2

Click here to load reader

Boletim-Biblioteca - nov/dez-15

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Boletim-Biblioteca - nov/dez-15

7/23/2019 Boletim-Biblioteca - nov/dez-15

http://slidepdf.com/reader/full/boletim-biblioteca-novdez-15 1/2

 

Nº9 | n o v emb r o - d e z emb r o d e 20 15  

EF EMÉR IDES DO MÊS

1| Frescos de Miguel Ângelo na Capela Sistina;

Terramoto de Lisboa (1755);

2 |Nascimento de Teixeira de Pascoaes;

Nascimento de Jorge de Sena;

4 |Fundação da Unesco;

6 |Nascimento de Sophia;

7 Nascimento de Marie Curie;

Nascimento de Alberto Camus;

8 |Nascimento de Cecília Meireles;

9 |Queda do muro de Berlim;

10 |Nascimento de Mário Viegas;

11 |Dia de São Martinho;

Dia do Armistício;

13 |Nascimento de Robert Louis Stevenson;

14 |Nascimento de Amadeo de Sousa-Cardoso;

16 |Dia Internacional da Tolerância;

Nascimento de José Saramago;

17 |Dia do não fumador;

20 |Dia Mundial da Filosofia;

Publicação da declaração universal dos Direitos da

Criança;

21 |Nascimento de Columbano Bordalo Pinheiro; 

Dia Mundial da Televisão;

22 |Morte de Jack London);

23 |Nascimento de Herberto Helder;

24 |Dia Mundial da Ciência;

Dia Nacional da Cultura Científica;

Boletim Informativo da Biblioteca EFEMÉRIDES DO MÊS Dezemb ro )

 

01 | Restauração - 1640;

05 | Morte de Mozart;

D. Manuel I decreta a expulsão de judeus;

06 | Morte de Afonso Henriques (1185);

Morte do Conde Andeiro (1383);

10 | Declaração Universal dos Direitos do Homem.

DESTAQUE DO MÊS

No dia 24 de novembro, dia do seu nascimento,

destacámos a figura de Rómulo de Carvalho. Foi feita

uma celebração, com a partilha de experiências entre

turmas do 7.º, 8.º e 11.º ano. Lembrou-se o lado

poético de Rómulo de Carvalho, nas palavras do seu

amigo António Gedeão. Foram lidos excertos das suas

memórias e refletiu-se com os alunos sobre o seu lado

humanista e o valor do conhecimento para combater

a ignorância e a intolerância.

No fim do mês de novembro, com a colaboração da

Casa Fernando Pessoa e a Fundação Saramago, três

turmas do secundário participaram num workshop

Desassossego 2015.

No final do 1º período, realizou-se uma Feira do Livro

e foram destacados excertos de leitura sobre o Natal.

D E S T A QU E S 

OS LIVROS D SEM N

“ A palavra é o desejo do espaço e do espaço e do desejo

para que tudo o que em nós é confuso e vago

se transforme em arquitetura

com janelas para o mar ou campos ondulados” 

 António Ramos Rosa

Page 2: Boletim-Biblioteca - nov/dez-15

7/23/2019 Boletim-Biblioteca - nov/dez-15

http://slidepdf.com/reader/full/boletim-biblioteca-novdez-15 2/2

 

| B ib l i o t e ca E sco la r | E sco la S e cu n d á r ia Ra in h a Do n a A mé l ia | B o le t im N . º9  –  n o ve mb ro - d e ze mb ro d e 2 0 1 5  |  

Um oema 

Que pode uma criatura senão entre criaturas, amar?  

 Amar e esquecer?  

 Amar e malamar  

 Amar, desamar e amar  

Sempre, e até de olhos vidrados, amar?  

Que pode, pergunto, o ser amoroso, 

Sozinho, em rotação universal, 

se não rodar também, e amar?  

 Amar o que o mar trás a praia, 

O que ele sepulta, e o que, na brisa marinha 

é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?  

 Amar solenemente as palmas do deserto, 

o que é entrega ou adoração expectante, 

e amor inóspito, o áspero 

Um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte, 

e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina. 

Este é o nosso destino: 

amor sem conta, distribuído pelas coisas  

 pérfidas ou nulas, 

doação ilimitada a uma completa ingratidão, 

e na concha vazia do amor a procura medrosa,  paciente, de mais e mais amor  

 Amar a nossa mesma falta de amor, 

e na secura nossa, amar a água implícita, 

e o beijo tácito e a sede infinita

Carlos Drummond de Andrade, “Amar”. solidão.

Biblioteca Escolar  CONCEÇÃO E ELABORAÇÃO : E Q U I P A D A B I B L I O T E C A E SC O L A R   

E-mail | [email protected]  |

Blogue | http://biblioteca-rainha.blogspot.pt  | 

Redes sociais | https://twitter.com/Bibliorainha | 

Autor do mês

RÓMULO DE C RV LHO

“Eu digo "pobre de mim" como diria pobre do pobre que está sentado à

soleira da porta a apanhar sol e a coçar as costas. Mas ele, o pobre,

ainda é feliz porque ao vê-lo desejo ajudá-lo, e eu era um ser indefeso

que ninguém pensava em ajudar. Nunca tive vocação nem jeito para

viver, inclinação elementar que qualquer ser, mesmo sem ser humano,

 possui por natureza.

Tão incapaz, tão estranho, tão desajustado que ainda hoje, aos oitenta e

um anos, me sinto tão surpreendido de viver como aquele frágil menino

de um ano a quem a irmã mais velha ampara, no retrato, para que não

caia do alto da coluna de madeira em que o poisaram.

Ele tem a cabecinha um pouco inclinada sobre o lado direito como quem pede auxílio, e eu sempre assim a mantive, mas por dentro, dissimulada

numa cara comprida e talvez severa, implorando o mesmo auxílio. Sou

um pobre ser necessitado de carinho, à espera de um afago que lhe cerre

os olhos interiores com deleite como os gatos quando se deitam de

barriga para cima. Preciso de amor constante, o amor que se exprime em

cada gesto e em cada olhar do quotidiano, mesmo sem contactos, sem

 palavras, sem premeditações, espontâneo, natural. Amor é um termo

ambíguo que se presta a ridicularizar quem o pronuncia. Mas este de que

falo não é o que nos faz supor de olhos brancos, em alvo. O amor de que

falo é o que se opõe ao ódio, à violência, à dissimulação, ao orgulho, à prepotência, a todas essas "virtudes" que adornam os humanos com os

loiros dos triunfos.

RÓMULO DE C RV LHO 

Por não possuir tais "virtudes" fui sempre encarado com uma

 ponta de desconfiança pelos meus companheiros de existência

 porque naturalmente sentiam a minha impenetrabilidade às suas

manobras, manobras correntes, quase inocentes, atitudes do dia -

a-dia, de momento a momento, só detectáveis por um escrúpulo

demasiado como sempre foi o meu.

Em jovem já guardava da humanidade o mesmo sentimento que

conservo, a mesma incompatibilidade com as normas correntes

de conduta social e privada, e a passagem dos anos apenas veio

dar mais solidez e convicção às suspeitas do instinto. Aliás, se

me alheasse dessas normas por um instante bastaria pegar em

qualquer jornal do dia para tudo se avivar.

Felizmente a vida proporcionou-me encontros com algumas

exceções ao tipo comum do ser humano, e acolhi-as com

comoção. Apesar destes rigores falo bem a toda a gente, uso

boas palavras, não me exalto, e posso-me gabar que nunca, na

vida inteira, me zanguei com alguém, nunca cortei relações com

alguém, nunca virei a cara a alguém.

É que, meus queridos tetranetos, eu não detesto os outros nem

fujo ao seu convívio se os vejo aproximarem-se de mim. Os meus

sentimentos para com os outros não são de repulsa, mas

(imaginem!) de pena, de piedade. Tenho pena de ver as pessoas

 presas aos seus preconceitos, às suas ansiedades, aos

imperativos da sua hereditariedade, ao peso das tradições, aos

condicionamentos do ambiente físico e humano em que

nasceram ou vivem. Tenho pena de todos, e também tenho pena

de a ter, porque as pessoas preferem ser odiadas a suscitarem

 pena. No fundo somos todos irresponsáveis, tanto eles pelo que

fazem como eu por reparar nisso”.

Rómulo de Carvalho. (2010). Memórias. Lisboa: Fundação

Calouste Gulbenkian