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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO CURSO DE MESTRADO EM ORTODONTIA AVALIAÇÃO DAS DIMENSÕES TRANSVERSAIS E ANÁLISE DA RESISTÊNCIA À FRATURA DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS FABRICADOS NO BRASIL FLÁVIO PAIVA GADÊLHA Dissertação apresentada à Universidade Cidade de São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ortodontia. São Paulo 2007

AVALIAÇÃO DAS DIMENSÕES TRANSVERSAIS E ANÁLISE DA

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO CURSO DE MESTRADO EM ORTODONTIA

AVALIAÇÃO DAS DIMENSÕES TRANSVERSAIS E ANÁLISE DA RESISTÊNCIA À FRATURA DE MINI-IMPLANTES

ORTODÔNTICOS FABRICADOS NO BRASIL

FLÁVIO PAIVA GADÊLHA

Dissertação apresentada à Universidade

Cidade de São Paulo, como parte dos

requisitos para a obtenção do título de

Mestre em Ortodontia.

São Paulo 2007

UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO CURSO DE MESTRADO EM ORTODONTIA

AVALIAÇÃO DAS DIMENSÕES TRANSVERSAIS E ANÁLISE DA RESISTÊNCIA À FRATURA DE MINI-IMPLANTES

ORTODÔNTICOS FABRICADOS NO BRASIL

FLÁVIO PAIVA GADÊLHA

Dissertação apresentada à Universidade

Cidade de São Paulo, como parte dos

requisitos para a obtenção do título de

Mestre em Ortodontia.

Orientador: Prof. Dr. Flávio Augusto Cotrim-Ferreira

São Paulo 2007

Ficha Elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID G124a

Gadêlha, Flávio Paiva. Avaliação das dimensões transversais e análise da resistência à fratura, de mini-implantes ortodônticos fabricados no Brasil / Flávio Paiva Gadêlha. São Paulo, 2007. 94 p Bibliografia Dissertação (Mestrado) – Universidade Cidade de São Paulo - Orientador: Prof. Dr. Flávio Augusto Cotrim-Ferreira. 1. Implantes dentários 2. Torque. 3. Resistência de materiais 4. Ortodontia I. Cotrim-Ferreira, Flávio Augusto II. Título.

BLACK D762

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE E COMUNICADA AO AUTOR A REFERÊNCIA DA CITAÇÃO. São Paulo, ____ / ____/ _____

Assinatura: _____________________________

e-mail: [email protected]

FOLHA DE APROVAÇÃO

Gadelha F. P. Avaliação das dimensões transversais e análise da resistência à fratura de mini-implantes ortodônticos fabricados no Brasil (Dissertação de Mestrado). São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2007.

São Paulo, ____/____/_______

Banca Examinadora 1) .................................................................................... Julgamento: ......................................... Assinatura: .......................................

2) .................................................................................... Julgamento:.......................................... Assinatura: .......................................

3) ................................................................................... Julgamento:........................................... Assinatura: .......................................

Resultado: .............................................................................................................

Dedicatória

Dedico esta conquista a meus pais, Fernando e Maria Zenaide, pelo incentivo,

dedicação, orientação, determinação e perseverança,

demonstrado ao longo da minha vida.

À minha esposa Carla, por ser uma maravilhosa companheira e

incentivadora, me apoiando e aconselhando sempre.

Às minhas filhas Rafaella e Fernanda, por terem iluminado e

alegrado ainda mais meu caminho.

À minha irmã Andréa, meu cunhado Gustavo e meu sobrinho Eduardo, pelo

grande apoio, carinho e paciência nas varias acolhidas durante

todo o período desta almejada conquista.

À minha irmã Cristiane e meu cunhado Rodrigo, pelo grande carinho e incentivo

dispensado para a realização deste sonho.

Aos meus grandes amigos Adriano Castro, Bruno Minervino e

Raquel Maroccolo por me apoiarem e proporcionarem

condições para a conclusão deste trabalho.

Às minhas secretárias Arcângela e Leide por terem me auxiliado e

organizado a minha vida profissional, permitindo

mais esta conquista.

Agradecimentos especiais

Primeiramente a Deus, a nossa fonte de vida, amor, esperança e

existência.

Agradeço imensamente ao meu orientador e mestre Prof. Dr. Flávio

Augusto Cotrim-Ferreira pela dedicação, ensino, atenção, oportunidade e

experiência transmitida, o que muito contribuiu não só para esta dissertação,

mas para a minha vida acadêmica.

Serei imensamente grato aos professores: Flavio Vellini-Ferreira, Karyna

Martins do Valle-Corotti, Ana Carla Raphaelli Nahás, Daniela Gamba Garib

Carreira, Hélio Scavone Junior, Paulo Eduardo Guedes Carvalho que me

acompanharam e orientaram desde o início e em especial agradeço a

Professora Rívea Inês Ferreira pelas suas preciosas orientações.

Aos colegas do mestrado: Camila, Vivian, Simone, Michele, Auro,

Wander, Marcos, Wanderson, Cidney, Henri e, em especial, a Danielle pela

grande parceria e amizade desenvolvida ao longo deste período tão especial.

Agradecimentos

A todos os professores e a equipe do curso de Mestrado da UNICID

pela total dedicação, apoio e transmissão de conhecimentos teóricos e

clínicos, além da inestimável contribuição para minha formação acadêmica.

Ao Emídio Yoiti Mochizuki, da MITUTOYO Sul Americana LTDA. pela

disponibilidade e profissionalismo demonstrado durante a condução dos testes

de medição dos mini-implantes ortodônticos.

A toda a equipe do CCDM em São Carlos pela presteza e

profissionalismo que tiveram na condução dos testes de torção.

A o Erick Costa Damasceno, da Consultoria em Estatística da UNB pelo

excelente trabalho estatístico realizado.

Gadelha F. P. Avaliação das dimensões transversais e análise da resistência à fratura, de mini-implantes ortodônticos fabricados no Brasil (Dissertação de Mestrado). São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2007.

RESUMO

Este trabalho visou esclarecer pontos referentes à resistência mecânica destes

dispositivos e sua relação com algumas medidas transversais dos mini-implantes

auto-perfurantes de diversos diâmetros de três fabricantes nacionais: Conexão,

Neodent e Sin. Foram avaliados 36 mini-implantes divididos por diâmetro em 6

grupos. Os diâmetros avaliados foram 1,3 mm, 1,4 mm, 1,5 mm, 1,6 mm e 1,8 mm.

Os mini-implantes foram mensurados em seus diâmetros em três pontos na altura do

seu pescoço. D1- pescoço ou porção trans-mucosa; D2- núcleo da rosca logo após

o pescoço; D3- porção externa do primeiro passo de rosca após o pescoço. Os

resultados foram comparados aos diâmetros fornecidos pelos fabricantes.

Posteriormente, os mini-implantes foram testados quanto a sua resistência à fratura

através de ensaio de torção obtendo como resultado o torque de ruptura (TR) e a

deflexão angular de ruptura (DAR). Os resultados demonstraram que somente os

mini-implantes 1,3 e 1,6 mm da Neodent apresentaram medidas estatisticamente

coincidentes com os valores fornecidos pelo fabricante. Os mini-implantes

apresentaram um TR e uma DAR médio em cada grupo, de 20 N.cm e 174,23 ° para

o 1,3 mm da Neodent; 33,9 N.cm e 85° para o 1,4 mm da Sin; 26,4 N.cm e 57,47 °

para o 1,5 mm da Conexão; 37,5 N.cm e 187,73 ° para o 1,6 mm da Neodent; 48,2

N.cm e 151 ° para o 1,6 mm da Sin; e 67,8 N.cm e 143,67 ° para o 1,8 mm da Sin.

Os testes de Spearman e Pearson demonstraram correlação positiva entre o TR

para os mini-implantes da Neodent e da Sin, porêm esta correlação foi fraca. A

avaliação estatística entre a DAR e os diâmetros medidos acusaram uma baixa

correlação para todos os fabricantes e diâmetros estudados. Conclui-se que fatores

como, desenho dos mini-implantes, e outros podem estar relacionados à resistência

à fratura dos mini-implantes.

Palavras-chave: implantes, torque, resistência de materiais, ortodontia.

Gadelha F. P. Avaliation of transversal dimensions and fracture resistence analysis of orthodontics mini-implants made in Brazil (Dissertação de Mestrado). São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2007.

ABSTRACT

This work aims at to clarify referring points to the mechanics resistance of these

devices and its relation with some transversal measures of the auto-armor-piercing

mini-implants of some diameters of three national manufacturers: Conexão, Neodent

and Sin. A sample of 36 mini-implants divided for diameter in 6 groups had been

evaluated. The evaluated diameters had been 1,3 mm, 1.4 mm, 1.5 mm, 1.6 mm and

1.8 mm. The mini-implants had been measured in its diameters in three points in the

height of its neck: D1- neck or trans-gingival portion; D2- nucleus of the thread soon

after the neck; D3- external portion of the first thread step soon after the neck. The

results were compared to the diameter supplied for the manufacturer. Later, all the

mini-implants had been tested the breaking resistance through torsion assay, getting

as resulted the Torque of Rupture (TR) and the Angular Deflection of Rupture (ADR).

The results showed that only the Neodent mini-implants 1,3 and 1,6 mm had

presented measures coincident with the values supplied for the manufacturer. The

mini-implants had presented a TR and a ADR medium in each group of, 20 N.cm and

174,23 ° for the Neodent 1,3 mm; 33,9 N.cm and 85° for the Sin 1,4 mm; 26,4 N.cm

and 57,47 ° for the Conexão 1,5 mm; 37,5 N.cm and 187,73 ° for the Neodent 1,6

mm ; 48,2 N.cm and 151 ° for the Sin 1,6 mm; e 67,8 N.cm and 143,67 ° for the Sin

1,8 mm. Spearman and Pearson tests showed positive correlation between the TR

for the mini-implants of Neodent and Sin, but the correlation was weak. The statistical

evaluation between the DAR and the diameters measured accused a low correlation

for all manufacturers and diameters studied. It follows that factors such as, design of

the mini-implants, and others can be related to the resistance to fracture the mini-

implants.

Key words: implants, torque, material resistance, orthodontics.

LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 - Resultados do teste de medição para os mini-implantes 1,3 mm Neodent ............................................................................................ 40

Tabela 5.2 - Resultados do teste de medição para os mini-implantes 1,4 mm Sin 40

Tabela 5.3 - Resultados do teste de medição para os mini-implantes 1,5 mm Conexão............................................................................................ 40

Tabela 5.4 - Resultados do teste de medição para os mini-implantes 1,6 mm Neodent ............................................................................................ 40

Tabela 5.5 - Resultados do teste de medição para os mini-implantes 1,6 mm Sin 41

Tabela 5.6 - Resultados do teste de medição para os mini-implantes 1,8 mm Sin 41

Tabela 5.7 - Valores de t observados para cada fabricante e tipo de mini-implante com a Variável: Diâmetro 3 ................................................ 45

Tabela 5.8 - Resultados do Teste de Torção dos mini-implantes 1,3 mm da Neodent ............................................................................................ 47

Tabela 5.9 - Resultados do Teste de Torção dos mini-implantes 1,4 mm da Sin . 48

Tabela 5.10 - Resultados do Teste de Torção dos mini-implantes 1,5mm da Conexão............................................................................................ 49

Tabela 5.11 - Resultados do Teste de Torção dos mini-implantes 1,6mm da Sin .. 50

Tabela 5.12 - Resultados do Teste de Torção dos mini-implantes 1,6mm da Neodent ............................................................................................ 51

Tabela 5.13 - Resultados do Teste de Torção dos mini-implantes 1,8mm da Sin .. 52

Tabela 5.14 - Valor médio de TR, DAR, D1, D2 e D3 de cada grupo de mini-implantes testados ............................................................................ 53

Tabela 5.15 - Desvio padrão de TR, DAR, D1, D2 e D3 de cada grupo de mini-implantes testados ............................................................................ 53

Tabela 5.16 - Correlação entre o TR (torque de ruptura) e os diâmetros medidos. 54

Tabela 5.17 - Correlações entre a DAR (deflexão angular de ruptura) e os diâmetros medidos............................................................................ 56

Tabela 5.18 - Comparação entre fabricantes de mini-implantes de 1,6mm............ 57

Tabela 5.19 - Teste estatístico................................................................................ 60

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 5.1 - Definição da melhor relação entre os diâmetros medidos e os diâmetros fornecidos......................................................................... 42

Gráfico 5.2 - Tipos de teste estatísticos: monocaudais e bicaudais ...................... 44

Gráfico 5.3 - TR X DAR dos mini-implantes 1,3 mm da Neodent ......................... 47

Gráfico 5.4 - TR X DAR dos mini-implantes 1,4 mm da Sin ................................. 48

Gráfico 5.5 - TR X DAR dos mini-implantes 1,5 mm da Conexão. ........................ 49

Gráfico 5.6 - TR X DAR dos mini-implantes 1,6 mm da Sin ..................................... 50

Gráfico 5.7 - TR X DAR dos mini-implantes 1,6 mm da Neodent ......................... 51

Gráfico 5.8 - TR X DAR dos mini-implantes 1,8 mm da Neodent ......................... 52

Gráfico 5.9 - Deflexão Angular de Ruptura dos mini-implantes de 1,6 mm segundo fabricante ........................................................................... 58

Gráfico 5.10 - Torque de ruptura dos mini-implantes de 1,6 mm segundo fabricante ........................................................................................ 59

LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1 - kit Orto Implante da Conexão ............................................................. 25

Figura 4.2 - Mini-implante e a chave manual da Neodent...................................... 26

Figura 4.3 - Mini-implante auto-perfurante e a chave manual da Sin .................... 27

Figura 4.4 - Equipamento usado para o teste de medição .................................... 29

Figura 4.5 - Mini-implante fixado ao bloco metálico ............................................... 30

Figura 4.6 - Microscópio durante o processo de medição ..................................... 30

Figura 4.7 - Mini-implante durante o processo de mensuração ............................. 31

Figura 4.8 - Diferença de diâmetro do núcleo da rosca devido à sua conicidade .. 33

Figura 4.9 - Mini-implante e o desenho esquemático dos diâmetros medidos D1, D2 e D3 .............................................................................................. 34

Figura 4.10 - Pinça mecânica de apreensão onde o mini-implante será fixado ..... 35

Figura 5.1 - Mini-implantes 1,3 mm da Neodent após ensaio de torção ................ 47

Figura 5.2 - Mini-implantes 1,4 mm da Sin após ensaio de torção ........................ 48

Figura 5.3 - Mini-implantes 1,5 mm da Conexão após ensaio de torção ............... 49

Figura 5.4 - Mini-implantes 1,6 mm da Sin após ensaio de torção ........................ 50

Figura 5.5 - Mini-implantes 1,6 mm da Neodent após ensaio de torção ................ 51

Figura 5.6 - Mini-implantes 1,8 mm da Sin após ensaio de torção ........................ 52

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 5

3 PROPOSIÇÃO ................................................................................................ 22

4 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................ 24

4.1 Material ................................................................................................... 25

4.2 Métodos ................................................................................................... 28 4.2.1 Avaliação de algumas dimensões transversais dos mini-

implantes........................................................................................ 29 4.2.1.1 Determinação dos pontos de referência .......................... 32 4.2.1.2 Mensuração dos diâmetros transversais ......................... 33 4.2.2 Teste de resistência à torção ......................................................... 34 4.2.3 Análise Estatística.......................................................................... 36

5 RESULTADOS ................................................................................................ 38

5.1 Avaliação das dimensões transversais dos mini-implantes............... 39

5.2 Correlação entre as medidas fornecidas pelos fabricantes e as medidas obtidas...................................................................................... 42

5.3 Testes de resistência à torção............................................................... 46

5.4 Correlação dos diâmetros medidos nos mini-implantes com o Torque de Ruptura (TR), com a Deflexão Angular de Ruptura (DAR) 53

5.4.1 Correlação entre o TR (torque de ruptura) e os diâmetros medidos ......................................................................................... 54

5.4.2 Correlação entre o ângulo de ruptura e os diâmetros medidos...... 56

5.5 Comparação entre os fabricantes de mini-implantes de 1,6mm ........ 57 5.5.1 Deflexão Angular de Ruptura ......................................................... 57 5.5.2 Torque de Ruptura ......................................................................... 59 5.5.3 Analise Estatística ......................................................................... 59

6 DISCUSSÃO ................................................................................................... 61

6.1 Teste de Medição.................................................................................... 64

6.2 Correlação das medidas obtidas com as medidas fornecidas pelo fabricante ......................................................................................... 65

6.3 Teste de torção ....................................................................................... 65

6.4 Correlação entre o TR (torque de ruptura) e os diâmetros medidos . 67

6.5 Correlação entre a DAR (deflexão angular de ruptura) e os diâmetros medidos................................................................................. 69

6.6 Comparação entre os mini-implantes de 1,6 mm da SIN e Neodent .. 70

7 CONCLUSÃO.................................................................................................. 72

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 75

INTRODUÇÃO

1

2

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, os tradicionais métodos de ancoragem têm sido

constantemente revistos, tendo como objetivo eliminar a necessidade de cooperação

do paciente e a obtenção de níveis de sucesso mais previsíveis no tratamento

ortodôntico.

A utilização de implantes osseointegrados em ortodontia, sugerida

inicialmente por Gainsforth e Higley, em 1945, permitiu a realização de movimentos

dentais sem preocupação com a perda de ancoragem, pois os implantes

permaneciam estáticos em seu leito ósseo, suportando níveis de força

extremamente maiores que aqueles necessários para a movimentação ortodôntica.

Este mesmo princípio incentivou o desenvolvimento de implantes transitórios,

denominados de mini-implante ou micro-implante, empregados exclusivamente

como mecanismo de ancoragem esquelética intra-bucal e usado somente durante o

tratamento ortodôntico. Os mini-implantes transitórios tornaram possíveis

movimentações dentárias que até então eram consideradas de difícil realização, tais

como os movimentos intrusivos para correções de mordidas abertas, as retrações

anteriores e posteriores, entre outras. A sua grande vantagem é a ausência de

movimentação da ancoragem, ou seja, uma ancoragem absoluta.

Nos últimos anos, segundo Marassi et al (2005), alguns tipos de implantes

estão sendo utilizados como ancoragem durante o tratamento ortodôntico, dentre

eles alguns se destacam como os implantes osseointegrados, os implantes

palatinos, as mini-placas de titânio e os mini-implantes.

Dentre os citados, os mini-implantes são os que reúnem as melhores

características, pois são mais versáteis, tem tamanho reduzido, baixo custo, além de

Introdução 3

maior facilidade de inserção e remoção. Em virtude do grande sucesso clínico

obtido, os mini-implantes tornaram-se uma alternativa viável aos métodos de

ancoragem extra e intra-bucais.

Por se tratarem de dispositivos relativamente recentes, ainda existem

algumas questões acerca de sua fabricação, indicação, utilização clínica e remoção,

que requerem maiores esclarecimentos. Melsen relatou em 2005, que algumas

complicações relacionadas aos mini-implantes são freqüentes e podem ser divididos

em problemas relacionados ao mini-implante, problemas relacionados ao operador e

problemas relacionados ao paciente. Marassi et al (2005) afirmou que, dentre as

complicações que podem surgir durante o uso desta técnica, as principais são a

fratura do mini-implante por excessiva força de inserção; infecção e inflamação ao

redor do mini-implante; lesão do ligamento periodontal ou perfuração de raiz dentária

durante a inserção do mini-implante; e presença de mobilidade ou deslocamento do

mini-implante.

Contudo, poucos trabalhos investigaram as características físicas e

mecânicas dos mini-implantes, aferindo o tipo de liga metálica empregado, a

resistência mecânica do material utilizado, o nível máximo de torque suportado pelos

mini-implantes, e assim por diante. A avaliação da qualidade dos mini-implantes no

que concerne a sua resistência à fratura e precisão de suas medidas poderá vir a

ajudar muito na utilização de maneira mais segura e precisa deste excelente

dispositivo ortodôntico de ancoragem.

Este trabalho visa prevenir e esclarecer uma das falhas mais correntes e

danosas ao paciente quando este se submete a um tratamento com mini-implantes,

ou seja, a quebra deste dispositivo dentro do osso. Esta situação pode ocorre

durante a sua inserção, travamento ou remoção. Para tanto investigamos as

Introdução 4

características estruturais e o torque máximo suportado por mini-implantes de vários

diâmetros fabricados por três empresas brasileiras, permitindo assim que os

cirurgiões-dentistas de nosso país tenham maior consciência acerca dos materiais

empregados em sua prática diária.

REVISÃO DE LITERATURA

2

6

2 REVISÃO DE LITERATURA

Uma grande evolução na ortodontia tem ocorrido através dos implantes

transitórios para ancoragem ortodôntica. Atualmente, por meio de mini-implantes ou

parafusos inseridos no osso de forma transitória, é possível a realização de uma

ancoragem absoluta, ou seja, a ausência total de movimentação do segmento de

ancoragem, permitindo somente a movimentação ortodôntica do dente ou segmento

de dentes desejado.

A definição do termo adequado para a sua descrição no meio acadêmico

ainda é bastante confusa. Contudo há consenso sobre alguns pontos específicos.

Mah, Bergstrand e Graham (2005), por exemplo, colocam que o termo “dispositivo

para ancoragem temporária“ se refere a toda uma variação de implantes, parafusos,

pinos, e onplants que são colocados especificamente com a finalidade de

proporcionar ancoragem ortodôntica e são removidos após a completa terapia

ortodôntica. Apesar de não haver uma concordância geral para o uso de um único

termo, tem se observado que “mini-implante” é mais apropriado que micro-implante,

pois de uma perspectiva da nomenclatura científica o termo “micro” é definido como

a parte de qualquer unidade dividida por um milhão ou 10−6 (um milionésimo).

Como convenção, neste trabalho será usado o termo mini-implante como

nomenclatura para definir o ‘‘dispositivo para ancoragem temporária”e será revisada

a literatura pertinente exclusivamente aos dispositivos que se encaixem nestas

características, excluindo todos os outros dispositivos de ancoragem ortodôntica

descritos por Marassi (2005) na Introdução.

Revisão de literatura 7

Perspectiva histórica

Em 1945, Gainsforth e Higley testaram em mandíbulas de cães pela primeira

vez a utilização de parafusos de vitalium como ancoragem ortodôntica. Uma força de

tração foi aplicada ao parafuso através de um elástico ortodôntico conectado a um

aparelho maxilar. Contudo os autores não obtiveram sucesso, pois nesta pesquisa

os parafusos só se mantiveram estáveis por no máximo um mês após a aplicação da

força.

Com o descobrimento da ósseointegração por Branemark (1969) e a

utilização do titânio, um material de excelente biocompatibilidade, é que foi possível

obter altas taxas de sucesso com o implante dentário, que até então havia

experimentado uma série de fracassos com os implantes agulhados e justa-ósseos.

Mesmo assim, somente após um longo período é que se voltou a estudar a

ancoragem esquelética com implantes. O primeiro trabalho com sucesso foi de

Creekmore e Eklund, em 1983, que fizeram o relato de um caso clínico em que foi

inserido um implante abaixo da espinha nasal anterior e realizado o movimento de

intrusão dos incisivos superiores, em um paciente com uma mordida profunda e

sorriso gengival, obtendo excelentes resultados e ausência de mobilidade do

implante após um ano de tratamento. O sucesso da movimentação e a ausência de

sua mobilidade poderam ser explicado por se tratar de um implante bastante largo,

porem, tais resultados não se aplicam na rotina clinica em decorrência da difícil

remoção de um implante já ósseointegrado.

Já em 1984, Roberts et al. avaliaram em animais, a adaptação óssea em

implantes sob força continua, demonstrando um grande potencial para firme

ancoragem óssea em ortodontia e ortopedia dentofacial.

Revisão de literatura 8

A descrição de um mini-implante especificamente desenhado para uso

ortodôntico foi feita por Kanoni, em 1997, sendo preconizado por ele mini-implantes

com 1,2 mm de diâmetro e 6,0 mm de comprimento, pequeno o suficiente para ser

usado entre as raízes de molares.

Costa, Raffini e Melsen, em 1998, desenvolveram um mini-implante

ortodôntico cuja extremidade externa simulava o encaixe de um braquete, e

apresentava 2 mm de diâmetro e 9 mm de comprimento. Este dispositivo, de acordo

com os autores tem colocação e remoção simplificada e a aplicação da força pode

ser feita imediatamente após a sua inserção. Contudo, a sua estabilidade é limitada

quando uma força de torção é aplicada ao dispositivo durante o período de ativação.

Em 2000, Gray e Smith apresentaram um caso clinico utilizando implantes

ortodônticos para ancoragem chamados de MTI (Modular Transitional Implant).

Estes dispositivos foram apresentados com um diâmetro de 1,8 mm e disponíveis

em comprimentos de 14 mm, 17 mm e 21 mm, sendo que a extremidade externa, ou

seja, a soma da dimensão da cabeça e do perfil trans-mucoso apresentava

exatamente 7 mm. Estes autores ponderaram que, enquanto os implantes dentários

tendem a resistir a forças pesadas e intermitentes da oclusão, as forças ortodônticas

aplicadas sobre os mini-implantes são menores e mais constantes. Segundo os

autores, o dispositivo ideal para ancoragem ortodôntica deveria ser: pequeno; capaz

de ancorar; de fácil colocação; resistente às forças ortodônticas; passível da

aplicação de carga imediata; usado com as mecânicas ortodônticas convencionais; e

de fácil remoção.

Em 2001, Ohmae et al. fizeram um trabalho de avaliação histológica e clínica

dos mini-implantes de titânio para ancoragem por meio do movimento ortodôntico de

intrusão em cães. Neste estudo foram colocados 3 mini-implantes por vestibular

Revisão de literatura 9

(mesial, septo inter-radicular e distal do ápice radicular) e 3 por lingual do terceiro

pré-molar inferior do lado direito e esquerdo de 3 cães da raça Beagle. Os mini-

implantes inter-radiculares bilaterais por palatino e por vestibular foram usados como

ancoragem para o movimento de intrusão do dente. Os outros mini-implantes que

ficaram sem carga serviram de controle. Os resultados clínicos demonstraram a

eficiência dos mini-implantes com uma média de intrusão de 4,5mm durante o

período de 12 a 18 semanas de aplicação de força, já os mini-implantes de controle

não mostraram nenhum deslocamento. Histologicamente foi observado suave

reabsorção radicular nas áreas de bifurcação assim como no ápice radicular. Os

achados morfométricos indicaram que a calcificação do osso peri-implantar dos mini-

implantes com carga foi igual ou levemente maior que aqueles do controle.

Melsen e Lang, em 2001, também constataram em um estudo sobre as

reações biológicas do osso alveolar frente a uma carga ortodôntica aplicada sobre

implantes orais, que a magnitude da força influenciaria significativamente o

”turnover” e a densidade do osso alveolar nas proximidades do implante. Contudo,

até mesmo implantes que não sofreram carga ortodôntica tenderam a manter as

características ósseas do processo alveolar. Por outro lado, o grau de

ósseointegração pareceu ser independente da presença ou não de carga sobre o

implante.

Uma excelente revisão da literatura foi feita por Favero, Brollo e Bressan

(2002) analisando os maiores estudos publicados entre 1970 e 2000 relacionados ao

uso de implantes para ancoragem ortodôntica. A análise da literatura foi dividida em

tópicos específicos como: materiais, tamanhos e formas dos dispositivos,

biomecânica, tempo de cicatrização para aplicação da força, nível de força usada,

procedimento cirúrgico e critérios para o sucesso. Os autores observaram que

Revisão de literatura 10

muitas pesquisas foram feitas no intuito de reduzir o tamanho do implante, pois, tem

sido observado que a estabilidade primária imediatamente após a sua instalação

exerce importância fundamental no sucesso dos implantes transitórios. Estas

considerações têm permitido o uso de sistemas de implantes que não se

osteointegram, pois, os níveis de força utilizados em ortodontia são baixos em

relação ao de implantes dentários. Apesar dos índices de sucesso da técnica terem

sido bastante satisfatórios e o trauma cirúrgico ter sido reduzido, ainda, é necessária

a padronização do sistema para oferecer uma intervenção mais simples para o

operador e segura para o paciente.

Sobre o uso dos mini-implantes, em 2002, Bae et al. descreveram uma

aplicação clínica para a ancoragem absoluta em um caso de sorriso gengival e

relação de caninos de classe II. O paciente teve sua má oclusão corrigida com a

intrusão e a retração de toda a bateria anterior, sem qualquer perda de ancoragem.

Neste mesmo ano de 2002, Park , Kyung e Sung descreveram um método

simplificado para verticalização de molares com a aplicação dos mini-implantes na

região distal e vestibular ao segundo molar inferior, definido através de tomografia

computadorizada da mandíbula. De acordo com os autores, segundos molares

superiores e inferiores poderiam ser verticalizados sem efeitos colaterais nos dentes

anteriores e sem o uso de aparelho fixo total. Este método de intrusão dos molares

eliminaria a necessidade de desgastes para redução oclusal destes dentes.

O desenvolvimento dos mini-implantes ortodônticos para ancoragem

intrabucal foi relatado por Kyung et al. (2003), através de suas características físicas,

da seleção dos tipos adequados de mini-implantes, dos seus sítios de inserção,

procedimentos de colocação, cuidados e complicações pós-cirúrgicas. As

conclusões descritas foram de que, o sucesso dos mini-implantes dependeria de

Revisão de literatura 11

diversos fatores, tais como: a habilidade do cirurgião, as condições físicas do

paciente, adaptação do mini-implante, seleção dos sítios de inserção além de uma

adequada higiene oral. Ainda foi notado que consideravelmente poucas falhas foram

observadas quando os mini-implantes foram colocados em áreas de gengiva

inserida, se comparadas com as áreas de gengiva marginal ou livre. Também se

constatou que um consentimento informado adequado deveria ser utilizado antes

que a cirurgia fosse feita.

Fatores relacionados com a estabilidade de mini-implantes colocados na

região posterior para ancoragem ortodôntica foram estudados por Miyawaki et al

(2003). Os resultados permitiram concluir que mini-implantes com diâmetro menor

ou igual a 1,0 mm, inflamação do tecido peri-implantar, e plano mandibular com

ângulo alto (ex. osso cortical fino), estavam associados com a mobilidade ou perda

dos mini-implantes para ancoragem ortodôntica. Contudo, não foi possível detectar

uma associação significativa entre as taxas de sucesso e as seguintes variáveis:

comprimento do mini-implante, uso ou não de carga imediata, tipo de cirurgia de

colocação, local de implantação, idade, gênero, apinhamento dentário, relação

antero-posterior das bases ósseas, periodontite controlada e sintomas de desordens

têmporo-mandibulares.

Enacar et al., em 2003, descreveram a aplicação dos mini-implantes

associada à terapia com máscara facial apresentando um caso clínico de hipoplasia

da maxila e severa oligodontia. O plano de tratamento proposto seria o

deslocamento anterior da maxila com a máscara facial. Devido à falta de dentes

disponíveis, um mini-implante para ancoragem absoluta colocado no osso maxilar foi

usado conjugado com os dentes remanescentes. Após três semanas foi aplicada

Revisão de literatura 12

uma forca de aproximadamente 800 g, obtendo um significativo deslocamento do

complexo maxilar após o período de 7 meses.

O tratamento da mordida aberta anterior com o uso dos mini-implantes e a

apresentação de um caso clínico foi feito por Park, Kwon e Kwon, em 2004. Neste

estudo foram utilizados mini-implantes na região mésio-vestibular dos primeiros

molares superiores e na disto-vestibular dos primeiros molares inferiores e extrações

de quatro pré-molares foram realizadas. Os mini-implantes maxilares permitiram a

ancoragem para a intrusão dos dentes posteriores e retração dos dentes anteriores,

já os mandibulares foram usados para aplicar forças intrusivas distais aos primeiros

molares inferiores, para assim prevenir o movimento mesial dos dentes posteriores

durante o fechamento do espaço. O fechamento do plano mandibular após a

intrusão dos dentes superiores e o movimento mesial de corpo dos molares

inferiores contribuíram para uma melhora no perfil facial.

Casos clínicos de mini-implantes foram descritos por Park, Kwon e Sung

(2004) em dois artigos, um deles demonstrando sua aplicação na verticalização de

segundos molares que se apresentavam em mordida cruzada dentária. O caso foi

corrigido empregando elásticos inter-maxilares apoiados em mini-implantes

instalados na região vestibular do arco inferior e palatina do arco superior. O outro

artigo dos autores descreveu a aplicação dos mini-implantes no tratamento de

dentes retidos, promovendo a erupção forçada de caninos impactados.

Outro relato de caso foi feito por Kuroda, Katayama e Takama-Yamamoto em

2004, descrevendo a utilização dos mini-implantes para correção de mordida aberta

anterior severa em um paciente adulto de 33 anos. Os resultados mostraram que o

mento retrognata e o perfil convexo da paciente foram melhorados graças a uma

rotação anti-horária da mandíbula. Os mini-implantes provaram serem úteis para

Revisão de literatura 13

intrusão de molares e a conseqüente resolução de casos severos de mordida aberta

anterior.

Teixeira e Escossia Jr, ainda em 2004, publicaram o relato de um caso clínico

descrevendo a eficiência dos mini-implantes instalados na região retro-molar de

ramo da mandíbula para a verticalização de molares inferiores com inclinação mesial

acentuada.

Liou, Pai e Lin (2004) avaliaram por meio de sobreposição de teleradiografias,

se os mini-implantes permaneciam imóveis quando submetidos a forças

ortodônticas. Os resultados obtidos demonstraram que os mini-implantes poderiam

ser considerados um método de ancoragem estável, contudo eles não permaneciam

absolutamente imóveis quando submetidos a forças ortodônticas. Os mini-implantes

inclinaram significativamente no sentido da força, mais especificamente na cabeça

do mini-implante, obtendo em média 0,4 mm de inclinação. Os autores

recomendaram que eles fossem colocados em áreas apoiadas por dentes e com

uma margem de segurança de 2 mm entre o mini-implante e a raiz do dente, e em

áreas não apoiadas por dentes, que não tenham forames, grandes nervos e

passagem de vasos sanguíneos.

Carano et al (2004) procuraram avaliar a resistência mecânica dos mini-

implantes. Verificaram também se os locais comumente utilizados para a inserção

dos mini-implantes no processo alveolar eram sítios seguros para sua instalação. Os

resultados obtidos demonstraram que o valor médio da resistência à torção de mini-

implantes de 1,5 mm foi de 48,7 N.cm e para os de 1,3 mm foi de 23,4 N.cm. Já a

resistência à flexão para os de 1,5 mm e de 1,3 mm foi de 120,4 N.cm e de 63,7

N.cm., respectivamente. Já a avaliação dos sítios mais seguros para a instalação

dos mini-implantes foi feita neste trabalho por meio de tomografias computadorizada

Revisão de literatura 14

tridimensionais de maxilas de 50 pacientes. Desta pode ser constatado que a região

alveolar da maxila entre o segundo pré-molar e o primeiro molar por palatino seria a

área com maior espessura óssea mésio-distal e lábio-palatina. Porém, a mesma

espessura lábio-palatina foi observada também entre o primeiro e o segundo molar.

O túber da maxila foi considerado a área mais inadequada para a realização dos

mini-implantes em todos os sentidos.

Uma pesquisa feita por Huja et al em 2005, teve como intenção investigar, em

cães, se a resistência à tração dos mini-implantes monocorticais no osso variavam

de acordo com o local de instalação na maxila e na mandíbula. Os autores

acreditavam que a diferença de espessura da cortical óssea poderia influenciar no

potencial de falha destes dispositivos. Os resultados obtidos demonstraram que a

resistência à tração difere significativamente nas diferentes localizações na

mandíbula e na maxila, sendo muito maior na região posterior dos maxilares.

Observou-se também a existência de diferentes espessuras na cortical óssea nos

diferentes locais da maxila e mandíbula, sendo o osso cortical mais fino na região

anterior dos maxilares. Houve uma fraca, mas significante, correlação entre a

resistência à tração e a espessura da cortical óssea. Chegou-se à conclusão que a

resistência à tração dos mini-implantes corticais foi suficiente para suportar cargas

ortodônticas.

Suzuki e Buranastidporn, em 2005, descreveram que a colocação dos mini-

implantes entre as raízes dos dentes tem sido um grande desafio, principalmente por

causa do espaço limitado e o risco de lesão das raízes durante a sua inserção.

Diante do descrito, os autores desenvolveram um guia cirúrgico tridimensional, que

permitiria uma instalação segura dos mini-implantes mesmo em áreas inter-

radiculares. Este guia cirúrgico ajustável consiste de um conector horizontal com

Revisão de literatura 15

articulações em cada extremidade e presa a dois braços verticais que giram em

diferentes eixos. Um dos braços se prende ao fio ortodôntico e o outro é preso a

uma haste com 5 mm de comprimento, com um tubo de 3 mm de diâmetro interno

na extremidade. Estas hastes permitem inclusive a colocação dos mini-implantes

com ângulos de 30 a 40º em relação ao longo eixo do dente.

Uma revisão sobre implantes dentários para ancoragem ortodôntica foi feita

por Huang, Shortwell e Wang, em 2005, abordando os conceitos atuais sobre as

indicações, materiais, tipos, tamanhos, cirurgia e seu tempo de cicatrização, força e

biomecânica, tempo para aplicação da força, as considerações pós-tratamento e as

suas desvantagens. Sobre materiais foi colocado que o mini-implante deve ser

atóxico, biocompatível, possuir excelentes propriedades mecânicas e ser resistente

ao estresse, tensão e corrosão. O material que mais se aproxima destas

características é o titânio, porem o titânio puro tem uma menor resistência à fadiga

do que uma liga de titânio. A liga de titânio que supera esta desvantagem é a

Titânio- 6Alumínio- 4Vanádio a mais usada para mini-implantes. Os autores também

colocam que existem diversos tamanhos de implantes para ancoragem variando de

mini-implante (6 mm de comprimento e 1,2 mm diâmetro) ao implante dentário

comum (6-15 mm de comprimento a 3-5 mm diâmetro). Segundo os autores o

tamanho e o formato dos implantes para ancoragem ortodôntica devem ser

compatíveis com o osso disponível do leito cirúrgico e com o plano de tratamento.

Cope (2005) apresentou um artigo definindo e classificando os dispositivos

temporários de ancoragem ortodôntica, cobrindo o seu desenvolvimento histórico, os

parâmetros biológicos básicos para o seu uso e as questões que necessitam de

maiores pesquisas experimentais para se tornarem incorporados a prática diária e

rotineira. Como por exemplo, qual a força máxima que podem ser aplicadas a um

Revisão de literatura 16

mini-implante? Pode-se usar mini-implantes para tratamentos ortopédicos? Estes,

além de diversos outros questionamentos, ainda precisam de maiores pesquisas

para a sua elucidação, segundo o autor.

Soares e Tortamano (2005), concluíram que os mini-implantes isolados eram

incapazes de resistir à forças rotacionais e a sua estabilidade dependia de fatores

diretamente relacionados a prevenção da inflamação do tecido peri-implantar, ao

diâmetro do mini-implante, à implantação em gengiva inserida e à espessura da

cortical óssea, fator este intimamente ligado ao padrão facial. Se todos estes

aspectos forem observados, as taxas de sucesso poderiam chegar perto de 100%.

De acordo com Melsen (2005), as aplicações clínicas dos mini-implantes

eram descritas em vários artigos, e geralmente em casos clínicos nos quais novas

abordagens são descritas como alternativas aos métodos de ancoragem

convencionais. A maioria dos casos se encaixa nas seguintes categorias:

Pacientes com falta de dentes para aplicação de ancoragem convencional;

Casos onde a força da unidade reativa poderia gerar efeitos colaterais

desagradáveis;

Pacientes com necessidade de movimentação dentária assimétrica em todos os

planos do espaço;

E em alguns casos, como uma alternativa à cirurgia ortognática.

Marassi et al, em 2005, colocaram que em um estudo realizado na clínica de

especialização em Ortodontia da Unigranrio avaliando 190 mini-implantes instalados

sem retalho e com aplicação de força imediata ou no máximo em 30 dias, foi obtido

um índice de sucesso de 91%. A maioria dos estudos tem indicado índices gerais de

Revisão de literatura 17

sucesso entre 84 e 93%. Os índices de sucesso acima foram obtidos logicamente se

seguidos todos os procedimentos de planejamento, e técnica cirúrgica adequadas

para uma estabilidade primária. De acordo com os autores as chaves para o

sucesso estão relacionadas aos seguintes cuidados:

1. Planejamento cuidadoso na escolha do local de instalação, do tipo de mini-

implante e do nível de força aplicado sobre o mesmo;

2. Evitar cirurgia traumática, utilizar contra-ângulo de redução, e irrigação adequada

para evitar o aquecimento durante a perfuração;

3. Evitar instalação de mini-implantes em mucosa alveolar;

4. Utilizar mini-implante mais espesso ou dois implantes conjugados nos casos de

pacientes dólicofaciais ou com corticais delgadas;

5. Evitar aplicação de força excessiva sobre o mini-implante durante o tratamento;

6. Fornecer orientações pós-operatórias contendo instruções sobre a correta

higiene bucal ao redor do implante, e evitar a pressão com a língua ou com o

dedo sobre o mini-implante;

7. Evitar processos inflamatórios ao redor do mini-implante durante o seu período

de uso como ancoragem ortodôntica.

Contudo, Melsen (2005) relatou que apesar dos altos índices de sucesso as

complicações foram freqüentes e podem ser divididas em:

Problemas relacionados ao mini-implante:

o Um mini-implante pode fraturar se ele for muito estreito ou a área do pescoço

não é resistente o suficiente para suportar o”stress” da remoção.

Revisão de literatura 18

o Infecção ao redor do mini-implante poderia se desenvolver se a sua porção

trans-mucosa não fosse inteiramente lisa. Nestas situações, se um sistema de

mini-implante com comprimento variável de pescoço for usado, o clínico pode

selecionar aquele que melhor se adapte a área de implantação.

Problemas relacionados ao operador:

o Aplicação de excessiva pressão durante a inserção de um mini-implante auto-

perfurante poderia levar à fratura da ponta do mini-implante.

o O aperto excessivo do mini-implante poderia causar a sua folga ou perda.

Parar de torcer o mini-implante assim que a parte lisa do pescoço tiver

alcançado o periósteo foi imprescindível.

o Não tremer a chave do implante quando for remover da cabeça do mini-

implante. Deve-se remover primeiro o alongador da chave antes de remover a

parte presa à cabeça do mini-implante.

Problemas relacionados ao paciente:

o O prognóstico para a estabilidade primária de um mini-implante foi pobre em

casos onde a cortical é mais fina que 0,5mm e a densidade do trabeculado

óssea é muito baixa;

o Em pacientes com mucosa espessa, a distância entre o ponto de aplicação

da força e o centro da resistência do mini-implante foi muito maior que o

normal, gerando assim um grande momento quando a força for aplicada.

o A perda do mini-implante pode ocorrer, mesmo que ocorra estabilidade

primária, se o mini-implante for inserido em uma área com considerável

remodelação óssea como em áreas de reabsorção de dentes decíduos e de

cicatrização pós-extração.

Revisão de literatura 19

o Mini-implantes foram contra-indicados em pacientes com alterações

sistêmicas no metabolismo ósseo causadas por doenças, medicações e

tabagismo exagerado.

Mah, Bergstrand e Graham (2005) produziram um relatório sobre o status

atual dos dispositivos de ancoragem temporária e o impacto que estes dispositivos

têm proporcionado no planejamento e na execução dos tratamentos ortodônticos

atuais. Neste relatório foi colocado dentre outros assuntos que as falhas e

complicações têm dramaticamente sido reduzidas através dos novos desenhos e

novas técnicas de colocação, permitindo um grande aumento nas taxas de sucesso

na utilização principalmente dos mini-implantes. Foi observado que os resultados

têm sido mais satisfatórios nas maxilas do que nas mandíbulas e mais em adultos

do que em crianças. Dentre as complicações a quebra e o dano às raízes dos

dentes adjacentes foram as mais observadas e discutidas.

Melsen e Verna (2005) classificaram as complicações relacionadas ao uso

dos mini-implantes como raras e podem ser divididas em três grupos:

Complicações durante a inserção;

o Falta de estabilidade inicial, devido à espessura inadequada da cortical

óssea. Se isto ocorrer, deve ser selecionada uma nova localização.

o Inserção do mini-implante no ligamento periodontal ou na raiz do dente. Se

isto ocorrer deve-se remover e inserir o mini-implante em um novo sítio.

Complicações durante o período de aplicação da força;

o O mini-implante pode se tornar folgado. Se isto acontece, não se deve

esperar que ele se estabilize, mas deve ser removido e reposicionado.

Revisão de literatura 20

o A hipertrofia da mucosa pode acontecer adjacente ao mini-implante.

Geralmente está relacionada à pobre higiene oral e a colocação do mini-

implante em gengiva livre e não em gengiva inserida.

Complicações na remoção;

o O mini-implante pode, em um primeiro momento, não ser removido

facilmente. Normalmente isto se resolve naturalmente alguns dias após a

primeira tentativa de remoção, pois o dispositivo tende a se tornar folgado

devido aos esforços iniciais.

o O mini-implante pode fraturar na sua remoção. Inicialmente acontecia com

freqüência devido a uma fraqueza na região do pescoço do mini-implante.

Carano et al (2005), realizaram um estudo até então inédito avaliando as

propriedades mecânicas dos mini-implantes comercialmente disponíveis. Foram

selecionados três sistemas de mini-implantes auto-rosqueantes usados como

ancoragem em tratamentos ortodônticos com 1,5 mm de diâmetro e 11 mm de

comprimento( seis unidades de cada sistema). Os resultados compararam a

resistência ao dobramento, ao torque e ao tracionamento de cada mini-implante e

também o momento de inserção necessário para a completa inserção de cada

unidade. Os autores concluíram que todos os tipos de mini-implantes apresentaram

propriedades mecânicas que condizem com o uso seguro como ancoragem

ortodôntica em ortodontia. Os resultados do teste de dobramento mostraram que foi

necessário aplicar forças maiores que 120 N.cm (aproximadamente 12 kg) para que

ocorresse a sua quebra. Já para os testes de torção seria necessário aplicar

momentos maiores que 40 N.cm (aproximadamente 4kg) para que ocorresse a sua

fratura. Os momentos de inserção se aproximaram de 10 N.cm na maioria dos mini-

Revisão de literatura 21

implantes. Sobre os testes de tracionamento, apesar de não terem significado

clínico, pois é quase impossível ser necessário se aplicar força para o total

tracionamento dos mini-implantes, contudo, os resultados mostraram que a

geometria das roscas tem grande influência no resultado final dos testes de

tracionamento.

Motoyoshi et al (2006) procuraram definir, em pesquisa cientifica, a

recomendação de torque ideal para inserção e travamento necessário à fixação dos

mini-implantes ortodônticos. Foram analisados 41 pacientes ortodônticos num total

de 124 mini-implantes. A taxa de sucesso chegou a 85% diante do total de pacientes

avaliados. O torque de colocação do mini-implante teve uma amplitude de 7,2 a 13,5

N.cm, dependendo da localização de inserção dos mini-implantes. Segundo os

autores, o torque de inserção recomendado está dentro da amplitude de 5 a 10

N.cm.

Villela, Bezerra e Laboissière em 2006 descreveram as características dos

mini-implantes ortodôntico auto-perfurantes e um novo protocolo cirúrgico, mais

simples e mais seguro. O desenho do mini-implante agora cônico e com uma ponta

cortante e perfurante facilitou a técnica cirúrgica, reduzindo o uso do motor e contra-

ângulo a casos onde a chave manual não terem acesso, como por exemplo, regiões

posteriores do palato. Este fato favoreceu ainda mais a utilização da ancoragem

esquelética nos planejamentos ortodônticos atuais, estimulando os próprios

ortodontistas a efetuarem a instalação dos mini-implantes e ingressarem nesta nova

vertente de forma definitiva.

PROPOSIÇÃO

3

23

3 PROPOSIÇÃO

Este trabalho visou avaliar aspectos físicos e mecânicos de mini-implantes, de

diferentes espessuras e comprimentos, das marcas comerciais brasileiras Conexão,

Sin e Neodente. Para tanto nos propusemos a:

3.1 Mensurar e avaliar, em microscópio de medição adaptado a um aparelho com

sistema laser de medição, a dimensão transversal do pescoço do mini-implante

próximo do início da rosca; o diâmetro do núcleo da rosca, após o pescoço do

mini-implante; e finalmente o diâmetro externo do primeiro fio da rosca, após o

pescoço do mini-implante;

3.2 Correlacionar as medidas fornecidas pelo fabricante com as medidas obtidas

após teste de medição;

3.3 Determinar, em teste de resistência mecânica, o valor do Torque de Ruptura

(TR) e da Deflexão Angular de Ruptura (DAR) dos diferentes modelos de mini-

implantes;

3.4 Correlacionar os diâmetros medidos nos mini-implantes com o Torque de

Ruptura (TR) e com a Deflexão Angular de Ruptura (DAR);

3.5 Comparar e correlacionar os mini-implantes 1,6 mm da Sin com o 1,6 mm da

Neodent, quanto a o Torque de Ruptura (TR) e à Deflexão angular de Ruptura.

MATERIAL E MÉTODOS

4

25

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Material

Os mini-implantes utilizados para ancoragem ortodôntica testados foram

selecionados entre três fabricantes brasileiros com maior penetração no mercado:

Conexão, Neodent e Sin.

Os da marca Conexão são comercializados em diâmetros de 1,5 mm e 2,0

mm (mini-implante de emergência), com diferentes comprimentos da parte

rosqueável sendo eles de 6, 9 e 12 mm e com subdivisões em pescoços ou cintas

de 1, 2 e 3 mm. São parafusos cônicos com rosca auto-perfurante e ponta com

chanfro. A sua cabeça se apresenta com aproximadamente 4 mm de altura e 2 mm

de largura, sendo dividida em uma parte com uma perfuração perpendicular ao seu

longo eixo para encaixe de fio mola ou elástico ortodôntico e uma parte sextavada

com adaptação para a chave de torque do ”abutmen” e a chave manual. Foram

testados neste trabalho somente os implantes de diâmetro de 1,5 mm, pois os mini-

implantes de 2 mm apresentavam uma resistência à fratura bastante elevada, não

sendo o foco de nossa pesquisa (Figura 4.1).

Figura 4.1 - kit Orto Implante da Conexão

Material e métodos 26

Os mini-implantes da Neodent são apresentados e comercializados em

diâmetros de 1,3 e 1,6 mm, com comprimentos da parte rosqueável de 7, 9 e 11 mm

e subdivididos em pescoço ou cinta do tipo baixa, média e alta, com alturas

respectivamente de 0 mm, 1 mm e 2mm. São parafusos cônicos com rosca

autoperfurante e ponta rombóide. A sua cabeça se apresenta com altura e largura

de cerca de 3 mm, sendo dividida em duas partes: uma com perfuração

perpendicular ao seu longo eixo para encaixe de fio, mola ou elástico ortodôntico e

outra com uma parte sextavada com adaptação para a chave de torque do

“abutment” e a chave manual ( Figura 4.2).

Figura 4.2 - Mini-implante e a chave manual da Neodent

Os mini-implantes fabricados pela empresa Sin são apresentados e

comercializados em diâmetros de 1,4; 1,6 e 1,8 mm e com comprimentos da parte

rosqueável de 6, 8 e 10 mm e subdivididos em pescoço ou cinta de 0 mm, 1 mm, 2

mm, e 4 mm. São parafusos cônicos com rosca e ponta auto-perfurante. A sua

cabeça se apresenta de duas formas: tipo convencional ou tipo braquete. Ambas se

apresentam com altura e largura de aproximadamente 2 mm sendo divididas em

duas partes, uma parte sextavada com adaptação para a chave de torque do

“abutment” ou a chave manual e uma parte com uma perfuração perpendicular ao

Material e métodos 27

seu longo eixo, para encaixe de fio, mola ou elástico ortodôntico. Podem também

apresentar cabeça tipo braquete (em cruz) para o encaixe de fio ortodôntico redondo

ou retangular (Figura 4.3).

Figura 4.3 - Mini-implante auto-perfurante e a chave manual da Sin .

Nesta pesquisa foi convencionado utilizar durante os testes somente os mini-

implantes de maiores comprimentos de cada fabricante 12,11 e 10 mm

respectivamente, Conexão, Neodent e Sin. Todos os mini-implantes também se

apresentavam com o pescoço ou cinta de 1 mm.

Para cada tipo de mini-implante foram testadas 06 peças pertencentes ao

mesmo lote de fabricação e com as mesmas especificações de diâmetro e

comprimento. Para cada lote de seis mini-implantes idênticos de cada fabricante foi

utilizada uma (01) chave manual.

Os da Conexão foram testados seis unidades com as seguintes especificações:

Diâmetro de 1,5 mm, comprimento 12 mm e pescoço de 1 mm.

Os da Neodent foram testados 12 unidades sendo:

o 06 unidades com diâmetro de 1,3 mm, comprimento de 11 mm e pescoço de

1 mm.

Material e métodos 28

o 06 unidades com diâmetro de 1,6mm, comprimento de 11 mm e pescoço de 1

mm.

Os da Sin foram testados 18 unidades sendo:

o 06 unidades com diâmetro de 1,4 mm, comprimento de 10 mm e pescoço de

1 mm.

o 06 unidades com diâmetro de 1,6 mm, comprimento de 10 mm e pescoço de

1 mm.

o 06 unidades com diâmetro de 1,8 mm, comprimento de 10 mm e pescoço de

1 mm.

Além disso, foram utilizados os seguintes equipamentos:

Um Microscópio de Medição Universal da marca Carl-Zeiss adaptado a um

aparelho com sistema laser de medição, pertencente ao Laboratório de

Metrologia da Mitutoyo Sul Americana Ltda;

Um bloco de ensaio de alumínio com três furos de diâmetros de diferentes, para

fixação dos mini-implantes;

Uma Máquina Universal de Ensaios EMIC DL 10.000;

Uma pinça mecânica de apreensão adaptada à Máquina Universal de Ensaios,

para fixação dos mini-implantes.

4.2 Métodos

Ao todo foram testados 36 mini-implantes divididos em 6 grupos. Os testes

foram realizados no Laboratório de Metrologia da Mitutoyo Sul Americana Ltda. em

Suzano-SP e no Laboratório de Teste de Metais do CCDM (Centro de

Material e métodos 29

Caracterização e Desenvolvimento de Materiais) da Universidade Federal de São

Carlos - UFSCar / UNESP.

4.2.1 Avaliação de algumas dimensões transversais dos mini-implantes

O primeiro teste, a avaliação das dimensões transversais dos mini-implantes,

foi realizado no Laboratório de Metrologia da Mitutoyo Sul Americana Ltda., onde

todos os mini-implantes foram mensurados antes da realização dos testes de

resistência à fratura.

Equipamento:

Esta mensuração foi feita por um Microscópio de Medição Universal da marca Carl-

Zeiss adaptado a um aparelho com sistema laser de medição (equipamento

normalmente utilizado para a calibração de microscópios). O conjunto foi conectado

a um computador para armazenar as informações de forma digital (Figura 4.4).

Figura 4.4 - Equipamento usado para o teste de medição.

Material e métodos 30

Procedimento:

O processo de medição seguiu o Procedimento de Medição: PML-0048

(Procedimento de Medição do Laboratório Mitutoyo) Versão 1/0 brevemente descrito

abaixo:

1. Em um bloco de ensaio de alumínio foram confeccionados três furos de

diâmetros de diferentes, mas que pudessem ser fixados de maneira firme e

estável os diferentes diâmetros dos mini-implantes testados (Figura 4.5).

Figura 4.5 - Mini-implante fixado ao bloco metálico.

2. Este bloco metálico foi posicionado de maneira ortogonal ao eixo do microscópio

(Figura 4.6).

Figura 4.6 - Microscópio durante o processo de medição

Material e métodos 31

3. Com a peça focalizada na ocular do microscópio, foi tangenciado o traço de

referência da ocular do microscópio na lateral do parafuso, e obtida uma primeira

leitura no contador do equipamento de medição. O braço foi novamente

tangenciado para a determinação de outra leitura na lateral oposta do parafuso.

A distância entre as duas leituras corresponde ao diâmetro do local medido no

parafuso (Figura 4.7).

Figura 4.7 - Mini-implante durante o processo de mensuração.

O equipamento de medição a laser mede o deslocamento do curso da mesa

do microscópio e transfere esta informação de forma digital para o computador.

Este teste avaliou o design do parafuso, precisão das medidas fornecidas

pelo fabricante e as características inerentes a cada fabricante (Figura 4.8).

As medições foram realizadas como descrito abaixo:

D1xD2x

D1y D2y

D3x

D3y

Material e métodos 32

4.2.1.1 Determinação dos pontos de referência

A demarcação dos pontos exatos da medição foi feita através do traço de

referência da ocular do microscópio, que determinou o ponto exato de medição

como descrito abaixo e representado na Figura 4.7:

D1x - Ponto mais externo da dimensão transversal do pescoço ou porção trans-

mucosa que esteja mais próxima do início da rosca do mini-implante.

D1y - Ponto no extremo oposto do ponto mais externo da dimensão transversal do

pescoço ou porção trans-mucosa que esteja mais próxima do início da rosca

do mini-implante.

D2x - Ponto médio mais externo da dimensão transversal do núcleo da rosca após o

pescoço e antes do primeiro fio da rosca após o pescoço do mini-implante.

D2y - Ponto no extremo oposto do ponto médio mais externo da dimensão

transversal do núcleo da rosca após o pescoço e antes do primeiro fio da rosca

após o pescoço do mini-implante.

D3x - Ponto mais externo da dimensão transversal do primeiro fio da rosca após o

pescoço do mini-implante.

D3y - Extremo oposto do ponto mais externo da dimensão transversal do primeiro fio

da rosca após o pescoço do mini-implante.

OBS: Como todos os mini-implantes testados são cônicos foi observada na medida

D2 uma diferença entre o núcleo da rosca mais próxima ao pescoço e a região do

núcleo mais próxima ao primeiro fio da rosca. Esta diferença foi em média de 0,02

mm de cada lado, (como descrito na Figura 4.8), ou seja, uma diferença média de

Material e métodos 33

0,04 mm. Em decorrência disto foi feita a medição no ponto médio ou central do

núcleo da rosca para todos os mini-implantes.

Figura 4.8 - Diferença de diâmetro do núcleo da rosca devido à sua conicidade.

4.2.1.2 Mensuração dos diâmetros transversais

Através da localização dos pontos, o equipamento utilizado para medição

determina com uma precisão de 0,001 mm a distância entre os pontos Dx e Dy de

cada diâmetro avaliado, através do deslocamento do curso da mesa do microscópio,

obtendo os diâmetros abaixo (Figura 4.9):

D1 - Diâmetro do pescoço do mini-implante próximo do início da rosca. Esta medida

foi obtida através da medição da distância entre o ponto D1x e D1y.

D2 - Diâmetro central do núcleo da rosca após o pescoço do mini-implante. Esta

medida foi obtida através da medição da distância entre o ponto D2x e D2y.

Diferença de 0,02mm

Diferença de 0,02mm

Material e métodos 34

D3 - Diâmetro externo do primeiro fio da rosca após o pescoço do mini-implante.

Esta medida foi obtida através da medição da distância entre o ponto D3x e

D3y.

Figura 4.9 - Mini-implante e o desenho esquemático dos diâmetros medidos D1, D2 e D3.

4.2.2 Teste de resistência à torção

Os testes de resistência à fratura por meio de torsão foram realizados nos

Laboratórios de Testes de Metais do CCDM da Universidade Federal de São Carlos

- UFSCar / UNESP baseando-se na norma NBR ISO 6475:1997 e instrução interna

do CCDM de nome META-261 (Ensaio de Torção em Parafusos para Implantes).

Equipamento:

Os mini-implantes foram testados por uma Maquina Universal de Ensaios EMIC DL

10.000 à temperatura ambiente e com uma velocidade de 2rpm.

Procedimento:

Para a realização dos testes seguiu-se a seguinte seqüência:

D1

D2

D3

Material e métodos 35

Os mini-implantes a serem testados foram introduzidos e fixados em uma pinça

mecânica de apreensão mantendo a área roscada do parafuso firmemente presa

(Figura 4.10).

Figura 4.10 - Pinça mecânica de apreensão onde o mini-implante será fixado.

Para os testes, cinco fios completos da rosca do mini-implante, próximos ao

pescoço, foram mantidos expostos e a cabeça do mini-implante permaneceu livre

para ser encaixada na chave manual fornecida pelo fabricante. O restante do

corpo de prova foi fixado à pinça, que então foi acoplada a Maquina Universal de

Ensaios EMIC DL 10.000 para o teste de torção.

Qualquer movimento possível da pinça mecânica de apreensão foi evitado. Os

eixos do mini-implante e do componente de fixação, ou seja, a pinça mecânica

de apreensão foram ambos mantidos coincidentes durante todo o momento de

aplicação dos testes.

O teste de torção obtém como resultado dos ensaios mecânicos o torque de

ruptura (TR) e a deflexão angular de ruptura (DAR) dos mini-implantes.

Os resultados destes testes foram armazenados de forma digital e dispostos em

gráficos e tabelas para que o trabalho estatístico fosse realizado.

Material e métodos 36

4.2.3 Análise Estatística

Para ser avaliada a correlação entre as medidas (D1, D2 e D3), o TR e a DAR

obteve-se a média, o desvio-padrão das variáveis e utilizou-se o coeficiente de

correlação de Spearman e de Pearson (r). Para ambos, o coeficiente de correlação é

um número entre –1 e 1, sendo que para os valores 1 e –1 a correlação é perfeita.

Para valores próximos destes, considera-se uma correlação alta, e para valores

próximos de 0, considera-se que não há correlação.

A correlação de Pearson (r) é uma análise que mostra o sentido e a

intensidade da reação linear entre as variáveis, ou seja, quantifica a força desta

associação linear entre duas variáveis, portanto descreve quão bem uma linha reta

se ajustaria através de uma nuvem de pontos. Se os pontos caem exatamente sobre

uma linha crescente então r = 1, e se eles caem exatamente sobre uma linha

decrescente r = -1. Já o Coeficiente de correlação de postos de Spearman é um

método não-paramétrico que usa somente os postos, e não faz quaisquer

suposições, mas que mostra o tipo de correlação entre as variáveis. Esta medida

não supõe que o relacionamento entre as variáveis seja linear. Esta análise tem sido

mais utilizada nos casos em que os dados não formam uma nuvem comportada,

com alguns pontos bem distantes dos demais, ou em que parece existir uma relação

crescente ou decrescente, mas num formato de curva e não de forma linear.

Como forma de comparar os mini-implantes de 1,6 mm de fabricantes

diferentes, o Teste U de Mann-Whitney mostra-se a melhor opção de análise, pois

se trata de um Teste não-paramétrico indicado para duas amostras pequenas e

independentes. Este teste assume que as amostras aleatórias sejam independentes

e de tamanhos similares. O objetivo do teste é verificar se as amostras provêm de

observações de uma mesma população, e conseqüentemente, possuem uma

Material e métodos 37

distribuição de probabilidades comum. Esse teste baseia-se na mediana de cada

amostra e, quando a probabilidade de significância for menor do que p=0,05, a

hipótese nula, estipulada como ausência de diferenças entre as amostras, deve ser

rejeitada.

RESULTADOS

5

39

5 RESULTADOS

5.1 Avaliação das dimensões transversais dos mini-implantes

Os mini-implantes para ancoragem ortodôntica, testados nesta pesquisa

foram medidos em sua dimensão transversal, em três pontos da região próxima ao

pescoço, por ser este o local de maior diâmetro do parafuso que, após a sua

inserção estará em contato com o osso cortical. A determinação destes diâmetros foi

de grande importância para sabermos se a medida fornecida pelo fabricante condiz

com os dados obtidos, e também, para que possamos analisar a correlação

existente entre os diâmetros obtidos e a resistência mecânica dos mini-implantes em

testes de torção. Portanto, as medidas avaliadas foram:

1. Diâmetro do pescoço do mini-implante próximo do início da rosca - D1. Esta

medida foi obtida através da medição da distância entre o ponto D1x e D1y

(figura 4.7).

2. Diâmetro central do núcleo da rosca após o pescoço do mini-implante - D2. Esta

medida foi obtida através da medição da distância entre o ponto D2x e D2y

(figura 4.7).

3. Diâmetro externo do primeiro fio da rosca após o pescoço do mini-implante - D3.

Esta medida foi obtida através da medição da distância entre o ponto D3x e D3y

(figura 4.7).

Os resultados foram agrupados em seis grupos de acordo com o diâmetro

fornecido pelo fabricante e estão apresentados nas tabelas contendo a média dos

diâmetros D1, D2 e D3; o desvio padrão; o valor máximo; o valor mínimo e o número

de mini-implantes válidos e perdidos durante os testes.

Resultados 40

Tabela 5.1 - Resultados do teste de medição para os mini-implantes 1,3 mm Neodent.

Neodent 1,3 Diâmetro 1 (mm)

Diâmetro 2 (mm)

Diâmetro 3 (mm)

N Válidos 6 6 6 N Perdidos 0 0 0 Média 1,272 0,83 1,32 Des Padrão 0,017 0,012 0,038 Mínimo 1,237 0,81 1,284 Máximo 1,287 0,841 1,39

Tabela 5.2 - Resultados do teste de medição para os mini-implantes 1,4 mm Sin.

SIN 1,4 Diâmetro 1 (mm)

Diâmetro 2 (mm)

Diâmetro 3 (mm)

N Válidos 6 6 6 N Perdidos 0 0 0 Média 1,596 1,29 1,557 Des. Padrão 0,007 0,023 0,006 Mínimo 1,588 1,267 1,551 Máximo 1,608 1,322 1,567

Tabela 5.3 - Resultados do teste de medição para os mini-implantes 1,5 mm Conexão.

Conexão 1,5 Diâmetro 1 (mm)

Diâmetro 2 (mm)

Diâmetro 3 (mm)

N Válidos 6 6 6 N Perdidos 0 0 0 Média 1,484 1,056 1,522 Des. Padrão 0,002 0,009 0,005 Mínimo 1,481 1,045 1,515 Máximo 1,488 1,065 1,529

Tabela 5.4 - Resultados do teste de medição para os mini-implantes 1,6 mm Neodent.

Neodent 1,6 Diâmetro 1 (mm)

Diâmetro 2 (mm)

Diâmetro 3 (mm)

N Válidos 6 6 6 N Perdidos 0 0 0 Média 1,585 1,153 1,607 Des. Padrão 0,006 0,01 0,01 Mínimo 1,579 1,144 1,594 Máximo 1,597 1,171 1,62

Resultados 41

Tabela 5.5 - Resultados do teste de medição para os mini-implantes 1,6 mm Sin.

Sin 1,6 Diâmetro 1 (mm)

Diâmetro 2 (mm)

Diâmetro 3 (mm)

N Válidos 6 6 6 N Perdidos 0 0 0 Média 1,466 1,222 1,5815 Des. Padrão 0,004 0,005 0,003 Mínimo 1,457 1,213 1,575 Máximo 1,469 1,229 1,586

Tabela 5.6 - Resultados do teste de medição para os mini-implantes 1,8 mm Sin.

SIN 1,8 Diâmetro 1 (mm)

Diâmetro 2 (mm)

Diâmetro 3 (mm)

N Válidos 6 6 6 N Perdidos 0 0 0 Média 1,793 1,447 1,807 Des. Padrão 0,003 0,007 0,004 Mínimo 1,789 1,439 1,8 Máximo 1,8 1,461 1,812

Resultados 42

5.2 Correlação entre as medidas fornecidas pelos fabricantes e as medidas obtidas

Antes que pudéssemos fazer esta correlação entre as medidas, se tornou

necessário definir qual das medidas obtidas que melhor representasse o diâmetro

desta região. O gráfico abaixo ilustra a comparação entre os 3 diâmetros obtidos em

relação ao diâmetro fornecido pelos fabricantes dos parafusos. Os valores do gráfico

são referentes ao intervalo de confiança de 95% em torno da média dos erros.

Analisando as curvas dos três diâmetros avaliados, a medida D3 foi a que obteve a

melhor aproximação em relação ao diâmetro fornecido pelos fabricantes, pois possui

a menor variação entre as demais curvas e está dispersa próxima ao zero.

Gráfico 5.1- Definição da melhor relação entre os diâmetros obtidos e os diâmetros fornecidos.

Resultados 43

Após a definição da medida D3 como a mais representativa, foi feito um Teste

sobre a Média com Variância Populacional desconhecida, para verificar se os

mini-implantes da amostra estão dentro das dimensões fornecidas pelos fabricantes.

O objetivo desse teste é averiguar se as amostras de mini-implantes de cada

fabricante estão dentro dos padrões fornecidos por esses fabricantes, ou seja, se os

dados dessa amostra em particular representam as informações de dimensões

fornecidas pelos fabricantes ou não.

Suponhamos que os mini-implantes possuam distribuições normais de

probabilidade, com médias µ conhecidas para cada tipo de mini-implante e

variâncias 2σ desconhecidas, para cada tipo de mini-implante. Tomando-se as

hipóteses nulas e alternativas como sendo as seguintes, respectivamente:

obspopa

obspop

H

H

µµ

µµ

=

:

:0

As hipóteses alternativas foram definidas como médias diferentes, pois as

médias podem aparecer tanto inferiores como superiores à média populacional.

A estatística a ser usada é a estatística

)1(~)( 0 −

−= nt

SXn

com distribuição t de student com n-1 graus de liberdade.

O nível de significância desses testes está fixado em 5% (p < 0,05), ou seja, a

probabilidade de se dizer que as médias são diferentes quando na realidade são

Resultados 44

iguais está fixada numa probabilidade de 5% (p < 0,05). Todos os tipos de mini-

implantes apresentam amostras de tamanho 6, logo, restam 5 graus de liberdade

para cada estatística T usada em cada fabricante e tipo de mini-implante. A região

crítica está definida para RC= ] ∞− até -2.015[∪ ]2.015 até ∞+ [, sendo assim,

rejeita-se a hipótese nula quando os t observados nas amostras estiverem dentro da

região crítica, ou seja, nesses casos existem evidências para acreditar que os

parafusos possuam médias diferentes da média populacional.

Gráfico explicando o teste de hipóteses numa distribuição T de Student

Teste unilateral (monocaudal) Utilizado quando se deseja testar se uma média é menor (Gráfico 5.2-1) ou maior

(Gráfico 5.2-2) do que uma média de um parâmetro de interesse.

Teste bilateral (bicaudal) Utilizado quando se deseja saber se a média é diferente (Gráfico 5.2-3) de uma

média de um parâmetro de interesse. Essa média pode ser menor ou maior,

sendo que para a hipótese de interesse é suficiente saber se são pelo menos

diferentes.

Gráfico 5.2 - Tipos de teste estatísticos: monocaudais e bicaudais.

Resultados 45

Tabela 5.7 – Resultados de t observados para cada fabricante e tipo de mini-implante com a Variável: Diâmetro 3

Neodent 1.3 mm

Sin 1.4 mm

Conexão 1.5 mm

Sin 1.6 mm

Neodent 1.6 mm

Sin 1.8 mm

1.313276 64.015011 9.130172 -11.819216 1.713433 3.913119

De acordo com os valores observados e a região crítica, as amostras dos

mini-implantes de 1,4 mm da Sin, as de 1,5 mm da Conexão, as de 1,6 mm da Sin e

as de 1.8 da Sin possuem médias diferentes das médias populacionais, ou seja, as

amostras de mini-implantes da Sin e os mini-implantes da Conexão apresentam

evidências de que a média dos mini-implantes coletados sejam realmente diferentes

das médias fornecidas pelos fabricantes.

Nas duas amostras coletadas para mini-implantes da Neodent, os valores das

médias amostrais são iguais ao das médias populacionais. Em outras palavras, as

amostras dos mini-implantes da Neodent estão de acordo com as informações de

média fornecidas pelo fabricante, de 1,3 mm e 1,6 mm.

Resultados 46

5.3 Testes de resistência à torção

Os resultados deste teste, que seguiram a norma NBR ISO 6475:1997, foram

apresentados por meio dos valores do Torque de Ruptura (TR) e da Deflexão

Angular de Ruptura (DAR).

O Torque de Ruptura (TR) é o valor de torque obtido no momento exato em

que ocorre a fratura do mini-implante. Esta avaliação determina a resistência do

mini-implante a um movimento de torção, por meio do torque máximo que pode ser

conferido àquele corpo de prova. O torque máximo de ruptura foi expresso, de

acordo com a norma, na escala de 0,1 N.m (Newtons - metro) que pode ser

convertido para 10,0 N.cm (Newtons - centímetro) escala normalmente usada em

Implantodontia.

A Deflexão Angular de Ruptura (DAR) foi expressa por meio de um ângulo, e

representa o quanto a parte do mini-implante que está sendo submetida à torção

deflexiona, ou gira ao longo do seu próprio eixo, antes de se fraturar. Esta

informação determina o quanto existe de deformação plástica antes que ocorra a

ruptura.

Com estas duas medidas foi possível construir um gráfico semelhante ao

gráfico de carga x deflexão dos fios ortodônticos, gráfico este, já bastante conhecido

pelos ortodontistas.

Os mini-implantes foram agrupados de acordo com o diâmetro fornecido pelo

fabricante e os resultados dos testes de resistência à torção foram apresentados em

tabelas, figuras e gráficos:

47

Tabela 5.8 - Resultados do Teste de Torção dos mini-implantes 1,3 mm da Neodent

Neodent 1,3 mm TR (N x m) DAR (graus)

N Válidos 5 5 N Perdidos 1 1 Média 0,2 174,23 Des. Padrão 0,011 23,65 Mínimo 0,188 153,02 Máximo 0,216 220,14

Figura 5.1 - Mini-implantes 1,3 mm da Neodent após teste de torção.

Gráfico 5.3 - TR X DAR dos mini-implantes 1,3 mm da Neodent (MET070003 de 1 a 5).

Resultados 48

Tabela 5.9 - Resultados do Teste de Torção dos mini-implantes 1,4 mm da Sin

SIN 1,4 mm TR (N x m) DAR (graus)

N Válidos 5 5 N Perdidos 1 1 Média 0,339 85,04 Des. Padrão 0,023 8,88 Mínimo 0,32 74,69 Máximo 0,372 94,96

Figura 5.2 - Mini- implantes 1,4 mm da Sin após ensaio de torção.

Gráfico 5.4 - TR X DAR dos mini-implantes 1,4 mm da Sin (MET070006 de 1 a 5).

Resultados 49

Tabela 5.10 - Resultados do Teste de Torção dos mini-implantes 1,5 mm da Conexão

Conexão 1,5 mm TR (N x m) DAR (graus)

N Válidos 5 5 N Perdidos 1 1 Média 0,264 57,47 Des. Padrão 0,021 3,69 Mínimo 0,247 48,19 Máximo 0,291 60,2

Figura 5.3 - Mini- implantes 1,5 mm da Conexão após ensaio de torção.

Gráfico 5.5 - TR X DAR dos mini-implantes 1,5 mm da Conexão (MET070005 de 1 a 5).

Resultados 50

Tabela 5.11 - Resultados do Teste de Torção dos mini-implantes 1,6 mm da Sin

Sin 1,6 mm TR (N x m) DAR (graus)

N Válidos 5 5 N Perdidos 1 1 Média 0,482 151,06 Des. Padrão 0,018 11,65 Mínimo 0,459 142,91 Máximo 0,484 168,18

Figura 5.4 - Mini-implantes 1,6 mm da Sin após ensaio de torção.

Gráfico 5.6 - TR X DAR dos mini-implantes 1,6 mm da Sin (MET070007 de 1 a 5).

Resultados 51

Tabela 5.12 - Resultados do Teste de Torção dos mini-implantes 1,6 mm da Neodent

Neodent 1,6 mm TR (N x m) DAR (graus)

N Válidos 5 5 N Perdidos 1 1 Média 0,375 187,73 Des. Padrão 0,006 8,1 Mínimo 0,37 180,07 Máximo 0,389 218,29

Figura 5.5 - Mini-implantes 1,6 mm da Neodent após ensaio de torção.

Gráfico 5.7 - TR X DAR dos mini-implantes 1,6 mm da Neodent (MET070004 de 1 a 5).

Resultados 52

Tabela 5.13 - Resultados do Teste de Torção dos mini-implantes 1,8mm da Sin

SIN 1,8 mm TR (N x m) DAR (graus)

N Válidos 5 5 N Perdidos 1 1 Média 0,679 143,67 Des. Padrão 0,022 17,91 Mínimo 0,655 126,82 Máximo 0,703 168,28

Figura 5.6 - Mini-implantes 1,8 mm da Sin após ensaio de torção.

Gráfico 5.8 - TR X DAR dos mini-implantes 1,8 mm da Neodent (MET070008 de 1 a 5).

53

5.4 Correlação dos diâmetros medidos nos mini-implantes com o Torque de Ruptura (TR) e com a Deflexão Angular de Ruptura (DAR)

Através da tabela 5.14, pode ser observada a média dos resultados de cada

grupo de mini-implantes. Permitindo a comparação dos diâmetros medidos (D1, D2,e

D3) com o diâmetro fornecido por cada fabricante, alem da relação do diâmetro

fornecido com o TR e a DAR e a relação entre as medidas obtidas (D1,D2,e D3) com

o TR e a DAR.

Tabela 5.14 – Valor médio de TR, DAR, D1, D2 e D3 de cada grupo de mini-implantes testados.

Fabricante Diâmetro fornecido

TR (N x m)

DAR (graus)

D 1 (mm)

D 2 (mm)

D 3 (mm)

Neodent 1,3 mm 0,2 174,23 1,272 0,83 1,32 Sin 1,4 mm 0,339 85,04 1,596 1,29 1,557 Conexão 1,5 mm 0,264 57,47 1,484 1,056 1,522 Sin 1,6 mm 0,482 151,06 1,466 1,222 1,581 Neodent 1,6 mm 0,375 187,73 1,585 1,153 1,607 Sin 1,8 mm 0,678 143,67 1,793 1,447 1,807

Através da tabela 5.15, pode ser observado o desvio-padrão dos resultados

de cada grupo de mini-implantes. Estes resultados permitiram a comparação entre

fabricantes quanto à amplitude destes desvios. Por exemplo, a observação dos

desvios do padrão relativamente baixos para as medidas D1, D2 e D3, com dados

abaixo de 0,01 mm para a maioria dos grupos. Sempre se torna necessário observar

que, os resultados obtidos representam exclusivamente o comportamento desta

amostra, não podendo ser extrapolado para resultados populacionais.

Tabela 5.15 - Desvio padrão de TR, DAR, D1, D2 e D3 de cada grupo de mini-implantes testados.

Fabricante Diâmetro fornecido

TR (N x m)

DAR (graus)

D 1 (mm)

D 2 (mm)

D 3 (mm)

Neodent 1,3 mm 0,011 23,65 0,017 0,012 0,038 Sin 1,4 mm 0,023 8,88 0,007 0,023 0,006 Conexão 1,5 mm 0,021 3,69 0,002 0,009 0,005 Sin 1,6 mm 0,018 11,65 0,004 0,005 0,003 Neodent 1,6 mm 0,006 8,1 0,006 0,01 0,01 Sin 1,8 mm 0,022 17,91 0,003 0,007 0,004

Resultados 54

5.4.1 Correlação entre o TR (torque de ruptura) e os diâmetros medidos

Tabela 5.16 - Correlação entre o TR (torque de ruptura) e os diâmetros medidos

Torque de Ruptura

Fabricante Medidas de Simetria D 1 D 2 D 3

Pearson's R 0,998 0,996 0,995 Neodent

Spearman Correlation 0,924 0,903 0,903

Pearson's R 0,676 0,741 0,940 Sin

Spearman Correlation 0,427 0,474 0,893

Pearson's R -0,609 0,498 0,251 Conexão

Spearman Correlation -0,500 0,616 0,200

Neodent

Para as medidas de diâmetros D1, D2 e D3, os mini-implantes do fabricante

Neodent apresentaram correlações lineares muito fortes em relação ao torque.

Todas as correlações estavam acima de 0,99 para Spearman, o que leva a acreditar

em um modelo linear cujo torque esteja diretamente relacionado ao tamanho do

diâmetro (para esta amostra, quanto maior o diâmetro, maior foi o valor de torque

máximo). De qualquer forma, o coeficiente de correlação não implica uma relação de

casualidade, mas fornece boas evidências para acreditar nesse tipo de relação.

Sin

Para as medidas de diâmetros D1 e D2, os mini-implantes do fabricante Sin

apresentaram correlações variando de moderadas a fortes, entretanto a medida de

diâmetro D3 mostrou uma correlação linear muito forte em relação ao torque, para

os mini-implantes do fabricante Sin. Novamente, não é um resultado que implica

uma relação de causa e conseqüência, mas sugere um modelo similar ao do

fabricante Neodent.

Resultados 55

Conexão

Para a medida de diâmetro D1, a correlação linear mostrou-se negativa, ou

seja, quanto maior o diâmetro, menor o torque de ruptura. Contudo, essa relação

tem intensidade apenas moderada. Com a medida de diâmetro D2, a correlação

linear já se mostrou positiva, como nos outros fabricantes, mas com intensidade

moderada apenas. A medida de diâmetro D3 apresentou baixa correlação linear

entre as variáveis. Em resumo, o fabricante Conexão não apresentou evidências tão

fortes quanto Neodent e Sin para justificar uma relação entre o torque de ruptura e

os diâmetros medidos.

Resultados 56

5.4.2 Correlação entre o ângulo de ruptura e os diâmetros medidos

Tabela 5.17 - Correlações entre a DAR (deflexão angular de ruptura) e os diâmetros medidos.

Deflexão Angular de Ruptura Fabricante Medidas de Simetria D1 D2 D3

Pearson's R 0,235 0,245 0,234 Neodent Spearman Correlation 0,280 0,212 0,176

Pearson's R 0,016 0,127 0,466 Sin

Spearman Correlation -0,172 -0,052 0,679 Pearson's R 0,816 -0,962 -0,989

Conexão Spearman Correlation 0,500 -0,975 -0,900

Neodent

Para as medidas de diâmetro D1, D2 e D3, os mini-implantes do fabricante

Neodent apresentaram baixa correlação linear entre as variáveis. Os coeficientes de

correlação de Spearman também acusaram baixa correlação entre os diâmetros e a

Deflexão Angular de Ruptura.

Sin Para as medidas de diâmetro D1 e D2, os mini-implantes do fabricante Sin

apresentaram correlações lineares muito baixas entre as variáveis. Já para o

diâmetro D3, os resultados mostraram uma correlação linear moderada. Assim, são

poucas as evidências para se acreditar em uma relação linear entre a Deflexão

Angular de Ruptura e o tamanho do diâmetro do mini-implante.

Conexão A medida de diâmetro D1 apresentou uma forte correlação linear positiva

entre as variáveis. Entretanto, os resultados das correlações lineares entre os

diâmetros D2 e D3 e o ângulo de ruptura dos mini-implantes mostra uma correlação

muito forte, porém, negativa, ou seja, à medida que cresceram os diâmetros D2 e

D3, a Deflexão Angular de Ruptura diminuiu proporcionalmente.

Resultados 57

5.5 Comparação entre os fabricantes de mini-implantes de 1,6mm

Dentre os fabricantes testados somente a Sin e a Neodent fabricam mini-

implantes de mesmo diâmetro. Desta forma foi possível comparar os mini-implantes

fabricados aparentemente com o mesmo material (liga de titânio-6 alumínio-4

vanádio), mesmo diâmetro, porém com desenhos de parafusos diferentes.

Tabela 5.18 - Comparação entre fabricantes de mini-implantes de 1,6 mm

Fornec Testes Mecânico de Torção N Mínimo Máximo Média Desvio padrão

Torque na Ruptura 5 0,37 0,389 0,3778 0,008349 Neodent

Deflexão Angular de Ruptura 5 180,07 218,29 193,846 15,362268

Torque na Ruptura 5 0,459 0,504 0,4782 0,017838 Sin

Deflexão Angular de Ruptura 5 142,91 168,18 151,328 10,105057 5.5.1 Deflexão Angular de Ruptura

Os mini-implantes do fabricante Neodent obtiveram maior resistência em

relação ao ângulo exercido sobre os mini-implantes, apresentando ruptura apenas

em ângulos superiores à 180º, enquanto a maioria dos mini-implantes do fabricante

Sin não suportaram ângulos maiores do que 153º. Um dos mini-implantes do

fabricante Sin obteve ângulo de ruptura superior à 153º, mas essa observação não

representa o comportamento geral dos mini-implantes, podendo ser conseqüência

de uma medição incorreta ou um mini-implante defeituoso, por exemplo.

Resultados 58

Gráfico 5.9 - Deflexão Angular de Ruptura dos mini-implantes de 1,6 mm segundo fabricante.

A observação do mini-implante do fabricante Sin que se destacou está

representada como um círculo no box plot acima. Essa observação está destacada

por ser considerado um valor atípico, que está disposta num intervalo que varia de

1,5 a 3 vezes o tamanho da distância interquartíl, ou seja, a distância entre os 75%

mais altos e os 25% mais baixos. No box plot acima, esses quartis são

representados pelas base(25%) e topo(75%) da caixa, resultando assim em metade

das observações contidas dentro dessa caixa. O box plot é um gráfico que dá idéia

da posição, dispersão, assimetria, caudas e dados discrepantes. A posição central é

dada pela mediana (50% das observações).

Neodent Sin

140

160

180

200

220

Ângulo de Ruptura dos parafusos de 1,6 mm segundo fabricante

Fabricante

Âng

ulo

de R

uptu

ra, e

m g

raus

Resultados 59

5.5.2 Torque de Ruptura

Em relação ao torque exercido, os mini-impantes do fabricante Sin resistiram

a valores mais elevados de torque do que os do fabricante Neodent. O torque médio

nos parafusos do fabricante Neodent foi de 0,3778 N x m e o torque médio nos

parafusos do fabricante Sin foi de 0,4782 N x m.

Gráfico 5.10 - Torque de ruptura dos mini-implantes de 1,6 mm segundo fabricante.

5.5.3 Analise Estatística

Na tentativa de comparar duas amostras de parafusos, de tamanho reduzido

(apenas 5 observações de cada), o Teste U de Mann-Whitney, também chamado de

Teste Mann-Whitney-Wilcoxon ou Teste de soma de postos de Wilcoxon se torna a

melhor opção, pois, assume que as amostras aleatórias sejam independentes e de

Neodent Sin

0.38

0.40

0.42

0.44

0.46

0.48

0.50

Torque de Ruptura dos parafusos de 1,6 mm segundo fabricante

Fabricante

Torq

ue d

e R

uptu

ra, e

m (N

x m

)

Resultados 60

tamanhos similares. O objetivo do teste é verificar se as amostras provêm de

observações de uma mesma população, e conseqüentemente, possuem uma

distribuição de probabilidades comum.

Com base nesses resultados apresentados na tabela abaixo, as diferenças

apresentadas anteriormente nas análises descritivas podem ser consideradas

válidas e significantes.

Tabela 5.19 – Teste estatistico

Estatísticas Torque na Ruptura

Ângulo de Ruptura

Diâmetro na posição

1

Diâmetro na posição

2

Diâmetro na posição

3

Mann-hitney U ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

Wilcoxon W 15,000 15,000 21,000 21,000 21,000

Z -2,611 -2,611 -2,913 -2,882 -2,882

Teste exato (bicaudal) ,008 ,008 ,002 ,002 ,002

Teste exato (monocaudal) ,004 ,004 ,001 ,001 ,001

(a) Não corrigido para empates. Variável para agrupamento: Fabricante

DISCUSSÃO

6

62

6 DISCUSSÃO

Na odontologia atual os implantes ósseointegrados são utilizados

rotineiramente como um substituto real de dentes perdidos. Em ortodontia estes

implantes deram início a uma nova fase, tornando-se instrumentos estáveis e

eficientes para ancoragem ortodôntica, permitindo desta forma planejamentos e

movimentações dentárias complexas e de difícil execução. A evolução do

conhecimento em ancoragem ortodôntica criou novos produtos e aplicações. Assim,

foi possível a adaptação e uso em ortodontia, dos tradicionais implantes

ósseointegrados e dos parafusos metálicos utilizados para enxerto ósseos e fixação

de placas de osteossíntese, em instrumentos que aperfeiçoados se tornaram

adequados para a utilização em tratamentos ortodônticos. Desta forma surgiram os

mini-implantes ortodônticos. Por estes novos parafusos serem bastante estáveis e

facilmente removidos, após a conclusão da movimentação ortodôntica desejada,

uma ancoragem ortodôntica esquelética absoluta e transitória se tornou realidade.

Os mini-implantes apesar de bastante utilizados na clinica ortodôntica atual,

apresentam algumas falhas. Dentre elas a mais danosa tem sido a sua fratura

durante a sua inserção, travamento ou remoção. Tal fato foi relatado por Melsen

(2005), Marassi et al.(2005) e Carano et al (2005). Apesar disso, poucas

informações estão disponíveis na literatura sobre as características mecânicas e

físicas dos mini-implantes, exceto aquelas fornecidas por Carano et al em 2005.

Acreditamos que o amplo conhecimento destas características é de vital importância

para a determinação da qualidade e biocompatibilidade destes materiais. Para um

uso seguro e adequado dos mini-implantes, informações sobre a resistência máxima

que estes parafusos suportam até a sua fratura deveriam estar em destaque na

embalagem.

Discussão 63

A indústria nacional de implantes tem evoluído muito em produção e

qualidade, porém foi observado através de teste piloto de torção que a resistência

máxima destes mini-implantes ortodônticos auto-rosqueáveis era relativamente

baixa, possibilitando a ocorrência de acidentes como a sua fratura quando níveis de

torque próximo dos 20 N.cm eram alcançados.

Em decorrência de fatos como este e fatores descritos por Villela, Bezzera e

Laboissière (2006) relacionados à diminuição da complexidade na técnica de

inserção, através de um protocolo cirúrgico mais simples, sem a necessidade de

osteotomia cortical com motor e contra-ângulo, pois os mini-implantes atuais se

tornaram dispositivos auto-perfurantes. Os desenhos dos mini-implantes atuais têm

evoluído e a grande maioria dos fabricantes nacionais estão disponibilizando

atualmente os mini-implantes no formato cônico ou auto-perfurantes, além dos

tradicionalmente comercializados, os cilíndricos ou auto-rosqueáveis. Todos os mini-

implantes testados são do tipo auto-perfurantes por ser esta, a tendência de

mercado atual. A substituição dos mini-implantes auto-rosqueáveis pelos auto-

perfurantes é fato irrefutável.

A utilização rotineira destes novos produtos, previamente testados pelas

fábricas, devem passar por uma avaliação que ateste de forma científica a sua

eficiência e qualidade. Por não haver estudos científicos que determinem a

resistência mecânica destes novos modelos nacionais de mini-implantes,

resolvemos, por meio deste trabalho, testar primeiramente os mini-implantes auto-

perfurantes de diversos diâmetros de três fabricantes nacionais comparando o

diâmetro fornecido pelo fabricante com o diâmetro medido individualmente de cada

mini-implante, para depois serem feitos testes de torção que determinem sua

resistência mecânica.

Discussão 64

6.1 Teste de Medição

Este teste teve como finalidade determinar se as medidas fornecidas pelos

fabricantes estão dentro dos seus padrões de variação dimensional, ou seja, o mini-

implante de 1,6 mm tem realmente 1,6 mm, caso contrário, poder determinar se a

variação obtida está dentro ou não da variação dimensional fornecida pelo

fabricante. O conhecimento desta informação demonstrou que nem sempre a

medida fornecida pelo fabricante coincide com a medida obtida, fato este observado

através de análise da tabela 5.2.

Nos testes de medição dentre as medidas analisadas o diâmetro 3 (D3), que

corresponde ao diâmetro externo do primeiro fio da rosca logo após perfil trans-

mucoso, foi considerado o diâmetro que melhor se aproxima dos valores fornecidos

pelo fabricante (gráfico 5.1). Provavelmente isto aconteça por estar localizada na

área do mini-implante que estará em contato com a cortical óssea, área esta

responsável pela estabilidade primária para os mini-implantes. Inicialmente pensava-

se que o diâmetro 2 (D2) poderia ser o diâmetro que melhor representaria a relação

entre diâmetro e a resistência ao torque de ruptura. Pois, tal medida demonstra o

núcleo da rosca entre o pescoço e o primeiro fio da rosca e pensava-se que quanto

maior o núcleo da rosca nesta região, maior seria o torque de ruptura. Esta hipótese

foi logo descartada, pois, após a avaliação das medidas, pôde ser observado que

diversas variações no desenho e na profundidade da rosca nesta região puderam

ser encontradas entre os fabricantes e até mesmo em um mesmo fabricante (tabelas

de 5.1 a 5.6).

Discussão 65

6.2 Correlação das medidas obtidas com as medidas fornecidas pelo fabricante.

Uma das questões relevantes neste estudo foi saber se as medidas obtidas

através do teste de medição eram iguais às medidas fornecidas por cada fabricante.

Esta correlação pôde ser testada e dentre as medidas transversais testadas definiu-

se estatisticamente a medida D3 de cada grupo como a mais representativa.

Utilizando a medida D3, os grupos de mini-implantes da amostra foram testados

para determinar se as medidas obtidas estavam dentro das dimensões fornecidas

pelos fabricantes, para isto um teste com distribuição T de Student, com nível de

significância de 5%, foi usado. Constatou-se que dentre os seis grupos somente o

grupo dos mini-implantes 1,3 mm e 1,6mm da Neodent apresentaram valores

estatisticamente semelhantes aos fornecidos pelo fabricante, como demonstrado na

tabela 5.7. Os grupos de mini-implantes 1,4 mm, 1,6 mm, 1,8 mm da Sin e o 1,5 mm

da Conexão não apresentaram valores que pudessem determinar que as medidas

fornecidas fossem diferentes das medidas obtidas. É importante ressaltar que os

resultados obtidos representam uma demonstração exclusivamente da amostra

testada.

6.3 Teste de torção

Inicialmente pensava-se que quanto maior o diâmetro, maior seria a

resistência mecânica à fratura dos mini-implantes. Testes laboratoriais de torção

foram realizados, determinando o torque máximo de ruptura e o ângulo que cada

mini-implante gira ao longo do seu eixo, até que ocorra a sua fratura, ou seja, a

deflexão ângular de ruptura. A realização destes testes seguiu as normas NBR ISO

Discussão 66

6475:1997 (para ensaio de torção de parafusos para implante) e dentro das regras

estabelecidas os mini-implantes foram testados até a sua fratura.

Os testes de torção foram feitos baseados nos parâmetros descritos no artigo

do Carano et al (2005) que analisou as características mecânicas dos mini-

implantes. As semelhanças entre o nosso trabalho e o de Carano et al(2005) foram o

número de peças testados para cada diâmetro (6 unidades), o tipo de máquina de

teste, a forma de apreensão dos mini-implantes e a forma de apresentar os

resultados.O autor deste trabalho somente testou um único diâmetro de mini-

implante (1,5 mm), porém avaliou outras características mecânicas e estruturais dos

mini-implantes de mesmo diâmetro de três diferentes fabricantes.. Neste trabalho

foram testados diversos fabricantes e seus diversos diâmetros comercialmente

disponíveis, estes foram classificá-los quanto ao seu torque máximo de ruptura e ao

ângulo de deflexão que cada tipo suporta.

Pôde ser observado através de análise estatística descritiva que nem sempre

o aumento do diâmetro do mini-implante coincide com o aumento do valor do torque.

Através da tabela 5.14 pôde ser observado que os mini-implantes se apresentam

com grandes diferenças de torque até mesmo em mini-implantes de mesmo

diâmetro como no caso dos mini-implantes de 1,6 mm da SIN e 1,6 mm da Neodent

que apresentaram diferenças em média de aproximadamente 10N.cm entre eles.

Outro aspecto curioso foi observado entre os mini-implantes 1,3mm Neodent e 1,5

mm Conexão que apresentaram valores de torque médio de 20 e 26 N.cm

respectivamente, porém o mini-implante de 1,4 mm da SIN apresentou um valor

médio de aproximadamente 33,9 N.cm, ou seja, bem acima do 1,5mm da Conexão e

extremamente alto em relação ao 1,3 mm da Neodent. Estas diferenças demonstram

que outros fatores podem estar envolvidos na determinação da resistência destes

Discussão 67

mini-implantes como, por exemplo, as diferenças no desenho do mini-implante

adotado por cada fabricante, alterações estruturais e ambientais da liga e

possivelmente outras.

Quanto a Deflexão Angular de Ruptura (DAR) que representa a fase plástica

deste material, ou seja, o quanto ele se deforma antes que ocorra literalmente a sua

ruptura. Ao avaliá-la foi observado através de uma análise estatística descritiva que,

houve uma grande variação no DAR entre fabricantes, principalmente nos mini-

implantes de menor diâmetro (1,3 mm, 1,4 mm e 1,5 mm) como pode ser visto na

tabela 5.14. Esta variação se apresentou em média com valores muito diferentes

entre fabricantes. Sendo os mini-implantes da Neodent os que apresentaram os

maiores valores e os da Conexão o menor valor médio encontrado (de acordo com a

tabela 5.14). Na análise estatística descritiva entre diâmetros, não pôde ser

observado nenhum padrão de comportamento determinante de relação entre à

variável diâmetro e a sua Deflexão Angular de Ruptura. Este ângulo representa o

quanto a parte da sua cabeça e ou pescoço giram ao longo do seu eixo antes que a

completa fratura do mini-implante aconteça. Assim, os maiores ângulos são

condições desejáveis em um mini-implante, pois quanto maior a sua deformação

plástica mais seguro estes parafusos serão, pois, permitem uma flexibilidade maior

para o cirurgião ou ortodontista, reavaliar a sua conduta cirúrgica antes que a fratura

se realize.

6.4 Correlação entre o TR (torque de ruptura) e os diâmetros medidos

Análises de correlação de Spearman e Pearsons`R foram feitas para avaliar

cada grupo e a correlação existente entre o torque de ruptura e as medidas D1, D2,

D3. Foi observado que houve uma correlação linear muito forte entre as medidas e o

Discussão 68

torque de ruptura principalmente para o fabricante Neodent que apresentou níveis

de correlação para Pearsons`R acima de 0,99 em todos os diâmetros medidos. Isto

indica que a hipótese de que quanto maior o diâmetro maior será o torque se aplica

à amostra estudada para o fabricante Neodent. Nos mini-implantes da SIN esta

correlação só se apresentou acima de 0,90 para a medida D3, e para as medidas D2

e D1 esta correlação se apresentou entre moderada e forte (0,67 e 0,74).

Os mini-implantes da marca SIN apresentaram valores similares (0,94 e 0,89)

somente para a medida D3, o que indica que a relação entre as variáveis é pouco

menor que a dos mini-implantes da Neodent.

Para os mini-implantes da Conexão esta correlação apresentou-se muito

baixa com resultados muito inferiores inclusive a correlação para o diâmetro D1 se

apresentou negativo (-0,61 e -0,50), ou seja, quanto maior o diâmetro menor será o

torque. As razões para esta correlação não pode ser explicada pelos tesstes

realizados neste trabalho, mas pode está relacionado ao desenho do mini-implante.

Os testes realizados nos mini-implantes da NEODENT que se apresentaram

em diâmetros de 1,3 e 1,6 mm reproduziram a realidade descrita pelo fabricante

tanto através das medidas como do torque máximo de ruptura. Contudo, os mini-

implantes de diâmetro 1,3 mm apresentaram a menor resistência à fratura com uma

média de 20 N.cm. Este resultado se encontrou dentro do esperado, pois este foi o

menor diâmetro de mini-implante avaliado neste trabalho.

Os mini-implantes de 1,6 mm apresentaram resultados menos previsíveis com

uma resistência baixa à fratura, se comparado com o mini-implante de mesmo

diâmetro do fabricante SIN, pois estes se apresentaram com um torque de

resistência à fratura de 48,2 N.cm, enquanto a média do torque de ruptura do mini-

implante da Neodent foi de 37 N.cm.

Discussão 69

6.5 Correlação entre a DAR (deflexão angular de ruptura) e os diâmetros medidos

Esta correlação foi testada pela análise de Spearman e Pearsons’R

demonstrando que a relação entre os diâmetros medidos e a DAR era bastante fraca

para todos os fabricantes avaliados, até mesmo ocorrendo uma alta correlação

negativa, ou seja, à medida em que cresceram os diâmetros, a Deflexão Angular de

Ruptura diminuiu proporcionalmente.

Para os mini-implantes da Neodent o índice de correlação tanto para

Spearman quanto para Pearsons’R se apresentou abaixo de 0,28 ,demonstrando

que as medidas analisadas D1, D2, D3 tem uma baixa correlação com a DAR.

Valores similares foram observados para os mini-implantes da SIN testados

neste trabalho. As medidas D1 e D2 apresentaram índices de correlação para

Pearsons’R abaixo de 0,127 e para Spearman foram inclusive encontrados valores

de correlação negativos. Porém, para a medida D3 que corresponde a parte externa

da primeira rosca após o pescoço, os índices de correlação foram moderadamente

positivos para Pearsons’R (0,466) e alto para Spearman ( 0,679).

Para os mini-implantes testados da Conexão, ou seja, os mini-implantes de

1,5 mm, a correlação entre as medidas D2, D3 e a DAR foi muito forte, porém

negativa, os índices de correlação tanto para Spearman quanto para Pearsons’R se

apresentaram negativos e acima de 0,9. Para a medida D1, esta correlação foi

altamente positiva para Pearsons’R (0,816) e moderada para Spearman ( 0,5).

De forma geral não foi possível observar uma relação direta entre o diâmetro

dos parafusos e a deflexão angular de ruptura, ou seja, a hipótese de que a deflexão

angular de ruptura aumenta à medida que se aumenta o diâmetro dos mini-

implantes pôde ser descartada neste estudo. Em decorrência de a amostra ser

Discussão 70

pequena, os resultados representam a realidade da amostra estudada, não podendo

ser extrapolados para uma realidade populacional.

6.6 Comparação entre os mini-implantes de 1,6 mm da SIN e Neodent

Quando comparamos os mini-implantes de mesmo diâmetro, de fabricantes

diferentes e fabricados com o mesmo material (liga de titânio-6 alumínio-4 vanádio)

podemos observar que os resultados dos testes de medição indicam que as

medidas se encontram muito próximos da medida fornecida pelo fabricante. A única

exceção foi para a medida D3 dos mini-implantes 1,6 mm da SIN. Porém, quando os

testes mecânicos são realizados, grandes diferenças são observadas. Na variável

torque de ruptura, os mini-implantes da Neodent apresentaram valores bem abaixo

dos observados nos mini-implantes da SIN. O torque de ruptura médio nos mini-

implantes do fabricante Neodent foi de 37,78 N. cm e o torque de ruptura médio nos

parafusos do fabricante Sin foi de 47,82 N.cm.

Quando avaliamos a DAR (deflexão angular de ruptura),os mini-implantes do

fabricante Neodent obtiveram maior resistência em relação a o ângulo de ruptura

exercido sobre os mini-implantes, apresentando ruptura apenas em ângulos

superiores à 180º, enquanto a maioria dos mini-implantes do fabricante Sin não

suportaram ângulos maiores do que 153º.

Na tentativa de comparar duas amostras de parafusos de tamanho reduzido

(apenas 5 observações de cada), o Teste exato de Mann-Whitney mostra-se a

melhor opção para a análise estatística. Esse teste baseia-se na mediana da cada

amostra e, quando a probabilidade de significância for menor do que p=0,05, a

Discussão 71

hipótese nula, estipulada como ausência de diferenças entre as amostras, deve ser

rejeitada.

De acordo com o Teste exato de Mann-Whitney para as variáveis: Torque,

Ângulo, Diâmetro 1, Diâmetro 2 e Diâmetro 3, em todas as situações o resultado do

teste apontou que não existem evidências suficientes para dizer que os parafusos de

1,6mm dos fabricantes Neodent e Sin sejam observações de uma mesma

população, ou seja, as evidências estatísticas sugerem que os valores tendem a ser

diferentes. Em todos os casos o nível de significância (p-valor) apareceu menor do

que 0,01, ou seja, a evidência de que os parafusos não possuem semelhanças

populacionais é muito forte, tanto para os testes monocaudais quanto para os testes

bicaudais. Os testes bicaudais testam apenas se os grupos são diferentes ou não,

enquanto que os monocaudais testam se um grupo tende a ter valores menores ou

maiores do que o outro.

Podemos concluir que o diâmetro do mini-implante não é um meio eficiente de

determinar a resistência mecânica dos parafusos, pois nem sempre que

aumentamos o diâmetro ocorrerá necessariamente um aumento do nível de torque

de ruptura (TR) ou aumento da deflexão angular de ruptura (DAR). Esta relação está

possivelmente mais relacionada ao desenho que cada fabricante define para seus

mini-implantes.

CONCLUSÕES

7

73

7 CONCLUSÕES

A resistência mecânica dos mini-implantes ortodônticos auto-perfurantes

nacionais de vários diâmetros fabricados pela: Conexão, Neodent e Sin e sua

relação com algumas medidas transversais foram avaliados através de 36 mini-

implantes divididos por diâmetro em 6 grupos. Os diâmetros avaliados foram 1.3mm,

1.4 mm, 1.5 mm, 1.6 mm e 1.8 mm. Os resultados dos testes nos levaram a concluir

que:

7.1 Dentre as três medidas transversais analisadas a medida D3,ou seja, o

diâmetro externo do primeiro fio da rosca após o pescoço do mini-implante, foi

a medida que melhor representou o diâmetro externo para todos os mini-

implantes.

7.2 Somente os mini-implantes 1,3 e 1,6 mm da Neodent apresentaram medidas

transversais coincidentes com os valores fornecidos pelos fabricantes.

7.3 Os mini-implantes apresentaram um TR e uma DAR médio em cada grupo, de

20 N.cm e 174,23 ° para o 1,3 mm da Neodent; 33,9 N.cm e 85° para o 1,4 mm

da Sin; 26,4 N.cm e 57,47 ° para o 1,5 mm da Conexão; 37,5 N.cm e 187,73 °

para o 1,6 mm da Neodent; 48,2 N.cm e 151 ° para o 1,6 mm da Sin; e 67,8

N.cm e 143,67 ° para o 1,8 mm da Sin.

7.4 Quanto à resistência mecânica, pode-se concluir que os mini-implantes da

Neodent e Sin apresentaram-se com uma correlação estatística, no qual o

Torque de Ruptura (TR) está diretamente relacionado ao diâmetro do mini-

implante. Esta correlação foi um pouco menor para os mini-implantes da Sin e

muito menor para os mini-implantes da Conexão quando analisamos o TR e os

diâmetros medidos. A avaliação estatística entre a Deflexão Angular de

Conclusões 74

Ruptura (DAR) e os diâmetros medidos acusaram uma baixa correlação para

todos os fabricantes e diâmetros estudados.

7.5 Na comparação entre os fabricantes de mini-implantes de 1,6 mm, foram

constatadas diferenças significativas no TR e no DAR entre as marcas Sin e

Neodent. Este fato nos leva a concluir que outros fatores, tais como o desenho

do parafuso, entre outros, podem estar relacionados à resistência à fratura dos

mini-implantes.

REFERÊNCIAS

76

REFERÊNCIAS

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