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ANO 13 - NÚMERO 1 JANEIRO/MARÇO DE 2016 m 21 de novembro de 2015, a nova diretoria da Academia tomou posse em reunião festi- va na Associação Médica do Paraná, e diz-se nova diretoria por força de expressão porque na reali- dade os últimos anos da Academia Paranaense de Medicina, vem tendo uma sucessão de direto- res, os quais não abandonaram projetos anterio- res (como políticos o fazem) mas sempre deram seguimento às boas obras. É o que fazemos ago- ra, elogiando muito os que nos antecederam pois além de tudo que tem sido feito adquiriu a nova Diretoria um viés político, seguindo assim o que todas Acade- mias do Brasil tem feito e orientado, desde que é atribuição da Academia Paranaense de Medicina, (Estatutário) relatar e participar da história política de nosso País, sempre recordan- do que a tutelagem das atitudes médicas cabe aos Conselhos Regionais de Medicina, os aspectos financeiros cabem aos Sindicatos e aquilo que tange às condições associativas, cabe às Associações Médicas. Já no mesmo dia da posse solene no auditório da Associação Médica do Paraná houve Um festivo almoço “Natalino” com homenagem prestada ao excepcional cirurgião plástico, Doutor José Candido Muricy, o qual foi es- colhido como “Médico Destaque de 2015”. Foram ouvidas as palavras de agradecimento do mesmo e após, nos brindou com comovente oração o Acadêmico Titular Professor Doutor Miguel Abboud Hanna Sobrinho o qual referiu-se com grande sentimento e propriedade ao “Nascimento do Menino Jesus”. Ou seja, sobre o Natal. A seguir os Acadêmicos e seus familiares participaram de muito bem elaborada refeição comandada pelo “Cheff” Milton, da Associação Médica do Paraná. Na sequência de atividades, no dia 24 de novembro, houve interessantíssima palestra, durante o “Picadinho Cultural”, pro- ferida pelo brilhante Procurador, Professor Delton Dallangnol, o qual abordou detalhes da vergonha que assola nosso País, ou sejam, os crimes da “Operação Lava Jato”. Aplaudidíssimo, respondeu perguntas dos presentes e apresentou seu De- cálogo ao discorrer sobre “A Sociedade Contra a Corrupção”. Tivemos no dia 04 de dezembro, a presença na Associação Médica do Paraná do Acadêmi- co Titular Professor Doutor Reginaldo Werneck Lopes, o qual entre incontáveis Acadêmicos, Amigos e Familiares lançou seu mais recente livro “Os Lipídios” o qual foi recebido como melhor trabalho sobre o assunto. Após férias, iniciamos atividades de 2016, através de nosso Picadinho Cultural, ouvindo em 23 de fevereiro de 2016, muito esclarecedora palestra, proferida pelo Acadêmico Honorário Pro- fessor Doutor Paulo César Andrigueto sobre “A Primeira Guerra Mundial” – as Dolomitas – foi muito elogiado pelo seu conheci- mento e didática. Em 29 de março, foi a vez do Acadêmico Titular Professor Doutor Sergio Pitaki, nos entreter, com muito saber e experiên- cia sobre “Usufruir das Viagens em Duas Rodas”. Desnecessário dizer dos inúmeros questionamentos que teve sobre tais aven- turas. Excelente. Inovando na Academia, teve inicio novo programa, “Confe- rências Oftalmológicas”, proferidas pelo profundo conhecedor dos olhos, Acadêmico Emérito Professor Doutor Carlos Augusto Moreira, o qual foi aclamado por ter atingido com excepcional qualidade seu desiderato. Assim e em “Vole D’Oiseau” demos por iniciadas as ativida- des da atual diretoria da Academia Paranaense de Medicina a qual nada mais é do que uma sequência do que de bom tem sido feito pelos que nos antecederam. Aristides de Athayde Neto Presidente da Academia Paranaense de Medicina EDITORIAL E

Boletim da Academia Paranaense de Medicina - junho de 2016

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Informativo oficial da Academia Paranaense de Medicina

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Page 1: Boletim da Academia Paranaense de Medicina - junho de 2016

Boletim da academia Paranaense de medicina

ANO 13 - NÚMERO 1 JANEIRO/MARÇO DE 2016

m 21 de novembro de 2015, a nova diretoria da Academia tomou posse em reunião festi-

va na Associação Médica do Paraná, e diz-se nova diretoria por força de expressão porque na reali-dade os últimos anos da Academia Paranaense de Medicina, vem tendo uma sucessão de direto-res, os quais não abandonaram projetos anterio-res (como políticos o fazem) mas sempre deram seguimento às boas obras. É o que fazemos ago-ra, elogiando muito os que nos antecederam pois além de tudo que tem sido feito adquiriu a nova Diretoria um viés político, seguindo assim o que todas Acade-mias do Brasil tem feito e orientado, desde que é atribuição da Academia Paranaense de Medicina, (Estatutário) relatar e participar da história política de nosso País, sempre recordan-do que a tutelagem das atitudes médicas cabe aos Conselhos Regionais de Medicina, os aspectos financeiros cabem aos Sindicatos e aquilo que tange às condições associativas, cabe às Associações Médicas. Já no mesmo dia da posse solene no auditório da Associação Médica do Paraná houve Um festivo almoço “Natalino” com homenagem prestada ao excepcional cirurgião plástico, Doutor José Candido Muricy, o qual foi es-colhido como “Médico Destaque de 2015”. Foram ouvidas as palavras de agradecimento do mesmo e após, nos brindou com comovente oração o Acadêmico Titular Professor Doutor Miguel Abboud Hanna Sobrinho o qual referiu-se com grande sentimento e propriedade ao “Nascimento do Menino Jesus”. Ou seja, sobre o Natal.

A seguir os Acadêmicos e seus familiares participaram de muito bem elaborada refeição comandada pelo “Cheff” Milton, da Associação Médica do Paraná.

Na sequência de atividades, no dia 24 de novembro, houve interessantíssima palestra, durante o “Picadinho Cultural”, pro-

ferida pelo brilhante Procurador, Professor Delton Dallangnol, o qual abordou detalhes da vergonha que assola nosso País, ou sejam, os crimes da “Operação Lava Jato”. Aplaudidíssimo, respondeu perguntas dos presentes e apresentou seu De-cálogo ao discorrer sobre “A Sociedade Contra a Corrupção”.

Tivemos no dia 04 de dezembro, a presença na Associação Médica do Paraná do Acadêmi-co Titular Professor Doutor Reginaldo Werneck Lopes, o qual entre incontáveis Acadêmicos, Amigos

e Familiares lançou seu mais recente livro “Os Lipídios” o qual foi recebido como melhor trabalho sobre o assunto.

Após férias, iniciamos atividades de 2016, através de nosso Picadinho Cultural, ouvindo em 23 de fevereiro de 2016, muito esclarecedora palestra, proferida pelo Acadêmico Honorário Pro-fessor Doutor Paulo César Andrigueto sobre “A Primeira Guerra Mundial” – as Dolomitas – foi muito elogiado pelo seu conheci-mento e didática.

Em 29 de março, foi a vez do Acadêmico Titular Professor Doutor Sergio Pitaki, nos entreter, com muito saber e experiên-cia sobre “Usufruir das Viagens em Duas Rodas”. Desnecessário dizer dos inúmeros questionamentos que teve sobre tais aven-turas. Excelente.

Inovando na Academia, teve inicio novo programa, “Confe-rências Oftalmológicas”, proferidas pelo profundo conhecedor dos olhos, Acadêmico Emérito Professor Doutor Carlos Augusto Moreira, o qual foi aclamado por ter atingido com excepcional qualidade seu desiderato.

Assim e em “Vole D’Oiseau” demos por iniciadas as ativida-des da atual diretoria da Academia Paranaense de Medicina a qual nada mais é do que uma sequência do que de bom tem sido feito pelos que nos antecederam.

Aristides de Athayde NetoPresidente da Academia Paranaense de Medicina

EditoriAlE

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Diretoria para o biênio 2016/2017

n Presidente Aristides de Athayde Neto

n Vice-PresidenteAvelino Ricardo Hass

n Secretário GeralJurandir Marcondes Ribas Filho

n Secretário AdjuntoAntonio Carlos Corrêa Küster Filho

n Primeiro TesoureiroSérgio Brenner

n Segundo TesoureiroLuiz Carlos Pereira

n Primeiro Diretor CientíficoValdir de Paula Furtado

n Segundo Diretor AcadêmicoSérgio Bruno Bonatto Hatschbach

n Diretor SocialRenato Araújo Bonardi

n Diretor de PublicaçãoNicolau Gregori Czeczko

n Diretor de PatrimônioAcelino Corrêa Bueno Filho

n Conselho FiscalTitulares

Bruno Maurízio GrilloHélio GerminianiSergio Fonseca Tarlé

SuplentesJoão Batista MarchesiniSanito Wilhelm RochaEhrenfried Othmar Wittig

Representantes junto à Academian Diretor de Expansão

José Fernando Macedon Diretor de Relações Internacionais

Guilberto Minguettin Diretor de Relações Institucionais

Miguel Ibraim Abboud Hanna Sobrinhon Diretor de Relações Nacionais

Sérgio Augusto de Munhoz Pitakin Diretor de Memória

Carlos Ravazzani

n Secretária da AcademiaHilda Hintz

n Design GráficoPedro Luis Vieira

NotAs E EvENtos

PiCAdiNHo CUltUrAl

ExpedienteAcademia Paranaense de Medicina Rua Cândido Xavier, 575 - 80.240-280 - Curitiba - PR Fone/Fax: (41) 3242-9394. E-mail: [email protected]

O Boletim da Academia Paranaense de Medicina é uma edição trimestral da Academia Paranaense de Medicina, com tiragem de 1.000 exemplares. Cartas, sugestões, contribuições devem ser encaminhadas para a APM, no endereço ao lado.

BolEtiM dA ACAdEMiA PArANAENsE dE MEdiCiNA2

ACAdEMiA PArANAENsE dE MEdiCiNA

Posse da nova Diretoria da Academia, para o biênio 2016/2017, em 21 de novembro de 2015.

Médico Homenageado do Ano de 2015, Dr. José Cândido Muricy.

“Conferências Oftalmológicas” - Acadêmico Emérito Dr. Carlos Augusto Moreira.

Dr. Bruno Maurízio Grillo empossando o novo presidente, Dr. Aristides de Athayde Neto.

Lançamento do livro “Os Lipídios”, do Acadêmico Titular Dr. Reginaldo Werneck Lopes.

Procurador da República, Deltan Martinazzo Dalagnol – “A Socieddade Contra a Corrupção”. (24/11/2015)

Acadêmico Honorário, Dr. Paulo César Andriguetto – “Primeira Guerra Mundial - Dolomitas”. (23/02/2016)

Acadêmico Titular, Dr. Sérgio Augusto de Munhoz Pitaki – “Usufruindo das Viagens em Duas Rodas”. (29/03/2016)

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homem, desenvolveu a sua inteligência e produziu conhecimentos, associando a expe-

riência e evidências afloradas nas observações. As-sim, em todas as áreas médicas, hoje denominadas de especialidades, aconteceram fatos simplesmente notáveis e memoráveis que merecem ser historiados.

O corpo humano, na sua complexidade, sempre despertou interesse de ser explorado na sua essên-cia, até por meios altamente científicos e sofistica-dos, utilizando-se de alta tecnología, beneficiada pela evolução fantástica da informática.

O paradigma da fronteira foi quebrado. Dentre os verdadeiros benefícios ao próprio homem, em resposta a exploração de cavi-dades humanas, destacou-se a Endoscopia Digestiva.

O Estado do Paraná participou escrevendo uma ótima e conso-lidada história da Endoscopia Digestiva.

A fundação da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – SOBED, aconteceu na nossa capital, Curitiba, no dia 25 de julho de 1975, no Congresso Brasileiro de Gastroenterología

Recentemente, em novembro de 2015, na Semana Brasileira do Aparelho Digestivo – SBAD, também em Curitiba, celebrou-se os 40 anos de fundação e de histórias baseadas em notáveis avan-ços e conquistas em Endoscopia Digestiva.

Na história da Endoscopia do Paraná é importante mencionar que o Capítulo Paranaense da SOBED foi solenemente fundado em Maringá, no ano seguinte, na ocasião da I Jornada de Gastren-terologia e Nutrição do Paraná.

Dr. Olival Ronald Leitão foi o primeiro presidente e com sua equipe de diretores, tiveram a duração de 3 anos de mandato e subsequentemente sendo eleitos e sucedidos pelos presidentes da entidade os Dr. Luiz Felipe de Paula Soares, Dr. Júlio César Piza-ni e no 4º mandato, na eleição durante a Jornada de Gastroente-rologia, em Cascavel, Dr. Minao Okawa, o primeiro do interior do Paraná, da cidade de Maringá.

As diretorias foram se sucedendo, cada qual por períodos de 3 anos, chegando atualmente na gestão 2014-2016 com a equipe do presidente Dr. Flávio Heuta Ivano.

Promovem-se reuniões científicas, jornadas e cursos com intui-to de desenvolver o ensino, a pesquisa e prática da Endoscopia Di-gestiva, com normas disciplinares bem estabelecidas nos Centros de Treinamentos autorizados e credenciados pela SOBED.

Os acima mencionados e outros associados não relacionados, talvez devido não fossem do meu conhecimento total, traçaram a História da Endoscopia Digestiva do Paraná sob ponto de vista particular, de maneira singular e desbravadora.

Em meados de 1969/1970, o equipamento de gastro câmara, que sucedeu ao semi flexível, foi con-siderado inédito, fantástico, porem sem ocular de visão e sem a visibilidade direta da mucosa gástri-ca, mas fotografava o interior do órgão e obtiam-se fotos quando revelados e para aquela época, foram verdadeiramente espetaculares e sem dúvida foram os primeiros passos para completa consagração do método. Podemos nos referir como primeira época áurea de desenvolvimento de endoscopia.

Empregando-se a física e todas as ciências conhecidas e imagináveis os verdadeiros gênios pesquisadores chegaram aos fibroscópios flexíveis. Talvez a segunda época áurea. As áreas “ce-gas” do segmento digestivo alto da cricofaringe à segunda porção duodenal, assim como do reto à vãlvula ileo cecal no cêco deixa-ram de existir nas endoscopias alta e baixa, tornando habitual o acesso retrógrado endoscópico às vias biliares, assim como de procedimentos de biópsias múltiplas, polipectomias, hemostasias, colangiopancreatografia endoscópica, papilotomia, cromoscopia da mucosa, tatuagem, retirada de corpos estranhos e auxilio em procedimentos cirúrgicos como gastrostomia endoscópica, linfa-denocromatografia nas linfadenectomias de cadeia linfonodais no câncer gástrico.

Quando achamos que estivéssemos no pináculo do desenvol-vimento endoscópico, eis que a ciência endoscópica é presenteada pela nova era, senão a supremacia áurea do emprego de informá-tica na endoscopia: os videoendoscópios. Graças a essa notável precisão científica, foram acrescentadas vantagens aos endoscó-picos antecessores, além dos diagnósticos, a ecoendoscopia diag-nóstica, procedimentos de tratamentos curativos com altíssima precisão como mucosectomia e dissecção sub mucosa de lesões neoplásicas superficiais.

A endoscopia não se restringiu apenas nesses segmentos digestivos, mas usou também de conhecimentos de missil para empregar uma cápsula endoscópica intestinal para exploração diagnóstica ao longo intestino delgado, seguindo-se de video-en-doscópico intestinal denominado video-enteroscopia com possibi-lidade de diagnóstico e tratamento.

A pesquisa continua na endoscopia virtual assim como na magnificação, endocitodiagnóstico e espectroendoscopia.

Os médicos do Estado do Paraná participam ativamente no sagrado desenvolvimento científico, baseados na ciência, na tec-nología e no amor ao próximo, traçando, sem dúvida, a História da Endoscopia Digestiva do Paraná com muita arte e sagrada sa-bedoria.

Minao Okawa / Acadêmico Titular da Cadeira 54HistÓriA dA ENdosCoPiA diGEstivA No PArANÁ

HistÓriA dA MEdiCiNA

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título “100.000 Milhas de Moto” foi escolhido no momento em que completei os 163.000

quilômetros de motocicleta, num curtíssimo espaço de tempo, pouco mais de 4 anos.

Depois de quase 30 anos sem me dedicar ao motociclismo, fui estimulado por amigos que per-sistiram nessa atividade. Assim, voltei timidamente para as duas rodas.

Em meados de 2010, adquiri uma moto de mé-dia cilindrada, pois preenchia todos os requisitos, naquele momento, para reiniciar com segurança e com uma certa confiança. Tive experiências com várias marcas e modelos. Atual-mente escolhi uma moto de média cilindrada, 800 cc, perdi um pouco de velocidade, porém ganhei agilidade, leveza e a possibili-dade de chegar a mais lugares com as duas rodas.

Atualmente somos torpedeados com informações sobre via-gens de moto e é quase impossível não se render ao apelo de liberdade e de aventuras que elas nos passam.

Logo comecei a pensar nos roteiros que poderiam ser reali-zados. Os países andinos são objetivos de praticamente todos os motociclistas. O deserto do Atacama é uma “disneyland” de atra-ções, com salares, vulcões e geisers, como o Geiser Del Tatio, no Chile. Deixar de conhecer San Pedro del Atacama de moto é como ir a Roma e não visitar o Papa, mas outros destinos são também muito importantes. O Salar do Uyuni na Bolívia é uma atração “fa-tal”. Chegar até ele é uma aventura inigualável, pois as estradas do Sul daquele país são arenosas, perigosas e em alguns trechos de estradas estreitas, sem acostamento, beirando precipícios sem fim, como a de Villamontes a Tarija.

Conhecer o Brasil de moto também tem seus encantamentos. Em 2013, tive a oportunidade de visitar todos os biomas do nosso país. Subi pela Mata Atlântica até o Rio Grande do Norte, passei pelo Agreste, passei pela margem inferior dos Lençóis Maranhenses, de Tutóia a Barreirinhas, depois pela Floresta Amazônica e desci pelo Serrado até voltar ao Sul. Foram 13 mil quilômetros, cruzando vários dos maiores rios do Brasil. Conhecer a Foz do Rio São Francisco em Piaçabuçú, em Alagoas, a Foz do Rio Jaguaribe, no Ceará, o Delta do Parnaíba no Piauí, a represa de Tucuruí, no Rio Tocantins, o Rio Ara-guaia e outros tão belos pelo país afora é um presente inigualável.

Um grande desafio foi ir até o Alaska. Sair de casa com tudo o que precisamos na bagagem e completar os trinta mil quilôme-

tros foi sem dúvida, uma satisfação. Foram quase 3 meses e 30 mil quilômetros pelas Américas, em companhia de meu amigo, e também médico, Car-los Muller.

Nestes 4 anos conheci de forma diferente do usual, do corriqueiro, quinze países. Suas fronteiras, suas estradas, seus restaurantes, hotéis, suas praças, enfim, como vive seu povo. Quando entramos num avião, em nossa própria cidade e aterrissamos num aeroporto qualquer, com certeza perdemos tudo o

que há de bom pelo caminho. A vida não é assim. Não saímos de um lugar e chegamos a um outro – temos que trilhar suas curvas, seus acidentes geográficos, procurar combustíveis que nos permi-tam viver dia a dia. As viagens de moto são sem dúvida uma me-táfora da vida. É o equilíbrio entre a atenção e a meditação, entre o prazer e o perigo. É o planejamento e a construção de um meio e de um fim. É a diferença entre ver televisão ou mesmo estar dentro de um habitáculo veicular (carro/ônibus/avião) e por outro lado andar num parque, pedalar uma bicicleta ou pilotar uma motocicleta ao ar livre.

Não somos nem podemos ser, apenas observadores ou “teles-pectadores” de uma realidade que não é a nossa. Fazemos parte ativa do Universo e é nele que somos e estamos. Deixar passar es-sas oportunidades de vivê-lo é sem dúvida uma perda irreparável.

Há um ditado que mostra como pode ser perigoso sair um dia do sofá e descobrir que passou a vida nele. É obvio que diz respeito a qualquer tipo de viagem, mas se for a de motocicleta, o choque é maior ainda. A distância entre o sofá e o banco da moto é imensa.

O fato de estarmos fazendo algo por nós próprios - tem o pre-dicado de prazer, como resultado final, porém muitas vezes pas-samos por situações ou momentos difíceis, como por exemplo, a fome, a sede, o extremo calor ou frio, sono e extremo cansaço. Parece quase um sofrimento à primeira vista, mas faz parte de um todo sensacional.

Sou testemunha da alegria de pilotar uma motocicleta e de estar com amigos que compartilham essa mesma emoção. Antes de terminar o texto, chamo a atenção para aqueles que desejam entrar nesse “mundo”, que tenham sempre em mente, que essa atividade deverá sempre ser precedida por uma série de apren-dizados que proporcionam segurança e bem estar, diminuindo os riscos inerentes à instabilidade das, apenas, duas rodas.

Sérgio Augusto de Munhoz Pitaki / Acadêmico Titular da Cadeira 27100.000 MilHAs dE Moto

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