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Bioenergia em Revista: Diálogos ano 8 | n. 1 | jan.2018 /jun.2018 | ISSN: 2236-9171

Bioenergia em Revista: Diálogos · Diretora Superintendente do Centro “Paula Souza ... Palavras-chave: micropropagação; biodiesel; biotecnologia. Abstract Pinhão Manso (Jatropha

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Bioenergia em Revista: Diálogos

ano 8 | n. 1 | jan.2018 /jun.2018 | ISSN: 2236-9171

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Bioenergia em Revista:

Diálogos

ISSN: 2236-9171

Bioenergia em Revista: Diálogos | publicação semestral | Piracicaba / Araçatuba ano 8 | n. 1 | jan. 2018 / jun. 2018

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Governador do Estado de São Paulo Márcio França

Secretario de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia Janio Francisco Bentih

Diretora Superintendente do Centro “Paula Souza” Laura Laganá

Diretor do CESU André Macedo

Diretor da Faculdade de Tecnologia de Piracicaba Dep. “Roque Trevisan” José Alberto Florentino Rodrigues Filho

Diretora da Faculdade de Tecnologia de Araçatuba

Giuliano Pierre Estevam

Editoria Filomena Maria Formaggio Suzana Comin – estagiária

Editores de Seção Profª Drª Filomena Maria Formaggio – Fatec Piracicaba Prof. Dr. Luis Fernando Sanglade Marchiori – ESALQ-USP e Fatec Piracicaba Prof. Dr. Paulo Cesar Doimo Mendes – Fatecs de Piracicaba e Itapetininga, EEP Prof. Dr. Fernando de Lima Camargo – Fatec Piracicaba, EEP Prof. Msc. Fabio Augusto Pacano – Fatec Piracicaba, CNEC Capivari-SP Profa Msc. Luciana Fischer – Fatec Piracicaba e PUCCampinas-SP Profª Dra. Érika Gutierrez – Fatec Piracicaba Profª Msc. Angela de F. Kanesaki Correia – Fatec Piracicaba Bel. e Tecnólogo Mauricio D. C. Pinheiro – Fatec Piracicaba

Comissão Editorial

Filomena Maria Formaggio - Fatec Piracicaba

Vanessa de Cillos Silva - Fatec Piracicaba Paulo Cesar Doimo Mendes - Fatec Piracicaba Marcia Nalesso Costa Harder - Fatec Piracicaba Fabio Augusto Pacano - Fatec Piracicaba Maria Helena Bernardo

Bioenergia em Revista: Diálogos ● Rua Diácono Jair de Oliveira, 651 ● Bairro Santa Rosa

CEP: 13.414-155 ● Piracicaba / SP ● Telefone: [+55 19] 3413-1702

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Conselho Editorial

José Alberto Florentino Rodrigues Filho – Fatec Piracicaba Daniela Russo Leite – Fatec Araraquara Gisele Gonçalves Bortoleto - Fatec Piracicaba Eliana Maria G. Rodrigues de Siqueira – Fatec Piracicaba Daniela Defavari do Nascimento – Fatec Piracicaba Regina Movio de Lara – IESCAMP-CAMPINAS- SP Siu Mui Tsai Saito - Cena – USP Raffaella Rossetto - APTA - polo regional Centro-Sul Ada Camolesi - FIMI Mogi Mirim Marly T. Pereira - ESALQ-USP Vitor Machado – UNESP Bauru Adolfo Castillo Moran - Cordoba, Ver. Mexico Gregorio M. Katz - San Miguel de Tucuman Argentina Guilherme A. Malagolli - Fatec Taquaritinga Murilo Melo - ESALQ-USP Angelo Luis Bortolazzo – Centro Paula Souza Jorge Corbera Gorotiza - San Jose de Las Lajas - La Habana - Cuba

Bioenergia em Revista: Diálogos (ISSN 2236-9171) é uma publicação eletrônica semestral vinculada à Faculdade de Tecnologia de Piracicaba “Dep. Roque Trevisan” e a Faculdade de Tecnologia de Araçatuba (Fatecs). Objetivo: publicar estudos inéditos, na forma de artigos e resenhas, nacionais e internacionais, que contribuam ao debate acadêmico-científico, além de estimular a produção acadêmica nos níveis da graduação e pós-graduação. Os artigos são de responsabilidade exclusiva dos autores. É permitida sua reprodução, total ou parcial, desde que seja citada a fonte.

Bioenergia em Revista: Diálogos / Fatec - Faculdade de Tecnologia de Piracicaba / Faculdade de Tecnologia de Araçatuba. - - Piracicaba / Araçatuba, SP: a Instituição, desde 2011. v. Semestral - ISSN 2236-9171 1. Ciências Aplicadas / Tecnologia- periódico I. Bioenergia em Revista: Diálogos II. Fatec - Faculdade de Tecnologia de Piracicaba “Dep. Roque Trevisan” / Faculdade de Tecnologia de Araçatuba

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Sumário 5 Apresentação 6 Chamada de Artigos 7 Cultivo in vitro de pinhão manso (Jatropha curcas L.)

Souza, Bruno Fernando de; Nascimento, Daniela Defavari do 19 Avaliação dos parâmetros físico-químicos de fermentado de jabuticaba caseiro

Pires, Juliana Angelo; Arthur, Valter ; Gutierrez, Erika Maria Roel; Harder, Marcia Nalesso Costa 28 Estimation on Biodiesel Production Utilizing Contaminated Peanuts in Brazil

Brabo-Catala, Luiza; Lemos, Leticia Alves de; Mendes, Paulo Cesar Doimo

36 Influência do caldo enzimático na determinação do diagrama de fases no sistema bifásico aquoso Siqueira, Eliana Maria Gonçalves Rodrigues de 48 Potencial energético do resíduo alimentício de um restaurante – estudo de caso Mazzonetto, Alexandre Witier ; Oliveira, Jean Carlo Santos de; Lopes, João Paulo Vieira

69Otimização das operações de uma linha de produção em empresa de autopeças na região de Piracicaba/SP – Estudo de caso Mazzonetto, Alexandre Witier; Rocha, Eliseu José da; Lemos Jr., José Valter Lisboa

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Apresentação

Apresentamos à comunidade acadêmica mais um número do periódico Bioenergia em Revista:

Diálogos, cuja proposta segue pensando a discussão acerca dos temas que envolvem as áreas de abrangência

desta revista. Para tanto, esta edição contempla temas voltados às áreas de agronomia, alimentos, energia e

gestão de processos. O objetivo principal deste periódico incide sobre a formação tecnológica, porém

considerando sempre a relevância da pesquisa, inovação e dialogicidade como elementos constituidores

desta formação.

O artigo Cultivo in vitro de pinhão manso (Jatropha curcas L.) aponta que o pinhão manso (Jatropha curcas

L.) é uma planta tóxica à ingestão humana e adaptável à diversas condições edafoclimáticas, que possui

grande potencial energético devido a seu elevado teor oleaginoso. Um desafio é a produção de mudas

obtidas a partir de plantas matrizes superiores, que pode ser superado com a utilização da técnica de

micropropagação. Neste trabalho avaliou-se a multiplicação in vitro e a capacidade regenerativa de

embriões em meios de cultura com 50% dos sais MS (MURASHIGE; SKOOG, 1962) e com a adição de

proporções variáveis de reguladores vegetais BAP (6-benzilaminopurina) e ANA (ácido naftaleno acético).

Cada genótipo respondeu de forma diferente a cada tratamento. É desse aspecto que trata o artigo.

O estudo Avaliação dos parâmetros físico-químicos de fermentado de jabuticaba caseiro objetivou produzir e

avaliar os parâmetros físico-químicos do fermentado de jabuticaba artesanal. As jabuticabas foram

colhidas, transportadas e higienizadas com solução sanitizante. Posteriormente foi realizado o

esmagamento para a ruptura das bagas e produção do mosto. Este mosto foi tratado com metabissulfito

de sódio e, posteriormente, foram adicionadas leveduras comerciais da espécie Saccharomyces cerevisiae.

Encerrou-se a fermentação quando a medição de sólidos solúveis ficou próxima à zero. Após as análises

detalhadas do processo verificou-se que é possível produzir um fermentado de jabuticaba de qualidade

dentro dos parâmetros exigidos pela legislação desde que a fruta esteja em ponto ótimo de maturação.

Estimation on Biodiesel Production Utilizing Contaminated Peanuts in Brazil aponta que, atualmente, os

biocombustíveis são utilizados devido aos seus benefícios ambientais, sociais e econômicos. Nessa

perspectiva, este estudo teórico buscou estimar o potencial de produção de biodiesel utilizando amendoins

(Arachis hypogaea L.) contaminados com aflatoxina, os quais não podem ser usados para consumo humano.

Cerca de 14,6 milhões de litros de biocombustível poderiam ser produzidos se todo o amendoim

contaminado da safra brasileira de 2016/2017 fosse usado como matéria-prima para produção de

biodiesel. Os resultados da estimativa são baseados na transesterificação usando etanol como o álcool e

hidróxido de potássio como catalisador. Portanto, duas commodities valiosas poderiam ser produzidas

através do amendoim contaminado: biodiesel e glicerina, aumentando os lucros da agroindústria e

reduzindo a produção de resíduos, sem afetar a segurança alimentar.

Influência do caldo enzimático na determinação do diagrama de fases no sistema bifásico acuoso teve como

objetivo verificar a influência da massa molar do PEG e do pH. sobre a constituição das curvas binodais

utilizando o caldo enzimático. A metodologia aplicada foi o método de titulação de Bamberger et al. (1985)

e Vernou et al. (1990). Através dos resultados pode-se concluir que, em relação a massa molar do PEG,

quanto maior o seu valor menor será o valor da concentração necessária para se conseguir a formação das

fases, já em relação ao pH, não houve um efeito significativo em relação aos valores estudados.

Com o objetivo de discutir acerca da crescente demanda energética, ocasionada pelo crescimento

populacional e aumento da dependência energética pela sociedade e a necessidade de novas fontes de

energia, o artigo Potencial energético do resíduo alimentício de um restaurante – estudo de caso aborda um dos

produtos que vem ganhando destaque no setor energético e ambiental que é o biogás, proveniente da

decomposição de materiais orgânicos, e que são transformados em um gás combustível.. Neste trabalho

foram coletados e caracterizados energeticamente os resíduos da churrascaria “Tchê”, em Piracicaba – SP,

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no bairro de Santa Terezinha. Com a caracterização energética (análise Imediata e Elementar, PCI & PCS)

dos resíduos foram realizadas simulações do potencial energético por processos térmicos e pela geração de

biogás utilizando-se as equações da Agência de Controle Ambiental dos Estados Unidos (United States

Environmental Protection Agency – US EPA) e IPCC (Intergovernmental Panel Climate Change). Os

resultados obtidos indicam que seria possível diminuir consideravelmente o consumo de GLP ou energia

elétrica do restaurante, já que o resíduo gerado pode contribuir com energia - eletricidade e/ou biogás.

Encerrando a presente edição e retomando temas que envolvem diferentes abordagens de

pesquisa, o artigo Otimização das operações de uma linha de produção em empresa de autopeças na região de

Piracicaba/SP – Estudo de caso tem como objetivo analisar e propor melhorias ao processo de montagem de

componentes automotivos em uma linha de produção com foco no balanceamento da linha avaliada, na

melhoria do layout e no estudo de tempos. A pesquisa foi realizada em uma empresa de autopeças na

região de Piracicaba/SP, em que foram tomados os tempos dos processos produtivos e implantadas

alterações no layout da linha estudada. Esta linha foi otimizada, aplicando-se conceitos de "lean

manufacturing" possibilitando uma redução no número de colaboradores e redução do tempo do ciclo da

linha. As alterações implantadas fizeram com que empresa atendesse à demanda de clientes e melhorasse a

produtividade da linha otimizada. Estas alterações produziram um aumento equivalente a 8.556 novas

unidades produzidas por ano (um percentual de 4,5% sobre produção total); realocando a mão-de-obra

excedente em novos projetos da empresa.

Ainda uma vez, o propósito desta edição visa dar a conhecer aos leitores deste periódico mais

uma produção relevante à comunidade acadêmica em geral, preconizada pela proposta de dialogicidade

entre as áreas do conhecimento, objeto de interesse desta revista.

A Editora

Chamada de artigos

A Revista Bioenergia em Revista: Diálogos convida pesquisadores, docentes e demais

interessados das áreas de Bioenergia, Gestão Empresarial, Agroindústria, Alimentos e áreas afins,

a colaborarem com artigos científicos, de revisão e/ou resenhas para a próxima edição deste

periódico.

As normas de submissão e análise estão disponíveis em nosso site – www.fatecpiracicaba.edu.br/revista. Os trabalhos serão recebidos por via eletrônica em fluxo contínuo, e os autores poderão acompanhar o progresso de sua submissão através do sistema eletrônico da revista.

Os dados apresentados, bem como a organização do texto em termos de formulação e encadeamento dos enunciados, das regras de funcionamento da escrita, das versões em língua inglesa e espanhola dos respectivos resumos, bem como o respeito às Normas da ABNT são de inteira responsabilidade dos articulistas.

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Cultivo in vitro de pinhão manso (Jatropha

curcas L.)

Souza, Bruno Fernando de Nascimento, Daniela Defavari do

Resumo

O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta tóxica à ingestão humana e adaptável à diversas

condições edafoclimáticas, que possui grande potencial energético devido a seu elevado teor oleaginoso.

Um desafio é a produção de mudas obtidas a partir de plantas matrizes superiores, que pode ser superado

com a utilização da técnica de micropropagação. Neste trabalho avaliou-se a multiplicação in vitro e a

capacidade regenerativa de embriões em meios de cultura com 50% dos sais MS (MURASHIGE;

SKOOG, 1962) e com a adição de proporções variáveis de reguladores vegetais BAP (6-

benzilaminopurina) e ANA (ácido naftaleno acético). Cada genótipo respondeu de forma diferente a cada

tratamento. Porém, verificou-se que adições de ANA, na faixa de 0,2 mg.L-1 à 0,5 mg.L-1 e sem a adição de

BAP foram melhores para a formação de plantas com raízes e partes aéreas, sugerindo-se que novos

estudos sejam realizados adotando-se variações nesta faixa para definição de concentração hormonal mais

adequada para a micropropagação do pinhão manso.

Palavras-chave: micropropagação; biodiesel; biotecnologia.

Abstract

Pinhão Manso (Jatropha curcas) L., which is a toxic plant for human ingestion, is adaptable to diverse

edaphoclimatic conditions and has great energetic potential due to its high oleaginous content. One

challenge is the production of seedlings obtained from higher parent plants and this challenge can be

overcome with the use of the micropropagation technique. This work evaluated the in vitro multiplication

and regenerative capacity of embryos in culture media with 50% MS salts (MURASHIGE; SKOOG,

1962) and with the addition of different proportions of plant regulators BAP (6-benzylaminopurine) and

NAA (naphthalene acetic acid). Each genotype responded differently to each treatment. However,

additions of ANA in the range of 0.2 mg.L-1 to 0.5 mg.L-1 and without the addition of BAP were found to

be better for the plant development with roots and aerial parts, suggesting that new studies should be

carried out adopting variations in this range to define the hormonal concentration adequate for jatropha

micropropagation.

Keywords: micropropagation; biodiesel; biotechnology.

Resumen

El piñón manso (Jatropha curcas L.) es una planta tóxica a la ingestión humana y adaptable a las diversas

condiciones edafoclimáticas, que posee gran potencial energético debido a su elevado contenido

oleaginoso. Un desafío, es la producción de mudas obtenidas a partir de plantas matrices superiores, que

puede ser superado con la utilización de la técnica de micropropagación. En este trabajo se evaluó la

multiplicación in vitro y la capacidad regenerativa de embriones en medios de cultivo con 50% de las sales

MS (MURASHIGE, SKOOG, 1962) y con la adición de diversas proporciones de reguladores vegetales

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BAP (6-benzilaminopurina) y ANA (ácido naftaleno acético). Cada genotipo respondió de forma diferente

a cada tratamiento. Sin embargo, se verificó que las adiciones de ANA, en el rango de 0,2 mg. L-1 a 0,5

mg. L-1 y sin la adición de BAP fueron mejores para la formación de plantas con raíces y partes aéreas,

sugiriendo - que nuevos estudios sean realizados adoptando variaciones en esta franja para definición de

concentración hormonal más adecuada para la micropropagación del piñón manso.

Palabras-clave: micropropagación; biodiesel; biotecnología.

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bioenergia em revista: diálogos, ano 8, n. 1, p.7 - 18, jan./jun. 2018.

Souza, Bruno Fernando de; Nascimento, Daniela Defavari do Cultivo in vitro de pinhão manso (Jatropha curcas L.)

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INTRODUÇÃO

O Brasil é pioneiro mundial no uso de biocombustíveis, tendo destaque na utilização de

oleaginosas para obtenção de biodiesel, onde se pode verificar uma diversidade de plantas com potencial

para o desenvolvimento energético. Dentre elas, o pinhão manso se destaca como fonte alternativa de

cultura, que está ganhando importância, devido ao seu elevado teor de óleo nas sementes. Além disso, por

apresentar toxinas, não compete com fontes de óleo comestível e nem pode ser utilizado na alimentação

como fontes nutricionais (JHA et al., 2007; DEORE; JOHNSON, 2008, SATO, 2009).

O pinhão manso é uma planta arbustiva que, dentre as oleaginosas, destaca-se por sua rusticidade

e capacidade de adaptação a diversas condições edafoclimáticas (SUGUINO et al., 2009).

Um desafio, a ser vencido, é a produção e obtenção de mudas selecionadas a partir de plantas

matrizes superiores. Uma alternativa, para tal, é a técnica de micropropagação, que permite produzir

mudas sadias, em escala comercial, em qualquer época do ano e em curto período de tempo. Com isso,

podem-se obter plantas de melhor qualidade (genótipos), livres de patógenos, oriundas de matrizes

superiores ou de melhoramento genético (SATURNINO et al., 2005; NUNES, 2007).

Dessa forma, neste trabalho, avaliou-se a multiplicação in vitro de embriões de sementes de cinco

genótipos de pinhão manso e sua capacidade regenerativa, ou seja, a formação de partes aéreas, raízes e,

ou, calos, em meios de cultura com 50% dos sais MS (MURASHIGE; SKOOG, 1962) e com reguladores

vegetais BAP (6-benzilaminopurina) e ANA (ácido naftaleno acético), em diversas proporções, visando

obter a regeneração completa da planta e a definição do melhor tratamento para a micropropagação da

cultura e futura produção exponencial de mudas sadias e selecionadas.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A Cultura do Pinhão Manso (Jatropha curcas L.)

O pinhão manso é uma planta arbustiva da família Euphorbiaceae, também conhecida popular e

regionalmente como pinhão-do-paraguai, manduri-graça, pinha-de-purga, pinhão-de-cerca, manduigaçu,

purgueira, dentre outros (ARRUDA et al., 2004; SUGUINO et al., 2009).

Dentre as oleaginosas, o pinhão manso tem destaque como planta rústica, perene e adaptável a

diversas condições edafoclimáticas, além de ser tolerante à seca e sofrer pouca incidência da ação de

pragas e doenças (SATURNINO et al., 2005).

Sua idade produtiva é alcançada entre três e quatro anos, estendendo-se por até 40 anos e sua

altura média está entre dois a três metros, podendo atingir até 12 metros (SUGUINO et al., 2009).

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Souza, Bruno Fernando de; Nascimento, Daniela Defavari do Cultivo in vitro de pinhão manso (Jatropha curcas L.)

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O fruto é capsular ovoide com diâmetro entre 1,5 e 3,0 cm. É composto por uma casca que

contém de uma a três sementes, pesando em média 2,2 g. A semente possui um teor de óleo em torno de

30 a 35% e é constituída pela casca e uma camada interna que envolve o embrião, denominado

endosperma (ARRUDA et al., 2004; SUGUINO et al., 2009).

O óleo pode ser utilizado como inseticida, na produção de sabão, na indústria de cosméticos,

medicinalmente (como purgante) e mais recentemente visando à produção de bioenergia (SUGUINO et

al., 2009).

A produtividade varia muito com as características regionais, como: plantio, método de cultivo,

tratos culturais, idade da planta, fertilidade do solo e precipitação pluvial. Estima-se uma produção de, no

mínimo, duas toneladas de óleo por hectare (ARRUDA et al., 2004).

Geralmente, suas sementes não são utilizadas com propósitos nutricionais devido à presença de

componentes tóxicos, como a proteína curcina (SUGUINO et al., 2009). Dessa forma, o óleo proveniente

de suas sementes não compete com outras culturas alimentares.

A propagação do pinhão manso ocorre por via vegetativa ou clonal ou por via seminal. Quando

realizada via sementes ou estaquia há bastante limitação devido à enorme irregularidade encontrada no

campo, comprometendo sua produção para plantio e comercialização (SATURNINO et al., 2005;

NUNES, 2007).

Algumas sementes não germinam mesmo quando colocadas sob condições ambientais favoráveis.

Esse fenômeno, ao mesmo tempo se constitui num mecanismo eficiente para garantir a sobrevivência e a

perpetuação da espécie, também pode levar ao atraso e a desuniformidade na germinação. Além disso, a

utilização de sementes de diversas matrizes, também pode ocasionar a heterogeneidade das mudas

(CARDOSO, 2004; MARCOS FILHO et al., 1987).

Ainda não se conhecem variedades melhoradas ou cultivares da espécie, sobre os quais se tenha

informações e garantias do potencial de produção, carecendo ainda de estudos sobre seus aspectos

agronômicos (SATURNINO et al., 2005; DURÃES et al., 2009).

O Pinhão Manso na Produção de Biodiesel

O biodiesel é um combustível renovável obtido por meio de um processo químico denominado

transesterificação. Neste processo, os triglicerídeos contidos em óleos ou gorduras reagem com um álcool,

geralmente metanol, gerando dois produtos: a glicerina e o biodiesel (ANP, 2016).

As três principais diretrizes que embasam o programa biodiesel no Brasil são: implantar um

programa sustentável, promovendo inclusão social; garantir preços competitivos, qualidade e escala de

suprimento, e; produzir o biodiesel a partir de diferentes fontes oleaginosas e em regiões diversas

(DURÃES et al., 2009).

Uma destas culturas oleaginosas com potencial energético para a produção de biodiesel é o

pinhão manso (Jatropha curcas L.). Entretanto, a cultura ainda não possui as características fundamentais

para garantir um programa sustentável e preços competitivos. São elas: tecnologia agronômica definida;

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Souza, Bruno Fernando de; Nascimento, Daniela Defavari do Cultivo in vitro de pinhão manso (Jatropha curcas L.)

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tecnologia industrial estabelecida; logística e infraestrutura para produção e; escala de produção (DURÃES

et al., 2009, SATO et al., 2009).

Biotecnologia e o Melhoramento de Plantas

As pesquisas biotecnológicas trouxeram ampla melhoria nas técnicas de cultivo e na qualidade da

agricultura como um todo, visando maior produtividade das culturas e possibilitando a expansão do

agronegócio.

O melhoramento genético se utiliza do método convencional, aproveitando-se a variabilidade pré-

existente, ou da geração de variabilidade através de hibridações interespecíficas, indução de mutações,

variação somaclonal ou transformação genética (MARQUES; FERRARI, 2008).

A multiplicação clonal, por exemplo, permite um rápido aumento no número de indivíduos

geneticamente iguais, sendo extremamente vantajoso no caso de plantas de qualidade superior

(SATURNINO et al., 2005).

A cultura de tecidos consiste, basicamente, em isolar uma porção da planta, denominada explante,

e em proporcionar-lhe artificialmente, condições físicas e químicas apropriadas ao seu crescimento e

desenvolvimento, visando micropropagação, melhoramento, armazenamento ou limpeza clonal

(DAMIÃO FILHO, 1995; BARRUETO CID, 2010).

Apesar de demandar mão-de-obra especializada, o cultivo in vitro de células e tecidos representa

uma excelente alternativa da propagação de culturas (NUNES, 2007).

METODOLOGIA

O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Microbiologia e Biotecnologia da Faculdade

de Tecnologia “Deputado Roque Trevisan” (FATEC Piracicaba).

As sementes utilizadas neste trabalho, foram fornecidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (Embrapa), oriundas do Banco de Germoplasma da Embrapa Agroenergia, situado em

Brasília/DF.

Foram utilizadas sementes de cinco genótipos diferentes, com as seguintes nomenclaturas: 253-II-

4, 169-I-4, 138-I-1, 183-I-2 e 170-II-1.

Construiu-se então um quadrado latino (Quadro 1) com nove formulações (tratamentos) de meios

de cultura para observação do desenvolvimento e diferenciação in vitro destes genótipos. Foram definidos

os seguintes tratamentos: PM0 – 50% dos sais do meio MS (MURASHIGE; SKOOG, 1962); PM1 – 50%

dos sais do meio MS + 0,2mg.L-1 de 6-benzilaminopurina (BAP); PM2 – 50% dos sais do meio MS +

0,5mg.L-1 de BAP; PM3 – 50% dos sais do meio MS + 0,2mg.L-1 de ácido naftaleno acético (ANA); PM4

– 50% dos sais do meio MS + 0,2mg.L-1 de BAP + 0,2mg.L-1 de ANA; PM5 – 50% dos sais do meio MS

+ 0,5mg.L-1 de BAP + 0,2mg.L-1 de ANA; PM6 – 50% dos sais do meio MS + 0,5mg.L-1 de ANA; PM7 –

50% dos sais do meio MS + 0,2mg.L-1 de BAP + 0,5mg.L-1 de ANA; e, PM8 – 50% dos sais do meio MS

+ 0,5mg.L-1 de BAP + 0,5mg.L-1 de ANA. Todos os tratamentos foram suplementados com sacarose

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Souza, Bruno Fernando de; Nascimento, Daniela Defavari do Cultivo in vitro de pinhão manso (Jatropha curcas L.)

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(30g.L-1) e agente geleificante Phytagel™ (2,3g.L-1). O pH foi aferido para 5,7±0,1 antes de verter o meio

nos tubos de ensaio. Por fim, os meios foram autoclavados (esterilizados) a 120ºC e 1 Kgf.cm-2 por 15

minutos.

Quadro 1: Quadrado latino com a formulação hormonal dos nove tratamentos de meios de cultura testados.

BAP

ANA

0 mg.L-1 0,2 mg.L-1 0,5 mg.L-1

0 mg.L-1 PM0 PM1 PM2

0,2 mg.L-1 PM3 PM4 PM5

0,5 mg.L-1 PM6 PM7 PM8

Fonte: Autores, 2017.

Foram utilizadas 45 sementes de cada genótipo (5 repetições x 9 meios de cultura). No

laboratório, as sementes foram lavadas com solução de água destilada e detergente, levadas para a câmara

de fluxo laminar para realizar a assepsia com solução de água autoclavada e hipoclorito de sódio comercial

(1:1) e em seguida lavagem em solução de etanol 70%. Com auxílio de um bisturi, os tegumentos foram

rompidos e os embriões foram retirados e inoculados em tubos de ensaio com os meios de cultura sob

condições assépticas, em câmara de fluxo laminar.

A incubação foi realizada em sala climatizada de crescimento com temperatura 25±3ºC e sob

iluminação artificial com fotoperíodo de 16 horas de luz e 8 horas no escuro.

Os explantes foram avaliados com duas, três e quatro semanas, contados da inoculação. Neste

período também foram verificadas as possíveis contaminações.

Em caso de contaminação dos explantes, os mesmos foram descartados. Os tubos contaminados

foram submetidos à autoclavagem a 120ºC e 1 Kgf.cm-2 por 15 minutos, para eliminação por completo

dos microrganismos em desenvolvimento. Após, todo o conteúdo dos tubos foi descartado em lixo

orgânico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observaram-se diferenças significativas entre os cinco genótipos quanto a sua capacidade de

indução regenerativa e na formação de partes aéreas, calos ou raízes (Figura 1).

O genótipo 253-II-4 foi o que apresentou a pior resposta aos tratamentos, de maneira geral.

Houve desenvolvimento de apenas 24,4% dos 45 embriões e três contaminações. Destes, houve

predominância da formação de calos, o que corresponde a 72,7% dos embriões desenvolvidos. O meio

PM1 destacou-se, pois 80% de seus embriões se desenvolveram, enquanto que em PM2, PM3, PM5, PM6,

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PM7 e PM8, essa mesma porcentagem corresponde aos embriões que não desenvolveram. Além disso, em

PM0, não houve nenhum desenvolvimento.

O genótipo 169-I-4 também teve um desempenho ruim de resposta aos tratamentos, porém,

minimamente melhor que o genótipo anterior. Houve desenvolvimento de 26,7% dos 45 embriões e

contaminação de 15,6%. Neste caso também houve predominância da formação de calos, sendo 58,3%

dos desenvolvidos, aos 13 dias, e 41,7%, aos 28 dias. Após 21 dias, quatro tubos, sem desenvolvimento,

oxidaram, sendo dois de PM0, um de PM1 e um de PM2.

O genótipo 138-I-1 apresentou resposta um pouco melhor que os anteriores. Neste caso, com 13

dias, houve desenvolvimento de 1/3 dos embriões e predominância de calos, o que corresponde a 73,3%

dos explantes desenvolvidos. Para os meios PM0 e PM1 não houve nenhum desenvolvimento. Com 28

dias, observaram-se cinco meios oxidados, destes, três com calos e dois sem desenvolvimento. Além disso,

houve a formação de seis calos e quatro calos com raiz.

O genótipo 183-I-2 apresentou boa resposta, havendo predominância de formação de raízes com

partes aéreas e de calos. Aos 13 dias, observaram-se cinco contaminações, destas, três em PM2, e, não

desenvolvimento em 1/3 dos tubos, 26,7% representado por PM0. Neste mesmo período, dentre os 25

meios onde houve desenvolvimento, nove eram de calos e outros nove de raízes com partes aéreas.

Houve oxidação em apenas um meio, PM3, sem desenvolvimento. Após 28 dias, haviam duas plantas

completamente desenvolvidas, uma no meio PM4 e outra no meio PM7.

Dos genótipos utilizados neste trabalho, o 170-II-1 foi o que apresentou melhor desenvolvimento

in vitro. Dos 45 embriões, houve desenvolvimento em 64,4% e contaminação em 15,6%. Neste período,

observou-se a formação de raízes com partes aéreas em 10 tubos e a formação de calos em 12 tubos.

Ambos, distribuídos entre os diversos meios de cultura. Com 28 dias, três meios oxidaram, destes, dois

com calos e um sem desenvolvimento. Além disso, houve o desenvolvimento completo de um embrião

do meio PM3.

Após os 28 dias, todos os explantes desenvolvidos foram transferidos para frascos com meios de

cultura com a formulação PM3.

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Figura 1: Desenvolvimento dos genótipos nos meios de cultura, definidos no quadrado latino, de acordo

com o tempo de estabelecimento in vitro.

Fonte: Autores, 2017.

Após 60 dias no frasco, as plantas regeneradas (Figura 2) foram retiradas, com o auxílio de uma

pinça, e submetidas ao processo de aclimatação. Para isso, utilizaram-se copos plásticos com terra vegetal

onde as plantas foram alocadas. Ainda, uma vareta de madeira foi utilizada como apoio e suporte para o

plástico que cobria a muda, a fim de protegê-la, manter a umidade e evitar a ação de insetos. Nesse

período, as plantas receberam água e incidência de luminosidade indireta, ou seja, sem contato direto da

luz solar. Após quatro dias, o saco plástico foi furado permitindo maior troca gasosa e diminuição

gradativa da umidade. Porém, com 14 dias, observou-se a murcha da planta e a morte das mudas. O que

indica que esta etapa de climatização não foi adequada.

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Figura 2: Embriões regenerados por completo, mantidos em meio PM3.

Fonte: Autores, 2017.

O período de estabelecimento auxiliou no desenvolvimento das estruturas inicialmente formadas

ou ainda na alteração e formação de novas estruturas, e, os fitorreguladores se mostraram importantes no

desenvolvimento in vitro dos embriões de pinhão manso para todos os genótipos.

Elevadas concentrações hormonais, como em PM7 e PM8 foram desfavoráveis à formação de

partes aéreas e raízes, obtendo-se apenas calos ou não havendo nenhum tipo de desenvolvimento,

contribuindo ainda com a oxidação dos explantes. Isso corrobora com o obtido por Lopes et al. (2012), no

qual a calogênese é otimizada em meios com suplementação exógena de BAP em pinhão manso, e em

Oliveira et al. (2014) para catingueira.

Além disso, verificou-se que o tempo de estabelecimento e o meio de cultura podem favorecer a

oxidação dos explantes.

O genótipo 253-II-4 foi o menos susceptível a micropropagação, enquanto que o genótipo 170-

II-1 foi o que melhor se desenvolveu in vitro. Conforme Paiva Neto et al. (2014) obteve em seu trabalho

com pinhão manso, isso pode ser decorrente do tempo de armazenamento das sementes (dados não

obtidos), no qual, as que ficaram armazenadas por mais tempo. tiveram melhores respostas de seus

embriões contra a ação inibitória causada pela dormência química, provavelmente, em função da

degradação dessas substâncias.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não foi possível obter vários brotos de um único embrião, cada genótipo respondeu de forma

diferente a cada tratamento. Porém, verificou-se que adições de ANA, na faixa de 0,2 mg.L-1 à 0,5 mg.L-1 e

sem a adição de BAP foram melhores para a formação de plantas com raízes e partes aéreas. Portanto,

sugere-se que novos estudos sejam realizados adotando-se variações nesta faixa para uma melhor

definição da relação hormonal mais adequada para a micropropagação do pinhão manso.

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Bruno Fernando de Souza é Tecnólogo em Biocombustíveis pela FATEC Piracicaba Dep.

“Roque Trevisan”.

Daniela Defavari do Nascimento. Possui graduação em Engenharia Agronômica pela

Universidade de São Paulo (1997), graduação em Licenciatura em Ciências Agrárias pela

ESALQ-USP (1998), Mestrado em Fisiologia e Bioquímica de Plantas pela ESALQ-USP (2000) e

doutorado em Agronomia (Genética e Melhoramento de Plantas) pela ESALQ-USP (2005).

Especialista (MBA) em Agronegócios pelo PECEGE/ESALQ/USP (2012). Tem experiência na

área de Agronomia, com ênfase em Bioquímica e Biologia Molecular, atuando principalmente

nos seguintes temas: cultura de tecidos, micropropagação de plantas, clonagem gênica,

transformação genética de plantas (Tabaco, Arabidopsis, Eucalipto e Cana-de-açúcar), análises

moleculares. Desde 2010 é professora concursada por prazo indeterminado para as disciplinas:

Biotecnologia dos cursos de Graduação em Biocombustíveis e em Alimentos e Bioquímica de

Alimentos do curso de Graduação em Alimentos da FATEC Piracicaba. E-mail:

[email protected]

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Avaliação dos parâmetros físico-químicos de fermentado de jabuticaba caseiro

Pires, Juliana Angelo Arthur, Valter

Gutierrez, Erika Maria Roel Harder, Marcia Nalesso Costa

Resumo

Este trabalho objetivou produzir e avaliar os parâmetros físico-químicos do fermentado de jabuticaba artesanal. As jabuticabas foram colhidas, transportadas e higienizadas com solução sanitizante. Posteriormente foi realizado o esmagamento para a ruptura das bagas e produção do mosto. Este mosto foi tratado com metabissulfito de sódio e, posteriormente, foram adicionadas leveduras comerciais da espécie Saccharomyces cerevisiae. Encerrou-se a fermentação quando a medição de sólidos solúveis ficou próxima à zero. Em seguida o bagaço foi retirado, o fermentado foi filtrado e centrifugado. Foi feito envase em frascos âmbar e analisados os padrões de qualidade, mensurando Teor Alcoólico, pH, Acidez Total, Acidez Volátil e Cinzas. Verificou-se que os valores de teor alcoólico, acidez volátil e cinzas, encontravam-se dentro dos parâmetros da legislação brasileira. E a acidez total apresentou-se fora do parâmetro da legislação devido ao ponto de maturação da matéria prima (em senescência), que estava coma acidez quase quatro vezes maior do que frutas em ponto ótimo de maturação. Portanto é possível produzir um fermentado de jabuticaba de qualidade dentro dos parâmetros exigidos pela legislação desde que a fruta esteja em ponto ótimo de maturação. Palavras-chave: jabuticaba, fermentado artesanal, qualidade.

Abstract

This paper aimed to produce and evaluate the physical and chemical parameters of the fermented

Jabuticaba which is known as Brazilian grape. The fruit was harvested, transported and sanitized with

sanitizing solution. Subsequently, crushing was carried out for the breaking of the berries and the

production of the must. This wort was treated with sodium metabisulfite and commercial yeasts of the

species Saccharomyces cerevisiae were added later. The fermentation was stopped when the measurement of

soluble solids was close to zero. After of the bagasse was removed, the fermented was filtered and

centrifuged. It was bottled in amber bottles and analyzed the quality standards, measuring Alcohol

Content, pH, Total Acidity, Volatile Acidity and Ash. It was verified that the values of alcoholic content,

volatile acidity and ashes, were within the parameters of the Brazilian legislation. And the total acidity

presented out of the parameter of the legislation due to the maturation point of the raw material (in

senescence), which had acidity almost four times higher than fruits at an optimum point of maturation.

Therefore, it is possible to produce a fermented jabuticaba of quality within the parameters required by the

legislation as long as the fruit is in an optimum point of maturation. As a result, it was possible to produce

a quality fermented Brazilian grape within the parameters required by the legislation.

Keywords: (Jabuticaba) Brazilian grape, fermented, quality

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Resumem

Este trabajo objetivó producir y evaluar los parámetros fisicoquímicos del fermentado de guapurú artesanal. Los guapurús fueron cosechados, transportados e higienizados con solución sanitizante. Posteriormente fue realizado el aplastamiento para la ruptura de las bayas y producción del mosto. Este mosto fue tratado con metabisulfito de sodio y posteriormente se añadieron levaduras comerciales de la especie Saccharomyces cerevisiae. Se concluyó la fermentación cuando la medición de sólidos solubles se situó cerca de cero. Posteriormente el orujo fue retirado, el fermentado fue filtrado y centrifugado. Se hizo envasado en frascos ámbar y analizados los patrones de calidad, midiendo Contenido Alcohólico, pH, Acidez Total, Acidez Volátil y Cenizas. Se verificó que los valores de contenido alcohólico, acidez volátil y cenizas se encontraban dentro de los parámetros de la legislación brasileña. Y la acidez total se presentó fuera del parámetro de la legislación debido al punto de maduración de la materia prima (en senescencia), que estaba coma acidez casi cuatro veces mayor que frutas en punto óptimo de maduración. Por lo tanto, es posible producir un fermentado de guapurú de calidad dentro de los parámetros exigidos por la legislación siempre que la fruta esté en punto óptimo de maduración. .

Palabras-clave: guapurú, fermentado artesanal, calidad.

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INTRODUÇÃO

O interesse pela análise dos parâmetros físico-químicos em vinhos artesanais surge devido ao fato

de que muitos destes produtos são comercializados e consumidos corriqueiramente, sem nenhuma

garantia de sua qualidade físico-química, nutricional e sanitária (COSTA, 2017).

Apesar de a designação vinho referir-se segundo a Lei 5.823 de 14 de novembro de 1973

(BRASIL, 1988) como “bebida proveniente da fermentação alcoólica de mosto de uva sã, fresca e

madura”, é permitido realizar fermentação de outros tipos de frutas, pois segundo o Decreto Nº

6.871, de 4 de junho de 2009 que Regulamenta a Lei nº 8.918, de 14 de julho de 1994,

fermentado de fruta é a bebida com graduação alcoólica de quatro a quatorze por cento em

volume, a vinte graus Celsius, obtida pela fermentação alcoólica do mosto de fruta sã, fresca e

madura de uma única espécie, do respectivo suco integral ou concentrado, ou polpa, que poderá

nestes casos, ser adicionado de água (BRASIL, 2009).

A jabuticaba é uma fruta tropical, tipicamente brasileira, sendo originária da região centro-sul

(SASSO; CITADIN; DANNER, 2010). Popularmente apreciada por suas características sensoriais in

natura, mas também pela utilização em produtos processados como geleias, licores e bebidas fermentadas

(MACHADO et al., 2013).

Como a jabuticaba é uma fruta com características físico-químicas parecidas com as uvas,

como taninos e antocianinas presentes em suas cascas, porém em maior quantidade e presença de

açúcares fermentescíveis, sendo passível de fermentação e de produção de um bom vinho

(CORAZZA; RODRIGUES; NOZAZI, 2001; GUEDES, 2009; FORTES, 2012).

Como objetivo este trabalho teve produzir e analisar os parâmetros físico-químicos do

fermentado de jabuticaba artesanal.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a produção do fermentado de jabuticaba, foram obtidos frutos de jabuticaba, colhidos nas

árvores pertencentes à fazenda do Areão, localizada na cidade de Piracicaba no interior de São Paulo, no

final do mês de outubro, época que a fruta está começando a acabar.

Foram colhidas e armazenadas em recipiente plástico para o transporte até o Laboratório de

Radiobiologia e Ambiente do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, da Universidade de São Paulo.

Foi observado que a maioria das frutas se encontrava em senescência, ou seja, haviam passado do

seu ponto ótimo de maturação. Assim sendo foram separadas poucas frutas em ponto ótimo de

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maturação para que, posteriormente, se realizassem análises físico-químicas nesses frutos e nos frutos em

estágio de senescência.

Os frutos foram devidamente higienizados em solução sanitizante de Ácido Peracético PAC 200.

O esmagamento das jabuticabas para o rompimento das cascas foi realizado com auxílio de uma prensa

manual e o mosto obtido foi colocado em fermentador de plástico para alimentos, devidamente

higienizado com sanitizante Ácido Peracético PAC 200.

O mosto para obtenção do fermentado de jabuticaba foi preparado com 24kg de jabuticabas

muito maduras. Foram adicionados 2,4g de metabissulfato de sódio para aproximadamente 12L de mosto,

para controle bacteriano (FORTES, 2012).

Posteriormente foram utilizadas 250g de leveduras da espécie Saccharomyces cerevisiae do tipo

Fleishmann, encontrada em estabelecimento local, para a litragem citada. Foi feita a correção da

quantidade de sólidos solúveis com adição de sacarose até atingir 20°Brix, sendo utilizados 2,5kg de

açúcar.

Foi monitorada a quantidade de sólidos solúveis durante todo o período de fermentação alcoólica

até que este valor fosse estabilizado, ocorrendo em torno de 8ºBrix (FORTES, 2012).

As cascas das jabuticabas permaneceram em contato com o mosto durante toda a fermentação

alcóolica, que durou aproximadamente sete dias (FORTES, 2012).

A remontagem, ou seja, mergulhar a parte sólida que sobe à superfície foi feita uma vez ao dia,

para evitar avinagrar (GUERRA et al., 2009).

A descuba foi feita de acordo com a metodologia de Guerra et al. (2009), onde foi realizada

separando cascas e bagaços (parte sólida) do líquido abrindo a torneira existente no recipiente

fermentativo. A trasfega foi realizada dois dias após sessar a fermentação. O líquido foi filtrado separando

a borra da parte líquida. Após a finalização da fermentação alcoólica, deixou-se o mosto descansar mais

alguns dias, para que ocorresse a fermentação malolática, permitindo a ação das bactérias lácticas.

As amostras ainda por permanecerem turvas devido à quantidade de fermento ainda existente,

foram centrifugadas em centrífuga de bancada do tipo refrigerada.

Os vinhos após a centrifugação foram envasados em garrafas de 250mL de material inerte e de

cor âmbar, devidamente esterilizadas em água fervente.

Foram realizadas as análises exigidas pela Portaria n.º 229, de 25 de outubro de 1988 (BRASIL,

1988), sendo elas: análises de Cinzas secando as amostras primeiramente em estufa à 105ºC e,

posteriormente incinerando-as em mufla à 550ºC (AOAC, 1995). Acidez Total realizada também segundo

a metodologia da AOAC (1995) utilizando titulação ácido base com NaOH e fenolftaleína a 0,5% como

indicador de viragem. Acidez Volátil extraindo toda substância volátil contida nas amostras de

fermentados de jabuticaba realizada pelo REDUTEC (PEREIRA et al., 2003), sendo estabelecido o teor

de ácido acético por acidez titulável (AOAC, 1995) e Teor Alcóolico mensurado através do ebuliômetro,

aparelho que mede o teor alcoólico através da ebulição do líquido e estabilidade na temperatura e com ela

obtém-se o grau alcoólico através da correspondência da mesma na régua de conversão (NOGUEIRA et

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al., 2003). Também foi realizada a análise de pH, mensurado em pHmetro devidamente calibrado com

solução tampão 7 e 4 (AOAC, 1995), que não é exigida na legislação, mas que complementa as outras

análises.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos nas análises no fermentado de jabuticaba exigidos pela legislação e pH

encontram-se na Tabela 1. Enquanto que análises de acidez e pH da jabuticaba nos dois pontos diferentes

de maturação (ótimo e senescência) encontram-se na Tabela 2.

Tabela 1 - Valores médios encontrados para análises físico-químicas do fermentado de jabuticaba tipo

“vinho” tinto seco

Teor Alcoólico (ºGL) pH Acidez Total (mEqL) Acidez Volátil (mEq/L) Cinzas (%)

11 3,20 475 13 0,44

Fonte: os autores.

Tabela 2 - Valores encontrados nas análises de acidez Total e pH nas jabuticabas em diferentes estágios de

maturação

Tempo de maturação pH Acidez Total (mEq/L)

Ótimo 3,4 95,5

Senescência 2,8 148,0

Fonte: os autores.

De acordo com a Portaria n.º 229, de 25 de outubro de 1988, vinhos tintos de mesa devem

possuir como parâmetros de qualidade para a quantidade de álcool etílico o valor mínimo de 10ºGL e

valor máximo de 13ºGL à 20ºC, possuir acidez total de máximo 130 e mínimo de 55 mEq/L, acidez

volátil tendo máximo 20mEq/L sem valor mínimo. Para cinzas é permitido 1,5 g/L (0,15%) de cinzas e

não há valores para o máximo (BRASIL, 1988).

É possível averiguar que o fermentado de jabuticaba, encontra-se dentro do padrão de qualidade,

para o teor alcóolico e acidez volátil, pois se encontram na faixa exigida pela legislação e para cinzas que se

encontra maior que 0,15%.

No entanto a bebida está fora dos valores exigidos pela legislação para a acidez total, pois o valor

de 475mEq/L é mais que o triplo permitido pela legislação.

Devido ao valor de teor alcóolico estar dentro do estabelecido pela legislação e o valor da acidez

volátil estar dentro dos parâmetros da legislação, pode-se concluir que não foi por má produção do

fermentado, decorrente da contaminação. Segundo Mutton (2003) as bactérias contaminantes produzem

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ácidos orgânicos e gomas (dextranas) a partir dos açúcares contidos no mosto, que afetam negativamente

a viabilidade das células de leveduras.

Sendo assim, se houvesse contaminação as leveduras perderiam sua viabilidade e a fermentação

não chegaria ao teor alcoólico de um vinho de mesa.

Estando o valor de acidez volátil (quantidade de ácido acético dentro dos padrões da legislação),

pode-se afirmar que não houve contaminação por bactérias acéticas. Segundo Naves et al (2003) dentre os

problemas mais encontrados na fermentação alcoólica podem-se mencionar fermentações indesejáveis

como a fermentação acética, atribuída principalmente aos gêneros Acetobacter ou Pseudomonas, como as

espécies Acetobacter aceti, A. pasteurianum, A. acetosum, A. kuntzegianum e A. suboxydans.

O pH também não está com valor fora do esperado, pois Fortes (2012) encontrou pH de 3,42

para vinhos de jabuticaba. De acordo com Oliva-Neto (1995) as bactérias láticas são acidófilas, limitando-

se a ambientes de pH relativamente baixos, crescendo numa faixa ótima de pH 5,5 a 6,2, mas também a

valores menores que 5,0.

Portanto com o pH nesse intervalo não haveria possibilidade do crescimento de bactérias láticas.

No entanto a Tabela 2 nos mostra que a matéria prima já estava com valor alto de acidez total 148

mEq/L e pH mais baixo do que as frutas em ponto ótimo de maturação tem-se que a provável causa

dessa acidez muito elevada é o estado de maturação da fruta utilizada, que se encontrava em senescência,

devendo haver mais estudos para averiguar.

CONCLUSÃO

Através deste trabalho é possível comprovar a produção de um fermentado de jabuticaba,

dentro dos padrões de qualidade exigidos pela legislação brasileira para vinhos tintos de mesa.

Que este tipo de bebida necessita ser preparada com matéria-prima em ponto de maturação

ótimo, pois fermentado de jabuticaba com frutas em senescência apresentam acidez total fora do

limite exigido pela legislação. E que se necessitam de mais estudos sobre os pontos de maturação

da jabuticaba utilizada para fabricação de fermentado.

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Juliana Angelo PIRES possui graduação em Tecnologia de Biocombustíveis e Tecnologia em

Agroindústria pela Faculdade de Tecnologia de Piracicaba Dep. “Roque Trevisan” – FATEC

Piracicaba. Possui experiência na área de Ciência e Tecnologia, com ênfase em tecnologia das

bebidas fermentadas e destiladas, estudando métodos de envelhecimento. Graduanda do curso

de Tecnologia em Alimentos pela Faculdade de Tecnologia de Piracicaba Dep. “Roque

Trevisan” – FATEC Piracicaba. Mestranda no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares –

IPEN, na área de Energia Nuclear aplicada à agricultura e alimentos. E-mail: juliana.angelo

@gmail.com

Valter ARTHUR possui graduação em Biologia pela Universidade Metodista de Piracicaba

(1977), mestrado em Energia Nuclear na Agricultura (Esalq) Universidade de São Paulo (1982) e

doutorado em Agronomia (Entomologia) (Esalq) Universidade de São Paulo (1985). Atualmente

é professor Associado MS 5-3 no Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de

São Paulo. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Radioentomologia

(tratamento quarentenário de pragas de importância agrícola) e Irradiação de alimentos

(conservação e desinfecção de produtos agropecuários). É chefe da Divisão de Produtividade

Agroindustrial e Alimentos – DVPROD/CENA/USP. E-mail: [email protected]

Erika Maria Roel GUTIERREZ. Possui graduação em Engenharia Agronômica pela USP (1992),

mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela USP (1996), doutorado em Ciências

(Energia Nuclear na Agricultura) pela Universidade de São Paulo – USP (2001) e pós-doutorado

pela Universidade de São Paulo (2016). Desde 2012 é professora da FATEC Piracicaba Dep.

“Roque Trevisan”, tendo ministrado aulas nos cursos de Tecnologia em Agroindústria e

Tecnologia de Alimentos. Tem experiência na área de Ciência e Tecnologia de Alimentos, com

ênfase em Tecnologia de Produtos de Origem Vegetal e Análise de Alimentos, atuando

principalmente nos seguintes temas: Tecnologia de Frutas e Hortaliças, análise físico-química,

análise sensorial e desenvolvimento de produto. Atualmente é coordenadora do curso de

Tecnologia de Alimentos da Fatec Piracicaba Dep. “Roque Trevisan”. E-mail:

[email protected]

Marcia Nalesso Costa HARDER é doutora em Ciências (Centro de Energia Nuclear na

Agricultura) pela Universidade de São Paulo (2009). Atualmente é coordenadora do curso de

Tecnologia em Agroindústria da FATEC Piracicaba. Tem experiência na área de Ciência e

Tecnologia de Alimentos, Aplicações Industriais de Radioisótopos, Biocombustíveis, atuando

principalmente nos seguintes temas: biocombustíveis, bioetanol/açúcar, irradiação de alimentos,

processamento e conservação de alimentos, plantas medicinais e alimentos funcionais,

ecossustentabilidade. E-mail: [email protected]

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Estimation on Biodiesel Production Utilizing Contaminated Peanuts in Brazil

Brabo-Catala, Luiza Lemos, Leticia Alves de

Mendes, Paulo Cesar Doimo

Abstract

Today biofuels are used for their environmental, social and economic benefits. This theoretical study has estimated a potential biodiesel production by utilizing aflatoxin contaminated peanuts (Arachis hypogaea L.), which cannot be used for human consumption. About 14.6 million liters of biofuel could be produced if all the contaminated peanuts from the 2016/2017 harvest in Brazil are used as raw materials for biodiesel production. The results of the estimation are based on a transesterification using ethanol as the alcohol and potassium hydroxide as the catalyst. Therefore, two valuable commodities can be produced from contaminated peanuts: biodiesel and glycerin, increasing the agro-industry’s profits and reducing residue production without harming food security.

Keywords: Peanut; biodiesel; aflatoxin; residue

Resumo

Hoje em dia, os biocombustíveis são utilizados devido aos seus benefícios ambientais, sociais e econômicos. Este estudo teórico estimou o potencial de produção de biodiesel utilizando amendoins (Arachis hypogaea L.) contaminados com aflatoxina, os quais não podem ser usados para consumo humano. Cerca de 14,6 milhões de litros de biocombustível poderiam ser produzidos se todo o amendoim contaminado da safra brasileira de 2016/2017 fosse usado como matéria-prima para produção de biodiesel. Os resultados da estimativa são baseados na transesterificação usando etanol como o álcool e hidróxido de potássio como catalisador. Portanto, duas commodities valiosas poderiam ser produzidas através do amendoim contaminado: biodiesel e glicerina, aumentando os lucros da agroindústria e reduzindo a produção de resíduos, sem afetar a segurança alimentar. Palavras-chave: Amendoim; biodiesel; aflatoxina; resíduo

Resumen Hoy en día, los biocombustibles se utilizan por sus beneficios ambientales, sociales y económicos. Este estudio teórico ofrece una estimación de la producción de biodiésel por medio de la utilización de cacahuetes (Arachis hypogaea L.) contaminados con aflatoxina, los cuales, no pueden utilizarse para el consumo humano. Cerca de 14,6 millones de litros de biocombustibles podrían producirse si todo el cacahuete contaminado de la cosecha brasileña del 2016/2017 se hubiera usado como materia prima para la producción de biodiésel. Los resultados de esta estimación se basan en el proceso de transesterificación, usando etanol como el alcohol e hidróxido de potasio como catalizador, obteniendo dos productos valiosos: biodiésel y glicerina. Esto podría aumentar los beneficios en la agroindustria y reducir la producción de residuos, sin afectar la seguridad de los alimentos.

Palabras Clave: Cacahuete; biodiésel; aflatoxina; resíduo

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INTRODUCTION

Biofuels are renewable sources of energy that can be derived from agricultural biomass

and organic residues in general. They are more sustainable than fossil fuels, hence they can keep

up with the increasing demand for fuels; they generate less greenhouse gas emissions and have

the possibility to create more jobs and increase incomes in rural communities in underdeveloped

countries (GOLDEMBERG, 2008).

Prodiesel and the Biodiesel Production and Utilization National Program (PNPB) were

created in Brazil between 2002 and 2004. PNPB determined that the diesel used in cars and

trucks should have 2% of biodiesel in its composition starting at 2008, and this number should

increase during the following years. This augmented the Brazilian production and demand of

biodiesel significantly. In 2017, the percentage of biodiesel in automotive diesel increased to 8%;

thus, there is a need to look for new sources of plant oil (ANP, 2017).

Peanuts have the potential to be used as raw materials for biodiesel because of their high

oil content and convenient physical-chemical properties. Even though they can be used for

biofuel production, it does not necessarily affect the food market, considering that the residue

obtained after the oil extraction (the cake) can be used for human or animal consumption. The

cake can also be used as organic fertilizer for plants and can be combusted as biomass. Therefore,

peanuts are very versatile and can have different purposes according to its variety and the market

prices (BELTRÃO et al., 2009).

The peanut crop is very susceptible to fungus attacks due to inappropriate temperature

and humidity control during its whole cycle. The Aspergillus fungi can produce aflatoxins, a group

of harmful substances that are hepatoxic, carcinogenic, teratogenic and it can even kill the

animals that consume the contaminated product (CAMPO/PAS, 2004).

In Brazil, the maximum levels of aflatoxins permitted (types B1, B2, G1 and G2 combined)

in raw peanuts and their products are 20 parts per billion for human consumption (ANVISA,

2002), and 50 parts per billion for animal consumption (MAPA, 1988). In 2015, 2723 samples of

peanuts commercialized as food were tested for aflatoxins and 10.7% were above the permitted

limit for human consumption (ABICAB, 2015). The contaminated peanuts cannot be used as

food due to its toxicity. They cannot even be utilized as a plant fertilizer because of the risks of

contaminating the soil and the new crops (CAMPO/PAS, 2004).

The first step of biodiesel production is the oil extraction, which can be done

mechanically, utilizing solvents, or both. The mechanical pressing of oilseeds is a feasible solution

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for small communities of farmers, and its efficiency is related to the seed conditions, such as

temperature and humidity (PIGHINELLI, 2007).

Once the oil is extracted, the biodiesel can be obtained by diverse processes, such as

transesterification, esterification or thermal cracking. The process of transesterification can occur

while utilizing different types of catalysts, such as acids, alkalis, enzymes, or even without any

catalysts (supercritical transesterification). In the esterification, the catalysts are usually inorganic

acids and the process produces esters and water from a carboxylic acid and alcohol. The thermal

process cracking reduces the oil molecules in high temperatures (starting at 350°C), using

catalysts to remove the compounds of oxygen (LIMA, 2011).

According to Rodrigues Filho (2010), transesterification is the reaction of a lipid,

preferably, with a short-chain monoalcohol, which in the presence of a catalyst results in glycerol

and a fatty acid alkyl esters mixture – also known as biodiesel. Today, this process is the most

feasible process to produce biodiesel. Even though transesterification is a low complexity

chemical reaction, it can still be optimized according to its experimental conditions, such as the

molar ratio between triacylglycerides and alcohol, the catalyst concentration and the temperature

of the reaction (PIGHINELLI, 2007).

Even though methanol still presents better yield of transesterification and lower

production costs, the use of Brazilian sugarcane-made ethanol still presents the following

advantages: greater availability, reduction of greenhouse gas emissions, lower toxicity and more

jobs created by the industry. Having a sustainable process is of great importance considering that

the biodiesel produced from methanol is not a renewable fuel if the alcohol was produced from

fossil synthesis gas (PENTEADO, 2005).

According to Oniya and Bamgboye (2014), the transesterification of non-neutralized

peanut oil (extracted by mechanical press) utilizing ethanol as the alcohol and potassium

hydroxide as a catalyst has a yield of 86.8% (volume) in ethyl esters at the temperature of 60ºC.

They also affirm that the biofuel produced had better combustion properties when compared to

raw peanut oil.

MATERIAL AND METHODS

According to Christoff (2006), the volume of oil available multiplied by the yield of

transesterification is equal to the potential volume of biodiesel. To estimate the potential

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biodiesel production, utilizing aflatoxin contaminated peanuts, some information was taken from

literature as presented on Table 1.

The shell of the peanut pod is not used as raw material for biodiesel, and thus it needs to

be discarded for this study. Assuming that 10.7% per shelled peanut harvest is contaminated with

aflatoxins that are above the limits for human consumption (ABICAB, 2015), there exists a

plethora of seeds that can be used for oil extraction. Peanuts have about 50% of oil content in

their seeds (SANTOS et al., 2009). Raw peanut oil has a specific volume of 1.09 L/kg (COSTA &

ZAGONEL, 2009). The yield of transesterification utilizing peanut oil, with ethanol as the

alcohol and potassium hydroxide (KOH) as the catalyst is 86.8 mL of ethyl esters per 100 mL of

peanut oil (ONIYA & BAMGBOYE, 2014). Using this logic, the potential biodiesel production

was estimated in the formula below:

B = P x S x C x O x V x Y

B: potential biodiesel production (L)

P: peanut pods (kg)

S: peanut seeds within total mass of the pods (decimal)

C: contamination by aflatoxins (decimal)

O: oil in peanut seeds (decimal)

V: specific volume of the peanut oil (L/kg)

Y: yield of transesterification (decimal)

Table 1. Peanut data found on literature

Peanut data found on literature Values found

Lowest estimate for the 2016/2017 peanut harvest in Brazil 408,800,000 kg (pods) 1

Percentage of peanut seeds within total mass 70.5% (by weight) 2

Peanuts affected by aflatoxins 10.7% 3

Percentage of oil in peanut seeds 50.0% (by weight) 4

Specific volume of the peanut oil 1.09 L/kg 5

Yield of transesterification (peanut oil, ethanol and KOH) 86.8% (by volume) 6

1 (CONAB, 2016); 2 (NAKAGAWA et al., 1993); 3 (ABICAB, 2015); 4 (SANTOS et al., 2009) 5 (COSTA & ZAGONEL, 2009) 6 (ONIYA & BAMGBOYE, 2014).

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RESULTS AND DISCUSSION

According to the data found in literature, and utilizing the formula presented, about

14,588,143 liters of peanut ethyl esters could be produced if the contaminated seeds from the

2016/2017 harvest in Brazil were used as raw materials. Considering the yield of

transesterification, this would also produce 2,218,473 liters of crude glycerin as a by-product.

Considering the current (2017) Brazilian regulation on automotive diesel (8% being

biodiesel), all the ethyl esters produced from the contaminated peanuts could be added to a total

of 167,763,645 liters of fossil diesel.

Assuming that the contaminated peanuts would be wasted; the cost of the biodiesel

manufacturing would be lower when compared to other raw materials. Therefore, the peanut

agroindustry should consider the option of building biodiesel plants on their properties. The

biodiesel produced can be used to run the vehicles at the peanut farms.

CONCLUSIONS

In Brazil, more than 43 thousand metric tons of aflatoxin contaminated peanuts are likely

to be distributed for human and animal consumption by the end of the 2016/2017 harvest. If this

contaminated material was being used for biofuel production every year, people would have less

chances of being intoxicated and developing medical issues in the long term. The farms and

factories could be using the biodiesel to run their machines and/or sell it at biofuel auctions. The

glycerin produced could be sold at a high price on the market due to its use in the chemical and

pharmaceutical industries. Additionally, there would be a decrease in greenhouse gas emissions in

contrast with the use of fossil fuels.

The main issue of the peanut biodiesel is that is has a low oxidation stabilization when

compared to other fuels. However, this can be fixed easily by utilizing a commercial antioxidant,

and thus increasing its shelf life (COSTA & ZAGONEL, 2009).

Notwithstanding, there is a need to inform the government and private companies that

there are profitable and sustainable ways to manage agro-industrial waste. Research should focus

on developing new techniques to manufacture biofuels, as well as looking for raw materials that

have not been used before like residues from industrial processes and other sources that do not

affect food security.

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Brabo-Catala, Luiza; Lemos, Leticia Alves de; Mendes, Paulo Cesar Doimo Estimation on Biodiesel Production Utilizing Contaminated Peanuts in Brazil

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The authors of this study also published a more comprehensive study about bioenergy

production in Brazil utilizing aflatoxin contaminated peanuts. Using the raw oil, shells and cake as

biomass, they estimated that 247 GWh of energy could be generated during the 2015 harvest

(BRABO et al., 2015).

Acknowledgements

The authors thank Alexander Pickett Catala, Camilo Trejos, Paulo Otávio Fioroto,

Verónica Iturain, Bianca Azevedo Curzio and José Luís Fachi for their assistance. We also thank

São Paulo State Technological College (Fatec/Centro Paula Souza), Campus Deputado Trevisan -

Piracicaba.

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bioenergia em revista: diálogos, ano 8, n.1, p. 28 - 35, jan./jun. 2018.

Brabo-Catala, Luiza; Lemos, Leticia Alves de; Mendes, Paulo Cesar Doimo Estimation on Biodiesel Production Utilizing Contaminated Peanuts in Brazil

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1 Luiza Brabo-Catala. Reserch Associate: Patel College of Global Sustainability – University

of South Florida, Tampa, Florida, USA. Bachelor of Tecnology in Biofuels: São Paulo State

Technological College – Paula Souza State Center for Technological Education, Piracicaba,

São Paulo, Brazil.

2 Leticia Alves de Lemos. Undergraduate student - Biology major, University of Campinas

(Brazil). Intern at Amyris-Crystalsev in Campinas, São Paulo (Brazil).

3 Paulo Cesar Doimo Mendes. Possui graduação em ENGENHARIA AGRÔNOMICA ,

MESTRADO e DOUTORADO EM CIÊNCIAS, na área de Agronomia (CENA/USP) e

PÓS-DOUTORADO em Agroecologia (IAC). Atualmente é professor da Faculdade de

Tecnologia (FATEC), ministrando disciplinas ligadas à produção vegetal, sistemas

produtivos de baixo impacto e gestão ambiental, nos cursos de Tecnologia em Agronegócios;

Tecnologia em Biocombustíveis; Tecnologia em Alimentos e Tecnologia em Gestão

Empresarial. Possui experiência na área de Agronomia e Ciências Ambientais, com ênfase

em sistemas de produção agrícola sustentável, manejo de recursos naturais e bioenergia.

Postdoc in Agroecology, Agronomic Institute of Campinas (Brazil). Professor at São Paulo

State Technological College in Piracicaba, São Paulo (Brazil).

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Influência do caldo enzimático na determinação do diagrama de fases no

sistema bifásico aquoso

Siqueira, Eliana Maria Gonçalves Rodrigues de

Resumo Enzimas são comuns a todas as células vivas, atuando como catalisadores biológicos. A maioria é obtida a partir de microrganismos devido à grande variedade, simplicidade nutricional e produção em larga escala. Entretanto, o estudo de técnicas visando à redução dos custos de separação torna-se necessário à medida que se deseja obter produtos competitivos. O sistema de duas fases aquosas, principalmente o sistema com PEG (Polietileno Glicol) e sal, tem sido amplamente utilizado nos processos de biosseparação, uma vez que apresentam menor custo e alta capacidade de separação, devido sua seletividade e solubilidade. Este trabalho teve como objetivo verificar a influência da massa molar do PEG e do pH. sobre a constituição das curvas binodais utilizando o caldo enzimático. A metodologia aplicada foi o método de titulação de Bamberger et al. (1985) e Vernou et al. (1990). Através dos resultados pode-se concluir que, em relação a massa molar do PEG, quanto maior o seu valor menor será o valor da concentração necessária para se conseguir a formação das fases, já em relação ao pH, não houve um efeito significativo em relação aos valores estudados. Palavras-chave: enzima, sistema de duas fases aquosas, polietileno glicol.

Abstract

Enzymes are common to all living cells, acting as biological catalysts. Most are obtained from microorganisms due to the great variety, nutritional simplicity and large-scale production. However, the study of techniques to reduce separation costs becomes necessary as competitive products are desired. The two-phase aqueous system, especially the PEG (Polyethylene Glycol) system and salt, has been widely used in the biosequipment processes, since they have a lower cost and high separation capacity, due their selectivity and solubility. This work aimed to verify the influence of the molar mass of the PEG and the pH. on the constitution of the binodal curves using the enzymatic broth. The methodology applied was the titration method of Bamberger et al. (1985) and Vernou et al. (1990). From the results it can be concluded that, in relation to the molar mass of the PEG, the higher its value the lower the value of the concentration necessary to achieve the formation of the phases, already in relation to the pH, there was not a significant effect in relation to the studied values.

Keywords: enzyme, two-phase aqueous system, polyethylene glycol.

Resumen

Enzimas son comunes a todas las células vivas, actuando como catalizadores biológicos. La mayoría se

obtiene a partir de microorganismos debido a la gran variedad, simplicidad nutricional y producción a gran

escala. Sin embargo, el estudio de técnicas para la reducción de los costos de separación se hace necesario

a medida que se desea obtener productos competitivos. El sistema bifásico acuosas, principalmente el

sistema con PEG (Polietileno Glicol) y sal, ha sido ampliamente utilizado en los procesos de

bioseparación, ya que presentan menor costo y alta capacidad de separación, debido su selectividad y

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solubilidad. Este trabajo tuvo como objetivo verificar la influencia de la masa molar del PEG y del pH.

sobre la constitución de las curvas binales utilizando el caldo enzimático. La metodología aplicada fue el

método de titulación de Bamberger et al. (1985) y Vernou et al. (1990). A través de los resultados se puede

concluir que, en relación con la masa molar del PEG, cuanto mayor sea su valor menor será el valor de la

concentración necesaria para conseguir la formación de las fases, ya en relación al pH, no hubo un efecto

significativo en relación a los valores estudiados.

Palabras clave: enzima, sistema bifásico acuosas, polietileno glicol.

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bioenergia em revista: diálogos, ano 8, n. 1, p.36- 47, jan./jun. 2018.

Siqueira, Eliana Maria Gonçalves Rodrigues de Influência do caldo enzimático na determinação do diagrama de fases no sistema bifásico aquoso

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INTRODUÇÃO

Cada vez mais, se torna necessário, o desenvolvimento de método que visem à

recuperação de enzimas através de técnica simples e de baixo custo, uma vez que se deseja obter

produtos competitivos e viáveis comercialmente, sendo que um dos principais problemas para o

processo de obtenção de enzimas é o alto preço da produção.

Desta forma, para obter um “pool” enzimático com alta eficiência e com baixo custo é

essencial o desenvolvimento de técnicas de separação não cromatográficas, a fim de se obter

frações com maior grau de pureza sem, contudo, onerar o processo. No entanto, enzimas obtidas

por processos fermentativos geralmente encontram-se bastante diluídas no meio de cultivo,

sendo, a sua separação e purificação um fator crítico em biotecnologia, principalmente pelos altos

custos operacionais. Desenvolver processos de purificação simples é um grande desafio, pois

devem ser seguros e baratos, além de atingir altos graus de purificação e seletividade (FERREIRA

et al., 2014), visto que sistemas de duas fases aquosas podem ser formados quando dois polímeros

são dissolvidos juntos acima de certas concentrações.

Segundo o mesmo autor, o processo de separação depende de muitos fatores, como o

tipo de polímero utilizado, sua massa molar, a composição iônica e características da substância a

ser extraída.

A mais importante característica deste tipo de sistema é que ambas as fases são aquosas

(de 85 a 99% de água), permitindo a separação de biomoléculas de diversas origens, em um

ambiente que não desnaturam (PESSOA e KILIKIAN, 2005; FREIRE et al., 2012). O método de

extração líquido-líquido por duas fases aquosas, apresenta importantes características que consiste

em baixo custo e toxicidade, menor valor de tensão interfacial, e alto conteúdo de água que

permite um ambiente favorável em que solutos podem ser separados e purificados (ASENJO e

ANDREWS, 2011; RODRIGUES et al., 2013; RENGIFO et al., 2015).

O sistema de duas fases aquosas pode ser facilmente ampliado sem causar mudanças

significativas na natureza ou eficiência do processo. Além disso, quando comparada com outras

técnicas de recuperação, apresenta diversas vantagens, tais como: operação rápida e contínua,

altos rendimentos, fácil ampliação de escala, baixo custo dos materiais, reciclagem dos polímeros,

minimização da desnaturação de proteínas e facilidade de separar materiais particulados (SILVA e

FRANCO, 2000).

Para utilizar o SDFA (Sistema de Duas Fases Aquosas) é necessário o conhecimento do

comportamento das fases no sistema, através dos diagramas de fases para os componentes, nos

quais as composições dos constituintes para a separação das fases são determinadas.

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Siqueira, Eliana Maria Gonçalves Rodrigues de Influência do caldo enzimático na determinação do diagrama de fases no sistema bifásico aquoso

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Sendo assim, no presente trabalho foram realizados ensaios com o objetivo de se verificar as

condições operacionais que podem influenciar na recuperação de enzimas celulolíticas, a partir da

técnica de duas fases aquosas, tendo em vista sua simplicidade de execução, baixa ocorrência de

desnaturação e a ampla aplicação deste método no fracionamento de proteínas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Produção de celulases

Os ensaios foram conduzidos em frasco de Erlenmeyer, mantendo 50% de proporção entre

o bagaço de cana-de-açúcar e farelo de trigo. Para o preparo do meio foi adicionado ao substrato

tampão citrato de sódio 50 mM pH 4,8 e 2% de solução nutriente e 0,1% Tween. Em seguida foi

feita a esterilização em autoclave a 121ºC por 20 minutos. Posteriormente, a inoculação do fungo

Trichoderma reesi e a incubação a 30°C por 72 horas e agitação de 100 rpm em incubadora de

agitação orbital (“shaker”).

Determinação da atividade enzimática total em papel de filtro

A atividade foi determinada pelo método de Ghose (1987) adaptado. Foi colocado 1 tira

de papel no tubo de ensaio. Adicionou-se 1 mL de tampão citrato de sódio pH 4,8. Os tubos

foram deixados em banho-maria a temperatura de 50°C por alguns minutos, adiciona-se 0,5mL

do caldo enzimático em cada tubo, e estes foram deixados no banho-maria por 60 minutos,

sendo agitados em intervalos de 10 minutos. Foram realizados ensaios em branco substituindo o

caldo enzimático por tampão citrato de sódio pH 4,8. Após o término do tempo de inoculação,

procedeu-se a determinação do AR e calculou-se a atividade enzimática.

Determinação de proteína total

A proteína total foi determinada pelo método de Biureto (GORNALL et al., 1949). Foi

colocado 1 mL da amostra no tubo de ensaio. Adicionou-se 5 mL do reagente de Biureto. Os

tubos foram agitados e deixados em repouso por 10 minutos. Foi realizado ensaio em branco,

substituindo a amostra por água destilada. Em seguida foi feita a leitura em espectrofotômetro

em 540nm. A curva padrão foi construída usando BSA (Albumina de Soro Bovino) como

proteína padrão.

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Siqueira, Eliana Maria Gonçalves Rodrigues de Influência do caldo enzimático na determinação do diagrama de fases no sistema bifásico aquoso

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Determinação das Curvas binodais

As curvas binodais foram determinadas através do método de titulação (BAMBERGER et

al., 1985; VERNAU et al., 1990). Colocou-se um tubo de ensaio sobre uma balança analítica e

adicionou-se uma massa conhecida de PEG (aproximadamente 0,5g) e em seguida foi feito a

adição gota a gota de tampão fosfato de potássio. O sistema foi agitado manualmente, e o

aparecimento da turbidez indicou a passagem do sistema para a região de duas fases. Anotou-se a

massa de fosfato adicionada. Em seguida, adicionou-se o caldo enzimático até que a solução se

tornasse transparente novamente, indicando o retorno do sistema para a região monofásica.

Tornou-se a adicionar solução de fosfato gota a gota sob agitação até atingir a turbidez

novamente, esse foi o segundo ponto da curva binodal. Repetiu-se o processo para obter os

demais pontos da curva. Com a massa de fosfato e PEG adicionados no tubo e a massa total, foi

calculado a composição do sistema e determinado os pontos da curva binodal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo do diagrama de fases tem como objetivo conhecer o comportamento da enzima

no sistema de duas fases aquosas. Lembrando que, a curva binodal demarca a região em que o

sistema deixa de ser monofásico e passa a ser bifásico. Composições localizadas na região abaixo

da curva formam sistemas com uma fase, enquanto que na região acima, formam sistemas com

duas fases.

Nas Figuras 1 e 2, estão representados os diagramas de fases referentes aos PEGs com

diferentes massas moleculares e valores de pHs utilizando o caldo enzimático. Verifica-se que

com a diminuição do pH ocorreu um pequeno deslocamento das curvas binodais para a

esquerda. Com estes resultados pode-se perceber, que a influência do pH não apresentou um

comportamento esperado, que era o deslocamento mais significativo das curvas, o mesmo

resultado foi constatado por Ferreira et al. (2009). O mesmo foi observado com os experimentos

utilizando água.

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Siqueira, Eliana Maria Gonçalves Rodrigues de Influência do caldo enzimático na determinação do diagrama de fases no sistema bifásico aquoso

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Figura 1: Diagrama de fases do sistema de duas fases aquosas PEG 4000/Fosfato de

potássio/Enzima em diferentes valores de pH.

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 2: Diagrama de fases do sistema de duas fases aquosas PEG 6000/Fosfato de

potássio/Enzima em diferentes valores de pH.

Fonte: Dados da pesquisa.

Em relação à massa molar do PEG, Figuras 3, 4 e 5, observa-se que houve um

deslocamento para a esquerda da curva binodal em função do aumento da massa molecular,

sendo menor a concentração necessária para a formação de fases. Com estes resultados, é

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Siqueira, Eliana Maria Gonçalves Rodrigues de Influência do caldo enzimático na determinação do diagrama de fases no sistema bifásico aquoso

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possível afirmar que a quantidade de PEG necessária para formar as duas fases torna-se menor

com o aumento da massa molar do PEG, de 4000 para 6000, até um ponto onde não é mais

possível formar as duas fases, já que as soluções de PEG e fosfato necessitam de uma quantidade

de água mínima para se solubilizarem.

Figura 3: Diagrama de fases do sistema de duas fases aquosas PEG/Fosfato de potássio/Enzima

a pH 6,5.

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 4: Diagrama de fases do sistema de duas fases aquosas PEG/Fosfato de potássio/Enzima

a pH 7,0.

Fonte: Dados da pesquisa.

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Figura 5: Diagrama de fases do sistema de duas fases aquosas PEG/Fosfato de potássio/Enzima

a pH 8,0.

Fonte: Dados da pesquisa.

Comparando os resultados utilizando o caldo enzimático em relação ao utilizando a água,

Figuras 6, 7 e 8, percebe-se que a curva binodal construída com a enzima deslocou-se para a

esquerda. O deslocamento da curva sugere que, os sais ou outros componentes presentes no

caldo fermentado, interferem no sistema ampliando assim a região de trabalho em relação ao

sistema usando água, conforme descrito por Costa et al. (1998).

Figura 6: Diagrama de fases do sistema de duas fases aquosas comparando a utilização da água

com a enzima no pH 6,5.

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Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 7: Diagrama de fases do sistema de duas fases aquosas comparando a utilização da água

com a enzima no pH 7,0.

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 8: Diagrama de fases do sistema de duas fases aquosas comparando a utilização da água

com a enzima no pH 8,0.

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Fonte: Dados da pesquisa.

CONCLUSÃO

Ao comparar os resultados realizados com o caldo enzimático em relação aos realizados

com a água, percebeu-se que a curva binodal construída com a enzima deslocou-se para a

esquerda. Este deslocamento da curva sugere que, os sais ou outros componentes presentes no

caldo fermentado, interferem no sistema ampliando assim a região de trabalho em relação ao

sistema usando água. Em relação à massa molar do PEG, observou-se que menores

concentrações de soluções são necessárias para a formação de fases com PEG de maior massa

molar. Em relação ao pH foi observado que, não houve um deslocamento significativo da

binodal em relação aos diferentes valores estudados.

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Siqueira, Eliana Maria Gonçalves Rodrigues de Influência do caldo enzimático na determinação do diagrama de fases no sistema bifásico aquoso

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1 Eliana Maria Gonçalves Rodrigues de Siqueira possui graduação em Engenharia Industrial Química

pela Faculdade de Engenharia Química de Lorena, Mestrado em Biotecnologia Industrial pela

Faculdade de Engenharia Química de Lorena na área de Microbiologia Aplicada e Genética de

Microrganismos, Doutorado em Engenharia Química na área de Processos Biotecnológicos pela

Universidade Estadual de Campinas e Pós-Doutorado pela USP. Atualmente é Professora Associada da

Faculdade de Tecnologia de Piracicaba Dep. “Roque Trevisan” – FATEC. Tem experiência na área de

Engenharia Química, com ênfase em Purificação de Enzimas, atuando principalmente nos seguintes

temas: microrganismos, enzimas, fermentação e extração líquido-líquido.

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Potencial energético do resíduo alimentício de um restaurante – estudo de caso

Mazzonetto, Alexandre Witier Oliveira, Jean Carlo Santos de

Lopes, João Paulo Vieira Resumo A crescente demanda energética, ocasionada pelo crescimento populacional e aumento da dependência energética pela sociedade, faz com que haja necessidade de novas fontes de energia. O aumento da população também incide no aumento de resíduos gerados. Diante deste cenário, um dos produtos que vem ganhando destaque no setor energético e ambiental é o biogás, proveniente da decomposição de materiais orgânicos, são transformados em um gás combustível. Além disso, há possibilidade de geração de outras formas de energia a partir de biomassas residuais. Neste trabalho foram coletados e caracterizados energeticamente os resíduos da churrascaria “Tchê”, em Piracicaba – SP, no bairro de Santa Terezinha. Com a caracterização energética (análise Imediata e Elementar, PCI & PCS) dos resíduos foram realizadas simulações do potencial energético por processos térmicos e pela geração de biogás utilizando-se as equações da Agência de Controle Ambiental dos Estados Unidos (United States Environmental Protection Agency – US EPA) e IPCC (Intergovernmental Panel Climate Change). Os resultados obtidos indicam que seria possível diminuir consideravelmente o consumo de GLP ou energia elétrica do restaurante, já que o resíduo gerado pode contribuir com energia - eletricidade e/ou biogás. Palavras-chave: resíduo alimentício, potencial energético, processos térmicos, caracterização energética, energia.

Abstract

The growing energy demand, caused by population growth and increasing energy dependence on society, means that there is need for new sources of energy. The increase in population also affects the increase of waste generated. Given this scenario, one of the products that has been gaining prominence in the energy and environmental sector is the biogas, coming from the decomposition of organic materials, turning them into a combustible gas, as well as the possibility of generating energy from residual biomass. In this work the residues of the steak house "Tchê", in Piracicaba - SP, in the district of Santa Terezinha were collected and characterized energetically. With the energy characterization (Immediate and Elementary Analysis, Low Heating Value & Higher Heating Value) of the residues were realized simulations of the energy potential by thermal processes and the generation of biogas using the equations of the United States Environmental Protection Agency (United States Environmental Protection Agency – US EPA) and IPCC (Intergovernmental Panel Climate Change). With the results obtained it would be possible to reduce considerably the consumption of LPG or electric energy of the restaurant, showing that the waste generated can contribute to the decrease of energy of the restaurant (LPG and / or electricity)

Keywords: waste, energy potential, thermal processes, energy characterization, energy.

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Resumen

La creciente demanda energética, ocasionada por el crecimiento de la población y el aumento de la dependencia energética por la sociedad, hace necesario nuevas fuentes de energía. El aumento de la población también se centra en el aumento de los residuos generados. Ante este escenario, uno de los productos que viene ganando destaque en el sector energético y ambiental es el biogás, proveniente de la descomposición de materiales orgánicos, transformándolos en un gas combustibles, así como la posibilidad de generación de energía a partir de biomasas residuales. En este trabajo se recolectar y caracterizar energéticamente los residuos de la parrilla "Tchê", en Piracicaba - SP, en el barrio de Santa Terezinha. Con la caracterización energética (análisis Inmediata y Elementaría, PCI y PCS) de los residuos se realizaron simulaciones del potencial energético por procesos térmicos y por la generación de biogás utilizando las ecuaciones de la Agencia de Control Ambiental de los Estados Unidos (United States Environmental Protection Agency – US EPA) e IPCC (Intergubernamental Panel Climate Change). Con los resultados obtenidos sería posible disminuir considerablemente el consumo de GLP o energía eléctrica del restaurante, mostrando que el residuo generado puede contribuir en la disminución de energía del restaurante (GLP y / o electricidad).

Palabras clave: el residuo alimentario, el potencial energético, los procesos térmicos, la caracterización energética, la energía.

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INTRODUÇÃO

A sociedade é altamente dependente do petróleo e seus derivados, a sociedade tem

pesquisado e implementado novas fontes de energias renováveis para suprir a demanda e

substituir as fósseis. Essas energias ainda não suprem totalmente a utilização do petróleo.

Os biocombustíveis auxiliam na redução dos impactos ambientais, principalmente nas

alterações climáticas, que ocorrem pela alta taxa de gás carbônico (CO2) emitida na atmosfera

pelos combustíveis fósseis.

A energia pode ser obtida de diversas maneiras, uma delas é a produção de biogás a partir

de resíduos alimentícios, obtidos de indústrias, escolas, restaurantes, hospitais, entre outros, que

geralmente os destinam para aterros sanitários. Esses resíduos podem servir de matéria-prima

para a geração de uma energia renovável, a partir da degradação da matéria orgânica - por

bactérias anaeróbicas ou por processos térmicos.

Todo o resíduo que seria descartado pode passar por um processo de transformação

dentro de um biodigestor, produzindo o biogás (CH4 + CO2), gás combustível oriundo de uma

digestão anaeróbica, ou o resíduo pode ser submetido a um processo térmico em reator ou

caldeira para geração de gás de síntese (CO + H2) ou energia térmica e/ou vapor. Sendo assim

não somente há o aproveitamento da biomassa residual como também a geração de energia limpa

e renovável, utilizada muitas vezes em fogões ou na geração de eletricidade.

Este estudo tem o propósito de caracterizar a biomassa residual, avaliar o potencial

energético e de geração de biogás, fornecidos pela Churrascaria do “Tchê”, localizada em Santa

Terezinha em Piracicaba- SP.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305/2010 e regulamentada pelo Decreto nº 7.404/2010, estabelecem a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos por parte dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, na gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos (MACHADO, 2013a).

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Resíduos sólidos

A palavra lixo normalmente é usada para se referir a algo para o qual não há mais

utilidade. Na verdade, o lixo nada mais é do que um resíduo gerado a partir da atividade humana,

porém hoje pode ser utilizado como uma fonte de energia renovável, através do seu

reaproveitamento (MACHADO, 2013b).

O conceito de lixo está descrito na definição de resíduos sólidos, dada pela Associação

Brasileira de Normas Técnicas – ABNT 10004: 2004:

...resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de

origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de

varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de

tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de

controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades

tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de

água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face

à melhor tecnologia disponível.

Há dois sistemas de aproveitamento energético dos resíduos sólidos. Um é através da

reciclagem e o outro da biodigestão. A reciclagem é uma maneira de dar uma vida nova aos

produtos (HENRIQUES, 2004). Já na biodigestão, os microrganismos decompõem a matéria

orgânica, transformando-as tanto em biogás quanto em biofertilizante (MACHADO, 2013b).

Os componentes do substrato são responsáveis pela qualidade e quantidade de gás

produzido (MASSOTTI, 2011).

A concentração de resíduos irá determinar o processo de tratamento a ser utilizado. No

caso de digestores convencionais o ideal está na faixa entre 6 a 9% (CORTEZ, 2008). Sendo

assim quanto maior for a porcentagem de material orgânico no resíduo, maior será o potencial de

geração de metano (PECORA, 2006).

Biomassa residual para produção de Biogás

A obtenção de energia a partir de biomassa envolve processos físicos e químicos ou de

conversão bioquímica através da ação de microrganismos. O processo de biodigestão anaeróbia

oferece o biogás, composto basicamente de metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2), e por

apresentar maior teor de metano em sua composição, pode ser aplicado como combustível,

reduzindo o poder poluente dos resíduos (CORTEZ, 2008).

O biogás não compete com a produção de alimentos, afinal, ele pode ser inteiramente

obtido de resíduos agrícolas, ou mesmo de excrementos animais e humanos, auxiliando no

saneamento ambiental. O biogás pode ser produzido a partir do lixo urbano, como já se faz nos

chamados “aterros sanitários” de quase todos os países desenvolvidos (BARREIRA, 2011).

A biomassa com maior eficiência na produção de biogás são os dejetos animais, por

estarem carregados de bactérias presentes no intestino, auxiliando o processo de fermentação

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(BARREIRA, 2011). Na Tabela 1 apresenta alguns exemplos de dejetos animais e sua capacidade

de produzir biogás.

Tabela 1. Produção de biogás através de diferentes dejetos

Dejetos Produção diária Produção de Biogás

Bovinos 15,0 Kg.animal-1 270 m3.ton-1

Suínos 2,25 Kg.animal-1 560 m3.ton-1

Equinos 10,0 Kg.animal-1 260 m3.ton-1

Ovinos 2,80 Kg.animal-1 250 m3.ton-1

Aves 0,18 Kg.animal-1 285 m3.ton-1

Fonte: Barreira (2011).

Processo de biodigestão anaeróbica

O processo de biodigestão anaeróbica é realizado a partir de resíduos advindos de outros

processos, conhecido como biomassa. A obtenção de energia se dá pela degradação da matéria

orgânica através da ação de diversos micro-organismos (CORTEZ, 2008).

Essa degradação transforma compostos orgânicos complexos em substâncias mais

simples, dando origem principalmente ao metano e ao gás carbônico (MAGALHÃES, 1986).

Esse processo ocorre por meio das seguintes fases ao longo da degradação:

Hidrólise: nessa fase ocorre a transformação de substâncias complexas em substâncias

mais simples. Isto é, a matéria prima, antes insolúvel, passa por uma reação de conversão para se

tornar solúvel (MAGALHÃES, 1986). Essa conversão é realizada por enzimas excretadas por

bactérias hidrofílicas, sendo essa a etapa mais lenta do processo (SALOMON et al, 2012).

Acidogênese: nessa etapa as bactérias saprófitas se nutrem das substâncias mais simples,

originando ácidos orgânicos simples e liberando CO2 e H2O;

Acetogênese: nessa fase os ácidos orgânicos simples são metabolizados por bactérias

metanogênicas anaeróbicas;

Metanogênese: nessa fase a degradação do substrato é concluída, dando origem ao

metano (CH4) e ao gás carbônico (CO2). Além desses, outros produtos finais são formados, como

Amônia (NH3), sulfeto de hidrogênio (H2S), monóxido de carbono (CO), oxigênio (O2),

nitrogênio (N2) e hidrogênio (H2) (MAGALHÃES, 1986).

De acordo com Machado (2013c) o biogás pode ser obtido a partir de duas reações

diferentes:

1ª. - ocorre a geração do metano (CH4) e do gás carbônico (CO2) a partir do ácido acético

(CH3COOH), como mostra a reação A.

A) CH3COOH CH4 + CO2

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2ª. - o gás carbônico (CO2) e o hidrogênio (H2) dão origem ao metano (CH4) e a água

(H2O), de acordo com a reação B.

B) CO2 + 4H2 CH4 + 2H2O

Biogás

O biogás é produzido a partir da biodigestão anaeróbia, onde microrganismos realizam a

decomposição da matéria orgânica, na ausência de oxigênio. O biogás possui alto poder

calorífico, pois o metano (CH4) é o principal constituinte da mistura gasosa (FARIA, 2012).

O biogás originado da digestão anaeróbica é considerado uma energia alternativa, tanto

pelo reaproveitamento dos resíduos quanto pela redução dos impactos ambientais. Sua

composição se baseia em uma mistura de gases, na qual metano (CH4) e gás carbônico (CO2) se

apresentam em maiores proporções. O potencial energético do biogás é obtido em função da

proporção e concentração de metano, podendo variar de 40 a 75% dependendo da fonte

geradora (SALOMON et al, 2012).

O poder calorífico do biogás depende do teor de metano e do grau de umidade, já que a

digestão ocorre em meio úmido (NOGUEIRA, 1986).

O poder calorífico pode chegar a 60% do gás natural (SALOMON et al; 2012). Em

termos de Kcal.m-3 para uma concentração entre 55% e 65% poder calorífico do biogás situa

entre 5.000 e 6.000 kcal.m-³, de acordo com a Tabela 2 (ADMIN, 2013).

Tabela 2. Poder Calorífico Inferior (PCI) de diferentes gases

Gás PCI (kcal.m-3) PCI (kJ.m-3)

Metano 8.500,00 35.558,00

Propano 22.000,00 92.109,00

Butano 28.000,00 117.230,00

Gás natural 7.600,00 31.819,00

Biogás 5.500,00 23027,00

Fonte: Castanón (2002).

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Algumas vantagens da utilização do biogás são: Energia renovável (ROYA et al; 2011);

Gás combustível com grande eficiência energética, redução da concentração de metano na

atmosfera, redução do descarte de resíduos, produção de biofertilizante de ótima qualidade,

geração de economia no tratamento de esgoto, produção de eletricidade, através de

motogeradores (CASTRO et al; 2003).

Pirólise

A pirólise é um processo físico-químico em que a biomassa é aquecida a temperaturas

consideradas baixas. Geralmente o tipo de biomassa e os parâmetros do processo influenciam no

resultado final. Tais parâmetros são: temperatura, tempo de residência, taxa de aquecimento,

pressão, tipo de atmosfera e uso de catalisadores (CORTEZ et al, 2008).

Os gases obtidos na pirólise são combustíveis com poder calorífico inferior (PCI) entre 4

e 8 MJ/Nm3. Têm um alto conteúdo de metano, e frações de outros hidrocarbonetos. Esses

gases podem ser usados para secagem de biomassa, aquecimento ou geração de energia mediante

turbinas a gás (BRIDGWATER et al, 2001).

Gaseificação

Sánchez (2010) define gaseificação como a conversão de biomassa, ou de qualquer

combustível sólido em um gás energético ou de síntese, através da oxidação parcial a

temperaturas elevadas (700º C a 1000º C). Esta conversão pode ser realizada em vários tipos de

reatores, tais como reatores de leito fixo e de leito fluidizado.

A gaseificação a plasma é um processo térmico, que utiliza temperaturas altas em um

ambiente sem oxigênio, no qual o calor extremo decompõe o material de entrada do processo em

moléculas simples, com base na sua estrutura molecular original (DODGE, 2009).

Combustão

Reações de combustão são reações químicas que envolvem a oxidação completa de um

combustível. Os principais elementos químicos que constituem um combustível são: carbono,

hidrogênio e, em alguns casos, enxofre. Esses elementos reagem com oxigênio e, apesentam

liberação de calor (BIZZO & SÁNCHEZ, 2010).

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MATERIAIS E MÉTODOS

Foram coletados resíduos do restaurante do Tchê, localizado no bairro Santa Terezinha,

em Piracicaba/SP. O resíduo coletado teve sua umidade determinada assim que coletado. Foi

submetido a caracterização pelas análises elementar e imediata, posteriormente submetido à

bomba calorimétrica. A churrascaria consome um média de 2087,88 kW.h por mês, a um valor

média de R$ 1371,20.

Com a caracterização foi possível estimar o potencial energético por processos térmicos e

pela produção de biogás, utilizando-se para isso as equações do IPCC (International Panel on

Climate Change) e da Agência de Controle Ambiental dos Estados Unidos (United States

Environmental Protection Agency – USEPA).

Estimativas da produção de biogás

Para estimar a porcentagem de metano gerado pela degradação anaeróbica dos resíduos,

utilizou-se uma equação (1) de acordo com alguns métodos do IPCC (Intergovernmental Panel

on Climate Change) (IPCC, 2014).

E = Popurb * taxa RSU * RSUf * FCM * COU * COUF * F * 16/12 (1)

Popurb = população urbana (média de clientes da churrascaria por dia);

Taxa RSU = taxa de geração de resíduos sólidos urbanos por habitante, por dia

[kg/dia.pessoa];

RSUf = fração de resíduos sólidos urbanos depositada em locais de disposição de

resíduos sólidos (%);

FCM= fator de correção de metano (% - fração adimensional);

COD = carbono orgânico degradável no resíduo sólido urbano (gC g-1 RSU);

CODF = fração de COU que realmente degrada (%);

F = fração de CH4 no gás de aterro;

16/12 = taxa de conversão de carbono em metano.

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Como o IPCC, a Agência de Controle Ambiental dos Estados Unidos (United States

Environmental Protection Agency – USEPA) também desenvolveu uma equação (2)

recomendada para a elaboração de inventários de produção de biogás, e esta é conhecida como

equação de Inventário da USEPA (EPA, 2002).

Q = População x Taxa de RSD x RSDf x 0,45 x F (2)

Sendo:

Q = metano gerado [m3/dia];

População = número de habitantes atendidos pelo aterro [habitantes];

Taxa RSD = taxa de geração de resíduos sólidos por habitante por dia [kg

RSD/habitante.dia];

RSDf = fração de resíduos sólidos coletados que é depositada nos LDRS [%];

0,45 = volume de biogás gerado por 1 kg de resíduo sólido [m3 biogás/kg RSD];

F = fração de metano no biogás [%].

Análise Imediata

A amostra é submetida à análise imediata, a fim de obter resultados como umidade,

materiais voláteis, carbono fixo e cinzas. Essa análise é baseada em normas e em métodos

específicos da ASTM (American Society of Testing And Materials). A análise de umidade refere-

se ao teor de água presente no resíduo. Os materiais voláteis representam a reatividade do gás

produzido. O carbono fixo é o material retido, após a volatização, mas não são cinzas. As cinzas

são compostas por óxidos metálicos, que não sofrem combustão. As Figuras 1 e 2 mostram

etapas das análises imediatas.

Figura 1. Mufla regulada à 950°C Figura 2. Queima incompleta de Voláteis

2 1

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Análise de umidade

A análise foi realizada com base na umidade da amostra, e definiu-se uma temperatura

estimada em 105°C, para realizar a secagem e prosseguir com as demais etapas.

Análise de materiais voláteis

De acordo com a norma ASTM D 872-82, a amostra seca é inserida num ambiente inerte

(mufla), à uma temperatura de 950°C, por 6 minutos. Essa técnica indica a porcentagem de

matérias gasosos contido na amostra no ponto de vaporização. Após a retirada da mufla, somente

cinzas e carbono fixos permanecem da amostra.

Análise de Carbono Fixo

O teor de carbono fixo é determinado pela diferença de 100% da amostra, pela soma dos

teores de: umidade (%), cinzas (%) e materiais voláteis (%).

Análise de Cinzas

Após a realização da análise de materiais voláteis, a amostra permaneceu uma hora no

dessecador, para estabilizar à temperatura ambiente. Em seguida realizou-se a pesagem para

determinar a porcentagem de voláteis que foram liberadas no teste.

A mufla é regulada para 575°C e a amostra permanece por mais três horas. Logo após é

submetida novamente ao dessecador e pesada para determinar a porcentagem de cinzas restantes

nos cadinhos.

Análise Elementar

A análise elementar busca determinar a porcentagem de alguns elementos orgânicos tais

como: carbono, hidrogênio e nitrogênio. Esses elementos reagem com oxigênio e liberam energia

na forma de calor. Tudo baseado nas normas ASTM D-3. 176 e ASTM E777, E 775 e E 778.

Os resíduos da análise são considerados cinzas, porém sua concentração não é igual à

determinada na análise imediata, devido aos possíveis erros que podem acontecer. Sobretudo

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uma amostra que possui elevado teor de cinzas, possui também um elevado teor de resíduos

(VISSOTTO et al, 2012; FIGUEIREDO, 2009).

Análise de poder calorífico

O poder calorífico é definido a partir da quantidade de energia liberada na combustão,

baseados em alguns fatores físicos como temperatura e pressão. Nesse caso, segue-se a norma

ASTM E711-87.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para obter precisão nos resultados foram realizadas análises de Composição Imediata,

Elementar e Poder Calorífico (Dulong e Mendeleev). A partir dessas análises foi possível realizar

a caracterização do potencial energético dos resíduos produzidos na Churrascaria do “Tchê” e

compará-los com demais trabalhos. A Tabela 4 apresenta valores encontrados nas análises com

os resíduos pertencentes aos três béqueres.

Tabela 4. Média da Análise Imediata dos resíduos alimentícios

Amostras

Massa [g]

Umidade

amostras

coletadas [%]

Umidade após

secagem [%] Carbono fixo [%] Voláteis [%] Cinzas [%]

Resíduo 1 73,51 3,65 14,66 81,07 4,27

Resíduo 2 71,22 4,75 12,64 82,45 3,68

Resíduo 3 60,06 3,23 8,00 86,72 5,28

Média 68,27 3,87 11,77 83,41 4,41

Fonte: Autores.

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A Tabela 5 apresenta a comparação da média desses resíduos com os demais autores.

Tabela 5. Comparação dos valores obtidos pelas Análises Imediatas por Foltran (2015), Vissotto et al (2012), Jenkins (1990) e Mazzonetto et al (2012) de biomassas residuais

Análises

Imediata

Resíduo

Alimentício

(média)

Res. Alim.

Proces.

Foltran

(2015)

Pinus

Vissotto

et al

(2012)

Eucalipto

Vissotto et

al (2012)

Bagaço

Jenkins

(1990)

Poda urbana

Mazzonetto

et al (2012)

Umidade [%] 68,26 64,14 8,62 26,28 50,00 60,30

Voláteis [%] 80,62 83,31 88,69 88,01 73,78 82,37

Carbono Fixo

[%]

14,70 9,48 9,93 10,86 14,95 11,17

Cinzas [%] 4,68 7,2 0,38 1,13 11,27 6,46

Fonte: Adaptado de Foltran (2015), Vissotto et al (2012), Jenkins (1990) e Mazzonetto et al (2012).

A umidade precisa ser controlada, pois tanto a falta quanto o excesso de água no

biodigestor pode interferir na produção de biogás (ADMIN, 2014). Para processos térmicos,

quanto menor a umidade melhor, a umidade da média do Resíduo Alimentício apresentou valores

elevados em relação as biomassas apresentadas pela Tabela 5.

Como apresentado pela Tabela 5, o carbono fixo da média do Resíduo Alimentício foi

próximo ao do bagaço e superior aos das biomassas tradicionalmente utilizadas para fins

energéticos, indicando que possui capacidade de geração de calor e permanência da chama.

Considerando-se a umidade inicial elevada, como a poda urbana, observa por esta análise

características similares às biomassas residuais que comumente são usadas para fins energéticos.

A porcentagem de materiais voláteis apresentou valores próximos aos encontrados por

Foltran (2015) e da poda de Mazzonetto et al (2012).

Segundo Vissotto et al (2012), as cinzas são resíduos da oxidação completa dos

combustíveis sólidos, constituídos por minerais: óxido de alumínio (Al2O3); óxido férrico (Fe2O3);

óxido de silício (SiO2); óxido de potássio (K2O); óxido de cálcio (CaO); óxido de magnésio

(MgO), entre outros. A amostra da média de Resíduo Alimentício apresentou 4,68% de cinzas, o

que é inferior as cinzas do bagaço e da poda urbana (Tab. 5), pois em excesso pode ocasionar

problemas para o processo térmico e frequente limpeza do cinzeiro da caldeira. Lembrando que

essa cinza poderá ser utilizada como adubo.

A Tabela 6 apresenta dados obtidos na Análise Elementar dos resíduos e em seguida a

comparação com outros autores na Tabela 7.

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Tabela 6. Média da Análise Elementar dos resíduos alimentícios

Amostras Carbono [%] Hidrogênio [%] Nitrogênio [%] Oxigênio [%]*

Resíduo 1 42,51 7,05 1,51 44,66

Resíduo 2 41,34 7,49 2,11 45,38

Resíduo 3 45,61 7,81 3,14 38,16

Médias 57,19 6,10 0,35 29,66

Fonte: Autores. * O Oxigênio foi calculado pela diferença de C, H, N e cinzas.

Tabela 7. Comparação dos valores obtidos pela Análise Elementar com Foltran (2015), Vissotto et al (2012), Jenkins (1990) e Mazzonetto et al (2012)

Composição elementar

Resíduos alimentícios

Resíduo alim. Processado

Foltran (2015)

Pinus Vissotto et al

(2012)

Eucalipto Vissotto et al

(2012)

Bagaço Jenkins (1990)

Poda urbana Mazzonetto et al (2012)

Carbono [%] 43,15 51,59 47,81 32,29 44,8 42,73

Hidrogênio [%] 7,45 7,5 6,44 4,52 5,35 5,86

Nitrogênio [%] 2,25 8,56 0,13 0,77 0,38 1,34

Oxigênio [%] 42,73 43,97 45,24 61,29 39,55 43,61

Fonte: Adaptado de Foltran (2015), Vissotto et al (2012) e Jenkins (1990).

De acordo com Cortez et al (2008), a composição elementar é a característica mais

relevante do combustível, sendo a base essencial para análises dos processos de combustão. A

análise apresentou que a média do Resíduo Alimentício - tem variação em comparação com os

outros autores, mas no geral, nota-se que os valores estão próximos aos de “poda urbana” e

“bagaço” quando comparados “C” e “O”, revelando que o resíduo pode ser uma opção

energética.

Na Tabela 8 são apresentados dados referentes ao Poder Calorífico dos resíduos

alimentícios analisados.

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Tabela 8. Média do Poder Calorífico dos resíduos alimentícios [MJ.kg-1]

Amostras PCS (Dulong – Petit)

PCI (Dulong – Petit)

PCI (Mendeleev)

PCI Bomba Calorimétrica

PCS Bomba Calorimétrica

Resíduo 1 16,57 14,94 16,72 17,67 18,94

Resíduo 2 16,67 14,92 16,67 16,79 18,07

Resíduo 3 19,88 18,10 19,27 ** **

Média 17,71 15,98 17,55 17,23 18,51

Fonte: Autores ** não realizado.

A Tabela 9 apresenta um comparativo entre os valores médios de PCI e PCS das

amostras analisadas com outros três autores.

Tabela 9. Poder Calorífico Inferior e Superior comparando aos resultados encontrados por Foltran (2015), Vissotto et al (2012), Jenkins (1990) e Mazzonetto et al. (2012)

Poder Calorífico Resíduos

alimentícios

Resíduo alim.

Processado

Foltran (2015)

Pinus

Vissotto et

al (2012)

Eucalipto

Vissotto et al

(2012)

Bagaço

Jenkins

(1990)

Poda

urbana

Mazzonetto

et al (2012)

PCS (Dulong -

Petit) [MJ/kg] 17,71 22,51 17,61 Não realizado 15,82 15,12

PCI (Dulong –

Petit) [MJ/kg] 15,98 19,31 16,00 Não realizado 13,43 12,37

PCI Mendeleev

[MJ/kg] 17,55 23,64 22,59 14,91 19,46 19,03

PCI Bomba

Calorimétrica

[MJ/kg]

17,23 Não realizado Não

realizado Não realizado 17,3 18,47

PCS Bomba

Calorimétrica

[MJ/kg]

18,51 Não realizado 18,56 17,73 Não

realizado

Não

realizado

Após análise do poder calorífico, constatou-se que a média do Resíduo Alimentício

apresentou valores superiores aos das biomassas comparadas pelas fórmulas de Dulong-Petit e

Mendeleev e valores similares a do Eucalipto medido pela bomba calorimétrica, como já dito,

com potenciais energéticos comumente explorados pela sociedade.

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As estimativas de produção de biogás foram feitas pelas equações do IPCC (1) e da

USEPA (2):

E = Popurb * taxa RSU * RSUf * FCM * COU * COUF * F * 16/12 [kg/dia] (1)

Q = População x Taxa de RSD x RSDf x 0,45 x F [m3/dia] (2)

A população diária (Média) na churrascaria é de aproximadamente 150 pessoas, a taxa de

RSU é de 0,8 kg de resíduo por dia por habitante (média da região). A taxa de RSU coletada é de

1,0 (100%). Os valores de COU e COUf são 0,4315 e 0,6. O valor de correção do metano, FMC,

foi considerado 1,0 e a fração de metano no biogás, F - considerou-se 50%, uma vez que o biogás

de aterro possui em média 50% de metano.

Para a estimativa usando-se a equação (2) da USEPA F repetiram-se os parâmetros

utilizados na equação (1) do IPCC, com os parâmetros: população diária do restaurante = 150

pessoas, Taxa de RSD = 0,6; RSDf = 1,0 (100%) e F= 50% (0,5)

Os resultados obtidos pelas duas equações que estimam as produções de biogás são

apresentados pela Tabela 10.

Tabela 10. Produção de biogás pelas equações do IPCC e da USEPA

Período/ Equação IPCC CH4 [kg] IPCC CH4

[m3]

USEPA

[m3]

GLP

IPCC [kg]

GLP USEPA

[kg]

Dia 2,59 3,50 27,00 1,59 12,26

Mês 77,67 104,96 810,00 47,65 367,74

Ano 932,04 1.259,51 9.720,00 571,82 4412,88

A Tabela 11 apresenta o potencial de geração de eletricidade e receita a partir do biogás

possível de ser gerado, segundo as equações do IPCC e USEPA. Foi considerada a eficiência do

motogerador de 1,7 kW.h por m3 de biogás, mesmo existindo no mercado motogeradores mais

eficientes, optou-se por modelos mais usuais no mercado.

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Tabela 11. Produção de biogás pelas estimativas do IPCC e pela fórmula do decaimento, com geração de eletricidade e valores equivalentes de energia elétrica

Período / IPCC kW.h MW.h R$1 R$2

Dia 5,576 0,0056 2,38 3,66

Mês 167,28 0,1673 71,24 109,85

Ano 2.007,35 2,0073 854,83 1318,23

Período / US EPA kW.h MW.h R$1 R$2

Dia 45,900 0,0459 19,55 30,14

Mês 1.377,00 1,3770 586,40 904,28

Ano 16.524,00 16,5240 7036,75 10851,31

Fonte: 1- Valor da Energia R$ 452,85/MW.h (CCEE, 26/08 a 01/09/2017); 2- Valor médio pago pelo restaurante (R$ 0,6567/kW.h).

A Tabela 12 apresenta dados para o caso do biogás substituir o gás de cozinha (GLP) no

restaurante, resultando em economia, de forma que poderia se utilizar o gás produzido no mês

durante outros meses ou então transformar em energia elétrica e abater parte do valor no gasto

mensal. Lembrando que a Churrascaria do “Tchê” tem um consumo mensal (médio) de 2087,88

kW.h por mês, a um valor médio de R$ 1.371,20; ou seja, a economia seria considerável.

Tabela 12. Conversão do Biogás em GLP.

Consumo Churrascaria - GLP

Potencial de Biogás IPCC Potencial de Biogás US EPA

GLP [kg] 180 47,65 367,74

Gasto com GLP R$ 924,00 - -

Potencial com Biogás - R$ 244,60 R$ 1.887,73

Caso houvesse substituição do GLP consumido pela churrascaria pelo biogás produzido

seria possível substituir 26,5% a 100%.

Na Tabela 13 há dados referentes aos diferentes processos térmicos e seus respectivos

valores de geração de energia, no quesito capacidade de produção e renda.

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Tabela 13. Energia calculada por processo térmico

Processo

Térmico

TAXA

[kWh/ton

RSU]

RSU/dia

[ton] MWh/dia R$/dia MWh/mês R$/mês

Incineração

(USEPA) 523 0,15 0,078 35,53 2,354 1.065,78

Incineração 493 0,15 0,074 31,492 2,219 1.004,65

Pirólise 518 0,15 0,078 33,089 2,331 1.055,59

Pirólise/

Gaseificação 621 0,15 0,093 39,668 2,795 1.265,49

Gaseificação

Convencional 621 0,15 0,093 39,668 2,795 1.265,49

Gaseificação a

plasma 740 0,15 0,111 47,269 3,330 1.507,99

Fonte: Autores baseado nas taxas de YOUG (2010) e do USEPA (2002); 1- Valor da Energia R$ 452,85/MW.h (CCEE, 26/08 a 01/09/2017.

A Tabela 13 apresenta as taxas de conversões obtidas por Youg (2010) e USEPA (2002),

com os valores obtidos junto à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Assim

foi possível estimar qual processo térmico que gerará mais energia e consequentemente maior

receita para o restaurante, além de tratar o resíduo gerado sobrando, dos processos, apenas cinzas

e carvão orgânico (“biochar”). Não foram considerados os custos dos equipamentos nem de

implantação, apenas consideraram-se as eficiências dos processos.

Os processos térmicos são mais rápidos (horas) e geram menos resíduos (cinzas), pois a

churrascaria não teria onde usar o biofertilizante produzido após a biodigestão anaeróbia (dias

para o processo - produção de biogás). Qualquer opção adotada representará economia mensal

para a churrascaria, quer seja substituindo o GLP ou a energia elétrica. A economia seria de no

mínimo de 26,5% sobre os gastos com energia e/ou GLP.

CONCLUSÃO

Após as análises e estimativas, foi possível determinar o potencial energético do resíduo

alimentício fornecido pela Churrascaria do Tchê, apresentando um potencial energético para a

geração de energia, sendo uma opção para minimizar os gastos com energia elétrica e/ou GLP

usados pelo restaurante.

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A caracterização energética mostrou que o resíduo alimentar tem valores de PCI & PCS

equivalentes a biomassas consagradas para fins energéticos (poda urbana e bagaço de cana).

Comparado com as demais alternativas energéticas, a poda urbana, o bagaço de cana e o resíduo

alimentício processado apresentaram valores de PCI e PCS superiores a essas biomassas.

REFERÊNCIAS

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Paulista. É Pertencente

1 Mazzonetto, Alexandre Witier. Graduação em Engenharia Agrícola pela Universidade Estadual de Campinas FEAGRI/UNICAMP. Mestrado em Engenharia Agronômica – Máquinas Agrícolas/Biomassa – Colheita Integral de Cana, pela Universidade de São Paulo – ESALQ-USP, Doutorando pela Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas – Departamento de Energia – FEM/UNICAMP (Cogaseificação de biomassas residuais). Na Graduação envolveu-se em Pesquisa/Desenvolvimento de processos térmicos, desenvolvendo um secador rotativo de sementes e outro de leito fluidizado. Desde o Mestrado vem trabalhando com fontes renováveis de energia, biomassas residuais (tratamento e geração de energia), levando-o a cursar Química na Universidade Mackenzie (Bacharel, Licenciatura e Industrial). Processos térmicos para obtenção de biocombustíveis, gaseificação e pirólise e combustíveis sustentáveis, gás de síntese (Syngas), produção e uso do biogás, bem como condicionamento do biogás e syngas. Atualmente é Professor nas FATECs de Piracicaba (Biocombustíveis e Gestão Empresarial) e Tatuapé.

2. Jean Carlo Santos de Oliveira é Tecnólogo em Biocombustíveis pela Fatec Piracicaba Dep.

“Roque Trevisan”. E-mail: [email protected]

3. João Paulo Vieira Lopes é Tecnólogo em Biocombustíveis pela Fatec Piracicaba Dep. “Roque Trevisan”. E-mail: [email protected]

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Otimização das operações de uma linha de produção em empresa de autopeças na

região de Piracicaba/SP – Estudo de caso

Mazzonetto, Alexandre Witier Rocha, Eliseu José da

Lemos Jr., José Valter Lisboa

Resumo As empresas otimizam seus recursos produtivos para reduzir custos, ampliar os seus lucros, melhorar a eficiência e, assim, serem mais competitivas em seus segmentos. Este trabalho teve como objetivo analisar e propor melhorias ao processo de montagem de componentes automotivos em uma linha de produção com foco no balanceamento da linha avaliada, na melhoria do layout e no estudo de tempos. Esta pesquisa foi realizada em uma empresa de autopeças na região de Piracicaba/SP, em que foram tomados os tempos dos processos produtivos e implantadas alterações no layout da linha estudada. Esta linha foi otimizada, aplicando-se conceitos de "lean manufacturing" possibilitando uma redução no número de colaboradores e redução do tempo do ciclo da linha. As alterações implantadas fizeram com que empresa atendesse à demanda de clientes e melhorasse a produtividade da linha otimizada. Estas alterações produziram um aumento equivalente a 8.556 novas unidades produzidas por ano (um percentual de 4,5% sobre produção total); realocando a mão-de-obra excedente em novos projetos da empresa. Palavras-chave: Aumento da Produtividade; Balanceamento da Linha; Otimização da Produção; Manufatura Enxuta.

Abstract Companies optimize their productive resources to reduce costs, increase profits, improve efficiency and

thus be more competitive in their segments. This work aimed to analyze and propose improvements to

the assembly process of automotive components in a production line with a focus on balancing the

evaluated line, improving the layout and the study of times. This research was carried out in an auto parts

company in the region of Piracicaba / SP, where the production process times were taken and changes in

the line layout were implemented. This line has been optimized by applying lean manufacturing concepts,

enabling a reduction in the number of employees and a reduction in line cycle time. The implemented

changes made the company meet customer demand and improve the productivity of the optimized line.

These changes produced an increase equivalent to 8,556 new units produced per year (a percentage of

4.5% of total production); reallocating surplus workforce into new company projects.

Keywords: Productivity increase; Line Balancing; Production Optimization; Lean manufacturing

Resumen Las empresas optimizan sus recursos productivos para reducir costos, ampliar sus ganancias, mejorar la eficiencia y de esa forma ser más competitivas en sus segmentos. El objetivo de este trabajo fue analizar y proponer mejoras al proceso de montaje de componentes automotrices de una línea de producción; con

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foco en el balanceo de la línea evaluada, en mejorar el layout y el estudio de tiempos. Esta investigación fue realizada en una empresa de autopartes en la región de Piracicaba/SP, donde se evaluó los tiempos de los procesos productivos e implantados cambios en el layout de la línea estudiada. Esta línea fue optimizada con cambios en el diseño y en los tiempos de las operaciones, posibilitando una reducción en el número de colaboradores, disminución del tiempo del ciclo de la línea, atendiendo la demanda y aplicando conceptos de “lean manufacturing”. Se analizaron los estudios realizados y discutieron los posibles cambios en una línea de componentes automotrices. Los cambios implantados hicieron que la empresa atendiera la demanda y perfeccionara la productividad de la línea optimizada. Los resultados condujeron a una reducción de etapas, de operadores y del tiempo del ciclo productivo. Las alteraciones produjeron un aumento equivalente a 8556 nuevas unidades producidas por año o un porcentaje del 4,5% sobre producción total; reubicando la mano de obra excedente para nuevos proyectos de la empresa. Palabras claves: Aumento de Productividad; Equilibrio de línea; Optimización de la producción; Fabricación de Enxuta.

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bioenergia em revista: diálogos, ano 8, n. 1, p.69- 92, jan./jun. 2018.

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INTRODUÇÃO

O mercado automobilístico, após um período de crescimento passou por um momento de

desaceleração, ocorrida entre 2015 e 2016. A redução da demanda por carros nacionais refletiu

diretamente na produção.

Segundo a ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (2016), a

cadeia automotiva é uma das mais extensas da indústria brasileira, responsável por 22% do PIB Industrial

e 4% do PIB total; emprega direta e indiretamente 1,6 milhão de pessoas e gera R$ 40 bilhões de tributos

diretos sobre veículos.

No início do século XX, o americano Frederick Taylor idealizou um método conhecido como

Organização Racional do Trabalho (ORT). Por meio de uma análise científica foram apurados os tempos

e movimentos realizados dentro do processo, a fim de torná-los mais rápidos e eficientes, eliminando-se

movimentos desnecessários.

Este estudo teve como objetivo a otimização dos esforços dos colaboradores e dos movimentos

indispensáveis em uma linha, para melhoria dos indicadores operacionais, diminuição dos custos e

melhora na eficiência e ganho na produtividade. Esta pesquisa avaliou os processos de uma empresa de

autopeças, identificou os gargalos em uma linha de produção de componentes automotivos e as etapas

que poderiam ser otimizadas, melhorando os takt-time’s de algumas etapas.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

CONCEITOS DE PRODUÇÃO

O termo produção se refere a qualquer tipo de atividade destinada à fabricação, elaboração ou

obtenção de bens e serviços. No entanto, a produção é um processo complexo que exige vários fatores

que podem ser divididos em três grandes grupos: a terra, o capital e o trabalho. A terra é o fator produtivo

que engloba os recursos naturais; o trabalho é o esforço humano destinado à criação de benefício; e

finalmente, o capital é um fator derivado dos outros dois e que representa o conjunto de bens que além de

poder ser consumido diretamente, também serve para aumentar a produção de outros bens. As empresas

estão continuamente se reorganizando de modo cada vez mais inovador, buscando reduzir custos

(CHIAVENATO, 2001).

SEQUENCIAMENTO E PRODUÇÃO

Slack et al (1999) afirmam que através de cinco objetivos de desempenho, a função

produção contribui para a vantagem competitiva da organização. Sendo eles:

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a) Objetivo qualidade: objetiva fazer corretamente as coisas e envolve um aspecto

tanto interno (eficiência da organização), quanto externo (satisfação do

consumidor);

b) Objetivo rapidez: minimizar o tempo entre o consumidor solicitar os bens ou

serviços e o tempo de recebê-los;

c) Objetivo confiabilidade: se traduz em produzir bens ou oferecer serviços no tempo

que foi prometido ao consumidor;

d) Objetivo flexibilidade: é a capacidade de mudar a operação de alguma forma, para

satisfazer o consumidor;

e) Objetivo custo: almeja um custo menor ao produzir seus bens e serviços, pois

menor também será o preço aos seus consumidores.

PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO – EVOLUÇÃO

Segundo Quelhas (2008), produção de bens de consumo nos moldes tradicionais teve

início com a Revolução Industrial, a partir do século XVII, quando foram criados meios para a

produção e consumo em massa, porém, desenvolvidos de forma pouco sistematizada. O sistema

de PCP (Planejamento e Controle de Produção) evoluiu junto com a ciência da administração,

com os estudos de Henry Ford e Frederick W. Taylor, na primeira década do século XX.

De acordo com Slack et al (2009), planejamento diz respeito à identificação da necessidade

do mercado (demanda). Para atender às demandas provenientes do mercado, a organização

precisa adotar diferentes estratégias e suportar as oscilações do mercado. Rodrigues (2011) cita

três estratégias para administrar a capacidade produtiva, são elas:

a) Política de capacidade: estabelece um nível constante de capacidade durante todo

o período de planejamento, sem considerar as flutuações de demanda, atingindo

alta utilização do processo. Normalmente criam-se estoques consideráveis, que

precisam ser financiados e armazenados.

b) Política de acompanhamento da demanda: ajusta a capacidade aos níveis de

demanda prevista. É utilizada por empresas que não conseguem estocar sua

produção. Se a empresa apresenta grandes variações na demanda e emprega

pessoal temporariamente, pode ocorrer perda de qualidade nos produtos e

insegurança nos processos.

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c) Gerenciar a demanda: responsabilidade das áreas de vendas e planejamento, o

objetivo é transferir as demandas dos períodos de pico para a produção nos

períodos mais tranquilos e com isso maximizar os lucros das organizações.

LEAN MANUFACTURING – MANUFATURA ENXUTA

A Produção Enxuta surgiu no Japão, no período pós Segunda Guerra Mundial, cuja

proeminente aplicação se deu na Toyota Motor Company. Devastado pela guerra, o Japão não

dispunha de recursos para realizar altos investimentos necessários para a implantação da

produção em massa, que caracterizava o sistema implantado por Henry Ford e General Motors.

Além disso, no país existiam outras séries de problemas e desafios a serem contornados como:

mercado interno limitado, demandando por vasta variedade de produtos; necessidade de mão-de-

obra organizada e a existência de vários fabricantes de veículos no mundo interessados em

ingressar no Japão, dentre outros. A partir daí, surgiu a necessidade de se estabelecer um novo

modelo gerencial, nascendo, assim, o Sistema Toyota de Produção ou Manufatura Enxuta (Lean

Manufacturing), estruturado por Taiichi Ohno, vice-presidente da Toyota. Os objetivos fundamentais

deste novo sistema caracterizaram-se por qualidade e flexibilidade do processo, ampliando sua

capacidade de produzir e competir no cenário internacional (MOREIRA, 2011).

FERRAMENTAS LEAN

Conforme Pascal (2008) descreve, os métodos e ferramentas Lean fazem parte, não

apenas de uma relação de ferramentas para otimização de processos, mas principalmente como

uma filosofia de produção que envolve toda a cadeia de fluxo de valor. A base do sistema Lean é

estabilidade e padronização. O coração do sistema é o envolvimento: membros de equipe

flexíveis e motivados constantemente à procura de uma forma melhor de fazer as coisas.

Just In Time (JIT) é uma filosofia de manufatura, uma forma de abordar, atender e

conduzir as atividades manufatureiras da organização. A base dessa filosofia é a eliminação

planejada e sistemática do desperdício, levando a um melhoramento contínuo da produtividade.

A expressão Just In Time pode ser traduzida como “na hora certa” (CONTADOR, 2010).

Segundo Fernandes & Godinho Filho (2010) os setes tipos de desperdícios que devem ser

eliminados são os seguintes:

a) Superprodução: produzir mais do que é necessário é uma das principais fontes de

desperdício: por isso, buscam-se lotes de produção pequenos (se possíveis unitários);

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b) Tempo de Espera: a eficiência da máquina e da mão de obra podem ser utilizadas

para medir o tempo de espera do processo, porém, o tempo gasto para fabricar

estoque excedente também pode ser entendido como tempo de espera;

c) Transporte: a movimentação de materiais no interior da fábrica é um tipo de

desperdício que pode ser reduzido com mudança no layout produtivo;

d) Processamento: nem todas as operações no processo produtivo são realmente

necessárias e, portanto, são fontes de desperdícios que devem ser eliminadas;

e) Estoque: é o tipo de desperdício que atrai maior atenção e deve ser eliminado ou pelo

menos diminuído;

f) Movimentação: estão relacionados aos movimentos desnecessários do trabalhador

quando está realizando sua tarefa;

g) Produtos Defeituosos: defeitos são desperdícios, uma vez que o produto terá que ser

refeito. Isso deve ser combatido a todo custo.

Algumas causas e suas possíveis soluções que estão atreladas a cada desperdício

apresentado estão descritas segundo Nazareno (2003), no Quadro 1.

Quadro 1. Causas e Soluções para Tipos de Desperdícios

Desperdícios Possíveis Causas Possíveis soluções

Superprodução Áreas grandes de depósitos; Custos

elevados de transporte; Falhas no PCP

Reduzir Setup; produzir só o necessário

“Puxar” a produção

Transporte

Excessivo

Layout inadequado; projetar layout para

minimização do transporte; Lotes grandes;

Produção com grande antecedência

Projetar layout para minimização do transporte.

Reduzir a movimentação de material.

Estoque Aceitar superprodução. Produto obsoleto.

Grande flutuação de demanda

Sincronizar o fluxo; reduzir “setups”.

Reduzir “lead times”.

Realizar a produção acompanhando a demanda.

Promover a utilização de projeto modular dos

produtos.

Reduzir os demais tipos de desperdícios.

Espera Espera por materiais; Espera por

informações; Layout inadequado;

Imprevistos de produção

Sincronizar o fluxo de material; balancear a

linha com trabalhadores flexíveis;

Realizar a manutenção preventiva

Defeitos Processos de fabricação inadequados

Falta de treinamento

Matéria prima defeituosa

Utilizar mecanismo de prevenção de falha.

Não aceitar defeitos.

Processamento

Inadequado

Ferramentas inadequadas; Falta de

padronização; Material inadequado

Erros ao longo do processo.

Analisar e padronizar processos.

Garantir a qualidade do material, ferramentas e

dispositivos.

Movimentação

Excessiva

Layout inadequado. Padrões inadequados

de ergonomia. Disposição e/ou controle

inadequado de peças, matéria-prima,

material de consumo, ferramentas e

dispositivos. Itens perdidos.

Adotar sistemas de controle pertinentes.

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Fonte: Adaptado de Nazareno (2003).

O conceito de produção puxada se diferencia do conceito de produção empurrada

utilizado na produção em massa no seguinte aspecto: na produção empurrada grandes lotes de

produtos são produzidos em ritmo máximo, pois trabalhadores e máquinas não devem ficar

ociosos, assim, o ritmo e as necessidades da próxima etapa não são considerados, o que acarreta

em altos estoques de matéria-prima, de material e produtos acabados, como mostra a Figura 1,

resultando em um produto de alto valor para o consumidor; contrário da produção puxada, que

só produz o que foi solicitado pelo cliente (WOMACK; JONES, 2004).

Figura 1. Sistema Empurrado e Sistema Puxado

Fonte: Corrêa e Corrêa (2004).

Conforme Liker (2007) considera-se que o fluxo unitário de peças, também chamado de

“fluxo contínuo” acontece através de uma movimentação ordenada e continuada das peças no

decorrer do processo produtivo, com um tempo mínimo de espera entre as etapas e a menor

distância de deslocamento. Para se ter uma estratégia de fluxo contínuo que atenda às

necessidades da manufatura enxuta, há necessidade de se adotar critérios básicos para que o fluxo

aconteça de forma uniforme, são eles:

a) Garantir uma capacidade sistemática de produção;

b) Disponibilidade de recursos que atendam às necessidades de produção;

c) Confiabilidade dos processos e equipamentos;

d) Os tempos de ciclo de operações devem ser equilibrados.

Para Ericksen (2014) o Lead time (tempo do pedido até a disponibilidade para o cliente)

pode representar uma vantagem competitiva se a empresa for capaz de garantir suporte quando

há imprevisto com os pedidos dos clientes. Considerando que as atividades Lean dentro das

organizações são isoladas e não demonstram os reais resultados que poderiam alcançar caso a

empresa como um todo esteja envolvida no mesmo objetivo.

Segundo Tubino (2009) o Lead time pode ser entendido como uma medida do tempo

gasto pelo sistema produtivo para transformar matérias-primas em produtos acabados. Ao

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acompanhar o fluxo produtivo de um item, é possível identificar, quatro grupos de tempo que

compõem o lead time: esperas - que é o componente de maior peso que compõe o lead time,

processamento, inspeção e transporte.

Araújo (2011) considera que o arranjo físico deve ser estabelecido a partir do estudo

planejado do sistema de informação relacionado com a distribuição de equipamentos e pessoas

pelo espaço disponível, da forma mais racional possível.

O fluxograma, de maneira geral, procura representar um processo passo a passo. Cada

modelo de fluxograma deve ter a sua finalidade específica, ou ficará a critério do gestor a

utilização desse ou daquele modelo. É evidente que não existe a gestão de processos com a

simples aplicação do fluxograma, pois este apenas registra um único processo e raramente

menciona alguma correspondência com outros processos (ARAÚJO, 2011).

O princípio de Pareto consiste na análise de 80% das dificuldades se originam de apenas

20% dos problemas, ou seja, como exemplos em uma indústria que podemos analisar que 80%

das não conformidades de uma empresa, em suma se originam de 20% das mesmas causas. O

objetivo é buscar identificar de onde originam a maioria dos problemas. É muito importante ter a

identificação visual, ou seja, aplicar as informações em um gráfico, pois através dessa disposição,

torna mais fácil a identificação e visualização das informações que o Diagrama tem por objetivo

demonstrar. Com o uso de Pareto, se torna mais fácil identificar problemas, analisar diferentes

tipos de dados e informações, medir o impacto de alterações podem causar no processo e

detalhar de forma fácil e visual onde se concentra a maior parte dos problemas (SILVEIRA,

2016).

METOLOGIA DE PESQUISA

O trabalho foi realizado em uma empresa de autopeças da região de Piracicaba – SP.

A empresa possibilitou a investigação junto aos departamentos envolvidos no projeto;

produção, qualidade, engenharia de processo, manutenção e administração para analisar uma

linha de produção e que contribuir para os interesses da empresa.

A análise de Pareto está fundamentada no fato de que poucas causas são responsáveis

pela maioria dos defeitos. Pode ser entendido como 20% dos eventos sendo responsáveis por

80% das falhas. Deve ser construído a partir de uma folha de dados, sendo um gráfico de barras

que mostra a frequência de dados e ordena as informações de maneira a poder determinar as

prioridades para o processo de análise e melhorias (HANSEN, 2008).

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Com o auxílio da engenharia de processos o tempo de cada etapa da linha foi mensurado

em três horários alternados: começo, meio e fim de cada turno, considerando que a empresa

trabalha com dois turnos de produção. Esses tempos foram coletados pelos participantes do

projeto, membros da equipe de engenharia do processo, membros da equipe de qualidade,

supervisor da área e pesquisadores.

Para Pascal (2008), o takt-time fornece a frequência de demanda, ou seja, com que

frequência se deve produzir um produto, calculado

Takt = ∑Tempo de operação diária

∑Quantidade exigida por dia

Por exemplo, se o pedido diário é de 890 unidades e a empresa opera com dois turnos de

445 minutos cada, o tempo takt é:

Takt = (445 + 445)/890 unidades = 1 minuto

Assim, a produção deve ser de um produto por minuto.

Manufaturas de Autopeças

A empresa onde foi realizado o estudo de caso é uma multinacional que produz

componentes automotivos. Na linha estudada existiam vinte estações de trabalho de processo

produtivo, uma estação de teste de deslizamento e duas de inspeção visual.

A linha de produção estudada era composta por: vinte operadores de produção, um

facilitador, um líder de produção e dois inspetores de qualidade. Os operadores são responsáveis

pela montagem de cada etapa do produto em cada estação de trabalho. Os inspetores realizam as

inspeções de qualidade do produto acabado e determinam se o mesmo está conforme ou não

conforme. O facilitador auxilia a produção e controle de qualidade do processo, bem como

também fornece suporte de mão de obra na ausência de algum colaborador. O líder é responsável

pelo controle de volume de produção, absenteísmo dos colaboradores, clima organizacional da

equipe, ocorrências de parada de linha de produção e o reporte diário de produção.

Layout ou Arranjo Físico da Linha de Montagem

A Figura 2 exemplifica o layout da linha de montagem de componentes automotivos. Este

layout é a condição inicial do processo de trabalho, sobre ela foi realizado o estudo.

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Figura 2. Layout da Linha de Montagem

Fonte: Autores.

Operações de montagens na linha de produção no plano atual

Sequência de montagem nos postos 2a e 9a – Montagem:

1) Verificar na tela do computador qual o produto a ser montado;

2) Colocar película antirruído no painel;

3) Colocar a espuma no painel;

4) Colocar cobertura sobre a espuma;

5) Grampear a cobertura.

Sequência de montagem postos 2b e 9b – Montagem:

1) Revestir completamente a espuma com a cobertura;

2) Fixar as presilhas na parte inferior;

3) Finalizar a operação no sistema do computador.

Sequência de montagem postos 3 e 10 – Pré montagem:

INJEÇÃO DE AR

(AUTO)INJEÇÃO DE AR

(AUTO)

INJEÇÃO DE AR

(MANUAL)

LINHA FRONTAL

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1) Verificar na tela do computador qual o produto a ser montado;

2) Fixar o trilho no dispositivo;

3) Escanear o código de barras do cinto e observar se o sistema confirmou a leitura;

4) Pré-montagem do cinto de segurança;

5) Colocar o parafuso de fixação;

6) Fixar o cabo elétrico do cinto na estrutura metálica;

7) Colocar a etiqueta de informação do produto.

Sequência de montagem postos 4 e 11 – Montagens da estrutura do encosto e torques:

1) Verificar no sistema qual a estrutura do escosto que será utilizada;

2) Posicionar estrutura do encosto, na estrutura do assento;

3) Scanear o código de barras do fornecedor na estrutura do encosto;

4) Apertar os 4 parafusos da estrutura do encosto utilizando a ferramenta pneumática;

5) Verificar no sistema todos os torques.

Sequência de montagem postos 5 e 12 – Montagens das peças plásticas:

1) Checagem nos torques na estrutura metálica com o torquímetro de estalo;

2) Colocar cobertura plástica lateral grande;

3) Prefixar através dos encaixes rápidos;

4) Colocar acionador de ajuste de inclinação na alavanca reclinavel e fixar os parafusos

nas peças;

5) Colocar cobertura plástica lateral pequena e fixar os parafusos;

6) Posicionar e fixar os reguladores de altura.

Sequência de montagem postos 6 e 13 – Grampear e revestir o encosto:

1) Verificar no MES qual o tecido a ser utilizado;

2) Posicionar o revestimento na espuma do encosto;

3) Grampear cobertura na espuma;

4) Revestir encosto.

Sequência de montagem postos 7 e 14 – Fixar travas de revestimento:

1) Fixar as travas do revestimento ( 04 posições ) - Parte Traseira;

2) Fechar o ziper e Grampear ( 5 posições ) - Parte Inferior da Cobertura.

Sequência de montagem postos 8 e 15 – Fixação:

1) Verificar na tela do computador qual o produto a ser montado;

2) Montar guia do apoio de cabeça;

3) Colocar assento montado na estrutura;

4) Fixar assento montado ( 4 parafusos );

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5) Fixar cabo do cinto de segurança no painel.

Sequência de montagem postos 16 e 17 – Remoção de rugas:

1) Aplicar o ferro a vapor na peça conforme sequência a seguir;

2) Passar primeiramente a parte inferior e as laterais;

3) Virar a peça e passar a parte de trás;

4) Rebater o dispositivo e passar a parte frontal.

Sequência de montagem posto 21 – Colocação de plástico antipoeira e apoio de cabeça:

1) Colocar cobertura plástica no banco lado A;

2) Colocar cobertura plástica no banco lado B;

3) Posicionar o dispositivo corretamente;

4) Colocar apoio de cabeça.

Sequência de montagem posto 22 – Carregamento dos bancos:

1) Afixar garra do balancin na peça RH;

2) Mover a peça e alocar no palete RH e acionar pedal para retorno do JIG;

3) Escanear código de barra do produto RH;

4) Afixar garra do balancim na peça LH;

5) Mover a peça e alocar no palete LH;

6) Escanear código de barra do produto LH.

Fluxograma do Processo para Fabricação de Componentes Automotivos

O pessoal do processo de montagem dos componentes iniciais, a partir da informação de

ordem de produção recebida do cliente realizou o pedido para os fornecedores, na quantidade e

modelo exatos. Feito isto, este material era enviado para a inspeção de qualidade de recebimento.

Aprovado, seguia o fluxo para abastecimento da linha de produção. Caso o material fosse

rejeitado era identificado e devolvido para o fornecedor realizar a substituição. Abastecida a linha

de produção realiza-se a montagem e o produto acabado passava por outra inspeção de

qualidade, porém, o conjunto já está completo, se aprovado segue o fluxo para armazenagem no

estoque, se rejeitado, segue para a área de retrabalho, onde substitui-se o componente que

apresentou problema. A Figura 3 apresenta como foi realizado o processo de fabricação de

componentes automotivos dentro da empresa.

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Figura 3. Fluxograma de Produção de Componentes Automotivos

Fonte: Autores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Fluxograma

O fluxograma apresenta a sequência de operações da produção, desde a entrada do

componente em linha, passando por operações de montagem, testes elétricos e visuais,

finalizando com a aprovação do departamento de qualidade.

Foram tomados os tempos padrão do ciclo de produção, o takt-time de cada etapa da

produção, e foram levantadas as informações para aperfeiçoar o processo produtivo, auxiliar na

definição do balanceamento de linha, obtendo a taxa de produção desejada com o menor número

de estações de trabalho.

Após a finalização da coleta de dados, foi realizada uma avaliação para demonstrar os

ganhos com a melhoria do processo e definidos os novos takt-times das operações.

A Figura 4 mostra o fluxograma das rotinas diárias executadas dentro do processo de

fabricação da linha estudada. As operações de cada estação de trabalho, representadas por

símbolos, passaram por avaliação da equipe do projeto.

Para conduzir as discussões sobre o projeto, foram destacadas com um círculo vermelho

cada operação analisada, a fim de alterar as estações.

Montagem do

produto

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Figura 4. Fluxograma das operações da linha estudada

Fonte: Autores.

Tempos de Ciclo

Os tempos do ciclo de produção (da linha) são necessários para determinar o tempo de

execução de uma peça ou determinado trabalho a ser realizado em uma operação (do início ao

produto acabado), ou seja, corresponde ao tempo necessário para atender a demanda do produto.

Rev. N°

Cliente: Nome da peça / Tipo do automovél: Página

1 de 1

Organização: Data:

Escrito por: Aprovado por:

Lugar Comentários

Área de

entrada

Linha FRT

Linha FRT

Linha FRT

Linha FRT

Linha FRT

Linha FRT

Linha FRT

Op.16 - Remoção de rugas Linha FRT

Linha FRT

Linha FRT

Linha FRT

Linha FRT

Linha FRT

Linha FRT

Linha FRT

Linha FRT

Linha FRT

Op.3 - Montagem do encosto e do cinto de segurançaOp.10 - Montagem do encosto e do cinto

de segurança

DIAGRAMA DE FLUXO DE PROCESSO - LINHA FRONTALRev. Data

Fluxo Número e descrição de operação

Op.1 - Inspeção de entrada

RH LH

Op. 2 - Pré montagem do cinto de segurançaOp.9 - Pre Montagem do cinto de

segurança

Op.18 - Cabine de aquecimento (automático)

Op.4 - Montagem das partes plásticas Op.11 - Montagem das partes plásticas

Op.5 - Grampear a capa do encosto Op.12 - Grampear as capas do encosto

Op.6 - Finalizar montagem do encosto Op.13 - Finalizar montagem do encosto

Op.7 - Montagem do assento Op.14 - Montagem do assento

Op.8 - Fixar os parafusos do assentoOp.15 - Fixar os parafusos do assento e

colocar opcionais

Op.17 - Remoção de rugas

Op.19 - Teste de deslizamento (automático)

Op. 20 - Teste elétrico e inspeção visual

Op. 24 - Torque dos parafusos M8

Op.23 - Retrabalho

Assentos aprovados ou não?

Op.21 - Colocar cobertura plásticas

Op.22 - Carregamento de bancos

\

Retrabalho

Operação Operação com Inspeção Inspeção Espera WIP Transporte Decisão

RH LH

Não

Sim

s

s

Fluxograma da linha estudada

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Com o tempo do ciclo evidenciou-se o gargalo que poderia comprometer a operação e o

takt-time da demanda. Assim, estabeleceu-se o tempo máximo de execução de uma determinada

operação para conclusão de uma determinada tarefa.

A Figura 5 apresenta o cálculo que representa a atual demanda do produto a que se refere

este estudo de caso, observou-se que a demanda do cliente está baseada em 43 produtos

automotivos por hora de trabalho, obtendo-se um ciclo de tempo de 84 segundos por peça

produzida.

Figura 5. Cálculo de Tempo de Ciclo Atual

Fonte: Autores.

O cálculo da produção foi baseado na condição: 1 unidade a cada 84 segundos; 43

unidades a cada hora; 696 unidades a cada dia (considerando 2 turnos); 15.325 unidades a cada

mês (considerando 22 dias); 183.900 unidades a cada ano.

Para atender a demanda do cliente e a entrada de novas atividades em outras áreas de

produção sem precisar trabalhar horas adicionais ou realizar novas contratações de mão de obra,

foi proposta uma melhoria na redução no tempo de ciclo nos postos de trabalho.

A Figura 6 apresenta um ganho de produtividade, passando a produzir 45 produtos

automotivos por hora ao invés de 43 (na condição inicial), reduzindo o tempo de ciclo para 80

segundos para cada peça produzida (eram 84 segundos).

Figura 6. Cálculo de Tempo de Ciclo (Proposta de Melhoria)

Fonte: Autores.

3600

43

Demanda do Cliente 43 peças por hora

1 hora = 3600 segundos

Nesta condição a cada 84 segundos é produzido 01 produto acabado.

Segundos/peças

Dados

Tempo de Ciclo =Tempo disponivel

= = 84Demando do Cliente

3600

45

Demanda do Cliente 45 peças por hora

1 hora = 3600 segundos

Nesta condição a cada 80 segundos é produzido 01 produto acabado.

Segundos/peças

Dados

Tempo de Ciclo =Tempo disponivel

= = 80Demando do Cliente

Segundos/peça

Segundos/peça

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As condições para este cálculo da produção foram: uma unidade a cada 80 segundos; 45

unidades a cada hora; 729 unidades a cada dia (considerando dois turnos); 16.038 unidades a cada

mês (considerando 22 dias); 192.456 unidades a cada ano.

A redução no tempo do ciclo foi possível pela alteração do layout de linha, realocação de

operações, instalação de novos equipamentos, tratando a operação gargalo e equalizando as

demais operações.

Tempos de Operação de Cada Posto de Trabalho

Determinado o tempo de ciclo para cada operação, montou-se a Tabela 1 que descreve

cada posto de trabalho distribuído na linha de produção estudada, com produtos similares sendo

produzidos ao mesmo tempo em dois lados, sendo o primeiro lado A e o segundo lado B, sendo

que ao final, sendo agrupados formam o produto automotivo que será enviado ao cliente no

momento solicitado.

A coluna em azul representa demanda inicial do estudo, executada para uma produção/

hora de 43 produtos automotivos em um takt-time de 84 segundos por peça produzida,

representando também a necessidade inicial de postos de trabalho para se cumprir esse ciclo.

A coluna em verde representa a proposta de melhoria para uma produção de 45 produtos

automotivos em um takt-time de 80 segundos por peça produzida, com uma nova configuração de

necessidade de postos de trabalho para se cumprir o ciclo.

A cor vermelha utilizada na Tabela 1 foi utilizada nas operações em estudo que tornam

viáveis a produção de 45 produtos/hora. Os postos que estão em destaque com (*) e o número

zero foram agrupados, deixando de existir, e suas atividades passaram a pertencer ao posto

anterior. Como consequência da mudança do agrupamento das atividades, os tempos dos postos

agrupados tiveram aumento dos tempos.

Após a análise inicial e relocação de atividades, observou-se uma redução do

tempo total de processo em aproximadamente 10%, representando assim um ganho

produtivo devido à redução proposta no tempo de ciclo e atividades agrupadas.

A Tabela 1 apresenta os tempos de processo de cada posto de trabalho, evidenciando

uma disparidade de tempo entre as operações em relação ao tempo de ciclo.

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Tabela 1: Tempos de Processo de cada Posto de Trabalho

Tempos de Processo de cada Posto de Trabalho

Nº do

Posto Posto de Trabalho

Tempo

Atual do (s)

Posto (s)

Tempo Atual

de Ciclo (s)

Tempo

Prosposto do

Posto (s)

Tempo

Prosposto de

Ciclo (s)

2 A Montagem do assento

operação 01 72 84 72 80

2 B Montagem do assento

operação 02 71 84 71 80

3 Pré montagem do cinto 54 84 80 80

4 Montagem da estrutura do

encosto e torque 71 84 0 0

5 Montagem das peças

plásticas 78 84 78 80

6 Grampear e revestir

encosto 65 84 80 80

7 Fixar travas de

revestimento 30 84 0 0

8 Fixação do assento 84 84 80 80

9 a Montagem do assento

operação 01 72 84 72 80

9 B Montagem do assento

operação 02 71 84 71 80

10 Pré montagem do cinto 54 84 80 80

11 Montagem da estrutura do

encosto e torque 71 84 0 0

12 Montagem das peças

plásticas 78 84 78 78

13 Grampear e revestir

encosto 65 84 80 80

14 Fixar travas de

revestimento 30 84 0 0

15 Fixação do assento 84 84 80 80

16 Remoção de rugas

componente A 74 84 74 74

17 Remoção de rugas

componente B 74 84 74 74

21 Colocar antipoeira e apoio

de cabeça 80 84 80 80

22 Descarregamento das peças

da linha 72 84 72 72

Tempo Total do Processo 1350 Segundos 1222 Segundos

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Gráfico de Takt-Time dos Postos de Trabalho da Linha Avaliada – proposto

O Gráfico 1 apresenta uma disparidade entre as operações executadas e o tempo de ciclo

para cada operação, comprovando um desbalanceamento na cadeia de produção. Nota-se que

existem operações bem abaixo do tempo de ciclo e outras no limite, até atingindo o valor

máximo de takt-time. Sendo assim, havia uma oportunidade de intervenção para que as operações

se tornassem mais balanceadas em cada posto.

Gráfico 1. Takt-time dos postos de trabalho da linha avaliada – proposto

Fonte: Autores.

Para cada operação representada por uma coluna no Gráfico 2, existe um

sequenciamento de atividades a serem executadas que compõem o conjunto do posto de

trabalho. Os itens em destaque na coluna de cor verde representam as operações

estudadas para proposta de melhoria nos processos.

Gráfico de Proposta de Melhoria

O Gráfico 2 apresenta o resultado com melhor balanceamento de linha, deixando as

operações mais uniformes, reduzindo a diferença entre o tempo de cada operação e o takt-time.

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Os itens em destaque na coluna de cor verde representam as operações que obtiveram alteração

em suas atividades.

Gráfico 2. Takt-time dos postos de trabalho da linha avaliada – (Proposta de melhorias).

Fonte: Autores

Conforme demonstrado no Gráfico 2, os postos de montagem 03/04 e 10/11 foram

unificados tornando-se postos únicos onde é executado o processo de montagem. Estes postos

assumem a denominação na folha de processo como posto 3 e posto 10. Após estudos aplicados,

os seguintes postos passaram a realizar estas atividades: 1)Verificar na tela do computador qual o

produto a ser montado; 2) Fixar o trilho no dispositivo; 3) Escanear o código de barras do cinto e

observar se o sistema confirmou a leitura; 4) Pré-montagem do cinto de segurança; 5) Colocar o

parafuso de fixação do cinto; 6) Fixar o cabo elétrico do cinto de na estrutura metálica; 7)

Colocar a etiqueta de informação do produto; 8) Posicionar estrutura do encosto na estrutura do

assento; 9) Escanear o código de barras do fornecedor na estrutura do encosto; 10) Apertar os 4

parafusos da estrutura do encosto utilizando a ferramenta pneumática; 11) Verificar no sistema

todos os torques.

O agrupamento dos postos possibilitou um ganho de tempo no ciclo devido à

reorganização do layout, com instalação de prateleira para reduzir o espaço de movimentação do

operador; relocação da ferramenta eletrônica para aplicação de torque dos componentes

automotivos - trazendo agilidade ao processo de fabricação neste posto de trabalho. Nestes

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postos foram possíveis as reduções de dois operadores, os quais foram realocados para uma nova

função.

Conforme monstrado no Gráfico 2, os postos de montagem 06/07 e 13/14 também

foram unificados, tornando-se postos únicos em cada lado que é executado o processo de

montagem. Estes postos assumem a denominação na folha de processo como posto 6 e posto 13.

Após estudos aplicados, os seguintes postos passaram a realizar estas atividades:

1) Verificar no MES qual o tecido a ser utilizado;

2) Posicionar o revestimento na espuma do encosto;

3) Grampear cobertura na espuma;

4) Revestir encosto;

5) Fixar as travas do revestimento - Parte Traseira;

6) Fechar o ziper e Grampear - Parte Inferior da Cobertura.

Com o agrupamento destes postos houve um ganho de tempo no ciclo devido à

reorganização do layout do posto que reduziu a movimentação dos operadores. Estas alterações

no layout reduziram dois postos – consequentemente, dois operadores tornaram-se disponíveis na

linha, para serem realocados para uma nova função na empresa.

Os postos de montagem 8/15 não sofreram alterações nas atividades realizadas. Porém,

deu-se uma redução no tempo de ciclo decorrente da reorganização das peças no novo layout, a

instalação de um equipamento eletrônico para auxiliar a montagem do componente. Foi realizado

um ajuste ergonômico na posição da ferramenta para auxiliar o operador a ter mais agilidade no

processo de montagem do posto descrito.

Durante todo o período em que o estudo foi realizado, o foco principal foi reduzir o takt-

time da linha. O novo layout proposto gerou ganhos ergonômicos e agilidade na execução de

tarefas. O fator de fadiga dos operadores era outro item importante, dentro do tempo do ciclo,

que foi considerado no cálculo, no qual o operador tende a perder o ritmo das operações

conforme avança a jornada de trabalho. Foi aplicado um sistema de rotação de trabalho, de

maneira que a cada hora o operador passa ao posto seguinte do ciclo total da linha, para assim,

não tornar repetitiva a operação por horas de trabalho, evitandos fadiga e L.E.R (Lesão por

Esforço Repetitivo).

O novo cálculo do takt-time permitiu aumentar a produtividade anual de 183900 unidades

para 192456 unidades, ou seja, um aumento equivalente a 8556 unidades por ano, o que significa

um incremento de 4,5% na produção total. As instalações de novas ferramentas eletrônicas no

lugar de ferramentas pneumáticas nos apertos dos parafusos trouxeram maior eficiência e

agilidade para as operações da linha.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após estudo e reuniões sobre a linha de produção, sobre o layout das peças utilizadas

durante o processo fabril, sobre as tomadas de tempos de cada movimento realizado pelos

operadores, relatório de ganhos e perdas, foi possível encontrar soluções práticas que ajudaram a

otimizar o processo de uma forma mais enxuta, que foram bem recebidas pela empresa.

A utilização do lean melhorou a eficiência nas atividades, permitiu redução da

movimentação dos operadores, possibilitou a readequação do layout da linha melhorando o ciclo

produtivo.

Com as melhorias e modificações aplicadas no projeto foram alcançadas as seguintes

melhorias:

1- Balanceamento de linha: agrupamento de operações, possibilitando uma melhoria dos

tempos nos postos de trabalho; melhoramento das condições ergonômicas sem

diminuição da qualidade do produto através de distribuições de atividades por

colaborador;

2- Readequação do layout: mudanças de dispositivos de matérias primas e também

agrupamento de postos de trabalho, possibilitou um layout mais enxuto e uma

condição mais adequada aos colaboradores; instalações de novas ferramentas

eletrônicas no lugar de ferramentas pneumáticas nos apertos dos parafusos trouxeram

maior eficiência e agilidade às atividades;

3- Novo takt-time: tornou as operações mais rápidas, com um menor tempo de ciclo,

aumentando o equivalente a 8556 unidades por ano ou um aumento de 4,5% na

produção total.

4- Instalações de novas ferramentas: eletrônicas no lugar de ferramentas pneumáticas

nos apertos dos parafusos trouxeram maior eficiência e agilidade às atividades;

5- Oferta maior de produto num tempo de ciclo menor e uma linha de produção mais

enxuta.

REFERÊNCIAS

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CÁLCULO do Takt Time e Avaliações. Disponível em: <http://engenhariadeproducaoindustrial.blogspot.com.br/2015/04/calculo-do-takt-time-e-avaliacoes.html>. Acesso em: 02 maio 2017. CHIAVENATO, I. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração. 7. ed. São Paulo: MANOLE, 2001. 436 p. CORRÊA, H. L.; GIANESI, I. G. N. Just-in-time, MRP II e OPT - Um Enfoque Estratégico. São Paulo: Atlas, 1993. CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração da produção e operações – manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. São Paulo: Atlas, 2004. FERNANDES, F. C. F.; GODINHO FILHO, M. (2010). Planejamento e Controle da Produção dos Fundamentos ao Essencial. São Paulo: Atlas, 2010. HARRINGTON, J. H. Gerenciamento Total da Melhoria Contínua – A nova Geração da melhoria de desempenho. São Paulo: Makron Books, 1997. HANSEN, R. C. Eficiência global dos equipamentos: uma poderosa ferramenta de produção/manutenção para o aumento dos lucros. Porto Alegre: Bookman, 2008. JONES, G. R.; GEORGE, J. M. Administração Contemporânea. 4. edição. São Paulo: McGraw-Hill, 2008. LIKER, J. K.; MÉIER, D. O Modelo Toyota: Manual de aplicação. Porto Alegre: Bookman, 2007. MIGUEL, P. A. C. Metodologia de pesquisa em engenharia de produção e gestão de operações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. MOREIRA, Daniel Augusto. Administração da Produção e Operações. 2. ed. São Paulo: Cenage Learning, 2011. 624 p. NAZARENO, R. R. (2003). Desenvolvimento e aplicação de um método para implementação de sistemas de produção enxuta. Dissertação (Mestrado). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São Carlos. OLIVEIRA, D. de P. R. de. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. São Paulo: Atlas, 2007. PARANHOS FILHO, M. Gestão da Produção Industrial. Curitiba: IBPEX, 2007. PASCAL, D. Produção Lean Simplificada. São Paulo: Bookman, 2008. PAULA, D. F. de. Aplicação da técnica de planejamento e controle de produção (PCP) em micro e pequenas empresas. Trabalho de Conclusão de Curso, São Paulo – SP 2009. PEINADO, J.; GRAEML, A. R. Administração da produção: operações industriais e de serviços. Curitiba: Unicenp, 2007. QUELHAS, O. L. G. Planejamento e Controle da Produção. São Paulo: Elsevier, 2008.

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1 Mazzonetto, Alexandre Witier. Graduação em Engenharia Agrícola pela Universidade Estadual de Campinas FEAGRI/UNICAMP. Mestrado em Engenharia Agronômica – Máquinas Agrícolas/Biomassa – Colheita Integral de Cana, pela Universidade de São Paulo – ESALQ-USP, Doutorando pela Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas – Departamento de Energia – FEM/UNICAMP (Cogaseificação de biomassas residuais). Na Graduação envolveu-se em Pesquisa/Desenvolvimento de processos térmicos, desenvolvendo um secador rotativo de sementes e outro de leito fluidizado. Desde o Mestrado vem trabalhando com fontes renováveis de energia, biomassas residuais (tratamento e geração de energia), levando-o a cursar Química na Universidade Mackenzie (Bacharel, Licenciatura e Industrial). Processos térmicos para obtenção de biocombustíveis, gaseificação e pirólise e combustíveis sustentáveis, gás de síntese (Syngas), produção e uso do biogás, bem como condicionamento do biogás e syngas. Atualmente é Professor nas FATECs de Piracicaba (Biocombustíveis e Gestão Empresarial) e Tatuapé.

2. Eliseu José da Rocha é Tecnólogo em Biocombustíveis pela Fatec Piracicaba Dep.

“Roque Trevisan”. E-mail: [email protected].

3. José Valter Lisboa Lemos Jr. é Tecnólogo em Biocombustíveis pela Fatec Piracicaba

Dep. “Roque Trevisan”. E-mail: [email protected].