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Belvedere - Um Olhar Sobre a Flora e a Fauna
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um olhar sobrea flora e a fauna
belvedere III
agosto de 2011
O Belvedere III, situado ao sul do município de Belo Horizonte, em área contígua ao BH Shopping, foi concebido na década de 80. Este documento revisita o local e apresenta a evolução da flora e da fauna em um território de vegetação muito pobre. Neste terreno, os empreendedores implantaram um amplo projeto paisagístico que redundou em ambiente diverso e de intensa apropriação por moradores e outros usuários.
Originalmente o terreno era árido, quase desprovido de vegetação, solo ácido e com grande ocorrência de minérios. A cobertura vegetal se restringia ao topo do colo da serra e se mostrava constituída de indivíduos esparsos de espécies exóticas, visivelmente pouco adaptados ao meio ambiente local.
“A parte que hoje é o Belvedere III tinha uma estrada por onde passavam os caminhões da MBR carregados de minério para ser embarcado no terminal da empresa. O pó dos caminhões era um transtorno danado, mesmo com a MBR lavando as ruas todos os dias.” Valdemar Cerqueira – engenheiro metalurgista
A foto retrata a área antes do início da implantação do
Belvedere III, em 1989. É visível a falta de cobertura vegetal,
exceto no topo da serra, junto à ferrovia, com espécies exóticas
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Após três anos, a área se transformou no Belvedere III. Nela o empreendedor implantou as vias e a infraestrutura básica: água, drenagem, esgotamento sanitário, pavimentação, meio-fio e iluminação pública, preservando área indivisa como lagoa de detenção de águas pluviais.
A existência dessa área no centro do bairro, destinada ao amortecimento dos picos de chuva, ensejou o surgimento de um espaço de elevado potencial de convivência para os moradores do bairro e da vizinhança.
Foto de 1992, com o loteamento em etapa final de
urbanização, sem cobertura vegetal significativa
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O processo de ocupação do bairro ocorre de maneira efetiva, devido à sua localização, mas, principalmente, pelo rigor e cuidado de sua concepção original e projetos.
A empresa Burle Marx & Cia. Ltda. foi contratada para desenvolver o projeto paisagístico, que englobou a arborização das calçadas, praças, encostas e o entorno da área destinada à detenção de águas pluviais. Contemplou também a padronização das calçadas para todo o bairro, conferindo unidade e harmonia.
O projeto priorizou espécies nativas brasileiras e acrescentou espécies exóticas já incorporadas à nossa paisagem. Não se ateve apenas à especificação, determinando a localização de árvores, aspectos urbanísticos, estéticos e de bem-estar à população. Buscou promover intervenção paisagística que criasse espaços de uso efetivo que fossem apropriados pelos moradores.
Para isso, no perímetro da lagoa de contenção de águas pluviais, houve um alargamento da calçada, para facilitar o movimento característico de pistas de caminhada.
“A escolha da vegetação foi bastante limitada, devido à composição da terra muito ácida e rica em minerais de ferro...” Haruyoshi Ono - Burle Marx & Cia. Ltda.
A foto documenta a área indivisa, hoje denominada Praça
da Lagoa Seca, e a Praça Marcelo Góes Menicucci, antes
da implantação do projeto paisagístico
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A implantação de um projeto paisagístico amplo, como o que foi desenvolvido para o Belvedere III, envolveu etapas de conscientização da comunidade.
Os projetos e intervenções visaram não só à arborização de vias e praças, mas objetivaram preservar as áreas do bairro e permitiram que o local se transformasse em significativo centro de convivência com elevada participação da população.
A implantação cumpriu rigorosamente o projeto autorizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, com as alterações solicitadas pelo Departamento de Parques e Jardins, para adequar o porte das espécies arbóreas ao limite permitido nas vias públicas, cujas calçadas foram executadas em conformidade com o projeto em toda a extensão do bairro. Substituições de espécies foram feitas em função da indisponibilidade de mudas no mercado, sempre com estrita autorização da empresa Burle Marx & Cia. Ltda., responsável pelo projeto.
Na encosta do ramal Águas Claras-Olhos D’água (RFFSA), foram preservados os poucos exemplares e cumpridos cuidadosamente os critérios de plantio de espécies, visando reduzir o impacto da acidez do solo sobre os indivíduos ali plantados.
“Verificamos a execução fiel do projeto, valorizado pelo belo movimento dos taludes que antecederam a implantação do paisagismo. Observamos também a ótima qualidade da grama, como também do seu plantio.” Júnia Lobo, paisagista
“A área está em excelente estado de manutenção. Foi realizado trabalho de plantio de árvores, as mudas estão em bom estado fitossanitário e bem tutoradas. A grama está podada, o piso e as lixeiras bem conservadas.” Maria Alice Jácome, gerente de Parques e Jardins – Centro Sul / Prefeitura de Belo Horizonte.
O projeto de Burle Marx para as calçadas foi cumprido
em toda a extensão do bairro, conferindo assim unidade e
harmonia para toda a região
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Vinte anos depois da implantação do parcelamento, uma revisita ao local demonstra o cuidado dos empreendedores, da população e, sobretudo, da Associação dos Amigos do Bairro Belvedere, responsável pela manutenção da Praça da Lagoa Seca, nome dado à área destinada à contenção de águas pluviais.
Ao longo da presente documentação, observa-se a evolução das espécies plantadas. E também que o espaço público foi efetivamente ocupado e que a comunidade local pro-moveu alterações e adequações ao projeto original.
“A criação da cidade coincide com a apropriação do espaço pela população, ou seja, quando os usuários criam seus símbolos e signos que identificam o espaço e conferem a ele uma marca que o distingue das outras regiões da cidade.” Jacques Tinoco Rios, arquiteto
“O bairro me encantou, sou muito ligada à terra, natureza, verde; e era um lugar tranquilo. Depois é que vieram os prédios. Ainda assim, o bairro tem um ar muito bom, lugar ótimo para se ter uma escola.” Edna Roriz, diretora da escola que leva seu nome
A foto mostra a evolução do projeto paisagístico, não
apenas na Praça da Lagoa Seca, como também na Praça
Marcelo Góes Menicucci
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Em 2011, não resta dúvida de que o meio ambiente respondeu ao projeto bem implantado e bem cuidado ao longo dos anos. Nas vias públicas a significativa maioria das árvores plantadas resistiu e cresceu, tornando o Belvedere III um bairro agradável, de clima aprazível e adequado às atividades de lazer ao ar livre.
Algumas espécies, como o Ipê Amarelo, revelaram-se mais sensíveis às condições adversas do terreno e apresentaram crescimento reduzido. Ao contrário, outras mais bem adaptadas valorizaram ainda mais as ruas e avenidas do bairro.
Empreendedores, moradores, construtoras e, principalmente, a Associação dos Amigos do Bairro Belvedere promoveram o plantio e a manutenção regular de jardins externos aos muros, tornando as vias públicas do bairro mais arborizadas do que os outros bairros desenvolvidos à mesma época, como o Buritis, em Belo Horizonte, e o Vila da Serra, em Nova Lima.
O caráter moderadamente ondulado do relevo, em franco contraste com grande parte do território urbanizado de Belo Horizonte, também contribui fundamentalmente para o bom conceito que o bairro adquiriu.
“O bairro me induziu a correr nas vias. Ele é gostoso. O clima é mais fresquinho, dá mais disposição.”Ayesk Senra, jornalista
Vias públicas
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A Associação dos Amigos do Bairro Belvedere cuida da manutenção da Praça da Lagoa Seca e o faz com muita dedicação.
O critério não foi de preservação do projeto original, ainda que desenvolvido por paisagista de renome internacional. Ao contrário, a comunidade tratou o bairro como um espaço dinâmico, com o qual interagiu ao longo dos anos. Além da intervenção direta no cuidado e manutenção da flora, vê-se limpeza muito superior à maior parte dos bairros da cidade.
Atualmente, a diversidade da flora aumentou, com a introdução de novas espécies igualmente integradas à paisagem brasileira, e essa diversidade atraiu um grande número de pássaros, que conferiu ao local paisagem muito agradável.
Apesar do crescimento e da diversidade da flora, a Praça
da Lagoa Seca não perdeu sua função hidráulica e amortece
o impacto das chuvas na região
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O Belvedere III se tornou o lugar mais procurado por prati-
cantes de corridas, amadores e profissionais, da região
Centro-Sul
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A Praça Marcelo Góes Menicucci passou recentemente por intervenção, para solucionar problemas com a última ampliação do BH Shopping, que reduziram sua área, para ceder espaço a mais uma faixa de rolamento em todo seu entorno.
As obras, no entanto, mantiveram o monumento que hoje caracteriza o bairro, criado pelo artista plástico Ricardo Carvão.
Ainda na área lindeira à MG-30, o projeto empreendido em 2010 também acrescentou canteiros para o acesso de pedestres ao BH Shopping.
Praça Marcelo Góes Menicucci com monumento de Ricardo Carvão
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Em função da sua localização, a Praça Tom Jobim é a menos favorável ao crescimento das espécies implantadas no projeto paisagístico.
Apesar da dificuldade apresentada pela acidez do solo e pela declividade, a vegetação implantada mostrou-se resistente. As fotos mostram a viabilidade de outras espécies e a efetiva convivência entre elas.
Praça Tom Jobim
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Foi construída uma pista de caminhada ao longo da Rua
Rodrigo Octávio Coutinho com aproximadamente 800m de
comprimento, em trajeto de pouca declividade
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flora
Aroreira (Chorão)
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Paineira Jovem
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Mulungu
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Amoreira
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Pata de Vaca
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Cariota Magnólia-amarela
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Castanheira Ameixa-amarela
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Tupelo-negroLicuri
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Jalão, Aldrago e Pitanga34
Quaresmeira
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Pitangueira
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Pau-mulatoJalão
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JacarandáPau Brasil
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fauna
Matéria extraída da edição nº 109 do Jornal do Belvedere,
relativa ao período de 10 a 25 de fevereiro de 2011
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A fauna da Praça da Lagoa Seca foi amplamente percebida e registrada entre 2010 e 2011. Das espécies de pássaros identificadas pelo geógrafo André Henrique Pacheco, membro da ONG Ecoavis, mais de 40 estão documentadas fotograficamente por ele neste álbum.
Segundo o profissional, a diversidade e as características da flora implantada pelo pro-jeto paisagístico determinaram ou, no mínimo, favoreceram a atração das espécies ani-mais. A partir de um determinado ponto, a própria cadeia alimentar também contri-buiu para a atração de novas espécies, como no caso da presença da Pomba Trocal, que atrai o Gavião Carcará.
Na praça identificam-se inclusive animais atípicos de Minas Gerais, como é o caso do cardeal de crista, oriundo do Sul do Brasil. Assim, conclui-se que o ambiente diverso oferece ao local muito mais do que o resgate de suas condições naturais, anteriores à urbanização. Representa que os interesses econômicos não precisam desconsiderar a qualidade de vida e o meio ambiente.
Declaração emitida por André Henrique Pachecho em
Agosto de 2011
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EspéciE NomE ciENtífico
Alma-de-gato Piaya cayana
Andorinha Pygochelidon cyanoleuca
Anú-branco Guira guira
Anú-preto Crotophaga ani
Baiano Sporophila nigricollis
Beija-flor-de-orelha-violeta Colibri serrirostris
Beija-flor-tesoura Eupetomena macroura
Bem-te-vi Pitangus sulphuratus
Besourinho-de-bico-vermelho Chlorostilbon lucidus
Bico-de-lacre Estrilda astrild
Cambacica Coereba flaveola
Cambaxirra Troglodytes aedon musculus
Canário-da-terra Sicalis flaveola
Cardeal Paroaria coronata
Carrapateiro Milvago chimachima
Casaca-de-couro-da-lama Furnarius figulus
Coleirinho Sporophila caerulescens
Curiango Eleothreptus anomalus
Coruja-buraqueira Athene cunicularia
Gavião-Caracará Caracara plancus
João-de-barro Furnarius rufus
Lavadeira-Mascarada Fluvicola nengeta
EspéciE NomE ciENtífico
Maria-preta-de-topete Knipolegus lophotes
Melro Molothrus bonariensis
Neinei Megarynchus pitangua
Pardal Passer domesticus
Periquito-de-encontro-amarelo Brotogeris chiriri
Pica-pau-do-campo Colaptes campestris
Pomba Trocal Patagioenas speciosa
Pomba-Verdadeira Patagioenas picazuro
Primavera Xolmis cinereus
Quero-quero Vanellus chilensis
Sabiá-barranco Turdus leucomelas
Sabiá-do-Campo Mimus saturninus
Sabiá-Laranjeira Turdus rufiventris
Sabiá Poca Turdus amaurochalinus
Saí-azul Dacnis cayana
Saíra-amarela Tangara cayana
Sanhaçu-cinzento Thraupis sayaca
Sanhaçu-do-coqueiro Tangara palmarum
Suiriri Tyrannus melancholicus
Suiriri-pequeno Satrapa icterophrys
Tesourinha Tyrannus savana
Espécies encontradas na praça da Lagoa Seca por André Henrique Pacheco
Anú-branco Anú-preto
Fotos tiradas na praça da Lagoa Seca por André Henrique Pacheco44
Lavadeira Mascarada
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Cardeal
O cardeal de crista é uma espécie típica do sul brasileiro. O exemplar, devida-
mente identificado com anilha, vive na praça da Lagoa Seca.
Maria-preta-de-topete
Fotos tiradas na praça da Lagoa Seca por André Henrique Pacheco46
Beija-flor-tesoura Pica-pau-do-campo
Fotos tiradas na praça da Lagoa Seca por André Henrique Pacheco 47
Baiano Gavião Carcara
Fotos tiradas na praça da Lagoa Seca por André Henrique Pacheco48
Bem-te-vi
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Quero-quero
Periquito-de-encontro-amarelo
Coleirinho
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Saí-azulSanhaçu-do-coqueiro
Fotos tiradas na praça da Lagoa Seca por André Henrique Pacheco 51
João-de-barro Sabiá barranco
Fotos tiradas na praça da Lagoa Seca por André Henrique Pacheco52
Bico-de-lacre
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Sanhaço Cinzento
Cambaxirra
Sabiá Poca
Fotos tiradas na praça da Lagoa Seca por André Henrique Pacheco54
Sabiá-do-Campo Suiriri-pequeno
Fotos tiradas na praça da Lagoa Seca por André Henrique Pacheco 55
Sabiá-Laranjeira
Suiriri
Neinei
Fotos tiradas na praça da Lagoa Seca por André Henrique Pacheco56
Beija-flor-de-orelha-violeta
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Pomba Verdadeira
Tiziu
Primavera
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Alma-de-gato Tesourinha
Fotos tiradas na praça da Lagoa Seca por André Henrique Pacheco 59
Casaca de Couro de Lama Melro
Fotos tiradas na praça da Lagoa Seca por André Henrique Pacheco60
Cambacica
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projeto Gráfico Zagaia Comunicação
fotos Aéreas 1989, 1992 Acervo Ensiwa
fotos Aéreas Paulo Arumaá
fotos fauna e flora André Henrique Pacheco
Associação dos Amigos do Bairro Belvedere
Goretti Senra
Jornal do Belvedere
Ubirajara Pires Glória
ficha técnica
agradecimentos