Bauhaus - Acertos, Fracassos e Ensino

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    Bauhaus: acertos, fracassos e ensino.

    Bauhaus: successes, failures and teaching.

    Pereira, Lvia Marsari; Mestranda em Design; Universidade Estadual Paulista Jlio deMesquita [email protected]

    Medeiros, Maria Carolina; Mestranda em Design; Universidade Estadual Paulista Jlio deMesquita [email protected]

    Hatadani, Paula; Mestranda em Design; Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita

    [email protected]

    Andrade, Raquel Rabelo; Mestranda em Design; Universidade Estadual Paulista Jlio deMesquita [email protected]

    Silva, Jos Carlos Plcido da; Doutor; Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita [email protected]

    Resumo

    Este estudo o resultado de uma investigao de natureza bibliogrfica que busca refletir ediscutir acerca da Escola Bauhaus, destacando as influncias desta escola no Design e

    principalmente, no ensino do mesmo. O presente trabalho visa tambm apresentar osobjetivos que foram propostos pela escola em questo, mas que no foram concretizadosdurante a sua existncia, explicitando os motivos que levaram a este fracasso.

    Palavras Chave: Bauhaus; design; objetivos e ensino.

    IMPORTANTE: na parte inferior desta primeira pgina deve ser deixado umespao de pelo menos 7,0 cm de altura, medido da borda inferior, no qual seroacrescentadas, pelos editores, informaes para referncia bibliogrfica

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:pl%C3%[email protected]:pl%C3%[email protected]:pl%C3%[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    9 Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design

    Abstract

    This study is the result of a bibliographical research that aims to reflect and discuss about the

    Bauhaus School, highlighting the influences of the school on Design and mainly in the

    teaching of design. This work also aims to present the goals that were proposed by the schoolin question but that were not achieved during its existence, explaining the reasons for this

    failure.

    Keywords: successes, failures and teaching.

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    IntroduoO clima extremamente conturbado na Alemanha de 1919 formado, sobretudo, pela

    derrota na Primeira Guerra Mundial e a conseqente formao de um partido comunista quepropagava declaradamente a revoluo nos modelos soviticos, moldou o cenrio ideal e

    decisivo para a fundao da Casa de Construo Estatal, mais conhecida como StaatlichesBauhaus. Em sintonia com o panorama marcado pela tenso decorrente dos tumultos de todaordem que se estenderam pelos anos vinte, e impulsionados pelos ideais dos movimentosvanguardistas, um restrito grupo composto por profissionais das mais variadas atividadesartsticas e tcnicas, unem-se a Walter Gropius durante a fundao da Bauhaus.

    Em seus quatorze anos de existncia, a Bauhaus formou 1250 alunos e passou por trsetapas diferentes: entre 1919 a 1927. Estabeleceu-se em Weimar, sob a direo de WalterGropius; de 1927 a 1929, foi conduzida por Hannes Meyer em Dessau e, finalmente, entre1929 e 1933, sob a superviso de Mies van der Rohe, perdurou parte dos anos em Dessau e

    parte em Berlim.At a fundao da Bauhaus, Gropius era presidente do Conselho de Desenvolvimento

    das Artes, cujo objetivo era reunir todas as artes sob a proteo de uma arquitetura maior(WOLFE, 1990, p. 14). Neste perodo pr-Bauhaus Gropius j demonstrava claro interesseno desenvolvimento de arte e demais utenslios, principalmente se destinados ao proletariado.

    A Bauhaus foi, portanto, uma escola de design, artes plsticas e arquitetura devanguarda, financiada fundamentalmente pelo Estado, e que, segundo o prprio Gropius(apud Gullar, 1998, p.200) possua o objetivo de [] restabelecer a harmonia entre asdiferentes atividades de arte, entre todas as disciplinas artesanais e artsticas, e torn-lasinteiramente solidrias de uma concepo de construir. Gullar (1998, p.189) complementaque a Bauhaus buscava [] estender a revoluo esttica vida cotidiana mesma, atravs dacriao de formas-tipo para os objetos de uso, formas essas cujas qualidades estticas fossemfruto legtimo dos processos de fabricao industrial.

    Outra caracterstica marcante de Gropius e o grupo formado por ele era o repdio pelaburguesia e por qualquer objeto que pudesse ser considerado burgus. Esta era tambm aopinio da maioria dos moimentos artsticos do momento, que muito mais do que produzir defato, passavam maior parte do seu tempo discutindo o que era ou no arte.

    (...) aps a guerra, vrios redutos comearam a competir entre si para estabelecerquem tinha a viso mais pura. E o que determinava a pureza era no ser burgus.Naquele curioso momento vivido pela Europa os artistas passaram a negar comveemncia a burguesia, exortando classe artstica que aderisse ao verdadeirosocialismo promovendo a fraternidade entre os homens. A luta para ser menosburgus tornou-se desvairada. (WOLFE apud SORANO, SILVA, SOUZA, 2007, p.

    3)

    At mesmo a mxima Arte e tecnologia uma nova Unidade, to pregada pelaBauhaus, foi criada por Gropius na busca de explicar e fundamentar sua iniciativa de terexposto, durante o I Congresso Internacional de Arte Progressiva, objetos curvilneoselaborados por Mendelsohn, os quais foram tachados como burgueses por no poderem serfabricados maquina.

    O furor antiburgus foi to longe que em um dado momento grande parte daarquitetura possua as mesmas caractersticas e materiais: ao, madeira, vidro e estuque eramencontrados em casas de cor bege, branco, cinza ou preta, e que possuam, preferencialmente,telhados planos. Porm, o resultado dessa busca desenfreada pelo no-burgus foi que os

    edifcios projetados pelos artistas tornaram-se no-funcionais, embora tudo fosse feito em

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    nome da funcionalidade, palavra que se tornou mais um dos eufemismos para no-burgus(WOLFE apud SORANO, SILVA, SOUZA, 2007, p. 3).

    Desde o momento da formao da Bauhaus adiante, vrios manifestos foram lanados,buscado delimitar seus ideais e princpios, dentre os quais Gropius citava, entre outros:

    Unio entre artesanato e indstria; Produo voltada satisfao de necessidades sociais; Trabalho criativo e com liberdade de criao estilstica; O funcionalismo.

    Todavia, sabe-se que nem todos os objetivos da Bauhaus foram alcanados, e so estesque sero tratados a seguir.

    Unio entre artesanato e indstriaGropius tinha como idia fundamental a utilizao do artesanato como uma

    metodologia didtica, com o objetivo de preparar os projetistas modernos para produzirem

    produtos industriais com uma orientao formal e no apenas focados no uso.O que Gropius pregava era a prtica de uma cidadania comum. Uma relao de modupla entre o artesanato e a indstria, e no como dois plos opostos. Acreditava ainda quenem o artesanato era pura idealizao nem a indstria puro trabalho mecnico, eram doismodos distintos e complementares de exercer a mesma atividade. A diferena entre artesanatoe indstria era em relao subdiviso do trabalho na indstria, e ao controle da produo porum nico trabalhador no artesanato. Como afirma o prprio Gropius:

    Qual a diferena entre artesanato e trabalho maquinal? A diferena entre indstria eartesanato reside menos na diversidade de ferramentas de produo do que nadiviso de trabalho na indstria em face do controle indiviso dos processos detrabalho no artesanato (CARMEL-ARTHUR, 2001, p.34).

    Logo, a Bauhaus representou uma tentativa de integrar de forma mais rigorosa a arte eo design. Desse modo comeou-se a realizar uma sntese da arte com as novas possibilidadestcnicas, aproximando-se de uma nova esttica aplicada a produo por meio de mquinas.Porm, Carmel-Arthur (2001, p.18) afirma que

    Portanto, o ideal de Gropius de fazer com que a escola se voltasse para a arte naindstria nunca se realizou completamente. Sua nfase na fabricao de prottipos para a

    produo industrial resultou em um nmero pequeno de produtos manufaturados, e ele acaboupor se desiludir.

    muitos mtodos de produo usados nasoficinas continuaram a se basear nos ofcios.

    Ficou evidente que apesar do interesse de Gropius em criar uma ponte entre design, aproduo industrial e o ensino, as oficinas permaneceram utilizando processos artesanais efabricando produtos tradicionais, como vasos, tapearia, luminrias e moveis (Carmel-Arthur,2001)

    . Embora se executassem prottipos para a indstria na Escola Bauhaus, apenas umnmero pequeno destes chegou a ser produzido. Wolfe (1990) afirma que algumas das peas

    produzidas nas oficinas eram voluptuosas e suntuosas, um desafio s mquinas e invivel parao processo de produo.

    O funcionalismoO funcionalismo (ou arte funcional) pode ser entendido como atendncia artstica do

    sculo XX que defende o princpio de que na arquitectura, na produo de objetos, na

    urbanizao e no mobilirio, a forma deve resultar da perfeita adequao funo, ou seja, aforma deve ser determinada exclusivamente pela funo prtica (CARDOSO, 2004).

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    Para a ideologia funcionalista, imprecindvel a consciente eliminao de adereos ouqualquer outro elemento considerado suprfluo. Alm disso, deve haver a utilizao de

    princpios tcnico-fsicos e tcnico-econmicos, a utilizao racional dos meios disponveiscom objetos bem determinados, gastos mnimos para obter rendimento mximo e custos

    mnimos de fabricao e administrao e renncia configurao de produtos com influnciasemocionais (LBACH, apud MOTA et al. 2007, p.3). bastante comum associar a Escola Bauhaus com o funcionalismo, porm, para

    alguns autores, a escola deixou muito a desejar em vrios aspectos desta ideologia.Durante a primeira e a segunda fase da escola, de 1919 a 1932, foi iniciada a

    fabricao de produtos industriais prtico-funcionais. Tais produtos eram projetados com baseem teorias estticas j vividas por redutos de artistas anteriores ao movimento Bauhausiano,como o cubismo, o Construtivismo e o De Stijl. Todos estes movimentos acabaram porinfluenciar a Bauhaus na reduo do ambiente material a formas geomtricas e cores

    primrias, como por exemplo: o quadrado, representado pela cor vermelha, o tringulo pelacor amarela e o crculo pelo azul. Estas trs formas bsicas da geometria, que no campo

    tridimensional so representados pelos elementos cubo, tetraedro e esfera, configuravam todaa produo e construo arquitetnica dos artistas da poca (MOTA et al., 2007, p.2).

    Porm, esta preocupao com a esttica acabou por gerar crticas em relao escola,pois, segundo Mota et al. (2007, p.2), ela gerava um distanciamento com seus usurios,tornando os objetos e arquitetura pouco sensveis s necessidades de uso e assumindo

    principalmente funes estticas, com poucos atrativos visuais.

    Durante um primeiro perodo de estudos e experimentaes os produtos da Bauhausno tiveram muito sucesso comercial, pois no eram orientados devidamente para asnecessidades diretas da populao. Fora somente depois de 1926 que os resultadosdos projetos puderam ser comercializados e alcanaram sucesso de vendas. Isso

    aconteceu devido aplicao de regras e princpios estticos e funcionais e umaformao mais prxima do usurio como tambm parcerias com indstrias paraproduo em srie. Estes objetos se tornaram, aps 1945, cones e paradigmas paraum novo desenho moderno. A ttulo de exemplo pode-se citar a luminria deMarianne Brandt, de 1927 e os mveis tubulares de Marcel Breuer, que depois de1926 foram fabricados industrialmente. (MOTA et al., 2007, p.2).

    Figura 1 - Cadeiras tubulares de Marcel Breuer, 1926.Fonte: http://www.amazoninterart.com/?p=1293

    Em relao arquitetura, tambm h o que se atentar na questo funcionalista. Como

    visto anteriormente, Gropius defendia em seu manifesto a criao de uma nova arquitetura,uma arquitetura maior, que deveria ir de encontro aos interesses do povo, ou seja, do

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    proletariado. Esta nova forma de conceber a moradia dos operrios deveria, portanto,aperfeioar a habitao destes trabalhadores a fim de satisfazer as suas necessidades. Para tal,foram concebidos conjuntos habitacionais com telhados planos e paredes lisas em coresneutras. No cho, linleo cinza ou preto. No eram permitidos ornamentos de nenhuma

    espcie, tais como tapetes, rendas, ou colunas gregas. Simplicidade da forma e da cor era amxima deste reduto de arquitetos.Porm, conforme defende Wolfe (1990, p.19), o desenho arquitetnico em si

    passou a visar apenas uma coisa: ilustrar a Teoria do Sculo deste ms a respeito do que erafinalmente, infinitamente e absolutamente no-burgus. Essa preocupao constante emconceber uma arquitetura no-burguesa acabou por desviar a ateno das reais necessidadesdo proletariado, que mostrou-se insatisfeito com as propostas.

    Wolfe afirma ainda que os arquitetos no consultavam nem consideravam o gosto oumesmo as queixas dos operrios a respeito das habitaes que criavam para estes, uma vezque avaliavam estes trabalhadores como pertencentes de um nvel intelectual inferior ecarentes de uma reeducao para compreenso da beleza dos projetos, conseqentemente,

    suas reivindicaes seriam totalmente compreensveis. No socialismo, o cliente era otrabalhador, que nunca era consultado, pois se acreditava que estivesse intelectualmentesubdesenvolvido e que o arquiteto de reduto resolveria sua vida. (WOLFE, 1990, p. 27).

    Figura 2 - Casa Schoeder, de Gerrit Rietveld: construo prova de burguesia.Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=593586&page=2

    Produo para as necessidades sociaisA Bauhaus, desde seu incio, j previa em seu manifesto uma aproximao com a

    indstria, absorvendo a esttica da mquina e usando-a a seu favor, de forma a promover asatisfao das necessidades sociais de todas as camadas da populao.

    Em meados do primeiro perodo da Bauhaus, aps a sada do professor Itten, estatomou um novo rumo, deixando de se centrar na personalidade individual dos alunos paracriar ento produtos que respondessem s necessidades industriais (DROSTE, 2006). Parasuceder Itten, Gropius contratou Moholy-Nagy como professor, do qual obtinha apoioincondicional nos objetivos de produtividade da escola.

    O atelier de cermica na Bauhaus de Weimar, criado em 1923, obteve relativo sucesso

    em cooperao com a indstria, pois os primeiros artigos de loua concebidos para a cozinhada casa experimental da Bauhaus foram produzidos industrialmente. Aps algumas

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    exposies, algumas encomendas foram feitas escola (DROSTE, 2006), no entanto, algumasdificuldades de origem financeira ordenaram o fechamento do atelier. Na figura abaixo pode-se observar um objeto produzido pelo atelier que, embora j incorpore idias da formaindustrial e tenha sido produzido por uma fbrica de cermica, era consideravelmente caro por

    sua dificuldade de produo em larga escala.

    Figura 3 - Bule, 1923 Theodor BoglerFonte: http://www.moma.org/explore/collection/

    Outros ateliers da Bauhaus que tiveram relativo sucesso na produo foram o detecelagem, metal e mobilirio. No mobilirio duas grandes conquistas foram realizadas:mveis fabricados em tubo metlico e a decorao do novo prdio da escola e as casas dosmestres. O espao arquitetnico e o mobilirio interagiam, de modo equilibrado, tidos como

    higinicos, fceis de manter, prticos e funcionais (DROSTE, 2006). No entanto, segundo aautora o conjunto era uma sofisticada forma artstica que tornava a prpria vida uma obra dearte (p. 154). Da mesma forma que outros j citados, os artigos produzidos nesses atelierseram caros por serem produzidos manualmente na escola, apesar de apresentarem umaesttica industrial.

    Sob a direo de Hannes Meyer (1928 1930), a Bauhaus intensificou o objetivo deGropius de desenvolver bens industriais considerando as necessidades do povo, atribuindo Bauhaus, assim, um objetivo social (DROSTE, 2006). Isso pode ser observado principalmentenas oficinas de carpintaria, que passam a se utilizar de novos materiais, como o compensado,e tambm novos designs, como ps de mveis desmontveis e que utilizassem menos matria-

    prima, mveis dobrveis e modulares.

    Figura 4 - Mesa dobrvel Gustav Hassenpflug, 1928

    Fonte: http://bauhausinformalismo.wordpress.com/que-fue-la-bauhaus/

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    Procede desta poca tambm a insero do ao tubular na fabricao de mveis,iniciando assim um dilogo com a mquina, j que este material era empregadoindustrialmente com outros fins. Muitos prottipos foram feitos por Mies van der Rohe eMarcel Breuer e desenvolvidos pelas empresas Standard Mobel de Berlim e Thonet, criando

    novos padres no design de mveis (CARMEL-ARTHUR, 2001).

    Figura 5 - Cadeira WassilyFonte: http://tipografos.net/bauhaus/bauhaus-moveis.html

    J sob a direo de Mies Van der Rohe, foi abolida a produo e a parceria com asindstrias, fato que gerou muitos protestos por parte dos estudantes, j que estes podiamfinanciar seus estudos com o dinheiro obtido nos trabalhos desenvolvidos para a indstria.

    Sendo assim, o objetivo de Gropius em unir arte e indstria tambm no foi alcanado deforma satisfatria, apesar das inegveis contribuies, principalmente ao mtodo de ensino(CARMEL-ARTHUR, 2001).

    O ensino na BauhausAt o surgimento da Bauhaus e a implantao do seu mtodo de ensino, percebia-se

    uma evidente descontinuidade entre a idealizao (projeto) e a realizao (produo), bemcomo ocorria entre o artista e a indstria, que tendiam a ignorar um ao outro. Logo, a unioentre arte e tcnica foi, portanto, um dos maiores desafios de Gropius desde o lanamento do

    primeiro manifesto da Bauhaus.

    Fontoura (2001) declara que esta unio, to idealizada por Gropius, foi aplicada naBauhaus por meio da pedagogia da ao, na qual se rejeita o modelo de ensino que focaliza atransmisso de conhecimento, e se prioriza a auto-formao do educando. Neste aprendizadoenfatiza-se a integrao entre ensino terico e prtico, empregando as inmeras oficinasdisponveis aos alunos.

    Estas oficinas simbolizavam tambm um dos ideais da Bauhaus, que buscava vinculartodas as formas de arte em um nico todo, atrelando todas as disciplinas artsticas - escultura,

    pintura, artes e artesanato e ofcios - e fazendo destas, componentes integrantes de uma novaarte de construir.

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    Figura 6 - Grfico da estrutura do curso

    Fonte: http://www.aulad.com.br/

    Para Gropius, o artesanato no s era um recurso indispensvel para seu mtodo deensino e para a estimulao da criatividade do indivduo, mas funcionava tambm comovnculo com a indstria, que principalmente no perodo de Dessau, fazia freqentesencomendas escola, colaborando assim com a independncia financeira da instituio.

    As oficinas obtiveram diferentes graus de reconhecimento e tempo de vida, e o fatorda quantidade de encomendas pesava bastante para a importncia dada a cada uma. Por estemesmo motivo, as oficinas de mobilirio e metais obtinham grande sucesso entre os alunos,entretanto, Gropius sempre procurou incentivar todos os tipos de oficinas, pois para ele a tosonhada unidade arquitetnica s podia ser alcanada por meio da tarefa coletiva, que deveria

    incluir os mais diversos tipos de criao, como a pintura, o teatro, a msica, a dana e afotografia. (TEIXEIRA, 1999).

    Figura 7 cadeira criada por Marcel Breue na oficina mobiliria da Bauhaus.Fonte: http://bhpbrasil.spaces.live.com/Blog/cns!CBF475499EC82673!12708.entry

    Este lema s vinha a reafirmar a inteno original de Gropius para a Bauhaus, queera de pensar o design como ao construtiva. Segundo Cardoso (2004), a idia de pensar o

    design como uma atividade unificada e global talvez seja a maior contribuio de Gropius eda Bauhaus atualidade.

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    Influncia da BauhausA Bauhaus pode ser considerada uma das mais importantes instituies de ensino de

    artes aplicadas em toda a Histria, visto que provocou uma verdadeira revoluo nametodologia do ensino e no aprendizado.

    A escola apropria-se das idias da Werkbund, a qual aproxima o artista da mquina,fazendo-a trabalhar em seu favor, porm vai mais alm ao estabelecer a aproximao com aindstria, incorporando esta relao aos preceitos da escola. A Bauhaus propunha ainda uma

    padronizao formal que considerasse as necessidades da produo em massa, uma vez que aindustrializao era um processo indiscutvel e irreversvel (Gallarza, 2002).

    Com isso inicia-se uma nova fase e uma verdadeira revoluo para o profissionalligado s artes e uma nova profisso ligada indstria, com objetivos claros de produzir paraum fim social. Desta forma, a Bauhaus lana a base do conceito moderno de desenhoindustrial, unindo arte, tcnica e indstria.

    Em relao questo pedaggica, Gallarza (2002) enfatiza que a grande inovao daBauhaus frente s outras escolas, e que revolucionou o ensino do design, est no fato da duplaformao dos seus alunos a formao artstica e a artesanal, proporcionada pelas oficinas e

    pelo curso preliminar (Vorkus), mais tarde denominado Grundlehre (curso bsico oufundamental).

    Para Sorano et. AL (2007), o sucesso da Bauhaus deve-se a esta colocar suas teoriasem prtica e experiment-las, projetando peas com um fim, uma razo, ao contrrio do quefaziam os artistas da poca. Ainda segundo os autores, alm da criao, a escola criou umaabordagem pedaggica inovadora, que revolucionou o ensino das artes, estimulando osartistas a pensarem sobre arte, discuti-la e, ainda que teoricamente, tentar torn-la acessvel atodas as classes sociais.

    Aps o fechamento da escola, por questes de ordem da poltica nazista, em 1933 na

    cidade de Berlim, ocorre uma dispora dos ideais da instituio pelo mundo, acarretada pelasada dos professores e alunos da Alemanha. Moholy-Nagy, Gropius, Van der Rohe,Kandisky, Paul Klee, entre outros, vo para outros pases da Europa e para os Estados Unidos.

    Na Alemanha, depois de 1945, com a queda do nazismo, os mtodos do curso preliminar daBauhaus foram introduzidos em muitas escolas artsticas.

    Ao levarem pelo mundo os mtodos para a prtica do design, os professores e alunosda Bauhaus concretizaram a perpetuao dos seus ideais e objetivos. O esprito da Bauhauscontinuou a exercer grande influncia nas reas artsticas, transformando teorias, pedagogias e

    prticas profissionais.Apesar de apenas quatorze anos de existncia, a escola entrou para a histria ao

    transformar para sempre as relaes do homem com a arte e com os produtos industrializados,

    formando profissionais capazes de empreender uma verdadeira mudana social apor meio dodesign.O reconhecimento da importncia da Bauhaus pela UNESCO resultou no tombamento

    dos seus edifcios como Patrimnio Mundial. Desde 1996 as instalaes da Bauhaus emWeimar e Dessau pertencem a toda a Humanidade.

    Consideraes FinaisA escola Bauhaus surgiu na Alemanha com um contexto histrico e social

    extremamente propcio aos novos ideais socialistas e vanguaristas do perodo e tendo comogrande idealizador Walter Gropius.

    Dotadas da expectativa de eliminar qualquer resqucio burgus, inmeras propostasforam levantadas pela escola, que propunha, por meio de seus manifestos, a quebra de

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    paradigmas e a revoluo no ensino das artes aplicadas, passando pela produo industrial e aliberdade criativa. A inovadora busca pela produo coletiva de produtos, de forma a nomais se elaborar produtos artesanais, nicos ou sem funcionalidade especfica, torna-setambm uma das caractersticas mais marcantes deste perodo.

    Na prtica, muitas idias, como as mencionadas ao longo deste artigo, se mostraramcontroversas ou difceis de serem postas em funcionamento. Sejam de ordem funcional,industrial ou social, muitos impecilhos para a realizao plena destes objetivos foramsurgindo ao longo da existncia da escola.

    No entanto, nada capaz de tirar a importncia da escola Bauhaus para a evoluo dasartes aplicadas, e em especial do design; visto que promoveu uma verdadeira transformaono procedimento do ensino, contribuindo imensamente para o estado atual do design.Destaca-se ainda como um dos principais pontos positivos a herana metodolgica defendida

    por seus idealizadores, a qual ainda reflete na educao e no processo de concepo deprodutos de design.

    Referncias Bibliogrficas

    CARDOSO, R.. Uma introduo histria do design. So Paulo, Edgard Blcher, 2004.

    CARMEL-ARTHUR, J.. Bauhaus. So Paulo: Editora Cosac & Naify, 2001.

    DROSTE, M.. Bauhaus. Berlim: Editora Taschen, 2006.

    FONTOURA, A. M.. Bauhaus. Revista ABCDesign,2001. Disponvel em:http://abcdesign.com.br/teoria/bauhaus-a-pedagogia-da-acao/. Acesso em: 12 set. 2009.

    GALLARZA, R. M.. Design Grfico Multimeios: Modelo Terico do Ensino eAprendizagem com Base na Viso Sistmica. Dissertao de Mestrado. Programa de ps-graduao em Engenharia de Produo, UFSC, Florianpolis, 2002. 87 p.

    GULLAR, F.. Etapas da arte contempornea: do cubismo arte neoconcreta. Rio deJaneiro: Reva, 1998.

    MOTA, M. J.da et al. Design Contemporneo: um resgate histrico e as influncias para a suaformao. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM DESIGN, 4., 2007,Rio de Janeiro. Anais... . Rio de Janeiro: Anped, 2007. p. 1 - 7. Disponvel em:

    . Acesso em: 23 set. 2009.

    SORANO, E. C.; SILVA, J. C. P.; SOUZA, L. C. L.. Os Caminhos do Design: DaRevoluo Industrial ao perodo aps a Primeira Guerra Mundial. In: 4 CongressoInternacional de Pesquisa em Design - Brasil, 2007, Rio de Janeiro. Anais do Ciped 2007.

    TEIXEIRA, T.. Bauhaus. Enciclopdia Barsa, 1999. Disponvel em:http://www.tiagoteixeira.com.br/fatias/conteudo/miscelanea/ulm.htm. Acesso em: 12 set.2009.

    WOLFE, T.. Da Bauhaus ao nosso caos. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1990.

    http://abcdesign.com.br/teoria/bauhaus-a-pedagogia-da-acao/http://abcdesign.com.br/teoria/bauhaus-a-pedagogia-da-acao/http://www.tiagoteixeira.com.br/fatias/conteudo/miscelanea/ulm.htmhttp://www.tiagoteixeira.com.br/fatias/conteudo/miscelanea/ulm.htmhttp://www.tiagoteixeira.com.br/fatias/conteudo/miscelanea/ulm.htmhttp://abcdesign.com.br/teoria/bauhaus-a-pedagogia-da-acao/