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Biofísica Astrobiologia Prof. Dr. Walter F. de Azevedo Jr. E-mail: [email protected] Facebook: https://www.facebook.com/Prof.Walter Local das aulas teóricas: 12 A/307 Local das aulas práticas: 12 C/202 Laboratório do Prof. Walter: Bloco12 C/204 1 © 2015 Dr. Walter F. de Azevedo Jr. Imagem disponível em:< http ://www.alee.montana.edu/> Acesso em: 3 de agosto de 2015.

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Biofísica

Astrobiologia

Prof. Dr. Walter F. de Azevedo Jr.

E-mail: [email protected]

Facebook: https://www.facebook.com/Prof.Walter

Local das aulas teóricas: 12 A/307

Local das aulas práticas: 12 C/202

Laboratório do Prof. Walter: Bloco12 C/204

1

©2

01

5 D

r. W

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F.

de

Aze

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do

Jr.

Imagem disponível em:< http://www.alee.montana.edu/>

Acesso em: 3 de agosto de 2015.

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Vida: Sistemas capazes de

autoreplicação e que apresentam

evolução darwiniana.

Astrobiologia: Ciência que estuda a

possibilidade de vida em outros planetas.

Usa conhecimentos da física, química e

biologia, com forte embasamento

molecular para o estudo do surgimento da

vida.

Visão artística da presença de fulereno encontrado em

nebulosas .

Disponível em : < http://io9.com/5677619/giant-carbon-

buckyballs-might-have-helped-bring-about-life-on-earth >

Acesso em: 3 de agosto de 2015.

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Definições

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A teoria do Big Bang estabelece que o

Universo surgiu há aproximadamente 13,5

bilhões de anos atrás. Tal evento produziu

uma nuvem de hidrogênio e hélio, os

elementos químicos mais simples da

tabela periódica. Os elementos químicos

H e He são formados por 1 e 2 prótons

(números atômicos (Z) 1 e 2),

respectivamente. Tal nuvem de gás

expandiu-se. A figura ao lado mostra uma

representação esquemática dos átomos

de hidrogênio e hélio. No núcleo temos

prótons e orbitando em volta elétrons. A

teoria do Big Bang baseia-se em

observações astronômicas, que indicam

que as galáxias estão se afastando, como

fragmentos de uma grande explosão.

Hidrogênio

Hélio

ElétronPróton

3

Origem dos Átomos

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Na expansão da nuvem de gás (H e He),

apareceram regiões onde a concentração

gasosa era maior que em outras regiões,

tais irregularidades propiciaram a

concentração de matéria, que atraiu mais

matéria, devido à ação da força da

gravidade. A concentração de gases levou

ao surgimento das estrelas de primeira

geração. A nebulosa Águia M16 apresenta

um berçário de estrelas, que são

formadas de hidrogênio molecular (H2) e

poeira. As estrelas concentram-se nas

protuberâncias indicadas por setas na

figura ao lado. Cada protuberância é

maior que nosso sistema solar.

Nebulosa M16 fotografada pelo telescópio espacial Hubble.

A M16.

Disponível em:

http://hubblesite.org/gallery/album/entire/pr1995044b/ >.

Acesso em: 3 de agosto de 2015.

4

Origem dos Átomos

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No processo de formação das estrelas a

gravidade foi a força responsável pelo

aumento gradativo da massa estelar. O

crescimento da massa das estrelas

propiciou que mais massa fosse atraída. A

equação abaixo ilustra tal ideia, quanto

maior a massa da estrela em formação

(M), maior será a força de atração

gravitacional (Fg). A força também

depende da distância entre as massas (r)

e de uma constante (G), que é chamada

de constante da gravitação (G).

r

M

m

2gr

MmGF

Onde G = 6,6726.10-11 N.m2/kg2

Fonte da informação sobre as constantes físicas:

<http://physics.nist.gov/cuu/Constants/index.html>. Acesso

em: 3 de agosto de 2015.

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Origem dos Átomos

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Esta equação é extremamente simples,

nela temos dois corpos de massas M e m,

quanto mais próximos estiverem maior

será a força de atração gravitacional

(indicada pelo vetor vermelho). Vemos,

também, que quanto maiores as massas

maior a força (Fg). Resumindo,

aumentando a massa, aumentamos a

força e aumentando a distância

diminuímos a força, esta equação simples

e intuitiva vale tanto para galáxias como

para um padawan na aula.

2gr

MmGF

Fg

Onde G = 6,6726.10-11 N.m2/kg2

6Fonte da informação sobre as constantes físicas:

<http://physics.nist.gov/cuu/Constants/index.html>. Acesso

em: 3 de agosto de 2015.

Origem dos Átomos

r

M

m

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Numa noite privilegiada e sem nuvens

podemos ver diversas estrelas. As

estrelas que vemos à noite estão a

distância que necessitam uma unidade

específica para representá-la, o ano-luz,

que é a distância que a luz viaja em um

ano. A estrela mais próxima do nosso

sistema solar é a próxima do Centauro,

que fica a aproximadamente 4 anos-luz

da Terra. Muitas das estrelas que vemos

no céu podem nem existir mais, contudo,

devido à sua distância, continuamos a

receber sua luz. Assim, uma questão que

podemos nos colocar, como as estrelas

brilham? Tal pergunta pode parecer fora

de interesse para o estudo da biologia,

mas perguntem-se. Existiria vida na

Terra sem a luz da estrela Sol?

Noite estrelada vista em Foz do Iguaçu-Brasil.

Disponível em: http://apod.nasa.gov/apod/ap100514.html >.

Acesso em: 3 de agosto de 2015.

7

Origem dos Átomos

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Para entendermos o brilho das estrelas,

inclusive do nosso Sol, nós temos que

analisar o que acontece quando nuvens

de gás H e He aglomeram-se e começam

a formar corpos cada vez mais massivos.

O aumento da massa desses corpos leva

ao aumento da pressão e da temperatura,

o que possibilita a reação de fusão

nuclear. Tal reação ocorre quando 4

átomos de hidrogênio se fundem, o que

gera um átomo de hélio. Tal processo

libera neutrino (partícula com massa

menor que os prótons e nêutrons) e

grandes quantidades de energia. A

estrela brilha! Na verdade tal processo é

o que ocorre em todas estrelas com

massa próxima do Sol, inclusive o nosso

Sol. Estrelas mais massivas usam um

processo chamado ciclo CNO, para a

produção de energia.

4 H → 1 He + neutrino + energia

p + p + p + p → (2p+2n) + neutrino + energia

Energia

Neutrino

NêutronPróton

8

Origem dos Átomos

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As estrelas têm um ciclo de vida, onde em

cada fase do ciclo temos diferentes perfis

de reações nucleares. Estrelas mais

velhas apresentam temperaturas de 100

milhões de graus Celsius no seu núcleo,

temperatura necessária para a reação de

formação de carbono. Quando dizemos

que uma estrela é velha, indicamos que já

converteram boa parte de seu H em He.

A figura ao lado mostra a representação

do carbono encontrada nas tabelas

periódicas, com Z = 6 e A = 12 (número

de prótons + número de nêutrons), na

figura mais à direita temos uma

representação do núcleo de carbono com

6 prótons e 6 nêutrons.

C12

6

Número de massa atômica (A)

Número atômico (Z)

NêutronPróton

Núcleo de carbono

9

Origem dos Átomos

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Como o carbono apresenta 6 prótons (Z =

6), então podemos pensar que um núcleo

de carbono é equivalente a 3 núcleos de

hélio. A reação de fusão do He do núcleo

estrelar leva à formação de C, num

processo chamado de triplo-alfa, com a

participação de 3 partículas alfa (núcleos

de He). O diagrama esquemático ao lado

ilustra o processo de formação de

carbono no núcleo das estrelas.

Inicialmente dois núcleos de He fundem-

se, o que gera um núcleo de berílio, que

por sua vez funde-se com outro núcleo de

hélio e forma carbono. No final do ciclo de

queima de H a estrela colapsa, o que

eleva a temperatura o suficiente para

iniciar o ciclo de queima do He. O

processo triplo alfa envolve liberação de

radiação gama ().

4He

4He

4He8Be

12C

NêutronPróton

10

Origem dos Átomos

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Um átomo de 12C pode fundir-se com uma

partícula alfa (núcleo de He) formando um

átomo de oxigênio, como mostrado no

diagrama ao lado. O número “12” acima à

esquerda indica o número de massa

atômica do carbono. Resumindo, os

átomos presentes nos seres vivos tiveram

sua origem na fornalha nuclear de

estrelas mais massivas que o Sol. Os

átomos que formam as proteínas, C, N e

O, foram forjados no núcleo de estrelas.

Olhe para suas mãos, muito

provavelmente os átomos que formam

a sua mão direita foram gerados numa

estrela diferente da estrela que gerou

os átomos da mão esquerda.

Como diria Mr. Spock. Fascinante!

12C

4He

16O

NêutronPróton

11

Origem dos Átomos

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O astrobiólogo Carl Sagan.

Disponível em: <http://www.carlsagan.com/ >.

Acesso em: 3 de agosto de 2015.

“We are star stuff”Carl Sagan

12

Origem dos Átomos

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A nave Voyager lançada em 1977 tornou-

se um dos 4 objetos feitos pelo homem a

deixar o sistema solar. A Voyager leva um

disco de ouro (mostrado ao lado) com

mensagens e informações sobre os seres

humanos e o planeta Terra. Carl Sagan

liderou o grupo que selecionou as

imagens e sons que foram colocados no

disco. Se neste exato momento, a

civilização humana deixasse de existir,

esse disco de ouro seria um dos poucos

registros da nossa civilização.

Disco de ouro com mensagens gravadas que foi enviada nas

naves Voyagers.

Disponível em: <http://www.carlsagan.com/ >.

Acesso em: 3 de agosto de 2015.

13

Origem dos Átomos

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Podemos especular, que uma das

condições necessárias para o surgimento

da vida é a existência de planetas. Tais

planetas podem surgir com os restos da

explosão de uma estrela mais massiva

que o Sol. A origem do nosso sistema

solar leva em conta tal hipótese, para a

formação de planetas rochosos, como a

Terra, Mercúrio, Vênus e Marte. Planetas

rochosos podem apresentar as condições

necessárias para o surgimento da vida,

tais como, presença de água na forma

líquida, temperatura relativamente estável

e atmosfera para filtrar a incidência de

radiação danosa à vida.

Visão artística do tamanho relativo dos planetas do sistema

solar. Os planetas rochosos são os menores, Mercúrio,

Vênus, Terra e Marte.

Site Science Photo Library. Disponível em :

<http://www.sciencephoto.com/media/83692/enlarge> .

Acesso em: 3 de agosto de 2015.

14

Origem do Sistema Solar

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O nosso sistema solar surgiu há

aproximadamente 4,5 bilhões de anos. A

teoria mais aceita descreve a origem do

sistema solar como resultado da explosão

de uma supernova, que perturbou uma

nuvem de gás e poeira (A). A explosão da

supernova gerou uma onda de pressão.

Tal onda levou à concentração de gás e

poeira da nuvem, o que teve como

resultado o colapso dessa (B). A nuvem

começou a girar, conforme colapsava.

Podemos traçar uma analogia com uma

dançarina girando, quando ela aproxima

os braços do corpo gira mais rápido, isto é

chamado conservação do momento

angular.

Visão artística da criação do sistema solar.

Disponível em :

<http://www.thunderbolts.info/tpod/2006/image06/060126sola

r4.jpg >. Acesso em: 3 de agosto de 2015. 15

Origem do Sistema Solar

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Conforme a nuvem colapsava, o centro da

nuvem tornou-se mais aquecido e o

exterior relativamente mais frio. A nuvem

tomou a forma de um disco, com o Sol no

centro (B e C). Concentrações gasosas

próximas ao centro não sobreviveram, só

concentrações rochosas permaneceram

próximas ao centro do disco. Tais núcleos

rochosos formaram os planetas internos

do sistema solar, Mercúrio, Vênus, Terra e

Marte (D). Os núcleos gasosos formaram

os gigantes gasosos, Júpiter, Saturno,

Urano e Netuno (E).

16

Visão artística da criação do sistema solar.

Disponível em :

<http://www.thunderbolts.info/tpod/2006/image06/060126sola

r4.jpg >. Acesso em: 3 de agosto de 2015.

Origem do Sistema Solar

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Os planetas gigantes gasosos estão a

uma distância suficientemente alta do Sol,

que permite sua constituição gasosa.

Ainda não sabemos se há um núcleo

rochoso nos gigantes gasosos (Júpiter,

Saturno, Urano e Netuno). A sonda Juno,

lançada em 5 de agosto de 2011, orbitará

Júpiter com instrumentos científicos que

permitirão um estudo do núcleo do

planeta, o que poderá confirmar a

presença de um núcleo sólido. A data

prevista para a chegada da sonda Juno

em Júpiter é julho de 2016.

Mais informações no site: <

http://www.nasa.gov/mission_pages/juno/

main/index.html >.

Acesso em: 3 de agosto de 2015.

Representação artística da nave Juno em órbita de Júpiter.

Disponível em:

<http://solarsystem.nasa.gov/multimedia/gallery/Juno3.jpg> .

Acesso em: 3 de agosto de 2015.

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Origem do Sistema Solar

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A vida surgiu na Terra há

aproximadamente 3,5 bilhões de anos

atrás. Não temos como ter acesso aos

sistemas biológicos que surgiram nos

primórdios da Terra. Só temos acesso às

formas de vida atuais, mas podemos usar

o que sabemos sobre evolução, biologia

celular e molecular, para elaborarmos um

cenário de como a vida surgiu na Terra.

Para tal cenário vamos considerar os

constituintes moleculares das células.

Aproximadamente 1/3 da massa seca da

célula é formado por proteína, e para

entendermos a vida precisamos saber

como as proteínas surgiram. Outro

componente básico da vida são os ácidos

nucleicos, tais moléculas são

responsáveis pelo armazenamento da

informação genética.

Imagem de microscópio eletrônico 3D de uma semente de

milho. Tal técnica permitiu identificar as proteína

sinalizadoras na célula.

Disponível em: <http://www.news.wisc.edu/19946>.

Acesso em: 3 de agosto de 2015.

18

Origem da Vida na Terra

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Assim vamos usar a hipótese de Oparin-

Haldane, proposta de forma

independente pelos cientistas Aleksandr

Oparin (em 1924) e John Haldane (em

1929). Tal hipótese diz que as

moléculas da vida surgiram de

moléculas mais simples. A formação

das moléculas da vida ocorreu a partir de

reações químicas espontâneas, que

envolveram substâncias presentes na

Terra pré-biótica, tais como água, metano,

gás hidrogênio e amônia. Usaremos tal

abordagem para analisarmos o

surgimento da vida. Partiremos dos tijolos

básicos da vida, os nucleotídeos e os

aminoácidos. Apresentaremos a seguir as

principais características dessas

moléculas, e em seguida veremos como

elas surgiram na Terra.

19

Imagem de microscópio eletrônico 3D de uma semente de

milho. Tal técnica permitiu identificar as proteína

sinalizadoras na célula.

Disponível em: <http://www.news.wisc.edu/19946>.

Acesso em: 3 de agosto de 2015.

Origem da Vida na Terra

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Os aminoácidos são moléculas quirais, ou

seja, admitem duas formas, sendo uma a

imagem espelhada da outra. Uma

característica interessante sobre a

quiralidade dos aminoácidos, todos

aminoácidos naturais são da forma L

(levógiro), chamados aminoácidos L. A

distribuição dos átomos, em torno do

carbono alfa nos aminoácidos L, segue

uma regra mnemônica simples, chamada

regra do “CORN”, olhe o diagrama

esquemático da representação do

aminoácido L (próximo slide). Neste

diagrama estamos olhando para o

carbono alfa ao longo da ligação

covalente com o átomo de hidrogênio.

Nesta situação temos três ligações

covalentes restantes, seguindo a regra do

CORN, o CO para a carboxila, o R para a

cadeia lateral e o N para o grupo amino.

Aminoácido do tipo L. A figura foi gerada com o programa

Visual Molecular Dynamics (VMD), disponível em: <

http://www.ks.uiuc.edu/Development/Download/download.c

gi?PackageName=VMD>. Acesso em: 3 de agosto de

2015.

HUMPHREY W; DALKE A; SCHULTEN K. VMD - Visual

Molecular Dynamics. Journal of Molecular Graphics,

Amsterdã, v.14, p.33-38, 1996. Usamos a opção Graphics-

>Representations... do programa VMD. Na opção Drawing

Method usamos a opção CPK .20

Quiralidade dos Aminoácidos

Page 21: Biofísica - azevedolab.netazevedolab.net/resources/biofisica2.pdf · uma nuvem de hidrogênio e hélio, os elementos químicos mais simples da tabela periódica. ... produção de

Regra do “CORN”. A regra do “CORN” indica a distribuição das ligações covalentes

ao redor do carbono alfa. O estado de protonação, tanto do grupo amino, quanto do

grupo carboxílico, depende do pH do meio, e pode apresentar-se protonado como

desprotonado. O estado mostrado na fórmula molecular e na estrutura tridimensional é

o predominante nas condições fisiológicas.

NH3

C C

H

R

H3N+

O-

O

COO R

21

Quiralidade dos Aminoácidos

Page 22: Biofísica - azevedolab.netazevedolab.net/resources/biofisica2.pdf · uma nuvem de hidrogênio e hélio, os elementos químicos mais simples da tabela periódica. ... produção de

Glicina Gly G

Alanina Ala A

Serina Ser S

Treonina Thr T

Cisteina Cys C

Valina Val V

Isoleucina Ile I

Leucina Leu L

Prolina Pro P

Fenilalanina Phe F

Tirosina Tyr Y

Metionina Met M

Triptofano Trp W

Asparagina Asn N

Glutamina Gln Q

Histidina His H

Aspartato Asp D

Glutamato Glu E

Lisina Lys K

Arginina Arg R

Representação de aminoácidos

A tabela abaixo mostra os nomes dos 20 aminoácidos naturais e seus códigos de três

letras e uma letra.

22

Quiralidade dos Aminoácidos

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O diagrama de Venn é um recurso gráfico

para representação de conjuntos. Por

exemplo, nós podemos criar um conjunto

para representar as vogais do alfabeto,

um conjunto para estações do ano, um

conjunto com os nomes das espécies

ameaçadas de extinção etc. Tal

representação permite uma análise de

características de um determinado

conjunto, por exemplo, no conjunto dos

animais em extinção, nós podemos

representar um subconjunto indicando

aqueles que são mamíferos, ou aqueles

que habitam a África, ou ainda, aqueles

que habitam a África e são mamíferos. Ao

lado temos o diagrama de Venn para os

aminoácidos, onde separamos em

subconjuntos levando-se em

consideração aspectos físico-químicos.

Veja que situações onde um aminoácido

pertence a mais de um subconjunto.

Diagrama de Venn para os 20 aminoácidos mais comuns.

23

Propriedades dos Aminoácidos

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Os ácidos nucleicos formam outra classe de moléculas, essenciais para a evolução da

vida na Terra. Como as proteínas os ácidos nucleicos são polímeros, só que neste

caso de nucleotídeos e apresentam um vasto espectro de dimensões. Podem ter por

volta de 80 nucleotídeos como o RNA transportador, ou mais de 108 pares de

nucleotídeos, como observado no cromossomo de eucariotos. As unidades básicas

dos ácidos nucleicos são os pares de bases para aqueles que formam hélice dupla, ou

as bases, para outros que apresentam-se como cadeia única.

Par de bases

DNA

24

Ácidos Nucleicos

A figura foi gerada com o

programa Visual Molecular

Dynamics (VMD), disponível

em: <

http://www.ks.uiuc.edu/Develo

pment/Download/download.cg

i?PackageName=VMD>.

Acesso em: 5 de mar. 2014.

HUMPHREY W; DALKE A;

SCHULTEN K. VMD - Visual

Molecular Dynamics. Journal

of Molecular Graphics,

Amsterdã, v.14, p.33-38,

1996. Usamos a opção

Graphics->Representations...

do programa VMD. Na opção

Drawing Method usamos a

opção Licorice .

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Os pares de bases são normalmente abreviados por bp, a partir da terminologia em

língua inglesa (base pair), assim podemos usar múltiplos para representarmos a

quantidade de bp de uma molécula de DNA, geralmente são usados Mbp (mega=106)

e kbp (kilo=103). O cromossomo da bactéria E. coli apresenta 4.106 bp, ou 4 Mbp, com

uma massa molecular de aproximadamente 3.109 Da.

Par de bases

DNA

25

A figura foi gerada com o

programa Visual Molecular

Dynamics (VMD), disponível

em: <

http://www.ks.uiuc.edu/Develo

pment/Download/download.cg

i?PackageName=VMD>.

Acesso em: 5 de mar. 2014.

HUMPHREY W; DALKE A;

SCHULTEN K. VMD - Visual

Molecular Dynamics. Journal

of Molecular Graphics,

Amsterdã, v.14, p.33-38,

1996. Usamos a opção

Graphics->Representations...

do programa VMD. Na opção

Drawing Method usamos a

opção Licorice .

Ácidos Nucleicos

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Os nucleotídeos são os tijolos básicos que formam RNA (ácido ribonucléico) e DNA

(ácido desoxirribonucléico). Os constituintes básicos do RNA são ribonucleotídeos e

os do DNA são 2’-desoxirribonucleotídeos. Todos nucleotídeos são formados por uma

base heterocíclica nitrogenada, um açúcar pentose e resíduos de fosfato. A figura

abaixo mostra a estrutura 3D do nucleotídeo.

Fosfato

Açúcar

Base

Nucle

otíd

eo

Nucle

osíd

eo

26

A figura foi gerada com o

programa Visual Molecular

Dynamics (VMD), disponível

em: <

http://www.ks.uiuc.edu/Devel

opment/Download/download.

cgi?PackageName=VMD>.

Acesso em: 5 de mar. 2014.

HUMPHREY W; DALKE A;

SCHULTEN K. VMD - Visual

Molecular Dynamics. Journal

of Molecular Graphics,

Amsterdã, v.14, p.33-38,

1996. Usamos a opção

Graphics-

>Representations... do

programa VMD. Na opção

Drawing Method usamos a

opção CPK .

Ácidos Nucleicos

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O experimento de Miller-Urey é um dos

experimentos clássicos sobre a criação de

moléculas biológicas. No experimento são

simuladas as prováveis condições da

Terra primitiva. Tais condições são

chamadas de pré-bióticas, visto que não

havia vida ainda. O experimento de Miller-

Urey apresenta uma atmosfera artificial de

metano (CH4), amônia (NH3), gás

hidrogênio (H2) e vapor d’água, que

acredita-se estavam presentes em

quantidades altas na atmosfera terrestre

pré-biótica. Faíscas elétricas são

disparadas no experimento e, depois de

diversos dias, uma substância orgânica

acumula-se. A análise dessa massa indica

a presença de aminoácidos, os

componentes básicos para a formação de

proteínas.

Experimento de Miller-Urey.

Disponível em:

<http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/40/

UreyMillerExperiment.jpeg>.

Acesso em: 3 de agosto de 2015.27

Química Pré-biótica

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No diagrama esquemático abaixo, temos 2 eletrodos inseridos num balão de vidro

esterilizado, que são as fontes das descargas elétricas. Amônia, metano, vapor d’água

e hidrogênio estão no balão, onde são disparadas as descargas elétricas. No

experimento original, realizado em 1953, Miller e Urey deixaram o sistema ligado por

uma semana.

Condensador

Água

Eletrodos

Gases da atmosfera primitivaH2O, NH3, CH4, H2

Aquecimento

Para bomba de vácuo

Água resfriada contendo

componentes orgânicos

Para acesso ao balãoPara acesso à água

Fonte de voltagem(V)

28

Química Pré-biótica

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Condensador

Água

Eletrodos

Gases da atmosfera primitivaH2O, NH3, CH4, H2

Aquecimento

Para bomba de vácuo

Água resfriada contendo

componentes orgânicos

Para acesso à água

Fonte de voltagem(V)

Ao final do experimento, havia moléculas orgânicas formadas a partir de precursores

inorgânicos. Tal experimento é um teste da hipótese de Oparin e Haldane. A hipótese

estabelece que, as condições da Terra primitiva eram favoráveis para que reações

químicas gerassem moléculas orgânicas, como os aminoácidos.

Para acesso ao balão

29

Química Pré-biótica

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Em 2008, um breve artigo de Johnson et

al., 2008 descreveu refinamentos no

experimento original de Miller-Urey.

Nesses refinamentos foi introduzida uma

válvula que permitia a injeção de um fluxo

de gás. Tal sistema visa simular as

condições encontradas próximas às

erupções vulcânicas, como na figura ao

lado. Em tal situação HCN, aldeídos e

cetonas participam na síntese de

aminoácidos. Tais aminoácidos podem ter

se acumulado em áreas sujeitas às mares

e em contato com sufato de carbonila, um

gás comum em erupções, ter sofrido

polimerização. A polimerização de

aminoácidos permite a formação de

proteínas.

Fonte: Johnson, A.P. , Cleaves, H.J. , Dworkin, J.P.,

Glavin, D.P., Lazcano, A., Bada, J.L. The Miller

Volcanic spark discharge experiment. Science, Vol.

322, 404.

30

Química Pré-biótica

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Na nova configuração experimental foram

gerados cinco aminoácidos e amina, não

encontrados no experimento original de

Miller-Urey. Foram usadas técnicas de

cromatografia e espectrometria de

massas para a análise do material

produzido no experimento. A análise

permitiu uma grande precisão nos

resultados. O gráfico ao lado mostra a

razão molar dos componentes

identificados no novo experimento. Vemos

que o aminoácido glicina, seguido de

alanina são majoritariamente formados no

experimento de 2008.

Fonte: Johnson, A.P. , Cleaves, H.J. , Dworkin, J.P., Glavin,

D.P., Lazcano, A., Bada, J.L. The Miller Volcanic spark

discharge experiment. Science, Vol. 322, 404.

31

Química Pré-biótica

Razão molar

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Há aproximadamente 4 bilhões de anos

atrás a Terra era um planeta quente e sem

vida. O sistema solar apresentava

abundância de meteoros, restos da

formação do sistema solar, que

bombardearam a jovem Terra. Esse

bombardeio trouxe as moléculas básicas

da vida, os tijolos fundamentais que

seriam usados na formação da primeira

forma de vida na Terra. A análise de

meteoritos, que ainda caem na Terra,

como o de Muchison, nos revelaram a

presença de aminoácidos (tijolos básicos

de proteínas) e bases nitrogenadas

(tijolos básicos de ácidos nucleicos).

Meteoritos podem apresentar bases nitrogenadas que foram

nucleotídeos, o tijolo molecular básico das moléculas de

DNA e RNA.

Disponível em:

<http://solarsystem.nasa.gov/scitech/display.cfm?ST_ID=242

6> .

Acesso em: 3 de agosto de 2015.

32

Química Pré-biótica

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Visão artística do bombardeio de moléculas orgânicas na Terra.

Disponível em:

<http://www.nasa.gov/centers/goddard/images/content/317844

main_PNAS_new_jpg.jpg> .

Acesso em: 3 de agosto de 2015.

Além disso, meteoros e meteoritos, ao

passar pela atmosfera terrestre podem ter

forçado reações químicas, que levaram à

formação de moléculas orgânicas e

reações de polimerização. Tais reações

levam à formação de proteínas (polímero

de aminoácidos) e ácidos nucleicos

(polímero de nucleotídeos). Outra

possibilidade, é que os meteoritos podem

ter vaporizados rochas, o que levou à

formação de moléculas orgânicas.

Resumindo, os meteoritos que atingiram a

Terra podem ter fornecido uma “biblioteca”

inicial de moléculas orgânicas que

favoreceram o surgimento da vida.

33

Química Pré-biótica

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Dois resultados interessantes podemos

tirar sobre a origem das moléculas

orgânicas.

1) Aminoácidos encontrados em proteínas

são do tipo L.

2) Síntese de aminoácidos (aa) no

experimento de Miller-Urey leva a uma

mistura idêntica das duas formas, (50 %

de aminoácidos de cada tipo).

Tais resultados levam a uma questão.

Por que somente aminoácidos do tipo

L são encontrado em proteínas?

Quiralidade dos aminoácidos.

Disponível em:

<http://www.astrobio.net/pressrelease/2641/giving-life-a-

hand>.

Acesso em: 3 de agosto de 2015.

34

Química Pré-biótica

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Na verdade, só recentemente a partir da

análise de aminoácidos encontrados em

meteoritos, lançou-se alguma luz sobre tal

questão. Os aminoácidos encontrados em

meteoritos são majoritariamente do tipo L,

isto indica que um bombardeio constante

de aminoácidos do tipo L na Terra pré-

biótica puxou a estatística para o lado dos

aminoácidos do tipo L. Uma vez o

primeiro ser vivo surgiu, com proteínas

formadas por aminoácidos do tipo L, não

haveria pressão evolucionária para

mudar.

35

Quiralidade dos aminoácidos.

Disponível em:

<http://www.astrobio.net/pressrelease/2641/giving-life-a-

hand>.

Acesso em: 3 de agosto de 2015.

Química Pré-biótica

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Na Terra pré-biótica, há cenários

plausíveis para formação dos tijolos

básicos da vida (aminoácidos) e o

bombardeio de bases nitrogenadas que

podem formar nucleotídeos, que ao

polimerizarem formam os ácidos

nucleicos. Contudo, ainda temos que

colocar os ingredientes dessa “sopa

primordial” e tirar o primeiro ser vivo. Uma

das hipóteses é que a Terra pré-celular foi

baseada no RNA. O RNA é uma molécula

capaz de armazenar informação genética,

como o DNA, e catalisar reações

químicas como proteínas. Assim, na

hipótese do Mundo de RNA, as primeiras

formas de vida eram baseadas em RNA.

Estrutura cristalográfica da ribozima (código PDB: 2OEU).

A figura foi gerada com o programa Visual Molecular

Dynamics (VMD), disponível em: <

http://www.ks.uiuc.edu/Development/Download/download.cgi

?PackageName=VMD>. Acesso em: 3 de agosto de 2015.

HUMPHREY W; DALKE A; SCHULTEN K. VMD - Visual

Molecular Dynamics. Journal of Molecular Graphics,

Amsterdã, v.14, p.33-38, 1996. Usamos a opção Graphics-

>Representations... do programa VMD. Na opção Drawing

Method usamos a opção Licorice . 36

Mundo de RNA

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Formação da Terra

Sopa prebiótica

Eucariotos

Archaea

Bactéria

Primeiro organismo

Primeiro organismo

Evolução Darwiana

RNA, DNA e

proteínas

Ancestral

comum

Mundo pré-biotíco

Mundo de RNA

Mundo de RNA,

DNA e proteína

No diagrama esquemático ao lado, temos

a evolução da vida na Terra. Dos

primórdios do mundo pré-biótico (parte

inferior do diagrama) até os dias de hoje

(parte superior do diagrama). Os tijolos

básicos da vida estavam disponíveis há

aproximadamente 3,5 bilhões de anos

atrás, e a disponibilidade de moléculas

como os nucleotídeos formam o cenário

ideal para o surgimento do mundo de

RNA. Os organismos desse mundo, já

eram sujeitos às regras de seleção natural

e apresentavam evolução darwiniana. Os

organismos mundo de RNA evoluíram

para a fase seguinte, com maior

complexidade molecular, onde os

organismos apresentavam DNA, RNA e

proteínas. No final temos a separação nos

diferentes domínios da vida.

37

Vida na Terra

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Uma das questões mais intrigantes da

ciência é sobre a existência de vida

extraterrestre. Um tema recorrente em

ficção científica, onde somos visitados por

seres alienígenas que estão aqui para nos

destruir ou para nos alertar sobre nossa

autodestruição. Colocando a ficção

científica de lado, temos fortes evidências

científicas que a vida não é um evento

isolado do planeta Terra. Vimos que os

tijolos moleculares básicos, necessários

para a formação da vida, são comuns e

podem ter “semeado” a vida em outros

pontos desta galáxia e de outras. O

estudo deste ramo fascinante da ciência é

chamado de astrobiologia.Cartaz do filme de ficção científica 2001.

Disponível em:

<http://www.hollywood.com/news/Classic_Hollywood

_Movie_Spotlight_2001_A_Space_Odyssey/728515

8>. Acesso em: 3 de agosto de 2015.

38

Vida Extraterrestre

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Em 1960 o astrofísico Frank Drake propôs

uma equação simples para a estimativa

do número de civilizações extraterrestres

com capacidade de se comunicar

conosco (N). A equação leva em conta

diversos parâmetros e expressa o

resultado como o produto (multiplicação)

desses fatores.

A equação de Drake é a seguinte:

N = R* x fp x ne x fl x fi x fc x L

Onde:

R* = taxa média de formação de estrelas

por ano;

fp = fração das estrelas com planetas;

ne = número médio de planetas que pode

abrigar vida por estrela que tem planetas;

fl = fração dos planetas acima que

desenvolverão vida em algum momento;

fi = fração dos planetas acima que

desenvolverão vida inteligente;

fc = fração desses planetas que serão

capazes de se comunicar;

L = número de anos que eles emitirão

sinais. 39

Vida Extraterrestre

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Como ilustração, faremos uma estimativa

do número de civilizações extraterrestres

com capacidade de se comunicar

conosco, a partir da equação de Drake.

Os parâmetros são sujeitos a grande

debate e críticas. Usaremos valores

recentes estimados pela Nasa e

pesquisadores em astrobiologia.

Usaremos os valores maiores previstos

nas referências indicadas, para termos

uma ideia do número máximo estimado

pela equação de Drake.

R* = 7 (fonte: Milky Way Churns Out Seven New Stars

Per Year, Scientists Say". Goddard Space Flight

Center, NASA). Acesso em: 3 de agosto de 2015.

fp = 1 (fonte: Exoplanets are around every star, study

suggests". BBC). Acesso em: 3 de agosto de 2015.

ne = 0,2 (fonte: W. von Bloh, C.Bounama, M. Cuntz,

and S. Franck. (2007). "The habitability of super-

Earths in Gliese 581". Astronomy & Astrophysics 476

(3): 1365).

fl = 0,13 (fonte: Lineweaver, C. H. & Davis, T. M.

(2002). "Does the rapid appearance of life on Earth

suggest that life is common in the universe?".

Astrobiology 2 (3): 293–304).

fi = 1 (fonte:

http://www.acampbell.org.uk/bookreviews/r/morris.html

). Acesso em: 3 de agosto de 2015.

fc = 1 (fonte:

http://en.wikipedia.org/wiki/Drake_equation). Acesso

em: 3 de agosto de 2015.

L = 109 (fonte: Lonely Planets, David Grinspoon, 2004)

R* = 7

fp = 1

ne = 0,2

fl = 0,13

fi = 1

fc = 1

L = 109

40

Vida Extraterrestre

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Substituindo-se os valores temos:

N = 7 x 1 x 0,2 x 0,13 x 1 x 1 x 109

N = 0,182 x 109

N = 182.000.000 civilizações !

Ou seja, nossa galáxia fervilha de

civilizações. A questão é onde eles estão?

Não há uma resposta satisfatória para

esta questão, alguns autores

simplesmente afirmam que muitos dos

parâmetros da equação de Drake podem

estar superestimados. Outros autores

afirmam que civilizações tecnológicas

acabam “evoluindo” para uma forma

cibernética de vida, e passam a ter pouco

interesse em civilizações tão atrasadas

como a nossa.

Visão artística da via láctea, mostrando a posição do nosso

sistema solar.

Disponível em:

<http://earthguide.ucsd.edu/eoc/teachers/t_universe/p_milky

way.html> .

Acesso em: 3 de agosto de 2015.41

Vida Extraterrestre

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Diversos parâmetros da equação de

Drake são difíceis de se estimar, por

exemplo, o número médio de planetas

que podem abrigar vida. Só recentemente

conseguimos detectar exoplanetas

(planetas fora do nosso sistema solar), e

estimar se esses exoplanetas podem

abrigar vida é difícil. Mesmo no nosso

sistema solar, só temos certeza que a

Terra abriga vida, contudo há fortes

indícios que Marte abrigou vida no

passado. Além dos planetas, há

possibilidade de vida em algumas luas,

como por exemplo em Enceladus, uma

lua de Saturno, mostrada na foto ao lado.

Assim, o melhor que a equação de Drake

nos permite, é uma especulação com

base científica.

Enceladus, lua de Saturno coberta com gelo.

Disponível em:

<http://www.wired.com/wiredscience/2009/01/et-life/> .

Acesso em: 3 de agosto de 2015.

42

Vida Extraterrestre

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Um conhecimento tirado do estudo da

memória é que temos mais facilidade de

assimilar um novo conhecimento se

relacionarmos com outros que já

estudamos. Ao final de cada aula teórica,

mostraremos a conexão da aula com os

conteúdos de outras disciplinas. Na aula

de hoje vimos que a vida surgiu na Terra,

a partir da combinação de moléculas

simples que podem ter origem

extraterrestre ou podem ter se formado na

Terra pré-biótica. Tal assunto tem forte

relação com a química. Afinal estamos

estudando as moléculas básicas da vida.

Outra relação é com a física, visto que

vimos como os átomos são forjados nas

estrelas.

Aula de

hoje

Química

Física

Biologia

Molecular

Biologia

Celular e

Tecidual

Bioquímica

Estrutural

Matemática

43

Relação com Outras Disciplinas

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Temos, também, uma forte relação com a

biologia molecular, uma disciplina que os

padawans estudarão no terceiro semestre

do curso de biologia. A relação com a

biologia celular e tecidual fica destacada

ao vasculharmos os componentes da

célula, que apresenta 1/3 da sua massa

seca formada por proteínas.

Podemos destacar, também, a relação

com a matemática, ao calcularmos a

equação de Drake.

Temos relação com a bioquímica

estrutural, pois estudamos os

componentes básicos das proteínas, os

aminoácidos.

Aula de

hoje

Química

Física

Biologia

Molecular

Biologia

Celular e

Tecidual

Bioquímica

Estrutural

Matemática

44

Relação com Outras Disciplinas

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O artigo descrevendo a formação de dipeptídeos no espaço está disponível no link

abaixo. O resumo do artigo está mostrado abaixo.

Disponível em:

< http://iopscience.iop.org/0004-637X/765/2/111/>

Acesso em: 3 de agosto de 2015.

45

Material Adicional (Artigos Relacionados)

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Artigos selecionados

A astrobiologia é uma área de pesquisa muito ativa, com várias descobertas recentes

de grande importância. Selecionei 3 artigos que considero trazem resultados

interessantes.

1) Callahan MP, Smith KE, Cleaves HJ 2nd, Ruzicka J, Stern JC, Glavin DP, House

CH, Dworkin JP. Carbonaceous meteorites contain a wide range of extraterrestrial

nucleobases. Proc Natl Acad Sci U S A. 2011 Aug 23;108(34):13995-8. Artigo que

descreve a identificação de bases nitrogenadas em meteoritos. Modernas técnicas de

análise molecular, como cromatografia líquida e espectrometria de massas foram

usadas na identificação das bases.

2) Johnson AP, Cleaves HJ, Dworkin JP, Glavin DP, Lazcano A, Bada JL. The Miller

volcanic spark discharge experiment. Science. 2008 Oct 17;322(5900):404.

Experimento onde é inserido uma válvula no aparato origina do experimento de

Miller. Tal modificação gera novos aminoácidos.

3) Parker ET, Cleaves HJ, Dworkin JP, Glavin DP, Callahan M, Aubrey A, Lazcano A,

Bada JL. Primordial synthesis of amines and amino acids in a 1958 Miller H2S-rich

spark discharge experiment. Proc Natl Acad Sci U S A. 2011 Apr 5;108(14):5526-31.

Este artigo descreve análise do material original da 1958 do experimento de Miller,

com modernas técnicas de cromatografia e espectrometria de massas.46

Material Adicional (Artigos Relacionados)

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O gênero de ficção científica é bem

explorado pelo cinema, com filmes para

todos os gostos. Minha modesta sugestão

é o filme “Contato”. Esse filme é um relato

das pesquisas pela busca de sinais de

rádios emitidos por civilizações

extraterrestres, como a estimada pela

equação de Drake. O roteiro é baseado

no livro homônimo de Carl Sagan. Além

da discussão científica bem embasada,

há uma discussão sobre a navalha da

Occam, que vimos na aula anterior.

Preparem a pipoca!Cartaz do filme: Contato.

Disponível em:

<http://www.hollywood.com/feature/10_Films_to_Celebrate_

Earth_Day/6843078 >. Acesso em: 3 de agosto de 2015.

47

Material Adicional (Filme Indicado)

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A internet é uma ferramenta maravilhosa para estudo, se bem usada, você tem

acesso a material de qualidade que enriquecesse o processo de aprendizagem.

Segue uma breve descrição de alguns sites relacionados com a aula de hoje. Se

você tiver alguma sugestão envie-me ([email protected] ).1) http://www.astrobio.net/ . Este site traz uma base de dados com notícias relacionadas com

astrobiologia. O site é atual e dinâmico, com descrição de resultados recentes de pesquisa

na busca de vida extraterrestre e as condições de formação de vida em outros planetas,

bem como as teorias sobre o surgimento da vida na Terra. O site é em inglês.

2) http://hubblesite.org/ . Este site traz imagens fantásticas capturadas pelo telescópio espacial

Hubble. Não deixe de visitar. O site é em inglês.

3) http://www.nasa.gov/home/index.html . Site oficial da Nasa, a agência espacial americana,

responsável pelos voos espaciais americanos e que centraliza boa parte da pesquisa em

astrobiologia dos EUA. O site é em inglês.

4) http://www.carlsagan.com/ . Site sobre o trabalho do cientista Carl Sagan, um grande

astrobiólogo que dedicou-se à divulgação da ciência. É do Carl Sagan a premiada série de

televisão “Cosmo” e o livro de ficção científica “Contato”. O site é em inglês.

5) http://www.bbc.com/future/story/20120821-how-many-alien-worlds-exist . Página para

cálculo da equação de Drake.

48

Material Adicional (Sites Indicados)

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1)Por que Carl Sagan disse que somos material

estelar?

2)Há evidência científica da existência de vida em

outros planetas?

49

Questões

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ALBERTS, B. et al. Biologia Molecular da Célula. 4a edição. Artmed editora, Porto

Alegre, 2004 (Capítulo 3).

DURÁN, J. E. R. Biofísica. Fundamentos e Aplicações. Pearson Education do Brasil

Ltda, São Paulo, 2003.

LESK, A. M. Introduction to Protein Architecture. Oxford University Press, New York,

2001.

RAW, I. HO, P. L. Integração e seus sinais. Editora UNESP, São Paulo, 1999.

50

Referências Bibliográficas

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Para pensar....

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