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Para ele, Alckmin é cínico e dissimulado Egito condena 75 manifestantes de 2013 à morte Pág. 6 Áudios reforçam que Temer pegou propina da Odebrecht, conclui PF Base de Alckmin é a mesma do meu governo, diz Temer 12 e 13 de Setembro de 2018 ANO XXVIII - Nº 3.666 Líder de impopularidade mandou ex-governador parar de enrolar eleitor ela primeira vez em muito tempo, Temer falou uma verdade, respondendo aos ataques do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, ao seu desgoverno. Alck- min e seu partido não somen- te sustentaram esse governo desastroso, como a coligação eleitoral do tucano é um extrato do governo Temer. O motivo é que a diferença política entre Al- ckmin e Temer é infinitesimal. Daí a base de um e de outro – e, com, raras exceções, também as dos governos Lula e Dilma – ser a mesma. A mesma voracidade de roubar, em troca de entregar o país a uma súcia financeira, sobretudo estrangeira. Pág. 3 Nas bancas toda quarta e sexta-feira 1 REAL BRASIL “É possível fazer sem roubar”, diz Marina na Bahia Kassab vira réu por caixa 2 e tem bens bloqueados Ministro de Temer vai res- ponder a ação por improbida- de, acusado de receber R$ 21 milhões da Odebrecht via cai- xa 2 entre 2008 e 2014. Pág. 3 De acordo com pesquisa da FGV Social, de 2014 a 2017, a pobreza extrema aumentou 33%, atingindo 23,3 milhões de pessoas, que recebem até Pobreza extrema aumenta 33% de 2014 a 2017 e atinge 23,3 milhões, segundo pesquisa FGV R$ 233 reais por mês. Segundo a pesquisa, apenas entre 2014 e 2015, a pobreza cresceu 19,3% (+3,6 milhões de novos pobres). Página 2 ‘O déficit da Previdência é um mito’, afirma Jango “O déficit da Previdência, como demonstram a Associa- ção Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip) e a recente CPI da Previdência, não passa de um mito”, afirmou João Goulart Filho, candidato a Presidente pelo Partido Pátria Livre . “Estou convencido de que, sem ampliação do mercado interno, nós não sairemos da crise”. P . 3 Lula mantém PT fora das eleições até último minuto A presidente do TSE, mi- nistra Rosa Weber, negou pedido de Lula para adiar o prazo para o PT trocar o candidato e sair do limbo. P. 3 A Polícia Federal avaliou que os áudios entregues por Álvaro Novis reforçam os fortes indícios encontrados de que Michel Temer recebeu R$ 1,4 milhão dos R$ 10 milhões, que teriam sido acertados em jantar com executivos da Odebrecht. Os áudios fazem parte do relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada. P. 3 Segunda-feira, o candidato realizou caminhada a partir da Rodoviária de Brasília “É possível fazer e fazer sem roubar. Vamos manter as políticas públicas. Vamos fazer com eficiência, com educação de qualidade. Ne- nhuma criança vai ficar fora da escola, todos os jovens terão diploma de segundo grau. Como professora, como mãe, eu sei o que a educação pode fazer na vida de uma pessoa”, disse a candidata Marina Silva em Salvador na segunda-feira. Página 2 Vicente Goulart Marcelo Camargo - ABr Fabio Rodrigues Pozzebom - ABr Reprodução

Base de Alckmin é a mesma do meu governo, diz Temer§ão-3... · visitou a Praça Nelson Mandela e fez discurso ... É tão equivocada que o candidato Bolsonaro, que tava com forte

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Para ele, Alckmin é cínico e dissimulado

Egito condena 75 manifestantes de 2013 à mortePág. 6

Áudios reforçam que Temer pegou propina da Odebrecht, conclui PF

Base de Alckmin é a mesma do meu governo, diz Temer

12 e 13 de Setembro de 2018ANO XXVIII - Nº 3.666

Líder de impopularidade mandou ex-governador parar de enrolar eleitor

ela primeira vez em muito tempo, Temer falou uma verdade, respondendo aos ataques do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, ao seu desgoverno. Alck-

min e seu partido não somen-te sustentaram esse governo desastroso, como a coligação eleitoral do tucano é um extrato

do governo Temer. O motivo é que a diferença política entre Al-ckmin e Temer é infinitesimal. Daí a base de um e de outro – e, com, raras exceções, também as dos governos Lula e Dilma – ser a mesma. A mesma voracidade de roubar, em troca de entregar o país a uma súcia financeira, sobretudo estrangeira. Pág. 3

Nas bancas toda quarta e sexta-feira

1REAL

BRASIL

“É possível fazersem roubar”, diz Marina na Bahia

Kassab vira réu por caixa 2 e tem bens bloqueados

Ministro de Temer vai res-ponder a ação por improbida-de, acusado de receber R$ 21 milhões da Odebrecht via cai-xa 2 entre 2008 e 2014. Pág. 3

De acordo com pesquisa da FGV Social, de 2014 a 2017, a pobreza extrema aumentou 33%, atingindo 23,3 milhões de pessoas, que recebem até

Pobreza extrema aumenta 33% de 2014 a 2017 e atinge 23,3 milhões, segundo pesquisa FGV

R$ 233 reais por mês. Segundo a pesquisa, apenas entre 2014 e 2015, a pobreza cresceu 19,3% (+3,6 milhões de novos pobres). Página 2

‘O déficit da Previdência é um mito’, afirma Jango

“O déficit da Previdência, como demonstram a Associa-ção Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal

(Anfip) e a recente CPI da Previdência, não passa de um mito”, afirmou João Goulart Filho, candidato a Presidente

pelo Partido Pátria Livre . “Estou convencido de que, sem ampliação do mercado interno, nós não sairemos da crise”. P. 3

Lula mantém PT fora das eleições até último minuto

A presidente do TSE, mi-nistra Rosa Weber, negou pedido de Lula para adiar o prazo para o PT trocar o candidato e sair do limbo. P. 3

A Polícia Federal avaliou que os áudios entregues por Álvaro Novis reforçam os fortes indícios encontrados de que Michel Temer recebeu R$ 1,4 milhão dos R$ 10 milhões,

que teriam sido acertados em jantar com executivos da Odebrecht. Os áudios fazem parte do relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada. P. 3

Segunda-feira, o candidato realizou caminhada a partir da Rodoviária de Brasília

“É possível fazer e fazer sem roubar. Vamos manter as políticas públicas. Vamos fazer com eficiência, com educação de qualidade. Ne-nhuma criança vai ficar fora da escola, todos os jovens terão diploma de segundo grau. Como professora, como mãe, eu sei o que a educação pode fazer na vida de uma pessoa”, disse a candidata Marina Silva em Salvador na segunda-feira. Página 2

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Apenas em 2015, a pobreza subiu 19,3%, com cerca de 3,6 milhões de novos pobres

Moro dá 3 dias para Vaccarezza pagar fiança de R$ 1,5 milhão

Em campanha em Salvador, Marina Silva, candidata da Rede à Presidência da Repú-blica, afirmou na segunda-feira (10) que “é possível fazer e fazer sem roubar”. “Vamos manter as políticas públicas. Vamos manter o Bolsa Família. Vamos fazer sem roubar, com eficiência, com educação de qualidade. Nenhuma criança vai ficar fora da escola, todos os jovens terão diploma de segundo grau. Como professora, como mãe, eu sei o que a educação pode fazer na vida de uma pessoa”, disse.

Ela esteve no bairro da Liberdade, onde visitou a Praça Nelson Mandela e fez discurso em frente ao busto do líder sul-africano.

Marina falou que vai investir na constru-ção civil e no turismo como meio de superar a crise que o país está vivendo. “Vamos investir em moradia digna para as pessoas, para que o Brasil volte a crescer. Na Bahia, nós vamos investir na construção civil, nas moradias populares, que é o que gera emprego”, disse.

“Vamos investir no turismo para gerar emprego e renda para os jovens e para a Bahia”, completou.

Sobre o ataque ao candidato Jair Bolso-naro, do PSL, Marina rebateu a ideia de que armando a população vai se combater a vio-lência. “É uma ideia equivocada essa de que nós vamos combater o problema da violência e da segurança pública na base da violência. É tão equivocada que o candidato Bolsonaro, que tava com forte aparato de segurança, foi atingido por uma faca. Imagine se essa pessoa tivesse uma arma de fogo, teria acontecido uma tragédia”, afirmou a candidata.

“A melhor forma de se sentir seguro é não ficar incitando ódio”, disse.

Petista foi preso temporariamente em 2017

Candidata na Bahia, nesta segunda

6,27 milhões entraram na pobreza entre 2014 e 2017

A Fundação Getúlio Vargas (FGV Social) divulgou nesta se-gunda-feira (10) os

dados completos da pes-quisa sobre o aumento da pobreza no Brasil. Na últi-ma edição havíamos publi-cados dados preliminares, mostrando que a pobreza extrema cresceu 33% nos últimos quatro anos.

Mais detalhado, agora o estudo - “Qual foi o impac-to da crise sobre a pobreza e a distribuição de renda?”, realizado por Marcelo Neri - aponta como a pobre-za cresceu desde então, mostrando um aumento abrupto nos primeiros anos da pesquisa, que vai de 2014 a 2017.

Segundo o estudo, a pobreza extrema - pessoas que recebem ate R$ 233 por mês - cresceu 33% nesse período, atingindo 23,3 milhões de pessoas. O acréscimo corresponde a mais 6,27 milhões de pes-soas inseridas na pobreza.

O período mais crítico foi entre 2014 e 2015, quando a pobreza cresceu 19,3% (+3,6 milhões de no-vos pobres). Nesse período, a queda da renda atingiu todos os grupos sociais, principalmente os jovens, que tiveram um declínio de -20,51% para aqueles entre 15 e 19 anos e -12,49% para aqueles entre 20 e 24 anos.

Além desse grupo, os dados, conforme informa-ções da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí-lios Continua (PNADC), revelam severa queda de renda média

do trabalho entre todos em idade ativa, não restri-ta somente aos ocupados.

“Entre o segundo tri-mestre de 2015 e de 2018, a perda de renda média acumulada é de 3,44%. Esta perda é mais forte entre os jovens (-20,1% en-tre 15 e 19 anos e -13,94% entre 20 e 24 anos), entre pessoas com ensino médio incompleto (-11,65%) e entre os responsáveis dos

domicílios (-10,38%)”.O estudo ressalta que a

resposta para esse resul-tado “tanto para queda da renda média como para o aumento da desigualdade e consequentemente da pobreza foi o aumento do desemprego”.

O desemprego começou a acrescer em 2015 e a partir daí explodiu com o aprofundamento da crise no país, intensificada pelas políticas de “ajuste fiscal”, iniciada no governo Dil-ma e seguida à risca por Temer. O resultado foi a economia encolhendo, au-mento do desemprego e do trabalho precário, do arro-cho salarial e consequente aumento da miséria.

“A crise social que se manifesta no final de 2014, surge a partir de excessos e desvios de um caminho do meio onde o bolo de renda crescia com mais fermen-to entre os mais pobres. Apenas em 2015, a pobreza subiu 19,3%, com cerca de 3,6 milhões de novos pobres. Embora a desigual-dade medida por métricas usuais, como o índice de Gini, não tenha aumenta-do em 2015, a desigualdade relevante em termos de po-breza explodiu. Basta dizer que enquanto a média de renda caiu 7%, a renda dos 5% mais pobres caiu 14%. Resultado direto do conge-lamento nominal do Bolsa Família em 2015, quando as taxas de inflação e de desemprego atingiram os 2 dígitos”, afirma o estudo.

“A pobreza voltou aos níveis do começo da dé-cada (2011). Portanto, esse período caracteriza-se como uma década perdida. Olhando para a desigual-dade, o retrocesso não fica atrás. Desde 1989 o Brasil não experimentava mais de três anos de aumento consecutivo de desigualda-de. A piora na performance social do Brasil também explica o mau desempe-nho econômico”, afirma o estudo.

Ministro de governo moribundo quer desenterro da “reforma da previdência”

Presidente do STJ: “não basta perder para recorrer”

Segundo estudo, a extrema pobreza já atinge 23,3 milhões de pessoas

Em reunião com alguns assessores de candidatos à presidente da República, o economista Eduardo Guar-dia, preposto de Temer no Ministério da Fazenda, de-fendeu enfaticamente a pri-vatização da Previdência. “A mensagem fundamental foi de que, na nossa visão, não há solução sem a reforma da Previdência. A que está no Congresso já foi apro-vada nas comissões e basta votar em plenário para ser aprovada. Falei com o pre-sidente Michel Temer e com

o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que estão de acordo”, disse.

Sem a reforma, isto é, a privatização, “não tem conversa”, enfatizou Guardia.

Para ele, seria “um ga-nho extraordinário para o país” o trabalhador ficar com benefício abaixo do sa-lário mínimo, aposentado-ria à beira do túmulo e os banqueiros fazendo a farra com o dinheiro da Previ-dência, o segundo maior recurso do Orçamento,

após juros e amortização da dívida pública – que beneficiam exatamente os bancos e demais parasitas dos recursos públicos.

“Sem a reforma, o teto do gasto não vai funcionar, o ajuste gradual não será possível, o fiscal não vai ser sustentável, a dívida não vai parar de crescer e nos vamos para uma situação de risco”, afirmou Guardia.

Nada mais falso. Nos últimos 12 anos, segundo a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Recei-ta Federal do Brasil (Anfip), a Seguridade Social – da qual faz parte a Previdên-cia, pela Constituição Fe-deral – teve um superávit de R$ 602,220 bilhões, o que representa uma média anual de R$ 50,200 bilhões.

A proposta de “refor-ma” da Previdência foi amplamente rejeitada pela população que, com mani-festações no Congresso Na-cional barraram qualquer tentativa de aprovação do projeto. O alerta continua.

O novo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, con-siderou ser inadequada uma eventual mudança de entendimento do Su-premo Tribunal Federal sobre a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância.

“O Supremo já de-finiu essa matéria, que está decidida. Não acre-dito que a Corte venha a revisar o seu entendi-mento. A jurisprudên-cia está pacificada, não pode o Supremo mudar isso todo mês. Desde que o STF decidiu que a prisão poderia ser de-pois do segundo grau, o colegiado nunca voltou atrás. Ministros sim, mas o plenário jamais. Não vejo elementos no-vos que justifiquem a mudança”, afirmou.

O magistrado ava-liou, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, que a possi-bilidade de o STJ ser colocado como marco para a execução ante-cipada da pena – como advogam os ministros Dias Toffoli e Gilmar

Mendes – pode até ser “uma boa proposta”, mas é juridicamente atípica, “porque o STJ não faz mera revisão das decisões”.

“Não basta perder para recorrer, tem de demonstrar violação da lei federal e, o mais im-portante, no recurso es-pecial, não há reexame da prova”, ressaltou. João Otávio de Noro-nha se referia ao fato de que, no recurso ao STJ, após a condenação em segunda instância, a corte examina ape-nas se houve alguma violação à lei federal no decurso do processo.

Sobre o caso do ex-presidente Lula, preso desde abril por corrup-ção passiva e lavagem de dinheiro, após con-denação pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) a 12 anos e um mês de prisão, o presidente do STJ foi enfático: “Teve a prisão do ex-presiden-te Luiz Inácio Lula da Silva. Não se pode mu-dar a jurisprudência em razão dessa ou daquela pessoa”.

Marina, em Salvador: ‘É possível fazer sem roubar’

Ministro da Fazenda de Temer, Eduardo Guardia

Petrobrás suspende por 15 dias reajustes da gasolina, “mas sem mudar política”

Na quinta-feira (6) a atual direção da Petro-brás anunciou que irá suspender por até 15 dias os reajustes diários dos preços da gasolina. Ale-garam que a medida viria conciliar os “interesses da empresa e as demanda de clientes e agentes do mercado em geral”.

Na verdade, a medida é um escárnio, porque não concilia nada com nada, apenas deixa a nu que a alucinada política de rea-justes diários - baseada em praticar os preços internos dos combustíveis acima dos preços internacionais e vincular seus reajustes à variação internacional e ao dólar - precisava de, no mínimo uma maquiagem, que provavelmente não terá nenhum efeito.

“Isso não altera nossa política de preços”, fez questão de enfatizar o diretor financeiro da com-panhia, Rafael Grisolia.

Para melhor situar nosso leitor sobre o va-rejo dessas idas e vindas sem fim, temos publicados matérias que procuram esclarecer quais são as questões que norteiam o assunto. A seguir, no mesmo sentido, registra-mos alguns trechos do artigo do advogado Cláu-dio Pereira de Souza Neto publicado no site jurídico JOTA no dia 01.06.2018 sob o título: “A política de preços da Petrobras”.

O autor esclarece que “o mercado” não pode aten-der o objetivo da institui-ção do monopólio estatal e da criação da Petrobras que é garantir o abasteci-mento dos combustíveis a custos adequados ao país.

Em relação à política sobre o diesel aplicada após a greve dos caminho-neiros, que resultou na “indenização” da União à Petrobrás, o autos aponta:

“A rigor, não há indeni-

zação a ser paga. A trans-mudação do ‘subsídio’ em indenização se apoia no equivocado pressuposto jurídico de que a União não pode determinar que uma empresa por ela con-trolada, ao formular sua política de preços, limite os lucros que poderia aufe-rir, tendo em vista a reali-zação do interesse público. O problema jurídico subja-cente é o de definir como devem ser solucionados os conflitos de interesses no interior de socieda-des de economia mista. Como ficará demonstrado, a União poderia, como sempre fez, determinar que a Petrobras praticasse preços inferiores aos do mercado internacional, justamente por se tratar de sociedade de economia mista, constituída para atender a “imperativo da segurança nacional” e a “relevante interesse coletivo”.

Diretor diz que política de preços atrelada ao “mercado” não muda

Ex-líder do PT na Câ-mara de Deputados du-rante os governos Lula e Dilma, Cândido Vacca-rezza terá três dias para pagar a fiança de R$ 1,5 milhão (quinta-feira, 13), conforme determinou o juiz Sérgio Moro.

Vaccarezza foi preso temporariamente em agos-to de 2017 na 44ª fase da Operação Lava Jato, batizada como “Operação Abate”.

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o ex-deputado por forma-ção de quadrilha, corrup-ção e lavagem de dinheiro em esquema que facilitou a contratação da empresa Sargeant Marine, forne-cedora de asfalto, junto à Petrobrás.

A denúncia referente à lavagem de dinheiro foi aceita no fim do mês pas-sado por Moro. Segundo a decisão do juiz, “Vacca-rezza, na época deputado federal, teria recebido uma parte da propina, cerca de 518.500,00 dólares, com o

auxílio de Paulo Sergio Vaz de Arruda, que teria rece-bido os valores no exterior e entregue a contrapartida em reais no Brasil. Parte dos valores, cento e vinte mil reais em espécie, foi apreendida na residência de Cândido Vaccarezza”.

Em 2017, Cândido ficou preso durante quatro dias, mas foi solto após alegar problemas de saúde. Para permanecer em liberdade, deveria pagar uma fiança de R$ 1,5 milhão, segundo determinação de Sérgio Moro. Porém, este valor não foi pago até agora.

Há uma semana, o MPF pediu a Moro que fechasse o cerco em torno de Cândi-do Vaccareza.

O ex-deputado ofereceu como pagamento da fiança duas fazendas de sua mãe, no valor total de R$ 1,8 milhão.

Apesar de réu, Vacca-rezza se filiou ao Avante para disputar as eleições como candidato a deputa-do federal nas eleições de outubro.

3POLÍTICA/ECONOMIA12 E 13 DE SETEMBRO DE 2018 HP

‘Conte a verdade, Alckmin, PSDB apoiou meu governo’, diz Temer

“Vários daqueles que apoiam a sua candidatura foram e são da base do meu governo”, disse em vídeo. “Não faça como aqueles que falseiam,que mentem para conseguir votos influenciado pelo marqueteiro”, completou Temer

Ibaneis Rocha: “reforma trabalhista veio para penalizar o trabalhador”

Tucano apoiou as reformas de Temer: “todo nosso apoio às reformas”

Beto Barata/PR

Candidato ao governo do Distrito Federal

Dias: “Brasil não será salvo com bala nem com facada”

Áudios indicam propina da Odebrecht para Temer

Reprodução/Youtube/Anajustra

João Goulart Filho: ‘vamos revogar as emendas e leis previdenciárias de FHC, Lula, Dilma e Temer’

Candidato a governador do Distrito Federal pelo MDB, Ibaneis Rocha é contra as reformas trabalhista e da Previdência e pretende valorizar os servidores públicos, dando nova vida aos serviços públicos. Ape-sar de serem do mesmo partido, Ibaneis não está apoiando a candidatura de Henrique Meirelles à Presidência da República.

Ibaneis é advogado e foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF) de 2013 a 2015, atualmen-te é diretor do conselho federal da entidade. Filiou-se ao MDB em 2017.

Em entrevista exclusiva concedida ao HP, Ibaneis reforçou sua crítica à reforma trabalhista. Para ele, “é preciso olhar os dois lados [do trabalhador e do empresário] para perceber que muitos pontos dela não são bons para nenhum deles. Ela não diminuiu o desemprego”.

Segundo o candidato, “essa reforma trabalhista, que foi feita para tirar direitos trabalhistas históricos nesse país, veio para penalizar o trabalhador e já está vigorando aí há quase um ano e não aumentou o nível de emprego, aumentou o nível de desemprego e de desrespeito com o cidadão”.

“Do ponto de vista dos trabalhadores, a reforma retirou direitos, facilitou a informa-lidade. Essa informalidade, inclusive, é ruim também para o empresário, que, fiscalizado, tem dificuldades na concorrência com os setores informais”, completou.

Ibaneis Rocha deixou claro que é contrário à reforma da Previdência de Temer. “Eu te-nho certeza que a culpa da Previdência não é dos trabalhadores, é da irresponsabilidade na gestão dos recursos da Previdência”, disse.

O candidato também expressou sua opinião em relação ao Fundo Eleitoral aprovado no ano passado pelo Congresso Nacional. Para Ibaneis, “o Fundo foi aprovado para manter no poder os que já estão aí”, uma vez que distribui R$ 1,7 bilhão de acordo com a quantidade de deputa-dos federais que cada partido tem. Na prática, saem favorecidos os “grandes” partidos, os que estão hoje no poder.

Ibaneis não utilizará dos recursos do Fun-do. Sua campanha será financiada por R$ 5,6 milhões tirados de seu próprio bolso. “Já tirei o dinheiro e vou utilizar meu patrimônio. Não vou usar fundo partidário”, esclareceu

“É JUSTO REAJUSTAR SERVIDORES”O emedebista tem se preocupado bastante

com a qualidade dos serviços públicos que têm sido oferecidos no Distrito Federal. “O nosso projeto está assentado nas políticas públicas e na valorização do ser humano. Isso não aconte-ceu no atual governo [de Rodrigo Rollemberg], como não ocorreu nos últimos governos”.

Rollemberg, que tenta a reeleição, tem postergado o pagamento da terceira e última parcela do reajuste dos servidores públicos do Distrito Federal. Inclusive, o governo anun-ciou que só iria pagar no fim de 2019. Para Ibaneis, o caso é simples: “é justo, não tem porque não dar o reajuste aos servidores”.

Quanto à segurança pública, Ibaneis, que tem denunciado a fragilidade na qual se encontra o setor, pretende reabrir as dele-gacias que hoje estão fechadas e valorizar os policiais militares e civis, além de colocá-los em situação de isonomia salarial.

PRESIDENTE É de se imaginar que, por ser o candidato

à Presidência lançado pelo seu MDB, Ibaneis Rocha apoiaria Henrique Meirelles. Porém, a situação não é essa. Segundo Ibaneis, nenhum presidenciável pediu o seu apoio.

“Devem estar mais preocupados com os votos das grandes metrópoles. Aqui temos um pouco menos de dois milhões de eleito-res”, afirmou o candidato.

PEDRO BIANCO

Presidente do TSE mantém prazopara PT substituir seu candidato

Na noite de domin-go, 9/09, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), minis-tra Rosa Weber, negou o pedido de Lula para que o prazo dado ao PT para substituir seu candidato a presidente da República fosse estendido até ao dia 17 deste mês.

A candidatura de Lula foi considerada ilegal pelo TSE, por infração da Lei da Ficha Limpa – o candidato foi condenado por roubo ao dinheiro público em primeira e segunda instân-cias. O TSE dera, então, 10 dias para que o PT fizesse a substituição do candidato, prazo que se esgota na terça-feira, dia 11.

Porém, no sábado, dia 8/09, os advogados de Lula entraram com um pedido de prorrogação do prazo, com a alegação de que isso daria ao Su-premo Tribunal Federal (STF) tempo para apre-ciar seu recurso contra a decisão do TSE.

Rosa Weber, no entan-to, apontou que a preten-são de Lula transgredia a Lei n° 9504/97 (artigo 13, parágrafo 1º) e a Re-solução n° 23548/2017 do TSE (artigo 68).

Além disso, observou que, em seu pedido de “recurso extraordinário” (recurso ao STF), a defe-sa de Lula não solicitou que fosse suspensa, até o julgamento desse recurso, a decisão do TSE (“não veiculou, em momento al-gum, pedido de concessão de efeito suspensivo que pudesse ter sido apreciado por esta Presidência”).

Por fim, a ministra apontou que, até o dia 11, o STF teria tempo de se manifestar: “Não se justifi-ca o deferimento do pedido de sustação, ainda que na pretensa extensão mínima. O término do prazo de dez dias para a substituição da candidatura (…) só ocorrerá em 11.9.2018, data em que estes autos já estarão sob a jurisdição da Suprema Corte”.

Na mesma decisão, Rosa Weber enviou para o plenário do Supre-mo Tribunal Federal (STF) o recurso contra a decisão do TSE que considerou que a Justiça brasileira não poderia – e não deveria – se sub-meter a um parecer de dois peritos do Comitê de Direitos Humanos da ONU, para que Lula

fosse candidato.Em seu voto, durante

o julgamento da candida-tura de Lula, a ministra considerara que:

“O Comitê de Direi-tos Humanos da ONU, tal como previsto no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, constituído por peritos e não pelos Estados-membros, não produz decisões com caráter vinculante, mesmo na análise de pedidos individuais” (grifos no original).

Na decisão de domin-go, embora mantendo sua posição, Rosa Weber considerou que a questão é constitucional. Daí, a remessa ao STF do recur-so de Lula.

Segundo declarou a defesa, Lula, agora, pre-tende entrar com mais dois pedidos de liminar no STF, um para que seja aceito o registro da candidatura de Lula e outro para que o prazo de substituição seja in-terrompido.

Ambos, pela praxe do STF, terão como relator o decano do tribunal, Celso de Mello.

C.L.

Alckmin jura que está rezando por BolsonaroO presidente em exer-

cício do PSL, partido de Jair Bolsonaro, declarou, após o esfaqueamento de seu candidato a presiden-te, que “agora é guerra”.

Ele está errado. “Ago-ra” é campanha eleitoral. E campanha eleitoral é um momento de confron-tar propostas, programas de governo, saídas para o país, modos de melhorar a vida do povo.

É verdade que, para quem quer piorar a vida do povo e a situação do país, esse caráter da campanha eleitoral não é agradável.

Mas, quem vota somos nós, o povo. E isso não é “guerra”. É eleição, ainda que seja em condições impostas pelos partidos e candidatos investigados na Lava Jato.

Se é eleição, se é cam-

panha eleitoral, o mais importante é não fugir ao embate verdadeiro. Em 2014, Dilma fugiu – simplesmente, mentindo sobre o que ia fazer. Não durou muito, logo que o povo descobriu a mentira.

Por falar nisso, um dia desses alguém disse que Alckmin é uma “Dilma de calças”.

Com efeito, há grande verdade nessa observa-ção.

A declaração de Al-ckmin, sobre o esfaque-amento do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, de que “política se faz com diálogo e convencimento, jamais com ódio”, já havia ultrapassado o limite da hipocrisia.

Mas o horário eleitoral do sábado, 08/09, em que Alckmin revelou (?) que

está “orando pela plena recuperação do candidato Jair Bolsonaro” porque o “debate das ideias, por mais divergentes que elas sejam, é uma exigência da demo-cracia”, vai muito além do limite da hipocrisia.

Nenhum outro candi-dato atacou tanto Bolso-naro, na atual campanha eleitoral, e de modo tão virulento, quanto Alck-min – e não foi para “de-bater ideias”, até porque as de Alckmin não são, exceto em coisas secundá-rias, diferentes daquelas de Bolsonaro. O progra-ma de governo, tanto de um quanto de outro, é uma sopa neoliberal, requentada pela sétima ou oitava vez, desde 1990. Continue lendo em www.horadopvo.org.br

CARLOS LOPES

O candidato a presi-dente da República pelo Podemos, Álvaro Dias, afirmou, durante saba-tina realizada na segun-da-feira (10), que “não vamos acabar com as desigualdades sociais nem na bala nem na facada”.

Álvaro Dias aprovei-tou a oportunidade para prestar sua solidariedade à Bolsonaro, candidato à Presidência pelo PSL, que foi esfaqueado du-rante uma atividade de campanha em Juiz de Fora (MG). Mas salientou que “alimentar o ódio, a raiva, a intolerância é alimentar a violência”.

Para Dias , “nós temos de combater a violência e temos de combater o estímulo

O candidato a Presiden-te da República pelo Parti-do Pátria Livre (PPL), João Goulart Filho, afirmou, nesta segunda-feira (10), em Brasília, que o fortale-cimento e a defesa da Pre-vidência pública e solidária será uma das prioridades de seu governo. “Diferente do que pretendia o governo Temer e o que defendem todos os demais candida-tos, o nosso governo não permitirá retrocessos nos direitos previdenciários. Em questão de direitos, não se retrocede; se avan-ça”, disse ele.

O presidenciável de-fende o restabelecimento

à violência”, pois esta “afronta o Estado de Direito, (...) cega a in-teligência e certamente destrói os sonhos e es-perança de um povo de viver em paz em um país com qualidade de vida”.

“Quando há aqueles que insuflam a popu-lação ao ódio, a raiva, a intolerância para se valer da prepotência, da truculência do dis-curso boquirroto de quem coloca uma arma na cinta pra dizer que vai salvar o Brasil, será que nós não temos que refletir sobre o destino da nossa democracia?”, questionou o presi-denciável na sabatina promovida pelo UOL, Folha e SBT.

das conquistas obtidas na Constituição de 1988 em relação à Seguridade Social. “As ‘emendas’ que vieram depois só serviram para rasgar a Constituição Cidadã e tirar direitos dos trabalhadores”, de-nunciou João Goulart. “Vamos revogar todas as emendas e leis previdenci-árias de FHC, Lula, Dilma e Temer”, prosseguiu o candidato, argumentan-do que as aposentadorias representam as principais receitas em muitos muni-cípios brasileiros. “Sem ex-pansão do mercado interno e distribuição da renda não haverá desenvolvimento

econômico”, observou. “Hoje são quase 40 mi-

lhões de aposentados em nosso país. Metade deles recebe um salário mínimo de aposentadoria. Quando você achata as aposenta-dorias e pensões, como querem os privatistas e de-fensores dessas reformas, o que você está fazendo é comprimir ainda mais o nosso reduzido merca-do interno. E eu estou convencido de que, sem ampliação do mercado in-terno, nós não sairemos da crise que estamos viven-do”, disse João Goulart.

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O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Gilberto Kassab (PSD), vai responder uma ação por improbidade e teve seus bens bloqueados no valor de R$ 21 milhões. Ele é investigado pelo repasse desse valor pela Odebrecht via caixa 2 entre 2008 e 2014.

A ação foi aberta pelo juiz José Gomes Jardim Neto, da 9ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo.

Na ação, a Promotoria requereu a indisponi-bilidade de R$ 85 milhões, equivalentes a três vezes o valor pago ao ex-prefeito de São Paulo (2006-2012). Mas o o juiz deferiu parcialmente a medida cautelar.

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Kassab torna-se réuEm relatório entre-

gue ao Supremo Tri-bunal Federal (STF) na semana passada, a Polícia Federal disse ter encontrado fortes indícios de que Michel Temer recebeu R$ 1,4 milhão dos R$ 10 milhões que teriam sido acertados em jan-tar com executivo da Odebrecht.

Áudios foram en-tregues no âmbito do

inquérito que apura o repasse de R$ 10 milhões da Odebrecht para o MDB a pedi-do de Temer. Segun-do colaboradores da Odebrecht, o valor foi acertado em 2014, num jantar ocorrido no Pa-lácio do Jaburu.

A Polícia Federal avaliou que os áudios entregues por Álvaro Novis, um dos colabo-radores da Lava Jato,

reforçam a suspeita de que a Odebrecht entre-gou dinheiro a um ami-go do presidente Michel Temer como contrapar-tida a benefícios para a empresa. Caberá à Procuradoria Geral da República avaliar o que a PF informou e decidir se oferece denúncia.

Continue lendo, in-clusive as transcrições dos áudios, em www.horadopovo.org.br

Provavelmente o leitor já ouviu – ou até já disse – que, nessas eleições, “acontece de tudo”.

Porque, realmente, acontece. Não de tudo, mas quase.

O candidato Bolsonaro, do PSL, foi esfaqueado em Juiz de Fora por um elemento que disse ter recebido a ordem dire-tamente de Deus – algo inédito na História da República.

O candidato Alckmin, do PSDB, que detonara a mais virulenta campanha contra Bolsonaro, de repente virou “pacificador”, lamentando uma violência para a qual contri-buíra, e orando pela paz, pela concórdia... e por Bolsonaro (v., nesta página, “Alckmin jura que está rezando pela saúde de Bolsonaro”).

O PT descobriu que qualquer papel assinado por dois fun-cionários ociosos da ONU vale mais que a Constituição da Re-pública, o Código Penal, a Lei da Ficha Limpa – e o Legislativo, o Judiciário e o Executivo do país.

Não estamos brincando, leitor. A pedido dos advogados de Lula, os dois “peritos” - que não representam nada, além de si próprios – emitiram uma declaração em que dizem que têm de se submeter a eles “todos os ramos do governo (executi-vo, legislativo e judiciário), e outras autoridades públicas ou governamentais de qualquer nível – nacional, regional ou local” [“all branches of gover-nment (executive, legislative and judicial), and other public or governmental authorities, at whatever level - national, regional or local”], assim como estão acima das “leis internas” [“internal law”].

A última frase dessa decla-ração é “esta correspondência não implica em que tenha sido tomada qualquer decisão sobre o mérito da matéria sob consi-deração” (“This correspondence does not imply that any deci-sion has been reached on the substance of the matter under consideration”).

Então, se eles nem examina-ram o mérito da condenação de um corrupto de acordo com as leis brasileiras, mas querem que ele seja candidato a presidente contra a as leis brasileiras, conclui-se que o Brasil deve se submeter a esses picaretas porque eles querem – ou porque Lula e o PT querem.

Não há outra razão, nem autoridade – como demonstrou a ministra Rosa Weber, em seu voto ao negar o registro da can-didatura de Lula, nem ao menos esses funcionários podem tomar decisões, no máximo, podem fazer recomendações.

Mas os lulistas apresentaram esse deboche como uma “nova decisão” do Comitê de Direitos Humanos da ONU. O que obri-gou a assessoria de imprensa da ONU a esclarecer que “é importante observar que o Comitê não emitiu, entretanto, nenhuma nova decisão substan-tiva [ou de mérito] sobre o caso Lula da Silva” [“It is important to note that the Committee did not issue, however, any new substantive decision in the Lula Da Silva case”].

Quando a única defesa de Lula é um atentado contra a soberania nacional, uma ten-tativa canhestra de passar por cima das leis e das instituições a partir de uma suposta imposi-ção exterior, isso equivale a uma confissão de culpa.

COLIGAÇÃONão há, nessa eleição, doente

mais contagioso que Temer, co-locado no poder pela dupla Lula e Dilma, ao escolhê-lo, duas vezes, para vice-presidente.

Até Meirelles quer se afastar dele – e não consegue; depois de gastar R$ 45 milhões (de-clarados) em duas semanas de campanha, conseguiu o sensa-cional resultado de chegar a 1% de preferência nas pesquisas. É verdade que Meirelles se apre-

senta como o homem de Lula na área financeira, o que não deixa de ser verdade. Mas não adianta.

No entanto, Alckmin resol-veu se apresentar como o re-dentor que vai livrar o Brasil do desastre que é o governo Temer quanto à educação, à saúde, ao desemprego, às falências de em-presas, e da corrupção - tal como ele livrou a Dersa e a merenda escolar em São Paulo...

Que ele tenha apoiado Te-mer, inclusive impedindo que os “cabeças pretas” do seu partido fossem para a oposição, é coisa de somenos. Vale mais a marke-tagem, a total falta de vergonha.

Por exemplo, no dia 28 de novembro do ano passado, às vésperas de assumir a presidên-cia do PSDB, perguntado se, sob o seu comando, o partido iria abandonar o governo Temer, Alckmin declarou que “abando-nar no sentido de não ter com-promisso, não. Porque temos compromisso, responsabilidade e temos que dar sustentação na Câmara e votar projetos de interesse do País”.

Se fosse pelo “interesse do país”, o melhor seria não “dar sustentação” a Temer. Mas não foi isso o que ele e seu partido fizeram, apesar de uma ou outra declaração contra a participação no governo.

A proximidade de Alckmin e Temer é longínqua. Em 2001, Temer indicou sua filha mais velha para a Secretaria de Ju-ventude, Esporte e Lazer do governo Alckmin, a mesma filha que, depois, foi secretária de As-sistência e Desenvolvimento So-cial da Prefeitura de Fernando Haddad, atual estepe de Lula.

Quando Temer lembrou sua velha relação com Alckmin esta-va, pela primeira vez em muito tempo, falando a verdade.

Temer lembrou que os apoia-dores atuais de Alckmin são, exatamente, os políticos e par-tidos que compuseram – e ainda compõem - o seu governo.

Depois, lembrou que José Serra, Bruno Araújo e Antonio Imbassahy, todos tucanos e correligionários de Alckmin, fizeram parte de seu governo.

Poderia ter acrescentado que Luislinda Valois e Ale-xandre de Moraes também eram tucanos – o último, uma indicação de Alckmin para o Ministério da Justiça, hoje no STF por nomeação de Temer.

Também poderia dizer que seu atual ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, é um dos principais dirigentes do partido de Alckmin.

O que tudo isso mostra?Mostra que a diferença, do

ponto de vista político, entre Alckmin e Temer, é aquela que os matemáticos chamam de infinitesimal.

Esta é a razão pela qual PSD, DEM, PRB, PTB e PR, que estão no governo Temer, estão também na coligação eleitoral de Alckmin.

Além do próprio PSDB – e do MDB, que apoia mais Alckmin do que o candidato do partido, Meirelles, cuja popularidade entre os emedebistas limita-se ao seu dinheiro.

Certamente, pode-se argu-mentar que esses partidos estão no governo Temer e na campa-nha de Alckmin, não por algu-ma proximidade política, mas porque querem roubar.

É verdade, leitor, mas essa é a política deles. Não conhe-cem outra.

Só esta e nenhuma outra. Roubar em troca de entregar o país à canalha rentista, interna e, sobretudo, estrangeira.

Nisso não se diferenciam do PT.

Tanto assim que, antes do governo Temer, todos eles – com apenas duas exceções - apoiavam o governo Dilma, e, antes, o governo Lula.

Agora, todos estão com Alckmin.

CARLOS LOPES

4 POLÍTICA/ECONOMIA HP 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2018

Ao tentar justificar o fra-casso de sua gestão, o ex--governador de São Paulo e candidato à Presidência,

Geraldo Alckmin (PSDB), afir-mou que a queda dos níveis de avaliação do ensino básico no estado não se ampara em dados oficiais. A declaração veio após o relatório apresentado pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2017, mostrar a queda dos níveis de educação no Estado.

A queda do desempenho do es-tado foi detectada nos três níveis de educação básica: até o 5º ano, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. O Ideb é calculado a cada dois anos. O último índice era de 2015, quando o estado liderava.

Agora a rede paulista de ensino tem nota 3,8 (no Ideb anterior, de 2015, tinha 3,9) e já foi ultrapassa-da por Espírito Santo (4,1), Goiás (4,3) e Pernambuco (4) e empata com Ceará e Rondônia. A esperan-ça é que um dia, o Estado de São Paulo chegue a nota 6.

Sendo uma grande bandeira de campanha, Alckmin enaltecia a educação paulista como um bom exemplo. Porém, quando questio-nado com a queda nos índices, o tucano culpou o governo federal, criticando a maneira de análise do Ideb, afirmando que esses dados oficiais não levam em conta as escolas técnicas de São Paulo.

“A portaria do MEC dizia que o Ensino Médio das escolas técnicas talvez era pra valer para os cálcu-los do índice, mas depois o Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira] que aplica a avaliação, tirou as escolas técnicas da conta-gem”, afirmou Geraldo Alckmin.

Segundo o ex-governador, “quem faz o ensino médio na [escola técnica] Paula Souza, faz vestibulinho, são os melhores alunos”. Entretanto, segundo esclarecimento do MEC, as escolas técnicas nunca foram conside-radas na série histórica para a avaliação de municípios e estados.

Hoje, apenas 4% dos cerca de 1,5 milhão de alunos de Ensino Médio da rede pública de São Paulo estão nas escolas técnicas.

LUTAPara Lucas Chen, presidente

da União Municipal dos Estu-dantes Secundaristas (UMES), o ex-governador é responsável pelo desastre na educação paulista. “Alckmin é conhecido nas escolas como o maior inimigo da educa-ção, desde o fechamento de salas, até o desvio da merenda. Sabía-mos muito bem que o tucano não tinha compromisso com o povo. As ETEC’s que ele se vangloria tanto sofreram sistemáticos cortes no último período. Apenas em 2015, foram cortados 78,15% da verba de construção de novas ETEC’s e compra de equipamentos das unidades. Estes cortes levaram ao sucateamento máximo sofrido pelas mãos tucanas”.

“Ainda, Alckmin disse que o que fez em São Paulo, fará no Brasil. Com o exemplo dos níveis da educação Paulista, para nós, isso é uma ameaça. Mas ele está acostumado com a força dos estu-dantes que o derrotaram, demiti-ram seu secretário de educação e o fizeram engolir goela abaixo sua mentirosa reorganização”, afirmou Lucas Chen.

RESISTÊNCIANão é de hoje que a educação

paulista sofre com a política de desmonte dos tucanos. Medidas como a aprovação automática, a falta de infraestrutura, os baixos salários pagos aos professores e a falta de programas de qualifi-cação, vêm destruindo as escolas do estado.

Em 2015, professores protago-nizaram uma das maiores greves já registradas na rede (93 dias), por melhorias na educação e por abono salarial.

Ainda, no mesmo ano, o tucano queria propor a “reorganização escolar”, que previa o fechamento de 94 escolas estaduais. A medida encontrou firme resistência por parte dos estudantes. Grandes manifestações, assembléias e au-diências foram realizadas e mais de 200 escolas foram ocupadas, contra o projeto de Alckmin. Após meses de luta, o tucano revogou a proposta e o seu secretário de Educação, Hermann Voorwald, pediu a demissão do cargo.

Em 2016, apesar do aumento de cerca de 70 mil matrículas na rede estadual – principalmente em consequência da crise eco-nômica, Alckmin fechou cerca de 2.800 salas de aula da rede estadual. O Ministério Público pediu declarações para o então governador na época, e o tucano afirmou a justiça, que era “natu-ral” o fechamento dessas salas de aula.

As ETECs, exemplo de ensino do governador, existentes há mais de 100 anos, só obtiveram meren-da nos seus centros de ensino, a partir de 2017, porém são muitos, os problemas relatados, desde comida estragada, até o pequeno grupo seletivo de alunos em ensi-no integral que podem receber a alimentação. Alunos de meio perí-odo nas ETECs não têm direito ao recebimento de merenda escolar.

MERENDAAinda em 2016, o governo de

Alckmin se viu envolvido em mais um escândalo envolvendo a Edu-cação. Investigação conduzida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de São Paulo, por meio da Operação Alba Branca, apontou fraudes na compra de merenda no estado.

Fernando Capez, um dos prin-cipais nomes dos tucanos na Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp) foi acusado de ser beneficiário do roubo da merenda.

À época, ele foi denunciado junto com mais 8 pessoas pela operação Alba Branca. A denún-cia afirma que “por intermédio do assessor parlamentar Jeter Rodrigues Pereira, com quem agia em concurso e com identidade de propósitos, Capez solicitou vanta-gem indevida” de representantes da Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar).

O dinheiro desviado do estado foi de R$ 1,11 milhão, equivalente a 10% dos contratos, e pagou des-pesas da campanha do tucano em 2014, segundo a acusação.

As acusações contra Capez e os tucanos de São Paulo foram barradas pelo já famoso trio da 2ª Turma do STF: Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewan-dowisk, que consideraram não haver provas para continuar a investigação.

THIAGO CÉSAR

Sartori quer mais ajuste e arrocho contra gaúchos

Alckmin fala em melhorar Educação, mas não explica seu fracasso em SP

Márcio França desmente a campanha do tucano Dória

José Ivo Sartori (PMDB) candidato ao go-verno do Estado do Rio Grande do Sul e atual ocupante do cargo, defendeu como principal bandeira de campanha, a continuidade da política de arrocho fiscal adotada por ele em conluio o governo Temer.

Sartori afirmou em entrevistas e em encon-tros partidários que o caminho é o arrocho dos trabalhadores por meio do projeto intitulado pelo governo Temer de “Regime de Recupe-ração Fiscal”. Onde os governos privatizam e/ou federalizam suas estatais, congelam salá-rios, parcelam os pagamentos, aumentam as alíquotas previdenciárias e o governo federal segura por até três anos a divida do estado com a União.

“O que nós não podemos perder, eu acredito que é o caminho, é buscar a adesão ao regime de recuperação fiscal, porque significa perma-necer no Rio Grande do Sul, 11 bilhões e 300 milhões de reais em três anos, e que iriam para os cofres da União. Isso nós temos que fazer. Segundo, continuar fazendo as propostas de federalização ou privatização de empresas no Estado”, afirmou o governador em busca da reeleição.

Sartori sancionou a lei que autoriza o Rio Grande do Sul a aderir ao regime de arrocho em março, nele está prevista a venda de ativos, aumento da contribuição previdenciária dos servidores, de 11 para 14% e o congelamento de salários no próximo período.

Seu plano é privatizar 49% da estatal Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul), da CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica), da Sulgás (Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul) e da CRM (Companhia Riograndense de Mineração).

Contra essas medidas foram 3 meses de greve do magistrado, além de diversos setores do serviço público. Mesmo com a adesão ao arrocho fiscal os salários continuam parcela-dos, funcionários de estatais demitidos sem acordos coletivos.

O outro estado que aderiu firmemente ao regime de Temer é o Rio de Janeiro, que vive a pior crise de seu passado recente.

Candidato do PSDB justificou piora dos índices do estado no Ideb com falsa mudança da metodologia. “Ele diz que fará o que fez em SP pelo Brasil. Isso é uma ameaça”, critica o presidente da UMES-SP

O candidato ao governo do Estado de São Paulo pelo PSB e atual ocupante do cargo, Márcio França, contestou, em seu programa eleitoral, as promessas de campanha João Dória (PSDB), também candidato ao Palácio dos Ban-deirantes.

Em sua campanha, Dória afirma que zerou “fila de qua-se meio milhão de pessoas que esperavam para fazer exames de imagem” em SP.

O candidato do PSB aponta dados da auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Município (TCM), para con-testar a afirmação de Dória. E usa fotos de reportagens com títulos como: “Dória deixa herança de filas de exame e consulta fora de prazo pro-metido”, para contrapor as mentiras de Dória.

O candidato tucano diz

Governador do Rio Grande do Sul

Em 2016, estudantes comandaram a luta contra o fechamento de escolas

O sambista Wilson Moreira nos deixou na noite desta sexta-feira (7), no Rio de Janeiro. O músico, de 81 anos, foi vítima de um câncer.

Nascido no bairro do Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro em 1936, Wilson Moreira é descendente de afri-canos escravizados e teve contato com a música logo cedo. O menino nascido em família de jongueiros e tocadores de caxambu, logo se revelou um talento nato e referência musical se tornando um dos mestres do samba. Em 1955, ele esteve na fundação da ala dos compositores da escola de samba Mocidade Independen-te de Padre Miguel e fez seu primeiro samba-enredo para a agremiação, a faixa Bahia, em pareceria com Ivan Pereira. Alguns anos depois, passou pela ala de compositores da Portela, onde também fez história e conheceu parte dos parcei-ros musicais.

Entre os sucessos do artista estão “Te Segura”, “Goiabada Cascão”, “Morren-do de Saudade” e “Peso na Balança”, gravados por Beth Carvalho; “Gostoso Veneno”, na voz de Alcione; “Mulata do Balaio” e “Deixa Clarear”, com Clara Nunes; e “Cidade Assassina”, gravada por Elizeth Cardoso.

Em parceria com Nei Lopes, gravou os discos “A Arte Negra de Wilson Moreira e Nei Lopes”, lançado em 1980, e “O Partido (Muito) Alto de Wilson Moreira e Nei Lopes”, de 1985.

Wilson Moreira tinha câncer na próstata havia dez anos, e foi internado no último dia 3. Ele, porém não resistiu aos problemas renais gerados pelo cân-cer, que se espalhou e atingiu os rins do cantor, vindo a falecer na noite desta quinta-feira no Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Durante a manhã deste sábado, milha-res de amigos, admiradores e familiares passaram pela Câmara dos Vereadores do Rio para homenagear o sambista pela última vez, ao som que ele mais gostava. ‘Judia de mim’ composta ao lado de Zeca Pagodinho, ‘Goiabada Cascão’ e ‘Senhora da Liberdade’, pérolas compostas ao lado do parceiro Nei Lopes, foram algumas das coletâneas cantadas durante a vigília.

André Luis Serra, filho de Wilson, disse que o pai é merecedor de todas as homenagens. “Foi um momento lindo, digno do que ele merece. Ele era uma pessoa íntegra e muito querida por todos. Ver tanta gente aqui se despedindo dele e expressando tanto carinho acalenta o nosso coração”.

Emocionada, a esposa de Wilson falou sobre o marido. “Ele foi uma pessoa mui-to boa, que nunca fez mal a ninguém e que vai deixar muitos amigos. Agradeço por ter tido ele aqui nesta terra”.

ainda que têm como projeto para o estado a ampliação, em parceira com a iniciativa privada, das Assistências Mé-dicas Ambulatoriais (AMAs) para ampliar o atendimento básico à população.

Entretanto, na sua gestão, Doria propôs o fechamento de 108 AMAs.

Além de criticar o adver-sário, Marcio França se com-prometeu em ampliar a rede de AMAs e em abrir os Am-bulatórios Médicos de Espe-cialidades (AMEs) aos finais de semana. De acordo com o candidato peessebista , caso os AMEs fossem abertos aos fins de semana, a fila seria encerrada em poucos meses. “Os exames para os AMEs abrirem nos finais de semana custam R$ 130 milhões. Em seis meses a gente zera a fila”, prometeu.

SBPC defende repatriação de peças para recompor o acervo do Museu Nacional

O presidente da So-ciedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e professor do Instituto de Física da UFRJ, Ildeu de Castro Moreira destaca que a recomposição do acervo do Museu Nacional deve passar pela repatriação de peças coletadas no Brasil por naturalistas estrangeiros.

“O Ministério das Re-lações Exteriores deveria ter uma atuação forte nesse sentido. Doações são bem-vindas, mas o Brasil deveria lutar pelo o que é seu de direito também”, destaca o pre-sidente da SBPC, que é especialista em história da ciência no Brasil.

Segundo o cientista, existem milhares de espé-cies de plantas, animais e fósseis brasileiros em museus no exterior. Mui-tas coleções são superio-res inclusive a algumas das destruídas pelo fogo.

“É o caso, por exemplo, das coleções reunidas pelos naturalistas alemães Carl von Martius e Johann Bap-tist von Spix. Eles chega-ram ao Brasil na comitiva da então princesa Leopol-dina e de 1817 a 1820, ex-ploraram do Rio de Janeiro à Amazônia. O trabalho dos dois está na base do conhecimento sobre a bio-diversidade brasileira. É de Martius a obra fundadora de nossa botânica, a ‘Flora Brasiliensis’. Hoje, milha-res espécimes de Martius

estão, principalmente, na Coleção Botânica Nacional, em Munique, na Alemanha, e no Jardim Botânico Nacio-nal da Bélgica”, exemplificou Ildeu de Castro.

Segundo ele, falta no Brasil uma política nacio-nal de patrimônio e que a tragédia do Museu Nacio-nal foi o desfecho trágico da negligência histórica das instituições brasileiras com a memória e produção científica nacional.

“A verdade é que o país nunca valorizou como deveria seu patrimônio. Temos que reconhecer que a própria UFRJ não dava e nunca deu a devida importância não apenas ao museu, mas a outras coleções importantes que possui. O museu nunca foi prioridade, em instância alguma. Não deve ser visto como feudo deste ou daque-le ministério, mas como um bem comum”, frisou.

RISCOSO diretor do Museu Na-

cional, Alexander Kellner, que assumiu a direção da instituição em abril, contou que a luta é para retomar os trabalhos e evitar o fechamento total. “O luto está com a gente, ficará eternamente com a gente, mas temos de tra-balhar. Quero montar uma exposição já, o mais rápido possível, para mostrar que o museu está vivo. Mas precisamos da ajuda do governo ou vamos fechar as portas de vez”, disse.

A SBPC, a ABC e deze-

nas de entidades cientí-ficas do País divulgaram manifesto em defesa do Museu Nacional e do patrimônio cultural e científico do País. Para salvá-los “são necessárias medidas concretas e o es-tabelecimento efetivo de políticas públicas”.

“Como se já não bas-tasse a ameaça para o futuro da nação asso-ciada aos severos cortes orçamentários, que têm afetado o desenvolvimen-to científico e tecnológico do país, agora esvai-se a memória do passado, ma-téria prima essencial para a construção da identida-de nacional”, afirmou o manifesto.

“A morte do Museu Na-cional tem um significado simbólico que vai além dessa imensa perda para a cultura brasileira. Pois outros ativos também es-tão perecendo: com muita preocupação acompanha-mos a desindustrialização do país, (...) o sucatea-mento de laboratórios de pesquisa de universidades e de outras instituições de ciência e tecnologia (...), fruto de uma política econômica que ignora o papel essencial da ciência, da educação, da cultura e da inovação no desenvol-vimento de um país. Que trata recursos para C&T como gastos, e não como investimentos com alto poder de retorno, que con-tribuem para aumentar o PIB”, aponta o manifesto.

Arq

uivoWilson Moreira

A íntima relação da quadrilha do PT com a do PMDB é de conheci-mento público. No Rio de Janeiro, não é de hoje seus principais quadros se articulam na divisão do estado e, nesta semana, tivemos mais um exemplo do acordão político entre os dois partidos.

Dessa vez, o presidente do PT do Rio de Janeiro, Washington Quaquá, dei-xou de vez a cerimônia e resolveu declarar apoio à candidatura de Eduardo Paes que, apesar de estar filiado ao DEM, é o repre-sentante da quadrilha de Sérgio Cabral (PMDB) na disputa pelo governo do estado. O candidato a deputado federal pelo PT e ex-vice de Paes, Adilson Pires, também aderiu à campanha ao lado do ex--prefeito carioca.

O que os líderes petis-tas se esqueceram é fato de o PT já ter candidatura ao governo do estado, a fi-lósofa Márcia Tiburi. Ape-sar de não estar indo tão bem nas pesquisas – com apenas 1% das intenções de voto, Tiburi diz que é a candidata do Lula no estado.

Pelo visto, o presidente

RJ: Petistas esquecem candidata e promovem ato com Paes em Maricá“Merda de lugar”, disse o ex-PMDB em conversa com Lula em 2016

Eduardo Paes junto aos atuais presidiários Lula e Cabraldo PT do Rio discorda da candidata.

EVENTONeste final de semana,

Paes participou de um ato promovido pelo PT na ci-dade de Maricá. Local este que, em conversa telefôni-ca com o Lula o ex-prefeito do Rio chamou de “merda de lugar”.

A conversa com Lula foi gravada com autorização da Justiça e divulgada em 2016, após ter sido revela-da a existência do sítio de Atibaia.

“O senhor é uma alma de pobre. Eu, todo mundo que fala aqui no meio, eu falo o seguinte: imagina se fosse aqui no Rio esse sítio

dele, não é em Petrópolis, não é em Itaipava. É como se fosse em Maricá. É uma merda de lugar, porra!”, disse Paes na ocasião no telefonema, que foi acom-panhado de risos do ex--presidente Lula.

Em uma casa de fes-tas lotada, o candidato recebeu apoio de dez dos 17 vereadores da cidade, mostrando que o prefeito petista Fabiano Horta e seu padrinho, Washington Quaquá, possuem uma relação muito íntima com o candidato do DEM.

Já o PT considera a gestão da cidade como o “modo petista de gover-nar”...

5GERAL12 E 13 DE SETEMBRO DE 2018 HP

Dados alarmantes apontam que 20% dos intoxicados por agrotóxicos são crianças

Em debate, Meirelles diz que tem dinheiro guardado no exterior para investir no Brasil quando morrer

“Vamos derrubar MP de Temer que adia reajuste”, diz líder dos policiais federais

Luís Boudens: “Vamos entrar com as medidas judiciais cabíveis”

Multi, dona da Brastemp, é multadapor descumprir normas trabalhistas

Enquanto a bancada ruralista tenta afrou-xar o controle sobre os agrotóxicos com o PL do veneno (PL6922/2002), estudo da Universida-de de São Paulo (USP) aponta que 25 mil pes-soas foram intoxicadas pelo uso do produto en-tre 2007 e 2014, dessas 20% são crianças.

Os 25 mil casos no-tificados representam um total de 3.125 casos de intoxicação por ano, e uma média de oito intoxicações diárias. O “Atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Européia” diz que o número de notificações não corresponde ao to-tal de pessoas intoxica-das pelos agrotóxicos, estimando-se 50 casos não notif icados para cada notificado.

“Os casos represen-t a d o s n o m a p a s ã o , portanto, a ‘ponta do i ceberg ’ , apenas 2% do tota l . Por conse -guinte, é possível que tenha havido 1.250.00 (um milhão e duzen-tas e c inqüenta mil) intoxicações por agro-tóxicos de uso agríco-la neste período.”, diz a autora, professora doutora no Departa-

mento de Geogra f i a da USP, Larissa Mies Bombardi.

O estudo demonstra a inda que “no tota l tivemos 1186 casos de mortes por intoxicação por agrotóxicos de uso agrícola, o que significa uma média de 148 mor-tes por ano ou o equi-valente a uma a cada dois dias e meio.”, em números oficiais, uma pessoa morre a cada dois dias e meio.

Um dos dados mais a larmantes trata da quantidade de bebês de 0 a 12 meses vítimas do produto, chegando a 343 casos notificados no período de 2007 a 2014.“Se em números o f i c ia is t ivemos 343 bebês intoxicados neste período, possivelmen-te este número rea l pode ter chegado a 17 mil bebês intoxicados, considerando que para cada caso tem-se 50 não notificados.”

A autora dividiu os casos em três catego-rias: “uso habitual”, “acidental” e “tentati-vas de suicídio”, onde as duas primeiras estão relacionadas à ativi-dade laboral cotidiana entre os camponeses e trabalhadores rurais e

suas famílias. Os dados sobre crianças e ado-lescentes intoxicados estão relacionados com a infância no meio rural e à contaminação de ali-mentos com altas doses de agrotóxicos.

O relator do PL do ve-neno, deputado federal Luiz Nishimori (PR), ao defender o projeto disse que a lei brasileira é de-fasada e impõe “muita burocracia” ao setor e que a liberação precisa ser facilitada.

Enquanto isso, a rea-lidade é que no Brasil a lei é muito mais branda que na Europa , por exemplo, onde a água potáve l pode conter apenas 0,1 miligramas de glifosato (herbicida mais vendido do mun-do), por litro, no Brasil o limite é 5 vezes su-perior.

A legislação brasilei-ra permite na produção do feijão uma quantida-de 400 vezes maior que na Europa. No caso da soja, essa quantidade chega a ser 200 vezes super ior. Segundo a Fiocruz, o Brasil é o país que mais consome agrotóxicos em todo o mundo, pelo décimo ano seguido.

RODRIGO LUCAS

Dona da Brastemp e Cônsul, a multinacional Whirlpool é multada em R$ 25,3 milhões por des-cumprir Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público do Trabalho (MPT) em 2011, expondo os trabalha-dores a doenças e acidentes no ambiente de trabalho.

A procuradora do MPT, Fabíola Junges Zani, en-trou com ação de execução da TAC na justiça do Traba-lho após a empresa deixar de cumprir dez cláusulas do acordo. A juíza Karine da Justa Teixeira Rocha, da Vara do Trabalho de Rio Claro, já determinou o pagamento da multa no dia 22 de agosto.

O Grupo Estadual de Ergonomia da Superin-tendência Regional do Trabalho do Estado de São Paulo fiscalizou a empresa em 2017, aplicando 44 autos de infração, sobre as condições precárias de saúde e segurança dos tra-balhadores, descumprindo as cláusulas do TAC.

O comunicado diz que as ações da empresa ex-puseram os trabalhadores a doenças e acidentes no ambiente de trabalho, em especial, Lesões por Es-forço Repetitivo (LER) e Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (DORT), não adaptando os postos de trabalho as normas ergométricas.

“A empresa não pro-cedeu à diversificação de tarefas dos trabalhadores

Em entrevista ao HP, o presidente da Fenapef, Luís Antônio de Araújo Boudens, afirmou que “não está descar tada uma nova onda de

manifestações da categoria para barrá-la”

Em entrevista a Hora do Povo, nesta segunda-feira (10), o pre-

sidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Antônio de Araújo Bou-dens, declarou que os servidores irão derru-bar a medida provisória que adia o reajuste dos servidores públicos fe-derais do próximo ano para 2020.

“Nós vamos entrar com as medidas judiciais cabíveis para garantir esse reajuste, até por que essa matéria já foi analisada pelo STF, no ano passado, e o ministro Ricardo Lewandowski deu ganho de causa aos servidores públicos. Não tem porque haver prote-lação deste percentual, o acordo veio depois de 9 anos sem qualquer rea-juste, de perdas salariais enormes acumuladas, muitas negociações a duras penas. Nós es-tamos reorganizando a União dos Policiais do Brasil (UPB) para unirmos todas as forças da segurança pública do país contra essa medi-da provisória. Não está descartada uma nova onda de manifestações da categoria para barrá-la”, afirmou Boudens.

Os Policiais federais receberam com indigna-ção a publicação da Medi-da Provisória 849/2018, que adia o pagamento de reajustes do serviço público para 2020. Os reajustes fazem parte de um acordo firmado entre governo e os servi-dores federais em 2015, que deveriam ser pagos no ano de 2016 e 2019, entretanto, Temer, que havia anunciado no dia 29/8 que não adiaria a úl-tima parcela da reposição salarial dos servidores, mudou de ideia e publi-cou a medida, que agora passará por aprovação na Câmara e no Senado.

O reajuste previsto no acordo para os policiais federais, rodoviários e po-liciais civis ex-territórios é de 4,75%.

Em nota publicada em seu site, a Fenapef criticou a manobra do Palácio do Planalto para não cumprir com o acor-do. “O encaminhamento da MP pelo Executivo caracteriza total incapa-cidade do governo atual de gerenciar o Brasil e de manter compromissos firmados com os brasilei-ros. O governo opta por continuar sacrificando os servidores públicos, inclusive aqueles que atuam em áreas essen-ciais e sensíveis à po-pulação, especialmente em períodos de crise e instabilidade institucio-nal, como é o caso das polícias Federal e Rodo-viária Federal”.

O presidente da Fena-pef explicou que a “vida dos policiais federais não é fácil”, pois a categoria não ganha hora extra, não tem fundo de garantia, não tem auxilio moradia e nem auxílio paletó, e os policiais federais não podem exercer outras ati-vidades de trabalho para aumentar sua renda, pois “a lei não nos permite fa-zer outra coisa a não ser sermos policiais”, frisou o agente da PF.

Antônio Boudens lem-brou ainda que os po-liciais federais sofrem ameaça permanente so-bre a aposentadoria. “A única diferença que nós temos é a aposentadoria aos 30 anos por conta da nossa atividade de risco, e até isto nós estamos sendo atacados por conta da nossa exposição e na intensidade de nossos tra-balhos”, disse Boudens, destacando o bom papel que a Policia Federal tem cumprido no combate a corrupção e demais ati-vidades realizadas nos últimos anos.

ANTONIO ROSA

Um dos dados mais alarmantes trata da quantidade de bebês de 0 a 12 meses vítimas do produto, chegando a 343 casos notificados no período de 2007 a 2014.“Se em números oficiais tivemos 343 bebês intoxicados neste período, possivelmente este número real pode ter

chegado a 17 mil bebês intoxicados, considerando que para cadacaso tem-se 50 não notificados”, diz a doutora no Departamento

de Geografia da USP, Larissa Mies Bombardi.

A TV Gazeta realizou mais um debate entre os candidatos à Presidência da República. O evento aconteceu no domingo (9), o terceiro a reunir os presidenciáveis na televisão e pri-meiro após a facada no candidato do PSL, Jair Bolsonaro, teve as presenças de Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alck-min (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Hen-rique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede).

O Cabo Daciolo (Patriota) não compareceu. Ele, que é evangélico, anunciou que realizaria jejum por 21 dias, e, em função disso, suspende-ria os atos de campanha. Além dele e Bolsonaro, a outra ausência foi do candidato do PT, que ainda não anunciou a substituição de Lula, que foi barrado pela Justiça Eleitoral por ter sido condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro.

A falta de empolgação entre os presentes marcou o debate e mesmo aliados políticos dos candidatos não prestigiaram o evento – nenhum dos candidatos a vice compareceu. A audiência do debate na televisão também foi inexpressiva.

Ciro teve quase metade (45%) das menções ao debate no Twitter, mas talvez não tenha muito a celebrar. A hashtag sequer estaria entre os assuntos mais comentados se não es-tivesse sendo patrocinada. O pedetista chegou a arrancar risadas da plateia ao ensaiar passos de dança, em dois intervalos, enquanto ouvia a informação de que liderava as menções – ainda que pudessem ser negativas, positivas ou neu-tras como enfatizava a emissora.

Sobre a ausência de Bolsonaro em embates diretos, como os debates, ele comentou: “Ainda que eu não concorde com nada do que ele fala, que ele diz, que ele representa, para mim foi chocante”. “Essa radicalização ia descambar para a violência, infelizmente aconteceu”, disse.

O pedetista deu uma escorregada, quando saiu em defesa de Henrique Meirelles. O can-didato do MDB foi interpelado por um jorna-lista sobre se acha moralmente correto manter dinheiro em paraísos fiscais. O emedebista se enrolou na resposta e Ciro o socorreu, afirman-do que Meirelles “não é desonesto”, mas que “o Brasil permite de uma forma imoral que ele, que comandou a autoridade monetária”, mantenha dinheiro no exterior.

Sobre seu dinheiro no exterior, Meirelles disse que é um fundo para investir na educação no Brasil quando morrer.

A bem da verdade, Meirelles não tem nada de honesto e só não foi parar na cadeia porque Lula, por meio de Medida Provisória no pri-meiro mandato, elevou a presidência do Banco Central – até então uma repartição da Fazenda – a ministério. Assim, Meirelles conseguiu “foro privilegiado” para escapar de uma investigação sobre o escândalo do Banestado.

No caso que estava sob a responsabilidade do juiz Sérgio Moro, o candidato do MDB res-pondia por evasão de divisas no valor total de R$ 1.400.000.000,00 (um bilhão e quatrocentos milhões de reais), através da empresa Boston Comercial e Participações Ltda, pertencente ao BankBoston, do qual era presidente, e a entrada ilícita no Brasil de US$ 2.800.000,00 (dois milhões e oitocentos mil dólares), pela empresa Silvania Empreendimentos e Parti-cipações Ltda, uma das empresas de fachada de Meirelles.

Nos blocos com a troca de perguntas entre os candidatos, repetiu-se a tática de jogar uma pergunta sobre algum assunto, para que na réplica pudesse promover suas próprias ideias. Foi assim com Marina Silva quando perguntou a Guilherme Boulos (PSOL) sobre a questão indígena e, na sequência, falou sobre os projetos da Rede para o assunto.

Em outra oportunidade, a candidata da Rede fustigou Geraldo Alckmin. Pergunta-do por jornalista sobre prisões de petistas e tucanos por corrupção, ele disse que Lula foi condenado em duas instâncias e o senador Aécio Neves (PSDB/MG), não. Quanto à ação de improbidade movida contra ele, alegou que é “estranho” que tenha sido proposta a um mês das eleições.

No comentário, Marina ressaltou que PT e PSDB são “faces da mesma moeda” e “estão envolvidos em graves esquemas de corrupção”. A única diferença de Aécio em relação a petis-tas, apontou, é o foro privilegiado.

WALTER FELIX

que exercem atividades re-petitivas ou que acarretam sobrecarga osteomuscular. O rodízio implementado pela empresa é feito entre postos e atividades que mantêm trabalhadores ex-postos a grande repetiti-vidade de movimentos e a sobrecarga do mesmo grupo osteomuscular, situação que ainda é agravada pelo ritmo de trabalho”, explica à procuradora.

Diz também que, foram denunciados irregularida-des na jornada de trabalho, sendo que a multinacional sempre adotou uma prá-tica de jornadas excessiva com até três horas a mais, por dia, todos os dias, com um ritmo acelerado. Em alguns casos a jornada ex-trapola dez horas diárias, com trabalhos inclusive aos domingos. Problemas com a reinserção de tra-balhadores com doenças provocadas pelo trabalho, na reabilitação deles, en-tre outros, também foram denunciados.

Em ritmo acelerado 90% dos empregados traba-lham em pé, sendo que 63% informaram que não é possível interromper as atividades, e 62% informa-ram que existem assentos disponíveis, mas não con-seguem parar para sentar, pois quem determina a atividade é a esteira, a linha de produção. A empresa também não adequou às bancadas, mesas, escriva-ninhas e painéis, previsão que consta do TAC.

Para presidente do Sindecon-DF, “não há serviço público de qualidade sem valorizar servidor”

O presidente do Sindicato dos Econo-mistas do Distrito Fe-deral (SINDECON-DF), Flauzino Antu-nes Neto, criticou o adiamento da segunda parcela da reposição sa-larial dos servidores da administração pública federal para 2020.

“A Dilma [PT] deu reajuste abaixo da in-flação e Temer [MDB] não deu nenhum rea-juste e jogou a última negociação, que era para ser paga este ano, para 2020. Isto ai é um congelamento, um en-forcamento do serviço publico sem preceden-te, pior que o Fernando Henrique [PSDB]”, destacou Flauzino.

Para o economis-ta, “se queremos um serviço público de qua-lidade sem valorizar o

servidor, não vamos chegar lá, nunca!”, disse Flauzino, expli-cando que por conta da política de corte de gastos e enxugamento da maquina pública, “o país tem presenciando a volta da malária, do sarampo, do trabalho escravo, e tragédias como o caso de Maria-na, em Minas Gerais, e até o incêndio do Museu Nacional”.

Segundo Flauzino Neto, está política neoliberal de Temer tem que ser barra-da nestas eleições. “Num país desigual, que está precisando de aporte de políticas públicas e de inves-timento para recu-perar o crescimento econômico, a políti-ca de austeridade só prejudica”.

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INTERNACIONAL 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2018HP6

Argentinos exigem a recuperação do poder aquisitivo

Nicaraguenses marcham por liberdade para os prisioneiros do regime de Ortega

“Os coreanos travam uma luta dinâmica pela reunificação da Pátria”

Angola: em meio a campanha contra corrupção, MPLA afasta do comando o ex-presidente Eduardo dos Santos

Egito: juiz condena à morte 75 sobreviventes do massacre de manifestantes contra o governo

EFE

Aos 70 anos, Coreia Popular faz ato pelo desenvolvimento e reunificação

Imprensa dos EUA reporta “plano de intervenção” da Casa Branca em apoio a “conspiração na Venezuela”

O desfile deste ano foi marcado pelo entusiasmo dos participantes diante dos avanços no relacionamento intercoreano e a perspectiva de que a Península se livre do belicismo e divisão fomentados pelos EUA

Manifestações contra arrocho e desmonte macrista tomam as ruas de Buenos Aires

Com muita música, flores e alegria em in-tensas mobilizações populares, toda a Co-

reia festejou o 70º aniversário de Fundação da República Popular da Coreia – RPDC neste domingo, (9), e muitas atividades que contou com a presença de uma enorme delegação estrangeira de alto nível da China, da Rússia e da Coreia do Sul e de muitos países asiáticos, africanos e la-tino-americanos. Em destaque a Reunificação e o desenvolvi-mento econômico do país.

O grandioso desfile militar tradicional nas comemorações nacionais foi presidido pelo presidente do Comitê de Es-tado da RPDC, comandante em chefe da Forças Armadas e presidente do PTC – Partido do Trabalho da Coreia, Kim Jong Un com entusiasmados aplau-sos. Ele estava acompanhado pelos convidados estrangeiros, diplomatas e as autoridades locais.

O discurso principal ficou a cargo de Kim Yong Nam, mem-bro do Presidium do Bureau Político do Comitê Central do PTC e presidente do Presi-dium da Assembleia Nacional Popular Suprema da RPDC que felicitou os milhares de participantes e convidados, aos mártires revolucionários da luta antijaponesa, aos már-tires patrióticos que dedicaram a vida a causa da liberdade e da independência além de uma saudação especial aos compatriotas da Coreia do Sul. Kim destacou que “A RPDC se converteu em uma potência militar capaz de defender-se a si mesma. Os soldados devem estar preparados não só para combater, mas também para melhorar o desenvolvimento econômico.”

“A história dos 70 anos da RPDC é de grandes mudanças e triunfos na Coreia que antes era submetida ao atraso de séculos e se transformou num Estado socialista com poderio invencível”, disse Kim Yong Nam e acrescentou: “sob a direção do presidente Kim Il Sung e do dirigente Kim Jong Il a RPDC se fortaleceu como digno do povo e forta-leza de caráter independente, autárquico e auto defensivo que encarna a ideia original sobre a construção do Estado socialista de tipo Jucheano, e se preparou com firme fun-damento para a construção do país como potência, o que é a mais relevante vitória alcança-da no forjamento dos destinos da nação.

Seguindo o desfile militar, milhares de cidadãos com suas melhores galas prosseguiram desfilando em acolhimento e apoio às políticas propostas pelos líderes – a reunificação e o desenvolvimento econômico. Levantando as bandeiras do Partido do Trabalho da Coreia e da República os manifestan-tes desfilaram ao compasso das canções em homenagem a Kim Il Sung e Kim Jong Il. Um dos setores do desfile que mais empolgou os presentes foi o da União das Crianças Coreanas que encantou a todos.

Desfiles como este acon-teceram em todas as provín-cias do país.

Outra grande atividade comemorativa dos 70 anos da RPDC foi Ato Político Central no Estádio Primeiro de Maio. Com a presença de Kim Jong Un, o ato reuniu milhares de participantes e contou com a participação na tribuna de honra dos mem-bros do governo, do Exército e demais forças armadas, do Partido do Trabalho da Co-reia e hóspedes estrangeiros destacados como o enviado especial do presidente da Chi-na, Xi Jinping, o presidente do Comitê Permanente da Assembleia Popular Nacional da China, Li Zhanshu. Neste grande ato coube também a Kim Yong Nam fazer o discur-so de abertura:

“O presidente Kim Il Sung fundou a RPDC em 9 de Se-tembro de 1948, um grande acontecimento histórico que tornou realidade o sonho do povo coreano em ter um verdadeiro poder estatal das massas populares. Em sua complicada trajetória de 70 anos a RPDC manteve inva-riavelmente seu ideal de inde-pendência nacional e amor ao povo inscrito em sua bandeira nacional.

“Sob a bandeira da inde-pendência nacional e grande unidade nacional, a RPDC tem travado uma luta dinâmi-ca pela reunificação da pátria e tem feito aportes ativos à causa da independência no mundo inteiro mantendo sempre seu ideal de política ex-terior pela independência, paz e amizade. Verdadeiramente a RPDC é o eterno país do Sol e a máxima herança patriótica legada às futuras gerações por Kim Il Sung e Kim Jong Il. O governo da RPDC segui-rá lutando firmemente pela melhoria das relações Norte-Sul, a reunificação da pátria, a eterna paz e estabilidade da Península Coreana e a cons-trução de um novo mundo justo”, concluiu.

O magnífico espetáculo de dança e ginástica massiva com movimentos elegantes, música, canto e incríveis acrobacias apresentados sob o título de “País Resplandecente” foi ova-cionado pelo público. A função artística composta pelo prólogo “Monte Bektu, onde sai o sol”, e vários quadros como “O so-cialismo é a nossa casa”, “O caminho para a vitória”, Época comovente”, “Pátria reunifica-da de 3 mil ries[medida coreana de distância]” e “Amizade Inter-nacional” descreveram uma be-líssima epopeia e emocionaram a todos. Mais comemorações se realizarão por todo o mês de setembro em toda a Coreia marcando a decisão de todo um país unido em torno de seu líder para conquistar o tão sonhado tratado de paz que substitua o armistício, que é apenas uma trégua na guerra, estabelecendo a paz e o equilíbrio na Península Coreana e a reunificação discu-tida amistosamente entre os irmãos coreanos sem ingerência estrangeira.

ROSANITA CAMPOS

O “The New York Times” confirmou no último final de semana os “planos de intervenção” e o “apoio a conspira-ções militares” de-batidos pelo governo dos Estados Unidos contra o governo de Nicolas Maduro, na Venezuela.

Conforme o jornal estadunidense, para materializar o golpe de Estado, ocorreram pelo menos três reu-niões entre o governo Trump e a força públi-ca venezuelana - entre o outono de 2017 e o começo deste ano - re-ferendando um apoio logístico por parte dos EUA ao levante que nunca aconteceu.

Escrito por Ernes-to Londoño e Nico-lás Casey, o artigo do NYT lembra que “estabelecer conta-tos clandestinos com golpistas foi uma grande aposta para Washington, devido a sua longa história de intervenções encober-tas em toda a América Latina”.

É longa e suja a folha corrida do im-perialismo na região, onde desde o final do século XIX, sob a máxima “A Amé-rica para os ameri-canos”, ditada pela doutrina Monroe, os EUA passaram a de-sempenhar o papel cumprido anterior-mente pelas monar-quias ibéricas. Desde o início do século XX, passando pela inter-venção em Cuba atra-vés da Emenda Platt (1902), pela Guate-mala (1954) e Brasil (1964), os estaduni-denses sempre arma-ram golpes contra a soberania nacional e a independência dos nossos povos, no afã de ampliar a subordi-nação e a submissão política e econômica aos seus ditames. Ob-viamente, os inúme-ros erros e atropelos do governo de Madu-ro ao processo demo-crático apenas facili-tam o caminho para esta nova agressão, tão execrável quanto condenável.

Várias manifestações tomaram as ruas do cen-tro da capital argentina, Buenos Aires, na segun-da-feira, 10, repudian-do a política de arrocho do governo de Mauricio Macri. Convocadas pelo Movimento Evita, a Cor-rente dos Trabalhadores da Economia Popular, a Central de Trabalhadores Argentinos Autônoma, a Frente Popular Da-río Santillán, a Corren-te Classista Combativa, entre outras organiza-ções, milhares de pessoas ligadas a cooperativas marcharam até o Minis-tério de Desenvolvimento Humano e Hábitat para exigir uma recomposição dos salários que, com a última desvalorização do peso e uma inflação pre-vista para o ano de 42%, ficaram longe do valor da cesta básica.

“O governo nos deu um aumento miserável de 15% ”, denunciaram os traba-lhadores cooperativistas. “Nas favelas, onde moram cerca de 300 mil pessoas, a situação fica cada vez mais tensa. Hoje se necessitam 19000 pesos [2080 reais] para sobreviver. Mas os trabalhadores das coopera-tivas da Cidade cobramos apenas 8.000 [875 reais], que não dá nem para co-mer”, assinalaram, levan-tando a consigna “Basta de ajuste e fome! Aumento Salarial já!".

Ao mesmo tempo, tra-balhadores do Ministério de Justiça e Direitos Hu-manos e do Ministério de Segurança se reuniram na frente do Ministério de Fazenda para repudiar o arrocho no setor e defender tanto as fontes de trabalho como seus salários, diante da tentativa do ministro Nicolás Dujovne de en-xugar o funcionalismo pú-blico demitindo milhares de pessoas. Segundo os sindicatos, o objetivo do governo é “administrar o orçamento desde o Minis-tério da Fazenda de forma antinacional cumprindo as exigências do FMI”. Os funcionários, que estão em estado de alerta e mobili-zação desde que o plano de Dujovne ficou público, ad-vertem que poderiam acon-tecer 10 mil demissões.

Os trabalhadores do Es-tado nacional, da indústria e dos meios de comunicação foram os mais afetados por

fechamentos e arrocho. As medias e pequenas empre-sas de indústria nacional (calçados, produção têxtil, alimentação) – enfrentan-do tarifaços de energia, impostos, juros bancários descontrolados, importa-ção ilimitada, consumo mínimo de uma população empobrecida – quebram demitindo trabalhadores. A desvalorização da moe-da (o dólar beira 39 pesos) interfere rapidamente no aumento dos preços dos produtos de consumo, da gasolina (transportes) e energia.

O Promotor da Terceira Idade, Eduardo Semino, denunciou que os aposen-tados e pensionistas acu-mulam uma perda de 9,7% em seu poder aquisitivo no último ano e fecharão 2018 com um retrocesso de 13 pontos percentuais, segundo as previsões do in-forme oficial do Ministério da Fazenda.

Milhares de pessoas se manifestaram no domingo em Manágua e outras cidades da Nicarágua, para exigir a libertação dos detidos em protestos contra o governo de Daniel Ortega, fortemente reprimidos por grupos ligados ao governo, acusados também por bispos de atacarem várias igrejas do país.

Com faixas, bandeiras, segurando balões azuis e brancos, cores dos símbolos nacionais, com a palavra de ordem “Liberdade aos presos políticos”, os participantes percorreram vários quilôme-tros mais que o previsto, sendo obrigados a mudar a rota devido a repressão de forças policiais e antimotins, denun-ciaram os organizadores.

"Não temos medo", entoou a multidão na praça Cristo Rei, região oeste da cidade, em meio a dezenas de policiais e manifestantes pró-governo que chegaram a bordo de caminhões gritando a favor de Ortega.

"Este povo é Elsa Valle, é Irlanda Jerez, é Medardo Mairena. Os presos políticos estão ali (nas prisões) por todos nós que estamos aqui marchando", expressou ao Canal 100% Notícias, Carlos Valle, pai de Elsa, uma das de-tidas, agradecendo a presença dos manifestantes.

Outras mobilizações pela libertação dos presos políticos foram convocadas pela Alian-

ça Cívica e os movimentos estudantis 19 de Abril nas pro-víncias de Rivas (sul), León, Chinandega (oeste), Masaya (leste), Madriz e Nueva Sego-via (norte), onde a praxe foi também a repressão e assédio através de grupos que tenta-vam impedir os protestos.

Na capital, o governo ten-tou abafar as manifestações desviando a atenção para uma caravana de veículos denomi-nada Paz, Vida e Justiça, que com bandeiras símbolo do par-tido Frente Sandinista, toma-do por Ortega e seus aliados, circulou por diversos pontos da cidade, observou Mercedes Dávila, mãe do líder estudantil Edwin Carcache, preso em 4 de setembro por não aceitar a diminuição das verbas para a educação e outras medidas contra a população.

As contramarchas oficia-

listas organizadas de última hora aconteceram em cada uma das cidades onde a opo-sição se manifestava e eram convocadas para a mesma hora e mesmo lugar.

O cardeal Leopoldo Brenes, arcebispo de Manágua, lamen-tou os ataques contra várias igrejas do país executados por simpatizantes do governo e pediu respeito aos templos e às comemorações religiosas.

A crise na Nicarágua teve um ponto de inflexão no dia 18 de abril e até este final de semana provocou a morte de 481 pessoas, em sua maioria jovens que, segundo a Associa-ção Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (Anpdh), morreram pela ação de policiais e parami-litares. O governo só reconhece 198 falecidos e responsabiliza por isso a “grupos da direta terrorista”.

Com o voto de 98% dos 2.000 delegados ao Congresso do Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA) o atual presidente João Lou-renço tornou-se presidente do partido que governa Angola desde a libertação da condição de colônia portuguesa em 1975.

O presidente Lourenço, que se elegeu prometendo investi-gar e punir os corruptos que vicejaram no governo anterior e que ajudaram a drenar rique-zas de um dos mais ricos em petróleo e minerais da África e manter o povo angolano em condições muito inforirores às que a libertação do colonialis-mo prenunciavam.

O ex-presidente Eduardo dos Santos que agora deixa o comando do MPLA admitiu que “cometeu erros” durante o seu governo (ele permaneceu na direção do país desde sua primeira eleição em 1979), mas

declarou que “mantém sua cabeça erguida pois nenhuma atividade está livre de erros”.

Entre os primeiros atos do recém empossado presidente Lourenço foi demitir a filha de Eduardo dos Santos, Isa-bel dos Santos, da estatal do petróleo, Sonangol.

José Filomeno dos Santos, filho do ex-presidente, foi tam-bém demitido de seu posto, do Fundo Soberano Angolano, do qual US$ 5 bilhões foram parar nas mãos de um empresário suíço-agolano Jean-Claude Bastos de Morais, através de sua empresa, a Quantum Global.

O governo de Angola diz que já recuperou para o fundo US$ 2 bilhões.

Entre as delações de Mar-celo Odebrecht figuram as de que Lula traficou influência para beneficiar a empresa com obras em Angola.

Em mais um julgamento em massa, desta vez com 739 réus, uma Corte egípcia conde-nou 75 membros da organização Irmandade Islâmica à morte. Os demais réus também são em sua maioria filiados ou pertencem à área de influência da Irmandade.

O julgamento se deu no dia 8 e tratou dos manifestantes presentes ao acampamento em oposição ao governo do general Al Sisi, que tomara posse após derrubar o governo eleito de Mohamed Morsi, também integrante da Irmandade.

Logo depois da assenção de Sisi ao poder estes opositores montaram uma manifestação em forma de acampamento que durou de 3 de julho a 14 de agosto de 2013, dia em que tanques avançaram sobre a aglomeração na praça Rabaa al-Adawiya, no Cairo.

MASSACREA dispersão usou bombas de gás lacrimogê-

neo e tiros com munição viva para acabar com o ato. Segundo os articulistas Adham Youssef e Ruth Michaelson, em matéria para o jornal inglês, The Guardian, 817 manifestantes foram mortos no dia 14 de agosto de 2013.

O próprio teor dos veredictos proferidos pelo juiz Hassan Farid el-Shami, mostra o estado de arbitrariedade no qual o governo de Al Sisi mergulhou o país. As penas de morte em massa foram atribuídas por ações que vão de assassinatos, a incitamento à quebra da lei, filiação a grupo banido ou por participação em reunião ilegal.

Outros 47, entre eles o principal líder da Ir-mandade, Mohammed Badie, foram condenados a prisão perpétua. 374 réus receberam a pena de 15 anos de reclusão, 22 outros de 10 anos. Todos os veredictos são passíveis de apelação.

O juiz também sentenciou oputros 215 réus, incluindo o fotógrafo, Mahmud Abu Zeid, conhecido por Shawkan, a cinco anos. Segundo o advogado Karim Abdel Radi, estes já podem ser liberados uma vez que estão pre-sos desde o início do processo há cinco anos.

Shawkan foi preso simplesmente por estar cobrindo o acampamento e fotografar a repressão. A cobertura era para a agência inglesa Demotix.

Uma mulher, parente do prisioneiro Yas-sin, um dos condenados à morte, declarou que “os veredictos são absurdos e injustos; os que escaparam do morticínio em Raba agora são condendos à morte”.

Enquanto isso, um silêncio paira sobre as paralizadas investigações sobre os autores do massacre. Além disso, Al Sisi, baixou um decreto dando imunidade aos oficiais de indiciamento relativo a atitudos durante os eventos de descontentamento que se segui-ram à deposição de Morsi.

NASSERISMOUma das principais lideranças que assu-

me a herança da Revolução comandada por Gamal Abdel Nasser, Hamdeen Sabahi, em evento realizado no dia 27 de agosto, organi-zado pelo Movimento Civil Democrático, que resulta da aliança de várias forças seculares e progressistas, chamou todos os egípcios a “se erguerem contra o domínio atual”.

Acrescentando que as autoridades atuais “empobreceram os egípcios e se subordinam a potências estrangeiras” e diante disso “mudar este governo é uma obrigação para todos os egípcios”.

Imediatamente Sabahi tornou-se alvo de 12 processos que incluem desde “insulto ao presidente” até “incitamento para derrubar o governo”.

Organizações de direitos humanos denun-ciam que desde a posse de Al Sisi já foram presos 46 mil por oposição ao seu governo, dos quais, 176 são parlamentares. Um dos presos é o porta-voz do movimento dirigido por Sabahi, Massum Marzouk, que chamou os egípcios a reocuparem a praça Tahrir quando multidões exigiram e obtiveram a deposição do governo antipopular de Hosny Mubarak.

Demonstração tomou diversos quarteirões de Manágua

INTERNACIONAL12 E 13 DE SETEMBRO DE 2018 HP

EUA ataca cidade síria com bombas de fósforo branco

LEONARDO SEVERO

ANTONIO PIMENTA

Vassily Nebenzia, representante da Rússia no Conselho de Segurança

Ocidente se esforça para evitar a queda da fortaleza terrorista em Idlib, diz embaixador russo Nebenzia

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Villalba conquista a liberdade no Paraguai

Já livre Rubén Villalba, último preso político de Curaguaty

Artigo anônimo no NYT e conspiração na Casa Branca

No sábado dia 8, aviões americanos lançaram bombas incendiárias - armas químicas banidas - na cidade de Hadjin na província de Deir Ezzor.Continuam averiguações sobre vítimas e feridos

Nesta sexta-feira, 7 de setembro, o juiz de Execução Penal de Salto de Guairá, Claudio Martínez, concedeu a liberdade condicional a Rubén Villalba por ter já cumprido mais de dois terços da pena do chamado “Caso Pindo”, pelo qual havia sido condenado a sete anos de prisão por “invasão de terras” no Paraguai.

Com a decisão, o último prisioneiro políti-co do caso Curuguaty – pelo qual havia sido absolvido em julho, após ser condenado por um tribunal de exceção a “30 anos de prisão e mais cinco como medidas de segurança” – estará oficialmente livre a partir desta quarta-feira.

Conforme demonstrou a Coordenação de Direitos Humanos do Paraguai (Codehupy), naquele país “não existem penas acumuláveis” e uma vez que a pessoa seja condenada por duas causas, as penas são cumpridas de forma simultânea. Sendo assim, destacou a Codehu-py, os seis anos de prisão de Villalba serviram para cobrir integralmente a sentença do caso Pindo e sua manutenção atrás das grades era uma demonstração de que o estado paraguaio vinha utilizando “o sistema penal de maneira repressiva e sistemática” contra os que lutam por uma justa distribuição de terras.

Os protestos dos movimentos sociais por justiça também deixaram claro que o Tri-bunal de Sentenças de Assunção, que havia imposto a decisão totalmente arbitrária, foi conformado pelo mesmo juiz Ramón Trini-dad Zelaya, bastante conhecido por vender sentenças a latifundiários e narcotraficantes.

Para o Partido Comunista Paraguaio (PCP), organização a que Rubén Villalba é filiado, “a resolução da Justiça é outro enorme passo, outra ressonante vitória popular que completa a ale-gria da absolvição de todos os camponeses pelo caso Curuguaty”. “Celebramos junto a Rubén, sua família e todas as organizações nacionais e no exterior que lutam pela liberdade dos presos políticos paraguaios. Esta vitória vem a tempo de colocarmos ênfase na necessidade de investigar os verdadeiros responsáveis materiais e políticos pelo massacre golpista de 2012”, sublinha o PCP.

No dia 15 de junho de 2012, seis policiais e 11 trabalhadores rurais morreram após um “confronto” provocado pela ação de fran-co-atiradores – com as digitais dos EUA – no acampamento sem-terra de Marina Kue, em Curuguaty. No local, havia uma disputa entre o Estado e a família do senador Blas Riquelme, um dos grandes beneficiados pela ditadura pró-estadunidense de Alfredo Stroessner (1954-1989), que acusava os camponeses de terem invadido uma propriedade que não era sua.

Na fatídica data, 324 policiais – dispondo de helicóptero, cavalos e fuzis – cercaram menos de 60 camponeses – metade mulheres, crianças e idosos. Os trabalhadores rurais não portavam armas de grosso calibre – das quais ficou comprovado que partiram os projéteis que provocaram as mortes – e as garruchas que dispunham sequer foram disparadas. Para completar a manipulação, engrossada pela mídia que contribuiu para a derrubada do pre-sidente Fernando Lugo uma semana depois da carnificina, no dia 22 de junho, a polícia fez com que “desaparecesse” a filmagem do helicóptero sobrevoando o acampamento, da mesma forma que uma série de provas e indícios favoráveis à defesa dos sem-terra.

A ativista colom-biana Leidy Correa, de 25 anos, é a mais nova vítima da polí-tica de extermínio de lideranças sociais e de direitos humanos que varre o país após a eleição do presidente Ivan Duque, em 17 de junho, ampliou a perseguição e crimi-nalização de oposi-tores e passou a agir abertamente contra os Acordos de Paz fir-mados com as FARC (atualmente Força Alternativa Revolu-cionária do Comum).

Segundo informa-ções oficiais, o corpo da jovem foi encontra-do sem vida no último dia 5 em Peque, no estado de Antióquia, atacado com “golpes na cabeça, região parietal e no braço direito, com objeto contundente”.

Conforme o por-ta-voz da Fundação Sumapaz, Óscar Ye-sid Zapata, somente

Ativista pelos Direitos Humanos, Leidy Correa é assassinada na Colômbia

em Antióquia, neste ano, são 27 dirigentes assassinados, sendo duas mulheres e 25 homens. No país, o total ultrapassa a 130. “No dia nacional dos Direitos Humanos, la-mentamos informar que foi achada morta a liderança Leidy Correa no município de Peque. Era secretária da Junta de Ação Comunitária do bairro Guayabal. Rechaçamos este homi-cídio e exigimos garan-tias reais”, sublinhou a Fundação.

Para Leonardo González, coorde-nador do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz da Colômbia (Indepaz), “os meca-nismos de auto-pro-teção como a Guarda Indígena e Campo-nesa são os únicos que realmente têm funcionado e neutra-lizado os grupos que atentam contra as comunidades”.

Diante da crescente influência da diplomacia chinesa na região e do pro-porcional distanciamen-to da minúscula Taiwan, Trump vem chantageando os governos de El Salvador, República Dominicana e Panamá, que romperam recentemente relações com o protetorado estadunidense e estabeleceram com a China. Desde 1971 o princípio de “uma só China” foi acatado internacionalmente e a Re-pública Popular da China (RPC) substituiu Taiwan na Nações Unidas e passou a fazer parte do Conselho de Segurança, como membro permanente.

“O Departamento de Es-

EUA chantageia países latinos para que reneguem o princípio de “uma só China”

tado convocou os embaixa-dores dos Estados Unidos na República Dominicana, Robin Bernstein, e em El Salvador, Jean Manes, e a encarregada de negócios dos Estados Unidos no Pa-namá, Roxanne Cabral”, expressa um comunicado da chancelaria dos EUA, divulgado sexta-feira, em que acusa a China de estar realizando uma campanha de “interferência política”.

Sem cerimônia, o co-municado estaduniden-se informa que “nossos três chefes de missão se reunirão com os líderes do governo para analisar as formas como os Esta-dos Unidos podem apoiar

instituições e economias fortes, independentes e de-mocráticas em toda a Amé-rica Central e Caribe”. Dito “apoio” estaria obviamente vinculado às genuflexões aos EUA, o mentor político e maior provedor de armas de Taiwan.

El Salvador, que alterou seus vínculos em agosto, se tornou a quinta derrota diplomática registrada por Taiwan sob a presidência de Tsai Ing-wen, no poder desde 2016, e a terceira este ano. As relações entre Pe-quim e Taipei pioraram após Tsai assumir a presidência, com seu governo se negando a reconhecer a existência de “uma só China”.

Dois aviões norte-americanos F-15 atacaram com bombas incendi-

árias de fósforo – arma quí-mica proibida pelos protoco-los de guerra de Genebra – a cidade de Hadjin, na pro-víncia de Deir Ezzor, a 110 km a leste da capital local, afirmou o chefe do Centro Russo para a Reconciliação na Síria, general Vladimir Savchenko. “Os ataques provocaram grandes incên-dios na região”, denunciou Savchenko, acrescentando que as informações sobre ví-timas e feridos estão “sendo averiguadas”.

O ataque ocorreu em meio ao frenesi em Wa-shington, contra a iminen-te libertação da província de Idlib, das garras dos terroristas da Al Qae-da, que ali operam sob o nome de fantasia de Hayat Tahrir Al-Sham, depois que a Frente Al Nusra ficou demasiado tostada pelos crimes cometidos, e sob denúncias da Rússia, apresentadas ao Conselho de Segurança da ONU e à Organização de Proibi-ção das Armas Químicas, de que terroristas estão prestes a encenar um aten-tado com arma química, para dar pretexto a que os maníacos de guerra em Washington bombardeiem a Síria e adiem o fim da guerra e dos terroristas e mercenários.

Anteriormente, o uso de bombas de fósforo pela avia-ção ianque já fora flagrado nos ataques a Raqqa – inclu-sive contra o principal hos-pital, conforme o Crescente Vermelho sírio - e, no vizinho Iraque, contra Mossul. O Pentágono, como de costu-me, negou, ou diz que usou para “ofuscação e ilumina-ção” do local, uso que não é proibido. Se alguém tiver alguma dúvida sobre como se usa, é só perguntar ao chefe do Pentágono, ‘Cachor-ro Doido’, que ganhou seu apelido em Faluja por esse e outros crimes.

Conforme o porta-voz do Ministério da Defesa russo, general Igor Konashenkov, a operação de bandeira tro-cada será executada pelos terroristas da Al Qaeda, junto com os “Capacetes Brancos” – aquela equipe de ‘resgate’ fundada pela inteligência britânica e paga por Washington e Riad - e já receberam barris de cloro para desencadear a coisa. Aliás, toda a vez que a Sí-ria avança para a vitória, aparece um “ataque quími-co”, para servir aos amos externos, que previamente traçaram suas “linhas ver-melhas”. Só não funcionou na última vez em Duma, porque os sírios avançaram muito rápido, a Rússia trou-xe jornalistas, colocou tudo a público e desmascarou a operação.

“O sinal para o início da fase prática de provocação por terroristas na provín-cia de Idlib será [a chegada de] uma equipe especial de alguns ‘amigos estrangeiros da revolução síria’, - ironi-zou Konashenkov, sobre a participação direta de tropas especiais inglesas no crime. A entrega dos barris com cloro foi feita na aldeia de Halouz, segundo o vice-chanceler russo Oleg Syro-molotov. O próprio enviado de Trump, Brett McGurk, confessou faz tempo que Idlib é o maior ajuntamento de terroristas da Al Qaeda “desde o 11 de Setembro”, e “ligado diretamente a Ayman al Zawahiri”.

A Rússia tem feito tudo o que é possível para deses-calar o conflito, isolar os terroristas e garantir a so-brevivência dos civis, como demonstrado na batalha por Aleppo, e conseguiu atrair a Turquia para a busca de uma solução política para

a Síria, mas não há como adiar a libertação de Idlib. Nem o próximo passo – a retirada das tropas ilegais ianques.

O ataque ianque com bombas de fósforo se segue a relatório do Washing-ton Post que assevera que Trump fará uma meia volta na sua política na Síria, para um “esforço militar e diplomático indefinido”, que foi corroborado no domingo pelo Wall Street Journal, que asseverou, citando “au-toridades anônimas”, que os EUA detêm “novas informa-ções de inteligência“ de que o próprio presidente Assad “aprovou o uso de gás de clo-ro em uma ofensiva contra a última grande fortaleza rebelde do país”. (E depois são os blogs que fazem fake news...)

Na semana passada, não faltara sequer Trump para avisar “contra ataques im-prudentes” a Idlib, traduza-se, “não toquem nos nossos terroristas” e até Mad Dog advertindo contra a “catás-trofe humanitária”. Observa o zerohedge que o mais alarmante do relatório é que detalha que Trump “estaria indeciso sobre se novos ata-ques retaliatórios poderiam implicar a expansão do ata-que aos aliados de Assad”.

Esses “relatórios” ain-da tem em comum que as “autoridades anônimas” identificaram o tipo de arma química supostamente or-denado por Assad exata-mente o gás cloro, que já faz um mês que a Rússia está denunciando que será a substância usada na pro-vocação. O notório John Bolton, secretário de Segu-rança Nacional de Trump, voltou à carga, ameaçando a Síria com “uma resposta mais forte” no caso de “ter-ceiro uso de arma química”, mesma cantilena do lulu Macron, de Theresa May, e até com Merkel ensaiando subir a bordo.

VETERANOS Em carta a Trump, os

“Veteranos da Inteligên-cia pela Sanidade”, que inclui ex-diretores da NSA e ex-analistas da CIA e do Pentágono, advertiram Trump de “que os israelen-ses, os sauditas e outros que querem que a inquietação persista estão incitando os insurgentes, asseguran-do-lhes que você, senhor presidente, usará as forças dos EUA para proteger os insurgentes em Idlib, e tal-vez também faça cair o in-ferno em Damasco”, e sobre que “situação é ainda mais volátil porque os líderes do Kremlin não sabem ao certo quem está mandando em Washington”. No lito-ral sírio, está posicionada uma esquadra de 26 navios russos. Eles pediram que Trump deixe claro à Russia um “cessar-fogo preventi-vo” – um compromisso para fortalecer os procedimentos para impedir um confronto aberto - e explique em pú-blico suas intenções. “Acre-ditamos que, nas circuns-tâncias atuais, esse tipo de passo extraordinário agora é necessário”. Sábio conse-lho, considerando costumes da Ala Oeste, e Trump en-curralado pela mídia e pelo Estado Profundo.

O embaixador russo no Conselho de Segurança da ONU, Vassily Nebenzia, denunciou que os países ocidentais aparentemente “se esforçam para evitar a queda da última grande for-taleza terrorista na Síria”.

Ele comparou a campanha histérica que se desenrola em torno da próxima liber-tação de Idlib à avalanche de mentiras das autoridades ocidentais e da mídia quan-do as tropas sírias apoiadas pelas forças aéreas russas es-tavam libertando Alepo. “Es-sas previsões apocalípticas revelaram-se infundadas”, disse Nebenzia, referindo-se à encenação midiática contra a libertação de Alepo. “Enquanto isso, Raqqa foi arrasada até o chão pelos bombardeios da coalizão lide-

rada pelos EUA”, lembrou.Tais ações, apontou, só

servem a interesses geo-políticos estreitos, em vez da necessidade declarada de proteger os civis. Ele acrescentou que os EUA e seus satélites pratica-mente nada fizeram para contribuir para o processo real de paz em Idlib e Washington particular-mente não cumpriu sua promessa de separar os grupos de “oposição mo-derada” das organizações terroristas. “Em vez disso, elas estão planejando mais um plano agressivo, que inclui ataques de bandeira falsa envolvendo o uso de armas químicas”.

A imagem de Idlib apre-sentada pelo Ocidente de fato tem “pouco em

comum com a realidade”, assinalou Nebenzia. “Aque-les que foram evacuados de outras regiões sírias para o Idlib não foram alguns civis pacíficos, mas notórios mi-litantes, que se recusaram a depor as armas e voltar à vida normal”, apontou, dizendo que quem controla agora a província é a Al Qaeda.

“Os terroristas em Idlib mantêm milhões de pessoas reféns e atacam cidades e aldeias vizinhas”, disse o embaixador. Ele ressaltou que eles também perseguem qualquer voz dissidente den-tro das fileiras dos coman-dantes de grupos armados locais, impedindo qualquer tentativa de reconciliação pacífica com o governo sírio, e matando os opositores.

Uma antiga anedota an-ti-imperialista diz que não há golpes de estado em Wa-shington, porque não há embaixada dos EUA em Wa-shington. Parece que isso está para mudar, desde que o New York Times, o guardião do american way of democracy, publicou artigo anônimo que revela uma conspiração, den-tro da própria Casa Branca, para deter Trump. Há adul-tos dentro da Casa Branca, asseveram, prontos para agir.

O ex-estrategista-chefe de Trump, Steve Bannon, cha-mou a coisa pelo nome, “gol-pe”, e disse que os EUA estão vivendo uma situação não vis-ta desde os tempos de Lincoln, quando generais democratas queriam botar rumo no país ao invés de acabar com a escravi-dão. Dizendo não ser metido a teorias conspiratórias, ele con-testou a existência do “Estado Profundo”, asseverando que o que há mesmo é o “Estado Estacionário”. Parece que este está achando que Trump está atrapalhando os negócios.

Os principais nomes do governo Trump se apres-saram a vir a público para esclarecer não serem eles o autor anônimo da “op-ed” do NYT. Inclusive seu vice,

Mike Pence, seu secretário de Estado e ex-diretor da CIA, Mike Pompeo, seu chefe do Pentágono, general de marines Mad Dog, e seu chefe de gabinete, general John Kelly. Dizem que até o genro, Kushner, jurou.

Quando os juros sobem nos EUA, chega a hora da verdade para todo o castelo de cartas da especulação. Os oligarcas não se entendem se têm que partir para cima da China direto, e tentar neutralizar a Rússia, ou se têm que enca-çapar a Rússia primeiro, para a China não ter retaguarda.

O dilema da única hiper-super-potência para man-ter seu unilateralismo está dilacerando corações em Washington – além de Wall Street e Langley. Enquanto a crise vai fermentando por baixo, apurada pela concen-tração desmedida de renda e riqueza, pós crash-2008 e pós-bailout, recorde de mortes por overdose, desin-dustrialização, egocentris-mo, racismo, xenofobia - e Trump, que é só um sinto-ma, não a causa.

O estenógrafo predileto do establishment, Bob Woo-dward, cujo patrão agora é Jeff Bezos, o dono do monopó-

lio avaliado em US$ 1 trilhão na Bolha de Tudo, a Amazon, está lançando no aniversário do 11 de Setembro seu livro “Medo: Trump na Casa Branca”, para ver se ajuda a apertar o laço no pescoço de Trump, que o investigador especial, “o cara de Obama”, Bob Mueller, tão diligentemente tenta ajeitar. Novembro vem aí, e o mundo é cheio de coincidências. Obama também voltou para o centro do palco, convocando a derrotar os republicanos, restaurar a sani-dade em Washington e, claro, preparar a cama para Trump.

O NYT publicou seu ode à “Resistência” no dia seguinte do Post ter divulgado a prévia do livro de Woodward, em que este assevera que os prin-cipais auxiliares de Trump duvidam da sua sanidade e da sua inteligência e exe-cutam um “golpe de estado administrativo”, só fazendo o que querem. Trump reagiu tuitando “Traição” (Quem?), exigindo que o NYT entregue o talentoso escriba por razões de segurança nacional e cha-mando o livro de Woodward de “fraude”. A fedentina está ficando insuportável e outubro – mês tradicional das surpresas em Washington – ainda nem chegou. A.P.

Ataque com fósforo

Compra ilegal da Fibria pelo grupo Suzano é montagem de outra JBS

ESPECIALCARLOS LOPES

A Fibria é uma das três empresas privadas – as outras foram a JBS e a AES – que receberamdinheiro de graça do BNDES, sob a forma de compra de ações, as notórias “empresas coligadas”

m março deste ano, foi anunciada a venda da Fibria Celulose, maior empresa deste ramo no mundo, para a Suzano Papel e Celulose, o que, se consumada, formaria um monopólio gigan-tesco, que, no interior

da Bahia, está sendo chamado de “o monstro do eucalipto” ou “JBS da celulose”.

A menção à JBS é perti-nente. A Fibria é uma das três empresas privadas – as outras foram a JBS e a AES – que receberam dinheiro de graça do BNDES, sob a forma de compra de ações, as notó-rias “empresas coligadas” (cf. Claudia Bruschi e Sergio G. Lazzarini, “Análise do retorno dos investimentos do BNDES-PAR por meio de variações nos preços das ações investidas”, Insper, agosto/2015).

Com esse dinheiro, a JBS quebrou outros frigoríficos, monopolizando o setor de carne bovina, impondo preços amesquinhados aos pecuaris-tas e aumentando os preços aos consumidores.

Tudo isso com um esquema de corrupção que ia de Lula até Aécio Neves – e, claro, Temer, passando por Dilma (a JBS foi a principal contribuin-te de sua campanha) e Meirel-les, presidente do conselho e do banco da JBS.

No caso da compra da Fi-bria pela Suzano, como apon-tou o advogado Teodoro Saraiva Neto, dirigente do Partido Pátria Livre (PPL) e ex-prefeito de Nanuque (MG), além de ser a aquisição de uma empresa maior por uma empresa menor, há outra originalidade: o acionista ma-joritário das duas empresas é o BNDES, através de sua subsidiária de participações, a BNDESPar.

A articulação dessa “fusão” foi de Paulo Rabello de Castro, então presidente do BNDES e elemento da intimidade de Michel Temer. O próprio Rabello saiu a público para de-fender sua obra. Como se parir monstrengos – e monstrengos inevitavelmente corruptos – fosse a função do BNDES. A rigor, estão usando o BNDES para uma ação, sob todos os aspectos, espúria.

Ao que parece, Temer não vive sem uma JBS – para substituir a primeira, cujas propinas quase o enviaram à cadeia (aliás, esse risco não está afastado; pelo contrário, aumenta à medida que se aproxima o fim do mandato), inventou uma segunda.

A empresa resultante des-sa compra seria a quinta, em valor na Bolsa, do país – depois da Petrobrás, Ambev, Vale e Telefónica.

Pode-se imaginar, conside-rando os casos da JBS e Ode-brecht, o que seriam os esque-mas políticos desse monstro do eucalipto.

Porém, o pior: a formação desse monopólio privado está sendo bancado por dinheiro público, pelo BNDES.

Apesar de acionista majo-ritário de ambas as empresas, o papel imposto ao BNDES nelas – e nessa operação – é sustentar os favoritos, os mo-nopolistas privados.

Por isso, o dinheiro é pú-blico, mas o monopólio é privado.

Alguns leitores podem per-guntar como isso é possível.

O melhor exemplo é a pró-pria constituição da Fibria,

em 2009.Na época, o BNDES, pre-

sidido pelo sr. Luciano Cou-tinho, sob a égide do governo Lula, promoveu a “fusão” da Aracruz Celulose com a Votorantim Celulose e Papel (VCP) – quebradas pela es-peculação com derivativos no exterior e dinamitadas pela crise financeira, iniciada com a quebra do Lehman Brothers em setembro de 2008.

Portanto, o BNDES, cuja função é fomentar o cresci-mento do país, financiando os investimentos das empresas, foi colocado a serviço de salvar empresas falidas, que chega-ram a essa situação devido à irresponsabilidade e ganância de seus controladores e admi-nistradores.

Então, apesar de possuir 30,4% das ações com direito a voto na empresa resultante da “fusão” (a Fibria) e a Votoran-tim possuir 29,4%, o BNDES fez um “acordo de acionistas”, em que a Votorantim nomeava cinco membros do Conselho de Administração e a BNDES-Par apenas dois membros.

Esse “acordo de acionistas” tinha o prazo de cinco anos e foi renovado em 2014 por mais cinco anos (cf. J.R. Lopes Pin-to e F. Fayer Mansoldo, “A Fi-bria e o ‘novo’ papel do Estado no capitalismo brasileiro: do ‘Estado-empresário’ ao ‘Esta-do-empresa’”, Homa Publica: Revista Internacional de Di-reitos Humanos e Empresas, vol. 02, nº 01, 2018).

LAVA JATO

O advogado Teodoro Sarai-va Neto lembra que a Suzano, que se mostrou bastante tru-culenta no interior da Bahia, é uma das empresas envolvidas nos delitos apurados na Ope-ração Lava Jato.

Logo, até sob esse aspecto, a comparação com a JBS é altamente esclarecedora.

Empresas da família Fef-fer, proprietária da Suzano, fazem parte de uma lista de 107 empresas de fachada no exterior, descobertas a partir de documentos do escritório Mossack Fonseca, no Panamá.

Além disso, a força-tarefa da Lava Jato investiga a compra, por R$ 2 bilhões e 700 milhões, da Suzano Petroquímica, pela Petro-brás, em 2007.

Depois de comprada pela Petrobrás, a Suzano Petro-química, rebatizada como Quattor, foi comprada pela Odebrecht – que, com isso, obteve o controle do Polo Petroquímico do Sudeste, em Mauá (SP).

Em depoimento à força-ta-refa da Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da Petro-brás, Paulo Roberto Costa, declarou que o valor que a estatal gastou na compra da Suzano Petroquímica ficou “em um patamar bem superior ao mínimo fixado no ‘range’, face a uma decisão unilateral do então presidente Sérgio Ga-brielli, , a respeito da qual ele não forneceu maiores detalhes para os diretores”.

O “range” era uma avalia-ção em que constava um preço mínimo e um preço máximo. Um dia antes da decisão de comprar a Suzano Petroquí-mica por R$ 2,7 bilhões, o preço em Bolsa dessa empresa era R$ 1,2 bilhão.

Em depoimento à CPI da Petrobrás, o diretor-presi-dente do Grupo Suzano, Da-vid Feffer, confirmou que

negociou diretamente com Gabrielli a venda da Suzano Petroquímica.

Segundo parlamentares que estiveram na sessão da CPI que ouviu Feffer, “ele exemplificou outros casos em que uma companhia é adqui-rida com preços teoricamente altos, mas que não deixam de ser um bom negócio para o comprador”.

Porém, o gasto total da Pe-trobrás foi de R$ 4,5 bilhões, porque a estatal assumiu uma dívida de R$ 1,4 bilhão da Su-zano, além de outras despesas.

A compra foi avalizada pela presidente do Conselho da Petrobrás na época, Dilma Rousseff.

Para tornar mais suspeito o negócio, uma desconhecida corretora uruguaia, a Vailly S.A., que nunca até então negociara ações da Suza-no, comprou, subitamente, papéis da companhia logo antes do fechamento do ne-gócio bilionário.

Essa corretora foi investi-gada pelo Ministério Público e pela Comissão de Valores Mo-biliários (CVM), aceitou a acu-sação de uso de informações privilegiadas e pagou multa, para evitar um processo judi-cial. Estranhamente, não se sabe – nem se exigiu que ela dissesse – de onde partiram as “informações privilegiadas”.

NÃO AO MONOPÓLIO

No extremo sul da Bahia, entidades populares e empre-sariais iniciaram o movimento “Monopólio Não”, para impedir a compra da Fibria pela Suzano, que ainda terá

que ser aprovada pelo Conse-lho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

“A fusão entre Suzano e Fibria é o maior escândalo do Brasil depois da Petrobrás e da JBS”, disse ao HP uma liderança do movimento, lem-brando que “a fusão [da JBS] com a Bertin, em 2010, criou a maior empresa de proteína animal do mundo, gerando um monopólio que resultou em corrupção e preços menores aos pecuaristas”.

[NOTA: Em 2017, o Conse-lho Administrativo de Recur-sos Fiscais (Carf) reconheceu que a fusão bilionária entre os frigoríficos Bertin e JBS, aprovada na época pelo Cade, foi fraudulenta. A Procurado-ria Geral da Fazenda Nacional pediu que a Justiça cancelasse a fusão, alegando fraudes fis-cais e societárias. Também foi contestado o apoio do BNDES aos dois frigoríficos para a ope-ração. O Tribunal de Contas da União (TCU) calculou em R$ 711,3 milhões o prejuízo que o BNDES teve com ope-rações de compra de ações e debêntures (títulos de dívida) do grupo JBS. Os auditores afirmaram que houve “cessão graciosa de dinheiro público” para a empresa.]

Com a compra da Fibria pela Suzano, “se trata de entregar dois milhões de hec-tares do território brasileiro a um monopólio, uma área do tamanho, por exemplo, do Estado de Israel”.

Como no caso da JBS, um monopólio que poderá impor preços miseráveis aos plan-tadores de eucalipto e preços extorsivos aos consumidores.

ECONOMIA MISTA

O resumo dos fatos sobre a compra da Fibria pela Suzano, feito pelo advogado Teodoro Saraiva Neto, em sua Ação Po-pular, é bastante esclarecedor:

“O requerente é cidadão brasileiro e advogado mi-litante atualmente com 74 (setenta e quatro anos), livre de suas obrigações eleitorais,

e cansado de assistir a quebras de regras, práticas furtivas à margem da legalidade com o desmoronamento do nosso País, se viu compelido a pro-mover a presente ação”.

Em seguida, Saraiva Neto mostra que “a operação con-solidada pelas duas maio-res empresas de celulose do país transforma a companhia resultante (Suzano) na lí-der mundial em celulose de mercado (…), criando um verdadeiro oligopólio com características de monopólio no setor de celulose, com pe-rigoso poder de manipulação do mercado.

“… a sistemática adota-da é notadamente ilegal e contraria a Supremacia do Interesse Público, na medida em que estamos por assistir uma negociata milionária en-volvendo ‘dinheiro público’ sem observância das regras mais comezinhas inerentes ao resguardo do erário.

“Em verdade, ao permitir que seu capital seja fomentado substancialmente por dinhei-ro público (BNDESPar), qual-quer empresa ganha status de ‘sociedade de economia mista’, se sujeitando, portan-to, às regras da Lei 8.666/93 (lei de licitação)” (grifos no original).

Porque, mostra ele, não é apenas que o poder públi-co, através da BNESPar, é sócia majoritária das duas empresas.

No caso da Fibria, o poder público tem mais do que 50% das ações com direito a voto: a BNDESPAR tem 49% e os fundos de pensão das estatais têm mais de 1%, “o que con-figura recursos públicos em mais de 50%”.

Por esta razão, é ilegal a venda da Fibria sem licitação – e, segundo recente decisão do STF, sem autorização do Legislativo.

No entanto, apesar disso, as direções da Fibria e da Suzano “não fizeram qualquer ceri-mônia para se fundirem, com a alienação da Fibria à Suzano sem qualquer preocupação

com o capital público que significou parte substancial da venda”.

E, aqui, o ex-prefeito de Nanuque faz uma observação sobre os fundos de pensão, “fregueses de fusões de em-presas de florestas plantadas, e que, de igual sorte, são for-mados por capital proveniente de direito público”:

“… é fato público e notório que uma operação da polícia federal com dimensão gigan-tesca tem apurado fraude e corrupção desenfreada nesse setor. Senão, vejamos:

“Wesley [Baptista] foi alvo de condução coercitiva e foi questionado sobre a fusão entre as empresas Florestal e Eldorado, bem como a criação do FIP Florestal, que se be-neficiou do aporte de capital do Funcef e do Petros, que sofreram prejuízo nas nego-ciações. Joesley também era alvo de condução coercitiva, mas está no exterior” (v. Ope-ração Greenfield: entenda o escândalo nos fundos de pensão. O novo caso de corrupção, que pode ter dado prejuízo de R$ 8 bi-lhões a fundos estatais, se assemelha aos desvios em grandes obras públicas).

“A participação paritária de recursos oriundos do poder público desses privilegiados implica obrigatoriamente desembolso de todos nós brasi-leiros, fruto de manipulações, tramoias, conspirações, trai-ções, e corrupção…”.

FOLHA CORRIDA

A Suzano, além do mais, tem um péssimo histórico no sul da Bahia.

“A empresa tem pouco diá-logo com a comunidade”, diz Silvânio Alves, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Silvicultura, no Plantio, nos Tratos Culturais, Extra-ção e Beneficiamento da Ma-deira em Atividades Florestais e Indústrias Moveleiras no Extremo Sul da Bahia (Sin-trexbem).

Segundo o presidente do Sintrexbem, “existe o questio-namento sobre a opção [da Su-zano] por mão de obra barata e contratação de profissionais fora da sua área, para pagar uma remuneração menor”.

Efetuada a compra da Fibria pela Suzano, “o tra-balhador técnico na área ficará sem opção e, caso seja desligado, terá que se mu-dar para uma outra região para conseguir emprego em uma outra empresa, pois a união criará um poder totalitário no segmento da celulose, com a formação da quinta maior companhia do país, que consequentemente será a dona de alguns muni-cípios da nossa região”, diz o Sintrexbem.

“Falamos com conheci-mento de causa, pois já vi-venciamos situação parecida quando a Votorantim, em 2009, comprou a Aracruz e criou a Fibria Celulose.”

Além disso, a Suzano é, atualmente, a maior respon-sável pela poluição do rio Mucuri, que banha o norte de Minas Gerais e o sul da Bahia. A empresa despeja matéria orgânica acima do que é per-mitido no rio, matando aos poucos a fonte de renda da população ribeirinha.

A empresa resultante dessa compra seria a quinta, em valor na

Bolsa, do país – depois da Petrobrás, Ambev,

Vale e Telefónica. Pode-se imaginar, considerando

os casos da JBS e Odebrecht, o que

seriam os esquemas políticos desse monstro

do eucalipto