7
Ornithologia 1(2):161-167, Junho 2006 Levantamento das aves da Área de Proteção Ambiental de Piaçabuçu, no litoral de Alagoas, Brasil Susanna Analine Santos Cabral 1 , Severino Mendes de Azevedo Júnior 2,3 & Maria Eduarda de Larrazábal 2 1 Mestre em Biologia Animal, UFPE. E-mail: [email protected] 2 Departamento de Zoologia, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco. Avenida Professor Moraes Rego 1235, Cidade Universitária, 50670-420 Recife, Pernambuco, Brasil. E-mails: [email protected]; [email protected] 3 Departamento de Biologia, Área de Zoologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Avenida Dom Manoel de Medeiros, Dois Irmãos, 52171-900 Recife, Pernambuco, Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO: Levantamento das aves da Área de Proteção Ambiental de Piaçabuçu, no litoral de Alagoas, Brasil. O litoral alagoano é constituído por estuários, dunas e deltas, verificando-se a influência das marés, que marcam presença com os manguezais, abrigando diversas espécies de aves residentes e muitas outras migratórias. Os dados foram coletados na Área de Proteção Ambiental de Piaçabuçu, localizada no extremo meridional do Estado de Alagoas, entre as coordenadas (22º 14’ N, 10º 20’ S, 41º 08’ L e 36º 20’ O). Esta pesquisa teve duração de doze meses, compreendendo as estações seca e chuvosa, com expedições mensais de três dias cada, entre outubro de 2004 a setembro de 2005. O levantamento da avifauna foi realizado por análise qualitativa através de observações visuais e auditivas, com a utilização de binóculo e literatura especializada, durante caminhadas pelas áreas de praia, manguezal, coqueiral, lagos temporários e dunas que compõem o complexo paisagístico desta unidade de conservação. Foram registradas 29 famílias, 69 gêneros e 79 espécies, das quais 17,7% (n = 14) são migratórias. O litoral de Alagoas consiste em área prioritária para a conservação das aves. PALAVRAS-CHAVE. Avifauna, conservação, listagem. ABSTRACT: Rising of the birds of the Area of Environmental Protection of Piaçabuçu, in the coast of Alagoas, Brazil. The coast from Alagoas is constituted by estuaries, dunes and deltas, being verified the influence of the tides, that you/they mark presence with the growth of mangroves, sheltering several species of resident birds and many other migratory. The data were collected in the Area of Environmental Protection of Piaçabuçu, located in the southern end of the State of Alagoas, among the coordinates (22º 14’ N, 10º 20’ S, 41º 08’ L and 36º 20’ W). This research had duration of twelve months, understanding the dry and rainy stations, with monthly expeditions of three days each, among October of 2004 to September of 2005. The rising of the avifauna was accomplished by qualitative analysis through visual and sound observations, with the binocular use and specialized literature, during having walked for the beach areas, growth of mangroves, temporary lakes and dunes that you/they compose the complex of the landscapes of this unit of conservation. 29 families, 69 goods and 79 species were registered, of the which 17,7% (n=14) they are migratory. The coast of Alagoas consists of important area for the conservation of the birds. KEY WORDS. Avifauna, conservation, list. As paisagens litorâneas resultam das variações do nível do mar ocorridas entre 7 e 2 mil anos atrás. Os movimentos transregressivos do mar são responsáveis pelo afogamento de rios, por deposições arenosas e pela variação do lençol d’água subterrâneo (lençol freático), o que traz o fechamento de estuários, originando lagoas, formas marcantes do território alagoano, recifes, cordões litorâneos, dunas, restingas e brejos (BARBOSA & DOMINGUES 2004). O litoral alagoano constitui uma faixa com cerca de 230 quilômetros de extensão, localizado entre a foz do Rio Persinunga, na divisa de Pernambuco (ao Sul) e a foz do Rio São Francisco, na divisa com Sergipe (ao Norte). Para oeste, o limite da faixa costeira varia, ora chegando ao sopé do tabuleiro, ora penetra pelos cursos d’água, estuários e deltas, até onde se verifica a influência das marés, que marcam presença com os manguezais (SALLES 1994). Diversas espécies de aves, migratórias e residentes, utilizam a faixa litorânea durante seu ciclo de vida, para obtenção de alimento, reprodução e ponto de pouso, sendo estas indicadoras de condições ambientais (ELLENBERG 1981, HAHN et al. 1989). Apesar de já existir trabalhos sobre as aves do nordeste brasileiro, (e.g. COELHO 1978), ainda é bastante escasso os estudos avifaunísticos no estado de Alagoas, sobretudo quanto a espécies migratórias. Aves migratórias como Pluvialis squatarola (Linnaeus, 1758); Charadrius semipalmatus Bonaparte, 1825; Actitis macularius (Linnaeus, 1766); Arenaria interpres (Linnaeus, 1758); Tringa melanoleuca (Gmelin, 1789); Catoptrophorus semipalmatus (Gmelin, 1789); Calidris pusilla (Linnaeus, 1766); Calidris alba (Pallas, 1764); Numenius phaeopus

Aves Alagoas.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

Ornithologia 1(2):161-167, J unho 2006Levantamento das aves da rea de Proteo Ambiental de Piaabuu, no litoral de Alagoas, BrasilSusanna Analine Santos Cabral1 , Severino Mendes de Azevedo Jnior2,3& Maria Eduarda de Larrazbal21Mestre em Biologia Animal, UFPE. E-mail: [email protected] 2Departamento de Zoologia, Centro de Cincias Biolgicas, Universidade Federal de Pernambuco. Avenida Professor Moraes Rego 1235, Cidade Universitria, 50670-420 Recife, Pernambuco, Brasil. E-mails: [email protected]; [email protected] de Biologia, rea de Zoologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Avenida Dom Manoel de Medeiros, Dois Irmos, 52171-900 Recife, Pernambuco, Brasil. E-mail: [email protected]:LevantamentodasavesdareadeProteo AmbientaldePiaabuu,nolitoralde Alagoas,Brasil.O litoral alagoano constitudo por esturios, dunas e deltas, verificando-se a influncia das mars, que marcam presena com os manguezais, abrigandodiversas espcies de aves residentes e muitas outras migratrias. Os dados foram coletados na rea de Proteo Ambiental de Piaabuu, localizada no extremo meridional do Estado de Alagoas, entre as coordenadas (22 14 N, 10 20 S, 41 08 L e 36 20 O). Esta pesquisa teve durao de doze meses, compreendendo as estaes seca e chuvosa, com expedies mensais de trs dias cada, entre outubro de 2004 a setembro de 2005. O levantamento da avifauna foi realizado por anlise qualitativa atravs de observaes visuais e auditivas, com a utilizao de binculo e literatura especializada, durante caminhadas pelas reas de praia, manguezal, coqueiral, lagos temporrios e dunas que compem o complexo paisagstico desta unidade de conservao. Foram registradas 29 famlias, 69 gneros e 79 espcies, das quais 17,7% (n =14) so migratrias. O litoral de Alagoas consiste em rea prioritria para a conservao das aves.PALAVRAS-CHAVE. Avifauna, conservao, listagem.ABSTRACT:Risingofthebirdsofthe AreaofEnvironmentalProtectionofPiaabuu,inthecoastof Alagoas,Brazil. The coast from Alagoas is constituted by estuaries, dunes and deltas, being verified the influence of the tides, that you/they mark presence with the growth of mangroves, sheltering several species of resident birds and many other migratory. The data were collected in the Area of Environmental Protection of Piaabuu, located in the southern end of the State of Alagoas, among the coordinates (22 14 N, 10 20 S, 41 08 L and 36 20 W). This research had duration of twelve months, understanding the dry and rainy stations, with monthly expeditions of three days each, among October of 2004 to September of 2005. The rising of the avifauna was accomplished by qualitative analysis through visual and sound observations, with the binocular use and specialized literature, during having walked for the beach areas, growth of mangroves, temporary lakes and dunes that you/they compose the complex of the landscapes of this unit of conservation. 29 families, 69 goods and 79 species were registered, of the which 17,7% (n=14) they are migratory. The coast of Alagoas consists of important area for the conservation of the birds.KEY WORDS. Avifauna, conservation, list.Aspaisagenslitorneasresultamdasvariaesdo nvel do mar ocorridas entre 7 e 2 mil anos atrs. Os movimentos transregressivosdomarsoresponsveispeloafogamento derios,pordeposiesarenosasepelavariaodolenol dgua subterrneo (lenol fretico), o que traz o fechamento de esturios, originando lagoas, formas marcantes do territrio alagoano, recifes, cordes litorneos, dunas, restingas e brejos (BARBOSA & DOMINGUES 2004).O litoral alagoano constitui uma faixa com cerca de 230quilmetrosdeextenso,localizadoentreafozdoRio Persinunga, na divisa de Pernambuco (ao Sul) e a foz do Rio So Francisco, na divisa com Sergipe (ao Norte). Para oeste, o limite da faixa costeira varia, ora chegando ao sop do tabuleiro, ora penetra pelos cursos dgua, esturios e deltas, at onde se verica a inuncia das mars, que marcam presena com os manguezais (SALLES 1994).Diversas espcies de aves, migratrias e residentes, utilizamafaixalitorneaduranteseuciclodevida,para obteno de alimento, reproduo e ponto de pouso, sendo estas indicadoras de condies ambientais (ELLENBERG 1981, HAHN et al. 1989).Apesar de j existir trabalhos sobre as aves do nordeste brasileiro,(e.g.COELHO1978),aindabastanteescassoos estudos avifaunsticos no estado de Alagoas, sobretudo quanto a espcies migratrias. Aves migratrias como Pluvialis squatarola (Linnaeus, 1758);CharadriussemipalmatusBonaparte,1825;Actitis macularius(Linnaeus,1766);Arenariainterpres(Linnaeus, 1758);Tringamelanoleuca(Gmelin,1789);Catoptrophorus semipalmatus(Gmelin,1789);Calidrispusilla(Linnaeus, 1766);Calidrisalba(Pallas,1764);Numeniusphaeopus 162 S.A.S. Cabral et al.Ornithologia 1(2):161-167, J unho 2006(Linnaeus,1758);Limnodromusgriseus(Gmelin,1789); Stercorarius parasiticus (Linnaeus, 1758); Sternula antillarum Lesson,1847;SternahirundoLinnaeus,1758eThalasseus sandvicensis(Latham,1787)socomumenteobservadasna costa alagoana (SOUZA 1993).Dentre os ambientes que compem a faixa litornea, aavifaunadarestingacaracterizadaporelementosquese encontram tambm em outras paisagens abertas e meio abertas. H,porexemplo,aColumbinaminuta(Linnaeus,1766),o Amazilia mbriata (Gmelin, 1788) e o Mimus gilvus (Vieillot, 1807) (SICK 1997).Outro ambiente litorneo o manguezal. Rico em aves, inclusivePasseriformes(SICK1997).OConirostrumbicolor (Vieillot, 1809) exclusivamente do manguezal (SICK 1997). Outrasespciestpicasparaestaformaoso;oButorides striatus (Linnaeus, 1758), o Ceryle torquata (Linnaeus, 1766), e o Chloroceryle americana (Gmelin, 1788), que se aproveitam da abundncia de crustceos que vivem na lama e sobre as rvores deRhizophoramangle(mangue-vermelho),Laguncularia racemosa (mangue-branco) e Avicenniashaueriana (mangue-preto)(SICK1997eAZEVEDO-J NIOR&LARRAZBAL2000). Desetembroaabril,observa-senoslamaaisinmeros Charadriiformes migrantes: maaricos e baturas que fogem do severo inverno setentrional (SLUD 1976). TrabalhosrealizadosporANTAS(1984);RODRIGUES (2000);VIELLIARD(2000);AZEVEDO-J NIORetal.(2001a,b); LARRAZBAL etal. (2002); TELINO-J NIOR etal. (2003); LYRA-NEVES et al. (2004a,b) ressaltam a extrema importncia desses ambientes paraconservao e manuteno dessas espcies de aves.A APA Piaabuu no possui uma listagem de suas aves. Neste sentido, o principal objetivo deste trabalho foi a elaborao da listagem da avifauna desta unidade de conservao, atravs da visualizao e/ou vocalizao, contribuindo assim, para subsidiar polticas de conservao desses recursos.MATERIAL E MTODOSrea de EstudoAsatividadesdecampoforamrealizadasnarea de Proteo Ambiental de Piaabuu (APA Piaabuu), criada em 1983 com o objetivo de proteger as tartarugas marinhas e as aves migratrias que utilizam aquela rea. De acordo com a Lei 9.985/00 do Sistema Nacional de Unidade de Conservao da Natureza (SNUC), trata-se de uma unidade de conservao pertencente ao Grupo de Uso Sustentvel, localizada no extremo meridional do Estado de Alagoas, entre as coordenadas (22 14 N, 10 20 S, 41 08 L e 36 20 O), limitando-se ao Sul com o Rio So Francisco, a Leste e a Norte com o Oceano Atlntico e a Oeste, com uma linha paralela praia do Peba (MARRA 1989). A APA Piaabuu envolve 18 mil ha, onde ocorrem diversosambientessedimentarescomocamposdedunas, depsitos uviais, terraos marinhos quaternrios, manguezais, dentreoutros(BARBOSA&DOMINGUES2004).Consisteem uma regio caracterizada pela presena de dunas e gramneas em expanso. As dunas so um cordo arenoso de 19 km que acompanha a praia desde o Pontal do Peba foz do Rio So Francisco, com a largura variando entre 700 e 800 metros de largura, margeando o lado oposto ao continente (SALLES 1994). SegundoaclassicaodeKoppen,apresenta climatropicalchuvosocomveroseco,seguidoporregime pluviomtricocaracterizadoporirregularidadestantomensal quanto anual. O regime de ventos tem uma orientao E-SE no inverno e NE no vero (MARRA 1989).MORRISONetal.(1989)citamqueoscomponentes orgnicosdossedimentossubmersossosignicativos, sobretudo, na foz do Rio So Francisco, nos bancos de lama, nas reas atrs dos recifes e nas lagoas costeiras. Prximo ao povoado de Pontal do Peba encontra-se um pequeno manguezal. Apresenadebancosdelamapermiteoforrageiodasaves limcolasduranteabaixa-mar,efavoreceacolonizaodos camaresMetapenaeopsishobbsiPrez-Farfante,1971e Farfantepenaeus brasiliensis Moreira, 1901, sendo, portanto, a pesca a principal atividade econmica da regio.MtodosEstapesquisateveduraodedozemeses, compreendendoasestaessecaechuvosa,comexpedies mensais de trs dias cada, entre outubro de 2004 a setembro de 2005. O levantamento da avifauna foi realizado por anlise qualitativa atravs de observaes visuais e sonoras, de acordo com (ALMEIDA et al. 1999), com o auxlio de binculo (Samsung 10 X 25 mm), entre os horrios das cinco s dez horas da manh e trs as cinco da tarde, durante caminhadas pelas reas de praia, manguezal, coqueiral, lagos temporrios e dunas que compem o complexo paisagstico da APA de Piaabuu.ParaavaliaradiversidadedaavifaunadaAPA Piaabuu,utilizaram-seosndicesdeShannon-Wienerede Eqitabilidade, de acordo com MAGURRAN (1988).Quantoaograudesensibilidadeadistrbios ambientais, as espcies foram classicadas segundo PARKER III et al. (1996).Asavesmigratriasforamidenticadasdeacordo com HARRISON (1983) e HAYMAN et al. (1986) e, as demais, foram registradasutilizandoSICK(1997).Alistagemdasespcies estapresentadaconformeoComitBrasileirodeRegistros Ornitolgicos CBRO (2006), a ordem logentica segue SICK (1997). 163 Levantamento das Aves da rea de Proteo Ambiental de Piaabuu, no litoral de Alagoas, Brasil.Ornithologia 1(2):161-167, J unho 2006Figura 1. Mapa da rea de Proteo Ambiental de Piaabuu (AL), representada no Setor I (rea em negrito), incluindo as reas do entorno (Fonte: BARBOSA & DOMINGUES 2004) modicado.3621CORURIPEPENEDOPACATUBAPIAABUUPebaSetor IPontal da BarraCanal do ParapucaPonta dos ManguesPraia de Santa Izabel1020__1030_0 5 10 15KmNNEESESSWWNW164 S.A.S. Cabral et al.Ornithologia 1(2):161-167, J unho 2006RESULTADOS E DISCUSSOForamregistradas31famlias,68gnerose78 espcies para a rea de Proteo Ambiental de Piaabuu (Tab. I). Espcies observadas em, no mximo, quatro das doze visitas perzeram um percentual de64,7% do total observado, sendo a grande maioria. A listagem das aves de Alagoas (em elaborao) consta de 63 famlias distribudas em 358 espcies. Osdadosdestetrabalhosugeremserrelativamente alto, se comparados com levantamentos realizados por AZEVEDO-J NIOR&LARRAZBAL(2000),queregistraram30famlias, 58gnerose78espciesparaoCanaldeSantaCruzem Pernambuco, e BRANCO et al. (2004) no litoral de Santa Catarina, onde observaram a ocorrncia de 62 espcies, pertencentes a 52 gneros e 28 famlias de aves. A diversidade da avifauna da APA Piaabuu foi de (H=3,1)e a equitabilidade (E =76,2%).Segundo MAGURRAN (1988) o ndice de Shannon-Wiener varia de 1,5 a 3,5, podendo raramente ultrapassar o valor de 4,5, e a eqitabilidadevaria entre 0 e 100%, onde 100% indica espcies igualmente abundantes no ambiente. Os valores revelam uma alta diversidade de espcies em Piaabuu, as quais apresentam distribuio relativamente equilibrada.Asespciesmigrantesapresentaramumpercentual de17,7%(n=14)dototaldeespciesregistradas,sendo elas:Pluvialissquatarola(Linnaeus,1758);Charadrius semipalmatus (Bonaparte, 1825); Actitis macularius (Linnaeus, 1766); Arenaria interpres (Linnaeus, 1758); Tringa melanoleuca (Gmelin, 1789); Catoptrophorus semipalmatus (Gmelin , 1789); Calidris pusilla (Linnaeus, 1766); Calidris alba (Pallas, 1764); Numeniusphaeopus(Linnaeus,1758);Limnodromusgriseus (Gmelin,1789);Stercorariusparasiticus(Linnaeus,1758); Sternula antillarum (Lesson, 1847); Sterna hirundo (Linnaeus, 1758) e Thalasseus sandvicensis (Latham, 1787).ALEIXO & VIELLIARD (1995) consideram o status de vagante(comregistroemapenasumavisita)paraFregata magnicens(Mathews,1914),Actitismacularia(Linnaeus, 1766),Tringamelanoleuca(Gmelin,1789),Numenius phaeopus(Linnaeus,1758),Limnodromusgriseus(Gmelin, 1789),Stercorariusparasiticus(Linnaeus,1758),Sternula superciliaris(Vieillot,1819)eSternulaantillarum(Lesson, 1847). PARKERIIIetal.(1996),explicamquetaxas consideradosvagantesouocasionais,combaixafreqncia de ocorrncia, podem estar relacionadas sensibilidade dessas espcies a possveis alteraes ambientais, levando a um registro espordico; a baixa densidade populacional na rea e espcies com vocalizaes pouco conspcuas.Os dados obtidos sugerem a importncia da APA de Piaabuu para manuteno dessas aves, sendo ainda, stio de invernada para migrantes boreais, sua conservao de extrema importncia para estas populaes.Espcies Nome Vulgar ST SAnatidaeDendrocygna viduata(Linnaeus, 1766) irer R lAnatinaeAmazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789) p-vermelho R lAnas bahamensisLinnaeus, 1758 marreca-toicinho R lProcellariidaeCalonectris diomedea(Scopoli, 1769) bobo-grande VN lFregatidaeFregata magnificensMathews, 1914 tesouro R hArdeidaeButorides striata (Linnaeus, 1758) socozinho R lBubulcus ibis (Linnaeus, 1758) gara-vaqueira R lArdea albaLinnaeus, 1758 gara-branca-grande R lEgretta thula(Molina, 1782 ) gara-branca-pequena R lCathartidaeCathartes aura (Linnaeus, 1758) urub-de-cabea-vermelha R lCathartes burrovianusCassin, 1845 urub-de-cabea-amarela R mCoragyps atratus (Bechstein, 1793) urub-de-cabea-preta R lTabela I. Relao das espcies de aves registradas na rea de Proteo Ambiental de Piaabuu, Alagoas, atravs de observao direta e vocalizao; status (ST): residente (R) e visitante sazonal oriundo do hemisfrio norte (VN) conforme CBRO (2006); e grau de sensibilidade a distrbios ambientais (S): baixa sensibilidade (l), mdia sensibilidade (m) e alta sensibilidade (h) segundo PARKER III et al. (1996).165 Levantamento das Aves da rea de Proteo Ambiental de Piaabuu, no litoral de Alagoas, Brasil.Ornithologia 1(2):161-167, J unho 2006Espcies Nome Vulgar ST SFalconidaeCaracara plancus(Miller, 1777) carcar R lFalco sparverius Linnaeus, 1758 quiriquiri R lRallidaePorphyrio martinica(Linnaeus, 1766) frango-d'gua-azul R lCharadriidaeVanellus chilensis(Molina, 1782) quero-quero R lPluvialis squatarola(Linnaeus, 1758) batuiruu-de-axila-preta VN lCharadrius semipalmatusBonaparte, 1825 batura-de-bando VN mCharadrius wilsonia Ord, 1814 batura-bicuda R mCharadrius collaris Vieillot, 1818 batura-de-coleira R hHaematopodidaeHaematopus palliatusTemminck, 1820 piru-piru R mScolopacidaeActitis macularius (Linnaeus, 1766) maarico-pintado VN lArenaria interpres(Linnaeus, 1758) vira-pedras VN hTringa melanoleuca(Gmelin, 1789) maarico-de-perna-amarela VN lCatoptrophorus semipalmatus(Gmelin, 1789) maarico-de-asa-branca VN mCalidris pusilla (Linnaeus, 1766) maarico-rasteirinho VN mCalidris alba (Pallas, 1764) maarico-branco VN mNumenius phaeopus(Linnaeus, 1758) maarico-galego VN mLimnodromus griseus(Gmelin, 1789) narceja-de-costas-brancas VN hJacanidaeJacana jacana(Linnaeus, 1766) jaan R lStercorariidaeStercorarius parasiticus(Linnaeus, 1758) mandrio-parastico VN lSternidaeSternula superciliaris(Vieillot, 1819) trinta-ris-ano R hSternula antillarumLesson, 1847 trinta-ris-mido VN mSterna hirundoLinnaeus, 1758 trinta-ris-boreal VN mThalasseus sandvicensis (Latham, 1787) trinta-ris-de-bando R hColumbidaeColumbina passerina(Linnaeus, 1758) rolinha-cinzenta R lColumbina minuta(Linnaeus, 1766) rolinha-de-asa-canelada R lColumbina talpacoti(Temminck, 1811) rolinha-roxa R lPsittacidaeAratinga solstitialis (Linnaeus, 1766) Jandaia-amarela R mForpus xanthopterygius(Spix, 1824) tuim R lCuculidaeCrotophaga aniLinnaeus, 1758 anum-preto R lGuira guira (Gmelin, 1788) anum-branco R lAccipitridaeRostrhamus sociabilis(Vieillot, 1817) gavio-caramujeiro R lRupornis magnirostris(Gmelin, 1788) gavio-carij R lButeo albicaudatusVieillot, 1816 gavio-de-rabo-branco R lButeo brachyurusVieillot, 1816 gavio-de-cauda-curta R m166 S.A.S. Cabral et al.Ornithologia 1(2):161-167, J unho 2006TrochilidaeGlaucis hirsutus (Gmelin, 1788) balana-rabo-de-bico-torto R lChlorestes notata(Reich, 1793) beija-flor-de-garganta-azul R lChlorostilbonlucidus (Shaw, 1818) besourinho-de-bico-vermelho R lEupetomena macroura(Gmelin, 1788) beija-flor-tesoura R lPhaethornis ruber(Linnaeus, 1758) rabo-branco-rubro R mAmazilia fimbriata (Gmelin, 1788) beija-flor-da-garganta-verde R lAlcedinidaeCeryle torquatus(Linnaeus, 1766) martim-pescador-grande R lChloroceryle amazona(Latham, 1790) martim-pescador-verde R lChloroceryle americana(Gmelin, 1788) martim-pescador-pequeno R lPicidaePicumnus fulvescens Stager, 1961 pica-pau-ano-canela R hThamnophilidaeTarabamajor (Vieillot, 1816) chor-boi R lFurnariidaeFurnarius figulus (Lichtenstein, 1823) casaca-de-couro-da-lama R lTyrannidaeCapsiempis flaveola (Lichtenstein, 1823) marieninha-amarela R lFluvicola nengeta(Linnaeus, 1766) lavadeira-mascarada R lArundinicola leucocephala(Linnaeus, 1764) frierinha R lPitangus sulphuratus(Linnaeus, 1766) bem-te-vi R lMyiozetetes similis (Spix, 1825) bentevi-de-penacho-vermelho R lTyrannus melancholicusVieillot, 1819 suiriri R lConopias trivirgatus(Wied, 1831) bem-te-vi-pequeno R mHemitriccus zosterops(Pelzeln, 1868) maria-de-olho-branco R hTodirostrum cinereum(Linnaeus, 1766) ferreirinho-relgio R lEmpidonomus varius(Vieillot,1818) peitica R lHirundinidaeTachycineta albi venter (Boddaert, 1783) andorinha-do-rio R lMimidaeMimus gilvus (Vieillot, 1807) sabi-da-praia R lCoerebidaeCoereba flaveola(Linnaeus, 1758) cambacica R lThraupidaeThraupis sayaca(Linnaeus, 1766) sanhau-cinzento R lThraupis palmarum (Wied, 1823) sanhau-do-coqueiro R lCompsothraupis loricata(Lichtenstein, 1819) carreto R lEmberezidaeAmmodramus humeralis(Bosc, 1792) tici-tico-do-campo R lVolatinia j acarina (Linnaeus, 1766) tziu R lCardinalidaeSaltator maximus (Statius Muller, 1776) tempera-viola R lStrigidaeAthene cunicularia (Molina, 1782) coruja-buraqueira R lEspcies Nome Vulgar ST S167 Levantamento das Aves da rea de Proteo Ambiental de Piaabuu, no litoral de Alagoas, Brasil.Ornithologia 1(2):161-167, J unho 2006AGRADECIMENTOSAUniversidadeFederaldePernambuco(UFPE) eaoMestradoemBiologia Animal,aUniversidadeFederal Rural de Pernambuco (UFRPE), Fundao Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis(IBAMA/AL),pelossuportesconcedidosno decorrer dessa pesquisa.REFERNCIAS BIBLIOGRFICASALEIXO, A. & J .M.E. VIELLIARD. 1995. Composio e dinmica daavifaunadaMatadeSantaGenebra,Campinas,So Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba, 12 (3): 493-511.ALMEIDA, M.E. DE C.; J .M.E. VIELLIARD & M.M. DIAS. 1999. Composio da avifauna em duas matas ciliares na bacia de rio J acar-Pepira, So Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba, 16 (4): 1087-1098.ANTAS,P.T.Z.1984.Migrationofnearticshorebirds (CharadriidaeandScolopacidae)in Brasil-yways andthairdifferentseasonaluse.WaderStudie Group Bulletin, Tring, 39: 52-56.AZEVEDO-J NIOR,S.M.DE&M.E.L.DELARRAZBAL.2000. Aves:Biologia,EcologiaeMovimentao,p.155-162. In:H.M.BARROS;E.ESKINAZI-LEA;S.L.MACEDO&T. LIMA (Eds.) Gerenciamento Participativo de Esturios e Manguezais. Ed. Universitria da UFPE, Recife.AZEVEDO-J NIOR, S.M. DE; M.M. DIAS FILHO & M.E. LARRAZBAL. 2001a.PlumagememudasdeCaradriiformes(Aves) nolitoraldePernambuco,Brasil.RevistaBrasileirade Zoologia, Curitiba, 18 (3): 657-672. AZEVEDO-J NIOR, S.M. DE; M.M. DIAS FILHO; M.E. LARRAZBAL; W.R. TELINO J NIOR; R.M. LYRA NEVES & C.J .G. FERNANDES. 2001b. Recapturas e recuperaes de aves migratrias no litoral de Pernambuco, Brasil. Ararajuba, Braslia 9 (1): 33-42.BARBOSA, L.M. & J .M.L. DOMINGUEZ. 2004. Coastal dune elds at the So Francisco river strandplain, northeastern Brazil: morphologyandenvironmentalcontrols.Earthsurface processes and landforms. Leeds: J . Wiley & Sons, 29(4): 443 456.BRANCO, J .O.; I.F. MACHADO & M.S. BOVENDORP. 2004. Avifauna associada a ambientes de inuncia martima no litoral de Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia 21 (3): 459466.CBRO. 2006. Lista das Aves do Brasil. Comit Brasileiro de Registros Ornitolgicos. Disponvel em: http://www.cbro.org.br Acesso em 23 de maro de 2006.COELHO, A.G.M. 1978. Lista de algumas espcies de aves do Nordeste do Brasil. Notulae Biologicae 1: 1-7. ELLENBERG, H. 1981. Was its ein Bioindikator? Okologie, Vogel 3:83-99.HAHN,E.;K.HAHN&M.STOEPPLER.1989.Schwermetalle inFedernvonHabichten(Accipitergentiles)aus unterschiedlichbelastetenGebiet.JournalOrnithology. 130: 303-309.HARRISON, P. 1983. Seabirds:inidenticationguideBoston: Houghton Mifin Company. 448 p.HAYMAN, P.; MARCHANT, J . & PRATER, T. 1986. Shorebird.An identication guide to the waders ofthe world. London: Groom Helm.LARRAZBAL, M. E. DE; S. M. DE AZEVEDO-J NIOR & O. PENA. 2002. Monitoramento de aves limcolas na Salina Diamante Branco,Galinhos,RioGrandedoNorte,Brasil.Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba, 19 (4): 1081-1089.LYRANEVES,R.M.,S.M.DE AZEVEDOJ NIOR& W.R. TELINO J NIOR. 2004a Monitoramento do maarico-branco, Calidris alba (Pallas) (Aves, Scolopacidae), atravs de recuperaes deanilhascoloridas,naCoroadoAvio,Igarassu, Pernambuco,Brasil.RevistaBrasileiradeZoologia, Curitiba, 21 (2): 319-324. LYRA NEVES, R.M. DE; M.M. DIAS; S.M. DE AZEVEDO-J NIOR; W.R.TELINOJ NIOR&M.E.L.DELARRAZBALb.2004b. ComunidadedeavesdaReservaEstadualdeGurja, Pernambuco,Brasil.RevistaBrasileiradeZoologia, Curitiba, 21 (3): 581-592.MAGURRAN,A.E.1988.Ecologicaldiversityandits measurement. London, Croom Helm,179p.MARRA,R.J .C.1989.Educao AmbientalPreliminarauma Unidade de Conservao. Ocasoda APAdePiaabu/Estao Ecolgica Praia do Peba/AL. Braslia, DF. 346p.MORRISON, R.I.G., R.K. ROSS & P. T. Z. ANTAS. 1989. Padres geraisdedistribuiodeaveslitorneasnerticasna Amrica doSul.In: Atlasofnearticshorebirdson thecoastof South America. Ottawa, Canadian Wildlife Service. 2: 179-210.PARKER III, T.A.; D.F. STOTZ & J .W. FITZPATRICK. 1996. Ecological and distributional databases, p. 113-436. In: D.F.STOTZ; J . W. FITZPATRICK; T. A. PARKER III & D. K. MOSKOVITS (Eds). Neotropicalbirds:ecologyandconservation.Chicago, Inuversity of Chicago Press, XI+700p.RODRIGUES,A.A.F.2000.SeasonalabundanceofNeartic shorebirdsintheGulfofMaranho,Brazil.Journalof Field Ornithology. Lawrence 71 (4): 665-675.SALLES,V.1994.GuiadoMeioAmbiente:Litoralde Alagoas, 2 ed. Macei: Projeto IMA (Instituto do Meio Ambiente) - GTZ (Deutsche Gesselschaft fr Technische Zussamenarbeit). 186 p.SICK,H.1997.Ornitologiabrasileira.RiodeJ aneiro.Ed. Nova Fronteira, 912p.SLUD,P.1976.Geographicandclimaticrelationshipsof avifaunas with special reference to comparative distribuition in the neotropics. Smithsonian Contr. Zool. no. 212. SOUZA, M.C. 1993. Sobre as aves marinhas no litoral dos estados de Sergipe e Alagoas. Goeldiana Zoologia: 19.TELINO-J NIOR, W. R.; S.M. DE AZEVEDO-J NIOR & R.M. DE. L. NEVES.2003.Censodeavesmigratrias(Charadriidae, ScolopacidaeeLaridae)naCoroadoAvio,Igarassu, Pernambuco,Brasil.RevistaBrasileiradeZoologia, Curitiba, 20 (3): 451-456.VIELLIARD, J .M.E. 2000. Bird community as na indicator of biodiversity: results from quantitative surveys in Brazil. Anais da Academia Brasileira de Cincias, Rio de J aneiro, 72 (3): 323-330.Recebido em fevereiro de 2006; aceito em abril de 2006.