Benedicto VieiraUm TaUbaTeano de Valor diTadUra miliTar em TaUbaTé

São Paulo - 2016

Luiz Augusto de sALLes VieirA

Benedicto VieiraUm TaUbaTeano de Valor diTadUra miliTar em TaUbaTé

Copyright © 2016 by Editora Baraúna SE Ltda.

Capa Felippe Scagion

Diagramação Felippe Scagion

Revisão Mariana M. Benicá

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

________________________________________________________________V716b

Vieira, Luiz Augusto de Salles Benedicto Vieira, um taubateano de valor : ditadura militar em Tau-baté / Luiz Augusto de Salles Vieira. - 1. ed. - São Paulo : Baraúna, 2015.

ISBN 978-85-437-0466-1

1. Homens - Brasil - Biografia. 2. Ditadura - Taubaté (SP) - História. I. Título.

15-28488 CDD: 923.5 CDU: 929:356.21________________________________________________________________23/11/2015 25/11/2015

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

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Agradecimento

Agradeço a Deus por me dar a condição e a coragem de retornar ao passado e investigar, dentro do possível, os fatos que envolveram a história de vida de meu pai, para, em seguida, ter a oportunidade de levar a verdade para a família e a sociedade.

Agradeço aos meus pais e à minha família por me darem bons exemplos de vida e transmitirem princípios e valores universais.

Agradeço igualmente a Deus por haver me dado a oportunidade de estar fazendo o mesmo pelos meus filhos.

Dedicatória

Dedica este livro à FÉ, crença na existência de Deus, nos ensinamentos contidos na Bíblia e em Nos-so Senhor Jesus Cristo; à ESPERANÇA, que a todos permite acreditar num porvir melhor; ao AMOR, res-ponsável pelas boas ações humanas; à JUSTIÇA, ideal sem o qual não se alcança a paz e o equilíbrio social; à ÉTICA, que é o agir em conformidade com a equida-de, o direito e à moral; ao PERDÃO, o mais nobre dos sentimentos que se espera um dia alcançar; e à MISE-RICÓRDIA, da qual todos um dia vamos necessitar quando estivermos diante de DEUS.

Prefácio

Prezado Luiz,

Agradeço o privilégio que você me concedeu.Foi uma leitura muito produtiva. Pena que (ao me-

nos por ora) poucos tenham acesso a ela, pois essa parte da nossa história ainda está muito pouco esclarecida.

Assim como a sua família, muitas outras sofreram com esse sistema em que a opinião de alguns, totalmente despreparados para expressá-la, criava vilões execrados e que deveriam, a todo custo, ser punidos.

No entanto, a honra e a firmeza de caráter que essas pessoas revelavam, como foi o caso de seu pai, ajudaram as famílias a superar seus infortúnios e a compreender (tentar, ao menos) onde estava o mal e o bem.

Como você bem diz, o Judiciário deveria examinar esse período, ainda que de forma tardia, não só para punir os responsáveis pelos delitos cometidos, mas, principal-mente, para elevar a honra daqueles que foram vítimas.

Um grande abraço.

Luiz Antônio Silva CostaDesembargador do Tribunal de Justiça do Estado de

São Paulo

Sumário

1- POR QUE RESOLVEU ESCREVER ESTE LIVRO ....................... 13

2- RECORDAÇÕES QUE FICARAM EM SUA MEMÓRIA ............ 16

3- UM COMENTÁRIO NECESSÁRIO ............................................. 19

4- VALE DO PARAÍBA ........................................................................ 20

5- ORIGEM FAMILIAR ....................................................................... 22

6- DESCENDÊNCIA ........................................................................... 24

7- GRAU DE ESCOLARIDADE .......................................................... 26

8- ATIVIDADES PROFISSIONAIS .................................................... 27

9- ATIVIDADE ASSISTENCIAL ......................................................... 30

10- OUTRAS ATIVIDADES ASSISTENCIAIS E SOCIAIS ................ 33

11- ATIVIDADE ASSOCIATIVA E SINDICAL ................................. 35

12- DITADURA MILITAR .................................................................. 41

13- PERSEGUIÇÃO POLÍTICA POR RAZÕES IDEOLÓGICAS ..... 44

14- ENVOLVIMENTO EM MOVIMENTO COMUNISTA ............. 47

15- FRENTE DE MOBILIZAÇÃO POPULAR .................................. 50

16- ARTICULAÇÃO POLÍTICA ........................................................ 51

17- PRIMEIRO INQUÉRITO POLICIAL. DELEGACIA REGIONAL DE POLÍCIA DE TAUBATÉ ................................................................ 54

18 - PORTARIA BAIXADA PELA DELEGACIA REGIONAL DE POLÍ-CIA DE TAUBATÉ .............................................................................. 56

19- CONVITE AO POVO – SEMINÁRIO DA FRENTE DE MOBILI-ZAÇÃO POPULAR ............................................................................. 64

20- CENTRO POPULAR DE CULTURA DE TAUBATÉ .................. 66

21 – DEPOIMENTOS, FATOS E CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL ............................................................................................ 70

22- OUTRO INQUÉRITO POLICIAL. DELEGACIA REGIONAL DE POLÍCIA DE TAUBATÉ. PORTARIA BAIXADA PELO MARECHAL R/1 ESTEVÃO TAURINO DE REZENDE NETO, PRESIDENTE DA CGI. DEMISSÃO DO CARGO DE PRIMEIRO GERENTE DO BAN-CO BRASILEIRO DE DESCONTOS DE TAUBATÉ ........................ 77

23- QUEIMA DE LIVROS DE AUTORES “MARXISTAS” E DE “ES-QUERDA” .......................................................................................... 83

24- NOVA PERSEGUIÇÃO POLÍTICA NA FACULDADE DE DIREI-TO DE TAUBATÉ ............................................................................... 85

25- DOSSIÊS DO SNI DO MINISTÉRIO DO EXÉRCITO .............. 89

26- COMO VÊ A DIDATURA MILITAR .......................................... 96

27- ELE NÃO ERA CORRUPTO, SUBVERSIVO OU COMUNISTA ...99

28- NÃO HÁ PAZ SEM JUSTIÇA ..................................................... 102

29- HOMENAGEM QUE PRESTA AOS FAMILIARES E AMIGOS 104

30- IRACEMA MARIA SALLES VIEIRA ........................................... 110

31- INTERPRETAÇÃO DA LEI DA ANISTIA ................................. 113

32- CONCLUSÃO .............................................................................. 124

33- FONTES PESQUISADAS ............................................................ 125

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1- POR QUE RESOLVEU ESCREVER ESTE LIVRO

Em face das inúmeras terapias que fez ao longo da vida e por meio das constantes autoanálises sobre ela, ob-servou, em dado momento da existência, que todos os filhos de Benedito Vieira e Iracema Maria Salles Vieira passaram a apresentar certa uniformidade de comporta-mento emocional. Referidos traços da personalidade le-varam o autor, sabe lá Deus por que, a pensar que havia uma relação com os fatos vividos ao tempo da ditadura, sem desconsiderar outros fatos, que toda pessoa humana vive, obviamente. Esta consciência de que algo anormal havia acontecido, por incrível que possa parecer, deu-se no ano de 2004, quando já havia decorrido mais de 40 anos do golpe militar.

Resolveu, então, tomar algumas atitudes para en-tender o que houve consigo e com seus irmãos. Que-ria libertar-se dos fantasmas do passado e ajudá-los a buscar esta libertação também. Primeiro procurou mostrar aos seus irmãos, como um filme que está ador-mecido em suas mentes, os fatos expostos acima, em relação aos traços comuns da personalidade. Depois tentou demonstrar a eles que todos, sem exceção, fo-ram vítimas de danos morais e materiais. Seu pai, ile-gal, injusta e brutalmente preso, torturado e obrigado a deixar a gerência do Banco Brasileiro de Descontos S/A, ficando desempregado por um longo período. Sua mãe e seus irmãos, em face das humilhações e dos reflexos da perseguição sofrida por ele.

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A seguir, com o auxílio de seus irmãos, embora Pau-lo Roberto e Pedro Luiz tenham contribuído de forma mais efetiva, passou a pesquisar o passado de seu pai em fóruns, delegacias de polícia, no Museu de História de Taubaté, com a ajuda de historiadores, pessoas que par-ticiparam dos fatos, instituições, recortes de jornais da época, no Superior Tribunal Militar, Exército Brasileiro, Aeronáutica Nacional e no Arquivo Nacional da Casa Civil da Presidência da República.

Foram anos de pesquisas. Quando as iniciaram, em relação a muitas situações que posteriormente vieram a se comprovar, chegavam a pensar que se tratava de fantasia de suas cabeças.

Posteriormente, convencidos de que seu pai foi re-almente um cidadão exemplar e de muito valor, alvo de profunda injustiça, e unidos por um objetivo comum, procuraram o escritório de advocacia dos valorosos e combativos advogados, Dr. Rafael Vaccari Tavares e Dr. Alexandre Slhessarenko, para ajuizarem requerimento de Anistia Política cumulado com Pedido de Indenização por Danos Morais e Materiais, que hoje tramita no Mi-nistério da Justiça, em Brasília.

Se a tragédia familiar decorre de doença, acidente ou desemprego, a pessoa acaba, muitas vezes, absorvendo e aceitando o sofrimento. Acaso tenha origem, no en-tanto, no abuso, na ilegalidade e na injustiça, a mente não esquece e o coração parece não querer perdoar. Foi pelas razões acima que nasceu a vontade de escrever um livro que relatasse parte da história da vida de seu pai, um

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pouco da vida de sua mãe, da sua e de seus irmãos e como transcorreu a ditadura militar em Taubaté.

Não está movido pelo espírito de vingança ou perse-guição, mas pela necessidade de contar e dividir com to-dos tudo o que sofreram, calados, em uma época em que não se podia falar. Embora na maioria das vezes tenha se tornado inevitável, tomou o cuidado de evitar a citação de nomes, vez que os filhos não são culpados de eventuais erros cometidos por seus pais.

Ademais, como diz o filósofo e teólogo Leonardo Boff: “Todo ponto de vista é a vista de um ponto”. Da mesma forma que tem o seu ponto de vista e entende que seu pai foi alvo de uma brutal injustiça, os filhos das pessoas que se antagonizaram com ele têm o direito de ter o ponto de vista deles e achar que seus pais, falecidos ou não, agiram em defesa dos seus ideais, da pátria, de for-ma honrada e em cumprimento do seu dever. A própria sociedade ou parte dela pode não concordar com o seu ponto de vista, mas nem por isso vai deixar de expô-lo.