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Poesia
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Bocas II
Maria Cê.
Para L.
Boca agredida,
em sem versos oprimida.
Dilacerada em vezes,
Três mil vezes ofendida!
Boca, me diga como
- ainda -
Te quero viva.
Boca, entreaberta e doída,
te quero verbo?
Em sangria, te quero
fruída?
Lado a lado, na rua,
te quero pra luta.
Lado a lado, em casa,
não te quero calada.
Boca. Boca minha
boca tua,
brutal, desigual.
Boca, não te quero irreal.
Boca, não te quero em pedaços,
Ferida.
Não te quero só pra amassos,
Comida.
Boca te quero
pra labuta,
pro gozo, pra farra
pra vida que pulsa.
Sem sangue, sem dor,
sem tapa, sem chute.
Boca te quero livre,
sempre, amiúde!