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BASES PEDAGÓGICAS DO TRABALHO ESCOLAR 3 Silvia Lúcia Soares

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B A S E S P E D A G Ó G I C A S Silvia Lúcia Soares

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B A S E S P E D A G Ó G I C A S

D O T R A B A L H O E S C O L A R 3

Silvia Lúcia Soares

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Estado do AcreGovernadorArnóbio Marques de Almeida JúniorVice-GovernadorCarlos César Correia de MessiasSecretaria de Estado de Educação do AcreMaria Corrêa da SilvaCoordenadora de Ensino Superior da SEEA e Coordenadora IntermediáriaNilzete Costa de Melo

Fundação Universidade de Brasília — FUB/UnBReitorJosé Geraldo de Sousa JuniorVice-ReitorJoão Batista de SousaDecana de Ensino e GraduaçãoMárcia Abrahão MouraDecana de Pesquisa e Pós-graduaçãoDenise Bomtempo Birche de Carvalho

Faculdade de Educação — FE/UnBDiretoraInês Maria Marques Zanforlin Pires de AlmeidaVice-Diretora e Coordenadora GeralLaura Maria CoutinhoAssistente PedagógicaMônica da Costa BragaCoordenador de TecnologiasLúcio França TelesSecretaria do CursoAntonilde Gomes BomfimMaria Cristina Siqueira MelloAdministração da PlataformaJoviniano Rabelo JacobinaSetor FinanceiroFrancisco Fernando dos Santos SilvaCoordenação IntermediáriaAurecília Paiva RuelaAulenir Souza de AraújoJosé Ferreira da SilvaMaria Lucilene Belmiro de Melo AcácioDesigner instrucionalEzequiel Neves

Professores (as) – Mediadores (as)Adima Jafuri MaiaAdriana Araújo de FariasAdriana Martins de OliveiraAleuda Soares Dantas TumaAna Cláudia de Oliveira SouzaAna Maria Agostinho FariasAntonio Aucélio Assis de AlmeidaArtemizia Barros PimentelCarmem Cesarina Braga PereiraCátia Maria da Silva SilvanoDomingas Pereira da Costa FerreiraEliana Maia de LimaElizete Maia de LimaÉrica Medeiros de Lima Costa e SilvaGeânia Mendonça da CostaGercineide Maria da Silveira FernandesHilda Jordete Marinho

Jociléia Braga de SouzaJorge Gomes PinheiroJosé Ribamar Gomes AmaralLeidisséia Alves de CastroLuciana Maria Rodrigues de LimaLuciene Nunes CalixtoLuiz Augusto da Costa dos SantosMárcia da Silva QueirozMárcia Maria de Assis AlencarMaria Cirlene Pontes de PaivaMaria de Nazaré Ferreira PontesMaria do Carmo de Lima GomesMaria do Rosário Andrade SenaMaria Itamar Isídio de AlmeidaMaria Izauniria Nunes da SilvaMaria Mirnes Soariano Oliveira

Maria Zenilda de Lima CorreiaMarilza da Silva RodriguesMiracélia Maria Freire de MouraMirna Suelby MartinsNadir Silva de SouzaNorma Maria da Silva OliveiraNorma Maria Vasconcelos BaladoOzana Alves de BritoPedro Lopes da SilvaRenilda Moreira AraújoRita de Cássia Machado MonneratSâmia Gonçalves da SilvaSonja Priscila Vale de Freitas FernandesUilians Correia CostaVânia Maria Maciel TaveiraVanúcia Nunes Valente CalixtoVera Maria de Souza Moll

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Mo695 Módulo VI: Bases Pedagógicas do Trabalho Escolar 3 / Silvia Lúcia Soares – Brasília : Universidade de Brasília, 2009. 51 p. 1. Educação a distância. 2. Planejamento educacional. 3. Com-ponentes do processo de ensino. 4. Alternativas metodológi-cas. I. Soares, Silvia Lúcia. IV. Universidade de Brasília.

CDD 371ISBN: 978-85-230-1321-9

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Sumário

Conhecendo a autora ________________ 6

Apresentação ______________________ 8

Seção 1

O planejamento como eixo articulador da vida e da Educação _________________ 11

1 – A relação entre reflexão/conhecimento/interpretação da re-alidade e sua transformação __________________________ 12

2 – O que é mesmo planejamento? _____________________ 14

3 – O planejamento da e na educação ___________________ 17

3.1 Planejamento curricular __________________________________ 18

3.2 Projeto Político-Pedagógico (PPP) __________________________ 18

3.3 Plano de aula __________________________________________ 18

4 – Elaboração do planejamento e plano de ensino _______ 19

4.1 Objetivos de ensino _____________________________________ 19

4.2 Conteúdos de ensino ____________________________________ 20

4.3 Metodologia – Estratégias/procedimento ___________________ 20

4.4 Recursos e linguagens ___________________________________ 20

Seção 2

Da escola que temos, para a escola que queremos _________________________ 25

Pelo Avesso _________________________________________ 26

Ampliando nossa compreensão sobre o fragmento da música: Pelo Aves-so _______________________________________________________ 27

Para entender um pouco mais sobre o Projeto Político Pedagó-gico (PPP) ___________________________________________ 28

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É tempo de repensar sua escola, pois: ___________________ 30

E agora professor? ________________________________________ 34

Seção 3

A magia pedagógica no espaço da sala de aula ______________________________ 37

Em um novo tempo: ser professor... _____________________ 40

E agora professor? ________________________________________ 47

Bibliografia _______________________ 48Seção 1 __________________________________________________ 48

Seção 2 __________________________________________________ 48

Seção 3 __________________________________________________ 50

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Conhecendo a autora

Nasci em Coromandel, uma cidade do inte-rior de Minas Gerais, onde cresci e estudei até o que hoje equivale ao Ensino Médio (antigo segun-do grau). Tenho registradas excelentes lembran-ças desse período: minha infância, as brincadeiras na rua, os amigos, os grandes quintais e as jabu-ticabas. O tempo foi passando e quando percebi estava na adolescência, meio menina, meio mulher, tendo de tomar muitas decisões. Entre elas, escolher um dos cursos de 2.º grau, o que não foi tão difícil, pois em minha cidade a única opção era o Curso Normal.

Ao concluir o curso, e sem outras opções em minha cida-de, resolvi vir para Brasília procurar novos rumos, novas trilhas. Em Brasília, o início da experiência profissional. Começo a trabalhar em uma escola particular e, nesse mesmo período, veio a aprovação no concurso de professor para a rede pública de ensino do Distrito Federal, na qual fui lotada em uma das escolas da Ceilândia1, onde fui atuar como professora alfabetizadora.

A experiência como alfabetizadora em Ceilândia foi basi-lar no processo de educação profissional, social, histórica, política e humana. Aprendi muitíssimo com os alunos, que me ajudaram, em amplos processos de alfabetização, a melhorar minha leitura do mundo.

Essa fase foi rica em análises e reflexões. Diversas indagações começaram a surgir, tais como: Qual o papel social do professor? O curso de formação, centrado na aplicação de técnicas consegue subsidiar o profissional diante de suas incertezas e seus conflitos? Estariam esses cursos formando, científica, técnica e politicamente, profissionais competentes para atuarem no campo profissional?

Buscando encontrar respostas e caminhos que melhor pos-sibilitassem a compreensão do vivido, optei por leituras diversas, entre elas a do livro Conscientização, de Paulo Freire (1979), que, somado com as outras angústias e incertezas, desencadeou um re-pensar do fazer pedagógico e de minha história, fazendo com que a apreensão da realidade alcançasse níveis mais críticos e revelasse a educação como um objeto cognoscível. A profissão tornou-se um compromisso histórico, uma consciência histórica, oportunizando um re-olhar para os outros.

Depois dessa experiência docente, surgiu a oportunidade de atuação em outros espaços educativos e em outras funções: coor-denação, direção, grupos de estudos, grupos comunitários, grupos de elaboração de diretrizes educacionais, supervisão educacional, docência no curso de Magistério, chefia da sessão de Magistério na antiga Fundação Educacional do Distrito Federal, assessoria do Departamento de Pedagogia desse mesmo órgão e outras diversas

1 Cidade próxima a Brasília. Apesar de possuir vida administrativa própria, tem características de um bairro como os das grandes metrópoles.

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experiências profissionais.

Toda essa trajetória levou-me a refletir e a estudar sobre a formação do profissional da educação, a valorização do trabalho do educador e a necessidade de o professor compreender os contextos históricos, sociais, culturais e organizacionais, para poder ampliar sua própria consciência sobre a prática social e sobre sua própria prática.

Começo a trabalhar na construção do Projeto prática peda-gógica de formação do professor, por meio da diversidade de alter-nativas metodológicas e de uma diferente organização curricular. O que resulta no Curso de Pedagogia para Professores em Início de Escolarização (PIE), em parceria com a Secretaria de Educação do Distrito Federal, e no curso de Pedagogia a Distância para Profes-sores da Rede Pública de Ensino do Estado do Acre (PEDEAD), em parceria com a Secretaria de Educação do Estado do Acre.

Foi assim que pude conhecer os professores das floresta e me deixar envolver totalmente em seu processo de formação, sua afetividades, seus sonhos e utopias, e perceber que, para eles, uto-pia significa busca, possibilidade e compromisso histórico com o processo de transformação.

Obrigada por poder participar com você dessa caminhada de novos significados e sentidos...

Com carinho e afeto!

Professora Silvia Lúcia Soares

Colaboradores:Aquiles Santos Cerqueira é graduado em Estudos Sociais

pela União Pioneira de Integração, mestre em Educação pela Uni-versidade de Brasília (UnB). Atualmente é doutorando em Educação pela Faculdade de Educação da UnB.

Inês Maria Marques Zanforlin Pires de Almeida é pedago-ga, mestre em educação, doutora em psicologia com ênfase em psicanálise. É professora adjunta IV e atual diretora da Faculdade de Educação da UnB.

Valenir Maria das Graças é mineira, de Coromandel. Traba-lhou como supervisora, encarregada, assistente pedagógica, dire-tora pedagógica, diretora de Regional de Ensino em Brasília–DF.

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Apresentação

O presente módulo tem como objetivo geral discutir estraté-gias importantes para o planejamento tanto na área educacional mais ampla como na escola e no espaço pedagógico da sala de aula.

Para tanto, o módulo está dividido em seis seções, cada uma delas correspondendo a uma semana de estudo, conforme apre-sentado a seguir:

SEÇÃO 1 – O PLANEJAMENTO COMO EIXO ARTICULADOR DA VIDA E DA EDUCAÇÃO

•Arelaçãoentrereflexão/conhecimento/interpretaçãodare-alidade e sua transformação.

•Conceitodeplanejamento.

•Tiposdeplanejamento.

•Componentesdoprocessodeensino.

SEÇÃO 2 – DA ESCOLA QUE TEMOS, PARA A ESCOLA QUE QUEREMOS

•ConceitodeProjetoPolítico-Pedagógico(PPP).

•MomentosdeelaboraçãodoPPP.

SEÇÃO 3 – A MAGIA PEDAGÓGICA NO ESPAÇO DA SALA DE AULA

•Asaladeaulacomoespaçodecorpo,desejoetecnologia.

•Alternativasmetodológicas a serem aplicadas em sala deaula.

•Opapeldoplanejamentonaconsolidaçãodamagiapeda-gógica da sala de aula.

Do ponto de vista metodológico, cada um desses temas será discutido com base em teorias e ilustrados por meio de textos literários diversos, buscando, pela intertextualidade, a articulação entre o texto e o contexto. Cada uma das seções apresentadas cor-responde a um objetivo específico, quando se garante a sequência lógica e o aprofundamento dos temas a serem estudados.

A sequência dos temas ora apresentados exprime a inten-cionalidade de oferecer ao profissional em exercício os marcos teó-ricos conceituais mais amplos, indispensáveis para a interpretação e a elucidação das práticas educativas. Exprime também a intenção de oferecer uma formação pedagógica que constitui a base docen-te do curso, na qual se apoia humana, técnica e cientificamente o profissional para o exercício de sua profissão.

Com esse módulo, esperamos contribuir para o seu proces-

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so de formação como sujeito histórico, social e profissional, que faz do espaço público de educação um espaço de humanização, de partilhas e de transformações.

NOTA: Este material foi revisado com base nas novas regras de ortografia propostas pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16/12/1990, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste. No Brasil, o Acordo foi aprovado pelo Decreto Legislativo n.° 54/1995, e com base nos Decretos n.° 6.583/2008, n.° 6.584/2008, n.° 6.585/2008 e n.° 6.586/2008, passou a vigorar a partir de 1.°/1/2009. A ortografia anterior continuará válida até o dia 31/12/2012.

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1O planejamento como eixo arti-

culador da vida e da Educação

Objetivos:Identificar o planejamento como instrumento básico para que todo o processo educativo desenvolva sua ação, em um todo unificado, integrando todas as concepções, sujeitos, re-cursos, ações e metodologias que direcionam a ação pedagógica.

- A relação entre reflexão/conhecimento/interpretação da realidade e sua transformação;- Conceito de planejamento;- Tipos de planejamento;- Componentes do processo de ensino.

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1 – A relação entre reflexão/conhecimen-to/interpretação da realidade e sua trans-formação

Vamos iniciar nossa conversa partindo das seguintes pergun-tas: somos arrastados pela força da correnteza do rio dos aconte-cimentos em direção a um fio desconhecido, ou sabemos aonde chegar e estamos conduzindo o movimento das coisas para uma direção por nós determinada, ainda que sempre abertos às possibi-lidades de mudança, se necessário? Chegamos ao último semestre do nosso curso. Como pensamos, organizamos, realizamos e avalia-mos nossa prática pedagógica?

Pare um pouco, deixe seus afazeres e reflita sobre essas ques-tões.

Vamos tentar ajudá-lo nesse processo de reflexão. Para tan-to, vamos (re)visitar algumas das nossas concepções sobre a vida, a natureza e o ser humano, que viemos discutindo ao longo do curso nos vários temas que percorremos.

O ser humano é considerado, ao mesmo tempo, um ser ra-cional, sendo lhe assegurada a condição de pensar, crescer, evoluir, criar, construir, desconstruir, antecipar e retroagir no tempo, bem como um ser atravessado pela sensibilidade. Devido à racionalida-de, o homem consegue adaptar-se à realidade natural para garantir sua subsistência. Diante dos fatos e fenômenos, não se deixar levar. É o condutor da história, não sendo apenas arrastado por ela.

Dessa maneira, o homem realiza o ato de reflexão e reconhe-ce que a consciência e a força do sujeito humano, sensível, social e coletivo, podem enfrentar a correnteza dos fatos, para desviar seu curso em direção a objetivos decididos. Fundamentados nesses princípios, centramos a avaliação no Registro Reflexivo.

Nesse sentido, temos a contribuição do poeta Paul Valéry, em Braverman (1983), ao afirmar que o homem age: ele exerce seu poder sobre um material estranho, pois possui uma consciência cla-ramente determinada disto; assim, pode projetar suas operações e coordená-las com outras pessoas antes de executá-las. Daí a impor-tância do trabalho coletivo que realizamos, presente não apenas nos encontros presenciais, mas também na plataforma, nosso local de encontro on-line.

Vocês observaram a expressão: “pode projetar suas operações e coordená-las com outras pessoas antes de executá-la”. O proces-so de projetar e de estabelecer um conjunto coordenado de ações, pensado antecipadamente, é o que chamamos de planejamento.

Podemos considerar que o ato de planejar faz parte da histó-ria do ser humano, pois a necessidade de tornar realidade o antes pensado é inerente ao homem. Podemos considerar o planejamen-to como uma ferramenta no esforço permanente que o homem empreende, desde o início da humanidade, para conquistar graus crescentes de autonomia e liberdade, por meio de sua intervenção na realidade. Essas questões, não tão simples, implicam, muitas ve-zes, em sérios problemas para o meio ambiente, conforme pude-

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mos ver no fascículo “Educação e Desenvolvimento Sustentável”.

A vida do homem não está determinada pelas forças que o cercam. O seu modo de existir é definido também pelo pensar e agir. Porém, seus pensamentos e ideias são determinados pela cultura onde está inserida sua forma de ser-no-mundo. A cultura é o resultado de tudo o que o homem produz para construir sua existência, conforme Aranha (1997). Essa autora afirma ser a cultura tudo o que o homem faz, seja material ou espiritualmente, seja em pensamentos ou ações. É a expressão das mais diferentes formas e maneiras de como ele estabelece relação com a natureza e consigo mesmo.

Essa é uma das questões tratadas sobre múltiplos aportes te-óricos, científicos e até religiosos.

Mas como se constitui o ser homem? De acordo com Gramsci (1978), ele se constitui por meio de três elementos fundamentais e diversos: natureza, indivíduo e relação social. Assim, para o alcance de seus desejos tanto individuais quanto coletivos, o homem pla-neja e executa suas ações. A execução de suas ações sobre o meio é o que denominamos de trabalho, ou seja, a transformação que o homem faz a partir da natureza.

Entendemos que o trabalho é uma atividade essencialmente humana. Pois, embora outros animais também apliquem suas ener-gias com determinada finalidade, o ato pensado e planejado, no processo entre a transformação da natureza por meio de certa ma-téria dada é humano. É por meio do trabalho que a espécie humana faz a sua própria história e cultura.

Somente o homem realiza atividade produtiva adequada a um determinado fim e busca adaptar certos elementos da natureza às suas necessidades particulares.

De acordo com Marx (1980):

Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha supera mais de um arquiteto ao construir sua colmeia. Mas o que distingue o pior arquiteto da melhor abelha é que ele figura na mente sua construção antes de transformá-la em rea-lidade. No fim do processo do trabalho aparece um resultado que já existia antes idealmente na imaginação do trabalhador. Ele não transforma apenas o material sobre o qual opera; ele imprime ao material o projeto que tinha conscientemente em mira, o qual constitui a lei determinante do seu modo de operar e ao qual tem de subordinar sua vontade.

Nessa perspectiva, ao final do processo do trabalho humano, surge um resultado que anteriormente existia somente na mente do homem. Pelo trabalho, o homem busca manter sua vida bioló-gica e social, como também torna-se o elemento criador da vida humana. De acordo com Frigotto (2002), trata-se de aprender que o ser humano, como ser natural, necessita elaborar a natureza, trans-formá-la, para assim garantir suas necessidades vitais e sociocultu-rais. Essa é uma questão complexa que precisa ser pensada com muito cuidado.

No ato de intervenção na realidade, o homem executa as seguintes tarefas indissociáveis: reflexão/conhecimento/interpre-tação da realidade e sua transformação, ou seja, partir da prática,

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refletir sobre a prática e transformar a prática. Aqui está selada a relação entre o planejamento e a ação do homem.

2 – O que é mesmo planejamento?

Para refletir sobre essa questão, recorreremos a uma belíssi-ma lenda indígena para iniciar o estudo sobre “planejamento”. Mas o que são lendas?

Lendas são narrativas populares criadas para explicar fatos ou fenômenos. Não têm cunho científico. São frutos da fantasia, da imaginação.

Como é do conhecimento de todos os brasileiros, muito parti-cularmente dos moradores do Estado do Acre, as nações indígenas apresentam uma riqueza imensa de lendas. Suas lendas são cheias de crenças, de explicações sobrenaturais e de histórias dos antepas-sados. São passadas de geração a geração como forma de preserva-ções da cultura de seu povo. Algumas lendas indígenas surgiram de fatos acontecidos, outras são criadas para explicar transformações da natureza ou das pessoas. Constituem elo fundamental entre o homem e a natureza, e misturam realidade e fantasia.

Pode-se conhecer parte da cultura de uma comunidade pela história vivida ou por suas lendas contadas de geração a geração. Algumas lendas indígenas mostram a transformação de um ser em algo que não existia na época em que viveu, assim como a interpre-tação de mundo, ou surgimento de elementos fundamentais que compõem a sua natureza.

Leia com muita atenção a lenda apresentada a seguir:

Kuát e Iaê – A Conquista do Dia

No principio só havia a noite. Os irmãos Kuát e Iaê – o Sol e a Lua – já haviam sido criados, mas não sabiam como conquistar o dia. Este pertencia a Urubutsim (Urubu-rei), o chefe dos pássaros.

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Certo dia os irmãos elaboraram um plano para capturá-lo. Construí-ram um boneco de palha em forma de uma anta, no qual deposita-ram detritos para a criação de algumas larvas. Conforme o pedido de Kuát e Iaê, as moscas voaram até as aves, anunciando o gran-de banquete que havia por lá, levando também a elas um pouco daquelas larvas, seu alimento preferido, para convencê-las. E tudo ocorreu conforme Kuát e Iaê haviam previsto.

Ao notarem a chegada de Urubutsim, os irmãos agarraram-no pelos pés e o prenderam, exigindo que este lhes entregasse o dia em troca de sua liberdade. O prisioneiro resistiu por muito tem-po, mas acabou cedendo. Solicitou então ao amigo Jacu que se en-feitasse com penas de araras vermelhas, canitar e brincos, voasse à aldeia dos pássaros e trouxesse o que os irmãos queriam. Pouco tempo depois, descia o Jacu com o dia, deixando atrás de si um magnífico rastro de luz, que aos poucos tudo iluminou. O chefe dos pássaros foi libertado e, desde então, pela manhã, surge radiante o dia e, à tarde, vai se esvaindo, até o anoitecer.

Fonte: Escola Vesper (Estudo Orientado).Ilustração: http://www.rosanevolpatto.trd.br/lendas

Aproximando o entendimento da lenda à noção de planeja-mento

Na lenda, os irmãos Kuát e Iaê – o Sol e a Lua – elaboraram um plano. O que eles pretendiam com esse plano? Quais as estratégias utilizadas no plano? Eles alcançaram o objetivo pretendido com o plano elaborado?

O que Kuát e Iaê fizeram foi uma organização prévia de uma ação a ser desenvolvida posteriormente, ou seja, pensaram para de-pois agir.

Para tanto, tinham um objetivo determinado: “capturar o dia de Urubutsim (Urubu-rei)”. Para alcançar esse objetivo, eles constru-íram um boneco de palha em forma de anta, no qual depositaram detritos para a criação de algumas larvas. Pediram para as moscas levarem algumas larvas para Urubutsim e anunciarem que haveria um grande banquete. Dessa forma, o prenderam e exigiram que ele entregasse o dia em troca de sua liberdade. Essas foram as estraté-gias (ações) usadas por Kuát e Iaê para conseguir libertar o dia.

Devemos considerar que, antes da elaboração do plano, os irmãos estudaram bastante os hábitos e o jeito de ser do urubu. Utilizaram esses conhecimentos que adquiriram sobre o Urubu-rei como meio para conseguir atraí-lo.

Nessa perspectiva, para garantir o sucesso da ação planejada, os dois irmãos utilizaram como recurso o boneco de palha, as lavras e as moscas para levaram o boneco até o urubu.

Libertaram o dia, soltaram o chefe dos pássaros e avaliaram que o objetivo proposto foi alcançado.

Eles conseguiram... Por meio da reflexão, os dois analisaram as possibilidades que poderiam utilizar para conseguir capturar o dia e elaboraram o planejamento das ações que desejavam desen-volver.

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Antes do planejamento, é necessário clareza quanto à visão de homem, sociedade e de mundo que se pretende formar. Essas concepções são fundamentais na determinação das intenções pe-dagógicas e na forma de organização do trabalho educativo.

No ato de planejamento, é importante partir da visão do ho-mem, sociedade e mundo “que temos”, para poder visualizar e bus-car as mudanças necessárias para efetivar a visão de homem, socie-dade e mundo “que queremos”.

Que pretendem os homens: descobrir um novo mundo, onde se possa rir? Brincar de amor? Jogar de ser feliz? Tirar diploma de Deus-aprendiz? Amar se aprende amando...” (Carlos Drum-mond de Andrade)

Vamos analisar alguns conceitos sobre planejamento apre-sentados por diversos teóricos:

De acordo com Padilha (2001), planejamento é a busca de equilíbrio entre meios e fins. O ato de planejar é sempre um ato de reflexão, de tomada de decisões sobre a ação, de previsão de recursos disponíveis a serem utilizados na busca de determinado objetivo.

Para Vasconcellos (1999), é preciso o afloramento da vontade de mudar para ser desencadeado um processo de reflexão. Para ele, o planejamento só tem significado se o sujeito coloca-se dentro de uma perspectiva de mudança, de transformação.

Libâneo (1994) concebe o planejamento como uma ativida-de de reflexão acerca das nossas opções; se não pensarmos detida-mente sobre o rumo que devemos dar ao nosso trabalho, ficaremos entregues aos rumos estabelecidos pelos interesses dominantes da sociedade.

De acordo com Fusari (1999), o planejamento é um compro-misso político do professor porque envolve toda concepção de mundo do educador, o que pensa, acredita e almeja, e está vincula-do ao fazer pedagógico do educador que repensa o ensino, dando-lhe um significado transformador.

Você, professor, leu e analisou conceitos de diversos autores sobre planejamento. Porém, considerando o seu fazer pedagógi-co, suas experiências, leituras e construções, desafiamos você a ser também autor.

Sendo assim, elabore seu conceito sobre planejamento, inspirando-se nos autores acima, mas também com base nas suas anotações feitas ao longo do curso.

Planejamento é:__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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3 – O planejamento da e na educaçãoNa área educacional, o planejamento é essencial para garan-

tir a intencionalidade do trabalho pedagógico, em que deve ser considerado como norteador e não como regulador. Deve ser um instrumento flexível, pois ato educativo é indefinido, processual e dinâmico. Assim também é o nosso curso, o qual foi se transforman-do, incorporando novos métodos de trabalho, processos pedagógi-cos e tecnologias.

Buscando sistematizar o trabalho e proporcionar a você uma visão mais ampla sobre o tema, apresentamos abaixo um quadro elaborado por Sousa (2006). No quadro, são apresentados tipos de planejamentos de ensino com suas diversas características.

Níveis de planejamento educacional Tipos Características

Planejamento Educacional

Incorporando as políticas educacionais, é o planejamento do sistema de educação e, portanto, “é o de maior abrangência (entre os níveis do planejamento na educação escolar), correspondendo ao planejamento que é feito em nível nacional, estadual e municipal” (VASCONCELLOS, 1997).

Planejamento Curricular

É o “processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da ação escolar. É previsão sistemática e ordenada de toda a vida escolar do aluno”. (VASCONCELLOS, 1997).

Planejamento Escolar

É o planejamento global da escola, envolvendo o processo de re�exão e decisões sobre a sua organização, o funcionamento e a proposta pedagógica. “É um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social”. (LIBÂNEO, 1992)

Planejamento de Ensino

É o “processo de decisão sobre atuação concreta dos professores, no cotidiano de seu trabalho pedagógico, envolvendo as ações e situações, em constantes interações entre professor e alunos e entre os próprios alunos”. (PADILHA, 2001)

Plano

É o planejamento colocado no papel. Os objetivos devem ser a primeira coisa registrada nele, dizendo exatamente o que se quer conseguir. Nele são relevantes decisões do tipo: o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer, com quem fazer.

Projeto

É também um documento produto do planejamento, porque nele são registradas as decisões mais concretas de propostas que se deseja realizar. Traduz uma tendência natural e intencional do ser humano, à medida que este vive em função de projetos.

Programa Conjunto de um ou mais projetos de

determinados órgãos ou áreas, com um período de tempo de�nido.

Quadro elaborado com base em BAFFI (2002).

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Níveis de planejamento educacional Tipos Características

Planejamento Educacional

Incorporando as políticas educacionais, é o planejamento do sistema de educação e, portanto, “é o de maior abrangência (entre os níveis do planejamento na educação escolar), correspondendo ao planejamento que é feito em nível nacional, estadual e municipal” (VASCONCELLOS, 1997).

Planejamento Curricular

É o “processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da ação escolar. É previsão sistemática e ordenada de toda a vida escolar do aluno”. (VASCONCELLOS, 1997).

Planejamento Escolar

É o planejamento global da escola, envolvendo o processo de re�exão e decisões sobre a sua organização, o funcionamento e a proposta pedagógica. “É um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social”. (LIBÂNEO, 1992)

Planejamento de Ensino

É o “processo de decisão sobre atuação concreta dos professores, no cotidiano de seu trabalho pedagógico, envolvendo as ações e situações, em constantes interações entre professor e alunos e entre os próprios alunos”. (PADILHA, 2001)

Plano

É o planejamento colocado no papel. Os objetivos devem ser a primeira coisa registrada nele, dizendo exatamente o que se quer conseguir. Nele são relevantes decisões do tipo: o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer, com quem fazer.

Projeto

É também um documento produto do planejamento, porque nele são registradas as decisões mais concretas de propostas que se deseja realizar. Traduz uma tendência natural e intencional do ser humano, à medida que este vive em função de projetos.

Programa Conjunto de um ou mais projetos de

determinados órgãos ou áreas, com um período de tempo de�nido.

Quadro elaborado com base em BAFFI (2002).

Utilizamos normalmente termos como: planejamento e pla-no de ensino. Mas será que existem diferenças entre planejamento e plano de ensino? Fusari (1990) levanta essa indagação e assegura a importância de que sejam explicitadas as diferenças entre os dois conceitos, bem como a íntima relação entre eles.

Enquanto o planejamento do ensino é o processo que envol-ve “a atuação concreta dos educadores no cotidiano do seu traba-lho pedagógico, envolvendo todas as suas ações e situações, o tem-po todo, envolvendo a permanente interação entre os educadores e entre os próprios educandos” (FUSARI, 1989), o plano de ensino é um momento de documentação do processo educacional escolar como um todo. Plano de ensino é, pois, um documento elaborado pelo(s) docente(s), contendo a(s) sua(s) proposta(s) de trabalho, em uma área e/ou disciplina específica.

Devemos, no entanto, considerar que o planejamento de en-sino engloba três tipos distintos e interligados entre si:

Planejamento curricular;•

Projeto Político-Pedagógico (PPP);•

Plano de aula.•

3.1 Planejamento curricularO planejamento curricular é a proposta geral das experiên-

cias de aprendizagem que serão oferecidas pelo curso de formação. É a espinha dorsal que integra vertical e horizontalmente a ação educativa. É constituído de alguns elementos fundamentais: natu-reza e especificidade do conhecimento, desafios pedagógicos, en-caminhamentos pedagógicos, proposta de conteúdo, processo de avaliação (VASCONCELOS, 2006). Sobre esse assunto discutiremos no fascículo “A avaliação na escola”, do modulo V.

3.2 Projeto Político-Pedagógico (PPP)O PPP ou Projeto Educativo é o plano global da instituição.

Pode ser entendido como a sistematização de um processo nun-ca definitivo, de um processo de Planejamento Participativo (VAS-CONCELLOS, 2006).

3.3 Plano de aulaConsideramos a aula como uma forma de organização didáti-

ca do conhecimento. Nessa perspectiva, o educador deve preparar suas aulas, pois o registro servirá como base para revisões e redi-mensionamento das ações educativas, no espaço da sala de aula. Hoje devemos pensar a aula para além das quatro paredes da sala de aula. A educação há muito tem buscado se apropriar das novas tecnologias. Hoje já podemos pensar em aula on-line, pois é muito importante que as nossas escolas concorram para a inclusão digital,

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dimensão fundamental da sociedade contemporânea. Este nosso curso de formação nasceu desse esforço. Parte fundamental do tra-balho pedagógico na perspectiva desse curso é a coordenação pe-dagógica, sempre que possível, o planejamento deve ser coletivo, revisando a interação e o bom desenvolvimento da escola toda.

De acordo com Fusari (1990), o preparo das aulas é uma das atividades mais importantes do trabalho do profissional de educa-ção. Nada substitui a tarefa de preparação da aula em si, pois a aula é uma síntese curricular que concretiza, efetiva, constrói o processo de ensinar e aprender, na qual o educador faz a mediação compe-tente e crítica entre os alunos e os conteúdos do ensino, sempre procurando direcionar a ação docente para estimular os alunos.

4 – Elaboração do planejamento e plano de ensino

Na elaboração do planejamento, independentemente do tipo, utilizamo-nos sempre dos seguintes componentes do proces-so de ensino:

objetivos;•

conteúdo, metodologia/procedimentos, recursos/linguagens; •

avaliação; •

cronograma.•

Vamos falar um pouco sobre cada um deles.•

4.1 Objetivos de ensinoNo início da seção, após a leitura da lenda de Kuát e Iaê – A

Conquista do Dia, observamos que os irmãos tinham como objeti-vo “capturar o dia de Urubutsim (Urubu-rei)”. Mas o que vêm a ser objetivos de ensino?

Os objetivos de ensino determinam a intencionalidade, ou seja, o que se pretende buscar. São, portanto, o marco inicial do pro-cesso social e pedagógico. Normalmente, na educação, os objetivos de ensino apresentam-se em três níveis de abrangência. De acordo com Libâneo (1994), o primeiro nível é o sistema escolar, que de-termina as finalidades educativas de acordo com a sociedade em que está inserido; o segundo nível é determinado pela escola, que estabelece as diretrizes e princípios do trabalho escolar; o terceiro nível é o professor, que concretiza tudo isto em ações práticas na sala de aula.

Os objetivos podem ser gerais e específicos. Os objetivos ge-rais são mais amplos e abrangentes, apresentam propósitos. São alcançados em um período maior de tempo; ao final do curso, da disciplina, do ano letivo. Os específicos são mais detalhados e pre-cisos, representam ações observáveis. São detalhamentos do obje-tivo geral, os degraus a serem calcados para se chegar ao objetivo geral.

Para Vasconcellos (2006), a formulação dos objetivos ajuda no pensar e no elaborar da ação, além de servir de critério para se saber

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em que medida eles foram alcançados. É a elaboração dos objetivos que determina a postura ativa do sujeito no processo educativo.

Ainda de acordo com esse autor, “estabelecer objetivos é ter habilidade de dialogar, de perscrutar o mundo, descobrir-lhe o sen-tido, e devolver à comunidade de forma orgânica, como um convi-te, um desafio” (VASCONCELLOS, 2006, p.112).

4.2 Conteúdos de ensinoExpressam os conhecimentos construídos ao longo da his-

tória da humanidade. Expressam o resultado da atividade humana nas suas relações, consigo mesmo, com o outro e com o meio. De acordo com Libâneo (1994), os conteúdos de ensino são conjuntos de conhecimento, habilidades e hábitos, modos valorativos e atitu-dinais de atuação social, organizados didática e pedagogicamente, buscando-se a assimilação ativa e aplicação prática na vida dos alu-nos. São assim recortes da realidade, organizados pedagogicamen-te com determinada intencionalidade e utilizados como meios para se alcançar os objetivos propostos.

4.3 Metodologia – Estratégias/procedimentoNa lenda apresentada, os irmão Kuát e Iaê construíram um bo-

neco de palha em forma de uma anta, no qual depositaram detritos para a criação de algumas larvas. Pediram para as moscas levarem algumas larvas a Urubutsim e anunciarem que haveria um grande banquete. Essas foram as estratégias utilizadas por eles.

Estratégias são as ações selecionadas para alcançar o objeti-vo. É o que fazer para articular objetivos, conteúdos e métodos e para proporcionar a apropriação do conhecimento pelo aluno. Te-mos como exemplo: aula expositiva dialogada, trabalho em grupo, resolução de situações-problema, seminário, painel integrado, re-solução de exercícios, experimentos, entre outros.

Devemos considerar na seleção de estratégias a importância da preparação de cidadãos competentes para atuar de forma crítica e responsável na construção de uma sociedade mais justa, demo-crática e desenvolvida. Isso exige um perfil de qualificação que bus-que assegurar ao aluno uma formação ética e solidária. Para Libâ-neo (2001), é preciso, ainda, desenvolver sua capacidade de resol-ver problemas, selecionar e processar informações, com autonomia e raciocínio crítico. É preciso dar ao aluno condições de utilizar os conhecimentos adquiridos para que tenham novas oportunidades, em um mundo cada vez mais complexo e competitivo.

4.4 Recursos e linguagensNa lenda, Kuát e Iaê utilizaram como recurso para executarem

seu plano o boneco de palha, as larvas e as moscas. Recursos são os materiais humanos e materiais de linguagens que usamos pe-dagogicamente no processo educativo. Para selecionar os recursos e linguagens a serem utilizados, devemos considerar a natureza e a especificidade do conteúdo, os objetivos propostos, nível de de-senvolvimento e aprendizagem dos alunos.

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A avaliação é um importante componente do planejamento e está diretamente vinculada aos objetivos. É uma importante fer-ramenta diagnóstica, pois é por meio da avaliação que analisamos acertos e erros, identificamos pontos positivos e pontos que devem ser repensados e replanejados.

Conforme a lenda, Kuát e Iaê libertaram o dia, soltaram o che-fe dos pássaros e avaliaram que o objetivo proposto foi alcançado, que o planejamento deu certo.

AGORA É COM VOCÊ!

Sabemos que os componentes do processo de ensino estão presentes no cotidiano pedagógico de sua sala de aula. Sendo as-sim, selecione três desses componentes e conte-nos como são apli-cados em seu trabalho pedagógico.

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E ASSIM...

Encerramos nossa primeira seção: na ação de planejamento, articulamos ideias, projetos, conhecimentos, como eixo articulador da vida e da educação.

Percebemos que o planejamento é um processo mental que envolve análise, reflexão e previsão. É um ato intencional que inclui a formulação de objetivos e a seleção dos meios para atingi-los.

Percebemos que o processo de planejamento não é neutro, pois atende a determinados propósitos, e está vinculado à especifi-cidade da escola, ao compromisso político do educador e, ainda, às relações entre escola, educação e sociedade. Representa as nossas intenções pedagógicas e se concretiza por meio de planos, sob as mais variadas formas.

Planejar é buscar o ideal, descobrir possibilidades. É não te-mer! É ousar! Todo esse nosso curso assim se constitui.

Como nos fala Alberto Caeiro:

Da minha aldeia vejo quando da terra se pode ver no Universo...

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Por isso a minha aldeia é tão grande como outra qualquer.Porque eu sou do tamanho do que vejo.

E não do tamanho da minha altura...”(Alberto Caeiro – heterônimo de Fernando Pessoa, em O guardador de

Rebanhos.)

Em uma grande ousadia. Uma ousadia coletiva. Depois dele, esperamos que você possa planejar e realizar o seu trabalho de educação com segurança, alegria e aberto às possibilidades... ao vir a ser!

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2 Da escola que temos, para a es-

cola que queremos

Objetivos:Analisar o PPP como instrumento de inovação e emancipação e como elemento indispen-sável na efetivação do processo de gestão democrática da escola.

- Conceito de Projeto Político-Pedagógico (PPP).- Momentos de elaboração do PPP.

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Na seção anterior, observamos que o planejamento é um conjunto coordenado de ações, pensadas pelo homem, e que o possibilita, antecipadamente, organizar ações para intervenção e modificação da realidade em que está inserido.

Nessa perspectiva da educação, o planejamento é processo contínuo, determinante de como se pode chegar ao desejado. Para tanto, parte sempre da visão de uma situação presente para, a par-tir daí, chegar-se a possibilidades futuras.

Agora, na seção II, vamos tratar mais especificamente do Pro-jeto Político-Pedagógico (PPP) como o mecanismo que auxilia na construção da escola no âmbito da sociedade, historicamente situ-ada em determinados tempo e contexto.

Para iniciar esse estudo, leia com calma e atenção o fragmen-to da música “Pelo avesso” de João Donato.

Pelo AvessoComposição: João Donato & Lysias Enio

O caminho me leva pra onde eu vou

Vou atrás daquela estrela

Sem saber onde chegar

Tudo volta ao começo

Começando sem parar

Pois o fim não tem começo

Pra poder recomeçar

Viro tudo pelo avesso

Coração não vai parar

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Conhecendo um pouco mais o compositor acreano João Donato

João Donato de Oliveira Neto nasceu na cidade de Rio Branco, no então Estado do Acre, no dia 17 de agosto de 1934. Filho de João Donato de Oliveira Filho e Eutália Pacheco da Cunha. Com 5 anos já tocava acordeão de ouvido. Aos sete, piano, por música.

Chega ao Rio de Janeiro em 1945 e no início dos anos 1950 atuava no conjunto do violonista Fafá Lemos, como acordeonista. Sua primeira gravação é feita com Altamiro Carrilho. Na sequência, o jazz é a ponte direta com o grupo que viria a criar a bossa nova: Tom Jobim, João Gilberto, Johnny Alf, Luís Bonfá, entre outros.

Fonte: http://www.clubedejazz.com.br

Ampliando nossa compreensão sobre o fragmento da música: Pelo Avesso

Selecionamos esse fragmento da poesia de João Donato por considerar que o poeta, com suas sábias palavras e reconhecida criatividade, consegue mostrar a dinamicidade da vida quando diz: “Pois o fim não tem começo / Pra poder recomeçar / Viro tudo pelo avesso / Coração não vai parar”.

Assim também é a escola, com seus sujeitos, identidades, subjetividades, dinamicidade. Ela não está pronta, está sendo cons-truída, em cada dia, por meio das ações de cada um e de todos os segmentos que a compõem. E como sempre inacabada, nos possi-bilita, permanentemente, seu (re)pensar.

O poeta parece não ter dificuldade em repensar a vida... “Vou atrás daquela estrela / Sem saber onde chegar...” Mas, por que nós educadores nos deparamos com tantas dificuldades ao pensar a escola e ao tentar fazê-la diferente? Vamos, nessa seção, ousada e audaciosamente, reler a instituição denominada ESCOLA.

Essa instituição é constituída de sujeitos educativos singula-res que, por meio de interações cotidianas, promovem a identidade desse espaço pedagógico, conferindo-lhe uma construção proces-sual e humana.

Cada escola é singular em sua identidade e diversa em sua composição. Não é, porém, uma ilha desvinculada da realidade so-cial. Reflete em seu interior as contradições sociais do contexto no qual está inserida. Essa é a compreensão que buscamos desenvol-

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ver em no nosso curso de pedagogia: uma rede de formação que implica na interação entre muitas instâncias formadoras. A Secre-taria de Educação, como instituição em nível estadual responsável pela formulação e implantação das políticas pedagógicas, tem na sala de aula o seu locus primordial. A Universidade é a instância res-ponsável pela formação em nível superior dos professores e, claro, de muitos outros profissionais. Além disso, a escola e a educação participam, política e pedagogicamente, dos avanços que a socie-dade gesta e proporciona. Hoje, é muito difícil pensar em educação fora da estrutura tecnológica que as redes informáticas proporcio-nam. Assim, planejar a educação é também saber agregar à educa-ção que desenvolvemos, nas escolas e salas de aula, os recursos e as novas linguagens tecnológicas.

Já não é possível, há muito, conceber a escola como algo pronto e acabado. A educação é uma prática em processo. Para ma-terializar a educação que defendemos no Ped-EaD, devemos repen-sar e recriar a escola.

Para tanto, se faz necessária a utopia de acreditar no possível, ou seja, libertar-nos do “ver para crer” e avançar na direção do “crer para ver”. Essa inversão, forjada pela população do Acre, tem permi-tido muitas ousadias, alcançando-se muitos sucessos. O nosso tra-balho de formação de professores é um exemplo disso. Se fóssemos esperar ter todas as condições ideais para desenvolver esse traba-lho, muito pouco teríamos avançado. Foram necessárias estratégias de planejamento que espelhassem o desejo político de realizar. Foi preciso superar barreiras de muitas ordens: de acesso geográfico, de acesso tecnológico e muitas outras. E, com certeza, tornou-se re-alidade graças ao empenho de cada um dos membros dessa nossa rede de formação chamada Ped-EaD.

É por esse viés que gostaríamos de rediscutir o PPP e de apre-sentá-lo como a concretização de uma mudança possível, como a oportunidade do repensar da práxis pedagógica, do processo de gestão, do ensino-aprendizagem e das interações entre o desejar e o conhecer, entre estudar e viver.

Para entender um pouco mais sobre o Projeto Político Pedagógico (PPP)

No início deste fascículo, observamos a importância do ato de refletir na constituição do ser humano. Percebemos que a reflexão se mune de significado quando se origina da prática, ao ser anali-sada e compreendida à luz da fundamentação teórica, ou seja, da releitura do feito, do realizado, da indissociabilidade entre teoria e prática. Estudamos também os diferentes tipos de planejamento da área educacional e suas respectivas características.

Conforme afirmamos anteriormente, a escola não é uma ilha, ela faz parte de um contexto social mais amplo, ou seja, está inse-rida dentro das políticas públicas de educação, sendo um dos elos de uma rede de ensino. Ela não tem um fim em si mesma, pois está a serviço de políticas educacionais, da comunidade educativa, do processo ensino-aprendizagem.

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Nessa perspectiva, para planejar a escola, devemos ter como referência o planejamento educacional do país, do estado e do mu-nicípio. Nesse momento, é importante acessar o portal do Ministé-rio da Educação – www.mec.gov.br. Nele podemos encontrar, não somente a estrutura do sistema nacional de educação, mas, ainda, as discussões mais recentes sobre a política de educação do país. Dessa forma, pode ficar mais clara essa ideia de que o PPP de sua escola faz parte do amplo e complexo sistema de educação.

A escola pertence a um sistema de ensino, a um país, a uma comunidade. Muitos especialistas e pesquisadores da educação têm pensado sobre as questões que envolvem a educação em seus aspectos político-pedagógicos e a importância da elaboração de um PPP que possa estruturar a prática da educação escolar. Re-corremos a alguns deles para enriquecer essa nossa reflexão. Para Gadotti e Romão (2000), “a ampliação da autonomia da escola não pode opor-se à unidade do sistema. Deve-se pensar o sistema de ensino como uma unidade descentralizada. Descentralização e au-tonomia caminham juntas”.

A elaboração e implantação do PPP é também a efetivação da autonomia da escola que implica na participação da comunidade educativa na constituição da identidade da escola. De acordo com Gadotti e Romão (1997), o PPP depende das pequenas manifesta-ções do cotidiano escolar, dentro e fora do contexto histórico em que a escola se encontra inserida.

É no PPP que se traçam os rumos da escola e se define sua função social, estabelecendo-se o eixo norteador de todas as ações nela desenvolvidas. Não podemos desconsiderar que a escola en-quanto intuição social é formada pelo coletivo e por diversos seg-mentos: pais, alunos, comunidade, trabalhadores em educação, professores. É, enfim, constituída por diversidades e contradições.

Sendo assim, para pensá-la e organizá-la, não devemos partir da dimensão do uno, mas sim do multi, pois devemos considerar seu pluralismo, singularidade, e sua multiculturalidade. Por ser uma instituição coletiva, não podemos concebê-la por meio de projetos individuais ou fragmentados, de interesses de uns em detrimento do direito de todos.

Ela só poderá ser concebida a partir de um projeto coletivo, elaborado conjuntamente. Um projeto que garanta sua autonomia, sua identidade, seu devir. Que busque assegurar seus valores, cren-ças, formas de pensar, de agir e de ser.

De acordo com Rios (1992), ao organizarmos os projetos de nossas escolas, planejamos o trabalho que temos intenção de reali-zar, lançamo-nos para diante, olhamos para frente, pois projetar-se é relacionar-se com o futuro, é começar a fazê-lo. Projeto é o querer ir à frente, colocar o ideal como algo desejado e necessário, e que ainda não existe. Precisamos justificar o “ainda não”. Para isso, é pre-ciso antecipar...

E só há um momento de fazer o futuro – no presente. O futuro é o que viveremos como presente, quando ele chegar. E que já está presente, no projeto que dele fazemos. Pode parecer complexo, mas trata-se de algo que se constata em nossa vivência do cotidiano.

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A citada autora afirma que começamos a Escola do Futuro no presente, ou seja, da escola “que temos”, para a escola “que quere-mos”. Elaborar o PPP da escola é vivenciar o confronto entre o que queremos e o que precisamos construir.

Conforme Gadotti (1998), todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. O ato de planejar é lançar-se à frente. Arriscar é sair da estabilidade e buscar novas possibilidades.

Pelo PPP, o que ainda não é pode vir a ser.

Por que político? Porque é inerente ao humano, é um ato hu-mano, pois é um ser coletivo e constitui-se na relação com o ou-tro e com o meio. Dias (2003) recorre a Aristóteles para justificar a politicidade do ato educativo: “todo homem é um animal político”. “Político”, no sentido etimológico (origem da palavra), vem do gre-go polis, que significa “cidade”, ou seja, refere-se ao habitante da cidade que precisa ser educado para nela viver e (com) viver com seus semelhantes – educação para a cidadania. O PPP parte de uma certa “intenção”, para depois se transformar em ações, atos, para re-alização do devir. Nessa perspectiva, o ato de projetar origina-se de uma necessidade de mudança. Sua elaboração baseia-se em prin-cípios e valores, na concepção que temos e buscamos de homem, cultura e sociedade.

É pedagógico, por efetivar-se nas ações educacionais, no pla-nejamento educacional e de ensino, na concepção de currículo, na organização do trabalho pedagógico e no processo de gestão do espaço escolar.

É tempo de repensar sua escola, pois:

“Não importa que doa: é tempode avançar de mão dada

com quem vai no mesmo rumo,mesmo que longe ainda esteja

de aprender a conjugaro verbo amar.

É tempo sobretudode deixar de ser apenas

a solitária vanguardade nós mesmos.

Se trata de ir ao encontro.(Dura no peito, arde a límpida

verdade dos nossos erros.)Se trata de abrir o rumo.

Os que virão serão povo,e saber serão, lutando.”

Thiago de Mello. Trecho da poesia “Para os que virão”.

Esses versos de Thiago de Mello, escritor amazonense que

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nasceu na cidade de Barreirinha, lembra que “é tempo de andarmos de mãos dadas”, reforça que é tempo de construirmos a escola com a nossa cara, nosso jeito, nossos desejos. Isso não pode ser feito na dimensão do um, pois como ele afirma: “É tempo sobretudo de dei-xar de ser apenas a solitária vanguarda de nós mesmos”.

Além desse tempo poético, Gadotti (1998) aponta-nos ainda outros tempos determinantes e necessários para a elaboração do PPP:

a) Tempo político: define a oportunidade política de deter-minado projeto.

b) Tempo institucional: cada escola encontra-se em determi-nado tempo de sua história. O projeto que pode ser inovador para uma escola pode não ser para outra.

c) Tempo escolar: o calendário da escola, período no qual o projeto é elaborado, é também decisivo para o seu sucesso; não só onde estão os tempos reais de aula, de coordenação pedagógica, de reuniões coletivas com pais, servidores etc.

d) Tempo para amadurecer as ideias: só os projetos burocrá-ticos são impostos e, por isso, acabam por se revelarem ineficientes quando implantados. Há um tempo para sedimentar ideias.

Então...

Sintam-se convidados para, coletivamente, refletirmos sobre como construir, ou como continuar a construir a escola que que-remos. Converse com seus pares e reflita sobre as questões abaixo apresentadas:

Existe um PPP em sua escola?•

Qual o ideal de sua escola?•

Quais são os pressupostos norteadores das ações desenvolvi-•das na perspectiva do alcance desse ideal?

De que forma o seu curso de formação pode contribuir para a •construção do PPP de sua escola?

Vamos ampliar nossa discussão?•

Como sua escola se relaciona com o processo transformador •da sociedade?

Como sua escola lida com as diferenças e a diversidade cultu-•ral?

Qual o entendimento que se tem de currículo?•

Que currículo temos? Que currículo queremos?•

Como se organiza o trabalho pedagógico?•

E o processo de avaliação?•

Após o processo avaliativo, que rumos toma a sua escola?•

A partir dessa reflexão, passe agora a observar outros aspec-tos fundamentais que devem ser considerados no PPP e analise se estão ou como estarão contemplados no PPP de sua escola.

Existe clareza nas intencionalidades? •

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Estão definidas a visão de homem, a visão de sociedade e a •visão de mundo, a serem defendidas no PPP?

Possibilita a reflexão sobre os reais problemas da escola? •

Realiza a análise da realidade social, cultural, escolar?•

Promove o envolvimento de todos os sujeitos educativos do •contexto escolar: pais, alunos, professores, trabalhadores da educação e gestores.

Para Veiga (1995), é fundamental apontar alguns outros ele-mentos que devem estar presentes no PPP, tais como:

finalidades da escola;•

estrutura organizacional;•

currículo;•

tempo escolar;•

relações de trabalho;•

processo avaliativo.•

Esses elementos estão presentes no PPP de sua escola?

Registre no espaço abaixo a síntese de todo o processo de reflexão realizado com o coletivo de sua escola.

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Não devemos esquecer de que um projeto de escola deve ser elaborado para ser vivenciado e não para ser apresentado e/ou mostrado para satisfazer a interesses e necessidades da burocracia administrativa.

A seguir, apresentamos uma síntese dos momentos vivencia-dos na elaboração de um PPP.

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Momentos de elaboração do PPPMomentos Ação Estratégias

1.º momento: diagnóstico – como é nossa escola?

O que fazer ?

Coleta e análise minuciosa de dados sobre a realidade da escola, tanto qualitativa como quantitativamente.

– Questionários; – Observações; – Análise documental; – Análise de arquivos; – Interpretação de estatísticas o�ciais. Como

fazer?

Por meio de questionamentos em dois níveis: – mais amplo: relacionado aos aspectos sociais, políticos e econômicos da comunidade na qual ela está inserida e à sociedade brasileira. – mais restrito: relacionado à organização do trabalho pedagógico da escola, considerando seus diversos segmentos.

2.º momento: a construção do PPP.

O que fazer?

Tomar conhecimento das concepções do coletivo da escola em relação ao trabalho pedagógico, tendo em vista a proposição de inovação ao seu dia-a-dia. Traçar linha de ação.

– Estabelecimentos de cronograma de atividades; – Realização de reuniões com os diversos segmento da escola; – Realização de momentos de estudo: leitura de textos, que propiciam análise da realidade.

Como fazer?

Determinação de espaços destinados à discussão coletiva e a troca de idéias.

3.º momento: como executar as ações que foram traçadas pelo coletivo?

O que fazer?

Garantir a tomada de posições em relação às ações executadas e de�nir as responsabilidades por cada uma delas.

– Estabelecimentos de calendários e horários bem de�nidos, visando garantir a avaliação e o acompanhamento das ações que estão sendo executadas.

Fonte: MEDEL (2008).

Esse tema é muito intenso e extenso. Muito ainda há para se estudar sobre o PPP. Deixamos essa atribuição para você, professor, sujeito histórico-social e construtor da escola que queremos, com outras possibilidades, outra organização e com maior comprome-timento com a cidadania, a sociedade, como o saber vivo, ativo e emancipador.

Escolhemos para encerrar essa seção um trecho de Gramsci (1978), que expressa com clareza o que procuramos discutir no de-correr deste fascículo:

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A possibilidade não é a realidade, mas é, também ela, uma reali-dade: que o homem possa ou não fazer uma determinada coisa, isto tem importância na valorização daquilo que realmente se faz.

Possibilidade quer dizer “liberdade”. A medida da liberdade en-tra na definição do homem. Que existam as possibilidades ob-jetivas de não se morrer de fome e que, mesmo assim, se morra de fome, é algo importante, ao que parece. Mas a existência de condições objetivas – ou possibilidade, ou liberdade – ainda não é suficiente: é necessário “conhecê-las” e saber utilizá-las. Querer utilizá-las.

E agora professor?Entendemos por meio desse estudo que nossa prática é plena

de intencionalidade e de posições políticas, compreendidas como da polis, da cidadania. Ela está sempre entremeada de concepções, de escolhas, de ousadias e de rupturas. Freire (1996) deixou-nos um grande legado ao mostrar a importância de saber a favor de quê e de quem estamos fazendo educação:

Não posso ser professor a favor simplesmente do Homem ou da Humanidade, frase de uma vaguidade demasiado contrastante com a concretude da prática educativa. Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o auto-ritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda. Sou professor a fa-vor da lida constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais. Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura. Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo.

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3 A magia pedagógica no espa-

ço da sala de aula

Objetivos:Identificar a sala de aula como espaço privilegiado de trocas, de partilhas, de construção de subjetividades, de identidades e de conhecimentos.

- A sala de aula como espaço de corpo, desejo e tecnologia.- Alternativas metodológicas a serem aplicadas em sala de aula.- O papel do planejamento na consolidação da magia pedagógica da sala de aula.

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Poderíamos abordar o plano de aula como continuidade do estudo realizado no decorrer desse fascículo: Planejamento, Projeto Político-Pedagógico e Plano de Aula. Mas fizemos opção por outra maneira e por outros vieses de análise, para buscar a compreensão do espaço de sala da aula como ambiente significativo e definidor das relações estabelecidas entre os sujeitos e o conhecimento.

Entendemos que é nesse espaço específico que as ideias se transformam em ações e fazem com que ocorra, cotidianamente, a magia do fazer pedagógico. Hoje, é possível pensar em salas de au-las virtuais/on-line. Essa realidade já existe e foi também por meio dela que este curso de pedagogia pôde acontecer.

Vamos iniciar esta seção com um fragmento da música Estu-do Errado do Gabriel O Pensador.

Eu gosto dos professores e eu preciso de um mestre

Mas eu prefiro que eles me ensinem alguma coisa que preste

- O que é corrupção? Pra que serve um deputado?

Não me diga que o Brasil foi descoberto por acaso!

Ou que a minhoca é hermafrodita

Ou sobre a tênia solitária.

Não me faça decorar as capitanias hereditárias!!(...)

Vamos fugir dessa jaula!

“Hoje eu tô feliz” (matou o presidente?)

Não. A aula.

Matei a aula porque num dava

Eu não aguentava mais

E fui escutar O Pensador escondido dos meus pais

Mas se eles fossem da minha idade eles entenderiam

(Esse num é o valor que um aluno merecia!)

Íííh... Sujô (Hein?)

O inspetor!

(Acabou a farra, já pra sala do coordenador!)

Achei que ia ser suspenso, mas era só pra conversar

E me disseram que a escola era meu segundo lar

E é verdade, eu aprendo muita coisa realmente

Faço amigos, conheço gente, mas não quero estudar pra sempre!

Então eu vou passar de ano

Não tenho outra saída

Mas o ideal é que a escola me prepare pra vida

Discutindo e ensinando os problemas atuais

E não me dando as mesmas aulas que eles deram pros meus pais

Com matérias das quais eles não lembram mais nada

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E quando eu tiro dez é sempre a mesma palhaçada

Gabriel O Pensador é o nome artístico de Gabriel Contino, nascido no Rio de Janeiro, em 4 de março de 1974. É um cantor brasileiro de rap. O termo rap significa rhythm and poetry (ritmo e poesia). Este gênero musical foi criado nos Estados Unidos da Amé-rica, mais especificamente nos bairros pobres de Nova Iorque, na década de 1970, por jovens de origens negra e espanhola, que, em busca de uma sonoridade nova, criaram o rap. O rap tem uma bati-da acelerada e a letra vem em forma de discurso, muita informação e pouca melodia.

Fonte: http://www.suapesquisa.com/rap/consultado. Acesso em 6/10/2008.

Na música, o compositor exclama: “Não. A aula. / Matei a aula porque num dava / Eu não aguentava mais”.

Quantas vezes, como alunos, também não nos sentimos as-sim? Repulsa por um lugar onde o corpo é negado e o sujeito é valorizado apenas como “mais uma cabeça”, embora seja também o corpo sujeito da educação, porque é nele que está a expressão da vida. O corpo, no sentido integral, quer aprender para poder viver.

O corpo, os desejos e o pensar constituem a realidade huma-na. A realidade é elaborada por meio da renovação dos desejos. O ato de pensar é um movimento de liberdade, de ruptura com o presente, com suas previsibilidades e de compromisso com o que pode “vir a ser.” A sala de aula deve ser o lugar do corpo, do desejo, do pensamento, do prazer, da criação e da inteligência.

Demo (1997) ressalta que o saber pensar na sala de aula é um convite à vida que mora atrás das teorias, dos conteúdos curricula-res, dos programas de pós-graduação, para uma conversa franca. Franqueza presente na própria ação de pensar, daquele que, na me-dida em que se reconhece pensando, pode perceber parte de seus limites e potencialidades. Implica na capacidade de crítica frente ao próprio saber e, porque não, ao próprio corpo e seus desejos.

Mariz (2006), no texto Educar para e no pensar – uma refle-xão sobre a sala de aula, diz o seguinte: o espaço-atividade sala de aula pode ser um banquete onde se faz e degusta o pensar criador. Como no filme A Festa de Babette, em que as pessoas, espantadas e resistentes por motivos religiosos, se veem sentadas frente a um banquete com todo o requinte da culinária francesa, degustando lentamente sabores diferentes. Em um movimento de medo e des-cobertas, de alegria e espanto, elas experimentam algo semelhante ao movimento de aprender!

Nessa perspectiva de análise, contamos com a contribuição de Anastasiou (2004), que afirma que nós educadores precisamos ter preocupação com o sabor do conhecimento, para que o aluno possa saboreá-lo com desejo, prazer e alegria. Para ser saboroso, o saber inclui um saber o quê, um saber como, um saber porquê e um

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saber para quê1.

“Saber é saborear”, diz Rubem Alves, o educador precisa rom-per o divórcio entre a vida escolar e o prazer. O aluno somente per-cebe o sabor do conhecimento quando o docente, em seu fazer pedagógico, também o saboreia na lida cotidiana.

Para Anastasiou (2004), a sala de aula é onde o professor fala, explicita o conteúdo com suas definições ou sínteses, desconside-rando-se os elementos históricos e contextuais, muitas vezes, to-mando suas sínteses temporárias como definitivas, desconectan-do-as de afirmações técnicas das pesquisas científicas que as ori-ginaram.

Dessa forma, torna-se um ambiente externo ao aluno, onde ele é apenas o coadjuvante do pensado pelo professor. A janela da sala de aula passa a ser para esse aluno a parte mais interessante e envolvente, pois permite sua transcendência, a saída do espaço físico, proporciona a ousadia do encontro da liberdade.

Para a citada autora, o assistir ou dar aulas precisa ser substitu-ído pela ação conjunta do fazer aulas. Talvez seja necessário que o professor desaprenda a dar aula e aprenda a fazer aula junto com o educando, considerando-o como co-autor do processo de ensino-aprendizagem, com o sujeito de identidade, de autonomia, de sub-jetividade, de corpo e de mente.

É necessária a transformação da pedagogia da regulação na pedagogia do gesto e da vontade. É preciso desamarrar o corpo e torná-lo um campo do saber, um tipo de conhecimento sobre o ho-mem. Para isso, é fundamental a busca de estratégias emancipado-ras, que possam oportunizar ao aluno a construção de sínteses do conhecimento, por meio da atividade ativa do re-pensar, do refletir, do conhecer e do re-conhecer a si mesmo, o outro e o mundo.

Entendemos que isso só será possível por meio de seleção e utilização de estratégias de ensino que possam transformar a sala de aula em magia, onde estará sempre presente o corpo pedagógi-co ao ritmo do movimento do desejo, da curiosidade epistemológi-ca e da vontade de apreender.

Em um novo tempo: ser professor...Consideramos o conhecimento como construtor social que se

dá em determinado tempo, períodos e contextos. O conhecimento é um bem coletivo da humanidade. É histórico e cultural. Podemos afirmar que o homem se humaniza no processo de apreensão do conhecimento. A linguagem é fundamental nesse processo de apreensão e tem a função de organização do pensamento e a for-mação da consciência. Vygotsky (1984) já firmava que “a palavra é o

1 Repensar os saberes, tomando-os a partir desses diferentes níveis: o sa-ber em si, o saber o quê, o saber como, o saber porquê e o saber para quê, flexi-biliza a ação docente para novas e diferenciadas estratégias de trabalho em sala de aula. A este respeito vide: ANASTASIOU, L.G. C. Docência no ensino superior e os saberes científicos e pedagógicos. In: Revista Univille, Educação e Cultura, v. 7, n.° 1, jun./2002.

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microcosmo da consciência”.

O homem constitui-se historicamente e culturalmente por meio da linguagem. O tempo é o tecido de sua vida e determinante de seu presente. Sendo a tecnologia a linguagem do agora, ela não pode mais estar ausente dos processos de construção, reconstru-ção, formação e humanização do homem do hoje.

Nessa lógica, a tecnologia como linguagem deve ser consi-derada não somente como uma alternativa metodológica de ino-vações do trabalho pedagógico, de transformação dos modos de pensar-fazer-avaliar, mas também como determinante, por meio de sua aplicação no processo de ensino, de outras formas de interação humana, subjetiva, educativa e social. Vivemos em uma sociedade tecnológica, e a educação participa desse contexto sociocultural e precisa participar do processo de inclusão de toda a sociedade nes-sa nova forma de estar no mundo. No fascículo “Aprendizagem, tec-nologia e educação a distância”, do Módulo I, pudemos aprofundar um pouco a discussão sobre as questões que permeiam a educação e a tecnologia.

Nesse sentido, compreendemos que a práxis pedagógica contemporânea, de alguma forma, sempre envolve as novas tec-nologias, que expressam uma forma de entendimento do mundo. “O meio é a mensagem”, já dizia, na década de 1960, o pesquisador canadense Marshall Mcluhan*. Esses meios carregam em si concep-ções de homem, mundo e sociedade. Podem ser, portanto, instru-mentos de inclusão social ou, ao contrário, um reforço da competi-ção exacerbada presente no sistema capitalista.

Herbert Marshall McLuhan, nasceu em 21 de julho de 1911, em Edmonton, Canadá. Começou a estudar engenharia na Universidade de Manitoba, em 1932, mas acabou por se formar em Literatura Inglesa, em 1934.

Ensinou na Universidade de Wis-consin entre 1936 e 1937. Fez o mestra-do em Cambridge, em 1939, e doutorou-se, em 1943, com uma tese sobre o autor satírico inglês Thomas Nashe.

Entre 1944 e 1946, foi professor na Universidade de Assumption, em Ontário, e na Universidade de To-ronto, entre 1946 e 1979. Das suas cerca de 15 obras fazem parte livros como The medium is the massage: an inventory of effetcs e War and peace in the global village.

McLuhan introduziu as frases “o impacto sensorial”, “o medium é a mensagem” e “aldeia global” como metáforas para a sociedade contemporânea, ao ponto de se tornarem parte da nossa lingua-gem do dia-a-dia.

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Em sentido mais positivo, quando todos tiverem acesso às novas tecnologias e sua utilização for estabelecida em prol do co-letivo social, talvez poderá haver a superação das desigualdades, contradições e opressões sociais.

As invenções da humanidade nem sempre apresentam só o lado bom. Devemos ter o cuidado de saber fazer uso das tecno-logias, uma vez que elas podem ser manipuladas para dominação e competitividade, quando disponibilizadas para alguns em detri-mento de outros, o que acarreta o aumento ainda maior do fosso existente entre: os que possuem e os que não possuem a informa-ção. Fenômeno esse explicado pelo argumento da existência da igualdade e oportunidades de acesso para todos, desconsiderando, de maneira intencional e política, a desigualdade das condições do acesso de todos a essas oportunidades.

Dessa maneira, precisamos urgentemente ampliar nosso sig-nificado para o termo “tecnologia” e romper com a concepção da tecnologia apenas como recurso externo ao homem. Ela está pre-sente no homem, se constitui com o homem, e desde o início da humanidade esteve presente na luta pela sobrevivência humana, quando o homem, impotente diante das intempéries, usou de sua criatividade e criou instrumentos que o ajudaram na defesa contra o inimigo, nos feitos da caça, na construção de abrigos e na amplia-ção da agricultura.

Outra tecnologia importante na vida do homem é a lingua-gem, que proporciona sua interação com o outro, com o meio e consigo mesmo. Também podemos considerar, como uma das tec-nologias presentes na vida do homem, o corpo. Essa tecnologia da criatividade é fundamental em sua vitalidade ética, estética, subje-tiva e cultural.

Desse modo, a escola insiste em ignorar o corpo como cria-dor, negando-lhe os cuidados éticos, estéticos. Não podemos deixar de considerar o corpo como um dos recursos do processo ensino-aprendizagem. Reconhecer o corpo como um dos recursos peda-gógicos é considerar as diferenças, é conviver com a diversidade, a pluralidade e a multirreferencialidade.

Desse modo, Assmann (apud Trojan, 2004) reforça: “No desve-lar da experiência estética e do cotidiano, encontramos a corporei-dade como fundamentos básicos, primeira forma de comunicação e conhecimento advindo das experiências sensíveis do vivido”.

Consequentemente, para considerar o corpo pedagogica-mente, são necessárias mudanças na organização dada ao trabalho pedagógico quanto à seleção de metodologias de ensino, à con-cepção do aprender-a-aprender o uso das diversas tecnologias, ao movimento corporal, à estética e à sensibilidade. Mas para isso, não basta apenas permitir a entrada das tecnologias no espaço educa-tivo da sala de aula. É preciso, sobretudo, oportunizar espaços de formação continuadas do educador, a fim de que ele possa esta-belecer um diálogo pedagógico com outras concepções e outras formas de lidar com o espaço mágico da sala de aula.

Esses espaços proporcionarão o diálogo entre o velho e o novo, desenvolverão a criticidade do professor e permitirão o es-

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tabelecimento de nova relação com as tecnologias. Dessa forma, as tecnologias serão desconsideradas como um fim em si mesma e passarão a ser concebidas como um meio de conexão dialética entre os pares homem/máquina, técnica/educação, tecnologia/emancipação.

Mas por que essa discussão?

Porque todo esse processo de alteração da concepção meto-dológica ajudará cada professor a olhar para o aluno como sujei-to de identidade, de corpo, tornando-o capaz de compreender as tecnologias diversas, para ajudar os educandos a despertar para a magia que está presente em sala de aula: no encontro entre sujeitos educativos, o conhecimento, a alegria e o prazer.

E qual o papel do planejamento na consolidação da magia pe-dagógica da sala de aula e demais ambientes pedagógicos, como uma plataforma na internet?

Nós educadores vivemos do indefinido, do pode vir a ser. A processualidade é que determina e assegura a especificidade do ato do planejamento pedagógico e garante sua temporalidade no agora, no ato presente do fazer. Assim é a arte de planejar. Plane-jamos para o agora, para a semana, para o mês, para o semestre. Tudo deve ser planejado para não fazermos da educação um ato de improviso. Tudo deve ser minuciosamente estudado, avaliado e flexibilizado, se necessário for.

Nesse sentido, Zabala (2007) afirma que a complexidade do processo educativo torna difícil a previsão com antecedência, o que ocorrerá em sala de aula. Porém, essa característica é que deve levar o professor a utilizar o maior número possível de meios e estraté-gias para atender às diferentes demandas que surgirão na proces-sualidade e na dinamicidade do processo ensino-aprendizagem.

O professor não pode estar desprevenido diante do imprevis-to e do indeterminado. Ou seja, mesmo com toda a complexidade, a magia da sala de aula não pode ficar a mercê da improvisação, pois o ato educativo carece de sistematização, organização e fle-xibilidade. É necessária e oportuna a implantação de inovação das atividades desenvolvidas no espaço interativo do cotidiano escolar, a sala de aula. É preciso considerar esse espaço como espaço de magia da sensibilidade, da estética, do prazer.

Para tanto, é fundamental incluir, no planejamento de aula, alternativas metodológicas e utilização de recursos diversos. Sa-bemos que são muitas as metodologias e muitos os recursos que podem ser utilizados em sala de aula. Porém, não desconsideramos as demais metodologias e outros recursos didáticos que podem despertar a sensibilidade na forma de ler e compreender o mundo. São eles: o cinema, a música, a fotografia, a dança, entre tantas al-ternativas.

Quanto à importância do cinema na educação e em sala de aula temos a contribuição de Coutinho (2005), que afirma:

Por isso o cinema na escola pode ser tão rico. Mais do que os conteúdos que cada filme possa trazer, a presença do cinema na escola pode se constituir em momentos de reflexão que transcendam os próprios filmes e incluam o olhar de cada um

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à narrativa que o diretor propôs e nos ofereceu, em imagens e sons. Quando vamos ao cinema, às salas escuras de projeção, ao final, as imagens, as histórias, os personagens nos acompanham, solitárias, para além do filme, às vezes, para sempre. Na escola, quando o filme termina, é possível conversar sobre ele e cons-truir uma outra história ou quantas histórias cada pessoa que viu quiser acrescentar.

Coutinho (2005) aponta diversos motivos que justificam a uti-lização de filmes pedagogicamente: enriquecimento do conteúdo das matérias; introdução de novas linguagens à experiência escolar; motivação para certo tipo de aprendizagem, para o desempenho de determinada função e para entretenimento. “Não que o cinema chegue na escola sem conflitos. Talvez o cinema na escola deva mesmo se constituir em oportunidades para a explicitação dos con-flitos com os quais a escola e a educação têm de lidar” (COUTINHO, 2005).

Um outro recurso que pode ser usado no cotidiano da sala de aula são textos literário para trabalhar a estética, além de pro-porcionar o acesso a diferentes formas de ver, ler e analisar a mani-festação e a exposição dos sentimentos humanos. Para a utilização desse recurso, principalmente da poesia, o professor pode escolher diferentes poesias, distribuí-las em grupo e pedir para que os alunos leiam, analisem, individual ou coletivamente, o texto e o contexto do assunto que permeia o já estudado em sala de aula.

Podem também estabelecer e tecer relações intertextuais en-tre a poesia e outros textos e contextos. Muitas atividades podem ser desenvolvidas sob o pretexto da poesia. Dado que a humanida-de precisa de afetos e sensibilidades.

Neitzel e Duarte (2007) mostram a necessidade de se resgatar a concepção de literatura como fenômeno estético que necessita ser apreciado não só didaticamente para ilustração de determina-dos conteúdos, mas por puro deleite e emoção, visto que poesia se constitui na interface entre a sensibilidade do leitor e a produção do autor.

A poesia é uma arte e provoca no leitor fruição, percepções, sensações, transcendência. Pois educar os sentidos é uma possibi-lidade de que o sujeito seja mais sensível, afetivo e esteticamente sociável.

A fotografia também é um importante recurso didático. Cons-titui-se no diálogo com o recorte do real, com a representação da linguagem artística. Por meio do olhar, da forma de ver; perceber, podemos tomar consciência do mundo físico e social que nos rodeia e envolve. As fotografias desencadeiam um outro modo de olhar o mundo, enriquecendo as possibilidades de apresentação dos fatos, objetos, pessoas e acontecimentos (SOUZA & LOPES, 2002).

A dança também não pode estar ausente em um processo de educação que considera a complexidade e a totalidade do ser em formação. Podemos considerá-la como a relação dialética es-tabelecida entre corpo e mente. Segundo o Gardner (1994): “o cor-po é o recipiente do senso do eu do indivíduo, seus sentimentos e aspirações mais pessoais, bem como a entidade à qual os outros respondem de uma maneira especial devido às suas qualidades sin-

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gularmente humanas”.

A importância estético-social da dança, e porque não dizer da música, pode ser percebida com nitidez em dois filmes magní-ficos e de nacionalidades diferentes: Vem dançar (EUA, 2006) e No ritmo do amor (Israel, 2006). Ambos retratam problemas na ado-lescência ou na juventude, em que a escola, auxiliada pela arte da dança, pode, magnificamente, ajudar a transformar vidas.

Não aprofundaremos na apresentação como metodologia e recurso pedagógico, por considerar que no recurso no curso Ped-EaD, vocês tiveram a oportunidade de estudar e de aprofundar-se sobre esse tema no Módulo “Educação, Arte e Movimento”, de au-toria da Professora Neuza Deconto (2005). Assim, recorremos a um trecho do Módulo III, Seção 3, da referida a autora, para reforçar a importância da dança no processo ensino-aprendizagem:

A sensibilização corporal, o educar o movimento e o dançar, cada uma dessas ações representa uma parte fundamental das possibilidades de desenvolvimento do ser humano. Cada uma dessas ações deve ser percebida dentro de um conjunto um pouco mais abrangente. Em cada uma delas há um dinamismo, uma intenção, como uma teia que envolve o corpo todo, numa concretude que quer seguir adiante mudar, crescer, e inventar outras possibilidades de existir.

Temos certeza de que a utilização das metodologias e recur-sos de ensino acima apresentados ajudará na efetivação da magia do espaço de sua sala de aula. Porém, não se esqueça de que para inovar seu fazer em sala de aula é preciso inovar seu pensar. Sen-do assim, é necessário uma revisita às nossas concepções e uma reflexão profunda sobre a organização e o planejamento do nosso trabalho pedagógico. Assim, a partir do “o que está sendo”, buscare-mos “o que poderá vir a ser”.

Para o repensar da organização e planejamento de sua ação pedagógica, Zabala (2007) apresenta alguns pontos que devem ser considerados em nossos planejamento de aula:

Planejar a atuação docente de uma maneira suficientemente •flexível para permitir a adaptação às necessidades dos alunos em todo o processo ensino-aprendizagem.

Contar com a contribuição e conhecimentos dos alunos, tanto •no início das atividades como durante sua realização.

Ajudar os alunos a encontrar sentido no que estão fazendo •para que conheçam o que têm de fazer, e sintam que podem fazê-lo, bem como, que é interessante fazê-lo.

Promover atividades mental auto-estruturante que exijam •dos alunos aplicar, analisar, sintetizar e avaliar o trabalho rea-lizado e a eles mesmos; que promovam a reflexão conjunta dos processos seguidos, ajudando-os a pensar, para que sejam cons-tantemente partícipes das próprias aprendizagens.

Promover canais de comunicação que regulem o processo de •negociação, participação e construção.

Potencializar progressivamente a autonomia dos alunos na •definição de objetivos, no planejamento das ações que condu-zirão a eles e em sua realização e controle, possibilitando que aprendam a aprender.

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Avaliar os alunos conforme suas capacidades e seus esforços, •levando em conta o ponto pessoal de partida, por meio do qual adquirem conhecimento, e incentivando a auto-avaliação das competências como meio para favorecer as estratégias de con-trole e regulação da própria atividade.

Outro texto interessante e que pode servir de subsídio para o nosso dia-a-dia em sala de aula é um trecho do livro Boniteza de um sonho: ensinar-e-aprender com sentido, de Gadotti (2003), que nos mostra o para quê educar:

1.° Educar para pensar globalmente. Na era da informação, diante da velocidade com que o conhecimento é produzido e envelhe-ce, não adianta acumular informações. É preciso saber pensar. E pen-sar a realidade. Não pensar pensamentos já pensados. Daí a necessi-dade de recolocarmos o tema do conhecimento, do saber aprender, do saber conhecer, das metodologias, da organização do trabalho na escola.

2.° Educar os sentimentos. O ser humano é o único ser vivente que se pergunta sobre o sentido de sua vida. Educar para sentir e ter sentido, para cuidar e cuidar-se, para viver com sentido cada instante da nossa vida. Somos humanos porque sentimos e não apenas porque pensamos. Somos parte de um todo em construção e reconstrução.

3.° Ensinar a identidade terrena como condição humana essencial. Nosso destino comum no planeta, compartilhar com todos sua vida no planeta. Nossa identidade é ao mesmo tempo individual e cósmica. Educar para conquistar um vínculo amoroso com a Terra, não para explorá-la, mas para amá-la.

4.° Formar para a consciência planetária. Compreender que somos interdependentes. A Terra é uma só nação e nós, os terráqueos, os seus cidadãos. Não precisaríamos de passaportes. Em nenhum lu-gar na Terra deveríamos nos considerar estrangeiros. Separar primeiro de terceiro mundo significa dividir o mundo para governá-lo a partir dos mais poderosos; essa é a divisão globalista entre globalizadores e globalizados, o contrário do processo de planetarização.

5.° Formar para a compreensão. Formar para a ética do gêne-ro humano, não para a ética instrumental e utilitária do mercado. Edu-car para comunicar-se. Não comunicar para explorar, para tirar pro-veito do outro, mas para compreendê-lo melhor. A Pedagogia da Terra que defendemos funda-se nesse novo paradigma ético e numa nova inteligência do mundo. Inteligente não é aquele que sabe resolver pro-blemas (inteligência instrumental), mas aquele que tem um projeto de vida solidário. Por que é bela a diversidade, porque é enriquecedora na possibilidade de criação de novas realidades e mais plenas. A solidarie-dade, como valor e como necessidade humana, embeleza, humaniza e promove a vida.

6.° Educar para a simplicidade e para a quietude. Nossas vi-das precisam ser guiadas por novos valores: simplicidade, austeridade, quietude, paz, saber escutar, saber viver juntos, compartilhar, descobrir e fazer juntos. Precisamos escolher entre um mundo mais responsável frente à cultura dominante que é uma cultura de guerra, do ruído, de competitividade sem solidariedade, e passar de uma responsabilidade

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diluída a uma ação concreta, praticando a sustentabilidade na vida diária, na família, no trabalho, na escola, na rua. A simplicidade não se confunde com a “simploriedade” e a quietude não se confunde com a cultura do silêncio.

Assim, encerramos nosso estudo sobre Planejamento, Pro-jeto Político-Pedagógico e o Espaço Pedagógico da Sala de Aula. Tentamos, por meio deste fascículo, fazer a releitura do construído, do vivido e do sentido. Buscamos favorecer a construção de novas sínteses, novas alternativas e de outros modos de fazer educação. Nessa perspectiva, apresentamos um cenário de possibilidades que inspiram sempre práticas novas e que dão sentido a buscas e tenta-tivas de fazer de outro jeito.

Dessa forma, apostamos no resgate do professor e do aluno como agentes transformadores, sujeitos, autores de suas próprias histórias, capazes de ver o mundo, o universo, de forma indagadora, investigativa, reflexiva e autônoma, pois acreditamos que somente por meio de argumentações, questionamentos e rupturas podemos encarar o desafio da compreensão científico-filosófica e estética do conhecimento, apreendemos o real, e depois nos organizaremos pedagogicamente, para nele intervir e, assim, modificá-lo.

Este fascículo não foge aos princípios e ao caráter coletivo do Curso PeD-EaD, pois sabemos que é na relação com o outro, no compartilhar de experiências, que se concretiza a ação do pensar e do fazer pedagógico.

O ponto de partida se dá no eu singular e transita para o co-letivo. Nessa transição, fortificam-se os ideais, as utopias e as pos-sibilidades. O ponto de chegada é a retomada constante do papel social da escola, de seu processo de gestão e da organização de seu trabalho pedagógico.

Mas... depois de determinado tempo, surgirão outras ruptu-ras, outras significações e ...a vida e a escola continuam....

E agora professor?Cabe a você fazer suas opções e estabelecer seus rumos e tri-

lhas, pois como diz Thiago de Mello: “Quem sabe aonde quer che-gar descobre o caminho e o jeito de caminhar”.

Boa caminhada!

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