AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA DA OPERAÇÃO DE …cascavel.cpd.ufsm.br/tede/tde_arquivos/7/TDE-2008-04-29T115319Z... · DIgSILENT ®. Aos Professores ... Hélio Leães Hey, bem como a

  • Upload
    hahanh

  • View
    224

  • Download
    6

Embed Size (px)

Citation preview

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA ELTRICA

    AVALIAO DA SEGURANA DA OPERAO DE SISTEMAS ELTRICOS DE POTNCIA

    CONSIDERANDO OS LIMITES DE ESTABILIDADE ANGULAR E DE TENSO

    TESE DE DOUTORADO

    Lenois Mariotto

    Santa Maria, RS, Brasil

    2008

  • ii

    AVALIAO DA SEGURANA DA OPERAO DE SISTEMAS ELTRICOS DE POTNCIA CONSIDERANDO

    OS LIMITES DE ESTABILIDADE ANGULAR E DE TENSO

    por

    Lenois Mariotto

    Tese de Doutorado submetida ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica, rea de Concentrao em Processamento de Energia, da

    Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para a obteno do grau de

    Doutor em Engenharia Eltrica

    Orientador: Humberto Pinheiro, Ph.D.

    Santa Maria, RS, Brasil

    2008

  • iii

    Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica

    A Comisso Examinadora, abaixo assinada, aprova a Tese de Doutorado

    AVALIAO DA SEGURANA DA OPERAO DE SISTEMAS ELTRICOS DE POTNCIA CONSIDERANDO OS LIMITES DE

    ESTABILIDADE ANGULAR E DE TENSO

    elaborada por Lenois Mariotto

    como requisito parcial para obteno do grau de Doutor em Engenharia Eltrica

    COMISO EXAMINADORA:

    ____________________________ Humberto Pinheiro, Ph.D. (UFSM)

    (Presidente/Orientador)

    _____________________________ Ildemar Cassana Decker, Dr. (UFSC)

    __________________________________ Roberto de Souza Salgado, Ph.D. (UFSC)

    __________________________________ Alexandre Campos, Ph.D. (UFSM)

    __________________________________ Ghendy Cardoso Junior, Dr. (UFSM)

    Santa Maria, 22 de fevereiro de 2008.

  • iv

    _________________________________________________________________________

    2008 Todos os direitos autorais reservados a Lenois Mariotto. A reproduo de partes ou do todo deste trabalho s poder ser feita com autorizao por escrito do autor. Endereo: Rua Appel, 655/701, Bairro Centro, Santa Maria, RS, 97015-030 Fone (0xx)55 32212758; End. Eletr: [email protected]

    _________________________________________________________________________

  • v

    AGRADECIMENTOS

    Desejo expressar apreo a todas as pessoas que, de algum modo, colaboraram no

    desenvolvimento desta Tese. Ao Professor Humberto Pinheiro, pela orientao, pelas

    sugestes, pelo incentivo, pela disponibilidade e pela boa vontade demonstradas durante estes

    anos de convivncia. Ao Professor Ghendy Cardoso Junior, pelo auxlio nas aulas da

    Graduao, pelo interesse demonstrado, pela disponibilidade e tambm pelas boas sugestes.

    Aos Professores membros da Comisso Examinadora, pelo profissionalismo e pelas valiosas

    contribuies apresentadas. Aos alunos do Doutorado e Mestrado, Tiago Bandeira Marchesan

    e Adriano Peres de Morais, pela colaborao nas disciplinas do Curso de Graduao em

    Engenharia Eltrica. Universidade Federal de Santa Maria e Companhia Estadual de

    Distribuio de Energia Eltrica, pelo apoio e pelos recursos financeiros disponibilizados no

    projeto P&D associado a esta Tese. Ao acadmico do Curso de Engenharia Eltrica, Matias

    Rossato Muraro, pelo empenho na programao das rotinas em DPL para o Programa

    DIgSILENT. Aos Professores, Jos Renes Pinheiro, Hilton Ablio Grndling e Humberto

    Pinheiro, pelas inmeras vezes que me incentivaram a ingressar no Programa de Ps-

    Graduao em Engenharia Eltrica. Aos funcionrios da secretaria do PPGEE, Cleonice

    Sanger de Oliveira e Artur Rodrigo Schvamborn Paulon, pela ateno e responsabilidade

    sempre demonstradas. Ao Centro de Tecnologia, por meio de seu Diretor Professor Eduardo

    Rizatti, Pr-Reitoria de Ps-Graduao e Pesquisa, na pessoa de seu Pr-Reitor Professor

    Hlio Lees Hey, bem como a todos os professores e funcionrios do Curso de Engenharia

    Eltrica pelo incentivo e suporte oferecido.

    Um agradecimento especial a todos os meus familiares, e uma meno carinhosa aos

    meus filhos Thomas e Laura e minha esposa Maria Isabel, lembrando de um provrbio

    italiano: Col tempo e con la paglia si maturano le nespole.

  • vi

    RESUMO

    Tese de Doutorado Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica

    Universidade Federal de Santa Maria

    AVALIAO DA SEGURANA DA OPERAO DE SISTEMAS ELTRICOS DE POTNCIA CONSIDERANDO OS LIMITES DE

    ESTABILIDADE ANGULAR E DE TENSO

    AUTOR: LENOIS MARIOTTO ORIENTADOR: HUMBERTO PINHEIRO, Ph.D.

    Data e Local da Defesa: Santa Maria, 22 de fevereiro de 2008.

    Este trabalho apresenta novos mtodos analticos e computacionais para a avaliao da segurana da operao de sistemas eltricos de potncia considerando os Limites de Estabilidade Angular e de Tenso. No tema Estabilidade Angular, desenvolveu-se um mtodo para a estimativa de margens de segurana transitria baseado em tcnicas de reduo de redes e geradores coerentes. O desvio de velocidade angular foi o critrio usado para identificar geradores que oscilam juntos. A reduo foi realizada substituindo-se dois grupos de geradores coerentes por um sistema Equivalente Mquina-Barra Infinita. Com este equivalente, os tempos crticos de abertura de falta e as margens de segurana so calculados com auxlio do Critrio das reas Iguais. Os resultados encontrados foram muito satisfatrios quando comparados com aqueles obtidos por outros mtodos, especialmente os que utilizam a funo energia como funo de Lyapunov. O mtodo tambm foi aplicado para a estimativa de margens de segurana e tempos crticos de abertura de falta, em sistemas de potncia na presena de gerao elica. Foi demonstrado que o mtodo proposto capaz de selecionar contingncias crticas que precisam ser estudadas com modelos completos de modo a reproduzir o comportamento real do sistema eltrico. Com relao Estabilidade Tenso, foi desenvolvido um mtodo analtico e computacional para anlise de estabilidade esttica de tenso no plano P-Q. Primeiramente, o mtodo foi aplicado em um sistema de potncia simples com duas barras, e os resultados analticos e computacionais foram comparados. Ento, um ndice de Estabilidade de Tenso foi deduzido, para determinar a margem de segurana de cada barra para qualquer estado de operao de um sistema de potncia com n-barras. Com o ndice de Estabilidade de Tenso, possvel identificar barras crticas e regies com tendncia ao colapso de tenso. Os limites de estabilidade de tenso de um sistema de distribuio foram analisados atravs das curvas P-Q , no qual foram considerados diferentes cenrios de operao da gerao elica. Deste modo, foi demonstrado que a gerao elica pode contribuir para melhorar as margens de segurana de tenso. Finalmente, o mtodo foi aplicado em um sistema de potncia real pertencente Companhia Estadual de Distribuio de Energia Eltrica. Os mtodos desenvolvidos so computacionalmente eficientes e adequados para o planejamento da expanso e operao, bem como na operao em tempo real dos sistemas eltricos de potncia. Palavras-chave: Geradores coerentes; Tempos crticos de abertura; Equivalentes eletromecnicos; Margens de estabilidade transitria; Equivalente Mquina-Barra Infinita; Curvas P-V; Curvas P-Q; ndice de Estabilidade de Tenso; Colapso de tenso.

  • vii

    ABSTRACT

    Doctoral Thesis Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica

    Universidade Federal de Santa Maria

    OPERATION SECURITY ASSESSMENT OF ELECTRIC POWER SYSTEMS BY CONSIDERING THE ANGLE AND VOLTAGE

    STABILITY LIMITS

    AUTHOR: LENOIS MARIOTTO RESEARCH SUPERVISOR: HUMBERTO PINHEIRO, Ph.D.

    Santa Maria, February 22, 2008.

    This work presents new analytical and computational methods for operation security assessment of electric power systems by considering Angle and Voltage Stability Limits. In the context of Angle Stability, it was developed a method for estimating transient security margins based on equivalent network reduction techniques and coherent generators. The angle speed deviation was the criterion used to identify generators that swing together. The reduced order was accomplished by replacing two clusters of coherent generators by an One-Machine Infinite Bus equivalent system. With this equivalent, critical fault clearing times and security margins are calculated with the aid of the Equal Area Criterion. The results were in a good agreement when compared with others methods, especially those based on Transient Energy Function used as a Lyapunov function. The method was also applied for estimating security margins and critical fault clearing times of power systems in the presence of wind power generation. It was demonstrated that the proposed method can be used to select critical contingencies, where detailed power system models are needed such that it can reproduce the actual behavior of the system. With respect to Voltage Stability, it was developed an analytical and computational method for steady state voltage stability analysis on a P-Q plane. First of all, it was applied on a simple two-bus power system, and the analytical and computational results were compared. Then, a Voltage Stability Index was derived, in order to obtain the security margins of each bus for any operational state of an n-bus power system. It was carried out by using a power system reduction technique. With the Voltage Stability Index, it is possible to identify critical buses and the regions that are prone to voltage collapse. The voltage stability limits of a distribution power system was also analyzed by means of the P-Q curves, by considering different operation scenarios of wind power generation. It was demonstrated that the wind power can contribute to improve the voltage security margins. Finally, the method was applied to a real power system of Companhia Estadual de Distribuio de Energia Eltrica, in the presence of wind power generation. The methods are computationally efficient and suitable for planning, operation and real-time operation of electric power systems. Keywords: Coherent generators; Critical fault clearing times; Electromechanical equivalents; Transient stability margins; One-Machine Infinite Bus; P-V curves; P-Q curves; Voltage Stability Index; Voltage collapse.

  • viii

    SUMRIO

    1 INTRODUO ..................................................................................................................1

    1.1 CONSIDERAES GERAIS....................................................................................................1

    1.2 ESCOPO DO TRABALHO.......................................................................................................2

    1.3 OBJETIVOS DA TESE...........................................................................................................3

    1.4 CONTRIBUIES DA TESE...................................................................................................4

    1.5 REVISO DA LITERATURA ...................................................................................................5

    1.6 ORGANIZAO DA TESE...................................................................................................13

    2 FUNDAMENTOS DE ESTABILIDADE ANGULAR................ ..................................14

    2.1 INTRODUO....................................................................................................................14

    2.2 ESTABILIDADE ANGULAR EM SISTEMAS ELTRICOS DE POTNCIA.....................................14

    2.2.1 Equaes de potncia eltrica em um sistema eltrico com duas mquinas ............................... 14

    2.3 ESTABILIDADE TRANSITRIA EM SISTEMAS MQUINA-BARRA INFINITA ..........................19

    2.3.1 A equao de oscilao para um sistema Mquina-Barra Infinita .............................................. 19

    2.3.2 Soluo da equao de oscilao................................................................................................. 20

    2.4 ANLISE DE ESTABILIDADE TRANSITRIA PELO CRITRIO DAS REAS IGUAIS .................21

    2.4.1 Interpretao fsica e matemtica do Critrio das reas Iguais .................................................. 23

    2.5 CONSIDERAES FINAIS...................................................................................................28

    3 DESENVOLVIMENTO DE UM MTODO ANALTICO E COMPUTACIO NAL VISANDO A ESTUDOS DE ESTABILIDADE ANGULAR .......... ...................................29

    3.1 INTRODUO....................................................................................................................29

    3.1.1 O modelo matemtico para sistemas multimquinas .................................................................. 30

    3.1.2 Coerncia entre geradores sncronos........................................................................................... 32

    3.2 METODOLOGIA PROPOSTA PARA IDENTIFICAO DE GERADORES COERENTES..................33

    3.2.1 Descrio das etapas do mtodo de identificao de coerncia proposto ................................... 33

    3.2.2 Aplicao do mtodo proposto em um sistema eltrico de potncia real.................................... 35

    3.3 MTODO PARA REDUO E CLCULO DE EQUIVALENTES ELETROMECNICOS..................38

    3.4 ALGORITMO DE REDUO PARA SISTEMAS ELTRICOS MULTIMQUINAS.........................40

    3.5 FLUXOGRAMA DO MTODO DE IDENTIFICAO DE GERADORES COERENTES, REDUO DE

    REDE, EQUIVALENTES ELETROMECNICOS E CLCULO DE TEMPOS CRTICOS E MARGENS DE

    SEGURANA...............................................................................................................................42

    3.5.1 Descrio das etapas do mtodo de identificao de coerncia, reduo de rede, equivalentes

    eletromecnicos e clculo de tempos crticos e margens de segurana................................................. 42

    3.6 ESTUDO DE CASO UTILIZANDO A METODOLOGIA DESENVOLVIDA.....................................44

  • ix

    3.6.1 Estado inicial de operao........................................................................................................... 45

    3.6.2 Reduo s barras internas de gerao ........................................................................................ 45

    3.6.3 Simulao numrica no domnio do tempo ................................................................................. 47

    3.6.4 Agrupamento de dois subsistemas coerentes .............................................................................. 48

    3.6.5 Reduo de dois subsistemas a um sistema Mquina-Barra Infinita.............................................51

    3.6.6 Clculo do ngulo, tempo crtico e margens de segurana............................................................57

    3.7 CONSIDERAES FINAIS...................................................................................................62

    4 ESTUDO DE CASOS DE ESTABILIDADE TRANSITRIA ANGULAR USANDO O CRITRIO DE AGRUPAMENTO DE GERADORES COERENTES E EQUIVALENTES ELETROMECNICOS........................................................................63

    4.1 INTRODUO....................................................................................................................63

    4.2 CRITRIOS DE PRIORIDADE PARA A ESCOLHA DAS CONTINGNCIAS A SEREM ESTUDADAS

    COM MODELO DETALHADO ........................................................................................................64

    4.2.1 Proteo de linhas de transmisso com rels de distncia com vrias zonas de proteo........... 64

    4.2.2 Proteo de linhas de transmisso por sistemas de teleproteo................................................. 66

    4.3 EXEMPLO 4.1 SISTEMA CIGR COM 7 GERADORES.......................................................67

    4.3.1 Classificao das contingncias segundo seu grau de severidade para o sistema CIGR .......... 70

    4.4 EXEMPLO 4.2 SISTEMA DA REGIO SUL DO BRASIL ......................................................71

    4.4.1 Classificao das contingncias segundo seu grau de severidade para o sistema da Regio Sul do

    Brasil .................................................................................................................................................... 74

    4.5 COMPARAO COM O MTODO DIRETO DE LYAPUNOV.....................................................74

    4.5.1 Resultados obtidos pelo Mtodo Proposto e pela Simulao no Domnio do Tempo................. 76

    4.5.2 Resultados comparativos com os mtodos que empregam o conceito de funo energia como

    funo de Lyapunov.............................................................................................................................. 76

    4.5.3 Classificao das contingncias pelo seu grau de severidade para o sistema com 3 geradores .. 77

    4.6 EXEMPLO DE ESTABILIDADE ANGULAR EM SISTEMAS REAIS COM A PRESENA DE GERAO

    ELICA.......................................................................................................................................78

    4.7 CONSIDERAES FINAIS...................................................................................................82

    5 FUNDAMENTOS DE ESTABILIDADE ESTTICA DE TENSO..... .....................83

    5.1 INTRODUO....................................................................................................................83

    5.2 ESTABILIDADE ESTTICA DE TENSO DE SISTEMAS DE POTNCIA COM DOIS TERMINAIS...84

    5.2.1 Equaes para a potncia eltrica................................................................................................ 84

    5.2.2 Relaes entre as tenses e correntes .......................................................................................... 85

    5.2.3 Equao da potncia complexa injetada na barra de carga ......................................................... 88

    5.2.4 Interpretao das equaes de potncia eltrica.......................................................................... 89

  • x

    5.2.5 Equaes para as perdas nas linhas de transmisso..................................................................... 90

    5.3 ANLISE DE ESTABILIDADE DE TENSO ATRAVS DAS CURVAS P-V.................................91

    5.3.1 Exemplo 5.1 Estudo de estabilidade esttica de tenso no plano P-V...................................... 93

    5.4 OBTENO DO NDICE DE ESTABILIDADE DE TENSO IET ............................................94

    5.5 FATORES QUE AFETAM A ESTABILIDADE DE TENSO .......................................................97

    5.6 CONSIDERAES FINAIS...................................................................................................99

    6 DESENVOLVIMENTO DE MTODOS ANALTICOS E COMPUTACION AIS PARA ANLISE DE ESTABILIDADE ESTTICA DE TENSO NO PLANO P-Q .100

    6.1 INTRODUO..................................................................................................................100

    6.2 DESENVOLVIMENTO DE UM MTODO ANALTICO PARA O CLCULO DOS VALORES CRTICOS

    EM UM SISTEMA ELTRICO DE POTNCIA COM DOIS TERMINAIS...............................................100

    6.2.1 Equao para a tenso crtica na barra de carga ........................................................................ 100

    6.2.2 Equao para o ngulo crtico ................................................................................................... 102

    6.2.3 Equao para a potncia ativa crtica ........................................................................................ 104

    6.2.4 Equao para a potncia reativa crtica ..................................................................................... 105

    6.3 EXEMPLO NUMRICO DE APLICAO DO MTODO ANALTICO........................................105

    6.4 DESENVOLVIMENTO DE UM MTODO COMPUTACIONAL PARA A ANLISE DE ESTABILIDADE

    ESTTICA DE TENSO ATRAVS DAS CURVAS P-Q...................................................................107

    6.4.1 Fluxograma do programa computacional desenvolvido............................................................ 109

    6.4.2 Exemplo de aplicao do mtodo computacional em um sistema com duas barras.................. 109

    6.5 USO DE EQUIVALENTES ELTRICOS ESTTICOS PARA APLICAO DO NDICE DE

    ESTABILIDADE DE TENSO A SISTEMAS ELTRICOS DE POTNCIA DE GRANDE PORTE..............111

    6.5.1 Consideraes iniciais para o processo de reduo de rede ...................................................... 111

    6.5.2 Relaes entre tenses e correntes no sistema original ............................................................. 112

    6.5.3 Equivalentes eltricos em cada barra de carga .......................................................................... 114

    6.5.4 Fluxograma para o clculo dos equivalentes estticos .............................................................. 116

    6.6 EXEMPLO DE APLICAO DO NDICE DE ESTABILIDADE DE TENSO EM UM SISTEMA DE

    TRANSMISSO..........................................................................................................................118

    6.7 CONSIDERAES FINAIS.................................................................................................120

    7 EXEMPLOS DE ESTABILIDADE ESTTICA DE TENSO EM SIST EMAS ELTRICOS DE POTNCIA NA PRESENA DE GERAO ELICA ..................121

    7.1 INTRODUO..................................................................................................................121

    7.2 ESTUDOS DE ESTABILIDADE DE TENSO EM UM SISTEMA DE DISTRIBUIO....................121

    7.2.1 Curvas P-Q da barra 13 com e sem a presena de gerao elica............................................. 123

    7.2.2 Curvas P-Q da barra 16 com e sem a presena de gerao elica............................................. 123

  • xi

    7.3 EFEITO DA GERAO ELICA NOS LIMITES DE ESTABILIDADE DE TENSO.....................124

    7.4 IDENTIFICAO DAS REGIES CRTICAS DE UM SISTEMA DE DISTRIBUIO.....................125

    7.5 NOVAS PERSPECTIVAS COM CENTRAIS ELICAS PARTICIPANDO DO CONTROLE DE TENSO E

    SUPRIMENTO DE REATIVOS......................................................................................................126

    7.6 CARACTERSTICAS OPERACIONAIS DAS BARRAS DO SISTEMA DE POTNCIA E DO

    CONVERSOR.............................................................................................................................128

    7.7 ESTUDOS DE ESTABILIDADE ESTTICA DE TENSO NO SISTEMA DO EXTREMO SUL DO RS

    CEEE-D NA PRESENA DE GERAO ELICA..........................................................................130

    7.7.1 Identificao da regio crtica no sistema do extremo sul do RS com carga pesada sem a

    presena de gerao elica .................................................................................................................. 131

    7.7.2 Identificao da regio crtica no sistema do extremo sul do RS com carga pesada e com a

    presena de gerao elica .................................................................................................................. 131

    7.8 ANLISE DE ESTABILIDADE ESTTICA DE TENSO NO SISTEMA CEEE-D .......................131

    7.8.1 Anlise de Estabilidade esttica de tenso no plano P-Q na barra 9454-RGR2........................ 131

    7.8.2 Anlise da estabilidade esttica de tenso no plano P-Q na barra 9419-SLO........................... 132

    7.9 CONSIDERAES FINAIS.................................................................................................133

    8 CONCLUSES E SUGESTES ..................................................................................134

    8.1 CONCLUSES..................................................................................................................134

    8.2 SUGESTES PARA FUTUROS TRABALHOS........................................................................135

    BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................136

    APNDICES.........................................................................................................................142

    APNDICE A - EXEMPLOS DE CLCULO DE NGULO E TEMPO CRTICO DE ABERTURA COM O

    AUXLIO DO CRITRIO DAS REAS IGUAIS...............................................................................142

    APNDICE B - EXEMPLOS DE CLCULO DA TENSO, POTNCIA ATIVA E REATIVA CRTICAS

    UTILIZANDO O NDICE DE ESTABILIDADE DE TENSO..............................................................145

    APNDICE C - DADOS E PARMETROS DOS SISTEMAS ELTRICOS ESTUDADOS.....................151

  • 1 INTRODUO 1.1 Consideraes gerais

    Em muitos pases do mundo, entre estes o Brasil, as empresas do setor eltrico esto

    sendo gradativamente reestruturadas. Com isso, o tradicional modelo vertical no qual os

    subsistemas de gerao, transmisso e distribuio ficavam sob o controle de uma nica

    empresa, passou para um modelo horizontal em que estes trs setores ficaram independentes

    e, em alguns casos, sob o controle de diferentes empresas privadas e/ou estatais.

    Restries econmicas e ambientais para investimento em gerao e transmisso

    obrigam os sistemas eltricos a operar com reduzida margem de segurana, aumentando assim

    a complexidade na sua superviso e controle. A insero destes sistemas em um ambiente

    altamente competitivo faz com que questes operacionais dependam de complexos acordos de

    mercado entre fornecedores e consumidores. O aumento nas interligaes viabiliza a troca de

    energia entre regies de acordo com os nveis dos reservatrios regulados por variaes

    sazonais. Contudo, se isto no for acompanhado por um adequado planejamento da operao,

    os sistemas podem atingir condies extremas para as quais no foram originalmente

    projetados. Com isso, eles correm o risco de operarem prximos de seus limites de

    estabilidade angular, de tenso e de freqncia. Um sistema eltrico operando muito

    carregado tem margem de manobra muito pequena, tornando-se muito sensvel e vulnervel a

    perturbaes. Por outro lado, a operao com larga margem de segurana representa custos

    adicionais proibitivos operao.

    Um novo cenrio surgiu nos ltimos anos com a participao significativa de energia

    distribuda atravs de fontes renovveis de energia, especialmente a elica. No seu ltimo

    boletim, a WWEA, World Wind Energy Association, anunciou uma modificao nas

    estimativas e prev que, at o final de 2010, pode-se atingir mundialmente uma potncia

    elica instalada de 160 GW. O impacto da gerao distribuda nos sistemas de transmisso e

    distribuio tem sido um assunto de interesse das concessionrias de energia e motivo de

    intensa pesquisa. Entre os vrios aspectos envolvidos, a estabilidade angular e de tenso tem

    recebido especial ateno. Em muitos pases da Europa, nos Estados Unidos, Canad,

    Austrlia, bem como no Brasil so exigidos estudos de impacto de fazendas elicas na

    Estabilidade Transitria Angular e de Tenso.

    Seguindo esta tendncia, acentua-se o interesse pelo desenvolvimento de mtodos e

    algoritmos que forneam informaes sobre as margens de segurana com relao

  • 2

    estabilidade angular e de tenso. Desse modo, tempos crticos de abertura e margens de

    segurana so informaes importantes no planejamento, operao e coordenao das

    protees de sistemas eltricos de potncia.

    1.2 Escopo do trabalho Este trabalho trata do desenvolvimento de novas ferramentas analticas e computacionais

    para a avaliao da segurana transitria e esttica da operao de sistemas eltricos de

    potncia. Para tanto so enfatizados os fenmenos de Estabilidade Transitria Angular (ETA)

    e o da Estabilidade Esttica de Tenso (EET). O primeiro fenmeno est relacionado com a

    perda ou no do sincronismo entre os diversos geradores sncronos. Na ocorrncia de grandes

    perturbaes no sistema, tais como curtos-circuitos com ou sem abertura de linhas, perda de

    linhas e/ou transformadores, entrada e/ou sada de grande blocos de gerao e/ou cargas,

    intensos estudos so necessrios para investigar a existncia ou no de um novo ponto de

    operao estvel. A perda de sincronismo entre os geradores compromete a operao dos

    sistemas e pode provocar srios danos ao eixo das mquinas se estas no forem desligadas. O

    segundo fenmeno, em geral de evoluo lenta e gradual, est fortemente ligado s cargas e

    produz, como efeito, a diminuio progressiva das tenses em determinadas barras. De acordo

    com a seqncia de eventos, a instabilidade de tenso pode iniciar um colapso sistmico,

    envolvendo desligamento de geradores, transformadores, linhas, compensadores de reativos e

    outros componentes do sistema.

    O tema Estabilidade Transitria Angular abordado com base em um novo enfoque para

    o conceito de coerncia entre geradores. Atravs disso, so calculados os tempos crticos de

    abertura e as margens de segurana dos sistemas eltricos de potncia. Os resultados so

    comparados com aqueles obtidos pela simulao numrica no domnio do tempo e o Mtodo

    Direto de Lyapunov. A tcnica desenvolvida tem um tempo de processamento muito rpido, e

    os resultados podem ser utilizados na seleo de contingncias crticas tanto no planejamento

    da expanso e operao como tambm na operao em tempo real dos sistemas eltricos de

    potncia.

    No contexto da Estabilidade Esttica de Tenso, desenvolve-se uma metodologia para

    determinar as regies no plano P-Q com tenses operacionais adequadas. As barras so

    ordenadas segundo o seu grau de severidade, determinado por meio de um ndice de

    Estabilidade de Tenso (IET) calculado com base em um sistema eltrico equivalente. Com

    isto, as reas crticas so identificadas e o nmero de barras a serem analisadas reduzido.

  • 3

    1.3 Objetivos da Tese No contexto dos temas Estabilidade Transitria Angular e Estabilidade Esttica de

    Tenso de sistemas eltricos de potncia, este trabalho tem como objetivos gerais desenvolver

    mtodos analticos e computacionais para:

    (i) calcular os tempos crticos e as margens de segurana da operao, ordenando as

    contingncias segundo o seu grau de severidade;

    (ii) determinar as regies e sub-regies de operao no plano P-Q, considerando os limites de

    estabilidade de tenso.

    Os objetivos especficos relacionados Estabilidade Transitria Angular so:

    desenvolver um mtodo analtico e computacional baseado no conceito de coerncia,

    reduo de redes, equivalentes eletromecnicos e o Critrio das reas Iguais (CAI);

    identificar grupos coerentes de geradores, partindo-se da premissa de que necessrio

    observar as trajetrias aproximadas do sistema no perodo durante e ps-falta, com um tempo

    de abertura na vizinhana do seu valor crtico;

    desenvolver uma tcnica de reduo de rede visando transformar dois grupos crticos de

    geradores coerentes em dois subsistemas equivalentes e estes, a um Equivalente Mquina-

    Barra Infinita (EMBI);

    calcular os tempos crticos de abertura e as margens de segurana com o auxlio do CAI;

    ordenar as contingncias segundo o seu grau de severidade de acordo com a margem de

    segurana normalizada;

    definir, de acordo com o tipo de proteo principal das linhas de transmisso, um grau de

    prioridade, segundo o qual as contingncias podero ser estudadas por meio de modelos

    dinmicos mais detalhados.

    Como objetivos especficos com relao Estabilidade Esttica de Tenso, esta Tese

    visa:

    desenvolver um mtodo analtico e computacional para a anlise de estabilidade esttica de

    tenso no plano P-Q;

    desenvolver e mostrar exemplos de aplicao de um IET deduzido para um sistema simples

    de duas barras;

    utilizar este ndice em sistemas com n-barras atravs de uma tcnica de reduo de rede;

    empregar este ndice para identificar o grau de severidade das barras, bem com identificar

    as regies crticas com tendncia ao colapso de tenso;

  • 4

    analisar, no plano P-Q, as barras mais crticas, que se encontram nas reas vulnerveis ao

    colapso de tenso.

    1.4 Contribuies da Tese No contexto do tema Estabilidade Transitria Angular, a principal contribuio da Tese

    com relao a outros trabalhos similares, que utilizam o conceito de coerncia e equivalentes

    eletromecnicos, relaciona-se com um novo conceito de coerncia, visando confiabilidade

    dos resultados bem como deteco de grupos coerentes incorretos. Isto possvel com um

    pequeno acrscimo no processamento computacional utilizado pelo mtodo proposto para a

    formao dos grupos coerentes de geradores.

    Deste modo, a falha na consistncia dos resultados detectada de duas maneiras:

    (i) quando h a convergncia no processo da soluo numrica da equao algbrica no-

    linear equivalente envolvida, resultando em um ngulo crtico que corresponde a um tempo

    crtico de abertura fora do intervalo de tempo esperado. Se isto ocorrer, o programa no

    calcula as margens de segurana. Este um caso em que os grupos coerentes formados esto

    incorretos, mas prximos de um agrupamento aceitvel;

    (ii) quando no h a convergncia para o ngulo crtico, na procura da soluo da equao

    algbrica no-linear equivalente resultante. Neste caso, um agrupamento de geradores

    incorreto detectado e no h significado fsico nas equaes de potncia eltrica resultantes.

    Alm disso, o mtodo proposto tem a capacidade de:

    identificar os casos mais crticos com suas respectivas margens de segurana. Com isso,

    consegue-se reduzir o nmero de contingncias a serem analisadas por meio de uma

    modelagem detalhada dos componentes da rede;

    estabelecer, a partir da ordem de severidade, um grau de prioridade para cada contingncia

    de modo a realizar estudos detalhados de acordo com os tempos de operao das protees

    principais das linhas envolvidas.

    importante salientar que, quando o mtodo proposto for usado no planejamento da

    expanso, os resultados obtidos com o modelo clssico simplificado adotado so suficientes

    para estudos comparativos preliminares de tomadas de decises sobre alternativas de projeto.

    O processo automtico, sem a necessidade da aes off-line. Nas aplicaes do mtodo

    proposto para o planejamento da operao e operao on-line, h a necessidade da

    interferncia de especialistas e operadores principalmente para realizar a anlise detalhada dos

    casos crticos selecionados.

  • 5

    Com relao Estabilidade Esttica de Tenso, as principais contribuies so:

    desenvolvimento de um mtodo analtico com um novo equacionamento para o clculo da

    tenso e potncia ativa e reativa crticas aplicado em um sistema de potncia com duas barras;

    utilizao do mtodo analtico como referncia para desenvolver um programa

    computacional para sistemas de grande porte, capaz de realizar estudos de estabilidade

    esttica de tenso no plano P-Q. Com isso, um novo recurso de anlise proposto,

    relacionado com a obteno de regies e sub-regies de operao para as cargas, semelhante

    ao que feito com as curvas de capacidade de geradores;

    obteno de um IET e, atravs deste, em um processo de reduo de rede, determinar-se as

    barras e reas crticas mais vulnerveis ou com tendncia ao colapso de tenso. Com isso,

    poucas barras so selecionadas para serem analisadas no plano P-Q;

    aplicao do IET em sistemas de potncia com n-barras para determinar a margem de

    segurana esttica de cada barra para cada estado de equilbrio. A determinao destas

    margens muito til e deve preceder os estudos de estabilidade transitria angular, que visam

    principalmente ao planejamento da expanso e a operao dos sistemas eltricos de potncia.

    1.5 Reviso da literatura A Estabilidade Transitria Angular um dos fenmenos mais importantes e complexos

    que ocorrem nos sistemas eltricos de potncia. A manuteno do sincronismo entre os

    diversos geradores de um sistema torna-se cada vez mais difcil, principalmente devido ao

    crescimento das interconexes. Grandes perturbaes modificam de maneira significativa o

    estado operacional dos sistemas eltricos, resultando em oscilaes eletromecnicas entre os

    rotores dos geradores. A representao do comportamento dinmico destes geradores

    complexa e, em estudos de estabilidade transitria, feita por um sistema de equaes

    diferenciais ordinrias com restries algbricas. Estas equaes diferenciais e algbricas

    podem ser escritas como (STOTT,1979; DECKER et al., 1992):

    ),( xyfy =& (1.1)

    ),(0 xyg= (1.2)

    Onde:

    f = Funo vetorial que representa equaes diferenciais;

  • 6

    g = Funo vetorial que representa equaes algbricas no-lineares;

    y = Vetor das variveis de estado associadas s mquinas sncronas, mquinas primrias e

    controladores dinmicos;

    x = Vetor das variveis de estado associadas s equaes algbricas.

    A equao (1.1) representa as equaes diferenciais das mquinas que tm restries

    algbricas impostas pelas condies operacionais do sistema definidas na equao (1.2).

    A equao (1.1) pode ainda ser escrita na seguinte forma:

    BuAyuyfy +== ),(& (1.3)

    Onde:

    A = Matriz quadrada real esparsa com diagonal em blocos de submatrizes, cada um associado

    a uma mquina;

    B = Matriz retangular real esparsa em blocos de submatrizes, cada um associado a uma

    mquina;

    u = Varivel de interface que representa um subconjunto das variveis de estado x que

    aparecem na equao (1.1).

    A equao algbrica (1.2) pode ser subdividida em duas partes:

    [ ][ ]VYVEI =),( (1.4)

    ),( VEhu = (1.5)

    Onde:

    I = Vetor de injeo de correntes nodais;

    E = Subvetor das variveis de estado y que aparecem na equao (1.2) necessrias para o

    clculo das correntes injetadas nas barras de gerao;

    Y = Matriz quadrada de admitncia nodal;

    V = Vetor das tenses nodais que representam o comportamento do sistema em regime

    permanente;

    h = Funo vetorial no-linear.

  • 7

    O estudo de estabilidade transitria consiste na soluo numrica simultnea das

    equaes (1.3), (1.4) e (1.5), por um perodo em geral de 5 a 10 segundos, considerando

    vrios tempos de abertura para cada curto-circuito e cada estado de operao. Devido s no-

    linearidades envolvidas, salvo casos extremante simples, no existem meios de se encontrar

    solues analticas explcitas para este sistema de equaes. Os mtodos numricos

    computacionais utilizados so muito flexveis e permitem a representao de sofisticados

    modelos e controles de mquinas. Apesar do grande progresso na velocidade dos

    computadores atuais, o tempo de simulao envolvido ainda muito grande. Alm disso,

    estes mtodos precisam da anlise de resultados off-line que dependem da experincia dos

    operadores, disponibilizando apenas informaes qualitativas tipo sim ou no sobre a

    estabilidade, no fornecendo as margens de segurana e as aes de controle a serem tomadas.

    ndices ou margens de estabilidade transitria so indicadores importantes, pois

    permitem quantificar o grau de segurana de cada estado operacional de um sistema. Atravs

    destes recursos possvel se tomar aes preventivas e/ou corretivas no planejamento da

    expanso e da operao, bem como na operao em tempo real de sistemas eltricos de

    potncia. A busca por estes indicadores, aliada inexistncia de programas computacionais

    em uso que possuam todas estas potencialidades, tem despertado o interesse de muitos

    pesquisadores nas ltimas dcadas, entre estes, (BETTIOL et al., 1997; ERNST et al., 2001;

    FERREIRA et al., 2002; HAQUE, 1996; MARIA et al., 1990; PAVELLA et al., 2000; RUIZ-

    VEGA et al., 2003; XUE et al., 1988).

    Uma metodologia bastante difundida no meio acadmico visando obteno de ndices

    ou margens de segurana a que utiliza a reduo do sistema original por meio de

    equivalentes eletromecnicos. A principal linha de pesquisa envolvendo tcnicas de reduo

    de rede baseia-se no conceito de coerncia entre geradores (GHAFURIAN & BERG, 1982;

    HAQUE, 1991; SOUZA & SILVA, 1992). A maioria dos curtos-circuitos com abertura de

    linhas de transmisso produzem trajetrias no domnio do tempo que resultam na separao

    dos geradores do sistema em dois grupos, e os esforos concentram-se na determinao destes

    grupos crticos. Em um curto-circuito, os geradores eletricamente mais prximos do defeito

    so os mais afetados e, freqentemente, os responsveis pela instabilidade da primeira

    oscilao e formao de grupos crticos. O principal obstculo a identificao destes grupos

    crticos com o menor tempo de processamento. Se dois grupos coerentes estiverem claramente

    definidos, o CAI pode ser aplicado, desde que seja feita a reduo do sistema original a um

    EMBI (HAQUE, 1994; PAVELLA et al., 2000; XUE, 1989 e 1993; ZHIDONG, 1993). Este

  • 8

    um mtodo analtico, muito rpido e fornece condies suficientes e necessrias de

    estabilidade.

    Alguns mtodos e procedimentos adotados na identificao de grupos coerentes visando

    sua aplicao ao EMBI, ou para fins de reduo do nmero de mquinas, so apresentados

    na literatura. A soluo no domnio do tempo das equaes diferenciais linearizadas

    utilizada por SOUZA & SILVA (1992). Os autores inferem que a coerncia depende pouco

    do tamanho da perturbao e do detalhamento do modelo de mquina considerado. Este um

    procedimento similar ao apresentado por PODMORE (1978), porm, na identificao de

    grupos coerentes, os autores no utilizaram o critrio do desvio dos ngulos dos rotores e sim

    o do desvio da velocidade angular. BRETAS & ALBERTO (2000) utilizaram uma

    metodologia que no necessita da linearizao e soluo das equaes diferenciais. Segundo

    os autores, os resultados independem da trajetria do sistema e podem ser usados tanto para

    estabilidade transitria como para obter informaes sobre a localizao dos pontos de

    equilbrio instveis, de grande interesse nos mtodos que utilizam a funo energia como

    funo de Lyapunov. SPALDING et al. (1977) calculam os pontos pr-falta de equilbrio

    estvel e ps-falta de equilbrio instvel. Neste caso, h necessidade de se obter a soluo de

    um sistema de equaes algbricas no-lineares. HAQUE (1990 e1991) usou a funo energia

    como funo de Lyapunov avaliada nos pontos ps-falta de equilbrio instveis aproximados e

    ngulos dos rotores durante a falta. Em uma segunda metodologia, ndices so obtidos com

    base em uma combinao da dinmica do sistema pr-falta, durante falta, pontos ps-falta de

    equilbrio instveis e uma medida de admitncia ou distncia eltrica entre geradores. Em

    XUE (1993), foram identificados os grupos crticos por meio da observao de trajetrias

    prximas do tempo crtico e seu comportamento em torno do ponto de equilbrio instvel.

    JONSSON et al. (2004) determinaram a coerncia para aplicaes em tempo real, tomando a

    medida de velocidade angular do eixo dos geradores combinadas com anlise de Fourier.

    WANG & CHANG (1994) consideram os desvios de velocidade em trs instantes do perodo

    ps-falta, sendo a coerncia determinada por meio das tcnicas de redes neurais. A energia

    cintica, a acelerao das mquinas (DA-ZHONG et al., 1994) e a taxa de variao de energia

    cintica (RUDNICK et al., 1981) tambm j foram usadas como mtodos de identificao de

    grupos coerentes.

    Todos estes procedimentos podem ser agrupados em duas categorias com as seguintes

    caractersticas:

  • 9

    (i) mtodos que utilizam a soluo numrica no domnio do tempo, com ou sem linearizao,

    ganham na preciso dos resultados, mas perdem no tempo de processamento e em geral no

    so adequados para aplicao em tempo real;

    (ii) mtodos diretos que usam a funo energia como funo de Lyapunov e pontos de

    equilbrio economizam tempo de processamento, possuem uma tendncia para resultados

    conservativos, mas possibilitam aplicaes em tempo real.

    Todas as tcnicas que necessitam calcular pontos ps-falta de equilbrio instveis podem

    ter problemas de convergncia, especialmente em sistemas muito carregados. A procura pelo

    ponto de equilbrio instvel de interesse no trivial e h muitos casos em que a soluo no

    corresponde ao ponto de equilbrio instvel de interesse.

    A Estabilidade de Tenso um fenmeno que despertou o interesse de pesquisadores em

    poca mais recente que a estabilidade angular. No cenrio mundial, inmeros incidentes com

    colapsos de tenso e desligamentos em cascata foram registrados, inclusive no Brasil

    (TAYLOR, 1994). No ano de 2003, dois grandes blecautes chamaram a ateno para a

    segurana da operao dos sistemas eltricos. O primeiro ocorreu em agosto de 2003, nos

    Estados Unidos e Canad, causado por um problema na linha de transmisso Niagara-

    Mohawk entre os dois pases (US-Canada Power System Outage Task Force, 2004). Isso

    atingiu cerca de 13 cidades dos Estados Unidos e Canad, totalizando um corte de 61,8 GW e

    afetando cerca de 50 milhes de pessoas. O segundo ocorreu em setembro de 2003, na Itlia, e

    foi considerado o maior na histria daquele pas. A perda de uma linha de transmisso na

    Sua sobrecarregou as linhas de transmisso que vm da Frana e provocou o desligamento

    de todo o sistema italiano. O corte de energia atingiu toda a Itlia, exceto a Sardenha, e afetou

    mais de 50 milhes de pessoas. Aqui no Brasil, entre os diversos incidentes envolvendo

    instabilidade de tenso, destacam-se os apresentados na Tabela 1.1 (LIMA et al., 2004).

    Tabela 1.1 - Principais Incidentes de Instabilidade de Tenso no Brasil - 1994-2002

    Data Local de Origem do Incidente Regies Atingidas 13 de dezembro de

    1994 Subestao Conversora de Ibina Itaipu e a Regio Sudeste

    26 de maro de 1996

    Usina Hidroeltrica de Furnas Estado de Minas Gerais, Gois e Braslia

    24 e 25 de abril de 1997

    Afundamento da tenso na regio da grande So Paulo

    Maior parte do Sistema Interligado Sul/Sudeste/Centro-Oeste

    11 de maro de 1999

    Subestao de Bauru 72% da Carga do Sistema Interligado Sul/Sudeste/Centro-Oeste

    16 de maio de 1999

    Subestao Itumbiara Estado de Gois, Braslia, Mato Grosso e Sul do Tocantins

    21 de janeiro de 2002

    Linha de Transmisso Ilha Solteira - Araraquara

    72% da Carga do Sistema Interligado Sul/Sudeste/Centro-Oeste

  • 10

    Todos esses incidentes estavam associados a um cenrio com grandes oscilaes de

    potncia, com flutuaes de tenso e freqncia que esto ligadas ao esgotamento da

    capacidade de suprimento de potncia reativa dos sistemas. Este um fenmeno que inicia de

    forma localizada, espalhando-se de forma progressiva para as barras vizinhas e provocando o

    desligamento em cascata de linhas, transformadores e geradores pelos rels de proteo, em

    especial os rels de subtenso (ANSI-27) e de freqncia (ANSI-81).

    Trata-se, na verdade, de um fenmeno dinmico, que rigorosamente deve ser estudado

    com tcnicas no-lineares de simulao no domnio do tempo, semelhante ao que feito em

    Estabilidade Transitria Angular. As equaes que descrevem o comportamento dinmico do

    sistema so modeladas por um conjunto de n equaes diferenciais com restries de m

    equaes algbricas no-lineares descritas em (VAN CUTSEM & VOURNAS, 1998;

    HUANG et al., 2002):

    ),,( pxyfy =& (1.6)

    ),,(0 pxyg= (1.7)

    Com kmn PpXxYy ,,

    Onde y o vetor das n variveis de estado dinmicas da equao (1.6), x o vetor das m

    variveis de estado das equaes algbricas no-lineares (1.7) e p so os k parmetros

    variveis associados configurao do sistema e suas condies de operao. Em sistemas

    eltricos de potncia, as variveis de estado so as tenses dos geradores, que, de acordo com

    o modelo utilizado, podem ser de regime subtransitrio ou transitrio, as variveis do rotor

    como posio angular e velocidade, as variveis do sistema de excitao, controle de

    velocidade, e, em alguns casos, a dinmica do comportamento da carga tambm pode ser

    considerada. As variveis associadas ao fluxo de potncia so os valores instantneos das

    tenses e ngulos das barras de carga. A dinmica das mquinas, reguladores de tenso e

    velocidade, dinmica da carga e demais dispositivos de controle so representados na equao

    (1.6). As equaes de fluxo de potncia esto representadas na equao (1.7).

    Atravs da soluo numrica simultnea deste sistema de equaes, possvel se

    reproduzir a cronologia dos eventos, sem dvida muito til na anlise de ocorrncias, no

    ajuste e coordenao de protees e para projeto de controles automticos. No entanto, para

    isso, necessita-se de um volume muito grande de informaes e dados nem sempre

    disponveis, associado a um excessivo tempo computacional gasto nas simulaes que devem

  • 11

    ser feitas por dezenas de segundos ou at alguns minutos. Alm disso, fica mais difcil

    quantificar e indicar diretamente as margens de estabilidade em barras ou regies crticas. Por

    essas razes, principalmente para estudos em grandes sistemas, as tcnicas de anlise esttica

    tm sido mais utilizadas e difundidas no meio acadmico e nas empresas do setor eltrico.

    Se admitirmos que toda a dinmica do sistema se dissipou e que todas as aes de

    controle possveis j foram realizadas, as equaes algbricas no-lineares do fluxo de

    potncia constituem o ponto de partida para a anlise esttica de estabilidade de tenso. A

    existncia de solues com bifurcaes tipo sela-n nestas equaes indica a aproximao do

    ponto de colapso do sistema. Estas bifurcaes ocorrem quando o sistema se aproxima do

    ponto de colapso e um pequeno acrscimo de carga ultrapassa o limite esttico de estabilidade

    de tenso, desaparecendo o ltimo ponto de equilbrio estvel, (VENIKOV et al., 1975;

    KWATNY et al., 1986; CHIANG et al., 1990; DOBSON & LU, 1993). A inexistncia de

    soluo para estas equaes indica que o sistema no tem condies fsicas de atender a certo

    perfil de carregamento. Mudanas no despacho de gerao, topologia de rede e compensao

    de reativos so ento necessrias para que exista um novo e seguro estado de operao. O

    traado das curvas P-V, atravs do Fluxo de Potncia Continuado (FPC), com a

    parametrizao do crescimento da carga na regio prxima do colapso onde ocorre a

    singularidade da matriz Jacobiana, permitem encontrar o ponto onde uma bifurcao tipo sela-

    n ocorre (AJJARAPU, 1992).

    Estudos de estabilidade esttica de tenso tm sido historicamente realizados com o

    auxlio das curvas P-V e Q-V, existindo inclusive algumas publicaes importantes que

    abordam este assunto, entre as quais (KUNDUR, 2004; VAN CUTSEM & VOURNAS, 1998;

    TAYLOR, 1994). Essas curvas so muito prticas e fornecem informaes importantes como

    mximo carregamento, limites de intercmbio entre reas, alocao tima de reativos, pontos

    de estrangulamento e margens de segurana.

    A anlise de estabilidade esttica de tenso fornece o ponto de mximo carregamento do

    sistema, condio na qual ocorre um mau condicionamento ou singularidade na matriz

    Jacobiana utilizada no processo de soluo do fluxo de potncia. Esta condio ocorre em

    sistemas em que se aplica um aumento gradual na carga e a soluo converge para um ponto

    de operao especial. Este o ponto de mximo carregamento, e para maiores valores de

    carga, no existe soluo real para as equaes de fluxo de potncia. A distncia em MW de

    um particular estado de operao at o ponto de carregamento mximo permite que se avalie o

    seu grau de segurana.

  • 12

    O grande problema, em sistemas de potncia com elevado nmero de barras,

    determinar quais so os pontos mais vulnerveis ou as reas com tendncia ao colapso de

    tenso. Existem diversas publicaes relacionadas a este tema com diferentes enfoques. Na

    sua maioria, estas tratam da busca por ndices para barras ou linhas de modo a identificar as

    reas ou caminhos crticos. MOGHAVVEMI & FARUQUE (1998 e 1999) propuseram um

    ndice de Estabilidade de Tenso derivado a partir de um sistema com duas barras. O ndice

    aplicado a cada linha do sistema de modo a identificar o ponto ou a rea vulnervel ao colapso

    de tenso. JASMON et al. (1991) apresentaram uma tcnica em que avaliam a estabilidade de

    tenso de sistemas eltricos atravs da reduo deste a uma nica linha equivalente. A

    representao dos parmetros desta linha obtida atravs dos resultados do prprio fluxo de

    potncia. HAQUE (1995) apresentou um mtodo para identificar o mximo carregamento de

    um sistema baseado no teorema de Thvenin. MOHM et al. (2002 e 2006) e ZAMBRONI DE

    SOUZA et al. (2000 e 2003) exploraram a tcnica do monitoramento da norma do vetor

    tangente na identificao de barras e reas crticas. Essa a tcnica utilizada no programa

    ANAREDE (CEPEL-ELETROBRS, 2003) para realizar estudos de estabilidade de tenso

    no Sistema Interligado Nacional (SIN). Mais recentemente, KOESSLER et al. (2007)

    apresentaram um artigo dando nfase ao uso simultneo de um fluxo de potncia timo em

    regime permanente, complementado por ferramentas de simulao a curto e longo prazo para

    com isso identificar os locais adequados para se aplicar esquemas de alvio de carga.

    Uma tcnica promissora na anlise de estabilidade esttica de tenso aquela em que as

    barras crticas e as regies crticas com tendncia ao colapso de tenso so identificadas. Isso

    pode ser feito sem a reduo da rede (BALAMOUROUGAN et al., 2004) ou com a reduo

    de rede (HAQUE, 2003).

    O Estado da Arte em estabilidade de tenso e freqncia est representado na literatura

    pelos mtodos e tcnicas que utilizam medio fasorial sincronizada como no trabalho

    apresentado por DECKER et al. (2006), no qual desenvolvido um prottipo para monitorar a

    freqncia e a tenso sob condies normais e de perturbao no sistema Sul Brasileiro.

    GONG et al. (2006) deduziram um ndice de Estabilidade de Tenso-IET de maneira similar

    ao inmeros outros ndices j apresentados, ou seja, a partir das equaes estticas de fluxo de

    potncia. Estes utilizam uma tcnica de reduo de rede que transforma o sistema em uma

    nica fonte e impedncia equivalente em cujo terminal se conecta a carga a ser analisada

    quanto estabilidade de tenso. Atravs do IET, determinam a barra mais vulnervel ao

    colapso de tenso. Os autores sugerem uma possvel aplicao on-line, com o uso da medio

    fasorial sincronizada atravs de medies das tenses e potncias.

  • 13

    1.6 Organizao da Tese O Captulo 2 trata dos fundamentos de estabilidade transitria angular, aplicada em

    sistemas simples com 2 barras. dada nfase interpretao fsica e matemtica do CAI.

    No Captulo 3, desenvolve-se uma metodologia para o agrupamento de geradores

    coerentes, associada a um processo de reduo de rede. Utiliza-se um sistema eltrico de 3

    geradores como caso base para a compreenso da metodologia desenvolvida.

    No Captulo 4, apresenta-se estudo de casos, incluindo o sistema CIGR e uma possvel

    configurao do sistema eltrico de potncia real da Regio Sul do Brasil. Faz-se uma anlise

    comparativa entre os resultados do mtodo proposto com os mtodos diretos que utilizam a

    funo energia como funo de Lyapunov. No sistema de potncia real da Regio Sul,

    considera-se hipoteticamente a participao de significativa parcela de gerao elica,

    aplicando-se assim o mtodo desenvolvido e verificando-se o impacto nas margens de

    segurana de operao.

    O Captulo 5 trata dos fundamentos de estabilidade esttica de tenso com nfase ao

    equacionamento e anlise no plano P-V e Q-V. Deduz-se um IET, com exemplos de sua

    aplicao apresentados no Apndice B.

    No Captulo 6, desenvolve-se um mtodo analtico e computacional para anlise de

    estabilidade de tenso no plano P-Q. Utiliza-se um processo de reduo de rede, o qual

    transforma o sistema original em um equivalente com duas barras. O equivalente

    representado por uma fonte e uma impedncia onde colocada a carga real da barra a ser

    analisada. Com isto, possvel aplicar o IET j deduzido para um sistema equivalente com

    dois terminais.

    No Captulo 7, apresentam-se os estudos de estabilidade de tenso realizados em

    sistemas de distribuio com insero de gerao elica. Um sistema eltrico real pertencente

    CEEE-D, considerando-se as conexes futuras de fazendas elicas, em Santa Vitria do

    Palmar, Jaguaro e Dom Pedrito analisado.

    No Captulo 8, so apresentadas as concluses.

    Nos Apndices A, B e C, so apresentados exemplos elucidativos clssicos de

    estabilidade angular e de tenso, alm das Tabelas com os dados completos de todos os

    sistemas estudados.

  • 2 FUNDAMENTOS DE ESTABILIDADE ANGULAR 2.1 Introduo A Estabilidade Transitria Angular trata do estudo do fenmeno de oscilaes

    eletromecnicas que ocorrem entre os rotores das mquinas sncronas quando sujeitas a

    perturbaes transitrias. A natureza destas perturbaes e sua ordem de grandeza

    determinam o modo com que se deve abordar o problema. Pequenas variaes da gerao

    e/ou carga produzem ligeiras mudanas em torno de um ponto de operao e permitem a

    representao da dinmica do sistema por um conjunto de equaes diferenciais lineares, que

    podem ser analisadas usando-se tcnicas da teoria dos sistemas lineares que utilizam

    autovalores, autovetores, etc.

    Grandes perturbaes como curtos-circuitos, com ou sem retirada de linhas,

    desligamento de linhas e/ou transformadores, entrada e/ou sada de grandes blocos de gerao

    e/ou carga, produzem fenmenos oscilatrios com grandes excurses nas variveis de estado.

    Com variaes to significativas, as no-linearidades envolvidas no podem ser

    desconsideradas. Tratando-se de ETA, a questo saber se o sistema, aps a ocorrncia de

    uma grande perturbao, encontra um novo ponto de operao e se este estvel. Investiga-

    se, ento, se haver ou no a manuteno do sincronismo entre as mquinas durante o

    transitrio envolvido. A soluo do conjunto de equaes diferenciais no-lineares que

    descrevem o sistema normalmente feita nas empresas do setor eltrico atravs de tcnicas

    digitais envolvendo integrao numrica e anlise de curvas.

    2.2 Estabilidade angular em sistemas eltricos de potncia

    Para uma melhor compreenso do fenmeno a ser estudado, ser considerado

    inicialmente um sistema de potncia simples com duas mquinas finitas interligadas por um

    sistema de transmisso. As equaes de potncia eltrica sero deduzidas e algumas

    simplificaes sero feitas.

    2.2.1 Equaes de potncia eltrica em um sistema eltrico com duas mquinas

    Considere o sistema de dois geradores interligados por uma linha de transmisso,

    mostrado na Figura 2.1.

  • 15

    Figura 2.1 Sistema eltrico de potncia com duas mquinas.

    Na Figura 2.1 tm-se:

    =21, ee SS Grandezas complexas que representam as potncias eltricas aparentes injetadas na

    rede em [p.u.];

    =21, mm PP Potncias mecnicas da mquinas primrias em [p.u.];

    =21, MM Constantes de inrcia em [p.u.s2/rad];

    =4321 ,,, VVVV Mdulos dos fasores das tenses de operao nas barras em [p.u.];

    = 4321 ,,, ngulos dos fasores das tenses nas barras em [rad];

    =43 , DD SS Grandezas complexas que representam as demandas aparentes das cargas em

    [p.u.];

    =403034 ,, yyz Grandezas complexas que representam a impedncia srie e admitncias

    capacitivas da linha de transmisso em [p.u.];

    == 21 dd XX Reatncias transitrias de eixo direto das mquinas sncronas em [p.u.];

    T1 , T2 = Transformadores.

    As equaes de potncias eltricas aparentes injetadas na rede podem ser escritas a partir

    de um modelo reduzido da rede. Isso pode ser feito eliminando-se todas as barras que no

    esto associadas nenhum tipo de gerao. Com a reduo s barras internas de gerao, o

    sistema original pode ser representado por um sistema simplificado reduzido como mostrado

    na Figura 2.2. Qualquer sistema reduzido s suas barras internas, deve apresentar somente

    uma conexo direta entre cada par de mquinas.

  • 16

    Figura 2.2 Sistema reduzido s barras internas de gerao.

    Na Figura 2.2 tem-se:

    =21, EE Mdulo dos fasores das tenses internas em [p.u.];

    = 21, ngulos internos dos fasores das tenses internas das mquinas em [rad];

    =201012 ,, yyy Grandezas complexas que representam as admitncias primitivas da rede

    reduzida em [p.u.].

    As equaes que relacionam tenses e correntes na Figura 2.2 podem ser escritas na sua

    forma matricial, ou seja:

    =

    2

    1

    2221

    1211

    2

    1

    E

    E

    YY

    YY

    I

    Ir

    r

    r

    r

    (2.1)

    Onde:

    =21, IIrr

    Fasores das correntes injetadas na rede;

    =21, EErr

    Fasores das tenses nas barras.

    Os elementos da matriz YBUS reduzida so:

    111111 = YY ;

    121212 = YY ;

    212121 = YY ;

    222222 = YY .

    A potncia eltrica aparente injetada na barra 1 da rede dada por:

    =+= 11111 IEjQPS eeerr

    (2.2)

    Colocando-se o valor de 1Ir

    da equao (2.1) em (2.2) obtm-se:

  • 17

    [ ]+= 21211111 EYEYESe rrr (2.3)

    [ ]+= ))(())(( 221212111111111 EYEYESe (2.4)

    Devido forte interao existente entre a potncia ativa injetada e a posio angular do rotor,

    somente a potncia eltrica ativa ser considerada na equao (2.4), logo:

    [ ])(coscos 211212211111211 += YEEYEPe (2.5)

    A primeira parcela da equao (2.5) a potncia eltrica equivalente consumida na barra 1 e a

    segunda parcela a potncia eltrica transferida da barra 1 para a barra 2.

    De maneira similar, a equao que determina a potncia eltrica injetada pela mquina 2 :

    [ ])(coscos 122121122222222 += YEEYEPe (2.6)

    A partir das equaes (2.5) e (2.6), obtm-se as equaes para um sistema eltrico com n-

    mquinas, ou seja:

    [ ]=

    +=n

    ij

    jjiijijjiiiiiiei YEEYEP

    1

    2 )(coscos (2.7)

    Com i = 1, n

    Nas equaes (2.5) e (2.6), sero consideradas as seguintes hipteses simplificadoras:

    (i) A rede eltrica considerada puramente reativa.

    Para a equao (2.5), tem-se:

    22 1211+== e

    Logo:

  • 18

    )()(2

    cos 2112212112211 =

    = senYEEYEEPe (2.8)

    De maneira similar para a equao (2.6):

    11221122 )( ee PsenYEEP == (2.9)

    Como no h consumo de potncia ativa no modelo de rede adotado, percebe-se que, nas

    equaes (2.8) e (2.9), as posies angulares das duas mquinas, avano ou atraso, definem

    quem ir operar como gerador ou motor, respectivamente.

    (ii) A rede eltrica considerada puramente reativa, com a mquina 2 representada por uma

    barra infinita.

    Neste caso, a mquina 2 representada por um sistema cuja freqncia e tenso

    permanecem constantes durante uma perturbao. Isto equivale a dizer que a mquina 2 tem

    reatncia nula e constante de inrcia infinita. Tem-se uma configurao Mquina-Barra

    Infinita e a mquina 2 pode ser usada como referncia, ento:

    1mm PP = ; 1MM = ; EE =1 ; =1 ; VE =2 ; 02 = ; e ee PP =1 .

    Assim, a rede eltrica pode ser simplificada em um EMBI, conforme mostrado na Figura 2.3.

    Figura 2.3 Sistema Mquina-Barra Infinita.

    A equao de potncia eltrica (2.8) ento escrita na sua forma mais simples:

    === senPsenX

    EVsenEVYP emxe

    1212 (2.10)

  • 19

    Na equao (2.10), a potncia eltrica ativa, que pode ser transmitida da mquina 1

    barra infinita, depende principalmente do nmero de circuitos de transmisso e da posio

    angular do rotor. Para grandes perturbaes, o efeito das tenses pouco significativo, devido

    aos limites impostos pela corrente de excitao das mquinas sncronas.

    2.3 Estabilidade transitria em sistemas Mquina-Barra Infinita

    As simplificaes realizadas na seo anterior, onde um sistema eltrico com dois

    geradores transformado em um EMBI, permitem, sem nenhum prejuzo, uma compreenso

    fsica do fenmeno da estabilidade transitria. A Figura 2.4 mostra um sistema onde uma

    mquina finita conectada atravs de linhas de transmisso a uma barra infinita.

    Figura 2.4 Sistema Mquina-Barra-Infinita.

    2.3.1 A equao de oscilao para um sistema Mquina-Barra Infinita

    Desconsiderando-se os conjugados de amortecimento, as equaes que representam a

    dinmica da mquina sncrona so assim escritas:

    == ~)( stdtd

    (2.11)

    aem PPPdt

    dM ==

    2

    2

    (2.12)

    Onde:

    =

    =sf

    HM Constante de inrcia em [p.u.s2/rad];

    =H Constante de inrcia em [p.u.s];

    sf = Freqncia sncrona em [rad/s];

  • 20

    = ~dt

    d= Desvio de velocidade com relao a um eixo que gira velocidade sncrona em

    [rad/s];

    = )(t Velocidade angular instantnea em [rad/s];

    =s Velocidade angular sncrona em [rad/s];

    =mP Potncia mecnica da mquina primria em [p.u.];

    =eP Potncia eltrica entregue barra infinita em [p.u.];

    =aP Potncia acelerante em [p.u.].

    Em condies normais de operao, a potncia mecnica fornecida pela mquina

    primria atravs do seu eixo transformada em energia eltrica pelo gerador e entregue rede

    eltrica. Desconsiderando-se as perdas por atrito e ventilao, entre outras, tem-se Pm = Pe e

    no h potncia acelerante. Na verdade, h pequenos esforos torsionais devido s oscilaes

    dinmicas provocadas por variaes da freqncia e da carga em torno do ponto normal de

    operao. Quando ocorrer um grande desequilbrio, como o provocado por um curto-circuito

    com ou sem abertura de linha, perda de linha ou transformador, entrada e/ou sada de grandes

    blocos de gerao ou carga, a parte de energia que sobra ou falta se transforma em potncia

    acelerante ou desacelerante. Neste caso Pa = Pm Pe 0. Isto ocorre devido s mudanas

    bruscas que ocorrem na potncia eltrica de sada Pe.

    2.3.2 Soluo da equao de oscilao

    Devido natureza no-linear da potncia eltrica de sada dada pela equao (2.10),

    mesmo na forma mais simples aqui representada, a equao (2.12) uma equao diferencial

    ordinria no-linear. No existe uma soluo explcita para esta equao exceto para o caso de

    um curto-circuito trifsico com impedncia de falta nula na barra 3 da Figura 2.4 para o

    qual 0=eP . A busca pelo tempo crtico de abertura dos disjuntores deve ser realizada atravs

    de mtodos numricos, considerando-se os perodos durante e ps-falta. O tempo mximo em

    que um curto-circuito pode permanecer sem comprometer o sincronismo de um sistema

    Mquina-Barra Infinita envolve a soluo numrica da equao (2.12), bem como a anlise

    das curvas = f(t) para diversos tempos de abertura. Uma vez obtido o ponto inicial de

    operao, a soluo numrica deve considerar todos os pontos de descontinuidade na potncia

    acelerante. A soluo numrica que comea em t0+, passa pelo tempo de abertura tabertura e

  • 21

    deve prosseguir at o tempo mximo de simulao. No caso do sistema Mquina-Barra

    Infinita, um tempo de simulao de 1 segundo suficiente. A deciso sobre estabilidade ou

    instabilidade pode ser tomada na primeira oscilao, e as equaes devem ser resolvidas

    esquematicamente como segue:

    )()(2

    2

    duranteafaltaduranteem PPPdt

    dM == para t0+ t < tabertura (2.13)

    )()(2

    2

    faltapsafaltapsem PPPdt

    dM ==

    para tabertura t Tsimulao (2.14)

    Mesmo nesta configurao simples, a procura pelo tempo crtico requer vrias solues

    numricas no domnio do tempo. Se o ngulo entre a mquina finita e a barra infinita tomada

    como referncia aumenta indefinidamente, tem-se a indicao de instabilidade e deve-se

    diminuir o tempo de abertura. Quando o ngulo cresce, atinge um mximo e depois diminui,

    tem-se indicao de estabilidade, e o tempo de abertura deve ser aumentado. A procura deve

    prosseguir at que o tempo crtico seja encontrado. Em sistemas eltricos com muitas

    mquinas, este procedimento no simples. Uma excelente tcnica, capaz de eliminar a

    necessidade de se estimar vrios tempos de abertura na procura do tempo crtico em estudos

    de estabilidade transitria de primeira oscilao, o Critrio das reas Iguais.

    2.4 Anlise de estabilidade transitria pelo Critrio das reas Iguais

    Para sistemas que podem ser reduzidos a uma configurao Mquina-Barra Infinita, o

    CAI permite interpretar fisicamente o fenmeno da estabilidade transitria. O CAI no tem

    origem muito bem conhecida e surgiu no final da dcada de 30. um caso particular da teoria

    geral de Lyapunov que, quando aplicada configurao mquina barra-infinita, fornece uma

    funo energia especfica (MARIOTTO, 1981; DECKER, 1984). O CAI foi inicialmente

    desenvolvido considerando as hipteses simplificadoras de potncia mecnica constante,

    tenso constante atrs da reatncia transitria, cargas representadas por impedncias

    constantes e os conjugados de amortecimento desconsiderados KIMBARK, (1948). Este

    mtodo, que ser apresentado a seguir, permite encontrar o ngulo crtico de abertura dos

    disjuntores sem a necessidade da soluo numrica da equao de oscilao.

  • 22

    Multiplicando-se cada lado da equao de oscilao (2.12) por dt

    d

    M

    2obtm-se:

    dt

    dP

    Mdt

    d

    dt

    da

    = 222

    2

    (2.15)

    Chamando uma varivel auxiliar =

    dt

    du ( )

    22

    =dt

    du e derivando esta expresso com

    relao ao tempo, tem-se:

    ( )2

    222

    22dt

    d

    dt

    d

    dt

    duu

    dt

    d

    dt

    d

    dt

    ud ==

    = (2.16)

    Comparando as equaes (2.15) e (2.16), obtm-se dt

    dP

    Mdt

    d

    dt

    da

    =

    22

    , logo:

    =

    dP

    Mdt

    dd a

    22

    (2.17)

    Integrando-se os dois lados da equao (2.17), no intervalo definido pela condio inicial

    00 == tt , e o limite superior representado genericamente pelo ngulo durante ou ps-

    falta , obtm-se:

    =

    dPMdt

    da

    0

    22

    (2.18)

    Finalmente, da equao (2.18) resulta:

    =

    dPMdt

    da

    0

    2 (2.19)

  • 23

    Para que a mquina mantenha o sincronismo com relao barra infinita necessrio que a

    variao de velocidade do rotor dt

    d diminua at atingir zero. Fazendo-se 0=

    dt

    d na equao

    (2.19) e como 02 M

    , tem-se:

    0)(00

    ==

    dPPdP ema (2.20)

    2.4.1 Interpretao fsica e matemtica do Critrio das reas Iguais

    Para a compreenso do significado fsico da equao (2.20), sero considerados trs

    condies para um curto-circuito trifsico ocorrendo no sistema representado na Figura 2.4.

    (i) Curto-circuito permanente, sem a atuao das protees

    Para um curto-circuito trifsico atravs de uma impedncia de falta no-nula na barra 3

    do sistema da Figura 2.4, considere-se por hiptese que o valor mximo da potncia eltrica

    durante a falta esteja um pouco acima da potncia mecnica. Admitindo-se que o curto-

    circuito tenha corrente inferior ao pick-up dos rels, as protees no operam, mantendo a

    falta. A Figura 2.5 mostra a representao grfica desta condio.

    Figura 2.5 Critrio de reas Iguais para curto-circuito permanente.

    Na Figura 2.5, tem-se:

    ==

    senPsenX

    EVP mxe

    faltaprfaltapre 1

    )(12)( (2.21)

  • 24

    ==

    senPsenX

    EVP mxe

    faltadurantefaltadurantee 2

    )(12)( (2.22)

    O ngulo de operao inicial dado por:

    =

    mxe

    m

    P

    Psen

    1

    10 (2.23)

    O novo ngulo de operao se o sistema for estvel ser:

    =

    mxe

    m

    P

    Psen

    2

    11 (2.24)

    =2 Mximo ngulo alcanado pelo rotor da mquina se o sistema for estvel.

    Aplicando a equao (2.20) na Figura 2.5, tem-se:

    0)()()(2

    1

    1

    0

    2

    0

    222 =+=

    dsenPPdsenPPdsenPP mxemmxmmxm (2.25)

    Rearranjando a equao (2.25), obtm-se:

    =

    dPsenPdsenPP mmxemxm2

    1

    1

    0

    )()( 22 (2.26)

    Conforme mostrado na Figura 2.5, a integral do primeiro termo da equao (2.26) representa

    uma rea de acelerao A1 e o segundo termo uma rea de desacelerao A2. De acordo com

    estas reas, tem-se:

    Se A1 < (A2 + A3) com A3> 0, como no caso ilustrado na Figura 2.5, a energia cintica

    armazenada associada potncia acelerante da mquina que tende a tir-la de sincronismo

    inferior energia potencial associada potncia desacelerante de recuperao. Com isso, est

    garantida a estabilidade com margem de segurana, e o ngulo cresce a partir de 0 at

  • 25

    atingir 2, quando A1 = A2, retornando ao novo ponto de operao representado pelo ngulo 1.

    Nesse caso, Pm menor que o limite de estabilidade transitria, e A3 a margem excedente.

    Se A1 = (A2 + A3), com A3 = 0. Nesse caso, a energia cintica associada potncia

    acelerante armazenada pela mquina que tende a tir-la de sincronismo igual energia

    potencial associada potncia desacelerante de recuperao. Com isso, est garantida a

    estabilidade no limite, sem margem, e o ngulo cresce a partir de 0 at atingir 2, que

    assume o seu valor mximo possvel retornando ao novo ponto de operao representado por

    1. Nesse caso, Pm o limite de estabilidade transitria.

    Se A1 > (A2 + A3), a energia cintica associada potncia acelerante armazenada pela

    mquina que tende a tir-la de sincronismo maior que a energia potencial associada

    potncia desacelerante de recuperao. Com isso, haver instabilidade e o ngulo crescer

    indefinidamente a partir de 0.

    (ii) Curto-circuito com abertura da linha no instante em que o ngulo menor que o ngulo

    crtico

    A Figura 2.6 mostra o CAI aplicado ao sistema da Figura 2.4, considerando um curto-

    circuito trifsico atravs impedncia nula na barra 4 da linha 4-5, com a abertura da linha de

    transmisso em um ngulo menor que o crtico.

    Figura 2.6 Curto-circuito trifsico com abertura de linha em um ngulo menor que o crtico.

  • 26

    Nesse caso, a condio de estabilidade atingida quando A1 = A2. A rea de

    desacelerao A3 corresponde margem excedente. Na Figura 2.6, alm das equaes (2.21) e

    (2.22) do caso anterior, h uma terceira equao resultante da abertura da linha dada por:

    ==

    senPsenX

    EVP mxe

    faltapsfaltapse 3

    )(12)( (2.27)

    Os ngulos de interesse so:

    =0 ngulo de operao inicial;

    O ngulo ps-falta de equilbrio estvel dado por:

    =

    mxe

    ms P

    Psen

    3

    1 ; (2.28)

    =c ngulo de abertura da linha;

    =2 ngulo mximo alcanado.

    No momento em que ocorre o curto-circuito, o sistema sofre uma sbita modificao na

    equao de potncia eltrica, passando a operar sobre a curva durante - falta. A potncia

    eltrica comea a variar a partir do ngulo inicial 0, at o ngulo de abertura c, quando esta

    muda novamente com a abertura da linha, passando a operar agora sobre a curva ps-falta.

    Quando ocorrer a condio na qual A1 = A2, o ngulo do rotor da mquina atinge seu valor

    mximo 2 e retorna aps algumas oscilaes ao novo ngulo de operao ps-falta s. Nesse

    caso, o ngulo de abertura c menor que o ngulo crtico e Pm menor que o limite de

    estabilidade transitria.

    (iii) Curto-circuito com abertura da linha de transmisso no instante em que o ngulo atinge

    o seu valor crtico.

    A Figura 2.7 mostra o caso limite no qual A1 = A2 , sem rea de desacelerao excedente.

  • 27

    Fig. 2.7 Curto-circuito trifsico com abertura de linha em um ngulo crtico.

    Na Figura 2.7, os ngulos envolvidos so:

    =0 ngulo de operao inicial;

    = s ngulo ps-falta de equilbrio estvel;

    =cr ngulo crtico de abertura da linha;

    O ngulo ps-falta de equilbrio instvel dado por:

    su = . (2.29)

    Nesse caso, Pm o limite de estabilidade transitria. O ngulo u o mximo valor

    alcanado pelo rotor da mquina. Aps algumas oscilaes, o ngulo do rotor da mquina

    retorna ao novo estado de operao correspondente ao ngulo s. Na Figura 2.7, quando A1 =

    A2, o ngulo de abertura o ngulo crtico cr procurado. A equao que representa esta

    condio dada por:

    ( ) ( )

    +=cr u

    cr

    dsenPdsenPP emxemu0

    )(max320 (2.30)

    Resolvendo a equao (2.30), o ngulo crtico de abertura procurado cr ser:

    +

    = mxemxe

    mxeumxemucr PP

    PPP

    23

    02301 coscos)(cos (2.31)

  • 28

    A existncia de uma soluo para a equao (2.31) est condicionada gravidade e ao

    tipo do curto-circuito estudado. A forma explcita para o clculo do ngulo crtico de abertura

    s foi possvel devido hiptese simplificadora considerada de que o sistema era puramente

    reativo. Entretanto, o CAI pode ser aplicado em sistemas reais incluindo resistncias e

    capacitncias nos quais a equao (2.30) resulta em uma equao algbrica no-linear da

    forma f(cr)=0, cuja soluo pode ser encontrada por mtodos numricos convencionais. Na

    prtica, o conhecimento do ngulo crtico no pode ser utilizado diretamente no ajuste dos

    rels de proteo, e sim o seu tempo crtico correspondente. A grande vantagem do CAI est

    relacionada ao fato de que a busca s cegas pelo tempo crtico no mais realizada. Basta

    realizar a soluo numrica da equao de oscilao (2.12). Quando nesta soluo numrica o

    ngulo atingir o seu valor crtico cr, o tempo correspondente ser o tempo crtico tcr

    procurado. O processo muito rpido e no h necessidade de se analisar as curvas = f(t).

    No entanto, isto s pode ser feito na topologia Mquina-Barra Infinita ou em sistemas que

    possam ser reduzidos a esta configurao. Este tema ser desenvolvido no captulo seguinte.

    No Apndice A, so apresentados alguns exemplos das formulaes apresentadas neste

    captulo para o clculo do ngulo e tempo crtico de abertura.

    2.5 Consideraes finais

    Dentro do contexto de estabilidade transitria angular, destaca-se a importncia do CAI

    como ferramenta analtica para a anlise de estabilidade transitria. Alm de auxiliar no

    clculo do tempo crtico de abertura, este permite determinar, em qualquer instante de

    abertura de uma linha de transmisso, a margem de segurana correspondente. As limitaes

    deste mtodo relacionam-se ao fato de que o CAI s pode ser aplicado em uma configurao

    final Mquina-Barra Infinita. O desenvolvimento de uma metodologia que permita a

    transformao de sistemas multimquinas em um sistema EMBI ser apresentado no prximo

    captulo.

  • 3 DESENVOLVIMENTO DE UM MTODO ANALTICO E COMPUTACIONAL VISANDO A ESTUDOS DE ESTABILIDADE

    ANGULAR

    3.1 Introduo A soluo numrica no domnio do tempo o mtodo mais utilizado na anlise de

    estabilidade transitria. Este tem a vantagem de suportar modelos sofisticados e de fornecer

    com muita preciso informaes como ngulos e velocidades das mquinas, acelerao e

    potncias, etc. Sua principal desvantagem o tempo computacional gasto com inmeras

    simulaes realizadas para vrias topologias e estados iniciais de operao. Alm disso, a

    concluso final exige ainda a anlise de curvas de oscilao por especialistas da rea, sem

    quantificar o grau de segurana do sistema para um determinado ajuste das protees.

    Margens e ndices de segurana auxiliam os operadores dos sistemas eltricos de

    potncia na tomada de aes preventivas e/ou corretivas contra eminentes colapsos do

    sistema. Um procedimento bastante utilizado para quantificar a segurana de um estado de

    operao envolve a reduo da dimenso dos sistemas eltricos atravs de equivalentes

    eletromecnicos.

    A maioria dos curtos-circuitos com retirada de linha resultam em trajetrias no domnio

    do tempo que levam separao do sistema em dois subsistemas. Por isso, os esforos

    concentram-se na determinao destes grupos coerentes de geradores. Se dois subsistemas

    coerentes estiverem claramente definidos, tcnicas de reduo de redes podem ser aplicadas

    para a formao de um sistema Equivalente Mquina-Barra Infinita, no qual possvel aplicar

    o CAI. O EMBI representa uma transformao de um sistema dinmico n-dimensional em

    uma mquina equivalente, cujo comportamento pode ser estudado considerando apenas uma

    nica equao dinmica.

    Neste captulo, descreve-se a metodologia proposta para a identificao e formao de

    grupos crticos de geradores utilizando os desvios de velocidade angular como critrio de

    coerncia. Mostra-se tambm o procedimento utilizado para a realizao do processo de

    reduo dos grupos coerentes encontrados. Apresentam-se tambm as operaes necessrias

    para formar os equivalentes de potncias mecnicas, eltricas e constantes de inrcia das

    mquinas de um mesmo grupo. Finalmente, apresentado o fluxograma simplificado de todo

    o mtodo desenvolvido para o clculo de tempos crticos e margens de segurana.

  • 30

    3.1.1 O modelo matemtico para sistemas multimquinas

    Neste trabalho, adota-se o modelo clssico simplificado normalmente utilizado em

    estudos de estabilidade transitria da primeira oscilao. As equaes diferenciais que

    representam a dinmica dos eixos dos rotores das mquinas so assim escritas:

    isii t

    dt

    d==

    ~)( (3.1)

    aieimii

    ii

    i PPPdt

    dD

    dt

    dM ==

    +

    2

    2

    (3.2)

    Com i = 1, n

    Onde:

    n = nmero de geradores;

    =

    =s

    ii f

    HM Constante de inrcia da i-sima mquina em [p.u.s2]/rad;

    =iH Constante de inrcia da i-sima mquina em [p.u.s];

    fs = Freqncia nominal de operao em [rad/s];

    t = Tempo em segundos;

    iD = Constante de amortecimento da i-sima mquina em [p.u.s]/rad;

    i = Posio angular do eixo da i-sima mquina com relao a um eixo que gira velocidade

    sncrona em [rad];

    ii

    dt

    d=

    ~ = Desvio da velocidade angular de cada gerador com relao velocidade sncrona

    em [rad/s];

    )(ti = Velocidade angular em cada instante em [rad/s];

    s = Velocidade sncrona em [rad/s];

    miP = Potncia mecnica de entrada da i-sima mquina primria em [p.u.];

    eiP = Potncia eltrica ativa injetada na rede pela i-sima mquina em [p.u.];

    =aiP Potncia acelerante da i-sima mquina em [p.u.].

    Onde Pei j foi definida na equao (2.7) e dada por:

  • 31

    ( )[ ]jiijijjin

    ijj

    iiiiiei YEEYEP +==

    coscos1

    2 ;

    Com, i = 1, n

    Onde:

    =iE mdulo da tenso interna da i-sima mquina em [p.u.];

    iiiii YE cos2 = carga ativa equivalente na barra i em [p.u.];

    = iiiiY , mdulo e ngulo dos elementos da diagonal da matriz YBUS reduzida s barras

    internas de gerao em [p.u.], [rad];

    = ijijY , mdulo e ngulo dos elementos fora da diagonal da matriz YBUS reduzida s barras

    internas de gerao em [p.u.], [rad].

    Nas equaes (3.1) e (3.2), sero realizadas algumas hipteses e simplificaes:

    as mquinas so representadas por uma tenso constante em srie com sua reatncia

    transitria de eixo direto, calculadas a partir de uma soluo pr-falta do fluxo de potncia.

    Admite-se, ento, que, durante o transitrio, o enlace de fluxo nas mquinas sncronas

    permanea constante;

    amortecimentos sncronos e assncronos so desconsiderados;

    admite-se que a potncia mecnica de entrada das mquinas primrias permanea constante

    durante perodos transitrios curtos. Justifica-se, uma vez que as constantes de tempo dos

    reguladores de velocidade so maiores que o perodo transitrio considerado;

    os desvios de freqncia do sistema durante o transitrio resultam em pequenas variaes

    nos parmetros de linha e constantes de inrcia das mquinas e por isso no so considerados;

    o modelo de carga adotado o de impedncia constante;

    representa-se a rede eltrica reduzida s barras internas de gerao pela sua matriz

    admitncia de barra BUSY .

  • 32

    3.1.2 Coerncia entre geradores sncronos

    Observando-se inmeras trajetrias de ngulos dos rotores das mquinas sncronas na

    ocorrncia de curtos-circuitos seguidos de abertura de linhas, constata-se que, na maioria dos

    casos, assim que o sistema se torna instvel, formam-se dois grupos. A possibilidade da

    transformao destes dois grupos A e B em um sistema Mquina-Barra Infinita permite que se

    obtenham informaes que no seriam possveis nos estudos convencionais de estabilidade

    transitria. Entre estas est a margem de segurana da operao, que permite avaliar o grau de

    segurana do sistema para cada tempo de abertura de uma linha de transmisso. Para que isso

    possa ser feito, a tarefa mais difcil a identificao dos grupos coerentes de geradores. A

    dificuldade reside no fato de que as oscilaes eletromecnicas dos rotores das mquinas so

    intrinsecamente no-lineares. O confronto entre o tempo de computao gasto e a correta

    identificao dos grupos coerentes um fator relevante a ser considerado. No h como se

    desprezar a ao sincronizante ps-falta, e pequenas diferenas nos tempos de abertura podem

    formar grupos completamente distintos. O critrio de coerncia que ser utilizado neste

    trabalho exige um tempo adicional de simulao para garantir a segurana dos resultados.

    Define-se coerncia como sendo a propriedade que tm certos geradores em oscilarem

    muito prximos durante uma perturbao transitria. Um par de geradores (i, j) dito

    coerente, dentro de uma tolerncia , em uma perturbao transitria, quando tiverem um

    comportamento dinmico semelhante durante um tempo de observao Tobs, que inclui

    necessariamente os perodos durante e ps-falta. Alguns critrios de coerncia j mencionados

    no Captulo 1 foram testados, entre os quais o do desvio de posio angular, o desvio de

    velocidade angular, a energia cintica e a acelerao de mquinas. Os resultados mostraram

    que o mtodo mais adequado para a determinao de grupos coerentes de geradores aquele