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MANEJO DO SOLO E PLANTAS DANINHAS NA CITRICULTURA: DA IMPLANTAÇÃO À REFORMA DE POMARES BOLETIM CITRÍCOLA UNESP/FUNEP/EECB Setembro nº 18/2001 EECB Fernando Eduardo Amado Tersi MANEJO DO SOLO E PLANTAS DANINHAS NA CITRICULTURA: DA IMPLANTAÇÃO À REFORMA DE POMARES

BOLETIM CITRÍCOLA UNESP/FUNEP/EECB MANEJO DO … · pessoas envolvidas na citricultura nacional é tamanha, que ... incidência do declínio e praticas cul- ... utilização de diversos

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MANEJO DO SOLO E PLANTAS DANINHASNA CITRICULTURA: DA IMPLANTAÇÃO À

REFORMA DE POMARES

BOLETIM CITRÍCOLA

UNESP/FUNEP/EECB

Setembro nº 18/2001

EECB

Fernando Eduardo Amado Tersi

MANEJO DO SOLO E PLANTAS DANINHASNA CITRICULTURA: DA IMPLANTAÇÃO À

REFORMA DE POMARES

Fernando Eduardo Amado Tersi

Manejo do solo e plantasdaninhas na citricultura: daimplantação à reforma de

pomares

JaboticabalFunep2001

Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição eTratamento da Informação - Serviço Técnico de Biblioteca eDocumentação

2001Proibida a reprodução total ou parcial.

Os infratores serão punidos na forma da lei.FUNDAÇÃO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM AGRONOMIA,

MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA - FunepVia de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n

14884-900 - Jaboticabal - SPTel.: (16) 3203-1322 / Fax: (16) 3203-2852

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Copyright ©: Fundação de Estudos e Pesquisas em Agronomia,

Medicina Veterinária e Zootecnia - Funep

Impressão e acabamento: Funep

Tersi, Fernando Eduardo Amado t 331m Manejo de solo e plantas daninhas na citricultura

da implantação à reforma de pomares. Jaboticabal: Funep, 2001 34p; 21cm. -- (Boletim Citrícola)

1. Citros-Manejo do solo. 1. Titulo

CDU - 631.4: 634.3

Manejo do solo e plantas daninhas na citricultura: daimplantação à reforma de pomares.

Autor : Fernando Eduardo Amado Tersi, nascido em1967, é Engenheiro Agrônomo pela ESALQ-USP-

Piracicaba, Mestre e Doutor em Agronomia pela FCAV-Unesp-Jaboticabal e Especializando em Administração de

Empresas pela FEA-USP-Ribeirão Preto.

ÍNDICE

1. Introdução.................................................................12. Impacto do manejo de solo no custo de produção....23. Preparo do solo na implantação de pomares..........54. Manejo do solo e de plantas daninhas na condução de pomares................................................................11

4.1. Alguns trabalhos sobre manejo de solo reali zados em citros................................................114.2. Um trabalho de longa duração em manejo de solo e plantas daninhas em citros em São Paulo...............................................................154.2.1. Tratamentos testados...................................154.2.2.Principais resultados obtidos....................19

4.2.2.1. Desenvolvimento....................194.2.2.2. Produtividade...........................194.2.2.3. Análises químicas de solo e de

plantas.....................................214.2.2.4. Qualidade do suco produzido.234.2.2.5. Influência dos tratamentos nas

características físicas do solo..245. Preparo do solo em replantas.................................295.1. Replantar ou reformar: uma decisão estratégica e financeira................................................................295.2. Manejo de solo em replantas..................................306 Conclusões................................................................317. Literatura citada......................................................328. Agradecimentos..........................................................34

1. Introdução

O Brasil ocupa posição de destaque no negócio citrícola

mundial, pois apresenta a maior produção de laranja e a maior

exportação de suco cítrico congelado concentrado. O Estado

de São Paulo detém cerca de 85% da produção citrícola do país,

e entre os produtos vegetais, a laranja encontra-se em terceiro

lugar em área agrícola ocupada no estado, com aproximada-

mente um milhão de hectares, e o segundo lugar em renda

bruta, com exportações de suco e derivados que vêm atingindo

mais de US$ 1,0 bilhão/ano (NEVES et al., 1992).

A citricultura brasileira cresceu e tornou-se a maior do

mundo alicerçada na capacidade de trabalho e articulação de

toda a cadeia produtiva, representada por citricultores, indús-

tria, pesquisadores, técnicos, cooperativas, revendas, trabalha-

dores rurais e transportadores. A capacidade de trabalho das

pessoas envolvidas na citricultura nacional é tamanha, que

mesmo nos momentos de crises de preços baixos, o setor sou-

be encontrar os caminhos necessários para contornar as dificul-

dades com muita criatividade.

O cultivo de cítricos no país apresenta inúmeras vantagens

comparativas em relação a seus concorrentes internacionais, de-

vidas principalmente a não obrigatoriedade de irrigação, ausên-

cia de fortes geadas ou mesmo grandes limitações físicas de solo,

como má drenagem, ou químicas de solo, como salinidade ou

sodicidade. Apesar disso, a produtividade cítrica brasileira ainda

é muito baixa, ao redor de 2,0 caixas/planta.

1

Os motivos dessa baixa produtividade dos pomares brasi-

leiros estariam relacionados a: existência de alta proporção de

pomares que ainda não atingiram plena produção ou encon-

tram-se com produção marginal; espaçamento muito largo; falta

de tratamentos fitossanitários; adubação e correção de acidez

do solo inadequadas; incidência do declínio e praticas cul-

turais inadequadas (MALAVOLTA & VIOLANTE NETO, 1998).

Um correto manejo químico e físico do solo é fator

condicionante para obtenção de produtivedade cítrica eco-

nomicamente viáveis, na medida em que o uso inadequado

do solo pode resultar no comprometimento de sua capaci-

dade produtiva.

Este trabalho tem como objetivo principal indicar os

métodos de manejo de solo e plantas daninha que melhor

se adequam, na atualidade, à implantação, à condução e ao

replantio de pomares cítricos.

2. Impacto do manejo de solo no custo de produção

O manejo do solo apresenta um baixo impacto direto

no custa de produção de pomares cítricos. Como a citricultura

destina a maior parte de sua produção à exportação, e os

contratos de venda de frutas são efetuados, na sua maior

parte, em dolar americano, a orçamentação e o acompa-

nhamento dos custos de produção de citros são normal-

mente efetuados também em dólar.

O custo de produção para pomares já implantados,

encontra-se, em média, para as condições do Estado de São

2

3

Paulo, ao redor de um mil dólares por hectare. A distribui-

ção desses custos em cada conta encontra-se relacionada na

Tabela 1.

Na Figura 2 pode ser verificado que dentro conta

insumos a maior parte refere-se a defencivos agrícolas, com

serca de 13% do custo total de produção, seguidos de fertili-

zantes de solos e foliares, com 11% do custo total de produ-

ção, e herbicidas, com 2% do custo de produção.

Figura 1. Exemplos de distribuição percentual dos cus-

tos de produção de citros, de uma fazendo de produção, na

região centro/norte do Estado de São Paulo.

Figura 2. Exemplo de distribuição percentual dos cus-

tos de insumos em uma área de produção de citros, de uma

fazenda em produção, na região centro/norte do Estado de

São Paulo.

O custo de manejo de plantas daninhas em pomares

implantados é obtido somando-se os valores de mão-de-obra

aos de herbicidas e aos custos de hora-máquina (custos diretos

+ depreciação) dos equipamentos utilizados. Um resumo des-

tes valores é apresentado na Tabela 1, que simula o custo de

utilização de diversos métodos de manejo de solo e plantas

daninhas com sua respectiva freqüência anual de uso. Pode-se

notar, avaliando-se os dados da Tabela 1, que o uso apenas

de roçadeira, com uma freqüência de 4 vezes durante o ano

agrícola, vai ocasionar o maior custo de manejo de plantas

daninhas em pomares implantados; a gradeação, também com

uma freqüência de 4 vezes durante o ano agrícola, tem o

menor valor direto no custo, e o uso de herbicida, um valor

intermediário no custo total de manejo e plantas daninhas.

Apesar das diferenças no custo de produção de cada

modalidade de manejo indicada na Tabela 1, cabe ressaltar

que, para um custo total de produção de um mil dólares, a

escolha de qual método de manejo a ser adotado terá um

baixo impacto no custo global de produção.

A escolha de um ou outro método de manejo de solo

representará uma redução de no máximo 48 dólares por hec-

tare quando se compara o maior valor, obtido pela roçadeira

cruzada, com o menor valor, representado pela grade cruza-

da, o que indica, com certeza, que a escolha do método de

manejo de plantas daninhas deve sempre ocorrer pela possibi-

lidade de outros retornos, tais como produtividade, proteção

do solo, etc., e não pelo custo do método em si.

4

Tabela 1. Custo em dólares/hectare de vários métodos de

manejo de plantas daninhas utilizados em pomares em pro-

dução.

3. Preparo do solo na implantação de pomares

Os maiores investimentos em manejo do solo, para

reduzir eventuais camadas compactadas do solo e incorpo-

rar corretivos e fertilizantes fosfatados ao solo, devem ocor-

rer na implantação dos pomares. É na implantação que

ocorrem, normalmente, as maiores falhas de manejo quími-

co e físico dos pomares cítricos. Essas falhas de implanta-

ção, na maioria das vezes, são de difícil solução, e a

minimização de seus efeitos é normalmente muito cara para

os citricultores.

As principais falhas que ocorrem na implantação, que

devem ser evitadas, são as seguintes:

• plantio de pomares cítricos logo após a retirada de

outros pomares;

• preparo superficial do solo;

• inversão de operações;

Método (número de aplicações/ano agrícola)

Custo

(US$/ha)

Índice valor

Roçadeira cruzada ( 4 ) 88 100

Herbicida na linha (2) + Roçadeira na entrelinha (4) 76 86

Rotativa na linha (2) + Grade na entrelinha (4) 70 79

Herbicida na linha (2) + Grade na entrelinha (4) 60 68

Carpa em faixa sob a copa das plantas (4) 60 68

Herbicida em área total (2) + Herbicida na entrelinha(1) 46 52

Grade cruzada (4) 40 45

5

• incorporação rasa de calcário;

• ausência de aplicação de fertilizante fosfatado no

sulco de plantio;

• ausência de descompactação das paredes e do fun-

do do sulco de plantio;

• plantio da muda cítrica muito fundo no sulco de

plantio;

Algumas vezes, no decorrer do processo de produção

de cítricos, as decisões indicadas pelos técnicos que traba-

lham no setor são deixadas pelos produtores/empresários

em segundo plano, e opta-se por uma decisão de reforma

que leva em conta aspectos eminentemente econômico-fi-

nanceiros de mercado.

A retirada de pomares velhos e o plantio de novas

mudas logo em seqüência, em alguns casos, pode ser uma

decisão acertada do ponto de vista estratégico para o negó-

cio, devido a uma maior precocidade no retorno de uma

determinada área em produção de frutos cítricos; apesar

disso, o plantio seqüencial de pomares tem ocasionado fra-

cassos recorrentes em termos de produção das plantas, de-

vido à elevada incidência de gomose, larvas e nematóides

nas raízes das mudas novas em muitos áreas onde se efe-

tuou o plantio logo após a retirada de plantas adultas.

Para minimizar os efeitos negativos de plantios

seqüenciais é muito recomendável o plantio de adubos ver-

des em área total ou culturas anuais por pelo menos um ano

agrícola.

6

O preparo superficial do solo na implantação pode ser

facilmente resolvido quando se utilizam, no preparo, equipa-

mentos que trabalham a uma profundidade de no mínimo 30

cm. A maioria das empresas produtoras de cítricos em São

Paulo tem trabalhado com o uso de arados. Os arado de

disco e de aiveca devem ser utilizados no preparo do solo,

inclusive para a incorporação inicial de calcário.

A inversão de operações é a utilização de grade pesada

logo após a aração; tal fato causa uma compactação superfici-

al do solo a 20 cm de profundidade, principalmente em solos

argilosos, de difícil solução posterior. A inversão de opera-

ções é evitada respeitando-se a seguinte seqüência de prepa-

ro convencional do solo: grade pesada, aração, grade leve.

É importante ressaltar que as plantas daninhas ajudam

muito na conservação do solo e podem ser manejadas no

pré-plantio, após a seqüência convencional preconizada de

manejo do solo, de várias outras formas, excluindo-se facil-

mente o uso grade, por meio da utilização de herbicidas na

faixa de plantio ou roçadeiras, com sulcação direta em cima

da palha dessas plantas daninhas.

A fase de implantação dos pomares é o momento

ideal de incorporação profunda de corretivos no solo. Em

observações de campo através da abertura de trincheiras

de 1,0 metro de profundidade, no sentido perpendicular

às linhas de plantio, é muito comum obervar-se a restri-

ção do desenvolvimento do sistema radicular, principal-

mente em solos álicos corrigidos superficialmente (Foto

4), indicada pela presença de pouco volume de raízes em

profundidade, quando comparada à avaliação do

7

sistema radicular em trincheiras localizadas em solos eutróficos

(Foto 3), de maior fertilidade natural, ou que receberam cor-

reção e fertilizante fosfatado em boa quantidade e maior

profundidade.

A descompactação do fundo do sulco é outro item

muitas vezes esquecido em condição de campo. A

descompactação é facilmente efetuada por subsoladores de

três hastes, posicionando-se uma haste no fundo do sulco e

duas outras hastes nas paredes laterais do sulco. Outros equi-

pamentos mais pesados, e que, portanto, necessitam de tra-

tores de maior potência para tracionamento, também podem

ser construídos para tal finalidade; um modelo desse equi-

pamento pode ser visto na Foto número 2.

Foto 1. Grade pesada: sua utilização deve seguir, nor-

malmente a seqüência de preparo: grade pesada-aração-gra-

de leve. (foto do autor).

Foto 2. Equipamento “pesado” para incorporação de

fertilizante fosfatado e descompactação das paredes e fundo

do sulco de plantio (foto do autor).

8

9

Foto 3: Ocupação de raízes de maneira intensa ao lon-

go do perfil de solo com boa fertilizade natural. (foto:

Cambuhy Agrícola).

Foto 4: Ocupação de raízes de laranjeiras de maneira

insuficiente ao longo do perfil do solo. (foto: Cambuhy Agrí-

cola).

Foto 5: Manejo de solo correto no momento da sulcação.

Observar presença de palhada na área de plantio (foto :

autor).

Foto 6 : Sulcos de plantio já estaqueados, prontos para

receber a muda cítrica (foto: autor).

Foto 7: Manejo de solo incorreto imediatamente após

o plantio = pé-de-grade com erosão próxima à muda cítrica.4. Manejo do solo e de plantas daninhas na con dução de pomares

4.1. Alguns trabalhos sobre manejo de solo reali zados em citrus

Um dos trabalhos pioneiros sobre manejo de plantas

daninhas em citros foi efetuado por RODRIGUEZ (1969),

que estudou os efeitos na produtividade de uma laranjeira

Hamlin, dos seguintes tratamentos: solo vegetado com plan-

tas daninhas, solo com adubação verde e plantas daninhas

ceifada na águas e limpo na seca. O autor concluiu que as

maiores produções foram obtidas para o tratamento que

mantinha o solo sem a interferência de plantas daninhas na

10

seca, mas com adubação verde de feijão-guandu e soja-

perene na época das chuvas.

Além dos efeitos na produtividade das plantas cítricas

é importante a observação dos efeitos de cultivos em outros

parâmetros, pois cultivos inadequados e intensivos contribu-

em para a degradação das propriedades físicas do solo e

podem gerar uma camada compactada. Essas camadas po-

dem restringir o desenvolvimento do sistema radicular, além

da diminuição da infiltração de água no solo, deixando-o

susceptível à erosão.Para a cultura dos citros as principais causas de

compactação do solo são o uso de máquinas e implementos

agrícolas com o solo úmido ou encharcado, o excesso de

operações mecânicas que ocasionam a desestruturação físi-

ca do solo e a inversão de operações na implantação da

cultura, representadas, por exemplo, pela utilização de gra-

des pesadas após aração ou subsolagem que poderiam cau-

sar, principalmente em solos de textura argilosa, uma

compactação inicial de difícil solução posterior (TERSI & ROSA,

1995).A utilização de subsolagem, para quebra de camadas

compactadas, em pomares cítricos em produção (foto 08 e

09) tem sido cada vez menos recomendada e de uso extre-

mamente restrito. A subsolagem na entrelinha da cultura,

além de exigir tratores de elevada potência, por ser necessá-

ria sua realização no período seco do ano, descompacta

uma área que 1 ou 2 anos depois possui os mesmos valores

de densidade do solo que possuía antes da subsolagem. O

subsolador deve ser utilizado no sulco de plantio, na reforma

11

de algumas áreas e no preparo do solo em replantas, con-

forme será discutido posteriormente.

Foto 8. A utilização de subsolagem requer tratores de

elevada potência. (foto: autor).

Foto 9. Tipo de blocos compactados levantados da re-

gião do rodado das plantas após a subsolagem (foto: autor).

Objetivando a avaliação dos efeitos de diferentes siste-mas de manejos do solo sobre a produtividade de um po-mar de laranja Pera (Citrus sinensis(L.) Osbeck),VASCONCELLOS et al. (1976) procederam a ensaio com seistratamentos listados a seguir: capina manual, cobertura mor-ta com palha de capim-colonião, controle químico, gradagem,cobertura morta permanente de Pueraria javanica Benthe cobertura permanente verde de Centrosema pubescensBenth. Concluíram que o manejo com gradagem proporcio-nou maior produtividade, seguido do tratamento coberturamorta; frutos mais pesados foram obtidos no tratamento comcobertura morta.

12

A superioridade da cobertura morta em relação a ou-

tros oito tratamentos com grades de disco, adubos verdes,

aração e roçada foi demonstrada em experimentos realiza-

dos na Estação Experimental de Limeira, citados por CAE-

TANO (1980); o autor considera a cobertura morta como

uma opção de não cultivo antieconômica e inviável, pela

grande massa de cobertura morta que exigiria numa

citricultura de grandes áreas.

Em um experimento de 5 anos de duração com a vari-

edade Valência, JORDAN (1981) estudou os efeitos da inter-

ferência de espécies de plantas daninhas e concluiu que as

plantas, sem a interferência do mato, produziram uma mé-

dia de 70 kg de fruto/planta/ano. A maior competição do

mato resultou em menor produção. Quando não houve con-

trole do mato e havia Cynodon dactylon infestando a área,

a produção chegou a 15 kg de fruto/planta/ano.

No período de 1982 a 1985, DONADIO et al. (1986)

realizaram um ensaio de tratos culturais com a variedade

Hamlin, utilizando os tratamentos capina, herbicida de con-

tato, adubação verde, herbicida de pré-emergência e

gradeação. Concluíram que o tratamento herbicida de pré-

emergência foi o que proporcionou o maior crescimento

de diâmetro do tronco e maior produção. O pior resultado

obtido com relação à produção foi o tratamento com adu-

bação verde, seguido dos tratamentos capina e gradeação,

embora afirmassem que os dados fossem ainda prelimina-

res.

13

O teor de nitrogênio e a umidade dos frutos podem ser

reduzidos, de acordo com JORDAN (1992), quando as plan-

tas daninhas são deixadas crescer no pomar, especialmente

quando a quantidade utilizada pelas últimas não é compen-

sada. O decréscimo do nível de N e o déficit de umidade

resultam em folhas cloróticas e de fotossíntese reduzida.

Estudando os efeitos de diversos métodos de manejo

de plantas daninhas para a variedade cítrica Valência, TERSI

(1996) concluiu que apenas na quarta safra avaliada houve

redução de produção no tratamento com menor controle

de plantas daninhas em relação aos tratamentos herbicida

na linha e grade na rua e herbicida na linha e roçadeira na

rua.

Os autores Montenegro (1951) e Moreira (1983), cita-

dos por MOREIRA (1985), estudaram os sistemas radiculares

das laranjeiras Baianinha e Pera-Rio e encontraram, nos pri-

meiros 30 cm do solo, mais da metade das radicelas que

alimentam a planta. Verificaram ainda que em todas as ár-

vores estudadas a quantidade de radicelas foi maior na pro-

fundidade de 0 a 15 cm e que diminuía nos 15 cm seguin-

tes. Com relação à distância dessa distribuição em relação

ao tronco, todas as radicelas foram encontradas uniforme-

mente distribuídas até uma distância de 3,5 m. O autor con-

cluiu que há numerosas razões para que o manejo de solo

mais adequado fosse aquele que possibilitasse o menor corte

de radicelas possível, excluindo-se, portanto, a utilização

intensa de gradeações.

14

Estudando a distribuição de radicelas pelo “método do

trado”, GUSMÃO (1984) concluiu que 70% das radicelas en-

contravam-se nos primeiros 15 cm do solo e que cerca

de 75% dessas radicelas se situavam até 160 cm do tronco.

O autor não detectou diferenças significativas nas quanti-

dades de radicelas nos tratamentos com vários herbicidas

testados quando comparados à testemunha (capina manu-

al).

A distribuição do sistema radicular da planta cítrica e,

especialmente, das radicelas ativas na nutrição mineral é

muito importante para que se interpretem respostas da planta

cultivada a processos mecânicos de controle de plantas da-

ninhas, os quais, invariavelmente, mobilizam parcialmente

o solo (TUCKER & SINGH (1987)).

4.2. Um trabalho de longa duração em manejo de

solo e plantas daninhas em citros em São Paulo

4.2.1. Tratamentos testados

Com o objetivo de avaliar diversos métodos de ma-

nejo do solo e de plantas daninhas em um pomar de laran-

jeira Valência, TERSI (2001) realizou um experimento, im-

plantado em 1993 e conduzido até 2000, num pomar de

laranjeira Valência, plantado em 1991, tendo como porta-

enxerto o limoeiro Cravo e espaçamento de 7,5 metros en-

tre linha e 5,0 metros. O solo da área experimental foi clas-

sificado como Argissolo Vermelho Amarelo, distrófico, típi-

co. O delineamento experimental foi em blocos, com quatro

repetições.

15

Os tratamentos testados foram os seguintes:

• Herbicida na linha e roçadeira na rua: o herbicida utili-

zado em todos os tratamentos foi o glyfosate aplicado em pós-

emergência, na dose de 1,68 kg de ingrediente ativo/ha, apli-

cado com barra própria acoplada a um trator de 75 cv. A barra

possibilitou a obtenção de uma faixa tratada de dois metros e

dez centímetros de cada lado da planta, e consumo de calda

de 250 litros de água por hectare. A roçadeira utilizada em

todos os tratamentos foi a dupla, com dois conjuntos de facas,

que trabalhou a uma largura de faixa de três metros.

• Roçadeira na linha e roçadeira na rua: o trator caminha-

va inicialmente no sentido lateral à linha de plantas e depois

perpendicularmente entre plantas, com o objetivo de possibi-

litar o maior controle possível das plantas daninhas, tanto da

rua, quanto da linha.

• Herbicida na linha e grade na rua: a grade utilizada em

todos os tratamentos tinha controle hidráulico de profundidade

de trabalho e 2 eixos com 13 discos recortados de 18 polegadas

de diâmetro cada, e trabalhava a numa profundidade média

de 10 cm.

• Grade na linha e na rua : as gradeações foram iniciadas

paralelamente às linhas de plantas e a seguir perpendicular-

mente a estas, possibilitando um controle parcial das plantas

daninhas entre plantas.

• Rotativa na linha e grade na rua: a rotativa possuía uma

largura de corte de 1,6 metro na linha da planta, com 16 facas

dispostas em dupla, de 6 polegadas de diâmetro cada, e traba-

lhava lateralmente ao trator, à profundidade média de 5,0 cm.

16

• Herbicida na linha e na rua: o caminhamento da

barra era iniciado pelo controle na linha e depois na rua,

devido à inexistência, na propriedade, de equipamento que

possibilite as duas operações conjuntamente.

• Testemunha: neste tratamento a única atividade de

controle foi a retirada de plantas daninhas de hábito trepador,

quando necessário, pelo uso de enxada, direcionando-se o

controle especificamente para plantas daninhas de hábito

trepador .

Foto 10. Colheita de frutos cítricos com excesso de po-

pulação de plantas daninhas (foto: autor).

Foto 11. Equipamento nacional de aplicação de

herbicida em área total (foto: autor).

17

Foto12. Equipamento americano de aplicação de

herbicida em pós-e pré-emergência com sensor (foto: autor).

Foto 13. Poeira gerada por rotativa com o solo seco

(foto: autor).

Foto 14. Grade: Implemento que, associado com ex-

cesso de uso e alta umidade do solo, é excelente para a

compactação do leito de estradas (foto: autor).

4.2.2. Principais resultados obtidos

4.2.2.1. Desenvolvimento

As plantas cítricas apresentaram-se pouco susceptíveis a alte-

ração da altura pela influência dos tratamentos empre-

gados. Na Figura 3 pode-se constatar que há estreita

18

proximidade entre as médias dos valores encontrados em

cada tratamento, não havendo diferenças estatisticamente sig-

nificativas entre os tratamentos em nenhuma das safras ava-

liadas.

Figura 3. Efeito dos tratamentos no desenvolvimento

4.2.2.2. Produtividade

A competição das plantas daninhas com as plantas cítricas

não foi muito evidente até o terceiro ano da implantação do

experimento. A influência das plantas daninhas em termos de

redução da produtividade começou a ocorrer três anos após a

implantação do experimento e mostrou-se crescente até a sétima

safra. Na sétima safra avaliada, quando as condições de clima

em São Paulo foram extremamente favoráveis para a cultura,

a testemunha apresentou produtividade semelhante à dos

demais tratamentos, conforme ilustrado na Figura4.

Os dados acumulados das sete safras avaliadas no ex-

perimento são apresentados no Figura 5. Pode-se avaliar que,

apesar de não ter havido diferenças significativas entre os

tratamentos, o tratamento herbicida e roçadeira apresentou o

maior valor acumulado de produção de cítricos. Isso evidencia

que é plenamente possível a obtenção de produtividade

19

cítrica elevada sem a necessidade de uso dos equipamentos

grade e rotativa, que mobilizam superficialmente o solo.

Figura 4. Evolução da produtividade das plantas

Figura 5. Produtividade acumulada de sete safras

Um outro dado importante sobre a produção de frutos

cítricos é o conhecido efeito da “alternância de produção”,

efeito este que independe do produtor ou do técnico que

conduz a propriedade cítrica e que está relacionado com a

fisiologia da planta cítrica e o ano agrícola. O efeito da

alternância de produção é bastante evidente nas variedades

cítricas tardias Valência e Natal, não irrigadas, que normal-

mente não repetem uma elevada produção de frutas todos os

anos. O efeito da alternância de produção foi evidenciado no

Produção Acumulada(kg) - sete safras

807 a782 a 745 a

723 a 715 a 712 a

581 b

500

600

700

800

900

Herb x

Gra

Herb X

Her

b

Gra x

Gra

Rot x g

ra

Teste

munha

20

experimento após a safra 95/96, quando as plantas cítricas

entraram em produção plena, e foi significativo a 1% de pro-

babilidade e encontra-se apresentado na Figura 6.

Figura 6. Efeito da alternância de produção, após a safra

95/96, na produtividade global média do experimento.

4.2.2.3. Análises químicas de solo e de plantas

Os equipamentos grade e rotativa, que mobilizam o solo

e que deixam o solo mais susceptível à erosão e a dissemina-

ção de pragas e doenças no talhão, não contribuíram para um

aumento de fósforo e cálcio nas camadas mais superficiais do

solo, diferentemente de outros autores que constataram mai-

ores teores de fósforo na camada superficial de solos subme-

tidos aos sistemas de preparo reduzido e plantio direto em

relação ao sistema convencional (CENTURION, 1985; DE

MARIA & CASTRO, 1993).

Os valores de alguns atributos de solo avaliados são

apresentados no Figura 7, onde é ilustrado que os valores de

percentagem de saturação por bases não apresentaram dife-

renças estatisticamente significativas, com exceção da pro

Produtiv idade: efeito da idade e alternância

61.88

47.63

117.4105.62

161.9

100.09

129.09

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

93/94 94/95 95/96 96/97 97/98 98/99 99/00

Pro

du

ção

( k

g/p

lan

ta)

21

fundidade de 0-10 cm na projeção da copa, entre os trata-

mentos para as profundidades avaliadas, indicando que os

tratamentos não tiveram efeito significativo na incorporação

do calcário aplicado anualmente no experimento.

Figura 7 de saturação por bases na projeção da copa

As análises químicas das folhas mostraram que os teores dos

macronutrientes fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre não

apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre os tra-

tamentos testados. Isso demonstrou que a incorporação do correti-

vo e do fertilizante N-P-K, aplicados na superfície do solo por meio

dos tratamentos grade na linha + grade na rua e rotativa na linha +

grade na rua, não incrementou os níveis foliares de P, K, Ca e Mg

aplicados, conforme pode ser verificado na Figura 8.

Os menores valores foliares de nitrogênio foram encontra-

dos para os tratamentos-testemunha, devido à elevada competição

exercida pelas plantas daninhas, e para o tratamento roçadeira na

linha + roçadeira cruzada, que apresenta sempre plantas daninhas

em desenvolvimento imediatamente após o término do controle.

22

Figura 8. Teores foliares de macronutrientes

4.2.2.4. Qualidade do suco produzido

Os índices tecnológicos não apresentaram influência

pelo efeito das tratamentos testados. Houve uma tendência

de maior quantidade de sólidos solúveis por caixa de laranja

da variedade Valência, e, portanto, uma menor quantidade

de caixas necessárias para realizar uma tonelada de suco

concentrado quando as frutas foram colhidas no mês de

dezembro, com maior acúmulo de brix, menor acidez e mai-

or “ratio” .

4.2.2.5. Influência dos tratamentos nas caracterís

ticas físicas do solo

A análise dos resultados da distribuição do tamanho

dos agregados indicou que houve um maior percentual de

agregados, para todos os tratamentos, para agregados gran-

des, maiores que 4,0 mm.

23

A determinação da distribuição do tamanho dos agre-

gados no solo é importante, pois a sua dimensão dá uma

idéia da susceptibilidade deste à erosão e também quanto

ao espaço poroso dos solos cultivados. O tamanho dos po-

ros afeta o movimento de distribuição da água e do ar no

perfil do solo, que se constitui, entre vários fatores, num do

mais importantes para o desenvolvimento das plantas

(SCHOSSER, 1992)

Pode-se verificar, pelos dados apresentados no gráfico

09, que houve redução no percentual de agregados maiores

que 4,0 mm para o tratamento rotativa na linha e grade na

rua, em relação aos demais tratamentos mais conservativos

de solo, em relação ao impacto da água de chuva e posteri-

or desagregação do solo, herbicida na linha e roçadeira na

rua, roçadeira na linha e na rua e herbicida na linha e

herbicida na rua, indicando que o tratamento rotativa “pul-

verizou” o solo na profundidade de 0-5 cm.

Na profundidade de 5-10 cm a redução para o trata-

mento rotativa não se apresentou significativa. Para o trata-

mento grade na linha e grade na rua houve uma redução

significativa do percentual de agregados maiores que 4,0

mm em relação ao tratamento roçadeira na linha e na rua,

indicando que a grade atuou reduzindo o tamanho de agre-

gados maiores que 4,0 mm até a profundidade de 5 a 10 cm.

Os valores de densidade do solo apresentaram dife-

renças estatisticamente significativas apenas na posição da

copa das plantas e na profundidade de 0-10 cm. Os valores

de densidade apresentaram-se superiores, para todos os tra-

24

tamentos, no rodado e meio de rua quando comparados

com os valores encontrados na copa.

Resultados semelhantes foram obtidos por Silva et alii,

citados por DEMATTÊ & VITTI (1992), que, estudando os

atributos densidade, porosidade total, macroporosidade e

resistência do solo à penetração de solos sob cultivo de citros,

localizados na região de Matão-SP, verificaram que há uma

redução da porosidade total e conseqüente aumento da den-

sidade na posição do rodado e da entrelinha.

O tratamento rotativa na linha e grade na rua apresen-

tou valor de densidade do solo significativamente superior

na posição da copa em relação aos tratamentos roçadeira na

rua e roçadeira na linha, herbicida na linha e grade e na

rua, grade na linha na rua e testemunha, indicando que o

tratamento com rotativa na linha, além de reduzir a quanti-

dade de macroagregados no solo, aumentou a densidade na

superfície do mesmo. O tratamento grade cruzada ,no qual

se esperava uma maior densidade na profundidade de 0-10

cm na posição da copa que os demias tratamentos, apresen-

tou uma menor densidade de solo que a gerada pela rotativa

e herbicida área total.

Figura 9. Influência dos tratamentos nos macroagregados

do solo

25

26

Há de se esperar que solos submetidos a cultivo não

mantenham as características físicas originais, mas deve-se

procurar manejá-los de modo a alterar o mínimo possível

essas características, especialmente aquelas que afetam a in-

filtração e retenção de água, porosidade e agregação

(CENTURION, 1988).

Foto 15: Efeito do má conservação de solo em poma-

res (foto: autor).

Na citricultura, onde o trânsito de máquinas e

implementos é intenso, com mais de 15 operações tratorizadas

num mesmo ano (Fotos 16, 17 e 18) agrícola, espera-se que

exista redução de porosidade total, principalmente no roda-

do das máquinas e implementos.

Fotos 16 e 17. Exemplos da utilização de equipamen-

tos na citricultura: pulverização tratorizada e aplicação de

calcário (foto: autor).

27

Foto 18. Colheita no período chuvoso. O

direcionamento do trânsito é fundamental para a redução

da compactação (foto: autor)

Houve redução na porosidade total no tratamento

rotativa na linha e grade na rua na profundidade de 0-10 cm

na posição copa, em relação aos tratamentos grade na linha

e grade na rua e roçadeira na linha e roçadeira na rua, isso

pode ser explicado pela mobilização de solo causada pelas

enxadas rotativas, desestruturando superficialmente o solo.

Na posição do rodado ocorreu acentuada redução da

macroporosidade pelo trânsito de máquinas para todos os

tratamentos e nas três profundidades avaliadas, quando com-

parados à copa, que é uma região de menor trânsito de

máquinas e implementos.

A importância da macroporosidade refere-se ao fato

de que a sua redução, além de provocar redução do sistema

radicular das plantas cítricas, pode também diminuir a quan-

tidade de água prontamente disponível no solo, podendo

acarretar sensível redução na absorção de nutrientes pelas

plantas, mesmo naquelas que estão recebendo uma nutrição

adequada (MAZZA, 1994).

Figura 10. Efeito dos tratamentos na densidade do solona profundidade de 10 cm na projeção da copa das plantas.

Pelas características dos equipamentos e das deman-

das de manejo de fertilizantes, tratos culturais e fitossanitários

requeridas pela citricultura atual, fica difícil reduzir o trânsito

de máquinas na atividade. Restaria ao citricultor as opções

de evitar trabalhar com o solo úmido ou encharcado, manter

a vegetação no solo e direcionar o trânsito na colheita dos

frutos cítricos para minimizar os efeitos nocivos de redução

de produtividade que a redução da macroporosidade no

rodado e no meio de rua da cultura possam causar.

5.Preparo do solo em replantas

5.1 Replantar ou reformar: uma decisão estratégica e financeira

A mortalidade precoce de plantas cítricas em um ta-

lhão ocorre na citricultura paulista e americana (Foto 19) de

uma maneira intensa por vários motivos. Os principais fato-

res estão relacionados à susceptibilidade diferencial dos por-

ta-enxertos, à incidência de declínio, à ocorrência de gomose,

à tristeza e ao excesso de umidade no solo devido a má

28

drenagem.

A decisão de replantar ou não um determinado talhão

deve ser feita de uma maneira muito criteriosa para não

gerar perdas de receita ao citricultor no longo prazo.

Independentemente da taxa de mortalidade do talhão

de 5, 10 ou 15% ao ano, a decisão de replantar deixará o

mesmo, num universo de dez anos de safra, com a mesma

produtividade, que existia no primeiro ano avaliado. Portan-

to, um talhão que apresenta uma baixa produtividade, de

500 caixas/hectare, se for anualmente replantado irá ficar

com as mesma produtividade ao longo dos dez anos seguin-

tes, conforme ilustrado no Figura 11.

Figura 11. Evolução da produtividade de um talhãocom mortalidade de 5% ao ano, ao longo de 10 safrasconsecutivas, comparando-se a decisão de replantar com areforma do talhão inteiro.

5.2. Manejo de solo em replantas

Quando o citricultor optar pela decisão de replantar

um determinado talhão na propriedade, ele deverá preparar

adequadamente o solo que receberá a muda. O uso de

Produção de cada safra (caixas/ha) - 5% mortalidade

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Ano

Cx

/ha Replantar

Reform ar

29

subsolador na replanta é fundamental no preparo do solo

para replanta (Foto 20). O manejo correto do vão onde a

replanta vai ser colocada é o seguinte:

• retirada da planta morta;

• subsolagem, perpendicular à linha de plantio, do vão;

• catação manual de raízes;

• sulcação, o mais fundo possível, no sentido perpen

dicular a linha de plantio;

• aplicação de adubo fosfatado nas paredes e no fundo

do sulco;

• subsolagem, com subsolador de 3 hastes, das pare

des e do fundo do sulco;

• plantio raso da muda cítrica.

Foto 19. A necessidade de reformar ou replantar poma-res é um fenômeno global. Pomares do sul da Flórida (E.U.A)com elevada mortalidade de plantas cítricas (foto: autor).

Foto 20. Preparo do solo com subsolador no local quereceberá uma nova muda cítrica (foto: autor).

30

6. Conclusões

Os maiores investimentos em manejo físico e químico

do solo devem ser efetuados na implantação da cultura.

Eventuais erros na implantação são muitas vezes de solução

difícil, e extremamente onerosas para o citricultor.

O tipo de manejo de solo que o citricultor adota tem

baixo impacto no custo de produção e, conseqüentemente,

em seu orçamento anual.

A decisão de reformar um talhão inteiro ou replantá-lo

deve levar em conta aspectos de retorno financeiro. A

replanta necessita de cuidados especiais de manejo de solo

na implantação, para que possa expressar todo o seu po-

tencial produtivo.

A utilização de herbicida e roçadeira, além de conser-

var melhor o solo, apresenta, ao longo do tempo, produtivi-

dade igual ou superior ao uso de grade ou rotativa, o que

demonstra que mesmo na ausência de revolvimento ou

mobilização do solo é possível a obtenção de produtivida-

de cítrica elevada.

7. Literatura citada

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151-165

8. Agradecimentos

• Ao Prof. Dr. Luiz Carlos Donadio, pelo estímulo para

a realização deste trabalho.

• Aos professores do curso de pós-graduação em Agro-

nomia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias –

Campus de Jaboticabal, pelo conhecimento compartilhado.

• À Diretoria da Branco Peres –Divisão Agrícola, por

acreditar na importância da pesquisa citrícola aplicada.

• Ao agricultor Laerte Sgarbi e família, do município de

Itápolis-SP, por fornecer, durante sete anos, a área experi-

mental para a realização do trabalho

• Ao Engenheiro Agrônomo e agricultor Paulo de Araú-

jo Rodrigues, de Guariba-SP, pela amizade, e por sempre

acreditar no retorno financeiro do uso da tecnologia e da

pesquisa agrícola brasileira.

34