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8/8/2019 Bem-Vindo - Ser Um Bom Anfitrião http://slidepdf.com/reader/full/bem-vindo-ser-um-bom-anfitriao 1/4 Bem-vindo Receber os amigos em casa pode ser divertido e prazeroso. Aprenda a ser um bom anfitrião, sem ter o maior trabalho nem dar vexame por Priscilla Santos Qual foi a última vez que você abriu as portas de casa para receber os amigos? Caso tenha sido coisa recente, não será difícil lembrar aquele gostinho de intimidade e aconchego que só uma visita em casa tem. Se nosso lar é onde nos sentimos bem, onde expressamos nosso jeito de ser, por que não dividi-lo por alguns momentos com as pessoas de quem gostamos? As pessoas têm que se lembrar de como é bom estar junto, suplantar o vamos combinar ou o talvez semana que vem, pois quando conseguimos nos reunir é tão bom que sempre pensamos: Ah, por que não fizemos isso antes?, diz Heloísa Bacellar, autora do livro Cozinhando para Amigos.  Não é preciso aquela trabalheira toda para receber os amigos ou familiares. Mesmo que, no agito do dia-a-dia, não sobre muito tempo para fazer uma receita especial ou para arrumar a casa do jeito que você queria, existem soluções práticas e criativas na hora de receber. A empresária paulista Anita Prado tem vários exemplos. Anos atrás, ela criou uma noite chamada receitas roubadas, em que cada pessoa levava uma receita e preparava na hora. Depois passou para as aulas de mitologia e os saraus, em que um tocava, outros cantavam e recitavam poesias. Teve também a época de fazer pão. Cada um levava os ingredientes para um tipo de receita e contava sua história e significados. Depois de assados, os pães eram divididos entre os convivas. Receber uma pessoa é praticar a humanidade. É como conhecimento: quanto mais você dá, mais você tem, diz Anita. E com razão. A palavra hospitalidade, do latim hospitalitas-atis, quer dizer boa acolhida, amabilidade, gentileza. Para os franceses, a hospitalidade é um dom, uma dádiva, por isso a palavra hospitalité não inclui o receber por troca comercial, diz a professora do mestrado em hospitalidade da Universidade Anhembi Morumbi, de São Paulo, Celia Maria de Moraes Dias. O bom anfitrião é aquele que sente prazer em receber. E receber é dar: dar seu tempo, seu espaço, sua atenção. E, para que a entrega seja total, vale gastar uns minutinhos planejando a ocasião, sem complicar a vida. Antes Tem gente que diz que o melhor da festa é esperar por ela. Exageros à parte, o prazer de receber  pode começar na preparação do encontro, afinal você estará pensando num momento gostoso que está por vir. Pense em quantas pessoas virão e qual é a melhor data para todos atualmente, a melhor 

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Bem-vindo

Receber os amigos em casa pode ser divertido e prazeroso. Aprenda a ser

um bom anfitrião, sem ter o maior trabalho nem dar vexamepor Priscilla Santos

Qual foi a última vez que você abriu as portas de casa para receber os amigos? Caso tenha sidocoisa recente, não será difícil lembrar aquele gostinho de intimidade e aconchego que só uma visitaem casa tem. Se nosso lar é onde nos sentimos bem, onde expressamos nosso jeito de ser, por quenão dividi-lo por alguns momentos com as pessoas de quem gostamos? As pessoas têm que selembrar de como é bom estar junto, suplantar o vamos combinar ou o talvez semana que vem, pois

quando conseguimos nos reunir é tão bom que sempre pensamos: Ah, por que não fizemos issoantes?, diz Heloísa Bacellar, autora do livro Cozinhando para Amigos.

 Não é preciso aquela trabalheira toda para receber os amigos ou familiares. Mesmo que, no agito dodia-a-dia, não sobre muito tempo para fazer uma receita especial ou para arrumar a casa do jeito quevocê queria, existem soluções práticas e criativas na hora de receber. A empresária paulista AnitaPrado tem vários exemplos. Anos atrás, ela criou uma noite chamada receitas roubadas, em quecada pessoa levava uma receita e preparava na hora. Depois passou para as aulas de mitologia e ossaraus, em que um tocava, outros cantavam e recitavam poesias. Teve também a época de fazer pão.Cada um levava os ingredientes para um tipo de receita e contava sua história e significados. Depoisde assados, os pães eram divididos entre os convivas. Receber uma pessoa é praticar a humanidade.

É como conhecimento: quanto mais você dá, mais você tem, diz Anita.

E com razão. A palavra hospitalidade, do latim hospitalitas-atis, quer dizer boa acolhida,amabilidade, gentileza. Para os franceses, a hospitalidade é um dom, uma dádiva, por isso a palavrahospitalité não inclui o receber por troca comercial, diz a professora do mestrado em hospitalidadeda Universidade Anhembi Morumbi, de São Paulo, Celia Maria de Moraes Dias. O bom anfitrião éaquele que sente prazer em receber. E receber é dar: dar seu tempo, seu espaço, sua atenção. E, paraque a entrega seja total, vale gastar uns minutinhos planejando a ocasião, sem complicar a vida.

Antes

Tem gente que diz que o melhor da festa é esperar por ela. Exageros à parte, o prazer de receber  pode começar na preparação do encontro, afinal você estará pensando num momento gostoso queestá por vir. Pense em quantas pessoas virão e qual é a melhor data para todos atualmente, a melhor 

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data é aquela em que todo mundo pode. Depois, que tipo de programa seria legal para reunir essas pessoas? Se você não estiver muito a fim de agito, pode convidar uma ou duas amigas para umasessão de vídeo regada a pipoca e guaraná, é claro. Pois, venhamos e convenhamos,independentemente do programa, receber em casa sempre pede uma comidinha.

Então, pense nas preferências e restrições alimentares das pessoas. Se você tem uma amiga

vegetariana e quer chamá-la para o jantar da turma, faça uma salada substanciosa ou uma segundareceita, já que ela não vai comer carne. Se o Zezinho tem trauma de infância com vegetais, nem pensar em servir palitos de cenoura! Pensar no outro também vale na hora de escolher um jogo, umfilme ou uma trilha sonora. Se a Maricota odeia rock, não vá torturá-la com um CD do Guns NRoses.

Agora, se é você que tem um trauma, como não saber cozinhar, não esquente. Aquela história deque oferecer comida comprada é feio já era. É muito melhor receber com uma pizza que deixar deconviver. Estar junto é mais importante que qualquer outra coisa, diz Heloísa Bacellar. Tem quemnão goste de cozinhar, mas é craque numa sobremesa ou faz uma boa trilha sonora. O que faz adiferença é a visita sentir que é bem-vinda ali.

 Não existe regra quanto ao melhor lugar da casa para receber as pessoas. Não é à toa que as salas devisita estão em processo de extinção. Você é quem sabe qual o lugar mais espaçoso e aconchegantedo seu lar.

Falta de espaço não é desculpa para deixar de receber. Sempre existe um jeitinho. Por estar numaárea central de São Paulo, a avenida Rio Branco, a casa do artista plástico Ciro Schünemann acabouvirando um ponto de encontro entre os amigos. As pessoas sempre se reúnem lá antes de ir para umshow ou uma festa, para falar sobre desenho e grafite, assistir a um filme ou ficar só de bobeira.Minha sala é planejada para se ampliar de acordo com a quantidade de pessoas. Além de um sofágrande e vários pufes, tem uma bancada desmontável onde eu trabalho. Quando chega muita gente,eu tiro a bancada e o espaço fica mais livre, diz.

Quando morou em Paris, Heloísa Bacellar conheceu um casal que adorava cozinhar para os amigos,mas não tinha mesa de jantar na sala. Nas ocasiões especiais, armavam uma mesa desmontável paraseis pessoas no hall de entrada (que nem era tão grande assim) e com a maior rapidez botavam atoalha, os copos, pratos e talheres enquanto os convivas estavam na sala provando os aperitivos.Após a refeição, desmontavam tudo e o hall ficava como antes. Tentar quebrar a mesmice da casa éótimo, pois você diferencia o ambiente até para você mesmo, diz Mônica Varella, autora do livroReceber Sem Stress. O segredo é abrir os olhos para o que temos em casa. Que tal usar um vidro deazeite vazio como vaso de flor? Ou servir sopa em xícara de chá e eliminar de vez o problema de

não ter prato fundo para todos? Outras boas aliadas são as velas: deixam o ambiente mais bonito eaté disfarçam o sujinho do sofá sem contar que aproximam as pessoas, que tendem a ficar onde háluz.

Durante

Se você planeja tudo antes, fica tranqüilo para curtir a ocasião, sem se levantar a toda hora com umai, não botei sabonete no banheiro, onde será que deixei os CDs?, ou meu Deus, tocou a campainhae eu ainda estou de toalha. Se o anfitrião está estressado, não há milagre que faça o encontro ser 

 prazeroso. Cuidado também para não sufocar seus amigos de tantos cuidados. Nada pior que ficar tentando entupi-los de comida ou perguntando de cinco em cinco minutos se precisam de alguma

coisa.

A estudante mineira de gastronomia Flávia Carvalho, que atualmente vive na Alemanha, sempre

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deixou as pessoas bem à vontade nos jantarzinhos que fazia em sua casa, um pretexto para reunir  pessoas com algo em comum. Se eu tinha mais de um amigo que trabalhava com vídeo, por exemplo, mas não se conheciam, os convidava para ir à minha casa e os apresentava. Às vezes,saíam até projetos de trabalho bacanas, afirma.

Flávia acertou em cheio ao reunir pessoas com interesses comuns. Mas não caia no erro de convidar 

apenas gente da mesma profissão, pois pode virar uma convenção. Ponha ao menos uma ou duas pessoas de atividades completamente diferentes, diz a consultora de etiqueta Janir Jurado Fraga. Ese a tática não der certo e o assunto acabar de repente? Um, dois, três, som! Música sempre geraassunto (além de driblar o barulho do elevador para cima e para baixo e da descarga do vizinho, oque só tornaria mais constrangedor um momento de silêncio profundo).

Fã da tática, Mônica Varella tem até dicas de trilhas que geram zunzunzum: no CD Marilyn MonroeA Fine Romance, a voz sexy da diva cantando Happy Birthday para o presidente Kennedy é o

 pontapé para o assunto romance; Jack Nicholson cantando La Vie en Rose, no álbum SomethingsGotta Give abre as portas para o tema cinema; na última faixa do CD As Time Goes By, RodStewart canta com Alexandre Pires e sempre gera discussão sobre o fato de Pires ter chorado ao

cantar para o presidente Bush, lembra?

Mas não é toda saia-justa que se resolve com uma pegadinha. Por isso, tenha em mente queimprevistos acontecem. O elevador pode pifar, a luz acabar, a torta queimar. Se o cachorro devoroua receita que você passou a tarde toda preparando, conte a verdade aos seus convivas e peça umdelivery. Dizem que, hoje em dia, as pizzas chegam em nossa casa mais rápido até do que a polícia.Um convidado deixou cair vinho no sofá? Diga que não tem problema, que você manda para alavanderia ou para o tintureiro, e contorne rapidamente a situação com um sorriso. Com bomhumor, você lidará bem melhor com os imprevistos. É bom sempre lembrar que você está entreamigos. Às vezes, a gente perde essa noção. Você convida as pessoas e aquilo vira um evento,

 parece que tudo tem que ser perfeito, diz Mônica Varella. O que deu errado depois pode virar umcaso engraçado e deixar aquele encontro ainda mais memorável.

Depois

Quando o último convidado vai embora, é hora de ajeitar a bagunça. Ufa! E quem disse que essemomento tem que ser chato? Se há louça para lavar, aperte o play no som e enfrente a pilha decopos sem medo e com muita ginga. Aproveite para lembrar como foi legal o encontro, as horasmais emocionantes, os apuros cômicos. Se você tirou fotos ou filmou, depois pode organizar umálbum e enviar as imagens para os que estavam presentes. Pode ainda fazer uma espécie de diárioda ocasião. Anotar quem eram as pessoas reunidas, o que fizeram, o que comeram, botar fotos,

guardar a rolha do vinho que beberam ou colocar para secar dentro de um livro a flor que estava namesa. E, quem sabe já começar a planejar um próximo encontro? Afinal, quem foi bem-vindo podevoltar sempre.

Como não ser um convidado trapalhão

NÃO APAREÇA SEM AVISAR. Pode pegar o dono da casa desprevenido. Imagina se ele estácom dor de cabeça, se acabou de passar creme no cabelo ou se não tem nada na geladeira além deum limão cortado ao meio e um punhado de azeitonas?

SE VOCÊ RECEBEU UM CONVITE, RESPONDA O MAIS PRONTAMENTE POSSÍVEL .

Assim os anfitriões terão tempo de se preparar sem maiores sustos e atropelos. Não entre naquela de pensar será que ele quer mesmo que eu vá ou só me convidou por educação?. Se você não fosse bem-vindo, o dono da casa não o teria chamado.

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