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BIOENGENHARIA EM UMA OBRA DE GASODUTO BIOENGINEERING IN A WORKMANSHIP OF GAS PIPELINE NOVEMBRO DE 2009 1 BRUNNO PORTILHO SOUZA Acadêmico do Curso de Gestão Ambiental – Faculdade Católica–TO 2 KAIO VASCONCELOS DE OLIVEIRA Acadêmico do Curso de Gestão Ambiental – Faculdade Católica–TO 3 CID TACAOCA MURAISHI Professor da Faculdade Católica do Tocantins para os cursos de Agronomia, Gestão Ambiental e Zootecnia. Endereço¹: 106 Norte Alameda 02 QI 2 Lote 9/11 – Palmas - TO CEP: 77.006-054 Tel.: (63) 3225-8137. e-mail: [email protected] RESUMO Este artigo tem como temática a Bioengenharia utilizada em obras que impactam o meio ambiente, especificamente na construção de gasodutos. Abordamos técnicas que minimizam as ações impactantes que o empreendimento necessita fazer para construir o gasoduto. Algumas técnicas utilizam a própria supressão vegetal, que é a idéia principal da Bioengenharia, para o reaproveitamento da mesma. Apresentamos algumas técnicas que se utiliza na Bioengenharia, tais como; Taludes, Bota – Foras e Estivas. PALAVRAS-CHAVES: Bioengenharia – Gasoduto – Ações Impactantes ABSTRACT This article has the theme the Bioengineering used in workmanships that results in environment impacts, specifically in the construction of gas pipelines. We approach techniques that minimize the impacting actions that the enterprise needs to do to build the gas pipelines. Some techniques use the vegetal suppression, which is the main idea of Bioengineering, is the reuse of the same. We present some techniques that are used in the Bioengineering, such as; Slope, Bota - Foras and Trim. KEYWORDS: Bioengineering – Gas Pipelines – Impacting Actions

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BIOENGENHARIA EM UMA OBRA DE GASODUTO

BIOENGINEERING IN A WORKMANSHIP OF GAS PIPELINE

NOVEMBRO DE 2009

1BRUNNO PORTILHO SOUZA

Acadêmico do Curso de Gestão Ambiental – Faculdade Católica–TO 2KAIO VASCONCELOS DE OLIVEIRA

Acadêmico do Curso de Gestão Ambiental – Faculdade Católica–TO 3CID TACAOCA MURAISHI

Professor da Faculdade Católica do Tocantins para os cursos de Agronomia, Gestão Ambiental e

Zootecnia.

Endereço¹: 106 Norte Alameda 02 QI 2 Lote 9/11 – Palmas - TO CEP: 77.006-054 Tel.: (63)

3225-8137. e-mail: [email protected]

RESUMO

Este artigo tem como temática a Bioengenharia utilizada em obras que impactam

o meio ambiente, especificamente na construção de gasodutos. Abordamos técnicas que

minimizam as ações impactantes que o empreendimento necessita fazer para construir o

gasoduto. Algumas técnicas utilizam a própria supressão vegetal, que é a idéia principal da

Bioengenharia, para o reaproveitamento da mesma. Apresentamos algumas técnicas que se

utiliza na Bioengenharia, tais como; Taludes, Bota – Foras e Estivas.

PALAVRAS-CHAVES: Bioengenharia – Gasoduto – Ações Impactantes

ABSTRACT

This article has the theme the Bioengineering used in workmanships that results in

environment impacts, specifically in the construction of gas pipelines. We approach

techniques that minimize the impacting actions that the enterprise needs to do to build the gas

pipelines. Some techniques use the vegetal suppression, which is the main idea of

Bioengineering, is the reuse of the same. We present some techniques that are used in the

Bioengineering, such as; Slope, Bota - Foras and Trim.

KEYWORDS: Bioengineering – Gas Pipelines – Impacting Actions

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1. INTRODUÇÃO

A Bioengenharia consiste em técnicas em que plantas, ou parte destas, são usadas

como material vivo de construção. Sozinhos, ou combinadas com materiais inertes, tais

plantas devem proporcionar estabilidade às áreas em tratamento, e nessas técnicas não só os

materiais inertes como; madeiras, pedras, geotêxteis, estruturas de metais e concretos, mas

também a vegetação é entendida como componente construtivo, em obras que visam a

perenização de cursos d’água, estabilização de encostas e taludes, tratamento de voçorocas e o

controle da erosão do solo de modo geral.

Um empreendimento de grande amplitude como a Obra de Gasoduto Paulínia-

SP/Jacutinga–MG necessita em todo o seu percurso na implantação dos gasodutos, de

ferramentas que mitiguem as ações impactantes na qual o meio ambiente está sucessível neste

processo, como o uso da Bioengenharia. Alguns exemplos serão citados posteriormente em

maiores detalhes, como a construção de Taludes, Estivas e Bota-Foras.

A instalação do Gasoduto segue o estabelecido num Projeto Básico Ambiental

(PBA), que visa à padronização do método na execução dos serviços, priorizando a

preservação do meio ambiente.

A princípio acontece à execução da abertura da picada pelo grupo da Topografia,

em seguida é realizada a supressão vegetal da Faixa de Servidão, na largura de 30 (trinta)

metros. Esses serviços são realizados por um equipamento denominado Trator de Esteira com

lâmina onde posteriormente é feito o desgalhamento das árvores. A madeira não utilizada na

obra é distribuída na lateral da faixa e posteriormente a faixa é aplainada, para facilitar o

trânsito de autos, máquinas, bem como os procedimentos de abertura de valas. Esse método

oferece sérios riscos à fauna e flora por fatores a serem considerados.

Depois de algumas etapas, analisa-se qual técnica utilizar dependendo de onde a

Faixa de Servidão estiver passando, se for perto de morros e encostas sem uma vegetação

apropriada para suportar fenômenos da natureza ou ações antrópicas advindas de

movimentação do solo (maquinário, pisoteio, entre outros), citaremos então o Talude como

técnica de Bioengenharia. Como já citado anteriormente, para contenção de sedimentos, caso

ocorra uma precipitação e venha a carrear o solo nu, contando também com sustentação do

maquinário utilizando toras de eucalipto em áreas brejosas, podemos citar a Estiva. Também

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em conseqüência da supressão vegetal de modo geral, utilizaríamos os Bota-Foras para

depósito desses sedimentos, o que ajudaria também a tratar áreas de voçorocas.

O papel do Gestor Ambiental neste tipo de caso é fazer com as medidas

corretivas, potencializadoras ou mitigadoras sejam aplicadas de forma que não haja riscos ao

Meio Ambiente e seus recursos naturais, ou seja, tentar reduzir ao máximo os impactos

gerados pelo empreendimento. E junto a uma equipe multidisciplinar supervisionar toda a

problemática envolvida com o Meio Ambiente, catalogar fauna e flora, entre outros.

Este estudo compreende análise e discussão do empreendimento Gasoduto

Paulínia-SP / Jacutinga-MG, que visa a construção de tubulações com uma extensão de 100

Km não lineares.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Bioengenharia

A Bioengenharia é a utilização de materiais provenientes de plantas vivas e

mortas, e técnicas flexíveis de engenharia para mitigar problemas ambientais, tais como

encostas erodidas e desestabilizadas, margens de rios, sistemas de trilhas, aterros sanitários,

áreas mineradas etc. Ao contrário de outras tecnologias, nas quais as plantas são meramente

um componente estético do projeto, nos sistemas de Bioengenharia as plantas são um dos

componentes mais importantes. (ARAUJO, 3ed., p. 167)

As técnicas de Bioengenharia dependem do conhecimento biológico para

construir estruturas geotécnicas e hidráulicas e para fortalecer encostas e margens de rios

instáveis. Plantas inteiras ou suas partes são utilizadas como materiais de construção para

reforçar locais instáveis, em combinação com materiais de construção tradicionais. Dessa

forma, a engenharia biotécnica não substitui a engenharia hidráulica ou geotécnica tradicional

(como, por exemplo, geotêxteis ou blocos de concreto), mas complementa e melhora os

outros métodos de engenharia. (ARAUJO, 3ed., p. 167)

Os Projetos de Bioengenharia tem a intenção de mitigar os impactos ocasionados

por ações antrópicas ou acelerar a recuperação de um local degradado.

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2.2. Projeto Básico Ambiental

Projeto Básico Ambiental (PBA) é uma ferramenta importante como subsídio para

as fases de implantação e pré-operação do empreendimento, no que diz respeito à prevenção

e/ou minimização de impactos ambientais negativos passíveis de ocorrência durante o

processo construtivo e o seu inicio de operação de um empreendimento. (PETROBRÁS,

2007)

2.3. Plano Ambiental para Construção

A construção de um gasoduto consiste em um processo seqüencial envolvendo,

basicamente, as atividades de implantação de canteiros, áreas de armazenamento da tubulação

e alojamentos, melhoria de acessos, abertura da faixa de servidão (em locais de faixa nova),

limpeza da faixa de servidão (em locais de faixa compartilhada), estocagem de materiais,

desfile da tubulação, soldagem da tubulação, escavação da vala, abaixamento da tubulação e

cobertura da vala, recomposição da faixa, teste hidrostático, proteção catódica, instalação de

Válvulas de Bloqueio, construção das estações de medição e de limitação de pressão.

(PETROBRÁS, 2007)

2.3.1. Abertura de Pista

Para que haja o acesso de equipamentos e veículos necessários para a construção

do Gasoduto, é de suma importância a preparação da faixa, visando sempre o melhor para o

meio ambiente envolvido.

Para que esse processo ocorra, é preciso remover 30 cm da primeira camada do

solo e posteriormente armazenar em forma de banco de sementes, evitando assim a retirada

em excesso, mantendo sempre que possível, as curvas de níveis originais do terreno. É

necessário realizar terraplanagem nos locais de difícil acesso, ou em terrenos muito

acidentados e devido a esse processo, pode ocorrer o acumulo de material orgânico muito

volumoso que prevê a utilização de determinadas áreas para tal despejo, chamados de “bota-

foras”.

Em áreas úmidas os impactos potenciais poderão ser minimizados, com as

seguintes ações:

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• Diminuir o tempo de construção e limitar a quantidade de equipamentos e

atividades dentro das áreas, para reduzir os distúrbios nos solos umedecidos;

• Estabilizar as áreas elevadas, quando necessário, para evitar erosão.

• Inspecionar a faixa de domínio (Faixa de 30m onde haverá a construção das

tubulações) periodicamente, durante e após a construção, e consertar qualquer dispositivo de

controle de erosão (drenagens, barreiras de contenção, entre outros) e áreas recuperadas.

• Utilizar uma única área de passagem de veículos dentro da faixa;

• Restaurar as terras úmidas na sua configuração e contornos originais.

Para travessia em solos úmidos poderá ser adotado qualquer um dos três métodos

citados abaixo:

Método I

Este método será usado, desde que o solo esteja seco o suficiente para suportar o

equipamento de construção. Sendo aplicado normalmente em períodos de poucas chuvas e

quando o nível do lençol freático estiver abaixo.

Limpeza da faixa

• Não há nenhuma técnica de sustentação do solo, devido à estabilidade do solo;

• Nenhum equipamento com pneus de borracha será permitido nas terras úmidas,

salvo os que não danifiquem o sistema de raízes existente na localidade;

• Todas as madeiras/toras e os arbustos serão removidos das terras úmidas;

• Nenhum detrito ou toco será enterrado nas terras úmidas;

• Por meio de fotografias, o Inspetor Ambiental documentará as áreas, antes e

depois da limpeza, fazendo a comparação e adequação para os trabalhos de recomposição.

Nivelamento

• O nivelamento se limitará às áreas acima da vala, a não ser quando a

topografia, como no caso de declives, exija um nivelamento por medida de segurança.

Quando existir terraplanagem, o solo superior será segregado e recolocado com uma camada

uniforme em todas as áreas niveladas.

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Método II

Será usado na travessia de terras com solos saturados ou com solos que não

consigam suportar um equipamento nas condições naturais, quando será preciso estabilizar a

faixa.

Limpeza da Faixa

• A faixa será estabilizada pelo uso de pedaços de madeira, pista com estiva e

esteira de madeira. O material ficará contido na faixa;

• O Inspetor Ambiental irá documentar, por meio de fotografias, todas as

atividades dessas áreas.

Nivelamento

• Dadas as restrições de construção associadas a solos saturados de áreas úmidas

e geralmente planas, o nivelamento não será necessário. A necessidade de nivelamento será

limitada às áreas diretamente sobre o percurso da vala, a não ser quando a topografia exigir

um nivelamento adicional, por medida de segurança.

Método III

É o método pelo qual uma seção flutuante de tubulação, previamente montada, é

empurrada e puxada sobre uma vala inundada. As bóias são removidas e a tubulação revestida

de concreto afunda dentro da vala. A seção do duto, que deverá flutuar para sua colocação,

será reta ou quase reta, para poder flutuar dentro da área onde a vala for escavada. Esse

método poderá ser usado nas grandes extensões de áreas úmidas, onde o nível da água for alto

o suficiente, na época da construção, para fazer com que o duto flutue dentro da vala e para

que esse nível seja mantido sem nenhum tipo de problema.

Este método minimiza os impactos no terreno citado. Requer menos

limpeza/remoção do que os métodos anteriores.

Limpeza/Remoção

• A limpeza da área úmida será reduzida ao mínimo (a área a ser limpa se

limitará somente à largura necessária à instalação do duto);

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• Árvores e arbustos serão retirados por equipamentos de baixa pressão de solo,

ou por equipamentos sustentados por uma esteira de madeira;

• O Inspetor Ambiental irá documentar, por meio de fotografias, todas as

atividades dessas áreas.

Nivelamento

• Não será necessário, devido à topografia dessas áreas, que são tipicamente

planas e sem afloramento rochoso.(PETROBRÁS, 2007)

2.3.2. Desmonte de Rocha

Em alguns casos poderá ocorrer a existência de rochas de difícil e/ou inviável

remoção no caminho da faixa (por serem grandes na maioria das vezes), e uma das

alternativas é utilizar explosivos ou massas expansivas, que ao detonarem as mesmas,

facilitarão sua relocação.

Durante a explosão para a fragmentação das rochas, deverão ser tomadas

precauções para minimizar os danos em áreas e estruturas adjacentes, tais como;

• Instalação de barreiras de contenção, para proteger os cursos d’água, Áreas de

Proteção Permanentes (APP’s) e moradores circunvizinhos, de uma possível fragmentação de

rocha indesejável que possa vir a atingi-los.

• Implantação de sinais de advertência, bandeiras e barricadas;

Em caso de detonação em Áreas de Preservação Permanente ou próximas a elas,

deverá ser elaborado um procedimento específico para o desmonte de rocha.(PETROBRÁS,

2007)

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Foram realizados no empreendimento ao longo de seu percurso, algumas visitas

técnicas, estudos gerais sobre sua composição, (análise dos Projetos Básicos Ambientais,

Legislação vigente e Projetos da obra), e aquisição de conhecimentos básicos sobre os

variados componentes que utilizam a Bioengenharia.

Foram retiradas fotografias de toda estrutura física, biótica e antrópica do

empreendimento.

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3.1. Estiva

Feita de toras de eucalipto reaproveitadas da supressão vegetal decorrente da faixa

de servidão, junto com uma manta impermeável e sacos de areia que servem de proteção

lateral para dar sustentação aos maquinários e/ou equipamentos, devido a uma possível

instabilidade do solo (áreas brejosas, por exemplo), e devido ao grande peso destes

equipamentos. Sem a estiva, pode-se gerar uma compactação do local, gerando um possível

fator impactante. (PETROBRÁS, 2007)

Para sua construção, as toras serão dispostas nos sentidos longitudinais e

transversais à faixa de domínio e sua construção é feita manualmente, com uma largura

suficiente para a movimentação dos equipamentos onde será feito a construção do duto sobre

a estiva. Após o recobrimento da vala, a estiva será totalmente removida juntamente com os

resíduos da construção e posteriormente dispostos de acordo com o programa específico.

3.2. Bota – Fora

Devido ao volume de material excedente oriundo da terraplanagem e demais

escavações necessárias à implantação do Gasoduto, prevê-se a utilização de determinadas

áreas, e algumas restrições são cabíveis a tal uso;

• Não poderá ser dispostos aterros de bota-fora em áreas de cobertura vegetal

que contenham espécies nativas, nem em áreas com remanescentes florestais,

independentemente do estágio de sucessão vegetal em que se encontrem;

• Não poderá ser utilizado em APP;

• Não poderá ser disposto aterros de bota-fora em áreas onde possa vir a assorear

corpos d’água;

• Bota-Foras temporários poderão ser formados durante abertura de pistas e

cortes, cujos materiais venham a ser utilizados para recobrimento de vala e recomposição de

talude;

• Bota-Foras permanentes serão dispostos em locais com anuência do

proprietário da área, bem como procedimentos de vistoria pelos Inspetores da Fiscalização da

PETROBRÁS e da Gestão Ambiental do Empreendimento;

• Todas as áreas utilizadas para a disposição do material excedente de cortes e

nivelação da pista serão devidamente recompostas seguindo o Programa de Recuperação de

Áreas Degradadas (PRAD);

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• Durante as instalações de Bota-Foras, serão implantados dispositivos

provisórios, de controle de erosão e contenção de sedimento, até a perfeita consolidação da

proteção vegetal. (PETROBRÁS, 2007)

3.3. Talude Plano inclinado que limita um terreno e tem como função garantir a estabilidade

do terreno. A sua geometria por natureza em terrenos é de 45º graus não sendo aconselhável

uma inclinação superior, pois não há garantia de sustentação. Em escavações também é

normal que sejam de 45º, mas em zonas rochosas esse valor pode ser superior justamente

porque a estabilidade do mesmo não está em causa. (PETROBRÁS, 2007)

Os taludes de corte e aterro resultantes da construção de estradas, rodovias,

aeroportos, indústrias e outros empreendimentos necessitam, além da drenagem, serem

protegidos de maneira eficiente para evitar a formação de focos erosivos e deslizamentos. As

técnicas e produtos a serem utilizados dependem de vários fatores, como: inclinação do

talude, suscetibilidade à erosão, tipo de proteção desejada (definitiva ou temporária), altura do

talude, tipo de drenagem adotada, etc. O uso da técnica inadequada irá comprometer a

segurança do talude, por isso é necessário obter todas as informações para escolher a técnica e

produtos corretos.

Existem vários tipos de mantas, geralmente constituídos por uma malha

geossintética leve de reforço, e, conforme a aplicação, com inclusões de fibras de origem

vegetal, tais como palha e fibra de coco. Reduz os custos de conservação ao evitar o

aterramento de drenagens, aumentam a capacidade de retenção de água do solo e reduz a

evaporação, protegem os taludes contra a erosão eólica e hidráulica em obras de paisagismo e

controle da erosão. (Agraria Verde)

Também pode ser utilizada a técnica de hidrossemeadura, e essa técnica visa repor

a camada vegetal natural da região reconstruindo o meio ambiente degradado.

A hidrossemeadura nada mais é que um composto de sementes

transitórias e definitivas, tratadas juntamente com produtos fertilizantes, retentores

de umidade, orgânicos, corretores de PH, etc, misturados com água limpa,

formando uma dispersão coloidal, mistura emulsificante de aspecto gelatinoso,

que é aplicada mecânica e diretamente nos mais diversos tipos de solos,

previamente preparados, das mais variadas pedogêneses. (Engenheiros de Verde)

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A hidrossemeadura pode ser aplicada em qualquer tipo de solo (arenoso,

rochoso, etc.), morros, taludes de corte e aterro, rodovias, barragens, ferrovias, e em

locais onde possam ocorrer instabilidades de características geológicas. (Engenheiros de

Verde)

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A implantação de um gasoduto envolve uma série de atividades que, dependendo

da natureza dos terrenos, podem causar impactos variáveis ao meio ambiente. Uma das

principais preocupações de ordem ambiental nas atividades de construção é o controle da

erosão e da geração de sedimentos oriundos das escavações e movimentações de terra.

4.1. Estiva

Através das visitas técnicas observou-se que, para considerar uma estiva bem

construída, há de se enquadrar que deverão ser seguidas todas as obrigações no seu aspecto de

montagem. Todas as medidas de contenção têm que ser seguidas de acordo com o Plano

Ambiental para Construção (PAC), para que não haja nenhum imprevisto em decorrência de

possíveis precipitações. Pequenas falhas podem causar grandes prejuízos tanto para o Meio

Ambiente quanto para o empreendedor.

 

 

   Figura 1 ‐ Projeto de construção da estiva        Figura 2 ‐ Projeto de contenção da estiva

Devido seu processo ser todo manual, as falhas que ocorrem são por falta de

atenção dos operadores.

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Figura 3 ‐ Construção da estiva usando manta impermeável

Todo processo de drenagem e contenção da estiva se houver qualquer alteração

poderá causar uma série de desastres locais, como assoreamento da área brejosa e possíveis

erosões, com isso causando impacto ambiental, pois estará alterando as qualidades físicas,

químicas e bióticas do local. Para o empreendedor qualquer erro, trará um prejuízo financeiro

considerável, pois o mesmo terá que recuperar a área e deixar o local como de primeiro

momento.

Figura 4 ‐ Adicionando toras de eucalipto 

A etapa de construção da estiva se inicia colocando a manta impermeável para que

as toras de eucalipto não tenham contato direto com o solo, posteriormente são colocadas as

toras, a primeira camada é colocada no sentido transversal, já a segunda camada é colocada no

sentido horizontal, e dentre o espaçamento de 5 (cinco) toras é colocado uma estaca no

sentido vertical, dando uma maior sustentabilidade na estiva e consequentemente

beneficiando-a para uma possível contenção de água em dias de chuva.

 

 

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Figura 3 ‐ Estiva com falha na drenagem 

 

 

   Figura 7 ‐ Área de Bota‐Fora

Toda estiva após ser construída necessita ter todo um processo de drenagem, para

que quando houver chuva, não ocorra o carreamento do solo em áreas brejosas.

As grandes falhas causadas na construção de uma estiva são decorrentes do

processo de montagem, pois uma falha ou uma inapropriada montagem de contenção de água

podem causar sérios danos ao meio ambiente.

4.2. Bota-Fora

Termo da Engenharia Civil que designa genericamente os produtos naturais, não

servíveis a curto prazo, e que necessitam ser colocados de lado, provisoriamente ou

definitivamente.

Segundo a Resolução CONAMA 307/2002, resíduos de construção civil não

poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, e em áreas de bota-foras, em

encostas, corpos d’ água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei.

Figura 2 ‐ Estiva pronta  Figura 1 ‐ Contenções de drenagem da estiva

Figura 8 ‐ Bota‐Fora no processo de recomposição

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São resíduos provenientes de terraplanagens e detonações que são depositados em

áreas com uma declividade que possa causar erosão. Uma boa localidade para o depósito de

resíduos sólidos em alta declividade é em Voçorocas, pois aproveita-se da topografia do

terreno para o preenchimento com os resíduos citados anteriormente e assim beneficiando os

interessados pois não há prejuízo financeiro desta forma.

O Bota-Fora é construído de acordo com o terreno, onde anteriormente é feita

uma análise do solo para saber as características locais, para que assim não haja nenhuma

alteração da mesma.

Na área escolhida para Bota-Fora, há a utilização de maquinário para que seja

feito a supressão vegetal (geralmente o mínimo, com gramíneas e arbustos), são construídos

em forma de “escadarias”, e na sua recomposição na parte dos taludes são colocadas as

mantas, para evitar que ocorram erosões até a implantação de gramíneas com a

hidrossemeadura, para que assim não ocorra nenhum tipo de problema ao meio ambiente.

4.3. Talude

Em função do seu traçado geométrico, alguns taludes podem ser íngremes, altos e

extremamente expostos ao intemperismo.

A solução mais recomendável é a aplicação de um revestimento vegetal (manta)

sobre o talude exposto, com a finalidade de protegê-lo, evitando que o solo superficial seja

carreado e que, consequentemente ocorra imprevisíveis fenômenos erosivos.

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5. CONCLUSÃO

Dentre todas as técnicas em obras que o empreendedor de grande porte utiliza

para mitigar as ações impactantes geradas pelo empreendimento, a Bioengenharia se destaca,

simplesmente pelo motivo de utilizar a própria natureza para evitar impactos ambientais de

grande amplitude causados pelo homem. A utilização de técnicas como as citadas nesse

trabalho mitigam a degradação ambiental que se intensifica ao longo do percurso do

empreendimento, ajudando assim o Meio Ambiente a regenerar-se com o passar da obra e

ajudando também o empreendedor que não precisará arcar com altos custos, por estar

utilizando da própria natureza para preservação da mesma.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGRARIA VERDE, LDA. Manta orgânica biodegradável.

<http://www.agrariaverde.pt/geosinteticos/geotextil_biomanta.pdf> Acesso em: 20 de outubro

de 2009.

ARAUJO, Gustavo Henrique de Souza. Gestão Ambiental de Áreas

Degradadas. 3.ed. Bertand Brasil, 167 p

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Estabelece diretrizes,

critérios e procedimentos para gestão dos resíduos da construção civil, disciplinado as ações

 Figura 9 ‐ Corte de talude Figura 4 ‐ Talude cortado

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necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais. Resolução n° 307, de 05 de Julho

de 2002.

ENGENHEIROS DE VERDE. Hidrossemeadura.

<http://www.engenheirosdoverde.com.br/hidrossemeadura.html> Acesso em: 02 de

novembro de 2009.

PETROBRAS/BIODINÂMICA. Gasoduto Paulínia–Jacutinga: Projeto Básico

Ambiental – EIA. Rio de Janeiro, 2007.