12
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA O termo antropometria tem sua origem do grego: anthropo, que significa homem, e metron, medida. Por definição, a antropometria envolve a obtenção de medidas físicas de um indivíduo para relacioná-las com um padrão que reflita o seu crescimento e desenvolvimento. Essas medidas físicas compõem a avaliação nutricional e as mais aferidas são peso, estatura (ROSSI,2015). Metodologias de análise da composição corporal (ROSSI,2015): - Diretos: Dissecação de cadáveres; Apesar de o método direto de dissecção do corpo humano ser muito indicado para a avaliação dos componentes corporais, não é um método que possa ser usado atualmente, mesmo em cadáveres, pois envolve profundas questões éticas e não é aplicável na prática clínica. - Indiretos: Físico-químicos (excreção de creatinina), imagens (tomografia computadorizada, ressonância magnética, ultrassonografia e densitometria óssea) e densitometria (pesagem hidrostática); Os métodos indiretos, também referenciados como “padrão-ouro”, utilizam equipamentos complexos e sofisticados. Embora sejam aceitos e válidos, apresentam em comum as seguintes limitações para estudos de campo: Gastam muito tempo para uma única determinação, são de difícil aplicação sistemática para acompanhamento evolutivo, o equipamento é de alto custo ou há necessidade de laboratório de pesquisa, precisam de pessoal técnico especializado para os procedimentos, geralmente exigem alto grau de participação do indivíduo. - Duplamente indiretos: bioimpedância, antropometria (equações, somatogramas) e interactância de radiação infravermelha. Considerados como primeira opção, em razão de suas estimativas precisas na determinação dos componentes corporais, os métodos indiretos são os mais aconselháveis, porém a facilidade e rapidez de coleta, não invasibilidade, facilidade de interpretação, pequenas restrições culturais, baixo grau de colaboração do avaliado, reprodutibilidade, sistemática de análise da composição corporal, condições pré- avaliatórias simples, praticidade de realização, entre outras vantagens, fazem dos métodos duplamente indiretos os mais empregados. Adicionalmente, esse método exige avaliador treinado e experiente, escolha de equipamento e de protocolos adequados para obtenção e discussão dos resultados. Os métodos duplamente indiretos são os procedimentos mais utilizados para a caracterização de diferentes grupos populacionais. Suas técnicas consistem basicamente em realizar mensurações de dobras cutâneas, perímetros e diâmetros ósseos, em vários segmentos amostrais. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Classificação do estado nutricional de crianças imediatamente após o nascimento PESO DA CRIANÇA CLASSIFICAÇÃO 2.500 g Peso adequado < 2.500 g Baixo peso ao nascer (BPN) < 1.500 g Muito baixo peso ao nascer Fonte: (OMS, 1993)

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA - Diretos: - Indiretos

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Page 1: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA - Diretos: - Indiretos

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA

O termo antropometria tem sua origem do grego: anthropo, que significa homem, e metron, medida. Por definição, a antropometria envolve a obtenção de medidas físicas de um indivíduo para relacioná-las com um padrão que reflita o seu crescimento e desenvolvimento. Essas medidas físicas compõem a avaliação nutricional e as mais aferidas são peso, estatura (ROSSI,2015).

Metodologias de análise da composição corporal (ROSSI,2015):

- Diretos: Dissecação de cadáveres; Apesar de o método direto de dissecção do corpo humano ser muito indicado para a avaliação dos

componentes corporais, não é um método que possa ser usado atualmente, mesmo em cadáveres, pois envolve profundas questões éticas e não é aplicável na prática clínica.

- Indiretos: Físico-químicos (excreção de creatinina), imagens (tomografia computadorizada,

ressonância magnética, ultrassonografia e densitometria óssea) e densitometria (pesagem hidrostática); Os métodos indiretos, também referenciados como “padrão-ouro”, utilizam equipamentos complexos e

sofisticados. Embora sejam aceitos e válidos, apresentam em comum as seguintes limitações para estudos de campo: Gastam muito tempo para uma única determinação, são de difícil aplicação sistemática para acompanhamento evolutivo, o equipamento é de alto custo ou há necessidade de laboratório de pesquisa, precisam de pessoal técnico especializado para os procedimentos, geralmente exigem alto grau de participação do indivíduo.

- Duplamente indiretos: bioimpedância, antropometria (equações, somatogramas) e interactância de

radiação infravermelha. Considerados como primeira opção, em razão de suas estimativas precisas na determinação dos

componentes corporais, os métodos indiretos são os mais aconselháveis, porém a facilidade e rapidez de coleta, não invasibilidade, facilidade de interpretação, pequenas restrições culturais, baixo grau de colaboração do avaliado, reprodutibilidade, sistemática de análise da composição corporal, condições pré-avaliatórias simples, praticidade de realização, entre outras vantagens, fazem dos métodos duplamente indiretos os mais empregados. Adicionalmente, esse método exige avaliador treinado e experiente, escolha de equipamento e de protocolos adequados para obtenção e discussão dos resultados. Os métodos duplamente indiretos são os procedimentos mais utilizados para a caracterização de diferentes grupos populacionais. Suas técnicas consistem basicamente em realizar mensurações de dobras cutâneas, perímetros e diâmetros ósseos, em vários segmentos amostrais.

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Classificação do estado nutricional de crianças imediatamente após o nascimento

PESO DA CRIANÇA CLASSIFICAÇÃO 2.500 g Peso adequado

< 2.500 g Baixo peso ao nascer (BPN)

< 1.500 g Muito baixo peso ao nascer Fonte: (OMS, 1993)

Page 2: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA - Diretos: - Indiretos

Índices e indicadores (BRASIL, 2011):

A avaliação antropométrica compõe o método de investigação em nutrição e caracteriza-se pela medição de segmentos ou da composição corporal global, sendo aplicáveis em todas as fases da vida.

O índice é a combinação entre duas medidas antropométricas (por exemplo, peso e estatura) ou entre uma medida antropométrica e uma medida demográfica (por exemplo, peso-para-idade, estatura-para-idade). A importância do índice é a possibilidade de produzir uma avaliação mais rica e complexa do estado nutricional de crianças ou adultos a partir da integração de dados antropométricos e demográficos.

O termo indicador refere-se à aplicação dos índices. Corresponde à classificação que é atribuída a um indivíduo ou a uma população, saudável ou não, como resultado da aplicação de um valor crítico (ponto de corte) a um índice. Indicadores antropométricos são utilizados para a avaliação do estado nutricional em indivíduos e coletividades e tem como vantagens serem padronizados, de baixo custo, simples, de fácil aplicação, não invasivos, além de permitir a comparação de resultados a partir da aplicação de várias ferramentas e recursos metodológicos já disponíveis.

A avaliação antropométrica permite o agrupamento dos diagnósticos individuais e o conhecimento do perfil nutricional da população, tornando possível identificar a situação nutricional mais vulnerável em faixas etárias, regiões ou em nível nacional. E por ser de aplicação internacional, os indicadores antropométricos permitem que se façam comparações internacionais da situação nutricional de grupos vulneráveis e o amplo estudo de seus determinantes.

Índices antropométricos e demais parâmetros adotados para a vigilância nutricional, segundo as recomendações da OMS e MS.

FASES DO CURSO DA VIDA* ÍNDICES E PARÂMETROS

Crianças: <5 anos

Peso por idade a,b Estatura por idade a,b Peso por estatura a IMC por idade a,b

Crianças: ≥5 - <10 anos Peso por idade a,b

Estatura por idade a,b IMC por idade a,b

Adolescentes: ≥10anos - <20anos IMC por idade b

Estatura por idade b

Adultos: ≥20anos - <60anos IMC c

Circunferência da cintura d Idosos: ≥60anos IMC e

Gestantes IMC por idade gestacional f

Ganho de peso gestacional c,g Fontes: a (WHO, 2006); b (WHO, 2007); c (WHO, 1995); d (WHO, 2000); e (THE NUTRITION SCREENING INITIATIVE, 1994); f (ATALAH SAMUR, E., 1997); g (INSTITUTE OF MEDICINE, 1990).

*Classificação das fases de vida do Ministério da Saúde.

Page 3: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA - Diretos: - Indiretos

Índices antropométricos

Peso-para-idade (P/I):

É o índice utilizado para a avaliação do estado nutricional, usado principalmente para avaliação do baixo peso;

Adequada para o acompanhamento do ganho de peso e reflete a situação global da criança; Não diferencia o comprometimento nutricional atual ou agudo dos pregressos ou crônicos; Importante complementar a avaliação com outro índice antropométrico.

Peso-para-estatura

(P/E):

Expressa a harmonia entre as dimensões de massa corporal e estatura. É utilizado tanto para identificar o emagrecimento da criança, como o excesso de peso.

Índice de Massa Corporal-para-idade (IMC/I):

É utilizado para identificar o excesso de peso entre crianças; Tem a vantagem de ser um índice que será utilizado em outras fases do curso da vida.

Estatura-para-idade

(E/I):

Expressa o crescimento linear da criança. É o índice que melhor indica o efeito cumulativo de situações adversas sobre o crescimento da

criança. É considerado o indicador mais sensível para aferir a qualidade de vida de uma população.

Os índices antropométricos podem ser expressos em percentis ou em escores-z, como apresentado a seguir,

ou até como percentuais da mediana.

Percentil: É um termo estatístico e refere-se à posição ocupada por determinada observação no interior de uma

distribuição. Os valores da distribuição devem ser ordenados do menor para o maior; em seguida, a distribuição é

dividida em 100 partes de modo que cada observação corresponda um percentil daquela distribuição. O percentil 50 é o valor de mediana da distribuição.

Escore-z É outro termo estatístico e quantifica a distância do valor observado em relação à mediana dessa

medida ou ao valor que é considerado normal na população. Corresponde à diferença padronizada entre o valor aferido e a mediana dessa medida da população

de referência e é calculado pela seguinte fórmula:

Escore-z Percentil Interpretação

-3 0,1 Espera-se que em uma população saudável sejam encontradas 0,1% das crianças abaixo desse valor.

-2 2,3 Espera-se que em uma população saudável sejam encontradas 2,3% das crianças abaixo desse valor. Convenciona-se que o equivalente ao escore-z -2 é o percentil 3.

-1 15,9 Espera-se que em uma população saudável sejam encontradas 15,9% das crianças abaixo desse valor.

0 50,0 É o valor que corresponde à média da população, isto é, em uma população saudável, espera-se encontrar 50% da população acima e 50% da população abaixo desse valor.

+1 84,1 Espera-se que em uma população saudável sejam encontradas 84,1% das crianças abaixo desse valor, ou seja, apenas 15,9% estariam acima desse valor. Convenciona-se que o equivalente ao escore-z +1 é o percentil 85.

+2 97,7 Espera-se que em uma população saudável sejam encontradas 97,7% das crianças abaixo desse valor, ou seja, apenas 2,3% estariam acima desse valor. Convenciona-se que o equivalente ao escore-z +2 é o percentil 97.

+3 99,9 Espera-se que em uma população saudável sejam encontradas 99,9% das crianças abaixo desse valor, ou seja, apenas 0,1% estariam acima desse valor.

Page 4: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA - Diretos: - Indiretos

VALORES CRÍTICOS

ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA MENORES DE 5 ANOS

Peso-para-idade Peso-para-estatura IMC-para-idade Estatura-para-

idade

< Percentil 0,1 < Escore-z -3 Muito baixo peso

para idade Magreza acentuada

Magreza acentuada

Muito baixa estatura

≥ Percentil 0,1 e < Percentil 3

≥ Escore-z -3 e < Escore-z -2

Baixo peso para idade

Magreza Magreza Baixa estatura para

idade ≥ Percentil 3 e < Percentil 15

≥ Escore-z -2 e < Escore-z -1

Peso adequado para idade

Eutrofia Eutrofia

Estatura adequada para idade²

≥ Percentil 15 e ≤ Percentil 85

≥ Escore-z -1 e ≤ Escore-z +1

> Percentil 85 e ≤ Percentil 97

> Escore-z +1 e ≤ Escore-z +2 Risco de sobrepeso Risco de sobrepeso

> Percentil 97 e ≤ Percentil 99,9

> Escore-z +2 e ≤ Escore-z

+3 Peso elevado para

idade¹ Sobrepeso Sobrepeso

> Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade Obesidade Fonte: Adaptado de: (OMS, 2006) ¹ Uma criança com a classificação de peso elevado para a idade pode ter problemas de crescimento, mas o melhor índice para essa avaliação é o IMC-para-idade (ou o peso-para-estatura). ² Uma criança classificada com estatura para idade acima do percentil 99,9 (Escore-z +3) é muito alta, mas raramente corresponde a um problema. Contudo, alguns casos correspondem a desordens endócrinas e tumores. Em caso de suspeitas dessas situações, a criança deve ser referenciada para um atendimento especializado.

VALORES CRÍTICOS ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA CRIANÇAS DE 5 ANOS A 10 ANOS

Peso-para-idade IMC-para-idade Estatura-para-idade

< Percentil 0,1 < Escore-z -3 Muito baixo peso para

idade Magreza acentuada Muito baixa estatura

≥ Percentil 0,1 e < Percentil 3

≥ Escore-z -3 e < Escore-z -2 Baixo peso para idade Magreza Baixa estatura para idade

≥ Percentil 3 e < Percentil 15

≥ Escore-z -2 e < Escore-z -1

Peso adequado para idade Eutrofia

Estatura adequada para idade²

≥ Percentil 15 e ≤ Percentil 85

≥ Escore-z -1 e ≤ Escore-z +1

> Percentil 85 e ≤ Percentil 97

> Escore-z +1 e ≤ Escore-z +2 Sobrepeso

> Percentil 97 e ≤ Percentil 99,9

> Escore-z +2 e ≤ Escore-z

+3 Peso elevado para idade¹ Obesidade

> Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade grave Fonte: Adaptado de: (OMS, 2006) ¹ Uma criança com a classificação de peso elevado para a idade pode ter problemas de crescimento, mas o melhor índice para essa avaliação é o IMC-para-idade. ² Uma criança classificada com estatura para idade acima do percentil 99,9 (Escore-z +3) é muito alta, mas raramente corresponde a um problema. Contudo, alguns casos correspondem a desordens endócrinas e tumores. Em caso de suspeitas dessas situações, a criança deve ser referenciada para um atendimento especializado.

Page 5: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA - Diretos: - Indiretos

VALORES CRÍTICOS ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA ADOLESCENTES

IMC-para-idade Estatura-para-idade < Percentil 0,1 < Escore-z -3 Magreza acentuada¹ Muito baixa estatura

≥ Percentil 0,1 e < Percentil 3

≥ Escore-z -3 e < Escore-z -2 Magreza Baixa estatura para idade

≥ Percentil 3 e < Percentil 15

≥ Escore-z -2 e < Escore-z -1

Eutrofia

Estatura adequada para idade²

≥ Percentil 15 e ≤ Percentil 85

≥ Escore-z -1 e ≤ Escore-z +1

> Percentil 85 e ≤ Percentil 97

> Escore-z +1 e ≤ Escore-z +2 Sobrepeso

> Percentil 97 e ≤ Percentil 99,9

> Escore-z +2 e ≤ Escore-z

+3 Obesidade

> Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade grave Fontes: (WHO, 2007) ¹ Um adolescente classificado com IMC-para-idade abaixo do percentil 0,1 (Escore-z -3) é muito magro. Em populações saudáveis, encontra-se 1 adolescente nessa situação para cada 1000. Contudo, alguns casos correspondem a transtornos alimentares. Em caso de suspeita dessas situações, o adolescente deve ser referenciado para um atendimento especializado. ² Um adolescente classificado com estatura-para-idade acima do percentil 99,9 (Escore-z +3) é muito alto, mas raramente corresponde a um problema. Contudo, alguns casos correspondem a desordens endócrinas e tumores. Em caso de suspeitas dessas situações, o adolescente deve ser referenciado para um atendimento especializado. * Nota: A referência de IMC para idade da Organização Mundial da Saúde de 2007 apresenta valores até 19 anos completos, já que a partir desta idade a instituição considera os indivíduos como adultos. Como o Ministério da Saúde considera que a fase adulta se inicia apenas com 20 anos completos, sugere-se a adoção dos mesmos valores de 19 anos completos para a avaliação de indivíduos com 19 anos e 1 mês até 19 anos e 11 meses.

ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO PARA CRIANÇAS

Page 6: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA - Diretos: - Indiretos

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA PARA ADULTOS E IDOSOS

Peso

- PESO ATUAL: encontrado no momento da avaliação e deve ser aferido em balança antropométrica;

- PESO USUAL OU HABITUAL: considerado normal, quando o indivíduo se encontra saudável e realizando suas atividades normais; Deve ser adotado quando não for possível aferir o atual;

- PESO IDEAL: Calculado de acordo com o sexo, altura e estrutura óssea do indivíduo e obtido através de tabelas. Ou pela fórmula PI = IMC MÉDIO X ESTATURA²

- PESO AJUSTADO (Paj): Quando a adequação do peso for menor que 95% ou maior que 115%

Peso ajustado (adequação >115%) = (peso atual – peso ideal) x 0,25 + peso ideal Peso ajustado (adequação <95%) = (peso ideal – peso atual) x 0,25 + peso atual

- PESO ESTIMADO: realizado através de fórmulas quando não é possível realizar sua aferição.

Quando não é possível utilizar a metodologia convencional para a aferição do peso e da altura atual, são utilizadas equações que estimam seus valores.

Peso estimado

*AJ: altura do joelho (cm) / **CB: circunferência do braço (cm). Fonte: CHUMLEA et al., 1988.

Amputados

O peso de indivíduos amputados pode ser obtido através da estimativa da proporção percentual de peso do membro amputado. Para amputação bilateral as porcentagens dobram de valor.

Membro amputado Proporção de peso (%)

Mão 0,7 a 0,8% Antebraço 1,6 a 2,3%

Braço até o ombro 5,0 a 6,6% Pé 1,5 a 1,7%

Perna até o joelho 6,0 a 7,0% Perna inteira 16 a 18%

Fonte: OSTERKAMP, 1995.

Peso estimado (PE) 18 a 60 anos Homem Branco PE (Kg) = (AJ* x 1,19) + (CB** x 3,21) – 86,82 Homem Negro PE (Kg) = (AJ x 1,09) + (CB x 3,14) – 83,72 Mulher Branca PE (Kg) = (AJ x 1,01) + (CB x 2,81) – 60,04 Mulher Negra PE (Kg) = (AJ x 1,24) + (CB x 2,97) – 82,48

> 60 anos

Homem Branco PE (Kg) = (AJ x 1,10) + (CB x 3,07) – 75,81 Homem Negro PE (Kg) = (AJ x 0,44) + (CB x 2,86) – 39,21 Mulher Branca PE (Kg) = (AJ x 1,09) + (CB x 2,68) – 65,51 Mulher Negra PE (Kg) = (AJ x 1,50) + (CB x 2,58) – 84,22

Page 7: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA - Diretos: - Indiretos

Altura estimada:

Altura estimada (AE) 18 a 60 anos Homem Branco AE (cm) = 71,85 + (1,88 x AJ*) Homem Negro AE (cm) = 73,42 + (1,79 x AJ) Mulher Branca AE (cm) = 70,25 + (1,87 x AJ) – (0,06 x I**) Mulher Negra AE (cm) = 68,10 + (1,87 x AJ) – (0,06 x I)

> 60 anos

Homem AE (cm) = 64,19 + (2,04 x AJ) – (0,04 x I) Mulher AE (cm) = 84,88 + (1,83 x AJ) – (0,24 x I)

*AJ: altura do joelho (cm) / **I: idade (anos) Fonte: CHUMLEA; ROCHE; STEINBAUGH, 1985.

Classificação do Índice de Massa Corpórea (IMC) para adultos:

Fonte: WHO, 1997.

Circunferências: As circunferências são medidas simples e de baixo custo e podem ser utilizadas para verificação do risco metabólico, constituindo importante instrumento de diagnóstico do estado nutricional, indicam a predisposição de gordura corporal localizada e a distribuição dessa gordura (MUSSOI, 2014).

Pontos de corte da circunferência da cintura para risco de doença cardiovascular: Diversos autores têm recomendado a medida isolada da circunferência da cintura (CC), uma vez que essa apresenta forte correlação com o IMC e parece predizer melhor o tecido adiposo visceral que a Relação Cintura-quadril (RCQ) (KAMIMURA et al., 2014). Uma medida maior do que 102 cm para homens e maior do que 88 cm para mulheres é um fator de risco independente para doenças cardiovasculares (CDC, 2009).

Fonte: NIH, 2000.

Classificação do risco de morbidades para adultos segundo a RCQ: Apesar da circunferência da cintura ser apontada como bom indicador de risco de doença cardiovascular,

a RCQ ainda é utilizada devido a sua associação direta com a gordura abdominal elevada, risco de hipertensão, diabetes tipo 2 e hiperlipidemia (MUSSOI, 2014). A RCQ é determinada pela seguinte equação:

IMC (Kg/m²) Classificação < 16 Magreza III

16 – 16,99 Magreza II 17 – 18,49 Magreza I 18,5 – 24,9 Eutrofia 25,0 – 29,9 Sobrepeso 30,0 – 34,9 Obesidade grau I 35,0 – 39,9 Obesidade grau II

> 40 Obesidade grau III

Gênero Elevado Muito elevado Masculino ≥94 cm ≥ 102 cm Feminino ≥80 cm ≥ 88

Page 8: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA - Diretos: - Indiretos

RCQ = Circunferência da cintura /Circunferência do quadril

Uma relação superior a 1,0 para homens e 0,85 para mulheres é indicativa de risco para o desenvolvimento de doenças. Fonte: MUSSOI, 2014.

Perda de peso: Perda de peso (%): (peso usual – peso atual) x 100 Peso usual

Classificação da Perda de peso não intencional:

Significado da perda de peso em relação ao tempo Tempo Perda significativa (%) Perda grave (%)

1 semana 1 a 2 > 2 1 mês 5 > 5

3 meses 7,5 > 7,5 6 meses 10 > 10

Fonte: BLACKBURN et al., 1977.

Classificação do IMC para idosos:

Fonte: OPAS, 2002.

Fonte: Lipschitz, 1994; SISVAN/MS, 2004.

Circunferência da panturrilha:

A circunferência da panturrilha é um marcador de reserva muscular e fornece a medida mais sensível para medição de massa muscular no idoso, sendo mais fidedigna do que a circunferência do braço. Sugerem-se valores inferiores a 31 cm como indicação de depleção muscular em idosos (MUSSOI, 2014).

Gênero Risco aumentado Homens ≥ 1,0 Mulheres ≥ 0,85

IMC (Kg/m²) Classificação < 23 Baixo peso

23 – 27 Peso normal 28 – 29 Sobrepeso

≥ 30 Obesidade

IMC (Kg/m²) Classificação < 22 Magreza

22 – 26 Eutrofia ≥ 27 Excesso de peso

Page 9: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA - Diretos: - Indiretos

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA PARA GESTANTES

O objetivo da avaliação nutricional em gestantes deve ser sempre o de tirar aquelas com desvio ponderal no início da gestação, bem como identificar ganho de peso abaixo ou acima do esperado, relação a idade gestacional. Tais condutas permitem intervenção precoce e contribuem para melhor desfecho obstétrico, já que o ganho ponderal excessivo ou insuficiente associa-se às alterações da expressão genética, ao aumento da suscetibilidade individual às complicações perinatais e do risco de doenças crônicas na vida adulta, e ao desenvolvimento de intercorrências gestacionais, como diabetes gestacional, síndromes hipertensivas da gravidez, macrossomia, sofrimento fetal, trabalho de parto prolongado e parto cirúrgico, restrição de crescimento intrauterino, trauma, asfixia, morte perinatal e prematuridade

Avaliação do estado nutricional pré-gestacional: De acordo com as recomendações do Institute of Medicine (IOM, 2009), o ganho de peso esperado para a

gestação depende do estado nutricional da mãe antes da gestação. O peso utilizado no cálculo pode ser referente a 2 meses antes da gestação, ou peso aferido até a 13º semana. Deve-se, então, calcular o índice de massa corpórea com os dados de peso pré-gestacional e encaixá-lo na categoria correta de ganho de peso esperado:

Classificação do estado nutricional pré-gestacional e recomendação para ganho de peso na gestação gemelar e na não gemelar (IOM, 2009; LUKE et al, 2003):

IMC (Kg/m2) pré gestacional

(gestação não gemelar) Ganho de peso (Kg) Ganho de peso semanal médio

(g/semana) < 18,5 (baixo peso) 12,5 a 18 510 a partir do 2o e 3o trimestres

18,5 a 24,9 (eutrofia) 11,5 a 16 420 a partir do 2o e 3o trimestres 25 a 29,9 (sobrepeso) 7,0 a 11,5 280 a partir do 2o e 3o trimestres

> 30 (obesidade) 5,0 a 9,0 220 a partir do 2o e 3o trimestres IMC (Kg/m2) pré gestacional

(gestação gemelar) Ganho de peso (Kg) Ganho de peso semanal médio

(g/semana)

< 18,5 (baixo peso) Dados insuficientes para esta recomendação.

0 a 20a semana – 570 a 790g 20ª a 28ª semana – 680 a790g

>28ª semana – 570g

18,5 a 24,9 (eutrofia) 16,8 a 24,5 0 a 20a semana – 450 a 680g

20ª a 28ª semana – 570 a 790g >28ª semana – 450g

25 a 29,9 (sobrepeso) 14,1 a 22,7 0 a 20a semana – 340 a 450g

20ª a 28ª semana – 340 a 570g >28ª semana – 340g

> 30 (obesidade) 11,4 a 19,1 0 a 20a semana – 340 a 450g

20ª a 28ª semana – 340 a 570g >28ª semana – 340g

Ganho de peso total recomendado no primeiro trimestre de uma gestação não gemelar (IOM, 1990; WHO, 1995):

Estado nutricional incial (IMC) Ganho de peso (kg) total no 1º trimestre Baixo peso 2,3

Eutrofia 1,6 Sobrepeso 0,9 Obesidade 0,0

Page 10: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA - Diretos: - Indiretos

Avaliação do estado nutricional gestacional Nesta etapa, classifica-se o IMC atual da gestante segundo sua idade gestacional. Essa classificação segue a curva de distribuição do IMC gestacional proposta por Atalah et al (1997), atualmente recomendada pelo ministério da Saúde (BRASIL, 2010). Quando a gestante estiver entre 1 e 3 dias da semana gestacional, deve-se considerar a semana completa; quando estiver entre 4 e 6 dias, considerar a semana seguinte (p. ex. 14 semanas 2/7- considerar 14 semanas; 14 semanas 5/7- considerar 15 semanas).

Curva de Atalah:

Análise do comportamento das curvas de ganho de peso conforme o estado nutricional: Estado nutricional da

gestante (1ª Avaliação)

Indicação da curva Exemplo

Baixo peso

A curva de ganho de peso deve apresentar inclinação ascendente maior que a da curva que delimita a parte superior da faixa do estado nutricional de baixo peso.

Adequado Deve apresentar inclinação ascendente paralela às curvas que delimitam a área de estado nutricional A no gráfico.

Sobrepeso

Deve apresentar inclinação ascendente semelhante à da curva que delimita a parte inferior da faixa de sobrepeso ou à curva que delimita a parte superior dessa faixa, a depender do seu estado nutricional inicial. Por exemplo: se

Page 11: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ANTROPOMETRIA - Diretos: - Indiretos

uma gestante com S inicia a gestação com IMC próximo ao limite inferior dessa faixa, sua curva de ganho de peso deve ter inclinação ascendente semelhante à curva que delimita a parte inferior dessa faixa no gráfico.

Obesidade Deve apresentar inclinação semelhante ou inferior (desde que ascendente) à curva que delimita a parte inferior da faixa de obesidade.

OBS.: Para adolescentes, especialmente nos primeiros anos após a menarca, deve ser sugerido o maior ganho de

cada faixa, conforme o diagnóstico nutricional. Quando a menarca ocorreu há mais de 2 anos, podem-se utilizar padrões de adultos (BRASIL, 2004).

Para mulheres com estatura inferior a 150 a 155 cm é recomendado o menor ganho da faixa acima. Quanto às que estão abaixo do peso ideal e iniciaram o pré-natal após o primeiro trimestre, sugere-se que o ganho semanal seja próximo ao maior valor da faixa proposta (ATALAH, 1997).

Impedância Bioelétrica A análise de impedância bioelétrica (BIA) é uma técnica de análise da composição corporal baseada no

princípio de que, com relação à água, o tecido magro tem condutividade elétrica mais alta e impedância mais baixa do que o tecido gorduroso devido a seu conteúdo de eletrólito. A BIA tem-se revelado uma medida confiável de composição corporal (massa livre de gordura e massa de gordura) em comparação com o IMC ou medidas de dobra cutânea ou mesmo medidas de estatura e massa corporal. O método BIA é seguro, não invasivo, portátil e rápido.

Para que os resultados sejam precisos o paciente deve estar bem hidratado; não ter se exercitado nas 4 a 6 horas anteriores; e não ter consumido álcool, cafeína ou diuréticos nas 24 horas anteriores. Se a pessoa estiver desidratada, é medida uma percentagem mais alta de gordura corporal do que existe de fato. Febre, desequilíbrio eletrolítico e obesidade extrema também podem influenciar a confiabilidade das medidas. O método baseia-se na passagem de uma corrente elétrica de baixa amplitude (50 a 800mA) e alta frequência (50KHz), tendo como componentes primários:

- Impedância: é a oposição de um condutor e é composta por dois vetores, a resistência (R) e a reatância (Xc).

- Resistência (R): é a oposição pura de um condutor para a passagem da corrente. É inversamente relacionada ao conteúdo de água e eletrólitos de um tecido. No corpo humano, a massa não gorda é altamente condutora, por conter grande quantidade de água e eletrólitos, representando portanto, um meio de baixa resistência elétrica. Já a massa gorda e os ossos, por apresentarem pequena quantidade de água e eletrólitos, caracterizam-se como maus condutores de corrente elétrica e, como tal, meios de alta resistência.

- Reatância (Xc): é associada a diversos tipos de processos de polarização que podem ser produzidos pelas membranas celulares e tecidos. Está relacionada com a integridade, função e composição da membrana celular.

- Ângulo de fase: é o ângulo entre a resistência e a reatância, que na biologia humana varia entre 5 e 15°. O ângulo de fase é um indicador do estado de nutrição, hidratação e integridade das células. Está associado ao tamanho celular, à hidratação dos tecidos e à permeabilidade das membranas. Baixos ângulos de fase estão associados a morte celular ou a alguma alteração na permeabilidade seletiva da membrana, indicando um agravamento da doença e pior prognóstico, com consequente aumento da morbimortalidade.

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Recomendações para a realização da BIA: - Não utilizar medicamentos diuréticos nos 7 dias anteriores; - Jejum pelo menos 4hs antes; - Não ingerir bebidas alcoólicas (48hs) e com cafeína (24hs); - Não realizar atividades físicas extenuantes nas 24 hs anteriores; - Urinar pelo menos 30 min antes; - 5-10min deitado em decúbito dorsal, em total repouso antes da execução; - Não realizar em período pré-menstrual.