccedilatildeo o que pode

ser determinante especialmente em situaccedilotildees de atendimento de emergecircncia Tais

consideraccedilotildees apontam a necessidade de descritivos e especificaccedilotildees teacutecnicas que atendam

estas exigecircncias

Os resultados obtidos sugerem que a estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de

influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas desde que outros fatores ambientais

sejam considerados respondendo a questatildeo de pesquisa

Pesquisas adicionais satildeo necessaacuterias para que as recomendaccedilotildees sejam validadas em

organizaccedilotildees de sauacutede e populaccedilatildeo de caracteriacutesticas semelhantes permitindo aos gestores

intervenccedilotildees relacionadas agrave estrutura fiacutesica e ambiente que sejam eficazes na prevenccedilatildeo de

quedas

61 Limitaccedilotildees da Pesquisa

A abordagem qualitativa utilizando dados subjetivos podem levar a diversidade e

imprecisatildeo aleacutem da questatildeo da incerteza da exatidatildeo dos dados registrados nas notificaccedilotildees

dos eventos adversos (Valle 2013)

O observador pode ter criado impressotildees favoraacuteveis ou desfavoraacuteveis sobre o objeto

estudado (Mello amp Turrioni 2007)

O excesso de confianccedila do pesquisador e a certeza com relaccedilatildeo aos dados podem levar

agrave falta de observaccedilatildeo de aspectos diferentes sob enfoques diferentes aleacutem do seu

envolvimento com a situaccedilatildeo pesquisada Considera-se ainda como limitaccedilatildeo o fato do

estudo se ater a apenas um hospital e a escolha de amostra de conveniecircncia

Constituiu limitaccedilatildeo assumida desconsiderar para fins de anaacutelise neste estudo outros

fatores de risco de queda associados a uso de medicamentos alteraccedilotildees de mobilidade e

marcha uso de dispositivos e estado mental

51

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56

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA

Unidades

Recomendaccedilatildeo A B C D E F G H I J

Dimensotildees quarto 1 leito

Dimensotildees quarto 2 leitos

Dimensotildees quarto 3 leitos

Dimensotildees quarto 4 leitos

Dimensotildees quarto 5 leitos

Dimensotildees quarto 6 leitos

Banheiro exclusivo para

cada quarto

Barras de apoio no box em

todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas

a todos os vasos sanitaacuterios

Pia agrave entrada do quarto

Pia dentro do quarto

Sistema de chamada de

Enfermagem

Interruptor de luz

acessiacutevel

Piso em perfeitas

condiccedilotildees em todos os

quartos

Iluminaccedilatildeo de cabeceira

em todos os leitos

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

Sinalizaccedilatildeo de

enfermagem

Cama com grades em

todos os leitos

Camas com travas nas

rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas em todos

os leitos

Escada de 2 degraus

presente e com borracha

nas extremidades em

todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em

todos os quartos

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

57

ANEXO 1

58

59

ANEXO 2

Page 9: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FÍSICA DAS …

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 3

11 CONTEXTUALIZACcedilAtildeO 3

12 PROBLEMA DE PESQUISA 7

13 QUESTAtildeO DE PESQUISA 10

14 OBJETIVOS 11

141Geral 11

142 Especiacuteficos 11

15 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA 11

16 ESTRUTURA DO TRABALHO 12

2REFERENCIAL TEOacuteRICO 13

21 GESTAtildeO DE RISCOS CORPORATIVOS 13

22 ANAacuteLISE DE RISCOS 15

23 QUEDAS 18

24 MATRIZ DE RISCO 21

25 FERRAMENTA DE ANAacuteLISE DO MODO E EFEITO DA FALHA (FMEA) 22

26 LEGISLACcedilAtildeO RELACIONADA Agrave VIGILAcircNCIA SANITAacuteRIA 24

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA 28

31 DELINEAMENTO DA PESQUISA 29

32 LOCAL DO ESTUDO 31

33 PROCEDIMENTOS DE COLETA DOS DADOS 31

34 PROCEDIMENTOS E ANAacuteLISE DE DADOS 34

35 ASPECTOS EacuteTICOS DA PESQUISA 34

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 36

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA 46

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES 48

61 LIMITACcedilOtildeES DA PESQUISA 50

REFEREcircNCIAS 51

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA 56

ANEXO 1 57

ANEXO 2 59

1

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

AHRQ Agency for Healthcare Research and Quality

CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de Pesquisa

COSO Committee of Sponsoring Organizations

CRM Clinical Risk Management

EA Eventos Adversos

EAS Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede

ERM Enterprise Risk Management

FERMA Federation of European Risk Management Associations

FMEA Failure Modes and Effects Analysis

GM Gabinete do Ministro

HFMEA Healthcare Failure Modes and Effects Analysis

IS Sinalizaccedilatildeo de Enfermagem

ISO International Organization for Standardization

JCAHO Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations

MS Ministeacuterio da Sauacutede

NAPSA National Patient Safety Agency

NBR Normas Brasileiras

NCPS National Center for Patient Safety

NHS National Health Service

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

RC Responsabilidade Civil

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RNAO Registered Nurses Association of Ontario

RPN Risk Prority Number (Nuacutemero de Prioridade de Risco)

SIH Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VHA Veretans Health Administrtion

VISA Vigilacircncia Sanitaacuteria

2

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos 22

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA 24

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA 24

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS 26

Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000) 28

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa 29

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo 33

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de 42

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

42

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box 43

Figura 13 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio dispostas proacuteximas nas laterais 45

Figura 14 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar 47

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um Hospital

Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil 8

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no

periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 37

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde

predominaram os eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 39

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades

visitadas 2014 Satildeo Paulo Brasil 40

3

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Contextualizaccedilatildeo

O homem como indiviacuteduo ou como parte de organizaccedilotildees sempre esteve agrave procura de

formas de identificar os riscos que ameaccedilam sua existecircncia Nas sociedades primitivas de

cultura agraacuteria a produccedilatildeo atendia apenas suas necessidades imediatas logo a perda de uma

colheita significava desastre certo Organizadas como economias industriais sociedades e

indiviacuteduos seguem tentando compreender e antecipar os riscos que os ameaccedilam procurando

preservar seus bens valiosos (McCaffrey amp Hagg-Rckert 2009)

Risco eacute definido como o efeito da incerteza nos objetivos da organizaccedilatildeo sendo o

efeito um desvio em relaccedilatildeo ao esperado seja ele positivo ou negativo A incerteza eacute ldquoo

estado mesmo que parcial da deficiecircncia das informaccedilotildees relacionadas a um evento sua

compreensatildeo conhecimento sua consequecircncia e a probabilidade de ocorrecircncia associadardquo

(ABNT 2009)

A gestatildeo de risco eacute uma forma de reconhecer que os eventos podem levar a danos e

prevecirc a avaliaccedilatildeo e anaacutelise dos riscos de forma a minimizar sua ocorrecircncia e consequecircncias

Considerar um risco toleraacutevel natildeo significa aceita-lo mas conviver com ele confiando que

estaacute devidamente controlado Nenhuma pessoa deve ser exposta a risco grave a menos que

concorde em aceitaacute-lo (National Health Service - NHS 2008)

A gestatildeo de risco prevecirc a realizaccedilatildeo de ldquoatividades coordenadas para dirigir e controlar

uma organizaccedilatildeo no que se refere ao risco (ABNT 2009)

O Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission COSO

2007 (Comitecirc de Organizaccedilotildees Patrocinadoras do Comeacutercio) eacute uma iniciativa conjunta de

cinco organizaccedilotildees do setor privado e eacute dedicado a fornecer lideranccedila de pensamento atraveacutes

do desenvolvimento de quadros e orientaccedilatildeo sobre gerenciamento de riscos corporativos

controles internos e de dissuasatildeo de fraude As organizaccedilotildees reconhecem e direcionam seus

esforccedilos para a necessidade de se desenvolver uma estrateacutegia capaz de identificar avaliar e

administrar os riscos Nesta perspectiva o gerenciamento de riscos corporativos eacute definido

como um processo conduzido pela organizaccedilatildeo envolvendo o conselho administrativo

diretoria e demais empregados com o objetivo de estabelecer estrateacutegias para identificar

eventos em potencial que podem afetaacute-la administrando os riscos e possibilitando o alcance

de seus objetivos O evento eacute um incidente ou uma ocorrecircncia de causa interna ou externa

4

que pode afetar a realizaccedilatildeo dos objetivos da organizaccedilatildeo O risco eacute a possibilidade de um

evento ocorrer e afetar negativamente a realizaccedilatildeo destes objetivos

A administraccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo natildeo pode prever quando e como ocorreraacute um

evento e o impacto que causaraacute entretanto deve ser capaz de avaliar os riscos de sua

ocorrecircncia Os eventos podem estar relacionados a infraestrutura (disponibilidade de bens

acesso ao capital complexidade) a pessoal (capacidade dos empregados sauacutede e seguranccedila

atividades fraudulentas) a processos (capacidade desenho execuccedilatildeo) ou agrave tecnologia

(integridade de dados disponibilidade de dados e sistemas desenvolvimento alocaccedilatildeo

manutenccedilatildeo) (COSO 2007)

Apoacutes a avaliaccedilatildeo dos riscos pertinentes agraves atividades desenvolvidas eacute necessaacuterio

determinar como a organizaccedilatildeo responderaacute ao risco avaliando seu efeito e impacto custos e

benefiacutecios mantendo-se dentro da toleracircncia estabelecida As respostas da organizaccedilatildeo aos

riscos podem ser de evitaacute-los decidindo descontinuar as atividades que geram riscos A

posiccedilatildeo da organizaccedilatildeo pode ser de reduzir a probabilidade e impacto dos riscos ou ainda de

compartilhamento de uma parte do risco com a aquisiccedilatildeo de produtos de seguro a realizaccedilatildeo

de transaccedilotildees de heading ou a terceirizaccedilatildeo de uma atividade A resposta da organizaccedilatildeo pode

ser aceitaccedilatildeo do risco natildeo adotando nenhuma medida para afetar o grau de impacto dos riscos

(COSO 2007)

O ponto central de uma boa gestatildeo de riscos eacute a identificaccedilatildeo e tratamento dos

mesmos Todos os riscos inerentes agraves atividades da organizaccedilatildeo devem ser metodicamente

avaliados Os riscos podem ter origem em fatores internos e externos riscos financeiros

(creacutedito taxas de juros diferenccedilas cambiais fluxo de caixa e liquidez sistemas de controle

financeiros e sistemas de informaccedilatildeo) riscos estrateacutegicos (concorrecircncia alteraccedilotildees no

consumo alteraccedilotildees da atividade de procura investigaccedilatildeo amp desenvolvimento e capital

intelectual) riscos operacionais (recrutamento cadeia de abastecimento regulamentaccedilotildees

cultura composiccedilatildeo da gestatildeo do topo da organizaccedilatildeo) e perigos (acesso puacuteblico

empregados propriedade bens e serviccedilos contratos eventos naturais fornecedores meio

ambiente (Federation of European Risk Management Associations [FERMA] 2002)

Como os eventos satildeo inesperados as organizaccedilotildees devem implementar accedilotildees para a

reduccedilatildeo do risco gerindo ou controlando qualquer dano futuro ou probabilidade de dano

associado a um incidente Estas accedilotildees abrangem a detecccedilatildeo de fatores atenuantes do dano ou

accedilotildees de melhoria e podem ser proativas ou reativas Accedilotildees proativas podem ser teacutecnicas

como a anaacutelise de modos e efeitos de falha e anaacutelise de probabilidades de risco As ldquoaccedilotildees

5

reativas satildeo as desenvolvidas em resposta a conhecimentos adquiridos apoacutes a ocorrecircncia de

incidentes (por exemplo anaacutelise das causas)rdquo (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede [OMS] 2009)

O termo ldquocultura de seguranccedilardquo apareceu pela primeira vez apoacutes o acidente nuclear de

Chernobyl em 1988 e foi disseminado a vaacuterias induacutestrias com o intuito de melhorar a

seguranccedila e a confiabilidade das organizaccedilotildees Entretanto a extrapolaccedilatildeo para a sauacutede eacute

recente e ainda natildeo haacute consenso nos estudos sobre a forma como a seguranccedila do paciente

deve ser construiacuteda O primeiro passo para as organizaccedilotildees de sauacutede melhorarem a cultura de

seguranccedila eacute definir claramente o conceito fazendo diagnoacutestico do status atual em sua

empresa identificando pontos fortes e fracos para melhores informaccedilotildees e estrateacutegias de accedilatildeo

(Halligan amp Zecevic 2011)

Os hospitais como organizaccedilotildees de alto risco tecircm uma permanente preocupaccedilatildeo em

gerenciar o inesperado A medicina moderna tornou o atendimento cada vez mais complexo

resultando em maiores oportunidades para melhoria dos cuidados mas aumentando o risco de

eventos adversos e danos ao paciente (Briner Kessler amp Manser 2010)

O Processo de Gestatildeo de Risco incorporou-se ao setor da sauacutede nos Estados Unidos haacute

cerca de 30 anos com o objetivo de proteger as organizaccedilotildees de sauacutede contra as perdas

inicialmente atraveacutes da ldquocontrataccedilatildeo de seguros de responsabilidade civil para cobrir

consequecircncias econocircmicas das accedilotildees e processos por maacute praacuteticardquo movidas contra

profissionais eou hospitais Entretanto atualmente a Gestatildeo de risco tornou-se um programa

que visa agrave construccedilatildeo de normas preventivas corretivas e contingentes identificando

mapeando e monitorando os riscos ldquocom foco no processo de trabalho e na contiacutenua reduccedilatildeo

dos danos e perdasrdquo (Feldman 2009a p27 28)

Como os riscos associados agrave assistecircncia natildeo podem ser completamente eliminados o

conceito de Gestatildeo de Risco Cliacutenico (Clinical Risk Management - CRM) surgiu como uma

forma de direcionar os recursos hospitalares para melhorar a seguranccedila do paciente A Gestatildeo

de Risco Cliacutenico refere-se a uma forma especiacutefica de gestatildeo de risco com foco em processos

cliacutenicos direta e indiretamente relacionados ao paciente Compreende todas as estruturas

processos instrumentos e atividades que permitam aos profissionais identificar analisar

controlar e gerenciar os riscos ao fornecer tratamento cliacutenico e assistecircncia ao paciente Os

hospitais realizam uma variedade de atividades para promover a seguranccedila do paciente mas

natildeo o fazem de forma sistemaacutetica como gerenciamento de risco cliacutenico com o objetivo de

alcanccedilar a melhora dos serviccedilos e dos atendimentos meacutedicos (Briner Kessler amp Manser

2010)

6

As falhas satildeo a maior ameaccedila agrave seguranccedila dos pacientes pois os profissionais

automatizam comportamentos e os erros acontecem no meio de accedilotildees que jaacute realizamos

milhares de vezes o que eacute ignorado pelos sistemas de sauacutede e seus responsaacuteveis Criar uma

cultura de seguranccedila do paciente exige praacutetica alicerccedilada em evidecircncias cientiacuteficas sobre o

que funciona ou natildeo comunicaccedilatildeo dos resultados das mudanccedilas efetuadas a todos os

envolvidos e reavaliaccedilatildeo permanente do conjunto (Carneiro 2010)

Embora a gestatildeo de risco considere os riscos sob as perspectivas positivas (quando as

consequecircncias dos eventos constituem oportunidades para se obter vantagens) ou negativas

(quando constituem ameaccedilas ao sucesso) em se tratando de sauacutede e seguranccedila do paciente ldquoeacute

quase um dado adquirido que as consequecircncias satildeo apenas negativasrdquo devendo os esforccedilos

serem concentrados na prevenccedilatildeo ou diminuiccedilatildeo do dano (FERMA 2002 p3)

Nos Estados Unidos o programa da ldquoAgency for Healthcare Research and Qualityrdquo ndash

AHRQ ndash (Agecircncia de Pesquisa de Qualidade em Sauacutede) conduz e apoia a investigaccedilatildeo para a

construccedilatildeo de conhecimentos sobre seguranccedila do paciente e melhoria da qualidade

incentivando o investimento no aumento das capacitaccedilotildees de profissionais de sauacutede

divulgando os benefiacutecios de novos procedimentos mas os alertando dos riscos inerentes a eles

(Feldman 2009a)

Um estudo exploratoacuterio com pacientes internados em dois hospitais puacuteblicos de ensino

do Estado do Rio de Janeiro analisou uma amostra aleatoacuteria de 622 prontuaacuterios no ano de

2003 verificando que 583 pacientes natildeo sofreram Eventos Adversos (EA) (937) contra 39

(63) que sofreram Dos EA ocorridos 641 foram considerados evitaacuteveis quando

analisados por meacutedico revisor Os pacientes com EA apresentaram tempo meacutedio de

permanecircncia no hospital de 283 dias superior ao observado nos pacientes sem EA Os EA

implicaram no gasto de R$ 121236330 o que representou 27 do valor total de reembolso

recebido pelo total de internaccedilotildees realizadas em 2003 (Porto Martins Mendes amp Travassos

2010)

Quedas satildeo eventos comuns em ambiente hospitalar que tecircm como consequecircncia

lesotildees aumento do tempo de internaccedilatildeo aleacutem da questatildeo de responsabilidade legal

A Responsabilidade Civil (RC) ldquoimplica em reparar indenizar ou ressarcir pelo dano

causado a algueacutemrdquo e se decorrente do exerciacutecio profissional estende-se a qualquer

trabalhador envolvido na atividade ou prestaccedilatildeo de serviccedilos Portanto eacute necessaacuteria a

identificaccedilatildeo de falhas de cada processo de cuja execuccedilatildeo possam advir ldquodano estrago

7

detrimento ou prejuiacutezo ao paciente famiacutelia usuaacuterio profissional ou comunidaderdquo (Feldman

2010 a p 135)

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor 1990 em seu artigo 14 paraacutegrafo 1ordm determina

que

ldquoO serviccedilo eacute defeituoso quando natildeo fornece a seguranccedila que o consumidor

dele pode esperar levando-se em consideraccedilatildeo as circunstacircncias relevantes

entre as quais o modo de seu fornecimento o resultado e os riscos que

razoavelmente dele se esperam a eacutepoca em que foi fornecidordquo

12 Problema de Pesquisa

Um evento adverso eacute qualquer evento ou circunstacircncia involuntaacuteria que conduz a dano

ou sofrimento Incidente eacute um tipo especiacutefico de evento adverso eacute imprevisto ou inesperado e

pode prejudicar um ou mais pacientes que recebam cuidados de sauacutede (National Patient

Safety Agency [NPSA] 2008)

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede na Estrutura Conceitual da Classificaccedilatildeo

Internacional para a Seguranccedila do Paciente (ldquoThe Conceptual Framework for International

Classification for Patient Safetyrdquo) 2009 define a seguranccedila do paciente como a ldquoreduccedilatildeo do

risco de danos desnecessaacuterios relacionados aos cuidados de sauacutede para um miacutenimo

aceitaacutevelrdquo sendo aceitaacutevel o que diz respeito ao consenso diante dos recursos atualmente

disponiacuteveis do estado da arte do conhecimento do contexto em que a prestaccedilatildeo de cuidados

acontece e do custo benefiacutecio face a natildeo implementaccedilatildeo de um tratamento (OMS 2009 p

21)

Um estudo incluindo internaccedilotildees de adultos em cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas no Brasil

em 2007 utilizando como fonte de informaccedilatildeo o Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares (SIH)

mostrou frequecircncia de 36 potenciais resultados adversos por 1000 internaccedilotildees alertando esta

alta frequecircncia para a necessidade de se implementar estrateacutegias para monitorar tais

ocorrecircncias e identificar as melhorias necessaacuterias para garantir a seguranccedila do paciente em

ambiente hospitalar (Dias Martins amp Navarro 2012)

Feldman (2009b p 118) define risco assistencial como aquele que ldquoeacute proveniente das

situaccedilotildees que envolvem a dinacircmica dos cuidados durante a internaccedilatildeo ou periacuteodo de

permanecircncia do cliente no hospitalrdquo

As quedas de pacientes permanecem entre os eventos adversos mais relatados em

instituiccedilotildees de cuidados agudos resultando em morbidade mortalidade e medo de sofrer uma

nova queda Satildeo exemplos de situaccedilotildees notificadas no ambiente hospitalar relacionadas a

quedas

8

ldquoacidente com queda do paciente ao se apoiar na mesa de suporte para

alimentaccedilatildeo causando ferimento no braccedilo direito na altura do cotovelo

Queda no corredor do hospital em uma rampa com pouca inclinaccedilatildeo devido

ao piso estar molhado pela chuva Causou fratura no cotovelo esquerdo

levando o usuaacuterio agrave cirurgia A paciente caiu da poltrona individual ao se

esticar para pegar o telefone que estava sobre a mesa A queda causou

ferimento no joelho com hematomardquo (Feldman 2009b p129)

A Tabela 1 mostra os resultados de estudo realizado por Carneiro et al 2010 em um

periacuteodo de quatro anos em Goiacircnia

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um

Hospital Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil

Eventos Adversos N

Retirada de sondas drenos e cateteres 162 6136

Quedas 49 1856

Processos aleacutergicos 14 530

Evasatildeo 14 530

Uacutelcera por pressatildeo 13 492

Erros de Medicaccedilatildeo 7 265

Procedimentos meacutedicos 3 114

Hemoderivados 1 038

Queimaduras 1 038

Total 264 1000

Fonte Adaptado de Carneiro Bezerra Camargo e Silva Paranaguaacute amp Branquinho 2010

Morse em 1997 identificou trecircs classificaccedilotildees para as quedas de pacientes acidentais

(paciente tropeccedila ou escorrega em decorrecircncia de algum perigo ambiental como por exemplo

piso molhado) antecedentes fisioloacutegicos (quedas em pessoas consideradas com risco de cair)

quedas fisiologicamente inesperadas (quedas atribuiacutedas a fatores fisioloacutegicos que natildeo podem

ser previstas antes que ocorram) (Hendrich Bender amp Nyhuis 2003)

Decesaro amp Padilha (2002) conduziram um estudo em que coletaram dados em 12

Unidades de Terapia Intensiva (UTI) sendo 9 gerais e 3 especializadas de 8 instituiccedilotildees dos

municiacutepios de Londrina e Maringaacute A populaccedilatildeo foi constituiacuteda de 91 profissionais de

enfermagem que relataram um ou mais incidentes relativos a queda de pacientes durante a

internaccedilatildeo na UTI Os autores identificaram que 367 das situaccedilotildees estudadas natildeo

trouxeram nenhuma consequecircncia identificaacutevel para o paciente entretanto em 633

9

resultaram em uma ou mais consequecircncias imediatas para o paciente O maior percentual

estava relacionado a traumas teciduais resultando em contusotildees hematomas fraturas lesotildees

tissulares com e sem necessidade de sutura edema e sangramentos

Em um estudo conduzido entre janeiro de 1999 e dezembro de 2003 em um hospital

puacuteblico de ensino em Zurique Suiacuteccedila a taxa global de queda foi de 89 quedas por 1000

pacientes dia (Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006)

Outros estudos realizados com dados coletados de 826 boletins de notificaccedilatildeo de

eventos adversos em um hospital universitaacuterio terciaacuterio mostraram 80 registros relacionados a

quedas (107) no periacuteodo estudado de 30 meses implicando em 26 quedas por mecircs As

quedas do leito foram as mais frequentes (55) predominando nas enfermarias de

Neurologia (227) cliacutenica meacutedica (204) e moleacutestias infecciosas e parasitaacuterias (182)

As quedas da proacutepria altura corresponderam a 388 e ocorreram em maior nuacutemero na cliacutenica

meacutedica (387) e cirurgia gastroenteroloacutegica (129) As quedas de cadeiras foram as menos

frequentes (62) No periacuteodo noturno as quedas ocorreram com maior frequecircncia (637)

nos primeiros cinco dias de admissatildeo (617) e entre os indiviacuteduos do sexo masculino

(575) (Paiva Paiva Berti amp Campana 2010)

Utilizando uma ferramenta avaliativa para analisar uma Instituiccedilatildeo de Longa

Permanecircncia de Idosos do Rio Grande do Sul foi conduzido um estudo com o intuito de

identificar acertos e dificuldades da realidade encontrada envolvendo os eventos relacionados

a quedas Verificou-se que os pisos internos e externos natildeo possuiacuteam revestimentos

antiderrapantes e as escadas natildeo apresentavam sinalizaccedilatildeo Os dormitoacuterios eram coletivos e os

banheiros situavam-se no corredor e eram escuros tornando difiacutecil o acesso noturno Os

banheiros natildeo permitiam a entrada de cadeiras de rodas e natildeo possuiacuteam em sua totalidade

barras de seguranccedila junto ao vaso sanitaacuterio o vatildeo livre na parte inferior das portas tinha

medida inferior a 20 cm e os pisos apresentavam desniacuteveis Observou-se aglomeraccedilatildeo de

objetos decorativos tapetes sofaacutes que obstruiacuteam a livre circulaccedilatildeo do idoso podendo se

tornar risco para quedas (Feliciani Santos amp Valcarenghi 2011)

Conduzido em um hospital universitaacuterio de Goiacircnia que faz parte da Rede Hospitais

Sentinelas um estudo documental retrospectivo em uma cliacutenica ciruacutergica utilizou dados

referentes a eventos adversos registrados no livro de anotaccedilotildees de enfermagem entre janeiro

de 2005 e dezembro de 2009 mostrou que as quedas representaram 1856 (49 quedas) do

total de eventos 7551 das quedas ocorreram do leito 124 da proacutepria altura 1020 no

banheiro e 204 da maca (Carneiro et al 2011)

10

Saraiva (2008 apud Almeida Abreu amp Mendes 2010 p 165) destaca que fatores

extriacutensecos de quedas ldquorelacionados com fatores ambientais reuacutenem uma seacuterie de

caracteriacutesticas inadequadas dos espaccedilos mobiliaacuterio e iluminaccedilatildeo existecircncia de obstaacuteculos no

meio envolvente ausecircncia ou inadequaccedilatildeo de ajudas teacutecnicas vestuaacuterio inadequado entre

outrosrdquo

Embora nem todas as quedas estejam associadas a fatores ambientais natildeo haacute como

desvinculaacute-los desses eventos devendo-se buscar na legislaccedilatildeo relacionada os subsiacutedios

necessaacuterios para a respectiva anaacutelise

ldquoAs principais normas norteadoras das edificaccedilotildees dos Estabelecimentos de Assistecircncia agrave Sauacutede no Brasil satildeo do Ministeacuterio da Sauacutede atraveacutes da RDC nordm 50 de

21 de fevereiro de 2002 aleacutem de algumas normas que devem ser aprovadas junto a

Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (Anvisa) e agrave ABNTrdquo (Associaccedilatildeo Brasileira

de Normas Teacutecnicas) (Sistema Referecircncia Acadecircmica 2010 p 1)

13 Questatildeo de Pesquisa

Considerando que a gestatildeo de riscos em uma organizaccedilatildeo prevecirc que as atividades

sejam coordenadas em um processo de busca reconhecimento e descriccedilatildeo de riscos a

identificaccedilatildeo das fontes de risco eventos suas causas e consequecircncias natildeo pode preterir

qualquer aspecto relacionado

As atividades de prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede apresentam inuacutemeros riscos inerentes

ao proacuteprio desempenho de procedimentos e dos diferentes locais onde tais serviccedilos satildeo

oferecidos incluindo instalaccedilotildees mobiliaacuterios e equipamentos

Levando-se em conta as recomendaccedilotildees feitas pela legislaccedilatildeo e literatura relacionadas

este trabalho tem como objetivo identificar se a atual situaccedilatildeo das unidades de internaccedilatildeo de

cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo

Paulo pode influenciar na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando os

riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica as medidas de seguranccedila existentes para

fornecer subsiacutedios para as fases de projeto e construccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave melhoria da

gestatildeo do risco de queda nas unidades estudadas

Desta forma a questatildeo de pesquisa deste estudo eacute como a estrutura fiacutesica das

unidades de internaccedilatildeo de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande

porte do municiacutepio de Satildeo Paulo pode influenciar a ocorrecircncia de quedas de pacientes

internados

11

14 Objetivos

141Geral

Avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica de um

hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

142 Especiacuteficos

Identificar os riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica a que fica exposta a

populaccedilatildeo internada nas cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas

Identificar as medidas de seguranccedila existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas

Propor um instrumento para apoio a anaacutelise da estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo hospitalar com foco no gerenciamento do risco de queda

15 Justificativa para Estudo do Tema

Os estudos realizados sobre quedas em sua maioria caracterizam a populaccedilatildeo

envolvida neste evento quanto agrave idade sexo medicamentos utilizados local de ocorrecircncia Haacute

uma lacuna na literatura na identificaccedilatildeo dos fatores ambientais e equipamentosmobiliaacuterios

relacionados agrave queda no ambiente hospitalar Esta carecircncia pode ser devida a jaacute estabelecida

correlaccedilatildeo de outros fatores de risco bem definidos em populaccedilotildees especiacuteficas Entretanto

considerando que qualquer indiviacuteduo estaacute sujeito a este evento mesmo sem associaccedilatildeo a tais

fatores pode ser valoroso identificar se haacute riscos ambientais relacionados sobre os quais se

pode intervir

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os

perigos do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos Uma revisatildeo

de estudos realizados sobre quedas e ambiente fiacutesico concluiu que as quedas satildeo resultado da

interaccedilatildeo do estado do indiviacuteduo com o ambiente fiacutesico mas consideram razoaacutevel concluir

que mudanccedilas no meio ambiente oferecem abordagem promissora para a prevenccedilatildeo de

quedas especialmente quando associadas a outras intervenccedilotildees como programas de

exerciacutecios e educacionais (Feldman amp Chaudhury 2008)

12

Os dados referentes aos perigos ambientais que podem estar associados a

probabilidades de quedas satildeo insuficientes no que se refere a pacientes idosos hospitalizados

Entretanto em casas de repouso as quedas atribuiacutedas a fatores ambientais satildeo de 273 nesta

populaccedilatildeo (Registered Nurses Association of Ontaacuterio - RNAO 2005)

Na instituiccedilatildeo onde foi realizada a pesquisa as notificaccedilotildees de quedas de janeiro a

junho de 2014 somaram 205 eventos mostrando uma predominacircncia de ocorrecircncias em aacutereas

envolvendo a unidade reservada agrave internaccedilatildeo do paciente (quarto e banheiro) A

predominacircncia de tais quedas nestes locais levou agrave investigaccedilatildeo da influecircncia ambiental sobre

estes eventos

Estudos mostram uma maior frequecircncia de quedas entre indiviacuteduos idosos como o

estudo retrospectivo realizado em um hospital da grande Lisboa entre junho de 2008 e

dezembro de 2010 a anaacutelise de 214 de episoacutedios de quedas notificados (190 doentes) os

resultados demonstraram que os doentes com notificaccedilatildeo de incidente de queda tinham em

meacutedia 75 anos e apenas 6 dos indiviacuteduos tinham idade le 49 anos (Costa-Dias Oliveira

Moreira Santos Martins amp Arauacutejo 2013)

Segundo Saraiva et al (2008 apud Almeida Abreu ampMendes 2010 p 168) ldquoo risco

de queda aumenta linearmente como o nuacutemero de fatores de riscordquo o que sugere que se os

fatores de risco forem eliminados a probabilidade de ocorrecircncia de quedas pode diminuir

Como nem todos os fatores de risco podem ser eliminados por serem intriacutensecos ao

paciente medidas proativas de prevenccedilatildeo voltadas aos fatores extriacutensecos como o ambiente

podem significar uma valorosa estrateacutegia

Este estudo trouxe subsiacutedios para que se proponham medidas de seguranccedila associadas

agrave estrutura fiacutesica por excelecircncia visando a prevenccedilatildeo de queda em pacientes internados

16 Estrutura do Trabalho

Quanto agrave forma esta dissertaccedilatildeo estaacute estruturada em cinco capiacutetulos

O capiacutetulo um traz a contextualizaccedilatildeo com os pressupostos da aacuterea de conhecimento

relacionados ao gerenciamento de risco evento adverso e seu impacto na assistecircncia prestada

pelos serviccedilos de sauacutede a problematizaccedilatildeo mostra a inquietaccedilatildeo quanto aos fatores de risco

ambientais para ocorrecircncia de queda de pacientes no periacuteodo de internaccedilatildeo hospitalar Satildeo

estabelecidos a questatildeo de pesquisa objetivos geral e especiacuteficos a justificativa para o

desenvolvimento do estudo e a estrutura da dissertaccedilatildeo

13

No capiacutetulo dois o autor apresenta a Revisatildeo Bibliograacutefica com as bases teoacutericas e

evidecircncias existentes concebendo os polos gestatildeo de risco corporativo anaacutelise de risco

matriz de risco e legislaccedilatildeo relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

O capiacutetulo trecircs detalha os procedimentos metodoloacutegicos utilizados durante a pesquisa

com ecircnfase para o desenvolvimento do projeto de pesquisa

O quarto capiacutetulo apresenta os resultados obtidos e uma discussatildeo sob a oacuteptica da

literatura pertinente

O capiacutetulo cinco expressa as conclusotildees da pesquisa embasadas pela teoria correlata e

as recomendaccedilotildees

2REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Gestatildeo de Riscos Corporativos

O gerenciamento de riscos corporativos (Enterprise Risk Management ndash ERM) eacute o

gerenciamento de riscos dentro da organizaccedilatildeo O processo de gerenciamento de riscos deve

estar integrado agrave gestatildeo da organizaccedilatildeo identificando os riscos significativos aos seus

14

negoacutecios A estrutura do gerenciamento de riscos compreende os componentes e a

organizaccedilatildeo do gerenciamento de riscos dentro de uma empresa (MacLeod MacDonald

Ybarra Sorlie Foster amp Stokka 2013)

O gerenciamento de risco corporativo compreende um processo contiacutenuo conduzido

pelos profissionais em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo que inclui a identificaccedilatildeo de todos os

riscos que a estaacute exposta a organizaccedilatildeo indicando eventos que podem afetaacute-la aleacutem daqueles

que podem ser gerenciados propiciando garantia razoaacutevel agrave administraccedilatildeo e deve estar

orientado para a realizaccedilatildeo dos objetivos propostos Os objetivos satildeo classificados em quatro

categorias estrateacutegicos relacionados agraves metas gerais alinhadas agrave missatildeo da organizaccedilatildeo de

operaccedilotildees que diz respeito agrave utilizaccedilatildeo eficaz e eficiente dos recursos comunicaccedilatildeo referente

agrave confiabilidade de relatoacuterios e conformidade alusivos ao cumprimento de leis e

regulamentos aplicaacuteveis (COSO 2007)

O gerenciamento de risco corporativo considera o ambiente interno ou seja como a

organizaccedilatildeo identifica os riscos a forma de abordagem dos seus colaboradores seu apetite a

riscos e a filosofia do gerenciamento de risco Os objetivos fixados devem propiciar suporte e

estar alinhados com a missatildeo da organizaccedilatildeo e serem compatiacuteveis com seu apetite a riscos Eacute

necessaacuterio identificar os eventos que podem influenciar o alcance dos objetivos estabelecidos

Os riscos devem ser avaliados e analisados considerando a probabilidade e impacto

direcionando a forma como deveraacute ser abordado qual seraacute a resposta ao risco desenvolvendo

uma seacuterie de medidas para alinhar os riscos com a toleracircncia e com o apetite a risco As

atividades de controle estabelecem procedimentos e poliacuteticas que garantam que as atividades

de respostas aos riscos sejam executadas de forma eficaz Informaccedilotildees e a comunicaccedilatildeo eficaz

devem permear todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo com conteuacutedo apropriado informaccedilotildees

oportunas atuais exatas e de faacutecil acesso O monitoramento deve garantir a manutenccedilatildeo da

integridade do gerenciamento de risco e que as modificaccedilotildees necessaacuterias seratildeo implementadas

(COSO 2007)

Uma organizaccedilatildeo para melhorar sua abordagem em relaccedilatildeo ao gerenciamento de

risco deve partir de uma anaacutelise de seu processo e sistema atuais quanto agrave abordagem de

todos os componentes avaliando as atividades desenvolvidas pois a ausecircncia de qualquer

deles implica que o gerenciamento de risco eacute ineficaz O monitoramento contiacutenuo do processo

de gerenciamento de risco corporativo deve ser incorporado agraves atividades operacionais

normais e recorrentes da empresa com avaliaccedilotildees perioacutedicas e classificaccedilatildeo de riscos

permitindo que os problemas sejam identificados mais rapidamente (MacLeod et al 2013)

15

Entretanto o gerenciamento de riscos corporativos natildeo assegura que a organizaccedilatildeo

natildeo fracassaraacute no alcance de seus objetivos pois o risco estaacute relacionado ao futuro que eacute

incerto alguns eventos estatildeo aleacutem do controle da administraccedilatildeo e nenhum processo nunca

executaraacute exatamente o que foi previsto A eficaacutecia do gerenciamento de risco sofre

limitaccedilotildees da fraqueza humana pois as decisotildees devem ser tomadas utilizando julgamento

humano tendo como base as informaccedilotildees disponiacuteveis e sofrendo as pressotildees de conduzir um

negoacutecio da falta de adequado entendimento das instruccedilotildees pelos empregados o que pode

levar a erros de julgamento das mudanccedilas no sistema que forem introduzidas antes que o

pessoal tenha sido treinado adequadamente do esquecimento ou execuccedilatildeo incorreta de tarefas

por empregados temporaacuterios pode haver indiviacuteduos que atuem para impedir que o processo

de gestatildeo de riscos corporativos identifiquem as alteraccedilotildees existentes da limitaccedilatildeo de

recursos e a proacutepria direccedilatildeo da organizaccedilatildeo que pode neutralizar poliacuteticas ou procedimentos

recomendados com fins ilegiacutetimos (COSO 2007)

22 Anaacutelise de Riscos

A gestatildeo de riscos eacute um processo contiacutenuo que as organizaccedilotildees utilizam para analisar

metodicamente os riscos inerentes agraves suas atividades processo que deve estar incorporado agrave

cultura organizacional com responsabilidades atribuiacutedas em todos os niacuteveis constando das

descriccedilotildees das funccedilotildees Os ldquoproprietaacuteriosrdquo do processo de gestatildeo de riscos devem ser os

atores internos da organizaccedilatildeo (FERMA) 2002)

Realizar avaliaccedilatildeo de risco consiste em medir a consequecircncia definida aqui como o

resultado ou potencial resultado de um evento Para avaliar a gravidade dos incidentes pode

ser utilizado um sistema de pontuaccedilatildeo Para avaliar as consequecircncias algumas questotildees

devem ser resolvidas tais como A organizaccedilatildeo tem uma definiccedilatildeo clara do que constitui uma

pequena lesatildeo Que medidas satildeo utilizados para determinar o impacto psicoloacutegico sobre os

indiviacuteduos O que eacute definido como um evento adverso e quantos indiviacuteduos podem ser

afetados (National Patient Safety Agency [NPSA] 2008)

Identificar os riscos tem como objetivo identificar as incertezas a que estatildeo expostas as

organizaccedilotildees descrevendo-os de forma estruturada considerando a probabilidade e a

consequecircncia de cada um dos riscos definidos identificando os riscos chave e estabelecer as

prioridades na anaacutelise dos mesmos A descriccedilatildeo dos riscos prevecirc a designaccedilatildeo acircmbito do

risco a natureza do risco intervenientes quantificaccedilatildeo dos riscos toleracircncia para o risco

tratamento e mecanismo de controle do risco possiacuteveis accedilotildees de melhoria e desenvolvimento

16

de estrateacutegias e poliacuteticas O impacto das consequecircncias dos riscos e a sua probabilidade de

ocorrecircncia satildeo fatores importantes da avaliaccedilatildeo Brainstorming questionaacuterios anaacutelises

comparativas de setor anaacutelise de cenaacuterios investigaccedilatildeo de incidentes auditorias e inspeccedilotildees

satildeo algumas teacutecnicas propostas para a identificaccedilatildeo de riscos (FERMA 2002)

O tratamento de riscos consiste em selecionar e implementar medidas para modificar

um risco e deve no miacutenimo ldquoproporcionar um funcionamento eficaz e eficiente da

organizaccedilatildeo garantir controles internos eficazes e cumprir leis e regulamentaccedilotildees (FERMA

2002)

O niacutevel responsaacutevel pela administraccedilatildeo deve conhecer os riscos mais importantes que

a organizaccedilatildeo enfrenta os possiacuteveis efeitos em seu desempenho garantir a sensibilizaccedilatildeo aos

riscos em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo dispor de formas de gerir uma crise ter certeza de

que o processo de gestatildeo de riscos eacute eficaz As unidades de negoacutecio devem conhecer os riscos

relacionados agraves suas aacutereas de atuaccedilatildeo impactos que podem produzir em outros setores e das

consequecircncias destes setores sobre elas dispor de desempenho que lhes permitam monitorizar

as atividades identificar as intervenccedilotildees necessaacuterias Cada indiviacuteduo deve compreender seu

niacutevel de responsabilizaccedilatildeo compreender a forma como pode contribuir para a melhoria

contiacutenua da gestatildeo de riscos comunicar os riscos novos ou falhas constatadas nas medidas de

controle implementadas (FERMA 2002)

Perdas e custos relacionados agrave sauacutede seguranccedila e incidentes ambientais podem natildeo ser

seguraacuteveis pois englobam danos morais aos usuaacuterios e agrave reputaccedilatildeo da organizaccedilatildeo (FERMA

2002)

Quando os pacientes procuram os serviccedilos de sauacutede esperam receber benefiacutecios

embora jaacute tenham consciecircncia de que erros podem acontecer na prestaccedilatildeo de cuidados que

natildeo intencionais e na maioria das vezes tem origem nas falhas dos proacuteprios processos A

responsabilidade dos profissionais ligados direta ou indiretamente agrave prestaccedilatildeo de cuidados eacute

tentar reduzir os erros pois embora sejam sensiacuteveis aos erros que atingem a si proacuteprios ou aos

seus familiares muitas vezes ficam alheios aos erros decorrentes da sua praacutetica diaacuteria (Lage

2010)

Segundo a Portaria MSGM nordm 5292013 a cultura de seguranccedila abrange os

profissionais e gestores envolvidos no cuidado que ldquoassumem a responsabilidade por sua

seguranccedila dos seus colegas pacientes e familiares priorizando a seguranccedila agraves metas

financeiras e operacionais encorajando a identificaccedilatildeo notificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos problemas

17

relacionados agrave seguranccedila promovendo o aprendizado organizacionalrdquo (Ministeacuterio da Sauacutede

[MS] 2013)

O Ministeacuterio da Sauacutede define gestatildeo de risco como a aplicaccedilatildeo sistecircmica e contiacutenua

de iniciativas procedimentos condutas e recursos na avaliaccedilatildeo e controle de riscos e eventos

adversos que afetam a seguranccedila a sauacutede humana a integridade profissional o meio

ambiente e a imagem institucionalrdquo (MS 2013)

Por sua vez o Gerenciamento de Risco consiste na aplicaccedilatildeo de um conjunto de

medidas para prever identificar e minimizar a ocorrecircncia de eventos inesperados e

indesejaacuteveis que podem causar dano fiacutesico ou psicoloacutegico aos pacientes (Lima amp Dutra

2010 p 87)O risco cliacutenico natildeo eacute decorrente apenas da atuaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede

mas estaacute associado agrave ausecircncia de poliacuteticas e praacuteticas de seguranccedila do paciente seguranccedila das

instalaccedilotildees ou atendimento aos processos de trabalho (Lima amp Dutra 2010)

O Protocolo de Londres eacute uma versatildeo revisada e atualizada do ldquoProtocolo para

Investigaccedilatildeo e Anaacutelise de Incidentes Cliacutenicosrdquo e tem como proposta assegurar uma

investigaccedilatildeo e anaacutelise abrangentes e planejadas de um incidente indo aleacutem da procura de

culpados O termo anaacutelise de causa raiz tem origem na induacutestria sendo que um grupo de

ferramentas satildeo utilizadas para identificar as causas baacutesicas na investigaccedilatildeo e anaacutelise de

incidentes Entretanto o cenaacuterio que surge desta investigaccedilatildeo eacute muito mais complexo onde

haacute uma cadeia de eventos e fatores que contribuem para sua ocorrecircncia Eacute necessaacuterio

identificar quais fatores contribuem de forma mais impactante na ocorrecircncia dos eventos Na

aviaccedilatildeo induacutestrias de petroacuteleo e nucleares investigaccedilatildeo de incidentes satildeo procedimentos bem

estabelecidos (Taylor-Adams amp Vincent 2004)

No modelo organizacional de acidentes de James Reason as decisotildees falhas nos altos

escalotildees da organizaccedilatildeo permeiam os departamentos criando condiccedilotildees favoraacuteveis para atos

inseguros e acidentes Devem ser criadas barreiras e defesas contra perigos e para mitigar as

consequecircncias de falhas humanas e de equipamentos Tais barreiras podem ser fiacutesicas (muros

vedaccedilatildeo) naturais (distacircncia) accedilotildees humanas (meacutetodos de checagem) e controles

administrativos (treinamento) O passo inicial eacute identificar falhas no processo organizacional

atos inseguros ou omissotildees cometidas por pessoas cujas accedilotildees podem ter consequecircncias

adversas imediatas Este modelo extrapolado para cuidados de sauacutede identifica fatores que

influenciam a praacutetica cliacutenica e estatildeo relacionados ao paciente (complexidade e severidade de

suas condiccedilotildees liacutengua e comunicaccedilatildeo fatores sociais) fatores tecnoloacutegicos e tarefas

(disponibilidade e uso de protocolos apoio na tomada de decisatildeo tarefas projetadas e clareza

18

da estrutura) fatores relacionados a pessoas (conhecimento e ferramentas competecircncia sauacutede

fiacutesica e mental) equipe (comunicaccedilatildeo verbal e escrita supervisatildeo e procura de ajuda) e

ambiente de trabalho (carga de trabalho e turnos disponibilidade e manutenccedilatildeo de

equipamentos suporte administrativo) fatores organizacionais e gerenciais (recursos

financeiros estrutura organizacional cultura de seguranccedila e prioridades) e fatores

institucionais (contexto regulatoacuterio e econocircmico contatos com organizaccedilotildees externas)

(Taylor-Adams amp Vincent 2004)

23 Quedas

No Protocolo de Prevenccedilatildeo de Quedas integrante do Programa Nacional de Seguranccedila

do Paciente do Ministeacuterio da Sauacutede a definiccedilatildeo de queda considerada foi ldquodeslocamento natildeo

intencional do corpo para um niacutevel inferior agrave posiccedilatildeo inicial provocado por circunstacircncias

multifatoriais resultando ou natildeo em danordquo (MS 2013)

Rutledge et al (1998 apud Kalischi amp Tschannen 2012 p 6) definem queda como

um evento em que os pacientes satildeo encontrados no chatildeo por funcionaacuterios ou visitantes evento

observado ou natildeo ou o rebaixamento natildeo planejado do paciente ao niacutevel do chatildeo

As quedas segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede satildeo categorizadas como

incidentes que ocorrem com os doentes classificadas pelo tipo (tropeccedilar escorregar desmaio

perda de equiliacutebrio) e podem envolver berccedilo cama cadeira maca banheiro equipamento

terapecircutico escadas ou degraus enquanto transportado ou apoiado por outro indiviacuteduo OMS

2009)

Estima-se que um terccedilo das pessoas com mais de 65 anos e metade das pessoas com

idade acima de 80 anos sofrem pelo menos uma queda por ano sendo que nos hospitais

australianos 38 dos eventos com pacientes envolvem queda (The Joanna Briggs Institute

1998)

Vaacuterias ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco de queda foram desenvolvidas e validadas

Hendrich I e II Johns Hopkins Innes Morse STRATIFY Downton Tinetti and Schimidt

Entretanto natildeo haacute consenso sobre qual destes eacute o melhor instrumento na prediccedilatildeo de quedas

Aleacutem disso ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco por si soacute natildeo previnem quedas (Degelau

Bungum Flavin Harper Leys Londquist amp Webb 2012)

A traduccedilatildeo e a adaptaccedilatildeo transcultural para a liacutengua portuguesa do Brasil da Morse

Fall Scale (Escala de Queda de Morse) mostraram resultados satisfatoacuterios quanto agrave clareza

dos itens da escala traduzida a concordacircncia entre os avaliadoresjuiacutezes na aplicaccedilatildeo da

19

escala atingiu classificaccedilatildeo quase perfeita na maioria dos itens e a variabilidade intra-

avaliadoresjuiacutezes foi categorizada como excelente Nesta escala satildeo avaliados os seguintes

itens histoacuterico de quedas diagnoacutestico secundaacuterio auxiacutelio na deambulaccedilatildeo terapia

endovenosadispositivo endovenoso salinizado ou heparinizado marcha e estado mental

Cada um destes criteacuterios recebe escores que variam de 0 a 30 pontos A somatoacuteria destes

pontos indica o niacutevel de risco baixo risco (0 a 24) meacutedio risco (25 a 44) e alto risco (ge 45)

(Urbanetto Creutzberg Franz Ojeda Gustavo Bittencourt amp Farina 2013)

Um estudo transversal com amostra total de 137 idosos em atendimento na Cliacutenica-

Escola de Fisioterapia da Universidade de Itauacutenam que responderam a um questionaacuterio

estruturado relataram como fatores e comportamentos de riscos extriacutensecos de queda o uso de

calccedilados inadequados escadas sem corrimatildeo uso de tapetes no chatildeo obstaacuteculos entre o

quarto e banheiro objetos espalhados pelo chatildeo e iluminaccedilatildeo deficiente sendo que a

iluminaccedilatildeo foi a uacutenica variaacutevel estatisticamente significativa (Lopes Carvalho Mouratildeo

Dias Mitre amp Moraisorais 2010)

Ao entrevistar 39 pacientes idosos atendidos em dois serviccedilos de pronto atendimento

do Rio Grande do Sul entre dezembro de 2019 a abril de 2010 com diagnoacutestico de queda um

estudo verificou fatores relacionados ao ambiente de moradia sendo que 949 dos idosos

tinham moacuteveis pontiagudos em casa 897 das residecircncias tinham degraus 692 referiram

ter tapetes soltos em casa 513 afirmaram que suas residecircncias possuiacuteam pisos

escorregadios e 308 tinham escadas (Ramos Santos Barlem amp Pelzer 2011)

Em Portugal entre os anos de 2007 a 2009 em um hospital universitaacuterio foi observado

que a maior parte das quedas ocorreu no quarto onde existiam mais obstaacuteculos como mesas de

cabeceira cadeira cadeira de rodas limitando a mobilidade dos pacientes Os autores

identificaram diminuiccedilatildeo ao longo dos anos o que foi atribuiacutedo agrave revisatildeo do sistema de

travagem das camas cadeira de rodas suportes de soros com rodas aboliccedilatildeo do uso de cera

no piso e substituiccedilatildeo por cera antiderrapante aquisiccedilatildeo de grades para todas as camas

colocaccedilatildeo de barras de apoio no banheiros mais especificamente proacuteximo ao vaso sanitaacuterio e

chuveiro colocaccedilatildeo de degraus duplos para os pacientes subirem para as camas e pedido de

aquisiccedilatildeo de camas eleacutetricas articuladas na cabeceira e nos peacutes com grade de proteccedilatildeo e que

permitam ajuste da altura em relaccedilatildeo ao chatildeo (Abreu Mendes Monteiro amp Santos 2012)

Em 80 quedas ocorridas em um periacuteodo de doze meses em um hospital privado

acreditado pela Joint Commission International no que diz respeito agraves condiccedilotildees ambientais

no momento da queda as mais frequentes foram presenccedila de obstaacuteculos (5) ou falta de

20

apoio (5) Em 512 dos casos houve algum tipo de consequecircncia sendo as mais frequentes

as escoriaccedilotildees (163) e os hematomas (113) Apoacutes a implantaccedilatildeo de accedilotildees assistenciais

de prevenccedilatildeo como a identificaccedilatildeo de risco ocorreu a queda do iacutendice (Correa Marques

Martinez Laurino Leatildeo amp Chimentatildeo 2012)

As camas com baixa altura foram recentemente associadas agrave reduccedilatildeo de quedas Um

sistema de sauacutede informou que a associaccedilatildeo de caracteriacutesticas de cama relacionadas agrave altura

do chatildeo superfiacutecie de redistribuiccedilatildeo de pressatildeo e sistema interno de alarme reduziu em 9 a

taxa de quedas em cinco meses (Degelau et al 2012)

Em instituiccedilotildees de longa permanecircncia as quedas da cama satildeo comuns entre os

internos com disfunccedilatildeo das extremidades distuacuterbios cognitivos ou que fazem uso de

medicaccedilotildees que prejudicam sua capacidade de levantar-se e mover-se de forma independente

Outros fatores contribuem para o aumento da ocorrecircncia desses eventos como altura da cama

colchotildees altos e macios camas com rodiacutezios ambientes estranhos camas com altura e largura

diferentes ao que estatildeo acostumados Tais consideraccedilotildees reforccedilam a necessidade ao se

selecionar este mobiliaacuterio de se adequar o tipo de cama agraves caracteriacutesticas da populaccedilatildeo

atendida como uma das medidas eficazes no controle de fatores de risco extriacutensecos (Fragala

Perry amp Fragala 2012)

Um estudo canadense se propocircs a avaliar se havia diferenccedila na taxa de lesotildees

relacionadas com quedas entre o piso existente e o piso de intervenccedilatildeo suas propriedades

antiderrapantes e de absorccedilatildeo do impacto Houve uma influecircncia significativa do piso na

absorccedilatildeo da energia no impacto do piso com o quadril e parte posterior da cabeccedila em

simulaccedilotildees fornecendo insights sobre as diferenccedilas na capacidade de atenuaccedilatildeo do impacto

dos diferentes tipos de piso sobre estas estruturas corpoacutereas (Glinka Karakolis Callaghan amp

Laing 2013)

Haacute intervenccedilotildees que devem ser estendidas a todos os pacientes independente do risco

de queda familiarizar o paciente com o ambiente ensinar o paciente a usar o sistema de

chamada e mantecirc-lo sempre ao alcance de sua matildeo manter proacuteximos seus pertences pessoais

ter corrimatildeos no banheiro do paciente quarto e corredor manter as camas em posiccedilatildeo baixa e

com rodas travadas garantir o uso pelo paciente de calccedilado bem ajustado e com solado

antiderrapante utilizar luz noturna ou iluminaccedilatildeo suplementar manter piso limpo e seco e

limpar prontamente todos os derramamentos manter as aacutereas de atendimento ao paciente

organizadas (Degelau et al 2012)

21

Equipes deveriam circular com frequecircncia pelo ambiente para confirmar que

corredores e aacutereas do paciente estejam bem iluminadas organizadas e livres de vazamentos

corrimatildeos sejam seguros mesas e cadeiras resistentes Pessoal da biotecnologia deve

inspecionar dispositivo auxiliar regularmente A equipe de enfermagem deve confirmar que

os quartos dos pacientes sejam criados de forma que minimize o risco de quedas Toda a

equipe deve se certificar de que situaccedilotildees de risco sejam tratadas imediatamente (Degelau et

al 2012)

Portanto conhecer os fatoresperigos contribuintes de um incidente pode trazer

informaccedilotildees sobre accedilotildees que podem ser empreendidas para reduzir o risco de ocorrecircncia

(OMS 2011)

24 Matriz de Risco

Marshall (2002) Crouhy Galai amp Mark (2004 apud Paulo Fernandes Rodrigues amp

Eidt 2007) ressalta que a matriz de risco viabiliza a mensuraccedilatildeo qualitativa de riscos sendo

o ldquoniacutevel de risco definido pela composiccedilatildeo das variaacuteveis frequecircncia (probabilidade) e

severidade (impacto financeiro) associadas aos eventos de perda (fatores de risco) inerentes

ao processo avaliadordquo (De Paulo Fernandes Rodrigues amp Eidt 2007 p 50)

A matriz de risco eacute uma ferramenta utilizada para anaacutelise de riscos de processos de

vaacuterias naturezas considerando sua gravidade ou consequecircncias e a probabilidade (frequecircncia

ou probabilidade) Uma matriz de risco deve ser simples de usar deve fornecer dados

consistentes mesmo quando utilizada por profissionais de diferentes funccedilotildees e deve se adaptar

a necessidades especiacuteficas Deve ser utilizada com parcimocircnia para avaliaccedilatildeo de risco

estrateacutegico e de processo na tomada de decisotildees de gestatildeo

A Figura 1 traz a proposiccedilatildeo de pontuaccedilotildees das consequecircncias de riscos com as orientaccedilotildees e exemplos

adicionais relacionados a riscos com impacto na seguranccedila dos pacientes (NSH 2008)

22

Domiacutenios Despreziacutevel Menor Moderado Maior Catastroacutefico

Impacto sobre a seguranccedila

do paciente (fiacutesico

psicoloacutegico dano)

Lesatildeo miacutenima

requerendo

nenhumaintervenccedilatildeo

miacutenima ou

tratamento

Pequena lesatildeo ou

doenccedila exigindo menor

intervenccedilatildeo Aumento

do tempo de internaccedilatildeo

por 1-3 dias

Lesatildeo moderado

requerendo intervenccedilatildeo

profissional Aumento do

tempo de internaccedilatildeo por

4-15 dias Um evento

com impacto sobre um

pequeno nuacutemero de

pacientes

Ferimento grave levando a

incapacidade a longo

prazoAumento do tempo

de internaccedilatildeo por gt 15

dias

Incidente levando agrave morte Vaacuterias lesotildees

com efeitos permanentes ou irreversiacuteveis

sobre a sauacutede Um evento com impacto

sobre um grande nuacutemero de pacientes

Exemplos adicionais

Medicaccedilatildeo incorreta

dispensada mas natildeo

administrada

Incidentes resultando

numa

contusatildeoAtraso no

transporte de rotina

para o paciente

Medicamento errado ou

dosagem administrada

errada sem efeitos

adversos Uacutelcera por

pressatildeo estaacutegio I

Medicamento errado ou

dosagem administrado

com potencial efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IIIII

Queda resultando em

ferimentos como uma

entorse

Medicamento errado ou

dosagem errada

administrada com efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IV queda

resultando em ferimentos

como luxaccedilatildeo fratura

golpe na cabeccedila A perda

de um membro

Morte inesperada O suiciacutedio de um

paciente Homiciacutedios cometidos por

pacientes com doenccedila mentalRemoccedilatildeo

de parte errada do corpo levando agrave morte

ou incapacidade permanente Incidente

levando a paralisia

1 2 3 4 5

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos

Fonte Adaptada de National Safety Agency 2008

25 Ferramenta de Anaacutelise do modo e efeito da falha (FMEA)

A Failure Modes and Effects Analysis (FMEA) eacute uma ferramenta de abordagem

proativa utilizada para anaacutelise criacutetica prospectiva e contiacutenua de projetos e processos

propiciando a identificaccedilatildeo de riscos problemas ou potenciais falhas antes da ocorrecircncia de

um erro Desenvolvida na deacutecada de 1960 pela induacutestria aeroespacial foi reconhecida pela

Joint Commission on Accredittion oh Healthcare Organizations (JCAHO) como uma

ferramenta de qualidade relevante para as organizaccedilotildees de sauacutede (Silva Teixeira amp Cassiani

2009)

O Veterans Health Administration (VHA) o maior sistema de sauacutede integrado dos

Estados Unidos com 150 centros meacutedicos e cerca de 1400 ambulatoacuterios comunitaacuterios

adaptou a FMEA para utilizar em suas instituiccedilotildees com a denominaccedilatildeo de Healthcare Failure

Mode Effects and Analysis (HFMEA) (Silva Teixeira amp Cassiani 2009)

A maioria dos sistemas de notificaccedilatildeo de eventos relacionados agrave seguranccedila do paciente

se concentra na anaacutelise dos eventos adversos apoacutes a ocorrecircncia de uma lesatildeo HFMEA

oferece aos usuaacuterios ferramentas analiacuteticas que podem permitir a identificaccedilatildeo proativa-

mente de vulnerabilidades e corrigi-las antes que as falhas ocorram (Stalhandske De Rosier

Wilson amp Murphy 2009)

HFMEA agiliza as etapas da anaacutelise de risco encontradas na FMEA tradicional

combinando as etapas de detecccedilatildeo e a criticidade da FMEA tradicional com um algoritmo

apresentado como uma aacutervore de decisatildeo

Substitui o caacutelculo do nuacutemero de prioridade de risco (RPN) por uma pontuaccedilatildeo de

risco que eacute lida diretamente na Matriz de Escores de Hazard desenvolvida pela NCPS

(National Center for Patient Safety) para este propoacutesito

23

O objetivo da anaacutelise de riscos eacute desenvolver uma lista de riscos que se controlados de

forma eficaz possam prevenir uma doenccedila ou lesatildeo Eacute utilizado um processo com cinco

passos para avaliar aspectos especiacuteficos

No passo 1 eacute feita a definiccedilatildeo do processo a ser estudado no passo 2 eacute organizada uma

equipe multidisciplinar com especialistas no assunto e um conselheiro no passo 3 deve ser

desenvolvido um diagrama cronoloacutegico com a identificaccedilatildeo de cada etapa do processo no

passo 4 satildeo listados todos os possiacuteveis modos de falha de cada etapa determinando a

probabilidade e gravidade do modo de falha (Matriz de Escores de Perigo ndash Matriz de

Tolerabilidade) e utilizar a aacutervore de decisatildeo

O propoacutesito eacute determinar se o modo de falha justifica a implementaccedilatildeo de

medidasbarreiras que eliminem ou reduzam substancialmente a probabilidade de que um

evento perigoso ocorra

No passo 5 satildeo determinadas as causas de modo de falha (definido como ldquodiferentes

maneiras que um processo ou sub-processo pode deixar de fornecer o resultado esperadordquo)

que se quer ldquoeliminarrdquo ldquocontrolarrdquo ou ldquoaceitarrdquo (Veterans Health Administration National

Center for Patient Safety2009)

Segundo a HFMEA a severidade de um evento abrange as consequecircncias para o

paciente visitantesacompanhantes colaborador equipamentoinstalaccedilatildeo e fogo

Todo gestor deve verificar a realidade do evento classificaacute-los identificando as fontes

de perigo e propondo o gerenciamento de risco

Os eventos satildeo classificados como menores moderados importantes ou catastroacuteficos

(Figura 2)

Evento catastroacutefico (4) Evento importante (3)

Resultado para o paciente morte ou perda permanente da funccedilatildeo

(sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual) suiciacutedio estupro

reaccedilatildeo transfusional hemoliacutetica cirurgiaprocedimento no paciente

errado ou em parte errada do corpo sequestro infantil ou entrega de

crianccedila agrave famiacutelia errada Visitante morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais

Colaborador morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais colaboradores

Equipamentosinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $250000

Fogo qualquer fogo maior que uma chama inicial

Resultado para o paciente diminuiccedilatildeo permanente da funccedilatildeo

corporal (sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual)

desfiguraccedilatildeo intervenccedilatildeo ciruacutergica requerida aumento do

tempo de permanecircncia do paciente por 3 ou mais pacientes

aumento do niacutevel de assistecircncia para 3 ou mais pacientes Visitante hospitalizaccedilatildeo de 1 ou 2 visitantes

Colaborador hospitalizaccedilatildeo 123 ou mais colaboradores

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $100000

Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

24

Evento moderado (2) Evento menor (1)

Resultado para o paciente aumento da permanecircncia ou aumento no

niacutevel de assistecircncia para 1 ou 2 pacientes

Resultado para o paciente nenhum prejuiacutezo ou aumento da

permanecircncia injuacuteria ou aumento no niacutevel de assistecircncia

Visitante avaliaccedilatildeo e treinamento para 1 ou 2 (natildeo-hospitalizaccedilatildeo) Visitante avaliaccedilatildeo e nenhum tratamento requerido ou doenccedila

Colaborador despesas meacutedicas danos ou doenccedila para 1 ou 2 Colaborador tratamento de primeiros socorros sem dano ou

doenccedila

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano entre $10000 e $100000 Equipamentoinstalaccedilatildeo dano menor que $10000 ou perda de

utilidade sem resultado adverso ao paciente (exemplo gaacutes

natural eletricidade aacutegua comunicaccedilotildees transportes calorar

condicionado

Fogo incipiente ou menor Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA

Fonte Adaptado do (Veterans Health Administration National Center for Patient Safety)

Ainda segundo a HFMEA os eventos satildeo classificados segundo a probabilidade de

ocorrerem como mostra a Figura 3

Frequente (4) Provaacutevel de ocorrer imediatamente ou dentro de um curto

periacuteodo (pode ocorrer vaacuterias vezes em um ano)

Ocasional (3) Provavelmente ocorreraacute (pode ocorrer vaacuterias vezes em 1 ou 2 anos)

Incomum (2)

Possiacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 5 anos)

Remota (1) Improvaacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 30

anos)

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA

Fonte Adaptado do Veterans Health Administration National Center for Patient Safety

26 Legislaccedilatildeo Relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

A Portaria nordm 1884 GM de 11 de novembro de 1994 considerando a necessidade das

Secretarias Estaduais e Municipais contarem com um instrumento de avaliaccedilatildeo de projetos

fiacutesicos adequado agraves novas tecnologias na aacuterea da sauacutede resolve ldquoaprovar as normas que com

estas baixam destinadas ao exame e aprovaccedilatildeo dos Projetos Fiacutesicos de Estabelecimentos

Assistenciais de Sauacutederdquo compreendendo ldquoas construccedilotildees novas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute

existentesrdquo e ldquoinobservacircncia das normas aprovadas por esta Portaria constitui infraccedilatildeo agrave

legislaccedilatildeo sanitaacuteria federal conforme dispotildee o artigo 10 inciso II da Lei nordm 6437 de 20 de

agosto de 1977rdquo (Ministeacuterio da Sauacutede [MS] 1994)

25

Em seu capiacutetulo 2 a Portaria nordm 188494 referente agrave organizaccedilatildeo fiacutesico-funcional

Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede (EAS) lista as atividades que satildeo geradoras ou que

caracterizam os ambientes sendo a unidade de internaccedilatildeo o local de ldquoprestaccedilatildeo de

atendimento de assistecircncia agrave sauacutede em regime de internaccedilatildeo- atendimento a pacientes que

necessitam de assistecircncia direta programada por periacuteodo superior a 24 horas (pacientes

internos)rdquo (MS1994)

A Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada (RDC) nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002 dispotildee

sobre o Regulamento teacutecnico para planejamento programaccedilatildeo elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de

projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede e compreende as construccedilotildees novas

de estabelecimentos assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de

estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes e os anteriormente natildeo destinados a estabelecimentos de

sauacutede (RDC nordm 50 2002)

A Figura 4 exibe as disposiccedilotildees da RDC nordm 50 acerca das unidades e ambientes

hospitalares destinados a internaccedilatildeo de pacientes

UnidadeAmbiente Dimensotildees

Internaccedilatildeo Geral

lactente crianccedila adolescente

e adulto

Quantificaccedilatildeo (miacutenima) Dimensatildeo (miacutenima)

Posto de enfermagemPrescriccedilatildeo

Meacutedica

1 posto a cada 30 leitos 60 msup2

Sala de serviccedilos 1 sala para cada posto de

enfermagem 57 msup2

26

Sala de exames e curativos

1 para cada 30 leitos (quando

existir enfermaria que natildeo

tenha subdivisatildeo fiacutesica dos

leitos

75 msup2

Aacuterea para Prescriccedilatildeo Meacutedica

20 msup2

Aacuterea de cuidados e

higienizaccedilatildeo do lactente

1 pcada 12 berccedilos ou fraccedilatildeo 40 msup2

Enfermaria de lactente

Quarto de crianccedila Quarto de adolescente

15 dos leitos do

estabelecimento

Deve haver no miacutenimo 1 quarto para servir de isolamento a

cada 30 leitos ou fraccedilatildeo

45 msup2 por leito = lactente

90 msup2 = quarto de 1 leito

50 msup2 por leito = crianccedila Nordm maacuteximo de crianccedilas ateacute 2 anos por

enfermaria = 12

Quarto de adolescente 100 msup2 = quarto de 1 leito ou 140 msup2 com

dimensatildeo miacutenima de 30m no caso do uso para

ldquoPPP 70 msup2 por leito = quarto de 2 leitos

60 msup2 por leito = enfermaria de 3 a 6 leitos

Nordm maacuteximo de leitos por enfermaria = 6

Distacircncia entre leitos paralelos = 1m

Distacircncia entre leito e paredes

Cabeceira= inexistente

Peacute do leito = 12 m

Lateral = 05 m

Enfermaria de adolescente

Quarto de adulto

a cada 30 leitos deve existir no

miacutenimo 1 quarto para situaccedilotildees

que requeiram isolamento

Enfermaria adulto

Aacuterea de

recreaccedilatildeolazerrefeitoacuterio

1 para cada unidade de

pediatria psiquiatria e crocircnicos

12 msup2 por paciente em condiccedilotildees de exercer

atividades recreativaslazer

Aacuterea ou antecacircmara de acesso

ao quarto de isolamento

18 msup2

Sala de aula 08 msup2 por aluno

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS

Fonte Adaptado da Resoluccedilatildeo RDC nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002

Em relaccedilatildeo agrave internaccedilatildeo de pacientes adultos e pediaacutetricos cada quarto ou enfermaria

de internaccedilatildeo deve ser provido de banheiro exclusivo aleacutem de um lavatoacuteriopia para uso da

equipe de assistecircncia em uma aacuterea anterior a entrada do quartoenfermaria ou mesmo no

interior desses fora do banheiro Um lavatoacuteriopia externo ao quarto ou enfermaria pode

servir a no maacuteximo 4 (quatro) quartos ou 2 (duas) enfermarias (RDC nordm 50 2002)

A RDC nordm 50 dispotildee sobre iluminaccedilatildeo dos ambientes hospitalares definindo que nos

quartos das enfermarias de unidade de internaccedilatildeo geral devem ser de quatro tipos iluminaccedilatildeo

geral em posiccedilatildeo que natildeo incomode o paciente deitado iluminaccedilatildeo de cabeceira na parede

(arandela) para leitura iluminaccedilatildeo de exame no leito com lacircmpada fluorescente que tambeacutem

pode ser obtida atraveacutes de aparelho ligado agrave tomada junto ao leito e sinalizaccedilatildeo de

enfermagem (IS) que eacute um de sistema de sinalizaccedilatildeo luminosa imediata entre o paciente

interno e o funcionaacuterio assistencial (meacutedico e enfermeira) O sistema interliga cada leito

sanitaacuterio e banheiro das diversas unidades e ambientes em que estaacute presente o paciente

27

interno com o respectivo posto de enfermagem que lhe daacute cobertura assistencial quarto

enfermaria e banheiro da unidade de internaccedilatildeo geral quarto aacutereas coletivas de pediatria e

banheiro da unidade de internaccedilatildeo intensiva A identificaccedilatildeo deve se dar em cada leito e porta

dos ambientes voltados para a circulaccedilatildeo (RDC nordm 50 2002)

Nos ambientes onde satildeo prestados os cuidados de sauacutede a iluminaccedilatildeo pode trazer

estiacutemulos positivos agrave recuperaccedilatildeo dos pacientes mas quando excessiva ou mal localizada

pode ser prejudicial A importacircncia da iluminaccedilatildeo tambeacutem estaacute relacionada agrave adequaccedilatildeo

visual dos profissionais para realizaccedilatildeo de procedimentos eou observaccedilatildeo dos pacientes De

modo geral os aspectos quantitativos satildeo mais valorizados que os qualitativos sendo esta

priorizaccedilatildeo notada nas legislaccedilotildees nacionais e estrangeiras Entre as normas nacionais

apresentando os requisitos miacutenimos a serem atendidos a Norma Brasileira (NBR) 541392

textos normativos da ABNT recomenda os valores de iluminacircncias e a Portaria nordm 188494 do

Ministeacuterio da Sauacutede sugere ldquoalguns criteacuterios qualitativos para projetos de iluminaccedilatildeo artificial

dos espaccedilos de internaccedilatildeordquo (Peccin 2002 p 15)

A preocupaccedilatildeo com a iluminaccedilatildeo nos ambientes hospitalares tem se focado mais na

questatildeo econocircmica envolvendo a racionalizaccedilatildeo da energia empregada e na reduccedilatildeo dos

custos de operaccedilatildeo do sistema Mesmo em relaccedilatildeo aos pacientes as discussotildees convergem

para questotildees de conforto ambiental luz de cabeceira para leitura iluminaccedilatildeo de vigiacutelia para

permitir o acesso da equipe de enfermagem agrave noite sem acionar a luz de teto Outra questatildeo eacute

a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas que ldquopermitam boa reproduccedilatildeo de cores permitindo a identificaccedilatildeo

de alteraccedilotildees orgacircnicasrdquo como por exemplo a coloraccedilatildeo da pele As questotildees de seguranccedila

satildeo tratadas em relaccedilatildeo agrave iluminaccedilatildeo de emergecircncia (NBR 1353495 e NBR 1089899) e

iluminacircncias meacutedias miacutenimas para atividades hospitalares considerando a dificuldade da

tarefa visual a idade do usuaacuterio poreacutem as legislaccedilotildees divergem entre os paiacuteses (Peccin

2002)

A ISO (International Organization for Standardization) 31000 de 2009 eacute a nova

referecircncia mundial para a Gestatildeo de Riscos fornecendo orientaccedilotildees para a estrutura de

gerenciamento de riscos aplicaacutevel a organizaccedilotildees de qualquer tamanho traz um modelo

conceitual que pode ser usado para a anaacutelise dos arranjos organizacionais que incluem planos

relacionamentos prestaccedilatildeo de contas recursos processos e atividades A Figura 5 traz a

proposto de um modelo conceitual para ser utilizado na anaacutelise desses arranjos (MacLeod et

al 2013)

28

Mandato e

comprometimento

Estrutura para gerenciar

riscos

Monitoramento e anaacutelise criacutetica da

estrutura

Melhoria contiacutenua da

estrutura

Implementaccedilatildeo da gestatildeo

de riscos

Fonte wwwiiabrasilorgbr Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000)

29

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA

Segundo Martins amp Theoacutephilo 2009 p 37 ldquoO objetivo da metodologia eacute o

aperfeiccediloamento dos procedimentos e criteacuterios utilizados na pesquisardquo Jaacute ldquomeacutetodo eacute o

caminho para se chegar a um determinado fim ou objetivordquo

Na Figura 6 estatildeo compiladas as atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborada pelo Auto

31 Delineamento da Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa empiacuterica O Empirismo eacute uma abordagem metodoloacutegica que

ldquoconsidera que o fato existe independentemente de qualquer atribuiccedilatildeo de valor ou

posicionamento teoacuterico e possui um conteuacutedo evidente livre de pressupostos subjetivosrdquo

(Martins amp Theoacutephilo 2009 p 39)

Eacute um estudo descritivoexploratoacuterio que coleta ldquodescriccedilotildees detalhadas de variaacuteveis

existentes e usam dados para justificar e avaliar condiccedilotildees e praacuteticas correntes ou fazer planos

mais inteligentes para melhorar as praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (LoBiondo-Wood amp Haber

2001 p 111)

Os autores afirmam que este tipo de desenho eacute uacutetil na busca ldquode informaccedilotildees precisas

sobre as caracteriacutesticas dos sujeitos de pesquisa grupos instituiccedilotildees ou situaccedilotildees ou sobre a

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborado pela autora

30

frequecircncia de um fenocircmeno particularmente quando se sabe pouco sobre o fenocircmenordquo

(LoBiondo-Wood amp Haber 2001 p 111)

O delineamento da pesquisa termo que tem sido substituiacutedo por estrateacutegias de

pesquisa refere-se agraves ldquodiferentes maneiras de abordar e analisar dados empiacutericos no contexto

das Ciecircncias Sociais Aplicadasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 53)

A estrateacutegia utilizada nesta pesquisa foi o estudo de caso

ldquotrata de uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa fenocircmenos dentro de seu

contexto real (pesquisa naturaliacutestica) onde o pesquisador natildeo tem controle

sobre eventos ou variaacuteveis buscando aprender a totalidade de uma situaccedilatildeo e

criativamente descrever compreender e interpretar a complexidade de um

caso concretordquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p62)

O estudo de caso eacute o tipo de estrateacutegia de pesquisa que bem se adequa a situaccedilotildees em

que a forma da questatildeo de pesquisa relaciona-se a questotildees explanatoacuterias onde natildeo se exige

controle sobre eventos comportamentais e que focaliza eventos contemporacircneos Os estudos

de caso podem incluir as e mesmo ser limitados agraves evidecircncias quantitativas (Yin 2001 pp

24-25)

O estudo de caso deve permitir ao investigador construir descriccedilotildees interpretaccedilotildees e

explicaccedilotildees originais que conduzam a conclusotildees e recomendaccedilotildees mostrando que foram

coletadas e avaliadas evidecircncias relevantes (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 63)

A escolha do estudo de caso como estrateacutegia de pesquisa deveu-se ao fato de ser pouco

conhecida a influecircncia dos fatores ambientais na ocorrecircncia de quedas no meio hospitalar

questatildeo jaacute mais explorada em domiciacutelio e instituiccedilotildees de longa permanecircncia e abrangendo

mais especificamente a populaccedilatildeo de idosos sendo o fenocircmeno pesquisado no seu contexto

real

Trata-se de estudo retrospectivo pois os indiviacuteduos satildeo seguidos do efeito para a

causa No estudo longitudinal retrospectivo se conhece o efeito e se busca a causa (Bordalo

2006)

Segundo Szklo (2002 p16)

ldquoQuando o investigador tem interesse em identificar fatores de risco (fatores

etioloacutegicos) o desenho mais eficiente em ambiente hospitalar eacute o estudo de

casos e controles tambeacutem conhecido como estudo retrospectivo Podem-se

conduzir estudos de casos e controles em um ou mais hospitais bem como

incluir pacientes hospitalizados ou ambulatoriais Comparado com estudos de

coorte este tipo de estudo eacute relativamente barato geralmente de menor duraccedilatildeo e exige uma amostra menorrdquo

31

Foi utilizada a teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa

As ldquoavaliaccedilotildees qualitativas contribuem com a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos e

as anaacutelises quantitativas datildeo uma ordem de grandeza do risco vinculado ao fenocircmenordquo (Lima

2012 p72)

Na teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa os dados satildeo descritivos compreendendo a

descriccedilatildeo de pessoas de acontecimentos e reaccedilotildees e mesmo a transcriccedilatildeo de relatos A

preocupaccedilatildeo central natildeo satildeo as mediccedilotildees mas sim as descriccedilotildees e interpretaccedilotildees dos fatos

(Martins amp Theoacutephilo 2009)

Martins amp Theoacutephilo (2009) enfatizam que o estudo de caso pede avaliaccedilatildeo

qualitativa uma vez que tem como objetivo a anaacutelise de uma unidade social que eacute analisada

profunda e intensamente

32 Local do Estudo

O estudo foi realizado em um hospital puacuteblico de porte extra universitaacuterio localizado

no municiacutepio de Satildeo Paulo e faz parte de um complexo hospitalar que ocupa uma aacuterea total de

352 mil metros quadrados com cerca de 2200 leitos Tem como oacutergatildeo responsaacutevel a

Secretaria de Estado da Sauacutede

O hospital escolhido conta com 843 leitos e atende predominantemente pacientes do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mas estende seu atendimento a pacientes conveniados

Oferece atendimento meacutedico-hospitalar ambulatorial por imagem e som serviccedilos

psicossocial e terapecircutico Abrange especialidades de cliacutenica meacutedica ciruacutergica e

traumatologia sendo referecircncia em transplante de fiacutegado adulto pacircncreas rim coacuternea pele e

medula oacutessea As enfermarias apresentaram no ano de 2013 taxa de ocupaccedilatildeo de 779

33 Procedimentos de Coleta dos Dados

Em se tratando de estudo de caso as atividades de coleta de dados devem ser

realizadas pelo pesquisador-autor que ldquoteraacute mais condiccedilotildees de continuamente estar pensando

e agindo na busca de relaccedilotildees entre a questatildeo de pesquisa que deseja responder as

proposiccedilotildees (teoria preliminar) que carecem de demonstraccedilotildees e a coleta dos dados e

evidecircnciasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p65)

Yin pondera que as evidecircncias para um estudo de caso podem vir de seis fontes

distintas documentos registros em arquivo entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo

participante e artefatos fiacutesicos As informaccedilotildees documentais satildeo relevantes a todos os toacutepicos

32

do estudo de caso Tais documentos podem ser correspondecircncias agendas e minutas de

reuniotildees relatoacuterios de eventos em geral O seu uso mais importante eacute ldquocorroborar e valorizar

as evidecircncias oriundas de outras fontesrdquo (Yin 2001 p 111)

Segundo Yin (2001) p 121) ldquo o uso de vaacuterias fontes de evidecircncias nos estudos de

caso permite que o pesquisador dedique-se a uma ampla diversidade de questotildees histoacutericas

comportamentais e de atitudesrdquo

Assim ldquoqualquer descoberta ou conclusatildeo em um estudo de caso provavelmente seraacute

muito mais convincente e acurada se se basear em vaacuterias fontes distintas de informaccedilatildeo

obedecendo a um estilo corroborativo de pesquisardquo (Yin 2001 p 121)

A pesquisa de campo eacute segundo Lakatos amp Marconi 1991 utilizada para a busca de

informaccedilotildees ou conhecimentos na procura de resposta para um problema atraveacutes da

observaccedilatildeo dos fenocircmenos como ocorrem espontaneamente coletando dados e registrando

variaacuteveis que possam estar relacionadas e posteriormente analisaacute-los

Nogueira (1968) como citado em Lakatos amp Marconi (1991 p 211) define formulaacuterio

como sendo ldquouma lista formal um cataacutelogo ou um inventaacuterio destinado agrave coleta de dadosrdquo O

preenchimento eacute feito pelo proacuteprio pesquisador atraveacutes de observaccedilatildeo ou interrogatoacuterio

Segundo Mello amp Turrioni (2007 p51)

ldquoA observaccedilatildeo eacute uma taacutetica de coleta de dados para conseguir informaccedilotildees e

utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados aspectos da realidade Natildeo

consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou fenocircmenos que se desejam estudar Desempenha papel importante nos

processos observacionais no contexto da descoberta e obriga o investigador a

um contato mais direto com a realidaderdquo

A observaccedilatildeo cientiacutefica ldquoeacute planejada sistematicamente eacute registrada metodicamente e

estaacute relacionada a proposiccedilotildees mais gerais em vez de ser apresentada como uma seacuterie de

curiosidades interessantes estaacute sujeita a verificaccedilotildees e controles sobre a validade e

seguranccedilardquo (Mello amp Turrioni 2007 p 51)

Na observaccedilatildeo estruturada ou sistemaacutetica ldquoo observador sabe o que procura e o que

carece de importacircncia em determinada situaccedilatildeo deve ser objetivo reconhecer possiacuteveis erros

e eliminar sua influecircncia sobre o que vecirc ou recolhe (Mello amp Turrioni 2007 p51)

A figura 7 mostra os pontos fortes e limitaccedilotildees do uso da observaccedilatildeo como taacutetica para

coleta de dados

33

Pontos fortes Limitaccedilotildees

Possibilita meios diretos e satisfatoacuterios para

estudar uma ampla variedade de fenocircmenos

O observado tende a criar impressotildees favoraacuteveis ou

desfavoraacuteveis no observador

Exige menos do pesquisador do que as outras

teacutecnicas

A ocorrecircncia espontacircnea natildeo pode ser prevista o que

impede muitas vezes o observador de presenciar o

fato

Permite a coleta de dados sobre um conjunto de

atitudes comportamentais tiacutepicas

Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do

pesquisador

Depende menos da introspecccedilatildeo ou da reflexatildeo A duraccedilatildeo dos acontecimentos eacute variaacutevel pode ser

raacutepida ou demorada e os fatos podem ocorrer

simultaneamente nos dois casos torna-se difiacutecil a

coleta de dados

Permite a evidecircncia de dados natildeo constantes do

roteiro de entrevistas ou de questionaacuterios

Vaacuterios aspectos da vida cotidiana particular podem

natildeo ser acessiacuteveis ao pesquisador

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo

Fonte Mello amp Turrioni 2007

Para este estudo foi realizado o levantamento a partir das notificaccedilotildees de incidentes

relacionados agraves quedas no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 para caracterizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo O grupo de elementos escolhido para compor a amostra foi feito intencionalmente

de acordo com criteacuterios estabelecidos

Foram selecionadas 6 unidades de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica que ocuparam as

primeiras seis posiccedilotildees na frequecircncia de ocorrecircncia de quedas segundo os dados coletados a

partir das notificaccedilotildees de incidentes Estes leitos satildeo destinados a internaccedilatildeo de indiviacuteduos

adultos de ambos os sexos com ambientes de acomodaccedilatildeo de diferentes dimensotildees para 1 2

4 ou 6 leitos O criteacuterio de exclusatildeo foi a realizaccedilatildeo de reforma preacutevia planejada e conduzida

sob a supervisatildeo do setor de Arquitetura e Engenharia Hospitalar da instituiccedilatildeo

A teacutecnica da coleta de dados utilizada nesta pesquisa foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes

nas unidades e das plantas das unidades

O formulaacuterio utilizado foi elaborado pela autora com base nas legislaccedilotildees e fatores

ambientais citados na literatura que podem estar relacionados a queda visando a adequaccedilatildeo

do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a perspectiva de avaliaccedilatildeo de riscos e

melhoria da seguranccedila Este formulaacuterio serviu como roteiro para a visita de campo

direcionando a inspeccedilatildeo dos itens relacionados a dimensotildees dos diferentes tipos de quartos

instalaccedilotildees dispositivos de seguranccedila e mobiliaacuterio no momento da observaccedilatildeo (APEcircNDICE

34

A) Os ambientes do quartos e banheiros foram fotografados para visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo

espacial do mobiliaacuterio As medidas dos quartos foram analisadas a partir das plantas

fornecidas pelo setor de engenharia e arquitetura

O periacuteodo de coleta foi de 1 a 30 de novembro de 2014

34 Procedimentos e Anaacutelise de Dados

Foi desenvolvido um banco de dados que permitiu a revisatildeo de evidecircncias com o

intuito de aumentar a confiabilidade do estudo O resultado das observaccedilotildees e das notificaccedilotildees

de incidentes pesquisados foram armazenados para que os dados possam ser prontamente

recuperaacuteveis para inspeccedilatildeo ou nova leitura Manter um encadeamento de evidecircncias tambeacutem

aumenta a confiabilidade das informaccedilotildees de um estudo de caso o que ldquoconsiste em permitir

que um observador externo - o leitor do estudo de caso por exemplo - possa perceber que

qualquer evidecircncia proveniente de questotildees iniciais da pesquisa leve agraves conclusotildees finais do

estudo de casordquo (Yin 2001 p127)

Yin (2001 p127) discorre que

ldquo a anaacutelise de dados consiste em examinar categorizar classificar em

tabelas ou do contraacuterio recombinar as evidecircncias tendo em vista proposiccedilotildees

iniciais de um estudordquo

Martins amp Theoacutephilo (2009 p69) relatam que ldquo natildeo haacute um roteiro para se analisar

os resultados de um estudo desta naturezacada caso eacute um casordquo

As proposiccedilotildees teoacutericas que

ldquo refletem o conjunto de questotildees da pesquisa as revisotildees feitas na

literatura sobre o assunto e as novas interpretaccedilotildees que possam surgirrdquo

constituem uma boa estrateacutegia a ser seguida na anaacutelise de dados permitindo a

produccedilatildeo de ldquoconclusotildees analiacuteticas irrefutaacuteveis e eliminar interpretaccedilotildees

alternativasrdquo (Yin 2001 p 129)

Os resultados foram analisados com base comparativa na literatura salientando as

evidecircncias relevantes que devem ser todas as encontradas Em relaccedilatildeo agrave aacuterea fiacutesica deveratildeo

ser considerados os itens que estatildeo ou natildeo em conformidade com a legislaccedilatildeo vigente

35 Aspectos Eacuteticos da Pesquisa

O projeto foi submetido agrave aprovaccedilatildeo da Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de

Pesquisa (CAPPESQ) da instituiccedilatildeo com parecer de aprovaccedilatildeo nordm 940006 de 27 de janeiro de

2015

Como o estudo natildeo envolveu nenhum tipo de abordagem a pacientes ou profissionais

natildeo se aplica a exigecircncia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) exigido

35

em toda pesquisa em que estejam envolvidos indiviacuteduos grupos ou seus representantes legais

que devem manifestar a sua anuecircncia em participar da pesquisa (Resoluccedilatildeo Nordm 466 2012)

36

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para se apurar o contexto de um incidente as informaccedilotildees devem abranger quatro classes

as caracteriacutesticas dos doentes as caracteriacutesticas do incidente os fatoresperigos contribuintes

e as consequecircncias organizacionais decorrentes da ocorrecircncia Entre as caracteriacutesticas dos

doentes estatildeo os dados demograacuteficos as relacionadas ao incidente satildeo aquelas que informam

as circunstacircncias em que o incidente ocorreu (como onde e quando) os fatores contribuintes

satildeo as circunstacircncias accedilotildees ou influecircncias que podem ter contribuiacutedo para a origem

desenvolvimento ou aumento do risco de um incidente e por fim as consequecircncias

organizacionais dizem do impacto do incidente sobre a organizaccedilatildeo tais como aumento da

utilizaccedilatildeo de recursos para prestar cuidados adicionais ao doente repercussotildees negativas

veiculadas pela comunicaccedilatildeo social consequecircncias legais devidas a resultados cliacutenicos ou

terapecircuticos negativos para o doente (OMS 2011)

Foram avaliadas notificaccedilotildees de 922 incidentes ocorridos de janeiro a junho de 2014 dos

quais 205 foram quedas (2223)

Com base nestes conceitos foi feita anaacutelise estatiacutestica descritiva na distribuiccedilatildeo de

frequecircncia dos dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo referido conforme

apresentado na Tabela 2

Os dados da pesquisa apontaram que em 205 quedas ocorridas entre janeiro e junho

de 2014 a idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 5663 anos sendo que natildeo

houve diferenccedila entre homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a

ocorrecircncia da queda foi de 14 dias Ao contraacuterio de outros estudos a idade meacutedia eacute inferior a

60 anos bem como o tempo meacutedio de ocorrecircncia que foi maior Como visto no estudo

realizado por Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006 com pacientes

hospitalizados a idade meacutedia foi de 673 anos e o tempo meacutedio de internaccedilatildeo ateacute a ocorrecircncia

foi de 119 dias Outras pesquisas trazem a prevalecircncia de quedas na faixa etaacuteria de 60 anos

ou mais (Costa Monteiro Memesath amp Almeida 2011 Paiva et al 2010 Correa et al 2012

Abreu et al 2012 e Inoue Matsuda Melo Murassaki amp Hayakawa 2011)

Nesta pesquisa houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo

noturno (50) Em relaccedilatildeo agrave prevalecircncia no sexo masculino este resultado vai ao encontro

dos apresentados por Paiva et al 2010 Costa et al 2011 Carneiro et al 2011e Inoue et al

2011) O turno noturno tambeacutem foi mais frequente nas pesquisas de Paiva et al 2010 (637)

e de Correa et al 2012 (413)

37

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo de janeiro

a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

N = 205

Caracteriacutesticas Meacutedia n

idade (meacutedia) 5663

dias de internaccedilatildeo (meacutedia) 1402

Sexo

Feminino

83 41

Masculino

122 59

Turno

Manhatilde

54 26

Tarde

42 21

Noturno

103 50

natildeo informado

6 3

Local

Banheiro

50 24

Quarto

89 43

corredor

13 6

saguatildeo do PS

6 3

SECSEM do PS

3 1

locais de exame

7 4

outros

8 5

natildeo informado

29 14

Altura

cadeiracadeira de rodaspoltrona

20 10

camaleitomaca

48 23

mesa ciruacutergicaexame

2 1

proacutepria altura

108 53

outros

1 05

natildeo presenciado

1 05

natildeo informado

25 12

Dano

Sim

61 30

Natildeo

122 59

natildeo informado 22 11

Fonte Resultados da pesquisa

Quanto ao local da queda 43 ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando

67 de ocorrecircncias no ambiente destinado agrave acomodaccedilatildeo do paciente durante a internaccedilatildeo O

quarto tambeacutem foi o local mais frequente de quedas nos estudos de Correa et al 2011 e

Abreu et al 2012 o que poderia ser explicado pelo fato de ser onde os pacientes permanecem

mais tempo

38

Em 53 dos incidentes a queda ocorreu da proacutepria altura 23 da cama leito ou

maca 12 dos casos a altura natildeo foi informada 10 da cadeira poltrona cadeira de rodas

1 da mesa ciruacutergicaexames e em 2 a queda natildeo foi presenciada ou outros

Das 205 quedas notificadas 122 (59) natildeo resultaram em danos constatados ou

referidos pelo paciente Em 62 eventos (30 ) ocorreu algum tipo de dano e em 21 casos

(11) esta informaccedilatildeo natildeo constava das notificaccedilotildees Entre os danos as mais frequentes

foram escoriaccedilotildees (43) seguida de ferimentos corto contusoslesotildees (21) sendo que em

dois casos foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de sutura Em 36 dos casos as lesotildees foram reunidas

em um grupo denominado ldquooutrosrdquo variando de dor referida pelo paciente agrave perda de

consciecircncia em duas ocorrecircncias fratura oacutessea em um caso hematoma subgaleal e deiscecircncia

de ferida operatoacuteria em outras duas situaccedilotildees

Em 164 ocorrecircncias (79) natildeo foram solicitados exames complementares ou natildeo foi

registrada na ficha de notificaccedilatildeo poreacutem em 42 (21) eles foram necessaacuterios Os mais

frequentes foram as tomografias computadorizadas (n= 24 57) solicitaccedilatildeo de RX foram 10

(24) e em dois casos foram necessaacuterios RX e tomografia computadorizada (5) e outros

tipos de exames somaram 6 casos (14)

As seis unidades de internaccedilatildeo onde ocorreu maior frequecircncia de quedas foram

Cliacutenica Meacutedica (10) Retaguarda do Pronto Socorro (8) Transplante Renal (7)

Nefrologia (6) Moleacutestia Infecciosas e Cirurgia Vascular (5 cada uma) A maior

porcentagem de quedas ocorreu nas aacutereas de Pronto Socorro (saguatildeo salas de emergecircncia

observaccedilatildeo e cuidados intensivos) somando 21 poreacutem natildeo constitui foacuterum deste estudo

que se restringiu agraves unidades de internaccedilatildeo Os restantes 38 ficaram distribuiacutedos em outras

18 unidades

A Tabela 3 traz a distribuiccedilatildeo dos locais de ocorrecircncia onde as quedas foram mais

frequentes considerando quarto e banheiro que somam os maiores valores

39

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde predominaram os

eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

Unidade local Quarto Banheiro Outros

Cliacutenica Meacutedica 30 55 15

Retaguarda do PS 18 52 30

Cirurgia Vascular 70 0 30

Unidade de

Transplante Renal44 21 25

Nefrologia 36 27 27

Moleacutestias

Infecciosas60 10 30

Fonte Resultados da Pesquisa

Observa-se que a frequecircncia de quedas foi significativamente maior no quarto nas

unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias Infecciosas onde haacute maior nuacutemero de pacientes

restritos ao leito seja pelas alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora na primeira e pela gravidade na

segunda

Considerando que a ocorrecircncia de quedas foi de 205 casos em seis meses podemos

considerar este evento como frequente de gravidade moderada (30 resultaram em dano aos

pacientes) e de alta detecccedilatildeo

A Tabela 4 apresenta a distribuiccedilatildeo das unidades visitadas e o atendimento aos

quesitos do formulaacuterio utilizado para registro dos dados levantados com base nas

recomendaccedilotildees de adequaccedilatildeo do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a

perspectiva da seguranccedila e avaliaccedilatildeo de riscos

Na unidade de Cliacutenica Meacutedica onde ocorreu o maior nuacutemero de quedas (10 de

todas as quedas notificadas) entre as aacutereas selecionadas dos 17 quesitos diretamente

relacionados a quedas do roteiro de inspeccedilatildeo elaborado (excluindo-se os itens referentes agraves

pias) natildeo foram atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em todos

os quartos mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os quartos e iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos A unidade de Retaguarda do Pronto Socorro (8 das quedas) teve os

seguintes quesitos natildeo atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em

todos os quartos iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e mobiliaacuterios com rodiacutezios e

travas em todos os quartos Por sua vez as unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias

Infecciosas onde ocorram 5 das quedas em cada uma delas tiveram 9 e 8 quesitos natildeo

atendidos respectivamente As unidades de Nefrologia (6 das quedas) e Transplante Renal

(7 das quedas) tambeacutem tiveram 9 itens natildeo atendidos Estes resultados alertam para

intervenccedilatildeo nestas aacutereas pois estatildeo em risco de novas e mais frequentes ocorrecircncias

40

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades visitadas

2014 Satildeo Paulo Brasil

Embora os sistemas de chamada de enfermagem estivessem presentes em todas as

unidades em todas elas havia vaacuterios dispositivos que natildeo funcionavam Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

UnidadeMoleacutestias

Infecciosas

Retaguarda

do Pronto

Socorro

Cliacutenica

MeacutedicaNefrologia

Transplant

e Renal

Cirurgia

Vascular

Quesito atende natildeo atende

Dimensotildees miacutenimas por

quartoleitoatende atende atende atende atende atende 100

Banheiro exclusivo para

cada quartoatende atende atende atende atende atende 100

Barras de apoio no box em

todos os banheirosatende atende atende atende natildeo atende atende 83 17

Barras de apoio proacuteximas ao

vaso sanitaacuterioatende atende atende atende atende atende 100

Pia agrave entrada do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Pia dentro do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Sistema de chamada de

enfermagematende atende atende atende atende atende 100

Interruptor de luz acessiacutevel natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso em perfeitas condiccedilotildees

em todos os quartosatende natildeo atende natildeo atende atende atende natildeo atende 50 50

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em

todos os leitos atende natildeo atende atende

presente mas

faltam

lacircmpadas

natildeo atende natildeo atende 33 67

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente mas

natildeo funcionanatildeo atende

presente

mas natildeo

funciona

84 16

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os

quartos

atende atende atende natildeo atende atende atende 84 16

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem atende atende atende atende atende natildeo atende 84 16

Camas com grades em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas comtravas em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas eleacutetricas em todos os

leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Escada de 2 degraus

presente em todos os leitos

e com ponteira de borracha

natildeo atendenatildeo se

aplica

natildeo se

aplicanatildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Mobilaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartosnatildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

atende atende atende atende atende atende 100

41

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia estivesse presente em todas

elas natildeo funcionava

Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os

quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado a ocorrecircncia

de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados)

Os itens seguintes natildeo satildeo atendidos na maioria das unidades (67 cada) camas com

grades em todos os leitos camas com travas em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os

leitos e escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Os

quesitos alertam quanto ao fato de que 23 de todas as quedas notificadas ocorreram da cama

ou leito camas hospitalares altas sem ajuste de altura pois natildeo satildeo eleacutetricas sem travas e

sem escadas para auxiliar a saiacuteda do leito

A RDC nordm 50 (p44 ANEXO 1) recomenda que os quartos tenham dimensotildees miacutenimas

por leito (6 msup2) distacircncia entre os leitos (1 m) distacircncia entre peacute do leito e parede (12 m) e

entre leitos (05 m) Embora estabeleccedila que na pediatria e na geriatria devam ser previstos

espaccedilos para poltrona de acompanhante ao lado do leito e para berccedilo ao lado da cama da matildee

no caso de alojamento conjunto considera que as metragens quadradas permaneccedilam as

mesmas citadas na tabela

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (Vigilacircncia Sanitaacuteria) investiga se os

dormitoacuterios obedecem aos padrotildees estabelecidos pela legislaccedilatildeo vigente se haacute distacircncia

miacutenima entre dois leitos que permita a faacutecil circulaccedilatildeo sendo as respostas para estas questotildees

sim ou natildeo natildeo especificando dimensotildees

Considerando as recomendaccedilotildees da RDC nordm 50 as unidades estudadas atendem os

requisitos de dimensotildees miacutenimas para os quartos de 2 4 e 6 leitos Entretanto a referida RDC

natildeo considera o espaccedilo para a colocaccedilatildeo de outros mobiliaacuterios necessaacuterios ao atendimento e

conforto do paciente como mesa de cabeceira mesa de refeiccedilatildeo e poltrona para

posicionamento de pacientes Ao se dispor todos estes itens mesmo o ambiente atendendo as

recomendaccedilotildees de dimensotildees miacutenimas o espaccedilo torna-se reduzido dificultando a circulaccedilatildeo

de pacientes e profissionais sem esbarrarem nos mobiliaacuterios o que pode prejudicar seu

equiliacutebrio e propiciar a ocorrecircncia de quedas

As Figuras 8 e 9 trazem imagens da distribuiccedilatildeo tiacutepica dos mobiliaacuterios nos ambientes

de internaccedilatildeo das unidades estudadas que literalmente se acumulam deixando reduzido

espaccedilo para circulaccedilatildeo e natildeo atendendo agrave recomendaccedilatildeo de distacircncia entre o leito e a parede

42

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de

cabeceira e suporte de soro contiacuteguos

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

Quanto agraves instalaccedilotildees sanitaacuterias questionam se estatildeo no mesmo pavimento das

enfermarias e se haacute um chuveiro para cada seis leitos O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospital

Geral da Coordenaccedilatildeo de Fiscalizaccedilatildeo Sanitaacuteria do Estado do Rio de Janeiro quanto a

banheiro para pacientes fala de um para cada quarto ou enfermaria que deve ter acesso direto

a um banheiro podendo este servir no maacuteximo a 2 enfermarias Nem um dos dois roteiros de

vistoria acata a RDC nordm 50 (2002) que prevecirc banheiro para pacientes em cada quarto ou

enfermaria Novamente natildeo se estabelece dimensotildees

43

Para as unidades estudadas todos os quartos contam com banheiro privativo

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (ANEXO 2) indaga se os chuveiros estatildeo

instalados em box com dimensotildees internas compatiacuteveis com banho em posiccedilatildeo assentada e

dotados de aacutegua quente

Tais requisitos natildeo parecem suficientes pois como se observa na Figura 10 abaixo a

cadeira higiecircnica eacute robusta e ocupa praticamente todo o espaccedilo do box impossibilitando a

permanecircncia do profissional acompanhando ou executando a higienizaccedilatildeo do paciente Aleacutem

disso natildeo haacute cinto de seguranccedila que impeccedila o arremesso do tronco para frente

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box

As Figuras 11 e 12 exibem os mobiliaacuterios habituais disponibilizados para o

atendimento dos pacientes A mesa de refeiccedilatildeo tem apenas dois rodiacutezios e sem trava A mesa

de cabeceira embora com peacutes fixos eacute de metal e com cantos pontiagudos que ao se chocarem

com o corpo do paciente podem provocar ferimentos

44

A figura 13 mostra a presenccedila das barras de apoio proacuteximas dispostas nas laterais do

vaso sanitaacuterio permitindo o alcance do paciente caso seja necessaacuterio

Durante o transcorrer do estudo uma medida de melhoria implementada foi a

substituiccedilatildeo de todas as camas por eleacutetricas em duas das unidades aumentando para de 33

para 50 as aacutereas que atendem este quesito

Quatro outras unidades do hospital jaacute passaram por reformas planejadas pela

arquitetura hospitalar com adequaccedilatildeo do nuacutemero de leitos ao espaccedilo disponiacutevel piso

iluminaccedilatildeo sistema de chamada de emergecircncia e de enfermagem barras de apoio e assentos

fixos nos banheiros

Para as aacutereas estudadas apenas uma delas jaacute possui projeto para reforma

Figura 11 Mesa de refeiccedilatildeo Figura 12 Mesa de cabeceira

45

Figura 11 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio

dispostas proacuteximas nas laterais

46

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA

Este estudo teve como principal objetivo avaliar a estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo de um hospital puacuteblico buscando analisar se as mesmas cumpriam a legislaccedilatildeo

vigente visto que na literatura como pode-se observar durante esta dissertaccedilatildeo existem alguns

pontos essenciais para garantir a seguranccedila do paciente no que se refere ao risco de queda

Pode-se entender que a gestatildeo do risco de queda de pacientes internados dentre vaacuterios

fatores deve existir a preocupaccedilatildeo com a estrutura fiacutesica do ambiente hospitalar

A principal contribuiccedilatildeo praacutetica deste estudo foi apresentar essa relaccedilatildeo do risco de queda

pela estrutura fiacutesica hospitalar das unidades de internaccedilatildeo estudadas e propondo a inclusatildeo

nos protocolos de gestatildeo de queda dos pacientes internados dos hospitais o item de anaacutelise de

estrutura fiacutesica

Para fidelizar essa proposta criamos um instrumento de apoio para todos os hospitais

sejam puacuteblicos ou privados utilizarem facilitando a identificaccedilatildeo de possiacuteveis natildeo

conformidades neste quesito arquitetura hospitalar

Deixa-se aqui uma sugestatildeo embasada na literatura cientiacutefica e legislaccedilatildeo vigente dos

itens relacionados a estrutura fiacutesica que devem ser avaliados como fatores de risco de queda

(Figura 14)

Esta proposta busca nortear os gestores quanto agraves necessidades de incluir a gestatildeo do

risco de queda no planejamento de construccedilotildees e reformas de edificaccedilotildees destinadas a

prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no acircmbito hospitalar

Os profissionais de arquitetura e engenharia hospitalar devem ter conhecimento dos

mobiliaacuterios pretendidos para acomodaccedilatildeo e atendimento do paciente considerando suas

proporccedilotildees em relaccedilatildeo aos ambientes e o espaccedilo ocupado por cada peccedila computado no

caacutelculo das dimensotildees dos quartos por leito

Eacute necessaacuteria a constataccedilatildeo da presenccedila e funcionalidade de dispositivos de seguranccedila

como as grades travas e regulaccedilatildeo de altura das camas ou escadas que propiciem a saiacuteda

segura do leito

A iluminaccedilatildeo deveraacute ser avaliada quanto agrave presenccedila tipo funcionamento e

efetividade Dispositivos como interruptores de acionamento de iluminaccedilatildeo e sistemas de

chamada devem estar instalados de modo a propiciar o alcance do usuaacuterio

Outra questatildeo a ser considerada eacute a circulaccedilatildeo segura no ambiente de internaccedilatildeo

garantida pela integridade do piso e se eacute mantido seco ausecircncia de obstaacuteculos como cabos e

extensotildees nos quais o paciente possa tropeccedilar e perder o equiliacutebrio

47

Figura 12 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar

Itens para inspeccedilatildeo Recomendaccedilatildeo

dimensotildees miacutenimas por leitomobiliaacuterio 800 msup2

distacircncia entre leitos 100 m

distacircncia entrte a lateral do leito e parede 050 m

distacircncia entre o peacute do leito e parede 120 m

espaccedilo aproximado reservado para cama hospitalar 220 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de cabeceira 125 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de refeiccedilatildeo 032 msup2

espaccedilo aproximado reservado para poltrona 180 msup2

iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e funcionando

banheiro exclusivo para cada quarto

dimensotildees miacutenimas do box do banheiro 100 msup2

Barras de apoio no box em todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas a todos os vasos sanitaacuterios em todos os banheiros

Sistema de chamada de Enfermagem para cada leito e funcionando

Interruptor de luz acessiacutevel para cada leito e ao alcance do paciente

Piso em perfeitas condiccedilotildees em todos os quartos integridade do material que o constitui

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e funcionando com

acionador ao alcance do paciente

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos e funcionando

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem

acima das portas de cada quarto com sinal

luminoso e sonoro

Cama com grades em todos os leitos

Camas com travas nas rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas ou com ajuste de altura em todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em todos os leitos

Piso seco continuamente Fonte Autor

48

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES

O objetivo geral deste estudo foi avaliar a estrutura fiacutesica das unidades de internaccedilatildeo

de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital de grande porte e a sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

A RDC nordm 50 traz como recomendaccedilatildeo de dimensotildees miacutenimas para quarto de dois

leitos 7 msup2leito e 6msup2leito para quartos de 3 a 6 leitos Nas unidades estudadas predominam

os quartos de 24 e 6 leitos A distacircncia miacutenima entre leitos deve ser de 1m da lateral da cama

e parede 050m e entre o peacute do leito e parede 12m Em relaccedilatildeo agraves dimensotildees miacutenimas dos

quartos proporcional ao nuacutemero de leitos 100 das unidades estatildeo em conformidade com a

legislaccedilatildeo

Outros fatores relacionados agrave seguranccedila e prevenccedilatildeo de quedas satildeo os sistemas de

iluminaccedilatildeo que aleacutem de presentes devem funcionar e os valores de iluminacircncia serem

adequados para os diferentes objetivos conforme Norma Brasileira (NBR) 541392 Os

sistemas de chamada de enfermagem devem ter ser dispositivos iacutentegros e ao alcance do

paciente

A escolha do tipo de piso deve considerar a relaccedilatildeo do dano causado pela queda com

relaccedilatildeo agrave absorccedilatildeo do impacto poreacutem natildeo eacute item previsto pela legislaccedilatildeo vigente A

manutenccedilatildeo do piso seco eacute medida recomendada

A presenccedila de grades travas e altura das camas mostram-se como fatores de impacto

na reduccedilatildeo destes incidentes evidenciados em publicaccedilotildees especiacuteficas

Quanto ao objetivo especiacutefico da pesquisa identificaccedilatildeo das medidas de seguranccedila

existentes para prevenccedilatildeo de quedas concluiu-se que embora as dimensotildees estejam em

conformidade com as recomendaccedilotildees ao considerarmos os mobiliaacuterios que habitualmente

compotildeem a unidade do paciente temos a cama com dimensotildees aproximadas de 225 m de

comprimento e 100 de largura a mesa de cabeceira em meacutedia com 050 m de largura por

050m de comprimento mesa de refeiccedilatildeo com base de 040m de largura X 080m de

comprimento poltrona reclinaacutevel medindo 077m de largura por 165m de profundidade total

aberta A disposiccedilatildeo ambiental destes objetos ocupa aproximadamente 5 27 msup2 de aacuterea

restando somente 073m da aacuterea total do quarto disponiacutevel para circulaccedilatildeo do profissional que

presta cuidados aos pacientes De modo geral os quartos da instituiccedilatildeo possuem aacuterea em

torno de 14msup2 para dois leitos O comprimento da cama (225 m) acrescido da largura da

mesa de refeiccedilatildeo (040m situada aos peacutes da cama) somando 265 m eacute disposto na largura do

quarto (333m) restando 068 m do peacute do leito ateacute a parede (recomendado eacute de 120m) e

49

passagem No sentido do comprimento do quarto soma-se as larguras da cama (100 m) da

mesa de cabeceira (050 m) da poltrona (077 m) e a distacircncia da lateral do leito ateacute a parede

(050 m) distacircncia entre os leitos de 100 m resultando em 377 m do total de 418 m Se

outros itens forem necessaacuterios como escada de dois degraus quando natildeo haacute cama eleacutetrica

suporte de soro e cadeira para visitante haacute maior restriccedilatildeo de espaccedilo disponiacutevel propiciando

choques do usuaacuterio e profissionais contra suas estruturas

Outros quesitos em conformidade em 100 das unidades foram banheiros exclusivos

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistema de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo

O banheiro privativo possui dimensotildees em torno de 375 msup2 e a aacuterea destinada ao box

027 msup2 contudo cadeira higiecircnica ocupa cerca 025msup2 natildeo restando espaccedilo para que o

colaborador permaneccedila ao lado do paciente

Barras de apoio no box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os

quartos iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo

itens atendidos na maioria das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia

estivesse presente em todas elas natildeo funcionava em nenhum quarto A sinalizaccedilatildeo de

enfermagem funcionava em todos os quartos mas requer o pronto atendimento agraves chamadas

Em contrapartida os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades Ao sair do leito com as

luzes apagadas por natildeo conseguir acessar o interruptor o paciente fica sujeito aos obstaacuteculos

ocultos pela escuridatildeo Na vigecircncia de instabilidade da marcha eou alteraccedilotildees de equiliacutebrio o

apoio em moacuteveis com rodiacutezio e sem travas podem propiciar a concretizaccedilatildeo da queda

As camas eram de acionamento mecacircnico em quatro das seis unidades

impossibilitando o ajuste de altura e o apoio dos peacutes do paciente no chatildeo ao sair do leito As

escadas de dois degraus quando disponiacuteveis natildeo possuem barras laterais para apoio e natildeo

apresentam ponteiras de borracha proporcionando situaccedilatildeo de instabilidade A falta de cama

com grades em todos os leitos submete o paciente ao risco de queda do leito em inadvertidas

situaccedilotildees de rolamento sobre o colchatildeo durante o sono e em camas de altura muito superior a

que estatildeo habituados em seus domiciacutelios

Accedilotildees implementadas como a substituiccedilatildeo de camas mecacircnicas por eleacutetricas que

permitem o ajuste de altura providenciam uma soluccedilatildeo para a saiacuteda segura do paciente do

leito

50

A composiccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo deve ser considerada apenas

informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as organizaccedilotildees hospitalares utilizam os

espaccedilos disponiacuteveis A robustez de peccedilas de mobiliaacuterio compromete a circulaccedilatildeo o que pode

ser determinante especialmente em situaccedilotildees de atendimento de emergecircncia Tais

consideraccedilotildees apontam a necessidade de descritivos e especificaccedilotildees teacutecnicas que atendam

estas exigecircncias

Os resultados obtidos sugerem que a estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de

influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas desde que outros fatores ambientais

sejam considerados respondendo a questatildeo de pesquisa

Pesquisas adicionais satildeo necessaacuterias para que as recomendaccedilotildees sejam validadas em

organizaccedilotildees de sauacutede e populaccedilatildeo de caracteriacutesticas semelhantes permitindo aos gestores

intervenccedilotildees relacionadas agrave estrutura fiacutesica e ambiente que sejam eficazes na prevenccedilatildeo de

quedas

61 Limitaccedilotildees da Pesquisa

A abordagem qualitativa utilizando dados subjetivos podem levar a diversidade e

imprecisatildeo aleacutem da questatildeo da incerteza da exatidatildeo dos dados registrados nas notificaccedilotildees

dos eventos adversos (Valle 2013)

O observador pode ter criado impressotildees favoraacuteveis ou desfavoraacuteveis sobre o objeto

estudado (Mello amp Turrioni 2007)

O excesso de confianccedila do pesquisador e a certeza com relaccedilatildeo aos dados podem levar

agrave falta de observaccedilatildeo de aspectos diferentes sob enfoques diferentes aleacutem do seu

envolvimento com a situaccedilatildeo pesquisada Considera-se ainda como limitaccedilatildeo o fato do

estudo se ater a apenas um hospital e a escolha de amostra de conveniecircncia

Constituiu limitaccedilatildeo assumida desconsiderar para fins de anaacutelise neste estudo outros

fatores de risco de queda associados a uso de medicamentos alteraccedilotildees de mobilidade e

marcha uso de dispositivos e estado mental

51

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56

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA

Unidades

Recomendaccedilatildeo A B C D E F G H I J

Dimensotildees quarto 1 leito

Dimensotildees quarto 2 leitos

Dimensotildees quarto 3 leitos

Dimensotildees quarto 4 leitos

Dimensotildees quarto 5 leitos

Dimensotildees quarto 6 leitos

Banheiro exclusivo para

cada quarto

Barras de apoio no box em

todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas

a todos os vasos sanitaacuterios

Pia agrave entrada do quarto

Pia dentro do quarto

Sistema de chamada de

Enfermagem

Interruptor de luz

acessiacutevel

Piso em perfeitas

condiccedilotildees em todos os

quartos

Iluminaccedilatildeo de cabeceira

em todos os leitos

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

Sinalizaccedilatildeo de

enfermagem

Cama com grades em

todos os leitos

Camas com travas nas

rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas em todos

os leitos

Escada de 2 degraus

presente e com borracha

nas extremidades em

todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em

todos os quartos

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

57

ANEXO 1

58

59

ANEXO 2

Page 10: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FÍSICA DAS …

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES 48

61 LIMITACcedilOtildeES DA PESQUISA 50

REFEREcircNCIAS 51

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA 56

ANEXO 1 57

ANEXO 2 59

1

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

AHRQ Agency for Healthcare Research and Quality

CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de Pesquisa

COSO Committee of Sponsoring Organizations

CRM Clinical Risk Management

EA Eventos Adversos

EAS Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede

ERM Enterprise Risk Management

FERMA Federation of European Risk Management Associations

FMEA Failure Modes and Effects Analysis

GM Gabinete do Ministro

HFMEA Healthcare Failure Modes and Effects Analysis

IS Sinalizaccedilatildeo de Enfermagem

ISO International Organization for Standardization

JCAHO Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations

MS Ministeacuterio da Sauacutede

NAPSA National Patient Safety Agency

NBR Normas Brasileiras

NCPS National Center for Patient Safety

NHS National Health Service

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

RC Responsabilidade Civil

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RNAO Registered Nurses Association of Ontario

RPN Risk Prority Number (Nuacutemero de Prioridade de Risco)

SIH Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VHA Veretans Health Administrtion

VISA Vigilacircncia Sanitaacuteria

2

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos 22

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA 24

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA 24

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS 26

Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000) 28

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa 29

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo 33

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de 42

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

42

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box 43

Figura 13 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio dispostas proacuteximas nas laterais 45

Figura 14 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar 47

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um Hospital

Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil 8

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no

periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 37

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde

predominaram os eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 39

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades

visitadas 2014 Satildeo Paulo Brasil 40

3

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Contextualizaccedilatildeo

O homem como indiviacuteduo ou como parte de organizaccedilotildees sempre esteve agrave procura de

formas de identificar os riscos que ameaccedilam sua existecircncia Nas sociedades primitivas de

cultura agraacuteria a produccedilatildeo atendia apenas suas necessidades imediatas logo a perda de uma

colheita significava desastre certo Organizadas como economias industriais sociedades e

indiviacuteduos seguem tentando compreender e antecipar os riscos que os ameaccedilam procurando

preservar seus bens valiosos (McCaffrey amp Hagg-Rckert 2009)

Risco eacute definido como o efeito da incerteza nos objetivos da organizaccedilatildeo sendo o

efeito um desvio em relaccedilatildeo ao esperado seja ele positivo ou negativo A incerteza eacute ldquoo

estado mesmo que parcial da deficiecircncia das informaccedilotildees relacionadas a um evento sua

compreensatildeo conhecimento sua consequecircncia e a probabilidade de ocorrecircncia associadardquo

(ABNT 2009)

A gestatildeo de risco eacute uma forma de reconhecer que os eventos podem levar a danos e

prevecirc a avaliaccedilatildeo e anaacutelise dos riscos de forma a minimizar sua ocorrecircncia e consequecircncias

Considerar um risco toleraacutevel natildeo significa aceita-lo mas conviver com ele confiando que

estaacute devidamente controlado Nenhuma pessoa deve ser exposta a risco grave a menos que

concorde em aceitaacute-lo (National Health Service - NHS 2008)

A gestatildeo de risco prevecirc a realizaccedilatildeo de ldquoatividades coordenadas para dirigir e controlar

uma organizaccedilatildeo no que se refere ao risco (ABNT 2009)

O Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission COSO

2007 (Comitecirc de Organizaccedilotildees Patrocinadoras do Comeacutercio) eacute uma iniciativa conjunta de

cinco organizaccedilotildees do setor privado e eacute dedicado a fornecer lideranccedila de pensamento atraveacutes

do desenvolvimento de quadros e orientaccedilatildeo sobre gerenciamento de riscos corporativos

controles internos e de dissuasatildeo de fraude As organizaccedilotildees reconhecem e direcionam seus

esforccedilos para a necessidade de se desenvolver uma estrateacutegia capaz de identificar avaliar e

administrar os riscos Nesta perspectiva o gerenciamento de riscos corporativos eacute definido

como um processo conduzido pela organizaccedilatildeo envolvendo o conselho administrativo

diretoria e demais empregados com o objetivo de estabelecer estrateacutegias para identificar

eventos em potencial que podem afetaacute-la administrando os riscos e possibilitando o alcance

de seus objetivos O evento eacute um incidente ou uma ocorrecircncia de causa interna ou externa

4

que pode afetar a realizaccedilatildeo dos objetivos da organizaccedilatildeo O risco eacute a possibilidade de um

evento ocorrer e afetar negativamente a realizaccedilatildeo destes objetivos

A administraccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo natildeo pode prever quando e como ocorreraacute um

evento e o impacto que causaraacute entretanto deve ser capaz de avaliar os riscos de sua

ocorrecircncia Os eventos podem estar relacionados a infraestrutura (disponibilidade de bens

acesso ao capital complexidade) a pessoal (capacidade dos empregados sauacutede e seguranccedila

atividades fraudulentas) a processos (capacidade desenho execuccedilatildeo) ou agrave tecnologia

(integridade de dados disponibilidade de dados e sistemas desenvolvimento alocaccedilatildeo

manutenccedilatildeo) (COSO 2007)

Apoacutes a avaliaccedilatildeo dos riscos pertinentes agraves atividades desenvolvidas eacute necessaacuterio

determinar como a organizaccedilatildeo responderaacute ao risco avaliando seu efeito e impacto custos e

benefiacutecios mantendo-se dentro da toleracircncia estabelecida As respostas da organizaccedilatildeo aos

riscos podem ser de evitaacute-los decidindo descontinuar as atividades que geram riscos A

posiccedilatildeo da organizaccedilatildeo pode ser de reduzir a probabilidade e impacto dos riscos ou ainda de

compartilhamento de uma parte do risco com a aquisiccedilatildeo de produtos de seguro a realizaccedilatildeo

de transaccedilotildees de heading ou a terceirizaccedilatildeo de uma atividade A resposta da organizaccedilatildeo pode

ser aceitaccedilatildeo do risco natildeo adotando nenhuma medida para afetar o grau de impacto dos riscos

(COSO 2007)

O ponto central de uma boa gestatildeo de riscos eacute a identificaccedilatildeo e tratamento dos

mesmos Todos os riscos inerentes agraves atividades da organizaccedilatildeo devem ser metodicamente

avaliados Os riscos podem ter origem em fatores internos e externos riscos financeiros

(creacutedito taxas de juros diferenccedilas cambiais fluxo de caixa e liquidez sistemas de controle

financeiros e sistemas de informaccedilatildeo) riscos estrateacutegicos (concorrecircncia alteraccedilotildees no

consumo alteraccedilotildees da atividade de procura investigaccedilatildeo amp desenvolvimento e capital

intelectual) riscos operacionais (recrutamento cadeia de abastecimento regulamentaccedilotildees

cultura composiccedilatildeo da gestatildeo do topo da organizaccedilatildeo) e perigos (acesso puacuteblico

empregados propriedade bens e serviccedilos contratos eventos naturais fornecedores meio

ambiente (Federation of European Risk Management Associations [FERMA] 2002)

Como os eventos satildeo inesperados as organizaccedilotildees devem implementar accedilotildees para a

reduccedilatildeo do risco gerindo ou controlando qualquer dano futuro ou probabilidade de dano

associado a um incidente Estas accedilotildees abrangem a detecccedilatildeo de fatores atenuantes do dano ou

accedilotildees de melhoria e podem ser proativas ou reativas Accedilotildees proativas podem ser teacutecnicas

como a anaacutelise de modos e efeitos de falha e anaacutelise de probabilidades de risco As ldquoaccedilotildees

5

reativas satildeo as desenvolvidas em resposta a conhecimentos adquiridos apoacutes a ocorrecircncia de

incidentes (por exemplo anaacutelise das causas)rdquo (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede [OMS] 2009)

O termo ldquocultura de seguranccedilardquo apareceu pela primeira vez apoacutes o acidente nuclear de

Chernobyl em 1988 e foi disseminado a vaacuterias induacutestrias com o intuito de melhorar a

seguranccedila e a confiabilidade das organizaccedilotildees Entretanto a extrapolaccedilatildeo para a sauacutede eacute

recente e ainda natildeo haacute consenso nos estudos sobre a forma como a seguranccedila do paciente

deve ser construiacuteda O primeiro passo para as organizaccedilotildees de sauacutede melhorarem a cultura de

seguranccedila eacute definir claramente o conceito fazendo diagnoacutestico do status atual em sua

empresa identificando pontos fortes e fracos para melhores informaccedilotildees e estrateacutegias de accedilatildeo

(Halligan amp Zecevic 2011)

Os hospitais como organizaccedilotildees de alto risco tecircm uma permanente preocupaccedilatildeo em

gerenciar o inesperado A medicina moderna tornou o atendimento cada vez mais complexo

resultando em maiores oportunidades para melhoria dos cuidados mas aumentando o risco de

eventos adversos e danos ao paciente (Briner Kessler amp Manser 2010)

O Processo de Gestatildeo de Risco incorporou-se ao setor da sauacutede nos Estados Unidos haacute

cerca de 30 anos com o objetivo de proteger as organizaccedilotildees de sauacutede contra as perdas

inicialmente atraveacutes da ldquocontrataccedilatildeo de seguros de responsabilidade civil para cobrir

consequecircncias econocircmicas das accedilotildees e processos por maacute praacuteticardquo movidas contra

profissionais eou hospitais Entretanto atualmente a Gestatildeo de risco tornou-se um programa

que visa agrave construccedilatildeo de normas preventivas corretivas e contingentes identificando

mapeando e monitorando os riscos ldquocom foco no processo de trabalho e na contiacutenua reduccedilatildeo

dos danos e perdasrdquo (Feldman 2009a p27 28)

Como os riscos associados agrave assistecircncia natildeo podem ser completamente eliminados o

conceito de Gestatildeo de Risco Cliacutenico (Clinical Risk Management - CRM) surgiu como uma

forma de direcionar os recursos hospitalares para melhorar a seguranccedila do paciente A Gestatildeo

de Risco Cliacutenico refere-se a uma forma especiacutefica de gestatildeo de risco com foco em processos

cliacutenicos direta e indiretamente relacionados ao paciente Compreende todas as estruturas

processos instrumentos e atividades que permitam aos profissionais identificar analisar

controlar e gerenciar os riscos ao fornecer tratamento cliacutenico e assistecircncia ao paciente Os

hospitais realizam uma variedade de atividades para promover a seguranccedila do paciente mas

natildeo o fazem de forma sistemaacutetica como gerenciamento de risco cliacutenico com o objetivo de

alcanccedilar a melhora dos serviccedilos e dos atendimentos meacutedicos (Briner Kessler amp Manser

2010)

6

As falhas satildeo a maior ameaccedila agrave seguranccedila dos pacientes pois os profissionais

automatizam comportamentos e os erros acontecem no meio de accedilotildees que jaacute realizamos

milhares de vezes o que eacute ignorado pelos sistemas de sauacutede e seus responsaacuteveis Criar uma

cultura de seguranccedila do paciente exige praacutetica alicerccedilada em evidecircncias cientiacuteficas sobre o

que funciona ou natildeo comunicaccedilatildeo dos resultados das mudanccedilas efetuadas a todos os

envolvidos e reavaliaccedilatildeo permanente do conjunto (Carneiro 2010)

Embora a gestatildeo de risco considere os riscos sob as perspectivas positivas (quando as

consequecircncias dos eventos constituem oportunidades para se obter vantagens) ou negativas

(quando constituem ameaccedilas ao sucesso) em se tratando de sauacutede e seguranccedila do paciente ldquoeacute

quase um dado adquirido que as consequecircncias satildeo apenas negativasrdquo devendo os esforccedilos

serem concentrados na prevenccedilatildeo ou diminuiccedilatildeo do dano (FERMA 2002 p3)

Nos Estados Unidos o programa da ldquoAgency for Healthcare Research and Qualityrdquo ndash

AHRQ ndash (Agecircncia de Pesquisa de Qualidade em Sauacutede) conduz e apoia a investigaccedilatildeo para a

construccedilatildeo de conhecimentos sobre seguranccedila do paciente e melhoria da qualidade

incentivando o investimento no aumento das capacitaccedilotildees de profissionais de sauacutede

divulgando os benefiacutecios de novos procedimentos mas os alertando dos riscos inerentes a eles

(Feldman 2009a)

Um estudo exploratoacuterio com pacientes internados em dois hospitais puacuteblicos de ensino

do Estado do Rio de Janeiro analisou uma amostra aleatoacuteria de 622 prontuaacuterios no ano de

2003 verificando que 583 pacientes natildeo sofreram Eventos Adversos (EA) (937) contra 39

(63) que sofreram Dos EA ocorridos 641 foram considerados evitaacuteveis quando

analisados por meacutedico revisor Os pacientes com EA apresentaram tempo meacutedio de

permanecircncia no hospital de 283 dias superior ao observado nos pacientes sem EA Os EA

implicaram no gasto de R$ 121236330 o que representou 27 do valor total de reembolso

recebido pelo total de internaccedilotildees realizadas em 2003 (Porto Martins Mendes amp Travassos

2010)

Quedas satildeo eventos comuns em ambiente hospitalar que tecircm como consequecircncia

lesotildees aumento do tempo de internaccedilatildeo aleacutem da questatildeo de responsabilidade legal

A Responsabilidade Civil (RC) ldquoimplica em reparar indenizar ou ressarcir pelo dano

causado a algueacutemrdquo e se decorrente do exerciacutecio profissional estende-se a qualquer

trabalhador envolvido na atividade ou prestaccedilatildeo de serviccedilos Portanto eacute necessaacuteria a

identificaccedilatildeo de falhas de cada processo de cuja execuccedilatildeo possam advir ldquodano estrago

7

detrimento ou prejuiacutezo ao paciente famiacutelia usuaacuterio profissional ou comunidaderdquo (Feldman

2010 a p 135)

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor 1990 em seu artigo 14 paraacutegrafo 1ordm determina

que

ldquoO serviccedilo eacute defeituoso quando natildeo fornece a seguranccedila que o consumidor

dele pode esperar levando-se em consideraccedilatildeo as circunstacircncias relevantes

entre as quais o modo de seu fornecimento o resultado e os riscos que

razoavelmente dele se esperam a eacutepoca em que foi fornecidordquo

12 Problema de Pesquisa

Um evento adverso eacute qualquer evento ou circunstacircncia involuntaacuteria que conduz a dano

ou sofrimento Incidente eacute um tipo especiacutefico de evento adverso eacute imprevisto ou inesperado e

pode prejudicar um ou mais pacientes que recebam cuidados de sauacutede (National Patient

Safety Agency [NPSA] 2008)

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede na Estrutura Conceitual da Classificaccedilatildeo

Internacional para a Seguranccedila do Paciente (ldquoThe Conceptual Framework for International

Classification for Patient Safetyrdquo) 2009 define a seguranccedila do paciente como a ldquoreduccedilatildeo do

risco de danos desnecessaacuterios relacionados aos cuidados de sauacutede para um miacutenimo

aceitaacutevelrdquo sendo aceitaacutevel o que diz respeito ao consenso diante dos recursos atualmente

disponiacuteveis do estado da arte do conhecimento do contexto em que a prestaccedilatildeo de cuidados

acontece e do custo benefiacutecio face a natildeo implementaccedilatildeo de um tratamento (OMS 2009 p

21)

Um estudo incluindo internaccedilotildees de adultos em cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas no Brasil

em 2007 utilizando como fonte de informaccedilatildeo o Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares (SIH)

mostrou frequecircncia de 36 potenciais resultados adversos por 1000 internaccedilotildees alertando esta

alta frequecircncia para a necessidade de se implementar estrateacutegias para monitorar tais

ocorrecircncias e identificar as melhorias necessaacuterias para garantir a seguranccedila do paciente em

ambiente hospitalar (Dias Martins amp Navarro 2012)

Feldman (2009b p 118) define risco assistencial como aquele que ldquoeacute proveniente das

situaccedilotildees que envolvem a dinacircmica dos cuidados durante a internaccedilatildeo ou periacuteodo de

permanecircncia do cliente no hospitalrdquo

As quedas de pacientes permanecem entre os eventos adversos mais relatados em

instituiccedilotildees de cuidados agudos resultando em morbidade mortalidade e medo de sofrer uma

nova queda Satildeo exemplos de situaccedilotildees notificadas no ambiente hospitalar relacionadas a

quedas

8

ldquoacidente com queda do paciente ao se apoiar na mesa de suporte para

alimentaccedilatildeo causando ferimento no braccedilo direito na altura do cotovelo

Queda no corredor do hospital em uma rampa com pouca inclinaccedilatildeo devido

ao piso estar molhado pela chuva Causou fratura no cotovelo esquerdo

levando o usuaacuterio agrave cirurgia A paciente caiu da poltrona individual ao se

esticar para pegar o telefone que estava sobre a mesa A queda causou

ferimento no joelho com hematomardquo (Feldman 2009b p129)

A Tabela 1 mostra os resultados de estudo realizado por Carneiro et al 2010 em um

periacuteodo de quatro anos em Goiacircnia

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um

Hospital Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil

Eventos Adversos N

Retirada de sondas drenos e cateteres 162 6136

Quedas 49 1856

Processos aleacutergicos 14 530

Evasatildeo 14 530

Uacutelcera por pressatildeo 13 492

Erros de Medicaccedilatildeo 7 265

Procedimentos meacutedicos 3 114

Hemoderivados 1 038

Queimaduras 1 038

Total 264 1000

Fonte Adaptado de Carneiro Bezerra Camargo e Silva Paranaguaacute amp Branquinho 2010

Morse em 1997 identificou trecircs classificaccedilotildees para as quedas de pacientes acidentais

(paciente tropeccedila ou escorrega em decorrecircncia de algum perigo ambiental como por exemplo

piso molhado) antecedentes fisioloacutegicos (quedas em pessoas consideradas com risco de cair)

quedas fisiologicamente inesperadas (quedas atribuiacutedas a fatores fisioloacutegicos que natildeo podem

ser previstas antes que ocorram) (Hendrich Bender amp Nyhuis 2003)

Decesaro amp Padilha (2002) conduziram um estudo em que coletaram dados em 12

Unidades de Terapia Intensiva (UTI) sendo 9 gerais e 3 especializadas de 8 instituiccedilotildees dos

municiacutepios de Londrina e Maringaacute A populaccedilatildeo foi constituiacuteda de 91 profissionais de

enfermagem que relataram um ou mais incidentes relativos a queda de pacientes durante a

internaccedilatildeo na UTI Os autores identificaram que 367 das situaccedilotildees estudadas natildeo

trouxeram nenhuma consequecircncia identificaacutevel para o paciente entretanto em 633

9

resultaram em uma ou mais consequecircncias imediatas para o paciente O maior percentual

estava relacionado a traumas teciduais resultando em contusotildees hematomas fraturas lesotildees

tissulares com e sem necessidade de sutura edema e sangramentos

Em um estudo conduzido entre janeiro de 1999 e dezembro de 2003 em um hospital

puacuteblico de ensino em Zurique Suiacuteccedila a taxa global de queda foi de 89 quedas por 1000

pacientes dia (Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006)

Outros estudos realizados com dados coletados de 826 boletins de notificaccedilatildeo de

eventos adversos em um hospital universitaacuterio terciaacuterio mostraram 80 registros relacionados a

quedas (107) no periacuteodo estudado de 30 meses implicando em 26 quedas por mecircs As

quedas do leito foram as mais frequentes (55) predominando nas enfermarias de

Neurologia (227) cliacutenica meacutedica (204) e moleacutestias infecciosas e parasitaacuterias (182)

As quedas da proacutepria altura corresponderam a 388 e ocorreram em maior nuacutemero na cliacutenica

meacutedica (387) e cirurgia gastroenteroloacutegica (129) As quedas de cadeiras foram as menos

frequentes (62) No periacuteodo noturno as quedas ocorreram com maior frequecircncia (637)

nos primeiros cinco dias de admissatildeo (617) e entre os indiviacuteduos do sexo masculino

(575) (Paiva Paiva Berti amp Campana 2010)

Utilizando uma ferramenta avaliativa para analisar uma Instituiccedilatildeo de Longa

Permanecircncia de Idosos do Rio Grande do Sul foi conduzido um estudo com o intuito de

identificar acertos e dificuldades da realidade encontrada envolvendo os eventos relacionados

a quedas Verificou-se que os pisos internos e externos natildeo possuiacuteam revestimentos

antiderrapantes e as escadas natildeo apresentavam sinalizaccedilatildeo Os dormitoacuterios eram coletivos e os

banheiros situavam-se no corredor e eram escuros tornando difiacutecil o acesso noturno Os

banheiros natildeo permitiam a entrada de cadeiras de rodas e natildeo possuiacuteam em sua totalidade

barras de seguranccedila junto ao vaso sanitaacuterio o vatildeo livre na parte inferior das portas tinha

medida inferior a 20 cm e os pisos apresentavam desniacuteveis Observou-se aglomeraccedilatildeo de

objetos decorativos tapetes sofaacutes que obstruiacuteam a livre circulaccedilatildeo do idoso podendo se

tornar risco para quedas (Feliciani Santos amp Valcarenghi 2011)

Conduzido em um hospital universitaacuterio de Goiacircnia que faz parte da Rede Hospitais

Sentinelas um estudo documental retrospectivo em uma cliacutenica ciruacutergica utilizou dados

referentes a eventos adversos registrados no livro de anotaccedilotildees de enfermagem entre janeiro

de 2005 e dezembro de 2009 mostrou que as quedas representaram 1856 (49 quedas) do

total de eventos 7551 das quedas ocorreram do leito 124 da proacutepria altura 1020 no

banheiro e 204 da maca (Carneiro et al 2011)

10

Saraiva (2008 apud Almeida Abreu amp Mendes 2010 p 165) destaca que fatores

extriacutensecos de quedas ldquorelacionados com fatores ambientais reuacutenem uma seacuterie de

caracteriacutesticas inadequadas dos espaccedilos mobiliaacuterio e iluminaccedilatildeo existecircncia de obstaacuteculos no

meio envolvente ausecircncia ou inadequaccedilatildeo de ajudas teacutecnicas vestuaacuterio inadequado entre

outrosrdquo

Embora nem todas as quedas estejam associadas a fatores ambientais natildeo haacute como

desvinculaacute-los desses eventos devendo-se buscar na legislaccedilatildeo relacionada os subsiacutedios

necessaacuterios para a respectiva anaacutelise

ldquoAs principais normas norteadoras das edificaccedilotildees dos Estabelecimentos de Assistecircncia agrave Sauacutede no Brasil satildeo do Ministeacuterio da Sauacutede atraveacutes da RDC nordm 50 de

21 de fevereiro de 2002 aleacutem de algumas normas que devem ser aprovadas junto a

Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (Anvisa) e agrave ABNTrdquo (Associaccedilatildeo Brasileira

de Normas Teacutecnicas) (Sistema Referecircncia Acadecircmica 2010 p 1)

13 Questatildeo de Pesquisa

Considerando que a gestatildeo de riscos em uma organizaccedilatildeo prevecirc que as atividades

sejam coordenadas em um processo de busca reconhecimento e descriccedilatildeo de riscos a

identificaccedilatildeo das fontes de risco eventos suas causas e consequecircncias natildeo pode preterir

qualquer aspecto relacionado

As atividades de prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede apresentam inuacutemeros riscos inerentes

ao proacuteprio desempenho de procedimentos e dos diferentes locais onde tais serviccedilos satildeo

oferecidos incluindo instalaccedilotildees mobiliaacuterios e equipamentos

Levando-se em conta as recomendaccedilotildees feitas pela legislaccedilatildeo e literatura relacionadas

este trabalho tem como objetivo identificar se a atual situaccedilatildeo das unidades de internaccedilatildeo de

cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo

Paulo pode influenciar na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando os

riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica as medidas de seguranccedila existentes para

fornecer subsiacutedios para as fases de projeto e construccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave melhoria da

gestatildeo do risco de queda nas unidades estudadas

Desta forma a questatildeo de pesquisa deste estudo eacute como a estrutura fiacutesica das

unidades de internaccedilatildeo de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande

porte do municiacutepio de Satildeo Paulo pode influenciar a ocorrecircncia de quedas de pacientes

internados

11

14 Objetivos

141Geral

Avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica de um

hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

142 Especiacuteficos

Identificar os riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica a que fica exposta a

populaccedilatildeo internada nas cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas

Identificar as medidas de seguranccedila existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas

Propor um instrumento para apoio a anaacutelise da estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo hospitalar com foco no gerenciamento do risco de queda

15 Justificativa para Estudo do Tema

Os estudos realizados sobre quedas em sua maioria caracterizam a populaccedilatildeo

envolvida neste evento quanto agrave idade sexo medicamentos utilizados local de ocorrecircncia Haacute

uma lacuna na literatura na identificaccedilatildeo dos fatores ambientais e equipamentosmobiliaacuterios

relacionados agrave queda no ambiente hospitalar Esta carecircncia pode ser devida a jaacute estabelecida

correlaccedilatildeo de outros fatores de risco bem definidos em populaccedilotildees especiacuteficas Entretanto

considerando que qualquer indiviacuteduo estaacute sujeito a este evento mesmo sem associaccedilatildeo a tais

fatores pode ser valoroso identificar se haacute riscos ambientais relacionados sobre os quais se

pode intervir

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os

perigos do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos Uma revisatildeo

de estudos realizados sobre quedas e ambiente fiacutesico concluiu que as quedas satildeo resultado da

interaccedilatildeo do estado do indiviacuteduo com o ambiente fiacutesico mas consideram razoaacutevel concluir

que mudanccedilas no meio ambiente oferecem abordagem promissora para a prevenccedilatildeo de

quedas especialmente quando associadas a outras intervenccedilotildees como programas de

exerciacutecios e educacionais (Feldman amp Chaudhury 2008)

12

Os dados referentes aos perigos ambientais que podem estar associados a

probabilidades de quedas satildeo insuficientes no que se refere a pacientes idosos hospitalizados

Entretanto em casas de repouso as quedas atribuiacutedas a fatores ambientais satildeo de 273 nesta

populaccedilatildeo (Registered Nurses Association of Ontaacuterio - RNAO 2005)

Na instituiccedilatildeo onde foi realizada a pesquisa as notificaccedilotildees de quedas de janeiro a

junho de 2014 somaram 205 eventos mostrando uma predominacircncia de ocorrecircncias em aacutereas

envolvendo a unidade reservada agrave internaccedilatildeo do paciente (quarto e banheiro) A

predominacircncia de tais quedas nestes locais levou agrave investigaccedilatildeo da influecircncia ambiental sobre

estes eventos

Estudos mostram uma maior frequecircncia de quedas entre indiviacuteduos idosos como o

estudo retrospectivo realizado em um hospital da grande Lisboa entre junho de 2008 e

dezembro de 2010 a anaacutelise de 214 de episoacutedios de quedas notificados (190 doentes) os

resultados demonstraram que os doentes com notificaccedilatildeo de incidente de queda tinham em

meacutedia 75 anos e apenas 6 dos indiviacuteduos tinham idade le 49 anos (Costa-Dias Oliveira

Moreira Santos Martins amp Arauacutejo 2013)

Segundo Saraiva et al (2008 apud Almeida Abreu ampMendes 2010 p 168) ldquoo risco

de queda aumenta linearmente como o nuacutemero de fatores de riscordquo o que sugere que se os

fatores de risco forem eliminados a probabilidade de ocorrecircncia de quedas pode diminuir

Como nem todos os fatores de risco podem ser eliminados por serem intriacutensecos ao

paciente medidas proativas de prevenccedilatildeo voltadas aos fatores extriacutensecos como o ambiente

podem significar uma valorosa estrateacutegia

Este estudo trouxe subsiacutedios para que se proponham medidas de seguranccedila associadas

agrave estrutura fiacutesica por excelecircncia visando a prevenccedilatildeo de queda em pacientes internados

16 Estrutura do Trabalho

Quanto agrave forma esta dissertaccedilatildeo estaacute estruturada em cinco capiacutetulos

O capiacutetulo um traz a contextualizaccedilatildeo com os pressupostos da aacuterea de conhecimento

relacionados ao gerenciamento de risco evento adverso e seu impacto na assistecircncia prestada

pelos serviccedilos de sauacutede a problematizaccedilatildeo mostra a inquietaccedilatildeo quanto aos fatores de risco

ambientais para ocorrecircncia de queda de pacientes no periacuteodo de internaccedilatildeo hospitalar Satildeo

estabelecidos a questatildeo de pesquisa objetivos geral e especiacuteficos a justificativa para o

desenvolvimento do estudo e a estrutura da dissertaccedilatildeo

13

No capiacutetulo dois o autor apresenta a Revisatildeo Bibliograacutefica com as bases teoacutericas e

evidecircncias existentes concebendo os polos gestatildeo de risco corporativo anaacutelise de risco

matriz de risco e legislaccedilatildeo relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

O capiacutetulo trecircs detalha os procedimentos metodoloacutegicos utilizados durante a pesquisa

com ecircnfase para o desenvolvimento do projeto de pesquisa

O quarto capiacutetulo apresenta os resultados obtidos e uma discussatildeo sob a oacuteptica da

literatura pertinente

O capiacutetulo cinco expressa as conclusotildees da pesquisa embasadas pela teoria correlata e

as recomendaccedilotildees

2REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Gestatildeo de Riscos Corporativos

O gerenciamento de riscos corporativos (Enterprise Risk Management ndash ERM) eacute o

gerenciamento de riscos dentro da organizaccedilatildeo O processo de gerenciamento de riscos deve

estar integrado agrave gestatildeo da organizaccedilatildeo identificando os riscos significativos aos seus

14

negoacutecios A estrutura do gerenciamento de riscos compreende os componentes e a

organizaccedilatildeo do gerenciamento de riscos dentro de uma empresa (MacLeod MacDonald

Ybarra Sorlie Foster amp Stokka 2013)

O gerenciamento de risco corporativo compreende um processo contiacutenuo conduzido

pelos profissionais em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo que inclui a identificaccedilatildeo de todos os

riscos que a estaacute exposta a organizaccedilatildeo indicando eventos que podem afetaacute-la aleacutem daqueles

que podem ser gerenciados propiciando garantia razoaacutevel agrave administraccedilatildeo e deve estar

orientado para a realizaccedilatildeo dos objetivos propostos Os objetivos satildeo classificados em quatro

categorias estrateacutegicos relacionados agraves metas gerais alinhadas agrave missatildeo da organizaccedilatildeo de

operaccedilotildees que diz respeito agrave utilizaccedilatildeo eficaz e eficiente dos recursos comunicaccedilatildeo referente

agrave confiabilidade de relatoacuterios e conformidade alusivos ao cumprimento de leis e

regulamentos aplicaacuteveis (COSO 2007)

O gerenciamento de risco corporativo considera o ambiente interno ou seja como a

organizaccedilatildeo identifica os riscos a forma de abordagem dos seus colaboradores seu apetite a

riscos e a filosofia do gerenciamento de risco Os objetivos fixados devem propiciar suporte e

estar alinhados com a missatildeo da organizaccedilatildeo e serem compatiacuteveis com seu apetite a riscos Eacute

necessaacuterio identificar os eventos que podem influenciar o alcance dos objetivos estabelecidos

Os riscos devem ser avaliados e analisados considerando a probabilidade e impacto

direcionando a forma como deveraacute ser abordado qual seraacute a resposta ao risco desenvolvendo

uma seacuterie de medidas para alinhar os riscos com a toleracircncia e com o apetite a risco As

atividades de controle estabelecem procedimentos e poliacuteticas que garantam que as atividades

de respostas aos riscos sejam executadas de forma eficaz Informaccedilotildees e a comunicaccedilatildeo eficaz

devem permear todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo com conteuacutedo apropriado informaccedilotildees

oportunas atuais exatas e de faacutecil acesso O monitoramento deve garantir a manutenccedilatildeo da

integridade do gerenciamento de risco e que as modificaccedilotildees necessaacuterias seratildeo implementadas

(COSO 2007)

Uma organizaccedilatildeo para melhorar sua abordagem em relaccedilatildeo ao gerenciamento de

risco deve partir de uma anaacutelise de seu processo e sistema atuais quanto agrave abordagem de

todos os componentes avaliando as atividades desenvolvidas pois a ausecircncia de qualquer

deles implica que o gerenciamento de risco eacute ineficaz O monitoramento contiacutenuo do processo

de gerenciamento de risco corporativo deve ser incorporado agraves atividades operacionais

normais e recorrentes da empresa com avaliaccedilotildees perioacutedicas e classificaccedilatildeo de riscos

permitindo que os problemas sejam identificados mais rapidamente (MacLeod et al 2013)

15

Entretanto o gerenciamento de riscos corporativos natildeo assegura que a organizaccedilatildeo

natildeo fracassaraacute no alcance de seus objetivos pois o risco estaacute relacionado ao futuro que eacute

incerto alguns eventos estatildeo aleacutem do controle da administraccedilatildeo e nenhum processo nunca

executaraacute exatamente o que foi previsto A eficaacutecia do gerenciamento de risco sofre

limitaccedilotildees da fraqueza humana pois as decisotildees devem ser tomadas utilizando julgamento

humano tendo como base as informaccedilotildees disponiacuteveis e sofrendo as pressotildees de conduzir um

negoacutecio da falta de adequado entendimento das instruccedilotildees pelos empregados o que pode

levar a erros de julgamento das mudanccedilas no sistema que forem introduzidas antes que o

pessoal tenha sido treinado adequadamente do esquecimento ou execuccedilatildeo incorreta de tarefas

por empregados temporaacuterios pode haver indiviacuteduos que atuem para impedir que o processo

de gestatildeo de riscos corporativos identifiquem as alteraccedilotildees existentes da limitaccedilatildeo de

recursos e a proacutepria direccedilatildeo da organizaccedilatildeo que pode neutralizar poliacuteticas ou procedimentos

recomendados com fins ilegiacutetimos (COSO 2007)

22 Anaacutelise de Riscos

A gestatildeo de riscos eacute um processo contiacutenuo que as organizaccedilotildees utilizam para analisar

metodicamente os riscos inerentes agraves suas atividades processo que deve estar incorporado agrave

cultura organizacional com responsabilidades atribuiacutedas em todos os niacuteveis constando das

descriccedilotildees das funccedilotildees Os ldquoproprietaacuteriosrdquo do processo de gestatildeo de riscos devem ser os

atores internos da organizaccedilatildeo (FERMA) 2002)

Realizar avaliaccedilatildeo de risco consiste em medir a consequecircncia definida aqui como o

resultado ou potencial resultado de um evento Para avaliar a gravidade dos incidentes pode

ser utilizado um sistema de pontuaccedilatildeo Para avaliar as consequecircncias algumas questotildees

devem ser resolvidas tais como A organizaccedilatildeo tem uma definiccedilatildeo clara do que constitui uma

pequena lesatildeo Que medidas satildeo utilizados para determinar o impacto psicoloacutegico sobre os

indiviacuteduos O que eacute definido como um evento adverso e quantos indiviacuteduos podem ser

afetados (National Patient Safety Agency [NPSA] 2008)

Identificar os riscos tem como objetivo identificar as incertezas a que estatildeo expostas as

organizaccedilotildees descrevendo-os de forma estruturada considerando a probabilidade e a

consequecircncia de cada um dos riscos definidos identificando os riscos chave e estabelecer as

prioridades na anaacutelise dos mesmos A descriccedilatildeo dos riscos prevecirc a designaccedilatildeo acircmbito do

risco a natureza do risco intervenientes quantificaccedilatildeo dos riscos toleracircncia para o risco

tratamento e mecanismo de controle do risco possiacuteveis accedilotildees de melhoria e desenvolvimento

16

de estrateacutegias e poliacuteticas O impacto das consequecircncias dos riscos e a sua probabilidade de

ocorrecircncia satildeo fatores importantes da avaliaccedilatildeo Brainstorming questionaacuterios anaacutelises

comparativas de setor anaacutelise de cenaacuterios investigaccedilatildeo de incidentes auditorias e inspeccedilotildees

satildeo algumas teacutecnicas propostas para a identificaccedilatildeo de riscos (FERMA 2002)

O tratamento de riscos consiste em selecionar e implementar medidas para modificar

um risco e deve no miacutenimo ldquoproporcionar um funcionamento eficaz e eficiente da

organizaccedilatildeo garantir controles internos eficazes e cumprir leis e regulamentaccedilotildees (FERMA

2002)

O niacutevel responsaacutevel pela administraccedilatildeo deve conhecer os riscos mais importantes que

a organizaccedilatildeo enfrenta os possiacuteveis efeitos em seu desempenho garantir a sensibilizaccedilatildeo aos

riscos em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo dispor de formas de gerir uma crise ter certeza de

que o processo de gestatildeo de riscos eacute eficaz As unidades de negoacutecio devem conhecer os riscos

relacionados agraves suas aacutereas de atuaccedilatildeo impactos que podem produzir em outros setores e das

consequecircncias destes setores sobre elas dispor de desempenho que lhes permitam monitorizar

as atividades identificar as intervenccedilotildees necessaacuterias Cada indiviacuteduo deve compreender seu

niacutevel de responsabilizaccedilatildeo compreender a forma como pode contribuir para a melhoria

contiacutenua da gestatildeo de riscos comunicar os riscos novos ou falhas constatadas nas medidas de

controle implementadas (FERMA 2002)

Perdas e custos relacionados agrave sauacutede seguranccedila e incidentes ambientais podem natildeo ser

seguraacuteveis pois englobam danos morais aos usuaacuterios e agrave reputaccedilatildeo da organizaccedilatildeo (FERMA

2002)

Quando os pacientes procuram os serviccedilos de sauacutede esperam receber benefiacutecios

embora jaacute tenham consciecircncia de que erros podem acontecer na prestaccedilatildeo de cuidados que

natildeo intencionais e na maioria das vezes tem origem nas falhas dos proacuteprios processos A

responsabilidade dos profissionais ligados direta ou indiretamente agrave prestaccedilatildeo de cuidados eacute

tentar reduzir os erros pois embora sejam sensiacuteveis aos erros que atingem a si proacuteprios ou aos

seus familiares muitas vezes ficam alheios aos erros decorrentes da sua praacutetica diaacuteria (Lage

2010)

Segundo a Portaria MSGM nordm 5292013 a cultura de seguranccedila abrange os

profissionais e gestores envolvidos no cuidado que ldquoassumem a responsabilidade por sua

seguranccedila dos seus colegas pacientes e familiares priorizando a seguranccedila agraves metas

financeiras e operacionais encorajando a identificaccedilatildeo notificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos problemas

17

relacionados agrave seguranccedila promovendo o aprendizado organizacionalrdquo (Ministeacuterio da Sauacutede

[MS] 2013)

O Ministeacuterio da Sauacutede define gestatildeo de risco como a aplicaccedilatildeo sistecircmica e contiacutenua

de iniciativas procedimentos condutas e recursos na avaliaccedilatildeo e controle de riscos e eventos

adversos que afetam a seguranccedila a sauacutede humana a integridade profissional o meio

ambiente e a imagem institucionalrdquo (MS 2013)

Por sua vez o Gerenciamento de Risco consiste na aplicaccedilatildeo de um conjunto de

medidas para prever identificar e minimizar a ocorrecircncia de eventos inesperados e

indesejaacuteveis que podem causar dano fiacutesico ou psicoloacutegico aos pacientes (Lima amp Dutra

2010 p 87)O risco cliacutenico natildeo eacute decorrente apenas da atuaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede

mas estaacute associado agrave ausecircncia de poliacuteticas e praacuteticas de seguranccedila do paciente seguranccedila das

instalaccedilotildees ou atendimento aos processos de trabalho (Lima amp Dutra 2010)

O Protocolo de Londres eacute uma versatildeo revisada e atualizada do ldquoProtocolo para

Investigaccedilatildeo e Anaacutelise de Incidentes Cliacutenicosrdquo e tem como proposta assegurar uma

investigaccedilatildeo e anaacutelise abrangentes e planejadas de um incidente indo aleacutem da procura de

culpados O termo anaacutelise de causa raiz tem origem na induacutestria sendo que um grupo de

ferramentas satildeo utilizadas para identificar as causas baacutesicas na investigaccedilatildeo e anaacutelise de

incidentes Entretanto o cenaacuterio que surge desta investigaccedilatildeo eacute muito mais complexo onde

haacute uma cadeia de eventos e fatores que contribuem para sua ocorrecircncia Eacute necessaacuterio

identificar quais fatores contribuem de forma mais impactante na ocorrecircncia dos eventos Na

aviaccedilatildeo induacutestrias de petroacuteleo e nucleares investigaccedilatildeo de incidentes satildeo procedimentos bem

estabelecidos (Taylor-Adams amp Vincent 2004)

No modelo organizacional de acidentes de James Reason as decisotildees falhas nos altos

escalotildees da organizaccedilatildeo permeiam os departamentos criando condiccedilotildees favoraacuteveis para atos

inseguros e acidentes Devem ser criadas barreiras e defesas contra perigos e para mitigar as

consequecircncias de falhas humanas e de equipamentos Tais barreiras podem ser fiacutesicas (muros

vedaccedilatildeo) naturais (distacircncia) accedilotildees humanas (meacutetodos de checagem) e controles

administrativos (treinamento) O passo inicial eacute identificar falhas no processo organizacional

atos inseguros ou omissotildees cometidas por pessoas cujas accedilotildees podem ter consequecircncias

adversas imediatas Este modelo extrapolado para cuidados de sauacutede identifica fatores que

influenciam a praacutetica cliacutenica e estatildeo relacionados ao paciente (complexidade e severidade de

suas condiccedilotildees liacutengua e comunicaccedilatildeo fatores sociais) fatores tecnoloacutegicos e tarefas

(disponibilidade e uso de protocolos apoio na tomada de decisatildeo tarefas projetadas e clareza

18

da estrutura) fatores relacionados a pessoas (conhecimento e ferramentas competecircncia sauacutede

fiacutesica e mental) equipe (comunicaccedilatildeo verbal e escrita supervisatildeo e procura de ajuda) e

ambiente de trabalho (carga de trabalho e turnos disponibilidade e manutenccedilatildeo de

equipamentos suporte administrativo) fatores organizacionais e gerenciais (recursos

financeiros estrutura organizacional cultura de seguranccedila e prioridades) e fatores

institucionais (contexto regulatoacuterio e econocircmico contatos com organizaccedilotildees externas)

(Taylor-Adams amp Vincent 2004)

23 Quedas

No Protocolo de Prevenccedilatildeo de Quedas integrante do Programa Nacional de Seguranccedila

do Paciente do Ministeacuterio da Sauacutede a definiccedilatildeo de queda considerada foi ldquodeslocamento natildeo

intencional do corpo para um niacutevel inferior agrave posiccedilatildeo inicial provocado por circunstacircncias

multifatoriais resultando ou natildeo em danordquo (MS 2013)

Rutledge et al (1998 apud Kalischi amp Tschannen 2012 p 6) definem queda como

um evento em que os pacientes satildeo encontrados no chatildeo por funcionaacuterios ou visitantes evento

observado ou natildeo ou o rebaixamento natildeo planejado do paciente ao niacutevel do chatildeo

As quedas segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede satildeo categorizadas como

incidentes que ocorrem com os doentes classificadas pelo tipo (tropeccedilar escorregar desmaio

perda de equiliacutebrio) e podem envolver berccedilo cama cadeira maca banheiro equipamento

terapecircutico escadas ou degraus enquanto transportado ou apoiado por outro indiviacuteduo OMS

2009)

Estima-se que um terccedilo das pessoas com mais de 65 anos e metade das pessoas com

idade acima de 80 anos sofrem pelo menos uma queda por ano sendo que nos hospitais

australianos 38 dos eventos com pacientes envolvem queda (The Joanna Briggs Institute

1998)

Vaacuterias ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco de queda foram desenvolvidas e validadas

Hendrich I e II Johns Hopkins Innes Morse STRATIFY Downton Tinetti and Schimidt

Entretanto natildeo haacute consenso sobre qual destes eacute o melhor instrumento na prediccedilatildeo de quedas

Aleacutem disso ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco por si soacute natildeo previnem quedas (Degelau

Bungum Flavin Harper Leys Londquist amp Webb 2012)

A traduccedilatildeo e a adaptaccedilatildeo transcultural para a liacutengua portuguesa do Brasil da Morse

Fall Scale (Escala de Queda de Morse) mostraram resultados satisfatoacuterios quanto agrave clareza

dos itens da escala traduzida a concordacircncia entre os avaliadoresjuiacutezes na aplicaccedilatildeo da

19

escala atingiu classificaccedilatildeo quase perfeita na maioria dos itens e a variabilidade intra-

avaliadoresjuiacutezes foi categorizada como excelente Nesta escala satildeo avaliados os seguintes

itens histoacuterico de quedas diagnoacutestico secundaacuterio auxiacutelio na deambulaccedilatildeo terapia

endovenosadispositivo endovenoso salinizado ou heparinizado marcha e estado mental

Cada um destes criteacuterios recebe escores que variam de 0 a 30 pontos A somatoacuteria destes

pontos indica o niacutevel de risco baixo risco (0 a 24) meacutedio risco (25 a 44) e alto risco (ge 45)

(Urbanetto Creutzberg Franz Ojeda Gustavo Bittencourt amp Farina 2013)

Um estudo transversal com amostra total de 137 idosos em atendimento na Cliacutenica-

Escola de Fisioterapia da Universidade de Itauacutenam que responderam a um questionaacuterio

estruturado relataram como fatores e comportamentos de riscos extriacutensecos de queda o uso de

calccedilados inadequados escadas sem corrimatildeo uso de tapetes no chatildeo obstaacuteculos entre o

quarto e banheiro objetos espalhados pelo chatildeo e iluminaccedilatildeo deficiente sendo que a

iluminaccedilatildeo foi a uacutenica variaacutevel estatisticamente significativa (Lopes Carvalho Mouratildeo

Dias Mitre amp Moraisorais 2010)

Ao entrevistar 39 pacientes idosos atendidos em dois serviccedilos de pronto atendimento

do Rio Grande do Sul entre dezembro de 2019 a abril de 2010 com diagnoacutestico de queda um

estudo verificou fatores relacionados ao ambiente de moradia sendo que 949 dos idosos

tinham moacuteveis pontiagudos em casa 897 das residecircncias tinham degraus 692 referiram

ter tapetes soltos em casa 513 afirmaram que suas residecircncias possuiacuteam pisos

escorregadios e 308 tinham escadas (Ramos Santos Barlem amp Pelzer 2011)

Em Portugal entre os anos de 2007 a 2009 em um hospital universitaacuterio foi observado

que a maior parte das quedas ocorreu no quarto onde existiam mais obstaacuteculos como mesas de

cabeceira cadeira cadeira de rodas limitando a mobilidade dos pacientes Os autores

identificaram diminuiccedilatildeo ao longo dos anos o que foi atribuiacutedo agrave revisatildeo do sistema de

travagem das camas cadeira de rodas suportes de soros com rodas aboliccedilatildeo do uso de cera

no piso e substituiccedilatildeo por cera antiderrapante aquisiccedilatildeo de grades para todas as camas

colocaccedilatildeo de barras de apoio no banheiros mais especificamente proacuteximo ao vaso sanitaacuterio e

chuveiro colocaccedilatildeo de degraus duplos para os pacientes subirem para as camas e pedido de

aquisiccedilatildeo de camas eleacutetricas articuladas na cabeceira e nos peacutes com grade de proteccedilatildeo e que

permitam ajuste da altura em relaccedilatildeo ao chatildeo (Abreu Mendes Monteiro amp Santos 2012)

Em 80 quedas ocorridas em um periacuteodo de doze meses em um hospital privado

acreditado pela Joint Commission International no que diz respeito agraves condiccedilotildees ambientais

no momento da queda as mais frequentes foram presenccedila de obstaacuteculos (5) ou falta de

20

apoio (5) Em 512 dos casos houve algum tipo de consequecircncia sendo as mais frequentes

as escoriaccedilotildees (163) e os hematomas (113) Apoacutes a implantaccedilatildeo de accedilotildees assistenciais

de prevenccedilatildeo como a identificaccedilatildeo de risco ocorreu a queda do iacutendice (Correa Marques

Martinez Laurino Leatildeo amp Chimentatildeo 2012)

As camas com baixa altura foram recentemente associadas agrave reduccedilatildeo de quedas Um

sistema de sauacutede informou que a associaccedilatildeo de caracteriacutesticas de cama relacionadas agrave altura

do chatildeo superfiacutecie de redistribuiccedilatildeo de pressatildeo e sistema interno de alarme reduziu em 9 a

taxa de quedas em cinco meses (Degelau et al 2012)

Em instituiccedilotildees de longa permanecircncia as quedas da cama satildeo comuns entre os

internos com disfunccedilatildeo das extremidades distuacuterbios cognitivos ou que fazem uso de

medicaccedilotildees que prejudicam sua capacidade de levantar-se e mover-se de forma independente

Outros fatores contribuem para o aumento da ocorrecircncia desses eventos como altura da cama

colchotildees altos e macios camas com rodiacutezios ambientes estranhos camas com altura e largura

diferentes ao que estatildeo acostumados Tais consideraccedilotildees reforccedilam a necessidade ao se

selecionar este mobiliaacuterio de se adequar o tipo de cama agraves caracteriacutesticas da populaccedilatildeo

atendida como uma das medidas eficazes no controle de fatores de risco extriacutensecos (Fragala

Perry amp Fragala 2012)

Um estudo canadense se propocircs a avaliar se havia diferenccedila na taxa de lesotildees

relacionadas com quedas entre o piso existente e o piso de intervenccedilatildeo suas propriedades

antiderrapantes e de absorccedilatildeo do impacto Houve uma influecircncia significativa do piso na

absorccedilatildeo da energia no impacto do piso com o quadril e parte posterior da cabeccedila em

simulaccedilotildees fornecendo insights sobre as diferenccedilas na capacidade de atenuaccedilatildeo do impacto

dos diferentes tipos de piso sobre estas estruturas corpoacutereas (Glinka Karakolis Callaghan amp

Laing 2013)

Haacute intervenccedilotildees que devem ser estendidas a todos os pacientes independente do risco

de queda familiarizar o paciente com o ambiente ensinar o paciente a usar o sistema de

chamada e mantecirc-lo sempre ao alcance de sua matildeo manter proacuteximos seus pertences pessoais

ter corrimatildeos no banheiro do paciente quarto e corredor manter as camas em posiccedilatildeo baixa e

com rodas travadas garantir o uso pelo paciente de calccedilado bem ajustado e com solado

antiderrapante utilizar luz noturna ou iluminaccedilatildeo suplementar manter piso limpo e seco e

limpar prontamente todos os derramamentos manter as aacutereas de atendimento ao paciente

organizadas (Degelau et al 2012)

21

Equipes deveriam circular com frequecircncia pelo ambiente para confirmar que

corredores e aacutereas do paciente estejam bem iluminadas organizadas e livres de vazamentos

corrimatildeos sejam seguros mesas e cadeiras resistentes Pessoal da biotecnologia deve

inspecionar dispositivo auxiliar regularmente A equipe de enfermagem deve confirmar que

os quartos dos pacientes sejam criados de forma que minimize o risco de quedas Toda a

equipe deve se certificar de que situaccedilotildees de risco sejam tratadas imediatamente (Degelau et

al 2012)

Portanto conhecer os fatoresperigos contribuintes de um incidente pode trazer

informaccedilotildees sobre accedilotildees que podem ser empreendidas para reduzir o risco de ocorrecircncia

(OMS 2011)

24 Matriz de Risco

Marshall (2002) Crouhy Galai amp Mark (2004 apud Paulo Fernandes Rodrigues amp

Eidt 2007) ressalta que a matriz de risco viabiliza a mensuraccedilatildeo qualitativa de riscos sendo

o ldquoniacutevel de risco definido pela composiccedilatildeo das variaacuteveis frequecircncia (probabilidade) e

severidade (impacto financeiro) associadas aos eventos de perda (fatores de risco) inerentes

ao processo avaliadordquo (De Paulo Fernandes Rodrigues amp Eidt 2007 p 50)

A matriz de risco eacute uma ferramenta utilizada para anaacutelise de riscos de processos de

vaacuterias naturezas considerando sua gravidade ou consequecircncias e a probabilidade (frequecircncia

ou probabilidade) Uma matriz de risco deve ser simples de usar deve fornecer dados

consistentes mesmo quando utilizada por profissionais de diferentes funccedilotildees e deve se adaptar

a necessidades especiacuteficas Deve ser utilizada com parcimocircnia para avaliaccedilatildeo de risco

estrateacutegico e de processo na tomada de decisotildees de gestatildeo

A Figura 1 traz a proposiccedilatildeo de pontuaccedilotildees das consequecircncias de riscos com as orientaccedilotildees e exemplos

adicionais relacionados a riscos com impacto na seguranccedila dos pacientes (NSH 2008)

22

Domiacutenios Despreziacutevel Menor Moderado Maior Catastroacutefico

Impacto sobre a seguranccedila

do paciente (fiacutesico

psicoloacutegico dano)

Lesatildeo miacutenima

requerendo

nenhumaintervenccedilatildeo

miacutenima ou

tratamento

Pequena lesatildeo ou

doenccedila exigindo menor

intervenccedilatildeo Aumento

do tempo de internaccedilatildeo

por 1-3 dias

Lesatildeo moderado

requerendo intervenccedilatildeo

profissional Aumento do

tempo de internaccedilatildeo por

4-15 dias Um evento

com impacto sobre um

pequeno nuacutemero de

pacientes

Ferimento grave levando a

incapacidade a longo

prazoAumento do tempo

de internaccedilatildeo por gt 15

dias

Incidente levando agrave morte Vaacuterias lesotildees

com efeitos permanentes ou irreversiacuteveis

sobre a sauacutede Um evento com impacto

sobre um grande nuacutemero de pacientes

Exemplos adicionais

Medicaccedilatildeo incorreta

dispensada mas natildeo

administrada

Incidentes resultando

numa

contusatildeoAtraso no

transporte de rotina

para o paciente

Medicamento errado ou

dosagem administrada

errada sem efeitos

adversos Uacutelcera por

pressatildeo estaacutegio I

Medicamento errado ou

dosagem administrado

com potencial efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IIIII

Queda resultando em

ferimentos como uma

entorse

Medicamento errado ou

dosagem errada

administrada com efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IV queda

resultando em ferimentos

como luxaccedilatildeo fratura

golpe na cabeccedila A perda

de um membro

Morte inesperada O suiciacutedio de um

paciente Homiciacutedios cometidos por

pacientes com doenccedila mentalRemoccedilatildeo

de parte errada do corpo levando agrave morte

ou incapacidade permanente Incidente

levando a paralisia

1 2 3 4 5

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos

Fonte Adaptada de National Safety Agency 2008

25 Ferramenta de Anaacutelise do modo e efeito da falha (FMEA)

A Failure Modes and Effects Analysis (FMEA) eacute uma ferramenta de abordagem

proativa utilizada para anaacutelise criacutetica prospectiva e contiacutenua de projetos e processos

propiciando a identificaccedilatildeo de riscos problemas ou potenciais falhas antes da ocorrecircncia de

um erro Desenvolvida na deacutecada de 1960 pela induacutestria aeroespacial foi reconhecida pela

Joint Commission on Accredittion oh Healthcare Organizations (JCAHO) como uma

ferramenta de qualidade relevante para as organizaccedilotildees de sauacutede (Silva Teixeira amp Cassiani

2009)

O Veterans Health Administration (VHA) o maior sistema de sauacutede integrado dos

Estados Unidos com 150 centros meacutedicos e cerca de 1400 ambulatoacuterios comunitaacuterios

adaptou a FMEA para utilizar em suas instituiccedilotildees com a denominaccedilatildeo de Healthcare Failure

Mode Effects and Analysis (HFMEA) (Silva Teixeira amp Cassiani 2009)

A maioria dos sistemas de notificaccedilatildeo de eventos relacionados agrave seguranccedila do paciente

se concentra na anaacutelise dos eventos adversos apoacutes a ocorrecircncia de uma lesatildeo HFMEA

oferece aos usuaacuterios ferramentas analiacuteticas que podem permitir a identificaccedilatildeo proativa-

mente de vulnerabilidades e corrigi-las antes que as falhas ocorram (Stalhandske De Rosier

Wilson amp Murphy 2009)

HFMEA agiliza as etapas da anaacutelise de risco encontradas na FMEA tradicional

combinando as etapas de detecccedilatildeo e a criticidade da FMEA tradicional com um algoritmo

apresentado como uma aacutervore de decisatildeo

Substitui o caacutelculo do nuacutemero de prioridade de risco (RPN) por uma pontuaccedilatildeo de

risco que eacute lida diretamente na Matriz de Escores de Hazard desenvolvida pela NCPS

(National Center for Patient Safety) para este propoacutesito

23

O objetivo da anaacutelise de riscos eacute desenvolver uma lista de riscos que se controlados de

forma eficaz possam prevenir uma doenccedila ou lesatildeo Eacute utilizado um processo com cinco

passos para avaliar aspectos especiacuteficos

No passo 1 eacute feita a definiccedilatildeo do processo a ser estudado no passo 2 eacute organizada uma

equipe multidisciplinar com especialistas no assunto e um conselheiro no passo 3 deve ser

desenvolvido um diagrama cronoloacutegico com a identificaccedilatildeo de cada etapa do processo no

passo 4 satildeo listados todos os possiacuteveis modos de falha de cada etapa determinando a

probabilidade e gravidade do modo de falha (Matriz de Escores de Perigo ndash Matriz de

Tolerabilidade) e utilizar a aacutervore de decisatildeo

O propoacutesito eacute determinar se o modo de falha justifica a implementaccedilatildeo de

medidasbarreiras que eliminem ou reduzam substancialmente a probabilidade de que um

evento perigoso ocorra

No passo 5 satildeo determinadas as causas de modo de falha (definido como ldquodiferentes

maneiras que um processo ou sub-processo pode deixar de fornecer o resultado esperadordquo)

que se quer ldquoeliminarrdquo ldquocontrolarrdquo ou ldquoaceitarrdquo (Veterans Health Administration National

Center for Patient Safety2009)

Segundo a HFMEA a severidade de um evento abrange as consequecircncias para o

paciente visitantesacompanhantes colaborador equipamentoinstalaccedilatildeo e fogo

Todo gestor deve verificar a realidade do evento classificaacute-los identificando as fontes

de perigo e propondo o gerenciamento de risco

Os eventos satildeo classificados como menores moderados importantes ou catastroacuteficos

(Figura 2)

Evento catastroacutefico (4) Evento importante (3)

Resultado para o paciente morte ou perda permanente da funccedilatildeo

(sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual) suiciacutedio estupro

reaccedilatildeo transfusional hemoliacutetica cirurgiaprocedimento no paciente

errado ou em parte errada do corpo sequestro infantil ou entrega de

crianccedila agrave famiacutelia errada Visitante morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais

Colaborador morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais colaboradores

Equipamentosinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $250000

Fogo qualquer fogo maior que uma chama inicial

Resultado para o paciente diminuiccedilatildeo permanente da funccedilatildeo

corporal (sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual)

desfiguraccedilatildeo intervenccedilatildeo ciruacutergica requerida aumento do

tempo de permanecircncia do paciente por 3 ou mais pacientes

aumento do niacutevel de assistecircncia para 3 ou mais pacientes Visitante hospitalizaccedilatildeo de 1 ou 2 visitantes

Colaborador hospitalizaccedilatildeo 123 ou mais colaboradores

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $100000

Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

24

Evento moderado (2) Evento menor (1)

Resultado para o paciente aumento da permanecircncia ou aumento no

niacutevel de assistecircncia para 1 ou 2 pacientes

Resultado para o paciente nenhum prejuiacutezo ou aumento da

permanecircncia injuacuteria ou aumento no niacutevel de assistecircncia

Visitante avaliaccedilatildeo e treinamento para 1 ou 2 (natildeo-hospitalizaccedilatildeo) Visitante avaliaccedilatildeo e nenhum tratamento requerido ou doenccedila

Colaborador despesas meacutedicas danos ou doenccedila para 1 ou 2 Colaborador tratamento de primeiros socorros sem dano ou

doenccedila

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano entre $10000 e $100000 Equipamentoinstalaccedilatildeo dano menor que $10000 ou perda de

utilidade sem resultado adverso ao paciente (exemplo gaacutes

natural eletricidade aacutegua comunicaccedilotildees transportes calorar

condicionado

Fogo incipiente ou menor Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA

Fonte Adaptado do (Veterans Health Administration National Center for Patient Safety)

Ainda segundo a HFMEA os eventos satildeo classificados segundo a probabilidade de

ocorrerem como mostra a Figura 3

Frequente (4) Provaacutevel de ocorrer imediatamente ou dentro de um curto

periacuteodo (pode ocorrer vaacuterias vezes em um ano)

Ocasional (3) Provavelmente ocorreraacute (pode ocorrer vaacuterias vezes em 1 ou 2 anos)

Incomum (2)

Possiacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 5 anos)

Remota (1) Improvaacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 30

anos)

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA

Fonte Adaptado do Veterans Health Administration National Center for Patient Safety

26 Legislaccedilatildeo Relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

A Portaria nordm 1884 GM de 11 de novembro de 1994 considerando a necessidade das

Secretarias Estaduais e Municipais contarem com um instrumento de avaliaccedilatildeo de projetos

fiacutesicos adequado agraves novas tecnologias na aacuterea da sauacutede resolve ldquoaprovar as normas que com

estas baixam destinadas ao exame e aprovaccedilatildeo dos Projetos Fiacutesicos de Estabelecimentos

Assistenciais de Sauacutederdquo compreendendo ldquoas construccedilotildees novas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute

existentesrdquo e ldquoinobservacircncia das normas aprovadas por esta Portaria constitui infraccedilatildeo agrave

legislaccedilatildeo sanitaacuteria federal conforme dispotildee o artigo 10 inciso II da Lei nordm 6437 de 20 de

agosto de 1977rdquo (Ministeacuterio da Sauacutede [MS] 1994)

25

Em seu capiacutetulo 2 a Portaria nordm 188494 referente agrave organizaccedilatildeo fiacutesico-funcional

Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede (EAS) lista as atividades que satildeo geradoras ou que

caracterizam os ambientes sendo a unidade de internaccedilatildeo o local de ldquoprestaccedilatildeo de

atendimento de assistecircncia agrave sauacutede em regime de internaccedilatildeo- atendimento a pacientes que

necessitam de assistecircncia direta programada por periacuteodo superior a 24 horas (pacientes

internos)rdquo (MS1994)

A Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada (RDC) nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002 dispotildee

sobre o Regulamento teacutecnico para planejamento programaccedilatildeo elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de

projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede e compreende as construccedilotildees novas

de estabelecimentos assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de

estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes e os anteriormente natildeo destinados a estabelecimentos de

sauacutede (RDC nordm 50 2002)

A Figura 4 exibe as disposiccedilotildees da RDC nordm 50 acerca das unidades e ambientes

hospitalares destinados a internaccedilatildeo de pacientes

UnidadeAmbiente Dimensotildees

Internaccedilatildeo Geral

lactente crianccedila adolescente

e adulto

Quantificaccedilatildeo (miacutenima) Dimensatildeo (miacutenima)

Posto de enfermagemPrescriccedilatildeo

Meacutedica

1 posto a cada 30 leitos 60 msup2

Sala de serviccedilos 1 sala para cada posto de

enfermagem 57 msup2

26

Sala de exames e curativos

1 para cada 30 leitos (quando

existir enfermaria que natildeo

tenha subdivisatildeo fiacutesica dos

leitos

75 msup2

Aacuterea para Prescriccedilatildeo Meacutedica

20 msup2

Aacuterea de cuidados e

higienizaccedilatildeo do lactente

1 pcada 12 berccedilos ou fraccedilatildeo 40 msup2

Enfermaria de lactente

Quarto de crianccedila Quarto de adolescente

15 dos leitos do

estabelecimento

Deve haver no miacutenimo 1 quarto para servir de isolamento a

cada 30 leitos ou fraccedilatildeo

45 msup2 por leito = lactente

90 msup2 = quarto de 1 leito

50 msup2 por leito = crianccedila Nordm maacuteximo de crianccedilas ateacute 2 anos por

enfermaria = 12

Quarto de adolescente 100 msup2 = quarto de 1 leito ou 140 msup2 com

dimensatildeo miacutenima de 30m no caso do uso para

ldquoPPP 70 msup2 por leito = quarto de 2 leitos

60 msup2 por leito = enfermaria de 3 a 6 leitos

Nordm maacuteximo de leitos por enfermaria = 6

Distacircncia entre leitos paralelos = 1m

Distacircncia entre leito e paredes

Cabeceira= inexistente

Peacute do leito = 12 m

Lateral = 05 m

Enfermaria de adolescente

Quarto de adulto

a cada 30 leitos deve existir no

miacutenimo 1 quarto para situaccedilotildees

que requeiram isolamento

Enfermaria adulto

Aacuterea de

recreaccedilatildeolazerrefeitoacuterio

1 para cada unidade de

pediatria psiquiatria e crocircnicos

12 msup2 por paciente em condiccedilotildees de exercer

atividades recreativaslazer

Aacuterea ou antecacircmara de acesso

ao quarto de isolamento

18 msup2

Sala de aula 08 msup2 por aluno

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS

Fonte Adaptado da Resoluccedilatildeo RDC nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002

Em relaccedilatildeo agrave internaccedilatildeo de pacientes adultos e pediaacutetricos cada quarto ou enfermaria

de internaccedilatildeo deve ser provido de banheiro exclusivo aleacutem de um lavatoacuteriopia para uso da

equipe de assistecircncia em uma aacuterea anterior a entrada do quartoenfermaria ou mesmo no

interior desses fora do banheiro Um lavatoacuteriopia externo ao quarto ou enfermaria pode

servir a no maacuteximo 4 (quatro) quartos ou 2 (duas) enfermarias (RDC nordm 50 2002)

A RDC nordm 50 dispotildee sobre iluminaccedilatildeo dos ambientes hospitalares definindo que nos

quartos das enfermarias de unidade de internaccedilatildeo geral devem ser de quatro tipos iluminaccedilatildeo

geral em posiccedilatildeo que natildeo incomode o paciente deitado iluminaccedilatildeo de cabeceira na parede

(arandela) para leitura iluminaccedilatildeo de exame no leito com lacircmpada fluorescente que tambeacutem

pode ser obtida atraveacutes de aparelho ligado agrave tomada junto ao leito e sinalizaccedilatildeo de

enfermagem (IS) que eacute um de sistema de sinalizaccedilatildeo luminosa imediata entre o paciente

interno e o funcionaacuterio assistencial (meacutedico e enfermeira) O sistema interliga cada leito

sanitaacuterio e banheiro das diversas unidades e ambientes em que estaacute presente o paciente

27

interno com o respectivo posto de enfermagem que lhe daacute cobertura assistencial quarto

enfermaria e banheiro da unidade de internaccedilatildeo geral quarto aacutereas coletivas de pediatria e

banheiro da unidade de internaccedilatildeo intensiva A identificaccedilatildeo deve se dar em cada leito e porta

dos ambientes voltados para a circulaccedilatildeo (RDC nordm 50 2002)

Nos ambientes onde satildeo prestados os cuidados de sauacutede a iluminaccedilatildeo pode trazer

estiacutemulos positivos agrave recuperaccedilatildeo dos pacientes mas quando excessiva ou mal localizada

pode ser prejudicial A importacircncia da iluminaccedilatildeo tambeacutem estaacute relacionada agrave adequaccedilatildeo

visual dos profissionais para realizaccedilatildeo de procedimentos eou observaccedilatildeo dos pacientes De

modo geral os aspectos quantitativos satildeo mais valorizados que os qualitativos sendo esta

priorizaccedilatildeo notada nas legislaccedilotildees nacionais e estrangeiras Entre as normas nacionais

apresentando os requisitos miacutenimos a serem atendidos a Norma Brasileira (NBR) 541392

textos normativos da ABNT recomenda os valores de iluminacircncias e a Portaria nordm 188494 do

Ministeacuterio da Sauacutede sugere ldquoalguns criteacuterios qualitativos para projetos de iluminaccedilatildeo artificial

dos espaccedilos de internaccedilatildeordquo (Peccin 2002 p 15)

A preocupaccedilatildeo com a iluminaccedilatildeo nos ambientes hospitalares tem se focado mais na

questatildeo econocircmica envolvendo a racionalizaccedilatildeo da energia empregada e na reduccedilatildeo dos

custos de operaccedilatildeo do sistema Mesmo em relaccedilatildeo aos pacientes as discussotildees convergem

para questotildees de conforto ambiental luz de cabeceira para leitura iluminaccedilatildeo de vigiacutelia para

permitir o acesso da equipe de enfermagem agrave noite sem acionar a luz de teto Outra questatildeo eacute

a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas que ldquopermitam boa reproduccedilatildeo de cores permitindo a identificaccedilatildeo

de alteraccedilotildees orgacircnicasrdquo como por exemplo a coloraccedilatildeo da pele As questotildees de seguranccedila

satildeo tratadas em relaccedilatildeo agrave iluminaccedilatildeo de emergecircncia (NBR 1353495 e NBR 1089899) e

iluminacircncias meacutedias miacutenimas para atividades hospitalares considerando a dificuldade da

tarefa visual a idade do usuaacuterio poreacutem as legislaccedilotildees divergem entre os paiacuteses (Peccin

2002)

A ISO (International Organization for Standardization) 31000 de 2009 eacute a nova

referecircncia mundial para a Gestatildeo de Riscos fornecendo orientaccedilotildees para a estrutura de

gerenciamento de riscos aplicaacutevel a organizaccedilotildees de qualquer tamanho traz um modelo

conceitual que pode ser usado para a anaacutelise dos arranjos organizacionais que incluem planos

relacionamentos prestaccedilatildeo de contas recursos processos e atividades A Figura 5 traz a

proposto de um modelo conceitual para ser utilizado na anaacutelise desses arranjos (MacLeod et

al 2013)

28

Mandato e

comprometimento

Estrutura para gerenciar

riscos

Monitoramento e anaacutelise criacutetica da

estrutura

Melhoria contiacutenua da

estrutura

Implementaccedilatildeo da gestatildeo

de riscos

Fonte wwwiiabrasilorgbr Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000)

29

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA

Segundo Martins amp Theoacutephilo 2009 p 37 ldquoO objetivo da metodologia eacute o

aperfeiccediloamento dos procedimentos e criteacuterios utilizados na pesquisardquo Jaacute ldquomeacutetodo eacute o

caminho para se chegar a um determinado fim ou objetivordquo

Na Figura 6 estatildeo compiladas as atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborada pelo Auto

31 Delineamento da Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa empiacuterica O Empirismo eacute uma abordagem metodoloacutegica que

ldquoconsidera que o fato existe independentemente de qualquer atribuiccedilatildeo de valor ou

posicionamento teoacuterico e possui um conteuacutedo evidente livre de pressupostos subjetivosrdquo

(Martins amp Theoacutephilo 2009 p 39)

Eacute um estudo descritivoexploratoacuterio que coleta ldquodescriccedilotildees detalhadas de variaacuteveis

existentes e usam dados para justificar e avaliar condiccedilotildees e praacuteticas correntes ou fazer planos

mais inteligentes para melhorar as praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (LoBiondo-Wood amp Haber

2001 p 111)

Os autores afirmam que este tipo de desenho eacute uacutetil na busca ldquode informaccedilotildees precisas

sobre as caracteriacutesticas dos sujeitos de pesquisa grupos instituiccedilotildees ou situaccedilotildees ou sobre a

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborado pela autora

30

frequecircncia de um fenocircmeno particularmente quando se sabe pouco sobre o fenocircmenordquo

(LoBiondo-Wood amp Haber 2001 p 111)

O delineamento da pesquisa termo que tem sido substituiacutedo por estrateacutegias de

pesquisa refere-se agraves ldquodiferentes maneiras de abordar e analisar dados empiacutericos no contexto

das Ciecircncias Sociais Aplicadasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 53)

A estrateacutegia utilizada nesta pesquisa foi o estudo de caso

ldquotrata de uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa fenocircmenos dentro de seu

contexto real (pesquisa naturaliacutestica) onde o pesquisador natildeo tem controle

sobre eventos ou variaacuteveis buscando aprender a totalidade de uma situaccedilatildeo e

criativamente descrever compreender e interpretar a complexidade de um

caso concretordquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p62)

O estudo de caso eacute o tipo de estrateacutegia de pesquisa que bem se adequa a situaccedilotildees em

que a forma da questatildeo de pesquisa relaciona-se a questotildees explanatoacuterias onde natildeo se exige

controle sobre eventos comportamentais e que focaliza eventos contemporacircneos Os estudos

de caso podem incluir as e mesmo ser limitados agraves evidecircncias quantitativas (Yin 2001 pp

24-25)

O estudo de caso deve permitir ao investigador construir descriccedilotildees interpretaccedilotildees e

explicaccedilotildees originais que conduzam a conclusotildees e recomendaccedilotildees mostrando que foram

coletadas e avaliadas evidecircncias relevantes (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 63)

A escolha do estudo de caso como estrateacutegia de pesquisa deveu-se ao fato de ser pouco

conhecida a influecircncia dos fatores ambientais na ocorrecircncia de quedas no meio hospitalar

questatildeo jaacute mais explorada em domiciacutelio e instituiccedilotildees de longa permanecircncia e abrangendo

mais especificamente a populaccedilatildeo de idosos sendo o fenocircmeno pesquisado no seu contexto

real

Trata-se de estudo retrospectivo pois os indiviacuteduos satildeo seguidos do efeito para a

causa No estudo longitudinal retrospectivo se conhece o efeito e se busca a causa (Bordalo

2006)

Segundo Szklo (2002 p16)

ldquoQuando o investigador tem interesse em identificar fatores de risco (fatores

etioloacutegicos) o desenho mais eficiente em ambiente hospitalar eacute o estudo de

casos e controles tambeacutem conhecido como estudo retrospectivo Podem-se

conduzir estudos de casos e controles em um ou mais hospitais bem como

incluir pacientes hospitalizados ou ambulatoriais Comparado com estudos de

coorte este tipo de estudo eacute relativamente barato geralmente de menor duraccedilatildeo e exige uma amostra menorrdquo

31

Foi utilizada a teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa

As ldquoavaliaccedilotildees qualitativas contribuem com a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos e

as anaacutelises quantitativas datildeo uma ordem de grandeza do risco vinculado ao fenocircmenordquo (Lima

2012 p72)

Na teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa os dados satildeo descritivos compreendendo a

descriccedilatildeo de pessoas de acontecimentos e reaccedilotildees e mesmo a transcriccedilatildeo de relatos A

preocupaccedilatildeo central natildeo satildeo as mediccedilotildees mas sim as descriccedilotildees e interpretaccedilotildees dos fatos

(Martins amp Theoacutephilo 2009)

Martins amp Theoacutephilo (2009) enfatizam que o estudo de caso pede avaliaccedilatildeo

qualitativa uma vez que tem como objetivo a anaacutelise de uma unidade social que eacute analisada

profunda e intensamente

32 Local do Estudo

O estudo foi realizado em um hospital puacuteblico de porte extra universitaacuterio localizado

no municiacutepio de Satildeo Paulo e faz parte de um complexo hospitalar que ocupa uma aacuterea total de

352 mil metros quadrados com cerca de 2200 leitos Tem como oacutergatildeo responsaacutevel a

Secretaria de Estado da Sauacutede

O hospital escolhido conta com 843 leitos e atende predominantemente pacientes do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mas estende seu atendimento a pacientes conveniados

Oferece atendimento meacutedico-hospitalar ambulatorial por imagem e som serviccedilos

psicossocial e terapecircutico Abrange especialidades de cliacutenica meacutedica ciruacutergica e

traumatologia sendo referecircncia em transplante de fiacutegado adulto pacircncreas rim coacuternea pele e

medula oacutessea As enfermarias apresentaram no ano de 2013 taxa de ocupaccedilatildeo de 779

33 Procedimentos de Coleta dos Dados

Em se tratando de estudo de caso as atividades de coleta de dados devem ser

realizadas pelo pesquisador-autor que ldquoteraacute mais condiccedilotildees de continuamente estar pensando

e agindo na busca de relaccedilotildees entre a questatildeo de pesquisa que deseja responder as

proposiccedilotildees (teoria preliminar) que carecem de demonstraccedilotildees e a coleta dos dados e

evidecircnciasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p65)

Yin pondera que as evidecircncias para um estudo de caso podem vir de seis fontes

distintas documentos registros em arquivo entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo

participante e artefatos fiacutesicos As informaccedilotildees documentais satildeo relevantes a todos os toacutepicos

32

do estudo de caso Tais documentos podem ser correspondecircncias agendas e minutas de

reuniotildees relatoacuterios de eventos em geral O seu uso mais importante eacute ldquocorroborar e valorizar

as evidecircncias oriundas de outras fontesrdquo (Yin 2001 p 111)

Segundo Yin (2001) p 121) ldquo o uso de vaacuterias fontes de evidecircncias nos estudos de

caso permite que o pesquisador dedique-se a uma ampla diversidade de questotildees histoacutericas

comportamentais e de atitudesrdquo

Assim ldquoqualquer descoberta ou conclusatildeo em um estudo de caso provavelmente seraacute

muito mais convincente e acurada se se basear em vaacuterias fontes distintas de informaccedilatildeo

obedecendo a um estilo corroborativo de pesquisardquo (Yin 2001 p 121)

A pesquisa de campo eacute segundo Lakatos amp Marconi 1991 utilizada para a busca de

informaccedilotildees ou conhecimentos na procura de resposta para um problema atraveacutes da

observaccedilatildeo dos fenocircmenos como ocorrem espontaneamente coletando dados e registrando

variaacuteveis que possam estar relacionadas e posteriormente analisaacute-los

Nogueira (1968) como citado em Lakatos amp Marconi (1991 p 211) define formulaacuterio

como sendo ldquouma lista formal um cataacutelogo ou um inventaacuterio destinado agrave coleta de dadosrdquo O

preenchimento eacute feito pelo proacuteprio pesquisador atraveacutes de observaccedilatildeo ou interrogatoacuterio

Segundo Mello amp Turrioni (2007 p51)

ldquoA observaccedilatildeo eacute uma taacutetica de coleta de dados para conseguir informaccedilotildees e

utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados aspectos da realidade Natildeo

consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou fenocircmenos que se desejam estudar Desempenha papel importante nos

processos observacionais no contexto da descoberta e obriga o investigador a

um contato mais direto com a realidaderdquo

A observaccedilatildeo cientiacutefica ldquoeacute planejada sistematicamente eacute registrada metodicamente e

estaacute relacionada a proposiccedilotildees mais gerais em vez de ser apresentada como uma seacuterie de

curiosidades interessantes estaacute sujeita a verificaccedilotildees e controles sobre a validade e

seguranccedilardquo (Mello amp Turrioni 2007 p 51)

Na observaccedilatildeo estruturada ou sistemaacutetica ldquoo observador sabe o que procura e o que

carece de importacircncia em determinada situaccedilatildeo deve ser objetivo reconhecer possiacuteveis erros

e eliminar sua influecircncia sobre o que vecirc ou recolhe (Mello amp Turrioni 2007 p51)

A figura 7 mostra os pontos fortes e limitaccedilotildees do uso da observaccedilatildeo como taacutetica para

coleta de dados

33

Pontos fortes Limitaccedilotildees

Possibilita meios diretos e satisfatoacuterios para

estudar uma ampla variedade de fenocircmenos

O observado tende a criar impressotildees favoraacuteveis ou

desfavoraacuteveis no observador

Exige menos do pesquisador do que as outras

teacutecnicas

A ocorrecircncia espontacircnea natildeo pode ser prevista o que

impede muitas vezes o observador de presenciar o

fato

Permite a coleta de dados sobre um conjunto de

atitudes comportamentais tiacutepicas

Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do

pesquisador

Depende menos da introspecccedilatildeo ou da reflexatildeo A duraccedilatildeo dos acontecimentos eacute variaacutevel pode ser

raacutepida ou demorada e os fatos podem ocorrer

simultaneamente nos dois casos torna-se difiacutecil a

coleta de dados

Permite a evidecircncia de dados natildeo constantes do

roteiro de entrevistas ou de questionaacuterios

Vaacuterios aspectos da vida cotidiana particular podem

natildeo ser acessiacuteveis ao pesquisador

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo

Fonte Mello amp Turrioni 2007

Para este estudo foi realizado o levantamento a partir das notificaccedilotildees de incidentes

relacionados agraves quedas no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 para caracterizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo O grupo de elementos escolhido para compor a amostra foi feito intencionalmente

de acordo com criteacuterios estabelecidos

Foram selecionadas 6 unidades de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica que ocuparam as

primeiras seis posiccedilotildees na frequecircncia de ocorrecircncia de quedas segundo os dados coletados a

partir das notificaccedilotildees de incidentes Estes leitos satildeo destinados a internaccedilatildeo de indiviacuteduos

adultos de ambos os sexos com ambientes de acomodaccedilatildeo de diferentes dimensotildees para 1 2

4 ou 6 leitos O criteacuterio de exclusatildeo foi a realizaccedilatildeo de reforma preacutevia planejada e conduzida

sob a supervisatildeo do setor de Arquitetura e Engenharia Hospitalar da instituiccedilatildeo

A teacutecnica da coleta de dados utilizada nesta pesquisa foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes

nas unidades e das plantas das unidades

O formulaacuterio utilizado foi elaborado pela autora com base nas legislaccedilotildees e fatores

ambientais citados na literatura que podem estar relacionados a queda visando a adequaccedilatildeo

do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a perspectiva de avaliaccedilatildeo de riscos e

melhoria da seguranccedila Este formulaacuterio serviu como roteiro para a visita de campo

direcionando a inspeccedilatildeo dos itens relacionados a dimensotildees dos diferentes tipos de quartos

instalaccedilotildees dispositivos de seguranccedila e mobiliaacuterio no momento da observaccedilatildeo (APEcircNDICE

34

A) Os ambientes do quartos e banheiros foram fotografados para visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo

espacial do mobiliaacuterio As medidas dos quartos foram analisadas a partir das plantas

fornecidas pelo setor de engenharia e arquitetura

O periacuteodo de coleta foi de 1 a 30 de novembro de 2014

34 Procedimentos e Anaacutelise de Dados

Foi desenvolvido um banco de dados que permitiu a revisatildeo de evidecircncias com o

intuito de aumentar a confiabilidade do estudo O resultado das observaccedilotildees e das notificaccedilotildees

de incidentes pesquisados foram armazenados para que os dados possam ser prontamente

recuperaacuteveis para inspeccedilatildeo ou nova leitura Manter um encadeamento de evidecircncias tambeacutem

aumenta a confiabilidade das informaccedilotildees de um estudo de caso o que ldquoconsiste em permitir

que um observador externo - o leitor do estudo de caso por exemplo - possa perceber que

qualquer evidecircncia proveniente de questotildees iniciais da pesquisa leve agraves conclusotildees finais do

estudo de casordquo (Yin 2001 p127)

Yin (2001 p127) discorre que

ldquo a anaacutelise de dados consiste em examinar categorizar classificar em

tabelas ou do contraacuterio recombinar as evidecircncias tendo em vista proposiccedilotildees

iniciais de um estudordquo

Martins amp Theoacutephilo (2009 p69) relatam que ldquo natildeo haacute um roteiro para se analisar

os resultados de um estudo desta naturezacada caso eacute um casordquo

As proposiccedilotildees teoacutericas que

ldquo refletem o conjunto de questotildees da pesquisa as revisotildees feitas na

literatura sobre o assunto e as novas interpretaccedilotildees que possam surgirrdquo

constituem uma boa estrateacutegia a ser seguida na anaacutelise de dados permitindo a

produccedilatildeo de ldquoconclusotildees analiacuteticas irrefutaacuteveis e eliminar interpretaccedilotildees

alternativasrdquo (Yin 2001 p 129)

Os resultados foram analisados com base comparativa na literatura salientando as

evidecircncias relevantes que devem ser todas as encontradas Em relaccedilatildeo agrave aacuterea fiacutesica deveratildeo

ser considerados os itens que estatildeo ou natildeo em conformidade com a legislaccedilatildeo vigente

35 Aspectos Eacuteticos da Pesquisa

O projeto foi submetido agrave aprovaccedilatildeo da Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de

Pesquisa (CAPPESQ) da instituiccedilatildeo com parecer de aprovaccedilatildeo nordm 940006 de 27 de janeiro de

2015

Como o estudo natildeo envolveu nenhum tipo de abordagem a pacientes ou profissionais

natildeo se aplica a exigecircncia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) exigido

35

em toda pesquisa em que estejam envolvidos indiviacuteduos grupos ou seus representantes legais

que devem manifestar a sua anuecircncia em participar da pesquisa (Resoluccedilatildeo Nordm 466 2012)

36

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para se apurar o contexto de um incidente as informaccedilotildees devem abranger quatro classes

as caracteriacutesticas dos doentes as caracteriacutesticas do incidente os fatoresperigos contribuintes

e as consequecircncias organizacionais decorrentes da ocorrecircncia Entre as caracteriacutesticas dos

doentes estatildeo os dados demograacuteficos as relacionadas ao incidente satildeo aquelas que informam

as circunstacircncias em que o incidente ocorreu (como onde e quando) os fatores contribuintes

satildeo as circunstacircncias accedilotildees ou influecircncias que podem ter contribuiacutedo para a origem

desenvolvimento ou aumento do risco de um incidente e por fim as consequecircncias

organizacionais dizem do impacto do incidente sobre a organizaccedilatildeo tais como aumento da

utilizaccedilatildeo de recursos para prestar cuidados adicionais ao doente repercussotildees negativas

veiculadas pela comunicaccedilatildeo social consequecircncias legais devidas a resultados cliacutenicos ou

terapecircuticos negativos para o doente (OMS 2011)

Foram avaliadas notificaccedilotildees de 922 incidentes ocorridos de janeiro a junho de 2014 dos

quais 205 foram quedas (2223)

Com base nestes conceitos foi feita anaacutelise estatiacutestica descritiva na distribuiccedilatildeo de

frequecircncia dos dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo referido conforme

apresentado na Tabela 2

Os dados da pesquisa apontaram que em 205 quedas ocorridas entre janeiro e junho

de 2014 a idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 5663 anos sendo que natildeo

houve diferenccedila entre homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a

ocorrecircncia da queda foi de 14 dias Ao contraacuterio de outros estudos a idade meacutedia eacute inferior a

60 anos bem como o tempo meacutedio de ocorrecircncia que foi maior Como visto no estudo

realizado por Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006 com pacientes

hospitalizados a idade meacutedia foi de 673 anos e o tempo meacutedio de internaccedilatildeo ateacute a ocorrecircncia

foi de 119 dias Outras pesquisas trazem a prevalecircncia de quedas na faixa etaacuteria de 60 anos

ou mais (Costa Monteiro Memesath amp Almeida 2011 Paiva et al 2010 Correa et al 2012

Abreu et al 2012 e Inoue Matsuda Melo Murassaki amp Hayakawa 2011)

Nesta pesquisa houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo

noturno (50) Em relaccedilatildeo agrave prevalecircncia no sexo masculino este resultado vai ao encontro

dos apresentados por Paiva et al 2010 Costa et al 2011 Carneiro et al 2011e Inoue et al

2011) O turno noturno tambeacutem foi mais frequente nas pesquisas de Paiva et al 2010 (637)

e de Correa et al 2012 (413)

37

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo de janeiro

a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

N = 205

Caracteriacutesticas Meacutedia n

idade (meacutedia) 5663

dias de internaccedilatildeo (meacutedia) 1402

Sexo

Feminino

83 41

Masculino

122 59

Turno

Manhatilde

54 26

Tarde

42 21

Noturno

103 50

natildeo informado

6 3

Local

Banheiro

50 24

Quarto

89 43

corredor

13 6

saguatildeo do PS

6 3

SECSEM do PS

3 1

locais de exame

7 4

outros

8 5

natildeo informado

29 14

Altura

cadeiracadeira de rodaspoltrona

20 10

camaleitomaca

48 23

mesa ciruacutergicaexame

2 1

proacutepria altura

108 53

outros

1 05

natildeo presenciado

1 05

natildeo informado

25 12

Dano

Sim

61 30

Natildeo

122 59

natildeo informado 22 11

Fonte Resultados da pesquisa

Quanto ao local da queda 43 ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando

67 de ocorrecircncias no ambiente destinado agrave acomodaccedilatildeo do paciente durante a internaccedilatildeo O

quarto tambeacutem foi o local mais frequente de quedas nos estudos de Correa et al 2011 e

Abreu et al 2012 o que poderia ser explicado pelo fato de ser onde os pacientes permanecem

mais tempo

38

Em 53 dos incidentes a queda ocorreu da proacutepria altura 23 da cama leito ou

maca 12 dos casos a altura natildeo foi informada 10 da cadeira poltrona cadeira de rodas

1 da mesa ciruacutergicaexames e em 2 a queda natildeo foi presenciada ou outros

Das 205 quedas notificadas 122 (59) natildeo resultaram em danos constatados ou

referidos pelo paciente Em 62 eventos (30 ) ocorreu algum tipo de dano e em 21 casos

(11) esta informaccedilatildeo natildeo constava das notificaccedilotildees Entre os danos as mais frequentes

foram escoriaccedilotildees (43) seguida de ferimentos corto contusoslesotildees (21) sendo que em

dois casos foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de sutura Em 36 dos casos as lesotildees foram reunidas

em um grupo denominado ldquooutrosrdquo variando de dor referida pelo paciente agrave perda de

consciecircncia em duas ocorrecircncias fratura oacutessea em um caso hematoma subgaleal e deiscecircncia

de ferida operatoacuteria em outras duas situaccedilotildees

Em 164 ocorrecircncias (79) natildeo foram solicitados exames complementares ou natildeo foi

registrada na ficha de notificaccedilatildeo poreacutem em 42 (21) eles foram necessaacuterios Os mais

frequentes foram as tomografias computadorizadas (n= 24 57) solicitaccedilatildeo de RX foram 10

(24) e em dois casos foram necessaacuterios RX e tomografia computadorizada (5) e outros

tipos de exames somaram 6 casos (14)

As seis unidades de internaccedilatildeo onde ocorreu maior frequecircncia de quedas foram

Cliacutenica Meacutedica (10) Retaguarda do Pronto Socorro (8) Transplante Renal (7)

Nefrologia (6) Moleacutestia Infecciosas e Cirurgia Vascular (5 cada uma) A maior

porcentagem de quedas ocorreu nas aacutereas de Pronto Socorro (saguatildeo salas de emergecircncia

observaccedilatildeo e cuidados intensivos) somando 21 poreacutem natildeo constitui foacuterum deste estudo

que se restringiu agraves unidades de internaccedilatildeo Os restantes 38 ficaram distribuiacutedos em outras

18 unidades

A Tabela 3 traz a distribuiccedilatildeo dos locais de ocorrecircncia onde as quedas foram mais

frequentes considerando quarto e banheiro que somam os maiores valores

39

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde predominaram os

eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

Unidade local Quarto Banheiro Outros

Cliacutenica Meacutedica 30 55 15

Retaguarda do PS 18 52 30

Cirurgia Vascular 70 0 30

Unidade de

Transplante Renal44 21 25

Nefrologia 36 27 27

Moleacutestias

Infecciosas60 10 30

Fonte Resultados da Pesquisa

Observa-se que a frequecircncia de quedas foi significativamente maior no quarto nas

unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias Infecciosas onde haacute maior nuacutemero de pacientes

restritos ao leito seja pelas alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora na primeira e pela gravidade na

segunda

Considerando que a ocorrecircncia de quedas foi de 205 casos em seis meses podemos

considerar este evento como frequente de gravidade moderada (30 resultaram em dano aos

pacientes) e de alta detecccedilatildeo

A Tabela 4 apresenta a distribuiccedilatildeo das unidades visitadas e o atendimento aos

quesitos do formulaacuterio utilizado para registro dos dados levantados com base nas

recomendaccedilotildees de adequaccedilatildeo do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a

perspectiva da seguranccedila e avaliaccedilatildeo de riscos

Na unidade de Cliacutenica Meacutedica onde ocorreu o maior nuacutemero de quedas (10 de

todas as quedas notificadas) entre as aacutereas selecionadas dos 17 quesitos diretamente

relacionados a quedas do roteiro de inspeccedilatildeo elaborado (excluindo-se os itens referentes agraves

pias) natildeo foram atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em todos

os quartos mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os quartos e iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos A unidade de Retaguarda do Pronto Socorro (8 das quedas) teve os

seguintes quesitos natildeo atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em

todos os quartos iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e mobiliaacuterios com rodiacutezios e

travas em todos os quartos Por sua vez as unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias

Infecciosas onde ocorram 5 das quedas em cada uma delas tiveram 9 e 8 quesitos natildeo

atendidos respectivamente As unidades de Nefrologia (6 das quedas) e Transplante Renal

(7 das quedas) tambeacutem tiveram 9 itens natildeo atendidos Estes resultados alertam para

intervenccedilatildeo nestas aacutereas pois estatildeo em risco de novas e mais frequentes ocorrecircncias

40

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades visitadas

2014 Satildeo Paulo Brasil

Embora os sistemas de chamada de enfermagem estivessem presentes em todas as

unidades em todas elas havia vaacuterios dispositivos que natildeo funcionavam Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

UnidadeMoleacutestias

Infecciosas

Retaguarda

do Pronto

Socorro

Cliacutenica

MeacutedicaNefrologia

Transplant

e Renal

Cirurgia

Vascular

Quesito atende natildeo atende

Dimensotildees miacutenimas por

quartoleitoatende atende atende atende atende atende 100

Banheiro exclusivo para

cada quartoatende atende atende atende atende atende 100

Barras de apoio no box em

todos os banheirosatende atende atende atende natildeo atende atende 83 17

Barras de apoio proacuteximas ao

vaso sanitaacuterioatende atende atende atende atende atende 100

Pia agrave entrada do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Pia dentro do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Sistema de chamada de

enfermagematende atende atende atende atende atende 100

Interruptor de luz acessiacutevel natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso em perfeitas condiccedilotildees

em todos os quartosatende natildeo atende natildeo atende atende atende natildeo atende 50 50

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em

todos os leitos atende natildeo atende atende

presente mas

faltam

lacircmpadas

natildeo atende natildeo atende 33 67

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente mas

natildeo funcionanatildeo atende

presente

mas natildeo

funciona

84 16

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os

quartos

atende atende atende natildeo atende atende atende 84 16

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem atende atende atende atende atende natildeo atende 84 16

Camas com grades em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas comtravas em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas eleacutetricas em todos os

leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Escada de 2 degraus

presente em todos os leitos

e com ponteira de borracha

natildeo atendenatildeo se

aplica

natildeo se

aplicanatildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Mobilaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartosnatildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

atende atende atende atende atende atende 100

41

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia estivesse presente em todas

elas natildeo funcionava

Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os

quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado a ocorrecircncia

de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados)

Os itens seguintes natildeo satildeo atendidos na maioria das unidades (67 cada) camas com

grades em todos os leitos camas com travas em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os

leitos e escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Os

quesitos alertam quanto ao fato de que 23 de todas as quedas notificadas ocorreram da cama

ou leito camas hospitalares altas sem ajuste de altura pois natildeo satildeo eleacutetricas sem travas e

sem escadas para auxiliar a saiacuteda do leito

A RDC nordm 50 (p44 ANEXO 1) recomenda que os quartos tenham dimensotildees miacutenimas

por leito (6 msup2) distacircncia entre os leitos (1 m) distacircncia entre peacute do leito e parede (12 m) e

entre leitos (05 m) Embora estabeleccedila que na pediatria e na geriatria devam ser previstos

espaccedilos para poltrona de acompanhante ao lado do leito e para berccedilo ao lado da cama da matildee

no caso de alojamento conjunto considera que as metragens quadradas permaneccedilam as

mesmas citadas na tabela

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (Vigilacircncia Sanitaacuteria) investiga se os

dormitoacuterios obedecem aos padrotildees estabelecidos pela legislaccedilatildeo vigente se haacute distacircncia

miacutenima entre dois leitos que permita a faacutecil circulaccedilatildeo sendo as respostas para estas questotildees

sim ou natildeo natildeo especificando dimensotildees

Considerando as recomendaccedilotildees da RDC nordm 50 as unidades estudadas atendem os

requisitos de dimensotildees miacutenimas para os quartos de 2 4 e 6 leitos Entretanto a referida RDC

natildeo considera o espaccedilo para a colocaccedilatildeo de outros mobiliaacuterios necessaacuterios ao atendimento e

conforto do paciente como mesa de cabeceira mesa de refeiccedilatildeo e poltrona para

posicionamento de pacientes Ao se dispor todos estes itens mesmo o ambiente atendendo as

recomendaccedilotildees de dimensotildees miacutenimas o espaccedilo torna-se reduzido dificultando a circulaccedilatildeo

de pacientes e profissionais sem esbarrarem nos mobiliaacuterios o que pode prejudicar seu

equiliacutebrio e propiciar a ocorrecircncia de quedas

As Figuras 8 e 9 trazem imagens da distribuiccedilatildeo tiacutepica dos mobiliaacuterios nos ambientes

de internaccedilatildeo das unidades estudadas que literalmente se acumulam deixando reduzido

espaccedilo para circulaccedilatildeo e natildeo atendendo agrave recomendaccedilatildeo de distacircncia entre o leito e a parede

42

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de

cabeceira e suporte de soro contiacuteguos

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

Quanto agraves instalaccedilotildees sanitaacuterias questionam se estatildeo no mesmo pavimento das

enfermarias e se haacute um chuveiro para cada seis leitos O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospital

Geral da Coordenaccedilatildeo de Fiscalizaccedilatildeo Sanitaacuteria do Estado do Rio de Janeiro quanto a

banheiro para pacientes fala de um para cada quarto ou enfermaria que deve ter acesso direto

a um banheiro podendo este servir no maacuteximo a 2 enfermarias Nem um dos dois roteiros de

vistoria acata a RDC nordm 50 (2002) que prevecirc banheiro para pacientes em cada quarto ou

enfermaria Novamente natildeo se estabelece dimensotildees

43

Para as unidades estudadas todos os quartos contam com banheiro privativo

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (ANEXO 2) indaga se os chuveiros estatildeo

instalados em box com dimensotildees internas compatiacuteveis com banho em posiccedilatildeo assentada e

dotados de aacutegua quente

Tais requisitos natildeo parecem suficientes pois como se observa na Figura 10 abaixo a

cadeira higiecircnica eacute robusta e ocupa praticamente todo o espaccedilo do box impossibilitando a

permanecircncia do profissional acompanhando ou executando a higienizaccedilatildeo do paciente Aleacutem

disso natildeo haacute cinto de seguranccedila que impeccedila o arremesso do tronco para frente

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box

As Figuras 11 e 12 exibem os mobiliaacuterios habituais disponibilizados para o

atendimento dos pacientes A mesa de refeiccedilatildeo tem apenas dois rodiacutezios e sem trava A mesa

de cabeceira embora com peacutes fixos eacute de metal e com cantos pontiagudos que ao se chocarem

com o corpo do paciente podem provocar ferimentos

44

A figura 13 mostra a presenccedila das barras de apoio proacuteximas dispostas nas laterais do

vaso sanitaacuterio permitindo o alcance do paciente caso seja necessaacuterio

Durante o transcorrer do estudo uma medida de melhoria implementada foi a

substituiccedilatildeo de todas as camas por eleacutetricas em duas das unidades aumentando para de 33

para 50 as aacutereas que atendem este quesito

Quatro outras unidades do hospital jaacute passaram por reformas planejadas pela

arquitetura hospitalar com adequaccedilatildeo do nuacutemero de leitos ao espaccedilo disponiacutevel piso

iluminaccedilatildeo sistema de chamada de emergecircncia e de enfermagem barras de apoio e assentos

fixos nos banheiros

Para as aacutereas estudadas apenas uma delas jaacute possui projeto para reforma

Figura 11 Mesa de refeiccedilatildeo Figura 12 Mesa de cabeceira

45

Figura 11 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio

dispostas proacuteximas nas laterais

46

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA

Este estudo teve como principal objetivo avaliar a estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo de um hospital puacuteblico buscando analisar se as mesmas cumpriam a legislaccedilatildeo

vigente visto que na literatura como pode-se observar durante esta dissertaccedilatildeo existem alguns

pontos essenciais para garantir a seguranccedila do paciente no que se refere ao risco de queda

Pode-se entender que a gestatildeo do risco de queda de pacientes internados dentre vaacuterios

fatores deve existir a preocupaccedilatildeo com a estrutura fiacutesica do ambiente hospitalar

A principal contribuiccedilatildeo praacutetica deste estudo foi apresentar essa relaccedilatildeo do risco de queda

pela estrutura fiacutesica hospitalar das unidades de internaccedilatildeo estudadas e propondo a inclusatildeo

nos protocolos de gestatildeo de queda dos pacientes internados dos hospitais o item de anaacutelise de

estrutura fiacutesica

Para fidelizar essa proposta criamos um instrumento de apoio para todos os hospitais

sejam puacuteblicos ou privados utilizarem facilitando a identificaccedilatildeo de possiacuteveis natildeo

conformidades neste quesito arquitetura hospitalar

Deixa-se aqui uma sugestatildeo embasada na literatura cientiacutefica e legislaccedilatildeo vigente dos

itens relacionados a estrutura fiacutesica que devem ser avaliados como fatores de risco de queda

(Figura 14)

Esta proposta busca nortear os gestores quanto agraves necessidades de incluir a gestatildeo do

risco de queda no planejamento de construccedilotildees e reformas de edificaccedilotildees destinadas a

prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no acircmbito hospitalar

Os profissionais de arquitetura e engenharia hospitalar devem ter conhecimento dos

mobiliaacuterios pretendidos para acomodaccedilatildeo e atendimento do paciente considerando suas

proporccedilotildees em relaccedilatildeo aos ambientes e o espaccedilo ocupado por cada peccedila computado no

caacutelculo das dimensotildees dos quartos por leito

Eacute necessaacuteria a constataccedilatildeo da presenccedila e funcionalidade de dispositivos de seguranccedila

como as grades travas e regulaccedilatildeo de altura das camas ou escadas que propiciem a saiacuteda

segura do leito

A iluminaccedilatildeo deveraacute ser avaliada quanto agrave presenccedila tipo funcionamento e

efetividade Dispositivos como interruptores de acionamento de iluminaccedilatildeo e sistemas de

chamada devem estar instalados de modo a propiciar o alcance do usuaacuterio

Outra questatildeo a ser considerada eacute a circulaccedilatildeo segura no ambiente de internaccedilatildeo

garantida pela integridade do piso e se eacute mantido seco ausecircncia de obstaacuteculos como cabos e

extensotildees nos quais o paciente possa tropeccedilar e perder o equiliacutebrio

47

Figura 12 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar

Itens para inspeccedilatildeo Recomendaccedilatildeo

dimensotildees miacutenimas por leitomobiliaacuterio 800 msup2

distacircncia entre leitos 100 m

distacircncia entrte a lateral do leito e parede 050 m

distacircncia entre o peacute do leito e parede 120 m

espaccedilo aproximado reservado para cama hospitalar 220 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de cabeceira 125 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de refeiccedilatildeo 032 msup2

espaccedilo aproximado reservado para poltrona 180 msup2

iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e funcionando

banheiro exclusivo para cada quarto

dimensotildees miacutenimas do box do banheiro 100 msup2

Barras de apoio no box em todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas a todos os vasos sanitaacuterios em todos os banheiros

Sistema de chamada de Enfermagem para cada leito e funcionando

Interruptor de luz acessiacutevel para cada leito e ao alcance do paciente

Piso em perfeitas condiccedilotildees em todos os quartos integridade do material que o constitui

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e funcionando com

acionador ao alcance do paciente

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos e funcionando

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem

acima das portas de cada quarto com sinal

luminoso e sonoro

Cama com grades em todos os leitos

Camas com travas nas rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas ou com ajuste de altura em todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em todos os leitos

Piso seco continuamente Fonte Autor

48

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES

O objetivo geral deste estudo foi avaliar a estrutura fiacutesica das unidades de internaccedilatildeo

de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital de grande porte e a sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

A RDC nordm 50 traz como recomendaccedilatildeo de dimensotildees miacutenimas para quarto de dois

leitos 7 msup2leito e 6msup2leito para quartos de 3 a 6 leitos Nas unidades estudadas predominam

os quartos de 24 e 6 leitos A distacircncia miacutenima entre leitos deve ser de 1m da lateral da cama

e parede 050m e entre o peacute do leito e parede 12m Em relaccedilatildeo agraves dimensotildees miacutenimas dos

quartos proporcional ao nuacutemero de leitos 100 das unidades estatildeo em conformidade com a

legislaccedilatildeo

Outros fatores relacionados agrave seguranccedila e prevenccedilatildeo de quedas satildeo os sistemas de

iluminaccedilatildeo que aleacutem de presentes devem funcionar e os valores de iluminacircncia serem

adequados para os diferentes objetivos conforme Norma Brasileira (NBR) 541392 Os

sistemas de chamada de enfermagem devem ter ser dispositivos iacutentegros e ao alcance do

paciente

A escolha do tipo de piso deve considerar a relaccedilatildeo do dano causado pela queda com

relaccedilatildeo agrave absorccedilatildeo do impacto poreacutem natildeo eacute item previsto pela legislaccedilatildeo vigente A

manutenccedilatildeo do piso seco eacute medida recomendada

A presenccedila de grades travas e altura das camas mostram-se como fatores de impacto

na reduccedilatildeo destes incidentes evidenciados em publicaccedilotildees especiacuteficas

Quanto ao objetivo especiacutefico da pesquisa identificaccedilatildeo das medidas de seguranccedila

existentes para prevenccedilatildeo de quedas concluiu-se que embora as dimensotildees estejam em

conformidade com as recomendaccedilotildees ao considerarmos os mobiliaacuterios que habitualmente

compotildeem a unidade do paciente temos a cama com dimensotildees aproximadas de 225 m de

comprimento e 100 de largura a mesa de cabeceira em meacutedia com 050 m de largura por

050m de comprimento mesa de refeiccedilatildeo com base de 040m de largura X 080m de

comprimento poltrona reclinaacutevel medindo 077m de largura por 165m de profundidade total

aberta A disposiccedilatildeo ambiental destes objetos ocupa aproximadamente 5 27 msup2 de aacuterea

restando somente 073m da aacuterea total do quarto disponiacutevel para circulaccedilatildeo do profissional que

presta cuidados aos pacientes De modo geral os quartos da instituiccedilatildeo possuem aacuterea em

torno de 14msup2 para dois leitos O comprimento da cama (225 m) acrescido da largura da

mesa de refeiccedilatildeo (040m situada aos peacutes da cama) somando 265 m eacute disposto na largura do

quarto (333m) restando 068 m do peacute do leito ateacute a parede (recomendado eacute de 120m) e

49

passagem No sentido do comprimento do quarto soma-se as larguras da cama (100 m) da

mesa de cabeceira (050 m) da poltrona (077 m) e a distacircncia da lateral do leito ateacute a parede

(050 m) distacircncia entre os leitos de 100 m resultando em 377 m do total de 418 m Se

outros itens forem necessaacuterios como escada de dois degraus quando natildeo haacute cama eleacutetrica

suporte de soro e cadeira para visitante haacute maior restriccedilatildeo de espaccedilo disponiacutevel propiciando

choques do usuaacuterio e profissionais contra suas estruturas

Outros quesitos em conformidade em 100 das unidades foram banheiros exclusivos

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistema de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo

O banheiro privativo possui dimensotildees em torno de 375 msup2 e a aacuterea destinada ao box

027 msup2 contudo cadeira higiecircnica ocupa cerca 025msup2 natildeo restando espaccedilo para que o

colaborador permaneccedila ao lado do paciente

Barras de apoio no box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os

quartos iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo

itens atendidos na maioria das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia

estivesse presente em todas elas natildeo funcionava em nenhum quarto A sinalizaccedilatildeo de

enfermagem funcionava em todos os quartos mas requer o pronto atendimento agraves chamadas

Em contrapartida os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades Ao sair do leito com as

luzes apagadas por natildeo conseguir acessar o interruptor o paciente fica sujeito aos obstaacuteculos

ocultos pela escuridatildeo Na vigecircncia de instabilidade da marcha eou alteraccedilotildees de equiliacutebrio o

apoio em moacuteveis com rodiacutezio e sem travas podem propiciar a concretizaccedilatildeo da queda

As camas eram de acionamento mecacircnico em quatro das seis unidades

impossibilitando o ajuste de altura e o apoio dos peacutes do paciente no chatildeo ao sair do leito As

escadas de dois degraus quando disponiacuteveis natildeo possuem barras laterais para apoio e natildeo

apresentam ponteiras de borracha proporcionando situaccedilatildeo de instabilidade A falta de cama

com grades em todos os leitos submete o paciente ao risco de queda do leito em inadvertidas

situaccedilotildees de rolamento sobre o colchatildeo durante o sono e em camas de altura muito superior a

que estatildeo habituados em seus domiciacutelios

Accedilotildees implementadas como a substituiccedilatildeo de camas mecacircnicas por eleacutetricas que

permitem o ajuste de altura providenciam uma soluccedilatildeo para a saiacuteda segura do paciente do

leito

50

A composiccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo deve ser considerada apenas

informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as organizaccedilotildees hospitalares utilizam os

espaccedilos disponiacuteveis A robustez de peccedilas de mobiliaacuterio compromete a circulaccedilatildeo o que pode

ser determinante especialmente em situaccedilotildees de atendimento de emergecircncia Tais

consideraccedilotildees apontam a necessidade de descritivos e especificaccedilotildees teacutecnicas que atendam

estas exigecircncias

Os resultados obtidos sugerem que a estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de

influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas desde que outros fatores ambientais

sejam considerados respondendo a questatildeo de pesquisa

Pesquisas adicionais satildeo necessaacuterias para que as recomendaccedilotildees sejam validadas em

organizaccedilotildees de sauacutede e populaccedilatildeo de caracteriacutesticas semelhantes permitindo aos gestores

intervenccedilotildees relacionadas agrave estrutura fiacutesica e ambiente que sejam eficazes na prevenccedilatildeo de

quedas

61 Limitaccedilotildees da Pesquisa

A abordagem qualitativa utilizando dados subjetivos podem levar a diversidade e

imprecisatildeo aleacutem da questatildeo da incerteza da exatidatildeo dos dados registrados nas notificaccedilotildees

dos eventos adversos (Valle 2013)

O observador pode ter criado impressotildees favoraacuteveis ou desfavoraacuteveis sobre o objeto

estudado (Mello amp Turrioni 2007)

O excesso de confianccedila do pesquisador e a certeza com relaccedilatildeo aos dados podem levar

agrave falta de observaccedilatildeo de aspectos diferentes sob enfoques diferentes aleacutem do seu

envolvimento com a situaccedilatildeo pesquisada Considera-se ainda como limitaccedilatildeo o fato do

estudo se ater a apenas um hospital e a escolha de amostra de conveniecircncia

Constituiu limitaccedilatildeo assumida desconsiderar para fins de anaacutelise neste estudo outros

fatores de risco de queda associados a uso de medicamentos alteraccedilotildees de mobilidade e

marcha uso de dispositivos e estado mental

51

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56

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA

Unidades

Recomendaccedilatildeo A B C D E F G H I J

Dimensotildees quarto 1 leito

Dimensotildees quarto 2 leitos

Dimensotildees quarto 3 leitos

Dimensotildees quarto 4 leitos

Dimensotildees quarto 5 leitos

Dimensotildees quarto 6 leitos

Banheiro exclusivo para

cada quarto

Barras de apoio no box em

todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas

a todos os vasos sanitaacuterios

Pia agrave entrada do quarto

Pia dentro do quarto

Sistema de chamada de

Enfermagem

Interruptor de luz

acessiacutevel

Piso em perfeitas

condiccedilotildees em todos os

quartos

Iluminaccedilatildeo de cabeceira

em todos os leitos

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

Sinalizaccedilatildeo de

enfermagem

Cama com grades em

todos os leitos

Camas com travas nas

rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas em todos

os leitos

Escada de 2 degraus

presente e com borracha

nas extremidades em

todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em

todos os quartos

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

57

ANEXO 1

58

59

ANEXO 2

Page 11: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FÍSICA DAS …

1

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

AHRQ Agency for Healthcare Research and Quality

CAPPesq Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de Pesquisa

COSO Committee of Sponsoring Organizations

CRM Clinical Risk Management

EA Eventos Adversos

EAS Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede

ERM Enterprise Risk Management

FERMA Federation of European Risk Management Associations

FMEA Failure Modes and Effects Analysis

GM Gabinete do Ministro

HFMEA Healthcare Failure Modes and Effects Analysis

IS Sinalizaccedilatildeo de Enfermagem

ISO International Organization for Standardization

JCAHO Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations

MS Ministeacuterio da Sauacutede

NAPSA National Patient Safety Agency

NBR Normas Brasileiras

NCPS National Center for Patient Safety

NHS National Health Service

OMS Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede

RC Responsabilidade Civil

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

RNAO Registered Nurses Association of Ontario

RPN Risk Prority Number (Nuacutemero de Prioridade de Risco)

SIH Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VHA Veretans Health Administrtion

VISA Vigilacircncia Sanitaacuteria

2

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos 22

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA 24

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA 24

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS 26

Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000) 28

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa 29

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo 33

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de 42

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

42

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box 43

Figura 13 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio dispostas proacuteximas nas laterais 45

Figura 14 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar 47

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um Hospital

Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil 8

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no

periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 37

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde

predominaram os eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 39

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades

visitadas 2014 Satildeo Paulo Brasil 40

3

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Contextualizaccedilatildeo

O homem como indiviacuteduo ou como parte de organizaccedilotildees sempre esteve agrave procura de

formas de identificar os riscos que ameaccedilam sua existecircncia Nas sociedades primitivas de

cultura agraacuteria a produccedilatildeo atendia apenas suas necessidades imediatas logo a perda de uma

colheita significava desastre certo Organizadas como economias industriais sociedades e

indiviacuteduos seguem tentando compreender e antecipar os riscos que os ameaccedilam procurando

preservar seus bens valiosos (McCaffrey amp Hagg-Rckert 2009)

Risco eacute definido como o efeito da incerteza nos objetivos da organizaccedilatildeo sendo o

efeito um desvio em relaccedilatildeo ao esperado seja ele positivo ou negativo A incerteza eacute ldquoo

estado mesmo que parcial da deficiecircncia das informaccedilotildees relacionadas a um evento sua

compreensatildeo conhecimento sua consequecircncia e a probabilidade de ocorrecircncia associadardquo

(ABNT 2009)

A gestatildeo de risco eacute uma forma de reconhecer que os eventos podem levar a danos e

prevecirc a avaliaccedilatildeo e anaacutelise dos riscos de forma a minimizar sua ocorrecircncia e consequecircncias

Considerar um risco toleraacutevel natildeo significa aceita-lo mas conviver com ele confiando que

estaacute devidamente controlado Nenhuma pessoa deve ser exposta a risco grave a menos que

concorde em aceitaacute-lo (National Health Service - NHS 2008)

A gestatildeo de risco prevecirc a realizaccedilatildeo de ldquoatividades coordenadas para dirigir e controlar

uma organizaccedilatildeo no que se refere ao risco (ABNT 2009)

O Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission COSO

2007 (Comitecirc de Organizaccedilotildees Patrocinadoras do Comeacutercio) eacute uma iniciativa conjunta de

cinco organizaccedilotildees do setor privado e eacute dedicado a fornecer lideranccedila de pensamento atraveacutes

do desenvolvimento de quadros e orientaccedilatildeo sobre gerenciamento de riscos corporativos

controles internos e de dissuasatildeo de fraude As organizaccedilotildees reconhecem e direcionam seus

esforccedilos para a necessidade de se desenvolver uma estrateacutegia capaz de identificar avaliar e

administrar os riscos Nesta perspectiva o gerenciamento de riscos corporativos eacute definido

como um processo conduzido pela organizaccedilatildeo envolvendo o conselho administrativo

diretoria e demais empregados com o objetivo de estabelecer estrateacutegias para identificar

eventos em potencial que podem afetaacute-la administrando os riscos e possibilitando o alcance

de seus objetivos O evento eacute um incidente ou uma ocorrecircncia de causa interna ou externa

4

que pode afetar a realizaccedilatildeo dos objetivos da organizaccedilatildeo O risco eacute a possibilidade de um

evento ocorrer e afetar negativamente a realizaccedilatildeo destes objetivos

A administraccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo natildeo pode prever quando e como ocorreraacute um

evento e o impacto que causaraacute entretanto deve ser capaz de avaliar os riscos de sua

ocorrecircncia Os eventos podem estar relacionados a infraestrutura (disponibilidade de bens

acesso ao capital complexidade) a pessoal (capacidade dos empregados sauacutede e seguranccedila

atividades fraudulentas) a processos (capacidade desenho execuccedilatildeo) ou agrave tecnologia

(integridade de dados disponibilidade de dados e sistemas desenvolvimento alocaccedilatildeo

manutenccedilatildeo) (COSO 2007)

Apoacutes a avaliaccedilatildeo dos riscos pertinentes agraves atividades desenvolvidas eacute necessaacuterio

determinar como a organizaccedilatildeo responderaacute ao risco avaliando seu efeito e impacto custos e

benefiacutecios mantendo-se dentro da toleracircncia estabelecida As respostas da organizaccedilatildeo aos

riscos podem ser de evitaacute-los decidindo descontinuar as atividades que geram riscos A

posiccedilatildeo da organizaccedilatildeo pode ser de reduzir a probabilidade e impacto dos riscos ou ainda de

compartilhamento de uma parte do risco com a aquisiccedilatildeo de produtos de seguro a realizaccedilatildeo

de transaccedilotildees de heading ou a terceirizaccedilatildeo de uma atividade A resposta da organizaccedilatildeo pode

ser aceitaccedilatildeo do risco natildeo adotando nenhuma medida para afetar o grau de impacto dos riscos

(COSO 2007)

O ponto central de uma boa gestatildeo de riscos eacute a identificaccedilatildeo e tratamento dos

mesmos Todos os riscos inerentes agraves atividades da organizaccedilatildeo devem ser metodicamente

avaliados Os riscos podem ter origem em fatores internos e externos riscos financeiros

(creacutedito taxas de juros diferenccedilas cambiais fluxo de caixa e liquidez sistemas de controle

financeiros e sistemas de informaccedilatildeo) riscos estrateacutegicos (concorrecircncia alteraccedilotildees no

consumo alteraccedilotildees da atividade de procura investigaccedilatildeo amp desenvolvimento e capital

intelectual) riscos operacionais (recrutamento cadeia de abastecimento regulamentaccedilotildees

cultura composiccedilatildeo da gestatildeo do topo da organizaccedilatildeo) e perigos (acesso puacuteblico

empregados propriedade bens e serviccedilos contratos eventos naturais fornecedores meio

ambiente (Federation of European Risk Management Associations [FERMA] 2002)

Como os eventos satildeo inesperados as organizaccedilotildees devem implementar accedilotildees para a

reduccedilatildeo do risco gerindo ou controlando qualquer dano futuro ou probabilidade de dano

associado a um incidente Estas accedilotildees abrangem a detecccedilatildeo de fatores atenuantes do dano ou

accedilotildees de melhoria e podem ser proativas ou reativas Accedilotildees proativas podem ser teacutecnicas

como a anaacutelise de modos e efeitos de falha e anaacutelise de probabilidades de risco As ldquoaccedilotildees

5

reativas satildeo as desenvolvidas em resposta a conhecimentos adquiridos apoacutes a ocorrecircncia de

incidentes (por exemplo anaacutelise das causas)rdquo (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede [OMS] 2009)

O termo ldquocultura de seguranccedilardquo apareceu pela primeira vez apoacutes o acidente nuclear de

Chernobyl em 1988 e foi disseminado a vaacuterias induacutestrias com o intuito de melhorar a

seguranccedila e a confiabilidade das organizaccedilotildees Entretanto a extrapolaccedilatildeo para a sauacutede eacute

recente e ainda natildeo haacute consenso nos estudos sobre a forma como a seguranccedila do paciente

deve ser construiacuteda O primeiro passo para as organizaccedilotildees de sauacutede melhorarem a cultura de

seguranccedila eacute definir claramente o conceito fazendo diagnoacutestico do status atual em sua

empresa identificando pontos fortes e fracos para melhores informaccedilotildees e estrateacutegias de accedilatildeo

(Halligan amp Zecevic 2011)

Os hospitais como organizaccedilotildees de alto risco tecircm uma permanente preocupaccedilatildeo em

gerenciar o inesperado A medicina moderna tornou o atendimento cada vez mais complexo

resultando em maiores oportunidades para melhoria dos cuidados mas aumentando o risco de

eventos adversos e danos ao paciente (Briner Kessler amp Manser 2010)

O Processo de Gestatildeo de Risco incorporou-se ao setor da sauacutede nos Estados Unidos haacute

cerca de 30 anos com o objetivo de proteger as organizaccedilotildees de sauacutede contra as perdas

inicialmente atraveacutes da ldquocontrataccedilatildeo de seguros de responsabilidade civil para cobrir

consequecircncias econocircmicas das accedilotildees e processos por maacute praacuteticardquo movidas contra

profissionais eou hospitais Entretanto atualmente a Gestatildeo de risco tornou-se um programa

que visa agrave construccedilatildeo de normas preventivas corretivas e contingentes identificando

mapeando e monitorando os riscos ldquocom foco no processo de trabalho e na contiacutenua reduccedilatildeo

dos danos e perdasrdquo (Feldman 2009a p27 28)

Como os riscos associados agrave assistecircncia natildeo podem ser completamente eliminados o

conceito de Gestatildeo de Risco Cliacutenico (Clinical Risk Management - CRM) surgiu como uma

forma de direcionar os recursos hospitalares para melhorar a seguranccedila do paciente A Gestatildeo

de Risco Cliacutenico refere-se a uma forma especiacutefica de gestatildeo de risco com foco em processos

cliacutenicos direta e indiretamente relacionados ao paciente Compreende todas as estruturas

processos instrumentos e atividades que permitam aos profissionais identificar analisar

controlar e gerenciar os riscos ao fornecer tratamento cliacutenico e assistecircncia ao paciente Os

hospitais realizam uma variedade de atividades para promover a seguranccedila do paciente mas

natildeo o fazem de forma sistemaacutetica como gerenciamento de risco cliacutenico com o objetivo de

alcanccedilar a melhora dos serviccedilos e dos atendimentos meacutedicos (Briner Kessler amp Manser

2010)

6

As falhas satildeo a maior ameaccedila agrave seguranccedila dos pacientes pois os profissionais

automatizam comportamentos e os erros acontecem no meio de accedilotildees que jaacute realizamos

milhares de vezes o que eacute ignorado pelos sistemas de sauacutede e seus responsaacuteveis Criar uma

cultura de seguranccedila do paciente exige praacutetica alicerccedilada em evidecircncias cientiacuteficas sobre o

que funciona ou natildeo comunicaccedilatildeo dos resultados das mudanccedilas efetuadas a todos os

envolvidos e reavaliaccedilatildeo permanente do conjunto (Carneiro 2010)

Embora a gestatildeo de risco considere os riscos sob as perspectivas positivas (quando as

consequecircncias dos eventos constituem oportunidades para se obter vantagens) ou negativas

(quando constituem ameaccedilas ao sucesso) em se tratando de sauacutede e seguranccedila do paciente ldquoeacute

quase um dado adquirido que as consequecircncias satildeo apenas negativasrdquo devendo os esforccedilos

serem concentrados na prevenccedilatildeo ou diminuiccedilatildeo do dano (FERMA 2002 p3)

Nos Estados Unidos o programa da ldquoAgency for Healthcare Research and Qualityrdquo ndash

AHRQ ndash (Agecircncia de Pesquisa de Qualidade em Sauacutede) conduz e apoia a investigaccedilatildeo para a

construccedilatildeo de conhecimentos sobre seguranccedila do paciente e melhoria da qualidade

incentivando o investimento no aumento das capacitaccedilotildees de profissionais de sauacutede

divulgando os benefiacutecios de novos procedimentos mas os alertando dos riscos inerentes a eles

(Feldman 2009a)

Um estudo exploratoacuterio com pacientes internados em dois hospitais puacuteblicos de ensino

do Estado do Rio de Janeiro analisou uma amostra aleatoacuteria de 622 prontuaacuterios no ano de

2003 verificando que 583 pacientes natildeo sofreram Eventos Adversos (EA) (937) contra 39

(63) que sofreram Dos EA ocorridos 641 foram considerados evitaacuteveis quando

analisados por meacutedico revisor Os pacientes com EA apresentaram tempo meacutedio de

permanecircncia no hospital de 283 dias superior ao observado nos pacientes sem EA Os EA

implicaram no gasto de R$ 121236330 o que representou 27 do valor total de reembolso

recebido pelo total de internaccedilotildees realizadas em 2003 (Porto Martins Mendes amp Travassos

2010)

Quedas satildeo eventos comuns em ambiente hospitalar que tecircm como consequecircncia

lesotildees aumento do tempo de internaccedilatildeo aleacutem da questatildeo de responsabilidade legal

A Responsabilidade Civil (RC) ldquoimplica em reparar indenizar ou ressarcir pelo dano

causado a algueacutemrdquo e se decorrente do exerciacutecio profissional estende-se a qualquer

trabalhador envolvido na atividade ou prestaccedilatildeo de serviccedilos Portanto eacute necessaacuteria a

identificaccedilatildeo de falhas de cada processo de cuja execuccedilatildeo possam advir ldquodano estrago

7

detrimento ou prejuiacutezo ao paciente famiacutelia usuaacuterio profissional ou comunidaderdquo (Feldman

2010 a p 135)

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor 1990 em seu artigo 14 paraacutegrafo 1ordm determina

que

ldquoO serviccedilo eacute defeituoso quando natildeo fornece a seguranccedila que o consumidor

dele pode esperar levando-se em consideraccedilatildeo as circunstacircncias relevantes

entre as quais o modo de seu fornecimento o resultado e os riscos que

razoavelmente dele se esperam a eacutepoca em que foi fornecidordquo

12 Problema de Pesquisa

Um evento adverso eacute qualquer evento ou circunstacircncia involuntaacuteria que conduz a dano

ou sofrimento Incidente eacute um tipo especiacutefico de evento adverso eacute imprevisto ou inesperado e

pode prejudicar um ou mais pacientes que recebam cuidados de sauacutede (National Patient

Safety Agency [NPSA] 2008)

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede na Estrutura Conceitual da Classificaccedilatildeo

Internacional para a Seguranccedila do Paciente (ldquoThe Conceptual Framework for International

Classification for Patient Safetyrdquo) 2009 define a seguranccedila do paciente como a ldquoreduccedilatildeo do

risco de danos desnecessaacuterios relacionados aos cuidados de sauacutede para um miacutenimo

aceitaacutevelrdquo sendo aceitaacutevel o que diz respeito ao consenso diante dos recursos atualmente

disponiacuteveis do estado da arte do conhecimento do contexto em que a prestaccedilatildeo de cuidados

acontece e do custo benefiacutecio face a natildeo implementaccedilatildeo de um tratamento (OMS 2009 p

21)

Um estudo incluindo internaccedilotildees de adultos em cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas no Brasil

em 2007 utilizando como fonte de informaccedilatildeo o Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares (SIH)

mostrou frequecircncia de 36 potenciais resultados adversos por 1000 internaccedilotildees alertando esta

alta frequecircncia para a necessidade de se implementar estrateacutegias para monitorar tais

ocorrecircncias e identificar as melhorias necessaacuterias para garantir a seguranccedila do paciente em

ambiente hospitalar (Dias Martins amp Navarro 2012)

Feldman (2009b p 118) define risco assistencial como aquele que ldquoeacute proveniente das

situaccedilotildees que envolvem a dinacircmica dos cuidados durante a internaccedilatildeo ou periacuteodo de

permanecircncia do cliente no hospitalrdquo

As quedas de pacientes permanecem entre os eventos adversos mais relatados em

instituiccedilotildees de cuidados agudos resultando em morbidade mortalidade e medo de sofrer uma

nova queda Satildeo exemplos de situaccedilotildees notificadas no ambiente hospitalar relacionadas a

quedas

8

ldquoacidente com queda do paciente ao se apoiar na mesa de suporte para

alimentaccedilatildeo causando ferimento no braccedilo direito na altura do cotovelo

Queda no corredor do hospital em uma rampa com pouca inclinaccedilatildeo devido

ao piso estar molhado pela chuva Causou fratura no cotovelo esquerdo

levando o usuaacuterio agrave cirurgia A paciente caiu da poltrona individual ao se

esticar para pegar o telefone que estava sobre a mesa A queda causou

ferimento no joelho com hematomardquo (Feldman 2009b p129)

A Tabela 1 mostra os resultados de estudo realizado por Carneiro et al 2010 em um

periacuteodo de quatro anos em Goiacircnia

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um

Hospital Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil

Eventos Adversos N

Retirada de sondas drenos e cateteres 162 6136

Quedas 49 1856

Processos aleacutergicos 14 530

Evasatildeo 14 530

Uacutelcera por pressatildeo 13 492

Erros de Medicaccedilatildeo 7 265

Procedimentos meacutedicos 3 114

Hemoderivados 1 038

Queimaduras 1 038

Total 264 1000

Fonte Adaptado de Carneiro Bezerra Camargo e Silva Paranaguaacute amp Branquinho 2010

Morse em 1997 identificou trecircs classificaccedilotildees para as quedas de pacientes acidentais

(paciente tropeccedila ou escorrega em decorrecircncia de algum perigo ambiental como por exemplo

piso molhado) antecedentes fisioloacutegicos (quedas em pessoas consideradas com risco de cair)

quedas fisiologicamente inesperadas (quedas atribuiacutedas a fatores fisioloacutegicos que natildeo podem

ser previstas antes que ocorram) (Hendrich Bender amp Nyhuis 2003)

Decesaro amp Padilha (2002) conduziram um estudo em que coletaram dados em 12

Unidades de Terapia Intensiva (UTI) sendo 9 gerais e 3 especializadas de 8 instituiccedilotildees dos

municiacutepios de Londrina e Maringaacute A populaccedilatildeo foi constituiacuteda de 91 profissionais de

enfermagem que relataram um ou mais incidentes relativos a queda de pacientes durante a

internaccedilatildeo na UTI Os autores identificaram que 367 das situaccedilotildees estudadas natildeo

trouxeram nenhuma consequecircncia identificaacutevel para o paciente entretanto em 633

9

resultaram em uma ou mais consequecircncias imediatas para o paciente O maior percentual

estava relacionado a traumas teciduais resultando em contusotildees hematomas fraturas lesotildees

tissulares com e sem necessidade de sutura edema e sangramentos

Em um estudo conduzido entre janeiro de 1999 e dezembro de 2003 em um hospital

puacuteblico de ensino em Zurique Suiacuteccedila a taxa global de queda foi de 89 quedas por 1000

pacientes dia (Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006)

Outros estudos realizados com dados coletados de 826 boletins de notificaccedilatildeo de

eventos adversos em um hospital universitaacuterio terciaacuterio mostraram 80 registros relacionados a

quedas (107) no periacuteodo estudado de 30 meses implicando em 26 quedas por mecircs As

quedas do leito foram as mais frequentes (55) predominando nas enfermarias de

Neurologia (227) cliacutenica meacutedica (204) e moleacutestias infecciosas e parasitaacuterias (182)

As quedas da proacutepria altura corresponderam a 388 e ocorreram em maior nuacutemero na cliacutenica

meacutedica (387) e cirurgia gastroenteroloacutegica (129) As quedas de cadeiras foram as menos

frequentes (62) No periacuteodo noturno as quedas ocorreram com maior frequecircncia (637)

nos primeiros cinco dias de admissatildeo (617) e entre os indiviacuteduos do sexo masculino

(575) (Paiva Paiva Berti amp Campana 2010)

Utilizando uma ferramenta avaliativa para analisar uma Instituiccedilatildeo de Longa

Permanecircncia de Idosos do Rio Grande do Sul foi conduzido um estudo com o intuito de

identificar acertos e dificuldades da realidade encontrada envolvendo os eventos relacionados

a quedas Verificou-se que os pisos internos e externos natildeo possuiacuteam revestimentos

antiderrapantes e as escadas natildeo apresentavam sinalizaccedilatildeo Os dormitoacuterios eram coletivos e os

banheiros situavam-se no corredor e eram escuros tornando difiacutecil o acesso noturno Os

banheiros natildeo permitiam a entrada de cadeiras de rodas e natildeo possuiacuteam em sua totalidade

barras de seguranccedila junto ao vaso sanitaacuterio o vatildeo livre na parte inferior das portas tinha

medida inferior a 20 cm e os pisos apresentavam desniacuteveis Observou-se aglomeraccedilatildeo de

objetos decorativos tapetes sofaacutes que obstruiacuteam a livre circulaccedilatildeo do idoso podendo se

tornar risco para quedas (Feliciani Santos amp Valcarenghi 2011)

Conduzido em um hospital universitaacuterio de Goiacircnia que faz parte da Rede Hospitais

Sentinelas um estudo documental retrospectivo em uma cliacutenica ciruacutergica utilizou dados

referentes a eventos adversos registrados no livro de anotaccedilotildees de enfermagem entre janeiro

de 2005 e dezembro de 2009 mostrou que as quedas representaram 1856 (49 quedas) do

total de eventos 7551 das quedas ocorreram do leito 124 da proacutepria altura 1020 no

banheiro e 204 da maca (Carneiro et al 2011)

10

Saraiva (2008 apud Almeida Abreu amp Mendes 2010 p 165) destaca que fatores

extriacutensecos de quedas ldquorelacionados com fatores ambientais reuacutenem uma seacuterie de

caracteriacutesticas inadequadas dos espaccedilos mobiliaacuterio e iluminaccedilatildeo existecircncia de obstaacuteculos no

meio envolvente ausecircncia ou inadequaccedilatildeo de ajudas teacutecnicas vestuaacuterio inadequado entre

outrosrdquo

Embora nem todas as quedas estejam associadas a fatores ambientais natildeo haacute como

desvinculaacute-los desses eventos devendo-se buscar na legislaccedilatildeo relacionada os subsiacutedios

necessaacuterios para a respectiva anaacutelise

ldquoAs principais normas norteadoras das edificaccedilotildees dos Estabelecimentos de Assistecircncia agrave Sauacutede no Brasil satildeo do Ministeacuterio da Sauacutede atraveacutes da RDC nordm 50 de

21 de fevereiro de 2002 aleacutem de algumas normas que devem ser aprovadas junto a

Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (Anvisa) e agrave ABNTrdquo (Associaccedilatildeo Brasileira

de Normas Teacutecnicas) (Sistema Referecircncia Acadecircmica 2010 p 1)

13 Questatildeo de Pesquisa

Considerando que a gestatildeo de riscos em uma organizaccedilatildeo prevecirc que as atividades

sejam coordenadas em um processo de busca reconhecimento e descriccedilatildeo de riscos a

identificaccedilatildeo das fontes de risco eventos suas causas e consequecircncias natildeo pode preterir

qualquer aspecto relacionado

As atividades de prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede apresentam inuacutemeros riscos inerentes

ao proacuteprio desempenho de procedimentos e dos diferentes locais onde tais serviccedilos satildeo

oferecidos incluindo instalaccedilotildees mobiliaacuterios e equipamentos

Levando-se em conta as recomendaccedilotildees feitas pela legislaccedilatildeo e literatura relacionadas

este trabalho tem como objetivo identificar se a atual situaccedilatildeo das unidades de internaccedilatildeo de

cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo

Paulo pode influenciar na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando os

riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica as medidas de seguranccedila existentes para

fornecer subsiacutedios para as fases de projeto e construccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave melhoria da

gestatildeo do risco de queda nas unidades estudadas

Desta forma a questatildeo de pesquisa deste estudo eacute como a estrutura fiacutesica das

unidades de internaccedilatildeo de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande

porte do municiacutepio de Satildeo Paulo pode influenciar a ocorrecircncia de quedas de pacientes

internados

11

14 Objetivos

141Geral

Avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica de um

hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

142 Especiacuteficos

Identificar os riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica a que fica exposta a

populaccedilatildeo internada nas cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas

Identificar as medidas de seguranccedila existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas

Propor um instrumento para apoio a anaacutelise da estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo hospitalar com foco no gerenciamento do risco de queda

15 Justificativa para Estudo do Tema

Os estudos realizados sobre quedas em sua maioria caracterizam a populaccedilatildeo

envolvida neste evento quanto agrave idade sexo medicamentos utilizados local de ocorrecircncia Haacute

uma lacuna na literatura na identificaccedilatildeo dos fatores ambientais e equipamentosmobiliaacuterios

relacionados agrave queda no ambiente hospitalar Esta carecircncia pode ser devida a jaacute estabelecida

correlaccedilatildeo de outros fatores de risco bem definidos em populaccedilotildees especiacuteficas Entretanto

considerando que qualquer indiviacuteduo estaacute sujeito a este evento mesmo sem associaccedilatildeo a tais

fatores pode ser valoroso identificar se haacute riscos ambientais relacionados sobre os quais se

pode intervir

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os

perigos do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos Uma revisatildeo

de estudos realizados sobre quedas e ambiente fiacutesico concluiu que as quedas satildeo resultado da

interaccedilatildeo do estado do indiviacuteduo com o ambiente fiacutesico mas consideram razoaacutevel concluir

que mudanccedilas no meio ambiente oferecem abordagem promissora para a prevenccedilatildeo de

quedas especialmente quando associadas a outras intervenccedilotildees como programas de

exerciacutecios e educacionais (Feldman amp Chaudhury 2008)

12

Os dados referentes aos perigos ambientais que podem estar associados a

probabilidades de quedas satildeo insuficientes no que se refere a pacientes idosos hospitalizados

Entretanto em casas de repouso as quedas atribuiacutedas a fatores ambientais satildeo de 273 nesta

populaccedilatildeo (Registered Nurses Association of Ontaacuterio - RNAO 2005)

Na instituiccedilatildeo onde foi realizada a pesquisa as notificaccedilotildees de quedas de janeiro a

junho de 2014 somaram 205 eventos mostrando uma predominacircncia de ocorrecircncias em aacutereas

envolvendo a unidade reservada agrave internaccedilatildeo do paciente (quarto e banheiro) A

predominacircncia de tais quedas nestes locais levou agrave investigaccedilatildeo da influecircncia ambiental sobre

estes eventos

Estudos mostram uma maior frequecircncia de quedas entre indiviacuteduos idosos como o

estudo retrospectivo realizado em um hospital da grande Lisboa entre junho de 2008 e

dezembro de 2010 a anaacutelise de 214 de episoacutedios de quedas notificados (190 doentes) os

resultados demonstraram que os doentes com notificaccedilatildeo de incidente de queda tinham em

meacutedia 75 anos e apenas 6 dos indiviacuteduos tinham idade le 49 anos (Costa-Dias Oliveira

Moreira Santos Martins amp Arauacutejo 2013)

Segundo Saraiva et al (2008 apud Almeida Abreu ampMendes 2010 p 168) ldquoo risco

de queda aumenta linearmente como o nuacutemero de fatores de riscordquo o que sugere que se os

fatores de risco forem eliminados a probabilidade de ocorrecircncia de quedas pode diminuir

Como nem todos os fatores de risco podem ser eliminados por serem intriacutensecos ao

paciente medidas proativas de prevenccedilatildeo voltadas aos fatores extriacutensecos como o ambiente

podem significar uma valorosa estrateacutegia

Este estudo trouxe subsiacutedios para que se proponham medidas de seguranccedila associadas

agrave estrutura fiacutesica por excelecircncia visando a prevenccedilatildeo de queda em pacientes internados

16 Estrutura do Trabalho

Quanto agrave forma esta dissertaccedilatildeo estaacute estruturada em cinco capiacutetulos

O capiacutetulo um traz a contextualizaccedilatildeo com os pressupostos da aacuterea de conhecimento

relacionados ao gerenciamento de risco evento adverso e seu impacto na assistecircncia prestada

pelos serviccedilos de sauacutede a problematizaccedilatildeo mostra a inquietaccedilatildeo quanto aos fatores de risco

ambientais para ocorrecircncia de queda de pacientes no periacuteodo de internaccedilatildeo hospitalar Satildeo

estabelecidos a questatildeo de pesquisa objetivos geral e especiacuteficos a justificativa para o

desenvolvimento do estudo e a estrutura da dissertaccedilatildeo

13

No capiacutetulo dois o autor apresenta a Revisatildeo Bibliograacutefica com as bases teoacutericas e

evidecircncias existentes concebendo os polos gestatildeo de risco corporativo anaacutelise de risco

matriz de risco e legislaccedilatildeo relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

O capiacutetulo trecircs detalha os procedimentos metodoloacutegicos utilizados durante a pesquisa

com ecircnfase para o desenvolvimento do projeto de pesquisa

O quarto capiacutetulo apresenta os resultados obtidos e uma discussatildeo sob a oacuteptica da

literatura pertinente

O capiacutetulo cinco expressa as conclusotildees da pesquisa embasadas pela teoria correlata e

as recomendaccedilotildees

2REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Gestatildeo de Riscos Corporativos

O gerenciamento de riscos corporativos (Enterprise Risk Management ndash ERM) eacute o

gerenciamento de riscos dentro da organizaccedilatildeo O processo de gerenciamento de riscos deve

estar integrado agrave gestatildeo da organizaccedilatildeo identificando os riscos significativos aos seus

14

negoacutecios A estrutura do gerenciamento de riscos compreende os componentes e a

organizaccedilatildeo do gerenciamento de riscos dentro de uma empresa (MacLeod MacDonald

Ybarra Sorlie Foster amp Stokka 2013)

O gerenciamento de risco corporativo compreende um processo contiacutenuo conduzido

pelos profissionais em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo que inclui a identificaccedilatildeo de todos os

riscos que a estaacute exposta a organizaccedilatildeo indicando eventos que podem afetaacute-la aleacutem daqueles

que podem ser gerenciados propiciando garantia razoaacutevel agrave administraccedilatildeo e deve estar

orientado para a realizaccedilatildeo dos objetivos propostos Os objetivos satildeo classificados em quatro

categorias estrateacutegicos relacionados agraves metas gerais alinhadas agrave missatildeo da organizaccedilatildeo de

operaccedilotildees que diz respeito agrave utilizaccedilatildeo eficaz e eficiente dos recursos comunicaccedilatildeo referente

agrave confiabilidade de relatoacuterios e conformidade alusivos ao cumprimento de leis e

regulamentos aplicaacuteveis (COSO 2007)

O gerenciamento de risco corporativo considera o ambiente interno ou seja como a

organizaccedilatildeo identifica os riscos a forma de abordagem dos seus colaboradores seu apetite a

riscos e a filosofia do gerenciamento de risco Os objetivos fixados devem propiciar suporte e

estar alinhados com a missatildeo da organizaccedilatildeo e serem compatiacuteveis com seu apetite a riscos Eacute

necessaacuterio identificar os eventos que podem influenciar o alcance dos objetivos estabelecidos

Os riscos devem ser avaliados e analisados considerando a probabilidade e impacto

direcionando a forma como deveraacute ser abordado qual seraacute a resposta ao risco desenvolvendo

uma seacuterie de medidas para alinhar os riscos com a toleracircncia e com o apetite a risco As

atividades de controle estabelecem procedimentos e poliacuteticas que garantam que as atividades

de respostas aos riscos sejam executadas de forma eficaz Informaccedilotildees e a comunicaccedilatildeo eficaz

devem permear todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo com conteuacutedo apropriado informaccedilotildees

oportunas atuais exatas e de faacutecil acesso O monitoramento deve garantir a manutenccedilatildeo da

integridade do gerenciamento de risco e que as modificaccedilotildees necessaacuterias seratildeo implementadas

(COSO 2007)

Uma organizaccedilatildeo para melhorar sua abordagem em relaccedilatildeo ao gerenciamento de

risco deve partir de uma anaacutelise de seu processo e sistema atuais quanto agrave abordagem de

todos os componentes avaliando as atividades desenvolvidas pois a ausecircncia de qualquer

deles implica que o gerenciamento de risco eacute ineficaz O monitoramento contiacutenuo do processo

de gerenciamento de risco corporativo deve ser incorporado agraves atividades operacionais

normais e recorrentes da empresa com avaliaccedilotildees perioacutedicas e classificaccedilatildeo de riscos

permitindo que os problemas sejam identificados mais rapidamente (MacLeod et al 2013)

15

Entretanto o gerenciamento de riscos corporativos natildeo assegura que a organizaccedilatildeo

natildeo fracassaraacute no alcance de seus objetivos pois o risco estaacute relacionado ao futuro que eacute

incerto alguns eventos estatildeo aleacutem do controle da administraccedilatildeo e nenhum processo nunca

executaraacute exatamente o que foi previsto A eficaacutecia do gerenciamento de risco sofre

limitaccedilotildees da fraqueza humana pois as decisotildees devem ser tomadas utilizando julgamento

humano tendo como base as informaccedilotildees disponiacuteveis e sofrendo as pressotildees de conduzir um

negoacutecio da falta de adequado entendimento das instruccedilotildees pelos empregados o que pode

levar a erros de julgamento das mudanccedilas no sistema que forem introduzidas antes que o

pessoal tenha sido treinado adequadamente do esquecimento ou execuccedilatildeo incorreta de tarefas

por empregados temporaacuterios pode haver indiviacuteduos que atuem para impedir que o processo

de gestatildeo de riscos corporativos identifiquem as alteraccedilotildees existentes da limitaccedilatildeo de

recursos e a proacutepria direccedilatildeo da organizaccedilatildeo que pode neutralizar poliacuteticas ou procedimentos

recomendados com fins ilegiacutetimos (COSO 2007)

22 Anaacutelise de Riscos

A gestatildeo de riscos eacute um processo contiacutenuo que as organizaccedilotildees utilizam para analisar

metodicamente os riscos inerentes agraves suas atividades processo que deve estar incorporado agrave

cultura organizacional com responsabilidades atribuiacutedas em todos os niacuteveis constando das

descriccedilotildees das funccedilotildees Os ldquoproprietaacuteriosrdquo do processo de gestatildeo de riscos devem ser os

atores internos da organizaccedilatildeo (FERMA) 2002)

Realizar avaliaccedilatildeo de risco consiste em medir a consequecircncia definida aqui como o

resultado ou potencial resultado de um evento Para avaliar a gravidade dos incidentes pode

ser utilizado um sistema de pontuaccedilatildeo Para avaliar as consequecircncias algumas questotildees

devem ser resolvidas tais como A organizaccedilatildeo tem uma definiccedilatildeo clara do que constitui uma

pequena lesatildeo Que medidas satildeo utilizados para determinar o impacto psicoloacutegico sobre os

indiviacuteduos O que eacute definido como um evento adverso e quantos indiviacuteduos podem ser

afetados (National Patient Safety Agency [NPSA] 2008)

Identificar os riscos tem como objetivo identificar as incertezas a que estatildeo expostas as

organizaccedilotildees descrevendo-os de forma estruturada considerando a probabilidade e a

consequecircncia de cada um dos riscos definidos identificando os riscos chave e estabelecer as

prioridades na anaacutelise dos mesmos A descriccedilatildeo dos riscos prevecirc a designaccedilatildeo acircmbito do

risco a natureza do risco intervenientes quantificaccedilatildeo dos riscos toleracircncia para o risco

tratamento e mecanismo de controle do risco possiacuteveis accedilotildees de melhoria e desenvolvimento

16

de estrateacutegias e poliacuteticas O impacto das consequecircncias dos riscos e a sua probabilidade de

ocorrecircncia satildeo fatores importantes da avaliaccedilatildeo Brainstorming questionaacuterios anaacutelises

comparativas de setor anaacutelise de cenaacuterios investigaccedilatildeo de incidentes auditorias e inspeccedilotildees

satildeo algumas teacutecnicas propostas para a identificaccedilatildeo de riscos (FERMA 2002)

O tratamento de riscos consiste em selecionar e implementar medidas para modificar

um risco e deve no miacutenimo ldquoproporcionar um funcionamento eficaz e eficiente da

organizaccedilatildeo garantir controles internos eficazes e cumprir leis e regulamentaccedilotildees (FERMA

2002)

O niacutevel responsaacutevel pela administraccedilatildeo deve conhecer os riscos mais importantes que

a organizaccedilatildeo enfrenta os possiacuteveis efeitos em seu desempenho garantir a sensibilizaccedilatildeo aos

riscos em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo dispor de formas de gerir uma crise ter certeza de

que o processo de gestatildeo de riscos eacute eficaz As unidades de negoacutecio devem conhecer os riscos

relacionados agraves suas aacutereas de atuaccedilatildeo impactos que podem produzir em outros setores e das

consequecircncias destes setores sobre elas dispor de desempenho que lhes permitam monitorizar

as atividades identificar as intervenccedilotildees necessaacuterias Cada indiviacuteduo deve compreender seu

niacutevel de responsabilizaccedilatildeo compreender a forma como pode contribuir para a melhoria

contiacutenua da gestatildeo de riscos comunicar os riscos novos ou falhas constatadas nas medidas de

controle implementadas (FERMA 2002)

Perdas e custos relacionados agrave sauacutede seguranccedila e incidentes ambientais podem natildeo ser

seguraacuteveis pois englobam danos morais aos usuaacuterios e agrave reputaccedilatildeo da organizaccedilatildeo (FERMA

2002)

Quando os pacientes procuram os serviccedilos de sauacutede esperam receber benefiacutecios

embora jaacute tenham consciecircncia de que erros podem acontecer na prestaccedilatildeo de cuidados que

natildeo intencionais e na maioria das vezes tem origem nas falhas dos proacuteprios processos A

responsabilidade dos profissionais ligados direta ou indiretamente agrave prestaccedilatildeo de cuidados eacute

tentar reduzir os erros pois embora sejam sensiacuteveis aos erros que atingem a si proacuteprios ou aos

seus familiares muitas vezes ficam alheios aos erros decorrentes da sua praacutetica diaacuteria (Lage

2010)

Segundo a Portaria MSGM nordm 5292013 a cultura de seguranccedila abrange os

profissionais e gestores envolvidos no cuidado que ldquoassumem a responsabilidade por sua

seguranccedila dos seus colegas pacientes e familiares priorizando a seguranccedila agraves metas

financeiras e operacionais encorajando a identificaccedilatildeo notificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos problemas

17

relacionados agrave seguranccedila promovendo o aprendizado organizacionalrdquo (Ministeacuterio da Sauacutede

[MS] 2013)

O Ministeacuterio da Sauacutede define gestatildeo de risco como a aplicaccedilatildeo sistecircmica e contiacutenua

de iniciativas procedimentos condutas e recursos na avaliaccedilatildeo e controle de riscos e eventos

adversos que afetam a seguranccedila a sauacutede humana a integridade profissional o meio

ambiente e a imagem institucionalrdquo (MS 2013)

Por sua vez o Gerenciamento de Risco consiste na aplicaccedilatildeo de um conjunto de

medidas para prever identificar e minimizar a ocorrecircncia de eventos inesperados e

indesejaacuteveis que podem causar dano fiacutesico ou psicoloacutegico aos pacientes (Lima amp Dutra

2010 p 87)O risco cliacutenico natildeo eacute decorrente apenas da atuaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede

mas estaacute associado agrave ausecircncia de poliacuteticas e praacuteticas de seguranccedila do paciente seguranccedila das

instalaccedilotildees ou atendimento aos processos de trabalho (Lima amp Dutra 2010)

O Protocolo de Londres eacute uma versatildeo revisada e atualizada do ldquoProtocolo para

Investigaccedilatildeo e Anaacutelise de Incidentes Cliacutenicosrdquo e tem como proposta assegurar uma

investigaccedilatildeo e anaacutelise abrangentes e planejadas de um incidente indo aleacutem da procura de

culpados O termo anaacutelise de causa raiz tem origem na induacutestria sendo que um grupo de

ferramentas satildeo utilizadas para identificar as causas baacutesicas na investigaccedilatildeo e anaacutelise de

incidentes Entretanto o cenaacuterio que surge desta investigaccedilatildeo eacute muito mais complexo onde

haacute uma cadeia de eventos e fatores que contribuem para sua ocorrecircncia Eacute necessaacuterio

identificar quais fatores contribuem de forma mais impactante na ocorrecircncia dos eventos Na

aviaccedilatildeo induacutestrias de petroacuteleo e nucleares investigaccedilatildeo de incidentes satildeo procedimentos bem

estabelecidos (Taylor-Adams amp Vincent 2004)

No modelo organizacional de acidentes de James Reason as decisotildees falhas nos altos

escalotildees da organizaccedilatildeo permeiam os departamentos criando condiccedilotildees favoraacuteveis para atos

inseguros e acidentes Devem ser criadas barreiras e defesas contra perigos e para mitigar as

consequecircncias de falhas humanas e de equipamentos Tais barreiras podem ser fiacutesicas (muros

vedaccedilatildeo) naturais (distacircncia) accedilotildees humanas (meacutetodos de checagem) e controles

administrativos (treinamento) O passo inicial eacute identificar falhas no processo organizacional

atos inseguros ou omissotildees cometidas por pessoas cujas accedilotildees podem ter consequecircncias

adversas imediatas Este modelo extrapolado para cuidados de sauacutede identifica fatores que

influenciam a praacutetica cliacutenica e estatildeo relacionados ao paciente (complexidade e severidade de

suas condiccedilotildees liacutengua e comunicaccedilatildeo fatores sociais) fatores tecnoloacutegicos e tarefas

(disponibilidade e uso de protocolos apoio na tomada de decisatildeo tarefas projetadas e clareza

18

da estrutura) fatores relacionados a pessoas (conhecimento e ferramentas competecircncia sauacutede

fiacutesica e mental) equipe (comunicaccedilatildeo verbal e escrita supervisatildeo e procura de ajuda) e

ambiente de trabalho (carga de trabalho e turnos disponibilidade e manutenccedilatildeo de

equipamentos suporte administrativo) fatores organizacionais e gerenciais (recursos

financeiros estrutura organizacional cultura de seguranccedila e prioridades) e fatores

institucionais (contexto regulatoacuterio e econocircmico contatos com organizaccedilotildees externas)

(Taylor-Adams amp Vincent 2004)

23 Quedas

No Protocolo de Prevenccedilatildeo de Quedas integrante do Programa Nacional de Seguranccedila

do Paciente do Ministeacuterio da Sauacutede a definiccedilatildeo de queda considerada foi ldquodeslocamento natildeo

intencional do corpo para um niacutevel inferior agrave posiccedilatildeo inicial provocado por circunstacircncias

multifatoriais resultando ou natildeo em danordquo (MS 2013)

Rutledge et al (1998 apud Kalischi amp Tschannen 2012 p 6) definem queda como

um evento em que os pacientes satildeo encontrados no chatildeo por funcionaacuterios ou visitantes evento

observado ou natildeo ou o rebaixamento natildeo planejado do paciente ao niacutevel do chatildeo

As quedas segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede satildeo categorizadas como

incidentes que ocorrem com os doentes classificadas pelo tipo (tropeccedilar escorregar desmaio

perda de equiliacutebrio) e podem envolver berccedilo cama cadeira maca banheiro equipamento

terapecircutico escadas ou degraus enquanto transportado ou apoiado por outro indiviacuteduo OMS

2009)

Estima-se que um terccedilo das pessoas com mais de 65 anos e metade das pessoas com

idade acima de 80 anos sofrem pelo menos uma queda por ano sendo que nos hospitais

australianos 38 dos eventos com pacientes envolvem queda (The Joanna Briggs Institute

1998)

Vaacuterias ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco de queda foram desenvolvidas e validadas

Hendrich I e II Johns Hopkins Innes Morse STRATIFY Downton Tinetti and Schimidt

Entretanto natildeo haacute consenso sobre qual destes eacute o melhor instrumento na prediccedilatildeo de quedas

Aleacutem disso ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco por si soacute natildeo previnem quedas (Degelau

Bungum Flavin Harper Leys Londquist amp Webb 2012)

A traduccedilatildeo e a adaptaccedilatildeo transcultural para a liacutengua portuguesa do Brasil da Morse

Fall Scale (Escala de Queda de Morse) mostraram resultados satisfatoacuterios quanto agrave clareza

dos itens da escala traduzida a concordacircncia entre os avaliadoresjuiacutezes na aplicaccedilatildeo da

19

escala atingiu classificaccedilatildeo quase perfeita na maioria dos itens e a variabilidade intra-

avaliadoresjuiacutezes foi categorizada como excelente Nesta escala satildeo avaliados os seguintes

itens histoacuterico de quedas diagnoacutestico secundaacuterio auxiacutelio na deambulaccedilatildeo terapia

endovenosadispositivo endovenoso salinizado ou heparinizado marcha e estado mental

Cada um destes criteacuterios recebe escores que variam de 0 a 30 pontos A somatoacuteria destes

pontos indica o niacutevel de risco baixo risco (0 a 24) meacutedio risco (25 a 44) e alto risco (ge 45)

(Urbanetto Creutzberg Franz Ojeda Gustavo Bittencourt amp Farina 2013)

Um estudo transversal com amostra total de 137 idosos em atendimento na Cliacutenica-

Escola de Fisioterapia da Universidade de Itauacutenam que responderam a um questionaacuterio

estruturado relataram como fatores e comportamentos de riscos extriacutensecos de queda o uso de

calccedilados inadequados escadas sem corrimatildeo uso de tapetes no chatildeo obstaacuteculos entre o

quarto e banheiro objetos espalhados pelo chatildeo e iluminaccedilatildeo deficiente sendo que a

iluminaccedilatildeo foi a uacutenica variaacutevel estatisticamente significativa (Lopes Carvalho Mouratildeo

Dias Mitre amp Moraisorais 2010)

Ao entrevistar 39 pacientes idosos atendidos em dois serviccedilos de pronto atendimento

do Rio Grande do Sul entre dezembro de 2019 a abril de 2010 com diagnoacutestico de queda um

estudo verificou fatores relacionados ao ambiente de moradia sendo que 949 dos idosos

tinham moacuteveis pontiagudos em casa 897 das residecircncias tinham degraus 692 referiram

ter tapetes soltos em casa 513 afirmaram que suas residecircncias possuiacuteam pisos

escorregadios e 308 tinham escadas (Ramos Santos Barlem amp Pelzer 2011)

Em Portugal entre os anos de 2007 a 2009 em um hospital universitaacuterio foi observado

que a maior parte das quedas ocorreu no quarto onde existiam mais obstaacuteculos como mesas de

cabeceira cadeira cadeira de rodas limitando a mobilidade dos pacientes Os autores

identificaram diminuiccedilatildeo ao longo dos anos o que foi atribuiacutedo agrave revisatildeo do sistema de

travagem das camas cadeira de rodas suportes de soros com rodas aboliccedilatildeo do uso de cera

no piso e substituiccedilatildeo por cera antiderrapante aquisiccedilatildeo de grades para todas as camas

colocaccedilatildeo de barras de apoio no banheiros mais especificamente proacuteximo ao vaso sanitaacuterio e

chuveiro colocaccedilatildeo de degraus duplos para os pacientes subirem para as camas e pedido de

aquisiccedilatildeo de camas eleacutetricas articuladas na cabeceira e nos peacutes com grade de proteccedilatildeo e que

permitam ajuste da altura em relaccedilatildeo ao chatildeo (Abreu Mendes Monteiro amp Santos 2012)

Em 80 quedas ocorridas em um periacuteodo de doze meses em um hospital privado

acreditado pela Joint Commission International no que diz respeito agraves condiccedilotildees ambientais

no momento da queda as mais frequentes foram presenccedila de obstaacuteculos (5) ou falta de

20

apoio (5) Em 512 dos casos houve algum tipo de consequecircncia sendo as mais frequentes

as escoriaccedilotildees (163) e os hematomas (113) Apoacutes a implantaccedilatildeo de accedilotildees assistenciais

de prevenccedilatildeo como a identificaccedilatildeo de risco ocorreu a queda do iacutendice (Correa Marques

Martinez Laurino Leatildeo amp Chimentatildeo 2012)

As camas com baixa altura foram recentemente associadas agrave reduccedilatildeo de quedas Um

sistema de sauacutede informou que a associaccedilatildeo de caracteriacutesticas de cama relacionadas agrave altura

do chatildeo superfiacutecie de redistribuiccedilatildeo de pressatildeo e sistema interno de alarme reduziu em 9 a

taxa de quedas em cinco meses (Degelau et al 2012)

Em instituiccedilotildees de longa permanecircncia as quedas da cama satildeo comuns entre os

internos com disfunccedilatildeo das extremidades distuacuterbios cognitivos ou que fazem uso de

medicaccedilotildees que prejudicam sua capacidade de levantar-se e mover-se de forma independente

Outros fatores contribuem para o aumento da ocorrecircncia desses eventos como altura da cama

colchotildees altos e macios camas com rodiacutezios ambientes estranhos camas com altura e largura

diferentes ao que estatildeo acostumados Tais consideraccedilotildees reforccedilam a necessidade ao se

selecionar este mobiliaacuterio de se adequar o tipo de cama agraves caracteriacutesticas da populaccedilatildeo

atendida como uma das medidas eficazes no controle de fatores de risco extriacutensecos (Fragala

Perry amp Fragala 2012)

Um estudo canadense se propocircs a avaliar se havia diferenccedila na taxa de lesotildees

relacionadas com quedas entre o piso existente e o piso de intervenccedilatildeo suas propriedades

antiderrapantes e de absorccedilatildeo do impacto Houve uma influecircncia significativa do piso na

absorccedilatildeo da energia no impacto do piso com o quadril e parte posterior da cabeccedila em

simulaccedilotildees fornecendo insights sobre as diferenccedilas na capacidade de atenuaccedilatildeo do impacto

dos diferentes tipos de piso sobre estas estruturas corpoacutereas (Glinka Karakolis Callaghan amp

Laing 2013)

Haacute intervenccedilotildees que devem ser estendidas a todos os pacientes independente do risco

de queda familiarizar o paciente com o ambiente ensinar o paciente a usar o sistema de

chamada e mantecirc-lo sempre ao alcance de sua matildeo manter proacuteximos seus pertences pessoais

ter corrimatildeos no banheiro do paciente quarto e corredor manter as camas em posiccedilatildeo baixa e

com rodas travadas garantir o uso pelo paciente de calccedilado bem ajustado e com solado

antiderrapante utilizar luz noturna ou iluminaccedilatildeo suplementar manter piso limpo e seco e

limpar prontamente todos os derramamentos manter as aacutereas de atendimento ao paciente

organizadas (Degelau et al 2012)

21

Equipes deveriam circular com frequecircncia pelo ambiente para confirmar que

corredores e aacutereas do paciente estejam bem iluminadas organizadas e livres de vazamentos

corrimatildeos sejam seguros mesas e cadeiras resistentes Pessoal da biotecnologia deve

inspecionar dispositivo auxiliar regularmente A equipe de enfermagem deve confirmar que

os quartos dos pacientes sejam criados de forma que minimize o risco de quedas Toda a

equipe deve se certificar de que situaccedilotildees de risco sejam tratadas imediatamente (Degelau et

al 2012)

Portanto conhecer os fatoresperigos contribuintes de um incidente pode trazer

informaccedilotildees sobre accedilotildees que podem ser empreendidas para reduzir o risco de ocorrecircncia

(OMS 2011)

24 Matriz de Risco

Marshall (2002) Crouhy Galai amp Mark (2004 apud Paulo Fernandes Rodrigues amp

Eidt 2007) ressalta que a matriz de risco viabiliza a mensuraccedilatildeo qualitativa de riscos sendo

o ldquoniacutevel de risco definido pela composiccedilatildeo das variaacuteveis frequecircncia (probabilidade) e

severidade (impacto financeiro) associadas aos eventos de perda (fatores de risco) inerentes

ao processo avaliadordquo (De Paulo Fernandes Rodrigues amp Eidt 2007 p 50)

A matriz de risco eacute uma ferramenta utilizada para anaacutelise de riscos de processos de

vaacuterias naturezas considerando sua gravidade ou consequecircncias e a probabilidade (frequecircncia

ou probabilidade) Uma matriz de risco deve ser simples de usar deve fornecer dados

consistentes mesmo quando utilizada por profissionais de diferentes funccedilotildees e deve se adaptar

a necessidades especiacuteficas Deve ser utilizada com parcimocircnia para avaliaccedilatildeo de risco

estrateacutegico e de processo na tomada de decisotildees de gestatildeo

A Figura 1 traz a proposiccedilatildeo de pontuaccedilotildees das consequecircncias de riscos com as orientaccedilotildees e exemplos

adicionais relacionados a riscos com impacto na seguranccedila dos pacientes (NSH 2008)

22

Domiacutenios Despreziacutevel Menor Moderado Maior Catastroacutefico

Impacto sobre a seguranccedila

do paciente (fiacutesico

psicoloacutegico dano)

Lesatildeo miacutenima

requerendo

nenhumaintervenccedilatildeo

miacutenima ou

tratamento

Pequena lesatildeo ou

doenccedila exigindo menor

intervenccedilatildeo Aumento

do tempo de internaccedilatildeo

por 1-3 dias

Lesatildeo moderado

requerendo intervenccedilatildeo

profissional Aumento do

tempo de internaccedilatildeo por

4-15 dias Um evento

com impacto sobre um

pequeno nuacutemero de

pacientes

Ferimento grave levando a

incapacidade a longo

prazoAumento do tempo

de internaccedilatildeo por gt 15

dias

Incidente levando agrave morte Vaacuterias lesotildees

com efeitos permanentes ou irreversiacuteveis

sobre a sauacutede Um evento com impacto

sobre um grande nuacutemero de pacientes

Exemplos adicionais

Medicaccedilatildeo incorreta

dispensada mas natildeo

administrada

Incidentes resultando

numa

contusatildeoAtraso no

transporte de rotina

para o paciente

Medicamento errado ou

dosagem administrada

errada sem efeitos

adversos Uacutelcera por

pressatildeo estaacutegio I

Medicamento errado ou

dosagem administrado

com potencial efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IIIII

Queda resultando em

ferimentos como uma

entorse

Medicamento errado ou

dosagem errada

administrada com efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IV queda

resultando em ferimentos

como luxaccedilatildeo fratura

golpe na cabeccedila A perda

de um membro

Morte inesperada O suiciacutedio de um

paciente Homiciacutedios cometidos por

pacientes com doenccedila mentalRemoccedilatildeo

de parte errada do corpo levando agrave morte

ou incapacidade permanente Incidente

levando a paralisia

1 2 3 4 5

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos

Fonte Adaptada de National Safety Agency 2008

25 Ferramenta de Anaacutelise do modo e efeito da falha (FMEA)

A Failure Modes and Effects Analysis (FMEA) eacute uma ferramenta de abordagem

proativa utilizada para anaacutelise criacutetica prospectiva e contiacutenua de projetos e processos

propiciando a identificaccedilatildeo de riscos problemas ou potenciais falhas antes da ocorrecircncia de

um erro Desenvolvida na deacutecada de 1960 pela induacutestria aeroespacial foi reconhecida pela

Joint Commission on Accredittion oh Healthcare Organizations (JCAHO) como uma

ferramenta de qualidade relevante para as organizaccedilotildees de sauacutede (Silva Teixeira amp Cassiani

2009)

O Veterans Health Administration (VHA) o maior sistema de sauacutede integrado dos

Estados Unidos com 150 centros meacutedicos e cerca de 1400 ambulatoacuterios comunitaacuterios

adaptou a FMEA para utilizar em suas instituiccedilotildees com a denominaccedilatildeo de Healthcare Failure

Mode Effects and Analysis (HFMEA) (Silva Teixeira amp Cassiani 2009)

A maioria dos sistemas de notificaccedilatildeo de eventos relacionados agrave seguranccedila do paciente

se concentra na anaacutelise dos eventos adversos apoacutes a ocorrecircncia de uma lesatildeo HFMEA

oferece aos usuaacuterios ferramentas analiacuteticas que podem permitir a identificaccedilatildeo proativa-

mente de vulnerabilidades e corrigi-las antes que as falhas ocorram (Stalhandske De Rosier

Wilson amp Murphy 2009)

HFMEA agiliza as etapas da anaacutelise de risco encontradas na FMEA tradicional

combinando as etapas de detecccedilatildeo e a criticidade da FMEA tradicional com um algoritmo

apresentado como uma aacutervore de decisatildeo

Substitui o caacutelculo do nuacutemero de prioridade de risco (RPN) por uma pontuaccedilatildeo de

risco que eacute lida diretamente na Matriz de Escores de Hazard desenvolvida pela NCPS

(National Center for Patient Safety) para este propoacutesito

23

O objetivo da anaacutelise de riscos eacute desenvolver uma lista de riscos que se controlados de

forma eficaz possam prevenir uma doenccedila ou lesatildeo Eacute utilizado um processo com cinco

passos para avaliar aspectos especiacuteficos

No passo 1 eacute feita a definiccedilatildeo do processo a ser estudado no passo 2 eacute organizada uma

equipe multidisciplinar com especialistas no assunto e um conselheiro no passo 3 deve ser

desenvolvido um diagrama cronoloacutegico com a identificaccedilatildeo de cada etapa do processo no

passo 4 satildeo listados todos os possiacuteveis modos de falha de cada etapa determinando a

probabilidade e gravidade do modo de falha (Matriz de Escores de Perigo ndash Matriz de

Tolerabilidade) e utilizar a aacutervore de decisatildeo

O propoacutesito eacute determinar se o modo de falha justifica a implementaccedilatildeo de

medidasbarreiras que eliminem ou reduzam substancialmente a probabilidade de que um

evento perigoso ocorra

No passo 5 satildeo determinadas as causas de modo de falha (definido como ldquodiferentes

maneiras que um processo ou sub-processo pode deixar de fornecer o resultado esperadordquo)

que se quer ldquoeliminarrdquo ldquocontrolarrdquo ou ldquoaceitarrdquo (Veterans Health Administration National

Center for Patient Safety2009)

Segundo a HFMEA a severidade de um evento abrange as consequecircncias para o

paciente visitantesacompanhantes colaborador equipamentoinstalaccedilatildeo e fogo

Todo gestor deve verificar a realidade do evento classificaacute-los identificando as fontes

de perigo e propondo o gerenciamento de risco

Os eventos satildeo classificados como menores moderados importantes ou catastroacuteficos

(Figura 2)

Evento catastroacutefico (4) Evento importante (3)

Resultado para o paciente morte ou perda permanente da funccedilatildeo

(sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual) suiciacutedio estupro

reaccedilatildeo transfusional hemoliacutetica cirurgiaprocedimento no paciente

errado ou em parte errada do corpo sequestro infantil ou entrega de

crianccedila agrave famiacutelia errada Visitante morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais

Colaborador morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais colaboradores

Equipamentosinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $250000

Fogo qualquer fogo maior que uma chama inicial

Resultado para o paciente diminuiccedilatildeo permanente da funccedilatildeo

corporal (sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual)

desfiguraccedilatildeo intervenccedilatildeo ciruacutergica requerida aumento do

tempo de permanecircncia do paciente por 3 ou mais pacientes

aumento do niacutevel de assistecircncia para 3 ou mais pacientes Visitante hospitalizaccedilatildeo de 1 ou 2 visitantes

Colaborador hospitalizaccedilatildeo 123 ou mais colaboradores

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $100000

Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

24

Evento moderado (2) Evento menor (1)

Resultado para o paciente aumento da permanecircncia ou aumento no

niacutevel de assistecircncia para 1 ou 2 pacientes

Resultado para o paciente nenhum prejuiacutezo ou aumento da

permanecircncia injuacuteria ou aumento no niacutevel de assistecircncia

Visitante avaliaccedilatildeo e treinamento para 1 ou 2 (natildeo-hospitalizaccedilatildeo) Visitante avaliaccedilatildeo e nenhum tratamento requerido ou doenccedila

Colaborador despesas meacutedicas danos ou doenccedila para 1 ou 2 Colaborador tratamento de primeiros socorros sem dano ou

doenccedila

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano entre $10000 e $100000 Equipamentoinstalaccedilatildeo dano menor que $10000 ou perda de

utilidade sem resultado adverso ao paciente (exemplo gaacutes

natural eletricidade aacutegua comunicaccedilotildees transportes calorar

condicionado

Fogo incipiente ou menor Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA

Fonte Adaptado do (Veterans Health Administration National Center for Patient Safety)

Ainda segundo a HFMEA os eventos satildeo classificados segundo a probabilidade de

ocorrerem como mostra a Figura 3

Frequente (4) Provaacutevel de ocorrer imediatamente ou dentro de um curto

periacuteodo (pode ocorrer vaacuterias vezes em um ano)

Ocasional (3) Provavelmente ocorreraacute (pode ocorrer vaacuterias vezes em 1 ou 2 anos)

Incomum (2)

Possiacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 5 anos)

Remota (1) Improvaacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 30

anos)

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA

Fonte Adaptado do Veterans Health Administration National Center for Patient Safety

26 Legislaccedilatildeo Relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

A Portaria nordm 1884 GM de 11 de novembro de 1994 considerando a necessidade das

Secretarias Estaduais e Municipais contarem com um instrumento de avaliaccedilatildeo de projetos

fiacutesicos adequado agraves novas tecnologias na aacuterea da sauacutede resolve ldquoaprovar as normas que com

estas baixam destinadas ao exame e aprovaccedilatildeo dos Projetos Fiacutesicos de Estabelecimentos

Assistenciais de Sauacutederdquo compreendendo ldquoas construccedilotildees novas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute

existentesrdquo e ldquoinobservacircncia das normas aprovadas por esta Portaria constitui infraccedilatildeo agrave

legislaccedilatildeo sanitaacuteria federal conforme dispotildee o artigo 10 inciso II da Lei nordm 6437 de 20 de

agosto de 1977rdquo (Ministeacuterio da Sauacutede [MS] 1994)

25

Em seu capiacutetulo 2 a Portaria nordm 188494 referente agrave organizaccedilatildeo fiacutesico-funcional

Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede (EAS) lista as atividades que satildeo geradoras ou que

caracterizam os ambientes sendo a unidade de internaccedilatildeo o local de ldquoprestaccedilatildeo de

atendimento de assistecircncia agrave sauacutede em regime de internaccedilatildeo- atendimento a pacientes que

necessitam de assistecircncia direta programada por periacuteodo superior a 24 horas (pacientes

internos)rdquo (MS1994)

A Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada (RDC) nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002 dispotildee

sobre o Regulamento teacutecnico para planejamento programaccedilatildeo elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de

projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede e compreende as construccedilotildees novas

de estabelecimentos assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de

estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes e os anteriormente natildeo destinados a estabelecimentos de

sauacutede (RDC nordm 50 2002)

A Figura 4 exibe as disposiccedilotildees da RDC nordm 50 acerca das unidades e ambientes

hospitalares destinados a internaccedilatildeo de pacientes

UnidadeAmbiente Dimensotildees

Internaccedilatildeo Geral

lactente crianccedila adolescente

e adulto

Quantificaccedilatildeo (miacutenima) Dimensatildeo (miacutenima)

Posto de enfermagemPrescriccedilatildeo

Meacutedica

1 posto a cada 30 leitos 60 msup2

Sala de serviccedilos 1 sala para cada posto de

enfermagem 57 msup2

26

Sala de exames e curativos

1 para cada 30 leitos (quando

existir enfermaria que natildeo

tenha subdivisatildeo fiacutesica dos

leitos

75 msup2

Aacuterea para Prescriccedilatildeo Meacutedica

20 msup2

Aacuterea de cuidados e

higienizaccedilatildeo do lactente

1 pcada 12 berccedilos ou fraccedilatildeo 40 msup2

Enfermaria de lactente

Quarto de crianccedila Quarto de adolescente

15 dos leitos do

estabelecimento

Deve haver no miacutenimo 1 quarto para servir de isolamento a

cada 30 leitos ou fraccedilatildeo

45 msup2 por leito = lactente

90 msup2 = quarto de 1 leito

50 msup2 por leito = crianccedila Nordm maacuteximo de crianccedilas ateacute 2 anos por

enfermaria = 12

Quarto de adolescente 100 msup2 = quarto de 1 leito ou 140 msup2 com

dimensatildeo miacutenima de 30m no caso do uso para

ldquoPPP 70 msup2 por leito = quarto de 2 leitos

60 msup2 por leito = enfermaria de 3 a 6 leitos

Nordm maacuteximo de leitos por enfermaria = 6

Distacircncia entre leitos paralelos = 1m

Distacircncia entre leito e paredes

Cabeceira= inexistente

Peacute do leito = 12 m

Lateral = 05 m

Enfermaria de adolescente

Quarto de adulto

a cada 30 leitos deve existir no

miacutenimo 1 quarto para situaccedilotildees

que requeiram isolamento

Enfermaria adulto

Aacuterea de

recreaccedilatildeolazerrefeitoacuterio

1 para cada unidade de

pediatria psiquiatria e crocircnicos

12 msup2 por paciente em condiccedilotildees de exercer

atividades recreativaslazer

Aacuterea ou antecacircmara de acesso

ao quarto de isolamento

18 msup2

Sala de aula 08 msup2 por aluno

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS

Fonte Adaptado da Resoluccedilatildeo RDC nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002

Em relaccedilatildeo agrave internaccedilatildeo de pacientes adultos e pediaacutetricos cada quarto ou enfermaria

de internaccedilatildeo deve ser provido de banheiro exclusivo aleacutem de um lavatoacuteriopia para uso da

equipe de assistecircncia em uma aacuterea anterior a entrada do quartoenfermaria ou mesmo no

interior desses fora do banheiro Um lavatoacuteriopia externo ao quarto ou enfermaria pode

servir a no maacuteximo 4 (quatro) quartos ou 2 (duas) enfermarias (RDC nordm 50 2002)

A RDC nordm 50 dispotildee sobre iluminaccedilatildeo dos ambientes hospitalares definindo que nos

quartos das enfermarias de unidade de internaccedilatildeo geral devem ser de quatro tipos iluminaccedilatildeo

geral em posiccedilatildeo que natildeo incomode o paciente deitado iluminaccedilatildeo de cabeceira na parede

(arandela) para leitura iluminaccedilatildeo de exame no leito com lacircmpada fluorescente que tambeacutem

pode ser obtida atraveacutes de aparelho ligado agrave tomada junto ao leito e sinalizaccedilatildeo de

enfermagem (IS) que eacute um de sistema de sinalizaccedilatildeo luminosa imediata entre o paciente

interno e o funcionaacuterio assistencial (meacutedico e enfermeira) O sistema interliga cada leito

sanitaacuterio e banheiro das diversas unidades e ambientes em que estaacute presente o paciente

27

interno com o respectivo posto de enfermagem que lhe daacute cobertura assistencial quarto

enfermaria e banheiro da unidade de internaccedilatildeo geral quarto aacutereas coletivas de pediatria e

banheiro da unidade de internaccedilatildeo intensiva A identificaccedilatildeo deve se dar em cada leito e porta

dos ambientes voltados para a circulaccedilatildeo (RDC nordm 50 2002)

Nos ambientes onde satildeo prestados os cuidados de sauacutede a iluminaccedilatildeo pode trazer

estiacutemulos positivos agrave recuperaccedilatildeo dos pacientes mas quando excessiva ou mal localizada

pode ser prejudicial A importacircncia da iluminaccedilatildeo tambeacutem estaacute relacionada agrave adequaccedilatildeo

visual dos profissionais para realizaccedilatildeo de procedimentos eou observaccedilatildeo dos pacientes De

modo geral os aspectos quantitativos satildeo mais valorizados que os qualitativos sendo esta

priorizaccedilatildeo notada nas legislaccedilotildees nacionais e estrangeiras Entre as normas nacionais

apresentando os requisitos miacutenimos a serem atendidos a Norma Brasileira (NBR) 541392

textos normativos da ABNT recomenda os valores de iluminacircncias e a Portaria nordm 188494 do

Ministeacuterio da Sauacutede sugere ldquoalguns criteacuterios qualitativos para projetos de iluminaccedilatildeo artificial

dos espaccedilos de internaccedilatildeordquo (Peccin 2002 p 15)

A preocupaccedilatildeo com a iluminaccedilatildeo nos ambientes hospitalares tem se focado mais na

questatildeo econocircmica envolvendo a racionalizaccedilatildeo da energia empregada e na reduccedilatildeo dos

custos de operaccedilatildeo do sistema Mesmo em relaccedilatildeo aos pacientes as discussotildees convergem

para questotildees de conforto ambiental luz de cabeceira para leitura iluminaccedilatildeo de vigiacutelia para

permitir o acesso da equipe de enfermagem agrave noite sem acionar a luz de teto Outra questatildeo eacute

a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas que ldquopermitam boa reproduccedilatildeo de cores permitindo a identificaccedilatildeo

de alteraccedilotildees orgacircnicasrdquo como por exemplo a coloraccedilatildeo da pele As questotildees de seguranccedila

satildeo tratadas em relaccedilatildeo agrave iluminaccedilatildeo de emergecircncia (NBR 1353495 e NBR 1089899) e

iluminacircncias meacutedias miacutenimas para atividades hospitalares considerando a dificuldade da

tarefa visual a idade do usuaacuterio poreacutem as legislaccedilotildees divergem entre os paiacuteses (Peccin

2002)

A ISO (International Organization for Standardization) 31000 de 2009 eacute a nova

referecircncia mundial para a Gestatildeo de Riscos fornecendo orientaccedilotildees para a estrutura de

gerenciamento de riscos aplicaacutevel a organizaccedilotildees de qualquer tamanho traz um modelo

conceitual que pode ser usado para a anaacutelise dos arranjos organizacionais que incluem planos

relacionamentos prestaccedilatildeo de contas recursos processos e atividades A Figura 5 traz a

proposto de um modelo conceitual para ser utilizado na anaacutelise desses arranjos (MacLeod et

al 2013)

28

Mandato e

comprometimento

Estrutura para gerenciar

riscos

Monitoramento e anaacutelise criacutetica da

estrutura

Melhoria contiacutenua da

estrutura

Implementaccedilatildeo da gestatildeo

de riscos

Fonte wwwiiabrasilorgbr Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000)

29

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA

Segundo Martins amp Theoacutephilo 2009 p 37 ldquoO objetivo da metodologia eacute o

aperfeiccediloamento dos procedimentos e criteacuterios utilizados na pesquisardquo Jaacute ldquomeacutetodo eacute o

caminho para se chegar a um determinado fim ou objetivordquo

Na Figura 6 estatildeo compiladas as atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborada pelo Auto

31 Delineamento da Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa empiacuterica O Empirismo eacute uma abordagem metodoloacutegica que

ldquoconsidera que o fato existe independentemente de qualquer atribuiccedilatildeo de valor ou

posicionamento teoacuterico e possui um conteuacutedo evidente livre de pressupostos subjetivosrdquo

(Martins amp Theoacutephilo 2009 p 39)

Eacute um estudo descritivoexploratoacuterio que coleta ldquodescriccedilotildees detalhadas de variaacuteveis

existentes e usam dados para justificar e avaliar condiccedilotildees e praacuteticas correntes ou fazer planos

mais inteligentes para melhorar as praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (LoBiondo-Wood amp Haber

2001 p 111)

Os autores afirmam que este tipo de desenho eacute uacutetil na busca ldquode informaccedilotildees precisas

sobre as caracteriacutesticas dos sujeitos de pesquisa grupos instituiccedilotildees ou situaccedilotildees ou sobre a

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborado pela autora

30

frequecircncia de um fenocircmeno particularmente quando se sabe pouco sobre o fenocircmenordquo

(LoBiondo-Wood amp Haber 2001 p 111)

O delineamento da pesquisa termo que tem sido substituiacutedo por estrateacutegias de

pesquisa refere-se agraves ldquodiferentes maneiras de abordar e analisar dados empiacutericos no contexto

das Ciecircncias Sociais Aplicadasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 53)

A estrateacutegia utilizada nesta pesquisa foi o estudo de caso

ldquotrata de uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa fenocircmenos dentro de seu

contexto real (pesquisa naturaliacutestica) onde o pesquisador natildeo tem controle

sobre eventos ou variaacuteveis buscando aprender a totalidade de uma situaccedilatildeo e

criativamente descrever compreender e interpretar a complexidade de um

caso concretordquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p62)

O estudo de caso eacute o tipo de estrateacutegia de pesquisa que bem se adequa a situaccedilotildees em

que a forma da questatildeo de pesquisa relaciona-se a questotildees explanatoacuterias onde natildeo se exige

controle sobre eventos comportamentais e que focaliza eventos contemporacircneos Os estudos

de caso podem incluir as e mesmo ser limitados agraves evidecircncias quantitativas (Yin 2001 pp

24-25)

O estudo de caso deve permitir ao investigador construir descriccedilotildees interpretaccedilotildees e

explicaccedilotildees originais que conduzam a conclusotildees e recomendaccedilotildees mostrando que foram

coletadas e avaliadas evidecircncias relevantes (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 63)

A escolha do estudo de caso como estrateacutegia de pesquisa deveu-se ao fato de ser pouco

conhecida a influecircncia dos fatores ambientais na ocorrecircncia de quedas no meio hospitalar

questatildeo jaacute mais explorada em domiciacutelio e instituiccedilotildees de longa permanecircncia e abrangendo

mais especificamente a populaccedilatildeo de idosos sendo o fenocircmeno pesquisado no seu contexto

real

Trata-se de estudo retrospectivo pois os indiviacuteduos satildeo seguidos do efeito para a

causa No estudo longitudinal retrospectivo se conhece o efeito e se busca a causa (Bordalo

2006)

Segundo Szklo (2002 p16)

ldquoQuando o investigador tem interesse em identificar fatores de risco (fatores

etioloacutegicos) o desenho mais eficiente em ambiente hospitalar eacute o estudo de

casos e controles tambeacutem conhecido como estudo retrospectivo Podem-se

conduzir estudos de casos e controles em um ou mais hospitais bem como

incluir pacientes hospitalizados ou ambulatoriais Comparado com estudos de

coorte este tipo de estudo eacute relativamente barato geralmente de menor duraccedilatildeo e exige uma amostra menorrdquo

31

Foi utilizada a teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa

As ldquoavaliaccedilotildees qualitativas contribuem com a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos e

as anaacutelises quantitativas datildeo uma ordem de grandeza do risco vinculado ao fenocircmenordquo (Lima

2012 p72)

Na teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa os dados satildeo descritivos compreendendo a

descriccedilatildeo de pessoas de acontecimentos e reaccedilotildees e mesmo a transcriccedilatildeo de relatos A

preocupaccedilatildeo central natildeo satildeo as mediccedilotildees mas sim as descriccedilotildees e interpretaccedilotildees dos fatos

(Martins amp Theoacutephilo 2009)

Martins amp Theoacutephilo (2009) enfatizam que o estudo de caso pede avaliaccedilatildeo

qualitativa uma vez que tem como objetivo a anaacutelise de uma unidade social que eacute analisada

profunda e intensamente

32 Local do Estudo

O estudo foi realizado em um hospital puacuteblico de porte extra universitaacuterio localizado

no municiacutepio de Satildeo Paulo e faz parte de um complexo hospitalar que ocupa uma aacuterea total de

352 mil metros quadrados com cerca de 2200 leitos Tem como oacutergatildeo responsaacutevel a

Secretaria de Estado da Sauacutede

O hospital escolhido conta com 843 leitos e atende predominantemente pacientes do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mas estende seu atendimento a pacientes conveniados

Oferece atendimento meacutedico-hospitalar ambulatorial por imagem e som serviccedilos

psicossocial e terapecircutico Abrange especialidades de cliacutenica meacutedica ciruacutergica e

traumatologia sendo referecircncia em transplante de fiacutegado adulto pacircncreas rim coacuternea pele e

medula oacutessea As enfermarias apresentaram no ano de 2013 taxa de ocupaccedilatildeo de 779

33 Procedimentos de Coleta dos Dados

Em se tratando de estudo de caso as atividades de coleta de dados devem ser

realizadas pelo pesquisador-autor que ldquoteraacute mais condiccedilotildees de continuamente estar pensando

e agindo na busca de relaccedilotildees entre a questatildeo de pesquisa que deseja responder as

proposiccedilotildees (teoria preliminar) que carecem de demonstraccedilotildees e a coleta dos dados e

evidecircnciasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p65)

Yin pondera que as evidecircncias para um estudo de caso podem vir de seis fontes

distintas documentos registros em arquivo entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo

participante e artefatos fiacutesicos As informaccedilotildees documentais satildeo relevantes a todos os toacutepicos

32

do estudo de caso Tais documentos podem ser correspondecircncias agendas e minutas de

reuniotildees relatoacuterios de eventos em geral O seu uso mais importante eacute ldquocorroborar e valorizar

as evidecircncias oriundas de outras fontesrdquo (Yin 2001 p 111)

Segundo Yin (2001) p 121) ldquo o uso de vaacuterias fontes de evidecircncias nos estudos de

caso permite que o pesquisador dedique-se a uma ampla diversidade de questotildees histoacutericas

comportamentais e de atitudesrdquo

Assim ldquoqualquer descoberta ou conclusatildeo em um estudo de caso provavelmente seraacute

muito mais convincente e acurada se se basear em vaacuterias fontes distintas de informaccedilatildeo

obedecendo a um estilo corroborativo de pesquisardquo (Yin 2001 p 121)

A pesquisa de campo eacute segundo Lakatos amp Marconi 1991 utilizada para a busca de

informaccedilotildees ou conhecimentos na procura de resposta para um problema atraveacutes da

observaccedilatildeo dos fenocircmenos como ocorrem espontaneamente coletando dados e registrando

variaacuteveis que possam estar relacionadas e posteriormente analisaacute-los

Nogueira (1968) como citado em Lakatos amp Marconi (1991 p 211) define formulaacuterio

como sendo ldquouma lista formal um cataacutelogo ou um inventaacuterio destinado agrave coleta de dadosrdquo O

preenchimento eacute feito pelo proacuteprio pesquisador atraveacutes de observaccedilatildeo ou interrogatoacuterio

Segundo Mello amp Turrioni (2007 p51)

ldquoA observaccedilatildeo eacute uma taacutetica de coleta de dados para conseguir informaccedilotildees e

utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados aspectos da realidade Natildeo

consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou fenocircmenos que se desejam estudar Desempenha papel importante nos

processos observacionais no contexto da descoberta e obriga o investigador a

um contato mais direto com a realidaderdquo

A observaccedilatildeo cientiacutefica ldquoeacute planejada sistematicamente eacute registrada metodicamente e

estaacute relacionada a proposiccedilotildees mais gerais em vez de ser apresentada como uma seacuterie de

curiosidades interessantes estaacute sujeita a verificaccedilotildees e controles sobre a validade e

seguranccedilardquo (Mello amp Turrioni 2007 p 51)

Na observaccedilatildeo estruturada ou sistemaacutetica ldquoo observador sabe o que procura e o que

carece de importacircncia em determinada situaccedilatildeo deve ser objetivo reconhecer possiacuteveis erros

e eliminar sua influecircncia sobre o que vecirc ou recolhe (Mello amp Turrioni 2007 p51)

A figura 7 mostra os pontos fortes e limitaccedilotildees do uso da observaccedilatildeo como taacutetica para

coleta de dados

33

Pontos fortes Limitaccedilotildees

Possibilita meios diretos e satisfatoacuterios para

estudar uma ampla variedade de fenocircmenos

O observado tende a criar impressotildees favoraacuteveis ou

desfavoraacuteveis no observador

Exige menos do pesquisador do que as outras

teacutecnicas

A ocorrecircncia espontacircnea natildeo pode ser prevista o que

impede muitas vezes o observador de presenciar o

fato

Permite a coleta de dados sobre um conjunto de

atitudes comportamentais tiacutepicas

Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do

pesquisador

Depende menos da introspecccedilatildeo ou da reflexatildeo A duraccedilatildeo dos acontecimentos eacute variaacutevel pode ser

raacutepida ou demorada e os fatos podem ocorrer

simultaneamente nos dois casos torna-se difiacutecil a

coleta de dados

Permite a evidecircncia de dados natildeo constantes do

roteiro de entrevistas ou de questionaacuterios

Vaacuterios aspectos da vida cotidiana particular podem

natildeo ser acessiacuteveis ao pesquisador

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo

Fonte Mello amp Turrioni 2007

Para este estudo foi realizado o levantamento a partir das notificaccedilotildees de incidentes

relacionados agraves quedas no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 para caracterizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo O grupo de elementos escolhido para compor a amostra foi feito intencionalmente

de acordo com criteacuterios estabelecidos

Foram selecionadas 6 unidades de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica que ocuparam as

primeiras seis posiccedilotildees na frequecircncia de ocorrecircncia de quedas segundo os dados coletados a

partir das notificaccedilotildees de incidentes Estes leitos satildeo destinados a internaccedilatildeo de indiviacuteduos

adultos de ambos os sexos com ambientes de acomodaccedilatildeo de diferentes dimensotildees para 1 2

4 ou 6 leitos O criteacuterio de exclusatildeo foi a realizaccedilatildeo de reforma preacutevia planejada e conduzida

sob a supervisatildeo do setor de Arquitetura e Engenharia Hospitalar da instituiccedilatildeo

A teacutecnica da coleta de dados utilizada nesta pesquisa foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes

nas unidades e das plantas das unidades

O formulaacuterio utilizado foi elaborado pela autora com base nas legislaccedilotildees e fatores

ambientais citados na literatura que podem estar relacionados a queda visando a adequaccedilatildeo

do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a perspectiva de avaliaccedilatildeo de riscos e

melhoria da seguranccedila Este formulaacuterio serviu como roteiro para a visita de campo

direcionando a inspeccedilatildeo dos itens relacionados a dimensotildees dos diferentes tipos de quartos

instalaccedilotildees dispositivos de seguranccedila e mobiliaacuterio no momento da observaccedilatildeo (APEcircNDICE

34

A) Os ambientes do quartos e banheiros foram fotografados para visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo

espacial do mobiliaacuterio As medidas dos quartos foram analisadas a partir das plantas

fornecidas pelo setor de engenharia e arquitetura

O periacuteodo de coleta foi de 1 a 30 de novembro de 2014

34 Procedimentos e Anaacutelise de Dados

Foi desenvolvido um banco de dados que permitiu a revisatildeo de evidecircncias com o

intuito de aumentar a confiabilidade do estudo O resultado das observaccedilotildees e das notificaccedilotildees

de incidentes pesquisados foram armazenados para que os dados possam ser prontamente

recuperaacuteveis para inspeccedilatildeo ou nova leitura Manter um encadeamento de evidecircncias tambeacutem

aumenta a confiabilidade das informaccedilotildees de um estudo de caso o que ldquoconsiste em permitir

que um observador externo - o leitor do estudo de caso por exemplo - possa perceber que

qualquer evidecircncia proveniente de questotildees iniciais da pesquisa leve agraves conclusotildees finais do

estudo de casordquo (Yin 2001 p127)

Yin (2001 p127) discorre que

ldquo a anaacutelise de dados consiste em examinar categorizar classificar em

tabelas ou do contraacuterio recombinar as evidecircncias tendo em vista proposiccedilotildees

iniciais de um estudordquo

Martins amp Theoacutephilo (2009 p69) relatam que ldquo natildeo haacute um roteiro para se analisar

os resultados de um estudo desta naturezacada caso eacute um casordquo

As proposiccedilotildees teoacutericas que

ldquo refletem o conjunto de questotildees da pesquisa as revisotildees feitas na

literatura sobre o assunto e as novas interpretaccedilotildees que possam surgirrdquo

constituem uma boa estrateacutegia a ser seguida na anaacutelise de dados permitindo a

produccedilatildeo de ldquoconclusotildees analiacuteticas irrefutaacuteveis e eliminar interpretaccedilotildees

alternativasrdquo (Yin 2001 p 129)

Os resultados foram analisados com base comparativa na literatura salientando as

evidecircncias relevantes que devem ser todas as encontradas Em relaccedilatildeo agrave aacuterea fiacutesica deveratildeo

ser considerados os itens que estatildeo ou natildeo em conformidade com a legislaccedilatildeo vigente

35 Aspectos Eacuteticos da Pesquisa

O projeto foi submetido agrave aprovaccedilatildeo da Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de

Pesquisa (CAPPESQ) da instituiccedilatildeo com parecer de aprovaccedilatildeo nordm 940006 de 27 de janeiro de

2015

Como o estudo natildeo envolveu nenhum tipo de abordagem a pacientes ou profissionais

natildeo se aplica a exigecircncia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) exigido

35

em toda pesquisa em que estejam envolvidos indiviacuteduos grupos ou seus representantes legais

que devem manifestar a sua anuecircncia em participar da pesquisa (Resoluccedilatildeo Nordm 466 2012)

36

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para se apurar o contexto de um incidente as informaccedilotildees devem abranger quatro classes

as caracteriacutesticas dos doentes as caracteriacutesticas do incidente os fatoresperigos contribuintes

e as consequecircncias organizacionais decorrentes da ocorrecircncia Entre as caracteriacutesticas dos

doentes estatildeo os dados demograacuteficos as relacionadas ao incidente satildeo aquelas que informam

as circunstacircncias em que o incidente ocorreu (como onde e quando) os fatores contribuintes

satildeo as circunstacircncias accedilotildees ou influecircncias que podem ter contribuiacutedo para a origem

desenvolvimento ou aumento do risco de um incidente e por fim as consequecircncias

organizacionais dizem do impacto do incidente sobre a organizaccedilatildeo tais como aumento da

utilizaccedilatildeo de recursos para prestar cuidados adicionais ao doente repercussotildees negativas

veiculadas pela comunicaccedilatildeo social consequecircncias legais devidas a resultados cliacutenicos ou

terapecircuticos negativos para o doente (OMS 2011)

Foram avaliadas notificaccedilotildees de 922 incidentes ocorridos de janeiro a junho de 2014 dos

quais 205 foram quedas (2223)

Com base nestes conceitos foi feita anaacutelise estatiacutestica descritiva na distribuiccedilatildeo de

frequecircncia dos dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo referido conforme

apresentado na Tabela 2

Os dados da pesquisa apontaram que em 205 quedas ocorridas entre janeiro e junho

de 2014 a idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 5663 anos sendo que natildeo

houve diferenccedila entre homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a

ocorrecircncia da queda foi de 14 dias Ao contraacuterio de outros estudos a idade meacutedia eacute inferior a

60 anos bem como o tempo meacutedio de ocorrecircncia que foi maior Como visto no estudo

realizado por Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006 com pacientes

hospitalizados a idade meacutedia foi de 673 anos e o tempo meacutedio de internaccedilatildeo ateacute a ocorrecircncia

foi de 119 dias Outras pesquisas trazem a prevalecircncia de quedas na faixa etaacuteria de 60 anos

ou mais (Costa Monteiro Memesath amp Almeida 2011 Paiva et al 2010 Correa et al 2012

Abreu et al 2012 e Inoue Matsuda Melo Murassaki amp Hayakawa 2011)

Nesta pesquisa houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo

noturno (50) Em relaccedilatildeo agrave prevalecircncia no sexo masculino este resultado vai ao encontro

dos apresentados por Paiva et al 2010 Costa et al 2011 Carneiro et al 2011e Inoue et al

2011) O turno noturno tambeacutem foi mais frequente nas pesquisas de Paiva et al 2010 (637)

e de Correa et al 2012 (413)

37

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo de janeiro

a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

N = 205

Caracteriacutesticas Meacutedia n

idade (meacutedia) 5663

dias de internaccedilatildeo (meacutedia) 1402

Sexo

Feminino

83 41

Masculino

122 59

Turno

Manhatilde

54 26

Tarde

42 21

Noturno

103 50

natildeo informado

6 3

Local

Banheiro

50 24

Quarto

89 43

corredor

13 6

saguatildeo do PS

6 3

SECSEM do PS

3 1

locais de exame

7 4

outros

8 5

natildeo informado

29 14

Altura

cadeiracadeira de rodaspoltrona

20 10

camaleitomaca

48 23

mesa ciruacutergicaexame

2 1

proacutepria altura

108 53

outros

1 05

natildeo presenciado

1 05

natildeo informado

25 12

Dano

Sim

61 30

Natildeo

122 59

natildeo informado 22 11

Fonte Resultados da pesquisa

Quanto ao local da queda 43 ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando

67 de ocorrecircncias no ambiente destinado agrave acomodaccedilatildeo do paciente durante a internaccedilatildeo O

quarto tambeacutem foi o local mais frequente de quedas nos estudos de Correa et al 2011 e

Abreu et al 2012 o que poderia ser explicado pelo fato de ser onde os pacientes permanecem

mais tempo

38

Em 53 dos incidentes a queda ocorreu da proacutepria altura 23 da cama leito ou

maca 12 dos casos a altura natildeo foi informada 10 da cadeira poltrona cadeira de rodas

1 da mesa ciruacutergicaexames e em 2 a queda natildeo foi presenciada ou outros

Das 205 quedas notificadas 122 (59) natildeo resultaram em danos constatados ou

referidos pelo paciente Em 62 eventos (30 ) ocorreu algum tipo de dano e em 21 casos

(11) esta informaccedilatildeo natildeo constava das notificaccedilotildees Entre os danos as mais frequentes

foram escoriaccedilotildees (43) seguida de ferimentos corto contusoslesotildees (21) sendo que em

dois casos foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de sutura Em 36 dos casos as lesotildees foram reunidas

em um grupo denominado ldquooutrosrdquo variando de dor referida pelo paciente agrave perda de

consciecircncia em duas ocorrecircncias fratura oacutessea em um caso hematoma subgaleal e deiscecircncia

de ferida operatoacuteria em outras duas situaccedilotildees

Em 164 ocorrecircncias (79) natildeo foram solicitados exames complementares ou natildeo foi

registrada na ficha de notificaccedilatildeo poreacutem em 42 (21) eles foram necessaacuterios Os mais

frequentes foram as tomografias computadorizadas (n= 24 57) solicitaccedilatildeo de RX foram 10

(24) e em dois casos foram necessaacuterios RX e tomografia computadorizada (5) e outros

tipos de exames somaram 6 casos (14)

As seis unidades de internaccedilatildeo onde ocorreu maior frequecircncia de quedas foram

Cliacutenica Meacutedica (10) Retaguarda do Pronto Socorro (8) Transplante Renal (7)

Nefrologia (6) Moleacutestia Infecciosas e Cirurgia Vascular (5 cada uma) A maior

porcentagem de quedas ocorreu nas aacutereas de Pronto Socorro (saguatildeo salas de emergecircncia

observaccedilatildeo e cuidados intensivos) somando 21 poreacutem natildeo constitui foacuterum deste estudo

que se restringiu agraves unidades de internaccedilatildeo Os restantes 38 ficaram distribuiacutedos em outras

18 unidades

A Tabela 3 traz a distribuiccedilatildeo dos locais de ocorrecircncia onde as quedas foram mais

frequentes considerando quarto e banheiro que somam os maiores valores

39

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde predominaram os

eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

Unidade local Quarto Banheiro Outros

Cliacutenica Meacutedica 30 55 15

Retaguarda do PS 18 52 30

Cirurgia Vascular 70 0 30

Unidade de

Transplante Renal44 21 25

Nefrologia 36 27 27

Moleacutestias

Infecciosas60 10 30

Fonte Resultados da Pesquisa

Observa-se que a frequecircncia de quedas foi significativamente maior no quarto nas

unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias Infecciosas onde haacute maior nuacutemero de pacientes

restritos ao leito seja pelas alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora na primeira e pela gravidade na

segunda

Considerando que a ocorrecircncia de quedas foi de 205 casos em seis meses podemos

considerar este evento como frequente de gravidade moderada (30 resultaram em dano aos

pacientes) e de alta detecccedilatildeo

A Tabela 4 apresenta a distribuiccedilatildeo das unidades visitadas e o atendimento aos

quesitos do formulaacuterio utilizado para registro dos dados levantados com base nas

recomendaccedilotildees de adequaccedilatildeo do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a

perspectiva da seguranccedila e avaliaccedilatildeo de riscos

Na unidade de Cliacutenica Meacutedica onde ocorreu o maior nuacutemero de quedas (10 de

todas as quedas notificadas) entre as aacutereas selecionadas dos 17 quesitos diretamente

relacionados a quedas do roteiro de inspeccedilatildeo elaborado (excluindo-se os itens referentes agraves

pias) natildeo foram atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em todos

os quartos mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os quartos e iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos A unidade de Retaguarda do Pronto Socorro (8 das quedas) teve os

seguintes quesitos natildeo atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em

todos os quartos iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e mobiliaacuterios com rodiacutezios e

travas em todos os quartos Por sua vez as unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias

Infecciosas onde ocorram 5 das quedas em cada uma delas tiveram 9 e 8 quesitos natildeo

atendidos respectivamente As unidades de Nefrologia (6 das quedas) e Transplante Renal

(7 das quedas) tambeacutem tiveram 9 itens natildeo atendidos Estes resultados alertam para

intervenccedilatildeo nestas aacutereas pois estatildeo em risco de novas e mais frequentes ocorrecircncias

40

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades visitadas

2014 Satildeo Paulo Brasil

Embora os sistemas de chamada de enfermagem estivessem presentes em todas as

unidades em todas elas havia vaacuterios dispositivos que natildeo funcionavam Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

UnidadeMoleacutestias

Infecciosas

Retaguarda

do Pronto

Socorro

Cliacutenica

MeacutedicaNefrologia

Transplant

e Renal

Cirurgia

Vascular

Quesito atende natildeo atende

Dimensotildees miacutenimas por

quartoleitoatende atende atende atende atende atende 100

Banheiro exclusivo para

cada quartoatende atende atende atende atende atende 100

Barras de apoio no box em

todos os banheirosatende atende atende atende natildeo atende atende 83 17

Barras de apoio proacuteximas ao

vaso sanitaacuterioatende atende atende atende atende atende 100

Pia agrave entrada do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Pia dentro do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Sistema de chamada de

enfermagematende atende atende atende atende atende 100

Interruptor de luz acessiacutevel natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso em perfeitas condiccedilotildees

em todos os quartosatende natildeo atende natildeo atende atende atende natildeo atende 50 50

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em

todos os leitos atende natildeo atende atende

presente mas

faltam

lacircmpadas

natildeo atende natildeo atende 33 67

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente mas

natildeo funcionanatildeo atende

presente

mas natildeo

funciona

84 16

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os

quartos

atende atende atende natildeo atende atende atende 84 16

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem atende atende atende atende atende natildeo atende 84 16

Camas com grades em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas comtravas em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas eleacutetricas em todos os

leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Escada de 2 degraus

presente em todos os leitos

e com ponteira de borracha

natildeo atendenatildeo se

aplica

natildeo se

aplicanatildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Mobilaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartosnatildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

atende atende atende atende atende atende 100

41

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia estivesse presente em todas

elas natildeo funcionava

Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os

quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado a ocorrecircncia

de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados)

Os itens seguintes natildeo satildeo atendidos na maioria das unidades (67 cada) camas com

grades em todos os leitos camas com travas em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os

leitos e escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Os

quesitos alertam quanto ao fato de que 23 de todas as quedas notificadas ocorreram da cama

ou leito camas hospitalares altas sem ajuste de altura pois natildeo satildeo eleacutetricas sem travas e

sem escadas para auxiliar a saiacuteda do leito

A RDC nordm 50 (p44 ANEXO 1) recomenda que os quartos tenham dimensotildees miacutenimas

por leito (6 msup2) distacircncia entre os leitos (1 m) distacircncia entre peacute do leito e parede (12 m) e

entre leitos (05 m) Embora estabeleccedila que na pediatria e na geriatria devam ser previstos

espaccedilos para poltrona de acompanhante ao lado do leito e para berccedilo ao lado da cama da matildee

no caso de alojamento conjunto considera que as metragens quadradas permaneccedilam as

mesmas citadas na tabela

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (Vigilacircncia Sanitaacuteria) investiga se os

dormitoacuterios obedecem aos padrotildees estabelecidos pela legislaccedilatildeo vigente se haacute distacircncia

miacutenima entre dois leitos que permita a faacutecil circulaccedilatildeo sendo as respostas para estas questotildees

sim ou natildeo natildeo especificando dimensotildees

Considerando as recomendaccedilotildees da RDC nordm 50 as unidades estudadas atendem os

requisitos de dimensotildees miacutenimas para os quartos de 2 4 e 6 leitos Entretanto a referida RDC

natildeo considera o espaccedilo para a colocaccedilatildeo de outros mobiliaacuterios necessaacuterios ao atendimento e

conforto do paciente como mesa de cabeceira mesa de refeiccedilatildeo e poltrona para

posicionamento de pacientes Ao se dispor todos estes itens mesmo o ambiente atendendo as

recomendaccedilotildees de dimensotildees miacutenimas o espaccedilo torna-se reduzido dificultando a circulaccedilatildeo

de pacientes e profissionais sem esbarrarem nos mobiliaacuterios o que pode prejudicar seu

equiliacutebrio e propiciar a ocorrecircncia de quedas

As Figuras 8 e 9 trazem imagens da distribuiccedilatildeo tiacutepica dos mobiliaacuterios nos ambientes

de internaccedilatildeo das unidades estudadas que literalmente se acumulam deixando reduzido

espaccedilo para circulaccedilatildeo e natildeo atendendo agrave recomendaccedilatildeo de distacircncia entre o leito e a parede

42

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de

cabeceira e suporte de soro contiacuteguos

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

Quanto agraves instalaccedilotildees sanitaacuterias questionam se estatildeo no mesmo pavimento das

enfermarias e se haacute um chuveiro para cada seis leitos O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospital

Geral da Coordenaccedilatildeo de Fiscalizaccedilatildeo Sanitaacuteria do Estado do Rio de Janeiro quanto a

banheiro para pacientes fala de um para cada quarto ou enfermaria que deve ter acesso direto

a um banheiro podendo este servir no maacuteximo a 2 enfermarias Nem um dos dois roteiros de

vistoria acata a RDC nordm 50 (2002) que prevecirc banheiro para pacientes em cada quarto ou

enfermaria Novamente natildeo se estabelece dimensotildees

43

Para as unidades estudadas todos os quartos contam com banheiro privativo

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (ANEXO 2) indaga se os chuveiros estatildeo

instalados em box com dimensotildees internas compatiacuteveis com banho em posiccedilatildeo assentada e

dotados de aacutegua quente

Tais requisitos natildeo parecem suficientes pois como se observa na Figura 10 abaixo a

cadeira higiecircnica eacute robusta e ocupa praticamente todo o espaccedilo do box impossibilitando a

permanecircncia do profissional acompanhando ou executando a higienizaccedilatildeo do paciente Aleacutem

disso natildeo haacute cinto de seguranccedila que impeccedila o arremesso do tronco para frente

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box

As Figuras 11 e 12 exibem os mobiliaacuterios habituais disponibilizados para o

atendimento dos pacientes A mesa de refeiccedilatildeo tem apenas dois rodiacutezios e sem trava A mesa

de cabeceira embora com peacutes fixos eacute de metal e com cantos pontiagudos que ao se chocarem

com o corpo do paciente podem provocar ferimentos

44

A figura 13 mostra a presenccedila das barras de apoio proacuteximas dispostas nas laterais do

vaso sanitaacuterio permitindo o alcance do paciente caso seja necessaacuterio

Durante o transcorrer do estudo uma medida de melhoria implementada foi a

substituiccedilatildeo de todas as camas por eleacutetricas em duas das unidades aumentando para de 33

para 50 as aacutereas que atendem este quesito

Quatro outras unidades do hospital jaacute passaram por reformas planejadas pela

arquitetura hospitalar com adequaccedilatildeo do nuacutemero de leitos ao espaccedilo disponiacutevel piso

iluminaccedilatildeo sistema de chamada de emergecircncia e de enfermagem barras de apoio e assentos

fixos nos banheiros

Para as aacutereas estudadas apenas uma delas jaacute possui projeto para reforma

Figura 11 Mesa de refeiccedilatildeo Figura 12 Mesa de cabeceira

45

Figura 11 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio

dispostas proacuteximas nas laterais

46

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA

Este estudo teve como principal objetivo avaliar a estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo de um hospital puacuteblico buscando analisar se as mesmas cumpriam a legislaccedilatildeo

vigente visto que na literatura como pode-se observar durante esta dissertaccedilatildeo existem alguns

pontos essenciais para garantir a seguranccedila do paciente no que se refere ao risco de queda

Pode-se entender que a gestatildeo do risco de queda de pacientes internados dentre vaacuterios

fatores deve existir a preocupaccedilatildeo com a estrutura fiacutesica do ambiente hospitalar

A principal contribuiccedilatildeo praacutetica deste estudo foi apresentar essa relaccedilatildeo do risco de queda

pela estrutura fiacutesica hospitalar das unidades de internaccedilatildeo estudadas e propondo a inclusatildeo

nos protocolos de gestatildeo de queda dos pacientes internados dos hospitais o item de anaacutelise de

estrutura fiacutesica

Para fidelizar essa proposta criamos um instrumento de apoio para todos os hospitais

sejam puacuteblicos ou privados utilizarem facilitando a identificaccedilatildeo de possiacuteveis natildeo

conformidades neste quesito arquitetura hospitalar

Deixa-se aqui uma sugestatildeo embasada na literatura cientiacutefica e legislaccedilatildeo vigente dos

itens relacionados a estrutura fiacutesica que devem ser avaliados como fatores de risco de queda

(Figura 14)

Esta proposta busca nortear os gestores quanto agraves necessidades de incluir a gestatildeo do

risco de queda no planejamento de construccedilotildees e reformas de edificaccedilotildees destinadas a

prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no acircmbito hospitalar

Os profissionais de arquitetura e engenharia hospitalar devem ter conhecimento dos

mobiliaacuterios pretendidos para acomodaccedilatildeo e atendimento do paciente considerando suas

proporccedilotildees em relaccedilatildeo aos ambientes e o espaccedilo ocupado por cada peccedila computado no

caacutelculo das dimensotildees dos quartos por leito

Eacute necessaacuteria a constataccedilatildeo da presenccedila e funcionalidade de dispositivos de seguranccedila

como as grades travas e regulaccedilatildeo de altura das camas ou escadas que propiciem a saiacuteda

segura do leito

A iluminaccedilatildeo deveraacute ser avaliada quanto agrave presenccedila tipo funcionamento e

efetividade Dispositivos como interruptores de acionamento de iluminaccedilatildeo e sistemas de

chamada devem estar instalados de modo a propiciar o alcance do usuaacuterio

Outra questatildeo a ser considerada eacute a circulaccedilatildeo segura no ambiente de internaccedilatildeo

garantida pela integridade do piso e se eacute mantido seco ausecircncia de obstaacuteculos como cabos e

extensotildees nos quais o paciente possa tropeccedilar e perder o equiliacutebrio

47

Figura 12 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar

Itens para inspeccedilatildeo Recomendaccedilatildeo

dimensotildees miacutenimas por leitomobiliaacuterio 800 msup2

distacircncia entre leitos 100 m

distacircncia entrte a lateral do leito e parede 050 m

distacircncia entre o peacute do leito e parede 120 m

espaccedilo aproximado reservado para cama hospitalar 220 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de cabeceira 125 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de refeiccedilatildeo 032 msup2

espaccedilo aproximado reservado para poltrona 180 msup2

iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e funcionando

banheiro exclusivo para cada quarto

dimensotildees miacutenimas do box do banheiro 100 msup2

Barras de apoio no box em todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas a todos os vasos sanitaacuterios em todos os banheiros

Sistema de chamada de Enfermagem para cada leito e funcionando

Interruptor de luz acessiacutevel para cada leito e ao alcance do paciente

Piso em perfeitas condiccedilotildees em todos os quartos integridade do material que o constitui

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e funcionando com

acionador ao alcance do paciente

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos e funcionando

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem

acima das portas de cada quarto com sinal

luminoso e sonoro

Cama com grades em todos os leitos

Camas com travas nas rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas ou com ajuste de altura em todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em todos os leitos

Piso seco continuamente Fonte Autor

48

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES

O objetivo geral deste estudo foi avaliar a estrutura fiacutesica das unidades de internaccedilatildeo

de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital de grande porte e a sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

A RDC nordm 50 traz como recomendaccedilatildeo de dimensotildees miacutenimas para quarto de dois

leitos 7 msup2leito e 6msup2leito para quartos de 3 a 6 leitos Nas unidades estudadas predominam

os quartos de 24 e 6 leitos A distacircncia miacutenima entre leitos deve ser de 1m da lateral da cama

e parede 050m e entre o peacute do leito e parede 12m Em relaccedilatildeo agraves dimensotildees miacutenimas dos

quartos proporcional ao nuacutemero de leitos 100 das unidades estatildeo em conformidade com a

legislaccedilatildeo

Outros fatores relacionados agrave seguranccedila e prevenccedilatildeo de quedas satildeo os sistemas de

iluminaccedilatildeo que aleacutem de presentes devem funcionar e os valores de iluminacircncia serem

adequados para os diferentes objetivos conforme Norma Brasileira (NBR) 541392 Os

sistemas de chamada de enfermagem devem ter ser dispositivos iacutentegros e ao alcance do

paciente

A escolha do tipo de piso deve considerar a relaccedilatildeo do dano causado pela queda com

relaccedilatildeo agrave absorccedilatildeo do impacto poreacutem natildeo eacute item previsto pela legislaccedilatildeo vigente A

manutenccedilatildeo do piso seco eacute medida recomendada

A presenccedila de grades travas e altura das camas mostram-se como fatores de impacto

na reduccedilatildeo destes incidentes evidenciados em publicaccedilotildees especiacuteficas

Quanto ao objetivo especiacutefico da pesquisa identificaccedilatildeo das medidas de seguranccedila

existentes para prevenccedilatildeo de quedas concluiu-se que embora as dimensotildees estejam em

conformidade com as recomendaccedilotildees ao considerarmos os mobiliaacuterios que habitualmente

compotildeem a unidade do paciente temos a cama com dimensotildees aproximadas de 225 m de

comprimento e 100 de largura a mesa de cabeceira em meacutedia com 050 m de largura por

050m de comprimento mesa de refeiccedilatildeo com base de 040m de largura X 080m de

comprimento poltrona reclinaacutevel medindo 077m de largura por 165m de profundidade total

aberta A disposiccedilatildeo ambiental destes objetos ocupa aproximadamente 5 27 msup2 de aacuterea

restando somente 073m da aacuterea total do quarto disponiacutevel para circulaccedilatildeo do profissional que

presta cuidados aos pacientes De modo geral os quartos da instituiccedilatildeo possuem aacuterea em

torno de 14msup2 para dois leitos O comprimento da cama (225 m) acrescido da largura da

mesa de refeiccedilatildeo (040m situada aos peacutes da cama) somando 265 m eacute disposto na largura do

quarto (333m) restando 068 m do peacute do leito ateacute a parede (recomendado eacute de 120m) e

49

passagem No sentido do comprimento do quarto soma-se as larguras da cama (100 m) da

mesa de cabeceira (050 m) da poltrona (077 m) e a distacircncia da lateral do leito ateacute a parede

(050 m) distacircncia entre os leitos de 100 m resultando em 377 m do total de 418 m Se

outros itens forem necessaacuterios como escada de dois degraus quando natildeo haacute cama eleacutetrica

suporte de soro e cadeira para visitante haacute maior restriccedilatildeo de espaccedilo disponiacutevel propiciando

choques do usuaacuterio e profissionais contra suas estruturas

Outros quesitos em conformidade em 100 das unidades foram banheiros exclusivos

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistema de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo

O banheiro privativo possui dimensotildees em torno de 375 msup2 e a aacuterea destinada ao box

027 msup2 contudo cadeira higiecircnica ocupa cerca 025msup2 natildeo restando espaccedilo para que o

colaborador permaneccedila ao lado do paciente

Barras de apoio no box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os

quartos iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo

itens atendidos na maioria das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia

estivesse presente em todas elas natildeo funcionava em nenhum quarto A sinalizaccedilatildeo de

enfermagem funcionava em todos os quartos mas requer o pronto atendimento agraves chamadas

Em contrapartida os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades Ao sair do leito com as

luzes apagadas por natildeo conseguir acessar o interruptor o paciente fica sujeito aos obstaacuteculos

ocultos pela escuridatildeo Na vigecircncia de instabilidade da marcha eou alteraccedilotildees de equiliacutebrio o

apoio em moacuteveis com rodiacutezio e sem travas podem propiciar a concretizaccedilatildeo da queda

As camas eram de acionamento mecacircnico em quatro das seis unidades

impossibilitando o ajuste de altura e o apoio dos peacutes do paciente no chatildeo ao sair do leito As

escadas de dois degraus quando disponiacuteveis natildeo possuem barras laterais para apoio e natildeo

apresentam ponteiras de borracha proporcionando situaccedilatildeo de instabilidade A falta de cama

com grades em todos os leitos submete o paciente ao risco de queda do leito em inadvertidas

situaccedilotildees de rolamento sobre o colchatildeo durante o sono e em camas de altura muito superior a

que estatildeo habituados em seus domiciacutelios

Accedilotildees implementadas como a substituiccedilatildeo de camas mecacircnicas por eleacutetricas que

permitem o ajuste de altura providenciam uma soluccedilatildeo para a saiacuteda segura do paciente do

leito

50

A composiccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo deve ser considerada apenas

informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as organizaccedilotildees hospitalares utilizam os

espaccedilos disponiacuteveis A robustez de peccedilas de mobiliaacuterio compromete a circulaccedilatildeo o que pode

ser determinante especialmente em situaccedilotildees de atendimento de emergecircncia Tais

consideraccedilotildees apontam a necessidade de descritivos e especificaccedilotildees teacutecnicas que atendam

estas exigecircncias

Os resultados obtidos sugerem que a estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de

influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas desde que outros fatores ambientais

sejam considerados respondendo a questatildeo de pesquisa

Pesquisas adicionais satildeo necessaacuterias para que as recomendaccedilotildees sejam validadas em

organizaccedilotildees de sauacutede e populaccedilatildeo de caracteriacutesticas semelhantes permitindo aos gestores

intervenccedilotildees relacionadas agrave estrutura fiacutesica e ambiente que sejam eficazes na prevenccedilatildeo de

quedas

61 Limitaccedilotildees da Pesquisa

A abordagem qualitativa utilizando dados subjetivos podem levar a diversidade e

imprecisatildeo aleacutem da questatildeo da incerteza da exatidatildeo dos dados registrados nas notificaccedilotildees

dos eventos adversos (Valle 2013)

O observador pode ter criado impressotildees favoraacuteveis ou desfavoraacuteveis sobre o objeto

estudado (Mello amp Turrioni 2007)

O excesso de confianccedila do pesquisador e a certeza com relaccedilatildeo aos dados podem levar

agrave falta de observaccedilatildeo de aspectos diferentes sob enfoques diferentes aleacutem do seu

envolvimento com a situaccedilatildeo pesquisada Considera-se ainda como limitaccedilatildeo o fato do

estudo se ater a apenas um hospital e a escolha de amostra de conveniecircncia

Constituiu limitaccedilatildeo assumida desconsiderar para fins de anaacutelise neste estudo outros

fatores de risco de queda associados a uso de medicamentos alteraccedilotildees de mobilidade e

marcha uso de dispositivos e estado mental

51

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APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA

Unidades

Recomendaccedilatildeo A B C D E F G H I J

Dimensotildees quarto 1 leito

Dimensotildees quarto 2 leitos

Dimensotildees quarto 3 leitos

Dimensotildees quarto 4 leitos

Dimensotildees quarto 5 leitos

Dimensotildees quarto 6 leitos

Banheiro exclusivo para

cada quarto

Barras de apoio no box em

todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas

a todos os vasos sanitaacuterios

Pia agrave entrada do quarto

Pia dentro do quarto

Sistema de chamada de

Enfermagem

Interruptor de luz

acessiacutevel

Piso em perfeitas

condiccedilotildees em todos os

quartos

Iluminaccedilatildeo de cabeceira

em todos os leitos

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

Sinalizaccedilatildeo de

enfermagem

Cama com grades em

todos os leitos

Camas com travas nas

rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas em todos

os leitos

Escada de 2 degraus

presente e com borracha

nas extremidades em

todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em

todos os quartos

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

57

ANEXO 1

58

59

ANEXO 2

Page 12: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FÍSICA DAS …

2

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos 22

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA 24

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA 24

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS 26

Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000) 28

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa 29

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo 33

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de 42

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

42

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box 43

Figura 13 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio dispostas proacuteximas nas laterais 45

Figura 14 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar 47

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um Hospital

Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil 8

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no

periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 37

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde

predominaram os eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil 39

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades

visitadas 2014 Satildeo Paulo Brasil 40

3

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Contextualizaccedilatildeo

O homem como indiviacuteduo ou como parte de organizaccedilotildees sempre esteve agrave procura de

formas de identificar os riscos que ameaccedilam sua existecircncia Nas sociedades primitivas de

cultura agraacuteria a produccedilatildeo atendia apenas suas necessidades imediatas logo a perda de uma

colheita significava desastre certo Organizadas como economias industriais sociedades e

indiviacuteduos seguem tentando compreender e antecipar os riscos que os ameaccedilam procurando

preservar seus bens valiosos (McCaffrey amp Hagg-Rckert 2009)

Risco eacute definido como o efeito da incerteza nos objetivos da organizaccedilatildeo sendo o

efeito um desvio em relaccedilatildeo ao esperado seja ele positivo ou negativo A incerteza eacute ldquoo

estado mesmo que parcial da deficiecircncia das informaccedilotildees relacionadas a um evento sua

compreensatildeo conhecimento sua consequecircncia e a probabilidade de ocorrecircncia associadardquo

(ABNT 2009)

A gestatildeo de risco eacute uma forma de reconhecer que os eventos podem levar a danos e

prevecirc a avaliaccedilatildeo e anaacutelise dos riscos de forma a minimizar sua ocorrecircncia e consequecircncias

Considerar um risco toleraacutevel natildeo significa aceita-lo mas conviver com ele confiando que

estaacute devidamente controlado Nenhuma pessoa deve ser exposta a risco grave a menos que

concorde em aceitaacute-lo (National Health Service - NHS 2008)

A gestatildeo de risco prevecirc a realizaccedilatildeo de ldquoatividades coordenadas para dirigir e controlar

uma organizaccedilatildeo no que se refere ao risco (ABNT 2009)

O Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission COSO

2007 (Comitecirc de Organizaccedilotildees Patrocinadoras do Comeacutercio) eacute uma iniciativa conjunta de

cinco organizaccedilotildees do setor privado e eacute dedicado a fornecer lideranccedila de pensamento atraveacutes

do desenvolvimento de quadros e orientaccedilatildeo sobre gerenciamento de riscos corporativos

controles internos e de dissuasatildeo de fraude As organizaccedilotildees reconhecem e direcionam seus

esforccedilos para a necessidade de se desenvolver uma estrateacutegia capaz de identificar avaliar e

administrar os riscos Nesta perspectiva o gerenciamento de riscos corporativos eacute definido

como um processo conduzido pela organizaccedilatildeo envolvendo o conselho administrativo

diretoria e demais empregados com o objetivo de estabelecer estrateacutegias para identificar

eventos em potencial que podem afetaacute-la administrando os riscos e possibilitando o alcance

de seus objetivos O evento eacute um incidente ou uma ocorrecircncia de causa interna ou externa

4

que pode afetar a realizaccedilatildeo dos objetivos da organizaccedilatildeo O risco eacute a possibilidade de um

evento ocorrer e afetar negativamente a realizaccedilatildeo destes objetivos

A administraccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo natildeo pode prever quando e como ocorreraacute um

evento e o impacto que causaraacute entretanto deve ser capaz de avaliar os riscos de sua

ocorrecircncia Os eventos podem estar relacionados a infraestrutura (disponibilidade de bens

acesso ao capital complexidade) a pessoal (capacidade dos empregados sauacutede e seguranccedila

atividades fraudulentas) a processos (capacidade desenho execuccedilatildeo) ou agrave tecnologia

(integridade de dados disponibilidade de dados e sistemas desenvolvimento alocaccedilatildeo

manutenccedilatildeo) (COSO 2007)

Apoacutes a avaliaccedilatildeo dos riscos pertinentes agraves atividades desenvolvidas eacute necessaacuterio

determinar como a organizaccedilatildeo responderaacute ao risco avaliando seu efeito e impacto custos e

benefiacutecios mantendo-se dentro da toleracircncia estabelecida As respostas da organizaccedilatildeo aos

riscos podem ser de evitaacute-los decidindo descontinuar as atividades que geram riscos A

posiccedilatildeo da organizaccedilatildeo pode ser de reduzir a probabilidade e impacto dos riscos ou ainda de

compartilhamento de uma parte do risco com a aquisiccedilatildeo de produtos de seguro a realizaccedilatildeo

de transaccedilotildees de heading ou a terceirizaccedilatildeo de uma atividade A resposta da organizaccedilatildeo pode

ser aceitaccedilatildeo do risco natildeo adotando nenhuma medida para afetar o grau de impacto dos riscos

(COSO 2007)

O ponto central de uma boa gestatildeo de riscos eacute a identificaccedilatildeo e tratamento dos

mesmos Todos os riscos inerentes agraves atividades da organizaccedilatildeo devem ser metodicamente

avaliados Os riscos podem ter origem em fatores internos e externos riscos financeiros

(creacutedito taxas de juros diferenccedilas cambiais fluxo de caixa e liquidez sistemas de controle

financeiros e sistemas de informaccedilatildeo) riscos estrateacutegicos (concorrecircncia alteraccedilotildees no

consumo alteraccedilotildees da atividade de procura investigaccedilatildeo amp desenvolvimento e capital

intelectual) riscos operacionais (recrutamento cadeia de abastecimento regulamentaccedilotildees

cultura composiccedilatildeo da gestatildeo do topo da organizaccedilatildeo) e perigos (acesso puacuteblico

empregados propriedade bens e serviccedilos contratos eventos naturais fornecedores meio

ambiente (Federation of European Risk Management Associations [FERMA] 2002)

Como os eventos satildeo inesperados as organizaccedilotildees devem implementar accedilotildees para a

reduccedilatildeo do risco gerindo ou controlando qualquer dano futuro ou probabilidade de dano

associado a um incidente Estas accedilotildees abrangem a detecccedilatildeo de fatores atenuantes do dano ou

accedilotildees de melhoria e podem ser proativas ou reativas Accedilotildees proativas podem ser teacutecnicas

como a anaacutelise de modos e efeitos de falha e anaacutelise de probabilidades de risco As ldquoaccedilotildees

5

reativas satildeo as desenvolvidas em resposta a conhecimentos adquiridos apoacutes a ocorrecircncia de

incidentes (por exemplo anaacutelise das causas)rdquo (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede [OMS] 2009)

O termo ldquocultura de seguranccedilardquo apareceu pela primeira vez apoacutes o acidente nuclear de

Chernobyl em 1988 e foi disseminado a vaacuterias induacutestrias com o intuito de melhorar a

seguranccedila e a confiabilidade das organizaccedilotildees Entretanto a extrapolaccedilatildeo para a sauacutede eacute

recente e ainda natildeo haacute consenso nos estudos sobre a forma como a seguranccedila do paciente

deve ser construiacuteda O primeiro passo para as organizaccedilotildees de sauacutede melhorarem a cultura de

seguranccedila eacute definir claramente o conceito fazendo diagnoacutestico do status atual em sua

empresa identificando pontos fortes e fracos para melhores informaccedilotildees e estrateacutegias de accedilatildeo

(Halligan amp Zecevic 2011)

Os hospitais como organizaccedilotildees de alto risco tecircm uma permanente preocupaccedilatildeo em

gerenciar o inesperado A medicina moderna tornou o atendimento cada vez mais complexo

resultando em maiores oportunidades para melhoria dos cuidados mas aumentando o risco de

eventos adversos e danos ao paciente (Briner Kessler amp Manser 2010)

O Processo de Gestatildeo de Risco incorporou-se ao setor da sauacutede nos Estados Unidos haacute

cerca de 30 anos com o objetivo de proteger as organizaccedilotildees de sauacutede contra as perdas

inicialmente atraveacutes da ldquocontrataccedilatildeo de seguros de responsabilidade civil para cobrir

consequecircncias econocircmicas das accedilotildees e processos por maacute praacuteticardquo movidas contra

profissionais eou hospitais Entretanto atualmente a Gestatildeo de risco tornou-se um programa

que visa agrave construccedilatildeo de normas preventivas corretivas e contingentes identificando

mapeando e monitorando os riscos ldquocom foco no processo de trabalho e na contiacutenua reduccedilatildeo

dos danos e perdasrdquo (Feldman 2009a p27 28)

Como os riscos associados agrave assistecircncia natildeo podem ser completamente eliminados o

conceito de Gestatildeo de Risco Cliacutenico (Clinical Risk Management - CRM) surgiu como uma

forma de direcionar os recursos hospitalares para melhorar a seguranccedila do paciente A Gestatildeo

de Risco Cliacutenico refere-se a uma forma especiacutefica de gestatildeo de risco com foco em processos

cliacutenicos direta e indiretamente relacionados ao paciente Compreende todas as estruturas

processos instrumentos e atividades que permitam aos profissionais identificar analisar

controlar e gerenciar os riscos ao fornecer tratamento cliacutenico e assistecircncia ao paciente Os

hospitais realizam uma variedade de atividades para promover a seguranccedila do paciente mas

natildeo o fazem de forma sistemaacutetica como gerenciamento de risco cliacutenico com o objetivo de

alcanccedilar a melhora dos serviccedilos e dos atendimentos meacutedicos (Briner Kessler amp Manser

2010)

6

As falhas satildeo a maior ameaccedila agrave seguranccedila dos pacientes pois os profissionais

automatizam comportamentos e os erros acontecem no meio de accedilotildees que jaacute realizamos

milhares de vezes o que eacute ignorado pelos sistemas de sauacutede e seus responsaacuteveis Criar uma

cultura de seguranccedila do paciente exige praacutetica alicerccedilada em evidecircncias cientiacuteficas sobre o

que funciona ou natildeo comunicaccedilatildeo dos resultados das mudanccedilas efetuadas a todos os

envolvidos e reavaliaccedilatildeo permanente do conjunto (Carneiro 2010)

Embora a gestatildeo de risco considere os riscos sob as perspectivas positivas (quando as

consequecircncias dos eventos constituem oportunidades para se obter vantagens) ou negativas

(quando constituem ameaccedilas ao sucesso) em se tratando de sauacutede e seguranccedila do paciente ldquoeacute

quase um dado adquirido que as consequecircncias satildeo apenas negativasrdquo devendo os esforccedilos

serem concentrados na prevenccedilatildeo ou diminuiccedilatildeo do dano (FERMA 2002 p3)

Nos Estados Unidos o programa da ldquoAgency for Healthcare Research and Qualityrdquo ndash

AHRQ ndash (Agecircncia de Pesquisa de Qualidade em Sauacutede) conduz e apoia a investigaccedilatildeo para a

construccedilatildeo de conhecimentos sobre seguranccedila do paciente e melhoria da qualidade

incentivando o investimento no aumento das capacitaccedilotildees de profissionais de sauacutede

divulgando os benefiacutecios de novos procedimentos mas os alertando dos riscos inerentes a eles

(Feldman 2009a)

Um estudo exploratoacuterio com pacientes internados em dois hospitais puacuteblicos de ensino

do Estado do Rio de Janeiro analisou uma amostra aleatoacuteria de 622 prontuaacuterios no ano de

2003 verificando que 583 pacientes natildeo sofreram Eventos Adversos (EA) (937) contra 39

(63) que sofreram Dos EA ocorridos 641 foram considerados evitaacuteveis quando

analisados por meacutedico revisor Os pacientes com EA apresentaram tempo meacutedio de

permanecircncia no hospital de 283 dias superior ao observado nos pacientes sem EA Os EA

implicaram no gasto de R$ 121236330 o que representou 27 do valor total de reembolso

recebido pelo total de internaccedilotildees realizadas em 2003 (Porto Martins Mendes amp Travassos

2010)

Quedas satildeo eventos comuns em ambiente hospitalar que tecircm como consequecircncia

lesotildees aumento do tempo de internaccedilatildeo aleacutem da questatildeo de responsabilidade legal

A Responsabilidade Civil (RC) ldquoimplica em reparar indenizar ou ressarcir pelo dano

causado a algueacutemrdquo e se decorrente do exerciacutecio profissional estende-se a qualquer

trabalhador envolvido na atividade ou prestaccedilatildeo de serviccedilos Portanto eacute necessaacuteria a

identificaccedilatildeo de falhas de cada processo de cuja execuccedilatildeo possam advir ldquodano estrago

7

detrimento ou prejuiacutezo ao paciente famiacutelia usuaacuterio profissional ou comunidaderdquo (Feldman

2010 a p 135)

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor 1990 em seu artigo 14 paraacutegrafo 1ordm determina

que

ldquoO serviccedilo eacute defeituoso quando natildeo fornece a seguranccedila que o consumidor

dele pode esperar levando-se em consideraccedilatildeo as circunstacircncias relevantes

entre as quais o modo de seu fornecimento o resultado e os riscos que

razoavelmente dele se esperam a eacutepoca em que foi fornecidordquo

12 Problema de Pesquisa

Um evento adverso eacute qualquer evento ou circunstacircncia involuntaacuteria que conduz a dano

ou sofrimento Incidente eacute um tipo especiacutefico de evento adverso eacute imprevisto ou inesperado e

pode prejudicar um ou mais pacientes que recebam cuidados de sauacutede (National Patient

Safety Agency [NPSA] 2008)

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede na Estrutura Conceitual da Classificaccedilatildeo

Internacional para a Seguranccedila do Paciente (ldquoThe Conceptual Framework for International

Classification for Patient Safetyrdquo) 2009 define a seguranccedila do paciente como a ldquoreduccedilatildeo do

risco de danos desnecessaacuterios relacionados aos cuidados de sauacutede para um miacutenimo

aceitaacutevelrdquo sendo aceitaacutevel o que diz respeito ao consenso diante dos recursos atualmente

disponiacuteveis do estado da arte do conhecimento do contexto em que a prestaccedilatildeo de cuidados

acontece e do custo benefiacutecio face a natildeo implementaccedilatildeo de um tratamento (OMS 2009 p

21)

Um estudo incluindo internaccedilotildees de adultos em cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas no Brasil

em 2007 utilizando como fonte de informaccedilatildeo o Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares (SIH)

mostrou frequecircncia de 36 potenciais resultados adversos por 1000 internaccedilotildees alertando esta

alta frequecircncia para a necessidade de se implementar estrateacutegias para monitorar tais

ocorrecircncias e identificar as melhorias necessaacuterias para garantir a seguranccedila do paciente em

ambiente hospitalar (Dias Martins amp Navarro 2012)

Feldman (2009b p 118) define risco assistencial como aquele que ldquoeacute proveniente das

situaccedilotildees que envolvem a dinacircmica dos cuidados durante a internaccedilatildeo ou periacuteodo de

permanecircncia do cliente no hospitalrdquo

As quedas de pacientes permanecem entre os eventos adversos mais relatados em

instituiccedilotildees de cuidados agudos resultando em morbidade mortalidade e medo de sofrer uma

nova queda Satildeo exemplos de situaccedilotildees notificadas no ambiente hospitalar relacionadas a

quedas

8

ldquoacidente com queda do paciente ao se apoiar na mesa de suporte para

alimentaccedilatildeo causando ferimento no braccedilo direito na altura do cotovelo

Queda no corredor do hospital em uma rampa com pouca inclinaccedilatildeo devido

ao piso estar molhado pela chuva Causou fratura no cotovelo esquerdo

levando o usuaacuterio agrave cirurgia A paciente caiu da poltrona individual ao se

esticar para pegar o telefone que estava sobre a mesa A queda causou

ferimento no joelho com hematomardquo (Feldman 2009b p129)

A Tabela 1 mostra os resultados de estudo realizado por Carneiro et al 2010 em um

periacuteodo de quatro anos em Goiacircnia

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um

Hospital Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil

Eventos Adversos N

Retirada de sondas drenos e cateteres 162 6136

Quedas 49 1856

Processos aleacutergicos 14 530

Evasatildeo 14 530

Uacutelcera por pressatildeo 13 492

Erros de Medicaccedilatildeo 7 265

Procedimentos meacutedicos 3 114

Hemoderivados 1 038

Queimaduras 1 038

Total 264 1000

Fonte Adaptado de Carneiro Bezerra Camargo e Silva Paranaguaacute amp Branquinho 2010

Morse em 1997 identificou trecircs classificaccedilotildees para as quedas de pacientes acidentais

(paciente tropeccedila ou escorrega em decorrecircncia de algum perigo ambiental como por exemplo

piso molhado) antecedentes fisioloacutegicos (quedas em pessoas consideradas com risco de cair)

quedas fisiologicamente inesperadas (quedas atribuiacutedas a fatores fisioloacutegicos que natildeo podem

ser previstas antes que ocorram) (Hendrich Bender amp Nyhuis 2003)

Decesaro amp Padilha (2002) conduziram um estudo em que coletaram dados em 12

Unidades de Terapia Intensiva (UTI) sendo 9 gerais e 3 especializadas de 8 instituiccedilotildees dos

municiacutepios de Londrina e Maringaacute A populaccedilatildeo foi constituiacuteda de 91 profissionais de

enfermagem que relataram um ou mais incidentes relativos a queda de pacientes durante a

internaccedilatildeo na UTI Os autores identificaram que 367 das situaccedilotildees estudadas natildeo

trouxeram nenhuma consequecircncia identificaacutevel para o paciente entretanto em 633

9

resultaram em uma ou mais consequecircncias imediatas para o paciente O maior percentual

estava relacionado a traumas teciduais resultando em contusotildees hematomas fraturas lesotildees

tissulares com e sem necessidade de sutura edema e sangramentos

Em um estudo conduzido entre janeiro de 1999 e dezembro de 2003 em um hospital

puacuteblico de ensino em Zurique Suiacuteccedila a taxa global de queda foi de 89 quedas por 1000

pacientes dia (Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006)

Outros estudos realizados com dados coletados de 826 boletins de notificaccedilatildeo de

eventos adversos em um hospital universitaacuterio terciaacuterio mostraram 80 registros relacionados a

quedas (107) no periacuteodo estudado de 30 meses implicando em 26 quedas por mecircs As

quedas do leito foram as mais frequentes (55) predominando nas enfermarias de

Neurologia (227) cliacutenica meacutedica (204) e moleacutestias infecciosas e parasitaacuterias (182)

As quedas da proacutepria altura corresponderam a 388 e ocorreram em maior nuacutemero na cliacutenica

meacutedica (387) e cirurgia gastroenteroloacutegica (129) As quedas de cadeiras foram as menos

frequentes (62) No periacuteodo noturno as quedas ocorreram com maior frequecircncia (637)

nos primeiros cinco dias de admissatildeo (617) e entre os indiviacuteduos do sexo masculino

(575) (Paiva Paiva Berti amp Campana 2010)

Utilizando uma ferramenta avaliativa para analisar uma Instituiccedilatildeo de Longa

Permanecircncia de Idosos do Rio Grande do Sul foi conduzido um estudo com o intuito de

identificar acertos e dificuldades da realidade encontrada envolvendo os eventos relacionados

a quedas Verificou-se que os pisos internos e externos natildeo possuiacuteam revestimentos

antiderrapantes e as escadas natildeo apresentavam sinalizaccedilatildeo Os dormitoacuterios eram coletivos e os

banheiros situavam-se no corredor e eram escuros tornando difiacutecil o acesso noturno Os

banheiros natildeo permitiam a entrada de cadeiras de rodas e natildeo possuiacuteam em sua totalidade

barras de seguranccedila junto ao vaso sanitaacuterio o vatildeo livre na parte inferior das portas tinha

medida inferior a 20 cm e os pisos apresentavam desniacuteveis Observou-se aglomeraccedilatildeo de

objetos decorativos tapetes sofaacutes que obstruiacuteam a livre circulaccedilatildeo do idoso podendo se

tornar risco para quedas (Feliciani Santos amp Valcarenghi 2011)

Conduzido em um hospital universitaacuterio de Goiacircnia que faz parte da Rede Hospitais

Sentinelas um estudo documental retrospectivo em uma cliacutenica ciruacutergica utilizou dados

referentes a eventos adversos registrados no livro de anotaccedilotildees de enfermagem entre janeiro

de 2005 e dezembro de 2009 mostrou que as quedas representaram 1856 (49 quedas) do

total de eventos 7551 das quedas ocorreram do leito 124 da proacutepria altura 1020 no

banheiro e 204 da maca (Carneiro et al 2011)

10

Saraiva (2008 apud Almeida Abreu amp Mendes 2010 p 165) destaca que fatores

extriacutensecos de quedas ldquorelacionados com fatores ambientais reuacutenem uma seacuterie de

caracteriacutesticas inadequadas dos espaccedilos mobiliaacuterio e iluminaccedilatildeo existecircncia de obstaacuteculos no

meio envolvente ausecircncia ou inadequaccedilatildeo de ajudas teacutecnicas vestuaacuterio inadequado entre

outrosrdquo

Embora nem todas as quedas estejam associadas a fatores ambientais natildeo haacute como

desvinculaacute-los desses eventos devendo-se buscar na legislaccedilatildeo relacionada os subsiacutedios

necessaacuterios para a respectiva anaacutelise

ldquoAs principais normas norteadoras das edificaccedilotildees dos Estabelecimentos de Assistecircncia agrave Sauacutede no Brasil satildeo do Ministeacuterio da Sauacutede atraveacutes da RDC nordm 50 de

21 de fevereiro de 2002 aleacutem de algumas normas que devem ser aprovadas junto a

Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (Anvisa) e agrave ABNTrdquo (Associaccedilatildeo Brasileira

de Normas Teacutecnicas) (Sistema Referecircncia Acadecircmica 2010 p 1)

13 Questatildeo de Pesquisa

Considerando que a gestatildeo de riscos em uma organizaccedilatildeo prevecirc que as atividades

sejam coordenadas em um processo de busca reconhecimento e descriccedilatildeo de riscos a

identificaccedilatildeo das fontes de risco eventos suas causas e consequecircncias natildeo pode preterir

qualquer aspecto relacionado

As atividades de prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede apresentam inuacutemeros riscos inerentes

ao proacuteprio desempenho de procedimentos e dos diferentes locais onde tais serviccedilos satildeo

oferecidos incluindo instalaccedilotildees mobiliaacuterios e equipamentos

Levando-se em conta as recomendaccedilotildees feitas pela legislaccedilatildeo e literatura relacionadas

este trabalho tem como objetivo identificar se a atual situaccedilatildeo das unidades de internaccedilatildeo de

cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo

Paulo pode influenciar na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando os

riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica as medidas de seguranccedila existentes para

fornecer subsiacutedios para as fases de projeto e construccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave melhoria da

gestatildeo do risco de queda nas unidades estudadas

Desta forma a questatildeo de pesquisa deste estudo eacute como a estrutura fiacutesica das

unidades de internaccedilatildeo de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande

porte do municiacutepio de Satildeo Paulo pode influenciar a ocorrecircncia de quedas de pacientes

internados

11

14 Objetivos

141Geral

Avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica de um

hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

142 Especiacuteficos

Identificar os riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica a que fica exposta a

populaccedilatildeo internada nas cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas

Identificar as medidas de seguranccedila existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas

Propor um instrumento para apoio a anaacutelise da estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo hospitalar com foco no gerenciamento do risco de queda

15 Justificativa para Estudo do Tema

Os estudos realizados sobre quedas em sua maioria caracterizam a populaccedilatildeo

envolvida neste evento quanto agrave idade sexo medicamentos utilizados local de ocorrecircncia Haacute

uma lacuna na literatura na identificaccedilatildeo dos fatores ambientais e equipamentosmobiliaacuterios

relacionados agrave queda no ambiente hospitalar Esta carecircncia pode ser devida a jaacute estabelecida

correlaccedilatildeo de outros fatores de risco bem definidos em populaccedilotildees especiacuteficas Entretanto

considerando que qualquer indiviacuteduo estaacute sujeito a este evento mesmo sem associaccedilatildeo a tais

fatores pode ser valoroso identificar se haacute riscos ambientais relacionados sobre os quais se

pode intervir

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os

perigos do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos Uma revisatildeo

de estudos realizados sobre quedas e ambiente fiacutesico concluiu que as quedas satildeo resultado da

interaccedilatildeo do estado do indiviacuteduo com o ambiente fiacutesico mas consideram razoaacutevel concluir

que mudanccedilas no meio ambiente oferecem abordagem promissora para a prevenccedilatildeo de

quedas especialmente quando associadas a outras intervenccedilotildees como programas de

exerciacutecios e educacionais (Feldman amp Chaudhury 2008)

12

Os dados referentes aos perigos ambientais que podem estar associados a

probabilidades de quedas satildeo insuficientes no que se refere a pacientes idosos hospitalizados

Entretanto em casas de repouso as quedas atribuiacutedas a fatores ambientais satildeo de 273 nesta

populaccedilatildeo (Registered Nurses Association of Ontaacuterio - RNAO 2005)

Na instituiccedilatildeo onde foi realizada a pesquisa as notificaccedilotildees de quedas de janeiro a

junho de 2014 somaram 205 eventos mostrando uma predominacircncia de ocorrecircncias em aacutereas

envolvendo a unidade reservada agrave internaccedilatildeo do paciente (quarto e banheiro) A

predominacircncia de tais quedas nestes locais levou agrave investigaccedilatildeo da influecircncia ambiental sobre

estes eventos

Estudos mostram uma maior frequecircncia de quedas entre indiviacuteduos idosos como o

estudo retrospectivo realizado em um hospital da grande Lisboa entre junho de 2008 e

dezembro de 2010 a anaacutelise de 214 de episoacutedios de quedas notificados (190 doentes) os

resultados demonstraram que os doentes com notificaccedilatildeo de incidente de queda tinham em

meacutedia 75 anos e apenas 6 dos indiviacuteduos tinham idade le 49 anos (Costa-Dias Oliveira

Moreira Santos Martins amp Arauacutejo 2013)

Segundo Saraiva et al (2008 apud Almeida Abreu ampMendes 2010 p 168) ldquoo risco

de queda aumenta linearmente como o nuacutemero de fatores de riscordquo o que sugere que se os

fatores de risco forem eliminados a probabilidade de ocorrecircncia de quedas pode diminuir

Como nem todos os fatores de risco podem ser eliminados por serem intriacutensecos ao

paciente medidas proativas de prevenccedilatildeo voltadas aos fatores extriacutensecos como o ambiente

podem significar uma valorosa estrateacutegia

Este estudo trouxe subsiacutedios para que se proponham medidas de seguranccedila associadas

agrave estrutura fiacutesica por excelecircncia visando a prevenccedilatildeo de queda em pacientes internados

16 Estrutura do Trabalho

Quanto agrave forma esta dissertaccedilatildeo estaacute estruturada em cinco capiacutetulos

O capiacutetulo um traz a contextualizaccedilatildeo com os pressupostos da aacuterea de conhecimento

relacionados ao gerenciamento de risco evento adverso e seu impacto na assistecircncia prestada

pelos serviccedilos de sauacutede a problematizaccedilatildeo mostra a inquietaccedilatildeo quanto aos fatores de risco

ambientais para ocorrecircncia de queda de pacientes no periacuteodo de internaccedilatildeo hospitalar Satildeo

estabelecidos a questatildeo de pesquisa objetivos geral e especiacuteficos a justificativa para o

desenvolvimento do estudo e a estrutura da dissertaccedilatildeo

13

No capiacutetulo dois o autor apresenta a Revisatildeo Bibliograacutefica com as bases teoacutericas e

evidecircncias existentes concebendo os polos gestatildeo de risco corporativo anaacutelise de risco

matriz de risco e legislaccedilatildeo relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

O capiacutetulo trecircs detalha os procedimentos metodoloacutegicos utilizados durante a pesquisa

com ecircnfase para o desenvolvimento do projeto de pesquisa

O quarto capiacutetulo apresenta os resultados obtidos e uma discussatildeo sob a oacuteptica da

literatura pertinente

O capiacutetulo cinco expressa as conclusotildees da pesquisa embasadas pela teoria correlata e

as recomendaccedilotildees

2REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Gestatildeo de Riscos Corporativos

O gerenciamento de riscos corporativos (Enterprise Risk Management ndash ERM) eacute o

gerenciamento de riscos dentro da organizaccedilatildeo O processo de gerenciamento de riscos deve

estar integrado agrave gestatildeo da organizaccedilatildeo identificando os riscos significativos aos seus

14

negoacutecios A estrutura do gerenciamento de riscos compreende os componentes e a

organizaccedilatildeo do gerenciamento de riscos dentro de uma empresa (MacLeod MacDonald

Ybarra Sorlie Foster amp Stokka 2013)

O gerenciamento de risco corporativo compreende um processo contiacutenuo conduzido

pelos profissionais em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo que inclui a identificaccedilatildeo de todos os

riscos que a estaacute exposta a organizaccedilatildeo indicando eventos que podem afetaacute-la aleacutem daqueles

que podem ser gerenciados propiciando garantia razoaacutevel agrave administraccedilatildeo e deve estar

orientado para a realizaccedilatildeo dos objetivos propostos Os objetivos satildeo classificados em quatro

categorias estrateacutegicos relacionados agraves metas gerais alinhadas agrave missatildeo da organizaccedilatildeo de

operaccedilotildees que diz respeito agrave utilizaccedilatildeo eficaz e eficiente dos recursos comunicaccedilatildeo referente

agrave confiabilidade de relatoacuterios e conformidade alusivos ao cumprimento de leis e

regulamentos aplicaacuteveis (COSO 2007)

O gerenciamento de risco corporativo considera o ambiente interno ou seja como a

organizaccedilatildeo identifica os riscos a forma de abordagem dos seus colaboradores seu apetite a

riscos e a filosofia do gerenciamento de risco Os objetivos fixados devem propiciar suporte e

estar alinhados com a missatildeo da organizaccedilatildeo e serem compatiacuteveis com seu apetite a riscos Eacute

necessaacuterio identificar os eventos que podem influenciar o alcance dos objetivos estabelecidos

Os riscos devem ser avaliados e analisados considerando a probabilidade e impacto

direcionando a forma como deveraacute ser abordado qual seraacute a resposta ao risco desenvolvendo

uma seacuterie de medidas para alinhar os riscos com a toleracircncia e com o apetite a risco As

atividades de controle estabelecem procedimentos e poliacuteticas que garantam que as atividades

de respostas aos riscos sejam executadas de forma eficaz Informaccedilotildees e a comunicaccedilatildeo eficaz

devem permear todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo com conteuacutedo apropriado informaccedilotildees

oportunas atuais exatas e de faacutecil acesso O monitoramento deve garantir a manutenccedilatildeo da

integridade do gerenciamento de risco e que as modificaccedilotildees necessaacuterias seratildeo implementadas

(COSO 2007)

Uma organizaccedilatildeo para melhorar sua abordagem em relaccedilatildeo ao gerenciamento de

risco deve partir de uma anaacutelise de seu processo e sistema atuais quanto agrave abordagem de

todos os componentes avaliando as atividades desenvolvidas pois a ausecircncia de qualquer

deles implica que o gerenciamento de risco eacute ineficaz O monitoramento contiacutenuo do processo

de gerenciamento de risco corporativo deve ser incorporado agraves atividades operacionais

normais e recorrentes da empresa com avaliaccedilotildees perioacutedicas e classificaccedilatildeo de riscos

permitindo que os problemas sejam identificados mais rapidamente (MacLeod et al 2013)

15

Entretanto o gerenciamento de riscos corporativos natildeo assegura que a organizaccedilatildeo

natildeo fracassaraacute no alcance de seus objetivos pois o risco estaacute relacionado ao futuro que eacute

incerto alguns eventos estatildeo aleacutem do controle da administraccedilatildeo e nenhum processo nunca

executaraacute exatamente o que foi previsto A eficaacutecia do gerenciamento de risco sofre

limitaccedilotildees da fraqueza humana pois as decisotildees devem ser tomadas utilizando julgamento

humano tendo como base as informaccedilotildees disponiacuteveis e sofrendo as pressotildees de conduzir um

negoacutecio da falta de adequado entendimento das instruccedilotildees pelos empregados o que pode

levar a erros de julgamento das mudanccedilas no sistema que forem introduzidas antes que o

pessoal tenha sido treinado adequadamente do esquecimento ou execuccedilatildeo incorreta de tarefas

por empregados temporaacuterios pode haver indiviacuteduos que atuem para impedir que o processo

de gestatildeo de riscos corporativos identifiquem as alteraccedilotildees existentes da limitaccedilatildeo de

recursos e a proacutepria direccedilatildeo da organizaccedilatildeo que pode neutralizar poliacuteticas ou procedimentos

recomendados com fins ilegiacutetimos (COSO 2007)

22 Anaacutelise de Riscos

A gestatildeo de riscos eacute um processo contiacutenuo que as organizaccedilotildees utilizam para analisar

metodicamente os riscos inerentes agraves suas atividades processo que deve estar incorporado agrave

cultura organizacional com responsabilidades atribuiacutedas em todos os niacuteveis constando das

descriccedilotildees das funccedilotildees Os ldquoproprietaacuteriosrdquo do processo de gestatildeo de riscos devem ser os

atores internos da organizaccedilatildeo (FERMA) 2002)

Realizar avaliaccedilatildeo de risco consiste em medir a consequecircncia definida aqui como o

resultado ou potencial resultado de um evento Para avaliar a gravidade dos incidentes pode

ser utilizado um sistema de pontuaccedilatildeo Para avaliar as consequecircncias algumas questotildees

devem ser resolvidas tais como A organizaccedilatildeo tem uma definiccedilatildeo clara do que constitui uma

pequena lesatildeo Que medidas satildeo utilizados para determinar o impacto psicoloacutegico sobre os

indiviacuteduos O que eacute definido como um evento adverso e quantos indiviacuteduos podem ser

afetados (National Patient Safety Agency [NPSA] 2008)

Identificar os riscos tem como objetivo identificar as incertezas a que estatildeo expostas as

organizaccedilotildees descrevendo-os de forma estruturada considerando a probabilidade e a

consequecircncia de cada um dos riscos definidos identificando os riscos chave e estabelecer as

prioridades na anaacutelise dos mesmos A descriccedilatildeo dos riscos prevecirc a designaccedilatildeo acircmbito do

risco a natureza do risco intervenientes quantificaccedilatildeo dos riscos toleracircncia para o risco

tratamento e mecanismo de controle do risco possiacuteveis accedilotildees de melhoria e desenvolvimento

16

de estrateacutegias e poliacuteticas O impacto das consequecircncias dos riscos e a sua probabilidade de

ocorrecircncia satildeo fatores importantes da avaliaccedilatildeo Brainstorming questionaacuterios anaacutelises

comparativas de setor anaacutelise de cenaacuterios investigaccedilatildeo de incidentes auditorias e inspeccedilotildees

satildeo algumas teacutecnicas propostas para a identificaccedilatildeo de riscos (FERMA 2002)

O tratamento de riscos consiste em selecionar e implementar medidas para modificar

um risco e deve no miacutenimo ldquoproporcionar um funcionamento eficaz e eficiente da

organizaccedilatildeo garantir controles internos eficazes e cumprir leis e regulamentaccedilotildees (FERMA

2002)

O niacutevel responsaacutevel pela administraccedilatildeo deve conhecer os riscos mais importantes que

a organizaccedilatildeo enfrenta os possiacuteveis efeitos em seu desempenho garantir a sensibilizaccedilatildeo aos

riscos em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo dispor de formas de gerir uma crise ter certeza de

que o processo de gestatildeo de riscos eacute eficaz As unidades de negoacutecio devem conhecer os riscos

relacionados agraves suas aacutereas de atuaccedilatildeo impactos que podem produzir em outros setores e das

consequecircncias destes setores sobre elas dispor de desempenho que lhes permitam monitorizar

as atividades identificar as intervenccedilotildees necessaacuterias Cada indiviacuteduo deve compreender seu

niacutevel de responsabilizaccedilatildeo compreender a forma como pode contribuir para a melhoria

contiacutenua da gestatildeo de riscos comunicar os riscos novos ou falhas constatadas nas medidas de

controle implementadas (FERMA 2002)

Perdas e custos relacionados agrave sauacutede seguranccedila e incidentes ambientais podem natildeo ser

seguraacuteveis pois englobam danos morais aos usuaacuterios e agrave reputaccedilatildeo da organizaccedilatildeo (FERMA

2002)

Quando os pacientes procuram os serviccedilos de sauacutede esperam receber benefiacutecios

embora jaacute tenham consciecircncia de que erros podem acontecer na prestaccedilatildeo de cuidados que

natildeo intencionais e na maioria das vezes tem origem nas falhas dos proacuteprios processos A

responsabilidade dos profissionais ligados direta ou indiretamente agrave prestaccedilatildeo de cuidados eacute

tentar reduzir os erros pois embora sejam sensiacuteveis aos erros que atingem a si proacuteprios ou aos

seus familiares muitas vezes ficam alheios aos erros decorrentes da sua praacutetica diaacuteria (Lage

2010)

Segundo a Portaria MSGM nordm 5292013 a cultura de seguranccedila abrange os

profissionais e gestores envolvidos no cuidado que ldquoassumem a responsabilidade por sua

seguranccedila dos seus colegas pacientes e familiares priorizando a seguranccedila agraves metas

financeiras e operacionais encorajando a identificaccedilatildeo notificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos problemas

17

relacionados agrave seguranccedila promovendo o aprendizado organizacionalrdquo (Ministeacuterio da Sauacutede

[MS] 2013)

O Ministeacuterio da Sauacutede define gestatildeo de risco como a aplicaccedilatildeo sistecircmica e contiacutenua

de iniciativas procedimentos condutas e recursos na avaliaccedilatildeo e controle de riscos e eventos

adversos que afetam a seguranccedila a sauacutede humana a integridade profissional o meio

ambiente e a imagem institucionalrdquo (MS 2013)

Por sua vez o Gerenciamento de Risco consiste na aplicaccedilatildeo de um conjunto de

medidas para prever identificar e minimizar a ocorrecircncia de eventos inesperados e

indesejaacuteveis que podem causar dano fiacutesico ou psicoloacutegico aos pacientes (Lima amp Dutra

2010 p 87)O risco cliacutenico natildeo eacute decorrente apenas da atuaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede

mas estaacute associado agrave ausecircncia de poliacuteticas e praacuteticas de seguranccedila do paciente seguranccedila das

instalaccedilotildees ou atendimento aos processos de trabalho (Lima amp Dutra 2010)

O Protocolo de Londres eacute uma versatildeo revisada e atualizada do ldquoProtocolo para

Investigaccedilatildeo e Anaacutelise de Incidentes Cliacutenicosrdquo e tem como proposta assegurar uma

investigaccedilatildeo e anaacutelise abrangentes e planejadas de um incidente indo aleacutem da procura de

culpados O termo anaacutelise de causa raiz tem origem na induacutestria sendo que um grupo de

ferramentas satildeo utilizadas para identificar as causas baacutesicas na investigaccedilatildeo e anaacutelise de

incidentes Entretanto o cenaacuterio que surge desta investigaccedilatildeo eacute muito mais complexo onde

haacute uma cadeia de eventos e fatores que contribuem para sua ocorrecircncia Eacute necessaacuterio

identificar quais fatores contribuem de forma mais impactante na ocorrecircncia dos eventos Na

aviaccedilatildeo induacutestrias de petroacuteleo e nucleares investigaccedilatildeo de incidentes satildeo procedimentos bem

estabelecidos (Taylor-Adams amp Vincent 2004)

No modelo organizacional de acidentes de James Reason as decisotildees falhas nos altos

escalotildees da organizaccedilatildeo permeiam os departamentos criando condiccedilotildees favoraacuteveis para atos

inseguros e acidentes Devem ser criadas barreiras e defesas contra perigos e para mitigar as

consequecircncias de falhas humanas e de equipamentos Tais barreiras podem ser fiacutesicas (muros

vedaccedilatildeo) naturais (distacircncia) accedilotildees humanas (meacutetodos de checagem) e controles

administrativos (treinamento) O passo inicial eacute identificar falhas no processo organizacional

atos inseguros ou omissotildees cometidas por pessoas cujas accedilotildees podem ter consequecircncias

adversas imediatas Este modelo extrapolado para cuidados de sauacutede identifica fatores que

influenciam a praacutetica cliacutenica e estatildeo relacionados ao paciente (complexidade e severidade de

suas condiccedilotildees liacutengua e comunicaccedilatildeo fatores sociais) fatores tecnoloacutegicos e tarefas

(disponibilidade e uso de protocolos apoio na tomada de decisatildeo tarefas projetadas e clareza

18

da estrutura) fatores relacionados a pessoas (conhecimento e ferramentas competecircncia sauacutede

fiacutesica e mental) equipe (comunicaccedilatildeo verbal e escrita supervisatildeo e procura de ajuda) e

ambiente de trabalho (carga de trabalho e turnos disponibilidade e manutenccedilatildeo de

equipamentos suporte administrativo) fatores organizacionais e gerenciais (recursos

financeiros estrutura organizacional cultura de seguranccedila e prioridades) e fatores

institucionais (contexto regulatoacuterio e econocircmico contatos com organizaccedilotildees externas)

(Taylor-Adams amp Vincent 2004)

23 Quedas

No Protocolo de Prevenccedilatildeo de Quedas integrante do Programa Nacional de Seguranccedila

do Paciente do Ministeacuterio da Sauacutede a definiccedilatildeo de queda considerada foi ldquodeslocamento natildeo

intencional do corpo para um niacutevel inferior agrave posiccedilatildeo inicial provocado por circunstacircncias

multifatoriais resultando ou natildeo em danordquo (MS 2013)

Rutledge et al (1998 apud Kalischi amp Tschannen 2012 p 6) definem queda como

um evento em que os pacientes satildeo encontrados no chatildeo por funcionaacuterios ou visitantes evento

observado ou natildeo ou o rebaixamento natildeo planejado do paciente ao niacutevel do chatildeo

As quedas segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede satildeo categorizadas como

incidentes que ocorrem com os doentes classificadas pelo tipo (tropeccedilar escorregar desmaio

perda de equiliacutebrio) e podem envolver berccedilo cama cadeira maca banheiro equipamento

terapecircutico escadas ou degraus enquanto transportado ou apoiado por outro indiviacuteduo OMS

2009)

Estima-se que um terccedilo das pessoas com mais de 65 anos e metade das pessoas com

idade acima de 80 anos sofrem pelo menos uma queda por ano sendo que nos hospitais

australianos 38 dos eventos com pacientes envolvem queda (The Joanna Briggs Institute

1998)

Vaacuterias ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco de queda foram desenvolvidas e validadas

Hendrich I e II Johns Hopkins Innes Morse STRATIFY Downton Tinetti and Schimidt

Entretanto natildeo haacute consenso sobre qual destes eacute o melhor instrumento na prediccedilatildeo de quedas

Aleacutem disso ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco por si soacute natildeo previnem quedas (Degelau

Bungum Flavin Harper Leys Londquist amp Webb 2012)

A traduccedilatildeo e a adaptaccedilatildeo transcultural para a liacutengua portuguesa do Brasil da Morse

Fall Scale (Escala de Queda de Morse) mostraram resultados satisfatoacuterios quanto agrave clareza

dos itens da escala traduzida a concordacircncia entre os avaliadoresjuiacutezes na aplicaccedilatildeo da

19

escala atingiu classificaccedilatildeo quase perfeita na maioria dos itens e a variabilidade intra-

avaliadoresjuiacutezes foi categorizada como excelente Nesta escala satildeo avaliados os seguintes

itens histoacuterico de quedas diagnoacutestico secundaacuterio auxiacutelio na deambulaccedilatildeo terapia

endovenosadispositivo endovenoso salinizado ou heparinizado marcha e estado mental

Cada um destes criteacuterios recebe escores que variam de 0 a 30 pontos A somatoacuteria destes

pontos indica o niacutevel de risco baixo risco (0 a 24) meacutedio risco (25 a 44) e alto risco (ge 45)

(Urbanetto Creutzberg Franz Ojeda Gustavo Bittencourt amp Farina 2013)

Um estudo transversal com amostra total de 137 idosos em atendimento na Cliacutenica-

Escola de Fisioterapia da Universidade de Itauacutenam que responderam a um questionaacuterio

estruturado relataram como fatores e comportamentos de riscos extriacutensecos de queda o uso de

calccedilados inadequados escadas sem corrimatildeo uso de tapetes no chatildeo obstaacuteculos entre o

quarto e banheiro objetos espalhados pelo chatildeo e iluminaccedilatildeo deficiente sendo que a

iluminaccedilatildeo foi a uacutenica variaacutevel estatisticamente significativa (Lopes Carvalho Mouratildeo

Dias Mitre amp Moraisorais 2010)

Ao entrevistar 39 pacientes idosos atendidos em dois serviccedilos de pronto atendimento

do Rio Grande do Sul entre dezembro de 2019 a abril de 2010 com diagnoacutestico de queda um

estudo verificou fatores relacionados ao ambiente de moradia sendo que 949 dos idosos

tinham moacuteveis pontiagudos em casa 897 das residecircncias tinham degraus 692 referiram

ter tapetes soltos em casa 513 afirmaram que suas residecircncias possuiacuteam pisos

escorregadios e 308 tinham escadas (Ramos Santos Barlem amp Pelzer 2011)

Em Portugal entre os anos de 2007 a 2009 em um hospital universitaacuterio foi observado

que a maior parte das quedas ocorreu no quarto onde existiam mais obstaacuteculos como mesas de

cabeceira cadeira cadeira de rodas limitando a mobilidade dos pacientes Os autores

identificaram diminuiccedilatildeo ao longo dos anos o que foi atribuiacutedo agrave revisatildeo do sistema de

travagem das camas cadeira de rodas suportes de soros com rodas aboliccedilatildeo do uso de cera

no piso e substituiccedilatildeo por cera antiderrapante aquisiccedilatildeo de grades para todas as camas

colocaccedilatildeo de barras de apoio no banheiros mais especificamente proacuteximo ao vaso sanitaacuterio e

chuveiro colocaccedilatildeo de degraus duplos para os pacientes subirem para as camas e pedido de

aquisiccedilatildeo de camas eleacutetricas articuladas na cabeceira e nos peacutes com grade de proteccedilatildeo e que

permitam ajuste da altura em relaccedilatildeo ao chatildeo (Abreu Mendes Monteiro amp Santos 2012)

Em 80 quedas ocorridas em um periacuteodo de doze meses em um hospital privado

acreditado pela Joint Commission International no que diz respeito agraves condiccedilotildees ambientais

no momento da queda as mais frequentes foram presenccedila de obstaacuteculos (5) ou falta de

20

apoio (5) Em 512 dos casos houve algum tipo de consequecircncia sendo as mais frequentes

as escoriaccedilotildees (163) e os hematomas (113) Apoacutes a implantaccedilatildeo de accedilotildees assistenciais

de prevenccedilatildeo como a identificaccedilatildeo de risco ocorreu a queda do iacutendice (Correa Marques

Martinez Laurino Leatildeo amp Chimentatildeo 2012)

As camas com baixa altura foram recentemente associadas agrave reduccedilatildeo de quedas Um

sistema de sauacutede informou que a associaccedilatildeo de caracteriacutesticas de cama relacionadas agrave altura

do chatildeo superfiacutecie de redistribuiccedilatildeo de pressatildeo e sistema interno de alarme reduziu em 9 a

taxa de quedas em cinco meses (Degelau et al 2012)

Em instituiccedilotildees de longa permanecircncia as quedas da cama satildeo comuns entre os

internos com disfunccedilatildeo das extremidades distuacuterbios cognitivos ou que fazem uso de

medicaccedilotildees que prejudicam sua capacidade de levantar-se e mover-se de forma independente

Outros fatores contribuem para o aumento da ocorrecircncia desses eventos como altura da cama

colchotildees altos e macios camas com rodiacutezios ambientes estranhos camas com altura e largura

diferentes ao que estatildeo acostumados Tais consideraccedilotildees reforccedilam a necessidade ao se

selecionar este mobiliaacuterio de se adequar o tipo de cama agraves caracteriacutesticas da populaccedilatildeo

atendida como uma das medidas eficazes no controle de fatores de risco extriacutensecos (Fragala

Perry amp Fragala 2012)

Um estudo canadense se propocircs a avaliar se havia diferenccedila na taxa de lesotildees

relacionadas com quedas entre o piso existente e o piso de intervenccedilatildeo suas propriedades

antiderrapantes e de absorccedilatildeo do impacto Houve uma influecircncia significativa do piso na

absorccedilatildeo da energia no impacto do piso com o quadril e parte posterior da cabeccedila em

simulaccedilotildees fornecendo insights sobre as diferenccedilas na capacidade de atenuaccedilatildeo do impacto

dos diferentes tipos de piso sobre estas estruturas corpoacutereas (Glinka Karakolis Callaghan amp

Laing 2013)

Haacute intervenccedilotildees que devem ser estendidas a todos os pacientes independente do risco

de queda familiarizar o paciente com o ambiente ensinar o paciente a usar o sistema de

chamada e mantecirc-lo sempre ao alcance de sua matildeo manter proacuteximos seus pertences pessoais

ter corrimatildeos no banheiro do paciente quarto e corredor manter as camas em posiccedilatildeo baixa e

com rodas travadas garantir o uso pelo paciente de calccedilado bem ajustado e com solado

antiderrapante utilizar luz noturna ou iluminaccedilatildeo suplementar manter piso limpo e seco e

limpar prontamente todos os derramamentos manter as aacutereas de atendimento ao paciente

organizadas (Degelau et al 2012)

21

Equipes deveriam circular com frequecircncia pelo ambiente para confirmar que

corredores e aacutereas do paciente estejam bem iluminadas organizadas e livres de vazamentos

corrimatildeos sejam seguros mesas e cadeiras resistentes Pessoal da biotecnologia deve

inspecionar dispositivo auxiliar regularmente A equipe de enfermagem deve confirmar que

os quartos dos pacientes sejam criados de forma que minimize o risco de quedas Toda a

equipe deve se certificar de que situaccedilotildees de risco sejam tratadas imediatamente (Degelau et

al 2012)

Portanto conhecer os fatoresperigos contribuintes de um incidente pode trazer

informaccedilotildees sobre accedilotildees que podem ser empreendidas para reduzir o risco de ocorrecircncia

(OMS 2011)

24 Matriz de Risco

Marshall (2002) Crouhy Galai amp Mark (2004 apud Paulo Fernandes Rodrigues amp

Eidt 2007) ressalta que a matriz de risco viabiliza a mensuraccedilatildeo qualitativa de riscos sendo

o ldquoniacutevel de risco definido pela composiccedilatildeo das variaacuteveis frequecircncia (probabilidade) e

severidade (impacto financeiro) associadas aos eventos de perda (fatores de risco) inerentes

ao processo avaliadordquo (De Paulo Fernandes Rodrigues amp Eidt 2007 p 50)

A matriz de risco eacute uma ferramenta utilizada para anaacutelise de riscos de processos de

vaacuterias naturezas considerando sua gravidade ou consequecircncias e a probabilidade (frequecircncia

ou probabilidade) Uma matriz de risco deve ser simples de usar deve fornecer dados

consistentes mesmo quando utilizada por profissionais de diferentes funccedilotildees e deve se adaptar

a necessidades especiacuteficas Deve ser utilizada com parcimocircnia para avaliaccedilatildeo de risco

estrateacutegico e de processo na tomada de decisotildees de gestatildeo

A Figura 1 traz a proposiccedilatildeo de pontuaccedilotildees das consequecircncias de riscos com as orientaccedilotildees e exemplos

adicionais relacionados a riscos com impacto na seguranccedila dos pacientes (NSH 2008)

22

Domiacutenios Despreziacutevel Menor Moderado Maior Catastroacutefico

Impacto sobre a seguranccedila

do paciente (fiacutesico

psicoloacutegico dano)

Lesatildeo miacutenima

requerendo

nenhumaintervenccedilatildeo

miacutenima ou

tratamento

Pequena lesatildeo ou

doenccedila exigindo menor

intervenccedilatildeo Aumento

do tempo de internaccedilatildeo

por 1-3 dias

Lesatildeo moderado

requerendo intervenccedilatildeo

profissional Aumento do

tempo de internaccedilatildeo por

4-15 dias Um evento

com impacto sobre um

pequeno nuacutemero de

pacientes

Ferimento grave levando a

incapacidade a longo

prazoAumento do tempo

de internaccedilatildeo por gt 15

dias

Incidente levando agrave morte Vaacuterias lesotildees

com efeitos permanentes ou irreversiacuteveis

sobre a sauacutede Um evento com impacto

sobre um grande nuacutemero de pacientes

Exemplos adicionais

Medicaccedilatildeo incorreta

dispensada mas natildeo

administrada

Incidentes resultando

numa

contusatildeoAtraso no

transporte de rotina

para o paciente

Medicamento errado ou

dosagem administrada

errada sem efeitos

adversos Uacutelcera por

pressatildeo estaacutegio I

Medicamento errado ou

dosagem administrado

com potencial efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IIIII

Queda resultando em

ferimentos como uma

entorse

Medicamento errado ou

dosagem errada

administrada com efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IV queda

resultando em ferimentos

como luxaccedilatildeo fratura

golpe na cabeccedila A perda

de um membro

Morte inesperada O suiciacutedio de um

paciente Homiciacutedios cometidos por

pacientes com doenccedila mentalRemoccedilatildeo

de parte errada do corpo levando agrave morte

ou incapacidade permanente Incidente

levando a paralisia

1 2 3 4 5

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos

Fonte Adaptada de National Safety Agency 2008

25 Ferramenta de Anaacutelise do modo e efeito da falha (FMEA)

A Failure Modes and Effects Analysis (FMEA) eacute uma ferramenta de abordagem

proativa utilizada para anaacutelise criacutetica prospectiva e contiacutenua de projetos e processos

propiciando a identificaccedilatildeo de riscos problemas ou potenciais falhas antes da ocorrecircncia de

um erro Desenvolvida na deacutecada de 1960 pela induacutestria aeroespacial foi reconhecida pela

Joint Commission on Accredittion oh Healthcare Organizations (JCAHO) como uma

ferramenta de qualidade relevante para as organizaccedilotildees de sauacutede (Silva Teixeira amp Cassiani

2009)

O Veterans Health Administration (VHA) o maior sistema de sauacutede integrado dos

Estados Unidos com 150 centros meacutedicos e cerca de 1400 ambulatoacuterios comunitaacuterios

adaptou a FMEA para utilizar em suas instituiccedilotildees com a denominaccedilatildeo de Healthcare Failure

Mode Effects and Analysis (HFMEA) (Silva Teixeira amp Cassiani 2009)

A maioria dos sistemas de notificaccedilatildeo de eventos relacionados agrave seguranccedila do paciente

se concentra na anaacutelise dos eventos adversos apoacutes a ocorrecircncia de uma lesatildeo HFMEA

oferece aos usuaacuterios ferramentas analiacuteticas que podem permitir a identificaccedilatildeo proativa-

mente de vulnerabilidades e corrigi-las antes que as falhas ocorram (Stalhandske De Rosier

Wilson amp Murphy 2009)

HFMEA agiliza as etapas da anaacutelise de risco encontradas na FMEA tradicional

combinando as etapas de detecccedilatildeo e a criticidade da FMEA tradicional com um algoritmo

apresentado como uma aacutervore de decisatildeo

Substitui o caacutelculo do nuacutemero de prioridade de risco (RPN) por uma pontuaccedilatildeo de

risco que eacute lida diretamente na Matriz de Escores de Hazard desenvolvida pela NCPS

(National Center for Patient Safety) para este propoacutesito

23

O objetivo da anaacutelise de riscos eacute desenvolver uma lista de riscos que se controlados de

forma eficaz possam prevenir uma doenccedila ou lesatildeo Eacute utilizado um processo com cinco

passos para avaliar aspectos especiacuteficos

No passo 1 eacute feita a definiccedilatildeo do processo a ser estudado no passo 2 eacute organizada uma

equipe multidisciplinar com especialistas no assunto e um conselheiro no passo 3 deve ser

desenvolvido um diagrama cronoloacutegico com a identificaccedilatildeo de cada etapa do processo no

passo 4 satildeo listados todos os possiacuteveis modos de falha de cada etapa determinando a

probabilidade e gravidade do modo de falha (Matriz de Escores de Perigo ndash Matriz de

Tolerabilidade) e utilizar a aacutervore de decisatildeo

O propoacutesito eacute determinar se o modo de falha justifica a implementaccedilatildeo de

medidasbarreiras que eliminem ou reduzam substancialmente a probabilidade de que um

evento perigoso ocorra

No passo 5 satildeo determinadas as causas de modo de falha (definido como ldquodiferentes

maneiras que um processo ou sub-processo pode deixar de fornecer o resultado esperadordquo)

que se quer ldquoeliminarrdquo ldquocontrolarrdquo ou ldquoaceitarrdquo (Veterans Health Administration National

Center for Patient Safety2009)

Segundo a HFMEA a severidade de um evento abrange as consequecircncias para o

paciente visitantesacompanhantes colaborador equipamentoinstalaccedilatildeo e fogo

Todo gestor deve verificar a realidade do evento classificaacute-los identificando as fontes

de perigo e propondo o gerenciamento de risco

Os eventos satildeo classificados como menores moderados importantes ou catastroacuteficos

(Figura 2)

Evento catastroacutefico (4) Evento importante (3)

Resultado para o paciente morte ou perda permanente da funccedilatildeo

(sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual) suiciacutedio estupro

reaccedilatildeo transfusional hemoliacutetica cirurgiaprocedimento no paciente

errado ou em parte errada do corpo sequestro infantil ou entrega de

crianccedila agrave famiacutelia errada Visitante morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais

Colaborador morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais colaboradores

Equipamentosinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $250000

Fogo qualquer fogo maior que uma chama inicial

Resultado para o paciente diminuiccedilatildeo permanente da funccedilatildeo

corporal (sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual)

desfiguraccedilatildeo intervenccedilatildeo ciruacutergica requerida aumento do

tempo de permanecircncia do paciente por 3 ou mais pacientes

aumento do niacutevel de assistecircncia para 3 ou mais pacientes Visitante hospitalizaccedilatildeo de 1 ou 2 visitantes

Colaborador hospitalizaccedilatildeo 123 ou mais colaboradores

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $100000

Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

24

Evento moderado (2) Evento menor (1)

Resultado para o paciente aumento da permanecircncia ou aumento no

niacutevel de assistecircncia para 1 ou 2 pacientes

Resultado para o paciente nenhum prejuiacutezo ou aumento da

permanecircncia injuacuteria ou aumento no niacutevel de assistecircncia

Visitante avaliaccedilatildeo e treinamento para 1 ou 2 (natildeo-hospitalizaccedilatildeo) Visitante avaliaccedilatildeo e nenhum tratamento requerido ou doenccedila

Colaborador despesas meacutedicas danos ou doenccedila para 1 ou 2 Colaborador tratamento de primeiros socorros sem dano ou

doenccedila

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano entre $10000 e $100000 Equipamentoinstalaccedilatildeo dano menor que $10000 ou perda de

utilidade sem resultado adverso ao paciente (exemplo gaacutes

natural eletricidade aacutegua comunicaccedilotildees transportes calorar

condicionado

Fogo incipiente ou menor Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA

Fonte Adaptado do (Veterans Health Administration National Center for Patient Safety)

Ainda segundo a HFMEA os eventos satildeo classificados segundo a probabilidade de

ocorrerem como mostra a Figura 3

Frequente (4) Provaacutevel de ocorrer imediatamente ou dentro de um curto

periacuteodo (pode ocorrer vaacuterias vezes em um ano)

Ocasional (3) Provavelmente ocorreraacute (pode ocorrer vaacuterias vezes em 1 ou 2 anos)

Incomum (2)

Possiacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 5 anos)

Remota (1) Improvaacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 30

anos)

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA

Fonte Adaptado do Veterans Health Administration National Center for Patient Safety

26 Legislaccedilatildeo Relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

A Portaria nordm 1884 GM de 11 de novembro de 1994 considerando a necessidade das

Secretarias Estaduais e Municipais contarem com um instrumento de avaliaccedilatildeo de projetos

fiacutesicos adequado agraves novas tecnologias na aacuterea da sauacutede resolve ldquoaprovar as normas que com

estas baixam destinadas ao exame e aprovaccedilatildeo dos Projetos Fiacutesicos de Estabelecimentos

Assistenciais de Sauacutederdquo compreendendo ldquoas construccedilotildees novas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute

existentesrdquo e ldquoinobservacircncia das normas aprovadas por esta Portaria constitui infraccedilatildeo agrave

legislaccedilatildeo sanitaacuteria federal conforme dispotildee o artigo 10 inciso II da Lei nordm 6437 de 20 de

agosto de 1977rdquo (Ministeacuterio da Sauacutede [MS] 1994)

25

Em seu capiacutetulo 2 a Portaria nordm 188494 referente agrave organizaccedilatildeo fiacutesico-funcional

Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede (EAS) lista as atividades que satildeo geradoras ou que

caracterizam os ambientes sendo a unidade de internaccedilatildeo o local de ldquoprestaccedilatildeo de

atendimento de assistecircncia agrave sauacutede em regime de internaccedilatildeo- atendimento a pacientes que

necessitam de assistecircncia direta programada por periacuteodo superior a 24 horas (pacientes

internos)rdquo (MS1994)

A Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada (RDC) nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002 dispotildee

sobre o Regulamento teacutecnico para planejamento programaccedilatildeo elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de

projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede e compreende as construccedilotildees novas

de estabelecimentos assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de

estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes e os anteriormente natildeo destinados a estabelecimentos de

sauacutede (RDC nordm 50 2002)

A Figura 4 exibe as disposiccedilotildees da RDC nordm 50 acerca das unidades e ambientes

hospitalares destinados a internaccedilatildeo de pacientes

UnidadeAmbiente Dimensotildees

Internaccedilatildeo Geral

lactente crianccedila adolescente

e adulto

Quantificaccedilatildeo (miacutenima) Dimensatildeo (miacutenima)

Posto de enfermagemPrescriccedilatildeo

Meacutedica

1 posto a cada 30 leitos 60 msup2

Sala de serviccedilos 1 sala para cada posto de

enfermagem 57 msup2

26

Sala de exames e curativos

1 para cada 30 leitos (quando

existir enfermaria que natildeo

tenha subdivisatildeo fiacutesica dos

leitos

75 msup2

Aacuterea para Prescriccedilatildeo Meacutedica

20 msup2

Aacuterea de cuidados e

higienizaccedilatildeo do lactente

1 pcada 12 berccedilos ou fraccedilatildeo 40 msup2

Enfermaria de lactente

Quarto de crianccedila Quarto de adolescente

15 dos leitos do

estabelecimento

Deve haver no miacutenimo 1 quarto para servir de isolamento a

cada 30 leitos ou fraccedilatildeo

45 msup2 por leito = lactente

90 msup2 = quarto de 1 leito

50 msup2 por leito = crianccedila Nordm maacuteximo de crianccedilas ateacute 2 anos por

enfermaria = 12

Quarto de adolescente 100 msup2 = quarto de 1 leito ou 140 msup2 com

dimensatildeo miacutenima de 30m no caso do uso para

ldquoPPP 70 msup2 por leito = quarto de 2 leitos

60 msup2 por leito = enfermaria de 3 a 6 leitos

Nordm maacuteximo de leitos por enfermaria = 6

Distacircncia entre leitos paralelos = 1m

Distacircncia entre leito e paredes

Cabeceira= inexistente

Peacute do leito = 12 m

Lateral = 05 m

Enfermaria de adolescente

Quarto de adulto

a cada 30 leitos deve existir no

miacutenimo 1 quarto para situaccedilotildees

que requeiram isolamento

Enfermaria adulto

Aacuterea de

recreaccedilatildeolazerrefeitoacuterio

1 para cada unidade de

pediatria psiquiatria e crocircnicos

12 msup2 por paciente em condiccedilotildees de exercer

atividades recreativaslazer

Aacuterea ou antecacircmara de acesso

ao quarto de isolamento

18 msup2

Sala de aula 08 msup2 por aluno

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS

Fonte Adaptado da Resoluccedilatildeo RDC nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002

Em relaccedilatildeo agrave internaccedilatildeo de pacientes adultos e pediaacutetricos cada quarto ou enfermaria

de internaccedilatildeo deve ser provido de banheiro exclusivo aleacutem de um lavatoacuteriopia para uso da

equipe de assistecircncia em uma aacuterea anterior a entrada do quartoenfermaria ou mesmo no

interior desses fora do banheiro Um lavatoacuteriopia externo ao quarto ou enfermaria pode

servir a no maacuteximo 4 (quatro) quartos ou 2 (duas) enfermarias (RDC nordm 50 2002)

A RDC nordm 50 dispotildee sobre iluminaccedilatildeo dos ambientes hospitalares definindo que nos

quartos das enfermarias de unidade de internaccedilatildeo geral devem ser de quatro tipos iluminaccedilatildeo

geral em posiccedilatildeo que natildeo incomode o paciente deitado iluminaccedilatildeo de cabeceira na parede

(arandela) para leitura iluminaccedilatildeo de exame no leito com lacircmpada fluorescente que tambeacutem

pode ser obtida atraveacutes de aparelho ligado agrave tomada junto ao leito e sinalizaccedilatildeo de

enfermagem (IS) que eacute um de sistema de sinalizaccedilatildeo luminosa imediata entre o paciente

interno e o funcionaacuterio assistencial (meacutedico e enfermeira) O sistema interliga cada leito

sanitaacuterio e banheiro das diversas unidades e ambientes em que estaacute presente o paciente

27

interno com o respectivo posto de enfermagem que lhe daacute cobertura assistencial quarto

enfermaria e banheiro da unidade de internaccedilatildeo geral quarto aacutereas coletivas de pediatria e

banheiro da unidade de internaccedilatildeo intensiva A identificaccedilatildeo deve se dar em cada leito e porta

dos ambientes voltados para a circulaccedilatildeo (RDC nordm 50 2002)

Nos ambientes onde satildeo prestados os cuidados de sauacutede a iluminaccedilatildeo pode trazer

estiacutemulos positivos agrave recuperaccedilatildeo dos pacientes mas quando excessiva ou mal localizada

pode ser prejudicial A importacircncia da iluminaccedilatildeo tambeacutem estaacute relacionada agrave adequaccedilatildeo

visual dos profissionais para realizaccedilatildeo de procedimentos eou observaccedilatildeo dos pacientes De

modo geral os aspectos quantitativos satildeo mais valorizados que os qualitativos sendo esta

priorizaccedilatildeo notada nas legislaccedilotildees nacionais e estrangeiras Entre as normas nacionais

apresentando os requisitos miacutenimos a serem atendidos a Norma Brasileira (NBR) 541392

textos normativos da ABNT recomenda os valores de iluminacircncias e a Portaria nordm 188494 do

Ministeacuterio da Sauacutede sugere ldquoalguns criteacuterios qualitativos para projetos de iluminaccedilatildeo artificial

dos espaccedilos de internaccedilatildeordquo (Peccin 2002 p 15)

A preocupaccedilatildeo com a iluminaccedilatildeo nos ambientes hospitalares tem se focado mais na

questatildeo econocircmica envolvendo a racionalizaccedilatildeo da energia empregada e na reduccedilatildeo dos

custos de operaccedilatildeo do sistema Mesmo em relaccedilatildeo aos pacientes as discussotildees convergem

para questotildees de conforto ambiental luz de cabeceira para leitura iluminaccedilatildeo de vigiacutelia para

permitir o acesso da equipe de enfermagem agrave noite sem acionar a luz de teto Outra questatildeo eacute

a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas que ldquopermitam boa reproduccedilatildeo de cores permitindo a identificaccedilatildeo

de alteraccedilotildees orgacircnicasrdquo como por exemplo a coloraccedilatildeo da pele As questotildees de seguranccedila

satildeo tratadas em relaccedilatildeo agrave iluminaccedilatildeo de emergecircncia (NBR 1353495 e NBR 1089899) e

iluminacircncias meacutedias miacutenimas para atividades hospitalares considerando a dificuldade da

tarefa visual a idade do usuaacuterio poreacutem as legislaccedilotildees divergem entre os paiacuteses (Peccin

2002)

A ISO (International Organization for Standardization) 31000 de 2009 eacute a nova

referecircncia mundial para a Gestatildeo de Riscos fornecendo orientaccedilotildees para a estrutura de

gerenciamento de riscos aplicaacutevel a organizaccedilotildees de qualquer tamanho traz um modelo

conceitual que pode ser usado para a anaacutelise dos arranjos organizacionais que incluem planos

relacionamentos prestaccedilatildeo de contas recursos processos e atividades A Figura 5 traz a

proposto de um modelo conceitual para ser utilizado na anaacutelise desses arranjos (MacLeod et

al 2013)

28

Mandato e

comprometimento

Estrutura para gerenciar

riscos

Monitoramento e anaacutelise criacutetica da

estrutura

Melhoria contiacutenua da

estrutura

Implementaccedilatildeo da gestatildeo

de riscos

Fonte wwwiiabrasilorgbr Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000)

29

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA

Segundo Martins amp Theoacutephilo 2009 p 37 ldquoO objetivo da metodologia eacute o

aperfeiccediloamento dos procedimentos e criteacuterios utilizados na pesquisardquo Jaacute ldquomeacutetodo eacute o

caminho para se chegar a um determinado fim ou objetivordquo

Na Figura 6 estatildeo compiladas as atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborada pelo Auto

31 Delineamento da Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa empiacuterica O Empirismo eacute uma abordagem metodoloacutegica que

ldquoconsidera que o fato existe independentemente de qualquer atribuiccedilatildeo de valor ou

posicionamento teoacuterico e possui um conteuacutedo evidente livre de pressupostos subjetivosrdquo

(Martins amp Theoacutephilo 2009 p 39)

Eacute um estudo descritivoexploratoacuterio que coleta ldquodescriccedilotildees detalhadas de variaacuteveis

existentes e usam dados para justificar e avaliar condiccedilotildees e praacuteticas correntes ou fazer planos

mais inteligentes para melhorar as praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (LoBiondo-Wood amp Haber

2001 p 111)

Os autores afirmam que este tipo de desenho eacute uacutetil na busca ldquode informaccedilotildees precisas

sobre as caracteriacutesticas dos sujeitos de pesquisa grupos instituiccedilotildees ou situaccedilotildees ou sobre a

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborado pela autora

30

frequecircncia de um fenocircmeno particularmente quando se sabe pouco sobre o fenocircmenordquo

(LoBiondo-Wood amp Haber 2001 p 111)

O delineamento da pesquisa termo que tem sido substituiacutedo por estrateacutegias de

pesquisa refere-se agraves ldquodiferentes maneiras de abordar e analisar dados empiacutericos no contexto

das Ciecircncias Sociais Aplicadasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 53)

A estrateacutegia utilizada nesta pesquisa foi o estudo de caso

ldquotrata de uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa fenocircmenos dentro de seu

contexto real (pesquisa naturaliacutestica) onde o pesquisador natildeo tem controle

sobre eventos ou variaacuteveis buscando aprender a totalidade de uma situaccedilatildeo e

criativamente descrever compreender e interpretar a complexidade de um

caso concretordquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p62)

O estudo de caso eacute o tipo de estrateacutegia de pesquisa que bem se adequa a situaccedilotildees em

que a forma da questatildeo de pesquisa relaciona-se a questotildees explanatoacuterias onde natildeo se exige

controle sobre eventos comportamentais e que focaliza eventos contemporacircneos Os estudos

de caso podem incluir as e mesmo ser limitados agraves evidecircncias quantitativas (Yin 2001 pp

24-25)

O estudo de caso deve permitir ao investigador construir descriccedilotildees interpretaccedilotildees e

explicaccedilotildees originais que conduzam a conclusotildees e recomendaccedilotildees mostrando que foram

coletadas e avaliadas evidecircncias relevantes (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 63)

A escolha do estudo de caso como estrateacutegia de pesquisa deveu-se ao fato de ser pouco

conhecida a influecircncia dos fatores ambientais na ocorrecircncia de quedas no meio hospitalar

questatildeo jaacute mais explorada em domiciacutelio e instituiccedilotildees de longa permanecircncia e abrangendo

mais especificamente a populaccedilatildeo de idosos sendo o fenocircmeno pesquisado no seu contexto

real

Trata-se de estudo retrospectivo pois os indiviacuteduos satildeo seguidos do efeito para a

causa No estudo longitudinal retrospectivo se conhece o efeito e se busca a causa (Bordalo

2006)

Segundo Szklo (2002 p16)

ldquoQuando o investigador tem interesse em identificar fatores de risco (fatores

etioloacutegicos) o desenho mais eficiente em ambiente hospitalar eacute o estudo de

casos e controles tambeacutem conhecido como estudo retrospectivo Podem-se

conduzir estudos de casos e controles em um ou mais hospitais bem como

incluir pacientes hospitalizados ou ambulatoriais Comparado com estudos de

coorte este tipo de estudo eacute relativamente barato geralmente de menor duraccedilatildeo e exige uma amostra menorrdquo

31

Foi utilizada a teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa

As ldquoavaliaccedilotildees qualitativas contribuem com a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos e

as anaacutelises quantitativas datildeo uma ordem de grandeza do risco vinculado ao fenocircmenordquo (Lima

2012 p72)

Na teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa os dados satildeo descritivos compreendendo a

descriccedilatildeo de pessoas de acontecimentos e reaccedilotildees e mesmo a transcriccedilatildeo de relatos A

preocupaccedilatildeo central natildeo satildeo as mediccedilotildees mas sim as descriccedilotildees e interpretaccedilotildees dos fatos

(Martins amp Theoacutephilo 2009)

Martins amp Theoacutephilo (2009) enfatizam que o estudo de caso pede avaliaccedilatildeo

qualitativa uma vez que tem como objetivo a anaacutelise de uma unidade social que eacute analisada

profunda e intensamente

32 Local do Estudo

O estudo foi realizado em um hospital puacuteblico de porte extra universitaacuterio localizado

no municiacutepio de Satildeo Paulo e faz parte de um complexo hospitalar que ocupa uma aacuterea total de

352 mil metros quadrados com cerca de 2200 leitos Tem como oacutergatildeo responsaacutevel a

Secretaria de Estado da Sauacutede

O hospital escolhido conta com 843 leitos e atende predominantemente pacientes do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mas estende seu atendimento a pacientes conveniados

Oferece atendimento meacutedico-hospitalar ambulatorial por imagem e som serviccedilos

psicossocial e terapecircutico Abrange especialidades de cliacutenica meacutedica ciruacutergica e

traumatologia sendo referecircncia em transplante de fiacutegado adulto pacircncreas rim coacuternea pele e

medula oacutessea As enfermarias apresentaram no ano de 2013 taxa de ocupaccedilatildeo de 779

33 Procedimentos de Coleta dos Dados

Em se tratando de estudo de caso as atividades de coleta de dados devem ser

realizadas pelo pesquisador-autor que ldquoteraacute mais condiccedilotildees de continuamente estar pensando

e agindo na busca de relaccedilotildees entre a questatildeo de pesquisa que deseja responder as

proposiccedilotildees (teoria preliminar) que carecem de demonstraccedilotildees e a coleta dos dados e

evidecircnciasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p65)

Yin pondera que as evidecircncias para um estudo de caso podem vir de seis fontes

distintas documentos registros em arquivo entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo

participante e artefatos fiacutesicos As informaccedilotildees documentais satildeo relevantes a todos os toacutepicos

32

do estudo de caso Tais documentos podem ser correspondecircncias agendas e minutas de

reuniotildees relatoacuterios de eventos em geral O seu uso mais importante eacute ldquocorroborar e valorizar

as evidecircncias oriundas de outras fontesrdquo (Yin 2001 p 111)

Segundo Yin (2001) p 121) ldquo o uso de vaacuterias fontes de evidecircncias nos estudos de

caso permite que o pesquisador dedique-se a uma ampla diversidade de questotildees histoacutericas

comportamentais e de atitudesrdquo

Assim ldquoqualquer descoberta ou conclusatildeo em um estudo de caso provavelmente seraacute

muito mais convincente e acurada se se basear em vaacuterias fontes distintas de informaccedilatildeo

obedecendo a um estilo corroborativo de pesquisardquo (Yin 2001 p 121)

A pesquisa de campo eacute segundo Lakatos amp Marconi 1991 utilizada para a busca de

informaccedilotildees ou conhecimentos na procura de resposta para um problema atraveacutes da

observaccedilatildeo dos fenocircmenos como ocorrem espontaneamente coletando dados e registrando

variaacuteveis que possam estar relacionadas e posteriormente analisaacute-los

Nogueira (1968) como citado em Lakatos amp Marconi (1991 p 211) define formulaacuterio

como sendo ldquouma lista formal um cataacutelogo ou um inventaacuterio destinado agrave coleta de dadosrdquo O

preenchimento eacute feito pelo proacuteprio pesquisador atraveacutes de observaccedilatildeo ou interrogatoacuterio

Segundo Mello amp Turrioni (2007 p51)

ldquoA observaccedilatildeo eacute uma taacutetica de coleta de dados para conseguir informaccedilotildees e

utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados aspectos da realidade Natildeo

consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou fenocircmenos que se desejam estudar Desempenha papel importante nos

processos observacionais no contexto da descoberta e obriga o investigador a

um contato mais direto com a realidaderdquo

A observaccedilatildeo cientiacutefica ldquoeacute planejada sistematicamente eacute registrada metodicamente e

estaacute relacionada a proposiccedilotildees mais gerais em vez de ser apresentada como uma seacuterie de

curiosidades interessantes estaacute sujeita a verificaccedilotildees e controles sobre a validade e

seguranccedilardquo (Mello amp Turrioni 2007 p 51)

Na observaccedilatildeo estruturada ou sistemaacutetica ldquoo observador sabe o que procura e o que

carece de importacircncia em determinada situaccedilatildeo deve ser objetivo reconhecer possiacuteveis erros

e eliminar sua influecircncia sobre o que vecirc ou recolhe (Mello amp Turrioni 2007 p51)

A figura 7 mostra os pontos fortes e limitaccedilotildees do uso da observaccedilatildeo como taacutetica para

coleta de dados

33

Pontos fortes Limitaccedilotildees

Possibilita meios diretos e satisfatoacuterios para

estudar uma ampla variedade de fenocircmenos

O observado tende a criar impressotildees favoraacuteveis ou

desfavoraacuteveis no observador

Exige menos do pesquisador do que as outras

teacutecnicas

A ocorrecircncia espontacircnea natildeo pode ser prevista o que

impede muitas vezes o observador de presenciar o

fato

Permite a coleta de dados sobre um conjunto de

atitudes comportamentais tiacutepicas

Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do

pesquisador

Depende menos da introspecccedilatildeo ou da reflexatildeo A duraccedilatildeo dos acontecimentos eacute variaacutevel pode ser

raacutepida ou demorada e os fatos podem ocorrer

simultaneamente nos dois casos torna-se difiacutecil a

coleta de dados

Permite a evidecircncia de dados natildeo constantes do

roteiro de entrevistas ou de questionaacuterios

Vaacuterios aspectos da vida cotidiana particular podem

natildeo ser acessiacuteveis ao pesquisador

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo

Fonte Mello amp Turrioni 2007

Para este estudo foi realizado o levantamento a partir das notificaccedilotildees de incidentes

relacionados agraves quedas no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 para caracterizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo O grupo de elementos escolhido para compor a amostra foi feito intencionalmente

de acordo com criteacuterios estabelecidos

Foram selecionadas 6 unidades de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica que ocuparam as

primeiras seis posiccedilotildees na frequecircncia de ocorrecircncia de quedas segundo os dados coletados a

partir das notificaccedilotildees de incidentes Estes leitos satildeo destinados a internaccedilatildeo de indiviacuteduos

adultos de ambos os sexos com ambientes de acomodaccedilatildeo de diferentes dimensotildees para 1 2

4 ou 6 leitos O criteacuterio de exclusatildeo foi a realizaccedilatildeo de reforma preacutevia planejada e conduzida

sob a supervisatildeo do setor de Arquitetura e Engenharia Hospitalar da instituiccedilatildeo

A teacutecnica da coleta de dados utilizada nesta pesquisa foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes

nas unidades e das plantas das unidades

O formulaacuterio utilizado foi elaborado pela autora com base nas legislaccedilotildees e fatores

ambientais citados na literatura que podem estar relacionados a queda visando a adequaccedilatildeo

do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a perspectiva de avaliaccedilatildeo de riscos e

melhoria da seguranccedila Este formulaacuterio serviu como roteiro para a visita de campo

direcionando a inspeccedilatildeo dos itens relacionados a dimensotildees dos diferentes tipos de quartos

instalaccedilotildees dispositivos de seguranccedila e mobiliaacuterio no momento da observaccedilatildeo (APEcircNDICE

34

A) Os ambientes do quartos e banheiros foram fotografados para visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo

espacial do mobiliaacuterio As medidas dos quartos foram analisadas a partir das plantas

fornecidas pelo setor de engenharia e arquitetura

O periacuteodo de coleta foi de 1 a 30 de novembro de 2014

34 Procedimentos e Anaacutelise de Dados

Foi desenvolvido um banco de dados que permitiu a revisatildeo de evidecircncias com o

intuito de aumentar a confiabilidade do estudo O resultado das observaccedilotildees e das notificaccedilotildees

de incidentes pesquisados foram armazenados para que os dados possam ser prontamente

recuperaacuteveis para inspeccedilatildeo ou nova leitura Manter um encadeamento de evidecircncias tambeacutem

aumenta a confiabilidade das informaccedilotildees de um estudo de caso o que ldquoconsiste em permitir

que um observador externo - o leitor do estudo de caso por exemplo - possa perceber que

qualquer evidecircncia proveniente de questotildees iniciais da pesquisa leve agraves conclusotildees finais do

estudo de casordquo (Yin 2001 p127)

Yin (2001 p127) discorre que

ldquo a anaacutelise de dados consiste em examinar categorizar classificar em

tabelas ou do contraacuterio recombinar as evidecircncias tendo em vista proposiccedilotildees

iniciais de um estudordquo

Martins amp Theoacutephilo (2009 p69) relatam que ldquo natildeo haacute um roteiro para se analisar

os resultados de um estudo desta naturezacada caso eacute um casordquo

As proposiccedilotildees teoacutericas que

ldquo refletem o conjunto de questotildees da pesquisa as revisotildees feitas na

literatura sobre o assunto e as novas interpretaccedilotildees que possam surgirrdquo

constituem uma boa estrateacutegia a ser seguida na anaacutelise de dados permitindo a

produccedilatildeo de ldquoconclusotildees analiacuteticas irrefutaacuteveis e eliminar interpretaccedilotildees

alternativasrdquo (Yin 2001 p 129)

Os resultados foram analisados com base comparativa na literatura salientando as

evidecircncias relevantes que devem ser todas as encontradas Em relaccedilatildeo agrave aacuterea fiacutesica deveratildeo

ser considerados os itens que estatildeo ou natildeo em conformidade com a legislaccedilatildeo vigente

35 Aspectos Eacuteticos da Pesquisa

O projeto foi submetido agrave aprovaccedilatildeo da Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de

Pesquisa (CAPPESQ) da instituiccedilatildeo com parecer de aprovaccedilatildeo nordm 940006 de 27 de janeiro de

2015

Como o estudo natildeo envolveu nenhum tipo de abordagem a pacientes ou profissionais

natildeo se aplica a exigecircncia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) exigido

35

em toda pesquisa em que estejam envolvidos indiviacuteduos grupos ou seus representantes legais

que devem manifestar a sua anuecircncia em participar da pesquisa (Resoluccedilatildeo Nordm 466 2012)

36

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para se apurar o contexto de um incidente as informaccedilotildees devem abranger quatro classes

as caracteriacutesticas dos doentes as caracteriacutesticas do incidente os fatoresperigos contribuintes

e as consequecircncias organizacionais decorrentes da ocorrecircncia Entre as caracteriacutesticas dos

doentes estatildeo os dados demograacuteficos as relacionadas ao incidente satildeo aquelas que informam

as circunstacircncias em que o incidente ocorreu (como onde e quando) os fatores contribuintes

satildeo as circunstacircncias accedilotildees ou influecircncias que podem ter contribuiacutedo para a origem

desenvolvimento ou aumento do risco de um incidente e por fim as consequecircncias

organizacionais dizem do impacto do incidente sobre a organizaccedilatildeo tais como aumento da

utilizaccedilatildeo de recursos para prestar cuidados adicionais ao doente repercussotildees negativas

veiculadas pela comunicaccedilatildeo social consequecircncias legais devidas a resultados cliacutenicos ou

terapecircuticos negativos para o doente (OMS 2011)

Foram avaliadas notificaccedilotildees de 922 incidentes ocorridos de janeiro a junho de 2014 dos

quais 205 foram quedas (2223)

Com base nestes conceitos foi feita anaacutelise estatiacutestica descritiva na distribuiccedilatildeo de

frequecircncia dos dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo referido conforme

apresentado na Tabela 2

Os dados da pesquisa apontaram que em 205 quedas ocorridas entre janeiro e junho

de 2014 a idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 5663 anos sendo que natildeo

houve diferenccedila entre homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a

ocorrecircncia da queda foi de 14 dias Ao contraacuterio de outros estudos a idade meacutedia eacute inferior a

60 anos bem como o tempo meacutedio de ocorrecircncia que foi maior Como visto no estudo

realizado por Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006 com pacientes

hospitalizados a idade meacutedia foi de 673 anos e o tempo meacutedio de internaccedilatildeo ateacute a ocorrecircncia

foi de 119 dias Outras pesquisas trazem a prevalecircncia de quedas na faixa etaacuteria de 60 anos

ou mais (Costa Monteiro Memesath amp Almeida 2011 Paiva et al 2010 Correa et al 2012

Abreu et al 2012 e Inoue Matsuda Melo Murassaki amp Hayakawa 2011)

Nesta pesquisa houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo

noturno (50) Em relaccedilatildeo agrave prevalecircncia no sexo masculino este resultado vai ao encontro

dos apresentados por Paiva et al 2010 Costa et al 2011 Carneiro et al 2011e Inoue et al

2011) O turno noturno tambeacutem foi mais frequente nas pesquisas de Paiva et al 2010 (637)

e de Correa et al 2012 (413)

37

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo de janeiro

a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

N = 205

Caracteriacutesticas Meacutedia n

idade (meacutedia) 5663

dias de internaccedilatildeo (meacutedia) 1402

Sexo

Feminino

83 41

Masculino

122 59

Turno

Manhatilde

54 26

Tarde

42 21

Noturno

103 50

natildeo informado

6 3

Local

Banheiro

50 24

Quarto

89 43

corredor

13 6

saguatildeo do PS

6 3

SECSEM do PS

3 1

locais de exame

7 4

outros

8 5

natildeo informado

29 14

Altura

cadeiracadeira de rodaspoltrona

20 10

camaleitomaca

48 23

mesa ciruacutergicaexame

2 1

proacutepria altura

108 53

outros

1 05

natildeo presenciado

1 05

natildeo informado

25 12

Dano

Sim

61 30

Natildeo

122 59

natildeo informado 22 11

Fonte Resultados da pesquisa

Quanto ao local da queda 43 ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando

67 de ocorrecircncias no ambiente destinado agrave acomodaccedilatildeo do paciente durante a internaccedilatildeo O

quarto tambeacutem foi o local mais frequente de quedas nos estudos de Correa et al 2011 e

Abreu et al 2012 o que poderia ser explicado pelo fato de ser onde os pacientes permanecem

mais tempo

38

Em 53 dos incidentes a queda ocorreu da proacutepria altura 23 da cama leito ou

maca 12 dos casos a altura natildeo foi informada 10 da cadeira poltrona cadeira de rodas

1 da mesa ciruacutergicaexames e em 2 a queda natildeo foi presenciada ou outros

Das 205 quedas notificadas 122 (59) natildeo resultaram em danos constatados ou

referidos pelo paciente Em 62 eventos (30 ) ocorreu algum tipo de dano e em 21 casos

(11) esta informaccedilatildeo natildeo constava das notificaccedilotildees Entre os danos as mais frequentes

foram escoriaccedilotildees (43) seguida de ferimentos corto contusoslesotildees (21) sendo que em

dois casos foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de sutura Em 36 dos casos as lesotildees foram reunidas

em um grupo denominado ldquooutrosrdquo variando de dor referida pelo paciente agrave perda de

consciecircncia em duas ocorrecircncias fratura oacutessea em um caso hematoma subgaleal e deiscecircncia

de ferida operatoacuteria em outras duas situaccedilotildees

Em 164 ocorrecircncias (79) natildeo foram solicitados exames complementares ou natildeo foi

registrada na ficha de notificaccedilatildeo poreacutem em 42 (21) eles foram necessaacuterios Os mais

frequentes foram as tomografias computadorizadas (n= 24 57) solicitaccedilatildeo de RX foram 10

(24) e em dois casos foram necessaacuterios RX e tomografia computadorizada (5) e outros

tipos de exames somaram 6 casos (14)

As seis unidades de internaccedilatildeo onde ocorreu maior frequecircncia de quedas foram

Cliacutenica Meacutedica (10) Retaguarda do Pronto Socorro (8) Transplante Renal (7)

Nefrologia (6) Moleacutestia Infecciosas e Cirurgia Vascular (5 cada uma) A maior

porcentagem de quedas ocorreu nas aacutereas de Pronto Socorro (saguatildeo salas de emergecircncia

observaccedilatildeo e cuidados intensivos) somando 21 poreacutem natildeo constitui foacuterum deste estudo

que se restringiu agraves unidades de internaccedilatildeo Os restantes 38 ficaram distribuiacutedos em outras

18 unidades

A Tabela 3 traz a distribuiccedilatildeo dos locais de ocorrecircncia onde as quedas foram mais

frequentes considerando quarto e banheiro que somam os maiores valores

39

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde predominaram os

eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

Unidade local Quarto Banheiro Outros

Cliacutenica Meacutedica 30 55 15

Retaguarda do PS 18 52 30

Cirurgia Vascular 70 0 30

Unidade de

Transplante Renal44 21 25

Nefrologia 36 27 27

Moleacutestias

Infecciosas60 10 30

Fonte Resultados da Pesquisa

Observa-se que a frequecircncia de quedas foi significativamente maior no quarto nas

unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias Infecciosas onde haacute maior nuacutemero de pacientes

restritos ao leito seja pelas alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora na primeira e pela gravidade na

segunda

Considerando que a ocorrecircncia de quedas foi de 205 casos em seis meses podemos

considerar este evento como frequente de gravidade moderada (30 resultaram em dano aos

pacientes) e de alta detecccedilatildeo

A Tabela 4 apresenta a distribuiccedilatildeo das unidades visitadas e o atendimento aos

quesitos do formulaacuterio utilizado para registro dos dados levantados com base nas

recomendaccedilotildees de adequaccedilatildeo do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a

perspectiva da seguranccedila e avaliaccedilatildeo de riscos

Na unidade de Cliacutenica Meacutedica onde ocorreu o maior nuacutemero de quedas (10 de

todas as quedas notificadas) entre as aacutereas selecionadas dos 17 quesitos diretamente

relacionados a quedas do roteiro de inspeccedilatildeo elaborado (excluindo-se os itens referentes agraves

pias) natildeo foram atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em todos

os quartos mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os quartos e iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos A unidade de Retaguarda do Pronto Socorro (8 das quedas) teve os

seguintes quesitos natildeo atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em

todos os quartos iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e mobiliaacuterios com rodiacutezios e

travas em todos os quartos Por sua vez as unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias

Infecciosas onde ocorram 5 das quedas em cada uma delas tiveram 9 e 8 quesitos natildeo

atendidos respectivamente As unidades de Nefrologia (6 das quedas) e Transplante Renal

(7 das quedas) tambeacutem tiveram 9 itens natildeo atendidos Estes resultados alertam para

intervenccedilatildeo nestas aacutereas pois estatildeo em risco de novas e mais frequentes ocorrecircncias

40

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades visitadas

2014 Satildeo Paulo Brasil

Embora os sistemas de chamada de enfermagem estivessem presentes em todas as

unidades em todas elas havia vaacuterios dispositivos que natildeo funcionavam Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

UnidadeMoleacutestias

Infecciosas

Retaguarda

do Pronto

Socorro

Cliacutenica

MeacutedicaNefrologia

Transplant

e Renal

Cirurgia

Vascular

Quesito atende natildeo atende

Dimensotildees miacutenimas por

quartoleitoatende atende atende atende atende atende 100

Banheiro exclusivo para

cada quartoatende atende atende atende atende atende 100

Barras de apoio no box em

todos os banheirosatende atende atende atende natildeo atende atende 83 17

Barras de apoio proacuteximas ao

vaso sanitaacuterioatende atende atende atende atende atende 100

Pia agrave entrada do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Pia dentro do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Sistema de chamada de

enfermagematende atende atende atende atende atende 100

Interruptor de luz acessiacutevel natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso em perfeitas condiccedilotildees

em todos os quartosatende natildeo atende natildeo atende atende atende natildeo atende 50 50

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em

todos os leitos atende natildeo atende atende

presente mas

faltam

lacircmpadas

natildeo atende natildeo atende 33 67

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente mas

natildeo funcionanatildeo atende

presente

mas natildeo

funciona

84 16

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os

quartos

atende atende atende natildeo atende atende atende 84 16

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem atende atende atende atende atende natildeo atende 84 16

Camas com grades em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas comtravas em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas eleacutetricas em todos os

leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Escada de 2 degraus

presente em todos os leitos

e com ponteira de borracha

natildeo atendenatildeo se

aplica

natildeo se

aplicanatildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Mobilaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartosnatildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

atende atende atende atende atende atende 100

41

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia estivesse presente em todas

elas natildeo funcionava

Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os

quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado a ocorrecircncia

de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados)

Os itens seguintes natildeo satildeo atendidos na maioria das unidades (67 cada) camas com

grades em todos os leitos camas com travas em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os

leitos e escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Os

quesitos alertam quanto ao fato de que 23 de todas as quedas notificadas ocorreram da cama

ou leito camas hospitalares altas sem ajuste de altura pois natildeo satildeo eleacutetricas sem travas e

sem escadas para auxiliar a saiacuteda do leito

A RDC nordm 50 (p44 ANEXO 1) recomenda que os quartos tenham dimensotildees miacutenimas

por leito (6 msup2) distacircncia entre os leitos (1 m) distacircncia entre peacute do leito e parede (12 m) e

entre leitos (05 m) Embora estabeleccedila que na pediatria e na geriatria devam ser previstos

espaccedilos para poltrona de acompanhante ao lado do leito e para berccedilo ao lado da cama da matildee

no caso de alojamento conjunto considera que as metragens quadradas permaneccedilam as

mesmas citadas na tabela

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (Vigilacircncia Sanitaacuteria) investiga se os

dormitoacuterios obedecem aos padrotildees estabelecidos pela legislaccedilatildeo vigente se haacute distacircncia

miacutenima entre dois leitos que permita a faacutecil circulaccedilatildeo sendo as respostas para estas questotildees

sim ou natildeo natildeo especificando dimensotildees

Considerando as recomendaccedilotildees da RDC nordm 50 as unidades estudadas atendem os

requisitos de dimensotildees miacutenimas para os quartos de 2 4 e 6 leitos Entretanto a referida RDC

natildeo considera o espaccedilo para a colocaccedilatildeo de outros mobiliaacuterios necessaacuterios ao atendimento e

conforto do paciente como mesa de cabeceira mesa de refeiccedilatildeo e poltrona para

posicionamento de pacientes Ao se dispor todos estes itens mesmo o ambiente atendendo as

recomendaccedilotildees de dimensotildees miacutenimas o espaccedilo torna-se reduzido dificultando a circulaccedilatildeo

de pacientes e profissionais sem esbarrarem nos mobiliaacuterios o que pode prejudicar seu

equiliacutebrio e propiciar a ocorrecircncia de quedas

As Figuras 8 e 9 trazem imagens da distribuiccedilatildeo tiacutepica dos mobiliaacuterios nos ambientes

de internaccedilatildeo das unidades estudadas que literalmente se acumulam deixando reduzido

espaccedilo para circulaccedilatildeo e natildeo atendendo agrave recomendaccedilatildeo de distacircncia entre o leito e a parede

42

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de

cabeceira e suporte de soro contiacuteguos

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

Quanto agraves instalaccedilotildees sanitaacuterias questionam se estatildeo no mesmo pavimento das

enfermarias e se haacute um chuveiro para cada seis leitos O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospital

Geral da Coordenaccedilatildeo de Fiscalizaccedilatildeo Sanitaacuteria do Estado do Rio de Janeiro quanto a

banheiro para pacientes fala de um para cada quarto ou enfermaria que deve ter acesso direto

a um banheiro podendo este servir no maacuteximo a 2 enfermarias Nem um dos dois roteiros de

vistoria acata a RDC nordm 50 (2002) que prevecirc banheiro para pacientes em cada quarto ou

enfermaria Novamente natildeo se estabelece dimensotildees

43

Para as unidades estudadas todos os quartos contam com banheiro privativo

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (ANEXO 2) indaga se os chuveiros estatildeo

instalados em box com dimensotildees internas compatiacuteveis com banho em posiccedilatildeo assentada e

dotados de aacutegua quente

Tais requisitos natildeo parecem suficientes pois como se observa na Figura 10 abaixo a

cadeira higiecircnica eacute robusta e ocupa praticamente todo o espaccedilo do box impossibilitando a

permanecircncia do profissional acompanhando ou executando a higienizaccedilatildeo do paciente Aleacutem

disso natildeo haacute cinto de seguranccedila que impeccedila o arremesso do tronco para frente

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box

As Figuras 11 e 12 exibem os mobiliaacuterios habituais disponibilizados para o

atendimento dos pacientes A mesa de refeiccedilatildeo tem apenas dois rodiacutezios e sem trava A mesa

de cabeceira embora com peacutes fixos eacute de metal e com cantos pontiagudos que ao se chocarem

com o corpo do paciente podem provocar ferimentos

44

A figura 13 mostra a presenccedila das barras de apoio proacuteximas dispostas nas laterais do

vaso sanitaacuterio permitindo o alcance do paciente caso seja necessaacuterio

Durante o transcorrer do estudo uma medida de melhoria implementada foi a

substituiccedilatildeo de todas as camas por eleacutetricas em duas das unidades aumentando para de 33

para 50 as aacutereas que atendem este quesito

Quatro outras unidades do hospital jaacute passaram por reformas planejadas pela

arquitetura hospitalar com adequaccedilatildeo do nuacutemero de leitos ao espaccedilo disponiacutevel piso

iluminaccedilatildeo sistema de chamada de emergecircncia e de enfermagem barras de apoio e assentos

fixos nos banheiros

Para as aacutereas estudadas apenas uma delas jaacute possui projeto para reforma

Figura 11 Mesa de refeiccedilatildeo Figura 12 Mesa de cabeceira

45

Figura 11 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio

dispostas proacuteximas nas laterais

46

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA

Este estudo teve como principal objetivo avaliar a estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo de um hospital puacuteblico buscando analisar se as mesmas cumpriam a legislaccedilatildeo

vigente visto que na literatura como pode-se observar durante esta dissertaccedilatildeo existem alguns

pontos essenciais para garantir a seguranccedila do paciente no que se refere ao risco de queda

Pode-se entender que a gestatildeo do risco de queda de pacientes internados dentre vaacuterios

fatores deve existir a preocupaccedilatildeo com a estrutura fiacutesica do ambiente hospitalar

A principal contribuiccedilatildeo praacutetica deste estudo foi apresentar essa relaccedilatildeo do risco de queda

pela estrutura fiacutesica hospitalar das unidades de internaccedilatildeo estudadas e propondo a inclusatildeo

nos protocolos de gestatildeo de queda dos pacientes internados dos hospitais o item de anaacutelise de

estrutura fiacutesica

Para fidelizar essa proposta criamos um instrumento de apoio para todos os hospitais

sejam puacuteblicos ou privados utilizarem facilitando a identificaccedilatildeo de possiacuteveis natildeo

conformidades neste quesito arquitetura hospitalar

Deixa-se aqui uma sugestatildeo embasada na literatura cientiacutefica e legislaccedilatildeo vigente dos

itens relacionados a estrutura fiacutesica que devem ser avaliados como fatores de risco de queda

(Figura 14)

Esta proposta busca nortear os gestores quanto agraves necessidades de incluir a gestatildeo do

risco de queda no planejamento de construccedilotildees e reformas de edificaccedilotildees destinadas a

prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no acircmbito hospitalar

Os profissionais de arquitetura e engenharia hospitalar devem ter conhecimento dos

mobiliaacuterios pretendidos para acomodaccedilatildeo e atendimento do paciente considerando suas

proporccedilotildees em relaccedilatildeo aos ambientes e o espaccedilo ocupado por cada peccedila computado no

caacutelculo das dimensotildees dos quartos por leito

Eacute necessaacuteria a constataccedilatildeo da presenccedila e funcionalidade de dispositivos de seguranccedila

como as grades travas e regulaccedilatildeo de altura das camas ou escadas que propiciem a saiacuteda

segura do leito

A iluminaccedilatildeo deveraacute ser avaliada quanto agrave presenccedila tipo funcionamento e

efetividade Dispositivos como interruptores de acionamento de iluminaccedilatildeo e sistemas de

chamada devem estar instalados de modo a propiciar o alcance do usuaacuterio

Outra questatildeo a ser considerada eacute a circulaccedilatildeo segura no ambiente de internaccedilatildeo

garantida pela integridade do piso e se eacute mantido seco ausecircncia de obstaacuteculos como cabos e

extensotildees nos quais o paciente possa tropeccedilar e perder o equiliacutebrio

47

Figura 12 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar

Itens para inspeccedilatildeo Recomendaccedilatildeo

dimensotildees miacutenimas por leitomobiliaacuterio 800 msup2

distacircncia entre leitos 100 m

distacircncia entrte a lateral do leito e parede 050 m

distacircncia entre o peacute do leito e parede 120 m

espaccedilo aproximado reservado para cama hospitalar 220 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de cabeceira 125 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de refeiccedilatildeo 032 msup2

espaccedilo aproximado reservado para poltrona 180 msup2

iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e funcionando

banheiro exclusivo para cada quarto

dimensotildees miacutenimas do box do banheiro 100 msup2

Barras de apoio no box em todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas a todos os vasos sanitaacuterios em todos os banheiros

Sistema de chamada de Enfermagem para cada leito e funcionando

Interruptor de luz acessiacutevel para cada leito e ao alcance do paciente

Piso em perfeitas condiccedilotildees em todos os quartos integridade do material que o constitui

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e funcionando com

acionador ao alcance do paciente

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos e funcionando

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem

acima das portas de cada quarto com sinal

luminoso e sonoro

Cama com grades em todos os leitos

Camas com travas nas rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas ou com ajuste de altura em todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em todos os leitos

Piso seco continuamente Fonte Autor

48

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES

O objetivo geral deste estudo foi avaliar a estrutura fiacutesica das unidades de internaccedilatildeo

de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital de grande porte e a sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

A RDC nordm 50 traz como recomendaccedilatildeo de dimensotildees miacutenimas para quarto de dois

leitos 7 msup2leito e 6msup2leito para quartos de 3 a 6 leitos Nas unidades estudadas predominam

os quartos de 24 e 6 leitos A distacircncia miacutenima entre leitos deve ser de 1m da lateral da cama

e parede 050m e entre o peacute do leito e parede 12m Em relaccedilatildeo agraves dimensotildees miacutenimas dos

quartos proporcional ao nuacutemero de leitos 100 das unidades estatildeo em conformidade com a

legislaccedilatildeo

Outros fatores relacionados agrave seguranccedila e prevenccedilatildeo de quedas satildeo os sistemas de

iluminaccedilatildeo que aleacutem de presentes devem funcionar e os valores de iluminacircncia serem

adequados para os diferentes objetivos conforme Norma Brasileira (NBR) 541392 Os

sistemas de chamada de enfermagem devem ter ser dispositivos iacutentegros e ao alcance do

paciente

A escolha do tipo de piso deve considerar a relaccedilatildeo do dano causado pela queda com

relaccedilatildeo agrave absorccedilatildeo do impacto poreacutem natildeo eacute item previsto pela legislaccedilatildeo vigente A

manutenccedilatildeo do piso seco eacute medida recomendada

A presenccedila de grades travas e altura das camas mostram-se como fatores de impacto

na reduccedilatildeo destes incidentes evidenciados em publicaccedilotildees especiacuteficas

Quanto ao objetivo especiacutefico da pesquisa identificaccedilatildeo das medidas de seguranccedila

existentes para prevenccedilatildeo de quedas concluiu-se que embora as dimensotildees estejam em

conformidade com as recomendaccedilotildees ao considerarmos os mobiliaacuterios que habitualmente

compotildeem a unidade do paciente temos a cama com dimensotildees aproximadas de 225 m de

comprimento e 100 de largura a mesa de cabeceira em meacutedia com 050 m de largura por

050m de comprimento mesa de refeiccedilatildeo com base de 040m de largura X 080m de

comprimento poltrona reclinaacutevel medindo 077m de largura por 165m de profundidade total

aberta A disposiccedilatildeo ambiental destes objetos ocupa aproximadamente 5 27 msup2 de aacuterea

restando somente 073m da aacuterea total do quarto disponiacutevel para circulaccedilatildeo do profissional que

presta cuidados aos pacientes De modo geral os quartos da instituiccedilatildeo possuem aacuterea em

torno de 14msup2 para dois leitos O comprimento da cama (225 m) acrescido da largura da

mesa de refeiccedilatildeo (040m situada aos peacutes da cama) somando 265 m eacute disposto na largura do

quarto (333m) restando 068 m do peacute do leito ateacute a parede (recomendado eacute de 120m) e

49

passagem No sentido do comprimento do quarto soma-se as larguras da cama (100 m) da

mesa de cabeceira (050 m) da poltrona (077 m) e a distacircncia da lateral do leito ateacute a parede

(050 m) distacircncia entre os leitos de 100 m resultando em 377 m do total de 418 m Se

outros itens forem necessaacuterios como escada de dois degraus quando natildeo haacute cama eleacutetrica

suporte de soro e cadeira para visitante haacute maior restriccedilatildeo de espaccedilo disponiacutevel propiciando

choques do usuaacuterio e profissionais contra suas estruturas

Outros quesitos em conformidade em 100 das unidades foram banheiros exclusivos

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistema de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo

O banheiro privativo possui dimensotildees em torno de 375 msup2 e a aacuterea destinada ao box

027 msup2 contudo cadeira higiecircnica ocupa cerca 025msup2 natildeo restando espaccedilo para que o

colaborador permaneccedila ao lado do paciente

Barras de apoio no box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os

quartos iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo

itens atendidos na maioria das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia

estivesse presente em todas elas natildeo funcionava em nenhum quarto A sinalizaccedilatildeo de

enfermagem funcionava em todos os quartos mas requer o pronto atendimento agraves chamadas

Em contrapartida os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades Ao sair do leito com as

luzes apagadas por natildeo conseguir acessar o interruptor o paciente fica sujeito aos obstaacuteculos

ocultos pela escuridatildeo Na vigecircncia de instabilidade da marcha eou alteraccedilotildees de equiliacutebrio o

apoio em moacuteveis com rodiacutezio e sem travas podem propiciar a concretizaccedilatildeo da queda

As camas eram de acionamento mecacircnico em quatro das seis unidades

impossibilitando o ajuste de altura e o apoio dos peacutes do paciente no chatildeo ao sair do leito As

escadas de dois degraus quando disponiacuteveis natildeo possuem barras laterais para apoio e natildeo

apresentam ponteiras de borracha proporcionando situaccedilatildeo de instabilidade A falta de cama

com grades em todos os leitos submete o paciente ao risco de queda do leito em inadvertidas

situaccedilotildees de rolamento sobre o colchatildeo durante o sono e em camas de altura muito superior a

que estatildeo habituados em seus domiciacutelios

Accedilotildees implementadas como a substituiccedilatildeo de camas mecacircnicas por eleacutetricas que

permitem o ajuste de altura providenciam uma soluccedilatildeo para a saiacuteda segura do paciente do

leito

50

A composiccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo deve ser considerada apenas

informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as organizaccedilotildees hospitalares utilizam os

espaccedilos disponiacuteveis A robustez de peccedilas de mobiliaacuterio compromete a circulaccedilatildeo o que pode

ser determinante especialmente em situaccedilotildees de atendimento de emergecircncia Tais

consideraccedilotildees apontam a necessidade de descritivos e especificaccedilotildees teacutecnicas que atendam

estas exigecircncias

Os resultados obtidos sugerem que a estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de

influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas desde que outros fatores ambientais

sejam considerados respondendo a questatildeo de pesquisa

Pesquisas adicionais satildeo necessaacuterias para que as recomendaccedilotildees sejam validadas em

organizaccedilotildees de sauacutede e populaccedilatildeo de caracteriacutesticas semelhantes permitindo aos gestores

intervenccedilotildees relacionadas agrave estrutura fiacutesica e ambiente que sejam eficazes na prevenccedilatildeo de

quedas

61 Limitaccedilotildees da Pesquisa

A abordagem qualitativa utilizando dados subjetivos podem levar a diversidade e

imprecisatildeo aleacutem da questatildeo da incerteza da exatidatildeo dos dados registrados nas notificaccedilotildees

dos eventos adversos (Valle 2013)

O observador pode ter criado impressotildees favoraacuteveis ou desfavoraacuteveis sobre o objeto

estudado (Mello amp Turrioni 2007)

O excesso de confianccedila do pesquisador e a certeza com relaccedilatildeo aos dados podem levar

agrave falta de observaccedilatildeo de aspectos diferentes sob enfoques diferentes aleacutem do seu

envolvimento com a situaccedilatildeo pesquisada Considera-se ainda como limitaccedilatildeo o fato do

estudo se ater a apenas um hospital e a escolha de amostra de conveniecircncia

Constituiu limitaccedilatildeo assumida desconsiderar para fins de anaacutelise neste estudo outros

fatores de risco de queda associados a uso de medicamentos alteraccedilotildees de mobilidade e

marcha uso de dispositivos e estado mental

51

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56

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA

Unidades

Recomendaccedilatildeo A B C D E F G H I J

Dimensotildees quarto 1 leito

Dimensotildees quarto 2 leitos

Dimensotildees quarto 3 leitos

Dimensotildees quarto 4 leitos

Dimensotildees quarto 5 leitos

Dimensotildees quarto 6 leitos

Banheiro exclusivo para

cada quarto

Barras de apoio no box em

todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas

a todos os vasos sanitaacuterios

Pia agrave entrada do quarto

Pia dentro do quarto

Sistema de chamada de

Enfermagem

Interruptor de luz

acessiacutevel

Piso em perfeitas

condiccedilotildees em todos os

quartos

Iluminaccedilatildeo de cabeceira

em todos os leitos

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

Sinalizaccedilatildeo de

enfermagem

Cama com grades em

todos os leitos

Camas com travas nas

rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas em todos

os leitos

Escada de 2 degraus

presente e com borracha

nas extremidades em

todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em

todos os quartos

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

57

ANEXO 1

58

59

ANEXO 2

Page 13: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FÍSICA DAS …

3

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 Contextualizaccedilatildeo

O homem como indiviacuteduo ou como parte de organizaccedilotildees sempre esteve agrave procura de

formas de identificar os riscos que ameaccedilam sua existecircncia Nas sociedades primitivas de

cultura agraacuteria a produccedilatildeo atendia apenas suas necessidades imediatas logo a perda de uma

colheita significava desastre certo Organizadas como economias industriais sociedades e

indiviacuteduos seguem tentando compreender e antecipar os riscos que os ameaccedilam procurando

preservar seus bens valiosos (McCaffrey amp Hagg-Rckert 2009)

Risco eacute definido como o efeito da incerteza nos objetivos da organizaccedilatildeo sendo o

efeito um desvio em relaccedilatildeo ao esperado seja ele positivo ou negativo A incerteza eacute ldquoo

estado mesmo que parcial da deficiecircncia das informaccedilotildees relacionadas a um evento sua

compreensatildeo conhecimento sua consequecircncia e a probabilidade de ocorrecircncia associadardquo

(ABNT 2009)

A gestatildeo de risco eacute uma forma de reconhecer que os eventos podem levar a danos e

prevecirc a avaliaccedilatildeo e anaacutelise dos riscos de forma a minimizar sua ocorrecircncia e consequecircncias

Considerar um risco toleraacutevel natildeo significa aceita-lo mas conviver com ele confiando que

estaacute devidamente controlado Nenhuma pessoa deve ser exposta a risco grave a menos que

concorde em aceitaacute-lo (National Health Service - NHS 2008)

A gestatildeo de risco prevecirc a realizaccedilatildeo de ldquoatividades coordenadas para dirigir e controlar

uma organizaccedilatildeo no que se refere ao risco (ABNT 2009)

O Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission COSO

2007 (Comitecirc de Organizaccedilotildees Patrocinadoras do Comeacutercio) eacute uma iniciativa conjunta de

cinco organizaccedilotildees do setor privado e eacute dedicado a fornecer lideranccedila de pensamento atraveacutes

do desenvolvimento de quadros e orientaccedilatildeo sobre gerenciamento de riscos corporativos

controles internos e de dissuasatildeo de fraude As organizaccedilotildees reconhecem e direcionam seus

esforccedilos para a necessidade de se desenvolver uma estrateacutegia capaz de identificar avaliar e

administrar os riscos Nesta perspectiva o gerenciamento de riscos corporativos eacute definido

como um processo conduzido pela organizaccedilatildeo envolvendo o conselho administrativo

diretoria e demais empregados com o objetivo de estabelecer estrateacutegias para identificar

eventos em potencial que podem afetaacute-la administrando os riscos e possibilitando o alcance

de seus objetivos O evento eacute um incidente ou uma ocorrecircncia de causa interna ou externa

4

que pode afetar a realizaccedilatildeo dos objetivos da organizaccedilatildeo O risco eacute a possibilidade de um

evento ocorrer e afetar negativamente a realizaccedilatildeo destes objetivos

A administraccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo natildeo pode prever quando e como ocorreraacute um

evento e o impacto que causaraacute entretanto deve ser capaz de avaliar os riscos de sua

ocorrecircncia Os eventos podem estar relacionados a infraestrutura (disponibilidade de bens

acesso ao capital complexidade) a pessoal (capacidade dos empregados sauacutede e seguranccedila

atividades fraudulentas) a processos (capacidade desenho execuccedilatildeo) ou agrave tecnologia

(integridade de dados disponibilidade de dados e sistemas desenvolvimento alocaccedilatildeo

manutenccedilatildeo) (COSO 2007)

Apoacutes a avaliaccedilatildeo dos riscos pertinentes agraves atividades desenvolvidas eacute necessaacuterio

determinar como a organizaccedilatildeo responderaacute ao risco avaliando seu efeito e impacto custos e

benefiacutecios mantendo-se dentro da toleracircncia estabelecida As respostas da organizaccedilatildeo aos

riscos podem ser de evitaacute-los decidindo descontinuar as atividades que geram riscos A

posiccedilatildeo da organizaccedilatildeo pode ser de reduzir a probabilidade e impacto dos riscos ou ainda de

compartilhamento de uma parte do risco com a aquisiccedilatildeo de produtos de seguro a realizaccedilatildeo

de transaccedilotildees de heading ou a terceirizaccedilatildeo de uma atividade A resposta da organizaccedilatildeo pode

ser aceitaccedilatildeo do risco natildeo adotando nenhuma medida para afetar o grau de impacto dos riscos

(COSO 2007)

O ponto central de uma boa gestatildeo de riscos eacute a identificaccedilatildeo e tratamento dos

mesmos Todos os riscos inerentes agraves atividades da organizaccedilatildeo devem ser metodicamente

avaliados Os riscos podem ter origem em fatores internos e externos riscos financeiros

(creacutedito taxas de juros diferenccedilas cambiais fluxo de caixa e liquidez sistemas de controle

financeiros e sistemas de informaccedilatildeo) riscos estrateacutegicos (concorrecircncia alteraccedilotildees no

consumo alteraccedilotildees da atividade de procura investigaccedilatildeo amp desenvolvimento e capital

intelectual) riscos operacionais (recrutamento cadeia de abastecimento regulamentaccedilotildees

cultura composiccedilatildeo da gestatildeo do topo da organizaccedilatildeo) e perigos (acesso puacuteblico

empregados propriedade bens e serviccedilos contratos eventos naturais fornecedores meio

ambiente (Federation of European Risk Management Associations [FERMA] 2002)

Como os eventos satildeo inesperados as organizaccedilotildees devem implementar accedilotildees para a

reduccedilatildeo do risco gerindo ou controlando qualquer dano futuro ou probabilidade de dano

associado a um incidente Estas accedilotildees abrangem a detecccedilatildeo de fatores atenuantes do dano ou

accedilotildees de melhoria e podem ser proativas ou reativas Accedilotildees proativas podem ser teacutecnicas

como a anaacutelise de modos e efeitos de falha e anaacutelise de probabilidades de risco As ldquoaccedilotildees

5

reativas satildeo as desenvolvidas em resposta a conhecimentos adquiridos apoacutes a ocorrecircncia de

incidentes (por exemplo anaacutelise das causas)rdquo (Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede [OMS] 2009)

O termo ldquocultura de seguranccedilardquo apareceu pela primeira vez apoacutes o acidente nuclear de

Chernobyl em 1988 e foi disseminado a vaacuterias induacutestrias com o intuito de melhorar a

seguranccedila e a confiabilidade das organizaccedilotildees Entretanto a extrapolaccedilatildeo para a sauacutede eacute

recente e ainda natildeo haacute consenso nos estudos sobre a forma como a seguranccedila do paciente

deve ser construiacuteda O primeiro passo para as organizaccedilotildees de sauacutede melhorarem a cultura de

seguranccedila eacute definir claramente o conceito fazendo diagnoacutestico do status atual em sua

empresa identificando pontos fortes e fracos para melhores informaccedilotildees e estrateacutegias de accedilatildeo

(Halligan amp Zecevic 2011)

Os hospitais como organizaccedilotildees de alto risco tecircm uma permanente preocupaccedilatildeo em

gerenciar o inesperado A medicina moderna tornou o atendimento cada vez mais complexo

resultando em maiores oportunidades para melhoria dos cuidados mas aumentando o risco de

eventos adversos e danos ao paciente (Briner Kessler amp Manser 2010)

O Processo de Gestatildeo de Risco incorporou-se ao setor da sauacutede nos Estados Unidos haacute

cerca de 30 anos com o objetivo de proteger as organizaccedilotildees de sauacutede contra as perdas

inicialmente atraveacutes da ldquocontrataccedilatildeo de seguros de responsabilidade civil para cobrir

consequecircncias econocircmicas das accedilotildees e processos por maacute praacuteticardquo movidas contra

profissionais eou hospitais Entretanto atualmente a Gestatildeo de risco tornou-se um programa

que visa agrave construccedilatildeo de normas preventivas corretivas e contingentes identificando

mapeando e monitorando os riscos ldquocom foco no processo de trabalho e na contiacutenua reduccedilatildeo

dos danos e perdasrdquo (Feldman 2009a p27 28)

Como os riscos associados agrave assistecircncia natildeo podem ser completamente eliminados o

conceito de Gestatildeo de Risco Cliacutenico (Clinical Risk Management - CRM) surgiu como uma

forma de direcionar os recursos hospitalares para melhorar a seguranccedila do paciente A Gestatildeo

de Risco Cliacutenico refere-se a uma forma especiacutefica de gestatildeo de risco com foco em processos

cliacutenicos direta e indiretamente relacionados ao paciente Compreende todas as estruturas

processos instrumentos e atividades que permitam aos profissionais identificar analisar

controlar e gerenciar os riscos ao fornecer tratamento cliacutenico e assistecircncia ao paciente Os

hospitais realizam uma variedade de atividades para promover a seguranccedila do paciente mas

natildeo o fazem de forma sistemaacutetica como gerenciamento de risco cliacutenico com o objetivo de

alcanccedilar a melhora dos serviccedilos e dos atendimentos meacutedicos (Briner Kessler amp Manser

2010)

6

As falhas satildeo a maior ameaccedila agrave seguranccedila dos pacientes pois os profissionais

automatizam comportamentos e os erros acontecem no meio de accedilotildees que jaacute realizamos

milhares de vezes o que eacute ignorado pelos sistemas de sauacutede e seus responsaacuteveis Criar uma

cultura de seguranccedila do paciente exige praacutetica alicerccedilada em evidecircncias cientiacuteficas sobre o

que funciona ou natildeo comunicaccedilatildeo dos resultados das mudanccedilas efetuadas a todos os

envolvidos e reavaliaccedilatildeo permanente do conjunto (Carneiro 2010)

Embora a gestatildeo de risco considere os riscos sob as perspectivas positivas (quando as

consequecircncias dos eventos constituem oportunidades para se obter vantagens) ou negativas

(quando constituem ameaccedilas ao sucesso) em se tratando de sauacutede e seguranccedila do paciente ldquoeacute

quase um dado adquirido que as consequecircncias satildeo apenas negativasrdquo devendo os esforccedilos

serem concentrados na prevenccedilatildeo ou diminuiccedilatildeo do dano (FERMA 2002 p3)

Nos Estados Unidos o programa da ldquoAgency for Healthcare Research and Qualityrdquo ndash

AHRQ ndash (Agecircncia de Pesquisa de Qualidade em Sauacutede) conduz e apoia a investigaccedilatildeo para a

construccedilatildeo de conhecimentos sobre seguranccedila do paciente e melhoria da qualidade

incentivando o investimento no aumento das capacitaccedilotildees de profissionais de sauacutede

divulgando os benefiacutecios de novos procedimentos mas os alertando dos riscos inerentes a eles

(Feldman 2009a)

Um estudo exploratoacuterio com pacientes internados em dois hospitais puacuteblicos de ensino

do Estado do Rio de Janeiro analisou uma amostra aleatoacuteria de 622 prontuaacuterios no ano de

2003 verificando que 583 pacientes natildeo sofreram Eventos Adversos (EA) (937) contra 39

(63) que sofreram Dos EA ocorridos 641 foram considerados evitaacuteveis quando

analisados por meacutedico revisor Os pacientes com EA apresentaram tempo meacutedio de

permanecircncia no hospital de 283 dias superior ao observado nos pacientes sem EA Os EA

implicaram no gasto de R$ 121236330 o que representou 27 do valor total de reembolso

recebido pelo total de internaccedilotildees realizadas em 2003 (Porto Martins Mendes amp Travassos

2010)

Quedas satildeo eventos comuns em ambiente hospitalar que tecircm como consequecircncia

lesotildees aumento do tempo de internaccedilatildeo aleacutem da questatildeo de responsabilidade legal

A Responsabilidade Civil (RC) ldquoimplica em reparar indenizar ou ressarcir pelo dano

causado a algueacutemrdquo e se decorrente do exerciacutecio profissional estende-se a qualquer

trabalhador envolvido na atividade ou prestaccedilatildeo de serviccedilos Portanto eacute necessaacuteria a

identificaccedilatildeo de falhas de cada processo de cuja execuccedilatildeo possam advir ldquodano estrago

7

detrimento ou prejuiacutezo ao paciente famiacutelia usuaacuterio profissional ou comunidaderdquo (Feldman

2010 a p 135)

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor 1990 em seu artigo 14 paraacutegrafo 1ordm determina

que

ldquoO serviccedilo eacute defeituoso quando natildeo fornece a seguranccedila que o consumidor

dele pode esperar levando-se em consideraccedilatildeo as circunstacircncias relevantes

entre as quais o modo de seu fornecimento o resultado e os riscos que

razoavelmente dele se esperam a eacutepoca em que foi fornecidordquo

12 Problema de Pesquisa

Um evento adverso eacute qualquer evento ou circunstacircncia involuntaacuteria que conduz a dano

ou sofrimento Incidente eacute um tipo especiacutefico de evento adverso eacute imprevisto ou inesperado e

pode prejudicar um ou mais pacientes que recebam cuidados de sauacutede (National Patient

Safety Agency [NPSA] 2008)

A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede na Estrutura Conceitual da Classificaccedilatildeo

Internacional para a Seguranccedila do Paciente (ldquoThe Conceptual Framework for International

Classification for Patient Safetyrdquo) 2009 define a seguranccedila do paciente como a ldquoreduccedilatildeo do

risco de danos desnecessaacuterios relacionados aos cuidados de sauacutede para um miacutenimo

aceitaacutevelrdquo sendo aceitaacutevel o que diz respeito ao consenso diante dos recursos atualmente

disponiacuteveis do estado da arte do conhecimento do contexto em que a prestaccedilatildeo de cuidados

acontece e do custo benefiacutecio face a natildeo implementaccedilatildeo de um tratamento (OMS 2009 p

21)

Um estudo incluindo internaccedilotildees de adultos em cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas no Brasil

em 2007 utilizando como fonte de informaccedilatildeo o Sistema de Informaccedilotildees Hospitalares (SIH)

mostrou frequecircncia de 36 potenciais resultados adversos por 1000 internaccedilotildees alertando esta

alta frequecircncia para a necessidade de se implementar estrateacutegias para monitorar tais

ocorrecircncias e identificar as melhorias necessaacuterias para garantir a seguranccedila do paciente em

ambiente hospitalar (Dias Martins amp Navarro 2012)

Feldman (2009b p 118) define risco assistencial como aquele que ldquoeacute proveniente das

situaccedilotildees que envolvem a dinacircmica dos cuidados durante a internaccedilatildeo ou periacuteodo de

permanecircncia do cliente no hospitalrdquo

As quedas de pacientes permanecem entre os eventos adversos mais relatados em

instituiccedilotildees de cuidados agudos resultando em morbidade mortalidade e medo de sofrer uma

nova queda Satildeo exemplos de situaccedilotildees notificadas no ambiente hospitalar relacionadas a

quedas

8

ldquoacidente com queda do paciente ao se apoiar na mesa de suporte para

alimentaccedilatildeo causando ferimento no braccedilo direito na altura do cotovelo

Queda no corredor do hospital em uma rampa com pouca inclinaccedilatildeo devido

ao piso estar molhado pela chuva Causou fratura no cotovelo esquerdo

levando o usuaacuterio agrave cirurgia A paciente caiu da poltrona individual ao se

esticar para pegar o telefone que estava sobre a mesa A queda causou

ferimento no joelho com hematomardquo (Feldman 2009b p129)

A Tabela 1 mostra os resultados de estudo realizado por Carneiro et al 2010 em um

periacuteodo de quatro anos em Goiacircnia

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de 264 eventos adversos identificados de 2005 a 2009 em um

Hospital Universitaacuterio de Goiacircnia GO Brasil

Eventos Adversos N

Retirada de sondas drenos e cateteres 162 6136

Quedas 49 1856

Processos aleacutergicos 14 530

Evasatildeo 14 530

Uacutelcera por pressatildeo 13 492

Erros de Medicaccedilatildeo 7 265

Procedimentos meacutedicos 3 114

Hemoderivados 1 038

Queimaduras 1 038

Total 264 1000

Fonte Adaptado de Carneiro Bezerra Camargo e Silva Paranaguaacute amp Branquinho 2010

Morse em 1997 identificou trecircs classificaccedilotildees para as quedas de pacientes acidentais

(paciente tropeccedila ou escorrega em decorrecircncia de algum perigo ambiental como por exemplo

piso molhado) antecedentes fisioloacutegicos (quedas em pessoas consideradas com risco de cair)

quedas fisiologicamente inesperadas (quedas atribuiacutedas a fatores fisioloacutegicos que natildeo podem

ser previstas antes que ocorram) (Hendrich Bender amp Nyhuis 2003)

Decesaro amp Padilha (2002) conduziram um estudo em que coletaram dados em 12

Unidades de Terapia Intensiva (UTI) sendo 9 gerais e 3 especializadas de 8 instituiccedilotildees dos

municiacutepios de Londrina e Maringaacute A populaccedilatildeo foi constituiacuteda de 91 profissionais de

enfermagem que relataram um ou mais incidentes relativos a queda de pacientes durante a

internaccedilatildeo na UTI Os autores identificaram que 367 das situaccedilotildees estudadas natildeo

trouxeram nenhuma consequecircncia identificaacutevel para o paciente entretanto em 633

9

resultaram em uma ou mais consequecircncias imediatas para o paciente O maior percentual

estava relacionado a traumas teciduais resultando em contusotildees hematomas fraturas lesotildees

tissulares com e sem necessidade de sutura edema e sangramentos

Em um estudo conduzido entre janeiro de 1999 e dezembro de 2003 em um hospital

puacuteblico de ensino em Zurique Suiacuteccedila a taxa global de queda foi de 89 quedas por 1000

pacientes dia (Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006)

Outros estudos realizados com dados coletados de 826 boletins de notificaccedilatildeo de

eventos adversos em um hospital universitaacuterio terciaacuterio mostraram 80 registros relacionados a

quedas (107) no periacuteodo estudado de 30 meses implicando em 26 quedas por mecircs As

quedas do leito foram as mais frequentes (55) predominando nas enfermarias de

Neurologia (227) cliacutenica meacutedica (204) e moleacutestias infecciosas e parasitaacuterias (182)

As quedas da proacutepria altura corresponderam a 388 e ocorreram em maior nuacutemero na cliacutenica

meacutedica (387) e cirurgia gastroenteroloacutegica (129) As quedas de cadeiras foram as menos

frequentes (62) No periacuteodo noturno as quedas ocorreram com maior frequecircncia (637)

nos primeiros cinco dias de admissatildeo (617) e entre os indiviacuteduos do sexo masculino

(575) (Paiva Paiva Berti amp Campana 2010)

Utilizando uma ferramenta avaliativa para analisar uma Instituiccedilatildeo de Longa

Permanecircncia de Idosos do Rio Grande do Sul foi conduzido um estudo com o intuito de

identificar acertos e dificuldades da realidade encontrada envolvendo os eventos relacionados

a quedas Verificou-se que os pisos internos e externos natildeo possuiacuteam revestimentos

antiderrapantes e as escadas natildeo apresentavam sinalizaccedilatildeo Os dormitoacuterios eram coletivos e os

banheiros situavam-se no corredor e eram escuros tornando difiacutecil o acesso noturno Os

banheiros natildeo permitiam a entrada de cadeiras de rodas e natildeo possuiacuteam em sua totalidade

barras de seguranccedila junto ao vaso sanitaacuterio o vatildeo livre na parte inferior das portas tinha

medida inferior a 20 cm e os pisos apresentavam desniacuteveis Observou-se aglomeraccedilatildeo de

objetos decorativos tapetes sofaacutes que obstruiacuteam a livre circulaccedilatildeo do idoso podendo se

tornar risco para quedas (Feliciani Santos amp Valcarenghi 2011)

Conduzido em um hospital universitaacuterio de Goiacircnia que faz parte da Rede Hospitais

Sentinelas um estudo documental retrospectivo em uma cliacutenica ciruacutergica utilizou dados

referentes a eventos adversos registrados no livro de anotaccedilotildees de enfermagem entre janeiro

de 2005 e dezembro de 2009 mostrou que as quedas representaram 1856 (49 quedas) do

total de eventos 7551 das quedas ocorreram do leito 124 da proacutepria altura 1020 no

banheiro e 204 da maca (Carneiro et al 2011)

10

Saraiva (2008 apud Almeida Abreu amp Mendes 2010 p 165) destaca que fatores

extriacutensecos de quedas ldquorelacionados com fatores ambientais reuacutenem uma seacuterie de

caracteriacutesticas inadequadas dos espaccedilos mobiliaacuterio e iluminaccedilatildeo existecircncia de obstaacuteculos no

meio envolvente ausecircncia ou inadequaccedilatildeo de ajudas teacutecnicas vestuaacuterio inadequado entre

outrosrdquo

Embora nem todas as quedas estejam associadas a fatores ambientais natildeo haacute como

desvinculaacute-los desses eventos devendo-se buscar na legislaccedilatildeo relacionada os subsiacutedios

necessaacuterios para a respectiva anaacutelise

ldquoAs principais normas norteadoras das edificaccedilotildees dos Estabelecimentos de Assistecircncia agrave Sauacutede no Brasil satildeo do Ministeacuterio da Sauacutede atraveacutes da RDC nordm 50 de

21 de fevereiro de 2002 aleacutem de algumas normas que devem ser aprovadas junto a

Agencia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (Anvisa) e agrave ABNTrdquo (Associaccedilatildeo Brasileira

de Normas Teacutecnicas) (Sistema Referecircncia Acadecircmica 2010 p 1)

13 Questatildeo de Pesquisa

Considerando que a gestatildeo de riscos em uma organizaccedilatildeo prevecirc que as atividades

sejam coordenadas em um processo de busca reconhecimento e descriccedilatildeo de riscos a

identificaccedilatildeo das fontes de risco eventos suas causas e consequecircncias natildeo pode preterir

qualquer aspecto relacionado

As atividades de prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede apresentam inuacutemeros riscos inerentes

ao proacuteprio desempenho de procedimentos e dos diferentes locais onde tais serviccedilos satildeo

oferecidos incluindo instalaccedilotildees mobiliaacuterios e equipamentos

Levando-se em conta as recomendaccedilotildees feitas pela legislaccedilatildeo e literatura relacionadas

este trabalho tem como objetivo identificar se a atual situaccedilatildeo das unidades de internaccedilatildeo de

cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo

Paulo pode influenciar na gestatildeo do risco de queda dos pacientes internados identificando os

riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica as medidas de seguranccedila existentes para

fornecer subsiacutedios para as fases de projeto e construccedilatildeo de accedilotildees voltadas agrave melhoria da

gestatildeo do risco de queda nas unidades estudadas

Desta forma a questatildeo de pesquisa deste estudo eacute como a estrutura fiacutesica das

unidades de internaccedilatildeo de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital puacuteblico de grande

porte do municiacutepio de Satildeo Paulo pode influenciar a ocorrecircncia de quedas de pacientes

internados

11

14 Objetivos

141Geral

Avaliar a estrutura fiacutesica da unidade de internaccedilatildeo de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica de um

hospital puacuteblico de grande porte do municiacutepio de Satildeo Paulo e sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

142 Especiacuteficos

Identificar os riscos de queda associados agrave estrutura fiacutesica a que fica exposta a

populaccedilatildeo internada nas cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas

Identificar as medidas de seguranccedila existentes relacionadas agrave prevenccedilatildeo de quedas

Propor um instrumento para apoio a anaacutelise da estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo hospitalar com foco no gerenciamento do risco de queda

15 Justificativa para Estudo do Tema

Os estudos realizados sobre quedas em sua maioria caracterizam a populaccedilatildeo

envolvida neste evento quanto agrave idade sexo medicamentos utilizados local de ocorrecircncia Haacute

uma lacuna na literatura na identificaccedilatildeo dos fatores ambientais e equipamentosmobiliaacuterios

relacionados agrave queda no ambiente hospitalar Esta carecircncia pode ser devida a jaacute estabelecida

correlaccedilatildeo de outros fatores de risco bem definidos em populaccedilotildees especiacuteficas Entretanto

considerando que qualquer indiviacuteduo estaacute sujeito a este evento mesmo sem associaccedilatildeo a tais

fatores pode ser valoroso identificar se haacute riscos ambientais relacionados sobre os quais se

pode intervir

Para entender a relaccedilatildeo entre quedas e perigos ambientais eacute necessaacuterio identificar os

perigos do meio ambiente que podem influenciar na ocorrecircncia destes eventos Uma revisatildeo

de estudos realizados sobre quedas e ambiente fiacutesico concluiu que as quedas satildeo resultado da

interaccedilatildeo do estado do indiviacuteduo com o ambiente fiacutesico mas consideram razoaacutevel concluir

que mudanccedilas no meio ambiente oferecem abordagem promissora para a prevenccedilatildeo de

quedas especialmente quando associadas a outras intervenccedilotildees como programas de

exerciacutecios e educacionais (Feldman amp Chaudhury 2008)

12

Os dados referentes aos perigos ambientais que podem estar associados a

probabilidades de quedas satildeo insuficientes no que se refere a pacientes idosos hospitalizados

Entretanto em casas de repouso as quedas atribuiacutedas a fatores ambientais satildeo de 273 nesta

populaccedilatildeo (Registered Nurses Association of Ontaacuterio - RNAO 2005)

Na instituiccedilatildeo onde foi realizada a pesquisa as notificaccedilotildees de quedas de janeiro a

junho de 2014 somaram 205 eventos mostrando uma predominacircncia de ocorrecircncias em aacutereas

envolvendo a unidade reservada agrave internaccedilatildeo do paciente (quarto e banheiro) A

predominacircncia de tais quedas nestes locais levou agrave investigaccedilatildeo da influecircncia ambiental sobre

estes eventos

Estudos mostram uma maior frequecircncia de quedas entre indiviacuteduos idosos como o

estudo retrospectivo realizado em um hospital da grande Lisboa entre junho de 2008 e

dezembro de 2010 a anaacutelise de 214 de episoacutedios de quedas notificados (190 doentes) os

resultados demonstraram que os doentes com notificaccedilatildeo de incidente de queda tinham em

meacutedia 75 anos e apenas 6 dos indiviacuteduos tinham idade le 49 anos (Costa-Dias Oliveira

Moreira Santos Martins amp Arauacutejo 2013)

Segundo Saraiva et al (2008 apud Almeida Abreu ampMendes 2010 p 168) ldquoo risco

de queda aumenta linearmente como o nuacutemero de fatores de riscordquo o que sugere que se os

fatores de risco forem eliminados a probabilidade de ocorrecircncia de quedas pode diminuir

Como nem todos os fatores de risco podem ser eliminados por serem intriacutensecos ao

paciente medidas proativas de prevenccedilatildeo voltadas aos fatores extriacutensecos como o ambiente

podem significar uma valorosa estrateacutegia

Este estudo trouxe subsiacutedios para que se proponham medidas de seguranccedila associadas

agrave estrutura fiacutesica por excelecircncia visando a prevenccedilatildeo de queda em pacientes internados

16 Estrutura do Trabalho

Quanto agrave forma esta dissertaccedilatildeo estaacute estruturada em cinco capiacutetulos

O capiacutetulo um traz a contextualizaccedilatildeo com os pressupostos da aacuterea de conhecimento

relacionados ao gerenciamento de risco evento adverso e seu impacto na assistecircncia prestada

pelos serviccedilos de sauacutede a problematizaccedilatildeo mostra a inquietaccedilatildeo quanto aos fatores de risco

ambientais para ocorrecircncia de queda de pacientes no periacuteodo de internaccedilatildeo hospitalar Satildeo

estabelecidos a questatildeo de pesquisa objetivos geral e especiacuteficos a justificativa para o

desenvolvimento do estudo e a estrutura da dissertaccedilatildeo

13

No capiacutetulo dois o autor apresenta a Revisatildeo Bibliograacutefica com as bases teoacutericas e

evidecircncias existentes concebendo os polos gestatildeo de risco corporativo anaacutelise de risco

matriz de risco e legislaccedilatildeo relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

O capiacutetulo trecircs detalha os procedimentos metodoloacutegicos utilizados durante a pesquisa

com ecircnfase para o desenvolvimento do projeto de pesquisa

O quarto capiacutetulo apresenta os resultados obtidos e uma discussatildeo sob a oacuteptica da

literatura pertinente

O capiacutetulo cinco expressa as conclusotildees da pesquisa embasadas pela teoria correlata e

as recomendaccedilotildees

2REFERENCIAL TEOacuteRICO

21 Gestatildeo de Riscos Corporativos

O gerenciamento de riscos corporativos (Enterprise Risk Management ndash ERM) eacute o

gerenciamento de riscos dentro da organizaccedilatildeo O processo de gerenciamento de riscos deve

estar integrado agrave gestatildeo da organizaccedilatildeo identificando os riscos significativos aos seus

14

negoacutecios A estrutura do gerenciamento de riscos compreende os componentes e a

organizaccedilatildeo do gerenciamento de riscos dentro de uma empresa (MacLeod MacDonald

Ybarra Sorlie Foster amp Stokka 2013)

O gerenciamento de risco corporativo compreende um processo contiacutenuo conduzido

pelos profissionais em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo que inclui a identificaccedilatildeo de todos os

riscos que a estaacute exposta a organizaccedilatildeo indicando eventos que podem afetaacute-la aleacutem daqueles

que podem ser gerenciados propiciando garantia razoaacutevel agrave administraccedilatildeo e deve estar

orientado para a realizaccedilatildeo dos objetivos propostos Os objetivos satildeo classificados em quatro

categorias estrateacutegicos relacionados agraves metas gerais alinhadas agrave missatildeo da organizaccedilatildeo de

operaccedilotildees que diz respeito agrave utilizaccedilatildeo eficaz e eficiente dos recursos comunicaccedilatildeo referente

agrave confiabilidade de relatoacuterios e conformidade alusivos ao cumprimento de leis e

regulamentos aplicaacuteveis (COSO 2007)

O gerenciamento de risco corporativo considera o ambiente interno ou seja como a

organizaccedilatildeo identifica os riscos a forma de abordagem dos seus colaboradores seu apetite a

riscos e a filosofia do gerenciamento de risco Os objetivos fixados devem propiciar suporte e

estar alinhados com a missatildeo da organizaccedilatildeo e serem compatiacuteveis com seu apetite a riscos Eacute

necessaacuterio identificar os eventos que podem influenciar o alcance dos objetivos estabelecidos

Os riscos devem ser avaliados e analisados considerando a probabilidade e impacto

direcionando a forma como deveraacute ser abordado qual seraacute a resposta ao risco desenvolvendo

uma seacuterie de medidas para alinhar os riscos com a toleracircncia e com o apetite a risco As

atividades de controle estabelecem procedimentos e poliacuteticas que garantam que as atividades

de respostas aos riscos sejam executadas de forma eficaz Informaccedilotildees e a comunicaccedilatildeo eficaz

devem permear todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo com conteuacutedo apropriado informaccedilotildees

oportunas atuais exatas e de faacutecil acesso O monitoramento deve garantir a manutenccedilatildeo da

integridade do gerenciamento de risco e que as modificaccedilotildees necessaacuterias seratildeo implementadas

(COSO 2007)

Uma organizaccedilatildeo para melhorar sua abordagem em relaccedilatildeo ao gerenciamento de

risco deve partir de uma anaacutelise de seu processo e sistema atuais quanto agrave abordagem de

todos os componentes avaliando as atividades desenvolvidas pois a ausecircncia de qualquer

deles implica que o gerenciamento de risco eacute ineficaz O monitoramento contiacutenuo do processo

de gerenciamento de risco corporativo deve ser incorporado agraves atividades operacionais

normais e recorrentes da empresa com avaliaccedilotildees perioacutedicas e classificaccedilatildeo de riscos

permitindo que os problemas sejam identificados mais rapidamente (MacLeod et al 2013)

15

Entretanto o gerenciamento de riscos corporativos natildeo assegura que a organizaccedilatildeo

natildeo fracassaraacute no alcance de seus objetivos pois o risco estaacute relacionado ao futuro que eacute

incerto alguns eventos estatildeo aleacutem do controle da administraccedilatildeo e nenhum processo nunca

executaraacute exatamente o que foi previsto A eficaacutecia do gerenciamento de risco sofre

limitaccedilotildees da fraqueza humana pois as decisotildees devem ser tomadas utilizando julgamento

humano tendo como base as informaccedilotildees disponiacuteveis e sofrendo as pressotildees de conduzir um

negoacutecio da falta de adequado entendimento das instruccedilotildees pelos empregados o que pode

levar a erros de julgamento das mudanccedilas no sistema que forem introduzidas antes que o

pessoal tenha sido treinado adequadamente do esquecimento ou execuccedilatildeo incorreta de tarefas

por empregados temporaacuterios pode haver indiviacuteduos que atuem para impedir que o processo

de gestatildeo de riscos corporativos identifiquem as alteraccedilotildees existentes da limitaccedilatildeo de

recursos e a proacutepria direccedilatildeo da organizaccedilatildeo que pode neutralizar poliacuteticas ou procedimentos

recomendados com fins ilegiacutetimos (COSO 2007)

22 Anaacutelise de Riscos

A gestatildeo de riscos eacute um processo contiacutenuo que as organizaccedilotildees utilizam para analisar

metodicamente os riscos inerentes agraves suas atividades processo que deve estar incorporado agrave

cultura organizacional com responsabilidades atribuiacutedas em todos os niacuteveis constando das

descriccedilotildees das funccedilotildees Os ldquoproprietaacuteriosrdquo do processo de gestatildeo de riscos devem ser os

atores internos da organizaccedilatildeo (FERMA) 2002)

Realizar avaliaccedilatildeo de risco consiste em medir a consequecircncia definida aqui como o

resultado ou potencial resultado de um evento Para avaliar a gravidade dos incidentes pode

ser utilizado um sistema de pontuaccedilatildeo Para avaliar as consequecircncias algumas questotildees

devem ser resolvidas tais como A organizaccedilatildeo tem uma definiccedilatildeo clara do que constitui uma

pequena lesatildeo Que medidas satildeo utilizados para determinar o impacto psicoloacutegico sobre os

indiviacuteduos O que eacute definido como um evento adverso e quantos indiviacuteduos podem ser

afetados (National Patient Safety Agency [NPSA] 2008)

Identificar os riscos tem como objetivo identificar as incertezas a que estatildeo expostas as

organizaccedilotildees descrevendo-os de forma estruturada considerando a probabilidade e a

consequecircncia de cada um dos riscos definidos identificando os riscos chave e estabelecer as

prioridades na anaacutelise dos mesmos A descriccedilatildeo dos riscos prevecirc a designaccedilatildeo acircmbito do

risco a natureza do risco intervenientes quantificaccedilatildeo dos riscos toleracircncia para o risco

tratamento e mecanismo de controle do risco possiacuteveis accedilotildees de melhoria e desenvolvimento

16

de estrateacutegias e poliacuteticas O impacto das consequecircncias dos riscos e a sua probabilidade de

ocorrecircncia satildeo fatores importantes da avaliaccedilatildeo Brainstorming questionaacuterios anaacutelises

comparativas de setor anaacutelise de cenaacuterios investigaccedilatildeo de incidentes auditorias e inspeccedilotildees

satildeo algumas teacutecnicas propostas para a identificaccedilatildeo de riscos (FERMA 2002)

O tratamento de riscos consiste em selecionar e implementar medidas para modificar

um risco e deve no miacutenimo ldquoproporcionar um funcionamento eficaz e eficiente da

organizaccedilatildeo garantir controles internos eficazes e cumprir leis e regulamentaccedilotildees (FERMA

2002)

O niacutevel responsaacutevel pela administraccedilatildeo deve conhecer os riscos mais importantes que

a organizaccedilatildeo enfrenta os possiacuteveis efeitos em seu desempenho garantir a sensibilizaccedilatildeo aos

riscos em todos os niacuteveis da organizaccedilatildeo dispor de formas de gerir uma crise ter certeza de

que o processo de gestatildeo de riscos eacute eficaz As unidades de negoacutecio devem conhecer os riscos

relacionados agraves suas aacutereas de atuaccedilatildeo impactos que podem produzir em outros setores e das

consequecircncias destes setores sobre elas dispor de desempenho que lhes permitam monitorizar

as atividades identificar as intervenccedilotildees necessaacuterias Cada indiviacuteduo deve compreender seu

niacutevel de responsabilizaccedilatildeo compreender a forma como pode contribuir para a melhoria

contiacutenua da gestatildeo de riscos comunicar os riscos novos ou falhas constatadas nas medidas de

controle implementadas (FERMA 2002)

Perdas e custos relacionados agrave sauacutede seguranccedila e incidentes ambientais podem natildeo ser

seguraacuteveis pois englobam danos morais aos usuaacuterios e agrave reputaccedilatildeo da organizaccedilatildeo (FERMA

2002)

Quando os pacientes procuram os serviccedilos de sauacutede esperam receber benefiacutecios

embora jaacute tenham consciecircncia de que erros podem acontecer na prestaccedilatildeo de cuidados que

natildeo intencionais e na maioria das vezes tem origem nas falhas dos proacuteprios processos A

responsabilidade dos profissionais ligados direta ou indiretamente agrave prestaccedilatildeo de cuidados eacute

tentar reduzir os erros pois embora sejam sensiacuteveis aos erros que atingem a si proacuteprios ou aos

seus familiares muitas vezes ficam alheios aos erros decorrentes da sua praacutetica diaacuteria (Lage

2010)

Segundo a Portaria MSGM nordm 5292013 a cultura de seguranccedila abrange os

profissionais e gestores envolvidos no cuidado que ldquoassumem a responsabilidade por sua

seguranccedila dos seus colegas pacientes e familiares priorizando a seguranccedila agraves metas

financeiras e operacionais encorajando a identificaccedilatildeo notificaccedilatildeo e resoluccedilatildeo dos problemas

17

relacionados agrave seguranccedila promovendo o aprendizado organizacionalrdquo (Ministeacuterio da Sauacutede

[MS] 2013)

O Ministeacuterio da Sauacutede define gestatildeo de risco como a aplicaccedilatildeo sistecircmica e contiacutenua

de iniciativas procedimentos condutas e recursos na avaliaccedilatildeo e controle de riscos e eventos

adversos que afetam a seguranccedila a sauacutede humana a integridade profissional o meio

ambiente e a imagem institucionalrdquo (MS 2013)

Por sua vez o Gerenciamento de Risco consiste na aplicaccedilatildeo de um conjunto de

medidas para prever identificar e minimizar a ocorrecircncia de eventos inesperados e

indesejaacuteveis que podem causar dano fiacutesico ou psicoloacutegico aos pacientes (Lima amp Dutra

2010 p 87)O risco cliacutenico natildeo eacute decorrente apenas da atuaccedilatildeo dos profissionais de sauacutede

mas estaacute associado agrave ausecircncia de poliacuteticas e praacuteticas de seguranccedila do paciente seguranccedila das

instalaccedilotildees ou atendimento aos processos de trabalho (Lima amp Dutra 2010)

O Protocolo de Londres eacute uma versatildeo revisada e atualizada do ldquoProtocolo para

Investigaccedilatildeo e Anaacutelise de Incidentes Cliacutenicosrdquo e tem como proposta assegurar uma

investigaccedilatildeo e anaacutelise abrangentes e planejadas de um incidente indo aleacutem da procura de

culpados O termo anaacutelise de causa raiz tem origem na induacutestria sendo que um grupo de

ferramentas satildeo utilizadas para identificar as causas baacutesicas na investigaccedilatildeo e anaacutelise de

incidentes Entretanto o cenaacuterio que surge desta investigaccedilatildeo eacute muito mais complexo onde

haacute uma cadeia de eventos e fatores que contribuem para sua ocorrecircncia Eacute necessaacuterio

identificar quais fatores contribuem de forma mais impactante na ocorrecircncia dos eventos Na

aviaccedilatildeo induacutestrias de petroacuteleo e nucleares investigaccedilatildeo de incidentes satildeo procedimentos bem

estabelecidos (Taylor-Adams amp Vincent 2004)

No modelo organizacional de acidentes de James Reason as decisotildees falhas nos altos

escalotildees da organizaccedilatildeo permeiam os departamentos criando condiccedilotildees favoraacuteveis para atos

inseguros e acidentes Devem ser criadas barreiras e defesas contra perigos e para mitigar as

consequecircncias de falhas humanas e de equipamentos Tais barreiras podem ser fiacutesicas (muros

vedaccedilatildeo) naturais (distacircncia) accedilotildees humanas (meacutetodos de checagem) e controles

administrativos (treinamento) O passo inicial eacute identificar falhas no processo organizacional

atos inseguros ou omissotildees cometidas por pessoas cujas accedilotildees podem ter consequecircncias

adversas imediatas Este modelo extrapolado para cuidados de sauacutede identifica fatores que

influenciam a praacutetica cliacutenica e estatildeo relacionados ao paciente (complexidade e severidade de

suas condiccedilotildees liacutengua e comunicaccedilatildeo fatores sociais) fatores tecnoloacutegicos e tarefas

(disponibilidade e uso de protocolos apoio na tomada de decisatildeo tarefas projetadas e clareza

18

da estrutura) fatores relacionados a pessoas (conhecimento e ferramentas competecircncia sauacutede

fiacutesica e mental) equipe (comunicaccedilatildeo verbal e escrita supervisatildeo e procura de ajuda) e

ambiente de trabalho (carga de trabalho e turnos disponibilidade e manutenccedilatildeo de

equipamentos suporte administrativo) fatores organizacionais e gerenciais (recursos

financeiros estrutura organizacional cultura de seguranccedila e prioridades) e fatores

institucionais (contexto regulatoacuterio e econocircmico contatos com organizaccedilotildees externas)

(Taylor-Adams amp Vincent 2004)

23 Quedas

No Protocolo de Prevenccedilatildeo de Quedas integrante do Programa Nacional de Seguranccedila

do Paciente do Ministeacuterio da Sauacutede a definiccedilatildeo de queda considerada foi ldquodeslocamento natildeo

intencional do corpo para um niacutevel inferior agrave posiccedilatildeo inicial provocado por circunstacircncias

multifatoriais resultando ou natildeo em danordquo (MS 2013)

Rutledge et al (1998 apud Kalischi amp Tschannen 2012 p 6) definem queda como

um evento em que os pacientes satildeo encontrados no chatildeo por funcionaacuterios ou visitantes evento

observado ou natildeo ou o rebaixamento natildeo planejado do paciente ao niacutevel do chatildeo

As quedas segundo a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede satildeo categorizadas como

incidentes que ocorrem com os doentes classificadas pelo tipo (tropeccedilar escorregar desmaio

perda de equiliacutebrio) e podem envolver berccedilo cama cadeira maca banheiro equipamento

terapecircutico escadas ou degraus enquanto transportado ou apoiado por outro indiviacuteduo OMS

2009)

Estima-se que um terccedilo das pessoas com mais de 65 anos e metade das pessoas com

idade acima de 80 anos sofrem pelo menos uma queda por ano sendo que nos hospitais

australianos 38 dos eventos com pacientes envolvem queda (The Joanna Briggs Institute

1998)

Vaacuterias ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco de queda foram desenvolvidas e validadas

Hendrich I e II Johns Hopkins Innes Morse STRATIFY Downton Tinetti and Schimidt

Entretanto natildeo haacute consenso sobre qual destes eacute o melhor instrumento na prediccedilatildeo de quedas

Aleacutem disso ferramentas para avaliaccedilatildeo de risco por si soacute natildeo previnem quedas (Degelau

Bungum Flavin Harper Leys Londquist amp Webb 2012)

A traduccedilatildeo e a adaptaccedilatildeo transcultural para a liacutengua portuguesa do Brasil da Morse

Fall Scale (Escala de Queda de Morse) mostraram resultados satisfatoacuterios quanto agrave clareza

dos itens da escala traduzida a concordacircncia entre os avaliadoresjuiacutezes na aplicaccedilatildeo da

19

escala atingiu classificaccedilatildeo quase perfeita na maioria dos itens e a variabilidade intra-

avaliadoresjuiacutezes foi categorizada como excelente Nesta escala satildeo avaliados os seguintes

itens histoacuterico de quedas diagnoacutestico secundaacuterio auxiacutelio na deambulaccedilatildeo terapia

endovenosadispositivo endovenoso salinizado ou heparinizado marcha e estado mental

Cada um destes criteacuterios recebe escores que variam de 0 a 30 pontos A somatoacuteria destes

pontos indica o niacutevel de risco baixo risco (0 a 24) meacutedio risco (25 a 44) e alto risco (ge 45)

(Urbanetto Creutzberg Franz Ojeda Gustavo Bittencourt amp Farina 2013)

Um estudo transversal com amostra total de 137 idosos em atendimento na Cliacutenica-

Escola de Fisioterapia da Universidade de Itauacutenam que responderam a um questionaacuterio

estruturado relataram como fatores e comportamentos de riscos extriacutensecos de queda o uso de

calccedilados inadequados escadas sem corrimatildeo uso de tapetes no chatildeo obstaacuteculos entre o

quarto e banheiro objetos espalhados pelo chatildeo e iluminaccedilatildeo deficiente sendo que a

iluminaccedilatildeo foi a uacutenica variaacutevel estatisticamente significativa (Lopes Carvalho Mouratildeo

Dias Mitre amp Moraisorais 2010)

Ao entrevistar 39 pacientes idosos atendidos em dois serviccedilos de pronto atendimento

do Rio Grande do Sul entre dezembro de 2019 a abril de 2010 com diagnoacutestico de queda um

estudo verificou fatores relacionados ao ambiente de moradia sendo que 949 dos idosos

tinham moacuteveis pontiagudos em casa 897 das residecircncias tinham degraus 692 referiram

ter tapetes soltos em casa 513 afirmaram que suas residecircncias possuiacuteam pisos

escorregadios e 308 tinham escadas (Ramos Santos Barlem amp Pelzer 2011)

Em Portugal entre os anos de 2007 a 2009 em um hospital universitaacuterio foi observado

que a maior parte das quedas ocorreu no quarto onde existiam mais obstaacuteculos como mesas de

cabeceira cadeira cadeira de rodas limitando a mobilidade dos pacientes Os autores

identificaram diminuiccedilatildeo ao longo dos anos o que foi atribuiacutedo agrave revisatildeo do sistema de

travagem das camas cadeira de rodas suportes de soros com rodas aboliccedilatildeo do uso de cera

no piso e substituiccedilatildeo por cera antiderrapante aquisiccedilatildeo de grades para todas as camas

colocaccedilatildeo de barras de apoio no banheiros mais especificamente proacuteximo ao vaso sanitaacuterio e

chuveiro colocaccedilatildeo de degraus duplos para os pacientes subirem para as camas e pedido de

aquisiccedilatildeo de camas eleacutetricas articuladas na cabeceira e nos peacutes com grade de proteccedilatildeo e que

permitam ajuste da altura em relaccedilatildeo ao chatildeo (Abreu Mendes Monteiro amp Santos 2012)

Em 80 quedas ocorridas em um periacuteodo de doze meses em um hospital privado

acreditado pela Joint Commission International no que diz respeito agraves condiccedilotildees ambientais

no momento da queda as mais frequentes foram presenccedila de obstaacuteculos (5) ou falta de

20

apoio (5) Em 512 dos casos houve algum tipo de consequecircncia sendo as mais frequentes

as escoriaccedilotildees (163) e os hematomas (113) Apoacutes a implantaccedilatildeo de accedilotildees assistenciais

de prevenccedilatildeo como a identificaccedilatildeo de risco ocorreu a queda do iacutendice (Correa Marques

Martinez Laurino Leatildeo amp Chimentatildeo 2012)

As camas com baixa altura foram recentemente associadas agrave reduccedilatildeo de quedas Um

sistema de sauacutede informou que a associaccedilatildeo de caracteriacutesticas de cama relacionadas agrave altura

do chatildeo superfiacutecie de redistribuiccedilatildeo de pressatildeo e sistema interno de alarme reduziu em 9 a

taxa de quedas em cinco meses (Degelau et al 2012)

Em instituiccedilotildees de longa permanecircncia as quedas da cama satildeo comuns entre os

internos com disfunccedilatildeo das extremidades distuacuterbios cognitivos ou que fazem uso de

medicaccedilotildees que prejudicam sua capacidade de levantar-se e mover-se de forma independente

Outros fatores contribuem para o aumento da ocorrecircncia desses eventos como altura da cama

colchotildees altos e macios camas com rodiacutezios ambientes estranhos camas com altura e largura

diferentes ao que estatildeo acostumados Tais consideraccedilotildees reforccedilam a necessidade ao se

selecionar este mobiliaacuterio de se adequar o tipo de cama agraves caracteriacutesticas da populaccedilatildeo

atendida como uma das medidas eficazes no controle de fatores de risco extriacutensecos (Fragala

Perry amp Fragala 2012)

Um estudo canadense se propocircs a avaliar se havia diferenccedila na taxa de lesotildees

relacionadas com quedas entre o piso existente e o piso de intervenccedilatildeo suas propriedades

antiderrapantes e de absorccedilatildeo do impacto Houve uma influecircncia significativa do piso na

absorccedilatildeo da energia no impacto do piso com o quadril e parte posterior da cabeccedila em

simulaccedilotildees fornecendo insights sobre as diferenccedilas na capacidade de atenuaccedilatildeo do impacto

dos diferentes tipos de piso sobre estas estruturas corpoacutereas (Glinka Karakolis Callaghan amp

Laing 2013)

Haacute intervenccedilotildees que devem ser estendidas a todos os pacientes independente do risco

de queda familiarizar o paciente com o ambiente ensinar o paciente a usar o sistema de

chamada e mantecirc-lo sempre ao alcance de sua matildeo manter proacuteximos seus pertences pessoais

ter corrimatildeos no banheiro do paciente quarto e corredor manter as camas em posiccedilatildeo baixa e

com rodas travadas garantir o uso pelo paciente de calccedilado bem ajustado e com solado

antiderrapante utilizar luz noturna ou iluminaccedilatildeo suplementar manter piso limpo e seco e

limpar prontamente todos os derramamentos manter as aacutereas de atendimento ao paciente

organizadas (Degelau et al 2012)

21

Equipes deveriam circular com frequecircncia pelo ambiente para confirmar que

corredores e aacutereas do paciente estejam bem iluminadas organizadas e livres de vazamentos

corrimatildeos sejam seguros mesas e cadeiras resistentes Pessoal da biotecnologia deve

inspecionar dispositivo auxiliar regularmente A equipe de enfermagem deve confirmar que

os quartos dos pacientes sejam criados de forma que minimize o risco de quedas Toda a

equipe deve se certificar de que situaccedilotildees de risco sejam tratadas imediatamente (Degelau et

al 2012)

Portanto conhecer os fatoresperigos contribuintes de um incidente pode trazer

informaccedilotildees sobre accedilotildees que podem ser empreendidas para reduzir o risco de ocorrecircncia

(OMS 2011)

24 Matriz de Risco

Marshall (2002) Crouhy Galai amp Mark (2004 apud Paulo Fernandes Rodrigues amp

Eidt 2007) ressalta que a matriz de risco viabiliza a mensuraccedilatildeo qualitativa de riscos sendo

o ldquoniacutevel de risco definido pela composiccedilatildeo das variaacuteveis frequecircncia (probabilidade) e

severidade (impacto financeiro) associadas aos eventos de perda (fatores de risco) inerentes

ao processo avaliadordquo (De Paulo Fernandes Rodrigues amp Eidt 2007 p 50)

A matriz de risco eacute uma ferramenta utilizada para anaacutelise de riscos de processos de

vaacuterias naturezas considerando sua gravidade ou consequecircncias e a probabilidade (frequecircncia

ou probabilidade) Uma matriz de risco deve ser simples de usar deve fornecer dados

consistentes mesmo quando utilizada por profissionais de diferentes funccedilotildees e deve se adaptar

a necessidades especiacuteficas Deve ser utilizada com parcimocircnia para avaliaccedilatildeo de risco

estrateacutegico e de processo na tomada de decisotildees de gestatildeo

A Figura 1 traz a proposiccedilatildeo de pontuaccedilotildees das consequecircncias de riscos com as orientaccedilotildees e exemplos

adicionais relacionados a riscos com impacto na seguranccedila dos pacientes (NSH 2008)

22

Domiacutenios Despreziacutevel Menor Moderado Maior Catastroacutefico

Impacto sobre a seguranccedila

do paciente (fiacutesico

psicoloacutegico dano)

Lesatildeo miacutenima

requerendo

nenhumaintervenccedilatildeo

miacutenima ou

tratamento

Pequena lesatildeo ou

doenccedila exigindo menor

intervenccedilatildeo Aumento

do tempo de internaccedilatildeo

por 1-3 dias

Lesatildeo moderado

requerendo intervenccedilatildeo

profissional Aumento do

tempo de internaccedilatildeo por

4-15 dias Um evento

com impacto sobre um

pequeno nuacutemero de

pacientes

Ferimento grave levando a

incapacidade a longo

prazoAumento do tempo

de internaccedilatildeo por gt 15

dias

Incidente levando agrave morte Vaacuterias lesotildees

com efeitos permanentes ou irreversiacuteveis

sobre a sauacutede Um evento com impacto

sobre um grande nuacutemero de pacientes

Exemplos adicionais

Medicaccedilatildeo incorreta

dispensada mas natildeo

administrada

Incidentes resultando

numa

contusatildeoAtraso no

transporte de rotina

para o paciente

Medicamento errado ou

dosagem administrada

errada sem efeitos

adversos Uacutelcera por

pressatildeo estaacutegio I

Medicamento errado ou

dosagem administrado

com potencial efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IIIII

Queda resultando em

ferimentos como uma

entorse

Medicamento errado ou

dosagem errada

administrada com efeitos

adversos Uacutelcera por

Pressatildeo estaacutegio IV queda

resultando em ferimentos

como luxaccedilatildeo fratura

golpe na cabeccedila A perda

de um membro

Morte inesperada O suiciacutedio de um

paciente Homiciacutedios cometidos por

pacientes com doenccedila mentalRemoccedilatildeo

de parte errada do corpo levando agrave morte

ou incapacidade permanente Incidente

levando a paralisia

1 2 3 4 5

Figura 1 Pontuaccedilotildees de consequecircncias de riscos

Fonte Adaptada de National Safety Agency 2008

25 Ferramenta de Anaacutelise do modo e efeito da falha (FMEA)

A Failure Modes and Effects Analysis (FMEA) eacute uma ferramenta de abordagem

proativa utilizada para anaacutelise criacutetica prospectiva e contiacutenua de projetos e processos

propiciando a identificaccedilatildeo de riscos problemas ou potenciais falhas antes da ocorrecircncia de

um erro Desenvolvida na deacutecada de 1960 pela induacutestria aeroespacial foi reconhecida pela

Joint Commission on Accredittion oh Healthcare Organizations (JCAHO) como uma

ferramenta de qualidade relevante para as organizaccedilotildees de sauacutede (Silva Teixeira amp Cassiani

2009)

O Veterans Health Administration (VHA) o maior sistema de sauacutede integrado dos

Estados Unidos com 150 centros meacutedicos e cerca de 1400 ambulatoacuterios comunitaacuterios

adaptou a FMEA para utilizar em suas instituiccedilotildees com a denominaccedilatildeo de Healthcare Failure

Mode Effects and Analysis (HFMEA) (Silva Teixeira amp Cassiani 2009)

A maioria dos sistemas de notificaccedilatildeo de eventos relacionados agrave seguranccedila do paciente

se concentra na anaacutelise dos eventos adversos apoacutes a ocorrecircncia de uma lesatildeo HFMEA

oferece aos usuaacuterios ferramentas analiacuteticas que podem permitir a identificaccedilatildeo proativa-

mente de vulnerabilidades e corrigi-las antes que as falhas ocorram (Stalhandske De Rosier

Wilson amp Murphy 2009)

HFMEA agiliza as etapas da anaacutelise de risco encontradas na FMEA tradicional

combinando as etapas de detecccedilatildeo e a criticidade da FMEA tradicional com um algoritmo

apresentado como uma aacutervore de decisatildeo

Substitui o caacutelculo do nuacutemero de prioridade de risco (RPN) por uma pontuaccedilatildeo de

risco que eacute lida diretamente na Matriz de Escores de Hazard desenvolvida pela NCPS

(National Center for Patient Safety) para este propoacutesito

23

O objetivo da anaacutelise de riscos eacute desenvolver uma lista de riscos que se controlados de

forma eficaz possam prevenir uma doenccedila ou lesatildeo Eacute utilizado um processo com cinco

passos para avaliar aspectos especiacuteficos

No passo 1 eacute feita a definiccedilatildeo do processo a ser estudado no passo 2 eacute organizada uma

equipe multidisciplinar com especialistas no assunto e um conselheiro no passo 3 deve ser

desenvolvido um diagrama cronoloacutegico com a identificaccedilatildeo de cada etapa do processo no

passo 4 satildeo listados todos os possiacuteveis modos de falha de cada etapa determinando a

probabilidade e gravidade do modo de falha (Matriz de Escores de Perigo ndash Matriz de

Tolerabilidade) e utilizar a aacutervore de decisatildeo

O propoacutesito eacute determinar se o modo de falha justifica a implementaccedilatildeo de

medidasbarreiras que eliminem ou reduzam substancialmente a probabilidade de que um

evento perigoso ocorra

No passo 5 satildeo determinadas as causas de modo de falha (definido como ldquodiferentes

maneiras que um processo ou sub-processo pode deixar de fornecer o resultado esperadordquo)

que se quer ldquoeliminarrdquo ldquocontrolarrdquo ou ldquoaceitarrdquo (Veterans Health Administration National

Center for Patient Safety2009)

Segundo a HFMEA a severidade de um evento abrange as consequecircncias para o

paciente visitantesacompanhantes colaborador equipamentoinstalaccedilatildeo e fogo

Todo gestor deve verificar a realidade do evento classificaacute-los identificando as fontes

de perigo e propondo o gerenciamento de risco

Os eventos satildeo classificados como menores moderados importantes ou catastroacuteficos

(Figura 2)

Evento catastroacutefico (4) Evento importante (3)

Resultado para o paciente morte ou perda permanente da funccedilatildeo

(sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual) suiciacutedio estupro

reaccedilatildeo transfusional hemoliacutetica cirurgiaprocedimento no paciente

errado ou em parte errada do corpo sequestro infantil ou entrega de

crianccedila agrave famiacutelia errada Visitante morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais

Colaborador morte ou hospitalizaccedilatildeo de 3 ou mais colaboradores

Equipamentosinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $250000

Fogo qualquer fogo maior que uma chama inicial

Resultado para o paciente diminuiccedilatildeo permanente da funccedilatildeo

corporal (sensorial motora fisioloacutegica ou intelectual)

desfiguraccedilatildeo intervenccedilatildeo ciruacutergica requerida aumento do

tempo de permanecircncia do paciente por 3 ou mais pacientes

aumento do niacutevel de assistecircncia para 3 ou mais pacientes Visitante hospitalizaccedilatildeo de 1 ou 2 visitantes

Colaborador hospitalizaccedilatildeo 123 ou mais colaboradores

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano igual ou maior que $100000

Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

24

Evento moderado (2) Evento menor (1)

Resultado para o paciente aumento da permanecircncia ou aumento no

niacutevel de assistecircncia para 1 ou 2 pacientes

Resultado para o paciente nenhum prejuiacutezo ou aumento da

permanecircncia injuacuteria ou aumento no niacutevel de assistecircncia

Visitante avaliaccedilatildeo e treinamento para 1 ou 2 (natildeo-hospitalizaccedilatildeo) Visitante avaliaccedilatildeo e nenhum tratamento requerido ou doenccedila

Colaborador despesas meacutedicas danos ou doenccedila para 1 ou 2 Colaborador tratamento de primeiros socorros sem dano ou

doenccedila

Equipamentoinstalaccedilatildeo dano entre $10000 e $100000 Equipamentoinstalaccedilatildeo dano menor que $10000 ou perda de

utilidade sem resultado adverso ao paciente (exemplo gaacutes

natural eletricidade aacutegua comunicaccedilotildees transportes calorar

condicionado

Fogo incipiente ou menor Fogo natildeo aplicaacutevel - ver moderado ou catastroacutefico

Figura 2Classificaccedilatildeo dos eventos segundo a severidade de acordo coma a HFMEA

Fonte Adaptado do (Veterans Health Administration National Center for Patient Safety)

Ainda segundo a HFMEA os eventos satildeo classificados segundo a probabilidade de

ocorrerem como mostra a Figura 3

Frequente (4) Provaacutevel de ocorrer imediatamente ou dentro de um curto

periacuteodo (pode ocorrer vaacuterias vezes em um ano)

Ocasional (3) Provavelmente ocorreraacute (pode ocorrer vaacuterias vezes em 1 ou 2 anos)

Incomum (2)

Possiacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 5 anos)

Remota (1) Improvaacutevel de ocorrer (pode acontecer alguma vez em 30

anos)

Figura 3 Probabilidade de ocorrecircncia da HFMEA

Fonte Adaptado do Veterans Health Administration National Center for Patient Safety

26 Legislaccedilatildeo Relacionada agrave Vigilacircncia Sanitaacuteria

A Portaria nordm 1884 GM de 11 de novembro de 1994 considerando a necessidade das

Secretarias Estaduais e Municipais contarem com um instrumento de avaliaccedilatildeo de projetos

fiacutesicos adequado agraves novas tecnologias na aacuterea da sauacutede resolve ldquoaprovar as normas que com

estas baixam destinadas ao exame e aprovaccedilatildeo dos Projetos Fiacutesicos de Estabelecimentos

Assistenciais de Sauacutederdquo compreendendo ldquoas construccedilotildees novas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute

existentesrdquo e ldquoinobservacircncia das normas aprovadas por esta Portaria constitui infraccedilatildeo agrave

legislaccedilatildeo sanitaacuteria federal conforme dispotildee o artigo 10 inciso II da Lei nordm 6437 de 20 de

agosto de 1977rdquo (Ministeacuterio da Sauacutede [MS] 1994)

25

Em seu capiacutetulo 2 a Portaria nordm 188494 referente agrave organizaccedilatildeo fiacutesico-funcional

Estabelecimentos Assistenciais de Sauacutede (EAS) lista as atividades que satildeo geradoras ou que

caracterizam os ambientes sendo a unidade de internaccedilatildeo o local de ldquoprestaccedilatildeo de

atendimento de assistecircncia agrave sauacutede em regime de internaccedilatildeo- atendimento a pacientes que

necessitam de assistecircncia direta programada por periacuteodo superior a 24 horas (pacientes

internos)rdquo (MS1994)

A Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada (RDC) nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002 dispotildee

sobre o Regulamento teacutecnico para planejamento programaccedilatildeo elaboraccedilatildeo e avaliaccedilatildeo de

projetos fiacutesicos de estabelecimentos assistenciais de sauacutede e compreende as construccedilotildees novas

de estabelecimentos assistenciais de sauacutede de todo o paiacutes as aacutereas a serem ampliadas de

estabelecimentos assistenciais de sauacutede jaacute existentes as reformas de estabelecimentos

assistenciais de sauacutede jaacute existentes e os anteriormente natildeo destinados a estabelecimentos de

sauacutede (RDC nordm 50 2002)

A Figura 4 exibe as disposiccedilotildees da RDC nordm 50 acerca das unidades e ambientes

hospitalares destinados a internaccedilatildeo de pacientes

UnidadeAmbiente Dimensotildees

Internaccedilatildeo Geral

lactente crianccedila adolescente

e adulto

Quantificaccedilatildeo (miacutenima) Dimensatildeo (miacutenima)

Posto de enfermagemPrescriccedilatildeo

Meacutedica

1 posto a cada 30 leitos 60 msup2

Sala de serviccedilos 1 sala para cada posto de

enfermagem 57 msup2

26

Sala de exames e curativos

1 para cada 30 leitos (quando

existir enfermaria que natildeo

tenha subdivisatildeo fiacutesica dos

leitos

75 msup2

Aacuterea para Prescriccedilatildeo Meacutedica

20 msup2

Aacuterea de cuidados e

higienizaccedilatildeo do lactente

1 pcada 12 berccedilos ou fraccedilatildeo 40 msup2

Enfermaria de lactente

Quarto de crianccedila Quarto de adolescente

15 dos leitos do

estabelecimento

Deve haver no miacutenimo 1 quarto para servir de isolamento a

cada 30 leitos ou fraccedilatildeo

45 msup2 por leito = lactente

90 msup2 = quarto de 1 leito

50 msup2 por leito = crianccedila Nordm maacuteximo de crianccedilas ateacute 2 anos por

enfermaria = 12

Quarto de adolescente 100 msup2 = quarto de 1 leito ou 140 msup2 com

dimensatildeo miacutenima de 30m no caso do uso para

ldquoPPP 70 msup2 por leito = quarto de 2 leitos

60 msup2 por leito = enfermaria de 3 a 6 leitos

Nordm maacuteximo de leitos por enfermaria = 6

Distacircncia entre leitos paralelos = 1m

Distacircncia entre leito e paredes

Cabeceira= inexistente

Peacute do leito = 12 m

Lateral = 05 m

Enfermaria de adolescente

Quarto de adulto

a cada 30 leitos deve existir no

miacutenimo 1 quarto para situaccedilotildees

que requeiram isolamento

Enfermaria adulto

Aacuterea de

recreaccedilatildeolazerrefeitoacuterio

1 para cada unidade de

pediatria psiquiatria e crocircnicos

12 msup2 por paciente em condiccedilotildees de exercer

atividades recreativaslazer

Aacuterea ou antecacircmara de acesso

ao quarto de isolamento

18 msup2

Sala de aula 08 msup2 por aluno

Figura 4 Dimensionamento por unidadeambiente de EAS

Fonte Adaptado da Resoluccedilatildeo RDC nordm 50 de 21 de fevereiro de 2002

Em relaccedilatildeo agrave internaccedilatildeo de pacientes adultos e pediaacutetricos cada quarto ou enfermaria

de internaccedilatildeo deve ser provido de banheiro exclusivo aleacutem de um lavatoacuteriopia para uso da

equipe de assistecircncia em uma aacuterea anterior a entrada do quartoenfermaria ou mesmo no

interior desses fora do banheiro Um lavatoacuteriopia externo ao quarto ou enfermaria pode

servir a no maacuteximo 4 (quatro) quartos ou 2 (duas) enfermarias (RDC nordm 50 2002)

A RDC nordm 50 dispotildee sobre iluminaccedilatildeo dos ambientes hospitalares definindo que nos

quartos das enfermarias de unidade de internaccedilatildeo geral devem ser de quatro tipos iluminaccedilatildeo

geral em posiccedilatildeo que natildeo incomode o paciente deitado iluminaccedilatildeo de cabeceira na parede

(arandela) para leitura iluminaccedilatildeo de exame no leito com lacircmpada fluorescente que tambeacutem

pode ser obtida atraveacutes de aparelho ligado agrave tomada junto ao leito e sinalizaccedilatildeo de

enfermagem (IS) que eacute um de sistema de sinalizaccedilatildeo luminosa imediata entre o paciente

interno e o funcionaacuterio assistencial (meacutedico e enfermeira) O sistema interliga cada leito

sanitaacuterio e banheiro das diversas unidades e ambientes em que estaacute presente o paciente

27

interno com o respectivo posto de enfermagem que lhe daacute cobertura assistencial quarto

enfermaria e banheiro da unidade de internaccedilatildeo geral quarto aacutereas coletivas de pediatria e

banheiro da unidade de internaccedilatildeo intensiva A identificaccedilatildeo deve se dar em cada leito e porta

dos ambientes voltados para a circulaccedilatildeo (RDC nordm 50 2002)

Nos ambientes onde satildeo prestados os cuidados de sauacutede a iluminaccedilatildeo pode trazer

estiacutemulos positivos agrave recuperaccedilatildeo dos pacientes mas quando excessiva ou mal localizada

pode ser prejudicial A importacircncia da iluminaccedilatildeo tambeacutem estaacute relacionada agrave adequaccedilatildeo

visual dos profissionais para realizaccedilatildeo de procedimentos eou observaccedilatildeo dos pacientes De

modo geral os aspectos quantitativos satildeo mais valorizados que os qualitativos sendo esta

priorizaccedilatildeo notada nas legislaccedilotildees nacionais e estrangeiras Entre as normas nacionais

apresentando os requisitos miacutenimos a serem atendidos a Norma Brasileira (NBR) 541392

textos normativos da ABNT recomenda os valores de iluminacircncias e a Portaria nordm 188494 do

Ministeacuterio da Sauacutede sugere ldquoalguns criteacuterios qualitativos para projetos de iluminaccedilatildeo artificial

dos espaccedilos de internaccedilatildeordquo (Peccin 2002 p 15)

A preocupaccedilatildeo com a iluminaccedilatildeo nos ambientes hospitalares tem se focado mais na

questatildeo econocircmica envolvendo a racionalizaccedilatildeo da energia empregada e na reduccedilatildeo dos

custos de operaccedilatildeo do sistema Mesmo em relaccedilatildeo aos pacientes as discussotildees convergem

para questotildees de conforto ambiental luz de cabeceira para leitura iluminaccedilatildeo de vigiacutelia para

permitir o acesso da equipe de enfermagem agrave noite sem acionar a luz de teto Outra questatildeo eacute

a utilizaccedilatildeo de lacircmpadas que ldquopermitam boa reproduccedilatildeo de cores permitindo a identificaccedilatildeo

de alteraccedilotildees orgacircnicasrdquo como por exemplo a coloraccedilatildeo da pele As questotildees de seguranccedila

satildeo tratadas em relaccedilatildeo agrave iluminaccedilatildeo de emergecircncia (NBR 1353495 e NBR 1089899) e

iluminacircncias meacutedias miacutenimas para atividades hospitalares considerando a dificuldade da

tarefa visual a idade do usuaacuterio poreacutem as legislaccedilotildees divergem entre os paiacuteses (Peccin

2002)

A ISO (International Organization for Standardization) 31000 de 2009 eacute a nova

referecircncia mundial para a Gestatildeo de Riscos fornecendo orientaccedilotildees para a estrutura de

gerenciamento de riscos aplicaacutevel a organizaccedilotildees de qualquer tamanho traz um modelo

conceitual que pode ser usado para a anaacutelise dos arranjos organizacionais que incluem planos

relacionamentos prestaccedilatildeo de contas recursos processos e atividades A Figura 5 traz a

proposto de um modelo conceitual para ser utilizado na anaacutelise desses arranjos (MacLeod et

al 2013)

28

Mandato e

comprometimento

Estrutura para gerenciar

riscos

Monitoramento e anaacutelise criacutetica da

estrutura

Melhoria contiacutenua da

estrutura

Implementaccedilatildeo da gestatildeo

de riscos

Fonte wwwiiabrasilorgbr Figura 5 Estrutura para Gerenciamento de Riscos (ISO 31000)

29

3 MEacuteTODO E TEacuteCNICAS DE PESQUISA

Segundo Martins amp Theoacutephilo 2009 p 37 ldquoO objetivo da metodologia eacute o

aperfeiccediloamento dos procedimentos e criteacuterios utilizados na pesquisardquo Jaacute ldquomeacutetodo eacute o

caminho para se chegar a um determinado fim ou objetivordquo

Na Figura 6 estatildeo compiladas as atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborada pelo Auto

31 Delineamento da Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa empiacuterica O Empirismo eacute uma abordagem metodoloacutegica que

ldquoconsidera que o fato existe independentemente de qualquer atribuiccedilatildeo de valor ou

posicionamento teoacuterico e possui um conteuacutedo evidente livre de pressupostos subjetivosrdquo

(Martins amp Theoacutephilo 2009 p 39)

Eacute um estudo descritivoexploratoacuterio que coleta ldquodescriccedilotildees detalhadas de variaacuteveis

existentes e usam dados para justificar e avaliar condiccedilotildees e praacuteticas correntes ou fazer planos

mais inteligentes para melhorar as praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutederdquo (LoBiondo-Wood amp Haber

2001 p 111)

Os autores afirmam que este tipo de desenho eacute uacutetil na busca ldquode informaccedilotildees precisas

sobre as caracteriacutesticas dos sujeitos de pesquisa grupos instituiccedilotildees ou situaccedilotildees ou sobre a

Figura 6 Atividades desenvolvidas na pesquisa

Fonte Elaborado pela autora

30

frequecircncia de um fenocircmeno particularmente quando se sabe pouco sobre o fenocircmenordquo

(LoBiondo-Wood amp Haber 2001 p 111)

O delineamento da pesquisa termo que tem sido substituiacutedo por estrateacutegias de

pesquisa refere-se agraves ldquodiferentes maneiras de abordar e analisar dados empiacutericos no contexto

das Ciecircncias Sociais Aplicadasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 53)

A estrateacutegia utilizada nesta pesquisa foi o estudo de caso

ldquotrata de uma investigaccedilatildeo empiacuterica que pesquisa fenocircmenos dentro de seu

contexto real (pesquisa naturaliacutestica) onde o pesquisador natildeo tem controle

sobre eventos ou variaacuteveis buscando aprender a totalidade de uma situaccedilatildeo e

criativamente descrever compreender e interpretar a complexidade de um

caso concretordquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p62)

O estudo de caso eacute o tipo de estrateacutegia de pesquisa que bem se adequa a situaccedilotildees em

que a forma da questatildeo de pesquisa relaciona-se a questotildees explanatoacuterias onde natildeo se exige

controle sobre eventos comportamentais e que focaliza eventos contemporacircneos Os estudos

de caso podem incluir as e mesmo ser limitados agraves evidecircncias quantitativas (Yin 2001 pp

24-25)

O estudo de caso deve permitir ao investigador construir descriccedilotildees interpretaccedilotildees e

explicaccedilotildees originais que conduzam a conclusotildees e recomendaccedilotildees mostrando que foram

coletadas e avaliadas evidecircncias relevantes (Martins amp Theoacutephilo 2009 p 63)

A escolha do estudo de caso como estrateacutegia de pesquisa deveu-se ao fato de ser pouco

conhecida a influecircncia dos fatores ambientais na ocorrecircncia de quedas no meio hospitalar

questatildeo jaacute mais explorada em domiciacutelio e instituiccedilotildees de longa permanecircncia e abrangendo

mais especificamente a populaccedilatildeo de idosos sendo o fenocircmeno pesquisado no seu contexto

real

Trata-se de estudo retrospectivo pois os indiviacuteduos satildeo seguidos do efeito para a

causa No estudo longitudinal retrospectivo se conhece o efeito e se busca a causa (Bordalo

2006)

Segundo Szklo (2002 p16)

ldquoQuando o investigador tem interesse em identificar fatores de risco (fatores

etioloacutegicos) o desenho mais eficiente em ambiente hospitalar eacute o estudo de

casos e controles tambeacutem conhecido como estudo retrospectivo Podem-se

conduzir estudos de casos e controles em um ou mais hospitais bem como

incluir pacientes hospitalizados ou ambulatoriais Comparado com estudos de

coorte este tipo de estudo eacute relativamente barato geralmente de menor duraccedilatildeo e exige uma amostra menorrdquo

31

Foi utilizada a teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa

As ldquoavaliaccedilotildees qualitativas contribuem com a melhor compreensatildeo dos fenocircmenos e

as anaacutelises quantitativas datildeo uma ordem de grandeza do risco vinculado ao fenocircmenordquo (Lima

2012 p72)

Na teacutecnica de avaliaccedilatildeo qualitativa os dados satildeo descritivos compreendendo a

descriccedilatildeo de pessoas de acontecimentos e reaccedilotildees e mesmo a transcriccedilatildeo de relatos A

preocupaccedilatildeo central natildeo satildeo as mediccedilotildees mas sim as descriccedilotildees e interpretaccedilotildees dos fatos

(Martins amp Theoacutephilo 2009)

Martins amp Theoacutephilo (2009) enfatizam que o estudo de caso pede avaliaccedilatildeo

qualitativa uma vez que tem como objetivo a anaacutelise de uma unidade social que eacute analisada

profunda e intensamente

32 Local do Estudo

O estudo foi realizado em um hospital puacuteblico de porte extra universitaacuterio localizado

no municiacutepio de Satildeo Paulo e faz parte de um complexo hospitalar que ocupa uma aacuterea total de

352 mil metros quadrados com cerca de 2200 leitos Tem como oacutergatildeo responsaacutevel a

Secretaria de Estado da Sauacutede

O hospital escolhido conta com 843 leitos e atende predominantemente pacientes do

Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) mas estende seu atendimento a pacientes conveniados

Oferece atendimento meacutedico-hospitalar ambulatorial por imagem e som serviccedilos

psicossocial e terapecircutico Abrange especialidades de cliacutenica meacutedica ciruacutergica e

traumatologia sendo referecircncia em transplante de fiacutegado adulto pacircncreas rim coacuternea pele e

medula oacutessea As enfermarias apresentaram no ano de 2013 taxa de ocupaccedilatildeo de 779

33 Procedimentos de Coleta dos Dados

Em se tratando de estudo de caso as atividades de coleta de dados devem ser

realizadas pelo pesquisador-autor que ldquoteraacute mais condiccedilotildees de continuamente estar pensando

e agindo na busca de relaccedilotildees entre a questatildeo de pesquisa que deseja responder as

proposiccedilotildees (teoria preliminar) que carecem de demonstraccedilotildees e a coleta dos dados e

evidecircnciasrdquo (Martins amp Theoacutephilo 2009 p65)

Yin pondera que as evidecircncias para um estudo de caso podem vir de seis fontes

distintas documentos registros em arquivo entrevistas observaccedilatildeo direta observaccedilatildeo

participante e artefatos fiacutesicos As informaccedilotildees documentais satildeo relevantes a todos os toacutepicos

32

do estudo de caso Tais documentos podem ser correspondecircncias agendas e minutas de

reuniotildees relatoacuterios de eventos em geral O seu uso mais importante eacute ldquocorroborar e valorizar

as evidecircncias oriundas de outras fontesrdquo (Yin 2001 p 111)

Segundo Yin (2001) p 121) ldquo o uso de vaacuterias fontes de evidecircncias nos estudos de

caso permite que o pesquisador dedique-se a uma ampla diversidade de questotildees histoacutericas

comportamentais e de atitudesrdquo

Assim ldquoqualquer descoberta ou conclusatildeo em um estudo de caso provavelmente seraacute

muito mais convincente e acurada se se basear em vaacuterias fontes distintas de informaccedilatildeo

obedecendo a um estilo corroborativo de pesquisardquo (Yin 2001 p 121)

A pesquisa de campo eacute segundo Lakatos amp Marconi 1991 utilizada para a busca de

informaccedilotildees ou conhecimentos na procura de resposta para um problema atraveacutes da

observaccedilatildeo dos fenocircmenos como ocorrem espontaneamente coletando dados e registrando

variaacuteveis que possam estar relacionadas e posteriormente analisaacute-los

Nogueira (1968) como citado em Lakatos amp Marconi (1991 p 211) define formulaacuterio

como sendo ldquouma lista formal um cataacutelogo ou um inventaacuterio destinado agrave coleta de dadosrdquo O

preenchimento eacute feito pelo proacuteprio pesquisador atraveacutes de observaccedilatildeo ou interrogatoacuterio

Segundo Mello amp Turrioni (2007 p51)

ldquoA observaccedilatildeo eacute uma taacutetica de coleta de dados para conseguir informaccedilotildees e

utiliza os sentidos na obtenccedilatildeo de determinados aspectos da realidade Natildeo

consiste apenas em ver e ouvir mas tambeacutem em examinar fatos ou fenocircmenos que se desejam estudar Desempenha papel importante nos

processos observacionais no contexto da descoberta e obriga o investigador a

um contato mais direto com a realidaderdquo

A observaccedilatildeo cientiacutefica ldquoeacute planejada sistematicamente eacute registrada metodicamente e

estaacute relacionada a proposiccedilotildees mais gerais em vez de ser apresentada como uma seacuterie de

curiosidades interessantes estaacute sujeita a verificaccedilotildees e controles sobre a validade e

seguranccedilardquo (Mello amp Turrioni 2007 p 51)

Na observaccedilatildeo estruturada ou sistemaacutetica ldquoo observador sabe o que procura e o que

carece de importacircncia em determinada situaccedilatildeo deve ser objetivo reconhecer possiacuteveis erros

e eliminar sua influecircncia sobre o que vecirc ou recolhe (Mello amp Turrioni 2007 p51)

A figura 7 mostra os pontos fortes e limitaccedilotildees do uso da observaccedilatildeo como taacutetica para

coleta de dados

33

Pontos fortes Limitaccedilotildees

Possibilita meios diretos e satisfatoacuterios para

estudar uma ampla variedade de fenocircmenos

O observado tende a criar impressotildees favoraacuteveis ou

desfavoraacuteveis no observador

Exige menos do pesquisador do que as outras

teacutecnicas

A ocorrecircncia espontacircnea natildeo pode ser prevista o que

impede muitas vezes o observador de presenciar o

fato

Permite a coleta de dados sobre um conjunto de

atitudes comportamentais tiacutepicas

Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do

pesquisador

Depende menos da introspecccedilatildeo ou da reflexatildeo A duraccedilatildeo dos acontecimentos eacute variaacutevel pode ser

raacutepida ou demorada e os fatos podem ocorrer

simultaneamente nos dois casos torna-se difiacutecil a

coleta de dados

Permite a evidecircncia de dados natildeo constantes do

roteiro de entrevistas ou de questionaacuterios

Vaacuterios aspectos da vida cotidiana particular podem

natildeo ser acessiacuteveis ao pesquisador

Figura 7 Pontos fortes e limitaccedilotildees da observaccedilatildeo

Fonte Mello amp Turrioni 2007

Para este estudo foi realizado o levantamento a partir das notificaccedilotildees de incidentes

relacionados agraves quedas no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 para caracterizaccedilatildeo da

populaccedilatildeo O grupo de elementos escolhido para compor a amostra foi feito intencionalmente

de acordo com criteacuterios estabelecidos

Foram selecionadas 6 unidades de cliacutenica meacutedica e ciruacutergica que ocuparam as

primeiras seis posiccedilotildees na frequecircncia de ocorrecircncia de quedas segundo os dados coletados a

partir das notificaccedilotildees de incidentes Estes leitos satildeo destinados a internaccedilatildeo de indiviacuteduos

adultos de ambos os sexos com ambientes de acomodaccedilatildeo de diferentes dimensotildees para 1 2

4 ou 6 leitos O criteacuterio de exclusatildeo foi a realizaccedilatildeo de reforma preacutevia planejada e conduzida

sob a supervisatildeo do setor de Arquitetura e Engenharia Hospitalar da instituiccedilatildeo

A teacutecnica da coleta de dados utilizada nesta pesquisa foi o levantamento atraveacutes de

roteiro sendo listadas as caracteriacutesticas dos espaccedilos destinados agrave acomodaccedilatildeo dos pacientes

nas unidades e das plantas das unidades

O formulaacuterio utilizado foi elaborado pela autora com base nas legislaccedilotildees e fatores

ambientais citados na literatura que podem estar relacionados a queda visando a adequaccedilatildeo

do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a perspectiva de avaliaccedilatildeo de riscos e

melhoria da seguranccedila Este formulaacuterio serviu como roteiro para a visita de campo

direcionando a inspeccedilatildeo dos itens relacionados a dimensotildees dos diferentes tipos de quartos

instalaccedilotildees dispositivos de seguranccedila e mobiliaacuterio no momento da observaccedilatildeo (APEcircNDICE

34

A) Os ambientes do quartos e banheiros foram fotografados para visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo

espacial do mobiliaacuterio As medidas dos quartos foram analisadas a partir das plantas

fornecidas pelo setor de engenharia e arquitetura

O periacuteodo de coleta foi de 1 a 30 de novembro de 2014

34 Procedimentos e Anaacutelise de Dados

Foi desenvolvido um banco de dados que permitiu a revisatildeo de evidecircncias com o

intuito de aumentar a confiabilidade do estudo O resultado das observaccedilotildees e das notificaccedilotildees

de incidentes pesquisados foram armazenados para que os dados possam ser prontamente

recuperaacuteveis para inspeccedilatildeo ou nova leitura Manter um encadeamento de evidecircncias tambeacutem

aumenta a confiabilidade das informaccedilotildees de um estudo de caso o que ldquoconsiste em permitir

que um observador externo - o leitor do estudo de caso por exemplo - possa perceber que

qualquer evidecircncia proveniente de questotildees iniciais da pesquisa leve agraves conclusotildees finais do

estudo de casordquo (Yin 2001 p127)

Yin (2001 p127) discorre que

ldquo a anaacutelise de dados consiste em examinar categorizar classificar em

tabelas ou do contraacuterio recombinar as evidecircncias tendo em vista proposiccedilotildees

iniciais de um estudordquo

Martins amp Theoacutephilo (2009 p69) relatam que ldquo natildeo haacute um roteiro para se analisar

os resultados de um estudo desta naturezacada caso eacute um casordquo

As proposiccedilotildees teoacutericas que

ldquo refletem o conjunto de questotildees da pesquisa as revisotildees feitas na

literatura sobre o assunto e as novas interpretaccedilotildees que possam surgirrdquo

constituem uma boa estrateacutegia a ser seguida na anaacutelise de dados permitindo a

produccedilatildeo de ldquoconclusotildees analiacuteticas irrefutaacuteveis e eliminar interpretaccedilotildees

alternativasrdquo (Yin 2001 p 129)

Os resultados foram analisados com base comparativa na literatura salientando as

evidecircncias relevantes que devem ser todas as encontradas Em relaccedilatildeo agrave aacuterea fiacutesica deveratildeo

ser considerados os itens que estatildeo ou natildeo em conformidade com a legislaccedilatildeo vigente

35 Aspectos Eacuteticos da Pesquisa

O projeto foi submetido agrave aprovaccedilatildeo da Comissatildeo de Eacutetica para Anaacutelise de Projetos de

Pesquisa (CAPPESQ) da instituiccedilatildeo com parecer de aprovaccedilatildeo nordm 940006 de 27 de janeiro de

2015

Como o estudo natildeo envolveu nenhum tipo de abordagem a pacientes ou profissionais

natildeo se aplica a exigecircncia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) exigido

35

em toda pesquisa em que estejam envolvidos indiviacuteduos grupos ou seus representantes legais

que devem manifestar a sua anuecircncia em participar da pesquisa (Resoluccedilatildeo Nordm 466 2012)

36

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

Para se apurar o contexto de um incidente as informaccedilotildees devem abranger quatro classes

as caracteriacutesticas dos doentes as caracteriacutesticas do incidente os fatoresperigos contribuintes

e as consequecircncias organizacionais decorrentes da ocorrecircncia Entre as caracteriacutesticas dos

doentes estatildeo os dados demograacuteficos as relacionadas ao incidente satildeo aquelas que informam

as circunstacircncias em que o incidente ocorreu (como onde e quando) os fatores contribuintes

satildeo as circunstacircncias accedilotildees ou influecircncias que podem ter contribuiacutedo para a origem

desenvolvimento ou aumento do risco de um incidente e por fim as consequecircncias

organizacionais dizem do impacto do incidente sobre a organizaccedilatildeo tais como aumento da

utilizaccedilatildeo de recursos para prestar cuidados adicionais ao doente repercussotildees negativas

veiculadas pela comunicaccedilatildeo social consequecircncias legais devidas a resultados cliacutenicos ou

terapecircuticos negativos para o doente (OMS 2011)

Foram avaliadas notificaccedilotildees de 922 incidentes ocorridos de janeiro a junho de 2014 dos

quais 205 foram quedas (2223)

Com base nestes conceitos foi feita anaacutelise estatiacutestica descritiva na distribuiccedilatildeo de

frequecircncia dos dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo referido conforme

apresentado na Tabela 2

Os dados da pesquisa apontaram que em 205 quedas ocorridas entre janeiro e junho

de 2014 a idade meacutedia dos indiviacuteduos viacutetimas de queda foi de 5663 anos sendo que natildeo

houve diferenccedila entre homens e mulheres O tempo meacutedio decorrido da admissatildeo ateacute a

ocorrecircncia da queda foi de 14 dias Ao contraacuterio de outros estudos a idade meacutedia eacute inferior a

60 anos bem como o tempo meacutedio de ocorrecircncia que foi maior Como visto no estudo

realizado por Schwendimann Buumlhler De Geest amp Milisen 2006 com pacientes

hospitalizados a idade meacutedia foi de 673 anos e o tempo meacutedio de internaccedilatildeo ateacute a ocorrecircncia

foi de 119 dias Outras pesquisas trazem a prevalecircncia de quedas na faixa etaacuteria de 60 anos

ou mais (Costa Monteiro Memesath amp Almeida 2011 Paiva et al 2010 Correa et al 2012

Abreu et al 2012 e Inoue Matsuda Melo Murassaki amp Hayakawa 2011)

Nesta pesquisa houve predominacircncia de quedas entre os homens (59) e no periacuteodo

noturno (50) Em relaccedilatildeo agrave prevalecircncia no sexo masculino este resultado vai ao encontro

dos apresentados por Paiva et al 2010 Costa et al 2011 Carneiro et al 2011e Inoue et al

2011) O turno noturno tambeacutem foi mais frequente nas pesquisas de Paiva et al 2010 (637)

e de Correa et al 2012 (413)

37

Tabela 2 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia de dados demograacuteficos e dos eventos ocorridos no periacuteodo de janeiro

a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

N = 205

Caracteriacutesticas Meacutedia n

idade (meacutedia) 5663

dias de internaccedilatildeo (meacutedia) 1402

Sexo

Feminino

83 41

Masculino

122 59

Turno

Manhatilde

54 26

Tarde

42 21

Noturno

103 50

natildeo informado

6 3

Local

Banheiro

50 24

Quarto

89 43

corredor

13 6

saguatildeo do PS

6 3

SECSEM do PS

3 1

locais de exame

7 4

outros

8 5

natildeo informado

29 14

Altura

cadeiracadeira de rodaspoltrona

20 10

camaleitomaca

48 23

mesa ciruacutergicaexame

2 1

proacutepria altura

108 53

outros

1 05

natildeo presenciado

1 05

natildeo informado

25 12

Dano

Sim

61 30

Natildeo

122 59

natildeo informado 22 11

Fonte Resultados da pesquisa

Quanto ao local da queda 43 ocorreram no quarto e 24 no banheiro totalizando

67 de ocorrecircncias no ambiente destinado agrave acomodaccedilatildeo do paciente durante a internaccedilatildeo O

quarto tambeacutem foi o local mais frequente de quedas nos estudos de Correa et al 2011 e

Abreu et al 2012 o que poderia ser explicado pelo fato de ser onde os pacientes permanecem

mais tempo

38

Em 53 dos incidentes a queda ocorreu da proacutepria altura 23 da cama leito ou

maca 12 dos casos a altura natildeo foi informada 10 da cadeira poltrona cadeira de rodas

1 da mesa ciruacutergicaexames e em 2 a queda natildeo foi presenciada ou outros

Das 205 quedas notificadas 122 (59) natildeo resultaram em danos constatados ou

referidos pelo paciente Em 62 eventos (30 ) ocorreu algum tipo de dano e em 21 casos

(11) esta informaccedilatildeo natildeo constava das notificaccedilotildees Entre os danos as mais frequentes

foram escoriaccedilotildees (43) seguida de ferimentos corto contusoslesotildees (21) sendo que em

dois casos foi necessaacuteria a realizaccedilatildeo de sutura Em 36 dos casos as lesotildees foram reunidas

em um grupo denominado ldquooutrosrdquo variando de dor referida pelo paciente agrave perda de

consciecircncia em duas ocorrecircncias fratura oacutessea em um caso hematoma subgaleal e deiscecircncia

de ferida operatoacuteria em outras duas situaccedilotildees

Em 164 ocorrecircncias (79) natildeo foram solicitados exames complementares ou natildeo foi

registrada na ficha de notificaccedilatildeo poreacutem em 42 (21) eles foram necessaacuterios Os mais

frequentes foram as tomografias computadorizadas (n= 24 57) solicitaccedilatildeo de RX foram 10

(24) e em dois casos foram necessaacuterios RX e tomografia computadorizada (5) e outros

tipos de exames somaram 6 casos (14)

As seis unidades de internaccedilatildeo onde ocorreu maior frequecircncia de quedas foram

Cliacutenica Meacutedica (10) Retaguarda do Pronto Socorro (8) Transplante Renal (7)

Nefrologia (6) Moleacutestia Infecciosas e Cirurgia Vascular (5 cada uma) A maior

porcentagem de quedas ocorreu nas aacutereas de Pronto Socorro (saguatildeo salas de emergecircncia

observaccedilatildeo e cuidados intensivos) somando 21 poreacutem natildeo constitui foacuterum deste estudo

que se restringiu agraves unidades de internaccedilatildeo Os restantes 38 ficaram distribuiacutedos em outras

18 unidades

A Tabela 3 traz a distribuiccedilatildeo dos locais de ocorrecircncia onde as quedas foram mais

frequentes considerando quarto e banheiro que somam os maiores valores

39

Tabela 3 Distribuiccedilatildeo das quedas segundo o local de ocorrecircncia nas unidades onde predominaram os

eventos no periacuteodo de janeiro a junho de 2014 Satildeo Paulo Brasil

Unidade local Quarto Banheiro Outros

Cliacutenica Meacutedica 30 55 15

Retaguarda do PS 18 52 30

Cirurgia Vascular 70 0 30

Unidade de

Transplante Renal44 21 25

Nefrologia 36 27 27

Moleacutestias

Infecciosas60 10 30

Fonte Resultados da Pesquisa

Observa-se que a frequecircncia de quedas foi significativamente maior no quarto nas

unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias Infecciosas onde haacute maior nuacutemero de pacientes

restritos ao leito seja pelas alteraccedilotildees da funccedilatildeo motora na primeira e pela gravidade na

segunda

Considerando que a ocorrecircncia de quedas foi de 205 casos em seis meses podemos

considerar este evento como frequente de gravidade moderada (30 resultaram em dano aos

pacientes) e de alta detecccedilatildeo

A Tabela 4 apresenta a distribuiccedilatildeo das unidades visitadas e o atendimento aos

quesitos do formulaacuterio utilizado para registro dos dados levantados com base nas

recomendaccedilotildees de adequaccedilatildeo do ambiente fiacutesico agraves necessidades dos pacientes com a

perspectiva da seguranccedila e avaliaccedilatildeo de riscos

Na unidade de Cliacutenica Meacutedica onde ocorreu o maior nuacutemero de quedas (10 de

todas as quedas notificadas) entre as aacutereas selecionadas dos 17 quesitos diretamente

relacionados a quedas do roteiro de inspeccedilatildeo elaborado (excluindo-se os itens referentes agraves

pias) natildeo foram atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em todos

os quartos mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os quartos e iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos A unidade de Retaguarda do Pronto Socorro (8 das quedas) teve os

seguintes quesitos natildeo atendidos interruptor de luz acessiacutevel piso em perfeitas condiccedilotildees em

todos os quartos iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e mobiliaacuterios com rodiacutezios e

travas em todos os quartos Por sua vez as unidades de Cirurgia Vascular e de Moleacutestias

Infecciosas onde ocorram 5 das quedas em cada uma delas tiveram 9 e 8 quesitos natildeo

atendidos respectivamente As unidades de Nefrologia (6 das quedas) e Transplante Renal

(7 das quedas) tambeacutem tiveram 9 itens natildeo atendidos Estes resultados alertam para

intervenccedilatildeo nestas aacutereas pois estatildeo em risco de novas e mais frequentes ocorrecircncias

40

Tabela 4Distribuiccedilatildeo dos itens recomendados na estrutura fiacutesica hospitalar versus unidades visitadas

2014 Satildeo Paulo Brasil

Embora os sistemas de chamada de enfermagem estivessem presentes em todas as

unidades em todas elas havia vaacuterios dispositivos que natildeo funcionavam Barras de apoio no

box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos iluminaccedilatildeo geral

UnidadeMoleacutestias

Infecciosas

Retaguarda

do Pronto

Socorro

Cliacutenica

MeacutedicaNefrologia

Transplant

e Renal

Cirurgia

Vascular

Quesito atende natildeo atende

Dimensotildees miacutenimas por

quartoleitoatende atende atende atende atende atende 100

Banheiro exclusivo para

cada quartoatende atende atende atende atende atende 100

Barras de apoio no box em

todos os banheirosatende atende atende atende natildeo atende atende 83 17

Barras de apoio proacuteximas ao

vaso sanitaacuterioatende atende atende atende atende atende 100

Pia agrave entrada do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Pia dentro do quarto natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Sistema de chamada de

enfermagematende atende atende atende atende atende 100

Interruptor de luz acessiacutevel natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso em perfeitas condiccedilotildees

em todos os quartosatende natildeo atende natildeo atende atende atende natildeo atende 50 50

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em

todos os leitos atende natildeo atende atende

presente mas

faltam

lacircmpadas

natildeo atende natildeo atende 33 67

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente

mas natildeo

funciona

presente mas

natildeo funcionanatildeo atende

presente

mas natildeo

funciona

84 16

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os

quartos

atende atende atende natildeo atende atende atende 84 16

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem atende atende atende atende atende natildeo atende 84 16

Camas com grades em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas comtravas em todos

os leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Camas eleacutetricas em todos os

leitosnatildeo atende atende atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Escada de 2 degraus

presente em todos os leitos

e com ponteira de borracha

natildeo atendenatildeo se

aplica

natildeo se

aplicanatildeo atende natildeo atende natildeo atende 33 67

Mobilaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartosnatildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende natildeo atende 100

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

atende atende atende atende atende atende 100

41

fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo itens atendidos na maioria

das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia estivesse presente em todas

elas natildeo funcionava

Os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e travas em todos os

quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades o que pode estar relacionado a ocorrecircncia

de quedas no periacuteodo noturno (50 dos incidentes notificados)

Os itens seguintes natildeo satildeo atendidos na maioria das unidades (67 cada) camas com

grades em todos os leitos camas com travas em todos os leitos camas eleacutetricas em todos os

leitos e escada de 2 degraus presente em todos os leitos e com ponteira de borracha Os

quesitos alertam quanto ao fato de que 23 de todas as quedas notificadas ocorreram da cama

ou leito camas hospitalares altas sem ajuste de altura pois natildeo satildeo eleacutetricas sem travas e

sem escadas para auxiliar a saiacuteda do leito

A RDC nordm 50 (p44 ANEXO 1) recomenda que os quartos tenham dimensotildees miacutenimas

por leito (6 msup2) distacircncia entre os leitos (1 m) distacircncia entre peacute do leito e parede (12 m) e

entre leitos (05 m) Embora estabeleccedila que na pediatria e na geriatria devam ser previstos

espaccedilos para poltrona de acompanhante ao lado do leito e para berccedilo ao lado da cama da matildee

no caso de alojamento conjunto considera que as metragens quadradas permaneccedilam as

mesmas citadas na tabela

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (Vigilacircncia Sanitaacuteria) investiga se os

dormitoacuterios obedecem aos padrotildees estabelecidos pela legislaccedilatildeo vigente se haacute distacircncia

miacutenima entre dois leitos que permita a faacutecil circulaccedilatildeo sendo as respostas para estas questotildees

sim ou natildeo natildeo especificando dimensotildees

Considerando as recomendaccedilotildees da RDC nordm 50 as unidades estudadas atendem os

requisitos de dimensotildees miacutenimas para os quartos de 2 4 e 6 leitos Entretanto a referida RDC

natildeo considera o espaccedilo para a colocaccedilatildeo de outros mobiliaacuterios necessaacuterios ao atendimento e

conforto do paciente como mesa de cabeceira mesa de refeiccedilatildeo e poltrona para

posicionamento de pacientes Ao se dispor todos estes itens mesmo o ambiente atendendo as

recomendaccedilotildees de dimensotildees miacutenimas o espaccedilo torna-se reduzido dificultando a circulaccedilatildeo

de pacientes e profissionais sem esbarrarem nos mobiliaacuterios o que pode prejudicar seu

equiliacutebrio e propiciar a ocorrecircncia de quedas

As Figuras 8 e 9 trazem imagens da distribuiccedilatildeo tiacutepica dos mobiliaacuterios nos ambientes

de internaccedilatildeo das unidades estudadas que literalmente se acumulam deixando reduzido

espaccedilo para circulaccedilatildeo e natildeo atendendo agrave recomendaccedilatildeo de distacircncia entre o leito e a parede

42

Figura 8Disposiccedilatildeo do leito junto agrave parede mesa de

cabeceira e suporte de soro contiacuteguos

Figura 9Poltrona e mesa de refeiccedilatildeo posicionadas aos peacutes do leito impossibilitando o acesso

Quanto agraves instalaccedilotildees sanitaacuterias questionam se estatildeo no mesmo pavimento das

enfermarias e se haacute um chuveiro para cada seis leitos O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospital

Geral da Coordenaccedilatildeo de Fiscalizaccedilatildeo Sanitaacuteria do Estado do Rio de Janeiro quanto a

banheiro para pacientes fala de um para cada quarto ou enfermaria que deve ter acesso direto

a um banheiro podendo este servir no maacuteximo a 2 enfermarias Nem um dos dois roteiros de

vistoria acata a RDC nordm 50 (2002) que prevecirc banheiro para pacientes em cada quarto ou

enfermaria Novamente natildeo se estabelece dimensotildees

43

Para as unidades estudadas todos os quartos contam com banheiro privativo

O Roteiro de Inspeccedilatildeo de Hospitais da VISA (ANEXO 2) indaga se os chuveiros estatildeo

instalados em box com dimensotildees internas compatiacuteveis com banho em posiccedilatildeo assentada e

dotados de aacutegua quente

Tais requisitos natildeo parecem suficientes pois como se observa na Figura 10 abaixo a

cadeira higiecircnica eacute robusta e ocupa praticamente todo o espaccedilo do box impossibilitando a

permanecircncia do profissional acompanhando ou executando a higienizaccedilatildeo do paciente Aleacutem

disso natildeo haacute cinto de seguranccedila que impeccedila o arremesso do tronco para frente

Figura 10 Cadeira higiecircnica preenche todo o espaccedilo do box

As Figuras 11 e 12 exibem os mobiliaacuterios habituais disponibilizados para o

atendimento dos pacientes A mesa de refeiccedilatildeo tem apenas dois rodiacutezios e sem trava A mesa

de cabeceira embora com peacutes fixos eacute de metal e com cantos pontiagudos que ao se chocarem

com o corpo do paciente podem provocar ferimentos

44

A figura 13 mostra a presenccedila das barras de apoio proacuteximas dispostas nas laterais do

vaso sanitaacuterio permitindo o alcance do paciente caso seja necessaacuterio

Durante o transcorrer do estudo uma medida de melhoria implementada foi a

substituiccedilatildeo de todas as camas por eleacutetricas em duas das unidades aumentando para de 33

para 50 as aacutereas que atendem este quesito

Quatro outras unidades do hospital jaacute passaram por reformas planejadas pela

arquitetura hospitalar com adequaccedilatildeo do nuacutemero de leitos ao espaccedilo disponiacutevel piso

iluminaccedilatildeo sistema de chamada de emergecircncia e de enfermagem barras de apoio e assentos

fixos nos banheiros

Para as aacutereas estudadas apenas uma delas jaacute possui projeto para reforma

Figura 11 Mesa de refeiccedilatildeo Figura 12 Mesa de cabeceira

45

Figura 11 Vaso sanitaacuterio com barras de apoio

dispostas proacuteximas nas laterais

46

5 CONTRIBUICcedilOtildeES PARA A PRAacuteTICA

Este estudo teve como principal objetivo avaliar a estrutura fiacutesica de unidades de

internaccedilatildeo de um hospital puacuteblico buscando analisar se as mesmas cumpriam a legislaccedilatildeo

vigente visto que na literatura como pode-se observar durante esta dissertaccedilatildeo existem alguns

pontos essenciais para garantir a seguranccedila do paciente no que se refere ao risco de queda

Pode-se entender que a gestatildeo do risco de queda de pacientes internados dentre vaacuterios

fatores deve existir a preocupaccedilatildeo com a estrutura fiacutesica do ambiente hospitalar

A principal contribuiccedilatildeo praacutetica deste estudo foi apresentar essa relaccedilatildeo do risco de queda

pela estrutura fiacutesica hospitalar das unidades de internaccedilatildeo estudadas e propondo a inclusatildeo

nos protocolos de gestatildeo de queda dos pacientes internados dos hospitais o item de anaacutelise de

estrutura fiacutesica

Para fidelizar essa proposta criamos um instrumento de apoio para todos os hospitais

sejam puacuteblicos ou privados utilizarem facilitando a identificaccedilatildeo de possiacuteveis natildeo

conformidades neste quesito arquitetura hospitalar

Deixa-se aqui uma sugestatildeo embasada na literatura cientiacutefica e legislaccedilatildeo vigente dos

itens relacionados a estrutura fiacutesica que devem ser avaliados como fatores de risco de queda

(Figura 14)

Esta proposta busca nortear os gestores quanto agraves necessidades de incluir a gestatildeo do

risco de queda no planejamento de construccedilotildees e reformas de edificaccedilotildees destinadas a

prestaccedilatildeo de serviccedilos de sauacutede no acircmbito hospitalar

Os profissionais de arquitetura e engenharia hospitalar devem ter conhecimento dos

mobiliaacuterios pretendidos para acomodaccedilatildeo e atendimento do paciente considerando suas

proporccedilotildees em relaccedilatildeo aos ambientes e o espaccedilo ocupado por cada peccedila computado no

caacutelculo das dimensotildees dos quartos por leito

Eacute necessaacuteria a constataccedilatildeo da presenccedila e funcionalidade de dispositivos de seguranccedila

como as grades travas e regulaccedilatildeo de altura das camas ou escadas que propiciem a saiacuteda

segura do leito

A iluminaccedilatildeo deveraacute ser avaliada quanto agrave presenccedila tipo funcionamento e

efetividade Dispositivos como interruptores de acionamento de iluminaccedilatildeo e sistemas de

chamada devem estar instalados de modo a propiciar o alcance do usuaacuterio

Outra questatildeo a ser considerada eacute a circulaccedilatildeo segura no ambiente de internaccedilatildeo

garantida pela integridade do piso e se eacute mantido seco ausecircncia de obstaacuteculos como cabos e

extensotildees nos quais o paciente possa tropeccedilar e perder o equiliacutebrio

47

Figura 12 Proposta de Medidas de Seguranccedila para Estrutura Fiacutesica de Unidade de Internaccedilatildeo

Hospitalar

Itens para inspeccedilatildeo Recomendaccedilatildeo

dimensotildees miacutenimas por leitomobiliaacuterio 800 msup2

distacircncia entre leitos 100 m

distacircncia entrte a lateral do leito e parede 050 m

distacircncia entre o peacute do leito e parede 120 m

espaccedilo aproximado reservado para cama hospitalar 220 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de cabeceira 125 msup2

espaccedilo aproximado reservado para mesa de refeiccedilatildeo 032 msup2

espaccedilo aproximado reservado para poltrona 180 msup2

iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e funcionando

banheiro exclusivo para cada quarto

dimensotildees miacutenimas do box do banheiro 100 msup2

Barras de apoio no box em todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas a todos os vasos sanitaacuterios em todos os banheiros

Sistema de chamada de Enfermagem para cada leito e funcionando

Interruptor de luz acessiacutevel para cada leito e ao alcance do paciente

Piso em perfeitas condiccedilotildees em todos os quartos integridade do material que o constitui

Iluminaccedilatildeo de cabeceira em todos os leitos e funcionando com

acionador ao alcance do paciente

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os quartos e funcionando

Sinalizaccedilatildeo de enfermagem

acima das portas de cada quarto com sinal

luminoso e sonoro

Cama com grades em todos os leitos

Camas com travas nas rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas ou com ajuste de altura em todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em todos os leitos

Piso seco continuamente Fonte Autor

48

6 CONCLUSOtildeES E RECOMENDACcedilOtildeES

O objetivo geral deste estudo foi avaliar a estrutura fiacutesica das unidades de internaccedilatildeo

de cliacutenicas meacutedicas e ciruacutergicas de um hospital de grande porte e a sua influecircncia na gestatildeo do

risco de queda dos pacientes internados

A RDC nordm 50 traz como recomendaccedilatildeo de dimensotildees miacutenimas para quarto de dois

leitos 7 msup2leito e 6msup2leito para quartos de 3 a 6 leitos Nas unidades estudadas predominam

os quartos de 24 e 6 leitos A distacircncia miacutenima entre leitos deve ser de 1m da lateral da cama

e parede 050m e entre o peacute do leito e parede 12m Em relaccedilatildeo agraves dimensotildees miacutenimas dos

quartos proporcional ao nuacutemero de leitos 100 das unidades estatildeo em conformidade com a

legislaccedilatildeo

Outros fatores relacionados agrave seguranccedila e prevenccedilatildeo de quedas satildeo os sistemas de

iluminaccedilatildeo que aleacutem de presentes devem funcionar e os valores de iluminacircncia serem

adequados para os diferentes objetivos conforme Norma Brasileira (NBR) 541392 Os

sistemas de chamada de enfermagem devem ter ser dispositivos iacutentegros e ao alcance do

paciente

A escolha do tipo de piso deve considerar a relaccedilatildeo do dano causado pela queda com

relaccedilatildeo agrave absorccedilatildeo do impacto poreacutem natildeo eacute item previsto pela legislaccedilatildeo vigente A

manutenccedilatildeo do piso seco eacute medida recomendada

A presenccedila de grades travas e altura das camas mostram-se como fatores de impacto

na reduccedilatildeo destes incidentes evidenciados em publicaccedilotildees especiacuteficas

Quanto ao objetivo especiacutefico da pesquisa identificaccedilatildeo das medidas de seguranccedila

existentes para prevenccedilatildeo de quedas concluiu-se que embora as dimensotildees estejam em

conformidade com as recomendaccedilotildees ao considerarmos os mobiliaacuterios que habitualmente

compotildeem a unidade do paciente temos a cama com dimensotildees aproximadas de 225 m de

comprimento e 100 de largura a mesa de cabeceira em meacutedia com 050 m de largura por

050m de comprimento mesa de refeiccedilatildeo com base de 040m de largura X 080m de

comprimento poltrona reclinaacutevel medindo 077m de largura por 165m de profundidade total

aberta A disposiccedilatildeo ambiental destes objetos ocupa aproximadamente 5 27 msup2 de aacuterea

restando somente 073m da aacuterea total do quarto disponiacutevel para circulaccedilatildeo do profissional que

presta cuidados aos pacientes De modo geral os quartos da instituiccedilatildeo possuem aacuterea em

torno de 14msup2 para dois leitos O comprimento da cama (225 m) acrescido da largura da

mesa de refeiccedilatildeo (040m situada aos peacutes da cama) somando 265 m eacute disposto na largura do

quarto (333m) restando 068 m do peacute do leito ateacute a parede (recomendado eacute de 120m) e

49

passagem No sentido do comprimento do quarto soma-se as larguras da cama (100 m) da

mesa de cabeceira (050 m) da poltrona (077 m) e a distacircncia da lateral do leito ateacute a parede

(050 m) distacircncia entre os leitos de 100 m resultando em 377 m do total de 418 m Se

outros itens forem necessaacuterios como escada de dois degraus quando natildeo haacute cama eleacutetrica

suporte de soro e cadeira para visitante haacute maior restriccedilatildeo de espaccedilo disponiacutevel propiciando

choques do usuaacuterio e profissionais contra suas estruturas

Outros quesitos em conformidade em 100 das unidades foram banheiros exclusivos

para cada quarto barras de apoio proacuteximas ao vaso sanitaacuterio sistema de chamada de

enfermagem e piso seco em todos os quartos no momento da observaccedilatildeo

O banheiro privativo possui dimensotildees em torno de 375 msup2 e a aacuterea destinada ao box

027 msup2 contudo cadeira higiecircnica ocupa cerca 025msup2 natildeo restando espaccedilo para que o

colaborador permaneccedila ao lado do paciente

Barras de apoio no box em todos os banheiros iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em todos os

quartos iluminaccedilatildeo geral fluorescente em todos os quartos e sinalizaccedilatildeo de enfermagem satildeo

itens atendidos na maioria das unidades (84) entretanto embora a iluminaccedilatildeo de vigiacutelia

estivesse presente em todas elas natildeo funcionava em nenhum quarto A sinalizaccedilatildeo de

enfermagem funcionava em todos os quartos mas requer o pronto atendimento agraves chamadas

Em contrapartida os quesitos interruptor de luz acessiacutevel e mobiliaacuterio com rodiacutezio e

travas em todos os quartos natildeo satildeo atendidos em 100 das unidades Ao sair do leito com as

luzes apagadas por natildeo conseguir acessar o interruptor o paciente fica sujeito aos obstaacuteculos

ocultos pela escuridatildeo Na vigecircncia de instabilidade da marcha eou alteraccedilotildees de equiliacutebrio o

apoio em moacuteveis com rodiacutezio e sem travas podem propiciar a concretizaccedilatildeo da queda

As camas eram de acionamento mecacircnico em quatro das seis unidades

impossibilitando o ajuste de altura e o apoio dos peacutes do paciente no chatildeo ao sair do leito As

escadas de dois degraus quando disponiacuteveis natildeo possuem barras laterais para apoio e natildeo

apresentam ponteiras de borracha proporcionando situaccedilatildeo de instabilidade A falta de cama

com grades em todos os leitos submete o paciente ao risco de queda do leito em inadvertidas

situaccedilotildees de rolamento sobre o colchatildeo durante o sono e em camas de altura muito superior a

que estatildeo habituados em seus domiciacutelios

Accedilotildees implementadas como a substituiccedilatildeo de camas mecacircnicas por eleacutetricas que

permitem o ajuste de altura providenciam uma soluccedilatildeo para a saiacuteda segura do paciente do

leito

50

A composiccedilatildeo de instrumentos de avaliaccedilatildeo natildeo deve ser considerada apenas

informaccedilotildees relativas a dimensotildees mas avaliar como as organizaccedilotildees hospitalares utilizam os

espaccedilos disponiacuteveis A robustez de peccedilas de mobiliaacuterio compromete a circulaccedilatildeo o que pode

ser determinante especialmente em situaccedilotildees de atendimento de emergecircncia Tais

consideraccedilotildees apontam a necessidade de descritivos e especificaccedilotildees teacutecnicas que atendam

estas exigecircncias

Os resultados obtidos sugerem que a estrutura fiacutesica pode ser avaliada como de

influecircncia na determinaccedilatildeo da ocorrecircncia de quedas desde que outros fatores ambientais

sejam considerados respondendo a questatildeo de pesquisa

Pesquisas adicionais satildeo necessaacuterias para que as recomendaccedilotildees sejam validadas em

organizaccedilotildees de sauacutede e populaccedilatildeo de caracteriacutesticas semelhantes permitindo aos gestores

intervenccedilotildees relacionadas agrave estrutura fiacutesica e ambiente que sejam eficazes na prevenccedilatildeo de

quedas

61 Limitaccedilotildees da Pesquisa

A abordagem qualitativa utilizando dados subjetivos podem levar a diversidade e

imprecisatildeo aleacutem da questatildeo da incerteza da exatidatildeo dos dados registrados nas notificaccedilotildees

dos eventos adversos (Valle 2013)

O observador pode ter criado impressotildees favoraacuteveis ou desfavoraacuteveis sobre o objeto

estudado (Mello amp Turrioni 2007)

O excesso de confianccedila do pesquisador e a certeza com relaccedilatildeo aos dados podem levar

agrave falta de observaccedilatildeo de aspectos diferentes sob enfoques diferentes aleacutem do seu

envolvimento com a situaccedilatildeo pesquisada Considera-se ainda como limitaccedilatildeo o fato do

estudo se ater a apenas um hospital e a escolha de amostra de conveniecircncia

Constituiu limitaccedilatildeo assumida desconsiderar para fins de anaacutelise neste estudo outros

fatores de risco de queda associados a uso de medicamentos alteraccedilotildees de mobilidade e

marcha uso de dispositivos e estado mental

51

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56

APEcircNDICE A ndash FORMULAacuteRIO PARA COLETA DOS DADOS DA AacuteREA FIacuteSICA

Unidades

Recomendaccedilatildeo A B C D E F G H I J

Dimensotildees quarto 1 leito

Dimensotildees quarto 2 leitos

Dimensotildees quarto 3 leitos

Dimensotildees quarto 4 leitos

Dimensotildees quarto 5 leitos

Dimensotildees quarto 6 leitos

Banheiro exclusivo para

cada quarto

Barras de apoio no box em

todos os banheiros

Barras de apoio proacuteximas

a todos os vasos sanitaacuterios

Pia agrave entrada do quarto

Pia dentro do quarto

Sistema de chamada de

Enfermagem

Interruptor de luz

acessiacutevel

Piso em perfeitas

condiccedilotildees em todos os

quartos

Iluminaccedilatildeo de cabeceira

em todos os leitos

Iluminaccedilatildeo geral

fluorescente em todos os quartos

Iluminaccedilatildeo de vigiacutelia em

todos os quartos

Sinalizaccedilatildeo de

enfermagem

Cama com grades em

todos os leitos

Camas com travas nas

rodas em todos os leitos

Cama eleacutetricas em todos

os leitos

Escada de 2 degraus

presente e com borracha

nas extremidades em

todos os leitos

Mobiliaacuterio sem rodiacutezio em

todos os quartos

Piso seco em todos os

quartos no momento da

observaccedilatildeo

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ANEXO 1

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ANEXO 2

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