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Fanatismo ao extremo /11 /14 /19 Arquivo pessoal Publicação Experimental do Curso de Jornalismo da Unisinos — Edição 15 — São Leopoldo/RS — Junho de 2011 Prefeitura de Porto Alegre promete revitalizar o Guaíba Diversas ações estão sendo planejadas para atrair o público de volta às praias O cachorro Mozart foi salvo pelo carinho de Lester O animal estava agonizando no estacionamento de um shopping Apesar da ausência de títulos recentes, o clube de Novo Hamburgo conta com o apoio de sua apaixonada torcida Cerca de 70% das crianças e adolescentes brasileiras com a doença são curadas se diagnosticadas precocemente As escolas são orientadas a não reprovarem mais alunos matriculados nos três primeiros anos do Ensino Fundamental O Anilado completa cem anos de futebol Resultados positivos no combate ao câncer Recomendação do MEC gera polêmica /17 /22 Clara Allyegra Dierli dos Santos Marília Bissigo Thaís Furquim idolatra tanto a ex-BBB Lia Khey que tatuou seu nome no pescoço /4 e 5

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Fanatismoao extremo

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/14

/19

Arquivo pessoal

Publicação Experimental do Curso de Jornalismo da Unisinos — Edição 15 — São Leopoldo/RS — Junho de 2011

Prefeitura de Porto Alegre promete revitalizar o GuaíbaDiversas ações estão sendo planejadas para atrair o público de volta às praias

O cachorro Mozart foi salvo pelo carinho de LesterO animal estava agonizando no estacionamento de um shopping

Apesar da ausência de títulos recentes, o clube de Novo Hamburgo conta com o apoio de sua apaixonada torcida

Cerca de 70% das crianças e adolescentes brasileiras com a doença são curadas se diagnosticadas precocemente

As escolas são orientadas a não reprovarem mais alunos matriculados nos três primeiros anos do Ensino Fundamental

O Anilado completa cem anos de futebol

Resultados positivos no combate ao câncer

Recomendação do MEC gera polêmica

/17 /22

Clara Allyegra

Dierli dos Santos

Marília Bissigo

Thaís Furquim idolatra tanto a ex-BBB Lia Khey que tatuou seu nome no pescoço /4 e 5

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Um tendencioso Plano Diretor

Hipocrisia e homofobia

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Babélia n Unisinos n Junho/2011

RamiRo FuRquimRedação Jornalística III

O poder público só lesa a socieda-de. Está tão longe de dar assistência ao cidadão que já passa despercebi-do, incólume. Uma das atribuições que é dada à Prefeitura e à Câmara Municipal é o Plano Diretor.

Basicamente o Plano Diretor é o conjunto de parâmetros que apre-sentam como é e como deverá ser uma cidade. Do site Wikipédia: “O Plano Diretor, tem como objetivo principal, fazer com que a pro-priedade urbana cumpra com sua função social, entendida como o atendimento do interesse coletivo em primeiro lugar, em detrimento do interesse individual ou de gru-pos específicos da sociedade.”

Pois em Porto Alegre o que acontece é sempre em detrimento do coletivo. Por mais que um ci-

dadão seja gremista ou colorado, este tem o dever de se indignar com a modificação deste planeja-mento para as construtoras de es-tádios de Grêmio e Internacional. Por exemplo, para a Arena Trico-lor ser “viabilizada” a altura de prédios aprovada em pleno verão porto alegrense - cidade vazia - foi de 72 metros. No Plano Dire-tor deturpado, o limite de altura dos prédios era de 52 metros.

Em época de sustentabilidade e aquecimento global, vê-se a in-sensatez destes que nos governam. Indicar telhados verdes, captação e reaproveitamento d’água, inser-ção de tecnologias de banda larga wifi por toda cidade, dentre outras medidas como faixas e estacio-namentos seguros para ciclistas e aperfeiçoamento do transporte co-letivo passam longe dos interesses escusos e financeiros.

Luísa schenatoRedação Jornalística III

Sob protestos vindos dos setores mais hipócritas da sociedade brasi-leira, o projeto de lei PLC122, co-nhecido como “lei contra a homofo-bia”, sobrevive e pode ser aprovado.

Ao estudante de jornalismo, o que mais incomoda é a forma com que os grandes meios de comunicação tratam esse tema.

Em sua maioria, as mídias estão levan-tando a bandeira de uma falsa liberdade de expressão para construir posições contrárias ao PLC122 e, ainda, se escon-dem atrás do mito da imparcialidade.

No dia 17 de maio o jornal Folha de São Paulo publicou um editorial intitulado “Homofobia no Senado”, em que busca defender os direitos LGBT. Nas entrelinhas, contradiz o discurso imparcial, com frases como: “Inclusão de preconceito con-

tra os gays na lei antidiscriminação é saudável, mas arrisca cercear ainda mais liberdade de expressão”.

Já o Jornal Hoje, da Globo, em março, fez uma matéria sobre o pro-jeto, cheia de erros e mentiras, isso faz refletir sobre qual seria a verda-deira intenção dessa matéria. Logo na chamada foi divulgado, errone-amente, que o projeto prevê cinco anos de prisão para quem “falar mal” de homossexuais.

O que a grande mídia parece igno-rar é que o PLC122 prevê punição para discriminação por orientação sexual, protegendo a todos, homo ou heteros, além de prever punição para discriminação por gênero, raça, cre-do nacionalidade, idosos e pessoas com deficiência. O projeto não fere a liberdade de expressão de ninguém, afinal, como poderia existir o direito de ofender, humilhar e discriminar outro ser humano?

2página

Universidade do Vale do Rio dos Sinos Sao Leopoldo Linha Direta(51) 3591 1122

Email:[email protected]

Reitor:Marcelo Aquino Vice-reitor:José Ivo FolmannPró-reitor Acadêmico:Pedro Gilberto GomesDiretor de Graduação:Gustavo Borba Coordenador do Curso de Jornalismo: Edelberto Behs

TEXTOS: alunos das disciplinas de Redação Jornalística I, II e III,

sob orientação dos professores Anelise Zanoni, Beatriz Marocco,

Edelberto Behs, Ronaldo Henn e Thaís Furtado. IMAGENS: alunos da

disciplina de Fotojornalismo, sob orientação do professor Flávio Dutra.

PLANEJAMENTO GRÁFICO: alunos da disciplina de Planejamento

Gráfico II de 2009/2 Amanda Fetzner, Andressa Almeida Barros, Ândrio

Maier Barbosa, Clarissa Souza Figueiró, Eder Fernando Zucolotto,

Eder Romeu Kurz, Eduardo Saueressig, Gabriela Zanchet Jorge,

Juliana Hagemann da Silva, Márcia de Fátima Lima, Rafael Soares

Martins, Ricardo Machado e Vanessa Peixoto Reis, e pelo aluno de

Planejamento Gráfico II de 2010/1 Vinícius Corrêa (logotipo), sob

orientação do professor Carlos Jahn. EDITORAÇÃO: realizada pela

Agência Experimental de Comunicação (Agexcom). Diagramação:

estagiário Marcelo Grisa, sob supervisão do jornalista Marcelo Garcia.

PUBLICIDADE: Anúncio criado e arte-finalizado pelo estagiário da

Agexcom Vitor Cazzuni, sob supervisão da professora Letícia Rosa e

do publicitário Robert Thieme.

Redes sociais e jornalismo

As redes sociais não só in-troduziram ao longo dos anos 2000 novas formas

de sociabilidade como também de produção e circulação de informa-ção. Em convergência com plata-formas móveis, como celulares, smartphones e tablets, esses am-bientes protagonizaram a forma-tação de diversos acontecimentos. Os protestos da oposição nas elei-ções do Irã, em 2009, e a renúncia do ditador Ben Ali da Tunísia, em 2010, chamaram a atenção pelas formas de mobilização e difusão. A Europa começa a assistir com frequência manifestações de jo-vens que são totalmente tramadas pela internet, como as ocorridas recentemente na Espanha.

No Brasil, após a confirmação da vitória da presidente Dilma Rousseff, manifestações anti nor-destinos proliferaram-se pelo twit-

ter acompanhadas de reações de intensidade maior. Uma estudante de Direito de São Paulo, que pos-tou mensagem xenófoba, gerou forte repúdio e acabou demitida de estágio que cumpria. Em maio, um protesto na forma de churrasco no bairro Higienópolis, em São Paulo, contra manifestações preconcei-tuosas de moradores contrários à instalação da estação de metrô, foi totalmente organizado pela rede.

Todas as ocorrências descritas apontam para movimentos semió-ticos que fazem das redes sociais um ambiente privilegiado para a emergência de novos aconteci-mentos jornalísticos. Essa cena coloca desafios importantes para o jornalismo, que precisa lidar com uma produção de informação difusa, caótica, e que precisa ser contemplada com a boa prática da apuração e precisão.

Editorial

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Entre o digital e o impresso

Com um Kindle na mão Um livro vivo

Babélia n Unisinos n Junho/2011 opinião

natacha oLiveiRa Redação Jornalística III

Os livros digitais estão ganhando espaço no mercado editorial. Em fevereiro deste ano, a venda de e-books ultrapassou pela primeira vez a comercialização de impressos nos Estados Unidos, segundo levanta-mento da Associação de Editores Americanos. No Brasil, a nova ca-tegoria ainda engatinha, mas a es-colha pelo digital não deve demorar a acontecer, visto que eles são mais

baratos, além de serem ecologica-mente corretos.

O livro digital apresenta diver-sas vantagens. Nele é possível fazer anotações sem rabiscar nenhuma pá-gina, ajustar tamanho e tipo de fonte à sua preferência e utilizar conteúdos multimídia. A maior reclamação dos usuários de livros deste tipo é o brilho encontrado na tela dos leitores de e-books, que dificulta a leitura e cansa os olhos.

Infelizmente, a nova tecnologia irá gerar facilidades para a repro-

dução ilegal de materiais, por isto será necessário uma nova lei dos direitos autorais, para que o pro-blema não fuja do controle. De acordo com um estudo recente da Attributor, empresa de soluções de monitoramento e antipirataria, até três milhões de pessoas baixam dia-riamente livros piratas. Além disto, houve crescimento de mais de 50% nas buscas por downloads de con-teúdo pirata durante o ano passado. No Google, por exemplo, há entre 1.5 e 3 milhões de buscas diárias

por e-books piratas.Mesmo com o crescimento do digi-

tal, ainda existem pessoas que, como eu, preferem o livro físico. O encanto em tocar as páginas, aliado à pratici-dade e ao caráter lúdico dos impres-sos continuará determinando a prefe-rência de milhões de pessoas em todo o mundo. Devido às preferências pes-soais específicas de cada leitor, penso que livros digitais e impressos devem coexistir. Afinal, impressos ou digi-tais, os livros são nossa maior fonte de cultura.

taize odeLLiRedação Jornalística III

Quando foram lançados os pri-meiros dispositivos móveis de leitura digital, parte dos leitores e interessados no mercado editorial decretaram o fim do livro como o conhecemos. O Kindle e o iPad amedrontaram os editores tão acos-tumados com a rotina de produção de livros, já os leitores os recebe-ram com muita alegria.

Falo de leitores que adoram tec-nologia, que não se importam com a plataforma onde estão as letras que consomem – seja em um livro, xérox, computador ou manuscrito. Leitores que querem saber apenas do conteúdo e prezam pela prati-cidade. E, convenhamos, mesmo sem ter cheiro, cor ou qualquer outro estímulo sensorial, um Kin-dle é muito mais prático que um livro. Por exemplo, um disposi-

tivo como esse permite que você carregue até mil obras dentro da sua mochila. Provavelmente, esse monte de livros não teria espaço nem na sua casa.

A leitura em um desses dispositi-vos móveis também aproxima lei-tores. Ler é uma prática solitária, mas a aproximação de que falo tem relação com a discussão. Esses lei-tores possuem vários dispositivos para compartilhar trechos de livros que foram “sublinhados”, ler co-mentários de outros leitores, sem falar nos preços mais “em conta” ou gratuitos, uma alternativa para quem não costuma comprar livros.

O digital não vai matar o livro como o conhecemos, e nem deve! Mas não temos como negar a pra-ticidade de um desses aparelhos, ainda mais para leitores assíduos e em período universitário – como eu. Assim, aguardo ansiosamente pelo meu leitor digital.

JuLiana de BRitoRedação Jornalística III

Não é possível ignorar as novas tecnologias, as alternativas ecolo-gicamente corretas e as ferramen-tas inovadoras para tornar a leitura acessível a todos. Ficar alheio a isso é ignorar uma evolução mui-to positiva para a sociedade. Mas, toda vez que alguém defende os iPads, Kindle, readers e seus de-rivados, penso na principal razão, quase irracional, da leitura.

Seja o romance policial ou a poesia, o ficcional ou HQ, esta-belecemos um laço afetivo – às vezes intenso, outras impercep-tível – com qualquer livro. Não reconhecer que a cada escolha de nova leitura aflora um sentimento de apego pelo livro soa como uma traição às letras.

Qualquer leitura necessita de en-trega para que ela contamine nossa

existência. É através dos sentidos que o livro se torna tão concreto em nossas mãos. O suporte impres-so permite que, com o tato, consi-gamos sentir textura e densidade do livro. Diferencia-se pelo odor, deixando que o nosso olfato identi-fique sua conservação, percebendo o cheiro de tinta ou de poeira. E a visão, tão prejudicada pela incô-moda luz de um visor, é saudada com as cores.

Tanto a tela quanto o papel não perdem o principal objetivo da literatura: carregar o leitor por sua imaginação. É imensurável o quanto os sentidos, bem mais aflo-rados com o palpável, colaboram para a memorização das estórias. As telas tornam-se apenas retrans-missoras das letras: não é exagero dizer que a tecnologia ainda não é capaz nos aconchegar como um livro com folhas amarelas que fa-cilmente nos abraça.

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Leia e pense sobre isso

debate

Devon Christopher Adams

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Thaís e Thays: nomes iguais, com histórias diferentes de fanatismo

A tênue linha entreamor e doença

Paixão: Thaís (esquerda) tatuou a frase “prefiro uma cara feia de verdade do que um sorriso de mentira”, dita por Lia no BBB

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Babélia n Unisinos n Junho/2011 comportamento

BÁRBaRa natÁLiaWiLLiam mansqueRedação Jornalística II

O escritor francês Gustave Flaubert certo dia disse: “Não se faz nada de grande

sem fanatismo”. Para muitos, essa citação do século XIX atualmente serve como base para uma vida in-teira dedicada à devoção de vários tipos de ídolos. Por outro lado, o que pode começar sendo uma simples demonstração de afeto e admiração, em muitos casos segue rumos extre-mos, influenciando de forma negati-va o comportamento social.

O termo “fanático” é a definição do indivíduo intenso e passional que não consegue separar o real do fictício, dividindo o seu próprio mundo entre o bem e o mal. Estudos psicológicos ainda afirmam que, em muitos casos, um sujeito nessas condições é capaz de odiar na mesma proporção em que ama algo ou alguém. Mas será o fanatismo em si apenas uma demonstração exage-rada de amor, ou um sintoma grave de uma doença sociológica?

O professor do curso de Filosofia da Unisinos Celso Cândido afirma que é possível dividir o fanatismo em dois tipos, o autoafirmativo e o fanatismo reativo. “No primeiro, a pessoa não precisa desprezar, destruir ou renegar os outros. O sujeito é mais focado. Já o fanático reativo é incapaz de acei-tar a diferença, chegando a agir com intolerância com a opinião contrária, tendo um apreço irracional extremo, assumindo assim um caráter patológi-co”, explica.

Exemplos assim são vistos diariamen-te na mídia e nas relações do cotidiano. Os casos mais comuns, principalmente aqui no Brasil, são os fanáticos por fu-tebol, fãs de celebridades, religiosos e militantes partidários. Segundo Celso, essas pessoas são reconhecidas pela visão limitada e pelo excessivo apego determinado, o que normalmente atra-palha a vida em sociedade.

Autoafirmação e reaçãoA recepcionista Thays Mercemburg,

mesmo com apenas 19 anos, já sofreu muito por causa dos efeitos do fanatis-mo em sua vida. A jovem torcedora do Grêmio esconde por trás de seus tra-ços delicados e risada espontânea uma história recente de brigas e transtornos

causados pelo apego exagerado ao time do coração.

Quem vê a aparência formal e a con-duta comedida de Thays em seu am-biente de trabalho, não consegue ima-ginar que, pouco tempo antes, a então adolescente costumava pintar as unhas e o cabelo de azul, preto e branco a cada jogo do seu time. “Eu era moderadora de comunidades no Orkut, algumas com centenas de milhares de membros. Participava de fóruns, chats, blogs, ia aos jogos, assistia aos que não podia ir e ouvia aqueles que não passavam na tevê. Quando tinha jogo, eu simples-mente parava de viver”, lembra.

Já Thaís Furquim foi ainda mais além. A operadora de atendimento, de 33 anos, é fã incondicional da dança-rina e ex-participante do Big Brother Brasil, Lia Khey. A paixão de Thaís pela ex-BBB começou no primeiro dia do programa. “Algo nela me cha-mou a atenção, não sabia dizer exata-mente o quê. Foi mágico, sobrenatu-ral e instantâneo. Uma voz dentro de mim disse: é ela. Era como se eu já a conhecesse de outras vidas e tivesse reencontrado”, relata a paulista mora-dora de Jundiaí.

Thaís ainda ressalta o quanto ela e a dançarina são parecidas, com qualida-des e gostos em comum, como traços de personalidade e o amor pelos ani-mais. Só neste ano, ela foi cinco vezes ao Rio de Janeiro acompanhar Lia em

ensaios de bloco de Carnaval e apari-ções em programas na mídia. E mais, a operadora fez questão de registrar em seu corpo duas tatuagens com o nome da ex-BBB, além de uma frase dita pela celebridade no reality show, em 2010. “Algumas pessoas dizem não entender esse amor todo, porém levo na boa, nem respondo às críticas. Acho que o corpo é meu, faço com ele o que quiser, e quem sabe do meu amor por ela sou eu”, enfatiza a fã.

Nem mesmo os comentários mal-dosos publicados na internet abalaram o sentimento de Thaís pela diva. Na verdade, o contrário. “Amo a Lia como uma irmã e daria a minha vida por ela se fosse preciso, é um amor sincero, puro, eterno e incondicional, admiro e a amo muito.” O filósofo Celso Cândido desta-ca que a idolatria também é uma manei-ra de se identificar e ao mesmo tempo buscar uma diferença. Para o professor, o ser humano precisa de algo que trans-cenda ele mesmo, mas reforça que isso não pode afetar a vida da pessoa.

Por isso, para a gaúcha Thays, a constante devoção pelo time de fute-bol acabou lhe custando mais caro do que podia imaginar. O fanatismo le-vou ao bullying, depressão, paranóia e isolamento. “Era quase uma doença. Quando o Grêmio perdia, deixava de ir ao colégio, pois sempre me zoavam muito, a ponto de sermos levados para a diretoria. Na internet também discutia

muito, e, se deixasse, ficava horas xin-gando pessoas de outros times.”

Thays chegou à conclusão que o seu fanatismo, no fim, trazia mais tristezas do que alegrias. “Não aguentava mais. Minha mãe também sofria muito”, recorda a recepcionista. A decisão de mudar a situação veio com muita ajuda psicológica, da família e, principalmen-te, com atitude própria.

Hoje, ex-fanática, a recepcionista da tevê Record não participa de co-munidades, nem escreve para blogs esportivos. Thays superou o que ela mesma dizia ser uma doença, mudan-do as prioridades em sua vida. “Colo-cava o meu time em primeiro lugar, era como um namoro, eu o amava e fazia tudo por ele. Comecei a ter ou-tras atividades e isso me fez dar me-nos importância ao que antes achava essencial. Tenho certeza que nada da minha época de fanatismo faz falta. Nada mesmo”, conclui.

Thaís Furquim, por outro lado, conti-nua sendo cada vez mais fanática pela Lia Khey. A ex-BBB é a referência de vida para a operadora de atendimento. “Resolvi lutar pelo meu sonho de ser atriz porque a Lia saiu de um banco onde trabalhava para ser dançarina. Eu saí do curso de Nutrição para cursar te-atro. Tinha medo por ser uma profissão instável, mas ela me deu coragem, atra-vés do seu exemplo de vida e luta. Foi a minha inspiração.”

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Para toda causa, um efeito

Tecnologia que estimula o fanatismo

A diferença está na medida

Opinião

O termo fanatismo surgiu no século XVIII relacionado a cau-sas religiosas e políticas. Hoje ele é visto em outras áreas, como no futebol e na música. Segundo a psicóloga Ana Maria Franqueira, do Rio de Janeiro, o fanatismo se caracteriza por um estado psico-lógico alterado, de fervor exces-sivo, irracional e persistente por qualquer coisa ou tema. “Todo o tipo de devoção exagerada é ruim e destrutivo, pois a pessoa faná-tica possui verdades perfeitas e absolutas”, afirma.

Para a psicóloga, entre os sin-tomas mais comuns do fanatismo inclui-se: radicalismo, absoluta intolerância para com todos que não compartilhem suas predi-leções, visão maniqueísta e re-curso à violência para impor seu ponto de vista.

A especialista não vê nenhum ponto positivo no fanatismo, pois quando falamos do tema já es-tamos tratando de um desequilí-brio. Ana Maria ressalta que esse comportamento pode ser bastante prejudicial, já que o fanático não tem como aceitar discussões ou questionamentos racionais, pois sua condição é a irracionalidade, dificultando, dessa maneira, o convívio social. “Quando se gos-ta de algo, essa afeição é benéfica. Porém, além de gostar, o sujeito passa a odiar, isto se torna maléfi-co. Sentir que algo é agradável e faz bem é ótimo. Contudo, achar que todo o resto que é diferente é ruim faz com que proliferem pensamentos, palavras e atitudes prejudiciais aos outros”, explica.

O tratamento varia de acordo com o tipo de fanatismo. A psi-

cóloga exemplifica que o faná-tico religioso não acha que tem um desequilíbrio. Seguir certa religião e tê-la como a única ver-dade possível é adequado cultu-ralmente. No entanto, Ana Maria destaca que uma maneira de lidar com um fanático próximo é ten-tar questioná-lo em suas verdades absolutas. “Se falamos de alguém com um fanatismo mais perto de nós, como o do futebol — que paralisa a sua vida e se afasta de amigos e da sua vida cotidiana, porque não consegue conviver com diferenças — essa pessoa precisa ser tratada com psico-terapia e, em alguns casos, com acompanhamento psiquiátrico”, aponta. Porém, o próprio sujeito precisa sentir que está sofrendo e fazendo os outros ao seu redor sofrerem também.

Chris Cocker ficou desespera-do. Não aguentava mais os co-mentários maldosos sobre a pés-sima apresentação de Britney Spears no Video Music Awards 2007— evento de música televi-sionado pela MTV. O fã, então, resolveu gravar o vídeo Lea-ve Britney Alone pedindo para que os as pessoas deixassem sua musa em paz. Publicou no site YouTube e virou sensação instantânea. Não que o protesto do jovem — 20 anos na época — fosse convincente, mas sua atitude lacrimejosa e desespera-da diante da câmera chamou a atenção no mundo todo. Chris participou de diversos progra-mas de entrevistas no seu país, virou estampa de camisetas e até apareceu em um clipe da banda de rock Weezer. Seu fanatismo pela cantora pop o transformou

em celebridade.Essas manifestações de ido-

latria são cada vez mais vistas pela internet. A facilidade e a rapidez em que se distribui a in-formação fazem da ferramenta uma grande aliada dos fãs na re-alização das mais impressionan-tes demonstrações de devoção. Um exemplo é a passeata que os fãs de RBD — conjunto musical formado por integrantes da no-vela mexicana Rebelde — re-alizaram contra o fim do grupo em 2008. O protesto aconteceu em diversos países da América Latina ao mesmo tempo. Só na Avenida Paulista, em São Paulo, mais de duas mil pessoas foram reunidas.

Pois essa mesma tecnologia que ajuda a difundir o fanatis-mo também é alvo de idolatria. O documentário Secrets of the

Superbrands, exibido no canal britânico BBC, relatou o ex-cessivo apego por marcas. A produção do programa pediu a neurologistas para analisarem o que acontece no cérebro de um fanático pela Apple, enquanto observa os gadgets produzidos pela empresa. Os especialistas colocaram um fã numa máquina de ressonância magnética e estu-daram, em tempo real, as altera-ções fisiológicas do seu cérebro cada vez que lhe era mostrada uma fotografia de um produto da marca. Os cientistas se de-pararam com os mesmos efeitos de pessoas religiosas quando expostas a imagens relaciona-das à sua fé. Não é a toa que se formam filas quilométricas para comprar um mero smartphone lançado pela Apple. Elas lota-riam várias igrejas.

cRistiane aBReuRedação Jornalística III

Flaubert estava certo quando proclamou que não se faz nada de grande sem fanatismo. Nos cinco anos que levou para escrever seu grande clássico, Madame Bovary, o autor francês em-barcou na incansável busca pela “palavra certa”. Deve ter passado noites em claro e horas a fio reescrevendo frases para alcançar o impe-cável resultado final. Belo exemplo do que eu chamaria de fanatismo benéfico.

Mas como nem todo mun-do é um gênio da literatura, às vezes fica difícil canalizar toda essa energia para algo proveitoso. O fanatismo, ali-ás, é uma excelente desculpa para simplesmente não fazer nada. Nada realmente agre-gador à vida, nada que faça valer a pena a incrível devo-ção, nem tampouco recupe-re o tempo gasto em gestos e atitudes de idolatria.

Os problemas começam, de fato, quando o “objeto de apego” (que pode ser um time, uma religião ou um es-tilo musical) vira prioridade e torna-se a única referência de identidade na vida da pes-soa. No caso do futebol, a tal “corneta”, aparentemente inofensiva, causa inquieta-ção e sofrimento. Isso sem falar nos sintomas depressi-vos que o torcedor derrotado passa a sentir depois que o time perde em uma partida importante.

Como se vê, o exagero está na raiz do problema. Pessoas fanáticas tendem a apresentar conduta marcada pelo radicalismo e por abso-luta intolerância a opiniões contrárias às suas. Na pro-porção em que limita outros ângulos de perspectiva, o fanatismo vira sinônimo de empobrecimento intelectual. A diferença entre remédio e veneno está na medida. A menos que você se chame Gustave Flaubert.

Sem limite: o fanatismo pode ser tão forte a ponto de uma pessoa idolatrar a Apple como uma religião ou se expor chorando na internet para defender sua musa

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Babélia n Unisinos n Junho/2011

Uma forma econômica de fazer intercâmbio

Canadá, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Inglaterra são os destinos mais

procurados para quem quer conciliar estudos com trabalho. Conforme a proprietária da Times

Intercâmbio, Bárbara Schuh, há serviços em estações de esqui e hotéis.

(Bethina Baumgratz / Redação Jornalística I)

SXC.

HU

Guardar para comprarOpinião

Luciana KRuse BohnRedação Jornalística III

É o contrário do que geralmen-te acontece. Com a popularização do crédito os consumidores não se incomodam em passar todas as compras no cartão e deixar para pensar somente quando a fatura chegar. Pensando nisso, o Ban-co Central implanta neste mês a segunda etapa da Resolução nº3.919, que obriga o cidadão a pagar uma porcentagem maior do que era cobrado: de 10% su-biu para 15% do total da fatura. Isso acontece para desestimular as pessoas ao endividamento com altos juros. Em 1º de dezembro essa porcentagem deve subir ain-da mais, para 20%. Além destas mudanças, o banco pode ter ape-nas 5 tarifas referentes ao cartão de crédito, contra as 40 praticadas atualmente.

O Banco Central toma estas pro-vidências porque os brasileiros não sabem cuidar do próprio dinheiro e gastam até o que não têm. Hen-rique e Marllon são bons e raros exemplos que devem ser seguidos. A ideia de ajudar a família a com-prar um imóvel ou de comprar seu primeiro carro com o próprio di-nheiro agrada a muita gente. Mas o melhor destas histórias é o gosto que tem o bem adquirido: ele será muito melhor aproveitado se vier depois de uma grande economia, ao invés de o contrário. As dicas também ao final da reportagem são muito valiosas, inclusive tenho outra para compartilhar. Pesquise muito quando quiser alguma coi-sa e peça a opinião de pessoas que você confia. Se for algo necessá-rio, você vai voltar para comprar; se não for, com o tempo a neces-sidade do bem passa e o dinheiro fica no bolso.

Esforço dobrado: com alguns sacrifícios e reeducação financeira é possível conquistar metas

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Semira MartinsBRuno caRdosoLeandRo LuzRedação Jornalística II

Ter um sonho, traçar estratégias, economizar e conseguir realizá-lo. À primeira vista parece uma

missão árdua e complicada, ainda mais quando esse objetivo necessita de um bom capital. Mas com planejamento e or-ganização financeira é possível alcançar a meta. Quem afirma são os especialistas em economia.

De acordo com a professora de eco-nomia financeira Marta Alves, o segredo para fazer o dinheiro render é economizar e ter objetivos traçados. “A pessoa deve ter em mente o sonho e buscar estratégias para chegar até ele. É preciso se reeducar e aprender a poupar”, diz. Ela avisa: “sem cortes no orçamento pessoa, a meta sem-pre ficará no futuro distante”.

Uma das maiores dificuldades, segun-do Marta, é lutar contra as tentações eco-nômicas. “Quem quer poupar tem que resistir àquela roupa nova, ao computa-dor mais moderno e à balada da moda. Você tem que ter o sonho sempre na sua mente”, ensina. Para isso ela aconselha espalhar fotos do que deseja comprar por todos os cantos da casa, na carteira, como papel de parede do computador e onde for possível, para sempre ter o foco em sua meta.

Os planos começam cedoEle tem menos de 25 anos e começou

a traçar os planos para conquistar seus bens materiais ainda na adolescência. Os objetivos eram diferentes, mas a vontade de comprar o carro ou a casa própria era maior.

O objetivo do estudante de design Hen-rique Caravantes era comprar um carro quando completasse 20 anos. Hoje, aos 24 anos, ele conta que guardou parte do salário logo no primeiro estágio. “Com 16 anos eu não tinha noção de quanto guardar, mas juntava pouca grana, até porque o salário não era grande”, afirma.

Mesmo quando a tentação de gastar surgia, o estudante não cedia. Com o au-mento das despesas nos primeiros semes-tres da faculdade, Caravantes mantinha o foco. “Quando eu comecei meu curso superior, os gastos aumentaram. Pelo me-nos sempre tive um emprego, ainda mais na minha área, desde o primeiro semestre da faculdade”.

O aquecimento da economia brasileira e as facilidades de financiamento auxilia-ram na compra do primeiro automóvel do universitário, mas ele revela que tinha receio de pagar prestações muito longas. Para o jovem, as noções de economia da família foram exemplo para concretizar o plano traçado ainda no primeiro estágio.

“Eu poderia ter financiado meu carro em muitas prestações, mas não queria ficar pagando por muito tempo. A grana que eu tinha na poupança ajudou a pagar boa parte à vista do carro”.

A técnica contábil Renata Gutierres apresenta uma alternativa para as econo-mias renderem mais. Para ela, é impor-tante investir em alguma aplicação finan-ceira, para ter mais retorno naquilo que foi investido. Ela aconselha que o futuro investidor procure as orientações do ge-rente de um banco para decidir qual apli-cação é mais rentável. “Existem várias alternativas de investimentos e o gerente pode dizer qual é o mais indicado para cada situação”, aconselha Renata.

O importante é pouparAs primeiras economias do técnico em

informática Marllon Bandeira, 23, não tinham um objetivo, mas o que ele não sabia era que o dinheiro guardado con-tribuiria para comprar a casa própria da família. “Quando eu entendi que poderia ajudar minha família a conquistar nossa casa própria, percebi que meus esforços valeram a pena”, lembra.

Uma técnica usada pelo jovem era anotar todos os gastos do mês. Com o controle ele tinha noção do que poderia gastar. “Agora que eu consegui algo que eu queria, continuo tentado controlar os gastos, mas nem sempre dá certo. Outras vezes excedo o limite do cartão também”, brinca.

Em março deste ano, o técnico em informática iniciou a mudança para a casa nova na Zona Sul de Porto Alegre. “Quem pesquisou o local da casa e todas as questões de pagamentos fui eu. Um dia cheguei em casa com os papéis do imó-vel e fiz uma surpresa e contei para mi-nha mãe sem que ela soubesse de nada”, conta.

Cortar gastos, guardar o troco e fazer orçamentos são ações que ajudam a reduzir as despesas

Economize e alcance seus sonhos

economia

Como diminuir gastos

l tenha fotos ou recortes dos seus sonhos espalhadas pela casa, carteira e computador;

l Faça uma tabela para saber quanto você tem de dinheiro, quanto falta e quanto precisa economizar por mês;

l tenho um controle total de seus gastos;

l Corte gastos e reduza excessos;

l Guarde tudo que sobrar de troco, juntando-se as moedas pode-se econo-mizar um bom dinheiro;

l antes de comprar alguma coisa, pergunte a si mesmo se é necessário e indispensável.

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Babélia n Unisinos n Junho/2011

Combustível maiscaro em 2011

O primeiro semestre deste ano foi marcado por um grande aumento nos preços dos combustíveis. A entre-safra e a elevada

exportação da cana de açúcar fizeram com que a gasolina chegasse a custar R$ 3 o litro.

Para economizar, gás e diesel são alternativas. (matheus maia Beck / Redação Jornalística I)

SXC.HU

A arte dapesquisade preços

Opinião

FaBiana eLeonoRaRedação Jornalística III

Apertar o cinto mais e mais é a ordem. A inflação volta a subir, e desta vez não há como as autori-dades negarem o fenômeno, pois o índice foi apurado pela Funda-ção Getúlio Vargas. Os alimentos foram considerados responsáveis pela alta atingida no mês de maio, e a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) contabilizou nos doze meses que se encerraram em abril a alta de 6,51%, ultrapassando a margem de tolerância estipulada para o ano pelo Banco Central. Com o feijão mais caro, fica a nosso encargo equilibrar o orça-mento sem cortar o básico: alu-guel alimentação ou transporte. Mas como fazer isso?

As possibilidades começam pela arte da pesquisa de preços. Não se trata de ir a diversos es-tabelecimentos para averiguar os preços, e sim de realizar a pesqui-sa presencial em dois mercados e avaliar os encartes de ofertas dos outros. Só não adianta ir a um bairro distante para comprar um ou dois produtos que tenham pequena diferença de preço, pois se gastaria o lucro almejado em combustível e não se estaria mais fazendo economia.

A substituição de produtos por similares é uma alternativa. As carnes de frango e de peixe entram no cardápio no lugar da carne ver-melha com o aval dos nutricionis-tas. Já frutas, verduras e legumes da estação custam menos devido à safra e são mais saborosos. Al-guns alimentos industrializados, como os iogurtes, são de mesma qualidade, apenas mudam de nome. Não vale trocar todos os produtos que a família gosta de uma vez: poderia comprometer a aceitação da estratégia.

É importante verificar o que falta e fazer uma lista que pode conter suprimentos para todo o mês, quinzena ou semana. Isto resolve o problema de ir com a idéia de comprar poucos itens e voltar com o que não se precisa.

Com jeito e flexibilidade dá para conter os gastos em alimen-tação. O que não se deve é gastar mais em uma época em que todos estão ganhando menos.

economia

Semira M

artins

Pesquisa: procurar por produtos alternativos é a melhor opção para quem quer economizar

micheLe mendonÇamaRíLia diasRedação Jornalística II

Uma conta sem uma fórmula pré-de-terminada. Um resultado que oscila sem aviso prévio. A inflação é quem

comanda o consumo da população do Brasil. A desvalorização do dinheiro tem cau-

sado espanto pelo ritmo acelerado no ano de 2011. Como driblar as contas no fim do mês? E, principalmente, como diminuir ou manter os gastos, suprindo as necessidades cotidianas que escondem taxas cada vez mais altas?

Atualmente, o cenário dos supermerca-dos é de clientes com calculadoras, fazendo malabarismos com os números a fim de en-trar em um consenso com as contas no fim da saga. O resultado é uma população com menos produtos na sacola e descontentes com o aumento dos preços.

Os comerciantes também sofrem com o problema. Até então, os lucros eram dosa-dos segundo os consumidores. Mas quando

estes optam por comprar menos, surge a sombra da competitividade e junto, a estag-nação das vendas.

O jornalista Luiz Damasceno Júnior, 26 anos, mora sozinho há três anos e encon-trou uma saída para a crise. Ele afirma que os compradores podem optar por produtos com preços mais acessíveis, seja pela mar-ca ou pela substituição de pratos, como tro-car feijão por lentilha.

“Acho que a gente deve redobrar a aten-ção quanto à variação dos preços e, no caso de gêneros alimentícios, aproveitar a con-

juntura de inflação pra diversificar o car-dápio”, conta. O jornalista também afirma que tem escolhido andar a pé, ao invés de pegar o carro. “Aproveito que agora o tem-po está ameno e economizo na gasolina”, concluiu.

Segundo o IBGE, a gasolina e o etanol são as principais vítimas do índice inflacio-nário. No Rio Grande do Sul, o preço da ga-solina teve um acréscimo de R$ 0,0677 por litro. No caso do etanol, o imposto incide sobre a aquisição do produto pelos postos de combustíveis, podendo haver variações de valores entre as revendas.

Uma das medidas adotadas pelo governo para solucionar o problema econômico do país é o acréscimo da taxa de juros básicos, uma estratégia que visa implementar e ele-var o uso do cheque especial, crediários e o cartão de crédito. Outra opção reforçada é os fabricantes aumentarem a produção de matéria-prima alimentícia, que causa o acúmulo de estoque e, consequentemente, a baixa dos preços no destino final, o con-sumidor brasileiro.

Consumidores são os alvos de um ano caracterizado pela inflação

Para reduzir gastos, o melhor é comparar

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você sabia?

l O órgão responsável por estabelecer e controlar os juros e taxas no país é o Comitê de Política Monetária (Copom).

l No conceito, Inflação é a queda do poder de compra e venda do dinheiro.

l Usando o cartão de crédito você desacelera a inflação e a alta dos preços.

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8

Babélia n Unisinos n Junho/2011 economia

Economize hoje para ter amanhã

Economizar o dinheiro do salário ou da mesada é costume de muitos jovens, mas conscientizar os mais consumistas sobre o hábito ainda é um

desafio. Uma dica é anotar todos os gastos do mês para no final analizar o quanto foi gasto

sem necessidade. Além de guardar moedinhas para depositar na poupança.

(Camila Luz/ Redação em Relações Públicas II)

SXC.HU

déBoRa oLiveiRaRedação em RP II

Ao ingressar na univer-sidade muitos estudantes desejam concluir o curso no período mínimo esta-belecido pela entidade de ensino. Ponto importante que indica a crescente procura por alternativas de financiamentos edu-cativos.

Para que haja acerto na escolha é imprescindível realizar uma análise no momento de optar pelo financiamento que me-lhor se adeque às condi-ções socioeconômicas do estudante.

Recém formada em Administração de Em-presas pela PUC, Caro-lina de Castro, 30 anos teve o curso financiado pela Aplub. Segundo a administradora, antes de optar pelo financiamen-to, não conseguia cursar todas as disciplinas, o que a desmotivava. “Es-

colhi o crédito educativo para conseguir concluir minha graduação no me-nor tempo possível,” diz Carolina, que já iniciou o pagamento do finan-ciamento.

Segundo a professora e coordenadora do curso de Ciências Econômicas da Unisinos, Drª Angéli-ca Massuquetti, a melhor condição de financiamen-to deve ser analisada pelo estudante com o apoio dos setores de bolsas de estudos e de financia-mento estudantil das ins-tituições de ensino.

“ A utilização de finan-ciamentos educativos é opção para os estudantes que não têm condições de cobrir integralmente o in-vestimento no ensino su-perior. A graduação eleva chances de aumento sala-rial, ou seja, as oportuni-dades financeiras para o acesso ao ensino superior devem ser aproveitadas,” explica a economista.

BÁRBaRa BaRBieRiRedação em RP II

“Moça bonita não paga, mas também não leva”. O di-tado é repetido em feiras

de todo o Brasil. No campus da Unisi-nos, em São Leopoldo, não é diferente. Há cerca de quatro anos, uma parceria entre a Associação de Funcionários (AFU) e um distribuidor de alimen-tos, fez surgir a “Feira do Caminhão”, como é chamada pelos frequentadores.

Todas as terças e sextas-feiras o veículo é estacionado próximo ao portão principal da universidade.

São comercializados diversos pro-dutos, com foco em lanches rápi-dos, individuais e de baixo custo.

Silvana de Lima dos Santos, 47 anos, funcionária da AFU há 19 anos, confirma que “a feira é im-portante por questões como a fa-cilidade de acesso e o bom preço”. Para Altamir da Silva Cezar, 42, responsável pelo caminhão, o dife-rencial é a qualidade e a variedade dos produtos (mais de 160 itens).

Existem planos para a disponi-bilização do serviço uma vez por semana durante o turno da noite. Segundo Silvana e Cezar, o atual

presidente da AFU, Juliandro José Noronha, apóia as negociações e é bastante acessível para o contato com fornecedores.

A propaganda boca-a-boca é a maior responsável pela divulgação da feira. A estudante e funcioná-ria da Unisinos, Tainá Bücker, 27, começou a comprar produtos da feira por influência dos colegas e afirma que, caso aceitassem cartões de crédito, compraria muito mais. Contudo, para os próximos meses, o caminhão passará a aceitar paga-mentos efetuados com cartões de crédito e débito.

FeRnanda schmidtRedação Jornalística I

Desemprego e crise. Essas foram as palavras que marcaram a rotina dos trabalhadores em meados de 2007. Muitos gaúchos que tinham renda a partir da fabricação de sa-pato no Vale dos Sinos foram em busca de oportunidades. Viajaram para a China.

A hamburguense Anelise Sch-midt, 42 anos, é um exemplo. Ape-sar da qualificação e da experiên-cia no setor, embarcou em 2001 para encontrar segurança. Hoje, ela trabalha em uma empresa que

revende couro e não se arrepende de ter largado tudo.

“Aqui, encontrei o que não achava no Vale dos Sinos”, comen-ta Anelise, que já tirou bons frutos dos benefícios, como viagens, um carro e um apartamento. “Recom-pensa”, completa.

Entretanto, muitos trabalhadores enfrentaram a crise. Ermes Schmi-dt, 46 anos, irmão dela, também trabalha na área. Esteve seis meses desempregado em 2006 e, hoje, apesar de o mercado ter se recu-perado, acredita que vale a pena trabalhar no Exterior: “Não só pelo dinheiro, a qualidade de vida tam-

bém é melhor”. Segundo o economista Achy-

les Barcelos, em entrevista ao site IHU On-Line, a crise de 2007 aconteceu por dois fatores: a taxa de câmbio e a concorrência chine-sa. Hoje o setor está recuperado e um dos motivos foi a alíquota de US$ 12,47 imposta por par de cal-çados importados. Um alívio para os trabalhadores, que, assim como Ermes, escolheram a região e o calçado para seguir na profissão. E quem foi, como Anelise, pensa na possibilidade da volta: “O mercado está estabilizado no Brasil, vale a pena pensar em voltar pra casa”.

diJaiR BRiLhantesRedação Jornalística I

Os ambulantes são co-adjuvantes do futebol. Es-tão presentes nos estádios desde os primórdios do es-porte e, longe da realidade vivida por atletas profis-sionais, técnicos e dirigen-tes, eles fazem parte do espetáculo, embora sejam pouco notados.

Normalmente, as pes-soas que vão aos estádios de futebol com freqüência procuram um ambulante específico, devido ao bom atendimento ou pela qua-lidade do produto ofereci-do. O porto-alegrense Vir-gulino Teixeira, 59 anos, vende cachorro-quente há 17 anos em frente ao es-tádio Olímpico, em Porto Alegre, e tem clientes ex-clusivos.

“Já aconteceu de eu não poder vir a um jogo e meus clientes me questionarem isso. É gratificante saber que eles gostam do ‘meu

cachorro-quente’”, con-tou Virgulino. Em um bar nas redondezas do estádio Olímpico, onde se reúnem as torcidas antes dos jo-gos, já foi contabilizada a venda de 15 a 20 caixas de cerveja de uma vez só.

Dentro do estádio tam-bém há trabalho informal. Jonas Nascimento tem 18 anos e vende pipoca. “Foi um uma maneira que eu encontrei para começar a trabalhar.” O vendedor espera a liberação do ser-viço militar para começar a procurar um emprego formal.

As chamadas copas dos estádios também viveram momentos de turbulência no passado, logo que proi-biram a venda de bebidas alcoólicas nestes locais.

“O movimento estava muito fraco naquela épo-ca, mas agora melhorou bastante”, disse Jorge, um dos funcionários da copa, que temeu perder seu em-prego.

Gaúchos buscam oportunidades na China

Crédito educativo acelera graduação

Ambulantes participam do mundo do futebol

Caminhão vende produtos mais baratos na Unisinos

Economia garantida: mais de 160 tipos de alimentos são vendidos a preços acessíveis na Feira do Caminhão

Bárb

ara

Barb

ieri

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Babélia n Unisinos n Junho/2011

Governo cria projeto para diminuir a pobreza

A presidente Dilma Rousseff anunciou a criação do Plano Brasil Sem Miséria, que tem por

objetivo principal a retirada de 16 milhões de pessoas da extrema pobreza até 2014. A elevação

da renda familiar, mais acesso aos serviços públicos e ações de cidadania são algumas das outras metas. (Ana Paula Figueiredo / Agexcom)

Divulgação

Mudanças necessáriasOpinião

édeRson siLvaRedação Jornalística III

A reforma política nacional che-ga a um momento oportuno, cul-minando em um amplo debate no Brasil já que o país está imerso em uma grande discussão sobre esse cenário. Em uma sociedade globa-lizada e com anseio de mudanças, a esfera política nacional não aten-de as necessidades desta constante renovação. Além disso, o sistema político se vê em um grande abis-mo cheio de perigos, lidando com a descrença das pessoas, denúncias, brigas e partidos fragmentados que pouco acrescenta ao fortalecimen-to da democracia no Brasil.

A sociedade brasileira tem no voto o seu principal instrumen-to para exercer a democracia e a cidadania, frente a um mundo moderno. Por isso precisa de um sistema político sólido. Há uma

necessidade de uma ampla parti-cipação da população nos novos rumos do país, pois o poder de-mocrático só é exercido quando há liberdade, debate, integração e motivação de maneira bilateral. O Brasil não pode mais andar para trás. Chegamos a um ponto cru-cial para a nação. O lema da ban-deira nacional, ordem e progres-so, jamais podem ser esquecidos por aqueles que nos representam, porque uma nação só se faz uma nação quando há compromisso e respeito recíproco entre ambos.

Para uma verdadeira reforma acontecer, ela não pode ocorrer somente no papel, mas, deve ser sentida presente na vida diária do cidadão. Deseja-se uma revolu-ção no sistema político que traga vida, credibilidade e confiança a milhões de Brasileiros incrédulos da eficiência da gestão de seus re-presentantes.

política

Pausa prolongada: caso o projeto seja aprovado, eleitores irão às urnas a cada quatro anos

Para entrarem em vigor em 2012, propostas de mudanças devem ser votadas até outubro

A tão esperada reforma políticaBárbara Bauer

dança para lista fechada barateia os gastos nos pleitos. E a proibição de doações minimiza a corrupção.

Para ser ter ideia do quanto é in-vestido nas campanhas, as candida-turas a deputado federal gastaram cerca de R$ 190 milhões em 2002, o valor superou R$ 800 milhões em 2010. Espera-se com as mudanças reduzir esses números, uma vez que a imagem do candidato não será tão importante quando a do partido.

Faltando pouco mais de um ano para o pleito eleitoral de 2012, em que serão eleitos prefeitos e vereadores dos 5.565 municípios brasileiros, o fim da reeleição e o mandato de cinco anos também estão na pauta de debates. Se as propostas forem votadas até ou-tubro, já passarão a valer para as próximas eleições.

A câmara já aprovou as duas mu-danças e, se passar pelo congresso e tiver a sansão do palácio do planal-to, só passaria a valer para a presi-dência da republica e governadores de Estados a partir de 2014.

Para o jornalista político Paulo Correa Lopes, a reeleição é o ponto menos importante do debate, pois se os políticos não fazem um bom mandato, a própria urna acaba não os reelegendo. Quanto à forma de eleger deputados e vereadores, ele entende que a mais coerente seria o voto majoritário. No entendimen-to de Lopes, os mais votados são aqueles que têm que ser eleitos.

Partidos debatem assuntoAs questões são tão polêmicas

que não há consenso nem dentro do próprio governo. Para o PT, si-gla da presidente Dilma Rousseff, a reforma política tem de ser debati-da com a sociedade. O PMDB, do vice- presidente Michel Temer, so-freu um racha porque não está con-seguindo fechar uma posição sobre o tema. No PSDB, principal partido de oposição ao governo, o assunto ainda está sendo discutido em par-ceria com institutos de formação políticas ligados aos tucanos.

“Se a reforma política for feita de maneira correta, o país ganhará muito. Caso contrário o Brasil só tem a perder”, disse o cientista po-lítico Adelmo Moraes de Almeida.

Se o conjunto das mudanças pro-postas for aprovado, as eleições entrarão em uma nova fase. Mais do que alterar a forma de se eleger e ser eleito, o que a reforma pro-porcionara será uma transformação no modo de se fazer política.

JaiRton camisoLÃoLuciano PachecoRedação Jornalística II

Há duas décadas se discute uma reforma política no Brasil. Aparentemente desta vez o

projeto sairá do papel. Do conjunto de mudanças propostas, sete delas estão relacionadas às regras eleitorais. Duas são polêmicas e poderão acirrar a dis-puta: o financiamento das campanhas e a forma atual de escolher os repre-sentantes do legislativo.

Senado e Câmara estão trabalhan-do de forma independente sobre o assunto. Ao todo são 15 senadores e 40 deputados federais que buscam chegar a um consenso. Um dos pon-tos mais discutidos é quanto à forma de eleger vereadores e deputados.

O formato hoje é conhecido como lista aberta. Vota-se tanto nos con-correntes quanto na legenda. Na proposta apresentada, o Brasil se-guiria o modelo de países como a Espanha, Portugal e Argentina, onde o sistema chama-se lista fechada, no qual o eleitor vota no partido e não no candidato.

Na opinião do cientista político Adel-mo Moraes de Almeida, a alternativa é a ideal. Entretanto, para ele, a votação majoritária - que também está na pauta de discussões, no qual o candidato com maior aporte financeiro consegue se ele-ger - seria um prejuízo.

O fato é que a lista fechada é uti-lizada em vários países há muito tempo. Portugal e Espanha, depois de anos enfrentando regimes autori-tários, optaram por esse sistema e o mantém até hoje. Argentina e Costa Rica, países da América Latina com maior representação feminina em seus legislativos, utilizam o méto-do. O Brasil conta em sua população com uma maioria de mulheres e tem apenas 45 deputadas federais em um universo de 513 vagas.

Aqueles que se posicionam contra alegam que esse modelo pode criar o que se chama de “partidocracia”, con-ferindo tal poder aos partidos, levan-do-os a serem os mais importantes no cenário político. A mudança proposta também afasta o candidato do eleitor e tira do segundo o direito de escolher um nome para representá-lo.

Outro ponto polêmico que deve ser alterado é a forma de financiamento das campanhas. A proposta dos sena-dores é de que somente dinheiro públi-co seja utilizado. Atualmente, o Bra-sil utiliza o sistema misto, ou seja, a verba vem tanto desse setor quando de fontes privadas. Segundo eles, a mu-

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Babélia n Unisinos n Junho/2011

Motores turbo voltarãoà Fórmula 1 em 2013

O Conselho Mundial da Fórmula 1 confirmou a volta dos motores turbo em 2013, ausentes

desde 1988. Também foram aprovadas limitações técnicas nos câmbios e no peso total

dos carros, que não poderá ser inferior a 660 quilos. O objetivo das mudanças é reduzir em

35% o consumo de combustível.

10esporte

Mesmo na terceira divisão, torcida não deixará de acompanhar o Aimoré

Rebaixados e idolatrados

Índio Capilé fora daSegundona

Opinião

Dificuldade: clube já

consagrou vários jogadores,

mas hoje vive um momento de contenção

de gastos para tentar se

reerguer

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camiLa caPeLÃo édson Luís schaeFFeRRedação Jornalística II

O rebaixamento do clube de futebol de São Leopoldo para a terceira divisão do Campeonato Gaúcho

não tira a paixão de seus fieis torcedo-res. Ele já foi vice-campeão gaúcho, mas há anos não consegue voltar à pri-meira divisão. Em abril deste ano, teve mau desempenho na segundona gaúcha e foi rebaixado para a terceira divisão. O Clube Esportivo Aimoré, também co-nhecido por Índio, já consagrou vários jogadores, como o ex-técnico da seleção e que, anos depois, trouxe o Pentacam-peonato para o Brasil, Felipão.

A derrota não afastou os mais apai-xonados pelo clube. A torcida até se mobilizou para fazer um protesto por conta do rebaixamento. Para o torcedor Ismar Kötz, a culpa da situação atual do Clube não é apenas de uma pessoa, quando se trata de um esporte coletivo. “Todos tem uma parcela de culpa: di-reção, comissão técnica, jogadores e, até mesmo, a torcida”, ressalta.

O torcedor acredita que, para levantar o Aimoré, a comunidade leopoldense, incluindo empresários e o Poder Públi-co, devem dar apoio financeiro. “Para um clube se manter sempre na ponta de cima, precisa de jogadores qualificados, mas isso envolve um suporte financeiro muito bom”, acredita Ismar.

O fato de seu time estar na terceira di-visão do Gauchão não é problema para Álvaro Blanco, mais conhecido como

Digue, que não esconde sua paixão pelo Aimoré. Até porque ela é visível. Ele tem tatuado em seu corpo o símbolo maior do clube, o Índio Capilé.

“Desde que nasci, o Aimoré é uma religião, o elo de ligação da família”, revela. Sua paixão pelo time vem da influência de seu pai, que torce para o Índio desde criança, vendo, inclu-sive, o Aimoré ser vice-campeão do Gauchão em 1959, na final contra o Grêmio. “Desde lá meu pai foi acumu-lando funções e, em 1978, se tornou o presidente mais jovem da história do Clube”, expõe. Fato esse que levou Digue a ficar fanático pelo Aimoré. “Outra razão forte pela minha paixão foi o fato de morarmos a uma quadra do estádio, o que fez o Cristo Rei (es-tádio do clube) ser quase nosso pátio de casa”, conta.

Sobre o rebaixamento, ele acredita que isso ocorreu por causa da esca-lação de um time fraco, sem nenhum jogador conhecido no Estado. “A nova direção trouxe jogadores desconheci-dos do Nordeste, que nunca haviam jo-gado no Sul. O resultado foi desastro-so. A culpa foi da direção em não saber montar um time forte”, lamenta Digue. “Clubes pequenos dependem muito de os diretores serem também torcedores, que façam aquilo por amor, senão o re-sultado é desastroso”, observa.

O torcedor acredita que a torcida vai diminuir muito. “Eu vou continu-ar indo ao estádio, porque torço para o Índio independente de qualquer direto-ria”, declara Digue, que não deixou de

acompanhar nenhum jogo do Aimoré, dentro e fora de casa.

A terceira divisão começará em agosto de 2012. “Será a verdadeira ca-ravana da miséria, apenas com times amadores sem apoio financeiro algum. Na segunda divisão, os clube recebem cota de teve, patrocinio do Banrisul, da Claro, coisas que não teremos na terceira divisão”, compara.

Hora de conter gastosPresidente do clube desde o ano pas-

sado, Márcio Picoli, salienta que futebol é um investimento financeiro. “Sem ele não se consegue montar um bom time”, ressalta. As campanhas criadas em 2010 para sócios vão continuar este ano, con-forme o presidente. “Quando assumi, eram apenas dois planos de mensalida-de, hoje há quatro, um deles com o valor bem acessível”, expõe.

Mas o momento é de conter gastos. Como alternativa para driblar custos extras e continuar contratando jogado-res, os médicos do Esporte Clube Ai-moré estão fazendo uma triagem com atletas da região, para evitar despesas com alojamento. “Temos contratos que foram assinados no início do ano e que têm duração de doze meses. Isso irá nos ajudar nesse momento”, diz Picoli, que necessita do apoio do Poder Públi-co e da torcida para levantar o Índio.

Mas, mesmo estando na terceira di-visão, a paixão de Digue, e também a de Ismar, pelo Aimoré não acaba. Pro-va de que, mesmo com dificuldades, a torcida consegue ser fiel ao seu time.

GaBRieL PeReiRa dos ReisRedação Jornalística III

Um dos mais tradicionais clubes do Rio Grande do Sul, o Clube Esportivo Aimoré terá que conviver com algo nunca antes ocorrido em sua história, a Terceira Divisão Gaúcha. No dia do rebaixamento, 17 de abril, o Aimoré fazia uma tímida torcida para o Sapu-caiense, seu maior rival, mas o seu duro esforço foi insufi-ciente e o clube rubro-negro perdeu para o Guarany-CAM, rebaixando automaticamente o time do estádio Monumental Cristo Rei.

O clube de sete décadas e meia de vida terminou em 24º lugar na Segundona do Gaú-chão 2011 decepcionando os torcedores aimoresistas, que durante todo o campeonato jamais cogitariam um rebai-xamento do Índio Capilé. O clube não montou um time competitivo, mas estava longe de ser uma equipe que convi-veria com os lugares mais bai-xos da tabela de classificação. Círio Quadros, treinador que rebaixou o clube de Sapucaia do Sul abriu mão da metade de sua rescisão, pois entendeu que teve parcela de culpa no sepultamento da equipe na Se-gundona.

Os aimoresistas ainda pro-curam respostas convincentes para tal acontecimento e bus-cam forças para enfrentar as duras batalhas que estão por vir na Terceirona. Trabalho este que exigirá muito apoio e provará quem são os verdadei-ros torcedores. Não há tempo disponível para lamentos e discursos raivosos por parte dos aimoresistas, que devem buscar novas energias e colo-car o velho Índio Capilé em seu devido lugar, que é a série A do Campeonato Gaúcho, de onde nunca deveria ter saído.

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Esporte Clube Novo Hamburgo completa 100 anos e reforça categorias de base

Anilados comemoram centenário

Amor centenárioOpinião

Treinamento: Novo Hamburgo prepara-se para fazer bonito no aniversário de cem anos do clube

Marília Bissigo

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Babélia n Unisinos n Junho/2011 esporte

Grêmio contrata o atacante Miralles

O atacante argentino Ezequiel Miralles foi apresentado como novo reforço do Grêmio para a temporada. Miralles estava no Colo-Colo, do

Chile, e terá liberação judicial para jogar a partir do dia 20 de junho. O volante Gilberto Silva

também foi contratado pelo Tricolor. (Guilherme Endler / Agexcom)

jogo. E mesmo quando o time não está disputando campeonatos, o en-contro acontece. “São amigos que se reúnem em função do Esporte Clube Novo Hamburgo. Quando estamos disputando campeonato, são discuti-das as atuações tanto do clube como de algum jogador”, explica um dos integrantes, Evandro Lover Schmidt.

Com dívidas praticamente quita-das, novo estádio com acomodações mais adequadas e um time conside-rado um dos melhores do interior, era esperado pela torcida que o Novo Hamburgo chegasse às finais do Gaúchão de 2011, o que não ocor-reu. Ainda assim, a torcida mantém a confiança para os próximos cam-peonatos. “Recentemente a aposta foi em grandes jogadores, mas que estavam no fim de carreira. E isso não deu certo. É preciso mudar de es-tratégia, investir nos jovens e, assim, trazer bons resultados. Hoje já se tem planos para, em poucos anos, o Novo Hamburgo formar jogadores em sua categoria de base profissionalizada”, ressalta Schmidt.

Marcos Fezzi, ex-presidente do clube e dirigente há mais de 40 anos, representa aquele torcedor que se en-volveu com a administração do clube para vê-lo crescer. “Quando assumi o conselho pela primeira vez, poucos estavam presentes na reunião. Não chegava a 20 pessoas, e fui convida-do a assumir a presidência do con-selho”, recorda Fezzi. Ele não sabia exatamente qual seriam sua funções, mas já vivia o dia a dia do clube e por isso aceitou o desafio. A paixão de torcedor se mistura às expectati-vas do dirigente.

Segundo o ex-jogador e atual di-rigente do Novo Hamburgo, Sandro Blum, as festividades alusivas ao centenário seguem até maio de 2012. Ele chegou ao Nóia em 2005 e logo criou um forte vínculo com o clube e com os torcedores. Blum destaca o trabalho sério que a direção vem rea-lizando e prevê, em breve, novas gló-rias para o anilado. “A gente está me-lhorando, trabalhando, e vai chegar o momento em que vamos conquistar um novo título.” E completa: “Mas para isso, precisamos contar com o apoio do torcedor”.

Blum ressalta a atenção que o clu-be está dando para a formação de jo-gadores nas categorias de base, que já contam com alojamento, nutricio-nista e, inclusive, um olheiro. “A co-brança por resultados começa desde baixo. Também temos que formar equipes vencedoras nas categorias intermediárias”, destaca Blum.

cÁssia oLiveiRacÁssio PeReiRaRedação Jornalística II

Novo Hamburgo, cidade que divide os vales do Sinos e Paranhana, não sente orgu-

lho apenas por ser a capital nacio-nal do calçado. Outro sentimento aflora há 100 anos no coração dos moradores. Muitos não torcem para o Grêmio, nem para o Inter-nacional, os dois principais times de futebol do Rio Grande do Sul. O coração bate mais forte mesmo quando o Estádio do Vale abre as portas e o Esporte Clube Novo Hamburgo entra em campo.

No início do mês de maio, o “Nóia”, como é conhecido o clube, comemorou seu centenário, feito incomum para times fora de Porto Alegre. Distante 40 quilômetros da capital, o clube sofre com dificulda-des estruturais e financeiras, assim como os demais clubes espalhados pelo interior do Estado. Além disso, fez uma campanha tímida no último Campeonato Gaúcho. Mesmo assim, não deixou de receber apoio das ar-quibancadas. Prova dessa estreita re-lação é o recente fortalecimento das categorias de base.

O volante Márcio Rã é um jogador extremamente identificado com o Es-porte Clube Novo Hamburgo. Desde 2003, entre idas e vindas, são mais de 100 jogos com a camisa azul anil. “E não foi por falta de propostas, eu realmente me sinto bem aqui, eu quis ficar”, salienta. Aguerrido, unindo téc-nica e força, é uma unanimidade entre os torcedores anilados. “Fico muito feliz por fazer parte dessa história. É um clube que vem num crescimento constante”, afirma o atleta, que, no en-tanto, vai jogar a próxima temporada no Caxias, time da Serra Gaúcha.

Mesmo com a provável partida, Márcio Rã não esconde que o Nóia é seu time do coração. “Sempre procuro me dedicar ao máximo nos clube por onde passo, mas princi-palmente aqui. Novo Hamburgo é a cidade onde moro, o time que me acolheu quando voltei do exterior, que me deu muitas alegrias. Aqui me sinto em casa.”

Sintonia com o clube Apesar da ausência de títulos re-

centes, o Nóia conta com uma tor-cida apaixonada. Em 2008 surgiu a Confraria Anilada, que conta com 350 participantes. Com camisa per-sonalizada, a torcida se encontra uma vez por semana e em dias de

RaFaeL KehLRedação Jornalística III

É indiscutível a paixão do bra-sileiro pelo futebol. É preciso fô-lego para tentar entender este fas-cínio por 22 jogadores correndo atrás de uma bola.

Enfim, o que leva multidões a vestirem a mesma camisa, indife-rente de raça, cor, idade ou clas-se social, unidos, aguardando o momento da rede balançar? Que magia é esta? Seriam necessárias muito mais que algumas linhas para desenvolver uma tese sobre isto e, ainda assim, não seria fácil encontrar respostas para explicar tanta paixão.

Paixão, palavra facilmente en-contrada no dicionário do fute-bol, porém difícil de entender. É mais fácil compreender o amor do torcedor de um clube da elite do futebol. Afinal, grandes títulos

servem de alimento para aumen-tar esse amor. Mas e quando estes títulos não existem e você vive à sombra de duas potências do fute-bol nacional?

É neste momento que aparece o verdadeiro torcedor.

Falta dinheiro, estrutura, jogado-res de maior qualidade, cobertura midiática, mas não falta o princi-pal, o apoio da torcida, o maior pa-trimônio que um clube de futebol pode ter. E é nesta fidelidade de seus torcedores, que o centenário Esporte Clube Novo Hamburgo se apega e credita o crescimento da entidade nos últimos anos.

É comum ao andar pelas ruas de Novo Hamburgo encontrar camisas do Grêmio e do Internacional. Mas basta assistir a um jogo no Estádio do Vale, ao lado da torcida anilada, para saber que o coração do torce-dor, o verdadeiro, bate forte apenas pelas cores alvi-azul.

http://dibjr.wordpress.com/

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Babélia n Unisinos n Junho/2011 esporte

De gari à maratonista, um corredor campeão

João Marcos Fonseca, o João “Gari”, vencedor da 28ª Maratona Internacional de Porto Alegre, usou o mesmo “método” de treinamento do colega Solonei

Silva, vencedor do ano passado. Por 11 anos João correu atrás de um caminhão de lixo e deixou a

função para se tornar um maratonista profissional. (Paula Silveira / Redação Jornalística I)

Divulgação

RaFaeL maRtinsRedação Jornalística I

Num tempo bem pró-ximo, a comunidade da Vila Farrapos, situada no norte de Porto Alegre, poderá usufruir de 25 praças, dispostas de for-ma centralizada, a cada conjunto de três ou qua-tro quarteirões, que estão sendo reurbanizadas pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), num total de 3,8 hectares. Neste espaço serão im-plantadas nove quadras esportivas, quatro pistas de skate, 18 recantos in-fantis com brinquedos e um conjunto de equipa-mentos de ginástica.

A revitalização faz parte do Projeto Integra-do Entrada da Cidade (Piec), um programa que teve início em 2002. Ele integra um dos maiores programas habitacionais em andamento no Bra-sil, com investimento de

quase R$ 2 milhões.Esse conjunto de obras

atende mais uma das ne-cessidades que essa re-gião carente da cidade vem passando ao longo dos últimos anos. “A re-forma nas praças, muito mais do que um proje-to que valoriza o bairro, dotando-o de novas áreas de lazer, faz parte de um sonho de infância de vá-rios guris que nem eu”, afirmou o morador Mário Machado Lima, 30 anos, que reside no bairro des-de que nasceu.

As praças da nossa re-gião são muito utilizadas. “Aqui vivem pessoas que não vão à praia, ao clu-be. O momento que a comunidade enxergar os primeiros trabalhadores arrumando nossas pra-ças, vai ser muito feliz”, destacou a presidente da Associação Comunitária Barcelona, Lurimar Fi-úza, 63, moradora há 43 anos do bairro.

Luís FRancisco caseLaniRedação Jornalística I

O terreno que antes abrigava o Estádio Santa Rosa está à venda. Já sem arquibancadas,

restam apenas o gramado, as duas goleiras e o escudo sujo de seu antigo dono. A área pertence, desde 2002, à Associação Pró-Ensino Superior em Novo Hamburgo (Aspeur), mante-nedora da Universidade Feevale. Ela serve agora como sede para treinos das equipes de base do Esporte Clube Novo Hamburgo (ECNH).

O estádio foi comprado através

de leilão, sendo rebatizado de Com-plexo Esportivo Feevale. A aquisi-ção surgiu para a Aspeur como um investimento financeiro. Eles ainda aguardam proposta de compra de al-guma construtora. Mais prédios se-rão construídos na Vila Rosa, bairro residencial onde fica a área. O valor estipulado do terreno é de R$ 11 mi-lhões. Essa quantia possibilitará a melhoria na infra-estrutura dos dois campi da universidade, conforme depoimento de Argemi Machado de Oliveira, presidente da Associação.

Durante quase um ano, o terreno ficou às moscas. Após reclamações

de moradores do bairro, o mato foi cortado, e se percebia um gramado ainda praticável. Com isso, no iní-cio desse ano, o clube passou a uti-lizar o que resta de sua antiga casa para as divisões de base. Elenise Martins, assessora de comunicação do Novo Hamburgo, disse que a Fe-evale cedeu o terreno para os trei-nos. “Como nosso novo complexo abriga apenas o gramado principal e um suplementar, faltava espaço para algumas das categorias”, dis-se. Em troca a esse empréstimo sem custo, o ECNH cuida do gramado e do resto do terreno.

dieGo da costaRedação Jornalística I

A Sociedade Esportiva Jardim Sabará, tradicional clube da zona norte de Porto Alegre, está com-pletando 52 anos de paixão pelo futebol amador.

Atualmente, são cinco times das mais variadas categorias que atuam durante o final de semana em campeonatos citadinos. Cria-do em 1959 por jovens moradores do bairro, o Sabará atravessa ge-rações e conquista pais e filhos.

Os jogadores são formados por cerca de 120 associados que con-

tribuem com 50 reais por mês para a sobrevivência das instalações do clube. Os jogos são disputados aos domingos das 11h às 15h. Para oti-mizar os custos e bancar uniformes e vestiário, o estádio do Sabará é alugado de segunda à sexta para a Escolinha do Internacional.

Emerson Lima, 42, ex-morador do bairro e radialista da rádio comu-nitária Integração 89.7 FM, de Ca-choeirinha, sente orgulho em ver o clube seguir na ativa. “ O Sabará é uma tradição com a qual me criei. Vi meus tios e irmãos jogando ou assistindo os seus jogos”, contou.

O ex-técnico do misto D do

Sabará, Alfio Mendes, 59, sabe na ponta da língua a escalação que treinou em 1984 e que julga ser a melhor da história: Victor; Romildo, Banana, Scalla e Wal-mir; Cabelo, Caminhão e Juli-nho; Quinha, Itacir e Charutinho. “Durante dois anos ganhamos tudo o que podíamos, aquilo sim era futebol ”, destacou.

Os adversários tradicionais do Sabará sempre foram o Educan-dário e o Vasco, da Vila Jardim. O Maringá Futebol Clube, seu maior rival, não vive um bom momento e ficou fora do campeo-nato da última temporada.

Joane GaRciaRedação Jornalística I

O Grêmio Esportivo Sapucaiense vai fechar as portas no primeiro se-mestre de 2011. O clube está liberando os jogado-res que foram contratados para disputar a Série B do Campeonato Gaúcho de Futebol 2011. Mesmo com o clube devendo por volta de 600 mil reais, o presidente Ibanor Catto afirmou que a situação do clube está sob controle, pois conseguiu renegociar a parte maior da dívida.

Presidente e também vice-prefeito de Sapucaia do Sul, Ibanor Catto frisou que o clube está impedido de receber qualquer verba pública atualmente, devi-do a problemas jurídicos na entidade. Ele informou que a administração do clube está efetivando as rescisões trabalhistas dos jogadores que estavam vinculados ao Sapucaien-

se. A atual diretoria herdou dívidas que estão penden-tes desde 1953, informou Ibanor.

O clube tinha um débito aproximado de R$ 2 mi-lhões, mas com a criação de um conselho de gestão o Sapucaiense já negociou com credores aproximada-mente R$ 1,6 milhão.

A administração do clube tem a situação sob controle e está projetan-do 2012 para investir mais forte no futebol. O time principal não vai seguir treinando durante esse semestre, apenas as equipes de base juvenil e categoria junior.

De acordo com o Secre-tário de Esportes e Lazer, Guilherme Vieira Filho, existe um incentivo finan-ceiro da administração do município que é passado para o Grêmio Esportivo Sapucaiense, mas que o clube só vai voltar a utili-zar a verba quando quitar suas contas, revelou.

Sabará faz 52 anos e ultrapassa gerações

Vila Farrapos aguarda reforma de 25 praças

Sapucaiense volta aofutebol só em 2012

Antigo Santa Rosa recebe asdivisões de base do Anilado

Promessa: sob o olhar dos treinadores, infantis e juvenis dividem o campo que já pertenceu ao Noia

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Babélia n Unisinos n Junho/2011

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Alimente-secomo um atleta

Se a intenção é emagrecer ou ganhar massa muscular, a alimentação na vida dos praticantes

de atividade física deve ser feita com cuidado. A combinação de nutrientes, boa qualidade no

sono e treino adequado são necessários quando se quer manter uma ótima saúde.

(Glaucia Damazio / Redação Jornalística I)

saúde 13

Estudo propõe qualificar profissionais para combater doenças no Vale do Caí

Uma ideia para a prevenção

A mania de remediarOpinião

Família recicladora: Maria Angélica e Paulo foram orientados sobre como evitar contaminações com o lixo

Clarice Almeida

composta por recicladores, recebe-ram a visita da nutricionista, que levou dicas de alimentação saudá-vel, de como evitar contaminação através dos materiais reutilizados e também como ser beneficiados pelos programas sociais do governo.

”Muita coisa mudou em nossas vi-das depois do trabalho de Silvana”, conta a recicladora Maria Angélica Magalhães.

A mulher de 48 anos afirma que acompanhou o desenvolvimento do projeto no bairro. Segundo ela, várias famílias foram direta ou indiretamen-te beneficiadas com a visita do grupo. “Meu marido tem problemas mentais, e eu não sabia como ajudá-lo, ela me explicou que existe um lugar onde ele pode receber tratamento gratuito”, conta. Atualmente, Paulo Adair da Silva, esposo de Maria, recebe atendi-mento no Centro de Atenção Psicos-social do município. Ações como esta são defendidas pela nutricionista na tese ”Vigilância de Base Territorial e Intersetorialidade.”.

Ações para mudar a saúde Para a estudante, as soluções para

os problemas de saúde não podem se resumir em levantamentos de dados e formulações ou uso de indicado-res. Elas devem ser desencadeado-ras de processos que resultem em melhores condições de vida e saúde para a população. Ela cita a necessi-dade da criação de programas com ampla participação do controle so-cial, resultando no aprimoramento dos sistemas de coleta, tratamento e

audReY LocKmann BaRBosacLaRice aLmeidaRedação Jornalística II

Quando o assunto é saúde, a nu-tricionista Silvana Schons acredita que tratar a prevenção de doenças vêm em primeiro plano. Em recen-te trabalho de campo realizado pela especialista, que é aluna do curso de Vigilância em Saúde, foram en-contrados fatores determinantes que causam doenças em moradores do bairro Zootecnia, em Montenegro.

A estudante da Fundação Osvaldo Cruz (RJ) abordou o tema “Vigilân-cia de Base Territorial” no trabalho de conclusão do curso. Ela desco-briu o que pode ser um futuro agente causador de enfermidades. A análise concluiu que os principais problemas de saúde no local estão associados às más condições de habitação, sanea-mento básico, trabalho informal, al-coolismo e drogadição e a presença de animais de rua. A ideia é que o trabalho desenvolvido seja adotado e aplicado em demais setores da co-munidade.

De acordo com a especialista a proposta é mostrar aos órgãos com-petentes que por meio da prevenção é possível garantir qualidade de vida e saúde à população. “Os municípios precisam dar mais atenção à preven-ção”, salienta Silvana. ”Qualidade de vida é resultado de boa alimenta-ção, atividade física, trabalho garan-tido e local para lazer em companhia da família”, complementa.

Cerca de 30 famílias, a maioria

BRuna vaRGasRedação Jornalística III

Pesquisadores mostram preocupa-ção com os resultados de estudos sobre automedicação no Brasil. Atualmente, estima-se que 41% dos homens e 59% das mulheres costumam tomar remé-dios sem orientação médica.

Nossa mania - espera-se que não irremediável – de gerenciar incon-sequentemente a própria saúde

deve-se a vários fatores. A falta de condições de acesso a um convê-nio médico, combinada com o pa-vor das filas do serviço público de saúde, certamente é um deles. Fa-tor positivo em contexto geral, a capacidade brasileira de minimizar os problemas é outra que contribui com a “cultura da aspirina”.

Mas sofremos de um mal ainda maior. Uma doença incubada e desenvolvida dentro de casa. Uma alergia peculiar ca-

racterizada pela urticária à prevenção.Por que consideramos menos im-

portante dedicar meia hora a uma ca-minhada que assistir à novela das oito? Por que achamos normal que as crian-ças se fartem de guloseimas e refrige-rantes na escola?

O problema está menos relacionado à saúde que à educação. Ignoramos que coisas simples, como uma boa alimentação ou a prática regular de exercícios físicos sejam determinantes

para a manutenção de nossa saúde. Assim, creditamos qualquer mal-es-

tar a uma entidade maior, uma doença certamente crônica, provavelmente in-curável, que existe, sim, mas em nos-sos próprios hábitos.

Normalmente, a urticária à pre-venção arrefece com o passar dos anos, até o dia em que se está pronto para compartilhar a sabedoria empí-rica com os netos: “é melhor preve-nir que remediar”.

O que é

a Vigilância de base territorial e Inter-setorialidade propõe que os municípios qualifiquem profissionais que possam agir no reconhecimento e combate a agentes causadores de doenças. a proposta é que se trabalhe em setores, que podem ser, por exemplo, os bairros. Silvana acredita que através da informa-ção os moradores possam adotar me-didas que os levem a ter uma vida mais saudável, mas para isso os governantes devem colaborar com a manutenção dos serviços públicos oferecidos.

disseminação de dados e também no entendimento da importância para o projeto de políticas mais eficazes e inclusivas.

A ideia fazer mudanças no Sistema Único de Saúde (SUS) tem interes-sado outros municípios fora da Re-gião do Rio Caí, como Esteio. “Hoje falamos sobre humanização, que não é um programa, mas uma política que atravessa diferentes ações e ins-tâncias gestoras do SUS”, diz Flávia

Roberta Viecelli, enfermeira da Vi-gilância Sanitária do município.

As ações em torno de prevenções às doenças são propostas, sempre de inicio, em sua maioria pelo Minis-tério da Saúde. A partir do momen-to em que a ação em torno de uma doença é proposta, o administrativo acata e elabora a campanha de cons-cientização. O setor responsável pela iniciativa aos programas é a vigilância sanitária, e os programas e serviços de prevenção são ofere-cidos pela secretaria municipal de saúde (SMS).

Em um workshop realizado pela estudante na Universidade de Santa Cruz do Sul campus Montenegro, a médica falou a representantes da área de saúde de cerca de 17 cidades integrantes da Associação dos Mu-nicípios da Região do Vale do Rio Caí. Ela espera que as ideias apre-sentadas possam ser incorporadas as ações de saúde desenvolvidas na região e, quem sabe, no restante do Estado.

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Quando o câncer força o adeus

“Ele nasceu de novo”

A busca ao renascimentoOpinião

SXC.

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Babélia n Unisinos n Junho/2011 saúde

Meta de vacinadosnão foi alcançada

O Ministério da Saúde divulgou dados parciais da campanha nacional de vacinação

contra a gripe. A meta de 24 milhões de pessoas não foi alcançada até o dia 13 de

maio. Nos Estados onde a meta não foi atingida, estendeu-se o prazo até dia 20. (Daniel Grudzinski / Redação Jornalística I)

SXC.HU

FeRnanda BoRBa KamiLa KaRoLczaKRedação Jornalística II

O tratamento do câncer apre-senta resultados positivos nos últimos 40 anos. Cerca

de 70% das crianças e adolescentes com a doença são curadas se diag-nosticadas precocemente.

No Brasil, mais de 9 mil casos são esperados por ano, e, no Rio Grande do Sul, cerca de 350 casos são diag-nosticados anualmente. As causas, nem sempre são identificadas, pois são poucos os fatores de risco. Entretanto, alguns tipos podem ter associação com infecções, genética ou até mesmo algumas crianças podem nascer com a doença.

Diego Gonçalves descobriu que tinha câncer aos 12 anos, em 2000, quando sentia dores no corpo e desmaiava com fre-quência. Os pais, Tereza e Paulo Gonçalves, obrigaram-se a trocar os postos de saúde por hospitais. Após vários exames, os médicos diagnosticaram a leucemia.

Os dois primeiros anos foram de luta e de bons resultados, mas em 2002, a doença voltou, forçando-o ao transplante de me-dula óssea, doada pelo irmão Le-onardo, em 2004. A cirurgia foi um sucesso, e Diego, finalmente, estava livre da leucemia.

No primeiro ano recuperado, dedicou-se ao que mais gostava, ir para praia. Também deixou o cabelo crescer, depois de dois anos careca devido à quimiote-rapia e trocou o hospital pela es-cola. Porém, em janeiro de 2005, retornou da praia com febre, e o

caminho para o hospital trouxe lembranças que ninguém queria que voltassem.

Na chegada, veio a notícia do médico: “Temos que interná-lo, a doença voltou!”. Dessa vez, Die-go estava cansado.

“Era como se o hospital fosse uma tortura”, diz o pai informando que o garoto negou-se a fazer outra cirurgia. Passaram-se seis meses e ele ainda estava hospitalizado. Nas últimas semanas de julho, o jovem teve diversas infecções. No inver-no de 2005, não resistiu às compli-cações e faleceu.

Nos últimos meses, o jovem não falava mais com a família. “Nosso filho morreu cansado”, lembra o pai. Seis anos depois, os Gonçalves tentam levar a vida como podem. Aos poucos, a ale-gria retorna ao lar com a chegada do primeiro neto, que deve nas-cer em julho deste ano.

Em 2005, Daniele Rodrigues, 30 anos, descobriu que o filho Sa-muel, de três, tinha câncer de fí-gado. No verão, o menino estava sem camiseta e uma amiga disse que não era normal o abdômen da criança estar tão dilatado. Por isso, a mãe o levou ao médico.

“Foi um choque quando soube-mos o resultado do exame, perdi o chão. Foi a pior época da minha vida e eu ainda tinha um bebê re-cém-nascido”, afirma Daniela.

Do diagnóstico às seções de qui-mioterapia e à cirurgia, o processo durou um ano. “Eu e o meu marido contamos com o apoio das psicólo-gas do hospital e conhecemos ou-tras famílias que estavam passando pelo mesmo processo. Conversar e dividir as angústias amenizou um pouco o nosso sofrimento”, diz a dona de casa.

No entanto, ela declara que sofria por não ter condições de ficar o tempo todo com Samuel no hospital, por ter que se dividir com o caçula. “Josué já não me reconhecia mais como mãe, pois

cheguei a ficar três semanas sem ir para casa. A sorte é que pude contar com a minha mãe e com a sogra”.

Daniele passou por situações difíceis com Samuel no tempo em que ele ficou internado. O menino teve muitos vômitos, diarreias e se cansava facilmente, mas ele foi persistente e, mesmo fazendo qui-mioterapia, jamais desanimou.

A dona de casa diz que, desde o início, teve um ótimo atendi-mento no hospital, o que ajudou bastante.

“Todos os profissionais eram capacitados e preocupados com o bem-estar dos pacientes e seus familiares”. Depois de passar por todos esses processos – cirurgia, internação, quimioterapia – Samuel refez o exame que comprovou que ele não tinha mais câncer.

“Senti que ele havia nascido de novo”, afirma a mãe. Mesmo o resultado negativo, durante dois anos, precisa refazer os exames semestralmente. “Todo cuidado é pouco”, declara Daniele.

JuLiana BaRceLLosRedação Jornalística III

A notícia de que se tem um filho com câncer, muda tudo. O fato altera a vida de toda a fa-mília. No primeiro momento há o choque da descoberta, muita tristeza... é como se o mundo desabasse sobre a cabeça de todos. A seguir vem o sentimento de revolta, geralmente acompanhado da des-crença. Começa a desestruturação familiar gerada pela falta de conhe-cimento da situação e de como lidar com ela. Neste momento é de ex-trema importância a ajuda de uma equipe especializada formada por médicos, enfermeiros, psicólogos e grupos de apoio para orientar a famí-lia em sua reestruturação e auxilio à criança enferma. Para mui-tas famí-lias o apoio multidisciplinar recebido faz com que retomem o equilíbrio de suas vidas, através do conhecimento da doença e da melhor maneira de

lidar com ela em prol do bem estar da criança e dos outros membros da família também dependentes de seus cuidados. Nessa hora procuram apoio na religião ou crença, seja ela qual for. É o momento em que toda a forma de ajuda é bem vinda e prevalece o anti-go dito popular: “Se bem não faz, mal não haverá de fazer”.

O sofrimento da criança, suas constantes idas e vindas ao hospital, com longos períodos de internação, o tratamento a que é submetido, de-sestruturam um lar, pela ausência de mãe ou pai, para cuidar do resto da família, pois priorizam as neces-sidades do internado. A vida muda completamente, e o que move essas famílias é a fé na cura, muitas vezes coroada de sucesso e renascimen-to. Outras vezes, são vencidos pela morte, significando então a derrota de uma grande e infeliz batalha. Seja como for, a vida dessas pesso-as jamais será a mesma!

Histórias que o câncer escreve

Depois de acidentes e violência, a doença é a principal causa da mortalidade infantil no Brasil

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O Rock de Galpão mistura o tradicionalismo gaúcho com rock and roll P. 2

Projeto de lei pretende liberar as biografiasnão autorizadas P. 3

Aumento de usuários de jogos online faz o mercado crescer P. 8

Liege Freitas

CULTURA

Opinião

Bianca hennemannPRisciLa GomesRedação Jornalística II

Quando uma animação entra em cartaz nos cinemas, é fato que as poltronas se encherão de indivíduos das mais diversas faixas etárias. Por ser uma

forma lúdica de fazer um filme, desperta a ca-pacidade de imaginar novos mundos e novas realidades. Elas são instigantes para as percep-ções e parecem um sonho que alguém conse-guiu filmar. Um dos últimos sucessos desse gênero foi o filme Rio, do diretor brasileiro Carlos Saldanha que, só no Brasil, conquistou mais de três milhões de espectadores.

“Rio é uma animação de técnica apuradíssi-ma. Seus cenários e personagens são ricos em detalhes e interagem de maneira totalmente orgânica entre si”, destaca o pós-graduado e professor de cinema Ulisses Costa. Ele, que se considera um amante da sétima arte, afirma que a animação é tão antiga quanto o cinema.

Conforme Ulisses, estruturalmente a re-alização de uma animação não é diferente de qualquer tipo de filme. Após ou mesmo durante a criação do roteiro, os produtores contratam os profissionais que trabalharão na obra, para começarem os esboços do visual dos personagens e cenários, a gravação das falas e, por fim, a animação propriamente dita. “A concepção de um filme de animação talvez seja o trabalho mais coletivo no meio audiovisual”, diz.

Em relação à pesquisa dos elementos do filme, os profissionais se preparam conforme as necessidades. No filme Rio, a equipe de ar-tistas visitou a cidade para tentar captar a sua essência visual. “No caso de longas que en-volvam animais como personagens, o exem-plo de Bambi é seguido até hoje. Para criar uma natureza realista, Walt Disney levou animais para o estúdio e fez seus animado-res desenharem seus movimentos e atitudes”, destaca Ulisses.

Para o pós-graduado em cinema, os filmes que se validam das técnicas de animação vêm se destacando entre os demais. “O próprio fato de, em meio à produção global, este gê-nero ainda ser raridade lhe dá um valor espe-cial. Além disso, é uma maneira de extravasar os nossos pensamentos e fazer com que acre-ditemos em nossos sonhos e fantasias. Este é o segredo imortal desta arte”, diz.

Não só aos críticos de cinema agradou o longa Rio. Diversas pessoas que prestigia-ram o filme se surpreenderam positivamente. O estudante Rodrigo Galhardo, 19 anos, de Picada Café, que costuma assistir frequen-temente animações, avaliou a trama. “Achei praticamente tudo interessante, com destaque

para os detalhes de cor. A história retratou bem a realidade carioca e o tráfico de ani-mais”, afirma. Roberto Lopes, 53 anos, mo-rador de Portão, foi assistir ao filme com seu filho, Rogério Lopes, 10 anos. “A animação é muito bem pensada. Vim trazer meu guri para olhar e acabei gostando muito também. Vale a pena”, diz Roberto.

Animações também ensinamHoje, assistir aos desenhos está no topo

da lista dos passatempos favoritos. Porém, o que poucos pais sabem é que eles podem in-fluenciar na vida dos filhos. De acordo com a psicóloga Maribel Dresch, gaúcha de Portão, as animações auxiliam na criação e desenvol-vimento da imaginação. “O modo como as crianças veem o mundo fica diferente. A expe-riência também é importante porque as ajuda a entender melhor diversas coisas que elas ainda não entendem com clareza; como a morte, o amor, a separação, o nascimento”, ressalta.

Quando o assunto é o personagem prefe-rido, muitos já sabem qual herói que mais se identifica. Admirar e imitar o Homem-aranha, a Barbie, o Super Homem ou a Cinderela se

torna uma diversão para os baixinhos. A pro-fissional diz que se assemelhar aos protago-nistas pode ser uma brincadeira saudável. “É possível ressaltar a criatividade e desenvolver melhor o lado social. Além disso, as narrativas e os episódios possibilitam ensinamentos so-bre a forma de convivência na sociedade.”

Animações conquistam cada vez mais diferentes faixas etárias e se destacam por convidar os espectadores a viver fantasias e ensinar lições

Para todas as idades

O filme Rio chamou a atenção de crianças e adultos, levando aos cinemas milhares de espectadores

Lucas ReisRedação Jornalística III

A ideia de que animação é coisa de criança já está pra lá de ultrapassada. Hoje em dia o que se vê é um certo re-quinte por parte dos produto-res, que apostam em roteiros mais ousados e tecnologias de ponta.

A nova onda do século XXI é a tecnologia 3D, que a cada momento se aprimora mais e enche as salas de cinema. Talvez seja essa a explicação mais evidente para tais ani-mações atraírem tanto jovens como adultos.

Rio é a animação mais co-mentada do momento, tanto pelo sucesso de bilheteria quanto pela temática retrata-da. Como o próprio título já entrega, o filme tem como pano de fundo a cidade do Rio de Janeiro.

Os protagonistas são duas araras azuis em extinção. Uma foi raptada quando ain-da era filhote e levada para os Estados Unidos e a outra é uma fêmea durona que não se deixa intimidar. As duas pre-cisam se acasalar para perpe-tuar a espécie.

O filme é dirigido por um brasileiro, Carlos Saldanha, o mesmo da trilogia A era do gelo e Robôs; visualmen-te há um abuso de cores e de beleza, que combina e muito com o Brasil. A trilha sonora, também dirigida por um bra-sileiro: Sérgio Mendes acres-centa ainda mais brasilidade a animação.

Apesar dos cuidados re-ferentes ao conteúdo visual e musical, Saldanha peca na questão do roteiro e do retrato que ele faz do Brasil. É tudo tão clichê que mal parece ter sido dirigido por um com-patriota. Não há como negar que, em termos de imagem e trilha sonora, Rio, apresenta um Brasil vivo e alegre com direito a cores e muito samba no pé.

O Brasil de Carlos Saldanha

Evolução das animaçõesl a primeira animação foi feita em 1914 e se chama Gertie, the Dinossaur

l O filme alemão As Aventuras do Príncipe Ahmed, de 1926, foi o pioneiro no uso de cores

l Com a disponibilidade de tecnologias digi-tais, os estúdios de Walt disney se renovaram na década de 90. Outros estúdios passaram a organizar setores de animação

l O primeiro filme reconhecido por ter sido feito inteiramente com computação gráfica foi Toy Story, da Pixar (1995)

Lorena Risse

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n Unisinos n Junho/2011 n 2

andRé PeReiRaRodRiGo BLumRedação Jornalística II

Unir a musicalidade do tradicio-nalismo gaúcho com o rock and roll é a proposta audaciosa

do Rock de Galpão. O projeto foi ide-alizado pela banda Estado das Coisas e por Neto Fagundes, com a participa-ção do gaiteiro Paulinho Cardoso e a produção de Hique Gomez, do Tangos e Tragédias. Os músicos apresentam uma releitura de clássicos de autores renomados, como Lupicínio Rodri-gues, Jayme Caetano Braun, Nico e Bagre Fagundes e Elton Saldanha.

O Rock de Galpão iniciou pelo ta-lento que a Estado das Coisas tem para fazer versões de canções consagradas. Há oito anos a banda fazia parte do quadro de músicos fixos de uma casa noturna de Porto Alegre. Inauguran-do um novo endereço, foi organizado um show com convidados especiais. A banda tocou uma versão da músi-ca Wish you were here, da banda Pink Floyd, junto com Renato Borghetti. Devido ao grande sucesso que a apre-sentação fez, a casa noturna organizou um dia da semana que juntava os mú-sicos da banda com músicos tradicio-nalistas, inclusive Neto Fagundes.

Durante uma das apresentações, o vocalista Tiago perguntou a Bagre Fa-gundes o que ele estava achando. Em resposta, ele comentou que era dife-rente, mas muito interessante aquele “Rock de Galpão”. “Na mesma hora, pedi para o Bagre repetir o que ele ha-via dito e repercuti o nome Rock de

Galpão para meus colegas de banda”, conta Tiago.

O vocalista levou até Neto o convi-te para que eles se apresentassem em Santo Ângelo. Este foi o primeiro de muitos shows do, até então, embrião do projeto. No fim de uma tempora-da, veio a ideia de gravar um CD. De forma independente, a banda e o tradi-cionalista gravaram o disco (Rock de Galpão, 2006) e começaram a vendê-lo nos shows.

Logo depois, gravaram um DVD ao vivo (Rock de Galpão Ao Vivo, 2010), e os músicos chamaram para dirigir o espetáculo ninguem menos que o mú-sico, produtor e ator Hique Gomez. Ele só aceitou dirigir o show porque lhe deram liberdade total. “Eu disse que entraria no projeto se eu pudesse mexer nas músicas, porque o meu tra-balho é esse, música e performance”, afirma.

O projeto na mídiaO projeto Rock de Galpão entra no

mercado com uma maneira diferente de homenagear velhos ídolos do tra-dicionalismo gaúcho. Tiago Ferraz conta que sempre que alguém conhece o trabalho se deslumbra, elogia mui-to e acaba comprando um dos discos. Porém, o que ele ainda não entende é por que a mídia gaúcha não incentiva o projeto. “O Rock de Galpão sempre andou sozinho. Nunca quisemos nos aproveitar do fato do Neto ser funcio-nário de um grande grupo de comuni-cação para divulgar nosso trabalho.”

A mistura de gêneros não é nova no mercado. Mas a releitura de músicas já

consagradas em uma cultura tradicio-nalista é novidade. Um gênero de pro-posta semelhante criado no final da década de 60 é o samba-rock, uma fu-são de samba com ritmos americanos como o jazz e o soul. Brunno Bonelli, vocalista da banda Calote Samba-Rock, afirma que a pouca valorização que a mídia dá a esses projetos é refle-xo de uma sociedade alienada. “É uma grande oportunidade para a música tradicional gaúcha mostrar sua cara, a verdadeira música gaudéria, que passa bem longe das bandas de tchê-music, e andar de mãos dadas com o rock de qualidade produzido no Rio Grande”, declara.

O projeto Rock de Galpão que, se-gundo Tiago, já está consolidado, vem caminhando a passos curtos. “Apesar de não saber até hoje por que o projeto ainda não decolou, sei que para tudo na vida é preciso tempo, mas vamos continuar batalhando para espalhar nossa ideia”, diz Tiago. Hique conta que o projeto recebeu até proposta de uma emissora nacional para fazer o volume 2.

O próximo destino do Rock de Gal-pão agora é Santa Catarina. Os músi-cos acreditam que, por ter uma sono-ridade diferente de tudo o que existe no mercado, talvez agora seja possível levar um pouco da cultura gaúcha para o resto do país. Segundo os músicos da banda Estado das coisas, convencer os outros de que o Rock de Galpão é bom não é necessário, basta fazer com que cada vez mais pessoas assistam ao show e percebam a qualidade de seu trabalho.

Em uma mistura de nativismo e rock, clássicos da música gaúcha voltam ao cenário musical com qualidade internacional

Rock de bombachas

Opinião

camiLa KehLJosué BRaunRedação Jornalística III

A mistura do rock e da música tradiciona-lista tenta aproximar dois públicos aparente-mente bem diferentes. A questão é: até que ponto isso pode dar certo, já que a principal característica que une os dois gêneros é que ambos têm fãs ortodoxos, que não encaram muito bem esse hibridismo musical.

A banda Rock de Galpão, ao reclamar da falta de atenção da grande mídia em relação ao seu trabalho, talvez não tenha se dado conta de que isso se deve ao fato de que a mistura não repercute junto aos próprios fãs desses estilos. A iniciativa pode ser louvável, mas dificilmente agradará ao público mais conservador.

Quem possui uma identidade musical formada normalmente prima pelo purismo. Se já é difícil que os fãs aceitem verten-tes diferentes dentro do mesmo estilo, fica ainda mais complicado aceitar misturas tão distintas.

Não podemos esperar que com essa inicia-tiva irá se formar um novo público que com-pre esse gênero. Aqueles que consomem esse tipo de música proposto pelo Rock de Galpão parecem fazer parte de uma audiência não muito exigente, que está mais interessada no consumo momentâneo e não na fruição mais demorada. A escolha de apresentar apenas re-leituras de músicas já conhecidas pelo grande público é um indicativo desse comportamen-to. Soma-se a isso, o fato da banda nem mes-mo produzir e compor material próprio, pelo menos até agora.

A mistura pode até gerar interesse e render boas apresentações por conta dos músicos de renome do grupo, mas dificilmente atingirá os guetos mais restritos de roqueiros e tradi-cionalistas mais fervorosos.

Hibridismo musical

O baixista David Fontoura prepara-se

para o ensaio do grupo em um galpão

nos fundos da casa do tecladista Mestre Kó

Andr

é Pe

reira

| Cultura | Babélia | Música

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n Unisinos n Junho/2011 n 3

Projeto de Lei permitirá publicaçãode biografias não autorizadas

Liberdade para os

escritores

Opinião

saBRina didonéRedação Jornalística III

Quando se fala em biografia não-autori-zada, lembra-se do caso do livro Roberto Carlos em Detalhes. A retirada da obra de Paulo César Araújo das livrarias trouxe à tona a discussão de até onde vai a privaci-dade de uma pessoa pública.

Por um lado, se pensa que a vida é do Rei, e ele tem o direito de julgar o que quer que seja divulgado. Por outro, se reflete que o escritor pesquisou os fatos e, se não usou de má-fé, apenas divulgou o que se diz sobre o cantor.

É uma questão de liberdade de expressão. Até que ponto a publicação de histórias não autorizadas é antiética? Segundo o Códi-go Civil, os biografados podem impedir a circulação de biografias não-autorizadas.

Como consequência, cria-se uma espécie de pré-censura, fazendo com que um bió-grafo desista de escrever por medo de ser processado. Tal lei significa que só deve-riam ser publicadas histórias permitidas.

Ser biografado é garantia de insuflar o ego. Às vezes, a verossimilhança pode ser prejudicada, pois é comum enxergar a pró-pria vida com cores mais fortes. Assim se justificam as biografias não-autorizadas. Toda história tem dois lados, e nem sempre se consegue um distanciamento que permi-ta analisar a própria trajetória com lucidez.

Esse gênero da literatura vem ganhando amplo espaço editorial. A sociedade de-monstra mais uma faceta do seu voyeuris-mo, já tão bem explorado nos reality sho-ws. Mas prova também o culto aos heróis, onde todos precisam de um exemplo para se guiar.

Censura para histórias reais

Liberação de biografias não autorizadas gera controvérsias

Pabl

o Fu

rlane

tto

Já a contadora Márcia Dihl, 31 anos, é radicalmente contra a li-beração de obras briográficas que não tenham autorização prévia. “Sempre leio biografias, mas sou totalmente contra a publicação dessas obras sem o consentimen-to do biografado, acho algo muito pessoal e considero desrespeitoso informações acerca de uma pessoa especifica serem expostas dessa forma”, afirma.

O projeto de lei ainda precisa-rá passar por algumas Comissões da Câmara – tramitação aplicada a todos os projetos propostos – para, após aprovação, ser encaminhado ao Plenário para votação. A expec-tativa da deputada é que, até o final do ano, o projeto seja votado.

auGusto tuRcatoGiuLiano ReismaRiana zimmeRRedação Jornalística II

Biografia é, segundo o dicio-nário, o gênero literário em que o autor narra a história

de uma ou mais pessoas. Para isso, no Brasil, é necessário de autoriza-ção prévia do biografado. No país, o caso mais polêmico envolvendo biografias não autorizadas é o do escritor Paulo César de Araújo so-bre o cantor Roberto Carlos, lança-da em 2006. Na ocasião, o cantor entrou na justiça contra o autor e os livros foram tirados de circula-ção. Essa situação serviu de pano de fundo para um projeto de lei do ex-deputado e atual Ministro Chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, que está sendo, atualmente, comanda-do pela deputada federal Manuela D’Ávila do (PCdoB-RS) e pelo de-putado Newton Lima (PT-SP).

“Nós reapresentamos o proje-to em acordo com o ex-deputado Antonio Palocci, pois entendemos que há uma imprecisão legal que opõe o direito de nosso povo de conhecer personagens importantes de sua história e sua cultura à nos-sa legislação”, explica a deputada Manuela D’Ávila.

Seu projeto de lei, o 395/11 jun-tamente do projeto de lei 393/11 do deputado Newton Lima, que são idênticos, visam alterar o artigo 20 do Código Civil. Nesse está dito que a divulgação de informações bio-gráficas de pessoas públicas devem ter, necessariamente, autorização prévia. No entanto, o projeto pode esbarrar na questão dos direitos da pessoa biografada.

“O objetivo da inserção do pará-grafo 2º no art. 20, do código Ci-vil, é permitir a divulgação de ima-

gens, escritos e informações com finalidade biográfica, sem que seja necessária autorização. É preciso deixar claro que o Projeto de Lei não blinda a divulgação que atinja a honra, a boa fama e a respeitabi-lidade. Os direitos da personalidade continuam protegidos”, defende a deputada. Sobre um possível uso in-devido das informações, a deputada é enfática. A mudança proposta visa também não permitir a utilização da imagem sem autorização para in-teresses comerciais que não impli-quem em finalidade biográfica.

Direitos do biografadoPara a professora e advogada es-

pecialista na área de direito autorais Ângela Kretschmann, o debate é muito amplo e delicado, e todas as medidas devem ser tomadas caso a pessoa se sinta prejudicada. “Cada caso é específico e deve-se analisar bem para saber se é um caso de ação cível, com ímpeto indenizatório, ou também criminal. Também se ocor-reu alguma ofensa tipificada como crime, racismo, injúria, calúnia, di-famação”, afirma a professora. Se o caminho escolhido for o de procu-rar os seus direitos, isso deverá ser feito da forma mais correta possí-vel, procurando um advogado espe-cialista e entrando com um recurso.

“É uma questão que em geral é feita por clientes que demandam isso num escritório de advocacia. De todo modo, costuma demorar pelo menos quase dois anos em primeiro grau e mais tempo ainda depois, em grau de recurso, e ten-do cada dia menos chance de subir para Brasília, precisando antes pas-sar pelo Tribunal de Justiça do esta-do competente”, explica a advogada sobre o caminho que um recurso faz até que chegue a uma decisão final.

Entre os leitores de biografias –

autorizadas ou não – as opiniões são divididas. “Discordo da proibição das vendas de biografias não autori-zadas quando essas vão de encontro aos direitos da pessoas, atingindo-lhes a honra”, diz o engenheiro de produção e leitor assíduo de biogra-fias Leonardo da Silva, 26 anos. En-tre as suas obras biográficas já lidas estão os livros sobre o Senador José Sarney, o cantor Roberto Carlos e, também, sobre o escritor João Gui-marães Rosa.

Curiosamente, essas duas últimas obras envolveram-se em polêmi-cas, já que o biografado ou fami-liares do mesmo entraram com re-curso na justiça para determinarem a proibição da venda e a apreensão dos livros.

Literatura | Cultura | Babélia |

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n Unisinos n Junho/2011 n 5 n Unisinos n Junho/2011 n 4 | Cultura | Babélia | Ensaio Fotográfico Cultura | Babélia |

LoRena Risse (Texto)

anGeLica maRques (Fotos)Fotojornalismo

Quem faz faculdade, trabalha e tem ou-tras responsabilidades, geralmente tira o sábado para descansar e se organizar para a semana seguinte. Imagine ter que

acordar cedo durante três sábados no semestre. E não é só isso. Passar a manhã inteira e ainda ter que ficar até umas 16h na faculdade discutindo o trabalho feito com o professor.

Quem vos fala é uma aluna, que trabalha, es-tuda e com certeza tem outras responsabilidades, por isso posso dizer com propriedade. Acordava com gosto durante os sábados para registrar mo-mentos e histórias da vida de moradores da Vila Brás, aqui de São Leopoldo. A experiência de conhecer de perto a realidade da vila, fotografar e depois retornar ao local para entregar o traba-lho pronto é uma das sensações que compensam as oito horas mínimas de sono perdidas.

O Enfoque Vila Brás é um mix de experiências que são fundamentais para a vida de qualquer pessoa que se proponha a ser repórter: entrar na casa de quem nunca te viu, mas que em poucos minutos pode abrir a vida para você contar de-pois, acompanhar as dificuldades e também as alegrias, tornando a felicidade e as boas iniciati-vas pautas que merecem a primeira capa.

As saídas a campo são feitas pelas turmas de Redação Experimental em Jornal e de Fotojornalismo, em uma parceria de texto e imagem para a produção de três edições por semestre do jornal Enfoque Vila Brás.

A vila é primeira capa

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n Unisinos n Junho/2011 n 6

Ganhar a vida no palco requer ousadia.

Inspiração é virtude do ator ou do grupo

A artede viver

encenando

Opinião

BiBiana KRanzRedação Jornalística III

Atuar, praticar teatro, nos ensina várias lições para a vida, e não estou dizendo só de decorar falas e fazer caretas. Aprende-mos a descontrair, ser mais extrovertido, ter confiança na hora de falar as coisas. Notamos que os nossos dramas pessoais e problemas parecem bem menores do que o dos personagens que interpreta-

mos, e, dessa forma, conseguimos nos colocar no lugar dos outros. Além de ins-truir melhor como se trabalhar em grupo, e ajudar o próximo.

O teatro nos reeduca, e tudo que dei-xamos para trás, como saber chorar ou sorrir para valer, nos apaixonar intensa-mente e despertar compaixão, dúvidas e sonhos, ele nos devolve. Não há nada mais humano que os sentimentos ressal-tados nas feições de um ator.

Acredito que todos deveriam fazer tea-tro, nem que seja um cursinho de três dias, porque dessa forma, viveríamos melhor en-tre os outros, e libertar-nos-íamos da raiva, e do estresse do dia a dia expressando-os.

Todos nós já desejamos ser outra pes-soa, e desse jeito podemos. Entregar-nos a outro personagem, outra vida, e por alguns instantes, mudar tudo que já nos aconteceu, até mesmo nossas ori-gens, nossos pais, nosso país, nossa rea-

lidade. Viajar um pouco nunca fez mal a ninguém, certo? Mas é importante tam-bém sabermos quando a fantasia acaba e nossa vida começa. Não podemos sair por ai agindo como certos personagens homicidas, por exemplo. O que aconte-ce por trás das cortinas, fica lá, ok?

Fugir da realidade é bom, mas temos que saber voltar para ela, combinado? Só não esqueça: experimentar o teatro faz milagres na sua vida.

Vivendo e atuando

Semira Martins

daRLan schWaaBJaqueLine LoRetoRedação Jornalística II

Um grupo criado para divertir e encantar crianças. A Cia. Tea-tro di Stravaganza surgiu as-

sim, fazendo peças infantis em meados dos anos 80, quase 90. As crianças que assistiam às encenações cresceram, e o grupo também amadureceu. Hoje, já soma 106 prêmios, desde melhor figu-rino à melhor direção de arte.

Primeiro atoOs obstáculos enfrentados por

Adriane Mottola – uma das funda-doras do grupo, juntamente com Luiz Henrique Palese – só fizeram com que as dificuldades trouxes-sem a experiência que hoje o grupo tem. Há 23 anos, ela fez a primeira peça infantil junto com Palese em nome da Stravaganza. Chamou al-guns convidados para fazerem parte da encenação e, segundo ela, não se desgrudaram desde então.

A Cia. tem o diferencial de que a comunicação com o público é o mais importante para dar mais vivacidade à peça. O humor, empregado de for-ma não comercial, faz com que ela já tenha uma identidade reconhecida.

Segundo ato Para dar conta de tantos espe-

táculos e da mão-de-obra para a montagem, eles concorrem nos editais fornecidos para o patrocí-nio do projeto.

Em Porto Alegre, integram a lista de concorrentes do Fundo Municipal de Apoio à Produção Artística e Cul-tural de Porto Alegre (Fumproarte), que beneficia projetos artístico-cul-tural. Desses editais, adquirem cerca de R$ 70 mil. Entretanto, o dinheiro é usado nos figurinos e na montagem em geral. E é preciso que se faça um orçamento do que é recebido, pois estão incluídos o cachê dos atores, alimentação e o transporte.

Adriane diz que os integrantes do grupo fazem somente teatro e traba-lham com ele não só na Cia. Alguns participam de projetos educativos, dando aulas encenadas ou fazem lei-turas encenadas.

Para ela, é possível viver de teatro. No entanto, tem que ter uma reserva econômica, pois há meses que são menos privilegiados. É necessário ser organizado, porque é um traba-lho instável e sem salário fixo.

Com os recursos certos e uma sa-bedoria de uma grande experiência, a Cia. Stravaganza faz as pessoas sorrirem e pensarem mais, não so-mente no Rio Grande do Sul, mas no circuito teatral internacional, ar-recadando conquistas e sonhos. E fecham-se as cortinas.

Artista em cenaÉ provável que a atividade não

ofereça honorários de um médi-co, mas é possível atuar para vi-ver. A atriz gaúcha Kayane Horl-le defende a ideia. Kaya, como é chamada, contrariou opiniões e encarou o desafio. Ela começou a fazer teatro com 12 anos, na Ofi-cina do Sapato Florido, com San-dra Possani, na Casa de Cultura Mário Quintana.

Aos 13 anos, ingressou no Cur-so de Liderança Juvenil (CLJ) – grupo de jovens da igreja católica - onde começou a trabalhar com teatro. Os jovens se apresenta-vam para arrecadar alimentos não-perecíveis, doados a pessoas carentes. “Lembro-me de me di-vertir muito, de não estudar nada além das falas das peças. Acho que tornar o teatro uma profissão foi acontecendo naturalmente”.

Ao perceber a dimensão que a arte ganhou em sua vida, o pai dela tentou proibi-la de atuar. “Acho que ele tinha medo de que eu não sobrevivesse disso.” Nes-se momento, a atriz decidiu fazer da arte uma profissão.

A partir da censura, ela bus-cou outras atividades, como o magistério. Contudo, na hora de inscrever-se no vestibular, optou por Artes Cênicas.

“A faculdade ampliou minha vi-são, foi uma experiência maravilho-sa. Foi no teatro universitário que tive noção da grandiosidade que é a arte. Tive contato com técnicas, teo-rias e grandes artistas”, revela.

No Departamento de Artes Dramáticas (DAD) da UFRGS, ela aproximou-se de pessoas com questionamentos semelhantes. Com isso, buscou oficinas fora da universidade. Eis que nasceu o Barraquatro – trupe teatral que escreve, monta e encena peças.

“É a oportunidade de construir uma linguagem artística. Faço pesquisas, que me completam quanto artista e me impulsionam a criar”, explica. Atualmente, a atriz tem como fonte de renda os espetáculos do Barraquatro. “É difícil sobreviver de teatro em um local onde não se tem o hábito de assistir e apreciar a arte. Mas não é impossível” – encerra.

| Cultura | Babélia | Teatro

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Jéssica soBReiRaRedação Jornalística I

O Complexo Cultural do Centro de Educação Integrada (CEI) de Campo Bom oferece duas salas de cinema com infraestrutura e preços populares, que facilitam o acesso e incen-tivam a cultura da comu-nidade e da região.

Para quem quer econo-mizar, de quarta-feira a domingo à tarde, a entrada é R$ 3,00. Fora do horário promocional, as sessões custam R$ 8,00 e R$ 4,00 (estudantes, crianças de até 12 anos e pessoas aci-ma de 60 anos).

Com um sistema mo-derno de equipamentos, muitos deles importados, é garantida excelente qua-lidade na exibição dos filmes, além de salas con-fortáveis e climatizadas. Apenas sete salas de cine-ma no Rio Grande do Sul têm tecnologia superior às do Complexo Cultural.

Eduardo de Mello, 19 anos, morador do municí-pio, costuma ir ao cinema com frequência. Já viu fil-mes como “Toy Story” e “Alice no País das Maravi-lhas”. “O preço é ótimo!”, conta Eduardo, apesar de sentir a falta de mais salas e uma em 3D pelo menos.

“É fundamental pre-ços mais acessíveis para o acesso ao cinema. Isso acaba mobilizando a co-munidade para ter acesso à cultura, movimenta as ci-dades pequenas e estimula a produção audiovisual e a cadeia produtiva da cultu-ra”, argumenta o professor e mestre de Jornalismo Daniel Pedroso.

O cinema está localizado na Avenida dos Estados, 1.080, no centro de Campo Bom, próximo à Estação Rodoviária. É possível co-nhecer a programação, o horário e mais informações dos filmes no site da cida-de http://novo.campobom.rs.gov.br/cinema.

anGéLica dias PinheiRoRedação Jornalística I

Embora o índice de leitura no Brasil seja de apenas 4,7 livros por pessoa por ano, segundo

dados do Instituto Pró-livro, as redes sociais podem mudar esse cenário. O Skoob é uma delas. O site, criado em dezembro de 2008 pelo carioca Lin-demberg Moreira, é o maior sucesso no Brasil e conta com cerca de 300 mil usuários cadastrados.

Segundo o autor do endereço, em entrevista ao blog Meia Palavra (http://blog.meiapalavra.com.br/),

a ideia de criá-lo surgiu da neces-sidade de encontrar pessoas que compartilhassem a mesma paixão. Diferentemente das redes sociais convencionais, no Skoob não há espaço para fotos, vídeos e jogos. O que importa não são as aparências, mas o que se está lendo. Os usu-ários podem criar estantes virtuais com livros favoritos.

Além de incentivar a literatura, o Skoob divulga novos escritores nacionais, como Janaína Rico, au-tora do livro Ser Clara e Maurício Gomyde, autor de O mundo de vidro. A escritora conta que a fer-

ramenta foi importante na sua car-reira. “Com o Skoob pude divulgar meu livro pelo país todo e esgotei sua primeira edição”, revela.

Gomyde considera que o site oferece espaço para seu trabalho. “Apesar de ser uma rede social pe-quena se comparada aos 30 milhões de usuários do Facebook, é total-mente voltada à literatura. Conse-gui encontrar o público ideal para o meu livro”, explica.

O escritor acredita que quando as pessoas se identificam pelas idéias e não pela aparência, criam-se rela-ções muito mais fortes.

FeRnanda Reus siLveiRaRedação Jornalística I

Uma misteriosa figura vem conquistando espaço na inter-net. Desde 2010, DarkWriterBR – pseudônimo do escritor (ou escritora) – utiliza redes sociais para publicar e divulgar sua obra, a história de uma adolescente in-glesa chamada Mary Prince.

Por trás de uma máscara, Da-rkWriterBR mantém o sigilo so-bre sua identidade e conquista cada vez mais pessoas. Seu perfil no Twitter conta com mais de 5 mil seguidores e a comunidade

no Orkut (onde há downloads dos capítulos da obra) ultrapassa 10.500 membros. A revelação do segredo que envolve o escritor ocorrerá quando o livro for pu-blicado por uma editora.

No mesmo segmento de histó-rias fantásticas, como as séries de livros Harry Potter e Crepúsculo, a história de Mary Prince passa-se em um mundo apocalíptico, onde estranhos fenômenos acon-tecem. Em entrevista ao Babélia, DarkWriterBR contou que come-çou escrevendo histórias sobre seus colegas de classe, no Ensino Fundamental. “Uma delas trans-

formou-se nos capítulos postados na comunidade”, explica.

Mas o que há na história para chamar a atenção de tantas pes-soas? De acordo com a estudante Alana Luiza Silva, 17 anos, que conheceu o “personagem” no Twitter, a originalidade e os mis-térios da trama são elementos es-senciais do sucesso. “DarkWriter consegue, a cada novo capítulo, dar um rumo inesperado ao enre-do”, afirma Alana.

Ficou curioso? Procure a co-munidade no Orkut, ou então, siga o escritor no Twitter: @Da-rkWriterBR.

natÁLia macieLRedação Jornalística I

Lançado em Viamão no mês de abril, o Projeto Gente que Lê está incenti-vando a leitura nas escolas do município. Com visitas mensais de escritores de literatura infanto-juvenil, os alunos participam de atividades que estimulam o aprendizado.

Neste ano, de maio a novembro, oito escolas participam do projeto. A escolha, segundo a dire-tora pedagógica da Secre-taria Municipal de Edu-cação de Viamão, Maria Antônia Sanguiné, foi feita a partir dos melhores desempenhos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). “Depois disso, as datas de encontro foram marcadas e os alunos receberam kits contendo livros do autor”, disse a diretora.

O secretário de Edu-cação de Viamão, Gilnei

Leite, explica que a maio-ria dos escritores visita as instituições de ensino e trabalha de forma dinâmi-ca algum livro de sua au-toria. “Eles interpretam o personagem, dramatizam a história”, completou.

O projeto, que foi criado no município pela escrito-ra Marô Barbieri objetiva despertar o interesse de aprendizado nas crianças. “Sempre acreditei que a leitura e a literatura fossem instrumentos poderosos na construção de um cidadão mais criativo e mais feliz”, declarou.

A Secretaria de Educa-ção planeja dar continui-dade às ações a partir de março do ano que vem e pretende que mais escolas sejam abrangidas. “Ele foi bem-vindo por nós, pelos educadores e pelos alunos. Tem tudo para continuar dando certo e nós segui-remos trabalhando para isso”, entusiasmou-se a diretora pedagógica.

Mistério na web: conheça DarkWriterBR

Cinema tem preços baixos em Campo Bom

Projeto promove a leitura em Viamão

Site Skoob reúne amantes da literatura e divulga autores

Foco na literatura: rede social com 300 mil usuários opta pelos debates sobre livros em vez de fotos e vídeos

Natal Luz investe em culturaA Escola das Artes Pedro Henrique Benetti forma e prepara jovens de Gramado em dança, teatro, escultura, técnicas vocal e circense, teclado e violino. Os alunos recebem o material necessário, não pagam taxas e ficam preparados para atuarem no Natal Luz. A seleção ocorre anualmente, e a idade mínima é de oito anos. Informações: [email protected] ou (54) 9984.6046, com Lilian. (Aline Lima Deon / Redação em RP II)

Projeto lança novos artistasPara promover talentos musicais em Gravataí, a Fundação de Arte e Cultura (Fundarc), criou o Circuito da Música. O projeto proporciona aos músicos locais a oportunidade de se apresentar em praças da cidade no terceiro domingo de cada mês. Ao todo serão oito circuitos ao longo do ano. Após cada show, a população poderá votar na sua banda preferida através do site da prefeitura (www.gravatai.rs.gov.br). (Luciana de Vargas Marques / Redação Jornalística I)

Biblioteca em novo endereço Com o objetivo de melhorar o acesso da comunidade ao acervo, a biblioteca municipal Euclides da Cunha, de Sapucaia do Sul, passou a funcionar na Avenida Mauá. A mudança de endereço dobrou o número de cadastros em apenas dois meses, de acordo com a coordenadora Lisiane Pimentel Silva. O acervo é aberto a todos os habitantes do município e o cadastro é gratuito. (Laís de Oliveira / Redação Jornalística I)

n Unisinos n Junho/2011 n 7Notícias | Cultura | Babélia |

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n Unisinos n Junho/2011 n 8

Jogos na internet tornam-se mais acessíveis e proporcionam maior interatividade entre usuários

Cenários onlinesão febre entrejovens no país

Opinião

samantha GonÇaLvesRedação Jornalística III

Reunindo milhares de gamers ao redor do mundo, os jogos online, com a populari-zação da internet banda larga, tornaram-se uma prática comum no Brasil. A acessibi-lidade é a maior característica deste seg-mento no mercado nacional visto que, por serem online, não contam com os altos im-postos atribuídos aos jogos em mídias físi-cas. A pleno vapor, o mercado brasileiro de jogos online está atrás apenas de Estados Unidos, Rússia e Alemanha e oferta distin-tas oportunidades de trabalho para quem já atua ou pretende atuar na área.

A ascensão da classe média e a quantidade de jovens que integram a população são al-guns dos principais fatores que dão notorie-dade ao Brasil nesta área. Por aqui, nunca se

jogou tanto nas plataformas online. A Leve-lUp! conta com cerca de 1,5 milhão de joga-dores por mês – o que motiva o interesse de empresas e investidores na área. A boa fase do mercado é propícia também para quem pretende seguir carreira no meio.

Apesar da popularização dos games onli-ne, o Brasil ainda não é prioridade àqueles que dominam o setor. Há um enorme des-caso com os jogadores brasileiros que são obrigados a migrar para servidores interna-cionais para terem uma boa experiência de jogo. A triste realidade pode estar com dias contados, visto que, cada vez mais, as em-presas da área têm investido em redes para jogos online. A prática, além permitir aos jogadores a interação com oponentes de qualquer parte do planeta, inibe a pirataria – um dos maiores obstáculos para o desen-volvimento de jogos no país.

Por melhores condições

Apenas diversãona adolescência,

os jogos online podem tornar-se

opção de trabalho na vida aulta

Lieg

e Fr

eita

s Canoas, normalmente prefere os in-ternacionais. Para ele, os jogadores brasileiros são antiéticos, se apro-veitando exaustivamente dos erros do sistema e da ingenuidade de jo-gadores iniciantes. “Quem mantém o servidor aqui não dá a atenção de-vida ao jogador”, reclama.

Segundo o professor João Ricardo Bittencourt, coordenador do curso de Jogos Digitais da Unisinos, atu-almente o online também é uma mo-dalidade padrão para qualquer jogo que se utilize de alguma rede social, como o Colheita Feliz, do Orkut, ou o Farmville, do Facebook. Esses se tornam mais acessíveis e proporcio-nam uma interatividade maior com outros usuários.

Além disso, Bittencourt considera que os jogos online são mais difíceis de serem pirateados, já que não ne-cessitam de uma mídia física. Mesmo existindo diversos servidores priva-dos (considerados pirataria), o profes-sor declara que, enquanto produto, é muito fácil copiar o jogo; mas a trans-formação da experiência online em serviço torna o servidor original mais atraente. Ele cita o caso de World of Warcraft, da norte-americana Bli-zzard, o mais jogado no mundo. “Até existem servidores piratas, mas a ex-periência de jogo vendida no servidor oficial é tão boa que vale a pena pagar e não vale ter uma experiência ruim em um servidor pirata”, frisa.

Apesar de preferir os jogos de tiro em primeira pessoa no mundo online - para Rafael, são mais dinâmicos -, o seu favorito continua sendo o RPG Ragnarök, mesmo depois de passa-dos mais de sete anos: “O primeiro fica sempre na memória, é especial de alguma forma”, explica. Apesar de muitos outros jogos com caracte-rísticas técnicas mais apuradas terem sido produzidos no período, isso não o leva para longe do título.

Oportunidades na redeCom o aumento expressivo de usu-

ários de jogos online, também aumen-taram as oportunidades de trabalho neste segmento. Embora o mercado nacional ainda seja muito dependente da exportação, principalmente depois de crise financeira de 2008, é uma área que tem potencial expressivo. São inúmeras plataformas e informa-ções sobre e para o desenvolvimento de games, que geram uma tendência de crescimento. “Está muito mais fá-cil para um desenvolvedor criar um jogo, lançar e obter receita com ele”, afirma Bittencourt.

Jovens que dedicam a maior parte de seu dia aos games invariavelmente acabam por procurar um curso como o de Jogos Digitais da Unisinos. Se-gundo Bittencourt, os alunos chegam muito jovens, com expectativas de poderem jogar, mais do que desen-volver. Entretanto, muitos se frus-tram ao descobrir que a carreira exige que eles joguem cada vez menos, em uma rotina carregada de programa-ção. “Todos aqueles efeitos especiais belíssimos dos filmes da Pixar, por exemplo, são matemática pura e apli-cada”, diz o professor.

Rafael, quando perguntado se quer trabalhar no ramo, diz que acredita que seria muito interessante estar na equipe de um MMO. “Não é bem um sonho, mas gostaria muito”, declara. Enquanto isso, ele se dedica às aulas de programação em seu curso técnico. O objetivo: unir o útil ao agradável.

FeRnanda FoFoncamaRceLo GRisaRedação Jornalística II

Rafael Muzykant dedica muitas horas do seu dia aos MMO’s (Massive Multiplayer Online,

ou seja, jogos online para múltiplos jogadores) e, dentre os vários títulos existentes, o seu favorito é Ragnarök Online. O título, que simula um mun-do de aventuras baseado na mitologia nórdica, foi apresentado ao jovem, então com 12 anos, no final de 2003, quando a empresa filipina LevelUp! Games o trouxe ao Brasil direto da Coréia do Sul.

Ainda hoje Rafael consome o “Rag”, como muitos chamam cari-nhosamente o jogo. Entretanto, esse não é o único MMO que ele joga, ten-do ido, desde 2003, atrás de diversos outros títulos exclusivos para jogar na rede mundial de computadores, independente de serem cooperativos (disputas contra o sistema do jogo) ou competitivos (entre jogadores). Apesar disso, Rafael não joga mais de dois títulos na mesma semana. “Se for para jogar dois, tem que ser de gê-neros diferentes”, explica.

Depois da LevelUp!, outras publi-shers (distribuidoras de jogos) a se-guiram, acompanhando o começo das instalações de redes de banda larga no país. Hoje, entre acesso a servidores internacionais e novos espaços criados exclusivamente para os players brasi-leiros, já existem pelo menos 20 jogos disponíveis. Entre os jogos traduzidos, o título de ação Grand Chase atingiu, no início do ano, a marca de 40 mil jogadores simultâneos nos servidores nacionais. Segundo o IBGE, essa é a média da população de 90% dos mu-nicípios brasileiros.

Sobre os servidores, Rafael, que faz curso Técnico em Informática no Colégio Cristo Redentor, em

| Cultura | Babélia | Games

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Babélia n Unisinos n Junho/2011saúde

Unisinos tem serviço de saúde gratuito

A Unisinos disponibiliza gratuitamente, no Centro Administrativo, atendimento médico

para os alunos em caso de emergência. O local atende de segunda a sexta-feira, das 8h às

22h30min. Informações: (51) 3591-1122, ramal 5331, e para emergências (51) 3590-8234.

(Cíntia Antunes / Redação em RP II)

Cíntia Antunes

LauRa GaLLasRedação Jornalística I

Gramado está aprimo-rando os atendimentos da saúde pública. Desde abril, o município conta com o Projeto Dia “D”, um siste-ma de atendimento espe-cializado para mulheres. São realizados exames de pré-câncer durante a últi-ma semana de cada mês.

A Vigilância em Saúde (VISA), optou por cuidar dos casos de perto, crian-do a semana de prevenção do câncer de colo de úte-ro. Milena Santos, geren-te da VISA, afirma que a iniciativa foi da secretaria de Saúde e deve ser bem aceita. “A nossa ideia é a busca ativa precoce do câncer nas mulheres da comunidade”, enfatiza.

O órgão do município possui um convênio com o Estado para realizar o diagnóstico dos exames. Os atendimentos são agendados mensalmente

nas unidades básicas de saúde (UBS), e o resulta-do do preventivo sai em no máximo, 45 dias. O cuidado da secretaria é de agilizar consultas e não deixar as pacientes espe-rando.

“Cheguei e já fui aten-dida”, comenta Lili Tre-cksler, 56 anos, moradora do bairro Floresta. Outro elogio das pacientes foi em relação à higienização do ambiente. “Fui muito bem tratada e o aspecto do consultório é ótimo, muito limpo”, contou Nair Mos-chen, 63 anos, que todo ano faz o pré-câncer.

A divulgação do serviço é feita pelos jornais locais, rádios e postos de saúde. Toda mulher deve fazer o preventivo, a partir da primeira relação sexual ou após os 18 anos. Para se consultar nos postos de saúde de Gramado, é necessário um documento de identificação e o cartão do SUS.

andRessa doRneLes da siLvaRedação Jornalística I

A emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), com estrutura para

49 leitos, trabalha com o dobro da capacidade. Quando esse número excede, surgem as adversidades.

Simone Maria Schenatto, che-fe da unidade de enfermagem da emergência, diz que pode-se per-der o controle quando o número de atendimentos é três vezes maior que o de leitos. Por isso, é preciso dar alta para alguns internados, o

que possibilita a entrada de novos pacientes em estado grave.

Quando grande parte da popula-ção vai à emergência, é necessário buscar reforços dentro do próprio hospital, trazendo enfermeiros e técnicos que atendem em outras áreas. Todos que chegam à unidade clínica fazem uma triagem para que se possa classificá-los em pacientes de risco imediato, alto risco, risco intermediário e baixo risco.

Aqueles em risco imediato são atendidos na hora. Correspondem a 3% dos casos. Os de alto risco esperam em média 10 minutos e

somam 17% dos pacientes. Os de risco intermediário são 70% dos ca-sos e levam de uma a quatro horas aguardando. Baixo risco são aque-les que podem ficar na fila por até seis horas, e fazem parte desse gru-po 10% das pessoas.

Nos dias em que não há possibili-dade de atender a demanda, o hos-pital avisa, por meio da imprensa, que as pessoas não se desloquem ao local. “Pedimos para que busquem primeiro os postos de saúde antes de virem, para dar possibilidade de atendimento àqueles que realmente estão em estado grave”, diz Simone.

danieLe BRitoRedação Jornalística I

Desde o ano passado, Canoas conta com um reforço na saúde. Além das 23 Unidades Básicas de Saúde (UBS), o município agora tem quatro Unidades Distritais de Pronto Atendimento (UDPA) destinadas a pacientes em situa-ção de urgência e emergência.

A novidade desafoga os hos-pitais Nossa Senhora das Graças (HNSG), Universitário (HU) e de Pronto Socorro (HPS). Na UBS o usuário continua tendo o mesmo atendimento, que são as consultas

básicas. Além disso, pode ser en-caminhado a outros especialistas.

A criação das UDPAs mudou a cultura de atendimento. Com funcionamento das 7h às 23h, de segunda à sexta-feira, e das 7h às 18h, aos sábados, as unidades têm ambulâncias para transportar pacientes graves aos hospitais.

Conforme a assessoria de im-prensa da Prefeitura de Canoas, uma pesquisa feita pelo HNSG, após a criação das UDPAs, apon-tou a redução de 25% na busca de atendimento de emergência.

Usuária da UBS União, no bairro Mathias Velho, Sirlei dos

Santos, 36 anos, está satisfeita com os novos serviços. Antes, ela ficava cerca de três horas na fila em busca de uma ficha. Agora, o processo não é mais demorado.

Para a vice-prefeita e secretária de Saúde de Canoas, Beth Co-lombo, a melhora na saúde bene-ficia usuários e o próprio sistema de saúde. Pois hoje, no total, há 30 locais de atendimento de saú-de oferecidos pelo município.

“Os moradores, que antes so-friam nas filas, esperando horas nas emergências, hoje têm essa nova forma de atendimento nas UDPAs”, afirma a secretária.

Letícia FaGundesRedação Jornalística I

O padrão de beleza atu-al, idealizado pela socie-dade e disseminado em campanhas publicitárias e revistas voltadas para o público feminino, nunca esteve tão distante da mu-lher comum. As pessoas mudam a cor e corte do cabelo, fazem dieta, mo-dificam a moda de seus armários e outras adotam a cirurgia plástica para modificar a aparência e talvez melhorar a auto-estima.

De acordo com a pes-quisa da Sociedade Brasi-leira de Cirurgia Plástica, no Brasil, entre 2007 e 2008, foram feitos 1.252 procedimentos estéticos por dia no país, sendo 402 mil, mulheres. As próte-ses de silicone no peito é a cirurgia mais procurada por menores de 18 anos.

Segundo a psicóloga Rachel Moreno, em en-

trevista concedida ao site do IG, o padrão de bele-za é fácil de determinar: “A mulher ideal é jovem, branca, magra e de prefe-rência com cabelo loiro e liso”, define a psicóloga.

Rachel ainda diz que a forma como essas mulhe-res são representadas re-força essa imagem como algo positivo. “Na nove-la, elas representam va-lores do século passado: enquanto a bonitinha é recompensada com casa-mento, a que não segue o padrão é punida de algu-ma forma”, exemplifica.

Mas há casos como o da corretora de imóveis Car-men, mãe de uma menina de 16 anos, não agüentava mais ver a filha chorar e sofrer no colégio por ra-zão do tamanho do nariz. Ela assinou a autorização para a filha fazer a cirur-gia de rinoplastia. “Minha filha necessitava da cirur-gia pela saúde e pelo psi-cológico.”

Pronto atendimento é novidade em Canoas

Gramado promove o Dia “D” para mulheres

Indústria da beleza atrai mais adeptas

Hospital de Clínicas da Capital tem superlotação

Atendimento comprometido: HCPA recebe até o triplo da capacidade de pacientes em casos emergenciais

Andressa Dorneles da Silva

Page 23: babélia-edição-15

Alimentos sem agrotóxicos atraem novos produtores em busca de qualidade

Natureza e humanos saudáveis

Saúde se põe na mesaOpinião

Cultivo: pimenta é um dos alimentos produzidos sem agrotóxicos por Remi

Simone Ludwig

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Babélia n Unisinos n Junho/2011 meio ambiente

Banco Mundial combate mudanças climáticas

O Grupo C40, formado por representantes de grandes cidades de todo o mudo, recebeu

a promessa de ajuda financeira do Banco Mundial para o combate aos efeitos negativos das mudanças climáticas. O banco vai auxiliar

também a controlar as emissões de gases do efeito estufa. (Marina Cardozo / Agexcom)

A qualidade do produto indepen-de do uso de agrotóxicos. Aqueles que utilizam a composição quími-ca atingem preços de mercado su-periores. A única desvantagem em escolher seguir agricultura sem agrotóxico é o aumento o custo da mão de obra. “A gente produz em menor quantidade. Isso acontece porque a agricultura orgânica re-quer muito trabalho”.

Composição natural Remi lembra que a utilização

da composição química prioriza matérias primas saudáveis. “Por exemplo, eu tenho uma lavoura e quero plantar feijão nela. Eu vou ter que preparar um terreno que está cheio de inço. O que o agricultor convencional faz? Ele vai lá e passa defensivos quími-cos em cima do inço, que morre, e daí ele planta. Para fazer isso, ele leva no máximo uma hora. Se ele fosse roçar braçalmente, ele levaria em torno de quatro dias”, explica Remi.

Na hora da venda, a diferença é notada. Hoje existe uma grande aceitação e procura por produtos saudáveis e livres de agrotóxicos. “Nós vendemos tudo. Poderíamos vender mais se tivesse”, diz Remi. O Brasil é o primeiro colocado no ranking mundial do consumo de agrotóxicos. O agrônomo Marco Antônio Lucas, da Embrapa, afir-ma que os alimentos que contém a substância podem ser utilizados desde que bem lavados. “O consu-midor precisa lavar em água cor-rente os produtos depois de adqui-ridos. Essa prática vai eliminar as bactérias e resíduos do veneno”, destaca.

Mais de um bilhão de litros de venenos foram aplicados nas la-vouras em 2010, de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a De-fesa Agrícola. Remi considera que novas descobertas podem amenizar esse crescimento. “Eu diria que a ciência tende a se em-penhar para descobrir produtos que não sejam agressivos ao meio ambiente. Por isso, acredito que não aumente muito o consumo (de agrotóxicos) futuramente”, declara. A preservação dos recur-sos naturais, como solo, água e ar deixa para todos a reflexão de quem são os grandes beneficiados e prejudicados pelo uso descon-trolado de produtos químicos nas lavouras brasileiras.

RodRiGo KaRam WoLFFsimone LudWiGRedação Jornalística II

O abuso por parte dos pro-dutores no uso de agrotó-xico é um risco ao meio

ambiente e à saúde. O Brasil é o maior consumidor de defensivos agrícolas no mundo. O perigo já conscientiza agricultores, que optam pela agricultura orgânica. Este é o caso de um agricultor do município de Feliz.

Com a aplicação indisciplina-da nas lavouras do Brasil, o uso de agrotóxico está deixando de ser uma questão relacionada uni-camente à produção agrícola e se transforma em um grave proble-ma ambiental. A contaminação de alimentos, poluição de rios, erosão dos solos, intoxicação e morte de agricultores são graves consequências do seu uso indis-criminado.

Pensando nisso, o agricultor José Remi, de 55 anos, aboliu de sua produção o uso de qualquer tipo de agrotóxico. A maneira é uma solução natural para comba-ter pragas. “No lugar de adubo químico, eu uso esterco, com-postos orgânicos, humos como folhas podres e secas, restos de frutas e verduras, capins, ma-deiras podres, cinzas, serragens, tudo que se decompõe”, conta.

Remi produz tanto para consu-mo próprio, quanto para comer-cialização. A produção é com-posta por aipim, alface, pimenta, tomate, brócolis, couve, alho e chuchu. Todos são cultivados com uma composição orgâni-ca artesanal. “Eu uso um adubo chamado folhar, que a gente faz através da fermentação, com 100 litros de água, 10 kg de esterco, 2 kg de melado, cinzas, cascas de ovos e cal. É preciso deixar fer-mentar durante um mês e coar. A aplicação pode ser feita tanto na folha, como no caule do vege-tal”, descreve Remi.

A proposta da agricultura orgâni-ca é criar um sistema onde a planta que está em cima do solo seja sau-dável, oferecendo um alimento be-néfico à sociedade, sem prejudicar a natureza. Esse tipo de agricultura veio em contraposição a um mode-lo convencional, que utiliza muito agrotóxico. Dessa forma, contami-na as águas e o solo, e isso acaba tendo efeito direto no copo de água que os cidadãos bebem.

FeRnanda BecKeRRita RodRiGuesRedação Jornalística III

Os agrotóxicos são considerados extremamente relevantes para a agri-cultura do País. O Brasil é o terceiro maior consumidor desses produtos no mundo. São destinados aos seto-res de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrí-colas, nas pastagens, na proteção de florestas, e de outros ecossistemas.

Porém, os produtos cultivados à base destes agroquímicos trazem malefícios para nossa saúde. To-das aquelas frutas e verduras mais vistosas disponíveis nos mercados escondem em sua película externa esses venenos utilizados na lavou-ra. Uma pesquisa realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em 2010, apontou que 29% das amostras de alimentos coletadas apresentaram

algum tipo de irregularidade, como resíduos de agrotóxicos acima do permitido ou ingredientes ativos não autorizados.

O correto seria consumir apenas alimentos cultivados com adubo orgânico. Entretanto, este tipo de agricultura não é incentivado pelo governo, o que encarece e dificul-ta a comercialização. A produção orgânica auxilia no equilíbrio do ambiente e se baseia em processos que não agridem a natureza.

A maioria das pessoas não sabe que esses venenos, utilizados no cultivo de alimentos, não foram criados para a agricultura, mas, sim, para serem usados como po-derosas armas químicas destinadas à guerra. Então, como algo que foi criado para matar pode fazer bem à nossa saúde? Isso sem falar nos problemas que o meio ambiente sofre com esses produtos que mo-dificam a fauna e flora.

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Revitalização do Guaíba promete melhorar as praias e atrair o público

À beira do esquecimento

Lazer, uma questão básicaOpinião

Futuro: o Guaíba Vive e o GT Orla são projetos que objetivam revitalizar e preservar o Guaíba

Clara Allyegra Lyra

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Babélia n Unisinos n Junho/2011 meio ambiente

Jucá pede meio ano para código florestal

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), pediu seis meses para os

senadores analisarem a reforma do Código Florestal. A solicitação também inclui

maior prazo para o decreto que suspende os efeitos da Lei de Crimes Ambientais.

(Marina Cardozo / Agexcom)

biólogo Rodrigo da Cunha, um dos res-ponsáveis pelo projeto, tratar o esgoto é passo fundamental para o sucesso do Guaíba Vive. “Não adianta recolhermos o lixo das margens e investirmos em lim-peza urbana se o esgoto continuar a ser liberado no Guaíba. Investir no tratamen-to da água é uma de nossas prioridades”, afirma. Diversas ações estão sendo pla-nejadas para atrair o público de volta às praias do Guaíba, como a instalação de vestiários, quiosques com churrasqueiras e higienização das praias.

Águas mais limpasSegundo relatório divulgado em ja-

neiro deste ano pela Smam, apenas duas praias do Guaíba estavam impróprias para banho. Para medir a balneabilidade da água é preciso colher cinco amostras e somente uma delas pode apresentar mais de 800 coliformes fecais para cada cem mililitros. Monitoramentos da qualidade da água são realizados permanentemente pela prefeitura, que ressalta que as obras de saneamento são constantes.

“Porto Alegre tem uma dívida históri-ca com sua população: o fato de a cidade estar à beira de um recurso d’água desse tamanho sem que seus habitantes possam se relacionar com o Guaíba”, diz o arqui-teto e urbanista Marcelo Allet, coordena-dor do GT Orla. A cidade, mesmo desfru-tando de uma posição geograficamente privilegiada, não utiliza boa parte de seus recursos naturais. Segundo Allet, estudos indicam que as populações que vivem à beira da água possuem uma melhor qua-lidade de vida.

O projeto divide a orla em setores, que iriam da Usina do Gasômetro ao Iate Clube Guaíba. De acordo com o plane-jamento, serão construídas linhas de re-conexão da cidade com a orla, além de vias de passeio público, ciclovias e esta-cionamentos ao longo de todo o trajeto, a fim de facilitar o acesso do público ao lago. Nas margens do Guaíba, bares, res-taurantes, quadras esportivas e uma are-na multiuso serão de livre acesso para a população. O investimento estimado é de R$ 27 milhões.

O progresso deu seu preço, e nós paga-mos por ele. O Guaíba sofre com décadas de descaso, tanto por parte das autorida-des, quanto da população. As soluções estão postas à mesa. No entanto, para que essa ideias tomem forma, é necessário apoio político e privado. Não é uma ta-refa das mais fáceis,mas, se for posta em prática, trará o Guaíba de volta à vida.

JúLia KLeinmatheus KiesLinGRedação Jornalística II

Um dos cenários mais lembrados do Rio Grande do Sul passa por um longo período de ostracismo.

O lago Guaíba, conhecido popularmen-te como “rio Guaíba”, é um dos princi-pais pontos turísticos da Capital gaúcha. Assistir ao pôr-do-sol às margens deste que é considerado um dos cartões pos-tais do Estado é tarefa quase obrigatória para quem mora ou está de passagem por Porto Alegre. Contudo, tanto as barreiras naturais, quanto os diques de contenção, e, principalmente, a poluição, impedem uma maior convivência da população com o lago.

As histórias do Guaíba e de Porto Ale-gre se confundem. A cidade se originou a partir da chegada de casais açorianos, em meados do século XVIII, a maioria por meio fluvial. Alguns historiadores afir-mam que o nome da cidade se deve a sua localização, às margens do lago. Com o crescimento da capital e das cidades mais próximas, o Guaíba teve sua preservação deixada para segundo plano.

Os lançamentos de esgotos, efluentes industriais, agrotóxicos, além do aflu-xo das águas também poluídas dos rios Gravataí e Sinos, contribuíram direta-mente para a deterioração do local. Aos poucos, o lago foi perdendo espaço para o desenvolvimento urbano. Revitalizar e preservar o Guaíba. Esses são alguns dos objetivos de dois projetos que estão sendo desenvolvidos pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre: o Guaíba Vive e o Gru-po de Trabalho da Orla (GT Orla).

O Guaíba Vive – um programa da Se-cretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre (Smam) – desenvolve proje-tos para recuperar, preservar e revitalizar a orla, além de monitorar a qualidade da água. Ações de tratamento e saneamento ambiental das águas do lago são desen-volvidas em um trabalho integrado entre a Smam, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) e o Departa-mento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), buscando ampliar todo o po-tencial de lazer e balneabilidade do lago.

As construções de Estações de Trata-mento de Esgoto em bairros das zonas sul e norte da cidade, além da implanta-ção das estações para coletar e tratar todo esgoto da Capital, são ações importantes para a preservação do lago. Segundo o

douGLas BonessoRedação Jornalística III

A situação da orla do Guaíba realmente está horrível. É in-teressante ver como os porto-alegrenses e visitantes da nossa capital conseguem driblar inú-meros problemas básicos para terem lazer. Quem nunca foi para a Usina do Gasômetro ma-tear, conversar e ver nosso mag-nífico pôr-do-sol? A última vez que fui passei vergonha! Levei um amigo que veio de Curitiba para conhecer Porto Alegre. O primeiro local que cogitei foi um de nossos cartões postais: Usina do Gasômetro.

Enquanto passeávamos pela beira do lago nos deparamos com muito lixo no chão, mendigos dormindo entre as árvores, cheiro

horrível das águas poluídas e ruas esburacadas com poças enormes água parada. A vontade que tinha era me enfiar no primeiro buraco que visse pela frente - fiquei com muita vergonha.

O projeto Guaíba Vive, se de-ferido por nossos políticos, vai garantir para nós gaúchos um ambiente de lazer adequado à nossa exigência. Precisamos de um local com boa infraestrutura para levarmos nossos filhos para passear, apresentar nosso ponto de referência aos amigos turis-tas ou, simplesmente, tomarmos nosso chimarrão tranquilo com os amigos queridos. A Prefeitura e o Estado não podem fechar os olhos a um programa que melhora a qualidade de vida dos cidadãos! Merecemos isso! Afinal, pagamos tanto imposto para quê?

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Babélia n Unisinos n Junho/2011

Arquivo Semae

Semae quer aumentarcaptação de água

São Leopoldo sofre com a falta de água em alguns meses do ano, com maior ocorrência no verão. Por

isso, o Serviço de Água e Esgotos (Semae) aprovou projeto de melhorias do serviço, como a adição de

bombas de captação no Rio dos Sinos. Cidadãos reclamam a dificuldade vivida em épocas quentes.

(Nathalia Spindler / Redação Jornalística I)

RuBiane LazzeRi Redação Jornalística I

O projeto O Povo na Praça idealizado e reali-zado pela Secretaria do Meio Ambiente (Smam) da Prefeitura de Porto Alegre, teve início no sábado, 7 de maio. O Parcão, no Bairro Moi-nhos de Vento, foi pal-co de atividades para incentivar a população a cuidar das áreas ver-des. No dia, foram apre-sentados conceitos de educação ambiental e voluntários verificaram

pressão e batimentos cardíacos de frequenta-dores do parque.

A coordenação é de responsabilidade do se-cretário, Luiz Fernando Záchia, que destacou a mobilização do povo para o cuidado do meio ambiente. O projeto in-cluiu, ainda, mutirão para podas nos bairros próximos ao parque ao longo da semana.

Mensalmente, o projeto será levado a parques da capital. A programação dos mutirões pode ser vista no site da Smam.

Projeto mostra comopreservar área verde

LaRissa tassinaRiRedação Jornalística I

Contando com três trilhas ladeando o rio, um Centro de Educação Ambiental e um espaço de lazer, o Jar-dim Botânico de São Le-opoldo abriu suas portas à visitação pública no dia 22 de março já com uma va-riedade de projetos em pro-cesso de desenvolvimento. Entre eles está a parceria da prefeitura, mantenedora do parque, e a Sociedade Le-opoldense de Orquidófilos (SLO), entidade sem fins lucrativos que trabalha pela

preservação da área verde na região.

“Com essa parceria pre-tendemos duas coisas: a repovoação da vegetação rente ao Rio dos Sinos, chamada mata ciliar, e a disseminação do nosso conhecimento para as no-vas gerações”, disse Da-nia Schneider, tesoureira e Relações Públicas da SLO. As aulas de plantio de orquídeas e árvores serão importantes para as crianças, que passarão a dar mais valor a toda flo-ra que veem diariamente, alegou Dania.

Alunos aprenderãoa plantar orquídeas

GaBRieLa BoeseLRedação Jornalística I

O Rio dos Sinos é tão poluído quanto Tietê, constatou o diretor-execu-tivo do consórcio público Pró-Sinos, Julio Dorneles. Nos últimos cinco anos, o afluente do Guaíba so-freu com a mortandade de peixes. Prefeituras do Vale dos Sinos prometem aumentar a fiscalização de indústrias ribeirinhas.

Em 2006, cerca de 1 milhão de animais mor-reram. No fim de 2010, mais de 10 mil peixes

surgiram mortos no rio. Segundo o biólogo Joel Garcia, “o oxigênio na água é baixo e prejudica a vida aquática. Mas a causa das mortes foram os resíduos”, disse.

Durante anos as empre-sas ribeirinhas realizaram própria fiscalização pró-pria. Julio explicou que “cada uma fazia seu rela-tório e não havia confir-mação dos fatos. Poluen-tes eram jogados à noite e aos fins de semana”. O biólogo acredita que a re-cuperação do rio levará de 5 a 10 anos.

Recuperação do Sinospode levar uma década

maRina caRdozoRedação Jornalística I

“Todas as famílias foram rea-locadas e as casas, já previstas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Arroio Kruse, tiveram a construção an-tecipada”, disse o coordenador da Defesa Civil, Silomar Gomes, sobre as mais de 50 famílias leo-poldenses desabrigadas pelas enchentes de fevereiro e abril. A região mais atingida pelo Arroio Kruse, o bairro Santo André, já tinha um PAC próprio. A catás-trofe acelerou o programa.

A antecipação ocorreu na sex-ta-feira, 5 de fevereiro, quando o prefeito Ary Vanazzi ordenou o início das obras do PAC nas áreas I (bairro Santo André) e III (bair-ro Feitoria). Três dias depois, São Leopoldo registrou 25% da média de chuva do mês todo, o que cau-sou transbordamento do arroio. Gomes destacou que as cheias do Kruse são normais e inevitáveis. “O único jeito de impedir que atinja as pessoas é tirando-as das áreas de risco”, disse.

O PAC do Arroio Kruse na área I deve ser concluído em cerca de três meses. Estão previstas 73 ca-

sas, sendo 56 sobrados, 14 casas para idosos ou deficientes e três adaptadas para cadeirantes, além de quatro módulos para pequenos comércios. A área III ainda está em obras de infraestrutura, como aber-tura de ruas, drenagem e pavimen-tação. A conclusão é em um mês.

“Nunca teria condições de se-guir em frente sozinha”, afirmou Maria Berenice Rocha, moradora das margens do Arroio Kruse. A diarista disse que tentou um finan-ciamento para construir sua casa, mas a renda foi insuficiente.

O PAC do Arroio Kruse vai be-neficiar 1.378 famílias.

PAC do Arroio Kruse benefecia famílias

Limpeza: mais de 300 pessoas, em 20 embarcações, navegaram pelo rio

Cam

ila K

alsi

ngcamiLa KaLsinGRedação em Relações Públicas II

A 5ª edição do projeto “Viva o Ta-quari Vivo”, organizada pela ONG Parceiros Voluntários, bateu recor-

de das edições passadas. Foram recolhidos 5,5 tonelas de lixo nas margens do rio. Entre os materiais estão tecidos, madeiras, pneus e plásticos.

Realizada na manhã do dia 14 de maio, a ação contou com cerca de 20 embarca-ções e mais de 300 pessoas, divididas em dois grupos, um por margem. Em Laje-ado, as equipes se concentraram no Por-to dos Bruda. Já em Estrela, o ponto de encontro foi a Associação Ecológica de Canoagem (Aeca).

Os voluntários, com ajuda da Brigada Militar, bombeiros e pescadores, navega-ram até as encostas e recolheram o lixo com auxílio de luvas, sacos e ganchos. Os objetos recolhidos foram separados, quatificados e classificados. “A parte mais exaustiva é separar e classificar o lixo” dis-se Cinara Girotto, coordenadora do Projeto Parceiros Voluntários, de Lajeado. O lixo advém principalmente do descaso da po-pulação e das enchentes, explicou.

Parte desse lixo encontra-se exposto na praça Menna Barreto, em Estrela, e tem como objetivo “causar indignação e mudança nos hábitos e atitudes,” frisou a Secretária do Meio Ambiente de Estrela, Ângela Schossler. “A população precisa perceber a importância de atitudes respon-sáveis da destinação dos materiais do nos-so cotidiano”, destacou.

Depois da exposição pública, os materiais seguirão para as usinas de reciclagem e ater-ros sanitários de suas respectivas cidades.

Os voluntários Maiara Borges dos San-tos e Jonatas Hauschildt acreditam que o projeto conscientizará a população.

Ação retira mais de 5 mil quilos de lixo do Taquari

meio ambiente 18

Page 26: babélia-edição-15

A recomendação do MEC de não reprovar alunos é discutida nas escolas

Aprovação garantida

Escolhadas escolas

Opinião

Mudanças:na década de 1980, a cada cem crianças, 40 repetiam o primeiro ano. Em 2009, essa taxa ficou em 5% e ainda é considerada alta pelo Governo

Marcos Ludvig

19

Babélia n Unisinos n Junho/2011 educação

Kit antipreconceito será repensado

O ministro da Educação, Fernando Haddad, pretende refazer o kit contra homofobia,

suspenso pela presidente Dilma Rousseff. Haddad busca debater outros tipos de

preconceito no novo projeto. O ministro afirmou que levará a proposta a pleito.

(Guilherme Endler / Agexcom)

Divulgação

nathaLie aBRahÃo cóRdovaLuana cunhaRedação Jornalística II

Com dados do censo escolar de anos anteriores, o Ministério da Educação (MEC) recomendou que as escolas

públicas e privadas não reprovem mais alu-nos matriculados nos três primeiros anos do ensino fundamental. A ideia é não desesti-mular os alunos reprovados no início do pe-ríodo escolar, pois a evasão – quando a crian-ça sai e não volta mais para a escola – tem aumentado nos primeiros anos de estudo. Reconhecida pela Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96 (LDB), até a segunda etapa do 1º ano, a criança passa por uma promoção, não sendo de caráter avaliativo, mas obrigatório, onde o educando está atravessando por um processo no desenvolvimento integral em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.

Segundo o MEC, na década de 1980, de cada 100 crianças, 40 repetiam já no pri-meiro ano. O último levantamento reali-zado mostra que em 2009 a taxa ficou em 5%, mas o governo ainda considera muito. A proposta é criar o ciclo de alfabetização em três anos. “Ser alfabetizado é mais do que traduzir o texto escrito, é compreender e processar o significado da mensagem. Neste momento, entra a perspectiva do le-tramento, fazendo com que o aluno exerça sua condição de alfabetizado, sendo real-mente um interlocutor do texto, aceitando ou questionando o conteúdo que lê”, afir-ma a pedagoga da Secretaria de Educação do Estado Tânia Freiberger de Mello.

A recomendação é que as escolas passem gra-dativamente para este novo método, que substi-tuirá os três primeiros anos do ensino fundamen-tal por um ciclo de alfabetização e letramento, no qual as instituições terão de identificar os alunos com dificuldades de aprendizagem e traçar estra-tégias pedagógicas para recuperá-los sem a ne-cessidade de reprovação.

Que as crianças precisam aprender nin-guém discorda, mas a aprovação automáti-ca ainda divide opiniões. “O governo pode estar certo em acreditar que pode haver desmotivação, mas é tudo questão de bom senso. Devemos pensar na criança para que ela esteja apta em seu tempo para aprender coisas novas e seguir o caminho escolar.” Esta é a opinião de Sirlei Zimmer, profes-sora do segundo ano do ensino fundamental em Gravataí. Na escola de ensino público onde Sirlei leciona, os diretores aderiram à recomendação e buscam não reprovar alu-nos de séries iniciais, o que, segundo a pro-fessora, gera confusão entre os mestres e os seus superiores. “Tentamos fazer o possível para que o aluno alcance o resultado dese-jado, porém alguns têm mais dificuldades, mas quando pensamos na possibilidade de reprovação, somos vetados e acabamos ten-do que passar um aluno que não estará no ritmo no ano seguinte”, lamenta.

Há quem tenha uma opinião diferente. Grei-ce Born, que trabalha como professora no Ser-viço Social da Indústria (SESI), acredita que a promoção na primeira etapa não atrapalha e, sim, contribui para o melhor desenvolvimento da criança na fase seguinte. “Nessa primeira fase a criança terá tempo necessário para se habituar nesse novo contexto que está sendo inserida e se preparar para então dar início ao

processo de alfabetização”.

O ponto de vista dos paisManuela Borba, oito anos, está repetindo

a segunda série do ensino fundamental, em uma escola municipal de Gravataí, pois no último ano teve dificuldades em cálculos de soma e subtração, além de problemas ao escrever. Para a mãe, Joice Borba, a ex-periência foi encarada de forma tranquila, pois acompanhava durante o ciclo letivo o desempenho da filha, e a reprovação não foi surpresa. “Havia conversado com a pro-fessora durante todo o ano e ela sempre me apontava os problemas. Em casa, trabalha-vamos alguns exercícios, mas ela tinha bas-tante dificuldade.” Para Joice, independente de passar de ano ou não, o importante é a educação da filha. “Prefiro que a minha filha repita e realmente aprenda o que deve, do que tenha mais problemas no próximo ano e não consiga acompanhar a turma.”

Denise da Silva, de Novo Hamburgo, en-frenta outro problema em casa. O filho Gui-lherme, de sete anos, que está na segunda eta-pa, ao escutar o assunto na escola, chegou em casa afirmando que não seria mais reprovado. “Guilherme disse para o irmão de 14 anos que ele não iria mais ficar de castigo, pois não pode ser reprovado. Não sei como lidar com a situa-ção e explicar para meu filho, pois nem estava por dentro do assunto.”

Apesar de diferentes, as opiniões de-fendem o mesmo objetivo, a melhoria na educação das crianças brasileiras. Com a recomendação seguida ou não, o que todos querem é que ela seja avaliada de forma a proporcionar beneficios aos alunos e à edu-cação brasileira. Precisamos.

tamiRes da FonsecaRedação Jornalística III

A recomendação do Mi-nistério da Educação (MEC) sobre a não reprovação de crianças do primeiro ao ter-ceiro ano do ensino funda-mental está gerando diversos comentários. O objetivo do MEC é que as escolas enca-rem os três anos iniciais como um bloco único do processo educativo. Não é lei, apenas uma recomendação feita.

As últimas pesquisas mos-tram que a evasão escolar, quando a criança sai e não volta mais para a escola, tem aumentado nos primei-ros anos de estudo, porém a aprovação automática ainda divide opiniões. Nessa dis-cussão toda, só existe um consenso: as crianças preci-sam aprender. O desafio é o que fazer para que elas apren-dam. Não reprová-las nos primeiros anos? Alguns edu-cadores e o MEC acham que esse pode ser o caminho.

O projeto é muito interes-sante na teoria, mas na práti-ca não será bem assim. Como será a reação de uma criança ao se deparar com a possibili-dade de não ter mais que es-tudar, pois já é garantida sua aprovação? O MEC pecou no próprio objetivo, pois sem um acompanhamento rígido, essas crianças poderão cair na “gandaia” sem aprender nada. O ser humano tem que ter compromisso des-de cedo, ter a noção de que deve estudar para se tornar um cidadão de cultura, e que mais tarde isso contará e muito para sua vida.

Agora, a decisão sobre o novo sistema, e a sua adesão ou não, ficará apenas nas mãos das escolas. Tema que deverá ser muito bem pensado.

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Opinião

Babélia n Unisinos n Junho/2011

20internet

Dúvidas no ato da compracassandRa dos ReisRedação Jornalística III

Desde a invenção da escrita, ne-nhum instrumento de comunica-ção entre seres humanos evoluiu tanto e tão rapidamente a ponto de se tornar essencial, imprescin-dível à vida econômica, profissio-nal, científica, social e cultural das pessoas, como a internet.

Segundo o Data Popular, as clas-ses C, D e E respondem por 75% dos internautas no país e 63% do total de domicílios com internautas. Entre ja-neiro e junho deste ano, dois milhões de usuários brasileiros fizeram sua primeira compra na web, sendo 59% deles da classe C.

É fato: as ofertas na internet estão cada vez mais atraentes, e os preços mais vantajosos do que nas lojas físi-cas. Há mais variedades de marcas e modelos de qualquer lugar do mundo, além da comodidade de não precisar

sair de casa na hora da compra.Na hora de escolher sua forma de

pagamento on-line, escolha aquela em que você não precise digitar inú-meras vezes seu cartão de crédito e que armazene suas informações em sua base, de maneira que o comer-ciante efetive a venda e receba o pa-gamento sem ter acesso aos dados financeiros do comprador.

O consumidor também deve evi-tar os sites que solicitam no momen-to da compra o número de cartão de crédito várias vezes. Esses sites não oferecem um nível de segurança que você espera.

Mesmo com todos os cuidados, se ocorrer algum tipo de imprevis-to, o consumidor goza de todos os direitos e prerrogativas previstas no Código de Defesa do Consumidor. O consumidor possui a garantia le-gal quando o produto apresentar de-feitos, devendo notificar a empresa no prazo de 30 dias.

Em casa: apesar de muitos ainda desconfiarem do comércio na web, ele chama a atenção pela facilidade

SXC.HUJuLiana FoGaÇa de FReitasKaRina sGaRBiRedação Jornalística II

Vender produtos na internet é mais simples do que manter uma loja e bem mais prático

para quem compra. A crescente de-manda do comércio na rede mundial de computadores chama a atenção justamente pela facilidade. Só que, para muitas pessoas, há desconfian-ça no momento de comprar.

Shoppings, leilões virtuais e sites de compras coletivas são as prin-cipais formas encontradas na rede para aquisição de produtos. Nos shoppings virtuais, o consumidor tem a possibilidade de visualizar o produto e adicioná-lo a um carrinho de compras. Os sites de leilão pela internet são usados normalmente para os usuários colocarem os seus produtos à venda.

As compras coletivas surgiram recentemente e, pelos preços exce-lentes que oferecem, são o grande sucesso do momento. Mas o maior movimento comercial da internet não é visto pelos usuários comuns. É o business-to-business, comércio entre as empresas, que movimenta grandes quantidades de produtos e, logicamente, de dinheiro.

Entender o funcionamento de um site de vendas é fundamental para avaliar se é seguro ou não comprar os produtos ofertados. Renan Soares trabalha no site istores.com como auxiliar de estoque. Ele explica que a empresa tem um contrato com os Correios, no qual as agências são re-ponsáveis pela entrega. Em caso de perda sem justificativa, a loja virtual arca com os gastos.

O produto chega na loja, é foto-grafado e disponibilizado na vitrine do site. O usuário que faz a compra passa primeiro por um processo de aprovação de crédito, em que o car-tão do cliente e o endereço são veri-ficados. Após essas etapas, o produto passa para a expedição, que vai fazer a reserva e a embalagem. O atendi-mento fica completo após a emissão da nota fiscal e o encaminhamento para os Correios.

No caso do comerciante Miguel Ballin, dono de ótica há 29 anos, o comércio pela internet não interfere tanto nas suas vendas. O que atrapa-lha um pouco são os preços atraen-tes que os sites oferecem e que ele não consegue igualar. “Eu tenho que pagar impostos para obter um pro-duto que vou ter que revender com um valor maior, e uma pessoa que

vende pela internet, provavelmente, não paga tanto imposto”, acrescenta o proprietário.

Prova disso é o estudante de jor-nalismo Lucas Möller, que, ao invés de comprar um celular na loja, op-tou por comprá-lo na loja virtual da operadora. Segundo Möller, o preço reduzido e a comodidade de receber o produto em casa, sem precisar en-frentar filas, foram determinantes na escolha. “Os prazos de entrega foram respeitados, e o produto é de boa qualidade, não há do que recla-mar”, acrescenta.

O comércio virtual em dadosPara se ter uma ideia, em 2001, o

comércio online no Brasil movimen-tou R$ 0,54 milhão, e, em 2009, esse valor aumentou para R$ 10,60 bi-lhões. As políticas de crédito e par-celamento que se intensificam cada vez mais e as medidas de inclusão digital adotadas pelo governo contri-buem para o aumento tão significati-vo. A faixa etária que mais consome vai dos 35 aos 49 anos, e o grau de escolaridade que predomina é o ní-vel superior completo.

No Brasil, o grupo B2W, união das empresas Submarino e Americanas.com, fatura cerca de R$ 500 milhões por mês, correspondentes a 54% de todo o faturamento de varejo on-line do país. Nos Estados Unidos, em comparação, a Amazon, maior e-commerce do mundo, detém me-nos de 10% do mercado interno. No ranking do comércio virtual brasilei-ro, em primeiro lugar está a B2W, seguida por MagazineLuiza.com, Comprafacil.com, PontoFrio.com e o Extra.com.

Para não cair no golpe da rede, toda precaução é necessária. Por isso é importante avaliar a credibili-dade, pesquisando nos sites de bus-ca se há reclamações de clientes, ou no www.reclameaqui.com.br que é específico para esse tipo de regis-tro. O endereço físico também deve ser verificado, e é recomendado não optar por empresas que só possuam telefones celulares.

A privacidade dos dados que são colocados no site antes da compra também deve ser questionada. É preferível usar o seu próprio com-putador aos públicos, que podem estar infectados com vírus mali-ciosos. E lembre-se, ofertas muito tentadoras podem ser golpe. Na in-ternet, tudo é mais fácil, basta um clique e está resolvido, mas nunca se sabe quais as intenções de quem está do outro lado.

Comércio virtual movimenta mais de R$ 10 bilhões no mercado brasileiro

Praticidade X insegurança

Chrome ultrapassa Firefox no Brasil

O browser da Google, lançado em 2008, já tem mais usuários no País que o equivalente da Fundação Mozilla. O Chrome está em 26,83% dos computadores, contra 26,08% do Firefox.

O Microsoft Internet Explorer mantém a ponta, com 45,7% do mercado no Brasil.

(Marcelo Grisa / Agexcom)

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Boa comida, bebida de qualidade e amigos reunidos é a melhor forma para celebrar a vida

A refeição que aproxima pessoas

O boom gastronômicoOpinião

Confraria: as principais atividades sociais estão ligadas aos prazeres gastronômicos

SXC.HU

21

Babélia n Unisinos n Junho/2011 gastronomia

Site faz sátira aos programas de culinária Larica Total é uma sátira aos programas de

culinária convencionais. Paulo de Oliveira apresenta receitas totalmente baseadas na

realidade da geladeira do trabalhador brasileiro, além de criar clássicos da culinária de guerrilha.

Confira mais em laricatotal.com.br (William Mansque / Agexcom)

Reprodução

No último encontro, o prato ser-vido foi purê de aipim e bacalhau gratinado com cebolas fritas no shoyo. “Ninguém havia pensado em misturar um peixe nobre com aipim, tradicionalmente esses sabores não combinam. Foi exatamente por esse motivo que optamos por servi-lo”, conta Vânia Zancanaro, endocrino-logista e anfitriã da noite. De sobre-mesa, sorvete de gengibre e, para beber, vinho branco e espumante.

O nome do grupo surgiu depois de dois anos de discussões sem fim so-bre como chamá-lo. “Pensamos em algo em outro idioma, mas remeteria a uma determinada gastronomia, e não é essa a nossa ideia”, relata João Lace Kuhn, um dos mentores do projeto. “O grande objetivo é termos esse momento nosso, onde podemos relaxar, conversar e desopilar do es-tresse do cotidiano”, finaliza Kuhn.

Seguindo a tendência, São Leo-poldo conta desde 2007 com a Con-fraria do Vinho e da Champagne. Na primeira terça-feira de cada mês, re-únem-se as principais figuras do ce-nário social capilé em algum restau-rante tradicional da cidade. A cada evento são convidadas a demonstrar seus produtos vinícolas da Serra Gaúcha, apoiando e incentivando, assim, o consumo do material pro-duzido na região.

Fundada e idealizada pelas socia-lites Maria Elis Pedraza e Celeste Porto, a reunião tem espaço garan-tido nas colunas sociais locais. O ingresso é pago, e nele está incluso o jantar, que é programado em con-junto com o sommelier da casa e o enólogo da vinícola para combinar os sabores, a degustação das bebidas e a diversão com os amigos.

LaRissa schReiBeR de azevedoRedação Jornalística II

Não é ilusão quando dizem que os dias parecem estar cada vez mais curtos e corridos.

No meio de tantas atividades, mui-tas vezes, o encontro com os amigos acaba em segundo plano. Uma das soluções encontradas para manter o contato e reforçar a amizade está revolucionando o mercado gastronô-mico: a criação de confrarias.

O conceito vem da antiguidade, quando pessoas que moravam próxi-mas se reuniam para devotar a um santo ou a uma imagem em especial, fortalecendo, assim, os laços da vizi-nhança. Agora as reuniões, exclusi-vas e restritas, tornaram-se uma prá-tica comum. Atiçar o paladar com novos sabores, descobrir receitas inusitadas e degustar drinques ela-borados transformou-se na tendên-cia atual quando o assunto é lazer.

A Confraria Pagã, Não Batizada, por exemplo, nasceu em maio de 2009 e é formada por sete casais de amigos, na maioria advogados. Conheceram-se porque trabalhavam juntos no Núcleo Jurídico do Banco do Brasil. Depois que se aposenta-ram, os amigos sentiram falta do convívio e decidiram formar o grupo que se reúne mensalmente.

A proposta é que, no último sá-bado do todo mês, um casal, deter-minado por sorteio e rodízio, abra a casa, receba os amigos e prepare todo o cardápio da noite. Da entrada à sobremesa, incluindo as bebidas, são responsabilidade dos anfitriões. As duas regras básicas são não repe-tir nenhuma receita e sempre inovar sabores.

natÁLia mussiRedação Jornalística III

Restaurantes temáticos, Botecos futebolísticos, Pub’s Irlandeses, to-dos cada vez mais especializados no gosto do consumidor. Agora quem está na moda é a Gastronomia.

Há uma legião de novos em-preendedores, na maioria jovens, concretizando os lugares abstra-tos que existiam apenas em sua imaginação. Certamente, a gas-tronomia não é influenciada ape-nas por esse fator. A variedade de cursos oferecidos, o grande volu-me de informações relacionadas e a nova onda de alimentos sau-dáveis ( que superam o tão clás-sico fast-food que os brasileiros adaptaram da cultura norte-ame-ricana, trazendo consigo os pro-blemas causados pela obesidade e má alimentação) incrementam a busca por novidades.

Os espaços físicos estão mais so-fisticados e, nos levam a qualquer canto do mundo que desejarmos conhecer. O ambiente oferecido, na maioria das vezes, supera os cardápios, o que leva os clientes a consumirem mais as paredes e de-corações que saborear melhor a co-mida que é apresentada no prato.

A indústria Gastronômica tem uma importância clara na economia do país, na geração de empregos, renda, tributos pagos ao governo., Não pode ser vista apenas como algo supérfluo, pois se torna uma institui-ção cultural, da identidade de cada lugar que representa as diversidades em uma refeição sem preconceitos.

E assim temos o modismo do mo-mento, a Gastronomia no país do Fome Zero, um Brasil que tem como prioridades programas políticos so-ciais de combate a fome estabeleci-dos pelo Governo Federal, enquanto saboreamos uma comida indiana.

Dicas para economizar

a mania está tão popular que as reuniões migraram para a internet. Coloque ‘blog sobre comida’ no Google e descubra mais de 20 milhões de sites sobre o assunto. alguns auxiliam no preparo de refeições mais complexas, outros fazem fóruns, além de promoverem concurso de receitas. a times Online divulgou em fevereiro uma lista com os melhores blogs gastronômicos no mundo. apesar de nenhum ser brasileiro, todos são ótimas fontes para quem quer se aventurar junto ao fogão. Confira:

Orangette http://www.orangette.blogspot.com/

Cannelle et Vanille http://www.cannelle-vanille.blogspot.com/

The Wednesday Chef http://www.thewednesdaychef.com/

Delicious Days http://www.deliciousdays.com/

David Lebovitz http://www.davidlebovitz.com/

Chez Pim http://www.chezpim.com/

Matt Bites http://mattbites.com/

Serious Eats http://www.seriouseats.com/

101 Cookbooks http://www.101cookbooks.com/

Smitten Kitchen http://smittenkitchen.com/

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Duas pessoas que recolheram animais de rua contam suas histórias

Vida de cão, vida de rua

O abandono em pautaOpinião

Amizade: Lester salvou o cachorro Mozart, que estava doente e abandonado perto de um shopping

Dierli dos Santos

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Babélia n Unisinos n Junho/2011 cidadania

Unisinos recebedoação de agasalhos

Os pontos de coleta da Campanha do Agasalho 2011 já estão espalhados por São Leopoldo.

Podem ser doados roupas, calçados, cobertas ou cobertores em bom estado. Parceira da

iniciativa, a Unisinos recebe donativos nos postos de atendimento de cada área.

(Lílian Stein / Agexcom)

é um problema social, Lester diz que os animais nas ruas são vítimas da ação do homem.

Forte ligaçãoOutra pessoa apaixonada por ani-

mais é um veterinário de Porto Ale-gre que, se pudesse, não deixaria se-quer um animal abandonado. Otávio de Souza, 39 anos, tem acolhidos em casa cinco animais encontrados na rua. “Desde pequeno possuo uma ligação forte com os bichos, tenho certeza que nasci para exercer a fun-ção que tenho”, afirma Souza.

O veterinário fala da impotância das pessoas terem ciência do quanto é fundamental o enfrentamento da questão dos animais de rua. “Ajudar um bichinho não é apenas uma ques-tão de respeito à qualquer forma de vida, é, sim, uma questão de utilida-de pública.” Souza diz que as pesso-as podem contrair inúmeras doenças por meio dos animais de rua. “Ima-gine quantos quilômetros um cão perdido pode andar durante um úni-co dia, nesse percurso ele pode tanto contrair, quanto disseminar milhares de vírus”, explica.

O “filhos adotivos”, como diz o veterinário, são três cães, um gato e um papagaio. Ele exalta o quanto faz bem para as pessoas o convívio com animais. “Eles despertam nossa humanidade, estimulam nossa afeti-vidade, li dezenas de artigos relacio-nados a isso.”

Souza já socorreu muitos animais desde que se formou em Veterinária há oito anos. O caso que mais sensi-bilizou o profissional foi o de um me-nino que bateu à porta de sua casa. A criança trazia dentro da caixa filho-tes de uma cadela que foi atropela-da numa rua próxima. Era inverno e não havia pessoas na rua. Quando o menino viu a cadela que atravessava a rua ser atropelada, correu pra ver mais de perto. Foi quando percebeu que ela tinha filhotes.

A cadela estava agonizando e, mesmo assim, conseguiu parir qua-tro filhotes ainda vivos. A criança não pensou duas vezes, pegou uma caixa de papelão de uma lixeira e colocou os cachorrinhos dentro. “O guri me contou que andou o bair-ro inteiro à procura de alguém que cuidasse dos animais da caixa. Per-guntei onde ele morava, e ele disse que não tinha casa”, revela Souza, que acabou acolhendo não só os fi-lhotes, mas a criança também. Em seguida, o veterinário entrou em contato com Conselho Tutelar, que deu um lar ao menino.

emeRson RiBeiRovenise vieiRa BoRGesRedação Jornalística II

Na correria da vida cotidia-na, algumas coisas passam despercebidas. Os animais

abandonados são um exemplo disso. Esquecidos na rotina frenética das grandes cidades e pelos seus donos, cães e gatos vagam pelas ruas fa-mintos, feridos e doentes. A maioria das pessoas já se acostumou com eles, nem se sensibiliza. No entanto, ainda existem pessoas que não só se emocionam com os animais sem do-nos, mas também agem para mudar esse triste estigma da urbanização.

Lester Vieira Borges, 21 anos, nun-ca imaginou que um simples passeio ao shopping poderia virar uma histó-ria de amor e solidariedade. Quando chegou ao pátio de estacionamento do Shopping do Vale em Cachoeirinha, avistou de longe um cãozinho deitado muito doente. Foi averiguar a situação um pouco mais de perto e, para sua tristeza, o animal encontrava-se em estado deplorável. Com os olhos in-chados, não podia enxergar. Na cabe-ça, tinha um enorme buraco com mui-ta bicheira (proliferação de larvas de moscas), o corpo coberto de feridas não podia nem mesmo se levantar. “Quando vi aquilo, fiquei muito triste e sensibilizado, comecei a chorar no primeiro momento”, lembra Lester.

Lester conseguiu um hotel de ani-mais onde hospedaram o cão, que logo ganhou o nome de Mozart. Lá ele foi medicado e teve os cuidados de uma médica veterinária. Passados 20 dias, já melhor, Mozart foi trans-ferido para uma ONG (que abriga animais), porém com uma condição, Lester teria a inteira responsabilida-de sobre o animal. Quando parecia estar tudo resolvido, mais um pro-blema surgiu: Mozart estava com cinomose, uma doença que ataca o sistema nervoso dos animais e, se não tratada, pode levar à morte.

Devido à situação, ele não poderia mais continuar na moradia, pois cor-ria o risco de contaminar os outros animais do local. Lester também não podia levá-lo para sua casa, pois já possui outros bichos. Até que conhe-ceu um casal que morava em uma simples casa de madeira. Prontifi-cando-se a ficar com Mozart na casa deles, prometeram cuidar com muito gosto e ajudar no que fosse preciso.

Lester apadrinhou o cão, que ficou na residência do casal. Com emoção e orgulho pelo fato de não ter se anu-lado diante de uma situação que hoje

JuLiana sPitaLieReRedação Jornalística III

Cara de pidão, orelhas caídas, cor-po esguio e olhos de súplica. Ainda há quem resista, sem sentimentos, à imagem de um animal abandonado. O bom é que a maioria não. E são estes que não se importam muito com raça, cor e tamanho. O que in-teressa é o ato de ajudar seres inde-fesos que, na maior parte das vezes, são vítimas de donos sem a mínima noção de responsabilidade. Muitos donos não sabem, por exemplo, da existência de leis para crimes pra-ticados contra animais. E, quando não há a denúncia, resta apenas re-mediar a situação.

Nos últimos meses, imagens e informações sobre cães e gatos abandonados ganharam destaque em jornais, blogs e fóruns. Seja com intuito de promover suas mí-dias, ou pelo aumento do interes-

se do público, o tema tem rendido boas pautas em veículos como Zero Hora e Diário Gaúcho. Os cases de Pimpoo (o cão fugitivo) e Rosinha (a cadela cor-de-rosa), foram manchetes por dias segui-dos e trouxeram à tona questões sobre a lealdade animal e falta de escrúpulo humano.

Fazendo ressurgir o gosto por amparar pequenas almas caninas, ou até mesmo despertando um amor recolhido por animais, as matérias estimulam a participa-ção dos leitores. O blog Bichara-da, mantido pela Zero Hora, faz a mediação entre doadores e inte-ressados, e surte bons resultados. Diariamente são postadas fotos de animais encontrados na rua junto a uma descrição sobre sua situação. O mais bonito é perceber que a concorrência é cada vez maior. E melhor ainda é ler: “Este animalzi-nho já tem um lar”.

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ONG MaRSeguro luta por melhores condições de surf e pesca no litoral

Pelo fim das mortes

A favor de surfistas e pescadores

Opinião

Luta: Neuza Rufatto mantém intacto o quarto do filho Thiago, surfista vítima de uma rede de pesca que motivou a criação da ONG

Vanessa Freitas

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Babélia n Unisinos n Junho/2011 cidadania

Eu-cidadão promove inclusão digital

Na Unisinos, equipamentos de hardware substituídos nos laboratórios e escritórios se

transformam em ferramenta de inclusão digital. Desde 2003, o projeto Eu-cidadão destina esses

materiais a outras entidades, contemplando áreas como educação, atenção ao idoso e

economia solidária. (Lílian Stein / Agexcom)

nathÁLia mendesRenata GomesRedação Jornalística II

Com o objetivo de melhorar as condi-ções de surf e pesca no litoral gaú-cho, amigos e parentes que sofreram

com a morte de Thiago Rufatto, de 18 anos, no dia 1º de novembro do ano passado, criaram a Ong MaRSeguro. Enquanto sur-fava na praia de Capão da Canoa, Thiago ficou preso num cabo de pesca de rede fixa, tornando-se a 49º vítima deste tipo de aci-dente no Estado. Para evitar que mais fa-miliares sofram a dor da perda, o Instituto Thiago Rufatto vem lutando pelo fim da morte de surfistas com a extinção das redes de pesca fixas sem demarcação. A ONG tem como objetivo a conscientização de surfistas, familiares, banhistas, entidades e comunidade em geral para entrarem juntos nessa luta. Desde 1983, 49 vítimas de redes ilegais de pesca morreram em praias gaú-chas. Surfistas e banhistas de todas as ida-des tiveram suas vidas interrompidas pela falta de sinalização e demarcação de áreas de pesca no litoral.

Em busca de apoio para criar formas alternativas de pesca, responsáveis e co-laboradores da ONG vêm procurando as autoridades competentes. O escritor Felipe Longhi Malheiro é um dos 87 colaborado-res do Instituto. Segundo ele, a intenção da ONG não é tirar a subsistência dos pes-cadores, mas sim criar um ambiente onde haja condições de convivência da comuni-dade do litoral. “Nossa ideia é contribuir na conscientização e educação dos ‘usuários’ do litoral e lutar pela substituição das re-

des de pesca por maneiras mais seguras e rentáveis aos pescadores”, explica. Ele ressalta, ainda, que a Instituição não dese-ja tirar o espaço dos pescadores, mas sim criar uma possibilidade de diálogo entre as partes, para que, juntos, trabalhem em prol da segurança no nosso litoral. “É preciso quebrar a cultura de que veranistas e mo-radores do litoral são adversários. Oferecer condições de desenvolvimento para a po-pulação litorânea seria uma bela forma de alavancar as referências culturais de que as pessoas de lá dispõem, e elas próprias vão querer melhorias que talvez nem saibam que podem existir”.

a passos lentosOs resultados já estão aparecendo. Se-

gundo a ONG, houve evolução, ainda que precária, para por fim a esse tipo de crime, no qual ninguém jamais foi punido. Foi assi-nada, pelo governador Tarso Genro, a lei que ampliará a área de surf, de 400 para 2100 metros. Os horários dos salva-vidas também foram ampliados. Antes, no horário do al-moço, as guaritas ficavam vazias. Agora, os salva-vidas permanecem na praia entre 13h e 15h, horário de maior movimento no mar. Para a mãe de Thiago e presidente da ONG, Neuza Rufatto, o maior passo da luta já foi dado. “A criação da MaRSeguro foi o passo mais importante, mas temos muito trabalho pela frente”, diz.

Os participantes da ONG já realizaram caminhadas, mobilizações nas praias, fo-ram ao Ministério Público e até à ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, pedindo segurança e respeito pela vida no mar gaúcho. Não ao 50º e Praia Segura,

Surf Legal são algumas das campanhas re-alizadas pelo Instituto. Para Neuza, a socie-dade tem um papel importante na causa. “É fundamental o papel da sociedade exigindo segurança, sinalização e demarcação nas praias gaúchas.” Ela enfatiza, ainda, a im-portância das praias contarem com salva-vidas equipados com recursos mais moder-nos e com melhores treinamentos. Para ela, isso é uma exigência do nosso litoral, que é um dos mais perigosos do mundo. Vale lembrar que, para maior segurança no mar, as demarcações devem ser extremamente claras e visíveis de dentro do mar, e, prin-cipalmente, respeitadas por todos os envol-vidos. Qualquer irregularidade à beira-mar pode, e deve, ser denunciada, por qualquer um, pelo número 190.

O trabalho de divulgação das mobi-lizações também é um fator importante para atingir os objetivos da organização. No último verão, foi feito um trabalho de divulgação através de panfletos com di-cas para mais segurança no litoral. “Cabe também à comunidade e ao poder públi-co fiscalizar e denunciar irregularidades observadas no litoral em relação a sina-lizações e demarcações”, pontua Neuza. A presidente da ONG lembra, ainda, a importância da mídia na divulgação do projeto. “A mídia é fundamental, pois nos possibilita alertar a comunidade sobre os perigos no mar gaúcho e a cobrar segu-rança e fiscalização do poder público.” Para os interessados em entrar junto nes-sa luta e participar da ONG, o site www.ong-marseguro.blogspot.com disponibili-za todas as informações sobre as mobili-zações e projetos futuros.

maRcus von GRoLLRedação Jornalística III

A polêmica gerada após a morte do estudante e surfis-ta Thiago Rufatto, 18 anos, no dia 1° de novembro de 2010, na praia de Capão da Canoa, reacendeu a discus-são sobre o espaço destina-do ao surfe e à pesca no li-toral do Rio Grande do Sul. Desde 1978, 49 surfistas morreram presos em cabos de redes, contabilizando a marca de uma vítima a cada oito meses.

A mobilização de paren-tes e amigos do Thiago e a criação do Instituto Thiago Rufatto/ONG MaRSeguro, presidido por sua mãe, Neu-za Rufatto, contribuiu para que o foco de atenção das pessoas se voltasse ao con-flito de espaço entre lazer e trabalho nas praias gaúchas. O objetivo central da ONG não é ser contra os pescado-res, mas sim a favor da vida e da segurança no mar.

De um lado, famílias so-frem com a perda de seus parentes queridos que pra-ticavam um esporte sau-dável no mar. De outro, pescadores clamam pelo direito de exercer a ati-vidade que lhes fornece o sustento da família.

A nova lei estadual apro-vada pelo governador Tarso Genro, que revê a demarcação das áreas de surfe e pesca no litoral gaúcho, foi um passo bastante importante para que este assunto encontre uma so-lução e um final feliz.

O que nos resta agora é aguardar para ver se tanto os surfistas quanto os pes-cadores criam consciência e passem a respeitar, cada um deles, o espaço do ou-tro. Se não houver este respeito e cumprimento da lei por parte de ambos, penas severas devem ser aplicadas, pois, somente assim, o jovem surfista pe-gará suas ondas e o pesca-dor realizará o seu traba-lho com tranquilidade nas praias gaúchas.

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Babélia n Unisinos n Junho/2011

Andressa Pazzini /Trensurb

Estação industrial seráinaugurada em 2013

Trensurb tem sua inauguração adiada para 2013, segundo matéria do Jornal NH. As razões para o adiamento são a inclusão da Estação Industrial e o melhoramento na vazão no Arroio Luiz Rau. A

Estação estava fora do projeto licitado inicialmente e o Arroio pode gerar problemas durante e após as

obras. (Tainá Hessler / Redação Jornalística I)

cidadania 24

danieLa canovaRedação em Relações Públicas II

O Lar Betel para ido-sos, de Esteio, será fe-chado por falta de es-trutura. A instituição deve encerrar suas ati-vidades até o final do ano. Representantes do Conselho Municipal do Idoso, juntamente com a Promotoria da cidade, alegam que o local não atende às exigências descritas no Estatuto do Idoso. Pelo menos 30 idosos que vivem no lar estão sem ter para onde

ir. A prefeitura procura outros asilos na região para acolher os anciãos.

A outra casa de repou-so, o Lar de Idosos Paz e Amor, iniciou reformas para atender as exigên-cias do Estatuto. A casa, que abriga 50 mulheres, é mantida por doações e mensalidade de dois sa-lários mínimos por inter-no. O presidente do asilo, Atair Canova, alegou que os custos para manter o padrão da entidade, com as exigências e os salá-rios dos funcionários, são elevados.

heLena caLiaRiRedação Jornalística I

Quando os alunos vol-taram às aulas em março deste ano, encontraram uma grande mudança na Escola Estadual de Ensino Médio Affonso Charlier, de Canoas. O novo diretor, Marcos Hermi Dal’Bó, fez modificações na escola que refletiram na mudan-ça de comportamento dos pais. A reforma privile-giou muros de concreto, janelas, mesas e cadeiras novas, paredes coloridas e câmeras de seguraça, o

que resultou numa nova fase na proposta educacio-nal da Affonso Charlier.

Após trocar os quadros de giz por quadros bran-cos, foi feita a pintura das salas, com o apoio de uma empresa que financiou parte das tintas. O trabalho foi concluído antes do iní-cio do ano letivo, para que os alunos percebessem a importância de um am-biente limpo e organizado para o ensino.

Com a boa reputação do colégio, outros pais estão procurando-o para coloca-rem seus filhos.

Luísa costaRedação Jornalística I

O Projeto Construir um Futuro Melhor abre as portas do Centro Si-nodal de Ensino Médio, de Sapiranga, para alu-nos de escolas estaduais e municipais da cidade. A ação social oferece aulas de iniciação profissional e cidadania. “O objeti-vo é oportunizar a esses jovens um aprendizado teórico e prático que lhes permita entrar no mer-cado de trabalho”, disse Cinthia Flores, coorde-

nadora do projeto.Os alunos são capaci-

tados para a criação de sites em curso básico de webdesign e aprendem noções de comportamen-to e postura no mercado de trabalho em aulas de cidadania, teatro e em-preendedorismo. Eles vêem nessas aulas um momento para apren-der a viver em socieda-de. “Utilizo no dia-a-dia o que aprendo aqui, pois a cidadania está em tudo o que a gente faz”, disse a aluna Ali-ce Cardoso, 16 anos.

Sem recursos, asiloterá portas fechadas

Reforma em colégiotraz mais segurança

Ação social prepara jovens para o futuro

Prefeitura não sustenta promessa de casas populares

Enxurrada: casa destruída pelo transbordamento do arroio

Fran

cine

San

tana

FRancine santanaRedação em Relações Públicas II

A promessa de construção de ca-sas populares na Vila Vargas, em Sapucaia do do Sul, não

passa de uma grande confusão, disse o diretor geral da Secretaria de Habitação do município, Átila Vladimir Andrade. Ele mesmo prometeu ir até a Vila para esclarecer o caso aos moradores.

As fortes chuvas que caíram na região em fevereiro danificaram 200 casas e dasalojaram 800 mora-dores da Vila Vargas, contabilizou a Defesa Civil. A residência de Wag-

ner Sperb, 24 anos, virou canal de passagem das águas e foi completa-mente destruída.

O transbordamento do arroio é frequente e, segundo os morado-res, a prefeitura prometeu, no ano passado, realocá-los em outra parte da cidade, com novas construções bancadas pela prefeitura, fora do alcance das cheias do arroio.

O secretário de Habitação, Tita Nunes, afirmou que o único projeto habitacional em andamento no muni-cípio é o do programa Minha Casa, Minha Vida, da Caixa Econômica Federal. Moradores alegam que a

assessoria de comunicação da prefei-tura os teria informado que até 31 de dezembro de 2010 estariam morando no novo loteamento organizado pelo governo da cidade.

Jéssica, 23 anos, mãe de três filhos, teve os pertences destruídos pela se-gunda vez, no ano, devido as enxurra-das que provocam o transbordamento do arroio da Vila Vargas. Ela sustenta a família “pela boa vontade de pesso-as” e não tem a mínima condição de adquirir uma residência pelo Minha Casa, Minha Vida. Jéssica aguarda a construção das casas populares pro-metidas pela prefeitura.

daiane daLLe teseRedação Jornalística I

Com iniciativas proporcionadas pela Brigada Militar, a comunida-de do Chapéu do Sol, localizada na zona sul de Porto Alegre, reduziu em 60% o número de ocorrências envolvendo jovens. Construído pela prefeitura, o local abriga 700 famílias vindas de outras áreas da capital, consideradas de risco.

Adultos e jovens são capacita-dos para o mercado de trabalho, como alternativa de minimizar o desemprego e suas consequên-cias. Com foco na complemen-

tação educacional, cultural e formação profissional, o Núcleo Comunitário e Cultural Belém Novo realiza o projeto social desde 2003.

O tenente Carlos Augusto Me-dina, gestor do Núcleo, explicou que o projeto prioriza a conscien-tização das crianças e jovens por meio da cidadania contra a crimi-nalidade. Mesmo com poucos re-cursos, o Núcleo consegue aten-der grande parte da população carente dos bairros Belém Novo, Lami e Ponta Grossa.

Só neste ano, mais de mil alu-nos estão inscritos nas atividades

oferecidas e há lista de espera. A iniciativa oferece capacitações profissionais e educacionais para auto-sustentação econômica das áreas carentes.

“Aqui tenho oportunidade de conhecer coisas novas e pensar no futuro”, disse Leonardo Bra-ga, estudante de 13 anos. São oferecidos gratuitamente cursos de garçom, cabeleireiro, auxi-liar contábil e de cozinha, inglês, informática, aulas de violão e percussão, capoeira, balé, jazz, e teatro. Há ainda aulas de reforço escolar, biblioteca com 8 mil li-vros e ocorre distribuição de sopa.

Projeto diminui violência em área carente

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Descubra por que a cidade maravilhosa será a sede mundial do rock

Qual é o som do Rio?

Um tour pela Cidade Maravilhosa

Opinião

Cartão postal: a beleza das praias atrai milhões de turistas o ano inteiro

SXC.HU

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Babélia n Unisinos n Junho/2011 turismo

Centro de mídia para a Copa de 2014 será no RioO Centro Internacional de Transmissão da Copa

do Mundo de 2014 ficará no Rio de Janeiro. O local escolhido para receber o QG da imprensa

mundial será o Riocentro, em Jacarepaguá. A previsão é de que os profissionais de

comunicação injetem na cidade R$ 50 milhões com a ocupação dos hotéis cariocas.

Divulgação

maRiana staudtnÁdia stRateRedação Jornalística II

Gilberto Gil já dizia “O Rio de Janeiro continua lindo”. Uma cidade quen-te, com cheiro de maresia, cercada

por montanhas e paisagens deslumbrantes. A exuberância das cores, as praias movi-mentadas e a energia podem ser sentidos em qualquer época do ano.

Além disso, é conhecida como a cidade dos corpos bonitos. É comum ver pessoas andando de bicicleta na Lagoa Rodrigo de Freitas, correndo pela orla de Ipanema ou jogando futevôlei na Barra da Tijuca no meio da tarde de um dia qualquer. A temperatura elevada e os belos cenários do lugar são um convite à prática de es-portes ao ar livre.

Agora, a cidade se prepara para receber o maior evento de música e entretenimento do mundo, o Rock in Rio. Serão mais de 150 atrações entre os dias 23, 24, 25 e 30 de setembro, 1º e 2 de outubro.

O festival acontece dentro da nova Ci-dade do Rock, ocupando uma área de 150 mil metros quadrados, na Barra da Tijuca. As atrações estarão divididas entre o Palco Mundo, Tenda Eletrônica, Palco Sunset e Rock Street.

Rock in Rio 2011A venda oficial de ingressos está esgotada

em todos os pontos de venda. Para quem não conseguir garantir a entrada, ainda há algu-mas chances. Os patrocinadores e parceiros do festival ainda realizarão ações para pre-sentear os fãs com ingressos para o Rock in

Rio 2011. Fique atento às redes sociais!Diversas atrações nacionais e internacio-

nais estão confirmadas. Entre as principais, destacam-se Elton John, Paralamas do Su-cesso, Snow Patrol, Ivete Sangalo, Shaki-ra, Lenny Kravitz, Coldplay, Maná, Guns N’Roses, Erasmo Carlos e Evanescense.. Você pode conferir a programação comple-ta no site: rockinrio.com.br.

O estudante Pablo Furlanetto, da Uni-

sinos, é fã da banda norte-americana Red Hot Chilli Peppers e comprou o in-gresso ainda nos primeiros dias de ven-da. “Desde os 10 anos de idade, eu sou um grande fã. Foi a primeira banda de rock que eu escutei”, afirma Pablo. O estudante, que vai ficar quatro dias na cidade, está com grandes expectativas, pois nunca foi no Rock in Rio nem via-jou para o Rio de Janeiro.

esteFânia de souza camaRGoRedação Jornalística III

Rio de Janeiro cidade mara-vilhosa, que serve de inspiração para músicos, artistas e a todos que a contemplam. Podemos co-meçar falando da Lagoa Rodrigo de Freitas, que é linda, localizada na Zona Sul da cidade, área no-bre. Ela serve de palco para as novelas do Maneco, Manoel Car-los. Chegando lá encontramos o famoso passeio dos patinhos e os turistas que amam dar voltas na sua margem. E da Pedra da Gávea, localizada na Zona Sul, bem próxima da Lagoa, é possí-vel fazer o passeio de Asa Delta. Do bondinho podem ser vistos os pontos para observação.

Na lagoa é onde as pessoas passeiam com as crianças e be-bês, gente andando de bicicleta pessoas se exercitando e tudo, ao redor, é muito lindo. De lá também dá para ver o Cristo Re-dentor que além de ser um belo monumento oferece a vista mais linda da cidade.

No centro ocorrem rodas de samba, o comércio, o chope, a boa e velha malandragem. Na Lapa passava o antigo trem que ligava a cidade a outras partes do estado. E tem os famosos Arcos que são Aqueduto em estilo romano.

Ipanema é uma das praias mais famosas e oferece uma das mais belas paisagens. Concentra gen-te bonita em suas areias e suas eternas “garotas de Ipanema”. A praia da Barra da Tijuca tem águas esverdeadas e límpidas. Ela é ideal para a prática do surfe, windsurfe, bodyboarding e pesca de beira. Ainda possui muitos ba-res, restaurantes e quiosques, ilu-minação noturna e ciclovia. Não podemos nos esquecer do Pão de Açúcar que tem dois teleféricos para atender aos turistas também tem opção de escalada. Dele con-templa-se a Baia da Guanabara, a Enseada do Botafogo e uma boa parte da Fortaleza de Santa Cruz. Já o Jardim Botânico e Leblon, que são outros bairros nobres e badalados da cidade encerram nosso turismo pelo belíssimo Rio de Janeiro, mas tudo isso, atrelado com os costumes e com a cultura local, que fazem dela efetivamen-te a cidade maravilhosa.

Saiba mais

Pontos Turísticos

Se você quer conhecer o Rio de Janeiro a fundo, não se limite ao Cristo Redentor e ao Pão de açúcar. a cidade maravilhosa tem muito mais a oferecer.

A vista do Mirante Dona Marta, situado no Parque Nacional da Tijuca, apresenta praticamente o mesmo cenário visto do Cor-covado, porém você não paga nada para subir até lá.

as praias reconhecidas inter-nacionalmente por sua beleza, são consideradas um atrativo a parte, como Ipanema, Copaca-bana, arraial do Cabo e Leblon. Não há nada melhor que tomar uma água de coco, sentado em um quiosque e acompanhar o movimento.

Destino de muitos surfistas, praias como Grumari, Prainha e Macumba ficam em meio à natureza e trazem paz de espírito para qualquer visitante. a tranqüilidade e a sensação de

liberdade é tanta, que no local não é permitido construções, pois fazem parte de reservas ecológicas da Mata Atlântica.

Baladas

a noite carioca está disponível para todos os públicos. baladas, rodas de samba, barzinhos, fica difícil escolher entre tantas op-ções freqüentadas por pessoas do mundo inteiro.

Uma casa tradicional é a Nuth Lounge, na barra da tijuca, que conta também com uma filial na Lagoa Rodrigo de Freitas. aberta diariamente, com um ambiente descontraído, a festa conta com diferentes atrações, passando por todos os estilos musicais e atraindo muita gente bonita.

Conforme o carioca andré Madeira de 26 anos, não só da barra se faz o Rio de Janeiro. Para ele, a noite na Lapa é movimentada e a que mais atrai turistas “tem uma série de casas noturnas e choperias. Sendo

que você encontra de tudo, rock, samba, forró, reggae, hip hop. a Lapa é a cara e o jeito do legítimo carioca”. Durante a noite, as ruas são fechadas e as pessoas se concentram lá mes-mo, o que se torna uma forma barata de se divertir.

agora, se você não se importa de gastar um pouco mais, é indispensável procurar pela Baronneti Club, na Zona Sul. O espaço, além dos tradicionais drinks e dJ’s nacionais e interna-cionais, conta também com um sushi bar. Vale a pena conferir!

Transporte

Para facilitar, a prefeitura do Rio, vai disponibilizar linhas de especiais de ônibus ligando os aeroportos Galeão e Santos du-mont à área dos shows. Quem pretende viajar de ônibus, chegando até a rodoviária Novo Rio, não precisa se preocupar, pois de lá também sairão linhas especiais para atender aos roqueiros.

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Babélia n Unisinos n Junho/2011 religião

Padre Marcelo Rossino Rock in Rio

Além de Elton John, Rihanna, Katy Perry e Parangolé, a organização do Rock

in Rio confirmou a presença do padre Marcelo Rossi no festival. Segundo os

promotores do evento, o objetivo é atrair os mais variados tipos de público.

(Ana Paula Figueiredo / Agexcom)

classichitspaulista.com.br

SXC.HU

frequenta a igreja evangélica duas vezes por semana. O jovem cresceu no ambiente devoto ins-tigado por seus pais. Ele acredita que a família o influenciou para a religiosidade e conta que di-versas vezes sofreu preconceito pela escolha.

“Amigos e conhecidos zoam de mim por eu ser religioso”, reclama. Mesmo assim, o adolescente diz que não se intimida em frequentar a igreja e que o preconceito exis-te pelo fato de muitas pessoas não acreditarem no Criador, o que é o caso dos amigos dele. No caso de Larissa Guerra, 16 anos, a família também foi determinante. “No co-meço eu ia para a missa e adorava, mas estudei sobre a Igreja Católi-ca e vi que ela não respondia os meus questionamentos. Acredito em Deus, mas a religião deixou de fazer sentido. Acho que, como tudo o que o homem criou, ela é mais um meio de conflito e de dis-criminação”, afirma a menina.

Segundo o líder Omar de Mora-es, da entidade espírita União Faz a Força, de Esteio, a crença no ser superior surge de cada um de nós, independentemente de crescer em ambiente religioso. Omar acredita que os ateus alimentam um vazio. “Todos nós passamos por dificul-dades alguma vez na vida, e é nes-tes momentos que as pessoas mais se lembram de Deus. Por isso me pergunto onde eles encontram for-ças para superar as dificuldades?”.

A resposta vem do pastor da Igreja Batista de Sapucaia do Sul, Edelberto Ramos. Ele diz que os descrentes não existem, já que com anos de pregação se deparou com muitos casos de indivíduos que diziam não alimentar crenças. Porém, com alguma dificuldade foram à procura de ajuda, alme-jando a força divina.

maRtieLLe maRtinsthaís zimmeR maRtinsRedação Jornalística II

Para muitos adolescentes, a re-ligião não tem significado. É justamente a descrença que liga

as estudantes Monique Gaviraghi, 19 anos, e Bianca Louise Boessio, 16 anos. O histórico religioso das meni-nas se iguala, apesar de a primeira ter participado da igreja evangélica e a segunda ter cumprido à risca todas as atividades que o catolicismo exigiu. A desistência da religião foi natural.

“Simplesmente deixei de crer por não haver motivos para isso”, revela Monique. Ela alega que o acesso à in-formação possibilita seguir outro cami-nho que não o imposto pela sociedade.

“Eu acredito em uma força maior, e não especificamente em Deus. Às vezes, em casa, eu agradeço. Só que digo ‘obrigada, Deus’. Nossa, que estranho! Eu não acredito, mas agra-deço a Ele”, analisa a mais nova. Depois de pensar na afirmação, ela argumenta que a maioria da popula-ção cresce ouvindo tanto sobre um ser superior que acaba guardando, inconscientemente, apesar de não acreditar por completo.

Para o estudante de Psicologia Juan Rodrigues Santos, 18 anos, as-sumir qualquer extremo de opinião é um apego emocional e, de qual-quer modo, ter fé. Logo, a definição de ateísmo é contraditória. “Mesmo que haja algum tipo de Deus, não acho que seja nenhum dos que a so-ciedade atual prega”, defende Juan. Ele explica que a religião é um modo de domesticar e controlar a massa. É incoerente a falta de assimilação da população. “Dois objetivos das igre-jas: marketing e controle político de um povo”, define o garoto.

Se a crença não determina o caráter de uma pessoa, por que depositar con-vicção nas instituições que pregam, talvez erroneamente, a “palavra de Deus”? Por que acreditar em uma ima-gem construída (ou destruída) pelos seres humanos? São essas as pergun-tas que a juventude atual se depara e dificilmente consegue achar respostas. “Não uso palavras para definir minha crença. Tenho minhas próprias ideias e deposito minha fé nas pessoas”, es-clarece Monique. O importante é que as escolhas feitas tragam felicidade, apesar da religião.

Alguns ainda acreditamA juventude não excluiu por

completo a tradição. É o caso de Jonatas Machado, 19 anos, que

Necessidade de crer

“ter fé, mesmo não sendo no denominado criador, é válido.” A afirmação é do teólogo e mestre em Ciências da Religião Emílio Mendonça. Segundo ele, o ser humano tem necessidade de crer. Os que afirmam serem ateus se perdem nas respostas que frequentemente assaltam as pessoas, como “para onde vamos?” ou “qual a origem de tudo?”. A teóloga Silvia Lemes defende o uso da bíblia para tirar conclusões e explica que nenhum dos escritores do Velho e do Novo testamento tenta provar ou argumentar em prol da existência divina.

Religião é um tema que gera dúvida e discordância entre adolescentes brasileirosA face

moderna da crença atual

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Influência polêmica

As novas tecnologias e meu pai

Beijo na boca já é passado

Um salve pra essa gente

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Babélia n Unisinos n Junho/2011 opinião

PRisciLa da siLvaRedação Jornalística III

Até que ponto nossas vidas podem ser influenciadas pelos artistas e pela cultura pop? Essas respostas podem ser encontradas na breve análise dos últi-mos acontecimentos do mundo pop.

Lady Gaga foi eleita no ranking da “Forbes 2011” a personalidade mais influente do mundo. Além da apre-sentadora Oprah Winfrey, que levou o prêmio nos últimos anos, Gaga dei-xou para trás diversos artistas como U2, Elton John e Paul McCartney, Angelina Jolie, Johnny Deep e Leo-nardo DiCaprio. Segundo alguns crí-ticos, a influência dela tende a crescer cada vez mais com a divulgação de seu novo álbum, “Born This Way”.

Inicialmente, alvo de comparações com Madonna, a Rainha do Pop, Gaga mostrou que seu trabalho tem estilo próprio e autêntico, não apenas no que diz respeito às suas músicas, mas tam-

bém às suas atitudes, seu jeito de vestir e seus video-clipes polêmicos, e mega produzidos. A supremacia da cantora é tanta que, no Twitter, ela reúne mais de 10 milhões de seguidores, mais até que Barack Obama.

Lady Gaga é a polêmica em pes-soa, como se não bastasse sua apa-rição durante o MTV Music Awards (2010) usando uma roupa feita de carne, este ano, ela chegou a bor-do de um ovo gigante à entrega do Grammy. Seus fãs, de uma maneira geral, se identificam com ela não apenas por sua espontaneidade ex-cêntrica, mas também pelas suas músicas. O novo álbum traz melo-dias grudentas, batidas eufóricas, le-tras que tratam de religião, liberdade e, principalmente, identidade sexual, tudo isso como se fosse um livro de auto-ajuda, porém, executadas pela figura mais popular e carismática do mundo pop nos últimos tempos, e isso faz toda a diferença.

Lisiane machadoRedação Jornalística III

Toda semana, ou até algumas vezes neste período de tempo, meu pai repe-te a frase “E eu que pensei que tinha comprado um computador bom!”. Não que o computador dele seja ruim, mas a exclamação é sempre posterior a algu-ma notícia relacionada à tecnologia, ao lançamento de algum novo smartphone ou tablet prometendo mil e um novos recursos. Os constantes avanços nas tecnologias de comunicação ainda po-dem assustar algumas pessoas desacos-tumadas ao ritmo de suas atualizações, mas de uma forma geral o consumidor deste tipo de produto está cada vez mais antenado e exigente.

As tecnologias de comunicação con-tribuíram para a diminuição das distan-cias. Essa facilidade, que já é intrínseca em nossa sociedade, tende cada vez mais a expandir estes produtos no mercado mundial, tornando-os mais baratos.

A modernização e a facilidade de acesso a essas tecnologias vêm per-mitindo muito mais do que a possibi-lidade de estar sempre disponível mas oferece uma infinidade de recursos que são personalizáveis. A grande febre do momento, o novo iPad 2 da Apple é um bom exemplo desta fase de constantes atualizações (as quais meu pai se refe-re). Ele é um produto evolucionário e não revolucionário, pois trás um me-lhoramento da maioria de seus recursos e poucas notáveis novidades.

Hoje há inúmeros estudos que ana-lisam as mudanças provocadas pelas tecnologias de comunicação em nossas vidas, e todos eles concordam que nós dependemos de uma forma ou de outra delas e que elas vieram pra ficar. Desde aquela pessoa que só usa o celular para comunicar-se com quem quiser a qual-quer hora até mesmo quem utiliza vá-rios dos mais sofisticados aplicativos, uma coisa é certa, ninguém mais vive sem estas facilidades.

aLine FeRReiRa netoRedação Jornalística III

E o primeiro beijo gay das teleno-velas brasileiras saiu do horário nobre, - leia-se novela das oito da Rede Glo-bo, - e foi parar no SBT. Aconteceu no folhetim “Amor e Revolução”, entre a advogada Marcela e a proprietária do jornal “O Brasileiro”, Mariana, vi-vidas, respectivamente, pelas atrizes Luciana Vendramini e Giselle Tigre. A cena foi ao ar em 12 de maio, com duração de (raros) 40 segundos.

Bom, se o beijo – que por sinal teve direito à “levantadinha” de per-na – foi bem encenado, se as atrizes estavam à vontade ou se houve os erros de continuidade, pouco vem ao caso. O que interessa, na verda-de, o que me chamou atenção foi se os seis pontos no Ibope ou os 58 mil domicílios ligados no capítulos vão provocar a mesma ira causada em 2005. Naquele ano, a patrulha sem-

pre atenta da moral e dos bons cos-tumes estava a postos com bandeiras ideológicas em punho, dedos em riste e os olhos vidrados na telhinha durante a novela América (Globo).

Diretores negam veementemente. Atores não confirmam, mas velada-mente foi esse grupo o responsável por transformar a cena do beijo entre os personagens Junior (Bruno Ga-gliasso) e o peão Zeca (Erom Cordei-ro) em um selinho, que passou batido, durante o último capítulo da novela. Sinceramente, o canal de leilões esta-va muito mais emocionante.

Enfim, qual a diferença entre os beijos? Por que em um são homens e no outro, mulheres, o fetiche de 10 entre 10 rapazes? Será que esses vigilantes do comportamento tele-visivo acreditam que beijos gays ou relações homoafetivas são maus exemplos para as crianças? As trai-ções, as intrigas e o sem número de outras cenas desnecessárias? Pode?

andRé seeWaLdRedação Jornalística III

Metrô, preconceito, mobilidade urbana, redes sociais e churrasco. Estes foram os principais ingredien-tes de uma manifestação que ocor-reu recentemente em um dos bairros mais tradicionais da elite da capital paulista, o Higienópolis.

O motivo do protesto foi o anúncio, por parte da empresa que administra o Metrô de São Paulo, de que vai alterar o local de uma futura estação, que seria construída no bairro. A causa da mu-dança seria um abaixo-assinado feito pelos moradores, que não gostariam de ter uma linha do metrô passando por lá, pois iria popularizar o local.

A confusão ficou maior quando uma moradora, teria dito à Folha de S. Paulo que a estação atrairia “dro-gados, mendigos, uma gente diferen-ciada”. Pronto, uma expressão fres-quinha saía do forno para os tuiteiros

e uma polêmica estava instalada.No Facebook, um usuário propôs

uma manifestação contra o abaixo-as-sinado, em frente a um shopping chi-que do bairro: o “Churrascão da gente diferenciada”. Cerca de 50 mil pessoas aderiram à ideia. No dia 14 de maio, cerca de 150 pessoas compareceram para assar queijo coalho em uma ca-traca de metrô incendiada. Aos poucos, a manifestação ganhou corpo e virou uma passeata com quase mil pessoas.

Agora, o Metrô de São Paulo pre-cisa apresentar estudo que justifique a alteração. E é bom que seja aceitá-vel, pois mesmo que os moradores do bairro tenham seus motoristas parti-culares, muitas pessoas dependem do transporte público e o metrô é uma das melhores soluções.

Espero que o protesto surta efeito.E salve o Twitter, salve o Facebook

e salve essa gente que tem ideias dife-renciadas para lutar pelos direitos da-queles que não tem o espaço devido.

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CULTURA

A magia do cinema

O sucesso do filme Rio, do diretor

brasileiro Carlos Saldanha, confirma

que as animações cada vez atingem

mais faixas etárias

Histórias de vidaAlunos do Curso de Jornalismo retratam a realidade da Vila Brás, em São Leopoldo

Rock e chimarrãoProjeto da banda Estado das Coisas une o rock com a musicalidade do tradicionalismo gaúcho

/Capa

/Central

/2

Publicação Experimental do Curso de Jornalismo da Unisinos

São Leopoldo/RSJunho de 2011

Lorena Risse

Angelica Marques