BIBLIOLOGIA_INTRODUÇÃO

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SUMRIOSUMRIO................................................................................................................................................................1 INTRODUO.......................................................................................................................................................4 CAPTULO 1: A CANONICIDADE DOS TEXTOS BBLICOS......................................................................5 1.1 - A BBLIA........................................................................................................................................................5 1.2 - CNON, CANONIZAO, LIVROS CANNICOS. AFINAL, O QUE ISSO? ....................................................................6 1.2.1 - Fatores determinantes na canonizao dos livros da Bblia:.............................................................7 1.3 - CRITRIO PARA A ESCOLHA DOS LIVROS QUE COMPEM A BBLIA. ...........................................................................8 1.3.1 - Livros apcrifos do Antigo Testamento:..............................................................................................9 1.3.2 - Livros apcrifos do Novo Testamento:..............................................................................................11 1.3.3 - Cnon do Antigo Testamento:...........................................................................................................14 1.3.4 - Cnon do Novo Testamento:..............................................................................................................16 .................................................................................................................................................................................18 CANON DO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO............................................................................................18 CAPTULO 2: A INSPIRAO DO ANTIGO TESTAMENTO....................................................................19 2.1 - "A LEI" OU "A LEI DO SENHOR": ..................................................................................................................19 2.2 - "OS PROFETAS" .............................................................................................................................................19 2.3 - A REIVINDICAO DO ANTIGO TESTAMENTO A FAVOR DE SUA INSPIRAO. .................20 2.4 - O ANTIGO TESTAMENTO NA QUALIDADE DE TEXTO PROFTICO. ........................................20 2.5 - REIVINDICAES ESPECFICAS DO ANTIGO TESTAMENTO A FAVOR DE SUA INPIRAO ............................................................................................................................................................................23 2.5.1 - Inspirao dos profetas .....................................................................................................................24 2.6 - REFERNCIAS DO NOVO TESTAMENTO A LIVROS ESPECFICOS DO ANTIGO TESTAMENTO.................................................................................................................................................25 2.6.1 - CONFIRMAO OU CONCILIAO? ..........................................................................................25 2.7 - APOIO DO NOVO TESTAMENTO VINDICAO DE INSPIRAO FEITA PELO ANTIGO TESTAMENTO.................................................................................................................................................26 2.8 - REFERENCIAS DO NOVO TESTAMENTO INPIRAO DO ANTIGO TESTAMENTO. ..........26 2.9 - REFERNCIA DO NOVO TESTAMENTO A SEES ESPECFICAS DO ANTIGO TESTAMENTO. ...............................................................................................................................................29 CAPTULO 3: SUA VERACIDADE .................................................................................................................31 3.1 - SIGNIFICADO. ................................................................................................................................................31 3.2 - PROVAS. .......................................................................................................................................................32 3.2.1 - Estabelecidas por consideraes negativas. .....................................................................................33 3.2.2 - Estabelecida por consideraes positivas. .......................................................................................33 CAPTULO 4: SUA INSPIRAO OU AUTORIDADE DIVINA.................................................................43 4.1 - A INSPIRAO DA BBLIA.................................................................................................................................43 ...........................................................................................................................................................................43 4.2 - DEFINIO ETIMOLGICA.................................................................................................................................45 4.3 - DEFINIO TEOLGICA....................................................................................................................................46 4.4 - INSPIRAO VERBAL E PLENRIA DA BBLIA........................................................................................................46 4.5 - A INSPIRAO DA BBLIA NICA....................................................................................................................46 4.6 - O NOVO TESTAMENTO REIVINDICA INSPIRAO DIVINA .......................................................47 4.7 - A PROMESSA DE CRISTO A RESPEITO DA INSPIRAO..............................................................47 4.7.1 - A comisso dos Doze:........................................................................................................................47 4.7.2 - O envio dos setenta:...........................................................................................................................48 4.7.3 - O sermo do monte das Oliveiras:....................................................................................................48 4.7.4 - Os ensinos durante a ltima ceia:.....................................................................................................48 4.7.5 - A Grande Comisso:..........................................................................................................................49

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4.8 - A PROMESSA DE CRISTO REIVINDICADA PELOS DISCPULOS .................................................49 4.9 - TEORIAS DA INSPIRAO DA BBLIA ..................................................................................................................50 4.9.1 - Teoria do ditado Verbal:...................................................................................................................51 4.9.2 - Teoria da inspirao Plenria:.........................................................................................................51 4.9.3 - Teoria da inspirao Dinmica:........................................................................................................51 4.9.4 - Teoria da inspirao Parcial:...........................................................................................................52 4.9.5 - Inspirao natural:............................................................................................................................52 4.9.6 - Iluminao espiritual:........................................................................................................................52 4.9.7 - Inspirao conceitual:.......................................................................................................................53 4.9.8 - Inspirao segundo a Neo-ortodoxia:...............................................................................................53 4.10 - DOIS TESTEMUNHOS IMPORTANTES :.................................................................................................................53 4.10.1 - Paulo................................................................................................................................................54 4.10.2 - Pedro ...............................................................................................................................................54 4.11 - A AUTORIDADE DA ESCRITURA ......................................................................................................................54 4.12 - A INTERPRETAO DA ESCRITURA..................................................................................................................57 ...........................................................................................................................................................................57 4.13 - AS REIVINDICAES DA PRPRIA BBLIA ..........................................................................................................58 4.14 - O TESTEMUNHO DO ESPRITO SANTO ACERCA DA AUTORIDADE DA BBLIA...................59 4.15 - OUTROS INDCIOS DA AUTORIDADE DA BBLIA........................................................................60 CAPTULO 5: A NECESSIDADE DA BBLIA ...............................................................................................61 5.1 - NECESSIDADE ESPIRITUAL.................................................................................................................................62 5.2 - NECESSIDADE MORAL......................................................................................................................................62 5.3 - NECESSIDADE HISTRICA..................................................................................................................................63 5.4 - NECESSIDADE LITERRIA..................................................................................................................................64 5.5 - NECESSIDADE DE CONHECER A VONTADE DE DEUS (DT 29-29)............................................................................65 CAPTULO 6: A INERRNCIA DA BBLIA...................................................................................................66 6.1 - DEFINIO ETIMOLGICA.................................................................................................................................66 6.2 - DEFINIO TEOLGICA....................................................................................................................................66 6.3 - ARGUMENTOS CONTRA A INERRNCIA ...............................................................................................................67 6.4 - EVIDNCIAS A FAVOR DA INERRNCIA................................................................................................................67 CAPTULO 7: A INFALIBILIDADE DA BBLIA...........................................................................................68 7.1 - O QUE INFALIBILIDADE..................................................................................................................................68 7.2 - DEFINIO TEOLGICA....................................................................................................................................68 7.3 - A BBLIA D TESTEMUNHO DE SUA INFALIBILIDADE..............................................................................................68 CAPTULO 8: A CLAREZA DA BBLIA ........................................................................................................69 8.1 - O QUE CLAREZA:..........................................................................................................................................69 8.2 - DEFINIO TEOLGICA:...................................................................................................................................69 8.3 - O TESTEMUNHO DA BBLIA QUANTO SUA CLAREZA:...........................................................................................70 CAPTULO 9: A SUPREMACIA DA BBLIA EM MATRIA DE F E PRTICA .................................72 9.1 - DEFINIO.....................................................................................................................................................72 9.2 - DEFINIO TEOLGICA....................................................................................................................................72 9.3 - TESTEMUNHO DA BBLIA A RESPEITO DE SUA AUTORIDADE....................................................................................73 CAPTULO 10: A COMPLETUDE DA BBLIA .............................................................................................75 10.1 - DEFINIO...................................................................................................................................................75 10.2 - DEFINIO TEOLGICA..................................................................................................................................75 10.3 - O TESTEMUNHO DA BBLIA QUANTO A SUA SUFICINCIA......................................................................................75 CAPTULO 11: COMO INTERPRETAR CORRETAMENTE A BBLIA ..................................................78 11.1 - INTERPRETAO LITERAL:...............................................................................................................................78 11.2 - ILUMINAO ESPIRITUAL:...............................................................................................................................79 11.3 - PRINCPIO GRAMATICAL:................................................................................................................................79 11.4 - CONTEXTO HISTRICO:..................................................................................................................................79 11.5 - ENSINO TEOLGICO:......................................................................................................................................80 11.6 - SIMETRIA BBLICA:.......................................................................................................................................80

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CAPTULO 12: O TESTEMUNHO DAS VIDAS TRASFORMADAS .........................................................82 CAPTULO 13: A TRANSMISSO DA BBLIA ...........................................................................................84 13.1 - AS LNGUAS DA BBLIA.....................................................................................................................84 13.2 - O VELHO TESTAMENTO ................................................................................................................................86 13.3 - O VELHO TESTAMENTO HEBRAICO ................................................................................................................87 13.4 - O PENTATEUCO SAMARITANO........................................................................................................................89 13.5 - A SEPTUAGINTA ..........................................................................................................................................89 13.6 - OUTRAS TRAOUOES GREGAS .......................................................................................................90 13.7 - A HEXAPLA DE ORGENES................................................................................................................91 13.8 - TRADUES EM OUTRAS LNGUAS....................................................................................................................91 ...........................................................................................................................................................................91 13.9 - O NOVO TESTAMENTO ......................................................................................................................92 13.10 - A VULGATA LATINA DE JERNIMO ............................................................................................95 13.11 - A IMPRESSO DO TEXTO GREGO..................................................................................................95 13.12 - A BBLIA EM INGLS .......................................................................................................................97 13.13 - A BBLIA EM LNGUA PORTUGUESA..........................................................................................102 13.13.1 - A Verso de Almeida....................................................................................................................102 13.13.2 - A Verso de Figueiredo ..............................................................................................................108 13.13.3 - A Edio Brasileira......................................................................................................................111 13.13.4 - A Traduo Revisada da Imprensa Bblica Brasileira................................................................112 CAPTULO 14: A BBLIA E A CINCIA.......................................................................................................115 14.1 - EVIDNCIAS E PRESSUPOSIES.....................................................................................................................115 14.1.1 - A Evidncia Cientfica:..................................................................................................................116 14.1.2 - Pressupostos:.................................................................................................................................116 14.2 - FATOS INCONTESTVEIS...............................................................................................................................118 14.2.1- Cosmolgico (cosmos - mundo)......................................................................................................118 ....................................................................................................................................................................118 14.2.2 - Teleolgico (tlios= fim, propsito, ordem, fim) ..........................................................................119 14.2.3 - Antropolgico (antropos - homem) ...............................................................................................119 14.2.4. Ontolgico (ontos - ser, existncia) ...............................................................................................120 14.3 - A BBLIA E A CINCIA ANDAM JUNTAS .........................................................................................................120 14.3.1- A fsica quntica:............................................................................................................................120 14.3.2 - Lei da conservao:.......................................................................................................................121 14.3.3 - Depoimentos de cientistas com mensagem de f:..........................................................................121 CONCLUSO.....................................................................................................................................................123 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................................................124

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INTRODUOEste trabalho de extrema importncia, visto que precisamos ter confiana na Bblia que lemos, a fim de podermos seguir os ensinamentos que l esto determinados. Como poderemos saber o caminho certo se o Esprito de Deus no nos guiar? Ns no somos nada quanto estamos sozinhos, mas com Deus somos mais do que vencedores. Sem dvida muitos livros apcrifos podem trazem ensinamentos bons, mas misturados com ensinamentos errados e a capacidade de vermos esta diferena, s o Esprito de Santo Deus pode nos dar. O melhor em minha opinio, seria nem llos, pois devemos nos afastar da presena do mal. muito bom conhecer de onde nossa Bblia veio, como Ela chegou at ns, quem participou de Sua formulao e quem deve L-la. Lembre-se, todos ns devemos L-la sempre.

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CAPTULO 1: A CANONICIDADE DOS TEXTOS BBLICOS

1.1 - A BBLIA A palavra "Bblia" se origina da palavra "biblos" que era o nome dado ao caule da rvore de onde se tirava o papiro, e tem, hoje, como significado reunio de pequenos livros. Na verdade, a Bblia no um livro apenas, mas uma coleo de livros - 39 no Antigo Testamento (AT) e 27 no Novo Testamento (NT). Sua composio demandou sculos e sua autoridade perdura por milnios. A Inspirao do Texto Sagrado uma qualidade prpria, ntima - ela porque . As palavras das Escrituras so as que nutrem a nossa vida espiritual, como j dizia Moiss: "Porque esta palavra no vos v, antes a vossa vida; e por esta mesma palavra prolongareis os dias na terra a qual, passando o Jordo, ides a possuir." (Dt 32:47). O mesmo Moiss advertiu o povo de que nada deveria ser acrescentado ou suprimido da Palavra de Deus: "No acrescentareis palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR vosso Deus, que eu vos mando." (Dt 4::2). A determinao precisa da extenso do cnon das Escrituras de extrema importncia, pois, para que possamos confiar em Deus e obedecer a Ele de modo absoluto, precisamos de uma coleo de palavras sobre as quais temos certeza serem as palavras do prprio Deus para ns.

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1.2 - CNON, CANONIZAO, LIVROS CANNICOS. AFINAL, O QUE ISSO?

A unio de livros de cada uma das partes tem o nome de "cnon". Essa palavra vem do grego e significa "aferidor de medida", "padro". "medida infalvel". Por que os livros da Bblia so considerados cannicos; isto , sagrados e inspirados por Deus? Por que temos, na Bblia, um apocalipse de Joo, mas um outro apocalipse (supostamente escrito por Pedro) foi deixado de fora no cnon? Ser que existe algum critrio para julgar estes livros, atravs do qual eles foram classificados em cannicos ou "apcrifos"? Vejamos alguns conceitos: No caso cristo, cnon significa "regra de f", ou seja, um catlogo de livros considerados sagrados. Os livros que no foram considerados cannicos so chamados apcrifos ou dutero-cannicos, isto : de "outro cnon". No pertencem a nenhum cnon cristo atual. Tambm existem os pseudo-epgrafos (ttulo falso) - livros com o nome de um autor que, na verdade, no os escreveu. Alguns exemplos: Orao de Manasss, Carta de Jeremias, Ascenso de Moiss, Livro de Enoque, Apocalipse de Isaas, Apocalipse de Pedro, A Carta aos Romanos, Evangelho de Ado e outros. Todos estes livros estiveram presentes na vida da igreja crist dos primeiros sculos. Entretanto, eles no alcanaram o "status" de cannicos. E. J. Young observa que no existe nenhum sinal de origem divina nesses livros ou em qualquer Eva (Tbuas de Eva), Evangelho da Infncia de Jesus, Pastor de Hermas, Epstola de Clemente, As Sete Epstolas de Incio, e muitos

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outro apcrifo ou deuterocannico. Tanto Judite como Tobias contm erros histricos, cronolgicos e geogrficos, por exemplo. Existem pelo menos trs razes necessrias para se definir o cnon da Igreja: - Surgimento de "cnons particulares" - Marcio (que viveu por volta do ano 140 AD) desenvolveu seu prprio cnon e comeou a divulg-Ia. Por isso, a Igreja precisava decidir qual era o verdadeiro cnon das Escrituras . - Livros com ensinamentos contrrios f crist - O uso de livros que continham outro fundamento que no a "doutrina dos apstolos" estava causando grandes males entre as igrejas nascentes, distorcendo a f em Cristo. - Perseguio e martrio - No ano de 303 AD, o imperador Diocleciano decretou a destruio dos livros sagrados dos cristos. Com isso, surgiu a pergunta: quais livros eram realmente sagrados? Por quais livros valia a pena morrer?

1.2.1 - Fatores determinantes na canonizao dos livros da Bblia:

Existem alguns critrios que levaram a Igreja Primitiva a aceitar ou rejeitar determinado livro. O livro deveria ser claramente inspirado por Deus e escrito por pessoas "comissionadas" por Deus para isso. No caso do Antigo Testamento, havia a prova do profeta: o autor teria que ser comprovado como profeta de Jav. J no caso do Novo Testamento, o principal teste da inspirao foi a apostolicidade, isto , o livro deveria ser relacionado diretamente aos apstolos. O livro no tinha que ser necessariamente escrito por um apstolo, mas teria que receber a aprovao apostlica. O livro deveria ter uma lio prtica para a vida crist. Para a igreja primitiva, claro que s existe uma nica autoridade absoluta: a autoridade de Jesus Cristo.

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No caso dos livros do Antigo Testamento, o livro teria que ser escrito em hebraico ( por isso que a verso grega do A T, encomendada por Ptolomeu para a biblioteca de Alexandria, no era considerada sagrada pelos judeus). O livro deveria ser aceito pela comunidade crist, e sua linguagem e estilo literrio no poderia ser artificiais e destoar do restante das Escrituras. Tambm no poderia conter ensinamentos doutrinrios opostos aos presentes no restante da Bblia. Historicamente, os livros apcrifos foram rejeitados pelos conclios da igreja, nos primeiros quatro sculos da Era Crist. Eles apresentam grandes diferenas em relao s doutrinas centrais da f crist, que esto claramente demonstradas nos livros cannicos.

1.3 - CRITRIO PARA A ESCOLHA DOS LIVROS QUE COMPEM A BBLIA.

A palavra Testamento vem do latim testamentum, e no contexto bblico quer dizer "Aliana". Sendo assim, podemos perfeitamente substituir a palavra "testamento" pelo termo "aliana", dividindo a Bblia em duas partes: a Antiga e a Nova Aliana. A Bblia Catlica composta por 73 livros; 46 no AT e 27 no NT, j a Bblia protestante composta por 66 livros (39 no AT e 27 no NT). Os 66 Livros no esto seqenciados em ordem cronolgica, mas sim de forma temtica. Os sete livros a mais da Bblia catlica, so: Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Sabedoria, Eclesistico (ou Sircida) e Baruc. Possui, ainda, adies nos livros de Ester e Daniel. A esses livros d-se o nome de Deuterocannicos, considerados apcrifos (no inspirados) por evanglicos e judeus, todos escritos em grego. A Igreja Catlica Romana aprovou os livros apcrifos em 8 de abril de 1546. Nessa poca, os protestantes opunham-se violentamente s doutrinas romanistas

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do purgatrio, orao pelos mortos, salvao pelas obras, citadas em alguns desses livros. Alm desses, existem uma infinidade de outros livros que tambm foram considerados apcrifos, tanto por evanglicos e judeus quanto por catlicos. Aqui esto alguns deles, estando includos alguns pseudo-epgrafos e os Deuterocannicos:

1.3.1 - Livros apcrifos do Antigo Testamento:

Estes livros no faziam parte do cnon hebraico, mas eram aceitos pelos judeus de Alexandria que liam o grego. Alguns deles so citados no Talmude. I I I Esdras - Relata fatos histricos desde o tempo de Josias at Esdras, sendo a maior parte da matria tirada dos livros das Crnicas, de Esdras, e de Neemias. Foi escrito no sculo I aC. IV Esdras .. Srie de vises e profecias, especialmente apocalpticas, que alegadamente Esdras teria anunciado. Tobias - uma histria novelstica sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael. Apresenta a justificao pelas obras (4.7-11 ;12.8), a mediao dos santos (12.12), supersties (6.5, 7.9,19) e um anjo engana Tobias e o ensina a mentir (5.115-19). Judite - Histria da libertao de judeus do poder do general persa Holofernes, realando a coragem da herona Judite, viva e formosa que salva sua cidade enganando um general inimigo e decapitando-o. Grande heresia a prpria histria onde os fins justificam os meios. Ester - Captulos adicionados ao livro cannico de Ester, do sculo II aC. Sabedoria - Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra a incredulidade e

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idolatria do epicurismo (filosofia grega na era crist). Apresenta o corpo como priso da alma (9.15), a doutrina sobre a origem e o destino da alma (8.19 e 20) e a salvao pela sabedoria (9.19), todas contrrias Bblia. Eclesistico - Ou "Sabedoria de Jesus, filho de Siraque". Coleo de ditados prudentes e judiciosos, semelhante ao livro dos Provrbios. Apresenta, todavia, a justificao pelas obras (3.33,34), o trato cruel aos escravos (33.26 e 30; 42.1 e 5) e incentiva o dio aos samaritanos (50.27, 28) Baruque - Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa exortao aos judeus quando da destruio de Jerusalm. Mas de data muito posterior, quando da segunda destruio de Jerusalm, no ps Cristo. Tem, entre outras doutrinas, a intercesso pelos mortos (3.4). II Daniel - Aditamento ao livro de Daniel, com "cntico dos trs jovens" (o cntico dos trs jovens na fornalha), "histria de Susana" (representando Daniel como justo juiz, em que segundo esta lenda, Daniel salva Suzana num julgamento fictcio baseados em falsos testemunhos), "Bel e Drago" (conta histrias sobre a necessidade da idolatria). Manasss - Orao de Manasss, rei de Jud, no seu cativeiro da Babilnia. I Macabeus - Descreve a histria de trs irmos da famlia "Macabeus", que no chamado perodo interbblico (400aC.-3dC) lutam contra inimigos dos judeus visando preservao do seu povo e da sua terra. I IMacabeus - No a continuao de I Macabeus, mas um relato paralelo, cheio de lendas e prodgios de Judas Macabeu. Apresenta a orao pelos mortos; culto e missa pelos mortos; intercesso pelos santos e o prprio autor no se julga inspirado.

I I I Macabeus - Histria fictcia de 217 aC, enunciando as relaes do rei egpcio Ptolomeu IV, com os judeus da Palestina e Alexandria.

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IV Macabeus - Ensaio homiltico, feito por um judeu de Alexandria, conhecedor da escola estica sobre II Macabeus. Livros dos Jubileus - Ou "Pequeno Gnesis", tratando de particularidades do Gnesis de uma forma imaginria e Iegendria, escrito por um fariseu entre os anos de 135 e 105 a.C. Testamento dos 12 Patriarcas - Livro de modelo de ensino moral.

1.3.2 - Livros apcrifos do Novo Testamento:

Sob este nome so algumas vezes reunidos vrios escritos cristos de data primitiva, que pretendem dar novas informaes acerca de Jesus Cristo e seus apstolos, ou novas instrues sobre a natureza do Cristianismo em nome dos primeiros cristos. "Evangelhos" Evangelho segundo os Hebreus; Evangelho dos Egpcios; Evangelho dos Ebionitas; Evangelho de Pedro; Protoevangelho de Tiago; Evangelho de Tom; Evangelho de Filipe; Evangelho de Bartomeu; Evangelho de Nicodemos; Evangelho de Gamaliel; Evangelho da Verdade. Epstolas I Clemente; As Sete Epstolas de Incio; Aos Magnsios; Aos Trlios; Aos Filadlfios; Aos Esmirnenses e a Policarpo; A Epstola de Policarpo; A Epstola de Barnab. Atos

Atos de Paulo; Atos de Pedro; Atos de Joo; Atos de Andr; Atos de Tom.

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Apocalipses

Apocalipse de Pedro; Pastor de Hermas; Apocalipse de Paulo; Apocalipse de Tom; Apocalipse de Estevo. Tais livros nunca foram reconhecidos pelos judeus e esse fato fundamental, considerando a doutrina de Romanos 3:2. Os Judeus perceberam que a inspirao proftica terminara com Esdras. Esta a concluso a que chegamos atravs das palavras de Flvio Josefo: "Desde Artaxerxes at os nossos dias, escreveram-se vrios livros: mas no os consideramos dignos de confiana idntica aos livros que os precederam, porque se interrompeu a sucesso dos profetas. Esta a prova do respeito que temos pelas nossas Escrituras. Ainda que um grande intervalo nos separe do tempo em que elas foram encerradas, ningum se atreveu a juntar-Ihes ou tirar-Ihes uma nica slaba; desde o dia de seu nascimento, todos os judeus so compelidos, como por instinto, a considerar as Escrituras como o prprio ensinamento de Deus, e a ser-Ihes fiis, e, se tal for necessrio, dar alegremente a sua vida por elas." (Discurso Contra pion, captulo primeiro, oitavo pargrafo). O maior problema em consider-los dignos de confiana porque, segundo judeus e protestantes, h muitos ensinos falsos, em contradio com os livros considerados cannicos. Exemplos: Justificao pelas obras Em Eclesistico 3:33 e Tobias 4:7-11 defende-se a justificao (salvao) pelas obras, o que negado por Efsios 2:8,9. Em Tobias 12:8,9 ensina-se que as ofertas caridosas podem expiar o pecado, mas lemos em I Pedro 1: 18, 19 que no com coisas corruptveis, como prata ou ouro que somos salvos, mas pelo precioso sangue de Cristo.

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Mediao dos santos: Em Tobias 12:12 narra-se a mediao dos santos, doutrina que completamente repudiada na Bblia. H um s Deus e um s Mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo Homem (I Timteo 2:5). Ele disse: "Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ningum vem ao Pai seno por Mim" (S.Joo 14:6). Orao pelos mortos: Em II Macabeus 12:44-46 doutrina-se a orao pelos mortos, o que a Bblia no admite (cfr. Hebreus 9:27 e Joo 3:18,36). Supersties e feitiarias: Em Tobias 6:5-8 promove-se o ensino da arte mgica. Porm, corao de um peixe no possui poder mgico e sobrenatural para espantar "toda a espcie de demnios". Satans no pode ser expulso por algum truque (cfr. Marcos 16:17 e Atos 16:18). Pedido de desculpas: Em II Macabeus 15:38,39, o autor do livro pede desculpas, algo que completamente inaceitvel perante o texto bblico inspirado por Deus (cfr. 11 Pedro 1 :20,21). Ensino do Purgatrio: A Religio Catlica baseia a sua crena no purgatrio, particularmente devido ao livro de Sabedoria 3: 1-4. Porm, esse ensino aniquila completamente a expiao feita pelo Senhor Jesus. Se o pecado pudesse ser extinto pelo fogo do purgatrio, no tnhamos necessidade de Cristo, nem Ele tinha tido a necessidade de morrer na Cruz do Calvrio (I Joo 1 :7). Relatos impossveis: Os apcrifos do Novo Testamento no constituem nenhum problema, porque so rejeitados por todas as igrejas crists, face fragilidade desses escritos. Basta citar o exemplo do "Evangelho" de So Toms: Jesus atravessava uma aldeia e um menino que passava correndo, esbarra-lhe no ombro. Jesus irritado, disse: no continuars tua carreira. Imediatamente, o menino caiu morto. Seus pais correram a falar a Jos; este repreende a Jesus que castiga os reclamantes com terrvel cegueira. Este relato, que no se coaduna com a sublimidade dos ensinos de Cristo, suficiente para provar que este evangelho esprio. O Senhor Jesus citou, por diversas vezes, as Escrituras do Antigo Testamento,

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porm, nunca citou qualquer texto dos chamados livros apcrifos. Vejamos alguns exemplos das citaes que Jesus fez no Velho Testamento. Vale conferir as seguintes citaes do Antigo Testamento, constantes em Lucas 17:2629; 24:27 e 44; Mateus 4:4,7,10; 12:40; 19:4-5; Marcos 12:36 e Joo 5:46-47.

1.3.3 - Cnon do Antigo Testamento:

A tarefa de formar o que hoje chamamos de AT comeou, graas a Esdras e Grande Sinagoga, por volta de 450 a.C. opinio da maioria dos estudiosos que no tempo de Cristo o AT j existia na forma como indicamos acima. Aps a queda de Jerusalm no ano 70 a.D., houve uma grande discusso acerca do cnon bblico. Um rabino chamado Yochanan ben Zakkai obteve permisso escrita das autoridades romanas para convencer o Conclio de Jamnia a discutir o cnon da Escritura. O debate, porm, se limitou a quatro livros que eram considerados "perifricos": Provrbios, Eclesiastes, Cantares de Salomo e Ester. Depois que os prs e os contras desses livros foram discutidos, o conclio decidiu inclu-Los no cnon, juntamente com os outros livros que hoje fazem parte do AT. Na verdade, o conclio poderia ter feito algo mais; os livros que eles decidiram reconhecer como cannicos j eram geralmente aceitos, embora houvesse algumas interrogaes acerca deles. Os livros que recusaram admitir nunca foram includos. Eles no expulsaram do cnon nenhum livro que j houvesse sido previamente admitido." O Conclio de Jamnia no investiu os livros da Bblia de autoridade ao inclu-los numa espcie de lista sagrada. Eles foram includos na lista - o cnon - porque .j eram reconhecidos como inspirados por Deus e autoritativos, e isso, na maioria dos casos, j por vrios sculos.

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Um escritor judeu contemporneo de Cristo, Filo de Alexandria, aceitava o cnon do AT da forma como o fazemos hoje. O mesmo verdade acerca de Flvio Josefo, outro escritor judeu do primeiro sculo. A mais antiga lista crist conhecida dos livros do AT foi feita por Melito, bispo de Sardes, cerca de 170 a. D., preservada por Eusbio no quarto volume de sua Histria Eclesistica. O conjunto de todos os livros do AT aceitos pelos judeus tem o nome de TanaK Torah (a lei), Nebulim (os profetas), Ketubim (cerimoniais). - Torah: Gnesis, xodo, Levtico, Nmeros, Deuteronmio . Nebulim: Profetas anteriores (Josu, Juzes, Samuel I e II, Reis I e II) , Profetas

posteriores (Isaas, Jeremias, Ezequiel, Osias, Joel, Ams, Obadias, Jonas, Miquias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias). Ketubim: Livros poticos (J, Salmos, Provrbios); Megilote-festas) judaicas: Rute (Pentecostes), Ester (Purim ou Perdo), Eclesiastes (Tabernculo),

Cantares (Pscoa), Lamentaes (5 ms judaico - Abe); Demais livros (Crnicas I e 1 1 Esdras, Neemias, Daniel). , O cnon do AT para os judeus (Tanak) composto de 22 livros e para conseguir isto fizeram: Josu + Juzes (1 livro) Samuel I e II (1 livro) Reis I e II (1 livro) Profetas de Ezequiel Malaquias (1 livro) Crnicas I e II (1 livro) Esdras + Neemias (1 livro) A lngua hebraica j estava caindo em desuso por volta de 300 a. C, ento, no

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reinado de Ptolomeu Filadelfo (285245 a.C), foram reunidos 70 judeus residentes na Alexandria para traduzir toda Tanak para o grego. Porm, junto com a Tanak, foram traduzidos mais 7 livros e 2 textos que compuseram a Septuaginta: Tobias; I e II Macabeus; Judite; Eclesistico, Sabedoria, Baruque, e os acrscimos a Daniel e Ester.

Jernimo (340-420 d.C) traduziu toda a Septuaginta para o latim, que recebeu o nome de Vulgata. Porm o prprio Jernimo declarou que os livros acrescidos na Septuaginta no faziam parte do cnon original. Em 1546 no Conclio de Trento a igreja catlica fechou o seu cnon exatamente igual a Septuaginta, uma vez que os livros apcrifos davam credibilidade as suas doutrinas herticas e necessitavam fazer algo, pois a revoluo protestante j estava s portas .

1.3.4 - Cnon do Novo Testamento:

O cnon do NT composto dos seguintes livros, divididos nas seguintes categorias: Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas, Joo. Histricos: Atos dos Apstolos Cartas Paulinas: Romanos; I e II aos Corntios, Glatas, Efsios, Filipenses, Colossenses, I e II aos Tessalonissenses, I e II Timteo, Tito, Filemon, Hebreus (esta, na verdade, atribuda Paulo, porm sem haver uma certeza de que ele a tenha escrito). Cartas gerais ou universais: Tiago; I e II Pedro; I, II e III Joo; Judas . Proftico: Apocalipse. O fechamento do cnon do NT se deu pela necessidade de haver um fundamento sobre todo o ensino de Jesus para que no ocorressem distores doutrinrias.

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CANON DO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO

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CAPTULO 2: A INSPIRAO DO ANTIGO TESTAMENTO

2.1 - "A LEI" OU "A LEI DO SENHOR":

Este termo muitas vezes significa o conjunto de leis de Moiss, o Pentateuco. Como em Deuteronmio 31:11: ---lers esta lei diante de todo o Israel aos seus ouvidos." Aps o Pentateuco, o livro de Josu faz meno a uma lei escrita, dada como regra a Israel: "To somente esfora-te e tem mui bom nimo, para teres cuidado de fazer conforme toda a Lei que meu servo Moiss te ordenou; dela no se desvieis, nem para direita, nem para esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares. No se aparte da sua boca o livro da lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele est escrito; porque ento fars prosperar o seu caminho, e ento prudentemente te conduziras." Josu 1 :7-8. Depois Davi cita as palavras ditas por Josu e recomenda a Salomo que leia o livro sagrado,empregando os seus termos (I Reis 2:3). Esdras era o Escriba titular mui hbil na lei (Esdras 7:6) e Neemias leu o livro da lei por um ms em praa pblica em Jerusalm, com isso viu-se um grande avivamento por parte do povo. Em muitos outros livros do Velho Testamento faz-se meno aos livros da lei.

2.2 - "OS PROFETAS"

Ser que a Bblia realmente se diz inspirada ou seria essa idia mera reivindicao

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feita pelos crentes a respeito desse livro? Falando mais especificadamente, ser que cada parte ou cada livro da Bblia se diz inspirado? Nos prximos assuntos a discutirmos, estaremos tentando responder essas perguntas. Primeiramente, iremos examinar a reivindicao do antigo Testamento a favor da inspirao.

2.3 - A REIVINDICAO DO ANTIGO TESTAMENTO A FAVOR DE SUA INSPIRAO.

O Antigo testamento reivindica para si a inspirao divina, com base no fato de se apresentar perante o povo de Deus e ser por esse povo recebido como pronunciamento proftico. Os livros escritos pelos profetas de Deus eram conservados em lugares sagrados. Moiss colocara sua lei na arca de Deus (Dt. 10.2). Mais tarde, ela seria mantida no tabernculo, para ensino das geraes futuras (Dt 6.2) Cada profeta, depois de Moiss, acrescentou seus escritos coleo existente. Alis, o segredo da inspirao do antigo Testamento est na funo proftica de seus escritores.

2.4 - O ANTIGO TESTAMENTO NA QUALIDADE DE TEXTO PROFTICO.

O profeta era o porta-voz de Deus. As funes do profeta ficam esclarecidas nas varias menes que a ele se fazem. O profeta era chamado homem de Deus (I Rs 12.22), o que revela ser ele escolhido por Deus; era chamado servo do Senhor (I Rs 14.18), o que mostra sua ocupao. Mensageiro do Senhor (Is 42.19), o que assinala sua misso a servio de Deus; vidente(ls 30.10), o que revela a fonte apocalptica de sua verdade; homem do esprito (Os 9.7), o que manifesta sua prontido em realizar a obra de Deus. Acima de todas as designaes, entretanto,

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sobressai a de "profeta", ou seja, o porta-voz de Deus. Os falsos profetas eram identificados graas as suas profecias falsas e pela falta de confirmao miraculosa. Assim declara o livro de Deuteronmio: "Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e o que disser no acontecer nem se realizar, essas palavras no procedem do Senhor" (Dt 18.22). Sempre que se punha em dvida um profeta ou se exigia sua confirmao, Deus deixava claro, por meio de milagres, a quem havia chamado. A terra se fendeu e tragou a Cor e aos demais que contestavam a vocao de Moiss (Nm 26.10). Elias foi exaltado sobre os profetas de Baal, quando estes pereceram no fogo cado do cu (I Rs 18.38). At mesmo os magos do Egito reconheceram os milagres divinos realizados por meio de Moiss, quando disseram: " ... Isto o dedo de Deus ... " (Ex 8.19). Sempre ficou bem claro na funo do profeta de Deus que o que dizia era a palavra da parte de Deus. Veremos, pois que as passagens do Antigo Testamento ir considerar declaraes profticas. H vrias maneiras de comprovarmos tal enunciado.

As declaraes profticas eram escritas. Muitas declaraes profticas eram transmitidas oralmente, mas interessa-nos aqui o fato de que muitas delas eram registradas, sendo esses registros considerados declaraes do prprio Deus. No h a menor dvida de que as palavras escritas de Moiss fossem consideradas dotadas de autoridade divina. "No se ,aparte da tua boca o livro desta lei" (Js 1.8) foi a exortao aos filhos de Israel. De modo que tambm Josu, sucessor de Moiss, tambm "escreveu estas palavras no livro da lei de Deus" (Js 24.26). Quando o rei queimou a primeira mensagem escrita que Jeremias lhe enviara, o Senhor ordenou ao seu profeta: " Toma ainda outro rolo, e escreve nele todas as palavras que estavam no primeiro rolo" (Jr. 36.28). O profeta Isaas recebeu esta ordem: "Toma um grande rolo, e escreve nele" (Is 8.1). De modo semelhante, Habacuque recebeu esta ordem da parte de Deus: "Escreva a viso, e torna-a bem legvel sobre tbuas, pra que aquele que a ler, corra com ela" (Hc 2:2).

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Os profetas posteriores usavam os escritos dos profetas que os antecederam considerando-os Palavras de Deus escritas.

De fato que os escritores do antigo testamento eram profetas. Todos os autores tradicionais do Antigo Testamento so denominados profetas, seja como ttulo, sejam como funo. Nem todos eram profetas por ter estudado para isso, mas todos possuam o dom da profecia. Assim confessou Ams: " ... Eu no era um profeta, nem filho de profeta [ ... ] Mas o Senhor [ ... ] me disse: Vai, profetiza ao meu povo Israel" (Am 7.14,15). Davi, a quem se atribua criao de quase metade dos salmos, exercia a funo de rei. No entanto, assim testificou esse rei: "O Esprito do Senhor fala por mim, e a sua palavra est na minha boca" (2Sm 23:2). O Novo Testamento acertadamente o denomina profeta (At. 2:30). De modo semelhante, o rei Salomo, autor dos livros de Cnticos dos Cnticos, Provrbios e Eclesiastes, tiveram vises da parte do Senhor. De modo que em Nmeros 12.6, as vises eram um meio de Deus mostrar ao povo quem eram seus profetas. Embora Daniel fosse estadista, o prprio Senhor Jesus o denominou profeta (Mt 24:5).

Com todo esse fato histrico, manteve-se um registro oficial dos escritos profticos. Comprovadamente no h registros no-profticos conservados a par da compilao sagrada, que teve inicio com a lei de Moiss. Parece que houve continuidade de profetas, e cada um acrescentava seu prprio livro aos escritos profticos anteriores. Moiss guardou seus livros ao lado da arca.

Vejamos:

A respeito de Josu est escrito que acrescentou seu livro compilao (Js 24.26). Seguindo-lhe os passos, Samuel acrescentou suas palavras compresso proftica, pois a seu respeito est escrito: "E escreveu-o num livro, e o ps perante o Senhor" (18m 10.25). Samuel fundou uma escola de profetas, cujos alunos mais tarde se chamariam "filhos dos profetas (2Rm 2.3). Existem inmeros testemunhos nos livros das Crnicas segundo os quais os profetas guardavam com cuidado as histrias. A

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historia de Davi havia sido escrita pelos profetas Samuel, Nat e Gade (1 Cr 29.29). A histria de Salomo foi registrada por Nat, Aias e Ido (2Cr 9.29). O mesmo aconteceu no caso das histrias de Roboo, de Josaf, de Ezequias, de Manasses e de outros reis.

2.5 - REIVINDICAES ESPECFICAS DO ANTIGO TESTAMENTO A FAVOR DE SUA INPIRAO

A inspirao do antigo testamento no se baseia meramente numa anlise genrica dessa parte da Bblia como escrita proftico. H numerosas reivindicaes, nas pginas de cada livro, especificadamente sobre sua origem divina. Veremos tais; reivindicaes de acordo com a diviso aceita atualmente dos livros do Antigo Testamento em lei, profetas e escritos. A inspirao da lei de Moiss. De acordo com xodo 20.1: "Ento falou Deus todas estas palavras ... ". Essas afirmativas de que Deus falou algo a Moiss se repete dezenas de vezes em Levtico (e.g. 1.1,8. 9; 1.1). O livro de Nmeros registra incontveis vezes: " ... o Senhor falou a Moiss ... ". O resto do antigo testamento declara em unssono que os livros de Moiss foram outorgados pelo prprio Deus. Josu imps imediatamente os livros da lei ao povo de Israel. Vejamos: Moiss como "mandamentos do Senhor" (3.4). Samuel reconheceu que Deus havia nomeado Moiss lder do povo (1sm 12.6,8). Nas Crnicas, os registros. mosaicos so tidos por "livros da lei do Senhor, dada por intermdio de Moiss" (2~Cr 34: 14). Daniel diz que a maldio escrita na lei de Moiss "o juramento que est na lei de Moi~s, servo de Deus [ ... ]. Ele confirmou as suas palavras, que falou contar ns ... " (Dn 9.11,12).

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At mesmo em Esdras e Neemias existe o reconhecimento da lei de Deus dada a Moiss.

2.5.1 - Inspirao dos profetas

Segunda a atual diviso do Antigo Testamento, feita pelos judeus, os livros dos profetas abrangem os antigos profetas (Josu, Juizes, Samuel e Reis) e os profetas posteriores (Isaas, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores). Tambm esses vindicam autoridade divina. "Josu escreveu estas palavras no livro da lei de Deus" (Js 24.26). Deus falou aos homens em juizes em Samuel que falou e escreveu a todo Israel. Os profetas posteriores trazem inmeras vindicaes de inspirao divina. A clebre expresso "assim diz o Senhor", com que encetam suas mensagens, ocorrem centenas de vezes. De Isaas at Malaquias, o leitor literalmente bombardeado por expresses reveladoras da autoridade divina.

Sob o aspecto cronolgico, o Antigo Testamento se encerra nessa seo, conhecida por profetas, no havendo dessa parte da Bblia. No entanto, h referendas dentro dos profetas a outros autores profticos que escreveram seus livros em poca anterior. Daniel considerou o livro de Jeremias inspirado (Dn 9.2). Esdras reconheceu a autoridade divina de Jeremias, bem como a de Ageu e a de Zacarias. Numa passagem de grande importncia, Zacarias refere-se inspirao divina de Moiss e dos profetas que o precederam, dizendo que seus escritos eram "palavras que o Senhor dos exrcitos enviara pelo seu Esprito mediante os profetas que nos procedem". Esses versculos eliminam toda dvida quanto ao fato de os livros que esto na seo das Escrituras judaicas conhecida como profetas apresentarem ou no a vindicao de inspirao divina.

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2.6 - REFERNCIAS DO NOVO TESTAMENTO A LIVROS ESPECFICOS DO ANTIGO TESTAMENTO

O novo testamento da incio e apoio vindicao da inspirao divina do antigo Testamento em quase toda sua parte e todo o seu livro. Dos 22 livros do Cnon judaico mencionados no novo testamento, palavras e declaraes de Deus nos faz crescer e nos faz edificadores, porque no basta uma s palavra, a partir do momento que toda palavra se renova algumas at nos trs a significncia por completo. Vejamos alguns exemplos:

Quando Josu recebeu a promessa da parte de Deus ... no te deixarei, nem te desampararei" (1.5), a qual citada em Hebreus 13.5; e quando Jesus citou o indcio do incidente de 1 Samuel 21.1-6 em que Davi comeu os pes da proposio em apoio a autoridade do Senhor de exercer certas atividades no dia de sbado. E tambm o de Romanos 6.23 que declara "o salrio do pecado a morte" o que reflete em EzequieI18.20. A alma que pecar essa morrer". Outros exemplos so o seguinte: a morte determinada por Deus (Hb 9.2"1 confirma Ec 3.2). O amor ao dinheiro a fonte do mal (1Tm 6.10 confirma Ec Ei.10). No devemos multiplicar palavras vs em nossas oraes (Mt 6.7 confirma Ec 5.2). Todos esses textos nos levam a perceber o quanto a revelao divina um ensino de Jesus a respeito da autoridade e que pode vir centenas delas, pois a palavras de Deus nunca volta vazia. E quando o homem entende bem a verdade, o Senhor os estimula, os inspira para a proclamao da Sua Palavra que a verdade.

2.6.1 - CONFIRMAO OU CONCILIAO?

Afirmam tais estudiosos, os autores do Novo Testamento, que estariam conciliando. Porem Jesus o prprio Jesus, jamais demonstrou tendncia de conciliao e sim grandes confirmaes.

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A expulso dos guias cegos (Mt 23.16) e dos "falsos profetas" (Mt 7.15) e a advertncia aos mestres em evidncias (Jo 3.10). Dificilmente seriam tidas como sinais de conciliao ( que no Aurlio significa: ao ou efeito de conciliar).Penso que muito mais do que conciliao ou coincidncia, e sim palavras vivas e vindas do corao de Deus a nos fazer compreender sem rodeios palavra e no as tradies. O ensino de Jesus a respeito da autoridade divina do antigo Testamento to incondicional e to isento de transigncias, que no se pode rejeitar esse ensino sem rejeitar as palavras de Jesus. Seja o que for que diga a respeito da inspirao do antigo Testamento uma coisa certa: o prprio Antigo Testamento reivindica a prpria inspirao. E o Novo Testamento a confirmao de modo maravilhoso.

2.7 - APOIO DO NOVO TESTAMENTO VINDICAO DE INSPIRAO FEITA PELO ANTIGO TESTAMENTO

Vemos trs formas de abordagem ao examinarmos o ensino do Novo Testamento a respeito da inspirao do Antigo Testamento. H as passagens que se referem autoridade divina do Antigo Testamento como um todo, genericamente. H as referncias inspirao de determinadas partes ou sees do Antigo Testamento.

2.8 - REFERENCIAS DO NOVO TESTAMENTO INPIRAO DO ANTIGO TESTAMENTO.

Escrituras , de longe, o termo mais comum usado no novo testamento em referncias a antigo. De acordo com Paulo, "Toda Escritura [Antigo Testamento] inspirada por Deus" (2Tm 3.6). Disse Jesus: "A Escritura no pode ser anulada" (Jo 10.35). Com freqncia o Novo Testamento emprega o plural, Escrituras, para

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referir-se coleo de escritos judaicos dotado de autoridade divina. Respondeu Jesus aos fariseus: "Nunca lestes nas Escrituras?"(Mt 22.29). Palavra de Deus expresso que aparece menos comumente, mas talvez seja a aluso mais forte inspirao divina do antigo testamento. Em Marcos 7.13, Jesus acusou os fariseus de invalidar "a palavra de Deus" e empregou a expresso como sinnimo de Escrituras. H numerosas referencias palavra de Deus, embora nem todas identifiquem com clareza o Antigo Testamento. Paulo argumentou assim: "no que a palavra de Deus haja falhado" (Rm 9.6). Os textos que com mxima clareza identificam todo o Antigo Testamento como Palavra de Deus no deixam dvida quanto realidade de sua inspirao divina. Lei em geral palavra que se refere ao antigo Testamento como forma abreviada de "lei de Moiss". A lei representa apenas os cinco primeiros livros das Escrituras judaicas. No entanto, em certos casos, a palavra lei se aplica a todo Antigo Testamento. Joo 10.34 provavelmente um desses casos mais significativos. Visto que a citao extrada de Salmos 82.6, fica bem claro que no se refere lei de Moiss. A palavra "lei" usada aqui em relao escritura e a palavra de Deus, mostrando que a referncia se faz a todo o Antigo Testamento. Paulo introduziu uma citao do antigo Testamento com a seguinte frase: "Est escrito na lei" (1CO 14.21). Em seu famoso sermo do monte, Jesus empregou o termo lei como sinnimos de "lei e profetas", expresso que, como vemos refere-se claramente aos documentos inspirados por Deus, a que se d o nome de Antigo Testamento (MT 5.18).

A lei e os profetas, ou "Moiss e os profetas", o segundo ttulo mais comumente atribudo s escrituras judaicas. designao que ocorre dezenas de vezes no Novo Testamento. Jesus a usou duas vezes em seu famoso sermo (MT 5.17; 7.12), afirmando ter vindo terra a fim de cumprir "a lei e os profetas", os quais jamais haveriam de passar. Lucas 16.16 apresenta "a lei e os profetas" como a revelao divina at a poca de Joo Batista. Em sua defesa perante Flix, Paulo declarou ser "a lei e os profetas" todo o conselho de Deus que ele, como judeu devoto, havia praticado desde sua juventude (At 13.15), e que a Regra de Ouro, ou

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maior dos mandamentos, a smula moral (MT 7.12). Os profetas vez por outra se referia a todo o Antigo Testamento. Visto ser o Antigo Testamento enunciao proftica, no de surpreender que sejam chamados, s vezes "os profetas". Na verdade, o ttulo "profeta" usado em paralelo com a expresso "a lei e os profetas" (Lc 24.25,27), referindo-se claramente a todo o Antigo Testamento. Orculos de Deus sem dvidas a expresso que tenciona comunica essa idia. Aparece duas vezes e refere-se s Escrituras do Antigo Testamento. Disse Paulo a respeito dos judeus: "As palavras de Deus lhe foram confiadas", isto , aos judeus (Rm 3.2). Est Escrito a expresso que se encontra mais de noventa vezes no Novo Testamento. A maior parte das ocorrncias dessa expresso introduz citaes especficas, mas algumas tm aplicao ao Antigo Testamento como um todo. Eis alguns exemplos desta ltima aplicao: "Porque, pois, est escrito que o Filho do Homem deve sofrer muito e ser rejeitado?" (Mc 9.12), ainda vemos em Lucas 18.31 uma referncia mais definitiva ainda: " E se cumprir no Filho do Homem tudo o que os profetas escreveram". H outros textos ainda, como "pois dias de vingana so estes, para que se cumpram todas as coisas escritas" (Lc 21.22), que do apoio tese segundo o qual os escritos do Antigo Testamento como um todo eram considerados inspirados por Deus. Prediziam tudo a respeito de Cristo e era inevitvel que se cumprissem.

Para que se cumprissem as Escrituras uma expresso encontrada com muita freqncia no Novo Testamento em referencia ao Antigo Testamento como um todo. Jesus disse "que era necessrio que se cumprisse tudo o que de mim esta escrito" na Lei, nos profetas e nos Salmos (Lc 24.44). Essa frmula mais de trinta vezes introduz uma citao especfica do antigo Testamento ou uma referncia a essa parte da Bblia. Sempre se referem natureza proftica das Escrituras, outorgadas que foram por Deus e necessariamente, devem ser cumpridas.

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2.9 - REFERNCIA DO NOVO TESTAMENTO A SEES ESPECFICAS DO ANTIGO TESTAMENTO.

O segundo indcio no Novo Testamento de que o Antigo Testamento era considerado inspirado por Deus so as referncias de certos trechos das Escrituras hebraicas.

A Lei e os profetas como mostraram acima, referem-se a uma diviso do antigo Testamento em duas partes. Indica todos os escritos, desde Moiss at Jesus (Lc 16.16), considerados Palavras eternas de Deus (MT 5.18). Alm das referncias s duas partes em conjunto, h outras que tratam da lei e dos profetas de modo separado.

A Lei em geral designa os primeiros cinco livros do Antigo Testamento, como ocorre em Mateus 12.5. s vezes a expresso "a lei de Moiss" (At 13.39; Hb 12.5). Em outras passagens esses livros so chamados simplesmente "Moiss" (2Co 3.15), "os livros de Moiss" (Mc 12.26) Ou "os livros da lei. O Pentateuco como um todo era considerado proveniente de Deus.

Os profetas em geral identificam a segunda metade do antigo Testamento. Nem sempre fica claro que esses ttulos se referem apenas aos livros escritos aps o ministrio de Moiss, embora s vezes isso esteja muito bem especificado, como revela a separao dos dois ttulos. No que concerne ao ttulo profetas, exatamente o fato de significar porta-vozes de Deus revelava a inspirao divina dos livros que levam essa designao (2Pe 1.20,21).

Os escritos no termo neotestamentrio. Trata-se de designao no bblica usada para dividir os escritos profticos em duas partes: a escrita por profetas profissionais ("os profetas") e a escrita por outros tipos de profetas ("os escritos").

Existe apenas uma aluso no Novo Testamento a uma possvel diviso do antigo Testamento em trs partes. Seja qual for o caso, a natureza messinica e proftica

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dessa suposta terceira parte do Antigo Testamento faz que ela se destaque como inspirada por Deus.

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CAPTULO 3: SUA VERACIDADE

3.1 - SIGNIFICADO.

O que se pretende afirmar sobre veracidade das Escrituras que seus registros so verdadeiros, podendo dessa forma ser aceitos como fatos que correspondem verdade . O carter cannico das Escrituras e a autenticidade de sua autoria so reconhecidos como fato institudo; mas h ainda a necessidade do reconhecimento da veracidade de seu contedo. A questo est sobre a credibilidade do contedo bblico; seria fico ou verdade? Ao longo dos anos, muito criticismo tem sido levantado quanto confiabilidade histrica da Bblia. Estes criticismos so usualmente baseados na falta de evidncia de fontes externas confirmando o registro bblico. E sendo a Bblia um livro religioso, muitos eruditos tomam a posio de que ela parcial e no confivel a menos que haja evidncia externa confirmando-a. Em outras palavras, a Bblia culpada at que ela seja provada inocente, e a falta de evidncias externas coloca o registro bblico em dvida. Este padro extremamente diferente do aplicado a outros documentos antigos, mesmo que muitos deles, se no a maioria, contm um elemento religioso. Eles so considerados acurados a menos que a evidncia demonstre o contrrio.

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3.2 - PROVAS.

Toda afirmao pode ter sua veracidade testada e comprovada mediante comparao com os fatos, estando estes disponveis para investigaes cientficas e pesquisas histricas. Novas escavaes, achados arqueolgicos, escritos antigos, descobertas surpreendentes e avanos no conhecimento cientfico confirmam o que as Escrituras dizem. Embora no seja possvel verificar cada incidente descrito, as descobertas arqueolgicas feitas desde a metade do sculo XVIII tm demonstrado a confiabilidade e plausibilidade da narrativa bblica. Um dos mtodos mais elevados e fidedignos de avaliao de documentos histricos chamado "Crtica Textual". Foi usado para avaliar documentos como a Ilada de Homero, por exemplo. Este mesmo mtodo o que foi usado para comparar as diferentes cpias dos textos da Bblia entre si com os originais disponveis. O resultado desta anlise mostrou que menos de 1 % do texto apresenta dvidas ou variaes, portanto, 99% do texto da Bblia so puros. Nas ltimas quatro dcadas, diferentes estudos esto sendo realizados sobre os temas levantados no sculo XIX, tanto pela comunidade cientfica como em grande parte pela comunidade religiosa, fazendo com que sejam discutidos os elementos mitolgicos presentes na confeco dos livros que compe o pentateuco, que vo desde a formao do mundo existncia histrica dos seus patriarcas. H uma tentativa, nos dias atuais, por parte de arquelogos e historiadores de remontar a Bblia separando o que histria do que so mitos e lendas.

"Apesar das paixes suscitadas por este tema, ns acreditamos que uma reavaliao dos achados das escavaes mais antigas e as contnuas descobertas feitas pelas novas escavaes deixaram claro que os estudiosos devem agora abordar os problemas das origens bblicas e da antiga sociedade israelita de uma nova perspectiva completamente diferente da anterior. (. . .) A histria do antigo Israel e

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o nascimento de suas escrituras sagradas a partir de uma nova perspectiva, uma perspectiva arqueolgica." (FINKELSTEIN; SILBERMAN, 2001, pp. V-VI, p. 1).

3.2.1 - Estabelecidas por consideraes negativas. (1) No contradizem quaisquer fatos cientficos bem estabelecidos.

As afirmaes das Escrituras se encontram em harmonia com todos os fatos conhecidos, quando interpretadas corretamente. Desde a constituio fsica do universo (sistemas planetrios e estelares); a natureza dos animais iniciando-se com os inferiores e evoluindo atravs de vrias espcies na escala da existncia; da flora, sua natureza, desenvolvimento e vida; a constituio do planeta Terra, sua forma e suas foras materiais; at a constituio do homem e a complexidade de sua natureza e seu ser. Como citado anteriormente, por no ser um livro de carter cientfico, a exatido das afirmaes contidas nas Escrituras muitas vezes questionada. Apesar da cincia natural no ser seu principal tema, no deixa, contudo, de fazer parte de seu objetivo. Portanto, as Escrituras expressam com exatido suas afirmativas.

3.2.2 - Estabelecida por consideraes positivas. (1) Integridade topogrfica e geogrfica. Tem sido comprovado pela Arqueologia que os relatos feitos pelas Escrituras, sobre povos, eventos, condies polticas e lugares por ela mencionados foram encontrados realmente como descritos" em sua forma, localizao geogrfica exata e topografia. De maneira que se considerou que esses detalhes s poderiam ter realmente sido relatados por algum que viveu naquela poca e que estivesse naquelas respectivas localidades, tamanha a exatido quanto s particularidades mencionadas. Um grande exemplo a historicidade do livro de Atos dos Apstolos. Segundo opinio do Dr. Kyle, viajantes no precisam mais do que a Bblia como

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guia para descerem pela costa do Mar Vermelho (percurso seguido no xodo) devido a exatido da topografia correspondente relatada nas Escrituras. (2) Integridade etnolgica ou racial. fato confirmado que as revelaes arqueolgicas que se referem s raas, tm se demonstrado etnologicamente harmnicas com as afirmaes bblicas; no que diz respeito s informaes sobre um povo mencionado, suas relaes raciais, origem, costumes, tipo de governo ou de servido a outras naes. Essas afirmaes so consideradas originais. Os Hititas eram considerados como uma lenda bblica at que sua capital e registros foram encontrados em Bogazkoy, Turquia. Em meados do sculo XIX, aps a descoberta na antiga cidade de Nnive da biblioteca do imperador assrio Assurbanpal (668-627 a.C.), o mundo redescobriu as antigas grandes civilizaes da Mesopotmia em tbuas de argila contendo escritos em sinais mais tarde denominados cuneiformes. Civilizaes estas de que at ento, o pouco que se conhecia estava contido nos livros da Bblia, em informaes "escassas e pouco reveladoras, uma vez que estavam diretamente relacionadas com a histria do povo hebreu". Um recente documentrio da BBC comprovou que o xodo dos israelitas do Egito foi real. O relato bblico da sada do povo de Israel do Egito pode ser comprovado cientificamente. Segundo um documentrio da televiso britnica BBC, os resultados de pesquisas cientficas e os achados e estudos de egiptlogos e arquelogos desmentem a afirmao de que o povo de Israel jamais esteve no Egito. Contrariamente s teses de alguns telogos, que afirmam que o livro de xodo s foi escrito entre o stimo e o terceiro sculos antes de Cristo, os pesquisadores consideram perfeitamente possvel que o prprio Moiss tenha relatado os fatos descritos em xodo - o trabalho escravo do povo hebreu no Egito, a diviso do Mar Vermelho e a peregrinao do povo pelo deserto do Sinai. Eles encontraram indcios de que hebreus radicados no Egito conheciam a escrita semita j no sculo 13 antes de Cristo. Moiss, que havia recebido uma educao muito abrangente na corte de

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Fara, teria sido seu sbio de maior destaque. E isso teria dado a ele as condies para escrever o relato bblico sobre a sada do Egito, conforme afirmou tambm um documentrio do canal cultural franco-alemo ARTE. (3) Integridade cronolgica. Os acontecimentos relatados nas Escrituras so considerados corretamente originrios nos perodos citados, assim como sua ordem de ocorrncia e a disposio das circunstncias que os acompanham. Uma histria merecedora de confiana, honesta, tem seus primeiros elementos encontrados nos documentos bblicos. Acontecimentos ocorridos tm sua localizao encontrada com exatido; os povos mencionados em determinadas localidades, realmente se encontravam ali; e o registro do tempo desses acontecimentos confere exatamente com o tempo que devem ter acontecido. O Antigo Testamento tem sua estrutura histrica fornecida atravs desse conjunto de elementos.

(4) Integridade histrica

As descobertas arqueolgicas tambm tm comprovado a autenticidade dos nomes e ttulos dos reis citados nas Escrituras, como por exemplo, os nomes de quarenta e um dos reis citados no Antigo Testamento, desde Abrao at o fim do perodo do Antigo Testamento. Estes nomes so encontrados em inscries e documentos escritos na poca destes mesmos reis e geralmente sob suas prprias orientaes, e em seus prprios idiomas. A descoberta do arquivo de Ebla no norte da Sria nos anos 70 tem mostrado que os escritos bblicos concernentes aos Patriarcas so de todo viveis. Documentos escritos em tabletes de argila de cerca de 2300 A.C. mostram que os nomes pessoais e de lugares mencionados nos registros histricos sobre os Patriarcas so genunos. O nome "Cana" estava em

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uso em Ebla. Um nome que crticos j afirmaram no ser utilizado naquela poca e, portanto, incorretamente empregado nos primeiros captulos da Bblia. A palavra "tehom" ("o abismo") usada em Gnesis 1:2 era considerada como uma palavra recente, demonstrando que a histria da criao foi escrita bem mais tarde do que o afirmado tradicionalmente. 'Tehom", entretanto, era parte do vocabulrio usado em Ebla, cerca de 800 anos antes de Moiss. Costumes antigos, refletidos nas histrias dos Patriarcas, tambm foram descritos em tabletes de argila encontrados em Nuzi e Mari. As descobertas dos fundamentos dos prticos, junto com cermica, que datam da poca; so provas incontestveis que faltavam sobre o reinado do rei Davi e seu apogeu, que estava sendo questionado por arqueologistas, considerados cpticos. A descoberta reascendeu a polmica entre os cientistas sobre a veracidade das escrituras sagradas, trazendo provas arqueolgicas, veio a pblico justo no momento em que os arquelogos Israel Finkelstein e Neil Silberman afirmaram que a Bblia "no tinha razo", especialmente pela ausncia de provas do reinado de Davi e Salomo. Muitos pensavam que as referncias grande riqueza de Salomo eram grandemente exageradas. Registros recuperados mostram que a riqueza na antiguidade estava concentrada com o rei e que a prosperidade de Salomo inteiramente possvel. Tambm j foi afirmado que nenhum rei assrio chamado Sargon, como registrado em Isaas 20:1, existiu porque no havia nenhuma referncia a este nome em outros registros. O palcio de Sargon foi ento descoberto em Khorsabad, Iraque. O evento mencionado em Isaas 20 estava inclusive registrado nos muros do palcio. Ainda mais, fragmentos de um obelisco comemorativo da vitria foram encontrados na prpria cidade de Asdode. Outro rei cuja existncia estava em dvida era Belsazar, rei da Babilnia, nomeado em Daniel 5. O ltimo rei da Babilnia havia sido Nabonidus conforme a histria registrada. Tabletes foram encontrados mais tarde mostrando que Belsazar era filho de Nabonidus e co-regente da Babilnia. Assim, ele podia oferecer a Daniel "o terceiro lugar no reino" (Daniel. 5: 16) se ele lesse a escrita na parede. Aqui ns

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vemos a natureza de "testemunha ocular" do registro bblico freqentemente confirmado pelas descobertas arqueolgicas. Os Pergaminhos do Mar Morto, ou manuscritos do Mar Morto so uma coleo de cerca de 850 documentos (em pergaminho), incluindo textos da Bblia Hebraica (Antigo Testamento), que foram descobertos por bedunos entre 1947 e 1956 em 11 cavernas prximas de Qumran, uma fortaleza a noroeste do Mar Morto, em Israel (em tempos histricos uma parte da Judia). Eles foram escritos em Hebraico, Aramaico e Grego, entre o sculo II a. C. e o primeiro sculo depois de Cristo. Foram encontrados mais de oitocentos textos, representando vrios pontos de vista, incluindo as crenas dos Essnios e outras seitas.

O estudo da cermica dos jarros e a datao por carbono 14 estabeleceu que os documentos foram produzidos entre 168 a.C. e 233 d.C, portanto, eram provas materiais de uma histria passada 2 000 anos antes; contemporneos de Jesus Cristo (que morreu no ano 33, aproximadamente). To logo a notcia se espalhou, bedunos e arquelogos vasculharam 267 cavernas na regio de Qumran. De 1951 a 1956, o padre Roland de Vaux, da Escola Bblica e Arqueolgica Francesa de Jerusalm. escavou as runas, ento desconhecidas, e descobriu o convento dos essnios.

Outros stios arqueolgicos associados Qumran, tambm com pergaminhos, foram descobertos, como a fortaleza judaica de Massada, no sul do Mar Morto. Muitos rolos estavam em bom estado, mas a maioria no resistiu aos sculos e despedaou-se. A caverna 4 enlouqueceu os palegrafos: continha 575 dos cerca de 900 manuscritos, mais em 15 000 pedaos, alguns do tamanho de uma unha. Antes da traduo, uns quebra-cabeas infernais, faltando peas, deviam ser montados. Os textos so importantes por serem praticamente os nicos documentos bblicos judaicos hoje existentes relativos a este perodo e porque eles podem explicar muito sobre o contexto poltico e religioso nos tempos do nascimento do Cristianismo. Os

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pergaminhos contm pelo menos um fragmento de todos os livros das escrituras hebraicas, exceto o livro de Ester. Tem, assim, a mais antiga palavra registrada do Deus judaico-cristo: um fragmento do Livro de Samuel, do ano 225 a.C., achado na caverna 4. Alm de fragmentos bblicos, contm regras da comunidade, escritos apcrifos, filactrios, calendrios e outros documentos. Graas descoberta, as cpias do Antigo Testamento feitas por gregos, latinos, srios, etopes e bizantinos, durante sculos, podem ser conferidas. Os manuscritos iluminaram a histria do judasmo e as razes do cristianismo. "Os manuscritos so a maior descoberta arqueolgica do sculo", disse revista Superinteressante o padre catlico e fillogo Emile Puech, da Escola Bblica e Arqueolgica Francesa, um dos tradutores. "Basta considerar sua idade, diversidade e contedo. Outro tradutor, o telogo Eugene Ulrich, da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, especifica: " a mais importante descoberta da histria religiosa do Ocidente.

Fragmento dos manuscritos no Museu Arqueolgico de Ammn.

Com relao ao Novo Testamento, vrios papiros contendo fragmentos do Evangelho de Joo foram encontrados no Egito, datando do sculo II, apenas uma gerao aps os autgrafos; Tambm foram encontrados casualmente em uma

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gruta, nas encostas rochosas da regio do Mar Morto, na regio de .Jeric, em maro de 1947, por um pastor beduno que buscava uma cabra perdida de seu rebanho, materiais arqueolgicos de datas impressionantes. So jarros contendo manuscritos de inmeros documentos dos Escritos Sagrados de uma certa "seita judaica" que existiu na poca de Jesus. Os manuscritos originais (autgrafos) no existem mais, e foram reconstitudos a partir de cpias produzidas pelos primeiros pais da Igreja primitiva, ainda sem denominao. Tambm foram utilizados nesta reconstituio os livros apcrifos, documentos no bblicos e comentrios documentais dos mesmos pais da Igreja que produziram as cpias. Os originais desapareceram principalmente devido fragilidade do material utilizado para escrever os livros, e pela ilegalidade do movimento, em seu inicio, o que implicava em perseguio Igreja. A veracidade dos escritos, no entanto, pode ser comprovada historicamente pelos motivos abaixo: Os Escritos de Marcos datam de 50 a 70 d.C.; Vrios papiros contendo fragmentos do Evangelho de Joo foram encontrados no Egito, datando do sculo II, apenas uma gerao aps os autgrafos; Os escritos foram redigidos num momento muito prximo aos acontecimentos que os geraram; Existem cerca de 5400 escritos do Novo Testamento; O estilo dos escritos confere com aqueles utilizados no sculo I (grego coin) Inscries e gravaes em paredes, pilares, moedas e outros lugares so testemunhos do Novo Testamento; Lecionrios, que eram livros muito utilizados nos cultos da Igreja, continham textos selecionados da Bblia para leitura, incluindo o Novo Testamento (Sc. IV - VI); Os livros apcrifos, apesar de no cannicos, apresentam dependncia literria dos textos cannicos, chegando a imit-Ios no contedo e forma literria, e citam vrios livros que compem o Novo Testamento; Os primeiros pais da Igreja comentam e fazem citaes de praticamente todo

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o Novo Testamento . Vale lembrar que os Evangelhos, que inauguram o Novo Testamento e contm os ensinamentos de Jesus, o Cristo, foram escritos por testemunhos oculares, exceo do Evangelho de Lucas.

(5) Integridade cannica. O endosso da integridade dos livros que incluem as Escrituras at a atualidade representado atravs de sua aceitao pela Igreja, em toda a era crist. a. Concordncia de exemplares impressos, do Antigo e do Novo Testamento datados de 1488 e 1516 D.C., com exemplares impressos atuais das Escrituras.

"Quando comparados, existe uma concordncia entre os principais aspectos desses exemplares impressos daquela poca com as Escrituras impressas atuais. Isso prova que o Antigo e o Novo Testamento, na forma que os possumos atualmente, j existiam h quatrocentos anos atrs." - Evans.

b. Aceitao da integridade cannica base de 2000 manuscritos bblicos possudos por eruditos no sculo XV, em confronto com a aceitao de escritos seculares base de uma ou duas dezenas de exemplares.

"Quando essas Bblias foram impressas, certo erudito tinha em mos mais de 2000 manuscritos. A edio crtica da Bblia hebraica foi realizada atravs da reunio de 630 manuscritos, por Kennicott e mais de 743 por DeRossi. Para a edio do Novo Testamento grego. mais de 600 outros manuscritos foram reunidos. Sem sombra de dvida esse nmero suficiente para estabelecer a genuinidade e autenticidade do texto sagrado e tm contribudo para restaurar ao texto sua pureza original, assim como o de nos fornecer total certeza e proteo contra futuras corrupes." "Esses manuscritos, em sua maioria. foram escritos entre 1000 e 1500 d.C. Alguns remontam ao sculo IV. O fato de no possuirmos manuscritos

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anteriores ao sculo IV explicado pela destruio em massa dos livros sagrados, ocorrida no ano de 302 d.C. por ordem do Imperador Diocleciano." .-. Evans.

c. Confirmao por parte das quatro Bblias mais antigas, datadas entre 300 e 400 D.C. e escritas em diferentes partes do mundo, que em conjunto contm as Escrituras como as possumos atualmente. D.D. A comprovao da veracidade do contedo das Escrituras tem sido

realizada apelando-se para os registros seculares e atravs da revelao de fatos reais pela pesquisa cientifica. Para quem no cr, podem ser teis os achados arqueolgicos que vm confirmando relatos bblicos. Por exemplo: - Os desenhos e escritas no templo de Carnac, Egito, contam a vitria do Fara Sisa contra o reino de Jud h 3000 anos, mencionado em 1 Reis 14:25,26. - A Pedra Moabita, exposta no Museu do Louvre, em Paris, fala sobre a rebelio do Rei Mesa, de Moabe, contra Israel, relatado em 2 Reis 1: 1; 3:4-27. - A Crnica de Nabonido, exposta no Museu Britnico, descreve a queda da antiga Babilnia, da mesma forma que ocorre em Daniel 5:30.31. Existem muitas outras descobertas cientficas que correspondem ao relato bblico. No que tange ao Novo Testamento, os livros de histria geral trazem diversas confirmaes, principalmente relacionadas ao Imprio Romano. Portanto, o pesquisador sincero e imparcial dever admitir que o aspecto histrico da Bblia tem sido confirmado, embora ainda no se tenha provado, cientificamente, a sua totalidade. Porm, vejamos outros argumentos. O propsito dos escritores bblicos no era acadmico. Por isso, utilizaram linguagem popular. No obstante, algumas afirmaes cientficas que a bblia traz so exatas e extremamente avanadas para a poca em que foram escritas (Por

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exemplo: J 26.7; Is.40.22)

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CAPTULO 4: SUA INSPIRAO OU AUTORIDADE DIVINA

4.1 - A INSPIRAO DA BBLIA

Daniel Rops no livro "Que a Bblia?", pgina 40, define inspirao como sendo a operao divina que toma conta do autor sagrado, esclarecendo-o, guiando-o, assistindo-o na execuo do seu trabalho. Tambm uma palavra latina, derivada do verbo inspiro, que quer dizer "soprar para dentro".

Inspirao refere-se transmisso, maneira como o homem torna conhecida a vontade de Deus. II Tim. 3:16 nos diz que toda a escritura divinamente inspirada, em grego "theopneustos", bafejada por Deus, tendo o sopro de Deus, inspirada por Deus. Deus escolheu alguns autores humanos e lhes soprou, ou seja, lhes deu toda revelao que decidira dar aos seres humanos. Os termos inspirao e revelao so muitas vezes empregados indistintamente, por exprimirem apenas aspectos diferentes da mesma verdade grandiosa. As escrituras podem, em resumo, ser definidas como a descrio feita por escritores inspirados duma srie de revelaes de Deus ao homem. A declarao de que a Escritura inspirada per Deus feita de vrias formas. No novo Testamento encontramos referncias aos profetas do Velho Testamento,

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como as seguintes: "Homens que falaram da parte de Deus" e "que foram movidos pelo Esprito. Santo", "o Esprito de Cristo que estava neles testificou". O salmista Davi afirma em II Sam. 23.2: "O Esprito do Senhor fala por meu intermdio". Destas afirmaes se conclui que a Bblia um livro divino, mas evidentemente ele no caiu pronto do cu. Para que a Bblia se concretizasse, o Esprito Santo, se serviu de instrumentos que eram humanos e que conservavam a respectiva personalidade, o carter, talento e gnio, os hbitos intelectuais e poderes de estilo. Deus no violentou nem destruiu as faculdades daqueles que deviam formular a Sua mensagem. O escritor continuava sendo homem, com seu modo de ser, sua linguagem prpria, seu prprio estilo. Pedro e Joo so escritores simples, usando um vocabulrio reduzido. Paulo e Lucas so escritores cultos, usando linguagem rica, primorosa e repleta de figuras literrias. Muito do que os profetas escreveram nas Escrituras so palavras faladas diretamente pelo Senhor e no so as suas prprias. Em tais casos, naturalmente, as palavras so inspiradas. Alguns estudiosos modernos tm afirmado que a Bblia no contm em si mesma a doutrina da inspirao. Esta declarao no corresponde realidade, pois h muitas passagens das Escrituras que testemunham a sua prpria inspirao. Dentre estas, quatro podem ser destacadas como primordiais, por serem muito impressivas em destacarem esta verdade fundamental, a Bblia um livro inspirado por Deus.

1. II Timteo 3: 16.

"Toda a Escritura divinamente inspirada proveitosa para ensinar, para redargir, para corrigir, para instruir em justia."

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2. II Pedro 1 :20-21 "Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura de particular interpretao. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Esprito Santo." 3. Mateus 5:17-18 "No cuideis que vim destruir a Lei ou os profetas: no vim ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo, que at que o cu e a terra passem nem um jota ou til se omitir da Lei, sem que tudo seja cumprido."

4. Joo 10:35 "A Escritura no pode ser anulada." A Escritura contm a palavra escrita de Deus, por isso uma fonte perene de poder, que jamais ser anulada.

Matthew Henry, um dos maiores expositores das Sagradas Escrituras, categrico ao referir-se inspirao da Bblia: "As palavras das Escrituras devem ser consideradas palavras do Esprito Santo". Como no concordar com Henry? Basta ler a Bblia para sentir, logo em suas palavras iniciais, a presena do Esprito Santo.

4.2 - DEFINIO ETIMOLGICA.

A palavra inspirao vem de dois vocbulos gregos: Theo, Deus ; e pneustos, sopro. Literalmente significa aquilo que dado pelo sopro de Deus.

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4.3 - DEFINIO TEOLGICA.

"Ao sobrenatural do Esprito Santo sobre os escritores sagrados, que os levou a produzir, de maneira inerrante, infalvel, nica e sobrenatural, a Palavra de Deus - a Bblia Sagrada" (Dicionrio Teolgico).

4.4 - INSPIRAO VERBAL E PLENRIA DA BBLIA.

Doutrina que assegura ser a Bblia, em sua totalidade, produto da inspirao divina. Plenria: todos os livros da Bblia, sem qualquer exceo, foram igualmente inspirados por Deus. Verbal: O Esprito Santo guiou os autores no somente quanto s idias, mas tambm quanto, s palavras dos mistrios e concertos do Altssimo (2 Tm 3.16). A inspirao plenria e verbal, todavia, no eliminou a participao dos autores humanos na produo da Bblia. Pelo contrrio: foram eles usados de acordo com seus traos personais, experincias e estilos literrios (2Pe 1.21).

4.5 - A INSPIRAO DA BBLIA NICA.

Alm da Bblia, nenhum outro livro foi produzido de igual forma. A inspirao das Sagradas Escrituras foi, certamente, o maior milagre j operado na rea do conhecimento; milagre esse que, aps o Apocalipse, nunca mais se repetiu; o cnon sagrado j est completo.

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4.6 - O NOVO TESTAMENTO REIVINDICA INSPIRAO DIVINA

H dos movimentos bsicos na compreenso das reivindicaes do Novo Testamento a respeito de sua inspirao. Primeiramente temos a promessa de Cristo de que o Esprito Santo guiaria os discpulos no ensino de suas verdades, que constituem o fundamento da igreja. Em segundo lugar, h o cumprimento aclamado disso no ensino apostlico e nos escritos do novo Testamento.

4.7 - A PROMESSA DE CRISTO A RESPEITO DA INSPIRAO

Jesus nunca escreveu um livro. Entanto, endossou a autoridade do Antigo Testamento e a promessa de inspirao para o Novo Testamento. Em varias ocasies, o Senhor prometeu a concesso de autoridade divina para o testemunho apostlico dele mesmo.

4.7.1 - A comisso dos Doze:

Quando o Senhor enviou seus discpulos para pregarem o reino dos cus, ele Ihes prometeu a direo do Esprito Santo. E com isso toda a proclamao que os apstolos fizessem de Cristo teria origem do Esprito Santo de Deus.

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4.7.2 - O envio dos setenta:

A promessa da uno no se limitava aos Doze. "Quando Jesus enviou os setenta, para que pregassem "o reino de Deus", ordenou-Ihes " Quem vos ouve, a mim me ouve; quem vos rejeita, a mim me rejeita ... "(Lc 10.16). Eles voltaram reconhecendo a autoridade de Deus at mesmo sobre satans em seu ministrio (Lc 10.17).

4.7.3 - O sermo do monte das Oliveiras:

Em seu sermo no monte das Oliveiras, Jesus reafirmou sua promessa antiga aos discpulos. As palavras que pronunciassem viriam de Deus, mediante o Esprito; no viriam deles mesmos.

4.7.4 - Os ensinos durante a ltima ceia:

A promessa da orientao do Esprito Santo ficaria mais claramente definida por ocasio da ltima ceia. Eis por que Jesus no escreveu seus ensinos. O Esprito daria nova vida memria dos discpulos que os aprenderam, serviram orientados pelo Esprito em tudo quanto o Senhor Ihes havia ensinado.

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4.7.5 - A Grande Comisso:

Quando Jesus enviou seus discpulos " ... ide e fazei discpulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Esprito Santo ... " (MT 28.19.20), fezIhes a promessa tambm de que teriam toda a autoridade nos cus e na terra para realizar a tarefa. A palavra dos discpulos seria a Palavra de Deus.

4.8 - A PROMESSA DE CRISTO REIVINDICADA PELOS DISCPULOS

Os discpulos de cristo no se esqueceram da promessa do Senhor. Eles pediramlhe que seu ensino tivesse exatamente o que Jesus Ihes havia prometido: a autoridade de Deus.

A afirmao de estarem dando prosseguimento ao ensino de Cristo:

Lucas afirma ter apresentado um relato exato de "tudo o que Jesus comeou, no s fazer, mas tambm a ensinar" em seu evangelho. Ele d a entender que atos registram o que Jesus continuou a fazer e a ensinar mediante seus apstolos. Na realidade, segundo consta, a primeira igreja se caracterizava pela devoo ao "ensino dos apstolos" (At 2.42). "A prpria igreja do Novo testamento, como se sabe, foi edificada" sobre o fundamento dos apstolos e dos profetas [do Novo Testamento] (Ef 2.20). Em suma, Cristo prometeu que todo o ensino apostlico seria dirigido pelo Esprito. Os livros do Novo Testamento so nico registro autntico que temos do ensino apostlico. Da decorre que s o Novo Testamento pode reivindicar para si o ttulo

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de registro autorizado dos ensinos de Cristo.

Reivindicao direta de inspirao nos livros do Novo Testamento:

No prprio texto dos livros do Novo Testamento h numerosos indcios de sua autoridade divina. So eles explcitos e implcitos. Os evangelhos apresentam-se como registros autorizados do cumprimento das profecias do Antigo Testamento a respeito de Cristo. Lucas escreveu a fim de o leitor poder saber a verdade a cerca de Cristo. Os livros chamados atos dos apstolos, tambm foi escrito por Lucas como registro autorizado do que Jesus continuando a fazer e a ensinar mediante a seus apstolos. Em Romanos, Paulo comprova sua vocao para o apostolado e em Glatas apresenta, a mais forte defesa que Paulo faz de suas credencias divinas, com numerosas tipificaes em diversos livros da Bblia. Nenhum outro livro da Bblia traz declarao mais visvel de sua inspirao da parte de Deus do que o APOCALlPSE. A advertncia para que no se profanem suas palavras tem o apoio de uma ameaa de julgamento divino das mais fortes Escrituras. Trata-se de confirmao muito pertinente vindicao de que todo o Novo Testamento Palavra inspirada de Deus, em p de igualdade como o Antigo Testamento.

4.9 - TEORIAS DA INSPIRAO DA BBLIA

Existem muitas teorias para explicar a inspirao, ou como a palavra de Deus nos foi transmitida, mas parece que as mais conhecidas podem ser reunidas em quatro grupos:

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4.9.1 - Teoria do ditado Verbal:

De acordo com esta teoria cada palavra da Bblia foi inspirada, soprada por Deus. Deus guiou os escritores na escolha de cada palavra, segundo as caractersticas da poca e da cultura de cada autor. Uma objeo ao ditado verbal de que os escritores no eram apenas receptores passivos, mas homens que apresentaram sua colaborao. H casos em que Deus poderia ter ditado algumas palavras, como no caso das duas tbuas da lei no monte Sinai, ou Deus mesmo teria escrito e entregue a Moiss. Mas no se deve pensar que Deus ditou todas as palavras da Bblia, embora tenha resguardado seus escritores de qualquer engano nos seus escritos.

4.9.2 - Teoria da inspirao Plenria:

Esta teoria prope que Deus inspirou os escritores da Bblia em todas as suas partes. Nada ficou sem a inspirao divina. No se pode pensar que uma passagem da escritura tenha sido inspirada e outra no. Deus guiou os escritores para escolher as palavras que eram caractersticas da sua poca e cultura, mas que expressavam a revelao divina.

4.9.3 - Teoria da inspirao Dinmica:

Diz que o escritor bblico pe as palavras de Deus no estilo de sua prpria palavra humana. Mas apesar disto, a Bblia a Palavra de Deus porque sua mensagem veio de Deus e no h erros nos seus ensinos. Esta teoria deixa os autores humanos livres para se expressarem em sua linguagem, possibilitando relatos diferentes do mesmo fato, sem, contudo, comprometer a veracidade do que Deus quis que soubssemos por Ele mesmo estar na superviso do registro das escrituras.

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4.9.4 - Teoria da inspirao Parcial:

Diz-se nesta teoria que a Bblia no a palavra de Deus, mas ela contm a palavra de Deus. As partes histricas, poticas, pessoais e aquelas que no so substancialmente doutrinrias so humanas e por isso podem conter erros. Esse entendimento contrrio a posio de Jesus e de seus discpulos. As doutrinas crists se baseiam em fatos histricos, e se estes fatos no so verdicos, como as doutrinas podem se