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SOCIEDADE DO VALE DO IPOJUCA – SESVALE
MANTEDORA DA FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA – FAVIP
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
ANA PAULA DE VASCONCELOS
DO LIVRO À BIBLIOTECA:
Anteprojeto para uma Biblioteca Pública em Caruaru
Caruaru
2011
1
Catalogação na fonte -
Biblioteca da Faculdade do Vale do Ipojuca, Caruaru/PE
V331l Vasconcelos, Ana Paula de.
Do livro a biblioteca: anteprojeto para uma biblioteca pública em
Caruaru / Ana Paula de Vasconcelos. – Caruaru : FAVIP, 2011.
97 f.
Orientador(a) : Gustavo Miranda.
Trabalho de Conclusão de Curso (Arquitetura e Urbanismo) --
Faculdade do Vale do Ipojuca.
Inclui apêndice.
1. Biblioteca pública – Caruaru (Anteprojeto). 2. Cultura –
Conhecimento e informação. I. Título.
CDU 72[12.1]
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário: Jadinilson Afonso CRB-4/1367
2
ANA PAULA DE VASCONCELOS
DO LIVRO À BIBLIOTECA:
Anteprojeto para uma Biblioteca Pública em Caruaru
Trabalho de graduação II apresentado ao
Curso de Arquitetura e Urbanismo da
Faculdade do Vale do Ipojuca – FAVIP, como
requisito final para obtenção do grau de
Arquitetura e Urbanista.
Área de concentração: Projeto Arquitetônico
Orientador: Professor Gustavo Miranda.
Caruaru
2011
3
ANA PAULA DE VASCONCELOS
DO LIVRO À BIBLIOTECA:
Anteprojeto para uma Biblioteca Pública em Caruaru
Este Trabalho de Graduação II foi julgado e aprovado para obtenção do título de
bacharel em Arquitetura e Urbanismo no Curso de Arquitetura e Urbanismo da
Faculdade do Vale do Ipojuca.
Caruaru, 24 de novembro de 2011.
Gustavo Miranda
Professor Orientador
Banca Examinadora
______________________________
Convidado externo
_______________________________
Professora e convidada interna
_______________________________
Professor e convidado interno
Caruaru 2011
4
“Este tipo de biblioteca foi feito à minha medida, posso decidir
passar lá um dia inteiro em santa delícia: leio os jornais, desço até o
bar com alguns livros, depois vou à procura de outros, faço
descobertas, (...) A biblioteca, converte-se, neste sentido, numa
aventura” (Umberto Eco).
5
À minha mãe e irmãs, pelo carinho e incentivo,
Ao meu pai, Marcos Manuel de Vasconcelos (in memorian),
que nutriu em mim o gosto e apreço pela leitura.
6
AGRADECIMENTOS
Muitas pessoas foram essenciais para a realização deste Trabalho de Graduação,
sendo assim, agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para conclusão
deste estudo.
Primeiramente, agradeço a minha família, a qual fomentou em mim a inquietude e
disposição necessárias à busca pelo conhecimento.
Aos meus amigos, em especial, a Edmário Santos, pela dedicação e colaboração.
A Romero Amâncio de Moura, pelos constantes incentivos e apoio.
A Wagner Carvalho, bibliotecário da Biblioteca Pública de Pernambuco, pelas
constantes conversas que facilitaram e encorajaram a conclusão deste trabalho.
E, por fim, mas não menos importante, ao meu orientador, Gustavo Miranda, pela
paciência e dedicação.
7
RESUMO
Vaconcelos, Ana Paula. Biblioteca Pública de Caruaru, 2011. Trabalho de
Graduação (Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade do Vale do Ipojuca, Caruaru,
2011.
A biblioteca pública é uma instituição democrática fomentada pelo poder público,
podendo ser utilizada por todos para o usufruto de seus serviços. É fonte de
conhecimento, informação e proporciona desenvolvimento intelectual e social, além
de promover e disseminar a cultura local. Este Trabalho de Graduação trata do
estudo para a elaboração de um equipamento cultural voltado à população baseado
em estudos e análises de conceitos teóricos e práticos sobre o tema. É um trabalho
teórico projetual que tem como objetivo a concepção de um anteprojeto de uma
biblioteca pública para a cidade de Caruaru. O tema é sugerido pela falta de um
equipamento condizente com os anseios sociais e culturais da população, pois a
cidade é um pólo de comercio, serviço, cultura e educação para toda região, e a
biblioteca existente não atende às necessidades da comunidade. Assim, foram
desenvolvidas metas para atingir tal objetivo com o intuito de suprir as lacunas
culturais e educacionais da cidade e região, resultando num Trabalho de Graduação
embasado em estudos bibliográficos, métodos de pesquisas e estudos de casos.
Com as análises resultantes desses estudos foram extraídas analogias e diferenças
que auxiliaram no desenvolvimento deste trabalho, e em seguida, fez-se os estudos
preliminares que culminaram no anteprojeto da biblioteca proposta.
PALAVRAS-CHAVES: Biblioteca, cultura, conhecimento e informação.
8
ABSTRACT
Vaconcelos, Ana Paula. Caruaru Public Library, 2011. Research Project
(Architecture and Urban Planning) – Vale do Ipojuca College, Caruaru, 2011.
The public library is a democratic institution fostered by the goverment and can be
used by everyone to the enjoyment of its services. It is a source of knowledge,
information, and provides intellectual and social development, and besides promotes
and disseminates the local culture. This research deals with the study for the
development of a cultural facility focused on the population based on studies and
analysis of theoretical and practical concepts on the subject. It is a projectual and
theoretical work which aims to design a blueprint of a public library for the city of
Caruaru. The theme is suggested because of the lack of equipment suitable with
social and cultural aspirations of the population, once the city is a hub for trade,
service, culture and education for the whole region and the existing library does not
meet the needs of the community. Thus, goals were developed to achieve this goal in
order to meet the cultural and educational gaps in the city and region, resulting in a
Graduate Work grounded in bibliographical studies, research methods and case
studies. With the resulting analysis of these studies were extracted similarities and
differences that helped in the development of this work, and then became the
preliminary studies that culminated in the draft proposal of the library.
KEYWORDS: Library, culture, knowledge and information.
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01 – Biblioteca Municipal de Caruaru..............................................................24
Figura 02 - Recepção (BMAL)....................................................................................24
Figura 03 - Acervo geral, BMAL.................................................................................24
Figura 04 - Acervo geral, BMAL.................................................................................24
Figuras 05, 06 e 07 - Espaços para periódicos, Braille e infantil respectivamente-
Biblioteca Municipal de Caruaru.................................................................................25
Figura 08 - Localização do município de Caruaru no estado.....................................25
Figura 09 - Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco.........................................34
Figura 10 - Planta de locação e coberta da Biblioteca Pública do Estado de Pernam-
buco............................................................................................................................34
Figura 11 - Planta baixa do pav. Térreo - Biblioteca Pública do Estado de Pernam-
buco............................................................................................................................35
Figura 12 - Planta baixa do 1º pav. - Biblioteca Pública do Estado de
Pernambuco...............................................................................................................35
Figura 13 - Planta baixa do 2º Pav. - Biblioteca Pública do Estado de
Pernambuco...............................................................................................................36
Figura 14 - Fachada da Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco com a amplia-
ção á esquerda...........................................................................................................36
Figuras 15 e 16 - Fachada principal da Biblioteca Pública de Pernambuco..............37
Figuras 17 e 18 - Fachada principal e acesso da Biblioteca Pública de Pernambu-
Co...............................................................................................................................37
Figuras 19 e 20 – Guarda volume e hall da Biblioteca Pública de Pernambuco.......38
10
Figuras 21 e 22 - Espaço para periódicos e setor infantil da Biblioteca Pública de
nambuco.....................................................................................................................38
Figura 23 e 24 - Setor de restauro e circulação do 2º pav. da Biblioteca Pública de
Pernambuco...............................................................................................................38
Figura 25 - Biblioteca Pública do Paraná...................................................................39
Figura 26 - Setorização e distribuição dos espaços da Biblioteca Pública do
Paraná........................................................................................................................40
Figura 27 - Planta baixa do pav. inferior da Biblioteca Pública do Paraná...............41
Figura 28 - Planta baixa do pav. Térreo da Biblioteca Pública do Paraná...............42
Figura 29 - Planta baixa do 1º pav. da Biblioteca Pública do Paraná......................42
Figura 30 - Planta baixa do 2º pav. da Biblioteca Pública do Paraná.......................43
Figura 31- Planta baixa do 3º pav. da Biblioteca Pública do Paraná.........................43
Figura 32 - Planta baixa do 4º pav. da Biblioteca Pública do Paraná........................44
Figura 33 - Corte AA da Biblioteca Pública do Paraná..............................................44
Figura 34 - Corte BB da Biblioteca Pública do Paraná..............................................45
Figura 35 - Corte CC da Biblioteca Pública do Paraná..............................................45
Figura 36 - Corte DD da Biblioteca Pública do Paraná.............................................46
Figura 37 - Vista do Pav. Inferior da Biblioteca Pública do Paraná............................46
Figura 38 - Vista Pav. Térreo da Biblioteca Pública do Paraná.................................46
11
Figura 39 - Vista do 1º Pav. da Biblioteca Pública do Paraná....................................47
Figura 40 - Vista do 3º Pav. da Biblioteca Pública do Paraná...................................47
Figura 41 - Materiais utilizados na composição da Biblioteca Pública do Paraná.....48
Figura 42 - Biblioteca de Montarville, Quebec, Canadá.............................................49
Figura 43 – Implantação - Biblioteca de Montarville, Quebec, Canadá.....................50
Figura 44 - Planta baixa do pav. inferior, térreo, 1º e 2º pav. - Biblioteca de
Montarville, Quebec, Canadá.....................................................................................51
Figura 45 - 1º Pav.da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canadá............................52
Figura 46 - 2º Pav.da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canadá...........................52
Figura 47 - Pavimento inferior e pav. térreo da Biblioteca de Montarville, Quebec,
Canadá.......................................................................................................................53
Figura 48 - Elevação sul e corte longitudinal da Biblioteca de Montarville, Quebec,
Canadá.......................................................................................................................53
Figuras 49 e 50 - Interior da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canadá..................54
Figuras 51 e 52 - Setor Infantil e fachada da Biblioteca de Montarville, Quebec,
Canadá.......................................................................................................................55
Figuras 53 e 54 - Biblioteca de Montarville, Quebec, Canadá...................................55
Figura 55 - Macro-setorização...................................................................................68
Figura 56 - Organograma / fluxograma......................................................................69
12
Figura 56A - Zoneamento...........................................................................................70
Figura 57 - Localização do terreno.............................................................................71
Figura 58 - Imagem do espaço para implantação do equipamento...........................72
Figura 59 - Imagem do espaço para implantação do equipamento...........................72
Figura 60 - Planta de situação sem escala................................................................73
Figura 61 - Mapa dos condicionantes ambientais......................................................74
Figura 62 - Mapa de usos do setor.............................................................................75
Figura 63 - Mapa dos condicionantes ambientais......................................................76
Figura 64 - Evolução da proposta............................................................................. 83
Figura 65 - Perspectiva da fachada oeste..................................................................87
Figura 66 – Resolução programática.........................................................................85
Figura 67 - Perspectiva do edifício (fachada principal)..............................................86
Figura 68 - Perspectiva do edifício (fachada leste)....................................................87
Figura 69 - Perspectiva do café.................................................................................87
Figura 70 - Implantação do edifico no terreno...........................................................88
Figura 71 - Planta baixa 1º pavimento (térreo)..........................................................89
Figura 72 - Perspectiva do espaço para periódicos...................................................90
13
Figura 73 - Perspectiva do setor infantil.....................................................................90
Figura 74 - Planta baixa 2º pavimento.......................................................................91
Figura 75 - Perspectiva do espaço para leitura - setor adulto....................................92
Figura 76 - Planta baixa 3º pavimento.......................................................................92
Figura 77 - Planta baixa 3º pavimento.......................................................................93
14
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Estatística do quantitativo de alunos no município de Caruaru..............23
Tabela 02 - Relatório de freqüência da Biblioteca Álvaro Lins...................................23
Tabela 03 - Comparativo entre os estudos de caso...................................................58
Tabela 04 - Dimensionamentos dos ambientes dos estudos de caso.......................59
Tabela 05 - Análise SWOT.........................................................................................60
Tabela 06 - Sugestão de dimensionamento para espaços culturais 1.......................62
Tabela 07 - Sugestão de dimensionamento para espaços culturais 2 ......................63
Tabela 08 - Projeção de crescimento de uma coleção..............................................64
Tabela 09 - Distribuição do acervo e capacidade das estantes.................................64
Tabela 10 - Capacidade de volumes das estantes e prateleiras...............................65
Tabela 11 - Programa e pré-dimensionamento..........................................................66
Tabela 12: Programa e dimensionamento.................................................................82
15
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
SWOT Strengths - Weakness - Opportunities - Threats
UNESCO Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
BMAL Biblioteca Municipal Álvaro Lins
PE Pernambuco
CD-ROM Compact Disc Read Only Memory
e-books Eletronic books
ZR3 Zona Residencial 3
ZAM1 Zona de Atividades Múltiplas
BPEP Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco
CFTV Circuito fechado de TV
Pav. Pavimento
BPSC Biblioteca Pública de Santa Catarina
Fig. Figura
16
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 18
1.1 Do livro à Biblioteca 21
1.2. O porquê de uma Biblioteca? 22
2. PROCESSO METODOLÓGICO 27
2.1 Pesquisas bibliográficas 27
2.2 Pesquisas em campo 28
2.3 Entrevistas 28
2.4 Estudos de caso 28
2.5 Análise comparativa 29
2.6 SWOT 30
3. REFERENCIAL TEÓRICO 31
4. ESTUDOS DE CASO 33
4.1 Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco 34
4.2 Biblioteca Pública de Santa Catarina 39
4.3 Biblioteca de Montarville 49
4.4 Análise comparativa 57
4.5 Aplicação do SWOT nos estudos de caso 60
5. PROGRAMA E PRÉ-DIMENSIONAMENTO 62
6. ORGANOGRAMA, FLUXOGRAMA E ZONEAMENTO 68
7. ANÁLISE DO TERRENO 71
17
7.1 Análise do contexto urbano 73
7.2 Análise dos condicionantes físico-ambientais 75
7.3 Análise dos condicionantes legais 77
7.3.1 Código de Urbanismo, Obras e Posturas do município de Caruaru 77
7.3.2 Plano Diretor de Caruaru 78
7.3.3 Manual de Diretrizes e Normas para Biblioteca Públicas (Brasil, 2000) 78
7.3.4 Normas técnicas da ABNT, lei 9050 79
7.3.5 Código de segurança contra incêndios e pânico para o estado de
Pernambuco 79
8.0 A PROPOSTA 81
8.1 Programa 81
8.2 Memorial Justificativo 83
8.3 Apresentações gráficas 94
9. CONCLUSÕES 95
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 97
18
1. INTRODUÇÃO
Do livro a biblioteca é um trabalho teórico projetual que elabora passos para o
desenvolvimento de um anteprojeto de biblioteca embasado na percepção oriunda
das pesquisas fundamentadas no objeto de estudo e nas observações empíricas.
É mostrado nesse estudo que a biblioteca não é um espaço destinado apenas à
leitura e acúmulo de livros, mas também um ambiente que conecta e transforma
pessoas, onde se inicia a construção do conhecimento e sua proliferação, dando
margem ao conceito de cidadania e desenvolvimento social, sendo assim, um
espaço livre de amarras e censuras.
Contudo, apesar da importância deste recinto como ferramenta de desenvolvimento
social da comunidade e do crescimento econômico e populacional da cidade de
Caruaru, a mesma não possui equipamentos de cultura e lazer que atenda à
demanda da sociedade que ainda está muito enraizada na cultura de feira, na arte
popular e em festas folclóricas, já que a cidade surgiu dessa atividade econômica e
possui uma cultura popular latente.
A biblioteca pública proporciona desenvolvimento intelectual, dissemina
conhecimento e perpetua a cultura local, sendo de fundamental importância para o
desenvolvimento da comunidade e sua região. Essa instituição é uma ferramenta
democrática e geralmente promovida pelo poder público, onde todos têm o direito a
usufruir de seus serviços.
Em Caruaru, tal fenômeno acontece, porém a biblioteca pública existente não
atende às necessidades da comunidade, visto que o espaço é insuficiente e
inadequado para um centro de cultura. Portanto, este trabalho tem o intuito de
desenvolver um estudo para a concepção de uma biblioteca pública para a cidade
de Caruaru como forma de suprir as lacunas educacionais e culturais da região.
Baseadas nessas premissas traçaram-se metas para responder à questão: como
elaborar um equipamento de cultura, como uma biblioteca pública, com conceito
contemporâneo de centro de cultura, como atualmente a biblioteca é considerada,
que atenda às necessidades sociais, culturais e educacionais da comunidade?
19
Por tudo isto, buscou-se no desenvolvimento deste trabalho de graduação
conceituar este equipamento no primeiro capítulo, dando ênfase à origem da
biblioteca e sua evolução no tempo, e em seguida justificar sua escolha para este
estudo.
Deste modo, prosseguiu-se o trabalho de graduação com o objetivo de desenvolver
um anteprojeto de uma Biblioteca pública no município de Caruaru-PE, tendo como
meta a elaboração de ambientes flexíveis e dinâmicos, utilizando arquitetura
contemporânea, integração dos espaços internos através das disposições dos
mobiliários e o diálogo aprazível dos ambientes de convivência com os setores
internos do edifício.
Desta forma, procurou-se apresentar vários métodos de pesquisa para obtenção de
dados e consequentemente enriquecimento deste trabalho, como as visitas em
campo, pesquisa bibliográficas, entrevistas, estudos de caso e análises
comparativas e SWOT¹.
O trabalho continua com a abordagem do referencial teórico, cujo embasamento
conceitual propicia uma percepção geral do equipamento biblioteca. E, em seguida,
aspectos legais ligados ao planejamento do equipamento.
A ênfase é dada aos estudos de caso, os quais proporcionaram fundamentos para o
desenvolvimento do projeto, e as análises oriundas destes estudos. Resultando
assim, no programa e pré-dimensionamento do equipamento, seguidos do
organograma e fluxograma.
E, para melhor compreensão deste trabalho, apresentaram-se tabelas comparativas
e SWOT, as quais facilitam a compreensão dos equipamentos analisados nos
estudos de caso.
Em seguida, avaliou-se a área de implantação do equipamento e seu entorno, com a
análise do contexto urbano local, dos condicionantes físico-ambientais e dos
condicionantes legais, facilitando assim o diagnostico da área e a melhor disposição
do edifício no terreno.
________________________________
1. Método utilizado para pontuar aspectos negativos, positivos, ameaças e oportunidades de um determinado equipamento e seu funcionamento.
20
Continuadamente, analisaram-se os estudos preliminares, gerando assim, o
programa e dimensionamento da biblioteca proposta, bem como o memorial
justificativo, o qual descreve as características técnicas e pragmáticas do projeto.
O trabalho prossegue com as representações gráficas das perspectivas, planta de
situação, planta de coberta, plantas baixas, cortes e fachadas, sendo finalizado com
as conclusões e as referências bibliográficas a cerca de todo o estudo desenvolvido.
Portanto, pretende-se com este estudo contribuir com a concepção de um
anteprojeto de uma biblioteca pública para a cidade de Caruaru que no futuro
dissemine o conhecimento e o apreço à leitura na região.
21
1.1 Do livro a biblioteca
Com o surgimento da escrita na antiguidade, o homem utiliza materiais, como o
papiro e a argila, para registrar sua história e deixar seu legado no tempo. Com a
evolução desses objetos, descobre-se o livro como se conhece hoje, elaborado a
partir de papel manufaturado, sendo fonte de informação e conhecimento.
Consequentemente nasce à biblioteca para arquivar registros e conservar a história
cultural de um povo.
A palavra biblioteca tem sua origem do vocábulo grego bibliothéke, que significa
depósito de livros e fez-se conhecida em português através da palavra latina
bibliotheca. E tem por definição:
“uma coleção pública ou privada de livros ou documentos congêneres, para estudo, leitura e consulta; Edifício ou recinto onde ela se instala; móvel onde se guardam e/ou ordenam livros”. (HOLANDA, 2005).
Desde o centro de cultura mais conhecida da antiguidade, o de Alexandria², até os
nossos dias essa instituição passou por várias modificações. Ao longo do tempo,
foram transformando-se, à medida que crescia a ânsia por novas fontes de
informação e cultura. Inicialmente, poucos tinham acesso ao conhecimento proferido
nesse espaço, e com o passar do tempo a informação foi mudando de formato e
velocidade, e mais recentemente, impulsionada pelo advento da internet o
conhecimento foi-se democratizando.
Do mesmo modo, de um simples depósito de livros para um espaço diversificado de
informações e convívio, este passou a ser o papel das bibliotecas no mundo. Com
conceitos e temas pertinentes à sociedade contemporânea, ela favorece o
desenvolvimento cultural da população, seguindo o curso da história e adaptando-se
à sociedade à qual está inserida.
Como cita o pensador e escritor inglês Samuel Johnson (século XVIII)³ :
“Nenhum lugar proporciona uma prova mais evidente da vaidade das esperanças humanas do que uma biblioteca pública”.
__________________________________________________
2. Fundada pelo rei do Egito, Ptolomeu I Sóter no século III a.C. Fonte: Artigo de Antonio Carlos Pinho. Disponível em: <www.mundocultural.com.br>. Acessado em abril de 2011.
3. Disponível em:<www.brasilescola.com/biografia>. Acessado em abril de 2011.
22
1.2 O porquê de uma Biblioteca?
A importância do estudo das bibliotecas dá-se porque esta instituição não é apenas
um espaço destinado à leitura e acúmulo de livros, mas também um ambiente que
conecta e transforma pessoas através da colaboração da coletividade. Nele, inicia-
se a construção do conhecimento e sua proliferação, dando margem ao conceito de
cidadania e desenvolvimento social, sendo um espaço livre de amarras e censuras,
como cita o Manifesto da UNESCO (1994):
"Liberdade, prosperidade e desenvolvimento da sociedade e dos indivíduos são valores humanos fundamentais. Eles serão alcançados somente através da capacidade de cidadãos, bem informados, para exercerem seus direitos democráticos e terem papel ativo na sociedade. [...] A biblioteca pública, porta de entrada para o conhecimento, proporciona condições básicas para a aprendizagem permanente, autonomia de decisão e desenvolvimento cultural dos indivíduos e grupos sociais." (Manifesto da UNESCO, 1994).
Baseado na premissa de que o acesso à cultura é o caminho para uma sociedade
democrática e mais igualitária, sob o ponto de vista de inclusão social, percebe-se a
importância em realizar uma pesquisa para a elaboração de um anteprojeto de uma
biblioteca pública no município de Caruaru-PE, tendo em vista a importância desse
espaço de inserção, ponto de encontro e perpetuação do conhecimento, pois
segundo Milanese (2002, pág. 11): “os homens precisam repartir o pensamento
criado, disseminando-o para garantir a posse do conhecimento”.
Atrelado à importância cultural de uma biblioteca na cidade, emerge a necessidade
de crescimento da população fundamentado no desenvolvimento social e intelectual,
pois o município de Caruaru destaca-se no contexto populacional e econômico no
estado. De acordo com o censo do IBGE (2010), o município possui 314.951
habitantes, sendo o 4º município com maior população do estado de Pernambuco, e
segundo o censo do IBGE (2000), possui um público flutuante de aproximadamente
150.000 pessoas/mês, as quais são atraídas pelo comércio e educação da região.
Observou-se também, através de pesquisas em fontes indiretas e diretas que
município de Caruru possui 307 estabelecimentos de ensino (escolas municipais,
23
estaduais, particulares e faculdades), totalizando 100.000 estudantes, além dos
estudantes dos cursos profissionalizantes, técnicos e especializações (tabela 01).
Tabela 01: Estatística do quantitativo de alunos no município de Caruaru.
INSTITUIÇÕES DE ENSINO QUANT. Nº ALUNOS
Escolas: Escolas municipais 138 31.517
Escolas estaduais
26 32.000
Escolas particulares 139 23.208
Total:
86.725
Faculdades:
FAFICA
1 1.800
ASCES 1 3.100
FEDERAL
1 2.807
FAVIP 1 5.406
Total:
4 13.113
Total geral: 99.838 Fonte: Ana P. Vasconcelos, com dados oriundos da GERE e Secretaria de educação de Caruaru.
Essa parcela da população, conforme “manual de normas de diretrizes das
bibliotecas públicas no Brasil” (BRASIL, 2000) é a maior freqüentadora desse
espaço de inserção no mundo do conhecimento, o que também se confirma em
Caruaru devido à precariedade das bibliotecas escolares. (tabela 02).
Tabela 02: Relatório de freqüência da Biblioteca Álvaro Lins
BIBLIOTECA ÁLVARO LINS
Relatório Geral 2010 (a partir do 2º Tri)
Freq geral Inscrições Consultas Empréstimos Freq.periódicos
2º Tri 957 20 773 164 957
3º Tri 4.183 113 3.114 756 4.183
4º Tri 5.832 57 2.394 465 2.916
Total: 10.972 190 6.281 1.385 8.056
Fonte: da autora com dados oriundos da GERE Caruaru.
24
Portanto, apesar do crescimento econômico e populacional da cidade, a mesma não
possui equipamentos que atendam à demanda cultural da comunidade que está
baseada na cultura da feira, arte popular e festas folclóricas, sendo de fundamental
importância um equipamento público que propicie o preenchimento das lacunas
culturais e educacionais da comunidade, pois de acordo com o Ministério da Cultura
(2000), todo município com população a partir de 50.000 habitantes deve ter uma
biblioteca pública como suporte à aprendizagem e conhecimento.
Para atender à demanda existente, a biblioteca Municipal Álvaro Lins (BMAL) foi
inaugurada na cidade em março de 2010, com acervo de apenas 10.000 volumes e
espaço limitado, cerca de 250m², que não condiz com as necessidades da
população. Falta de acessibilidade, conforto ambiental e flexibilidade nos espaços
internos, são alguns problemas encontrados na biblioteca local, como mostram as
figuras abaixo (Figs. 01 a 07).
Fonte: Ana Paula Vasconcelos
Fig. 01: Biblioteca Municipal de Caruaru. 2011
Fig. 02: Recepção (BMAL). 2011
Fonte: Ana Paula Vasconcelos
Fig. 03: Acervo geral, BMAL. 2011
Fig. 04: Sala de informática (BMAL). 2011
Fonte: Ana Paula Vasconcelos Fonte: Ana Paula Vasconcelos
25
Paralelamente ao crescimento populacional e econômico, a região desenvolveu
vocação educacional, devido a sua posição estratégica, entre a capital e o sertão,
sendo provedora de estabelecimentos de ensino para toda essa região (Fig. 08).
Fonte: Ana Paula Vasconcelos
Fonte: Google (maps)
Fig. 05, 06 e 07: Espaços para periódicos, Braille e infantil respectivamente - Biblioteca Municipal de Caruaru. 2011.
Fig. 08: Localização do município de Caruaru no estado.
26
Deste modo, a população da cidade de Caruaru não possui um equipamento que
propicie a velocidade e coerência necessárias às informações provenientes do
mundo globalizado, o qual necessita de formatos diversos de mídia para captação
dessas fontes de informação. Um espaço destinado à cultura e disseminação do
conhecimento surge como respaldo à necessidade da população em consolidar sua
cultura e agregar novos valores.
Assim, este trabalho teve como foco o planejamento de uma biblioteca pública que
preenchesse as lacunas educacionais da população e se tornasse um referencial na
comunidade, engajando a sociedade local no conceito contemporâneo de biblioteca
e melhorando o convívio sócio-cultural.
27
2. PROCESSO METODOLÓGICO
“Sou por meu gosto pesquisador. Experimento toda sede de conhecer a ávida inquietude de progredir, do mesmo modo que a satisfação que toda inquietude proporciona” (KANT, 1689-1755).
Para atingir o objetivo pretendido da elaboração de um anteprojeto de uma
Biblioteca Pública para a cidade de Caruaru, buscaram-se caminhos para execução
de tal ação e ferramentas a serem utilizados para obtenção de repostas e soluções,
pois segundo Gil (1991) Processo Metodológico “é um conjunto de procedimentos
intelectuais e técnicos”, sendo assim, vislumbra réplicas a questões pertinentes a
pesquisa.
Deste modo, surgiu a escolha de alguns procedimentos metodológicos
investigativos:
2.1 Pesquisa Bibliográfica
A pesquisa alimenta réplicas referentes a inquietudes provenientes de estudos e
inquietações intelectuais, buscando respostas a indagações e percepções oriundas
do desejo de conhecer e descobrir.
Assim, utilizou-se esta pesquisa para alimentar e nortear este estudo, pois é a fonte
teórica e conceitual desta pesquisa. Só a partir do estudo criterioso do tema
puderam-se desenvolver conceitos próprios, organizar atos e fatos condizentes com
o problema. A Pesquisa da literatura criou embasamento teórico sobre o conceito
biblioteca e sua evolução funcional e contextual.
Ressaltou-se a importância da pesquisa bibliográfica como base teórica ao
desenvolvimento do trabalho, pois é um procedimento necessário ao estudo do tema
que consiste na obtenção, escolha e resumos das informações recolhidas. De
acordo com AMARAL (2007), podem-se conseguir tais informações manualmente,
pesquisas em livros, ou eletronicamente, pela internet, CD-ROM, e-books.
28
Portanto, foi a partir do conhecimento adquirido através do estudo bibliográfico que
se percebeu relevâncias sobre o tema sugerido, servindo como norteador para o
projeto.
2.2 Pesquisa em Campo
É uma forma de orientar o estudo através das observações a equipamentos
similares, acrescentando ao trabalho uma visão geral do objeto de trabalho e seu
funcionamento. Pesquisa que analisa objetivamente os aspectos reais de um
determinado fato ou tema.
Esse tipo de pesquisa determina questionamentos relevantes ao objeto de estudo,
compreendendo na prática aspectos físicos e funcionais do elemento em estudo.
Portanto, através desse tipo de procedimento pode-se colher informações in loco e
documentar as observações de forma escrita ou fotográfica.
2.3 Entrevistas
Oriundas das pesquisas de campo, essa ferramenta de pesquisa respondeu a várias
indagações a respeito do tema proposto dando suporte informal à pesquisa. Através
das entrevistas com bibliotecários e coordenadores pode-se conhecer melhor o
objeto de estudo, suprindo a demanda por respostas práticas e funcionais,
facilitando assim, o entendimento do conceito biblioteca, suas funções e divisões.
2.4 Estudo de casos
Esse tipo de pesquisa auxiliou na obtenção de respostas oriundas de questões onde
a análise de fatos é imprescindível, auxilia nas analogias pertinentes através de
coletas de dados, análise e conclusões das informações obtidas, pois segundo Yin
29
(2009) “o estudo de caso é uma estratégia de pesquisa empírica”. Possibilitam
análises comparativas, sendo de fundamental importância o diagnóstico resultante
para a elaboração de um projeto que atenda as necessidades contemporâneas de
um centro de cultura como a Biblioteca Pública.
Essa estratégia foi escolhida para verificar pontos intrínsecos ao tema, bem como
sua funcionalidade. Com isso, pode-se nortear o trabalho em tese com base nos
equipamentos existentes, obtendo informações importantes dos casos estudados,
resultando num comparativo eficiente para a elaboração do equipamento pretendido.
As etapas dos estudos seguiram-se da seguinte forma: seleção dos casos com
estruturas físicas similares, porém com diferenças culturais e regionais; coleta de
dados através de estudo em campo, entrevistas, obtenção de registros documentais,
como plantas; e análise dos estudos.
Demonstrou-se com o resultado dessa pesquisa semelhanças e diferenças entre os
casos analisados dando suporte ao embasamento técnico e funcional à elaboração
do anteprojeto de um centro de cultura eficiente.
2.5 Análise comparativa
Após o estudo de casos, comparativos e descritivos, originou-se a análise
comparativa geral. O que se pode aproveitar dos estudos analisados e aplicar no
objeto de estudo? Qual a semelhança e diferença entre os casos apresentados?
Com base nessas perguntas perceberam-se quais os pontos constantes de cada
objeto e sua funcionalidade, como também pontos que alteram a percepção geral de
cada conceito.
30
2.6 SWOT
"Concentre-se nos pontos fortes, reconheça as fraquezas, agarre as oportunidades e
proteja-se contra as ameaças " (SUN TZU, 500 a.C). Esta citação define claramente
o conceito SWOT, que é uma método utilizado para analizar ambientes,
determinando pontos relevantes para aprimorar e monitorar objetos ou objetivos.
Segundo o site www.administracaoegestao.com.br (2011), SWOT significa Forças
(Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças
(Threats).
Deste modo, esta análise foi uma ferramenta importante para a compreensão do
contexto das bibliotecas estudadas, pois pontuou-se as relevâncias de cada projeto
analisado, como seus pontos negativos, positvivos, suas ameças e oportunidades.
Analisou-se cada estudo e pontuou-se esses quatro aspectos, assim criou-se um
parâmetro entre eles e verificou-se o que pode ser utilizado ou evitado no projeto
proposto.
31
3. REFERENCIAL TEÓRICO
Alguns autores abordam o tema biblioteca de maneira similar, dando ênfase à
importância desse equipamento como mediador cultural na vida cotidiana das
pessoas. Segundo Milanese (2003), “a biblioteca é a mais freqüente instituição
identificada com a cultura”. O mesmo autor acredita no poder de persuasão desse
espaço na sociedade, desenvolvendo e repassando idéias a fim de tornar
imortalizado o conceito de uma época. E afirma “... os homens precisam repartir o
pensamento criado, disseminando-o para garantir a posso do conhecimento.”
(MILANESE, 2002, p,12).
MILANESE (2003) também questiona a forma que se constroem espaços para
cultura, “ela é gerada sem conceito e sem programa” e diz “É muito mais fácil
projetar um hospital ou uma cadeia: sabe-se exatamente para que servem e há
especialistas para fornecer programas específicos aos que arquitetam as formas.”
Assim, o autor contesta a forma, na maioria das vezes, desprovida de cuidados
oriundos da falta de planejamento e diretrizes projetuais.
Já no “manual Biblioteca Pública: princípios e diretrizes” (Brasil, 2000, pág.17) os
autores argumentam que “a biblioteca é, pois, uma instituição que agrupa e
proporciona o acesso aos registros do conhecimento e das idéias do ser humano
através de suas expressões criadoras”. E em relação ao espaço de cultura
argumentam que “a biblioteca pública é o espaço privilegiado do desenvolvimento
das práticas leitoras, e através do encontro do leitor com o livro forma-se o leitor
crítico e contribui-se para o florescimento da cidadania.”
E continua o manual (pág. 50): “A biblioteca deve ser planejada como uma série de
áreas interligadas, mas de uso bem definido, por onde as pessoas possam circular
livremente e escolher livros e outros materiais, sem atrapalhar as pessoas que estão
lendo ou estudando.”
Ponto de vista comum com os autores acima tem o Manifesto da UNESCO (1994):
“A biblioteca pública é o centro local de informação, disponibilizando prontamente
para os usuários todo tipo de conhecimento.”
32
Portanto, com base nos autores já citados percebeu-se que os espaços destinados à
biblioteca devem ser flexíveis, dinâmicos e interligados, fazendo com que o leitor
perceba todas as oportunidades fornecidas por um ambiente de introspecção, lazer
e cultura, o qual conecta o usuário ao conhecimento.
Assim, percebeu-se a importância de se projetar um centro de cultura de forma
adequada, com características pertinentes a cada setor, pois a biblioteca possui
espaços diversos que se conectam de forma harmoniosa, ambientes introspectivos
dialogam com setores de convivência. Dessa forma, o projeto de uma biblioteca
requereu prudência e racionalidade.
Assim, atrelados a estes argumentos e conceitos emergiu o embasamento teórico
necessário para percepção do equipamento biblioteca como um todo, pois foi de
fundamental importância conhecer o objeto de estudo e sua conjectura na
comunidade.
33
4. ESTUDO DE CASOS
A proposta desse estudo teve como objetivo identificar analogias e diferenças entre
os projetos analisados com o intuito de obter um referencial para o anteprojeto
pretendido.
O primeiro estudo é do projeto da Biblioteca Pública de Pernambuco, localizada no
bairro Santo Amaro, Recife-PE, com 5.206m², distribuídos em três pavimentos. O
projeto é dos arquitetos Castro e Esteves. Atualmente a biblioteca possui um projeto
de reforma e ampliação em curso feito pela arquiteta Silvana Marta Affonso Ferreira.
A segunda análise é do projeto para a Biblioteca Pública de Santa Catarina, o qual
ficou com o 1º lugar no concurso de projetos, sendo autores: Bruno Conde, Filipe
Gebrim Doria, Filipe Lima Romeiro, Lucas Bittar. O edifício localiza-se na área
central da cidade de Florianópolis e possui 3.804m², dispostos em seis pavimentos.
O terceiro estudo é da Biblioteca de Montarville, localizada em Quebec, Canadá. A
edificação localiza-se na área central da pequena cidade de Boucheville, com cerca
de 40.000 habitantes. Projeto oriundo de um concurso para reforma e ampliação da
sede da biblioteca existente, proposto pelos arquitetos Briere, Gilbert e Associados.
O edifício é composto por três pavimentos e possui uma área aproximada de
3.170m².
A escolha desses projetos deu-se para avaliar equipamentos de diferentes níveis
regionais e culturais. O primeiro estudo, uma biblioteca do estado do projeto
pretendido (Pernambuco), o segundo de um equipamento de outro estado do Brasil
(Santa Catarina) e o último de uma edificação no exterior (Canadá). Com isso,
observam-se propostas diferentes e percebe-se qual a constância no conceito
dessas edificações, além de observações pertinentes a serem utilizadas no modelo
proposto.
34
4.1 Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco (BPEP)
Fig. 09: Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
Segundo os dados da Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco, a mesma foi
construída na época da ditadura, sua edificação iniciou-se em 1968, na gestão de
Nilo De Souza Coelho, e foi inaugurada em 1971. O edifício mostra esse
conservadorismo atribuído a tal regime, onde os livros não ficavam a mostra e o
usuário não tinha relação direta com o acervo (Fig. 09 e 10).
Fig. 10: Planta de locação e coberta da Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco.
Fonte: Secretaria de Educação de Recife, Departamento de obras, setor de Arquitetura.
35
De acordo com dados fornecidos pela BPPE, a mesma possui área de 5.206m², e
freqüência média de 1.200 usuários por dia, cerca de 24.000 por mês.
A distribuição dos espaços da-se da seguinte forma: no térreo localiza-se o setor
reservado da biblioteca, como o Acervo Geral, Coleção Pernambucana,
Processamento técnico, depósito e CFTV, o setor Infanto-Juvenil e o setor de
Empréstimos (Fig. 11).
Fig. 11: Planta baixa do pav. Térreo - Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
No 1ª pavimento o espaço é dividido entre Periódicos, Referências, Braille, e salas
de leitura, além do guarda volumes. No mezanino funciona o setor administrativo,
espaço para internet, sala de línguas e setor de restauro e manutenção (Fig. 12).
Fig. 12: Planta baixa do 1º pav. - Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco
„ Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
36
Observa-se no interior do equipamento o uso do concreto aparente com fechamento
exterior em vidro e esquadrias de alumínio. O edifício possui três pavimentos, térreo,
1º pav. e mezanino, distribuídos de forma a compor um grande vão central com pé
direito monumental (Fig. 13 e 14).
Fig. 13: Planta baixa do 2º Pav. - Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco.
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
Fig. 14: Fachada da Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco com a ampliação á esquerda.
Fonte: Secretaria de Educação de Recife, Departamento de obras, setor de Arquitetura.
37
A Biblioteca do Estado de Pernambuco é um equipamento que atende às
necessidades da comunidade a qual está inserida em relação ao espaço e acervo,
pois possui grande área para futura expansão, ambientes amplos e fechamentos
exteriores em vidro, acolhendo assim a iluminação natural. Por outro lado, esses
ambientes espaçosos não dialogam com os usuários, os quais não têm acesso
direto aos livros, necessitando de intermediadores para concluir tarefas comumente
feitas pelos próprios usuários.
O edifício da BPEP é composto por volumes concebidos em concreto aparente de
forma retangular envolvidos por brises que protegem as fachadas poentes, dando
funcionalidade e retidão à edificação. No interior do equipamento percebe-se a falta
de atratividade lúdica no setor infantil e adequada divisão interna de fluxos e
ambientes (Figs. 15 a 24).
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
Figs. 15 e 16: Fachada principal da Biblioteca Pública de Pernambuco
Figs. 17 e 18: Fachada principal e acesso da Biblioteca Pública de Pernambuco
38
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
Figs. 19 e 20: Guarda volume e hall da Biblioteca Pública de Pernambuco
Figs. 21 e 22: Espaço para periódicos e setor infantil da Biblioteca Pública de Pernambuco
Figs. 23 e 24: Setor de restauro e circulação do 2º pav. da Biblioteca Pública de Pernambuco
39
O equipamento está com uma reforma em curso, onde será implantado um anexo
com dois pavimentos, no 1º piso será disposto o acesso principal, salão de
exposição, auditório, café e no 2º pavimento o setor de periódicos. Assim, a
Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco se enquadrará no conceito
contemporâneo de espaço para leitura que é o dialogo entre o usuário, os espaços e
os livros de forma harmônica, criativa e lúdica.
4.2 Biblioteca Pública de Santa Catarina (BPSC)
Fig. 25 : Biblioteca Pública de Santa Catarina
Fonte: <wwwconcursosdeprojetos>. Acessado em: 05/05/2011.
40
A Biblioteca Pública de Santa Catarina localiza-se na cidade de Florianópolis, a qual,
segundo censo do IBGE 2010, possui população de 404.224 habitantes, e uma área
de 3.800m², a BPSC é freqüentada por cerca de 20.000 usuários por mês.
A readequação do edifício da BPSC (Fig. 25) desenvolve-se com o intuito de tornar
o equipamento um marco na comunidade. Busca-se assim, harmonia entre os
espaços internos, com a disposição de ambientes amplos que transmitem fluidez,
alternando com espaços que sugerem introspecção e reflexão, e a integração com o
exterior, refletida pela fachada contestadora e convidativa.
O edifício é composto por seis pavimentos, distribuídos de forma a agregar os
diversos ambientes que formam o equipamento. Observam-se também, as
necessidades em atender questões técnicas e operacionais que envolvem um
projeto de biblioteca – Distribuição de fluxos, setorização dos ambientes e
condicionantes ambientais. Para solucionar as questões técnicas, dividiu-se o
programa em quatro partes: 1. Acesso/Café/Periódicos,Diários/ Espaço de
Eventos/Auditório; 2. Divisão de Pesquisa e Memória; 3. Divisão Infanto-
Juvenil/Serviço de Multimídia e Internet/Divisão de Atendimento ao Usuário; e 4.
Divisão Administrativa Geral/Serviços (Fig. 26).
Fig. 26: Setorização e distribuição dos espaços da Biblioteca Pública de Santa Catarina
Fonte:< wwwconcursosdeprojetos>. Acessado em: 05/05/2011.
41
O Setor 1 – localiza-se no pavimento térreo, acolhe o usuário e serve como
mediador do espaço externo e interno distribuindo o fluxo interno. Desse pavimento
o usuário pode acessar o pavimento inferior e Divisões diversas, do 1º ao 4º pisos
(Fig. 27).
Fig. 27: Planta baixa do pav. Térreo da Biblioteca Pública de Santa Catarina
Fonte: <www.concursosdeprojetos>. Acessado em 05/05/2011.
No Setor 2 - Disposto no pavimento inferior, apresenta áreas de introspecção e
pesquisa, ambiente mais reservado do edifício, com controle de temperatura e
iluminação, alternando com o auditório que promove grande fluxo ao local (Fig. 28).
42
Fig. 28: Planta baixa do pav. inferior da Biblioteca Pública de Santa Catarina
Fonte: <www.concursosdeprojetos>. Acessado em 05/05/2011.
Setor 3 - Composto por três pavimentos, onde concentra a maior área do
equipamento, diferenciando-se sua setorização por fechamentos dispostos a
transmitir ora transparência, ora opacidade (Figs 29 a 31).
Fig. 29: Planta baixa do 1º pav. da Biblioteca Pública de Santa Catarina
ESC. GRÁFICA
Fonte: <www.concursosdeprojetos>. Acessado em 05/05/2011.
43
Fig. 30: Planta baixa do 2º pav. da Biblioteca Pública de Santa Catarina
Fonte: <www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
Fig. 31: Planta baixa do 3º pav. da Biblioteca Pública de Santa Catarina
ESC. GRÁFICA
Fonte: <www.concursosdeprojetos>. Acessado em 05/05/2011.
Setor 4 – locado no último piso da edificação situa-se a área administrativa da
biblioteca, onde se concentra os serviços diversos para gerir todo o edifício (Fig. 32).
44
Fig. 32: Planta baixa do 4º pav. da Biblioteca Pública de Santa Catarina
Fonte: wwwconcursosdeprojetos.org/2010/04118/bibliotecapublicadesantacatarina
A BPSC possui forma regular, com traços retos e a disposição dos ambientes
respeita a hierarquia dos fluxos, onde nota-se que a mesma foi divida por setores de
forma a coibir ou influenciar os devidos usos do edifício, como mostra as figuras 33 a
40.
Fig. 33: Corte AA da Biblioteca Pública de Santa Catarina
Fonte:< www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
45
Fig. 34: Corte BB da Biblioteca Pública de Santa Catarina
Fonte: <wwwconcursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
Fig. 35: Corte CC da Biblioteca Pública de Santa Catarina
Fonte: <wwwconcursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
46
Fig. 36: Corte DD da Biblioteca Pública de Santa Catarina
Fonte: <www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
Fig. 37: Vista do Pav. Inferior da Biblioteca Pública de Santa Catarina
Fonte: <www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
Fig. 38: Vista Pav. Térreo da Biblioteca Pública de Santa Catarina
Fonte: <www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
47
Fig. 39: Vista do 1º Pav. da Biblioteca Pública de Santa Catarina.
Fonte: <www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
Fig. 40: Vista do 3º Pav. da Biblioteca Pública de Santa Catarina.
Fonte: <www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
A localização do edifico, de esquina, favorece o acesso do público em geral. Na
composição externa do edifico observa-se que o mesmo é envolvido por brises
verticais, composto por aletas metálicas, posicionadas a 60cm do fechamento
interno. A coberta é de estrutura metálica leve e telha composta com tratamento
termo-acústico. Internamente, a circulação principal é feita através de uma escada
em estrutura metálica disposta livremente nos pavimentos (Fig. 41).
48
Fig. 41: Materiais utilizados na composição da Biblioteca Pública de Santa Catarina
Fonte: <www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
O projeto é pertinente e eficiente, pois atende às necessidades contemporâneas de
uma biblioteca pública, além de pensar na otimização dos espaços e adequada
comunicação com os usuários, como por exemplo, o Layout organizado livremente
na Divisão Infanto-Juvenil, o qual se adéqua a forma lúdica que inspira a infância e
juventude.
49
4.3 Biblioteca de Montarville, Quebec, Canadá
Realizou-se um concurso na cidade de Boucherville, Quebec, Canadá para a
reforma e ampliação da biblioteca de Montarville, a qual se situa na área central da
cidade de Boucheville com população de 40.000 habitantes. A biblioteca possui uma
área total de 3.170m² (Fig. 42).
Fig. 42: Biblioteca de Montarville, Quebec, Canadá
Fonte: <www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
A região é envolvida por uma floresta que inspira a leitura e o convívio com a
natureza. Com toda essa riqueza natural os arquitetos utilizaram um partido que
impulsiona os usuários a um contato direto com o verde, disponibilizando os
ambientes para serem acolhidos pela natureza, como o uso de grandes paredes de
vidro e revestimento de madeira (Fig.43).
50
Fig. 43: Implantação - Biblioteca de Montarville, Quebec, Canadá
Fonte: <www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
O equipamento possui três pavimentos de forma retangular, revestimento em
madeira de cedro natural e alguns fechamentos em vidro. Internamente grandes
espaços compõem os ambientes que possuem forma livre, com adequada
iluminação dada pelo posicionamento da edificação na disposição sul, o que nessa
área favorece a entrada de luz natural.
O edifício da biblioteca divide-se em onze setores: 1 - Recepção central; 2-
Empréstimo/Devolução; 3 - Audiovisual; 4 - Documentário adulto; 5 - Referência
Bibliografia eletrônica; 6 - História e Genealogia; 7 - Romances para adultos; 8 -
Periódicos; 9 - Adolescentes; 10 – Infantil; 11 – Serviços técnicos e auxiliares, como
mostra as figuras 44 a 48.
51
Fig. 44: Planta baixa do pav. inferior, térreo, 1º e 2º pav. - Biblioteca de Montarville, Quebec, Canadá
Fonte: <www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
52
Fig. 45: 1º Pav.da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canadá
Fonte: <www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
Fig. 46: 2º Pav.da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canadá
Fonte: <www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
53
Fig. 47: Pav. inferior e pav. térreo da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canadá
Fonte: <www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
Fig. 48: Elevação sul e corte longitudinal da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canadá
Fonte: <www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
54
O edifico é racional e fluido, possui forma retangular e grandes fechamentos em
vidro, promovendo a iluminação natural e a conexão com a floresta existente.
Percebe-se um conceito ecológico, sendo empregados materiais da terra, como o
cedro, madeira proveniente dessa região. Com isso, a proposta é integrar
visualmente o ambiente interno com a mata existente no entorno, promovendo
sensação de tranqüilidade e reflexão (Fig. 49 a 54).
Figs. 49 e 50: Interior da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canadá
Fonte: <www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
55
Figs. 51 e 52: Setor Infantil e fachada da Biblioteca de Montarville, Quebec, Canadá
Fonte: <www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
Figs. 53 e 54: Biblioteca de Montarville, Quebec, Canadá
Fonte: <www.concursosdeprojetos> Acessado em 05/05/2011.
56
A percepção é de ambientes voltados para leitura e introspecção, sem espaços de
convivência como um café ou auditório, fato esse disposto pela diferença cultural,
pois os canadenses são condicionados desde cedo a freqüentar bibliotecas, não
carecendo para isso de uma recepção provida de atrativos convidativos.
Sendo assim, esse espaço atende às necessidades locais de uma biblioteca pública,
pois o equipamento possui ambientes amplos e diversificados, além de um apelo
ecológico que desperta a ciência nos usuários em utilizar técnicas sustentáveis em
sua comunidade.
57
4.4 Análise comparativa
Após observações pertinentes sobre questões que envolvem o ambiente das
bibliotecas públicas, do estudo de casos e coleta de dados, perceberam-se
elementos que podem contribuir para um projeto mais preciso e adequado a
população de Caruaru.
Dentre o estudo de casos adotados, observam-se três estruturas físicas distintas
pela região de locação, tamanho, cultura, disposição de setores e diversidade dos
ambientes, porém existem pontos em comum a todas as bibliotecas analisadas
(tabelas 03 e 04).
Percebem-se questões similares entre os equipamentos enumerados como:
heterogeneidade de ambientes, divisão por faixa etária, interesse e função;
posicionamento do auditório, hall, salão de exposição próxima a entrada principal e o
setor infanto-juvenil separado, em local amplo, lúdico e convidativo; e a presença de
espaços de convívio e lazer.
Outro fator importante verificou-se nos dimensionamentos dos ambientes, como
espaços destinados para o setor Infanto-Juvenil, o qual ocupa grande área das
bibliotecas estudadas. E, conforme o Manual de Diretrizes para Bibliotecas Públicas
(Brasil, 2000), esse setor é responsável por boa parte da área dessas edificações.
O conceito utilizado nas edificações está atrelado ao que se quer propor
especificamente a cada comunidade, e a forma de transmitir essas considerações a
determinado público. No contexto geral, os equipamentos tentam ser atrativos,
utilizando o conceito contemporâneo de biblioteca que é aproximar o público desse
ambiente de inserção, dispondo espaços livres, convidativos, os quais não só
educam como entretêm.
Na questão das dimensões dos ambientes (Tab.04), o estudo mostrou certa
proporcionalidade em relação a áreas comuns às edificações de acordo com a área
total de cada equipamento.
58
Tabela 03: Comparativo entre os estudos de caso.
TABELA COMPARATIVA ENTRE OS ESTUDOS DE CASO
BIBLIOTECA PÚBLICA
BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
BIBLIOTECA PÚBLICA DE SANTA CATARINA
BIBLIOTECA DE MONTARVILLE
Descrição geral do equipamento
Biblioteca Pública do Estado de PE Rua João lira, s/n, Santo Amaro, Recife-PE Arquitetos: Castro e Esteves Arquiteta (reforma e ampliação): Silvana Marta Affonso Ferreira Área terreno: 7.418m² Const. Existente: 5.206m² Ampliação: 1.457m² Área construida (com ampliação): 6.662m²
Biblioteca Pública de Santa Catarina, Rua Tenente Silveira, 343 Florianópolis – SC Criada em 31 de maio de 1851, inaugurada em 7 de janeiro de 1855. 1º lugar no concurso. Autores: Bruno Conde, Filipe Gebrim Doria, Filipe Lima Romeiro, Lucas Bittar. Área: 3.804m².
Biblioteca de Montarville, Quebec, Canada 1º lugar Concurso - Arquitetos: Briere, Gilbert e Associados Área existente: 1.700 m2 Área de expansão: 1.470 m2 Área total: 3.170m² Ano do projeto: 2009
Partido arquitetônico adotado
A construção existente foi desenvolvida na época da ditadura e seus espaços demonstram a seriedade e introspecção condizentes com a época. Os espaços reservados e os livros não ficam a mão do usuário. No projeto recente de ampliação, a arquiteta trabalhou o conceito de atualização do edifício a época atual, dando fluidez, dinâmica e atratividade aos espaços.
Readequação do edifício da BPSC. Desenvolvido a partir das necessidades em atender questões técnicas e funcionais que envolvem um projeto de biblioteca – Distribuição de fluxos, setorização dos ambientes e condicionantes ambientais. Dividiu-se o programa em quatro partes: âncora (pav. Inferior), área de transição (térreo), Divisões diversas ( 1º ao 3º pav.) e Divisão geral Administrativa/Serviços. Externamente o edifício diferencia-se das construções locais, criando um diálogo marcante através deu sua fachada intrigante, e no interior acolhe os visitantes com espaços atrativos, diversificados, fluidos e amplos.
O projeto de ampliação e renovação da biblioteca de Montarville foi pensado para aproximar os usuários da natureza ao redor, pois a biblioteca fica próximo a uma floresta, uma ligação do espaço interno com o externo através do conceito de introspecção aliado a natureza, um convite a contemplação das idéias ecologias e locais.
Aspectos Construtivos
A construção antiga é de concreto aparente, pé direito monumental, janelas com esquadrias de alumínio e vidro, portas de madeira e divisórias de madeira. A fachada é composta por brise soleil metálico vertical. Piso de mármore na maioria dos ambientes e piso cerâmico no restante. Parapeito do pavimento superior de concreto aparente.
O edifício é envolvido por um brise soleil, composto de aletas metálicas, posicionadas a 60cm do fechamento interno. A coberta é de estrutura metálica leve e telha composta com tratamento termo-acústico. A circulação principal é feita através de uma escada em estrutura metálica solta.
O Edifício é composto por três pavimentos. O uso da madeira, cedro natural, na fachada transmite o acolhimento e o vidro faz a ligação entre os dois espaços: exterior e interior. A fachada de concreto aparente, esquadrias de alumino e vidro, faz um contraste entre transparência e opacidade.
Questões espaciais externas
O edifício está localizado próximo a escolas e praças, possui fluxo intenso de veículos e pedestre.
A condição urbana do edifico, de esquina, favorece o fluxo intenso e acesso do público em geral.
O edifico está localizado na área central da pequena cidade de Boucherville, envolvido por uma floresta, possui fluxo moderado.
Questões espaciais internas
A construção existente possui três pavimentos, distribuídos de forma concisa e estática, não sendo convidativo ao usuário.
O edifício é composto por seis pavimentos, distribuídos de forma a integrar alguns ambientes e em outros a gerar introspecção necessária a alguns setores.
Os espaços internos são amplos e conectam-se de forma harmoniosa. As divisões existentes são necessárias e eficientes, como é o caso da área infantil, multimídia e acervo de memória.
Mobiliário
Mobiliário deficiente, não dialoga com o lugar. Espaço infantil desprovido de imaginação. Falta cor, vida ao mobiliário para serem atrativos ao usuário
Na divisão infanto-Juvenil o layout é definido com estantes de 1,20m de altura, posicionadas livremente. Nos outros ambientes as estantes são posicionadas de forma linear, convidando os usuários a um passeio intelectual.
O mobiliário é funcional, diversificado e objetivo, proporcionando versatilidade aos espaços internos da biblioteca.
Acervo 220.000 volumes 115.000 volumes X
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, sobre dados do site www.concursodeprojetos.org.
59
Tabela 04: Dimensionamentos dos ambientes dos estudos de caso.
PROGRAMA/SETOR
BIBLIOTECA DE PERNAMBUCO, sem
ampliação (*)
BIBLIOTECA PÚBLICA DE
SANTA CATARINA (*)
BIBLIOTECA DE MONTARVILLE
Acesso/Social
Hall/ Espaço p/Eventos/Salão Multifuncional/Foyer
291m² 124m² Hall: 40m² Sala Multifuncional: 60m² = 100m²
Café ------ 31m² -----
Guarda volumes 45m² 58m² -----
Área de leitura 291m² 77m² 75m²
Empréstimo e devolução 195m² 20m² 50m²
Espaço p/ Periódicos/Diários 125m² 20m² 52m²
Auditório/Espaço p/ oficina Oficina – 85m² 102m² -----
Braille 195m² ----- -----
WC 80m² 20m² 33m²
ÁREA TOTAL DO SETOR 1.307m² 452m² 310m²
Divisão de Pesquisa e Memória
Acervo reservado/Pesq e memória 173m² 72m² 15m²
Áreas de leitura ----- 55m² 15m²
Laboratório e oficinas de restauro 38m² 22m² 15m²
Laboratório de encadernação e conservação
----- 22m² 15m²
Atendimento ----- 9m² 12m²
Depósito/Almoxarifado 2x31m²=62m² 12m² 20m²
CFTV 9m² 3m² -----
WC 48m² 11m² -----
Serviço de processamento técnico 105m² 15m² -----
ÁREA TOTAL DO SETOR 435m² 221m² 92m²
Divisão Infanto-Juvenil/Multimídia/internet
Divisão Infanto-Juvenil 105m² 300m² 232m²
Sala TV/DVD/Espaço criativo ----- 22m² 20m²
Computadores ----- 37m² 18m²
WC 35m² 36m² 6m²
ÁREA TOTAL DO SETOR 135m² 395m² 276m²
Divisão de atendimento ao usuário
Acervo referência/catálogos 90m² 30m² 450m²
Acervo referência eletrônico ----- ----- 100m²
Atendimento 9m² 14m² -----
Acervo geral 555m² 190m² 100m²
Audiovisual/Internet 95m² X 54m²
Área de estudo/leitura 100m² 390m² 200m²
ÁREA TOTAL DO SETOR 849m² 624m² 904m²
Divisão Geral/Serviços gerais
Administração 44m² X X
Direção 70m² 35m² 9m²
Espera/Recepção X 15m² 11m²
Secretaria/Telefonista X 7m² X
Coordenação/Ação cultural 54m² 40m² 20m²
Sala Reunião X 43m² 20m²
Área serviço X 9m²
Copa 10m² 24m² 22m²
Vestiários/WC 28m² 36m² 21m²
Arquivo administrativo X 44m² 18m²
Serv. Tecnologia, Informação e com X 34m² 82m²
Acessoria de cultura, extensão e proj. 40m2 39m² -----
Sala direitos autorais 17m² ----- -----
ÁREA TOTAL DO SETOR 263m² 326m² 203m²
ÁREA TOTAL (**) 2.989m² 2.018m² 1785m² (*) valores aproximados devido a falta de escala correta, buscou-se uma escala equivalente. (**) apenas dimensionamentos dos ambientes. ----- Não se aplica
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, elaborada a partir do site www.concurosdeprojetos.gov.
60
No contexto geral, não existe regras fixas para dimensionamento entre os estudos
analisados, são modificados conforme importância que cada equipamento propõe a
determinado setor, e posicionamento hierárquico em relação aos demais espaços.
Portanto, essa análise teve a intenção de concatenar idéias afins e ordenar
prioridades para o anteprojeto, propondo com isso embasamento técnico para o
desenvolvimento do projeto.
4.5 Aplicação do SWOT nos estudos de caso
Após análise comparativa oriunda do estudo de casos, notaram-se pontos
relevantes nos projetos que podem enfraquecer e ameaçar, ou outros que facilitam e
melhoram a intenção projetual.
Assim, originou-se a análise SWOT, onde foram verificados os pontos principais e
determinantes de cada projeto estudado, gerando a tabela abaixo:
Tabela 05: Análise SWOT BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO DE
PERNAMBUCO (1)
BIBLIOTECA PÚBLICA DE
SANTA CATARINA(2)
BIBLIOTECA DE
MONTARVILLE(3)
PONTOS NEGATIVOS
- Os ambientes não demonstram conexão com a época atual, tanto no quesito de conexões internas como externas; - O edifício não é convidativo, pois o acesso aos usuários e pedestres é escondido e recuado.
- Não possui WC infantil; - Área p/ leitura desprovida de tratamento acústico; - Não possui estacionamento; - O edifício não possui setor de Braille, salas para cursos ou oficinas
- Não possui café e auditório
AMEÇAS
- A possibilidade da freqüência dos usuários da biblioteca diminuir, por a mesma não ser atrativa, não convidar o público a usufruir dos ambientes
- A falta de estacionamento pode ocasionar diminuição da freqüência dos usuários no edifício.
- O equipamento não possui ambientes internos de convivência,podendo ocorrer diminuição da frequência dos usuários.
PONTOS POSITIVOS
- Possui WC infantil; - Climatização dos ambientes; - Setor de Braille; - Programa diversificado - Dispõe de grande área, podendo ser expandida, como está acontecendo no momento; - Localização central, próximo a praças e escolas; - Possui estacionamento
- Boa resolução no quesito de diversidade de ambientes, alguns amplos, integradores, outros introspectivo; - Climatização necessária no pavimento inferior
- Ambientes com boa conexão entre si; - O espaço exterior dialoga com seu interior e o entorno; - Diversidade de ambientes
POTENCIALIDADES
- O fato de possuir estacionamento facilita a freqüência dos usuários, pois no entorno não há muitos locais para estacionar veículos. - Área para expansão favorece atualização do equipamento. - A localização do edifício promove o equipamento, pois pode ser facilmente acessado pelos usuários.
- Edifício convidativo, atrai os usuários a conhecer o local; - Por ter ambientes integrados e diversificados há uma boa freqüência de usuários, cerca de 20.000 por mês.
- Atrair os usuários pelas propostas sustentáveis; - Dispõe de espaços para ampliação
Fonte: Da autora, elaborada a partir de pesquisas em fontes diretas e indiretas
61
Dentre os principais fatores pontuados com a utilização do SWOT (Tab. 05),
observou-se que há aspectos funcionais que alteram a dinâmica de um projeto de
biblioteca. Os pontos negativos do primeiro estudo de caso, a falta de diálogo entre
os ambientes e o fato do edifício não ser atrativo pode desencadear na iminência de
diminuição da freqüência dos usuários, e por outro lado, há pontos positivos no
edifico como possuir setor de Braille, ambientes climatizados, WC infantil e um
programa diversificado, gerando várias potencialidades como a facilidade do acesso,
por ter uma localização central e estacionamento.
No segundo estudo verificou-se que o equipamento não possui setor de Braille,
ambientes para leitura com tratamento acústico adequado e estacionamento,
podendo ocasionar a diminuição da freqüência. Por outro lado, há várias percepções
interessantes no projeto desse centro, como a boa resolução nas questões de
funcionalidade e diversidade dos ambientes, sendo com isso um espaço convidativo
e dinâmico.
O terceiro estudo mostrou um equipamento diferente dos costumeiros centros
contemporâneos de cultura, pois não possui espaços de convivência que convidam
o público a utilizar outros serviços. É um equipamento funcional, racional e possui
boa resolução projetual.
Com essa análise observou-se que para atender a comunidade onde o equipamento
está sendo inserido é necessário ressalvar a cultura local e fazer com que o edifício
seja convidativo para os usuários. Porém, algumas questões são relevantes a todo
projeto de biblioteca como a funcionalidade, dinâmica e atratividade dos ambientes.
Nota-se que o conceito desse equipamento cultural mudou ao longo dos tempos,
fato este que pode ser visto na BPEP, a qual possui um projeto de reforma e
ampliação para atender as novas necessidades dos usuários que carecem de
espaços de convivência e ambientes flexíveis e dinâmicos que dialoguem entre si.
Portanto, com essa ferramenta analisou-se questões determinantes que alteram o
conceito e funcionalidade dos equipamentos avaliados, sendo um instrumento
importante para o desenvolvimento do anteprojeto.
62
5. PROGRAMA E PRÉ-DIMENSIONAMENTO
O programa e o dimensionamento de um espaço como a biblioteca nascem das
necessidades da população e são concebidos para atender à comunidade onde está
inserida. Devem-se analisar as questões sociais, tamanho da população e legado
cultural para a formação de espaços e distribuição dos setores e fluxos, além de
insolação, ventilação, vegetação e análise do entorno.
Não há regras fixas na elaboração de um projeto para biblioteca, tem-se que
verificar o que se quer transmitir com esse equipamento e qual público atingir, pois
segundo Milanese (2003), não existe demanda clara por parte da população em
relação às atividades culturais, assim, deve-se observar a população, seus anseios
e objetivos, além do que os espaços devem ser multifuncionais, informativos e
integrados, ou seja, “Devem informar, discutir e criar” (MILANESE, 2003). Três
elementos devem integrar esse espaço: setor do conhecimento, áreas de
convivência e salas de oficinas e laboratórios.
Assim, Milanese (2003) em seu livro “A casa da Invenção”, propõe alguns pontos
abaixo (Tab. 06).
Tabela 06: Sugestão de dimensionamento para espaços culturais1
SUGESTÕES DIMENSIONAMENTO PARA ESPAÇOS DE CULTURA, MILANESE (2003)
ESPAÇOS DA BIBLIOTECA
MÁXIMO MÍNIMO
ÁREA TOTAL 100 hab/m² 30 hab/m²
ACERVO 3 títulos/hab. 8 hab/títulos
CONVIVÊNCIA 1/3 da área total 1/6 da área total
INFANTIL 1/3 da área total 1/6 da área total (só acervo bibliográfico)
MULTIMIDIA 1 terminal p/ cada mil habitantes
1 terminal p/ cada 10 mil habitantes
FUNCINÁRIOS 1 p/ cada 2.000 habitantes
1 p/ 20.000 habitantes
AUDITÓRIO 300 assentos ou mais 150 assentos ou 360m² Fonte: Da autora, elaborado a partir de dados oriundos de: MILANESI, Luís. (2003, pág.236 a 250)
63
Dessa análise recomenda-se que para a população de Caruaru, a qual possui cerca
de 300.000 habitantes, a área mínima da biblioteca para atender a demanda
populacional é de 3.000m² e a máxima de 10.000m², assim como dever possuir
capacidade mínima de 100 hab/m² e máxima de 30 hab/m². Dessa área proposta de
1/3 a 1/6 devem ser reservados para área de convivência, e também 1/3 a 1/6 da
área total devem ser destinados ao setor infanto-juvenil. Para o espaço multimídia
deve ser proposto de 1 terminal para cada mil habitantes a 1 terminal a cada 10 mil
habitantes. O acervo mínimo para essa comunidade é de 8 hab/títulos e máximo de
3 títulos/hab, para sua área mínima.
Portanto, com base no que foi sugerido pelo autor criou-se a tabela a seguir (Tab.
07):
Tabela 07: Sugestão de dimensionamento para espaços culturais 2
SUGESTÕES DIMENSIONAMENTO PARA ESPAÇOS DE CULTURA
ESPAÇOS DA BIBLIOTECA
MÍNIMO P/ CRUARU MÁXIMO P/ CARUARU
ÁREA TOTAL 3.000m² 10.000m²
ACERVO 37.500 900.000
CONVIVÊNCIA X X
INFANTIL X X
MULTIMIDIA 30 terminais 300 terminais
FUNCINÁRIOS 15 funcionários 150 funcionários
AUDITÓRIO 300 assentos ou mais
150 assentos ou 360m²
Fonte: Da autora, elaborado a partir de dados oriundos de: MILANESI, Luís. (2003, pág.236 a 250)
Complementando as informações acima, tomou-se o Manual de Normas e Diretrizes
para as Bibliotecas Públicas (2000), que cita que as bibliotecas devem conter
espaços para armazenamento do acervo; ambientes de leitura, referência e
pesquisa; serviços internos; e áreas para convívio, atividades culturais e
entretenimento.
Já de acordo com os estudos de caso, verificou-se que na biblioteca de Pernambuco
a relação usuários/livro é de aproximadamente 0.17 livros por habitante, e na
biblioteca de Santa Catarina a relação é de 0.28 livros por habitantes. Esses índices
estão dentro da média sugerida pelo Manual de Normas e Diretrizes para as
Bibliotecas Públicas (2000), como mostrado na tabela abaixo (Tab.08).
64
Tabela 08: Projeção de crescimento de uma coleção
Projeção de crescimento de uma coleção
Ano Coleção Livros a serem comprados
Relação livro/hab
nº hab/livro
Atual 3.000 0.1 1 p 10 hab
1 4.000 1.000 0.133 1 p 7.5 hab
2 5.000 1.000 0.166 1 p 6 hab
3 6.000 1.000 0.2 1 p 5 hab
Fonte: Manual de Normas e diretrizes das Bibliotecas públicas no Brasil, Ministério da Cultura (2000).
Assim, adota-se a relação de 0.2 livros por habitantes, o que possibilitou o desenvolvimento da tabela a seguir:
Tabela 09: Distribuição do acervo e capacidade das estantes.
TABELA COM DISTRIBUIÇÃO DO ACERVO
TIPO ACERVO % QT. LIVROS
QT. ESTAMTES SIMPLES *
QT. ESTANTES DUPLAS **
FICÇÃO 30 18.000 120 60
NÃO FICÇÃO 30 18.000 120 60
REFERÊNCIA 5 3.000 20 10
INFANTO-JUVENIL 32 19.200 128 64
SOM E AUDIO VISUAL
3 1.800 12 06
MUNICIPIO DE CARUARU
REFERÊNCIA QT. ACERVO CAP. ESTANTES SIMPLES
CAP. ESTANTES DUPLAS
0.2 livros por hab. 60.000 vol. 150 volumes 300 volumes *Dimensionamento da estante simples: 1,70m comprimento, 2,0m de altura e 0,25m de profundidade. ** Dimensionamento da estante dupla: 1,70 de comprimento, 2,0m de altura e 0,50m de profundidade.
Fonte: Da autora, elaborada com dados do Manual de Diretrizes para bibliotecas públicas, 2000.
Deste modo, tem-se a quantidade de acervo específico a cada setor e
conseqüentemente a área estimada. Como a estante dupla possui 1,70 de
comprimento e abriga 150 volumes, constata-se que para o acervo do setor infantil,
32% da coleção, são necessárias 128 estantes simples ou 64 estantes duplas
(Tab.10).
65
Tabela 10: Capacidade de volumes das estantes e prateleiras
VOLUMES POR ESTANTES SIMPLES E DUPLA Prateleira de um metro linear
Nº.de Prateleiras Vol./prateleira (1) Vol./estante Simples Duplas Simples Dupla
Livros de referência
4 8 25-30 100-120 200-240
Livros de consulta 5-6* 10-(12) 30-35 150-175 300-350
Livros p/ empréstimo
5-6* 10-(12) 35-40 175-200 350-400
Livros infantis 3-(4)* 6-(8) 50-55 150-165 300-330
Jornais (deitados) 5** 10 3 Deitados
Revistas (deitadas)
5** 10 5 Deitados
Revistas em pé 5** 10 10 (1) Com espaço para crescimento da coleção *Eventualmente, pode aumentar-se o número de prateleiras aumentado, assim, a capacidade das estantes. Os totais de volumes/estante se referem aos números sem parênteses da coluna Nº. de prateleiras
**Estante de jornais e revistas: 3 prateleiras inclinadas para exposição e 2 horizontais para caixas de revistas Fonte: Manual de diretrizes para bibliotecas públicas, 2000.
E, segundo NEUFERT (1976), por metro quadrado de pavimento, incluindo
passagem, estima-se de 200 a 250 volumes. Assim, para o setor infantil, o qual se
considera 19.200 volumes obtêm-se 96m², resultando assim a área para esse setor
específico.
Novamente, referindo-se aos estudos de caso, percebe-se a frequência dos usuários
da Biblioteca de Pernambuco, a qual possui população de cerca de 1.500.000
habitantes é de 1.200 pessoas por dia, e na biblioteca de Florianópolis, que possui
população de aproximadamente 400.000, a freqüência é de 900 usuários por dia.
Caruaru possui população aproximada de 300.000 habitantes, e utilizando a média
de freqüência dos estudos analisados, estima-se um público médio de 500 pessoas
por dia. E, segundo NEUFERT (1976), cogita-se um espaço de 2,5m² por leitor, os
quais permanecem em média duas horas na biblioteca. Assim, calculando oito horas
de funcionamento, percebe-se que nesse intervalo quatro pessoas usarão o espaço
(2,5m²). Portanto, multiplica-se a freqüência dos usuários por 2,5m² e divide-se por 4
(quatro), originado assim, uma área de 312.5m² de espaços para leitura, distribuídos
nos diversos setores.
Com base nessas informações, nos estudos de caso, na análise comparativa, nas
pesquisas de campo e SWOT chegou-se ao seguinte programa e pré-
dimensionamento, como mostrado na tabela a seguir (Tab. 11):
66
Tabela 11: Programa e pré-dimensionamento.
TABELA COM PROGRAMA E PRÉ-DIMENSIONAMENTO
SETOR PRÉ-DIMENSIONAMENTO Setor Social:
Guarda volumes 40m² Foyer 120m²
Periódicos/Diários 90m² Leitura 100m²
Empréstimo/Devolução 50m² Terminal de consultas 10m²
Braille 80m² WC (Fem. e masc.) 50m²
Estacionamento - TOTAL DO SETOR: 540m²
Setor de Convivência: Salão para exposição 120m²
Auditório 360m² Café 40m²
WC (Fem. e masc.) 50m² TOTAL DO SETOR: 570m²
Setor de Referências: Acervo Referência/Catálogos 120m² Acervo Referência eletrônico 90m²
Atendimento 20m² Espaço para leitura 100m² TOTAL DO SETOR: 330m²
Setor Técnico: Atendimento 20m²
Acervo Reservado/Pesquisa e Memória 100m²
Leitura 100m² Depósito 12m²
Sala de restauro 25m² Almoxarifado 25m²
Encadernação 25m² CFTV 12m²
Processos técnicos 25m²
WC (fem. e masc.) 50m² TOTAL DO SETOR: 394m²
Setor Infanto-Juvenil:
Espaço para acervo 120m² Leitura 120m²
Salas para oficinas 2 X 40m² = 80m² Espaço criativo 100m²
Espaço multimídia 40m²
WC infantil 25m² TOTAL DO SETOR: 485m²
Setor adulto:
Espaço para acervo diverso 120m² Acervo geral 120m²
Espaço para leitura 200m²
Multimídia 40m² WC (fem. e masc.) 50m² TOTAL DO SETOR: 530m²
Setor Geral/Serviços:
Direção 35m² Administração 30m²
Espera/Recepão 20m² Coordenação/Ação Cultural 35m²
Sala reunião 40m² Sala para projetos 40m²
Sala de Direitos Autorais 20m²
Informação/Acessoria de Cultura 40m² Arquivo administrativo 40m² Sala para funcionários 30m²
Área serviço 9m²
Copa 15m² Vestiário/WC (fem. e masc.) 60m²
Depósito 12m² DML 9m²
TOTAL DO SETOR: 435m²
ÁREA TOTAL: 3.284 m²
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
67
O programa e pré-dimensionamento sugeridos propuseram que a Biblioteca Pública
de Caruaru fosse condizente com os objetivos de um centro de cultura e
disseminação do conhecimento que almeja o equilíbrio entre estética e
funcionalidade, com ambientes racionais e lúdicos, espaços amplos e acolhedores.
Deste modo, o conteúdo referente ao programa e pré-dimensionamento foi
racionalizado no organo-fluxograma a seguir, o qual permitirá uma visão geral do
equipamento.
68
6. ORGANOGRAMA, FLUXOGRAMA E ZONEAMENTO
Para determinar a organização espacial dos ambientes da biblioteca utilizaram-se
três ferramentas: o organograma, o fluxograma e o zoneamento, que
proporcionaram uma representação esquemática dos setores e sua disposição
hierárquica, bem como seu fluxo interno.
Na macro-setorização determinou-se a localização geral dos setores e como se
conecta um ambiente com outro. O arranjo desses espaços deu-se pelo fluxo e a
hierarquia funcional como mostra os esquemas abaixo (Fig. 55, 56 e 56A):
MACRO-SETORIZAÇÃO
Fig.55: Macro-setorizaçao.
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
69
70
Fig.56A: Zoneamento
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
Desta forma, o esquema permite uma visualização geral dos setores, suas conexões
e disposição hierárquica, facilitando com isso o planejamento dos espaços atrelado
aos usos e fluxos. Com o estudo setorial dos ambientes internos, tem-se base para
projetar ambientes racionais e adequados ao equipamento biblioteca, que articulem
entre si de forma harmoniosa e dinâmica.
Portanto, os estudos feitos até então promoveram a concepção interna dos
ambientes, adequando os setores a sua localização eficiente no projeto.
Assim, prosseguiu-se com o desenvolvimento de etapas para concepção de um
equipamento cultural que atenda as necessidades climáticas e contextuais da
região, sendo necessário para isto um estudo do terreno, seu contexto urbano, e os
condicionantes ambientais atrelados a área de implantação, os quais possibilitam ao
equipamento boa ventilação, iluminação adequada, controle da insolação, e
presença de vegetação, tornando o espaço aprazível.
71
7. ANÁLISE DO TERRENO
O espaço escolhido para implantação da Biblioteca Pública localiza-se no bairro
Mauricio de Nassau, o qual possui vínculo direto com os bairros Salgado e Centro,
acolhendo o fluxo da periferia e centro da cidade. Posiciona-se na esquina da
quadra 255, compreendida entre as Ruas Belmiro Pereira e Frei Caneca, com área
de 9.778 m² (Fig. 57).
Fig.57: Localização do terreno
Fonte: Google Earth. Acessado em 03/06/2011.
O terreno situa-se numa área central da cidade, próximo a escolas, comércio e
serviços, favorecendo o acesso dos usuários e atingindo a população como um todo.
Outro fator importante relaciona-se ao contexto urbano do terreno, posicionado na
esquina da quadra favorece os fluxos oriundos de vários setores diferente da cidade,
além de proporcionar uma melhor visão urbana do conjunto como um todo.
O setor é estratégico, pois acolhe os fluxos oriundos da periferia ao centro da
cidade, sendo um caminho intenso durante todo o dia, caracterizando-se num
72
espaço pertinente para um centro de cultura, o qual necessita de um lugar de fácil
acesso e central.
O terreno é envolvido por calçadas largas e arborizadas, sendo posicionado em
frente a uma praça, a qual torna o setor agradável à população, onde pessoas
transitam durante todo o dia. Por ser um local central é um percurso muito acessado
por todos da cidade e região, pois é um dos acessos ao setor de comércio e
serviços da cidade (Fig. 58 e 59).
Fig.58: Imagem do espaço para implantação do equipamento
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
Fig.59:Fachada principal do espaço para implantação
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011
Contudo, encontra-se neste terreno um grande galpão sem valor histórico ou cultural
que se sugere demolição para a concepção da biblioteca em tese (Fig. 59).
73
7.1 Análise do contexto urbano
É fundamental que um centro de cultura seja acessível a todos e que sua
localização seja estratégica para atender a demanda de todo município, quiçá da
região. De acordo com VANZ (1999)³: “A localização geográfica da biblioteca pode
ser considerada um fator que define a freqüência de uso da mesma, independente
da relevância e qualidade do acervo, dos bons profissionais e serviços prestados.”
O terreno para construção da Biblioteca Pública de Caruaru possui pouca
declividade, podendo ser considerado plano, localiza-se numa área de fluxo intenso
de veículos e pedestre, e está envolto a equipamentos históricos e culturais como a
Estação Ferroviária e o Pátio de Eventos (Figs.60 e 61).
Fig.60: Planta de situação sem escala
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
_________________
4. Disponível em: <www.biccateca.com.br>. Acessado em 05/06/2011.
74
Os acessos ao entorno são feitos através das vias primárias (Ruas Belmiro Pereira,
Filemon Bastos, Frei Caneca, Capitão João Velho e Dr. Julio de Melo), as quais
ligam bairros da periferia ao centro da cidade, e via terciária, em frente ao Pátio de
eventos (Fig. 61).
Fig.61: Planta de situação sem escala
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
No entorno há setores de uso comercial/serviços, residencial, equipamentos
históricos e culturais, além de instituições como escolas e equipamentos públicos.
No setor de implantação do equipamento biblioteca há predominância de
equipamentos de uso comercial e de serviços, como mostra a tabela a seguir (Fig.
62):
75
Fig.62: Mapa de usos do setor
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
Portanto, um equipamento como a biblioteca neste setor agregará valores culturais e
educacionais à área, já que são encontrados no entorno muitos equipamentos
históricos e culturais, bem como instituições de ensino.
7.2 Análise dos condicionantes físico-ambientais
É de fundamental importância o estudo dos condicionantes físico-ambientais para o
desenvolvimento de um projeto que atenda as necessidades climáticas da região.
Assim, observou-se que o terreno está posicionado livremente na esquina da
76
quadra, favorecendo a ventilação no setor, bem como a melhor escolha para a
disposição do equipamento, visto que há três acessos a área.
Em relação à ventilação no setor observou-se que há predominância dos ventos
nordestes voltados à Rua Manoel Surubim, situada entre o terreno e o Pátio de
eventos, e os ventos sudestes acolhidos pela Rua Frei Caneca, formando assim
ventilação cruzada na área do terreno (Fig. 63).
Fig.63: Mapa dos condicionantes ambientais
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
77
Há presença de grandes árvores nas calçadas do terreno, no entorno e na praça
situada em frente à área de implantação. Portanto, essa vegetação local permite o
sombreamento necessário à fachada oeste, castigada pela insolação durante os
horários de maior incidência solar (Fig.63).
Deste modo, os condicionantes naturais como o sol e a ventilação contribuíram para
definir o partido do projeto, juntamente com as etapas já mencionadas, pois tais
indutores criam circunstâncias específicas a cada projeto alterando sua disposição
na área e a distribuição dos setores e fluxos internos.
7.3 Análise dos condicionantes legais
Para projetos de cunho cultural existem alguns condicionantes legais como: Código
de Urbanismo, Obras e Posturas do município de Caruaru; plano diretor; Manual de
Normas e Diretrizes para Bibliotecas Públicas do ministério da educação; Normas
técnicas da ABNT, lei 9050; e Código de segurança contra incêndios e pânico para o
estado de Pernambuco.
7.3.1 Código de Urbanismo, Obras e Posturas do município de Caruaru.
A lei 2454 de 27 de janeiro de 1977 versa sobre os equipamentos destinados a
reuniões culturais.
• Na subseção I, art. 381, enfatiza o tamanho da área da ante sala, a largura das
portas de acesso e o dimensionamento dos corredores do setor destinado a
eventos, além de fazer referência à sinalização indicadora do percurso e
equipamentos necessários ao combate de incêndio.
• O art. 382 dessa lei salienta que o total de poltronas não deve exceder a 250
unidades com distância entre elas de 0,90cm, de encosto a encosto. A largura
proposta é de 0,60cm.
• No art. 386 da lei 2454, destacam-se uma relação para dimensionamento de
sanitários destinado ao público e para funcionários.
78
7.3.2 Plano Diretor de Caruaru.
O terreno localiza-se na Macrozona de Consolidação e Estruturação, onde há
concentração de atividade urbana, com diferentes graus de ocupação do solo, sendo
estruturada para ocupação nos próximos dez anos.
A área está concentrada na Zona ZR3 e de ZAM 1. Considera-se a ZAM1, a qual
possui uso comercial e residencial, tendo os seguintes parâmetros urbanísticos para
lote isolado:
Coeficiente de utilização – 1,5 :
Área do terreno – 9.778m²
Portanto, Área construída da biblioteca – 4.292m²
Afastamentos – frontal – ---
lateral – ---
fundos – 3,00m
Taxa de solo natural: mínimo 20%
Deste modo, têm-se os seguintes parâmetros para o terreno proposto:
9.778m² x 1,5 = 14.667m² (área máxima a ser construída)= 12.813 m².
Área verde + solo permeável da biblioteca = 3.357m² – 34,33%
Estacionamento: Utiliza-se 1 vaga para cada 50m² de área construida = 86 vagas.
7.3.3 Manual de Diretrizes e Normas para Biblioteca Públicas (Brasil,
2000).
Este manual sugere algumas considerações a respeito do equipamento de cultura
escolhido, assim definidas:
- A biblioteca deve estar em lugar central;
- O projeto arquitetônico deve propor soluções funcionais:
79
- Os ambientes devem ser flexíveis, amplos e agradáveis
- O raio de influência do equipamento é de 1,5km;
- Cada leitor ocupa área de 2,5m² e para cada funcionário calcula-se a média de
4m².
7.3.4 Normas técnicas da ABNT, lei 9050.
Segundo essa norma, os espaços destinados a cultura devem prever na área
destinada ao público, espaços destinados às pessoas com mobilidade reduzida,
desta forma devem:
a) estarem localizados em uma rota acessível vinculada a uma rota de fuga;
b) estarem distribuídos pelo recinto, recomendando-se que seja nos diferentes
setores e com as mesmas condições de serviços;
c) estarem localizados junto de assento para acompanhante, sendo no mínimo um
assento e recomendável dois assentos de acompanhante;
d) garantir conforto, segurança, boa visibilidade e acústica;
e) estarem instalados em local de piso plano horizontal;
f) ser identificados por sinalização no local e na bilheteria, conforme;
g) estarem preferencialmente instalados ao lado de cadeiras removíveis e
articuladas para permitir ampliação da área de uso por acompanhantes ou outros
usuários.
7.3.5 Código de segurança contra incêndios e pânico para o estado de
Pernambuco.
• O artigo 15 deste código trata das edificações de Reunião de público como os
centros de cultura e afins, e o terceiro parágrafo determina:
§ 3º Ocorrendo situações em que os locais de reunião de público façam parte de
edificações de riscos diversos, deverão ser observadas as especificações do
presente parágrafo:
80
a) quando a edificação for construída no plano horizontal, contando com apenas um
pavimento, a ocupação dos locais de reunião de público será predominante para a
área total construída, e os sistemas de segurança contra incêndio e pânico exigidos
para a ocupação considerada deverão ser dimensionados para o caminhamento
entre o ponto de reunião às áreas de descarga, independentemente da proteção da
edificação total;
b) quando a edificação for construída no plano vertical, contando com pavimentos
elevados, a ocupação dos locais de reunião de público será predominante para todo
o pavimento de mesmo nível e inferiores aos dos locais considerados, e os sistemas
de segurança contra incêndio e pânico exigidos deverão ser dimensionados para o
caminhamento entre o ponto de reunião de público às áreas de descarga,
independentemente da proteção da edificação total.
Essa análise dos condicionantes legais orientou as questões processuais do projeto
e apresentou uma visão processual e específica para a elaboração do equipamento.
81
8. A proposta
O anteprojeto da Biblioteca Pública em Caruaru desenvolveu-se com o intuito de
suprir as lacunas socioculturais da cidade, e também, da ânsia em fomentar o
conhecimento na comunidade, de forma que o equipamento proporcionasse
interação entre os usuários e instigasse a leitura e o aprendizado.
Assim, o projeto propõe um edifício funcional e imponente, gerado a partir de linhas
retas e forma irregular, provendo ambientes setorizados conforme função e uso.
Desta forma, o equipamento além de atender a função social proposta transmite um
novo signo urbano à cidade, constituindo-se num referencial para toda a região.
8.1 Programa
Gerado a partir do estudo de casos e preliminares, o programa originou-se do
zoneamento a seguir:
- Setor social: salão de exposição, hall, café, auditório, foyer e salas para oficinas;
- Setor infantil: acervo, área para leitura em grupo e individual e espaço multimídia;
- Setor adulto: acervo, área para leitura em grupo e individual, espaço multimídia,
Braille, sala para pesquisa e memória, WC fem. e masc., WC infantil, hall e depósito;
- Setor administrativo e serviços: direção, administração, coordenação, sala para
reunião, sala para projetos, sala de direitos autorais, sala para informação/acessória
de cultura, arquivo administrativo, arquivo geral, sala de restauração, sala de
encadernação, CVTV, copa, DML, vestiário, WC fem., masc. e acessível.
Desta forma, o equipamento disponibiliza melhor distribuição dos ambientes de
acordo com sua função e uso, conforme programa e dimensionamento proposto a
seguir:
82
Tabela 12: Programa e dimensionamento
TABELA COM PROGRAMA E DIMENSIONAMENTO
SETOR Quant DIMENSIONAMENTO Setor Social:
Guarda volumes 20,75m² Foyer/Circulação vertical e horizontal 190m²
Periódicos/Diários 174m² Atendimento 24m²
Braille 70,35m² WC(Fem. e masc.) 02 15X2=30m² WC acessível 02 5,30X2=10,60m²
WC infaltil 15m² Salas para ofifinas 04 4X54m²=216m²
Circulação 76m² Salão para exposição/Galeria 560m²
Auditório 325m² Café 139m²
TOTAL DO SETOR: 1.850,70m² Setor Infanto-Juvenil:
Espaço infantil (acervo, leitura e multimídia) 456m²
TOTAL DO SETOR: 456m²
Setor adulto:
Espaço adulto (leitura em grupo, acervo e multimídia)
630m²
Sala para leitura 70m²
Pesquisa e memória 325m²
WC(Fem. e masc.) 02 15X2=30m²
WC acessível 02 5,30X2=10,60m²
WC infaltil 15m² Depósito 6,70
Hall 15,45
Circulação 76m²
TOTAL DO SETOR: 1.178,75m² Setor Adminstrativo/Serviços:
Direção 45m²
Administração 37,50m²
Espera/Recepção 17m²
Coordenação 39,70m²
Sala reunião 34m²
Sala para projetos 22m²
Sala de Direitos Autorais 22,20m²
Informação/Acessoria de Cultura 22,40m²
Arquivo administrativo 27m² Arquivo geral 26m²
Sala p/ procedimentos técnicos 70,35m²
Sala p/ restauro 54m²
Sala p/ encadernação 54m² CVTV 20m²
Copa 15m²
DML 6,25m²
Vestiário/WC (fem. e masc.) 15m²
WC(Fem. e masc.) 02 15X2=30m²
WC acessível 02 5,30X2=10,60m²
TOTAL DO SETOR: 568m² ÁREA TOTAL: 4.053m²
Áreas externas:
Estacionamento 2000m² Lixo 16m²
Depósito 11m²
Fonte: Ana Paula Vasconcelos, 2011.
83
8.2 Memorial Justificativo
Nascido da ânsia de se construir um ambiente voltado à informação e cultura em
Caruaru, o projeto da biblioteca pública objetiva proporcionar uma referência de
cultura com foco principal na leitura, além de aprendizado e interação entre todos da
sociedade, transformando esse espaço edificado em um motivador das artes e do
conhecimento. Deste modo, com o desenvolvimento do conceito “Do livro à
Biblioteca” a partir da evolução das pesquisas e discussões acerca do projeto, foi
possível aplicá-lo de maneira ampla, em certos momentos, e pontuais em outros, de
forma a gerar a forma proposta.
Assim, o partido originou-se da idéia da releitura de um livro aberto, composto de
palavras e idéias escritas, assinalando que a construção do conhecimento advém de
etapas que são construídas do mesmo modo que o vocábulo constitui a base mais
elementar do livro (Fig. 64).
Fig.64: Evolução da proposta
Fonte: Ana Paula Vasconcelos
84
Assim, como citado acima, este trabalho de graduação objetiva a realização de
anteprojeto para uma biblioteca pública em Caruaru-PE, em terreno localizado à Rua
Frei Caneca, bairro Mauricio de Nassau, próximo à antiga Estação Ferroviária e ao
Pátio de Eventos, em área contígua ao centro da cidade, de fácil acesso e de grande
fluxo de veículos e pedestres (ver Fig. 61).
O terreno em questão possui 9.778m², com a locação do edifício no sentido norte-
sul. A escolha de tal posicionamento deve-se à possibilidade de ter a frente do
mesmo voltada para o sul, facilitando a visão dos transeuntes, além de causar boa
visualização do conjunto edificado como um todo, o qual interage com a paisagem
urbana local. Contudo, para amenizar o grande tráfego de veículos da Rua Frei
Caneca, optou-se pelo acesso de veículos ao equipamento pela Rua Belmiro
Pereira, face oeste do terreno, por ter menor fluxo de veículos, como mostrado
anteriormente no capítulo 10.
Já o entorno é formado por equipamentos de diversos usos, como alguns edifícios
históricos e educacionais que serão beneficiados por um equipamento como este,
voltado à cultura (ver Fig. 62).
Desta forma, aproveitando o grande fluxo oriundo do centro da cidade e tendo como
meta destacar o edifício da paisagem urbana local, optou-se pelo acesso de
pedestre ao equipamento através da fachada sul, Rua Frei Caneca, onde os
usuários podem apreciar o salão de exposição, hall de acesso e café.
Outro fator importante para a disposição do equipamento no terreno foi a
possibilidade do zoneamento, que pré-determinou sua divisão interna devido aos
condicionantes físico-ambientais, os quais também influenciaram o partido do
projeto, especialmente pela insolação, já que há vários panos de vidros
posicionados nas fachadas leste e sul, equilibrando assim a escolha do material com
o posicionamento em relação à insolação existente, além de conectar os espaços
internos com o externo, tornando o ambiente contemplativo e quebrando a barreira
visual com o exterior (Fig. 65).
85
Fig. 65: Perspectiva da fachada oeste.
Fonte: Ana Paula Vasconcelos
Para reforçar o conceito trabalhado, tornou-se imprescindível observar as
necessidades inerentes a qualquer programa de biblioteca, apontados através dos
estudos de caso e estudos preliminares realizados, criando-se, assim, meios de
atender às diferentes exigências legais e programáticas. De tal modo, desenvolveu-
se uma proposta baseada na intenção plástica e funcional de diferenciar ambientes
através de seus usos e funções, proporcionando sensações de interação ou
introspecção quando necessárias e correlacionando tais ações com as funções dos
setores da biblioteca, tornando o mesmo um equipamento flexível e dinâmico,
intenção presente desde o início do trabalho (Fig. 66).
Fig. 66: Resolução Programática.
Fonte: Ana Paula Vasconcelos
86
Externamente, o equipamento marca a paisagem local com sua forma irregular e
imponente, com a fachada sul, principal, composta por placas de ACM na cor cinza
claro e no volume disposto no acesso principal na cor vermelha. Esta fachada,
também, é demarcada pelo pano de vidro e um volume que se sobressai no café
composto por filetes de madeira de 5cmx5cm disposto horizontalmente, com o
intuito de proteger e marcar o setor (Fig. 67).
Fig. 67: Perspectiva do edifício (fachada principal)
Fonte: Ana Paula Vasconcelos
A fachada leste, também é composta por placas de ACM na cor cinza claro, além de
panos de vidro que dialogam com o espaço externo, tornando o equipamento
convidativo e aprazível (Fig. 68).
87
Fig. 68: Perspectiva do edifício (fachada leste)
Fonte: Ana Paula Vasconcelos
As serigrafias inseridas nos panos de vidros do café com frases e pensamentos de
autores brasileiros aguçam a criatividade dos freqüentadores da biblioteca,
complementando com isso, toda disposição lúdica e criativa proposta para este
centro de cultura (Fig. 69).
Fig. 69: Perspectiva do café
Fonte: Ana Paula Vasconcelos
88
Por não possuir delimitador físico com o espaço público, o edifício torna-se
convidativo e interage de forma equilibrada com a paisagem urbana local. Desta
forma, o agenciamento do terreno foi concebido para induzir os transeuntes a
acessarem o equipamento através de circulações dispostas em vários pontos do
local, assim como há nos jardins, espaços com jogos interativos, áreas de
permanência para contemplação e um grande espelho d‟água, que além de ser um
elemento que configura e delimita espaços, também ajuda a amenizar a insolação
na fachada oeste. (Fig.70).
Fig. 70: Implantação do edifico no terreno
Fonte: Ana Paula Vasconcelos
Ao acessar a biblioteca, o visitante pode perceber que a mesma é composta por três
pavimentos, em planta livre, já que a flexibilidade de inserção das atividades é algo
requerido para tais equipamentos. Assim, para atender ao programa proposto bem
como às questões técnicas pertinentes a uma biblioteca, optou-se por demarcar
cada ambiente a partir o mobiliário conforme a função e o uso.
Já a interação entre os três pavimentos dá-se através de uma grande circulação
vertical solta em meio ao grande vão central, composta por elevador panorâmico e
89
uma escada, associados a vazios dispostos de forma a ligar visualmente áreas afins,
proporcionando fluidez, dinamicidade e flexibilidade ao espaço interno.
Assim, internamente o edifício foi distribuído de forma a equilibrar espaços que
contemplam a introspecção com ambientes voltados ao convívio social. Desta forma,
as áreas foram compostas para atrelar as funções com seus devidos usos.
Organizou-se também o edifício por setores, diferenciando-se os espaços que
requerem silêncio e concentração, como o de leitura de periódicos, de outros onde o
fluxo de pessoas é mais constante e onde o barulho não atrapalharia a concentração
necessária a determinadas atividades, como o café ou o auditório.
Assim, no 1º pavimento (térreo) encontram-se o setor social (nº 1, 2 e 4 da Fig. 71) e
infantil (nº 07 da Fig. 71).
Fig. 71: Planta baixa 1º pavimento (térreo)
Fonte: Ana Paula Vasconcelos
90
A área social é composta por salão de exposição externo, auditório com capacidade
para 209 pessoas, café, foyer, hall, atendimento, guarda-volumes, oficinas e setor
dos periódicos, que na pesquisa detectou-se ser o espaço de maior acesso dos
usuários à biblioteca (Fig. 72).
Fig. 72: Perspectiva do espaço para periódicos
Fonte: Ana Paula Vasconcelos
Deste modo, esses ambientes interagem entre si formando um grande espaço de
convívio onde os usuários podem acessá-los sem ter que passar pelo controle da
biblioteca (Fig. 73).
Fig. 73: Perspectiva do hall e controle da biblioteca
Fonte: Ana Paula Vasconcelos
91
O setor infantil posiciona-se neste pavimento devido à compatibilidade de fluxos com
a área social, onde a presença de crianças e adolescentes no local origina espaços
descontraídos e dinâmicos.
Outro aspecto importante é à disposição do mobiliário no setor infantil, de forma
lúdica, com estantes em desenho de letras, pufes coloridos, grafites de gibis nas
paredes e bancadas de forma sinuosa, convidando as crianças e adolescentes a
utilizarem esse ambiente, assim como, à criação de áreas para leitura em grupo e
individual, setor de multimídia e espaços para descanso, tornando o espaço
aprazível e alegre (Fig. 74).
Fig. 74: Perspectiva do setor infantil
Fonte: Ana Paula Vasconcelos
No segundo pavimento, localiza-se o setor adulto, com espaço para acervo, sala de
leitura, sala multimídia, setor de pesquisa e memória, salas para oficinas, os quais
são posicionados neste local por requerer introspecção, pois as desconcentrações
dos setores social e infantil podem atrapalhar a concentração necessária a estes
ambientes (Fig. 75 e 76).
92
Fig. 75: Planta baixa 2º pavimento.
Fonte: Ana Paula Vasconcelos
Fig. 76: Perspectiva do espaço para leitura - setor adulto.
Fonte: Ana Paula Vasconcelos
O 3º pavimento destinou-se ao setor técnico, administrativo e de serviço, pois é o
local menos acessado pelos usuários, onde se encontram a recepção, sala de
restauro, sala de encadernação, procedimento técnico, administração, coordenação,
diretoria, sala de direitos autorais, sala de reunião, direção, arquivos administrativo e
93
geral, sala para projetos e sala de informação, acessória e cultura. Por estes
ambientes posicionar-se próximo ao grande vão central, possuem visualização dos
setores social, adulto e infantil, sendo importante à administração da biblioteca
manter o contato visual com estes ambientes. Este pavimento também possui um
grande pano de vidro na fachada norte, sendo protegido pelo afastamento
intencional neste setor, priorizando assim, o conforto térmico no local (Fig. 77).
Fig. 77: Planta baixa 3º pavimento.
Fonte: Ana Paula Vasconcelos
Optou-se também em dispor as baterias de banheiro na fachada oeste, para
proteção contra a incidência solar, além de uma grande galeria que proporciona
sombreamento necessário à edificação nesta fachada, assim como, os acervos
adulto e infantil estão posicionados na fachada leste, visando serem protegidos da
insolação intensa, além de facilitar o acesso dos usuários ao setor através das
circulações vertical e horizontal (ver Fig. 65).
94
Além de todos os aspectos construtivos e funcionais referenciados, o equipamento
possuiu estacionamento para 86 veículos, área para ônibus e vagas para deficientes
físicos dispostas logo na entrada deste setor, facilitando assim, o acesso desses
usuários a biblioteca, além de setor para lixo e depósito, posicionados próximo ao
estacionamento.
Contudo, o edifício da biblioteca de Caruaru pretende destacar-se da paisagem
urbana local, tornando-se um marco na comunidade, sendo um referencial cultural e
social da cidade e regiões vizinhas, dinamizando assim, o intercambio sócio-cultural
dessas cidades.
8.3 Apresentações gráficas
- Perspectivas;
- Planta de situação: escala 1/2500;
- Planta de locação e coberta: escala 1/200;
- Planta baixa 1º pavimento (térreo): escala 1/200;
- Planta baixa 2º pavimento: escala 1/200;
- Planta baixa 3º pavimento: escala 1/200;
- Cortes: escala 1/200;
- Fachadas: 1/200.
95
9. CONCLUSÃO
A biblioteca pública é um referencial de desenvolvimento das nações, sendo
utilizada como ferramenta de crescimento social no mundo e fonte constante de
incentivos por parte do poder público. Porém, em países em desenvolvimento como
o Brasil há uma lacuna na sociedade pela falta de incentivo à cultura e educação
ocasionando empobrecimento social, cultural e educacional.
Assim, este trabalho de graduação estudou formas de como elaborar etapas para o
desenvolvimento de um equipamento cultural em Caruaru baseando-se em estudos
e análises de conceitos teóricos e práticos sobre o tema.
Com a referida pesquisa observou-se que para projetar um equipamento cultural
como uma biblioteca pública é necessário conhecer a importância desse
equipamento na comunidade, estudar os serviços prestados por essa instituição e
seu grau de influência no equipamento como um todo, e a partir disso, cria-se
espaços para atender tais necessidades, distribuindo os ambientes de acordo com
sua função e movimentação.
A partir desses estudos, criaram-se conceitos norteadores embasados nas análises
e comparações oriundas de pesquisas para responder a questão de como elaborar
um equipamento de cultura, como uma biblioteca pública, com conceito
contemporâneo de centro de cultura, como atualmente a biblioteca é considerada,
que atenda às necessidades sociais, culturais e educacionais da comunidade?
Observou-se que o conceito contemporâneo de biblioteca está além de um recinto
com livros para leitura, mas também um espaço com formatos diversos de mídias,
áreas de convívio e entretenimento, com ambientes amplos, receptivos e
acolhedores, os quais conectam pessoas ao mundo do conhecimento e
aprendizado, fomentando e disseminando o interesse pela leitura e pelo
desenvolvimento social e intelectual.
96
E, finalmente com todos os estudos realizados em relação ao objeto de pesquisa e
suas particularidades, bem como todas as etapas desenvolvidas serviram como
base para a elaboração do anteprojeto de uma Biblioteca Pública para a cidade de
Caruaru.
Portanto, o equipamento proposto originou-se do conceito norteador deste trabalho:
“Do livro à Biblioteca”, o qual assinala que a escrita, o signo mais elementar do
conhecimento, originou o livro e consequentemente a biblioteca, assim como, da
forma de um livro aberto surge o edifício da Biblioteca, composto por linhas retas e
forma irregular, remetendo-se ao livro de forma apreciativa e lúdica.
Assim, este trabalho de graduação desenvolveu o anteprojeto de uma biblioteca
para Caruaru como forma de suprir às lacunas educacionais da cidade e fomentar
cultura e conhecimento à população local e região.
97
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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IFLA/UNESCO; Bibliotecas Públicas, Federação Internacional de Biblioteca, 2001.
LEI MUNINIPAL 2454, 27 de janeiro de 1977. Código de Urbanismo, obras e Postura do município de Caruaru.
MILANESE, Luís. O que é biblioteca. São Paulo: Editora Brasiliense. 1998.
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