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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 2 A 5 ANOS. Por: Daniele da Silva Mallet Orientador Profa. Ms. Fátima Alves Rio de Janeiro 2012

AVM FACULDADE INTEGRADA · ainda, enfatizar o importante papel da construção do esquema corporal e da organização das sensações do próprio corpo para o desenvolvimento psicomotor

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO

INFANTIL PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 2 A 5

ANOS.

Por: Daniele da Silva Mallet

Orientador

Profa. Ms. Fátima Alves

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO

INFANTIL PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 2 A 5

ANOS.

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicomotricidade.

Por: Daniele da Silva Mallet

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pelo fôlego de

vida e aos familiares e amigos que

acreditaram neste trabalho,

contribuindo direta ou indiretamente

para tornar possível essa conquista.

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DEDICATÓRIA

A Deus, que se fez presente durante esta

longa e espinhosa caminhada,

proporcionando consolo nos momentos

angustiantes.

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RESUMO . Este trabalho tem como objetivo demonstrar a importância da

psicomotricidade no desenvolvimento da criança de 2 a 5 anos de idade, na

educação infantil, visto que o movimento permite à criança explorar o mundo

exterior, considerando que sem o contato com o concreto a criança pode

desenvolver um bloqueio e se isolar por toda a vida. Esta pesquisa procurou

ainda, enfatizar o importante papel da construção do esquema corporal e da

organização das sensações do próprio corpo para o desenvolvimento

psicomotor da criança. O estudo destaca ainda, a psicomotricidade como

ciência indispensável na educação infantil, considerando-a responsável por

envolver toda ação realizada pelo indivíduo, representando suas necessidades

e permitindo sua relação com os demais. Serão apresentadas também,

algumas sugestões de exercícios para crianças de 2 a 5 anos, possíveis de

serem realizados na educação infantil em escolas comuns.

Palavras- chave: Psicomotricidade, educação infantil, desenvolvimento

psicomotor.

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METODOLOGIA

A metodologia que fundamentou este estudo é a pesquisa

bibliográfica, tendo como fontes autores que se respaldam na educação infantil,

seu processo de desenvolvimento e na psicomotricidade como recurso

facilitador. Tal método consiste na revisão detalhada da literatura existente

sobre o tema, visando atingir aos objetivos propostos para a realização deste

trabalho.

A bibliografia utilizada terá autores como: Mary Sue Pereira, Jean Le

Bouch, André Lapierre, entre outros, bem como publicações sobre o assunto

em documentos impressos como artigos e teses.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A Psicomotricidade 10

CAPÍTULO II - O Desenvolvimento Psicomotor da Criança de 2 a 5 anos

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CAPÍTULO III - A Psicomotricidade na Educação Infantil 36

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA 41

ÍNDICE 44

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INTRODUÇÃO Partindo do pressuposto de que o corpo em movimento é essencial

para o convívio, como também para as interações pessoais, o presente estudo

tem como enfoque a importância de se trabalhar com o desenvolvimento da

psicomotricidade, de maneira adequada, especialmente com criança de 2 a 5

anos, na educação infantil.

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 20

de dezembro de 1996 (Lei nº 9394) art. 29 “A educação infantil, primeira etapa

da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento da criança até

seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,

complementando a ação da família e da comunidade.” Para que esse

desenvolvimento integral ocorra, é indispensável que existam profissionais

conscientes da importância da psicomotricidade, considerando-a como ciência

que envolve toda ação realizada pelo indivíduo, que representa suas

necessidades, permitindo dessa forma sua relação com os demais.

Pretende-se ainda, com essa pesquisa, enfatizar a importância do

lúdico como instrumento de ligação da criança com o mundo exterior,

entendendo a criança da educação infantil como um indivíduo em uma fase em

que seus conhecimentos ainda maturam e sua identidade está ainda em

formação, ela utiliza-se, portanto, de símbolos ligados á família, além de

apresentar uma necessidade lúdica para colocá-la em contato com o mundo

concreto.

Este estudo busca ainda, ressaltar a importância da construção do

esquema corporal, bem como das sensações relacionadas ao próprio corpo,

sendo esse processo, fundamental no desenvolvimento psicomotor da criança.

Esta pesquisa busca compreender o surgimento da

psicomotricidade na educação infantil, que se deu pela necessidade de possuir,

na escola, um espaço onde a criança pudesse, através de atividades

psicomotoras espontâneas, expressar seus sentimentos, deixando de lado a

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postura mais rígida adotada na reabilitação e na terapia, dando lugar à

expressão da criança.

O presente estudo ressaltará também, a importância da integração

do psicomotricista com a equipe pedagógica, estabelecendo uma relação de

parceria com a escola, considerando que o trabalho em equipe propicia

discussões a respeito do desenvolvimento psicomotor da criança.

Busca-se ainda, enfatizar a relevância de atividades psicomotoras na educação

infantil, a fim de oportunizar um encontro da criança consigo mesma através de

dramatizações e jogos criativos, objetivando a interação social e o

estreitamento dos vínculos afetivos com o educador, bem como com os

colegas de classe.

Este trabalho está dividido em três capítulos, o primeiro, a

psicomotricidade, serão apresentadas definições de psicomotricidade, pelo

olhar de vários autores, objetivando sua importância no desenvolvimento motor

da criança na faixa etária de 2 a 5 anos, na educação infantil. O segundo

capítulo, o desenvolvimento psicomotor da criança de 2 a 5 anos de idade,

destacará as questões relacionadas ao desenvolvimento psicomotor,

sobretudo, os esquemas do desenvolvimento infantil. No terceiro capítulo, a

psicomotricidade na educação infantil, serão apresentadas maneiras pelas

quais o educador, utilizando métodos e técnicas psicomotoras, pode interferir

no desenvolvimento da criança de 2 a 5 anos de idade, introduzindo situações

que induzam o aluno a agir corretamente no ambiente, visando o

desenvolvimento motor, psicológico e afetivo do aluno. Buscando também

verificar qual a melhor maneira de se trabalhar com a psicomotricidade com

crianças da educação infantil. Ao longo do terceiro capítulo serão apresentadas

ainda, algumas sugestões de exercícios para crianças de 2 a 5 anos, possíveis

de serem realizados na educação infantil em escolas comuns.

Um dos objetivos dessa pesquisa é a conscientização do educador,

no sentido de demonstrar-lhe que é possível, através do conhecimento do

desenvolvimento do aluno, estimulá-lo de maneira a interligar a

psicomotricidade com outras áreas como a cognição, afetividade e a

linguagem.

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CAPÍTULO I

A PSICOMOTRICIDADE

A palavra Psicomotricidade origina-se do grego, psiché, e do latim,

moto, significando alma e movimento freqüente, respectivamente. Surgido em

1950, na França, este estudo evoluído da Psiquiatria, tem como objetivo

estudar o homem, sua relação com o mundo, suas potencialidades e sua

percepção, utilizando-se, para tal, do corpo em movimento.

A psicomotricidade, segundo Coste (1981, p.09) trata-se de uma

técnica em que se misturam vários olhares e que se utiliza das várias ciências:

A Biologia, a Psicologia, a Psicanálise, a Sociologia e a Linguística. Seu

surgimento foi controverso com o que acreditavam os estudiosos do início do

século XX, na época o corpo era considerado estrutura, tão somente,

anatômica e fisiológica, desconsiderando a relação do psiquismo e dos fatores

sócios culturais com a motricidade. Neste mesmo século, a psicomotricidade

desenvolvia-se de forma independente, porém seu nascimento só ocorreu no

momento em que o corpo, antes considerado mera carne, transformou-se em

corpo falado. O surgimento da Psicomotricidade, segundo Negrine (1995, p.42)

estaria vinculado aos estudos de Dupré (1907-1909), com enfoque na

neuropsiquiatria infantil, neste estudo utilizou-se, pela primeira vez, a

expressão “psicomotricidade da criança”. Negrine afirma ainda, existir uma

relação entre o surgimento da psicomotricidade e as pesquisas no campo de

problemas motores, tais pesquisas, algum tempo depois, despertaram o

interesse de estudiosos da psicologia, pedagogia e educação física.

O médico psiquiatra, Dr. Júlio Ajuriaguerra, considerado o pai da

psicomotricidade pela comunidade científica, definiu-a, segundo Coste (1989,

p. 33), como sendo a ciência da saúde e da educação, pois diferente das

diversas escolas psicológicas, condutista, evolutista, genética, etc, ela visa à

representação e a expressão motora, através da utilização psíquica e mental

do indivíduo.

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No âmbito escolar a psicomotricidade foi introduzida, a princípio,

somente em escolas especializadas, sendo a mesma utilizada como recurso

psicopedagógico, tendo como objetivo a correção de distúrbios no

desenvolvimento de crianças especiais. Em meado dos anos 70, percebeu-se

na escola, a importância de se dar lugar ao corpo a ao movimento, começou-se

então, a oportunizar a ação, os movimentos e as vivências motoras na pré-

escola.

Não se pode esquecer a grande contribuição de Lapierre, que

implantou a educação psicomotora nas escolas regulares, como recurso de

prevenção. A partir daí, criou-se na escola uma ideia de valorização dos

movimentos expressivos e espontâneos, e da importância dos mesmos para o

desenvolvimento integral dos alunos. E é exatamente este o enfoque da

educação psicomotora, a mesma visa o desenvolvimento integral do ser

humano, busca através do corpo em movimento desenvolver o

autoconhecimento, as relações afetivas, a postura corporal, a fim de estimular

suas capacidades e potencialidades. Adotando uma postura menos rígida,

visando, sobretudo, as oportunidades para as crianças se expressarem e para

os profissionais em educação psicomotora repensarem sua atuação junto à

escola, entendendo que a união da equipe pedagógica tende a gerar maiores

benefícios, pois através da troca de informações e das discussões entre

profissionais de diferentes áreas, no âmbito escolar, é possível criar-se

situações e espaços oportunos para o desenvolvimento da criança,

privilegiando o aprendizado e, através de atividades livres e movimentos

espontâneos, aprender a lidar com os outros e consigo mesma, respeitando

seus limites, valorizando suas capacidades e desenvolvendo suas

potencialidades.

É impossível falar em psicomotricidade sem citar Henri Wallon,

visto que o psicólogo influenciou significativamente por considerar o aspecto

motor como gerador do intelecto e por acreditar na maior possibilidade de

interação da criança por meio da exploração de objetos, bem como, do meio.

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“Mas o grande eixo é a questão da motricidade; os outros surgem porque Wallon não conseguem dissociá-lo do conjunto do funcionamento da pessoa. A psicogênese da motricidade (não se estranhe a expressão, porque, em Wallon, “motor” é sempre “psicomotor”) se confunde com a psicogênese da pessoa, e a patologia do movimento com a patologia do funcionamento da personalidade. Por esse motivo foi tão aproveitado por Le Boulch, cuja psicocinética e propostas de educação psicomotora se caracterizam pela abrangência da sua compreensão do significado psicológico do movimento” (DANTAS, 1992, p. 33).

Faz-se indispensável que o psicomotricista esteja consciente de

sua função de dinamizar a comunicação, bem como, de resolver possíveis

conflitos que possam surgir entre as crianças, de maneira que possa se tornar

uma figura de autoridade em sala e, sobretudo, estabelecer um vínculo de

confiança com os alunos. É necessário que ele direcione as atividades, que

proponha movimentos e brincadeiras, jogos de construção, equilíbrio e queda,

se envolvendo, estimulando a imaginação, a fantasia e o pensamento da

criança, proporcionando a ela, mais tarde, a resolução de pequenos conflitos

sem que seja necessário o auxílio do professor.

1.1 A Psicomotricidade e seus Elementos.

Apresentar-se-á a seguir os elementos da psicomotricidade, bem

como seus conceitos, fundamentados nas obras de Wallon (H. Psicologia e

Educação da Infância, 1975), Jean Piaget (A noção de tempo na Criança, s/d),

Meinel (Motricidade I: Teoria da Motricidade Esportiva Sob o Aspecto

Pedagógico, 1984), Oliveira (Psicomotricidade: Educação e Reabilitação num

Enfoque Psicopedagógico, 1997), Meur & Stael (Psicomotricidade: Educação e

Reeducação), Le Boulch (Educação psicomotora: A Psicocinética na Idade

Escolar, 1987) e Balbé, Dias e Souza (Educação Física e suas contribuições

para o desenvolvimento motor na Educação infantil, 2009), disponível em

<http//:www.efdeportes.com> Revista Digital Buenos Aires - Año 13 - Nº 129 -

fevereiro de 2009. Acesso em 20 de abril de 2012.

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1.1.2 Esquema Corporal

Consiste no conhecimento pré-consciente de seu próprio corpo,

bem como, de suas partes, tal conhecimento permite a relação da criança com

os outros e com o espaço e objetos que a cercam, sendo fator indispensável no

desenvolvimento da criança, visto que a construção do esquema corporal pode

ser considerada como a organização das sensações de seu próprio corpo e de

sua percepção no espaço.

“A expressão esquema corporal nasceu em 1911 com o neurologista Henry Head [...], segundo ele, o córtex cerebral recebe informações das vísceras, das sensações e percepções táteis, térmicas, visuais, auditivas e de imagens motrizes, o que facilitaria a obtenção de uma noção, um modelo e um esquema de seu corpo e de suas posturas. Head ainda afirma que o esquema corporal armazena não só as impressões presentes, como também as passadas” (OLIVEIRA, 1997, p.48).

“O esquema corporal pode ser considerado uma intuição ou um conhecimento imediato que temos do nosso próprio corpo, seja em posição estática ou em movimento, em relação às diversas partes entre si e, sobretudo, nas relações com o espaço e os objetos que o circundam” (J. LE BOULCH, 1987, p. 215).

“O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da personalidade da criança. É a representação relativamente global, científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo” (WALLON, 1975, p. 63).

O psicomotricista tem a importante função de fazer com que seus

alunos mantenham suas atenções centradas em si próprio, para que haja

interiorização do corpo, para tal é necessário que o indivíduo volte-se para si

mesmo e possibilite que sua aquisições motoras sejam automatizadas.

Oliveira (1997, p. 48) afirma que para que seja possível a ação por

parte da criança envolvendo os aspectos psicológico, psicomotor, emocional,

cognitivo e social é necessário que haja organização corporal, isto é,

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organização de si próprio. Segundo o autor tal organização é essencial na

descoberta de suas possibilidades de ação, faz-se necessário portanto, que

leve em consideração os aspectos neurofisiológicos, mecânicos, anatômicos e

locomotores.

O esquema corporal se divide em três etapas: Corpo vivido, corpo

percebido e corpo representado, considerando que este trabalho tem como

enfoque o desenvolvimento da criança de 2 a 5 anos, não se aprofundará na

terceira etapa, corpo representado, visto que a mesma se dá entre 7 e 12 anos

de idade.

1.1.2.1 Corpo Vivido

Esta fase ocorre até 3 anos de idade, e corresponde, segundo

Piaget, à fase da inteligência sensório-motora. Esta caracteriza-se por se tratar

da fase em que o bebê não consegue diferenciar seu próprio corpo do

ambiente, sentindo-se parte do mesmo. Tendo como característica ainda, certa

agitação da parte do bebê, o mesmo se movimenta incessantemente e através

do movimento adquire experiências motoras, por meio das quais seu sistema

nervoso é amadurecido, permitindo que comece de maneira gradativa a

separar-se do meio ambiente.

Outra importante característica desta fase é a espontaneidade, a

criança age de maneira impensada, sendo os seus gestos totalmente

espontâneos.

Pode-se defini-la como corpo vivido por tratar-se da fase onde a

criança adquire a imagem de seu próprio corpo através de suas experiências

que se dão por meio de suas vivências, visto que, nesta etapa ela brinca, corre,

descobre o ambiente, o outro, o mundo que a cerca e descobre seu corpo

através das situações vividas.

1.1.2.2 Corpo Percebido

Esta fase, que ocorre dos 3 aos 7 anos de idade, tem como

característica principal a organização do esquema corporal, é o momento em

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que a criança adquire maior domínio de seus movimentos, bem como maior

destreza e controle ao realizar suas atividades, atividades essas que na fase

anterior eram realizadas de maneira espontânea. Agora, com sua função de

interiorização mais refinada, ela consegue movimentar-se de mais maneira

mais refinada dentro de espaço e tempo determinados.

A criança é também capaz, nesta fase, de realizar movimentos

voluntários, descobrir seu eixo corporal, conseguindo assim, se situar no

espaço, bem como situar os objetos ao seu redor.

1.1.2.3 Corpo Representado

Como havia sido mencionado anteriormente, este trabalho não se

aprofundará nesta etapa, visto que o interesse do mesmo está restrito ao

desenvolvimento da criança de 2 a 5 anos de idade.

Nesta etapa, que se dá de 7 a 12 anos, ocorre a estruturação do

esquema corporal, ou seja, a organização e ampliação do mesmo. A princípio a

criança possui somente uma representação da imagem do corpo simplificada,

porém, por volta de 10 anos de idade tal representação torna-se antecipatória.

Aos 12 anos, essa imagem passa a ser representada, permitindo a criança

programar ações, além de combinar e organizar orientações.

1.1.3 Motricidade Fina

Denomina-se motricidade fina a habilidade de realizar atividades

com as mãos, orientadas pela visão. Tal habilidade utiliza-se basicamente, dos

componentes: olho, mão e objeto. O desenvolvimento desta coordenação

permite à criança realizar movimentos como escrever, desenhar, recortar,

arremessar, agarrar e manipular.

“Motricidade Fina “é uma atividade de movimento espacialmente pequena, que requer um emprego de força mínima, mas grande precisão ou velocidade ou ambos, sendo executada principalmente pelas mãos e dedos, às vezes também pelos pés” (MEINEL, 1984, p.154).

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Segundo Oliveira (1997, p. 41) tal habilidade se faz necessária para

que seja possível a manipulação de objetos da cultura em que vive .Segundo o

autor coordenação motora fina denomina-se a capacidade do indivíduo de

movimentar-se no espaço de maneira desenvolta, bem como, a capacidade

dedominar gestos e instrumentos.

A área do cérebro responsável pelos movimentos dos dedos e

mãos, possibilitando o manuseio de objetos é o córtex pré-central, já a

sensibilidade tátil só é possível por meio das áreas córtico-sensomotoras,

possibilitando maior destreza de movimentos. Tal sensibilidade permite ainda

ao indivíduo reconhecer objetos sem que seja necessária a utilização da visão,

fazendo uso somente do tato.

1.1.4 Motricidade Global

Denomina-se movimento global a habilidade de movimentar-se,

utilizando para tal vários grupos musculares, por esse motivo é chamada

motricidade global. Esta tem como prioridade a qualidade, não a quantidade de

movimentos realizados, o interessante é realizá-los de maneira controlada e

perfeita. É essa habilidade que permite ao indivíduo realizar movimentos

diferenciados, estando cada membro responsável por um movimento, podendo

os mesmos serem realizados ao mesmo tempo.

Através da movimentação e da experimentação, o indivíduo procura seu eixo corporal, vai se adaptando e buscando um equilíbrio cada vez melhor. Consequentemente, vai coordenando seus movimentos, vai se conscientizando de seu corpo e das posturas. Quano maior o equilíbrio, mais econômica será a atividade do sujeito e mais coordenadas serão as suas ações.(OLIVEIRA 1997, p. 41)

Os movimentos globais têm ainda importantes contribuições no

refinamento das sensações e percepções, bem como, na maturação dos

aspectos motores e neurológicos da criança.

1.1.5 Equilíbrio

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Para que se realize qualquer ação que envolva os membros

superiores é necessário que se tenha como base o equilíbrio, a ausência deste

pode acarretar na execução defeituosa do movimento, podendo aumentar o

nível de estresse do indivíduo, além de provocar fadiga corporal, mental e

espiritual, isso se dá devido ao aumento do consumo energético que ocorre na

tentativa de combater o desequilíbrio.

Para que se possa verificar a existência de equilíbrio, é necessário

que se observe a postura do indivíduo, e as capacidades deste em manter

determinadas posições e atitudes, visto que considera-se o equilíbrio diferentes

forças que atuam sobre o corpo compensando-se e se anulando-se

mutuamente, assim sendo, uma postura incorreta pode indicar equilíbrio

estático e dinâmico alterados ou até mesmo insuficientes.

Rosa Neto (BALBÉ, DIAS e SOUZA, 2009), o equilíbrio tônico

postural do sujeito, seu gesto, seu modo de respirar, sua atitude, etc., são o

reflexo de seu comportamento, porém ao mesmo tempo de suas dificuldades e

de seus bloqueios. O autor afirma que para voltar a encontrar seu estado de

equilíbrio biopsicossocial, é necessário liberar os pontos de maior tensão

muscular (couraças musculares), isto é, o conjunto de reações tônicas de

defesa integradas a atitude corporal. Ele afirma ainda que no plano da

organização neuropsicológica, se pode dizer que o equilíbrio tônico postural

constitui o modelo de autorregulação do comportamento.

1.1.6 Organização Temporal A organização temporal caracteriza-se pela capacidade de

organizar-se temporalmente sob dois aspectos básicos: ordem e duração.

Basicamente a ordem permite ao indivíduo à noção básica referente à

sucessão dos acontecimentos, por exemplo, saber que antes de almoçar lavou

as mãos e depois de almoçar escovou os dentes. E a duração, que tem como

característica a definição das divisões do dia: manhã, tarde, noite, bem como, a

noção de unidades cronológicas como horas, minutos e segundos.

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O tempo é a coordenação dos movimentos: quer se trate dos deslocamentos físicos ou movimentos no espaço, quer se trate destes movimentos internos que são as ações simplesmente esboçadas, antecipadas ou reconstituídas pela memória mas cujo desfecho e objetivo final é também espacial.(JEAN PIAGET, s/d, p. 11-12)

A respeito da organização temporal Rosa Neto (BALBÉ, DIAS e

SOUZA, 2009), afirma ser possível a percepção do transcurso do tempo a

partir das mudanças produzidas durante um período estabelecido e da sua

sucessão que transforma progressivamente o futuro em presente e depois em

passado. Segundo o autor o tempo é antes de tudo memória, por exemplo, à

medida em que se lê, o tempo passa. Assim aparecem os dois grandes

componentes da organização temporal, a ordem e a duração, que o ritmo

reúne, o primeiro define a sucessão que existe entre os acontecimentos que se

produzem, uns a continuação de outros, numa ordem física irreversível; a

segunda permite a variação do intervalo que separa os dois pontos, o princípio

e o fim de um acontecimento. O autor acredita que esta medida possui

diferentes unidades cronométricas como o dia e suas divisões, horas, minutos

e segundos. Para ele, a ordem ou distribuição cronológica das mudanças ou

acontecimentos sucessivos representa o aspecto qualitativo do tempo e a

duração seu aspecto quantitativo.

Segundo Oliveira (1997, p.87) o fato de dois acontecimentos serem

ligados somente ao acaso, dificulta a rememorização dos mesmo. Nesses

casos o autor aponta como solução buscar a ordem temporal desses fatos,

tentando desta forma rememorar os acontecimentos através das causalidades

anteriores a eles.

1.1.7 Organização Espacial Denomina-se organização espacial a habilidade de localizar o

próprio corpo em relação ao ambiente, bem como, classificar os deslocamentos

no espaço, por exemplo, saber que está atrás da porta ou em cima de um

banco. Utilizando para tal a visão, a audição, o tato, a propriocepção e o olfato.

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“A tomada de consciência da situação de seu próprio corpo em um meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que pode ter em relação às pessoas e coisas. De essencial importância, a estruturação espacial se desenvolve na criança a partir do conhecimento adquirido em relação ao seu corpo e ao espaço que ocupa, resultando em uma melhor locomoção espacial, organização do espaço que ocupa e maior domínio de seus gestos. Assim como o esquema corporal, a lateralidade e a estruturação espacial, a orientação temporal é fundamental para a criança, pois lhe possibilita situar-se em função dos acontecimentos no que se refere a sua sucessão, duração e intervalos” (MEUR & STAEL,1991, p.13).

Oliveira (1997 p. 74) afirma que para que o indivíduo possa

estabelecer relações com o meio, bem como, observar e comparar

semelhanças e diferenças, vivendo adequadamente em sociedade é

necessário que se estabeleça a estruturação espacial, esta se dá por meio das

relações espaciais ocorridas no meio em que o sujeito está inserido.

O desenvolvimento da orientação espacial está estreitamente

relacionado ao aprendizado do indivíduo, caso esse desenvolvimento ocorra de

maneira defeituosa ou insuficiente poderá acarretar sérios danos, dificultando a

alfabetização e até mesmo a capacidade de resolução de problemas

matemáticos.

“Os problemas quanto à orientação temporal e a orientação espacial, como por exemplo, com a noção „antes - depois‟ acarretam principalmente confusão na ordem dos elementos de uma sílaba. A criança sente dificuldades em construir uma frase cujas palavras estejam misturadas, sendo a análise gramatical um quebra-cabeça para ela.Uma má organização espacial ou temporal acarreta fracasso em matemática. Com efeito, para calcular a criança deve ter pontos de referência, colocar os números corretamente, possuir noção de „fileiras‟ de „coluna‟; deve conseguir combinar as formas para fazer construções geométricas” (MEUR & STAEL, 1991, p.08).

1.1.8 Lateralidade

O corpo humano caracteriza-se por sua divisão em duas partes

anatômicas, denomina-se lateralidade a utilização de um dos hemisférios, ou

seja, o controle das funções de uma das partes simétricas do corpo: olho, mão,

perna, braço, etc.

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Segundo Oliveira (1997 p. 62-63) o ser humano tende a utilizar um

dos lados do corpo, possuindo um maior domínio motor, força muscular e

velocidade neste. Cabendo ao outro lado somente a função de auxiliar o lado

dominante na execução dos movimentos. Tal propensão denomina-se,

segundo o autor, lateralidade.

Por meio de atitudes do indivíduo é possível identificar qual seria o seu

lado dominante, em atividades cotidianas pequenas atitudes denunciam qual

lado é responsável pela ação e qual tem somente papel complementar.

Quando pregamos um prego em uma parede, a mão auxiliar segura o prego enquanto a outra, com precisão e força muscular suficiente, bate o martelo; quando escrevemos, uma mão segura a folha enquanto a outra escreve(...) quando pedimos à criança que brinque de amarelinha com um pé e depois com o outro. Verificamos, então, qual o lado que teve mais facilidade, isto é, qual apresentou mais precisão, mais força, mais rapidez e também mais equilíbrio (...) os dentistas afirmam que se pode ver, também, a lateralidade do indivíduo pela observação de seus dentes, pela mastigação. O lado dominante fica mais gasto. (OLIVEIRA 1997, p. 63)

É importante que não haja nenhuma intervenção na definição do

lado preferencial do corpo, é necessário que ambos sejam igualmente

estimulados para oportunizar á criança a descoberta de sua lateralidade. Tal

definição ocorre por volta dos sete anos de idade, porém a partir dos três anos

é possível observar evidências capazes de indicar sua escolha.

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21

CAPÍTULO II

O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA CRIANÇA DE

2 A 5 ANOS

Utiliza-se o termo psicomotor para fazer menção ao corpo num

todo, entende-se como um processo que engloba o desenvolvimento de todas

as suas partes. É este processo que permite à criança passar do estágio de

vulnerabilidade e fragilidade da primeira infância para um estágio onde possui

maior independência e liberdade. Esse desenvolvimento só é possível através

das atividades motoras, é por meio do movimento que a criança tomará

conhecimento de seu próprio corpo e de seus sentidos, instrumentos que

utilizará durante toda vida para se colocar em contato com o mundo e com os

outros.

As transformações que ocorrem nos primeiros 12 meses de vida são

impressionantes, enquanto no primeiro mês o bebê possui somente

movimentos reflexos, sendo capaz apenas de olhar a procura de sons e

estímulos visuais que lhe são incomuns, aos 12 meses colocar-se de pé e até

mesmo andar se apoiando em objetos ou com o auxílio de terceiros.

Vitor da Fonseca (1977) apresenta uma escala de desenvolvimento

psicomotor da criança de 0 a 5 anos, como mostra o quadro abaixo, o autor

apresentou as habilidades que se espera que tenham sido adquiridas em

determinado período, descrevendo os avanços ocorridos em cada período

referentes ao processo de maturação perceptivo-visual, motor e psicomotor.

Embora o presente trabalho busque o estudo do desenvolvimento

da criança de 2 a 5 anos, é importante conhecer o caminho e as evoluções que

percorreu até chegar nesta faixa etária, tais informações se fazem necessárias

para que seja possível identificar se seu desenvolvimento está de acordo com

sua idade cronológica e caso não esteja, através das informações aqui

apresentadas, será possível identificar em qual etapa a criança se encontra,

para que se possa ter uma ideia mais abrangente de seu atraso e verificar se o

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22

mesmo pode ser considerado aceitável, ou caso seja excessivo, pode indicar

indícios de possível defasagem no desenvolvimento psicomotor.

I ESCALA DE DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DE (0 AOS 5

ANOS). (FONSECA 1977, apud FONSECA, 1998, P. 273).

Período de

Desenvolvime

nto

Processo

Perceptivo-visual

Processo motor Processo

Psicomotor

Nascimento O olhar

procura sons

e estímulos

visuais

estranhos

Reação

Global e

desorganizad

a do

movimento

Reflexos

(memória de

espécie)

Dislaxia focal

(20-30cm)

1 mês Perseguição

horizontal,

vertical e

circular no

olhar

Olha para as

mãos

Levanta a

cabeça e o

tronco

enquanto

em

decúbito

facial

Segura objetos

por longos

períodos de

tempo

2 meses convergência

binocular

Maturação

das

vértebras

Primeiras

relações entre

a visão e a

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cervicais e

dorsais

mão

3 meses Observa os

movimentos

dos dedos

das mãos

Acomodação

Visual

Poder

realizar

uma

rotação do

corpo para

um dos

lados

Abre as

mãos

frequentem

ente

Senta-se

com

suporte

Roda de

decúbito

dorsal para

o decúbito

facial

Mão orientada

para os objetos

Abordagem

atração dos

objetos

Contato com

os objetos,

através de

preensões

mais precisas

e eficientes

6 meses Alerta em 12

horas do dia

Persegue

visualmente

pontos ou

objetos no

espaço, em

diferentes

velocidades

Discriminação

de formas

simples

Preferência

manual

começa a

9emergir

(lateralidade)

Senta-

se com

ajuda

Pode

segurar

dois

objetos

simultanea

mente

Passa um

objeto de

uma mão

para outra

Opõe o

polegar na

preensão

dos objetos

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12 meses Preferência

manual da

preensão

dos objetos

Reptação e

quadrupedi

a

Anda com suporte.

18 meses Sobe

escadas

engatinhan

do

Anda

autonomam

ente

Reação

antigravític

a

Preferência

manual

Realiza

pequenas

imitações de

gestos

Faz imitações

espontâneas

Faz pequenos

jogos simples

Apanha a bola

2 anos A

discriminação

de formas

desenvolve-

se

corre Imita

movimentos

verticais e

horizontais

3 anos Melhor

percepção do

espaço visual

Primeiros

grafismos

Equilibra-se

num pé por

pequeno

período de

tempo

Equilibra-se

na ponta

dos pés

Controla-se em

equilíbrio com

os olhos

fechados

Dissociação de

movimentos

dos braços e

das pernas

3 anos Coordenação

óculo-motora

Preensão de

objetos

Coordena a

marcha e a

corrida

Salta

Coordenação

simples

Constrói

formas

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utilitários Práxias

5 anos Grafismos

simbólicos

Desenho do

corpo, da

casa

Cópia de

figuras

geométricas

Pé coxinho

e salta com

os pés

juntos

Sobe as

escadas

em corrida

Lateralidade

Direcionalidade

Noção do

corpo

Manipula,

recebe e atira

objetos com

intencionalidad

e

2.1 O Desenvolvimento das Habilidades Psicomotoras da Criança

de 2 a 5 anos de idade.

Apresentar-se-á a seguir um Escala de Desenvolvimento das

habilidades Psicomotoras, propostas por Fonseca (Psicomotricidade:

Filogênese, Ontogênese e Retrogênese, 1998), segundo o autor o objetivo do

estudo é disponibilizar ao professor um processo simples que auxilia na

detecção global das aquisições motoras, a fim de identificar possíveis

dificuldades psicomotoras.

2.1.1 Motricidade Fina (2-3 anos)

Agarrar moedas, alfinetes, fios, etc., com um olho tapado de cada vez;

Consegue imitar e tocar com o polegar cada um dos outros dedos (mão

esquerda e mão direita)

2.1.2 Motricidade Fina (4-5 anos)

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Colocando as duas mãos em cima de uma mesa, ergue cada dedo

independentemente de outros.

Em situação de imitação, muda de personagem três vezes (ex.: fazer de

sinaleiro, motorista, médico, etc.).

2.1.3 Motricidade Global (3-4 anos)

Subir de escadas alternando o pé de apoio.

Saltar de um degrau com a altura máxima de 40cm.

2.1.4 Motricidade Global (4-5 anos)

Andar para frente e para trás, tocando com o calcanhar na ponta do outro pé

(marcha controlada).

2.1.5 Equilíbrio e Controle Postural (2-3 anos)

Equilíbrio estático sobre um pé durante 5 segundos;

Anda em frente,e com relativa estabilidade, por cima de uma linha direita (feita

com fita ou com giz).

2.1.6 Equilíbrio e Controle Postural (4-5 anos)

Equilíbrio estático, quer sobre o pé direito, quer sobre o esquerdo, durante 10

segundos;

Sobe e estabiliza-se numa trave ou banco de equilíbrio de 10cm de altura, sem

ajuda.

2.1.7 Controle Ocular, Coordenação Óculo-Manual e Óculo – Pedal

(3 anos)

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Apanha uma bola de rítmica lançada de dois metros com ressalto no solo;

Apanha uma bola lança de um metro, sem ressalto.

2.1.8 Controle Ocular, Coordenação Óculo-Manual e Óculo – Pedal

(4-5 anos).

Chuta uma bola;

Lança uma bola pelo solo, acertando num alvo posto a 2m-2,5m(com uma ou

duas mãos).

2.2 O Desenvolvimento da Linguagem

Sabe-se que a linguagem é indispensável para que o ser humano

se coloque em contato com o meio em que vive, embora quando se fale em

linguagem a ideia inicial esteja voltada para a fala e escrita, deve-se considerar

as diversas formas que a comunicação pode ocorrer, pode-se citar a linguagem

gestual, de movimentos, de olhares ou até mesmo de silêncio. Independente

da forma que ela aconteça, ela é fundamental para que o indivíduo esteja

inserido na sociedade.

A aquisição da linguagem desempenha um papel decisivo na compreensão do mundo e na transmissão de valores pessoais, sociais e culturais. A criança utiliza o código da linguagem para formular seus sentimentos, suas sensações e valores, para transmitir e receber as informações. (OLIVEIRA, 1997, p.105)

Segundo Oliveira (1998) a linguagem por meio das palavras, ainda

que nesse momento a criança se utilize da imitação para reproduzi-las, ocorre

a partir dos 9 meses de idade. Antes disso, na etapa denominada pré-

linguística, a comunicação é feita por meio de gestos e mímicas, e

posteriormente pela emissão de ruídos conhecidos como lalação.

Para que a linguagem se desenvolva de maneira satisfatória é

necessário que a criança seja suficientemente estimulada, alguns pais por

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superproteção ou até mesmo por falta de tempo ou paciência desestimulam

seus filhos a comunicar-se, atos como completar as palavras antes que essas

sejam determinadas ou atender aos apelos dos filhos sem que seja necessário

que ele diga o que quer, como por exemplo apanhar um objeto sem que ele

diga o nome do mesmo, tão somete quando o aponta, são atos que limitam sua

linguagem, podendo trazer dificuldades mais tarde, no período de

alfabetização.

Somente por volta de um ano e meio e dois anos de idade, as

crianças vinculam os símbolos, ou seja, as palavras com respectivos objetos,

situações e sensações.

Primeiro é a percepção do objeto ou da situação vivenciada que induz a palavra, mais tarde, a percepção da palavra trocará o objeto ou a situação pela representação mental. É nesta fase que o símbolo verbal se tornará o verdadeiro signo sonoro, através do qual a criança exercerá verdadeiramente sua função simbólica. (LE BOULCH, apud OLIVEIRA, 1997, p. 107).

A princípio, é normal que crianças utilizem as mesmas palavras

para se referir a objetos, situações e pessoas diferentes, isso acontece em

virtude de seu vocabulário ainda restrito. Com o tempo, porém, com seu

vocabulário mais extenso, já é possível a discriminação e classificação das

palavras corretamente.

Espera-se que a criança seja capaz de utilizar sua comunicação por

meio da linguagem verbal existem, porém, alguns fatores que impedem que tal

comunicação aconteça de forma compreensível. Alguns problemas comuns

são lesões cerebrais que impossibilitam a articulação das palavras, como

também os problemas de audição, o fato de não escutar o que as outras

pessoas falam, não lhes permitiu em determinada fase utilizar o recurso da

imitação, o que acarreta graves problemas na linguagem.

A construção da linguagem é um importante processo, que irá

interferir significativamente no período de alfabetização, e as experiências

vivenciadas pelo sujeito só serão possíveis se houver estímulo que

oportunizem a comunicação, isso irá ajudar a criança quando esta estiver na

fase da alfabetização, visto que a leitura e a escrita nada mais são que a

expressão da linguagem.

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29

2.2.1 Desenvolvimento da Linguagem Falada e da Audição

M. Sheridan (FONSECA, 1998, p. 285-298) apresenta uma escala

de desenvolvimento humano em diferentes aspectos, entre eles o

desenvolvimento da linguagem falada e da audição, de acordo com a

respectiva idade do indivíduo, a mesma tem como objetivo detectar os

primeiros sinais de um desenvolvimento harmonioso.

2 Anos de Idade

Usa 6 a 26 palavras reconhecíveis;

Mostra em si e num boneco: o cabelo, os olhos, o nariz e os sapatos;

Diz o seu primeiro nome;

Fala sozinho enquanto brinca.

3 Anos de Idade

Diz o nome completo e o sexo;

Vocabulário extenso, mas pouco compreensivo por estranhos;

Reage quando não percebem o que ela diz.

4 Anos de Idade

Tem linguagem compreensível;

Gosta de contar histórias;

Sabe o nome completo, sexo, idade, e, por vezes, o endereço.

5 Anos de Idade

Vocabulário fluente e articulação geralmente correta (pode haver confusão em

alguns sons)

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30

Expressões com sentido de comunicação;

Expressões diferenciadas

2.3 O Desenvolvimento da Maturidade Sócio- Emocional

M. Sheridan ( OLIVEIRA, 1998 p. 285-298) apresenta ainda em sua

escala de desenvolvimento, entre outros aspectos, características do

desenvolvimento da maturidade sócio-emocional ou autossuficiência,

específicas de cada idade, segundo o autor tais aspectos foram evidenciados

através de uma observação rigorosa.

2 Anos de Idade

Não gosta que lhe pegue ao colo;

Exige muita atenção;

Bebe por um copo sem entornar.

3 Anos de Idade

Vai sozinho ao banheiro;

Gosta de ajudar os outros;

Come com colher e com o garfo

4 Anos de Idade

Brinca com as crianças da sua idade

Sabe esperar pela sua vez

Veste-se e despe-se (não dá laços nem abotoa atrás das costas).

5 Anos de Idade

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Lava as mãos e o rosto e limpa-se só;

Escolhe os amigos;

Compreende as regras do jogo.

2.4 Distúrbios Psicomotores que Influenciam na Aprendizagem

Segundo Wallace e McLoughlin (OLIVEIRA, 1997p. 117) as

crianças com dificuldade de aprendizagem possuem um “obstáculo invisível”,

pois, apresentam-se normais em vários aspectos, exceto pelas suas limitações

no progresso da escola. Tais limitações geram a evasão escolar, e esse fato

não é tão incomum quanto se imagina, existe um grande número de crianças

que não conseguem acompanhar o desempenho do restante da turma, tal

dificuldade gera uma tamanha ansiedade que chegam a acarretar problemas

emocionais, essas crianças ficam com um sentimento de inferioridade,

incapacidade e acabam por ser encaminhados para clínicas ou instituições

especializadas quando, na maioria das vezes poderiam ser acolhidos e

acompanhados dentro da própria instituição.

Existem alguns fatores que influenciam na aprendizagem, algumas

dificuldades podem ser observadas ainda na educação infantil, quando embora

não se inicie a alfabetização, a criança começa a ter seu primeiro contato com

as letras. No entanto tais dificuldades se evidenciam em classes de

alfabetização.

Apresentar-se-á a seguir, baseado na obra de Oliveira

(Psicomotricidade: Educação e Reeducação num Enfoque Psicopedagógico,

1997), alguns fatores considerados os mais frequentes, responsáveis pela

dificuldade de aprendizagem.

2.4.1 Deficiência Mental

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O educador enfrenta grandes dificuldades ao trabalhar com crianças

portadoras de deficiência mental, ainda que essas estas crianças recebam

atenção e estímulos acima do que é normalmente oferecido às demais, pode

ocorrer de não apresentarem resultados satisfatórios, visto que estas têm

aprendizagem limitada, não sendo esses limites ultrapassados por mais que se

desenvolva um trabalho voltado para o seu desenvolvimento.

Uma criança que tenha inteligência inferior já se encontra limitada em sua aprendizagem. Algumas alcançam um maior „desenvolvimento e outras se encontram tão comprometidas, que mesmo recebendo uma estimulação rica e condições favoráveis de ensino, não conseguem ultrapassar seus limites. ( OLIVEIRA, 1997, p. 120)

Sabe-se, porém, que tais estímulos se fazem necessários visto que,

sem os mesmos pode-se inviabilizar que essas crianças alcancem seu

desenvolvimento máximo que pode ser muito baixo ou mais satisfatório,

depende de cada caso isolado, não havendo nenhuma regra que defina quanto

exatamente cada criança pode desenvolver-se, sendo esse fator extremamente

relativo.

2.4.2 Déficits Físicos ou Sensoriais

Crianças portadoras de deficiência física ou sensorial podem

apresentar defasagem no aprendizado, uma criança que apresenta alguma

lesão cerebral ou perturbação neurológica, por exemplo, necessitará de

acompanhamento escolar, tendo os professores o papel de utilizar métodos

diferenciados a fim de oportunizar o aprendizado dessas crianças que,

obviamente não responderão aos mesmos estímulos utilizados com as demais,

necessitando de maior atenção dos profissionais da área de saúde e educação

para que seu aprendizado seja satisfatório.

Deve-se ainda ressaltar a necessidade da utilização de métodos

diferenciados para atender às necessidade de crianças que apresentam

deficiência visual ou auditiva, caso tais métodos não sejam utilizados essas

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crianças, fatalmente, não conseguirão acompanhar o ritmo da turma,

apresentando defasagem na aprendizagem em relação aos demais.

É importante destacar, porém, que ao abordar o tema dificuldade

de aprendizagem não se faz referência a nenhuma das deficiências acima, o

que pode ocasionar tal dificuldade é a não utilização de métodos que

possibilitem o aprendizado da criança, não a deficiência por si só.

Quando falamos em dificuldades de aprendizagem não estamos nos referindo nem a deficiência mental nem a nenhum déficit físico ou mental sensorial apresentado pela criança, por acreditar que se trata de uma problemática que deveria ser discutida à parte. (OLIVEIRA, 1997, p. 121).

2.4.3 Fatores Afetivo-Emocionais

Segundo Oliveira (1997, p.122) não se sabe ao certo se as

perturbações afetivas são a causa ou a consequência da incapacidade de

integração entre a leitura e a escrita, o que se observa é que crianças que

sofrem com consecutivos fracassos escolares adotam um sentimento de

inferioridade, tornando-se inseguras e inibidas, além de apresentarem pouco

ou nenhum interesse, tal comportamento é interpretado como preguiça ou até

mesmo rebeldia.

As perturbações afetivas sofridas por essas crianças não param

por aí, estas costumas ainda se isolar ou ainda apresentar um comportamento

agressivo com os colegas e professores, tal comportamento é gerado pela

autoestima, autoimagem e autoconfiança tão afetadas que as fazem, por

exemplo, recusar-se a participar de atividades competitivas.

2.4.4 Fatores Ambientais (nutrição e saúde)

Um dos fatores responsáveis pelas alterações da capacidade de

aprendizagem é a nutrição. Este fator merece atenção especial principalmente

em dois momentos da vida do ser humano, um deles é o período em que se

formam os neurônios, tal processo ocorre no período gestacional e nos

primeiros anos de vida da criança. Tais prejuízos ocorrem em virtude da

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influência da nutrição no número de células nervosas, bem como na mielina,

responsável pela comunicação entre os centros nervosos e os centros de

execução, além de facilitar a coordenação e controle muscular. O segundo

momento em que deve zelar por uma boa alimentação se refere ao período de

aprendizagens escolares, visto que, a ausência ou insuficiência do consumo de

alimentos necessários à saúde do indivíduo podem afetar seriamente sua

capacidade de aprendizado. Podendo causar, ainda, dificuldade em

concentrar-se e sonolência, devido a deficiências nas glândulas, ocasionadas

pela desnutrição.

2.4.5 Falta de Maturidade para Iniciar o Processo de Alfabetização

Diversos autores discutem esse fator e afirmam ser indispensável,

no momento em que se inicia a aprendizagem, a existência de maturidade,

sendo esta em parte, herança das vivências do sujeito. Além de destacarem

também a importância de outros fatores físicos e psicológicos estarem

desenvolvidos no momento que a criança for inserida no mundo da

aprendizagem, sendo, segundo eles, imprescindível tal maturação para

resultados satisfatórios.

(...) a criança precisa apresentar um nível de maturidade, de desenvolvimento físico, psicológico e social no momento de sua entrada no sistema escolar, pois isto lhe facilitaria enfrentar adequadamente as situações de aprendizagem. (CONDEMARÍM, CHADWICK e MILITIC, 1984, apud OLIVEIRA, 1997, p. 124).

2.4.6 Deficiências Não- Verbais

Johnson e Myklebust (Oliveira, 1997, p. 124) acreditam na influência

significativa das deficiências não-verbais para o aproveitamento escolar, e

afirmam que as habilidades de orientação espacial, temporal, lateralidade, as

percepções de ritmos e social, bem como as expressões faciais são integradas

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antes das demais, sendo elas responsáveis, inclusive, pela aquisição de outras

aprendizagens.

Sabe-se, porém, que as aprendizagens verbais, como a aquisição

da linguagem, leitura, escrita e aritmética, são bem mais observadas e

valorizadas, pois estas fazem referência ao desempenho acadêmico.

2.4.7 “Dislexia”

É comum observar, no momento em que se inicia a leitura e escrita,

as crianças trocando letras, escrevendo como num espelho e até mesmo

apresentando dificuldade na aglutinação das palavras, espera-se, porém, que

tais dificuldades sejam superadas com o aperfeiçoamento dessa habilidade.

Ocorre, porém, alguns casos, em que as crianças não apresentam

a evolução esperada, este caso denomina-se dislexia, esses casos que mesmo

crianças tão inteligentes quanto às demais não conseguem acompanhar o

ritmo da turma, apresentando dificuldade no que diz respeito à leitura e escrita.

Essas crianças, embora mal interpretada na maioria das vezes, não possuem

debilidade mental, visto que alcançam um desempenho semelhante aos de

outras crianças nas demais disciplinas, suas dificuldades se restringem no que

tange à leitura e escrita.

A criança disléxica tem dificuldade de compreender o que está escrito e de escrever o que está pensando, consequentemente pode perturbar a mensagem que recebe ou que expressa, Quando tenta expressar no papel o faz de maneira incorreta, o que torna difícil para o leitor compreender suas ideias. Por causa disto, muitos professores confundem dislexia com debilidade mental. Essas duas questões não têm relação entre si. (OLIVEIRA, 1997, p. 125).

Existem alguns fatores que estão diretamente associados à

dislexia, como por exemplo: distúrbios da fala e da linguagem, da estruturação

espaço-temporal, do esquema corporal, do sentido de direção, da percepção e

do ritmo. Entende-se como dislexia dificuldades apresentadas pelas crianças

com relação à leitura e escrita, não importando a causa. A boa notícia é que

tais problemas tendem a desaparecer entre 15 e 17 anos de idade.

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CAPÍTULO III

A PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Deve-se considerar, primeiramente, que uma aprendizagem falha

durante a vida escolar acarreta diversas dificuldades aos indivíduos. Existem,

porém, pré-requisitos para que ocorra uma aprendizagem satisfatória na

escola. Para que a criança consiga segurar o lápis, a tesoura, apanhar objetos,

apontar o lápis, por exemplo, é indispensável que ela tenha bem desenvolvida

sua coordenação motora fina.

A coordenação global é outro fator indispensável para um

aprendizado significativo, visto que, através do desenvolvimento dessa

habilidade o aluno conseguirá localizar-se no espaço, locomover-se na sala de

aula, no pátio da escola em meios às brincadeiras ministradas no recreio e nas

aulas de educação física.

Outro fator importante a ser desenvolvido está ligado ao aspecto

afetivo, à escola é o primeiro grupo social a integrar o mundo do sujeito,

sendo a educação infantil a primeira etapa da educação escolar. Pode-se

dizer que as classes de educação infantil são antessalas da escola, nela a

criança ainda não tem obrigação de aprender, embora haja aprendizado, esse

deve acontecer de maneira espontânea, por meio de brincadeiras e atividades

lúdicas que desenvolvam as habilidades psicomotoras da criança, além de

inseri-las ao meio, fazendo-as se sentirem aceitas e felizes.

Considerando que para que haja uma aprendizagem significativa

deve-se desenvolver, primeiramente, as habilidades psicomotoras, pode-se

dizer que a educação infantil é a base para o sucesso escolar, considerando

que se a mesma falhar, todas as outras fases serão prejudicadas. É

indispensável que o profissional da educação infantil esteja ciente de seu

importante papel no processo de construção do conhecimento.

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Cabe ao professor criar situações adequadas para provocar

curiosidade na criança e estimular a construção de seu

conhecimento. Pode-se perceber, nesse momento, a

importância de proporcionar à criança a vivência de situações

concretas com jogos diversos e múltiplas atividades que

favoreçam a construção de ambiente estimulador e atraente

(MACHADO e NUNES, 2011, p.29).

3.1 Exercícios Psicomotores

Apresentar-se-á, a seguir, alguns exercícios psicomotores

propostos por Alves (Psicomotricidade: corpo, ação e emoção, 2003), possíveis

de serem realizadas em escolas comuns.

3.1.1 Exercícios de Esquema Corporal

Mimica;

Juntar partes do corpo de um boneco num quebra-cabeça;

Desenhar uma figura humana, parte por parte.

3.1.2 Exercícios de Coordenação Global

Rolar no chão;

Engatinhar para frente e para trás;

Chutar bolas.

3.1.3 Exercícios de Coordenação Visomanual ou Fina

Colar, pintar;

Perfurar, dobrar;

Modelar com massa ou argila.

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3.1.4 Exercícios de Lateralidade

Colocar as mãos sobre o contorno de mãos desenhadas pela parede;

Colocar os pés sobre o contorno de pés desenhados pelo;

Fazer gestos diante do espelho.

3.1.5 Exercícios de Comunicação e Expressão

Jogar beijos;

Realizar passeios a pé;

Contar a história de seus próprios desenhos.

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CONCLUSÃO

Inicialmente apresentou-se, nesta pesquisa, uma escala de

desenvolvimento psicomotor da criança de 0 a 5 anos, bem como, as

habilidades que se espera que tenham sido adquiridas em determinado

período, descrevendo os avanços ocorridos em cada período referentes ao

processo de maturação perceptivo-visual, motor e psicomotor. Embora o

presente trabalho tenha buscado o estudo do desenvolvimento da criança de 2

a 5 anos, descreveu-se o caminho e as evoluções percorridas até chegar nesta

faixa etária, visto que, tais informações se fazem necessárias para que seja

possível identificar se seu desenvolvimento está de acordo com sua idade

cronológica e caso não esteja, através das informações aqui apresentadas,

será possível identificar em qual etapa a criança se encontra, para que se

possa ter uma ideia mais abrangente de seu atraso e verificar se o mesmo

pode ser considerado aceitável, ou caso seja excessivo, pode indicar indícios

de possível defasagem no desenvolvimento psicomotor.

Concluiu-se que a educação infantil, primeira etapa da educação

básica, é uma etapa de grande importância no desenvolvimento da criança de

2 a 5 anos de idade, visto que, nessa fase se desenvolvem as habilidades

motoras, como, por exemplo, a lateralidade, esquema corporal, orientação

espacial e temporal, habilidades básicas para que se alcance uma

aprendizagem satisfatória nas fases posteriores, vale dizer, portanto, que as

falhas decorrentes desta fase têm influência nas demais, acarretando diversos

danos e dificuldades ao indivíduo.

Foram apresentados, ainda, distúrbios psicomotores que dificultam

a aprendizagem, sendo estes, em muitos casos, causadores de problemas

emocionais, visto que, essas crianças, por não conseguirem acompanhar o

desempenho do restante da turma, ficam com um sentimento de inferioridade,

incapacidade e acabam por ser encaminhados para clínicas ou instituições

especializadas quando, na maioria das vezes, poderiam ser acolhidos e

acompanhados dentro da própria instituição.

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Por fim, apresentou-se exercícios psicomotores, propostos por

Fátima Alves, possíveis de serem realizados em classes da educação infantil,

em escolas comuns.

Pôde-se concluir, portanto, que a psicomotricidade contribui

significativamente para o desenvolvimento das habilidades psicomotoras da

criança de 2 a 5 anos de idade na educação infantil, e que estas, por sua vez,

são essenciais para um aprendizado significativo nas fases seguintes, bem

como, na inserção da criança ao meio.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTOS 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A Psicomotricidade 10

1.1 A Psicomotricidade e seus Elementos 12

1.1.2 Esquema Corporal 13

1.1.2.1 Corpo Vivido 14

1.1.2.2 Corpo Percebido 14

1.1.2.3 Corpo Representado 15

1.1.3 Motricidade Fina 15

1.1.4 Motricidade Global 16

1.1.5 Equilíbrio 16

1.1.6 Organização Temporal 17

1.1.7 Organização Espacial 18

1.1.8 Lateralidade 19

CAPÍTULO II

O Desenvolvimento Psicomotor da Criança de 2 a 5 Anos 21

2.1 O Desenvolvimento das Habilidades Psicomotoras da Criança de 2 a 5

Anos de Idade 25

2.1.1 Motricidade Fina (2-3 anos) 25

2.1.2 Motricidade Fina (4-5 anos) 25

2.1.3 Motricidade Global (23 anos) 26

2.1.4 Motricidade Global (4-5anos) 26

2.1.5 Esquema e Controle Postural (2-3 anos) 26

2.1.6 Esquema e Controle Postural (4-5 anos) 26

2.1.7 Controle Ocular, Coordenação Óculo-Manual e óculo-Pedal (3 anos) 26

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2.1.8 Controle Ocular, Coordenação Óculo-Manual e óculo-Pedal (4-5 anos) 27

2.2 O Desenvolvimento da Linguagem 27

2.2.1 O Desenvolvimento da Linguagem Falada e da Audição 29

2.3 O Desenvolvimento da Maturidade Sócio-Emocional 30

2.4 Distúrbios Psicomotores que Influenciam na Aprendizagem 31

2.4.1 Deficiência Mental 31

2.4.2 Déficits Físicos ou Sensoriais 32

2.4.3 Fatores Afetivo-Emocionais 33

2.4.4 Fatores Ambientais (Nutrição e Saúde) 33

2.4.5 Falta de Maturidade para Iniciar o processo de Alfabetização 34

2.4.6 Deficiências Não-verbais 34

2.4.7 “Dislexia” 35

CAPÍTULO III

A Psicomotricidade na Educação infantil 36

3.1 Exercícios psicomotores 37

3.1.1 Exercícios de Esquema Corporal 37

3.1.2 Exercícios de Coordenação Global 37

3.1.3 Exercícios de Coordenação Visomanual ou Fina 37

3.1.4 Exercícios de Lateralidade 38

3.1.5 Exercícios de Comunicação e Expressão 38

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA 41

ÍNDICE 44