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Banco de questões de múltipla escolha 1ª questão Desabrigados e cibernéticos No Japão, até os sem-teto são modernos: eles dormem em cibercafés Maurício Horta Para viciados em World of Warcraft e ciberpornógrafos, passar a madrugada numa cabine individual de uma lan house em Tóquio pode soar maravilhas. Com direito ilimitado a refrigerante, melhor ainda. Mas, para as cerca de 5,4 mil pessoas que dormem pelo menos 4 noites por semana em lan houses japonesas, não é o computador que interessa, e sim a poltrona reclinável. São os net cafe refugees, que abrigam um quinto da população sem-teto do Japão. Dos adultos japoneses entre 25 e 34 anos, 26% viram-se com bicos, novidade trazida pela recessão japonesa e pelas reformas econômicas do ex-primeiro-ministro Junichiro Koizumi. A maioria continua na casa dos pais, envergonhando aqueles que reconstruíram a economia do país à custa de horas extras. Sair desse ninho é difícil, pois sem um fiador é quase impossível alugar um apartamento e sem um endereço fixo é impossível ter um emprego formal. [...] HORTA, Maurício. Desabrigados Cibernéticos. Revista Superinteressante, Edição 250. Março, 2008. Disponível em: http://super.abril.com.br/revista/250/materia_revista_270551.shtml?pagina=1 Acesso em 17 de junho de 2008. ASSINALE a alternativa em que se apresenta o tema do texto em estudo. a) Conforto nas lan houses japonesas. b) Hábitos e costumes dos japoneses. c) Desabrigados japoneses. d) Recessão japonesa. GABARITO d) Correta, já que a apresentação do percentual de japoneses que não têm endereço ou emprego fixos, e a busca de abrigo por eles em lan houses prestam-se à exemplificação de consequência da “recessão japonesa e pelas reformas econômicas do ex-primeiro-ministro Junichiro Koizumi.”

Banco de questões de múltipla escolha · No lide, encontramos as respostas básicas referentes ao assunto: quem fez o quê e quando, seguindo-se depois as explicações como, onde

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Banco de questões de múltipla escolha

1ª questão

Desabrigados e cibernéticos

No Japão, até os sem-teto são modernos: eles dormem em cibercafés

Maurício Horta

Para viciados em World of Warcraft e ciberpornógrafos, passar a madrugada numa cabine individual de

uma lan house em Tóquio pode soar maravilhas. Com direito ilimitado a refrigerante, melhor ainda.

Mas, para as cerca de 5,4 mil pessoas que dormem pelo menos 4 noites por semana em lan houses

japonesas, não é o computador que interessa, e sim a poltrona reclinável. São os net cafe refugees, que abrigam

um quinto da população sem-teto do Japão.

Dos adultos japoneses entre 25 e 34 anos, 26% viram-se com bicos, novidade trazida pela recessão

japonesa e pelas reformas econômicas do ex-primeiro-ministro Junichiro Koizumi.

A maioria continua na casa dos pais, envergonhando aqueles que reconstruíram a economia do país à

custa de horas extras. Sair desse ninho é difícil, pois sem um fiador é quase impossível alugar um apartamento e

sem um endereço fixo é impossível ter um emprego formal. [...]

HORTA, Maurício. Desabrigados Cibernéticos. Revista Superinteressante, Edição 250. Março, 2008. Disponível em:

http://super.abril.com.br/revista/250/materia_revista_270551.shtml?pagina=1 Acesso em 17 de junho de 2008.

ASSINALE a alternativa em que se apresenta o tema do texto em estudo.

a) Conforto nas lan houses japonesas.

b) Hábitos e costumes dos japoneses.

c) Desabrigados japoneses.

d) Recessão japonesa.

GABARITO

d) Correta, já que a apresentação do percentual de japoneses que não têm endereço ou emprego fixos, e a

busca de abrigo por eles em lan houses prestam-se à exemplificação de consequência da “recessão japonesa

e pelas reformas econômicas do ex-primeiro-ministro Junichiro Koizumi.”

2ª questão

Leia o fragmento a seguir e responda ao que se pede.

“O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) analisa proposta da Câmara de Graduação (CG) que prevê a

adoção de mecanismo segundo o qual alunos egressos de escola pública teriam pontuação adicional nas provas

do vestibular da UFMG, já a partir de 2009.”

JÚNIOR. Itamar Rigueira. Bônus para a inclusão. Boletim da UFMG, Nº1601- Ano 34, 17 de março de 2008. Disponível em:

http://www.ufmg.br/ boletim/bol1606/2.shtml Acesso em: 27 de maio de 2008. Adaptado.

Em relação ao advérbio “já”, presente no fragmento, pode-se afirmar que essa palavra:

a) marca uma idéia de tempo em relação ao período de análise da proposta da CG pelo Cepe.

b) sugere que o 2009 está muito próximo para que o mecanismo seja adotado para esse ano.

c) explicita uma crítica positiva do CG em relação à proposta do Cepe.

d) indica que, segundo o Cepe, não se pode mais esperar por alterações nos vestibulares.

GABARITO

b) O “já” pode ser tomado como marca de subjetividade, uma vez que passa a ideia de que, segundo o

enunciador, 2009 está muito próximo para a implantação de uma proposta que ainda está em análise.

3ª questão

Leia o fragmento a seguir e responda ao que se pede.

500 anos ferrando os grumetes e os piás

Quando Cabral seguiu para as Índias deixou no Brasil dois degredados – afirmava meu antigo professor

de História, citando a famosa carta de Caminha. [...]

Há pouco tempo, descobri que o professor não leu toda a carta, pois nela consta que, com dois

degredados, ficaram também dois grumetes (crianças de 9-15 anos) que fugiram para a terra em um barco. [...]

Por que será que fugiram? Para alguns, os meninos foram atraídos pela beleza da terra e

principalmente das índias. Não acredito nessa hipótese. Acredito sim que eles fugiram dos maus tratos que

usualmente sofriam as crianças que viajavam nas caravelas da época, a quem cabiam as piores tarefas do navio

e, frequentemente eram açoitados e castigados por oficiais, marujos e até pelos degredados de bordo.

MACHADO, Ângelo. 500 ferrando os grumetes (e os piás). In. Revista Bundas, nº 44, 2000. Pág. 14. Adaptado.

Assinale a alternativa em que a palavra “até” apresente o mesmo valor que o apresentado no texto.

a) Os navios transportavam os alimentos que seriam consumidos durante a viagem: batatas, bacalhau, vinho e

até porcos.

b) Acreditava-se que ficaram no Brasil somente dois degredados até que descobriram a história dos dois

grumetes.

c) Os navios de Cabral foram até as Índias, mas não retornaram a Portugal, pois naufragaram quando faziam o

caminho de volta.

d) De Portugal até as Índias eram meses de viagem em navios nos quais era proibida a presença da figura

feminina.

GABARITO

a) Alternativa correta, uma vez que, assim como no texto, a palavra “até” apresenta uma idéia de adição

associada à gradação. Do texto, infere-se que além de serem apresentados novos sujeitos para os castigos

das crianças de bordo (não apenas os oficiais os castigavam, mas também os marujos e os degredados),

percebe-se que, para o enunciador, é ainda mais absurdo que as crianças fossem açoitadas por degredados,

que são bandidos, que pelos oficiais e marujos. Do mesmo modo, na alternativa a, além de apresentar

“porcos” como um dos alimentos transportados nos navios, passa-se a idéia de que o transporte desses

animais, para o enunciador, seria menos comum ou admissível que o transporte de “batatas, bacalhau,

vinho”.

4ª questão

Ao utilizar-se de livros na produção de um trabalho de pesquisa, é necessário indicá-los, ao final do trabalho, na

chamada “referência bibliográfica”. Apresentamos a seguir os elementos que devem ser explicitados na referência

de um livro.

Indique a alternativa em que se apresenta a sequência que atende à estabelecida pela ABNT.

( ) título da obra

( ) editora

( ) sobrenome do autor

( ) local

( ) nome abreviado

( ) página consultada

( ) ano de publicação

(A) 3, 5, 1, 4, 2, 7, 6.

(B) 1, 3, 5, 4, 2, 6, 7.

(C) 5, 3, 1, 2, 4, 6, 7.

(D) 3, 5, 1, 7, 4, 2, 6.

GABARITO

A alternativa (A) é a correta, uma vez que o modelo de referência para livros proposto pela ABNT é o que se

segue. Sobrenome do autor, nome abreviado. Título da obra. Local: editora, ano. p. --.

5ª questão

Lide

Abertura de notícia, reportagem etc., em que se apresenta resumidamente o assunto.

Resumo inicial constituído pelos elementos fundamentais do relato a ser desenvolvido no corpo do texto

jornalístico. O lide torna possível, ao leitor que dispõe de pouco tempo, tomar conhecimento do fundamental de

uma notícia em rapidíssima e condensada leitura do primeiro parágrafo. Sua leitura pode também “fisgar” o

interesse do leitor e persuadi-lo a ler tudo até o final.

No lide, encontramos as respostas básicas referentes ao assunto: quem fez o quê e quando, seguindo-se

depois as explicações como, onde e por quê. Essa é a ordem clássica do lide.

Algumas vezes a ordem clássica do lide é alterada em função de maior importância de uma das

informações ou de algum objetivo comunicativo.

FARIA, Maria Alice. O jornal na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1996. p. 28. Adaptado.

O período a seguir poderia ser usado como introdução de uma notícia. Leia-o, identificando os elementos que

compõem o lide e verificando e eles se encontram na sequência clássica.

Porque não tinha como sustentar a família, Joaquim da Silva, trabalhador rural, mata esposa e filhos.

Considere o texto de Faria (1996), para verificar a pertinência das seguintes análises do período acima.

I- A antecipação do elemento da causa predispõe o leitor a ter um posicionamento favorável frente a Joaquim da

Silva.

II- O aposto presente no período contribui para a atenuação de um julgamento negativo em relação ao autor das

mortes.

III- A ausência do elemento “como” pode ser tomada como estratégia de manipulação da opinião pública em relação

ao fato noticiado.

ASSINALE:

A- se somente I estiver correta.

B- se I e II estiverem corretas.

C- se II e III estiverem corretas.

D- se I, II e III estiverem corretas.

GABARITO

A - INCORRETA, porque I, II e III apresentam análises corretas em relação ao período dado.

B - INCORRETA, porque I, II e III apresentam análises corretas em relação ao período dado.

C - INCORRETA, porque I, II e III apresentam análises corretas em relação ao período dado.

D – CORRETA, porque I, II e III apresentam análises corretas em relação ao período dado.

A análise apresentada em I está CORRETA, uma vez que a antecipação do “porque”, desespero de Joaquim

diante da impossibilidade de sustentar a própria família, predispõe o leitor à projeção de uma imagem

positiva para Joaquim: é um indivíduo que tem consciência de sua responsabilidade frente à esposa e filhos

e, por isso, desespera-se quando não pode sustentá-los. A antecipação dessa informação atenua, pois, um

julgamento prévio e negativo que o leitor poderia direcionar ao autor do crime.

A análise apresenta em II está CORRETA, pois o aposto situa o autor do crime no grupo dos trabalhadores

rurais, classe de pouco prestígio social e financeiro no panorama brasileiro. A informação presente no

aposto, portanto, exclui Joaquim da Silva dos desocupados, marginais e arruaceiros, e isso propicia uma

certa complacência do leitor em relação ao autor do crime noticiado.

A análise apresenta em III está CORRETA, porque o “como”, modo por meio do qual Joaquim da Silva tira a

vida dos membros da própria família, poderia desencadear no leitor uma percepção sinestésica do crime, o

que poderia desencadear sentimento de violência, horror. Considerando que esse sentimento predisporia o

leitor a um julgamento negativo em relação ao Joaquim da Silva, o “apagamento” dessa informação,

associada à antecipação do “por que” e do aposto de valor positivo ao “quem” podem ser tomados como

estratégia por meio das quais a opinião pública é manipulada.

6ª questão

Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista,

romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário

mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que

viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua. [...]

De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. Criado no morro do

Livramento, consta que ajudava a missa na igreja da Lampadosa. Com a morte do pai, em 1851, Maria Inês, à

época morando em São Cristóvão, emprega-se como doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era

chamado, torna-se vendedor de doces. No colégio tem contato com professores e alunos e é até provável que

assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando. [...]

Disponível em: http://www.releituras.com/machadodeassis_bio.asp. Acesso em 05 de junho de 2008.

Embora muito se tenha pesquisado sobre a obra de Machado de Assis, não há muita certeza em relação a alguns

acontecimentos sobre sua vida. Por essa razão, alguns autores tomam o cuidado de não passar a ideia de certeza em

relação a determinadas informações sobre esse autor.

Assinale a alternativa que apresenta uma marca desse cuidado por parte do autor do texto em estudo.

a) “viria” ( 4ª linha)

b) “consta que” (6ª linha)

c) “como era chamado” ( 8ª linha)

d) “é até provável” (9ª linha)

GABARITO

d) Correto. Embora, de acordo com o dicionário Aurélio (1986: 1408) o verbete provável traga como

acepções “aquilo que se pode provar”; “que apresenta probabilidade de acontecer”, a palavra “até” que

introduz a expressão em destaque relativiza o efeito de verdade em relação à informação segundo a qual

Machado de Assis assistia “às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando”.

TEXTO PARA A 7ª, 8ª E 9ª QUESTÕES

NEGLIGÊNCIA

Cliente agredido no interior do McDonald’s

Athos Ferreira Silva Jr.

Belo Horizonte

“No dia 16, fui com minha família (mulher e duas crianças de cinco anos) ao McDonald’s da Avenida

Afonso Pena, 3.690, capital. Fiz o pedido às 16h15 e, na fila, 10 minutos depois, fui empurrado por um cliente,

que ficou ofendido por eu dizer-lhe que ele fora mal-educado. O cidadão me agrediu violentamente, me

obrigando a chamar a Polícia Militar, que, infelizmente, quando chegou ao local, o covarde cliente já havia

fugido, deixando como único rastro o número do cartão bancário com o qual pagou o lanche. Registrei boletim

de ocorrência (BO) e tomarei as medidas legais contra ele. Mas e o McDonald’s? O gerente, Sr. Fábio, nem

sequer me pediu desculpas pelo ocorrido e ainda me disse que o problema era meu, que eu havia me metido na

briga. Ele, assim como todos os funcionários do restaurante que presenciaram a cena lamentável por que passei,

se negaram a ser testemunhas no BO. Saí da lanchonete humilhado. Do episódio tiro uma certeza: a marca

McDonald’s, para mim e para minha família, morreu.”

Jornal Estado de Minas, sábado, 19 de julho de 2008

.

7ª questão

Algumas vezes, o autor deixa em seu texto marcas que reforçam um ponto de vista enunciado, em outras, apenas

deixa pistas que possibilitam ao leitor a dedução de um ponto vista não explicitado.

Na carta anteriormente reproduzida, percebe-se que o autor utiliza-se de várias informações na busca de adesão

para a idéia de ele haver sido vítima de agressão em um incidente ocorrido na McDonald’s.

INDIQUE a alternativa na qual se apresenta uma informação que NÃO contribui para a fundamentação desse ponto

de vista.

a) “fui com minha família ( mulher e duas crianças de cinco anos) ao McDonald’s”

b) “na fila, 10 minutos depois, fui empurrado por um cliente”

c) “O gerente, Sr. Fábio, me disse que o problema era meu, que eu havia me metido na briga.”

d) “Registrei boletim de ocorrência (BO) e tomarei as medidas legais contra ele.”

GABARITO

c) Correta. Relatar que o gerente do estabelecimento transferiu para o autor a responsabilidade da briga em

nada contribui para a construção do “perfil de vítima de agressão”. Essa informação parece haver sido

inserida no texto com o objetivo de fundamentar um outro ponto de vista: o descaso do gerente e demais

funcionários da lanchonete frente aos problemas vivenciados pelos clientes no interior do estabelecimento.

8ª questão

O autor do texto mostrou-se eficiente usuário da linguagem, pois soube escolher as palavras por meio das quais

desqualifica aquele que é chamado de agressor, de modo a buscar adesão para a seguinte tese enunciada: “fui

vítima de agressão”.

Dentre as estratégias utilizadas pelo cliente da McDonald’s para esse propósito, percebe-se:

I – escolha de verbos tendo em vista o efeito argumentativo que conferem ao texto.

II – uso de adjetivos que contribuem para a desqualificação do “sujeito agressor”.

III – intensificação de verbo que têm valor negativo, por meio de advérbio.

a) I, II e III são verdadeiras.

b) I é verdadeira e II e III, falsas.

c) I e II são verdadeiras e III falsa.

d) II e III são verdadeiras e I falsa.

GABARITO

a) Correta.

I está correta, já que o verbo empurrar confere ao autor da ação responsabilidade pelo ato, pois se trata de

algo voluntário. É diferente, por exemplo, de esbarrar, que pode ocorrer involuntariamente. O autor do texto

foi, portanto, alvo de uma ação desrespeitosa e voluntária de outro cliente, logo, vítima. Acrescenta-se que o

autor do texto utilizou-se também do verbo “fugir” para referir-se à saída do outro cliente do local.

Considerando-se que é um verbo utilizado com maior regularidade em contexto que envolvem marginais,

constrói-se também por meio desse verbo o perfil de vítima de Athos Ferreira Silva Jr.

II está correta, uma vez que o outro cliente é caracterizado pelo adjetivo “covarde”, que tem um valor

altamente negativo, e o fato ocorrido é adjetivado como “lamentável”. Se lamentável pode ser tomado

como censurável, entende-se que o “agressor” agiu covardemente ao provocar uma situação não adequada

ao contexto, portanto ressalta-se a culpa do outro cliente, o que evidencia o autor do texto como vítima.

III está correta, pois em “O cidadão me agrediu violentamente”, há o verbo “agredir”, que, por si, já

caracteriza o outro cliente como agressor e o autor do texto como vítima. A intensificação desse verbo pelo

advérbio de modo “violentamente” evidencia a tese segundo a qual Athos Ferreira Silva Jr. foi vítima de

agressão e aumenta a possibilidade de adesão do leitor a essa tese.

9ª questão

Athos Ferreira Silva Jr., ao produzir e remeter essa carta ao “Jornal Estado de Minas”, não tem como objetivo a

punição daquele que o agrediu no interior de uma das lojas da McDonald’s, uma vez que o leitor não tem como

identificar ou interpelar o agressor. Athos relata o ocorrido apenas para sensibilizar o leitor para que se cumpra um

outro objetivo comunicativo: desqualificar a McDonald’s, de modo especial, a loja na qual ocorreu o fato relatado.

Coloque V para os fragmentos que validam essa análise e F para as que não validam.

( )“No dia 16, fui com minha família ( mulher e duas crianças de cinco anos) ao McDonald’s da Avenida Afonso Pena,

3.690, capital.“

( )“Fiz o pedido às 16h15 e, na fila, 10 minutos depois, fui empurrado por um cliente”

( )“O gerente, Sr. Fábio, nem sequer me pediu desculpas pelo ocorrido e ainda me disse que o problema era meu,

que eu havia me metido na briga.”

( )“Ele, assim como todos os funcionários do restaurante que presenciaram a cena lamentável por que passei, se

negaram a ser testemunhas no BO.”

( )”Saí da lanchonete humilhado.”

a) F, V, V, V, F

b) V, V, V, V, V

c) V, F, V, V, F

d) F, F, V, V, V

e) Incorreta, uma vez que todos os fragmentos validam a análise apresentada no enunciado, de acordo com

explicações a seguir.

GABARITO

(V) “No dia 16, fui com minha família ( mulher e duas crianças de cinco anos) ao McDonald’s da Avenida

Afonso Pena, 3.690, capital.“

Esse fragmento valida a análise apresentada no enunciado, uma vez que a explicitação do endereço da loja

da McDonald’s em questão, pode prestar-se ao objetivo de orientar o leitor em relação à loja da lanchonete

que deve ser evitada, já que nela os clientes não recebem o tratamento que merecem.

(V) “Fiz o pedido às 16h15 e, na fila, 10 minutos depois, fui empurrado por um cliente”.

Esse fragmento também valida a análise, porque, tratando-se de um “fast food” (comida rápida), espera-se

maior agilidade no atendimento. 10 minutos é muito tempo de espera em se tratando desse tipo de

estabelecimento.

(V) “O gerente, Sr. Fábio, nem sequer me pediu desculpas pelo ocorrido e ainda me disse que o problema era

meu, que eu havia me metido na briga.”

Esse fragmento valida a análise, uma vez que explicita o desinteresse e desrespeito do gerente da unidade da

McDonald’s em questão, em relação aos clientes do estabelecimento.

(V) “Ele, assim como todos os funcionários do restaurante que presenciaram a cena lamentável por que

passei, se negaram a ser testemunhas no BO. “

Esse fragmento valida a análise, visto que, como no fragmento anterior, evidencia um desinteresse

generalizado dos funcionários da unidade da McDonald’s em questão, em relação aos clientes do

estabelecimento.

(V) ”Saí da lanchonete humilhado.”.

Esse fragmento valida a análise, porque verbaliza o sentimento do autor em relação à forma como foi

tratado na lanchonete em questão. Considerando-se que a humilhação é um sentimento em que o indivíduo

se sente pequeno, menosprezado, o fragmento alerta, ainda que indiretamente, o leitor sobre os “riscos”que

ele pode correr caso opte por fazer um lanche na Avenida Afonso Pena, 3.690.

(V) Incorreta, uma vez que todos os fragmentos validam a análise apresentada no enunciado, de acordo com

explicações a seguir.

10ª questão

Estudo Errado (fragmento)

Gabriel O Pensador

Eu tô aqui pra quê?

Será que é pra aprender?

Ou será que é pra aceitar, me acomodar e obedecer?

Tô tentando passar de ano pro meu pai não me bater

Então dessa vez eu vou estudar até decorar cumpádi [...]

Decorei toda lição

Não errei nenhuma questão

Não aprendi nada de bom

Mas tirei dez (boa filhão!) [...]

O problema é que sem motivação a gente enjoa

O sistema bota um monte de abobrinha no programa

Mas pra aprender a ser um ingonorante (...)

Ah, um ignorante, por mim eu nem saía da minha cama (Ah, deixa eu dormir)

Eu gosto dos professores e eu preciso de um mestre

Mas eu prefiro que eles me ensinem alguma coisa que preste

- O que é corrupção? Pra que serve um deputado?

[...] o ideal é que a escola me prepare pra vida

Discutindo e ensinando os problemas atuais

E não me dando as mesmas aulas que eles deram pros meus pais [...]

O texto acima é parte de um rap, que é um estilo de música cujas letras, geralmente, falam das dificuldades da vida

dos habitantes de bairros pobres das grandes cidades. As gírias das gangues destes bairros são muito comuns nas

letras de música rap.

Quanto à linguagem na letra do Pensador, podemos afirmar que o compositor utilizou-se da forma:

I- “tô” com o objetivo de reproduzir a realidade lingüística do personagem / narrador.

II- “cumpádi”, pelo fato de ele desconhecer que a forma ortográfica é “compadre”.

III- “ingonorante” para evidenciar a crítica feita à educação.

ASSINALE a alternativa em que são apresentadas as ANÁLISES CORRETAS em relação à linguagem usada em “Estudo

Errado”.

a) I e II.

b) II e III.

c) I e III.

d) I, II e III.

GABARITO

c) Correta, já que I e III são verdadeiras.

I é verdadeira, porque o rap é um estilo de música que trata principalmente das dificuldades da vida dos

habitantes de bairros pobres das grandes cidades, nos quais há predominância da linguagem coloquial,

sobretudo na oralidade. O narrador/personagem é um adolescente, possivelmente da periferia, que reproduz

em sua fala a linguagem que é recorrente em seu meio, no qual a forma “estou” não é a que apresenta

regularidade quanto ao uso, já que é substituída pela sua forma reduzida “tô”.

II é falsa, pois não se pode afirmar que Gabriel O Pensador não tenha conhecimento da escrita ortográfica da

palavra em questão. O que se percebe é que a palavra “cumpádi”, assim como “tô”, foi usada

intencionalmente para reproduzir o universo lingüístico de um grupo de pessoas que se tratam por

“cumpádi”, como outros se tratam por companheiro ou camarada. O personagem/narrador, ao fazer uso

dessa forma de tratamento, passa a idéia de que está reportando-se a um igual, a alguém de seu grupo de

convivência imediata, usando uma gíria da sua gangue, muito comum nas letras do rap.

III é verdadeira, considerando o verso no qual a palavra em questão foi usada:

O sistema bota um monte de abobrinha no programa

Mas pra aprender a ser um ingonorante (...)

Ah, um ignorante, por mim eu nem saía da minha cama (Ah, deixa eu dormir)

Eu gosto dos professores e eu preciso de um mestre

Mas eu prefiro que eles me ensinem alguma coisa que preste

Ao afirmar que “O sistema bota um monte de abobrinha no programa Mas pra aprender a ser um

ingonorante”, a subversão à regra quanto à escrita sugere que o objetivo do sistema foi atingido, formou um

ignorante, um aluno que não aprendeu escrever, o que evidencia a crítica à educação, também presente nos

seguintes versos:

O sistema bota um monte de abobrinha no programa

Eu tô aqui pra quê? [...] será que é pra aceitar, me acomodar e obedecer?

Decorei toda lição / Não errei nenhuma questão / Não aprendi nada de bom / Mas tirei dez

Eu gosto dos professores e eu preciso de um mestre / Mas eu prefiro que eles me ensinem alguma coisa que

preste

o ideal é que a escola me prepare pra vida / Discutindo e ensinando os problemas atuais/ E não me dando as

mesmas aulas que eles deram pros meus pais

11ª questão

NELSON MANDELA

Nem a idade tira o humor do herói

Ele usava uma camisa preta moderna, bastante parecida com as dos jovens da multidão. Mas Nelson Mandela

movia-se devagar, apoiando-se na mulher moçambicana e em uma bengala branca, quando cruzou o palco para

receber os cumprimentos. Aparições públicas como no show de rock que organizaram em Londres, semanas

atrás, para marcar sua inclusão entre os nonagenários, são raras atualmente para o homem que derrubou o

regime apartheid na África do Sul. Mandela costuma dizer, brincando, que ele “se aposentou da aposentadoria”,

mas dessa vez isso soa sério. A alta e majestática figura que o mundo viu deixar a prisão 18 anos atrás, agora,

aos 90 anos, está grisalha, frágil e bastante silenciosa.[...]

Jornal Estado de Minas, domingo, 20 de julho de 2008. Pág.19.

Quando escrevemos, por mais que tenhamos cuidado, deixamos em nossos textos marcas que denunciam nossas

crenças e valores.

No texto em estudo, podemos perceber, a partir dessas marcas, algumas idéias nas quais crê o autor.

Apresentamos a seguir alguns fragmentos para que você possa analisar como verdadeira ou falsa a inferência

apresentada para eles.

I - “A alta e majestática figura que o mundo viu deixar a prisão 18 anos atrás, agora, aos 90 anos, está grisalha, frágil

e bastante silenciosa para a tristeza dos sul-africanos.”

Os sul-africanos dependem do apoio de ex-presidiários para organizar seus movimentos.

II- “Nem a idade tira o humor do herói”

Pessoas idosas são mal humoradas

III- “Nem a idade tira o humor do herói” / “Aparições públicas *...+ são raras atualmente para o homem que

derrubou o regime apartheid na África do Sul.”

Derrubar o apartheid é um ato de heroísmo.

IV- “Nem a idade tira o humor do herói” / “Aparições públicas como no show de rock que organizaram em Londres,

semanas atrás, para marcar sua inclusão entre os nonagenários, são raras atualmente”

O gosto pelo rock mantém o bom humor de Mandela.

a) F, V,V, F

b) V, V, F, F

c) F, V, F, V

d) F, F, V, V

GABARITO

a) é correta porque:

I é falsa, porque não há em “A alta e majestática figura que o mundo viu deixar a prisão 18 anos atrás,

agora, aos 90 anos, está grisalha, frágil e bastante silenciosa para a tristeza dos sul-africanos”, elementos

que possibilitem afirmar que os sul-africanos dependem do apoio de ex-presidiários para organizar seus

movimentos. Mandela lutou contra o apartheid, cumpriu pena e foi libertado, mas não há, no texto, pistas

que apontem para a dependência dos sul africanos em relação a alguém, ex-presidiário ou não, que

organizasse seus movimentos.

II é verdadeira, pois se se afirma que a idade não tirou o bom humor de Mandela, é porque existe o senso

comum, segundo o qual, pessoas idosas tornam-se rabugentas, mal humoradas. O “nem” ressalta a idéia de

que a idade seria um dos principais fatores que levam o bom humor a deteriorar-se.

III é verdadeira já que se afirmar que Mandela “derrubou o regime apartheid na África do Sul” e Mandela é

intitulado herói: “Nem a idade tira o humor do herói”. Não há no texto outra razão que justifique esse título,

logo podemos inferir que derrubar o apartheid foi considerado um ato de heroísmo.

IV é falsa, uma vez que: 1º) não há dados no texto que permitam afirmar que Mandela gosta de rock. Ele foi

ao show porque foi organizado em comemoração a seus 90 anos; 2º) não há no texto “marcas”que

possibilitem o estabelecimento de causalidade entre ter bom humor e gostar de rock, logo não se pode

afirmar, a partir do texto, que o gosto pelo rock mantém o bom humor de Mandela.

12ª questão

Com licença para matar

Londres – Meu nome é Bond, James Bond. O serviço de espionagem da Grã-Bretanha, MI6, residência

do branco e másculo 007, está em busca de mulheres e minorias para enfrentar o terrorismo global. Mais de

20mil pessoas se candidataram desde que o MI6 começou sua campanha de recrutamento há um ano, em uma

iniciativa que busca substituir a “pancadinha no joelho” usada para recrutar o escritor Graham Greene e outros

durante a 2ª guerra mundial (1939-1945).

O site do MI6 encoraja mães a se inscreverem e assegura que as mulheres não serão usadas como “pote

de mel”, ou iscas sexuais. Pessoas com deficiências são bem-vindas. *...+ “O principal desafio é a ameaça

terrorista”, disse o chefe dos recursos humanos da agência, sob a condição de anonimato.

Jornal Estado de Minas, domingo, 20 de julho de 2008. Pág.19.

ASSINALE a alternativa na qual se apresenta uma idéia vista como senso comum, que é desconstruída no texto.

a) As minorias estão aptas a atuarem na espionagem.

b) Mulheres têm um papel de coadjuvante na espionagem.

c) O anonimato é inerente à espionagem.

d) São diversificados os critérios e estratégias para recrutamento para o MI6.

GABARITO

b) Correta. No fragmento “O site do MI6 encoraja mães a se inscreverem e assegura que as mulheres não

serão usadas como ‘pote de mel’, ou iscas sexuais”, aponta-se para uma prática recorrente, usar mulheres

em um papel coadjuvante, “potes de mel” ou “iscas sexuais”, e para a ruptura dessa prática “assegura que

não serão usadas como ‘pote de mel’ ou iscas sexuais.” Pressupõe-se, portanto, um novo papel mais ativo na

espionagem para as mulheres.