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SOCIEDADE DO VALE DO IPOJUCA SESVALE MANTEDORA DA FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA FAVIP CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO ANA PAULA DE VASCONCELOS DO LIVRO À BIBLIOTECA: Anteprojeto para uma Biblioteca Pública em Caruaru Caruaru 2011

BIBLIOTECONOMIA- Anteprojeto para Biblioteca Pública em Caruaru

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  • SOCIEDADE DO VALE DO IPOJUCA SESVALE

    MANTEDORA DA FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA FAVIP

    CURSO DE GRADUAO EM ARQUITETURA E URBANISMO

    ANA PAULA DE VASCONCELOS

    DO LIVRO BIBLIOTECA:

    Anteprojeto para uma Biblioteca Pblica em Caruaru

    Caruaru

    2011

  • 1

    Catalogao na fonte -

    Biblioteca da Faculdade do Vale do Ipojuca, Caruaru/PE

    V331l Vasconcelos, Ana Paula de.

    Do livro a biblioteca: anteprojeto para uma biblioteca pblica em

    Caruaru / Ana Paula de Vasconcelos. Caruaru : FAVIP, 2011. 97 f.

    Orientador(a) : Gustavo Miranda.

    Trabalho de Concluso de Curso (Arquitetura e Urbanismo) --

    Faculdade do Vale do Ipojuca.

    Inclui apndice.

    1. Biblioteca pblica Caruaru (Anteprojeto). 2. Cultura Conhecimento e informao. I. Ttulo.

    CDU 72[12.1]

    Ficha catalogrfica elaborada pelo bibliotecrio: Jadinilson Afonso CRB-4/1367

  • 2

    ANA PAULA DE VASCONCELOS

    DO LIVRO BIBLIOTECA:

    Anteprojeto para uma Biblioteca Pblica em Caruaru

    Trabalho de graduao II apresentado ao

    Curso de Arquitetura e Urbanismo da

    Faculdade do Vale do Ipojuca FAVIP, como

    requisito final para obteno do grau de

    Arquitetura e Urbanista.

    rea de concentrao: Projeto Arquitetnico

    Orientador: Professor Gustavo Miranda.

    Caruaru

    2011

  • 3

    ANA PAULA DE VASCONCELOS

    DO LIVRO BIBLIOTECA:

    Anteprojeto para uma Biblioteca Pblica em Caruaru

    Este Trabalho de Graduao II foi julgado e aprovado para obteno do ttulo de

    bacharel em Arquitetura e Urbanismo no Curso de Arquitetura e Urbanismo da

    Faculdade do Vale do Ipojuca.

    Caruaru, 24 de novembro de 2011.

    Gustavo Miranda

    Professor Orientador

    Banca Examinadora

    ______________________________

    Convidado externo

    _______________________________

    Professora e convidada interna

    _______________________________

    Professor e convidado interno

    Caruaru 2011

  • 4

    Este tipo de biblioteca foi feito minha medida, posso decidir

    passar l um dia inteiro em santa delcia: leio os jornais, deso at o

    bar com alguns livros, depois vou procura de outros, fao

    descobertas, (...) A biblioteca, converte-se, neste sentido, numa

    aventura (Umberto Eco).

  • 5

    minha me e irms, pelo carinho e incentivo,

    Ao meu pai, Marcos Manuel de Vasconcelos (in memorian),

    que nutriu em mim o gosto e apreo pela leitura.

  • 6

    AGRADECIMENTOS

    Muitas pessoas foram essenciais para a realizao deste Trabalho de Graduao,

    sendo assim, agradeo a todos que de alguma forma contriburam para concluso

    deste estudo.

    Primeiramente, agradeo a minha famlia, a qual fomentou em mim a inquietude e

    disposio necessrias busca pelo conhecimento.

    Aos meus amigos, em especial, a Edmrio Santos, pela dedicao e colaborao.

    A Romero Amncio de Moura, pelos constantes incentivos e apoio.

    A Wagner Carvalho, bibliotecrio da Biblioteca Pblica de Pernambuco, pelas

    constantes conversas que facilitaram e encorajaram a concluso deste trabalho.

    E, por fim, mas no menos importante, ao meu orientador, Gustavo Miranda, pela

    pacincia e dedicao.

  • 7

    RESUMO

    Vaconcelos, Ana Paula. Biblioteca Pblica de Caruaru, 2011. Trabalho de

    Graduao (Arquitetura e Urbanismo) Faculdade do Vale do Ipojuca, Caruaru,

    2011.

    A biblioteca pblica uma instituio democrtica fomentada pelo poder pblico,

    podendo ser utilizada por todos para o usufruto de seus servios. fonte de

    conhecimento, informao e proporciona desenvolvimento intelectual e social, alm

    de promover e disseminar a cultura local. Este Trabalho de Graduao trata do

    estudo para a elaborao de um equipamento cultural voltado populao baseado

    em estudos e anlises de conceitos tericos e prticos sobre o tema. um trabalho

    terico projetual que tem como objetivo a concepo de um anteprojeto de uma

    biblioteca pblica para a cidade de Caruaru. O tema sugerido pela falta de um

    equipamento condizente com os anseios sociais e culturais da populao, pois a

    cidade um plo de comercio, servio, cultura e educao para toda regio, e a

    biblioteca existente no atende s necessidades da comunidade. Assim, foram

    desenvolvidas metas para atingir tal objetivo com o intuito de suprir as lacunas

    culturais e educacionais da cidade e regio, resultando num Trabalho de Graduao

    embasado em estudos bibliogrficos, mtodos de pesquisas e estudos de casos.

    Com as anlises resultantes desses estudos foram extradas analogias e diferenas

    que auxiliaram no desenvolvimento deste trabalho, e em seguida, fez-se os estudos

    preliminares que culminaram no anteprojeto da biblioteca proposta.

    PALAVRAS-CHAVES: Biblioteca, cultura, conhecimento e informao.

  • 8

    ABSTRACT

    Vaconcelos, Ana Paula. Caruaru Public Library, 2011. Research Project

    (Architecture and Urban Planning) Vale do Ipojuca College, Caruaru, 2011.

    The public library is a democratic institution fostered by the goverment and can be

    used by everyone to the enjoyment of its services. It is a source of knowledge,

    information, and provides intellectual and social development, and besides promotes

    and disseminates the local culture. This research deals with the study for the

    development of a cultural facility focused on the population based on studies and

    analysis of theoretical and practical concepts on the subject. It is a projectual and

    theoretical work which aims to design a blueprint of a public library for the city of

    Caruaru. The theme is suggested because of the lack of equipment suitable with

    social and cultural aspirations of the population, once the city is a hub for trade,

    service, culture and education for the whole region and the existing library does not

    meet the needs of the community. Thus, goals were developed to achieve this goal in

    order to meet the cultural and educational gaps in the city and region, resulting in a

    Graduate Work grounded in bibliographical studies, research methods and case

    studies. With the resulting analysis of these studies were extracted similarities and

    differences that helped in the development of this work, and then became the

    preliminary studies that culminated in the draft proposal of the library.

    KEYWORDS: Library, culture, knowledge and information.

  • 9

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 01 Biblioteca Municipal de Caruaru..............................................................24

    Figura 02 - Recepo (BMAL)....................................................................................24

    Figura 03 - Acervo geral, BMAL.................................................................................24

    Figura 04 - Acervo geral, BMAL.................................................................................24

    Figuras 05, 06 e 07 - Espaos para peridicos, Braille e infantil respectivamente-

    Biblioteca Municipal de Caruaru.................................................................................25

    Figura 08 - Localizao do municpio de Caruaru no estado.....................................25

    Figura 09 - Biblioteca Pblica do Estado de Pernambuco.........................................34

    Figura 10 - Planta de locao e coberta da Biblioteca Pblica do Estado de Pernam-

    buco............................................................................................................................34

    Figura 11 - Planta baixa do pav. Trreo - Biblioteca Pblica do Estado de Pernam-

    buco............................................................................................................................35

    Figura 12 - Planta baixa do 1 pav. - Biblioteca Pblica do Estado de

    Pernambuco...............................................................................................................35

    Figura 13 - Planta baixa do 2 Pav. - Biblioteca Pblica do Estado de

    Pernambuco...............................................................................................................36

    Figura 14 - Fachada da Biblioteca Pblica do Estado de Pernambuco com a amplia-

    o esquerda...........................................................................................................36

    Figuras 15 e 16 - Fachada principal da Biblioteca Pblica de Pernambuco..............37

    Figuras 17 e 18 - Fachada principal e acesso da Biblioteca Pblica de Pernambu-

    Co...............................................................................................................................37

    Figuras 19 e 20 Guarda volume e hall da Biblioteca Pblica de Pernambuco.......38

  • 10

    Figuras 21 e 22 - Espao para peridicos e setor infantil da Biblioteca Pblica de

    nambuco.....................................................................................................................38

    Figura 23 e 24 - Setor de restauro e circulao do 2 pav. da Biblioteca Pblica de

    Pernambuco...............................................................................................................38

    Figura 25 - Biblioteca Pblica do Paran...................................................................39

    Figura 26 - Setorizao e distribuio dos espaos da Biblioteca Pblica do

    Paran........................................................................................................................40

    Figura 27 - Planta baixa do pav. inferior da Biblioteca Pblica do Paran...............41

    Figura 28 - Planta baixa do pav. Trreo da Biblioteca Pblica do Paran...............42

    Figura 29 - Planta baixa do 1 pav. da Biblioteca Pblica do Paran......................42

    Figura 30 - Planta baixa do 2 pav. da Biblioteca Pblica do Paran.......................43

    Figura 31- Planta baixa do 3 pav. da Biblioteca Pblica do Paran.........................43

    Figura 32 - Planta baixa do 4 pav. da Biblioteca Pblica do Paran........................44

    Figura 33 - Corte AA da Biblioteca Pblica do Paran..............................................44

    Figura 34 - Corte BB da Biblioteca Pblica do Paran..............................................45

    Figura 35 - Corte CC da Biblioteca Pblica do Paran..............................................45

    Figura 36 - Corte DD da Biblioteca Pblica do Paran.............................................46

    Figura 37 - Vista do Pav. Inferior da Biblioteca Pblica do Paran............................46

    Figura 38 - Vista Pav. Trreo da Biblioteca Pblica do Paran.................................46

  • 11

    Figura 39 - Vista do 1 Pav. da Biblioteca Pblica do Paran....................................47

    Figura 40 - Vista do 3 Pav. da Biblioteca Pblica do Paran...................................47

    Figura 41 - Materiais utilizados na composio da Biblioteca Pblica do Paran.....48

    Figura 42 - Biblioteca de Montarville, Quebec, Canad.............................................49

    Figura 43 Implantao - Biblioteca de Montarville, Quebec, Canad.....................50

    Figura 44 - Planta baixa do pav. inferior, trreo, 1 e 2 pav. - Biblioteca de

    Montarville, Quebec, Canad.....................................................................................51

    Figura 45 - 1 Pav.da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canad............................52

    Figura 46 - 2 Pav.da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canad...........................52

    Figura 47 - Pavimento inferior e pav. trreo da Biblioteca de Montarville, Quebec,

    Canad.......................................................................................................................53

    Figura 48 - Elevao sul e corte longitudinal da Biblioteca de Montarville, Quebec,

    Canad.......................................................................................................................53

    Figuras 49 e 50 - Interior da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canad..................54

    Figuras 51 e 52 - Setor Infantil e fachada da Biblioteca de Montarville, Quebec,

    Canad.......................................................................................................................55

    Figuras 53 e 54 - Biblioteca de Montarville, Quebec, Canad...................................55

    Figura 55 - Macro-setorizao...................................................................................68

    Figura 56 - Organograma / fluxograma......................................................................69

  • 12

    Figura 56A - Zoneamento...........................................................................................70

    Figura 57 - Localizao do terreno.............................................................................71

    Figura 58 - Imagem do espao para implantao do equipamento...........................72

    Figura 59 - Imagem do espao para implantao do equipamento...........................72

    Figura 60 - Planta de situao sem escala................................................................73

    Figura 61 - Mapa dos condicionantes ambientais......................................................74

    Figura 62 - Mapa de usos do setor.............................................................................75

    Figura 63 - Mapa dos condicionantes ambientais......................................................76

    Figura 64 - Evoluo da proposta............................................................................. 83

    Figura 65 - Perspectiva da fachada oeste..................................................................87

    Figura 66 Resoluo programtica.........................................................................85

    Figura 67 - Perspectiva do edifcio (fachada principal)..............................................86

    Figura 68 - Perspectiva do edifcio (fachada leste)....................................................87

    Figura 69 - Perspectiva do caf.................................................................................87

    Figura 70 - Implantao do edifico no terreno...........................................................88

    Figura 71 - Planta baixa 1 pavimento (trreo)..........................................................89

    Figura 72 - Perspectiva do espao para peridicos...................................................90

  • 13

    Figura 73 - Perspectiva do setor infantil.....................................................................90

    Figura 74 - Planta baixa 2 pavimento.......................................................................91

    Figura 75 - Perspectiva do espao para leitura - setor adulto....................................92

    Figura 76 - Planta baixa 3 pavimento.......................................................................92

    Figura 77 - Planta baixa 3 pavimento.......................................................................93

  • 14

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 01 - Estatstica do quantitativo de alunos no municpio de Caruaru..............23

    Tabela 02 - Relatrio de freqncia da Biblioteca lvaro Lins...................................23

    Tabela 03 - Comparativo entre os estudos de caso...................................................58

    Tabela 04 - Dimensionamentos dos ambientes dos estudos de caso.......................59

    Tabela 05 - Anlise SWOT.........................................................................................60

    Tabela 06 - Sugesto de dimensionamento para espaos culturais 1.......................62

    Tabela 07 - Sugesto de dimensionamento para espaos culturais 2 ......................63

    Tabela 08 - Projeo de crescimento de uma coleo..............................................64

    Tabela 09 - Distribuio do acervo e capacidade das estantes.................................64

    Tabela 10 - Capacidade de volumes das estantes e prateleiras...............................65

    Tabela 11 - Programa e pr-dimensionamento..........................................................66

    Tabela 12: Programa e dimensionamento.................................................................82

  • 15

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    SWOT Strengths - Weakness - Opportunities - Threats

    UNESCO Organizao das Naes Unidas para Educao, Cincia e Cultura

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    BMAL Biblioteca Municipal lvaro Lins

    PE Pernambuco

    CD-ROM Compact Disc Read Only Memory

    e-books Eletronic books

    ZR3 Zona Residencial 3

    ZAM1 Zona de Atividades Mltiplas

    BPEP Biblioteca Pblica do Estado de Pernambuco

    CFTV Circuito fechado de TV

    Pav. Pavimento

    BPSC Biblioteca Pblica de Santa Catarina

    Fig. Figura

  • 16

    SUMRIO

    1. INTRODUO 18

    1.1 Do livro Biblioteca 21

    1.2. O porqu de uma Biblioteca? 22

    2. PROCESSO METODOLGICO 27

    2.1 Pesquisas bibliogrficas 27

    2.2 Pesquisas em campo 28

    2.3 Entrevistas 28

    2.4 Estudos de caso 28

    2.5 Anlise comparativa 29

    2.6 SWOT 30

    3. REFERENCIAL TERICO 31

    4. ESTUDOS DE CASO 33

    4.1 Biblioteca Pblica do Estado de Pernambuco 34

    4.2 Biblioteca Pblica de Santa Catarina 39

    4.3 Biblioteca de Montarville 49

    4.4 Anlise comparativa 57

    4.5 Aplicao do SWOT nos estudos de caso 60

    5. PROGRAMA E PR-DIMENSIONAMENTO 62

    6. ORGANOGRAMA, FLUXOGRAMA E ZONEAMENTO 68

    7. ANLISE DO TERRENO 71

  • 17

    7.1 Anlise do contexto urbano 73

    7.2 Anlise dos condicionantes fsico-ambientais 75

    7.3 Anlise dos condicionantes legais 77

    7.3.1 Cdigo de Urbanismo, Obras e Posturas do municpio de Caruaru 77

    7.3.2 Plano Diretor de Caruaru 78

    7.3.3 Manual de Diretrizes e Normas para Biblioteca Pblicas (Brasil, 2000) 78

    7.3.4 Normas tcnicas da ABNT, lei 9050 79

    7.3.5 Cdigo de segurana contra incndios e pnico para o estado de

    Pernambuco 79

    8.0 A PROPOSTA 81

    8.1 Programa 81

    8.2 Memorial Justificativo 83

    8.3 Apresentaes grficas 94

    9. CONCLUSES 95

    10. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 97

  • 18

    1. INTRODUO

    Do livro a biblioteca um trabalho terico projetual que elabora passos para o

    desenvolvimento de um anteprojeto de biblioteca embasado na percepo oriunda

    das pesquisas fundamentadas no objeto de estudo e nas observaes empricas.

    mostrado nesse estudo que a biblioteca no um espao destinado apenas

    leitura e acmulo de livros, mas tambm um ambiente que conecta e transforma

    pessoas, onde se inicia a construo do conhecimento e sua proliferao, dando

    margem ao conceito de cidadania e desenvolvimento social, sendo assim, um

    espao livre de amarras e censuras.

    Contudo, apesar da importncia deste recinto como ferramenta de desenvolvimento

    social da comunidade e do crescimento econmico e populacional da cidade de

    Caruaru, a mesma no possui equipamentos de cultura e lazer que atenda

    demanda da sociedade que ainda est muito enraizada na cultura de feira, na arte

    popular e em festas folclricas, j que a cidade surgiu dessa atividade econmica e

    possui uma cultura popular latente.

    A biblioteca pblica proporciona desenvolvimento intelectual, dissemina

    conhecimento e perpetua a cultura local, sendo de fundamental importncia para o

    desenvolvimento da comunidade e sua regio. Essa instituio uma ferramenta

    democrtica e geralmente promovida pelo poder pblico, onde todos tm o direito a

    usufruir de seus servios.

    Em Caruaru, tal fenmeno acontece, porm a biblioteca pblica existente no

    atende s necessidades da comunidade, visto que o espao insuficiente e

    inadequado para um centro de cultura. Portanto, este trabalho tem o intuito de

    desenvolver um estudo para a concepo de uma biblioteca pblica para a cidade

    de Caruaru como forma de suprir as lacunas educacionais e culturais da regio.

    Baseadas nessas premissas traaram-se metas para responder questo: como

    elaborar um equipamento de cultura, como uma biblioteca pblica, com conceito

    contemporneo de centro de cultura, como atualmente a biblioteca considerada,

    que atenda s necessidades sociais, culturais e educacionais da comunidade?

  • 19

    Por tudo isto, buscou-se no desenvolvimento deste trabalho de graduao

    conceituar este equipamento no primeiro captulo, dando nfase origem da

    biblioteca e sua evoluo no tempo, e em seguida justificar sua escolha para este

    estudo.

    Deste modo, prosseguiu-se o trabalho de graduao com o objetivo de desenvolver

    um anteprojeto de uma Biblioteca pblica no municpio de Caruaru-PE, tendo como

    meta a elaborao de ambientes flexveis e dinmicos, utilizando arquitetura

    contempornea, integrao dos espaos internos atravs das disposies dos

    mobilirios e o dilogo aprazvel dos ambientes de convivncia com os setores

    internos do edifcio.

    Desta forma, procurou-se apresentar vrios mtodos de pesquisa para obteno de

    dados e consequentemente enriquecimento deste trabalho, como as visitas em

    campo, pesquisa bibliogrficas, entrevistas, estudos de caso e anlises

    comparativas e SWOT.

    O trabalho continua com a abordagem do referencial terico, cujo embasamento

    conceitual propicia uma percepo geral do equipamento biblioteca. E, em seguida,

    aspectos legais ligados ao planejamento do equipamento.

    A nfase dada aos estudos de caso, os quais proporcionaram fundamentos para o

    desenvolvimento do projeto, e as anlises oriundas destes estudos. Resultando

    assim, no programa e pr-dimensionamento do equipamento, seguidos do

    organograma e fluxograma.

    E, para melhor compreenso deste trabalho, apresentaram-se tabelas comparativas

    e SWOT, as quais facilitam a compreenso dos equipamentos analisados nos

    estudos de caso.

    Em seguida, avaliou-se a rea de implantao do equipamento e seu entorno, com a

    anlise do contexto urbano local, dos condicionantes fsico-ambientais e dos

    condicionantes legais, facilitando assim o diagnostico da rea e a melhor disposio

    do edifcio no terreno.

    ________________________________

    1. Mtodo utilizado para pontuar aspectos negativos, positivos, ameaas e oportunidades de um determinado equipamento e seu funcionamento.

  • 20

    Continuadamente, analisaram-se os estudos preliminares, gerando assim, o

    programa e dimensionamento da biblioteca proposta, bem como o memorial

    justificativo, o qual descreve as caractersticas tcnicas e pragmticas do projeto.

    O trabalho prossegue com as representaes grficas das perspectivas, planta de

    situao, planta de coberta, plantas baixas, cortes e fachadas, sendo finalizado com

    as concluses e as referncias bibliogrficas a cerca de todo o estudo desenvolvido.

    Portanto, pretende-se com este estudo contribuir com a concepo de um

    anteprojeto de uma biblioteca pblica para a cidade de Caruaru que no futuro

    dissemine o conhecimento e o apreo leitura na regio.

  • 21

    1.1 Do livro a biblioteca

    Com o surgimento da escrita na antiguidade, o homem utiliza materiais, como o

    papiro e a argila, para registrar sua histria e deixar seu legado no tempo. Com a

    evoluo desses objetos, descobre-se o livro como se conhece hoje, elaborado a

    partir de papel manufaturado, sendo fonte de informao e conhecimento.

    Consequentemente nasce biblioteca para arquivar registros e conservar a histria

    cultural de um povo.

    A palavra biblioteca tem sua origem do vocbulo grego bibliothke, que significa

    depsito de livros e fez-se conhecida em portugus atravs da palavra latina

    bibliotheca. E tem por definio:

    uma coleo pblica ou privada de livros ou documentos congneres, para estudo, leitura e consulta; Edifcio ou recinto onde ela se instala; mvel onde se guardam e/ou ordenam livros. (HOLANDA, 2005).

    Desde o centro de cultura mais conhecida da antiguidade, o de Alexandria, at os

    nossos dias essa instituio passou por vrias modificaes. Ao longo do tempo,

    foram transformando-se, medida que crescia a nsia por novas fontes de

    informao e cultura. Inicialmente, poucos tinham acesso ao conhecimento proferido

    nesse espao, e com o passar do tempo a informao foi mudando de formato e

    velocidade, e mais recentemente, impulsionada pelo advento da internet o

    conhecimento foi-se democratizando.

    Do mesmo modo, de um simples depsito de livros para um espao diversificado de

    informaes e convvio, este passou a ser o papel das bibliotecas no mundo. Com

    conceitos e temas pertinentes sociedade contempornea, ela favorece o

    desenvolvimento cultural da populao, seguindo o curso da histria e adaptando-se

    sociedade qual est inserida.

    Como cita o pensador e escritor ingls Samuel Johnson (sculo XVIII) :

    Nenhum lugar proporciona uma prova mais evidente da vaidade das esperanas humanas do que uma biblioteca pblica.

    __________________________________________________

    2. Fundada pelo rei do Egito, Ptolomeu I Ster no sculo III a.C. Fonte: Artigo de Antonio Carlos Pinho. Disponvel em: . Acessado em abril de 2011.

    3. Disponvel em:. Acessado em abril de 2011.

  • 22

    1.2 O porqu de uma Biblioteca?

    A importncia do estudo das bibliotecas d-se porque esta instituio no apenas

    um espao destinado leitura e acmulo de livros, mas tambm um ambiente que

    conecta e transforma pessoas atravs da colaborao da coletividade. Nele, inicia-

    se a construo do conhecimento e sua proliferao, dando margem ao conceito de

    cidadania e desenvolvimento social, sendo um espao livre de amarras e censuras,

    como cita o Manifesto da UNESCO (1994):

    "Liberdade, prosperidade e desenvolvimento da sociedade e dos indivduos so valores humanos fundamentais. Eles sero alcanados somente atravs da capacidade de cidados, bem informados, para exercerem seus direitos democrticos e terem papel ativo na sociedade. [...] A biblioteca pblica, porta de entrada para o conhecimento, proporciona condies bsicas para a aprendizagem permanente, autonomia de deciso e desenvolvimento cultural dos indivduos e grupos sociais." (Manifesto da UNESCO, 1994).

    Baseado na premissa de que o acesso cultura o caminho para uma sociedade

    democrtica e mais igualitria, sob o ponto de vista de incluso social, percebe-se a

    importncia em realizar uma pesquisa para a elaborao de um anteprojeto de uma

    biblioteca pblica no municpio de Caruaru-PE, tendo em vista a importncia desse

    espao de insero, ponto de encontro e perpetuao do conhecimento, pois

    segundo Milanese (2002, pg. 11): os homens precisam repartir o pensamento

    criado, disseminando-o para garantir a posse do conhecimento.

    Atrelado importncia cultural de uma biblioteca na cidade, emerge a necessidade

    de crescimento da populao fundamentado no desenvolvimento social e intelectual,

    pois o municpio de Caruaru destaca-se no contexto populacional e econmico no

    estado. De acordo com o censo do IBGE (2010), o municpio possui 314.951

    habitantes, sendo o 4 municpio com maior populao do estado de Pernambuco, e

    segundo o censo do IBGE (2000), possui um pblico flutuante de aproximadamente

    150.000 pessoas/ms, as quais so atradas pelo comrcio e educao da regio.

    Observou-se tambm, atravs de pesquisas em fontes indiretas e diretas que

    municpio de Caruru possui 307 estabelecimentos de ensino (escolas municipais,

  • 23

    estaduais, particulares e faculdades), totalizando 100.000 estudantes, alm dos

    estudantes dos cursos profissionalizantes, tcnicos e especializaes (tabela 01).

    Tabela 01: Estatstica do quantitativo de alunos no municpio de Caruaru.

    INSTITUIES DE ENSINO QUANT. N ALUNOS

    Escolas: Escolas municipais 138 31.517

    Escolas estaduais

    26 32.000

    Escolas particulares 139 23.208

    Total:

    86.725

    Faculdades:

    FAFICA

    1 1.800

    ASCES 1 3.100

    FEDERAL

    1 2.807

    FAVIP 1 5.406

    Total:

    4 13.113

    Total geral: 99.838 Fonte: Ana P. Vasconcelos, com dados oriundos da GERE e Secretaria de educao de Caruaru.

    Essa parcela da populao, conforme manual de normas de diretrizes das

    bibliotecas pblicas no Brasil (BRASIL, 2000) a maior freqentadora desse

    espao de insero no mundo do conhecimento, o que tambm se confirma em

    Caruaru devido precariedade das bibliotecas escolares. (tabela 02).

    Tabela 02: Relatrio de freqncia da Biblioteca lvaro Lins

    BIBLIOTECA LVARO LINS

    Relatrio Geral 2010 (a partir do 2 Tri)

    Freq geral Inscries Consultas Emprstimos Freq.peridicos

    2 Tri 957 20 773 164 957

    3 Tri 4.183 113 3.114 756 4.183

    4 Tri 5.832 57 2.394 465 2.916

    Total: 10.972 190 6.281 1.385 8.056

    Fonte: da autora com dados oriundos da GERE Caruaru.

  • 24

    Portanto, apesar do crescimento econmico e populacional da cidade, a mesma no

    possui equipamentos que atendam demanda cultural da comunidade que est

    baseada na cultura da feira, arte popular e festas folclricas, sendo de fundamental

    importncia um equipamento pblico que propicie o preenchimento das lacunas

    culturais e educacionais da comunidade, pois de acordo com o Ministrio da Cultura

    (2000), todo municpio com populao a partir de 50.000 habitantes deve ter uma

    biblioteca pblica como suporte aprendizagem e conhecimento.

    Para atender demanda existente, a biblioteca Municipal lvaro Lins (BMAL) foi

    inaugurada na cidade em maro de 2010, com acervo de apenas 10.000 volumes e

    espao limitado, cerca de 250m, que no condiz com as necessidades da

    populao. Falta de acessibilidade, conforto ambiental e flexibilidade nos espaos

    internos, so alguns problemas encontrados na biblioteca local, como mostram as

    figuras abaixo (Figs. 01 a 07).

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos

    Fig. 01: Biblioteca Municipal de Caruaru. 2011

    Fig. 02: Recepo (BMAL). 2011

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos

    Fig. 03: Acervo geral, BMAL. 2011

    Fig. 04: Sala de informtica (BMAL). 2011

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos Fonte: Ana Paula Vasconcelos

  • 25

    Paralelamente ao crescimento populacional e econmico, a regio desenvolveu

    vocao educacional, devido a sua posio estratgica, entre a capital e o serto,

    sendo provedora de estabelecimentos de ensino para toda essa regio (Fig. 08).

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos

    Fonte: Google (maps)

    Fig. 05, 06 e 07: Espaos para peridicos, Braille e infantil respectivamente - Biblioteca Municipal de Caruaru. 2011.

    Fig. 08: Localizao do municpio de Caruaru no estado.

  • 26

    Deste modo, a populao da cidade de Caruaru no possui um equipamento que

    propicie a velocidade e coerncia necessrias s informaes provenientes do

    mundo globalizado, o qual necessita de formatos diversos de mdia para captao

    dessas fontes de informao. Um espao destinado cultura e disseminao do

    conhecimento surge como respaldo necessidade da populao em consolidar sua

    cultura e agregar novos valores.

    Assim, este trabalho teve como foco o planejamento de uma biblioteca pblica que

    preenchesse as lacunas educacionais da populao e se tornasse um referencial na

    comunidade, engajando a sociedade local no conceito contemporneo de biblioteca

    e melhorando o convvio scio-cultural.

  • 27

    2. PROCESSO METODOLGICO

    Sou por meu gosto pesquisador. Experimento toda sede de conhecer a vida inquietude de progredir, do mesmo modo que a satisfao que toda inquietude proporciona (KANT, 1689-1755).

    Para atingir o objetivo pretendido da elaborao de um anteprojeto de uma

    Biblioteca Pblica para a cidade de Caruaru, buscaram-se caminhos para execuo

    de tal ao e ferramentas a serem utilizados para obteno de repostas e solues,

    pois segundo Gil (1991) Processo Metodolgico um conjunto de procedimentos

    intelectuais e tcnicos, sendo assim, vislumbra rplicas a questes pertinentes a

    pesquisa.

    Deste modo, surgiu a escolha de alguns procedimentos metodolgicos

    investigativos:

    2.1 Pesquisa Bibliogrfica

    A pesquisa alimenta rplicas referentes a inquietudes provenientes de estudos e

    inquietaes intelectuais, buscando respostas a indagaes e percepes oriundas

    do desejo de conhecer e descobrir.

    Assim, utilizou-se esta pesquisa para alimentar e nortear este estudo, pois a fonte

    terica e conceitual desta pesquisa. S a partir do estudo criterioso do tema

    puderam-se desenvolver conceitos prprios, organizar atos e fatos condizentes com

    o problema. A Pesquisa da literatura criou embasamento terico sobre o conceito

    biblioteca e sua evoluo funcional e contextual.

    Ressaltou-se a importncia da pesquisa bibliogrfica como base terica ao

    desenvolvimento do trabalho, pois um procedimento necessrio ao estudo do tema

    que consiste na obteno, escolha e resumos das informaes recolhidas. De

    acordo com AMARAL (2007), podem-se conseguir tais informaes manualmente,

    pesquisas em livros, ou eletronicamente, pela internet, CD-ROM, e-books.

  • 28

    Portanto, foi a partir do conhecimento adquirido atravs do estudo bibliogrfico que

    se percebeu relevncias sobre o tema sugerido, servindo como norteador para o

    projeto.

    2.2 Pesquisa em Campo

    uma forma de orientar o estudo atravs das observaes a equipamentos

    similares, acrescentando ao trabalho uma viso geral do objeto de trabalho e seu

    funcionamento. Pesquisa que analisa objetivamente os aspectos reais de um

    determinado fato ou tema.

    Esse tipo de pesquisa determina questionamentos relevantes ao objeto de estudo,

    compreendendo na prtica aspectos fsicos e funcionais do elemento em estudo.

    Portanto, atravs desse tipo de procedimento pode-se colher informaes in loco e

    documentar as observaes de forma escrita ou fotogrfica.

    2.3 Entrevistas

    Oriundas das pesquisas de campo, essa ferramenta de pesquisa respondeu a vrias

    indagaes a respeito do tema proposto dando suporte informal pesquisa. Atravs

    das entrevistas com bibliotecrios e coordenadores pode-se conhecer melhor o

    objeto de estudo, suprindo a demanda por respostas prticas e funcionais,

    facilitando assim, o entendimento do conceito biblioteca, suas funes e divises.

    2.4 Estudo de casos

    Esse tipo de pesquisa auxiliou na obteno de respostas oriundas de questes onde

    a anlise de fatos imprescindvel, auxilia nas analogias pertinentes atravs de

    coletas de dados, anlise e concluses das informaes obtidas, pois segundo Yin

  • 29

    (2009) o estudo de caso uma estratgia de pesquisa emprica. Possibilitam

    anlises comparativas, sendo de fundamental importncia o diagnstico resultante

    para a elaborao de um projeto que atenda as necessidades contemporneas de

    um centro de cultura como a Biblioteca Pblica.

    Essa estratgia foi escolhida para verificar pontos intrnsecos ao tema, bem como

    sua funcionalidade. Com isso, pode-se nortear o trabalho em tese com base nos

    equipamentos existentes, obtendo informaes importantes dos casos estudados,

    resultando num comparativo eficiente para a elaborao do equipamento pretendido.

    As etapas dos estudos seguiram-se da seguinte forma: seleo dos casos com

    estruturas fsicas similares, porm com diferenas culturais e regionais; coleta de

    dados atravs de estudo em campo, entrevistas, obteno de registros documentais,

    como plantas; e anlise dos estudos.

    Demonstrou-se com o resultado dessa pesquisa semelhanas e diferenas entre os

    casos analisados dando suporte ao embasamento tcnico e funcional elaborao

    do anteprojeto de um centro de cultura eficiente.

    2.5 Anlise comparativa

    Aps o estudo de casos, comparativos e descritivos, originou-se a anlise

    comparativa geral. O que se pode aproveitar dos estudos analisados e aplicar no

    objeto de estudo? Qual a semelhana e diferena entre os casos apresentados?

    Com base nessas perguntas perceberam-se quais os pontos constantes de cada

    objeto e sua funcionalidade, como tambm pontos que alteram a percepo geral de

    cada conceito.

  • 30

    2.6 SWOT

    "Concentre-se nos pontos fortes, reconhea as fraquezas, agarre as oportunidades e

    proteja-se contra as ameaas " (SUN TZU, 500 a.C). Esta citao define claramente

    o conceito SWOT, que uma mtodo utilizado para analizar ambientes,

    determinando pontos relevantes para aprimorar e monitorar objetos ou objetivos.

    Segundo o site www.administracaoegestao.com.br (2011), SWOT significa Foras

    (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaas

    (Threats).

    Deste modo, esta anlise foi uma ferramenta importante para a compreenso do

    contexto das bibliotecas estudadas, pois pontuou-se as relevncias de cada projeto

    analisado, como seus pontos negativos, positvivos, suas ameas e oportunidades.

    Analisou-se cada estudo e pontuou-se esses quatro aspectos, assim criou-se um

    parmetro entre eles e verificou-se o que pode ser utilizado ou evitado no projeto

    proposto.

  • 31

    3. REFERENCIAL TERICO

    Alguns autores abordam o tema biblioteca de maneira similar, dando nfase

    importncia desse equipamento como mediador cultural na vida cotidiana das

    pessoas. Segundo Milanese (2003), a biblioteca a mais freqente instituio

    identificada com a cultura. O mesmo autor acredita no poder de persuaso desse

    espao na sociedade, desenvolvendo e repassando idias a fim de tornar

    imortalizado o conceito de uma poca. E afirma ... os homens precisam repartir o

    pensamento criado, disseminando-o para garantir a posso do conhecimento.

    (MILANESE, 2002, p,12).

    MILANESE (2003) tambm questiona a forma que se constroem espaos para

    cultura, ela gerada sem conceito e sem programa e diz muito mais fcil

    projetar um hospital ou uma cadeia: sabe-se exatamente para que servem e h

    especialistas para fornecer programas especficos aos que arquitetam as formas.

    Assim, o autor contesta a forma, na maioria das vezes, desprovida de cuidados

    oriundos da falta de planejamento e diretrizes projetuais.

    J no manual Biblioteca Pblica: princpios e diretrizes (Brasil, 2000, pg.17) os

    autores argumentam que a biblioteca , pois, uma instituio que agrupa e

    proporciona o acesso aos registros do conhecimento e das idias do ser humano

    atravs de suas expresses criadoras. E em relao ao espao de cultura

    argumentam que a biblioteca pblica o espao privilegiado do desenvolvimento

    das prticas leitoras, e atravs do encontro do leitor com o livro forma-se o leitor

    crtico e contribui-se para o florescimento da cidadania.

    E continua o manual (pg. 50): A biblioteca deve ser planejada como uma srie de

    reas interligadas, mas de uso bem definido, por onde as pessoas possam circular

    livremente e escolher livros e outros materiais, sem atrapalhar as pessoas que esto

    lendo ou estudando.

    Ponto de vista comum com os autores acima tem o Manifesto da UNESCO (1994):

    A biblioteca pblica o centro local de informao, disponibilizando prontamente

    para os usurios todo tipo de conhecimento.

  • 32

    Portanto, com base nos autores j citados percebeu-se que os espaos destinados

    biblioteca devem ser flexveis, dinmicos e interligados, fazendo com que o leitor

    perceba todas as oportunidades fornecidas por um ambiente de introspeco, lazer

    e cultura, o qual conecta o usurio ao conhecimento.

    Assim, percebeu-se a importncia de se projetar um centro de cultura de forma

    adequada, com caractersticas pertinentes a cada setor, pois a biblioteca possui

    espaos diversos que se conectam de forma harmoniosa, ambientes introspectivos

    dialogam com setores de convivncia. Dessa forma, o projeto de uma biblioteca

    requereu prudncia e racionalidade.

    Assim, atrelados a estes argumentos e conceitos emergiu o embasamento terico

    necessrio para percepo do equipamento biblioteca como um todo, pois foi de

    fundamental importncia conhecer o objeto de estudo e sua conjectura na

    comunidade.

  • 33

    4. ESTUDO DE CASOS

    A proposta desse estudo teve como objetivo identificar analogias e diferenas entre

    os projetos analisados com o intuito de obter um referencial para o anteprojeto

    pretendido.

    O primeiro estudo do projeto da Biblioteca Pblica de Pernambuco, localizada no

    bairro Santo Amaro, Recife-PE, com 5.206m, distribudos em trs pavimentos. O

    projeto dos arquitetos Castro e Esteves. Atualmente a biblioteca possui um projeto

    de reforma e ampliao em curso feito pela arquiteta Silvana Marta Affonso Ferreira.

    A segunda anlise do projeto para a Biblioteca Pblica de Santa Catarina, o qual

    ficou com o 1 lugar no concurso de projetos, sendo autores: Bruno Conde, Filipe

    Gebrim Doria, Filipe Lima Romeiro, Lucas Bittar. O edifcio localiza-se na rea

    central da cidade de Florianpolis e possui 3.804m, dispostos em seis pavimentos.

    O terceiro estudo da Biblioteca de Montarville, localizada em Quebec, Canad. A

    edificao localiza-se na rea central da pequena cidade de Boucheville, com cerca

    de 40.000 habitantes. Projeto oriundo de um concurso para reforma e ampliao da

    sede da biblioteca existente, proposto pelos arquitetos Briere, Gilbert e Associados.

    O edifcio composto por trs pavimentos e possui uma rea aproximada de

    3.170m.

    A escolha desses projetos deu-se para avaliar equipamentos de diferentes nveis

    regionais e culturais. O primeiro estudo, uma biblioteca do estado do projeto

    pretendido (Pernambuco), o segundo de um equipamento de outro estado do Brasil

    (Santa Catarina) e o ltimo de uma edificao no exterior (Canad). Com isso,

    observam-se propostas diferentes e percebe-se qual a constncia no conceito

    dessas edificaes, alm de observaes pertinentes a serem utilizadas no modelo

    proposto.

  • 34

    4.1 Biblioteca Pblica do Estado de Pernambuco (BPEP)

    Fig. 09: Biblioteca Pblica do Estado de Pernambuco

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.

    Segundo os dados da Biblioteca Pblica do Estado de Pernambuco, a mesma foi

    construda na poca da ditadura, sua edificao iniciou-se em 1968, na gesto de

    Nilo De Souza Coelho, e foi inaugurada em 1971. O edifcio mostra esse

    conservadorismo atribudo a tal regime, onde os livros no ficavam a mostra e o

    usurio no tinha relao direta com o acervo (Fig. 09 e 10).

    Fig. 10: Planta de locao e coberta da Biblioteca Pblica do Estado de Pernambuco.

    Fonte: Secretaria de Educao de Recife, Departamento de obras, setor de Arquitetura.

  • 35

    De acordo com dados fornecidos pela BPPE, a mesma possui rea de 5.206m, e

    freqncia mdia de 1.200 usurios por dia, cerca de 24.000 por ms.

    A distribuio dos espaos da-se da seguinte forma: no trreo localiza-se o setor

    reservado da biblioteca, como o Acervo Geral, Coleo Pernambucana,

    Processamento tcnico, depsito e CFTV, o setor Infanto-Juvenil e o setor de

    Emprstimos (Fig. 11).

    Fig. 11: Planta baixa do pav. Trreo - Biblioteca Pblica do Estado de Pernambuco

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.

    No 1 pavimento o espao dividido entre Peridicos, Referncias, Braille, e salas

    de leitura, alm do guarda volumes. No mezanino funciona o setor administrativo,

    espao para internet, sala de lnguas e setor de restauro e manuteno (Fig. 12).

    Fig. 12: Planta baixa do 1 pav. - Biblioteca Pblica do Estado de Pernambuco

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.

  • 36

    Observa-se no interior do equipamento o uso do concreto aparente com fechamento

    exterior em vidro e esquadrias de alumnio. O edifcio possui trs pavimentos, trreo,

    1 pav. e mezanino, distribudos de forma a compor um grande vo central com p

    direito monumental (Fig. 13 e 14).

    Fig. 13: Planta baixa do 2 Pav. - Biblioteca Pblica do Estado de Pernambuco.

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.

    Fig. 14: Fachada da Biblioteca Pblica do Estado de Pernambuco com a ampliao esquerda.

    Fonte: Secretaria de Educao de Recife, Departamento de obras, setor de Arquitetura.

  • 37

    A Biblioteca do Estado de Pernambuco um equipamento que atende s

    necessidades da comunidade a qual est inserida em relao ao espao e acervo,

    pois possui grande rea para futura expanso, ambientes amplos e fechamentos

    exteriores em vidro, acolhendo assim a iluminao natural. Por outro lado, esses

    ambientes espaosos no dialogam com os usurios, os quais no tm acesso

    direto aos livros, necessitando de intermediadores para concluir tarefas comumente

    feitas pelos prprios usurios.

    O edifcio da BPEP composto por volumes concebidos em concreto aparente de

    forma retangular envolvidos por brises que protegem as fachadas poentes, dando

    funcionalidade e retido edificao. No interior do equipamento percebe-se a falta

    de atratividade ldica no setor infantil e adequada diviso interna de fluxos e

    ambientes (Figs. 15 a 24).

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.

    Figs. 15 e 16: Fachada principal da Biblioteca Pblica de Pernambuco

    Figs. 17 e 18: Fachada principal e acesso da Biblioteca Pblica de Pernambuco

  • 38

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.

    Figs. 19 e 20: Guarda volume e hall da Biblioteca Pblica de Pernambuco

    Figs. 21 e 22: Espao para peridicos e setor infantil da Biblioteca Pblica de Pernambuco

    Figs. 23 e 24: Setor de restauro e circulao do 2 pav. da Biblioteca Pblica de Pernambuco

  • 39

    O equipamento est com uma reforma em curso, onde ser implantado um anexo

    com dois pavimentos, no 1 piso ser disposto o acesso principal, salo de

    exposio, auditrio, caf e no 2 pavimento o setor de peridicos. Assim, a

    Biblioteca Pblica do Estado de Pernambuco se enquadrar no conceito

    contemporneo de espao para leitura que o dialogo entre o usurio, os espaos e

    os livros de forma harmnica, criativa e ldica.

    4.2 Biblioteca Pblica de Santa Catarina (BPSC)

    Fig. 25 : Biblioteca Pblica de Santa Catarina

    Fonte: . Acessado em: 05/05/2011.

  • 40

    A Biblioteca Pblica de Santa Catarina localiza-se na cidade de Florianpolis, a qual,

    segundo censo do IBGE 2010, possui populao de 404.224 habitantes, e uma rea

    de 3.800m, a BPSC freqentada por cerca de 20.000 usurios por ms.

    A readequao do edifcio da BPSC (Fig. 25) desenvolve-se com o intuito de tornar

    o equipamento um marco na comunidade. Busca-se assim, harmonia entre os

    espaos internos, com a disposio de ambientes amplos que transmitem fluidez,

    alternando com espaos que sugerem introspeco e reflexo, e a integrao com o

    exterior, refletida pela fachada contestadora e convidativa.

    O edifcio composto por seis pavimentos, distribudos de forma a agregar os

    diversos ambientes que formam o equipamento. Observam-se tambm, as

    necessidades em atender questes tcnicas e operacionais que envolvem um

    projeto de biblioteca Distribuio de fluxos, setorizao dos ambientes e

    condicionantes ambientais. Para solucionar as questes tcnicas, dividiu-se o

    programa em quatro partes: 1. Acesso/Caf/Peridicos,Dirios/ Espao de

    Eventos/Auditrio; 2. Diviso de Pesquisa e Memria; 3. Diviso Infanto-

    Juvenil/Servio de Multimdia e Internet/Diviso de Atendimento ao Usurio; e 4.

    Diviso Administrativa Geral/Servios (Fig. 26).

    Fig. 26: Setorizao e distribuio dos espaos da Biblioteca Pblica de Santa Catarina

    Fonte:< wwwconcursosdeprojetos>. Acessado em: 05/05/2011.

  • 41

    O Setor 1 localiza-se no pavimento trreo, acolhe o usurio e serve como

    mediador do espao externo e interno distribuindo o fluxo interno. Desse pavimento

    o usurio pode acessar o pavimento inferior e Divises diversas, do 1 ao 4 pisos

    (Fig. 27).

    Fig. 27: Planta baixa do pav. Trreo da Biblioteca Pblica de Santa Catarina

    Fonte: . Acessado em 05/05/2011.

    No Setor 2 - Disposto no pavimento inferior, apresenta reas de introspeco e

    pesquisa, ambiente mais reservado do edifcio, com controle de temperatura e

    iluminao, alternando com o auditrio que promove grande fluxo ao local (Fig. 28).

  • 42

    Fig. 28: Planta baixa do pav. inferior da Biblioteca Pblica de Santa Catarina

    Fonte: . Acessado em 05/05/2011.

    Setor 3 - Composto por trs pavimentos, onde concentra a maior rea do

    equipamento, diferenciando-se sua setorizao por fechamentos dispostos a

    transmitir ora transparncia, ora opacidade (Figs 29 a 31).

    Fig. 29: Planta baixa do 1 pav. da Biblioteca Pblica de Santa Catarina

    ESC. GRFICA

    Fonte: . Acessado em 05/05/2011.

  • 43

    Fig. 30: Planta baixa do 2 pav. da Biblioteca Pblica de Santa Catarina

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

    Fig. 31: Planta baixa do 3 pav. da Biblioteca Pblica de Santa Catarina

    ESC. GRFICA

    Fonte: . Acessado em 05/05/2011.

    Setor 4 locado no ltimo piso da edificao situa-se a rea administrativa da

    biblioteca, onde se concentra os servios diversos para gerir todo o edifcio (Fig. 32).

  • 44

    Fig. 32: Planta baixa do 4 pav. da Biblioteca Pblica de Santa Catarina

    Fonte: wwwconcursosdeprojetos.org/2010/04118/bibliotecapublicadesantacatarina

    A BPSC possui forma regular, com traos retos e a disposio dos ambientes

    respeita a hierarquia dos fluxos, onde nota-se que a mesma foi divida por setores de

    forma a coibir ou influenciar os devidos usos do edifcio, como mostra as figuras 33 a

    40.

    Fig. 33: Corte AA da Biblioteca Pblica de Santa Catarina

    Fonte:< www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.

  • 45

    Fig. 34: Corte BB da Biblioteca Pblica de Santa Catarina

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

    Fig. 35: Corte CC da Biblioteca Pblica de Santa Catarina

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

  • 46

    Fig. 36: Corte DD da Biblioteca Pblica de Santa Catarina

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

    Fig. 37: Vista do Pav. Inferior da Biblioteca Pblica de Santa Catarina

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

    Fig. 38: Vista Pav. Trreo da Biblioteca Pblica de Santa Catarina

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

  • 47

    Fig. 39: Vista do 1 Pav. da Biblioteca Pblica de Santa Catarina.

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

    Fig. 40: Vista do 3 Pav. da Biblioteca Pblica de Santa Catarina.

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

    A localizao do edifico, de esquina, favorece o acesso do pblico em geral. Na

    composio externa do edifico observa-se que o mesmo envolvido por brises

    verticais, composto por aletas metlicas, posicionadas a 60cm do fechamento

    interno. A coberta de estrutura metlica leve e telha composta com tratamento

    termo-acstico. Internamente, a circulao principal feita atravs de uma escada

    em estrutura metlica disposta livremente nos pavimentos (Fig. 41).

  • 48

    Fig. 41: Materiais utilizados na composio da Biblioteca Pblica de Santa Catarina

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

    O projeto pertinente e eficiente, pois atende s necessidades contemporneas de

    uma biblioteca pblica, alm de pensar na otimizao dos espaos e adequada

    comunicao com os usurios, como por exemplo, o Layout organizado livremente

    na Diviso Infanto-Juvenil, o qual se adqua a forma ldica que inspira a infncia e

    juventude.

  • 49

    4.3 Biblioteca de Montarville, Quebec, Canad

    Realizou-se um concurso na cidade de Boucherville, Quebec, Canad para a

    reforma e ampliao da biblioteca de Montarville, a qual se situa na rea central da

    cidade de Boucheville com populao de 40.000 habitantes. A biblioteca possui uma

    rea total de 3.170m (Fig. 42).

    Fig. 42: Biblioteca de Montarville, Quebec, Canad

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

    A regio envolvida por uma floresta que inspira a leitura e o convvio com a

    natureza. Com toda essa riqueza natural os arquitetos utilizaram um partido que

    impulsiona os usurios a um contato direto com o verde, disponibilizando os

    ambientes para serem acolhidos pela natureza, como o uso de grandes paredes de

    vidro e revestimento de madeira (Fig.43).

  • 50

    Fig. 43: Implantao - Biblioteca de Montarville, Quebec, Canad

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

    O equipamento possui trs pavimentos de forma retangular, revestimento em

    madeira de cedro natural e alguns fechamentos em vidro. Internamente grandes

    espaos compem os ambientes que possuem forma livre, com adequada

    iluminao dada pelo posicionamento da edificao na disposio sul, o que nessa

    rea favorece a entrada de luz natural.

    O edifcio da biblioteca divide-se em onze setores: 1 - Recepo central; 2-

    Emprstimo/Devoluo; 3 - Audiovisual; 4 - Documentrio adulto; 5 - Referncia

    Bibliografia eletrnica; 6 - Histria e Genealogia; 7 - Romances para adultos; 8 -

    Peridicos; 9 - Adolescentes; 10 Infantil; 11 Servios tcnicos e auxiliares, como

    mostra as figuras 44 a 48.

  • 51

    Fig. 44: Planta baixa do pav. inferior, trreo, 1 e 2 pav. - Biblioteca de Montarville, Quebec, Canad

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

  • 52

    Fig. 45: 1 Pav.da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canad

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

    Fig. 46: 2 Pav.da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canad

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

  • 53

    Fig. 47: Pav. inferior e pav. trreo da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canad

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

    Fig. 48: Elevao sul e corte longitudinal da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canad

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

  • 54

    O edifico racional e fluido, possui forma retangular e grandes fechamentos em

    vidro, promovendo a iluminao natural e a conexo com a floresta existente.

    Percebe-se um conceito ecolgico, sendo empregados materiais da terra, como o

    cedro, madeira proveniente dessa regio. Com isso, a proposta integrar

    visualmente o ambiente interno com a mata existente no entorno, promovendo

    sensao de tranqilidade e reflexo (Fig. 49 a 54).

    Figs. 49 e 50: Interior da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canad

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

  • 55

    Figs. 51 e 52: Setor Infantil e fachada da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canad

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

    Figs. 53 e 54: Biblioteca de Montarville, Quebec, Canad

    Fonte: Acessado em 05/05/2011.

  • 56

    A percepo de ambientes voltados para leitura e introspeco, sem espaos de

    convivncia como um caf ou auditrio, fato esse disposto pela diferena cultural,

    pois os canadenses so condicionados desde cedo a freqentar bibliotecas, no

    carecendo para isso de uma recepo provida de atrativos convidativos.

    Sendo assim, esse espao atende s necessidades locais de uma biblioteca pblica,

    pois o equipamento possui ambientes amplos e diversificados, alm de um apelo

    ecolgico que desperta a cincia nos usurios em utilizar tcnicas sustentveis em

    sua comunidade.

  • 57

    4.4 Anlise comparativa

    Aps observaes pertinentes sobre questes que envolvem o ambiente das

    bibliotecas pblicas, do estudo de casos e coleta de dados, perceberam-se

    elementos que podem contribuir para um projeto mais preciso e adequado a

    populao de Caruaru.

    Dentre o estudo de casos adotados, observam-se trs estruturas fsicas distintas

    pela regio de locao, tamanho, cultura, disposio de setores e diversidade dos

    ambientes, porm existem pontos em comum a todas as bibliotecas analisadas

    (tabelas 03 e 04).

    Percebem-se questes similares entre os equipamentos enumerados como:

    heterogeneidade de ambientes, diviso por faixa etria, interesse e funo;

    posicionamento do auditrio, hall, salo de exposio prxima a entrada principal e o

    setor infanto-juvenil separado, em local amplo, ldico e convidativo; e a presena de

    espaos de convvio e lazer.

    Outro fator importante verificou-se nos dimensionamentos dos ambientes, como

    espaos destinados para o setor Infanto-Juvenil, o qual ocupa grande rea das

    bibliotecas estudadas. E, conforme o Manual de Diretrizes para Bibliotecas Pblicas

    (Brasil, 2000), esse setor responsvel por boa parte da rea dessas edificaes.

    O conceito utilizado nas edificaes est atrelado ao que se quer propor

    especificamente a cada comunidade, e a forma de transmitir essas consideraes a

    determinado pblico. No contexto geral, os equipamentos tentam ser atrativos,

    utilizando o conceito contemporneo de biblioteca que aproximar o pblico desse

    ambiente de insero, dispondo espaos livres, convidativos, os quais no s

    educam como entretm.

    Na questo das dimenses dos ambientes (Tab.04), o estudo mostrou certa

    proporcionalidade em relao a reas comuns s edificaes de acordo com a rea

    total de cada equipamento.

  • 58

    Tabela 03: Comparativo entre os estudos de caso.

    TABELA COMPARATIVA ENTRE OS ESTUDOS DE CASO

    BIBLIOTECA PBLICA

    BIBLIOTECA PBLICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO

    BIBLIOTECA PBLICA DE SANTA CATARINA

    BIBLIOTECA DE MONTARVILLE

    Descrio geral do equipamento

    Biblioteca Pblica do Estado de PE Rua Joo lira, s/n, Santo Amaro, Recife-PE Arquitetos: Castro e Esteves Arquiteta (reforma e ampliao): Silvana Marta Affonso Ferreira rea terreno: 7.418m Const. Existente: 5.206m Ampliao: 1.457m rea construida (com ampliao): 6.662m

    Biblioteca Pblica de Santa Catarina, Rua Tenente Silveira, 343 Florianpolis SC Criada em 31 de maio de 1851, inaugurada em 7 de janeiro de 1855. 1 lugar no concurso. Autores: Bruno Conde, Filipe Gebrim Doria, Filipe Lima Romeiro, Lucas Bittar. rea: 3.804m.

    Biblioteca de Montarville, Quebec, Canada 1 lugar Concurso - Arquitetos: Briere, Gilbert e Associados rea existente: 1.700 m2 rea de expanso: 1.470 m2 rea total: 3.170m Ano do projeto: 2009

    Partido arquitetnico adotado

    A construo existente foi desenvolvida na poca da ditadura e seus espaos demonstram a seriedade e introspeco condizentes com a poca. Os espaos reservados e os livros no ficam a mo do usurio. No projeto recente de ampliao, a arquiteta trabalhou o conceito de atualizao do edifcio a poca atual, dando fluidez, dinmica e atratividade aos espaos.

    Readequao do edifcio da BPSC. Desenvolvido a partir das necessidades em atender questes tcnicas e funcionais que envolvem um projeto de biblioteca Distribuio de fluxos, setorizao dos ambientes e condicionantes ambientais. Dividiu-se o programa em quatro partes: ncora (pav. Inferior), rea de transio (trreo), Divises diversas ( 1 ao 3 pav.) e Diviso geral Administrativa/Servios. Externamente o edifcio diferencia-se das construes locais, criando um dilogo marcante atravs deu sua fachada intrigante, e no interior acolhe os visitantes com espaos atrativos, diversificados, fluidos e amplos.

    O projeto de ampliao e renovao da biblioteca de Montarville foi pensado para aproximar os usurios da natureza ao redor, pois a biblioteca fica prximo a uma floresta, uma ligao do espao interno com o externo atravs do conceito de introspeco aliado a natureza, um convite a contemplao das idias ecologias e locais.

    Aspectos Construtivos

    A construo antiga de concreto aparente, p direito monumental, janelas com esquadrias de alumnio e vidro, portas de madeira e divisrias de madeira. A fachada composta por brise soleil metlico vertical. Piso de mrmore na maioria dos ambientes e piso cermico no restante. Parapeito do pavimento superior de concreto aparente.

    O edifcio envolvido por um brise soleil, composto de aletas metlicas, posicionadas a 60cm do fechamento interno. A coberta de estrutura metlica leve e telha composta com tratamento termo-acstico. A circulao principal feita atravs de uma escada em estrutura metlica solta.

    O Edifcio composto por trs pavimentos. O uso da madeira, cedro natural, na fachada transmite o acolhimento e o vidro faz a ligao entre os dois espaos: exterior e interior. A fachada de concreto aparente, esquadrias de alumino e vidro, faz um contraste entre transparncia e opacidade.

    Questes espaciais externas

    O edifcio est localizado prximo a escolas e praas, possui fluxo intenso de veculos e pedestre.

    A condio urbana do edifico, de esquina, favorece o fluxo intenso e acesso do pblico em geral.

    O edifico est localizado na rea central da pequena cidade de Boucherville, envolvido por uma floresta, possui fluxo moderado.

    Questes espaciais internas

    A construo existente possui trs pavimentos, distribudos de forma concisa e esttica, no sendo convidativo ao usurio.

    O edifcio composto por seis pavimentos, distribudos de forma a integrar alguns ambientes e em outros a gerar introspeco necessria a alguns setores.

    Os espaos internos so amplos e conectam-se de forma harmoniosa. As divises existentes so necessrias e eficientes, como o caso da rea infantil, multimdia e acervo de memria.

    Mobilirio

    Mobilirio deficiente, no dialoga com o lugar. Espao infantil desprovido de imaginao. Falta cor, vida ao mobilirio para serem atrativos ao usurio

    Na diviso infanto-Juvenil o layout definido com estantes de 1,20m de altura, posicionadas livremente. Nos outros ambientes as estantes so posicionadas de forma linear, convidando os usurios a um passeio intelectual.

    O mobilirio funcional, diversificado e objetivo, proporcionando versatilidade aos espaos internos da biblioteca.

    Acervo 220.000 volumes 115.000 volumes X

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos, sobre dados do site www.concursodeprojetos.org.

  • 59

    Tabela 04: Dimensionamentos dos ambientes dos estudos de caso.

    PROGRAMA/SETOR

    BIBLIOTECA DE PERNAMBUCO, sem

    ampliao (*)

    BIBLIOTECA PBLICA DE

    SANTA CATARINA (*)

    BIBLIOTECA DE MONTARVILLE

    Acesso/Social

    Hall/ Espao p/Eventos/Salo Multifuncional/Foyer

    291m 124m Hall: 40m Sala Multifuncional: 60m = 100m

    Caf ------ 31m -----

    Guarda volumes 45m 58m -----

    rea de leitura 291m 77m 75m

    Emprstimo e devoluo 195m 20m 50m

    Espao p/ Peridicos/Dirios 125m 20m 52m

    Auditrio/Espao p/ oficina Oficina 85m 102m -----

    Braille 195m ----- -----

    WC 80m 20m 33m

    REA TOTAL DO SETOR 1.307m 452m 310m

    Diviso de Pesquisa e Memria

    Acervo reservado/Pesq e memria 173m 72m 15m

    reas de leitura ----- 55m 15m

    Laboratrio e oficinas de restauro 38m 22m 15m

    Laboratrio de encadernao e conservao

    ----- 22m 15m

    Atendimento ----- 9m 12m

    Depsito/Almoxarifado 2x31m=62m 12m 20m

    CFTV 9m 3m -----

    WC 48m 11m -----

    Servio de processamento tcnico 105m 15m -----

    REA TOTAL DO SETOR 435m 221m 92m

    Diviso Infanto-Juvenil/Multimdia/internet

    Diviso Infanto-Juvenil 105m 300m 232m

    Sala TV/DVD/Espao criativo ----- 22m 20m

    Computadores ----- 37m 18m

    WC 35m 36m 6m

    REA TOTAL DO SETOR 135m 395m 276m

    Diviso de atendimento ao usurio

    Acervo referncia/catlogos 90m 30m 450m

    Acervo referncia eletrnico ----- ----- 100m

    Atendimento 9m 14m -----

    Acervo geral 555m 190m 100m

    Audiovisual/Internet 95m X 54m

    rea de estudo/leitura 100m 390m 200m

    REA TOTAL DO SETOR 849m 624m 904m

    Diviso Geral/Servios gerais

    Administrao 44m X X

    Direo 70m 35m 9m

    Espera/Recepo X 15m 11m

    Secretaria/Telefonista X 7m X

    Coordenao/Ao cultural 54m 40m 20m

    Sala Reunio X 43m 20m

    rea servio X 9m

    Copa 10m 24m 22m

    Vestirios/WC 28m 36m 21m

    Arquivo administrativo X 44m 18m

    Serv. Tecnologia, Informao e com X 34m 82m

    Acessoria de cultura, extenso e proj. 40m2 39m -----

    Sala direitos autorais 17m ----- -----

    REA TOTAL DO SETOR 263m 326m 203m

    REA TOTAL (**) 2.989m 2.018m 1785m (*) valores aproximados devido a falta de escala correta, buscou-se uma escala equivalente. (**) apenas dimensionamentos dos ambientes. ----- No se aplica

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos, elaborada a partir do site www.concurosdeprojetos.gov.

  • 60

    No contexto geral, no existe regras fixas para dimensionamento entre os estudos

    analisados, so modificados conforme importncia que cada equipamento prope a

    determinado setor, e posicionamento hierrquico em relao aos demais espaos.

    Portanto, essa anlise teve a inteno de concatenar idias afins e ordenar

    prioridades para o anteprojeto, propondo com isso embasamento tcnico para o

    desenvolvimento do projeto.

    4.5 Aplicao do SWOT nos estudos de caso

    Aps anlise comparativa oriunda do estudo de casos, notaram-se pontos

    relevantes nos projetos que podem enfraquecer e ameaar, ou outros que facilitam e

    melhoram a inteno projetual.

    Assim, originou-se a anlise SWOT, onde foram verificados os pontos principais e

    determinantes de cada projeto estudado, gerando a tabela abaixo:

    Tabela 05: Anlise SWOT BIBLIOTECA PBLICA DO ESTADO DE

    PERNAMBUCO (1)

    BIBLIOTECA PBLICA DE

    SANTA CATARINA(2)

    BIBLIOTECA DE

    MONTARVILLE(3)

    PONTOS NEGATIVOS

    - Os ambientes no demonstram conexo com a poca atual, tanto no quesito de conexes internas como externas; - O edifcio no convidativo, pois o acesso aos usurios e pedestres escondido e recuado.

    - No possui WC infantil; - rea p/ leitura desprovida de tratamento acstico; - No possui estacionamento; - O edifcio no possui setor de Braille, salas para cursos ou oficinas

    - No possui caf e auditrio

    AMEAS

    - A possibilidade da freqncia dos usurios da biblioteca diminuir, por a mesma no ser atrativa, no convidar o pblico a usufruir dos ambientes

    - A falta de estacionamento pode ocasionar diminuio da freqncia dos usurios no edifcio.

    - O equipamento no possui ambientes internos de convivncia,podendo ocorrer diminuio da frequncia dos usurios.

    PONTOS POSITIVOS

    - Possui WC infantil; - Climatizao dos ambientes; - Setor de Braille; - Programa diversificado - Dispe de grande rea, podendo ser expandida, como est acontecendo no momento; - Localizao central, prximo a praas e escolas; - Possui estacionamento

    - Boa resoluo no quesito de diversidade de ambientes, alguns amplos, integradores, outros introspectivo; - Climatizao necessria no pavimento inferior

    - Ambientes com boa conexo entre si; - O espao exterior dialoga com seu interior e o entorno; - Diversidade de ambientes

    POTENCIALIDADES

    - O fato de possuir estacionamento facilita a freqncia dos usurios, pois no entorno no h muitos locais para estacionar veculos. - rea para expanso favorece atualizao do equipamento. - A localizao do edifcio promove o equipamento, pois pode ser facilmente acessado pelos usurios.

    - Edifcio convidativo, atrai os usurios a conhecer o local; - Por ter ambientes integrados e diversificados h uma boa freqncia de usurios, cerca de 20.000 por ms.

    - Atrair os usurios pelas propostas sustentveis; - Dispe de espaos para ampliao

    Fonte: Da autora, elaborada a partir de pesquisas em fontes diretas e indiretas

  • 61

    Dentre os principais fatores pontuados com a utilizao do SWOT (Tab. 05),

    observou-se que h aspectos funcionais que alteram a dinmica de um projeto de

    biblioteca. Os pontos negativos do primeiro estudo de caso, a falta de dilogo entre

    os ambientes e o fato do edifcio no ser atrativo pode desencadear na iminncia de

    diminuio da freqncia dos usurios, e por outro lado, h pontos positivos no

    edifico como possuir setor de Braille, ambientes climatizados, WC infantil e um

    programa diversificado, gerando vrias potencialidades como a facilidade do acesso,

    por ter uma localizao central e estacionamento.

    No segundo estudo verificou-se que o equipamento no possui setor de Braille,

    ambientes para leitura com tratamento acstico adequado e estacionamento,

    podendo ocasionar a diminuio da freqncia. Por outro lado, h vrias percepes

    interessantes no projeto desse centro, como a boa resoluo nas questes de

    funcionalidade e diversidade dos ambientes, sendo com isso um espao convidativo

    e dinmico.

    O terceiro estudo mostrou um equipamento diferente dos costumeiros centros

    contemporneos de cultura, pois no possui espaos de convivncia que convidam

    o pblico a utilizar outros servios. um equipamento funcional, racional e possui

    boa resoluo projetual.

    Com essa anlise observou-se que para atender a comunidade onde o equipamento

    est sendo inserido necessrio ressalvar a cultura local e fazer com que o edifcio

    seja convidativo para os usurios. Porm, algumas questes so relevantes a todo

    projeto de biblioteca como a funcionalidade, dinmica e atratividade dos ambientes.

    Nota-se que o conceito desse equipamento cultural mudou ao longo dos tempos,

    fato este que pode ser visto na BPEP, a qual possui um projeto de reforma e

    ampliao para atender as novas necessidades dos usurios que carecem de

    espaos de convivncia e ambientes flexveis e dinmicos que dialoguem entre si.

    Portanto, com essa ferramenta analisou-se questes determinantes que alteram o

    conceito e funcionalidade dos equipamentos avaliados, sendo um instrumento

    importante para o desenvolvimento do anteprojeto.

  • 62

    5. PROGRAMA E PR-DIMENSIONAMENTO

    O programa e o dimensionamento de um espao como a biblioteca nascem das

    necessidades da populao e so concebidos para atender comunidade onde est

    inserida. Devem-se analisar as questes sociais, tamanho da populao e legado

    cultural para a formao de espaos e distribuio dos setores e fluxos, alm de

    insolao, ventilao, vegetao e anlise do entorno.

    No h regras fixas na elaborao de um projeto para biblioteca, tem-se que

    verificar o que se quer transmitir com esse equipamento e qual pblico atingir, pois

    segundo Milanese (2003), no existe demanda clara por parte da populao em

    relao s atividades culturais, assim, deve-se observar a populao, seus anseios

    e objetivos, alm do que os espaos devem ser multifuncionais, informativos e

    integrados, ou seja, Devem informar, discutir e criar (MILANESE, 2003). Trs

    elementos devem integrar esse espao: setor do conhecimento, reas de

    convivncia e salas de oficinas e laboratrios.

    Assim, Milanese (2003) em seu livro A casa da Inveno, prope alguns pontos

    abaixo (Tab. 06).

    Tabela 06: Sugesto de dimensionamento para espaos culturais1

    SUGESTES DIMENSIONAMENTO PARA ESPAOS DE CULTURA, MILANESE (2003)

    ESPAOS DA BIBLIOTECA

    MXIMO MNIMO

    REA TOTAL 100 hab/m 30 hab/m

    ACERVO 3 ttulos/hab. 8 hab/ttulos

    CONVIVNCIA 1/3 da rea total 1/6 da rea total

    INFANTIL 1/3 da rea total 1/6 da rea total (s acervo bibliogrfico)

    MULTIMIDIA 1 terminal p/ cada mil habitantes

    1 terminal p/ cada 10 mil habitantes

    FUNCINRIOS 1 p/ cada 2.000 habitantes

    1 p/ 20.000 habitantes

    AUDITRIO 300 assentos ou mais 150 assentos ou 360m Fonte: Da autora, elaborado a partir de dados oriundos de: MILANESI, Lus. (2003, pg.236 a 250)

  • 63

    Dessa anlise recomenda-se que para a populao de Caruaru, a qual possui cerca

    de 300.000 habitantes, a rea mnima da biblioteca para atender a demanda

    populacional de 3.000m e a mxima de 10.000m, assim como dever possuir

    capacidade mnima de 100 hab/m e mxima de 30 hab/m. Dessa rea proposta de

    1/3 a 1/6 devem ser reservados para rea de convivncia, e tambm 1/3 a 1/6 da

    rea total devem ser destinados ao setor infanto-juvenil. Para o espao multimdia

    deve ser proposto de 1 terminal para cada mil habitantes a 1 terminal a cada 10 mil

    habitantes. O acervo mnimo para essa comunidade de 8 hab/ttulos e mximo de

    3 ttulos/hab, para sua rea mnima.

    Portanto, com base no que foi sugerido pelo autor criou-se a tabela a seguir (Tab.

    07):

    Tabela 07: Sugesto de dimensionamento para espaos culturais 2

    SUGESTES DIMENSIONAMENTO PARA ESPAOS DE CULTURA

    ESPAOS DA BIBLIOTECA

    MNIMO P/ CRUARU MXIMO P/ CARUARU

    REA TOTAL 3.000m 10.000m

    ACERVO 37.500 900.000

    CONVIVNCIA X X

    INFANTIL X X

    MULTIMIDIA 30 terminais 300 terminais

    FUNCINRIOS 15 funcionrios 150 funcionrios

    AUDITRIO 300 assentos ou mais

    150 assentos ou 360m

    Fonte: Da autora, elaborado a partir de dados oriundos de: MILANESI, Lus. (2003, pg.236 a 250)

    Complementando as informaes acima, tomou-se o Manual de Normas e Diretrizes

    para as Bibliotecas Pblicas (2000), que cita que as bibliotecas devem conter

    espaos para armazenamento do acervo; ambientes de leitura, referncia e

    pesquisa; servios internos; e reas para convvio, atividades culturais e

    entretenimento.

    J de acordo com os estudos de caso, verificou-se que na biblioteca de Pernambuco

    a relao usurios/livro de aproximadamente 0.17 livros por habitante, e na

    biblioteca de Santa Catarina a relao de 0.28 livros por habitantes. Esses ndices

    esto dentro da mdia sugerida pelo Manual de Normas e Diretrizes para as

    Bibliotecas Pblicas (2000), como mostrado na tabela abaixo (Tab.08).

  • 64

    Tabela 08: Projeo de crescimento de uma coleo

    Projeo de crescimento de uma coleo

    Ano Coleo Livros a serem comprados

    Relao livro/hab

    n hab/livro

    Atual 3.000 0.1 1 p 10 hab

    1 4.000 1.000 0.133 1 p 7.5 hab

    2 5.000 1.000 0.166 1 p 6 hab

    3 6.000 1.000 0.2 1 p 5 hab

    Fonte: Manual de Normas e diretrizes das Bibliotecas pblicas no Brasil, Ministrio da Cultura (2000).

    Assim, adota-se a relao de 0.2 livros por habitantes, o que possibilitou o desenvolvimento da tabela a seguir:

    Tabela 09: Distribuio do acervo e capacidade das estantes.

    TABELA COM DISTRIBUIO DO ACERVO

    TIPO ACERVO % QT. LIVROS

    QT. ESTAMTES SIMPLES *

    QT. ESTANTES DUPLAS **

    FICO 30 18.000 120 60

    NO FICO 30 18.000 120 60

    REFERNCIA 5 3.000 20 10

    INFANTO-JUVENIL 32 19.200 128 64

    SOM E AUDIO VISUAL

    3 1.800 12 06

    MUNICIPIO DE CARUARU

    REFERNCIA QT. ACERVO CAP. ESTANTES SIMPLES

    CAP. ESTANTES DUPLAS

    0.2 livros por hab. 60.000 vol. 150 volumes 300 volumes *Dimensionamento da estante simples: 1,70m comprimento, 2,0m de altura e 0,25m de profundidade. ** Dimensionamento da estante dupla: 1,70 de comprimento, 2,0m de altura e 0,50m de profundidade.

    Fonte: Da autora, elaborada com dados do Manual de Diretrizes para bibliotecas pblicas, 2000.

    Deste modo, tem-se a quantidade de acervo especfico a cada setor e

    conseqentemente a rea estimada. Como a estante dupla possui 1,70 de

    comprimento e abriga 150 volumes, constata-se que para o acervo do setor infantil,

    32% da coleo, so necessrias 128 estantes simples ou 64 estantes duplas

    (Tab.10).

  • 65

    Tabela 10: Capacidade de volumes das estantes e prateleiras

    VOLUMES POR ESTANTES SIMPLES E DUPLA Prateleira de um metro linear

    N.de Prateleiras Vol./prateleira (1) Vol./estante Simples Duplas Simples Dupla

    Livros de referncia

    4 8 25-30 100-120 200-240

    Livros de consulta 5-6* 10-(12) 30-35 150-175 300-350

    Livros p/ emprstimo

    5-6* 10-(12) 35-40 175-200 350-400

    Livros infantis 3-(4)* 6-(8) 50-55 150-165 300-330

    Jornais (deitados) 5** 10 3 Deitados

    Revistas (deitadas)

    5** 10 5 Deitados

    Revistas em p 5** 10 10 (1) Com espao para crescimento da coleo *Eventualmente, pode aumentar-se o nmero de prateleiras aumentado, assim, a capacidade das estantes. Os totais de volumes/estante se referem aos nmeros sem parnteses da coluna N. de prateleiras

    **Estante de jornais e revistas: 3 prateleiras inclinadas para exposio e 2 horizontais para caixas de revistas Fonte: Manual de diretrizes para bibliotecas pblicas, 2000.

    E, segundo NEUFERT (1976), por metro quadrado de pavimento, incluindo

    passagem, estima-se de 200 a 250 volumes. Assim, para o setor infantil, o qual se

    considera 19.200 volumes obtm-se 96m, resultando assim a rea para esse setor

    especfico.

    Novamente, referindo-se aos estudos de caso, percebe-se a frequncia dos usurios

    da Biblioteca de Pernambuco, a qual possui populao de cerca de 1.500.000

    habitantes de 1.200 pessoas por dia, e na biblioteca de Florianpolis, que possui

    populao de aproximadamente 400.000, a freqncia de 900 usurios por dia.

    Caruaru possui populao aproximada de 300.000 habitantes, e utilizando a mdia

    de freqncia dos estudos analisados, estima-se um pblico mdio de 500 pessoas

    por dia. E, segundo NEUFERT (1976), cogita-se um espao de 2,5m por leitor, os

    quais permanecem em mdia duas horas na biblioteca. Assim, calculando oito horas

    de funcionamento, percebe-se que nesse intervalo quatro pessoas usaro o espao

    (2,5m). Portanto, multiplica-se a freqncia dos usurios por 2,5m e divide-se por 4

    (quatro), originado assim, uma rea de 312.5m de espaos para leitura, distribudos

    nos diversos setores.

    Com base nessas informaes, nos estudos de caso, na anlise comparativa, nas

    pesquisas de campo e SWOT chegou-se ao seguinte programa e pr-

    dimensionamento, como mostrado na tabela a seguir (Tab. 11):

  • 66

    Tabela 11: Programa e pr-dimensionamento.

    TABELA COM PROGRAMA E PR-DIMENSIONAMENTO

    SETOR PR-DIMENSIONAMENTO Setor Social:

    Guarda volumes 40m Foyer 120m

    Peridicos/Dirios 90m Leitura 100m

    Emprstimo/Devoluo 50m Terminal de consultas 10m

    Braille 80m WC (Fem. e masc.) 50m

    Estacionamento - TOTAL DO SETOR: 540m

    Setor de Convivncia: Salo para exposio 120m

    Auditrio 360m Caf 40m

    WC (Fem. e masc.) 50m TOTAL DO SETOR: 570m

    Setor de Referncias: Acervo Referncia/Catlogos 120m Acervo Referncia eletrnico 90m

    Atendimento 20m Espao para leitura 100m TOTAL DO SETOR: 330m

    Setor Tcnico: Atendimento 20m

    Acervo Reservado/Pesquisa e Memria 100m

    Leitura 100m Depsito 12m

    Sala de restauro 25m Almoxarifado 25m

    Encadernao 25m CFTV 12m

    Processos tcnicos 25m

    WC (fem. e masc.) 50m TOTAL DO SETOR: 394m

    Setor Infanto-Juvenil:

    Espao para acervo 120m Leitura 120m

    Salas para oficinas 2 X 40m = 80m Espao criativo 100m

    Espao multimdia 40m

    WC infantil 25m TOTAL DO SETOR: 485m

    Setor adulto:

    Espao para acervo diverso 120m Acervo geral 120m

    Espao para leitura 200m

    Multimdia 40m WC (fem. e masc.) 50m TOTAL DO SETOR: 530m

    Setor Geral/Servios:

    Direo 35m Administrao 30m

    Espera/Recepo 20m Coordenao/Ao Cultural 35m

    Sala reunio 40m Sala para projetos 40m

    Sala de Direitos Autorais 20m

    Informao/Acessoria de Cultura 40m Arquivo administrativo 40m Sala para funcionrios 30m

    rea servio 9m

    Copa 15m Vestirio/WC (fem. e masc.) 60m

    Depsito 12m DML 9m

    TOTAL DO SETOR: 435m

    REA TOTAL: 3.284 m

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.

  • 67

    O programa e pr-dimensionamento sugeridos propuseram que a Biblioteca Pblica

    de Caruaru fosse condizente com os objetivos de um centro de cultura e

    disseminao do conhecimento que almeja o equilbrio entre esttica e

    funcionalidade, com ambientes racionais e ldicos, espaos amplos e acolhedores.

    Deste modo, o contedo referente ao programa e pr-dimensionamento foi

    racionalizado no organo-fluxograma a seguir, o qual permitir uma viso geral do

    equipamento.

  • 68

    6. ORGANOGRAMA, FLUXOGRAMA E ZONEAMENTO

    Para determinar a organizao espacial dos ambientes da biblioteca utilizaram-se

    trs ferramentas: o organograma, o fluxograma e o zoneamento, que

    proporcionaram uma representao esquemtica dos setores e sua disposio

    hierrquica, bem como seu fluxo interno.

    Na macro-setorizao determinou-se a localizao geral dos setores e como se

    conecta um ambiente com outro. O arranjo desses espaos deu-se pelo fluxo e a

    hierarquia funcional como mostra os esquemas abaixo (Fig. 55, 56 e 56A):

    MACRO-SETORIZAO

    Fig.55: Macro-setorizaao.

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.

  • 69

  • 70

    Fig.56A: Zoneamento

    Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.

    Desta forma, o esquema permite uma visualizao geral dos setores, suas conexes

    e disposio hierrquica, facilitando com isso o planejamento dos espaos atrelado

    aos usos e fluxos. Com o estudo setorial dos ambientes internos, tem-se base para

    projetar ambientes racionais e adequados ao equipamento biblioteca, que articulem

    entre si de forma harmoniosa e dinmica.

    Portanto, os estudos feitos at ento promoveram a concepo interna dos

    ambientes, adequando os setores a sua localizao eficiente no projeto.

    Assim, prosseguiu-se com o desenvolvimento de etapas para concepo de um

    equipamento cultural que atenda as necessidades climticas e contextuais da

    regio, sendo necessrio para isto um estudo do terreno, seu contexto urbano, e os

    condicionantes ambientais atrelados a rea de implantao, os quais possibilitam ao

    equipamento boa ventilao, iluminao adequada, controle da insolao, e

    presena de vegetao, tornando o espao aprazvel.

  • 71

    7. ANLISE DO TERRENO

    O espao escolhido para implantao da Biblioteca Pblica localiza-se no bairro

    Mauricio de Nassau, o qual possui vnculo direto com os bairros Salgado e Centro,

    acolhendo o fluxo da periferia e centro da cidade. Posiciona-se na esquina da

    quadra 255, compreendida entre as Ruas Belmiro Pereira e Frei Caneca, com rea

    de 9.778 m (Fig. 57).

    Fig.57: Localizao do terreno

    Fonte: Google Earth. Acessado em 03/06/2011.

    O terreno situa-se numa rea central da cidade, prximo a escolas, comrcio e

    servios, favorecendo o acesso dos usurios e atingindo a populao como um todo.

    Outro fator importante relaciona-se ao contexto urbano do terreno, posicionado na

    esquina da quadra favorece os fluxos oriundos de vrios setores diferente da cidade,

    alm de proporcionar uma melhor viso urbana do conjunto como um todo.

    O setor estratgico, pois acolhe os fluxos oriundos da periferia ao centro da

    cidade, sendo um caminho intenso durante todo o dia, caracterizando-se num

  • 72

    espao pertinente para um centro de cultura, o qual necessita de um lugar de fcil

    acesso e central.

    O terreno envolvido por caladas largas e arborizadas, sendo posicionado em

    frente a uma praa, a qual torna o setor agradvel populao, onde pessoas

    transitam durante todo o dia. Por ser um local central um percurso muito acessado

    por todos da cidade e regio, pois um dos acessos ao setor de comrcio e

    se