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Bancári@s - Setembro

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Revista editada pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba e região

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DIRETORIA GERAL DIRETORIA EXECUTIVA

CONSELHO FISCAL

Alessandro Greco Garcia - Banco do BrasilAna Luiza Smolka - Banco do BrasilAna Maria Marques - Itaú UnibancoAudrea Louback - HSBCCarl Friedrich Netto - Banco do BrasilClaudi Ayres Naizer - HSBCEdson Correia Capinski - HSBCEdna do Rocio Andreiu - HSBCElize Maria Brasil - HSBCErie Éden Zimmermann - CaixaEustáquio Moreira dos Santos - Itaú UnibancoGenésio Cardoso - CaixaGenivaldo Aparecido Moreira - HSBCHamilton Reffo - HSBCIlze Maria Grossl - HSBCJefferson Tramontini - CaixaJoão Batista Melo Cavalcante - CaixaJorge Antonio de Lima - HSBCJosé Carlos Vieira de Jesus - HSBCJosé Florêncio Ferreira Bambil - Banco do BrasilKarin Tavares - SantanderKarla Cristiane Huning - BradescoKelson Morais Matos - BradescoLílian de Cássia Graboski - ABN/RealLuceli Paranhos Santana - Itaú UnibancoMaeve Luciane Vicari - Bank BostonMarisa Stedile - Itaú UnibancoSalete Aparecida Santos Mendonça Teixeira - CaixaSidney Sato - Itaú UnibancoUbiratan Pedroso - HSBCValdir Lau da Silva - HSBCVanderleia de Paula - HSBC

EfetivosLuiz Augusto Bortoletto - HSBCIvanício Luiz de Almeida - Itaú UnibancoDenise Ponestke de Araújo - Caixa

SuplentesDeonísio Schimidt - HSBCTania Dalmau Leyva - Banco do BrasilBras Heleison Pens - Itaú Unibanco

As matérias assinadas são de inteira responsabilidade dos autores.

PresidênciaOtávio Dias – Bradesco([email protected])

Secretaria GeralCarlos Alberto Kanak – HSBC([email protected])

Secretaria de FinançasAntonio Luiz Fermino – Caixa ([email protected])

Secretaria de Organização e Suporte AdministrativoMarco Aurélio Vargas Cruz – HSBC([email protected])

Secretaria de Imprensa e ComunicaçãoSonia Regina Sperandio Boz – Caixa([email protected])

Secretaria de Formação Sindical Marcio Mauri Kieller Gonçalves – Itaú Unibanco([email protected])

Secretaria de Igualdade e da DiversidadeDenívia Lima Barreto – HSBC([email protected])

Secretaria de Assuntos Jurídicos Coletivos e IndividuaisAdemir Vidolin – Bradesco([email protected])

Secretaria de Saúde e Condições de TrabalhoMargarete Segala Mendes – HSBC([email protected])

Secretaria de Políticas Sindicais e Movimentos SociaisAndré Castelo Branco Machado – Banco do Brasil([email protected])

Secretaria de Cultura Herman Felix da Silva – Caixa([email protected])

Secretaria de Mobilização e Organização da BaseJúnior César Dias – Itaú Unibanco([email protected])

Secretaria de Assuntos de PolíticasSociais e estudos SócioeconômicosPablo Sérgio Mereles Ruiz Diaz – Banco do Brasil([email protected])

Secretaria de Assuntos das Demais Categorias do Ramo FinanceiroAnselmo Vitelbe Farias – Itaú Unibanco([email protected])

Secretário de Esportes e LazerSelio de Souza Germano – Itaú Unibanco([email protected])Rua Vicente Machado, 18 - 8º andar • CEP 80420-010 • Fone (41) 3015-0523

Presidente: Otávio Dias ([email protected]) Secretária de Imprensa: Sonia Boz ([email protected]) Jornalista Responsável: Patrícia Meyer (5291/PR) Redação: Luiz Gustavo Vilela Patrícia Meyer Renata OrtegaDiagramação: Fabio SouzaImpressão: Maxigráfica • Tiragem: 7.500 mil • ISSN 1981-0237

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Revista Bancári@s:Edição 37Setembro de 2009Capa: Fabio SouzaImpressão: Maxigráfica

ISSN 1981-0237

ÍNDICE5

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Bancos

Campanha Salarial 2009

Conjuntura

Vida Sindical

Formação

Cidadania

Qualidade de Vida

Jurídico

Opinião

Cultura

Aconteceu

Espaço do Leitor e Recomendamos

Memórias da Luta

Nos bancos públicos, dirigentes fazem reuniões por local de trabalho para debater reivindicações específicas. Já nos bancos privados, banqueiros tentam comprovar a inexistência de demis-sões e assédio moral

Após a Conferência Nacional, bancários iniciam mobilizações tendo como prioridades aumento real e combate ao assédio moral

Análises econômicas demonstram que lucratividade dos bancos brasileiros não se reverte em desenvolvimento para o país

Pesquisa revela que crise não teve impacto nas negociações sa-lariais. Situação no mercado de trabalho é adversa para mulheres, negros e deficientes da categoria bancária

Após 15 anos, especialistas avaliam pontos positivoe negativos do Plano Real

Confecom irá debater propostas de políticas públicas para o setor. Queda do diploma de jornalismo desregulamenta a profissão

Diante da epidemia da nova gripe e do descaso dos bancos, Sindi-cato luta pela preservação da saúde dos bancários

Assessoria esclarece dúvidas jurídicas. Saiba mais sobredemissões sem justa causa no mês que antecede a data-base

Previdência Complementar: um dos eixos daCampanha Salarial 2009

Bienal Latino-Americana VentoSul e Festival deCultura do Paraná são algumas das atraçõesculturais do segundo semestre, em Curitiba

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Um lucro de R$ 14,3 bilhões e 15.459 demissões foram as principais estatísticas dos bancos neste primeiro semestre de 2009. O estudo elaborado pela Contraf-CUT e Dieese também demonstrou que os bancos estão usan-do a rotatividade para reduzir a média salarial dos bancários. Os desligados no primeiro semestre recebiam remunera-ção média de R$ 3.627,01. Já os con-tratados recebem R$ 1.928,92, o que representa uma diferença de 46,82%.

Os dados indignam os trabalha-dores bancários. E este é momento certo para que tamanha indignação se reverta em organização e mobilização. É hora de exigir mais justiça, melhor remuneração e condições mais dignas de trabalho. As prioridades da Cam-panha Salarial 2009 serão ganho real, saúde do trabalhador, piso salarial jus-to e uma PLR coerente com a produ-tividade da categoria. A mudança nas regras da PLR são imprescindíveis no cenário para o setor bancário.

Também envolvidos nesta Campa-nha Salarial estão os clientes e usuários das instituições financeiras. Para eles o mote “Bancos abusam. Cadê a respon-sabilidade social?” faz todo o sentido. Por isso, ao lançar a Campanha, o Sindi-cato teve uma especial preocupação de envolver os clientes. O lançamento foi na Boca Maldita, com demais enti-dades e centrais sindicais, com os mo-vimentos sociais e popular es e com o MST. Junto à Jornada Nacional de Lu-tas, os bancários mostraram que estão cientes de que a postura predatória dos bancos não afeta simplesmente aqueles que estão na linha de frente, sofrendo com a submissão decorrente da relação entre patrão e empregado. Sofrem os agricultores para conseguir subsídios para o plantio; sofre o trabalhador que enfrenta cada vez mais restrições ao crédito e, além da dificuldade do aces-so; não consegue quitar suas dívidas devido aos juros altos; e sofre qualquer cidadão que já precisou de uma agên-

cia e foi obrigado a enfrentar filas.Depois do lançamento, a divulga-

ção da campanha seguiu por todos os cantos da capital paranaense e região metropolitana, levando aos bairros as reivindicações dos bancários e manten-do o diálogo aberto com os clientes.

A mesma preocupação foi demons-trada na seriedade em lidar com a gripe Influenza A. O Sindicato mostrou uma postura firme e foi atuante na defesa da saúde dos trabalhadores. Diante da indiferença dos bancos, arregaçou as mangas, promoveu reuniões, acionou autoridades e conseguiu a liminar que deu a segurança aos clientes e bancá-rios de que as agências não seriam pó-los de proliferação da doença. É com esta postura firme que o Sindicato convoca as bancárias e bancários de Curitiba e região para participar das assembleias e das discussões que irão nortear a Campanha Salarial 2009.

A Direção

Bancos abusam.Bancários e clientes pagam a conta

O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região fez, no dia 14 de agosto, o lançamento oficial da Campanha Salarial 2009. Remu-neração digna, garantia de emprego, saúde, segurança bancária e previdência complementar são os principais eixos das reivindica-ções. A categoria também reivindica a regulamentação do sistema financeiro e mais respeito aos clientes por parte dos bancos.

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BANCOS

O Centro de Suporte Operacional (CSO) do BB foi apenas um das dezenas de “palcos” utilizados pelos dirigentes sindicais para conscientizar os bancá-rios sobre a importância da implantação de um Plano de Cargos, Comissões e Sa-lários (PCCS). Trata-se de uma discussão essencial. O Plano de Cargos e Salários foi alterado pelo BB em 1997 sem apoio dos trabalhadores. Desde então, os bancários procuram se organizar por esta bandeira. Após a implantação na Caixa, os trabalhadores do BB percebe-ram que apenas com muita mobilização a luta poderia avançar. “Percorremos mais de 10 departamentos e 50 agências. É um trabalho árduo e sistemático, mas o importante é que estamos conseguindo demonstrar aos trabalhadores o quanto é essencial intensificar esta luta na cam-panha salarial”, explica a dirigente e tra-balhadora do BB Ana Smolka.

Os representantes dos trabalhadores são unânimes ao defender a necessidade de um novo modelo de PCCS, retiran-do do banco o poder de determinar ao seu bel prazer a estrutura de cargos. Sem a definição de critérios objetivos e transparentes para as promoções e comissionamentos, os trabalhadores sempre saem no prejuízo.

“Hoje, o rendimento do bancário do BB é composto pelos vales alimentação e refeição, comissão e salário”, explica Ana Smolka. De acordo com a dirigente,

Por um PCCS justo e transparente

Bancários exigem implantação imediata

após 35 anos de trabalho, um bancário do BB aumenta seu salário em apenas R$500 reais. “Comissão não é salário, é apenas um adicional que não é incorpo-rado ao salário e, portanto, em caso de descomissionamento por adoecimento ou mesmo devido ao fechamento de um departamento, o bancário perde direta-mente este valor em seu salário mensal”, diz. “A luta pelo PCCS é a única forma de assegurar um crescimento justo na carreira dos trabalhadores”.

A reivindicação é de que o piso sa-larial do Dieese seja aplicado no novo modelo de PCCS. Sem dúvida, há re-cursos financeiros para garantir esta valorização aos trabalhadores. “O BB foi o banco mais rentável da América em 2008, segundo levantamento rea-lizado pela Economática, com US$3,76

BANCO DO BRASIL

Plano odontológico

bilhões de lucro”, lembra Otávio Dias, presidente do Sindicato. “Só neste primeiro trimestre, foram R$ 1,7 bi-lhões de lucro. E há muito tempo ape-nas a receita com prestação de serviços já cobre a folha de pagamento”.

Uma das cobranças realizadas pelo Sindicato em reunião no dia 27 de ju-lho, com o relações sindicais do BB, José Roberto, foi o plano odontológi-co. O BB não cumpriu com o prazo de implantação e o impasse permanece.

Em prol da luta por um Plano de Cargos, Comissões e Salários no Banco do Brasil,trabalhadores bancários organizam comitiva e visitam locais de trabalho.

O que os bancários querem...

•Fim da lateralidade com a volta do pagamento das substituições;•Definição de critérios objetivos para as nomeações de comissiona-dos com realização de concursos in-ternos para ascensão profissional;•Cumprimento da jornada de 6 h;•Isonomia total;•PCCS com ampliação e adequação das faixas de remuneração, com piso do Dieese.

O diretor comentou que o banco acena positivamente para a resolução rápida do problema e também para a falta de funcionários nas agências. Porém não há uma definição e o movimento sindi-cal teme pela terceirização dos serviços.

A Comissão de Funcionários do BB argumenta que o plano já poderia ter sido implantado, pois mais de 1,8 mil dentistas, de 800 municípios, já se ca-dastraram. Além disso, em 2005, a ANS registrou e testou um programa piloto. Ba

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BANCOS

O Itaú Unibanco corroborou, em julho, com a certeza do Sindicato de que combater o assédio moral e as me-tas abusivas é uma batalha que requer todos os esforços da categoria. Em reunião no Sindicato, a representante do banco Gisleine Gallo afirmou que após a realização das auditorias nas agências apontadas em denúncias do movimento sindical e outras esco-lhidas aleatoriamente, os trabalha-dores registraram “uma certa insatis-fação” em relação aos gestores, mas o banco não identificou exagero nas cobranças por metas.

A conclusão da auditoria, que in-cluiu mais de 30 entrevistas indivi-duais, não foi surpresa para os repre-sentantes dos trabalhadores. O presi-dente do Sindicato, Otávio Dias, lem-bra que na Campanha Salarial 2008, após diversas negociações com a Fe-deração dos Bancos, o Comando Na-cional foi obrigado a rechaçar a pro-posta dos banqueiros para a cláusula de combate e prevenção do assédio moral. Motivo: a cláusula previa que as denúncias fossem oficializadas ape-nas através banco, sem participação dos sindicatos. Os banqueiros que-riam impedir que o Sindicato acom-panhasse o caso, fiscalizando o pro-cesso e protegendo o trabalhador.

“No momento de fechar o acordo, os banqueiros causaram esta confusão e a cláusula, uma de nossas reivindica-ções, ficou de fora”, lamenta Otávio Dias. “De qualquer forma, tanto a rea-lização desde debate em 2008 como o fato do Itaú Unibanco ter realizado esta auditoria nas agências em Curitiba demonstram avanços”, complementa. A afirmação do presidente se refere a situações passadas, quando os bancos,

Banco nega existência deassédio moral e metas abusivas

Itaú Unibanco

Em reunião, realizada no dia 23 de julho, denúncias foram classificadas como“certa insatisfação”.

em campanhas salariais ou diante de denúncias semelhantes, faziam “ouvi-dos moucos”, duvidando até mesmo de pesquisas que comprovavam a alta incidência de assédio moral no setor.

“Vamos continuar exigindo provi-dências concretas. Não tenho dúvidas de que, passo a passo, vamos vencer a resistência em discutir o combate ao assédio moral”, afirma Anselmo Farias, dirigente sindical e trabalhador do antigo Unibanco. Ele aponta o re-ceio dos trabalhadores em perder seus empregos como fator que interferiu diretamente nos dados coletados na auditoria. “Fica evidente que o banco conseguiu minimizar o problema”, afirma Farias.

O especialista em saúde do tra-balhador Roberto Heloani afirmou, na edição nª33 desta revista, que a postura dos bancos é de negar o pro-blema. “Os bancos são espertos. Há

uma tendência de maquiar o proble-ma e de individualizar esta questão”, explicou. Para Heloani, a culpa não está no gestor, mas na organização do trabalho que é imposta pela empresa. “Ela impõe metas impossíveis de ser realizadas exigindo a reprodução da pressão e do assédio”.

O Sindicato não se deu por satis-feito com as explicações do Itaú Uni-banco e continuará denunciando as situações constrangedoras vivenciadas pelos bancários. “Não vamos compac-tuar com o sofrimento no trabalho bancário e com o clima de tensão criado nas agências do Unibanco após a aquisição pelo Itaú. O maior banco privado do país precisa aprender a va-lorizar e respeitar seus trabalhadores”, afirma Junior César Dias, dirigente e trabalhador no antigo Unibanco.

Com informações da FETEC-CUT-PRBanc

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Ampliação da licença maternidade, aposentadoria com plano de saúde, auxílio educação e Plano de Carreira são algumas das reivindicações que os representantes dos bancários do Brades-co entregaram, no dia 16 de julho, aos representantes do banco. Entretanto, nesta rodada de negociação, o fato mais importante foi a cobrança da Comis-são de Organização dos Empregados (COE) sobre possíveis demissões.

“Estávamos preocupados com os ru-mores de que o Bradesco iria cortar 10% dos seus trabalhadores”, explica Otávio Dias, que participou da reunião. Atual-

Prática antissindical, descaso e auto-ritarismo. Estas foram as posturas ado-tadas pelo banco Santander em relação às mudanças, unilaterais e não negocia-das com o movimento sindical, impos-tas aos participantes do HolandaPrevi. Apesar da pressão dos sindicatos, a ne-gociação não foi aberta e as medidas que prejudicam os trabalhadores do Real foram mantidas.

A decisão do Santander – Ao in-vés de estender o antigo HolandaPrevi para os bancários que não tinham um plano de previdência, o Santander re-formulou o plano. Para quem já tinha o HolandaPrevi, as alterações signifi-cam uma redução de mais de 50% nos valores depositados (e, certamente, re-duzirão também o valor dos benefícios futuros). O banco se limitou a dizer que redistribuiu o orçamento antigo para englobar todos os empregados após a

“Demissão é boato”, diz representante da empresa

Imposição do novo plano prejudica bancários do Real

Bradesco

Santander Real

Em reunião realizada no dia 16 de julho, em São Paulo, bancários entregarampauta de reivindicações específicas.

Secretaria Jurídica do Sindicato obtém liminar que reestabelece HolandaPrevi.

mente, o banco tem 69.854 funcionári-os. O Bradesco obteve em 2008 um lu-cro de 7,62 bilhões de reais. O banco tem mais de 20,2 milhões de correntis-tas e 3.359 agências no país. Os núme-ros mostravam que a contrariedade dos trabalhadores tinha razão para existir.

“O crescimento que sempre foi uma meta do Bradesco, ganhou uma im-portância ainda maior depois da per-da da liderança do mercado bancário privado para o Itaú Unibanco. Inves-timento e crescimento não combinam com eliminação de postos de trabalho”, analisa Otávio Dias. Na reunião, o dire-

incorporação do Real. O movimento sindical entende que todo trabalhador tem direito a um plano de previdência, o que não significa que seja necessário prejudicar quem já o tinha.

Em reunião com a Secretaria de Pre-vidência Complementar no dia 29 de julho, o banco só acenou para a criação de um grupo de trabalho, com partici-pação dos trabalhadores, para discutir o processo eleitoral do HolandaPrevi.

A postura adotada pelo Santander Real demonstra a necessidade de que a gestão dos fundos de previdência seja realizada de forma democrática e com-partilhada, garantindo representação dos participantes na diretoria e nos conse-lhos. Nas reivindicações dos bancários sobre a Previdência Complementar, ins-tituídas na Conferência Nacional, há ar-tigos que contemplam esta necessidade.

Bancários esperam justiça – A

única via para reparar o estrago feito é a judicial. Até o fechamento desta edição, diversos sindicatos, dentre eles o de Cu-ritiba e região, já haviam conquistado liminares favoráveis aos trabalhadores. A liminar de Curitiba veio em 14 de agosto, por determinação do juiz Marco Antonio Antoniassi. A decisão manda que o Santander Real se abstenha de apli-car o novo custeio ao plano de aposen-tadoria HolandaPrevi aos participantes ingressos até dia 31 de maio de 2009.

Para o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, a reu-nião serviu para esclarecer que embora o prazo tenha encerrado em 31 de julho, a adesão pode ser feita a qualquer mo-mento. “Os trabalhadores podem espe-rar as decisões judiciais e em seguida, se assim quiserem, fazer a opção a qualquer tempo com as contribuições sendo re-tomadas no mês seguinte”, esclarece.

tor de RH do banco, José Luís Bueno, negou os cortes e classificou os boatos como mentirosos.

Sobrecarga de trabalho – Os bancá-rios também questionaram os casos de gerentes administrativos que estão sendo obrigados a responder por uma agência de varejo e uma Prime, com sobrecarga de trabalho. O representante da empresa disse que se trata de uma experiência em fase de avaliação e se comprometeu a levar as preocupações do movimento sindical à diretoria do banco.

Com informações da Contraf-CUT

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BANCOS

Foram precisos dois meses, mas, finalmente, o presidente do HSBC Conrado Engel recebeu os represen-tantes bancários para debater os pro-blemas enfrentados pelos trabalhadores nos setores administrativos e nas mais de 920 agências e 450 postos de aten-dimento da empresa espalhados pelo país. Durante a reunião, a postura e o posicionamento estratégico do banco foram bastante contestados pelos diri-gentes sindicais, que estavam munidos de informações e relatos sistematizados a partir do Encontro Nacional dos Di-rigentes Sindicais.

Para Carlos Alberto Kanak, coor-denador nacional da Comissão dos Em-pregados do HSBC, embora os represen-tantes do banco inglês relatem que as pesquisas externas, encomendadas pela empresa, demonstram que os trabalha-dores estão satisfeitos, isso não passa de uma inverdade. “Todos os dirigentes sindicais presentes no Encontro Nacio-nal descreveram situações constrangedo-

Para fortalecer a Campanha Salarial 2009, os dirigentes sindicais estão vi-sitando as agências e departamentos da Caixa em Curitiba e região. A intenção é prestar esclarecimentos sobre o anda-mento das negociações, incluindo a ne-gociação específica, esclarecer dúvidas sobre as minutas que estão sendo dis-cutidas com os banqueiros e o governo, além de falar sobre a principal bandeira deste ano, a implantação do Plano de Cargos Comissionados (PCC).

“Percebemos que os bancários es-tão muito insatisfeitos com o descaso

E agora, Conrado?

A estratégia é unir para mobilizar

HSBC

CAIXA

Em reunião realizada no dia 12 de agosto, entre trabalhadores e HSBC, os dirigentes sindicais deixaram claro a insatisfação dos bancários.

Visitas aos locais de trabalho estreitam relacionamento entre trabalhadores e o Sindicato.

ras e que implicam em desvalorização do trabalhador”, comenta.

Banco fica no país – Na reunião, Conrado Engel refutou qualquer possi-bilidade de saída do banco do mercado nacional. Também afirmou que con-tinuará investindo no atendimento, especialmente em unidades Premier, e disputando mercado de varejo, o que

contrasta com o cenário de demissões do HSBC no Brasil. Além disso, o ban-co inglês paga pouco e sua especiali-dade é explorar o trabalhador.

Durante a reunião, a reformulação do PPR (programa próprio do banco) e a revisão da existência dos papa-filas também foram assuntos apontados como urgentes.

da Caixa em apresentar uma proposta de PCC ou uma análise da proposta dos trabalhadores. O prazo expirou no dia 30 de junho e até agora, nada”, lamenta Sonia Boz, dirigente sindical. “A falta de compromisso da Caixa com esta importante demanda só aumenta a ansiedade da categoria e faz com que a empresa caia em descrédito perante seus empregados”, complementa An-tonio Fermino, representante estadual dos trabalhadores bancários da Caixa. Os trabalhadores da Caixa querem um PCC com critérios claros e democráti-

cos para a progressão na carreira e com a devida valorização das funções, além de demandas como: isonomia de direi-tos entre novos e antigos empregados; ampliação dos direitos dos aposenta-dos; contratação de novos empregados; melhoria das condições de trabalho; respeito à jornada de seis horas; e de-mocratização da gestão.

A minuta específica da Caixa foi en-tregue no dia 17 de agosto e a primeira negociação ocorreu no dia 26. Em pau-ta tíquetes, PCC e revisão dos critérios da promoção por mérito.

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Durante três dias, anualmente, repre-sentantes da categoria bancária de todo o país se reúnem em São Paulo para a Conferência Nacional. Este ano, a 11º edição foi realizada entre os dias 17 e 19 de julho. Participaram do evento 640 bancários, delegados eleitos em assem-bleias nas suas regiões. Cada um deles trouxe consigo a realidade e o contexto sócio-econômico dos trabalhadores que representa. São diferentes costumes e so-taques. Distintos também são os pontos de vista políticos e as estratégias para se conquistar um mesmo objetivo: me-lhorar as condições de trabalho e tornar mais digna e justa a remuneração da ca-tegoria bancária.

Porém, o que mais impressiona não é a diversidade, mas a igualdade que une estas seis centenas de trabalhadores: o dia-a-dia dentro dos bancos. Metas abusivas, sobrecarga de trabalho, dis-criminação nas contratações, desvalori-zação dos profissionais ou ausência de segurança. Independente do problema, ficou claro que as necessidades da ca-tegoria são as mesmas nos quatro can-tos do país. Mas nem tudo se resume a problemas. O piso salarial, o pagamen-to da Participação nos Lucros e Resulta-dos (PLR), a jornada de trabalho de seis horas, os vales refeição e alimentação, o auxílio creche e todos os demais direitos assegurados na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) também são comuns a todos os bancários do Brasil. Prove-nientes da luta nas campanhas salariais

Os trabalhadores que atuam no setor bancário em Curitiba e na região metropolitana apontaram como priori-dades para a Campanha Salarial 2009 o aumento real (70,9%) e o combate ao assédio moral (67,1%). As duas reivindi-cações mais importantes foram seguidas por Plano de Cargos e Salários (54,6%), maior vale-alimentação (51,4%) e me-lhoria na PLR (44,5%).

Os dados obtidos pelo Sindicato de Curitiba são semelhantes aos coletados pela consulta realizada em todo país, en-comendada pelo Comando Nacional e elaborada pela empresa júnior da Fesp/SP. A pesquisa, divulgada na 11ª Con-ferência Nacional, foi realizada com 1,6 mil bancários em 17 capitais e no Distrito Federal. Já para a consulta feita

Conferência determina pauta de reivindicações e mostra a cara do bancário brasileiro.

CapaCampanha Salarial

Bancários lutam por 10%

Prioridades para os bancários

de todos os anos. Pois é a Conferência que outorga à Campanha Salarial o títu-lo de nacional.

Como se não bastasse ser uma cam-panha que envolve todo o país, o que se observa é que a responsabilidade dos delegados presentes na 11º Conferência

não é apenas com os bancários, mas com toda a classe trabalhadora. Econo-mistas são unânimes em afirmar que a organização e mobilização dos bancári-os influenciam nas demais campanhas salariais realizadas por outras catego-rias no segundo semestre.

pelo Sindicato de Curitiba foram tabu-lados 2,5 mil questionários.

Nas pesquisas realizadas nos últi-mos três anos, as cinco prioridades dos bancários de Curitiba tem se man-tido as mesmas. Neste ano, o índice de trabalhadores que apontaram o au-mento real como reivindicação priori-tária ficou muito próximo do índice da cláusula sobre assédio moral. Isto demonstra que os bancários estão bastante preocupados com as condições de trabalho e a pressão dentro dos ban-cos; e pode indicar também que as me-tas ficaram mais pesadas. Os bancários também se mostram dispostos a par-ticipar da Campanha Salarial (82,4%), e quase metade (48,8%) afirmou que estará presente nas assembleias.

Aumento real 70,9 % 95,2 % 81,1 %

2009 2008 2007

PCS 54,6 % 70,1 % 69,4 %

PLR 44,5 % 76,3 % 46,0 %

Vale-alimentação 51,4 % 84,0 % 63,6 %

Assédio moral 67,1 % 58,0 % 56,1 %Com

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Construção da minuta nacional – A minuta de reivindicações desta Cam-panha Salarial foi construída a partir de acirrados debates. O que assegurou a aprovação dos 10% de reajuste (inflação mais aumento real) foram as consultas realizadas pelos Sindicatos e a pesquisa nacional encomendada pela Contraf-CUT. Os resultados demonstraram que a categoria bancária esperava este índice, referendado pela maioria dos delegados na Conferência Nacional.

O evento, realizado em São Paulo, foi dividido por eixos: emprego e re-muneração; saúde e condições do tra-balho; segurança bancária; e previdência complementar. A delegação do Paraná se preocupou não apenas com sua for-mação para os debates, mas também em preparar mais gente para prosseguir nas discussões e na luta nos próximos anos – dentre eles, os bancários José Carlos Vieira de Jesus e Thaisa Botogoski, am-bos dirigentes não liberados do HSBC.

Para o movimento sindical é es-sencial a participação de ambos, pois é uma forma de fazer com que as decisões sejam levadas diretamente para a base. Para Thaisa, foi importante acompa-nhar como as reivindicações são cons-truídas até gerar um novo artigo na minuta; de como as diferenças são re-solvidas da forma mais democrática possível. Para José Carlos, o debate por eixos tornou a discussão muito mais produtiva. Como participante da mesa de Previdência Complementar, ele con-siderou o debate essencial, já que é uma reivindicação prioritária no HSBC, que não possui um programa eficiente.

Organização para a luta – Desde a Conferência, os Sindicatos de todo o país estão realizando atividades para di-vulgar as reivindicações aos bancários e conseguir apoio na organização da luta. As primeiras ações foram as assembléias de ratificação da minuta, seguidas por atos de lançamento da Campanha. Na

primeira negociação entre Comando Nacional e a Fenaban foi definido um calendário de negociação. Serão três ro-dadas de negociação, uma por semana: emprego, realizada no último dia 27; re-muneração e cláusulas econômicas, no dia 2 de setembro; e saúde, condições de trabalho e cláusulas sociais, no dia 9 de setembro. O Comando Nacional cobrou da Fenaban uma resposta, nas próximas reuniões, sobre a alteração do modelo de PLR, que foi discutida exaus-tivamente em cinco rodadas de negocia-ções anteriores.

Diante dos lucros semestrais apresen-tados pelos bancos, ficou evidente que eles podem garantir melhores condições de trabalho e remuneração para seus trabalhadores. Tanto que na rodada rea-lizada no dia 18, os banqueiros nem mencionaram a crise econômica – des-culpa esfarrapada utilizada em 2008 e até alguns meses atrás para justificar ar-bitrariedades como demissões.

Bancários de todo o Brasil foram representados na Conferência Nacional por 640 delegados eleitos e mais de 50 observadores

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CapaCampanha Salarial

Campanha segue pelas ruas de Curitiba e região – Assim como no ano passado, o Sindicato se organi-zou para visitar os bairros da capital, passando de agência em agência, para conversar sobre a Campanha Salarial 2009. Munidos de faixas, bandeiras, materiais de conscientização para cli-entes e um resumo da minuta, os diri-gentes estão em bairros como Portão, Juvevê e em São José dos Pinhais. Este é apenas o começo; novas atividades já estão sendo programadas para ou-tras regiões. “O contato direto com o bancário é essencial para que ele se sinta parte da campanha e estimulado a estar presente nas assembleias e atos”, destaca Otávio Dias.

Tanto quanto a união da categoria, é essencial que os bancários se identi-fiquem como membros da classe tra-balhadora deste país. Para fortalecer isto, o Sindicato lançou a Campanha Salarial junto a Jornada Nacional de Lutas, na Boca Maldita, no dia 14 de agosto. Uniformizados com a camise-ta da campanha deste ano, que tem o mote “Bancos abusam. Cadê a respon-sabilidade social?”, os bancários mar-charam com demais entidades sindi-cais, movimentos populares e sociais. Todos defendiam a aprovação da Pro-posta de Emenda Constitucional (PEC) 231/95, de autoria do então deputado federal, hoje senador, Inácio Arruda (PC do B-CE), que prevê a redução da jornada semanal de trabalho de 44 para 40 horas, sem diminuição de sa-lários; a defesa dos direitos sociais e não às demissões motivadas pela crise financeira internacional.

Normalmente, quando encontra uma agência fechada no período de greve, o cliente bancário comum não consegue esboçar um sentimento dife-rente. É raiva mesmo! Afinal, a agên-cia fechada implica em um tumulto para sua vida.

São cada vez mais raros os clientes que entendem que o protesto é a única forma de obrigar o patrão a ser mais justo com seus trabalhadores. Tam-bém são poucos os clientes que, no momento da agência fechada, conse-guem lembrar de das enormes filas no interior da unidade, da pressa com que ele é atendido na boca do caixa ou de todas aquelas tarifas que ficam

O apoio da população é fundamentalmarcadas em seu extrato bancário! É tanto número que ele nem sabe o que exatamente está pagando ao banco. É por este motivo que, em suas visitas as agências, os dirigentes do Sindicato dos Bancários distribuem para a po-pulação um material de conscientiza-ção que explica os direitos do cliente bancário e defende diretamente que a culpa por todos estes problemas não é do trabalhador e sim do banco.

Quer saber mais sobre o lançamento da Campanha Salarial?

Acesse www.bancariosdecuritiba.org.br e assista às vídeoreportagens sobre este

e outros assuntos!

O lançamento da Campanha Salarial 2009 em Curitiba aconteceu junto comas mobilizações do Dia Nacional de Lutas, em 14 de agosto

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Desde a eclosão da crise, os ban-cos são uma das instituições que mais lamentam e buscam apoio governa-mental, sempre ‘esquecendo’ de repas-sar este auxílio para a sociedade. Mas quando se fala em números, não é pos-sível identificar em que a crise afetou os bancos. Nos resultados semestrais de 2009 apresentados pelo Bradesco (R$ 2,297 bi) e pelo Santander (R$ 1,874 bi) se observam números muito seme-lhantes aos do ano passado, período pré-crise. Alguns indicadores sinalizam que o crescimento será ainda maior para o segundo semestre.

Graças a um governo de esquerda atuante, o Brasil desacelerou na corri-da pelo estado mínimo, imposto pelo governo FHC, criando uma espécie de proteção à crise. Isso foi favorável para os bancos, que asseguraram seus lucros e os repassaram aos seus acio-nistas. E o trabalhador, grande respon-sável pela lucratividade alcançada, continuou a margem!

O conhecimento deste cenário políti-co e econômico é de suma importância para a luta dos trabalhadores. Tanto que, antes que qualquer nova reivindi-cação pudesse ser feita, um rico debate sobre esses dois aspectos foi realizado na Associação Banestado, em Praia de Leste, onde, no dia 04 de julho, acon-teceu a 11ª Conferência Estadual dos

A preparação para a luta11ª Conferência Estadual

Bancários de todo o Paraná discutiram prioridades eestratégias para a Campanha 2009.

Bancários. A apresentação do cenário econômico ficou a cargo de Fabiano Camargo, economista do Dieese. Já a do cenário sócio-econômico, por conta de Roni Anderson Barbosa, atual presi-dente da CUT-PR.

Só então foi possível, com base nes-sas informações, formular quais seriam as bandeiras a ser levantadas este ano. O debate foi separado por eixos, conforme orientação da Contraf-CUT. São quatro: emprego e remuneração; previdência complementar; saúde e condições de trabalho; e segurança.

Parte do trabalho, neste ponto, foi de traduzir em proposições os anseios dos trabalhadores da base. Isso aconteceu, ba-sicamente, de duas formas. A primeira, mais comum e ortodoxa, foi a experiên-cia e sensibilidade, frutos do próprio dia-a-dia dos sindicalistas com os bancários, mas conversas de corredor, cafezinhos, visitas aos locais de trabalho e reuniões. A segunda foi uma consulta feita direta-mente aos trabalhadores. Assim, ao final, foi possível identificar as prioridades e como será o envolvimento dos bancários na Campanha Salarial de 2009.

Elias Jordão, presidente da FETEC-CUT-PR e trabalhador no Bradesco, lembra ainda que a Convenção Cole-tiva da categoria é referência nacional e salienta que os lucros dos bancos são fruto do trabalho diário dos bancários.

“Nada mais justo que os trabalhadores conquistem um reajuste digno. Vamos ter que lutar muito, mas as conquistas e avanços da trajetória da categoria bancária só vieram desta forma”, con-clui o presidente da federação cutista dos bancários do Paraná, citando a frase “o futuro só se constrói olhando para o passado”.

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CONJUNTURA

Os dados e análises dos profissionais do Dieese que expuseram suas opiniões sobre a conjuntura econômica para a Campanha Salarial 2009 reiteram o dis-curso dos trabalhadores de que salários e empregos decentes são o mínimo que as instituições financeiras podem asse-gurar para a sociedade brasileira.

O economista Fabiano Camargo, do Dieese-PR, explica que até o mo-mento em que a crise estourou, no fi-nal de 2008, era predominante a ideia de que o Estado deveria ser mínimo, ou seja, interferir o menos possível na economia do país. Entretanto, a crise econômica desnudou esta política neo-liberal, já que foi o Estado quem rea-lizou as interferências necessárias para ‘amortecer’ os impactos. No Brasil, as principais medidas tomadas foram de incentivo ao crédito, por meio da redução dos depósitos compulsórios e de impostos (redução do IPI nos bens duráveis, por exemplo).

Já os bancos, ao contrário do go-verno, não fizeram sua parte. Além de aumentarem a restrição ao crédito com juros mais altos e maior buro-cracia, utilizaram a crise como justi-ficativa para realizar demissões. “As instituições financeiras brasileiras an-teciparam o efeito da crise e, antes de sentir qualquer impacto, aproveitaram o momento para demitir”, lamenta Fa-biano Camargo. “A queda dos lucros foi ínfima, especialmente porque a rentabilidade dos bancos brasileiros é muito alta”, completou. Tão alta que o setor bancário foi o que mais lucrou no primeiro semestre de 2009. Segun-do a consultoria Economática, foram R$ 14,33 bilhões, o que significa que os bancos responderam por 23,5% do

A lucratividade do sistemafinanceiro é insana

Bancos abusam

A realidade dos bancos no Brasil demonstra que não há limites para a ganância.

total de ganhos das empresas de capital aberto do país (ver quadro).

Para quem este lucro é bom – In-felizmente, a saúde financeira do setor bancário brasileiro não se reverte em de-senvolvimento econômico para o país. “A queda dos lucros do setor bancário não seria ruim para o Brasil”, afirma o economista Sergio Mendonça, supervi-

“A tendência é de crise da lucratividade do setor bancário, de remoção da trava ao crescimento econômico e de recons-trução do papel do sistema financeiro no país. Os bancos devem estar voltados para o financiamento da produção e do desenvolvimento”, conclui Mendonça.

Mas estes ajustes tão necessários ainda não se tornaram uma realidade possível. Apesar da geração de empregos no Brasil estar em plena recuperação, os bancos mais uma vez andaram na con-tramão e registraram saldo negativo de contratações no primeiro semestre deste ano – mesmo sendo o setor que mais lucrou nestes seis meses. Enquanto o país gerou 437.908 postos de trabalho formal desde janeiro (Caged), os bancos fecharam 1.311 vagas no mesmo perío-do. As empresas financeiras desligaram 15.459 bancários, principalmente em razão das fusões, e contrataram 13.235 entre janeiro e junho. É uma inversão do que ocorreu no ano passado, quan-do houve um aumento de 8.754 novas vagas no mesmo período. O estudo elaborado pela Contraf-CUT e Dieese também demonstrou que as instituições financeiras estão usando a rotativi-dade para reduzir a média salarial dos bancários. Os desligados no primeiro semestre recebiam remuneração média de R$ 3.627,01. Já os contratados têm re-muneração média de R$ 1.928,92, o que representa uma diferença de 46,82%.

Brasil reagiu bem a crise, gra-ças aos trabalhadores – Na avali-ação do diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, o Brasil foi um dos países que melhor reagiu à grave crise econômica e grande parte desta resistência se deve aos trabalha-dores e não as empresas. Enquanto o

A queda dos lucros do setor bancário não seria ruim para o Brasil. Há

muito espaço para este de-clínio de lucratividade, o que significa espaço para o crescimento do país.

Embora seja essencial que os bancos tenham boas condições financeiras, a lucratividade atual não é sã para o desenvolvimen-

to da economia.

sor técnico do Dieese. “Há muito es-paço para este declínio, o que significa espaço para o crescimento nacional”. Mendonça destaca que, embora seja essencial que os bancos tenham boas condições financeiras, a lucratividade atual não é sã para o desenvolvimento da economia.

O especialista afirma ainda que a pers-pectiva para o futuro é de que ocorra, por meio da regulamentação do sistema financeiro, uma revisão do papel dos bancos diante da sociedade brasileira. Ba

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Brasil, o paraíso... para o bolso dos banqueiros

Demissões

Receita de prestaçãode serviços

Lucros

Emprego bancário

trabalhador contribuiu para blindar a nação, os bancos jogaram contra. “Um dos grandes trunfos nacionais nesta crise foi o crescimento da massa sa-larial nos últimos anos, que segurou a economia neste momento”, comenta.

Ganz Lúcio também defende com veemência a regulamentação do sistema financeiro. “Um dos problemas mais graves do Brasil são os spreads. As taxas dos bancos ainda são muito altas e temos um espaço muito grande para pressio-nar as instituições financeiras. O Banco do Brasil e a Caixa Federal acabam de provar que é possível baixar os juros, também reduzidos graças à pressão do movimento sindical”, explica.

Expectativas para a Campanha Salarial – Na avaliação de Clemente Ganz Lúcio, os bancários podem espe-rar bons frutos das negociações com os banqueiros, especialmente aumento real nos salários, mantendo a tendên-cia que se iniciou em 2004.

O movimento sindical bancário também está otimista. Em entrevista para o Sindicato dos Bancários de São Paulo e Osasco, o paranaense Roberto Von der Osten, atualmente secretário de Finanças da Contraf-CUT, comen-tou que a rápida recuperação da eco-nomia brasileira e a rentabilidade dos bancos são fatores importantes para que as reivindicações dos bancários sejam atendidas na campanha deste ano. “O setor financeiro brasileiro foi pouco atingido mesmo no pior da crise. Não há motivo para fugir das deman-das dos trabalhadores”, afirma. “O atual patamar de lucros das empresas finan-ceiras é um verdadeiro abuso com os trabalhadores e a sociedade brasileira. Os bancos precisam colocar na prática o discurso de responsabilidade social, começando dentro de casa e valorizando seus funcionários”, defende. Para Elias Jordão, presidente da FETEC-CUT-PR, como as reivindicações presentes da minuta são coerentes, justas e de bom senso, “pelos números apresentados, não tem como os banqueiros tentarem enrolar os trabalhadores”.

Em Curitiba e região, assim como no Brasil, houve redução nos postos de trabalho no primeiro semestre de 2009. Hoje, na capital paranaense, há 17.487 trabalhadores bancários. O saldo entre demissões e admissões foi de -332.

Entre 1994 e 2008 as receitas de prestação de serviços cresceram ex-pressivos 1.030,27%, saltando de R$ 4,064 bilhões para R$ 45,926 bilhões. Em 1994, com a receita de prestação de serviços era possível pagar apenas 25% das despesas de pessoal. Já em 2008, os bancos não apenas paga-ram toda a despesa de pessoal como sobraram 25%. Há bancos, como o Santander, em que já é possível pagar duas vezes a despesas de pessoal.

De 1994 a 2008 o lucro dos prin-cipais bancos brasileiros cresceu 2.410,44%, saltando de R$ 1,317 bilhão para R$ 33,059 bilhões. Só no primeiro semestre deste ano, os bancos já lucraram R$ 14,3 bilhões, respondendo por 23,5% do total de ganhos das empresas de capital aberto do país.

De 1994 a 2008 o emprego bancário cresceu apenas 8,41%.

Veja os 10 setores que mais lucra-ram no Brasil no 1º semestre:

BancosPetróleo e gásEnergia elétricaMineraçãoOutros Alimentos e bebidasPapel e celulose LogísticaQuímicaConstrução

R$ 14,33 biR$ 13,55 biR$ 7,868 biR$ 4,612 biR$ 4,348 biR$ 3,809 biR$ 2,022 biR$ 1,837 biR$ 1,766 biR$ 1,144 bi

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VIDA SINDICAL

Negociações salariais do primeiro semestre foram positivasPesquisa do Dieese demonstra que a crise não teve efeito direto nas negociações salariais do período, apesar de ter afetado o emprego em alguns setores.

As negociações salariais de 245 ca-tegorias com data-base no primeiro semestre de 2009 registraram melhores resultados que as de 2008, segundo le-vantamento do Sistema de Acompanha-mento de Salários (SAS), mantido pelo Departamento Intersindical de Estatísti-ca e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em 2009, o percentual de negociações com reajustes iguais ou acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC-IBGE) ficou próximo a 93%, en-quanto no ano anterior 87% havia apre-sentado desempenho positivo.

O quadro divulgado pelo Dieese mostra que a crise mundial teve pouco efeito nas negociações coletivas e que o impacto foi diferenciado entre setores e regiões no país. Os dados também demonstram que o ajuste nas empresas afetou mais o nível de empregos do que as negociações. Segundo o Dieese, dois fa-tores foram determinantes neste cenário: a forte mobilização da classe trabalhado-ra – observada, por exemplo, em algumas

das recentes greves dos trabalhadores da Repar e Fosfértil e da construção civil –, por meio de suas entidades sindicais; e a política de valorização do salário mí-nimo, mais uma conquista da classe tra-balhadora, impulsionada pela organiza-ção das Centrais Sindicais, especialmente a CUT. Os resultados dos movimentos grevistas comprovaram que a mobiliza-ção continua sendo um instrumento efi-ciente para alcançar conquistas coletivas.

Outro dado que se destaca, refe-rente às negociações no primeiro se-mestre deste ano, é a maior ocorrência de aumento real acima de 4%.

Casos reais – Pelo menos duas greves marcaram os últimos meses em Curitiba e região, no período de virada do primeiro para o segundo semestre: os trabalhadores da construção civil e das obras de expansão e manutenção da Re-finaria Presidente Getúlio Vargas (Repar/Petrobrás) e Fosfértil, em Araucária.

A greve encerrada no dia 29 de julho pelos trabalhadores da construção civil

durou sete dias. Foram mais de dez re-uniões de negociação. Obras públicas e privadas ficaram paradas e os trabalha-dores percorreram os bairros que con-centravam a maior parte das construções para fazer o convencimento e aumentar a adesão ao movimento. O resultado foi 8,5% de reajuste (3% de ganho real), au-mento de 33% no vale compras e o não desconto dos dias parados.

Após 20 dias de greve, com para-lisação total, os trabalhadores das obras de expansão e manutenção da Refina-ria Presidente Getúlio Vargas (Repar/Petrobrás) e Fosfértil conquistaram reajuste salarial de 10% e piso de R$ 726. Além disso, conseguiram arrancar dos patrões participação nos lucros e resultados equivalente a um salário, adicional de periculosidade de 30%, seguro de vida e plano de saúde para todos, além do pagamento integral dos dias parados, entre outros. A greve foi encerrada no dia 27 de julho e en-volveu 10 mil trabalhadores.

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Igualdade é desafio para os trabalhadores

Um estudo divulgado em agosto deste ano pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, denomina-do “A Crise Econômica Internacional e os (Possíveis) Impactos sobre a Vida das Mulheres”, revelou que as mu-lheres perderam mais postos de tra-balho do que os homens com a crise econômica mundial.

Nos oito meses que se seguiram aos primeiros efeitos da crise no país (setembro de 2008 a abril de 2009), o crescimento da população economica-mente ativa (PEA) feminina foi menor que o crescimento da PEA masculina em todas as regiões metropolitanas consultadas na Pesquisa de Emprego e Desemprego. Em outras palavras, para a Secretaria, o baixo dinamismo econômico em alguns setores, decor-rente da crise econômica, conduziu as mulheres para a inatividade.

Apesar disso, o número de tra-balhadoras com carteira assinada cresceu. A justificativa, segundo a Se-cretaria, são os salários mais baixos re-cebidos pelo gênero feminino. Assim, a substituição de trabalhadores do sexo masculino por mulheres, nos níveis verificados neste estudo, significou uma estratégia de precarização do em-prego formal no contexto de crise.

Setor bancário – Independente dacrise econômica, quando se analisa a categoria bancária, o cenário para as mulheres é ainda muito adverso. Apesar de serem maioria na população brasi-leira no ensino superior e na força de trabalho, as mulheres bancárias ganham apenas 78,6% do salário dos homens. Enquanto elas ganham, em média, R$ 13,62 por hora, os homens recebem R$

17,52. A diferença é registrada mesmo quando se considera cargos iguais, em todos os níveis. Além disso, as direto-rias e superintendências dos bancos são compostas por 81% de homens.

A discriminação no mercado de trabalho não afeta apenas as mulheres. Segundo dados do Mapa da Diversi-dade, apenas 19% dos trabalhadores do sistema financeiros são negros ou par-dos, que ganham, em média, 84,1% do salário dos brancos. Há apenas 4,8% de negros e pardos em cargos de diretoria e superintendência e mais de 30% dos negros nunca foram promovidos.

Já os dados referentes aos deficientes – apenas 7 mil nos bancos – mostram que as empresas sequer conseguem preencher a cota exigid. A Fenaban não aceitou incluir nos questionários pergun-

tas sobre a situação dos homossexuais.Mapa da Diversidade – O mo-

vimento sindical cobrou e conseguiu a realização de uma pesquisa denomina-da “Mapa da Diversidade”. A pesquisa vai ajudar na reflexão sobre a demo-cratização dos meios de recrutamento e orientar ações de recursos humanos na correção de distorções.

Para Maria de Fátima Costamilan, representante da Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual da FETEC-CUT-PR, os bancários precisam lutar e exigir igualdade na contratação e no tratamento. “É importante enfatizar que a diversidade sempre foi bandeira do movimento sindical. Tanto é que a categoria foi a primeira da América Latina a ter uma cláusula de igualdade de oportunidades na CCT”, afirma.

Dirigentes sindicais distribuem jornal específico sobre igualdade de oportunidades.Conscientização é o primeiro passo para corrigir a discriminação dentro dos bancos

Os bancários se organizam em comissões que discutem a igualdade de opor-tunidades. Este debate deu origem as reivindicações que estão presentes na minu-ta. Confira o resumo dos artigos 66 até 70 que organizam estas bandeiras:

� Instalação de comissão para promover a igualdade de oportunidade.� Estender aos homoafetivos as vantagens legais contidas na CCT que se

aplicam aos parceiros (mesma condição de conjuges), incluindo as cláusulas sobre adoção.

� Inclusão das pessoas com deficiências no mercado de trabalho, comba-tendo a discriminação e proporcionando seu desenvolvimento. Além da pro-moção de cursos de libras, adequação do ambiente de trabalho e apresentação periódica de resultados.

Quer saber mais? Leia os artigos completos na Minuta dos Bancários 2009 disponível em www.bancariosdecuritiba.org.br.

Estudos mostram que o merca-do de trabalho é adverso para mulheres, negros e deficientes.

O que diz a minutaBa

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FORMAÇÃO

Nos primeiros dias de julho, todos os jornais estamparam manchetes elo-giando o Plano Real e comemorando os 15 anos destas medidas econômicas. Bajulados, os responsáveis pelo plano foram aclamados como heróis. Falou-se em “experiência revolucionária”, “ganhos imensos”, “recuperação da sociedade brasileira”, apenas para citar alguns dos trechos de reportagens so-bre o tema.

O economista Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, declarou à revista Exame: “O Plano Real foi uma medida transformadora e de avanço para a economia brasileira no sentido de acabar com a inflação elevada e crônica, mas não esgota o que deve ser feito para garantir um crescimento sustentado com uma melhor distribuição de renda e diminuição da pobreza”. Já para o so-ciólogo Fernando Henrique, ministro da Fazenda na época do lançamento da nova moeda e que se elegeu Presidente da República especialmente devido à estabilidade da economia alcançada, o Plano Real provou que o Brasil estava maduro para um novo modo de rela-ção entre governo e sociedade, estado e mercado. “Hoje, a herança do Plano Real está incorporada ao patrimônio do país”, afirmou.

Por outro lado, na análise do jor-nalista Altamiro Borges, “o Plano Real não foi toda essa maravilha pintada pela mídia”. Ele afirma que “a estabilização conservadora da economia causou re-corde de desemprego, brutal arrocho de salários, precarização do trabalho e o desmonte das leis trabalhistas”. Borges cita ainda que a estabilidade da moeda brasileira, maior mérito do Plano Real, foi conquistada com base em privatiza-ções escandalosas, uma abertura indis-criminada da economia e uma verda-deira “orgia financeira”.

Não há dúvidas de que o Plano

Plano Real completa 15 anosHá motivos para comemorar, mas nada parecido com o alarde feito pela imprensa.

Real foi importante para os trabalha-dores, na medida em que alterou um cenário de taxas astronômicas de infla-ção. O trabalhador se via obrigado a

“As campanhas salariais só começaram a apresentar resultados expressivos para a classe trabalhadora após 2004, quando foram alcançados reposição da inflação e ganho real”. O problema é o custo que os cidadãos brasileiros pagaram para manter a estabilidade da econo-mia: redução dos investimentos em áreas sociais; cautela excessiva por parte do governo, que afetou o crescimento econômico e o consumo; juros altos; su-perávit primário (economia para o paga-mento de juros da dívida); explosão das dívidas interna e externa; e privatizações pouco transparentes.

Há 15 anos, no dia 1º de julho de 1994, entrava em circulação o Real, mais uma tentativa de derrubar defini-tivamente a inflação no Brasil. O mo-mento histórico foi lembrado em todas as coberturas dos grandes jornais. Con-tudo, faltou uma reflexão sincera sobre o preço que os brasileiros pagaram, du-rante os oito anos seguintes, em nome do controle da inflação.

“A estabilização conserva-dora da economia causou recorde de desemprego,

brutal arrocho de salários, precarização de trabalho e desmonte das leis tra-

balhistas”Altamiro Borges

ir urgentemente para o supermercado, logo após receber o salário, pois a des-valorização da moeda não permitiria comprar o mesmo volume de produ-tos se ele esperasse até o fim do mês.

O economista Fabiano Camargo, do Dieese-PR, afirma que com a infla-ção controlada e mais previsível, a classe trabalhadora deixou de perder poder aquisitivo da noite para o dia. “Apesar disso, as negociações coletivas não foram muito boas neste perío-do”, comenta Camargo.

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CIDADANIA

Apesar das incertezas geradas pela falta de recursos orçamentários e pela saída das empresas de comunicação da comissão organizadora, a realização da I Conferência Nacional de Comu-nicação (Confecom) está garantida. O evento está marcado para os dias 1, 2 e 3 de dezembro deste ano, em Brasília, e terá como tema Comunicação: meios para a construção de direitos e de cida-dania na era digital.

Resultado de uma mobilização histórica dos movimentos sociais e de entidades da sociedade civil que lutam pela democratização da comunicação, a Conferência será uma oportunidade sem precedentes de discutir as dire-trizes e propostas de políticas públicas para o setor e de pressionar a reformu-lação das leis já obsoletas que regem o sistema de comunicação brasileiro.

Segundo o secretário executivo da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Ottoni Fer-nandes Junior, entre os principais temas a serem debatidos na I Confecom estão o fim da propriedade cruzada, a concessão para as rádios e as televisões educativas, a mudança do marco regulatório, com a inclusão de legislação para a Internet, e a convergência de mídia.

Diante da necessidade de garantir a efetiva participação da sociedade e dos movimentos sociais na processo de cons-trução e implantação das políticas de comunicação, a Central Única dos Tra-balhadores (CUT) defende o debate de três eixos temáticos essenciais para o êxito da Conferência: os meios de comunicação e outras formas de produção e circulação de conteúdo informativo; os processos de produção, financiamento, distribuição e circulação; e os sistemas público, estatal e privado de comunicação.

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em extinguir a obrigato-riedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista causou, ainda que em pequena escala, polêmica entre os representantes da classe trabalhado-ra nos últimos dois meses. Apesar do fato não ter sido discutido na propor-ção merecida, principalmente pela im-prensa, várias categorias manifestaram repúdio à leviandade demonstrada pelo ministro Gilmar Mendes. E mesmo parte daqueles que não concordavam plenamente com a exigência da forma-ção universitária considerou errônea a forma como a decisão foi tomada.

“No lugar de tornar o processo jor-nalístico mais claro, mais compreensível e mais eficaz, as duas decisões – fim da Lei de Imprensa e da obrigatoriedade do diploma de jornalismo – estabelece-ram uma tremenda confusão”, declarou

Confecom é a oportunidadehá tempos sonhada

Suspensão do diploma de jornalistaagrava monopólio da comunicação

Ministro das Comunicações, Hélio Costa (centro), garantiu a realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação entre os dias 1 e 3 de dezembro

Após anos de luta dos movimentos sindical e social, I Conferencia Nacional deComunicação abrirá espaço para debater e propor mudanças ao setor.

Alberto Dines, em texto publicado no Observatório da Imprensa. Para o jor-nalista, tal medida extingui a própria profissão de jornalista, uma vez que ig-norou diversos estatutos que sequer es-tavam mencionados na questão, como apagou, indiscriminadamente, parte da história política do país. “Ao suspender o diploma, o STF ignorou a existência de uma técnica e uma ética próprias da profissão”, argumentou Dines.

A CUT também reprovou à decisão e declarou adesão à luta em defesa do diploma de jornalista para garantir os critérios de responsabilidade social da profissão. Alertando para o fato de que a questão diz respeito a todos os trabalha-dores, a entidade argumenta que desregu-lamentação ameaça outras categorias, leva à precarização das relações do tra-balho e também atinge os movimentos sociais, já tão criminalizados pela mídia.

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QUALIDADE DE VIDA

Especialistas da saúde se perguntam como é possível se manter mentalmente saudável diante do estímulo contínuo da chamada ‘cultura do medo’. Apavorada cotidianamente, boa parte das pessoas considera o aumento do estresse como algo normal; esquecem-se que isso pode causar danos irreversíveis à saúde. “Mal sabemos que o estresse é um assassino si-lencioso que invade nossas vidas, destru-indo o sistema imunológico e abrindo brechas para diferentes enfermidades, como a depressão”, assinala Roseli Pas-coal, assistente social do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região.

Atualmente, a depressão é uma das formas mais comum de sofri-mento mental e que mais atinge os trabalhadores. Embora existam mé-todos terapêuticos muito eficientes, a maioria das pessoas continua sem diagnóstico e tratamento, principal-mente por falta de conhecimento e por não aceitá-la como uma doença legítima. De acordo com estudiosos da área, ninguém está imune ao com-portamento depressivo. “A depressão pode ser encontrada em todas as raças e classes sociais”, acrescenta Roseli.

Causas – A depressão não se fun-damenta em uma causa isolada; é o en-trelaçamento de uma série de raízes, que formam um quadro complexo. Especial-istas consideram três grupos de fatores quando se trata de episódios depres-sivos: os neurobiológicos, que causam alterações bioquímicas no cérebro, in-cidindo no equilíbrio do humor e na sensação de bem-estar; os genéticos, pois a doença pode ter origem orgânica; e os psicoemocionais, já que acontecimentos negativos, como a morte de um ente ou perda do emprego, podem contribuir

Depressão, uma doença que nãoescolhe raça, gênero ou classe socialA assistente social do Sindicato explica causas, sintomas e possibilidades existentes de tratamento para a doença. Entidade também mantém grupo de Terapia Comunitária.

para o desenvolvimento da doença.Além disso, o ambiente de trabalho

também pode ser um agravante. Segun-do Roseli, embora a relação da depressão com o trabalho possa parecer sutil, fa-tores como assédio moral, exigências excessivas pelo cumprimento de metas, excesso de competição e ameaças de de-missão podem determinar depressões mais ou menos graves ou prolongadas.

Sintomas – Entre os principais sin-tomas da depressão estão: tristeza crôni-ca, cansaço patológico, dificuldade de concentração, alterações no sono e na alimentação, entre outros. A assistente social explica que a doença também interfere diretamente no desempenho profissional, pois uma de suas carac-terísticas centrais é o desânimo para atividades cotidianas, entre as quais o trabalho. “Desta forma, a capacidade de trabalhar fica comprometida, di-ficultando o trabalhador de cumprir seus compromissos”, ressalta Roseli.

Bancários relatam que, quando acometidos pela depressão, fazem a maior parte de suas atividades no “pilo-to automático”, sem tomar consciência de suas ações. Alguns sentem um cansa-ço incomum sem fazer esforço. Outros são incapazes de se divertir mesmo com atividades agradáveis. “Sentimento de culpa, vergonha, baixa autoconfiança e dificuldade em tomar decisões também figuram entre os sintomas mais comuns. No geral, há uma desesperança contínua e uma incapacidade de controlar ou evi-tar pensamentos negativos”, acrescenta.

Tratamentos – Segundo especialis-tas, um dos principais obstáculos que impede o tratamento da depressão é o medo dos adoecidos em relatar seus sintomas. “A maioria das pessoas fica

receosa em virtude do preconceito e das consequências negativas que podem surgir. Mas não devemos esquecer que o tratamento eficaz só começa quando o problema é reconhecido. Além disso, é imprescindível a procura por um psiquiatra atualizado, pois um diagnós-tico bem elaborado é o primeiro passo da cura”, diz Roseli.

Diagnosticada a doença, existem várias opções para seu tratamento. Uma delas é a farmacoterapia, que prescreve remédios antidepressivos, que equilibram as substâncias quími-cas. A psicoterapia também é um dos recursos recomendados, pois con-tribui para que o paciente conheça e lide melhor com os problemas que o fizeram sentir-se deprimido. O ideal é que o tratamento medicamentoso seja combinado com o psicoterapêutico, pois os remédios por si só não ajudam a descobrir as causas do problema, muito menos os farão desaparecer. Es-tão disponíveis ainda terapias alterna-tivas, tratamento ortomolecular e até mesmo atividades físicas.

Preocupado com a saúde dos bancários, o Sindicato mantém um grupo de Terapia Comunitária que bus-ca resgatar a auto-estima, a autonomia e a cidadania dos trabalhadores doen-tes. Também estão disponíveis, além da assistente social, dois estagiários de Psicologia, aptos a atender os trabalha-dores. A entidade tem feito o possível para disponibilizar aos bancários ações que se revertam em saúde, entre elas o Espaço Cultural e Esportivo, que dis-põe de atividades como pilates, dança de salão, academia, entre outras. Mais informações poder ser obtidas em: www.bancariosdecuritiba.org.br.Ba

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Irresponsabilidade com a saúde

Sindicato no combate à gripe A

Mais de cinco mil casos confirmados e 200 mortes. Foram esses os primeiros dados de setembro,divulgados pela Secretaria da Saúde, referentes à disseminação da Influenza A no Paraná.

Confira um resumo das medidas e ações encaminhadas pelo Sindicato para proteger a saúde dos trabalhadores bancários:

Em meio a epidemia de nova gripe (H1N1) que assolou o Brasil, sobretu-do nas regiões mais frias, foi possível constatar, novamente, que os bancos não têm compromisso com a saúde de seus trabalhadores e clientes. Mesmo diante das evidências de que agências são locais propícios para a transmissão do vírus – devido a alta concentração e circulação de pessoas –, pouco foi feito por parte das instituições finan-ceiras. “Foi preciso que o Sindicato conquistasse uma liminar judicial para que os bancos tomassem alguma me-dida preventiva”, destaca Ademir Vido-lin, secretário jurídico da entidade.

A obrigatoriedade de limitar o número de usuários dentro das agên-cias levou as filas dos bancos para as ruas. Mais do que a preocupação com a nova gripe, ficou exposto o mal atendimento e o elevado tempo de espera enfrentados pelos clientes, re-sultado da sobrecarga de trabalho dos bancários e da falta de contratação de mais trabalhadores para o atendimen-to. A preocupação com a nova gripe também deixou claro que a organiza-ção das agências bancárias privilegiam apenas a segurança de seu patrimônio. “Foram identificados diversos proble-mas de ventilação e insalubridade que demonstram que a única preocupação dos banqueiros é a proteção do di-nheiro”, finaliza Vidolin.

23 de julho – Diante do cenário preocupante, Folha Bancária alerta sobre os riscos de contaminação da nova gripe e enumera cuidados a se-rem tomadas por bancários.

31 de julho – Preocupado com saúde dos bancários, Sindicato agen-da reunião com representantes dos principais bancos de Curitiba e região para discutir medidas preventivas.

04 de agosto – Comparecem à re-união apenas representantes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica; bancos privados atestam descaso com a saúde dos trabalhadores. Como resultado, é construído um breve plano de ação para evitar a proliferação do vírus.

05 de agosto – Representantes da CASSI e do GEPES do BB vão à sede do Sindicato para discutir medi-das preventivas. No mesmo dia, Caixa promove reunião com especialista para esclarecer dúvidas dos bancários.

06 de agosto – Sindicato encami-nha ofício à Procuradoria do Trabalho apresentando as preocupações da enti-dade com a incidência da nova gripe em Curitiba e região.

07 de agosto – Juíza da 7º. Vara do Trabalho determina que bancos tomem providências urgentes. Entre as medidas: atenção especial às ges-tantes, álcool gel 70% e máscaras disponíveis para trabalhadores e terceiros e limitação do número declientes dentro das agências.

10 de agosto – Bancos implemen-tam medidas preventivas estabelecidas pela liminar; caso a decisão fosse des-cumprida, eles pagariam multa diária de R$ 1.000.

17 de agosto – Ao final do prazo estabelecido pela liminar, bancos vol-tam a operar normalmente. Sindicato solicita a extensão da liminar por mais 30 dias (até o fechamento desta edição, a decisão não havia sido proferida).

Caso aconteça alguma fatalidade nas instituições financeiras por falta de providências, elas poderão ser acionadas judicialmente. O Sindi-cato dos Bancários de Curitiba e região também está a disposição dos bancários para esclarecer dúvidas e receber denúncias.

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JURÍDICO

Como é de conhecimento dos bancários, primeiro de setembro é a data-base da categoria – também co-nhecido como “mês de dissídio”. As-sim, no mês anterior (agosto) iniciam as discussões e debates sobre as reivin-dicações dos trabalhadores e sobre os processos de negociação. Entretanto, no mesmo mês, também tem início o desencontro de informações, o “diz-que-me-disse”, proporcionado pelas conversas de corredores. É comum nesse período a propagação da infor-mação de que não é possível praticar demissões, pois nos encontramos no mês que antecede à data-base.

Para melhor esclarecer a situação, informamos sobre os direitos real-mente existentes: a Lei n.° 7.238/84 es-tabelece que o empregado despedido sem justa causa nos 30 dias que an-tecedem à data-base da categoria tem direito a receber indenização adicio-nal no valor de seu salário. Contudo, é importante observar que quando a dispensa ocorre com aviso prévio in-

Demissões sem justa causa nomês que antecede a data-base

denizado, ou seja, aquele pago pelo empregador, há projeção em 30 dias do final do contrato. Por exemplo, quando o empregado é despedido em

julho e 01 de agosto 2009, em razão da projeção do aviso prévio indeniza-do, terá seu contrato finalizado entre 02 e 31 de agosto de 2009. Nesse caso, haverá direito a receber a indenização no valor de um salário.

Já quem for despedido entre 2 e 31 de agosto de 2009, considerando a pro-jeção dos 30 dias do aviso prévio, terá o fim do contrato de trabalho no período posterior a 1ª de setembro. Neste caso, o empregado passa a ter direito às van-tagens negociadas pelo Sindicato, tais como: reajuste salarial, correção dos va-lores de vale-alimentação, participação nos lucros e resultados, entre outros.

Percebe-se que os direitos conce-didos aos empregados como com-pensação pela dispensa dentro dos 30 dias anteriores à data-base de sua categoria são pecuniários. Logo, não há qualquer restrição aos bancos ou a qualquer outro empregador a pratica-rem às demissões, desde que contem-plem os trabalhadores com as verbas rescisórias que eles possuem direito.

14 de julho de 2009, o aviso prévio indenizado projeta o término do con-trato para 13 de agosto de 2009.

Informamos isto para deixar claro que o aviso prévio indenizado é com-putado na verificação do direito à in-denização adicional. Assim, quem foi dispensado sem justa causa entre 3 de

“A Lei n.° 7.238/84 esta-belece que o empregado despedido sem justa causa nos 30 dias que antecedem à data-base da categoria tem direito a receber in-denização adicional no valor de seu salário”

Por Nasser Ahmad AllanAssessor jurídico do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região

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Assessoria jurídica do Sindicato responde as principais dúvidas dos trabalhadores.

Sim, a Súmula 199 do Tribunal Superior do Trabalho, que proíbe a contratação de serviço suplementar (hora extra) desde a contratação do empregado bancário.

Ocorre da seguinte forma: o bancário é contratado para trabalhar no sistema de jornada de 6 horas, porém é obrigado

A Constituição Federal garante o direito de os sindicatos atuarem judi-cialmente em favor dos membros de sua categoria profissional. O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região faz isto como estratégia para combater a violação de direitos pelos bancos.

Normalmente, as ações coletivas do sindicato podem ser classificadas de duas formas: aquelas que visam à satisfação

Não há qualquer problema em se prestar depoimento como testemunha em um processo judicial. Ao contrário, a testemunha é alguém que tem uma obrigação com a Justiça. Uma vez inti-mada (ou simplesmente convidada), ela é obrigada a comparecer para dizer a ver-

SOS BancáriosHá algo que proíba a jornada de oito horas para o bancário?

Os resultados das ações coletivas do Sindicato dos Bancários valem para quem?

Posso ser testemunha no processo de alguém que move ação contra o banco? E se eu quiser que essa pessoa também preste depoimento no meu processo?

a realizar mais 2 horas extras por dia, to-talizando 8 horas diárias fixas, desde o primeiro dia de trabalho. A empresa, por sua vez, paga um parcela fixa, chamada “horas extras”, equivalente a duas horas extras por dia. Se isto ocorrer, haverá a chamada “pré-contratação”, prática considerada ilegal e inválida.

Duas são as consequências jurídicas quando a empresa adota essa prática: 1) o reconhecimento de que o valor pago sob o título “horas extras” é, na ver-dade, salário; 2) o (novo) pagamento, como extraordinárias das duas horas extras trabalhadas por dia, como base no novo salário.

de um direito comum aos bancários de um determinado banco; e aquelas que são específicas a um grupo específico de trabalhadores. É exemplo da primeira a ação que cobra o anuênio em favor dos empregados do Banco do Brasil. A segunda hipótese é verificada nas ações movidas pelo Sindicato para cobrança das 7ª. e 8ª. horas como extras.

O comum é que o Sindicato, ao

ajuizar a ação, apresente uma lista com os nomes dos trabalhadores que substituirá (representará). Isso apenas não ocorre com as ações das 7ª e 8ª horas da CEF em que o Sindicato re-presenta todos os bancários que ocu-param ou ocupam determinado cargo (analista, técnico de sistemas, técnico de fomento, etc.) de novembro de 1999 em diante.

dade: o que sabe e o que viu, nada mais. Quanto à troca de depoimentos –

“você presta depoimento pra mim, eu presto depoimento pra você” –, trata-se de um assunto polêmico. Apesar de não haver nenhuma norma legal que regule essa matéria, a maioria dos

juízes entende que nesse caso há uma “troca de favores” e não ouve a tes-temunha. Por isso, para se evitar pre-juízos ao autor da ação, o ideal é que sempre se leve mais de uma testemu-nha à audiência (o máximo permitido por lei é três).

Bancário, se você tem outras dúvidas ou questões que não foram res-pondidas aqui, entre em contato com nossa Assessoria Jurídica pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone 41 3015.0523.

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OPINIÃO

É parte do nosso trabalho como di-rigentes sindicais levar o debate sobre Previdência Complementar a todos os trabalhadores da categoria bancária. O tema é um dos eixos da pauta de reivindicações da Campanha Nacional dos Bancários deste ano e deve ser uma das nossas principais bandeiras de luta; temos que estimular, principalmente junto aos trabalhadores de bancos privados, o debate sobre a cultura pre-videnciária, uma vez que as mudanças na legislação atual permitem a porta-bilidade. Em uma linguagem muito simplificada, portabilidade é levar para outra entidade ou plano o saldo indi-vidual acumulado.

Para a maioria dos trabalhadores no Brasil, a Seguridade Social e a Pre-vidência Social são os únicos meca-nismos de proteção e garantia de uma aposentadoria no futuro. Por isso, estes institutos devem sempre fazer parte da pauta de defesa dos cidadãos, já que todos têm a esperança de, em alguma etapa da vida, interromper a carreira profissional e desfrutar (na medida do possível) de uma velhice tranquila e prazerosa; o que se coloca, cada vez mais, como um desafio, principal-mente com os índices de longevidade sendo ampliados ano a ano.

Por outro lado, uma pequena massa de trabalhadores – cerca de 2,5 milhões – está inserida, além da Previdência So-cial, na Previdência Complementar. É importante lembrar que existem dois tipos deste modelo previdenciário: as Entidades Abertas de Previdência Complementar (EAPC), que são os planos de capitalização vendidos nos bancos e que têm o aporte financeiro feito somente pelo “comprador”; e as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC), em que o pa-

Previdência Complementar:um dos eixos da Campanha Salarial

trocínio é feito tanto pela empresa pa-trocinadora como pelo participante.

Para que se possa abordar este tema conscientemente, no entanto, é preciso lembrar que para pensar em previdên-cia, seja ela complementar ou não, precisamos pensar primeiramente no futuro; compreender que o tempo, a idade e outros fatores ou escolhas irão interferir diretamente no resultado fi-nal da carreira profissional e na quali-dade de vida na velhice.

Cabe acrescentar que há vários anos a complementação da aposentadoria faz parte da vida de alguns segmentos de trabalhadores. Entretanto, tal pos-sibilidade só se tornou mais evidente nos últimos 30 anos. E hoje, ela já ocu-pa um lugar de destaque na vida de al-guns trabalhadores que pensam em seu futuro de maneira planejada. Planeja-mento passa a ser, então, uma estraté-

gia para todos; um tema que deve ser assumidos por todos, independente do patamar de remuneração.

Sendo assim, é necessário que os tra-balhadores mudem de postura desde o momento em que entram no mercado de trabalho, mesmo que, em virtude da pouca idade, esta não seja uma das suas maiores preocupações. Constatamos que nos bancos privados somente 2% dos bancários chegam à aposentadoria, pois a maior parte deles é demitida ou pede demissão antes de completar o tempo exigido para se aposentar. Isso revela que, desde o ingresso no mundo profissional, os jovens precisam se cons-cientizar da importância da cultura previdenciária – preocupação que não deve ficar restrita apenas àqueles que recebem maiores salários.

Observamos cotidianamente que a tendência mundial é que as pen-sões fiquem menos generosas e que o tempo de permanência no mercado de trabalho seja estendido. Ao olharmos para o perfil da categoria bancária, ve-mos claramente que uma das discrimi-nações sofrida é a de idade. Por isso, a bandeira da previdência complementar como mais uma forma de proteger os trabalhadores é tão importante.

Se ainda avaliarmos a alta lucra-tividade dos bancos e a possibilidade de que o valor da contribuição (tanto por parte do empregador como por parte do empregado) seja deduzido do Imposto de Renda até o limite de 12% da renda anual, temos mais um estímulo. Mas, como todas as nos-sas conquistas, alcançar um modelo justo e satisfatório para todos não será fácil. Precisamos lembrar que esta vitória depende essencialmente de nossa mobilização, organização e persistência na luta.

Por Sônia Regina Sperandio Boz , secretária de Imprensa

do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região

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CULTURA

De 27 de agosto a 4 de setembro, a capital do Paraná respirou ares mais culturais. Foi a I Bienal do Livro de Curitiba, um projeto experimental que trouxe para a cidade nomes nacionais da literatura e evidenciou o debate dos te-mas cultura, educação e meio ambiente. Durante nove dias, foram realizadas palestras, oficinas, exibição de filmes, teatros e shows, entre outras atividades.

Mas quem não pode conferir a Bi-enal do Livro, não tem motivos para lamentar. Durante o segundo semestre, vários eventos irão invadir Curitiba. Até 11 de outubro, a cidade sedia a 5º Bienal Latino-Americana de Artes Visuais Vento-Sul, que propõe um recorte na produção contemporânea internacional com ex-posições em vários museus. O público pode conferir, de 6 a 11 de outubro, na Cinemateca, a exibição de vídeos dos ar-tistas participantes. Diversas interferên-cias urbanas também irão surpreender os curitibanos. (Mais informações em www.bienalventosul.com.br)

Café dos BancáriosAberto de terça a sexta, das 16 às 23 horas. Sábado, das 10 às 16 horas. No almoço, feijoada e complementos.

Setembro05: João, Amanda e Bernardo12: Abel e seus Calangos19: Milton e Mauro Zauer26: Frank e JúniorOutubro:03: André e Raquel10: Nináh, Sandro e Marina17: Trio Paraná Guri

MassoterapiaA partir de setembro, estarão disponíveis sessões de Massoterapia. Mais informações e agendamento pelos telefones 3332-0200 ou 9614-5003.

Dança de SalãoA partir de 18 de setembro, às 19 horas, terá início uma nova turma de Dança de Salão. Os ritmos são: forró, samba de gafieira e ritmos dos anos 60, 70 e 80.

Para mais informações e horários das demais atividades disponíveis, ligue 3332-0200 ou consultewww.bancariosdecuritiba.org.br. Agendamento da quadra esportiva pode ser feito pelo telefone 3015-0523.

Curitiba culturalCidade terá um segundo semestre marcado por diversas atividades artísticas e culturais.

Já está marcado para os dias 19, 20 e 21 de novembro o Festival de Cultura do Paraná. A quarta edição do evento pretende reunir a diversidade para-naense por meio de apresentações de teatro, dança, música e exposições de artesanato, pintura e fotografia. Apesar da programação ainda não estar fecha-da, o público poderá conferir debates sobre cultura e formas de expressão e participar de oficinas. (Mais informa-ções em festivaldecultura.art.br)

Além destas atrações, com data e horário marcados, os curitibanos têm a sua disposição espaços permanentes de cultura. Para quem gosta de literatura, as Casas de Leitura Manoel Carlos Karam e Augusto Stresser promovem conta-ção de história toda semana. O projeto Paiol Literário também traz a capital paranaense, todo mês, escritores nacio-nais para um bate-papo. O Memorial de Curitiba e os Museus Paranaense, do Expedicionário e de Arte Sacra são as opções para quem gosta de história.

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Nem mesmo a chuva desanimou os trabalhadores que compareceram a tradicional Festa Julina dos Bancári-os. O arraiá, realizado no dia 11 de ju-lho, na Sede Campestre, contou com cachorro-quente, pipoca, algodão-doce, quentão, brinquedos para a ga-

Arraiá garante tardede diversão aos bancários

rotada e uma quadrilha irreverente. A dramatização bem-humorada que antecedeu a dança uniu ao sotaque caipira elementos da novela Cami-nhos das Índias e arrancou garga-lhadas do público. Até os “astros in-ternacionais” Susan Boyle e Michael

Jackson marcaram presença. A alegria e a disposição dos bancários e fami-liares que resolveram enfrentar o frio e o mau tempo para curtir a festa tor-naram o evento mais uma excelente oportunidade de entretenimento e confraternização da categoria.

ACONTECEU

O Sindicato firmou, no dia 14 de agosto, um convênio com a Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), que permite que os bancários filiados usu-fruam da sede da AABB no Tarumã. O convênio estabelece que todos os bancários sindicalizados têm direito à isenção do título de sócio e desconto no valor das mensalidades da Associação.

A AABB dispõe de uma ampla es-trutura e com espaços para prática de esportes, realização de eventos, estética e beleza, piscinas, bares e restaurantes, entre outros. As mensalidades para sócio individual custam R$ 45 e para sócio família, R$ 90 (titular e depen-

dentes com menos de 24 anos). Mais informações podem ser obtidas no site www.aabbcuritiba.com.br, no link Con-

Sindicato e AABB firmamconvênio que beneficia bancários

vênio Governo do Paraná (as regras para bancários sindicalizados são as mesmas aplicadas ao Governo do Paraná).Ba

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O Espaço Cultural e Esportivo dos Bancários foi, no dia 24 de julho, palco para a posse da nova direção da Central Única dos Trabalhadores do Paraná. Os dirigentes, eleitos durante o 11º Congresso Estadual da Central ficam a frente da CUT-PR no triênio 2009/2012. “Nosso novo mandato iniciou com um grande desafio, que foi a greve dos trabalha-dores nas obras e manutenção da Repar e Fosfértil. Foram 20 dias de resistência e luta, na qual contamos com o apoio dos dirigentes eleitos e de muitos sindicatos filiados. Isso demonstra que nosso grupo está unido e ainda vai lutar muito em defesa da classe trabalhadora”, afirmou Roni An-derson Barbosa, presidente reeleito da Central.

Após cinco meses de competição, a Copa Bancária de Futebol Suíço “67 anos de luta”, promovida pelo Sindi-cato, teve uma final cheia de emoções. A disputa pelo título aconteceu no dia 22 de agosto, na Sede Campestre, entre as equipes do HSBC Parolin e do Real. Com um placar de 4 X 1, a equipe do HSBC venceu o cam-peonato e levou a taça. Os segundo e terceiro lugares ficaram com o Real e o BB JM, respectivamente.

No balanço final, foram marcados 293 gols em 45 jogos. O artilheiro da competição foi o jogador Flávio Bot-

Nova direção na CUT PR

Equipe do HSBC Parolin é campeã da Copa Bancária

tene, do HSBC Parolin, e o goleiro destaque, Fábio A. Oliveira, do BB JM.

Contudo, a principal vitória da Copa Bancária foi a união da catego-ria. “O campeonato promovido pelo Sindicato foi fundamental para que, através do esporte, nós pudéssemos levar aos bancários as principais ban-deiras de lutas e as reivindicações da Campanha Salarial 2009”, destaca Se-lio de Souza Germano, secretário de Esportes da entidade. “Além disso, nós conseguimos alavancar sindicalizações, o que fortalece ainda mais a organiza-ção dos bancários”, completa.

Em assembleia geral extraordinária, realizada no dia 19 de agosto, no Es-paço Cultural e Esportivo, os trabalha-dores bancários de Curitiba e região aprovaram, por ampla maioria, o retor-no à base do dirigente sindical Jeffer-son Tramontini, trabalhador da Caixa Econômica Federal.

Dirigentesindical liberado retorna à base

Bancários doSantander aprovam minuta específica

Em assembleia realizada no dia 26 de agosto, no Espaço Cultural e Es-portivo, os trabalhadores bancários no Santander aprovaram a minuta especí-fica de reivindicações desta Campanha Salarial 2009.

Os presentes também autorizaram a diretoria do Sindicato a realizar as ne-gociações e celebrar o acordo coletivo de trabalho com o banco (ou acordo coletivo à Convenção Coletiva da Ca-tegoria 2009), incluindo a PPR/2009 e os Termos de Compromisso do Bane-sprev e Cabesp.

O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região felicita os novos dirigentes da CUT-PR e se coloca à disposição para apoiar as lutas das entidades e dos trabalhadores cutistas. Ba

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ACONTECEU

“O movimento sindical interna-cional deveria ser mais ousado, mais juvenil, para exigir o seu lugar nas discussões econômicas mundiais.” Foi com esse tom desafiador que o mi-nistro Luiz Dulci, chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, proferiu sua fala na abertura do 10ª Congresso Nacional da CUT, realiza-do de 3 a 8 de agosto, em São Paulo. O evento, que contou com a partici-pação de aproximadamente 2,5 mil delegados de todo o país, deliberou sobre as principais ações e mobiliza-ções da Central para os próximos três

Nos meses de junho e julho, os trabalhadores do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal participaram das eleições para delegados sindicais. Os primeiros pleitos aconteceram entre os dias 4 e 10 de junho, nos respectivos

10° CONCUT reúne maisde 2 mil trabalhadores

Caixa e Banco do Brasilelegem delegados sindicais

anos e elegeu a nova direção nacional da entidade.

Entre os temas debatidos ao longo dos cinco dias, mereceram destaque: o sistema financeiro e suas instituições; as formas de enfrentamento da crise in-ternacional; e as ações para construção de um modelo de desenvolvimento sustentável. Além do ministro Luiz Dulci, participaram das atividades o

Em assembleia realizada no dia 07 de julho, os trabalhadores bancários que atuam no antigo Real, agora banco San-tander, decidiram entrar com ação co-letiva contra a empresa para suspender o prazo de adesão ao novo plano do HolandaPrevi e manter o custeio dos participantes ingressos até 31 de maio de 2009. Diante da intransigência do banco em negociar as alterações unila-terais feitas no Plano de Aposentadoria HolandaPrevi, o Sindicato entrou com a ação judicial no dia 28 de julho. A res-posta favorável veio em 14 de agosto, por determinação do juiz Marco Anto-nio Antoniassi. A liminar obriga que o Santander Real se abstenha de aplicar o novo custeio ao plano.

Bancários do antigo Real conquistamliminar contra mudanças no HolandaPrevi

presidente reeleito da CUT Brasil Ar-tur Henrique da Silva Santos, a dire-tora da OIT no Brasil Lais Abramo, a senadora Marina Silva, entre tantos outros. Ao lado das contribuições dos sindicalistas, as análises de ministros, ex-ministros, intelectuais e parlamen-tares, tiveram espaço também vários painéis sobre o mundo do trabalho e o desenvolvimento.

locais de trabalho. Posteriormente, um edital complementar foi aberto para concluir o processo, com eleições en-tre 6 e 17 de julho. Os mandatos dos eleitos iniciam no segundo semestre de 2009 e têm duração de um ano.

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Uma “surpresa agradável”. Foi desta forma que os bancários do HSBC Vila Hauer definiram a visita dos dirigentes sindicais, no dia 28 de agosto. Uma das principais concentrações de trabalha-dores do banco inglês na capital, a cada “mancada” do HSBC, o centro adminis-trativo Vila Hauer é uma das primeiras alternativas para protestos. De tão acos-tumados aos protestos por melhores condições de trabalho, os bancários ficaram surpresos com o cartão come-morativo. A mensagem foi: “Um bis para nossas vitórias. Comemore seu dia pronto para novas conquistas”.

Por toda a cidade, um caminhão de som parabenizava os bancários por seu dia, pedindo paciência aos clientes. “Sabemos o quanto os cli-entes e usuários do banco sofrem com as filas e o atendimento precário. De tão afrontados, os clientes se acostu-mam a não esperar uma prestação de serviço digna por parte dos bancos. Por isso, foi essencial que na mensa-gem que rodou toda a cidade através do caminhão de som, tivesse um aler-ta: embora esteja na linha de frente, o bancário não é responsável pelos abu-sos cometidos pelos bancos”, explica Otávio Dias, presidente do Sindicato dos Bancários.

Atos durante a semana também marcaram a data – Na semana do bancário, as concentrações de agências no Portão, Juvevê e em São José dos Pinhais foram visitadas pelos dirigen-tes. No interior das agências, os sindi-calistas dialogam com os trabalhadores sobre o início da Campanha Salarial, o andamento das negociações e a im-portância do envolvimento da catego-ria – mantendo-se informados através

Dia do Bancário é marcado por comemoração na Vila Hauer

dos canais de comunicação do Sindi-cato e participando dos atos.

Em suas falas, os dirigentes desta-caram as conquistas da categoria, considerada uma das mais organiza-das do país. Dentre elas a jornada de seis horas, o piso salarial nacional e a cesta alimentação, apenas para citar algumas das mais de 50 cláusulas pre-sentes na Convenção.

Nas ruas, munidos de bandeiras, faixas e materiais (um resumo da minu-ta e outro sobre os direitos dos clientes), os sindicalistas marcharam ao som da tradicional banda que acompanha os atos nas campanhas salariais. A estratégia de descentralizar as manifestações visa criar um espírito de luta nos bancários, convocando-os a participar das mobili-zações, essenciais para mostrar a força da categoria e arrancar uma proposta decente dos banqueiros.

Acostumados às denúncias, trabalhadores ficaram surpresos e entusiasmadoscom a homenagem organizada para marcar seu dia.

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Minha esposa é bancária da Caixa. Gostaria de saber se o aumento salarial é dado também para os funcionários em auxílio doença e licença materni-dade. Obrigado!

Welington, bancário.

Sim, o aumento real conquistado na Campanha Salarial será repassado a todos os bancários que esti-verem em atividade ou afastados, por licença mater-nidade ou auxílio doença. É importante destacar que a data-base da categoria é dia 1ª de setembro. Tradi-cionalmente, no momento de assinatura da CCT com a Fenaban, é acordado o pagamento retroativo, ou seja, mesmo que a campanha só se encerre em 22 de outubro, como no ano passado, por exemplo, os trabalhadores recebem esta diferença.

Posso ser mandada embora por justa causa por ter cheques devolvidos?

Karin, bancária.

Infelizmente, sim. Os bancos podem demitir por justa causa caso o trabalhador bancário emita cheques sem fundo. Eles se baseiam nos artigos 482 e 508 da Consolidação das Leis de Trabalho para justificar estas demissões com justa causa. O artigo 482 versa sobre a desídia e o 508 consi-dera justa causa a inadimplência ou, como diz o artigo, a falta contumaz de pagamento de dívidas legalmente exigíveis. Esta é uma prática comum no HSBC. A postura do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região é de garantir a composição de dívidas para que os bancários possam sair do processo de inadimplência e assegurar seus direitos como trabalhadores.

Durante a Segunda Guerra Mundial, um oficial alemão recebe uma promoção que o obriga a se mudar com toda a família para um novo lugar. Lá, Bruno, o filho, ao explorar os arredores de sua nova casa, descobre uma cerca e, do outro lado, um mundo mais cinza e com pessoas que usam um estranho pijama listrado. Um desses ‘do lado de lá’ é Shmuel. Juntos, eles vão tentar entender porque cada um está em um lado da cerca. O menino de pijama listrado é uma adaptação do livro homônimo de John Boyne, dirigido por Mark Hermam, com David Thewlis, Vera Farmiga, David Hayman e Rupert Friend. Os meninos são interpretados por Asa Butterfield (Bruno) e Jack Scanlon (Shmuel).

A crise de 1929, especialmente para os Estados Unidos, criou uma geração sem perspectivas que, principalmente, não sentia falta de ter algum tipo de perspectiva. Nessa época surgiram al-guns dos maiores escritores do país, conhecidos como ‘beats’, destinados a negar todo o decadentismo poético da geração en-cabeçada por Hemingway. Havia um que, mesmo nesse meio, era considerado um pária. Estamos falando de Charles Bukowski. Em Misto quente, acompanhamos Henry Chinasky, alter-ego do autor, da infância até o fim da juventude, em um cenário de sub-empregos e vícios. Uma narrativa dura e sem floreios, ainda que sensível, de Bukowski.

O sindicato agradece os correios eletrônicos enviados. Continuem encaminhando seus comentários sobre a revista. E-mail: [email protected]

Reajuste salarial éestendido a afastados

Recomendamos

Justa causa porinadimplência

Livro: Misto quenteAutor: Charles BukowskiGênero: RomancePáginas: 320Ano de Lançamento: 2006,pela L&PM

Livro: O menino de pijama listradoAutor: Mark HermanGênero: DramaTempo de duração: 93 minutosAno de Lançamento: 2008

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Em 1933, o Paraná comemorava 80 anos de sua emancipação de São Paulo. O mundo estava perto de conhecer o horror nazista e Karl Marx publicava postumamente seu A ideologia alemã. Aquele também foi o ano em que os tra-balhadores bancários saíram às ruas para validar sua primeira grande bandeira: a jornada de trabalho de seis horas.

Até esse momento, os bancários das zonas urbanas eram obrigados a trabalhar de 7h30 até 18h30. Na zona rural era pior ainda, de 7h até 19h. Os trabalhadores ficavam dentro de cofres esse tempo todo e lidavam com um dos objetos mais sujos da modernidade: o dinheiro. Esses dois fatores tornaram a categoria vítima fácil para a tubercu-lose e para a neurose. Assim, a primeira conquista dos trabalhadores bancários foi uma medida necessária para preser-var a sua saúde.

Mas muito foi trabalhado até que essa conquista se concretizasse. Mais ainda se trabalhou depois. Ao longo dos anos, através de duras lutas, a cate-goria bancária conquistou sua Conven-ção Coletiva, considerada por muitos como uma das mais avançadas do país, contando com mais de 50 cláusulas. “Os trabalhadores bancários têm uma trajetória de luta muito interessante e, não é por acaso que foi conquistada a Convenção Coletiva de Trabalho Na-

Bancário que conheceseu passado é bancário forte! Em mais de 7 décadas, trabalhadores conquistaram jornada de trabalho de 6h, CCT, auxílio-creche, vales refeição e alimentação e 13ª cesta alimentação. Mas ainda há muito por que lutar.

cional, ou seja, o piso do bancário é o mesmo de norte a sul do país”, diz Elias Jordão, presidente da FETEC-CUT-PR e trabalhador no Bradesco, ressaltando uma das tantas qualidades do documen-to trabalhista.

História de conquistas – O que é alardeado pelos bancos como benefício dado ao trabalhador é fruto de anos de luta sindical. O auxílio-creche, por exemplo, só foi conquistado com uma greve em 1981. Mas, ainda assim, apenas para crianças de até 70 meses de idade. Em 1992, com outra greve, foi ampliado para 83 meses. Auxílio-refeição e vale-ali-mentação foram conquistas das campa-nhas de 1990 e 1994, respectivamente.

A 13º cesta-alimentação é uma con-quista da luta de 2007. Nesse mesmo ano os sindicatos negociaram, pelo menos para os maiores bancos, o paga-mento de auxílio-educação. O Brades-co se negou a negociar o auxílio e im-pediu a inserção deste direito na CCT. Isso aconteceu porque, infelizmente, “quando se trata de negociar com ban-queiros a luta precisa ser redobrada, o que é uma incoerência, pois se trata do setor que sempre obtém altos lucros, independente da situação financeira do país ou do mundo”, acrescenta Elias Jordão. “Mais com especulação do que com produção”, completa.

Poder aquisitivo – Durante todos

esses anos, o principal foco da luta foi o poder aquisitivo do bancário. De forma direta, com aumentos reais e garantia na participação dos lucros e resultados, ou de forma indireta, com a conquista dos auxílios já citados. Desde 2004, por exemplo, os bancá-rios, graças a mobilização da categoria, vêm recebendo aumento real, ou seja, maior que a inflação.

A Convenção Coletiva da Categoria Bancária pode até ter mais de 50 cláusu-las, mas a minuta de reivindicações pos-sui mais de 100. Muito já se caminhou durante todos esses anos, mas muito ainda é preciso caminhar. “É bom lem-brar aos bancários mais novos que tudo aquilo que foi conquistado com luta e mobilização, somente se manterá tam-bém com muita luta e muita mobiliza-ção”, finaliza Elias Jordão.

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