8
O acadêmico Euler Ribeiro lan- çou, na noite de 16/08, o livro “Vi- vendo e aprendendo a envelhecer com qualidade”, em ocasião me- morável na sede da AAL PÁG. 5 Já se encontra em todas as livra- rias e principais bancas da cida- de o livro “Guia de Manaus”, de autoria do acadêmico Robério Braga. É obra única e completa. PÁG. 6 O ex-ministro do Trabalho de João Goulart, o amazonense Al- mino Álvares Affonso, também membro da AAL, lançou, em São Paulo e em Manaus, livro em que fala sobre a ruptura consti- tucional havida em 1964. PÁG. 5 Saiba mais sobre a vida e a obra de Armando Andrade de Menezes, o presidente da AAL. PÁG. 3 e 4 A Fazenda Esperança, Sérgio Cardoso e Alcides Werk (in memoriam) foram os agraciados com a medalha Péricles Moraes, a maior Comenda da AAL, respectivamente nas categorias Mecenato, Artes e Letras. Na foto, os agraciados/representantes com os acadêmicos. PÁG. 7 Poeta concorre a uma vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL) PÁG. 7 Em evento realizado em qua- tro sábados, a Academia Ama- zonense de Letras promoveu o mais longo e o mais minucioso ciclo de debates sobre a obra do escritor Márcio Souza. PÁG. 2 outorga da Medalha Péricles Moraes eM noite de gala na aal conhecendo os iMortais thiago de Mello e a aBl 1964, por Almino EnvElhEcEr com quAlidAdE robério, GuiA dE mAnAus AAl dEbAtE obrA dE márcio souzA N˚06 2014 SETEMBRO DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Curta: Academia Amazonense de Letras Leia Online: http://issuu.com/aalboletim

Boletim 06 | setembro | 2014

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O acadêmico Euler Ribeiro lan-çou, na noite de 16/08, o livro “Vi-vendo e aprendendo a envelhecer com qualidade”, em ocasião me-morável na sede da AAL PÁG. 5

Já se encontra em todas as livra-rias e principais bancas da cida-de o livro “Guia de Manaus”, de autoria do acadêmico Robério Braga. É obra única e completa. PÁG. 6

O ex-ministro do Trabalho de João Goulart, o amazonense Al-mino Álvares Affonso, também membro da AAL, lançou, em São Paulo e em Manaus, livro em que fala sobre a ruptura consti-tucional havida em 1964. PÁG. 5

Saiba mais sobre a vida e a obra de Armando Andrade de Menezes, o presidente da AAL. PÁG. 3 e 4

A Fazenda Esperança, Sérgio Cardoso e Alcides Werk (in memoriam) foram os agraciados com a medalha Péricles Moraes, a maior Comenda da AAL, respectivamente nas categorias Mecenato, Artes e Letras. Na foto, os agraciados/representantes com os acadêmicos. PÁG. 7

Poeta concorre a uma vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL) PÁG. 7

Em evento realizado em qua-tro sábados, a Academia Ama-zonense de Letras promoveu o mais longo e o mais minucioso ciclo de debates sobre a obra do escritor Márcio Souza. PÁG. 2

outorga da Medalha Péricles Moraes eM noite de gala na aal

conhecendo os iMortais

thiago de Mello e a aBl

1964, por Almino EnvElhEcEr com quAlidAdE

robério, GuiA dE mAnAus

AAl dEbAtE obrA dE márcio souzA

N˚06 2014 SETEMBRO DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Curta: Academia Amazonense de LetrasLeia Online: http://issuu.com/aalboletim

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2 BOLETIM da acadEMIa aMazOnEnsE dE LETras

EditoriAl

A Academia Amazonense de Letras (AAL) tem motivos de sobra para se regozijar. Suas portas, hoje, estão sempre abertas para todos os públi-cos. Ela recebe visitas frequentes de estudantes e professores de todos os níveis, além de estar desenvolvendo, de forma sistemática e abran-gente, ampla programação cultural, como o leitor poderá conferir na presente edição.

Não fosse o bastante, seus membros também es-tão produzindo e atuando como nunca. Não se passa um mês sem que um de nossos confrades publique um livro, participe de eventos na con-dição de palestrante ou conferencista ou, ainda, que sua obra seja objeto de estudo, como se deu com Márcio Souza, o qual, de corpo presente, teve a glória de assistir e de participar dos debates a respeito de seus livros, que tiveram lugar em nossos salões. De outro lado, temos igualmente a honra de ver um dos nossos, o poeta Thiago de Mello, filho amantíssimo e querido do nosso Amazonas, pleitear, com todo o merecimento, uma vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL), que certamente se engrandecerá, caso opte por escolher o consagrado autor de “Os Estatutos do Homem”. Esta Casa, orgulha-se e está ao lado de Thiago nessa saudável disputa, sabedora de que ele já é figura consagrada não apenas no país, mas também no exterior, pelo valor excepcional de sua obra e, também, por sua trajetória de vida.

A AAL, portanto, vive, oxigena-se e recebe a so-ciedade de braços abertos, na certeza de que está cumprindo todos os objetivos que lhe conferiram a razão de existir, sobretudo o de ser um casa que abriga o pensamento e dissemina a cultura. ACAdEMIA AMAzOnEnSE dE LETRASFundada em 1°de janeiro de 1918 Filiada à Federação das Academias de Letras do BrasilRua Ramos Ferreira, n° 1009 – Centro CEP: 69010-120Manaus – Amazonas – BrasilFone/Fax: (92) 3234-0584E-mail: [email protected] Secretaria funciona nos dias úteis, das 08h às 14h.

DIRETORIA 2014/2015Presidente: Armando Andrade de MenezesVice-Presidente: Almir Diniz de CarvalhoSecretário-Geral: Abrahim Sena BazeSecretária-adjunta: Rosa Mendonça de BritoTesoureiro: José Geraldo Xavier dos AnjosTesoureiro-Adjunto: Mário Ypiranga Monteiro Netodiretor de Patrimônio: Marilene Corrêa da Silva Freitasdiretor de Eventos: José Maria Pinto de Figueiredodiretor de Edições: Carmem Novoa Silva

COnSELHO FISCALMembros Efetivos:Marcus Luiz Barroso BarrosAntônio José Souto LoureiroEuler Esteves RibeiroMembros Suplentes:Luiz Maximino de Miranda Correa Neto Mazé MourãoFrancisco Gomes da Silva

ExPEdIEnTE dO BOLETIMEditor do Boletim: Júlio Antonio LopesProjeto Gráfico e diagramação: Lo-Ammi SantosColaboradores: Daniele Faleiro - Secretária Executiva; Gleciane Kinebre - Técnica Administrativa; Maryjonia Ribeiro - Técnica Administrativa; e Fernanda dos Reis - Serviços Gerais.

APOIO InSTITUCIOnAL

Márcio Souza, um dos escritores amazonenses de maior projeção na-cional e internacional foi o foco de um ciclo de debates promovidos em quatro sábados pela AAL, cuja pro-posta foi reunir acadêmicos, estudio-sos e leitores para discutir a vasta obra literária e teatral do autor e, ao mesmo tempo, apresentá-lo às novas gerações.

Segundo ele, a iniciativa da Acade-mia Amazonense de Letras – da qual ele é membro há dez anos – tem a maior programação já dedicada a discutir sua produção. Antes disso,

há dois anos, ele havia participado do Festival Europalia, na França, que teve dois dias de debates com a pre-sença do escritor amazonense.

“É uma honra receber essa homena-gem e ter a minha obra valorizada por estudiosos daqui, contrariando o ditado popular segundo o qual nin-guém é profeta em sua própria terra”.

Márcio Souza tem mais de 20 livros publicados em 40 países. Atualmente o seu “Teatro Indígena do Amazonas”, que reúne peças como “A paixão de Ajuricaba” e “A maravilhosa estória do Sapo Tarô-Bequê”, está sendo tra-duzida para o francês. A sua editora, na Alemanha, fará novas traduções e lançamentos de suas obras, que poderão também ser encontrados no formato de e-book

Já a Callis, de São Paulo, tem planos de publicar em breve as peças “Eretz Amazônia”, “O fiscal federal” e “Teatro Indígena do Amazonas”, este em dois volumes. No próximo ano, a Record lança “Amazônia Indígena”, ensaio te-órico sobre a história da região sob o

ponto de vista dos índios.

A programação foi a seguinte:

17/05/2014 – “A sinuosa escrita divi-na por rios, ruas e becos”, pelo Pro-fessor. Esp. José Almeida Alencar da Rosa.

24/05/2014 – “As antilições do riso: o brasileiro voador”, pelo Professor Doutor. Allison Leão; e “Galvez, Impe-rador do Acre”, pela Professora Dou-tora NeideGondim.

31/05/2014 – “Operação Silêncio”, pela professora Maria Niccia Zucolo; e “Entre as margens da terra e a cor-renteza da fantasia: um estudo sobre O Fim do Terceiro Mundo”, pela Pro-fessora Vânia Pimentel.

07/06/2014 – “Deuses, heróis, bu-fões: uma dramaturgia Amazônia” pelo Professor, Mestre e Acadêmico Zemaria Pinto; e “O mito teatralizado: a paixão de Ajuricaba”, pelo Professor Doutor Marcos Frederico Krüger.

Fonte: acrítica.com/texto editado: Rosiel Mendonça

academia promove debates sobre a obra de Márcio souza

O evento foi organizado pelos professores Alisson Leão, Marcos Frederico Krüger e pelo acadêmico Zemaria Pinto.

Glauco Campos, representando seu pai Alcides Werk; bispo Mário Pasqualotto, representando a Fazenda Esperança; e Sérgio Cardoso, foram os vencedores nas categorias Letras, Mecenato e Artes. Zemaria Pinto fez a saudação em nome da AAL.

alcides Werk, Fazenda esperança e sérgio cardoso recebem a Medalha Péricles Moraes em sessão solene da aal

Veja o vídeo da matéria da TV Amazonas sobre a noite da entrega da Medalha Péricles Moraes

http://glo.bo/1rwZM1D

A Fazenda Esperança, Sérgio Car-doso e Alcides Werk (in memoriam) foram os agraciados com a medalha Péricles Moraes, a maior Comenda da AAL, respectivamente nas categorias Mecenato, Artes e Letras. Na foto, os agraciados/representantes com os acadêmicos.

Os vencedores foram os seguintes: na categoria Artes, Sérgio Cardoso; no Mecenato, a Fazenda Esperança, representada pelo bispo Mário Pas-qualotto; e nas Letras, o poeta Alci-des Werk, in memoriam, representa-do pelo seu filho, o professor Glauco Campos.

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3BOLETIM da acadEMIa aMazOnEnsE dE LETras

conhecendo os imortaisarmando andrade de Menezes

O professor, jornalista, advogado e escritor Armando Andrade de Me-nezes nasceu em Parintins, Estado do Amazonas, no dia 21 de março de 1926, filho de Tude Henriques de Menezes e dona Delphina Andrade de Menezes. Estudou em Maués e Manaus, diplomando-se pela Facul-dade de Direito do Amazonas em 1952. Foi líder estudantil, exercendo a presidência da União dos Estudan-tes do Amazonas e a vice-presidência do Diretório Acadêmico da Faculda-de de Direito do Amazonas. Exerceu diversos cargos públicos, dentre os quais: delegado de Segurança Públi-ca, secretário de Estado do Interior e Justiça, procurador, conselheiro e presidente do Tribunal de Contas do Estado, membro do Conselho Di-retor da Fundação Universidade do Amazonas, professor de História do Brasil do Instituto de Educação do Amazonas (IEA). Curso, também, a Escola Superior de Guerra, no Rio de Janeiro.

Na sessão de 29 de dezembro de 1997 foi eleito para a Academia Amazonense de Letras, assumindo em 12.05/1998 a cadeira de n˚30, que tem como patrono Araripe Jú-nior e que já teve o patrocínio de França Júnior e Capistrano de Abreu, quando tinha o n˚27.

Em seu discurso de posse, Armando pontuou: “Dou, de mim, alguns dados indicativos de uma vida construída sob sacrifício, como acontece com os filhos pobres oriundos do interior que aportam à Capital na busca de melhor escolaridade.

Acadêmico de Direito, militei, com de-senvoltura, na atividade política estu-dantil, como dirigente maior, por dois mandatos, da União dos Estudantes do Amazonas, e, na partidária, como Presidente do Departamento Estudan-til da União Democrática Nacional, no Estado.

Por esse tempo e como acontecia com colegas universitários trabalhei como repórter de jornal, o que me ensejou um relacionamento amadurecido com

autoridades, políticos, pessoas gradas, comerciantes e industriais, além da fa-cilidade do aligeiramento redacional.

Ao depois, já com rumo definido, exer-ci, por longo tempo, o magistério se-cundário, como professor de História do Brasil no IEA, e, também, por mais de quatro décadas, o Ministério Públi-co e o Colegiado, como juiz, ambos no Tribunal de Contas do Estado.

Resultante do exercício consciente e responsável dessas obrigações funcio-nais, que me levaram ao estudo, a pes-quisas constantes e a produção delas decorrentes, mereci, sempre, por amá-vel deferência, participar de dois ou-tros Templos do saber de nossa terra: O Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e a Academia Amazonense de Letras Jurídicas. (...)

Estaria eu preparado para galgar os umbrais deste Cenáculo? Penso que para dar-me acesso tivestes, Senhores Acadêmicos, paciência e atenção para com alguém que, embora despido das qualidades intelectuais e literárias que exornam as vossas personalidades, se apega à diretriz de produzir seus tra-balhos sob o ângulo intensivo e rigo-roso da pesquisa. À vossa gentileza, manifestada a 29 de dezembro último, por decisão unânime, para trazer-me a este convívio, hei de corresponder com a promessa de ser útil à Congre-gação, fazendo espelho no vosso saber

em tudo que tiver de criar, a serviço da cultura”.

Na ocasião, foi saudado pelo amigo de infância e poeta Thiago de Mello, o qual disse a seu respeito: “Armando acaba de nos dizer que se inclinou pela pesquisa. Aceito se ele se refere à história do Tribunal de Contas, do qual ele foi conselheiro e presidente. (...). Mas discordo quando viajo feliz pelas páginas, tantas vezes relidas, do livro em que ele conta os fatos, acontecimentos, coisas, quero dizer a vida de seus pais, manos, filhos, ne-tos e amigos, com tudo o que a vida tem de estrelas e de sombras, de alegrias e dissabores, de orvalhos e asperezas, que dão grandeza e graça à condição humana. É obra de cria-dor literário. (...). O carinho poderoso, a meiga solidariedade, uma espécie de orgulho com que Armando fala de seus irmãos e de sua mana Maria Lu-íza, me leva a confessar na noite de hoje: sempre que tenho a felicidade de vê-los reunidos, todos madurões e contudo tão crianças, o carinho, o cuidado, o contentamento que os une me faz sentir um tanto irmão deles, e ao mesmo tempo me forta-lece a segurança de que, apesar de todas as ferocidades deste mundo, a índole do homem se inclina para a fraternidade. Armando conseguiu um jeito próprio de contar. Sabe dar o seu testemunho, reunindo as três

virtudes indispensáveis a um escri-tor: a clareza, a simplicidade e a pro-priedade de expressão. (...) E fique o dito pelo dito. E fique o meu coração”.

Era presidente da AAL, na ocasião, o acadêmico Robério Braga. Seu ante-cessor na cadeira foi professor Al-meida Barroso.

Armando Andrade de Menezes per-tence, ainda, ao Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), onde ingressou em 1981; à Acade-mia Amazonense de Letras Jurídicas, à Casa do Poeta e do Escritor Brasi-leiro-AM; à OAB-AM e à Associação dos Escritores do Amazonas.

Entrevista BOL/AAL Em que momento de sua vida o Sr. percebeu que tinha voca-ção para as letras? Como se deu esta descoberta

AAM Ao chegar a Manaus, vindo do interior do Estado, sua população era de 90.317 habitantes e, depois, assu-mi Cadeira no Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, escrevendo sobre os dois assuntos.

Com o desaparecimento de meu ir-mão Aderson, meus irmãos enten-deram que eu seria, dali em diante, o intelectual da família, e, por isso mesmo, deveria passar a escrever,

Aos 88 anos ele preside a AAL com a mesma lucidez e energia de sempre. Confira o perfil do ocupante da cadeira de n˚30 do Sodalício.

O presidente Armando e sua Ivette, 61 anos de união. Armando, discursa em 1998.

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4 BOLETIM da acadEMIa aMazOnEnsE dE LETras

A nossa confreira, professora Márcia Perales Mendes Silva, reitora da Univer-sidade Federal do Amazonas, foi agraciada, no mês de agosto, em solenidade realizada no Teatro Amazonas, com a Medalha do Mérito Judiciário do Traba-lho, outorgada pelo TRT da 11ª Região.

Márcia Perales recebe a Medalha do Mérito Judiciário

daí ter resultado o livro “A Família Menezes”.

BOL/AAL Quais os autores nacionais e estrangeiros que o Sr. mais gosta e recomenda a leitura? E amazonen-ses?

AAM Nacionais: Machado de Assis e Guimarães Rosas; Amazonenses: Thiago de Mello, Arlindo Porto, Max Carphentier, Márcio Souza, João e José Braga,Tenório Telles, Bernardo Cabral e Newton Sabbá Guimarães.

BOL/AAL Explique para os leitores no que consiste o “Chá do Armando”?

AAM Reunião de amigos, intelectuais ou não, com ocorrências diversas; de-clamações e direito da palavra para questionamentos gerais, inclusões ou de caráter jurídico, com acompa-nhamento de uísque, cerveja e água.

BOL/AAL Nos últimos tempos o Sr. recebeu uma série de distinções, como por exemplo, a sua aclama-ção para a presidência da Academia Amazonense de Letras e a escolha de seu nome para a biblioteca de uma escola municipal. Há algo mais em vista?

AAM Na minha idade, tais distinções já me bastaram.

BOL/AAL O Sr. tem 88 anos e o seu antecessor, acadêmico Arlindo Porto, tem 86. E ambos estão plenamente lúcidos, saudáveis e dinâmicos. Qual a receita para uma vida longa e fe-liz? O Sr. acha que a atividade inte-lectual contribuiu para isto?

AAM Penso que sim. Como estudan-te dirigindo a União dos Estudantes do Amazonas e, em parte, o Diretório da Faculdade de Direito, assim como, principalmente, repórter do Jornal do Comércio.

BOL/AAL O Sr. foi professor, advo-gado, conselheiro do TCE, escritor, escreveu em jornais e arriscou suas poesias. O que lhe deu mais prazer no curso de sua história de vida?

AAM Ser professor de História do Brasil no Instituto de Educação do Amazonas, Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Vereador, Se-cretário de Estado do Interior e Jus-tiça e editor, como memorialista, os mais de 15 livros, dentre estes 5 ou 6 opúsculos.

BOL/AAL O Sr. é casado com dona Ivette há 61 anos. Hoje os relacio-namentos não duram tanto. O que o Sr. tem a dizer sobre a sua mulher, a vida de casado e a família para as novas gerações.

AAM Ivete é religiosa, vive para fazer o bem e, como mulher, além de bo-nita, continua a ajudar-me na educa-ção de netos, bisnetos e amigos que nos procuram.

OBRAS PUBLICADAS

• O Tribunal de Contas do Estado do Amazonas, sua criação, extinção e restauração – Nova fase e seus dias atuais. (1977).

• Autopreservação democrática – Oposição e contestação políticas. Monografia apresentada por ocasião da conclusão do Curso na Escola Superior de Guerra, na cidade do rio de Janeiro (1980).

• Destaques e vida (1993).

• A Família Menezes. Histórias, episódios, facetas, estórias (1996).

• Aderson de Menezes – o professor (1997).

• O Ministério Público do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (2003).

• O “velho”Tude e encontro com familiares e amigos (2003).

• Testemunhos e memória (2005).

• Casa da dona Santa (2006).

• Testemunhos e memória n˚2 (2009).

OPÚSCULOS

*Armando Andrade de Menezes e sua posse na Academia Amazonense de Letras (1998).

*A primeira universidade brasileira, de autoria de seu irmão Aderson de Menezes (2000).

*Em memória de Paulo Jacob (2004).

*Em memória de Moacyr Alves (2007).

*Em memória de Jauary Marinho (2009).

*Joaquim Nabuco – O abolicionista (2010).

*Imponderável silêncio, em homenagem, in memoriam a Anísio Mello, Oyama Ituassú, Jauary Marinho, Paulo Jacob, João Chrysóstomo de Oliveira, Mário Verçosa, Moacyr Alves e Vivaldo Lima.

aal e senado celebram Fábio lucena em livro de Júlio lopes

A Academia Amazonense de Letras, na manhã do dia 02/08/2014 celebrou o senador Fábio Lucena, com o lançamento de seu perfil biográfico, de autoria do nosso confrade Júlio Antonio Lopes, na foto com o presidente Armando Menezes, com dona Socorro Bittencourt, esposa de Fábio e seus filhos Anto-nio, Alessandra, Michele, Tatiana e Fabíola.

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5BOLETIM da acadEMIa aMazOnEnsE dE LETras

Conselheiro municipal de Gestão Es-tratégica da Prefeitura de Manaus, Almino Monteiro Álvares Affonso lançou, nesta quinta-feira, 24, no Pa-lácio Rio Branco, Centro, o livro ‘1964 na visão do ministro do Trabalho do presidente João Goulart’.

No livro, Almino Affonso, que é ama-zonense, nascido no município de Humaitá, escreve com detalhes to-das as causas que levaram ao Golpe Militar em 1964. Ele ressaltou que apesar das pesquisas, a obra é base-ada, sobretudo, nos próprios teste-munhos, vividos enquanto deputado federal e ministro do Trabalho e da Previdência Social.

É uma história que cobrou do nos-so povo muita morte, muita tortura. É algo que ficará como uma página, realmente, negra da nossa história política.

Para Almino, os jovens devem ter uma participação política cada vez maior. O protesto de rua é admirável, mas se não houver uma articulação partidária, fica o protesto, mas não fica a forma de transformar o ato

em ação concreta. Eu sei que há difi-culdades dos jovens em se filiar em partidos políticos, até entendo suas decisões, mas essa é mais uma ra-zão para que imponham sua vontade criadora “, afirmou.

Fonte: matéria transcrita da SEMCOM

O estilo de vida saudável é tema do livro ‘Vivendo e Aprendendo a Enve-lhecer com Qualidade’ escrito pelo médico Euler Ribeiro. A obra foi lan-çada no dia 16/08/2014 na sede da Academia Amazonense de Letras, de onde o autor é membro.

No livro ‘Vivendo e Aprendendo a Envelhecer com Qualidade’, o médico mostra que atos simples como comer

adequadamente, dormir nos horários corretos e ter o hábito de praticar exercícios físicos podem fazer a di-ferença. “Nos capítulos, trato desses assuntos de forma pontual, as pes-soas só terão que colocar em prática algumas dicas”, disse.

Fonte: texto reproduzido, editado, do portalamazonia.com.br

euler, em novo livro, ensina como viver e envelhecer com qualidade

almino fala sobre 64

Max e geraldo recepcionam alunos do adalberto Valle e do Palas atenas

O confrade Almino Affonso, na sessão de autógrafos

Em noite de autógrafos bastante prestigiada, seguida de palestra do autor, o nosso confrade Euler Ribeiro lançou o seu livro no Salão do Pensamento Amazônico.

Visita dos alunos do Centro Educacional Adalberto Valle, o qual foram recepcionados pelo Acadêmico Max Carphentier, que falou sobre a sua biografia e sobre a história da AAL. O encontro foi realizado em 30/07/2014.

Olhem que beleza, os aluninhos do Colégio Palas Atenas são recepcionados pelo Acadêmico José Geraldo dos Anjos, que falou sobre sua biografia e sobre a história da Academia Amazonense de Letras.

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6 BOLETIM da acadEMIa aMazOnEnsE dE LETras

Em maio de 2014, os Profs. Marile-ne Corrêa da Silva Freitas e Marcílio de Freitas lançaram na Academia de Letras do Amazonas, os seguintes li-vros:

1) “Educação e pauperização”, Editora Valer, Manaus, 2014, de autoria de Marilene Corrêa, Louis Marmoz e Wagnar Paiva Araújo;

2) “O Paiz do Amazonas”, 3a ed., Editora Valer, Manaus, 2013, de autoria de Marilene Corrêa;

3) “Metamorfoses da Amazônia”, 2a ed., Editora Valer, 2013; de autoria de Marilene Corrêa;

4) “Sustainability: Man-Amazonia-World”, America Star Books Publisher, Baltimore, 2013, de autoria de Marcílio de Freitas e Marilene Corrêa; e,

5) “Miguel e Sustentabilidade”, Chiado Editora, Lisboa, 2014, de autoria de Marcílio de Freitas.

“Educação e Pauperização”: tradi-ções, referências e aplicações, reúne um conjunto de ensaios que reafir-

mam a importância da educação no combate das desigualdades sociais e na construção da cidadania. “O Paiz do Amazonas” relançado em sua 3ª. Edição pela Valer, constitui um estu-do rigoroso sobre os fundamentos da formação social e histórica da Ama-zônia, a partir dos séculos XVIII e XIX. Em “Metamorfoses da Amazônia” lançado em segunda edição, Marile-ne Corrêa da Silva Freitas analisa a Amazônia em perspectivas científica, econômica e política numa dinâmica global com reverberações nacional e regional. “Sustainability: Man-Ama-zonia-World” compõe-se de nove en-saios sobre a Amazônia. Em “Miguel e Sustentabilidade”, Marcílio de Frei-tas, por meio de um ensaio ficcional, multitemático, apresenta um pano-rama das representações materiais e simbólicas que movimentam nossa inserção física e espiritual no mundo contemporâneo.

Os livros reafirmam a importância da Amazônia para o pensamento na-cional e mundial, e as dificuldades políticas e econômicas em sua inte-gração a um projeto nacional demo-crático e republicano.

Marilene e Marcílio lançam cinco obras na aal

Foi lançado em Manaus, no dia 02 e, logo a seguir, no dia 08 de agosto, o livro “Vozes da Amazônia II”, edita-do pela E/VALER, com a chancela da Universidade Federal do Amazonas, através do Programa de Pós-Gradu-ação em Sociedade e Cultura e o de Sociologia, bem como da Universida-de Federal do Pará, através do Nú-cleo de Altos Estudos Amazônicos, organizado pela professora Élide Rugai Bastos e pelo professor e Aca-dêmico Renan Freitas Pinto, com a participação, ainda, de nosso confra-de Márcio Souza e dos professores Edna Castro, Willi Bole e Samuel Sá.

acadêmicos renan Freitas Pinto e Márcio souza assinam artigos no livro “Vozes da amazônia ii”

O livro “Manaus na palma da mão”, de autoria do acadêmico e secretário de Estado de Cultura Róberio Braga, de-tallha aspectos históricos da cidade e oferece aos visitantes de todas as idades opções de lazer para qualquer hora do dia.

De acordo com Robério Braga, o guia é o que Manaus precisava, pois de forma simples e prática o turista irá encontrar desde a história dos mo-numentos, o que comer no centro da cidade e os passeios ideais em dois dias de visita. Além da linguagem simples, o leitor encontrará mapas que mostram a cidade por áreas, in-clusive onde se localizam a maior parte das atrações urbanas de Ma-naus.

Para Robério Braga o guia atende a necessidade não só dos turistas es-trangeiros, como também do profes-sor e do estudante, pois apresenta aspectos importantes sobre a cidade, como o Relógio Municipal, na aveni-

da Eduardo Ribeiro, edificado na en-trada principal da cidade, com visão para quem chega por via fluvial, es-tando o relógio posto sobre coluna em pedra e alvenaria.

Ilustrado com imagens do fotógrafo Roumen Koynov e com projeto gráfi-co de Marcicley Reggo, o guia facilita o reconhecimento do lugar, prédio e acervos disponíveis para conheci-mento dos visitantes, suprindo em alguns lugares a sinalização turística nas vias públicas.

Fonte: matéria transcrita do site acrítica.com.

robério Braga lança guia turístico de Manaus

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7BOLETIM da acadEMIa aMazOnEnsE dE LETras

Moacir recebe alunos do colégio da Polícia Militar

Os alunos do Colégio Militar da PM do Amazonas foram recepcionados pelo acadêmico Moacir Andrade, que falou sobre sua vida e sobre a história da AAL, em evento realizado no dia 08 de maio de 2014

O Jubileu de Ouro do “Estatuto do Homem” da autoria de Thiago de Mello dá-se neste ano de 2014. Foi levado a público em 1964. Fui a uma de suas primeiras celebrações na Editora Valer em Janeiro que com-pilou todo o acervo documental e fotográfico do escritor. Thiago, ícone da poesia daqui, do Brasil e interna-cionalmente falando. As razões do merecimento é porque foi capaz de relatar naquele poema a cartografia do poder. Suas misérias e também para exprimir a luta, a revolta do homem através dos 10 vocábulos dominantes nos “Estatutos... eles passam a ser condutos – mestres a fim de atingir metas sonhadas da democracia em tempos de au-toritarismo. As dez palavras – domínio a emanar de cada verso do poeta são: VERDADE, VIDA, DIREITOS, ESPERANÇA, CONFIANÇA, JUSTIÇA, ALE-GRIA, TERNURA E LIBERDADE. Falei que em 1964 iniciaram--se os tempos – cinza. Não só do período ditatorial mas li-teralmente falando essa era a cor determinada por aquele regime político em que todos os prédios públicos fossem re-conhecidos pela cor chumbo: Palácio do Governo, Prefeitu-ra, Quartel da Policia Militar, Teatro Amazonas, Biblioteca Pública, Palácio da Justiça, Colégio Estadual e Grupos Escolares... Todos Unifor-mizados. Tínhamos que enxergar a cor sem alma. A cor da subordina-ção. Em Manaus vivia-se nos idos de Março de 1964, tempos heróicos. Uns eram acuados e amordaçados por censores principalmente na mí-dia impressa. As palavras haviam de

artigos

conter apenas amenidades, Prisões arbitrárias. Tempos de censuras pu-nitivas. De denuncismo infundado. Grandes jornalistas esgrimavam as palavras com tal maestria e apresen-tavam como na fábula famosa, que o “rei estava nú” sem que os censores o percebessem. Dizimavam inquisi-torialmente bibliotecas particulares. Em uma delas o motivo foi porque ali encontraram uma Bíblia de Capa vermelha. O governador eleito Plínio Coelho preso durante apresentação do famoso Festival Folclórico de Manaus. E nosso bispo desde 1958 Dom João de Souza Lima, fez visita a um deputado preso Dr. Arlindo Porto, hoje ex-presidente da Academia de

Letras do Amazonas, levando às es-condida carta da esposa deste já que estava incomunicável no cárcere há três meses. (Essa disponibilidade de Dom João e aqui abro um parênte-se torna-se afetiva para mim já que em 1971 celebrou nosso casamento na Catedral de Manaus com a mes-ma boa vontade que caracterizava seu exercício arquiepiscopal duran-

Carmen Novoa SilvaMembro da Academia Amazonense de LetrasThiago de Mello

Thiago de Mello cedeu aos apelos de seus milhares de admiradores e, aos 88 anos bem vividos, é candidato a uma vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL). Thiago é autor de “Os Estatutos do Homem”, obra traduzida para mais de 30 idiomas; “Faz escuro, mas eu canto”, “Silêncio e Palavra”; “Narciso cego”, dentre outras obras--primas. A ABL, se o escolher, com ele também se engrandecerá, posto que, sem sombra de dúvidas, Thiago é, hoje, um dos maiores, se não o maior poeta vivo do Brasil. A Amazônia já merece ter assento naquela Casa. Além de seus muitos predicados li-terários e de sua heroica história de vida pessoal, Thiago é membro da Academia Amazonense de Letras.

Amadeu Thiago de Mello nasceu na cidade de Barreirinha, no Estado do Amazonas, em 30 de março de 1926. Estudou em Manaus. Depois se mu-dou para o Rio de Janeiro, onde che-gou a cursar Medicina, mas preferiu dedicar-se integralmente à poesia.

Ele é conhecido e reconhecido inter-nacionalmente por sua luta em favor dos direitos humanos, pela defesa do meio ambiente e por se um ativo promotor da paz mundial. Veste-se, a propósito, sempre de branco. Em 1964, perseguido pela ditadura, exi-lou-se no Chile e, mais adiante, rodou o mundo, e, quando pode voltar, vol-tou para a sua cidade natal querida, onde vive.Traduziu para o português obras de Pablo Neruda, T. S. Elliot, Er-nesto Cardenal, César Vallejo, Nicolas Guillén e Eliseo Diego.

thiago de Mello é a amazônia na aBl

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8 BOLETIM da acadEMIa aMazOnEnsE dE LETras

te longos anos). Thiago de Mello exilado político e amigo de Neruda (amalgamados no poetismo e na amizade) demonstra nesses 50 anos as razões do mérito dessas solenida-des, em Manaus, na Assembléia, em outros estados e países. Agora Thia-go, com seus 88 anos resolveu que vai passar pelo escrutínio na Acade-mia Brasileira de Letras para ocupar uma de suas cadeiras vagas. É isso que o torna fascinante! Essa ânsia de perenizar e tentar com a caden-cia de uma prosa poética, sem rima e sem versos a construção definiti-va, através de sua pessoa, da auto--estima amazonense tão solapada pela situação geográfica, pelo iso-lamento e pelo estigma de terra de fim-de-mundo. Mas o melhor dom de Thiago é possuir... Classe. Porque em meio a enxurrada de futilidades em lugar do substancial: É um cidadão resistente. Entrincheirado em seu próprio baluarte poético aspira o ex-celso. E nunca perder a dignidade! É reconhecido pelo toque de distinção a fluir de si. E é isso que o purifica das energias bestiais da turba e lhe permite viver sem nunca ser diminu-ído em sua condição de homem éti-co. É sua aura estética e moral. Isso é ter classe. Como o poeta espanhol digo: “Sigue el índice divino / Tu que puedes, tu que vales / ascende por tu camiño / Que subir es el destino / de las águilas caudales!...”

As personagens angustiadas de

Lawrence Durrell – final

Durrell poderia ser estudado como o romancista que cria personagens angustiados, quase sempre por mo-tivos de guerras, conflitos políticos e exílio. Das primeiras linhas às últi-mas, o leitor surpreender-se-á com a

angústia avassaladora que persegue as personagens e em Constance eles afloram, cruéis, frios, absolutamente carnais: o General Von Esslin, cego às ordens do Führer, não vê o homem, a bondade, a fraqueza em ninguém, para ele só existem o dever e o cum-primento de ordens, da sua vida privada nada se sabe, mas no início o leitor sabe que, tarde da noite, ele desce ao quarto da criada polonesa e a possui em silêncio, sem uma palavra de ternura. Livia, a que perde um olho sem que o leitor saiba como aconteceu, e bandeia-se para os alemães, enforca-se uma noite de frio e muita solidão sem deixar qualquer explicação para o seu ato. Aubrey Blanford, de quem o leitor muito es-pera no início da narrativa, tem uma retirada inglória como é inglória a retirada de Sam, morto em acidente ridículo. Anne Farnol, a bela e jovem assistente militar da Embaixada Bri-tânica quem, depois de uma noite de amor, se suicida, tudo em surdina e logo o seu nome é esquecido. Aliás, esquecer faz parelha com a morte na eliminação as personagens. Seu amante momentâneo tem conheci-mento, depois, que a moça havia sa-bido da morte do marido no dia em que tivera o encontro amoroso final. Madame Nancy Quiminal, gentil e boa amiga, esperançosa da vitória dos Aliados contra o dominador ale-mão, tem a cabeça raspada e é fuzi-lada pelos seus conterrâneos por ter sido amante do oficial nazista: seu amante pagava-lhe pelos momentos de amor e usava-a como prostituta. Constance, precocemente enviuvada, esconde a morte do marido, escon-de-a de todos e finge para si mes-ma que ele está vivo, mas termina por envolver-se em quente relacio-namento erótico como o milionário egípcio Affad com quem pela pri-meira vez experimenta intenso amor e descobre o prazer do sexo, mas o

romance morre com o fim da guerra. O Príncipe Hasad, da Casa Real egíp-cia, é uma figura enigmática e o lei-tor não sabe qual a sua participação na trama meio rocambolesca em que todos estão envolvidos ao lado dos Aliados. Um oficial nazista suicida-

-se em um sanitário público e serve de chacota para os que o vão ver naque-la posição, sentado sobre o vaso. “A rea-lidade é muito can-sativa”, diz Sutcliffe em diálogo com seu criador. Ninguém pa-rece estar são naque-la feira de insanos e tanto assim que, nas páginas finais do ro-mance, um magote de doentes mentais,

evadidos do hospício abandonado, sai pelas ruas de Avinhão a cantar e a gesticular. As cenas são quase sempre inesperadas, movidas por uma racionalidade que oprime: não há gestos generosos, nem nobres, com se o romancista sentisse um profundo desencanto de viver, um desapontamento do homem na sua vã caminhada pela terra. A existência do homem durrelliano resume-se ao forte apelo do sexo, ao qual ele não consegue escapar, e, como suprema resgatadora, a morte. Se o pano de fundo de Constance é a guerra, a morte é juiz e algoz, salvador e li-bertador de cada situação que sur-ge no complexo plot narrativo deste romance. Há “um súbito cansaço do mundo”, escreve o romancista, para quem “a realidade é um laço frouxo que nos faz parar, com um sacolejão, pela morte”. Os grandes momen-tos de amor terminam pela morte, de onde se infere que ela é a única verdade. Só ela vence a angústia e a inutilidade de viver. A morte, quase sempre a morte sem a menor gran-deza, a morte pequenina e infame, perpassa por todas as páginas do ro-mance, movimentada angústia mais gritante e ditada pela tremenda in-quietação do homem naqueles dias de guerras que esmagavam a intelli-

Newton Sabbá Guimarães, Ph.D e membro da AAL

gentsia européia dos dias da Grande Guerra, cuja obsidente conseqüência sobre a vida individual é dolorosa-mente dissecada nos seus roman--fleuve e cíclicos, balzacianos pelo aparecer, desaparecer e reaparecer de personagens e espaços, em dois blocos distintos de mais de 3.500 páginas, reunidos sob o título geral de The Alexandria Quartet (Justine, 1957, Balthazar, 1958, Mountolive, 1958 e Clea, 1960), e, mais tarde, The Avignon Quintet (Monsieur, 1974, Livia, 1978, Constance, 1983, Sebas-tian, 183 e Quinx, de 1985), traça--nos a mais completa e devastadora pintura de tipos humanos, em uma vasta gama de indivíduos inquietos, perversos, solitários, perdidos, uma nova espécie de lost generation, que deixa o leitor com gosto de cinza na boca ao lê-los.

Escafandrista da angústia humana, dos tormentos do amor, Lawrence Durrell em Constance explora as misérias profundas do homem em tempos de dificuldade, quando as guerras tudo levam pela frente in-clusive a dignidade do homem. A morte apenas paira sobre tudo. Não foi em vão que o narrador, pela boca de uma de suas personagens, das mais espezinhadas, proclama para que o seu patrão o ouça: “No meio da vida estamos na morte”.

Em poderia ter dito: “No meio da an-gústia, estamos na morte”.

Florianópolis, 27 de março de 2014