Boletim Do Banco Central Do Brasil - Relatório 1997 - Organismos Financeiros Internacionais

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documento do banco central do brasil sobre organismos financeiros internacionais

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  • VI Organismos financeiros internacionais / 149

    VIORGANISMOS FINANCEIROSINTERNACIONAIS

    Em 1997, algumas economias asiticas sofreram severa crise econmico-financeira.A crise iniciou-se na Tailndia, em janeiro, e se propagou para a Indonsia,Malsia e Filipinas, atingindo, em meados do ano, Hong Kong e, em outubro, aCoria do Sul, com repercusses sobre o Japo. Em outubro, atingiu todos osmercados financeiros. A resposta crise foi um conjunto de medidas financeirasde resgate capitaneadas pelo Fundo Monetrio Internacional (FMI), que ascendeua cerca de US$ 17 bilhes para a Tailndia, US$ 40 bilhes para a Indonsia e maisde US$ 55 bilhes para a Coria do Sul.

    A crise da sia mereceu ateno especial dos organismos, convertidos emsalvaguardas do sistema financeiro internacional, ao mesmo tempo em quesofriam crticas quanto a sua atuao. O debate internacional continuou a girar emtorno da necessidade de os organismos disporem de recursos suficientes, bemcomo de mecanismos geis, para atender demandas de pases membros queestejam sofrendo ataques especulativos. Com efeito, a turbulncia vivida pelomercado financeiro mundial no ano de 1997 fez com que se avanasse na revisoe fortalecimento da capacidade de interveno do FMI, e na busca de instrumentosgeis e de simplificao e flexibilizao de procedimentos nos demais organismosfinanceiros multilaterais, fundamentais para que possam continuar cumprindopapel de destaque na soluo de problemas crticos, como os vividos em 1997.

    O alvio dos encargos da dvida externa dos pases pobres altamente endividadoscontinuou a integrar a agenda dos organismos em 1997. A iniciativa de reduode dvida dos Highly Indebted Poor Countries (HIPC), aprovada na ReunioAnual do FMI/Banco Mundial, em setembro de 1996, tem por objetivo promoversituao sustentvel para o conjunto da dvida de cada pas elegvel, caso a caso.Estabelece, tambm, que a ao deve ser coordenada entre todos os credores, comampla e equiproporcional participao, mantendo-se o status de credor preferen-cial para os organismos multilaterais, de forma a preservar sua integridadefinanceira.

    Em abril de 1997, Uganda tornou-se o primeiro pas a atingir o decision point e,por conseguinte, elegvel aos benefcios da Iniciativa. Em setembro, Bolvia eBurkina Faso foram includos no programa.

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    Fundo Monetrio Internacional (FMI)

    O nmero de pases membros do Fundo ampliou-se para 182 durante o ano de1997. A ao do Fundo deu nfase s questes de superviso (surveillance) e detransparncia de informaes como instrumentos para prevenir e administrarcrises internacionais. Uma questo est diretamente relacionada outra, namedida em que a falta de transparncia nos dados financeiros governamentais eprivados, na viso do Fundo, prejudica sua tarefa de superviso e a avaliao domercado. Nesse sentido, foi criado, em 1996, o Special Data DisseminationStandard (SDDS), sistema de disseminao de informaes, centralizado no FMI,que estabelece padres para a periodicidade e qualidade dos dados econmico-financeiros dos pases participantes. Em 1997, complementarmente, foidefinido o escopo do General Data Dissemination Standard (GDDS), cujoscritrios so menos rgidos que o SDDS. O Brasil no subscreveu nenhum dossistemas.

    A poltica para tornar as informaes econmico-financeiras dos pases membrosmais transparentes e acessveis foi reforada pela crise asitica no final do ano, aqual tem sido atribuda, pelo FMI, falta de informao do mercado, fragilidadedo sistema bancrio e abertura financeira incompleta e incorreta. Nesse contexto,insere-se tambm a iniciativa do Fundo, em propor uma emenda a seu ConvnioConstitutivo para tornar a liberalizao dos movimentos de capital um de seusobjetivos e ampliar a sua jurisdio para incluir as transaes da conta de capitais.Na reunio geral de setembro de 1997, em Hong Kong, o organismo aprovou umadeclarao nesse sentido e as primeiras medidas para a aprovao da emenda estoem andamento.

    Em 1997, o Fundo aprovou 21 novos emprstimos, totalizando o recorde histricode DES 29.424,75 milhes. Desse valor, DES 27 bilhes correspondem a emprs-timos stand-by e incluem os emprstimos de DES 15,5 bilhes para a Coria e DES7,4 bilhes para a Indonsia. At ento, o maior emprstimo do organismo haviasido fornecido Rssia, no valor de DES 6,9 bilhes, em 1996, e todos os 21emprstimos aprovados naquele ano somaram menos de DES 9,5 bilhes. Ao finalde 1997, havia 57 programas do Fundo em andamento.

    Desde a crise do Mxico, em 1994, ficou claro que a instituio deveria dispor deformas alternativas de captar recursos para suprir necessidades circunstanciais.Essa necessidade foi confirmada pelas elevadas quantias requeridas para restabe-lecer o equilbrio nos pases asiticos. Em janeiro de 1997, foi adotado o NewArrangements to Borrow (NAB), que possibilitar a captao de DES 34 bilhespelo organismo em caso de necessidade excepcional. O novo mecanismo, que devecomplementar o antigo General Arrangements to Borrow (GAB), ainda no foiefetivado.

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    A necessidade de novas formas de financiamento para os pases em crise refletiu-setambm atravs da aprovao, em dezembro de 1997, de um novo mecanismo do FMI:o Supplemental Reserve Facility (SRF). O SRF foi estabelecido exclusivamente paraadministrar crises de curto prazo. Especificamente, o mecanismo permite a concessode assistncia financeira aos pases membros que atravessam crises de confiana comimpacto na conta capital e para os quais existe uma expectativa razovel para evoluorpida, por meio da implementao de polticas apropriadas e um pacote de financi-amento adequado. O pagamento de emprstimos sob o novo mecanismo dever serefetuado em duas prestaes ocorrendo aps doze e dezoito meses da compra. Contudo,existe a possibilidade de se ampliar, em at um ano, o prazo para a recompra. Quantoaos encargos, estabeleceu-se uma taxa inicial de 300 pontos bsicos acima da taxabsica usual do Fundo, a qual vigorar por um ano a partir da concesso dofinanciamento. A taxa ser aumentada em 50 pontos bsicos ao final desse perodoe, subsequentemente, a cada seis meses. Isso implicar uma taxa mdia de 340 pontosbsicos para o pas que fizer as recompras no prazo estabelecido, sem pedir extenso.No caso do prazo das recompras ser ampliado em um ano, a taxa mdia de encargospassar a 389 pontos bsicos.

    A participao do FMI na iniciativa para os pases altamente endividados (iniciativaHIPC) foi melhor definida, com a transferncia de DES 180 milhes para oHIPC/ESAF Trust Fund. Adicionalmente, na reunio de setembro, o organismofinalmente atingiu um acordo a respeito da alocao especial de Direitos Especiais deSaque aos pases participantes do Departamento de DES, que estabeleceu umbenchmark de 29,32% das quotas. Para o Brasil, tal medida implica elevao emDES 277,7 milhes (US$ 389 milhes, aproximadamente) dos ativos nessa moeda, quepodero ser utilizados incondicionalmente, podendo ser recompostos pelo Passegundo suas possibilidades. A emenda tambm contempla alocaes especiaisautomticas, aplicveis a qualquer momento, nos mesmos termos, para os pases quevenham a ingressar no organismo posteriormente.

    Na mesma ocasio, concluram-se, tambm, as negociaes relativas 11 RevisoGeral de Quotas, que estabeleceu um aumento de 45% das atuais quotas, acrescentandoDES 65 bilhes aos atuais DES 145 bilhes do Fundo. O aumento, pelo acordo,distribuir-se- da seguinte maneira:1 - uma parcela equiproporcional s atuais quotas, da ordem de 75% do total do

    aumento;

    2 - uma parcela seletiva segundo o mtodo que prev alocao de quotas propor-cional participao de cada pas no FMI da ordem de 15%;

    3 - uma parcela ad hoc de 10% do aumento total, distribuda entre membros cujasquotas atuais estejam significativamente desalinhadas com seus respectivos poten-ciais econmicos em nvel mundial.

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    O Brasil, em particular, e os pases em desenvolvimento (PEDs) como grupotiveram reduzida a sua participao relativa no capital do Fundo. No caso doBrasil, o poder de voto se reduz de 1,485% para 1,432%, uma vez que o critrioutilizado pelo organismo (calculated quotas) no reflete o crescimento do Pasaps 1994. O mesmo ocorre com os demais PEDs. Como esse fato sugere ainadequao das frmulas que no espelham o acelerado crescimento desse grupode pases, ficou acordado que estas sero revistas futuramente, buscando acorreo das distores verificadas no modelo.

    Banco de Compensaes Internacionais (BIS)

    A fundao do BIS ocorreu em 20.1.30, durante a realizao da Conferncia deHaia, Holanda, quando se encontrava em debate o denominado Young Plan,concebido com o propsito de favorecer a liquidao dos nus de guerra imputados Alemanha em decorrncia de seu envolvimento na Primeira Guerra Mundial.Naquela oportunidade, tornaram-se membros fundadores do BIS os BancosCentrais da Alemanha, Blgica, Estados Unidos, Frana, Itlia e Reino Unido. Foiconcedido Sua o direito de tornar-se pas-sede do BIS. O Organismo iniciousuas atividades em 17.05.30, na Basilia, Sua, sendo a mais antiga organizaono campo das finanas internacionais e centro de convergncia das autoridadesmonetrias.

    Como organismo de natureza internacional, o BIS no se limitou, como inicial-mente previsto, a exercer as funes de fundo fiducirio do referido plano;incumbiu-se, tambm, de promover a cooperao com os bancos centrais e proverfacilidades adicionais para a conduo de operaes financeiras internacionais. OBIS possui trs rgos administrativos: a Assemblia Geral, a Diretoria Executivae a Administrao.

    O BIS contava, at 1997, com 41 Bancos Centrais associados, sendo 21 de pasesdesenvolvidos e 20 de pases em desenvolvimento, alm de instituies financei-ras privadas. Os pases possuem o direito de representao e voto nas reuniesgerais, na proporo do nmero de aes que possuem. A Diretoria Executiva doBIS composta por Governadores dos Bancos Centrais da Blgica, Canad,Estados Unidos, Frana, Alemanha, Itlia, Japo, Holanda, Sucia, Sua e ReinoUnido, acrescida de Diretores designados por seis desses pases.

    O BIS tem a estrutura legal de uma companhia limitada e investidor de recursosnos mercados internacionais de capitais. A partir de 1982, tem feito emprstimos-ponte aos pases mais afetados por problemas de balano de pagamentos. Seubalano patrimonial, em 1997, somava US$ 129,6 bilhes, dos quais US$ 4,6bilhes representavam seus recursos prprios (capital e reservas). O capital

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    acionrio autorizado do BIS corresponde a US$ 2,9 bilhes, dividido em 600 milaes, cujo valor nominal US$ 4.850, sendo que, at 1997, foram emitidas517.125 aes. Embora todas as aes tenham direito a dividendos anuais, osinvestidores privados no podem participar nem exercer poder de voto nasReunies Gerais do Organismo, uma vez que tal prerrogativa outorgadaexclusivamente aos Bancos Centrais.

    A adeso do Brasil ao BIS concluiu-se com a publicao do Decreto Legislativon 15, de 19.3.97, que ratificou e promulgou o Convnio Constitutivo do organis-mo. O Banco Central do Brasil, cumprindo a fase final do processo de adeso,depositou no dia 25.3.97, US$ 35.877.696,37, relativos s 3.000 aes ofertadasao Brasil, correspondentes ao pagamento da parcela de integralizao (paid-in) docapital do BIS, acrescida de prmio de lanamento.

    Grupo Banco Mundial

    O Grupo Banco Mundial uma agncia multilateral de financiamento constitudapor cinco instituies intimamente associadas: Banco Internacional para Recons-truo e Desenvolvimento (Bird), Associao Internacional de Desenvolvimento(AID), Corporao Financeira Internacional (CFI), Agncia Multilateral deGarantia ao Investimento (Miga) e Centro Internacional para Soluo de Disputassobre Investimento (ICSID).

    O Banco Internacional para Reconstruo e Desenvolvimento (Bird), fundadoem 1944, o maior financiador de projetos de desenvolvimento para os pases emdesenvolvimento de renda mdia e o principal catalisador de financiamentos parao mesmo fim, provenientes de outras fontes. Em 1997, contava com 181 membros.O Bird se capitaliza primordialmente por meio de captao de recursos nosmercados internacionais de capitais.

    Em 1997, o Bird desembolsou US$ 17,8 bilhes, representando acrscimo de31,5% em relao ao montante desembolsado no exerccio anterior (US$ 13,5bilhes). Foram aprovados US$ 17,9 bilhes em novos financiamentos, 16,5%acima do montante comprometido em 1996, refletindo assistncia financeiraemergencial prestada a alguns pases da sia. A destinao maior foi para o setorfinanceiro, com montante de US$ 3,9 bilhes. A seguir, aparecem os setores deagricultura (US$ 2,5 bilhes) e de transporte (US$ 2,1 bilhes).

    s regies da sia Oriental e Pacfico e sia Meridional, maiores beneficirias,foram destinados US$ 7,3 bilhes, 41% do total comprometido pelo Banco. Emsegundo lugar, aparecem Europa e sia Central, com US$ 5,7 bilhes, 32%,seguidos pela Amrica Latina e Caribe, com US$ 4,3 bilhes, 24%.

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    O Brasil obteve a aprovao de US$ 1,7 bilho, com acrscimo de 85%, secomparado a 1996, com destaque para os projetos de alvio pobreza rural emvrios Estados do Nordeste e os de reforma do estado no Rio Grande do Sul e no Riode Janeiro e o aperfeioamento da superviso bancria exercida pelo Banco Central.Em 1997, foram desembolsados US$ 1,4 bilho para os projetos em execuo.

    A Associao Internacional de Desenvolvimento (AID), contando atualmentecom 159 membros, a principal fonte de recursos concessionais para os pasesmais pobres com renda per capita anual inferior a US$ 925. No ano de 1996, a AIDaprovou crditos no valor total de US$ 5,7 bilhes, representando decrscimo de11,6% em relao ao ano anterior. Desse total, apenas 1% foi dirigido a projetosem pases da Amrica Latina e Caribe. A regio mais beneficiada foi a frica(38%), seguida pela sia Meridional (33%). Os setores que obtiveram maiorvolume de crditos foram agricultura (19%), energia (12%) e sade e nutrio(12%). Os desembolsos foram menores, atingindo, em 1996, o total de US$ 6,0bilhes, 4% inferior ao total desembolsado em 1996.

    A participao do Banco Mundial na Iniciativa HIPC tem-se dado por meio de umacombinao de transferncias da renda lquida do Bird ao HIPC Trust Fund,emprstimos concessionais da AID e alocaes suplementares da AID. No pontode concluso, o Banco compromete-se, de comum acordo com os demais credores,com aes para reduzir o valor presente da dvida at a um nvel sustentado. Aparcela dos custos da Iniciativa que cabe ao Banco Mundial de US$ 1.6 bilho.O Bird transferiu, at julho de 1997, US$ 750 milhes de sua renda lquida parao HIPC Trust Fund . Este valor, aliado aos crditos da AID, devero ser suficientespara os casos j aprovados.

    A Corporao Financeira Internacional (CFI) o organismo voltado para ofinanciamento e para a captao de recursos que sero repassados ao setor privadodos pases em desenvolvimento, alm de prestar servios de consultoria. Ao finaldo ano de 1997, contava com 170 membros. Desde a sua criao, em 1956, a CFIacumulou compromissos atingindo a cifra de US$ 35,9 bilhes, sendo US$ 21,2bilhes em emprstimos da CFI e US$ 14,7 bilhes em emprstimos sindicaliza-dos. O Brasil o segundo maior muturio da instituio, com US$ 3,7 bilhes(10,3% do total), tendo sido ultrapassado pela Argentina que detm 10,8% do totalde financiamentos concedidos.

    No ano fiscal de 1997 perodo que se inicia em 1.7.96 e termina em 30.6.97 foram aprovados 276 projetos em 84 pases, beneficiados com participaoacionria da CFI e financiamentos canalizados pela instituio no valor de US$ 6,7bilhes. Desse total, US$ 3,3 bilhes so recursos da prpria Corporao e orestante resultado de co-financiamentos. Esses dados podem ser contrastadoscom os verificados no ano fiscal de 1996 US$ 8,1 bilhes e US$ 3,2 bilhes,

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    respectivamente. A CFI, desempenhando seu papel de catalisadora de recursos,alavancou projetos cujo custo total somava US$ 17,9 bilhes. Os projetosreferem-se a diversas reas, tendo-se destacado aqueles voltados para serviosfinanceiros (22,5% do total), infra-estrutura (20,0%) e agribusiness (12,3%).

    A Amrica Latina e Caribe foi a regio que mais captou recursos junto Corporao US$ 2,8 bilhes, 41%. Desse total, as empresas brasileiraslevantaram US$ 1,3 bilho em emprstimos, que financiaro 14 projetos, a umcusto total de US$ 3,4 bilhes.

    A Agncia Multilateral de Garantia ao Investimento (Miga), cujo capitalsubscrito de US$ 1,07 bilho, tem como objetivo prover garantias a investimen-tos privados estrangeiros, em pases em desenvolvimento, contra riscos no-comerciais e auxiliar os governos desses pases a atrair investimento externo. Noano de 1997, 160 pases tinham aceitado seu convnio constitutivo, sendo que 143ratificaram sua adeso, tornando-se membros efetivos da agncia.

    A agncia aprovou, no ano fiscal de 1997, 70 contratos de seguro com coberturatotal de US$ 614 milhes. O total de investimentos diretos, facilitados por essesprojetos, garantidos pela Miga, de aproximadamente US$ 4,7 bilhes. A maioriadas operaes destinou-se ao setor financeiro (36%), seguido do setor manufatureiro(25%) e de infra-estrutura (17%).

    At o exerccio fiscal de 1997, foi aprovado cerca de US$ 201 milhes emgarantias para o Brasil, o que torna o pas o maior muturio da Agncia, com 8%do total das garantias emitidas.

    Na Assemblia Anual Conjunta do Banco Mundial/FMI, realizado em Hong Kong,em setembro de 1997, acordou-se aumento de recursos para a Miga com a seguintecomposio:1 - doao de US$ 150 milhes do Bird;

    2 - aumento de capital integralizado de US$ 150 milhes; e

    3 - aumento de capital exigvel de US$ 700 milhes.

    O processo de adeso do Brasil ao Centro Internacional para Soluo deDisputas sobre Investimento (International Centre for Settlement of InvestmentDisputes-ICSID) encontra-se em anlise na Procuradoria Geral da FazendaNacional. O ICSID assegura o fluxo de investimentos externos para os pases emdesenvolvimento por meio de instrumentos de arbitragem e conciliao. O ICSID,que entrou em vigor em 14.10.66, conta, atualmente, com 139 pases membros, dosquais 21 so da Amrica Latina e Caribe.

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    Grupo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)

    O Grupo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) formado pelo prprioBanco e pela Corporao Interamericana de Investimentos (CII). Ao final de 1997, oBID era constitudo por 46 pases membros, dos quais 26 so tomadores de recursos.

    Em 1997, o BID aprovou 107 operaes com recursos ordinrios e concessionais,resultando em um volume total de emprstimos de US$ 6 trilhes. A atividade doDepartamento do Setor Privado, em seu terceiro ano de operaes, expandiu-sesubstancialmente, atingindo o volume de US$ 320 milhes em emprstimos tipoA (o BID entra com recursos prprios) e US$ 563 em emprstimos tipo B (o BIDrene recursos de terceiros e atua como lender-of-record). Esses nmeros signi-ficam um aumento de mais de 60% nos emprstimos do tipo A e de 136% nosemprstimos do tipo B. importante salientar que o papel do BID comocatalizador de emprstimos privados elevou-se: a relao B/A foi de 195% em1997, comparada a 120% em 1996 e apenas 38% em 1995. Dos 16 projetosaprovados, um foi para o Brasil (hidreltrica de It), com US$ 75 milhes ememprstimo tipo A e US$ 300 milhes, em emprstimo tipo B. O teto mximo a serdestinado a operaes privadas de 5% do programa total de emprstimo.

    Os desembolsos em moeda conversvel totalizaram US$ 5.468 milhes em 1997.Deduzidos os pagamentos de principal (US$ 2.558 milhes), o fluxo lquido deemprstimos do BID atingiu US$ 2.910 milhes. Aps os pagamentos referentesao servio da dvida (US$ 2.030 milhes), constata-se uma transferncia lquidapositiva de US$ 880 milhes. Para o Brasil, foram aprovados 9 projetos, no valorde US$ 1,44 bilho, US$ 180 milhes a mais que a Argentina, a segunda colocada.Os desembolsos alcanaram a cifra de US$ 1.333 milhes.

    O Fundo para Operaes Especiais (FOE), brao concessional do BID, teve seusrecursos aumentados no BID-8 em US$ 1 bilho. Em 1997, o FOE aprovou 13emprstimos aos pases mais pobres da regio que formam um subgrupo do Grupo D(Bolvia, Guiana, Haiti, Honduras e Nicargua) totalizando US$ 283,4 milhes, 17%menos que em 1996 e correspondente a menos que 5% do total emprestado pelo BID.

    Foram aprovadas 318 operaes de cooperao tcnica no-reembolsvel, soman-do um total de US$ 77 milhes. O Programa de Cooperao Tcnica foi financiadopor uma combinao de fontes, a saber: FOE moeda estrangeira (32%); FOE moeda local (49,8%); e o restante foi aportado pelos demais fundos adminis-trados pelo Banco sob o programa de Fundos/CT.

    A Corporao Interamericana de Investimentos (CII), brao privado do BID,fornece emprstimos e participao acionria a pequenas e mdias empresas daAmrica Latina e Caribe. Em 1997, foram aprovadas 25 operaes no valor de

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    US$ 150,4 milhes, dos quais US$ 58,5 milhes em participao acionria. Para oBrasil foram aprovadas 3 operaes, no valor total de 20 milhes.

    O Fundo Multilateral de Investimentos (Fumin) foi criado em 1993, com oobjetivo de encorajar o aumento dos nveis de investimentos privados, tantodomsticos quanto estrangeiros, nos pases regionais em desenvolvimento, mem-bros do BID e do Banco de Desenvolvimento do Caribe (BDC). Atualmente, osfinanciamentos do Fumin so disponveis para os 25 pases membros e para aOrganizao de Estados do Caribe Ocidental (Oesc).

    Os recursos do Fumin so administrados pelo Banco em nome dos pases membrose formam parte integral da capacidade de emprstimo do Banco, embora no sejamregistrados como recursos financeiros do BID-8. Em 31.12.97, 24 pases haviamse comprometido a contribuir ao Fumin, elevando os compromissos a US$ 1,1bilho. Japo e EUA so os maiores contribuintes com US$ 500 milhes cada. Comuma participao de US$ 20 milhes, o Brasil o maior contribuinte da regio, aolado do Mxico e Argentina.

    No ano de 1997, o Fumin aprovou 47 operaes totalizando US$ 61,6 milhes.Desde sua criao, foram aprovados 184 projetos no valor de US$ 274,7 milhes.A distribuio das operaes por mecanismo foi a seguinte: mecanismo I (cooperao tcnica): US$ 16,7 milhes (26%); mecanismo II (recursos humanos): US$ 19,8 milhes (34%); mecanismo III (pequenas empresas): US$ 15,9 milhes (26%).

    A assistncia do Fumin principalmente no reembolsvel. Para complementar asatividades do mecanismo III foi criado o Fundo de Investimentos para PequenasEmpresas (Fipe), por meio do qual so concedidos pequenos emprstimos einvestimentos a financiadores intermedirios. Em 1997, os projetos financiadospelo Fipe alcanaram 14% do total aprovado.

    Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD/FAD)

    O Grupo BAD/FAD, que compreende o Banco Africano de Desenvolvimento(BAD), o Fundo Africano de Desenvolvimento (FAD) e o Fundo Fiducirio daNigria (Nigerian Trust Fund-NTF), tem como objetivo contribuir para o desen-volvimento econmico e social da frica. Conta, atualmente, com 77 pasesmembros, sendo 53 regionais e 24 no-regionais.

    O BAD aprovou, em 1997, uma quantidade consideravelmente maior de emprs-timos que em 1996, especialmente no que tange a operaes concessionais. Em1997, o total de emprstimos e doaes aprovados, realocaes e investimentos em

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    aes chegou a US$ 1,9 bilhes, um significativo aumento em relao ao valor de1996, US$ 764 milhes. Com relao aos emprstimos e doaes aprovados noFAD, o brao concessional do Grupo, o valor em 1997 alcanou US$ 1 bilho,cerca de quatro vezes superior ao do ano anterior (US$ 269 milhes). O aumentodo nmero de operaes foi acompanhado da implantao de mecanismos desti-nados a garantir a qualidade das mesmas, desde os estgios de anlise inicial dosprojetos, passando pelas atividades de superviso, at a avaliao final.Concomitantemente, a administrao financeira do organismo foi reforada, como estabelecimento de medidas para reduzir os atrasos nos pagamentos de emprs-timos e os custos administrativos. Em conseqncia, a renda lquida do Banco em1997 aumentou em torno de 14% com relao a 1996, atingindo US$ 140 milhes.

    A preocupao do Grupo BAD/FAD com a reduo da pobreza e desenvolvimentosustentvel de seus membros regionais manifestou-se no somente na Poltica deEmprstimos do Fundo Africano aprovada pela Diretoria Executiva, mas tambmno apoio inciativa para os pases pobres altamente endividados (HIPC). Nestesentido, o Banco colaborou com outras instituies bi e multilaterais parapromover o avano das negociaes referentes Iniciativa e sua implementao.A contribuio inicial do Grupo est sendo canalizada pelo HIPC Trust Fund,administrado pela Associao Internacional de Desenvolvimento (AID), e estimada em US$ 310 milhes.

    As negociaes do Quinto Aumento de Capital (GCI-V) do BAD prosseguiram noano de 1997, com a criao, pelo Comit Ad-hoc do GCI-V, de um Subcomit. OComit Ad-hoc est analisando o relatrio apresentado pelo Subcomit e levarsuas recomendaes Assemblia de Governadores (maio/98).

    No ano de 1997, o BAD deu prosseguimento a uma ampla e profunda reformainstitucional, iniciada em 1995, centrada em quatro grandes reas bsicas: polticaoperativa, administrao financeira, reestruturao administrativa e governanainstitucional.

    Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrcola (Fida)

    Em 1997, o Fida aprovou 30 novos projetos, no valor de US$ 400 milhes,representando um decrscimo de 2% em relao ao ano anterior. Desse valor, 44%foi destinado sia, 20% Amrica Latina e Caribe, e 20%, regio norte-africana e oriente prximo. A frica sub-saariana tem tido uma participaodecrescente no portfolio aprovado, devido ao desempenho insatisfatrio dosprojetos em andamento e acmulo de pagamentos em atraso. Cerca de 75% do totalaprovado destinou-se a projetos do desenvolvimento agrcola e rural, e 73% foramconcedidos em termos altamente concessionais.

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    A 4 Recomposio de Recursos do Fida entrou em vigor em agosto de 1997,quando foram depositados instrumentos de contribuio de 51% do total acordado.At o final do ano, instrumentos relativos a 80% do total da Recomposio, deUS$ 420 milhes, tinham sido depositados. As negociaes para o Fida-IVlevaram anos, com a participao ativa do Banco Central do Brasil, e s foramconcludas em 1997. A contribuio brasileira, aprovada pelo Banco Central em07.6.95, consiste na transformao dos saldos de moeda no-conversvel emdepsitos de moeda conversvel, equivalentes a US$ 7,9 milhes. Este montantegarante ao Pas a posio de segundo maior contribuinte da Amrica Latina eCaribe e o terceiro dentre os pases membros em desenvolvimento. Como, a partir doFida-IV, os votos no organismo passaro a ser proporcionais s contribuies, essenvel de participao garantir ao Brasil uma cadeira na Diretoria Executiva do Fida.

    Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata)

    O Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata) foicriado em 1974 com o objetivo de atender s necessidades de financiamentoassociadas promoo do desenvolvimento econmico e integrao fsica daBacia do Prata e de suas reas de influncia, preferencialmente as que noestiverem adequadamente atendidas por outras fontes externas de recursos. Ospases-membros so Argentina, Bolvia, Brasil, Paraguai e Uruguai.

    Brasil e Argentina possuem participao de 33,34% no capital, enquanto Bolvia,Paraguai e Uruguai participam com 11,11% cada. O total do capital subscrito, em31.12.97, de US$ 308 milhes, sendo o capital integralizado de US$ 268 milhese o capital exigvel de US$ 40 milhes.

    Desde o incio de suas atividades, at 31.12.97, foram aprovados 50 emprstimos,num total de US$ 348,7 milhes. O Brasil participa com quatro emprstimos, commontante de US$ 37,1 milhes, o que corresponde a 10,7% do total de emprstimosdo organismo. Durante a gesto de 1997, foi aprovado emprstimo para o Brasil,de US$ 13,4 milhes (setor de transportes), e ampliou-se outro para a Argentina,com US$ 0,6 milho.

    Na concesso de emprstimos e cooperao tcnica, o Fonplata outorga tratamentopreferencial aos pases de menor desenvolvimento relativo (Bolvia, Paraguai eUruguai). At 31.12.97, destinou aos mesmos cerca de 78% do total de financia-mentos. Em 1997, prosseguiu o apoio ao projeto da Hidrovia Paraguai-Paran,estabelecendo as bases para cooperao no prximos anos.

    Os trabalhos do Comit de Representantes dos Governadores, constitudo pelaDeclarao sobre Mecanismos Financeiros de Integrao Regional, de dezembro/

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    96, em Fortaleza, com o propsito de concretizar a criao de um mecanismofinanceiro para integrao regional, que venha a substituir o Fonplata em todas asinstncias financeiras, legais e administrativas, foram temporariamente interrom-pidos devido s dificuldades impostas pela crise asitica.

    Corporao Andina de Fomento (CAF)

    A Corporao Andina de Fomento (CAF), com sede em Caracas, Venezuela, umainstituio financeira criada em 1970, pela Comunidade Andina das Naes(ex-Pacto Andino), com o objetivo de apoiar o desenvolvimento dos pases-membros e a integrao regional. Alm dos scios regionais Bolvia, Colmbia,Equador, Peru e Venezuela a CAF conta tambm com a participao acionriade pases extra-regionais, em que se enquadram Brasil, Chile, Mxico, Trinidad-Tobago, Paraguai, Panam e Jamaica, constituindo, estes trs ltimos, a amplia-o da base acionria do organismo, realizada em 1997.

    O capital autorizado de US$ 2,5 bilhes est dividido em trs classes de aes: asde srie A, destinadas aos pases da Comunidade Andina, subscritas porgovernos e entidades de direito pblico ou de direito privado com finalidade social;as de srie B, que podem ser subscritas tambm por entidades privadas daRegio, independentemente de seu objetivo social; as aes de srie C, que sosubscritas por pessoas jurdicas ou fsicas localizadas fora da ComunidadeAndina.

    O Brasil membro extra-regional desde 1995, quando subscreveu 2.700 aes dasrie C, no valor de US$ 24,8 milhes, havendo integralizado US$ 16,6 milhesat 31.12.97.

    Durante o ano de 1997, foram aprovadas operaes no valor total de US$ 2,9bilhes, superando em 25% as aprovaes de 1996, aumento significativo emrelao ao crescimento mdio anual do quinqunio, que ficou em 8,4%.

    Sem fugir da poltica de aplicaes que vem sendo seguida pela CAF, o setor deinfra-estrutura foi o mais beneficiado, observando-se que as aprovaes seorientaram preferencialmente para transportes e energia (63% do total), crescendoem importncia o apoio integrao em mbito continental. O ano de 1997 marcoutambm o aparecimento de novas linhas de ao, como o apoio ao processo deprivatizaes, a reformas institucionais e o apoio ao setor financeiro, principal-mente com o objetivo de atender ao segmento das microempresas.

    Dois dos mais importantes financiamentos destinados integrao do setorenergtico sul-americano foram concedidos ao Brasil: o montante de US$ 215

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    milhes para participao no projeto de construo do gasoduto Brasil/Bolvia eUS$ 86 milhes para interconexo de rede eltrica entre Brasil e Venezuela.

    Mercado Comum do Sul (Mercosul)

    Durante o ano de 1997, o Mercosul deu continuidade aos esforos para aconsolidao da zona de livre comrcio e para o aprofundamento da unioaduaneira. Nesse sentido, dando tambm seguimento aproximao internacio-nal, quer seja com blocos econmicos, quer seja com pases, o Mercosul avanouna discusso de diversos temas, com destaque para:a) cdigo aduaneiro e gesto aduaneira;b) circulao intra-zona de mercadorias sujeitas ao pagamento de Tarifa Externa

    Comum (TEC);c) medidas e restries no-tarifrias;d) regulamentos tcnicos;e) regime automotor;f) regime aucareiro;g) regime de adequao;h) antidumping e subsdios;i) defesa do consumidor;j) polticas pblicas que distorcem a competitividade;k) regimes especiais de importao;l) compras governamentais;m) servios; en) propriedade intelectual.

    Relacionamento externo do Mercosul

    O Mercosul pessoa jurdica de direito internacional. Assim, o bloco coordena aatuao das delegaes dos governos dos Estados Partes nos distintos foroseconmico-comerciais internacionais, bem como instrui as respectivas represen-taes permanentes em organismos econmicos internacionais para a coordena-o de posies e atuao conjunta em temas relacionados com a poltica comercialcomum da Unio Aduaneira.

    A Bolvia (em 1.10.96) e o Chile (em 28.2.97) tornaram-se membros associadosdo Mercosul. Os acordos de complementao econmica tm por objetivo aformao de uma zona de livre comrcio em dez anos.

    No mbito do acordo inter-regional de cooperao, assinado com a Unio Europia,a Comisso Mista entre Mercosul e Unio Europia vem discutindo o acordo que

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    pretende firmar as bases de uma associao inter-regional entre os dois blocos. Osesforos so no sentido de definir aspectos que vo delinear as relaes comerciaisentre as partes, tais como um protocolo de assistncia aduaneira, regras de origem eregras similares para o tratamento de casos que requeiram soluo de controvrsias.No mbito da Subcomisso Comercial Mercosul-Unio Europia esto formados trsgrupos de trabalho (bens, servios e mecanismos de facilitao comercial), empreen-dendo o levantamento de normas, fluxos de comrcio de bens e servios entre os doisblocos, de forma a propiciar elementos para as discusses ulteriores. Os relatrios dosgrupos foram aprovados pela subcomisso comercial e pela comisso mistaUE-Mercosul, em novembro de 1997.

    Evoluo das Negociaes dos Assuntos Financeiros

    O Subgrupo n 4 - Assuntos Financeiros do Mercosul, coordenado pelo BancoCentral do Brasil, deu continuidade, ao longo do ano de 1997, aos trabalhosrelativos ao cumprimento de sua agenda. Os principais temas tratados pelosubgrupo so: superviso bancria global consolidada, aperfeioamento dosprocedimentos para intercmbio de informaes sobre os sistemas financeiros,operaes com derivativos, lavagem de dinheiro, harmonizao de normas eprocedimentos bancrios, harmonizao das condies de exerccio para a rea deseguros, aperfeioamento das normas na rea de mercado de capitais, reviso daslistas de exceo dos acordos de promoo e proteo de investimentos e troca deinformaes sobre indicadores macroeconmicos.

    O Protocolo de Montevidu sobre o Comrcio de Servios do Mercosul, queestabeleceu um prazo de dez anos para a concluso do programa de liberalizao,foi assinado em dezembro de 1997.

    Ao longo do primeiro semestre de 1998, cada Estado Parte do Mercosul definir,em uma lista de compromissos especficos, os setores, subsetores e atividadessobre os quais assumir compromissos e, para cada tipo de prestao de serviocorrespondente, indicar os termos, limitaes e condies em matria de acessoaos mercados e tratamento nacional. Cada Estado Parte poder tambm especi-ficar compromissos adicionais.

    A agenda do SGT-4 aponta para o mdio prazo (at o ano 2000) a discusso sobreacesso a mercado e constituio de firmas financeiras, de seguro e de resseguro.Presentemente e, at que seja regulamentado o Artigo 192 da Constituio Federal,a Exposio de Motivos n 311, de 23.08.95, do Ministrio da Fazenda, acolhidapelo Sr. Presidente da Repblica, estabelece princpios para que o aumento departicipao estrangeira ou ingresso no mercado financeiro brasileiro seja consi-derado de interesse nacional.

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    Por esse instrumento e, no bojo dos processos de privatizao e de saneamento dosetor financeiro brasileiro,um nmero considervel de instituies financeirasestrangeiras ingressou no Pas recentemente.

    Por seu turno, a quebra do monoplio estatal de resseguros possibilita avanosignificativo no tratamento do tema. Alm disso, a Advocacia Geral da Unioemitiu parecer, em junho de 1996, concluindo que, at a edio da lei complemen-tar regulamentadora do mencionado Artigo 192, que disciplinar tambm ascondies de participao do capital estrangeiro nas sociedades de seguro, inexisteno ordenamento jurdico nacional qualquer regra que restrinja a participao docapital estrangeiro nessas sociedades.

    O SGT-4 d cumprimento tarefa de harmonizao de regulamentos. Conquantoexistam importantes iniciativas de harmonizao, como Acordo Geral sobre Comrciode Servios (Gats) e Acordo de Basilia, que no esto ligadas a nenhum processo deintegrao financeira, esse esforo muito mais eficaz quando includo no mbito deum processo de integrao. No Mercosul, as negociaes ajudaram a acelerar a adoodas normas da Basilia de capital mnimo e de superviso bancria consolidada.

    A legislao de crimes financeiros e lavagem de dinheiro um outro temaimportante para cooperao regional. O Mercosul avana na discusso do tema,de forma a adotar parmetros semelhantes para inibir crimes financeiros.

    rea de Livre Comrcio das Amricas (Alca)

    Na Cpula das Amricas, realizada em dezembro de 1994, em Miami, tomou-sea iniciativa de criao da rea de Livre Comrcio das Amricas (Alca). NaPrimeira Reunio Ministerial sobre Comrcio, realizada em Denver, EUA, em30.6.95, foram constitudos sete Grupos de Trabalho (acesso a mercados; direitosaduaneiros e regras de origem; investimentos; normas e barreiras tcnicas aocomrcio; medidas sanitrias e fitossanitrias; subsdios; e economias menores),que teriam o objetivo de iniciar um programa de trabalho para preparar o inciodas negociaes da Alca, na qual as barreiras ao comrcio e aos investimentos seroeliminadas progressivamente a partir de 2005, quando se concluem as negociaes.

    Na Segunda Reunio Ministerial sobre Comrcio, realizada em maro de 1996, emCartagena, Colmbia, criaram-se mais quatro grupos de trabalho (servios, comprasgovernamentais, defesa da concorrncia e direitos de propriedade intelectual).

    Esses grupos de trabalho realizaram reunies ao longo de 1995, 1996 e 1997. OBanco Central do Brasil participou do Grupo de Trabalho sobre Investimentos(GTI) e do Grupo de Trabalho sobre Servios (GTS).

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    Na Quarta Reunio Ministerial sobre Comrcio, realizada em maro de 1998, em SoJos da Costa Rica, foram definidos os seguintes aspectos sobre as negociaes daAlca:a) incio formal em abril de 1998;

    b) o acordo final ser equilibrado, abrangente, congruente com a OMC e consti-tuir um compromisso nico. Levar em conta as necessidades, condieseconmicas e oportunidades das economias menores. As negociaes serotransparentes e se basearo no consenso para a tomada de decises;

    c) a Alca pode coexistir com acordos bilaterais e sub-regionais. As negociaessero concludas, no mais tardar, no ano de 2005.

    A estrutura institucional para as negociaes ser: Comit de NegociaesComerciais (CNC) no nvel de Vice-Ministros; 9 grupos de negociao: acesso amercados; investimentos; servios; compras governamentais; soluo de contro-vrsias; agricultura; direitos de propriedade intelectual; subsdios, anti-dumpinge medidas compensatrias; e polticas de concorrncia. As reunies negociadorasdevero ter incio em setembro de 1998, e sero realizadas numa nica sede:Miami (1.5.98 a 28.2.01); Cidade do Panam (1.3.02 a 28.2.03); e Cidade doMxico (1.3.03 a 31.12.04).

    Organizao Mundial do Comrcio e Gats

    No mbito da Organizao Mundial do Comrcio (OMC), o Banco Central doBrasil atua nos temas referentes ao comrcio de servios financeiros (bancos eoutros servios, incluindo o mercado de capitais), que esto inseridos no AcordoGeral sobre Comrcio de Servios (Gats).

    Durante o ano de 1997, o Comit sobre Comrcio de Servios Financeiros reuniu-se sete vezes. At novembro de 1997, 46 pases membros apresentaram suasofertas. O Brasil se comprometeu a dar continuidade sua estratgia de permitira entrada de bancos estrangeiros no pas, analisando caso a caso. Esta restrio nose aplica s privatizaes de bancos, nas quais as instituies financeiras interna-cionais podero ingressar livremente. Trata-se de um avano relativamente oferta anterior (1995), pois consolida a situao atual, transformada num compro-misso internacional, regulamentado pela OMC.