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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA MARCELLE STEPHANNE BARBOSA DA SILVA AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE A MACROALGA Gracilaria birdiae IMPLICAÇÕES PARA A AQUICULTURA NATAL/RN NOVEMBRO, 2019

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

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Page 1: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA

MARCELLE STEPHANNE BARBOSA DA SILVA

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE A

MACROALGA Gracilaria birdiae – IMPLICAÇÕES PARA A AQUICULTURA

NATAL/RN

NOVEMBRO, 2019

Page 2: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

MARCELLE STEPHANNE BARBOSA DA SILVA

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE A

MACROALGA Gracilaria birdiae – IMPLICAÇÕES PARA A AQUICULTURA

Monografia apresentada ao Departamento de Ecologia, da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito

para obtenção do título de Bacharel em Ecologia.

Orientadora: Profª. Drª. Eliane Marinho Soriano

Coorientadora: Drª. Marcella Araújo do Amaral Carneiro

Natal - RN

201

Page 3: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

Barbosa-Silva, Marcelle Stephanne. Avaliação dos efeitos das mudanças climáticas sobre amacroalga Gracilaria birdiae: implicações para a aquicultura /Marcelle Stephanne Barbosa da Silva. - Natal, 2019. 33 f.: il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grandedo Norte. Centro de Biociências. Graduação em Ecologia. Orientadora: Profa. Dra. Eliane Marinho Soriano. Coorientadora: Dra. Marcella Araújo do Amaral Carneiro.

1. Aquecimento global - Monografia. 2. Temperatura -Monografia. 3. Salinidade - Monografia. 4. Cultivo de macroalga- Monografia. I. Soriano, Eliane Marinho. II. Carneiro, MarcellaAraújo do Amaral. III. Universidade Federal do Rio Grande doNorte. IV. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 504.7

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - ­Centro de Biociências - CB

Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351

Page 4: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

MARCELLE STEPHANNE BARBOSA DA SILVA

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE A

MACROALGA Gracilaria Birdiae – IMPLICAÇÕES PARA A AQUICULTURA

Monografia apresentada ao Departamento de Ecologia, da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito para obtenção do título de Bacharel em Ecologia.

Aprovada em: 29/11/ 2019

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________

Profª. Drª. Eliane Marinho Soriano (Orientadora)

Departamento de Oceanografia e Limnologia (DOL) – Centro de Biociências

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________________

Prof. Dr. Graco Aurélio Câmara de Melo Viana (Membro)

Departamento de Oceanografia e Limnologia (DOL) – Centro de Biociências

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________________

Me. Felipe de Oliveira Fernandes (Membro externo)

Departamento de Ecologia (DECOL) – Centro de Biociências

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Page 5: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

Dedico aos meus avôs Veleyda de Brito Barbosa e

Josimar Benigno de Sousa por todo carinho, apoio e

incentivo

Page 6: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte por me proporcionar a oportunidade

de realizar a graduação em Ecologia.

À minha orientadora, a Profª. Drª. Eliane Marinho Soriano, pela compreensão,

paciência, carinho e pelo conhecimento compartilhado ao longo de sua orientação.

À minha co-orientadora, Marcella Araújo do Amaral Carneiro, pelo carinho, amizade,

paciência, conselhos e por todo tempo que dedicou a me ajudar para realização deste trabalho.

A meus amigos do Laboratório de Macroalgas, Felipe, Júlia, Ana Beatriz e Henrique,

pela amizade, risadas, companheirismo, conselhos e ajuda em cada etapa desse trabalho.

Aos professores Juliana Dias e Adriano Caliman pelo auxílio nas dúvidas sobre as

análises estatísticas.

Ao professor Fúlvio Freire e a Bruno pela imensa ajuda na construção do conhecimento

sobre funções matemáticas, que foram usadas para a realização das curvas de luz.

À minha família pelo carinho e apoio nessa jornada, em especial aos meus avôs, Veleyda

de Brito Barbosa e Josimar de Souza, por sempre acreditarem em mim e terem sido parte

fundamental para a realização do sonho da graduação.

Aos meus três cachorros, Elvis, Sirius e Loki, por todos os momentos de carinho, por

me darem amor incondicional e serem a alegria dos meus dias.

Às minhas amigas, Nathália, Geovanna, Júlia, Cássia, Valéria e Scarlett, pelo

companheirismo durante esses quatro anos de graduação, apoio nos momentos mais difíceis e

por todos os momentos maravilhosos que tivemos nessa dura jornada.

A meu namorado, Jonas, pela compreensão, carinho, afeto e apoio nos momentos

difíceis nessa reta final.

Page 7: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

RESUMO

No momento atual, muito se pergunta como as mudanças climáticas irão afetar os organismos

e ecossistemas, principalmente nos ambientes marinhos costeiros. Considerando essa

perspectiva, fica a dúvida de como essas alterações no clima irão impactar setores da economia

que tem como base organismos marinhos, como a aquicultura. Diante desse cenário, este estudo

teve como objetivo avaliar a resposta fisiológica da agarófita Gracilaria birdiae, espécie nativa

com maior potencial de cultivo no Brasil, frente às alterações de temperatura e salinidade

ocasionadas pelas mudanças climáticas. A macroalga estudada foi coletada na praia de

Cotovelo, Parnamirim, RN. Os tratamentos escolhidos para compor esse estudo foram

elaborados com base nos cenários RCP 2.6 e RCP 4.5, previstos pelo IPCC 2014

(Intergovernmental Panel on Climate Change). De acordo com esses cenários, foram

elaborados quatro tratamentos: T1 (28 °C e 36 PSU); T2 (28 °C e 34 PSU); T3(29 °C e 36 PSU)

e T4 (29 °C e 34 PSU). Todos os tratamentos foram realizados com quatro réplicas. A

determinação da biomassa, TCR e fluorescência in vivo da clorofila foi realizada a cada 2 dias,

durante o período de 12 dias. Em todos os tratamentos, G. birdiae apresentou valores positivos

de biomassa e TCR ao longo do experimento. Tanto biomassa quanto a TCR apresentarão

valores mais elevados no tratamento com maior temperatura e menor salinidade (T4). Para o

ETRmáx, Ik e Yield, a alga demonstrou melhor desempenho nos tratamentos com menor

salinidade (T2 e T4). Entre todos os tratamentos avaliadas, o T3 foi o cenário em que G. birdiae

apresentou menores valores. Diante desses resultados, podemos observar que G. birdiae, por

ser considerada uma espécie eurialina e euritérmica, que está presente em um ambiente com

grande estresse ambiental, pode não vir a sofrer influências negativas em decorrência das

mudanças climáticas previstas para os cenários RCP 2.6 e 4.5. Mostrando-se assim uma alga

com grande potencial para cultivos diante da situação climática do planeta. Entretanto, devem

ser realizados experimentos com maior tempo de duração, bem como cenários mais críticos de

temperatura, para, de fato, comprovarmos os resultados sobre essa espécie.

Palavras-Chaves: Aquecimento global; Temperatura; Salinidade; Cultivo de macroalga.

Page 8: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

ABSTRACT

At the moment, much has been asked how climate change will affect organisms and ecosystems,

especially in coastal marine environments. Given this perspective, it is uncertain how these

climate changes will impact sectors of the economy that are based on marine organisms such

as aquaculture. Concerning this scenario, this study aimed to evaluate the physiological

response of the agarophyte Gracilaria birdiae, a native species with the highest cultivation

potential in Brazil, regarding alteration in temperature and salinity caused by climate change.

The seaweed studied was collected at Cotovelo beach, Parnamirim, RN. The treatments chosen

to comprise this study were developed based on the RCP 2.6 and RCP 4.5 scenarios, predicted

by IPCC 2014 (Intergovernmental Panel on Climate Change). According to these scenarios,

four treatments were tested: T1 (28 °C and 36 PSU); T2 (28 °C and 34 PSU); T3 (29 °C and 36

PSU) and T4 (29 °C and 34 PSU). All treatments were carried out with four replicates. The

determination of biomass, RGR and in vivo chlorophyll fluorescence was measured every 2

days during a 12-day period. In all treatments, G. birdiae showed positive values of biomass

and RGR throughout the experiment. Both biomass and RGR exhibited higher values in the

treatment with higher temperature and lower salinity (T4). When analyzing ETRmax, Ik and

Yield, the seaweed showed better performance in treatments with lower salinity (T2 and T4).

Among all the treatments tested, T3 was the scenario in which G. birdiae exhibited the lowest

values. Given these results, we can observe that G. birdiae, being considered an euryhaline and

eurythermal species, which is present in an environment with great environmental stress, may

not suffer negative influences due to the climate changes predicted for RCP 2.6 and 4.5

scenarios. Thus, this seaweed shows a great potential for cultivation with regards to the Earth’s

climate situation. However, longer-term experiments as well as more critical temperature

scenarios must be performed to confirm the results for this species.

Keywords: Global warming; temperature; salinity; seaweed farming.

Page 9: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Foto da macroalga Gracilaria birdiae.....................................................................16

Figura 2 – Mapa da áre de coleta na praia de Cotovelo, Parnamirim, RN.................................17

Figura 3 – G. birdiae após triagem............................................................................................18

Figura 4 – Delineamento do experimento. Câmara de cultivo contendo oito recipientes, sendo

quatro para a salinidade de 36 PSU e outros quatro para a de 34 PSU.......................................................................................................................................................................19

Figura 5 – Variação dos valores médios ± erro padrão da biomassa de Gracilaria birdiae entre os tratamentos ao longo do período experimental....................................................................22

Figura 6 – Variação dos valores médios ± erro padrão da taxa de crescimento relativo

(TCR) de Gracilaria birdiae entre os tratamentos ao longo do período experimental............24

Page 10: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores de máximo, mínimo e média ± erro padrão para a biomassa e taxa de

crescimento relativo (TCR) de Gracilaria birdiae durante o período de estudo........................23

Tabela 2. Summary da ANOVA de medidas repetidas e do teste de Friedman das variáveis de

peso, crescimento e Fotossíntese para os quatro tratamentos.....................................................23

Tabela 3. Valores de média ± erro padrão para a rendimento quântico efetivo (Yield), eficiência

fotossintetizante (αETR), taxa máxima de transporte de elétrons (ETRmax) e irradiância de

saturação (Ik) de Gracilaria birdiae durante o período de estudo...............................................25

Page 11: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

LISTA DE ABREVIAÇÕES

ANOVA – Análise de Variância

αETR – Eficiência fotossintetizante

ETRmáx – Taxa máxima de transporte de elétrons

Ik – Irradiância de saturação

PSU – Unidade de Salinidade Prática

TCR – Taxa de Crescimento Relativo

Page 12: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12

2. OBJETIVO ............................................................................................................ 15

3. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 16

3.1. DESCRIÇÃO DA ESPÉCIE..................................................................................16

3.2. COLETA DE MATERIAL....................................................................................16

3.3. PROCEDIMENTO EM LABORATÓRIO...........................................................17

3.4. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL.................................................................18

3.5. TAXA DE CRESCIMENTO (TCR)......................................................................20

3.6. FLOURECÊNCIA IN VIVO DA CLOROFILA....................................................20

3.7. ANÁSILE ESTATISTICA.....................................................................................21

4. RESULTADOS .......................................................................................................22

4.1. BIOMASSA E CRESCIMENTO...........................................................................22

4.2. FLOURECÊNCIA IN VIVO DA CLOROFILA....................................................24

5. DISCUSSÃO .......................................................................................................... 26

6. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 28

REFERÊNCIAS ............................................................................................................29

Page 13: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

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1. INTRODUÇÃO

As mudanças climáticas já são uma realidade e com isso vem a pergunta de como

essas alterações no clima irão afetar os organismos e ecossistemas, especialmente nos

ambientes marinhos costeiros. Muitos dos organismos desse ambiente desempenham

diversos serviços ecológicos, além de apresentarem diversas aplicabilidades econômicas.

A revolução industrial foi um grande passo para a civilização, mas trouxe

consigo graves consequências ambientais. Atualmente, uma das implicações mais sérias

são as mudanças climáticas, que são alterações na atmosfera da terra e nos oceanos,

provocando a acidificação dos mares, aumento de temperatura, mudanças de salinidade e

elevação do nível dos oceanos, entre outras (PANDOLFI et al., 2011; IPCC, 2014). Essa

alteração tem como principal gerador o aumento das emissões de gases de efeito estufa

(GEE), principalmente o CO2 (IPCC, 2014; VILAS-BOAS, 2016).

Além de ser o causador do aquecimento global, o CO2 vem alterando o pH dos

oceanos e gerando um evento de acidificação (WOOTTON et al., 2008; HARLEY et al.,

2011; IPCC, 2014). Essas alterações químicas e físicas nos oceanos têm grande impacto

sobre a biodiversidade, chegando a causar modificações na estrutura das cadeias tróficas,

com extinção de algumas espécies e dominância de outras (WOOTTON et al., 2008;

HARLEY et al., 2012). De acordo com o cenário mínimo de mudanças climáticas e

baseando-se nas taxas atuais de extinção, podemos ter uma taxa de espécies extintas de

11% a 34% até 2050 (THOMAS et al., 2004).

Diante dos crescentes impactos ambientais causados pelo homem, a

Organização das Nações Unidas (ONU) em conjunto com a Organização Meteorológica

Mundial (WMO) decidiram no ano de 1988 criar o Intergovernmental Panel on Climate

Change (IPCC). Esse painel tem como principal objetivo estimar e mensurar as mudanças

climáticas advindas das atividades humanas e a partir disso prever quais poderiam ser as

futuras consequências de tais mudanças (IPCC, 1992; VILAS-BOAS,2016). Com essas

informações, o IPCC projetou cenários futuros, nomeados de Representative

Concentration Pathways (RCP), para as mudanças climáticas. Os RCPs foram elaborados

através de modelos matemáticos que preveem os picos de radiação para os anos 2081 a

2100 contrapondo com o de 1850 (IPCC, 2013; 2014). Os cenários ao todo são quatro:

RCP 2.6, que seria o mais otimista; 4.5 e 6.0, que são os cenários moderados e, por fim,

o mais extremo 8.5, que pode ser alcançado caso as emissões de gases de efeito estufa

não cessem e continuem a crescer exponencialmente (IPCC, 2013;2014).

Page 14: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

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Mitigar as emissões dos gases de efeito estufa permanece um desafio complexo

e necessita de muitos esforços para combater as mudanças climáticas. Os ecossistemas

costeiros em todo o mundo são conhecidos por fornecerem uma gama de valiosos serviços

ecossistêmicos para o homem, como por exemplo, proteção costeira, provisão de

alimentos e recreação (BARBIER et al., 2011). Entre esses serviços, o "carbono azul",

que é capturado e armazenado como biomassa permanente ou sequestrado pela vegetação

costeira, como manguezais, pântanos e algas marinhas (PENDLETON et al., 2012), está

ganhando atenção como um importante serviço global de regulação (Avaliação

Ecossistêmica do Milênio - Millenium Ecosystem Assessment).

Estratégias estão sendo propostas e implementadas para combater as mudanças

climáticas, incluindo uma das mais citadas: compensação de carbono (e.g. crédito para

reduzir, evitar ou sequestrar carbono). No entanto, essas estratégias são difíceis de colocar

em prática, principalmente no que concerne, espaço disponível na terra (i.e. florestas) e

na água (bancos de algas). Entretanto, novos setores estão surgindo e podem ter um

potencial considerável para ajudar a reforçar a nossa capacidade de combater as emissões.

Um dos setores mais promissores nesse meio é o cultivo de algas (FROEHLICH et al.,

2019).

A aquicultura (peixes, camarão e algas) é um dos setores de produção de

alimento que mais cresce no planeta, com a aquicultura de algas marinhas mostrando um

crescimento mais rápido (8% ao ano) (FAO, 2018). Atualmente, as algas marinhas são

cultivadas principalmente para alimento, medicamento, cosmético e bioenergia. Porém,

esse ramo da aquicultura, ainda se encontra com pouco uso estratégico em larga escala

para compensação explícita de carbono (BUSCHMANN et al., 2017). No entanto, o

interesse em usar a aquicultura de algas marinhas para combater as emissões dos gases

estufa está aumentando. Embora haja desacordo sobre como os bancos algais atenderiam

os critérios do quadro “Carbono azul”, existem evidências crescentes para o importante

papel das algas marinhas em relação ao sequestro de carbono, particularmente no que se

refere à produção cultivada (KRAUSE-JENSEN et al., 2018). Estudos recentes sugerem

que os bancos de algas podem sequestrar quantidades significativas de carbono nos

oceanos através da matéria orgânica (dissolvida e particulada), sendo exportada

posteriormente para o oceano profundo (>1.000 m), onde é essencialmente armazenada e

mineralizada, permanecendo por centenas de milhares de anos (HILL et al., 2015).

O futuro da aquicultura de algas marinhas tem um grande potencial para

contribuir com a mitigação das emissões do CO2 na atmosfera. Entretendo, as mudanças

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dos fatores abióticos (temperatura, salinidade, pH) e outras alterações nas condições

oceanográficas, incluindo correntes, velocidade do vento e ondas, também pode afetar

esse setor econômico (CHUNG et al., 2017). A forma como as mudanças climáticas irá

impactar a produtividade das algas marinhas dependerá da tolerância das espécies às

novas mudanças globais.

Existe realmente um potencial significativo para aumentar o sequestro do CO2

usando o cultivo de macroalgas. No entanto, é claro que muitas das algas marinhas que

são usadas na aquicultura no momento são suscetíveis às mudanças climáticas, portanto,

mais esforços devem ser concentrados no sentido de identificar espécies para uso em

sistemas de aquicultura. Vale salientar, no entanto, que no futuro será necessário levar em

conta a tolerância fisiológica das espécies frente às mudanças climáticas (CHUNG et al.,

2017).

O Brasil possui uma longa faixa litorânea com grande potencial para a

aquicultura. Este potencial está relacionado à sua extensão costeira de mais de oito mil

quilômetros, à sua zona econômica exclusiva (ZEE) de 3,5 milhões de km² e suas

condições ambientais. As áreas recifais e as águas mornas do Nordeste são o habitat de

diversas espécies de algas verdes, marrons e vermelhas, muitas das quais de grande

potencial econômico (MARINHO-SORIANO et al., 1999). Em relação à aquicultura, o

Rio Grande do Norte é um dos maiores produtores de camarão oriundas da aquicultura

do Brasil. Contudo, em relação ao cultivo de algas, ele ainda está na sua infância, embora

projetos pilotos e cultivos em pequena escala venham sendo desenvolvidos com sucesso

nessa região do país.

Page 16: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

15

2. OBJETIVO

O presente estudo teve como objetivo avaliar os impactos das possíveis

alterações da temperatura e salinidade relacionadas às mudanças climáticas globais sobre

o crescimento e as respostas fotossintéticas da macroalga Gracilaria birdiae, conforme a

previsão dos cenários futuros RCP2.6 e RCP4.5 projetados pelo IPCC (IPCC, 2014).

Page 17: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

16

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. DESCRIÇÃO DA ESPÉCIE

Nessa pesquisa, selecionamos como objeto de estudo a macroalga Gracilaria

birdiae (figura 1), uma alga pertencente ao grupo das Rodofíceas (Rhodophyta) de cor

vermelho-escura, talo ereto e cilíndrico, apresentando ramificação subdicotômica a

unilateral (MARINHO-SORIANO et. al., 2009). Esta alga tem sido coletada dos bancos

naturais há décadas para extração do polissacarídeo ágar. Recentemente essa espécie tem

sido cultivada na região Nordeste (MARINHO-SORIANO, 2017).

Figura 1. Foto da macroalga Gracilaria birdiae

Fonte: Diogo Raposo (2013).

3.2. COLETA DO MATERIAL

A coleta das macroalgas foi realizada em maio de 2019 na praia de Cotovelo

(05°56’23’’S 35°09’15’’W), situada no município de Parnamirim, litoral sul do estado do

Rio Grande do Norte, Brasil (figura 2). Esse local apresenta uma zona intertidal formada

por recifes de arenito-ferruginoso, os quais servem como substrato para diversos grupos

bentônicos, com destaque para as macroalgas.

Page 18: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

17

Figura 2. Mapa da área de coleta de G. birdiae. Praia de cotovelo, Parnamirim, RN.

Fonte: Rodrigo Soares (2019).

3.3. PROCEDIMENTO EM LABORATÓRIO

Após a coleta, as algas foram levadas para o laboratório de Macroalgas,

localizado no Departamento de Oceanografia e Limnologia – DOL, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Foi realizada a triagem do material para retirada

de possíveis organismos associados que não são de interesse para a pesquisa em questão

(figura 3). Em seguida, as macroalgas foram distribuídas em aquários de 20L contendo

água do mar a salinidade de 36 PSU, enriquecida com solução de nutriente Von Stosch,

VS/2, e aeração adequada. Durante 8 dias, as algas ficaram nos aquários em temperatura

ambiente para aclimatação.

Page 19: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

18

Figura 3. G. birdiae após triagem.

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

3.4. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

Foi conduzido um experimento em laboratório onde as macroalgas foram

cultivadas em incubadora térmica (Ethiktechnology 411FPD, com irradiância de ≅ 70

µmol. m2 s-1) a temperaturas de 28 °C e 29 °C. A primeira temperatura teve como

finalidade simular o aumento de 1 °C projetado pelo cenário RCP2.6 e a segunda, o

aumento de 2 °C projetado pelo cenário RCP4.5 (IPCC, 2014). Ambas tiveram como base

o aumento em relação à temperatura de 27 °C, que é a média para a área de coleta da

macroalga. Para a salinidade, foram considerados as previsões de redução para esta área

e com isso elaboramos uma redução para 34 PSU e manutenção da salinidade da área de

coleta à 36 PSU, para ambas as temperaturas. No experimento foram utilizados 8

erlenmeyer contendo 5g de alga e 1L de água do mar filtrada (filtro fibra de vidro de 0,6

µm - Macherey-Nagel), enriquecida com solução de nutriente Von Stosch, VS/2, e

aeração adequada (figura 4).

Page 20: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

19

Figura 4. Delineamento do experimento. Câmara de cultivo contendo oito recipientes,

sendo quatro para a salinidade de 36 PSU e outros quatro para a de 34 PSU.

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

O experimento foi realizado em duas baterias de 12 dias de duração cada, sendo

a primeira com temperatura de 28 °C e a segunda de 29 °C e ambas contendo quatro

réplicas para cada salinidade testada (34 PSU e 36 PSU). Sendo assim, obtivemos quatro

tratamentos com as seguintes condições: T1, aumento de 1° C (28 °C) e salinidade local

(36 PSU); T2, aumento de 1° C (28 °C) e redução da salinidade (34 PSU); T3, com

aumento de 2 °C (29 °C) e salinidade local; e, T4, com aumento de 2 °C na temperatura

(29 °C) e diminuição da salinidade (34 PSU). Durante os 12 dias de experimento, foram

realizadas medições da biomassa algal em balança analítica (Marte científica AY220) em

intervalos de 2 dias. Simultaneamente, a fluorescência in vivo da clorofila das algas

também foi mesurada.

Page 21: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

20

3.5. TAXA DE CRESCIMENTO RELATIVA (TCR)

A determinação da taxa de crescimento relativa (TCR) foi realizada a partir da

fórmula descrita por De Casabianca et al. (1997).

TCR= [ (Pf/Pi)1/t - 1] x 100

Onde Pf é o peso final (g), Pi o peso inicial (g) e t é o intervalo de tempo entre

as duas medidas (dias).

3.6. FLUORESCÊNCIA IN VIVO DA CLOROFILA

As medidas de fluorescência in vivo da clorofila foram realizadas por meio do

fluorímetro submersível (Walz Diving-PAM). Para essa medição, as algas eram retiradas

da incubadora e posicionadas em placas de petri para a medição. Teve-se o cuidado de

reposicionar a extremidade da fibra ótica, para não ocorrer a repetição da medição em

uma região da alga que já estava saturada. Por meio do programa Wincontrol, foi

selecionada a opção “light curve”, sendo usados 8 níveis de irradiância (0 – 1462 μmol

fótons.m-2s-1). Os valores colhidos a partir do processo descrito acima foram usados para

a criação de curvas de fotossíntese x irradiância (FI). O rendimento quântico efetivo

(ΔF/Fm’) foi gerado pelo próprio equipamento, sendo calculado de acordo com Genty e

colaboradores (1989). Para estimarmos o fluxo de elétrons no aparelho fotossintetizante

da alga, foi realizado um cálculo das taxas de transporte de elétrons (ETR) segundo

Schreiber e colaboradores (1994).

ETR = F/Fm’ x PAR x 0,15 x 0,5

Onde F/Fm’ é o rendimento quântico efetivo obtido nas diferentes intensidades

de PAR (irradiância) e os fatores 0,15 e 0,50 referem-se a absorbância utilizada para

Rhodophytas e a quantidade de fótons associados ao fotossistema II (PSII) (SCHREIBER

et al., 1995), respectivamente.

As curvas foram produzidas baseadas nos valores dos ETRs calculados e os

valores de PAR (0 – 1462 μmol fótons.m-2.s-1). Os parâmetros fotossintéticos, fotossíntese

máxima (ETRmax) e eficiência fotossintetizante (αETR), foram determinados por meio da

função não-linear de Jassby e Platt (1976):

ETR = ETRmáx · tanh (ETR · Is/ETRmáx )

Page 22: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

21

Onde ETR é a taxa de transporte de elétrons, mencionada acima; ETRmáx é a ETR

saturada (intercepto da regressão); tanh é a função tangente hiperbólica; ETR é a

eficiência fotossintetizante (inclinação da curva F x I) e Is é a irradiância incidente (PAR).

A partir dos valores de ETRmáx e ETR, foi calculado o valor da saturação da

irradiância (IK) a partir da razão entre eles. As curvas foram projetadas no software R

estúdio (versão 3.5.0) (script em anexo) e ajustadas de acordo com Weeb e colaboradores

(1974). As curvas e os parâmetros gerados foram usados nas análises estatísticas descritas

a seguir.

3.7. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para análise de biomassa, TCR, rendimento quântico efetivo (Yield) e eficiência

fotossintetizante (αETR), foi realizada uma ANOVA one way de medidas repedidas. Já

para a fotossíntese máxima (ETRmax) e a irradiância de saturação (Ik), o teste estatístico

usado foi o Friedman test (teste não paramétrico equivalente a uma ANOVA one way de

medidas repetidas). Os testes foram realizados no software R estúdio (versão 3.5.0).

Page 23: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

22

4. RESULTADOS

4.1. BIOMASSA E CRESCIMENTO

A biomassa de G. birdiae apresentou um aumento considerável durante o

período do experimento (Figura 5). O T4 apresentou os maiores ganhos de biomassa ao

longo do período, seguido pelo T2 e T1 (Tabela 1). Os menores valores foram registrados

para o T3. Durante o período do experimento o valor máximo da biomassa foi registrado

para as algas do T4, com uma biomassa máxima de 6,417 ± 0,095 g, ao final do

experimento. O valor mínimo da biomassa foi de 5,543 ± 0,063 g, registrado no T3. De

acordo com os dados obtidos, foram observadas diferenças significativas entre os

diferentes tratamentos testados (p<0,001) (Tabela 2). Além da significância observada

para tratamentos, também houve diferenças significativas para o tempo (p<0,001) e para

a interação entre tratamento e tempo (p<0,05), o que mostra que o tempo e os tratamentos

têm efeito sobre o ganho de biomassa da alga.

Figura 5. Variação dos valores médios ± erro padrão da biomassa de Gracilaria birdiae

entre os tratamentos ao longo do período experimental.

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

4,5

5,0

5,5

6,0

6,5

7,0

DIA 0 DIA 2 DIA 5 DIA 7 DIA 9 DIA 12

Bio

mas

sa (

g)

T1

T2

T3

T4

Page 24: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

23

Tabela 1. Valores de máximo, mínimo e média ± erro padrão para a biomassa e taxa

de crescimento relativo (TCR) de Gracilaria birdiae durante o período de estudo.

Máx – Min Méd ± EP

Biomassa (g)

T1 6,380 - 5,110 5,662 ± 0,071

T2 6,556 - 5,190 5,736 ± 0,080

T3 6,219 - 5,125 5,543 ± 0,063

T4 6,586 - 5,188 5,844 ± 0,089

TCR (%d-1)

T1 1,825 - 0,622 1,277 ± 0,068

T2 2,0 - 0,772 1,399 ± 0,083

T3 1,936 - 0,698 1,144 ± 0,069

T4 2,739 - 0,775 1,765 ± 0,100

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Com base na análise de variância (ANOVA), foram observadas variações

significativas da TCR entre os tratamentos (p<0,001), assim como para a interação

tratamento e tempo (p<0,001) (Tabela 2). Todas as algas mostraram uma resposta positiva

de crescimento nas temperaturas (28°C e 29°C) e salinidades (34 e 36 PSU) testadas

(Tabela 1). No entanto, observa-se que as algas do T4 crescendo na temperatura de 29°C

e salinidade de 34 PSU tiveram um melhor desempenho quando comparadas com os

outros tratamentos (Figura 6). Como para a biomassa, as maiores TCRs foram registradas

para o T4 (1,765 ± 0,100 %d-1) e as menores para o T3 (1,144 ± 0,069 %d-1). A TCR

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Tabela 2. Summary da ANOVA de medidas repetidas e do teste de Friedman das

variáveis de peso, crescimento e Fotossíntese para os quatro tratamentos.

ANOVA Teste de

Friedman

Tratamento Tempo Interação

Variáveis F p F p F p X2 p

Biomassa 8,95 < 0,001 793,57 < 0,00 3,71 < 0,01 - -

TCR 13,60 <0,001 0,02 >0,05 6,67 <0,001 - -

Yield 0,65 >0,05 0,78 >0,05 0,68 >0,05 - -

αETR 1,36 >0,05 0,42 >0,05 0,60 >0,05 - -

ETRmax - - - - - - 4,58 >0,05

Ik - - - - - - 8,05 >0,05

Page 25: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

24

registrada no T4 foi 54,28% vezes maior do que a do T3. No entanto, embora o T3 tenha

apresentado um desempenho mais baixo quando comparado aos demais tratamentos, as

algas continuaram a crescer até o final do experimento.

Figura 6. Variação dos valores médios ± erro padrão da taxa de crescimento relativo

(TCR) de Gracilaria birdiae entre os tratamentos ao longo do período experimental.

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

4.2. FLORURECÊNCIA IN VIVO DA CLOROFILA

As características fotossintéticas de cada tratamento estão apresentadas na

Tabela 3. O rendimento quântico (Yield), medido ao longo do experimento, foi similar

para todos os tratamentos, exceto para o T3 que apresentou valores mais baixos (0,322 ±

0,010). Nesse tratamento (29 °C e 36 PSU), o Yield apresentou valores mais baixos,

enquanto nas condições de temperaturas menos elevadas e maior salinidade (28 °C e 36

PSU), as algas alcançaram valores mais elevados. O maior valor médio do Yield foi

observado no T1 (0,367 ± 0,014), seguido pelo T4 (0,340 ± 0,013) e T2 (0,337 ± 0,016)

respectivamente. Em geral, não foram observadas variações significativas no Yield em

relação aos tratamentos (p>0,05) (Tabela. 2). Os valores da eficiência fotossintética

(αETR) foram bastante similares entre os tratamentos (p>0,05). Os valores mais elevados

do ETRmax foram observados no T4 (0,699 ± 0,087) e T2 (0,699 ± 0,060), seguido do T1

(0,602 ± 0,043). O menor valor foi registrado para o T3 (0,478 ± 0,045), mas esse

parâmetro apresentou bom desempenho durante todo o experimento. Não foram

observadas diferenças significativas de ETRmax entre os tratamentos (P>0,05). A

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

DIA 2 DIA 5 DIA 7 DIA 9 DIA 12

TC

R (

%d

1) T1

T2

T3

T4

Page 26: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

25

saturação luminosa (Ik), assim como o ETRmax, teve aumento durante todo o período

experimental, tendo os maiores valores para o T2 (69,329 ± 6,343) e T4 (55,888 ± 6,724)

e mais baixas no T1 (49,705 ± 4,003) e T3 (33,492 ± 2,873). Não houve diferenças

significativas dessa variável entre os tratamentos (p>0.05).

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Tabela 3. Valores de média ± erro padrão para a rendimento quântico efetivo (Yield),

eficiência fotossintetizante (αETR), taxa máxima de transporte de elétrons (ETRmax) e

irradiância de saturação (Ik) de Gracilaria birdiae durante o período de estudo.

Média ± Erro Padrão

T1 T2 T3 T4

Yield 0,367 ± 0,014 0,337 ± 0,016 0,322 ± 0,010 0,340 ± 0,013

αETR 0,013 ± 0,001 0,011 ± 0,001 0,014 ± 0,001 0,013 ± 0,000

ETRmax 0,602 ± 0,043 0,699 ± 0,060 0,478 ± 0,045 0,699 ± 0,087

Ik 49,705 ± 4,003 69,329 ± 6,343 33,492 ± 2,873 55,888 ± 6,724

Page 27: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

26

5. DISCUSSÃO

Os estudos realizados sobre os limites de tolerância das macroalgas têm

enfatizado que diversos fatores abióticos podem influenciar o desenvolvimento das

macroalgas (MARBÀ et al., 2017). Essas informações têm ajudado a compreender as

respostas fisiológicas e a prever o comportamento das algas frente às mudanças

climáticas.

No presente estudo, G. birdiae apresentou valores positivos tanto para a

produção de biomassa como para a taxa de crescimento na escala de projeções otimista

(RCP2.6) e intermediária (RCP4.5) do IPCC (2014). Isto indica que o crescimento pode

ser sustentado nesses dois cenários, o qual se reveste de grande importância para o sucesso

de cultivo dessa espécie em águas tropicais. Embora esse padrão de crescimento tenha

sido observado nos diferentes tratamentos, os resultados obtidos demonstraram que o

efeito sinérgico da temperatura mais alta com a menor salinidade testada (29 °C e 34

PSU) favoreceu um melhor desempenho da espécie estudada. Estes resultados indicam

uma adaptação de G. birdiae a um possível aumento de temperatura e redução da

salinidade ocasionada pelo aquecimento global. A boa performance de G. birdiae na

temperatura de 29 °C ocorreu provavelmente por causa de sua habilidade em tolerar

temperaturas elevadas. Isso se deve ao fato dessas macroalgas estarem na zona intertidal

sujeitas às variações constantes de diversos parâmetros ambientais (VALDIVIA et al.,

2011), o que faz que sejam mais adaptadas às condições peculiares (stress) desse

ambiente.

Estudos anteriores têm relatado valores “ótimos” de temperatura e salinidade

para diferentes espécies de algas vermelhas (MANSILLA et al., 2014), verdes (CHOI et

al., 2010) e marrons (FIETT, 2014). No entanto, pesquisas realizadas sobre gracilarióides

mostram que as espécies desse grupo apresentam uma ampla tolerância às variações de

temperatura e salinidade (PENG et al., 2009; KIM, 2016, 2017). No que diz respeito aos

limites de tolerância das espécies, os estudos experimentais têm fornecido informações

valiosas (CELIS-PLA et al., 2017), mas a extrapolação de resultados de laboratório para

condições de campo pode ser superestimada. Além disso, a resposta de determinadas

espécies às mudanças climáticas tem sido muitas vezes muito sútil e, dessa forma, difícil

de ser avaliada simplesmente a partir dos resultados obtidos em estudos de curta duração

(XIAO et al., 2015). Por outro lado, as mudanças climáticas não ocorrem de forma

repentina, mas sim ao longo de vários anos e, portanto, as espécies podem se ajustar a tais

mudanças até certo ponto, alterando suas necessidades fisiológicas (POLOCZANSKA et

Page 28: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

27

al., 2016; PIÑEIRO‐CORBEIRA et al., 2018;). Com base no efeito da temperatura sobre

o crescimento de G. birdiae, podemos deduzir que um aumento na temperatura da água

variando entre 28 e 29 °C não causa danos e não compromete o crescimento e produção

de biomassa dessa espécie.

As variações de salinidade também podem levar ao estresse celular nas algas,

causando dispersão dos íons e eletrólitos, alterações de pH, cristalização do soluto e

desnaturação de proteínas, os quais, por sua vez, desencadeiam alterações em uma série

de processos fisiológicos (BISCHOF; RAUTENBERGER, 2012). Estudos têm

demonstrado que o estresse hipersalino é mais prejudicial para as algas do que o estresse

hiposalino. Enquanto a hipersalinidade envolve a privação de água, a hiposalinidade

promove a hidratação celular (KUMAR et al., 2014). O decréscimo do volume celular

resultante da pressão do turgor ocasiona a interrupção da divisão celular (BISCHOF;

RAUTENBERGER, 2012). Isso pode explicar as menores taxas de crescimento

registrado para G. birdiae na salinidade mais elevada (36 PSU). Essas observações

concordam com os resultados obtidos com Hypnea cervicornis (DING et al., 2013) e

Stylonema alsidii (NITSCHKE et al., 2014), os quais evidenciaram que o estresse salino

era a causa da redução do crescimento das espécies.

O desempenho fotossintético das macroalgas varia de acordo com diferentes

condições ambientais (WILLIAMS; DETHIER, 2005). Os resultados obtidos nesse

estudo indicaram que G. birdiae tem sua taxa máxima fotossintética (ETRmáx) tanto na

temperatura de 28 °C como na de 29 °C, como observado para o T2 e T4. No entanto,

observa-se que o ETRmax foi maior na salinidade mais baixa (34 PSU) do que na alta (36

PSU). O Yield reflete a eficiência intrínseca da conversão de intensidade de luz

(Fotossistema II). As mudanças no Yield durante o crescimento da macroalga foram muito

pequenas e aparentemente não afetaram o desenvolvimento da espécie, exceto para o T3,

onde os valores desse parâmetro foram comparativamente mais baixos. Esses resultados

corroboram com os estudos realizados por Borlongan et al. (2016) e Xing et al. (2019)

sobre o efeito da temperatura e salinidade na eficiência da fotossintética das macroalgas.

Finalmente, os dados oriundos da técnica de fluorescência mostram que

efetivamente houve uma pequena queda na eficiência fotossintética de G. birdiae na

temperatura de 29 °C e salinidade de 36 PSU correspondente ao cenário RCP 4.5

(intermediário). Esta diminuição ficou evidenciada pela redução dos valores do Yield e

ETRmax observado no T3. No entanto, vale salientar que mesmo diante desse cenário as

algas apresentaram valores positivos de crescimento.

Page 29: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

28

6. CONCLUSÃO

Com base no desempenho do crescimento e análise fotossintética apresentada

por G. birdiae no presente estudo, podemos inferir que a espécie em questão tem potencial

para cultivo, mesmo diante da previsão de aumento de temperatura ocasionado pelas

mudanças climáticas. No entanto, para melhor elucidar os efeitos ecológicos das

mudanças climáticas sobre a espécie, estudos futuros deverão investigar os efeitos das

alterações climáticas em experimentos com maior tempo de duração e cenários mais

críticos de temperatura. Além disso, os estudos devem considerar o efeito interativo do

aumento da concentração de CO2, nutrientes e acidificação dos oceanos sobre a fisiologia

da alga. O desenvolvimento de uma maior capacidade de monitoramento e compreensão

destas alterações será fundamental para a futura gestão dos recursos oceânicos e costeiros,

em especial para a implementação da aquicultura de algas.

Page 30: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE …

29

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