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I BENEDITO MIGUEL CALIL AUTOMAÇÃO DE PISCICULTURA EM TANQUES ARTIFICIAIS Taubaté – SP 2005

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I

BENEDITO MIGUEL CALIL

AUTOMAÇÃO DE PISCICULTURA EM

TANQUES ARTIFICIAIS

Taubaté – SP

2005

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II

BENEDITO MIGUEL CALIL

AUTOMAÇÃO DE PISCICULTURA EM

TANQUES ARTIFICIAIS

Taubaté – SP

2005

Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre pelo Curso de Mecânica do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Taubaté . Área de concentração: Automação Industrial e Robótica. Orientador: Prof. Dr. Marcio Abud Marcelino.

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III

BENEDITO MIGUEL CALIL

AUTOMAÇÃO DE PISCICULTURA EM TANQUES ARTIFICIAS

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ, TAUBATÉ, SP.

Taubaté 23 de fevereiro de 2005

Resultado : Aprovado

COMISÃO JULGADORA

_________________________________________________________

Prof. Dr. Marcio Abud Marcelino, Universidade de Taubaté

_________________________________________________________

Prof. Dr. Francisco José Grandinetti, Universidade de Taubaté

_________________________________________________________

Prof. Dr.Inácio Bianchi, UNESP – Campus de Guaratinguetá

_________________________________________________________

Prof. Dr. Alvaro Manuel Souza Soares, Universidade de Taubaté .

_________________________________________________________

Prof. Dr. Teófilo Miguel de Souza, UNESP – Campus de Guaratinguetá

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IV

Dedico este trabalho a meu Pai Pedro Nagib Calil e minha Mãe Vera Saud

Calil

(In memorian )

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V

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar à minha esposa que, com muita paciência, soube

compreender meus momentos de ausência.

Ao meu orientador, que mesmo fora do horário, sempre me atendeu.

À Universidade de Taubaté e ao Colégio Técnico Taubaté que

abriram seus laboratórios e acervos.

E, finalmente, a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram

para que este trabalho se concretizasse.

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VI

RESUMO

CALIL,BENEDITO MIGUEL. Automação de Piscicultura em Taques

Artificias. 2005. 44f. Dissertação de Mestrado, Engenharia Mecânica, Automação e

Controle – Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Taubaté.

Um dos maiores problemas da criação de peixes em tanques artificiais é a

alimentação, que deve ser equilibrada e na quantidade certa para a massa do peixe.

Atualmente a grande maioria dos criadouros realiza a alimentação manual e altamente

variável. Com alimentações em pontos definidos e em intervalos periódicos, os peixes

maiores acabam dominando a área de alimentação e impedem que os menores se

aproximem e recebam a ração necessária, reduzindo assim a produtividade do tanque.

Esse trabalho apresenta um sistema de alimentadores automáticos, controlados

por microcontrolador, que permite, através de software, uma aleatoriedade no

acionamento dos alimentadores reduzindo assim a possibilidade do peixe mais forte

prever qual alimentador será acionado.

Para implementação desse controlador foi utilizado o microcontrolador 8051, de

baixo custo, que necessita de pouco hardware adicional para sistemas de pequeno porte,

sendo assim uma solução simples e viável.

PALAVRAS-CHAVE : Alimentação de Peixe, Microcontrolador, Produtividade,

Automação.

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VII

ABSTRACT

CALIL, BENEDITO MIGUEL. Automation of Fish Farming in Artificial

Tanks. 2004. Master´s Degree in Mechanical Engineering: Automation and

Controlling, Department of Mechanical Engineering, University of Taubaté, Taubaté,

São Paulo State, Brazil.

As far as raising fish in artificial tanks is concerned, feeding is one of the major

problems. It has to be balanced and in the right amount, which is supposed to consider

the mass of each fish. Nowadays, the great majority of nurseries use manual and highly

variable feeding, in pre-established points an at regular intervals, which allows bigger

fishes to take control of the feeding area, not letting the smaller ones approach and

receive the necessary ration thus leading to a decrease in the productivity of the tank.

This paper intends to discuss a possible solution for the problem, by presenting a

system of automatic feeders, controlled by a microcontroller, provided by a software

that grants a virtually unpredictability of where and when the feeders will be on, which

is sure to reduce the possibility of stronger fishes to predict which feeder will be

activated.

To make this controller, the 8051 microcontroller was used, due to its low cost

and low necessity of additional hardware for small load systems, managing this way to

be a simple and viable solution.

KEYWORDS: Fish Feeding, Microcontroller, Automation,Productivity.

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VIII

SUMÁRIO

1 Introdução ................................................................................................................. 01 2 Piscicultura ................................................................................................................ 02 2.1 Alimentação Animal ........................................................................................ 02 2.1.1 Cocho Submerso................................................................................. 04 2.1.2 Biomassa Estocada............................................................................. 04 2.1.3 Alimentador Automático Convencional............................................. 04 2.2 Peixes Estudados........................................................................................... 04 2.2.1 Tilápia do Nilo.................................................................................... 05 2.2.2 Pacu.................................................................................................... 05 2.3 Tipos de Criadouros........................................................................................ 06 2.3.1 Gaiola Flutuante................................................................................. 07 2.3.2 Viveiro ou Tanque.............................................................................. 08 3 Alimentadores............................................................................................................ 09 3.1 Alimentadores Desenvolvidos.......................................................................... 09 3.1.1 Alimentador Modelo 1........................................................................ 09 3.1.2 Alimentador Modelo 2........................................................................ 10 3.1.3 Alimentador Modelo 3........................................................................ 11 3.2 Alimentador Proposto....................................................................................... 11 3.2.1 Detalhes Construtivos......................................................................... 13 3.2.1.1 Solenóide de Movimento Angular..................................................... 13 3.2.1.2 Rosca Sem-Fim................................................................................... 15 4 Dimensionamento da Carga dos Alimentadores........................................................ 17 4.1 Dimensionamento dos Alimentadores.............................................................. 17 5 Aleatoriedade............................................................................................................. 22 5.1 Localização dos Alimentadores........................................................................ 22 5.2 Tabela de Aleatoriedade................................................................................... 23 5.3 Número de Acionamentos................................................................................ 25 6 Controlador Microprocessado.................................................................................... 32 6.1 Microcontrolador.............................................................................................. 32 6.1.2 Fluxograma do Programa Assembly.................................................. 36 6.1.3 Programa Assembly .......................................................................... 38 6.2 Os Circuitos Eletrônicos................................................................................... 39 6.2.1 Interface de Potência.......................................................................... 41 6.2.2 Microcontrolador e Periféricos........................................................... 40 7 Sistema Construído.......... ......................................................................................... 43 8 Conclusões ................................................................................................................ 45

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IX

ÍNDICE TABELAS

Tabela 1 Relação Alimentação e Peso do Peixe......................................................... 03 Tabela 2 Demonstração do ganho de massa viva em função da alimentação por peixe 19 Tabela 3 Tabela de Aleatoriedade............................................................................... 24 Tabela 4 Influência da Temperatura........................................................................... 27 Tabela 5 Número de Acionamentos por Alimentador................................................ 29 Tabela 6 Intervalo entre Acionamentos...................................................................... 30 Tabela 7 Especificações Técnicas do 8051................................................................. 33

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X

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Tilápia do Nilo.............................................................................................. 05 Figura 2 Pacu............................................................................................................... 06 Figura 3 Viveiro em Tela para Confinamento............................................................. 07 Figura 4 Vista em Corte de um Tanque para Piscicultura........................................... 08 Figura 5 Alimentador Acionado por Moto-Redutor.................................................... 10 Figura 6 Alimentador Acionado por Solenóide........................................................... 10 Figura 7 Alimentador Acionado por Paleta................................................................. 11 Figura 8 Vistas (A) lateral e (B) frontal do alimentador............................................. 12 Figura 9 Solenóide de Movimento Angular................................................................ 13 Figura 10 Detalhes das Forças Resultantes................................................................... 14 Figura 11 Circuito de Acionamento.............................................................................. 15 Figura 12 Dimensões da Rosca Sem-Fim...................................................................... 16 Figura 13 Característica Peso x Semana de Engorda.................................................... 19 Figura 14 Distribuição dos Alimentadores.................................................................... 23 Figura 15 Gráfico da Biomassa Adquirida e Consumo de Ração................................. 25 Figura 16 Relação de Lucratividade e Consumo........................................................... 26 Figura 17 Pulsos de Acionamento................................................................................. 31 Figura 18 Diagrama de Blocos...................................................................................... 32 Figura 19 Pinagem do 8051........................................................................................... 33 Figura 20 Diagrama em blocos do 8051....................................................................... 33 Figura 21 Registrador TCON........................................................................................ 35 Figura 22 Registrador TMOD....................................................................................... 35 Figura 23 Fluxograma do Programa Assembly............................................................. 36 Figura 24 Interface de Potência dos Alimentadores...................................................... 40 Figura 25 Esquema Eletrônico Completo do Sistema................................................... 42 Figura 26 Foto do alimentador...................................................................................... 43 Figura 27 Foto saída ração............................................................................................. 43 Figura 28 Placa eletrônica da interface.......................................................................... 44 Figura 29 Placa do microcontrolador............................................................................ 44

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XI

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES

µ Micro = 10-6

A Ampère

DC Tensão Continua

FT Fator de Temperatura

g Grama

Hz Freqüência Hertz

I Corrente Elétrica

k Kilo = 103

M Mega = 106

Ms Massa prevista na semana

Na Número de Acionamentos

Rd Consumo de Ração Diária

Rs Consumo de Ração Semanal

SCR Retificador Controlado de Silício

t tempo

V Volts

Vp Tensão de pico

Vrms Tensão rms

∆ variação

φ Deslocamento angular

Ω Ohm

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1 – INTRODUÇÃO

O controle da alimentação é, sem dúvida, o maior problema atualmente

enfrentado na criação de peixes, seja em tanques ou em gaiolas [1]. Sabe-se que a

qualidade e a quantidade do alimento fornecido influenciam diretamente na

produtividade da criação. Para se controlar a qualidade do alimento, basta um bom

fornecedor, porém, controlar a quantidade de ração, os intervalos de fornecimento e os

lugares onde será lançada é praticamente muito difícil, visto que atualmente isso é

realizado por um método manual e, conseqüentemente, sujeito à boa vontade humana.

Na prática a ração é lançada de latas, e, na tentativa de atingir a maior área possível do

reservatório, tenta-se espalhar o máximo possível a quantidade de ração lançada. Manter

um padrão de aleatoriedade, controle de quantidade e lugares nesse tipo de

fornecimento de ração é muito difícil. O ser humano é, por sua própria natureza, falho

nesse tipo de processo pois está sujeito a sentimentos de cansaço, fraqueza e etc.

Porém, na piscicultura, a relação entre o alimento consumido e a massa

adquirida pode atingir o valor de um para um, com relação à quantidade de proteínas da

ração. Sendo assim, uma distribuição homogênea de alimentos capaz de evitar que o

mais forte impeça o mais fraco de comer e a quantidade certa de alimento podem ser

fatores decisivos na qualidade e produtividade da criação [1].

Esse trabalho tem como objetivo automatizar um sistema de alimentação em

piscicultura, tendo em vista a grande necessidade de se ter uma alimentação igualmente

distribuída, promovendo assim, na fase de engorda, um crescimento homogêneo e

saudável dos indivíduos.

Nesse trabalho, apresenta-se um sistema composto por alimentadores de baixos

custo e ruído (o ruído condiciona o animal), controlados por microcontrolador,

permitindo que se possa controlar a quantidade de alimento em função da idade, tipo de

peixe e temperatura da água e principalmente sem a interferência do homem, com uma

aleatoriedade virtual e confiabilidade do processo que elimina completamente a

possibilidade de sempre os mesmos animais se alimentarem no mesmo local do

tanque.

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2 – PISCICULTURA

Aqüicultura é toda atividade que visa à criação de organismos aquáticos (peixes,

crustáceos, répteis, algas, e etc.), em condições monitoradas e controladas pelo homem,

em um ecossistema que é fonte de oxigênio e de alimento para os animais [1]. A

piscicultura, que é especificamente a criação de peixes, é, portanto, uma forma de

aqüicultura.

O conhecimento da qualidade da água e o controle da alimentação são fatores de

extrema relevância na piscicultura e podem determinar o sucesso ou o fracasso de uma

criação.

2.1 - ALIMENTAÇÃO ANIMAL

A alimentação é a principal variável no sucesso de uma piscicultura.

Dependendo do sistema de cultivo, a contribuição do alimento natural pode ser

representativa ou não. Porém, pode também trazer doenças além de nem sempre

sabermos seu valor nutritivo e o quanto estes alimentos estão afetando os animais. A

alimentação artificial é a única opção para suprir todas as necessidades nutricionais da

espécie cultivada [2].

Os peixes são animais que não necessitam de calorias para manter sua

temperatura corporal, já que são pecilotérmicos (a temperatura corporal é controlada

pela temperatura da água), mas precisam de energia para realizar atividade muscular

(nadar), formar novos tecidos e outras reações necessárias à manutenção da vida e

reprodução [2].

Os peixes comem alimentos diferentes, dependendo da espécie que está sendo

cultivada. Porém, por serem pecilotérmicos, comem mais quando a temperatura

aumenta e algumas espécies praticamente não comem em temperaturas baixas. Uma

variação brusca de temperatura pode até matar (método utilizado no abate). Peixes em

geral não suportam, em curto espaço de tempo, mais que três ou quatro graus

centígrados de variação.

Sabe-se que uma boa ração deve conter proteínas (principal componente das

células e tecidos), lipídios (reserva de energia), aminoácidos (componentes das

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proteínas), minerais (componentes das escamas, ossos e carne) e vitaminas

(responsáveis pelo metabolismo) [2].

É importante ter um plano alimentar que assegure o melhor desenvolvimento

possível dos indivíduos, com o menor custo. Não se pode esquecer de que um plano

equivocado pode contaminar o meio com excesso de ração. A quantidade de ração deve

respeitar a tabela 1 [3].

Tabela 1 – Relação alimentação e peso do peixe

Peso do peixe (g) Alimentação diária máxima (% do peso

vivo) - verão

50 10 a 20%

50 - 200 5%

200-800 4%

800-2000 2%

As rações podem ser produzidas e encontradas comercialmente nas formas

paletizadas (são aquelas que afundam) e extrusadas (são aquelas que flutuam). A

paletizada destina-se à alimentação de profundidade e a extrusada, à alimentação de

superfície, sendo esta última atualmente utilizada para medir a quantidade de ração a ser

fornecida, pois se pode observar visualmente quando os peixes param de se alimentar,

sendo esta uma forma de controle.

A deficiência alimentar provoca [3] :

- a produção de peixes de mesma idade, com tamanhos diversos;

- animais deformados;

- coloração anormal;

- olhos e pele sem brilho;

- baixa imunidade.

Atualmente, as formas de fornecimento de ração mais usadas são:

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2.1.1 – COCHO SUBMERSO

Tratam-se de reservatórios, que juntamente com a ração são submersos e a

medida que a ração se dilui os animais se alimentam.

Permitem a dosagem exata de acordo com o consumo, mas, em contrapartida,

promovem a diluição dos nutrientes na água. Caso não seja consumida toda ração do

cocho ela contamina a água [3].

2.1.2 – BIOMASSA ESTOCADA

Método mais utilizado, trata-se do armazenamento da ração em locais isentos de

umidade e contaminação.

Basicamente consiste no lançamento manual da ração sobre o viveiro. A

quantidade é ajustada em função do peso médio dos peixes, medido por amostragem.

2.1.3 – ALIMENTADOR AUTOMÁTICO CONVENCIONAL

Este pode ser acionado por temporizador ou pelo próprio peixe. Nos

temporizados, a ração é liberada periodicamente em quantidades constantes. No outro, o

peixe é condicionado a acionar um dispositivo que libera a ração. As taxas e freqüência

de alimentação vão depender da temperatura da água, da espécie de peixe e outros

fatores. O ajuste do alimentador é feito manualmente.

Os alimentadores ditos “automáticos” que foram estudados provocam

condicionamento, pois são fixos e repetitivos, levando à desigualdade alimentar,

provocando assim stress e baixa produtividade [6].

2.2 - PEIXES ESTUDADOS

Existem muitas espécies de peixes que se adaptam facilmente ao cativeiro. É

importante que o animal, além de se adaptar, tenha facilidade de alimentar-se com ração

industrializada, sendo este tipo de ração o ideal para se utilizar em um sistema

automatizado porque permite padronização dos alimentadores.

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2.2.1 - TILÁPIA DO NILO

Dentre as várias espécies de tilápias existentes, a mais utilizada para cultivo é a

Tilápia do Nilo (figura 1), por apresentar um melhor desempenho de rentabilidade,

principalmente no caso dos machos. É um peixe africano muito rústico e com uma carne

saborosa. Na natureza alimenta-se em primeiro lugar do plâncton e, em menor

proporção, de detritos orgânicos, conseguindo ter um bom aproveitamento quando

alimentado com rações industrializadas. Atinge cerca de 400 a 600 g entre seis e oito

meses de cultivo. É também utilizada como peixe forrageiro, servindo de alimento na

criação de peixes carnívoros. A maior restrição ao seu cultivo é a sua reprodução

precoce, a partir do quarto mês de idade, levando ao superpovoamento dos tanques. Mas

isso pode ser solucionado utilizando apenas alevinos machos, sexados manualmente ou

revertidos através de hormônios sexuais, que já são facilmente encontrados em vários

fornecedores de alevinos. Possui hábitos alimentares diurnos [4].

Figura 1 – Tilápia do Nilo

2.2.2 – PACU

Também conhecido como Pacu-Caranha ou apenas Caranha, é uma das espécies

nobres das bacias dos rios Paraná e Paraguai onde chega a atingir até 18 kg (figura 2).

Nos viveiros, pode ultrapassar 1,1 kg em um ano de cultivo e resiste bem a temperaturas

de até 12 graus por períodos não muito longos. É um peixe onívoro, alimentando-se

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naturalmente de frutas, sementes, grãos, pequenos moluscos, crustáceos e insetos.

Aceita bem rações industrializadas. Quando jovem (alevino), ingere principalmente o

zooplâncton. Sua carne é muito saborosa, podendo apresentar acúmulo de gordura, se a

alimentação for muito rica em energia. Nos policultivos deve ser a espécie principal.

Quando é cultivado com carpas, costuma comer as nadadeiras das mesmas. É um peixe

de piracema, necessitando de técnicas de reprodução artificial para a obtenção de

alevinos. Pode ser cruzado com o Tambaqui, originando o Tambacu e o Paqui. Possui

hábitos alimentares diurnos e noturnos [4].

Figura 2 - Pacu

As duas espécies se adaptam ao cativeiro, possuem carne saborosa,

aproveitamento de carne e pele e aceitam ração industrializada. Optou-se pela Tilápia

do Nilo, por ter um ganho de massa excelente entre seis e oito meses de cultivo,

enquanto o Pacu necessita de no mínimo 12 meses, e também por ser um peixe de

hábitos alimentares diurno, facilita a automação diminuindo a quantidade de

acionamento dos alimentadores.

2.3 - TIPOS DE CRIADOUROS

Existem basicamente duas maneiras de se criar peixes: os sistemas de gaiolas e

os de tanques, ambos são descritos como segue [4].

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2.3.1 – GAIOLA FLUTUANTE

Também chamado de tanque rede, visto na figura 3, trata-se de um sistema

construído de madeira ou tela galvanizada revestida de PVC, em estrutura rígida. Seu

tamanho tem normalmente 3 m x 2 m x 2 m (deve ter no mínimo 10 m3 de volume útil).

Figura 3 - Viveiro em tela para confinamento

Cada gaiola pode abrigar até 1000 indivíduos com peso médio de 0,65 kg cada

um. O tempo de criação esta entre seis e oito meses (Tilápia). Deve-se observar que este

sistema tem que ser implantado onde existe constante circulação d’água, pois somente

assim pode-se evitar a contaminação da água. A disposição dos tanques deve ser de

maneira transversal ao sentido de escoamento da água, evitando o transporte

25 cm

50cm

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involuntário de substância contaminante de uma gaiola para outra. Como os tanques são

instalados diretamente nos rios, ficam sujeitos a enchentes e, pelo mesmo motivo, é

difícil o controle da qualidade da água [4].

2.3.1 – VIVEIRO OU TANQUE

São escavados no chão, figura 4, tornando-se reservatórios de médio ou grande

porte com renovação constante de água, permitindo o cultivo de peixes em grandes

densidades de estocagem. Deve ser construído, de maneira a poder ser preenchido e

esvaziado facilmente. A forma retangular é a mais indicada e deve ter, no mínimo 10 m

x 15 m com profundidade máxima de 1m útil [4].

Figura 4 – Vista em corte de um tanque para piscicultura

Escolheu-se automatizar o criadouro tipo tanque por ser mais utilizado, ter baixo

custo de manutenção, ser ecologicamente mais indicado e, principalmente, por possuir

uma densidade de peixes menor do que na gaiola, provocando menos stress nos animais

e menos contaminação da água. Além disso, é um sistema que depende de troca

mínima de água e permite implantar vários tanques em uma única localidade. No Brasil,

os dois tipos de criadouros podem ser implantados com sucesso, porém os tanques são

os mais indicados já que nossa geografia é favorável e apresenta grande número de

pequenos rios e córregos.

Tubo alimentador Tubo de drenagem

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3 – ALIMENTADORES

Pesquisou-se os seguintes tipos de alimentadores ditos automáticos [5]:

- alimentadores automáticos temporizados nos quais o alimento é liberado em

intervalos regulares;

- alimentadores automáticos lançadores em que o alimento é lançado à distância

também em intervalos regulares;

- alimentador automático de esteira, em que o alimento é transportado em

intervalos regulares por meio de esteira; e

- alimentador semi-automático, no qual o animal é condicionado a acionar um

dispositivo que libera o alimento.

Em todos os tipos de alimentadores, o alimento ou é liberado em tempos

regulares ou isso é feito pelo próprio animal. Em qualquer dos casos, provoca-se um

condicionamento, levando o peixe a comer além do necessário e a um stress provocado

pela ansiedade da espera de alimento. Nota-se também que o controle sobre a

quantidade de alimento fornecido só depende do tempo em que o alimentador fica

ativado. Nesse trabalho, considerou-se que o alimentador deve ser simples (fácil

manutenção), de baixos ruído e custo, de alta confiabilidade, resistência ao meio de

trabalho e, finalmente, liberar uma quantidade de alimento controlável [6].

3.1 – ALIMENTADORES DESENVOLVIDOS

Procurou-se desenvolver um alimentador feito de material plástico,

proporcionando o menor custo possível, bem como resistência à corrosão. Deve,

também, ter baixo nível de ruído pois o som propaga-se muito bem em ambientes mais

densos e o ruído provocado por um alimentador pode condicionar o peixe.

Os alimentadores apresentados a seguir foram desenvolvidos e testados.

3.1.1 – ALIMENTADOR MODELO 1

Esse modelo é constituído por um reservatório, um moto-redutor e um sistema

de rosca sem-fim, como ilustrado na figura 5.

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Figura 5 – Alimentador acionado por moto-redutor

Esse alimentador tem a vantagem de permitir o controle do volume de ração a

ser fornecida simplesmente pelo tempo que o alimentador ficará acionado, por outro

lado, trata-se de um alimentador de custo elevado e quando utilizado em ambiente

agressivo, de baixa confiabilidade.

3.1.2 – ALIMENTADOR MODELO 2

Nesse modelo ilustrado na figura 6, o giro passo a passo é obtido pelo

acionamento de uma solenóide acoplada a um dispositivo que gira uma engrenagem.

Figura 6 - Alimentador acionado por solenóide

Esse alimentador tem a vantagem de utilizar somente um solenóide. Sua

principal desvantagem está no controle da quantidade de ração a ser liberada, que neste

caso deverá ser feita pelo número de pulsos aplicados o solenóide. O solenóide possui

um alto nível de ruído comprometendo a aleatoriedade e imprevisibilidade dos

acionamentos.

motor

redutor reservatório

Rosca sem-fim

Acionamento por moto redutor

Vista Lateral do dispositivo e

solenóide

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3.1.2 – ALIMENTADOR MODELO 3

Neste sistema a ração é liberada pelo acionamento seqüencial através de

solenóides acoplados às paletas, sendo uma delas responsável pela liberação e a outra

pela carga conforme ilustrado na figura 7 [6].

Figura 7 - Alimentador acionado por paleta

Esse alimentador tem a vantagem de ser simples e de permitir o controle da

ração pelo espaço entre as paletas. Sua desvantagem está em necessitar de dois

solenóides e risco de haver travamentos das paletas.

3.2 – ALIMENTADOR PROPOSTO

Levando-se em conta as necessidades estruturais e funcionais do alimentador, e

em função das limitações apresentadas no item 3.1, implementou-se um alimentador

com as seguintes características:

1 - Confeccionado em PVC, proporcionando o menor nível de ruído possível,

bem como resistência à corrosão. O PVC, além de facilmente encontrado, é resistente a

ambientes agressivos e úmidos;

Todos os tubos são de PVC linha branca (esgotos). Conexões e tubos facilmente

encontrados em lojas de material para construções, o que torna a estrutura de baixo

custo;

Paletas

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2 - Solenóide de movimento angular, feita com núcleo ferromagnético na forma

de cruzeta, protegido contra umidade e de baixo consumo de corrente. Cujos detalhes

construtivos podem ser vistos na figura 9 e 10.

O alimentador está ilustrado na figura 8, em (A) tem-se a vista lateral, todo

conjunto é rígido fixado com solda plástica ou parafusos galvanizados, o solenóide fica

acondicionada e lacrada na parte traseira evitando a penetração de água. A alimentação

de energia é feita somente por dois fios, permitindo um certo nível de liberdade ao

alimentador quando boiando no reservatório.

(A)

(B)

Figura 8 - Vistas (A) lateral e (B) frontal do alimentador

Rosca sem-fim

Reservatório de ração

Solenóide

Tanques de ar

Tubo PVC

Tanques de ar

Saída de ração

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Optou-se pelo acoplamento de tanques de ar a fim de permitir a flutuação direta

do alimentador, provocando, desta maneira, um deslocamento aleatório natural, causado

por ventos, podendo ser içado quando houver necessidade de abastecimento. A

recomendação é limitar com cordas a área de deslocamento, para não prejudicar a

aleatoriedade.

3.2.1 – DETALHES CONSTRUTIVOS

O alimentador é basicamente dividido em duas partes: a solenóide de

movimento angular e o sistema de rosca sem-fim.

3.2.1.1 – SOLENÓIDE DE MOVIMENTO ANGULAR

Um ímã permanente anelar juntamente com núcleo fixo e suas bobinas formam

um solenóide de movimento angular. Porém, neste caso, o núcleo é formado por quatro

bobinas que, quando energizadas, criam um campo magnético cuja polaridade respeita a

regra da mão direita e vai depender do sentido da corrente. O núcleo é fixo, permitindo

a rotação do imã que está acoplado ao sistema de rosca sem-fim. As figuras 10 e 11

ilustram as forças que envolvem o acionador. O conjunto comporta-se como um

solenóde, onde cada passo corresponde a 90 o e é conseguido quando inverte-se o

sentido da corrente elétrica .

A figura 9 ilustra a parte interna do moto acionador.

Figura 9 – Solenóide de movimento angular

ímã permanente, toroidal

Bobina

Núcleo fixo

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Figura 10 – Detalhe das forças resultantes

O núcleo é construído de maneira a formar um ângulo φ constante com o campo

magnético do toróide. Desta maneira, aplicando-se um pulso DC na entrada do

acionador, este terá seu movimento rotacional obrigatoriamente sempre no mesmo

sentido. O torque será proporcional à distância do entreferro e à quantidade de energia

entregue à bobina. Como este é um sistema simples, a distância do entreferro não pode

ser muito pequena, por isso o deslocamento do imã será controlado pelo tempo de pulso

e quantidade de energia entregue.

Nesse projeto, as bobinas são alimentadas por uma tensão DC, fornecida por um

retificador controlado monofásico de meio ciclo. O sinal retificado é obtido diretamente

da rede elétrica fornecendo 127 Vrms e portanto, um sinal de meio ciclo com pico de

tensão de aproximadamente Vp = 180 V, como demonstram os cálculos.

S

S

N

N

N

Toróide de imã permanente

φ = deslocamento angular

Núcleo fixo

Bobinas

φ

F

F

F

F

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A figura 11 mostra o circuito de acionamento de cada alimentador, o retificador

controlado é o responsável pela inversão no sentido da corrente através do solenóide do

moto acionador, sendo que a cada acionamento tem-se um giro de 90o.

Figura 11 – Circuito de acionamento

A alimentação de 127 Vrms mantém reduzidas as perdas de energia devido à

distância entre controle e carga. Como o chaveamento será através de SCR, este entrará

em bloqueio toda vez que o sinal permanecer em zero; sendo assim, o controle de

energia entregue à carga dependerá do sincronismo e tempo de duração do pulso de gate

ou porta.

A resistência medida entre os terminais do alimentador foi de 176 Ω, logo o

valor de pico da corrente será dada por:

I Máximo = Vp/176 = 1,02 A (1)

3.2.1.2 – ROSCA SEM-FIM

O corpo do alimentador onde está acondicionada a rosca sem-fim, bem como

praticamente todos os tubos utilizados são de quatro polegadas. Considerando que cada

127 V

Bobinas

SCR’s

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passo do motor corresponde a 90o ou 1/4 de volta e que a rosca possui um passo de 5,5

cm com 3,5 cm de largura, podemos calcular a quantidade de alimento lançada por

acionamento, a figura 12 ilustra as medidas da rosca sem fim.

O movimento circular do conjunto descreve uma casca cilíndrica cujo volume

pode ser calculado pela formula:

V =( π/4) . h . (D2 – d2 ) (2)

Onde:

D = diâmetro externo = 10 cm

d = diâmetro interno = 2 cm

h = passo de rosca = 5,5 cm

Assim, para uma volta completa o volume será:

V = 414,69 cm3

Para passo ou acionamento (1/4 de volta) o volune será:

V = 103,67 cm3

Portanto, pode-se considerar que para cada acionamento do alimentador este vai

liberar 103 cm3 de ração, representando 67 g de ração paletizada e 40 g de ração

extrusada.

Desta maneira, definiu-se o alimentador e montou-se seu protótipo. Testes

elaborados mostraram que seu funcionamento foi estável mesmo em condições

agressivas de meio ambiente. Neste trabalho adotou-se a ração extrusada para o

dimensionamento.

Figura 12 – Dimensões da rosca sem-fim

h

d D

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4 – DIMENSIONAMENTO DA CARGA DOS ALIMENTADORES

Os alimentadores devem possuir uma carga suficiente para, no mínimo, dois dias

de autonomia. A aleatoriedade, fator principal do sistema, deverá atender às

necessidades de não-condicionamento dos animais ao mesmo tempo em que os alimenta

suficientemente.

4.1– DIMENSIONAMENTO DOS ALIMENTADORES

No capítulo anterior, foi dimensionada a rosca sem-fim e calculado o quanto de

ração cada acionamento do alimentador fornece. Faz-se necessário ainda o

dimensionamento da carga individual de cada alimentador, levando em consideração a

validade da ração que, conforme especificações, deve ser consumida em até três

semanas [7].

O sistema eletrônico possui 8 saídas de acionamento (número de bits de cada

porta do microcontrolador) o que permite oito grupos de acionamento e cada grupo

pode ter quantos alimentadores for necessário, ficando limitado ao dimensionamento da

interface de potência ligada entre o microcontrolador e os alimentadores. Sendo assim,

quando se fizer necessário um número maior do que oito alimentadores, estes devem

estar divididos em até oito grupos, sendo que os de um mesmo grupo não devem estar

instalados próximos uns dos outros. A aleatoriedade é virtual de tal maneira que todos

os alimentadores são acionados o mesmo número de vezes por período. Desta forma,

além de todos os peixes receberem a mesma quantidade de alimento, o abastecimento

dos alimentadores será simultâneo.

A taxa de alimentação diária dos peixes, tabela 1, (% da massa) é definida em

função da temperatura da água, da espécie, do tamanho dos peixes e do tipo de ração

utilizada. Também a freqüência do arraçoamento (ato de alimentar) varia em função do

tamanho e estágio de desenvolvimento dos peixes [3]. O que será definido pelo

controlador.

A quantidade de alimento fornecido é proporcional ao número de acionamentos

de cada alimentador, fator este controlado pelo microcontrolador que, através de

software, considera as variáveis citadas. Como os peixes se alimentam mais no verão do

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que no inverno, ou em função da temperatura da água, a tabela levará em consideração

as estações do ano.

Na fase de engorda, quando o peixe possui entre 50 e 200 g, tabela 1, deve

receber 90% de sua necessidade diária de ração, o que no verão pode chegar a 5%.

Como esses valores estão diretamente ligados à temperatura da água e em nosso país

este fator varia muito de região para região, considerou-se uma média de 3% para fins

de dimensionamento [8].

Os alimentadores devem conter depósitos de ração com quantidade mínima para

dois dias, na fase final de engorda, para que a função de aleatoriedade no acionamento

dos alimentadores possa ser usada.

O tempo de engorda está entre seis e oito meses, alcançando um peso de 600 a

650 g/peixe. Uma variação de peso (P) neste período pode ser considerada linear, sendo

que a discretização para cada sete dias (uma semana) é considerada satisfatória.

Por exemplo em 8 meses que representam 32 senanas, a variação de massa

seria dada por:

∆P = ( Pmáx – Pmín)/32 (3)

Na qual:

Pmáx = peso máximo.

Pmín = peso mínimo.

Figura 13 - Característica peso x semana de engorda

Tomando como exemplo a Tilápia do Nilo, que atinge cerca 600 gramas em 8

meses de cultivo, e com base na formulação da ração para essa espécie, que deve ter de

28 a 40% de proteína, substância responsável pela formação óssea e de tecidos e ainda

tomando como base a tabela 1 e equação 3, tem-se o seguinte cálculo:

V = ( 650 – 50 ) / 32 = 600/32 = 18,75 g/semana (4)

g/semana

Pmín

Pmáx

semana 1 32

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Pela tabela 1, ao se iniciar com 50 g (alevino), o peixe vai adquirir 550 gramas

em 8 meses. Como a conversão é proporcional à alimentação e considerando que a

criação se dará nos 8 meses mais quentes do ano, a porcentagem de ração a ser

fornecida pode ser considerada de 3% para todo período. Pode-se então montar a tabela

2.

Tabela 2 – Demonstração do ganho de massa viva em função da alimentação por peixe

Sem.

Massa

inicial

(g)

Consumo

Ração (g)

Semana

(21%)

Massa

Adquirida

na semana

(40% Prot.)

Massa

Final

Semana

(g)

Ração

Consumida

(g)

01 50,00 10,50 4,20 54,20 10,50 02 54,20 11,38 4,55 58,75 21,88 03 58,75 12,34 4,94 63,69 34,22 04 63,69 13,37 5,35 69,04 47,59 05 69,04 14,50 5,80 74,84 62,09 06 74,84 15,72 6,29 81,12 77,81 07 81,12 17,04 6,81 87,94 94,85 08 87,94 18,47 7,39 95,32 113,32 09 95,32 20,02 8,01 103,33 133,34 10 103,33 21,70 8,68 112,01 155,04 11 112,01 23,52 9,41 121,42 178,56 12 121,42 25,50 10,20 131,62 204,06 13 131,62 27,64 11,06 142,68 231,70 14 142,68 29,96 11,98 154,66 261,66 15 154,66 32,48 12,99 167,65 294,14 16 167,65 35,21 14,08 181,73 329,35 17 181,73 38,16 15,27 197,00 367,51 18 197,00 41,37 16,55 213,55 408,88 19 213,55 44,85 17,94 231,49 453,73 20 231,49 48,61 19,44 250,93 502,34 21 250,93 52,70 21,08 272,01 555,04 22 272,01 57,12 22,85 294,86 612,16 23 294,86 61,92 24,77 319,63 674,08 24 319,63 67,12 26,85 346,48 741,20 25 346,48 72,76 29,10 375,58 813,96 26 375,58 78,87 31,55 407,13 892,83 27 407,13 85,50 34,20 441,33 978,33 28 441,33 92,68 37,07 478,40 1071,01 29 478,40 100,46 40,19 518,58 1171,47 30 518,58 108,90 43,56 562,15 1280,37 31 562,15 118,05 47,22 609,37 1398,87 32 609,37 127,97 51,19 660,55 1526,84

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Pela tabela 2, pode-se concluir que em 32 semanas o peixe consumiu

aproximadamente 1,53 kg de ração para atingir 660 g de massa.

Aplicando o princípio da progressão geométrica, pode-se calcular a ração que

será consumida por peixe [9].

A proporção de crescimento (Pc) pode ser dada por:

Pc= (Porcentagem de alimentação x porcentagem de proteína na ração) + 1 (5)

Na qual:

Pc= ( 0,21 x 0,40 ) + 1

Pc = 1,084

A massa prevista do peixe em uma determinada semana (Ms) é dada por:

Ms = Min x 1,084(S-1) (6)

Na qual:

Min = Massa inicial do peixe

S = Semana

Ms = Massa do peixe na semana S

Na prática, encontram-se reservatórios artificiais onde a densidade é a de um

peixe por metro quadrado, por isso, para um reservatório padrão de 30m largura por

60m comprimento, adotou-se 16 alimentadores divididos em 8 grupos de 2, e tem-se

aproximadamente 1800 peixes que, inicialmente, estão com uma massa viva total de 90

Kg (1800 x 0,05 kg). Após oito meses de cultivo, tem-se um ganho de 990 kg, no

mínimo, o peso final (Pfinal) será:

Pfinal = 0,600 x 1800

Pfinal = 1080 kg

Tomando como base a tabela 2, pode-se calcular a quantidade de ração

consumida que é de 1,53 Kg por peixe em 32 semanas ou 47,81 gramas por semana ou,

ainda, 6,83 g por dia. Para um cultivo de 1800 peixes, tem-se um consumo de 12,375 kg

de ração por dia: essa é a média dos oito meses. O maior cuidado está na última

semana: considerando a tabela 2, cada peixe consome 127,97 g de ração por semana ou

18,28 g dia. Para um cultivo de 1800 animais, tem-se um consumo de aproximadamente

32,91 kg/dia. Como temos 16 alimentadores que devem possuir um refil para no

mínimo dois dias, cada um deles deverá ter um reservatório de 4,11 kg ou aproximando-

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se 5 kg. Conclui-se que cada alimentador deverá ter uma capacidade mínima de 5 kg de

ração.

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5 – ALEATORIEDADE

O sistema possui oito portas de saída, a aleatoriedade está na seqüência que

essas portas serão acionadas, pois deve-se ter um acionamento tal que o peixe não possa

prever qual ou quais alimentadores serão acionados.

O período de criação previsto neste trabalho é de oito meses e discretizou-se a

quantidade de ração em períodos semanais num total de 32 semanas. O menor número

de acionamento se dará na primeira semana e conseqüentemente esse número vai

crescendo à medida em que se avança nas semanas, desta maneira tem-se uma

aleatoriedade na seqüência de acionamento e também uma variação dos intervalos de

acionamento.

A aleatoriedade é virtual, de tal forma que um grupo nunca é acionado mais

vezes que outro, permitindo que os reservatórios de ração sejam iguais e periodicamente

abastecidos [6].

Os alimentadores estão dimensionados para conter depósitos de ração com

quantidade mínima para dois dias na fase final de engorda, para que a função de

aleatoriedade no acionamento dos alimentadores possa ser usada.

5.1 – LOCALIZAÇÃO DOS ALIMENTADORES

A figura 14 mostra um exemplo da distribuição dos alimentadores em um

reservatório de 30 m de largura por 60 m comprimento. Essa disposição deve ser

seguida, dentro do possível, com fidelidade, porém outras combinações podem ser

usadas. Deve-se lembrar que os alimentadores flutuam e, portanto, tem-se que limitar

seus movimentos dentro das medidas indicadas. Esses movimentos são menores que a

distancia entre alimentadores e contribuem para o efeito de aleatoriedade,

Tem-se, assim, 16 alimentadores divididos em 8 grupos de dois alimentadores

cada. Deve-se lembrar que sempre ativam dois alimentadores de cada vez, de um

mesmo grupo e que devem estar o mais distante possível um do outro. Todos os

alimentadores devem ter o mesmo número de acionamento por período, assim todos os

alimentadores se esgotam ao mesmo tempo, fornecendo a mesma quantidade de ração,

e períodos iguais de abastecimentos.

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A figura 14 ilustra a maneira que pode-se instalar os alimentadores em um

reservatório de 60m de comprimento por 30 de largura, os grupos estão colocados em

simetria no reservatório, de maneira que alimentadores do mesmo grupos estejam

colocados o mais distante possível um do outro.

Figura 14 - Distribuição dos alimentadores

5.2 – TABELA DE ALEATORIEDADE

Optou-se por uma forma simplificada de aleatoriedade, segundo a qual cada

acionamento ativa um grupo, o que equivale a dois alimentadores, assim o alimento é

bem distribuído em todas as partes do reservatório, de forma a impedir que os peixes

fiquem concentrados sempre em um mesmo lugar. A dispersão dos animais no tanque

favorece o equilíbrio ambiental e a qualidade da água. A tabela 3 mostra a aleatoriedade

adotada. Nesse trabalho adotaram-se quatro seqüências diferentes de acionamento de

maneira que todos os grupos sejam sempre acionados, a aleatoriedade é suficiente e

impede que o animal saiba qual alimentador será acionado.

4

8

1

2 3 1

2 3

4

6 7

5

6 7

8

30m

5m

60m

10m

5m

7m

5

Grupo2

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Tabela 3 – Tabela de aleatoriedade.

Seqüência Alimentadores 1 2 3 4 5 6 7 8

Seqüência 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 1 0 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 0 1 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 1 0 0 0 0 8 0 0 0 0 0 0 0 1 5 0 0 0 0 1 0 0 0 6 0 0 0 0 0 1 0 0

Seqüência 2 3 0 0 1 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 6 0 0 0 0 0 1 0 0 7 0 0 0 0 0 0 1 0 4 0 0 0 1 0 0 0 0 5 0 0 0 0 1 0 0 0 8 0 0 0 0 0 0 0 1

Seqüência 3 2 0 1 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 1 0 0 0 0 8 0 0 0 0 0 0 0 1 3 0 0 1 0 0 0 0 0 6 0 0 0 0 0 1 0 0 7 0 0 0 0 0 0 1 0 5 0 0 0 0 1 0 0 0

Seqüência 4 7 0 0 0 0 0 0 1 0 5 0 0 0 0 1 0 0 0 4 0 0 0 1 0 0 0 0 3 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 6 0 0 0 0 0 1 0 0 8 0 0 0 0 0 0 0 1 2 0 1 0 0 0 0 0 0

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A tabela 3 de aleatoriedade será sempre a mesma, a variável do sistema é o

número e seqüência de acionamentos durante um período e ou uma semana.

5.3 – NÚMERO DE ACIONAMENTOS

Na primeira semana o consumo de ração é de 10,50 g (tabela 2) por peixe ou

18.900 g para os 1800 peixes, ou, ainda, 2700 g por dia. Como o tanque possui 16

alimentadores, cada um deve fornecer 168,75 g por dia. Para a ração extrusada, sabe-se

que cada alimentador fornece 40 g por acionamento e, portanto, deverá ser acionado no

mínimo 4 vezes por dia. Já na última semana, o consumo é de 127,97 g por peixe ou

230,35 kg para o tanque, 32,91 kg por dia, 2,06 por alimentador e, finalmente, 52

acionamentos por dia. Considerando ainda que a Tilápia não possui hábitos alimentares

noturnos, tem-se um período de alimentação que vai de 6 horas às 19 horas ou um

período de 13 horas.

O gráfico da figura 15 apresenta a biomassa adquirida e a ração consumida em

função da semana.

Figura 15 - Gráfico da biomassa adquirida e consumo de ração

700 600 500 400 300 200 100

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31

Semanas

Massa viva

Ração

g

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Pode-se notar que a massa adquirida aumenta enquanto a quantidade de ração

aumenta linearmente, dentro da faixa de 0 a 100 g. Quando ultrapassa este valor, o

consumo de ração deixa de aumentar linearmente. Quando o peixe está com

aproximadamente 500 g, e deste ponto em diante, a relação ganho de massa e consumo

de ração deixa de ser economicamente viável e esta é a melhor fase de corte, figura 16.

É quando a Tilápia está com 600 gramas, pois deste ponto para frente o consumo de

ração aumenta sem igual ganho de massa viva [7].

Figura 16 – Relação de lucratividade e crescimento

Como o fator temperatura influencia diretamente na quantidade de ração a ser

fornecida (tabela 4), este projeto levou em consideração a proporção descrita na tabela 2

para efetuar o controle, onde se tem a proporção da quantidade calculada de ração que

deve ser fornecida, em função do massa do animal.

Região não comercial

Lucratividade

Crescimento

Crescim

ento/lucratividade

Massa viva ideal

Região comercial

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Existem seis possíveis condições de alimentação. A monitoração da temperatura

poderá ser por um processo manual e a proporção será estipulada por meio de digitação

no painel de controle, nada impedindo de se colocar um sensor de temperatura que

possa automaticamente informar a proporção necessária.

Tabela 4 – Influência da temperatura.

Temperatura ( oC ) Proporção Fator (FT)

≤ 16 1 % FT1

> 16 e ≤ 19 60% FT2

> 19 e ≤ 23 80% FT3

> 23 e ≤ 29 100% FT4

> 29 e ≤ 33 80% FT5

> 33 Não alimente FT6

Tem-se agora o tipo de peixe escolhido, o tamanho e a densidade de peixes no

tanque, o número de alimentadores, o consumo semanal de ração, a quantidade de ração

que é fornecida por acionamento de cada alimentador e a proporção de alimento em

função da temperatura.

Sabendo-se que a massa prevista semanal (Ms) é dada pela equação 6:

A quantidade de ração que deverá ser fornecida (Rs) é dada por:

Rs = Ms x 0,21 x FT (21 = 3% x 7 dias) (7)

Na qual FT é igual a 1.

Aplicando a equação 7 para o tanque usado como exemplo com 1800 peixes e

sabendo-se que cada acionamento fornece 80 g de ração extrusada, pode-se calcular o

número de acionamentos por dia.

Rs = Ms x 0,21 x FT x 1800 (8)

O consumo diário de ração ( Rd) será de:

Rd = ( Ms x 0,21 x FT x 1800 ) / 7 (9)

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28

Como cada acionamento fornece 80 g, o número de acionamentos (Na) durante

uma determinada semana é dado por:

Na = Rd/80 (10)

Como a Tilápia não possui hábitos alimentares noturnos e considerando o

período das 6 às 19 horas ou um intervalo de 13 horas, pode-se obter o intervalo entre os

acionamentos.

Exemplo:

Na 25a semana de criação tem-se:

Ms = Min x 1,084(S-1)

Ms = 50 x 1,084( 25-1)

Ms = 346,48 g ( massa prevista na 25 a semana)

Para uma temperatura de 25 0C FT = 1 o consumo diário será de:

Rd = ( Ms x 0,21 x FT x 1800 ) / 7

Rd = ( 346,48 x 0,21 x 1 x 1800) / 7

Rd = 130969,44 / 7

Rd = 18.709,92 g (consumo diário de ração para 1800 animais)

O número de acionamentos diários é de:

Na = 18709,92 /80

Na = 233,87 (número de acionamentos para fornecer 18709,92 g de ração)

Como o tangue possui 16 alimentadores divididos em 8 grupos.

Na = 2923 (acionamentos por período para cada grupo de alimentadores)

Para um período de 13 horas, tem-se um intervalo de 26,68 minutos entre cada

acionamento. Aplicando-se as equações obteve-se a tabela 5, fixando o número de

acionamentos por dia, por alimentador.

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29

Tabela 5 – Número de acionamentos por alimentador

Sem.

Massa

inicial

(g)

Ração (g)

(21%)

Ração total

por semana

(g)

Ração total

por dia

(g)

Ração por

alimentador

(g)

Acionamentos/

grupo/dia

01 50,00 10,50 18900 2700,00 168,75 4,20 4

02 54,20 11,38 20484 2926,28 182,89 4,57 5

03 58,75 12,34 22212 3173,14 198,32 4,96 5

04 63,69 13,37 24066 3438,00 214,87 5,37 5

05 69,04 14,50 26100 3728,57 233,03 5,82 6

06 74,84 15,72 28296 4042,28 252,64 6,32 6

07 81,12 17,04 30672 4381,71 273,86 6,85 7

08 87,94 18,47 33246 4749,43 296,84 7,42 7

09 95,32 20,02 36036 5148,00 321,75 8,04 8

10 103,33 21,70 39060 5580,00 348,75 8,72 9

11 112,01 23,52 42336 6048,00 378,00 9,45 9

12 121,42 25,50 45900 6700,00 418,75 10,47 10

13 131,62 27,64 49752 7107,43 444,21 11,10 11

14 142,68 29,96 53928 7704,00 481,50 12,04 12

15 154,66 32,48 58464 8352,00 522,00 13,05 13

16 167,65 35,21 63378 9054,00 565,87 14,14 14

17 181,73 38,16 68688 9812,57 613,28 15,33 15

18 197,00 41,37 74466 10638,00 664,87 16,62 17

19 213,55 44,85 80730 11532,86 720,80 18,02 18

20 231,49 48,61 87498 12499,71 781,23 19,53 20

21 250,93 52,70 94860 13551,43 846,96 21,17 21

22 272,01 57,12 102816 14688,00 918,00 22,95 23

23 294,86 61,92 111456 15922,28 995,14 24,88 25

24 319,63 67,12 120816 17259,43 1078,71 26,97 27

25 346,48 72,76 130968 18709,71 1169,36 29,23 30

26 375,58 78,87 141966 20280,86 1267,55 31,69 32

27 407,13 85,50 153900 21985,71 1374,11 34,35 35

28 441,33 92,68 166824 23832,00 1489,50 37,24 38

29 478,40 100,46 180828 25832,57 1614,53 40,36 41

30 518,58 108,90 196020 28002,86 1750,17 43,75 44

31 562,15 118,05 212490 30355,71 1897,23 47,43 48

32 609,37 127,97 230346 32906,57 2056,66 51,42 52

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30

A tabela 5 considera que a temperatura durante todo o período de criação está

entre 23 e 29 oC o que corresponde ao fornecimento de 100% da quantidade calculada.

Dependendo da temperatura, pode-se diminuir a quantidade de acionamentos; em casos

extremos, pode-se eliminar a alimentação.

Tabela 6 – Intervalo entre acionamentos.

Sem. Acionamentos Intervalos 01 4,20 4 32 24,37 02 4,57 5 40 19,50 03 4,96 5 40 19,50 04 5,37 5 40 19,50 05 5,82 6 48 16,25 06 6,32 6 48 16,25 07 6,85 7 56 13,92 08 7,42 7 56 13,92 09 8,04 8 64 12,19 10 8,72 9 72 10,83 11 9,45 9 72 10,83 12 10,47 10 80 9,75 13 11,10 11 88 8,86 14 12,04 12 96 8,12 15 13,05 13 104 7,50 16 14,14 14 112 6,96 17 15,33 15 120 6,50 18 16,62 17 136 5,73 19 18,02 18 144 5,42 20 19,53 20 160 4,87 21 21,17 21 168 4,64 22 22,95 23 184 4,24 23 24,88 25 200 3,90 24 26,97 27 216 3,61 25 29,23 30 240 3,25 26 31,69 32 256 3,04 27 34,35 35 280 2,79 28 37,24 38 304 2,56 29 40,36 41 328 2,38 30 43,75 44 352 2,22 31 47,43 48 384 2,03 32 51,42 52 416 1,87

A tabela 6 fornece para cada período o número de acionamentos e os intervalos

de tempo entre eles. Resume toda a atividade do microcontrolador durante as 32

semanas de cultivo. Ela será armazenada na memória e servirá de banco de dados

habilitando as portas de saída do microcontrolador e, em função da semana, tem-se um

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número de acionamentos em intervalos que, no final do período, provocará o

fornecimento de ração suficiente e proporcional à idade dos peixes.

O controle de ração em função da temperatura se dará pelo aumento do intervalo

entre os acionamentos. Por exemplo, no inverno, se a temperatura da água estiver entre

16 e 19 oC o fator de aumento no intervalo de tempo será de 60%, conforme tabela 5.

A figura 17 representa os pulsos de acionamento que para a primeira semana, t1

vale 24,37 minutos e para a última semana 1,87 minutos, estes intervalos são

controlados pelo microcontrolador, t2 é o tempo entre pulsos e t3 o tempo que o

alimentador ficará acionado. O sinal é ainda formado por dois pulsos o primeiro (A)

aciona o alimentador e o segundo (R) coloca o sistema em repouso, detalhes podem ser

vistos no capítulo 6.

Figura 17 – Pulsos de acionamento

t1

t2

t1

t3

A R

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6 – CONTROLADOR MICROPROCESSADO

O sistema está dividido basicamente em quatro partes: a primeira é o módulo

alimentador visto no capítulo 4, a segunda são as interfaces de potência responsáveis

pelo envio e acoplamento dos sinais de comando do microcontrolador para os

alimentadores, a terceira é o microcontrolador que acionará de modo aleatório e em

quantidades adequadas os alimentadores e quarta a interface homem-máquina composta

de um teclado para entrada de dados como data e quantidade de peixes e um display que

constantemente informará o alimentador que será acionado e a data atual. O diagrama

do sistema está apresentado na figura 18 [10].

Figura 18 – Diagrama de Blocos.

6.1 – MICROCONTROLADOR

Para que o sistema possa gerenciar o acionamento dos alimentadores,

respeitando os fatores de quantidade de alimento e aleatoriedade, é necessário a

ALIMENTADORES INTERFACE

MICROCONTROLADOR

TECLADO E DISPLAY

88888888

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implementação de um circuito microprocessado. Optou-se pelo uso do microcontrolador

8051. Suas principais características são o baixo custo e a baixa necessidade de

componentes adicionais para o funcionamento. Suas especificações podem ser vistas na

figura 19 e tabela 7 [10] [11].

Figura 19 – Pinagem do 8051

Tabela 7 – Especificações técnicas do 8051

Características.

1 clock típico de 12 MHz, podendo chegar a 30 MHz;

2 1 ciclo de máquina é composto de 12 estados (clocks);

3 memória de programa (ROM) de 4k (internos), expansíveis a 64k (60k externos);

4 memória de dados (RAM) de 128 bytes (internos), expansível a 64k (demais bytes externos);

5 4 portas de E/S de 8 bits formando 32 linhas;

6 pinos para controle de memórias externas;

7 Estrutura de interrupções com até 5 entradas permitindo 2 níveis de prioridade;

8 2 temporizadores/contadores de 16 bits programáveis;

9 conjunto de 111 instruções;

10 opção de baixo consumo.

Na figura 20, tem-se o diagrama em blocos resumido dos dispositivos internos

do microcontrolador 8051, onde pode-se observar sua arquitetura, entradas e saídas[12].

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Figura 20 – Diagrama em blocos do 8051

As principais características que levaram a escolha desse microcontrolador são

descritas a seguir:

Um ciclo de máquina corresponde a 12 ciclos do sinal de clock, assim sendo o

uso de um cristal de 12 MHz permite uma base de tempo de 1µs, sendo suficiente à

precisão necessária ao sistema, visto que tem-se 32 semanas por período de criação e os

Portas E/S

P0 P1 P2 P3

U.C.P Unidade Central de Processamento

OSCILADOR

C C

XTAL

Porta Serial

RXD TXD

Controle de interrupções

INT0 INT1

TIMER

T0 T1

ROM RAM

Periféricos

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alimentadores devem ser acionados por períodos pré estabelecidos e variáveis em

função da semana.

As quatro portas de oito bits cada denominadas P0, P1, P2 e P3 são

suficientes para o controle de todos os periféricos sendo que P2 aciona os

alimentadores, P1 a entrada de dados através de teclado, P0 ao acionamento do display e

P3 se destina ao controle de display e funções especiais.

Possui cinco tipos de interrupções, todas podem ser habilitadas e

configuradas através de software, sendo uma pela comunicação serial, duas pelos pinos

P3.2 (int0) e P3.3 (int1) chamadas de interrupções externas e duas internas provocadas

pelos temporizadores T0 e T1. Nesse trabalho os temporizadores que no 8051 podem

ser configurados para 16 bits, permitem contagem de tempo sem perdas de tempo já que

seu funcionamento é independente.

Usa dois registradores de oito bits para controlar os contadores. TCON

(Controle de temporizadores) que vai indicar o estouro de contagem e ligar o contador e

TMOD ( Modo de contagem) que vai configurar como os contadores / temporizadores

vão funcionar, a figura 21 e 22 apresentam estas palavras [13].

TCON

T

F1

T

R1

T

F0

T

R0

- - - -

Liga temporizadores = TRn

Indica estouro contagem = TFn

Usados para Interrupções externas

Figura 21 – Registrador TCON

TMOD

G

ATE-1

C/

T-1

M

1-1

M

0-1

G

ATE-0

C/

T-0

M

1-0

M

0-0

Controle do contador 1 Controle do contador 0

Figura 22 – Registrador TMOD

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Os dois contadores/temporizadores são controlados pelos valores que

assumem cada um dos bits de controle. Usa-se gate 1 gate 0 igual 1 para definir os que

os dois vão ser habilitados, os bits C/T 0 e C/T 1 determinam quando em 1 a função

contador e quando em 0 função temporizador.

M1-n M0-n, definem o modo de operação do temporizador/contador n

- 00 = modo 0 : Contador ou temporizador 8 bits com divisor de frequencia

- 01 = modo 1 : Contador ou temporizador de 16 bits.

- 10 = modo 2 : Contador ou temporizador de 8 bits com recarga automática.

- 11 = modo 3 : Contador de eventos 8 bits e um temporizador 8 bits.

Como já foi mencionado optou-se pela configuração modo 1 de 16 bits

permitindo que ao ligar o temporizador (TRn=1) este conte até 65.535 provocando um

setamento em TFn. Como cada ciclo de máquina dura 1µs basta carregar o temporizador

com um valor inicil de 15.535 que este vai levar 50.000 µs ou 50 ms para provocar um

set em TFn, para se obter uma base precisa de 1 s basta contar 20 set’s consecutivos..

6.1.2 – FLUXOGRAMA DO PROGRAMA ASSEMBLY

Ao se iniciar o sistema deve-se em primeiro lugar configurar o microcontrolador,

habilitando interrupções, configurando os temporizadores e desligando as saídas da

porta P2, desativando os alimentadores. Em segundo lugar deve-se entrar com os dados

iniciais, tais como semana, dia da semana, temperatura e hora inicial. Logo em seguida

o temporizador é ligado e se inicia a contagem de tempo e comparando semana e horas

inicia-se o acionamento dos alimentadores. A figura 23 mostra o fluxograma do sistema.

A contagem de tempo é o fator mais critico do sistema e deu-se prioridade máxima a

interrupção provocada pelo contador de tempo, assim sempre que ocorrer esta

interrupção um alimentador será acionado. O microcontrolador adotado neste trabalho

possui a facilidade de gerar estas interrupções e também a de dar prioridades às

mesmas.

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Figura 23 – Fluxograma do programa assembly

Início

Inicia sistema

Contagem de tempo

Aguarda entrada de

dados iniciais

Verifica se é 24H

Fim

não

sim

Incrementa contador de

Verifica se é 06h

não

Verifica semana

Tabela de aleatoriedade

Aciona alimentador

1

1

Verifica se é 18h

Verifica se é semana 33

Conta tempo

não

sim

sim

não

Incrementa semana

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6.1.3 – PROGRAMA ASSEMBLY

A programação do microcontrolador pode variar de acordo com o número de

semanas da criação e o tipo de peixe que será criado. No programa para demonstração

usou-se o timer0 para exemplificar como será a contagem de tempo no programa final.

Podendo usar-se este programa como uma subrotina do programa final.

;UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

;MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA

;PROGRAMA DEMO DE ACIONAMENTO DO ALIMENTADOR

;BENEDITO MIGUEL CALIL

org 00h ;inicia programa na linha 00H

mov ie,#00h ;desabilitando interrupções

mov p2,#00h ;move para porta P2 o valor 00

mov a,#01h ;move para registrador a o valor 01H

;Subrotina de acionamento, acionamento duplo de cada porta

aciona: MOV p2,a ;move para porta P2 o valor 01 aciona alimentador

call tempo1 ;chama subrotina tempo 1, tempo de acionamento

mov p2,#00h ;move para P2 o valor 00, desliga alimentador

call tempo1 ;chama tempo 1, conta tempo desligado

mov p2,a ;move para P2 o valor de A, pulso passivo

rl a ;reloca o conteúdo de A

call tempo2 ;chama subrotina tempo 2, tempo entre acionamen.

call aciona ;chama subrotina aciona

;Tempo de duração do estado ativo do trem de pulso (4 segundos)

tempo1: mov r1,#04h ;move o valor 4 para r1

mov tmod,#01 ;timer 0 modo 1.

volta1: mov r0,#20h ;carrega r0 com 20, assim, 20x50MS = 1S

loop1: mov th0,#3ch ;carrega thigh com high(15535)

mov tl0,#0afh ;carrega tlow com(15535)

setb tr0 ;liga o contador

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39

jnb tf0,$ ;aguarda até tf0 ser igual a 1

clr tr0 ;quando tf0 estoura desliga contador

clr tf0 ;limpa o carry de estouro do contador

djnz r0,loop1 ;se r0, é diferente 0 desvia para loop1

djnz r1,volta1 ;se r1 é diferente de 0 desvia para volta 1

ret

;Tempo entre acionamentos 30seg

tempo2: mov r1,#30H ;move o valor 30 para r1

mov tmod,#01H ;timer 0 modo 1, timer 16 bits.

volta2: mov r0,#20H ;carrega r0 com 20, assim, 20x50MS = 1S

loop2: mov th0,#3ch ;carrega thigh com high(15535)

mov tl0,#0afh ;carrega tlow com(15535)

setb tr0 ;liga o contador

jnb tf0,$ ;aguarda até tf0 ser igual a 1

clr tr0 ;quando tf0 estoura desliga contador

clr tf0 ;limpa o carry de estouro do contador

djnz r0,loop2 ;se r0, é diferente 0 desvia para loop1

djnz r1,volta2 ;se r1 é diferente de 0 desvia para volta2

ret

end

Por ser um programa demonstrativo, conta somente com a função de acionar

seqüencialmente a porta P2 do microcontrolador. Cada acionamento é composto por

dois pulsos: um ativo que vai rotacionar o rotor e outro passivo que vai permitir

acomodação do circuito eletrônico.

6.2 – OS CIRCUITOS ELETRÔNICOS

A eletrônica envolvida no sistema consiste de uma interface de potência

devidamente protegida e isolada do microcontrolador na qual os componentes utilizados

são comerciais e de fácil aquisição, fato que torna todo sistema de fácil manutenção. A

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programação do microcontrolador fica sendo o único fator que deverá ser mudado em

casos de mudança da espécie de peixe.

6.2.1 – INTERFACE DE POTÊNCIA

Os moto acionadores dos alimentadores foram dimensionados para trabalhar

com tensão DC de 180 V e corrente de 1A. A alimentação vem diretamente da tensão

da rede. O circuito responsável pela alimentação dos alimentadores está apresentado na

figura 24.

Figura 24 – Interface de potência dos alimentadores

Dois SCR´s ligados de forma oposta um ao outro, retificam a tensão da rede elétrica

ao mesmo tempo que invertem o sentido da corrente através do moto acionador. O

resistor R2 e o Capacitor C2 ligados em paralelo com a solenóide formam um circuito

BT151_500RINTERFACE POTÊNCIAALIMENTADOR

127V 60Hz 0Deg

O03

O12

O24

O37

~CP113

MR15

CP014

O410

O51

O65

O76

O89

O911

~O5-912

4017BD

7408N

1

23

7408N4

56

BC548A

220ohm4.7kohm

BC548A

220ohm4.7kohm

5VVCC

2_AMPF1

Porta_P2

R13220ohm

R10220ohm

T1

T2

M1

R21kohm

C21uF

BT151_500R

oscilador

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41

chamado snubber [14]. Este circuito têm a finalidade de evitar que as taxas de variação

de tensão e de corrente, envolvidas no chaveamento dos SCR´s, possam afetar

severamente o funcionamento destes dispositivos. A proteção de curto circuito acidental

é feita pelo fusível de 2A colocado em série com a carga. O sinal de disparo dos SCR´s

é fornecido por dois transformadores de pulsos ligados de forma complementar, dando

referência de tensão ao mesmo tempo que isola o circuito eletrônico de baixa potência.

Os dois transistores funcionam como chaves e quando levados a saturação pelo sinal de

base acionam o primário dos transformadores de pulso.

Como cada SCR entra em corte quando inversamente polarizado, faz-se

necessário a geração de um trem de pulsos, que são fornecidos pelo circuitos astável

formado pelo CI 555. A freqüência de oscilação foi ajustada para 4 KHz ou um pulso a

cada 0,25 milisegundos. A freqüência da rede elétrica é de 60 Hz, fornecendo dois

semiciclos a cada 16 milisegundos, tempo para ter-se 64 pulsos, 32 para cada semiciclo,

número suficiente para garantir o fornecimento de energia ao moto acionador. As portas

END de duas entradas funcionam como chaves habilitadoras, permitindo a passagem do

trem de pulsos quando as entradas estiverem em nível alto.

O CI 4017 de baixo custo e largamente utilizado como circuito seqüenciador,

recebe sinal da porta P2 do microcontrolador , pino 14, e a cada descida do sinal tem-se

uma mudança na seqüência. Os pinos 3 e 4 habilitam respectivamente o sinal na base

dos transistores, enquanto os pinos 2 e 7 levam o circuito a um estado de desligado. O

pino 10 funciona como um reset através do pino 15.

6.2.2 – MICROCONTROLADOR E PERIFÉRICOS

Na figura 25, tem-se o esquema eletrônico completo do sistema.

O microcontrolador necessita de alguns componentes mínimos para seu

funcionamento: além do circuito de reset composto por um capacitor de 1µF e um

resistor de 8,2 KΩ (valores indicados pelo fabricante), tem-se um cristal de 12 MHz

valor escolhido porque o 8051 utiliza 12 ciclos do oscilador para realizar um ciclo de

máquina. Com o cristal de 12 MHz tem-se que cada ciclo de maquina dura 1 µs

servindo assim como base de tempo, atendendo à necessidade do sistema.

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42

Figura 25 – Esquema Eletrônico completo do sistema

D29

8051

P1.0P1.1P1.2P1.3P1.4

P1.6P1.5

P1.7RST

Tx/P3.1Rx/P3.0

INT0/P3.2INT1/P3.3T0/P3.4T1/P3.5WR/P3.6RD/P3.7XTAL2XTAL1Vss P2.0

P2.1P2.2P2.3P2.4P2.5P2.6P2.7

PSENALE

EAP.0.7P0.6P0.5P0.4P0.3P0.2P0.1P0.0Vcc

1

2

4

3

J8F1

Vreg

7905IN OUT

V1

T1

C1

100mF

1 2 3

4 5 6

7 8 9

SUS 0 AST

VDD

U16

LCD

VD

RS

R/WLCD2 LINHAS

DB

0

DB

1

DB

01

DB

02

DB

03

DB

04

DB

05

DB

06

VSS

50%10kOhmKey = a

R23F

NE01A1

23

NE01B4

56

R25 8.2kohm

C21uF

5VVCC

C330pF

C430pF

X1

INT0

LED1

R261kohm

RST

U3

1

DIS7

OUT3

RST4

8

THR6

CON5

TRI2

GND

VCC2.7kohm

100nF

50%10kOhmKey = a

Bus2

IN1

Interfasce6

IN2

IN11

IN21

IN1

Interface3

IN2

IN11

IN21

IN1

Interface2

IN2

IN11

IN21

IN1

Interface1

IN2

IN11

IN21

IN1

Interface5

IN2

IN11

IN21

IN1

Interface4

IN2

IN11

IN21

IN1

Interface7

IN2

IN11

IN21

IN1

Interface8

IN2

IN11

IN21

Bus

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7 – SISTEMA CONSTRUÍDO

Foi implementado e testado um sistema mínimo composto por um alimentador uma

interface de potência e um microcontrolador. As figuras 26 e 27 mostram fotos do

alimentador.

Figura 26 – Foto do alimentador

Figura 27 – Foto saída ração

As placas eletrônicas implementadas podem ser vistas na figuras 28 e 29.

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Figura 28 – Placa eletrônica da interface

Figura 29 – Placa do microcontrolador

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7 – CONCLUSÕES

O aumento de produtividade na criação de Tilápias proposto neste trabalho se baseia

na uniformização da alimentação entre os peixes de um tanque. O alimentador aleatório

permite que a tensão e a competitividade entre os peixes no momento da alimentação

diminuam, dando a oportunidade de uma alimentação mais uniforme do que nos casos onde o

alimentador é fixo.

O processo é automático, e portanto, imune às falhas humanas, muito comuns nas

atividades repetitivas e de longa duração. Além disso, correções de rumo podem ser feitas

durante o processo em função do rendimento do tanque. Com o peso médio dos peixes sendo

verificado periodicamente, é possível eliminar até algumas semanas no processo de criação,

pode-se ter um aumento de produtividade.

O controlador apresentado é de baixo custo e é uma solução para pisciculturas de

pequeno e médio porte. Os dados são fixos e programados em memória EPROM, para cada

tipo de peixe.

Os alimentadores permitem, por sua capacidade de armazenagem, que sejam

recarregados em um período de até 2 em 2 dias, diminuindo a mão obra necessária.

Como resultado final, tem-se um sistema que pode aumentar a produtividade, diminuir

custos diretos e indiretos e finalmente fornecer uma alimentação bem distribuída para os

animais, produzindo indivíduos semelhantes em forma e massa.

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iv

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Manual Técnico Piscicultura Tropical de Água Doce - Mogiana Alimentos, Campinas, SP,

2002.

[2] Barros, M.M.; Pezzato, L.E; Silveira, A.C.;Pezzato, A.C., “Digestibilidade Aparente de

Fontes Energéticas pela Tilápia do Nilo”, Simpósio Latino Americano e 6º. Simpósio

Brasileiro de Aqüicultura, Florianópolis, SC, 1988.

[3] Catálogo Comercial - Tecnologia e Manuseio de Produção - Bernauer Aquacultura Ltda.,

Blumenal – SC, 2002.

[4] Ferreira, M. A. C., “Desenvolvimento de um Sistema Especialista de Coleta e Análise de

Dados Aplicado à Piscicultura”, São Paulo, SP, 2002.

[5] Bernauer Aquacultura, “Equipamentos para piscicultura”, site:

http://www.beraqua.com.br.

[6] Almeida, G. F. da S., Marcelino, M., A., Castagnolli, N, “Controlador Automático para

Piscicultura em Tanques Artificias”, II Congresso Latino Americano de Ingenieria Agrícula,

ppa 246, p.1, Bauru, SP, 1996.

[7] Medeiros, F. da C., “Tanque-Rede – Mais Tecnologia e Lucro na Piscicultura”, Cuiabá,

MT, 2002.

[8] Rosa, P.V., et al., “Palatabilidade e Incidência de Patógenos em Tilápias do Nilo

Alimentadas com Dejetos de Suínos”, Rev. Soc. Bras. Zoot., pp. 542-545, 1990.

[9] Coughanowr, D. R. AND KOPPEL,L.B. Análise e Controle de Processos Ed. Guanabara,

Rio de Janeiro, RJ, 478p, 1978.

[10] Data Hund Book - Integrate Circuits 80C51 - Based 8 bis - Microcontrollers - Philips

Semicondutores, 1992.

[11] Taub, H., “Circuitos Digitais e Microprocessadores”, McGraw-Hill do Brasil, São Paulo,

SP, 503p, 1984.

[12] Gimenez, S. P., “Microcontroladores 8051”, Pearson Education do Brasil Ltda, São

Paulo, SP, 253p, 2002.

[13] Silva, J., VIDAL P., “Aplicações Práticas do Microcontrolador 8051”, Editora Érica, São

Paulo, SP, 243p, 2003.

[14] Lander, C. W.,“Eletrônica Industrial Teoria e Aplicações”, 2. ed., Editora Makron Books,

São Paulo, SP, 625p, 1996.

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