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Bloco A – Missão Profissional
Recolher dados de opinião sobre as competências desejáveis do professor para um bom
desempenho no âmbito da relação e sobre o modo de formar os professores para exercer esta
articulação entre escola e a família
1. A escola não pode ser vista como isto (despejo), na minha perspectiva enquanto
profissional, eu não me demito da ambição que tenho, que é: ser professora, ensiná‐los e
educá‐los. E1A
2. (…) Eu sou na turma, eu sou responsável pela turma, portanto aqui, quem manda sou eu.
Tenho a minha planificação, as minhas coisas… como pais têm outras funções. (…) É
importante às vezes confrontá‐los com esta realidade. (…) E1A
3. [Era importante ensinar aos futuros professores, em formação, em relação ao assunto
relação escola‐família] Saber ser e saber estar. Saber ser profissional e o saber estar, como
profissional. Acho que era fundamental. E, muitas vezes nós não sabemos estar, nem sabemos
ser. (…) E1A
4. Abrir a sala, não há problema nenhum, com quem quer que seja. Não tenho problemas de
abrir a sala a ninguém. E1A
5. E sabe o que é que, uma vez, me disse um inspector: “Para ver o que se vai na sala basta
entrar e sair”. Portanto, não tenho medo de abrir a sala a ninguém. Tudo o que aqui está… E1A
6. (…) Eu, por exemplo, há colegas que dizem: “Eu, dar o meu contacto pessoal? Não.” Os
meus encarregados de educação têm o meu contacto pessoal, têm os meus contactos
pessoais, fixo, rede móvel. Sim, senhora, há qualquer problema, eu sou responsável. Não
tenho problemas, os meus encarregados de educação, todos têm o contacto, o meu contacto.
E acho isso fundamental. Enquanto que há pessoas que dizem, há pessoas que,
determinantemente, não dão os contactos. Estão no seu direito. E1A
7. Eu faço isso [tento desenvolver, para além das competências curriculares, competências
afectiva]. Porque senão, já viu que crianças eles se vão tornar?! E2A
8. Eu às vezes também tenho de pensar assim “Eu não sou mãe deles. Eu não sou mãe deles,
eu sou professora.” Digo para mim mesma. (…) Ralho, como ralharia e, castigo… quer dizer
“Não vais ao intervalo, pronto”, “Olha, se fosses meu filho ainda levavas era uma palmada no
rabo. Assim como não és, não levas. Se fosses meu filho levavas.” E2A
9. (…) Porque se eu for ainda mais atenciosa, ou não sei o quê… é pior ainda. É mesmo como
se fosse um “cola”, não se “vira”… ele quer é atenção. Mas parece que “Quanto mais lhe bato,
mais ele gosta de mim!” Porque também noto que eles não têm regras e, eu acho que já li isso
Bloco
A
Concepção da Missão Profissional
1 ‐ 31
em algum sítio, eles têm de saber que as regras têm de ser cumpridas. Eles precisam de
alguém que se preocupa com isso. Pronto… eu também não quero ser nenhuma super modelo
de professora, nem de coisa nenhuma mas, eu quero dizer… isto é o mínimo, é o básico. E1A
10. Pois, qualquer pessoa sabe que os miúdos têm que ter regras, quer dizer… têm de ser
educados, temos de chamar a atenção (…) E2A
11. (…) Uma pessoa quando está a tirar um curso… uma reunião com os pais é uma realidade
por vezes estranha, não é?! Eu acho que sim, que deve ser trabalhada… porque há uma série
de coisas que devem ser… não é o treino… vamos lá, algum conhecimento de diversas
realidades para se poder saber como é que deve agir… E3A
12. Não é só aprender “A professora está ali para transmitir conhecimentos e eles têm de
estudar para aprender e fazer no final”. Não, nós fazemos muito mais coisas, não colocando de
parte a transmissão do conhecimento mas tudo o resto: respeitar regras na sala de aula, as
tarefas semanais, sei lá… tanta coisa, que não consigo agora dizer tudo. Lá está, por isso é que
cada pessoa tem a sua maneira de trabalhar. Se um miúdo for transferido nota‐se uma
diferença grande, porque cada uma tem a sua maneira de trabalhar, a sua dinâmica. Por isso
eu acho que os pais devem sempre estar ao corrente daquilo que é feito, da dinâmica de sala.
E4A
13. Os meninos não estão aqui só para fazer os exercícios que a professora propõe (…) a
forma de correcção, por exemplo, porque há pais que dizem “Ah, a professora não corrigiu”.
Temos de explicar como é que corrigimos, como é que fazemos… não sei, eu acho que isso é
importante. E explicar as vantagens (…) E4A
14. Sim, talvez [passe por uma questão de profissionalidade]. Posso ter falado nisso, em
alguma cadeira (risos) mas eu acho que isso parte muito de nós (…) E4A
15. (…) da nossa forma de estar e do modo profissional de agir, também. E4A
16. E portanto, eu acho que os pais têm de saber, eu falo disso das reuniões “Olhe surgiu
qualquer coisa, falámos disto porque…” Nós temos de explicar, não é… eu acho que é
impensável uma criança ter uma dúvida e abordar‐nos e nós contornar‐nos e fugir à questão,
não é?! E4A
17. Eu acho que os pais vão se apercebendo, a pouco e pouco (…) os pais já me conhecem
minimamente para saberem que eu dou resposta a uma série de preocupações que não
passam apenas pela minha função de transmitir conhecimentos. E eu acho que os pais se
sentem confortáveis com isso. E4A
18. (…) Como é eu hei‐de explicar, temos que mostrar qual é o nosso papel – lá está, não é
“eu faço isto e tu fazes aquilo”, não é nada disso – o nosso modo de trabalhar, explicar‐lhes
para eles compreenderem. E4A
19. (…) E portanto, às tantas, tem surgido algumas questões por email. E eu penso assim
“Será que é minha função responder a estas questões?” E4A
20. Penso em todos porque gosto de ter … não quero ter um registo de avaliação por assinar,
porque acho que profissionalmente não está correcto. E4A
21. Porque eles estão na formação de personalidade, portanto, eu sou paga para ensinar e
para educar também. E5A
22. Agora, é uma relação difícil. Eu acho que é muito difícil porque sou um profissional, estou
a exercer a minha função e depois vamos falar com encarregados de educação e é como eu a
ralhar com os meninos. E5A
Clarisse – E7
23. (…) eu era professora de apoio (…) Aí, tentei gerir algumas situações, a nível familiar (…)
E7A
24. O tempo em que a escola era… o papel da escola era ensinar a ler a escrever e a contar já
era. Muitas vezes eu digo‐lhes isso, eles são muito pequeninos mas eu digo‐lhes isso, a escola
tem de ensinar a pensar. E7A
25. (…) Portanto, eu acho que tem muito a ver com a nossa postura enquanto professores.
E7A
26. (…)eles conseguirem perceber e se for preciso puxo pelos galões e digo: “Não, eu aqui sou
a professora, sou eu que estabeleço as regras dentro da sala. Portanto, eu quero que seja
assim e, é assim. (…) que têm de trabalhar para ter resultados, que aqui há regras (…) E7A
27. (…) Cada vez nos pedem mais, a nível administrativo, e eu passo isso muitas vezes aos
pais, que nos pedem muito a nível administrativo, e a nível pedagógico, às vezes esquecem‐se
que nós somos professores (…) E7A
28. [Alguns já me conhecem] Sabem perfeitamente como é que eu funciono e como é que eu
sou. (…) não sou chapa cinco para tudo, não… não alinho em grandes… eu já só faço aquilo que
gosto e aquilo que me apetece. Já não entro em projectos, só por dizer que entrei. E7A
29. (…) Daí eu dizer que não me encaixo muito dentro daquele parâmetro professor,
professor. Graças a deus já há muita gente como eu e, nesta escola já há gente assim. (…) E7A
Tresa – E8
30. Agora, também penso, que há uma primeira fase que tem de ser o professor, o resto é um
complemento. Parte realmente do professor, até porque é o professor (…) E8A
31. Se o que o que pretende é o bem dos alunos, o sucesso, também tem de ser um bom
professor. E8A
Bloco B – Pertinência da relação Escola‐Família
Pertinência da Relação
Escola‐Família
B1 “Convergência educativa” 1, 9, 18, 19, 25, 27, 30, 31, 37, 38, 41, 45, 48, 49, 51, 52, 53, 64, 67, 68, 70, 74, 76, 77, 83, 93, 96, 98, 101, 102, 115, 116, 117, 118, 119, 123, 124, 125, 127, 130, 131, 132, 133, 134, 135, 137, 139, 140, 141, 143, 144, 145, 146, 147, 148, 150, 151, 152, 153, 156, 159, 160, 161, 164
B2 Segurança do professor 3, 4, 5, 6, 7, 8, 11, 13, 14, 16, 21, 22, 23, 24, 26, 28, 29, 32, 33, 36, 39, 44, 47, 56, 65, 66, 71, 72, 73, 75, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 92, 100, 110, 113, 121, 128, 129, 136, 138, 155, 158, 163, 166
B3 Acompanhamento dos filhos 10, 12, 15, 17, 34, 35, 42, 43, 46, 50, 54, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 69, 78, 81, 82, 84, 91, 94, 97, 99, 103, 104, 105, 106, 108, 112, 120, 122, 149, 157, 162, 167, 168
B4 Facilita aprendizagem dos alunos
2, 20, 40, 55, 79, 80, 95, 107, 109, 111, 114, 126, 142, 154, 165
E1 1 – 40
E2 41 – 52
E3 53 – 60
E4 61 – 79
E5 80 – 110
E6 111 – 133
E7 134 – 153
E8 154 ‐ 168
1. [A relação escola‐família é] Fundamental. E1B1
2. Havendo uma boa relação escola‐família é meio caminho andado para a aprendizagem.
E1B4
3. [Para os professores a vantagem desta relação é] Mais segurança, ganhamos à vontade até
para que possamos trabalhar com determinada criança. E1B2
4. Mãe ausente, nós nunca chegamos a conhecer a parte de lá, certo. Eu acho que é
importante conhecer um bocadinho da história do lado de lá, a história, portanto digamos, da
família, para depois também conseguirmos tratar melhor, ou lidar melhor com as situações.
E1B2
5. Porque muitas vezes podem nos ocultar determinadas situações: ou divórcios, de… que
estão a interferir nas aprendizagens, e que nós até nem sabemos que há ali qualquer coisa que
não está bem, que não conseguimos descortinar. E1B2
6. [Acerca de uma informação familiar partilhada] Foi fundamental, era uma informação que
eu não tinha, que a senhora por acaso teve o arrojo, que nem toda a gente tem de me dizer, e
eu acho que é fundamental. E1B2
7. Portanto… muitas vezes, conhecendo o lado de lá portanto havendo uma relação… que é
óptimo. E1B2
8. Quem me dera a mim, com dois ou três alunos que tenho aí, que soubesse o que é que está
por trás, se calhar eu dava melhor a volta para entrar no mundo deles, que eu ainda não sei
qual é o mundo deles. E1B2
9. [Os pais] Também ganham [com a boa relação escola‐família]. Principalmente no primeiro
ano, faço questão, e digo logo isso no início do ano, aos meus encarregados de educação, é
que, à medida que estes encontros que temos, mensais, que não são praticamente nada, mas
que são muito [ricos](…) E1B1
10. Quem vier, sabe mais ou menos, acompanha as matérias, as temáticas, as coisas como são
abordadas. Se houver dúvidas, mesmo em questões de … [prática pedagógica]. E1B3
11. Na medida em que nós transmitirmos isto [o modo como trabalhamos um determinado
assunto na sala de aula] ganhamos. Estamos a ganhar porque eles não vão mais em casa
continuar [a insistir em fazer de outro modo]. E1B2
12. Na medida em que os pais, os encarregados de educação, estiverem informados destas
temáticas, destas… no fundo, destas actualizações que foram feitas, ao nível da Matemática (e
Língua Portuguesa). [Explicando] eles podem acompanhar melhor, sem grandes receios. [Os
pais podem explicar] Sem terem receio de estarem a errar. Portanto, eu acho que há sempre a
ganhar [com a explicação do modo como se trabalha com os filhos deles]. E1B3
13. Também, às vezes também é importante, nós olharmo‐nos nos olhos uns dos outros… até
para termos confiança nas pessoas. Porque isso de não nos sabermos olhar de frente, de
olharmos nos olhos, bem uns nos outros, traz outras coisas… parece que andamos sempre na
desconfiança. E1B2
14. [Transmitirmos] transparência e lhe pusermos os dossiers à disposição, sem medos, sem
receios… eles também pensam duas vezes [pensam que não há nada a esconder]. E1B2
15. [Fala‐se muito na questão escola‐família, hoje em dia] É por isso mesmo, é porque,
porque… se não houver esta relação tudo falha. E, até aqui, já digo até à uns anos atrás, havia
sempre o acompanhamento dos pais. Eu lembro‐me, eu andava na escola e, quando eu não
fazia as coisas, o meu pai obrigava‐me a fazer. E, se me ia para queixar ao meu pai, que eu
tinha dito isto e aquilo… ainda levava uma chapada. E1B3
16. E agora acontece a situação contrária [os alunos não fazem os trabalhos, queixa‐se aos pais
e o professor ainda aparece como culpado]. E1B2
17. Portanto, eu acho que é importante para cativar os pais, cativarmos os filhos. E1B3
18. [Caso não se cative pais e alunos, a escola] é apenas um despejo…Acho que já não importa
se a criança está a fazer aprendizagens, ou não está a fazer aprendizagens… importa é se a
criança anda bem‐disposta ou maldisposta… e não pode ser assim. E1B1
19. Se alguma coisa não têm.. . já a doutor Inês Sim Sim, disse publicamente que se chegarem à
faculdade e não souberem o que é um adjectivo que ainda estão muito a tempo de aprender.
E, para nós chegarmos aí, mais vale a gente se ir encontrando, e isso era fundamental, de vez
em quando, porque assim, até os pais sabem o que é um adjectivo. E1B1
20. [A função da escola passa pela vinda dos pais com sentido, com sentido de] … de
formarmos os filhos. Em conjunto, formarmos em plenitude, uma criança. Ajudá‐la a crescer
na plenitude, não deve ser só em aprendizagens… é crescer na plenitude, é prepará‐la para a
sociedade. No sentido de, em conjunto, prepararmos uma criança para a vida da sociedade.
E1B4
21. (…) Eu, mesmo que estejam cá vinte e três, se vinte não ouvirem, mas três ouçam… eu já
acho bom. Pode ser que estes três sejam aqueles que precisam de ouvir. A gente nunca
sabe.E1B2
22. Hoje ouviram três, noutro encontro ouvem quatro, já são sete, noutro ouvem sete, já são
catorze… à medida que nos formos encontrando, alguma coisa lá fica e, pelo menos conhecem
a professora… vão conhecendo a professora. E1B2
23. Talvez, conhecendo‐nos também um bocadinho a nós, talvez também façam depois, em
casa… passar essa mensagem aos filhos. “A professora é vossa amiga” se calhar até “quer que
vocês aprendam” E1B2
24. (Nunca digam mal da professora) Nunca perto dos vossos filhos, porque perdem os vossos
filhos”. “Perdem as aprendizagens e eles não têm mais confiança no profissional que têm à
vossa frente”. Porque estas coisas têm de ser ditas, se não forem hoje têm de ser amanhã.
Porque no fundo, com estas reuniões, quase que arranjamos um bocadinho, um a
“escapadelazinha” para ir bater no mesmo. E1B2
25. Em relação aos quatro anos que deixei, eram pais muito participativos agora estes… lá está,
é preciso nós nos darmos a conhecer… E1 B1
26. À medida que os conquistamos, à medida que conquistamos os pais, conquistamos cada
vez melhor os filhos. E1B2
27. [Com os outros pais já tinha uma relação mais próxima, com estes] Ah, sim… é isso, a
relação constrói‐se, não tenha dúvida. E1B1
28. (…) Esta turma, é tão diferente da outra realidade/turma que tive, tão diferente… a outra
era uma turma homogénea em termos familiares, de estrutura familiar… era muito
homogénea. Esta turma, por exemplo, em termos familiares é uma turma completamente
desestruturada, completamente desestruturada. Ora, se nós não conquistamos então muito
menos. E1B2
29. Isto tem a sua influência, a estruturação familiar tem a sua influência. Mas eu, neste
momento, não lhe sei dizer… Sei‐lhe dizer que isso é importante e outra coisa que lhe posso
dizer é que em vinte e seis anos de trabalho nunca tive o que me fizeram o ano passado… que,
sem eu saber onde é que eu ia, marcaram‐me um jantar onde estavam os vinte e três alunos,
onde estavam as vinte e três famílias, estruturadas e desestruturadas, mas estavam lá todas….
Desde bebés, a velhotes… estava tudo. E1B2
30. Foi (uma despedida) Que eu, nem pouco mais ou menos sonhava… eu ia jantar com o meu
marido e um amigo do meu marido. Portanto, acho que vale a pena investir… e, eu acho que
muitas vezes, é preciso envolver, envolvê‐los… vamos lá… há outra coisa em que os
envolvemos, por exemplo, nas tasquinhas… E1B1
31. A minha turma, do ano anterior, foi muito participativa, foi muito activa sempre, nas
tasquinhas. Aliás nos quatro anos, fui quase sempre empurrada, aqui por… havia aqui duas ou
três mães… uma delas também é nossa colega. Talvez também por isso empurrasse um
bocadinho mais, sabia o que isto custava, estava assim de que lado e dava um
empurrãozinho… E1B1
32. Mas, eu acho que era importante aproximá‐los mais (…) e isso aí também não lhe sei dizer
muito, o que lhe sei dizer é que é muito importante, diria fundamental uma boa relação com a
comunidade, comunidade familiar, da turma. E1B2
33. Nunca fecho as portas aos pais. Pode não ser por muito tempo, uma conversa muito
alongada. Mas acho que é importante [os pais conversarem com a professora]. E1B2
34. [É importante os pais virem à escola conversar com a professora] até porque os miúdos
sentem isso. (…) Mesmo para os miúdos, é importante que, de vez em quando, sintam que a
mãe vem à escola. E1B3
35. Se os pais soubessem a importância que os filhos manifestam, para nós, o quanto é
importante para eles, a vinda deles [pais] à escola, eu tenho a certeza que, se calhar, vinham
mais vezes. A não ser que não sejam mães ou que não sejam pais. E1B3
36. [Sente que se aproximar os pais supera mais facilmente os problemas dos alunos/turma]
Disso, disso, eu não tenho dúvida. Tem de haver uma conquista. Mas acho que isso, em tudo
na vida. Acho que em tudo na vida. E1B2
37. [A atitude do professor pode influenciar a forma como os pais vêem a escola e o Ensino
Português] Nós tentamos… e eu quero, com os meus encarregados de educação, dar mais
credibilidade, aproximá‐los o mais possível mas, no geral, no geral, no geral, a gente sente que
a escola cada vez ter menos… mais, está a ser mais…. Portanto desacreditada. E1B1
38. Uma aproximação com toda a comunidade educativa: pais, encarregados de educação…
acho importante esta relação, essa proximidade. E1B1
39. Acho que sim, com essa proximidade podemos mudar muita coisa. Na medida em que nós
nos conhecermos, de parte a parte, melhor podemos lidar com as situações. E1B2
40. [A função da escola passa pela vinda dos pais mas numa vinda com sentido, com] de
formarmos os filhos. E1B4
Professora Marta – E2
41. Que convivam, olha, que convivam todos [a família] … Mas não?! Faz‐me isto uma confusão
porque eles estão a perder valores, a todos os níveis, porque mesmo a educação, a postura,
tudo… que se, não for a família inicialmente, aqui (na escola) já é um bocadinho complicado.
E2B1
42. É que os miúdos, o facto de os pais virem, e mostrarem‐se interessados… isso é
fundamental. Porque os miúdos, quando sentem que os pais estão presentes, que
acompanham, e que se ele não fizer o pai dá logo por ela… e pode, não é bem uma
repreensão, mas uma chamadinha de atenção. O pai está por cima do acontecimento, os filhos
sentem e podem pensar: “ tenho mesmo de fazer senão, tenho mesmo de fazer porque isto
afinal é importante”. E2B3
43. Só que os pais (…) eles nem sabiam o que é que os filhos estavam a dar. Portanto, até me
estava a dar pena, meu deus, como é que eles não sabem, não é preciso ir ao pormenor mas,
mais ou menos… “olha o miúdo está a fazer isto”. E2B3
44. Ao nível da progressão do aluno… quer dizer, isto é tudo um bolo, não é?! Estamos todos a
trabalhar para o mesmo e, mesmo em relação a situações que se passem em casa, se houver
um, pronto… sei lá, se souber que aconteceu aquilo, ou outra coisa, eu aqui também, se calhar
sei lidar melhor, não é?! (…) E2B2
45. Pois, porque depois caminhamos todos para o mesmo, não é?! De o ajudar. E2B1
46. O ideal? (…) se eles [os pais] cumprissem um bocadinho o seu papel, não era preciso fazer
nada de extraordinário. Porque a minha mãe, portanto, ela ia às reuniões, e a nós, aos filhos
que ela teve, ela só dizia. “ Têm que fazer os trabalhos”. Eu nunca tive a minha mãe sentada,
como às vezes estou com os meus filhos: “Vá tens de fazer. Vá, muito bem! Sim, senhora!”,
“Porque têm de ser motivados, porque senão ficam recalcados!” (ironia) Eu não estou
recalcada! Eu se não fizesse levava e não ia brincar para o quintal, quer dizer. Não havia
hipótese, se eu queria ir brincar, tinha que fazer os trabalhos, e era assim. E2B3
47. Ah, isto é um bocado global. Há aí casos… muito complicados (…) os meus alunos são assim
um bocado mal comportados e barulhentos, e isso é mais ao nível de regras, porque eles não
interiorizam. Já no ano passado não interiorizaram, este ano não consigo. Ou então tenho de
andar aqui num regime militar. O que para mim também é um desgaste… chego ao fim do dia
parece que nem consigo ouvir ninguém. Tenho que andar aqui “Calado!” , “Trabalha!”. Se eu
me riu, pronto já estou desgraçada. E2B2
48. Isto não é normal! É o que eu digo, isto não é normal. Que isto [a escola] devia ser um
espaço para eles estarem contentes. E2B1
49. Ah, é assim, eu sempre me dei bem com os pais, acho eu. (…) E2B1
50. (…) Mas sempre me relacionei bem com os pais, desse não… os pais nunca apareceram,
claro. E2B3
51. Porque isto, nós às vezes pensamos, se calhar sou eu que não consigo ir ao encontro dos
pais ou nãos sei, qualquer coisa… mas se nós vamos falando com os colegas e vemos que
afinal, não somos nós, são eles [os pais]. E, às vezes, eu até digo coisas na reunião [com os
pais] que não devo dizer, mas eu acho que eles (os pais) têm de ser abanados. E2B1
52. Porque nós somos um grupo. Nós temos de funcionar todos em conjunto. Eles, do lado
deles, e nós. Portanto, eu não posso dizer “Não, não, aquele pai manda lá na casinha dele e eu
mando aqui. Não, não é assim, quer queiramos, quer não, isto está tudo interligado. E eu acho
que, se houver uma boa relação, a coisa funciona melhor, mesmo com os miúdos. E2B1
Professora Cristina – E3
53. Eu acho que quanto mais… isto basicamente por aquilo que vejo da importância destas
duas entidades [escola e família], vamos lá, é que… como é que lhe hei‐de de explicar… a partir
do momento em que haja uma ligação entre professor e família, a criança acaba por sempre
beneficiar (…) E3B1
54. Há um maior apoio, os pais estão mais conscientes do que se passa na escola, participam
mais, interessam‐se mais e, logo à partida são benéficos às crianças. E3B3
55. Basicamente a nível do sucesso escolar. Porque hoje, eu considero eu a escola… nós não
podemos deixar de pensar que a escola está cá para isso. E temos, cada vez mais de pensar,
que as crianças passam pela escola para adquirirem conhecimentos, melhorarem, crescerem,
todos esses aspectos relacionados com as aprendizagens, mais basicamente isso. E3B4
56. [Os professores têm] Um maior conhecimento das crianças, dos comportamentos em
casa. Pode beneficiar‐nos. Se nós conhecermos as crianças mais facilmente as podemos ajudar,
mais facilmente podemos direccionar o nosso modo de ensinar. E3B2
57. Para os pais também, também tem vantagens…. Bem, para os pais interessados, depois
depende do grau de interesse dos pais, não é?! Mas os pais que vêm à escola também estão
interessados em ajudar na construção dos novos seres que ali estão em aprendizagem e das
personalidades que se estão a formar, também os ajudar. Também a compreender o que é
que fazem na escola. Que etapas é que estão a desenvolver para os poder ajudar em casa.
E3B3
58. Sim, sim [o ideal será esta relação mais estreita entre a escola e a família] Até porque para
eles, que ficam muito contentes dos pais virem à escola e terem tempo para virem. Eles
próprios oferecem os pais, quando eu digo que é preciso pensar em qualquer coisa, depois
eles próprios dizem: “A minha mãe ou o meu pai pode vir.” Muitas vezes são eles próprios que
levam o recado para casa e os pais colaboram nesse sentido. E3B3
59. Agora com as operações das subtracções por empréstimo, tiveram o cuidado de
perguntar “Oh professora, explique‐os lá como é que faz para nós sabermos”. Pronto, são pais
interessados.E3B3
60. Agora, em relação a virem ou não mas, isso também, ao fim ao cabo, a comunidade
escolar… uma das coisas, um dever, é depois também acompanhar o aluno mesmo nas
aprendizagens. E3B3
Professora Rita ‐ E4
61. (…) Para não explicarem de modo diferente. Pronto, lá está, são pais muito interessados,
muito preocupados em saber. E4B3
62. Esta turma não tem registos de mau comportamento (…) Portanto, a questão do
comportamento, eles [os pais] preocupam‐se imenso de ver o cartaz das bolinhas, qual é a
bolinha atribuída, não é?! Gostam de saber. (…) E4B3
63. (…) Eu prefiro perder uma meia hora de aula e, naquele dia, porque a criança faz anos, e
o dia é um dia importante para ela. E, lá está, uma vez mais perceber que a professora e a mãe
comunicam e a mãe está presente, para também conhecer os colegas dos seus filhos. E4B3
64. Eu acho que também é bom para os pais saberem onde é que os filhos estão diariamente,
com quem estão, em que ambiente estão, não é?! Eu acho que é importante e, portanto, eu
gosto que os pais venham à sala de aula no dia do seu aniversário. E4B1
65. Normalmente [os pais dos alunos que fazem anos] vêm, trazem o bolo e eu gosto que eles
entrem na sala, pronto. E4B2
66. Chegou a haver uma polémica cá na escola: podiam entrar, não podiam entrar… vão
destabilizar, a aula é interrompida… nós sabemos que sim, mas eu acho que é uma interrupção
válida. (risos) Não é?! Não sei?! (…) E4B2
67. (…) Eu também, gosto muito de dialogar com os meus alunos, lá está, os pais têm essa
função, de explicar uma série de coisas aos filhos, dúvidas que lhes surgem mas, as crianças
também gostam de saber a nossa opinião, muitas das vezes [da professora]. E, quando surge
uma dúvida qualquer, de algum aluno eu gosto, que em grande grupo, aja um diálogo e que
partilhemos opiniões e por vezes, esclarecer dúvidas. Depende muito dos temas, para poderá
até haver receio de abordar os pais sobre esse assunto e eu, aqui, depende do assunto, não
é?! Mas se eu puder ajudar, eu gosto de ajudar… e, às vezes perdemos um bocadinho [da aula]
mas esses bocadinhos perdidos são ganhos no final. E4B1
68. (…) Mas chegou a meio do ano e pediram‐me para alterar o horário, porque lhes
dificultava a vida e assim passou para as 17h 30m. Portanto, nas últimas terças‐feiras do mês.
E4B1
69. Sim, sim [os pais sentem‐se envolvidos e por isso sugeriram a mudança de horário]. Eu
gosto… eles mesmo vêem com imensa vontade, porque são muito interessados e querem
saber como é que está… saber as notas, as percentagens… adoram saber as percentagens. (…)
são pais, lá está, como é que eu posso dizer, interessados, não põem problemas nenhuns,
antes pelo contrário, tentam ao máximo ajudar. E4B3
70. (…) Às tantas também começam a ficar mais despertos para todas a realidades e querer
saber, ao certo, todas as questões que envolvem os filhos, para estarem ao corrente delas.
E4B1
71. Eu corrijo os trabalhos dos meus alunos com caneta, está certo ou está errado, alguns
faço desse modo; e eu, também falei com os pais sobre isso, e não só (…) A ideia é, se errou,
vamos melhorar. E, então, eu considero que a correcção oral, e especialmente no quadro é
muito importante. (…) Na primeira reunião eu explico todos estes parâmetros aos pais. E4B2
72. (…) Tento ao máximo ter cuidado naquilo que digo, quer dizer, não vou ali dizer nenhum
disparate, mas se surgir uma palavra, depende muito do contexto, e de como é que dizemos,
mas esse contexto em casa, não é transmitido. Mais vale então ponderar e ver o que é que
estamos a dizer porque pode ser dito dentro de outro contexto, é isso que eu quero dizer.
E4B2
73. (…) Mas eu acho que as escolas todas deviam uma entrada, em que os pais entrassem e
depois, a partir de determinado sítio não. A partir dali é trabalho, são as salas de aula, não
vamos perturbar, não é?! Porque eu acho que tem de ser respeitado [o espaço]. E4B2
74. Porque gosto de ter contacto com aquilo que ele tem diariamente. Porque parece que é
um bocado tabu… porquê? Conhecer as pessoas com quem o filho está durante o dia. Eu acho
que é importantíssimo. Funcionárias da escola, conhece‐se a monitora que está relacionada
com a turma mas, não é só... no almoço pode estar com outra e pode pedir um recado a outra.
Há diálogo entre todos. E4B1
75. (…) A boa relação… eu acho que se nós, na sala de aula nos apercebermos que algo não se
está a passar correctamente – quer dizer, depende muito da natureza da situação – devemos
ficar logo despertos e dar conhecimento aos encarregados de educação, eu acho que é
importante. E4B2
76. Sim, sem dúvida, de ambas as partes [os professores também devem dar a conhecer aos
pais o que sabem acerca da criança]. Porque nós estamos aqui muito tempo com eles e
conhecemos muito bem os nossos alunos, muito bem. E portanto, nós conseguimos ter essa
percepção. Eu sou abordada frequentemente: “Oh professora, acha que … está tudo bem…
não notou qualquer coisa?”. E portanto, eu depois dou o meu parecer e a mãe, ou o pai,
explica‐me o porquê dessa pergunta. Eu acho que é extremamente importante, sem dúvida.
E4B1
77. Eu penso… em todos [alunos, pais e professores]. E4B1
78. Porque a mãe, que é a encarregada de educação tem de estar ao corrente da vida escolar
do filho (…) E4B3
79. (…) Porque, se calhar até baixou o rendimento escolar, e a mãe tem de estar ao corrente
para que, lá está, num trabalho de equipa casa/escola haver um reforço dos dois lados para a
criança perceber que não é só dali, nem dali, mas dos dois lados e que assim vai conseguir
recuperar. O aluno vai tirar vantagens, se assim for. E4B4
Professora Matilde – E5
80. Da relação escola‐família para os alunos… eu acho que é importante, dado um bom
desenvolvimento global do aluno está integrado num relacionamento entre escola‐
família.E5B4
81. Eu acho que actualmente é muito complicado. Aliás, é complicadíssimo porque, não só há
muitas famílias monoparentais… é muito difícil haver contactos… é muito difícil os meninos…
actualmente as famílias estão desagregadas, que nota‐se perfeitamente isso na nossa relação
com o aluno, no dia‐a‐dia. E5B3
82. O que eu acho é que há uma grande desresponsabilização das famílias, actualmente,
perante os alunos. E5B3
83. A escola actualmente é onde metem os meninos… Actualmente, então, óptima porque
ainda tem CAF e ainda tem as AEC’s, é óptimo, óptimo. E5B1
84. [Os pais] Não têm a mínima noção se as crianças têm ou não têm dificuldades, não têm a
mínima noção se tiram tempo para os seus filhos, se o tempo é de qualidade, não. Também
têm uma vida muito agitada, eu percebo isso. Mas, não têm essa noção. Actualmente, eu acho
que as famílias, principalmente as famílias só constituídas por um só elemento, constituídas
pela mãe praticamente, não têm essa noção. Eu vejo isso na minha turma, por exemplo. E5B3
85. (…) Então eu optei, no primeiro ciclo, porque tinha horário completo, apesar de não ser…
pessoalmente… se pudesse escolher… exactamente porquê? Porque eu não gosto de … para
mim, entre família e alunos e família e professores há sempre um risco que eu não gosto
nunca de atravessar. E5B2
86. Dentro daquele risco eu não atravesso para lá nem admito que atravessem para cá.
Porque eu acho que há situações que eu própria posso ter conhecimento, que os miúdos
dizem‐me tudo, porque eles não têm atenção em casa e começam “Oh professora….” Então,
eu às vezes sei muitas coisas, mas eu não gosto… nem sou daquelas professoras que convidam
os pais, são muito amigos… não. Sou amiga dos pais, nunca tive problemas mas, eu cá e os
pais lá. E5B2
87. Por exemplo, os pais comigo podem falar de tudo, só que… por exemplo… há assuntos,
por exemplo, o comer dos meninos. Nós vimos que o lanche dos meninos não é o mais
adequado. Posso avisar numa reunião, no geral, mas nunca digo a uma mãe: “Olhe, você
manda este lanche?” Não digo. Posso avisar no geral. E posso dizer ao menino, dar uma aula …
“Opá… Trazes muitos bolicaos, tens de dizer à mamã para não trazeres tantos bolicaos, faz‐te
mal!” Mas, nunca entro naquele domínio dos pais. E5B2
88. Eu acho que não tenho, quer dizer, eu acho que não é da minha competência, apesar de
eu ver, posso avisar, ensinar, posso numa reunião dizer “Cuidado, eu noto que os meninos
trazem muitos bolicaos”. Mas não entro num confronto nunca digo… eu sei que há meninos
que não jantam, na minha turma… só jantam se há restos de jantar do dia anterior. Eu não
vou, nunca dizer aos pais “Olhe o menino não janta, tem de ter cuidado com a alimentação do
menino.” Nunca entro nesse campo. E há coisas que eu não gosto de saber. E5B2
89. Porque eu acho que depois nós entramos numa relação muito grande, é mau para nós,
porque uma pessoa depois fica um bocado aborrecida, é mau para nós, e eu acho que não nos
leva a lado nenhum. Eu trabalho, sou paga para ensinar e educar. E5B2
90. Mas o que eu acho é que os meninos só começam a ser educados quando entram para a
escola e eu costumo dizer: “E os outros seis anos?!”… isso eu digo aos pais. Eu também digo
assim algumas coisas aos pais mas no geral “Ah professora… ele entrou na escola…” e eu digo:
“E educação?! Ele quando entro para a escola tinha seis anos. Tiveram seis anos e eu não vejo
regras nenhumas” Digo muito no geral, portanto. Durante os seis anos as regras não existem.
E5B2
91. E depois, quando uma mãe me disse a semana passada: “Oh professora eu dou o máximo
de mim!”. Aí eu sou um pouco rígida, disse: “Eu compreendo que tenha dado o máximo de si
mas não foi no acompanhamento do seu filho. E5B3
92. Deu o máximo de si porque trabalha em Lisboa, porque não tem ninguém, porque se
desdobra em duas, eu compreendo. Mas agora pergunto, acompanhou o seu filho de uma
forma sistemática? ”, “Oh professora…” “Eu só quero que tenha consciência que não o
acompanhou”. E5B2
93. Com as mudanças sucessivas na sociedade, actualmente para os pais, a escola é um
depósito. E ficam muito alarmados quando alguém diz que as AEC’s vão acabar (…) E5B1
94. É assim, eu tenho pais que eu vejo que acompanham muito os filhos. E5B3
95. Mas outros, quer dizer, a relação que eu tenho boa… eu tenho relação boa com todos os
pais. Portanto, esta mãe, que lhe estou a contar isto, chamei‐a eu porque o menino tem
muitas dificuldades e a senhora disse‐me isto. Eu disse‐lhe: “Eu compreendo a senhora, eu
acho que a senhora… pronto eu compreendo‐a”. Agora, o que nós ganhamos é haver uma
maior… uma inter‐relação no processo ensino/aprendizagem dos filhos. E5B4
96. Por exemplo, eu mando trabalhos de casa, mando poucos (…) Há pais, na reunião, que me
disseram: “ Ah professora, a professora marca muitos trabalhos.” E outros pais dizem: “Oh
professora, a professora marca poucos trabalhos.” Eu disse: “Vamos lá chegar a um acordo!
Marco muitos ou marco poucos? (…) Mas depois há os pais que dizem logo “Mas nós
queremos que passe.” “Então, é assim, faz quem quer!” E, na minha turma, é mesmo assim,
faz quem quer. E5B1
97. (…) Agora, há pais complicados, porque também há uma grande falta de valores. O ensino
não é importante, a educação não é importante. É uma área que está muito, não está com
prioridade actualmente na nossa sociedade. O discurso é: “Oh professora passe o meu filho
que eu para o ano vou mudar a minha vida.” “Já me disse isso há três anos antes!” E5B3
98. [Hoje em dia se fala tanto desta relação escola‐família] É porque talvez… é toda uma
evolução do conceito de educação. Antigamente era só o aluno, a professora e a família estava
muito afastada. Actualmente, o que é que acontece dá‐se muita importância à família, eu acho
bem, desde que a família dê importância ao que se passa na sala de aula. E5B1
99. (…) Vimos, um decréscimo de valores, e para mim, o que eu acho mais, é uma falta de
responsabilidade. É a desresponsabilização da família, de algumas famílias, em relação ao seu
educando face à escola. E5B3
100. O ideal da relação, os pais respeitarem o trabalho dos professores e os professores… no
fundo acho que o recíproco… mas eu nunca ouvi… eu acho que os professores respeitam os
pais. E5B2
101. Sim, [ter a vinda dos pais]. Eu tenho pais que dizem, nós notamos qualquer coisa no
menino e pergunto “Olhe o que é que se passa?” Pronto, e às vezes eu chamo os pais. Por
exemplo, tenho uma menina que teve um problema familiar, começou a gaguejar, anda no
psicólogo… há uma interacção. E5B1
102. Eu sei que ela às sextas‐feiras não vem, vai ao psicólogo, interage‐se. Tem de haver uma
interacção, uma inter‐relação, pronto. E acho que é benéfico. Agora, não é benéfico quando os
pais começam a ser… também é assim, não gosto que falem à porta da escola. Dirijam‐se a
mim, peçam‐me, pronto… conversem. Tem de haver esse tipo de relação. E5B1
103. Os meus colegas… talvez [valorizem mais] o empenho dos pais em acompanharem os
filhos, que é também o que eu mais valorizo. E5B3
104. Porque para mim isso é o mais importante, isso é eu saber que os pais acompanham os
filhos, pronto… que eu mando fazer os trabalhos e eles ajudam‐nos. Agora, virem trabalhos
todos errados. Às vezes dá vontade de dizer: “Então não vale a pena marcar.””A mamã
ajudou?”, “Não!”, “Porquê?”, “Não teve tempo”. E5B3
105. Não, eu nunca penso nos pais [em relação ao trabalho de casa]. É no sentido de eles [os
alunos] ganharem responsabilidade e no sentido de eles treinarem. E também, se eles
sentirem dificuldade pedem aos pais. Eu às vezes pergunto “Então o pai ajudou‐te, a mãe
ajudou‐te?”, “Ah, não tiveram tempo.” Mas há uns que ajudam. Portanto, eu conheço bem, na
minha turma, eu sei os pais que acompanham os meninos, os pais que não acompanham, eu
sei. E5B3
106. Claro, claro, é óbvio [nota‐se a diferença entre os alunos que são acompanhadas e os
outros]. Costuma‐se dizer, excepto alguns casos, o reflexo dos alunos no fundo são o reflexo
de uma família e do interesse da família, e da importância que dão à escola. E5B3
107. Eu acho que sim [que o tema escola‐família deve ser falado na formação inicial]. Há uma
grande necessidade das pessoas… primeiro acho que se deve fomentar este tipo de
intercâmbio, entre família e escola, acho que se deve fomentar sempre. Daí é que o sucesso do
aluno não é só… não depende só da escola. E5B4
108. [O sucesso do aluno] Também vai depender muito do acompanhamento em casa. Porque
na escola eu estou com os alunos cinco horas, são vinte alunos. E, em casa, tem de haver um
acompanhamento. E5B3
109. Ora se nós fomentarmos a noção, nos pais, que tem de haver acompanhamento, que nós
não conseguimos tudo, que eles têm de acompanhar a criança, e se isso se vai conseguindo, é
bom, para o professor e, para o sucesso dos alunos e da professora. E5B4
110. Porque uma turma é o reflexo da professora e, a professora reflecte‐se na turma. É
verdade, eu acho que deve ser. E5B2
Professora Isabel – E6
111. É sempre um benefício, não é. Os miúdos vêm à escola, nós debitamos de formas variadas
matérias, do primeiro ciclo, conteúdos básicos. E o tempo em que o fazemos é muito escasso
para depois colhermos o bom aproveitamento. Se houver um empenho e uma motivação da
parte de casa, às vezes tão simples como “Deixa‐me ver o teu caderno, ver os teus trabalhos
de casa. Fizeste bem? Não fizeste? Olha, erraste aqui.” Eles sentem‐se apoiados, e esse apoio é
quase como vinte por cento de lucro na aprendizagem deles. E6B4
112. Quando eles vêm que o aprender, aquilo que eles conseguiram ganhar, as poucas
conquistas, boas conquistas ou muitas conquistas, em alguns casos, que vão fazendo, não são
reconhecidas lá em casa, deixam de ter, para eles, tanto mérito. Eu penso que é importante é
eles sentirem‐se, sentem‐se mais motivados se tiverem um parceiro familiar que os apoie, que
os motive, e de alguma forma os corrija, quando é para corrigir. E6B3
113. Também, porque se eles beneficiam com isso em termos de aprendizagem, ficam mais
motivados, portanto… são meninos que gostam de agradar em casa e, agradam em dois lados,
não é. E nota‐se que tentam melhorar. São melhores alunos quando têm algum apoio. E muito
apoio não significa muitas horas, basta um estímulo positivo em casa, em dez minutos, um
trabalho de casa, ou uma pesquisa que foram fazer em conjunto. Que até em termos
emocionais e familiares eu acho que é… um bom empenho solidifica as relações familiares
entre pais e alunos. Depois nós beneficiamos com isso, porque são meninos com uma
estrutura familiar sólida, em termos afectivos, emocionais e cognitivos. E6B2
114. Quando as coisas correm a cem por cento essa relação é sempre de carácter prioritário,
quando as coisas correm cem por cento para os dois lados, [os alunos] têm facilidade em
aprender e têm bons resultados, é bom, mesmo assim é bom que o pai ou a mãe tenham um
intercâmbio com a escola. E6B4
115. Que a escola não seja só a professora, mas vejam que o que eu explico aqui é válido lá em
casa, ou como é que eu explico, ou como eu posso ajudar. Pode sempre ajudar a ser sempre
melhor. Portanto, é importante virem à reunião, participarem em pesquisas, nos trabalhos de
casa, é benéfico. Quando as coisas correm muito bem nós não sentimos tanta a falta dos pais
permanentemente na escola mas, quando existem problemas cognitivos, ou problemas que às
vezes se prendem com problemas emocionais, para nós, era uma mais valia se os pais nos
viessem contar (…) portanto, todos os problemas familiares recaem depois nas aprendizagens
deles, eles são radares apanham as coisas todas. E6B1
116. E esse intercâmbio é muito bom para às vezes sabermos que… em vinte e cinco, temos de
dar um estímulo maior [aquele menino] naquela altura porque está a ser difícil lá em casa. Este
intercâmbio é necessário. E6B1
117. [Fala‐se muito nesta relação escola‐família] Porque não existe. Porque as pessoas não
valorizam e porque a escola, cada vez mais é o depósito do menino. Portanto ele está num
sítio onde alguém trata dele, onde se aleijar há um seguro, onde lhe dão de comer, atenção e
até vai aprendendo umas coisas. Chegam a casa… muitas vezes entram aqui às sete e meia da
manhã, saem às sete e meia da noite, com a história do CAF e das actividades extra
curriculares – das quais eu tenho uma opinião particular – e portanto, isto acabou por ser um
depósito. E6B1
118. (…) Muitas vezes, e muitas vezes mesmo, naquelas reuniões de atendimento com os
encarregados de educação eu solicito a presença daquele encarregado, por achar que aquele
miúdo está mais hiperactivo, ou mais desinteressado ou constantemente chega atrasado, eu
gosto de saber o motivo daquele distúrbio no meu processo de ensino aprendizagem pode ser
ou não factor lá de casa, e às vezes é, tem sido. E6B1
119. (…) Isto são todas situações pontuais, sociais, que nós às vezes, sem querer, temos
também de dar uma achega a esse lado para que depois possamos ter uma criança com uma
estrutura mais ou menos familiar equilibrada e depois, aí, vem a aprendizagem. Porque isto
depois é uma pirâmide, sem a base sólida não se consegue construir. E6B1
120. O ideal era que, pelo menos naquelas reuniões de entrega dos registos de avaliação, os
pais estivessem presentes e que a criança soubesse que, a prestação que teve ao longo
daqueles meses que chegou a altura de a partilhar e que viessem a alguns atendimentos
sempre que houvessem situações que suscitassem essa necessidade, não é. E6B3
121. (…) ou que telefonassem quando a criança está a fazer uma medicação, ou tão
simplesmente avisassem que estão a faltar porque estão doentes. Porque nós, enquanto
gostamos, gostamos, e não percebemos porque é que a aquela criança está a faltar naquele
dia. Isto era o mínimo dos mínimos. E6B2
122. O ideal seria que estes mínimos existissem e que houvesse uma continuidade e o tal
estímulo e a tal motivação em casa. “Então diz lá o que é que aprendeste hoje, o que é que
fizeste?” (…)Mas, o interesse, não é… o interesse, o tempo útil com aquela criança, a relação,
exacto. E6B3
123. Ora bem, na hora do intervalo ou nos conselhos de docentes, nós [professores] vamo‐nos
debatendo que este sistema de actividades extra curriculares, em vez de contribuírem de
forma positiva para o ensino aprendizagem, vieram‐nos complicar um bocadinho a vida. As
mais horas de permanência na escola, não revertem a favor da criança. É o tal depósito que eu
chamo. E6B1
124. Neste momento, estas prestações [dos pais na escola], esta relação [são factores que
contribuem para a valorização da relação]. (…) E6B1
125. (…) Mas que os pais saibam que este espaço existe e gostam de ajudar e que acham que é
importante ele [o aluno] estar na escola e que, o vir para a escola é importante. E6B1
126. É importante ele [o aluno] saber que [o pai] está aqui e que participou com ele numa
actividade. Eu acho que passa muito pelo lado afectivo. Quando se consegue conquistar esse
lado afectivo, o outro [aluno] parece uma seta. Porque há toda uma predisposição para isso…
para a aprendizagem. E6B4
127. (…) E muitas vezes eu digo assim, “São meus alunos, mas são vossos filhos”, “Eu passo
muitas horas com eles, gosto muito deles, mas são meus alunos e são vossos filhos!”. Eu estou
no mesmo barco e portanto, vamos fazer isto a dois. E6B1
128. Eu neste momento tenho duas crianças que não sei se vou reter, se vou passar e já
combinei com as mães, que ainda não me deram resposta, para virem … (…) se vou passar ou
não vou passar, mas tenho de pôr as cartas na mesa, vamos analisar as duas porque isto é um
processo a dois. E6B2
129. Eu já trabalho à vinte e três anos e faço sempre assim. Nunca chumbei ninguém que o pai
e a mãe percebessem porque é que ia ser assim a situação. Porque, quando não percebem,
para além das medidas que possam tomar [reclamação de notas], se um pai não percebe
porque que é que o filho reprova que condições terá para fazer ultrapassar ao filho porque é
que vai ter de repetir aquele assunto, não é. E se, eu não tiver o pai do mesmo lado do meu, e
eu com ele, e nós os dois a puxar das coisas, com naturalidade, é um acto natural, pensado
pelos dois, aquela criança pode sofrer com o processo. E6B2
130. (…) Portanto isto tem de ser muito bem pensado. Eu penso que a dois o processo faz‐se
muito melhor. Se eles aceitarem e se lhes for explicada a situação (…) Claro, claro [também os
responsabiliza enquanto parceiros]. E6B1
131. Depois houve uma altura em que inventei que havia o dia dos avós, a pensar que vinham
os avós à escola… mas não vieram. Só depois das cinco e tal… Mas nós saímos às quatro. E6B1
132. (…) E, quando estamos a trabalhar em campos opostos. Eu penso que, estar um barco a
remar para um lado e outro para o outro lado, e o desgraçado do aluno está ali no meio. Não
vamos longe. Aí há uma falta de responsabilidade por parte dos pares, não é. (…) E6B1
133. (…) Eu vou‐vos chamar muitas vezes à atenção para que vocês me ajudem a fazê‐lo. E6B1
Professora Clarisse Verino – E 7
134. Para mim faz todo o sentido. Porque escola e família (…) não podem caminhar em
sentidos opostos, tem de haver uma grande proximidade entre a escola e a família. Coisa que,
infelizmente, cada vez há menos, os pais vêem muito a escola, neste momento, como um
armazém (…) põem as crianças de manhã e vêm buscá‐las à tarde. E7B1
135. Portanto, não será esta a relação ideal entre a escola e a família. Depositam‐nos, é o
termo na escola (…) somos os guardadores de meninos praticamente, e isso depois vai ter
repercussões. E7B1
136. Pronto, estes pais são muito diferentes, estou com um segundo ano. Tive outra turma
antes desta que realmente, os pais além de serem pais eram pais mas também eram
cúmplices, muitas vezes, havia uma cumplicidade muito grande entre eles e entre mim. E7B2
137. (…) Portanto, conseguimos fazer coisas muito gratificantes e sempre em favor dos alunos,
dos filhos deles. Porque realmente, se havia algum sarilho, alguma coisa menos… eu relatava‐
lhes e tomávamos uma decisão conjunta. E, realmente, isto funcionava lindamente. (…) E7B1
138. (…) Também lhes relatava, pedia muito a ajuda deles. (…) E7B2
139. (…)E portanto, a turma, os pais… e estes não consegui criar a cumplicidade que os outros
tinham. Cá está, de grupo para grupo mudam as crianças, mudam os pais, mas acho que é
essencial o contacto com os pais, continuo a achar que é essencial. E7B1
140. (…) E se as crianças passam tanto, ou mais tempo, comigo do que com os pais portanto,
eu moldo‐os muito à minha maneira mas tento ter a ajuda dos pais e vice‐versa. E7B1
141. (…) Peço que em casa lhes cortem também certas coisas quando eles não se portam tão
bem porque, realmente nós estamos a prepará‐los para uma sociedade que cada vez vai ser
mais madrasta e se eles tiverem muito maus hábitos eles não vão de forma nenhuma
conseguir produzir algo de bom. (…) E7B1
142. (…) [Vejo ganhos, para os alunos, nesta relação] No aproveitamento escolar e no
desenvolvimento social. E7B4
143. (…) que temos de ser solidários, que temos de estar atentos a determinadas situações,
que não podemos fazer determinado tipo de palermices, porque também não gostamos que
nos façam a nós… eu trabalho muito nesse sentido, e os pais às vezes não percebem. E7B1
144. (…) Eu acho que as coisas também foram apresentadas aos pais de tal forma… (…) há uma
série de coisas e que os pais acham que desde que haja CAF e haja [AEC’S] eles estão todo o
dia na escola (…) E7B1
145. [A relação ideal é] Uma escola muito mais… em que os pais participassem mais ou fossem
chamados a participar duma forma mais aberta e também educá‐los um bocadinho nesse
aspecto. Tentar educar os pais… E7B1
146. (…) Aqui há uns anos havia aquela história da escola de pais, depois caiu… (risos) porque
realmente se calhar não os conseguíamos educar, nem um bocadinho… havia aquela filosofia
de escola de pais… mas realmente, eu acho que, eles, os pais têm de ter noção que nós dentro
da escola somos os professores mas que eles, enquanto pais, eles têm de ser nossos parceiros,
tem de haver uma parceria muito, muito [estreita] (…) E7B1
147. Eu acho que ideais não há, nem há receitas mágicas, nem poções mágicas. Acho que o
ideal é tentarmos, nós professores, fazer com que os pais compreendam que realmente são
nossos parceiros e que não estamos uns de um lado e outros de outro. (…) E7B1
148. (…) Embora os muros da escola assim o delimitem, mas que não é por aí o caminho, tem
de haver muita cumplicidade, e como já lhe tinha dito, pronto… (…) E7B1
149. (…) o registo de participação que é entregue em todas as reuniões de atendimento, o
registo de avaliação participada dos pais e que realmente, aí vê‐se os que vêem e os que não
vêem. E7B3
150. (…) Estamos todos a trabalhar no mesmo sentido, que é realmente a construção de
cidadãos melhores e que, realmente, futuramente a sociedade… possa ser – eu e as minhas
filosofias – um bocadinho melhor do que é agora. E7B1
151. (…) Enquanto… nós não… é a tal história, se eles forem envolvidos neste processo, se eles
se sentirem envolvidos, eles acabam por ajudar. E7B1
152. (…) Mas eu digo isto [trabalho acrescido solicitado] aos meus pais na boa, para eles
perceberem que realmente há muito trabalho também, da minha parte, em casa. Daí eu
também pedir que haja trabalho da parte deles. E7B1
153. Mas muito, na base da nossa relação com a criança. Para eles perceberem que nós somos
mais um elemento que entra no percurso da criança e que não estamos lá para complicar,
antes pelo contrário, precisamos de ajuda, e precisamos que nos expliquem como é que é,
para que, se houver algum problema nós sabermos como é que devemos agir, como um
parceiro, essencialmente como uma parceria. E7B1
Professora Teresa Teodoro ‐ E8
154. Eu acho que é extremamente pertinente [a relação da escola com a família]. Uma boa
relação escola‐família é meio caminho andado para o sucesso, claro, do aluno. Quer
queiramos, quer não, portanto, se o aluno sentir que a escola e a família andam de mãos
dadas, eu acho que o resultado é outro. E8B4
155. É assim, pertinente para os professores também acho que sim. Pode ser uma mais‐valia
ter o encarregado de educação, a família, serve de apoio. Penso que sim, é uma ajudinha. Às
vezes mais ao nível dos comportamentos mas, em termos de aprendizagem acho que também
pode ser. E8B3
156. Sem dúvida, acho que tem de haver esse laço em todos os sentidos escola, família.
Estando cada vez mais próximas e, ao longo da minha carreira, quase com vinte e seis anos de
serviço, claro que essa aproximação cada vez é maior. E8B1
157. De qualquer maneira, as famílias mais jovens, acho que já estão despertas para vir à
escola e há uma continuidade de Jardim [de Infância]. Nota‐se que há uma diferença grande.
E8B3
158. Pessoalmente, eu tive uma turma quatro anos e quase que formávamos uma família.
Acabámos os quatro anos e ainda hoje nos encontramos, esta é agora, primeiro ano, ainda
está a começar, ainda não há aquela proximidade tão grande. Mas eu também senti o mesmo
com a outra [no início]. Aquele primeiro ano foi para a gente se conhecer e com a continuação
acabámos quase como uma família. E8B2
159. (…) Os pais já não sentem tanto este afastamento [dos professores]. Mas, eu acho, que
para os pais também pode ser bom. Até porque os meninos têm comportamentos na escola
que não têm em casa, e vice‐versa. E8B1
160. Em termos de aprendizagem, acho que os pais chegam mais facilmente até eles se
sentirem à vontade para perceber o que fez, não fez… eu acho que no fundo temos todos a
ganhar, os três: alunos, professores e pais. Penso que seria o ideal. E8B1
161. (…) Porque eu tenho ali alguns miúdos que, se as mães ou os pais, nem sempre vêm os
dois, a maior parte só vêm o encarregado de educação. Mas alguns casos, eles [os miúdos]
cobram, se entretanto os pais faltarem. Depois tenho de lhes dizer: “A mãe não veio mas
telefonou…” Os alunos sentem‐se (…) e depois quando começo a falar “depois a professora
fala na reunião, depois a professora dá o recado” e há a reunião e, eles próprios, acabam por
lembrar a mãe. E8B1
162. Eu acho que eles [os pais] não vinham tanto à escola, os meninos …. Eu também falo
porque estive em aldeia, os meninos vinham para a escola sozinhos, não era como aqui que
vêem sempre acompanhados. Os pais raramente… aqui não, se for preciso à entrada nós
estamos ali com eles... há uma ligação, uma proximidade muito maior. Nós acabamos por, vê‐
los quase todos os dias, na aldeia não, era diferente. E7B3
163. (…) talvez por aí, a escola não estava tão aberta, não os puxava tanto. Damos mais,
andamos todos numa de escola‐família e família‐escola ainda bem que é mas, mesmo assim
como é primeiro ano não tenho muito por onde me queixar, justamente mas, mesmo assim é
mesmo necessário para controlar os comportamentos, que por vezes nem é suficiente. E8B2
164. Sim, sim [alerto os pais para esses comportamentos]. Eles, pelo menos dizem que sim,
que em casa vão insistindo com eles. Às vezes digo‐lhes: “Quando acontece na minha
presença, sou em quem os castigo, isso aí é ponto assente. Com vocês [pais] também mas às
vezes não é suficiente, temos de nos juntar, temos de ralhar quando é necessário. (…) E8B1
165. E realmente, defendo que havendo um bom relacionamento entre a escola e a família, os
alunos, o resto, de certeza vai melhorar. E8B4
166. (…) Porque este ano, sinceramente, não o fiz, não se proporcionou e depois, parece que
isto corre… tentar, se calhar, mais da sala em si, do espaço. Eu acho que há ali dois ou três que
eu acho que é importante que eles [os alunos] sintam a presença dos pais na sala, talvez. (…)
E8B2
167. Eu também acho que sim, que é importante o acompanhamento [dos filhos]. E8B3
168. Mas penso que o papel deles, sem dúvida [é acompanhar as aprendizagens dos filhos]…
até porque cada vez mais, através dos manuais, eles têm acesso ao que eles dão e à
planificação, e portanto, eles têm instrumentos de trabalho para poder complementar. E8B3
Bloco C – Modos de agir na relação escola‐família
Modos de agir na
interacção
Modalidades
C1 Reunir 1, 2, 4, 5, 6, 14, 16, 22, 26, 27, 28, 36, 56, 60, 69, 70, 74, 76, 82, 98, 101, 102, 109, 110, 111
C2 Conversar 20, 29, 35, 38, 47, 55, 63, 71, 83, 89, 91, 96, 97, 114
C3 Pedir 24, 42, 93, 95, 121
C4 Outras actividades 13, 30, 31, 32, 34, 41, 62, 66, 94, 120
Conteúdos
C5 Aprendizagem 7, 9, 10, 25, 51, 58, 72, 75, 84, 88, 92, 100, 104, 106, 107, 112, 116, 118
C6 Dificuldades
C7 Comportamento 8, 21, 33, 45, 45, 57, 73, 85, 99, 105, 113, 117
Objectivos
C8 Colaborar 17, 18, 64, 65, 81, 122
C9 Informar/esclarecer 3, 11, 23, 37, 39, 43, 48, 50, 52, 59, 61, 68, 77, 79, 80, 87, 90, 103, 108, 115, 119, 123
C10 “Comunicar”/relacionar‐se 12, 15, 19, 40, 44, 46, 49, 53, 54, 67, 78, 86
E1 1 – 24
E2 25 – 34
E3 35 – 55
E4 56 – 68
E5 69 – 80
E6 81 – 95
E7 96 ‐ 108
E8 109 ‐ 123
1. Também ganham. Eu digo‐lhe, eu, principalmente no primeiro ano, faço questão, e digo
logo isso no início do ano, aos meus encarregados de educação, é que, à medida que estes
encontros que temos, mensais, que não são praticamente nada, mas que são muito… E1C1
2. Quem vier [às reuniões], sabe mais ou menos, acompanha as matérias, as temáticas, as
coisas como são abordadas. E1C1
3. Se houver dúvidas, mesmo em questões de … toda a gente aprender um p e um a, pa e um
t e um a, ta… agora já não há p e um a pa é o pa. Na medida em que nós transmitirmos isto,
ganhamos. Ganhamos porquê? Estamos a ganhar porque eles não vão mais em casa continuar.
(…)Na medida em que os pais, os encarregados de educação, estiverem informados destas
temáticas, destas… no fundo, destas [actualizações]…. E1C9
4. Sim, sim… [reúne mensalmente com os pais/EE] está calendarizado. E1C1
5. [As reuniões são] (…) calendarizado logo no início do ano, a nível de agrupamento. A nível
de ano. E cada pessoa… a nível de ano, escolhemos um dia. E depois, cada um adapta ao seu
horário como quiser. E1C1
6. Eu, tenho quase sempre [todos os pais/EE nas reuniões mensais]… na sala, portanto, mais
de cinquenta por cento. E esta reunião não tem carácter obrigatório. E1C1
7. [Nas reuniões mensais] Aproveito para fazer uma análise dos conhecimentos que estamos a
fazer, dos conteúdos que estão a trabalhar (…)E1C5
8. Aproveito para fazer uma análise (…) dos comportamentos, atitudes (…)E1C7
9. E portanto, vêem as “fichinhas” mensais que se fazem, portanto que todos os meses fazem,
assinam‐nas. Estas por acaso são trimestrais, mas é uma ficha do género. Esta é trimestral…
esta é uma ficha sumativa. As outras são formativas, é uma ficha do género desta… vêem‐nas,
assinam‐nas. E1C5
10. Vêem os dossiers, vêem os livros, vêem o que querem, fazem as perguntas (…)E1C5
11. Tanto quanto possível tento responder, é evidente, é o meu [dever/papel]. E1C9
12. Não foi sempre assim [Nem sempre houve estas reuniões mensais] Vejo, vejo… vejo
vantagens. Por um lado… é assim, também há uns anos a esta parte as pessoas também
tinham mais disponibilidade e, cada vez mais portanto, sei lá, eu estou a pensar… aqui há dez
anos as mães, muitas não trabalhavam e vinham à escola de vez em quando (…) hoje, com a
vida que se tem, se não for assim, ninguém vem à escola. Então fecha‐se, isto aqui assim
torna‐se numa “coisinha” fechada. Eu acho que nós não nos podemos fechar. A escola tem de
estar aberta. E1C10
13. Outro tipo de actividades não temos, sinceramente, não temos feito [por falta de condições
físicas adequadas](…) Vamos todos para aqui fazemos aqui um “bocadinho” comum. E1C4
14. (…) Está a ver as actas, quase todos aparecem [nas reuniões mensais] e depois eles ainda
fazem este registo, das vezes que aparecem e não aparecem. É um registo dos assuntos que
são tratados, que é um por aluno. E1C1
15. Isto não é obrigatório [reuniões]. É trabalho [complementar]… E1C10
16. Não é de carácter obrigatório, é facultativo. Mas, como lhe disse, são calendarizadas logo
no início do ano. Eles são informados logo no princípio do ano. E1C1
17. Actividades de sala [com os pais] já tive e tive experiências positivas. (…) O senhor, o
encarregado de educação veio aí, depois por motivos de trabalho, dele só veio, penso eu, aí
umas quatro semanas. Mas, por acaso estava a resultar. Para os miúdos, para mim,
pessoalmente e, esse encarregado de educação também se apercebeu das dificuldades do que
era trabalhar com vinte e três crianças. E1C8
18. Outra também foi na área da expressão plástica, uma mãe se voluntariou para vir dar umas
“aulinhas”. Foi interessante mas, também foi pouco tempo… começou assim no final. E1C8
19. (…) Eu, mesmo que estejam cá vinte e três, se vinte não ouvirem, mas três ouçam… eu já
acho bom. Pode ser que estes três sejam aqueles que precisam de ouvir. A gente nunca sabe.
E1C10
20. Eu digo sempre: “Se não puderem vir nestes dias, dão um toquezinho, que eu tenho muito
gosto em atender noutro dia.” E1C2
21. Falam, falam [sobre o comportamento dos filhos]… para já há um mapa de
comportamentos. E1C7
22. (…) Quando chegam aqui, porque o encontro é sempre na última quarta‐feira do mês
(…)E1C1
23. (…) Chegam ali, olham para o mapa, vêm o panorama… e perguntam: “E porquê!?” “É por
isto, por aquilo…” E depois a gente diz o que é que se está a passar. E1C9
24. Pedem, pedem [os encarregados de educação, a colaboração da professora para a
resolução de problemas de comportamento]. E o mau comportamento, vamos lá ver, eu não
estou aqui a dizer mau comportamento no sentido de … E1C3
Professora Marta – E2
25. Tanto que havia um pai, que até dizia [na reunião], quer dizer, o miúdo já está na escola, no
terceiro ano, e o pai, só agora se apercebeu que as fichas mensais eram no final do mês ou no
princípio do outro. (…) E2C5
26. É, é uma hora, das seis às sete. Mas é assim, sempre que querem. Só que entretanto, como
vieram só oito, e andavam: “Oh professora quando é que eu posso?” e eram uma data deles, e
eu não posso estar aí todos os dias, durante meio hora ou um quarto de hora. Então pronto, o
melhor é marcar já uma outra reunião e assim vai indo. Mas já estou a ver que… E2C1
27. Ah, nunca vêm todos. Nem sempre. Bem, quer dizer, no ano passado vinham mais, este ano
vêm menos. É mais ou menos ela por ela, metade. Nove, dez… treze, no máximo. E2C1
28. Foi no final (do segundo período), no dia, parece‐me, 13 de Abril. Por causa destas provas
de aferição, tinha de ser antes. E os pais sabem que há sempre.E2C1
29. É assim, há pais que não gostam de partilhar no grupo. Eu já expliquei que é bom estar no
grupo. Mas há pais que têm vergonha, achas que se disserem determinadas coisas, fiquem
inferiorizados ou … eu tento dizer que não é ficar superior ou inferior, nós aprendemos muito
com as experiências das outras pessoas e, se partilharmos… eu acho que é mais importante. E,
já houve uma mãe que quis falar comigo em particular (…) E1C2
30. Isto aqui também não há muitas actividades. E2C4
31. (…) São vinte… sei lá. Há assim, pequenos trabalhos, que nunca são obrigações, não posso
obrigar. Mas digo‐lhes “quem quiser pode fazer”. São o quê… quatro, cinco que fazem, numa
cartolina [em casa, com a ajuda dos pais]. E2C4
32. Claro. Fizemos uma vez, eu parece‐me que foi a festa de Natal, lá em baixo no pavilhão da
S. Gonçalo (escola sede de Agrupamento), por acaso foi (positivo)… mas nem sei se os pais
puderam ir? Alguns apareceram. Mas mesmo para os miúdos, é diferente, porque ensaiaram
qualquer coisa, subiram ao palco, há outra dinâmica, eles empenham‐se porque sabem que é
para a Escola (Comunidade Escolar) ver. E2C4
33. [Nas reuniões falamos de coisas relacionadas] Com os miúdos, com a relação deles. (…)
E2C7
34. Eu até… havia um programa, eu não sei qual é agora… como é que aquilo se chama. Eu
até… foi, parece que tinha a ver com a biblioteca. Foi distribuído, os pais tinham uma folha, e
portanto, tinham de ler o livro e dizia… aquilo dizia mais ou menos assim “Quando li, com
quem li e o que gostei mais”. E2C4
Professora Cristina E3
35. (…) Com os nossos encontros mensais, embora que… os professores do 1º ciclo, quando
saem ali do portão, é muito comum conversarmos, vamos um bocadinho a pé e vamos
conversando pelo caminho. Mas eu acho que os encontros que nós temos… E3C2
36. Eu acho importante em nos encontramos uma vez por mês (…) E3C1
37. (…) Falamos e vamos falando do que é que se passa, de como é que a turma, em geral, vai
agindo. E3C9
38. Sim, porque a maioria vem [às reuniões mensais], e conversamos. E3C2
39. Eles, para além de saberem dos filhos, sabem também da turma em geral, sabem das
outras crianças. E3C9
40. Porque ao fim ao cabo nós estamos, noutros graus de ensino isso às vezes não acontece,
mas aqui eles sabem que durante quatro anos estão comigo, estarão todos juntos. Acabamos
por ser assim, quase que uma segunda família. Eles interessam‐se e vêm. Embora, os mais
problemáticos, umas vezes vêm outras vezes não. Mas, a maioria vem. E3C10
41. Por exemplo, para além das reuniões mensais, quando é por exemplo, temos a semana da
leitura, vem sempre uma mãe. É muito fácil arranjar alguém que se disponibilize. Lembro‐me,
por exemplo, no dia do pai, também arranjámos um pai para vir à escola. No dia da mãe não
dá porque é ao fim de semana. E3C4
42. Mas há sempre, se eu, numa reunião peço alguma colaboração da parte deles, eles estão
sempre prontos. E3C3
43. Eu começo a reunião por de, pronto… deixe‐me cá ver… de algumas informações. É assim,
temos um momento em que eu dou as informações, falo sobre a turma. E3C9
44. E depois, há outra parte em que os pais… acabamos por estarmos meia hora a conversar
sobre qualquer coisa que tenha acontecido ou… ou sobre alguma criança, ou sobre… mas é
assim uma conversa mais informal. Falamos um pouco de tudo. E3C10
45. Lembro‐me por exemplo, na última reunião acabámos por falar um pouco de como eles já
estão crescidos. Começámos a associar a chegada da Primavera com os namorados. Os rapazes
a quererem apalpar as raparigas. Vamos falando sobre comportamentos. E3C7
46. Ou qualquer coisa que eles tenham visto, ou uma visita onde tenham ido e que tenham
referido em casa. E falamos… e acabamos por falar de outras coisas… numa conversa mais
informal. E3C10
47. Geralmente há sempre quem fique, depois já não ficam todos, não é. Mas há sempre uns
pais que ficam e que gostam de estar a conversar. E3C2
48. Foi o que tentei explicar numa reunião, as regras… nós não temos nem pai, nem mãe,
nem o tio, nem a avó… mas temos de conviver desde as oito e meio às cinco e meia da tarde,
temos de conviver com regras. E3C9
49. (…) como nós… tudo o que se passa na escola, seja particular ou seja em conjunto falamos
todos. E3C10
50. Sim, há alguns pais que se preocupam em dizer, então nesta (…), há muito o caso de
divórcio dos pais, em que eles avisam se há alguma coisa mais importante, que tenha
acontecido na família, eles avisam. Geralmente começam por perguntar se tem andado bem,
se notou alguma coisa. Se nós notamos também, eu pelo menos, e as minhas colegas também
temos esse cuidado, de informar, se alguma coisa se está a passar, porque o aluno apresenta
este ou aquele comportamento. Por isso, eu acho que sim. Porque eles, nestas idades, ainda
são tratados, e continuam a ser tratados como os bebezinhos lá de casa. É um pouco isso, no
primeiro ciclo. E3C9
51. Sim, por exemplo, eu geralmente nas reuniões mensais digo, neste momento estamos a
aprender isto, digo‐lhes quais são os progressos que estamos a fazer, quais os que iremos fazer
no mês seguinte e eles, por acaso, perguntam como é que eu ensino determinada coisa. (…)
E3C5
52. (…)E expliquei‐lhes [o método de trabalho], eles aderiram, correu muito bem, participam
e acompanham. E3C9
53. (…)Eles vêm… pronto e quando estamos na sala e quando falamos, eles acabam por
colaborar e vão contando “Olhe com o meu [filho] aconteceu isto ou não sei o quê”. E se
algum pai diz: “Ai o meu anda…” – agora na altura de Março “Não que vir para a escola e não
sei quê” e outro diz ”Ah, o meu também não”. Acabam por partilhar um bocadinho o que se
passa, como eles estão cansados, porque este período também foi muito longo. E, eles acabam
por, mesmo entre eles… E, acho engraçado quando algum diz “Ah, o meu agora tem esta
dificuldade”; “Olhe, com a minha [filha] resultou assim…” E3C10
54. Eu não sou muito de acordo porque acho que a turma se gere por si, como um conjunto,
ao fim ao cabo não estamos ali individualmente e eles também não são individualmente,
embora cada um tenha as suas características próprias. Mas é um…. Para eles se conhecerem
como turma é muito mais fácil, no terceiro e quarto ano, em que às vezes é possível fazer
outro tipo de actividades, em que os pais possam participar também mais vezes. É mais fácil,
eles se conhecerem e as coisas acabam por resultar muito bem. E3C10
55. E, de vez em quando, [os pais] também telefonam, porque andam preocupados com isto,
ou com aquilo. Depois vêem e eu fico um bocadinho mais, combinamos um diazinho que nos
convém aos dois. Tirando isso, geralmente vêem nas reuniões [mensais]. Eles são vinte, estão
sempre dezasseis, dezassete… quando não vem o pai e a mãe, às vezes vêem os dois. (risos)
E3C2
Professora Rita – E4
56. Estava a dizer que atendia, portanto, em simultâneo [nas reuniões mensais, marcadas com
os pais no início do ano lectivo]. E4C1
57. Faço um balanço da turma, em termos de comportamento (…) E4C7
58. (…) e em termos de aproveitamento, os dois pontos, assim fundamentais. [Os pais fazem a]
observação de trabalhos e de fichas de avaliação, quando é caso e, muitas vezes, temos de
abordar assuntos relacionados com o plano anual de actividades; os pontos são estes
normalmente. E4C5
59. Informo também que actividades vamos ter do PAA [nesse mês], as saídas mensais e… os
conteúdos programáticos que eu vou abordar naquele mês... no seguinte, porque é sempre no
fim do mês [a reunião]; os conteúdos programáticos que vou abordar no mês seguinte.E4C9
60. Normalmente são estes pontos [da reunião], se for reunião de avaliação, como é óbvio, já
é um pouco diferente, mas mensalmente são estes os que nós tratamos. E4C1
61. Depois, surgem dúvidas, por vezes dos pais, relativamente a algum tipo de exercício, que eu
explico no quadro. Às vezes brincamos porque parece que estão nas aulas outra vez (risos).
Que eles adoram! “Ah, ainda bem professora!” Eles adoram isso! Porque eu percebo que os
pais gostam muito de saber a estratégia que eu utilizo para abordar determinado assunto,
porque alguns já não se recordam e gostam de saber por que caminho é que eu vou para em
casa eles reforçarem por aí também. E4C9
62. (…) Mas eu acho que, hoje em dia, toda a gente… quer dizer, há colegas que não… por
exemplo, se há uma festa de aniversário na sala de aula, eu acho muito bem que os pais
venham à sala de aula, acho muito bem. E4C4
63. Pode acontecer, já aconteceu [comunicação extra reunião mensal] mas para tratar de um
assunto específico. Agora, em termos de questões relacionadas com comportamento ou
aproveitamento é muito raro abordarem‐me além dos atendimentos mensais. E4C2
64. Na reunião, lá está, divulguei o projecto, no que é que consistia, quais eram as actividades
que eu pretendia desenvolver e apelei à colaboração deles. No Carnaval, por exemplo,
também apelámos à participação os pais, em actividades de pesquisa, como já lhe disse. E4C8
65. Há actividades do PAA em que os pais são convidados, no final do ano lectivo, são as
tasquinhas na Escola São Gonçalo [escola sede de agrupamento] a actividade é a nível de
agrupamento. E4C8
66. Também (…) eu acho que isso [se eles vêem à primeira reunião e, se acabam por envolver e
alguma actividade, começam a ficar mais entusiasmados] também tem influência (…) E4C4
67. Eu acho que tem um bocado a ver com isso, precisamente. Se vêem que costumam vir
então, eles aparecem “Não me posso esquecer, a reunião do meu filho, a sala costuma estar
cheia”. E, portanto, eles sentem mais essa obrigação. E4C10
68. Não só na maneira… na primeira reunião eu gosto de explicar aos pais a dinâmica de sala
porque eu acho que é importante eles saberem que os seus filhos têm tarefas portanto, eles
têm de se aperceber do dia‐a‐dia. E4C9
Professora Matilde – E5
69. Nas reuniões mensais, nunca vêem. Só vêem os dos bons alunos. E5C1
70. A minha turma tem um pequeno defeito, nas reuniões de avaliação também vêem quase
todos, mas não vêem muitos. E5C1
71. Às vezes, sim [os pais solicitam uma conversa]. Geralmente eu convoco, é mais é o
contrário. E5C2
72. [Nas reuniões mensais falamos sobre] Aprendizagem (…) E5C5
73. [Nas reuniões mensais falamos sobre] (…) e comportamento dos alunos. E5C7
74. No geral, falo sempre no geral. Se depois, tiver algum caso particular, geralmente, eu
convoco os pais. E5C1
75. Nunca falo de um aluno em particular numa reunião. Falo se for um assunto trivial agora,
se há algum problema mais grave, mais pessoal, eu depois chamo os pais. Chamo a mãe, ou o
pai, e pergunto a que horas o encarregado de educação pode vir falar comigo, à escola, depois
do horário lectivo. Quando é um assunto que requer uma certa privacidade. E5C2
76. Ah, aparecem na reunião porque está marcada. E5C1
77. Há alguns pais que vêem os testes… E5C9
78. (…) é assim, os miúdos também dizem. Nós pensamos que os pais não reparam, mas os
pais reparam. Eu às vezes faço coisa na aula, sei lá… actividades… e depois os pais: “Ah, eles
gostaram tanto da actividade… ah, ele está tão entusiasmado. A professora fez…” Geralmente
eu tenho este feedback que eles gostaram. Porque depois os meninos contam. Há esse
intercâmbio de informação nas reuniões. Esse intercâmbio há. E5C10
79. Eu dou as minhas aulas. Se eles perguntarem como é que eu faço, eu digo como é que
faço. Se ninguém me perguntar como é que faço [não digo]. E5C9
80. [Explico] “Faço desta forma, por isto… “ Porque na sala nós nunca trabalhamos da mesma
maneira com todos, não é. E digo: “Fiz isto e isto com estes.” “Olhe ele é assim.”, “Ele tem de
estar sempre ocupado.” Agora, nesse aspecto, a nível pedagógico, a nível do meu trabalho, os
pais podem‐me questionar que eu justifico. E5C9
Professora Isabel – E6
81. Muito, muito [valorizado a vinda dos pais à escola]. Eu peço sempre aos pais que venham
à escola. Quando trabalhei com as profissões solicitei várias vezes para que cada um viesse
falar da sua, para eles sentirem que é um ganha pão e que é o motivo para que os pais estejam
muitas vezes ausentes. E6C8
82. Depois, nas entregas dos registos, são três reuniões por ano, vêm em massa. E6C1
83. Às vezes temos aqueles encontros casuais, tipo numa loja ou no talho, em que eu, como
sinto que aquela pessoa tem necessidade de saber daquele filho, então eu presto o máximo de
informações que consigo, naquela altura. Eu não sei se faço bem, se faço mal. E6C2
84. Tudo [os assuntos] o que possa estar relacionado com os alunos. Começo com os pontos
previstos para a reunião mas depois vamos ao “Por favor tragam o chapéu porque está muito
sol; para poder dar o antibiótico não se esqueçam de enviar as horas e a prescrição médica”,
aproveitamento (…) E6C5
85. (…) [Falamos do] e comportamento. E6C7
86. Falo muito dos projectos, às vezes nem está na listagem mas mostro os trabalhos que
fizemos [apontando para o placard]. Porque às vezes noto que eles entram e sentam‐se e não
olham. Têm aí o dossier e o caderno para ver, muitas vezes tenho de ser eu a chamar a
atenção a pequenos factos que lhes passa ao lado. E6C10
87. E coisas mais pequenininhas, minhas… eu passo muitas horas com eles, “Olhe ele tem a
franja enorme, tem de lhe cortar a franja (…)” Falo de tudo, eu aproveito e falo de tudo. E6C9
88. Quando tenho mesmo de falar com [os pais] por causa de dificuldades eu marco mesmo
uma hora para eles. É um grupinho que em termos de aprendizagem não tem grandes
dificuldades… E6C5
89. (…) e se aquela pessoa eu sei que só aparece naquela reunião, então eu digo “Olhe tem
cinco minutinhos para mim?” E então faço, mas individualmente. E6C2
90. No caso de uma NEE (…) e explicar, bem explicado às pessoas porque que é que nós
temos de tomar aquela medida e o porquê de assinar aquele papel. As pessoas entendem e
percebem que não é uma imposição simplesmente para rotular uma criança mas é uma
necessidade nossa para termos mais umas horas de apoio, para conseguirmos levar um barco
a bom porto. (…) E6C9
91. Eles telefonam‐me, telefonam‐me, os outros todos que não vêm porque não podem,
telefonam‐me muito. E6C2
92. [Telefonam‐me] Com questões de saúde, com questões de aprendizagem. E6C5
93. Com questões tão simples como “Oh professora mande‐me, por email, três ou quatro
fichas (…) porque ele deixou os trabalhos na escola [nas férias]. E6C3
94. Sim, às vezes [trocamos emails]. Às vezes não é sobre a escola já, mas isso… (risos) mas
quando é para a escola também. E6C4
95. Porque a maior parte das fichas deles eu tenho em suporte informático e é muito fácil
fazer isto. Acaba por ser outro modo de comunicação “Olhe, ele não percebe nada disto,
mande‐me outra ficha”, estes [pais] que dominam. E6C3
Clarisse – E7
96. (…) por exemplo, eu não espero pelas aquelas reuniões de atendimento. Eu se tenho
qualquer coisa, telefono, marco com a pessoa e a pessoa vem falar comigo,
independentemente da reunião de atendimento. E7C2
97. (…) Tanto que, nas reuniões de atendimento, quem quer falar em privado, ou eu quero
falar em privado, é sempre o último ponto da reunião. E7C2
98. (…) Porque tento generalizar, até por vezes… se eles sentem que os miúdos fazem parte
de uma turma, de um grupo, e que todos eles contribuem para o bom ou para o mau. E7C1
99. (…) Para o mau funcionamento dentro da sala, comportamento (…) E7C7
100. (…) e inerentemente [fala‐se de] aproveitamento. E7C5
101. (…) Eu tenho um sistema, que este ano deixei de implementar por, não foi… e acho que se
notava muito bem, que era… embora seja dada, no início do ano lectivo, aos pais, um
calendário com as datas das reuniões de atendimento (…) E7C1
102. Tenho uma adesão muito… acima dos cinquenta por cento. Na generalidade vêem e,
quando não vêem têm o cuidado de avisarem, mesmo não indo agora o papel para casa, têm o
cuidado de avisar que não vêem ou, telefonam a avisar que não vêem. Na generalidade,
depois faltam dois ou três, que são sempre os mesmos, que são aqueles que mais deveriam vir
à escola e que não vêem. Mas consigo ter assim, uma casinha cheia, como costumo dizer. E7C1
103. (…) há sempre a parte das informações, que são sempre informações que chegam
pontualmente e que às vezes convém que eles saibam, sejam elas o carácter, para o bem ou
para o mal (…) E7C9
104. (…) Depois há sempre o aproveitamento (…) E7C5
105. (…) e o comportamento. E7C7
106. Eu, em todas as reuniões, como trabalho com dossier e folhas, dou‐lhes o dossier para
eles [os pais] verem trabalho a trabalho, que é feito diariamente, que é esse que valorizo. E7C5
107. Pode eventualmente ser uma altura para eles assinarem alguma ficha formativa ou
sumativa, aí recaímos mais sobre esse tipo de aprendizagens. Fazemos a análise, se desceram,
se subiram, isto na generalidade, a análise do aproveitamento. E7C5
108. (…) Porquê? Porque à umas semanas foram a baixo a matemática, e eu aí, admiti aos pais
que a ficha estava longa, nós quisemos tirar uma página. Mas, ao tirarmos uma página a
cotação ficou pesada. E por ficar pesada, eles acabaram por baixar [as notas]. (…) Isso depois é
conversado, “Mas ele sabe fazer, ou ainda não sabe fazer?!” Já eles próprios perguntam
muitas vezes à frente, até dos outros. Isto não era viável pensar no princípio. (…) E7C9
Teresa – E8
109. De resto, temos uma vez por [mês], eu penso que é suficiente uma vez por mês, essa
proximidade. Depois há trimestralmente a entrega das avaliações, há a situação em que nós
estamos com todos mas depois podemos ficar só com as situações mais pontuais. E8C1
110. Sim, sim, chamado atendimento, que nunca é atendimento, acaba sempre por cair numa
reunião. E8C1
111. Na outra tinha [EE nas reuniões da turma que deixou no ano anterior], nesta tenho um
bocadinho menos. Mas também, começou assim no primeiro ano. Eu nesta tenho para aí…
setenta por cento, talvez. Na outra, havia reuniões, de quase cem por cento. Era uma turma
realmente muito preocupada. E8C1
112. Normalmente é o aproveitamento (…) E8C5
113. (…) e o comportamento. Às vezes preocupa‐me mais o comportamento que o
aproveitamento. Há uns mais “reguilotas” e é mais por aí. E8C7
114. Só haverá atendimento no final, quando há situações mais complexas, aí não vamos falar
de A, B ou C na frente de… falamos de tudo o que é geral, e depois acabamos por ficar [com os
outros]. E8C2
115. Se há acontecimentos na escola, como as tasquinhas, aí aproveita‐se e tem mesmo de se
dar as orientações. E8C9
116. Caso contrário, é realmente o comportamento e o aproveitamento. Vêem os trabalhinhos
deles, o dossier… ficam mais ou menos a par, não é. E8C5
117. Nem todos. Nem todos [colocam questões]. Às vezes é mais aqueles que têm filhotes que
sabem que são reguilas, não é… “Professora como é que ele se está a portar?” (…) E8C7
118. (…) e, outras vezes, é em questões relacionadas com os trabalhos de casa. Como é que
corre, se conseguiu ou não conseguiu. E8C5
119. (…) É assim acabo por estar a dar um bocadinho de aula para eles. “Ó professora explique
lá como é que (…) um bocadinho…” Pedem a minha ajuda. E8C9
120. Este ano ainda não [os pais não participaram em actividades dentro da sala]. No ano
passado tive alguns que vieram até aqui à biblioteca, contar histórias. Este ano lectivo, ainda
não tive ninguém [a participar] mas, pronto… é o segundo ano. E8C4
121. Sim, sim [peço a colaboração dos pais], mais em termos de trabalhos de casa. E8C3
122. Na outra turma sim, tivemos trabalhos de modelagem. Tinha um pai que era professor de
Educação Visual… trabalhámos a mina do mar e eles fizeram (…) houve essa colaboração. E8C8
123. (…) se vir que a família precisa de uma pequenina explicação, porque há alguns que não
precisam nada. “Ah, professora como é que ensina isto?” os pais podem contribuir para o
currículo mas têm de estar dentro da mesma linha, para não se confundir aquelas cabecitas.
E8C9
1
Bloco D – Competências profissionais e Formação de Professores na área Escola‐Família
Recolher dados de opinião sobre as competências desejáveis do professor para um bom
desempenho no âmbito da relação e sobre o modo de formar os professores para exercer esta
articulação entre escola e a família
Bloco D
D1 Capacidade de ouvir 14, 41, 68, 74, 76
D2 Capacidade de conquistar o
aluno/pais
1, 3, 5, 10, 11, 16, 17, 19, 26, 29, 31, 32, 34, 36,
44, 45, 53, 56, 57, 73, 75, 77, 78, 83, 84, 86, 89,
91, 95, 97, 104, 107, 108, 119, 120
D3 Capacidade de dialogar com
os pais
7, 8, 12, 13, 15, 18, 23, 24, 30, 33, 35, 37, 40,
42, 43, 47, 48, 54, 58, 59, 64, 67, 69, 72, 79,
80, 81, 85, 90, 92, 93, 101, 102, 105, 109, 117
D4
D5 Respeitar o outro, colocar‐se
no lugar do outro
46, 50, 51, 52, 55, 60, 66, 71, 94, 114, 118
D6 Conhecimento legislação 6
D7 Saber por experiência /
aprendizagem através da
prática
2, 4, 20, 22, 25, 27, 28, 38, 39, 49, 61, 62, 70,
82, 87, 88, 96, 98, 99, 100, 103, 106, 110, 112,
115, 116
D8 Diálogo com pares 9, 21, 63, 65, 111, 113
E1 1 – 8
E2 9 – 17
E3 18 – 27
E4 28 – 47
E5 48 – 52
E6 53 – 75
E7 76 ‐ 103
E8 104 ‐ 120
Professora Prazeres – E1
1. Na medida em que, quando estamos aqui juntos, seja pouco, seja muito, se transmitirmos
confiança, se transmitirmos segurança no trabalho, nós, como profissionais, transmitirmos
segurança, transparência (…) E1D2
2
2. Aqui, a esta hora (17h 30m) sou só eu, mais duas ou três, que estamos a fazer a essa hora, e
apanha‐se mais gente. A gente já tem por experiência que, a partir dessa hora ainda
apanhamos… sujeitamo‐nos é a sair daqui às oito horas da noite. E1D7
3. [Onde aprendeu a lidar com os pais de modo a que estabeleça com eles uma relação ideal]
É assim, já dizia Sebastião da Gama, só se aprende com quem se ama e, na medida em que eu
conquistar a criança, há dificuldades, mas se eu conquistar a criança mais facilmente… se eu
conquistar a criança aprendem mais e depois, por acréscimo, os pais. E1D2
4. Também [aprendeu essa forma de agir por experiência]. Também [através de outros
colegas]. A experiência… os melhores ensinamentos são as experiências, sem dúvida. Nós
podemos trazer muitos ensinamentos, mas depois a prática, no dia‐a‐dia, de constatarmos as
realidades tão diferentes, nós [aprendemos] (…) E1D7
5. Mas quando os aproximar saber como os aproximar… E1D2
6. Tal como aqui há alguns anos, há bastantes anos, vinte e cinco anos, havia uma parte da
legislação que nos ensina a legislação, na altura aplicável …. E como se fazia isto, e como se
fazia aquilo. E1D6
7. “Não me digam que eu, que não tenho jeito nenhum para a costura, aqui com vinte e três…
e aqui com pessoas que eu tenho a certeza que até trabalham nesta parte da decoração… e
tenho que eu ir fazer isto?” “Ah professora! A professora já sabe tão bem dar a volta… deixe cá
ver, eu levo o S. José.” (…) E1D3
8. Tento criar uma linha(…) também não a sei ver muito bem [a fronteira entre os assuntos do
professor e os do encarregados de educação]. Mas, digo‐lhe uma coisa, portanto, agora tenho
aí uns pais mais novos que eu,não é. Quando eu digo, “Dona Margarida! Dona Elsa!”,
respondem “ Ai, não me faça ainda mais velha.” Desculpe, mas é a minha maneira de ser… não
sei o quê, não sei que mais…” “Não entendam isto como um distanciamento mas fui educada
assim e sempre serei assim, já não é agora, com esta idade que eu também vou mudar.
Também tenho os meus direitos.” Portanto, tento rematar porque, como se costuma dizer,
quando a gente dá a mão, muitas vezes nos tomam o pé, tomam a outra mão, e às tantas
estamos todas: é tu cá, tu lá… E aí não. Não, não como distanciamento mas mantendo sempre
uma distância. Não é distanciar os pais, atenção! Os pais sempre próximos, mas criar ali… E1D3
Professora Marta – E2
3
9. É um bocadinho de tudo, não é [na aquisição de competências para se relacionar com os
encarregados de educação: formação inicial, colegas, experiência]. Eu acho que, pronto,
realmente o que nós aprendemos [na formação] nos ajuda, mas também se vai conversando
muito com os colegas. E2D8
10. (…) e tenho aqui um menino aqui à frente… que ele adora, adora mesmo, ouvir ler e ler!
Portanto, não sei se ele não estava habituado (…) E2D2
11. Sim, também converso muito com eles [os alunos] aqui. E2D2
12. Nós não podemos ser muito amigos dos pais (risos). Eu não gosto [de misturar amizade
com a função de professora] eu separo logo. Porque é assim, professor … “na sala eu sou
professor e tu és encarregada de educação lá fora, podemos ser amigas”, mas é assim, quer se
queira, quer não tem de haver alguma distância porque… (…) E tem de haver… porque nós
depois temos de ter a frieza de dizer certas coisas (…) Porque depois chateiam‐se as pessoas
todas. (…)E2D3
13. Eu acho que é assim, nós não podemos ter medo dos pais e temos de tratar os pais… há
colegas minhas que “Ah, tu vais fazer isso? Vê lá…” “Desculpa lá, eles são os filhos deles”.
Portanto, eles têm de saber e nós, temos de falar com eles no sentido de explicar o que se
passa aqui mas também (…) E2D3
14. (…) para eles nos falarem de coisas que aconteçam do outro lado, para funcionarmos
todos(…) E2D1
15. (…)Temos de contar [as situações que acontecem na escola com os alunos] para os pais
perceberem o que é que se passa aqui. Porque há pais que também não percebem, uma coisa
é terem o filho sozinho em casa e, outra coisa, é ter num grupo. (…) E2D3
16. (…)E eu aqui tento, realmente… e acho que em relação a esses professores, é isso, manter
uma boa relação mas também não é deixar‐se rebaixar (…) E2D2
17. (…) Eu digo sempre “Os meus alunos…” e até agora tenho tido sorte nisso “tratar todos de
igual.” Pronto, às vezes há uma empatia, alguém com quem simpatizamos mais. Porque nós
sabemos, as pessoas são diferentes e, pode haver uma empatia, ou mais ou menos, com um,
ou outro. Mas pronto, tento sempre contrariar que eu não quero cá confusões… porque eles,
coitadinhos, não têm culpa. Mas é assim, são todos miúdos e, os pais, são todos pais. (…) E2D2
Professora Cristina – E3
18. Eu acho que depende das pessoas. Uma pessoa que tenha, mesmo sejam os mais novos,
desde que tenham à vontade e que … porque isto passa um pouco pela maneira de ser. E, em
relação às reuniões com os pais, a única coisa que eu acho é que, os professores não devem
4
considerar os pais como um bicho papão que está ali, que vai ali para lhe pedir justificação. É
para estar à vontade e falar de… desde falar do que faz, o que fez e do que irá fazer, e tentar
aproximar os pais, essencialmente tentar aproximar os pais à escola. E3D3
19. Desde melhorar a relação, fazer com que os pais se aproximem, até mesmo como lidar
com eles e como é que… da melhor forma, sei lá… porque não há receitas… Mas há situações
que acontecem e, como é que poderá sair delas de uma forma [ligeira]… E3D2
20. Eu acho que... quando saí da minha formação tive a sensação de que estive ali como
estivesse no ensino secundário, a aprender matéria (…) Experiência, praticamente pela
experiência. E3D7
21. Quando comecei, fui para um colégio trabalhar e, parecendo que não, somos muito…
pronto, há aquele cuidado de nos darem dicas, é um colégio particular, não é?! E eu acho, que
nesse aspecto, e por ser a instituição que era que… mas nunca me deram, vamos lá… deram‐
me conselhos. E3D8
22. (…) Foi pela experiência. E3D7
23. Nós temos esta relação de escola, escola e professora com a família e alunos… para mim a
que está, está óptima. Se tenho alguma coisa a dizer, alguma coisa a pedir, alguma coisa a
fazer, sei que consigo fazer. E3D3
24. E acho que também tem a ver com a forma como se conduz a reunião. Porque as reuniões
seriam para ter atendimento individualizado aos pais. E3D3
25. (…) Porque eu acho que há coisas a nível prático que é muito mais proveitoso para nós, na
sala de aula(…) E3D7
26. Mas, como tenho uma boa relação com eles, bem ou mal, vamos conseguindo dar a
volta… E3D2
27. Como já lá vão vinte e poucos anos, vinte e quatro anos. E3D7
Professora Rita – E4
28. (…) sem tomar consciência, talvez pela experiência comecei a perceber que de facto era
importante que isto acontecesse. Porque no início, de facto, não… o envolvimento dos pais era
menor. (…) E4D7
29. Eu acho que também parte um bocadinho de nós apelarmos para… E4D2
30. Começa logo pela divulgação das reuniões mensais. Eu faço questão de entregar um
desdobrável e é uma das informações que consta neste desdobrável; data de início e de termo
do ano lectivo, esse tipo de coisas (…) E4D3
5
31. (…) Pronto, eu faço questão que os dias de atendimento venham nesse desdobrável para
que os pais tenham sempre um registo, porque uns escrevem, os outros não, e assim é
entregue aqui o registo. E apelo, na primeira reunião logo, para a presença deles. Porque, lá
está, pelos motivos que já disse. Apelo para que eles venham. E4D2
32. … e também facilito, do género, se há uma criança que não tem tinteiro, ou impressora
“Oh professora!” e digo‐lhe: “Vais ali à biblioteca num instante ou então fazes um desenho,
em vez de imprimir.” Também não exijo que todos tragam, como é óbvio, cada um tem as suas
possibilidades, as oportunidades que têm e, portanto, não vou ser rígida a ponto de… acho que
temos de saber ponderar, não é?! Saber equilibrar dentro desta realidade. E4D2
33. Eu acho que sim, acho que sim [que se deve ao diálogo entre a professora e os pais]. E4D3
34. É, talvez, sim [é tudo mais desmistificado]. Eu tenho, não sei se é defeito (risos)… eu ligo
muito aos pormenores e portanto, explico‐lhes tudo. E4D2
35. O porquê… se houver dúvidas aqui e ali, eu explico porquê e como é que podemos, então,
tentar melhorar. Há um grande diálogo e os pais percebem isso e vêem porque gostam de
estar a par, às tantas se eu fosse muito vaga nas reuniões, os pais… porque, cada um tem a sua
realidade, se não tem experiência (eu peguei nesta turma no segundo ano) acabam por não ter
termo de comparação. “Ah é normal, se a professora só diz isto é porque é só isto que tem
para dizer.” Enquanto que, se perceberem que vamos ao fundo da questão e são abordados
todos os assuntos, desde as AEC’s, à sala de aula, às monitoras, ao recreio, tudo... não é!?
E4D3
36. Isto é a minha opinião, eu acho que tem muito a ver com o feitio das pessoas, eu atribuo
um bocado à maneira de ser. E4D2
37. E, eu acho, que estou a desenvolver um trabalho com crianças, essas crianças são filhas de
pais e portanto, eu acho que é importante eles estarem ao corrente daquilo que se passa na
sala de aula. E4D3
38. (…) Mas eu acho que isto [a relação com os pais] parte muito de nós e da nossa
experiência (…) E4D7
39. (…) no meu curso eu acho que… aprendi começando a trabalhar. E4D7
40. (…) Por vezes os pais não questionam se ouvem dizer ou se o filho chega a casa e conta
qualquer coisa, antes de abordar a professora ou a auxiliar, quem quer que seja que envolve a
escola, antes de abordar já vêm, como se diz, com sete pedras na mão e temos que
aprofundar, temos que saber concretamente o que é que aconteceu. E, é por isso que é
importante o diálogo entre todos. E4D3
41. Eu tento ao máximo que os pais percebam… eu não sou mãe deles, como é óbvio, mas
todos os assuntos que por vezes, como eu já disse, não têm nada a ver com os conteúdos
programáticos, são abordados na sala de aula porque surgem, partindo dos alunos, não estou
a dizer de mim, partindo dos alunos. E4D1
6
42. E eu acho que os pais têm de estar ao corrente que podem surgir determinados assuntos
na sala de aula, com temas que não são concretamente relacionados com o programa… E4D3
43. Bem, eu acho que, nós temos de ter, acima de tudo, alguma ponderação com os
encarregados de educação: da forma como falamos (…) E4D3
44. (…) Como ponto de partida é muito importante que eles tenham a consciência e depois,
também saber aquilo que se diz e, quando estamos na sala de aula, acho que é muito
importante sermos correctas a falar com os alunos porque os alunos dizem (…) e portanto, nós
temos que ser o mais correctas possível a abordar, a falar, a manter um diálogo com os nossos
alunos. E4D2
45. Se eu vou à sala do meu filho e vejo a professora que pouco tem para dizer, ter de ser eu
a fazer perguntas, questionar para ter um feedback, a pessoa às tantas desmotiva‐se um
pouco, não é?! Eu também – não estou a valorizar o meu trabalho, por amor de deus – mas o
facto de eu falar dos mais diversos assuntos é um dos motivos que os faz ter dúvidas e que
desperta curiosidade e quererem saber mais e mais sobre [os filhos]. E4D2
46. (…) Pus‐me no lugar, imaginei‐me ir embora e deixar os meus filhos e pensei “Coitada
desta mãe, não é?!” E4D5
47. Mas eu não sou capaz, não sou capaz porque sinto que ficou tudo a perder por ter essa
postura… perdia uma reunião com a encarregada de educação, perdia um diálogo sobre um
aluno, que é meu, que é filho, que devemos favorece‐lo e não o faço. E4D3
Professora Matilde – E5
48. (…) Com os pais às vezes também sou um pouco bruta, porque há coisas que eu tenho
mesmo de dizer. (…) E5D3
49. [O que faz aprendeu através do] Senso comum. Eu vou muito pelo senso comum. Não
aprendi a fazer nada e há até colegas minhas que fazem de outra maneira. Eu… pronto, é o
senso comum. E5D7
50. Há coisas que eu não digo, há coisas que eu digo de uma maneira diferente, tento não…
eu costumo dizer, tento me pôr no lugar dos pais dos meus alunos. E5D5
51. E então, há coisas que eu acho que também não têm a nada a ver. Eu acho que há uma
certa privacidade… que eu posso dizer de uma maneira diferente, porque há perspectivas
diferentes de ver as coisas. Portanto, também as temos de respeitar, não é?! E então, eu vou
muito pelo senso comum. E5D5
52. Não nunca senti isso [a intromissão por parte dos pais], nem “Ah os pais fizeram queixa de
uma professora”. Também não. Acho que, quer os pais, quer os professores de dar, de ter a
sua opinião. E5D5
Professora Isabel – E6
53. O meu apelo [o que mudou do início da minha carreira para os dias de hoje]. E6D2
7
54. (…) Opto muito por telefonar à hora do jantar que é quando eu sei que eles ou estão em
casa, ou estão a chegar. Ligo mesmo “Ele hoje (…)”. É a passagem do testemunho. Eu recebo‐o
de manhã mas já não vi a mãe e recebo um recado. Depois entrego o recado à monitora que o
vai entregar à mãe. (…) E6D3
55. Sermos muito tolerantes. É preciso muita tolerância e termos a capacidade de nos
colocarmos no papel da outra pessoa. Porque às vezes quando um pai vem (…) E6D5
56. (…) [Os alunos] Mostrarem um vídeo de uma visita de estudo que fizeram e maquetas, e
faze‐los vir à escola ver essas coisas todas. E6D2
57. (…) Era importante que os filhos vissem… “Ok, eu sei que é sábado e que é suposto
fazermos compras, mas se calhar era giro irmos lá.” Portanto, pode ser falha nossa… em não
insistirmos mais. E6D2
58. (…) Às vezes saem daqui com o rabo entre as pernas porque de facto as coisas não são
assim e, nós [professores] aproveitamos para dizer também o que pensamos e eles às vezes
não gostam, não é. E6D3
59. (…) Às vezes também nos custa a nós [professores] depois a ver essa pessoa [encarregado
de educação que nos confronta] com outros olhos, naquele contexto foi desagradável. (…)
E6D3
60. (…) Como tendo miúdos a meio, é bom que isso passe depressa, ultrapassar isso, temos
de ser adultos, engolir… ultrapassar essa contenda e portanto, não passamos a amizade, talvez
tão próxima (…) como outros, tem de ser algo verdadeiro. E6D5
61. (…) era Magistério Primário e não tinha formação nesse nível e portanto, é no campo, é
no campo que se aprende. É no dia‐a‐dia. É na maneira, às vezes, de expormos as nossas ideias
… e depois vemos que daquela maneira não vai lá e tem de ser outra. E6D7
62. E, o ser mãe também me ajudou, ir às reuniões da minha filha e ver que havia o outro
lado, e às vezes aprendia com as professoras da minha filha. Olha, a postura é a correcta…
portanto, vendo, fazendo, experimentando (…) E6D7
63. Ah, por exemplo, uma ideia, [os professores na formação inicial] poderem assistir, por
exemplo, a uma reunião de pais, ver como são os pais e o que é que eles dizem. Fazerem este
tipo de entrevistas a quem já lidou com muitos pais. (…) E6D8
64. Nem sempre é fácil. Muitas vezes até se pegam uns com os outros, a pessoa tem de pôr
água na fervura. Porque “aquele bate no meu e o meu não bate”. (…) E6D3
65. (…) é no campo. É ir à escola e ver. Ver uma festa, ver uma actividade em que estejam
pais e crianças envolvidas, e perguntar o que é que a gente, ao fim destes anos todos, que
andamos aqui, pensamos destas situações. E6D8
8
66. [A relação escola‐família] Passa muito pelo respeito mútuo. Quando há uma falta de
respeito, é uma barreira que foi incondicionalmente transposta, quer de um lado, quer do
outro. (…) E6D5
67. Disse, disse [Os pais mandam daquela porta para fora, eu mando para dentro]. Digo
muitas vezes na reunião. Na reunião de primeiro ano digo: “Olha vocês agora vocês vão‐me
emprestar por umas horas os vossos filhos. Há alturas em que eu vou sentir que mos deram,
mesmo, porque estou muitas horas com eles”. E6D2(…)Vai haver regras, regras que eles às
vezes não querem cumprir porque não estão habituados a cumpri‐las em casa. Eu espero que
vocês tenham feito os trabalhinhos de casa, bem feitinhos, e que eles venham a aprender a
cumprir a regra mas se não o fizerem, eu vou trabalhar para isso. (…) E6D3
68. (…) Realmente vocês têm situações em que podem fazer queixa de mim, podem falar
comigo, para eu rectificar que não sou perfeita... já o fizeram “Oh professora não marque
trabalhos no dia da natação que eles vêm de rastos” Óptimo, não marquei. Foi uma sugestão,
e eu aceitei (…) E6D1
69. (…) A melhor maneira das coisas correrem bem é exactamente havendo essa parceria
mas, há ali um limitezinho… quando eu acho que já estou, que já me estão a ultrapassar a
minha responsabilidade e autoridade dentro da sala de aula então ali, com uma maneira “soft”
tenho de dizer “Olhe não pode ser assim, eu sei que ele gosta de comer gomas, mas aqui
dentro não pode. Senão podíamos todos. Mas, como não podemos, o seu filho também não
pode.” E6D3
70. (…) E nunca tive assim uma situação que não percebessem, ou questionassem. Faço um
reparo… há muitos anos já… aprendi “Eles são meus alunos mas são vossos filhos! E6D7
71. (…) Também sou mãe, sei que não é fácil. (…) E6D5
72. (…) “E há aqui uma coisa que vocês tem de perceber… cada um tens as suas regras, um vai
para a cama às nove e meia, outro (…) Quando eu disser, sentaste‐te. Portanto, daquela porta
para dentro quem manda sou eu! E o que eu pretendo com isto, pretendo que se em alguma
situação os corrigi que por favor lá em casa não me desautorizem também. E isso é já da porta
para fora, lá em casa”. E6D3 (…)
73. (…) A maneira como eu disse isto não foi ostensiva e, portanto, as pessoas têm me
ajudado muito. Aquilo que eu penso que temos de procurar nos pais, é mesmo ajuda. (…) E6D2
74. Pedem [os pais pedem a minha colaboração]. Às vezes até em coisas lá de casa, em que
eu não tenho nada a ver. (…)Eu acho que é boa ideia. E foi. (…) Portanto a mãe ajudou‐me e eu
ajudei‐a nesse aspecto. (…) E6D1
75. (…) agora aqui é que se coloca uma questão: somos nós [professores] que não sabemos
sensibilizar os pais para virem à escola, em quantidade que queríamos (…) E6D2
Clarisse – E7
9
76. Depois daí, fui para o Sarge, outra realidade, completamente diferente, em que , eu na
minha sala – não era muito política da escola mas talvez eu já viesse moldada de outra
maneira – eu tive muito boa relação com a maioria dos pais. Estive lá três anos, desde servir de
padre ou de psicóloga, ou não sei o quê… quando havia divórcios… portanto num regime já
normal (…) E7D1
77. (…) mas pronto, sempre tive boa relação com os pais e tento envolve‐los o mais possível
nas aprendizagens e na vida dos filhos enquanto escola. E7D2
78. Depois tive uma experiência muito má, numa terra aqui muito próxima, porquê? Porque
as mães não trabalhavam, então a funcionária de lá era da terra… tudo se sabia e portanto,
foram mal dizer… estive lá seis meses e foi muito complicado. E7D2
79. (…) [Acerca de um projecto com crianças originárias de diferentes países] e foi um desafio
muito grande. E comecei a fazer o apoio dentro da sala de aula e a ter uma relação muito
estreita com a família. Porque, antes de começar o projecto, fiz uma entrevista com todas as
pessoas (…) com pai e mãe (…) E7D3
80. (…) E é preciso nós conversarmos muito com os pais. E7D3
81. (…) Procurar fazer‐lhes ver que as coisas não são sempre assim… e tenho conseguido
mudar alguns comportamentos. E7D3
82. (…) Agora, que é sempre um pau de dois bicos porque não podemos agradar a gregos e a
troianos. Somos mais rudes com alguns para se dizer as coisas… eu tenho aí uma questão, por
exemplo, que só consegui que este ano, a mãe viesse à escola quando a ameacei com a CPCJ.
Porque realmente isto pareça o armazém daquela criança. Uma criança cheia de problemas e
tentar encaminhá‐la… lógico que não fiz a queixa. Mas pronto só funciona assim. (…) E7D7
83. (…) Às vezes é mais difícil convencer os pais que eu tenho de tomar determinadas atitudes
porque, enquanto cidadãos eles têm de ser sensibilizados e criados com uma sensibilidade
muito grande (…) E7D2
84. (… )Aqui eu tento, o mais possível, tratá‐los da mesma forma, que eles sintam que são… e
eu tenho desde… tenho aqui uma sala especial muito variada, os próprios pais que têm um
nível social mais elevado pensam que eu vou criar diferenças e eu faço questão em que eles
vejam que não. E7D2
85. (…) Tenho aqui pais de crianças com comportamentos mais desajustados e que tem de
haver grandes conversas e que surja entre nós grande cumplicidade mesmo (…) E7D3
10
86. (…) Eu fazia, há muitos anos já, naquele fim de semana… no fim‐de‐semana entregava um
convite a lembrar que no dia x havia reunião de pais, dava a ordem de trabalhos e pedia para
estarem presentes e, tinha um destacável em que eu tinha a certeza se os miúdos tinham, ou
não, entregue. Porque as pessoas às vezes esquecem‐se, não é. E funcionava. Funcionava
lindamente. (…) E7D2
87. (…) Não sou melhor ou pior mas eu gosto de falar e gosto de, de… eu não crio barreiras
com os pais. E7D3
88. Há pessoas que criam barreiras, sei pôr‐me no meu lugar quando é necessário e quando
os pais precisam de ser chamados à atenção… de resto, é a tal história, eu gosto muito de ter a
família enquanto parceira. E7D3
89. (…) Agora se não há envolvência, é como em tudo, como acontece connosco… impõem‐
nos as regras e nós acabamos por fazer porque somos obrigados (…) E aqui, eu acho que com
os pais é um bocadinho isto. Se os tentarmos envolver, em determinado tipo de situações e
faze‐los sentir que também são um grupo e que também têm força eles, pronto, sentirão isto
de outra maneira. E7D2
90. (…) Nas reuniões eu pergunto, por exemplo, este final de período, quando se entregam os
registos de avaliação, eu pergunto sempre se querem que faça [atendimento] individualizado e
eles geralmente não querem. Eu faria um de cada vez, estaríamos aqui não sei quantas horas
mas eu faria. Mas este ano já estão mais abertos para que haja uma partilha, tendo o cuidado
para não nomear crianças. E7D3
91. (…) Agora, eles já sentem que podem partilhar os problemas dos seus filhos com os outros
(…) Isto já é partilhado com eles, têm vindo a trabalhar… mas é difícil às vezes, trabalhar este
tipo de mentalidades ainda, porque realmente eles também se sentem à parte. E7D2
92. (…) mas, se for assim, alguma coisa… não há nada como falarmos olhos, nos olhos e em
sítio próprio, que é aqui dentro da sala. E arranjo um bocadinho e no pavilhão ou aqui [sala de
aula] para conversar com esse encarregado de educação e resolvermos as coisas. E7D3
93. (…) Estou, neste momento, a tentar capacitar os pais, de que é preferível eles lerem,
escreverem, estudarem (…) que o terceiro ano já tem conteúdos programáticos mais
complicados e aí eles vão ter de aprender a estudar e os pais devem estar com eles para os
ajudar a estudar… não é a estudar por eles (…) portanto até nisso os pais têm de ser alertados
[choque da transição do 2º para o 3º ano]. E7D3
94. Como eu lhe disse não há receitas e não há panaceias mas para ser extremamente… se
calhar diria [a professor recém‐formado] para terem muita atenção, para já cada um deles,
cada criança é diferente da outra, logicamente os pais também. O tipo de relação que pode
11
estabelecer com um pai não poderá, de forma alguma estabelecer com o outro. Isto não pode
ser… não há matrizes, porque as próprias pessoa também… E7D5
95. (…) Portanto, eles perceberem que se há reunião é porque é importante vir, e isso é muito
trabalhado no primeiro ano. Nós só podemos colher aquilo que semeamos e, se não o
fizermos, não… é em tudo, assim na vida. Tentar cativar os pais e criar laços, como no
principezinho. E7D2
96. É complicado, acho que aprendi muito, engraçadamente, porque passei pelos meios
rurais. Tem a ver com a experiência de vida que a pessoa vai tendo. Tem a ver também, com o
feitio da pessoa. (…) E7D7
97. (…) E eu não pronto, tentava, e porque queria… e não era directora de escola, era titular
de turma só… se queria alguma coisa em troca, envolver os pais, também tinha de dar. (…)
E7D2
98. (…) E, portanto... é complicado, não se aprende nos livros. Só se aprende, levando
algumas cabeçadas, levando alguns pontapés no traseiro, reaprendendo, ajustando o nosso
comportamento também… nunca agradando a gregos e a troianos. E7D7
99. (…) Mas realmente, não há… eu acho que tem muito a ver com o ser, a maneira de ser, a
maneira de estar da pessoa, o grau de envolvimento da pessoa… nós agora… vamos
aprendendo, eu agora já sou mais velhota, vou aprendendo. (…) E7D7
100. Há coisas em que eu investia e, já não invisto, invisto noutras. Há coisas em que me faço
de parva, porque é preferível, do que estar a mexer em águas passadas… e portanto, não vale
a pena, há coisa que é preciso… pronto, é o aprender. Eu acho que aprendo todos os dias, levo
bofetadas todos os dias, mas aprendo. E7D7
101. (…) Eu partilho muitas coisas minhas com eles [os alunos] (…) Eu nunca falo com os pais
do lado de lá a secretária. Eu falo com os pais sem fronteiras… sem estabelecer limites, [sem
nenhum obstáculo] (…) E7D3
102. Portanto, quando falo com algum pai, geralmente, faço‐o nestas condições, como eu
estou a falar consigo. Portanto, sem que haja nada no meio, em que percebam que não há
nada a interferir. E7D3
103. Mas isto, também se vai aprendendo, vai‐se estudando e vai‐se… porque é muito
aprendendo. Acho que tem muito a ver com o nosso amadurecimento também, enquanto
pessoas. Lógico que eu comecei a trabalhar aos vinte anos e não tinha esta postura, tinha uma
postura mais destravada. (…) faz‐se caminhando. E7D7
Teresa – E8
12
104. Sim, eu acho que é o professor que tenta agarrar, que os tenta motivar mais, pronto.
E8D2
105. (…) E, se tiver situações, não tenho situações de comportamento, primeiro ano, não é…
mas se tivesse não [iria falar em frente a todos] mas, no geral digo aos pais que são uma turma
faladora, irrequieta, das AEC’s… isso é geral porque é a turma, não é A, nem B, nem C, da
turma. E8D3
106. Não sei se faço bem, é assim, tem resultado, em vinte e seis anos de trabalho e nunca tive
complicações, por isso não devo fazer assim tão mal. Mas, se calhar faço muitas vezes
determinadas coisas quase instintivamente. E8D7
107. (…) Normalmente, sou uma pessoa que gosta de se relacionar bem com toda a gente,
goste que impere o bom senso, para as coisas resultarem. E8D2
108. (…) Com conflitos também não conseguia viver. (…) Normalmente tento ser simpática
pronto, convido‐os para vir à escola. E8D2
109. (…) Acho que também passa muito por, quando falo com eles, começar por dizer as coisas
boas dos alunos, só depois… porque logo aí começamos por afastá‐los da escola, não é… passa
muito pelos reforços positivos que dou aos alunos… porque se começamos logo numa de dizer
mal, só dizer coisas negativas, se calhar, da próxima vez só temos metade e depois muito
menos, não é… mas de resto não faço assim nada de especial para que eles venham à escola.
E8D3
110. Não foi propriamente um aprender mas, com o passar dos anos a pessoa vai ouvindo, não
é. E8D7
111. A pessoa vai‐se informando e vai ouvindo, junto dos colegas e em reuniões e em
colóquios. (…) E8D8
112. (…) Por acaso, isso do começar por salientar os pontos positivos do aluno, isso é uma
questão prática, porque também sou mãe e sei que sabe bem, como encarregada de
educação, ouvir as coisas boas. E, também senti, muitas vezes como encarregada de educação,
um ambiente às vezes assim – eu jamais faria aquilo – pronto, porque depois, quando estamos
no outro lado, temos de nos pôr um bocadinho no papel do encarregado de educação. (…)
E8D7
113. Mesmo com os colegas, aprende‐se muito, principalmente com os mais jovens, já vêem
com outras ideias, e nós que já estamos um bocadinho cotas… (risos) E8D8
114. Sabe, eu às vezes não percebo [onde está a fronteira] e, às vezes peco por isso… às vezes
penso: “Não devia ter dado tanta confiança”, porque sou um bocadinho ingénua, nesse
aspecto, porque na tentativa de que tudo corra bem (…) E8D5
13
115. (…) mas também depois, quando eu sinto que… no tempo lectivo não… mas, nem sempre
é fácil, se fomos longe, às vezes só com a prática, falhando é que aprendo. (…) E8D7
116. Eu até hoje, felizmente, não tive complicações. Sempre senti da parte deles, pronto,
sempre me senti bem. Mas agora, também a velhice é um posto e acaba por… também há
erros que também já não vai cometer. E8D7
117. (…) Porque há assuntos importantes, têm sentido serem discutidos na altura, depois de
passar não é… passou, já está fora do contexto, já não tem… e, se for logo, evita‐se
complicações. (…) Mas, se nós conseguirmos acalmar, antes de o encarregado de educação
começar a pôr [problemas] e aí é que começam as complicações (…) não se pode começar logo
na defesa, tem de se gerir situação. Mais ou menos tenho conseguido. (risos) E8D3
118. Eu penso que deve ponderar sempre o bom senso (…) e é como digo, se falares com
educando, falar sempre tendo em conta que o encarregado de educação, se calhar, também
[tem algumas dificuldades que o conduzem ao afastamento]… não ir numa de afastamento.
E8D5
119. (…) O primeiro passo é aproximá‐los de nós… é como com os alunos, assim que os
sentimos deste lado, já podemos ralhar com eles… e eles entendem, os encarregados de
educação. Têm de sentir que o professor é professor, é amigo, está ali para ensinar, para
educar e também para castigar, quando é necessário… mas é preciso que o encarregado de
educação entenda e não pense, “Ah, este professor está a embirrar com o meu filho!”. E8D2
120. Agora, um colega, quando vem de novo tem de passar por conhece‐los, conhecer os
encarregados de educação dos alunos, com calma. Simpatia, também acho que deve ponderar.
E8D2
1. Portanto, eu acho que é importante para cativar os pais, cativarmos os filhos. E1D2
2. À medida que os conquistamos, à medida que conquistamos os pais, conquistamos cada
vez melhor os filhos. E1D2
14
3. (…) Esta turma, é tão diferente da outra realidade/turma que tive, tão diferente… a outra
era uma turma homogénea em termos familiares, de estrutura familiar… era muito
homogénea. Esta turma, por exemplo, em termos familiares é uma turma completamente
desestruturada, completamente desestruturada. Ora, se nós não conquistamos então muito
menos. E1D2
1
Bloco E – Factores de bloqueio
Factores de
Bloqueio
E1 Falta de Espaço físico
na escola
11, 35, 40, 41, 89, 90, 91, 93, 94, 96, 97, 98,
99, 117, 131, 133, 134, 135, 151, 158, 179, 191,
192
E2 Insegurança/medo
dos professores
70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 79, 127, 128, 139,
143, 153, 159, 160, 161, 166, 171, 176, 178,
180, 181, 182, 184
E3 Afastamento dos
professores
37, 42, 132, 141, 173, 188
E4 Organização da
Sociedade
2, 6, 15, 19, 20, 27, 28, 29, 46, 65, 92, 95, 106,
120, 144, 156
E5 Afastamento
/Ausência dos EE
4, 9, 10, 13, 14, 16, 18, 21, 22, 30, 31, 32, 33,
34, 36, 49, 50, 51, 52, 55, 56, 57, 58, 61, 62, 63,
64, 66, 67, 69, 80, 84, 85, 86, 87, 100, 104, 108,
111, 113, 123, 124, 130, 136, 137, 138, 142,
150, 152, 155, 164, 167, 168, 169, 170, 172,
177, 189
E6 Dificuldade na
educação dos filhos
24, 25, 26, 43, 44, 47, 53, 59, 60, 78, 105, 107,
109, 110, 114, 118, 140, 148, 154, 157, 162,
163, 165, 175, 187
E7 Escassez de tempo 1, 5, 7, 8, 17, 23, 45, 54, 68, 81, 82, 83, 101,
102, 103, 115, 119, 121, 122, 125, 126, 129,
146, 147, 149, 183, 185, 186, 190
E8 Estrutura familiar 12, 38, 39, 48, 88, 112, 116, 145
E1 1 ‐ 37
E2 38 ‐ 63
E3 64 ‐ 88
E4 89 – 100
E5 101 – 112
2
E6 113 – 153
E7 154 ‐ 181
E8 182 – 192
1. Vejo, vejo… vejo vantagens. Por um lado… é assim, também há uns anos a esta parte as
pessoas também tinham mais disponibilidade e, cada vez mais portanto, sei lá, eu estou a
pensar… aqui há dez anos as mães, muitas não trabalhavam e vinham à escola de vez em
quando (…) E1E7
2. (…) com a vida que se tem, se não for assim [com as reuniões marcadas mensalmente],
ninguém vem à escola. Então fecha‐se, isto aqui assim torna‐se numa “coisinha” fechada. Eu
acho que nós não nos podemos fechar. A escola tem de estar aberta. E1E3
3. Porquê [não há mais actividades com a participação, e para, os encarregados de educação]?
Porque a escola também não tem condições. Repare, nós para fazer uma festa de Natal, onde
é que a vamos fazer? Conhece a escola? E1E1
4. Agora, é o que eu digo, eu acho que devia haver mais [colaboração] mas… com carácter…
não é ir à escola por ir, com um carácter de responsabilidade. Porque se não for com carácter
de responsabilidade de responsabilidade, não vale a pena. E1E5
5. E não há, realmente, não há [tempo]. Mas é pena. Mas, também talvez seja pela sociedade
em que vivemos… repare que ninguém tem tempo para… A escola está quase a funcionar
como um despejo. (…) E1E7
6. Sim, também o tempo. A nossa sociedade, a nossa vida.. a vida social, profissional não
permite esta aproximação… eu acho. E1E4
7. (…) a dificuldade que há (…) em dois dias (…) alterar o horário (…) os meninos só vêm de
tarde, já é uma problemática! Portanto, a sociedade, os pais, não têm vida para, se calhar,
estar mais tempo na escola. E nós notamos isto, há colegas que fazem este atendimento à
hora de almoço e, não vem ninguém. E1E7
8. [os colegas, por sentirem que não são ouvidos, não valorizam a relação com os
encarregados de educação porque] Hum… Há alguns que não pensam, há outros que pensam.
Eu respeito quem não pensa, mas eu penso… E1E7
3
9. As colegas dizem: eu falo, falo, falo e chego à conclusão que ninguém me ouve. Eu, se
calhar, às vezes, também chego a essa conclusão (que falo, falo e ninguém me ouve). E1E5
10. (…) Não, há alguns que não se manifestam mas, nem para o positivo nem para o negativo.
Portanto, não se manifestam. Mas, há quem se manifesta… há quem se manifeste [falam sobre
as informações, dão a sua opinião]. Portanto, já este ano, com o primeiro ano, tenho aí
pessoas a manifestarem‐se, muito bem, sim senhora… E1E5
11. De resto, eu acho que, o espaço em si limita‐nos, nós queremos fazer… ainda no ano
passado, queríamos fazer a entrega dos diplomas… por exemplo, eu acho que era uma coisa
interessante, fazer‐se os outros, estes pequeninos verem mas não é possível, nós não temos
espaço que nos permita isso. Para já não temos um palco em que os outros possam ver, não
é… e não vendo, dispersa‐se tudo. A gente vê pelas pequenas festas que fazemos aí, o
Magusto… portanto…E1E1
12. [Acha que o facto de se tratarem de famílias desestruturadas condicionam a relação] Isto
tem a sua influência, a estruturação familiar tem a sua influência. Mas eu, neste momento,
não lhe sei dizer… E1E8
13. (…) Mas acho que na parte da família também havia de haver um trabalho a fazer, da
família. (…) E1E5
14. Mas, não sei até que ponto, a escola, sozinha, pode fazer isso (…) E1E5
15. (…) Porque isto é muito envolvente, eu acho que a parte social, a sociedade, em si,
também não permite. A vida, a nossa vida … como é que eu hei‐de dizer… as vidas
profissionais. E1E4
16. Hoje, toda a gente vive ocupada, acho que não temos tempo para nada… passamos o
tempo a correr. (…) É notório, bastante notório [isto nestes pais]. E1E5
4
17. (…)Cada vez mais os pais têm menos tempo para os filhos(…) E1E7
18. (…) Outros, também dizem que não têm tempo, que não têm tempo para os filhos, mas
depois também têm tempo para outras coisas. São opções. E1E5
19. Exactamente [tem a ver com o modo como a sociedade se organiza]. E1E4
20. Porque hoje a sociedade pensa que é bom andar em tudo. É bom andar no karaté, é bom
andar no ginásio, é bom andar na dança, é bom andar nisto, é bom andar naquilo (…) E1E4
21. (…) Depois vieram as actividades de enriquecimento curricular… é bom estar na escola até
às cinco e meia e depois até ainda há o CAF. E isso deixa‐me disponibilidade para eu ir ao
ginásio, para deu poder ir à praia sem o filho atrás. E1E5
22. (…) Os miúdos, e se calhar agora vou‐me repetir, os miúdos sentem isso: “A minha mãe
nunca vem à escola”(…) E1E5
23. (…)“A minha mãe nunca tem tempo para vir à escola”. Portanto, e choram. (…) E1E3
24. Eu costumo dizer: “Se a senhora não sabe gerir essa situação”… “Ai professora, eu já não sei
que volta é que lhe hei‐de dar?”… “Então se a senhora, como mãe (…) “ É engraçado, Oh Dona
não sei quantos, então se a senhora não consegue dar a volta a um, como é que eu consigo dar
a volta a vinte e três?!” (…) “Ai veja se faz alguma coisa dele, que eu não faço nada dele”. E1E6
25. Ah... [a dificuldade revelada pelos pais no controle do comportamento dos filhos tem
acontecido com mais frequência] há alguns anos para cá, quer dizer, porque também não se
levantavam tantas questões. Os miúdos eram mais dóceis, mais obedientes. (…) E1E6
26. (…) Eu acho que o nosso país é um país de extremos, ou oito ou oitenta… passámos do oito
para o oitenta, em que nada era permitido e agora tudo é permitido. E não é assim, não devia
ser assim. E depois as coisas tornam‐se banais. E depois, temos o país que temos e a educação
que temos. Porque, e a colega é muito mais nova do que eu e, com certeza, ainda teve
algumas regras. Então imagine as minhas. E agora veja as que, as dos alunos que recebe. Eu
5
costumo dizer: cada fornada é pior que a outra, cada fornada que entra é pior que a outra.
E1E6
27. A escola está mal vista pela sociedade em geral e, a partir daí está tudo dito, acho eu. O que
é que a colega sente? Não acha que a escola está, de uma maneira geral, mal vista? O ensino
está descredibilizado. E1E4
28. Nós tentamos [que a nossa atitude ajude a mudar a forma de como a educação é vista pela
sociedade]… e eu quero, com os meus encarregados de educação, dar mais credibilidade,
aproximá‐los o mais possível (…) E1E4
29. (…) mas, no geral, no geral, no geral, a gente sente que a escola cada vez ter menos… mais,
está a ser mais…. Portanto desacreditada. E1E4
30. O problema é que muitas vezes (se esta coisa aqui não estivesse – apontando para o
gravador) … É que muitas vezes, as pessoas não vêm aqui com o espírito de dizer assim:
“venho … vou‐me dar, vou‐me e entregar! Vou contar uma história para os meus netos!”
Como eu digo, vocês são os meus filhos aqui, e constituímos uma família. Pronto, eu com eles,
aqui faço questão…. Nós somos a família, aqui eu sou a pessoa mais velha. Se a pessoa que
venha para aqui, vier com esse espírito, tudo bem. Agora, se vem com o espírito de ver tudo…
e mais alguma coisa, menos com o espírito interiorizado… lá está, daquilo que quer transmitir,
depois não consegue transmitir… não sei se me fiz entender. E1E5
31. Eu penso que os pais também estão, como é que eu hei‐de dizer… os pais têm medo, acho
que têm algum receio. “Porque eu vou… e se falho?” Acho que em relação aos pais também há
[tal como os professores sentem receio da inspecção e das aulas assistidas, no fundo, de se
expor perante os outros] essa postura. E1E5
32. Porque a gente pergunta (…) Alguém aí tem jeito para a costura para fazermos daqui um
presépio? Ninguém se ofereceu. As abóboras, trouxe‐as… foi um desafio numa reunião… E1E5
33. (…) Há receios! Mas para quê, para quê?! Isto [colaboração dos pais] era importante. Eu
desafiei‐os aqui: “vocês têm tudo na mão, vocês os pais têm tudo na mão. Na medida em que
6
vocês (oh pá… essa coisa – gravador) … na medida em que vocês… [tem muita força junto das
entidades responsáveis] hoje nós, com os pais podíamos fazer muita coisa, sem eles… não
fazemos nada. Mas eram os pais todos, não pais de uma turma. E1E5
34. (…) Eu falo por esta escola, esta escola, se fosse com outros pais, se calhar já tínhamos um
palco. Porque não se admite [referência ao gravador] … não se admite, não se percebe, não se
percebe… Faz‐me uma confusão cá na minha cabeça. E1E5
35. (…) Uma escola de cidade, paredes meias com a Câmara Municipal, com quem eu não
tenho nenhuma antipatia… nem simpatia, nem antipatia… paredes meias, no meio da cidade?!
Quando são feitos investimentos aí em escolas que vão fechar?! E temos esta a cair aos
bocados?! (…) As condições de trabalho que nós temos! Olhe, eu costumo dizer assim: Para as
condições que temos, muito bem trabalhamos nós (…) E1E1
36. (…) E, para os pais que temos… muito boas são as crianças! E1E5
37. Hum… Há alguns [colegas professores] que não pensam [da mesma forma em relação à
escola‐família], há outros que pensam. Eu respeito quem não pensa, mas eu penso… Porque
acham… Talvez seja por isso [valorizam outras coisas que não a relação com os pais]. E1E3
Professora Marta – E2
38. (…) em casa (…) Porque depois também é giro… Não tem piada nenhuma. Mas depois é
assim, também não ajudam, mas também não há aquela relação “família”. Porque também
não querem, porque também estão cansados, estão fartos e não sei o quê… E2E8
39. [Queremos ajudá‐lo] Os pais estão separados, mas este miúdo depois é… a forma de ele
chamar a atenção é na base da agressividade. Mas, quer dizer, ontem estava a chorar, não
estava a ser agressivo, já não estava a ser normal. E2E8
7
40. Não [há festa com participação dos encarregados de educação] porque eu acho que nós…
isto não tem espaço. E então acaba por ser um bocadinho triste porque há uma festa, que é
sempre uma festinha muito simples, depois há um lanche partilhado mas os pais também não
podem vir, porque não há espaço. Ou tinha que ser, portanto, sei lá… nem sei onde?! Noutro
sítio qualquer. E2E1
41. Mas aqui não há uma sala… para já são muitos alunos, que engloba os deste edifício e os
de lá de baixo. E depois, não há um recinto. Eles também não cabem todos no Teatro Cine, por
exemplo. E2E1
42. Ah, isso?! [O arraial] Ah, lá em baixo na escola sede mas isso, quer dizer… por acaso esta
escola até nem participa muito, não. Porque às vezes convidam algumas escolas a participar.
E2E3
43. [Nas reuniões com os encarregados de educação falamos de coisas relacionadas] Com os
miúdos, com a relação deles. (…) Porque ele engana‐a, descaradamente, e ela acha que não.
Ela achava… portanto o miúdo não fez os trabalhos, umas coisinhas que eu mandei, dois ou
três exercícios. (…) [A mãe] não acreditou em mim, ela achava que eu ia escrever um recado só
porque me apetecia?! (…) E a confrontar ali o miúdo, comigo e com ela. Depois o miúdo lá
disse “não, eu é que não quis fazer”. Ela “Ah, pois.” É o que eu digo, estes pais… em vez de
dizer “Então não fizeste agora ficas de castigo, pronto!” Não. E2E6
44. Agora não, se não tivermos sentados, ficam stressados, ficam recalcados, choram muito.
(…) Bastava [a minha mãe] dizer “Não sais daí enquanto não fizeres” E pronto, eu já sabia que
tinha de fazer. Nem havia “Então fazes só um bocadinho”. Porque agora, se houver muito
“Pronto, não precisas de fazer tudo, fazes só um bocadinho”. Mas não, no nosso tempo “Tens
de fazer” e nós sabíamos que tínhamos de fazer. Agora não. É assim um bocadinho às
pinguinhas. Toma lá, eu dou‐te um bocadinho e tu fazes um bocadinho. E2E6
45. (…) Depois em famílias juntas é o “não há tempo, não há tempo”. (…) É pá, temos de nos
organizar. E2E7
46. Depois é assim, o que vejo é que as pessoas querem ganhar muito dinheiro para poder ter
tudo e, não prescindem. Uma vez até disse a um pai: “Mas porque é que a mãe não vem
trabalhar para mais perto?” “Ah, mas é que aquela aqui mais perto não ganha o que ganha lá.
Portanto, o trabalho, a carreira, tá sempre em função… de tudo, é o principal. Por isso é que eu
digo “É pá, não tenham filhos. Não têm tempo, não têm paciência, não tenham filhos.”E1E4
8
47. Eu tenho pessoas, que mesmo tendo esses valores e havendo essas regras e sendo
persistentes já é difícil, às vezes, com certas idades… estes são assim e estão a fugir, parece
que estão a fugir… até já tenho mães que me dizem: “Eu já não consigo fazer nada dele” (…)
E2E6
48. Olhe, este grande, “ já não sei o que fazer dele, em casa já me chama nomes”. “Uma
palmada!” “Ai não posso!” Porque é separada. “Depois o meu marido vira‐me a história” Olhe
se calhar isso era bom para si e era bom para ele, para aprender.” Porque uma coisa é ir ao pai
ao fim de semana, e outra coisa é viver com o pai. Porque depois o pai percebia que também
tinha que impor regras. Porque isto de ser pai ao fim de semana, é excelente, não é?! Vai‐se ao
Mac Donalds, ao cinema mais um filmezito e uma passeata e tá feito o fim‐de‐semana. E2E8
49. Mas não, a maioria, se for preciso, o que eu noto, é que os pais… a escola agora já não é
também a prioridade e, portanto, se eles não vierem cá, há alguns não faz mal … e os meninos
não têm agora a escola como uma coisa importante. (…) E2E5
50. (…) Por isso é que, por um lado, os que têm uns pais com essa relação ainda nota que os
miúdos são mais empenhados e gostam até de mostrar ao pai, aos pais, que tiveram boas
notas. Os outros não, os outros… os pais também não ligam, tanto faz. E2E5
51. Ah, eu acho que sempre se falou [acerca da relação escola‐família]. (…) Mas agora, cada
vez há mais pais desinteressados porque, eu não sei porquê, acho que é esta sociedade, não
é?! E2E5
52. Eu acho que as pessoas também não se esforçam muito, não sei. Eu acho que isto já é
uma coisa… e depois acomodam‐se… não sei?! E2E5
53. (…) “Ah, eu sou assim porque sou um pai muito amigo dos meus filhos”; “Eu sou um pai
muito amigo, que gosto…” Porque eu acho que os pais não perceberam que pais há só um, e
amigos, isso eles têm muitos, e vão e vêem. Os pais é que são aqueles. (…)Eu acho que agora
quebra‐se um bocadinho essa história do “pai é pai”, é pai mesmo. Não implica não ser amigo,
que acho que é muito bom, sermos amigos e darmo‐nos bem mas, tem de haver aquela noção
de que, quando o pai fala, e há coisas que é não, é não. Não há volta, “o pai disse que não mas
até pode.” E2E6
54. Eu acho que é igual, já [o acompanhamento dos pais das aldeias, supostamente mais
próximos da escola]! Porque depois é assim, também tem de trabalhar muito, também tem de
9
ir para o campo (…)e se calhar também não iam os pais todos e eram poucos, devia ter, sei lá…
catorze alunos. E também nunca iam todos [os pais]. E2E7
55. Não, nunca iam todos [às reuniões/escola]. (…) Fiz uma reunião às oito horas da noite.
Pensei (…) vou fazer à noite vêm todos. (risos) Não vieram nada. É assim, se é à tarde é porque
estão a trabalhar, se é à noite é porque é o jantar… pronto há sempre uma justificação. Quem
quer ir vai sempre, quem não quer, não vai. Porque eles não estão para aí virados. Porque uma
vez por mês, por uma vez… E2E5
56. [Sobre o facto de os pais não se interessarem muito por participarem na Escola] Isso
temos de ir um bocadinho atrás, talvez a outra geração, tenha sido uma geração (…) E eles (os
pais) agora, talvez, por se terem sentido mais limitados e agora, querem dar mais espaço, não
sei… dar mais espaço aos filhos. Agora esses filhos não querem fazer isso aos seus filhos (…)
Tem a ver porque os outros pais já tiveram pais assim, e agora eles não querem. E2E6
57. (…) que era “Inventem‐se novos pais”. Eu por acaso até gostei muito desse livro, porque
realmente, ele aí já falava um bocado disto. Portanto isto já vem, já vem de algum tempo. Não
sei se é do Pós 25 de Abril… que os pais ficaram assim meio… não sei. Os pais descartam‐se, a
verdade é esta, descartam‐se das responsabilidades. E2E5
58. [Acerca da fronteira percebida entre o papel dos pais e o seu] Mas já não há. Já não há. Eu
já sou mãe dos pais deles. Eu às vezes digo‐lhes: “Olha, podes dizer à tua mãe que se ela vier
cá eu também ralho com ela.” Mas isto é normal, eu estar a dizer ao miúdo que vou ralhar com
a mãe?! E2E5
59. Ah, eu acho que eles precisam muito [de formação]. [Os pais] Em vez de fazerem outras
actividades, que dantes nem havia, nós inventávamos com aquelas peças todas e não sei quê.
Por isso é que eu digo, eu não percebo. (…) com medo que o menino se sinta inferior … em vez
de o ajudar a ultrapassar, porque ele vai ter, pela vida fora, frustrações … quer dizer, montes
delas, né?! E2E6
60. Porque a pouco e pouco vou vendo que isto realmente, em casa… porque isto depois é
assim, os pais descartam‐se sempre… vão para a creche, o trabalho dos tais puzzles e dos jogos
já está feito. Portanto, em casa, é mesmo o baninho, a comida e a cama, pronto. E2E6
61. Já nem sei, era um projecto qualquer [da biblioteca]. Eles tinham de anotar… já não tenho
ali nenhum. E, houve uma mãe, agora há pouco tempo “Ah, já nem sei onde é que tenho essa
10
folha!” Mas podia anotar numa folha qualquer. Eu pensei cá para mim “Deves ler muito,
deves”. Não lêem nada. E2E5
62. (…) Os pais não aceitarem as limitações dos filhos e descartarem‐se do seu papel, e depois
o filho não consegue… “A culpa é da professora que não explica bem!” (…) A culpa é sempre da
professora. (…) E2E5
63. Pois, porque aquilo ali era… um bocado “finca pé”… mas para quê? Não percebo. Até me
faz confusão pensar nisso. Como é que um adulto… um adulto que, à partida… “há adultos
com trinta e quarenta anos que parecem uns bebés. Vocês são crianças mas já podem ser
responsáveis, já podem ter obrigações… e têm obrigações que já…” Há adultos que nunca são
adultos, quer dizer, com uns pais assim… E2E5
Professora Cristina – E3
64. Eu, pelo minha experiência, se calhar [fala‐se mais da relação escola‐família hoje] porque os
pais estão mais afastados da escola. E3E5
65. Sim, eu acabo por … isto é uma pescadinha de rabo na boca, quer dizer que, se fala nos
meios de comunicação, os pais acabam por falar mas, geralmente, é pelo aspecto negativo,
não muito pelo aspecto positivo. Porque eu não me lembro de ter visto nenhuma notícia, nos
meios de comunicação, que valorizasse o aspecto positivo. É sempre quando há problemas
com os professores, quando há queixas, quando algum professor puxa uma orelha… é sempre
pelo aspecto negativo. E3E4
66. Embora eles, tirando… fora da turma e com a professora, nem todos participam. Há alguns
que participam, mas são muito poucos. Quando é na turma, isso sim, eles participam mais e
são mais activos. Fora, seja uma actividade de agrupamento ou mesmo uma actividade do
Clube da Floresta, nem tanto, não são cooperativos. E3E5
67. (…) Há quem… depois isto depende também, de escola para escola. Há dois anos atrás, não
tinha estes encontros mensais, porque até os pais achavam que não [valia a pena]… E3E5
68. (…) eu estava a dar aulas em Lisboa, não tinham tanta disponibilidade para ir à escola. E3E7
69. (…) Estavam mais preocupados em ir buscá‐los e levá‐los para casa, não tínhamos estes
encontros. Mas eram pessoas que, por exemplo, telefonavam e se tivessem alguma dúvida
mas, também estavam lá sempre, se fosse preciso alguma coisa. Ou mandavam bilhetes, com
11
alguma coisa que se passasse. E, geralmente telefonavam. E não quer dizer que não
houvesse… não iam tanto à escola. Acho que depois depende muito, não de colega para colega
mas, sim da escola onde se está. E3E5
70. Há colegas que não gostam muito de ter de receber pais dos miúdos. Acham que, portanto,
têm de se justificar, às vezes têm dificuldade em arranjar assunto para falar com os pais… sei
lá… depois depende muito de colega para colega e da forma de estar. Mas não, quer dizer, não
há assim nenhum caso mais drástico. E3E2
71. Insegurança, talvez. Geralmente são professores mais novos, talvez… e acho que tem muito
a ver com insegurança e do estar exposto aos pais. É uma situação de defesa, é um pouco isso.
Estão pouco à vontade, sei lá. E3E2
72. Há uma maior abertura e, não ter aquele receio: “Hoje é dia de receber pais”. Não. Faz
parte. Faz parte, assim como venho dar aulas, sei que nesse dia, recebo os pais. E3E2
73. Sim [com o tempo fui ganhando mais confiança], mesmo a nível profissional, em relação às
crianças. E3E2
74. Eu acho que a [relação com os pais] que temos chega. Porque depois há… o que eu às vezes
sinto é que depois, quando há demais, depois é um bocadinho… depois temos, como é que eu
lhe hei‐de dizer isto… não é termos os pais o tempo todo na escola, porque não temos, depois
não há limites. Não quer dizer que seja necessário haver limites mas, para certas pessoas é
necessário mesmo haver limites. E3E2
75. Eu costumo dizer, eu aqui dentro, para eles eu sou professora, para eles também sou uma
pessoa que também tem filhos e que também está preocupada com a educação dos filhos e
que pronto, estou com os filhos deles durante o dia todo. Mas depois, não há barreiras nesse
aspecto. O que me preocupa às vezes é a invasão depois, do espaço que é nosso, que é meu e
dos alunos, não é?!E3E2
76. Que os pais podem realmente participar, podem fazer, podem fazer parte mas que, depois
chega ali a uma altura em que… “pronto, agora tudo bem mas, agora os pais estão em casa,
porque as crianças estão na escola e é aqui que eles passam a maior parte do tempo. (…) E3E2
77. (…) Mas a regra foi… “Não, essa regra não é para cumprir”. E é nesse aspecto que às vezes…
há a invasão dos pais, tal como acham que, hoje em dia a escola… há esta – que eu acho que
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bem, que eles podem participar na vida escolar – mas depois intrometem‐se (…) às vezes é
preciso pôr‐se um travãozinho. E3E2
78. Não, porque eles ficam muito – porque o problema é esse – eles ficam muito aflitos. Ele
realmente foi para o recreio mas, assim que o mandei chamar veio logo e disse “Eu sei que não
devia ter saído”. Porque eles depois, coitados, estão ali num dilema que não sabem como
fazer. Ou respeitam a professora que está na sala, se respeitam as ordens do pai, ou neste caso
da mãe, que ficou em casa. Porque depois eles, coitados, andam ali um bocadinho… mas isso
tem a ver também com os pais. Há uns que realmente não… podem não concordar com
qualquer coisa que seja feito mas, eles próprios dizem “Olhe, eu não concordo, por isto assim,
assim… mas vinha falar consigo para ver se pudemos arranjar aqui um meio termo”. Porque
também passa um pouco por isso, os pais participarem na escola, estarem na escola, mas
também, aprenderem a estar na escola. E3E6
79. (…) [Acerca de uma experiência anterior] Apesar de eu ter uma boa relação com alguns
pais, aparecia sempre alguém, que parecia estar de mal com a vida então a escola era o local…
e a professora era para descarregar. Foi assim o sítio onde eu me senti assim, mais…. Onde era
mais difícil lidar com os pais. Eu acho que tem muito a ver com o meio, com as… sei lá, com a
vontade das pessoas. E3E2
80. Os deveres, nem os cuidados a ter para a conservar. Está lá para servir as crianças. Mas é
como lhe disse, é um meio muito específico, com muitos problemas a nível social. Mas tem
umas óptimas instalações… era uma escola que tinha tudo mas, depois não há aquela… o
cuidado. E3E5
81. Também tem a ver, um bocadinho mais com… não tem tanto a ver com o meio
socioeconómico. Mas tem, sei lá, com disponibilidade, com a ocupação dos pais. E3E7
82. É falta de disponibilidade, é o que os pais dizem. E3E7
83. Têm o cuidado de, de vez em quando, mandarem um email a dizer “Não posso estar, sei
que a reunião é algures por estes dias”… porque depois não sabem muito bem ou porque a
miúda diz em casa “Oh mãe, tens reunião”. Porque eu digo a eles “Olhem, lembrem os vosso
pais que amanhã há reunião”. E eles têm esse cuidado de enviar. Depois há alguns que
mandam um email a dizer que, realmente não podem estar e, esses pais, em particular,
porque até têm cursos superiores, mas estão mesmo… não têm disponibilidade. E3E7
13
84. Quando eu, de vez em quando, mando um email a dizer que tem uma série de coisas para
assinar, lá vêm. E depois estão mais outros seis meses em aparecer. E3E5
85. Eu acho que eles já estão muito habituados. Esse é o caso mais… porque depois os miúdos
acabam por ganhar aqui uma camuflagem, protegem‐se muito bem… desse aspecto. Tirando
esse caso… não tenho assim casos extremos, não vêm, porque não vêm. Só vêm quando
apetece, pergunta como está e não sei o quê… não há assim, uma razão, para explicar “Olhe,
aqui não aparecem por isto, ou têm alguma dificuldade…” E3E5
86. O que se nota é quando não são apoiados em casa. E3E5
87. [Os pais] Eles esforçam‐se. Podem não se forçar assim por muito tempo. Porque depois são
pais… alguns deles são pais que têm uma vida complicada e que a nível de trabalho, ou não
trabalham aqui… e têm alguma dificuldade. E2E5
88. E também muitos pais separados, em que eles só estão com as mães… mas que vão
apoiando, não aí nota‐se sim, aqueles que apoiam mais e aqueles que apoiam menos. E3E8
Professora Rita – E4
89. A nível de escola… a nossa escola, fisicamente, não tem condições para ter muita gente
aqui, infelizmente, não é!? Portanto, estamos um pouco limitadas relativamente às festas.
E4E1
90. Tentamos fazer [actividades] a nível de escola mas depois temos um grave problema, a
nossa escola é dividida entre dois edifícios, são trezentos e tal alunos, os dois edifícios. Se está
a chover, nós não temos qualquer hipótese. Temos as arcadas cobertas [da escola] única e
exclusivamente. E4E1
91. E, infelizmente, nesta escola, não dá para fazer muito mais, fisicamente é complicado.
Porque não temos aqui nenhum espaço associado. Nas aldeias é mais fácil porque há sempre o
clube, ou uma associação que tem palco e que dá para fazer algum tipo de festa. Cá não dá.
Nós não temos qualquer hipótese. E4E1
92. Ah, mudou [na forma de agir perante os pais]. Eu antes não fazia nada disto. (risos) Não
fazia, não envolvia os pais com tanta frequência. Mas não porque não era habitual. Lá está, a
sociedade, às tantas, evoluiu (…) E4E4
93. Portanto, eu fazia às 16 horas. Sabe, nós não temos a chave da escola, nem dos portões,
nem do código do alarme, nem nada. Portanto, estamos condicionadas à auxiliar. E4E1
14
94. Eu tenho pena de esta escola não ter, lá está, algum espaço físico para podermos fazer
festas e envolver os pais nas festas, por exemplo. Acho que é assim, a grande falha aqui.
Porque de resto, lá está, não podemos exagerar nos trabalhos. Envolver os pais, mantê‐los
aqui mais presentes… as festas são a falha aqui na escola. E4E1
95. Às vezes sim [vê uma fronteira entre o que é o lado dos pais e o lado dos professores]. Às
vezes vemos ali um entrave. Por vezes os pais não compreendem, os pais dizem que somos
nós e nós dizemos que são os pais (risos) a empurrar para cada um dos lados. E4E4
96. (…) o espaço físico aqui, eu acho que dificulta. Eu não gosto de ver os encarregados de
educação ali atrás do portão, com as grades (…) Mas compreendo que é uma escola grande e
tem de ter essa medida (…) Acho que os pais deviam ser recebidos dentro da escola. Lá está,
não fazemos milagres e o espaço físico é este e há‐de ser por muitos anos e como ele está, é
impossível, é inviável fazer. E4E1
97. Agora, o facto de largarem a criança aqui e não poderem entrar, eu… incomoda‐me,
incomoda‐me, não gosto de ver. Na escola do meu filho mais velho não tenho essa realidade,
eu entro e gosto de entrar. E4E1
98. Eu acho que os pais devem conhecer todos os funcionários da escola, eu acho que o facto
de não entrarem na escola impossibilita um pouco isso. Eu acho que, um dos entraves é esse.
E4E1
99. Sim, sim [o espaço físico condiciona algumas actividades que permitiram uma maior
relação entre a escola e a família]. E a forma como nós os recebemos. E4E1
100. Se eu não me mostrasse disponível, a mãe não vinha e depois ia novamente embora (…)
Quando as colegas dizem: “Mas não tens de o fazer. Não veio naquele dia, aquela hora”. E4E5
Professora Matilde – E5
101. Por exemplo, os pais contactam muito pouco connosco porque também não têm tempo.
Os meninos não são acompanhados porque os pais também não têm tempo. E5E7
102. Na escola eles estão cinco horas, o dia te vinte e quatro. Portanto, o resto do dia, quem
lhes dá educação?! Porque os pais actualmente desresponsabilizam‐se tremendamente da
educação dos filhos, das regras dos filhos... porquê? Porque não têm tempo. E5E7
103. (…) as mães não têm tempo porque trabalham o dia todo, porque quando é famílias
monoparentais, é só a mãe, portanto, não tem tempo para os vir buscar, não tem tempo para
os vir pôr, de manhã vem deixá‐los às sete e meia porque vão trabalhar para Lisboa. Porque
não tem tempo. E5E7
104. Não acompanha o menino porque chega cansada, e eu compreendo, porque tem de fazer
as lides de casa (…) Depois, às vezes, ao domingo querem descansar, vão pôr os meninos aos
avós. Muitos vão pô‐los aos avós porque também, também têm de descansar, têm de ter um
tempinho para elas. Não são todas, mas a grande parte. E5E5
15
105. (…) Passa um pouco por falta de responsabilidade… Porque eu tenho três filhos e ainda
hoje, quando têm testes, eu não saio (…) E5E6
106. Porque há muitas famílias que não dão importância e respondem‐me “Oh, professora, eu
também já era má a Matemática”, “Eu também era assim, eu também não fiz isto.” Portanto
eles acham que é normal fazerem [os alunos] aquilo que eles fizeram. E5E4
107. Portanto, eu acho que há muitos pais que, já a eles não foram transmitidos esses valores.
Portanto eles estão a transmitir aos filhos os valores que lhes foram transmitidos… “Que tanto
faz”. E5E6
108. “Eu não pude estudar no fim de semana porque não pude, porque tive de sair.” Depois, a
partir daí, eles estão aqui, nós temos de fazer tudo. E5E5
109. Eles ainda não perceberam que temos vinte meninos. Ora, é o que eu costumo dizer “se
vocês, com os vossos filhos (como tenho uma mãe que me diz que não faz nada da filha, isto
disse‐me ela quando a filha tinha sete anos)…” Eu fico a pensar… é estranho! Quando ela
comigo porta‐se esplendidamente bem. Porta‐se optimamente. “Oh professora, se eu não
ouvisse não acreditava”. Nunca tive problemas com aquela criança. (…)E5E6
110. (…) Agora, também… se vêem os pais a fazer cada coisa… às vezes trabalho muito bem
com os filhos e às vezes tenho uma certa dificuldade também [de trabalhar com os pais]… por
exemplo, numa reunião, entram os filhos, entram os pais… eu começo a olhar… depois falam,
depois os filhos gritam. (…) Pronto, claro que não são todos mas, que se reflecte… que toda
uma família se reflecte na educação e na valorização que dão à educação, na responsabilidade
dos meninos, eu acho que sim. E5E6
111. Eu disse: “Pois, porque ninguém veio às reuniões, fartei‐me de os chamar… e isso tudo”.
E5E5
112. Eu já tive, por exemplo um pai que eu chumbei o menino e o pai fez queixa minha… e
pensei “Mais problemas”, mas chumbei‐o, está chumbado, chumbei‐o mesmo. Mas achei que
o pai tinha esse direito. Depois foi para a DREL… Mas achei que o pai tinha esse direito. Depois,
até achei estranho, estava tudo super justificado, com os planos de recuperação e tudo.
Depois o pai, no ano seguinte veio falar comigo e veio‐me dizer, até me veio pedir desculpa e
porquê? Tinha sido apanhada num processo de divórcio litigioso. E quem apanhou por tabela
foi o menino. (…) E5E8
Professora Isabel – E6
113. Em que as aprendizagens não são valorizadas porque não há tempo lá em casa para
perguntar “Então, como é que foi o teu dia?” E6E5
114. Em que se cometem erros atrozes, como por exemplo, alimentares (…) E6E6
16
115. E os pais cada vez vão tendo menos tempo para os filhos e, a escola começou a ver que
não há pais presentes lá em casa e nós, então temos que estimular os pais para saberem ser
pais para aqueles filhos. E6E7
116. (…) Eu percebo que os pais estejam a trabalhar mas nós vemos a relação pai, mãe, às
vezes um avô, uma avó… eram umas figuras de uma mais valia muito grande, e há ali um
conjunto de testemunhos muito grande, não é, e até em termos de laços afectivos e até dos
avós se conhecem melhor os pais, essas relações perderam‐se. Os avós, agora nesta altura, na
sociedade, são avós activos que trabalham, que estão ainda a trabalhar e estarão. E6E8
117. E estas crianças estão, portanto, num sistema educativo e naquilo que pode ser oferecido,
nas suas limitações – uma delas espaço – acho que é muita permanência no mesmo espaço
muitas horas e deixou de haver essas mais valias que não se aprendem nos livros. E6E1
118. (…) Mas, como por exemplo, desde as regras básicas sociais, “Olhe, não tira os sapatos no
meio da aula, quando espirra diz…, quando arrota… diz com licença, se faz favor.” Qualquer
coisa deste género já ultrapassa… porque as pessoas não têm tempo para explicar aos
meninos, os afectos… E6E6
119. É uma sociedade que as pessoas continuam a ter cada vez menos filhos, talvez por causa
disso, não há tempo para dedicar, não há tempo para ler uma história à noite ou pouco. E6E7
120. Porque, depois da criança adormecer a gente já sabe que tem de ir fazer o trabalho que
não fez até aquela hora. Porque no outro dia exigem‐nos, é uma sociedade exigente em
termos de trabalho. (…) E6E4
121. Há muitas pessoas que eu acredito que não façam isso [ler o livro ao deitar] e que retira
qualidade ao crescimento daquela criança. E é isso que basicamente nós sentimos no café, são
muitas horas de permanência e os miúdos não… sentimos que eles estão desestruturados
dessa parte afectiva. E somos nós [professores] que às vezes ainda temos de lá chegar de
alguma maneira. E6E7
122. Quando abordei o que é um livro, ou li histórias pela primeira vez, eram eles pequeninos,
pedi que viesse uma avó contar a história ou uma mãe mas, também não tive grandes
contributos porque… os tais limites dos empregos, impostos. E6E7
123. Esta turma é uma turma que, desde o início do ano, as cinco pessoas que vêm ao
atendimento, mensal… são sempre as mesmas cinco. Tenho vinte alunos. E6E5
17
124. Mas ainda há três pais que eu vi no primeiro dia de aula e não vi nunca mais. E6E5
125. Entendo que seja a falta de tempo. São pessoas que trabalham, às vezes, muito longe, em
Lisboa, com horários incompatíveis com esta situação toda [escola]. E6E7
126. De facto não comparecem nem me procuram noutra altura… mas depois [aproveito] e
naquele dia “Olhe ele está bem mas precisava de uma ajuda na matemática”. Veja lá quando
puder ligar. E6E7
127. Às vezes sinto eu que tenho mais necessidade de passar aquela informação do que aquela
pessoa tem necessidade de me ouvir. Mas eu faz‐me imensa impressão. E este é o terceiro
ano, e tem sido assim desde o primeiro ano. E6E2
128. E agora, em Junho, vou marcar reunião para Junho e vou andar atrás, incansavelmente
destas três pessoas, duas talvez, a outra é capaz de vir(…) Veja lá se aparece, eu gostava de
chegar ao final do ano com as coisas todas arquivadas. E6E2
129. Outras não, continua a ser o recadinho na caderneta, muito limitados, com falta de
tempo. E6E7
130. Já solicitei, uma vez lembrei‐me de no Natal, em vez de serem os meninos a fazer
qualquer coisa para os pais, serem os pais… mas não tive grande saída. E6E5
131. É assim, nós não temos um espaço físico que consigo comportar um espectáculo de Natal,
como eu vi sempre nas escolas das minhas filhas. Gosto muito (…) isso tem um valor enorme,
para os dois lados, para os meninos e para os pais. Nós não temos esse espaço físico. E6E1
132. E também, na boa da verdade, isso era ultrapassável, porque eu já tenho muitos anos de
serviço e já se fizeram aqui marchas populares, já se assaram aqui bifanas nesta escola, já se
fizeram… arredavam‐se mesas e faziam‐se cada turma fazia uma mini festa. Não é um hábito
comum da escola. Eu sou muito “festivaleira”, muito de teatros e nessas coisas não tenho
grande resposta, a nível da totalidade. E essa história de não querermos todos fazer isso, inibe
um bocado quem quer. Sinto‐me um bocado às vezes… (…) E6E3
133. (…) Pais e alunos não cabem [no espaço físico da escola]. Esta escola tem muito pouco
espaço físico… são quatrocentos alunos que é o que nós temos, se juntarmos os lá de baixo
com os de cá de cima, este recreio fica completamente cheio. (…) É insustentável. E6E1
18
134. (…) Tanto que as reuniões que fazemos com encarregados de educação são desfasadas
porque não há hall, nem espaços comuns que comportem… E6E1
135. (…) O dia de recepção ao primeiro ano é um dia isolado, não dá para receber todos. Em
termos de espaço físico é incomportável. E6E1
136. Eu penso que há vinte e três anos, quando comecei, atrás os pais iam à escola, ou a avó ia
levar e ia buscar, portanto não havia ATL, não havia nada. E aquela troca diária fazia‐se. “Olhe
atenção, ele caiu leva o joelho magoado”, “Olhe ele hoje deu mais erros no ditado, está um
bocadinho triste, mas não tem importância nenhuma, isso resolve‐se.” (…) Fazia esta troca do
dia‐a‐dia, era bom, era muito bom. E eles [os miúdos] sentiam que – eles são muito pegados a
nós e mimados às vezes – e às vezes é uma entrega, saem das minhas mãos e entregava a
outra pessoa. Às vezes sinto que nestas entrelinhas, eles acabam por arranjar estratégias e
brincam todos, são muito solidários aqui na turma, mas eu acho que ficam um bocadinho
desprotegidos, não é, e deixou de haver o tal intercâmbio. (…) E6E5
137. Há muitas maneiras de os chamar cá. Se eu já fiz isso algumas vezes? Já, já fiz isso. Eu
tenho esta turma há três anos e já tentei fazer a festa do Natal, a festa disto e daquilo, por
exemplo, um dia ir fazer um piquenique ali à Várzea com os pais, avós… mas a receptividade é
muito pouca. Dentro do horário que a gente tem a resposta não é [positiva] e nem sábados,
nem domingos… fizemos aí um apelo a um passeio pedestre no âmbito de um projecto que
temos do Clube da Floresta, e não veio quase ninguém. Não vão. E6E5
138. (…) [Não participam nas actividades] Ou não se interessam, ou pode até ser uma falha
nossa, não é… de não os conseguirmos estimular a que participem também nas actividades
dos filhos. E6E5
139. (…) Agora, o que eu noto em relação aos colegas é, como eu disse, eu tenho tido sorte e
nunca tive assim nenhuma contenda com os pais dos alunos. Mas muitas vezes, o que eu oiço
às vezes, é que os pais, as poucas vezes que vêem, ainda é para alvitrar qualquer coisa que não
está correcto… e vêm de questionar. E6E2
140. Muitas vezes as colegas dizem que “Olha, vê lá tu que rectifiquei que o miúdo não podia
comer chocolate todos os dias, está obeso, e a resposta que veio por escrito foi: “Quem manda
na alimentação do meu filho sou eu.” Portanto é errada, ainda tem o aval do menino… as
poucas vezes que vêm, vêm defender a cria, com uma força, como se nós estivéssemos aqui
para fazer mal a terceiros, não é. (…) E6E6
19
141. Muitas vezes, tirando o espaço físico e tirando as reuniões e papeladas que surgiram ao
longo destes anos – também nos deixam falta de tempo para preparar [as festas]. Para se
preparar qualquer coisa também é preciso haver tempo, para além da motivação, as coisas
não nascem do nada, não é… e estamos muito sobrecarregadas com papéis, fazemos muitos
papéis que se vão meter num dossier. (…) E6E3
142. E pronto, já tenho feito algumas coisas… mas a resposta é muito fraca. Dentro do nosso
horário lectivo, é muito fraca. Já tivemos situações ao sábado e ao domingo, as pessoas
continuam a não ir. E6E5
143. (…) Se no meu caso, se achar que estou a agir condignamente e que aquela pessoa está a
trabalhar em campos opostos, e que está a desautorizar, dada aquela situação, então aí eu
acho que a barreira está a ser passada. E portanto, tenho que, sem ser à frente dos pais, nem
de ninguém dizer “Há um limite. Eu passo o tempo a dizer‐lhe para não fazer isso e você
continua a dizer para fazer”. Daquela porta para dentro… há uma coisa que eu sei, que sempre
soube durante estes vinte e três anos, é que daquela porta para dentro, mando eu. Os pais
mandam daquela porta para fora, eu mando para dentro. E6E2
144. (…) Eu acho que é a necessidade que as pessoas têm de, às vezes não têm só um
emprego, têm vários, estamos numa sociedade consumista. Estamos numa sociedade em que,
graças a deus a mulher começou a trabalhar. Já não há avós em casa. E6E4
145. (…) A situação dos pais quando não está um sozinho – muitos divórcios, não sei quê… ‐ as
situações familiares estão complicadas. E6E8
146. (…) A necessidade de consumo aumentou, e a necessidade de produzir aumentou
também. E o facto de terem de trabalhar mais horas (…) Surgem duas ou três escassas horas,
num dia para passar a mão no pêlo, ao filho, não é… e é isso, um excesso de tempo fora de
casa, de contacto com a criança impossibilita a relação de pais. E6E7
147. (…)E portanto, a relação mãe, pai e filho, está a perder‐se. E há coisas, que por mais que
se leia… [são consequência disso, a relação com] a escola. Não há tempo. (…) E6E7
148. (…) O tempo é o que a gente fizer dele, podiam ler um livro dez minutos, por vezes não há
predisposição (…) E6E6
149. (…) ou são eles, que de facto, que acham que aqueles dez minutos são bem aproveitados
noutra área. (…) E6E7
20
150. (…) É a falta de tempo…. Mas eu tenho telemóvel (…) E6E5
151. (…) espaço físico não tenho porque a escola fecha às sete e meia. (…) E6E1
152. (…) Muitas vezes sou eu, que no talho, quando vejo a mãe, “Olhe, não se importa…”. Ou o
facilitismo com que, por exemplo, eles passam de ano, eu acho que a exigência curricular não
é nada que não se faça e o estigma criado do processo escolar é quase como uma garantia
para os pais, de que é automática, não é… Que, mal será que ele não passe. (…) E6E5
153. (…) e também a desautorização que nos fizeram da parte do Ministério da Educação,
basta um processo que a DREL cobre‐os de razão. (…) E6E2
Clarisse – E6
154. Eu tenho alunos, que normalmente os pais moram cá, vão almoçar a casa, mas os alunos
almoçam na cantina. E7E6
155. Eu na minha turma, não é uma turma especial mas eu tento envolver os pais assim o mais
possível. Mesmo assim, noto, que com o passar dos anos, que cada vez é mais difícil que as
pessoas cada vez mais, se demitem da parte de ser pais. E7E5
156. Tento trinta e três anos de serviço, era meio rural, Outeiro da Cabeça, aí também não
havia grande proximidade escola e família porque as pessoas todas trabalhavam, estavam nas
cerâmicas, havia essa necessidade, mãe, pai, e os miúdos começavam a trabalhar muito cedo.
(…) E7E4
157. (…) que no espaço de quatro anos eles vêem cada vez mais imaturos. E os pais então, são
filhos únicos, não têm mão neles. E7E6
158. (…) É uma coisa em que eu insisto muito mas às vezes não é bem recebida pelo resto da
comunidade educativa, pela comunidade escolar… este meio mais próximo, nem até pelas
chefias, o facto de falar muito informalmente com os pais, sem ser nas reuniões. E7E1
159. (…) Eu acho que é essencial [falarmos com os pais], não pode acontecer nunca esta
história dos pais ficarem ao portão. Eu sei que é uma questão de segurança mas, e os pais não
serem bem vistos virem à escola e terem de pedir autorização, entrarem dentro da sala. E7E2
160. (…) E também se criam legislações e normas legais que travam a relação entre os pais e
professor. E7E2
161. (…) Há professores que não querem e não gostam que [os pais entrem na sua sala], é o
mundo deles, são as coisas deles. E7E2
21
162. E ao longo deste segundo ano tem havido filhos de pais a mudarem completamente de
opinião em relação aos filhos e a pedirem já para os endireitarem porque em casa já fazem
tanto disparate (…) E7E6
163. (…) Noto‐os cada vez mais imaturos mas porque os pais fazem deles uns bebés. E7E6
164. [Fala‐se muito na relação escola‐família] Porque acho, cada vez mais, que os pais se
demitem desse papel que têm (…) E7E5
165. (…) Eu vejo, eu tenho aí crianças, não são todas, em vinte e quatro alunos tenho aí uns
cinco que, os pais andam… estão desempregados, podiam dar muito mais atenção aquela
criança e que, não dão porque é muito mais fácil mete‐los aqui, almoçarem aqui e estarem
aqui. Nem é por questões económicas, não tem a ver com o almoço gratuito, nada disso. Tem
a ver sim, com a organização deles que é… acaba por ser assim desorganizada. Quanto a mim,
que também sou mãe e sei como é que criei os meus. E7E6
166. (…) por exemplo, hoje, a nível de legislação eu tenho de pedir licença para, não é… para
entrar alguém estranho ao serviço… e é um pai. Pronto, não faz sentido, quando nós queremos
que eles participem também fechamos os portões e dizemos: “Agora também não podem
entrar, não é?!” Há assim, uma certa incoerência entre aquilo que [é pretendido e o que está
legislado]… eu faço parte do conselho geral e vejo (…) E7E2
167. (…) Acho que não há receitas, não há panaceias universais porque obrigá‐los também
não… Estávamos a falar com conselho geral e, por exemplo, eu vejo que nem as pessoas da
associação de pais que tomam o compromisso, e quando se é voluntário, têm mais obrigação
ainda (…) E7E5
168. Nós aqui quase que não damos pela associação de pais, não damos por isso. E7E5
169. (…) Portanto, eu acho que tudo o que se faz voluntariamente (…) porque depois há
pessoas que acham muito engraçado ir para a associação de pais mas depois chegam lá e
vêem que aquilo dá um bocadinho de trabalho. Eu própria já fiz parte de uma associação de
pais e realmente é trabalhoso, ou nós trabalhamos ou não trabalhamos … as pessoas pensam
que é só dizer que “eu sou da associação de pais e quero”(…) E7E5
170. (…) Porque eu acho que há muita gente, neste momento ainda convencida, que vão para
a associação de pais para defender os direitos do seu filho, ou da sua filho, ou do seu
educando… no individual, não pensam muito no geral. Não têm grande conhecimento das
coisas pronto…. Realmente, se calhar a outra associação habituou‐nos a nós, professores,
muito mal. E7E5
171. Eles [superiores] põem a ordem de trabalhos e… agora, eu pergunto‐me “é só naquela
altura? E depois o resto do mês? Quando há que falar?” Ou nós dispomos do nosso tempo
para falar com os pais ou, para trazermos um pai para dentro da sala... já a coisa não é muito
bem aceite [pela legislação, superiores]. E7E2
22
172. (…) Agora, realmente envolvê‐los mais, também acho que era benéfico mas, é a tal coisa,
se os pais não querem vir à escola nós não os podemos obrigar a vir, só mesmo ameaçados.
E7E5
173. Eu acho que ainda está enraizada que quem manda dentro da sala de aula é o professor e
o professor fica dentro da sala portanto, aqui ainda não se mudaram muito as mentalidades.
(…) E7E3
174. (…) Não se mudaram mentalidades, não … os pais virem à escola e serem tidos quase
como… quase como não, serem tidos como parceiros, muitas vezes, até superiormente mal
visto. Portanto, ainda é essa mudança de mentalidades… ainda não foi. E7E2
175. (…) E fazer passar que essas regras têm de ser também cumpridas em casa, pelos pais, é
um bocado… às vezes pensam que eu sou demasiado… castradora. Mas não (…) E7E6
176. Eu acho que se a legislação permitisse que os pais viessem à escola quando lhes apetece
(…) E7E2
177. (…) A questão da segurança, tanto se interrogou a questão da segurança que parte da
participação mais activa – porque há pessoas [pais] que ainda querem, há outras que não
querem, e fazem disto um armazém. E7E5
178. (…) Mas há, ainda pessoas que querem mas, que se sentem limitadas, exactamente
porque temos de pedir autorização, temos que fazer um determinado número de requisitos
legais para ter um pai dentro de uma sala a contar uma história, por exemplo. Acho que, o que
se ganhou em segurança, perdeu‐se em participação, em convívio (…) E7E2
179. (…) Também não seria lógico, os pais entrarem todos e isto é uma coisa que é defendida,
não podem (…) E7E1
180. (…) por exemplo, as festas de anos, criaram‐nos alguns embaraços, há colegas que não se
importam, outros não querem… depende de nós. E7E2
181. E as pessoas têm de se assumir e também não se assumem muitas vezes. Porque é mais
fácil dizer: “Não porque os pais... isto não é o sempre em festa… mas na verdade, não é isso, é
uma chatice. Ter uma festa de anos é uma chatice, dá‐nos mais trabalho a nós (…) No entanto
foi uma das situações em que este ano nos deparámos. (…) Há pessoas [professores] que
acham que é uma chatice. E7E2
Teresa – E8
182. É assim, eu penso que também não podemos cair muito no exagero [a solicitar]. Senão o
que era bom passa a ser muito mau. Eu, por enquanto, sinto que as reuniões, os encontros são
suficientes. Até porque, se há qualquer coisa, basta telefonar. E8E2
183. Não há assim grandes… há uma ou duas situações pontuais em que as pessoas não se
aproximam tanto da escola. Portanto pais com horários complicados, com turnos. E8E7
23
184. Acho que também não podemos cair no exagero de estar constantemente a solicitar, a
querer a presença dos pais na escola. Não sei se depois será uma mais‐valia. E8E2
185. Agora, também tenho encarregados de educação, com horários de trabalho muto
diferentes. Eu acho que sim [que os horários de trabalho influenciam]. E8E7
186. (…) setenta por cento dos pais dos meus alunos viriam, sem grandes problemas, pela
frequência com que vêem às reuniões, eu penso que sim. E sei que, se for preciso… por
exemplo para as reuniões das tasquinhas eu sei que foram alguns e nós não estamos ali
directamente ligados, porque é mais com a associação de pais. Nós também tentamos que isso
aconteça (…) e em termos de associação, eu acho que se deviam envolver todas as mães. Mas
eu entendo que as pessoas têm um horário (…) portanto, não é fácil. E8E7
187. Não, não [não dependem só da escola] pelo contrário, eu acho que a maior parte deles
vêm de trás. Eles, quando chegam aqui, já têm seis anos portanto, não nos podemos esquecer
disso. As regras, às vezes, ficam lá muito escondidinhas. E8E6
188. Se houver um distanciamento entre a escola e a família, se sentirmos de parte a
parte…E8E3
189. (…) muitas vezes é a família que se fecha… eu acho que se houver um certo
distanciamento, aí se calhar… E8E5
190. [O tempo] Também é um factor que pode condicionar muito. Porque os horários são…
esta turma, eu vejo outra grande diferença em termos de… tenho mães a trabalhar por turnos,
muitas… o que é complicado. E8E7
191. Por exemplo, este ano, o nosso atendimento é às cinco e meia, e há dois anos era das seis
e meia, e era o melhor horário. Era o horário em que vinha toda a gente [por causa dos
funcionários]. E8E1
192. (…) o horário melhor era depois das oito e aí, toda a gente, quase… quase, porque há
sempre uns… mas quase todos vêem. Este ano, por causa dos funcionários, do horário dos
funcionários, é outro factor. E8E1
1. (…) Agora, há pais complicados, porque também há uma grande falta de valores. O ensino
não é importante, a educação não é importante. É uma área que está muito, não está com
prioridade actualmente na nossa sociedade. O discurso é: “Oh professora passe o meu filho
que eu para o ano vou mudar a minha vida.” “Já me disse isso há três anos antes!” E5E5
2. (…) Vimos, um decréscimo de valores, e para mim, o que eu acho mais, é uma falta de
responsabilidade. É a desresponsabilização da família, de algumas famílias, em relação ao seu
educando face à escola. E5E5
24
3. O que eu acho é que há uma grande desresponsabilização das famílias, actualmente,
perante os alunos. E5E5
4. [Os pais] Não têm a mínima noção se as crianças têm ou não têm dificuldades, não têm a
mínima noção se tiram tempo para os seus filhos, se o tempo é de qualidade, não. Também
têm uma vida muito agitada, eu percebo isso. Mas, não têm essa noção. Actualmente, eu acho
que as famílias, principalmente as famílias só constituídas por um só elemento, constituídas
pela mãe praticamente, não têm essa noção. Eu vejo isso na minha turma, por exemplo. E5E5
5. E depois, quando uma mãe me disse a semana passada: “Oh professora eu dou o máximo
de mim!”. Aí eu sou um pouco rígida, disse: “Eu compreendo que tenha dado o máximo de si
mas não foi no acompanhamento do seu filho. E5E5
Bloco F ‐ Factores de Promoção
Recolher dados de opinião sobre os factores de promoção de uma boa relação escola‐família
Factores
de
Promoção
F1 Aproximação dos
professores à
comunidade
2, 4, 6, 7, 10, 25, 40, 43, 48, 49, 55, 59, 69
F2 Disponibilidade dos
professores
3, 20, 27, 30, 31, 32, 33, 34, 36, 37, 41, 45, 46,
47, 54, 56, 57, 58, 60, 61, 62, 65, 67, 68, 70,
71, 72
F3 Disponibilização de
equipa técnica
12, 13, 14
F4 Legislação em vigor 9, 28, 51
F5 Participação dos pais
em actividades
1, 5, 8, 9, 15, 16, 17, 18, 19, 21, 22, 23, 24, 26,
29, 35, 38, 39, 42, 44, 50, 52, 63, 64, 66
F6 Intervenção no
espaço físico
11, 53
E1 1 ‐ 11
E2 12 ‐ 14
E3 15 ‐ 19
E4 20 ‐ 33
E5 34 ‐ 35
E6 36 ‐ 46
E7 47 ‐ 58
E8 59 ‐ 72
1. Exactamente [faltarem aos compromissos por não terem tempo] ou virem quando apetece.
Devia ser com um carácter, como nós definimos no início do ano estes encontros, no fundo as
reuniões mensais, eu acho que também devia estar programado. E1F5
2. A gente adere a tantos projectos no início do ano, que muitas vezes, na prática, não são
realizados… porque não também fazer estes encontros, essa interacção com a comunidade.
E1F1
3. Porque há muitos que chegam [às reuniões] aqui às seis, que é quando a acabam o trabalho
deles… e nós, ainda cá estamos e temos de os receber. Temos de os receber mas, é claro,
também é do nosso interesse. E1F2
4. É assim, eu, os projectos, estou envolvida num, já há … desde que estou aqui nesta escola,
há seis anos, tenho estado sempre no projecto do Clube da Floresta (…). A única actividade em
que nós envolvemos a comunidade escolar abrangente, aos encarregados de educação, é um
passeio pedestre que fazemos no final do ano. E as pessoas têm aderido, quer dizer, não
aderem a cem por cento mas, aderem, vão vindo, vamos conquistando. E1F1
5. Portanto, acho que vale a pena investir… e, eu acho que muitas vezes, não é preciso
envolver, envolvê‐los… vamos lá… há outra coisa em que os envolvemos, por exemplo, nas
tasquinhas… E1F5
6. Acho, acho, acho… uma aproximação com toda a comunidade educativa: pais,
encarregados de educação… acho importante esta relação, essa proximidade. E1F1
7. Acho que sim. Com essa proximidade podemos mudar muita coisa. Na medida em que nós
nos conhecermos, de parte a parte, melhor podemos lidar com as situações. E1F1
8. Eu acho que havia muita coisa para fazer… Sei lá… de vez em quando vir uma avó contar
uma história, achava giro. E1F5
9. Eram os pais terem mais confiança na escola e, interessarem‐se mais pelas… intervir mais
na parte da escola. Mesmo nas Associações de pais a gente vê com dificuldade. Ainda agora se
fizeram uma recolha de inquéritos para a associação de pais e, em vinte e três alunos, têm
três, eu recebi três papéis assinados (…) E1F4
10. (…) Mas isso já nós fazemos [vamo‐nos adaptando ao que os pais e a sociedade nos
trazem]. Repare, que nesse aspecto, nós já fazemos (...) E1F1
11. (…) Há receios! Mas para quê, para quê?! Isto [colaboração dos pais] era importante. Eu
desafiei‐os aqui: “vocês têm tudo na mão, vocês os pais têm tudo na mão. Na medida em que
vocês (oh pá… essa coisa – gravador) … na medida em que vocês… [tem muita força junto das
entidades responsáveis] hoje nós, com os pais podíamos fazer muita coisa, sem eles… não
fazemos nada. Mas eram os pais todos, não pais de uma turma. E1F6
Professora Marta – E2
12. (…)E depois é assim, não há psicólogos, os meios cada vez são menos, e nós às vezes até
estamos assim, com muita pedagogia, muito… (…) Ah sim [os pais precisavam de uma maior
ajuda, que não fosse a do professor]. Nós tínhamos uma psicóloga educacional, era do SPO.
Mas nós agora já não temos SPO aqui, era um Serviço de Psicologia e Orientação. Ela e os
outros [deram uma grande ajuda](…) E2F3
13. (…) Ela [a psicóloga do SPO] ajudou‐me muito. Mesmo em estratégias e… pronto, com
aqueles miúdos mais ou menos específicos. (…) portanto, eu acho que é bom para os pais e às
vezes é mesmo bom para os professores. Porque nós precisamos de ajuda, eu falo por mim,
porque há miúdos que são muito complicados (…). Se não tiver realmente alguém que nos
oriente às vezes um bocadinho, isto torna‐se mesmo complicado. (…) E2F3
14. (…) Estive na Enxara do Bispo, tive um menino… esse miúdo era uma coisa pavorosa… nem
sei o que é que o miúdo tinha. Na altura também não havia estes apoios da psicóloga, veio
depois. Sei que o miúdo depois foi para a Malveira, porque lá havia mais apoio. (…) E2F3
Professora Cristina – E3
15. Eu não sinto isso, não tenho sentido isso nas turmas que tenho tido. Geralmente, consigo
reunir um grande número de pais e fazer coisas em conjunto, mesmo extra escola, quando há
assim, visitas mais… alguns até se oferecem para ir. Por isso, embora se fale, eu acho que no
primeiro ciclo ainda permanece sempre mantido [a colaboração]... E3F5
16. Não é só nas reuniões, pronto. Nós temos coisas, os pais acabam por vir à escola. Eu
aproveito sempre um que toque um instrumento, ou quando é preciso alguém para contar
uma história, ou quando se fala das profissões, se há alguma profissão que eles gostassem de
saber mais, então convidamos. E pronto… E3F5
17. Há as caminhadas do Clube da Floresta, deixe‐me cá ver… eu acho que foi, inicialmente tive
essa colaboração dos pais foi nessa. E3F5
18. (…) Há também as tasquinhas, porque é na altura do S. Pedro ou S. João, são as tasquinhas
do Agrupamento, sei que é uma das alturas em que os pais também colaboram. E3F5
19. Sim, a maioria dos pais tem essa noção, a maioria dos pais consegue fazer uma boa
convivência. Depois há, como em tudo, como há bons e maus professores, há pais que são
mais… participam melhor que outros, que interagem melhor. E3F5
Professora Rita – E4
20. Existe [um entendimento]. E depois, nas reuniões, mostro‐me sempre disponível para, se
houver alguma dúvida, ou relacionado com o seu educando, que eu possa esclarecer. E4F2
21. [Para além dessas actividades em que os alunos fazem pesquisa em casa com os pais, que
outras actividades] (…) E4F5
22. Participar… olhe, este ano participaram… eu andei numa formação de educação sexual e
portanto, implementámos um projecto, eu e umas outras colegas aqui da escola e os pais
participaram. Por exemplo, na confecção do boneco, uma das actividades era confeccionar um
boneco de pano. Os pais participaram. E4F5
23. Há ali [trabalhos sobre] das famílias, dos animais – eles pesquisaram cada um, um animal.
Também houve um, um trabalho que fizeram sobre o centro histórico, foram a uma visita de
estudo, e depois fizeram uma pesquisa de monumentos. Lá está, pesquisas, quando há
aniversários os pais deslocam‐se à escola, nos atendimentos. E4F5
24. Por exemplo, agora para a semana, quinta‐feira, temos um torneio de futebol que os pais
podem ir assistir (…) No parque Verde da Várzea. (…) E4F5
25. Organizamos, quando não está a chover, organizamos espaços lá fora com jogos
tradicionais ou música, dividimos mesmo, por alguns temas, no recinto exterior e acabamos
por fazer algumas actividades na sala de aula e depois expomos lá fora, todos, um trabalho
colectivo, por exemplo. E, depois então, seguimos para um lanche colectivo, isso também
fazemos com frequência. Para o lanche colectivo juntamos duas salas. E4F1
26. (…) E posso dizer, neste ano, concretamente, noto que os pais envolvem‐se na vida
escolar dos filhos mais, muito mais. E4F5
27. O horário também é um factor fundamental, o horário dos atendimentos. E4F2
28. (…) [Propus] Quinze minutos após saírem os alunos e expliquei porquê. Os pais não se
opuseram mas “Professora, vamos ver… complica”. Eles sabem que têm direito a faltar para
estarem presentes e acompanhar a vida escolar dos filhos. E4F4
29. Se eu proponho actividades não se opõem a nada, nada. Gostam de participar claro que,
não podemos é abusar, como é óbvio. Não posso estar a mandar pesquisas todas as semanas,
senão às tantas não ganham para… E4F5
30. (…) Porque, no meu caso não, mas tenho o exemplo de uma turma daqui que os pais
quando mudaram o horário para as 18 horas, começaram a vir com maior frequência aos
atendimentos. Portanto o horário pode ser um entrave. E4F2
31. Sim, sim [os pais contam comigo], sem dúvida. E4F2
32. Por vezes termos de ser flexíveis e não pensar “Não está no meu horário e por isso não
vou fazer, ponto final!”, este é outro factor. E4F2
33. (…) Esta mãe (…) não estava cá no dia do atendimento e eu, por email, escrevi‐lhe,
marcámos um dia e uma hora e eu vim cá, na semana da interrupção vim cá à escola e
atendia‐a e portanto, eu acho que é importante. E4F2
Professora Matilde – E5
34. E eu contacto, às vezes, como na reunião mensal é à hora do almoço e muitos não podem
vir geralmente, eu digo que, se mandarem um recado na caderneta eu recebo‐os, à hora que
combinar. (…) E5F2
35. Ahhh… poucas [actividades em que participem, na escola ou agrupamento]. Por exemplo
nos anos, alguns vêem com os filhos. Nas festas é difícil, porque tem de haver um sítio... é
difícil. Mas sempre que há oportunidade eles gostam de participar.E5F5
Professora Isabel – E6
36. Ou, por exemplo, fizessem tão simples quanto isso, eu cedo o meu telemóvel pessoal para
aqueles que as pessoas que não têm tempo possam ter uma conversa comigo sobre algum
aspectos que queiram (…) E6F2
37. Eu contacto telefonicamente “Olhe, não sei se esqueceu, eu estou disponível noutra hora,
veja lá”, “Mas é que eu estou a trabalhar, pode ir o meu marido” (…) “Então eu, para vocês
terem uma noção, vou mandar uma fotocópia para casa, vai na caderneta dele, perceba que
não posso mandar o original porque tem de deixar uma rubrica. Mas portanto, não há aqui um
espaço para … E6F2
38. Uma vez veio uma avó ler um livro. Por acaso ela é educadora e fez uma prestação
espectacular. Explicou‐lhes desde o que era uma lombada, autor, uma pessoa que ilustra… um
espectáculo. E6F5
39. E na altura em que tive mais pais foi na semana das profissões, pedi‐lhes que dentro deste
horário que podiam vir. E6F5
40. (…) [Falta de espaço] Nada que não se resolvesse com uma ida lá a baixo ao agrupamento,
como eu já fiz uma vez, no quarto ano (…) falei com as colegas e fizemos um espectáculo de
entrega de diplomas de frequência, em que pedimos a colaboração das AEC’s, de Inglês...
fizemos um teatro… tudo é possível. Com os cabides fizemos os cenários… deu trabalho, deu…
fui para lá um sábado atar mesas para fazer um estrado para fazer de conta que era um palco.
Mas foi muito, muito bom. E6F1
41. Tenciono, para o ano, quarto ano, ver se consigo motivar um bocadinho mais os pares,
não é. Porque sozinha com tantos é impensável, não é. Fazer só uma turma é… os outros
[alunos] todos que não participam sentem “Porque é que não participaram. Não é?!” (…) se
tiver que fazer sozinha paciência, mas essa vou fazer. Bolas, temos equipa para isso. E6F2
42. Mas o agrupamento também promove muitas situações destas por exemplo eles têm as
corridas de velocidades, em que o espaço alberga, de facto, as escolas do agrupamento de
primeiro ciclo e da S. Gonçalo, lá de baixo. E6F5
43. (…) É uma altura em que estamos todos juntos, vai ser agora, na quarta‐feira, que é o
último dia de aulas, umas tasquinhas, promovidas por nós e pela associação de pais… eu penso
que é o dia de mais intercâmbio escolar que temos e que não acabe tão depressa (…) Mas
aquele espaço é um espaço em que o professor se senta ao lado da mãe, da avó, de tio, primo
e os miúdos circulam, todos juntos. É um dia… pelo menos um por ano. E6F1
44. As festas [resultam como estratégias para que os pais venham à escola], às vezes com
uma prestação mais lúdica, mas também os conhecimentos que têm na área do Inglês, dizer
uma poesia, fazerem uma peça de teatro que eles até construíram em Língua Portuguesa,
fazer uma exposição de expressão plástica dos trabalhos que forma feitos ao longo do ano.
E6F5
45. Em todas [as reuniões os pais pedem para explicar como se faz determinada coisa, acerca
dos conteúdos]. Eles aprenderam com metodologias diferentes, e os novos programas
apontam para outras metodologias. A última que expliquei no quadro, para toda a gente,
foram as contas de dividir por subtracções sucessivas. (…) Se tiverem dúvidas, não expliquem,
deixem para mim, para o outro dia de manhã, não há problema nenhum. (…) Explico muitas
vezes, alguns é falta de cultura, muitas vezes… mas não se inibem de perguntar, é bom! (…) E
gostam, depois estão ali montes de tempo a ver como se faz. Perguntam. Perguntaram‐me
isso, perguntaram das fracções que também não percebiam (…) E6F2
46. (…) A gente manda a convocatória, são criadas as condições, mudamos a hora da reunião,
dou o meu telemóvel, marco para outro dia, as pessoas sabem que eu disposta a isso… porque
isso facilita‐nos (…) E6F2
Clarisse – E7
47. Eu comecei a almoçar na escola porque não tinha funcionária (…) e não era digno, os
meninos [que vinham de aldeias próximas] almoçarem ali no alpendre. E7F2
48. Portanto, aí (aldeia pequena onde lhe dava o almoço] as coisas funcionaram de outra
maneira porque realmente criou‐se uma boa relação, porque eu ficava lá por causa dos
miúdos, dava‐lhes comida, aos mais pequeninos (…) E7F1
49. (…) saber o contexto onde vinham e como é que tinham vindo aqui parar. Aí, foi talvez,
onde estive mais próxima (…) E7F1
50. Sim, por exemplo, sim até mesmo o facto de eles virem quando têm hipótese de vir
contarem uma história, falar sobre um assunto qualquer específico ou não sei quê… E7F5
51. (…) eu vejo, que por exemplo, que até os próprios elementos dos pais têm vindo, neste
processo em que foram integrados, têm vindo a diminuir de número de reunião para reunião,
são sempre os mesmos e mesmo assim, com a alteração que houve, até mesmo a associação
de pais, já foi mais colaborante e participativa. (…) E7F4
52. Pedem‐nos agora ajuda para distribuir umas coisas para as tasquinhas e não sei o quê e
frito e cozido mas realmente, haver um contacto, até mesmo da parte dos pais virem à escola,
ver o que é que é preciso… a outra associação de pais fazia isto, às vezes até resolvia situações
de carácter económico (…) E7F5
53. (…) porque nós não temos dinheiro, dependemos das autarquias, não é. E portanto,
resolviam‐nos situações materiais [entre outros] aliás, se a escola pintada está foi porque foi a
associação de pais, a este edifício de baixo, que ofereceu a tinta. A escola está assim [interior
pintado] porque foram os pais que arranjaram a tinta, depois a Câmara deu a mão‐de‐obra.
(…) E7F6
54. (…) E as pessoas sabem que vêem… comigo sabem sempre, aliás, as reuniões mensais são
de uma hora, não é, eu nunca as faço numa hora. E7F2
55. (…) Se tem algum problema pede para ficar e o problema é tratado em privado. E7F2
56. (…) É uma vez por mês, eles sabem… estão muito à vontade, desde o início, porque eu
dou o número de telefone (…) assim como eu, se tiver uma situação, também já lhes liguei à
noite para casa (…) “Olhe passa isto, assim e assim, e o melhor é ir ter comigo à escola.” Às
vezes falamos só ao telefone (…) E7F2
57. (…) para já nós somos constantemente avaliados pelos pais e portanto tem de haver
alguma disponibilidades, eles perceberem que há disponibilidade da nossa parte, não só para
as colegas mas para estar com eles, para depois conseguirmos ter o feedback em contrário.
E7F2
Teresa – E8
58. [Hoje em dia fala‐se muito na relação] Faz parte da evolução dos tempos… talvez, não sei.
Porque, se calhar, começou‐se a dar a volta num sentido diferente. Deixe‐me lembrar, quando
era aluna não tinha nada a ver, a minha mãe ia à escola uma vez por ano, ou no início ou no
final do ano lectivo. Não havia essa proximidade, se calhar, a própria escola caminhou nesse
sentido de se abrir mais à comunidade, em geral. E8F1
59. Não há propriamente ali um cumprir de horários, porque nós chegamos aqui às cinco e
meia e às vezes é até às oito, não há um limite. E8F2
60. (…) Eu… há aqui uma certa preocupação em escolher, por exemplo, horários de
atendimentos… fazemos com que sejam mais ou menos compatíveis com os dos pais. Agora
vamos entregar as avaliações, entregamos num período de manha, mas também entregamos
num período ao final do dia. Há essa flexibilidade. E8F2
61. Até porque, muitos dos que não vêem telefonam depois, há sempre a preocupação. E
depois combino com eles, vêem à hora do almoço, vêem ao intervalo. Estes que não vêem às
reuniões. Há lá dois ou três que não vêem, só vêem mesmo à trimestral… têm problemas e
não vêm sempre. Trabalham em Lisboa. Mas à trimestral vêem sempre. Há mensal, os que não
vêm, a maior parte vêm, marcamos. Vêm aqui às oito, às quatro, depois marcamos, é um
bocadinho. Às vezes digo, não há necessidade, fica para o próximo. E8F2
62. (…) Era, era em termos de leitura. Fizemos também [actividades] de culinária. Fizemos,
com as avós também, houve um ano que fizemos chazinho mas porque era aldeia, aqui já não
é tão fácil… aqui ficou‐se só pelo ler e contar histórias. Tínhamos combinado com a mãe de
uma menina vir contar uma história [mas teve vergonha] e acabou por não vir. Assim
acabámos por não fazer, indirectamente não… agora, indirectamente, eles acabam por
participar, quando há festa. E8F5
63. Com os pais são mais as tasquinhas, agora no final do ano [lectivo]. E8F5
64. (…) Eles iam às reuniões, muito bem, acabava muitas vezes, por fazer reuniões ao sábado,
porque era a maneira de os ter…. eu também principiante, não é… o trabalho deles… era a
maneira de os ter [na escola]. Era [importante] porque, se fosse durante a semana era
complicado. E8F2
65. (…) Isso melhorar podemos sempre, de certeza. Se calhar, no próximo ano tentar
aproximá‐los mais um bocadinho da sala de aula mesmo, de eles vierem mais à sala. E8F5
66. (…) Também, por vezes, quando vejo que não resultou, aí depois tento não fazer o mesmo
erro. Porque às vezes, se calhar, abro demais, por exemplo, eu dou o meu telemóvel, na
primeira reunião costumo dar. Porque, se houver alguma coisa quero que me telefonem e
avisem. Eu gosto de saber, se o aluno falta, liguem‐me primeiro. Eu sei que é pessoal mas há
contactos que eu queria que fossem directamente comigo. Eu preciso de saber logo, porque
até chegar a informação… (…) E8F2
67. Não, eu acho que até... penso, por aquilo que me apercebo que até consigo pô‐los
também um bocadinho à vontade, no sentido de, quando quiserem, quando precisarem… para
virem eles, para tomarem a iniciativa de… porque eu digo muitas vezes, há situações que o
professor só se apercebe se os pais disseram… ligam, venham à escola e combinamos…
realmente é aquela hora e meia que nunca é muito… mas não tem de ser. E8F2
68. (…) agora, se a família sentir que há compreensão na escola, (…) consegue trabalhar no
mesmo sentido. E8F1
69. Fecharmos a porta da escola, “Agora não posso!”, é preciso um certo cuidado “Olhe,
agora não posso porque…” (…) Temos de ser um bocadinho flexíveis. E8F2
70. Mas pronto, não é por isso que deixam de vir… temos de combinar, às vezes vêm quinze
dias depois, que é quando o turno vai rodando., vêem, ou telefonam. Aí eu acho que as
coisas… a escola não pode fechar, tem de abrir… o professor tem de ser flexível nesse [campo].
E8F2