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BATIK AFRICANO: elementos da cultura afro-brasileira … · A implementação do projeto propõe atividades relacionadas à pintura do batik africano para que os professores possam

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BATIK AFRICANO: elementos da cultura afro-brasileira no ensino

de artes

Suely de Souza Pereira1

Sheilla Patrícia Dias de Souza2

Resumo:

A presente produção didático-pedagógica é desenvolvida para o Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria da Educação do Estado do Paraná. A

pesquisa objetiva fornecer um material de apoio e orientações metodológicas ao professor que

atua em sala de aula, nas disciplinas de Arte, História, Geografia, Língua Portuguesa,

Educação Física e áreas afins. A implementação do projeto propõe atividades relacionadas à

pintura do batik africano para que os professores possam obter conhecimentos sobre a cultura

africana. Desta maneira é possível estabelecer vínculos entre a escola e as diferentes culturas,

desenvolvendo ambientes de aprendizagem que promovam importantes formas de reflexão

pedagógica com conteúdos interdisciplinares. A pesquisa associa arte e história, considerando

a efetivação de aspectos importantes presentes nas Diretrizes Curriculares no Ensino de Arte.

O material didático produzido a partir do presente projeto objetiva o desenvolvimento de um

trabalho sobre a pintura afro-brasileira ligada ao batik africano a fim de promover a valorização

do negro na formação social, econômica, política, artística e cultural no Brasil. Fazem parte da

fundamentação teórica Lody (2005), Richter (2003), Pezzolo (2007), Conduru (2007), entre

outros autores, tendo também como base as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná

(2008). Foram realizadas atividades práticas de pintura, análise, reflexão e apreciação de

resultados das atividades teóricas e práticas. O trabalho realizado buscou oportunizar o contato

dos professores com a cultura artística e histórica africana para possibilitar novas formas de

aprendizagem e contribuir para o conhecimento e valorização da história e cultura afro-

brasileira.

Palavras chave: Diversidade. Cultura. Pintura. Batik. Aprendizagem.

INTRODUÇÃO

A escravidão no Brasil provocou grandes mazelas na sociedade,

principalmente em relação à cultura, aos costumes e também ao preconceito

racial. É sabido que ao olhar para as pessoas que formam o povo brasileiro,

certifica-se que os negros africanos deram uma contribuição muito importante,

fazendo do Brasil um país rico em diversidade.

1 Professora da Rede Pública de Educação do Estado do Paraná, Colégio Estadual Ministro

Petrônio Portela – Ensino Fundamental e Médio, participante do PDE - 2012. 2 Professora orientadora – PDE. Docente na Universidade Estadual de Maringá no curso de

graduação em Artes Visuais

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Depois que os negros africanos passaram pela dura travessia pelo

oceano atlântico foram obrigados a mudar sua maneira de viver, adaptando

seus costumes e suas tradições ao um novo ambiente.

Tendo em conta a importância do povo africano na cultura brasileira

esse trabalho visa investigar aspectos do batik na pintura afro-brasileira, a fim

de promover a valorização da participação do negro na formação social,

econômica, política artística e cultural do Brasil. Nestes termos, o trabalho

envolve diversos aspectos conceituais e técnicos que se combinam,

igualmente, no processo criativo das atividades propostas.

Para Pezzolo, (2007, p. 09)

São infinitas as maneiras de convivermos com o que nos cerca. Podemos simplesmente olhar sem ver, podemos ver sem observar e podemos observar a ponto de termos nossa curiosidade despertada sobre determinado elemento – sua existência, suas raízes, sua história.

Não se pretende aqui que os professores encontrem um repertório para

reproduzir, mas sim indicações para desenvolverem atividades, servindo como

fonte de recursos para seu trabalho.

As Diretrizes Curriculares Estaduais – PR (2008) apresentam as

diferentes formas de pensar na Arte e o seu ensino, que são constituídas nas

relações socioculturais, econômicas e políticas do momento histórico em que

se desenvolveram. Diante das análises presentes nas diretrizes, podemos

afirmar que essas relações nos orientam em ações pedagógicas que valorizam

a cultura africana de modo que seja possível refletir sobre os saberes

historicamente produzidos sobre nossos ancestrais.

A escola, em seus currículos e planos de ação deve transformar-se a fim

de contribuir para a desconstrução do preconceito, por meio de temas que

abordem aspectos da cultura africana. Estas ações contribuem para dar maior

visibilidade à população afro-brasileira e oferecer uma educação intercultural

que permita ao aluno uma aprendizagem que o capacite a lidar com as

diferenças de modo positivo.

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1. A HISTÓRIA DO BATIK:

Batik é uma palavra javanesa que provavelmente procede do termo

ambatik, que significa escrever e desenhar. Na Indonésia o sufixo tik significa

‘ponto’, ‘gota pequena’ ou ‘fazer pontos’ sobre o tecido. (Miró, 2008). A prática

do batik é desenvolvida há muito tempo e ocorre em diversos países (Miró,

2008 p. 01):

Desde tempos longínquos, e aproveitando-se da extensa paleta pictórica proporcionada pela natureza corante de origem natural, o ser humano vem mudando a aparência das túnicas, e vestidos, conferindo-lhes diferentes tonalidades cromáticas. O processo de estampagem e tingimento do tecido é uma técnica muito antiga.

A técnica do batik tem procedência oriental e também africana. Pezzolo,

(2007, p.187), afirma que:

O processo nascido na Índia se mantém inalterado até hoje, da Índia o processo se expandiu para a Indonésia, a Tailândia, o Sri Lanka e, depois, para o oeste. Na Europa, Amsterdã, Holanda, tornou-se o centro de sua difusão, sendo que: Foi pelos holandeses que o batik chegou à África, onde se tornou tradição e forma artística.

Tanto a arte de estampar, que percorreu um longo caminho desde a

inicial forma artesanal, como algumas técnicas que utilizam materiais

desenvolvidos pela indústria cultural, envolveram investigações constantes de

recursos e busca de diferentes soluções. Na atualidade são inúmeros os meios

usados pelo homem para estampar seus tecidos.

Entre as diversas formas de estampar: carimbos de madeira, rolos de

madeiras ou ferro recobertos com cobre, serigrafia, cilindro rotativo, transfer e

outras; podemos afirmar que praticamente todas são utilizadas até hoje, de

acordo com o tipo de trabalho, artesanal ou industrial.

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2. A TÉCNICA DO BATIK

O batik costuma ser realizado sobre tecidos de algodão ou seda. O

método utilizado é artesanal e muitas vezes é associado à tinta aplicada a mão.

O batik é executado com parafina ou cera de abelha derretida. Esta

deverá ser colocada sobre o tecido, com auxílio de pincel ou trincha. A parafina

ou cera derretida necessita ser trabalhada em várias camadas.

Na atualidade os artistas usam diferentes tipos de tingimentos e formas

de estampas que utilizam técnicas de vedamento e estêncil, assim como

diferentes ferramentas para aplicação da cera. O batik indiano também pode

ser feito com pincel ou com tjanting, um instrumento que funciona como uma

caneta: sua ponta é mergulhada na cera quente que se armazena no bico da

ferramenta, possibilitando o desenho de linhas.

3. AS ESTAMPAS

A partir da necessidade de responder questões como: Onde e como

surgiram as estampas? Quais os tipos de fibras teriam sido utilizados para

tramar os tecidos? Como se deu a origem da pesquisa de cores usadas no

tingimento? Recorremos a Pezzolo, (2007, p.10) que afirma:

Do tramado feito pelo homem da caverna aos tecidos inteligentes, já de uso tão comum neste século XXl, um enorme caminho foi percorrido. A História nos documenta que as primeiras fibras têxteis cultivadas pelo homem na antiguidade foram o linho e o algodão, no campo vegetal, e a lã e a seda no campo animal. Hoje simplesmente chamamos de matérias-primas naturais. Mas, com origens diversas, cores características e, acima de tudo, um passado tão rico.

Assim como os tecidos e processos de estamparia foram sendo

modificados, houve também uma série de transformações na pintura do batik,

que se observam a partir de suas origens, características e formas de

estampar.

A estamparia é uma das maiores expressões do homem, embora não

tenhamos muita consciência sobre o assunto. Geralmente compra-se uma

roupa sem saber o que aquela estampa pode significar. Em muitas culturas

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tradicionais cada estampa representa o que o homem entende do mundo onde

vive.

Pezzolo, (2007, p. 183) escreve que:

Muito antes de surgirem os tecidos, os homens já pintavam seus corpos com pigmentos minerais este, foi o primeiro adorno pessoal. Além de realçar a beleza, essa pintura servia para distinguir a classe social e lhes assegurava proteção mágica. Para executá-las, valiam-se dos dedos, de palitos ou de espátulas. Do corpo, a pintura passou para o couro e, depois para os tecidos.

Há muitos séculos, a natureza vem sendo reproduzida na estamparia em

tecidos, de forma naturalista ou estilizada. São infinitas as possibilidades de

criação e existem inúmeras expressões no batik, como por exemplo, os

motivos: floral, geométrico, animal, abstrato, figurativo, listras, xadrez, risca de

giz, espinha-de-peixe, poás. Também a utilização em tecidos é bastante

diversificada, como, por exemplo: linho, algodão, seda, malha, feltro, renda,

veludo e denim (jeans), entre muitos outros.

Pezzolo, (2007, p. 244) comenta que:

Hoje, na África, além dos tecidos tradicionais, que continuam sendo feito artesanalmente, existem os têxteis industrializados estampados de um só lado, desenvolvidos por europeus, como a técnica Wax Print, por exemplo, que existe na Holanda, na Costa do Marfim e na Nigéria. O tecido é fabricado na África e as empresas se ocupam da criação das estampas. Os tecidos Wax Print se diferenciam pelo número de cores da estampa e pelos tratamentos necessários à sua produção. Os motivos se dividem: de um lado, os desenhos característicos que se repetem nas tatuagens, nos cestos, nas paredes das habitações; de outro, os bem mais coloridos, desenhos que assimilam a atualidade, como, por exemplo, imagens observadas recentemente que fazem referência à AIDS, ou o que mostram itens tecnológicos como os telefones celulares.

A entrada do wax print na África data de meados do século 19, quando

soldados do Gana que haviam sido recrutados para lutar com o exército

holandês em Java, Bornéu e Sumatra, voltaram de lá com as malas cheias de

batiks indonésios. O sucesso do colorido tecido foi imediato nas costas

africanas e logo os holandeses começam a exportá-lo em grandes quantidades

para o mercado africano e a utilizá-lo como moeda de troca. Até aí a história

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parece uma banal imposição colonial, mas surpreendentemente os africanos

viraram o jogo e passaram a utilizar a técnica de uma maneira singular.

Wax é um termo inglês, que significa cera. Pode-se falar que o batik

nigeriano é um wax, já que utiliza molde de cera, pois o batik africano é

produzido por sucessivo tingimento no tecido, protegido por máscaras de ceras

que mesclam as cores pela vedação da cera. Deste modo com a cera

desenha-se no tecido de acordo com o projeto a ser elaborado que permite

obter o estampado com suas composições variadas.

Segundo Miró (2008, p. 09), encontramos na atualidade pequenos

núcleos artesanais (individuais ou coletivos) que praticam as técnicas

ancestrais das artes tintoriais, da estampagem manual. Esses núcleos são os

transmissores da herança cultural que ensina a servirmo-nos dos produtos que

a natureza nos oferece, transformando-a sem lhe causar dano.

Pezzolo (2007, p.185) afirma que no século XVIII costumava-se usar

carimbos de metal na Europa, a fim de imitar as estampas feitas com batik.

Certas produções com o uso do carimbo tornaram-se famosas naquele

período. Ainda segundo mesmo autor (2007, p. 187),

Na Costa do Marfim e no Senegal [...] o trabalho é feito com espécies de carimbos esculpidos em madeira, contendo motivos geométricos, animais e de flores e frutas, especialmente o ananás. Esses mesmos motivos aparecem nos batiks das ilhas dos Mares do Sul, como documentam as telas de Gauguin, que mostram nativas da Polinésia Francesa.

Uma das telas de Gauguin mencionadas acima foi pintada no Taiti em

1893 e documenta a presença do Batik no sarongue (espécie de saia) usada

pelas nativas.

4. ARTE AFRO BRASILEIRA

No Brasil temos vários artistas que expressam em sua arte a cultura

africana, por meio de suas pinturas. A produção realizada pela marca Didara

tem como tema específico conteúdos ligados à cultura afro-brasileira. Um

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exemplo significativo para este projeto é a artista Goya Lopes, criadora da grife

Didara3.

A artista produz roupas e tecidos que apresentam cores fortes,

geralmente tons de amarelo, laranja, vermelho e motivos afro brasileiros, como

animais e figuras abstratas.4 Goya Lopes costuma pintar temas ligados aos

orixás (divindades) da cultura “Iorubá”.

Lody (2005, p.90) escreve que:

Os deuses dos iorubás são os orixás, tão fortes e presentes em suas cidades africanas como aqui no Brasil: [...] compartilhantes do cotidiano de milhares de pessoas que por seguimento aos modelos étnicos, transculturaram em essência e forma um conjunto de manifestações musicais, coreográficas, alimentares, religiosas.

A expressão cultural e artística Ioruba é ampla e diversificada. Como

afirma Lody (2005, p. 92):

A cultura material Iorubá também se notabilizou pelos trabalhos em madeira, esculturas enceradas, policromadas, adornadas com fios-de-contas, entre outros materiais. Destacam-se os tecidos produzidos em teares, os processos das tinturarias, os batiks, as gravações a fogo de cabaças, reciclagens de vidros na fabricação de contas, quase sempre multicoloridas, e outros, para uso social e religioso; além das peças detalhadas em búzios, feitas de couro, de cerâmica, de ferro, entre tantas outras.

Há também uma variação do batik, utilizada em várias parte do mundo,

denominada tie dye5, um termo inglês que significa amarrar e tingir. Os tie dye

são encontrados especialmente na Àfrica e Àsia e consistem em desenhos

produzidos através de tingimentos feitos em tecidos amarrados. É possível

conseguir efeitos de degrade com ajuda de barbantes, que são enrolados e

amarrados nas partes que não virão ser tingidas.

3 Palavra que significa bom, na língua africana Iorubá. 4 No Brasil temos também outros artistas, como Celso Lima e Denise Meneghello, que trabalham com motivos ligados à pintura e batik africanos, cujas obras podem ser vistas nos sites: http://celsolima.zip.net/ e http://tvg.globo.com/programas/mais-voce/. 5 Para conhecer mais a história da técnica tie dye sugerimos acessar:

http://www.mundotiedye.com.br/destaque/batik-africano-e-a-descoberta-do-tingimento-historia-do-tie-dye-1/ e http://en.wikipedia.org/wiki/Batik.

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4.1 Arte afro brasileira no ensino de artes

Considerando a relação entre conhecimento, cultura e arte, entendemos

que a escola está ligada a esses saberes culturais e por meio de novas ideias

viabiliza a interação e a compreensão das manifestações artísticas e as

tradições dos diferentes povos e etnias.

Portanto, diante da busca pela igualdade humanizadora, a escola é um

dos lugares que abre novas portas, para que a diversidade seja enriquecida por

experiências positivas, que visam contribuir no processo pedagógico

explorando ações como desafios a serem vencidos no mundo da cultura.

Fischer (2002, p. 30) explica que:

Ao produzir os seus próprios objetos, o Homem teve que criar meios de expressão e comunicação, palavras articuladas e diferenciadas para atender as necessidades de organização e produção. Assim, o pensamento e a linguagem foram criados e desenvolvidos no processo de trabalho, pelo qual os seres humanos passaram a ter muito que dizer uns aos outros.

A formação da cultura brasileira tem um caráter bem diversificado no

tocante à colonização e formação étnica que é muito rica em manifestações

culturais. É característica marcante da nossa sociedade o fato de ser resultante

da mistura de povos e culturas.

Compreendendo a arte como uma fonte de humanização e

conhecimento é importante relacionar as culturas de maneira que o ser

humano se torna consciente da sua existência individual e social. Nas diretrizes

de arte (2008, p. 56) consta que “[...] o ensino da arte deve interferir e expandir

os sentidos, a visão de mundo, aguçar o espírito crítico, para que o aluno

possa situar-se como sujeito de sua realidade histórica”.

Em consonância com as diretrizes Richter (2003 p. 54) argumenta que:

O ensino da arte na escola precisa preservar essa linha de encantamento do universo estético das crianças, para poder não somente contextualizar o ensino da arte em si, mas também contextualizá-lo em relação ao meio cultural e estético em que as crianças estão inseridas. Para tanto, é preciso ampliar o conceito da arte, adotando uma visão antropológica de cultura, na tentativa de encontrar caminhos para a realização de uma experiência de ensino das artes.

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Diante de um mundo globalizado, no panorama atual convivemos direta

ou indiretamente com diversas culturas. Entende-se que as diferenças são

sempre produtos da história e da cultura. No contexto educacional e, sobretudo

no campo das artes é necessário contribuir para uma educação intercultural,

compartilhando diferentes conhecimentos para interpretar, experienciar e agir.

Richter (2003, p.122) relata que podemos pensar no ensino da arte na

escola buscando a compreensão de que “[...] a arte, como comportamento e

como área do conhecimento, inclui e engloba todas as manifestações artísticas

dos seres humanos, nas suas mais variadas formas, nas suas mais diversas

manifestações culturais”.

De forma semelhante Conduru (2007, p.09) ressalta que:

Seria uma particularidade resultante da conexão entre africanidade e brasilidade, algo intrínseco às obras produzidas por pessoas de origem africana e/ou às obras nas quais elas estão representadas. Assim a produção decorrente da confluência e fusão de princípios, práticas e elementos da arte africana aos da brasileira.

Assim sendo, estudar as manifestações artísticas de um povo é acima

de tudo compreender a sua forma de vida, seus valores e sua contribuição nos

vários aspectos da vida diária das pessoas, como usos e costumes, gostos

pessoais, cores e formas, bem como maneiras de ser e ver o mundo a sua

volta.

No âmbito escolar, no ensino de artes, diversas atividades podem ser

realizadas em relação à arte africana. Na implementação da proposta didático-

pedagógica realizada no PDE, utilizamos os tecidos pintados com a técnica do

batik para a criação de roupas de bonecas abayomi. Na cultura africana, a

confecção de bonecas é muito utilizada, como por exemplo, a boneca abayomi,

produzida entre os Yorubá. As abayomis são bonecas de pano artesanais,

muito simples, confeccionadas a partir de sobras de pano que podem ser

reaproveitadas. São feitas apenas com nós, sem o uso de cola ou costura.

Conta-se a história que, em viagem para o Brasil em direção à

escravidão, as mulheres africanas rasgavam a barra da saia e faziam a boneca

para que as crianças pudessem brincar6.

6 Para mais informações sobre a boneca abayomi sugerimos acessar:

http://negromostraatuaface-atividades.blogspot.com.br

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No Brasil a boneca abayomi tem sua história associada à produção de

Waldilena Martins, artesã maranhense que, junto a um grupo de mulheres,

fundou em 1988 a Cooperativa Abayomi, no Rio de Janeiro. “A técnica foi

criada em 1987 e batizada pela própria artesã, Lena Martins, recebendo o

nome de abayomi, que na língua Yorubá, significa ‘meu presente’”

(ESCOBAR;GÖTEERT, 2010, p.2).

Durante a atividade ligada à boneca abayomi, a intervenção pedagógica

propõe o estudo sobre a simbologia Adinkra. Este estudo se justifica

considerando que, para a produção do batik sobre os tecidos (com os foram

confeccionadas as roupas das bonecas abayomi), é necessário conhecer sobre

a simbologia dos grafismos africanos.

Segundo Jung, (2008, p. 195):

Os símbolos que influenciam o homem têm várias finalidades. Alguns homens precisam ser provocados. Outros têm de ser dominados e são levados à submissão através da organizada planificação dos templos. O simbolismo faz parte das tradições sagradas mais antigas e que está também ligado aos períodos de transição da vida humana. Esses símbolos não buscam integrar o iniciado em qualquer doutrina religiosa ou em uma forma temporal de consciência coletiva. Ao contrário, relacionam-se com a necessidade que o homem tem de se libertar de qualquer estado de imaturidade demasiadamente rígido. Em outras palavras, esses símbolos dizem respeito à libertação do homem ou a sua transcendência de qualquer forma de vida restrita, no curso da sua progressão para um estágio superior ou mais amadurecido da sua evolução.

Para Jung (2008), o homem tem de se libertar de qualquer estado de

imaturidade demasiadamente rígido. Em outras palavras, de maneira geral os

símbolos dizem respeito à libertação humana ou a sua transcendência em

relação a qualquer forma de vida restrita, no curso da sua progressão para um

estágio superior ou mais amadurecido da sua evolução.7

Originalmente os símbolos adinkra eram usados no vestuário. Os

desenhos eram feitos recortando-se os símbolos em cacos de cabaça, para

usá-los como carimbos sobre os tecidos. Os desenhos também se aplicam nas

paredes e na cerâmica.

Para Vidal, (2004, p.22)

7 Sugerimos a visualização de estampas com símbolos adinkra nos sites:

http://negromostraatuaface-atividades.blogspot.com.br/ e http://www.casadasafricas.org.br/adinkras/

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Na África os batiks, tecidos estampados, e as serigrafias resultam de pesquisas ligadas a mitos e lendas, símbolos do folclore nativo. A estamparia vistosa reflete a imaginação do negro africano, que contribuiu muito para a formação do inconsciente coletivo do brasileiro. Os símbolos e motivos foram incorporados ao cotidiano, entretanto, desconhecemos sua origem e significado. A arte negra não é apenas uma representação estética, é também uma atividade criadora, nela o artista expressa o seu universo, apresentando uma estreita relação entre homem, natureza, vivos e mortos. É uma arte que se destaca pela liberdade de forma, adquirindo notável autenticidade. É através da arte que o negro africano deixa vestígios para as futuras gerações.

Esses símbolos que se apresentam como um registro da história foi

incorporado na vida das pessoas ao longo do tempo de forma diversificada e

na atualidade fazem parte da vida cotidiana, pois estão presentes nas

estampas de tecidos industrializados.

Proporcionar o aprendizado sobre as questões referidas contribuiu para o

fortalecimento da identidade cultural e para reconhecer a importância do

conhecimento sobre a riqueza das diferenças em nossa cultura. As ações

desenvolvidas fortaleceram para o grupo a percepção sobre o que todos temos

em comum, enquanto seres humanos.

5. DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES DE PESQUISA

Ao propor um estudo sobre o batik procuramos buscar alternativas

associadas a práticas que trazem consigo elementos formadores da identidade

cultural e de resistência dos povos africanos. A partir daí buscamos conhecer a

história do batik africano. No Brasil no período da colonização portuguesa e

ainda hoje, observa-se o quase exclusivo reconhecimento e valorização da

cultura européia. A escola, por sua vez, vem reproduzindo esses valores ao

longo dos séculos, criando imensas lacunas na educação escolar com relação

tanto a cultura indígena quanto a africana.

Foi promulgada, em janeiro de 2003 a Lei nº 10.639, cujo texto

estabelece que todas as escolas públicas e particulares da educação básica e

ensino médio devem ensinar aos alunos conteúdos relacionados à história e à

cultura afro-brasileiras. O objetivo da Lei é fazer com que os alunos conheçam

a contribuição histórico-social e cultural dos descendentes de africanos ao país.

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Desta forma, com a legislação e com a inserção dos conteúdos da arte africana

nos currículos, é possível transmitir a importância da participação do negro na

formação social, econômica, política, artística e cultural. Assim, seguindo as

Diretrizes Curriculares que contemplam essa abrangência, também deveriam

ser garantidos os conhecimentos sobre valores e da cultura afro-descendente.

No entanto, observa-se que a escola, mesmo sendo espaço privilegiado

de aquisição do conhecimento historicamente acumulado, possui lacunas com

relação à cultura dos povos africanos; faltam subsídios para o ensino da arte

afro-brasileira de forma contextualizada. Estas questões merecem serem

revistas considerando-se que a escola deve elaborar um currículo multicultural

e intercultural, de forma crítica, atendendo as necessidades e interesses dos

educandos.

Tendo em vista a realidade acima descrita, este projeto foi desenvolvido

por intermédio do ensino da Arte na formação de professores do ensino

fundamental e médio, envolvendo a pintura afro-brasileira em atividades de

conhecimento e prática do batik, visando promover a valorização da

participação do negro na formação social, econômica, política, artística e

cultural do Brasil, contribuindo para a promoção da igualdade étnico-racial no

ambiente escolar.

Os negros africanos muito contribuíram para tornar o Brasil um país rico

em diversidade. Uma dessas riquezas está representada na pintura afro-

brasileira, o Batik, objeto deste projeto, envolvendo diversos aspectos

conceituais e técnicos, contemplados nas atividades propostas, as quais

poderão contribuir com a valorização da cultura afro-brasileira e africana, bem

como subsidiar alguns recursos para serem trabalhados na disciplina de Arte.

Após a realização do curso os professores envolvidos no presente

projeto trabalharam com os alunos o conteúdo aqui apresentado, nas

disciplinas por eles ministradas. Os professores procuraram mostrar em suas

disciplinas a importância e valorização da cultura negra na escola, em especial

em relação ao batik africano, criando espaços para manifestações artísticas

que proporcionem reflexão crítica da realidade e afirmação positiva dos valores

culturais negros pertencentes a nossa sociedade.

Na disciplina de Língua Portuguesa e Língua Inglesa foi feita uma

pesquisa sobre o conceito da palavra batik e a importância da técnica deixada

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para a sociedade. Em História, Geografia, Sociologia e Filosofia foram

realizadas pesquisas sobre a origem do batik e sobre os povos que o praticam.

Em Física, Química, Matemática, Biologia e Ciências os professores

pesquisaram as formas de manipulação dos tecidos, a concentração do

corante, o tempo de imersão, as características da tintura e a procedência das

cores. Em Arte foram desenvolvidas atividades de pintura com batik e em

Educação Física foi criada uma coreografia, na qual os bailarinos usaram os

tecidos confeccionados e pintados.

Neste mesmo sentido, as discussões obtidas no Grupo de Trabalho em

Rede – GTR tiveram como objetivo a socialização do trabalho e das produções

do professor PDE, ou seja, o projeto, a produção didático-pedagógica e a

implementação aplicada no Colégio Estadual Ministro Petrônio Portela Ensino

Fundamental e Médio. Estas ações ocorreram por meio da interação com

outros professores em um ambiente virtual de aprendizagem, dessa forma foi

possível compartilhar com outros professores as etapas do processo.

Nesta etapa foram apresentados inicialmente os diversos aspectos das

manifestações históricas e culturais do povo africano com suas contribuições

no Brasil e na sequência, introduziu-se o estudo da pintura batik e sua origem.

Os estudos foram desenvolvidos por meio de leituras e discussões do material

multimídia sobre o tema, realizados pelos professores cursistas.

As atividades foram trabalhadas em módulos com apresentação de

imagens, pesquisas e sites relacionados ao tema pelo Professor PDE. Para

todas as atividades propostas disponibilizamos o material necessário e a

descrição de todas das etapas. Foram expostas ao grupo todas as atividades

da unidade didática.

A seguir apresentaremos a seqüência proposta:

Módulo 1 – Conhecendo um instrumento de tingimento.

Neste módulo usamos a ferramenta tjanting (manual e elétrica)

juntamente com uma amostra de tecido trabalhado com este instrumento e

também com utilização do pincel.

Módulo 2 – Apresentação da atividade Batik para iniciantes.

Foram explorados diferentes elementos visuais: cores, texturas, formas,

linhas e composições. Utilizando o material necessário e seguindo as etapas

descritas obteve-se o resultado desejado.

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Módulo 3 – Pesquisando sobre a matéria-prima.

Este módulo, por ser extenso, foi dividido em dez etapas:

1 – Pesquisa sobre a origem dos tecidos;

2 – Levantamento sobre os tipos de tecidos: antigos e atuais;

3 – Recorte e colagem de tecido com montagem de painel, e trabalho

com sistemas de amarração com pinturas a fim de atingir o resultado esperado;

4 – Desenvolvimento de uma criação abstrata, usando cores escuras,

para produzir efeitos parecidos com peles de animais e apresentação do

resultado;

5 – Desenhos de logotipos e outras imagens trabalhadas em estampas

de campanhas;

6 – Molde vazado utilizando a técnica do batik com apresentação do

resultado da atividade;

7 – Efeitos “Splash” (respingo). Técnica executada com parafina

derretida, com apresentação da atividade;

8 – Experimentação com técnica de torcer o tecido e mergulhar na

parafina derretida por duas vezes consecutivas. Com a parafina seca, pintam-

se os intervalos e obtém-se o efeito desejado.

9 – Confecção da boneca abayomi. Nesta atividade, os participantes que

não conheciam a técnica, puderam desenvolver na prática e conhecer os

aspectos históricos e culturais desta manifestação artística.

10 – A pesquisa de símbolos para o conhecimento de sua importância

na cultura afro-brasileira e o desenho dos mesmos despertou de maneira

especial a atenção dos alunos, pois os mesmos não conheciam a simbologia

adinkra. Nesta prática foi utilizada a técnica de desenho sobre lixa, para

estampar sobre tecidos os símbolos escolhidos pelos alunos.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a introdução sobre os aspectos históricos, culturais e técnicos do

batik, os participantes puderam elaborar estampas de forma individualizada em

suas produções.

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Ao compartilhar com outros professores as etapas do processo,

percebeu-se a riqueza na troca de experiências, pois além das atividades

sugeridas na Produção Didático-Pedagógica, surgiram ideias para outras

propostas de atividades; Estas foram apresentadas aos professores

participantes, cuja experiência e aplicação na sala de aula resultou em

experiências significativas: propor que o tecido fosse pintado com símbolos

adinkra, utilizando a técnica do batik e posteriormente servir como vestido da

boneca abayomi.

A metodologia utilizada estimulou os professores e consequentemente

os alunos ao aprendizado da cultura afro-brasileira, considerando a capacidade

de formação de pessoas críticas e conscientes de sua própria história. Os

resultados enfatizaram o aspecto interativo, no qual a abordagem se deu a

partir de estudos dessa cultura.

É possível afirmar, portanto, que os objetivos do projeto foram

alcançados, tendo como resultado final a apresentação de um desfile dos

tecidos pintados para a comunidade escolar. Foi muito gratificante, para o

grupo envolvido nos trabalhos, poder inserir a pintura do batik, na escola e

afirmar valores importantes da cultura afro-brasileira.

Concluímos que o estudo da pintura com batik resultou em aspectos

positivos na comunidade escolar participante. Ao estudar a história do batik e

perceber a riqueza desta manifestação cultural os professores

conscientizaram-se sobre a importância da cultura afro-brasileira na formação

de valores educacionais.

As atividades estimularam professores e consequentemente os alunos

ao aprendizado sobre a cultura afro-brasileira, contribuindo para que ela não

seja excluída da identidade do povo brasileiro. Esperamos que esse

aprendizado possa ser vivido dentro e fora da escola com o devido

reconhecimento, para que seja definitivamente eliminado o preconceito e

discriminação em relação aos afro-descendentes no Brasil.

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