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INVESTIGANDO O QUE PENSAM OS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA SOBRE ÁLGEBRA Debora Souza Universidade Federal do ABC Regina Lucia da Silva Universidade Federal do ABC Alessandro Jacques Ribeiro Universidade Federal do ABC RESUMO Este artigo tem o seu início em estudos ocorridos no projeto intitulado “Conhecimento Matemático para o ensino de álgebra: uma abordagem baseada em perfis conceituais”. Nossa proposta foi possibilitar a ampliação daqueles significados que se manifestam ou se apresentam nas ideias e ações de professores, sendo assim, objetivo deste artigo foi investigar os diferentes conhecimentos mobilizados por alguns professores na escola básica quando descrevem situações matemáticas que envolvam álgebra. Como referenciais teóricos no que diz respeito as diferentes concepções de álgebra, elegemos os seguintes autores: Usiskin, Lee, Fiorentini, Miorin e Miguel, Lins e Gimenez. A metodologia utilizada para desenvolver nossas investigações é de natureza qualitativa e a pesquisa se estruturou em entrevistas e questionários com professores da Educação Básica. Tendo em vista que nossa presente pesquisa dialoga com a formação de professores de matemática fundamentamos nossas análises nos trabalhos de Ball e seus colaboradores que salientam sobre as necessidades dos professores conhecerem e entenderem a Matemática de forma a se entrelaçar com a profissão de ensinar. Com as ideias sobre o Mathematical Knowledge for Teaching (MKT) e das várias Concepções de Álgebra, identificamos importantes elementos nos diferentes conhecimentos algébricos que surgem no entendimento dos professores acerca das situações matemáticas a eles apresentadas. Palavras chave: Ensino de Álgebra. Conhecimento Matemático para o Ensino. Professores da Educação Básica. Formação do Professor de Matemática. Uma visão geral da pesquisa As ideias apresentadas neste artigo são produtos de pesquisas realizadas no projeto do Observatório da Educação, da Universidade Federal do ABC (OBEDUCUFABC), CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior), projeto intitulado "Conhecimento Matemático para o ensino de álgebra: uma abordagem baseada em perfis conceituais". Este projeto é constituído de três subgrupos para tratar três vieses relacionados com álgebra: a álgebra vista por ela mesma, a álgebra vista pela geometria e a álgebra vista pela aritmética.

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INVESTIGANDO O QUE PENSAM OS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA SOBRE ÁLGEBRA

Debora Souza

Universidade Federal do ABC

Regina Lucia da Silva

Universidade Federal do ABC

Alessandro Jacques Ribeiro

Universidade Federal do ABC

RESUMO

Este artigo tem o seu início em estudos ocorridos no projeto intitulado “Conhecimento Matemático para o ensino de álgebra: uma abordagem baseada em perfis conceituais”. Nossa proposta foi possibilitar a ampliação daqueles significados que se manifestam ou se apresentam nas ideias e ações de professores, sendo assim, objetivo deste artigo foi investigar os diferentes conhecimentos mobilizados por alguns professores na escola básica quando descrevem situações matemáticas que envolvam álgebra. Como referenciais teóricos no que diz respeito as diferentes concepções de álgebra, elegemos os seguintes autores: Usiskin, Lee, Fiorentini, Miorin e Miguel, Lins e Gimenez. A metodologia utilizada para desenvolver nossas investigações é de natureza qualitativa e a pesquisa se estruturou em entrevistas e questionários com professores da Educação Básica. Tendo em vista que nossa presente pesquisa dialoga com a formação de professores de matemática fundamentamos nossas análises nos trabalhos de Ball e seus colaboradores que salientam sobre as necessidades dos professores conhecerem e entenderem a Matemática de forma a se entrelaçar com a profissão de ensinar. Com as ideias sobre o Mathematical Knowledge for Teaching (MKT) e das várias Concepções de Álgebra, identificamos importantes elementos nos diferentes conhecimentos algébricos que surgem no entendimento dos professores acerca das situações matemáticas a eles apresentadas.

Palavras chave: Ensino de Álgebra. Conhecimento Matemático para o Ensino. Professores da Educação Básica. Formação do Professor de Matemática.

Uma visão geral da pesquisa

As ideias apresentadas neste artigo são produtos de pesquisas realizadas no

projeto do Observatório da Educação, da Universidade Federal do ABC

(OBEDUC­UFABC), CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino

Superior), projeto intitulado"Conhecimento Matemático para o ensino de álgebra: uma

abordagem baseada em perfis conceituais". Este projeto é constituído de três subgrupos

para tratar três vieses relacionados com álgebra: a álgebra vista por ela mesma, a

álgebra vista pela geometria e a álgebra vista pela aritmética.

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Para demarcar o tema do projeto de pesquisa, consultou­se os resultados da

Prova Brasil/SAEB (2011) e os dados do Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais

Anísio Teixeira (INEP), cujo relatório mostra que os estudantes não dominam

competências como (1) identificar um sistema de equações do 1º grau que expressa um

problema; (2) resolver equações do 1º grau com uma incógnita; (3) resolver problemas

que envolvam equação do 2º grau; (4) identificar a relação entre as representações

algébrica e geométrica de um sistema de equações do 1º grau; (5) identificar, em um

gráfico de função, o comportamento de crescimento/decrescimento; (6) identificar o

gráfico de uma reta dada sua equação; dentre outras.

Na concepção de coadjuvar a superação de tais deficiências, uma vez que a

Álgebra, assim como a Matemática, pode ser mais e melhor explorada quando seus

significados são articulados com outras áreas do conhecimento (KILPATRICK,

HOYLES, SKOVSMOSE, 2005), a proposta do projeto de pesquisa é, em linhas gerais,

possibilitar a ampliação daqueles significados que se fazem presentes nas ideias, ações e

discursos de alunos e de professores.

Sendo assim, os estudos realizados neste trabalho estão interligados com o

objetivo geral do projeto OBEDUC, que enuncia: Investigar os conhecimentos

algébricos desenvolvidos por professores, ao ensinar Álgebra na Educação Básica,

utilizando­se de uma abordagem de ensino baseada em perfis conceituais.

Mediante ao exposto, este artigo busca investigar os diferentes conhecimentos

mobilizados por alguns professores na escola básica quando descrevem situações

matemáticas que envolvam álgebra.

Alguns referenciais teóricos sobre as Concepções de Álgebra

Com relação ao aporte teórico de nossas pesquisas, elegemos para os nossos estudos os

seguintes autores:

Usiskin (1995), apresenta quatro diferentes concepções. Na primeira concepção

temos a álgebracomo aritmética generalizada. Aqui as ações importantes para o

estudante da escola básica são as de traduzir e generalizar. A segunda

concepção, a álgebra é concebida como estudo de procedimentos para resolver

certos tipos de problemas, sendo que, as instruções chaves são simplificar e

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resolver. Em relação a terceira concepção, relaciona­se à álgebra como estudo

das relações entre grandezas. Nessa concepção as variáveis realmente variam, o

modelo é fundamentalmente algébrico e as variáveis são diferentes do

argumento como, por exemplo, a equação de uma reta. E, na última concepção

encontramos a álgebra como estudo das estruturas, nesse caso, as atividades

optam por manipular e justificar.

Lee (2001) descreve que, para fornecer um modelo sobre visões de álgebra,

destaca­se a álgebra como:Linguagempara desenvolver a comunicação em uma

linguagem algébrica; Caminhos de Pensamento, ou seja, pensamentos sobre

relações matemáticas em lugar de objetos matemáticos;Atividadecomo modelo

de construção de atividades; Ferramenta para resolver problemas de modo a

veicular e transformar mensagens; Generalização ou estudo das estruturas da

aritmética; e Cultura cuja linguagem de comunicação é a algébrica.

De acordo com Fiorentini, Miorin e Miguel (1993), apresentam três concepções:

Linguístico­pragmática, Fundamentalista­estrutural e

Fundamentalista­analógica. Na primeira concepção o domínio da crença de que,

a aquisição, ainda que mecânica, das técnicas requeridas pelo “transformismo

algébrico” seria necessária e suficiente para que o aluno adquirisse a capacidade

de resolver problemas, ainda que esses problemas fossem, quase sempre,

artificiais. Fundamentalista­estrutural incide à introdução de propriedades

estruturais das operações, que justificassem logicamente cada passagem presente

no transformismo algébrico, capacitaria o estudante a identificar e aplicar essas

estruturas nos diferentes contextos em que estivessem subjacentes. E na última,

temos a síntese entre as duas anteriores, envolvendo de forma lógico­estrutural

justificação das passagens presentes no transformismo algébrico característica

da segunda concepção. O enfoque, na maioria dos casos, releva recursos

analógicos geométricos e, deste modo, visuais.

As três concepções sobre a educação algébrica de Lins e Gimenez (2001) são: a

primeira diz respeito à concepção letrista, a qual resume o cálculo com letras às

atividades citadas como algébricas, que envolvem atividades normalmente

fundamentadas na sequência técnica­prática, via algoritmo – exercícios; a

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segunda concepção é denominada letrista facilitadora, que por meio de trabalho

com situações concretas, toma a capacidade de lidar com expressões algébricas

literais alcançadas por abstração. As atividades propostas são o uso de áreas para

ensinar produtos notáveis, balança de dois pratos para ensinar resolução de

equações e a terceira concepção, denominada de modelagem matemática, que

apresenta como ponto de partida uma situação concreta, porém com sentido

diferente da segunda concepção, pois o concreto aqui é visto como real e as

atividades proposta são de investigação de situações reais.

No trabalho de Ribeiro (2013), o autor traz uma discussão sobre perfil conceitual

e ensino de matemática e após isso, apresenta algumas zonas de um perfil

conceitual de equação e, a partir de reflexões e análises que foram propiciadas

por um estudo envolvendo pesquisas suas e de seus alunos. Até o momento, o

autor identifica as seguintes zonas que compõem um perfil conceitual de

equação: Pragmática ­ Equação interpretada a partir de problemas de ordem

prática. Busca solução predominantemente aritmética; Geométrica ­ Equação

interpretada a partir de problemas geométricos. Busca pela solução

predominantemente geométrica; Estrutural – Equação interpretada a partir de

sua estrutura interna. Busca pela solução predominantemente algébrica;

Processual ­Equação interpretada a partir de processos de resolução. Busca pela

solução aritmética ou algébrica; Aplicacional ­ Equação a partir de suas

aplicações. Busca pela solução aritmética ou algébrica.

Os autores Ball, Thames e Phelps (2008) que salientam que os professores

precisam saber/conhecer o conteúdo matemático pois, quando não se tem o

conhecimento necessário fica complicado visualizar as deficiências que ocorrem

com os alunos na aprendizagem. Contudo, conhecer o conteúdo não é suficiente.

Professores necessitam abordar a matemática com utilidade para ter uma visão

com significado para o aluno e escolher diferentes formas de representações dos

conteúdos e, assim, tornar o assunto de uma maneira compreensiva para o

educando.

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Com o apoio teórico selecionado ainda, alguns pontos mereciam ser discutidos

com o grupo geral: quais concepções poderíamos utilizar para as análises? Existe a

possibilidade de elaborar categorizações que nos auxiliem nestas análises?

O surgimento de um “Quadro de Referência”

Primeiramente, debatemos como seria feito o mapeamento das concepções de

álgebra, para organizar as ideias, percorreu­se vários sentidos das categorias de

diferentes autores observamos que poderiam trazer complicações no sentido em que, ao

olhar para o trabalho inteiro destes autores, algumas dessas categorias podem ser

incompatíveis (devido às suas concepções de álgebra); e segundo, agrupar as diferentes

categorias em uma única pode trazer complicações no sentido em que, apesar de

semelhantes, essas categorias não tratam exatamente das mesmas coisas. Com essas

ideias, decidimos por uma categorização que use o modelo de agrupamentos que foi

proposto pelo SG3, mas que escolha um representante de categoria como proposto pelo

SG1 e desta forma, entendemos que minimizamos os problemas, uma vez que o

representante (escolhido por ser a concepção mais abrangente/característica da

categoria) pode ser trocado quando necessário.

Foi proposto também, a criação de uma categoria a “pré­álgebra” que tem por

base as Concepções de Lins e Gimenez (1997), cujo objetivo tanto da Educação

Algébrica como da Educação Aritmética é de promover habilidades de resolver

problemas e Maclane e Birkhoff, (1967, apud Usiskin, 1995, p. 9), descrevem que: “A

álgebra começa como a arte de manipular somas, produtos e potências de números”.

Como o SG3 decidiu trabalhar a princípio, no sentido de mapear as Concepções

de Álgebra com a intenção de perceber categorias, a primeira ideia que surgiu foi de

ordenar aspectos comuns entre as Concepções de Álgebra estudadas. Assim,

construiu­se “seis organogramas”, que sintetizaram as principais ideias do nosso estudo

teórico, tornando­se a base para compor o “Quadro de Referência” das categorias de

Álgebra que ficou organizado da seguinte forma:

Quadro 1: Quadro de Referência das Categorias de Álgebra

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Fonte: Grupo

OBEDUC

Com os estudos que fizemos por um longo período até construir “quadro de

referência” podemos ter mais clareza das Concepções de Álgebra, e, este, será o suporte

para as análises das cinco questões descritas por alguns professores da Educação Básica

(PEB). Ainda, sobre o quadro, este já foi exposto com maiores detalhes em um evento

cujo artigo está intitulado “Concepções de Álgebra: Uma Tentativa de Construir um

“Quadro de Referência” por Integrantes de um Grupo Colaborativo”.

Método da Pesquisa

A investigação se enquadra em uma metodologia qualitativa (BODGAN E

BIDKLEN, 1994) uma vez que, requer averiguar todo o processo com riqueza de

descrição.

Para desenvolver as investigações, a pesquisa se estruturou, em

entrevistas/questionários com professores da Educação Básica (PEB) que estão

conectados com os professores da Educação Básica, integrantes do projeto. A coleta de

dados foi dividida em três fases: a primeira fase estava constituída de questões que

foram entregues aos professores cujo objetivo seria traçar o perfil dos professores; para

a segunda fase foram elaboradas nove questões sobre as Concepções de Álgebra e a

terceira fase com a composição de cinco situações matemáticas relacionadas com o

conceito algébrico. As entrevistas da segunda fase, foram agendadas, gravadas e

posteriormente transcritas para as análises. Quanto as questões escolhidas foram

retiradas de artigos estudados no período de quase dois anos. Montamos uma apostila

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com as situações, entregamos aos professores e estabelecemos um prazo de quinze dias,

para que os professores descrevessem as suas soluções. Ressaltamos que este trabalho

terá o auxílio nas análises do nosso quadro de referência.

Apresentação das questões elaboradas pelo grupo do projeto

A seguir, o instrumento de coleta de dados cujas situações constam na terceira

fase deste estudo dentro do projeto OBEDUC são:

Situação 1

Objetivo: Conhecer a metodologia abordada pelo professor ao ensinar um conteúdo.

Figura 1: Situação 1 – atividade proposta ao professor da Educação Básica

Fonte: OBEDUC ­ "Conhecimento Matemático para o ensino de álgebra: uma abordagem baseada em

perfis conceituais"

Situação 2

Objetivo: investigar que estratégias o professor utilizaria para auxiliar na prevenção

deste tipo de erro.

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Figura 2: Situação 2 – atividade proposta ao professor da Educação Básica

Fonte: OBEDUC ­ "Conhecimento Matemático para o ensino de álgebra: uma abordagem baseada em

perfis conceituais"

Situação 3

Objetivo: identificar os conhecimentos que o professor pode mobilizar no tratamento

de uma questão que possui diferentes possibilidades de resolução e os conhecimentos

do professor sobre o currículo.

Figura 3: Situação 3 – atividade proposta ao professor da Educação Básica

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Fonte: OBEDUC ­ "Conhecimento Matemático para o ensino de álgebra: uma abordagem baseada em

perfis conceituais"

a) você trabalharia com esta situação no 6º ano? Se sim, quais seriam os conceitos

matemáticos trabalhados? Se não, justifique.

b) você trabalharia com esta situação no 9º ano? Se sim, quais seriam os conceitos

matemáticos trabalhados? Se não, justifique.

Situação 4

Objetivo: investigar o conhecimento específico do professor sobre equação.

Figura 4: Situação 4 – atividade proposta ao professor da Educação Básica

Fonte: OBEDUC ­ "Conhecimento Matemático para o ensino de álgebra: uma abordagem baseada em

perfis conceituais"

Situação 5

Objetivo: investigar conhecimento e também quais as abordagens utilizadas.

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Figura 5: Situação 5 – atividade proposta ao professor da Educação Básica

Fonte: OBEDUC ­ "Conhecimento Matemático para o ensino de álgebra: uma abordagem baseada em

perfis conceituais"

Análises e Resultados

Nesta fase, quanto as análises das questões, procuramos agrupar os professores

de acordo com as semelhanças de resoluções e, assim, enquadramos nas categorias que

constam em nosso “quadro de referência”. Selecionamos para cada questão a que ao

nosso ver, melhor representasse as categorias organizadas em nosso “Quadro de

Referências”. Sendo assim, estabelecemos da seguinte forma:

Questão 1 ­ Categoria “Relações”

Nestas tarefas que foram elaboradas pelos professores de nossa pesquisa, o

conceito algébrico é apresentado por meio de problemas. Estes, estão ligados em um

contexto relacionado ao dia a dia do aluno. Além disso, observamos as seguintes

concepções que permeiam o campo da álgebra: relacionam duas grandezas, surge a

preocupação em mostrar o ao aluno as diferentes funções de álgebra como, por

exemplo, padrões aritméticos, além do contato com fórmulas. Sendo assim, analisamos

dentro da categoria de Relações.

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Figura 6: Categoria Relações

Fonte: protocolo do PEB 1

Questão 2 ­ Categoria “Pré­Algebra”

Nesta questão os professores deveriam buscar uma estratégia para auxiliar o

aluno a prevenir o erro que aparece na questão. Em suas colocações, eles descrevem a

necessidade de retomar as noções de área e perímetro com base na representação de

cálculo numérico e, somente depois conduzir para o enfoque algébrico. Em nossas

análises somente, um dos professores fez referência a propriedade distributiva. Com a

utilização de um enfoque aritmético colocamos na categoria “Pré­Álgebra”.

Figura 7: Categoria Pré­Álgebra

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Fonte: Protocolo do PEB 7

Questão 3a – Categoria “Manipulação”

Tanto a questão 3a e a questão 3b, com relação as soluções, os professores

propõem para as resoluções destas atividades um caminho que conduz uma linguagem

simbólica que poderá ser traduzida por uma equação. E, assim utilizar as propriedades e

técnicas necessárias para a solução. Classificamos as duas questões dentro da categoria

de “Manipulação”.

Figura 8: Categoria Manipulação

Fonte: Protocolo do PEB 1­ Questão 3a

Questão 3b “Manipulação”

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Figura 9: Categoria Manipulação

Fonte: Protocolo do PEB 10 – questão 3b

Questão 4 ­ Categoria “Generalizações”

Nesta proposta de atividade os professores traduzem da linguagem natural para a

linguagem simbólica. Percebem a existência de duas incógnitas reconhecendo um

sistema de equação do 1º grau e estabelecem para a resolução o método da adição.

Assim, a equação que surge descreve uma situação concreta para algo comum, ou seja,

generaliza uma ideia. Sendo assim, classificamos na categoria “Generalizações”.

Figura 10: Categoria Generalizações

Fonte: Protocolo do PEB 3

Questão 5 – Categoria “ Manipulação”

Observamos que a grande maioria das propostas dos professores para a

utilização desta questão revelam a introdução do conceito de área e o uso da variável

como incógnita. Para resolver esta questão sugerem o Teorema de Pitágoras e a fórmula

da área do quadrado. Notamos que os professores acreditam que os alunos já devem

conhecer as técnicas (fórmula do Teorema de Pitágoras e a fórmula da área do

quadrado) necessárias para resolver esta questão. A categoria que enquadramos é

“Manipulação”.

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Figura 11: Categoria Manipulação

Fonte: Protocolo do PEB 1 – Questão 5

Para nossa melhor compreensão das análises resolvemos organizar as categorias

que surgiram nas respostas dos PEB por meio de um quadro geral”. Na categoria “Não

se aplica”, as atividades não se enquadraram dado que, as considerações descritas por

alguns dos professores não possuem clareza ao realizar a proposta, por exemplo, eles

colocam o conteúdo pertinente a questão sem detalhar quais os procedimentos que

poderiam ser realizados nas questões.

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Quadro 2: Análises das respostas dos PEB

Fonte: grupo SG3

Observamos na questão 1, algumas tarefas elaboradas pelos professores, o

significado da letra aparece como incógnita, ou seja, valor desconhecido que possui a

necessidade de descobrir e, assim, utilizar operações aritméticas e/ou algébricas. E

também, a letra com o papel de estabelecer uma relação de dependência e

independência entre as grandezas dando o significado de variável. Outro aspecto

verificado é que os professores privilegiam a categoria “Manipulação” (resolver, aplicar

técnicas) e que a categoria “Estruturação” surge em apenas uma resolução (Q1–P8). Outro fator apontado no resultado foi a dificuldade no entendimento do enunciado das

situações de alguns professores. Acreditamos que estes professores têm problemas em

um dos aspectos da Álgebra que seria a passagem da linguagem natural para a

linguagem algébrica e, assim, traduzir e solucionar algumas das questões propostas.

Com isso, cremos revelar o não reconhecimento das diferentes funções de Álgebra.

Considerações Finais

O ponto central de nosso trabalho está em compreender que Álgebra surge

quando os docentes realizam o trabalho de ensiná­la. Desta forma, podemos nos

conectar com o modelo proposto do Conhecimento Matemático para o ensino (MKT –

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Mathematical Knowledge for Teaching). Esta perspectiva junto com as análises das

questões nos levou a compartilhar com as ideias de Ball (2008) ao revelar que em

matemática existe a necessidade de entender o conhecimento da Matemática

(compreensão das conexões) e conhecimento sobre a natureza da matemática

(organização, conhecimento, conhecimento de fazer matemática). Embora esta pesquisa

esteja em expansão, acreditamos que as compreensões apresentadas em nossas análises,

seja um subsídio para auxiliar profissionais da educação a refletirem sobre quais

conhecimentos algébricos devem ser ensinados na educação básica com uma

perspectiva de melhoria no ensinar Álgebra e sobre a forma de ensiná­la.

REFERÊNCIAS

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makes it special? Journal of Teacher Educacional, n. 59. p. 389­407, 2008.

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RIBEIRO, A. J. Elaborando um perfil conceitual de equação: desdobramentos para o ensino e a aprendizagem de matemática. Ciência e Educação, São Paulo, v.19, n.1, p. 55­71, 2013.

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