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editorial B O L E T I M *21 junho 2012 . boletim trimestral . ano 4 D escanso de Deus ou com Deus? O verão é o período escolhido por muitos para retempe- rar forças. Depois de meses de trabalho, chega o tempo de férias. E onde fica Deus? Que compromisso tenho para o tempo estival? Numa época em que tudo parece tão facilmente deposto, é tam- bém essa a minha atitude em relação a Deus? Na verdade, sei que a minha fé pode ainda não equivaler a um grão de mostarda, mas gostaria de a fazer evoluir (Mt 17, 20-21). Tentemos, assim, nesta época propícia à reflexão, estar sempre em comunhão e intimidade com Deus, mesmo quando parece que a última semente de força que restava no nosso corpo se esvai. Ele nos concederá um ânimo novo e revigorado para os trabalhos que se avizinham. Descansemos em oração, porque deste modo fá-lo-emos colocando a nossa vida no seu peito, no peito do Pai amado. Estejamos também atentos e vigilantes, para que o novo ano que se aproxima possa ser cumulado de bênçãos e para que possamos estar cada vez mais ao serviço do Senhor, conscientes da importância e responsabilidade de termos sido convocados para a Missão. Nesta edição do Pontes pretendemos, de forma objetiva, apresen- tar algumas propostas para os leigos empenhados e comprome- tidos na missão, na ânsia que deem cada vez mais fruto, dado que estão enxertados na videira e nela permanecem (Jo 15, 5).

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BOLETIM 1

editorial

B O L E T I M *21junho 2012 . boletim trimestral . ano 4

Descanso de Deus ou com Deus?O verão é o período escolhido por muitos para retempe-rar forças. Depois de meses de trabalho, chega o tempo de

férias. E onde fica Deus? Que compromisso tenho para o tempo estival?Numa época em que tudo parece tão facilmente deposto, é tam-bém essa a minha atitude em relação a Deus? Na verdade, sei que a minha fé pode ainda não equivaler a um grão de mostarda, mas gostaria de a fazer evoluir (Mt 17, 20-21).Tentemos, assim, nesta época propícia à reflexão, estar sempre em comunhão e intimidade com Deus, mesmo quando parece que a última semente de força que restava no nosso corpo se esvai. Ele nos concederá um ânimo novo e revigorado para os trabalhos que se avizinham. Descansemos em oração, porque deste modo fá-lo-emos colocando a nossa vida no seu peito, no peito do Pai amado.Estejamos também atentos e vigilantes, para que o novo ano que se aproxima possa ser cumulado de bênçãos e para que possamos estar cada vez mais ao serviço do Senhor, conscientes da importância e responsabilidade de termos sido convocados para a Missão.Nesta edição do Pontes pretendemos, de forma objetiva, apresen-tar algumas propostas para os leigos empenhados e comprome-tidos na missão, na ânsia que deem cada vez mais fruto, dado que estão enxertados na videira e nela permanecem (Jo 15, 5).

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BOLETIM 2

Secção OpInIãO

MistagogiaO vocábulo mistagogia recomeçou a ser usado

no nosso contexto eclesial, após o Concílio Ecuménico Vaticano II, associado à liturgia.

Posteriormente (e ainda bem) foi alargada a outros âmbitos da pastoral.Na sua origem, significa conduzir ou guiar para den-tro do mistério. No contexto cristão, Mistério não se refere a algo escondido e que depois se conhece plenamente, como nas religiões mistéricas gregas. Mistério é uma Pessoa, Jesus cristo, com quem nos relacionamos! Por isso nunca se conhece totalmente, antes se vai conhecendo e saboreando essa relação ao longo da vida. É esta a espiritualidade mistagógica! É a relação de cada crente com o Mistério de Deus, que escla-rece e ilumina o mistério de cada pessoa. É tomar consciência de que é impossível reduzir toda a realidade divina em conceitos racionais, antes há realidades que se vivem e intuem através de ritos e símbolos.A mistagogia recorda aos crentes que a nossa cre-dibilidade vem, sobretudo, da vivência da relação com Deus; melhor, com o Mistério de Deus. Pelo que a mistagogia leva a inserirmo-nos progressivamen-te num mistério que nos ultrapassa totalmente, mas que nos acolhe, liberta e plenifica.No nosso contexto, onde as verdades parecem di-gladiar-se entre si, onde as propostas de sentido que chegam até nós, para além de muitas, são contrá-rias e contraditórias; a vivência da fé precisa de ser mistagógica, porque não se funda num conceito ou nuns princípios éticos, mas na experiência gozosa da comunhão com Cristo. Até porque, no «início do

ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, des-ta forma, o rumo decisivo» (Bento XVI, Deus é Amor)A vida cristã deixa de ser uma teoria, uma doutrina ou um costume, para ser um caminho de plenifica-ção, porque ao encontro do Mistério de Cristo. Esse caminho é realizado por cada cristão atra-vés da interação existencial crente entre a medi-tação do Evangelho, a vida sacramental e a vida de caridade.

P.e Luís MigueL Figueiredo rodrigues

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BOLETIM 3

Um ano de catequese se aproxima do seu ter-mo. Não é um ano mais, mas sim este ano es-pecífico, com tudo o que foi vivido e o que

foi possível realizar. Foi um ano de empenho e de disponibilidade, de lágrimas e de risos, de avanços e recuos, de desânimo, talvez, mas também de deter-minação e vontade de fazer o melhor.Termina o ano de catequese; mas é apenas somente uma etapa cumprida, depois de um tempo de des-canso e de “recarregar de baterias”, há que continu-ar a caminhada, e isso implica começar a planear e programar. A primeira atividade de programação é todo um tra-balho interior. É sobretudo interiormente que tenho que me preparar. Planear a minha vida, organizar-me para poder dar o meu melhor na missão que me é confiada. Posso pensar como vou organizar as vá-rias tarefas que tenho a desempenhar, se terei que renunciar a alguma, para poder render melhor como formadora de bons corações, de excelentes pessoas e de excelentes cristãos.Será bom procurar também reforçar os meus conhe-cimentos e a minha vida espiritual com algum dia de formação ou de retiro? Pensar em igual medida se já sei qual vai ser o ano de catequese em que serei chamada a participar para ter já uma noção dos temas, ir angariando material, imaginando atividades, sempre tendo em vista o meu grupo de catequizandos: a diversidade entre eles, como é cada um, a sua faixa etária, as suas características, as suas dificuldades, as suas capa-cidades, que desafios representam para mim; devo mudar métodos, dinâmicas, mentalidade? Encon-trei neles, no ano passado, algum sinal de vocação? Como trabalhar isso? Como vou ajudar este ou aque-le a desenvolver os seus dons? Será bom que visite com eles algum seminário ou casa religiosa? Poderei convidar alguém a dar o seu testemunho vocacional (sacerdote diocesano, religioso/a consagrada secu-lar, missionário, matrimónio)?Para cada um, Deus tem uma proposta pessoal, um projeto “original” através do qual encarnar o seu tes-

Programação e PlaneamentoPauLa CLara CarvaLho

temunho cristão, o próprio “andar”… É de vital im-portância para a realização do ser humano viver a vocação para a qual Deus o preparou desde sempre.Não podemos ser felizes sozinhos, para a felicida-de também tem que haver entreajuda, solidarie-dade. Na medida em que cada um encontra o seu espaço no Plano de Deus, encontra, também, o seu caminho de felicidade e colabora na felicidade do outro. Cada catequista d(n)a comunidade, é uma peça importante no plano de Deus para a salvação do mundo, na medida em que é responsável por aju-dar cada um daqueles que lhe são confiados, na caminhada de fé e na busca do caminho que Deus preparou com amor para cada um. “Na comunida-de da Igreja serás ajudado a viver a tua vocação ao serviço dos outros, sabendo que a cada um o Espí-rito distribui os seus dons como quer, para que a comunidade seja rica de carismas diferentes, cha-mada a convergir em vista da utilidade comum (cf. 1Cor. 12,4-7). Pondo também tu os dons recebidos por Deus ao serviço dos outros, sentirás o quanto a tua vida pode ser bela e digna de ser vivida. Em particular, advertirás a urgência de transmitir aos outros o dom da fé e do amor” (Bruno Forte).

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BOLETIM 4

Secção OpInIãO

antónio JoaquiM gaLvão

Notas para uma educação (catequese) cristã de adultos V

Ao escrevermos o título com a numeração ro-mana V (cinco), veio-nos à memória que, «pen-ta» do grego «pénte» exprime a ideia de cinco

e é um elemento de ligação. A partir de «elemento de ligação» surgiu-nos a ideia de escrever algo so-bre a articulação entre o que escrevemos agora e o trabalho que procuramos realizar nos arciprestados com o ateliê: a Bíblia é o Livro da Fé. O elemento «pen-ta» põe-nos em contacto direto com a realidade que queremos exprimir e/ou (duma mão cheia (cinco de-dos) de coisas lindas que queremos para nós, para os outros e que perdure pelos tempos sem fim), assim, gostaríamos que o efeito do(s) nosso(s) ateliê(s) fos-se ajudar-nos a viver do Espírito Santo. Querermos estar juntos em nome do Senhor para nos educar-mos (edificarmos) n’Ele rezando-Lhe: “Pois onde esti-verem reunidos, em Meu nome, dois ou três, Eu estou no meio deles” (Mt 18, 20).No Domingo celebrámos a Festa do Pentecostes (quinquagésimo dia depois da Páscoa = primeiro dia depois da passagem de 7 dias vezes 7). Na Liturgia, tivemos a oportunidade de contemplar o cenácu-lo: por um lado, a comunidade dos discípulos com medo, com as portas fechadas que, exprime a situ-ação duma comunidade insegura e desorientada. Por outro lado, uma comunidade reunida em nome de Jesus ressuscitado. Comunidade que passa a ser uma comunidade viva, recriada a partir do dom do Espírito Santo. É o Espírito Santo que lhes permite superar o medo e as limitações: “quando vier o Espí-rito da Verdade, Ele guiar-vos-á para a verdade total” (Jo 16, 13). “Todos ficaram cheios de Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espíri-to lhes inspirava que se exprimissem”(Act 2, 4); todos

deram testemunho ao mundo do Amor, de Jesus, do amor que Jesus viveu até às últimas consequências. Sem nos alongarmos na reflexão gostariamos de res-salvar a ideia do Espírito Santo como a nova lei que orienta a caminhada da comunidade. Porquê?Porque, no primeiro momento do ateliê (apresenta-ção), os catequistas vão manifestando a alegria de serem trabalhadores da messe e a insegurança (di-ríamos mesmo medo) da falta de formação, de não desempenharem bem a função de educadores na fé. Também a primeira comunidade tinha medo, receio. Trabalhando por amor, como nos diz S. Paulo, “que o Senhor vos faça aumentar e abundar em caridade uns para com os outros e para com todos” (1 Tes 3, 12).Depois, partilhamos uma dinâmica de comparação entre: como é que alguns objetos absorvem a água e nós a Palavra de Deus. A água simboliza a Palavra de Deus e os objetos somos nós, no nosso dia-a-dia. Procuramos que cada um descubra “a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé” (Por-ta da Fé, nº 7). Importa ter os sentidos e o coração abertos “para ver em profundidade e compreender que o que foi anunciado é a palavra de Deus” (Porta da Fé, 7); Cristo é a palavra de Deus que não se deixa acorrentar (2 Tim 2, 9).É interessante fazer a ligação à Fé. Quando lhes per-guntamos o que é a Fé, as respostas vêm um pouco ao jeito de Santo Agostinho (a propósito do tempo): «O que é o tempo? Se ninguém me perguntar eu sei o que é, mas se alguém me perguntar eu já não sei.» Não se conclua que não sabem o que é a Fé. Na interação que vamos desenvolvendo, chegamos à conclusão que aprendemos mais do que ensinamos.

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BOLETIM 5

Todos nos vão mostrando por estas ou outras pala-vras similares que Deus se revela pela Palavra e pelos acontecimentos da vida. Nas muitas e interessantes definições, a que é uma virtude teologal não falta e ficamos contentes por fazermos a «ligação» entre a Bíblia e o Catecismo da Igreja Católica (CCE), “instru-mento ao serviço da catequese” (Porta da Fé, nº 4).Aderir a Deus, que se revela pela ação do Espíri-to Santo e pelo conteúdo dessa mesma revelação, mergulha-nos na Palavra de Deus, na Vida da Igreja e na Sagrada Liturgia. A finalidade da catequese é pôr todo o homem em comunhão, em intimidade com Jesus Cristo. Por outras palavras, é familiarizar o cate-quizando com a verdadeira fonte – Jesus Cristo, que “é o caminho para se poder chegar definitivamente à salvação” (Bento XVI, Porta da Fé, nº 3). Para tal, “de-vemos readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus, transmitida pela Igreja, e do Pão da vida” (Porta da Fé, nº 3).Falar da Fé é, sem dúvida, uma grande responsabi-lidade. O Santo Padre proclamou o Ano da Fé (Car-ta Apostólica – A Porta da Fé) e no próximo Plano

Pastoral da Arquidiocese, para 2012-2017 (5 anos) o Tema de Base é a Fé: Professada, Celebrada, Vivida, Anunciada e Contemplada.O nosso propósito para o ateliê é ajudar a pessoa a redescobrir a Fé como dom de Deus. A Fé que “cres-ce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria” (Porta da Fé, nº 7). A nova lei (o Espírito Santo) “nasce da fé em Cristo, a justiça que vem de Deus, pela fé (Fil 3, 9). No CCE, nº 266 “a fé católica é esta: venerarmos um só Deus na Trindade e a Trinda-de na unidade, sem confundir as Pessoas nem dividir a substância: porque uma é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; mas do Pai e do Fi-lho e do Espírito Santo é só uma a divindade, igual a glória e coeterna a majestade”. Ou seja, “são distintos entre Si pelas suas relações de origem: «O Pai gera, o Filho é gerado, o Espírito Santo procede»” (CCE, nº 254).A relação entre Deus e a Fé, entre a Palavra (Verbo, Jo 1,1) e a Vida (criação) é encontrada nos sacra-mentos, neles encontramos a Palavra de Deus e os

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BOLETIM 6

Secção OpInIãO

produtos da natureza: o pão, o vinho, a água, o óleo, a luz, o vento e o fogo. Servimo-nos destes símbolos da natureza para falarmos do Espírito Santo. No dia de Pentecostes, os discípulos “viram, então, aparecer umas línguas à maneira de fogo, que se iam dividin-do, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios de Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se ex-primissem” (Act 2, 3-4). A comunicação torna-se pos-sível entre os discípulos e todos os que os ouviam porque a linguagem do Amor não tem fronteiras. Deus é inteligível a quem O escuta. Escutar é conhe-cer o que o Outro tem para nos dizer e não o que queremos ou gostaríamos de ouvir. Ter a capacidade de amar o outro como a mim mesmo é a lei que une os seres humanos entre si. O Amor é dar-se a si mes-mo, como Cristo se entregou para nos salvar. O tema central da Bíblia é a salvação, a nossa salvação, aqui e agora.A criação de todas as coisas é obra do Amor de Deus. Todos somos Seus filhos e a Sua maior obra: «A obra de Deus é esta: crer n’Aquele que Ele en-viou» (Jo 6,29). “Há um só corpo e um só Espírito, como existe uma só esperança no chamamento que recebestes. Há um único Senhor, uma única fé, um único baptismo” (Ef 4, 4-5). Pela fé, entregamo-nos livremente a Deus. Por isso, a leitura orante da Palavra de Deus ajuda-nos a conhecê-Lo e que-remos conhecê-Lo para fazermos a Sua vontade pela “fé que actua pela caridade” (Gal 5, 6)”. A ca-ridade “é o vínculo da perfeição” (Col 3,14). A fé, a esperança e a caridade são-nos dadas com a graça santificante. Capacitam-nos para vivermos em re-lação com Deus e fundamentam o nosso agir mo-ral, vivificando as nossas virtudes humanas. São a presença da ação do Espírito Santo em nós. Vamos guiados pelo Espírito Santo (Rom 8, 14).É pelo Batismo que recebemos a plenitude do Es-pírito Santo. O Espírito Santo derrama em cada um de nós o Amor de Deus que faz de nós Seus filhos, “o amor de Deus foi derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo” (Rom 5, 5). O Espírito Santo veio ao nosso coração e fez em nós a Sua morada, “não sabeis, porventura, que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, que recebestes

de Deus” (1 Cor 6, 19). Porque todos somos filhos de Deus, pertencemos à Sua família, à Sua Igreja.Na Igreja somos confirmados na fé pelo sacramen-to da Confirmação, mas só o compreendemos ver-dadeiramente em relação com o Batismo e a Santa Eucaristia, os sacramentos da iniciação cristã. Os sa-cramentos onde recebemos a vida nova de Cristo. Passámos a adultos na fé, a professarmos dignamen-te a nossa fé, dizemos: «Creio»; antes de expor a fé da Igreja, tal como é confessada no Credo, celebrada na liturgia, vivida na prática dos mandamentos e na oração, perguntemos a nós mesmos o que significa «crer». A fé é a resposta do homem a Deus, que a Ele se revela e Se oferece, resposta que, ao mesmo tempo, traz uma luz superabundante ao homem que busca o sentido último da sua vida” (CCE, nº 26).Na vida propomo-nos fazer planos, fazer progra-mas, fazer projetos, etc., inclusive obras de rara beleza que quase atingem a perfeição. Por vezes até nos tornamos obsessivos pela qualidade da obra… para fazer render o nosso trabalho, o nosso intelecto, esquecemo-nos que somos convidados a dar-nos na sempre inacabada obra da criação. Esquecemo-nos que, por essência, Deus é criativo, que a Bíblia é Sua obra e que nos chama a mos-trarmos a Sua graça, o Seu amor (Espírito Santo) no dia-a-dia, na passagem da esfera da sensibilida-de para a comunhão e partilha de em verdadeira Igreja procurarmos com fé o bem e de o promo-vermos em toda a parte aspirando “com ardor, aos melhores dons. Vou mostrar-vos um caminho que ultrapassa tudo” (1 Cor 12, 31).Só Tu, Senhor, és “o Caminho, a Verdade e a Vida”, nin-guém vai ao Pai senão por Ti (Jo 14, 6). Com o Santo Padre, que o Ano da Fé seja “uma ocasião propícia (…) para intensificar o testemunho da caridade” (nº 14) e que, como diz S. Paulo a Timóteo “ninguém se torne indolente na fé. Esta é companheira de vida, que permite perceber, com um olhar sempre novo, as maravilhas que Deus realiza por nós” (nº 15).Que em todas as paróquias, comunidades, grupos ou movimentos façamos encontros de caminhada na Fé (educação) para que, todo o serviço que por Amor prestamos aos irmãos, seja Ele a razão de ser e de existir.

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BOLETIM 7

Dinâmicas ao serviço da PalavradaLiLa Costa, siMão e CLáudia Cunha

“O Anjo do Senhor falou a Filipe e disse-lhe: «Põe-te a caminho e dirige-te para o Sul, pela estrada que desce de Jerusalém para

Gaza, a qual se encontra deserta.» Ele pôs-se a caminho e foi para lá. Ora, um etíope, eunuco e alto funcionário da rainha Candace, da Etiópia, e superintendente de todos os seus tesouros, que tinha ido em peregrinação a Jerusalém, regressava, na mesma altura, sentado no seu carro, a ler o profeta Isaías. O Espírito disse a Filipe: «Vai e acompanha aquele carro.»Filipe, acorrendo, ouviu o etíope a ler o profeta Isaías e perguntou-lhe: «Compreendes, verdadeiramente, o que estás a ler?» Respondeu ele: «E como poderei compre-ender, sem alguém que me oriente?» E convidou Filipe a subir e a sentar-se junto dele.” (aCt 8, 26-31)

Na verdade, como poderemos nós compreender me-lhor a Palavra? Assim como o eunuco, precisamos, na grande maioria das vezes de alguém que nos acom-panhe, de alguém que nos guie, de alguém que nos auxilie nesta nossa descoberta da Palavra e da vida que ela nos proporciona. Se, enquanto catequistas, sentimos esta necessidade, como poderemos olhar para os nossos catequizandos e não perceber que eles podem estar perdidos num mundo de palavras que os confunde, assusta, intriga e interpela? E sa-bendo nós que isto acontece, diariamente, nas nos-sas comunidades, dentro das nossas próprias casas, podemos ficar impávidos e serenos? Claro que não; o Espírito impele-nos e guia-nos, tal como a Filipe, a seguir o caminho e ir ao encontro das necessidades dos irmãos, para que possamos todos estarmos em sintonia e melhor saborearmos as palavras de vida eterna que Deus nos oferece na Bíblia sagrada. Cientes desta realidade, decidimos colocar-nos ao dispor dos catequistas (em especial, nos meses de maio e junho, dos de Fafe, Terras de Bouro, Vieira do Minho, Cabeceiras de Basto e Celorico de Basto)

e trabalhar, em conjunto, dinâmicas que pudessem ajudar no entendimento e compreensão profunda da Palavra nos encontros de catequese (e não só!).Sabíamos que, num primeiro momento, importaria sempre alertar para alguns pormenores que podem dificultar a nossa ação enquanto pontes que levam à Trindade e à mensagem que nos foi deixada.De facto, perante este Pai que nos ama e que está em constante comunicação connosco, não pode-mos deixar-nos cair em ’armadilhas’. Por exemplo, é tomarmos a historicidade da Bíblia como algo que aconteceu num passado tão longínquo que é fácil considerar infrutífero entendê-lo. Este ‘obstáculo’ à interpretação é, não raras vezes, trazido à discussão por todos os que se dedicam à leitura/ao estudo da Bíblia. É verdade que nem sem-pre é fácil perceber os costumes e a cultura, os há-bitos e os costumes das épocas mais remotas, mas não será interessante a descoberta de semelhanças incríveis entre tempos tão ‘primitivos’ e a nossa atu-alidade, milhares de anos depois? Será certamente útil que todos possamos aprender um pouco mais, os mais velhos com os mais novos, os mais novos com os mais velhos; que, em conjunto, em espírito de comunhão e unidade, possamos conhecer a história da criação do mundo, das atribulações do Povo de Deus, do mundo em que os profetas viveram, quais os problemas com que se depararam… Imaginemos como isto se tornará uma ferramenta útil para que aqueles a quem anunciamos o Evangelho possam melhor glorificar a Deus pelas maravilhas que ele criou, pelas oportunidades, aprendizagens e ensina-mentos que nos doou ao longo dos tempos!Um outro entrave que frequentemente é apontado, relaciona-se com o facto de se encarar a Bíblia como um livro de receitas, como algo a que recorremos quan-do não sabemos como agir e que terá a solução má-gica para os nossos problemas do quotidiano… Não

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BOLETIM 8

era certamente essa comunicação que Deus preparou para nós; seremos realmente tão ingénuos ao ponto de não nos deixarmos abraçar pelas Palavras profundas e transformadoras que ali encontramos?Podemos deparar-nos, igualmente, com a indiferen-ça dos que leem, com uma espécie de preguiça no que respeita à interpretação da Palavra; enfim, sem-pre que nos preparamos para qualquer encontro em que abordamos a Palavra, devemos ter em atenção que existirão pessoas que terão mais dificuldade em ultrapassar estes ‘obstáculos’ que se apresentam, e tentar, com alguma criatividade e imaginação (mas sempre com fidelidade à mensagem), ajudar na in-terpretação da mesma.Uma das propostas que decidimos trazer foi o re-curso à imagem: por que não colocar uma imagem que contenha uma mensagem bíblica, ou mesmo que se reporte a um versículo para reflexão? Por que não utilizar as imagens para favorecer a expressão do outro, do entendimento do outro, em relação à mensagem? Há diversos recursos visuais disponi-bilizados na Internet, em livros apropriados, até em cd’s e dvd’s que podem ser utilizados em encontros com crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. A própria imagem poderá funcionar como símbolo para introduzir a Palavra, para melhor a interiorizar, para estimular a reflexão, tão necessária nos tempos que correm. Então, se virmos que o grupo adere a este tipo de estímulo, procuremos fazê-lo (variando, sempre que possível, o método e a intenção da ativi-dade, para não se tornar monótono) mais frequente-mente. Valerá a pena o esforço.Se, por um lado, há recursos visuais, também exis-tem, por outro lado, os audiovisuais ou apenas áu-dio. Quantos de nós não se surpreenderam já numa Eucaristia a saborear melhor a Palavra com um belo cântico litúrgico, ou alusivo a uma passagem em es-pecífico? Não nos ensina o senso comum que ‘cantar é rezar duas vezes?’ Não há, nos livros da Bíblia, os que são dedicados ao canto? Aproveitemos para elevar as nossas vozes, para alegrar os nossos corações com este amor imenso que nos é oferecido diariamente. Façamo-lo com criatividade também: se considera-mos que não temos uma voz melodiosa, ao invés de cantarmos nos encontros, podemos apresentar a le-tra do cântico e pedir que cada um o aplique a uma situação bíblica concreta; podemos deixar espaços em branco na letra para que cada um complete com as palavras que acha mais apropriadas (ou, em con-siderando mais produtivo, colocando já as palavras

que devem constar dos espaços vazios). Façamos, numa outra vertente, uma interiorização da Palavra através da escuta tranquila de um cântico; deixemo-nos inundar pela alegria imensa de sermos filhos de Deus relaxando ao som de uma melodia litúrgica. Basta apenas sabermos as preferências do grupo, para percebermos como podemos interagir melhor através desta atividade.Podemos, também, adequar uma passagem bíblica para uma leitura dramatizada, para uma representa-ção. Esta atividade é particularmente usada com os mais pequenos, dado que estes, por serem mais di-nâmicos, sentem-se mais envoltos na descoberta da Esperança, da Fé e da Caridade quando implicados diretamente na Palavra. Não é interessante sentir-se o ator principal de uma peça (vida) dirigida por e para Deus? Para idades um pouco mais avançadas, por que não fazer-se uma espécie de quebra-cabeças ou de pro-cura orientada na Bíblia? Sabemos que (sobretudo) na adolescência, não há o hábito de utilizar/ler/manejar a Bíblia (quantos adultos não sabem, ainda hoje, como procurar citações bíblicas?). Sabemos da dificuldade, temos uma proposta de atividade que poderá suprir a dificuldade, então utilizemo-la. Muitas outras propostas poderão ser criadas ou recriadas, precisamos apenas da ajuda omnipre-sente do Espírito, de sabermos e conhecermos a mensagem para lhe sermos fiéis e de conhecer profundamente o grupo onde implementaremos a atividade. É certo que nem sempre as coisas poderão correr de modo satisfatório, ou tal qual desejaríamos, mas quantos viraram costas aos profetas? Quantos recusaram ouvir a mensagem? Quantos simplesmente ignoraram o que ouviam? E isso alguma vez foi motivo para os discípulos deixarem esmorecer a coragem? Foi alguma vez motivo para que o Espírito deixasse de agir nos povos de todos os tempos para que o evangelho fosse transmitido a todos quantos tinham ouvidos para ouvir? Não. As dificuldades que sempre apa-receram foram mote para criatividades, para novas formas de afirmar que Deus nos ama e que quer a nossa Salvação, porque como Pai bondoso, alegra-se como retorno do filho e como Bom Pastor, sai em busca da ovelha perdida.As necessidades que hoje sentimos (mais e melhor formação, recursos que nos auxiliem na nossa ati-vidade de catequistas/animadores, entreajuda nas dificuldades) não são apenas de hoje, mas são

Secção OpInIãO

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BOLETIM 9

dificuldades de todos os tempos. Sabemos que não temos o mundo ideal e é exatamente por isso que Deus nos exortou a amarmos o nosso próximo como a nós mesmos, para que possamos, no meio de todas as tribulações, ajudarmo-nos uns aos outros e irmos crescendo, cada vez mais, no Seu amor, mas neste mundo; aqui e agora.Deixemos de lado as nossas preocupações em não sabermos dizer palavras bonitas (Jesus procurou pescadores que falavam a linguagem do povo; Ele

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BOLETIM 10

Secção pOnTES dOS arcIprESTadOS

esPosende

No passado dia 18 de maio, a Equipa Arcipres-tal de Catequese de Esposende reuniu, tal como previsto, com os coordenadores paro-

quiais, por volta das 21 horas, na paróquia de Rio Tin-to, dando continuidade à rotatividade do local para a realização das reuniões arciprestais.Depois da oração inicial, o encontro decorreu com a avaliação (até ao momento) do ano catequético, salientando-se experiências bastante positivas em algumas paróquias, nomeadamente num trabalho mais direto com os pais, nas reuniões mensais de catequistas, na preparação de festas/celebrações por unidades pastorais (entre outras experiências

que marcaram o trabalho deste setor pastoral no arciprestado). Contudo, também há situações menos positivas, as quais serão motivo de atenção no próxi-mo ano pastoral.Posteriormente, a Equipa Arciprestal apresentou as linhas que irão orientar o 2.º Encontro Arciprestal de Encerramento do Ano Pastoral Catequético que de-correrá no dia 14 de julho, em Fão. Entregou também o Plano Pastoral do DAC para o próximo ano pastoral, o qual foi analisado e interpretado, sendo o ponto de partida para a elaboração do plano catequético ar-ciprestal 2012/2013 que, no final da reunião, estava já pronto.

mesmo recorria a parábolas que todos pudessem entender); deixemos de lado a correria de todos os dias para orar, no silêncio do nosso quarto, mas tam-bém em comunidade, na família mais restrita e na mais alargada. Busquemos na Palavra a nossa força, e o nosso amparo.Nestes meses de maio e junho, foi a isto que nos pro-pusemos com o ateliê desenvolvido. Esperamos ter deixado alguns planos de trabalho que possam ter sido úteis, já que, como Filipe, ouvimos o Espírito a pedir-nos para seguir a estrada, e, de coração aber-to, fizemo-lo. Da mesma forma que nos assumimos sempre, como o eunuco, que, apesar da sua posição e cargos que ocupava, sabia das suas limitações e, com humildade, pediu ajuda para entender melhor o que a seus olhos ainda não estava claro.

Secção OpInIãO

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BOLETIM 11

Secção cOnVOcadOS para a MISSãO

A Igreja suscita,faz o discernimento da vocação divina e

confere a missão.

O convocado é alguém, com um nome que vive num lugar e tem uma história.O convocado é alguém a quem Deus fala constantemente, chama-o a ser pessoa, a ser santo.

O convocado é alguém que se deixa interpelar pela voz de Deus;Alguém que desafiado, se questiona!

Da escuta, emerge uma resposta: Eis-me aqui, Senhor!

O educador na fé é, intrinsecamente, um mediador que facilita a comunicação entre as pessoas e o mistério de Deus, dos sujeitos entre si e com a comunidade. Deus chama interiormente, a igreja - sa-cramento universal de salvação - suscita, faz o discernimento da vocação divina e confere a missão.

Convocados para a Missão

1. susCitarElias “deitou-se por terra e adormeceu à sombra do ju-nípero. Eis, porém, que um anjo o tocou, dizendo: «Le-vanta-te e come.» Olhou, e viu à sua cabeceira um pão cozido sob a cinza e um copo de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir. Mais uma vez o tocou o anjo do Se-nhor, dizendo-lhe: «Levanta-te e come, pois tens ainda

um longo caminho a percorrer.» Elias levantou-se, co-meu e bebeu; reconfortado com aquela comida, andou quarenta dias e quarenta noites, até chegar ao Horeb, o monte de Deus.”1

1 1 Rs 19, 5-8

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BOLETIM 12

A comunidade cristã é a origem, o lugar e a meta da ação pastoral. É sempre da comunidade cristã que nasce o anúncio do Evangelho, que convida os ho-mens e as mulheres à conversão e a seguir Cristo. E é esta mesma comunidade que acolhe aqueles que desejam conhecer o Senhor e a comprometer-se numa vida nova. Ela acompanha e, com materna soli-citude, chama a participar na sua própria experiência de fé e integra os novos membros no seu seio.2

É missão da comunidade cristã suscitar no seu seio e ajudar a discernir vocações. Mas como e a quem convocar?“É missão de todos, sem exceção, suscitar vocações mediante um testemunho coerente de vida, onde a alegria e a gratuidade da missão sejam o rosto visível da vida cristã: “sacerdotes, famílias, catequistas, ani-madores e movimentos, todos deverão ser capazes de “cultivar” nas crianças, jovens e adultos o espírito de entrega e serviço à Igreja, através de um “teste-munho alegre e cheio de Deus”.3

O testemunho continua a ser fundamental para suscitar (do latim suscitare, «levantar»), ou seja, fazer nascer algo, provocar o aparecimento, originar, des-pertar para a vida com Cristo e em Cristo. Bento XVI realça a importância do testemunho ao referir que “para tornar mais forte e eficaz o anún-cio vocacional, é indispensável o exemplo daqueles

2 cf DGC 2543 D. Jorge Ortiga, durante a eucaristia de ordenação de cinco novos diáconos, no Seminário de Nossa Senhora da Conceição, em Braga, a16 de Maio de 2011, citado por agência (Ecclesia).

que já disseram o próprio “sim” a Deus e ao projeto de vida que Ele tem para cada um. O testemunho pessoal, feito de escolhas concretas e de vida, enco-rajará os jovens a tomar decisões responsáveis, por sua vez, investindo o próprio futuro”.4 E ainda que “a fé cresce quando é vivida como uma experiência de amor recebido e quando é comunicada como uma experiência de graça e de alegria. Faz-nos frutíferos, porque expande os nossos corações de esperança e nos permite suportar a vida, dando testemunho: na verdade, ela abre os corações e mentes daqueles que ouvem a responder ao convite do Senhor, para cum-prir a sua palavra e tornar-se seus discípulos”.5

Pelo testemunho, o crente cristão demonstra que a sua vida foi transformada, tornando-se numa nova criatura, como refere S. Paulo na segunda carta aos coríntios “Se estais em Cristo sois novas criaturas: passaram as coisas velhas; eis que tudo se fez novo”.6 É ainda o mesmo apóstolo que nos diz que o cristão, através do seu testemunho pessoal, pela sua vida, anuncia, com eficácia, o poder do Evangelho que é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê. “Com efeito eu não me envergonho do Evangelho, porque é a virtude de Deus para dar a salvação a todo o crente.” 7 A importância do testemunho é tão premente que o próprio Jesus a apresenta como um desejo profundo

4 Mensagem do Santo Padre para o 47º dia mundial de oração pelas vocações (25 de abril de 2010 - IV domingo de Páscoa)5 Bento XVI, Carta ap. Porta Fidei, n.76 cf.2 Cor 5, 177 cf.Rm 1,16

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do seu coração, para a sua Igreja: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vos-sas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”8 “Os cristãos são chamados a fazer brilhar, com a sua própria vida no mundo, a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos deixou.”9

O testemunho de vida, baseado na coerência e na vivência da Fé, é primordial, mas para suscitar voca-ções para a missão evangelizadora da Igreja, é ne-cessário transformar esse testemunho em ação. Não podemos apenas ficar à espera que reparem, que reconheçam, é fundamental uma atitude, “ir ao en-contro”, convidar, desafiar a experimentar.10

Este convidar (e mesmo desafiar) exige do outro também uma atitude ativa: aceitar o desafio, levan-tar-se e pôr-se a caminho, atitude que encontramos em muitas passagens da Sagrada Escritura, as quais podem servir como motor para o nosso suscitar de vocações para a evangelização.

No livro do Génesis o Senhor diz a Abraão: “Levanta-te, percorre esta terra em todas as direções, porque Eu ta darei.“11 O livro dos Reis apresenta-nos a atitude de Samuel que se levanta, durante a noite, ao ouvir chamar pelo seu nome.12 Também ao profeta Elias, Deus fala dizendo «Levanta-te e come, pois tens ain-da um longo caminho a percorrer.»13

Levantar-se implica ação, resposta à interpelação de Deus; é o passar de um estado imóvel e de fraqueza, para um estado de movimento e confiança, é cami-nhar ao encontro do Senhor da vida.

1.1. o perfil do convocado Neste âmbito entende-se o convocado como uma pessoa interpelada por Deus, que, em Igreja, faz o discernimento da sua vocação.Para ajudar a encontrar na comunidade vocações para o apostolado apresentamos algumas caracte-rísticas a observar:

8 Mt 5,169 Bento XVI, Carta ap. Porta Fidei, n.610 Importa recorrer à pedagogia de Jesus “Mestre, onde moras? Vinde ver” (cf Jo 1, 38-39) e também imitar os primeiros apóstolos, como podemos descobrir no desafio de Filipe a Natanael, quando questionado por este sobre a proveniência de Jesus “Vem e vê”(cf. Jo 1, 46).11 Gn 13, 1712 cf 1Sm 3, 6-713 1Rs 19, 7

• Adulto – com maturidade humana e cristã;• Confirmado na fé;• Integrado na vida da comunidade - celebra a euca-ristia na comunidade e vive em comunhão eclesial;• Sólida espiritualidade;• Transparente testemunho de vida.

1.2. o chamamento de deus pressupõe• Um local - pode ser a comunidade, um grupo ou movimento em que esteja integrado, a exemplo de Maria, «O Anjo entrou em casa dela»14;• Um acontecimento provocador, que é um elemen-to que desconcerta e levanta a questão: «Senhor que queres que eu faça?»;• O reconhecer de uma necessidade na comunidade;• A vontade inicial de querer pôr-se a caminho.

Consciente de que Deus chama em qualquer lugar e em qualquer situação, é responsabilidade da comu-nidade cristã educar os seus membros para a escuta atenta do Senhor. O testemunho de vida da própria comunidade tor-na-se o primeiro meio para PROVOCAR. Além deste, podemos fomentar o “PROVOCAR”, através de ações pontuais com toda a comunidade, com pequenos grupos ou com pessoas concretas.

2. disCernirNo dia seguinte, João encontrava-se de novo ali com dois dos seus discípulos. Então, pondo o olhar em Jesus, que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus!» Ouvindo-o falar desta maneira, os dois discípulos seguiram Jesus. Jesus voltou-se e, notando que eles o seguiam, pergun-tou-lhes: «Que pretendeis?» Eles disseram-lhe: «Rabi - que quer dizer Mestre - onde moras?» Ele respondeu-lhes: «Vinde e vereis.» Foram, pois, e vi-ram onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Eram as

14 cf Lc 1, 28

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quatro da tarde. André, o irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João e seguiram Jesus. Encontrou primeiro o seu irmão Simão, e disse-lhe: «Encontrámos o Messias!» - que quer dizer Cristo. E levou-o até Jesus. Fixando nele o olhar, Jesus disse-lhe: «Tu és Simão, o filho de João. Hás-de chamar-te Cefas» - que significa Pedra. No dia seguinte, Jesus resolveu sair para a Gali-leia. Encontrou Filipe, e disse-lhe: «Segue-me!» Filipe era de Betsaida, a cidade de André e de Pedro. Filipe encon-trou Natanael e disse-lhe: «Encontrámos aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, e os Profetas: Jesus, filho de José de Nazaré.» Então disse-lhe Natanael: «De Nazaré pode vir alguma coisa boa?» Filipe respondeu-lhe: «Vem e verás!»15

Neste contexto, discernir, significa perceber clara-mente, conhecer, descobrir, apreciar e compreender. Pelo que é fundamental ouvir, ver, vivenciar, escolher, ensinar, aprender e experimentar.Pretende-se aqui, dar resposta ao desafio lançado, àquele que é suscitado para a missão: “ Vem e verás”.16 Surge, assim, a questão: como é que a igreja faz o dis-cernimento desta vocação divina?

Ao longo da Sagrada Escritura, encontramos algu-mas referências à palavra discernimento, que nos podem ajudar a responder a esta questão: “… para dar aos simples o discernimento e ao jovem, o co-

15 Jo 1, 35-4616 cf Jo 1, 46

nhecimento e reflexão17; “Já que me pediste isso e não uma longa vida, nem riqueza, nem a morte dos teus inimigos, mas sim o discernimento para gover-nar com rectidão…”18; “é por isto que eu rezo: para que o vosso amor aumente ainda mais e mais em sabedoria e toda a espécie de discernimento, para vos poderdes decidir pelo que mais convém, e assim sejais puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo.”19; O discernimento passará sempre pela escuta da Pa-lavra, pela oração e pela resposta.20

Nesta etapa, deveria ser dado a conhecer à pes-soa que foi chamada, o que realmente é a missão e quais os instrumentos para se pôr ao caminho. Quanto mais conhecimento, melhor fará o dis-cernimento da vocação. O mesmo se passa com a comunidade que escolhe os “trabalhadores para a sua vinha”; quanto mais conhecimento e intimida-de existir no seio da comunidade, maior compro-misso existirá entre os seus membros. Esta fase, de descoberta e compreensão mútua, deve ser acom-panhada de uma profunda vivência da Palavra, que se manifesta no testemunho. Bento XVI afirma que “o testemunho cristão comunica a Palavra atesta-da na escritura. Por sua vez a escritura explica o testemunho que os cristãos são chamados a dar com a própria vida.”21 Consideramos por isso que o testemunho está presente em todas as etapas que nos propomos refletir. É um tempo de fazer perguntas, de ouvir, de participar na eucaristia e de ser testemunha da revelação divina. Em relação à importância da catequese para a Igre-ja, João Paulo II, afirmou que “a catequese, para a Igreja, foi sempre um dever sagrado e um direito imprescritível.”22

Os sacramentos foram instituídos por Jesus e “to-cam em todas as etapas e momentos importantes da nossa vida: outorgam nascimento e crescimento, cura e missão à vida de fé dos cristãos.” O sacramen-to da Eucaristia é o «Sacramento dos sacramentos», porque “todos os outros estão ordenados para este, como para o seu fim.”23 A Eucaristia torna-se, assim, uma redescoberta constante e um pressuposto es-

17 Pr 1,418 1 Rs 3, 1119 Fl 1, 9-1020 cf 1Tm 4, 4 e Tg 1, 22-2521 Bento XVI, Exor. Ap. Pós-Sinodal Verbum Domini, 30 de setembro de 2010, n.9722 João Paulo II, Exor. Ap. Catechesi Tradendae, 16 de Outubro de 1979, n.1423 CCE 1210-1211

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sencial para podermos “embarcar em missão”, mas não o único pressuposto.

Discernir implica conhecer profundamente a missão, desde os aspetos mais gerais às questões práticas; fazer uma reflexão e avaliação para tentar perceber se os conhecimentos e competências do convocado correspondem ao que é exigido para a missão; ad-quirir formação adicional e específica (se necessário); um período de experimentação e de contacto mais direto com a missão, onde possa ser vivenciada e sentida a experiencia de educador da fé e, por fim, uma tomada de decisão do convocado.

Levanta-se a importante questão: quem deve fazer ou acompanhar o convocado nesta etapa de discer-nimento?É a comunidade, por meio dos membros do grupo no qual o convocado realizará a missão, que deverá destacar um dos seus membros, com a responsabi-lidade de integrar, aconselhar e acompanhar o con-vocado à missão, desde esta etapa, até ao conferir a missão. Este cristão mais experiente será um amigo importante que possibilitará ao convocado os ins-trumentos necessárias ao discernimento da vocação divina.

2.1. PreParar Para a MissãoO itinerário do educador na fé seguirá de perto o dos discípulos de Jesus. Ora, estes foram antes de mais, chamados: “Vem” e “Segue-me”; depois longamente preparados no contacto íntimo com o Senhor e, só no fim, enviados.

O convocado deve ser preparado para viver a uni-dade com a qual está marcado o seu próprio ser de membro da igreja. O seu ser e atuar dependem, inse-paravelmente, do ser e atuar de Cristo. A unidade e harmonia do educador na fé devem ser lidas a partir desta perspetiva cristocêntrica e construir-se numa base de familiaridade profunda com Cristo e com o Pai, no Espírito.24

2.1.1. Formação O objetivo da formação é capacitar para anunciar con-tinuamente o evangelho, sendo composta pela forma-ção catequética orgânica e sistemática, de carácter bá-sico e fundamental e pela formação permanente.

24 cf GCM 20

Dentre os diversos caminhos para a formação perma-nente, emerge, antes de mais, a própria comunidade cristã. É nela que os cristãos fazem a experiência da sua vocação e alimentam constantemente a sua sen-sibilidade apostólica. A figura do sacerdote é funda-mental na tarefa de assegurar um progressivo ama-durecimento como crentes e como testemunhas.A comunidade cristã pode organizar várias modali-dades de ações formativas para os seus agentes:

• Uma delas consiste em alimentar constantemente a vocação eclesial, mantendo sempre viva a consci-ência de serem mandatados pela própria Igreja.• Também é muito importante procurar um amadu-recimento da fé, através da via ordinária, mediante a qual a comunidade cristã educa na fé os seus agen-tes pastorais e os leigos mais comprometidos. • A preparação imediata de cada ação apostólica é um excelente meio de formação, sobretudo se for acompanhada pela avaliação de tudo aquilo que foi experimentado.• No âmbito da comunidade também podem ser realizadas outras atividades formativas: retiros e convívios nos tempos fortes do ano litúrgico; cursos monográficos sobre temas mais necessários ou ur-gentes; uma formação doutrinal mais sistemática.25

Para a formação orgânica e sistemática, recorra-se à oferta existente na arquidiocese.

Recomenda-se que, na fase de preparação para a missão, o convocado realize a formação orgânica e sistemática mais adequada e participe na forma-ção permanente proporcionada pela comunidade eclesial.

25 cf DGC 246-247

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3. ConFerir a MissãoAproximando-se deles, Jesus disse-lhes: «Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.» 26

Por esses dias, como o número de discípulos ia au-mentando, houve queixas dos helenistas contra os hebreus, porque as suas viúvas eram esquecidas no serviço diário. Os Doze convocaram, então, a assembleia dos discípulos e disseram: «Não con-vém deixarmos a palavra de Deus, para servirmos às mesas. 3Irmãos, é melhor procurardes entre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria; confiar-lhes-emos essa tarefa. Quanto a nós, entregar-nos-emos assiduamente à oração e ao serviço da Palavra.» A proposta agradou a toda a assembleia e escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócuro, Nicanor, Timão, Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Foram apresentados aos Apóstolos que, depois de orarem, lhes impuseram as mãos. A palavra de Deus ia-se espalhando cada vez mais; o número dos discípu-los aumentava consideravelmente em Jerusalém, e grande número de sacerdotes obedeciam à Fé.27

26 Mt 28, 18-2027 Act 6, 2-7

Na Sagrada Escritura há passagens que nos aju-dam a entender como é conferida a missão aos anunciadores da Boa Nova: Aarão fará a imposição das mãos sobre os levitas e eles passarão a exer-cer o culto do Senhor28; “Josué, filho de Nun, ficou cheio do espírito de sabedoria, porque Moisés lhe tinha imposto as mãos”29; Jesus, no início da pregação, refere: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres…”30; Jesus enviou os Doze depois de lhes dar as seguintes instruções: “Não sigais pelo caminho dos gentios, não entreis em cidade de samaritanos. Ide, primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel”31; outros conselhos: “envio-vos (…) sede prudentes (…) e simples…”32; ao enviar os Apóstolos disse: “ foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os…, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei convosco até ao fim dos tempos”33; Paulo, aos Coríntios, escreveu: “Aquele que nos confirma juntamente convosco em Cristo e nos dá a unção é Deus, Ele que nos marcou com um selo e colocou em nossos corações o penhor do Espírito”34.

Aos crentes das suas comunidades, Pedro anuncia que também eles, como pedras vivas, entram na construção de um edifício espiritual, em função de um sacerdócio santo e acrescentou: ”Vós, porém, sois linhagem escolhida, sacerdócio régio, nação santa… a fim de proclamardes as maravilhas daquele que vos chamou das trevas para a sua luz admirável (…)”35.

Alguns conselhos de Paulo aos Efésios: “Exorto-vos a que procedais de modo digno do chamamento que recebestes com humildade, mansidão, paciência, amor.”36

Filipe comunicou a Natanael “ com alegria”37 a sua grande descoberta: Encontramos Jesus, o Filho de José, de Nazaré…

28 Nm 8,10-1129 Dt 34, 930 Lc 4, 1831 Mt 10,532 Mt 10,1633 Mt 28, 18-1934 2 Cor 1, 21-2235 1 Pe 2, 936 Ef 4, 1637 Cf Mensagem do Santo Padre para o 47º dia mundial de oração pelas vocações (25 de abril de 2010 - IV domingo de Páscoa)

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3.1. a igreJaPertence à Igreja “conferir a missão”. A Igreja, “sacra-mento universal de salvação”, conduzida pelo Espíri-to Santo, transmite a Revelação por meio da evan-gelização38.O mandato missionário de Jesus comporta vários aspetos intimamente conexos entre si: “proclamai”,39 “fazei discípulos e ensinai”40, “baptizai”41, “sereis mi-nhas testemunhas”42, “fazei isto em minha memória”43, «amai-vos uns aos outros»44.

O batizado, feito membro da Igreja pelo Batismo, é um ungido de Deus, marcado com o selo do Espírito Santo, um chamado a servir os outros na comunhão da Igreja. O Batismo confere, portanto, a participação no sacerdócio comum dos fiéis.

A missão do evangelizador é fazer discípulos de Je-sus Cristo e ensinar tudo quanto Ele mandou. O que anuncia deve obedecer a requisitos essenciais: co-nhecer com profundidade a Boa Nova que vai pro-clamar, fazê-lo à maneira de Jesus com uma sábia pedagogia divina. O testemunho de vida, a oração, a vivência de uma fé esclarecida e comprometida e a alegria cristã do anúncio são elementos fundamentais do enviado em missão.O convocado para a missão, tendo atingido os ob-jetivos essenciais no que respeita às etapas de cres-cimento e maturação da vocação, dos saberes e da fé, manifesta perante a comunidade a sua disponi-bilidade e aceitação do compromisso, recebendo da mesma a legitimidade do envio em missão. Cada co-munidade estabelece a forma concreta de o fazer.

A convocação de agentes de pastoral é um processo moroso, por isso deve ser preparado com antece-dência. Planificar a longo prazo, rezar a planificação e envolver a comunidade na resolução das suas neces-sidades são etapas a percorrer com vista ao sucesso da evangelização.

38 DGC 4539 Mc 16, 1540 Mc 16, 3141 Mc 16, 3342 Mc 16,3243 Lc 22, 1944 Jo 15, 12

4. ConCretiZandoEscassez de educadores na fé: quase nunca são os suficientes! A juntar a esta dificuldade está a suposta prática sa-cramental deficitária de muitos agentes da Pastoral.Estes problemas são reais e dolorosos, tanto mais porque afetam o núcleo identitário da transmissão da fé.A missão de evangelizar compete a toda a comuni-dade, logo todos devem ser implicados no processo: párocos, agentes de pastoral e todos aqueles batiza-dos que querem viver como tal. Caberá aos grupo de agentes da Pastoral, porque foi a eles que a comuni-dade confiou a animação de processos de educação para a fé, implementar estratégias para ultrapassar estas dificuldades.

Sugere-se o seguinte itinerário. Que se comece, logo após o Natal (mas os prazos não são nada rígidos), a fazer o levantamento das necessidades. Este levan-tamento faz-se na oração pessoal e comunitária e na leitura da realidade em que nos inserimos. É ne-cessário saber quantos educadores na fé existem, quantos são precisos para o próximo ano pastoral, para assegurar um bom serviço de evangelização. Não esquecer de somar àqueles que faltam agora o número daqueles que, por qualquer motivo, não podem prestar esse serviço no próximo ano pastoral. Fica-se, então, a saber quantos agentes de pastoral é necessário ‘encontrar’ de novo. Mais, não interessa um fiel qualquer, precisa-se ponderar as suas qua-lidades humanas e espirituais, sempre em clima de oração e discernimento evangélico.

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No passo seguinte, o grupo vê na comunidade aque-las pessoas que, não estando comprometidas em nenhum trabalho pastoral, podem ter condições para vir a ser educadores na fé. Antes da Quaresma, procure-se alguém que faça a ponte entre o grupo e cada um dos possíveis candidatos para, com ami-zade cristã, lhe propor que se dedique ao ministério específico de educação para a fé. Como é óbvio, uma responsabilidade desta envergadura não pode ter uma resposta imediata, pelo que o tempo quaresmal pode e deve ser um bom tempo para que o inter-pelado e a comunidade rezem esta situação, sendo que aquele que fez de ponte deve acompanhar de perto, prestando todos os esclarecimentos e apoios necessários.No início do Tempo Pascal faz-se a recolha das deci-sões e fica-se a saber quem aceitou ou não integrar o grupo de novo. Porque pode haver sempre algu-ma recusa, convém procurar interpelar mais alguns do que aqueles que pareceram necessários. Aqueles que se vão dedicar a um serviço específico de edu-cação para a fé têm agora uma oportunidade para se encontrarem com o grupo que os acolhe. Seria bom que se organizasse, numa das reuniões men-

sais da Primavera, um bom acolhimento aos novos membros, que já passariam a participar nas reuniões periódicas, para se irem introduzindo paulatinamen-te no grupo e na missão. Havendo oportunidade, se-ria bom que participassem na formação inicial, pelo menos em alguma, antes do início do próximo ano pastoral.Os novos membros já participam na programação do ano seguinte, que se realiza até Junho, sensi-velmente.

No novo ano, e com o devido acompanhamento, o convocado faz a experiência da missão que o ajuda-rá a integrar-se no grupo e a discernir a sua vocação. Neste período dá-se especial atenção à formação do novo membro.

Após um ano de preparação e discernimento, o con-vocado terá condições para confirmar o seu compro-misso com a missão, se assim o desejar.

Se este processo passar a ser hábito em cada paró-quia não tardará que as dificuldades enunciadas no início estejam superadas.

«eu sei em quem pus a minha confiança»(2Tm 1, 12 )

Plano para a Pastoral Catequética - 2012/2013oBJetivo geraL 2012/2017

reavivar, purificar, confirmar e confessar a fé

oBJetivos esPeCíFiCos Linhas de aÇão 2012/2013

tomar consciência da dimensão comunitária e dialogal da fé

Refletir sobre a Constituição Dogmática Lumen GentiumConhecer o documento Fidei Depositum (CCE)Potenciar a Eucaristia como ponto de encontro.

Potenciar o grupo de catequistas

Realizar a reunião mensal do grupo de catequistasRealizar retiros espirituais e encontros de reflexão/recoleção.

Potenciar laços com a família e grupos da comunidade.

Conhecer e divulgar projetos de catequese intergeracionalApoiar a implementação do projeto de catequese intergeracional (SNEC)

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datas a ter eM Conta 2012/2013

8 .set.2012 Dia Arquidiocesano do Catequista

1.dez.2012 Dia de Formação para Coordenadores de Âmbito Diocesano

5.Jan.2013 Dia Arquidiocesano do Coordenador Paroquial

1.Mai.2013 Encontro das Equipas Arciprestais da Catequese

Cursos de Verão 2012de 4 a 10 de agosto no Centro Pastoral de Braga

inscrições até 30 de junhoO Serviço de Formação, à semelhança de anos anteriores, propõe para este ano os cursos de verão, a realizar no Centro Pastoral de 4 a 10 de agosto. As inscrições podem ser enviadas por e-mail para [email protected] ou na secretária da diocese, nos impressos habituais.1. só refeições. 2. refeições e dormidas em camarata. 3. refeições e dormidas em quarto duplo ou individual de acordo com os pedidos e as necessidades de organização.

Sábado4/08/12

Domingo5/08/12

Segunda6/08/12

Terça7/08/12

Quarta8/08/12

Quinta9/08/12

Sexta10/08/12

1 2 3

Curso Geral : 2º Parte Pedagogia• Qualificados com o curso de Iniciação.

95€ 150€ 185€

Curso Iniciação• Maiores de 18 anos confirmados na fé.

65€ 105€ 125€

Curso Acreditar• Maiores de 16 anos

55€ 80€ 100€

Curso de Introdução à catequese• Até aos 18 anos e o 10º ano de catequese.

65€

ESTRUTURA PROGRAMA:

08.00h Pequeno-almoço

08.40 oração da manhã

09.05 dinâmica própria de cada curso

13.00h almoço

14.30h dinâmica própria de cada curso

19.00h eucaristia

20.00h Jantar

21.00h dinâmica própria de cada curso

22.45h oração da noite

Secção dIVuLgaçãO

Page 20: BOLETIM - arquidiocese-braga.pt · comunhão e intimidade com Deus, mesmo quando parece que ... É esta a espiritualidade mistagógica! É a relação de cada crente com o Mistério

BOLETIM 20

centro cultural e pastoral da arquidioceserua de S. Domingos, 94 B • 4710-435 Braga • tel. 253 203 180 • fax 253 203 190 [email protected] • www.diocese-braga.pt/catequese

impressão: empresa do diário do minho, lda.

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introduÇão à CatequétiCaCurso de extensão universitária

objetivosAs novas exigências da evangelização e da transmissão da fé lançam sérios desafios especiais aos catequistas do presente e do futuro. O principal desses desafios é a formação específica para o exercício desse ministério. A Faculdade de Teologia propõe um curso de formação teológica, pastoral e catequética, que permita aprofundar a formação para além dos cursos de iniciação e básicos de catequese.

destinatáriosO curso destina-se a todos os catequistas, sobretudo aos que já possuem outros cursos de catequese e, se possível, que já tenham frequentado o curso Teológico-Pastoral ou algum semelhante.

Plano Curricular1. Catequética2. Psicossociologia3. Mensagem cristã4. Pedagogia catequética5. História da catequese6. A Catequese na Igreja Particular

horárioO curso decorrerá à Sexta-Feira à noite durante um ano.

inscrições e informaçõesFaculdade de Teologia de BragaServiços centrais da DiocesePor e-mail: [email protected]