Barragem Em Concreto de Arco de Dupla Curvatura

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RESUMO

As barragens vm sendo construdas desde a antiguidade para armazenamento de gua e mais recentemente para gerao de energia eltrica. A forma de represamento da gua depende de caractersticas geotcnicas, financeiras e executivas que dependem do construtor e projetista definirem. A barragem de concreto em arco de dupla curvatura indicada para vales estreitos com caractersticas geotcnicas especficas, pois esta se apia na rocha lateralmente e inferiormente. Proporciona uma reduo no uso de concreto considervel. Sua aplicao, como em qualquer obra de engenharia envolve riscos, so citados a Barragem de Malpasset na Frana, que ruiu e matou centenas de pessoas e a Barragem de Hoover Dam, um caso de sucesso de barragem de dupla curvatura, localizada nos Estados Unidos. Palavras-chave: barragem de dupla curvatura, concreto, Barragem de Malpasset, Barragem de Hoover Dam.

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LISTA DE FIGURASFigura 1. Barragem de concreto em arco de dupla curvatura. FONTE: Escola de Engenharia UFRGS.___________________________________________________________________________________ 6 Figura 2. Esquema de desvio por tneis. FONTE: Desvio de rios para construo de barragens. ___ 10 Figura 3. Tnel para desvio de rio. FONTE: Construo de Barragens. __________________________ 11 Figura 4. Retirada de material deformvel. FONTE: Construo de Barragens. ___________________ 12 Figura 5. Limpeza fina. FONTE: Construo de Barragens. ____________________________________ 12 Figura 6. Concretagem. FONTE: Construo de Barragem. ____________________________________ 16 Figura 7. Sequncia de concretagem em uma barragem. FONTE: Simulao do comportamento de juntas de barragem. _______________________________________________________________________ 17 Figura 8 - Barragem de Hoover Dam (Wikipdia)______________________________________________ 18 Figura 9 - Herbert Hoover (Wikipdia 1) ______________________________________________________ 19 Figura 10 - Local da barragem em cerca de 1.904 (BARBOZA et al, 2010) _______________________ 20 Figura 11 - Inicio das atividades de construo (Bureau of Reclamation) _________________________ 20 Figura 12 - Tardoz da barragem (Bureau of Reclamation) ______________________________________ 20 Figura 13 - Construo de tnel. (Bureal of Reclamation) ______________________________________ 21 Figura 14 - Fundaes da barragem (Bureau of Reclamation) __________________________________ 21 Figura 15. Malpasset, 2 de dezembro de 1959. (Fonte: engenheiro.blogspot.com) ________________ 22 Figura 16. Aps o desastre. (Fonte: engenheiro.blogspot.com) _________________________________ 23 Figura 17. Esquematizao da falha geotcnica da ruptura da barragem (Fonte: COSTA, 2006). ___ 24

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SUMRIO

1. INTRODUO 2. HISTRICO 3. DEFINIO 4. MATERIAIS 5. EXECUO 5.1. DESVIO DO RIO 5.2. ESCAVAES 5.3. PREPARO DAS FUNDAES 5.3.1. INJEO DE CONSOLIDAO OU CORTINA DE VEDAO 5.3.2. CONCRETO DENTAL 5.4. CONCRETAGEM 5.4.1. JUNTAS 6. VANTAGENS E DESVANTAGENS 7. EXEMPLO IMPLANTADO 8. MALPASSET, FRANA 9. CONCLUSO REFERNCIA BIBLIOGRFICA

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1. INTRODUO

Em vrias situaes no mundo a gua considerada um bem de suma importncia sendo necessrio em muitos casos projetos de engenharia imprescindvel para que as pessoas possam fazer uso dessa gua. Inicialmente as barragens destinavam-se apenas a consumo humano e irrigao, mas com o desenvolvimento tecnolgico, as barragens se tornaram parte importante da engenharia hdrica, principalmente quando se deseja explorar o poder energtico da gua. FERNANDES (2007) define como barragem uma construo destinada reteno de lquidos e na grande maioria das vezes acumulao de gua. Sua origem to antiga que ousamos dizer que a histria no consegue estabelecer a data da primeira barragem construda, o que demonstra a grande necessidade que o ser humano tem de reservar gua para os mais diferentes usos. Muitos tipos de barragens so utilizados no mundo, algumas so mais comuns como as de concreto-gravidade, existem tambm barragens de aterro e um tipo muito til quando executado em vales a barragem de concreto em arco de dupla curvatura. A barragem em arco de dupla curvatura uma soluo muito boa para vales muito fundos, pode ser utilizada para sanar vrios tipos de problemas e muito atrativa em lugares rochosos.

2. HISTRICO

As barragens surgiram pela necessidade de armazenamento de gua para suprir as necessidades no perodo da seca. Ela foi de extrema importncia para o desenvolvimento. Desde a antiguidade se tem conhecimento de obras para essa finalidade. Para Melio (2010) o progresso das formas das barragens em arco, tambm conhecidas como barragem em abbada, separado em cinco pocas distintas, sendo elas, romana, mongol, inicio do sculo XIX, o perodo correspondente ao inicio das obras de concreto e o perodo moderno. A barragem romana de Glanum foi a primeira barragem em arco a ser construda sendo usado para o abastecimento de gua da populao. Foi executada

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na primeira dcada A.C, feita de blocos de pedras conectados por grampos e preenchidos com um material impermevel. Com caractersticas que se diferenciavam das barragens romanas por serem mais espessas e relativamente mais altas as barragens em arco mongis foram construdas a partir do sculo XIII no Iro. A primeira foi levantada em 1300 D.C atingindo 26m de altura, a barragem em arco Kebar. No mesmo perodo em 1600 D.C atingiram uma altura de 60m com a barragem Kurit. No inicio do sculo XIX introduzem a alvenaria de pedra para a construo das barragens em arco. Quatro grandes construes se destacam: Meer Allun, constituda de arcos mltiplos, feita na ndia em 1804; Jones Falls finalizada em 1831 no Canad com raio constante, ainda hoje esta em funcionamento, permitindo a navegao e empregada num aproveitamento hidroeltrico. Zola foi a primeira em arco a ser projetada a partir de uma analise racional de esforos e continua ajudando no controle das cheias na Frana e Parramatta, finalizada em 1856 na Austrlia. Acredita-se que em 1880 a barragem 75 Miles localizada na Austrlia tenha sido a primeira a ser construda em arco de concreto. O concreto permitiu esboar contornos mais difceis de maneira a diminuir a quantia de material e, portanto, o custo total da obra. Foi na Amrica do Norte que se iniciaram os estudos para otimizao das formas das barragens em arco. Em 1903 em Nova Iorque nos EUA a barragem Ithaca foi a primeira barragem em arco de dupla curvatura do mundo. Foi projetada para possuir 27m de altura, porm a incompatibilidade do local fez com que ela parasse aos 9m. J em 1928, ainda nos EUA, foi construda a barragem de Coolidge, a primeira barragem de curvas mltiplas de dupla curvatura. Hoje em dia, a barragem de arco mais alta do mundo encontra-se na Gergia, feita em 1980, a barragem de Inguri possui 272 m de altura. J a maior barragem de arcos mltiplos possui 214 m de altura e 1314 m de comprimento, encontra-se no Canad e foi concluda em 1968, chama-se barragem Daniel-Johnson. Segundo o Jornal Olho Vivo no Brasil, a partir de 1889, com a proclamao da repblica a imigrao europia foi estimulada. Ocorrendo um rpido e desordenado crescimento, provocando assim a perca do controle de consumo de gua. Com isso, a primeira grande barragem de concreto no Brasil foi a Cabuu, finalizada em 1907, para atender o estado de So Paulo.

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A nica barragem de concreto com dupla curvatura construda no pas a barragem do Salto, localizado no estado do Rio de Janeiro. Entrou em operao em 1969, porm sua construo j vinha sendo planejada desde as dcadas de 30 com a finalidade de permitir a eletrificao de uma ferrovia.

3. DEFINIO

A barragem de concreto em arco de dupla curvatura, como o prprio nome j diz produzida com concreto-massa, no armado, feito em blocos, sendo que a largura da base deve ser de aproximadamente 25% da altura, e ainda que a distncia entre as juntas deve ser de aproximadamente 18 metros. Sua relao comprimento pela altura menor que 3, e uma das alternativas que requer menor volume de concreto, e por essas razes esse tipo de barragem alternativa a ser construda em vales estreitos, com geologia de boa qualidade, segundo FERNANDES (2007). O principal objetivo da utilizao de dupla curvatura otimizar a distribuio dos esforos, de forma que possa ser diminuda consideravelmente as zonas de trao, e assim reduzir tambm o volume de concreto. importante destacar que a forma curva faz com que as presses sejam transferidas para as ombreiras. O arco em questo deve ser apoiado sobre as encostas do vale, como pode ser observado na figura 1, e por isso a necessidade de uma geologia de boa qualidade, como j discutido anteriormente.

Figura 1. Barragem de concreto em arco de dupla curvatura. FONTE: Escola de Engenharia UFRGS.

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Outro aspecto a ser analisado que de acordo com FERNANDES (2007), apesar da barragem de dupla curvatura ter a geometria com curvas em planta e sees, a sua construo realizada com formas planas e os comprimentos dos segmentos correspondem ao comprimento dos painis de forma.

4. MATERIAIS

Para FERNANDES (2007), a escolha do tipo de barragem feita considerando diversos aspectos tcnicos, mas principalmente visualizando a utilizao dos materiais disponveis no local da obra. A viabilidade da soluo adotada passa pela disponibilidade e distncia de transporte dos materiais. Assim sempre indispensvel um bom estudo geolgico-geotcnico para o projeto de uma barragem, prvio escolha da alternativa. A escolha e o dimensionamento correto dos equipamentos de escavao, transporte, espalhamento e compactao fundamental para o sucesso dos trabalhos. Para tal indispensvel que se tenha um detalhamento das quantidades dos trabalhos por cada etapa de construo, devendo ser definido atravs de uma cota do volume de diferentes atividades (aterro em solo, argila de ncleo, enrocamento, filtros etc), de maneira a permitir projetar os acessos dos equipamentos a cada nvel dos trabalhos no corpo da barragem com rampas compatveis.

5. EXECUO

Historicamente, as tcnicas para construo de barragens de concreto podem ser agrupadas em cinco alternativas bsicas, ao longo de seu desenvolvimento:

Pedra argamassada Concreto ciclpico Concreto convencional em blocos Concreto convencional em camada estendida Concreto compactado com rolo CCR

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As duas primeiras alternativas de metodologias construtivas (pedra argamassada e concreto ciclpico) esto, com raras excees, ultrapassadas e abandonadas. As demais opes so atuais e a deciso por uma delas depende de fatores que envolvem:

Concepo estrutural Dimenso da estrutura Custos comparativos

Deve ficar entendido que, para algumas estruturas, ou parte delas, como por exemplo, nas casas de fora e no vertedouro, o uso de concretos e de mtodos convencionais um imperativo. As metodologias que so discutidas a seguir levam em considerao a possibilidade de poderem ser concorrentes entre si e tambm com barragens de terra ou enrocamento. No h uma definio para esta metodologia clssica de construo de barragens, que teve incio no final do sculo XIX, tendo recebido grande desenvolvimento tecnolgico na dcada de 1930 com a construo da barragem de Hoover, no rio Colorado (EUA). A Barragem em Arco com Dupla Curvatura alternativa a ser construda em vales estreitos, com geologia de boa qualidade. Por suas caractersticas tcnicas dentre todas as alternativas, a que requer o menor volume de concreto, aproximadamente 50% a 55% em relao barragem gravidade convencional. alternativa para stios estreitos, com relao comprimento/altura menor que 3. Sua estrutura em concreto massa, no armado, em blocos com largura da base aproximadamente igual a 25% da altura e distncia entre juntas de

aproximadamente 18 metros. A sua geometria complexa e a dupla curvatura utilizada para otimizar a distribuio dos esforos, limitando ao mximo as zonas de trao e minimizando o volume de concreto. necessrio um concreto mais rico e o prazo de execuo maior que os para as barragens gravidade. Permite sistemas de desvios mais curtos. Muitas barragens de gravidade tm uma ligeira curvatura em planta, no s porque muitas vezes exigida pela topografia local, mas tambm projetada com a finalidade de provocar presses tangenciais no arco, sob o efeito da presso dgua do reservatrio, de tal forma que possam compensar a retrao do concreto.

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Segundo FERNANDES (2007), alguns aspectos permanecem na construo dos diferentes tipos de barragens.

5.1.

DESVIO DO RIO

Um servio extremamente importante para a execuo da fundao em rios perenes ou macios rochosos sempre passa por uma etapa muito importante que o desvio do rio, obra necessria para que se permita a escavao a seco das fundaes e isso condiciona a construo, seja de um tnel, adufa, galeria ou outra estrutura que permita secar o leito do rio no trecho a ser escavado. Normalmente esta estrutura permanece por determinado tempo de recorrncia estabelecido de comum acordo entre o empreendedor, projetista, construtora e seguradora. Mas ROCHA (2006) lembra que apesar de apresentarem carter provisrio, so de extrema importncia, pois definem como a construo ser executada e garantem segurana sua construo, dentro de riscos j imaginados e esta deve ser a mais econmica possvel. FERNANDES (2007) relembra que a estrutura de desvio deve ser concebida em conjunto com construtor e projetista, pois devem existir recursos e tempo para que se construa com eficincia e segurana. O conhecimento do nvel do rio ao longo da construo da barragem importante, pois podem ocorrer casos em que o desvio seja utilizado apenas em perodos de chuva intensa, mas deve permanecer o cuidado no cumprimento da tarefa. As principais estruturas utilizadas para o desvio do fluxo de gua so: Ensecadeiras; Tneis; Canais; Galerias; Vertedouro com soleira rebaixada; Circuito hidrulico de gerao. As ensecadeiras geralmente so as mais utilizadas, pois elas devem ser combinadas a outro elemento, como tneis por exemplo. Este mtodo desvia o rio para o canal que transpe a gua e cria uma rea seca para a realizao das escavaes.

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Segundo ROCHA (2006), funcionam como barragens provisrias, mas apesar de terem basicamente a mesma funo h grandes diferenas entre elas, como exemplo a vida til menor devido a sua funo e operao. A escolha e o dimensionamento da ensecadeira dependem de fatores fsicos, tais como a topografia, a geologia e a hidrologia, mas tambm dependem de caractersticas da barragem a ser construda, o cronograma da obra e os riscos aceitveis. As ensecadeiras em geral so constitudas de material disponvel no local da obras e os tipos mais utilizados so: Enrocamento e terra (mais comuns); Celulares; Com cortina impermevel; Ensecadeira galgvel; Ensecadeira incorporada. A ensecadeira deve permitir uma rea seca adequada para que ocorra toda a movimentao de equipamentos e construo de estruturas, conforme seja necessrio. As estruturas de desvio devem se acomodar ao perfil das estruturas permanentes. Os desvios para barragens de concreto de dupla curvatura geralmente ocorrem por meio do conjunto ensecadeira e tnel, pois este tipo de obra de conteno geralmente aplicado em locais estreitos em meio a macios rochosos com boas caractersticas geotcnicas, e o desvio por meio de tneis requer ateno especial e obriga o construtor ter equipes especializadas em escavao subterrnea.

Figura 2. Esquema de desvio por tneis. FONTE: Desvio de rios para construo de barragens.

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FERNANDES (2007) recomenda a observao cuidadosa das paredes do tnel para garantir sua estabilidade sob o fluxo dgua e a seco, pois o projeto da escavao deve ser compatvel com o corpo e a natureza do barramento. Quando as paredes do tnel se desmembram facilmente, se houver viabilidade econmica, pode-se recobrir as laterais com uma camada de cimento para que a gua escoe com facilidade.

Figura 3. Tnel para desvio de rio. FONTE: Construo de Barragens.

5.2.

ESCAVAES

O projeto da escavao deve ser compatvel com o corpo e natureza do barramento. Segundo FERNANDES (2007), na maioria dos casos se busca uma fundao em rocha, mas eventualmente esta condio no pode ser atendida e o projetista deve especificar as condies mnimas a serem alcanadas, bem como o tratamento da fundao necessrio para garantir a estabilidade e estanqueidade da barragem.

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Figura 4. Retirada de material deformvel. FONTE: Construo de Barragens.

Uma vez terminada a escavao das ombreiras e fundao as mesmas devem ser limpas e tratadas para receber o corpo do barramento. Deve ser retirado qualquer material deformvel at que se chegue rocha s. As laterais do vale tambm devem ser escavadas e limpas at que se atinja a condio desejada para a ombreira.

Figura 5. Limpeza fina. FONTE: Construo de Barragens.

5.3.

PREPARO DAS FUNDAES

O preparo das fundaes executado de acordo com as normas usuais para estruturas de concreto e so realizados antes do lanamento das primeiras camadas. O tratamento da fundao, normalmente requerendo injees, deve ser executado com extremo cuidado, por pessoal especializado. O tratamento das fundaes consiste em injeo de consolidao e cortina de vedao. Como conseqncia das maiores solicitaes das fundaes tpicas de barragem em arco, estes tratamentos so mais extensos e mais criteriosos.

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5.3.1. INJEO DE CONSOLIDAO OU CORTINA DE VEDAO

So injees, na maioria das vezes de cimento, executados a partir de redes de galerias escavadas nas ombreiras, e que ficam logo abaixo da fundao da barragem no macio rochoso, com a finalidade de diminuir a passagem de gua abaixo da barragem e prevenis eventuais riscos. As injees podem ser realizadas a cu aberto e eventualmente atravs de galerias, o que dificulta extremamente o trabalho, mas em alguns casos so inevitveis. Estas galerias so executadas durante a fase de escavao das ombreiras e os servios de injeo devem prosseguir paralelamente sem causar interferncia com as atividades de execuo do concreto da b arragem. Segundo GOMES (2008), as principais finalidades da injeo de cimento so tornar o macio rochoso impermevel e consolidado, pois podem existir eventuais fraturas, reduzir a descarga fretica e controlar a presso da gua nas fraturas a jusante da barragem. ROCHA (2006) indica que alguns mtodos possveis de serem aplicados so a injeo de calda de cimento, cut-offs, paredes diafragmas, mantas asflticas e mantas de material plstico de alta densidade. A cortina pode ser

executada em tneis ou galerias ao longo dos encontros. Estas galerias so executadas durante a fase de escavao das ombreiras e os servios de injeo devem prosseguir paralelamente sem causar interferncia com as atividades de execuo do concreto da barragem. FERNANDES (2007) adverte que o planejamento das injees deve ser conduzido com assistncia do projetista que as especificou de maneira a atingir os objetivos, e GOMES (2008) completa que como so vrios os fatores que influenciam esse processo como: natureza do macio rochoso, quantidade de gua perdida pela fundao, riscos de eroso interna, efeito das injees no alvio do sistema de drenagem profunda para reduzir as subpresses no macio de fundao, altura da barragem, etc., a correta execuo deste servio, que reduz a perda de gua por infiltrao, extremamente importante, pois sobre esta rocha estabilizada que ir assentar a fundao, garantindo a estabilidade e

operacionalidade da barragem. Perfurao dos furos na rocha

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- Limpeza do furo e do local - Ensaio de Perda dgua - Bombeamento da calda de cimento para dentro dos furos. O programa de injeo deve ser o mnimo necessrio para evitar a percolao de gua por eventuais erros em sua execuo. A consolidao executada com profundidade entre 6 e 15 metros, dependendo das condies do local. A cortina de injeo normalmente executada com o uso de altas presses e a grandes profundidades. A profundidade depende das caractersticas da fundao, mas varia tipicamente entre 30% a 70% da carga hidrulica. A fim de permitir altas presses, a cortina de injeo usualmente executada a partir da galeria de fundao da barragem, ou do topo de concreto parcialmente lanado. No caso de se permitir usar baixas presses na parte superior da cortina, ela pode ser executada a partir da fundao, antes do lanamento de concreto e complementada por segmentos menores a partir da galeria, para complementar a conexo da barragem cortina.

5.3.2. CONCRETO DENTAL

Como parte do tratamento deve ser executado o concreto dental que eliminar as irregularidades da fundao e ombreiras permitindo que o aterro sobre as mesmas no deixe vazios e permita uma boa compactao. Como a construo de barragens requer grande movimentao de materiais o planejamento de escavao e transporte de materiais fundamental. A depender das quantidades e distncias de transporte a escolha dos equipamentos de transporte pode variar de simples caminhes basculantes convencionais a transporte por correias

transportadoras, passando por motoscrapers, caminhes fora de estrada ou outros intermedirios ou especializados. No caso de pequenos volumes em grandes distncias, algumas vezes circulando por vias existentes o uso de caminhes convencionais adequado, entretanto quando a jazida est suficientemente prxima, a utilizao de correias transportadoras pode ser a soluo mais interessante. O uso de caminhes especializados para rocha (com caambas reforadas e sem tampa traseira), para

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argila (com cantos arredondados e revestidos com material antiaderente) ou para solo em geral beneficiar a produtividade. A escolha e o dimensionamento correto dos equipamentos de escavao, transporte, espalhamento e compactao fundamental para o sucesso dos trabalhos. Para tal indispensvel que se tenha um detalhamento das quantidades dos trabalhos por cada etapa de construo, devendo ser definido atravs de uma curva cota volume das diferentes atividades (aterro em solo, argila de ncleo, enrocamento, filtros etc), de maneira a permitir projetar os acessos dos equipamentos a cada nvel dos trabalhos no corpo da barragem com rampas compatveis.

5.4.

CONCRETAGEM

A concretagem deve ser iniciada quando a concluso das escavaes obrigatrias da fundao e leito do rio estiverem concludas, assim como as instalaes industriais para produo do concreto e todo o sistema de transporte e lanamento. As concretagens so executadas em camadas sucessivas com altura de 2 a 3 metros de altura. O concreto lanado, na maioria dos casos, por meio de cabo areo, com capacidade da ordem de 27 toneladas para permitir a utilizao de caambas de 9 m. Com o uso de cabos areos sempre conveniente a implantao das centrais de concreto prximo crista da barragem, pois como se trata de grandes massas de concreto o controle trmico fundamental, e este concreto precisa ser prrefrigerado e costuma-se reduzir a temperatura de lanamento a cerca de 18 C. Tambm comum a previso de serpentinas de gua gelada imersas no concreto a aproximadamente cada trs metros para promover o ps-resfriamento e dissipar o calor de hidratao liberado durante a cura do concreto. Esse resfriamento necessrio, pois se resfriado naturalmente, devido s dimenses de uma barragem, demoraria muito tempo, e as tenses internas fariam com que a estrutura desmoronasse. Os blocos so executados pelo sistema de lderes e seguidores e o ritmo de lanamento das camadas de 2 a 3 camadas e excepcionalmente 4 camadas por

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ms, dependendo da capacidade das instalaes de produo de transporte e lanamento do concreto. As juntas verticais entre os blocos so normalmente providas de chaves para aumentar a resistncia ao cisalhamento entre estes e normalmente so injetadas aps o resfriamento do corpo da barragem, abaixo da temperatura mnima ambiente e feita por etapas de acordo com o avano da concretagem. Apesar da Barragem em duplo arco ter a geometria com curvas em planta e sees, as formas usadas em sua construo so planas. Os comprimentos dos segmentos correspondem ao comprimento dos painis de frma.

Figura 6. Concretagem. FONTE: Construo de Barragem.

5.4.1. JUNTAS

Na concepo de barragem de concreto em arco de dupla curvatura devem ser previstas juntas, que separam as zonas de concretagem e geram os blocos que so visualizados na construo e aps o trmino da barragem. As juntas de contrao nas barragens so necessrias, pois permitem a liberao de tenses facilitando a resposta da estrutura s variaes de temperatura e a assentamentos da fundao, no entanto so a causa de muitos problemas no projeto e execuo de barragens de concreto.

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Figura 7. Sequncia de concretagem em uma barragem. FONTE: Simulao do comportamento de juntas de barragem.

Em barragens, onde se requer estanqueidade dos blocos e significativa a quantidade de juntas, talvez um dos servios mais trabalhosos e polmicos, pois a pelcula esbranquiada, ou nata, inimiga maior da aderncia, deve ser eliminada. Sua formao acontece por um perodo de trs a quatro horas aps a concretagem, se o concreto ainda estiver mido, a remoo feita mais facilmente imediatamente aps, por jato de gua, rastelo ou com escovas metlicas (no em barragens que o processo mais rigoroso e ir requerer o jato gua/ar em alta presso, tambm mais produtivo). Alm de diminuir a aderncia entre um bloco e outro GENSIO (1993) destaca que as juntas no concreto ocorrem por dissipao de calor de hidratao, assim ocorrem variaes volumtricas originadas pela cura que ocasionam outro problema: a fraturao em blocos de elevadas dimenses; e quanto maiores os blocos maiores sero as fraturas. Assim os projetistas vm preferindo concretar blocos de dimenses menores por vez, para obter juntas espaadas no mximo em 20 metros, sendo mais freqentes espaamentos de 15 metros.

6. VANTAGENS E DESVANTAGENS

Este tipo de barragem tem uma grande vantagem em relao s outras barragens de concreto no custo de execuo, segundo Massad (2003) esse tipo de barragem tem formato de casca, o que possibilita que o concreto trabalhe somente na compresso, isso faz com que a seus apoios sejam mais solicitados, assim temos uma desvantagem onde s se torna mais vivel sendo executada em local onde se consiga uma fundao com rocha de boa qualidade.

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Na dupla curvatura tem-se grande vantagem devido curvatura horizontal e vertical. A curvatura horizontal permite a transmisso do impulso da gua s ombreiras. Tendo a vantagem de ter a altura maior que a largura, em contrapartida a desvantagem de ser executado com maior eficincia em vales estreitos. O fato de busca rocha s faz com que se tenha muita escavao aumentando a profundidade da fundao e exigindo muito da mesma.

7. EXEMPLO IMPLANTADO

Um exemplo construdo de barragem em arco de concreto a barragem da Usina Hidreltrica de Hoover Dam (Figura 8), ou tambm conhecida como Boulder Dam. Ela consiste em uma barragem de arco instalada Black Canyon do rio Colorado (EUA), na divisa entre os estados de Arizona e Nevada. Na poca de sua construo, em 1.936, esta foi a maior estrutura de concreto j produzida pelo homem. Esta leva o nome de Herbert Hoover, ex-presidente dos EUA, o qual foi fundamental para construo da mesma. Sua construo foi iniciada em 1.931, e teve fim em 1936, com um prazo de pouco mais de dois anos antes do previsto. O reservatrio criado pela barragem denomina-se Lake Mead, homenagem a Elwood Mead, supervisor da construo da barragem.

Figura 8 - Barragem de Hoover Dam (Wikipdia)

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A barragem possui um comprimento de 1.244 ps (aproximadamente 319 m.), uma altura de 726,4 ps (aproximadamente 221 m.), e uma largura na base de 660 ps (aproximadamente 201 m.). O reservatrio possui uma capacidade de 35,2 km de gua, e uma superfcie de 640 km, em gerao de energia, a sua hidreltrica possui 17 turbinas principais, com uma capacidade instalada de 2.078 MW e uma gerao anual de 4.000 GWh. Sua construo custou 49 milhes de dlares, e mantida atualmente pela U.S. Bureau of Reclamation Reclamation). A primeira tentativa da aprovao da construo da usina aconteceu em 1.922, atravs da introduo de dois projetos de lei na Cmara dos Deputados e do Senado. Em dezembro de 1.928 o projeto conseguiu aprovao, e a lei que cria o Projeto de Boulder Canyn foi assinado pelo ento presidente Calvin Coolidge. A dotao oramentria para construo foi feita em 1.930, com o agora ento presidente Hebert Hoover (Figura 9). (Bureau of

Figura 9 - Herbert Hoover (Wikipdia 1)

Para construo da barragem, foi contratada a Six Companies, Inc., uma joint venture formada pelas empresas: Morrison-Knudsen Company de Boise, Idaho, Utah Construction Company de Ogden, Utah, Pacific Bridge Company de Portland , Oregon, Henry J. Kaiser & WA Empresa Bechtel de Oakland na Califrnia, MacDonald & Kahn Ltd., de Los Angeles, e a empresa JF Shea de Portland, Oregon. O presidente executivo dessa empresa, Frank Crowe, j tinha inventado muitas das tcnicas usadas na construo. Na figura 10 pode ser visto o rio local da barragem antes da construo.

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Figura 10 - Local da barragem em cerca de 1.904 (BARBOZA et al, 2010)

Figura 11 - Inicio das atividades de construo (Bureau of Reclamation)

Figura 12 - Tardoz da barragem (Bureau of Reclamation)

Durante a construo, se fosse lanado em uma s vez, o concreto duraria aproximadamente 125 anos para curar, pelos clculos da empreiteira. Ento, foi

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necessria a insero de tubos metlicos no concreto, por onde corria a gua do rio, de forma a acelerar o processo de cura. Para o desvio do rio antes do incio das construes, foram construdos quatro canais como o que pode ser visto na figura 13. Aps o desvio de rio, iniciouse o trabalho para escavao das fundaes, que pode ser visto na figura 14. Foi necessrio a retirada do leito e todas as camadas de eroso e materiais slidos do rio, at que a rocha seja atingida, durante este trabalho, cerca de 1,150 milhes de m de materiais foram . Devido ao formato da barragem, as paredes verticais tambm devem suportar esforos, portanto, as paredes lateriais tambm foram escavadas, de forma a alcanar a rocha e nela apoiar a estrutura.

Figura 13 - Construo de tnel. (Bureal of Reclamation)

Figura 14 - Fundaes da barragem (Bureau of Reclamation)

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O lanamento do concreto teve incio em 6 de junho de 1.933, e para tal, devido a magnitude da obra, foram experimentados diversos procedimentos. Cura, resfriamento desigual e contrao do concreto foram ento um problema srio a ser resolvido pelos engenheiros da obra. A resoluo de tal processo constituiu no resfriamento do concreto atravs dos tubos metlicos de 1 polegada, por onde passava a gua do rio, este sistema foi desenvolvido por John L. Savage. Os geradores da usina de Hoover Dam comearam a transmisso de eletricidade em 26 de outubro de 1.936, com o inicio das atividades dos 16 geradores previstos inicialmente, e em 1.961 foi adicionado um outro, totalizando os 17 geradores em atividade atualmente.

8. MALPASSET, FRANA

No estudo de uma barragem, podemos observar e prevenir a ocorrncia de acidentes que, em sua maior incidncia, so decorrentes da ruptura, fato que depende do tipo de barragem, seja em obras de terra, concreto ou de enrocamento. Acidentes em barragens so raros, se forem estimados em razo da quantidade de barragens existentes ao redor do mundo. O que ocorre geralmente nos incidentes a decorrncia de uma chuva excepcional que leva a ocorrer um efeito de vertedouro na barragem, dando passagem por cima da parede. Alm disso, pode vir a ocorrer o colapso da estrutura por m operao ou execuo. o que se pode observar no acidente que ocorreu na barragem de Malpasset, na Frana, em 1959 quando a fundao se movimentou e houve o rompimento da estrutura subitamente. A onda dgua resultante da ruptura matou mais de 450 pessoas (KOCHEN, 2010).

Figura 15. Malpasset, 2 de dezembro de 1959. (Fonte: engenheiro.blogspot.com)

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Esta barragem, construda em concreto em arco de dupla curvatura tinha uma altura de 60 metros e comprimento de 223 metros. Em sua fase de projeto, os estudos geolgicos e hidrolgicos demonstraram que o local era adequado para receber tal obra, embora com algumas opinies contrrias. Conforme Costa (2006), a fundao vista jusante da barragem (lado direito) era rochosa, que parecia ser impermevel. Do lado esquerdo foi necessrio construir uma parede de concreto para melhor interao com o arco da barragem. Com o enchimento do reservatrio no inverno, em decorrncia de chuvas intensas, o nvel da gua subiu rapidamente cerca de 5 metros, causando o aumento da presso da gua sobre a barragem. Foram encontradas fissuras na base da barragem, jusante, mas as mesmas no foram investigadas. Duas semanas aps a identificao destas fissuras, houve ento o escorregamento de uma cunha do macio de fundao e, com o movimento da estrutura, a barragem ruiu. A ruptura foi instantnea e toda a gua da albufeira foi liberada sobre a populao residente nas reas circunvizinhas. O que restou da estrutura pode ser visto na figura 15.

Figura 16. Aps o desastre. (Fonte: engenheiro.blogspot.com)

Numerosos estudos foram realizados, pois no havia histrico relativo a tamanha catstrofe na poca. Aps as investigaes, pde-se concluir que as fissuras encontradas anteriormente eram oriundas de uma falha tcnica jusante da barragem, que no foi averiguada devido profundidade da fundao (figura 16). Combinada a esta falha e elevao das subpresses, as superfcies de baixa resistncia proporcionadas pela xistosidade levaram ao escorregamento da cunha de fundao.

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Figura 17. Esquematizao da falha geotcnica da ruptura da barragem (Fonte: COSTA, 2006).

9. CONCLUSO

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Barragem em arco de dupla curvatura so formas construtivas modernas, proporcionam especficas. Em Malpasset, na Frana, ocorreu um acidente catastrfico em virtude da m execuo na fundao. Mas h obras de sucesso, como a barragem de Hoover Dam, que foi construda em pouco tempo para a poca, e est em pleno funcionamento at hoje. Com a pequena possibilidade de ocorrncia de um acidente de nvel extremo, possvel e torna-se necessrio um estudo prvio a cerca das consequncias que podem vir tona no caso de uma ruptura de barragem. Mas, apesar disso, as obras de engenharia no tm recebido a ateno que merecem no que tange a preveno de todos os possveis acidentes. Em se tratando de obras de grande porte e com alto custo de execuo e operao, o que se deveria incorporar na execuo de tal empreendimento seria, por exemplo, a simulao de desastres, segundo o estudo das probabilidades de cada um ocorrer e o nvel de comprometimento da estrutura, alm do estudo adequado da hidrologia da regio em questo com perspectivas para a segurana da obra no futuro. economia de concreto, mas exigem condies geotcnicas

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