63
Boletim 16/09/2019

Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Boletim

16/09/2019

Page 2: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Boletim CONT-TRIB em 16.set.2019

"Faça o que você pode, com o que você tem, onde você estiver". (Theodore Roosevelt)

ICMS/MG

GÁS NATURAL VEICULAR (GNV)

Substituição Tributária. MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n° 47.710/2019 (DOE de 13.09.2019), altera o

RICMS/MG, quanto ao regime de substituição tributária nas operações com gás natural veicular (GNV).

Foi reduzido, de 53% para 40%, o percentual de MVA Original a ser utilizado na composição da base de

cálculo do imposto devido por substituição tributária.

A MVA Ajustada a ser utilizada nas operações interestaduais, quando não for possível a aplicação dos

percentuais obtidos pelas fórmulas previstas nos §§ 1° e 2° do artigo 76 da Parte 1 do Anexo XV do RICMS/MG,

foi fixada em 70,73%.

A alteração produz efeitos a partir de 01.10.2019. Fonte: ECONET

Modulação de efeitos

Toffoli pauta para dezembro embargos sobre ICMS na base

de PIS e Cofins

12 de setembro de 2019, 21h20

Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY.

CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E

VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura.

Ouça: 0:00 02:00 Audima

O ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, pautou para o dia 5 de dezembro o julgamento dos

embargos de declaração opostos contra a decisão que retirou o ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins. O recurso,

com repercussão geral reconhecida, foi julgado em março de 2017 e os embargos foram opostos em outubro daquele

ano, um mês depois da publicação do acórdão.

Page 3: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Toffoli pauta para o dia 5 de novembro o julgamento dos embargos de

declaração contra a decisão que retirou o ICMS da base de cálculo de PIS e Cofins Nelson Jr./SCO/STF

Nesse recurso, o Supremo decidiu que o ICMS que entra nas contas das empresas não podem ser considerados

faturamento, já que é apenas o recolhimento do imposto pago pelos consumidores. Portanto, o ICMS não pode fazer

parte do cálculo do PIS e da Cofins, contribuições sociais que incidem sobre a receita bruta, ou faturamento, das

empresas.

A decisão desagradou a União. Segundo cálculos nunca comprovados da Receita Federal, o impacto da exclusão do

ICMS da base do PIS e da Cofins seria de R$ 250 bilhões em cinco anos. Nos embargos da União, a Procuradoria-Geral

da Fazenda Nacional pede que o Supremo module os efeitos de sua decisão.

Enquanto isso, a Receita vem dando interpretações jurídicas que restringem o alcance da decisão do Supremo e autuando

empresas mesmo assim. Uma dessas interpretações é a solução de consulta que só permite a retirada do PIS e da Cofins

o ICMS registrados em nota fiscal em data posterior à decisão do STF.

A Procuradoria-Geral da República deu parecer favorável à modulação, para que a decisão do Supremo não retroaja. A

relatora é a ministra Cármen Lúcia.

RE 574.706

Revista Consultor Jurídico, 12 de setembro de 2019, 21h20

Simples Nacional: Exclusão Simples Nacional sofre

Exclusão por excesso de despesa

por Jô Nascimento set 11, 2019

Empresa é excluída do Simples Nacional por excesso de despesa A exclusão ocorreu porque as despesas pagas em

um determinado período superou mais de 20% dos valores recebidos pela empresa.

A Receita Federal excluiu de Ofício empresa optante pelo Simples Nacional em virtude de ter o valor das despesas

pagas superado em 20% (vinte por cento) o valor de ingressos de recursos no mesmo período, nos termos do inciso IX

do art. 29 da Lei Complementar nº 123, de 2006.

Page 4: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

O que determina o inciso IV do Art. 84, da Resolução CGSN nº 140 de 2018

Art. 84. A exclusão de ofício da ME ou da EPP do Simples Nacional produzirá efeitos:

IV – a partir do próprio mês em que incorridas, hipótese em que a empresa ficará impedida de fazer nova opção pelo

Simples Nacional nos 3 (três) anos-calendário subsequentes, nas seguintes hipóteses: (Lei Complementar nº 123, de

2006, art. 29, incisos II a XII e § 1º)

h) se for constatado que durante o ano-calendário o valor das despesas pagas supera em 20% (vinte por cento) o valor de

ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade;

Page 5: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Efeitos da exclusão Os efeitos da exclusão ocorrerão a partir do período que ocorreu a irregularidade, impedindo a opção

pelo Simples Nacional pelos próximos 3 (três) anos-calendário seguintes, conforme dispõe o inciso IV do art. 84, da

Resolução CGSN nº 140, de 2018.

Exemplo de exclusão por excesso de despesa

A empresa foi excluída do Simples Nacional com efeitos a partir de 01/01/2015, em razão das seguintes informações:

Início de atividade 2013

Receita auferida em 2015 R$ 2.150.000,00 – Informada no PGDAS-D

Total de despesas em 2015 R$ 3.010.000,00 – Informadas na DEFIS *

Tabela ilustrativa – Observe a Regra de exclusão: a empresa será excluído do Simples Nacional se for constatado que

durante o ano-calendário o valor das despesas pagas superar em 20% o valor de ingressos de recursos no mesmo

período, excluído o ano de início de atividade.

Defesa – Manifestação de Inconformidade

Os motivos da exclusão não procedem?

A empresa poderá apresentar, no prazo de trinta dias contados a partir da ciência deste Ato Declaratório Executivo,

manifestação de inconformidade junto ao Delegado da Receita Federal do Brasil de Julgamento, nos termos do Decreto

nº 70.235, de 7 de março de 1972 – Processo Administrativo Fiscal (PAF), e suas alterações posteriores, assegurando,

assim, o contraditório e a ampla defesa.

Dados utilizados pela Receita Federal

A Receita Federal utilizou as informações do Programa Gerador do Documento de Arrecadação do Simples Nacional –

Declaratório – PGDAS-D e informações da DEFIS – Declaração de Informações Socioeconômicas e Fiscais.

PGDAS-D

As informações prestadas no PGDAS-D têm caráter declaratório, constituindo confissão de dívida e instrumento hábil e

suficiente para a exigência dos tributos e contribuições.

A apuração no PGDAS-D deverá ser realizada e transmitida, mensalmente, ainda que a ME/EPP não tenha auferido

receita em determinado mês, hipótese em que o campo de receita bruta deverá ser preenchido com valor igual a zero.

Caso a ME/EPP permaneça inativa durante todo o ano-calendário, informará esta condição na DEFIS.

A DEFIS deve ser prestada por contribuinte optante do Simples Nacional por pelo menos um período por ela abrangido,

ou para o qual exista processo administrativo formalizado em alguma unidade das administrações tributárias, quer seja

Federal, Estadual, Distrital ou Municipal, que possa resultar em sua inclusão no Simples Nacional em período abrangido

pela DEFIS.

Page 6: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

As informações prestadas pelo contribuinte na DEFIS serão compartilhadas meu ip entre a RFB e os órgãos de

fiscalização tributária dos Estados, Distrito Federal e municípios. (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 25, caput). A

exigência da DEFIS não desobriga a prestação de informações relativas a terceiros. (Lei Complementar nº 123, de 2006,

art. 26, § 3º)

A DEFIS é um módulo do PGDAS-D.

O seu acesso se dá por meio do menu “DEFIS”

Resposta a Pergunta 12.5 do Simples Nacional:

12.5. Quais as situações que permitem a exclusão de ofício das ME e das EPP do Simples Nacional e a partir de quando

ela produz efeitos?

A exclusão de ofício não depende de comunicação ou solicitação da ME ou EPP optante pelo Simples Nacional e, a

partir de janeiro de 2012, produzirá efeitos:

Page 7: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

a partir do próprio mês em que incorridas as seguintes hipóteses, impedindo-se nova opção pelo Simples Nacional pelos

3 (três) anos-calendários subsequentes, período que poderá ser elevado para 10 (dez) anos-calendários no caso do § 2º do

art. 84 da Resolução CGSN nº 140, de 2018, quando:

for constatado que durante o ano-calendário o valor das despesas pagas supera em 20% (vinte por cento) o valor

de ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade;

Exclusão por débito

Setembro é o mês em que muitas empresas optantes pelo Simples Nacional recebem da Receita Federal Ato Declaratório

de Exclusão do regime por possuir débitos.

A ME ou EPP será excluída a partir do ano-calendário subsequente ao da ciência do termo de exclusão, quando possuir

débito com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal,

cuja exigibilidade não esteja suspensa.

Nas hipóteses de exclusão de ofício por existência de débito, a comprovação da regularização do débito, no prazo de até

30 (trinta) dias contados a partir da ciência da exclusão de ofício, possibilitará a permanência da ME ou EPP como

optante pelo Simples Nacional.

Jô Nascimento

Simples Nacional – Atenção para o Conceito de Receita

Bruta

Base: Lei Complementar 123/2006.

Fonte: Blog Guia TributárioLink: https://guiatributario.net/2019/09/12/simples-nacional-atencao-para-o-conceito-de-

receita-bruta/

Considera-se receita bruta, para fins de aplicação do Simples Nacional, o produto da venda de bens e serviços nas

operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as

vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos.

Também não se incluem como receita bruta o valor do tributo devido a título de substituição tributária do ICMS.

Considera-se a receita bruta total mensal auferida ou recebida nos mercados interno e externo.

ATENÇÃO! RECEITAS QUE NÃO COMPÕEM A RECEITA BRUTA

Não compõem a receita bruta:

I – a venda de bens do ativo imobilizado;

II – os juros moratórios, as multas e quaisquer outros encargos auferidos em decorrência do atraso no pagamento de

operações ou prestações;

III – a remessa de mercadorias a título de bonificação, doação ou brinde, desde que seja incondicional e não haja

contraprestação por parte do destinatário;

Page 8: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

IV – a remessa de amostra grátis;

V – os valores recebidos a título de multa ou indenização por rescisão contratual, desde que não corresponda à parte

executada do contrato;

VI – os rendimentos ou ganhos líquidos auferidos em aplicações de renda fixa ou variável.

Base: Lei Complementar 123/2006.

Sinal de mudança no cálculo do IRPJ gera críticas

3 de setembro de 2019

Uma declaração do secretário da Receita Federal Marcos Cintra sobre uma proposta de reforma do Imposto de Renda

Pessoa Jurídica (IRPJ) gerou preocupação entre empresários e tributaristas. Durante evento da Associação Comercial de

São Paulo (ACSP), Cintra informou que a pasta está estudando a mudança na base de cálculo e diminuição na alíquota de

34,5% para até 20% e o afastamento das normas internacionais de contabilidade, adotadas pelo Brasil há cerca de 10 anos.

O conteúdo ainda não está fechado e deve ser complementar às mudanças previstas pela proposta de reforma tributária em

tramitação no Congresso, ou seja, não deverá integrar o documento. A ideia da equipe da Receita Federal é instituir uma

nova base de cálculo do IR baseada em um conceito de resultado fiscal e não no lucro contábil, como ocorre hoje.

O presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) Alfried Plöger, teme

aumento na carga tributária devido à alteração da base de cálculo para incidência do IR. Além disso, a proposta apresentada

não busca saídas em consonância com as normas internacionais, mas “abandona o modelo IFRS”, o que pode ser muito

ruim para as companhias com ações negociadas no exterior.

“Nossa temeridade é que um novo cálculo venha a incidir em impostos ainda maiores e, pelas razões expostas, nós somos

contra”, categorizou Plöger. A entidade reúne cerca de 300 empresas de capital aberto, que, somadas, representam 82%

do valor das companhias listadas em bolsa.

Segundo Cintra, “as novas regras contábeis internacionais criam fenômenos absolutamente esdrúxulos para qualquer

economista, criando obrigações e distanciamento entre o conceito tributário do lucro e o conceito contábil de lucro”. O

secretário da RFB sustenta que isso força as empresas a fazerem ajustes entre o lucro contábil apurado e o lucro tributário,

que será a base da tributação do IRPJ, tornando o processo “complexo e interpretativo”.

“A Receita interpreta de uma maneira e o contribuinte, de outra. Isso gera um contencioso gigantesco”, defendeu o

secretário. Cintra atribuiu à falta de objetividade e à adoção das regras contábeis internacionais o fato de o País contar

com R$ 700 bilhões sendo discutidos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e uma dívida

ativa de outros R$ 3 trilhões.

“O que vamos fazer nessa nova proposta é nos distanciarmos dos conceitos das regras contábeis internacionais e adotar

princípios que tornarão tudo mais simples e muito mais objetivos os critérios para apuração do lucro tributável das

empresas”, anunciou Cintra no encontro com empresários paulistas. Procurada, a assessoria da Receita Federal disse que

o órgão não vai mais se manifestar sobre o assunto.

Alteração pode criar instabilidade jurídica, alerta especialista

Page 9: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

O líder de auditoria da Grant Thornton Brasil, Octávio Zampirolo, diz que a mudança pretendida pelo Fisco vai na

contramão dos esforços feitos nos últimos anos de adequar a tributação à evolução da contabilidade. “Com o eventual

projeto haveria uma dissociação completa entre a norma contábil e a apuração do Imposto de Renda e da Contribuição

Social sobe Lucro Líquido – CSLL. Essa alteração soa no mínimo preocupante e cria instabilidade jurídica, justo em um

momento em que as companhias tentam sair da crise”, reflete Zampirollo.

O especialista lembra que as empresas realizam todo seu planejamento financeiro, seu plano de negócios e orçamento com

base nas normas internacionais de contabilidade e dissociá-las da tributação pode ter um efeito negativo nas contas da

companhia. “O mundo inteiro caminha para uma adoção mais abrangente do IFRS, com o objetivo de ter uma

uniformidade de prática contábil e permitir maior comparabilidade entre as companhias”, revelou Zampirollo,

salientando que abrir brecha para que as demonstrações financeiras brasileiras sejam arbitradas por parâmetros apenas

internos pode ser um tiro no pé.

Através de nota, o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) com forte atuação nacional e

internacionalmente pela disseminação das IFRS, afirmou que vê com preocupação os comentários da Receita Federal

sobre um eventual distanciamento das normas internacionais de contabilidade. “É inegável a importância da adoção das

IFRS, que contribuiu para que o País avançasse na área contábil, uma vez que o seu reconhecimento garante informações

mais precisas e confiáveis, gera alinhamento internacional e cria a base para um mercado mais transparente e atrativo

para o investidor”, salientou.

Reportagem de ROBERTA MELHO para Jornal do Comércio | 02.09.2019

CPC 47 e IFRS 15: aspectos introdutórios e conceituais

BLB BRASIL

O CPC 47, aprovado em novembro de 2016 e correlacionado à norma Internacional de Contabilidade – IFRS 15, foi

fruto de um intenso debate contábil que perdurou por mais de uma década, representando um dos mais importantes

pronunciamentos contábeis já emitidos. Sua aplicação obrigatória é estabelecida para as demonstrações contábeis

iniciadas em, ou após, 1º de janeiro de 2018.

No CPC 47 consolidam-se os vários documentos que tratam da receita, de modo que sua forma de reconhecimento, antes

previsto em diversos pronunciamentos (CPC 17, CPC 30, ICPC 02, ICPC 11), seja abordada em norma única.

Segundo o pronunciamento contábil, receita corresponde a uma contraprestação à qual a entidade tem direito em função

de ter promovido uma transferência de bens ou serviços a clientes:

Interessante notar a importância da compreensão da expressão “transferir bens ou serviços”, elemento subjetivo e com

definições contraditórias pela doutrina contábil. Nesse sentido, o próprio pronunciamento, com intuito de evitar

Page 10: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

possíveis conflitos interpretativos, estabelece que a transferência deva ocorrer quando o cliente obtiver o controle sobre

os bens ou serviços adquiridos.

Além disso, o pronunciamento estabelece uma série de requisitos rígidos e objetivos que as entidades precisam observar

para que a receita seja reconhecida, sendo que qualquer reconhecimento que não atenda os critérios – salvo exceções

expressas – não permitirá o reconhecimento da receita para fins contábeis.

Qual o impacto do CPC 47/IFRS 15 para empresários e investidores?

É notório que o reconhecimento de receita não amparado pelas normas contábeis pode vir a representar evidências de

fraude ou erro nos relatórios contábeis, podendo ensejar, inclusive, uma opinião modificada sobre as demonstrações

contábeis da entidade.

Esse aspecto de conformidade contábil, essencial a qualquer empreendimento que vise à perpetuidade no mercado

nacional ou internacional, tem a sua importância não só definida para aspectos formais, isto é, atualmente os investidores

– inclusive nacionais – têm utilizado das ferramentas contábeis de forma intensa e consistente.

Aliás, a análise de índices contábeis têm sido um dos elementos fundamentais na avaliação de qualquer

empreendimento, principalmente depois que as normas brasileiras de contabilidade adotaram o padrão internacional.

Desse modo, operações de aquisição ou de combinação de negócios podem ficar severamente comprometidas se

potenciais investidores identificarem receitas reconhecidas em desconformidade com as normas contábeis – que, como

já exposto, podem representar indícios de graves erros (ou fraudes) nas demonstrações contábeis da entidade investida.

Por essas razões, o cumprimento dos requisitos do CPC 47 é de caráter muito relevante para entidades que pretendam se

destacar no cenário nacional, principalmente, quando possam estar sujeitas a futuras negociações ou parcerias com

investidores.

Esse aspecto acentua-se no cenário internacional, já que as determinações do CPC 47 e da IFRS 15 estão em plena

conformidade com o padrão contábil internacional. Logo, não seria exagero afirmar a improbabilidade de que

entidades que descumpram os requisitos da norma consigam, nos próximos anos, concluir negócios com

investidores, principalmente do exterior.

Além disso, o novo pronunciamento produz impactos tributários nas operações das entidades e também impactos no

reconhecimento das despesas trabalhistas (comissões e bonificações com base na receita). Temas que tratamos

especificamente em outro artigo.

Por enquanto, diante da complexidade do tema, o presente artigo tem o objetivo de delinear os principais contornos da

norma, sem, no entanto, esgotar a tratativa do assunto ou servir como roteiro técnico.

Para que seja possível a plena compreensão dos assuntos tratados no CPC 47 é preciso abordar dois elementos

fundamentais: o contrato e o reconhecimento da receita.

O contrato

O pronunciamento trata do reconhecimento de receita decorrente de contratos com clientes. Sendo assim, para correta

aplicação da norma, três questionamentos precisam ser respondidos: o que é um contrato? Qual tipo de contrato pode

ser considerado? Quando um contrato pode ser contabilizado?

Page 11: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Contrato é um acordo entre duas ou mais partes que cria direitos e obrigações exigíveis de forma simplificada. Contrato

é um acordo de vontades entre pessoas, físicas ou jurídicas, que tenha um objeto lícito e possível, com a finalidade de

adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos. Um exemplo é o contrato de compra e venda.

A exigibilidade dos direitos e obrigações em contrato é matéria legal. Contratos podem ser escritos, verbais ou sugeridos

pelas práticas usuais de negócios da entidade. As práticas e os processos para estabelecer contratos com clientes variam

entre jurisdições, setores e entidade. Além disso, podem variar dentro da entidade (por exemplo, eles podem depender da

classe do cliente ou da natureza dos bens ou serviços prometidos). A entidade deve considerar essas práticas e processos

ao determinar se e quando um acordo com o cliente cria direitos e obrigações exigíveis.

Nesse sentido, para fins de aplicação do CPC 47, um contrato não existe se cada parte dele tiver o direito incondicional

– enforceable right – de rescindir inteiramente o contrato não cumprido, sem compensar a outra parte (ou partes). O

contrato está inteiramente não cumprido se ambos os critérios a seguir forem atendidos:

1º Critério: a entidade ainda não transferiu nenhum bem ou serviço prometido ao cliente; e

2º Critério: a entidade ainda não recebeu e ainda não tem o direito de receber qualquer contraprestação em troca dos

bens ou serviços.

Vale dizer, os direitos e obrigações contratuais somente poderão ser contabilizados com base no pronunciamento

CPC 47 depois que o contrato for executado (cumprimento do contrato: pagamento do preço/entrega do bem ou

serviço). Logo, se a entidade e o cliente puderem rescindir inteiramente o contrato, sem a aplicação de multa, ele é

inexistente; por outro lado, se apenas uma das partes puder rescindi-lo, ele está sujeito ao CPC 47.

Interessante notar que a norma internacional oferece ao contrato o mesmo conceito definido no direito civil brasileiro,

não o restringindo apenas aos formais ou escritos, pelo contrário, estendendo-o aos acordos verbais e informais, não

exigindo qualquer forma especial, com ressalva dos casos previstos em lei.

Do reconhecimento da receita

O elemento central da norma repousa no campo do reconhecimento da receita decorrente de um contrato com cliente.

Para que se possa reconhecer uma receita decorrente de um contrato com clientes, o pronunciamento estabelece um

conjunto de cinco critérios objetivos a serem cumpridos conjunta e simultaneamente pela empresa:

1º Critério: o contrato seja aprovado pelo contratante e pela contratada – por escrito, verbalmente ou de acordo com

outras práticas usuais de negócios – e que estas estejam comprometidas em cumprir suas respectivas obrigações;

2º Critério: a empresa possa identificar os direitos de cada parte em relação aos bens ou serviços a serem transferidos;

3º Critério: a entidade possa identificar os termos de pagamento para os bens ou serviços a serem transferidos;

4º Critério: o contrato possua substância comercial (ou seja, espera-se que o risco, a época ou o valor dos fluxos de

caixa futuros da entidade se modifiquem como resultado do contrato); e

5º Critério: seja provável que a entidade receberá a contraprestação à qual terá direito em troca dos bens ou

serviços que serão transferidos ao cliente. Ao avaliar se a possibilidade de recebimento do valor da contraprestação é

provável, a entidade deve considerar apenas a capacidade e a intenção do cliente de pagar esse valor da contraprestação

quando devido. O valor da contraprestação à qual a entidade tem direito pode ser inferior ao preço declarado no contrato

se a contraprestação for variável, pois a entidade pode oferecer ao cliente uma redução de preço.

Importante reiterar que o cumprimento dos requisitos acima são condições cumulativas a serem observadas, a fim de que

a entidade possa reconhecer os efeitos dos contratos com o cliente, inclusive o registro da receita. Desse modo, enquanto

não houver o atendimento dos cinco itens acima, a entidade precisará reconhecer a contraprestação recebida como um

passivo contábil – e não como receita.

Page 12: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

A norma estabelece ainda que, dependendo dos fatos e circunstâncias relativos ao contrato, o passivo reconhecido

representa a obrigação da entidade de transferir bens ou serviços no futuro ou de restituir a contraprestação recebida. Em

qualquer dos casos, o passivo deve ser mensurado pelo valor da contraprestação recebida do cliente.

Por fim, o pronunciamento contábil estabelece duas exceções em que a entidade poderá realizar o reconhecimento da

receita ao receber uma contraprestação do cliente, ainda que não possa cumprir aos cinco critérios mencionados nos

tópicos anteriores:

a) Primeira exceção: a entidade não possui obrigações restantes de transferir bens ou serviços ao cliente, e a

contraprestação prometida pelo cliente foi recebida e a entidade não precisará devolvê-la; ou

b) Segunda exceção: o contrato foi rescindido, mas a contraprestação recebida do cliente não precisará ser devolvida

pela entidade.

Para facilitar o entendimento, um exemplo prático:

Um cliente adquire um imóvel em construção. O contrato estabelece um sinal (não restituível) em dinheiro de 10% do

preço, dividindo-se o saldo restante em três parcelas anuais. O contrato cumpre os quatro primeiros critérios elencados

pelo CPC 47, entretanto, a construtora avalia que o cliente, em dificuldades econômicas, não terá condições de arcar

integralmente com o restante da operação – ou seja, o quinto critério (que seja provável o recebimento) necessário

para o reconhecimento da receita não foi cumprido.

Nesse caso, a construtora terá que contabilizar o sinal recebido, bem como qualquer outro valor recebido das

prestações anuais, como passivo. O reconhecimento da receita apenas poderá ocorrer caso o quinto critério passe a ser

cumprido ou se ocorrer, pelo menos, uma das duas exceções: quando a construtora concluir suas obrigações restantes

(entregar a construção) ou se contrato for rescindido, desde que em ambos os casos o montante já recebido, sinais ou

parcelas, não precise ser devolvido.

Compreendidos os conceitos de contrato e de reconhecimento de receita, torna-se possível a análise de outros elementos

importantes do CPC 47 – os quais serão objeto de um novo artigo.

Conclusão

Dada a sua importância no cenário nacional e internacional, é preciso considerar que o CPC 47 e a IFRS 15 são

pronunciamentos complexos com diversas nuances que exigem uma análise crítica das operações da entidade. Sua

aplicação envolve julgamentos críticos e subjetivos – o que demanda experiência.

É preciso considerar que poucas empresas no país possuem uma estrutura adequada para aplicá-los sem o apoio de uma

equipe especializada – não apenas na área contábil, mas com conhecimento e compreensão específica dos termos

tratados no CPC 47.

Fonte: https://www.blbbrasil.com.br/blog/cpc-47-ifrs-15-

introducao/?utm_campaign=auditores_blb_noticias_130919&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

Saiba o que muda com a nova Lei de Proteção de Dados

No ano passado, foi promulgada a Lei Geral de Proteção de Dados no Brasil, que passará a valer a partir de agosto de

2020. Com a nova legislação, as empresas e órgãos públicos deverão tratar os dados pessoais dos seus clientes, de

Page 13: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

acordo com os critérios da lei, sendo um dos mais importantes o consentimento a ser dado do titular. Quem não se

adaptar poderá pagar multas altas e ainda sofrer sanções de publicidade.

A nova de Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) será assunto de uma das palestras do Fórum de Marketing Contábil e

Proteção de Dados (inscrições aqui). O evento receberá a advogada e especialista em Direito Digital, Lethícia Ferreira.

Ela conversou com o Blog do Sescon e falou mais sobre o que vai mudar nas empresas com a lei.

Confira a seguir o que a advogada destaca nessa nova legislação e os pontos que as empresas devem cuidar com a nova

legislação.

Dados Coletados

Talvez, a principal mudança seja no momento que as empresas vão coletar os dados dos clientes. Existem várias formas

de tratar os dados pessoais, sendo o consentimento a mais relevante, pois depende exclusivamente do aceite expresso do

titular para utilização de seus dados. Assim, as empresas precisarão ter políticas e condutas para respeitar a privacidade

por parte do titular dos dados. Ou seja, ele deverá ser claramente informado dos termos de uso e extensão da autorização

e precisa concedê-lo livremente.

Poder do Cliente

A nova lei dá mais autonomia para que os dados sejam excluídos da base da empresa, desde que o consumidor ou o

titular manifeste esse desejo. Com isso, o cliente tem controle sobre seus dados e a verificando qualquer dano causado

pelo mau uso das suas informações pode haver sanções para a empresa.

E como se adequar?

Um dos primeiros passos é entender a legislação. Adotando seus princípios, fazer uma gestão baseada na forma com que

os dados serão coletados e tratados de acordo com a finalidade que se destina. A partir de mapeamento, começa a parte

operacional dos novos processos. Para onde vão esses dados? Quem é o responsável pela coleta? O que é feito com essas

informações? São algumas das perguntas que devem ser feitas para verificar o quão seguro e maduro está o processo.

Após essa análise processual, será fundamental tomar diversas ações internas e externas que as empresas. Esses e outros

detalhes sobre como a sua empresa deve se adaptar à nova Lei Geral de Proteção de Dados serão discutidos no Fórum

Contábil de Proteção de Dado, na próxima terça-feira, 17 de setembro.

ISS, ICMS, PIS e COFINS fora da base do cálculo da

contribuição previdenciária

12 de setembro de 2019

Uma decisão liminar da 2ª Vara Federal de Osasco (SP), com base em entendimento do Supremo Tribunal Federal,

autorizou uma indústria gráfica a retirar ISS, ICMS, PIS e Cofins da base de cálculo da Contribuição Previdenciária sobre

Receita Bruta.

A empresa, que passou a contribuir com base na receita bruta (Lei nº 12.546/2011), em substituição à contribuição patronal

de 20% sobre a folha de pagamento, argumentou que tributos não tem natureza de faturamento e que deveriam ser retirados

da base de cálculo.

Page 14: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Desde que o STF julgou inconstitucional a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins, algumas novas teses

começaram a ganhar força nos tribunais. Essa da exclusão do ICMS da base de cálculo da contribuição previdenciária foi

admitida no STJ e no STF.

A Julgadora reconheceu que o entendimento do STF se aplica também ao ISS.

O imposto municipal foi incluído no processo porque a empresa desenvolve atividades mistas, sujeitas ao ISS e ao ICMS.

A empresa conseguirá restituição dos últimos 5 anos.

Outra tese envolvendo exclusão de tributos que ganhou espaço nos Tribunais é a da retirada do ICMS da base de cálculo

do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, para as empresas enquadradas

no regime do lucro presumido, que também apuram seus recolhimentos a partir da receita bruta.

Não obstante as inconsistentes alegações da Fazenda Pública é lamentável que os contribuintes estejam sofrendo esse

verdadeiro confisco, da inclusão de tributos na base cálculo de outros tributos.

Fonte: Portal Bem Paraná

ICMS/MG – Força-tarefa cumpre mandados de prisão

contra empresários por sonegação de R$ 200 milhões

13 set 2019 Alessandra Chieregato

Uma força-tarefa composta pelo Ministério Público Estadual, Receita Estadual e Polícia Civil deflagrou, na manhã desta

quinta-feira (12/9), a operação “Demerara”, que tem como alvos empresários do ramo de distribuição de alimentos com

atuação na Ceasa de Contagem e nas cidades de Barbacena e Varginha, além de São Paulo.

Estão sendo cumpridos seis mandados de prisão e doze mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte, Contagem,

Nova Lima, Barbacena e Varginha, além de Araruama, no Estado do Rio de Janeiro. Os mandados foram expedidos pela

Vara de Inquéritos de Contagem.

Sob os investigados recai a suspeita de crimes contra a ordem tributária, falsidade ideológica, associação criminosa e

lavagem de dinheiro, cometidos entre 2001 e 2017. Nesse período, o grupo, formado por mais de dez empresas, sonegou

cerca de R$ 200 milhões em ICMS devidos ao Estado de Minas Gerais.

As investigações conduzidas pelo MP e pela Polícia Civil tiveram início após informações repassadas pela Receita

Estadual. Ficou comprovado que as empresas adquiriam notas fiscais “frias” no mercado negro e utilizavam os

documentos para diminuir o valor mensal do imposto a ser pago.

De acordo com o Ministério Público, o esquema envolve uma organização criminosa formada por pessoas ricas, bem

instruídas e devidamente orientadas por especialistas. Os investigados construíram, a partir da década de 1990, um

grande grupo econômico composto por empresas do ramo de distribuição de alimentos, sobretudo, de açúcar. Por esse

motivo, a operação foi batizada de “Demerara”.

Ainda segundo o MP, o grupo era liderado por dois irmãos que recorriam a “laranjas” para constituir empresas

atacadistas e blindar o patrimônio pessoal. Há suspeita de que os empregados eram coagidos a ceder os documentos para

a constituição dessas empresas.

Page 15: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Durante as investigações, também foi descoberto que um dos sócios teria utilizado parte dos recursos obtidos com a

sonegação fiscal para construir uma mansão, avaliada em R$ 30 milhões, localizada em um condomínio na cidade de

Nova Lima.

CIRA

A operação “Demerara” é mais uma ação desenvolvida no âmbito do Comitê Interinstitucional de Recuperação de

Ativos (CIRA), que busca coibir a prática de sonegação fiscal e recuperar os valores desviados dos cofres do Estado.

A operação desta quinta-feira contou com a participação de quatro promotores de Justiça de Minas Gerais, 40 auditores

fiscais da Receita Estadual, seis delegados e 52 investigadores da Polícia Civil.

Fonte: SEFAZ MG

Solução de Consulta COSIT Nº 244 DE 20/08/2019

Publicado no DOU em 13 set 2019

Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins

REGIME NÃO CUMULATIVO. CRÉDITO. COMBUSTÍVEL.

DEPRECIAÇÃO. TRANSPORTE. PARTES E PEÇAS. EQUIPAMENTO

A SER MONTADO.

Em se tratando de empresa de fabricação, montagem e manutenção de estruturas metálicas; máquinas e equipamentos

para agroindústrias; e elevadores de passageiros:

é admitido o desconto de créditos da Cofins calculados em relação aos combustíveis consumidos em caminhões

utilizados no transporte de partes e peças de produtos a serem montados, por impossibilidade de montagem prévia, no

estabelecimento do adquirente;

é admitido o desconto de créditos da Cofins calculados em relação aos encargos de depreciação dos caminhões

utilizados no transporte de partes e peças de produtos a serem montados, por impossibilidade de montagem prévia, no

estabelecimento do adquirente; e

deverá haver rateio fundamentado e demonstrado na contabilidade quando o caminhão for utilizado no transporte de

partes e peças de produtos a serem montados, por impossibilidade de montagem prévia, no estabelecimento do

adquirente, o qual dá direito a crédito da Cofins, e no transporte de produtos já montados, o qual não dá direito ao

referido crédito.

Dispositivos Legais: Art. 3º, II, VI, e § 1º, I e III, da Lei nº 10.833, de 2003; e Parecer Normativo Cosit/RFB nº 5, de

2018.

Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep

REGIME NÃO CUMULATIVO. CRÉDITO. COMBUSTÍVEL. DEPRECIAÇÃO. TRANSPORTE. PARTES E

PEÇAS. EQUIPAMENTO A SER MONTADO.

Page 16: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Em se tratando de empresa de fabricação, montagem e manutenção de estruturas metálicas; máquinas e equipamentos

para agroindústrias; e elevadores de passageiros:

é admitido o desconto de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep calculados em relação aos combustíveis consumidos

em caminhões utilizados no transporte de partes e peças de produtos a serem montados, por impossibilidade de

montagem prévia, no estabelecimento do adquirente;

é admitido o desconto de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep calculados em relação aos encargos de depreciação

dos caminhões utilizados no transporte de partes e peças de produtos a serem montados, por impossibilidade de

montagem prévia, no estabelecimento do adquirente; e

deverá haver rateio fundamentado e demonstrado na contabilidade quando o caminhão for utilizado no transporte de

partes e peças de produtos a serem montados, por impossibilidade de montagem prévia, no estabelecimento do

adquirente, o qual dá direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep, e no transporte de produtos já montados, o qual

não dá direito ao referido crédito.

Dispositivos Legais: Art. 3º, II,,VI e § 1º, I e III, da Lei nº 10.637, de 2002; e Parecer Normativo Cosit/RFB nº 5, de

2018.

FERNANDO MOMBELLI

Coordenador-Geral

PR: Paraná retira 60 mil itens do regime de Substituição

Tributária

13 de setembro de 2019

O governador Carlos Massa Ratinho Junior assinou nesta terça-feira (10) decreto determinando a retirada de mais de 60

mil itens do setor de alimentos do regime de Substituição Tributária (ST). A medida entrará em vigor a partir de 1º de

novembro e vai beneficiar o setor produtivo, garantindo mais competitividade às empresas paranaenses. A solenidade de

assinatura foi no Palácio Iguaçu com a presença de empresários e dirigentes de entidades do setor produtivo.

Entre os itens alcançados pela medida estão biscoitos, bolachas, massas, waffles, pizzas, azeites de oliva, margarinas,

óleos refinados, frutas e vegetais congelados, conservas de produtos hortícolas, doces e geleias. O volume de operações

abrangidas é de R$ 4,4 bilhões anuais.

O governador lembrou que a classe empresarial reclamava há anos de perda de competitividade com outros estados em

função da aplicação do regime, que antecipa o recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

(ICMS), coletando na fonte, apenas uma vez, o imposto de toda uma cadeia produtiva e garantindo receita prévia para o

Estado.

“A decisão de retirada da Substituição Tributária foi tomada depois de muito estudo. A partir do momento em que se

facilita a vida do empresário, se gera emprego diretamente. A prioridade do Governo do Estado é facilitar a vida de quem

cria empregos”, afirmou Ratinho Junior. Ele ressaltou que a não antecipação do pagamento do ICMS vai estimular o

aumento de vendas e a arrecadação de tributos, com reflexo também em mais vagas de trabalho e renda. Além disso,

afirmou, libera o capital de giro, que ficava comprometido com o custeio do imposto antecipado.

“Essa decisão vem atender o pequeno e microempresário, quem tem comércio, uma venda, um mercado de bairro. Agora,

ele não vai ter de pagar o imposto antes de vender o seu produto, prática que tira o capital de giro”, destacou. “Além de

atender as famílias, já que com essa facilitação tributária o comerciante pode baixar o preço final dos produtos na gôndola.”

Page 17: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

A iniciativa, disse, recoloca o Estado em igualdade competitiva com mercados que também revisaram o imposto, como

Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Mecanismo

Com o fim da Substituição Tributária, cada empresa fica encarregada do recolhimento de sua parte do imposto quando

realizar a venda das mercadorias. Um dos responsáveis pelo projeto, o superintendente de Governança da Casa Civil,

Phelipe Mansur, ressaltou que a medida busca simplificar o sistema tributário, ajustando o modelo de arrecadação de cada

setor.

Segundo ele, a medida reverte alterações que se mostraram pouco efetivas e demasiadamente custosas à sociedade. “A

Substituição Tributária, quando foi instituída, onerou parte da cadeia produtiva. Um pedaço da cadeia produtiva pagava

pelo resto da cadeia toda. A retirada é uma mudança na forma de calcular o imposto. O pagamento será fracionado, cada

produto, comerciante ou distribuidor vai pagar somente a sua parte”.

Bebida

Os vinhos também entraram na revisão para acompanhar a decisão de Estados vizinhos, como Rio Grande do Sul e Santa

Catarina, que retiraram o produto da sistemática da Substituição Tributária. Com isso, os produtores paranaenses não

perdem competitividade.

A Secretaria de Estado da Fazenda segue fazendo estudos para medir a possibilidade de ampliação do número de itens que

podem ser beneficiados com a mudança na forma de se cobrar o imposto.

Arrecadação

Como haverá mudança na forma e nos responsáveis pelo recolhimento do ICMS, não é possível afirmar que a medida

gerará perda ou ganho de arrecadação. A Secretaria da Fazenda, porém, promete continuar os estudos para medir os

impactos das medidas tomadas e avaliar outros setores com características semelhantes.

Para isso, a Receita Estadual fará um monitoramento intensivo do setor, para avaliar o desempenho pós-medida e combater

preventivamente eventual efeito colateral de sonegação. “A Substituição Tributária não significa renúncia fiscal, é só uma

mudança na forma de recolhimento do imposto. Acreditamos que, com o estímulo da economia paranaense, isso pode

gerar até um incremento de arrecadação”, afirmou Luiz Fernandes de Moraes Júnior, diretor da Receita Estadual.

Presenças

Participaram da cerimônia o vice-governador Darci Piana; o secretário da Agricultura e Pesca do Governo Federal, Jorge

Seif Júnior; Gláucio Geara, presidente da Associação Comercial do Paraná; Paulo Henrique Penak, diretor da Penak

Alimentos; Vírgilio Moreira Filho, diretor da Federação das Indústrias do Estado do Paraná; Vitor Tioqueta, presidente

do Sebrae; o vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel; os secretários Sandro Alex (Infraestrutura e Logística), Márcio

Nunes (Desenvolvimento Sustentável e Turismo), Coronel Rômulo Marinho (Segurança Pública), Beto Preto (Saúde),

Valdemar Bernardo Jorge (Planejamento e Projeto Estruturantes), João Carlos Ortega (Desenvolvimento Urbano e Obras

Públicas), Norberto Ortigara (Agricultura e Abastecimento); o presidente da Agência Paraná de Desenvolvimento,

Eduardo Bekin, o presidente da Comec, Gilson Santos; o líder do Governo na Assembleia Legislativa, Hussein Bakri; os

deputados estaduais Subtenente Everton, Márcio Pacheco, Mauro Moraes, Evandro Araújo, Jonas Guimarães, Nelson

Luersen, Emerson Bacil, Marcel Micheletto e Tiago Amaral.

O que é a Substituição Tributária

Como é difícil fiscalizar todas as lojas de varejo, a Substituição Tributária (ST) permite que o imposto seja recolhido na

fonte, na produção. Como existem menos indústrias do que lojas, isso facilita a fiscalização, abrevia o recolhimento e,

consequentemente, antecipa o caixa.

No regime de Substituição Tributária, as indústrias ou os atacadistas são eleitos responsáveis pelo ICMS devido em toda

a cadeia econômica, até a venda ao consumidor final. O imposto é recolhido antecipadamente, com base em um valor

presumido de venda.

A Substituição Tributária é considerada uma técnica de recolhimento eficiente, que facilita a fiscalização, simplifica o

recolhimento e diminui a sonegação fiscal. A arrecadação fica concentrada em grandes contribuintes.

A questão é que o sistema funciona perfeitamente em alguns setores, com características comuns como a concentração em

poucas indústrias e distribuidores, pulverização nas vendas ao varejo ou cadeia intermediária interna, como os setores de

cigarros, combustíveis, bebidas e veículos.

Já em outros pontos da cadeia, a aderência ao sistema não se mostra eficaz e apresenta diversos problemas, como

dificuldade em estabelecer o preço final de venda adequado a cada produto, número elevado de indústria ou distribuidores

ou operações interestaduais de substituídos, criando uma concorrência desigual entre Unidades da Federação.

Fonte: Agência de Notícias do Paraná

Page 18: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Compensação de Prejuízo Fiscal

14 de setembro de 2019

Introdução

O estudo tributário fortemente defendido é necessário com periodicidade anual para as pessoas jurídicas são

imprescindíveis para todos os portes de pessoa jurídica. Trata-se de uma inverdade na afirmação que empresas de pequeno

porte devem tributar na forma do Simples Nacional, médio porte Lucro Presumido e somente as empresas de grande porte

são remetidas ao Lucro Real.

Por óbvio que o profissional ao iniciar seu estudo, precisa entender o perfil da pessoa jurídica em seu todo e excluir

possíveis regimes a que esteja impedida, como por exemplo o faturamento auferido e projeção de faturamento para o

próximo exercício (para evitar de induzir a optar por um regime que será excluída ao longo do ano) seja por atividades já

desenvolvidas e considerando se está havendo inclusão de novas atividades bem como conhecer os pormenores da

atividade e procedimentos, onde um aparente fato não relevante pode vir a ser o principal diferencial de uma empresa.

Não há impedimento por exemplo, para uma pessoa jurídica que sabidamente está em um período acumulando prejuízos

contábeis e fiscais, optar pelo Lucro Real para gerar uma tributação de IRPJ e CSLL menor, desde que observados todos

os demais impostos, contribuições e obrigações fiscais.

Neste cenário da pessoa jurídica passar por um período de acúmulo de prejuízo contábil e fiscal é que precisa atentar-se

para que nos períodos subseqüentes utilize do prejuízo fiscal gerado, utilizando da correta forma prevista na legislação

vigente e não deixando de apropriar-se dos créditos permissíveis.

Nos comentários a seguir serão elucidados tais regras e particularidades para a correta compensação do prejuízo fiscal da

pessoa jurídica, por um lado evitando gerar passivos tributários e por outro lado, utilizar os créditos a menor que os

permissíveis na legislação vigente.

Resultado Contábil x Resultado Fiscal

O Resultado Contábil é o lucro ou prejuízo apurado diretamente da contabilidade da pessoa jurídica, ocorrendo quando as

receitas auferidas em determinado período-calendário, for superior as suas despesas e custos contabilizados no mesmo

período.

Já o Resultado Fiscal tem como base inicial o Resultado Contábil (seja o lucro ou prejuízo contábil) e sobre este valor

serão adicionadas as despesas contabilizadas porém consideradas como não dedutíveis, bem como excluídas possíveis

despesas.

Trata-se das adições ou exclusões do LALUR (apontadas na ECF).

Após tais adições ou exclusões é que se obtém o resultado fiscal o qual servirá de base para a tributação do IRPJ e CSLL

no Lucro Real.

O fato da pessoa jurídica gerar um prejuízo contábil em determinado período não significa que também haverá prejuízo

fiscal, pois tal prejuízo contábil pode ter sido gerado a partir do pagamento de despesas particulares dos sócios ou diretores,

o que são consideradas despesas não dedutíveis e no momento de sua exclusão, gerem um resultado fiscal positivo (lucro

fiscal).

Page 19: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Assim como um lucro contábil também não significa lucro no resultado fiscal, tais lucros podem ter sido originado de uma

variação cambial ativa, reconhecida sobre as importações ou exportações em andamento mas ainda não efetivada

(realizada a compra ou venda com o exterior mas ainda a mercadoria encontra-se em transporte) e pelo motivo de não

estar efetivada poderá ser excluída gerando um possível prejuízo fiscal.

Prejuízo Fiscal

O Prejuízo Fiscal deve ser controlado para que o total do prejuízo acumulado ao longo de vários períodos de apuração

sejam devidamente compensados com resultados positivos futuros. No período de apuração em que houver a apuração de

Prejuízo Fiscal não há o que se falar em recolhimento de IRPJ e CSLL.

“§ 2º Ficam dispensadas do pagamento mensal as pessoas jurídicas que, por meio de balanços ou balancetes mensais,

demonstrem a existência de prejuízos fiscais apurados a partir do mês de janeiro do ano-calendário.”

Decreto 9.580/2018 Art. 227 Parágrafo 2° e Lei 8.981/1995 Art. 35.

Da Sua Compensação

Os prejuízos fiscais (compensáveis para fins do imposto de renda) poderão ser compensados independentemente de

qualquer prazo, observado em cada período de apuração o limite de 30% (trinta por cento) do lucro líquido ajustado. O

citado limite de 30% (trinta por cento) não se aplica em relação aos prejuízos fiscais decorrentes da exploração de

atividades rurais.

A pessoa jurídica não perderá o valor dos prejuízos acumulados caso ingresse na tributação na forma do Lucro Presumido

ou Simples Nacional, podendo voltar a compensar quando retornar a sua tributação no Lucro Real e gerar lucro fiscal.

Nota 1: A pessoa jurídica não poderá compensar os seus próprios prejuízos fiscais se, entre a data da apuração e da

compensação, houver ocorrido, cumulativamente, modificação do seu controle societário e do ramo de atividade

(https://www.instagram.com/p/Bz-cYbIjBuk/) .

Nota 2: A pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão não poderá compensar prejuízos fiscais da sucedida.

No caso de cisão parcial, a pessoa jurídica cindida poderá compensar os seus próprios prejuízos, proporcionalmente à

parcela remanescente do patrimônio líquido.

Da Compensação de Prejuízos Fiscais Não Operacionais

Consideram-se prejuízos não operacionais os prejuízos decorrentes da alienação de bens e direitos do ativo imobilizado,

investimento e intangível, ainda que reclassificados para o ativo circulante com intenção de venda.

Os prejuízos não operacionais poderão ser compensados, nos períodos de apuração subsequentes ao de sua apuração

(trimestral ou anual), somente com lucros de mesma natureza, observado o limite de 30% (trinta por cento) do referido

lucro. Os resultados de todas as alienações de bens e direitos do ativo imobilizado, investimento e intangível de um mesmo

período de apuração deverão ser apurados englobadamente entre si. No período de apuração de ocorrência, de alienação

de bens e direitos, os resultados não operacionais, positivos ou negativos, integrarão o lucro real. A separação em prejuízos

não operacionais e em prejuízos das demais atividades somente será exigida se, no período, forem verificados,

cumulativamente, resultados não operacionais negativos e lucro real negativo (prejuízo fiscal).

Verificada esta hipótese, a pessoa jurídica deverá comparar o prejuízo não operacional com o prejuízo fiscal apurado na

demonstração do lucro real, observado o seguinte:

a) se o prejuízo fiscal for maior, todo o resultado não operacional negativo será considerado prejuízo fiscal não operacional

e a parcela excedente será considerada, prejuízo fiscal das demais atividades;

Page 20: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

b) se todo o resultado não operacional negativo for maior ou igual ao prejuízo fiscal, todo o prejuízo fiscal será considerado

não operacional. Os prejuízos não operacionais e os decorrentes das atividades operacionais da pessoa jurídica deverão

ser controlados de forma individualizada por espécie, na parte B do Lalur, para compensação, com lucros da mesma

natureza apurados nos períodos subsequentes.

O valor do prejuízo fiscal não operacional a ser compensado em cada período-base subseqüente não poderá exceder o total

dos resultados não operacionais positivos apurados no período de compensação. A soma dos prejuízos fiscais não

operacionais com os prejuízos decorrentes de outras atividades da pessoa jurídica, a ser compensada, não poderá exceder

o limite de 30% (trinta por cento) do lucro líquido do período-base da compensação, ajustado pelas adições e exclusões

previstas ou autorizadas pela legislação do imposto de renda.

No período-base em que for apurado resultado não operacional positivo, todo o seu valor poderá ser utilizado para

compensar os prejuízos fiscais não operacionais de períodos anteriores, ainda que a parcela do lucro real admitida para

compensação não seja suficiente ou que tenha sido apurado prejuízo fiscal. Neste caso, a parcela dos prejuízos fiscais não

operacionais compensados com os lucros não operacionais que não puder ser compensada com o lucro real, seja em virtude

do limite de 30% (trinta por cento) ou de ter ocorrido prejuízo fiscal no período, passará a ser considerada prejuízo das

demais atividades, devendo ser promovidos os devidos ajustes na parte B do Lalur.

Fonte: Portal Contábeis

Contribuições e doações dedutíveis no Lucro Real

14 de setembro de 2019

Conforme definição da Receita Federal do Brasil (RFB), o Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur) é um livro de

escrituração de natureza fiscal, criado pelo Decreto‐Lei no. 1.598, de 1977, previsto do na Lei no 6.404, de 1976, e

alterações posteriores, e destinado à apuração extracontábil do lucro real sujeito à tributação pelo imposto de renda em

cada período de apuração, contendo, ainda, elementos que poderão afetar os resultados de períodos futuros.

Estão obrigadas à escrituração do Lalur todas as pessoas jurídicas contribuintes do imposto de renda com base no lucro

real, inclusive aquelas que espontaneamente optarem por esta forma de apuração. Contudo, pessoas jurídicas optantes pela

apuração do imposto de renda com base no lucro real podem efetuar doações e contribuições, conforme decisões de sua

administração.

Assim sendo, nem todas as doações ou contribuições realizadas pela empresa serão consideradas dedutíveis, devendo ser

analisadas a utilização e aplicabilidade.

>> Contribuições Dedutíveis

Para efeitos de apuração do Lucro Real, é vedada a dedução das despesas com doações e contribuições não compulsórias.

São compulsórias as contribuições obrigadas por lei, exceto as designadas a seguros, planos de saúde, e benefícios

complementares assemelhados aos da previdência social em favor dos empregados e dirigentes da pessoa jurídica

(Instrução Normativa n° 11/96).

As contribuições não compulsórias são as destinadas a custear Planos de Poupança e Investimento, Fundo de

Aposentadoria Programada Individual (FAPI), devendo observar, que podem ser deduzidas como despesa operacional,

desde que beneficiem no mínimo 50% dos empregados (Regulamento do Imposto de Renda (RIR/2018) – Decreto n°

9.580/2018).

Page 21: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

>> Doações Dedutíveis

Doações feitas pelas pessoas jurídicas não são dedutíveis, exceto às instituições de ensino e pesquisas autorizadas por lei

federal e às entidades civis, que sejam legalmente constituídas, sem fins lucrativos que prestem serviços gratuitos em

benefício de empregados da pessoa jurídica doadora e respectivos dependentes, ou em benefício da comunidade onde

atuem nos moldes das disposições contidas no Regulamento do Imposto de Renda.

-> Unicef

Não há previsão legal para as doações para a Unicef, serem consideradas como dedutíveis.

-> Projetos culturais e artísticos

Doações ou patrocínio podem ser dedutíveis para o imposto devido no período de apuração, desde que sejam contribuições

ao Fundo Nacional de Cultura (FNC) na forma de doações, nos termos da Lei n° 8.313/91 ou mediante apoio direto a

projetos:

– culturais aprovados na forma da regulamentação do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Caso o projeto

seja relacionado a obras cinematográficas e videofonográficas, este deve ser previamente aprovado pelo MinC ou pela

Ancine.

– relacionados à produção cultural (se relacionado a obras cinematográficas e videofonográficas, deve ser previamente

aprovado pelo MinC ou pela Ancine) nos segmentos de:

— Artes cênicas

— Livros de valor artístico, literário ou humanístico

— Música erudita ou instrumental

— Exposições de artes visuais

— Doações de acervos para bibliotecas públicas, museus, arquivos públicos e cinematecas, treinamento de pessoal e

aquisição de equipamentos para a manutenção desses acervos

— Produção de obras cinematográficas e videofonográficas de curta e média metragens e preservação e difusão do acervo

audiovisual

— Preservação do patrimônio cultural material e imaterial

— Construção e manutenção de salas de cinema e teatro, que poderão funcionar também como centros culturais

comunitários, em Municípios com menos de 100.000 habitantes.

– relativos à produção de obras cinematográficas e videofonográficas brasileiras de longa, média e curta metragens de

produção independente, de coprodução de obras cinematográficas e videofonográficas brasileiras de produção

independente, de telefilmes, minisséries, documentais, ficcionais, animações e de programas de televisão de caráter

educativo e cultural, brasileiros de produção independente, aprovados pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), de

acordo com a Medida Provisória n° 2.228-1/2001, produzidos com os recursos de que trata a Lei n° 11.437/2006.

Vale lembrar que os projetos culturais devem ser previamente aprovados pelo Ministério da Cultura (MinC), observado o

disposto em seus atos baixados para este fim. Outro aspecto importante é que apenas podem usufruir os benefícios fiscais

Page 22: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

culturais os incentivadores que obedecerem, para suas doações ou patrocínios, o período definido pelas portarias de

homologação do MinC ou Ancine, publicadas no Diário Oficial da União.

A pessoa jurídica pode deduzir do imposto devido o valor calculado deste incentivo, observando-se a legislação de

concessão dos projetos e os limites legais estabelecidos:

— projetos aprovados conforme Lei n° 8.313/91: 40% do somatório das doações e 30% do somatório dos patrocínios;

— projetos aprovados conforme Lei n° 8.313/91, combinados com a Medida Provisória n° 2.228-1/2001, produzidos com

os recursos de que trata o mesmo artigo: 40% do somatório das doações e 30% do somatório dos patrocínios. A dedução

a título de doações ou patrocínios de que tratam acima não poderá exceder isoladamente a 4% do imposto devido, antes

do adicional, com base: (i) no lucro real trimestral e (ii) no lucro real apurado no ajuste anual.

A dedução também se aplica ao imposto determinado com base no lucro estimado, calculado com base na receita bruta e

acréscimos. Porém, o valor deduzido do IRPJ com base no lucro estimado: (i) não será considerado imposto pago por

estimativa e (ii) deve compor o valor a ser deduzido do imposto devido no ajuste anual. Nesse caso, excessos ao limite de

4% de dedução não poderão ser deduzidos do imposto devido em períodos de apuração posteriores.

— projetos aprovados pela Lei n° 8.313/91, pela Lei n° 9.874/99, e MP n° 2.228/2001: (i) 100% do somatório das doações

e (ii) 100% do somatório dos patrocínios.

— projetos aprovados nos termos da Lei n° 8.313/91, da Lei n° 9.874/99, e da Medida Provisória n° 2.228/2001,

combinados com a Medida Provisória n° 2.228-1/2001: (i) 100% do somatório das doações e (ii) 100% do somatório dos

patrocínios.

As doações feitas em favor do FNC podem ser deduzidas, desde que sejam comprovadas por meio de recibo de depósito

bancário e de declaração de recebimento firmada pelo donatário. A dedução a título de doações ou patrocínios acima não

poderá exceder isoladamente a 4% do imposto devido, antes do adicional, com base: (i) no lucro real trimestral e (ii) no

lucro real apurado no ajuste anual.

A dedução também se aplica ao imposto determinado com base no lucro estimado, calculado com base na receita bruta e

acréscimos. Porém, o valor deduzido do imposto com base no lucro estimado: (i) não será considerado imposto pago por

estimativa e (ii) deve compor o valor a ser deduzido do imposto devido no ajuste anual.

Eventuais excessos ao limite de 4% de dedução não poderão ser deduzidos do imposto devido em períodos de apuração

posteriores. Além de observar o limite específico de cada incentivo, o total das deduções relativas aos incentivos em

operações de caráter cultural e atividade audiovisual, inclusive os relativos aos patrocínios a projetos audiovisuais e aos

investimentos nos Fundos de Financiamento da Indústria Cinematográfica Nacional (Funcines) não pode exceder a 4% do

imposto devido, antes do adicional, com base: (i) no lucro real trimestral (ii) no lucro real apurado no ajuste anual.

A dedução também se aplica ao imposto determinado com base no lucro estimado, calculado com base na receita bruta e

acréscimos. Porém, o valor deduzido do imposto com base no lucro estimado: (i) não será considerado imposto pago por

estimativa e (ii) deve compor o valor a ser deduzido do imposto devido no ajuste anual.

Eventuais excessos ao limite de 4% de dedução não poderão ser deduzidos do imposto devido em períodos de apuração

posteriores.

-> Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente

A pessoa jurídica pode deduzir, do imposto de renda devido em cada período de apuração, o total das doações efetuadas

aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente (Nacional, Estaduais ou Municipais), com os devidos comprovantes

regularizados. Todavia, existem aspectos técnicos a serem observados. O limite máximo de dedução permitida a título de

Page 23: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

doações aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente, é de 1% do imposto devido, antes do adicional, com base

no lucro real trimestral ou no lucro real apurado no ajuste anual.

Cabe observar que o valor correspondente às doações efetuadas não é dedutível como despesa operacional na determinação

do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido. A dedução se aplica inclusive ao imposto

determinado com base no lucro estimado, calculado com base na receita bruta e acréscimos. Porém, o valor deduzido do

imposto com base no lucro estimado:

— Não será considerado imposto pago por estimativa.

— Deve compor o valor a ser deduzido do imposto devido no ajuste anual.

O limite de dedução no percentual de 1% do IRPJ devido será considerado isoladamente. Eventuais excessos ao limite de

1% de dedução não podem ser utilizados em período de apuração posterior.

-> Fundo Nacional do Idoso

Em período de apuração, a pessoa jurídica poderá deduzir do IRPJ devido, podendo ser o total das doações feitas ao Fundo

Nacional do Idoso, vedada a dedução como despesa operacional. Lembrando que sempre deve haver os comprovantes

regularizados das doações. Para a dedutibilidade, serão consideradas somente as doações efetivamente efetuadas no

período de apuração. A dedução não poderá exceder em cada período de apuração a 1% do IRPJ devido com base:

— no lucro real trimestral; ou

— no lucro real apurado no ajuste anual.

O excedente das doações não poderá ser deduzido do IRPJ devido em períodos de apuração posteriores. A dedução

também se aplica ao IRPJ determinado com base no lucro estimado. O referido valor deverá: (i) não será considerado IRPJ

pago por estimativa e (ii) comporá o valor a ser deduzido do IRPJ devido no ajuste anual.

O valor doado não poderá ser deduzido do lucro líquido como despesas operacionais. O valor doado registrado na

escrituração contábil como despesa operacional deverá ser adicionado ao lucro líquido para fins de apuração do lucro real

e da base de cálculo da CSLL.

-> Instituições de ensino e pesquisa

Doações efetuadas às estas instituições possuem dedutibilidade, sendo que estas devem ter tido sua criação autorizada por

lei federal e que preencham os requisitos da Constituição Federal/88, até o limite de 1,5% do lucro operacional, antes de

computada a sua dedução e as doações a entidades civis, conforme Lei n° 9.249/95:

— Comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação;

— Assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao poder público,

no caso de encerramento de suas atividades.

Caso o valor doado exceda o limite mencionado, o excesso não será dedutível, devendo ser adicionado ao lucro líquido

para fins de determinação do lucro real.

-> Entidades civis

Page 24: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

As doações efetuadas a entidades civis, constituídas no Brasil, sem fins lucrativos, são dedutíveis, desde que, estas

entidades prestem serviços gratuitos em benefício de empregados da pessoa jurídica doadora, e respectivos dependentes,

ou em benefício da comunidade onde atuem, observadas as seguintes regras – Lei n° 9.249/95:

— As doações, quando em dinheiro, serão feitas mediante crédito em conta corrente bancária diretamente em nome da

entidade beneficiária.

— A pessoa jurídica doadora manterá em arquivo, à disposição da fiscalização, declaração, segundo modelo aprovado

pela Secretaria da Receita Federal, fornecida pela entidade beneficiária, em que esta se compromete a aplicar integralmente

os recursos recebidos na realização de seus objetivos sociais, com identificação da pessoa física responsável pelo seu

cumprimento, e a não distribuir lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores ou associados, sob nenhuma

forma ou pretexto.

— A entidade civil beneficiária deverá ser reconhecida de utilidade pública por ato formal de órgão competente da União.

Ficam limitadas a 2% do lucro operacional da pessoa jurídica (antes de computada a sua dedução) o valor das referidas

doações.

->Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público

Para dedução na apuração do lucro real, as doações realizadas para as entidades civis e para as Organizações da Sociedade

Civil de Interesse Público (OSCIP), estão limitadas a 2% do lucro operacional da pessoa jurídica, antes de computadas

essas deduções.

No caso da pessoa jurídica se enquadrar na condição do item b acima Entidades Civis não alcança a hipótese de

remuneração de dirigente em decorrência de vínculo empregatício, pela OSCIP, qualificadas segundo as normas

estabelecidas na Lei n° 9.790/99, e pelas Organizações Sociais (OS), qualificadas consoante os dispositivos da Lei n°

9.637/98. O valor que exceder o limite permitido deve ser adicionado ao Lucro Real.

-> Partidos políticos

Desde Setembro/2015, não é mais permitido doações e contribuições de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais,

independentemente se for aos partidos ou aos candidatos.

Fonte: Portal Contábeis

Variações cambiais

Resumo:

Analisaremos no presente Roteiro de Procedimentos, os detalhes de como contabilizar as operações com variação

cambial, também daremos uma "pincelada" nas regras tributárias disciplinadoras do tema. Para tanto, utilizaremos como

fonte de estudo os princípios de contabilidade atualmente aceitos no Brasil, bem como as regras tributárias vigentes nos

dias atuais, principalmente a Instrução Normativa RFB nº 1.079/2010 que dispõe sobre o tratamento tributário aplicável

às variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte em função da taxa de câmbio.

1) Introdução:

Page 25: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Tecnicamente falando, variações cambiais são variáveis monetárias decorrentes das alterações nas taxas de câmbio em

um determinado período, sofrida por direito de crédito ou por obrigações contratadas em moeda estrangeira. Elas podem

variar para mais ou para menos, dependendo da oscilação/variação do câmbio.

Essas variações, como não poderia deixar de ser, deverão estar registradas na contabilidade da entidade quando do

levantamento do seu Balanço Patrimonial (BP), observado o regime de competência contábil. Podemos observar essa

regra, inclusive, nos artigos 183, caput, I e 184, caput, II da Lei nº 6.404/1976 (Lei das S/As), in verbis:

Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios:

I - as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos, e em direitos e títulos de créditos, classificados no

ativo circulante ou no realizável a longo prazo:

a) pelo seu valor justo, quando se tratar de aplicações destinadas à negociação ou disponíveis para venda; e

b) pelo valor de custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme disposições legais ou contratuais, ajustado

ao valor provável de realização, quando este for inferior, no caso das demais aplicações e os direitos e títulos de crédito;

Art. 184. No balanço, os elementos do passivo serão avaliados de acordo com os seguintes critérios:

(...)

II - as obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, serão convertidas em moeda nacional à taxa

de câmbio em vigor na data do balanço (Grifo nossos);

Portanto, temos que a entidade que possuir direitos a receber e/ou obrigações a pagar em moeda estrangeira deverá, por

ocasião do levantamento do seu Balanço, proceder à atualização da expressão monetária, em reais, desses valores com

base na taxa cambial vigente naquela data.

Apesar da legislação societária e contábil determinar que o reconhecimento das variações cambiais na escrituração deve

ser feito pelo regime de competência, para fins de apuração da Base de Cálculo (BC) do Imposto de Renda da Pessoa

Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL), as receitas de atualizações monetárias decorrentes das

variações da taxa de câmbio, à opção do contribuinte, podem ser reconhecidas pelo regime de caixa.

Importante destacar que a adoção do regime de caixa não deve alterar os critérios de contabilização dos resultados, que

são sempre registrados, para fins societários e contábeis, segundo o regime de competência. Desta forma, os ajustes

necessários para a determinação do Lucro Real, devem ser efetuados diretamente no respectivo livro de apuração

(Lalur), mediante adições e exclusões ao lucro contábil.

Nos próximos capítulos analisaremos nos detalhes como contabilizar as operações com variação cambial, também

daremos uma "pincelada" nas regras tributárias disciplinadoras do tema. Para tanto, utilizaremos como fonte de estudo

os princípios de contabilidade atualmente aceitos no Brasil, bem como as regras tributárias vigentes nos dias atuais,

principalmente a Instrução Normativa RFB nº 1.079/2010 que dispõe sobre o tratamento tributário aplicável às variações

monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte em função da taxa de câmbio.

Esperamos que todos tenham uma ótima leitura e saibam que estamos sempre à disposição para buscar na legislação

atualmente em vigor o melhor para vocês, nossos estimados leitores.

Base Legal: Arts. 183, caput, I e 184, caput, II da Lei nº 6.404/1976 e; Preâmbulo e art. 2º da IN RFB nº 1.079/2010

(Checado pela Valor Consulting em 13/09/19).

Page 26: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

2) Variações cambiais:

As variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações (variação cambial) podem ser ativas ou passivas,

conforme segue:

a. variações ativas: são os ganhos de câmbio, ou seja, quando ocorre a elevação dos valores dos direitos ou a

diminuição dos valores das obrigações; e

b. variações passivas: são as perdas de câmbio, ou seja, quando ocorre diminuição dos valores dos direitos e a

elevação dos valores das obrigações.

As variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, serão

consideradas, para efeitos da legislação do IRPJ, como receitas ou despesas financeiras, conforme o caso. Essa regra,

podemos encontrar nos artigo 404 do RIR/2018, in verbis:

Art. 404. As variações monetárias de que trata esta Subseção serão consideradas, para fins da legislação do imposto

sobre a renda, como receitas ou despesas financeiras, conforme o caso. (Grifo nossos)

Registra-se que o artigo 404 do RIR/2018 está inserido na Subseção II (Das variações monetárias), o qual está dividido

nos seguintes temas:

a. Disposição geral (artigo 404 do RIR/2018);

b. Variações ativas em função de índices ou coeficientes (artigo 405 do RIR/2018);

c. Variações passivas em função de índices ou coeficientes (artigo 406 do RIR/2018);

d. Variações ativas e passivas em função da taxa de câmbio (artigos 407 e 408 do RIR/2018);

e. Variações cambiais ativas e passivas (artigo 409 do RIR/2018);.

Base Legal: Arts. 474 e 407, caput do RIR/2018 (Checado pela Valor Consulting em 13/09/19).

3) Regime de caixa X regime de competência:

No regime de caixa, apenas quando da liquidação da operação é que será reconhecido o ganho ou a perda cambial. Tal

regime revela-se uma forma mais segura e conservadora para o contribuinte, posto que não será necessário oferecer à

tributação a variação cambial ativa decorrente de operação ainda não liquidada e que, inclusive, pode não se realizar.

Já no regime de competência, a variação cambial é reconhecida a cada período, independentemente da liquidação da

operação. Assim, se ocorrer no período uma variação cambial passiva (despesa), já nesse período ela irá reduzir o lucro

da empresa e, talvez, o montante do IRPJ devido. Ao contrário, caso ocorra no período uma variação cambial ativa

(receita), ela irá implicar aumento no lucro e, talvez, a majoração do tributo devido.

Base Legal: Equipe Valor Consulting.

4) Taxas cambiais a serem utilizadas:

Para o cálculo das variações cambiais deverão ser utilizadas as taxas cambiais verificadas no fechamento do mercado de

câmbio, no último dia útil de cada mês, que são fornecidas pelo Banco Central do Brasil (Bacen), através do site

www.bcb.gov.br, lembrando que:

a. na atualização de direitos de créditos, devem ser utilizadas as taxas para compra;

b. na utilização de obrigações, devem ser utilizadas as taxas para venda.

Page 27: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Nunca é demais lembrar que a RFB também divulga, mensalmente, o valor das taxas de câmbio para fins de elaboração

de Balanço, por meio de Atos Declaratórios Executivos Cosit, contendo as cotações das principais moedas. Esses Atos

podem ser livremente consultados no site www.receita.fazenda.gov.br.

Base Legal: Equipe Valor Consulting.

5) Tratamento tributário:

O tratamento tributário (IRPJ, CSLL, PIS e Cofins) aplicável às variações monetárias dos direitos de crédito e das

obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, obedece às disposições constantes da Instrução Normativa

RFB nº 1.079/2010. Nós próximos subcapítulos veremos essas disposições nos seus detalhes.

Base Legal: Art. 1º da IN RFB nº 1.079/2010 (Checado pela Valor Consulting em 13/09/19).

5.1) Regime de caixa:

As variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, serão

consideradas, para efeito de determinação da Base de Cálculo (BC) do IRPJ, da CSLL, da contribuição para o PIS/Pasep

e da contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), bem como da determinação do lucro da

exploração, quando da liquidação da correspondente operação, segundo o regime de caixa.

Portanto, para fins tributários o regime de caixa é a regra e o regime de competência é uma opção. Já para fins contábeis,

o regime de competência é a única opção válida!

Base Legal: Art. 30 da MP nº 2.158-35/2001 e; Art. 2º da IN RFB nº 1.079/2010 (Checado pela Valor Consulting em

13/09/19).

5.2) Regime de competência:

À opção da pessoa jurídica, as variações monetárias poderão ser consideradas na determinação da Base de Cálculo (BC)

dos tributos referidos no subcapítulo 5.1, segundo o regime de competência.

A opção pelo regime de competência aplicar-se-á, de forma simultânea, a todo o ano-calendário e a todos os tributos

referidos no subcapítulo 5.1.

Registra-se que em se tratando de pessoa jurídica que estava inativa, o direito de optar pelo regime de competência

poderá ser exercido no mês em que ela retornar à atividade.

A materialização dessa opção, a partir do ano-calendário de 2011, deverá ser feita mediante comunicação à Secretaria da

Receita Federal do Brasil (RFB) por intermédio da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF)

relativa ao mês de adoção do regime, não sendo admitida DCTF retificadora, fora do prazo de sua entrega, para essa

comunicação (1).

Nota Valor Consulting:

(1) Até 31/12/2010, o artigo 30 da MP nº 2.158-35/2001 permitia que o contribuinte alterasse durante o período de

apuração a opção do regime de tributação das variações cambiais (caixa x competência), desde que seus efeitos fossem

aplicados a todo o ano-calendário. A partir de 01/01/2011, com a nova redação dada ao artigo 30 da MP nº 2.158-

35/2001, pela Lei 12.249/2010, a opção pelo regime de tributação das variações cambiais (caixa x competência) somente

Page 28: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

poderá ser exercido no mês de janeiro do respectivo ano-calendário ou no mês do início de atividades, sendo irretratável,

salvo em situação de elevada oscilação da taxa de câmbio (Ver subcapítulo 5.2.1 abaixo).

Base Legal: Art. 30 da MP nº 2.158-35/2001 e; Arts. 3º e 4º da IN RFB nº 1.079/2010 (Checado pela Valor Consulting

em 13/09/19).

5.2.1) Alteração da opção:

O direito de alteração do regime de competência para o regime de caixa, no reconhecimento das variações monetárias,

no decorrer do ano-calendário é restrito aos casos em que ocorra elevada oscilação da taxa de câmbio.

Essa alteração deverá ser informada à RFB por intermédio da DCTF relativa ao mês subsequente ao qual se verificar a

elevada oscilação.

Base Legal: Art. 5º da IN RFB nº 1.079/2010 (Checado pela Valor Consulting em 13/09/19).

5.2.2) Oscilação elevada:

Ocorre elevada oscilação da taxa de câmbio quando, no período de um mês-calendário, o valor do dólar dos Estados

Unidos da América (EUA) para venda apurado pelo Bacen sofrer variação, positiva ou negativa, superior a 10% (dez por

cento).

Para determinar a variação do dólar no mês é necessário comparar os valores do dólar no 1º (primeiro) e no último dia

do mês-calendário que possuem cotação publicada pelo Bacen.

Caso o cálculo da oscilação seja superior a 10% (dez por cento), a alteração do regime de competência para o regime de

caixa para reconhecimento das variações monetárias poderá ser efetivada no mês-calendário seguinte àquele em que

ocorreu a elevada oscilação da taxa de câmbio.

Registra-se que a alteração do regime faz com que o contribuinte aplique o novo regime para todo o ano-calendário (2).

A título de exemplo, suponhamos que a taxa do dólar de venda do 1° (primeiro) dia do mês janeiro/20X1 seja de R$

3,1000 (três reais e dez centavos) e no último dia desse mesmo mês seja de R$ 3,4500 (três reais e quarenta e cinco

centavos). Com base nesses dados, temos o seguinte cálculo da oscilação elevada:

1° cálculo: R$ 3,1000 - R$ 3,4500 = R$ 0,3500;

2° cálculo: R$ 0,3500 / R$ 3,1000 = 0,1129;

3° cálculo: 0,1129 x 100 = 11,29%.

Fazendo a prova dos 9 (nove), se aplicarmos os 11,29% sobre o 1° (primeiro) valor do dólar de venda e somando ao

mesmo tem-se o último valor do dólar do mês janeiro/20X1.

Nota Valor Consulting:

(2) Na hipótese de ter ocorrido elevada oscilação da taxa de câmbio nos meses de janeiro a maio de 2015, a alteração de

regime poderá ser efetivada excepcionalmente no mês de junho de 2015.

Base Legal: Art. 5º-A da IN RFB nº 1.079/2010 (Checado pela Valor Consulting em 13/09/19).

Page 29: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

5.3) Alteração do regime de um ano-calendário para outro:

Na hipótese de alteração do critério de reconhecimento das variações monetárias pelo regime de caixa para o critério de

reconhecimento das variações monetárias pelo regime de competência, deverão ser computadas na Base de Cálculo (BC)

do IRPJ, da CSLL, da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, em 31 de dezembro do período de encerramento do

ano precedente ao da opção, as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações incorridas até essa data,

inclusive as de períodos anteriores ainda não tributadas.

Já na hipótese de alteração do critério de reconhecimento das variações monetárias pelo regime de competência para o

critério de reconhecimento das variações monetárias pelo regime de caixa, no período de apuração em que ocorrer a

liquidação da operação, deverão ser computadas na Base de Cálculo (BC) do IRPJ, da CSLL, da contribuição para o

PIS/Pasep e da Cofins as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações relativas ao período de 1º de

janeiro do ano-calendário da opção até a data da liquidação.

Base Legal: Arts. 6º e 7º da IN RFB nº 1.079/2010 (Checado pela Valor Consulting em 13/09/19).

5.4) Alteração do regime no curso do ano-calendário:

Na hipótese de alteração do critério de reconhecimento das variações monetárias pelo regime de competência para o

critério de reconhecimento das variações monetárias pelo regime de caixa no decorrer do ano-calendário, prevista no

subcapítulo 5.2.1 acima, no momento da liquidação da operação, deverão ser computadas na Base de Cálculo (BC) do

IRPJ, da CSLL, da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins as variações monetárias dos direitos de crédito e das

obrigações relativas ao período de 1º de janeiro do ano-calendário da alteração da opção até a data da liquidação.

Ocorrendo a referida alteração deverão ser retificadas as DCTF, Escrituração Fiscal Digital das Contribuições incidentes

sobre a Receita (EFD-Contribuições) e demais obrigações, cujas informações sejam afetadas pela mudança de regime,

relativas aos meses anteriores do próprio ano-calendário.

Base Legal: Art. 8º da IN RFB nº 1.079/2010 (Checado pela Valor Consulting em 13/09/19).

6) Tratamento contábil:

Contabilmente, a variação cambial deverá ser lançada a débito ou a crédito da conta que originou o direito ou a

obrigação, tendo como contrapartida contas de resultado, de "Variações Cambiais Ativas (CR)" ou de "Variações

Cambiais Passivas (CR"), conforme o valor apurado da variação seja uma receita ou despesa, respectivamente.

Se a moeda nacional se desvalorizar em relação à moeda na qual foi realizado o negócio (quando ocorrer elevação da

taxa de câmbio), as atualizações com base nas taxas cambiais geram variação cambial passiva (despesa) nas obrigações e

variação cambial ativa (receita) nos direitos de crédito.

Por outro lado, se no período a que se referir à atualização cambial, a moeda nacional se valorizar frente à moeda

estrangeira (quando ocorrer à diminuição da taxa de câmbio), as atualizações com base nas taxas cambiais geram

variação cambial passiva (despesa) nos direito de crédito e variação cambial ativa (receita) nas obrigações.

Desta forma, enfatizamos que a empresa deverá efetuar o acompanhamento individualizado de cada operação e no

registro das operações ela deverá observar que:

a. as variações cambiais devem ser apuradas, no mínimo, em períodos correspondentes aos meses-calendário;

b. antes do registro das liquidações ocorridas, ainda que parciais, deve ser apurada a variação cambial verificada

entre a data da última apuração e a data da liquidação;

Page 30: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

c. a variação cambial liquidada deve ser calculada mediante a multiplicação do valor liquidado em moeda

estrangeira pela diferença entre o valor da cotação da moeda na data da liquidação, total ou parcial, da operação,

e o valor da cotação da moeda na data de início da operação.

Base Legal: Art. 404 do RIR/2018 (Checado pela Valor Consulting em 13/09/19).

6.1) Exemplo prático:

A título de exemplo, suponhamos que a empresa Vivax Indústria e Comércio de Eletrônicos Ltda., pessoa jurídica com

sede no Município de Campinas/SP, possua em 30/09/20X1 os seguintes direitos de créditos e de obrigações em moeda

estrangeira:

Direito / Obrigação Valor

Clientes no mercado externo US$ 3.000.000,00

Contrato de financiamento em moeda estrangeira US$ 1.500.000,00

No dia 30/09/20X1, data em que a Vivax levantou seu Balancete mensal, as cotações do dólar eram de R$ 3,5380 para

compra e de R$ 3,5860 para venda. Desta forma, o referido Balancete apresentava os seguintes saldos em reais (R$):

Direito / Obrigação Valor

Clientes no mercado externo (US$ 3.000.000,00 X 3,5380) R$ 10.614.000,00

Contrato de financiamento em moeda estrangeira (US$ 1.500.000,00 X 3,5860) R$ 5.379.000,00

Em 31/10/20X1, as cotações do dólar foram de R$ 3,5750 para compra e de R$ 3,6150 para venda. Portanto, admitindo-

se não ter havido alteração nos saldos em dólares de 30/09/20X1, teremos os seguintes os seguintes saldos em reais (R$)

no fechamento do Balancete do mês de outubro/20X1:

Direito / Obrigação Valor

Clientes no mercado externo (US$ 3.000.000,00 X 3,5750) R$ 10.725.000,00

Contrato de financiamento em moeda estrangeira (US$ 1.500.000,00 X 3,6150) R$ 5.422.500,00

Uma vez concluído essas análises, a Vivax deverá efetuar o lançamento contábil da variação monetária decorrente das

alterações das taxas de câmbio. Para tanto, a mesma deverá efetuar os seguintes lançamentos contábeis:

Pelo reconhecimento da variação cambial dos direitos de créditos em moeda estrangeira, em virtude da

desvalorização do real:

D - Clientes no Exterior (AC) _ R$ 111.000,00 (3)

C - Variações Cambiais Ativas (CR) _ R$ 111.000,00

Pelo reconhecimento da variação cambial das obrigações em moeda estrangeira, em virtude da desvalorização do

real:

D - Variações Cambiais Passivas (CR) _ R$ 43.500,00 (4)

C - Financiamento em Moeda Estrangeira (PC ou PNC) _ R$ 43.500,00 (5)

Page 31: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Legenda:

AC: Ativo Circulante;

CR: Conta de Resultado;

PC: Passivo Circulante; e

PNC: Passivo Não Circulante.

Notas Valor Consulting:

(3) Valor da variação cambial = Saldo em Reais da conta em 31/10/20X1 - Saldo em Reais da conta em 30/09/20X1

==> Valor da variação cambial = R$ 10.725.000,00 - R$ 10.614.000,00==> Valor da variação cambial = R$ 111.000,00.

(4) Valor da variação cambial = Saldo em Reais da conta em 31/10/20X1 - Saldo em Reais da conta em 30/09/20X1

==> Valor da variação cambial = R$ 5.422.500,00 - R$ 5.379.000,00 ==> Valor da variação cambial = R$ 43.500,00.

(4) De acordo com o artigo 180 da Lei nº 6.404/1976, as obrigações da companhia, inclusive financiamentos para

aquisição de direitos do ativo não circulante, serão classificadas no Passivo Circulante (PC), quando se vencerem no

exercício seguinte, e no Passivo Não Circulante (PNC), se tiverem vencimento em prazo maior.

Base Legal: Art. 180 da Lei nº 6.404/1976 e; NBC TG 02 - R2 (Checado pela Valor Consulting em 13/09/19).

Informações Adicionais:

Este material foi escrito no dia 28/01/2017 pela Equipe Técnica da Valor Consulting e está atualizado até a legislação vigente em 13/09/2019

(data da sua última atualização), sujeitando-se, portanto, às mudanças em decorrência das alterações legais.

Não é permitido a utilização dos materiais publicados pela Valor Consulting para fins comerciais, pois os mesmos estão protegidos por direitos

autorais. Também não é permitido copiar os artigos, materias e arquivos do Portal Valor Consulting para outro site, sistema ou banco de dados

para fins de divulgação em sites, revistas, jornais, etc de terceiros sem a autorização escrita dos proprietários do Portal Valor Consulting.

A utilização para fins exclusivamente educacionais é permitida, desde que indicada a fonte:

"Valor Consulting. Variações cambiais (Área: Manual de Lançamentos Contábeis). Disponível em:

https://www.valor.srv.br/matTecs/matTecsIndex.php?idMatTec=518. Acesso em: 15/09/2019."

Governo que cobrar imposto específico de aplicativos

10 set 2019 Evelin Oliveira

Diversas empresas, como Uber, Rappi e Netflix, entraram na mira da Associação Brasileira de Advocacia Tributária, a

ABAT, que tenta incluir os aplicativos no projeto da reforma tributária que está em tramitação na Câmara e no

Senado.De acordo com o deputado Hildo Rocha, do MDB do Maranhão, que será o presidente da comissão, os apps que

se encaixam na categoria de prestação de serviços devem ser alvos de uma revisão tributária.

Page 32: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

A proposta apresentada pela Abrat prevê que os aplicativos direcionem 5% de sua receita total para a Previdência Social.

Além do direcionamento de receita, a proposta prevê a criação de faixas de contribuições sociais que devem ser

cobradas com base nas folhas de pagamento de cada empresa. O valor a ser desembolsado se tornaria menor conforme o

aumento no número de funcionários e da média salarial.

Uma outra proposta criada pelo senador Roberto Rocha, do PSDB do Maranhão, as vendas realizadas por pessoas físicas

em sites como Mercado Livre e OLX também passariam a ser taxadas. Segundo o projeto, esse tipo de comércio não

paga os devidos impostos como as lojas físicas.

Fonte: FENACON/OLHAR DIGITAL

Solução de Consulta 4ª Região Fiscal Nº 4035 DE 04/09/2019

Publicado no DOU em 10 set 2019

ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ATENDIMENTO MÉDICO. RETENÇÃO. NÃO

CARACTERIZAÇÃO DE CESSÃO DE MÃO DE OBRA.

Não configura cessão de mão de obra a prestação de serviços médicos executados nas dependências das empresas

contratantes, quando o serviço é prestado mediante "cronograma de atuação e formato de prestação de serviços

predeterminados contratualmente", no prazo definido pela empresa contratada, e os profissionais executam os serviços

contratados sem que se configure poder de mando dos representantes da empresa contratante. Nesse caso, a empresa

contratada, em relação à prestação desses serviços, não está sujeita à retenção de que trata o art. 31 da Lei nº 8.212, de

1991.

Dispositivos Legais: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, art. 31, caput e § 3º; Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999,

art. 219, caput e § 1º; Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, art. 115.

SOLUÇÃO DE CONSULTA VINCULADA À SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 134 - COSIT, DE 27 DE MARÇO DE

2019.

FLÁVIO OSÓRIO DE BARROS - Chefe

Receitas Financeiras – Lucro Presumido – Ajuste a

Valor Presente

Bases: § 5º do art. 215 da Instrução Normativa RFB 1.700/2017 e Art. 8º

da Lei 12.973/2014.

Fonte: Blog Guia TributárioLink: https://guiatributario.net/2019/09/09/receitas-financeiras-lucro-presumido-ajuste-a-

valor-presente/

Page 33: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Os valores decorrentes do ajuste a valor presente de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 1976,

apropriados como receitas financeiras no mesmo período de apuração do reconhecimento da receita bruta, ou em outro

período de apuração, não serão incluídos na base de cálculo do lucro presumido.

Bases: § 5º do art. 215 da Instrução Normativa RFB 1.700/2017 e Art. 8º da Lei 12.973/2014.

CVM fecha acordo de R$ 950 mil para encerrar

processo contra PwC e sócio

Mariana Durão Rio 10/09/2019 21h36

A PricewaterhouseCoopers Auditores Independentes (PwC) e seu sócio Carlos Biedermann fecharam um acordo no

valor total de R$ 950 mil com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os dois eram alvo de um processo

sancionador instaurado pela Superintendência de Normas Contábeis e de Auditoria (SNC). A área técnica acusou a PwC

de não ter respeitado o disposto nas normas brasileiras de contabilidade para auditoria independente, ao realizar os

trabalhos de auditoria em relação às demonstrações financeiras de 31/12/2014 da Tupy S.A. O órgão regulador também

apontou que... –

ICMS em materiais de construção

Conflito entre estados pode levar fabricantes a se socorrer no Supremo

Felipe Fleury •

Publicado em 11/09/19 às 05:00

Imaginemos o seguinte exemplo, comum às fabricantes de materiais de construção civil: uma determinada Fábrica A

situada no estado de São Paulo vende materiais de construção para a Construtora B estabelecida em Pernambuco. E, a

pedido desta, a entrega destas mercadorias é realizada diretamente no local da obra situado em Santa Catarina. Diante

disso, surge a seguinte indagação: para quais estados o ICMS deve ser recolhido, considerando o disposto no artigo 155,

parágrafo segundo, VII, da Constituição da República?

É na resposta a esta pergunta que reside a controvérsia, eis que a LC 87/96 não define, com clareza, qual o “estado de

destino” da referida operação. Isto tem gerado entendimentos divergentes, pois há estados (como PE) que entendem que

o “estado de destino” é aquele onde a Construtora está situada. De outro lado, há estados (como SP, SC e PR) que

assinalam que o “estado de destino” é aquele onde os materiais de construção foram entregues.

E isto impacta diretamente sobre o recolhimento do ICMS, pois gera dúvida (1) quanto ao estado para o qual deve ser

recolhido o ICMS – diferencial de alíquota (ICMS-DIFAL), que é devido ao “estado de destino” (partindo da premissa

de que as construtoras são consumidoras finais); e (2) quanto ao ICMS devido ao “estado de origem”, pois a alíquota

interestadual é variável a depender do “estado de destino”.

Page 34: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Assim, no exemplo dado e considerando o entendimento dos estados envolvidos na operação, tanto Santa Catarina como

Pernambuco exigiriam o recolhimento do ICMS-DIFAL. E se optasse o fabricante por recolher o ICMS-DIFAL ao

estado de Pernambuco (local da Construtora B), além da exigência de Santa Catarina, também poderia enfrentar

exigência adicional do estado de São Paulo, ao argumento de que o ICMS que lhe é devido deve ser calculado à alíquota

interestadual de 12% (aplicável nas operações entre SP e SC), e não sob a alíquota interestadual de 7% (incidente entre

SP e PE).

Mas como resolver esta celeuma? O ideal seria a alteração da LC 87/96 para estabelecer, com clareza, a regra aplicável a

esta hipótese. A disciplina atual realmente dá margem a uma dupla interpretação, pois o art. 11, parágrafo terceiro, ao

definir o que é estabelecimento para fins de cobrança do ICMS, previu um conceito amplo que, em uma interpretação

literal, permite que o canteiro de obras seja considerado um estabelecimento autônomo.

Não me parece a interpretação correta, pois esta definição de estabelecimento não pode estar dissociada da hipótese de

incidência do ICMS, que exige uma operação de circulação jurídica (e não física) da mercadoria. É dizer, o

estabelecimento deve ser apto a integrar um dos polos da operação, posição esta ocupada pela construtora que adquire os

materiais de construção, e não pelo canteiro de obras (salvo se neste for formalmente constituída filial).

Se não for editada lei complementar dirimindo este conflito e acaso os estados mantenham os seus entendimentos

contrapostos, creio que não restará às fabricantes, a depender da intensidade que este conflito assuma, socorrer-se ao

STF, que é o órgão competente para dirimir conflito entre os estados, nos termos do art. 102, I, “f”, da Constituição

(seria esta, aliás, uma excelente oportunidade para que seja reexaminada a aplicação deste preceito constitucional em

matéria tributária, que costuma enfrentar resistência por força da Súmula 503, inaplicável à presente hipótese).

[email protected]

Due Diligence em processos de compra e venda

A falsa ideia de que o empresário venderá a sua empresa "de porteira fechada" de fato não existe

STONECAPITAL INVESTIMENTOS/DIVULGAÇÃO/JC

Ricardo Albert Schmitt

Você já ouviu falar em due diligence? O termo é utilizado no âmbito de aquisições corporativas para se referir a

processos amplos de auditoria, visando a confirmação dos ativos e dos passivos que estão sendo transacionados. A

análise é bastante complexa e normalmente feita por uma empresa especializada, contratada e paga pelo interessado na

aquisição. A falsa ideia de que o empresário venderá a sua empresa "de porteira fechada" de fato não existe. Se o

comprador for uma empresa listada em bolsa ou tiver algum grau de governança corporativa, seja brasileiro ou

estrangeiro, seguramente o rigor da auditoria será ainda maior.

A Due Diligence inclui aspectos como a confirmação dos saldos contábeis de ativo, passivo e o resultado, e questões

jurídicas ligadas à responsabilidade da empresa em várias esferas do direito, entre elas a trabalhista, a tributária e a cível.

Page 35: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

O objetivo é identificar se a empresa manteve no passado conduta alinhada às leis e normas vigentes. Também são

avaliadas questões ligadas ao adequado controle de estoques, políticas voltadas ao meio ambiente, à segurança dos

colaboradores e, em determinados casos, à qualidade dos produtos e serviços oferecidos pela empresa auditada. É neste

momento que empresários descobrem os efeitos negativos por não terem se apropriado profundamente de assuntos

referentes ao dia a dia da empresa, em especial à contabilidade.

É comum o empresário não entender a importância gerencial da contabilidade e deixar este assunto de lado, sendo

tratado exclusivamente pelos seus contadores como uma obrigatoriedade de apresentação ao Fisco. Muitas vezes por

desconhecimento e em outros casos intencionalmente, vemos os empresários buscando meios discutíveis e arrojados

para reduzir a incidência de impostos.

Estas tentativas de melhorar ou piorar artificialmente o desempenho de uma empresa, com o objetivo de apresentar

situação patrimonial distinta da realidade ou resultado inferior ao realizado, assim enganando aos credores ou a própria

Receita Federal, podem eventualmente trazer benefícios de curto prazo para a empresa. Mas seguramente tais práticas

serão identificadas e suas consequências cobradas do empresário quando este for vender o seu negócio. "Percebemos

que há um descasamento entre a real importância da contabilidade para as empresas e o nível de conhecimento da

maioria dos empresários em relação a esse assunto.

A informalidade das informações contábeis e até mesmo a falta de capricho na sua preparação prejudica o empresário no

momento de uma venda. Em muitos casos, o empresário tem o cuidado e a diligência de solicitar ao contador que

registre todas as informações, mas não atenta para que as informações estejam corretamente reconhecidas, ou seja, falta

alinhamento entre empresa e contador.

Na due diligence, a empresa é auditada pelo comprador, e todos esses problemas são expostos e colocados à mesa em

uma negociação. Vemos inúmeros casos onde o empresário é pego de surpresa pelo tamanho do risco que está correndo

e, se quiser vender a empresa, terá que dar garantias ao comprador de que o risco não será suportado por quem compra.

Muitas vezes os negócios não são celebrados por que a empresa não passa pela auditoria. Por isso, se faz essencial o

acompanhamento e a compreensão dos lançamentos contábeis por parte do empresário. Se você, empresário, tem em

seus planos analisar a possibilidade de vender parte ou toda sua empresa para um investidor, a melhor dica é

antecipadamente buscar ajuda de consultorias especializadas em fusões e aquisições e realizar um diagnóstico.

Diretor Executivo da StoneCapital Investimentos

Ágio: ainda uma interessante alternativa de retorno aos

contribuintes

10 de setembro de 2019

Se cada vez mais a doutrina reconhece o aumento de um estado beligerante separando Fisco e contribuintes, a prática

demonstra que um dos principais temas de conflito na última década pode ser intitulado de “amortização fiscal do ágio”.

Embora essa expressão, analisada de forma isolada, seja carente de significado, ela busca ilustrar a possibilidade de

utilização das despesas decorrentes da amortização do ágio pago na aquisição de participação societária no cálculo do

lucro tributável.

De uma perspectiva inteiramente financeira, o ágio representa uma alternativa de retorno ao adquirente de participação

societária (na forma de economia futura de tributos), ainda que esse retorno não seja passível de contabilização. É por

essa razão que o ágio é reiteradamente considerado como uma das incógnitas da equação que busca precificar o valor

desse tipo de operação. Ao assim fazer, o ágio pode inclusive influenciar a carga tributária devida pelo alienante de

participação societária, mediante o virtual aumento do ganho de capital na operação.

Embora não seja o escopo do presente artigo tratar da forma e das condições pelas quais o ágio pode ser deduzido,

cumpre lembrar que, historicamente, o ágio era conceituado como a diferença positiva entre o valor de compra de

Page 36: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

determinada participação societária e o respectivo valor contábil. Naquele momento, o tratamento fiscal aplicável ao

ágio variava de acordo com a fundamentação a ele atribuída.

Com o advento da Lei nº 12.973/2014, a legislação fiscal que disciplina o tema absorveu (ainda que parcialmente)

determinados conceitos contábeis, de forma que dita diferença positiva deve ser segregada em mais-valia e ágio por

rentabilidade futura (goodwill). Dita segregação possui uma “hierarquia”, eis que cabe ao contribuinte primeiro

quantificar o valor justo dos ativos da sociedade investida (mais-valia), e somente eventual excedente representará o

ágio.

Em linhas gerais, o ágio registrado quando da aquisição de participação societária, desde que atendidas diversas

condições, pode se tornar uma despesa dedutível ao contribuinte (via amortização). Contudo, a utilização dessa despesa

na determinação do lucro tributável foi objeto de dezenas de questionamentos por parte das autoridades fazendárias nos

últimos anos (número esse que parece crescer a cada exercício).

As fundamentações utilizadas à promoção desses questionamentos podem ser classificadas em dois grandes grupos, a

saber: (i) o incorreto e/ou ausência de atendimento das condições impostas pela legislação aplicável; e (ii) a existência

de vícios que maculariam o negócio jurídico que deu origem ao ágio. Registre-se que, muitas vezes, esses dois grupos se

confundem, sendo que a fundamentação da glosa do ágio acaba sendo alicerçada exatamente na existência de vícios que

buscariam mascarar o não adimplemento das condições exigidas pela legislação aplicável. Noutros casos, a própria

figura do adquirente é colocada em xeque.

Seja pelo abuso de determinados contribuintes, ou pela adoção de uma visão (extremamente) mais restritiva das

autoridades fiscais, operações envolvendo ágio encontram-se sob os holofotes do Fisco. Ademais, a prática demonstra

que as decisões proferidas nos mais recentes casos envolvendo ágio analisados por nossos tribunais administrativos

claramente indicam uma tendência mais “fiscalista” desses órgãos, em especial depois que a Operação Zelotes foi

deflagrada.

A prática demonstra que esse endurecimento nas autuações e disputas administrativas tem feito com que partes

envolvidas em operações que potencialmente atenderiam aos requisitos previstos na legislação do ágio, por aversão a

riscos, muitas vezes optem simplesmente por ignorar essa possibilidade. Em termos práticos, isso significa que a

precificação do risco é maior do que a do potencial retorno.

Essa constatação é bastante sintomática, eis que a imensa maioria dos casos recentemente julgados se referem a

operações realizadas antes da alteração legislativa acima mencionada. Ela revela que existe uma expectativa de

agravamento da situação, a despeito do fato de a nova legislação ter colocado fim a diversas causas de autuação

anteriormente verificadas.

Por outro lado, a prática demonstra que o Poder Judiciário, num universo ainda reduzido de casos, tem adotado uma

postura menos extremista em relação ao tema. Em termos percentuais, os índices de sucesso parecem ser bastante

superiores aos verificados na fase administrativa. Em muitos casos, o Judiciário tem reenviado casos à instância

administrativa, exigindo que temas superficialmente apreciados sejam debatidos à saciedade.

Ademais, argumentos de natureza principiológica e – ainda mais importante – econômico-financeira possuem

claramente maior força em disputas judiciais, resultando numa análise mais contextualizada e finalística das operações

que originaram o ágio.

A conclusão lógica é a de que, embora envolvida em disputas e potencial chamariz a fiscalizações, a possibilidade de

utilização do ágio não deve ser ignorada. Trata-se de possibilidade de retorno legítima e que encontra disciplina legal

autorizativa. Como tal, cabe aos contribuintes envolvidos em situações potencialmente geradoras de ágio tanto um maior

cuidado na implementação dessas operações, como o estudo de medidas judiciais cabíveis para garantir esse direito.

Assim, o ágio não deve ser entendido como carta fora do baralho, mas sim como mais uma incógnita numa estratégia

sofisticada de jogo.

Page 37: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Fonte: Jota Info

Como Fazer o Crédito do ICMS na Aquisição de

Imobilizado

Relativamente aos créditos do ICMS, decorrentes de entrada de mercadorias no

estabelecimento destinadas ao ativo imobilizado, ocorridas a partir de 01.01.2001,

deverá ser observado:

Fonte: Blog Guia TributárioLink: https://guiatributario.net/2019/09/10/como-fazer-o-credito-do-icms-na-aquisicao-de-

imobilizado/

1 – a apropriação será feita à razão de 1/48 (um quarenta e oito avos) por mês, devendo a primeira fração ser apropriada

no mês em que ocorrer a entrada no estabelecimento;

2 – em cada período de apuração do imposto, não será admitido o creditamento de que em relação à proporção das

operações de saídas ou prestações isentas ou não tributadas sobre o total das operações de saídas ou prestações efetuadas

no mesmo período.

O montante do crédito a ser apropriado será o obtido pela seguinte fórmula:

Valor total do crédito x 1/48 x valor das operações de saídas e prestações tributadas/total das operações de saídas e

prestações.

O quociente de um quarenta e oito avos será proporcionalmente aumentado ou diminuído, pro rata die, caso o período

de apuração seja superior ou inferior a um mês.

Base: Lei Complementar 102/2000.

Governo vai começar reforma tributária com unificação

de PIS e Cofins, diz secretário

11 set 2019 Evelin Oliveira

Alíquota deve ficar em torno de 11%”

O governo quer iniciar a reforma tributária apenas com a proposta de unificação de PIS e Cofins, afirmou nesta terça-

feira o secretário especial adjunto da Receita Federal, Marcelo Silva, pontuando que a tributação sobre pagamentos

como compensação à desoneração da folha virá num segundo momento.

“A nossa proposta é começar com uma reforma do PIS e Cofins. Basicamente vai ser uma alíquota em torno de 11%”,

afirmou ele a jornalistas, após participar de Fórum Nacional Tributário.

Page 38: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Silva explicou que essa unificação poderá ser feita via lei ordinária, inaugurando um modelo de Imposto sobre Valor

Agregado (IVA) federal com possibilidade de estar em vigor em “meados do primeiro trimestre do ano que vem”.

“Primeira proposta do governo federal é unir os dois. É uma forma de você sair um pouco do debate federativo. Não tem

nenhuma discussão com estados e municípios, então você não agride a questão da autonomia federativa”, completou ele.

De acordo com o secretário, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) virá depois, com a proposta de extinção do

IPI e consequente aumento da alíquota do IVA.

“Aí ela (PEC) poderia vir junto com ICMS (de competência estadual), até porque escrituração do IPI e ICMS é a

mesma”, defendeu.

Silva frisou ainda que, dentro de um conceito de reforma gradual, a proposta do governo de criar uma contribuição sobre

pagamentos como maneira de compensar a desoneração da folha de pagamento vai vir junto com a PEC. Ou seja,

também em um segundo momento.

Alíquotas sobre pagamento

A proposta prevê uma alíquota inicial de 0,2% sobre pagamentos para operações de crédito e de débito e de 0,4% para

saques e depósitos em dinheiro, afirmou Silva.

Em seminário em Brasília, ele destacou, contudo, que o governo quer propor uma “plataforma negocial” ao Congresso

para calibrar as alíquotas desse tributo sobre pagamentos e de um novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA).

“Queremos oferecer ao Congresso a possibilidade de uma plataforma negocial porque sabemos que tem muitos setores,

pessoas, que se assustam com a alíquota do IVA, e tem muitas pessoas que se assustam com a alíquota da contribuição

financeira”, afirmou Silva.

“O Congresso e os setores iriam negociar qual seria a alíquota ideal capaz de aprovar os dois (tributos).”

O secretário reiterou argumento já defendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de que a contribuição sobre

pagamentos seria necessária para viabilizar uma desoneração da folha.

Segundo cálculos da Receita, a tributação média da folha no país é em torno de 43,5%, somando as cobranças sobre

empregado e empregadores, patamar que estaria entre os mais elevados do mundo.

Apesar de tratar-se de um tributo cumulativo, a contribuição sobre pagamentos tem um peso menor sobre as cadeias de

produção, afirmou Silva, acrescentando que outra vantagem é o fato de permitir onerar sonegadores, a economia

informal e segmentos da nova economia, como os pagamentos pessoa a pessoa.

“Precisamos nos preparar para o futuro, não podemos ter uma discussão apaixonada. É preciso entender que nós, Receita

Federal, já administramos esse tributo por 13 anos, seguramente, e tivemos uma arrecadação firme ao longo desses 13

anos”, disse ele em referência à CPMF, que vigorou até 2007.

Ao contrário da CPMF, que incidia apenas sobre uma das pontas das movimentações financeiras, a ideia do governo é

que a nova contribuição seja paga tanto por quem paga quanto por quem recebe no caso das operações de crédito e de

débito.

Os saques e depósitos em dinheiro teriam alíquota dobrada também para inibir uma eventual fuga do sistema financeiro.

Imposto de Renda

Sobre as mudanças estudadas para o Imposto de Renda, Silva afirmou que um dos objetivos é aumentar a

Page 39: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

progressividade na tributação da pessoa física, o que passa, segundo ele, por uma elevação da base de contribuição de

forma a alcançar de forma mais efetiva a alta renda.

“É possível ter uma ampliação da base de isenção, redução de alíquotas intermediárias e mesmo assim alcançar a alta

renda, que não esta sendo tributada por várias razões”, afirmou.

Nesse contexto, Silva destacou que o fato de os dividendos serem livres de IR contribui para a baixa progressividade, e

que é “preciso rever também as aplicações financeiras”.

Segundo o secretário, a proposta de reforma tributária do governo se diferencia dos demais projetos em tramitação no

Congresso porque permite “entregas parciais”.

Ele frisou ainda que Guedes está discutindo com os presidentes da Câmara e do Senado de que maneira o envio das

propostas será feito, de forma que as duas Casas do Congresso “possam agilizar o processo de várias peças” que

compõem a reforma tributária concebida pelo Executivo.

Fonte: ÉPOCA NEGÓCIOS

3 infrações que o MEI não pode cometer

11 set 2019 Evelin Oliveira

O MEI precisa seguir as diretrizes do regime tributário para não colocar o negócio em risco.

Ser um Microempreendedor Individual é uma excelente forma de garantir direitos trabalhistas e atuar no mercado de

maneira formal. No entanto, esse regime tributário exige algumas diretrizes e padrões de comportamentos por parte do

profissional para que o sistema possa funcionar.

Não cumprir com os deveres exigidos pode gerar punições graves e colocar a vida profissional, financeira e empresarial

em risco. Por isso, o Portal Contábeis separou três infrações que um MEI não pode cometer. Confira:

Contratar funcionários sem registro

Por regra, o Microempreendedor Individual tem direito de contratar um funcionário no regime CLT, o qual receberá o

piso da categoria ou um salário mínimo.

Entretanto, alguns MEIs acabam contratando mais funcionários, mas sem registrá-los. Isso burla as regras do sistema e

abre margem para punições ao profissional por parte da Receita Federal e do governo.

Inclusive, é comum acontecer de algum funcionário não registrado impetrar uma ação trabalhista. Neste caso, o MEI

perde o caso e ainda sofre as devidas punições como ser desenquadrado do regime.

Omitir receitas

O MEI tem um limite de R$ 81 mil de faturamento por ano, equivalente a R$ 6.750 por mês. Caso fature mais que esse

valor, ele se desenquadra desse regime tributário e passa a se enquadrar no Simples Nacional.

Page 40: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Além disso, existe um limite de R$ 40 mil que obriga o MEI a declarar seu faturamento, caso o ultrapasse. Para ludibriar

o limite, alguns profissionais escondem parte do rendimento para parecer que receberam menos durante o ano, o que é

um procedimento inadequado.

Devido ao cruzamento de dados realizado pelo Governo, o microempreendedor pode ser descoberto e pagar uma multa

que varia de 75% a 250% do valor omitido.

Abrir uma empresa ou ser sócio de alguma, já sendo MEI

Uma das regras básicas do MEI é que ele é um Microempreendedor Individual, ou seja, o governo o reconhece como

uma pessoa que trabalha majoritariamente sozinha e que está ralando para tentar ganhar seu dinheiro.

Portanto, não faz sentido que alguém que se declara MEI tenha 50% de sociedade em uma empresa que fatura R$ 4,5

milhões no ano, por exemplo.

Para evitar coisas do tipo, a regra do MEI é simples: não dá para ser um Microempreendedor Individual e ter, ao mesmo

tempo, outra empresa em seu nome. Por isso, nesse caso, só é permitido com um CNPJ ligado ao profissional.

Entretanto, alguns MEIs acabam, por diversos motivos, abrindo outra empresa ou adquirindo participação societária em

algum empreendimento. Seja qual for a razão, essa é uma infração grave que pode gerar punições como a exigência de

se enquadrar ao ME e pagar os impostos equivalentes.

Fonte: PORTAL CONTÁBEIS

MS: Raquel Dodge reitera inconstitucionalidade de

normas tributárias do Mato Grosso do Sul sobre ICMS

13 de setembro de 2019

Dispositivos que tratam da concessão de benefícios do tributo, sem convênio no Confaz, afrontam princípio da legalidade

tributária.

Em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, reiterou a

opinião pela inconstitucionalidade de normas do Mato Grosso do Sul que concedem benefícios de Imposto Sobre

Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), sem a realização de convênio junto ao Conselho Nacional de Política

Fazendária (Confaz). Dispositivos da Lei 4.049/2011 e o Decreto 13.606/2013 foram objetos da Ação Direta de

Inconstitucionalidade (ADI) 5.147, proposta pelo governo de São Paulo, em 2014, por desrespeitarem a Constituição

Federal.

Segundo o MPF, as medidas previstas nas normas sul mato-grossenses afrontam o artigo 150 da Constituição, “não

respeitam a reserva de lei em sentido formal e específica para dispor sobre benefício fiscal de ICMS, e o art. 155-

§2.º-XII-g da Constituição, pois admitem a outorga dessas benesses independentemente de prévia celebração de

convênio entre os estados e o Distrito Federal”. Após a vigência da Lei Complementar 160/2017 e do Convênio

190/2017, do Confaz – que permitem aos estados concederem incentivos fiscais de ICMS sem aprovação prévia e

unânime –, foi questionado se a ADI não teria perdido o objeto impugnado.

Page 41: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Para Dodge, ainda que se discuta eventual prejudicialidade da ação por perda superveniente do objeto, os dispositivos

legais permanecem inconstitucionais, pois a superveniência da LC versa apenas sobre o artigo 155 – parágrafo 2º – XII

“g”. “Ainda que a lei e o decreto estaduais tenham sido supostamente convalidados pela legislação federal posterior, o

vício de inconstitucionalidade quanto ao desrespeito ao artigo 150, parágrafo 6º, persiste, e deve ser reconhecido pelo

STF”, sustentou a procuradora-geral.

A PGR explicou que a incompatibilidade com o artigo 150 da Carta Magna configura afronta ao princípio da

legalidade tributária. “A Lei 4.049/2011 concede benefício fiscal de ICMS relativo à redução de 67% do valor do

imposto, e o Decreto 13.606/2013 possibilita aumento desse desconto em até 5%, independentemente da lei

específica, o que configura afronta ao princípio da legalidade tributária estrita”, afirmou Dodge. No parecer, ela

lembrou, ainda, que a LC 160/2017 e o Convênio 190/2017 já são objetos de impugnação na ADI 5.902, proposta

pelo governo do Amazonas, com parecer favorável da PGR, por desrespeitarem o artigo 155 da Constituição.

Íntegra do parecer na ADI 5.147

Fonte: MPF

Direto do Carf

Carf rejeita dedutibilidade de juros sobre o capital próprio

retroativos

11 de setembro de 2019, 8h00

Por Carlos Augusto Daniel Neto

Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY.

CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E

VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura.

Ouça: 0:00 15:11 Audima

Na coluna de hoje, trataremos sobre o tema dos juros sobre capital próprio (JCP), essa figura jurídica tipicamente

brasileira – como dizem das coisas que só são vistas por aqui, uma “jabuticaba” -, criada pela Lei nº 9.249/95, em seu

art. 9º[1].

A sua criação possuiu diversos objetivos -razão pela qual os JCP sempre foram objeto de análises multifacetadas- que

podem ser resumidas em quatro: a) tornar neutra a escolha dos acionistas quanto a capitalização das sociedades através

de capital próprio ("equity") ou por capital de terceiros ("debt"); b) incentivar a capitalização e redução do

endividamento das sociedades; c) promover uma integração entre a tributação da renda entre pessoas físicas e jurídicas;

e d) reduzir os efeitos da extinção da correção monetária das demonstrações financeiras, extinta pelo art. 4º da Lei nº

9.249/95, como forma de combater a inflação no país[2].

Como não poderia deixar de ser, dada a sua peculiaridade, o pagamento dos JCP envolve também uma série de

controvérsias no âmbito do Carf, desde a sua natureza jurídica, se juros ou dividendos, mormente para fins de aplicação

de acordos de bitributação, seus limites quantitativos de sua dedutibilidade, até mesmo ultrapassando o âmbito da 1ª

Seção, quando se discute a incidência de PIS/Cofins sobre os valores recebidos a esse título.

Em razão de limitações de espaço, optamos por tratar de um tema que é reiteradamente discutido no Carf, e que entrou

em evidência com a proposta de elaboração de súmula a seu respeito: a questão do limite temporal para a deliberação e

dedutibilidade dos JCP pagos aos sócios ou acionistas.

Page 42: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Explicitando melhor, discute-se se é possível que a sociedade delibere posteriormente a distribuição dos JCP retroativos

(que não foram pagos em exercícios anteriores) em exercício atual, ou se os limites para o pagamento de que trata o art.

9º, §1º, da Lei nº 9.249/95[3] devem se referir ao mesmo período, atendendo ao princípio da competência (ou seja, tanto

os lucros como a variação da TJLP e os saldos das contas de PL devem se referir ao exercício em que foram pagos os

JCP).

Em razão da enorme quantidade de acórdãos proferidos sobre a matéria, optamos por apresentar de forma sucessiva os

argumentos favoráveis às duas posições.

Pois bem, o Acórdão nº 1302-002.098[4] consignou que a IN SRF nº 11/1996, em seu art. 29, estabelecia que os JCP

devessem ser deduzidos na apuração do lucro real, observando-se o regime de competência, enquanto o art. 30, p.u.,

estabelecia que o seu registro se desse em contrapartida de despesas financeiras (em contrariedade ao disposto na

Deliberação CVM nº 207/1996, que indicava que os JCP devessem ser excluídos do lucro líquido apenas na apuração do

lucro real, como um ajuste exclusivamente fiscal).

Nessa mesma linha, os Acórdãos nº 1401-002.105[5] e 1402-003.899[6] frisam que, para efeitos de dedutibilidade, os

JCP não podem exceder metade do lucro líquido correspondente ao período-base do pagamento ou crédito dos juros, ou

metade dos saldos lucros acumulados e reservas de lucros, e que tal raciocínio decorre do art. 177 da Lei nº 6.404/76,

que estabelece o regime de competência como critério básico para o registro das operações da pessoa jurídica. Desse

modo, uma vez que a despesa de juros está relacionada à existência de lucros ou reservas em determinado período, a

exigência do emparelhamento entre receitas e despesas impõe que os JCP sejam reconhecidos no exercício

correspondente à deliberação do destino dos lucros, e não posteriormente.

Com ênfase no aspecto societário, aduziu-se no Acórdão nº 1101-000.904[7] que, caso não haja a contabilização dos

juros no período-base correspondente à apuração do lucro - condição de sua dedutibilidade -, não haveria despesa

incorrida.

Assim, a sua apropriação tardia, em exercício posterior, seria prova de uma distribuição de lucros acumulados, e não do

pagamento de JCP – em outras palavras, em sendo a deliberação do pagamento de JCP uma faculdade da empresa, a ser

exercida no momento da proposta de destinação do lucro líquido do exercício (art. 192 da Lei nº 6.404/76[8]), pode-se

afirmar que ao não segregar o resultado do exercício daquilo que seria remuneração da utilização do capital dos sócios,

estar-se-ia designando integralmente o lucro apurado como remuneração do capital, determinando o pagamento dos

dividendos ou a manutenção do valor em reservas de lucros ou lucros acumulados, para posterior distribuição.

De forma complementar ao argumento aduzido acima, pontuou-se no Acórdão nº 1402-002.341[9] que a deliberação

acerca da destinação dos lucros é um ato jurídico perfeito, de modo que alguma modificação – que seria necessária para

a dedução de JCP retroativo – exigiria que se comprovasse algum vício que justificasse a alteração do balanço, e não

simplesmente ignorar o que fora deliberado.

Sob o ponto de vista contábil, o mesmo acórdão invocou a Solução de Consulta Cosit nº 329/2014, onde se afirma que,

na distribuição de dividendos, esse valor integra o saldo de contas do patrimônio líquido, de modo que o seu pagamento

não afeta o resultado do exercício, independente do período em que eles sejam entregues. Por outro lado, o pagamento

de valores de JCP tem natureza de despesa, razão pela qual transita pelo resultado do exercício de sua competência –

trata-se, portanto, de valor estranho a qualquer área patrimonial em períodos posteriores.

A posição contrária, defendida e.g. no Acórdão nº 1302-002.098[10], se baseia no fato do art. 9º, §1º, da Lei nº 9.249/95

não ter estabelecido nenhuma limitação temporal acerca do pagamento dos JCP, não podendo a fiscalização fazê-lo,

senão em virtude de lei. Da mesma forma, inexistiria previsão no sentido de que a ausência de deliberação dos JCP em

exercícios anteriores implicaria a perda do direito à dedução desses valores do lucro real, por falta de fundamento

jurídico para tanto.

Page 43: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Argumenta-se, também, que a inobservância do regime de competência não resultaria em postergação do tributo devido,

mas na sua antecipação, haja vista que o contribuinte passa a deduzir em exercícios posteriores despesas financeiras que

poderiam ter reduzido o lucro tributável em anos anteriores.

Além disso, invoca a definição de passivo, estabelecida pelos pronunciamentos contábeis, para afirmar que a obrigação

de pagamento dos JCP só nasce com a deliberação dos sócios, e que, portanto, apenas no exercício que se der a

deliberação é que deverá ser o período de competência para o reconhecimento da despesa.

Em outra linha argumentativa, o erudito voto vencido no Acórdão CSRF nº 9101-002.797[11] pontua que os JCP não

são uma espécie de despesa, mas sim uma remuneração do capital próprio investido pelos sócios na pessoa jurídica,

dedutível diretamente dos lucros desta e com regime próprio de apuração, não se sujeitando às regras contábeis gerais.

Aduz também que os JCP pertenceriam ao exercício em que o seu pagamento ou creditamento ocorressem, adotando um

regime de caixa para o seu reconhecimento – frise-se que esse entendimento foi adotado pelo STJ no julgamento do

REsp nº 1.086.753/PR[12].

Analisando o extenso volume de precedentes, pode-se afirmar que há, no Carf e na CSRF, uma jurisprudência

consolidada no sentido de que a dedutibilidade dos JCP está condicionada ao seu reconhecimento no período da

competência, sendo vedada a dedução fiscal de JCP retroativo. Fora as decisões citadas acima e muitas outras que não

foram reproduzidas, por envolverem os mesmos argumentos já reproduzidos, a 1ª CSRF julgou a matéria em diversas

oportunidades, sempre no mesmo sentido: e.g. Acórdãos nº 9101-002.180, 9101-002.181, 9101-002.182, 9101-003.064,

9101-003.065, 9101-003.066, 9101-003.067, 9101-002.700, 9101-003.570 e, mais recentemente e com a atual

composição daquele colegiado, 9101-004.253[13].

O único acórdão recente favorável ao contribuinte que localizamos foi o de nº 1401-003.275[14], que negou provimento

ao Recurso de Ofício, onde ocorrem conflitos entre acionistas, com demandas judiciais e procedimentos arbitrais, que

postergaram em vários anos a aprovação das demonstrações financeiras e, por conseguinte, a deliberação sobre o

pagamento dos JCP. Trata-se, portanto, de um caso concreto excepcional, que não se aproxima dos demais tratados nos

precedentes acima arrolados.

Como dissemos no início de nosso texto, esse tema foi objeto da 18ª Proposta de Enunciado de Súmula (“São

indedutíveis juros sobre o capital próprio calculados sobre contas do patrimônio líquido de exercícios anteriores.”),

veiculada pela Portaria CARF nº 29/2019, para julgamento em sessão da 1ª CSRF, que foi realizada no dia 03/09/2019.

Na ocasião, a referida proposta de súmula foi rejeitada por não atingir o quórum de 3/5 do colegiado (art. 72, §2º do

Ricarf).

Sem entrar no mérito acerca da correção de uma ou outra posição de mérito, até porque não é este o escopo desta

coluna, é preciso ressaltar que a matéria se encontrava em plenas condições de ser sumulada, sobretudo pelo fato

inequívoco dela ser objeto de decisões reiteradas e uniformes do Carf, como determina o art. 72 do Ricarf.

Não se pode confundir a deliberação do mérito, por meio da qual os conselheiros votam se a tese A ou a tese B está

correta, com a deliberação acerca da edição de súmula, oportunidade na qual se decide se há decisões reiteradas e

uniformes sobre a matéria ou não, pouco importando a concordância ou não com o teor das mesmas.

Ademais, o simples fato da existência de decisão isolada do Judiciário em determinado sentido não é impeditivo para

que a matéria seja objeto de súmula, sobretudo quando o próprio Ricarf estabelece, em seu art. 74, §4º, que caso haja

superveniência de decisão definitiva do STF ou do STJ, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 1.036 a

1.041 do CPC/2015, que contrarie a súmula, esta deverá ser imediatamente revogada pela presidente do Carf.

Diante desse panorama jurisprudencial, perdeu-se valiosa oportunidade de pacificar a questão institucionalmente, seja

para evitar esforços deliberativos desnecessários por parte dos conselheiros, seja para estimular que os contribuintes

direcionem seus esforços diretamente para o Judiciário, onde a questão poderá receber tratamento distinto, aí sim,

invocando a existência de precedente no âmbito do STJ.

Page 44: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Este texto não reflete a posição institucional do Carf, mas sim uma análise dos seus precedentes publicados no sítio

virtual do órgão, em estudo descritivo, de caráter informativo, promovido pelos seus colunistas.

[1] Art. 9º A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados

individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as

contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo - TJLP.

[2] MARTINS, Ives Gandra da Silva; SOUZA, Fátima Fernandes Rodrigues de. “A figura dos juros sobre capital

próprio e as contribuições sociais do PIS e da Cofins”. Revista Dialética de Direito Tributário nº 169. São Paulo:

Dialética, 2009, p.73.

[3] § 1º O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução

dos juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a

serem pagos ou creditados.

[4] Redator Designado Cons. Alberto Pinto, julgado em 11/04/2017.

[5] Relatora Cons. Luciana Zanin, julgado em 17/10/2017.

[6] Relator Cons. Leonardo Pagano, julgado em 15/05/2019.

[7] Relatora Cons. Edeli Bessa, julgado em 12/06/2013.

[8] Art. 192. Juntamente com as demonstrações financeiras do exercício, os órgãos da administração da companhia

apresentarão à assembléia-geral ordinária, observado o disposto nos artigos 193 a 203 e no estatuto, proposta sobre a

destinação a ser dada ao lucro líquido do exercício.

[9] Relator Cons. Leonardo Couto, julgado em 05/11/2016.

[10] Voto vencido do Cons. Marcos Nepomuceno Feitosa.

[11] Voto vencido do Cons. Luís Flávio Neto, julgado em 09/05/2017.

[12] REsp 1086752/PR, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/02/2009, DJe

11/03/2009.

[13] Relatora Cons. Viviane Vidal Wagner, julgado em 09/07/2019.

[14] Relator Cons. Cláudio Camerano, julgado em 20/03/2019.

Carlos Augusto Daniel Neto é advogado, consultor tributário, professor de Direito Tributário, doutor em Direito

Tributário pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Direito Tributário pela PUC-SP e ex-conselheiro titular da

1ª e 3ª Seções do Carf.

Revista Consultor Jurídico, 11 de setembro de 2019, 8h00

Consultor Tributário

Page 45: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

IOF sobre o câmbio diferido das receitas de exportação segue controverso

11 de setembro de 2019, 8h00

Por Igor Mauler Santiago

A alíquota do IOF nas operações de câmbio relativas ao ingresso no País de receitas de exportação é reduzida a zero

pelo artigo 15-B, inciso I, do Decreto 6.306/2014.

Isso, naturalmente, quando o exportador brasileiro decide internalizar tais recursos, pois a Lei 11.371/2006 autoriza-o a

mantê-los no exterior, observados os limites fixados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e vedado o seu emprego

para a concessão de empréstimo de qualquer natureza (artigo 1º). Exercida tal faculdade, não haverá falar em IOF pela

razão singela de que, não trazidas ao Brasil, as receitas de exportação não ensejarão operação de câmbio (inocorrência

do fato gerador).

Mas qual o tratamento a ser dado ao exportador que nem deixa os seus recursos para sempre no estrangeiro, nem os

remete de imediato ao Brasil, internalizando-os algum tempo após os ter recebido? A visão inicial da Receita Federal do

Brasil foi manifestada na Solução de Consulta Cosit 246/2018, aliás de parcíssima fundamentação. Em uma frase diz-se

que, “após o recebimento dos recursos em conta mantida no exterior, encerra-se o ciclo da exportação”, concluindo-se

que o ingresso tardio das divisas se submete à alíquota padrão do IOF-câmbio, de 0,38% (Decreto 6.306/2014, artigo 15-

B, caput).

O grave erro dessa afirmação foi exposto em pedido de reconsideração formulado pela Febraban, pela CNI e pela

Associação de Comércio Exterior do Brasil. Advertiram essas entidades que o ciclo de exportação nem sempre se finda

com o pagamento do preço, sendo ao contrário bastante comum que este último se efetue antes do embarque da

mercadoria ou mesmo da sua fabricação. Em vão, contudo, pois o órgão reiterou o seu entendimento no Parecer Cosit

13/2019, acrescentando que os recursos voluntariamente mantidos fora do País perdem, só por isso, a natureza de

receitas de exportação, passando à categoria genérica de “disponibilidades no exterior”.

A matéria foi, por iniciativa da Receita, submetida à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, que editou o Parecer SEI

83/2019/CAT/PGACTP/PGFN/ME, registrando que:

1) o CMN, a teor da Lei 4.595/64 (artigo 4º, inciso XXXI), tem competência para regular o câmbio;

2) nesse âmbito, o CMN editou a Resolução 3.568/2008, dispondo que a liquidação das operações de câmbio em geral

deve ocorrer no máximo 1.500 dias após a respectiva contratação e autorizando o Banco Central do Brasil (Bacen) a

fixar prazos de liquidação específicos para cada tipo de operação (artigo 10, caput e inciso I);

3) na esteira de tal delegação, bem como da competência que lhe dão as Leis 4.131/62 (art. 23) e 4.595/64 (artigos 10,

inciso VII, e 11, inciso III), o Bacen editou a Circular 3.691/2013, cujo artigo 99 disciplina os contratos de câmbio de

exportação, admitindo que sejam celebrados prévia ou posteriormente ao embarque da mercadoria ou à prestação do

serviço (momento da contratação) e que prevejam liquidação imediata ou futura em relação à celebração (momento da

liquidação);

4) a teor do caput do citado artigo 99, o prazo máximo entre a contratação e a liquidação do câmbio de exportação é de

750 dias, observado ainda que:

4.1) é de 360 dias o prazo máximo entre a contratação do câmbio, quando prévia, e o embarque da mercadoria ou a

prestação do serviço (inciso I);

4.2) finda no último dia útil do 12º mês posterior ao embarque ou à prestação o prazo para a liquidação do contrato de

câmbio (inciso II);

5) a alíquota zero de IOF é aplicável a receitas de exportação não trazidas de imediato ao Brasil, desde que o respectivo

contrato de câmbio atenda aos prazos fixados no artigo 99 da Circular Bacen 3.691/2013, acima discriminados;

6) a solução proposta fica a meio termo entre a posição radical da Cosit e a tese também extrema dos contribuintes, para

quem a alíquota zero seria aplicável mesmo que a internalização dos recursos se desse 50 anos após o seu recebimento,

Page 46: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

pretensão que –sempre ao ver da PGFN– eternizaria benefício fiscal e permitiria a aplicação de alíquota diversa daquela

vigente ao tempo do fato gerador.

Na Solução de Consulta Cosit 239/2019, a Receita Federal abandonou o seu posicionamento anterior, passando a

alinhar-se ao parecer da PGFN. Dá-se que este, embora abandone o irrealismo da visão inicial do Fisco, padece ainda de

sérios problemas de inteligibilidade (ou melhor, de consistência interna) e de juridicidade. De fato:

I) o caput do artigo 99 da Circular Bacen 3.691/2013 estabelece prazo para a liquidação de câmbio já contratado; a data

da celebração, aliás, é o termo inicial dessa contagem (item 4 supra). Nada diz, portanto, sobre o momento em que

operação de câmbio ainda inexistente – pois o empresário decidiu manter os seus recursos provisoriamente no exterior –

deve ser contratada;

II) novamente, o prazo entre a contratação prévia do câmbio e o embarque ou a prestação (item 4.1 supra) parte do

princípio de que aquela contratação já ocorreu, não dando nenhum indício sobre o momento em que deveria ter sido

assinada. Imagine-se o seguinte exemplo extremo: o comprador estrangeiro paga com 10 anos de antecedência, e o

vendedor brasileiro mantém os recursos no exterior por todo esse período. Seis meses antes da entrega da mercadoria,

este último contrata o câmbio (que será, portanto, prévio ao embarque). A regra do artigo 99, inciso I, terá sido

respeitada, mas a situação não parece enquadrar-se no que a PGFN consideraria aceitável;

III) da mesma forma, o prazo para a liquidação do contrato de câmbio, a contar do embarque ou da prestação (item 4.2

supra), nenhuma relação tem com o intervalo entre o recebimento dos recursos e o seu ingresso no Brasil. Basta

considerar, seguindo no mesmo exemplo, que o seja liquidado seis meses após o embarque. O inciso II também terá sido

atendido (assim como o caput: 750 dias entre contratação e liquidação), sem que na verdade nenhum desses comandos

tenha precipitado a internalização (ocorrida dez anos e meio após o pagamento), como parece ser a intenção da

Procuradoria;

IV) considere-se agora outro caso: o comprador estrangeiro paga, o exportador brasileiro embarca a mercadoria e, cinco

anos depois, resolve trazer os recursos para o Brasil, contratando o câmbio para liquidação imediata. A irrelevância do

comando descrito no item 4.2 é manifesta, pois o limite de 12 meses a contar do embarque vale para a liquidação de

contrato de câmbio em vigor, e não para a celebração de contrato ainda inexistente –o que se reforça pelo fato de tratar-

se de inciso, cuja extensão se limita à do caput (que, já se viu, define o intervalo máximo entre a celebração e a

liquidação do contrato de câmbio). Tomar esse prazo de empréstimo para regular a assinatura do contrato, e para exigir

IOF caso este não seja firmado e liquidado em 12 meses do embarque, é sem dúvida tributar por analogia, contra a

Constituição (artigo 150, inciso I) e o CTN (artigo 108, parágrafo 1º).

Em resumo, as regras invocadas são inaplicáveis, e o parecer – que se limita a transcrevê-las, sem as submeter a um

cotejo analítico com a realidade subjacente – sequer é claro sobre os marcos temporais que sugere. Resta ver como a

Receita Federal aplicará, na prática, diretrizes tão imprecisas.

E mais: o afastamento da Resolução CMN 3.568/2008 e da Circular Bacen 3.691/2013 não produz o vácuo diante do

qual o artigo 1º da Lei 11.371/2006 – que, é fato, exige a disciplina do Conselho – poderia ser tido por ineficaz, o que

solaparia o próprio direito do exportador de manter os seus recursos fora do País. Isso porque existe regulamentação

específica do CMN para o dispositivo legal, veiculada pela Resolução Bacen 3.389/2006, a qual não impõe quaisquer

limites temporais para o exercício daquela faculdade. A existência de lex specialis torna descabido o recurso à regra que

disciplina os prazos para a liquidação dos contratos de câmbio (contratos ainda inexistentes na situação em exame, vale

insistir), pois não há lacuna normativa a ser integrada.

A conclusão é inevitável: as receitas de exportação mantidas no exterior se submeterão, quando quer que ingressem no

País, à alíquota de IOF-câmbio então vigente para essa categoria. A identificação de tais receitas far-se-á (i) pela sua

manutenção em conta bancária que não receba créditos de outra origem, ou (ii) – sendo o dinheiro bem fungível por

excelência – pela prova de que, desde o seu recebimento, o saldo da conta bancária não segregada em que depositadas se

manteve maior ou igual ao menor valor entre o somatório dos créditos dessa natureza e o montante remetido ao Brasil.

Nem calham as críticas de eternização de benefício fiscal e de divórcio entre a alíquota aplicável e a vigente ao tempo do

fato gerador. Se o IOF-câmbio incide no momento da liquidação do respectivo contrato (que só será celebrado muito

Page 47: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

depois do recebimento dos recursos), é óbvio que não há garantia de que as receitas de exportação temporariamente

mantidas no exterior se beneficiarão da alíquota zero quando forem internalizadas, correndo à conta do exportador o

risco da respectiva majoração, que aliás poderá ser veiculada por decreto dotado de efeitos imediatos.

Pode se queixar de competidores menos ineptos um país que – vide ainda o esdrúxulo debate sobre a revogação da Lei

Kandir, para não falar de tantas outras controvérsias –pensa dia e noite em tributar o próprio esforço exportador?

Agradeço a Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Tatiana Midori Migiyama, organizadores do excelente seminário

Tributação do Mercado Financeiro e de Capitais, promovido pelo IBDT e pela Confederação Nacional das Instituições

Financeiras, a gentil provocação para refletir sobre este tema.

Igor Mauler Santiago é sócio-fundador do Mauler Advogados, mestre e doutor em Direito Tributário pela Universidade

Federal de Minas Gerais e membro da Comissão de Direito Tributário do Conselho Federal da OAB.

Revista Consultor Jurídico, 11 de setembro de 2019, 8h00

Uso do FIP

Carf mantém cobrança de R$ 4 bilhões à controladora após

união com JBS

11 de setembro de 2019, 17h09

Por Gabriela Coelho

Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY.

CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E

VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura.

Ouça: 0:00 01:54 Audima

A 1ª Turma da Câmara Superior do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) manteve uma autuação de cerca

de R$ 4 bilhões que foi aplicada pela Receita Federal à Tinto Holding, controladora do grupo Bertin.

A cobrança se deu em decorrência da união com a JBS, em 2009, que foi feita por meio de um Fundo de Investimentos

em Participações (FIP) -e, em razão disso, teria provocado uma redução de carga tributária.

Prevaleceu, por voto de qualidade, aberto pelo conselheiro André Moura, que seguiu o entendimento da Fazenda.

O Fisco entendeu que as operações que levaram à unificação do grupo Bertin ao da JBS, em 2009, foram realizadas de

forma a afastar, artificialmente, a incidência de tributos sobre o ganho de capital.

Em casos semelhantes, a Receita autua quando entende que não houve um "propósito negocial" para a operação. Ou

seja, quando a escolha pelo FIP se deu unicamente com o objetivo de reduzir tributos.

Relatoria Vencida

O conselheiro relator, Demetrius Nichele Macei, acolheu a tese apresentada pelo contribuinte e deu provimento ao

recurso. Ele entendeu que na relação negocial não houve simulação com o uso do FIP.

Page 48: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

"Para mim, não poderia ser entendido como indícios de fraude questões como o fato de o FIP ter apenas uma investidora

e de o fundo ter sido formado dois dias antes da publicação do fato relevante da aquisição do frigorífico Bertin pela

JBS", disse.

Processo 16561.720 170/2014-01

Gabriela Coelho é correspondente da revista Consultor Jurídico em Brasília.

Revista Consultor Jurídico, 11 de setembro de 2019, 17h09

Fornecedor inidôneo

Falta de dados do veículo do frete impede argumento de boa-

fé em ICMS

12 de setembro de 2019, 12h37

Por Fernando Martines

A falta de dados do veículo que faz o frete das mercadorias impede o reconhecimento de boa-fé do

comprador. A Câmara Superior do Tribunal de Impostos e Taxas do Estado de São Paulo (TIT-SP) manteve a cobrança

de ICMS por conta de creditamento indevido de imposto relativo à nota fiscal emitida por empresa que teve sua

inscrição estadual declarada nula. A votação do colegiado ficou em 11 a 5.

No caso analisado, a empresa de equipamentos de informática não conseguiu comprovar que não sabia da inidoneidade

do fornecedor.

Como ela aproveitou o ICMS que teria sido pago pelo fornecedor, o TIT entende que esse crédito é indevido e, por isso,

a companhia foi condenada a pagar o ICMS aproveitado.

Para o tribunal, a demonstração da boa-fé do adquirente que se apropria de créditos de ICMS de notas fiscais inidôneas

fica prejudicada quando o documento fiscal não indica os dados do veículo que fez o frete.

A empresa tentou demonstrar a boa-fé apresentando nos autos: as notas fiscais de entrada; livros registro de entrada;

extrato da consulta ao Sintegra da empresa fornecedora do período autuado; consulta do CNPJ da fornecedora do

período autuado; transferências bancárias para a fornecedora, em idênticos valores aos constantes em 23 das 27 notas

fiscais autuadas e em datas condizentes com a praxe de mercado.

Quanto aos conhecimentos de transporte, a empresa autuada alegou que o encargo quanto ao frete ficou a cargo da

fornecedora tida como inidônea.

Pelas provas apresentadas, a 1ª Câmara Julgadora do TIT decidiu pelo cancelamento da autuação quanto a 23 das 27

notas fiscais autuadas, mantendo a cobrança apenas quanto aos quatro documentos fiscais em que não foram

apresentados comprovantes de transferência bancária condizente.

Porém, após interposição de recurso especial pela Representação Fiscal, a Câmara Superior do TIT consignou o

entendimento de não ser possível convalidar o crédito quando o fornecedor for supostamente inexistente e, sobretudo, na

Page 49: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

falta de identificação do veículo que efetuou o frete, pois isso compromete a prova da veracidade da operação de compra

e venda.

"A identificação do veículo transportador na nota fiscal é expressamente exigida pela legislação de regência, como se

assume do exame do Regulamento do ICMS. Na ausência desse requisito, a documentação é considerada irregular e o

creditamento não pode ser convalidado, constatação realçada pelo fato de que, na espécie, jamais teve existência real o

estabelecimento do suposto fornecedor", afirma o juiz Paulo Gonçalves da Costa Junior, relator do processo.

O tributarista Bruno Romano, sócio do Bonaccorso, Cavalcante, Oliveira e Ristow, afirma que o tribunal tem sido cada

vez mais rígido nos casos de creditamento indevido de ICMS por documento fiscal inidôneo.

"Ocorre que, essa divergência de critérios existente entre o Tribunal e o Poder Judiciário acabará por gerar o aumento do

contencioso e, pior, caso o Fisco seja vencido, terá de arcar com as custas e com os honorários sucumbenciais. Por fim, é

de se salientar que esse novo requisito, solicitado no julgamento da Câmara Superior, não é de competência do

adquirente de boa-fé, mas, sim, do fornecedor, que é quem emite a nota fiscal tida como inidônea", afirma Romano.

Clique aqui para ler a decisão

Fernando Martines é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 12 de setembro de 2019, 12h37

Multas dedutíveis e indedutíveis

Resumo:

As multas podem ser dedutíveis ou não e, para fins de apuração do Lucro Real, é extremamente importante que os

contabilistas, auditores e controller’s das empresas estejam seguros na aplicação dos conceitos de dedutibilidade e

indedutibilidade das multas para que a apuração do Lucro Real e a escrituração dos Livros fiscais da pessoa jurídica

estejam dentro da Lei. Assim, devido à importância do assunto, analisaremos no presente Roteiro de Procedimentos a

dedutibilidade ou indedutibilidade das multas (tributárias e não tributárias), conforme legislação tributária atualmente

em vigor.

1) Introdução:

Primeiramente, cabe nos registrar que os impostos e/ou contribuições recolhidos em atraso, espontaneamente ou de

ofício, estão sujeitos aos acréscimos moratórios, para os quais a legislação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica

(IRPJ) impõe condições para sua dedutibilidade na apuração do Lucro Real e da Base de Cálculo (BC) da Contribuição

Social sobre o Lucro Líquido (CSSL). Quando falamos em acréscimos moratórios, estamos nos referindo aos juros de

mora e as multas compensatórias (ou multas de mora), esta, foco do presente trabalho.

Page 50: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

As pessoas jurídicas em geral também estão sujeitas a multas por infrações fiscais (em sentido amplo), multas impostas

por infração resultante de falta ou insuficiência de pagamento de tributo, multas de natureza punitiva, multas de natureza

não tributária, multas contratuais, entre outras.

Registra-se que as a multas por infrações fiscais não são dedutíveis como custo ou despesa operacional, entretanto, são

plenamente dedutíveis para fins do IRPJ e da CSLL as multas tributárias de natureza compensatória e as impostas por

infrações de que não resultem falta ou insuficiência de pagamento de tributo.

No que se refere às multas de natureza não tributária, elas não são dedutíveis como custo ou despesa operacional, tendo

em vista que o artigo 311 do RIR/2018 condiciona a dedutibilidade das despesas a que elas sejam necessárias à atividade

da própria empresa e à manutenção da fonte produtora. Assim, é inadmissível entender que se revistam desses atributos

despesas relativas a atos e omissões, proibidos e punidos por norma de ordem pública.

Portanto, podemos concluir que as multas impostas por transgressões de normas de natureza não tributária, tais como as

decorrentes de leis administrativas (de trânsito, de controle de preços, de vigilância sanitária, de controle de poluição

ambiental, de controle de pesos e medida, SUNAB, etc.), penais, trabalhistas (FGTS, INSS, CLT, etc.), entre outras,

serão indedutíveis para fins de determinação do Lucro Real, embora não se caracterizem como infrações fiscais

propriamente ditas.

Feitos esses brevíssimos comentários, passaremos a analisar nos próximos capítulos a dedutibilidade ou indedutibilidade

das multas (tributárias e não tributárias), conforme legislação tributária atualmente em vigor. Para tanto, utilizaremos

como fonte de estudo o RIR/2018, aprovado pelo Decreto nº 9.580/2018, bem como, outras normas citadas ao longo do

trabalho.

Base Legal: Arts. 311 e 352, § 5º do RIR/2018 e; Item 6 do PN CST nº 61/1979 (Checado pela Valor Consulting em

08/09/19).

2) Conceitos:

2.1) Despesas operacionais:

Serão consideradas despesas operacionais aquelas não computadas nos custos, porém, necessárias à atividade da

empresa assim como a manutenção da respectiva fonte produtora (1).

As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa,

entendendo-se como necessárias as pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela

atividade da empresa.

Excluem-se desse conceito os dispêndios representativos de inversões ou aplicações de capital e aqueles expressamente

vedados pela legislação fiscal.

Essas despesas operacionais devem, ainda, estar devidamente suportadas por documentos hábeis e idôneos a

comprovarem a sua natureza, a identidade do beneficiário, a quantidade, o valor da operação etc.

Nota Valor Consulting:

(1) Com a edição do artigo 37 da Lei nº 11.941/2009, que alterou o disposto no artigo 187, IV da Lei nº 6.404/1976, a

designação "receitas e despesas não operacionais" foi substituída pela denominação "outras receitas e outras despesas".

Page 51: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Base Legal: Art. 311 do RIR/2018; PN CST nº 32/1981; Questão 001 do Capítulo IX do Perguntas e Respostas Pessoa

Jurídica da RFB/2019 e; Questão 022 do Capítulo VIII do Perguntas e Respostas Pessoa Jurídica da RFB (Checado

pela Valor Consulting em 08/09/19).

2.2) Despesas dedutíveis:

Nos termos do artigo 311 do RIR/2018, despesas dedutíveis são os gastos não computados nos custos, mas necessários

às transações ou operações da empresa, e que, além disso, sejam usuais e normais na atividade por esta desenvolvida, ou

à manutenção de sua fonte produtiva, e ainda estejam intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização

dos bens e serviços, conforme determina o artigo 13 da Lei nº 9.249/1995.

Excluem-se desse conceito, portanto, os dispêndios representativos de inversões ou aplicações de capital (subitem 4.1 do

PN CST nº 58/1977) e aqueles expressamente vedados pela legislação fiscal (artigo 13 da Lei nº 9.249/1995).

Por fim, lembramos que, de acordo com a legislação tributária, as despesas operacionais devem possuir documentos

hábeis e idôneos para que comprovem a sua natureza, a identidade do beneficiário, a quantidade, o valor da operação e

demais informações necessárias à mesma.

Base Legal: Art. 13 da Lei nº 9.249/1995; Art. 311 do RIR/2018 e; Subitem 4.1 do PN CST nº 58/1977 (Checado pela

Valor Consulting em 08/09/19).

2.3) Obrigação principal e acessória:

O estudo das obrigações tributárias revela que só a inadimplência de obrigação principal é capaz de gerar falta ou

insuficiência de pagamento de tributo. Mas que há um tipo de obrigação acessória de cuja inadimplência resulta infração

da principal e, em consequência, falta ou insuficiência de pagamento de tributo. É o que passamos a demonstrar.

O artigo 113 do Código Tributário Nacional (CTN/1966) conceitua obrigação tributária principal e acessória da seguinte

forma:

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade

pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela

previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à

penalidade pecuniária.

Como podemos verificar, a distinção entre obrigação principal e acessória funda-se precipuamente na natureza do objeto

da obrigação. Se tributo ou penalidade pecuniária, a obrigação será "de dar", classificando-se como principal; se for

outras prestações, positivas ou negativas, ela será "de fazer" ou "não fazer", classificando-se como acessória.

A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador e se extingue juntamente com o cumprimento do crédito

dela decorrente. Nesse ínterim, coexiste a possibilidade de sua inadimplência, passível de manifestar-se por 2 (dois)

modos:

a. por mora;

Page 52: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

b. por falta de cumprimento de obrigação acessória necessária à efetivação do lançamento normal estabelecido pela

legislação do tributo.

A inadimplência da obrigação principal, por mora, independe de execução de possíveis obrigações acessórias correlatas

e reporta-se tanto aos tributos lançados quanto àqueles sujeitos, pela legislação, a pagamento antecipado. Caracteriza-se

a simples falta de recolhimento por ocasião do vencimento.

A outra modalidade de inadimplência envolve necessariamente a inexecução, total ou parcial, de obrigação acessória. E

que a legislação do tributo pode cominar ao sujeito passivo ou terceiro a prática de ato (obrigação de fazer: acessória),

cuja omissão (infração à acessória) implicará falta de pagamento de tributo (infração à principal). Estas obrigações

acessórias possuem esse efeito por terem sido erigidas, pela legislação, em condição do lançamento normal. Como tais

se incluem, por exemplo, a obrigação de prestar informações quanto à matéria de fato indispensável à constituição do

crédito tributário (lançamento com base em declaração - artigo 147 do CTN/1966) e a obrigação de reter o imposto de

renda na fonte, ato indispensável à homologação (artigo 150 do CTN/1966).

Base Legal: Arts. 113, 147 e 150 do CTN/1966 e; Itens 3.1 a 3.6 do PN CST nº 61/1979 (Checado pela Valor

Consulting em 08/09/19).

3) Multas por infrações fiscais:

São consideradas multas por infrações fiscais, ou simplesmente multas fiscais, àquelas impostas pela transgressão de

Leis que regem os tributos em geral, tais como:

a. impostos;

b. taxas; e

c. contribuições, sejam elas Federais, Estaduais ou Municipais.

As multas fiscais ou são punitivas ou são compensatórias.

A multa punitiva é aquela que se funda no interesse público de punir o inadimplente. É a multa proposta por ocasião do

lançamento. É aquela mesma cuja aplicação é excluída pela denúncia espontânea a que se refere o artigo 138 do

CTN/1966 (2), onde o arrependimento, oportuno e formal, da infração faz cessar o motivo de punir.

A multa de natureza compensatória destina-se, diversamente, não a afligir o infrator, mas a compensar o sujeito ativo

(Estado) pelo prejuízo suportado em virtude do atraso no pagamento do que lhe era devido. É penalidade de caráter civil,

posto que comparável à indenização prevista no direito civil. Em decorrência disso, nem a própria denúncia espontânea

é capaz de excluir a responsabilidade por esses acréscimos, via de regra chamados moratórios.

O direito civil distingue o inadimplemento absoluto - onde há impossibilidade de cumprimento da obrigação - e a

simples mora, em que o cumprimento - embora possível - não se dá no tempo, lugar e modo convencionados. Um e

outra, porém, geram danos passíveis de ressarcimento. O inadimplemento absoluto se resolve em "perdas e danos",

possíveis de antecipada liquidação mediante estipulação da chamada "multa compensatória". Esta compensa todo o dano

decorrente do inadimplemento. Por isso, afirma-se correntemente que juntamente com ela é impossível a exigência de

"multa moratória". Concluir, porém, daí que as multas moratórias não tenham natureza compensatória é falsear os fatos.

Exigidas juntamente com o cumprimento da obrigação, elas não estarão, é óbvio, indenizando a própria inexecução, mas

restarão como compensadoras do dano sofrido em consequência do cumprimento tardio da obrigação. Saliente-se, além

disso, que não há como falar nas dívidas de tributo em "multa compensatória", naquele sentido específico, posto que as

dívidas de dinheiro - como soem ser as que têm tributo por objeto - são insusceptíveis de inadimplemento absoluto.

Há uma pletora de acréscimos moratórios na legislação tributária. Nem todos, porém, compensatórios. E que o não

cumprimento oportuno da obrigação motiva o legislador ora a afligir o infrator (punição), ora a compensar o sujeito

Page 53: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

ativo pelo dano sofrido em decorrência da mora (compensação). A multa moratória somente terá natureza compensatória

quando, cumulativamente, preencher as seguintes condições:

a. não ser excluída pela denúncia espontânea; e

b. guardar equivalência com a lesão provocada - o que é revelado pela própria Lei ao fixar a taxa de cálculo em

função do tempo de atraso (exemplos : 1% ao mês; 10% ao semestre; 5% em atrasos de 30 dias, 10% em atrasos

de 60, etc.).

Impõe-se concluir que, para fins de compreensão do assunto ora tratado, compensatórias serão somente as moratórias

que preencham as condições descritas na letras "a" e "b" anteriores.

Regra geral, essas multas não são dedutíveis como custo ou despesa operacional para fins de apuração do Lucro Real e

da Base de Cálculo (BC) da CSLL, exceto as 2 (duas) espécies expressamente previstas no artigo 352, § 5º do RIR/2018,

quais sejam: a) as multas impostas por infrações de que não resulte falta ou insuficiência de pagamento de tributo; e b)

as multas fiscais de natureza compensatória.

Nota Valor Consulting:

(2) O artigo 138 do CTN/1966 assim dispõe:

Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do

pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade

administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento

administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.

Base Legal: Art. 138 do CTN/1966; Art. 352, § 5º do RIR/2018 e; Itens 2, 4.1 a 4.7 do PN CST nº 61/1979 (Checado

pela Valor Consulting em 08/09/19).

3.1) Multas indedutíveis:

Através do Parecer Normativo CST nº 61/1979, o Fisco Federal concluiu que não são dedutíveis as multas impostas em

lançamento de ofício, ou seja, àquelas aplicadas por iniciativa da fiscalização, como punição por infrações resultantes de

falta ou insuficiência de pagamento (recolhimento) de tributos, tais como:

a. o descumprimento de obrigação principal, caracterizado simplesmente (ou puramente) pelo não pagamento do

tributo ou do seu pagamento em valor menor que o efetivamente devido; ou

b. a inexecução, total ou parcial, de obrigação acessória, cuja inadimplência (infração acessória) resulta em infração

principal, ou seja, falta ou insuficiência de pagamento de tributo.

Como podemos verificar, somente pode ocasionar falta ou insuficiência de pagamento de tributo à inadimplência que

tenha por objeto obrigação "de dar", isto é, a obrigação principal, caracterizado pela simples e pura falta de pagamento

de tributo ou pelo não cumprimento de obrigação acessória da qual resulte uma obrigação principal.

Enquadram-se no primeiro grupo de multas indedutíveis as aplicadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou

contribuição e as exigidas em lançamento de ofício (ex officio):

a. juntamente com tributo ou contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; ou

b. isoladamente:

Page 54: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

i. quando o tributo ou a contribuição tiverem sido pagos após o vencimento do prazo previsto, mas sem o

acréscimo de multa de mora; ou

ii. no caso de empresa, submetida à apuração anual do Lucro Real Anual, que tenha deixado de efetuar os

pagamentos mensais do IRPJ e da CSLL, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou Base de Cálculo

(BC) negativa da CLL no ano-calendário correspondente.

Como exemplos de descumprimento de obrigação acessória que resulta em falta ou insuficiência de pagamento de

tributo, o referido Parecer Normativo CST nº 61/1979 cita a falta de prestação de informações quanto à matéria de fato

indispensável à constituição do crédito tributário (nos casos de lançamento com base em declaração) e a falta de

retenção do imposto ou contribuição devido na fonte (IRRF, por exemplo), ato indispensável à homologação.

Base Legal: Art. 44 da Lei nº 9.430/1996; Art. 9º da Lei nº 10.426/2002; Art. 998 do RIR/2018 e; Itens 2, 3.3 e 3.6 do

PN CST nº 61/1979 (Checado pela Valor Consulting em 08/09/19).

3.2) Multas dedutíveis:

Ainda utilizando como base o Parecer Normativo CST nº 61/1979, temos que são dedutíveis:

a. as multas impostas por descumprimento de obrigações que não sejam as de pagar o tributo, nem constituam

condição do seu lançamento normal, podendo ser citadas como exemplo:

i. multas por irregularidades formais em Livros e documentos fiscais, das quais não tenham decorrido falta

ou insuficiência de pagamento de tributos;

ii. multas por apresentação espontânea, fora do prazo, de declarações;

iii. multas aplicadas a pessoas jurídicas que não fornecerem aos beneficiários, no prazo determinado pela

legislação, ou fornecerem com inexatidão, o comprovante de pagamentos com retenção na fonte;

iv. entre outros;

b. as multas compensatórias, assim consideradas as multas de mora devidas nos recolhimentos feitos com atraso,

mas antes de qualquer procedimento do Fisco para a cobrança, tais como: i) as multas moratórias por

recolhimento espontâneo de tributo fora do prazo, calculadas à taxa de 0,33% (trinta e três centésimos por cento)

por dia de atraso, limitada ao percentual máximo de 20% (vinte por cento); ii) entre outros.

Base Legal: Art. 61, caput, §§ 1º e 2º da Lei nº 9.430/1996 e; Item 3.7 do PN CST nº 61/1979 (Checado pela Valor

Consulting em 08/09/19).

3.2.1) Momento da dedutibilidade

No que refere a dedutibilidade, as obrigações relativas a impostos e contribuições são dedutíveis para fins de

determinação do Lucro Real da pessoa jurídica, segundo o "Regime de Competência", é claro. Consequentemente, as

multas moratórias podem ser deduzidas, como despesa operacional, na determinação do Lucro Real e da Base de

Cálculo (BC) da CSLL no período de apuração em que se tornarem devidas, ou seja, no período em que forem

incorridas. Todavia, o disposto não se aplica aos impostos e às contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa, à

exceção do parcelamento e da moratória.

Podemos encontrar esse entendimento em diversas decisões do Conselho de Contribuintes. A título de exemplo,

publicamos abaixo a ementa do Acórdão nº 103-18.787/1997 da 3º Câmara do 1º Conselho de Contribuintes:

IRPJ - MULTA DE MORA - É dedutível na apuração do lucro real do exercício em que foi incorrida, mesmo que paga

no exercício seguinte. (Grifo nossos)

Publicamos abaixo a Solução de Divergência Cosit nº 6/2012 que também trata do assunto:

Page 55: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

MINISTÉRIO DA FAZENDA

SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL

SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA Nº 6 de 30 de Abril de 2012

ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ

EMENTA: DEDUTIBILIDADE. MULTA MORATÓRIA. REGIME DE COMPETÊNCIA. As multas moratórias por

recolhimento espontâneo de tributo fora do prazo são dedutíveis como despesa operacional, na determinação do lucro

real e da base de cálculo da CSLL, no período em que forem incorridas, de acordo com o regime de competência,

todavia o disposto não se aplica aos tributos cuja exigibilidade esteja suspensa, à exceção do parcelamento e da

moratória.

Base Legal: Art. 352 do RIR/2018 e; SC Cosit nº 6/2012 (Checado pela Valor Consulting em 08/09/19).

4) Multas relativas às contribuições sociais:

De acordo com a doutrina predominante e a jurisprudência que está se formando, a Constituição Federal (CF/1988)

confere natureza tributária às contribuições sociais (INSS, PIS/Pasep, Cofins e Contribuição Social sobre o Lucro).

Dessa forma, a nosso ver, as multas relativas às contribuições mencionadas, para fins de determinação do Lucro Real,

sujeitam-se ao regime fiscal examinado no presente Roteiro de Procedimentos, podendo ser dedutíveis ou não, conforme

o caso.

Base Legal: Equipe Valor Consulting.

5) Multas de natureza não tributária:

A legislação tributária não tratou especificamente da dedutibilidade de multas decorrentes de infração (transgressão) a

normas de natureza não tributária, tais como as decorrentes de leis administrativas (de trânsito, de controle de preços, de

vigilância sanitária, de controle de poluição ambiental, de controle de pesos e medida, SUNAB, etc.), penais, trabalhistas

(FGTS, INSS, CLT, etc.), entre outras.

Desse modo, a essas multas aplica-se a regra geral contemplada no artigo 311 do RIR/2018 (Ver subcapítulo 2.2), que

condiciona a dedutibilidade das despesas a que elas sejam necessárias à atividade da própria empresa e à manutenção da

fonte produtora.

Pronunciando-se sobre a questão, o Fisco Federal, também através do Parecer Normativo CST nº 61/1979, firmou

entendimento de que as multas por transgressões de Leis de natureza não tributária não são dedutíveis, sob o argumento

de que é inadmissível considerar como necessárias à atividade da empresa despesas relativas a atos e omissões proibidos

e punidos por norma de ordem pública.

Importante registrar que esse posicionamento fiscal tem sido questionado, e os que dele discordam justificam a

dedutibilidade de referidas multas sob os seguintes argumentos:

a. as despesas não necessárias são aquelas que decorrem de atos de liberalidade da empresa e, por essa razão, são

indedutíveis; segundo essa ótica, as multas por infração à legislação não fiscal, por estarem relacionadas com a

atividade da empresa e sendo uma decorrência de descumprimento (voluntário ou involuntário) de normas, são

despesas necessárias e, portanto, dedutíveis;

Page 56: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

b. quando a legislação fiscal (artigo 352, § 5º do RIR/2018) prescreve a indedutibilidade das multas fiscais, abre

exceção à regra de que as multas, em geral, são despesas dedutíveis, ou seja, de acordo com a sistemática legal,

todas as multas são dedutíveis, exceto as expressamente declaradas pela lei como indedutíveis.

Porém, alertamos nossos leitores para o fato de que o entendimento do Parecer Normativo CST nº 61/1979 quanto à

indedutibilidade dessas multas consta do Manual de Preenchimento da DIPJ 2014, disponibilizado pela Receita Federal

do Brasil (RFB) na internet, e também tem sido confirmado pela jurisprudência predominante do Conselho de

Contribuintes.

Assim, devido a essa dúvida sobre a dedutibilidade ou não das multas de natureza não tributária, ao decidir pelo

procedimento a ser adotado e, a empresa deve levar em consideração o risco da glosa fiscal da dedução.

Base Legal: Arts. 311 e 352, § 5º do RIR/2018; Item 6 do PN CST nº 61/1979 e; Manual de Preenchimento da DIPJ

2014 (Checado pela Valor Consulting em 08/09/19).

6) Multas contratuais:

Os gastos relativos a multas decorrentes de contratos firmados pela fonte pagadora, tendo como base sua transação,

operação ou atividade, serão dedutíveis como custo ou despesa operacional, conforme o caso. São admitidas como

operacionais somente as despesas caracterizadas como usuais ou normais ao tipo de atividade da empresa. Como

exemplo de multas contratuais, citamos:

a. arras perdidas ou pena convencional por rescisão de contrato de compra e venda mercantil;

b. aquela suportada pelo representante comercial, mandatário ou comissário mercantil, por não ter conseguido

promover a venda de determinada cota de mercadorias a que se obrigou contratualmente.

Observe-se que, para a dedução de tais encargos, é necessário que tanto a realidade de dispêndio como sua exigibilidade

e subordinação com a atividade da empresa estejam baseadas em documentos idôneos, quer quanto à forma quer quanto

à procedência.

Base Legal: PN CST nº 50/1976; PN CST nº 66/1976 (Checado pela Valor Consulting em 08/09/19).

7) Parecer Normativo CST nº 66/1976:

No decorrer deste trabalho citamos de forma constante em praticamente todos os capítulos o Parecer Normativo CST nº

66/1976, haja vista sua fundamental importância para o assunto ora analisado. Assim, devido sua importância, estamos

publicando sua íntegra abaixo:

Ministério da Fazenda

Secretaria da Receita Federal

Coordenação do Sistema de Tributação

Parecer Normativo nº 61, de 1 de Janeiro de 1979 (DOU de 26/01/1979

Multas por infrações fiscais. Compreensão do parágrafo 4º do artigo 16 do Decreto-lei nº 1.598/77. A indedutibilidade

como regra. Exceções: multas compensatórias e multas por infrações de que não resulte falta ou insuficiência de

pagamento de tributos. Multas por infrações a leis não tributárias.

Page 57: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Em discussão o conteúdo e alcance da norma inscrita no parágrafo 4º do artigo 16 do Decreto-lei nº 1.598/77, in verbis:

"Não são dedutíveis como custos ou despesas operacionais as multas por infrações fiscais, salvo as de natureza

compensatória e as impostas por infrações de que não resultem falta ou insuficiência de pagamento de tributo".

2. Indedutibilidade como regra

2.1 - Depreende-se do texto que os preceitos nele contidos têm por campo de atuação o conjunto das multas qualificadas

como fiscais. Compreendem-se como tais aquelas impostas pela lei tributária, ou fiscal. Este conteúdo é revelado não só

pelo adjetivo que restringe o universo das multas, como pela rubrica - Tributos - que sintetiza o art. 16. e seus

parágrafos.

2.2 - Disciplinando o efeito das multas fiscais, relativamente à apuração do lucro real, o preceito em estudo firma a regra

básica de sua indedutibilidade, à qual, por exceção, não se subordinam duas espécies:

a. as multas impostas por infrações de que não resulte falta ou insuficiência de pagamento de tributo; e

b. as multas fiscais de natureza compensatória.

3. Multas dedutíveis, porque relativas a infrações de que não resulta falta ou insuficiência de pagamento de tributo.

3.1 - O estudo das obrigações tributárias revela que só a inadimplência de obrigação principal é capaz de gerar falta ou

insuficiência de pagamento de tributo. Mas que há um tipo de obrigação acessória de cuja inadimplência resulta infração

da principal e, em conseqüência, falta ou insuficiência de pagamento de tributo. E o que passamos a demonstrar.

3.2 - O Código Tributário Nacional (CTN, Lei nº 5.172/66) distingue, no artigo 113, a obrigação tributária em principal

ou acessória:

"A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade

pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente". (art. 113 , § 1º).

"A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela

previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos". (art. 113. , § 2º).

3.3 - A distinção funda-se precipuamente na natureza do objeto da obrigação. Se tributo ou penalidade, a obrigação será

"de dar", classificando-se como principal; se for outras prestações, positivas ou negativas, ela será "de fazer" ou "não

fazer", classificando-se como acessória. E óbvio que somente pode ocasionar falta ou insuficiência de pagamento de

tributo a inadimplência de obrigação que o tenha por objeto, isto é, a principal.

3.4 - A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador e se extingue juntamente com o cumprimento do

crédito dela decorrente. Nesse ínterim, coexiste a possibilidade de sua inadimplência, passível de manifestar-se por dois

modos:

a. por mora;

b. por falta de cumprimento de obrigação acessória necessária à efetivação do lançamento normal

estabelecido pela legislação do tributo.

3.5 - A inadimplência da obrigação principal, por mora, independe de execução de possíveis obrigações acessórias

correlatas e reporta-se tanto aos tributos lançados quanto àqueles sujeitos, pela legislação, a pagamento

antecipado.Caracteriza-se a simples falta de recolhimento por ocasião do vencimento.

3.6 - A outra modalidade de inadimplência envolve necessariamente a inexecução, total ou parcial, de obrigação

acessória. E que a legislação do tributo pode cominar ao sujeito passivo ou terceiro a prática de ato (obrigação de fazer:

Page 58: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

acessória), cuja omissão (infração à acessória) implicará falta de pagamento de tributo (infração à principal). Estas

obrigações acessórias possuem esse efeito por terem sido erigidas, pela legislação, em condição do lançamento normal.

Como tais se incluem, por exemplo, a obrigação de prestar informações quanto a matéria de fato indispensável à

constituição do crédito tributário (lançamento com base em declaração - art. 147, CTN) e a obrigação de reter o imposto

de renda na fonte, ato indispensável à homologação (art. 150, CTN).

3.7 - Ante o exposta, pode-se concluir que as infrações de que não resulta falta ou insuficiência de pagamento de tributo

são aquelas relativas às obrigações acessórias que não se constituam em condição do lançamento normal. As multas a

elas correspondentes são, pois, dedutíveis. (Como exemplos de multas por essa razão dedutíveis, sejam citadas as

previstas nos artigos 533, II, "c", "d", "e" e "f"; 534, "a"; 539 do Regulamento do Imposto de Renda - RIR - e 405, 408 e

396 do Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados - RIPI -). Já as multas relativas a infrações de que

resulte falta ou insuficiência de pagamento de tributos serão dedutíveis quando de natureza compensatória. E o que

passamos a ver.

4. Multas fiscais dedutíveis, porque compensatórias

4.1 - As multas fiscais ou são punitivas ou são compensatórias.

4.2 - Punitiva é aquela que se funda no interesse público de punir o inadimplente. E a multa proposta por ocasião do

lançamento. E aquela mesma cuja aplicação é excluída pela denúncia espontânea a que se refere o artigo 138 do Código

Tributário Nacional, onde o arrependimento, oportuno e formal, da infração faz cessar o motivo de punir.

4.3 - A multa de natureza compensatória destina-se, diversamente, não a afligir o infrator, mas a compensar o sujeito

ativo pelo prejuízo suportado em virtude do atraso no pagamento do que lhe era devido. E penalidade de caráter civil,

posto que comparável à indenização prevista no direito civil. Em decorrência disso, nem a própria denúncia espontânea

é capaz de excluir a responsabilidade por esses acréscimos, via de regra chamados moratórios.

4.4 - O direito civil distingue o inadimplemento absoluto - onde há impossibilidade de cumprimento da obrigação - e a

simples mora, em que o cumprimento - embora possível - não se dá no tempo, lugar e modo convencionados. Um e

outra, porém, geram danos passíveis de ressarcimento. O inadimplemento absoluto se resolve em "perdas e danos",

possíveis de antecipada liquidação mediante estipulação da chamada "multa compensatória". Esta compensa todo o dano

decorrente do inadimplemento. Por isso, afirma-se correntemente que juntamente com ela é impossível a exigência de

"multa moratória". Concluir, porém, daí que as multas moratórias não tenham natureza compensatória é falsear os fatos.

Exigidas juntamente com o cumprimento da obrigação, elas não estarão, é óbvio, indenizando a própria inexecução, mas

restarão como compensadoras do dano sofrido em conseqüência do cumprimento tardio da obrigação. Saliente-se, além

disso, que não há como falar nas dívidas de tributo em "multa compensatória", naquele sentido específico, posto que as

dívidas de dinheiro - como soem ser as que têm tributo por objeto - são insusceptíveis de inadimplemento absoluto.

4.5 - Há uma pletora de acréscimos moratórios na legislação tributária. Nem todos, porém, compensatórios. E que o não

cumprimento oportuno da obrigação motiva o legislador ora a afligir o infrator (punição), ora a compensar o sujeito

ativo pelo dano sofrido em decorrência da mora (compensação). A multa moratória somente terá natureza compensatória

quando, cumulativamente, preencher as seguintes condições:

a. não ser excluída pela denúncia espontânea; e

b. guardar equivalência com a lesão provocada - o que é revelado pela própria lei ao fixar a taxa de cálculo

em função do tempo de atraso (exemplos: 1% ao mês; 10% ao semestre; 5% em atrasos de 30 dias, 10%

em atrasos de 60 etc.).

4.6 - Impõe-se concluir que, para fins de compreensão do parágrafo 4º do artigo 16 do Decreto-lei nº 1.598/77,

compensatórias serão somente as moratórias que preencham as condições descritas no subitem 4.5.

4.7 - A título de exemplo, sejam citados:

Page 59: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

a. acréscimos moratórios compensatórios;

juros de mora : 1% ao mês (Lei nº 5.421/68, art. 2º);

multas por recolhimento fora do prazo: RIR, art. 531 , RIPI, art. 392;

multa por apresentação espontânea, fora do prazo, de declaração: RIR, art. 533, I "a";

multa por indicação espontânea de rendimentos omitidos: RIR, art. 533, I, "b".

b. multas punitivas:

multas relativas a lançamentos, de ofício: RIR, art. 534, "b" e "c"; RIPI, art. 393 (mora punitiva);

multas do art. 533, II, "a" e "b", do RIR;

multa por falta de retenção: RIR, art. 535, § 1º.

6. Multas por infração de lei não tributária

6.1 - O parágrafo 4º do artigo 16 do Decreto-lei nº 1.598/77 diz respeito especificamente às multas impostas pela

legislação tributária. A ele são estranhas as multas decorrentes de infração a normas de natureza não tributária, tais como

as leis administrativas (Trânsito, Sunab etc), penais, trabalhistas etc.

6.2 - Por refugirem ao alcance da norma específica, essas multas caem nas malhas do preceito geral inscrito no artigo

162 do RIR/75, o qual condiciona a dedutibilidade das despesas a que elas sejam necessárias à atividade da empresa e à

manutenção da respectiva fonte produtora. Ora, é inadmissível entender que se revistam desses atributos despesas

relativas a atos e omissões, proibidos e punidos por norma de ordem pública. Assim, as multas impostas por

transgressões de leis de natureza não tributária serão indedutíveis.

À consideração superior.

Cristovão Anchieta de Paiva - Fiscal de Tributos Federais

Base Legal: PN CST nº 66/1976 (Checado pela Valor Consulting em 08/09/19).

Informações Adicionais:

Este material foi escrito no dia 07/04/2015 pela Equipe Técnica da Valor Consulting e está atualizado até a legislação vigente em 08/09/2019

(data da sua última atualização), sujeitando-se, portanto, às mudanças em decorrência das alterações legais.

Não é permitido a utilização dos materiais publicados pela Valor Consulting para fins comerciais, pois os mesmos estão protegidos por direitos

autorais. Também não é permitido copiar os artigos, materias e arquivos do Portal Valor Consulting para outro site, sistema ou banco de dados

para fins de divulgação em sites, revistas, jornais, etc de terceiros sem a autorização escrita dos proprietários do Portal Valor Consulting.

A utilização para fins exclusivamente educacionais é permitida, desde que indicada a fonte:

"Valor Consulting. Multas dedutíveis e indedutíveis (Área: IRPJ e CSLL). Disponível em:

https://www.valor.srv.br/matTecs/matTecsIndex.php?idMatTec=340. Acesso em: 16/09/2019."

Direito de optar

Sociedades de advogados de Teresina podem escolher regime

de ISS

7 de setembro de 2019, 16h17

Page 60: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Por Fernanda Valente

Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY.

CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E

VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura.

Ouça: 0:00 02:06 Audima

As sociedades de advogados têm direito a escolher o tipo de recolhimento de Imposto sobre Serviços (ISS) querem

fazer. Assim entendeu o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, ao liberar que sociedades de Teresina (PI) optem pelo

ISS.

O voto do relator, desembargador Hercules Fajoses, foi disponibilizado na última quinta-feira (5/9). De acordo com o

magistrado, é devida a possibilidade dos contribuintes optarem pelo recolhimento do ISS "por alíquotas fixas ou

variáveis, devendo o profissional da Advocacia sopesar a conveniência da sua adesão a um ou outro regime".

O desembargador apontou que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça é a de

que as sociedades de advogados tem tratamento tributário diferenciado.

A decisão afasta ato do Secretário de Finanças de Teresina, que determinou a inclusão de advogados no regime fixo

anual. O advogado tributarista Carlos Yury de Morais, membro da Comissão Nacional de Direito Tributário da OAB,

atuou como representante da OAB-PI.

Segundo ele, a permissão para escolher o regime tributário de ISS "combate o erro de impor o que já foi avaliado como

o maior ISS do Brasil sobre as sociedades de advogados".

"O TRF-1 foi preciso na manutenção da sentença, que garante aos advogados condições para atuar no mercado com uma

tributação equilibrada. Isso vai lhes permitir o correto recolhimento de ISS, da forma que for mais adequada às suas

atividades. Para um escritório grande, por exemplo, poderá ser feito um recolhimento de forma fixa. E para os escritórios

pequenos, isso poderá ser feito de acordo com seu faturamento", explicou.

Clique aqui para ler o voto do relator.

Processo: 0000597-41.2014.4.01.4000

Fernanda Valente é repórter da revista Consultor Jurídico

Revista Consultor Jurídico, 7 de setembro de 2019, 16h17

Anuário da Justiça

Conheça as tendências do TJ-SP em processos sobre tributos municipais

8 de setembro de 2019, 8h00

Por Carlos de Azevedo Senna

Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY.

CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E

VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura.

Ouça: 0:00 03:18 Audima

Page 61: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

*Reportagem publicada no Anuário da Justiça São Paulo 2019, que será lançado na próxima quarta-feira, 11 de

setembro, no Tribunal de Justiça São Paulo.

O Anuário da Justiça São Paulo 2019 apresenta o Placar de Votação, resultado da pesquisa de jurisprudência da corte

em temas de grande repercussão e com alto número de processos em tramitação, aliado ao acompanhamento de sessões

presenciais de julgamento e indicações dadas pelos próprios magistrados. Foram cinco os temas analisados nas câmaras

do 7º Grupo de Direito Público, formado pelas 14ª, 15ª e 18ª Câmaras, que têm competência para julgar ações relativas a

tributos municipais e execuções fiscais municipais, tributárias ou não.

Situação em 31/12/2018 e em 30/6/2019, conforme dados

fornecidos pelo TJ-SP em 13/8/2019

A principal divergência foi quanto ao recolhimento de ISS sobre serviço prestado por planos de saúde. A discussão é

acerca de qual municipalidade deve receber o tributo, se aquela onde o serviço de saúde foi efetivamente prestado, de

acordo com a Lei Complementar 157/2016, ou se, dada a natureza administrativa das operações de planos de saúde,

onde a empresa estabelece sua sede, como era determinado pela legislação anterior.

A 15ª Câmara é unânime ao entender que o ISS é devido no município-sede, enquanto a 18ª entende que o imposto é

devido onde o ato gerador ocorre. A 14ª Câmara se divide, com número igual de desembargadores se posicionando de

cada lado da questão.

Clique aqui para ampliar a

imagem Anuário da Justiça

O desembargador João Alberto Pezarini, em decisão, aponta que a LC 157/2016 está suspensa desde o julgamento da

ADI 5.835 no Supremo Tribunal Federal e entende que o imposto é devido no município-sede. Já o desembargador

Henrique Harris Júnior defende que, se foi evitada a bitributação e nenhum dos municípios possíveis recolheu o ISS,

sendo este tributo sujeito a lançamento por homologação e o dever do contribuinte é antecipar o pagamento, o

recolhimento seria de fato devido no local onde os serviços foram efetivamente prestados.

Page 62: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

Outro tema que não está plenamente pacificado é a necessidade de a Fazenda Pública antecipar o valor correspondente

às despesas necessárias à citação da parte executada. Enquanto a maioria dos integrantes da 15ª Câmara se posiciona no

sentido de que há isenção da administração pública do pagamento de custas e emolumentos e que a prática dos atos

judiciais de seu interesse independe de preparo ou de prévio depósito, a 14ª e a 18ª Câmaras entendem que dispensar o

adiantamento das despesas significa condenar o Judiciário ao pagamento das custas de citação.

O 7º Grupo é unânime no entendimento de que é correto usar o valor de compra e venda de imóvel para estabelecer a

base de cálculo de ITBI, contanto que este seja maior que o valor venal. A tese aceita é que o valor venal, usado no

cálculo do IPTU, é usado para toda a área urbana, enquanto o ITBI é calculado sobre o valor no tempo da transferência

dos bens ou direitos, levada ao Cartório de Registro de Imóveis.

Carlos de Azevedo Senna é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 8 de setembro de 2019, 8h00

Urbanizadora, construtora, incorporadora ou

imobiliária?

Todos são empreendedores da área imobiliária, mas quais as competências

e as diferenças entres eles?

Publicado por Janine Bertuol Schmitt

Trabalhando no ramo do direito imobiliário, vejo com frequência dúvidas a respeito de quem é e o que faz cada um

destes empreendedores.

Embora, na prática trabalhem juntos, cada um possui suas próprias características e funções dentro do grande projeto de

parcelamento do solo, desenvolvimento e urbanização das cidades.

Tudo começa pela urbanizadora. A formação das cidades e a ocupação de novas áreas urbanas impacta no

desenvolvimento social e econômico da região, desta forma, imperioso se faz a realização de estudos a fim de averiguar

se aquela região tem capacidade de absorver mais moradores, se o desenvolvimento local trará empresas e lojas capazes

de gerar empregos locais aos novos moradores daquela região, além dos estudos ambientais. Desta forma, a

urbanizadora é uma empresa que auxilia na criação de novos bairros e expansão das cidades, desenvolvendo o

parcelamento do solo, loteamentos e urbanização das áreas. A urbanizadora participa das etapas de licenciamento do

empreendimento, envolvendo profissionais como biólogos, geólogos, topógrafos e engenheiros, até chegar à instalação

dos projetos e iniciar o processo de execução das obras.

A incorporadora é a responsável por providenciar a documentação jurídica, formalizando e legalizando o

empreendimento com a entrega de inúmeros documentos ao Cartório de Registro de Imóveis (título de propriedade do

terreno, certidões negativas, negativa de protestos, histórico vintenário, projeto arquitetônico, ART /RRT, alvará de

construção, memorial de incorporação, entre outros).

A construtora é a responsável pela execução física do empreendimento que foi incorporado, de acordo com as

especificações técnicas, o memorial descritivo e o prazo contratual. Todos os riscos inerentes à construção são de

Page 63: Boletim - IPECONTblog.ipecont.com.br/wp-content/uploads/2019/09/Boletim...2019/09/16  · MVA. Redução O Governador do Estado de Minas Gerais, por meio do Decreto n 47.710/2019 (DOE

responsabilidade da construtora (equipamentos, mão de obra, eventuais acidentes de trabalho, atraso na execução da

obra, execução fora das normas, pagamento de impostos, responsabilidade técnica, etc).

Por fim, a imobiliária é responsável por, através de seus Corretores de Imóveis, comprar, vender, alugar os imóveis. A

imobiliária desenvolve um trabalho de aproximação entre o locador e locatário ou entre o vendedor e o comprador,

analisando toda a documentação pertinente e dando mais segurança aos negócios.

Janine Bertuol Schmitt

Advogada especialista em Direito Imobiliário