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Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe Época 2017/2018 Semana 12 | 19 a 25 mar 2018 Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge Av. Padre Cruz | 1649-016 Lisboa | Portugal Tel.: +351 217 519 200 | Fax: +351 217 526 400 [email protected] www.insa.pt EDITOR: Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge I.P. | PERIODICIDADE: semanal | ACESSO: www.insa.pt COLABORADORES: Direção-Geral da Saúde, Instituto dos Registos e Notariado, Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça, Instituto Português do Mar e da Atmosfera, Rede Médicos -Sentinela, Serviços de Urgência/Obstetrícia, Rede Nacional de Laboratóri os para o Diagnóstico da Gripe, Rede de Hospitais para a Vigilância Clínica e Laboratorial em Unidades de Cuidados Intensivos. Departamento de Epidemiologia Unidade de Observação em Saúde e Vigilância Epidemiológica Tel.: +351 217 526 488 Departamento de Doenças Infeciosas Laboratório Nacional de Referência da Gripe e outros Vírus Respiratórios Tel.: +351 217 526 455 1 Vigilância clínica Taxa de incidência de SG A taxa de incidência de síndroma gripal (SG) foi de 4,5 por 100.000 habitante, valor abaixo da linha de atividade basal. 2 Vigilância laboratorial Diagnóstico do vírus da gripe e outros vírus respiratórios Caraterização do vírus da gripe Na semana 12 observou-se uma tendência decrescente no número de vírus da gripe detetados, tendo sido o vírus do subtipo A(H3) o identificado com maior frequência, especialmente na Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe (Hospitais). O vírus da gripe do tipo B da linhagem Yamagata foi o predominante, na presente época. 3 Severidade Internamentos por gripe em UCI Foram reportados 2 casos de gripe pelas 20 Unidades de Cuidados Intensivos que enviaram informação. Foi identificado o vírus Influenza A num doente e o B noutro. A proporção de casos de gripe admitidos em UCI nesta semana (1,0%) decresceu face à semana anterior (1,7%). 4 Impacte Mortalidade por todas as causas Mortalidade observada por todas as causas com valores de acordo com o esperado. 5 Monitorização da temperatura ambiente, taxa de incidência de SG e mortalidade O valor médio da temperatura mínima do ar na semana 12 de 2018 foi de 4,55°C, a que correspondeu uma anomalia de -2,28°C relativamente ao valor normal 1971-2000 para o mês de março. 6 Situação internacional Na semana 11 de 2018 a maioria dos países continuou a reportar atividade gripal disseminada de intensidade baixa ou moderada. ISSN: 2183-7392 Data de publicação: 29/03/2018 Atividade gripal não epidémica Tendência decrescente Resumo Sumário PORTUGAL Dados disponíveis à data da publicação passíveis de alterações em edições posteriores. 1 Nota metodológica

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Boletim de Vigilância

Epidemiológica da Gripe

Época 2017/2018 Semana 12 | 19 a 25 mar 2018

Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge

Av. Padre Cruz | 1649-016 Lisboa | Portugal

Tel.: +351 217 519 200 | Fax: +351 217 526 400

[email protected] www.insa.pt

EDITOR: Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge I.P. | PERIODICIDADE: semanal | ACESSO: www.insa.pt

COLABORADORES: Direção-Geral da Saúde, Instituto dos Registos e Notariado, Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça,

Instituto Português do Mar e da Atmosfera, Rede Médicos -Sentinela, Serviços de Urgência/Obstetrícia, Rede Nacional de Laboratórios para o

Diagnóstico da Gripe, Rede de Hospitais para a Vigilância Clínica e Laboratorial em Unidades de Cuidados Intensivos.

Departamento de Epidemiologia Unidade de Observação em Saúde e Vigi lância Epidemiológica Tel.: +351 217 526 488

Departamento de Doenças Infeciosas Laboratório Nacional de Referência da Gripe e outros Vírus Respiratórios Tel.: +351 217 526 455

1 Vigilância clínica

Taxa de incidência de SG

■ A taxa de incidência de síndroma gripal (SG) foi de 4,5 por 100.000 habitante,

valor abaixo da linha de atividade basal.

2 Vigilância laboratorial

Diagnóstico do vírus da gripe e outros vírus respiratórios

Caraterização do vírus da gripe

■ Na semana 12 observou-se uma tendência decrescente no número de vírus

da gripe detetados, tendo sido o vírus do subtipo A(H3) o identificado com

maior frequência, especialmente na Rede Portuguesa de Laboratórios para o

Diagnóstico da Gripe (Hospitais). O vírus da gripe do tipo B da linhagem

Yamagata foi o predominante, na presente época.

3 Severidade

Internamentos por gripe em UCI

■ Foram reportados 2 casos de gripe pelas 20 Unidades de Cuidados Intensivos

que enviaram informação. Foi identificado o vírus Influenza A num doente e o

B noutro. A proporção de casos de gripe admitidos em UCI nesta semana

(1,0%) decresceu face à semana anterior (1,7%).

4 Impacte

Mortalidade por todas as causas

■ Mortalidade observada por todas as causas com valores de acordo com o

esperado.

5 Monitorização da temperatura ambiente, taxa de incidência de SG e mortalidade

■ O valor médio da temperatura mínima do ar na semana 12 de 2018 foi de

4,55°C, a que correspondeu uma anomalia de -2,28°C relativamente ao valor

normal 1971-2000 para o mês de março.

6 Situação internacional ■ Na semana 11 de 2018 a maioria dos países continuou a reportar atividade

gripal disseminada de intensidade baixa ou moderada.

ISSN: 2183-7392

Data de publicação: 29/03/2018

Atividade gripal não epidémica Tendência decrescente

Resumo

Sumário

P O R T U G A L

Dados disponíveis à data da publicação passíveis de alterações em edições posteriores.

1

Nota metodológica

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Área de atividade basal

Taxa de incidência SG (2016/2017)

Taxa de incidência SG (2017/2018)

Época de Gripe Sazonal

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Atividade muito elevada

Ausência de atividade

Atividade moderada

Atividade baixa

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Tabela 1 — Número de casos, taxa de incidência de síndroma gripal e população sob observação semanal.

Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe

Inst i tu to Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I .P .

Vigilância clínica

Na semana 12/2018 estimou-se uma taxa de incidência de síndroma gripal de 4,5 por cada 100.000 habitantes, o que indica atividade não epidémica.

Taxa de incidência de síndroma gripal REDE MÉDICOS-SENTINELA

Figura 1 — Evolução da taxa de incidência semanal provisória de síndroma gripal (SG).

Número de casos de síndroma gripal 2

Taxa de incidência semanal provisória 4,5/105

População sob observação 44.569

2 Época 2017/2018 Semana 12 | 19 a 25 mar 2018

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SG negativos

SG positivos para vírus respiratórios

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)

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Outros

Vírus Respirat.

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Inst i tu to Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I .P .

Vigilância laboratorial

Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe

Diagnóstico do vírus da gripe e outros vírus respiratórios

REDE MÉDICOS-SENTINELA/EuroEVA | REDE DE SERVIÇOS DE URGÊNCIA/OBSTETRÍCIA

3 Época 2017/2018 Semana 12 | 19 a 25 mar 2018

Figura 2 — Distribuição semanal de casos de síndroma gripal (SG) positivos para vírus da gripe e outros vírus respira-tórios detetados na época 2017/2018.

Figura 3 — Número e percentagem dos casos de síndroma gripal (SG) positivos para vírus da gripe e outros vírus res-piratórios detetados na época 2017/2018.

No âmbito do Programa Nacional de Vigilância da Gripe, foram analisados no Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios, 956 casos de síndroma gripal (SG), dos quais 444 (46%) são positivos para o vírus da gripe.

Na semana 12/2018, não foram detetados casos SG positivos para o vírus da gripe.

Desde o início da época, foram detetados outros vírus respiratórios em 16% dos casos de SG: rinovírus (65), coronavírus (34), vírus parainfluenza (12), vírus respiratório sincicial (16), metapneumovírus humano (9), adenovírus (3) e infeções mistas (9).

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Vírus da gripe B (Victoria)

Vírus da gripe B (Yamagata)

Vírus da gripe B

Vírus da gripe A(H3)

Vírus da gripe A(H1)pdm09

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Semanas

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85; 19%

A(H3)59; 13%

B1; 0,1%

B/Vic43; 10%

B/Yam256;57,9%

n=444

Inst i tu to Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I .P .

Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe 4 Época 2017/2018 Semana 12 | 19 a 25 mar 2018

Inst i tu to Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I .P .

Figura 4 — Distribuição semanal e percentagem de casos positivos para o vírus da gripe nas épocas 2016/2017 e 2017/2018. Influenza B = vírus da gripe do tipo B, para os quais ainda não foi determinada a linhagem.

Vigilância laboratorial

Diagnóstico do vírus da gripe

Figura 5 — Número e percentagem dos casos positivos para vírus da gripe detetados na época 2017/2018, por tipo/subtipo. Influenza B = vírus da gripe do tipo B, para os quais ainda não foi determinada a linhagem.

Na semana 12/2018 foi analisado laboratorialmente 1 caso SG, negativo para o vírus da gripe.

Até à semana 12/2018 foram analisados 956 casos SG, dos quais 444 são positivos para o vírus da gripe: 300 do tipo B, 85 do subtipo A(H1)pdm09 e 59 do subtipo A(H3). Os vírus da gripe do tipo B, para os quais foi determinada a linhagem, são na sua maioria da linhagem Yamagata.

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Outros VR

hCoV

hRV

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VR

(n)

RSV16; 11%

hRV65; 44%

PIV12; 8%

AdV3; 2%

hMPV9; 6%

hCoV34; 23%

IM9; 6%

n=148

Figura 7 - Número e percentagem de casos positivos para outros vírus respiratórios detetados na época 2017/2018.

Inst i tu to Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I .P .

Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe 5 Época 2017/2018 Semana 12 | 19 a 25 mar 2018

Figura 6 — Distribuição semanal de casos positivos para outros vírus respiratórios (VR) detetados na época 2017/2018.

Vigilância laboratorial

Diagnóstico de outros vírus respiratórios

Nota: AdV—adenovírus; hRV-Rinovirus Humano; hCoV - Coronavírus Humano; RSV-Vírus sincicial respiratório; PIV-Parainfluenza; hMPV-Metapneumovirus Humano; IM - Infeção mista.

Desde o início da época de vigilância foram detetados outros vírus respiratórios em 148 casos de SG: 65 rinovírus (hRV), 34 coronavírus (hCoV), 12 vírus parainfluenza (PIV), 16 vírus sincicial respiratórios (RSV), 9 metapneumovírus humano (hMPV), 3 adenovírus (AdV) e 9 infeções mistas (IM).

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Bocavirus

Metapneumovirus

Coronavirus

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Infecções Mistas

Bacteria

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Parainfluenza

Picornavirus (hRV/hEV/hPeV)

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AR

n=1766Figura 9 — Distribuição semanal de casos positivos para outros agentes respiratórios (AR) detetados na época

2017/2018, detetados pela Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe (Hospitais).

Figura 8 — Distribuição semanal de casos positivos para o vírus da gripe detetados na época 2017/2018, detetados pela Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe (Hospitais).

Inst i tu to Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I .P .

Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe 6 Época 2017/2018 Semana 12 | 19 a 25 mar 2018

Vigilância laboratorial

Diagnóstico do vírus da gripe e outros vírus respiratórios

HOSPITAIS /REDE PORTUGUESA DE LABORATÓRIOS PARA O DIAGNÓSTICO DA GRIPE

Diagnóstico do vírus da gripe

A Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe conta na época de 2017/2018 com a participação de 18 laboratórios, localizados em hospitais do continente e regiões autónomas da Madeira e dos Açores, assegura a deteção e caraterização dos vírus da gripe e outros vírus respirató-rios que podem estar associados a casos de infeção respiratória grave.

Na época 2017/2018, os laboratórios da Rede notificaram 12.038 casos de SG, dos quais 3.276 positi-vos para o vírus da gripe: 1.897 do tipo B, 1.363 do tipo A [387 do subtipo A(H1)pdm09, 429 do subti-po A(H3) e 547 vírus A não subtipados] e 15 casos de infeção mista.

Na semana 12/2018 foram detetados 33 casos positivos para o vírus da gripe: 2 do tipo B, 29 do subti-po A(H3), 1 do subtipo A(H1)pdm09, 1 vírus do tipo A não subtipado.

Foram também identificados outros agentes respiratórios em 1.766 casos de SG. Na semana 12/2018 observou-se um decréscimo nas deteções de vírus respiratórios. Desde a semana 8/2018 verificou-se um ligeiro aumento no numero de metapneumovirus detetados. O RSV foi o vírus mais frequentemen-te detetado desde o início da época.

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Inst i tu to Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I .P .

Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe 7 Época 2017/2018 Semana 12 | 19 a 25 mar 2018

Vigilância laboratorial

Caraterização do vírus da gripe REDE MÉDICOS-SENTINELA/EuroEVA | REDE DE SERVIÇOS DE URGÊNCIA/OBSTETRÍCIA E REDE

PORTUGUESA DE LABORATÓRIOS PARA O DIAGNÓSTICO DA GRIPE

Vírus da gripe B:

Foram caracterizados geneticamente 84 vírus do tipo B: 58 vírus do clade 3 da linhagem Yamagata (semelhantes à antiga estirpe vacinal B/Phuket/3073/2013, contemplada na vacina de 2015/2016) e 26 vírus do clade 1A da linhagem Victoria (24 semelhantes à estirpe vacinal B/Brisbane/60/2008, contem-plada na vacina da época 2017/2018 e 2 pertencem a um novo subgrupo sendo semelhantes à estirpe de referência B/Norway/2409/2017).

Vírus da gripe A(H3):

Do subtipo A(H3) foram caracterizados 26 vírus: 20 do subgrupo genético 3C.2a (semelhantes à estirpe vacinal 2017/2018, A/Hong Kong/4801/2014) e 6 do subgrupo genético 3C.2a1 (semelhantes à estirpe A/Singapore/INFIMH-16-0019/2016 que será contemplada na vacina de 2018 para o hemisfério sul).

Vírus da gripe A(H1)pdm09:

Foram caracterizados 16 vírus do subtipo A(H1)pdm09, todos do grupo genético 6B.1 (semelhantes à estirpe vacinal de 2017/2018, A/Michigan/45/2015).

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2016-20172012-2013 2013-2014 2014-2015 2015-2016Semanas

%

2017-2018

Proporção de doentes com gripe em UCI

40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Total

Nº de casos de gripe 0 0 0 2 0 0 1 1 0 2 1 4 9 21 14 17 14 23 21 12 17 11 10 5 2 187

Nº de hospitais 16 18 19 20 16 19 18 23 19 20 18 19 20 22 21 23 24 23 22 22 22 23 23 19 16

Nº de UCI 21 22 24 24 21 24 23 28 25 25 23 24 25 28 26 28 29 30 28 28 29 29 29 25 20

Nº de Admissões na UCI

198 199 236 257 198 256 240 322 273 241 250 250 232 277 298 314 337 373 321 327 305 294 282 297 191

Proporção de doentes com gripe em UCI

0,0 0,0 0,0 0,8 0,0 0,0 0,4 0,3 0,0 0,8 0,4 1,6 3,9 7,6 4,7 5,4 4,2 6,2 6,5 3,7 5,6 3,7 3,5 1,7 1,0

Tabela 2— Nº de casos de gripe, Hospitais e UCI que reportaram, admissões em UCI por todas as causas e proporção de doentes com gripe em UCI, por semana, na época 2017-2018

Inst i tu to Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I .P .

Severidade

Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe

Internamentos por gripe em Unidades de Cuidados intensivos REDE DE HOSPITAIS PARA A VIGILÂNCIA CLÍNICA E LABORATORIAL EM UNIDADES DE CUIDADOS INTENSIVOS

Informação da responsabilidade da Direção-Geral da Saúde. [email protected].

8 Época 2017/2018 Semana 12 | 19 a 25 mar 2018

Figura 10 - Evolução semanal da proporção de doentes com gripe em Unidades de Cuidados Intensivos desde a época 2012/2013.

Na semana 12 de 2018, foram reportados 2 casos de gripe pelas 20 Unidades de Cuidados Intensivos que enviaram informação. Verificou-se que eram ambos homens com mais de 60 anos e doença crónica. Foi identificado o vírus Influenza A num doente e o B noutro. A proporção de casos de gripe admitidos em UCI nesta semana (1,0%) decresceu face à semana anterior (1,7%).

Desde o início da época foram notificados 187 casos de gripe pelas UCI que colaboram na vigilância da doença. Verificou-se que 105 (56%) eram homens, 105 (56%) tinham 65 ou mais anos de idade e 145 (78%) tinham doença crónica subjacente. Dos 91 casos em que o estado vacinal é conhecido, 14 (15%) estavam vacinados contra a gripe sazonal. Os vírus Influenza identificados foram do tipo B em 91 (49%) doentes, do tipo A em 95 (51%) e num doente foram simultaneamente identificados ambos. Verificou-se um aumento apreciável da proporção de casos de gripe admitidos em UCI entre as semanas 49 de 2017 e a semana 1 de 2018, em que foi atingido o valor máximo (7,6%). A partir daí aquele valor sofreu um decréscimo, com algumas variações, sendo de 1,0% na semana 10, valor mais baixo registado desde a semana 51. A interpretação destes dados deve ser cautelosa, considerando o reduzido número de casos reportados. A Reserva Estratégica Nacional de zanamivir foi ativada para 6 doentes.

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Taxa

de

inci

nci

a d

e S

G /

10

5h

abit

ante

s

Ób

ito

s (n

)

Semana

Óbitos Linha de base

Limite de confiança 95% da linha de base Taxa de incidência

A(H1)pdm09/B

A(H3) A(H1)pdm09A(H3)

B/A(H1)B/A(H1)pdm09

A(H1)pdm09/A(H3)

A(H1)pdm09

B/A(H3)

A(H3)

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Ób

ito

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)

Semana

Linha de base

Limite de confiança 95% da linha de base

Óbitos

Inst i tu to Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I .P .

Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe

Figura 12 — Evolução semanal do número de óbitos por todas as causas, desde a semana 40 de 2016.

Mortalidade observada com valores de acordo com o esperado.

Impacte

Mortalidade por todas as causas SISTEMA DA VIGILÂNCIA DIÁRIA DA MORTALIDADE | INSTITUTO DOS REGISTOS E NOTARIADO |

INSTITUTO DE GESTÃO FINANCEIRA E EQUIPAMENTOS DA JUSTIÇA

9 Época 2017/2018 Semana 12 | 19 a 25 mar 2018

Figura 11 — Evolução semanal do número de óbitos por todas as causas, taxa de incidência semanal provisória de

síndroma gripal por 105

habitantes e vírus predominante por época gripal, desde a semana 40 de 2007.

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Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe 10 Época 2017/2018 Semana 12 | 19 a 25 mar 2018

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), no mês de fevereiro, o valor médio

da temperatura mínima do ar de 3,15°C, foi inferior ao normal em -1,39°C.

O valor médio da temperatura mínima do ar na semana 12 de 2018 foi de 4,55°C, a que correspondeu

uma anomalia de -2,28°C relativamente ao valor normal 1971-2000 para o mês de março.

Na temperatura média semanal prevêem-se valores abaixo do normal, para todo o território, nas semanas

de 26/03 a 01/04, de 02/04 a 08/04 e de 09/04 a 15/04. Na semana de 16/04 a 22/04 não é possível iden-

tificar a existência de sinal estatisticamente significativo.

Monitorização da temperatura ambiente, taxa de

incidência de síndrome gripal e mortalidade

REDE MÉDICOS-SENTINELA | INSTITUTO PORTUGUÊS DO MAR E DA ATMOSFERA |

SISTEMA DA VIGILÂNCIA DIÁRIA DA MORTALIDADE

Figura 13 — Evolução semanal do número de óbitos por todas as causas, temperatura mínima média (Continente) e taxa de incidência semanal provisória de síndroma gripal (SG) por 105 habitantes na época 2017/2018.

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Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe 11 Época 2017/2018 Semana 12 | 19 a 25 mar 2018

Situação internacional: Europa

Na semana 11 de 2018 a maioria dos países continuou a reportar atividade gripal disseminada de

intensidade baixa ou moderada com distribuição regional ou disseminada.

Na semana 11 de 2018, 898 (44 %) das 2.055 amostras-sen0nela testadas foram posi0vas para o vírus

Influenza, 52 % das quais era do 0po B. Dos 275 casos por vírus do 0po B a que foi possível atribuir uma

linhagem, 99 % pertencia à linhagem B/Yamagata. Dos 326 casos por vírus Influenza do 0po A sub0pa-

dos, 60 % pertencia ao sub0po A(H1N1)pdm09.

De entre as amostras não-sen0nelas, 10.497 (num total de 31.798) foram posi0vas para o vírus Influen-

za, 48,9 % dos quais pertencia ao tipo A.

Nos sistemas de vigilância de base hospitalar manteve-se a tendência decrescente no número de casos

de gripe internados quer em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) quer em outro tipo de enferma-

rias, refletindo a situação epidémica que se verifica na Europa Ocidental. Desde o início da época, na

maioria dos casos de gripe em adultos foi identificado um vírus do subtipo A(H1N1)pdm09 ou do tipo

B. Nos casos internados em UCI tem-se observado em maior número de casos de gripe do tipo A,

enquanto que em outras enfermarias os casos de gripe por vírus do tipo B têm sido os mais frequentes.

Desde o início da época foi reportada a caracterização gené0ca de 2.175 amostras. Das 733 amostras

de vírus do 0po A(H3N2), 56 % pertencia ao grupo gené0co 3C.2a (componente da vacina), 41 % per-

tencia ao subgrupo gené0co 3C.2a1 e 3 % ao subgrupo genético 3C.3a. Os dois primeiros grupos são

antigenicamente semelhantes.

Das 311 amostras de vírus A(H1N1)pdm09 que foram atribuídas a um grupo genético, todas perten-

ciam ao grupo 6B.1 (componente da vacina).

Das 99 amostras de vírus B/Victoria, 48 pertenciam ao subgrupo que apresenta alterações genéticas e

an0génicas que os dis0nguem dos restantes vírus.

Todos os 1.032 vírus do tipo B da linhagem Yamagata, caraterizados geneticamente, pertencem ao gru-

po gené0co 3.

A susce0bilidade aos inibidores da neuraminidase foi avaliada em 1.436 vírus. Em um dos casos por

vírus A(H3N2) foi observada redução da inibição pelo oseltamivir e zanamivir, 1 caso por vírus A(H1N1)

pdm09 foi observada redução da inibição pelo oseltamivir e em 3 casos por vírus do tipo B foi observa-

da redução da inibição pelo zanamivir e noutro caso por vírus do tipo B foi observada redução da inibi-

ção pelo zanamivir e oseltamivir.

De acordo com projeto EuroMOMO, a mortalidade por todas as causas esteve acima do esperado

durante nos últimos meses na Europa Ocidental.

Informações disponíveis em: http://flunewseurope.org/

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Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe 12 Época 2017/2018 Semana 12 | 19 a 25 mar 2018

Situação internacional: Europa

A informação da situação internacional à data da publicação deste boletim não estava disponível. O site do ECDC/Tessy está em manutenção e os dados só estarão disponíveis duran-te a semana 12 (https://tessy.ecdc.europa.eu/TessyWeb).

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Nota metodológica

Em Portugal, o sistema de vigilância da gripe é composto pelas

seguintes redes:

■ Rede Médicos-Sentinela;

■ Serviços de Urgência /Obstetrícia;

■ Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico do

Vírus da Gripe;

■ Unidades de Cuidados Intensivos;

Este programa tem início no princípio de outubro, termina em

maio do ano seguinte e integra componentes clínicas e laboratoriais

Na presente época, o Sistema de Nacional de Vigilância da Gripe foi

ativado em outubro de 2017, na semana 40 e funcionará até à

semana 20, em maio de 2018. A componente clínica deste sistema

manter-se-á ativa durante todo o ano de 2018.

Parte da informação resultante da vigilância é semanalmente

publicada, à quinta-feira, no presente boletim, publicado pelo

Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e basea-

do no conjunto de dados e informações gerados pelos 6 compo-

nentes descritos a seguir, sumariamente.

Fontes de informação e indicadores produzidos

Fontes Indicadores

Rede Médicos-Sentinela

Taxa de incidência de síndroma gripal na população geral, identificação e

caraterização laboratorial dos vírus da gripe em circulação (análise

antigénica, genética e de suscetibilidade aos antivirais)

Serviços de Urgência/Obstetrícia

Rede Nacional de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe

Vigilância Laboratorial Resistência do vírus da gripe aos antivirais por tipo e subtipo

Rede de Hospitais para a Vigilância Clínica e Laboratorial em Unidades de Cuidados Intensivos

Caraterização epidemiológica e laboratorial dos casos de infeção

respiratória admitidos em Unidades de Cuidados Intensivos

Vigilância Diária da Mortalidade Evolução do número de óbitos por semana, em Portugal

Identificação e caraterização laboratorial dos vírus da gripe em circulação

(análise antigénica, genética e de suscetibilidade aos antivirais)

Rede Médicos-Sentinela

A Rede Médicos-Sentinela (MS) é um sistema de informação em

saúde constituído por cerca de 123 Médicos de Família, distri-

buídos pelo território do Continente e Regiões Autónomas, cuja

atividade profissional é desempenhada em Unidades de Saúde

Familiar (USF) ou Unidades de Cuidados de Saúde Personaliza-

dos (UCSP).

A participação destes médicos é voluntária e consiste na notifi-

cação semanal, para o Departamento de Epidemiologia do INSA,

dos novos casos de síndroma gripal (numerador para o cálculo

da taxa de incidência) que ocorreram nos utentes inscritos das

respetivas listas (componente clínica do sistema de vigilância);

simultaneamente, enviam para o laboratório, exsudados nasofa-

ríngeos de doentes com suspeita de gripe, para identificação e

tipificação dos vírus (componente laboratorial).

As estirpes do vírus da gripe isoladas são caraterizadas antigéni-

ca e geneticamente, permitindo avaliar a sua semelhança com as

estirpes vacinais e ainda monitorizar a ocorrência de mutações.

A população sob vigilância é constituída pelo somatório dos utentes inscritos nas listas dos MS que estiveram “ativos” em determinada semana, i.e., que reportaram, pelo menos, 1 caso de doença ou que informaram explicitamente não terem casos para reportar.

Definição de caso:

Síndroma gripal (usada pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC):

Início súbito,

+ 1 dos seguintes sintomas sistémicos:

■ Febre ou febrícula,

■ Mal-estar, debilidade, prostração,

■ Cefaleia,

■ Mialgias ou dores generalizadas.

+ 1 dos seguintes sintomas respiratórios:

■ Tosse, ■ Dor de garganta ou inflamação da mucosa nasal ou

faríngea sem sinais respiratórios relevantes, ■ Dificuldade respiratória.

Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe 13 Época 2017/2018 Semana 12 | 19 a 25 mar 2018

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Serviços de Urgência/Obstetrícia

A Rede dos Serviços de Urgência/Obstetrícia é operacionalizada

pelos Serviços de Urgência Hospitalar e Serviços de Atendimento

Permanente ou similares dos Centros de Saúde do Serviço Nacio-

nal de Saúde. Participam na componente laboratorial que consti-

tui um indicador precoce do início de circulação do vírus da gripe

em cada época de vigilância. Enviam para o Laboratório Nacional

de Referência para o Vírus da Gripe e outros Vírus Respiratórios

no INSA, exsudados nasofaríngeos de doentes com suspeita de

gripe, para identificação e tipificação dos vírus da gripe e outros

vírus respiratórios. Os casos são selecionados de acordo com a

opinião do médico tendo em conta a definição de caso de síndro-

ma gripal usada pelo ECDC.

Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnós-tico da Gripe

Rede ativada em 2009 pelo Despacho Ministerial nº 16548/2009,

de 21 de julho (Diário da República, 2ª série, nº 139: 28507), é

atualmente constituída por 16 laboratórios, na sua maioria de

hospitais do Continente e Regiões Autónomas. Assegura a dete-

ção e caraterização dos vírus da gripe que estão na origem de

casos mais graves de infeção respiratória viral. A análise labora-

torial envolve a utilização de métodos de biologia molecular para

a caraterização dos vírus da gripe em circulação na população. Em

colaboração com o laboratório de referência do INSA é efetuado o

isolamento das estirpes do vírus da gripe e a sua caraterização

antigénica e genética. A população sob vigilância é constituída

pelos utentes com infeção respiratória, pertencentes à área de

influência dos hospitais ou laboratórios da Rede Portuguesa de

Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe.

Participantes em 2017/2018:

Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I.P.

(Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe e

Outros Vírus Respiratórios), Centro Hospitalar de Lisboa Central,

E.P.E., Hospital de São João, E.P.E., Centro Hospitalar e Universi-

tário de Coimbra, E.P.E., Hospital Central do Funchal, E.P.E.,

Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, E.P.E.R.,

Hospital do Santo Espírito da Ilha Terceira, E.P.E.R., Centro Hos-

pitalar de Lisboa Norte, E.P.E., Centro Hospitalar do Porto,

E.P.E., Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Francisco

Gentil, E.P.E., Centro Hospitalar da Cova da Beira, E.P.E., Centro

Hospitalar de Setúbal, E.P.E., Centro Hospitalar do Alto Ave,

Hospital do Espírito Santo (Évora), Laboratório de Saúde Pública

Dra. Laura Ayres (ARS Algarve), Centro Hospitalar de Vila Nova

de Gaia/Espinho, Unidade Local de Saúde da Guarda, Centro

Hospitalar Lisboa Ocidental, E.P.E.

Vigilância Laboratorial

O diagnóstico laboratorial do vírus da gripe e outros vírus respirató-

rios é efetuado em amostras biológicas do trato respiratório supe-

rior (exsudado da nasofaringe) de doentes com SG. São utilizadas

metodologias de diagnóstico molecular, nomeadamente a amplifi-

cação do genoma viral por PCR em multiplex. Estas metodologias

permitem a identificação dos tipos e subtipos do vírus da gripe [A

(H1)pdm09, A(H3), B(Yamagata), B(Victoria)] e a identificação de

outros vírus respiratórios [Rinovirus Humano (hRV), Vírus sincicial

respiratório (RSV), Coronavírus Humano (hCoV), Adenovirus (AdV),

Metapneumovirus Humano (hMPV) e Vírus Parainfluenza (PIV)]. A

caraterização antigénica dos vírus da gripe é efetuada pela metodo-

logia clássica de inibição de hemaglutinação e a caraterização

genética é baseada na sequenciação genómica do gene da hema-

glutinina. Para a monitorização da suscetibilidade dos vírus da gripe

aos antivirais inibidores da neuraminidase (oseltamivir e zanamivir)

é efetuada a pesquisa de marcadores moleculares de resistência e a

caracterização fenotípica (determinação do IC50) em estirpes do

vírus da gripe isoladas em cultura celular no Laboratório Nacional

de Referência para o Vírus da Gripe e outros Vírus Respiratórios.

Unidades de Cuidados Intensivos

Na época 2011/2012 foi realizado um estudo piloto com o objeti-

vo de fazer a vigilância epidemiológica dos casos graves de gripe

admitidos em Unidades de Cuidados Intensivos de alguns hospi-

tais. Participaram nesse ano 6 hospitais. Nas épocas seguintes,

utilizando a metodologia testada, foi possível estender a vigilância

a mais hospitais.

Hospitais participantes em 2017/2018:

Hospital Dr. Manoel Constâncio; Hospital do Divino Espírito Santo;

British Hospital; Hospital São José; Hospital Santa Marta; Hospital

Curry Cabral; Hospital dos Capuchos; Hospital D. Estefânia; Hospi-

tal de Cascais – Dr. José de Almeida; Hospital Amato Lusitano;

Hospital Pêro da Covilhã; CUF Descobertas; Hospital de São

Francisco Xavier; Hospital Egas Moniz; Hospital Professor Doutor

Fernando Fonseca; Hospital da Senhora da Oliveira; Hospital

Beatriz Ângelo; Hospitais da Universidade de Coimbra; Hospital do

Litoral Alentejano; Hospital Pulido Valente; Hospital de Santa

Maria; Hospital São João; Hospital Vila Franca de Xira; Hospital de

São Teotónio; Hospital dos Lusíadas; Hospital Dr. Nélio Mendon-

ça.

Definição de caso:

Doentes admitidos nas Unidades de Cuidados Intensivos dos

hospitais participantes, com gripe confirmada laboratorialmente.

Vigilância Diária da Mortalidade

O VDM é um sistema de vigilância epidemiológica que preten-

de detetar e estimar de forma rápida os impactes de eventos

ambientais ou epidémicos relacionados com excessos de

mortalidade. Este sistema funciona com base num protocolo

de cooperação entre o INSA e Instituto de Gestão Financeira e

Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe 14 Época 2017/2018 Semana 12 | 19 a 25 mar 2018

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Inst i tuto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I .P.

Equipamentos da Justiça, I.P. (IGFEJ) do Ministério da Justiça.

Para isso, diariamente o IGFEJ envia de forma automática o

número de óbitos registados no dia anterior em todo o país.

Esta componente pretende avaliar o impacte da epidemia de

gripe em termos de severidade.

Definição de caso: Óbito, por qualquer causa, de individuo residente em Portugal.

Definições utilizadas

Época de Gripe

Definida como o período de tempo de aproximadamente 33

semanas que decorre entre a semana 40 de um determinado ano

(início de outubro) e a semana 20 do ano seguinte (meados de

maio).

Área de atividade basal

Designada também por área de atividade basal, constitui o intervalo

de valores da taxa de incidência correspondente a uma circulação

esporádica de vírus da gripe. Permite definir períodos epidémicos,

comparar as epidemias anuais em função da sua intensidade e

duração e determinar o impacte dessas epidemias na comunidade.

Foi estimada utilizando o método Moving Epidemic Method (MEM).

Atividade gripal

Definida pelo grau de intensidade da ocorrência da doença,

medido pela estimativa semanal da taxa de incidência de SG e do

seu posicionamento relativo à área de atividade basal, e pelo

número de vírus circulantes detetados.

Indicadores de dispersão geográfica da atividade gripal

Ausência de atividade gripal

Pode haver notificação de casos de SG mas a taxa de incidência

permanece abaixo ou na área de atividade basal, não havendo a

confirmação laboratorial da presença do vírus da gripe.

Atividade gripal esporádica

Casos isolados, confirmados laboratorialmente, de infeção por

vírus da gripe, associados a uma taxa de incidência de SG que

permanece abaixo ou na área de atividade basal.

Surtos locais

Casos agregados, no espaço e no tempo, de infeção por vírus da

gripe confirmados laboratorialmente. Atividade gripal localizada em

áreas delimitadas e/ou instituições (escolas, lares, etc.),

permanecendo a taxa de incidência de SG abaixo ou na área de

atividade basal.

Atividade gripal epidémica

Taxa de incidência de SG acima da área de atividade basal, associada

a uma confirmação laboratorial da presença de vírus da gripe.

Atividade gripal epidémica disseminada

Taxa de incidência de SG, por mais de duas semanas consecutivas,

acima da área de atividade basal e com uma tendência crescente,

associada à confirmação da presença de vírus da gripe.

Indicadores da intensidade da atividade gripal

A intensidade da atividade gripal é definida com base em toda a

informação de vigilância recolhida através das várias fontes de

dados e é avaliada, tendo em consideração a informação histórica

nacional sobre a gripe, segundo o método MEM.

Ausência

Nível de atividade gripal caraterizado por uma taxa de incidência

de SG abaixo ou na área de atividade basal.

Baixa

Nível de atividade gripal associado à presença de vírus da gripe e

correspondendo a uma taxa de incidência provisória de SG

superior à área de atividade basal e inferior ou igual a 76,9/105.

Moderada

Nível de atividade gripal associado à presença de vírus da gripe e

correspondendo a uma taxa de incidência provisória de SG

superior a 76,9/105 e inferior ou igual a 131,7/105.

Elevada

Nível de atividade gripal associado à presença de vírus da gripe e

correspondendo a uma taxa de incidência provisória de SG

superior 131,7/105 e inferior ou igual a 167,0/105.

Muito Elevada

Nível de atividade gripal associado à presença de vírus da gripe e

correspondendo a uma taxa de incidência provisória de SG

superior 167,0/105.

Indicadores da tendência da atividade gripal

Estável

Os últimos três valores da taxa de incidência não se encontram

em tendência crescente nem decrescente.

Crescente

Os últimos três valores encontram-se em tendência crescente.

Decrescente

Os últimos três valores encontram-se em tendência decrescente.

Percentagem de doentes com gripe admitidos em Unidades de Cuidados Intensivos

Percentagem de doentes com gripe admitidos, em

Unidades de Cuidados Intensivos (UCI), em determinada

semana = número de admissões por gripe confirmada, em UCI,

na referida semana/número de admissões por qualquer causa, em

UCI, na mesma semana x 100 utentes.

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